Mesmo em meio à turbulência vivida pela economia brasileira e que está
levando o país a uma recessão desde a crise mundial de 2009, existe um
setor que não deixou de crescer este ano: o bancário.
Enquanto a indústria recuou mais de 6% no primeiro semestre e o
comércio registrou a maior queda nas vendas desde 2003, o lucro dos
bancos bateu recordes. Somados, os ganhos dos quatro maiores bancos
cresceram mais de 40% no primeiro semestre, na comparação com os
primeiros seis meses de 2014.
Qualquer crise pega a sociedade de forma diferenciada. Os bancos
passam por um momento em que o produto que vendem está altamente
valorizado. A taxa de juros real de hoje é a segunda mais alta do mundo.
Sob esse aspecto, mesmo com a crise, os bancos ganham, já que as
empresas, por exemplo, vendem menos e precisam de mais capital de
giro. Se não tem capital de giro, [as empresas] vão atrás dos bancos.
Além de os juros estarem em alta, a demanda por dinheiro cresce.
Quando é ruim para todo o comércio, para a produção, para o
consumidor, é bom para os bancos.
O risco que as instituições financeiras correm é com a inadimplência. No
entanto, as perdas tendem a ser suavizadas pelo custo do dinheiro, que
traz embutida essa chance de calote.
Mesmo com a inadimplência, ele [banco] não perde. Nenhum outro setor
da economia tem essa vantagem. O varejo, por exemplo, é mais
concorrencial. Não é possível aumentar os custos dos produtos para o
consumidor.
Em seus relatórios, as instituições financeiras continuam mantendo uma
visão otimista, vislumbrando perspectivas favoráveis para o setor, ainda
que os índices da economia brasileira estejam, a cada divulgação,
atingindo os piores resultados da última década.
O aumento da tributação dos bancos através da Contribuição Social
sobre o Lucro Líquido (CSLL) faz parte da estratégia de reequilibrar as
contas públicas para tentar estimular a confiança dos empresários e
evitar um rebaixamento da nota brasileira pelas agências de classificação
de risco.
Os quatro maiores bancos que atuam no sistema financeiro
brasileiro, quais sejam, Bradesco, Santander, Itaú e Banco do Brasil
lucraram no primeiro semestre de 2015 o montante de R$ 33,81
bilhões.
A seguir, é apresentado um panorama sintético dos resultados
financeiros desses bancos.
1. Banco Bradesco
O Bradesco inaugurou a temporada de balanços do segundo trimestre
deste ano. O lucro líquido contábil do banco chegou a R$ 4,47 bilhões,
após atingir R$ 4,24 bilhões nos três meses anteriores um aumento de
5,4%. Já na comparação com o mesmo período do ano passado, o lucro
mostrou crescimento de 18,4%.
Com esse resultado, o banco Bradesco atingiu seu maior lucro trimestral
na história. De acordo com o levantamento, considerando todos os
bancos de capital aberto, o lucro do Bradesco neste segundo trimestre foi
o terceiro maior da história, atrás apenas dos resultados do Banco do
Brasil, em 2013, e do Itaú Unibanco, em 2014.
No primeiro semestre de 2015, o lucro líquido contábil da instituição
somou R$ 8,71 bilhões, acima dos R$ 7,22 bilhões verificados no
mesmo período de 2014. Nos moldes ajustados, o lucro líquido do
primeiro semestre de 2015 foi de R$ 8,77 bilhões, contra R$ 7,27 bilhões
no mesmo período de 2014.
2. Banco Santander
O Santander Brasil teve lucro líquido ajustado (ou gerencial) de R$ 1,67
bilhão no segundo trimestre de 2015, crescimento de 2,6% na
comparação com o mesmo período do ano anterior.
De abril a junho, o maior banco estrangeiro no Brasil teve lucro contábil
de R$ 3,88 bilhões, acima dos R$ 527,5 milhões registrados no mesmo
período de 2014.
No primeiro semestre de 2015, o lucro total ajustado somou R$ 3,30
bilhões, 15,5% acima dos R$ 2,86 verificados no mesmo período do ano
anterior. Já o lucro líquido contábil (também chamado de societário)
ficou em R$ 4,56 bilhões, contra R$ 1,04 bilhão em 2014.
3. Banco Itaú
O Itaú Unibanco registrou lucro líquido de R$ 5,98 bilhões no segundo
trimestre deste ano. Nos três meses anteriores, o lucro havia sido de R$
5,73 bilhões e no segundo trimestre do ano passado, de R$ 4,89 bilhões.
O lucro do Itaú no período entre abril e junho foi o maior já registrado na
história do banco para um segundo trimestre. O ganho de R$ 5,98
bilhões é também o segundo maior da história em valores nominais entre
os bancos brasileiros de capital aberto para este período, perdendo
apenas para o do Banco do Brasil em 2013 (R$ 7,4 bilhões).
No primeiro semestre de 2015, o lucro contábil somou R$ 11,71
bilhões, contra R$ 9,31 bilhões nos primeiros seis meses de 2014. Nos
moldes do lucro ajustado, os ganhos foram de R$ 11,94 bilhões no
primeiro semestre de 2015, contra R$ 9,50 bilhões no mesmo período do
ano passado.
4. Banco do Brasil
O Banco do Brasil, maior banco do país em ativos, anunciou que teve
lucro líquido contábil de R$ 3,01 bilhões no segundo trimestre de 2015,
uma queda de 48,3% em relação aos R$ 5,82 bilhões registrados nos
três meses anteriores. Frente ao mesmo período do ano passado, o lucro
cresceu 6,3%.
Entre os bancos brasileiros que já anunciaram seus resultados referentes
ao segundo trimestre, o Banco do Brasil foi o único a ver seus ganhos
diminuírem na comparação com o 1º trimestre.
Tirando o efeito de fatos extraordinários, o lucro líquido ajustado do
banco somou R$ 3,04 bilhões de abril a junho, uma alta de 1,3% sobre
um ano antes, e de 0,5% frente aos três meses anteriores.
Nos primeiros seis meses de 2015, o Banco do Brasil registrou o
lucro líquido contábil de R$ 8,83 bilhões - valor 60,3% superior ao
primeiro semestre de 2014 (R$ 5,51 bilhões) O lucro ajustado atingiu R$
6,06 bilhões em 2015, após registrar R$ 5,43 nos primeiros seis meses
de 2014.
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