Ministério da Cultura apresenta Banco do Brasil apresenta e patrocina ARTES VISUAIS CCBB EDUCATIVO 2013 GRUPO DE PESQUISAS - Artes Visuais EXPOSIÇÃO ROTEIRO AMARRADO Eder Santos ( 2010) :: :: 04 06 :: EXPOSIÇÃO IMPRESSÕES ORIGINAIS (2007) 14 :: EXPOSIÇÃO ÍNDIA (2011-2012) 22 :: EXPOSIÇÃO STILL BEING - CORPOS PRESENTES Antony Gormeley (2012) 30 :: MOVIE-SE: NO TEMPO DA ANIMAÇÃO (2013) 38 :: EXPOSIÇÕES PERMANENTES E PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO 10 EXPOSIÇÃO RABIN AJAW A Filha do Rei (2012) :: 18 EXPOSIÇÃO IMPRESSIONISMO :: 26 Paris e a Modernidade (2012-2013) LABORATÓRIOS DE ACESSIBILIDADE :: 34 EXPERIMENTE! As exposições em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil - RJ, sejam elas temporárias ou permanentes, motivam a maior parte daquilo que é pensado e oferecido pelo Programa Educativo. Nossas ações estão relacionadas com os conteúdos apresentados pelas galerias deste prédio e também a partir dele próprio, já que o edifício integra o patrimônio histórico e artístico da cidade do Rio de Janeiro. Quem já esteve em uma das visitas mediadas oferecidas no CCBB - RJ sabe que elas são o cerne do nosso projeto pedagógico. A mediação propõe reflexões por meio de conversas que proporcionam uma aproximação entre o educador, o público, suas respectivas formações culturais e as obras expostas. Para esse questionamento coletivo não há uma única solução, mas múltiplas abordagens possíveis a partir das trocas acontecidas durante a atividade. Mas por que ir ao museu se muitas das obras que lá estão expostas se encontram também facilmente em livros, catálogos e até com uma busca descomplicada na internet? De fato, podemos ter quadros como Os Girassóis, de Van Gogh, impressos em papel, um trabalho de videoarte pelo Youtube ou imagens de uma instalação pela televisão. O que não podemos, nesses casos, é ter uma experiência de encontro pleno com essas obras. Os suportes onde foram colocadas; a relação delas com o espaço que ocupam; o diálogo com outros trabalhos que, possivelmente, dividem a mesma galeria; os materiais usados para executá-las e uma porção de outras observações são feitas quando estamos diante da materialidade destas obras. E tudo isso pode ser pensado e discutido com o educador-mediador durante a visita. Ainda assim, a visita mediada não é a única maneira que encontramos de trabalhar os conteúdos das exposições. Uma série de outras atividades propõem desdobramentos em diferentes linguagens, como a música, as artes cênicas, a literatura etc. Nas artes visuais, oferecemos ao visitante os Laboratórios de Ações Criativas. Este é um espaço de experiências, vivências e reflexões, que promove novas leituras do mundo através de ações relacionadas à programação em cartaz no CCBB - RJ, principalmente as exposições. É quando o público tem a oportunidade de pôr a “mão na massa”, usando razão e emoção unidas à concentração para desenvolver propostas a partir de conceitos e questões despertados durante a visita, além de considerar as sensações vividas, individual e coletivamente, em seu dia a dia. Ao ouvirmos a palavra laboratório, inevitavelmente nos lembramos de um lugar onde realizamos experiências que, longe de serem artísticas, lidam com a causalidade, a complementação de ideias e o exercício crítico. Nos Laboratórios de Ações Criativas do CCBB - RJ, a experimentação se dá em outra direção. Os participantes podem, por exemplo, reproduzir as texturas impressionistas com massa de modelar colorida, materializar sensações, como alegria, tristeza ou calor, através de esculturas, construir histórias a partir de sons ou aromas, aplicar técnicas das artes plásticas, como a assemblage e a xilogravura, e até produzir uma animação em vídeo. GRUPO DE PESQUISA ARTES VISUAIS 04 Este grupo tem como objetivo elaborar atividades que dialogam com a programação em cartaz no CCBB - RJ, suas exposições e datas comemorativas. A partir dos conceitos particulares de cada evento, criamos atividades que procuram despertar percepções nos participantes, propiciando uma reflexão sobre sentidos ali incorporados. Cada mostra traz distintas questões para fruição. A partir daí, são desenvolvidas as práticas a serem compartilhadas com o público de todas as idades. Vale ressaltar que os laboratórios são atividades autônomas que podem ser enriquecidas quando a ação é subsequente à visita mediada. Assim se alimentam e dinamizam o processo. A seguir, listamos alguns laboratórios de ações criativas executados pela equipe de educadores entre 2007 e 2012. Todas as atividades contam com uma breve explicação sobre a exposição da qual faziam parte, para que as ações possam ser melhor compreendidas em seu contexto original e adaptadas pelos educadores para o trabalho em sala de aula. Foto Adriana Christo EXPOSIÇÃO IMPRESSÕES ORIGINAIS (2007) A gravura é uma das técnicas artísticas mais antigas de que se tem notícia. Existem muitas maneiras de executá-la, utilizando uma superfície como matriz de reprodução, que pode ser um pedaço de madeira, uma pedra ou uma placa de metal. Para cada material, teremos um procedimento específico que resultará em uma imagem e a possibilidade de sua reprodução, quantas vezes se desejar. A técnica da gravura tem, portanto, a reprodutibilidade como característica marcante. Na exposição Impressões Originais, a proposta era fazer um panorama dos marcos ocidentais da gravura, dos primórdios da xilogravura às serigrafias da Pop Art. Artistas como Rembrandt, Goya, Goeldi, Escher e suas imagens impressas a partir da gravação em diferentes superfícies, ao longo da história, permitiam um entendimento sobre este fazer artístico que, no Brasil, é bastante conhecido por figurar nas publicações dos cordéis, na região Nordeste do país. Foi pensando nessa tradição brasileira e se apropriando de materiais de fácil manipulação que o Educativo criou a atividade Xilogravura adaptando, para placas macias e sintéticas, a técnica originalmente realizada em madeira. A partir de uma história curta, contada pelo educador, o visitante era convidado a reproduzir determinada cena, gravando as imagens com uma caneta esferográfica em uma placa de EVA ou isopor. Foto Daniela Chindler 07 Xilogravura Faixa Etária A partir dos cinco anos. Conceitos Linguagem, memória, gravura. Objetivo Recontar a história apresentada através da técnica da xilogravura. Material Papel e lápis para rascunho; placa de EVA ou prato de isopor; caneta esferográfica; tinta guache; papel para impressão (A5); rolinho de espuma; rolo de massa. Procedimentos 1. Conversar com o grupo sobre as várias maneiras de se contar uma história (contação, leitura, desenho, mímica, música e xilogravura). 08 2. Relembrar com os participantes a história contada previamente: personagens, fatos, lugares (estimular a memória, pedindo que fechem os olhos). 3. Distribuir uma placa de EVA ou prato de isopor a cada participante. 4. Falar da técnica de gravação lembrando sempre que a gravura trabalha com a inversão da imagem (o que é do lado direito é impresso do esquerdo e vice-versa). Comentar que a técnica original é executada com ferramenta de corte sobre madeira (xilon significa madeira em grego) e explicar a opção por superfície alternativa. 5. Desenhar a parte favorita da história com a caneta esferográfica sobre a placa, imprimindo força o suficiente para “afundar” a ponta na placa, sem rasgar o material. 6. Depois de pronta, cada matriz deverá ser molhada de tinta com a ajuda de um rolinho de pintura, quantas vezes sejam necessárias, até a superfície ficar toda coberta. 7. Aplicar a matriz sobre o papel imediatamente após o passo número seis, para que a tinta não seque nem seja absorvida pela placa de EVA. 8. Utilizar um rolo de massa para prensar a matriz sobre o papel, imprimindo força e repetindo quantas vezes sejam necessárias, para que se obtenha uma melhor nitidez da imagem impressa. 9. Ao final, colocar para secar e pedir para que a turma interprete e tente identificar que partes da história estão presentes nas imagens. 09 Foto Daniela Chindler Foto Rodrigo Becker EXPOSIÇÃO ROTEIRO AMARRADO: EDER SANTOS (2010) Desde as primeiras experiências com as imagens em movimento, com a invenção de aparelhos que animavam fotografias e desenhos estáticos, do início do século XIX até o surgimento do cinema e a popularização do vídeo, buscamos entender: como somos atingidos pelas invenções e descobertas em seu conjunto (cores, sons etc.)? Em Roteiro Amarrado, o videoartista Eder Santos expunha 18 trabalhos que remetiam a um lugar do passado, a uma memória do artista. As 50 gaiolas da instalação Call Waiting (2005), por exemplo, evocam os pássaros criados pelo pai, em sua infância em Belo Horizonte. Na videoinstalação Remorso (2003) são projetadas sobre uma pedra de granito imagens de heras que crescem e transformam-se em fotos de família. A mostra em muito se assemelhava a um álbum de retratos apresentado com recursos tecnológicos de ponta. “O que faço é cinema em 3D. Como o cinema, meu trabalho é todo construído e roteirizado”, diz o artista, ao explicar o título da exposição, Roteiro Amarrado. Segundo Eder Santos, “Embora não pareça, todos os meus filmes têm roteiro. Aqui, nesta exposição, estamos tentando 'amarrar' esses roteiros.” Uma das ações pensadas pela equipe do CCBB Educativo sugeria uma relação entre o público, as projeções, o espaço e os reflexos de imagens. A partir da sugestão de palavras escritas em espelhos distribuídos pela sala, os desafios destas interações faziam o visitante mergulhar, ao mesmo tempo, em um universo sem fronteiras entre o cinema e as artes visuais. 11 Percepção do Espaço Expandido Faixa Etária A partir dos 12 anos. Conceitos Intervenção, apropriação, percepção transformada. Objetivo Num espaço, distribuir, aleatoriamente, espelhos que contenham uma palavra cada e, a partir disso, tentar perceber, de maneira transformada, o espaço ao redor. 12 Foto Rodrigo Becker Material Espelhos no tamanho 10X15 centímetros suspensos; equipamento de projeção (datashow); câmera digital (ou celular); barbante de varal, caneta retroprojetora. Sugestão de Palavras ALCANCE/ESPELHO/VOCÊ/MARGEM/ONTEM/MUNDO/SOLO/EU/DESEJO/ÂNGULO/ FUGA/AMANHÃ/OUTRO/HOJE/ESPAÇO/ENCONTRO/TEMPO/MEMÓRIA/FRAGMENTO/ IDEIA/INSTINTO/CONEXÃO/SILÊNCIO/DISTORÇÃO/TERRITÓRIO/ CORPO. 1. Assistir ao vídeo 7 minutos, instalação de Eder Santos, disponível no Youtube, junto com o grupo. 2. Em seguida, conversar sobre o que o vídeo nos mostra, definir o que é videoinstalação e distribuir as palavras acima listadas, uma para cada integrante do grupo, explicando o seu significado. 3. Distribuir um espelho a cada um e sugerir que todos escrevam, com a caneta retroprojetora, a palavra recebida, na posição e no sentido que quiserem. 4. A seguir, esticar três fileiras de barbante de varal e suspender, nelas, todos os espelhos, aleatoriamente. 5. Cada participante será convidado a observar o espelho com a sua respectiva palavra e a refletir sobre as relações entre a palavra e o que ele vê. 6. Após algum tempo, pedir para que troquem de espelhos, aleatoriamente, de maneira que ninguém fique de frente para a palavra que escreveu. 7. Solicitar aos participantes que façam fotos, da maneira que quiserem, exibindo a palavra que cada um escreveu no espelho. 8. Finalizar descarregando as fotos em um computador. Com o auxílio de um datashow, projetar este material, e conversar com o grupo sobre as imagens produzidas (relações entre a palavra, o ângulo escolhido e os elementos que compõem as fotos). 9. Por fim, mirar o projetor ainda ligado (deixar as fotos sendo exibidas em slideshow) para a instalação com os espelhos suspensos e comentar o resultado. 13 Buddhapada, pegada associada a Buda Distrito de Gaya, Bihar, aproximadamente século XI Escultura em pedra, 28 x 75 cm (diâmetro) Museu de Arte Asiática de Berlim Foto Juergen Liepe 14 Buda no momento de sua iluminação, mostrando o Bhumisparshamudra, o gesto de chamar a terra por testemunha Nalanda (Bihar), século XI Escultura em pedra 44,5 x 32 x 16,5 cm Museu de Arte Asiática de Berlim Foto Juergen Liepe EXPOSIÇÃO ÍNDIA (2011/2012) Na exposição Índia, um traço comum unia muitas das peças expostas: a presença do símbolo religioso e ancestral na expressão artística. Por exemplo, para os hinduístas, os avatares são as encarnações do deus Vishnu na Terra. Vishnu possui 10 avatares: Matsya, o Peixe; Kurma, a Tartaruga; Varaha, o Javali; Narasimha, o Homem-leão; Vamana, o Anão; Parashurama, o Homem com o machado; Rama, o Arqueiro (herói do Ramayana); Krishna, (muito cultuado, dando origem ao movimento Hare Krishna); Buda, o Iluminado (Sidarta Gautama); Kalki, o Espadachim montado a cavalo (o que ainda está por vir). Os avatares de Vishnu eram encontrados em pinturas, esculturas, fotos, instalações, como na pintura sobre tecido O Templo do Deus Jagannath. Diversas imagens femininas presentes na mostra estavam representadas com a pinta vermelha na testa. O terceiro olho é um dos símbolos de Shiva, descrito como o olho frontal, o olho de fogo, é o da percepção superior. Tradicionalmente, aplica-se um ponto de cor vermelha bem no centro da testa – onde está o sexto chakra, Ajna, responsável pela sabedoria. No lugar do ponto vermelho, também podem ser utilizadas pequenas joias, coladas sobre a pele. No budismo e no hinduísmo, os mudras são gestos feitos com as mãos, que representam qualidades, estados de espírito. A postura em que a mão direita descansa sobre a palma da mão esquerda simboliza a meditação profunda é um exemplo. Os mudras podem significar promessa de proteção, atendimento de um desejo, elevação e tantos outros estados e situações. Os mudras inspiraram o desenvolvimento da próxima atividade, que cria desenhos e símbolos através da associação com elementos da religião e da cultura indianas. 15 Meu símbolo auspiscioso Faixa Etária A partir de cinco anos. Conceitos Memória, simbologia, interpretação imagética, conexões, cultura indiana. Objetivo Suscitar à reflexão acerca da simbologia da cultura indiana, para que sejam criados novos significados. Material Papel; lápis de cor; tinta-relevo. Procedimentos 1. Inicialmente, promover uma breve conversa com o público acerca da Índia, sua cultura e sua especificidade. 16 2. Perguntar se alguém conhece algum símbolo da cultura daquele país. É dificil entender a Índia sem ter acesso ao significado de símbolos como o Om e a flor de lótus, que revelam aspectos de sua cultura milenar. O símbolo porta significados, permite riqueza de interpretações e, em sua ampla compreensão, pode comportar até mesmo significados opostos, que se combinam. 3. Falar sobre símbolos auspiciosos (de bom agouro, que geram esperança, prometedores) presentes na cultura mundial e perguntar se alguém pode citar algum, como o trevo de quatro folhas, por exemplo. 4. Sortear, entre os participantes, cartões com um pequeno texto escrito sobre o significado de um determinado símbolo da cultura indiana. Por exemplo: simboliza pureza de corpo, discurso e mente e o florescimento das ações na liberação da felicidade (flor de lótus). A partir disso, oferecer papéis no formato de mãos e pés entre os participantes para que cada um escolha um ou outro suporte e crie um desenho-símbolo que represente, para ele, o que está escrito, ou seja, o que, graficamente, representa, para si mesmo, “pureza do corpo”, por exemplo. 5. Explicar que escolhemos estes formatos como suportes, as mãos lembrando os mudras e as pinturas de henna usadas nas mãos como símbolo de boa sorte no casamento indiano. E o formato de pé, porque Buddhapada é marca plantar que representa, ao mesmo tempo, a presença e a ausência de Buda (imagem página 18). 6. Quando todos terminarem os desenhos, mostrar a imagem original de cada símbolo para trabalhar com o grupo as possíveis correlações. Foto João Saidler EXPOSIÇÃO RABIN AJAW – A FILHA DO REI (2012) O título da exposição, inspirado em uma das principais tradições da cultura maia, propunha ao visitante um mergulho no legado deste povo. Na Guatemala, a população, majoritariamente indígena, é herdeira natural desta história. A cidade de Coban, no norte do país, realiza um festival que reúne as celebrações a Santo Domingo de Guzman, seu santo patrono, com bênçãos, grupos e danças folclóricas, além do Rabin Ajaw, concurso que, todos os anos, escolhe a rainha do povo indígena. Esta expressão quer dizer “a filha do rei”. Para vencer suas concorrentes, a mulher deve ter outros atributos além da beleza. É preciso ser uma legítima descendente de indígenas, solteira, fluente em seu dialeto de origem e também em espanhol. Destacando a beleza dos figurinos rituais, presentes nessa cerimônia, onde a geometria e o uso das cores criam impressionantes efeitos gráficos cheios de significado, a exposição mostrou o elo entre os ancestrais maias e seus descendentes. Neste laboratório, tratamos de território e identidade com a produção de um manto nos moldes dos que estavam presentes na galeria. Foto Daniela Chindler 19 Território Expandido Faixa Etária A partir de 14 anos. Exposição Rabin Ajaw – A filha do Rei. Conceitos Trabalhar o conceito de território, pertencimento e identidade. Construção coletiva. Objetivo Produzir um manto composto de linhas de lã e retalhos que simbolizarão os desejos e projetos dos estudantes. Todos os dejesos estarão conectados a uma mandala inserida no bairro onde a escola se localiza. Os estudantes devem refletir sobre a questão da identidade. Material Manto; agulha com ponta arredondada; novelo de lã colorida; retalhos de tecido (juta); tesoura; caneta para tecido; palito de churrasco e mapa da cidade. Procedimentos 20 1. Discutir qual é o conceito de território para os alunos e se somos formados pelo local de nossa origem, pelas pessoas com as quais convivemos. Será que os objetos podem dizer coisas a nosso respeito? 2. O professor irá confeccionar uma mandala (palito de churrasco + lã, formando uma cruz com os palitos por onde vamos transpassando a lã) e ensinar como produzi-la. Explicar que esse objeto será inserido no mapa no bairro onde a escola está localizada, simbolizando um ponto de partida para as ligações feitas pelos estudantes. 3. Distribuir retalhos e agulhas aos estudantes e pedir que cada um escolha uma cor de lã. 4. Pedir a cada um para bordar, no retalho recebido, algo que seja de seu interesse (bicicleta, livro, cachorro, máquina fotográfica etc). 5. Enquanto o professor confecciona a mandala, os estudantes bordam. 6. Depois de finalizadas as confecções, o professor irá costurar a mandala no local onde a escola está no mapa. Escrever o nome da escola junto à mandala, com a caneta para tecido. 7. Após a costura do professor, cada aluno irá costurar o seu retalho em local de seu interesse, por exemplo, onde gostaria de andar de bicicleta, tirar foto, comer bolo etc, e ligar à mandala com uma linha. Foto Daniela Chindler 22 Antony Gormley Drift III, 2008 Barra de aço inoxidável de 2mm em seções, 2,64 x 1,75 x 2,13 m EXPOSIÇÃO STILL BEING – CORPOS PRESENTES: ANTONY GORMELEY (2012) Proveniente da palavra latina sculpere – que significa gravar ou talhar –, escultura é a representação de imagens plásticas em relevo, total ou parcial. A exposição Corpos Presentes distribuiu pela galeria, andar térreo e em pontos estratégicos no espaço urbano do entorno do CCBB obras do artista inglês Antony Gormley. A mostra nos instigava a refletir sobre o tempo, o espaço e a nossa relação visual e física com aqueles objetos artísticos. As esculturas produzidas em diferentes suportes materializavam a corporalidade do artista, pois usavam a sua silhueta como molde. Gormley colocou-se diante de desafios e questionamentos comuns a todos os seres humanos: a solidão, o cansaço, a fome, a liberdade. No laboratório In Corporis proposto como atividade do Educativo para essa mostra, o público foi convidado a imaginar um lugar do seu sonho e representá-lo através de um objeto modelado em arame colorido. As esculturas produzidas pelos visitantes eram expostas em uma instalação coletiva. 23 In Corporis Faixa Etária A partir de cinco anos. Conceitos Corpo, espaço, deslocamento, desejo, imaginação, representação, processo escultórico, estruturas, materiais e modelagem. Objetivos Provocar experiências acerca do processo escultórico a partir da experimentação com arames flexíveis; pensar sobre o fazer artístico na arte contemporânea, levantando questões sobre a percepção dos espaços físicos e do corpo como espaço; produzir representações simbólicas de lugares ideais para compor a instalação. Material Arames flexíveis; alicates de dobra e corte; dois anteparos para instalar as produções. Procedimentos 24 1. Receber os participantes e instigar uma reflexão sobre algumas questões propostas pelo trabalho do artista: o corpo, o espaço, a memória do nosso trajeto. Como são os espaços que conhecemos? Será que esses espaços moram em nós? E o nosso corpo, que tamanho tem? Será que ele pode ser um território? O que guardamos em nós? Esses “nossos” espaços são acessíveis? 2. Refletir sobre o lugar do seu desejo, um lugar que more em você. Como é este espaço? Qual a temperatura, o tamanho, a luz? Quais os elementos que compõem este lugar só seu? Você conseguiria representá-lo? 3. Utilizando os arames flexíveis, produzir uma escultura que represente, simbolicamente, este espaço ideal. 4. Finalizada a escultura, lançar a questão: considerando o nosso corpo como um território, um mapa, em que parte do corpo você localizaria essa memória/espaço? Por quê? Será que podemos nos fazer presentes nos espaços depois de sairmos dele? Quais as marcas que imprimimos nos espaços? 5. A partir dessa reflexão, convidar o participante a instalar sua produção em um anteparo ou totem e compor a instalação colaborativa In Corporis. Memórias e espaços materializados preenchendo o vazio dos corpos, conectando os presentes e os ausentes. Foto Daniela Chindler 26 Pierre-Auguste Renoir Jeunes filles au piano (Moças ao piano), 1892 Óleo sobre tela, 116 x 90 cm © RMN (Musée d'Orsay) / Hervé Lewandowski EXPOSIÇÃO IMPRESSIONISMO - PARIS (2012/2013) E A MODERNIDADE O século XIX viu acontecer uma verdadeira revolução tecnológica, da qual a invenção da locomotiva a vapor é o grande símbolo. Outras invenções que nos acompanham até hoje, como a fotografia, a lâmpada elétrica, o telefone e o cinema também nasceram neste período. Todos esses acontecimentos não poderiam deixar de influenciar as artes. Se, até então, os artistas acadêmicos se voltavam para temas históricos ou mitológicos e trabalhavam dentro dos ateliês, o Impressionismo experimentou uma pintura no exterior, indo ao encontro do agito das ruas, do lazer nos parques e da vida noturna da cidade. Essa agitação, somada a uma nova maneira de pintar e manipular os materiais na tela, como faziam Edouard Manet, Claude Monet, Auguste Renoir e Edgard Degas, inspirou o Programa Educativo a criar o laboratório Cor.Cor, com carimbos coloridos e composições impressionistas. 27 Cor.Cor Faixa Etária A partir de oito anos. Conceitos Produção industrial, Impressionismo ou Pontilhismo, composição, composição coletiva, cor, textura, autoria, arte relacional, arte colaborativa. Objetivos Instigar a construção de processos poéticos colaborativos a partir da recomposição pictórica de quadros Impressionistas; investigar a produção pictórica a partir de carimbos; introduzir a noção de retícula, provocar experiências acerca do processo pictórico impressionista na composição das imagens pontilhistas a partir das cores primárias. Material Papel de seda; papel-cartão; lápis; carimbos produzidos a partir de rolhas de champanhe ou outro material; almofadas de carimbo; imagens do Impressionismo em tamanho A4. Procedimentos 28 1. Antes de iniciarmos, vamos delimitar um espaço numa parede, marcando quadrados de maneira a deixá-la como papel quadriculado. 2. Apresentar o movimento Impressionista e algumas características formais desta pintura, como o uso de pinceladas largas e sem o preparo do fundo. 3. Apresentar os materiais que serão utilizados para a experimentação e as imagens que o participante poderá compor. 4. Dividir os participantes em grupos. Cada grupo escolhe uma imagem de uma paisagem, coloca por cima dela o papel de seda. A ideia é copiar no papel de seda as linhas presentes na imagem. 5. Depois, pedir que os contornos do papel de seda sejam passados para o papel cartão e, em seguida, dividir o papel em quadradinhos. Cada um recebe um detalhe da obra e aí pode começar a “pintar' com os carimbos. É importante indicar ao participante que cada carimbo corresponde a uma cor, por exemplo, o carimbo da cor vermelha não pode ser usado na almofada da cor azul. As misturas dos pontos de cor se darão no próprio cartão. 6. Vale ressaltar a importância de relacionar a produção individual com a produção que já está posta na parede, feita anteriormente. O trabalho lembra um quebra-cabeças coletivo. Cada aluno tem seu pedacinho daquela imagem maior e, ao terminar sua parte, afixa o seu quadrado no trabalho coletivo até a imagem estar completa. Foto Felipe Fittipaldi Bob Sabiston Secos e Molhados, 2000 4min. Rotoshop, cor, áudio. Cortesia de Flat Black Films EXPOSIÇÃO MOVIE-SE: NO TEMPO DA ANIMAÇÃO (2013) Bichos que falam, seres de outros planetas, super-humanos, reinos encantados, lugares sombrios... Todos estes são personagens e cenários que nos lembram de alguns dos nossos desenhos animados favoritos. A exposição Movie-se: no tempo da animação trouxe a memória e a história do cinema através das técnicas que deram vida ao que, antes, eram somente rabiscos no papel. Da invenção da fotografia até a primeira projeção de um filme, passando pelos antigos métodos de animar desenhos e os sofisticados gráficos de computador. No trajeto entre as salas de exposição, o que se viu foram os diferentes momentos da arte que deu vida a figuras marcantes de diferentes épocas de nossas vidas: Mickey Mouse, Betty Boop, Patolino, Os Simpsons, Akira, e as imensas criaturas do filme O Parque dos Dinossauros. Que tipo de relação desenvolvemos com essas e outras imagens que vimos ser produzidas ao longo das histórias da fotografia e do cinema? Os dois laboratórios que se seguem falam do fluxo das imagens e de como elas se formam e vão se modificando ou desaparecendo, como acontece também no fluxo dos nossos pensamentos. 31 Contos de Areia Faixa Etária A partir de cinco anos. Conceitos Animação imagem, imaginação, fluxo, movimento, luz, sombra. Objetivos Utilizando a areia como suporte para a criação, pensar como o fluxo do pensamento pode ser materializado em imagens e, assim, desdobrado em narrativas. A partir da relação com areias coloridas sobre uma mesa de luz, instituir experimentações de criação de imagens. Promover, com os participantes, instantes de desaceleração do fluxo cotidiano. 32 Material Areia colorida; backlight (pode ser produzido com uma placa de poliestireno fosca sobre uma caixa de madeira quadrada e lâmpadas fluorescentes). Procedimentos 1. O laboratório se configura como uma experimentação com areia sobre uma mesa de luz. 2. Conversar com os participantes a respeito das representações nas cavernas do homem primitivo, a animação das sombras pelo fogo que tremulava, o fluxo de imagens na nossa mente, na televisão e na cidade etc. 3. Dada esta conversa inicial, deixar o participante interagir com a areia na mesa de luz para que ele próprio produza suas imagens. Proponha que o desenho na areia seja feito com pincéis de diferentes pontas (finas e grossas) e com os dedos. Podem ser traçados caminhos na areia (como o jardim japonês), formas abstratas ou figuras mais realistas. Se possível, acrescente uma trilha sonora ao ambiente. Ao final da atividade observe os trabalhos produzidos levantando questões e propondo reflexões. Que imagens surgiram? Os sons que ouviu no ambiente interferiram em seu processo de criação? Quais foram as limitações que o material ofereceu? Como foi a experiência? Foto Adriana Christo Estação sensorial montada para a exposição Impressionismo: Paris e a Modernidade, com réplicas das obras em relevo e adereços Foto João Saidler 34 Detalhe da arquitetura do CCBB SP reproduzido em prancha de madeira e elaborado para a visita ao prédio Foto divulgação LABORATÓRIOS DE ACESSIBILIDADE O CCBB Educativo, investiga a melhoria contínua das atividades do Programa e a implementação de ações educacionais capazes de acolher, com qualidade, um público diverso e plural. Para tanto, foi criado o grupo de pesquisa em acessibilidade, uma reunião de educadores de diferentes áreas de formação, dispostos a conceber atividades pensadas especialmente para a inclusão. Este grupo procura contribuir para o processo de desenvolvimento educacional, cultural e de integração social das pessoas com deficiência, idosos, pessoas com sofrimento psíquico, pessoas em situação de risco social, pessoas em tratamento médico etc. A seguir, apresentaremos uma atividade que utiliza a argila para materialização de palavras. Este laboratório não tem ligação com uma exposição específica. Foi aplicado pelos educadores como desdobramento das visitas ao prédio. 35 Laboratório de Argila Objetivos Articular a significação de palavras através da experimentação criativa. Transformar substantivos e adjetivos em imagens tangíveis. Trabalhar a concentração e a coordenação motora através da utilização da argila. Material Argila; três caixas com palavras diversas. Procedimentos 1. Apresentar a argila ao grupo e conversar sobre sua constituição física e, se pertinente, sobre sua utilização milenar nas mais diversas culturas. 2. Pedir que os participantes sintam a maleabilidade, a temperatura, a textura e a umidade do material através de uma experimentação tátil. Ao fazer isso, perceber o quanto a argila possibilita uma infinidade de conformações plásticas. 36 3. Separar três diferentes caixas. Em uma delas, colocar papéis com nomes de seres vivos, como cavalo, homem, pássaro etc. Na segunda, colocar papéis contendo variados adjetivos, como feliz, aborrecido, risonho etc. Na terceira caixa, colocar papéis com nomes de diversos objetos, como escova, bolsa, bola etc. 4. Fazer com que cada participante sorteie um papel de cada uma das três diferentes caixas. Quando todos os participantes tiverem os três papéis, passar para a etapa de criação de uma imagem na argila baseada nas palavras sorteadas. Supondo que as palavras sejam mulher, triste, chapéu, propor a criação de uma imagem na argila, em que essas palavras se convertam em formas e, por fim, em uma composição. 5. Após a finalização das imagens, pedir que os participantes comentem e relacionem o que criaram com o conteúdo dos papéis. Variações Trabalhar com apenas uma caixa com substantivos abstratos, como tristeza, medo, felicidade etc. Nesse caso, sugerir que os participantes criem suas próprias alegorias, materializando o conceito abstrato na argila. Foto Daniela Chindler Foto divulgação EXPOSIÇÕES PERMANENTES E PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO O Centro Cultural Banco do Brasil está localizado no Centro do Rio de Janeiro, em uma área cercada de outros edifícios e construções de valor histórico e artístico. Seu prédio é de 1906, período em que o centro da cidade sofreu uma reforma urbana vultuosa, com a derrubada de morros, a remoção de cortiços, além de obras de pavimentação e saneamento. As transformações ficaram conhecidas como Reforma Pereira Passos, em citação ao prefeito responsável por sua idealização e pela execução das mudanças no centro urbano. Ao seu término, o centro do Rio de Janeiro ganhou certo ar parisiense. O prédio do CCBB Rio abriga também considerável acervo de peças com importante valor patrimonial. Na Galeria de Valores, estão reunidas cédulas e moedas de todo o mundo e de diferentes épocas, bem como outros objetos e mercadorias que, um dia, também serviram às trocas comerciais. Na exposição O Banco do Brasil e sua História, a trajetória da instituição criada em 1808, por Dom João VI, se confunde com a da própria cidade. Nas salas, podemos ver também o maquinário do início do século XIX usado nas agências, os livros-caixa e ambientes que reproduzem as salas executivas da antiga sede do Banco do Brasil. Com tanta memória e história presentes no mesmo lugar, seria impensável não termos atividades com este enfoque. A seguir, propomos uma atividade que instiga à construção memorial através da lógica e da recuperação arqueológica. 39 Escavação Faixa Etária A partir de cinco anos. Conceitos Trabalhar os princípios da pesquisa arqueológica para compreender como um fragmento faz parte de um todo. Objetivos Desenvolver o raciocínio lógico e trabalhar o conceito de recuperação arqueológica. Material Palitos de picolé; fita adesiva; caneta hidrocor; caixa ou qualquer outro recipiente plástico grande; retalhos de EVA ou flocos de isopor. Procedimentos 1. Promover uma conversa sobre como funciona o estudo de recuperação arqueológica. Um arqueólogo, muitas vezes, encontra fragmentos no solo e tem que montar um verdadeiro quebra-cabeça para reconstruir a peça. 40 2. Estimular os participantes a pensar em objetos que eles acreditem que, algum dia, em um futuro distante, possam ser achados enterrados no jardim (um vaso, um tênis, um esqueleto etc.). 3. Distribuir, a cada participante, kits de 10 palitos de picolé grudados com uma fita adesiva, formando uma placa. Pedir a cada participante que desenhe com canetinhas de cores diferentes, o objeto que imaginou, na superfície sem fita, tentando preencher completamente a superfície formada pela placa de palitos com a mesma figura. Cada placa deve ser preenchida com canetinha de uma única cor. 4. Convidar cada participante a desgrudar os palitos da fita adesiva e mergulhá-los na caixa com EVA (ou com retalhos de isopor), que estará sobre a mesa. 5. As caixas serão trocadas de mesa. Cada mesa terá que escavar sua caixa para encontrar fragmentos de desenhos feitos pelos participantes dos outros grupos. Cada participante, por sua vez, terá que montar a figura de uma pessoa da outra mesa, separando as peças pela cor. Cada participante monta uma cor. 6. Ao fim da atividade, promover uma conversa sobre a importância da preservação e da recuperação de fragmentos e como estes podem trazer memórias sobre civilizações antigas. Foto Daniela Chindler PATROCÍNIO EDUCADORES Banco do Brasil Camila Alves Fabiano Cesar Martha Soares Vinicius Veloso REALIZAÇÃO Centro Cultural Banco do Brasil PRODUÇÃO ESTAGIÁRIOS Sapoti Projetos Culturais COORDENAÇÃO GERAL Daniela Chindler COORDENAÇÃO DE AÇÕES EDUCATIVAS Alexandre Diniz COORDENAÇÃO Foto João Saidler DE PRODUÇÃO Cristiane Leal Flávia Rocha COORDENAÇÃO MÚSICA DE ARTES CÊNICAS Gabriel Sant’Anna SUPERVISÃO OPERACIONAL E Carlos Eduardo Proença Camila Cunha Carolina Angelici Caroline Lucena Fernanda Paixão Fernanda Silva Mariana Leocádio Matheus Peçanha Nina Balbi Roberto Campanerut Sylvio Moura Yuri Jahara REVISTA PRÁTICAS E REFLEXÕES Redação Daniela Chindler Graciane Cunha Thiago Jatobá Edição Daniela Chindler Revisão Sol Mendonça Projeto Gráfico André Ferreira Lima Elaine de Souza Bruni Imenes Joubert Assumpção Rua Primeiro de Março, 66 Centro 20010-000 Rio de Janeiro, RJ Informações e agendamento Tels. 21 3808 2070 / 3808 2254 De segunda a sexta, das 10h às 18h bb.com.br/cultura facebook.com/ccbb.rj Material elaborado para distribuição gratuita nos encontros Práticas e Reflexões com Educadores. 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