Periodicidade: Diária
Temática:
Sociedade
i
Classe:
Informação Geral
Dimensão:
416
01­03­2014
Âmbito:
Nacional
Imagem:
S/Cor
Tiragem:
80000
Página (s):
92
Negócios Portugal
A ESSÊNCIA DAS MISERICÓRDIAS
SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE VIEIRA DO MINHO
início das obras de remodelação e ampliação do Lar
Nossa Senhora da Conceição que se esperam prontas
em outubro do corrente ano A isto associa se a
manutenção da creche ATL e jardim de infância Santa
Cecília a implementação da cantina social e de mais
120 postos de trabalho o que catapulta esta instituição
para um dos maiores empregadores do concelho
Para um município com cerca de catorze mil habitantes
predominantemente envelhecido sem cintura industrial
ou agrícola cuja economia depende exclusivamente
de serviços entende se a relevância deste trabalho
comunitário e do seu pape na economia local Em
termos dos serviços é impossível quantificar o número
de pessoas que são atendidas mas é possível qualificar
o nível desse atendimento que há muito deixou o
amadorismo assistencialista de outrora para se centrar
na qualificação dos recursos humanos e modernização
dos serviços
A anterior asserção remete para o desafio central
com que hoje a Santa Casa depara se e que se pode
resumir à exigência da prestação de um serviço de
qualidade e cada vez mais abrangente o que implica
meios logísticos e humanos sentido de missão e
profissionalismo capacidade de mudança de estratégia
em tempo reduzido e sustentabilidade da organização
Esta realidade colide muitas vezes com a leitura do
Estado que se apoia no voluntarismo comunitário
como forma de se substituir mas que tem dificuldade
em o reconhecer Este reconhecimento prende se
essencialmente com a despropordonalidade entre a
de
localidade provinciana do interior norte onde
protegia as organizações com camas de retaguarda
realidade social e os requisitos colocados na prestação
de serviços e edificações o que se traduz em última
análise numa exigência não comparticipada A verdade
é que as interferentes imposições vertidas em cada
decreto lei despacho diretíva etc que se publicam com
o intuito de melhorar regular a prestação dos serviços
o seu desempenho não poderia ser melhor descrito
do que aquele que foi imortalizado por Júlio Dinis
Deste modo as intenções do fundador da irmandade em
1925 João da Torre foram protegidas e continuadas
simplesmente não os podem pagar nem as instituições
os podem comportar
formaçãoi
no inícinoicidousasua
anos 70 aetmividViadeira pdrofis iMionalnho
Alfredo Inácio de Abreu Ramalho médico
hospital concelhio correu o risco de ser nacionalizado
intenção debelada graças à astúcia de Alfredo Ramalho
e ao aprove tamento inteligente das franjas da lei que
mais afasta os que mais deles precisam porque pura e
na figura de João Semana Este facto aliada a sua
Num
formação moral cedo o despertou para a necessidade
misericórdias as atividades desenvolvidas pela Santa
O assistencialismo local tinha como principal virtude o
da intervenção comunitára através da participação
ativa nas organizações locais O seu percurso laborai
e social coloriu lhe um currículo invejável de onde se
destaca a implementação e presidência da ARS Norte a
presidência da Comissão Instaladora da ARS de Braga
a Direção do Hospital de Vieira do Minho ou não menos
relevante a presidência da Camará de Vieira do Minho
Casa
conhecimento profundo das necessidades individuais
a presidência dos Bombeiros Voluntários da mesma
terra e mais recentemente a provedoria da Santa Casa
da Misericórdia de Vieira do Minho a que
esteve sempre ligado sendo eventualmente o grande
responsável pela sua existência recente
Na realidade os conturbados anos da revolução de abril
puseram em causa a sobrevivência desta organização
porque o seu património fortemente centralizado no
percurso
de Vieira
muito semelhante ao das outras
do
Minho foram se
desenrolando
sempre no alinhamento das necessidades sociais
Foi este o princípio fundador de todas as misericórdias
e do aproveitamento dos recursos património e
disponibilidades de financiamento o que sempre
implicou uma gestão atenta e dinâmica Os últimos 14
anos espelham bem esta realidade que se traduz em
termos de obra feita no aproveitamento do legado da
benfeitora Margarida Rebelo Duarte para a construção
do centro de acolhimento temporário Rebelo Duarte
jovens em instituição
risco e aldeia turística de Louredo turismo
de aldeia na reconversão do antigo hospital concelhio
numa unidade de cuidados continuados de longa
duração e manutenção ao que se acrescenta uma
parceria no serviço de medicina física e de reabilitação
na inauguração do serviço de apoio domiciliário e no
Pequenas irmandades constituídas por homens de bem
numa comunidade ciente que era da sua coesão que
dependia a sua sobrevivência A globalização termo
tão em voga e tão utilizado pelo liberalismo desmedido
como uma inevitabilidade salvadora espalhou os seus
tentáculos à mais recôndita das aldeias desvirtuando a
fraternidade a cultura da partilha e da entreajuda
Assim temo que o cariz caritativo destas instituições
assuma perigosamente a necessidade de comercializar
o seu nome
0 discurso é o da sustentabilidade
Dificilmente isso se coadunará com a essência das
obras da Misericórdia
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