RELATÓRIO PARA AUXÍLIO DE PARTICIPAÇÃO EM EVENTO
Projeto Agrisus No: 846/11
Nome do Evento:
5º Congresso Mundial de Agricultura Conservacionista (5th World Congress
in Conservation Agriculture).
Interessado:
Marie Luise Carolina Bartz
Instituição:
Universidade de Santa Catarina/Centro de Ensino Superior do Oeste
Rua Beloni Trombeta Zanin, 68 E
Bairro Santo Antônio
CEP: 89801-970
Cidade: Chapecó
Estado: Santa Catarina
Fone: 49 99332436
e-mail: [email protected]
Local do Evento:
Brisbane - Austrália
Valor financiado pela Fundação Agrisus: R$ 3000,00
Vigência:
30.06.11 a 29.10.11
RESUMO DE SUA PARTICIPAÇÃO
De maneira geral o evento esteve muito bem organizado, havendo possibilidade de interação,
discussão e trocas de experiências entre as mais diversas realidades presentes hoje na agricultura
conservacionista (AC) no mundo.
As pessoas (pesquisadores, profissionais, agricultores, etc) estão cada vez mais conscientes e
ávidas por soluções para a necessidade da produção agrícola sustentável como reflexo do hesito da
sobrevivência humana no planeta.
Do meu ponto de vista, esta é a oportunidade de fixarmos o posicionamento de nosso país como
referência em SPD (logo em qualidade de SPD), e com as nossas experiências e resultados auxiliar
na disseminação, assim como do real estabelecimento do SPD, principalmente entre agricultores.
Ainda é grande a lacuna entre pesquisa e a realidade do produtor rural.
RELATÓRIO DA PARTICIPAÇÃO NO EVENTO
1. INTRODUÇÃO
O 1th World Congresso on Conservation Agriculture foi realizado em Madrid em 2001, sob a
organização da FAO com intuito de iniciar a divulgação e discussão de práticas
conservacionistas na agricultura mundial, sendo que no final deste evento a FAO declarou a
forma de manejo do solo realizado no Brasil baseado do sistema plantio direto, servisse de
modelo para ser seguido pelo mundo todo.
Em 2003, o Brasil foi sede da segunda edição do evento, sendo este realizado em Foz do
Iguaçu sob a organização da FEBRAPDP.
Em 2005 o 3th WCCA aconteceu em Nairóbi, no Quênia, e em 2009 em Nova Deli, na Índia.
A Austrália sediou o 5th WCCA em 2011, acolhendo cientistas, profissionais e agricultores
em Brisbane para discutir a evolução atual e o futura da agricultura sustentável no mundo.
Os eventos ofereceram uma grande oportunidade para explorar as práticas de agricultura
conservacionista e aplicar os princípios em um contexto de sistema. O objetivo comum é a
discussão de sistemas de produção agrícola sustentáveis, economicamente viáveis e mais
produtivas, para atender os desafios dos cenários: população mundial em expansão, mudanças
globais e degradação ambiental.
2. PROGRAMA DO EVENTO
A programação do evento em que a responsável da proposta participou segue no anexo I,
marcado em amarelo.
Destacaram-se:
- A palestra de abertura com o presidente da EMBRAPA Pedro Arraes: mostrou de forma
bastante clara a situação da agricultura brasileira e quais são as propostas e desafios que devem ser
alcançados nos próximos anos, dando atenção especial ao programa ABC lançado pelo governo
brasileiro. De certa forma, fiquei decepcionada pelo fato do PD ser apenas um acessório/peça em
sua apresentação. Em momento algum o Sr. Arraes valorizou a importância que o PD representou e
ainda representa em nossa agricultura e que parte de nosso sucesso agrícola hoje se deve a este
sistema.
- As sessões orais de pôster foram bastante interessantes, pois possibilitaram a analise da
situação da AC em diversos países, assim como pesquisas que abordaram temas para solucionar
problemáticas no processo de adoção da AC. Do ponto de vista de minha área de pesquisa (biologia
do solo), fiquei um pouco desapontada pelo baixíssimo número de trabalho no evento (3 trabalhos
de 526 apresentados oralmente e na forma de pôster, representados por 67 países) e nada discutindo
o manejo integrado de pragas e as relações entre os fatores químicos, físicos e biológicos. Um ponto
negativo da programação (anexo I) foi que as apresentações orais de trabalhos aconteceram em seis
ou sete plenárias ao mesmo tempo, havendo diversos trabalhos interessantes sendo apresentados ao
mesmo tempo.
- Workshop “The need for an agreed definition”: o que é bastante claro para nós brasileiros ainda
é discussão no exterior. Sabe-se que os princípios da AC proposta pela FAO foram baseados nos
nossos três princípios do Sistema Plantio Direto (mínimo revolvimento do solo, manutenção
permanente da cobertura do solo e rotações de culturas e adubação verde). Aqui no Brasil do PD
surgiu como uma técnica (plantio sobre os restos vegetais da cultura anterior para controle da
erosão) e evoluiu para um sistema ou como dizem nossos pioneiros numa filosofia de trabalho, que
se não estiver baseada nos três princípios citados acima não obtém a qualidade necessária,
ocorrendo então problemas no seu processo de adoção (compactação, doenças, pragas, erosão, etc).
No entanto lá fora, cientistas insistem que deve haver limites ou números para medir estes três
princípios e contestam o que termo “no-till” abranja todo este conceito. A discussão foi bem
acirrada, houve um bom posicionamento de Rolf Derpsch e durante a discussão alguns brasileiros
deram seus posicionamentos. Mas como toda discussão de conceitos, esta ainda não ficou terminada
naquele momento e muito menos com alguma definição mais concreta.
- Dia de campo: sinceramente fiquei desapontada. Esperava uma exposição maior de opções
(máquinas, culturas, etc) em AC, no mínimo para a realidade australiana. Apesar de que foi dito que
a área teve problemas com as inundações no primeiro semestre do ano, o que prejudicou a
composição deste dia de campo. A maior parte máquinas apresentadas, no meu ponto de vista, ainda
está longe para apresentar resultados satisfatórios que atendam um SPD adequado. Estas ainda
revolvem o solo demasiadamente, com exceção da “Happy Seeder” que parece ser uma opção
viável para plantio de trigo e arroz na Índia. Interessante foi apresentação de uma matraca
“eletrônica” por um chinês, a qual se compunha de uma mochila para estocar as sementes, um cano
ligado a uma haste que na ponta tinha um tipo de “bico de pato” que ao se
3. RESUMO DE SEU TRABALHO APRESENTADO
The use of earthworms as bioindicators in no-till systems in Brazil*
Bartz M1, Brown G2, Pasini A3, Mello I4, Tamiozzo T5, Bortoluzzi J5, Toledo R6
Universidade do Estado de Santa Catarina - Centro de Educação Superior do Oeste (UDESCCEO), Chapecó/Santa Catarina, Brazil - Corresponding author: [email protected]
2
Embrapa Florestas, Colombo/Paraná, Brazil
3
Departamento de Agronomia, Universidade Estadual de Londrina (UEL), Londrina/Paraná, Brazil
4
Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha (FEBRAPDP), Ponta Grossa/Paraná, Brazil
5
Tamiozzo & Bortoluzzi Consultoria Agronômica, São Miguel do Iguaçu/Paraná, Brazil
6
Vetagro Consultoria Agronômica, Uruguaiana/Rio Grande do Sul, Brazil
* Financial support: ITAIPU Binational (field work) and Agrisus Foundation (divulgation of
results).
1
Keywords: oligochaeta, conservation agriculture, soil quality assessment
Introduction
No-tillage is a widely practiced soil management system in Brazil, currently covering over 26
million ha (Febrapdp, 2011). This system includes permanent soil cover by plant residue, minimum
soil physical disturbance and crop rotation with cover crops, linked with integrated pest
management. Among other consequences, it promotes the role of soil organisms in soil fertility due
a lower degree of disturbance (Bartz et al., 2010), when compared to other forms of management
that employ intensive soil disturbance. Earthworms, in particular, play a predominant role in the
formation and maintenance of soil structure (Lavelle, 1997) and their diversity, density and biomass
are strongly influenced by soil management (Fragoso, 2001). Furthermore, their population can be
used as an indicator of soil quality in agricultural ecosystems (Paoletti, 1999). The use of
earthworms as indicators of no-till soil quality is also based on the perception of farmers in the
development of this system in Brazil, since earthworm populations increased with the adoption of
no-till and even became the symbol of no-till farmer associations. In fact, earthworms are generally
considered by farmers to be a sign or indication of healthy soil. The present study was part of the
Participatory Methods to Assess Quality in No-Till Systems in the Paraná River Basin 3, Brazil, a
cooperation between Itaipu Binational and the Brazilian No-Till Federation (FEBRAPDP) and was
undertaken to assess the abundance and diversity of earthworms in farmlands under no-till in six
watersheds in western Paraná to validate a proposal of classification of the no-till sites based on the
abundance and diversity of earthworms.
Material and Methods
The main soil types in the region are Rhodic Ferralsols, according to FAO Soil Units. The climate is
typical subtropical Cfa, according to Koeppen’s classification, characterized by having hot and
humid summers and no defined dry season. The annual rainfall is <1800 mm and average annual
temperature in the summer is around 27º C (Iapar, 2011). Samples were taken in February-March of
2010 and 2011 in a total of 34 and 25 farms respectively, in six watersheds of six municipalities
(Table 1), as well as six native forest fragments and an Araucaria angustifolia reforestation. The
earthworms were sampled at the end of wet season using an adaptation of the TSBF - Tropical Soil
Biology and Fertility Method (Anderson & Ingram, 1993), consisting in the removal of 5 monoliths
20 x 20 x 20 cm deep, spaced at least 20 m from each other, in a transect line. Hand sorting was
performed in the field and earthworms were stored in plastic bags containing 5% formaldehyde
solution. Earthworms were counted and identified to family, genus and species levels when
possible, following identification keys and species descriptions. Abundance values were expressed
in individuals (ind) m-2. This simple sampling method is geared towards enabling the farmers
themselves to carry out earthworm population assessments on their own farms.
Results and Discussion
In the samples taken in 2010, earthworm abundance ranged from 5 to 600 ind m-2 while the number
of earthworm species ranged from one to six (Table 1, Bartz, 2011). There were sites that had only
juvenile earthworms, preventing the identification at species level, so these sites were considered as
having only one species. In the 2011 samples, earthworm abundance ranged from 5 to 1150 ind m-2
and the number of species from one to seven in the no-till sites. In general exotic earthworm species
tended to predominate in the no-till sites, but these systems also allowed the survival of native
species, although in low densities. The species richness in no-tillage systems is in most cases
similar to the native forests, due to invasion of exotic species in both systems. The abundance
values encountered were similar to what is often reported for temperate climate forests and cropping
systems (Edwards and Bohlen, 1996), although the biomass values (data not shown) tend to be
lower, due to the predominance of the very small acanthodriline Dichogaster spp. and small species
of the Glossoscolecidae (Fimoscolex and Glossoscolex spp.) and Ocnerodrilidae (Belladrilus sp.)
families.
In northern Paraná, no-tillage sites with similar climatic and soil conditions to those in the present
study had earthworm abundance and species richness ranging from 3 to 291 ind m-2, with the lowest
values obtained in the dry season, while the number of species varied from one to more than four
species (Bartz, 2011). Taking into account the results of the present study and the data available for
northern Paraná, we proposed a classification of the no-tillage sites according to abundance and
number of earthworm species (Table 2). Eight of the 25 farms (32% of the total) fell into the
excellent category for abundance and only two for diversity (8%), while five farms fell into the poor
category for abundance and diversity (20%). Most farms fell into the intermediate categories of
good or moderate. The proposed classification using earthworms as bioindicators appears to be a
useful way to classify soil quality in no-till farms in western and northern Paraná State, Brazil.
However, the methodology must still be tested in other locations, soil types and other
agroecosystems, as well as be compared to other soil chemical and physical attributes used to
classify soil quality, in order to validate the present classification scheme.
References
Anderson JM, Ingram JSI 1993 Tropical Soil Biology and Fertility: a Handbook of Methods. 2ª ed.
CAB International, Wallinford, 221pp.
Bartz HA, Bartz MLC, Bartz J 2010 A experiência pioneira de Herbert Bartz no Sistema Plantio
Direto na Palha. Anais 12º Encontro Nacional de Plantio Direto na Palha - Tecnologia que
mudou a visão do produtor. Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha, Foz do Iguaçu,
Brazil.
Bartz MLC 2011 Ocorrência e Taxonomia de Minhocas em Agroecossistemas no Paraná, Brasil.
PhD Thesis. Universidade Estadual de Londrina, Londrina, Paraná, Brasil, 175pp.
Edwards CA, Bohlen PJ 1996 Biology and ecology of earthworms. Chapman & Hall, London,
426pp.
Febrapdp 2011Available at: http://www.febrapdp.org.br/download/ev_plantio_brasil.pdf. Last
access: 10.06.2011.
Fragoso C 2001 Las lombrices de Tierra de Mexico (Annelida, Oligochaeta): Diversidad, Ecología
y Manejo. Acta Zoologica Mexicana, 1, 131-171.
Iapar 2011 Available at: http://www.iapar.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=677. Last
access: 10.06.2011.
Lavelle P 1997 Faunal activities and soil processes: adaptive strategies that determine ecosystem
function. Advances in Ecological Research, 27, 93-132.
Paoletti MG 1999 Using bioindicators based on biodiversity to assess landscape sustainability.
Agriculture, Ecosystems and Environment, 74, 1-18.
Tables
Table 1. Average number of earthworms and number of earthworms species in the no-till (NT), forest (F) and
reforestation (RF) sites.
Average number of earthworms (ind m-2)
Number of earthworms species
Watershed
Site
Feb.10
Feb.11
Feb.10
Feb.11
NT1
50
200
1
3
NT2
605
1150
6
4
NT3
65
350
3
4
Ajuricaba
NT4
40
75
2
2
NT5
305
-*
5
F
105
75
4
2
NT6
70
275
4
4
NT7
60
385
2
6
NT8
25
190
1
4
Buriti
NT9
85
6
NT10
205
6
F
10
0
2
0
NT11
340
10
4
0
NT12
190
175
3
7
Facão Torto
NT13
295
55
3
3
NT14
10
25
1
2
F
275
355
4
4
NT15
110
75
4
3
NT16
285
30
5
2
NT17
80
30
4
3
Pacurí
NT18
30
1
NT19
125
2
F
25
0
3
0
NT20
5
220
1
5
NT21
45
40
4
2
NT22
55
15
1
1
Mineira
NT23
235
5
3
1
NT25
105
4
F
55
10
1
1
NT26
185
205
3
2
NT27
50
5
2
0
NT28
20
875
2
4
NT29
50
90
1
2
NT30
30
110
2
2
NT31
20
110
1
3
Toledo
NT32
120
5
4
0
NT33
55
1
NT34
265
3
NT35
95
4
RF
285
10
6
2
F
0
0
* Sites not sampled.
Table 2. Proposed classification of no-till systems according to earthworm abundance and diversity observed in the
Ferralsols of the warmer climate regions (Cfa Koeppen) of Paraná State, Brazil.
Number of farms in
Number of farms
Average number of
Number of
Classification
each
abundance
in each diversity
earthworms (ind m-2)
earthworm species
category
category
Excelent
≥ 200
8
>6
2
Good
≥ 100 to <200
4
4-5
6
Moderate
≥ 50 to <100
8
2-3
12
Poor
< 50
5
1
5
OBS: Segue no anexo II o pôster apresentado no evento.
4. CONCLUSÕES
Ainda são muito grandes as dificuldades para a adoção da AC (leia-se sistema plantio direto) em
diversos países da África, Ásia e mesmo na Austrália. Minha dúvida é se até que ponto estas
dificuldades são uma realidade ou na verdade uma falta de criatividade em encontrar a solução para
estes desafios. Sabemos que se o sistema plantio direto está baseado nas suas 3 premissas (mínimo
revolvimento do solo, manutenção permanente de cobertura no solo e rotação de cutluras e
adubação verde) adaptadas à realidade local/regional onde será executado, o seu sucesso e
qualidade são garantidos. Mas acho que uma grande parte das pessoas que participam/frequentam as
discussões em AC ainda não entendem este ponto de vista.
O Brasil inegavelmente é o país referência no assunto para o mundo, mas senti que muitos
(pessoas/países) estão cansados de ouvir que aqui o SPD é um sucesso. Sabemos que esse não nosso
quadro real, mas se pensarmos com citado no parágrafo acima isto funciona, mas sem dúvida
envolvendo sempre o principal ator deste cenário: “o agricultor”, tanta aqui no Brasil como no
exterior.
5. DEMOSTRAÇÃO FINANCEIRA DOS RECURSOS DA FUNDAÇÃO AGRISUS.
Foram disponibilizados R$ 3000,00 que foram utilizados para compra da passagem, conforme o
recibo (anexo III) e os tickets de embarque (anexo IV).
Chapecó, 28 de outubro de 2011.
Marie Luise Carolina Bartz
ANEXO I
ANEXO II
ANEXO III
ANEXO IV
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RELATÓRIO PARA AUXÍLIO DE