FACULDADE CAPIXABA DA SERRA - SERRAVIX CURSO DE PEDAGOGIA ENEIDA MARIA PEREIRA RIBEIRO FABIANA DE OLIVEIRA EUZEBIO A IMPORTÂNCIA DAS CANTIGAS DE RODA NA EDUCAÇÃO INFANTIL SERRA 2013 ENEIDA MARIA PEREIRA RIBEIRO FABIANA DE OLIVEIRA EUZEBIO A IMPORTÂNCIA DAS CANTIGAS DE RODA NA EDUCAÇÃO INFANTIL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao programa de Graduação em Pedagogia da Faculdade Capixaba da Serra como requisito parcial para a obtenção do grau de Licenciado em Pedagogia. Orientador: Professor Mestre Paulo Roberto Nunes Scarpatti. SERRA 2013 Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP) (Biblioteca da Faculdade Capixaba da Serra - Serravix. Serra, ES.) EUZEBIO, Fabiana de Oliveira e RIBEIRO, Eneida, Maria, Pereira. A474m A importância das cantigas de roda na educação infantil / Fabiana de Oliveira Euzebio e Eneida Maria Pereira Ribeiro – Serra: Faculdade Capixaba da Serra, 2013. 48fls. Orientador: Paulo Roberto Nunes Trabalho de conclusão de curso (Curso de Pedagogia) – Faculdade Capixaba da Serra – Serravix 2013. 1. A música na educação infantil, 1.1 A origem da música, 1.2 A música na educação infantil 2. As cantigas de roda, 2.1 O surgimento das cantigas de roda, 2.2 As cantigas de roda, suas características e importância, 2.3 A importância do lúdico na educação infantil. 3. O PCN na Educação Infantil, 4.1 O RCNEI – I. Alunas. F. Euzebio e E. Ribeiro, Paulo Roberto. II. Faculdade Capixaba da Serra - Serravix. lll. Curso de Pedagogia. IV. Título. A importância das cantigas de roda na educação infantil. CDD:370 ENEIDA MARIA PEREIRA RIBEIRO FABIANA DE OLIVEIRA EUZEBIO MONOGRAFIA: A IMPORTÂNCIA DAS CANTIGAS DE RODA NA EDUCAÇÃO INFANTIL Monografia apresentada ao Programa de Graduação em Pedagogia à Faculdade Capixaba da Serra como requisito para a obtenção do grau de Licenciatura em Pedagogia. Aprovada em 3 de julho de 2013. COMISSÃO EXAMINADORA _________________________________________ Professor Mestre Paulo Roberto Nunes Scarpatti Faculdade Capixaba da Serra-SERRAVIX Orientador. _________________________________________ Professor Mestre Fernando Campos Beiter Faculdade Capixaba da Serra – SERRAVIX Membro 1. _______________________________________________ Professora: Carmelita Tavares Silva Faculdade Capixaba da Serra – SERRAVIX Membro 2. Agradecemos a Deus em primeiro lugar. Por nos ter iluminado em todos os momentos. As nossas famílias, em especial aos nossos esposos e filhos pela presença sempre marcante e pelo apoio que sempre nos deram. (Fabiana e Eneida) Dedicamos este trabalho as nossas famílias e aos nossos amigos. E ao nosso orientador Prof. Paulo Roberto Nunes Scarpatti pela paciência e dedicação. Educação é, assim, vida no sentido mais autêntico da palavra. É difícil, mas a vida só pertence aos que sabem unir pensamento à ação. (Edgar Concha). RESUMO Este trabalho tem como objetivo possibilitar a coleta de informações acerca do tema “A importância das cantigas de roda na educação infantil”, trazendo suporte teórico e visando um olhar criterioso em relação à importância das cantigas para as crianças. A princípio, buscamos abordar e falar neste trabalho sobre a importância do professor inserir em suas atividades na educação infantil as cantigas de roda, pois, as mesmas trazem muitas vantagens para o desenvolvimento da criança. Por isso justificamos a escolha deste tema pela observação de que quando o professor de educação infantil insere a música através das cantigas de roda, melhora-se o desenvolvimento cognitivo e corporal da criança, além de ajudar na criatividade e no enriquecimento do vocabulário. A música na educação infantil, bem como as contribuições didáticas e pedagógicas benéficas que as cantigas trazem para a educação da criança na fase de alfabetização, a valorização das cantigas de roda na educação infantil e seu favorecimento à interação entre os alunos e o ambiente escolar são destaques neste trabalho. Palavras-chaves: música; educação infantil; cantigas de roda; criança; professor. ABSTRACT This work aims to provide information on the subject "the importance of the cantigas de roda in child education" bringing theoretical support and targeting an insightful look at the importance of songs for children. At first we address and speak in this work about the importance of the teacher to insert in its activities in early childhood education the cantigas de roda, because, they bring many advantages to the child's development. Therefore justify the choice of this theme by the observation that when the early childhood teacher inserts the song through das cantigas de roda, improves cognitive development and the child's body, besides helping in creativity and vocabulary enrichment. The music in early childhood education, didactics and pedagogical beneficial contributions that the songs bring to children's education in literacy, the recovery phase of the cantigas de roda in early childhood education and his favouritism and the interaction between the students and the school environment are featured in this work. Keywords: music; early childhood education; cantigas de roda; child; professor. SIGLAS CMEI: Centro Municipal de Educação Infantil. MEC: Ministério da Educação e Cultura. PCNs: Parâmetros Curriculares Nacionais. PPP: Projeto Político Pedagógico. RCNEI: Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................12 2 A MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL.................................................................14 2.1 BREVE HISTÓRICO DA MÚSICA NA IDADE ANTIGA.......................................14 2.2 A MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL................................................................16 3 AS CANTIGAS DE RODA......................................................................................20 3.1 O SURGIMENTO DAS CANTIGAS DE RODA....................................................20 3.2 AS CANTIGAS DE RODA, SUAS CARACTERÍSTICAS E IMPORTÂNCIA.......21 3.3 A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL...............................25 4 O PCN NA EDUCAÇÃO INFANTIL.......................................................................28 4.1 O REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL...................................................................................................................29 5 CONCLUSÃO........................................................................................................34 6 REFERÊNCIAS.....................................................................................................36 6.1 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................36 ANEXO: PESQUISA DE CAMPO............................................................................38 12 1 INTRODUÇÃO A nossa opção metodológica voltada para a música tem o objetivo de contribuir para o processo do ensino e da aprendizagem através das Cantigas de Roda, acreditando ser este caminho inovador, eficaz e significativo, pois, é fato de que as pessoas que vivem plenamente com a música receberão uma boa dose de cultura. Sendo assim, iremos apresentar as discussões por meio do aprofundamento teórico que embasou a nossa prática acerca da música, por qual organizamos o trabalho de maneira que os dados coletados, analisados e interpretados sejam explicados de forma a serem compreendidos. Por isso utilizamos categorias que responderam o objetivo da nossa pesquisa e iremos finalizar com as considerações finais onde exporemos algumas considerações referentes à construção da presente monografia. Quanto a aprendizagem por meio das cantigas de roda na Educação Infantil nasceu de afinidades e diversas vivências com a música nos (CMEIS) Vários são os estudos que nos têm mostrado que estamos em contato com a música desde o ventre de nossa mãe, pois, a finalidade das cantigas de roda é a valorização das pessoas e dos animais, proporcionando o conhecimento do mundo e a valorização dos seres vivos através da música. Mas neste direcionamento nos surge uma dúvida, a de que como esta forma de aprendizagem tão ampla e diversificada tem sido explorada de forma distanciada da realidade escolar e, ao mesmo tempo, distorcida da vivência das pessoas. Isto porque as músicas estão em todos os lugares, sendo repassadas em algumas composições com letras que denigrem a imagem e os valores dos indivíduos. Compreendendo sua relevância e por trabalhar em uma escola onde algumas professoras utilizam a música como metodologia para determinar regras e horários escolares, e outras para alfabetizar, e sabendo ainda que o universo musical é amplo e sua utilização pela mídia está cada vez mais empobrecido. 13 E este empobrecimento diz respeito às letras musicais, daí a necessidade de se dar prioridade as Cantigas de Roda, que necessitam do resgate de seu prestígio por serem uma tradição popular oral e musicalmente riquíssima. Assim, não há dúvida de que todos os que viveram plenamente a música receberam uma boa dose de cultura. Dentre outros diversos benefícios, colaborando assim para a formação da personalidade de nossas crianças. No intuito de uma melhor compreensão deste trabalho, o dividiremos por categorias, no qual a principal categoria é a importância da presença da música em nossa vida, com intuito de valorizar as cantigas de roda, considerando o empobrecimento cultural que a nossa sociedade vive. O objetivo central do nosso trabalho é o de analisar a importância da música na educação infantil. Quanto aos objetivos específicos, iremos resgatar as contribuições didáticas e pedagógicas das cantigas de roda para a educação infantil. E favorecerendo a interação entre os alunos e o ambiente escolar. O trabalho está dividido em três capítulos, além das considerações finais, das referências bibliográficas e anexo. No primeiro capítulo iremos falar sobre a música na educação infantil, desde a sua origem até a inserção na educação infantil. No segundo capítulo, temos informações sobre como surgiram as cantigas de roda, suas características, importância ao serem inseridas na educação infantil e sobre a importância do lúdico na educação infantil. O terceiro capítulo destaca os PCNs na educação infantil e o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Os caminhos percorridos para a elaboração deste estudo seguirão os passos da pesquisa descritiva, qualitativa, bibliográfica e pesquisa de campo. Estes recursos serão utilizados, especialmente, pelo fato de permitir a compreensão do assunto, levando-se em consideração estudos desenvolvidos sobre a inclusão das cantigas de roda na educação infantil. 14 2 A MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL 2.1 BREVE HISTÓRICO DA MÚSICA NA IDADE ANTIGA A música é um elo que une e reforça todo o trabalho educativo que se desenvolve com a criança, pois ela desperta a criatividade, a fantasia, a musicalidade, a temporalidade e tem função lúdica. Segundo Maquilam (1994), de acordo com a história do homem e antes das primeiras civilizações e das primeiras aldeias agrícolas, e até do próprio conceito de tempo, a música já estava presente, passando a ser uma entre as mais sublimes criações da humanidade. Su’san Boyle & D, T Radocy (1979) descrevem nada menos que onze teorias sobre as origens da música sintetizada, porém falaremos da décima primeira. Esta teoria afirma o desenvolvimento da música junto aos primórdios da família e da sociedade, possuindo assim uma base biológica e cultural. Pode-se imaginar que a mãe primitiva procurava dar conforto e expressava sentimentos em relação ao seu bebê, de tal forma que seus esforços assumiram características rítmicas de uma canção de ninar. Essas canções, que se desenvolveram por razões funcionais, podem ter sido a forma mais primitiva da música. Na Grécia Antiga, a música estava presente em todas as manifestações de coletividade, tanto nas festas religiosas como nas profanas. Fazia parte do cotidiano da vida dos antigos gregos, fazendo-se ouvir em funerais, combates, jogos esportivos, teatro, banquetes etc. Há notícias da existência de orquestra desde os tempos da Grécia Clássica, composta de harpas e flautas e com a participação de crianças e adultos que batiam palmas marcando o ritmo. Entre os gregos antigos o ensino da música era obrigatório, e sem dúvida alguma, os gregos foram, entre os povos da antiguidade, os mais adiantados em todas as artes, inclusive na música (MAQUILAM, 1994, p. 26). ____________________ 1.RADOCI, D, T & BOYLE, Susan. Cantigas de roda e de ninar. 4°. Ed. São Paulo: Editora Ática, 1979. 15 Segundo Pitágoras de Samos, filósofo grego da Antiguidade sabia como trabalhar o som, além de ensinar como determinados acordes musicais e certas melodias criavam reações definidas dentro do organismo humano. Pitágoras demonstrou que a sequência correta dos sons a ser tocada musicalmente num instrumento pode mudar padrões de comportamento e acelerar o processo de cura. No Egito Antigo foram encontrados por meio de escavações arqueológicas, realizadas em templo, pirâmides e túmulos baixos-relevos, murais, mosaicos, textos e objetos que atestam atividades musicais de caráter religioso, militar e de música, muitos séculos antes da era cristã (MAQUILAM, 1994, p. 28). Os hebreus usaram a música para fins guerreiros e religiosos em festas e lamentações. No Antigo Testamento há menção ao poder e ao valor terapêutico da bela música. É assinalado que o som das trompas fez com que ruíssem os muros da cidade de Jericó. A harpa de Davi abrandava o furioso rei Saul e este organizou o primeiro corpo oficial de músicos e cantores do templo. Salomão, filho de Davi, compôs o Cântico dos Cânticos para um grande conjunto de harpas, sistros, trompas de prata e massa coral. Segundo a Biblia, no livro de I Samuel Cap.16 Ver.22-23, diz que: “Então Saul mandou dizer Jesse: Deixa estar a Davi perante a mim, pois achou graça aos meus olhos. Sempre que o espírito maligno da parte Deus vinha sobre Saul, Davi tomava a harpa, e a tocava. Então Saul sentia alivio, e se achava melhor, e o espírito maligno se retirava dele.” Como podemos observar a música não é apenas entretenimento, deleite, convite ao devaneio. É também fonte de crescimento espiritual, enriquecimento da sensibilidade e fortalecimento do ego e condições fundamentais para a realização plena do ser humano na sua trajetória de vida. Todo o mundo ouve música. A maioria das pessoas gosta de música, embora uma pequena minoria não a aprecie. As pesquisas históricas étnicas e antropológicas têm evidenciado a presença universal e permanente da música. A música é uma representação vital da sociedade e da cultura e existe em toda comunidade humana, desenvolvendo-se tanto nas comunidades primitivas quanto nas mais avançadas. 16 Ela tem sido via de expressão de invocação espiritual, danças celebrando casamentos, cantigas para as mães ninarem seus bebês, exércitos marcham ao combate com hinos, fiéis a entoam como forma de louvor e une grande quantidade de pessoas em festivais musicais. A música está disponível a qualquer momento, sendo inclusive grátis. É uma linguagem universal que ultrapassa o tempo e seus poderes estão calcados na sua abrangência. Ela é acessível a todos, independentemente de idade, religião, raça, sexo ou nível econômico. Segundo Faustini (1996), a presença da música na vida do homem não só é antiga, mas constante e global, desempenhando uma parte importante na evolução das grandes civilizações da Antiguidade. Provavelmente, não existe nenhuma outra atividade cultural humana como a música que seja tão penetrante e que alcance o controle perante ao comportamento humano. 2.2 A MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL As crianças entram em contato com a cultura musical que teve início na década de 30 e assim começam a aprender sobre as tradições musicais. Por isso que Brito (2005) diz que o trabalho com música deve considerar que ela é um meio de expressão e forma de conhecimento acessível aos bebês e crianças, inclusive aquelas que apresentam necessidades especiais (BRITO, 2005). Segundo Brito (2005), antes do nascimento, as crianças já possuem o envolvimento com o universo sonoro, pois na fase intra-uterina os bebês já convivem com um ambiente de sons provocados pelo corpo da mãe, como o sangue que flui nas veias, a respiração e aos movimentos dos intestinos. A linguagem musical é um excelente meio para o desenvolvimento da expressão, do equilíbrio, da auto-estima e do autoconhecimento além de poderoso meio de integração social. A voz materna também constitui uma matéria sonora especial e referência objetiva para eles. Os bebês e as crianças interagem permanentemente com o ambiente 17 sonoro que os envolve, logo com a música, já que ouvir, cantar e dançar são atividades presentes na vida de quase todos os seres humanos, ainda que de diferentes maneiras. Podemos dizer que o processo de musicalização dos bebês e crianças começa espontaneamente, de forma intuitiva, por meio do contato com toda a variedade de sons do cotidiano, incluindo a presença da música, pois a criança é um ser “brincante” e, brincando, faz música e se relaciona com o mundo que descobre a cada dia. E fazendo música a criança, metaforicamente, transforma-se em sons num permanente exercício. E por ser receptiva e curiosa, a criança pesquisa matérias sonoras, descobre instrumentos, inventa e imita motivos melódicos e étnicos e ouve com prazer a música de todos os povos. Brito (2005) diz que as canções com nomes, em sua simplicidade, têm um grande valor para nós. Do ponto de vista do relacionamento humano, contribui para que se estabeleça um contato objetivo e efetivo entre todos que se envolvem com o outro, ajudando-o a criar e não esquecem cada canção que passa a ser um bem coletivo. Segundo Vera, Lúcia, Pessagno, Bréscia (2005), a experiência de participação em corais, conjuntos, orquestras e outros grupos musicais tem sido mencionada com frequência como fonte de inúmeras vantagens na formação de crianças e adolescentes, inclusive no que diz respeito à sua participação efetiva em experiências agradáveis de trabalho em grupo, sendo, além disso, uma atividade que pode ser desenvolvida em qualquer contexto social, até mesmo nas mais modestas escolas do ensino público. A voz humana, aliás, é uma espécie de instrumento musical que praticamente todos têm à disposição e que deveria ser muito mais usada e trabalhada de maneira construtiva. E no passado, até por volta de meados do século XX, dava-se muito mais atenção ao início e a aprendizagem musicais nas escolas tanto públicas como particulares (BRÉSCIA, 2005). Atualmente, há um movimento de educadores brasileiros empenhados na retomada do ensino musical nas escolas públicas, de modo que toda criança passe a cantar 18 nas escolas, pois o canto favorece a auto-estima e tem um forte apelo social, além de contribuir para o desenvolvimento educacional e cultural da pessoa e do país. Segundo Bréscia (2005, p. 79): A história do ensino de música e de canto coral às crianças e aos jovens brasileiros está para ser feita. São, infelizmente, poucas e vagas as informações disponíveis a este respeito, muito embora existam indicações de que se trata de uma modalidade de ensino-aprendizagem praticada desde as nossas origens como povo acrescenta que é necessário procurar e repensar caminhos que nos ajudem a desenvolver uma educação musical que parta do conhecimento e das experiências que o jovem traz do seu cotidiano, de seu meio sociocultural e que saiba contribuir para humanização de seus alunos. A música é tida como um dos melhores meios de expressão e socialização do ser humano e a formação da personalidade não ocorre como um processo espontâneo, mas sim de forma organizada e orientado através de ações e atitudes concretas e, também pode ser projetado e avaliado (REY, 1993). Segundo Maria de Nazaré Cruz (1999), as escolas podem promover atividades para aumentar a auto-estima e a auto-eficácia dos estudantes, capacitando-os para desenvolver habilidades sociais e para a resolução de problemas. Deve-se dar ao educando grande quantidade e variedade de experiências que lhe abram a possibilidade de perceber a dinâmica interpessoal num contexto de participação e respeito pelos direitos próprios e alheios e quanto aos assuntos ligados à música e à arte têm sido mal interpretados e comumente enquadrados entre os caprichos e adições ornamentais do currículo do ensino fundamental. Assim, pode-se afirmar que os assuntos ligados a música são sempre desvalorizados entre as disciplinas. Portanto, toda a discussão precedente implica, que estas duas áreas têm uma função especial e indispensável que nenhuma disciplina ou disciplinas podem substituir. Isto não que dizer que as duas não devam ser ensinadas muito amplamente, como parte de outras disciplinas ou atividades. O que se acentua é que se aceitam os objetivos e princípios de um programa de educação efetivamente moderno, isso nos 19 leva a reconhecer as contribuições da música e da arte para a educação global das crianças que frequentam as classes do ensino fundamental (CRUZ, 1999). No dia a dia da educação infantil brasileira, a música vem atendendo a propósitos diversos, segundo as concepções pedagógicas que vigoram em nosso país no decorrer do tempo. Assim, ainda dá para perceber fortes resquícios de uma concepção de ensino que utiliza a música ou melhor dizendo, a canção, como suporte para aquisição de conhecimentos gerais, para a formação de hábitos e atitudes, disciplina, condicionamento da rotina e comemorações de datas diversas. As músicas eram sempre acompanhadas de gestos e movimentos que pela repetição, tornavam-se mecânicos e estereotipados, automatizando o que antes era ou poderia vir a ser expressivo. A música, nesses contextos, era apenas um meio para atingir objetivos considerados adequados à instrução e à formação infantil. Aceitando a proposição de que a música deve promover o ser humano acima de tudo, devemos destacar que o trabalho nessa área deve incluir todos os alunos. Longe da concepção européia do século passado que selecionava os “talentos naturais”, é preciso lembrar que a música é uma linguagem cujo conhecimento se constrói com base em vivências e reflexões orientadas. 20 3 AS CANTIGAS DE RODA 3.1 O SURGIMENTO DAS CANTIGAS DE RODA As cantigas de roda, hoje conhecidas no Brasil, têm origem européia, mais especificamente em Portugal e Espanha. Porém esta origem não é notada, pois as mesmas já se incorporaram ao folclore brasileiro apresentando o retrato do país e se tornando de extrema importância para a cultura local. Através das cantigas de roda podemos conhecer os costumes, o cotidiano das pessoas, as festas típicas do local, as comidas, as brincadeiras, a paisagem, a flora, a fauna, as crenças, dentre outros. O folclore de um determinado local vai sendo construído aos poucos através não só de cantigas de roda, mas também de histórias populares contadas oralmente, de cantigas de ninar e de lendas. O folclore inclui nos objetos e fórmulas populares uma quarta dimensão sensível ao seu ambiente, porém não há como identificar os compositores das cantigas de roda, já que elas não têm sua autoria identificada e são continuamente modificadas, adaptando-se à realidade do grupo de pessoas que as cantam. Contudo, é preciso notar que em vários pontos do País, as crianças já se apropriaram de toadas locais para as suas rodas, cantando-as, porém, com um caráter próprio (CASCUDO, 2001, p. 240). Pode parecer curioso para alguns falar em cantigas de roda nos dias de hoje, em que tudo é voltado para o mundo virtual, em tempos, em que estas manifestações da cultura popular espontânea estão com o seu espaço tão diminuído. Nas ruas, nas praças e nos quintais está mais raro de se ver ou ouvir das bocas infantis aquelas canções que, na simplicidade das suas melodias rítmos e palavras, guardam anos e mais anos de sabedoria (CASCUDO, 2001). Em contrapartida, a oportunidade de reviver, experimentar ou lembrar as manifestações das cantigas, implica em entrar em contato com forças vitais do nosso passado, presente e também em reviver conteúdos que estão na base da construção da identidade dos povos. ____________________ 2. CASCUDI, Luis da Cãmara. Dicionário do Folclore Brasileiro 10°. Ed. São Paulo: Editora Global, 2001. 21 E Cascudo (2001, p.102) diz que: Essas melodias passam de geração em geração, entoadas pelos adultos ajudam a entreter, embalar e fazer adormecer as crianças. Hoje em dia elas não são tão presentes na realidade infantil como antigamente devido às tecnologias existentes como os computadores, celulares, tablets, entre outras tecnologias. As cantigas geralmente eram usadas para o entretenimento e aprendizado das crianças de todas as idades em locais como colégios, Cmeis, parques, ruas, etc. As cantigas de roda nada mais são do que um ritmo de canção popular que está diretamente relacionada com as brincadeiras de roda. A prática é comum em todo o Brasil e tem caráter folclórico brasileiro. Tais cantigas de roda consistem em formar um grupo com várias crianças, dar as mãos e cantar músicas com características próprias. As cantigas de roda possuem melodia e ritmo equivalentes à cultura local, com letras de fácil compreensão, temas referentes à realidade da criança ou ao seu universo imaginário e, geralmente, com coreografias e letras que as crianças memorizam com facilidade. 3.2 AS CANTIGAS DE RODA, SUAS CARACTERÍSTICAS E IMPORTÂNCIA As cantigas têm algumas características próprias como, por exemplo, a letra. Além de ser uma letra simples de memorizar, é recheada de rimas, repetições e trocadilhos, o que faz da cantiga um jeito de aprender brincando, frequentemente falando da vida dos animais, das plantas, do alfabeto, dos adultos, das crianças, e de muitas outras coisas (CASCUDO, 2001). Quando usamos os animais colocamos episódios fictícios, que comparam a realidade humana com a realidade daquela espécie, fazendo com que a atenção da criança fique presa à história contada pela música, o que estimula sua imaginação e memorização com alegria e facilidade. 22 As cantigas de roda configuram uma situação contrastante e quase contraditória, certo que muitas vezes tendo partes omitidas ou formas esquecidas e transformadas, elas sobrevivem à era da tecnologia. Porém, o fato é que toda esta conjuntura não altera em nada o valor das cantigas de roda, pois as mesmas continuam contendo símbolos, letras, poesias além de funcionarem como motivos maravilhosos para a criança experimentar o seu corpo, a linguagem e para descobrir a si mesmo se revelando ao outro e inserindo-se no convívio social (CASCUDO, 2001). Em sua obra Cascudo (2001) já chamava atenção para a enorme importância das manifestações do folclore tradicional, apontando para a “perda irreparável' que sofrem aqueles que descartam ou desprezam as suas imagens. Em tempos em que o folclore é muitas vezes mais do que injustamente colocado em último plano ou esquecido pela própria gente a qual ele pertence. O folclore estuda a solução popular na vida em sociedade. Brincando com estas canções, ou, mergulhando no tempo e nos recordando das Cantigas de roda vivenciadas na infância, percebemos que algo precioso se processa. Trata-se de um movimento de entrega, de alegria e de vontade de brincar e cantar cada vez mais (CASCUDO, 2001, p. 240). Do ponto de vista pedagógico, estas cantigas infantis são consideradas completas: brincando de roda e cantando a criança exercita naturalmente o seu corpo, desenvolve o raciocínio e a memória, estimula o gosto pelo canto. Poesia, música e dança, unem-se em uma síntese de elementos indispensáveis à educação global. Vale ainda lembrar que a música constitui parte do comportamento da criança (CASCUDO, 2001). Ao cantar, a criança está correspondendo às suas necessidades vitais e dando vazão a impulsos que lhe permitem desenvolver-se como ser pleno e afirmar a sua existência. É um movimento que faz parte dos seus esforços de compreender o mundo, e que a torna capaz de lidar com problemas até complexos e que muitas vezes tem dificuldade de compreender (CASCUDO, 2001). Quando o professor começa cantar em voz baixa, de repente em meio a sons, trechos de ritmos e melodias surge o tema de uma cantiga de roda, trazida por um aluno ou por um professor; outra voz se junta e mais uma e outra. Aos poucos as crianças se juntam, dão-se as mãos e formam uma roda. 23 Inicia-se a brincadeira e ao término da canção, a roda não para de girar e outras canções se sucedem num movimento ininterrupto. A música ajuda muito no desenvolvimento de crianças que apresentam um quadro de timidez e por isso são vistas como diferentes, ficando diversas vezes isolada das atividades em grupo do cotidiano. Em uma sessão de cantigas de roda, juntam-se a outras crianças, forma-se uma roda e todos cantam e dançam. Cada um à sua maneira, mas todos são, naquele momento, parte igualmente importante do conjunto onde são movidos unicamente pelo prazer e pela alegria de brincar, cantar e se alfabetizar com as letras das cantigas que são cantadas. E a criança tímida ao ver as crianças cantando e girando, entra no grupo e se solta cada vez mais. Certamente inúmeras são às vezes, em que podemos constatar a presença das cantigas nas escolas, tanto indiretamente através de relatos como com a sua concretização sonora e corporal (CASCUDO, 2001). É importante que se resgate essas cantigas, de maneira que estas pérolas da cultura popular não sejam esquecidas. Essas cantigas são também, com frequência, espontaneamente trazidas por adolescentes, adultos e idosos. Também são utilizadas como recursos interventivos a partir de outros conteúdos apresentados pelos alunos, de modo a irem ao encontro de determinados objetivos estabelecidos durante o processo de aprendizado. Assim, segundo Alencar (2010), as cantigas podem ser consideradas a partir de suas características musicais, poéticas, lúdicas e da sua singularidade enquanto manifestação folclórica, e relacionando-as ao processo de aprendizagem são de grande proveito para a alfabetização. A questão central das cantigas consiste em iluminar os motivos que estão por trás da letra de cada música. Também podemos destacar aspectos que poderiam dar margem a uma utilização mais ampla destes recursos pelos professores em sua prática, nas suas diversas áreas de atuação. 24 Alencar (2010, p. 111) ainda diz que: O educador ou educadora deve buscar dentro de si as marcas e lembranças da infância, tentando recuperar jogos, brinquedos e canções presentes em seu brincar. As cantigas-de-roda integram o conjunto das canções anônimas que fazem parte da cultura espontânea, decorrente da experiência de vida de qualquer coletividade humana e se dão numa sequência natural e harmônica com o desenvolvimento humano. A cantiga de roda diferencia-se da música chamada erudita por nela não ser procurado o aperfeiçoamento de forma intencional, e, da música chamada popular, por não ser produzida em série ou ter destinação comercial. Em sua simplicidade, a cantiga torna-se mais autêntica e espontânea, e assume um poder de comunicação e uma ressonância imediata no espírito do povo que a pratica (CASCUDO, 2001). Enquanto criação artesanal e comunitária, as cantigas estão condicionadas a padrões aceitos por todos, sendo-lhe uma característica peculiar a adaptação às circunstâncias. Assim, é comum, por exemplo, que uma mesma melodia sofra as mais variadas deformações, e apresente diversas versões, podendo também ser encontrada ao mesmo tempo em vários ritmos. Em geral, pode-se dizer que a cantiga não é executada independentemente, ela se condiciona a algum fim, pois atende às necessidades do ambiente onde se propaga e a cantiga de roda, inclui-se nos objetos e fórmulas uma quarta dimensão sensível ao seu ambiente (CASCUDO, 2001). O seu valor ultrapassa largamente o funcionamento racional, compreendendo muito mais uma afirmação ou ampliação do emocional, esquecidas ou desprezadas, os povos acabam perdendo a consciência do seu próprio destino. Assim, ocorre que, cantando e dançando no grupo de brincadeiras, a criança traz elementos do passado da humanidade para o seu presente. A partir da vivência desse passado relacionado aos conteúdos do seu presente, a criança encontra-se em condições de projetar o seu futuro, pois já neste processo, a criança tem a possibilidade de transformar o desconhecido em conhecido, o inexplicável em explicável, reforçar ou alterar o mundo, levantar questões, discutir, inventar, criar e transformar. 25 A voz é um meio expressivo que nos acompanha desde as mais remotas origens individuais e coletivas, numa longa estrada que vai do choro até o canto cultural e por que não as cantigas de roda e as brincadeiras dentro do lúdico se tornam um aliado instrumento de trabalho pedagógico super valorizado para se conseguir alcançar os objetivos de uma construção de conhecimento 3.3 A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL O lúdico quando aplicado à prática pedagógica contribui para a aprendizagem da criança e possibilita que o professor seja mais dinâmico em suas aulas ao mesmo tempo em que a criança sinta prazer em participar das atividades escolares. Assim, podemos dizer que o lúdico é um recurso pedagógico e deve ser usado da melhor forma, pois, o verdadeiro sentido da educação lúdica está na preparação do professor ao aplicá-lo corretamente (ALMEIDA, 2004). Sendo assim, o papel do professor é o de interferir de forma adequada, deixando que a criança adquira novos conhecimentos e habilidades, já que a importância da inclusão e utilização dos brinquedos, jogos e brincadeiras na prática pedagógica é uma realidade que se impõe ao professor. Brinquedos não devem ser explorados somente como lazer, mas também como elementos enriquecedores para promover a aprendizagem. Para isso, o professor precisa estar ciente de que a brincadeira para a criança é necessária e que ela traz enormes contribuições no desenvolvimento da habilidade de aprender a pensar E Almeida (2004, p. 14) afirma que: Quanto mais o adulto vivenciar sua ludicidade maior será a chance de este profissional trabalhar com a criança de forma prazerosa. Desta maneira, o jogo e a brincadeira são experiências vivenciais prazerosas. Assim a experiência da aprendizagem tende a se constituir em um processo vivenciado de forma prazerosa. A escola, ao valorizar as atividades lúdicas, ajuda a criança a formar um bom conceito de mundo, em que a afetividade é acolhida, a sociabilidade vivenciada, a criatividade estimulada e os direitos da criança respeitados. E quanto à atuação do 26 professor, esta ocorre sobre a valorização das características e das possibilidades dos brinquedos e sobre possíveis estratégias de exploração. A formação lúdica valoriza a criatividade, o cultivo da sensibilidade e a busca da afetividade e o adulto que vivencia atividades lúdicas revive e resgata com prazer a alegria do brincar, potencializando a adaptação desta experiência para o campo da educação através do jogo. Quando refletem sobre as possibilidades de intervenção e de ensino com a utilização do lúdico, os professores sempre relatam experiências em que estão presentes sentimentos e posicionamentos que evidenciam a relação entre educador e educando. Nesta perspectiva, se o professor souber observar as perguntas que seus alunos fazem, a maneira como exploram objetos e brinquedos, ele irá perceber que existem inúmeras possibilidades de intervenção durante as atividades pedagógicas desenvolvidas na sala de aula, pois o lúdico como uma prática pedagógica exige mais estudos, conhecimentos e pesquisas por parte do professor (FEIJÓ, 2002). É importante que o educador descubra e trabalhe a dimensão lúdica que existe em sua essência, no seu trajeto cultural, de forma que venha aperfeiçoar a sua prática pedagógica, pois o lúdico é uma necessidade básica da personalidade, do corpo e da mente e faz parte das atividades essenciais da dinâmica humana. A ludicidade poderia ser a ponte facilitadora da aprendizagem se o professor pudesse pensar e questionar sobre sua forma de ensinar, relacionando a utilização do lúdico como fator motivante de qualquer tipo de aula. No entanto, para que isso aconteça é necessário que ele busque resgatar a ludicidade, os momentos lúdicos que com certeza permearam seu caminho (FEIJÓ, 2002). É importante destacar que os jogos, ao serem utilizados pelo professor no espaço escolar, devem ser devidamente planejados. Porém, o professor não deve usar os jogos pedagógicos sem que haja um rigoroso e cuidadoso planejamento, marcado por etapas muito claras e que efetivamente acompanham o progresso dos alunos. 27 No planejamento de uma atividade, o professor deve antes adequar o tipo de jogo ao seu público e o conteúdo a ser trabalhado, para que os resultados venham ser satisfatórios e os objetivos alcançados. O lúdico como um recurso pedagógico revela que os alunos percebem suas capacidades e suas dificuldades. Portanto, cabe ao professor identificar tais capacidades, de forma a propiciar a integração de todas as áreas de desenvolvimento e aprendizagem dos alunos. E é através da explanação de Fernández (2001) que podemos fazer uma relação entre a aprendizagem e o brincar de maneira cativante. Fernández (2001) ainda diz que a palavra aprender quer dizer, apropriar-se da linguagem, recordar o passado para despertar-se ao futuro, deixar-se surpreender pelo já conhecido, reconhecer-se, e admitir-se. É crer e criar, é se arriscar a fazer dos sonhos textos visíveis e possíveis. Mas isso só será possível quando as professoras e professores gerarem espaços de brincar-aprender para seus alunos ou quando, de forma simultânea, construírem para si mesmos. Assim, dentro desta perspectiva, o lúdico é um importante recurso pedagógico para a definição de ações pedagógicas adequadas a serem estudadas em cursos de formação de professores. 28 4 PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS NA EDUCAÇÃO INFANTIL Os Parâmetros Curriculares Nacionais, mais conhecidos como (PCNs), é uma coleção de documentos que compõem a grade curricular de uma instituição educativa. Esse material foi elaborado a fim de servir como ponto de partida para o trabalho docente, guiando as atividades realizadas na sala de aula (BARROS, 2010). É claro que cada instituição deve montar o seu Projeto Político Pedagógico (PPP), sua proposta pedagógica, adaptando esses conteúdos à realidade social da localidade onde está inserida. O PCN da educação infantil é um documento que orienta quanto ao cotidiano escolar e aos principais conteúdos que devem ser trabalhados, a fim de dar subsídios aos educadores, para que suas práticas pedagógicas sejam da melhor qualidade. Em sua abordagem os PCNs definem que os currículos e conteúdos não podem ser trabalhados apenas como transmissão de conhecimentos, mas que as práticas docentes devem encaminhar os alunos rumo à aprendizagem. E a reflexão da prática docente deve ser feita através de reuniões com todo o grupo da escola, direção, coordenação, orientação, psicopedagoga, psicóloga, professores, dentre outros profissionais, ligados à rotina da instituição e de sala de aula (BARROS, 2010). Portanto, cabe a cada instituição se organizar nesse sentido, pois a escola que não promove momentos de reflexão da prática docente causa uma relação duvidosa entre docente, alunos e conteúdos a serem ministrados, pois muitas vezes os professores não conhecem a proposta pedagógica da instituição, já que os diretores mantêm a mesma sob sete chaves, para que ninguém copie seu conteúdo. Isso torna difícil a reflexão do professor sobre o seu próprio trabalho, pois o mesmo precisa conhecer que tipo de educação aquela instituição quer oferecer, que princípios devem trabalhar e quais os objetivos a serem conquistados. Portanto, a escola deve ter responsabilidade social, instituir situações didáticas fundamentais 29 entre os temas a serem abordados e a prática docente, as formas pelas quais a aprendizagem acontecerá através do desenvolvimento de habilidades de leitura, interpretação, estudo independente e pesquisa (BARROS, 2010). Os PCN’s estão divididos a fim de facilitar o trabalho da instituição, principalmente na elaboração do seu Projeto Político Pedagógico (PPP). São seis volumes que apresentam as áreas do conhecimento como: língua portuguesa, matemática, ciências naturais, história, geografia, arte e educação física. Outros três volumes trazem elementos que compõem os temas transversais. O primeiro deles explica e justifica o porquê de se trabalhar com temas transversais, além de trazer uma abordagem sobre ética. No segundo volume os assuntos abordados tratam de pluralidade cultural e orientação sexual; e o terceiro volume aborda meio ambiente e saúde. O Ministério da Educação e Cultura (MEC) disponibiliza esse material a todos os professores, a fim de que os mesmos possam estudá-lo e conhecê-lo a fundo, auxiliando-os em sua atividade profissional, além de perceber a responsabilidade social conferida ao ofício de professor. 4.1 O REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL A Educação Infantil ao promover experiências significativas de aprendizagem da língua, por meio de um trabalho de linguagem oral e escrita, constitui um dos espaços de ampliação das capacidades de comunicação e de expressão e de acesso ao mundo letrado pelas crianças (RCNEI, 1998). Essa ampliação está relacionada ao desenvolvimento gradativo das capacidades associado as quatro competências básicas: 1) Falar; 2) Escutar; 3) Ler; 30 4) Escrever. As cantigas têm a missão de possibilitar o encontro do “ser” com a sua própria identidade e sensibilidade de forma prazerosa. No entanto, o professor deve atuar como facilitador neste contexto, oferecendo atividades lúdicas como apoio ao processo de aquisição da linguagem escrita e falada. Considerando que a leitura e a escrita, tendência natural expressiva e criativa da criança, se bem orientadas certamente contribuirão no desenvolvimento da psicomotricidade no contexto de alfabetização. O lúdico tem um papel importante na educação infantil, pois a criança, ao participar de ações lúdicas, cria e vive momentos de simbolismo, além de ampliar seu vocabulário. O lúdico tem sido assunto de discussão entre muitos psicólogos e pensadores e a escola deve refletir também sobre a importância desta postura em sala de aula, aproveitar todas as manifestações de alegria da criança e canalizá-la, emocionalmente, através de atividades educativas. Essas atividades lúdicas, quando bem direcionadas, trazem grandes benefícios que proporcionam saúde física, mental, social e intelectual da criança. Porém, ainda é comum encontrar profissionais, que atuam em turmas específicas de alfabetização, que a mesma se limita as quatro paredes da sala de aula e que o método adequado dá ao professor o controle da alfabetização plena da criança (RCNEI, 1998). As cantigas são atividades lúdicas que podem ser desenvolvidas nos espaços de educação infantil e são fundamentais para o desenvolvimento da criança, possibilitando experiências que as transportam ao mundo do faz-de-conta, realizando sonhos e fantasias, aliviando medos, tensões e frustrações, aprendendo a respeitar os outros e a participar de grupo. Enfim, as cantigas nada mais são do que atividades lúdicas onde as crianças cantam, brincam, dançam e correm. As cantigas possuem grande importância no contexto da educação infantil, pois o interagir com as crianças é uma atividade prazerosa. A arte é a única forma de educar que não é tortura (SHAW, 1998). O ato de brincar, dançar, cantar, imitar sempre fez parte do cotidiano infantil e nem sempre lhe foi dada a devida importância. Retornando o tempo, torna-se necessário 31 um olhar para o brincar, pois a presença da ludicidade desde os tempos mais primitivos mostra a importância das cantigas em várias culturas, pois é inseparável do ser humano. Seja qual for a sua origem ou sua época, ela faz parte da trajetória do homem através dos séculos. Ao abordar as cantigas e brincadeiras de forma histórica, pode-se ressaltar que o conteúdo social da mesma tem mudado através do tempo. Porém, a sua essência raramente se altera. Ao cantar e dançar, as crianças ficam tão envolvidas com o que estão fazendo que colocam na ação seu sentimento e emoção. A atividade lúdica revela-se como instrumento facilitador da aprendizagem, possuindo valor educacional e criando condições para que a criança explore seus movimentos. E as cantigas, em toda trajetória da humanidade, sempre tiveram seu papel educativo, servindo a um propósito, de acordo com as circunstâncias experimentadas por cada povo e pelo efeito que esta provoca na alma humana. As cantigas têm suas múltiplas aplicações, como seu papel na cultura, na religião na aprendizagem e em ações coletivas como festas, revoluções e até em guerras. Quando se toca uma cantiga, as crianças logo imaginam o personagem que elas vão representar e começam a imaginar e a viajar na letra da cantiga, que hora fala de amor, hora fala de dor, de política, cidadania, respeito, carinho, etc... Com as cantigas, temos a intenção de almejar o crescimento intelectual e emocional das crianças, fazendo uso de meios que facilitem a harmonia e a clareza perceptiva. O educar com as cantigas é possibilitar o livre trânsito entre o interior e o exterior e o equilíbrio está em nossas ações no plano físico, no plano emocional. E em nossas idéias no plano mental. Portanto, o professor precisa levar a criança a raciocinar sobre escrita e, para isso, ele deve criar ambiente rico em materiais e em atos de leitura e escrita, incentivando-as. Também, deve provocar interações entre diferentes níveis, principalmente os mais próximos. Dessa forma, o professor não precisa trabalhar, necessariamente, com cada aluno mas sim, lhes permitir a comunicação, que é o principal instrumento da didática da aprendizagem da alfabetização. A criança precisa entender a função social da 32 escrita e a importância da linguagem oral e se sentir livre para se comunicar através da escrita e da fala. Não há por que dispensar exercícios e atividades que sistematizem conteúdos. No entanto, o aproveitamento será maior se os exercícios contiverem um vocabulário expressivo sugerido pelos alunos, composto por palavras que fazem parte da realidade das crianças e de seu cotidiano, que tenham relação com fatos acontecidos ou vivenciados em casa, na escola ou na comunidade. Cabe ao professor saber direcionar a aula para alcançar o objetivo desejado. Como diz Ferreiro (2002), a alfabetização não é luxo nem uma obrigação; é um direito. E o professor deve saber mediar seu trabalho com as cantigas, possibilitando às crianças uma aventura de aprendizagem de forma inteligente. Cabe também ao professor-alfabetizador criar situações adequadas para provocar curiosidade nas crianças e estimular a construção de seu conhecimento, através de vivências de situações concretas com as cantigas, brincadeiras e múltiplas atividades que favoreçam a construção de um ambiente alfabetizador. A tarefa essencial das cantigas está voltada para seduzir as crianças, para que elas desejem aprender e, e desejando, aprende e com isso vai haver interação social que é indispensável para o desenvolvimento do pensamento. Por isso que o RCNEI (1998) descreve com bastante clareza a necessidade da interação social, cabendo ao professor propiciar situações de conversa, brincadeiras ou de aprendizagens orientadas que garantam a troca entre crianças, de forma que possam comunicar-se e expressar-se, demonstrando seus modos de agir, de pensar e de sentir, em um ambiente acolhedor e que propicie a confiança e a auto-estima. Para que o ambiente que cerca a criança se torne efetivamente um instrumento alfabetizador, ela precisa estar preparada para percebê-lo e seu senso de observação e sua curiosidade precisam ser despertados além de entender que a comunicação é o resultado de uma boa escrita. A sala de aula deve servir para despertar os sentidos das crianças, transformandose num local propício à aprendizagem. O professor deve perceber o interesse das 33 crianças, sendo, portanto, mutável e passível de alteração, mas as crianças sempre devem tomar conhecimento das alterações e dos motivos que as determinaram. Quando se fala de educação infantil, entende-se por um espaço propício para a iniciação ao mundo letrado, devendo promover experiências significativas com a linguagem oral e escrita de forma lúdica, prazerosa. Diante desta afirmação faz-se necessário apontar a importância das cantigas que promove a construção do conhecimento (RCNEI, 1998). 34 5 CONCLUSÃO Ao findar deste trabalho, podemos destacar que as cantigas de roda são basicamente imagens do folclore das regiões brasileiras ou estrangeiras, e que possuem expressões de grande valor e significado para as crianças, para as experiências de interação social, para o desenvolvimento cognitivo e para a transmissão de valores que podem ser vivenciadas através destas cantigas. No entanto, motivos diversos impedem as crianças de saírem às ruas para brincar e cantar as cantigas como se fazia antigamente, pois nos grandes centros urbanos o uso dos brinquedos, os parques, os jogos eletrônicos, os computadores, os tablets, ipads, a televisão, os shoppings fazem com que as cantigas se tornem desconhecidas e até mesmo obsoletas. Todavia, as cantigas acrescentam ao currículo escolar uma vivacidade de situações que ampliam as possibilidades de a criança aprender a construir o conhecimento. O cantar permite que a criança tenha mais liberdade de pensar e de criar para desenvolver-se plenamente. Por isso esperamos que as cantigas de roda possam colaborar de forma objetiva e concreta para uma melhor compreensão do universo lúdico infantil na alfabetização, pois para usar as cantigas de roda nem sempre é preciso dinheiro, e sim de imaginação, boa vontade, de ser criativo e o principal acreditar em sonhos. Esses fatores têm levado à ausência do conhecimento dessas melodias que retratam o universo que vivemos, pois musicalmente, como descreve o RCNEI, participar de brincadeiras de roda ou de danças circulares favorece o desenvolvimento da noção de ritmo individual e coletivo, assim como a inserção do lúdico nesse tipo de brincadeira, pois desta forma pode-se trabalhar com a multidisciplinaridade e com a interdisciplinaridade, aprimorando cada vez mais o desenvolvimento integral da criança. 35 Ao inserir as cantigas de roda no convívio das crianças, aspectos como musicalidade e ritmo estarão sendo trabalhados, pois o ritmo se aprende por meio do corpo e do movimento, o que podemos comprovar através da cantiga “A Linda Rosa Juvenil”, que conta uma história e a cada estrofe apresenta novos personagens e novos ritmos, possibilitando as crianças cantarem, além de dançarem e dramatizarem. Portanto, pode-se confirmar que o corpo traduz em movimento os diferentes sons que percebe e no livro “Música na Educação Infantil” algumas canções que se brincam em roda podem ter outros atrativos, como é o caso de “Escravos de Jó”, que vem a ser uma brincadeira onde se passam pedras, sementes, copos, caixas de fósforo e etc, e que é dramatizada em todo o Brasil por adultos e crianças. Este exemplo e a forma de brincar podem ser encontrados no livro “Música na Educação Infantil”, e alguns exemplos que servem a esse tema foram sugeridos no RCNEI. Com isso, o educador tem a tarefa de apresentar às crianças, músicas do ingênuo universo infantil, em apenas um recurso didático. A prática deste trabalho na Educação Infantil não deve tirar a liberdade da brincadeira, ao envolver as crianças em jogos e brincadeiras musicais fazendo com que estimule a criatividade e expressividade além de proporcionar momentos onde o lúdico favorece a aprendizagem. Para tanto, é necessário que o professor saiba se colocar em segunda posição, deixando que as crianças descubram outras possibilidades para um mesmo exercício e intervir quando perceber que as crianças estão tendo alguma dúvida. Assim, podemos dizer que esta pesquisa se destinou a compreender um pouco mais sobre a utilização das cantigas, no intuito de colaborar com a reflexão para uma educação infantil mais eficiente e participativa, pois, na tarefa de contribuir para o desenvolvimento de indivíduos em formação, o educar é assumir este compromisso. 36 6 REFERÊNCIAS 6.1 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALENCAR, SYlvia. A música na Educação Infantil. 4°. Ed. São Paulo: Editora Paternoni, 2010. ALMEIDA, Marcus, Vinicius, Machado de Almeida. A Ciranda Brasileira. 3°. Ed. São Paulo: Editora Montreal, 2004. BARROS, Manoel de. As cantigas de roda na educação infantil. 4°. Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2010. BRÉSCIA, Vera Lúcia, Pessagno. Bases psicológicas e ações preventivas. 2°. Ed. São Paulo: Editora Átomo, 2005. BRITO, Teca, Alencar de. Música na educação infantil: Propostas para a formação integral da criança. 2°. Ed. São Paulo: Editora Peiropólis, 2005. CASCUDO, Luis da Câmara. Dicionário do folclore brasileiro. 10°. Ed. São Paulo: Editora Global, 2001. CRUZ, Maria de Nazaré. Refletindo sobre as cantigas de roda. 4°. Ed. Rio de Janeiro: Editora: O portão das letras, 1999. FAUSTINI, Maria do Carmo. A cantiga de roda como atividade para a educação infantil. 4°. Ed. São Paulo: Editora Alce, 1996. FEIJÓ, Ruberval. As cantigas de roda. 5°. Ed. São Paulo: Editora Mundial, 2002. FERNÁNDEZ, Regina, O jogo facilita a aprendizagem. 3°. Ed. São Paulo: Editora 2001. FERRERO, Emília. Passado e presente dos verbos ler e escrever: Coleção: Questões da nossa época. 5°. Ed. São Paulo: Editora Cortez, 2002. GADIOLI, Antônio. Metodologia Científica. 12°. Ed. São Paulo: Editora Moderna, 2008. 37 MAQUILAM, Ricardo. Educando através das cantigas de roda. 3°. Ed. Rio de Janeiro: Forense, 1994. RADOCI, D, T & BOYLE, Susan. Cantigas de roda e de ninar. 4°. Ed. São Paulo: Editora Ática, 1979. RCNEI. Referencial Curricular Nacional para a educação infantil. 10°. Ed. Brasília, Distrito Federal: Editora do Senado, 1998. REY, Beatriz. O resgate das cantigas de roda. 3°. Ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 1993. SHAW, Bernard. A arte é a única forma de educar que não é tortura. 3°. Ed. São Paulo: Editora Papirus, 1998. 38 ANEXO: PESQUISA DE CAMPO Esta pesquisa de campo foi feita em um CMEI de Vitória onde os dados coletados referem-se as cantigas de roda e brincadeiras que fazem parte da cultura local e no qual os educadores procuram valorizar as músicas que as crianças conhecem e que estão bem perto do cotidiano delas, pois, quando as crianças brincam e cantam, elas estabelecem um contato consigo próprio. Observamos que quando as crianças brincam não é necessário usar um espaço bem amplo, pois, o da própria sala de aula dá para fazer as brincadeiras e cantar as cantigas de roda. Com isso elas brincam e movimentam seus corpos com liberdade sem se preocupar se estão fazendo certo ou errado, ou melhor ou pior, do que os colegas. Existem várias canções que são trabalhadas no CMEI, mas as mais usadas são as que despertam grande incentivo para se cantar a pedido das próprias crianças que são as canções com nomes que em sua simplicidade tinha um grande valor paro nós. Do ponto de vista do relacionamento humano contribuem para que se estabeleça um contato afetivo e efetivo entre todos que se envolve com outro, ajudando a criar e não esquecem cada canção que é um bem coletivo. A canção do “Trem”, também é muito usada e com ela podemos explorar questões como os meios de transportes, a ideia de viajar com muitos lugares, as variações de velocidade e os sons produzidos pelo trem. A parlenda “café com pão, bolacha não” pode ser trabalhada com atividades de improvisação, nas quais as crianças pesquisam sons de apitos ou usam a voz para imitar o apito do trem que dá a partida lentamente e vai aumentando a velocidade para no final da viagem diminuí-la outra vez . O TREM MALUCO. O trem maluco Quando sai de Pernambuco Vai fazendo vuco vuco 39 Até chegar no Ceará. Rebola pai Rebola Mãe Rebola filha Eu também sou da família Também quero rebolar Minha mãe me pós na escola Pra aprender o beaba A danada da fessora Me ensinou a namorar. Sete e sete são quatorze Com mais sete, vinte e um Tenho sete namorados, Mas não gosto de nenhum! PAI FRANCISCO Pai Francisco entrou na roda Tocando seu violão. Bi-rim-bão bão bão, Bi-rim-bão bão bão, Vem de lá seu delegado E Pai Francisco foi pra prisão. Como ele vem todo requebrado 40 Parece um boneco desengonçado. MEU LIMÃO MEU LIMOEIRO Meu limão, meu limoeiro Meu pé de jacarandá Uma vez, tindolelê Outra vez, tindolalá. A linda rosa juvenil. A linda rosa Juvenil... juvenil...juvenil... Vivia alegre num solar... Num solar...num solar ... Mais uma feiticeira má... muito má...muito má... Adormeceu a rosa assim... bem assim.. .bem assim... Não há de acorda jamais... nunca mais...nunca mais... O tempo correu a passar... a passar...a passar ... O mato cresceu ao redor... ao redor...ao redor... Um dia veio um lindo rei... lindo rei...lindo rei... Que a bela rosa despertou... despertou...despertou... Digamos ao rei muito bem... muito bem...muito bem... Trá-lá-lá-lá-lá-lá ROSA JUVENIL A linda rosa juvenil também é muito cantada e o professor pode trabalhar com a dramatização porque uma criança pode ser a rosa e ficar no centro da roda. Do lado de fora ficam a feiticeira e o rei o tempo e o mato podem ser representados pelas crianças da roda. E pode-se trabalhar atividades de sonorização. 41 O grupo poderá escolher um timbre para representar a rosa e outro para a feiticeira . Nessa cantiga é importante que cantem, dancem e dramatizem. Escravos de JÓ Escravos de Jó (bis) Jogavam caxangá Tira, bota , deixa o zabelê jogar Guerreiros , com guerreiros (bis) Fazem zique , zique , zá . Outra bastante trabalhada é “ Escravos de Jô ” que é realizada com caixas de fósforo e sementes que são passadas de um em um acompanhando algumas indicações da letra . As crianças sentam no chão, tendo cada uma, uma caixa de fósforos. Escravos de Jó, jogavam caxangá as caixas são passadas da esquerda para a direita , em movimentos regulares e sucessivos que acompanham o tempo forte da musica . Tira , Põe /deixa ficar : com a caixa na mão cada participante realiza exatamente o que a letra sugere guerreiros com guerreiros / fazem zig, zig , zá fazem um Z : pegam a caixa no primeiro zig “ voltam para a esquerda , no segundo , seguindo para a direita no zá” . Essa canção trabalha também os movimentos corporais. Nas cantigas de roda trabalhamos também musicas que falam de animais como a tradicional, “Atirei o pau no gato” e sua nova versão “Não atire o pau no gato”. O atire o pau no gato, é uma canção que podemos falar sobre a preservação dos animais, sobre a não violência contra eles, pois o gato além de ser um animal muito próximo do homem é também muito comum, pois é um animal doméstico e quase toda casa os tem. 42 A canção do “Sapo” também é muito apreciada pelas as crianças. “O sapo não lava o pé, não lava porque não quer, ele mora na lagoa e não lava o pé porque não quer, mais que chulé”. Nessa cantiga as crianças aprendem sobre higiene pessoal, animais, e sobre lagoa, rio e seus diferentes significados trabalham-se conteúdos de geografia. A música da “Barata”, também é apreciada pelas crianças. A BARATA A barata diz que tem sete saias de filó É mentira da barata ela tem é uma só RÁ RÁ RÁ RÓ RÓ RÓ Ela tem é uma só A barata diz que tem um anel de formatura É mentira da barata que ela tem é casca dura RÁ RÁ RÁ RÓ RÓ RÓ Ela tem é casca dura A barata diz que tem um sapato de fivela É mentira da barata que o sapato é da mãe dela RÁ RÁ RÁ RÓ RÓ RÓ O sapato é da mãe dela A barata diz que dorme numa cama de marfin É mentira da barata ela dorme é no capim RÁ RÁ RÁ RÓ RÓ RÓ Ela dorme é no capim 43 A barata diz que fez uma viajem de avião É mentira da barata que ela foi de pé no chão RÁ RÁ RÁ RÓ RÓ RÓ Que ela foi de pé no chão . “A barata, diz que tinha, uma casa de vidraça é mentira da barata que ela mora é na fumaça, AHAHAHA, é mentira da barata”. “A barata diz que tem um sapato de fivela, é mentira da barata que o sapato é da mãe dela, AHAHAHAHA o sapato é da mãe dela”. Nessas cantigas trabalhamos com as crianças, sobre ética, moral e os variados tipos de residência. Já as cantigas que falam de numerais são bastante aproveitadas “A carrocinha pegou dois cachorros de uma vez, a carrocinha pegou três cachorros de uma vez... E por ai vai ate completar de um a dez e sucessivamente. Essa cantiga facilita o aprendizado de numerais e suas sequências. As cantigas tradicionais “Borboletinha”, e “Borboletão” . “Borboletinha ta na cozinha, fazendo chocolate para a madrinha, Poti Poti, perna de pau olho de vidro nariz de pica pau”. “Borboletão ta no fogão fazendo macarrão para o irmão”. Nelas trabalhamos o valor da família, a união, a ajuda em casa nas tarefas domésticas, o companheirismo, a interação da família com a criança, e podemos falar sobre os alimentos. As cantigas são um gênero musical que funde musica e poesia. Elas existem para todos os temas e assuntos e em ultima analise tudo pode ser cantado. É preciso selecionar e escolher com cuidado as cantigas, avaliando o texto para que seja mais bem aproveitado. 44 Podemos ampliar o contato das crianças com produtos musicais diversos e ir alem da mídia oferecendo cantigas de nossos diversos compositores brasileiros e suas variadas regiões, pois trabalhando dessa forma ampliaremos o conhecimento das crianças a cerca da produção cultural do País. Podemos falar sobre a vida desses compositores e fazer com que as crianças os conheçam. Ex: Caetano Veloso, Dorival Caymmi, Tom Jobim e outros. Com as cantigas que trabalhamos, estabelecemos a inclusão de nossas crianças com “Necessidades Especiais”, pois as cantigas aproximam todas as pessoas independentes de cultura, sexo, idade, cor, nível econômico e social. As cantigas proporcionam as crianças o bem estar do corpo e da alma, pois já diziam o ditado popular. “Quem canta seus males espanta”. Usando as cantigas, os educadores podem utilizar de seus mais variados benefícios e elas podem ser usadas para se trabalhar com a interdisciplinaridade. Em uma só musica podemos ensinar matemática, português, geografia, história, ética, meio ambiente, ciências, pluralidade cultural e educação sexual. De olhos vermelhos Eu pulo pro lado De pêlo branquinho Eu pulo pra trás De pulo bem leve Eu sou o coelhinho Sou muito assustado Dou mil cambalhotas Sou forte de mais Comi uma cenoura Porém guloso Com casca e tudo Por uma cenoura Tão grande era ela... Já fico manhoso Fiquei barrigudo! Nesta canção podemos trabalhar esquema corporal, coordenação motora, lateralidade, expressividade, criatividade, falar sobre os animais, as cores, a noção de número, a alimentação e a Páscoa.