40 CULTURA Sexta-feira, 27 de janeiro de 2012 Jornal de Brasília FOTOS: DIVULGAÇÃO ESTREIAS DE CINEMA Corrupção e assédio Filme Os Homens que Não Amavam as Mulheres tem elenco liderado por Daniel Craig G Suellem Mendes [email protected] ão se deixe enganar pelo título. O filme Os Homens que Não Amavam as Mulheres não se trata de amores não correspondidos e de mocinhas desoladas. Trata-se, sim, de uma história sobre como a mente humana pode ser doentia e de como as mulheres podem ser alvos desse distúrbio. O filme, que estreia hoje nos cinemas brasilienses, é baseado no primeiro volume da trilogia Millenium, escrita pelo jornalista sueco Stieg Larsson. Quem leu as obras de Larsson pode achar o filme previsível, já que o roteiro segue de forma linear o enredo do livro. Outro ponto é que a versão do diretor David Fincher não difere tanto da explorada no filme de 2009, do diretor Niels Arden Oplev. N Nada que o desabone, porém. Daniel Craig (007 – Quantum of Solace) foi escalado para viver o protagonista, o jornalista sedutor Mikael Blomkvist, enquanto uma quase irreconhecível Rooney Mara (A Hora do Pesadelo) surpreende como sua coadjuvante. Ela vive a inteligente e problemática hacker Lisbeth Salander e protagoniza cenas marcantes, vítima de violência e abuso sexual. Sua atuação lhe rendeu a indicação para o Oscar 2012 de melhor atriz. David Fincher é o responsável por produções de sucesso como A Rede Social, O Curioso Caso de Benjamin Button, Clube da Luta e Seven – Os Sete Crimes Capitais. Sua experiência em obras de suspense, junto com ótima ambientação, contribui para criar uma atmosfera de mistério e despertar a atenção do espectador. Destaque, também, para a trilha sonora que reforça ainda mais esse clima. MISTÉRIO Na trama de Os Homens que Não Amavam as Mulheres, Mikael Blomkvist é um talentoso repórter investigativo. Conhecido por desmascarar escândalos políticos e financeiros, ele não consegue, em seu último trabalho, provar as denúncias que faz ao presidente de um grupo em- Daniel Craig dá vida ao sedutor jornalista Mikael Blomkvist, enquanto Rooney Mara (no detalhe) surpreende na pele da inteligente e problemática hacker Lisbeth Salander presarial e acaba condenado por difamação. É aí que ele recebe a proposta de desvendar um mistério envolvendo a elite sueca – o desaparecimento do passado, da adolescente Harriet – que a polícia local foi incapaz de descobrir. Mais à frente, seu caminho se cruza ao de Lisbeth Salander, uma garota de vinte e poucos anos, visual punk e antissocial, que se junta a ele nas investigações. Enquanto buscam pistas sobre Harriet, a dupla vai descobrindo, aos poucos, que a nada convencional família da desaparecida é o centro de tudo. O longa acumula cinco indicações ao Oscar – melhor atriz, fotografia, edição, edição de som e mixagem. Ainda restam duas histórias do jornalista a serem contadas nas telonas, A Menina Que Brincava com Fogo e A Rainha do Castelo de Ar. Porém, ainda não há confirmação de que as sequências serão levadas aos cinemas. OUTROS FILMES J. EDGAR OS DESCENDENTES Clint Eastwood visita a biografia de J. Edgar Hoover (1895-1972), diretor do FBI por quase 50 anos. Por um lado o jovem John E. Hoover, com ideias para tornar científica a busca de criminosos e de esquerdistas. Esse primeiro Hoover é afinado com um ideal de América. O segundo Hoover já assinava J. Edgar. Incapaz de compreender as mudanças de um mundo. É a montagem paralela, aproximando as duas épocas, que nos lança no labirinto de um homem e de um país. Tudo começa e termina como uma feroz luta pelo poder. Enquanto um desfile triunfal leva o novo presidente à Casa Branca, perto dali, na sacada da sede do FBI, Hoover observa sua passagem. Mas o que contempla é o próprio poder. Isso acontece com Roosevelt, em 1933, e com Nixon, em 1969. O que aconteceu nesse tempo? O homem envelheceu, ganhou um passado, enquanto o país mudou e renegou seus valores. George Clooney é um dos "caras'' do cinema. Aos 51 anos, acaba de ser indicado ao Oscar de roteiro adaptado pelo filme Tudo pelo Poder, é rico e vive aparecendo com belas mulheres, além de concorrer como melhor ator por Os Descendentes. Se ganhar, será seu segundo Oscar (ele levou o de ator coadjuvante por Syriana – a Indústria do Petróleo, de 2005). Clooney é o favorito. Ele foi eleito o melhor ator pela associação dos críticos dos EUA e ganhou o Globo de Ouro, prêmios que servem de termômetro para o Oscar. Os Descendentes foi indicado em mais quatro categorias: filme, direção (Alexander Payne), roteiro adaptado e edição. O ator vive Matt King, pai ausente de duas garotas que se vê obrigado a educá-las e a tomar difícil decisão depois que a mulher sofre um acidente e entra em coma. O que poderia ser um típico melodrama, sob o comando de Payne (Sideways – Entre Umas e Outras') se torna um filme com pitadas de humor negro.