1 FACULDADE INTEGRADA DA GRANDE FORTALEZA - FGF NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - NEAD PROGRAMA ESPECIAL DE FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DE DOCENTES EM ARTE E EDUCAÇÃO ARTE.COM: REFLEXÕES SOBRE O ENSINO DE ARTES VISUAIS E A UTILIZAÇÃO DAS TECNOLOGIAS CONTEMPORÂNEAS ERIKA PATRICIA TEIXEIRA DE OLIVEIRA FORTALEZA - CE 2013 2 ERIKA PATRICIA TEIXEIRA DE OLIVEIRA ARTE.COM: REFLEXÕES SOBRE O ENSINO DE ARTES VISUAIS E A UTILIZAÇÃO DAS TECNOLOGIAS CONTEMPORÂNEAS Monografia apresentada ao Programa Especial de Formação Pedagógica de Docentes na Área de Licenciatura em Arte e Educação, da Faculdade Integrada da Grande Fortaleza, como requisito necessário à obtenção do título de Licenciado em Arte e Educação. Orientadora de normas técnicas: Profª. Ms. Aleksandra Previtalli Furquim Pereira. FORTALEZA – CE 2013 3 Monografia submetida ao Programa Especial de Formação Pedagógica de Docentes em Arte-Educação, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Licenciado em Arte-Educação, outorgado pela Faculdade Integrada da Grande Fortaleza-FGF. ______________________________________________ Ms. Erika Patricia Teixeira de Oliveira ______________________________________________ Ms. Aleksandra Previtalli Furquim Pereira Orientadora _________________________________________ Prof.ª Esp. Marina Abifadel Barrozo Coordenadora do Curso Nota obtida: ______ Monografia aprovada em: _____ / ____ / ____ 4 Dedico este trabalho ao meu filho Gabriel e à minha filha Eloá, que sempre compreenderam minha ausência durante meus estudos. Ao meu esposo Kennedy, pela paciência, amor e pelo esforço em compreender e respeitar minhas escolhas. 5 Agradecimentos Agradeço primeiramente a Deus, pela vida, saúde e bênçãos concedidas. Aos professores da FGF, pela ajuda e orientação onde através de suas aulas forneceram referências teóricas que contribuíram para o meu aprimoramento intelectual. À Faculdade da Grande Fortaleza, pela oportunidade de realizar o curso de Licenciatura em Arte e Educação. À minha orientadora, professora Ms. Aleksandra Previtalli Furquim Pereira, que desde o início se mostrou disposta a ajudar, compreendendo minha ansiedade e urgência pelo término do curso. 6 A minha questão não é acabar com a escola, é mudá-la completamente, é radicalmente fazer que nasça dela um novo ser tão atual quanto a tecnologia. Eu continuo lutando no sentido de pôr a escola à altura do seu tempo. E pôr a escola à altura do seu tempo não é soterrá-la, mas refazê-la. (Paulo Freire) 7 RESUMO O objetivo principal deste trabalho foi refletir sobre o ensino de artes visuais que utiliza as tecnologias contemporâneas, principalmente o computador e a Internet, no contexto escolar. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, buscando maior aprofundamento do tema em Barbosa (2005, 2011), Loyola (2009), Evangelista (2011), Jordão (2009), Paraná (2008). Através da realização desta pesquisa, observamos que a integração das tecnologias contemporâneas na educação e no ensino de artes visuais favorece o crescimento da reflexão artística, a democratização e potencialização do contato com a arte e a elaboração de aulas mais dinâmicas. Além disso, torna o aprendizado mais significativo e coerente com o contexto e realidade do educando. Por isso, as tecnologias contemporâneas são indispensáveis para a educação, pois contribuem com a principal meta do ensino da arte, que é ajudar os estudantes a entender criticamente a sociedade e a cultura. Palavras-chave: Artes visuais; educação, ensino, tecnologias contemporâneas. 8 ABSTRACT The main objective of this work was to reflect upon Visual Arts teaching which uses contemporary technology approach mainly computer and the internet, in the scholar context. This bibliographic research achieves deep understanding of theme in Barbosa (2005, 2011), Loyola (2009), Evangelista (2011), Jordão (2009), Paraná (2008). It was observed through this search that integration of contemporary technologies for education and Visual Arts teaching accomplishes a better artistic reflection as well for democratization to potentiate art contact democratization and for more dynamic class preparation. It also contributes for a meaningful learning and according to the context and reality of student. It specially supplies the core of art teaching helping a better comprehension of society and culture. Key-words: Visual Arts; education, teaching and contemporary technologies 9 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.................................................................................................. 10 2 O ENSINO DA ARTE NO BRASIL ................................................................... 13 2.1 Breve Retrospectiva Histórica do Ensino de Arte no Brasil e as Tendências Pedagógicas que acompanharam esse Percurso ......................................... 13 2.2 3 Arte e Educação na Contemporaneidade.......................................................18 TECNOLOGIA, EDUCAÇÃO E ARTES VISUAIS ............................................ 21 3.1 Tecnologia na Educação ............................................................................... 21 3.2 O Ensino de Artes Visuais e as Tecnologias Contemporâneas ..................... 25 3.2.1 Artes visuais e ensino................................................................................. 25 3.2.2 Artes Visuais e as Tecnologias Contemporâneas ...................................... 26 3.2.3 Sugestão de sites para o ensino de Arte .................................................... 33 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................. 36 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 38 10 1 INTRODUÇÃO Na sociedade atual, as novas tecnologias de informação e comunicação têm causado grandes alterações na forma das pessoas interagirem e se relacionarem no mundo. O advento das tecnologias contemporâneas fez surgir a “sociedade do conhecimento” ou a “sociedade da informação”, com fronteiras cada vez menos demarcadas em vários setores da sociedade: na economia, na política, na cultura. No contexto escolar, as novas tecnologias, sobretudo o computador e a Internet, levaram a educação para uma nova dimensão, tanto pelas novas formas de mediação do processo do conhecimento, quanto pelo novo perfil dos alunos, sempre conectados com o mundo. Dada a importância dos recursos tecnológicos na educação, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN´s) enfatizam que “A escola tem importante papel a cumprir na sociedade, ensinando os alunos a se relacionar de maneira seletiva e crítica com o universo de informações a que têm acesso no seu cotidiano.” (BRASIL, 1998, p. 138). No que concerne ao ensino de Arte, podemos dizer que esta disciplina tem um percurso relativamente recente no Brasil. Esta área de conhecimento vem se consolidando e se desenvolvendo graças ao esforço de estudiosos e profissionais da área, mas, ainda há muito a ser conquistado. Infelizmente, o ensino das Artes nas escolas enfrenta diferentes problemas: técnicos, estruturais, escassez de materiais didáticos e professores formados na área. Tudo isso dificulta a abordagem dos fundamentos teóricos e os procedimentos práticos. Para Evangelista (2011, p. 3), “uma solução para aplicar essas propostas pedagógicas relacionadas ao ensino da Arte é a utilização de Tecnologias de Informação e Comunicação – TICs – como ferramenta auxiliar durante as aulas”. No mundo globalizado, a arte encontra sua importância por possibilitar uma gama de possibilidades de aprendizagem. Por isso, é imprescindível incluir a arte ao contexto dos alunos através da tecnologia, buscando desenvolver, através dessa junção, novos caminhos ao conhecimento. É recente a ampliação de perspectivas didáticas através do uso de tecnologias no ensino de Arte no Brasil. Antes da chegada do computador “nosso 11 remoto acesso a obras de arte dava-se apenas por meio de livros caríssimos, que no Brasil eram produzidos principalmente pelos bancos para presentear clientes no fim do ano. Nós, professores e alunos de arte, ficávamos a ver navios” afirma Barbosa (2005, p. 105). É claro que a utilização do computador e da Internet na escola não substitui o livro de arte, o contato com obras de arte, a interação real em um museu, mas amplia as possibilidades de pesquisa sobre arte e favorece o processo de ensino e aprendizagem de Arte. Nos dias atuais com a velocidade das intensas transformações e inovações tecnológicas em vários campos, acaba ocorrendo alterações no perfil dos alunos e dos educadores. Através da realização deste trabalho, pretendemos confirmar o quanto é abrangente e importante o campo de atuação do professor diante de tantas mudanças. Somado a estas considerações, no final do ano de 2012, durante a realização do estágio da disciplina de Prática de Ensino, em razão da graduação em Arte e Educação pela Faculdade de Grande Fortaleza, foram ministradas aulas para alunos do Ensino Médio na cidade de Paranavaí - PR. O tema escolhido foi a fotografia e a reflexão em torno das diversas funções que ela possui: retratar a história do mundo, a história de vida, registro de momentos com a família e, também, a fotografia enquanto arte. Por isso, houve a necessidade da utilização da sala de informática e a utilização dos computadores e da Internet, para que os alunos tivessem acesso a algumas imagens que retratassem a fotografia enquanto arte. Durante as aulas, percebeu-se que os alunos não utilizavam, com muita frequência, a sala de informática como ferramenta pedagógica nas aulas. Este fato instigou a curiosidade por pesquisar o assunto e o aprofundamento sobre a utilização das tecnologias de informação nas aulas de arte. Sendo assim, por acreditarmos na importância do uso das tecnologias a favor do ensino, temos por objetivo, a partir de pesquisa bibliográfica, aprofundar o conhecimento sobre o ensino de Artes Visuais através da utilização das tecnologias de informação e comunicação, principalmente o computador e a Internet, no contexto escolar. A partir daí, iniciou-se a leitura e pesquisas bibliográficas sobre a utilização da informática, das tecnologias e da internet como estratégias de ensino da arte. 12 Selecionamos, para embasamento teórico deste trabalho, autores como Barbosa (2005, 2011), Loyola (2009), Evangelista (2011), Jordão (2009), Paraná (2008), entre outros, pela elaboração de importantes considerações que muito contribuem para as práticas pedagógicas dos professores de Arte-Educação. Sendo assim, por acreditarmos na importância do uso das tecnologias a favor do ensino, temos por objetivo aprofundar o conhecimento sobre o ensino de Artes Visuais através da utilização das tecnologias de informação e comunicação, principalmente o computador e a internet, no contexto escolar. O presente estudo será elaborado a partir de pesquisa bibliográfica e consistirá na leitura e estudo de livros, artigos e demais publicações sobre o tema proposto. A pesquisa bibliográfica será de grande importância para o desenvolvimento do trabalho e contribuirá para a maior compreensão e aprofundamento a respeito do tema. Este trabalho está organizado da seguinte forma: no primeiro capítulo apresentamos a pesquisa como o objetivo, metodologia, problemas da pesquisa e o tema. Nesse último, é abordado o ensino de Arte no Brasil, considerando o aspecto histórico e as manifestações das tendências pedagógicas no ensino de arte e, em seguida, a arte na contemporaneidade. No segundo capítulo, abordamos a tecnologia na educação, com o intuito de compreender a inserção desta ferramenta no ensino. No terceiro capítulo, fazemos uma reflexão sobre a utilização das tecnologias contemporâneas, como o computador e a Internet, no ensino de Arte nas escolas. Através da realização desta pesquisa, esperamos construir um conhecimento capaz de contribuir para uma prática pedagógica na qual a inclusão digital signifique, também, inclusão artística e cultural, a partir da integração das tecnologias contemporâneas que possam favorecer tanto o crescimento da reflexão artística do aluno quanto sua formação social e cidadã. 13 2 O ENSINO DA ARTE NO BRASIL 2.1 Breve Retrospectiva Histórica do Ensino de Arte no Brasil e as Tendências Pedagógicas que acompanharam esse Percurso Existe uma variedade de autores e documentos que traçam o percurso histórico e as tendências pedagógicas que acompanharam o ensino de Arte no Brasil. Neste trabalho, utilizamos Barbosa (2011), Subtil (2011), Oltramari (2009), e Paraná (2008). Inicialmente, pode-se afirmar que antes da chegada dos colonizadores, os habitantes das terras brasileiras já produziam arte e seus ensinamentos eram passados de geração para geração. Contudo, os estudiosos preferem iniciar a trajetória histórica do ensino de Arte a partir da chegada dos jesuítas, que pertenciam à congregação católica e eram conhecidos como a Companhia de Jesus, os quais desenvolveram o uso pedagógico da arte para a catequização dos índios. Nesse período, os ensinamentos de artes e ofícios também utilizaram a música, o teatro, a dança, a pintura, a escultura e as artes manuais, com forte influência da arte teocêntrica da Idade Média. A história do ensino da Arte no Brasil, segundo Barbosa (2011), está marcada pela dependência cultural. Tanto que a primeira expressão de arte erudita brasileira foi o Barroco, movimento artístico trazido pelos portugueses. A partir do século XVIII, na Europa, começam ocorrer muitas transformações por conta do Renascimento, e o homem torna-se o centro do universo. Consequentemente, houve a superação do modelo teocêntrico medieval. Sob influência desse contexto, o governo de Marques de Pombal expulsou os jesuítas do Brasil. A reforma pombalina, que na prática não trouxe muitas mudanças, criou um vazio na educação, por conta da ausência dos jesuítas. Na arte, o ensino do desenho passa a ser associado à matemática. Em 1808, a família real portuguesa chega ao Brasil e, com ela, chegam também novas influências artísticas. Em 1816, o rei D. João VI traz, para o país, a Missão Francesa, que consistiu em um grupo de artistas, que vieram organizar a primeira escola de Arte. O grupo 14 tinha uma concepção de arte neoclássica, que inicialmente entrou em conflito com a arte colonial e suas características como o barroco, presente na escultura, pintura e arquitetura brasileira. A fundação da Escola Imperial de Belas Artes em 1826, a partir de uma concepção neoclássica de arte, trouxe exercícios de cópia, reprodução de obras consagradas e sua valorização. Esse perfil marca o início, no Brasil, da formação artística da elite cultural e exclusão das camadas populares à produção artística. (Barbosa, 2011). Este modelo de ensino introduz a Pedagogia Tradicional na educação artística, cujo valor da arte está na reprodução fiel, através da técnica de copiar, cerceando a capacidade de criação. Em 1870, alguns liberais mostram-se contrários ao ensino de arte elitista e, motivados pelo desenvolvimento econômico, defendem a ideia de que o trabalho deveria ser o principal objetivo da arte na escola. Assim, inicia-se a visão do ensino de desenho como preparo para o trabalho industrial. Em 1890, com a Proclamação da república, ocorre a Reforma educacional e o ensino de arte procura atender às políticas educacionais centradas no atendimento às demandas de produção. No ano de 1922 acontece a Semana de Arte Moderna, que não repercutiu de imediato no ensino de arte. Mas interferiu, sobremaneira, na forma dos brasileiros entenderem e produzirem arte, a partir do movimento antropofágico. Neste período, a educação em arte teve, brevemente, um enfoque na expressividade, no espontaneísmo e na criatividade, mas foram interrompidos pelo golpe de estado que instituiu a ditadura do governo Getúlio Vargas (1930 – 1945). Período de retorno e diluição das propostas anteriores da escola tradicional. O Estado Novo interrompe o desenvolvimento da Escola Nova, perseguiu educadores e criou o primeiro entrave ao desenvolvimento da arte/educação. Solidificou alguns procedimentos antilibertários já ensaiados na educação brasileira anteriormente, como o desenho geométrico na escola secundária e na escola primária, o desenho pedagógico e a cópia de estampas usadas para as aulas de composição em língua portuguesa. É o início da pedagogização da arte na escola. (BARBOSA, 2011, p. 21-22). A partir de 1948, sob influência da Tendência pedagógica da Escola Nova, que era centrada no aluno, teve início o movimento da arte para liberação 15 emocional, através da supervalorização da arte como livre expressão. Assim, a beleza estava na expressão, no subjetivismo, nas composições inspiradas em sentimentos e estados da alma. Não se cogitava a possibilidade da obra de arte expressar um sentimento socialmente existente, devido às condições sócioeconômicas de miséria por vastas camadas da população do seu tempo. Houve também o início de escolas experimentais, com a presença da arte nos currículos, e a criação de ateliês e de Escolinhas de Arte por todo o país. Produções e movimentos artísticos se intensificaram no início dos anos 60, porém, em 1964, com o regime militar, gradativamente os movimentos artísticos deixaram de acontecer, professores foram perseguidos e as classes experimentais foram desmontadas. Como consequência, o ensino de arte nas escolas públicas primárias reduziu-se em desenhos que representavam as comemorações cívicas, religiosas e outras festas. (BARBOSA, 2011). Em 1971, com o auge na educação profissionalizante de cunho tecnicista, que pretendeu profissionalizar os jovens na escola média, a Lei 5692/71, artigo 7º torna obrigatório o ensino de Arte nos currículos do Ensino Fundamental a partir da 5ª série e do Ensino Médio (antigo 1º e 2º graus). Nessa época, ensino de Educação Artística priorizou: as artes manuais e técnicas, a execução de hinos pátrios e de festas cívicas. Em 1971, por meio da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 5.692, a arte foi incluída no currículo escolar com a denominação de Educação Artística, sendo considerada uma “atividade educativa” e não uma disciplina. A referida introdução representou um avanço, em especial, porque deu sustentação legal a esta prática educacional e pelo reconhecimento da arte na formação dos indivíduos. O resultado dessa proposição, no entanto, foi contraditório e paradoxal. (BACARIN, 2005, p. 147). Na Pedagogia Tecnicista, bastante abordada neste período, prioriza-se o formalismo, ou seja, a forma pela forma e supervaloriza a técnica e o fazer. Sendo assim, a arte é concebida como técnica. Neste caso, o fundamental é como a obra se apresenta, se organiza e se estrutura. Não importa o que a obra representa ou expressa. No final dos anos 70 e início dos anos 80, surge a Pedagogia histórico-crítica, elaborada pelo professor Demerval Saviani e a Tendência progressista libertadora elaborada por Paulo Freire, que pretendiam fazer da escola um instrumento para a 16 transformação social. Concomitantemente, há o início de uma mobilização social pela redemocratização do ensino e, também, crítica às práticas anteriores. Inicia-se, também, a criação das associações de professores de arte. Um exemplo dessa mobilização foi a Semana de Arte e Ensino que reuniu mais de três mil professores na USP, ocasião em que se discutiram questões políticas ligadas ao ensino de arte. O Manifesto de 1987, da Associação dos Arte-Educadores de São Paulo (AESP), por exemplo, elaborou a concepção da Arte-educação, como um instrumento para a construção do conhecimento, com os seguintes princípios: Da unidade pela diversidade, da harmonia pela heterogeneidade, do equilíbrio pela desigualdade e que na escola e na sociedade significam: fator de humanização - desencadeador da consciência da dignidade humana; fator de socialização do processo de criação, gerador da realização do cidadão pelos compromissos de liberdade e participação social, gerador da identidade. de Homem brasileiro, pelo compromisso histórico do sujeito capaz de implementar as mudanças que são necessárias e por justiça imperativas; fator de identidade cultural - gerado pela prática da experiência estética integradora do pensar e do sentir. (BACARIN, 2005, p. 116). A partir de então, tornou-se quase consenso geral que seriam consideradas funções do arte-educador: - Integrar a cultura cotidiana às disciplinas acadêmicas; - Proporcionar momentos de Arte e Cultura; - Estimular a criatividade, a sensibilidade e a percepção de mundo; - Conhecer sobre desenvolvimento e aprendizagem para estimular as estruturas cerebrais através da Arte; - Promover a inter-relação entre as diversas áreas do conhecimento; - Trabalhar com projetos e ações interdisciplinares articulando temas transversais; - Ter conhecimentos didáticos sobre trabalho multidisciplinares e ambientes multisseriados; - Gerar cidadãos aptos e culturalmente atuantes. (BACARIN, 2005, p. 117). Porém, em alguns estados, este processo foi interrompido em 1995, pela mudança das políticas educacionais que se apoiavam em outras bases teóricas, cuja estrutura reproduzia o mesmo enquadramento dado pela Lei 5692/71 à disciplina de Educação Artística, inserindo-a na área de comunicação e expressão, enfraquecendo a disciplina e seus conteúdos de ensino. Com as exigências colocadas pela globalização, o país ajusta as políticas 17 educacionais à economia. A partir daí e sob a predominância de temas como globalização, sociedade do conhecimento, educação para as tecnologias e multiculturalismo, foram desencadeadas iniciativas em todos os setores da educação visando um processo de reforma das estruturas da política educacional do país, sob visível adequação aos reclames do mercado nessa nova fase do capitalismo globalizado. (SUBTIL, 2011, p. 249). Em 1996, é promulgada a Lei de Diretrizes e bases da educação nacional 9.943, na qual a Arte constitui componente curricular obrigatório na Educação Básica, sendo entendida como campo de conhecimento. Na década de 1990, um marco importante no processo de inserção da arte na escola regular foi a Lei n. 9.394/96, a LDB, que instituiu a Arte como obrigatória na educação básica, sob a denominação de ensino de arte. Com a sua introdução no currículo escolar a arte passou a vigorar como área do conhecimento com conteúdos específicos, abrangendo o trabalho educativo com as várias linguagens, como as Artes Visuais, a Música, o Teatro e a Dança. (BACARIN, 2005, p. 156). Segundo Subtil (2011), os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNS) traduziram os fundamentos ideológicos calcados em uma visão economicista, atenderam às regras dos organismos internacionais para os países em desenvolvimento, visando especialmente a avaliação externa da escola pelas instituições econômicas – Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional. A partir de 2003, inicia-se um processo de discussão e retomada de uma prática reflexiva para a construção de novas diretrizes curriculares, que concebem o conhecimento do ensino de Arte em suas dimensões Artística, filosófica e científica. Neste sentido, pode-se afirmar que: Houve avanços recentes, mas ainda são necessárias reflexões que permitam a compreensão da arte como campo de conhecimento para o desenvolvimento do sujeito frente a uma sociedade construída historicamente e em constante transformação. (PARANÁ, 2008). No breve percurso histórico visto acima, percebemos que as diferentes maneiras de conceber o ensino da arte estão relacionadas com as relações sociais, culturais, políticas e econômicas do momento histórico no qual foram desenvolvidas. Ainda assim, atualmente, há muitos professores que compreendem e associam a arte a uma única dimensão: ora como representação, como expressão 18 ou como técnica, limitando a complexidade que a arte comporta em cada uma dessas posições apresentadas simultaneamente. Cabe destacar que a arte representa a realidade, expressa visões de mundo pelo filtro do artista, retrata aspectos políticos, ideológicos e socioculturais da sua época. (PARANÁ, 2008) Enfim, a educação e o ensino de arte no Brasil, apesar de equivocadas políticas educacionais, convive, também, com experiências de qualidade. É o que veremos no próximo tópico. 2.2 Arte e Educação na Contemporaneidade Vários fatores influenciaram positivamente o crescimento e a melhoria do ensino da arte no Brasil. Muitos cursos de graduação e pós-graduação foram criados; ações políticas foram desencadeadas em vários festivais; vários simpósios, congressos e associações de arte-educadores surgiram. Com isso, muitas pesquisas e estudos na área foram pensados, elaborados e divulgados. Diante da complexidade do mundo contemporâneo, a educação para a cultura visual configura-se como uma estratégia pedagógica que pondera a escola como único agente transmissor de conhecimentos. Nos dizeres de Barbosa (2011, p. 49), “a escola passa a ser vista não como um sistema reprodutor de saberes, mas como um espaço de preparação dos indivíduos para fazer um uso crítico e democrático das informações que hoje todos os cidadãos têm a disposição”. Ana Mae Barbosa (2011), uma das mais conhecidas estudiosas de arte e educação no Brasil, elaborou a Proposta Triangular, uma manifestação pós-moderna de ensino que concebe a arte como cultura e como expressão e considera a aprendizagem como sendo dialógica, multicultural e construtivista. O Contexto cultural e educacional passou a exigir uma natureza epistemológica do ensino da arte. Nesta direção, a Proposta Triangular vem designar os componentes desse ensino por três ações mentalmente e sensorialmente básicas, trabalhados de forma integrada e considerados como ações essenciais à educação em arte (Barbosa, 2011, p. 50-52): “- A produção (fazer artístico); - A contextualização; - A leitura da obra ou imagem”. Produção: sem separar as dimensões artísticas das dimensões estéticas. Ao configurar no âmbito das práticas artísticas o sujeito necessariamente precisa estar conectado com os aspectos estéticos. Toda produção tem seu contexto de origem, 19 seja material ou conceitual. A história das técnicas, o desenvolvimento das tecnologias no campo das artes são questões intrinsecamente relacionadas com as práticas de produção e recepção. Contextualização: pode ser histórica, social psicológica, antropológica, geográfica, ecológica, biológica, etc. que vai tecer a trama desse sistema interpretativo. Contextualizar é estabelecer relações, é a porta aberta para a interdisciplinaridade. Reduzir a contextualização à história é um viés modernista e não pós-modernista. Leitura: não apenas como leitura crítica da materialidade da obra e seus princípios decodificadores, mas também como leitura de mundo, interpretação cultural e ação contextualizadora, relacionada ao ato de ler, ouvir, perceber e significar o mundo. De acordo com Barbosa (2011, p. 52), o conhecimento em arte acontece quando se aprende “relacionar produção artística com apreciação estética e informação histórica” . Além da Proposta Triangular, este trabalho também considera as teorias críticas que orientam o ensino da arte e que estão compiladas nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica para o ensino de Arte do Estado do Paraná (2008). As Teorias Críticas estão fundamentadas nas relações históricas entre arte, sociedade e cultura 1 ; entendem que as formas artísticas exprimem sua contemporaneidade por serem produção do homem, um ser que é simultaneamente constituído e constituinte do social, numa relação dialética. Além disso, as Teorias críticas entendem a arte como fonte de humanização e por meio dela o ser humano se torna consciente da sua existência individual e social; percebe-se e se interroga, é levado a interpretar o mundo e a si mesmo. Por isso, “o ensino da arte deve interferir e expandir os sentidos, a visão de mundo, aguçar o espírito crítico, para que o aluno possa situar-se como sujeito de sua realidade histórica”. (PARANÁ, p. 62, 2008). Assim, educar os alunos em arte é: possibilitar-lhes um novo olhar, um ouvir mais crítico, um interpretar da realidade além das aparências, é ampliar as possibilidades de fruição (Barbosa, 2005; Paraná, 2008). Nessa perspectiva, a concepção de arte como fonte de humanização incorpora as três vertentes das 1 Cultura: toda produção humana resultante do processo de trabalho que envolve as dimensões artística, filosófica e científica do fazer e do conhecer. (PARANÁ, 2008). 20 teorias críticas em arte a serem consideradas: arte como forma de conhecimento, arte como ideologia e arte como trabalho criador. Desse modo, o ensino de Arte deve promover o conhecimento sobre as diferentes áreas de arte; possibilitar ao aluno a experiência de um trabalho de criação total e unitário; observar sua forte característica interdisciplinar, pois seus conteúdos de ensino ensejam diálogos com a história, a filosofia, a geografia, a matemática, a sociologia, a literatura. Nas tendências pedagógicas contemporâneas em Arte e Educação as finalidades do ensino tornam-se mais complexas e mais alinhadas com os objetivos de toda a educação escolar. A principal meta do ensino de Arte hoje é ajudar os estudantes que passam pela escola a entender criticamente a sociedade e a cultura. Arte/educadores contemporâneos defendem também a ideia de que o ensino da Arte é um poderoso instrumento para resgatar a auto-estima, fortalece a identidade, ao mesmo tempo em que pode contribuir e propiciar a inclusão social e a educação para a cidadania e a democracia. (FRANZ E KUGLER, 2005). É na perspectiva da Proposta Triangular e das Teorias críticas que procuramos abordar o ensino de Arte nesta monografia. No próximo capítulo, discutir-se-á a relação da educação e do ensino de arte com as tecnologias contemporâneas. 21 3 TECNOLOGIA, EDUCAÇÃO E ARTES VISUAIS 3.1 Tecnologia na Educação Evolução A evolução chegou em nossa vida A computação chegou na minha escola Isso vai melhorar o nosso aprendizado Temos que nos preparar, com esse mundo globalizado (...) Saber mexer num computador te prepara para o futuro Porque só os fortes sobreviverão no mundo Se liga no toque que eu vou dar Se você quer ser alguém na vida, é melhor você estudar Viver de papai e mamãe, isso já não cola Se você não ficar esperto, o mundo te devora Rickson Rodrigues de Sousa Aluno da 8ª A - EM "Reinaldo Alves Costa" - Ponte Nova-MG (BRASIL, 2005, p. 5) A maioria das crianças e jovens, atualmente, está imersa em uma cultura na qual as inovações tecnológicas são muito comuns. As tecnologias digitais são recursos muito próximos desses jovens, também conhecidos como “nativos digitais”, (JORDÃO, 2009), cuja forma de pensar e aprender está relacionada à rapidez de acesso às informações, à forma de acesso a diferentes conexões e às múltiplas possibilidades de caminhos a se percorrer oferecidas pela internet. A cada dia, mais os professores se deparam, em suas salas de aula, com alunos que convivem diariamente com as tecnologias digitais. Estes alunos têm contato com jogos complexos, navegam pela internet, participam de comunidades, compartilham informações, enfim, estão completamente conectados com o mundo digital. (JORDÃO, 2009, p. 10). 22 Para Marinho (2011), é preciso ressaltar que os nativos digitais convivem com uma geração ainda ligada a estruturas midiáticas diferentes. De um lado, os nativos digitais estão acostumados ao hipertexto, à hipermídia, às redes sociais e a estruturas narrativas não lineares. De outro, agentes de educação que não nasceram e cresceram em meio digital e tem dificuldade de lidar com a não linearidade. Essa geração cresceu vendo filmes e lendo livros. São dois modelos de comunicação que entram claramente em conflito. A internet tem revolucionado a maneira como as pessoas interagem com a informação e o conhecimento e os professores nem sempre estão suficientemente preparados para trabalhar com alunos que nascem em um mundo muito mais mutável e dinâmico que o mundo de apenas algumas décadas atrás. (ANDRÉ E BRUZZI, 2009, p. 29). É preciso, então, aproximar as experiências, ao invés da exposição unilateral de vivências e saberes. As gerações podem e devem trocar suas histórias e o modo de contá-las. Atrair alunos é tão importante, tanto quanto incentivar e incluir os professores nessas novas metodologias de ensino, aprendizagem e produção de conhecimento. “A escola deve ser pensada como um corpo dinâmico, pois o conhecimento é assim. O papel social da escola é preparar indivíduos capazes de ler o mundo criticamente para torna-lo melhor”. (MARINHO, s/p., 2011). Nesse contexto, a escola e os professores adquirem fundamental importância, para o desenvolvimento de currículos e projetos pedagógicos nos quais as tecnologias de informação e comunicação também se constituam como recursos a essas novas formas de aprender e ensinar (JORDÃO, 2009). Ao professor, cabe adaptar suas formas de ensinar, conforme as características deste público, utilizando os recursos tecnológicos a favor da educação, melhorando sua fluência digital e integrando as tecnologias digitais no processo de ensino e aprendizagem, tendo em vista que o modo como os jovens de hoje aprendem é bem diferente do modo como aprendemos no passado. (JORDÃO, 2009). Por isso, a escola deve, definitivamente, se desfazer de posturas radicalmente tradicionais e se adaptar à agilidade de pensamento e à velocidade do acesso à informação que os alunos possuem atualmente. Além disso, a utilização das tecnologias deve estar diretamente e claramente relacionadas a uma finalidade educativa, caso contrário estaremos trabalhando com 23 novas tecnologias num paradigma tradicional de ensino. (MORAES E TERUYA, 2007). Diante dessa imensidão de informações disponíveis, o papel da escola é ajudar o aluno a superar a superficialidade durante o acesso à internet, desenvolvendo no educando a reflexão e o aprofundamento em suas atividades e pesquisas, incentivando o espírito crítico e reforçando o prazer em aprender, pois somente através da formação que permite a reflexão crítica e o desenvolvimento do sujeito é que as tecnologias podem trazer benefícios para a educação. É frente a esta nova realidade em radical transformação que a educação deve refletir sobre o seu papel e propor novos rumos, de forma a contribuir no desenvolvimento de cidadãos críticos, autônomos, criativos, que solucionem problemas em contextos imprevistos, que questionem e transformem a própria sociedade. (JORDÃO, 2009, p. 16). Imprescindível mencionar, também, que os sistemas e as instituições de ensino devem por, à disposição dos professores, recursos digitais de qualidade para diversificar suas estratégias e motivar seus alunos. Visto que os recursos digitais de aprendizagem são ótimos para apoiar a prática dos professores e podem ser histórias em quadrinhos, animações, vídeos, jogos, áudios, dentre outros que podem trabalhar os mais variados assuntos de forma lúdica e atraente. No item 3.3, deste trabalho, será apresentada uma lista com sugestões de sites, que poderão ser utilizados pelos professores, tanto para atualização pedagógica, quanto para recurso a ser utilizado em sala de aula. Moraes e Teruya (2007), ao relacionarem educação e tecnologia, tomam por base teórica a pedagogia de Paulo Freire, que preconiza uma prática pedagógica que contribua com o processo de transformação social, através de uma ação reflexiva. Sendo assim, se considerarmos que a internet faz parte da sociedade atual, e que o professor deve ter um compromisso constante com as práticas sociais, sua utilização no contexto escolar requer uma prática pedagógica crítica e reflexiva. Como mencionado anteriormente, o conteúdo veiculado nos meios tecnológicos pode, muitas vezes, ser considerado frágil e superficial. Por isso, “propor uma pedagogia crítica é duvidar da informação e buscar fontes virtuais consistentes com uma base técnica e científica”. (MORAES E TERUYA, 2007, p. 5). 24 Para as autoras, a competência do educador não se refere apenas aos aspectos técnicos e operacionais. A competência para utilizar pedagogicamente as novas tecnologias pressupõe novas formas de se relacionar com o conhecimento, com os outros e com o mundo, em uma perspectiva colaborativa. A atuação de professores para o uso da informática na educação faz parte de um processo que inter-relaciona o domínio dos recursos tecnológicos com ação pedagógica e os conhecimentos teóricos necessários para refletir, compreender e transformar essa ação (ALMEIDA, 1998). Valente (2005) afirma que um dos grandes desafios da informática na escola está na combinação do técnico com o pedagógico e, essencialmente, na formação do professor para que ele saiba orientar e desafiar o aluno para que a atividade computacional contribua para a aquisição de novos conhecimentos. Silva (2005) também traz contribuições a esta reflexão ao afirmar que a utilização da Internet na escola é uma exigência da cibercultura2. E, caso a escola não inclua a Internet na educação das novas gerações, “ela está na contramão da história, alheia ao espírito do tempo e, criminosamente, produzindo exclusão social ou exclusão da cibercultura” (p. 61). O professor, ao convidar o aluno a se conectar a um site, está contribuindo pedagogicamente para a inclusão desse aprendiz na cibercultura. Mas esta contribuição exige um aprendizado prévio por parte do professor. Uma vez que não basta, apenas, o convite para acessar um site, mas uma participação ativa e reflexiva. Estar on-line não garante inclusão e inserção crítica das novas gerações na cibercultura. Há que se ter o cuidado para a aula não continuar sendo transmissão de conhecimentos pelo professor e absorvida de forma linear, passiva e individual. Assim, mesmo com a Internet na escola, “a educação pode continuar a ser o que ela 2 Cibercultura: novo ambiente comunicacional-cultural que surge com a interconexão mundial de computadores em forte expansão no início do século XXI. Novo espaço de sociabilidade, de organização, de informação, de conhecimento e de educação. (SILVA, 2005, p. 61). Cibercultura: quer dizer modos de vida e de comportamentos assimilados e transmitidos na vivência histórica e cotidiana marcada pelas tecnologias informáticas, mediando a comunicação e a informação via Internet. Essa mediação ocorre a partir de uma ambiência comunicacional não mais definida pela centralidade da emissão, como nos media tradicionais (rádio, imprensa, televisão), baseados na lógica da distribuição que supõe concentração de meios, uniformização dos fluxos, instituição de legitimidades. Na cibercultura, a lógica comunicacional supõe rede hipertextual, multiplicidade, interatividade, imaterialidade, virtualidade, tempo real, multissensorialidade e multidirecionalidade (Lemos, 2002; Levy, 1999, apud SILVA, 2005, p. 61). 25 sempre foi: distribuição de conteúdos empacotados para assimilação e repetição” (SILVA, 2005, p. 63). Por isso, o educador precisará considerar quatro exigências da cibercultura oportunamente favoráveis à educação cidadã (SILVA, 2005, p. 63): se dar conta de que transitamos da mídia clássica para a mídia on-line; considerar o hipertexto próprio da tecnologia digital; considerar a interatividade como mudança fundamental do esquema clássico da comunicação; se conscientizar de que pode potencializar a comunicação e a aprendizagem utilizando interfaces da Internet. Portanto, o professor deve ser o articulador, colaborador e coordenador das atividades que são desenvolvidas. Para utilizar os computadores e a internet de forma benéfica, é preciso criar situações em que o conteúdo da aula faça sentido para o aluno, para que as produções escolares sejam significativas. 3.2 O ENSINO DE ARTES VISUAIS E AS TECNOLOGIAS CONTEMPORÂNEAS 3.2.1 Artes Visuais e Ensino Segundo Freitas (2007), na atualidade, o ensino de artes visuais aponta caminhos diversificados para as práticas e concepções de atuação nos diferentes contextos educacionais, em resposta à complexidade e às rápidas mudanças socioculturais contemporâneas. São considerados objetos do ensino em artes visuais, atualmente, não só as manifestações tradicionalmente reconhecidas como arte – pintura, escultura, desenho, gravura, fotografia, etc. – como também a multiplicidade de imagens que fazem parte do nosso cotidiano, dentre as quais estão o artesanato, a publicidade, o design, a moda, e as produções mais recentes que envolvem as tecnologias, como a vídeo-arte, as instalações e as performances. (FREITAS, 2007, p. 1158). Por isso, a escola de educação básica é o principal meio para promover o acesso da população a propostas de ensino que contemplem uma inserção significativa das artes visuais em diversos contextos, através de formas de ensino que propiciem a experimentação, vivência e o conhecimento efetivo das expressões artísticas e visuais. 26 3.2.2 Artes Visuais e as Tecnologias Contemporâneas “Nunca fui ingênuo apreciador da tecnologia: não a divinizo, de um lado, nem a diabolizo, de outro” (Paulo Freire, 2002, p. 97). Na contemporaneidade, a tecnologia está inserida no cotidiano das pessoas de tal forma que se tornou capaz de mudar comportamentos, formas de ver e pensar o mundo. As tecnologias contemporâneas 3 , de vilãs, passaram a aliadas do conhecimento, desde que utilizadas de forma eficaz. É inquestionável a necessidade de incorporar as tecnologias contemporâneas no cotidiano da escola. Através do computador, é possível unir teoria e prática em uma única ferramenta, o que pode tornar a aula muito mais proveitosa em relação ao aprendizado do aluno. Tecnologia é mais uma possibilidade de ação educacional. Nesta era em que os estudantes criam páginas na web, animações, gráficos, vídeos, é visível a força da Arte e Tecnologia convertendo-se em um novo meio de linguagem. As novas tecnologias digitais enriquecem o desenvolvimento da capacidade de pensar, criar e participar de uma sociedade atual complexa que está em construção. (CARVALHO E NUNES, 2010, p. 01). Por isso, introduzir as tecnologias no ensino de arte pode ampliar as possibilidades pedagógicas e propiciar a exploração de atividades cognitivas, afetivas, intelectuais, culturais e sociais. (EVANGELISTA, 2011). O computador, a Internet e o data show, por exemplo, abriram novos caminhos e novas oportunidades para o ensino. Porém, é preciso entender as tecnologias através de uma nova perspectiva, não apenas como uma ferramenta de informação, mas como um meio de ampliar os horizontes e as estratégias de ensino das escolas. (EVANGELISTA, 2011). Embora exista, ainda, uma situação inadequada no ensino das formas de arte, com professores despreparados e instituições desinteressadas, esta área de conhecimento vive uma nova realidade e explora novos meios. Integrar as novas tecnologias é abrir novas possibilidades para o ensino de Arte em escolas equipadas com computadores e com internet. É um instrumento 3 Tecnologias contemporâneas, novas tecnologias, novos meios, tecnologias digitais: são diversas as definições terminológicas atribuídas ao fenômeno do emprego da tecnologia na cultura contemporânea. Venturelli (2004 p. 11, apud Loyola, 2009) considera que “por novas tecnologias entendemos a fotografia, o cinema e o vídeo e, por tecnologias contemporâneas, as computacionais”. 27 extremamente importante e que pode ser usado na mediação cultural com os alunos. (LOYOLA, 2009). O computador é uma ferramenta de informação e comunicação, assim como um instrumento para a auto-expressão e para a construção do conhecimento. A internet, com sua popularização, vem participando e colaborando com o ensino de artes, através de tecnologias que viabilizam a criação e a interação com obras artísticas em ambientes virtuais, configurando-se em mais um espaço para atividades e pesquisas. A interatividade propicia e facilita a experimentação, favorece a construção de conhecimento e amplia o campo de recursos pedagógicos para o ensino de Arte. (LOYOLA, 2009) Callegaro (1999, apud Loyola, 2009) ressalta: Entrar num ambiente da internet, um museu ou galeria virtual, escolher as salas em que se quer entrar, as obras e seus autores, ler as informações sobre eles, observar com cuidado a imagem ampliada na tela, comentar sobre o que foi visto, fazer novas perguntas e querer ver novamente as imagens, pode se concretizar numa experiência artística (p. 233). Para Evangelista (2011), o computador, a internet e as mídias tecnológicas oferecem recursos diversificados, que facilitam o aprendizado do aluno de uma maneira interdisciplinar e são capazes de envolver várias áreas da arte, pois através dessa tecnologia é possível “criar e editar imagens, conhecer e redigir roteiros de peças teatrais, escutar música, assistir filmes e espetáculos, visitar museus e exposições virtuais, interagir com obras de arte” (p. 03), tudo, sem sair da sala de aula. É certo que as tecnologias oferecem um leque aberto de possibilidades para produzir, pesquisar e dialogar, tendo como foco a aprendizagem da arte através do entretenimento. Sendo assim, as tecnologias contemporâneas disponibilizam ferramentas diversificadas, que envolvem imagem, som e movimento, ampliam a interação com a arte e possibilitam novas formas de ensino, melhorando o aprendizado e a criatividade do aluno e facilitando o descobrimento de novas formas de trabalhar artisticamente. Contudo, conforme Evangelista (2011) alerta, “não adianta a tecnologia oferecer diversos recursos se os professores não estiverem devidamente 28 capacitados para lidar com essa ferramenta tecnológica” (p. 3). É preciso que o educador conheça as ferramentas e saiba utilizá-las a serviço da educação e da arte. Segundo Barbosa (2005) a tecnologia vem sendo comemorada como a grande revolução de nosso tempo, contudo tem sido estudada quase somente como princípio operacional. ”Para compreender e fruir a arte produzida pelos meios eletrônicos, o público necessita de uma nova escuta e de um novo olhar” (p. 110). Portanto, o papel do arte-educador se intensifica pela responsabilidade de preparar os estudantes para receber as informações existentes nos meios de comunicação, realizando, ao mesmo tempo, a leitura do mundo através dos elementos das artes visuais, entendendo e sendo capaz de decodificar esses elementos, estimulando uma conscientização tanto da recepção quanto da produção das imagens. (MACIEL, 2007). Com a atenção que a educação vem dando às novas tecnologias na sala de aula, torna-se necessário não só aprender a ensiná-la, inserindo-as na produção cultural dos alunos, mas também educar para a recepção, o entendimento e a construção de valores das artes tecnologizadas, formando um público consciente. (BARBOSA, 2005, p. 111). Loyola (2009), em sua dissertação para o mestrado da Escola de Belas Artes da UFMG, investigou possibilidades do uso do computador e da web como mediação de atividades no ensino de Arte. O pesquisador confirma o fato de que o espaço virtual supre, de certa forma, a carência de ambientes para as atividades da disciplina, pois abriga informações sobre arte e programas (de desenho, de tratamento de imagens, de simulação de mistura de cores etc.). Ao integrar arte e tecnologia, o computador e a internet abrem novas possibilidades para o ensino e para novas experiências culturais para os sujeitos. Loyola (2009) ressalta as potencialidades de interação com os objetos de aprendizagem e com as obras de arte disponíveis nos ambientes virtuais, esta interação favorece a exploração de atividades de experimentação e incorporam potencialidades para a construção e ampliação dos conhecimentos dos alunos. O professor deve ficar atento às potencialidades que o uso das tecnologias possam acrescentar à sua prática docente. São ferramentas que auxiliam na busca de informações, no planejamento 29 de aulas, no desenvolvimento de projetos e de outras atividades que podem ser elaboradas inclusive além do tempo e do espaço da escola. E um fator favorável para essa integração é o desejo expresso da maioria dos alunos em utilizar esses equipamentos na escola. (LOYOLA, 2009). Atualmente, é possível acessar virtualmente museus, galerias de arte e sites de artistas em ângulo de 360º e interagir com as obras nesses ambientes. Muitos desses trabalhos são criados especificamente com o propósito da interação com as pessoas. Um exemplo é o site www.eravirtual.org, que visa ampliar a divulgação e promoção dos museus brasileiros e de seus acervos, através da visitação virtual. Através da utilização das tecnologias digitais a visita virtual a um museu proporciona ao interagente ações interativas e desencadeiam processos da mente relacionados à percepção, representação e pensamento. Assim, esses ambientes devem ser apresentados aos alunos como alternativa para uma aula mais dinâmica, com novas experiências e ampliação do conhecimento artístico. (Loyola, 2009). Importante esclarecer que uso das tecnologias contemporâneas não depende apenas dos professores, mas de outros fatores, como: a quantidade de computadores instalados no laboratório de informática, que seja proporcional ao número de alunos, a qualidade e especificidades técnicas e operacionais dos equipamentos, a qualidade da conexão com a internet, suporte técnico e pedagógico paras as atividades, entre outros. O uso do computador permite o fazer artístico experimentando softwares de desenho, de edição de imagens e outros e o uso da web proporciona o acesso a informações teóricas, a apreciação de obras de arte e visitas virtuais a sites e museus de arte. Essa nova alternativa de prática docente proporciona uma formação em consonância com as demandas da vida contemporânea. Porém, Loyola (2009) ressalta que as tecnologias contemporâneas são ferramentas importantes a serem utilizadas na escola, mas não são a solução dos problemas do ensino, nem substituem o emprego de outros materiais e suportes nas atividades manuais, como pintura, desenho e escultura. Além disso, o contato visual “real” e presencial com obras de arte e a presença física em visitas a galerias e museus de arte são experiências fundamentais para o desenvolvimento da percepção e da crítica para visualização e interação com as imagens que se encontram nos ambientes virtuais. 30 O uso da tecnologia no vazio, sem conceitos, explorando apenas seus recursos, sem propósitos, não garante o desenvolvimento de um pensamento artístico ou da construção de um saber em arte. Para alguns trabalhos ou estudos, pode ser preferível utilizar um material/técnica tradicional: para outros, determinado meio/tecnologia é o mais indicado. O bom senso, o conhecimento e o desejo, juntos, vão direcionar a escolha justificada de determinado caminho a ser seguido. (PIMENTEL, 2002, p.118). Em outro trabalho, a pesquisadora Evangelista (2011) teve como objetivo o ensino da Arte através da utilização de programas digitais e entretenimento, tendo como base a Proposta Triangular, que engloba teoria e prática. O ensino tradicional não foi abolido, mas equilibrado com o método moderno, trabalhando história da Arte, leitura de obra e o fazer artístico diante do contexto tecnológico. Através dessa abordagem, o professor pode abordar a teoria e prática utilizando uma única ferramenta, o computador. A pesquisadora acredita que juntas, arte e tecnologia, são capazes de criar um ambiente de aprendizado propício para o crescimento da reflexão artística através de um caráter lúdico. Através da realização de um projeto com alunos do ensino básico, utilizou-se uma metodologia moderna sem perder de vista a postura tradicional, pois Evangelista (2011) acredita que ambas têm importantes contribuições e, de forma complementar, são capazes de suprir possíveis lacunas. O principal papel do ensino de Arte e das novas tecnologias é formar um aluno com conhecimento, que possa ser crítico, reflexivo e colaborativo em relação às novas mudanças na sociedade da informação e comunicação, pois os cidadãos do século XXI precisam estar preparados para acompanhar o ritmo das transformações, o que implica saber identificar os melhores métodos de ensino e aprendizagem, saber aceitar e partilhar a informação e saber trabalhar em equipe: essas serão as chaves do sucesso na sociedade em rede. (EVANGELISTA, 2011, p. 15). Sosnowski (2009), durante sua pesquisa, na qual observou como as novas tecnologias de informação e comunicação estavam inseridas na escola e se a arte estava partilhando deste espaço, percebeu que o processo de inclusão digital das escolas eram insipientes, muitas das escolas estavam equipadas com sala informatizada e conexão a internet, porém as tecnologias de informação e comunicação (TICs) não estavam integradas ao processo de ensino e aprendizagem e na construção de projetos interdisciplinares. A maioria das escolas visitadas não 31 participava de projetos governamentais e uma parcela insignificante de professores de arte fazia uso das tecnologias na sua disciplina. Sosnowski (2009), também baseada na Proposta Triangular, propõe um projeto4 em que se considera o ensino de arte utilizando a tecnologia, tendo como base: a fruição (reflexão advinda da ação que o educando realiza ao se apropriar dos sentidos e emoções, gerados no contato com as produções artísticas); a contextualização (o significado da arte no nosso dia a dia); e a produção (o fazer artístico e a possibilidade de experimentação). Dutra e Maio (2009) também defendem a necessidade de pensar o ensino de Arte associado às tecnologias contemporâneas, pois essas representam o desenvolvimento de dispositivos tecnológicos criados para favorecer os processos de ensino. O questionamento perante a prática e a curiosidade frente ao novo possibilitam ao arte-educador entender o mundo de hoje como um processo em constante transformação. Assim, o conhecimento edificado em Arte auxilia a transformar os estudantes, muitas vezes “anestesiados”, em indivíduos críticos, capazes de contextualizar e refletir acerca desse mundo repleto de informação. O professor Francisco Carlos Marinho (2011), em entrevista para a Revistapontocom, confirma a ideia de que a estrutura tradicional das escolas não deva mudar radicalmente, mas enfatiza que as instituições escolares devem incorporar outros processos, entre eles os sistemas digitais e a internet. Para ele, com a internet, o usuário tem um papel mais ativo, busca e filtra informação, interage de maneira ampla com um grande número de usuários e colegas. Além disso, a figura do professor não tem papel tão centralizador. Seu perfil 4 No projeto, propôs que os participantes escolhessem uma obra do artista onde pudessem projetarse, como participantes da obra em uma produção cênica. As obras escolhidas no site foram “Meninos soltando pipas”, 1952; e “Casamento na roça”, 1944. Com a obra escolhida, começaram contextualizando a obra, pesquisando na internet fatos da época e também a biografia do artista. Com o programa “Power Point” o grupo de professores criou uma pasta para desenvolver o trabalho em seis slides e apresentar depois ao grande grupo. Os professores conheciam o programa, porém não utilizavam com os alunos. Após abrir e salvar a pasta no programa, eles finalizaram a produção com a dramatização da obra, usando figurino e cenários de materiais alternativos, fotografaram com câmera digital, salvaram a imagem e editaram em um programa simples do Microsoft Windons Manager completando o ciclo triangular da proposta. Organizaram o processo em uma sequência de slides, acrescentando textos autorais com a colaboração do professor de língua portuguesa. No decorrer do projeto observamos que a Proposta Triangular aliada as novas tecnologias e o trabalho interdisciplinar, contribuiu para a realização de ações consistentes e contextualizadas gerando interesse e satisfação por parte dos professores. (Sosnowski , 2009, p. 08). 32 é mais colaborativo. O conhecimento é distribuído e sua produção é articulada colaborativamente e coletivamente, o que favorece muito mais a produção de conhecimento do que a transmissão e aquisição de informação. Para Marinho, as escolas devem estar preparadas para seu tempo. No Brasil, as dificuldades incluem a falta de infraestrutura, e o descompasso tecnológico e metodológico que existem entre o estado da arte em educação digital e a capacitação dos professores e das escolas. Dutra e Maio (2009) consideram que o ensino de Arte na internet ainda está em fase Experimental e passando por um processo de democratização cultural lento, já que a internet gratuita ainda não é um recurso socialmente consolidado. Mesmo assim, instituições como a Fundação Itaú Cultural e o Instituto Arte na Escola têm adotado o uso das tecnologias contemporâneas a favor da disseminação do conhecimento sobre Arte. Bertoletti (2010) reflete sobre as tecnologias digitais, especialmente o computador e a internet, e o ensino das artes visuais, através dos eixos norteadores do processo ensino e aprendizagem em arte: o fazer, a leitura da obra de arte (“apreciação” interpretativa) e a contextualização histórica, social, antropológica e ou estética. Ao mesmo tempo, ao busca aproximações entre arte, ensino e tecnologia, aborda as tecnologias digitais como ferramenta (tecnologias de criação e produção de imagens), pesquisa (a rede como banco de dados teórico visual) e linguagem (as manifestações artísticas exclusivas das tecnologias digitais). Para Bertoletti (2010), mesmo que a internet e outros dispositivos tecnológicos façam parte do cotidiano de grande parte dos alunos, ao mesmo tempo parecem distantes da prática educacional. A arte contemporânea, bem como as tecnologias digitais, mostram-se tímidas dentro das propostas educacionais em arte. A internet, quando utilizada, serve apenas como meio de pesquisa tradicional sobre vida e obra de artistas, ao invés de ampliar o campo de pesquisa, da produção de imagens, do fruir, do interagir, com as manifestações artísticas. Para Bertoletti (2010), relacionar as tecnologias digitais, enquanto Pesquisa, Ferramenta e Linguagem, aos três eixos norteadores do processo ensino aprendizagem em arte (fazer, ler e contextualizar), pode ser um ponto de partida consistente e didático para sua implementação nas propostas educacionais em arte. De acordo com Martins (2007), as mudanças propiciadas pelo uso das novas tecnologias podem ser sentidas nos campos de atuação de centros culturais. A 33 abertura de museus e galerias para novas experiências, usando mecanismos eletrônicos, oportunizou possibilidades inéditas de exposições, divulgação e pesquisa, que reforçam o principal papel dessas instituições, qual seja a preservação da memória cultural das sociedades. Contudo, Dutra e Maio (2009) consideram que o ensino de Arte na internet ainda está em fase Experimental e passando por um processo de democratização cultural lento, já que a internet gratuita ainda não é um recurso socialmente consolidado. Mesmo assim, instituições como a Fundação Itaú Cultural e o Instituto Arte na Escola têm adotado o uso das tecnologias contemporâneas a favor da disseminação do conhecimento sobre Arte. Quando há contextos sócio-culturais desprovidos de instituições como museus, galerias, centros culturais, e outros, a tecnologia de ponta e a rede mundial de computadores apontam caminhos possíveis para uma aproximação maior com as múltiplas possibilidades das experiências artística e estética contemporâneas, mediadas pela tecnologia. É nesse cenário que a interação das instituições de arte com a rede mundial de computadores pode significar a potencialização de sua função social de ampliar o acesso do público em geral às obras de seus acervos, a informações relevantes, a textos críticos e teóricos no âmbito das artes. 3.2.3 Sugestão de Sites para o Ensino de Arte Durante a realização desta pesquisa bibliográfica, tomamos nota de vários sites mencionados pelos autores, com endereços de revistas digitais, instituições culturais, discussões e reflexões acadêmicas e científicas, divulgação de artistas, museus de arte, galerias, etc. São eles: www.eravirtual.org www.portal.mec.gov.br www.portaldoprofessor.mec.gov.br www.vivenciapedagogica.com.br; www.institutoclaro.org.br; www.educarede.org.br; 34 www.novaescola.com.br www.artenaescola.org.br www.arteduca.unb.br www.anpap.org.br www.arteducacao.pro.br www.sobrearte.com.br www.centrodeartesguidoviaro.com.br www.brasilartesenciclopedias.com.br www.file.org.br www.emocaoartificial.org.br www.projetomemoria.art.br www.mac.usp.br/mac/home.asp/ www.itaucultural.org.br/ www.arteria8.net/home.htm/ www.portacurtas.com.br/index.asp/ www.historiadaarte.com.br/ www.dominiopublico.gov.br www.artenlaces.com/ www.choquecultural.com.br/ www.mnemocine.com.br/ www.sescsp.org.br/sesc www.google.com/prado www.art-bonobo.com www.educacao.mg.gov.br/ www.brasilcultura.com.br/: www.mundosites.net/artesplasticas/ www.tvcultura.com.br www.tvescola.mec.gov.br www.designboom.com/eng/ www.educarede.org.br www.crmariocovas.sp.gov.br/ www.faeb.art.br/ www.europeana.eu/ www.revistaetcetera.com.br/ 35 www.netart.incubadora.fapesp.br/portal/ www.rizoma.net/ www.rede-educacao-artistica.org/ www.revista.art.br/ www.fabiofon.com/webartenobrasil www.vispo.com/misc/BrazilianDigitalPoetry.htm/ www.webeduc.mec.gov.br/ www.escolabr.com/portal/modules/news/ www.inhotim.org.br/ www.lost.art.br/osgemeos.htm/ www.canalcontemporaneo.art.br/ www.poro.redezero.org/inicial.html/ www.metmuseum.org/toah/ www.wga.hu/ www.crv.educacao.mg.gov.br www.pinturabrasileira.com/artistas www.portalsaofrancisco.com.br www.amopintar.com.br www.fabianaeaarte.blogspot.com.br www.julirossi.blogspot.com.br www.euevcfazendoarte.blogspot.com.br www.anaeducarte.blogspot.com.br www.mary-semprearte.blogspot.com.br www.ensinandoartesvisuais.blogspot.com.br Decidimos listar os sites acima com o intuito de contribuir para divulgar conteúdos sobre arte e facilitar a busca por estratégias que acrescente novas ferramentas para o ensino de arte através das tecnologias contemporâneas. 36 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS No mundo contemporâneo, as novas relações entre tecnologia e sociedade elaboram diferentes paradigmas e constroem novos desafios, inclusive educacionais. Um desses desafios é atualizar a educação e colocá-la em diálogo direto e coerente com a sociedade de hoje. Com esta intenção, tivemos como objetivo, nesta pesquisa bibliográfica, refletir sobre a relação entre o ensino de Artes Visuais e a utilização das tecnologias contemporâneas. A partir disso, pode-se afirmar que a tecnologia contemporânea se põe a favor da educação e pode ser aliada do professor e da escola, desde que não seja utilizada apenas como lousa ou como mais um instrumento pelo qual o professor transmite conteúdos e o aluno absorve passivamente. Mas sim, como estratégia de construção de conhecimento crítico dos sujeitos, em uma relação dinâmica, ativa e dialógica. O ensino da arte deve estar relacionado com as relações sociais, culturais, políticas e econômicas do momento histórico no qual está sendo desenvolvido. Sendo assim, há que se considerar, no contexto escolar, que a arte representa a realidade, expressa visões de mundo e retrata aspectos políticos, ideológicos e socioculturais da nossa época, por isso, acreditamos que a tecnologia pode favorecer essa aproximação. Além disso, é importante salientar que é papel da escola a inclusão e a inserção crítica das novas gerações na cibercultura, através de uma prática pedagógica na qual a inclusão digital signifique, também, inclusão artística e cultural, a partir da integração das tecnologias contemporâneas que possam favorecer tanto o crescimento da reflexão artística do aluno quanto sua formação social e cidadã. Cabe ao professor, principal articulador, colaborador e coordenador das atividades que são desenvolvidas, utilizar os computadores e a internet de forma benéfica, criando situações em que o conteúdo da aula faça sentido para o aluno, e que contribuam para um aprendizado crítico e significativo. Para que, assim, a inclusão digital signifique, também, inclusão artística, pois as tecnologias democratizam e potencializam muitas formas de contato com a arte, 37 que antes não eram possíveis, propiciando, assim, novas formas de percepção estética e artística. Outro aspecto, é que o arte-educador que se propõem a realizar um bom trabalho, deve considerar a complexidade do processo de ensinar e aprender observando os três eixos norteadores: o fazer artístico, a leitura crítica e a contextualização diante das manifestações artísticas. Ao mesmo tempo, deve relacionar o ensino da arte com as manifestações culturais e tecnológicas contemporâneas para que, desse modo, consiga atingir a principal meta do ensino da arte que é ajudar os estudantes a entender criticamente a sociedade e a cultura. Ficou claro que integrar as tecnologias contemporâneas na educação não significa desprezar a produção histórica dos meios tradicionais ou simplesmente privilegiar a arte tecnológica, mas equilibrá-las, considerando a amplitude de aspectos metodológicos e pedagógicos já mencionados. Enfim, as tecnologias contemporâneas são aliadas do ensino de artes visuais e da educação e podem contribuir, efetivamente, para “pôr a escola à altura do seu tempo”. 38 REFERÊNCIAS ALMEIDA, M. E. Novas tecnologias e formação de professores reflexivos. In: Anais do IX ENDIPE (Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino). Águas de Lindóia, p.1-6, 1998. ANDRÉ, Claudio. BRUZZI, Demerval. Educação científica e tecnológica no Brasil: avanços e desafios para o século XXI. IN: BRASIL, Ministério da Educação. Saldo para o futuro. Tecnologias digitais na educação. Ano XIX. Boletim 19. Nov.Dez./2009. BACARIN, Lígia Maria Bueno Pereira. O movimento de arte-educação e o ensino de arte no Brasil: história e política [recurso eletrônico]. Dissertação em Educação. Maringá, PR : [s.n.], 2005. Disponível em: www.www.ppe.uem.br/dissertacoes/2005Ligia_Bacarin.pdf. Acesso em abr de 2013. BARBOSA, A. M. Dilemas da Arte/Educação como mediação cultural em namoro com as tecnologias contemporâneas. In: Ana Mae Barbosa (org.). Arte/Educação contemporânea: consonâncias Internacionais. Org.. São Paulo: Cortez, 2005, p. 98- 112. BARBOSA, Ana Mae. COUTINHO, Rejane Galvão. Ensino da arte no Brasil: aspectos históricos e metodológicos. UNESP/Redefor – 2ª Edição 2011. http://www.acervodigital.unesp.br/handle/123456789/40427. Acessado em abril de 2013. BERTOLETTI, Andréa. Tecnologias digitais e o ensino da arte: algumas reflexões. V Ciclo de Investigações do PPGAV – UDESC, 2010. Disponível em: http://ppgav.ceart.udesc.br/VCiclo/artigo05.pdf, Acessado em maio de 2013. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais : terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: introdução aos parâmetros curriculares nacionais / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília : MEC/SEF, 1998. 174 p. BRASIL. Integração das Tecnologias na Educação/ Secretaria de Educação a Distância. Brasília: Ministério da Educação, Seed, 2005. 204 p. CARVALHO, Simone Woytecken. NUNES, Ana Luiza Ruschel. Arte e tecnologia na formação continuada de professores de artes visuais: uma proposta educacional inovadora. Faculdade de Artes de Paraná. 2010. Disponível em: http://www.fap.pr.gov.br/arquivos/File/extensao/2-ENREFAEB_3-SimposioAV/14SimoneWoytecken.pdf. Acessado em maio de 2013. DUTRA, Lidiane F. e MAIO, Ana Zeferina F. O ensino de arte diante das tecnologias contemporâneas. Revista PALÍNDROMO. Programa de PósGraduação em Artes Visuais – Mestrado, da Universidade do Estado de Santa Catarina. 2009. Disponível em: 39 http://ppgav.ceart.udesc.br/revista/infos_menu_1ensino.html. Acessado em maio de 2013. EVANGELISTA, Carolinne da Silva. O Ensino da Arte através do Computador: Uma Proposta de Prática Pedagógica para o Ensino Fundamental. V Colóquio Internacional: “Educação e Contemporaneidade”, São Cristovão- SE/Brasil, p. 1-16, Setembro de 2011. FRANZ, T. S.; KUGLER, L. E. Educação para uma compreensão crítica da arte no ensino fundamental: finalidade e tendências. Revista de Investigação em Artes. V. 1, n. 2, Florianópolis, SC. 2005. FREIRE. Paulo. Diálogos impertinentes: FREIRE & PAPERT – O futuro da escola. São Paulo: TV PUC, 1996. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Editora Paz e Terra, 2002 (1ª edição 1996). FREITAS, Sicília Calado. Arte e cidade como fundamento para o ensino de artes visuais: uma proposta de formação continuada para os professores da rede pública municipal de João Pessoa. Encontro nacional da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas. Florianópolis. 2007. JORDÃO. Tereza Cristina. A formação do professor para a educação em um mundo digital. IN: BRASIL, Ministério da Educação. Saldo para o futuro. Tecnologias digitais na educação. Ano XIX. Boletim 19. Nov.-Dez./2009. LOYOLA, Geraldo Freire. me adiciona.com Ensino de Arte+Tecnologias contemporâneas+Escola Pública. Belo Horizonte. Escola de Belas Artes. UFMG. 2009. Disponível em: www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/handle/1843/JSSS7WSQ3H. Acesso em abr de 2013. MACIEL, Rosilene Conceição. Inovação tecnológica e o ensino em artes visuais. Revista Convergência. 2007. Disponível em: www.convergencias.esart.ipcb.pt/artigo/95. Acesso em Abr de 2013. MARINHO, Francisco Carlos de Carvalho. Arte, web e educação. Entrevista para a Revistapontocom, por Marcia Stein. 2011. Disponível em: http://www.revistapontocom.org.br/entrevistas/arte-web-e-educacao-poder-ilimitado. MARTINS, Alice Fátima. Novas tecnologias e o ensino de artes visuais: algumas considerações. 16° Encontro Nacional da Associação Nacional de Pesquisadores de Artes Plásticas Dinâmicas Epistemológicas em Artes Visuais – 24 a 28 de setembro de 2007 – Florianópolis. MORAES, Sonia Augusta de. TERUYA, Teresa Kazuko. Paulo Freire e a formação do professor na sociedade tecnológica. Simpósio de educação. Formação de professores no contexto da Pedagogia histórico-crítica. UNIOEST, Cascavel. 2007. 40 OLTRAMARI, Daniel Castro. Currículo, escola e docência: as implicações sobre a disciplina de arte e o seu ensino. 4º Ciclo de investigações ppgav. UDESC. 2009. PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares de Arte para os anos finais do Ensino Fundamental e para o Ensino Médio. Curitiba: SEED, 2008. PIMENTEL, Lucia G. Tecnologias Contemporâneas e o ensino da arte. In: BARBOSA, Ana Mae (org.). Inquietações e mudanças no ensino da arte. São Paulo: Cortez, 2002. Quarta parte, Capítulo 10, p. 113-121. SILVA, Marco. Internet na escola e inclusão. In: BRASIL. Integração das Tecnologias na Educação/ Secretaria de Educação a Distância. Brasília: Ministério da Educação, Seed, 2005. 204 p. SOSNOWSKI, Katyúscia. Arte-educação, tecnologias contemporâneas e a formação continuada: um diálogo emergente. 4º Ciclo de investigações ppgav. UDESC 2009. SUBTIL, Maria José Dozza. Reflexões sobre ensino de arte: recortes históricos sobre políticas e concepções. In: Revista HISTEDBR On-line, Campinas, n. 41, p. 241-254, mar 2011. VALENTE, José Armando. Pesquisa, comunicação e aprendizagem com o computador. O papel do computador no processo ensino-aprendizagem. In: BRASIL. Integração das Tecnologias na Educação/ Secretaria de Educação a Distância. Brasília: Ministério da Educação, Seed, 2005. 204 p.;