Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria Filipe Patrício Baptista Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Civil Júri Presidente: Prof. Augusto Martins Gomes Orientadores: Prof. Maria Cristina de Oliveira Matos Silva Prof. Albano Luís Neves e Sousa Vogal: Prof. Maria da Glória Almeida Gomes Maio 2011 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Resumo O presente trabalho consiste na elaboração do estado da arte dos sistemas prediais de abastecimento de água fria. Neste sentido, procede-se a um estudo sobre os sistemas de abastecimento de água para consumo e também para combate a incêndio, tendo sempre por base a legislação vigente. Para além da forma de como são executados os sistemas, nomeadamente o seu traçado e dimensionamento, importa igualmente conhecer os materiais e os elementos que o constituem. Neste sentido são analisados os vários tipos de tubagem existentes, bem como os dispositivos utilizados. Importa ainda referir que existem sistemas de abastecimento que necessitam de uma abordagem mais complexa, na medida em que as condições de pressão que os caracterizam não satisfazem as necessidades da rede. Nestes casos é necessário considerarse a utilização de sistemas de bombagem. Assim sendo, na presente dissertação são abordadas as várias soluções de bombagem existentes, bem como os reservatórios que lhes podem estar subjacentes. A sustentabilidade é um tema bastante contemporâneo, que tem vindo a ser discutido nos mais variados quadrantes. Neste sentido acha-se importante fazer uma referência à sustentabilidade relacionada com os sistemas de abastecimento de água fria. Nesta obra são abordadas, para além das técnicas e dispositivos que permitem um uso mais controlado de água, as políticas de consciencialização que podem ser equacionadas. A compreensão das componentes teóricas abordadas é completada com a análise de três edifícios de usos distintos, permitindo igualmente encontrar diferenças existentes. É também estudada a aplicação dos sistemas em obra, uma vez que é essencial fazer uma abordagem mais concreta destes meios de abastecimento de água. Neste sentido são referidas, para além da etapa inicial de execução, as fases de reabilitação e de alteração das redes, que podem surgir ao longo da vida útil dos referidos sistemas. É igualmente feito um estado relativo às patologias associadas às redes de abastecimento de água fria. Palavras-chave: instalações prediais, redes de abastecimento de água para consumo, redes de abastecimento de água para combate sustentabilidade. I a incêndio, traçado, dimensionamento, Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ II Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Abstract The general purpose of this work consisted in determining the state of the art of building systems for cold water supply. Thus, a study will be done about the systems of water supply for drinking and for fire fighting, always based on current legislation. In addition to the way systems are executed, especially in its design and sizing, there is a need to know the materials and the elements of these systems. In this way some different existing pipes are analyzed, as well as the devices used. Furthermore, there are some supplying systems that require a more complex approach, because the pressure conditions don’t guarantee the needs for water supply. In these cases pumping systems have to be considered. Therefore, in this dissertation will be mentioned the existing pumping solutions and the way water tanks are connected to them. Sustainability is a very contemporary topic which has been discussed several times. Therefore, is important to make reference to sustainability-related systems of cold water supply. In this document, one discussed techniques and devices that allow a more controlled use of water, and awareness policies that can be adopted. The comprehension of the theoretical topics discussed, is supplemented with analysis of three buildings of different uses. One also investigates the systems application, in order to provide a more reliable approach of these water supply means. Following these sense, beyond the initial stage of execution, one indicates the rehabilitation stage and the subsequently system modification which may happen during the lifetime of such systems. Is also made a study of the pathologies associated with the supply of cold water. Keywords: installations inside buildings, drinking water supply, fire fighting water supply, plan, sizing, sustainability. III Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ IV Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Agradecimentos Neste projecto pessoal aqui apresentado tive sempre à disposição um conjunto alargado de pessoas que me apoiaram e me mostraram o melhor caminho para descobrir a motivação desejada. Foram tantas as pessoas que durante este percurso me ajudaram, que seria impossível enumerá-las a todas. A quem eu não referir, peço as minhas mais sinceras desculpas, pois, apesar de saber o que fizeram por mim, não consegui referir o seu nome na altura da realização deste pequeno texto. Assim sendo, gostaria de deixar umas palavras de agradecimento às seguintes pessoas. À Professora Cristina Matos Silva agradeço pela disponibilidade e orientação demonstrada ao longo da realização deste trabalho, bem como à motivação que me transmitiu. Ao Professor Armando Silva Afonso que, apesar de não ter qualquer “obrigação” para me ajudar na realização desta dissertação, se mostrou sempre disponível e me esclareceu inúmeras questões. A sua constante disponibilidade e atenção foram uma grande ajuda e um grande estímulo para a realização deste trabalho. Ao Professor, o meu muito obrigado! Um especial agradecimento ao Eng. António Silva que se mostrou sempre muito prestável, colocando-se ao dispor para me fornecer qualquer informação, sem que me fossem colocadas quaisquer contrapartidas. As informações transmitidas pelo Engenheiro foram essenciais para a evolução deste trabalho. Ao meu pai e à minha mãe que sempre me deram apoio e a motivação necessária para que, nas fases mais complicadas, não houvesse qualquer tipo de perda de entusiasmo, de motivação. A eles, que foram o meu grande suporte para a realização deste curso, que culmina na realização desta dissertação, agradeço e dedico este trabalho. Aos meus irmãos que sempre me apoiaram e motivaram, mas, principalmente, sempre perceberam qual era o tempo de trabalhar e de brincar, não me incentivando a ir para a “festa” na altura em que era necessário desenvolver o trabalho. A eles, pelo constante encorajamento, agradeço a realização deste trabalho. Nuno e André, obrigado! Aos restantes membros da família o meu muito obrigado pelas palavras de incentivo que sempre mostraram e pela disponibilidade que sempre colocaram. A todos os meus amigos, que sempre estiveram comigo nas horas de maior aperto e que sempre foram a chave para abrir a porta do sucesso, o meu muito obrigado! Um especial agradecimento ao Barreta, ao Nuno, ao Gaspar, ao Augusto, ao Pedro, ao Rino e ao Bob, que, para além do companheirismo que demonstraram, estiveram sempre disponíveis para ajudar. A sua amizade e ajuda foram um tónico que me permitiu terminar este projecto. Sem eles seria bastante mais difícil, por isso e por tudo mais, o meu muito obrigado, rapazes! Por fim, um agradecimento especial à Xi que foi a pessoa que sempre esteve ao meu lado, que mais vezes ouviu os meus lamentos e que soube sempre ter aquela palavra que me dava novo V Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ alento. A ela, pela atenção, carinho, incentivo, amizade, amor, enfim, por tudo o que é necessário para se conseguir chegar a um objectivo, o meu “muito obrigado especial”! VI Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Simbologia Símbolo Grandeza Unidades a Factor de segurança das bombas m Ao Área de operação do sprinkler m 2 As Área que o sprinkler deve cobrir m 2 b Adimensional Cm Factor caracterizador da rugosidade do material Coeficiente que depende da geometria da singularidade Coeficiente característico do material da tubagem Cp Coeficiente característico do aglomerado populacional Adimensional Cs Coeficiente de simultaneidade Adimensional d Densidade da descarga do sprinkler m/s D Diâmetro da tubagem mm Di Diâmetro interior da tubagem mm DN Diâmetro Nominal da tubagem mm g Aceleração da gravidade m/s H Altura manométrica m.c.a. Ha Altura manométrica de aspiração m Ha,máx Altura máxima de aspiração m Hc Altura manométrica de compressão m Ht Altura manométrica total m J Perda de carga contínua m.c.a./m Ja Perda de carga da tubagem de aspiração m Jc Perda de carga da tubagem de compressão m Jt Perda de carga total de cada troço m.c.a. K Coeficiente de descarga % Keq Coeficiente de descarga equivalente % Leq Comprimento equivalente m Lhor Comprimento horizontal m Lreal Comprimento real m Ltotal Comprimento total m Lvert m ndi Comprimento vertical Número de bocas-de-incêndio a funcionar em simultâneo Número de dispositivos instalados Número de dispositivos em cada troço - Método Modificado Número de dispositivos com caudal Qi np Número de pisos acima do solo Adimensional NPSH Factor de capacidade de aspiração m Cg nb nd nd,mod VII Adimensional 1/3 m /s 2 Adimensional Adimensional Adimensional Adimensional Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Símbolo Grandeza Unidades ns Número de sprinklers em cada sub-ramal Adimensional P Altura piezométrica m.c.a. p Pressão num determinado ponto Pa patm Pressão atmosférica Pa Pb Potência da bomba W pm,máx Pressão manométrica máxima m.c.a. pm,mín Pressão manométrica mínima m.c.a. pmáx Pressão máxima Pa pmin Pressão mínima Pa pv/γ Altura equivalente da tensão de vapor do líquido m Q3/8 Caudal da torneira de 3/8 de diâmetro l/s Qa Caudal acumulado l/s Qb Caudal bombeado l/s Qd Caudal de dimensionamento l/s Qdma Caudal diário médio anual m Qi Caudal no dispositivo i l/s Qinst Caudal instantâneo l/s Qp Caudal permanente l/s Qref Caudal de referência l/s S Espaçamento entre sprinklers no sub-ramal m v Velocidade de escoamento m/s V Volume m 3 Vágua Volume de água m 3 Vmáx Volume máximo m 3 Vmín Volume mínimo m 3 Vt Volume total m 3 xi Peso do dispositivo i Adimensional z Cota de um determinado ponto m za Cota de aspiração m zc Cota de compressão m α, β Parâmetros característicos do material da tubagem Adimensional γ Peso volúmico do líquido N/m Δh Perda de carga provocada pela variação de cota m.c.a. ΔH Perda de carga singular m.c.a. ΔHt Perda de carga total m.c.a. η Rendimento da bomba Adimensional VIII 3 3 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Abreviaturas Abreviatura Designação ANPC Autoridade Nacional de Protecção Civil ANQIP Associação Nacional para a Qualidade das Instalações Prediais CEN Comité Europeu de Normalização CTSB Centre Scientifique et Technique du Bâtiment EN Norma Europeia EPAL Empresa Portuguesa das Águas Livres INAG Instituto da Água ISP Instituto de Seguros de Portugal LNEC Laboratório Nacional de Engenharia Civil NP Norma Portuguesa PB Polibutileno PE Polietileno PEAD Polietileno de Alta Densidade PEBD Polietileno de Baixa Densidade PEMD Polietileno de Média Densidade PEX Polietileno Reticulado PP Polipropileno PP-B Polipropileno em Bloco PP-R Polipropileno Random PVC PVC-C ou C-PVC Policloreto de Vinilo Policloreto de Vinilo Clorado RIA Regulamento Geral dos Sistemas Públicos e Prediais de Distribuição de Água e de Drenagem de Águas Residuais Rede de Incêndio Armada RJSCIE Regime Jurídico de Segurança Contra Incêndios em Edifícios RTSCIE Regulamento Técnico de Segurança Contra Incêndios em Edifícios SMAS Serviços Municipalizados de Água e Saneamento RGSPPDADAR IX Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ X Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Índice de Matérias Resumo....................................................................................................................................... I Abstract ..................................................................................................................................... III Agradecimentos ......................................................................................................................... V Simbologia ............................................................................................................................... VII Abreviaturas .............................................................................................................................. IX Índice de Matérias .................................................................................................................... XI Índice de Figuras .................................................................................................................. XVII Índice de Tabelas .................................................................................................................. XXI 1. Introdução .............................................................................................................................. 1 1.1. Enquadramento geral ......................................................................................................... 1 1.2. Objectivos e metodologia ................................................................................................... 2 1.3. Organização do documento................................................................................................ 2 2. A utilização de água ............................................................................................................... 5 2.1. Introdução ........................................................................................................................... 5 2.2. Necessidades de consumo................................................................................................. 5 2.2.1. Redes de abastecimento de água para consumo humano ......................................... 5 2.2.2. Redes de abastecimento de água para combate a incêndios ..................................... 6 2.3. Qualidade............................................................................................................................ 7 2.4. Legislação ........................................................................................................................... 7 2.5. Abastecimento em Portugal................................................................................................ 8 3. Sistemas de abastecimento de água para consumo ............................................................. 9 3.1. Introdução ........................................................................................................................... 9 3.2. Traçado da rede ................................................................................................................. 9 3.2.1. Legislação e normas .................................................................................................. 10 3.2.2. Opções de traçado ..................................................................................................... 10 3.2.3. Simbologia ................................................................................................................. 12 3.2.4. Peças desenhadas..................................................................................................... 12 3.3. Dimensionamento da rede................................................................................................ 13 3.3.1. Legislação e normas .................................................................................................. 14 3.3.2. Método proposto pelo Regulamento Nacional ........................................................... 14 XI Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ 3.3.2.1. Cálculo dos caudais de dimensionamento .......................................................... 15 3.3.2.2. Estimativa do diâmetro mínimo da tubagem ....................................................... 25 3.3.2.3. Verificação das pressões .................................................................................... 26 3.3.2.4. Determinação das perdas de carga .................................................................... 28 3.3.3. Método proposto pela Norma Europeia ..................................................................... 31 3.3.3.1. Cálculo dos caudais de dimensionamento .......................................................... 32 3.3.3.2. Estimativa do diâmetro mínimo da tubagem ....................................................... 33 3.3.3.3. Limites e restrições impostos .............................................................................. 33 3.3.4. Peças escritas ............................................................................................................ 33 3.4. Ligação ao sistema público .............................................................................................. 34 3.5. Reservatórios .................................................................................................................... 36 3.5.1. Reservatório com função de regularização ............................................................... 38 3.5.1.1. Necessidades de regularização .......................................................................... 38 3.5.1.2. Necessidades para reserva de emergência ........................................................ 38 3.5.2. Reservatório com função de distribuição ................................................................... 38 4. Sistemas de abastecimento de água para combate a incêndio .......................................... 41 4.1. Introdução ......................................................................................................................... 41 4.2. Traçado e dimensionamento da rede ............................................................................... 41 4.2.1. Legislação e normas .................................................................................................. 42 4.2.1.1. Classes de risco .................................................................................................. 42 4.2.1.2. Categorias de risco.............................................................................................. 43 4.2.2. Meios manuais de combate a incêndio...................................................................... 44 4.2.2.1. Coluna seca ......................................................................................................... 44 4.2.2.2. Coluna húmida .................................................................................................... 48 4.2.2.3. Redes de incêndio armadas ................................................................................ 49 4.2.3. Meios automáticos de combate a incêndio ................................................................ 51 4.2.3.1. Sprinklers ............................................................................................................. 52 4.2.3.2. Cortinas de água ................................................................................................. 59 4.2.4. Utilização dos meios de combate .............................................................................. 61 4.3. Reservatórios .................................................................................................................... 61 4.4. Ligação ao sistema público .............................................................................................. 62 XII Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ 5. Materiais e outros elementos utilizados nas redes .............................................................. 63 5.1. Introdução ......................................................................................................................... 63 5.2. Materiais ........................................................................................................................... 64 5.2.1. Polietileno (PE) .......................................................................................................... 70 5.2.1.1. Constituição e características ............................................................................. 70 5.2.1.2. Aspectos construtivos ......................................................................................... 71 5.2.1.3. Dimensões ........................................................................................................... 71 5.2.1.4. Ligações e outros acessórios .............................................................................. 72 5.2.2. Polietileno reticulado (PEX) ....................................................................................... 72 5.2.2.1. Constituição e características ............................................................................. 73 5.2.2.2. Aspectos construtivos ......................................................................................... 73 5.2.2.3. Dimensões ........................................................................................................... 74 5.2.2.4. Ligações e outros acessórios .............................................................................. 74 5.2.3. Policloreto de vinilo (PVC) ......................................................................................... 74 5.2.3.1. Constituição e características ............................................................................. 75 5.2.3.2. Aspectos construtivos ......................................................................................... 75 5.2.3.3. Dimensões ........................................................................................................... 75 5.2.3.4. Ligações e outros acessórios .............................................................................. 76 5.2.4. Policloreto de vinilo clorado (PVC-C ou C-PVC) ....................................................... 76 5.2.4.1. Constituição e características ............................................................................. 77 5.2.4.2. Aspectos construtivos ......................................................................................... 77 5.2.4.3. Dimensões ........................................................................................................... 77 5.2.4.4. Acessórios ........................................................................................................... 78 5.2.5. Polipropileno (PP) ...................................................................................................... 78 5.2.5.1. Constituição e características ............................................................................. 79 5.2.5.2. Aspectos construtivos ......................................................................................... 79 5.2.5.3. Dimensões ........................................................................................................... 79 5.2.5.4. Ligações e outros acessórios .............................................................................. 79 5.2.6. Cobre ......................................................................................................................... 80 5.2.6.1. Constituição e características ............................................................................. 80 5.2.6.2. Aspectos construtivos ......................................................................................... 81 XIII Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ 5.2.6.3. Dimensões ........................................................................................................... 81 5.2.6.4. Ligações e outros acessórios .............................................................................. 81 5.2.7. Aço ............................................................................................................................. 82 5.2.7.1. Constituição e características ............................................................................. 83 5.2.7.2. Aspectos construtivos ......................................................................................... 83 5.2.7.3. Dimensões ........................................................................................................... 83 5.2.7.4. Ligações e outros acessórios .............................................................................. 83 5.2.8. Aço inox ..................................................................................................................... 84 5.2.8.1. Constituição e características ............................................................................. 84 5.2.8.2. Aspectos construtivos ......................................................................................... 85 5.2.8.3. Dimensões ........................................................................................................... 86 5.2.8.4. Ligações e outros acessórios .............................................................................. 86 5.2.9. Aço galvanizado ......................................................................................................... 86 5.2.9.1. Constituição e características ............................................................................. 87 5.2.9.2. Aspectos construtivos ......................................................................................... 87 5.2.9.3. Dimensões ........................................................................................................... 87 5.2.9.4. Ligações e outros acessórios .............................................................................. 88 5.2.10. Multicamada ............................................................................................................. 88 5.2.10.1. Constituição e características ........................................................................... 88 5.2.10.2. Aspectos construtivos ....................................................................................... 89 5.2.10.3. Dimensões ......................................................................................................... 90 5.2.10.4. Ligações e outros acessórios ............................................................................ 90 5.3. Dispositivos ....................................................................................................................... 90 5.3.1. Sistemas de abastecimento de água para consumo ................................................. 90 5.3.1.1. Contadores .......................................................................................................... 90 5.3.1.2.Torneiras .............................................................................................................. 93 5.3.1.3. Fluxómetros ......................................................................................................... 94 5.3.1.4. Válvulas ............................................................................................................... 95 5.3.2. Sistemas de abastecimento de água para combate a incêndios .............................. 96 5.3.2.1. Sprinklers ............................................................................................................. 96 5.3.2.2. Bocas-de-incêndio interiores ............................................................................... 98 XIV Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ 5.3.2.3. Bocas-de-incêndio exteriores .............................................................................. 99 5.3.2.4. Marcos de incêndio ........................................................................................... 100 5.3.2.5. Bocas de alimentação ....................................................................................... 101 5.3.3. Dispositivos de sustentabilidade .............................................................................. 101 5.3.3.1. Autoclismos ....................................................................................................... 102 5.3.3.2. Bacias de retrete e urinóis ................................................................................. 102 5.3.3.3. Chuveiros e torneiras ........................................................................................ 104 5.3.3.4. Mangueiras de lavagem e sistemas de rega .................................................... 105 5.4. Sistemas de bombagem ................................................................................................. 105 5.4.1. Dimensionamento do sistema de bombagem ......................................................... 107 5.4.2. Rede de abastecimento de água ............................................................................. 109 5.4.2.1. Sobrepressão ou elevação por bombagem directa .......................................... 110 5.4.2.2. Sobrepressão ou elevação para um reservatório no topo do edifício ............... 111 5.4.2.3. Sistema hidropneumático .................................................................................. 111 5.4.3. Rede de combate a incêndio ................................................................................... 114 6. Execução e manutenção dos sistemas em obra ............................................................... 117 6.1. Introdução ....................................................................................................................... 117 6.2. Condições de recepção e verificação da conformidade em obra .................................. 117 6.2.1. Transporte ................................................................................................................ 118 6.2.2. Armazenamento ....................................................................................................... 119 6.2.3. Verificação da conformidade do sistema ................................................................. 120 6.3. Execução ........................................................................................................................ 121 6.4. Patologias ....................................................................................................................... 121 6.5. Reabilitação .................................................................................................................... 124 6.6. Alteração das redes ........................................................................................................ 125 7. Sustentabilidade nos sistemas de abastecimento de água ............................................... 127 7.1. Introdução ....................................................................................................................... 127 7.2. Aproveitamento de águas pluviais .................................................................................. 129 7.2.1. Precipitação ............................................................................................................. 129 7.2.2. Sistemas de aproveitamento de águas pluviais ...................................................... 129 7.3. Aproveitamento de águas residuais ............................................................................... 131 XV Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ 7.3.1. Qualidade das águas residuais ................................................................................ 131 7.3.2. Sistemas de aproveitamento de águas residuais .................................................... 132 7.4. Diminuição dos gastos na reutilização de águas ........................................................... 133 8. Casos de estudo ................................................................................................................ 137 8.1. Introdução ....................................................................................................................... 137 8.2. Edifício de uso misto – Seixal ......................................................................................... 137 8.2.1. Rede de abastecimento de água para consumo ..................................................... 138 8.2.1.1. Traçado ............................................................................................................. 138 8.2.1.2. Dimensionamento.............................................................................................. 139 8.2.2. Rede de abastecimento de água para combate a incêndio .................................... 141 8.2.2.1. Traçado ............................................................................................................. 141 8.2.2.2. Dimensionamento.............................................................................................. 142 8.3. Edifício de armazém – Seixal ......................................................................................... 143 8.3.1. Rede de abastecimento de água para consumo ..................................................... 143 8.3.1.1. Traçado ............................................................................................................. 143 8.3.2. Rede de abastecimento de água para combate a incêndio .................................... 144 8.3.2.1. Traçado ............................................................................................................. 144 8.4. Escola Secundária Josefa de Óbidos – Lisboa .............................................................. 145 8.4.1. Rede de abastecimento de água para consumo ..................................................... 145 8.4.1.1. Traçado ............................................................................................................. 146 8.4.2. Rede de abastecimento de água para combate a incêndio .................................... 147 8.4.2.1. Traçado ............................................................................................................. 148 9. Conclusões e trabalhos futuros ......................................................................................... 149 9.1. Conclusões ..................................................................................................................... 149 9.2. Trabalhos futuros ............................................................................................................ 154 Bibliografia ............................................................................................................................. 157 Anexos ................................................................................................................................... 165 XVI Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Índice de Figuras Figura 3.1 - Dimensionamento da rede de abastecimento de água fria para consumo ............. 13 Figura 3.2 - Determinação do diâmetro da tubagem .................................................................. 15 Figura 3.3 - Relação entre o caudal acumulado e o caudal de dimensionamento (caudais elevados) [3;17] ........................................................................................................................... 18 Figura 3.4 - Relação entre o caudal acumulado e o caudal de dimensionamento (caudais médios) [3;17] .............................................................................................................................. 19 Figura 3.5 - Relação entre o caudal acumulado e o caudal de dimensionamento (caudais reduzidos) [3;17] .......................................................................................................................... 19 Figura 3.6 - Diâmetros interiores mínimos em função do coeficiente total [17] .......................... 22 Figura 3.7 - Coeficiente de simultaneidade [17] .......................................................................... 22 Figura 3.8 - Ligação entre o sistema público e os dispositivos de utilização ............................. 35 Figura 3.9 - Alimentação directa com elemento sobrepressor (adaptado de [17]) ..................... 36 Figura 3.10 - Alimentação indirecta com reservatório na base e com elemento elevatório (adaptado de [17]) ....................................................................................................................... 36 Figura 4.1 - Meios de combate a incêndio .................................................................................. 41 Figura 4.2 - Coluna seca (adaptado de [17]) .............................................................................. 45 Figura 4.3 - Dimensionamento de uma coluna seca................................................................... 46 Figura 4.4 - Coluna húmida (adaptado de [17]) .......................................................................... 49 Figura 4.5 – RIA (adaptado de [17]) ............................................................................................ 50 Figura 4.6 - Sprinkler e tubagem de abastecimento ................................................................... 52 Figura 4.7 - Sistema de extinção automático (adaptado de [13]) ............................................... 52 Figura 4.8 - Afastamento de sprinklers (adaptado de [19]) ......................................................... 54 Figura 4.9 - Alimentação dos sprinklers (adaptado de [11]) ....................................................... 55 Figura 4.10 - Lança de pulverização [I3] ..................................................................................... 59 Figura 4.11 - Sistema de cortinas de água para protecção de depósitos [I60] .......................... 60 Figura 5.1 - Varas de tubagem de PEAD [I37] ............................................................................ 70 Figura 5.2 - Soldadura topo-a-topo de um tubo de PEAD [I48] .................................................. 72 Figura 5.3 - Tubagem PEX .......................................................................................................... 72 Figura 5.4 - Bainha para a tubagem em PEX ............................................................................. 73 Figura 5.5 - Caixa de derivação .................................................................................................. 74 Figura 5.6 - Tubo de PVC alargado na extremidade [I48] .......................................................... 76 Figura 5.7 - Joelho em PVC [I37] ................................................................................................ 76 Figura 5.8 - Tubagens de PVC-C [I58] ........................................................................................ 77 Figura 5.9 – Tê em PVC-C [I37] .................................................................................................. 78 Figura 5.10 - Tubagem em PP [I48] ............................................................................................ 79 Figura 5.11 – Curva de 90º em PP [I48] ..................................................................................... 79 Figura 5.12 - Tubagens de cobre [I40] ........................................................................................ 80 Figura 5.13 - Aparelho utilizado nas dobragens das tubagens [I47] ........................................... 81 Figura 5.14 - Soldadura de uma tubagem de cobre [I53] ........................................................... 82 XVII Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Figura 5.15 - Tubagens de aço [I32] ........................................................................................... 82 Figura 5.16 - Acessórios utilizados nas tubagens de aço [I49] ................................................... 83 Figura 5.17 - Tubagens em aço inox [I39] .................................................................................. 84 Figura 5.18 - Abraçadeira [I38] .................................................................................................... 85 Figura 5.19 - Tê em aço inox [I42] .............................................................................................. 86 Figura 5.20 - Corrosão numa peça de aço inox [28] ................................................................... 86 Figura 5.21 - Tubagens de aço galvanizado [I35] ....................................................................... 87 Figura 5.22 – Acessórios em aço galvanizado [I46] ................................................................... 88 Figura 5.23 - Acessórios e tubagens em multicamada [I38] ....................................................... 88 Figura 5.24 - Tubagem em multicamada [I38] ............................................................................ 89 Figura 5.25 - Instalação da bateria de contadores [M3] ............................................................. 91 Figura 5.26 - Instalação individual de contadores [M3] .............................................................. 91 Figura 5.27 - Instalação de contadores ....................................................................................... 92 Figura 5.28 - Esquema de fluxómetro (adaptado de [17]) .......................................................... 94 Figura 5.29 - Sprinkler de termofusível [I2] ................................................................................. 97 Figura 5.30 - Sprinkler de ampola [I51] ....................................................................................... 97 Figura 5.31 - Boca-de-incêndio armada do tipo carretel [I43] ..................................................... 98 Figura 5.32 - Boca-de-incêndio armada do tipo teatro [I43] ....................................................... 98 Figura 5.33 - Boca-de-incêndio não-armada instalada à vista ................................................... 99 Figura 5.34 - Boca-de-incêndio exterior .................................................................................... 100 Figura 5.35 – Marcos de incêndio (a, b, c) ................................................................................ 100 Figura 5.36 - Boca de alimentação ........................................................................................... 101 Figura 5.37 - Dispositivo de interrupção automática da descarga do autoclismo [M1] ............ 102 Figura 5.38 - Autoclismo de dupla descarga ............................................................................. 102 Figura 5.39 - Sanita de incineração [M1] .................................................................................. 103 Figura 5.40 - Amplificador de velocidade de descarga [17] ...................................................... 103 Figura 5.41 - Placa de infravermelhos para urinol [I41] ............................................................ 104 Figura 5.42 - Misturadora de lava-loiça com controlador de caudal ......................................... 104 Figura 5.43 - Torneira de fecho automático de infravermelhos [I41] ........................................ 104 Figura 5.44 - Dispositivo arejador (a) e pulverizador (b) [I45] ................................................... 105 Figura 5.45 - Aparelho de controlo de caudal para mangueiras ............................................... 105 Figura 5.46 - Dimensionamento do sistema de bombagem ..................................................... 107 Figura 5.47 - Cota de aspiração e cota de compressão (adaptado de [16]) ............................ 108 Figura 5.48 - Factor de capacidade de aspiração, NPSH [16] ................................................. 109 Figura 5.49 - Reservatório hidropneumático sem membrana (adaptado de 10]) ..................... 112 Figura 6.1 - Confinamento de tubagens [I52] ............................................................................ 119 Figura 6.2 - Amarração de uma bobina de PEAD [I33] ............................................................ 119 Figura 6.3 - Armazenamento de tubagem com a utilização de cunhas [I59] ............................ 120 Figura 6.4 - Corrosão numa tubagem metálica [I54]................................................................. 123 Figura 7.1 - Sistema de aproveitamento das águas pluviais (adaptada de [8]) ........................ 130 XVIII Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Figura 7.2 - Sistema de aproveitamento das águas residuais (adaptada de [8]) ..................... 133 Figura 8.1 - Localização do edifício de uso misto (adaptado de [I63]) ..................................... 138 Figura 8.2 - Localização da caixa de derivação do T3 do piso 1 .............................................. 139 Figura 8.3 - Carretel e torneira de serviço instalados no piso subterrâneo .............................. 142 Figura 8.4 - Localização do armazém (adaptado de [I63]) ....................................................... 143 Figura 8.5 - Edifício misto e armazém....................................................................................... 143 Figura 8.6 - Canalização horizontal que posteriormente irá abastecer o carretel .................... 144 Figura 8.7 - Planta da Escola Secundária Josefa de Óbidos (Adaptado de [I63]) ................... 145 Figura 8.8 – Pormenor da tubagem de água fria da cozinha [M9] ............................................ 146 Figura 8.9 - Pormenor dos autoclismos de uma instalação sanitária [M9] ............................... 147 Figura 8.10 - Boca-de-incêndio do tipo carretel instalada na Escola Secundária Josefa de Óbidos ....................................................................................................................................... 147 XIX Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ XX Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Índice de Tabelas Quadro 3.1 - Vantagens, desvantagens e limites impostos pela EN 806 e pelo RGSPPDADAR [N12;N18] .................................................................................................................................... 14 Quadro 3.2 - Caudais instantâneos dos dispositivos da rede predial de abastecimento de água fria [N12; adaptado de N18] ........................................................................................................ 16 Quadro 3.3 - Simultaneidade de fluxómetros [N12] .................................................................... 20 Quadro 3.4 - Coeficiente de simultaneidade dos dispositivos da rede predial de abastecimento de água fria [3]............................................................................................................................. 21 Quadro 3.5 - Simultaneidade de fluxómetros [3] ......................................................................... 23 Quadro 3.6 - Peso dos dispositivos da rede predial de abastecimento de água fria [3]............. 24 Quadro 3.7 - Factor caracterizador da rugosidade do material [17] ........................................... 29 Quadro 3.8 - Coeficiente característico do aglomerado populacional [N12] .............................. 39 Quadro 4.1 - Parâmetros definidos no dimensionamento de sprinklers [N17] ........................... 55 Quadro 4.2 - Espaçamento entre sprinklers em função da utilização-tipo [19] .......................... 56 Quadro 4.3 - Espaçamento entre sprinklers em função da classe de risco [M5] ....................... 56 Quadro 4.4 - Dimensionamento dos ramais simples em instalações de risco ligeiro [M5]......... 57 Quadro 4.5 - Dimensionamento dos ramais simples em instalações de risco ordinário [M5] .... 57 Quadro 4.6 - Perdas de carga dos ramais principais em instalações de risco ordinário [M5] .... 58 Quadro 4.7 - Coeficiente de descarga dos sprinklers [19] .......................................................... 58 Quadro 4.8 - Coeficiente de descarga dos sprinklers em função do seu diâmetro [11] ............. 58 Quadro 5.1 - Materiais utilizados nas tubagens de sistemas de abastecimento de água e de combate a incêndio [6; 7; 9; 17; 20; 21; 22; 23; 25; 26; 27; 28] .................................................. 65 Quadro 5.2 - Tipos de torneira [N12; I41; I44] ............................................................................ 93 Quadro 5.3 - Função e localização das válvulas utilizadas nos sistemas de abastecimento de água [N12; I36; I44] ..................................................................................................................... 95 Quadro 5.4 - Temperatura de accionamento dos sprinklers [13] ................................................ 97 Quadro 5.5 - Altura equivalente da tensão do vapor do líquido [17]......................................... 109 Quadro 5.6 - Número de arranques por hora do grupo electrobomba [10] .............................. 113 Quadro 6.1 - Valores mínimos de pressão utilizados no ensaio de estanquidade (adaptado de [N12; 17]) ................................................................................................................................... 121 Quadro 6.2 - Patologias, causas e efeitos dos sistemas de abastecimento de água e de combate a incêndio (Adaptado de [15]) .................................................................................... 122 Quadro 6.3 - Defeitos nos elementos constituintes da rede e respectivas soluções (adaptado de [15]) ........................................................................................................................................... 124 Quadro 7.1 - Consumos médios domésticos diários em edifícios em Portugal [l/hab] [17]...... 134 Quadro 7.2 - Perdas por fugas em torneiras e autoclismos [M4] ............................................. 135 Quadro 8.1 - Valores iniciais e propostos do coeficiente de simultaneidade para o troço F1 do edifício misto [M8] ..................................................................................................................... 140 Quadro 8.2 - Valores iniciais e propostos dos diâmetros nominais para os troços F6.1 e F7.1 do edifício misto [M8] ..................................................................................................................... 141 XXI Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Quadro 8.3 - Dimensionamento da rede de abastecimento de água para combate a incêndio [M8] ............................................................................................................................................ 142 XXII Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ 1. Introdução 1.1. Enquadramento geral A água foi, desde sempre, um factor essencial no estabelecimento de vida em geral e do Homem em particular. A importância deste líquido fez com que ao longo de milénios fosse verificada uma evolução nas técnicas de transporte para consumo humano. Apesar desta evolução, verificada ao longo dos anos de existência da raça humana, foi numa história mais recente, principalmente no séc. XX, que se verificaram os grandes progressos nos sistemas de fornecimento de água, devido à necessidade de responder ao aumento demográfico verificado em todo o globo e ao surgimento de novos materiais, como por exemplo, os polímeros. Também ao nível do projecto se notou uma grande evolução, devido à descoberta de novas leis hidráulicas, que permitem optimizar as condições de abastecimento. Outro aspecto que tem vindo a ser cada vez mais tido em conta na sociedade prende-se com o conceito de qualidade. Esta exigência impulsionou igualmente a indústria das canalizações, através da publicação de normas e também da necessidade de encontrar materiais com as melhores características, que permitem aumentar a gama de escolhas dos projectistas. Este último ponto veio agitar o mercado, levando a uma busca constante pelo material com melhores características (qualidade, preço, entre outras) para as necessidades do projectista, o que traz grandes vantagens para o utilizador. O conceito de segurança, que tantas vezes aparece ligado à ideia de qualidade, assume também uma grande importância na construção civil. Para além das exigências arquitectónicas e estruturais, é tida especial atenção à possibilidade de ocorrência de incêndios. A água assume um papel importantíssimo nesta temática, na medida em que é um dos melhores agentes extintores. Neste sentido, os sistemas de combate a incêndio são essenciais em qualquer projecto de construção civil. Para além dos aspectos referidos nos parágrafos anteriores tem-se vindo igualmente a observar uma melhoria nas técnicas de instalação das tubagens. Têm surgido novas técnicas de execução dos projectos, como também de reabilitação de redes de abastecimento já existentes. A diminuição e a capacidade de resolução das patologias associadas a este tipo de redes são também pontos evolutivos que se têm verificado neste tipo de sistemas. Paralelamente às melhorias de eficácia, de qualidade, de segurança, entre outras que permitem a construção de um sistema de abastecimento mais completo, está a noção de responsabilidade civil. Neste sentido é importante, na execução deste tipo de projectos, ter em atenção as políticas de sustentabilidade que permitem, entre outras coisas, uma melhoria financeira, mas principalmente uma protecção ambiental. É importante, para além de se elaborarem projectos sustentáveis, mentalizar a população para esta temática, optimizando o consumo de água, por forma a acautelar a escassez de água que poderá surgir no futuro. É com base nestes pressupostos que têm vindo a ser criadas políticas de sustentabilidade, 1 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ assentes no lançamento de novas regras técnicas e também de projectos que visam mentalizar os consumidores para esta problemática. De acordo com os parágrafos anteriores serão estudadas as diferentes soluções adoptadas para a execução de sistemas de abastecimento de água fria para consumo e para combate a incêndio, bem como os materiais utilizados e a sua aplicação em obra. Será igualmente abordada a temática da sustentabilidade. 1.2. Objectivos e metodologia A presente dissertação tem como principal objectivo investigar os factores fundamentais a ter em conta na concepção dos sistemas de distribuição de água fria para consumo humano e também para combate a incêndio. Pretende-se analisar e expor as soluções possíveis para a construção das redes de abastecimento de água fria, bem como abordar e discutir as opções fornecidas pelos vários regulamentos vigentes, nacionais e internacionais. Este estudo tem por base uma recolha da informação disponível, patente nas referências bibliográficas, bem como uma análise de exemplos concretos de projectos de edifícios com usos variados. A presente dissertação tem ainda o objectivo consciencializar o leitor para o tema da sustentabilidade. Para tal são expostas as soluções existentes, recolhidas através de bibliografia variada, e um estudo que permite compreender a importância desta questão. 1.3. Organização do documento O presente documento está organizado em 7 capítulos informativos. É ainda composto por um capítulo introdutório e um capítulo onde são abordadas todas as conclusões retiradas da execução da dissertação. No Capítulo 2 é feita uma abordagem à situação actual do consumo de água. Para tal são analisadas as necessidades de consumo da população e também dos sistemas de combate a incêndio. É igualmente feita uma abordagem relativamente à qualidade dos sistemas prediais de abastecimento de água fria e também à documentação que legisla este tipo de sistemas. Por forma a informar o leitor, são também abordadas as empresas responsáveis pelo abastecimento de água das principais cidades do território nacional. O Capítulo 3 está organizado em 5 partes distintas, que analisam as redes de abastecimento de água fria para consumo humano. São mencionadas as opções legislativas e não legislativas de traçado das redes e de dimensionamento. Na secção que aborda o dimensionamento serão referidos os métodos que constam tanto na legislação nacional (RGSPPDADAR [N12]), como na europeia (EN 806-3 [N18]), permitindo assim fazer uma análise comparativa entre ambos. Neste capítulo é também abordado o dimensionamento de reservatórios, bem como o sistema público que serve de abastecimento da rede predial. 2 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ No Capítulo 4, para além de serem mencionadas as opções de traçado e de dimensionamento das redes de abastecimento de água para combate a incêndio, são também abordados os vários meios de combate a este tipo de sinistro. É feita uma análise tanto aos métodos automáticos (rede de sprinklers e cortinas de água), como aos manuais (coluna seca, coluna húmida e redes de incêndio armadas), permitindo assim perceber as diferenças existentes. À semelhança do que acontece no estudo das redes de abastecimento para consumo humano, é feita neste capítulo uma análise à ligação entre o sistema predial e o sistema público e também ao dimensionamento dos reservatórios utilizados na rede de incêndio. O Capítulo 5 aborda as temáticas dos materiais, dos dispositivos utilizados nas redes e também dos sistemas de bombagem. Relativamente aos materiais são analisadas tubagens metálicas (aço, aço inox, cobre e aço galvanizado), tubagens constituídas por polímeros (polietileno, polietileno reticulado, policloreto de vinilo simples e clorado e polipropileno) e tubagens com uma constituição mista (multicamada). É igualmente feita uma análise comparativa entre os diferentes tipos de tubagem, por forma a dar a conhecer ao leitor as várias opções existentes. Os referidos dispositivos são essenciais para completar as redes de abastecimento, quer sejam para consumo ou para combate a incêndio. São também tidos em conta os dispositivos sustentáveis. No que respeita aos sistemas de bombagem são abordados os vários tipos existentes, sendo referidas as situações em que devem ser instalados. O Capítulo 6 faz referência aos sistemas de abastecimento de água fria em obra. São abordados os temas da recepção do material e da execução e instalação dos componentes. É também analisada a reabilitação ou ampliação das redes já existentes, tema que tem vindo a merecer cada vez mais destaque no ramo da engenharia civil. Neste capítulo são também referidas as patologias mais comuns a este tipo de redes, bem como as soluções para as resolver. O Capítulo 7 baseia-se na sustentabilidade aplicada aos sistemas de abastecimento de água. Neste ponto da dissertação investiga-se o aproveitamento de águas pluviais e cinzentas, bem como algumas políticas para reduzir os gastos deste líquido. É igualmente feito um estudo que permite ao leitor perceber a diminuição de gastos que pode ser conseguida através da utilização deste tipo de políticas. No último capítulo de estudo, o Capítulo 8, são analisados três projectos diferentes de redes prediais de abastecimento de água fria. É feito um estudo de um edifício misto, de um armazém e também de um estabelecimento escolar, procurando analisar e discutir as opções tomadas em cada projecto. É igualmente feita uma análise comparativa entre as várias construções. O capítulo conclusivo inclui uma descrição das conclusões tiradas sobre a parte teórica da dissertação, como também dos casos de estudo efectuados. São igualmente assinalados os aspectos que ficaram por analisar, bem como alguns temas que poderão ser desenvolvidos no futuro. 3 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ 4 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ 2. A utilização de água 2.1. Introdução A água é o recurso mais essencial à vida de qualquer ser vivo. Todos os dias recorremos a esta substância para a realização de um grande número de tarefas. Á água é utilizada, entre outras coisas, para consumo humano, para a saúde básica e produção de alimentos ou para as mais variadas actividades económicas. A importância deste líquido, bem como a hipótese, cada vez mais evidente, de se esgotar, leva a que seja necessário ter-se em conta alguns cuidados no seu consumo. Assim sendo, apesar deste continuar a ter valores proibitivos, principalmente nos países mais desenvolvidos, são cada vez mais tidas em conta considerações que permitem a diminuição da utilização deste líquido. A extinção da água é um tema cada vez mais debatido, sendo que existem actualmente bastantes estudos para a criação de soluções que diminuam o seu consumo, quer seja através do aproveitamento da mesma, ou pela redução directa da sua utilização. Relativamente à água que é consumida nos edifícios há uma preocupação cada vez mais emergente de melhorar os hábitos de consumo, bem como de fazer o aproveitamento da água utilizada, como será estudado no capítulo 7. 2.2. Necessidades de consumo Nos edifícios destinados a uma ocupação humana é essencial definir determinados limites de consumo para que se possa proceder ao dimensionamento das redes de abastecimento de água e de combate a incêndio. Nos sistemas que utilizam a água como meio de combate, os consumos variam consoante a localização do edifício. Relativamente ao consumo de água nos edifícios existem alguns limites estabelecidos, que estão de acordo com as necessidades dos seus ocupantes. 2.2.1. Redes de abastecimento de água para consumo humano As redes de abastecimento de água são dimensionadas tendo em conta os consumos mínimos a assegurar no edifício em análise. Estes consumos dependem, para além do uso do edifício, das necessidades de consumo dos utilizadores, intrinsecamente ligadas à dimensão do agregado populacional. É, portanto, essencial estudar a população a servir para que possam ser satisfeitas as necessidades de consumo da mesma. O RGSPPDADAR [N12] refere que em edifícios de uso habitacional devem ser cumpridos os seguintes consumos mínimos: Populações até 1000 habitantes – 80 l/habitante/dia; Populações entre 1000 e 10000 habitantes – 100 l/habitante/dia; Populações entre 10000 e 20000 habitantes – 125 l/habitante/dia; Populações entre 20000 e 50000 habitantes – 150 l/habitante/dia; Populações com mais de 50000 habitantes – 175 l/habitante/dia. 5 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Pedroso (2007) [17] faz referência aos consumos mínimos relativos a edifícios de usos não habitacionais. São referidos os seguintes valores: Escolas – 10 l/aluno/dia; Escritórios – 15 l/pessoa/dia; Hotéis – 70 l/quarto/dia (quarto sem banheira) ou 230 l/quarto/dia (quarto com banheira); Hospitais – 300 a 400 l/cama/dia; Restaurantes – 20 a 45 l/pessoa/dia. 2.2.2. Redes de abastecimento de água para combate a incêndios As necessidades de consumo dos sistemas de combate a incêndio são definidas no RJSCIE [N5] consoante os sistemas de combate adoptados, como se poderá verificar ao longo do Capítulo 4. O RGSPPDADAR [N12] refere que os consumos verificados nos sistemas de abastecimento de água para combate a incêndio dependem do grau de risco associado à zona de instalação da construção. Assim sendo, a norma portuguesa define cinco graus de risco, aos quais estão associados caudais instantâneos: Grau 1 – zona urbana de risco mínimo de incêndio, devido à fraca implantação de edifícios, predominantemente do tipo familiar – Qinst = 15 l/s; Grau 2 – zona urbana de baixo grau de risco, constituída predominantemente por construções isoladas com um máximo de quatro pisos acima do solo – Qinst = 22.5 l/s; Grau 3 – zona urbana de moderado grau de risco, predominantemente constituída por construções com um máximo de dez pisos acima do solo, destinadas à habitação, eventual mente com algum comércio e pequena indústria – Qinst = 30 l/s; Grau 4 – zona urbana de considerável grau de risco, constituída por construções de mais de dez pisos, destinadas a habitação e serviços públicos, nomeadamente centros comerciais – Qinst = 45 l/s; Grau 5 – zona urbana de elevado grau de risco, caracterizada pela existência de construções antigas ou de ocupação essencialmente comercial e de actividade industrial que armazene, utilize ou produza materiais explosivos ou altamente inflamáveis – Qinst definido consoante o edifício a dimensionar. Apesar das considerações indicadas pelo RGSPPDADAR [N12] é mais usual o recurso ao RJSCIE [N5], devido a este estar mais de acordo com as exigências de cada sistema de incêndio. 6 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ 2.3. Qualidade A análise da qualidade de um sistema de abastecimento de água passa não só pelas propriedades do líquido, como também das tubagens que o transportam. Assim sendo, a exigência relacionada com estes aspecto, que cada vez mais vem aumentando, deverá passar principalmente pela análise das tubagens, já que a qualidade da água é controlada a montante do sistema de canalização. O aumento da exigência da qualidade obriga a que o mercado esteja em constante evolução, o que permite um grande desenvolvimento dos sistemas de tubagem. Tem-se, portanto, observado uma grande evolução nas soluções utilizadas para canalização, principalmente através do surgimento dos plásticos que apresentam características importantes na manutenção da qualidade de um sistema de abastecimento. Este tipo de tubagens permite reduzir problemas relacionados com a durabilidade e também com o conforto proporcionado (por exemplo o ruído). Para além da qualidade dos materiais, a qualidade da instalação, bem como a da manutenção, são pontos que acarretam uma análise mais aprofundada. Afonso (2007) [4] refere que 90% das anomalias detectadas na construção derivam de erros relacionados tanto com os sistemas de abastecimento de água, como também dos sistemas de drenagem. O mesmo autor refere ainda que apesar de os erros associados, estes sistemas constituem, aproximadamente, 5% do custo de construção. A baixa contribuição para o orçamento final faz com que haja alguma margem de manobra para se investir nestes sistemas, possibilitando assim reduzir os problemas que lhe estão associados. Para além do já referido acréscimo de qualidade dos materiais utilizados, mais medidas vêm sendo tomadas para melhorar as características dos sistemas de abastecimento. Tem-se verificado uma maior preocupação das empresas com estas situações, que advém principalmente das exigências de certificação que são feitas presentemente. Como exemplo deste acréscimo de preocupação relacionado com a qualidade, deve referir-se a criação da ANQIP [I1]. Esta entidade tem permitido, através dos seus trabalhos, um aumento do nível de qualidade em variadas construções. Para além dos pareceres sobre projectos, das auditorias de qualidade e eficiência e das certificações ao nível da conformidade e da qualidade, a ANQIP preocupa-se em difundir a temática da qualidade. É neste sentido que esta empresa divulga alguns estudos técnicos e científicos e elabora publicações e especificações técnicas, bastante importantes na execução de projectos de instalações prediais. É igualmente prática comum a realização de acções de formação e de divulgação relacionadas com o seu trabalho [I1]. 2.4. Legislação A execução dos sistemas de abastecimento de água para consumo humano é feita com base no Regulamento Geral dos Sistemas Públicos e Prediais de Distribuição de Água e de Drenagem de Águas Residuais (designado por RGSPPDADAR ao longo desta obra) [N12] e na Norma Europeia, a EN 806-3 [N18], enquanto que os sistemas de abastecimento de água para 7 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ combate a incêndios são baseados no Decreto-Lei nº 220/2008 de 12 de Novembro de 2008. Ambos os documentos são baseados em legislação europeia, que é adaptada para o território nacional. Relativamente à legislação relacionada com o abastecimento de água para consumo humano, o regulamento nacional refere no Artigo 2º que “As autarquias locais devem adaptar os seus regulamentos em conformidade com o regime constante do presente diploma (…)”. Este ponto do regulamento proporciona uma adaptação da legislação, o que faz com que cada município tenha as suas normas específicas. É neste sentido que para a realização dos sistemas prediais de distribuição da água se tem em consideração, conjuntamente com o regulamento geral, o regulamento municipal. Deve ainda referir-se que a construção de sistemas de abastecimento de água para combate a incêndio deve igualmente ser feita através de uma consideração conjunta entre o regulamento nacional e o municipal. O ajustamento verificado nos regulamentos municipais é perceptível quando são analisadas leis de concelhos diferentes. Esta análise permite verificar as diferentes características de cada município e as suas consequentes leis. No presente documento foram estudados os regulamentos de quatro concelhos de diferentes zonas do território nacional, nomeadamente das autarquias de Almada, Elvas, Caminha e Funchal [N13; N14; N15; N16]. Na análise comparativa entre o regulamento nacional e os regulamentos utilizados nos diferentes municípios é possível verificar que a maior diferença está relacionada com assuntos fiscais, nomeadamente as tarifas e pagamentos de serviços, bem como as penalidades e reclamações. Os regulamentos municipais identificam igualmente a entidade gestora do fornecimento de água, estipulando as suas responsabilidades. Os deveres e direitos dos utilizadores são igualmente estabelecidos nestes documentos. Relativamente a assuntos relacionados com a constituição dos sistemas, os regulamentos municipais, para além de fazerem algumas alusões às excepções que se deverão verificar no referido concelho, referem-se igualmente ao fornecimento de água, indicando as condições do abastecimento. 2.5. Abastecimento em Portugal A gestão do abastecimento de água em Portugal é feita a nível municipal. Uma análise do abastecimento que é feito nacionalmente permite verificar que o fornecimento de água é regulado por três tipos de entidades: câmaras municipais, empresas municipais e empresas privadas. Na presente obra foi analisado o abastecimento de água das capitais de distrito e também das cidades mais importantes das áreas da Grande Lisboa e do Grande Porto, como se poderá verificar no quadro do Anexo A1. 8 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ 3. Sistemas de abastecimento de água para consumo 3.1. Introdução Os sistemas prediais de distribuição de água fria são criados com o objectivo de garantir o abastecimento de água em perfeitas condições de segurança, assegurando tanto a saúde pública dos consumidores, como também o seu conforto. Na maioria dos casos actuais os edifícios são alimentados através de uma rede pública que transporta água potável. Existem, no entanto, situações em que o abastecimento predial se faz com recurso a poços. Nestes casos é necessário proceder de forma a garantir a potabilidade da água. Na execução deste tipo de projecto são tidos em conta factores essenciais, como a economia, as condições de aplicação e de utilização, as necessidades de traçado e também a constituição química de cada material, tendo sempre em conta a legislação que rege este tipo de sistemas. É com base na optimização dos referidos factores que são construídas as redes de abastecimento de águas. A execução das redes passa, essencialmente, por duas fases distintas. Inicialmente desenvolve-se o respectivo traçado, tendo em conta as leis que vigoram no espaço de implementação do projecto. Esta primeira etapa passa por encontrar uma optimização entre as escolhas dos projectos das restantes especialidades (esgotos, gás, entre outros) e as opções essenciais à execução de uma rede de abastecimento de água. É, por isso, de grande importância a existência de comunicação entre todos os projectistas da obra. A segunda fase da execução do sistema de distribuição de água abrange a elaboração de cálculos que, baseados na legislação e em determinadas normas, determinam as dimensões das canalizações constituintes da rede. Este dimensionamento é ainda restringido pelos caudais necessários para abastecer cada aparelho e ajustado tendo em conta as pressões que surgem em cada troço. Consoante o dimensionamento da tubagem pode ser necessário utilizar, quando as condições de pressão e caudal não permitem o correcto abastecimento de todos os dispositivos, elementos sobrepressores, que garantem os níveis de pressão exigidos. O recurso a reservatórios pode também ser equacionado, com o objectivo de melhorar as condições da rede de abastecimento de água. 3.2. Traçado da rede O traçado das redes de abastecimento de água fria para consumo é baseado nas imposições feitas pelo RGSPPDADAR [N12]. Para além de cumprir estas directrizes, o projectista procura utilizar outras regras, por forma a optimizar o rácio eficácia/custo. 9 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ É ainda de referir que os projectos devem utilizar uma simbologia universal, por forma a que a sua leitura seja feita de forma clara, reduzindo as hipóteses de erro. De forma a facilitar futuras intervenções, deve ainda ser garantido um cadastro de todo o projecto. 3.2.1. Legislação e normas Como foi referido no ponto anterior, a execução do traçado da rede de abastecimento de águas exige a consideração de determinadas condições, tanto de ordem regulamentar como económica ou até de concordância com os projectos das restantes especialidades. O cumprimento da legislação e das normas exigidas é essencial para a realização de um projecto, tornando mais credível a sua aplicação em obra. É com base nesses pressupostos que foram criados documentos que definem a legislação a aplicar. O RGSPPDADAR [N12], que utilizado como literatura principal, enumera normas que visam o traçado das redes, tendo em conta tanto a fase de projecto como também o período de manutenção, posterior à entrega da obra. Segundo o RGSPPDADAR [N12], existem alguns artigos que definem algumas regras gerais para se proceder ao traçado de uma rede predial de abastecimento de água: Artigo 82º; Artigo 83º; Artigo 84º; Artigo 85º; Artigo 87º; Artigo 89º; Artigo 95º; Artigo 96º. A consulta destes artigos pode ser feita no Anexo A23. O RGSPPDADAR [N12] faz igualmente referência ao cadastro dos sistemas. Segundo a legislação vigente é a entidade gestora (Secção 2.5) que deve manter em arquivo os cadastros dos sistemas prediais (Artigo 83º) e actualizá-los quando as obras ficam concluídas. Os artigos mencionados legislam o traçado de redes a nível nacional. No entanto, como foi referido no Capítulo 2, existem algumas diferenças entre as autarquias nacionais. 3.2.2. Opções de traçado Os artigos citados no ponto anterior revelam exigências regulamentares dos sistemas de distribuição. No entanto existem escolhas que se podem adoptar que, apesar de não estarem estabelecidas em normas, trazem facilidades à implementação das redes [17]: Em termos de representação adopta-se o traço contínuo para a representação das tubagens de água fria, de forma a fazer-se a distinção entre outro tipo de canalizações, nomeadamente a água quente (traço-ponto); 10 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ O traçado deverá ser sempre o mais curto possível, proporcionando uma melhoria na economia, como também uma redução de perdas de carga e de tempos de retenção da água; As partes comuns da rede deverão localizar-se numa zona acessível a todos os consumidores; A passagem das condutas deverá ser feita, preferencialmente, pelas paredes, evitando assim maiores gastos em termos de avaria, bem como conflitos com outras especialidades, como por exemplo os esgotos, cuja tubagem passa pelo chão. Existem, no entanto, alguns tipos de tubagem (por exemplo PEX) que, devido à sua flexibilidade, obrigam que o seu traçado se faça pelo pavimento. Nestes casos deverá ser tido o devido cuidado para evitar intersecções com outras especialidades; O traçado da rede em paredes comuns a vários fogos deverá exigir especial atenção na medida em que uma avaria pode danificar igualmente o fogo vizinho; Dentro de cada divisão de um fogo é importante que o curso da tubagem se faça a uma cota inferior, ascendendo para o abastecimento de cada dispositivo. Esta consideração evita que as canalizações percorram a altura toda da parede, podendo interferir com outro tipo de especialidades de construção, como por exemplo a electricidade; A colocação da tubagem nas instalações sanitárias exige um cuidado especial, uma vez que estas divisões contêm acessórios (por exemplo bacios de retrete) cuja fixação se pode fazer directamente à parede. A aplicação deste tipo de dispositivos obriga a realização de furações que podem danificar a canalização. De modo a evitar este tipo de dano é aconselhável que o traçado da tubagem não passe acima de uma determinada altura (entre os 20 cm e os 30 cm); As válvulas de seccionamento deverão ser instaladas à entrada dos ramais de distribuição, a montante dos purgadores de ar, nos ramais de introdução, a montante e a jusante dos contadores, nas entradas das diferentes instalações sanitárias do fogo, nos ramais de alimentação de autoclismos, equipamento de lavagem e fluxómetros, para que seja possível fazer-se o seccionamento de todas as partes da rede; Como referido no Ponto 3.2.1 existem algumas tubagens que não necessitam de elementos acessórios para proceder às mudanças de direcção. Nesse tipo de traçado deverá executar-se os troços a profundidades suficientes para que seja exequível a transição entre paredes, uma vez que os tubos têm valores curvaturas máximos, que dependem do tipo de material; Nas zonas de circulação viária tem de ser garantida uma profundidade mínima de instalação dos ramais de ligação de 0.8 m. Nas restantes áreas a profundidade mínima aceitável é de 0.5 m; Os estabelecimentos industriais e comerciais devem ter ramais de ligação independentes. 11 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ 3.2.3. Simbologia A necessidade de utilizar uma grande quantidade de informação em qualquer projecto da especialidade de construção, leva a que seja necessário recorrer à utilização de simbologia, evitando assim a existência de desenhos sobrecarregados de dados. É com base nesta simplificação da informação que foi estabelecida uma simbologia de referência. A generalização deste código uniformizado facilita a leitura de qualquer projectista, evitando assim conflitos relacionados com a interpretação dos dados fornecidos. No Anexo A2 consta um quadro que reproduz a simbologia referida no RGSPPDADAR [N12], adoptada em território nacional. A identificação dos dispositivos é também um ponto importante no traçado das redes de abastecimento de água. No Anexo A3 está presente a simbologia que é adoptada para a representação de cada elemento. 3.2.4. Peças desenhadas As peças desenhadas são, na execução de um qualquer projecto de construção civil, essenciais para uma correcta leitura do mesmo. É nesse sentido que é importante definir os desenhos que são necessários apresentar para que haja uma facilidade na interpretação do respectivo projecto. As peças desenhadas a incluir no projecto são seleccionadas tendo em conta as necessidades encontradas pelo projectista e as imposições feitas pelas entidades gestoras do abastecimento de água. Nesta selecção deve ter-se igualmente em conta o RGSPPDADAR [N12], que refere também quais os desenhos que obrigatoriamente terão de vir incluídos no projecto. A título de exemplo são apresentadas as regras definidas pela empresa responsável pelo abastecimento da cidade de Lisboa, a EPAL [M3]. Para além de referir os desenhos necessários à aprovação de um projecto de abastecimento predial de água, o regulamento da EPAL [M3], faz igualmente referência à ordem que estes devem ser apresentados: Índice contendo a planta de implantação; Planta de implantação (com uma escala de pelo menos 1/500) do edifício com alguns pormenores específicos, como os arranjos exteriores, os acessos ao edifício, entre outros. Deve ser indicado neste ponto a delimitação do sistema de rega, se este existir; Esquema detalhado representativo do abastecimento, contendo todos os elementos constituintes da rede, desde a rede pública até à entrada das diferentes fracções independentes. Neste esquema devem estar incluídas linhas horizontais a delimitar cada piso, canalização (materiais e diâmetros), órgãos e equipamentos utilizados em cada piso e os dispositivos comuns, como por exemplo os contadores; Plantas de todos os pisos com uma escala mínima de 1/100, onde estão representados todos os elementos constituintes da rede. De referir que a primeira planta deverá ser a do piso com menor cota; 12 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Pormenores (escala mínima de 1/50) de todas as situações que, por dificuldade de representação, não são facilmente visíveis em planta; Alçados principais e cortes de arquitectura a uma escala mínima de 1/200, que podem ser dispensados quando, na remodelação de uma qualquer fracção independente, não são efectuadas alterações ao projecto de arquitectura. 3.3. Dimensionamento da rede Numa etapa prévia à realização de qualquer tipo de cálculo terão de ser avaliados todos os dados fornecidos, nomeadamente a pressão disponibilizada pela rede, os caudais de cálculo, o material a utilizar e o traçado, onde estão patentes os comprimentos da tubagem e respectivos andamentos. É igualmente essencial definir parâmetros, como por exemplo os níveis de conforto aceitáveis, que implicam a consideração de limites de velocidade e de pressão em que o escoamento se processa. Na Figura 3.1 estão representadas as fases que compõem o dimensionamento de uma rede de abastecimento de água fria. Figura 3.1 - Dimensionamento da rede de abastecimento de água fria para consumo Posteriormente à análise das condições referidas no parágrafo anterior, deverá ser feita a determinação dos caudais de dimensionamento, que dependem da quantidade de água necessária para abastecer os diferentes dispositivos. Definido o caudal de cálculo, é possível estimar o diâmetro de tubagem mínimo necessário para se efectuar o escoamento. O cálculo das duas grandezas referidas neste parágrafo pode ser feito de várias formas. Na presente obra serão abordados os métodos propostos pelo RGSPPDADAR [N12] e também pela Norma Europeia, a EN 806-3 [N18]. Importa ainda referir que a metodologia proposta pela legislação nacional é mais rigorosa, enquanto que a forma de cálculo da Norma Europeia [N18] está mais centrada na rapidez de execução [1]. Assim sendo, para situações em que se exige um nível de conforto mais elevado é mais aconselhável o recurso ao RGSPPDADAR [N12]. A escolha da adopção do método para dimensionar as redes de abastecimento é da competência do projectista, devendo este optar pelo método que lhe pareça mais adequado. No Quadro 3.1 estão resumidas as vantagens e desvantagens dos dois métodos, bem como os diferentes limites impostos. Para além dos cálculos referidos no parágrafo anterior, o RGSPPDADAR [N12] reserva especial atenção às perdas de carga provocadas pelo escoamento, ao contrário do que acontece com a Norma Europeia [N18], que considera directamente na determinação dos 13 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ diâmetros, o valor das referidas perdas, apesar de definir limites para o comprimento da tubagem, como se verá ainda neste capítulo. Quadro 3.1 - Vantagens, desvantagens e limites impostos pela EN 806 e pelo RGSPPDADAR [N12;N18] Método Pressão RGSPPDADAR Maior rigor; Maior conforto. Soluções mais onerosas; Maior dificuldade de cálculo. 50 kPa - 600 kPa Norma Europeia Menor dificuldade de cálculo; Soluções mais económicas. Menor rigor; Menor conforto. 100 kPa - 500 kPa Velocidade 0,5 m/s - 2,0 m/s Máxima = 2,0 m/s (4,0 m/s) Vantagens Desvantagens Limites impostos 3.3.1. Legislação e normas À semelhança do que acontece no traçado da rede de distribuição de água, o dimensionamento deste tipo de sistemas é baseado na regulamentação vigente. A nível nacional é o RGSPPDADAR [N12] que serve de referência ao dimensionamento das redes. Existem ainda, como foi referido na Secção 3.2, regulamentos municipais que abrangem normas mais singulares de cada concelho. A nível europeu existe, como foi mencionado no ponto anterior, uma Norma Europeia [N18] que legisla todos os países que, como Portugal, constam do CEN, a EN 806-3. Segundo Afonso (2007) [1] a EN 806 deveria ter sido adoptada como Norma Portuguesa (NP) até Outubro de 2006, de forma a evitar conflitos com o RGSPPDADAR [N12], criando uma uniformidade nos projectos elaborados em território nacional. O mesmo autor refere ainda que a passagem da Norma Europeia para Norma Portuguesa ainda não tem data definida. A referência à legislação, associada ao dimensionamento da rede de abastecimento de água fria, será feita nos pontos seguintes do documento à medida que for pertinente. 3.3.2. Método proposto pelo Regulamento Nacional O dimensionamento dos sistemas de tubagens com base no RGSPPDADAR [N12] pode ser dividido em quatro fases (caudais de dimensionamento, diâmetro da tubagem, perdas de carga e verificação das pressões), como se observa no esquema da Figura 3.2. Como exemplo destas fases pode ser observado o Quadro A20.1 do Anexo A20, que mostra o dimensionamento da rede de abastecimento de água de um edifício multifamiliar. Este quadro poderá servir de acompanhamento ao longo do estudo do dimensionamento destes sistemas, devendo ser analisado, por forma a permitir ao leitor uma maior facilidade de compreensão deste ponto. 14 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Figura 3.2 - Determinação do diâmetro da tubagem Depois de contabilizadas todas as perdas de carga, é possível fazer a análise das pressões máximas e mínimas de uma rede. Este tipo de análise deverá incidir sobre um “caminho crítico”, ou seja, na verificação das pressões de cada fogo deverá ser tido em conta o caminho percorrido pela água que provoca uma maior ou menor perda de carga, consoante se pretenda analisar os valores mínimos e máximos de pressão, respectivamente. Verificado esse “caminho”, todos os outros cumprirão as exigências correspondentes. O estudo das verificações de pressão leva a três resultados possíveis. No caso de os valores de pressão estarem dentro dos inicialmente estipulados, o dimensionamento da rede poderá ser terminado sem se proceder a qualquer ajuste. Quando, pelo contrário, esses valores não se situam nos limites convencionados, deverá o projectista fazer um ajuste nos diâmetros da rede, aumentando ou diminuindo o seu diâmetro consoante se queira diminuir ou aumentar a pressão na canalização. A escolha do diâmetro da tubagem é, portanto, um processo iterativo, como está representado na Figura 3.2. 3.3.2.1. Cálculo dos caudais de dimensionamento O estudo dos caudais de cálculo deve centrar-se, principalmente, numa análise dos dispositivos que terão de ser abastecidos. Para se proceder à determinação dos caudais tem de se ter em conta os dados fornecidos relativamente ao número e tipo de dispositivos a abastecer, de forma a, consoante os caudais que cada aparelho necessita (caudais instantâneos), encontrar a necessidade que está adjacente a toda a rede (caudal acumulado). O RGSPPDADAR [N12] faz referência, no artigo 90º - Anexo IV, aos valores mínimos dos caudais instantâneos a considerar nos dispositivos, que, conjuntamente com os valores da Norma Europeia [N18] podem ser consultados no Quadro 3.2. No método proposto pelo RGSPPDADAR [N12] a consideração desta simultaneidade é feita com recurso ao conceito de coeficiente de simultaneidade, que será apresentado posteriormente. 15 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Quadro 3.2 - Caudais instantâneos dos dispositivos da rede predial de abastecimento de água fria [N12; adaptado de N18] Caudais de Caudais dimensionamento [l/s] mínimos [l/s] RGSPPDADAR EN 806-3 0.10 0.10 0.10 0.05 Não definido Não definido 0.10 0.10 0.10 0.25 0.40 0.30 0.15 0.20 0.15 Não definido 0.80 0.80 0.15 0.20 0.15 0.10 0.10 0.10 0.15 Não definido Não definido 0.20 0.20 0.15 Não definido 0.80 0.80 0.10 Não definido Não definido 0.15 0.20 0.15 0.20 0.20 0.15 1.50 1.50 1.00 0.50 0.30 0.15 0.30 0.50 0.40 0.45 Dispositivo Lavatório individual Lavatório colectivo (por bica) Bidé Banheira Chuveiro Individual Banho não doméstico Pia de despejo Autoclismo de bacia de retrete Mictório com torneira individual Pia lava-louça Pia lava-louça não doméstica (DN20) Bebedouro Máquina de lavar a louça Máquina ou tanque de lavar a roupa Bacia de retrete com fluxómetro Mictório com fluxómetro Boca de rega ou lavagem de Ø15mm Boca de rega ou lavagem de Ø20mm Máquinas industriais e outros aparelhos não especificados A definir pelo fabricante Como se pode observar no Quadro 3.2, os valores propostos pelos dois métodos são diferentes em alguns dispositivos. Estas dissemelhanças advêm da diferente forma de ponderar a simultaneidade de funcionamento dos dispositivos e também do facto de a Norma Europeia [N18] ter sido elaborada mais recentemente, com base em dispositivos mais actuais, com exigências diferentes dos considerados para a elaboração do regulamento nacional. No método proposto pelo RGSPPDADAR [N12] a consideração da simultaneidade de funcionamento dos dispositivos exige a determinação de uma nova grandeza, o coeficiente de simultaneidade que, segundo o Artigo 91º do mesmo regulamento, se define seguidamente: Coeficiente de simultaneidade – relação entre o caudal simultâneo máximo previsível (caudal de cálculo) e o caudal acumulado de todos os dispositivos de utilização alimentados através de uma dada secção. Considerando a definição de coeficiente de simultaneidade, o cálculo do caudal de dimensionamento, pelo RGSPPDADAR [N12], pode ser dado pela Expressão (3.1). Qd C s Qa (3.1) Quanto ao cálculo do coeficiente de simultaneidade, este pode ser executado através de várias abordagens. São conhecidos, para esta estimação, quatro tipos distintos de métodos: probabilísticos, gráficos, empíricos e também métodos que recorrem ao conceito de “peso”. Existem ainda algumas metodologias que consideram uma análise mista dos problemas, 16 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ utilizando, simultaneamente, as ponderações feitas em mais do que um método. Seguidamente serão abordados alguns métodos, reservando-se especial atenção para o método referenciado no RGSPPDADAR [N12] – Método de Delebecque para a curva de conforto normal – que utiliza uma abordagem gráfica para a consideração das referidas grandezas. A escolha do método a adoptar é baseada no tipo de edifício em estudo. Assim sendo, importa inicialmente definir quais as condições de utilização que se pretende para se poder dimensionar a rede. Os quatro métodos que serão referenciados neste capítulo são os mais utilizados, uma vez que são de aplicação simples, apresentando resultados aceitáveis. Ainda assim existem algumas diferenças entre estes, nomeadamente no rigor que apresentam. Relativamente à consideração da simultaneidade dos fluxómetros, que faz variar o coeficiente de simultaneidade, o método preconizado pelo RGSPPDADAR [N12] apresenta um maior grau de exigência em comparação com os restantes, sendo, portanto, o mais rigoroso relativamente a este aspecto. Como se poderá verificar na análise às quatro metodologias, o método de Delebecque (para a curva de conforto normal) apresenta valores do caudal de dimensionamento superiores aos restantes, imputando por isso, soluções mais onerosas, mas simultaneamente mais eficazes em termos de conforto. Método de Delebecque: O método de Delebecque consiste numa análise gráfica que permite a transformação de caudais acumulados em caudais de dimensionamento. A análise de Delebecque centra-se na consideração de três níveis distintos de conforto na rede. Assim sendo, o estudo gráfico recai sobre a consideração de três estados diferentes, conforto mínimo, conforto normal e conforto máximo. A relação entre o caudal acumulado e o caudal de dimensionamento pode ser traduzida, dependendo do conforto pretendido, pelas curvas representadas nas Figuras 3.3, 3.4 e 3.5. Estas curvas variam consoante os valores de caudal de dimensionamento considerados. 17 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Figura 3.3 - Relação entre o caudal acumulado e o caudal de dimensionamento (caudais elevados) [3;17] 18 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Figura 3.4 - Relação entre o caudal acumulado e o caudal de dimensionamento (caudais médios) [3;17] Figura 3.5 - Relação entre o caudal acumulado e o caudal de dimensionamento (caudais reduzidos) [3;17] 19 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ O RGSPPDADAR [N12] utiliza a curva normal como curva de referência para a determinação dos caudais de dimensionamento. A utilização desta curva restringe-se ao dimensionamento de redes de abastecimento de águas de habitações correntes sem fluxómetros. Como se pode verificar nas Figuras 3.3, 3.4 e 3.5, a leitura da curva normal, através da representação gráfica, não apresenta um grande rigor, pelo que é necessário definir uma equação que permita obter os caudais de dimensionamento. O criador do método não disponibilizou quaisquer informações sobre as equações utilizadas, pelo que foi necessário, ao longo dos anos, proceder-se a um ajuste da curva para que se obtivessem soluções de maior rigor. Foi possível determinar equações que, com uma percentagem de certeza superior a 99%, permitem obter directamente o valor dos caudais. Assim sendo, para edifícios correntes, podem ser utilizadas as condições definidas pela Expressão (3.2) – curva de conforto normal para a estimativa do caudal de dimensionamento. 0.5137 , Qa 3.5 0.5364 , 3.5 0.7587 , Q Qd 0.5469 Qa Qd 0.5226 Qa Qd 0.2525 Qa a Qa 25 (3.2) 25 Afonso (2001) [3] refere que para caudais acumulados iguais ou inferiores a 0.6 l/s deve ser feita uma análise caso a caso, adoptando-se, geralmente, o caudal acumulado dos dois dispositivos de maior caudal instantâneo presentes no compartimento em estudo. A presença de fluxómetros na rede exige uma alteração no método de cálculo. A consideração destes elementos é feita, segundo o regulamento, adicionando ao caudal de dimensionamento o caudal de cálculo respeitante ao número de fluxómetros considerados. A probabilidade de estes elementos funcionarem todos no mesmo período é reduzida, pelo que se deverá considerar um determinado número de fluxómetros em utilização simultânea. O RGSPPDADAR [N12] faz referência à simultaneidade da utilização dos fluxómetros, como se pode verificar no Quadro 3.3. Quadro 3.3 - Simultaneidade de fluxómetros [N12] Fluxómetros Instalados 3 a 10 11 a 20 21 a 50 Mais de 50 Fluxómetros em Utilização simultânea 2 3 4 5 Outros autores, como Delebecque, Gallizio e Rodriguez-Avial, à semelhança do CTSB – Centre Scientifique et Technique du Bâtiment (referência do LNEC), referem também valores de simultaneidade dos fluxómetros diferentes dos considerados na legislação nacional. Uma análise das propostas dos diferentes autores permite verificar que o nível de rigor do regulamento nacional apenas é superado pela proposta de Delebecque, propondo os restantes autores valores menos exigentes [3]. 20 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ A título de exemplo de cálculo pode considerar-se uma instalação sanitária constituída por 5 bacias de retrete com fluxómetro. Como se pode verificar no Quadro 3.2, o caudal instantâneo correspondente a este dispositivo é de 1.5 l/s. Assim sendo, através da análise do Quadro 3.3, verifica-se que o caudal devido à presença de fluxómetros, a acrescentar ao caudal de dimensionamento deste compartimento, será de 2x1.5=3.0 l/s. O cálculo do caudal de dimensionamento de redes de edifícios de outro tipo, como por exemplo escritórios, hotéis ou de outro género de serviços, poderá ser feito de forma idêntica ao descrito para habitações correntes, desde que se considere um factor multiplicativo de 1.25 [3]. Apesar da consideração referida no parágrafo anterior, Afonso (2001) [3] refere que existem casos especiais, como hospitais, em que a determinação dos caudais deve ser feita, devido ao maior rigor exigido, através da curva de conforto máximo sugerida por Delebecque. Nestes casos, o cálculo do caudal de dimensionamento é directamente calculado pela Expressão (3.3). 0.585 Qd 0.605 Q a , 0 .6 Q a 35 Qd 0.078 Q a 2.4 , Qa 35 (3.3) Método CTSB: O método CTSB, referido pelo LNEC [3], baseia-se numa análise gráfica para determinar os caudais de dimensionamento a utilizar na rede que se pretende dimensionar. Este método faz a distinção entre as instalações individuais e as colectivas, reservando procedimentos diferentes para os dois tipos de instalação. Para as instalações individuais o método fornece os valores dos diâmetros mínimos a adoptar na rede, enquanto que para instalações colectivas o método CTSB permite obter os coeficientes de simultaneidade que devem afectar os caudais acumulados. A consideração de instalações colectivas é feita quando se dimensiona em simultâneo um conjunto de tubagens, ou então quando o coeficiente total, determinado através dos valores do Quadro 3.4, de uma instalação individual é superior a 15. Quadro 3.4 - Coeficiente de simultaneidade dos dispositivos da rede predial de abastecimento de água fria [3] Dispositivo Autoclismo de bacia de retrete Lava-mãos Mictório Bidé Bacia de retrete de uso público Máquina de lavar a roupa Máquina de lavar a louça Lavatório Chuveiro Boca de rega Boca de lavagem Pia lava-louça Banheira com capacidade inferior a 150 l Banheira com capacidade superior a 150 l 21 Coeficiente 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.0 + 0.1 por cada 10 l suplementares Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ A determinação, através deste método, dos caudais de dimensionamento em instalações individuais é feita, como já foi referido, tendo em conta os diâmetros mínimos a adoptar. A estimação destes diâmetros depende da curva característica do gráfico da Figura 3.6, bem como do coeficiente total correspondente aos dispositivos dimensionados. Figura 3.6 - Diâmetros interiores mínimos em função do coeficiente total [17] O coeficiente total é determinado pela soma dos coeficientes de cada dispositivo, que são apresentados no Quadro 3.4. A determinação dos caudais de dimensionamento de instalações colectivas pelo método do Centre Scientifique et Techmique du Bâtiment é igualmente feita com recurso à Expressão (3.1). Figura 3.7 - Coeficiente de simultaneidade [17] A estimativa do coeficiente de simultaneidade é feita através de uma análise gráfica, como se ilustra na Figura 3.7. A curva característica do coeficiente de simultaneidade pode ser traduzida na Expressão (3.4) que depende do número de dispositivos instalados. Afonso (2001) [3] refere 22 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ esta expressão é válida apenas para valores de nd superiores a 5, sendo inclusivamente válida para mais de 150 dispositivos. Afonso (2001) [3] refere igualmente que muitos autores limitam o coeficiente de simultaneidade a um mínimo de 0.2. Cs 0.8 nd 1 (3.4) Deverá ter-se igualmente em conta que, no caso de instalações que comportem fluxómetros, a determinação do caudal de dimensionamento deverá considerar os caudais instantâneos correspondentes a estes dispositivos. Segundo Afonso (2001) [3], no método CTSB deverá ser considerada, consoante os fluxómetros instalados, a simultaneidade de funcionamento dos fluxómetros que está presente no Quadro 3.5. Quadro 3.5 - Simultaneidade de fluxómetros [3] Fluxómetros instalados Até 3 4 a 12 13 a 24 25 a 50 Mais de 50 Fluxómetros em funcionamento simultâneo 1 2 3 4 5 A consideração de fluxómetros é feita adicionando ao caudal de dimensionamento o caudal de cálculo respeitante ao número de fluxómetros constituintes da rede, à semelhança do que acontece no método do regulamento nacional. Relativamente a edifícios de usos que não sejam o de habitação devem ser feitas as seguintes considerações [3]: Em hotéis o coeficiente de simultaneidade deve ser aumentado em 25%; Em escolas, internatos, estádios, ginásios e quartéis deve ser considerado o funcionamento simultâneo de todos os dispositivos; Em edifícios com dispositivos dotados de aparelhos de abertura temporizada, como por exemplo regas automáticas, deverá fazer-se um estudo individualizado; Em escritórios, hospitais, lares de terceira idade e edifícios públicos a determinação do coeficiente de simultaneidade deve ser idêntica à que é feita para edifícios habitacionais. Método da Norma Brasileira: O método da Norma Brasileira, ou método dos pesos, utiliza o conceito de pesos para que o dimensionamento de uma rede tenha em conta a contribuição dos diferentes dispositivos. Este método consiste na atribuição de diferentes pesos aos dispositivos utilizados na rede, consoante estes necessitem de um maior ou menor caudal de abastecimento. A determinação dos pesos de cada dispositivo é feita a partir de um peso unitário que é atribuído a torneiras de diâmetro de 3/8. O valor do caudal deste dispositivo varia consoante o 23 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ método adoptado estando, no entanto, situado entre os 0.20 l/s e os 0.30 l/s. De acordo com a Norma Brasileira o valor a considerar é de 0.30 l/s [3]. Conhecido o caudal característico da referida torneira pode-se, com recurso à Equação (3.5), determinar o peso correspondente a cada dispositivo (i). xi Qi Q3 / 8 2 (3.5) No Quadro 3.6 estão expostos os valores dos pesos dos diferentes dispositivos constituintes de uma rede. Quadro 3.6 - Peso dos dispositivos da rede predial de abastecimento de água fria [3] Dispositivo Bacia de retrete com autoclismo Bacia de retrete com fluxómetro Banheira Bebedouro Bidé Chuveiro Lavatório Máquina de lavar a louça Máquina de lavar a roupa Mictório com fluxómetro Pia de despejo Pia de cozinha Tanque de lavar Peso 0.5 40.0 1.0 0.1 0.5 0.5 0.5 1.0 1.0 10.0 1.0 0.7 1.0 O método da Norma Brasileira, pode ser representado pela Expressão (3.6), que permite calcular o caudal de dimensionamento associado a uma rede com i dispositivos. Qd Q3 / 8 (3.6) x i ndi Como já foi referido, existem algumas redes, como por exemplo as que têm fluxómetros, que têm alguns consumos permanentes (Qp), que não devem ser afectados de um coeficiente de simultaneidade. Nestes casos o caudal de dimensionamento deve ser determinado com recurso à Equação (3.7). A determinação do caudal permanente pode ser feita através dos métodos referidos no Ponto 3.3.2.1 que consideram a simultaneidade dos fluxómetros. Como a obra em estudo se baseia na legislação portuguesa, é sugerido que esta determinação se faça consoante os parâmetros definidos no RGSPPDADAR [N12], através da curva normal. Qd Q3 / 8 x i nd i 24 Qp (3.7) Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Método do Coeficiente de Simultaneidade Modificado: O método do coeficiente de simultaneidade modificado, que é o método de referência da EPAL, sendo igualmente válido para outras zonas do país, apresenta alguns aspectos idênticos aos já referidos métodos da Norma Brasileira e também do Centre Scientifique et Techmique du Bâtiment. Este método é, segundo [M3], bastante utilizado devido à sua simplicidade, uma vez que a determinação da simultaneidade do funcionamento dos vários dispositivos é baseada no número total de aparelhos a abastecer. A Expressão (3.8) permite calcular o coeficiente de simultaneidade. 1 Cs (3.8) nd 1 Importa referir que o coeficiente de simultaneidade terá de ser superior a 0.20 e que a Fórmula (3.8) só é válida para nd>2. É igualmente de salientar que o Método do Coeficiente de Simultaneidade, dado pela Expressão (3.8), tem em consideração que todos os dispositivos necessitam do mesmo caudal para ser alimentados. O Método do Coeficiente de Simultaneidade Modificado tem em conta, através da Equação (3.9), as diferentes necessidades de abastecimento de cada aparelho [M3]. nd ,mod Máx ndi Qref ; nd Qi (3.9) A Expressão (3.9) refere uma nova grandeza, o caudal de referência, que representa o caudal instantâneo mínimo entre os dispositivos a abastecer. A consideração deste caudal mínimo permite baixar o valor de nMod, resultando num coeficiente de simultaneidade de valor mais elevado, o que permite que o cálculo se faça pelo lado da segurança. Definido o coeficiente de simultaneidade pode-se, através da Fórmula (3.10), determinar o caudal de dimensionamento. Qd Qa 1 n d ,mod 1 0.20 Q a (3.10) À semelhança do que acontece com os métodos já referidos, o cálculo do caudal de dimensionamento deverá ser alvo de uma abordagem diferente quando a rede em questão é constituída por fluxómetros. Neste caso deverá ser considerado um caudal permanente que somado ao caudal determinado através da Equação (3.10), permite determinar o caudal de dimensionamento da rede. Neste caso a simultaneidade dos fluxómetros deverá ser considerada de forma análoga à já exposta para o Método da Norma Brasileira. 3.3.2.2. Estimativa do diâmetro mínimo da tubagem A determinação do diâmetro mínimo da tubagem pode ser feita com o recurso a diferentes métodos de cálculo, recorrendo a estimativas directas, ou através de uma análise gráfica. 25 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Cálculo analítico: O cálculo analítico do diâmetro mínimo pode ser feito com o recurso à Equação da Continuidade, que depende do caudal de cálculo, ou de dimensionamento, e da velocidade do escoamento e que é dada pela Equação (3.11). D 4 Qd v (3.11) Importa referir que o diâmetro considerado deverá ser o diâmetro comercial (valores apresentados no Capítulo 5) de valor imediatamente acima ao diâmetro mínimo estimado. Em relação aos valores da velocidade de escoamento o RGSPPDADAR [N12] refere que estes devem estar contidos num intervalo entre os 0.5 m/s e os 2.0 m/s. A determinação do diâmetro através da Equação (3.11) exige a fixação de um valor de velocidade (método das velocidades) que está relacionado com os níveis de conforto pretendidos (melhor relação entre o ruído e a pressão presente nos dispositivos) e com a manutenção da qualidade da tubagem (corrosão e desgaste). O ruído provocado pelo escoamento de água pode ter variadas origens. Pode destacar-se o fenómeno de golpe de aríete, as variações no desenvolvimento das tubagens (singularidades, mudanças de direcção, entre outros) ou simplesmente o escoamento ao longo do comprimento da tubagem. Relativamente ao escoamento do líquido, este pode ser feito em regime laminar ou em regime turbulento, o que determina se o escoamento é ou não ruidoso. Pedroso (2007) [17] refere que apenas o segundo tipo de regime produz ruído, sendo que o regime laminar se processa de forma silenciosa. A determinação do tipo de regime pode ser feita com recurso ao número de Reynolds (Quintela (2005) [24]), cujo valor serve para fazer o limite entre um e outro tipo de escoamento. Cálculo gráfico: O dimensionamento de tubagens da rede de abastecimento de água pode ser feito, conforme [17], com o recurso à análise de um ábaco, ou de um quadro com valores previamente estabelecidos. A análise destas duas ferramentas permite, para além do estabelecimento do diâmetro a utilizar, a determinação das perdas de carga associadas, questão que será abordada na Secção 3.3.5. No Anexo A4, estão, a título de exemplo, representados o ábaco e o quadro utilizados para dimensionar uma rede de tubagens em aço ou em aço galvanizado. 3.3.2.3. Verificação das pressões Como foi referido no início da Secção 3.3, no dimensionamento da tubagem de um sistema de abastecimento de água pelo método proposto no RGSPPDADAR [N12], não é suficiente encontrar o diâmetro que respeita o caudal e a velocidade do escoamento. Para que o dimensionamento de uma rede esteja completo é essencial verificar as condições de pressão, 26 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ de forma a que seja garantido tanto a integridade do material, como também os níveis de conforto desejados. Neste sentido é fundamental definir o procedimento de cálculo utilizado para a estimativa das variações de pressão (força aplicada por unidade de área). Segundo Quintela (2005) [24] a verificação das condições de pressão é feita com recurso ao Teorema de Bernoulli. Teorema de Bernoulli – “Para líquidos perfeitos e movimentos permanentes a energia mecânica total por unidade de peso líquido é constante ao longo de cada trajectória”. Assim sendo a Expressão do Teorema de Bernoulli é dada por: p v2 z 2 g s 0 (3.12) A Expressão (3.12) é referente, como enuncia o teorema, a líquidos perfeitos. No entanto o dimensionamento dos sistemas de abastecimento faz-se considerando um escoamento com líquido real. Segundo Quintela (2005) [24], no caso de líquidos reais, existe uma diminuição de carga ao longo de uma trajectória, no sentido do movimento, devido ao trabalho das forças resistentes. Esta diminuição de carga é designada por perda de carga e será abordada mais à frente. Resulta então a Expressão do Teorema de Bernolli (3.13) para líquidos reais: p z s v2 J 2 g (3.13) A perda de carga contínua, J, representa a diminuição de carga total por unidade de percurso. A Expressão (3.12) também pode ser escrita tendo em conta a energia mecânica total por unidade de peso de líquido (H) que é designada por carga total, ou altura manométrica. Assim sendo a Fórmula de Bernoulli pode ser dada por: p H z v 2 (3.14) 2 g Considerando conjuntamente (3.13) e (3.14) e tendo em conta a constância da energia mecânica abordada no Teorema de Bernoulli, tem-se: p1 2 z1 v1 2 g Ht p2 z2 v2 2 2 g (3.15) A Fórmula (3.15) permite fazer a comparação entre dois pontos, 1) e 2), da trajectória tendo em conta a perda de carga total. No dimensionamento dos sistemas de abastecimento de água é usual recorrer-se ao conceito de altura piezométrica, P (conforme Quintela (2005) [24], caracteriza a energia de pressão da unidade de peso de líquido submetido a uma pressão p), que é representada pelo termo 27 da Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Expressão de Bernoulli. Assim sendo, a Expressão (3.15) pode ser reescrita na Equação (3.16), tendo em conta o referido conceito. 2 P1 z1 v1 2 g Ht P 2 z2 v2 2 2 g (3.16) Na Equação (3.16) a parcela da energia cinética pode ser desprezável, uma vez que assume valores bastante reduzidos quando comparados com as restantes parcelas. Assim sendo, é possível, através da aplicação da Equação (3.16) e considerando que as variações de cota são contabilizadas na parcela das perdas de carga (como se verá na Secção 3.3.5), determinar a pressão presente neste mesmo ponto, através da Equação (3.17). P 2 P1 Ht (3.17) O RGSPPDADAR [N12] refere, no Artigo 87º, que as pressões de serviço devem, em todos os dispositivos, estar entre os 50 kPa (5 m.c.a.) e os 600 kPa (60 m.c.a.). O mesmo regulamento faz referência aos valores limite de pressão de conforto, devendo esta situar-se entre os 150 kPa (15 m.c.a.) e os 300 kPa (30 m.c.a.). Contudo o dimensionamento poderá ser feito para níveis de pressão mais ou menos exigentes, consoante o que for estabelecido na parte inicial do projecto. 3.3.2.4. Determinação das perdas de carga Como foi referido no Ponto 3.3.4, o escoamento de líquidos reais conduz à ocorrência de perdas de carga, que podem ser provocadas pelas características da tubagem, ou através das variações de cota ao longo do escoamento. Perdas de carga associadas às características da tubagem: A análise deste ponto pode fazer-se tendo em conta dois tipos distintos de perda de carga, as perdas de carga contínuas e as localizadas. Perdas de carga contínuas: As perdas de carga intrínsecas a uma rede estão directamente relacionadas com os caudais de cálculo e com o tipo de material e dimensões das tubagens. Foi com base nestes pressupostos que foram propostas várias fórmulas para calcular estas grandezas, destacando-se as expressões de Darcy-Weisbach, de Hazen-Williams, de Chézy, de Colebrook-White, de Gauckler-Manning-Strickler, de Scimeni e de Flamant. Apesar de maior rigor, a Fórmula de Colebrook-White, devido à sua maior dificuldade de aplicação, é mais utilizada para fins físicos, sendo menos aplicável no dimensionamento de condutas. Quanta às leis definidas por DarcyWeisbach, Hazen-Williams, Gauckler-Manning-Strickler, e Chézy, estas são mais utilizadas no dimensionamento de condutas para abastecimento público. Para o abastecimento predial são, normalmente, aplicadas as expressões de Scimeni (Expressão 3.18) e de Flamant (Expressão 3.19), que se transcrevem a seguir [17; 24]. 28 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Qd Cm D J (3.18) A Expressão (3.18) depende do coeficiente Cm, que é característico do material da tubagem, variando consoante o elemento utilizado nas canalizações. D J 4 4 b v7 D (3.19) À semelhança do que acontece com a Expressão de Scimemi, a Fórmula de Flamant também depende do material utilizado nas tubagens. A distinção entre os vários tipos de canalizações é feita através do factor caracterizador da rugosidade do material. O Quadro 3.7 indica o valor do factor b dos materiais mais correntemente utilizados. Quadro 3.7 - Factor caracterizador da rugosidade do material [17] Material b Materiais plásticos 0.000134 Cobre ou aço inox 0.000152 Aço 0.00023 Perdas de carga localizadas: As perdas de carga localizadas, ou singulares são causadas pela passagem do escoamento por singularidades, como por exemplo mudanças de direcção, derivações ou a presença de dispositivos (válvulas, contadores, entre outros). Segundo Quintela (2005) [24], através da geometria da singularidade e das condições do escoamento, ambos definidos pelo coeficiente Cg, podem ser calculadas as perdas de carga singulares, com o recurso à Expressão (3.20). H Cg v 2 2 g (3.20) Apesar de fisicamente ser possível calcular as perdas de carga localizadas fazem-se, no âmbito do dimensionamento de tubagens para o abastecimento de água, algumas considerações que facilitam o cálculo deste decréscimo de carga. Previamente à análise das referidas considerações feitas, é importante definir uma grandeza essencial no cálculo das perdas de carga singulares, o comprimento equivalente. Comprimento Equivalente (Leq) - comprimento aparente que tem em conta uma qualquer singularidade, transformando a perda de carga total da canalização numa perda de carga distribuída por toda a tubagem e que tem em conta a perda de carga associada à referida singularidade. Consoante o material, pode considerar-se, segundo Pedroso (2007) [17], que as perdas de carga singulares provocam um acréscimo de perda, à volta dos 20%, ao valor das perdas contínuas (a EPAL [M3] faz referência a um acréscimo entre os 15% e os 25%). Na consideração desta percentagem deverá ter-se em linha de conta o material constituinte das 29 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ canalizações a dimensionar. É de assinalar que o valor desta percentagem deverá ser tanto maior quanto menos rugoso for o material. Isto acontece porque um material mais liso tem uma parcela de perda de carga contínua inferior, como foi visto anteriormente, o que exige um comprimento maior, relativamente a um material mais rugoso, para ter uma perda de carga igual à do acessório. Por exemplo: se for considerado um acessório com uma perda de carga de 0.5 m numa tubagem pouco rugosa (por exemplo com uma perda de carga de 0.01 m/m) são necessários 50 m de tubo para equivaler a perda de carga localizada; se o tubo for mais rugoso (perda de carga de 0.02 m/m) são necessários apenas 25 m de tubo para se equivaler ao mesmo valor de perda de carga localizada. Existem, no entanto, alguns tipos de tubagem, como por exemplo o aço galvanizado, em que as perdas de carga singulares têm um peso bastante significativo, o que leva a que essa consideração possa estar distante da realidade. Nestes casos são adoptados, consoante a singularidade, valores de comprimento equivalente para as várias perdas de carga localizadas. Assim sendo, o comprimento equivalente pode ser calculado recorrendo à primeira hipótese, Equação (3.21), ou então tendo em conta o Método dos Comprimentos Equivalentes. Leq 1.2 Lreal (3.21) Neste processo de cálculo é determinado um comprimento de tubagem (L eqi) que causa a mesma perda de carga que o acessório i. Esse comprimento é adicionado ao comprimento equivalente da tubagem total, como se pode verificar na Fórmula (3.22). Leq Lreal Leq i (3.22) Tendo em conta Barral (2010) [5] o comprimento equivalente de cada tipo de singularidade pode ser determinado por via experimental, sendo o valor obtido válido apenas para o tubo utilizado no ensaio. Para a avaliação das perdas de carga noutros tubos deverá proceder-se à devida correcção dos valores. Com base nestas experiências existem no mercado tabelas que contêm os valores de perda de carga localizadas dos diversos dispositivos disponíveis. Esta lista será apresentada, consoante o material, no Capítulo 5 desta obra. Os contadores, como dispositivos integrantes da rede de abastecimento de água, têm igualmente uma perda de carga associada, que varia consoante o diâmetro nominal do mesmo. Relativamente aos contadores de pequeno calibre, mais utilizados em construção de edifícios, a EPAL [M3] faz referência a uma perda de carga na ordem dos 20 kPa. Depois de analisadas as perdas de carga contínuas, assim como a de todas as singularidades pode calcular-se a perda carga total de cada troço, que é dada pela Equação (3.23). Jt J Leq 30 (3.23) Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Apesar do maior rigor associado ao método do comprimento equivalente, pode ser mais eficiente a utilização do método que define o valor das perdas de carga singulares, como uma percentagem das perdas de carga contínuas. Esta eficácia deve-se ao facto de em obra haver uma adaptação do traçado, de forma a, por exemplo, contornar elementos construtivos ou tubagem de outra especialidade, o que implica uma utilização de acessórios que podem não ter sido contabilizados no projecto, originando um aumento, não contabilizado, das perdas de carga localizadas. Para além do aspecto referido anteriormente, a utilização deste método simplifica o cálculo das perdas de carga, na medida em que evita uma consideração exaustiva de todas as singularidades. Perdas de carga associadas às variações de cota: O traçado da tubagem de uma rede de abastecimento de águas tem, inevitavelmente, variações de cota. Esta variação tem influência nas perdas de um troço. O aumento de cota acarreta um aumento de perda de carga e uma redução conduz a uma diminuição nessa mesma perda. Pode então concluir-se que uma variação de cota negativa, entre dois pontos, conduz a uma diminuição de perda de carga, enquanto que uma variação positiva indica um acréscimo de perda. Perda de carga total: A determinação da perda de carga total é feita, tendo em conta todas as perdas de carga que ocorrem ao longo do escoamento, através da Equação (3.24). h Jt Ht H (3.24) Se for tido em conta o cálculo das perdas de carga singulares, considerando o conceito de comprimento equivalente, a Equação (3.24) pode ser escrita através da Equação (3.25), uma vez que as perdas de carga singulares são incluídas na parcela de perda de carga total de cada troço, Jt. Ht Jt h (3.25) 3.3.3. Método proposto pela Norma Europeia O método indicado pela Norma Europeia [N18] para o dimensionamento dos sistemas de abastecimento de água pode ser aplicado em redes de abastecimento de água fria e de água quente. Relativamente aos edifícios em que o método é válido, a norma refere que estes devem respeitar as seguintes condições: Os caudais instantâneos de cada dispositivo não devem exceder os caudais definidos na norma, que estão expressos no Quadro 3.2 deste documento; Os caudais de dimensionamento determinados não devem exceder os caudais referidos no ábaco referido na norma, que consta no Quadro 3.2 deste documento; 31 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ A instalação dimensionada não deve ter um funcionamento contínuo (superior a 15 minutos). O dimensionamento dos sistemas de abastecimento de água com base no método preconizado pela Norma Europeia [N18] é constituído por duas etapas principais, a determinação do caudal de dimensionamento e a estimativa do diâmetro mínimo a adoptar em cada ramal, como se pode observar no esquema da Figura 3.1. 3.3.3.1. Cálculo dos caudais de dimensionamento A determinação dos caudais de dimensionamento prevê, como foi abordado anteriormente, uma análise prévia aos dispositivos a utilizar na rede, definindo assim os caudais instantâneos a considerar. A Norma Europeia [N18] expõe, para além dos valores que devem ser utilizados como caudais instantâneos no dimensionamento das redes de tubagem, o caudal mínimo que assegura o adequado funcionamento de cada dispositivo. A necessidade de definir um valor diferente para os caudais instantâneos está relacionada com a ponderação, de forma directa, da simultaneidade de funcionamento dos dispositivos, que está contabilizada nos valores dos caudais instantâneos de dimensionamento. Para representar os caudais instantâneos a Norma Europeia [N18] propõem a definição de uma nova grandeza, a “unidade de carga” (LU), cujo valor unitário equivale a 0.1 l/s. O caudal de dimensionamento, estabelecido pelo método proposto pela Norma Europeia [N18], pode ser determinado de duas formas diferentes, através da utilização de tabelas definidas na norma (no Anexo A5 estão representadas, adaptadas para português, as tabelas utilizadas para os diâmetros menores), ou recorrendo à análise do gráfico do Anexo A5, que consta igualmente na EN 806-3 [N18]. É nesta diferenciação que reside um dos pontos negativos da utilização desta norma. Apesar de este regulamento indicar o gráfico como meio para determinar os caudais de dimensionamento, esta não recorre à sua leitura para a construção das tabelas também referidas como ferramenta de cálculo [1]. Esta incongruência pode confundir os projectistas, uma vez que não existe um único método estabelecido. Para o cálculo com recurso ao gráfico ou às tabelas é necessário conhecer, para além do somatório das unidades de carga, qual o valor de carga máximo de todos os dispositivos que constituem a rede a dimensionar, como se pode observar no Anexo A5. É ainda de destacar que, apesar de a Norma Europeia [N18] não exigir o cálculo das perdas de carga associadas ao escoamento, o comprimento dos tubos a dimensionar é limitado, como se pode observar nas tabelas utilizadas para o dimensionamento. Esta consideração permite evitar a ocorrência de perdas de carga muito elevadas. Afonso (2007) [1] refere o maior rigor conseguido através da análise do gráfico. No entanto, como o objectivo da Norma Europeia [N18] é de tornar o dimensionamento mais prático, o recurso a tabelas pode ser o mais eficaz. 32 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ 3.3.3.2. Estimativa do diâmetro mínimo da tubagem A estimativa do diâmetro da tubagem depende da forma de cálculo considerada. A leitura das tabelas fornece directamente os diâmetros mínimos que se deve adoptar, como se pode verificar no Anexo A5. A utilização do gráfico exige um cálculo posterior, que recorre à equação 3.11. Os valores de velocidade a utilizar serão abordados no Ponto 3.3.3.3. 3.3.3.3. Limites e restrições impostos Na Norma Europeia [N18] são estabelecidos valores limite tanto para as velocidades do escoamento, como também para as pressões praticadas. A Norma Europeia [N18] define como limite máximo de pressão 500 kPa (com excepção as bocas de rega e/ou de lavagem, cujo limite estabelecido é de 1000 kPa) e como limite mínimo 100 kPa. Comparativamente ao RGSPPDADAR [N12], é de notar uma gama de valores mais reduzida, o que denota uma maior preocupação com os níveis de conforto considerados. Esta maior exigência permite aumentar a eficácia do método utilizado na EN 806-3 [N18], que, como referido anteriormente, apresenta um nível de rigor mais reduzido, o que faz com que sejam dimensionadas soluções com um nível de conforto menor. A adopção de uma gama de valores mais rigorosa pode igualmente ser justificada com a maior preocupação relativamente à manutenção da qualidade dos materiais. Relativamente às velocidades, a legislação proposta pelo CEN indica como limite máximo 2.0 m/s, podendo este ser aumentado para 4.0 m/s em ramais de alimentação individuais. Apesar de este último valor ser permitido pela norma, é necessário ter em atenção que velocidades desta grandeza podem provocar, para além de elevados níveis de ruído, problemas nas condutas, originando defeitos na rede de abastecimento. A referida legislação não impõem qualquer restrição para os valores mínimos de velocidade. Afonso (2007) [1] indica que apesar de a norma ter em conta as pressões do escoamento e as características da instalação, assume como critério principal de dimensionamento a consideração dos limites de velocidade. O mesmo autor refere ainda que este critério de dimensionamento conduz a soluções mais económicas, na medida em que permite a adopção de diâmetros menores. No entanto é um critério que está dependente das condições de pressão existentes no início da rede, o que pode interferir nas escolhas do projectista. 3.3.4. Peças escritas Os planos de abastecimento de águas são compostos por um conjunto de peças escritas, que são essenciais na sua análise. Estes elementos complementam as peças desenhadas proporcionando uma fácil interpretação de um qualquer projecto deste tipo. À semelhança do que acontece com as peças desenhadas, as empresas responsáveis pelo abastecimento de águas impõem um regulamento respeitante a este ponto. Neste documento será mais uma vez ilustrado o exemplo da regulamentação imposta pela EPAL, para o 33 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ concelho de Lisboa que, como referido no Capítulo 2, tem algumas diferenças relativamente a outros municípios portugueses. Segundo a Empresa Portuguesa de Águas Livres [M3], as peças escritas presentes num projecto de abastecimento de águas devem conter: Memória descritiva e justificativa; Anexos. Neste ponto devem vir todos os elementos necessários ao dimensionamento da rede, como foi abordado neste capítulo, nomeadamente as tabelas de cálculo hidráulico e os elementos utilizados como base desse cálculo (ábacos e tabelas consultadas, legislação e normas e especificações técnicas). É também importante incluir um quadro resumo com as características do edifício e da rede. 3.4. Ligação ao sistema público O abastecimento predial de água de um qualquer edifício pressupõe a existência a montante de um sistema fornecedor, que poderá ser público ou privado. Na presente obra será abordado o abastecimento proveniente da rede pública. O ciclo de distribuição de água passa por três etapas distintas. Inicialmente existe um escoamento nas condutas de abastecimento público que, através de ramais de ligação, vai proporcionar, por fim, o abastecimento predial. Em relação à circulação de água entre a rede pública e os dispositivos de alimentação, o RGSPPDADAR [N12] faz referência, no Anexo III, à terminologia adoptada. Citando o mesmo regulamento, a ligação entre o sistema público e os dispositivos de utilização é, como se pode observar na Figura 3.8, constituída por: Ramal de Ligação – Canalização entre a rede pública e o limite da propriedade a servir; Ramal de Introdução Colectivo – Canalização entre o limite da propriedade e os ramais de introdução individuais dos utentes; Ramal de Introdução Individual – Canalização entre o ramal de introdução colectivo e os contadores individuais dos utentes ou entre o limite da propriedade e o contador, no caso de edifício unifamiliar; Ramal de Distribuição – Canalização entre os contadores individuais e os ramais de alimentação; Ramal de alimentação – Canalização para alimentar os dispositivos de utilização; Coluna – Troço de canalização de prumada de um ramal de introdução ou de um ramal de distribuição. 34 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Figura 3.8 - Ligação entre o sistema público e os dispositivos de utilização O abastecimento do edifício com recurso à rede pública pode ser feito de diferentes formas. Consoante as condições de pressão e caudal proporcionadas pela rede, a água pode ser distribuída directamente para os diferentes dispositivos – alimentação directa (Figura 3.9), ou poderá haver a necessidade de recorrer a um reservatório para proporcionar o fornecimento em boas condições – alimentação indirecta (Figura 3.10). Existe ainda a hipótese de construir sistemas mistos, onde o edifício é dividido em níveis distintos de pressão, optimizando assim a solução de abastecimento de água. Relativamente à pressão de serviço em qualquer dispositivo de utilização para o caudal de ponta, o RGSPPDADAR [N12] faz referência a um valor mínimo de 100 kPa. Assim sendo o valor de pressão mínima à entrada do edifício pode ser calculado, de forma aproximada, com recurso à Expressão (3.26). p mín 100 40 n p (3.26) A legislação nacional refere igualmente que pode ser considerada uma redução da pressão mínima, consoante o caso em estudo. 35 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Figura 3.9 - Alimentação directa com elemento sobrepressor (adaptado de [17]) Figura 3.10 - Alimentação indirecta com reservatório na base e com elemento elevatório (adaptado de [17]) 3.5. Reservatórios No projecto de um edifício pode ser importante considerar a necessidade de utilizar um reservatório, tanto para servir de fornecimento de água, como também como constituinte da rede de incêndios. Neste ponto serão abordados os reservatórios que são utilizados nas redes de abastecimento de água. Nos sistemas prediais de abastecimento de água é dada especial atenção ao perigo que reside na possível contaminação da água destinada ao consumo humano. É, por isso, de evitar a utilização de reservatórios neste tipo de redes. No entanto existem casos em que as características da rede tornam indispensável o uso destes elementos. Nestas situações tornase essencial dotar o plano de construção dos reservatórios de cuidados especiais, relativos à potabilidade da água. Segundo RGSPPDADAR [N12], através do Artigo 67º, nas redes de abastecimento de água, os reservatórios têm a função de assegurar a distribuição de água nas situações em que existe descontinuidade do sistema de montante, ou quando é necessário regularizar tanto as pressões da rede, como também o funcionamento dos sistemas de bombagem. O dimensionamento (determinação do volume) destes dispositivos é feito consoante a função a que se destinam, como se poderá verificar nas Secções 3.5.1 e 3.5.2. 36 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Relativamente à sua instalação, os reservatórios podem ser separados em três grupos distintos, enterrados, semi-enterrados e elevados. A sua instalação pode ser feita, consoante as necessidades da rede, a qualquer altura do edifício, sendo mais usual a instalação de reservatórios ou no topo ou na base da construção. Apesar desta flexibilidade relativa à altura de instalação, estes elementos devem estar localizados a uma cota que permita que sejam garantidas as condições de pressão necessárias à rede. É também importante que estes dispositivos se localizem o mais perto possível do centro de gravidade das zonas a abastecer, minimizando assim as perdas de carga contínuas que advêm do comprimento dos troços de tubagem. Relativamente aos aspectos construtivos existem algumas considerações que devem ser tidas em conta [17]: Deve ser garantida a resistência e estanqueidade dos reservatórios; O fundo do reservatório deverá ter uma inclinação mínima de 1% no sentido da caixa de descarga; As arestas devem ser boleadas, de forma a evitar o depósito de elementos que podem contaminar a água; Os reservatórios devem permitir uma limpeza eficaz, através da utilização de elementos de revestimento que o permitam, bem como de um by-pass que permita o esvaziamento do mesmo. Deverá igualmente considerar-se que os reservatórios devem ser instalados em zonas de fácil acesso, de forma a facilitar, para além da sua limpeza, a sua inspecção e manutenção; Deverá dotar-se os reservatórios de sistema de ventilação, permitindo a renovação do ar que contacta com a água; 3 Os reservatórios elevados com uma capacidade superior a 2 m , assim como todos os reservatórios enterrados e semi-enterrados, devem ser constituídos por pelo menos duas células que estejam preparadas para funcionar isoladamente, mas que comuniquem em funcionamento normal; Quando for necessário recorrer-se a dois reservatórios, um no topo e outro na base do edifício, deve ter-se em atenção que a capacidade do reservatório superior deverá ser 2/5 da capacidade total da rede, estando os outros 3/5 destinados ao reservatório inferior. Importa igualmente referir que existem reservatórios que apresentam uma função mista, estando dimensionados para, em simultâneo, fazer face às necessidades de distribuição de água e de combate a incêndio [17]. Apesar de não ser uma solução muito aconselhável, é por vezes imprescindível e implica a consideração de determinados factores. Neste caso deverá ser garantida a manutenção da potabilidade da água, bem como a capacidade de combate a incêndio. A capacidade de armazenamento do reservatório depende da condição que for mais desfavorável, ou seja, o volume do reservatório será o maior valor entre a capacidade necessária para combater um incêndio e a necessidade de abastecimento de água, já que as 37 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ duas condições não serão necessárias em simultâneo. O armazenamento de água para incêndio será objecto de estudo no Capítulo 4. 3.5.1. Reservatório com função de regularização Um reservatório destinado à regularização do sistema de bombagem tem a tarefa de diminuir o número horário de arranques dos grupos de bombagem, já que permite que haja sempre água no interior da bomba, diminuindo assim as possibilidades de avaria do sistema adutor. O RGSPPDADAR [N12] refere, no Artigo 70º, que a capacidade de armazenamento é dada pelo somatório das necessidades para regularização e reserva de emergência. 3.5.1.1. Necessidades de regularização As necessidades de consumo não são constantes ao longo do dia e mesmo ao longo do ano, assim sendo, o regulamento nacional indica que a estimação das necessidades de regularização passa, geralmente, pela consideração do caudal do dia de maior consumo, tendo em conta as flutuações que se fazem sentir ao longo do dia. A mesma norma refere que se considera, ainda que com menos regularidade, como caudal de dimensionamento, o caudal médio do mês de maior consumo. Neste caso o reservatório deve ser dimensionado para cobrir as flutuações diárias que se verificam ao longo desse mês. 3.5.1.2. Necessidades para reserva de emergência Segundo o RGSPPDADAR [N12] “a capacidade para reserva de emergência deve ser o maior dos valores necessários para incêndio ou avaria.” A reserva de água para incêndios será abordada na Secção 4.3 desta obra. A consideração da reserva de água para situações de avaria é feita tendo em conta que os reservatórios devem ter capacidade para garantir a distribuição de água nos casos em que haja uma interrupção do sistema geral de abastecimento. Relativamente aos casos de avaria, o regulamento refere que: “A avaria se dá no período mais desfavorável, mas não simultaneamente em mais de uma conduta alimentadora”; “A sua localização demora entre uma e duas horas quando a conduta é acessível por estrada ou caminho transitável, ou ainda em pontos afastados de não mais de 1 km e demora mais meia hora para cada quilómetro de conduta não acessível por veículos motorizados”; “A reparação demora entre quatro e seis horas, incluindo-se neste tempo o necessário para o esvaziamento da conduta, reparação propriamente dita, reenchimento e desinfecção”. 3.5.2. Reservatório com função de distribuição Estes reservatórios são utilizados para equilibrar as pressões na rede, permitindo que a distribuição de água se faça sempre em boas condições. O dimensionamento dos reservatórios de distribuição é feito tendo em conta que este deve ter capacidade para abastecer a rede de águas durante 15 minutos em caudal de ponta. A 38 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ estimação do volume do reservatório depende do caudal médio diário de um certo aglomerado populacional, durante um ano e é feita, segundo o RGSPPDADAR [N12], através da Expressão (3.27). V C p Qdma (3.27) O coeficiente característico do aglomerado populacional, Cp, depende, como se pode observar no Quadro 3.8, do número de habitantes do aglomerado populacional a servir. Como se pode verificar, este parâmetro é tanto mais próximo da unidade quanto maior é o número de habitantes considerados. Estas diferenças devem-se ao facto de ser mais fácil avaliar os comportamentos de uma população mais numerosa, uma vez que as suas preferências seguem uma tendência que é mais dificilmente desviada. O mesmo não acontece com populações menores, onde qualquer alteração pode ter maior influência nos resultados finais. Assim sendo, os caudais determinados para as populações constituídas por menos habitantes, são afectados de um maior coeficiente, por forma a que o cálculo seja mais conservativo. Quadro 3.8 - Coeficiente característico do aglomerado populacional [N12] Cp 1 1.25 1.5 2 Habitantes Superior a 100 000 Entre 10 000 e 100 000 Entre 1 000 e 10 000 Inferior a 1 000 39 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ 40 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ 4. Sistemas de abastecimento de água para combate a incêndio 4.1. Introdução Na execução de um projecto de construção civil, a segurança surge como ponto central. É neste sentido que são elaborados os projectos de combate a incêndios que englobam, não só a garantia de um eficaz combate (segurança activa), como também permitem a criação de condições de evacuação de pessoas em caso de incêndio (segurança passiva). Assim sendo, um projecto de sistemas de combate a incêndios deve abranger os diferentes aspectos intervenientes neste processo, designadamente as classes de resistência ao fogo de soluções construtivas e dos respectivos materiais, as dimensões dos caminhos de evacuação, a localização e dimensões das saídas, a ventilação dos diferentes compartimentos, a iluminação de emergência, os meios de combate com extintores e as redes de combate com água. Apesar de um plano geral de combate a incêndios ser composto pelo conjunto de todos os pontos referidos no parágrafo anterior, nesta obra apenas será analisado o projecto das redes que utilizam a água como meio de combate. À semelhança do que acontece nas redes de abastecimento de água, a execução das redes de combate a incêndios tem por base a construção de soluções que optimizem a relação entre a economia e a qualidade do sistema. Na parcela da qualidade é importante ter em conta os aspectos relacionados com as exigências construtivas, que são abordadas nos regulamentos nacionais. Definidos os requisitos da construção, é de primordial importância avaliar as condições pretendidas e disponibilizadas para que o traçado das redes, que está dependente do dimensionamento, permita a optimização do referido rácio. 4.2. Traçado e dimensionamento da rede Figura 4.1 - Meios de combate a incêndio 41 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Na análise dos mecanismos utilizados contra um incêndio são tidos em conta diferentes formas de intervenção, nomeadamente a utilização de meios manuais e de meios automáticos, como se representa na Figura 4.1. A escolha do método a utilizar depende das características do edifício e também das exigências legislativas, como se verá ao longo da presente secção. A legislação pela qual os projectistas se regem aborda tanto os sistemas manuais como os sistemas automáticos de extinção. 4.2.1. Legislação e normas Apesar de a Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) ser a entidade reguladora das situações que envolvem o combate a incêndio, existem alguns decretos que impõem leis a vigorar em Portugal. O Regime Jurídico de Segurança Contra Incêndios em Edifícios (designado por RJSCIE ao longo desta obra) [N5] estabelece o regime jurídico da segurança contra incêndios em edifícios construídos no território nacional, enquanto que o Regulamento Técnico de Segurança Contra Incêndios em Edifícios (seguidamente designado por RTSCIE) [N17] aprova o regulamento técnico. Ambos os documentos são presentemente utilizados como bibliografia principal na elaboração deste tipo de sistemas. Anteriormente à elaboração destes decretos estavam em vigor alguns documentos que se centravam em tipos específicos de edifícios, nomeadamente comerciais [N10], escolares [N9], hospitalares [N8], administrativos [N7], de centros urbanos antigos [N3], habitacionais [N6], de empreendimentos turísticos e estabelecimentos de restauração e bebidas [N4] e de parques de estacionamento cobertos [N11]. A nova regulamentação traz algumas mudanças, principalmente ao nível dos edifícios habitacionais, verificando-se um aumento de protagonismo por parte dos sistemas húmidos, passando os sistemas secos a uma consideração mais alternativa. Este facto deve-se ao melhoramento das redes públicas de água, o que permite um abastecimento directo, reduzindo-se assim a necessidade de recorrer à água proveniente dos veículos de socorro, que, principalmente em grandes edifícios, poderá não ter pressão suficiente para abastecer todos os pontos. A utilização de redes ligadas à rede pública facilita também o trabalho dos bombeiros, sendo mais rápido o combate ao sinistro. O actual regulamento reúne toda a legislação referente à grande maioria das construções civis, exceptuando-se, segundo o Artigo 3º, “os estabelecimentos prisionais e os espaços classificados de acesso restrito das instalações de forças armadas ou de segurança” e também “os paióis de munições ou de explosivos e as carreiras de tiro”. Os edifícios que constam nas referidas excepções são abrangidos por regimes jurídicos específicos. Outra abordagem feita pelo RJSCIE [N5] é a análise do risco de incêndio que está intrínseco a qualquer construção, factor essencial no dimensionamento de qualquer rede de incêndio. O referido regulamento agrupa o risco em diferentes classes e categorias. 4.2.1.1. Classes de risco A classificação do risco agrupa os edifícios em diferentes classes, consoante o uso a que se destinam. O RJSCIE [N5] define as seguintes classes de risco para o território nacional: 42 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Local de risco A Local sem riscos de carácter especial. Esta situação implica o cumprimento em simultâneo de determinadas condições: nível máximo de ocupação de 50 pessoas em locais públicos e de 100 pessoas nos restantes locais; garantia de mobilidade e percepção em situação de alarme a mais de 90% dos ocupantes; consideração de actividades e materiais sem grandes riscos de incêndio; Local de risco B Local acessível ao público (número de pessoas superior a 50) ou ao pessoal afecto (número total de ocupantes superior a 100), onde se verifiquem simultaneamente a 2ª e 3ª condições referidas na classe A; Local de risco C Local que apresenta actividades e materiais/equipamentos com riscos agravados de eclosão e de incêndio; Local de risco D Local de um estabelecimento destinado a receber pessoas acamadas, crianças com idade inferior a 6 anos e pessoas com dificuldades de mobilidade e percepção em situação de alarme; Local de risco E Local de um estabelecimento destinado a receber pessoas para dormir e que não apresentem as dificuldades referidas no local de risco D; Local de risco F Local que apresente características que o tornem essencial à continuidade das actividades sociais principais. É de referir que o RJSCIE [N5] faz alusão aos tipos de edifício que correspondem a cada classe, assim como as respectivas restrições. É ainda de destacar que o Instituto de Seguros de Portugal (designado por ISP ao longo da obra) é também bastante importante na disponibilização de bibliografia que comporte os sistemas para combate a incêndio. Para os sistemas de combate este instituto faz igualmente a distinção entre as várias classes de risco, definindo 3 classes diferentes: riscos ligeiros, riscos ordinários e riscos graves [M5]. 4.2.1.2. Categorias de risco Definidas as classes de risco importa distinguir quantitativamente o risco associado a uma construção. O RJSCIE [N5] agrupa os recintos, consoante a sua utilização-tipo, em quatro categorias distintas. Assim sendo, são considerados edifícios de 1ª, 2ª, 3ª e 4ª categoria, que apresentam, respectivamente, um risco reduzido, moderado, elevado e muito elevado. As utilizações-tipo, definidas no mesmo regulamento, consideram um determinado número de condições (área bruta de construção, número de pisos, altura de utilização-tipo – “diferença de cota entre o plano de referência e o pavimento do último piso acima do solo, susceptível de ocupação por essa utilização-tipo” [N5] -, densidade da carga de incêndio, entre outros) e são definidas no Artigo 2º do RJSCIE [N5] como sendo “a classificação do uso dominante de qualquer edifício ou recinto (…)”. 43 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ 4.2.2. Meios manuais de combate a incêndio Os meios de intervenção accionados manualmente são de extrema importância, uma vez que permitem uma rápida intervenção quer dos ocupantes do edifício (primeira intervenção), quer dos bombeiros (segunda intervenção). Entre os meios de segunda intervenção destacam-se a coluna seca, a coluna húmida e as redes de incêndio armadas (RIA) do tipo teatro – Figura 4.1. As redes de incêndio armadas do tipo carretel são consideradas meios de primeira intervenção, como demonstra a mesma figura. Os três meios manuais de combate a incêndio apresentam uma estrutura idêntica, formada por canalizações que se desenvolvem principalmente na vertical e que permitem a alimentação de bocas-de-incêndio instaladas em todos os pisos, possibilitando um eficaz combate ao incêndio. A diferença entre diferentes métodos de intervenção manual reside, principalmente, na forma de como estes são postos em carga (permanentemente ou apenas no combate a incêndio) e também no tipo de boca-de-incêndio utilizado. Relativamente às bocas-de-incêndio, estas podem ser armadas (utilização directa, devido à presença de mangueiras previamente instaladas), ou não-armadas (utilização de mangueiras instaladas pelos bombeiros na altura do combate ao incêndio). As bocas-de-incêndio armadas dividem-se em dois tipos, carretel (Figura 5.31) e teatro (Figura 5.32). As bocas do tipo carretel são constituídas por mangueiras semi-rígidas, de fácil utilização por qualquer tipo de utilizador, enquanto que as bocas-deincêndio do tipo teatro são compostas por mangueiras flexíveis, o que exige uma utilização mais técnica. Apesar da existência de bastantes pontos comuns, as diferenças entre os métodos traduzemse em algumas desigualdades relativamente aos aspectos construtivos e ao seu dimensionamento. 4.2.2.1. Coluna seca O sistema da coluna seca consiste numa rede seca que é abastecida por parte dos bombeiros (veículos de socorro), permitindo que a água alimente as diferentes bocas-de-incêndio nãoarmadas, instaladas no edifício, como está ilustrado, esquematicamente, na Figura 4.2. Aspectos construtivos e de localização: A execução das colunas secas deve respeitar alguns aspectos construtivos. Pedroso (2007) [17] refere que existem dois tipos distintos de colunas secas: as descendentes, para pisos inferiores (por exemplo garagens), e as ascendentes para os pisos superiores que, caso existam em simultâneo num edifício, têm de ser dimensionadas separadamente, devido às diferentes condições de pressão existentes entre uma e outra. O mesmo autor faz igualmente referência à união entre a boca de alimentação e a coluna propriamente dita. Em [17] é referido que esta ligação pode ser executada de uma forma directa (ligação directa da boca à coluna) ou através de um troço curto horizontal, com diâmetro igual ao da coluna, que liga a entrada de água e a canalização vertical – Figura 4.2. 44 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Figura 4.2 - Coluna seca (adaptado de [17]) A localização das colunas secas é um aspecto essencial a ter em conta na adopção deste sistema. A canalização deve ser instalada em locais protegidos, nomeadamente caixas de escada ou em câmaras corta-fogo. A impossibilidade de executá-la nas referidas condições implica que seja edificada em canais constituídos por elementos com uma boa resistência ao fogo, conforme está exposto no RJSCIE [N5]. Regulamentarmente, apesar de a execução da tubagem da coluna seca exigir algumas considerações, é na localização das bocas-de-incêndio e de alimentação que existem mais restrições. O RTSCIE [N17] diz que, salvo algumas excepções, as bocas-de-incêndio devem estar nos patamares de acesso das comunicações verticais e também nas câmaras corta-fogo, permitindo assim que seja possível alcançar todos os pontos do edifício. O mesmo regulamento refere que “as bocas-de-incêndio devem ser duplas, com acoplamento do tipo storz, com o diâmetro de junção DN 52 mm, tendo o respectivo eixo uma cota relativamente ao pavimento variando entre 0.8 m e 1.2 m”. O RTSCIE [N17] refere ainda que a distância entre o eixo das bocas e a parte inferior dos armários (onde se inserem as bocas-de-incêndio) deve ser, no mínimo, de 0.5 m. A boa sinalização destes dispositivos deve ser igualmente garantida. As bocas de alimentação siamesas exigem igualmente uma localização que seja favorável ao acesso dos veículos de socorro, devendo, portanto, localizar-se na fachada mais acessível, no máximo a 40 m da via de circulação de veículos [19]. O mesmo autor refere ainda que estas devem ser instaladas verticalmente em relação à parede (ou formar com esta um ângulo de 45º em posição descendente), a uma cota, em relação ao pavimento, situada entre os 0.80 m e os 1.50 m. Relativamente à sua instalação, o RTSCIE [N17], faz alusão à distância até à coluna vertical, que deverá ser, no máximo, de 14 m. Dimensionamento: O dimensionamento de um qualquer meio manual de combate a incêndio exige um conhecimento dos materiais que podem ser utilizados, assim como das características que a 45 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ rede pode tomar. Natividade (2010) [13] enumera algumas considerações que devem ser tomadas previamente à realização de qualquer cálculo: Os materiais utilizados nos elementos constituintes da rede devem resistir, no mínimo, a temperaturas na ordem dos 400°C; A instalação deve ser capaz de suportar pressões de ensaio na ordem dos 1600 kPa para pressões de utilização de 1000 kPa e de 2500 kPa para pressões superiores; A medição das pressões mínimas deverá ser feita na boca-de-incêndio mais desfavorável; No cálculo deve ser considerado um funcionamento em simultâneo de metade das bocas-de-incêndio, num máximo de 4; A boca-de-incêndio mais elevada deve ter uma pressão mínima de 350 kPa. Depois de avaliadas as condições gerais de um sistema de combate a incêndio importa igualmente saber quais as soluções possíveis para este tipo de construção. Assim sendo são referidas por Natividade (2010) [13] dois tipos distintos de colunas secas, as que alimentam duas bocas-de-incêndio e as que permitem o abastecimento de quatro em simultâneo, nos casos em que o edifício em causa apresenta uma área de intervenção bastante grande. No caso das primeiras, são normalmente utilizadas colunas com diâmetros de 70 mm, enquanto que as colunas que alimentam quatro bocas-de-incêndio são constituídas por tubagens com diâmetro de 100 mm. Depois de avaliadas estas características é possível proceder-se ao cálculo que permite obter a solução da coluna seca pretendida. O referido cálculo exige a análise inicial dos dados fornecidos: Diâmetro e caudal das bocas-de-incêndio; Pressão mínima exigida nas bocas-de-incêndio; Simultaneidade do funcionamento das bocas-de-incêndio; Diâmetro da boca de alimentação; Comprimento dos troços a dimensionar; Material utilizado. Os cálculos no dimensionamento de uma coluna seca devem respeitar a sequência esquematizada na Figura 4.3. Figura 4.3 - Dimensionamento de uma coluna seca 46 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ A determinação do caudal de cálculo utilizado no dimensionamento das colunas secas é idêntica ao que é feito para o abastecimento de água. Assim sendo, a Expressão (4.1) é idêntica à Equação (3.1), com a diferença de que em vez de se considerar um caudal acumulado é utilizado um caudal instantâneo, característico das bocas-de-incêndio consideradas. Na determinação do caudal de dimensionamento das colunas secas o número de bocas a funcionar em simultâneo (nb) é previamente definido e não depende de qualquer método de cálculo. Qd nb Qinst (4.1) A determinação da velocidade de escoamento - Equação (3.11), bem como a perda de carga contínua - Equações (3.18) e (3.19), segue o mesmo método utilizado para o dimensionamento das canalizações de transporte de água para consumo humano. Ao contrário do que acontece nos sistemas de abastecimento de água, nos sistemas de combate a incêndio não há qualquer valor limite de velocidade de escoamento definido, uma vez que nestes sistemas não há preocupações com o ruído e a durabilidade das tubagens, já que estes apenas são utilizados em situações pontuais. Numa situação extrema, a velocidade limite do escoamento é aquela que faz com que o sistema entre em ressonância. Nos sistemas de combate a incêndio é usual considerar valores de velocidade entre os 1.5 m/s e os 3.0 m/s. A diferença entre o dimensionamento da coluna seca e das tubagens utilizadas no abastecimento de águas, referido no Capítulo 3, baseia-se no tratamento das perdas de carga localizadas. Apesar de poderem ser utilizados os valores tabelados (definidos no Capítulo 5, consoante o material) deste tipo de perdas pode ser considerado o método do comprimento equivalente para a determinação da parcela das singularidades. Como referido no Ponto 3.3.5.1, as perdas de carga singulares podem ser tratadas directamente como uma percentagem das perdas totais. No dimensionamento das colunas secas é igualmente possível fazer-se essa consideração. No entanto, neste tipo de sistema, deverá ser considerado um acréscimo próximo dos 30% [17], superior aos 20% estabelecidos como valor médio nos sistemas de abastecimento de água. Isto acontece porque os sistemas de combate a incêndio exigem um maior rigor relativamente aos sistemas de abastecimento de água, devido à ameaça que caracteriza uma situação de incêndio. Assim sendo, as perdas de carga são calculadas pelo lado da segurança, através da maximização do seu valor. A perda de carga total pode ser calculada com recurso à Equação (3.24) ou à Equação (3.25), consoante se pretenda, respectivamente, considerar o cálculo independente das perdas de carga singulares ou o método do comprimento equivalente. A determinação da pressão a fornecer à rede pode ser feita com recurso à Equação (3.17), considerando que as variações de cota são contabilizadas na parcela das perdas de carga. Na Figura 4.2 estão representados os pontos 1) e 2) indicados na referida equação. Importa ainda referir que o dimensionamento de uma coluna seca, ou de outro sistema que seja abastecido pelos bombeiros, tem de ter em conta, para além do que foi referido 47 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ anteriormente, a compatibilidade entre a pressão na boca de alimentação e a que é disponibilizada pelos veículos de socorro. Neste sentido é essencial aferir, junto da ANPC, qual a disponibilidade de pressão que dispõem os veículos, para que sejam evitados problemas de sub ou de sobrepressão. 4.2.2.2. Coluna húmida A diferença entre o sistema de coluna húmida e a coluna seca consiste na forma em como as canalizações ficam em carga. Ao contrário da coluna seca, a coluna húmida está permanentemente com água, permitindo assim que o combate ao fogo se proceda sem que seja necessária a utilização de um veículo de socorro. A alimentação ininterrupta da coluna húmida é garantida através de um reservatório alimentado pela rede pública que, através de um grupo sobrepressor, permite um abastecimento permanente, como se pode observar na Figura 4.4. Os sistemas de coluna húmida, devido à grande dimensão dos diâmetros das tubagens, podem ser utilizados, em simultâneo, como métodos de primeira e de segunda intervenção. Para além da coluna húmida, podem igualmente alimentar bocas-de-incêndio do tipo carretel, à semelhança do que acontece nas redes de incêndio armadas, que serão abordadas na Secção 4.2.2.3. Aspectos construtivos e de localização: Os aspectos relacionados com a construção e localização das colunas são em tudo semelhantes aos da coluna seca, que podem ser consultados em 4.2.2.1. Contudo existem desigualdades a assinalar, que se prendem, principalmente, com o facto de estes sistemas contemplarem a instalação de um reservatório. O dispositivo de armazenamento deverá ser instalado na base do edifício, sendo o abastecimento de água para as bocas-de-incêndio dos pisos superiores garantido através da utilização de um sistema de bombagem. Para os pisos inferiores este abastecimento deverá ser feito por gravidade. Apesar de estar continuamente em carga, a coluna húmida deve estar provida de um sistema seco que permita o abastecimento em caso de avaria. O RTSCIE [N17] refere que deve ser garantido o abastecimento directo da coluna húmida, através da instalação de uma união siamesa, que permita o abastecimento por parte dos bombeiros. Pedroso (2010) [19] sugere ainda que seja instalada uma rede seca que, através de uma união siamesa, permita o abastecimento do reservatório, possibilitando assim a utilização do grupo elevatório em situação de avaria na rede pública de abastecimento. Ambas as soluções estão representadas na Figura 4.4. Em termos de sinalização exterior é dito por Natividade (2010) [13] que se deve colocar uma placa com a sinalética “SI – COLUNA HÚMIDA” no exterior do armário concebido para guardar este dispositivo. Na parte interior do armário deverá surgir uma placa com a inscrição “BOCA SECA”. 48 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Figura 4.4 - Coluna húmida (adaptado de [17]) Dimensionamento: O cálculo inicial feito neste tipo de sistema é assente nos mesmos princípios do cálculo da coluna seca. Assim sendo, o dimensionamento das tubagens de todos os troços que constituem este meio de combate a incêndio, segue todos os pontos referidos em 4.2.2.1. O cálculo da bomba e do respectivo reservatório, que distingue o dimensionamento deste meio de combate relativamente à coluna seca, deve ser feito posteriormente ao dimensionamento de todos os troços anteriormente referidos. O cálculo da bomba será abordado no Ponto 5.3.3 desta obra, enquanto que na Secção 4.3 será demonstrado como se determina a capacidade de um reservatório. 4.2.2.3. Redes de incêndio armadas As redes de incêndio armadas (RIA) são métodos de combate a incêndio permanentemente em carga, que utilizam bocas-de-incêndio armadas. Este método pode considerar-se, consoante o tipo de boca-de-incêndio a utilizar, de primeira ou de segunda intervenção, conforme se trate de uma boca-de-incêndio do tipo carretel ou teatro, respectivamente. Quanto à alimentação das tubagens, esta pode ser obtida com recurso a um ramal de alimentação directo ou a um reservatório de alimentação e respectivo sistema de bombagem. O abastecimento das bocas é feito de forma semelhante ao da coluna húmida (difere no facto de as bocas-de-incêndio serem armadas e no facto de as dimensões das tubagens serem mais reduzidas nos sistemas de RIA), como está esquematizado na Figura 4.4. A Figura 4.5 ilustra, esquematicamente, uma rede de incêndio armada abastecida directamente pela rede pública. 49 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Figura 4.5 – RIA (adaptado de [17]) Aspectos construtivos e de localização: A construção de um sistema de RIA exige a observação de diferentes aspectos, que são analisados separadamente. Assim sendo, existem considerações feitas independentemente para a construção da rede de canalizações, para o sistema de armazenamento e bombagem e também para as bocas-de-incêndio. Relativamente à instalação das canalizações, neste sistema são feitas as mesmas considerações da coluna seca. As bocas-de-incêndio, apesar de serem armadas, têm também de ser instaladas nos pontos de passagem, com acesso fácil e rápido por parte dos utilizadores, garantido uma distância suficiente entre bocas, de forma a garantir o alcance de todos os pontos do edifício. Quanto ao modo de alimentação do sistema, o RJSCIE [N5] faz referência aos dois tipos possíveis de abastecimento. É dito, no Artigo 167º do RTSCIE [N17], que se admite que “(…) em zonas onde o sistema de abastecimento público apresente garantias de continuidade de pressão e caudal, as bocas-de-incêndio possam ser alimentadas pela rede pública, para as utilizações-tipo das 1ª e 2ª categorias de risco”. O mesmo artigo dita que nos outros casos deve ser garantido um abastecimento por via da utilização de um reservatório e respectivo sistema de bombagem. Importa referir que como a RIA é abastecida pela rede pública, é importante garantir, mesmo em caso de avaria, que o escoamento da água se proceda à pressão desejada. Para segurar que tal aconteça, à semelhança do que acontece com a coluna húmida, deverá ser instalada uma união siamesa para que seja evitada a interrupção do abastecimento em caso de dano na rede. Como se verifica no quadro do Anexo A6, as redes de incêndio armadas de primeira intervenção são obrigatórias, principalmente, em edifícios que comportam um maior número de utilizadores comparativamente, por exemplo, aos edifícios habitacionais. Isto acontece porque uma rede de primeira intervenção, por poder ser utilizada por qualquer tipo de utilizador não 50 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ especializado, facilita o trabalho dos bombeiros e permite uma intervenção mais rápida. A maior presença de pessoas permite uma maior utilização das bocas-de-incêndio referidas. Dimensionamento: Para além das considerações gerais, já referidas no Ponto 4.2.2.1, e das disposições, referidas em 4.2.2.2, relativas ao reservatório e respectivo sistema de bombagem, o dimensionamento de redes de incêndio armadas, exige a ponderação de determinados pontos [19; N17]: A pressão nas bocas-de-incêndio do tipo teatro deve ser, no mínimo, de 350 kPa, enquanto que nas bocas-de-incêndio do tipo carretel esse valor é de 250 kPa; Os caudais instantâneos mínimos a considerar são 4.0 l/s para as bocas-de-incêndio do tipo teatro e 1.5 l/s para as do tipo carretel; Os diâmetros das tubagens que alimentam a rede não devem ser inferiores a 50 mm. O cálculo da pressão necessária no início da instalação é feito de forma idêntica ao da coluna seca. Neste sentido, depois de ser encontrado o caudal de cálculo, podem ser determinadas as grandezas como a velocidade do escoamento e as perdas de carga, que levam à determinação da pressão no ponto inicial da rede, como está demonstrado nos pontos presentes na Secção 4.2.2.1. O cálculo do reservatório será abordado na Secção 4.3 do presente capítulo, enquanto que o dimensionamento do grupo de bombagem será explicado no Capítulo 5. 4.2.3. Meios automáticos de combate a incêndio Os métodos automáticos de extinção, apesar de poderem ser designados por sistemas de combate a incêndio, são mais utilizados como meios de retardamento ou de prevenção do incêndio. O facto de não necessitarem de acção humana para serem accionados torna-os essenciais num sistema de combate. É um modo de prevenção/extinção que se baseia essencialmente nos princípios de primeira intervenção. Como meio de extinção automática podem destacar-se os sprinklers e também as cortinas de água, como se pode observar na Figura 4.1. Os dois métodos diferenciam-se no tipo de elemento que lança a água para a zona a inundar e também na função para a qual são destinados. Estes sistemas, apesar da sua importância numa abordagem inicial ao fogo, têm, em caso de incêndio, de ser complementados com os meios manuais de combate, uma vez que não apresentam uma grande capacidade tanto a nível de volumes de água debitados em cada descarga, como em relação ao tempo de actuação. Os sistemas automáticos, por serem accionados automaticamente, têm uma constituição mais complexa relativamente aos meios de combate a incêndio manuais. São compostos por um posto de comando que, quando impulsionado por alarmes, faz com que a água, proveniente de uma fonte de alimentação (reservatório ou ligação directa à rede pública) e que circula em toda a rede de canalização do sistema, inunde a zona de inundação. 51 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ 4.2.3.1. Sprinklers Os sprinklers são, como se poderá verificar na Secção 5.3.2.1, elementos que através da sua constituição permitem lançar água para uma determinada zona, cobrindo cada elemento uma área específica. Na Figura 4.6 pode observar-se uma parte da rede que constitui este sistema de combate. Figura 4.6 - Sprinkler e tubagem de abastecimento Um sistema de extinção automático deste género utiliza um determinado número de sprinklers para que seja coberta toda a área pretendida, como se pode observar no esquema da Figura 4.7. Figura 4.7 - Sistema de extinção automático (adaptado de [13]) Dependendo da forma de como são alimentados os sprinklers e também de como é accionado o alarme, este sistema de extinção automático pode ser separado em diferentes categorias. O sistema standard é caracterizado pela utilização de sprinklers providos de um dispositivo de detecção do incêndio, enquanto que o sistema do tipo dilúvio é constituído por um mecanismo de alarme que se localiza na zona onde estão instalados os sprinklers. Existe também o método que utiliza as duas tecnologias em simultâneo, que é designado por sistema de préacção. 52 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Sistemas Standard: Neste sistema de extinção automático, os sprinklers são ligados através de um detector térmico que está instalado no próprio objecto. O accionamento do detector faz com que o aspersor seja aberto e que comece a debitar a água para o combate ao incêndio. O facto de haver um detector em cada sprinkler faz com que este meio seja accionado elemento a elemento, ou seja, cada aspersor é ligado individualmente. Existem dois tipos diferentes de sistemas standard, o húmido e o seco. O primeiro distingue-se pelo facto de as tubagens estarem permanentemente em carga. A detecção de um foco de incêndio implica que o posto de comando faça com que os aspersores abram, permitindo a saída de água. No sistema seco, as tubagens contêm ar comprimido a jusante do sistema de controlo e água a montante do mesmo. O accionamento do alarme faz com que sejam abertos os sprinklers, permitindo que saia o ar e que seja feito o escoamento da água que, através da rede de canalizações chega aos aspersores, possibilitando o combate ao incêndio. Os sistemas em que as tubagens estão constantemente em carga são os mais utilizados. O sistema seco é mais útil em zonas onde haja o perigo de congelamento das águas presentes nas tubagens. Existem também as soluções alternadas onde, consoante a época do ano, se podem utilizar tanto o sistema seco, como também o húmido. Sistemas do tipo Dilúvio: Estes sistemas de extinção são distintos dos referidos anteriormente, na medida em que utilizam um detector na zona onde estão instalados os aspersores, havendo por isso, um funcionamento em simultâneo de todos os sprinklers. O sistema é igualmente constituído por um posto de comando que, quando o alarme é accionado, faz com que a fonte de alimentação se abra, proporcionando que a água circule pela tubagem até aos sprinklers, que se encontram abertos, possibilitando assim a inundação da referida zona. Importa referir que a fonte de alimentação pode também ser accionada manualmente. Sistemas de Pré-Acção: Este tipo de sistemas é caracterizado por apresentar características dos dois sistemas anteriormente referidos. Para além de utilizar sprinklers do tipo dos que foram descritos para o sistema standard, este meio de extinção recorre também ao detector referido nos sistemas tipo dilúvio, para fazer a detecção do incêndio. Contudo, este sistema funciona identicamente ao sistema standardizado, uma vez que a extinção do fogo é feita elemento a elemento, sendo que os aspersores abrem de forma individualizada. Verifica-se, portanto, que um sprinkler só abre por ordem do detector geral e/ou do detector do próprio sprinkler. 53 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Aspectos construtivos e de localização: Os sistemas de extinção automáticos apresentam, com excepção da sua parte final, características idênticas aos sistemas já abordados, onde uma rede de tubagens preferencialmente verticais faz a transição entre a fonte de alimentação e a zona de combate a incêndio. O objectivo da instalação de sprinklers passa por garantir que uma determinada área é abrangida por um jacto de água para que possa ser combatido um incêndio. Essa área é função do tipo de sprinkler utilizado, como também da forma e localização da sua instalação. Neste sentido existem diferentes formas de instalar estes dispositivos. Podem ser colocados verticalmente acima ou abaixo da tubagem, ou podem apresentar alguma pendente, que deverá permitir, no máximo, que 40% da água abranja um lado e 60% o outro [13]. Conforme as características da zona a dimensionar podem ser tomadas considerações diferentes relativamente à disposição, em planta, dos sprinklers. Estes podem estar implementados com um espaçamento constante, ou então podem ser instalados intercaladamente, como se pode observar na Figura 4.8. Figura 4.8 - Afastamento de sprinklers (adaptado de [19]) Relativamente ao modo de alimentação, o RTSCIE [N17] expõe a necessidade de se utilizar um depósito privativo do serviço de incêndios, em conjunto com um sistema de bombagem, para alimentar os sprinklers, com excepção da utilização-tipo II da 2ª categoria de risco, “(…) exclusiva ou complementar de outra utilização-tipo cuja categoria não exija, por si só, a construção de um depósito privativo do serviço de incêndios.” A alimentação da tubagem dos sub-ramais pode ser feita de quatro diferentes formas. Macintyre (1990) [12] refere que esta canalização pode ser alimentada por um sistema de alimentação central, de alimentação lateral central, central pela extremidade ou lateral pela extremidade, como se pode ver na Figura 4.9. 54 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Figura 4.9 - Alimentação dos sprinklers (adaptado de [11]) Dimensionamento: O dimensionamento de uma rede de extinção automática exige uma prévia consideração de diversos dados, como a classe de risco, que depende da utilização-tipo do edifício, ou o material a utilizar nas tubagens. A classe de risco influencia o valor de diversos parâmetros importantes no dimensionamento deste tipo de sistemas. Assim sendo, é possível, conhecendo a utilização-tipo do edifício, quantificar directamente algumas grandezas essenciais, como a densidade e o tempo de descarga, a área de operação, o número de aspersores em funcionamento simultâneo e o seu calibre. No Quadro 4.1 estão presentes os valores a definir para as referidas dimensões. Conhecidas estas grandezas é possível, através da Expressão (4.2), determinar outro parâmetro inicial de dimensionamento, o número de sprinklers em funcionamento simultâneo por sub-ramal. N 1.2 Ao (4.2) S Quadro 4.1 - Parâmetros definidos no dimensionamento de sprinklers [N17] Utilizações-tipo II III, VI, VII, VIII XII (incluindo sistemas tipo dilúvio previstos para a utilização-tipo VI, com um tempo de descarga de 30 min) Densidade de descarga 2 [l/min/m ] 5 5 10 144 216 Número de aspersores em funcionamento simultâneo 12 18 260 29 Área de operação 2 [m ] 55 Calibre dos aspersores [mm] Tempo de descarga [min] 15 15 60 60 20 90 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ O espaçamento entre sprinklers no sub-ramal, S, depende da geometria da rede a dimensionar, que apresenta determinadas limitações. Tanto o afastamento entre sub-ramais (D), como a distância entre sprinklers do mesmo sub-ramal (S), representados na Figura 4.8, têm valores máximos definidos. Segundo Pedroso (2010) [19], estes afastamentos assumem valores limite consoante a utilização-tipo do edifício, como se pode observar no Quadro 4.2. O ISP faz depender o espaçamento dos sprinklers da classe de risco associada, como se pode verificar no Quadro 4.3. Quadro 4.2 - Espaçamento entre sprinklers em função da utilização-tipo [19] Utilizações-tipo II, III, VI, VII, VIII XII Tipo de espaçamento Normal Intercalado Normal S [m] 4.0 4.6 3.7 D [m] 4.6 4.0 3.7 2 SxD [m ] 12 12 9 Quadro 4.3 - Espaçamento entre sprinklers em função da classe de risco [M5] Classe de risco Ligeiros Ordinários Graves Espaçamento constante S [m] D [m] 4.6 4.6 4.0 4.0 3.7 3.7 Espaçamento intercalado S [m] D [m] 4.6 4.6 4.6 4.0 3.7 3.7 2 SxD [m ] 20 12 9 Depois de definido o número de sprinklers em funcionamento simultâneo na rede e por subramal, deverá ser escolhido, para dimensionar, o grupo de aspersores (que englobe todos os sprinklers em funcionamento simultâneo e que respeite o número de sprinklers por sub-ramal) com uma localização mais desfavorável (na Figura 4.8 é dado um exemplo, meramente ilustrativo, para uma escolha de um grupo 8 sprinklers para um afastamento constante e de 7 para um afastamento intercalado), constituído por dispositivos que se apresentem mais distantes da fonte de alimentação da rede, o que implica uma maior perda de carga. Seleccionados os sprinklers, poderá proceder-se ao seu dimensionamento através de iterações desde o dispositivo com uma localização mais desfavorável, até aquele que se apresenta mais bem localizado. O processo iterativo de cálculo, proposto por Pedroso (2010) [19], é semelhante ao dimensionamento da coluna seca, abordado em 4.2.2.1, pelo que a Figura 4.3 ilustra igualmente um esquema de dimensionamento de um sistema de extinção automático com sprinklers. A determinação do caudal de dimensionamento é feita com recurso à Equação (4.3), onde a área de actuação de cada sprinkler, As, é função das distâncias S e D já referida. Os valores máximos da referida superfície, dependentes da utilização-tipo do edifício, estão igualmente tabelados nos Quadros 4.2 e 4.3. Qd d As 56 (4.3) Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ A determinação da velocidade segue, à semelhança do que acontece com a coluna seca, o mesmo método utilizado no dimensionamento das tubagens de abastecimento de água, que é dado pela Equação (3.11). Apesar de, como referido no Ponto 4.2.2.1, não serem impostos limites de velocidade de escoamento, é usual limitar-se a dimensão das tubagens utilizadas nos sistemas de extinção automáticos com sprinklers, a um diâmetro nominal mínimo de 25 mm. A determinação das perdas de carga localizadas e contínuas também se faz de forma idêntica ao referido no dimensionamento da coluna seca. Assim sendo, a perda de carga total deverá ser determinada de forma semelhante ao que é feito para os sistemas de abastecimento de água, através das Equações (3.23) ou (3.24) conforme se pretenda, respectivamente, fazer a ponderação das perdas singulares independentemente, ou através do método do comprimento equivalente. O método proposto pelo ISP [M5] considera que o cálculo das dimensões da tubagem pode ser executado através da utilização de tabelas pré-calculadas, ou por cálculo hidráulico. Nas instalações com um risco ligeiro podem ser aplicadas as tabelas apenas às secções dos ramais secundários, devendo as outras tubagens ser dimensionadas com recurso ao cálculo hidráulico. Relativamente às instalações de risco ordinário e grave, é referido em [M5] que as tabelas podem ser utilizadas nos ramais secundários e também em secções específicas dos ramais principais, nas extremidades da instalação, em cada andar. A restante parte da tubagem deverá ser dimensionada com recurso ao cálculo hidráulico. Os ramais simples, que alimentam os sprinklers desde o ramal secundário ou principal, também podem ser determinados com recurso às tabelas. A título de exemplo são indicadas de seguida, nos Quadros 4.4 e 4.5, as tabelas utilizadas para dimensionar a tubagem dos ramais simples, tanto para instalações de risco ligeiro, como ordinário. Quadro 4.4 - Dimensionamento dos ramais simples em instalações de risco ligeiro [M5] Diâmetro nominal [mm] 20 25 32 Comprimento equivalente máximo [m] 3.8 11.7 45.0 Quadro 4.5 - Dimensionamento dos ramais simples em instalações de risco ordinário [M5] Diâmetro nominal [mm] 25 32 40 Comprimento equivalente máximo [m] 6.0 23.0 48.0 O cálculo das perdas de carga através do método proposto pelo ISP é igualmente feito com recurso a tabelas pré-calculadas. Os valores das perdas de carga são igualmente variáveis com a classe de risco inerente ao edifício onde será instalada a rede de sprinklers. O Quadro 4.6 ilustra as perdas de carga a considerar para os ramais principais das intalações com um risco ordinário. 57 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Quadro 4.6 - Perdas de carga dos ramais principais em instalações de risco ordinário [M5] Diâmetro nominal [mm] 65 80 100 150 200 Perda de carga de comprimento de 3 tubo, com caudal de 1 m /s [mb/m] 35.0 16.0 4.4 0.65 0.16 A diferença entre o dimensionamento dos sistemas de extinção automáticos com sprinklers e os sistemas de extinção manuais prende-se com o facto de nos sistemas automáticos ser considerado um cálculo mais rigoroso da pressão dinâmica, devido à necessidade dos dispositivos de pulverizarem água para o combate. É neste sentido que surge uma grandeza designada por coeficiente de descarga, que é representada por K. Pedroso (2010) [19] refere que o valor deste coeficiente está dependente da utilização-tipo do edifício, como se pode observar no Quadro 4.7. O mesmo autor refere ainda que poderá ser considerada uma margem de 5 % para cada um dos valores do referido factor. Macintyre (1986) [11] indica que o valor do coeficiente de descarga depende do tamanho do orifício, como se pode observar no Quadro 4.8. O autor faz igualmente referência à margem de 5% que deve ser considerada em cada valor do coeficiente. Os valores indicados por Macintyre são igualmente preconizados pelo método do ISP [M5]. O mesmo método refere que o diâmetro dos orifícios dos sprinklers depende do grau de risco a que está associada a zona de instalação. Quadro 4.7 - Coeficiente de descarga dos sprinklers [19] Utilizações-tipo Coeficiente de descarga (K) II, III, VI, VII, VIII 80 XII 115 A pressão dinâmica deverá ser determinada com recurso à Equação (4.4), tendo em conta que o caudal de dimensionamento é dado em l/min, enquanto que a pressão é dada em kPa [19]. Qd K 0.01 p (4.4) Quadro 4.8 - Coeficiente de descarga dos sprinklers em função do seu diâmetro [11] Tipo de orifício Pequeno Médio Grande Diâmetro [mm] 10 15 20 Valor de K 57% 80% 115% De forma a contabilizar a pressão dinâmica em toda a rede deverá ser considerado um factor Keq, em todos os pontos a partir dos quais saia tubagem que abasteça vários aspersores. Tomando como exemplo a rede simétrica de sprinklers com espaçamento constante, representada na Figura 4.8, verifica-se que para do ponto A sai tubagem que vai abastecer tanto os sprinklers 1.2 e 3 como também o 4 e os restantes aspersores desse sub-ramal. Como 58 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ a rede é simétrica, é suficiente dimensionar um dos lados, considerando-se, portanto, que o lado esquerdo terá tubagens com as mesmas dimensões do lado direito. Como foi referido anteriormente, no ponto A será necessário considerar um factor K eq, que corresponda aos três sprinklers em simultâneo, de forma a garantir uma suficiente pressão dinâmica em todos os aspersores. O valor desse coeficiente pode ser determinado com recurso à Equação (4.4), considerando que o caudal de dimensionamento é o caudal suficiente para abastecer os três sprinklers e que a pressão é a pressão dinâmica presente nesse ponto A. O dimensionamento do reservatório será abordado no Ponto 4.3. 4.2.3.2. Cortinas de água O sistema de cortinas de água apresenta quatro funções distintas, extinguir, controlar, prevenir e proteger contra o fogo. A forma de extinguir o fogo é análoga à dos sprinklers, onde a área em que está o incêndio é inundada por água. A diferença entre os dois reside no facto de que nos sistemas de cortinas de água são utilizadas pequenas lanças de pulverização (Figura 4.10), em vez dos já referidos sprinklers. Relativamente ao controlo e à protecção do incêndio, este sistema tem uma grande importância, uma vez que serve para se formar uma barreira (cortina) de água que não permite que o incêndio avance. Para uma prevenção contra o fogo pode aplicar-se uma pulverização constante sobre a peça a proteger, retirando à mesma quaisquer produtos inflamáveis. Figura 4.10 - Lança de pulverização [I3] Apesar de terem uma boa eficiência relativamente às funções para as quais são dimensionadas, as cortinas de água não devem em caso algum ser um método substituto de um outro qualquer sistema de combate a incêndio, devendo a sua utilização ser apenas considerada em casos específicos e de carácter complementar. A utilização de cortinas de água está normalmente associada à protecção de tubagens, depósitos de gás e de outros líquidos inflamáveis, de indústrias, mas também à protecção de material eléctrico. Na Figura 4.11 pode observar-se a utilização de um sistema de cortinas de água para proteger um conjunto de depósitos. 59 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Figura 4.11 - Sistema de cortinas de água para protecção de depósitos [I60] Aspectos construtivos e de localização: A escolha da localização das cortinas de água deverá ser feita tendo em conta a disposição e as necessidades de protecção inerentes à zona a proteger. Deverá ter-se especial cuidado na consideração de cortinas de água para proteger material eléctrico, reservando-se uma distância para que a água, por acção do vento não entre em contacto com o material. A consideração de outros elementos que contemplem as cortinas de água, como paredes corta-fogo, ou cortinas térmicas, pode ser importante para proteger os elementos em questão. Relativamente ao abastecimento destes sistemas, podem ser consideradas as mesmas soluções dos sistemas de sprinklers (reservatório ou abastecimento directo). No entanto, nas situações em que se utilizam cortinas de água para proteger certos elementos, devido à grande quantidade de água necessária, é possível utilizar sistemas que reutilizem este líquido, acautelando a separação entre a água e as outras substâncias que podem fazer aumentar o risco de incêndio. Para além de serem utilizados alarmes automáticos que detectam o fogo, o posto de segurança deve estar provido igualmente de um sistema manual que accione as lanças de pulverização. Dimensionamento: Os passos constituintes do dimensionamento dos sistemas de cortinas de água são idênticos aos já referidos para o outro sistema de extinção automático (Secção 4.2.3.1). Apesar de se efectuar o dimensionamento de forma análoga aos sprinklers, existem algumas considerações que se devem ter em conta no dimensionamento deste tipo de sistemas, relativamente ao caudal e à escolha da lança a utilizar: 2 2 O caudal mínimo deverá ser de 10 l/min/m (m da superfície do vão a irrigar); A escolha da lança a utilizar deverá ter em conta, para além do vão a irrigar, o factor do vento, considerando as correntes de ar que podem surgir; 60 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Todas as boquilhas deverão ter um ângulo suficiente para que seja coberto todo o vão a proteger. 4.2.4. Utilização dos meios de combate A utilização dos meios de combate a incêndio deve ser tida em conta em todas as construções. No entanto, é necessário proceder-se a uma análise do edifício para perceber quais são os meios aconselháveis ou obrigatórios. O RTSCIE [N17] faz referência aos edifícios onde a instalação de determinados meios de extinção é obrigatória, cabendo ao projectista analisar a hipótese de colocar outros meios por forma a melhorar as condições de combate a incêndio. No quadro do Anexo A6 são referidos os diferentes meios de combate a incêndio e os edifícios onde a sua instalação é obrigatória. 4.3. Reservatórios O RTSCIE [N17] refere que as redes prediais cujo abastecimento não apresente garantias de continuidade de caudal e pressão, devem ser abastecidas por um reservatório privado, provido um elementos sobrepressores alimentados por energia eléctrica (deverá ser igualmente instalada uma fonte de energia de emergência). Os reservatórios utilizados nos sistemas de combate a incêndio devem ter características construtivas semelhantes às dos reservatórios utilizados na rede de abastecimento de água, que foram referidos no Ponto 3.5. Contudo, devido ao facto de a água que armazenam não ser para consumo humano, não é necessário ter cuidados especiais com a sua potabilidade. O dimensionamento dos reservatórios deverá ser tal para que sejam asseguradas as condições de pressão e de caudal necessários para cada sistema, descritas ao longo da Secção 4.2. Nos sistemas de combate a incêndio é possível considerar um reservatório único no edifício. Neste caso é necessário garantir que o depósito é suficiente para cobrir em simultâneo o fornecimento de água de todos os sistemas, nas condições referidas nos parágrafos anteriores. Neste sentido, o RTSCIE [N17] refere que a capacidade do depósito deve satisfazer as condições exigíveis para o funcionamento em simultâneo de todos os meios de combate, manuais e automáticos. O mesmo regulamento refere que esta capacidade depende do tempo de actuação dos sistemas de combate, cuja duração será exposta numa nota técnica da ANPC (indica o período de tempo de autonomia de funcionamento das redes de incêndio, em função da categoria de riscos das utilizações-tipo) que está ainda em período de elaboração. Apesar da elaboração da nota técnica, já está definido no RTSCIE [N17] o período de actuação dos sprinklers utilizados nos sistemas automáticos (Quadro 4.1). Relativamente a estes sistemas de extinção, o mesmo documento normativo indica que à excepção dos edifícios de “(…) utilização-tipo II da 2ª categoria, quando exclusiva ou quando complementar de outra utilização-tipo cuja categoria não exija, por si só, a construção de um depósito privativo do 61 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ serviço de incêndio.”, deverá ser instalado um depósito para armazenar a água utilizada no combate ao sinistro. O RTSCIE [N17] faz igualmente referência à possibilidade de abastecimento de hidrantes exteriores através do depósito da rede de incêndios, em situações de não existência de rede pública de abastecimento. Nestes casos a norma refere que o reservatório deverá ter uma 3 capacidade superior a 60 m e deverá garantir um caudal mínimo de 20 l/s para cada hidrante, com um máximo de dois e uma pressão dinâmica mínima de 150 kPa. 4.4. Ligação ao sistema público A ligação da rede de incêndios ao sistema público varia consoante o sistema de combate que se considera. Como foi referido ao longo das descrições dos diferentes sistemas (Secção 4.2), os dispositivos de incêndio podem ser abastecidos quer pela rede predial, como também pela rede pública. Deverão igualmente ser garantidas condições para que o abastecimento seja feito pelos bombeiros. Importa ainda referir que tanto na RIA, como também nos sistemas de extinção automáticos, pode ser considerado, dependendo das condições em que a rede pública se encontra, o abastecimento directo. Neste caso deverá ser ponderada a utilização de um sistema hidropneumático, que será abordado no Capítulo 5. 62 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ 5. Materiais e outros elementos utilizados nas redes 5.1. Introdução As redes de abastecimento de águas, assim como as redes de incêndio, são constituídas essencialmente por canalizações que permitem o transporte da água entre os vários pontos. É, portanto, de primordial importância o estudo destes elementos, com vista à optimização deste tipo de sistemas. Uma análise do material a utilizar na constituição de uma rede de tubagem não deve apenas incidir no ponto de vista económico. Importa também conhecer as suas características, tanto a nível da aplicabilidade, como também das características físico-químicas (Tensão de rotura, condutibilidade térmica, coeficiente de dilatação térmica – considerado nas tubagens de água quente, resistência à temperatura e às condições atmosféricas, compatibilidade com a água e a corrosão). Uma tubagem que seja bastante satisfatória a nível económico, mas que, por exemplo, seja de complexa aplicação, pode não constituir uma rede de tubagem ideal. Assim sendo, o dimensionamento de uma rede de tubagem passa, principalmente, por optimizar estes três aspectos essenciais. A distinção entre os materiais que podem ser utilizados em determinados tipos de rede é, normalmente, o ponto de partida para a análise indicada no parágrafo anterior. É essencial definir se uma tubagem tem capacidade para suportar as condições que lhe serão impostas. Tomando como exemplo uma rede de abastecimento de água quente, pode dizer-se que para as canalizações deste tipo de sistemas não deverão ser utilizados materiais que se apresentem vulneráveis a temperaturas superiores a 30 ºC, 35 ºC (mínimos atingidos num sistema deste tipo), correndo o risco de toda a rede ficar danificada com a passagem de água aquecida. No dimensionamento de uma rede de abastecimento de água fria não são colocadas grandes restrições quanto ao tipo de tubagem a utilizar, já que existe um grande espectro de materiais que respeita as exigências feitas em relação às características já referidas. O dimensionamento de uma rede de incêndio já não apresenta uma gama tão grande de escolhas, uma vez que as elevadas temperaturas, a que a canalização é sujeita, podem alterar as suas características. A resistência a elevadas temperaturas só é possível obter em soluções metálicas. Posto isto, a utilização de tubagens plásticas restringe-se quase exclusivamente às redes de abastecimento de água, havendo apenas a diferenciação entre as que podem ser utilizadas nos sistemas de água quente e as que não resistem a temperaturas tão elevadas. Ainda assim estão a surgir no mercado tubagens plásticas com capacidade para serem utilizadas nos sistemas de extinção automáticos, uma vez que estes não são sujeitos a temperaturas tão elevadas como os sistemas de extinção manuais. Nos pontos seguintes serão estudados os materiais mais comummente utilizados nas tubagens de rede de abastecimento de água fria e também de rede de incêndios. Serão analisadas as 63 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ suas características e aspectos construtivos, como também os respectivos diâmetros nominais e algumas peças de união e acessórios. Serão igualmente abordados os elementos utilizados nos dois tipos de redes, que são essenciais para o seu bom funcionamento. Serão, portanto, analisados os contadores, as torneiras, as válvulas e os fluxómetros, usados nas redes de abastecimento de água. Outros dispositivos a ter em conta são as bocas-de-incêndio, de alimentação e os sprinklers, que constituem as redes de combate a incêndios. Nesta obra proceder-se-á igualmente à abordagem dos dispositivos de sustentabilidade, que permitem uma utilização da água de uma forma mais eficiente, optimizando a economia de consumo e contribuindo para o melhoramento do ambiente. Na Secção 5.3.3 será também abordada a temática dos sistemas de bombagem que permitem um maior número de opções construtivas para um projectista. 5.2. Materiais A utilização dos materiais na execução de canalizações para os sistemas abordados nesta obra tem vindo a sofrer algumas alterações ao longo dos anos. A aplicação de materiais metálicos tem vindo a ser reduzida, devido ao surgimento dos polímeros caracterizados principalmente pela ausência de corrosão. A sua leveza, flexibilidade e preço mais baixo são também características que lhes conferem vantagens relativamente aos metais. Como exemplo destas alterações constata-se que materiais como o ferro fundido, mais utilizado nos sistemas públicos de abastecimento, têm vindo a cair em desuso, verificando-se o aparecimento de novos materiais plásticos, como, por exemplo, o polibutileno. São ainda de referir os novos sistemas de canalização plástica capazes de fornecer as características necessárias para um sistema de extinção de incêndio automático. Como exemplo destas tubagens, pode referir-se a gama de tubagens Firestop que a empresa Aquaterm [I34] disponibiliza. Como foi referido no ponto anterior, os materiais utilizados nos sistemas de abastecimento de água e de combate a incêndio apresentam algumas características específicas, que estão referidas no Quadro 5.1 e também ao longo do presente ponto. Serão igualmente analisadas as questões relacionadas com os aspectos construtivos, as dimensões da tubagem, os acessórios utilizados, as normas aplicáveis e também os respectivos custos. O Quadro 5.1 mostra ainda as vantagens e desvantagens associadas a cada material. Importa ainda referir que a análise do custo é meramente qualitativa, já que os custos podem variar consoante a empresa que os comercializa, pelo que foi considerada uma escala que define o custo dos materiais desde o mais económico (1) até ao mais oneroso (5), permitindo assim ao leitor ter uma ideia comparativa entre os valores dos vários tipos de instalação. De referir ainda que a escala utilizada é meramente ilustrativa, não correspondendo os respectivos números a qualquer factor multiplicativo. Por exemplo, o facto de o PEAD ser de nível 3 não quer dizer que uma instalação deste material é 3 vezes superior a uma instalação em PVC (nível1). l 64 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Quadro 5.1 - Materiais utilizados nas tubagens de sistemas de abastecimento de água e de combate a incêndio [6; 7; 9; 17; 20; 21; 22; 23; 25; 26; 27; 28] Material PEAD PEX Abastecimento Água Água fria Incêndios quente Válido Válido Características principais Instalações Não válido Flexibilidade, baixa densidade, Embutidas ou elevado encamisadas coeficiente de por mangas dilatação, muito em elementos Não válido baixa rugosidade, livres baixa (pavimentos, condutibilidade tectos falsos, térmica, elevada caleiras, entre resistência ao outros), à vista desgaste Válido Flexibilidade, baixa densidade, Embutidas ou elevado encamisadas coeficiente de por mangas dilatação, muito em elementos Não válido baixa rugosidade, livres baixa (pavimentos, condutibilidade tectos falsos, térmica, elevada caleiras, entre resistência ao outros), à vista desgaste 65 Vantagens Desvantagens Custo da instalação Normas Facilidade de manuseamento e aplicação, boa resistência ao choque e a produtos químicos, baixa perda de carga contínua e localizada, facilidade de reparação, elevada resistência à oxidação, boa capacidade de retenção do calor Facilidade de manuseamento, boa resistência ao choque e a produtos químicos, baixa perda de carga contínua e localizada, grande facilidade de reparação, elevada resistência à oxidação, boa resistência a temperaturas mais elevadas, boa capacidade de retenção do calor Baixa resistência a temperaturas elevadas, grande dilatação, baixa resistência a pressões muito elevadas, vulnerabilidade aos raios ultravioletas, incapacidade de utilização em redes de combate a incêndio, grande exigência na qualidade de instalação, necessidade de utilização de caixa de derivação e de recorrer a outro material para dar continuação à rede 3 NP EN 12201 Incapacidade de utilização em redes de combate a incêndio, grande dilatação, pouca resistência a pressões muito elevadas, vulnerabilidade aos raios ultravioletas, grande exigência na qualidade de instalação, necessidade de utilização de caixa de derivação e de recorrer a outro material para dar continuação à rede 2 NP EN ISO 15875 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Material Abastecimento Água Água fria Incêndios quente PVC Válido Não válido PVC-C Válido Válido Características principais Instalações Vantagens Desvantagens Baixa resistência a Rigidez, baixa Elementos Facilidade de temperaturas elevadas, ao densidade, livres (tectos instalação e de choque e aos raios elevado falsos, execução das ultravioletas, grande coeficiente de galerias, ligações, boa dilatação, obrigatoriedade de dilatação, muito caleiras, entre resistência a produtos construção de uma rede Não válido baixa rugosidade, outros), químicos, elevada linear de canalização, baixa embutidas (por resistência à oxidação, significância das perdas de condutibilidade exemplo em baixo valor de perdas carga localizadas, térmica, boa paredes de de carga contínuas, incapacidade de utilização resistência ao alvenaria), à boa capacidade de em redes de combate a desgaste vista retenção do calor incêndio Facilidade de instalação e de Rigidez, baixa Elementos Baixa resistência ao choque execução das densidade, livres (tectos e aos raios ultravioletas, ligações, boa elevado falsos, grande dilatação, resistência a produtos coeficiente de galerias, obrigatoriedade de químicos, elevada dilatação, muito caleiras, entre construção de uma rede resistência à oxidação, Não válido baixa rugosidade, outros), linear de canalização, baixo valor de perdas baixa embutidas (por significância das perdas de de carga contínuas, condutibilidade exemplo em carga localizadas, boa resistência a térmica, boa paredes de incapacidade de utilização temperaturas resistência ao alvenaria), à em redes de combate a elevadas, boa desgaste vista incêndio capacidade de retenção do calor 66 Custo da instalação Normas 1 NP EN ISO 1452 1 EN ISO 15877 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Material PP Cobre Abastecimento Água Água fria Incêndios quente Válido Válido Válido Válido Características principais Instalações Rigidez, baixa Elementos densidade, livres (tectos elevado falsos, coeficiente de galerias, dilatação, muito caleiras, entre Não válido baixa rugosidade, outros), baixa embutidas (por condutibilidade exemplo em térmica, boa paredes de resistência ao alvenaria), à desgaste vista Válido Rigidez, elevada densidade, elevada condutibilidade térmica, baixo coeficiente de dilatação, baixa rugosidade, elevada resistência ao desgaste Elementos livres (tectos falsos, galerias, caleiras, entre outros), embutidas (por exemplo em paredes de alvenaria), à vista 67 Vantagens Desvantagens Baixa resistência ao choque e aos raios Facilidade de ultravioletas, grande instalação, boa dilatação, resistência a produtos obrigatoriedade de químicos e a construção de uma temperaturas elevadas, rede linear de elevada resistência à canalização, oxidação, baixo valor de significância das perdas perdas de carga de carga localizadas, contínuas, boa exigência de mão-decapacidade de retenção obra especializada nas do calor uniões, incapacidade de utilização em redes de combate a incêndio Boa resistência a produtos químicos, ao choque e a Elevada significância temperaturas bastante das perdas de carga elevadas, insignificante localizadas, dificuldade dilatação, elevada de manuseamento, durabilidade, facilidade baixa capacidade de de instalação, boa retenção do calor resistência à corrosão, baixo valor de perdas de carga contínuas Custo da instalação Normas 2 NP EN ISO 15874 4 NP EN 12449 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Material Abastecimento Água Água fria Incêndios quente Aço Válido Válido Válido Aço inox Válido Válido Válido Características principais Instalações Vantagens Desvantagens Rigidez, elevada Elementos densidade, baixo livres (tectos Baixa resistência à coeficiente de falsos, Boa resistência a corrosão, elevada dilatação, boa galerias, produtos químicos, ao significância das perdas condutibilidade caleiras, entre choque e a temperaturas de carga localizadas, térmica, outros), bastante elevadas, dificuldade de rugosidade de embutidas (por insignificante dilatação, manuseamento, alguma valor médio, exemplo em elevada durabilidade significância das perdas elevada paredes de de carga contínuas resistência ao alvenaria), à desgaste vista Baixa resistência à Elementos corrosão localizada, Rigidez, elevada livres (tectos Boa resistência à necessidade de algum densidade, baixo falsos, corrosão generalizada, investimento para coeficiente de galerias, grande durabilidade, boa aumentar a resistência dilatação, boa caleiras, entre resistência a produtos térmica, elevada condutibilidade outros), químicos, ao choque e a significância das perdas térmica, elevada embutidas (por temperaturas elevadas, de carga localizadas, resistência ao exemplo em baixo valor de perdas de incompatibilidade com desgaste, baixa paredes de carga contínuas outros metais rugosidade alvenaria), à (principalmente ao nível vista dos acessórios) 68 Custo da instalação Normas 4 NP EN 10216 5 NP EN 10216 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Material Aço galvanizado Multicamada Abastecimento Água Água fria Incêndios quente Válido Válido Válido Válido Válido Não válido Características principais Instalações Elementos Rigidez, elevada livres (tectos densidade, baixo falsos, coeficiente de galerias, dilatação, boa caleiras, entre condutibilidade outros), térmica, elevada embutidas (por resistência ao exemplo em desgaste, paredes de rugosidade de alvenaria), à valor médio vista Flexibilidade, baixa condutibilidade, baixa densidade, elevado coeficiente de dilatação, baixa condutibilidade térmica, boa resistência ao desgaste Embutidas ou encamisadas por mangas em elementos livres (pavimentos, tectos falsos, caleiras, entre outros), à vista 69 Vantagens Desvantagens Custo da instalação Normas Boa resistência à corrosão, grande durabilidade, boa resistência a produtos químicos, ao choque e a temperaturas elevadas Elevada significância das perdas de carga localizadas, alguma significância das perdas de carga contínuas, incompatibilidade com outros metais (principalmente ao nível dos acessórios) 5 NP EN 1123 Versatilidade de opções, baixo ruído, boa resistência mecânica, fácil aplicação, baixo valor das perdas de carga singulares, facilidade de aplicação, possibilidade de reunir vantagens de vários materiais Dificuldade de reparação quando são embutidas, oxidação nos acessórios metálicos, possibilidade de problemas das camadas de cola, pequenos diâmetros internos dos acessórios, compatibilidade entre acessórios de diferentes fabricantes 3 NP EN ISO 21003 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ 5.2.1. Polietileno (PE) O polietileno, à semelhança dos restantes plásticos, tem vindo a ser utilizado nas redes de abastecimento de água fria, desde as décadas finais do séc. XX. Na fabricação deste polímero é possível, dependendo da forma de como o etileno é polimerizado, obter-se soluções com diferentes massas volúmicas. Assim sendo, podem definir-se 3 tipos distintos deste composto, o polietileno de baixa, de média e de alta densidade, correspondendo respectivamente às siglas PEBD, PEMD, PEAD. Na aplicação deste material em tubagens de abastecimento de água é comum a utilização de polietileno de alta densidade, sendo igualmente possível, mas menos usual, o recurso a tubagens em PEMD. O polietileno de baixa densidade caiu em desuso, sendo mais utilizado, por exemplo, na elaboração de mangueiras de jardinagem. Assim, serão abordadas nesta obra as tubagens em polietileno de alta densidade. Os tubos de polietileno apresentam normalmente uma cor negra (conseguida com a adição de carbono), que lhes confere uma maior resistência às radiações solares, como se pode observar na Figura 5.1. Contudo, é possível encontrar tubos de PEAD em tons de azul. Figura 5.1 - Varas de tubagem de PEAD [I37] As tubagens de PEAD, devido à sua grande flexibilidade, podem ser comercializadas em rolos. É igualmente usual a venda deste tipo de tubagens em varas. Pedroso (2007) [17] refere que estas tubagens devem ser portadoras de certificado da entidade responsável pela homologação, bem como a identificação da respectiva pressão e diâmetro. A identificação da água que transportam, nas tubagens acessíveis, assim como o material que as constituí são também requisitos obrigatórios. 5.2.1.1. Constituição e características Devido à sua fraca resistência térmica, a tubagem de PEAD tem a sua utilização limitada a sistemas de água fria, o que faz com que perca utilidade, por exemplo, em edifícios de habitação ou de escritórios. A utilização deste tipo de tubagem é mais comum, por exemplo, em casas de banho de espaços públicos (onde não se utiliza água quente), como centros comerciais. Uma característica igualmente importante das redes de canalização em PEAD tem a ver com o facto de estes tubos serem comercializados em rolos, o que faz com que se consiga obter 70 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ grandes comprimentos de tubagem em continuidade. Assim sendo, não é necessário recorrerse à utilização de muitas peças de união, fazendo com que os valores das perdas de carga localizadas sejam minimizados e que sejam diminuídos os riscos de infiltração que advêm das ligações entre as uniões e a tubagem. 5.2.1.2. Aspectos construtivos A instalação da tubagem de PEAD num qualquer tipo de habitação exige a consideração de determinados factores. Desde já importa referir que uma rede de canalização deste género é composta por dois tipos distintos de material. Isto acontece porque o PEAD se desenvolve de forma flexível, não linear, sendo preferencialmente colocado em elementos livres, onde a tubagem se poderá desenvolver sem impedimentos, como por exemplo os pavimentos. Assim sendo, deverá ser garantida a continuidade da canalização pelos elementos que apresentam um interior preenchido (por exemplo paredes de alvenaria). O recurso a tubagens de aço, como o aço galvanizado, ou de plástico, como o PVC, é bastante frequente, facilitando assim a aplicação de toda a rede de tubagens. A transição entre os dois materiais é feita através de uma caixa de derivação instalada na proximidade do elemento liso. O facto de se utilizar uma caixa de derivação facilita as operações de reparação, sendo que uma avaria num dispositivo pode ser reparada individualmente, sem que seja afectado o funcionamento da restante rede. A dobragem destas peças, apesar de ser facilitada pela sua flexibilidade, pode ser feita, para além de manualmente, com recurso a uma pistola de ar quente, sendo totalmente desaconselhável a utilização de objectos que emitam qualquer tipo de chama, correndo o risco de danificar o tubo. Quando embutidas, as canalizações devem ser encamisadas por mangas protectoras, que propiciam maiores facilidades nos trabalhos de reparação, uma vez que os tubos podem ser retirados sem que seja necessário recorrer-se à destruição dos elementos estão instalados. No caso em que as tubagens de polietileno de alta densidade são instaladas à vista devem ser utilizadas abraçadeiras com anéis de uma material plástico, que evite a transmissão ao edifício dos ruídos produzidos pela passagem de água nas canalizações. Quando são utilizados tubos azuis (sem protecção contra os raios ultravioletas) deve tomar-se especial cuidado relativamente à sua protecção, evitando também uma exposição muito demorada. 5.2.1.3. Dimensões Os tubos de polietileno são comercializados em tubagens com diâmetros que vão desde os 12 mm até aos 1600 mm [7]. Contudo, as tubagens de polietileno de alta densidade apresentam uma gama de diâmetros menores. O quadro do Anexo A7 mostra a dimensões dos diâmetros mais utilizados na construção deste tipo de redes, que coincidem com as tubagens de classe 1 (MPa). 71 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ 5.2.1.4. Ligações e outros acessórios As ligações entre os vários tubos de PEAD podem ser feitas com recurso a soldadura, ou a acessórios de ligação, que podem ser metálicos ou plásticos. A soldadura pode ser topo-atopo, por electrofusão e também através da utilização de uma manga auxiliar. A Figura 5.2 ilustra a soldadura topo-a-topo de um tubo, onde se pode ver, sequencialmente, a rectificação e alinhamento dos extremos, o aquecimento, a soldadura topo-a-topo por fusão dos extremos e a união dos extremos com pressão e posterior arrefecimento. Figura 5.2 - Soldadura topo-a-topo de um tubo de PEAD [I48] A caixa de derivação (Figura 5.5), descrita no Ponto 5.2.2, deve ser instalada na entrada de cada divisão. 5.2.2. Polietileno reticulado (PEX) Inicialmente utilizados em sistemas de aquecimento, nomeadamente em países nórdicos, os tubos de polietileno reticulado começaram, em inícios dos anos 90, a ser bastante aplicados também em redes de abastecimento de água. Como se pode ver na Figura 5.3, estes tubos apresentam, normalmente, uma cor branca meio translúcida, podendo, no entanto, conter alguma outra coloração. A sua identificação, impressa em cada tubo, consiste, normalmente, no nome do fabricante, material constituinte, método de reticulação, dimensões nominais, condições de utilização e data de fabrico [26]. Figura 5.3 - Tubagem PEX 72 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ 5.2.2.1. Constituição e características O polietileno reticulado surge da reticulação que é aplicada ao polietileno de alta densidade. O facto de as suas fibras passarem a estar dispostas em forma de rede faz com que este material adquira uma maior resistência mecânica e também à temperatura, relativamente ao polímero de origem. Quanto à sua composição, é em tudo idêntica à do polietileno de alta densidade. O aumento de resistência térmica deste polímero (passa dos 20 ºC suportados pelo PEAD, para os 95 ºC [17]) permite que este seja utilizado igualmente em redes de água quente. Relativamente à oxidação, o facto de serem aplicados alguns anti-oxidantes na altura da fabricação do tubo, faz com que as canalizações executadas com este material apresentem uma boa resistência a este fenómeno. As tubagens de PEX são comercializadas em varas ou rolos com algum comprimento, o que permite que as canalizações feitas neste material apresentem valores baixos de perdas de carga localizadas, quando comparados com as tubagens metálicas. Isto acontece porque a flexibilidade deste material permite a utilização de troços contínuos, com grande comprimento, permitindo que se utilizem menos peças de união. 5.2.2.2. Aspectos construtivos A colocação das tubagens de PEX passa, à semelhança do que acontece com o PEAD, pela consideração de alguns factores. Deve considerar-se a sua aplicação em elementos livres, recorrendo-se ao embainhamento da tubagem, através da utilização de mangas que podem ser constituídas por polipropileno ou por polietileno (Figura 5.4), como foi justificado anteriormente. A caixa de derivação deve igualmente ser instalada, para que se possa fazer a transição entre os diferentes materiais. Figura 5.4 - Bainha para a tubagem em PEX Em termos de dobragem e de locais de colocação podem admitir-se as mesmas considerações feitas para o PEAD, referidas em 5.2.1.2. Importa também destacar que este material se apresenta um pouco vulnerável aos raios ultravioletas, pelo que devem ser tomadas precauções no caso de uma constante exposição. 73 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ 5.2.2.3. Dimensões Os tubos de PEX são fabricados, para um mesmo diâmetro, com dois valores de espessura de parede diferentes. Assim sendo, são, normalmente, designadas duas classes distintas de pressão (1.25 MPa e 2.00 MPa) que caracterizam a tubagem. As gamas de diâmetros utilizados nas redes de abastecimento de água são extensas e vão desde o diâmetro de 12 mm até ao diâmetro de 160 mm, como se pode ver no quadro do Anexo A8. No processo de instalação destas tubagens importa também ter em consideração tanto os raios mínimos de curvatura que cada peça pode ter e também a respectiva pressão de serviço. 5.2.2.4. Ligações e outros acessórios A ligação entre os vários tubos de polietileno reticulado, que constituem uma canalização, deve ser feita com o recurso a acessórios metálicos que garantam uma total estanqueidade da união. Para isso, estes elementos, normalmente em cobre ou latão, devem estar providos de anéis de vedação ou luvas de compressão. A caixa de derivação é constituída por um colector e outras peças de união consoante o número de saídas correspondente ao número de dispositivos a abastecer. Na Figura 5.5 está representada uma caixa de derivação, instalada numa cozinha e alimentada através de tubagens em PVC. Nesta imagem está representado a tubagem de água fria (a azul) que ramifica para 4 dispositivos. São também perceptíveis as tubagens de água quente (a vermelho) que vão alimentar o piso superior. Figura 5.5 - Caixa de derivação 5.2.3. Policloreto de vinilo (PVC) A invenção do PVC está datada de meados do séc. XIX e desde ai foi sofrendo alterações, que proporcionaram o alargamento da sua gama de utilizações. Na década de 30, já no século passado, surge a construção dos primeiros tubos de PVC capazes, devido à sua boa resistência química, aliada à ausência de gosto e odor e à suavidade da superfície, de ser 74 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ utilizados em redes de abastecimento de água. Existem tubagens em PVC, instaladas durante a 2ª Guerra Mundial em algumas cidades alemãs que são bom exemplo da capacidade deste material uma vez que se mantêm actualmente com as suas qualidades intactas. Apesar dos primeiros tubos já apresentarem características bastante satisfatórias, a fabricação do PVC tem vindo a sofrer desenvolvimentos desde então, sendo as décadas de 50 e 60 os expoentes máximos dessa evolução. Os tubos de PVC apresentam, normalmente, uma cor cinzenta, ou creme (Figura 5.6). Contudo, podem, por vezes, ter uma tonalidade diferente para que, por exemplo, consigam garantir uma maior resistência às radiações solares. Devem ser identificados, à semelhança do que acontece com as outras tubagens plásticas, em intervalos máximos de 1 metro, com o fabricante e tipo de produto, a data de produção e também as suas características físicas, como o diâmetro e a espessura. Deverão igualmente apresentar as pressões e temperaturas a que podem estar sujeitos [7]. 5.2.3.1. Constituição e características Na instalação dos tubos de PVC é importante ter em conta a sua fraca resistência a temperaturas elevadas, em condições de funcionamento contínuo [17], o que leva a que este material seja utilizado apenas em tubagens de água fria (temperaturas na ordem dos 20 ºC). 5.2.3.2. Aspectos construtivos Quando são instaladas à vista, estas tubagens devem ser suportadas através de abraçadeiras que devem garantir, para além da sua fixação, espaço suficiente para que esta dilate (coeficiente de dilatação térmica linear elevado) e para que as vibrações provenientes do escoamento da água não causem danos à canalização. Deve ainda ter-se especial cuidado com a possibilidade de choque e de incidência de radiações solares. O facto de estes tubos serem rígidos implica que a rede, que constitui uma canalização em PVC, seja linear. Assim sendo, as mudanças de direcção podem ser executadas com recurso a peças de união ou então através de dobragens, o que não é muito aconselhável, pois podem ocorrer danos na tubagem. Esta dobragem deve ser executada recorrendo a um aparelho de ar quente. Os aparelhos que emitem directamente uma chama estão completamente interditos a este tipo de material. 5.2.3.3. Dimensões Os tubos de policloreto de vinilo são fabricados com diferentes espessuras, constituindo assim várias séries de classe de pressão. Actualmente são fabricados tubos com pressão de 0.60 MPa, 0.80 MPa, 1.00 MPa, 1.25 MPa, 1.60 MPa e de 2.00 MPa. Contudo, os tubos mais utilizados nas canalizações de abastecimento de águas em edifícios são os que têm uma pressão de serviço de 1.00 MPa e de 1.60 MPa. 75 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Em relação aos diâmetros, são fabricados tubos com diâmetros nominais que oscilam entre os 16 mm e os 800 mm. Nos sistemas de abastecimento predial de água são utilizadas as tubagens de menor calibre. O quadro do Anexo A9 mostra a gama de diâmetros mais utilizados neste tipo de sistemas. 5.2.3.4. Ligações e outros acessórios A ligação entre tubos de PVC pode ser feita com recurso a duas técnicas distintas, através do alargamento da extremidade de um dos tubos (abocardamento – Figura 5.6) e respectiva colagem ou da utilização de peças de união (tês, joelhos, etc). Figura 5.6 - Tubo de PVC alargado na extremidade [I48] Nas redes prediais de abastecimento de água é mais comum o recurso a acessórios de união, que deverão ser do mesmo material das tubagens. Essa união deverá ser feita por colagem, garantindo, através da utilização de anilhas estanques de borracha, espaço suficiente para que os tubos possam dilatar. Na Figura 5.7 está representado um joelho em PVC. Figura 5.7 - Joelho em PVC [I37] 5.2.4. Policloreto de vinilo clorado (PVC-C ou C-PVC) A cloração de PVC começou a ser estudada no período da 2ª Guerra Mundial, com o intuito de se produzirem fibras sintéticas. Contudo, apenas no início da dos anos 90 foram homologadas em Portugal, pelo LNEC, as primeiras exigências técnicas sobre este tipo de tubagem e respectivos acessórios. Estas normas foram revistas e nos finais da mesma década sofreram algumas alterações. À semelhança com o que acontece com outros plásticos, os tubos de PVC-C, devido às facilidades de aplicação (grande leveza) e ao facto de não oxidarem, são cada vez mais utilizados na construção. As tubagens de policloreto de vinilo clorado são normalmente opacas e de cor branca (Figura 5.8), podendo por vezes ser comercializadas noutros tons. Estes tubos deverão ser marcados de 1 em 1 metro e devem conter, no mínimo a identificação do fabricante e respectiva 76 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ designação comercial, a identificação do material, o diâmetro e espessura, a temperatura máxima de utilização, a pressão máxima de serviço a essa temperatura, a pressão máxima de serviço à temperatura de 20 ºC, a data de fabrico e a prova de homologação (sigla LNEC DH e respectivo número atribuído) [23]. Figura 5.8 - Tubagens de PVC-C [I58] 5.2.4.1. Constituição e características O PVC-C surge pela necessidade que havia de se obter mais soluções para a utilização de plásticos nas redes de abastecimento de água quente. O aumento do teor de cloro (teor mínimo de 62%) no PVC faz crescer a resistência térmica – o PVC-C resiste a temperaturas na ordem dos 100 ºC -, obtendo-se assim um polímero capaz de resistir a temperaturas maiores. Apesar de apresentarem uma grande leveza, estes tubos têm uma rigidez elevada, o que implica a utilização de acessórios para se proceder a mudanças de direcção, à semelhança do que acontece com as peças metálicas. O recurso a peças de união faz com que, comparativamente com outros polímeros, como por exemplo o PEX, as redes de policloreto de vinilo clorado apresentem um alto valor de perdas de carga localizadas. 5.2.4.2. Aspectos construtivos Picciochi (1999) [23] indica que as tubagens constituintes de uma rede de canalização em PVC-C devem ter a sua superfície exterior e interior completamente lisas, isentas de qualquer imperfeição, como riscos, poros, entre outros. O mesmo autor refere ainda que as extremidades do tubo devem ser lisas, devendo o seu corte ser feito num plano transversal à tubagem. A rigidez das peças de policloreto de vinilo clorado implica que a sua disposição constitua uma malha linear, como se pode observar na Figura 5.8. Estas tubagens podem ser instaladas à vista ou embutidas, sendo, nos edifícios correntes, mais comummente colocadas dentro de paredes, através da abertura de roços. Quando instaladas à vista deverá ter-se especial atenção à possibilidade de choque ou de exposição aos raios ultravioletas. 5.2.4.3. Dimensões Os tubos de PVC-C são fabricados com uma gama alargada de espessuras, o que permite a obtenção de soluções com igual diâmetro nominal, mas com diferente classe de pressão. As classes de pressão fabricadas variam entre os 0.4 MPa e os 2.5 MPa. No entanto os diâmetros 77 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ mais comuns são os das classes superiores, 1.6 MPa, 2.0 MPa e 2.5 MPa. O quadro do Anexo A10 mostra os diâmetros nominais para cada classe de pressão e para a temperatura de 20 ºC. 5.2.4.4. Acessórios Os acessórios utilizados neste tipo de tubagens (tês – Figura 5.9, curvas, joelhos, entre outros) servem, essencialmente, para fazer a união entre tubos. Devem ser constituídos pelo mesmo material da tubagem e a união entre os dois deve ser conseguida com o recurso a colagem. Figura 5.9 – Tê em PVC-C [I37] Importa ainda referir que o elevado coeficiente de dilatação térmica destas tubagens faz com que as variações de temperatura que sofre imponham dilatações consideráveis. Neste sentido, deverão ser utilizadas, nas juntas, anilhas constituídas por borracha, para que os deslocamentos se dêem sem qualquer impedimento. 5.2.5. Polipropileno (PP) A descoberta do polipropileno remonta a meados do séc. XX e deve-se à utilização de catalisadores Ziegler-Natta, que são reagentes utilizados no desenvolvimento de um número variado de polímeros. Contudo, a utilização deste material em canalizações de abastecimento de água, teve apenas o seu inicio nos finais do século passado, o que originou a publicação das respectivas normas. Presentemente são utilizados dois tipos distintos de polipropileno nas tubagens de abastecimento de águas, o polipropileno homopolímero e o polipropileno copolímero (PP-B – polipropileno em bloco ou PP-R – polipropileno random). Ambos os polímeros são obtidos pela polimerização do propileno, no entanto na execução do polipropileno copolímero é adicionado etileno, que lhe altera as características. A utilização do polipropileno tem vindo a aumentar devido às suas características (leveza, resistência à oxidação, entre outras), tanto em redes de água quente e fria como também de aquecimento. Estes tubos podem ser fabricados em diversas cores (na Figura 5.10 observa-se uma tubagem azul), consoante o fim a que se destinam. São também comercializados tubos com cores mais usuais nas tubagens, como o preto, o cinzento ou o branco. As tubagens de PP deverão ser homologadas por uma entidade responsável e ser identificadas, em intervalos de 1 metro, com as especificidades do material e também com o diâmetro nominal, classe de pressão e com outras características, como as que estão referidas na secção em que se analisam as tubagens de PVC-C [7]. 78 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Figura 5.10 - Tubagem em PP [I48] 5.2.5.1. Constituição e características O polipropileno homopolímero e o polipropileno copolímero apresentam características semelhantes, havendo algumas disparidades apenas no comportamento à rotura das estruturas (tensão e extensão na rotura) [7]. Uma das principais vantagens de utilização de tubagens de polipropileno prende-se com o facto de este polímero apresentar uma grande leveza, o que facilita bastante as operações de instalação. Apesar de esta característica ser comum à grande maioria dos polímeros, esta é mais evidente nos tubos de PP, pois este composto é, dos polímeros utilizados, o que apresenta uma menor densidade. Apesar de apresentarem algumas vantagens, estas instalações têm igualmente algumas desvantagens. A exigência de mão-de-obra especializada, principalmente para a realização das uniões, faz com que as canalizações possam ter alguns custos elevados. 5.2.5.2. Aspectos construtivos À semelhança do que acontece com as outras tubagens plásticas anteriormente referidas, na instalação das tubagens à vista deverão ser tomadas algumas precauções, nomeadamente no que à sua fixação e também à exposição aos raios ultravioletas. 5.2.5.3. Dimensões Os tubos de polipropileno são fabricados tendo em conta várias classes de pressão, desde 2.5 MPa a 1.0 MPa, sendo as classes inferiores utilizadas em sistemas de água fria. O quadro do Anexo A11 mostra os diâmetros das tubagens fabricadas para uma classe de pressão de 2.0 MPa. 5.2.5.4. Ligações e outros acessórios As ligações entre as várias peças de polipropileno podem ser feitas com recurso a acessórios do mesmo material, como se pode observar na Figura 5.11, ou utilizando peças com interior metálico (por exemplo cobre). A vedação das tubagens deve ser feita com recurso a anéis de borracha, ou através da soldadura topo a topo dos tubos. Figura 5.11 – Curva de 90º em PP [I48] 79 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ 5.2.6. Cobre O cobre é conhecido como o primeiro metal a ser utilizado pelo Homem, já que existem provas da sua utilização desde 8700 a.C. A utilização de tubos de cobre remonta ao tempo do antigo Egipto, existindo provas da sua utilização para o transporte de água. Presentemente, a utilização de cobre para distribuição de água para consumo humano tem vindo a decrescer, devido principalmente ao seu peso e à possibilidade (apesar de ser inferior comparativamente com outros metais) de se originarem fenómenos de corrosão. Ainda assim, para certos tipos de água (dependendo do pH), a utilização do cobre deverá ser considerada, uma vez que estas tubagens apresentam soluções economicamente apetecíveis. Outra vantagem que o cobre apresenta prende-se com o facto de este material suportar altas temperaturas (a sua temperatura de fusão é da ordem dos 1080 ºC), o que permite que estas tubagens sejam utilizadas tanto para transporte de água quente, como também para redes de combate a incêndio. Figura 5.12 - Tubagens de cobre [I40] As tubagens de cobre apresentam uma cor avermelhada, como se pode verificar na Figura 5.12. No entanto, podem conter algum tipo de revestimento que lhes confere uma tonalidade diferente. À semelhança do que acontece com as outras tubagens, este tipo de canalização deverá ser homologada, tendo igualmente impressas algumas das suas características. 5.2.6.1. Constituição e características O cobre, como elemento metálico, é recolhido na natureza e é depois trabalhado na indústria metalúrgica, que o produz com variadas características. Nas redes de abastecimento de água são utilizados 3 tipos distintos de cobre. Consoante as necessidades da canalização, pode optar-se por tubagens de cobre recozidas, endurecidas ou meio endurecidas, apresentando as primeiras características mais frágeis relativamente às restantes. A constituição do cobre utilizado nas redes de abastecimento de águas e de incêndio deve apresentar, segundo Pedroso (2003) [21], 99.9% (valor mínimo) de cobre e prata e uma quantidade de fósforo entre os 0.015% e os 0.040% da amostra. O mesmo autor refere ainda 2 que estas tubagens devem conter um teor de carbono superficial inferior a 0.2 mg/dm . Importa igualmente referir que este material, devido à sua pequena flexibilidade, necessita de vários acessórios para que possa fazer, por exemplo, mudanças de direcção. Assim sendo, o 80 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ estudo das perdas de carga localizadas assume uma maior importância. Os valores das referidas perdas estão presentes na figura do Anexo A13. 5.2.6.2. Aspectos construtivos No abastecimento de água para consumo devem ser utilizados tubos meio endurecidos e de espessura média. Pelo contrário, nas redes de combate a incêndio, devem ser utilizados tubos endurecidos e de espessura elevada. As tubagens de cobre, apesar de apresentarem uma elevada rigidez, podem ser dobradas sem que sejam alteradas as suas características. Contudo é importante que os tubos apresentem raios de curvatura grandes, por forma a evitar reduções de secção. A Figura 5.13 mostra um aparelho utilizado nas dobragens. Figura 5.13 - Aparelho utilizado nas dobragens das tubagens [I47] 5.2.6.3. Dimensões As tubagens de cobre podem ser comercializadas em varas ou em rolos. As varas têm normalmente um comprimento de 5 m. Os rolos mais comuns têm um comprimento de 25 m ou de 50 m. Quanto aos diâmetros, existe uma gama bastante extensa, dependendo do tipo de utilização das tubagens. No entanto, esta gama é menor para as tubagens comercializadas em rolos, estando limitada a tubagens com diâmetros entre os 6 mm e os 22 mm. O quadro do Anexo A12 mostra os diferentes diâmetros comercializados para estas tubagens. Os vários valores de espessuras existentes devem-se também à diferença entre as tubagens comercializadas em rolos ou em varas. 5.2.6.4. Ligações e outros acessórios As ligações entre as várias tubagens de cobre devem ser feitas através de acessórios constituídos por cobre ou por metais idênticos ao cobre, como o latão ou o bronze, evitando assim reacções que originem oxidação das tubagens. A ligação entre os acessórios e os tubos pode ser feita por pressão, através de anéis de pressão, por compressão ou com recurso a soldadura (Figura 5.14). É igualmente usual o recurso a uma solução mista. Deverá ter-se em conta que a soldadura deve ser feita com um metal não reactivo com o cobre, devendo ser evitado o uso de chumbo. 81 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Figura 5.14 - Soldadura de uma tubagem de cobre [I53] 5.2.7. Aço O aço, ou ferro preto, é uma liga constituída maioritariamente por ferro e também por carbono. As primeiras indicações da sua utilização remontam a 900 a.C., sendo os Egípcios o primeiro povo a utilizar esta liga metálica para a fabricação de espadas e facas. Desde então que a sua utilização foi crescendo, devido principalmente às suas boas características de maleabilidade e resistência. Até meados do século passado a utilização das tubagens de aço para distribuição de água para consumo humano era bastante comum. Contudo, devido ao aparecimento de sistemas de polímeros, que não são expostos a problemas de corrosão, a utilização do aço no abastecimento de água tem vindo a decrescer. Apesar da sua utilização em redes de abastecimento de água ser cada vez menor, o ferro preto é ainda muito utilizado nas redes de combate a incêndio, uma vez que este material tem a capacidade de resistir a altas temperaturas. Este tipo de tubagens é também muito utilizado em circuitos fechados, sem características de abastecimento de águas, como os sistemas de aquecimento central. Os tubos de aço apresentam normalmente uma tonalidade negra, como se pode verificar na Figura 5.15. À semelhança do que acontece com as outras tubagens, estas canalizações devem estar concordantes com as respectivas normas e devem ser devidamente identificadas. Figura 5.15 - Tubagens de aço [I32] 82 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ 5.2.7.1. Constituição e características O ferro preto sofre, ao longo do tempo, um processo de corrosão pelo que, como veremos mais à frente, surgem diversos tipos de aço destinados ao abastecimento de água, que contornam este problema. Este processo de corrosão verifica-se apenas se a concentração de oxigénio for inferior a 1 mg/l, o que acontece na grande maioria dos sistemas abertos. 5.2.7.2. Aspectos construtivos Na utilização de ferro preto nas tubagens de abastecimento de água devem ser previstas as condições de corrosão e devem ser tomadas medidas para evitá-la. Assim, deve-se seleccionar o melhor meio de protecção de tubagem, como por exemplo a aplicação do zinco que origina o aço galvanizado. É também necessário evitar a proximidade com sistemas ou tubagens de cobre (ainda que não exista um contacto directo), pois os iões de cobre que se dissolvem na água criam condições ao aparecimento de fenómenos de corrosão. Os tubos de aço podem ser dobrados, o que faz aumentar as perdas de carga. Para as reduzir devem considerar-se raios de curvatura amplos. 5.2.7.3. Dimensões Uma das boas características das tubagens de aço prende-se com o facto de estas apresentarem uma gama de diâmetros bastante elevada, proporcionando uma larga escolha de tubos. A utilização de tubos de elevado diâmetro deve ser, tanto quanto possível, evitada, quer pelo custo, quer pelo volume ocupado pela tubagem. As varas comercializadas têm geralmente 6 m. No quadro do Anexo A14 apresentam-se as dimensões de tubagens de aço. 5.2.7.4. Ligações e outros acessórios As ligações entre tubagens devem ser feitas por acessórios do mesmo material, no entanto, para tubos de grande diâmetro, a soldadura é também uma medida plausível. No caso de execução de cortes é preciso atender à perfeita concordância entre as peças, podendo-se recorrer a estopa de linho ou a fita vedante para o efeito. Existe, à semelhança dos tamanhos das tubagens, uma vasta gama de acessórios visto que têm de existir acessórios que tenham concordância com os diâmetros das tubagens. A utilização de acessórios (Figura 5.16) origina perdas de cargas singulares onde estes estejam localizados, pelo que se deve evitar a utilização excessiva dos mesmos. Figura 5.16 - Acessórios utilizados nas tubagens de aço [I49] 83 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ 5.2.8. Aço inox A descoberta do aço inox remonta aos inícios do século passado, quando Harry Brearley foi encarregado de investigar uma liga metálica que apresentasse uma maior resistência ao desgaste que danificava as armas de fogo. Brearley acabou por não ter sucesso relativamente ao objecto da sua investigação. Contudo acabou por descobrir uma liga com uma boa capacidade de resistência à corrosão. Desde então o aço inoxidável tem vindo a ser utilizado, devido às suas boas propriedades higiénicas e estéticas. Podem agrupar-se os aços inoxidáveis em 4 grupos diferentes, consoante a constituição da liga que os caracteriza. Assim, podem obter-se aços inox ferríticos, martensíticos, austeníticos, e endurecidos por precipitação. Podem também ser utilizados aços com características comuns a mais do que um grupo dos anteriormente referidos, como o aço duplex, que apresenta uma estrutura ferrítica e austenítica. Nas tubagens utilizadas para o transporte de água são utilizados aços austeníticos e ferríticos, uma vez que apresentam uma grande resistência à corrosão, devido ao elevado teor de crómio [17]. A alta resistência à corrosão e a sua grande durabilidade, faz com que o aço inoxidável, juntamente com o cobre, seja um metal bastante utilizado em tubagens de transporte de água para consumo humano. A utilização de tubagens de aço inox em redes de abastecimento de água quente e de combate a incêndio deverá ser feita mediante determinadas considerações. Apesar do aço inox ser um metal, pode não ser capaz de resistir a elevadas temperaturas, pelo que é aconselhável a utilização de uma liga de aço inox com melhor qualidade, com maior capacidade resistente. Nas tubagens de água fria é usualmente utilizada uma liga com uma qualidade menos exigente. As tubagens de aço inox apresentam uma cor prateada (Figura 5.17) e devem estar devidamente identificadas com o diâmetro nominal, líquido transportado, percentagem de crómio presente nas tubagens, entre outras características já referidas noutros materiais. Pode ainda recorrer-se ao revestimento do exterior das tubagens. Figura 5.17 - Tubagens em aço inox [I39] 5.2.8.1. Constituição e características Os tubos de aço inox podem dividir-se em dois grupos diferentes, consoante o teor em cloretos. Assim sendo, para teores baixos de cloretos, Pedroso (2007) [17] refere como limite 84 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ máximo 213 mg/l) podem ser utilizados tubos constituídos por uma liga de ferro, crómio e níquel, enquanto que para teores mais elevados é necessário recorrer-se ao molibdénio, formando-se uma liga com os quatro compostos. A resistência à corrosão é conferida devido à oxidação que o crómio sofre. Em contacto com o oxigénio, o crómio forma uma película de óxido de crómio, que, devido à sua reduzida espessura é invisível ao olho humano, o que permite que o material continue a apresentar as suas características visuais. Esta película (passiva) permite que a restante superfície do aço seja protegida contra eventuais agentes corrosivos. Na composição da liga constituinte do aço inox deverá ter-se em conta que a percentagem de crómio não deve ser superior a 16% (Pedroso), já que valores superiores a este limite podem originar uma película de passivação com dimensões excessivas, o que pode danificar a peça. Apesar de as tubagens de aço inoxidável serem bastante resistentes à corrosão generalizada, estas canalizações são sensíveis à corrosão localizada (picadas e corrosão intersticial), como se pode observar na Figura 5.20. No dimensionamento de redes de aço inoxidável importa também ter-se em atenção a necessidade de utilização de peças de união, que acarretam perdas de carga bastante significativas. 5.2.8.2. Aspectos construtivos As tubagens de aço inox, devido à sua elevada rigidez, constituem normalmente malhas lineares. Ainda assim é possível fazerem-se dobragens nos tubos de aço inoxidável. Contudo as referidas peças devem apresentar raios de curvatura grandes, por forma a evitar reduções de secção e minimizar as perdas de carga. Nas situações em que são instaladas à vista, livres de qualquer embutimento, as tubagens de aço inox devem ser fixadas, como foi referido na análise dos restantes materiais, com recurso a abraçadeiras (Figura 5.18). As abraçadeiras deverão possuir anéis com capacidades de absorção de vibrações (provenientes da circulação de água), para que estas não sejam transmitidas. Figura 5.18 - Abraçadeira [I38] 85 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ 5.2.8.3. Dimensões As tubagens de aço inox são comercializadas em varas com comprimentos variáveis entre os 4 m e os 7 m, apresentando uma gama de diâmetros variada, como se representa no quadro do Anexo A15. 5.2.8.4. Ligações e outros acessórios As ligações nas tubagens de aço inoxidável podem ser feitas com recurso a acessórios (tês – Figura 5.19, curvas, casquilhos, reduções, joelhos, uniões), ou através da utilização de soldadura, que pode ser feita tubo a tubo ou tubo a união. Figura 5.19 - Tê em aço inox [I42] Na escolha dos acessórios a utilizar na rede deverá ter-se em conta que um contacto directo entre o aço inox e o aço pode originar corrosão nas peças, como se pode verificar na Figura 5.20. Assim sendo, é usual utilizarem-se acessórios de aço inox, ou de cobre para fazer a união dos tubos. Nos casos em que se pretende unir o aço inox a outros metais, como o aço, deverão utilizar-se peças de latão para que seja evitada a corrosão electrolítica. É igualmente importante ter-se em conta que o material a utilizar na soldadura deverá ter um ponto de fusão inferior ao dos metais a unir. O liga metálica constituinte da solda deverá ser constituída por prata e ser isenta de metais como o cádmio e o zinco. Figura 5.20 - Corrosão numa peça de aço inox [28] 5.2.9. Aço galvanizado O termo galvanizado deriva do nome de um físico italiano, Luigi Galvani, que descobriu este processo electroquímico de proteger um metal revestindo-o de outro. O aço galvanizado surge assim do revestimento do aço por uma camada de zinco, alterando as suas características. 86 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ A utilização das tubagens de aço galvanizado tem a grande vantagem, comparativamente com o aço, de se conseguir uma resistência considerável à oxidação, conferida pela camada de zinco. Por ser um aço tem igualmente grandes capacidades resistentes, o que permite que estas tubagens, para além de serem ainda bastante utilizadas na distribuição de água fria, sejam capazes de suportar temperaturas elevadas podendo, por isso, ser utilizadas quer com águas quentes, quer em redes de incêndio. As tubagens de aço galvanizado apresentam, normalmente, uma tonalidade prateada, como se pode observar na Figura 5.21. A homologação destas tubagens, bem como a sua identificação são obrigatórias, como acontece com as tubagens de outros materiais. Figura 5.21 - Tubagens de aço galvanizado [I35] 5.2.9.1. Constituição e características O aço galvanizado é uma solução que permite bons resultados relacionados com a oxidação. Contudo, deverão ser tidos em conta determinadas condições para que as tubagens tenham uma duração mais acentuada. Assim sendo, a não sujeição dos tubos a velocidades muito grandes e a temperaturas muito altas (distribuição de água fria) permite obter períodos de vida bastante aceitáveis. Outro cuidado que se deve ter prende-se com o contacto entre o aço galvanizado e iões de outros metais, como por exemplo o cobre. Este contacto pode originar oxidação, pelo que é aconselhável que não se utilizem elementos de cobre a montante de elementos em aço galvanizado. 5.2.9.2. Aspectos construtivos Relativamente aos aspectos construtivos, estas tubagens são idênticas às tubagens em aço e em aço inox, já referidas nesta obra. 5.2.9.3. Dimensões Estes tubos são normalmente comercializados em varas com 6 m e a sua gama de diâmetros é igual à do aço, presente no quadro do Anexo A14. 87 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ 5.2.9.4. Ligações e outros acessórios Nas tubagens de aço galvanizado deverão ser utilizados acessórios constituídos também por este material, como se pode observar na Figura 5.22. A estes acessórios estão associadas determinadas perdas de carga localizadas cujos valores estão representados nas figuras do Anexo A16. Figura 5.22 – Acessórios em aço galvanizado [I46] A união de peças de maiores dimensões pode ser feita com recurso a soldadura. 5.2.10. Multicamada Na demanda pelo material que apresentasse as melhores características do mercado, surge naturalmente a tubagem multicamada. No espaço europeu, já há alguns anos que se observa uma tendência para a utilização de tubos multicamada, de geração mais recente, que combinam as vantagens das tubagens metálicas e das tubagens termoplásticas. Este tipo de tubagem pode ser utilizado na realização de instalações para distribuição de água quente e fria para uso sanitário e instalações de aquecimento. Relativamente à tonalidade da tubagem, esta pode tomar diversas cores, consoante o material exterior utilizado. Importa também referir que estas tubagens devem estar devidamente homologadas e identificadas, tanto com as suas características como também com o material que transportam. Na Figura 5.23, que contem alguns tubos multicamada, assim como alguns acessórios, pode observar-se essa identificação. Figura 5.23 - Acessórios e tubagens em multicamada [I38] 5.2.10.1. Constituição e características A distribuição de água com tubos em material plástico é uma técnica moderna que apresenta enormes vantagens relativamente à distribuição tradicional, com tubos em ferro ou cobre, destacando-se entre outras a simplicidade e rapidez de instalação. Por outro lado, a baixa 88 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ rugosidade interna do tubo, origina pequenas perdas de carga, garantindo o caudal mínimo aos aparelhos, quando a pressão disponível a montante da instalação é muito baixa. É importante referir o reduzido ruído das instalações realizadas com este material (devido ao elevado isolamento acústico) e a baixa condutibilidade térmica (cerca de 700 vezes inferior à do cobre e 100 vezes inferior à do ferro) muito semelhante à dos tubos plásticos. A presença, nas tubagens de multicamada, da camada metálica, soldado topo a topo, funciona como uma barreira ao oxigénio e a outros gases, para além de conferir ao produto uma elevada resistência mecânica. Ainda que a gama de produtos disponíveis no mercado seja vasta, interessa caracterizar em traços gerais qual a constituição da tubagem multicamada genérica. O tubo multicamada que pode ter de duas até cinco camadas é caracterizado, mais comummente, por uma camada interna de plástico, por uma camada intermédia metálica (normalmente alumínio), que pode ser soldada longitudinalmente (topo a topo) com laser, e por uma camada externa de plástico. As camadas intermédias de cola unem de modo homogéneo a camada metálica à camada de plástico. Na Figura 5.24 está representado o esquema de uma tubagem multicamada constituída por duas camadas de PEX e uma de alumínio. Figura 5.24 - Tubagem em multicamada [I38] 5.2.10.2. Aspectos construtivos Talvez resida aqui a grande vantagem das tubagens multicamada, pois pela forma como são fabricadas, permitem a sua distribuição em forma de rolo, o que facilita a sua aplicação. Sem necessidade de criação de troços perfeitamente rectilíneos, a deformabilidade do material consegue acompanhar o andamento dos traçados mais facilmente, reduzindo a aplicação de acessórios e mão-de-obra necessária, atenuando a importância das perdas de carga localizadas. Para a utilização do tubo multicamada está previsto um anel de separação, que evita o contacto entre o metal do tubo e os acessórios em latão, de modo a impedir o aparecimento de fenómenos de corrosão galvânica. 89 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ 5.2.10.3. Dimensões Mais uma vez, convém referenciar que por se tratar de um produto muito versátil, existe no mercado uma vasta gama de dimensões. De modo geral, é fornecido com uma vasta gama de diâmetros externos em rolo ou em vara. O quadro do Anexo A17 mostra, a título de exemplo, os diâmetros de uma solução de multicamada formada por PEX-Alumínio-PEX, da empresa COPRAX, que disponibiliza tubos em varas ou em rolos. 5.2.10.4. Ligações e outros acessórios As ligações das tubagens (Figura 5.23) são normalmente efectuadas por press fitting, ou seja através de equipamentos de pressão que apertam as peças (usualmente de latão) aos tubos, em toda a superfície. Nos diâmetros de 14 mm a 32 mm não é necessário queimar, basta prensar, enquanto que em tubagens de diâmetros superiores, os acessórios são prensados e queimados. 5.3. Dispositivos Os sistemas de abastecimento de água não estariam completos apenas com a aplicação de tubagens que proporcionassem o escoamento do líquido. É necessário controlar esse escoamento consoante as necessidades do utilizador. Para além desta função primordial, os dispositivos utilizados neste tipo de sistema permitem igualmente fazer a transição entre toda a canalização e o utilizador. São, portanto, essenciais em qualquer sistema de abastecimento de água. É ainda de destacar o papel que os dispositivos sustentáveis podem ter num sistema de abastecimento de água para consumo, na medida em que permitem reduções significativas do consumo de água. Nos pontos seguintes serão abordados os dispositivos utilizados nos sistemas de abastecimento de água para consumo e para combate a incêndio, bem como os dispositivos considerados nos planos de sustentabilidade. 5.3.1. Sistemas de abastecimento de água para consumo Os dispositivos utilizados nos sistemas de abastecimento de água para consumo têm variadas funções, como se verá seguidamente. Dentro dos dispositivos utilizados destacam-se os contadores, as torneiras, os fluxómetros e as válvulas. 5.3.1.1. Contadores A escolha das características dos contadores, segundo o RGSPPDADAR [N12], é da competência da entidade que gere o abastecimento de água. Na selecção destes acessórios são tidos em conta diversos factores como as características da água, a pressão de serviço máxima, o caudal de cálculo e também a perda de carga que está associada a cada contador – parâmetros avaliados anteriormente, no Capítulo 3. 90 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ O local de instalação dos contadores deve ter em conta as facilidades de acesso das entidades que realizam as leituras, assim como dos trabalhos de manutenção e de conservação e a economia do projecto. O RGSPPDADAR [N12] refere igualmente que nos edifícios adjacentes a zonas públicas, os contadores devem localizar-se dentro dos mesmos, na zona de entrada (um consumidor) ou em zonas comuns (vários consumidores). O mesmo regulamente refere que em edifícios com logradouros privados a instalação deve ser feita junto à zona de entrada, próxima da via pública. Tendo em conta Pedroso (2007) [17], os contadores devem ser colocados numa cota superior à do pavimento. No entanto, com recurso a caixas com soleira, podem ser instalados a um nível inferior. Nestes casos é necessário garantir a estanqueidade da caixa, de modo a evitar a sua inundação e posterior contaminação. Importa ainda referir que é igualmente essencial encontrar uma solução construtiva que garanta protecção contra todas as acções externas que possam pôr em risco a integridade destes dispositivos. Figura 5.25 - Instalação da bateria de contadores [M3] Figura 5.26 - Instalação individual de contadores [M3] 91 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Os contadores podem ser instalados de duas formas distintas: individualmente – Figura 5.26 (em caixa) ou numa bateria de contadores – Figura 5.25 (através de um circuito em anel). A instalação individual está a cair em desuso, dando lugar a uma utilização mais sistemática da bateria de contadores. Este facto tem-se verificado devido à forma mais prática e eficaz de leitura e de realização das operações de manutenção que a bateria de contadores proporciona. Apesar de serem identificáveis algumas opções construtivas no RGSPPDADAR [N12], existem algumas escolhas que podem ser tomadas, como se pode observar na Figura 5.27, para que a implementação dos contadores confira um sistema mais eficaz de contagem de água [17]: O seccionamento, no sentido do escoamento, a jusante e a montante do contador deve ser garantido com recurso a válvulas próprias para o efeito; Deverá ser instalado um filtro a jusante do seccionamento de montante do contador, de forma a prevenir qualquer contaminação da água para consumo; Consoante o tipo de contador terá de ser tida em conta a instalação de um troço rectilíneo a montante do contador, garantindo assim a estabilização do escoamento. Terá igualmente de se ter em conta que o troço a jusante do contador deverá ter uma extensão suficiente para assegurar as operações de remoção ou reparação; A instalação de mecanismos redutores de pressão é essencial quando os níveis de pressão provenientes da rede pública excedem os limites previstos pelo RGSPPDADAR; Deverá existir, a montante do contador (entre o contador e a tubagem), um selo que possa ser retirado apenas pela entidade gestora, evitando assim qualquer tipo de actividade fraudulenta por parte de terceiros. Figura 5.27 - Instalação de contadores A colocação da bateria de contadores é uma questão que também deve ser tida em conta. Esta instalação pode ser feita no piso 0, ou então num piso inferior, na situação em que a limitação do espaço assim o exija. Deverá ser guardada uma divisão no edifício para colocação da bateria devidamente organizada, por forma a proporcionar boas condições de leitura para a entidades reguladoras. Apesar da existência de um regulamento geral, existem, como já foi referido anteriormente, regulamentos que abrangem individualmente cada município. 92 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ A título de exemplo, é referido neste documento o regulamento da EPAL que, em anexo, refere as características técnicas das baterias. Assim sendo, a construção da bateria de contadores deverá obedecer às seguintes regras: A bateria deve ser implantada de modo a que a saída para os fogos (flange ou bride) se faça a uma altura mínima de 0.3 m e máxima de 1.2 m em relação à cota do pavimento; O afastamento mínimo entre filas de contadores deverá ser de 0.45 m; O afastamento mínimo entre as saídas para os contadores deverá ser de 0.12 m; As baterias devem ser fixadas ao pavimento, ou aos paramentos verticais, de forma a garantir a estabilidade das mesmas. 5.3.1.2.Torneiras As torneiras são utilizadas para regular o fornecimento de água para um determinado fim. Estes dispositivos podem ser utilizados em diferentes elementos, como bidés, lavatórios, máquinas de lavar a roupa, autoclismos, entre outros. Devido ao facto de controlarem a passagem de água que serve para consumo humano, as torneiras têm de estar homologadas, respeitando uma determinada legislação que, para além de referir as condições mínimas de desempenho ao nível do conforto e da adequação à sua utilização, faz igualmente referência à segurança dos utilizadores. Assim sendo, devem ser constituídas por matérias que suportem temperaturas na ordem dos 90 ºC, uma vez que, para além de serem utilizadas para água fria, são também usadas em tubagens de água quente [17]. O material utilizado nas torneiras deverá também ser isento de qualquer substância que se torne tóxica em contacto com a água. Quadro 5.2 - Tipos de torneira [N12; I41; I44] Tipo de torneira Simples Misturadora Seccionamento Bóia Função Equipar dispositivos apenas com um tipo de água (fria ou quente) Equipar dispositivos com dois tipos de água (fria e quente) Regular o escoamento de água num dispositivo num determinado sentido Regular o fornecimento de água num reservatório ou num autoclismo Tipo de montagem Utilização Parede e coluna Lavatórios, bidés, lava-louças, torneiras de rega, entre outros Parede e coluna Lavatórios, bidés, lava-louças, chuveiros Parede Máquinas de lavar a roupa, máquinas de lavar a roupa, entradas das instalações sanitárias, entre outros Parede Autoclismos e outros reservatórios descarga controlada 93 Figura Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Após muitos anos de utilização de torneiras em aço, ou em latão, têm surgido, mais recentemente, à semelhança do que acontece com as tubagens, torneiras constituídas por materiais termoplásticos, que proporcionam soluções economicamente mais viáveis. Relativamente às funções que lhes estão destinadas, as torneiras podem separar-se em 4 tipos diferentes, torneiras simples, misturadoras, de bóia e de seccionamento. No Quadro 5.2 estão descritos os vários tipos existentes. Como se referiu no Quadro 5.2, as torneiras podem ser montadas em superfícies verticais (torneiras de parede) ou em superfícies horizontais (torneiras de coluna). Relativamente às soluções em que há necessidade de fornecer água quente e água fria, podem ser tomadas duas soluções. Pode recorrer-se a uma torneira misturadora, ou então podem ser utilizadas duas torneiras simples. A última solução foi caindo em desuso desde que começaram a ser fabricadas as torneiras misturadoras, pois apresentam uma solução mais prática e eficaz. As torneiras de bóia são constituídas por um dispositivo flutuante (bóia) ligado a um sistema de obturação. O accionamento da torneira dá-se quando o nível da água atinge uma certa altura que faz com que se abra o sistema de obturação que permite a saída de água através de uma tubagem executada para o efeito. 5.3.1.3. Fluxómetros Os fluxómetros são dispositivos que têm como função controlar, de forma automática, o fornecimento de água a um dispositivo ou a um reservatório. O esquema da Figura 5.28 mostra o funcionamento de um dispositivo deste tipo. Figura 5.28 - Esquema de fluxómetro (adaptado de [17]) Estes dispositivos são utilizados nos autoclismos que, para além do fluxómetro, são constituídos por um depósito e por um mecanismo que acciona o sistema de vazamento. Nos autoclismos a entrada de água é accionada automaticamente através de uma torneira de bóia, que analisa o nível de água dentro do depósito. 94 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ 5.3.1.4. Válvulas As válvulas são dispositivos que podem ter várias funções. No RGSPPDADAR [N12] são referidas as funcionalidades que estão associadas a cada tipo de válvula, o que está traduzido no Quadro 5.3. Quadro 5.3 - Função e localização das válvulas utilizadas nos sistemas de abastecimento de água [N12; I36; I44] Tipo de válvula Função Localização Figura Entrada dos ramais de introdução individuais, dos ramais de distribuição das instalações sanitárias e das cozinhas, a Controlar o fluxo de Seccionamento água em qualquer sentido montante de autoclismos, fluxómetros, máquinas de lavar a roupa e a louça, equipamentos de produção de água quente, purgadores de água e a montante e jusante dos contadores A montante dos aparelhos Retenção Impedir a passagem de água num sentido produtores e armazenadores de água quente e de qualquer rede destinada à distribuição de água para consumo humano Tipo de válvula Reguladora Função Localização Regular o caudal do Em tubagens que necessitem de escoamento variações temporais de caudal Manter a pressão Segurança abaixo de um valor limite estabelecido por Redes que alimentam aparelhos de produção e armazenamento de água quente efeito de descarga Manter a pressão Redutora de pressão Em redes com uma pressão superior ao estabelecido no abaixo de um valor RGSPPDADAR e em limite estabelecido por aplicação de uma perda de carga equipamentos cuja pressão máxima admissível é inferior à praticada na rede 95 Figura Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Relativamente aos materiais que constituem estes dispositivos, o RGSPPDADAR [N12] faz também referência a algumas particularidades que têm de ser seguidas. Assim sendo, deverão utilizar-se materiais compatíveis com os da tubagem, ou seja, deverão ser usados materiais que tenham uma nobreza idêntica ao material utilizado nas canalizações, minimizando-se o risco de ocorrência de corrosão. Podem também ser utilizadas juntas dieléctricas que evitam o aparecimento deste fenómeno. Materiais como o aço, o latão e o PVC são mais comummente utilizados. A instalação das válvulas também deve respeitar algumas condições regulamentares. No Quadro 5.3 estão referidas as localizações obrigatórias das válvulas de segurança, retenção, seccionamento e redutoras de pressão, que vêm expressas no RGSPPDADAR [N12]. 5.3.2. Sistemas de abastecimento de água para combate a incêndios À semelhança do que acontece com nos sistemas de abastecimento de água para consumo, os dispositivos utilizados nas redes de combate a incêndio têm variadas funções. Essas funções e outras características serão referidas à medida que serão abordados, nesta secção, os diferentes dispositivos utilizados nestes sistemas. Dentro desses dispositivos são de referir os sprinklers, as bocas-de-incêndio interiores, as bocas-de-incêndio exteriores, os marcos de incêndio e as bocas de alimentação 5.3.2.1. Sprinklers Os sprinklers são dispositivos aspersores, de accionamento automático, utilizados na primeira intervenção do combate a incêndios. São constituídos por um orifício de descarga, um deflector, braços de suporte, rosca de fixação, dispositivo de detecção e um sistema de vedação. Usualmente estes dispositivos podem ser divididos em dois tipos distintos, consoante o tipo de deflector utilizado. Existem sprinklers de termofusível (Figura 5.29) e sprinklers de ampola (Figura 5.30). Sprinklers de termofusível – dispositivos constituídos por um sistema que abre a uma certa temperatura, permitindo a inundação do sprinkler. O sistema é usualmente constituído por duas alavancas unidas por soldadura que se funde, ao atingir-se uma certa temperatura, permitindo o afastamento das alavancas, inundando o dispositivo. As soldaduras utilizadas são normalmente constituídas por metais com pontos de fusão bem definidos, como o estanho, o chumbo ou o cádmio. A junção destes metais forma um composto com um ponto de fusão baixo (relativamente ao ponto de fusão de cada um), constituindo assim uma liga eutética, facilmente fundida, com valores de fusão definidos. 96 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Figura 5.29 - Sprinkler de termofusível [I2] Sprinklers de ampola – dispositivos constituídos por uma ampola preenchida por um líquido e um pequeno espaço de ar. O aumento de calor faz expandir o líquido, fazendo explodir a ampola. A detonação da ampola faz com que se solte o obturador da válvula e que o sprinkler seja inundado. Figura 5.30 - Sprinkler de ampola [I51] Os valores de temperatura de accionamento dos dispositivos foram abordados no Capítulo 4 e estão disponíveis no Quadro 5.4. Quadro 5.4 - Temperatura de accionamento dos sprinklers [13] Ampola de vidro Temperatura [°C] Termofusivel Cor Temperatura [°C] Cor 57 Laranja 57 a 77 Incolor 68 Vermelho 80 a 107 Branco 79 Amarelo 121 a 149 Azul 93 a 100 Verde 163 a 191 Vermelho 121 a 141 Azul 204 a 246 Verde 163 a 182 Roxo 260 a 302 Laranja 204 a 260 Preto 320 a 343 Preto Importa ainda referir que existem outros dispositivos activados por sensibilidade térmica que não são tão comuns, como os de cápsula química, ou os que são constituídos por discos bimetálicos. Existe ainda um tipo de sistema de sprinklers em que estes estão constantemente abertos, sendo inundados em caso de incêndio. Dentro dos dois sistemas mais usualmente utilizados, pode referir-se, como se observa no Quadro 5.4 que os sprinklers de termofusível são activados a temperaturas mais elevadas. 97 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ 5.3.2.2. Bocas-de-incêndio interiores Como foi referido no Capítulo 4, as bocas-de-incêndio interiores podem ser armadas ou nãoarmadas, dependendo do tipo de sistema que constituem. As bocas-de-incêndio armadas dividem-se em dois tipos distintos, carretel (Figura 5.31) ou teatro (Figura 5.32). Figura 5.31 - Boca-de-incêndio armada do tipo carretel [I43] Relativamente às bocas-de-incêndio do tipo teatro, o RTSCIE [N17] refere que estas devem ser constituídas por mangueiras flexíveis com diâmetro de 45 mm ou 70 mm. Quanto às dimensões das mangueiras semi-rigidas constituintes das bocas-de-incêndio do tipo carretel, Pedroso (2010) [19] menciona que estas devem ter diâmetros nominais de 19 mm, 25 mm ou 33 mm. Ainda relativamente às dimensões das mangueiras Pedroso (2010) [19] refere que as mangueiras semi-rigidas devem ter um comprimento máximo de 30 m, enquanto que as mangueiras constituintes das bocas-de-incêndio do tipo teatro não devem apresentar um comprimento que exceda os 20 m. Esta limitação deve-se ao facto de ser necessário garantir que estes dispositivos cumpram os valores de pressão mínima exigíveis. Figura 5.32 - Boca-de-incêndio armada do tipo teatro [I43] O facto das bocas-de-incêndio do tipo carretel serem apropriadas para utilização dos ocupantes do edifício, faz com que as medidas regulamentares sejam mais rigorosas neste tipo de boca-de-incêndio. O RTSCIE [N17] expõe que o comprimento das mangueiras deve ser suficiente para atingir, no mínimo, uma distância não superior a 5 m de todos os pontos a proteger. O mesmo regulamento refere ainda que a distância entre estas bocas-de-incêndio não deve ser superior ao dobro do comprimento das mangueiras. Para além de outros aspectos construtivos relativos aos armários onde os carretéis são instalados, o RTSCIE [N17] diz que o manípulo das mangueiras semi-rígidas deve-se situar, no máximo a 1.50 m do pavimento e que o eixo do carretel deve ter um raio desimpedido no mínimo de 2.00 m em altura e 1.00 m em planta. 98 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ As bocas do tipo teatro exigem um manuseamento mais especializado, pelo que o seu acesso deve ser limitado. Assim sendo, as suas caixas devem estar providas de uma fechadura com uma chave própria para ser utilizada pelos bombeiros. As bocas-de-incêndio não-armadas, alimentadas por uma coluna seca ou húmida, permitem a conexão das mangueiras dos bombeiros. Estes dispositivos devem estar providos de uma válvula que seccione o escoamento, assim como de uma tampa na sua extremidade. As bocasde-incêndio não-armadas podem ser instaladas à vista (Figura 5.33), no entanto é aconselhável a utilização de caixas próprias para que possam estar devidamente arrumadas. No dimensionamento do respectivo sistema de incêndio pode ser considerada a instalação de uma ou de duas bocas em simultâneo, como se pode observar na Figura 5.33. Figura 5.33 - Boca-de-incêndio não-armada instalada à vista A sinalização dos dispositivos de combate a incêndio é igualmente importante, merecendo também algum destaque no RTSCIE [N17]. 5.3.2.3. Bocas-de-incêndio exteriores As bocas-de-incêndio instaladas no lado de fora dos edifícios são essenciais no combate a incêndio a partir do exterior do mesmo. De acordo com o RTSCIE [N17] estes elementos devem ser instalados na fachada (Figura 5.34) ou nos muros exteriores do edifício ou ainda sob os passeios, junto aos lancis e devem estar ligados à rede pública de abastecimento de água (na situação de impossibilidade de ligação à rede pública devem ser alimentados pela rede privada). O RTSCIE [N17] refere ainda que quando são instalados nos muros ou fachadas exteriores, as bocas-de-incêndio devem ser colocadas em caixa própria, a uma distância entre os 0.6 m e os 1.0 m relativamente ao pavimento, situação que não é respeitada no exemplo da Figura 5.34. Deve ainda garantir-se a instalação de um boca-de-incêndio por cada 15.0 m de parede ou fracção, quando esta for superior a 7.5 m. Na Figura 5.34 é igualmente possível observar uma boca-de-incêndio exterior constituída por duas entradas de água, uma tamponada e a outra descoberta, o que é igualmente uma situação a evitar. 99 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Figura 5.34 - Boca-de-incêndio exterior 5.3.2.4. Marcos de incêndio Os marcos de incêndio têm a mesma finalidade das bocas-de-incêndio exterior e devem ser igualmente abastecidos pela rede pública de distribuição. O RTSCIE [N17] indica que devem ser instalados junto ao lancil dos passeios das vias de acesso de veículos, a uma distância inferior a 30 m relativamente às bocas de alimentação da rede seca ou húmida e a qualquer uma das saídas do edifício que façam parte dos caminhos de evacuação. A sua constituição deverá constar preferencialmente de um elemento do tipo coluna que por sua vez deverá ter duas ou três bocas-de-incêndio tamponadas. Creder (1991) [6] indica que no caso de existência de duas bocas-de-incêndio, estas têm, normalmente, um diâmetro de 75 mm ou 100 mm. Pedroso (2007) [17] refere ainda que na situação em que o marco de incêndio apresente três bocas-de-incêndio, são normalmente considerados três diâmetros variáveis: 50 mm, 70 mm e 90 mm (Figura 5.35). Esta variação das dimensões das bocas é essencial para garantir que possam ser utilizados vários tipos de mangueiras. Em Portugal é mais usual o recurso a marcos de incêndio com três bocas. Estes dispositivos podem ser providos de uma válvula que permita a entrada em funcionamento do mesmo (Figura 5.35a), ou então podem estar equipados para que sejam abertos através de uma ferramenta própria para o efeito (Figura 5.35b). Os marcos de incêndio podem ainda dispor de um invólucro de protecção, como se pode observar na Figura 5.35c. Figura 5.35 – Marcos de incêndio (a, b, c) 100 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ 5.3.2.5. Bocas de alimentação As bocas de alimentação são instaladas na fachada e têm como função o abastecimento das mangueiras dos bombeiros e dos camiões auto-tanques, bem como a colocação em carga da coluna seca do edifício. Devem estar devidamente sinalizadas e ser constituídas por uma boca-de-incêndio tamponada e com um diâmetro superior a 70 mm [17]. Em função dos dispositivos a alimentar (se é coluna seca ou húmida) podem ou não necessitar de válvulas de seccionamento. À semelhança das bocas-de-incêndio não-armadas, as bocas de alimentação podem ser instaladas à vista (Figura 5.36). Contudo, é preferível uma instalação dentro de uma caixa própria para o efeito. Figura 5.36 - Boca de alimentação 5.3.3. Dispositivos de sustentabilidade Um dos pontos essenciais a ter em conta numa política de sustentabilidade prende-se com a consideração de dispositivos que permitam uma menor utilização de água potável. Essa eficácia dos sistemas de abastecimento pode ser conseguida por diferentes vias: redução do caudal escoado pelos dispositivos; redução da pressão debitada no escoamento; diminuição do tempo utilizado para temperar a água; optimização do volume debitado pelos dispositivos; controlo do tempo de escoamento dos dispositivos; controlo do caudal debitado; aumento da eficiência dos dispositivos; substituição por dispositivos que não utilizam água. Estas medidas de eficiência podem ser aplicadas tanto em autoclismos, como em bacias de retrete e urinóis, chuveiros, torneiras, mangueiras de lavagem, ou outros sistemas de rega, como se verá ao longo desta secção. Outra medida optimizadora do consumo de água prende-se com a redução da pressão na rede, pelo que os dispositivos redutores de pressão devem igualmente ser considerados. Apesar de serem testados e examinados, estes dispositivos alteram o normal funcionamento dos elementos nos quais são inseridos. Esta alteração pode, por vezes, fazer com que o sistema projectado não atinja os objectivos para os quais foi desenhado. Como este é um dos principais problemas deste tipo de dispositivos, têm vindo a ser estudadas as melhores formas de o contornar, através da melhoria dos dispositivos já existentes e da invenção de novos aparelhos. 101 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ 5.3.3.1. Autoclismos Os autoclismos tradicionais têm uma capacidade de armazenamento que varia entre os 7 l e os 15 l [M6], o que pode acarretar um elevado gasto de água, uma vez que, como se verá no Capítulo 7, estes dispositivos são responsáveis por uma boa parte do consumo de água de um edifício. A aplicação de técnicas sustentáveis nestes dispositivos passa pela consideração de dois tipos de solução: instalação de autoclismos com uma menor capacidade de armazenamento ou de autoclismos de dupla descarga. Importa ainda destacar a possibilidade de instalação de dispositivos de interrupção automática (Figura 5.37) ou manual da descarga, ou a utilização de volumes que ocupem parte da capacidade do autoclismo (recipientes cheios de água, por exemplo) [M1]. Figura 5.37 - Dispositivo de interrupção automática da descarga do autoclismo [M1] Para além dos tradicionais, existem no mercado autoclismos com capacidades de armazenamento inferiores, como por exemplo os que apresentam um depósito de 6 l, mais comummente utilizados. Relativamente aos autoclismos de dupla descarga (Figura 5.38) são normalmente utilizados depósitos de 3l e de 6l. Ainda assim é mencionada, em [I57], a existência de depósitos duplos de 9 l e 4 l, 7 l e 3 l e de 6 l e 4 l. Figura 5.38 - Autoclismo de dupla descarga 5.3.3.2. Bacias de retrete e urinóis Para minimizar o consumo de água em todo o sistema constituído pela bacia de retrete e pelo autoclismo, para além das soluções referidas no Ponto 5.3.4.1, podem ser equacionadas bacias de retrete que não utilizem ou que necessitem de pouca água nas suas descargas. Assim sendo podem definir-se três tipos de bacias de retrete cuja utilização de água é insignificante [M1]: 102 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Sanita a seca ou de compostagem – Os resíduos são transportados para um depósito onde são decompostos através de um processo chamado de compostagem. O produto da compostagem pode ser recolhido, através de uma gaveta, e utilizado posteriormente como fertilizante; Sanita de incineração (Figura 5.39) - Os resíduos são transportados para uma câmara de incineração onde são incinerados. Os produtos incinerados são recolhidos e podem ser depositados juntos dos restantes resíduos sólidos urbanos; Sanita de vácuo – Idênticas às tradicionais só que em vez de utilizarem água, utilizam um fluxo de ar que transporta os resíduos, através da canalização, até um tanque colector ou até à rede de esgotos. Figura 5.39 - Sanita de incineração [M1] Outra solução passa pela instalação de um amplificador de velocidade de descarga (Figura 5.40). Este aparelho, segundo Pedroso (2009) [17], permite a utilização de autoclismos com descargas de 4.0 l e 2.5 l, já que possibilita níveis de eficácia superiores, equivalendo a descarga ao descarregamento de um autoclismo com maior volume de escoamento. Figura 5.40 - Amplificador de velocidade de descarga [17] Relativamente aos urinóis, devido ao facto de serem instalados em espaços públicos, é dada maior importância ao tempo de descarga e também ao número de descargas efectuadas. Assim sendo, é usual a utilização de urinóis com menores caudais providos de sistemas de controlo automático, como infravermelhos (Figura 5.41), sensores de líquido ou sistemas magnéticos [M6]. 103 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Figura 5.41 - Placa de infravermelhos para urinol [I41] 5.3.3.3. Chuveiros e torneiras Os chuveiros e as torneiras são os elementos em que existem mais soluções para se minimizar o consumo de água. À semelhança do que acontece com os urinóis, é possível nestes dispositivos, reduzir o caudal debitado, bem como controlar o tempo de escoamento. Outras soluções passam pela diminuição do tempo necessário para colocar a água à temperatura desejável, ou a introdução de ar no líquido escoado, por forma a aumentar o volume do escoamento, proporcionando um melhor aproveitamento da água. As reduções de caudal podem ser feitas através de um dispositivo redutor, ou recorrendo-se a um aparelho que permite o controlo do caudal por parte do utilizador. Este aparelho é normalmente instalado em chuveiros ou em torneiras de lava-loiças (Figura 5.42). Figura 5.42 - Misturadora de lava-loiça com controlador de caudal As torneiras e os chuveiros, principalmente nos espaços públicos, podem ser equipados com um dispositivo de fecho automático que regule o tempo de abertura, à semelhança do referido nos urinóis, como se observa na Figura 5.43. Figura 5.43 - Torneira de fecho automático de infravermelhos [I41] Outra medida já referida prende-se com a diminuição do tempo necessário para temperar a água. Este período pode ser diminuído através da utilização das torneiras misturadoras (referidas na Secção 5.3.1.2), que podem ser equipadas por um termóstato que regula de 104 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ forma mais exacta a temperatura de saída da água. A escolha de torneiras com maior abertura de manípulo é também importante na optimização do consumo de água [M6]. O aumento do volume do jacto de água, através da introdução de espaços de ar é igualmente uma medida eficaz na diminuição do consumo de água. Neste caso podem equipar-se as torneiras com um dispositivo pulverizador (Figura 5.44b), ou então com um dispositivo arejador (Figura 5.44a). A diferença entre os dois dispositivos prende-se com o facto de o arejador ter uma entrada de ar, o que faz com que o jacto de água tenha uma quantidade maior de ar do que o que é conseguido através da aplicação de um pulverizador. Este aumento da dimensão do jacto de água permite que esta se espalhe melhor, proporcionando um aumento da área abrangida. Figura 5.44 - Dispositivo arejador (a) e pulverizador (b) [I45] 5.3.3.4. Mangueiras de lavagem e sistemas de rega Tanto na lavagem, como também na rega, podem ser utilizadas mangueiras para debitar a água. Por forma a optimizar o consumo de água que advém destes dispositivos devem ser instalados na extremidade aparelhos de controlo de caudal (Figura 5.45), permitindo assim um melhor controlo da água debitada. Figura 5.45 - Aparelho de controlo de caudal para mangueiras Os sistemas de rega automáticos permitem também uma melhoria do consumo de água, na medida em que é possível controlar tanto o caudal escoado, como o tempo de rega. 5.4. Sistemas de bombagem A sobrelotação do espaço térreo implica que se recorra cada vez mais a soluções construtivas com grandes dimensões verticais. A necessidade de se construir em altura leva a que sejam estudadas soluções que permitam as melhores condições para os edifícios. Em relação às redes de circulação de água, é usualmente considerada a utilização de sistemas de bombagem que, através da transformação da energia mecânica em energia hidráulica, permitem que o líquido atinja uma determinada cota com pressão suficiente para que se possam garantir as condições mínimas de escoamento. Para tal são utilizados dois tipos distintos de dispositivos, 105 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ elevatórios (aspiração a partir de um reservatório em superfície livre), ou sobrepressores (aspiração a partir de uma conduta sem perda de pressão). O estudo de um sistema de bombagem de água exige a prévia definição de alguns conceitos essenciais no dimensionamento. A noção de altura de aspiração (altura desde o eixo da bomba até é superfície livre do líquido a bombear) e de compressão (altura desde o eixo da bomba até ao dispositivo a abastecer) estão, à semelhança da definição de altura manométrica (diferença de cargas entre a bomba e a secção a alimentar), sempre presentes no dimensionamento de um sistema deste tipo. Depois de definidas e determinadas estas parcelas é possível, como se verá no Ponto 5.4.1, determinar a potência da bomba utilizada no sistema de bombagem, que é um dos pontos essenciais no dimensionamento de todo este sistema. O outro ponto deste processo passa pelo dimensionamento das tubagens, tanto do troço de aspiração, como do troço de compressão, que é feito à semelhança do que foi referido no Capítulo 3. Pedroso (1996) [16] refere que na tubagem de aspiração deve ser considerada uma velocidade de escoamento máxima de 1.5 m/s, evitando assim pressões mais elevadas que podiam alterar o funcionamento da bomba. A utilização de sistemas de bombagem para suprimir problemas de falta de pressão nos pontos mais gravosos dos sistemas de abastecimento de água pode gerar um problema de sobrepressão nos dispositivos mais próximos do sistema de bombagem. Esta pressão excessiva pode originar danos nesses mesmos dispositivos, pelo que deve ser considerada uma redução da mesma. Pedroso (1996) [16] anuncia que devem ser instalados redutores de pressão quando, numa solução de bombagem feita directamente do ramal de rede pública, existem oscilações superiores a 100 kPa da pressão disponibilizada pela rede. Existem ainda algumas considerações que devem ser feitas tendo em conta os aspectos construtivos deste tipo de sistemas. Macintyre (1986) [11] indica que deve ser sempre garantido, tanto a montante como a jusante da bomba, o funcionamento automático e manual do sistema de bombagem, para precaver qualquer avaria do automatismo. Quando a bomba é abastecida por água proveniente de um reservatório, ou é utilizada para abastecer um depósito de armazenamento, pode ser utilizado, a montante ou a jusante da bomba, respectivamente para cada situação referida, um sistema de bóias que detecta o nível de água no depósito, accionando a bomba quando a água atinge um valor previamente definido. Quando a água que abastece a bomba vem directamente da rede pública deverá ser instalado a montante do aparelho um grupo de sensores estáticos de pressão ligados a comando que controla o funcionamento das bombas. Esta solução também deverá ser instalada, a jusante da bomba, nas situações em que o sistema de bombagem abastece directamente os dispositivos [16]. As avarias, para além de poderem afectar o sistema automático, podem também inutilizar todo o aparelho de bombagem dos sistemas de abastecimento de água. Para precaver este cenário deverá ser instalado, no mínimo, um segundo grupo de bombagem que funcione como reserva ou, em casos específicos, em simultâneo com o grupo principal [16]. Nos sistemas de combate 106 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ a incêndio são adoptadas outras formas de prevenção, como se poderá observar no Ponto 5.4.3. Um dos problemas dos sistemas de bombagem prende-se com o facto de estes serem constituídos por aparelhos que em funcionamento geram muitos ruídos e oscilações. Neste sentido é essencial que seja instalado um isolamento, tanto acústico, como de vibrações para que não haja qualquer problema relacionado com o conforto dos utilizadores, ou até mesmo com danos no edifício. 5.4.1. Dimensionamento do sistema de bombagem O dimensionamento do sistema de bombagem passa, como está esquematizado na Figura 5.46, pela determinação da potência da bomba a utilizar. Para tal é necessário estimar a altura manométrica total, que depende da altura manométrica de aspiração e da altura manométrica de compressão. Figura 5.46 - Dimensionamento do sistema de bombagem O dimensionamento da bomba deverá ser feito depois de uma análise de todo o sistema de elevação ou sobrepressão (constituído, para além do grupo de bombagem, pelas canalizações por onde é escoada a água e, em certos casos, por um reservatório). Esta análise permite estimar o valor das perdas de carga inerentes a todo o sistema. No cálculo desta grandeza é importante evidenciar a grande influência das perdas de carga localizadas, associadas aos dispositivos utilizados, pelo que a sua consideração deve ser feita tendo em conta o método do comprimento equivalente, já que este determina valores mais concordantes com a realidade. Tendo em conta a Equação de Bernoulli e os princípios das perdas de carga (Capítulo 3) relacionados com a tubagem de aspiração, a altura manométrica de aspiração, Ha (expressa em metros) pode ser determinada através da Equação (5.1) [10]. v H a za (5.1) 2 2 g Ja Importa referir que a velocidade, v, da Equação (5.1) é a velocidade do líquido à entrada da bomba. Pedroso (1996) [16] indica que esta parcela deverá ter um valor máximo de 1.5 m/s, de forma a não danificar o sistema de bombagem. Em soluções que comportem um depósito na base do edifício, a altura manométrica de aspiração é determinada tendo em conta a cota do ponto de onde sai a água do reservatório (Figura 5.47), enquanto que na solução em que a bombagem se faz directamente da rede 107 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ pública, se considera nula a altura de aspiração, já que nesta situação a bomba não necessita de aspirar a água. Figura 5.47 - Cota de aspiração e cota de compressão (adaptado de [16]) Analogamente, é possível determinar, com recurso à Expressão (5.2), a altura manométrica de compressão (Hc) [16]. H c zc v2 2 2 g (5.2) 2 v1 2 g Jc Na Equação (5.2) as parcelas v1 e v2 correspondem, respectivamente, à velocidade do líquido à saída da bomba e no final do troço de compressão. A altura manométrica total (Ht) é dada pelo somatório da altura manométrica de aspiração e da 2 altura manométrica de compressão [10]. Desprezando a parcela cinética (v /2g) das Expressões (5.1) e (5.2), uma vez que apresenta uma baixa influência no resultado final, a altura manométrica total (Ht) pode ser determinada com recurso à Expressão (5.3). H t H a H c za J a zc J c (5.3) Depois de calculada a altura manométrica total pode determinar-se, através da Expressão (5.4), a potência da bomba que se deverá considerar [16]. Pb Qb H t (5.4) Importa ainda referir que o rendimento da bomba (relação entre a potência útil, dada pela a energia aproveitada pelo líquido para o escoamento e a potência motriz, que é a potência que é fornecida pelo motor ao eixo da bomba) depende do aparelho considerado e deverá ser fornecido pelo fabricante do mesmo [10]. Relativamente ao processo de aspiração da água deverá ter-se em conta que quando uma bomba aspira água de uma profundidade superior à sua capacidade de aspiração, pode ocorrer um fenómeno de cavitação (formação de bolhas de vapor de água que rebentam posteriormente), que altera as condições de pressão e de velocidade do escoamento do 108 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ líquido, desgastando o aparelho. Assim sendo, é essencial definir uma altura máxima de aspiração – Expressão (5.5) [16]. H a,máx patm NPSH Ja pv (5.5) a O factor capacidade de aspiração, NPSH (energia residual mínima do líquido no reservatório de onde a água é aspirada, de forma a que não ocorra o fenómeno de cavitação), é dado pelo gráfico da Figura 5.48. Figura 5.48 - Factor de capacidade de aspiração, NPSH [16] Relativamente aos valores tomados para a altura equivalente da tensão de vapor do líquido, Pedroso (1996) [16] refere, como valores de referência os valores presentes no Quadro 5.5. Quadro 5.5 - Altura equivalente da tensão do vapor do líquido [17] Temperatura [ºC] pv/γ 10 0.13 20 0.24 30 0.43 50 1.26 60 2.03 80 4.83 100 10.33 O factor de segurança, a, depende da altimetria do local e deve tomar valores entre os 0.5 m e o 1.0 m [16]. 5.4.2. Rede de abastecimento de água O dimensionamento de sistemas de abastecimento de água exige, como foi constatado no Capítulo 3, um determinado número de considerações iniciais. Uma das exigências que se impõe prende-se com o facto de serem garantidas as condições mínimas de pressão em todos os pontos da rede. Estas garantias dependem das condições de pressão da rede pública e também de algumas características da rede predial, como o comprimento da tubagem, o material utilizado, os caudais que caracterizam a rede, entre outros. O cumprimento das condições referidas no parágrafo anterior pode, por vezes, não ser garantido à partida, o que implica a utilização de meios que permitam satisfazer essas situações. Nestes casos são utilizados os sistemas de bombagem. Pedroso (1996) [16] menciona três tipos distintos de sistemas de bombagem para redes prediais de abastecimento de água, escolhidos consoante as condições fornecidas e exigidas à rede: Sobrepressão por bombagem da água que provém directamente da rede pública ou depositada em reservatório de armazenamento situado na base do edifício; 109 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Elevação por bombagem para um reservatório da água, instalado no cimo do edifício, directamente proveniente da rede pública ou depositada em reservatório de armazenamento situado na base do prédio; Sobrepressão por bombagem da água directamente proveniente da rede pública ou depositada em reservatório de armazenamento situado na base do edifício, para um reservatório metálico e em pressão – sistema hidropneumático. Em Portugal é usual recorrer-se à sobrepressão da água pela rede pública ou com recurso a reservatório, uma vez que o fornecimento de água e de energia é, salvo raras excepções, feito de forma contínua. A instalação de grupos elevatórios ou sobrepressores para um reservatório no topo do edifício é mais comum em países em que o fornecimento de água ou de energia não é contínuo, uma vez que possibilita que o escoamento se faça por gravidade. É o caso de países menos desenvolvidos, como por exemplo Angola ou Moçambique. O sistema hidropneumático é igualmente bastante utilizado no território nacional. Outro aspecto que está sempre associado aos sistemas de abastecimento de água para consumo prende-se com a necessidade de manutenção das condições de salubridade da água. Deverá, portanto, ser considerada apenas a utilização de dispositivos que não ponham em causa o não cumprimento dessas condições. 5.4.2.1. Sobrepressão ou elevação por bombagem directa A bombagem directa da água pode ser feita de duas formas, por elevação, através da utilização de um reservatório na base do edifício, ou então bombeando directamente a água proveniente da rede pública para as canalizações prediais. Esta última solução é mais rentável, na medida em que aproveita a pressão da água proveniente da rede pública, necessitando de sistemas de bombagem menos potentes. Aspectos construtivos: Os sistemas de sobrepressão ou elevação por bombagem são normalmente constituídos por dois ou três dispositivos de bombeamento em funcionamento simultâneo [16]. Pedroso (1996) [16] refere ainda que deve ser considerada a utilização, quando não haja necessidade de fornecer grandes caudais à rede predial, de pequenos reservatórios metálicos de membrana (um reservatório de 20 litros por cada bomba), de forma a reduzir os arranques dos grupos de bombagem. Dimensionamento: Como caudal de bombeamento considerado no dimensionamento do sistema de bombagem deve-se considerar a totalidade do caudal de consumo, determinado pela necessidade dos dispositivos a abastecer, quando este toma valores inferiores ou iguais a 10 l/s. Quando este caudal assume valores superiores a esse limite deve apenas ser considerado 60% do mesmo [16]. 110 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ 5.4.2.2. Sobrepressão ou elevação para um reservatório no topo do edifício Existem situações de abastecimento em que o escoamento da água se processa por gravidade desde o topo do edifício. Neste tipo de redes e nas situações em que a rede pública não fornece pressão suficiente para se escoar água até ao topo do edifício, é necessário recorrerse a uma bomba para que se possa garantir esse mesmo escoamento. A bombagem de água para o cimo do edifício pode ser feita da mesma forma das soluções de sobrepressão de bombagem directa, utilizando ou não um reservatório na base do edifício. Aspectos construtivos: Os aspectos construtivos deste sistema de bombagem são idênticos aos aspectos mencionados no Ponto 5.4, referentes à globalidade dos sistemas de bombagem. Ainda assim, a presença do reservatório no topo do edifício faz com que a geometria do sistema de tubagens seja um pouco diferente do que é considerado para os sistemas de bombagem directa, já que o escoamento se processa por gravidade. Dimensionamento: Para a estimação do caudal bombeado, Pedroso (1996) [16] indica que se deve considerar um acrescimento de 15% ao total de caudal determinado para satisfazer as necessidades de consumo. 5.4.2.3. Sistema hidropneumático O sistema hidropneumático é constituído por um reservatório, normalmente cilíndrico (Figura 5.49), uma bomba, equipamento de reposição de ar (compressor), se necessário, e um sistema de controlo dos níveis de pressão. A pressão necessária para a rede é conseguida através do ar que, juntamente com a água (é inserida pelo grupo de bombagem até que seja atingida a pressão limite máxima), se encontra dentro do depósito. Não tem, portanto, a função de armazenar água, mas sim de fornecer à rede água a uma pressão variável entre dois valores previamente definidos, sem que para isso seja necessário estar constantemente a ligar as bombas. É um sistema que permite diminuir o número de arranques do grupo de bombeamento, aumentando a sua durabilidade e diminuindo os gastos energéticos. 111 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Figura 5.49 - Reservatório hidropneumático sem membrana (adaptado de 10]) No esquema da Figura 5.49 pode observar-se que é salvaguardado um valor de reserva de segurança (Vr), usualmente estabelecido nos 20% da capacidade total do reservatório, de forma a evitar que entre ar na tubagem de compressão [10]. Aspectos construtivos: Os aspectos construtivos não relacionados com o reservatório hidropneumático são idênticos aos adoptados para os outros sistemas de bombeamento. Relativamente aos reservatórios hidropneumáticos devem considerar-se a utilização de dois tipos distintos, os reservatórios com membrana e os reservatórios sem membrana. Nos primeiros não existe contacto directo com a água, enquanto que nos reservatórios com membrana o líquido entra em contacto com o ar, havendo a necessidade de utilizar um sistema compressor para repor esse mesmo ar. Dimensionamento: O caudal bombeado, utilizado na determinação da potência da bomba, é aquele que garanta as necessidades de pressão da rede predial, acrescido de 15% a 25% desse mesmo valor [10]. Relativamente à altura manométrica considerada, Pedroso (2007) [17] indica que esta deve tomar o valor da altura manométrica total, acrescida de um valor de segurança que o mesmo autor estabelece entre os 10 m.c.a. e os 15 m.c.a. A determinação do volume do reservatório hidropneumático é feita com recurso à Lei de BoyleMariotte - Expressão (5.6), que diz que o volume ocupado por uma certa quantidade de gás, mantendo a temperatura constante, varia com a razão inversa das pressões que suporta [10]. 112 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ p1 V 1 p2 V 2 cons tan te (5.6) A Lei de Boyle-Mariotte, para sistemas hidropneumáticos, tendo em conta a Figura 5.49, pode ser expressa pela Equação (5.7). pa V a pb V b (5.7) Tendo em conta o volume de água, Vágua, a Expressão (5.7) assume a forma da Expressão (5.8). pa V b V água pb V b (5.8) Considerando que o caudal Vb é 80% do caudal total, uma vez que os outros 20% são ocupados pelo volume de reserva e que os valores de pressão em a (pa) e em b (pb) são obtidos adicionando uma atmosfera à pressão manométrica, pm, desse ponto tem-se que o volume de água é dado pela Expressão (5.9) [10]. V água 0.8 V t pm,a pm,b (5.9) pm,a 1 Tendo em conta o caudal de referência, Qref, e o número N de arranques dos grupos electrobomba por hora, o volume total do reservatório hidropneumático pode ser calculado com recurso às Expressões (5.10) e (5.11), conforme se pretenda utilizar um reservatório com e sem membrana (questão abordada no Ponto 5.4.1.3.2), respectivamente [17]. Vt Vt Qref pm,a 4 N pm,a pm,b 2 1.25 Qref 4 N pm,a 10 pm,a pm,b (5.10) (5.11) Macintyre (1980) [10] indica que se devem adoptar, consoante o edifício em questão, três gamas distintas de valores para o número de arranques dos grupos electrobomba, como se pode observar no Quadro 5.6. O caudal de referência deve corresponder à semi-soma do caudal de consumo (estimado pela necessidade dos dispositivos) e do caudal bombeado, considerado para determinar a potência da bomba [16]. Quadro 5.6 - Número de arranques por hora do grupo electrobomba [10] N 6 a 10 10 a 15 15 a 25 Edifício Instalações industriais ou edifícios de grande porte Instalações de médio porte Instalações pequenas 113 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ 5.4.3. Rede de combate a incêndio À semelhança do que acontece nos sistemas de abastecimento de água, nas redes de combate a incêndio existem situações em que, por falta de condições de pressão, é necessário recorrer-se à utilização de sistemas de bombagem, que podem utilizar um sistema hidropneumático (exceptuando nas situações mais graves), ou bombear água através de um grupo sobrepressor. Importa também destacar que, como acontece com os outros dispositivos, nos grupos de bombagem dos sistemas de combate a incêndio é essencial acompanhar o seu funcionamento, através de uma manutenção cuidada que inclui a realização de alguns testes esporádicos. Aspectos construtivos: Os sistemas de bombagem das redes de combate a incêndio são constituídos por três tipos distintos de bomba, uma electrobomba, uma motobomba e também uma bomba jockey, com a função de restabelecer rapidamente os níveis de pressão. Apesar de, em certas situações, ser importante a instalação da motobomba (permite o funcionamento dos sistemas de combate em caso de corte de energia) é de evitar o seu uso quando são garantidas boas condições de abastecimento tanto de electricidade como de água. Esta oposição à utilização da motobomba é justificada com a necessidade de um atento cuidado da mesma, nomeadamente através da necessidade de repor o nível de diesel apropriado. Outra forma de contornar esta utilização pode passar pela instalação de uma fonte de energia autónoma que proporcione o abastecimento em caso de avaria [16]. Como referido anteriormente, deve ser garantido o accionamento automático das bombas, apesar de não ser dispensável a instalação de um mecanismo que permite ligar a bomba de forma manual. As bombas devem ser desligadas de forma manual, minimizando as hipóteses de uma desactivação precoce, o que poderia pôr em risco o combate ao sinistro. Macintyre (1980) [10] refere que, nos sistemas de combate ma incêndio, devem ser instaladas bombas afogadas, ao invés das bombas colocadas acima da superfície da água. Dimensionamento: Na determinação da potência do grupo de bombagem deverá ser utilizado como caudal de bombagem o “(…) caudal máximo exigível para a operação simultânea dos sistemas de extinção manuais e automáticos (…)”, que depende do período de tempo de actuação adequado à respectiva categoria de risco [N17]. Como já foi referido, está ainda em período de elaboração a nota técnica da ANPC, que estabelece este período. Em [19, N1] é referido que para o sistema de RIA, o caudal bombeado a considerar deverá ser o caudal de consumo acrescido de 40% do seu valor, tendo em conta que a pressão, nessas condições, não sofre uma redução superior a 30%. No dimensionamento de colunas húmidas, o mesmo documento indica que o valor do caudal de bombagem deverá ser o valor do caudal de consumo acrescido de 50% do seu valor, garantindo que não haja uma redução de pressão superior a 35%. Para o sistema de sprinklers, bem como para as cortinas de água, o caudal 114 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ bombeado e a pressão a considerar deverão ser aqueles que garantam o abastecimento de todos os dispositivos, nas condições definidas no seu dimensionamento. Relativamente ao sistema hidropneumático, Macintyre (1980) [10] refere que o reservatório deverá ter, no máximo, 2/3 do seu volume ocupado com água, sendo o restante preenchido com a introdução de ar. Pedroso (1996) [15] refere também que a pressão mínima prevista, para o volume máximo de água, deve ser 25 m.c.a. superior à pressão nominal determinada. 115 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ 116 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ 6. Execução e manutenção dos sistemas em obra 6.1. Introdução A construção de um qualquer edifício passa sempre pela realização de duas actividades principais, o projecto e a execução, estando a gestão da obra dependente da forma de como são elaboradas. A dissociação destes dois processos é inexequível, uma vez que a qualidade de execução depende sempre da clareza do projecto, que está relacionada com as condições existentes para executar a obra. A fase de execução deverá comportar, para além da etapa de concretização da construção, um período inicial onde se deverá ter especial atenção aos materiais a utilizar. As condições de recepção do material, bem como do seu armazenamento em obra, têm grande influência no seu estado de conservação, que está directamente relacionado com a qualidade das redes de fornecimento de água. Devido à importância deste assunto, deverá ser reservado um ponto nas memórias descritivas que descreva as soluções adoptadas. A concretização das redes, etapa crucial da obra, está principalmente dependente das técnicas utilizadas, das características do projecto, da qualidade da mão-de-obra, do material e do equipamento, das condições encontradas em obra (segurança, clima, entre outros) e também da complexidade dos trabalhos. A optimização destas condições permite o aperfeiçoamento das características das redes, o que se traduz na sua qualidade final e, por conseguinte, na diminuição das patologias que lhes possam estar associadas. A fase de construção corresponde à fase inicial da vida de um edifício e assume-se, na maioria dos casos, como a etapa de menor duração. Durante o restante período de vida deverá assegurar-se a conservação dos sistemas, reduzindo o risco de surgirem defeitos que possam alterar o seu normal funcionamento. A conservação das redes de água passa não só por se proceder a uma manutenção constante, como também, em certos casos, pela reabilitação de uma parte ou de todo o sistema de abastecimento. Pode ainda ser necessário proceder-se a modificações na sua constituição, surgindo a necessidade de modificar a rede de águas. Para tal é importante considerar diversas condições que, à semelhança do que acontece com os temas abordados no presente ponto, serão discutidas ao longo deste capítulo. 6.2. Condições de recepção e verificação da conformidade em obra Como referido no Capítulo 5, os materiais a utilizar nas obras de construção civil têm de apresentar uma boa qualidade e deverão obedecer a um determinado número de especificações definidas pela legislação em vigor. Para além das condições regulamentares impostas, nos edifícios públicos, os materiais têm de ser presentes a uma fiscalização que os poderá mandar submeter aos ensaios que achar convenientes para aferir da sua qualidade, o 117 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ que não é obrigatório nas obras privadas. Devido às possibilidades de veto do uso dos materiais é prática comum, de forma a minimizar os atrasos na obra, enviar amostras à entidade fiscalizadora, previamente à sua aplicação, garantindo assim a conformidade relativamente às exigências da inspecção. À semelhança do que acontece com a conformidade, o transporte, as cargas e descargas e o armazenamento dos materiais são também geridos pelo empreiteiro, podendo ser igualmente sujeitos a uma inspecção. As condições abordadas no parágrafo anterior dependem do tipo de material que se está a considerar, havendo diferenças significativas entre o uso de plásticos e o de tubagens metálicas. Como foi exposto no Capítulo 5, a utilização de canalizações metálicas está limitada principalmente pela ocorrência de fenómenos de corrosão, enquanto que nas plásticas é a sua fragilidade que aparece como maior desvantagem. São, sobretudo, estas duas características que condicionam as opções que são tomadas na recepção do material em obra. Seguidamente serão abordadas as diferentes fases que constituem toda a fase de recepção. 6.2.1. Transporte O transporte de tubagens deverá obedecer a uma série de cuidados que dependem dos materiais a transportar e das indicações dos fabricantes. Nas fases de carga e descarga é importante, para além de garantir que os materiais se mantêm intactos, acautelar um bom acondicionamento, evitando qualquer tipo de acidentes nas viagens até à obra. Previamente às operações de transporte deverá garantir-se que o material a transportar não excede, em termos de peso, os limites do veículo transportador. Nas obras públicas é igualmente usual fazer-se uma inspecção inicial para aferir do estado dos elementos a carregar [I50]. As operações de transporte exigem algumas considerações que são comuns aos diferentes tipos de tubagem rígida. Os camiões a utilizar deverão ter um comprimento suficiente para que os tubos sejam apoiados em ambas as extremidades, evitando assim saliências nos veículos. Existem, contudo, algumas situações onde o comprimento da plataforma do camião é inferior ao comprimento máximo das tubagens. Nestes casos deverá proceder-se à protecção das extremidades que ficam fora do veículo. É também essencial garantir que não haja um rolamento dos tubos, que poderá causar danos nos elementos ou desgaste da camada exterior. Para garantir que tal não aconteça é aconselhável, como se pode observar na Figura 6.1, fixar os tubos com cordas ou cintas, ou confinar as tubagens entre as paredes da caixa do veículo. O facto de este tipo de material apresentar alguma flexibilidade, em longos vãos, faz com que facilmente possam surgir flechas nas tubagens. Para evitar que tal suceda deve ser garantido o apoio dos tubos em vários pontos [I50]. 118 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Figura 6.1 - Confinamento de tubagens [I52] O transporte de tubagem em bobinas deverá ser feito em camiões que permitam um bom confinamento, evitando deslocamentos durante o transporte. O recurso a redes, cintas e cordas (Figura 6.2), ou a outros elementos não metálicos, pode também melhorar as condições de confinamento e de moldagem da bobina. As tubagens flexíveis, devido à fragilidade do material que as constitui, não devem estar em contacto com pregos e com outros elementos que as possam perfurar [I50]. O diâmetro mínimo da bobina deverá ser também um ponto a ter em conta, uma vez que os fabricantes definem valores de curvatura mínima, consoante o material considerado. Figura 6.2 - Amarração de uma bobina de PEAD [I33] Relativamente às restantes peças utilizadas nas redes de abastecimento de água, como válvulas, elementos de ligação, entre outros, deverá ser garantida uma separação física da tubagem, evitando assim qualquer tipo de danos durante o transporte. 6.2.2. Armazenamento Durante o período de armazenamento deverão ser conservadas todas as características do material, para que este possa ser utilizado nas devidas condições. A garantia de qualidade faz com que o seu depósito seja um processo que exige a consideração de determinadas opções. A escolha do local onde será armazenado o material deverá ser feita tendo em conta os acessos, já que o transporte é operado por veículos com dimensões consideráveis. É igualmente importante que os elementos que constituem as redes de água sejam armazenados fora das áreas usuais de manobras de veículos, por forma a evitar qualquer acidente que possa provocar danos. Outro aspecto importante na escolha do local de depósito prende-se com o facto de o material ser vulnerável a factores atmosféricos, ou a produtos químicos (tintas agressivas, solventes, entre outros). Desta forma é prática comum armazenar as várias peças longe de zonas onde sejam aplicadas as referidas substâncias, em locais fechados ou, no mínimo, com uma cobertura, onde as temperaturas não atinjam valores elevados. 119 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Previamente à colocação do material no estaleiro deve ser feita uma limpeza do local onde será armazenado. A remoção de objectos que possam danificar as peças é indispensável para que sejam minimizados os riscos de danos. Para além da remoção destes elementos deve ser garantido que o material é armazenado numa superfície plana e devidamente nivelada, para reduzir a hipótese de haver deslizamentos. As tubagens rígidas são guardadas em pilhas que devem ser amarradas para acautelar a ocorrência de escorregamentos. Outra forma de evitar que as tubagens resvalem passa pela construção de paredes de contenção ou por cunhas de madeira que as travem (Figura 6.3). Deve ser também garantido uma altura máxima das pilhas para facilitar as operações de carga e descarga (em [I59] é referido que estas devem ter uma altura de aproximadamente 2 m). As bobinas, que constituem as tubagens flexíveis, são empilhadas umas por cima das outras, devendo-se ter especial atenção ao peso que é colocado nas inferiores, que pode alterar a forma dos rolos. Figura 6.3 - Armazenamento de tubagem com a utilização de cunhas [I59] 6.2.3. Verificação da conformidade do sistema A análise da conformidade do sistema é a etapa final da instalação de uma rede de abastecimento. Depois de proceder à execução de toda a rede deve verificar-se se esta funciona nas condições para as quais foi dimensionada. Para tal devem ser feitos alguns ensaios, que são exigidos no RGSPPDADAR [N12]. A legislação nacional, através do RGSPPDADAR [N12], refere que a análise da conformidade do sistema deve ser feita com as tubagens à vista, para facilitar alterações que possam ter de ser feitas. Assim sendo, nos casos de tubagens embutidas, os ensaios devem ser executados numa fase antecedente ao enchimento das paredes ou pavimentos onde estão instaladas. Na regulamentação nacional são referidos como obrigatórios dois tipos de ensaios, o ensaio de estanquidade e a prova de funcionamento hidráulico. O primeiro avalia a capacidade da rede em vedar a passagem de líquido para o exterior, que poder ser comprometida principalmente pelas descontinuidades (juntas, tampas, conexões, entre outros). Este ensaio é feito previamente à instalação dos dispositivos e consiste em obturar e encher a tubagem com água (utilizando uma bomba para que seja libertado todo o ar existente) e, através da análise dos valores de pressão (Quadro 6.1), verificar se existe qualquer tipo de fuga durante quinze minutos, como é referido na legislação vigente. A prova de funcionamento hidráulico deverá ser feita após a instalação dos dispositivos e tem a função de verificar se estes estão a funcionar de acordo com os valores para os quais foram dimensionados. 120 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Quadro 6.1 - Valores mínimos de pressão utilizados no ensaio de estanquidade (adaptado de [N12; 17]) Instalação Abastecimento de água Coluna seca Coluna húmida RIA Sprinklers Valor mínimo de pressão 1.5 vezes a pressão máxima de serviço, com o mínimo de 900 kPa 2500 kPa 2500 kPa 1.5 vezes a pressão máxima de serviço, com o mínimo de 900 kPa 1.5 vezes a pressão máxima de serviço, com o mínimo de 900 kPa A fase final do processo de garantia de conformidade do sistema passa pela desinfecção das tubagens, que é essencial principalmente num sistema de abastecimento de águas para consumo humano. 6.3. Execução A fase seguinte à realização do projecto tem uma grande influência na qualidade final da construção. Neste sentido a etapa da execução dos trabalhos propostos, assume uma grande importância no desempenho do sistema de abastecimento de água e também no de combate a incêndio. É, portanto, essencial garantir, para além de uma execução cuidada, que o projecto proporcione boas condições para concretizar a obra, diminuindo assim as hipóteses de ocorrência de erros construtivos. Em [4] é referido que as instalações sanitárias correspondem a aproximadamente 5% do custo final da construção. A pouca relevância desta parcela, associado à elevada ocorrência de patologias nestas redes (como se verificará no Ponto 6.4), obriga a que presentemente se tenha especial atenção à execução dos sistemas de abastecimento de água e de combate a incêndio, optimizando o rácio entre os gastos iniciais e os custos inerentes às reparações. Durante todo o processo de execução da obra é importante ter em atenção as diferentes técnicas de montagem, as tubagens a utilizar, o tipo de união, entre outros aspectos já referenciados anteriormente. Importa ainda ter em atenção, para além da segurança dos trabalhadores, as práticas de manuseamento do material, evitando assim quaisquer danos na canalização. Os sistemas especiais, como por exemplo o sistema de extinção automático, exigem montagem mais detalhada, pelo que deve ser contratado um técnico experimentado na execução deste tipo de meios de combate a incêndio. Relativamente aos restantes sistemas, não é necessária mão-de-obra muito especializada, podendo a sua execução ser feita por um qualquer canalizador. 6.4. Patologias As instalações prediais de abastecimento de água, de combate a incêndios e de drenagem originam uma grande parte dos problemas presentes nos edifícios (em [4] é referido que as patologias inerentes a estes sistemas representam mais de 90% da globalidade dos problemas detectados na construção). Os erros cometidos, tanto na fase de concepção como também na 121 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ construção das instalações, envolvem situações de desconforto e também de durabilidade, que causam diversos defeitos nos elementos construídos. Existem diversos factores que, associados ao desgaste provocado pelo envelhecimento natural dos materiais, contribuem para o aparecimento de patologias que prejudicam o bom funcionamento de uma rede de águas. Entre esses factores devem destacar-se as más opções iniciais, quer ao nível da escolha dos materiais, como também do dimensionamento e da concepção dos sistemas e também as alterações das condições de fornecimento da rede pública. Apesar da maior incidência das patologias que estão associadas ao conforto dos utilizadores (deficiência de pressão, ruído, entre outros), os defeitos como a rotura da canalização, ou a má ligação entre as tubagens são os que causam maiores preocupações, já que, para além de alterarem o normal funcionamento da rede de abastecimento, podem também danificar os elementos construtivos adjacentes. Quadro 6.2 - Patologias, causas e efeitos dos sistemas de abastecimento de água e de combate a incêndio (Adaptado de [15]) Tipo de sistema Abastecimento de água Patologia Deficiências nos dispositivos Deficiente escoamento da água Deficiente escoamento da água Combate a incêndios Abastecimento de água + Combate a incêndios Não activação do sistema automático Deficiências nos dispositivos Rotura da tubagem Deficientes ligações entre tubagens Variação da dimensão das tubagens Causas Efeitos Fraca qualidade, deficiente manutenção, desgaste Ruídos, perdas de água Erro no dimensionamento da rede e do sistema de bombagem, presença de calcário, alteração das condições de pressão impostas, ausência de manutenção Congelamento, erro no dimensionamento da rede e do sistema de bombagem, entupimento, alteração das condições de pressão impostas, ausência de uso e manutenção Ruídos, vibrações, deficiente abastecimento dos dispositivos, acumulação de ar Ruídos, vibrações, deficiente abastecimento dos dispositivos, acumulação de ar Falha dos componentes electrónicos e dos restantes detectores Inoperância do sistema Vandalismo, ausência de uso e manutenção, fraca qualidade Ruídos, vibrações, dificuldades de uso Corrosão ou quebra, desgaste, raios ultravioletas Deficiente montagem e isolamento das juntas, degradação dos elementos de junta, defeitos na tubagem Variações da temperatura 122 Infiltrações, derrames Infiltrações, derrames Ruídos, fissuração da tubagem, infiltrações, variação das condições de escoamento Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ No Quadro 6.2 é possível identificar as patologias e respectivas causas e efeitos, que estão associadas aos diferentes tipos de sistemas abordados nesta obra. O facto de os sistemas de combate a incêndio e os sistemas de abastecimento de água funcionarem sob os mesmos princípios, através de uma rede de canalização que escoa água desde a fonte de alimentação até ao dispositivo de abastecimento, faz com que os defeitos associados a estes dois tipos de sistemas sejam idênticos. Uma análise do Quadro 6.2 permite igualmente verificar que as diferenças existentes entre os dois tipos de sistemas residem essencialmente no facto de os sistemas de combate a incêndio terem um uso bastante menos regular, o que pode ocasionar alguns defeitos relacionados, por exemplo, com o entupimento das tubagens ou com mau funcionamento dos dispositivos. Pode igualmente aferir-se que existem patologias, principalmente as que estão associadas às tubagens e à sua montagem e utilização, comuns aos dois tipos de sistemas referidos. A análise do Quadro 6.2 permite verificar que, apesar de existirem vários tipos de patologias comuns, as suas causas podem não ser iguais. Assim verifica-se, por exemplo, que um deficiente escoamento de água numa rede de combate a incêndio pode ter a sua origem no congelamento do líquido (a água utilizada poderá estar armazenada em tubagens instaladas em locais não aquecidos, podendo atingir temperaturas negativas), o que não acontece num sistema de abastecimento de água. Ao nível das causas dos defeitos nos dispositivos também se podem encontrar algumas dissemelhanças, que estão relacionadas com o facto de os mecanismos utilizados no combate a incêndio poderem ser instalados em locais públicos, estando, portanto, sujeitos a actos de vandalismo. Como referido no Capítulo 4, os métodos de combate a incêndios comportam um sistema de extinção automático que depende da detecção de fumo para ser activado. Como foi exposto no mesmo capítulo, a activação do sistema pode ser feita com recurso a detectores, ou directamente através dos sprinklers. A inoperância dos meios de detecção é uma patologia que se pode associar aos sistemas de combate a incêndio e que assume alguma gravidade, na medida em que fica inutilizado um meio importante de combate. Apesar das diversas patologias existentes nestes sistemas, devem referir-se a corrosão das tubagens metálicas (Figura 6.4) e a degradação das tubagens plásticas (raios ultravioletas, variações de temperatura e perda de resistência) como os defeitos mais comummente encontrados e que, devido à sua gravidade, suscitam maiores preocupações. Figura 6.4 - Corrosão numa tubagem metálica [I54] 123 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ 6.5. Reabilitação Como referido anteriormente, os defeitos nas redes de abastecimento de águas constituem quase a globalidade das patologias existentes numa construção. Devido à grande incidência, a resolução deste tipo de problemas tem uma grande importância nas várias obras de construção. Assim sendo, torna-se essencial abordar e considerar as diversas soluções de reabilitação, compatibilizando-as com os mais variados tipos de defeitos. Na generalidade dos casos, as operações de reabilitação passam pela substituição dos elementos danificados, sendo também possível proceder-se a uma reparação pontual, quando se está na presença de patologias com uma incidência menos significativa. Para além de ser feita a substituição dos componentes danificados, o processo de reabilitação passa também por uma alteração das condições que originaram o defeito, por forma a evitar uma possível reincidência. Como foi analisado no ponto anterior, as patologias mais incidentes estão relacionadas com a rotura da tubagem, ou com deficiências no escoamento. É também notório, pela análise do Quadro 6.2, que a deficiência nos dispositivos pode causar diversos efeitos na qualidade da construção. É assim indispensável o recurso a técnicas de construção que reabilitem os elementos danificados. No Quadro 6.3 serão analisados alguns defeitos e respectivas soluções, comuns à generalidade das construções. Quadro 6.3 - Defeitos nos elementos constituintes da rede e respectivas soluções (adaptado de [15]) Incidência Soluções Substituição dos elementos afectados, adopção de soluções Corrosão menos corrosivas Quebra de elementos Substituição dos elementos afectados Alteração da velocidade de escoamento, utilização de dispositivos que reduzam o efeito do golpe de ariete, diminuição Ruído das singularidades, colocação de aparelhos ruidosos longe das zonas habitadas, utilização de elementos elásticos, substituição dos dispositivos Alteração da velocidade de escoamento, utilização de Vibração dispositivos que reduzam o efeito do golpe de ariete, diminuição das singularidades, utilização de elementos elásticos Variação de dimensão Utilização de juntas de dilatação Alteração das pendentes da tubagem, instalação de válvulas de Acumulação de ar purga Deficiente abastecimento Alteração das condições de abastecimento, utilização de dos dispositivos elementos redutores ou elevatórios A reparação de elementos corroídos passa, como se pode verificar no Quadro 6.3, pela substituição dos componentes afectados e também pela alteração das condições que promovem o fenómeno de oxidação. Para reduzir este fenómeno devem ser consideradas as seguintes opções: Aumentar ou diminuir a velocidade de escoamento para evitar valores muito elevados ou muito reduzidos; Evitar contacto entre metais muito afastados na séria galvânica; 124 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Evitar o contacto com cales, argamassas e outro tipo de elementos prejudiciais; Enroscar devidamente as tubagens; Verificar a quantidade de cloretos da água; Utilizar uma soldadura adequada; Evitar utilização com elevados teores de crómio. No Quadro 6.3 são também expostas as alterações que devem ser feitas para reduzir o ruído e as vibrações nos sistemas de tubagem. Entre estas, é referida a diminuição do efeito do golpe de aríete e também a utilização de elementos elásticos. A primeira opção pode ser garantida através da instalação de reservatórios de amortecimento nos topos das instalações, ou junto do elemento que origina este fenómeno [15]. A utilização de componentes elásticos é essencial para garantir o isolamento dos elementos que originam vibrações e que geram ruídos. A absorção das vibrações é também importante para evitar danos noutros elementos construtivos. Os problemas que constituem os referidos sistemas estão, por vezes, relacionados com as deficientes condições de abastecimento de água, não sendo, portanto, necessário recorrer-se a uma reparação directa dos elementos da rede, mas sim às alterações das condições, nomeadamente do sistema de bombagem, dos aparelhos redutores de pressão, da velocidade de escoamento, entre outros. Apesar de serem mais comuns, as reparações referidas nos parágrafos anteriores não são as únicas que constam nas redes de abastecimento de água. Por vezes surgem defeitos menos habituais que exigem também bastante cuidado. É o que acontece quando, por exemplo, existe uma falha no sistema de activação automático. Neste caso é, normalmente, necessário recorrer-se a um técnico especializado para avaliar e reparar o problema. 6.6. Alteração das redes A modificação das redes de abastecimento de água e de combate a incêndio é um processo que é bastante usual, devido às alterações que vão acontecendo durante a vida útil destes mesmos sistemas. Nas construções correntes é comum existirem alterações às condições de abastecimento provenientes da rede pública, como também ao tamanho total da rede, o que leva a que seja necessário proceder-se a transformações no sistema de abastecimento. Para além das referidas modificações, é igualmente usual haver remodelações na rede, devido ao desenvolvimento das tecnologias da construção, tanto ao nível dos aparelhos como também dos materiais que constituem as tubagens. A legislação nacional, através de RGSPPDADAR [N12], faz referência às operações de remodelação dos sistemas de fornecimento de água, indicando que qualquer alteração numa rede de abastecimento deve ser suficiente para garantir um correcto funcionamento hidráulico. Assim sendo, num projecto de alteração devem ser tidos em conta factores como a diferença entre a pressão disponibilizada e a necessária para abastecer os dispositivos, o número de dispositivos, o grau de conforto pretendido, entre outros. À semelhança do que acontece nos 125 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ sistemas de abastecimento de água, as alterações aos sistemas de combate a incêndio devem garantir que o funcionamento hidráulico se mantém correcto. Pedroso (2007) [4] refere ainda que caso as tubagens existentes não garantam as condições necessárias ao correcto funcionamento do sistema, devido a estarem danificadas ou a serem constituídas por materiais não permitidos, se deve proceder à sua completa substituição. O mesmo autor indica ainda que caso haja necessidade, devido ao novo caudal escoado, pode ser criado um ramal colectivo paralelamente ao já existente. 126 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ 7. Sustentabilidade nos sistemas de abastecimento de água 7.1. Introdução A sociedade contemporânea está ligada a um consumo excessivo dos recursos disponibilizados pela Natureza, pelo que se verifica a emergência de uma constante preocupação relativa à sua possibilidade de extinção. É neste sentido que surgem, com grande frequência, políticas de sustentabilidade relacionadas com grande parte dos elementos que não sofreram qualquer intervenção antrópica. O recurso a energias renováveis, bem como a reciclagem de material, são apenas dois exemplos das várias soluções existentes para combater o excesso de consumo dos recursos naturais. A água, sendo um elemento essencial à existência de vida humana, tem vindo a verificar grandes alterações tanto na sua utilização primária, como também na sua reutilização. A aplicação de políticas de sustentabilidade ao consumo de água pode ser feita com recurso a vários métodos. Num plano de sustentabilidade é importante, para além de aplicar determinadas soluções técnicas, consciencializar a população para a referida problemática. É neste sentido que em Portugal vêm sendo adoptados cada vez mais projectos relacionados com a mudança de costumes dos consumidores. A título de exemplo menciona-se o papel bastante activo que a empresa Águas de Portugal tem vindo a desempenhar, nomeadamente através de programas como o projecto “Água e Sustentabilidade”, promovido pela empresa Águas de Trás-os-Montes e Alto Douro [M1]. É ainda de destacar a tarefa do Instituto da Água, pertencente ao Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território, que, através do Programa Nacional para o Uso Eficiente de Água, avalia a eficiência da utilização da água em Portugal, nos sectores urbano, agrícola e industrial, propondo medidas para a optimização do seu uso [M6]. Para além dos programas de sensibilização têm vindo a ser criadas medidas económicas que regulamentam os usos de água, penalizando os consumidores mais gastadores e beneficiando os clientes com um consumo mais baixo. O apoio a projectos sustentáveis, nomeadamente através de subsídios ou isenções de impostos, é igualmente uma medida importantíssima no combate ao uso desmedido de água potável. Relativamente a soluções mais técnicas, a sustentabilidade nas redes de água pode ser aplicada através de diferentes processos, que variam consoante o tipo de projecto em estudo. Assim sendo, poderão ser criadas redes sustentáveis tanto de abastecimento de águas, como também de águas residuais, ou até de águas pluviais. Existe igualmente a possibilidade de desenvolver um projecto global que ligue as várias especialidades referidas, falando-se assim da sustentabilidade de todo o sistema de águas. Ao nível do aproveitamento de águas residuais e pluviais podem ser criados sistemas que reutilizem a água, através de um tratamento capaz de lhe conferir propriedades que permitam a sua utilização em destinos não 127 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ potáveis (descargas de autoclismos, rega, lavagem de roupa, sistema de incêndios, entre outros). O RGSPPDADAR [N12] faz referência ao uso de águas não potáveis através do Artigo 86º Utilização de água não potável: 1. A entidade gestora do serviço de distribuição pode autorizar a utilização de água não potável exclusivamente para lavagem de pavimentos, rega, combate a incêndios e fins industriais não alimentares, desde que salvaguardadas as condições de defesa da saúde pública. 2. As redes de água não potável e respectivos dispositivos de utilização devem ser sinalizados. À semelhança do que foi referido no Capítulo 5, a sustentabilidade dos sistemas de abastecimento de água poderá também ser aplicada a montante, através da utilização de dispositivos que permitem a racionalização do uso deste líquido precioso, ou de uma diminuição da pressão na rede, tendo sempre em linha de conta os caudais mínimos referidos nos Capítulos 3 e 4. Uma boa manutenção dos aparelhos de abastecimento poderá ser igualmente importante para baixar os níveis de consumo, já que as perdas de água através de fugas têm algum impacto na globalidade do gasto final. A adopção de aparelhos (máquinas da roupa, máquinas da louça, entre outros) mais eficientes, com menores consumos de água, é também um ponto a ter em conta na temática da sustentabilidade. A realização de projectos sustentáveis de abastecimento de águas está sempre associada a um custo adicional mais elevado, que não existe num projecto mais regular. Este investimento inaugural é, em grande parte dos casos, impeditivo para que seja executado o plano de aproveitamento de águas. Assim sendo, é importante avaliar a credibilidade deste tipo de projectos, tendo sempre em linha de conta a poupança de água que se fará durante o tempo de vida da construção. Um aspecto que é cada vez mais tido em conta é a responsabilidade ambiental, que em determinados projectos assume igualmente uma grande importância. Apesar de os projectos de sustentabilidade permitirem menores gastos de água, estão sempre susceptíveis a falhas. Estas lacunas advêm do facto deste tipo de projectos alterar o normal funcionamento dos sistemas de abastecimento, que têm uma maneira de funcionar há muito estabelecida. Esta alteração das condições pode fazer com que os sistemas não tenham o rendimento desejado. Assim sendo, esta é uma questão que apresenta algum peso na altura de considerar a execução de um sistema de abastecimento de água sustentável. No presente capítulo será feita uma análise geral às diferentes soluções de aproveitamento de águas, bem como à diminuição de gastos inerente à adopção de uma política de sustentabilidade. 128 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ 7.2. Aproveitamento de águas pluviais 7.2.1. Precipitação O território nacional é caracterizado por apresentar um clima temperado maioritariamente mediterrânico, havendo algumas situações díspares, presentes principalmente nas regiões autónomas da Madeira e dos Açores (clima marítimo). A nível continental pode dividir-se o país em duas zonas distintas, a Norte e a Sul do sistema montanhoso da Serra da Estrela. A Sul verifica-se um clima mais moderado, constituído por Verões quentes e secos e por Invernos mais frios e húmidos. O Norte do país é caracterizado, devido à grande quantidade de zonas elevadas, por um clima húmido, com temperaturas mais baixas. As zonas mais baixas, como o Vale do Douro, apresentam temperaturas mais elevadas à semelhança do que acontece no Sul do país. Verifica-se então que os maiores valores de precipitação ocorrem na região Noroeste e nas zonas com maiores valores de altitude. O interior do Sul do país é a zona onde se registam os menores valores de pluviosidade, como se poderá ver na figura do Anexo A18, que ilustra os valores médios de precipitação, em mm, registados em Portugal continental entre 1959/60 e 1990/91 [I62]. Segundo dados o Instituto da Água (INAG) a região onde se regista uma maior precipitação é a 6 3 do Alto Minho, com uma média anual (em ano médio) de 2800 mm (2.8x10 mm de água por 3 2 2 1x10 mm de superfície, o que equivale a 2800 l de água por 1 m de superfície) enquanto que as zonas da planície alentejana e do litoral algarvio registam valores anuais de precipitação, em ano médio, que variam entre os 400 mm e os 800 mm [I55]. Podem ainda ser referidas outras regiões onde se registam, em média, altos valores de precipitação, como a Serra da Estrela (2400 mm), ou a zona da Serra do Marão (1600 mm) [I55]. Como se pode verificar, o território de Portugal continental, apesar de apresentar uma grande área onde se regista pouca pluviosidade, é constituído por regiões onde a chuva surge com alguma frequência, à semelhança do que acontece nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira (devido ao seu clima temperado marítimo). Neste sentido, é importante, principalmente nas referidas regiões, que seja aproveitada a água da chuva, já que é um recurso que existe com alguma abundância. Nas regiões menos chuvosas o aproveitamento das águas pluviais deve ser igualmente alvo de uma cuidada ponderação. 7.2.2. Sistemas de aproveitamento de águas pluviais A recolha das águas da chuva é feita por um sistema constituído por um colector, dispositivos de filtragem e por um reservatório com a função de armazenar a água recolhida, como se pode observar na Figura 7.1. A fase de captação de água (1) inicia-se na cobertura dos edifícios, onde a água é transportada, através de colectores (2), até ao reservatório de acumulação (3), sofrendo, durante este processo, algumas filtragens (4). Num sistema de reutilização de águas é igualmente importante fazer-se um desvio das primeiras águas, na medida em que estas têm grande probabilidade de estar contaminadas, devido, entre outros factores, ao excesso de detritos presentes nas coberturas das 129 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ construções, ou à constituição da atmosfera (poeiras e outros tipos de poluição). No ponto 5 da Figura 7.1 pode observar-se o sistema de desvio das primeiras águas. Figura 7.1 - Sistema de aproveitamento das águas pluviais (adaptada de [8]) A distribuição das águas pluviais já tratadas é feita através de um grupo electrobomba (6) instalado na zona intermédia do reservatório (onde a água apresenta uma melhor qualidade, devido à menor presença de partículas poluidoras) que bombeia a água desde o reservatório de acumulação até aos dispositivos de uso não potável. Na Figura 7.1 pode observar-se uma solução que comporta um depósito de distribuição (7). Esta solução é menos comum, na medida em que, para além de acarretar um grande peso à estrutura, pode não haver altura suficiente para abastecer todos os dispositivos por gravidade, já que são exigidos valores mínimos de pressão. De referir ainda que o reservatório de distribuição está igualmente ligado à rede pública de distribuição de água potável (8) para que seja evitada qualquer falha no abastecimento da rede doméstica. A necessidade de utilização da água potável é controlada através de um sistema de bóias que avaliam o nível do depósito. Na execução deste tipo de sistemas deverá ter-se especial atenção para a possibilidade de haver uma contaminação da rede de água potável, através do contacto com as águas provenientes do aproveitamento pluvial. Para que tal não aconteça deverá garantir-se que estes dois tipos de abastecimento não têm qualquer conectividade. O sistema de aproveitamento tem como fase final a distribuição através de uma rede (9), independente da rede de distribuição de água potável, que transporta a água aproveitada para, na generalidade dos casos, os aparelhos que apenas necessitam de uma utilização não potável. 130 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Os reservatórios utilizados têm a função de armazenar a água, distribuindo-a posteriormente. A utilização destes dispositivos permite utilizar a água pluvial mesmo em períodos sem chuva, mantendo o rendimento do sistema. Ainda assim, a Associação Nacional para a Qualidade nas Instalações Prediais (ANQIP) refere na sua norma relativa aos sistemas de aproveitamento de águas pluviais em edifícios [N2] que, segundo o Método Alemão, a água não deve estar reservada no reservatório num período superior a 30 dias. A mesma norma faz igualmente referência à dimensão dos depósitos, mencionando alguns métodos utilizados para a determinar. Este dimensionamento será função dos dados do projecto, nomeadamente a precipitação do local, o consumo de água, ou o orçamento. Em Portugal, a utilização das águas pluviais tem como grande contrapartida o facto de não chover durante todo o ano. Como foi abordado no Ponto 7.2.1, a ocorrência de chuva no território nacional é mais corrente na estação fria, havendo igualmente valores aceitáveis de precipitação nos meses de Outono e de Primavera. No Verão verifica-se uma maior escassez de água, o que afecta o rendimento do sistema de aproveitamento. A possibilidade de utilizar as águas pluviais para usos potáveis é um tema bastante discutido, com opiniões contraditórias. A composição da água da chuva está linearmente ligada à constituição da atmosfera, estando por exemplo os grandes centros urbanos, devido aos seus elevados índices de poluição, limitados na utilização deste tipo de águas. Outro dos problemas associados à utilização de águas pluviais para usos potáveis tem a ver com a sujidade presente nas superfícies de captação (por exemplo as coberturas dos edifícios). Assim sendo, a hipótese de aproveitamento das águas pluviais para usos potáveis está ligada à sua qualidade, devendo, portanto, quando se pretenda utilizar este tipo de sistema, sujeitar a água a testes regulares. 7.3. Aproveitamento de águas residuais 7.3.1. Qualidade das águas residuais A grande maioria da água utilizada nos edifícios não se destina à ingestão directa dos seus consumidores, mas à sua higiene pessoal, ou a outros tipos de lavagem. Consoante o tipo de uso que as águas têm, estas podem ou não ser aproveitadas para outras funções. Assim sendo, podem dividir-se as águas residuais em dois grupos distintos, as que podem ser utilizadas em aparelhos de uso não potável (designadas por águas cinzentas) e as que, devido à excessiva concentração de elementos poluentes, têm de ser directamente transportadas para a rede de esgotos. Do segundo grupo fazem parte, na generalidade dos casos, as águas que provêm das sanitas e dos bidés [8]. A avaliação da qualidade das águas cinzentas pode ser feita através da análise da sua origem. As águas provenientes das cozinhas, devido à presença de elementos bastante poluentes, como gorduras, são de qualidade inferior, quando comparadas, por exemplo, com as águas cinzentas que são geradas nas instalações sanitárias. Relativamente às propriedades das águas produzidas pelas máquinas de lavar a roupa, há uma grande disparidade de resultados, 131 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ que dependem, para além dos detergentes usados, das roupas que são lavadas (a lavagem de roupas com óleos ou tintas gera águas residuais bastante mais poluídas do que a lavagem de roupas com um uso normal). Os sistemas de aproveitamento de águas residuais são principalmente constituídos por águas provenientes das instalações sanitárias (duche, lavatório), uma vez que estas, para além de representarem, em termos quantitativos, a maioria das águas residuais, apresentam igualmente melhor qualidade do que as restantes. Apesar de as águas utilizadas não serem tão poluídas como as provenientes das sanitas ou bidés, a utilização de águas residuais, devido à inevitável presença de substâncias prejudiciais à saúde, deverá ser ponderada mediante determinados cuidados. É, portanto, exigível um tratamento a montante da utilização destas águas, exceptuando os casos em que se utilizam as águas residuais para irrigação subterrânea de jardins [8]. 7.3.2. Sistemas de aproveitamento de águas residuais Na construção de um sistema de reutilização de águas residuais é essencial garantir a qualidade da água transportada, evitando assim que se formem ambientes prejudiciais à saúde dos consumidores. Neste sentido é importante garantir, para além de um tratamento adaptado a cada tipo de água, um adequado transporte e uma reserva ajustada ao tipo de água referida. Este tipo de sistemas, bem como os de aproveitamento de águas pluviais, estão sujeitos a alguns parâmetros legais que, segundo Pedroso (2009) [17], se baseiam em critérios bacteriológicos, de aspecto e de capacidade de aderência. O processo de reutilização das águas residuais é, como se pode observar na Figura 7.2, idêntico ao que é executado para aproveitar as águas pluviais. As diferenças entre os dois sistemas são notadas a montante da entrada da água no depósito com função de armazenamento. Desde a captação (1), independente da água destinada à rede de esgotos, até à entrada no reservatório de armazenamento, a água residual passa por vários processos de transformação. Inicialmente é feita uma filtragem da matéria sólida (2) que é seguida de um tratamento biológico (3) cuja função é eliminar os microrganismos presentes no líquido filtrado. A última fase do tratamento passa pela desinfecção da água residual (4), imediatamente antes da entrada no depósito de armazenamento, com o intuito de eliminar os elementos que poderão originar doenças, pondo em risco a saúde dos consumidores. Importa ainda referir que a distribuição da água é comummente feita através de um sistema de tubagem ligado directamente ao reservatório de acumulação e ao respectivo sistema de bombagem. É ainda possível considerar um reservatório de distribuição, como está representado de forma esquemática na Figura 7.2. 132 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Figura 7.2 - Sistema de aproveitamento das águas residuais (adaptada de [8]) 7.4. Diminuição dos gastos na reutilização de águas As soluções de aproveitamento de águas, desde que sejam devidamente planeadas, podem permitir bons resultados tanto no ponto de vista financeiro, como ambiental. O conhecimento das necessidades de consumo é essencial para um correcto planeamento de um sistema de aproveitamento de águas. As quantidades de água usadas estão directamente relacionadas com o estilo de vida da população alvo (nível de vida económico e social, entre outros), verificando-se que nos grandes centros urbanos o consumo é bastante elevado, quando comparado com zonas menos populosas. Em Nixon et al. (2000) [14] é referido que para um razoável nível de qualidade de vida e um bom nível sanitário, cada ser-humano necessita de aproximadamente 80 l de água por dia para lavagem e eliminação de resíduos que, associados aos 5 l de água diários para as necessidades básicas (ingestão directa ou elaboração de alimentos), perfaz um total diário de 85 l. Esta quantidade mínima de água necessária aumenta, segundo Pedroso (2009) [17], para valores na ordem dos 120 l, 150 l. O mesmo autor refere ainda que em certas zonas, como os grandes centros populacionais, se verificam consumos diários próximo dos 200 l. A nível nacional, o RGSPPDADAR [N12] define os seguintes valores mínimos diários para as capitações na distribuição domiciliária: 80 l/habitante até 1000 habitantes; 100 l/habitantes de 1000 a 10 000 habitantes; 125 l/habitantes de 10 000 a 20 000 habitantes; 150 l/habitantes de 20 000 a 50 000 habitantes; 175 l/habitantes acima de 50 000 habitantes. Como se pode verificar, o consumo de água por habitante é superior nos grandes centros urbanos, devido principalmente aos hábitos dos utilizadores, cada vez mais virados para um 133 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ consumismo desmedido. O facto de nestes locais os níveis de pressão estarem mais elevados, devido às melhores condições existentes, faz igualmente aumentar a tendência para um uso mais excessivo de água. Outro ponto que se pode considerar justificativo destas maiores necessidades de consumo de água, prende-se com o facto das redes públicas de abastecimento terem uma maior dimensão nas cidades, o que origina grandes volumes de perdas durante o escoamento. Relativamente aos usos que são dados à água, o Quadro 7.1 mostra que os maiores gastos estão associados aos duches (cerca de 38% dos gastos totais em edifícios multifamiliares e 30% em unifamiliares) e aos autoclismos (25% nos multifamiliares e 20% nos unifamiliares). Pode igualmente verificar-se que nas moradias existe, em média, um elevado gasto de água na rega dos jardins (cerca de 19%). Quadro 7.1 - Consumos médios domésticos diários em edifícios em Portugal [l/hab] [17] Utilização Lava-loiça Máquina da loiça Máquina da roupa Duche Lavatório + bidé Autoclismo Rega dos jardins Lavagem de veículos Totais Edifício multifamiliar 15 4 10 45 16 30 120 Edifício unifamiliar 15 4 10 45 16 30 28 2 150 Uma análise do Quadro 7.1 permite verificar que a utilização dos duches, lavatórios e das máquinas de lavar a roupa corresponde a aproximadamente 63 l/dia.habitante (considerando que aos lavatórios está associado um consumo de 8 l/dia.habitante), o que corresponde a 52.5% dos usos, em edifícios multifamiliares e 42% em edifícios unifamiliares. Estes valores permitem observar que este tipo de águas constitui uma grande parcela da globalidade do consumo de água potável. Verifica-se ainda que os aparelhos de uso não potável (autoclismos e regas) têm uma percentagem de consumo de 25% nos edifícios multifamiliares e de 39% em unifamiliares. A análise destes dados é elucidativa quanto à significância que os aparelhos de uso não potável, passíveis de utilizar água reutilizada, têm nos gastos globais para os consumidores. O conjunto de dados analisados no parágrafo anterior permite concluir que as águas passíveis de serem reutilizadas podem ser suficientes para garantir o abastecimento dos aparelhos de uso não potável, constituindo aqui um ganho na utilização de um sistema de aproveitamento de águas (pluviais e residuais). Outra solução para a redução dos gastos de água potável passa, como já foi referido, pela manutenção dos dispositivos de abastecimento, reduzindo assim as perdas de água por fugas. A EPAL, através do manual do cliente [M4], faz alusão aos desperdícios que estão inerentes a esta situação (Quadro 7.2). 134 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Quadro 7.2 - Perdas por fugas em torneiras e autoclismos [M4] Fuga Gota a gota Fio de água de 2 mm Fio de água de 6 mm Consumo [l/dia] 65 328 3279 O Anexo A19 contém um estudo (moradia unifamiliar na região do Porto) que irá abranger as técnicas de aproveitamento de águas residuais e pluviais, a utilização de dispositivos, a redução de fugas dos aparelhos e também a mudança de atitude dos utilizadores, através da redução da duração do duche. Apesar de não serem tomadas em conta todas as medidas possíveis para poupar água, poderá observar-se que, utilizando apenas as referidas técnicas, é possível reduzir o consumo de água potável, no mínimo, em 50% do consumo total. Importa referir que este estudo é meramente académico, devendo ser feitas algumas considerações caso se pretenda desenvolver um estudo real. Uma destas considerações passa pela utilização de um reservatório de acumulação de águas pluviais para os curtos períodos de seca. 135 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ 136 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ 8. Casos de estudo 8.1. Introdução A realização de um sistema de abastecimento de água, tanto para consumo, como para combate a incêndio, é um processo que, apesar de ter alguns pontos comuns à generalidade dos edifícios, deve ser apropriado à construção específica a que se destina. No presente capítulo serão abordados edifícios de usos distintos, de forma a serem analisadas as diversas diferenças existentes ao nível dos sistemas de abastecimento de água e de combate a incêndios. Será feita uma análise às memórias descritivas e também às peças desenhadas para se explicar a implantação destes tipos de sistema. Assim sendo, é apresentado um estudo de um edifício de misto, já que este é composto por uma parte habitacional, que é o tipo de construção mais comummente executado. Serão igualmente analisados, de uma forma menos exaustiva, um armazém e também uma escola, permitindo assim uma comparação entre edifícios de usos distintos. A análise destes dois edifícios incidirá principalmente nas opções de traçado, na medida em que o dimensionamento segue uma metodologia idêntica ao que será referido no estudo do edifício misto. Importa referir que o edifício misto está situado no concelho do Seixal e é constituído por 8 fogos e uma loja, distribuídos por 5 pisos. No mesmo local está igualmente implantado, num projecto independente, o referido armazém. A Escola Secundária Josefa de Óbidos, em Lisboa, será o terceiro elemento de estudo desta obra. É ainda de referir que o edifício misto se encontra desocupado, mas pronto a habitar, enquanto que o armazém está ainda numa fase de construção. Pelo contrário, a escola já está em fase de utilização. O estudo do projecto de abastecimento dos três casos de estudo, permite também analisar as diferenças existentes entre a execução de construções públicas (escola) e privadas (edifício misto e armazém). 8.2. Edifício de uso misto – Seixal O presente edifício é um edifício multifamiliar destinado à habitação nos pisos superiores e ao comércio no piso térreo. Está instalado na Estrada Nacional 10, no Casal do Marco, concelho do Seixal, como se pode observar na Figura 8.1. É composto por 5 pisos: cave, rés-do-chão, dois pisos superiores e um recuado. O piso subterrâneo destina-se ao parqueamento automóvel e a arrumos, enquanto que os restantes são constituídos por uma loja (piso 0) e por oito fogos (quatro do tipo T3 e quatro do tipo T2), edificados nos três pisos superiores [M8]. É ainda de referir que o edifício em estudo comporta um conjunto de painéis solares que são utilizados para aquecer a água utilizada nas diferentes habitações. 137 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Figura 8.1 - Localização do edifício de uso misto (adaptado de [I63]) 8.2.1. Rede de abastecimento de água para consumo A rede de abastecimento de água instalada no presente edifício destina-se ao abastecimento de diversos equipamentos, nomeadamente: 13 lavatórios; 13 bacias de retrete; 8 bidés; 8 banheiras; 4 chuveiros; 8 pias lava-loiça; 8 máquinas de lavar loiça; 8 máquinas de lavar roupa; 2 torneira individual [M8]. A referida rede abastece igualmente 8 esquentadores e permite que a água fria circule pelos painéis solares instalados na cobertura, para que seja aquecida. O ramal de abastecimento predial é composto por PVC, enquanto que a instalação interior das redes de água quente e fria é formada por tubagem de PEX. Segundo [M8] cada ramal sectorial foi estudado de forma a poder suspender-se individualmente sem prejuízo dos restantes em caso de avaria, não perturbando o normal funcionamento da rede de abastecimento. 8.2.1.1. Traçado O abastecimento de água é feito através da rede de distribuição existente na rua que confina com o lote. A água, proveniente da rede pública, circula pelas tubagens de PVC instaladas no tecto do piso enterrado e vai abastecer os contadores instalados à entrada dos diferentes fogos, bem como os painéis solares instalados na cobertura, como é possível observar no Desenho 6 do Anexo A20. A jusante dos contadores é utilizada apenas tubagem de PEX. Comparativamente com uma solução mista (ligação entre as diferentes caixas de derivação e o contador feita através das paredes de alvenaria com recurso a tubagens de PVC) esta é uma opção mais onerosa, mas mais vantajosa relativamente ao funcionamento hidráulico, na medida em que são aproveitadas as vantagens das tubagens de PEX em toda a rede e não apenas dentro de cada divisão. Uma solução mista acarreta igualmente maiores comprimentos de tubagem o que, conjuntamente com a necessidade de se recorrer a acessórios, implica valores de perdas de carga mais elevados. Pode assim concluir-se que a solução adoptada apresenta melhores níveis de conforto. 138 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Uma análise do traçado do edifício (Anexo A20) permite verificar que foram tidas em conta as regras definidas no RGSPPDADAR [N12], mencionadas no Ponto 3.2.1 desta dissertação. Para além dessas regras foram igualmente consideradas outras opções que visam a optimização da rede: a instalação de válvulas está concordante com o mencionado no Ponto 3.2.2; foi assegurada uma distância entre a tubagem de água quente e de água fria, sempre superior a 0.05 m, suficiente para minimizar as trocas de calor. Relativamente à dimensão da tubagem pode observar-se que foi tido em conta que os tubos devem ter o menor comprimento possível. Ainda assim existem algumas situações em que isso não se verifica. Poderia ter sido considerada a instalação das caixas de derivação à entrada das cozinhas dos T2 dos pisos 1 e 2 e dos T3 do piso recuado, reduzindo assim o comprimento das tubagens e facilitando também o acesso às mesmas em caso de reparação, já que estas estão instaladas numa zona de armários (Figura 8.2). Figura 8.2 - Localização da caixa de derivação do T3 do piso 1 A leitura do traçado da rede (Anexo A20) permite também verificar que a canalização da cozinha do T3 dos pisos 1 e 2 não é independente da canalização da instalação sanitária contígua. Seria vantajoso seccionar estas duas divisões independentemente, de forma a evitar que numa situação em que é necessário parar o abastecimento de uma das divisões, se inutilize também a outra. 8.2.1.2. Dimensionamento Segundo [M8] o dimensionamento da rede de abastecimento de água fria é baseado nas directrizes impostas pelo RGSPPDADAR [N12]. Assim sendo os caudais foram calculados através da Expressão (3.1) presente nesta obra, enquanto que os diâmetros e a velocidade foram estimados com recurso à Equação (3.11). Relativamente ao cálculo do coeficiente de simultaneidade foi adoptado o Método do Coeficiente de Simultaneidade que é dado pela Equação (3.8). As perdas de carga foram obtidas através da Expressão de Flamant, indicada nesta obra como Expressão (3.19). Os limites de velocidade e de pressão estipulados estão igualmente concordantes com os definidos pelo RGSPPDADAR [N12], que foram referidos no Capítulo 3. É ainda de referir que as perdas de carga lineares foram majoradas a 20% para compensar a existência das singularidades provenientes dos acessórios utilizados. 139 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Uma análise ao dimensionamento feito neste projecto permite verificar que, à excepção de alguns pequenos aspectos, abordados seguidamente, a rede está concordante com o que foi definido ao longo do Capítulo 3, como se pode observar no Quadro 1 do Anexo A20. Apesar do que foi dito no parágrafo anterior, deverá ser destacado, no troço F1, o reduzido valor do coeficiente de simultaneidade. Segundo o Manual das Redes Prediais da EPAL [M3], o coeficiente de simultaneidade determinado através do Método do Coeficiente de Simultaneidade terá de assumir valores superiores a 0.2. Como se pode observar através do Quadro 8.1, o coeficiente de simultaneidade do troço F1 é de 0.1155, valor inferior aos limites estipulados. Assim sendo, deveria ser considerado um coeficiente de simultaneidade de valor igual a 0.2 (valor mínimo). No Quadro 8.1 estão evidenciadas as alterações impostas pela mudança do valor do coeficiente de simultaneidade. Quadro 8.1 - Valores iniciais e propostos do coeficiente de simultaneidade para o troço F1 do edifício misto [M8] Troço F1 Lhor 10.50 Troço F1 Lhor 10.50 Nd 76 Valores iniciais Qa Cs Qd 1.50 13.00 0.1155 Lvert Ltotal 3.00 13.50 Nd 76 v 0.69 v 1.20 Di 52.5 b J Jt 0.000134 0.0112 0.1821 Valores propostos Qa Cs Qd 2.60 13.00 0.2000 Lvert Ltotal 3.00 13.50 DN 63 DN 63 Di 52.5 b J Jt 0.000134 0.0294 0.4761 Como se pode ver no Quadro 8.1, a consideração de um valor diferente para o coeficiente de simultaneidade faz alterar o valor do caudal de dimensionamento, do qual dependem directamente as perdas de carga do escoamento. Apesar do valor de velocidade se enquadrar dentro dos limites estipulados no dimensionamento, o aumento das perdas de carga reduz o valor de pressão, podendo agravar as condições de pressão da rede. Esta última questão será abordada numa fase posterior desta análise. Outro aspecto a ter em conta prende-se com os valores da velocidade de escoamento. Através da análise do projecto do edifício em questão [M8] é possível verificar que os valores de velocidade estão próximos dos limites definidos. Como se pode identificar no Quadro 8.2, os troços F6.1 e F7.1 têm valores de velocidade muito próximos dos 2 m/s. Apesar destes valores serem aceitáveis pelas imposições que definem o escoamento (o facto de a velocidade exceder em 0.04 m/s os limites estipulados, não tem grande importância, devido à insignificância desse mesmo excesso – 2% do total) podem ser reduzidos, permitindo assim melhores condições de conforto. Seguidamente, através do Quadro 8.2, apresenta-se uma proposta de melhoria dessas condições de conforto, fazendo aumentar o diâmetro definido. 140 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Quadro 8.2 - Valores iniciais e propostos dos diâmetros nominais para os troços F6.1 e F7.1 do edifício misto [M8] Troços F6.1 e F7.1 Nd 4 Lhor 5.50 Lvert 3.00 Troços F6.1 e F7.1 Nd 4 Lhor 5.50 Lvert 3.00 Valores iniciais Qa Cs Qd 0.90 0.5774 0.52 Ltotal 8.50 v 2.04 v 1.23 Di 18.0 b J Jt 0.000134 0.2836 2.8924 Valores propostos Qa Cs Qd 0.90 0.5774 0.52 Ltotal 8.50 DN 25 DN 32 Di 23.2 b J Jt 0.0849 0.8664 0.000134 Apesar de ser um pouco mais onerosa, esta alteração do diâmetro permite, para além da redução da velocidade, a diminuição das perdas de carga, o que faz igualmente aumentar os níveis de conforto. No Quadro 8.2 são salientadas as diferenças verificadas. Depois de estimadas as perdas de carga, importa verificar os valores de pressão na rede. Foi feita uma análise ao ponto crítico que, segundo o projecto do presente edifício [M8], apresenta uma pressão próxima dos 60 kPa. Este valor, apesar de estar dentro dos limites definidos pelo regulamento, está distante dos valores dados como limites da pressão de conforto, como foi abordado no Ponto 3.3.2.3. Esta questão poderia ser melhorada através da alteração dos diâmetros da tubagem, ou fazendo-se uma redução dos comprimentos de tubagem, questão abordada no Ponto 8.2.1.1. 8.2.2. Rede de abastecimento de água para combate a incêndio O presente edifício tem uma utilização mista, pelo que terá de respeitar as condições referentes a vários tipos de utilização-tipo. Segundo o RJSCIE [N5] este prédio pode ser classificado como sendo de utilização-tipo I (habitacional) e de utilização-tipo VII (comercial). Como é constituído por uma zona de estacionamento, é igualmente considerado como sendo de utilização-tipo II. Analisando o quadro presente no Anexo A20 é possível verificar que o edifício em questão apenas exige a instalação de uma rede de combate a incêndio no piso -1, 2 uma vez que o estacionamento é coberto e ocupa uma área superior a 500m . A rede de combate a incêndio é formada por tubagem de aço galvanizado, sendo os acessórios constituídos pelo mesmo material. 8.2.2.1. Traçado Como referido anteriormente, o sistema de combate a incêndio abrange apenas o piso subterrâneo. Este sistema é constituído por uma rede de tubagens que alimenta dois carretéis. A alimentação da rede é feita directamente através da rede pública, não havendo necessidade de recorrer a um sistema de bombagem e respectivo reservatório. 141 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Como se pode observar pelo Desenho 6 do Anexo A20 a tubagem em PVC entra no prédio e segue junto ao tecto da cave, até subir para o piso térreo, onde está instalado o contador do condomínio que é utilizado para contabilizar tanto os gastos com a rede de incêndio, como também com a torneira de lavagem instalada no piso -1. A tubagem que sai do contador, constituída por aço galvanizado, desce para o piso subterrâneo e vai abastecer os dois carretéis, que estão instalados em duas zonas distintas, garantindo uma distância suficiente para cobrir todos os pontos desta fracção expostos a um possível incêndio. Na Figura 8.3 é possível identificar tanto um dos carretéis instalados no piso subterrâneo, como também a torneira de lavagem colocada no mesmo piso. Figura 8.3 - Carretel e torneira de serviço instalados no piso subterrâneo Importa ainda referir que foram tomadas em conta todas as opções que permitem optimizar a rede, como por exemplo a instalação de troços rectilíneos, com um traçado curto. 8.2.2.2. Dimensionamento Como foi analisado no Ponto 8.2.2.1 esta rede de abastecimento é muito reduzida, uma vez que apenas foi necessário dimensionar as tubagens que abastecem os dois carretéis. O caudal de dimensionamento considerado foi determinado com recurso à Expressão (4.1), que depende do caudal instantâneo e do número de bocas em funcionamento simultâneo. Neste caso foi considerado que ambos os carretéis funcionavam simultaneamente e que a cada um corresponde um caudal instantâneo de 3 l/s, como se verifica no Quadro 8.3. Os valores da velocidade de escoamento e da perda de carga contínua foram calculados de forma idêntica ao referido no Ponto 8.2.1.2. Importa ainda evidenciar que o valor da velocidade de escoamento se encontra dentro dos valores usuais verificados nos sistemas de combate a incêndio, como se observa no Quadro 8.3. Quadro 8.3 - Dimensionamento da rede de abastecimento de água para combate a incêndio [M8] Troço SI Dispositivo 2 Carretéis Qinst 3.00 nb 2 Qd 6.00 142 DN 50 Di 52.8 b 0.000230 v 2.74 J 0.2121 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ 8.3. Edifício de armazém – Seixal O edifício em estudo é um armazém situado na Rua Gervásio Lobato, no Casal do Marco, concelho do Seixal, na proximidade do edifício analisado no Ponto 8.2 – Figuras 8.4 e 8.5. O armazém é composto por três fracções com acesso directo, isolado e independente para o exterior. Figura 8.4 - Localização do armazém (adaptado de [I63]) Figura 8.5 - Edifício misto e armazém Cada fracção é constituída por uma zona ampla para estacionamento (piso -1), uma zona ampla para armazém e duas instalações sanitárias (piso 0) e também por uma galeria instalada no piso 1, como se pode observar no Desenho 6 do Anexo A21. A cada fracção corresponde também uma área reservada na cobertura para a instalação de painéis solares. 8.3.1. Rede de abastecimento de água para consumo Para a rede de abastecimento de água do armazém foram adoptados dois tipos diferentes de tubagem: PVC para a canalização exterior e PP-R para as tubagens que constituem a rede interior do edifício [M7]. A rede de tubagem foi dimensionada para proporcionar um abastecimento nas devidas condições a 2 lavatórios e 2 bacias de retrete para cada fracção. Assim sendo, o abastecimento de água limita-se ao piso térreo e aos painéis solares. Cada contador está instalado na fachada principal do edifício, na parte correspondente à respectiva fracção, num local de fácil acesso para as operações de leitura. É ainda de referir que foi assegurada a separação entre os ramais que abastecem as diferentes fracções, de forma a garantir, em caso de avaria, o normal funcionamento da rede de tubagem não afectada. 8.3.1.1. Traçado A tubagem exterior entra no edifício e circula pelo tecto da cave, subindo depois até aos contadores de cada fracção, como se observa nos Desenhos 2 e 5 do Anexo A21. A jusante do contador é feita a distribuição predial, que é idêntica para todas as fracções. A tubagem em PP-R circula junto às paredes e vai abastecer os dispositivos pertencentes à instalação sanitária. Como acontece no projecto do edifício misto analisado na Secção 8.2, o traçado da canalização da rede de abastecimento de água respeita todas as normas definidas pelo 143 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ RGSPPDADAR [N12]. Foram igualmente tidas em conta outras regras que visam garantir uma boa solução económica em conjunto com o bom funcionamento da rede, como por exemplo a adopção de um traçado tão curto quanto possível. 8.3.2. Rede de abastecimento de água para combate a incêndio A rede de combate a incêndio de um armazém é mais complexa do que a de um edifício misto, como foi analisado na Secção 8.2. Uma breve análise do RJSCIE [N5] permite verificar as maiores exigências relacionadas com este tipo de edifício. O presente edifício é classificado com sendo de utilização-tipo II (estacionamento) e XII (armazém), como se pode observar no quadro do Anexo A21. A definição da categoria de risco é mais complexa, na medida em que depende do uso dado ao armazém. Uma análise da memória descritiva [M7], permite concluir que é considerado que o edifício se insere numa 2ª categoria de risco (risco moderado), já que é referida a instalação de uma rede de incêndio armada em todo o edifício, que é abastecida pela rede pública. Analisando o RTSCIE [N17], e tendo em conta as utilizações-tipo do edifício, pode observar-se que esta conjuntura de opções apenas é possível em edifícios de 2ª categoria de risco. Para abastecer esta rede foi utilizada tubagem de aço galvanizado, com os acessórios formados com o mesmo material. 8.3.2.1. Traçado A rede de abastecimento de água para combate a incêndio, proveniente da rede pública, abastece o piso subterrâneo e também toda a área do piso 0. Estão instalados três carretéis na cave, junto do acesso de cada fracção, que cobrem toda a zona de estacionamento e de arrumos. No piso térreo foram implantados dois carretéis em cada uma das três partes do armazém. Na Figura 8.6 é possível identificar parte da tubagem horizontal que irá abastecer os carretéis. Como se pode observar na mesma figura, a tubagem vertical e o carretel ainda não estão instalados. Figura 8.6 - Canalização horizontal que posteriormente irá abastecer o carretel O facto de a zona de armazém estar mais bem equipada em termos de carretéis, comparativamente com o piso de estacionamento, denota a preocupação existente com o risco de incêndio nesta zona do edifício. Como referido anteriormente o uso do armazém vai sendo 144 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ alterado ao longo do tempo de vida do mesmo, pelo que se deve prevenir uma situação em que este seja utilizado para guardar elementos com um risco de incêndio considerável. À semelhança do que acontece nos outros edifícios abordados nesta obra, o traçado da rede de incêndio obedece às directrizes impostas pelo RJSCIE [N5]. Assim sendo, verifica-se que os carretéis são suficientes para cobrir todos os pontos expostos a um eventual sinistro. Houve igualmente a preocupação de instalar estes dispositivos junto das zonas de comunicação, como por exemplo as escadas de acesso ao piso subterrâneo (Desenho 1 do Anexo A21). Foi igualmente tido em conta o aspecto económico, como se pode observar pela consideração de troços que definem o traçado mais curto possível. O RJSCIE [N5] refere ainda a necessidade de instalar uma boca-de-incêndio suplementar que permita o abastecimento da rede de combate, em caso de avaria da rede pública. Como se pode ver no Desenho 2 do Anexo A21 essa boca-de-incêndio está instalada na fachada, numa zona de fácil acesso por parte dos veículos de socorro. 8.4. Escola Secundária Josefa de Óbidos – Lisboa A construção da Escola Secundária Josefa de Óbidos data da altura do Estado Novo, mais propriamente de ano de 1952 [I61]. O parque escolar está localizado na Rua Coronel Ribeiro Viana, no bairro lisboeta de Campo de Ourique (Figura 8.7). Figura 8.7 - Planta da Escola Secundária Josefa de Óbidos (Adaptado de [I63]) Como se pode observar na Figura 8.7, a escola tinha uma estrutura inicial composta por três blocos (A, G e O) de três andares e por alguns espaços exteriores. A requalificação da escola passou pela implementação de dois novos blocos (E e R) – Figura 8.7. Os edifícios antigos sofreram uma total remodelação, sendo os sistemas de abastecimento de água e de combate a incêndio construídos de raiz. O novo parque escolar é igualmente constituído por um complexo desportivo, representado por CD na Figura 8.7. 8.4.1. Rede de abastecimento de água para consumo O projecto da rede de abastecimento de água fria, inicialmente constituída por tubagem em polibutileno, sofreu uma alteração ao longo do processo de execução da reconstrução da escola. Esta modificação consistiu na substituição das tubagens de polibutileno por 145 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ multicamada, visando uma optimização e aumento da durabilidade útil da rede de águas. Apesar do aumento do custo da obra, foi dado especial atenção para a melhoria do sistema, devido à sua elevada utilização. Na presente dissertação será abordado o projecto inicial, permitindo uma análise à utilização da tubagem em polibutileno, completando assim o capítulo dos materiais abordados nesta obra. O projecto contemplava, como foi referido, uma distribuição interior assegurada com canalização em polibutileno (PB). O plano inicial considerava também a utilização de tubagem em polietileno de alta densidade (PEAD) na rede exterior do edifício. As travessias de paredes e pavimentos seriam feitas com recurso a tubos de PVC. Estas duas considerações referidas mantiveram-se nas telas finais, havendo apenas a substituição do polibutileno. No piso 0 a rede de abastecimento de água alimenta os bebedouros e outras torneiras exteriores, a sala de produção de água quente, o refeitório e cafetaria e também as instalações sanitárias e balneários. No piso 1 apenas as instalações sanitárias são abastecidas com água. No piso 2 a rede de alimentação engloba os dispositivos necessários para fornecer água aos laboratórios, às salas das máquinas e também às instalações sanitárias. 8.4.1.1. Traçado As condições de pressão fornecidas pela rede pública de abastecimento são suficientes para dispensar o recurso a um sistema de bombagem. Assim sendo, a tubagem de PEAD faz a ligação directa entre a canalização pública e a canalização interior. Esta tubagem é também utilizada para abastecer as várias torneiras exteriores existentes que alimentam, entre outros dispositivos, os bebedouros. Para além dos referidos materiais importa ainda mencionar a utilização de tubagem de PEX em três troços pertencentes à cozinha. Como se pode ver na Figura 8.8, esta instalação foi a solução encontrada para alimentar os dispositivos pertencentes na ilha desta divisão, devido à necessidade de se instalar a tubagem no pavimento. Na Figura 8.8 é igualmente visível a caixa de localização instalada à entrada da cozinha. Figura 8.8 – Pormenor da tubagem de água fria da cozinha [M9] 146 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Além de terem sido tidas em conta todas as opções de traçado impostas pelo RGSPPDADAR [N12], foram ainda consideradas algumas opções que visam a optimização da rede. É de referir que foi sempre tida em conta a distância mínima de 0.05 m entre a tubagem de água quente e a tubagem de água fria, minimizando assim quaisquer trocas de calor. Ainda relativamente ao traçado, importa destacar a preocupação que houve em delinear tubagens com o menor comprimento possível. Um dos aspectos menos correcto encontrado no estudo deste traçado prende-se com a instalação das válvulas de seccionamento. Para além de outros locais, estes dispositivos devem ser instalados a montante dos autoclismos, por forma a ser possível interromper o abastecimento de água em caso de necessidade. Uma análise ao projecto permite verificar que não existe qualquer válvula de seccionamento nos ramais de alimentação dos autoclismos (Figura 8.9), o que, neste caso, poderá ser justificado pelo facto de este edifício se destinar ao uso público, evitando qualquer utilização indevida. Figura 8.9 - Pormenor dos autoclismos de uma instalação sanitária [M9] 8.4.2. Rede de abastecimento de água para combate a incêndio O edifício em questão é uma escola, sendo, classificado pelo RJSCIE [N5] como de utilizaçãotipo IV. Como não lhe está associado um elevado risco de incêndio, apenas é exigido pelo RTSCIE [N17] que seja instalado um sistema de rede de incêndio armada, uma vez que este edifício está susceptível de receber mais de 200 pessoas (Anexo A6). Essa rede de incêndio é armada por bocas-de-incêndio do tipo carretel com agulhetas de 3 posições, como se verifica na Figura 8.10 [M9]. Figura 8.10 - Boca-de-incêndio do tipo carretel instalada na Escola Secundária Josefa de Óbidos 147 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ O sistema de tubagens constituinte da rede de incêndio foi construído com recurso ao aço galvanizado, sendo os acessórios constituídos pelo mesmo material. Importa ainda referir que foram tomadas medidas contra a corrosão, através da aplicação de um primário próprio para o efeito [M9]. 8.4.2.1. Traçado A alimentação da rede de combate a incêndio é feita directamente da rede pública, não havendo necessidade de recorrer a um reservatório e respectivo sistema de bombagem. Foram, como referido, utilizadas tubagens de aço galvanizado embutidas em paredes de alvenaria, ou em alguns casos instaladas à vista, com recurso a abraçadeiras (isoladas por juntas, por exemplo borracha, por forma a evitar transmissões de vibrações e de ruído), à semelhança do que se verifica na rede de abastecimento de água fria. Como foi referido no Capítulo 4, o traçado da rede de incêndios passa, principalmente, pela escolha da localização das bocas-de-incêndio. Uma análise do traçado do projecto de execução [M9] permite verificar que os carretéis estão instalados nos caminhos de evacuação a uma distância suficiente para cobrir todas as áreas expostas a um possível incêndio. Ainda assim existem algumas zonas onde poderiam ter sido instaladas bocas-de-incêndio, por forma a facilitar o combate por parte dos utilizadores, aumentando assim a eficácia do combate a incêndio. Nos Figuras 7 e 8, presentes no Anexo A22, estão representadas duas propostas de colocação dos carretéis para melhorar a utilização do sistema de combate. O traçado da tubagem respeita as regras definidas para uma optimização dos custos da rede de combate a incêndio. Houve igualmente especial atenção para as perdas de carga provocadas pelo escoamento do líquido, verificando-se que os troços são o mais rectilíneo possível, diminuindo assim a necessidade de recurso a acessórios que acarretam perdas de carga singulares. Relativamente à minimização das perdas de carga contínuas, houve a preocupação de fazer o traçado da tubagem o mais curto possível. 148 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ 9. Conclusões e trabalhos futuros 9.1. Conclusões O objectivo desta dissertação passava por fazer o estudo da arte sobre os sistemas de abastecimento de água fria para consumo e para combate a incêndio, incluindo aspectos relacionados com a legislação, quer em termos de traçado quer em termos de dimensionamento, descrição de materiais e dispositivos utilizados nas redes e sistemas de bombagem. Apresentam-se também situações mais práticas, relacionadas com a fase de obra. A consciencialização para a adopção de políticas de sustentabilidade foi igualmente um ponto importante no cumprimento dos objectivos estipulados inicialmente. De seguida é feita uma análise mais pormenorizada às conclusões tiradas relativamente aos temas abordados. No Capítulo 2 foi abordada a temática da água, tendo em conta o seu consumo e os níveis de qualidade. Esse consumo aumentou bastante com o crescimento da população que se tem verificado desde o período da revolução industrial. O aumento do dispêndio, que está associado à possibilidade de extinção da água, tem vindo a preocupar a globalidade da população mundial, gerando inúmeros debates e estudos que levam à criação de soluções para o diminuir. Nos sistemas prediais de abastecimento de água esta preocupação é mais evidente nas redes utilizadas para abastecer os dispositivos que utilizam água para consumo humano, já que as redes de incêndio têm uma utilização bastante esporádica. As entidades reguladoras têm tido uma grande importância no incentivo à redução do consumo, na medida em que, para além de elaborarem normas que visam a optimização dos sistemas de abastecimento, criam medidas compensatórias para os consumos mais reduzidos, através da atribuição de escalões de consumo onde o preço da água é inferior nos níveis que correspondem a um consumo mais reduzido. No território nacional a consideração dessas normas e medidas tem por base o RGSPPDADAR [N12] e os vários regulamentos municipais. Como Portugal é membro do Comité Europeu de Normalização, a Norma Europeia EN 806 [N18], que passará a Norma Portuguesa numa data ainda indefinida, pode igualmente ser tida como referência [1]. Relativamente à optimização dos sistemas de combate a incêndio, está em vigor, em território nacional, o RJSCIE [N5]. Outro aspecto que tem vindo a crescer em termos de importância e que foi igualmente abordado no Capítulo 2, prende-se com a qualidade da água, que está directamente ligada à qualidade dos sistemas de abastecimento. Assim sendo, tem-se verificado um aumento dos requisitos quer ao nível do material quer na forma em como são executados os projectos. Como exemplos do crescimento deste factor são os ensaios que têm de ser feitos para verificar a conformidade do sistema e que estão referidos no RGSPPDADAR [N12]. Este aumento de exigência permite que haja necessidade de uma procura constante de melhores soluções, tornando assim o mercado mais competitivo e repleto de opções. A crescente preocupação 149 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ com o tema da qualidade da água é igualmente responsável pela criação de entidades creditadas para o seu controle, como por exemplo a ANQIP [I1]. Posteriormente à investigação sobre o tema da utilização de água, foram abordadas as soluções que permitem a execução dos sistemas de abastecimento de água para consumo e também para combate a incêndio, que serão abordados seguidamente. No Capítulo 3 foram abordados os sistemas de abastecimento de água para consumo. O traçado destas redes é executado com o intuito de optimizar o rácio entre a eficiência (em termos de segurança, eficácia e conforto) e as condições económicas. Para além destes dois factores são sempre tidas em conta as directrizes presentes na legislação vigente, referida anteriormente. A análise feita durante a presente dissertação permitiu concluir que o traçado destes sistemas varia principalmente com o tipo de material utilizado. As tubagens constituídas por materiais flexíveis, como por exemplo o PEX, são usualmente embainhadas e instaladas no pavimento, ao contrário das tubagens rígidas (PVC ou aço inox) cuja execução é, normalmente, através de roços abertos nas paredes de alvenaria. Nos edifícios analisados nesta dissertação é possível identificar as referidas diferenças. Outra diferença, em termos de traçado, entre estes dois tipos de material, prende-se com a necessidade de recorrer, nas tubagens flexíveis, a uma caixa de derivação que faça a distribuição pela respectiva divisão, ao contrário do que acontece nas redes que utilizam tubagens rígidas, onde o abastecimento é feito de forma continuada. A ligação entre as caixas de derivação pode ser feita com recurso a tubagem flexível, como acontece no edifício misto analisado, ou através de canalizações rígidas. A segunda opção é habitual em situações em que seja necessário dar continuidade à tubagem de um piso para o outro, como acontece nas moradias. Outro aspecto importante, talvez o mais limitativo na execução do traçado, tem a ver com os conflitos que possam existir com projectos de outras especialidades. Assim sendo, é importante analisar os vários projectos da obra, de forma a evitar os referidos problemas. À semelhança do que acontece no traçado, o dimensionamento dos sistemas de abastecimento de água para consumo humano é feito por forma a optimizar o rácio entre a optimização do sistema e o custo da obra. No Capítulo 3 deste documento foi feito um estudo relativo aos métodos de dimensionamento que constam tanto no RGSPPDADAR [N12], como também na Norma Europeia, EN806-3 [N18]. Através da referida análise pode concluir-se que o método preconizado pelo RGSPPDADAR [N12], apesar de ser mais moroso e complexo, permite a obtenção de soluções mais rigorosas, com maior nível de conforto, enquanto que a utilização da Norma Europeia [N18] permite, de uma forma mais prática, a obtenção de soluções com um menor nível de conforto. É ainda de destacar que como a Norma Europeia [N18] conduz a soluções com diâmetros inferiores, é mais vantajosa do ponto de vista económico. No Capítulo 4 foram abordados os diferentes sistemas de abastecimento de água para combate a incêndio, que podem ser separados em manuais (coluna seca, coluna húmida e RIA com carretel) e automáticos (RIA com teatro, sprinklers, cortinas de água). Estes métodos de 150 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ combate podem também ser separados em meios de primeira intervenção (sprinklers, cortinas de água e RIA com carretel) ou meios de segunda intervenção (coluna seca, coluna húmida e RIA com teatro), consoante sejam activados por qualquer utilizador ou pelos bombeiros. Após uma análise feita na presente dissertação pode-se concluir que tanto os sprinklers como as cortinas de água não devem ser considerados métodos de extinção, devendo ser utilizados como complementos dos restantes meios de combate, como meios de retardamento ou prevenção, uma vez que não têm capacidade suficiente, em termos de volume de água e duração de actuação, para fazer a extinção de um incêndio. O RJSCIE [N5] caracteriza os diferentes edifícios, consoante o risco que lhe está associado, de uma forma qualitativa (classes de risco) e quantitativa (categorias de risco). Para caracterizar melhor os diferentes edifícios é feita uma distinção relativamente ao seu uso, através da definição das utilizações-tipo. Considerando as classificações anteriormente referidas, foi possível verificar que as exigências regulamentares apontam para uma maior utilização das redes de incêndio armadas equipadas com carretéis. Esta opção pode ser justificada com o facto de estes meios serem de simples utilização e permitirem um eficaz e rápido combate. A possibilidade deste método ser abastecido directamente pela rede pública, cujas condições de pressão têm vindo a melhorar, é igualmente um ponto positivo a destacar. Para grandes incêndios é necessário recorrer-se aos meios de segunda intervenção, já que estes têm um grau de eficácia mais elevado, devido à sua elevada capacidade de debitar água e também porque são manuseados por pessoal especializado. Os edifícios abordados nesta obra têm uma utilização distinta, notando-se, portanto, algumas diferenças relativamente à obrigatoriedade de utilização dos meios de combate a incêndio. O traçado e o dimensionamento dos sistemas de combate a incêndio são igualmente feitos com o objectivo de optimizar o rácio entre a eficiência e o custo do sistema. A nível do traçado, as diferenças relativamente aos sistemas de abastecimento para consumo, prendem-se essencialmente com a localização dos dispositivos utilizados para o combate, que vem expressa no RTSCIE [N17]. Relativamente ao dimensionamento das tubagens são usadas as mesmas leis hidráulicas, sendo, portanto, utilizados métodos de cálculo semelhantes. Neste aspecto as diferenças prendem-se com os valores de pressão e caudal considerados. Apesar destas semelhanças, o estudo sobre o dimensionamento destes sistemas, feito na presente dissertação, permitiu verificar que o dimensionamento dos dispositivos utilizados nos meios de extinção automáticos é mais complexo do que o que é feito nos meios manuais. Posteriormente ao estudo das redes de abastecimento de água fria, foram analisados os materiais que a constituem, bem como os respectivos dispositivos. Foram igualmente abordados os sistemas de bombagem e os reservatórios utilizados. Estes elementos serão abordados nos parágrafos seguintes. Os materiais utilizados nas tubagens das redes de abastecimento de água fria podem ser agrupados em dois grandes grupos: os metálicos e os plásticos. Os primeiros são mais utilizados nos meios de combate a incêndio, enquanto que as tubagens plásticas têm a sua 151 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ aplicação limitada às redes de abastecimento de água para consumo, podendo ou não, consoante as suas características, ser utilizadas em sistemas de água quente. Na escolha do material a adoptar devem ser tidas em conta, para além da componente económica, a aplicabilidade e as características do material. O estudo dos materiais permitiu ainda encontrar as vantagens e desvantagens da sua utilização. Os dispositivos utilizados nas redes foram também abordados, fazendo-se a distinção entre os utilizados nos sistemas de combate a incêndios e nos sistemas de abastecimento de água. Foi possível verificar que é neste capítulo que se verificam as maiores diferenças entre estes dois tipos de sistemas, uma vez que em ambos são utilizados acessórios bastante distintos. Foram ainda analisados os dispositivos de sustentabilidade que permitem consumir menores quantidades de água. Apesar de terem grande importância numa política de sustentabilidade, estes elementos podem não apresentar o rendimento desejado, uma vez que fazem alterar o normal funcionamento dos sistemas. Assim sendo, este é um aspecto que deve ser tido em conta na aplicação destes elementos. Os sistemas de bombagem são utilizados para suprimir situações de falta de pressão na rede. Pôde observar-se que a diferença entre os grupos de bombagem utilizados no abastecimento de água para consumo e os que são aplicados nas redes de abastecimento para combate, se prende essencialmente com o rigor associado ao seu funcionamento, justificado pelo maior cuidado que exige uma rede de combate a incêndio. Neste sentido, é exigida a instalação de bombas suplementares que permitam repor rapidamente os níveis de pressão e que garantam, em caso de avaria do sistema eléctrico ou do sistema principal de bombagem, a continuidade do fornecimento de água à pressão desejada. Relativamente aos sistemas de bombagem foram estudados três tipos diferentes: sobrepressão pela rede pública ou através da instalação de um reservatório, elevação para um reservatório instalado no topo do edifício e utilização de um sistema hidropneumático. Em Portugal é usual recorrer-se à utilização do primeiro sistema referido, uma vez que as condições de pressão são permanentemente garantidas pela rede pública de abastecimento, ao contrário do que acontece nos países menos desenvolvidos, onde é necessário recorrer a um reservatório instalado no topo do edifício para que sejam garantidos os níveis de pressão nos vários dispositivos. O sistema hidropneumático é igualmente muito utilizado em território nacional, uma vez que permite uma redução dos arranques do grupo de bombagem, possibilitando assim menores gastos energéticos e um aumento de durabilidade destes dispositivos. Os reservatórios utilizados nos sistemas de abastecimento de água têm duas funções específicas: distribuir a água ou regular as pressões e os arranques das bombas. Analisando os reservatórios que constam nos dois tipos de sistemas estudados nesta obra, verifica-se que ambos são dimensionados e executados de forma idêntica. Ainda assim existem algumas regras definidas no RJSCIE [N5] que distinguem os reservatórios destinados ao sistema de combate a incêndio. A semelhança entre os dois tipos de reservatório permite que seja dimensionado apenas um depósito para fazer face às necessidades de consumo e de combate 152 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ a incêndio. Esta solução, apesar de ser bastante eficaz, não é muito aconselhada, estando a sua consideração limitada a algumas regras, relacionadas, por exemplo, com a manutenção da potabilidade da água [17]. No Capítulo 6 da obra foi dada especial atenção às acções de transporte e de armazenamento das tubagens e dos respectivos dispositivos. Nestas etapas da fase inicial da execução dos sistemas é essencial garantir, tanto no transporte como no armazenamento, que os materiais se mantenham intactos, livres de qualquer acção que os possa danificar, quer pela possibilidade de haver uma lesão directa, quer pela possibilidade de ocorrência de qualquer patologia. Foi ainda possível verificar que em obras públicas a fiscalização é bastante mais exigente, sendo usual recorrer-se a ensaios para aferir sobre a conformidade dos materiais e da globalidade do sistema. No mesmo capítulo foi ainda elaborado um estudo relacionado com as patologias associadas aos sistemas de abastecimento. Desse mesmo estudo pode concluir-se que as principais patologias que surgem nos sistemas de abastecimento de água para consumo estão associadas, entre outras causas, a erros de dimensionamento e à ausência de manutenção, enquanto que nos sistemas de combate a incêndio é usual encontrar defeitos que advêm da ausência de uso e de manutenção. As patologias mais comuns são a rotura da tubagem, as fugas nas juntas, o deficiente escoamento e os defeitos nos dispositivos. Estas irregularidades podem originar, para além de situações de desconforto, graves problemas nos elementos de construção, como por exemplo infiltrações. Uma análise das situações de obra, feita nos Capítulos 6 e 8, permitiu concluir que na execução, na reabilitação e na alteração das redes, a abordagem a estes dois tipos de sistema abordados segue também uma linha comum. Relativamente à reabilitação e alteração das redes deve-se referir a importância de conhecer a rede primária. Neste sentido, é essencial a elaboração dos cadastros na altura do fecho de obra, facilitando assim as operações de reparação ou alteração. No Capítulo 7 foi abordado o tema da sustentabilidade. Foi referido que podem ser tomadas várias medidas para tornar o abastecimento de água sustentável. Para além da aplicação de técnicas que permitem um uso mais contido deste líquido, podem ser tomadas medidas de consciencialização relativamente a esta temática. A investigação feita neste campo permitiu concluir que existem alguns programas relacionados com estas políticas, como é exemplo o Programa Nacional para o Uso Eficiente de Água, promovido pelo Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território [M6]. Dentro das soluções práticas, para além dos dispositivos abordados no parágrafo anterior, importa destacar as técnicas de aproveitamento de águas pluviais e residuais, que permitem, com algumas restrições, principalmente nas águas residuais, reutilizar a água em dispositivos de uso não potável, como por exemplo as bacias de retrete. Foi igualmente feito um estudo exemplificativo de um sistema de sustentabilidade numa moradia. Esta análise permite concluir que apesar de alturas com grandes níveis de precipitação (Inverno) o aproveitamento de águas pluviais permitir uma maior acumulação de 153 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ água, o aproveitamento de águas cinzentas é mais eficaz, na medida em que o aproveitamento da água é permanente e não depende de condições exteriores. Como se pode verificar no mesmo exemplo, a aplicação de políticas de sustentabilidade tem também grandes valores de eficácia. À semelhança do que acontece com os dispositivos de sustentabilidade, o facto de estes sistemas serem utilizados para fazer o abastecimento de água de uma forma mais limitada, quando comparada com o que acontece nos sistemas usuais, pode acarretar alguns problemas de rendimento. Esta questão deverá ser sempre tida em conta, de forma a poder ser minimizada. Relativamente aos projectos analisados no Capítulo 8, para além do que foi referido ao longo deste capítulo, importa ainda destacar algumas opções tomadas na sua realização. Desde já pode concluir-se que o factor económico é bastante considerado na execução deste tipo de projectos, em detrimento, do aumento do conforto. Observou-se que, apesar de os projectos cumprirem o estipulado no regulamento não há grande importância com o aumento do nível de conforto, na medida em que se utilizam diâmetros com as menores dimensões possíveis. Para além deste facto fazer com que sejam praticadas velocidades de escoamento próximas dos valores máximos, são geradas implicações ao nível da verificação das pressões. Assim sendo, como se observa no exemplo do edifício misto, são considerados baixos valores de pressão mínima, o que faz com que os dispositivos possam não ser utilizados nas devidas condições. Através dos exemplos abordados foram igualmente perceptíveis as diferenças de exigência entre edifícios de usos distintos, principalmente ao nível do projecto de abastecimento de água para combate a incêndio. Assim sendo, verificou-se que tanto o armazém, como o edifício escolar estão providos de um sistema de combate mais completo. Esta diferença pode ser justificada consoante o edifício considerado. No armazém existe um maior risco de incêndio, já que este pode ser utilizado para guardar materiais mais perigosos. A escola, por ser utilizada por um grande número de pessoas, é também um edifício com um maior risco de sinistro. Em ambos os casos foi utilizada uma rede de incêndio armada que permite o combate ao sinistro por parte dos utilizadores. Outro aspecto observado na análise dos referidos edifícios tem a ver com a escolha do material a utilizar na canalização. Como se pode observar nos projectos expostos, a escolha da tubagem a utilizar não segue uma regra rígida, estando de acordo com as preferências do projectista. Ainda assim nota-se uma tendência para a utilização do aço galvanizado nas tubagens que constituem a rede de combate a incêndio. 9.2. Trabalhos futuros No presente documento foram abordados alguns temas que, como se referiu, têm vindo a ser desenvolvidos e que têm ainda uma grande margem de progressão. Para além de avanços técnicos, por exemplo através da introdução de novos materiais (como referido no Capítulo 5), devem igualmente ser considerados aspectos mais teóricos que permitam resolver a montante 154 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ os problemas relacionados com o abastecimento de água, como o alerta para o excessivo consumo. Devido à emergente exigência de qualidade é importante tomar medidas práticas para que os sistemas de abastecimento consigam, durante a sua vida útil, corresponder às solicitações para as quais são instalados. Neste sentido a manutenção dos elementos que constituem o sistema assume um papel importante, na medida em que permite que estes mantenham as suas capacidades durante largos períodos, o que é a principal dificuldade associada a estes meios. Assim sendo importa aplicar medidas de obrigatoriedade de manutenção que, associadas às exigências feitas ao nível da execução, podem permitir a produção de sistemas com grande durabilidade. Para além destas medidas, a descoberta de novos materiais permite igualmente realizar sistemas de abastecimento com mais qualidade. Neste sentido importa destacar a recente descoberta de materiais plásticos com capacidade para serem empregues em sistemas de extinção automática. Relativamente à legislação que vigora em Portugal deverá ser concretizada a ideia de passar a Norma Europeia para Norma Portuguesa, no sentido de uniformizar toda a regulamentação vigente, evitando assim conflitos na realização de projectos. No âmbito da sustentabilidade importa dar continuidade aos trabalhos que têm vindo a ser desenvolvidos, com o sentido de consciencializar os utilizadores para o elevado consumo de água. Esta consciencialização pode ser estimulada através da descoberta de novas técnicas que permitam tornar as políticas de sustentabilidade mais eficazes e, por conseguinte, mais atractivas para os utilizadores. 155 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ 156 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Bibliografia Artigos, livros e outros documentos de investigação: [1] AFONSO, A. S. - "Dimensionamento de instalações prediais de água. Considerações sobre o método proposto na norma europeia." Congresso Construção 2007 - 3º Congresso Nacional. Coimbra: Universide de Coimbra, 2007. [2] AFONSO, A. S. - "Instalações prediais de águas e esgotos: erros e defeitos frequentes na sua concepção e construção." 2º Simpósio Internacional sobre Patologia, Durabilidade e Reabilitação dos Edifícios. Lisboa: 2003. [3] AFONSO, A. S. – “Contributos para o dimensionamento de redes de águas em edifícios especiais. Aplicação de modelos matemáticos.” Tese de Doutoramento. Porto: Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, 2001. [4] AFONSO, A. S.; RODRIGUES, C. - "A qualidade na construção ao nível das instalações prediais de águas e esgotos. Situação e perspectivas em Portugal." Congresso Construção 2007 - 3º Congresso Nacional. Coimbra: Universide de Coimbra, 2007. [5] BARRAL, M. F. – “Perda de carga.” Santo André: Centro Universitário Fundação Santo André, 2010. [6] CREDER, H. – “Instalações hidráulicas e sanitárias.” 5ª Edição. Rio de Janeiro: Editora LTC – Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., 1991. [7] ESGALHADO, H.; ROCHA, A. – “Materiais plásticos para a construção civil: Características e tipos de aplicação.” Lisboa: LNEC, 2002. [8] GODINHO, L.; OLIVEIRA, P. – “Reutilização de águas residuais domésticas e pluviais.” Apontamentos da disciplina de Instalações Técnicas em Edifícios. Coimbra: Universidade de Coimbra, 2009. [9] INAOKA, M. B.; DIAS, R. S.; SILVA, S. C. – “Aplicação do PEAD na construção civil e estudo do seu uso em habitações de interesse social.” São Paulo: Universidade Anhembi Morumbi, 2010. [10] MACINTYRE, A. J. – “Bombas e instalações de bombeamento.” Rio de Janeiro: Editora Guanabara Dois S. A., 1980. [11] MACINTYRE, A. J. – “Instalações hidráulicas: Prediais e industriais.” 2ª Edição. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Dois S. A., 1986. [12] MACINTYRE, A. J. – “Manual de instalações hidráulicas e sanitárias.” Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan S. A., 1990. [13] NATIVIDADE, E. – “Instalações de combate a incêndio com água em edifícios.” Coimbra: Instituto Superior de Engenharia de Coimbra, 2010. 157 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ [14] NIXON, S. C.; LACK, T. J.;HUNT, D. T.; LALLANA, C.; BOOSCHET, A. F. – “Recursos hídricos na Europa: uma utilização sustentável?” Copenhaga: Agência Europeia do Ambiente, 2000. [15] PEDROSO, V. M. R. - "Patologia das instalações prediais de distribuição de águas." Lisboa: LNEC, 1997. [16] PEDROSO, V. M. R. – “Instalações elevatórias e sobrepressoras de água para edifícios.” Lisboa: LNEC, 1996. [17] PEDROSO, V. M. R. – “Manual dos sistemas prediais de distribuição e drenagem de águas.” 3ª Edição. Lisboa: LNEC, 2007. [18] PEDROSO, V. M. R. – “Medidas para um uso mais eficiente da água nos edifícios.” Lisboa: LNEC, 2009. [19] PEDROSO, V. M. R. – “Sistemas de combate a incêndios em edifícios de acordo com a nova regulamentação.” 1ª Edição. Lisboa: LNEC, 2010. [20] PEDROSO, V. M. R. – “Tecnologia das tubagens de aço inox para sistemas prediais de distribuição de água.” Lisboa: LNEC, 2002. [21] PEDROSO, V. M. R. – “Tecnologia das tubagens de cobre para sistemas prediais de distribuição de água.” Lisboa: LNEC, 2003. [22] PEDROSO, V. M. R. – “Tecnologia das tubagens de polietileno reticulado para sistemas prediais de distribuição de água.” Lisboa: LNEC, 2004. [23] PICCIOCHI, I. M. – “Sistemas de tubagem de poli (cloreto de vinilo) clorado para distribuição de água quente e fria: Características e especificações.” Lisboa: LNEC, 1999. [24] QUINTELA, A. C. – “Hidráulica.” 9ª Edição. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2005. [25] ROCHA, A. C. P. F. - “Sistemas de tubagem para instalações de água em edifícios hospitalares: Especificações técnicas.” Lisboa: Ordem dos Engenheiros, 2007. [26] ROCHA, A. C. P. F. – “Tubos de polietileno reticulado e respectivas uniões para sistemas de distribuição de água quente e fria e de aquecimento: Características e especificações.” Lisboa: LNEC 1990. [27] ROCHA, A. C. P. F. – “Tubos e acessórios em poli (cloreto de vinilo) clorado para sistemas de distribuição de água quente e fria e de aquecimento: Características e especificações.” Lisboa: LNEC, 1991. [28] SALTA, M. M. – “Redes de distribuição de água em grandes edifícios: Características e durabilidade. Materiais metálicos.” in Seminário: Materiais em Ambiente Marítimo. Funchal: LNEC, 2007. 158 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Decretos, normas e outros documentos legislativos: [N1] ASOCIACIÓN DE INVESTIGACIÓN PARA LA SEGURIDAD DE VIDAS Y BIENES (AISVB) - Regla Tecnica para Abastecimientos de Agua contra Incendios. Madrid: AISVB, 2006. [N2] ESPECIFICAÇÃO TÉCNICA DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL PARA A QUALIDADE NAS INSTALAÇÕES PREDIAIS (ANQIP) – Sistemas de Aproveitamento de Águas Pluviais em Edifícios (SAAP). Coimbra, 2009. [N3] Medidas Cautelares de Segurança Contra Risco de Incêndio em Centros Urbanos Antigos (Decreto-Lei n.º 426/89). Lisboa, 1989. [N4] Medidas de Segurança Contra Risco de Incêndio Aplicáveis na Construção, Instalação e Funcionamento dos Empreendimentos Turísticos e dos Estabelecimentos de Restauração e de Bebidas (Portaria n.º 1063/97). Lisboa, 1997. [N5] Regime Jurídico da Segurança Contra Incêndios em Edifícios (Decreto-Lei n.º 220/2008). Lisboa, 2008. [N6] Regulamento de Segurança Contra Incêndio em Edifícios de Habitação (Decreto-Lei n.º 64/90). Lisboa, 1990. [N7] Regulamento de Segurança Contra Incêndio em Edifícios de Tipo Administrativo (Decreto-Lei n.º 410/98). Lisboa, 1998. [N8] Regulamento de Segurança Contra Incêndio em Edifícios de Tipo Hospitalar (DecretoLei n.º 409/98). Lisboa, 1998. [N9] Regulamento de Segurança Contra Incêndio em Edifícios Escolares (Decreto-Lei n.º 414/98). Lisboa, 1998. [N10] Regulamento de Segurança Contra Incêndio em Estabelecimentos Comerciais (Decreto-Lei n.º 368/99). Lisboa, 1999. [N11] Regulamento de Segurança Contra Incêndio em Parques de Estacionamento Cobertos (Decreto-Lei n.º 66/95). Lisboa, 1995. [N12] Regulamento Geral dos Sistemas Públicos e Prediais de Distribuição de Água e de Drenagem de Águas Residuais (Decreto Regulamentar Nº 23/95). Lisboa, 1995. [N13] Regulamento Municipal de Abastecimento de Água do Concelho de Almada. [N14] Regulamento Municipal de Sistemas Públicos e Prediais de Distribuição de Água e de Drenagem de Águas Residuais do Concelho de Caminha. [N15] Regulamento Municipal dos Serviços de Abastecimento de Água do Concelho do Funchal. 159 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ [N16] Regulamento Municipal dos Sistemas Públicos e Prediais de Distribuição de Água do Concelho de Elvas. [N17] Regulamento Técnico de Segurança Contra Incêndios em Edifícios (Portaria n.º1532/2008). Lisboa, 2008. [N18] Specifications for Installations Inside Buildings Conveying Water for Human Consuption. Bruxelas: CEN, 2006. Catálogos e páginas de internet: [I1] ANQIP - Associação Nacional para a Qualidade nas Instalações Prediais (www.anqip.com) consultado a 8 de Dezembro de 2010. [I2] ARCHITINGS (www.archithings.com) consultado a 25 de Maio de 2010. [I3] ARMACAN – Equipamentos Industriais Lda. (www.armacan.com) consultado a 15 de Julho de 2010. [I4] Câmara Municial da Amadora (www.cm-amadora.pt) consultado a 12 de Dezembro de 2010. [I5] Câmara Municial da Guarda (www.mun-guarda.pt) consultado a 12 de Dezembro de 2010. [I6] Câmara Municial da Maia (www.cm-maia.pt) consultado a 12 de Dezembro de 2010. [I7] Câmara Municial de Aveiro (www.cm-aveiro.pt) consultado a 12 de Dezembro de 2010. [I8] Câmara Municial de Beja (www.cm-beja.pt) consultado a 12 de Dezembro de 2010. [I9] Câmara Municial de Braga (www.cm-braga.pt) consultado a 12 de Dezembro de 2010. [I10] Câmara Municial de Bragança (www.cm-braganca.pt) consultado a 12 de Dezembro de 2010. [I11] Câmara Municial de Castelo Branco (www.cm-castelobranco.pt) consultado a 12 de Dezembro de 2010. [I12] Câmara Municial de Coimbra (www.cm-coimbra.pt) consultado a 12 de Dezembro de 2010. [I13] Câmara Municial de Évora (www.cm-evora.pt) consultado a 12 de Dezembro de 2010. [I14] Câmara Municial de Faro (www.cm-faro.pt) consultado a 12 de Dezembro de 2010. [I15] Câmara Municial de Leiria (www.cm-leiria.pt) consultado a 12 de Dezembro de 2010. [I16] Câmara Municial de Lisboa (www.cm-lisboa.pt) consultado a 12 de Dezembro de 2010. 160 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ [I17] Câmara Municial de Matosinhos (www.cm-matosinhos.pt) consultado a 12 de Dezembro de 2010. [I18] Câmara Municial de Odivelas (www.cm-odivelas.pt) consultado a 12 de Dezembro de 2010. [I19] Câmara Municial de Oeiras (www.cm-oeiras.pt) consultado a 12 de Dezembro de 2010. [I20] Câmara Municial de Ponta Delgada (http://cm-pontadelgada.azoresdigital.pt) consultado a 12 de Dezembro de 2010. [I21] Câmara Municial de Portalegre (www.cm-portalegre.pt) consultado a 12 de Dezembro de 2010. [I22] Câmara Municial de Santarém (www.cm-santarem.pt) consultado a 12 de Dezembro de 2010. [I23] Câmara Municial de São João da Madeira (www.cm-sjm.pt) consultado a 12 de Dezembro de 2010. [I24] Câmara Municial de Setúbal (www.mun-setubal.pt) consultado a 12 de Dezembro de 2010. [I25] Câmara Municial de Viana do Castelo (www.cm-viana-castelo.pt) consultado a 12 de Dezembro de 2010. [I26] Câmara Municial de Vila Nova de Gaia (www.cm-gaia.pt) consultado a 12 de Dezembro de 2010. [I27] Câmara Municial de Vila Real (www.cm-vilareal.pt) consultado a 12 de Dezembro de 2010. [I28] Câmara Municial de Viseu (www.cm-viseu.pt) consultado a 12 de Dezembro de 2010. [I29] Câmara Municial do Barreiro (www.cm-barreiro.pt) consultado a 12 de Dezembro de 2010. [I30] Câmara Municial do Funchal (www.cm-funchal.pt) consultado a 12 de Dezembro de 2010. [I31] Câmara Municial do Porto (www.cm-porto.pt) consultado a 12 de Dezembro de 2010. [I32] Catálogo da empresa AÇOBR (www.acobrfortal.com.br) consultado a 20 de Maio de 2010. [I33] Catálogo da empresa ALVES PLAST (www.alvesplast.com.br) consultado a 22 de Novembro de 2010. [I34] Catálogo da empresa AQUATERM. 161 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ [I35] Catálogo da empresa AQUAVILA (www.aquavila.com) consultado a 25 de Maio de 2010. [I36] Catálogo da empresa CALEFFI (www.caleffi.com) consultado a 12 de Fevereiro de 2011. [I37] Catálogo da empresa CENTRALPLAST (www.centralplast.pt) consultado a 24 de Abril de 2010. [I38] Catálogo da empresa COPRAX (www.coprax.com) consultado a 27 de Abril de 2010. [I39] Catálogo da empresa DETRON (www.detron.com.br) consultado a 25 de Abril de 2010. [I40] Catálogo da empresa DOMINIK (www.dominik.com.br) consultado a 29 de Abril de 2010. [I41] Catálogo da empresa GROHE (www.grohe.pt) consultado a 12 de Fevereiro de 2011. [I42] Catálogo da empresa INOXPRESS. [I43] Catálogo da empresa INSTALFOGO. [I44] Catálogo da empresa IRMÃOS ABAGE (www.irmaosabage.com.br) consultado a 12 de Fevereiro de 2011. [I45] Catálogo da empresa K+B FAUCETS (bathroom-kitchen-faucets.com) consultado a 12 de Fevereiro de 2011. [I46] Catálogo da empresa PINHOL (www.pinhol.com.pt) consultado a 25 de Maio de 2010. [I47] Catálogo da empresa RIDGID (www.portalridgid.com.br) consultado a 25 de Abril de 2010. [I48] Catálogo da empresa TIGRE (www.tigre.com.br) consultado a 25 de Abril de 2010. [I49] Catálogo da empresa VALFER (www.valfer.ind.br) consultado a 20 de Maio de 2010. [I50] DESO (www.deso-se.com.br) consultado a 21 de Novembro de 2010. [I51] DIRECT INDUSTRY (www.directindustry.com) consultado a 25 de Maio de 2010. [I52] FLENDER (www.flender-rohr.de) consultado a 21 de Novembro de 2010. [I53] http://objetivomalaga.diariosur.es consultado a 12 de Fevereiro de 2011. [I54] INSTITUTO BRASILEIRO DE DESENVOLVIMENTO DA ARQUITECTURA - Forum da Construção (www.forumdaconstrucao.com.br ) consultado a 16 de Novembro de 2010. [I55] INSTITUTO DA ÁGUA (www.inag.pt) consultado a 23 de Outubro de 2010. [I56] INSTITUTO DE METEOROLOGIA DE PORTUGAL (www.meteo.pt) consultado a 23 de Outubro de 2010. 162 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ [I57] NATURLINK - Uso eficiente da água: o que cada cidadão pode fazer (naturlink.sapo.pt) consultado a 22 de Fevereiro de 2011. [I58] PARADIGM PLUMBING (www.paradigmplumbing.com) consultado a 29 de Abril de 2010. [I59] PIPE LIFE (www.pipelife.com) consultado a 22 de Novembro de 2010. [I60] SECOI LTDA (www.secoi-ltda.com) consultado a 15 de Julho de 2010. [I61] SECUNDÁRIA JOSEFA DE ÓBIDOS (www.esec-josefa-obidos.rcts.pt) consultado a 17 de Março de 2011. [I62] SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÃO DE RECURSOS HÍDRICO (www.snirh.pt) consultado a 22 de Outubro de 2010. [I63] www.google.pt – Google Maps consultado a 17 de Março de 2011. Manuais, projectos e programas: [M1] ÁGUAS DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO – Projecto Água e Sustentabilidade. [M2] ÁGUAS DO ALGARVE – Manual de gestão da água: Eficiência no uso doméstico. [M3] EPAL – Manual de redes prediais. [M4] EPAL – Manual do cliente. [M5] INSTITUTO DE SEGUROS DE PORTUGAL – Regras técnicas [M6] MINISTÉRIO DO AMBIENTE E DO ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, INSTITUTO DA ÁGUA – Programa nacional para o uso eficiente da água. [M7] Projecto de construção do armazém – Seixal. [M8] Projecto de construção do edifício misto – Seixal. [M9] Projecto de reabilitação da Escola Secundária Josefa de Óbidos – Lisboa. 163 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ 164 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Anexos A1 – Empresas abastecedores de água no território nacional [I4; I5; I6; I7; I8; I9; I10; I11; I12; I13; I14; I15; I16; I17; I18; I19; I20; I21; I22; I23; I24; I25; I26; I27; I28; I29; I30; I31] Município Entidade responsável Amadora SMAS Oeiras e Amadora Aveiro SM Aveiro Barreiro Câmara Municipal do Barreiro Beja EMAS Beja Braga AGERE Bragança Câmara Municipal de Bragança Castelo Branco SM Castelo Branco Coimbra Águas do Mondego Évora Câmara Municipal de Évora Faro Águas do Algarve Funchal Câmara Municipal do Funchal Guarda SMAS Guarda Leiria SMAS Leiria Lisboa EPAL Maia SMEAS da Maia Matosinhos INDAQUA Matosinhos Odivelas SMAS Loures e Odivelas Oeiras SMAS Oeiras e Amadora Ponta Delgada SMAS Ponta Delgada Portalegre Câmara Municipal de Portalegre Porto Águas do Porto Santarém Águas de Santarém São João da Madeira Águas de S. João Setúbal Águas do Sado 165 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Município Entidade responsável Viana do Castelo SMSB Viana do Castelo Vila Nova de Gaia Águas de Gaia Vila Real EMAR Vila Real Viseu SMAS Viseu A2 – Simbologia de referência para os sistemas prediais de abastecimento de água fria e para sistemas prediais de combate a incêndios [N12] Símbolo Significado Autoclismo Boca-de-incêndio interior Boca-de-incêndio ou de rega exterior Bomba Caleira para alojamento de canalizações ou encamisamento Canalização de água fria Canalização de água para combate a incêndios Contador Cruzamento com ligação Cruzamento sem ligação Filtro 166 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Símbolo Significado Fluxómetro Grupo de pressurização Junta de dilatação Marco de incêndio Prumada ascendente com mudança de piso Prumada descendente com mudança de piso Purgador de ar Queda da canalização da direita para a esquerda Queda da canalização da esquerda para a direita Sistema de regularização Torneira de serviço Torneira ou válvula de seccionamento Válvula de flutuador Válvula de retenção Válvula de segurança Válvula redutora de pressão Vaso de expansão 167 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ A3 – Representação dos dispositivos da rede predial de abastecimento de água fria [17] Dispositivo Lavatório individual Lavatório colectivo (por bica) Bidé Banheira Chuveiro Individual Pia de despejo com torneira de Ø15mm Autoclismo de bacia de retrete Mictório com torneira individual Pia lava-louça Bebedouro Máquina de lavar a louça Máquina de lavar a roupa Tanque de lavar a roupa Bacia de retrete com fluxómetro Mictório com fluxómetro Boca de rega ou lavagem de Ø15mm Boca de rega ou lavagem de Ø20mm Máquinas industriais e outros aparelhos não especificados 168 Modo de representação Lv Lvi Bd Ba Ch Pd Br Mi Ll Bdo Ml Mr Tq Brf Mif Re Re A definir pelo fabricante Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ A4 – Dimensionamento gráfico de tubagens aço e de aço galvanizado [17] Caudal de cálculo (l/s) 0.05 0.10 0.20 0.30 0.40 0.50 0.60 0.70 0.80 0.90 1.00 1.50 2.00 2.50 3.00 3.50 4.00 4.50 5.00 DN [mm] Diâmetro interior [mm] 10 15 20 25 32 40 50 65 80 100 12.6 16.1 21.7 27.3 36 41.9 53.1 68.9 80.9 105.3 Velocidade de escoamento [m/s] Perda de carga contínua incrementada de mais 20% correspondente às perdas de carga localizadas [m/m] 0.40 0.25 0.053 0.017 0.80 0.49 0.27 0.178 0.056 0.013 0.98 0.54 0.34 0.187 0.045 0.015 1.47 0.81 0.51 0.29 0.380 0.092 0.031 0.008 1.97 1.08 0.68 0.39 0.628 0.152 0.051 0.014 1.35 0.85 0.49 0.36 0.225 0.076 0.020 0.010 1.62 1.03 0.59 0.44 0.309 0.104 0.028 0.014 1.89 1.20 0.69 0.51 0.32 0.405 0.136 0.037 0.018 0.006 1.37 0.79 0.58 0.36 0.172 0.046 0.022 0.007 1.54 0.88 0.65 0.41 0.211 0.057 0.028 0.009 1.71 0.98 0.73 0.45 0.254 0.068 0.033 0.011 1.47 1.09 0.68 0.40 0.139 0.068 0.022 0.006 1.97 1.45 0.90 0.54 0.39 0.230 0.112 0.036 0.011 0.005 1.81 1.13 0.67 0.49 0.165 0.054 0.016 0.007 1.36 0.81 0.58 0.3 0.074 0.021 0.010 0.003 1.58 0.94 0.68 0.40 0.097 0.028 0.013 0.004 1.81 1.07 0.78 0.46 0.122 0.035 0.017 0.005 2.03 1.21 0.88 0.52 0.150 0.044 0.020 0.006 1.34 0.97 0.57 0.052 0.024 0.007 169 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ A5 – Gráfico e tabelas utilizados para o dimensionamento das redes de tubagem pela norma europeia (adaptado de [N18]) 170 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Aço galvanizado: Total de unidades de descarga [LU] 6 16 40 160 300 Maior valor individual das unidades de descarga [LU] 4 15 DN [mm] 15 20 25 32 40 di [mm] Comprimento máximo do tubo [mm] 16.0 21.6 27.2 35.9 41.8 10 6 Cobre: Total de unidades de descarga [LU] Maior valor individual das unidades de descarga [LU] daxS [mm] di [mm] Comprimento máximo do tubo [mm] 1 2 3 3 4 2 12x1.0 15x1.0 10.0 13.0 20 7 5 15 6 10 20 4 5 8 50 165 430 18x1.0 22x1.0 28x1.5 35x1.5 42x1.5 16.0 9 20.0 25.0 32.0 39.0 7 Aço inox: Valor máximo das unidades de descarga [LU] Maior valor individual das unidades de descarga [LU] daxS [mm] 3 4 6 10 20 4 5 8 15x1.0 di [mm] 15 9 165 430 18x1.0 22x1.0 28x1.2 35x1.5 42x1.5 13.0 Comprimento máximo do tubo [mm] 50 16.0 19.6 25.6 32.0 39.0 7 PEX: Valor máximo das unidades de descarga [LU] Maior valor individual das unidades de descarga [LU] daxS [mm] di [mm] Comprimento máximo do tubo [mm] 1 2 3 4 5 8 16 4 5 8 35 100 350 12x1.7 16x2.2 20x2.8 25x3.5 32x4.4 40x5.5 50x6.9 8.4 11.6 14.4 18.0 23.2 29.0 36.2 13 4 9 5 4 171 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ PP: Valor máximo das unidades de descarga [LU] Maior valor individual das unidades de descarga [LU] daxS [mm] di [mm] Comprimento máximo do tubo [mm] 1 2 3 3 4 6 13 30 4 5 8 2 16x2.7 20x3.4 10.6 13.2 20 12 8 15 70 200 540 25x4.2 32x5.4 40x6.7 50x8.4 63x10.5 16.6 21.2 26.6 33.2 42.0 9 7 PVC-C: Valor máximo das unidades de descarga [LU] Maior valor individual das unidades de descarga [LU] daxS [mm] 3 4 5 10 20 4 5 8 16x2.0 di [mm] 10 6 160 420 20x2.3 25x2.8 32x3.6 40x4.5 50x5.6 12.0 Comprimento máximo do tubo [mm] 45 15.4 19.4 24.8 31.0 38.8 55 180 540 5 Multicamada (PEX/Alumínio/PEX): Valor máximo das unidades de descarga [LU] Maior valor individual das unidades de descarga [LU] daxS [mm] di [mm] Comprimento máximo do tubo [mm] 3 4 5 6 10 20 4 5 5 8 16x2.25/16x2.0 18x2.0 20x2.5 26x3.0 32x3.0 40x3.5 50x4.0 11.5/12.0 9 14.0 5 4 172 15.0 20.0 26.0 33.0 42.0 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ A6 – Edifícios com obrigatoriedade de instalação dos sistemas de combate [N17] Sistema de Edifícios a instalar combate Utilizações-tipo I e II da 2ª categoria de risco; Coluna seca Locais susceptíveis a utilizar sistemas de coluna húmida, expostos a baixas temperaturas, com risco de congelamento da água. Utilizações-tipo I e II da 2ª categoria de risco; Coluna húmida Utilizações-tipo da 3ª e 4ª categoria de risco, exceptuando as utilizações-tipo VIII; Utilizações-tipo IV, V, VI, VIII e XII da 4ª categoria de risco (neste caso as bocas-de-incêndio devem ser armadas do tipo teatro). Utilizações-tipo II da 1ª categoria de risco, que ocupem espaços coberto com 2 uma área superior a 500 m ; Utilizações-tipo II a VIII e XII (exceptuando as disposições referidas no Título RIA VIII do RTSCIE – “Condições específicas das utilizações-tipo” para as utilizações-tipo VII e VIII) da 2ª, 3ª e 4ª categoria de risco; Utilizações-tipo I, IX e X da 3ª e 4ª categoria de risco; Locais com possibilidade de receber mais de 200 pessoas. Compartimentos corta-fogo (exceptuando-se edifícios de utilização-tipo I e de risco de incêndio D); Utilizações-tipo II da 2ª, 3ª e 4ª categoria de risco, com pelo menos dois pisos abaixo do plano de referência; Utilizações-tipo III, VI, VII e VIII da 3ª e 4ª categoria de risco, exceptuando as disposições referidas no Título VIII do RTSCIE – “Condições específicas das utilizações-tipo” para as utilizações-tipo VIII; Utilização-tipo VII da 2ª, 3ª e 4ª categoria de risco; Locais adjacentes a pátios interiores com uma altura superior a 20 m; Sprinklers Locais de difícil acesso e elevada carga de incêndio; Postos de transformação já existentes que não estejam de acordo com o RTSCIE e cujos transformadores ou dispositivos de corte utilizem como dieléctrico líquidos inflamáveis; Aberturas em paredes ou pavimentos resistentes ao fogo, onde possam passar meios de transporte móveis; Locais de fabrico, armazenamento ou manipulação de produtos não reagentes com a água de forma perigosa; Depósitos de líquidos ou gases inflamáveis; Equipamentos industriais; Locais existentes que não possam cumprir as directrizes do RTSCIE. 173 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Sistema de Edifícios a instalar combate Fachadas de cortina envidraçadas que cumpram as condições no Nº 5 do Artigo 8 do RTSCI.- “Paredes exteriores não tradicionais”; Fachadas de cortina envidraçadas que cumpram as disposições referidas no Cortinas de água Título VIII do RTSCIE – “Condições específicas das utilizações-tipo” para as utilizações-tipo II, VI e VIII; Protecção de vãos abertos em edifícios já construídos que apresentem elevado risco de incêndio; Locais de elevado risco de eclosão de incêndio ou explosão, quando expostos a fogos externos ou calor intenso. A7 – Diâmetros das tubagens de PEAD [17] Diâmetro nominal [mm] Diâmetro exterior [mm] Espessura [mm] Classe de pressão - 1 [MPa] Mínimo Máximo Mínimo Máximo 20 20.0 20.3 2.0 2.4 25 25.0 25.3 2.3 2.8 32 32.0 32.3 3.0 3.5 40 40.0 40.4 3.7 4.3 50 50.0 50.4 4.6 5.3 63 63.0 63.6 5.8 6.6 75 75.0 75.7 6.9 7.8 90 90.0 90.9 8.2 9.3 110 110.0 111.0 10.0 11.2 125 125.0 126.2 11.4 12.8 174 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ A8 – Diâmetros das tubagens de PEX [26] Tolerâncias Espessura da parede [mm] DN [mm] Diâmetro exterior [mm] Classe de pressão [MPa] 1.25 2.00 Mínimo Máximo Máximo Mínimo Máximo Mínimo 12 12.0 12.3 1.6 1.3 2.0 1.7 16 16.0 16.3 1.8 1.5 2.6 2.2 20 20.0 20.3 2.2 1.9 3.2 2.8 25 25.0 25.3 2.8 2.4 4.0 3.5 32 32.0 32.3 3.4 3.0 5.0 4.4 40 40.0 40.4 4.2 3.7 6.2 5.5 50 50.0 50.5 5.2 4.6 7.7 6.9 63 63.0 63.6 6.5 5.8 9.6 8.6 75 75.0 75.7 7.6 6.8 11.5 10.3 90 90.0 90.9 9.1 8.2 13.7 12.3 110 110.0 111.0 11.1 10.0 16.8 15.1 125 125.0 126.2 12.7 11.4 19.0 17.1 140 140.0 141.3 14.1 12.7 21.3 19.2 160 160.0 161.5 16.2 14.6 24.2 21.9 A9 – Diâmetros das tubagens de PVC [17] Diâmetro nominal [mm] Diâmetro exterior [mm] Espessura [mm] Classe de pressão Classe de pressão 1.0 [MPa] 1.6 [MPa] Mínimo Máximo Mínimo Máximo Mínimo Máximo 16 16.0 16.3 - - 1.2 1.6 20 20.0 20.3 1.2 1.6 1.5 1.9 25 25.0 25.3 1.2 1.6 1.9 2.3 32 32.0 32.3 1.6 2.0 2.4 2.9 40 40.0 40.3 1.9 2.3 3.0 3.5 50 50.0 50.3 2.4 2.9 3.7 4.3 63 63.0 63.3 3.0 3.5 4.7 5.4 75 75.0 75.3 3.6 4.2 5.6 6.4 90 90.0 90.3 4.3 5.0 6.7 7.6 110 110.0 110.4 5.3 6.1 8.2 9.3 125 125.0 125.4 6.0 6.8 9.3 10.5 175 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ A10 – Diâmetros das tubagens de PVC –C [23] Diâmetro nominal [mm] Espessura mínima [mm] Diâmetro exterior [mm] Classe de pressão [MPa] Mínimo Máximo 1.6 2.0 2.5 12 12.0 12.3 1.4 1.4 1.4 14 14.0 14.3 1.6 1.6 1.6 16 16.0 16.3 1.6 1.9 1.8 20 20.0 20.3 1.6 1.9 2.3 25 25.0 25.3 1.9 2.3 2.8 32 32.0 32.3 2.4 2.9 3.6 40 40.0 40.3 3.0 3.7 4.5 50 50.0 50.3 3.7 4.6 5.6 63 63.0 63.3 4.7 5.8 7.1 75 75.0 75.3 5.5 6.8 8.4 90 90.0 90.3 6.6 8.2 10.1 110 110.0 110.4 8.1 10.0 12.3 A11 – Diâmetros das tubagens de PP [17] DN [mm] 16 20 25 32 40 50 63 75 90 Diâmetro exterior [mm] Máximo Mínimo 16.3 16 20.3 20 25.3 25 32.3 32 40.4 40 50.5 50 63.6 63 75.7 75 90.9 90 176 Espessura da parede [mm] Máximo Mínimo 3.2 2.7 4.0 3.4 4.8 4.2 6.2 5.4 7.6 6.7 9.5 8.4 11.8 10.5 14.0 12.5 16.7 15.0 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ A12 – Diâmetros das tubagens de Cobre [21] DN [mm] 6.0 8.0 10.0 12.0 15.0 18.0 22.0 28.0 35.0 42.0 54.0 64.0 66.7 76.1 88.9 108.0 133.0 159.0 219.0 267.0 Diâmetro exterior [mm] Máximo Mínimo Espessura da parede [mm] 6.04 8.04 10.04 12.04 15.04 18.04 22.05 28.05 35.06 42.06 54.06 64.07 66.77 76.17 88.97 108.07 133.2 159.2 219.6 267.6 5.96 7.96 9.96 11.96 14.96 17.96 21.95 27.95 34.94 41.94 53.94 63.93 66.63 76.03 88.83 107.93 132.8 158.8 218.4 266.4 0.6, 0.8 ou 1.0 0.6, 0.8 ou 1.0 0.6, 0.7, 0.8 ou 1.0 0.6, 0.8 ou 1.0 0.7, 0.8 ou 1.0 0.8 ou 1.0 0.9, 1.0, 1.2 ou 1.5 0.9, 1.0, 1.2 ou 1.5 1.2 ou 1.5 1.2 ou 1.5 1.2, 1.5 ou 2.0 2.0 1.2 1.5 ou 2.0 2.0 1.5 ou 2.5 1.5 ou 3.0 2.0 ou 3.0 3.0 3.0 177 Tolerância na espessura da parede [%] Espessura < 1 mm Espessura ≥ 1 mm ± 10 ± 10 ± 10 ± 10 ± 10 ± 10 ± 10 ± 10 ± 10 ± 10 ± 10 ± 10 ± 10 ± 10 ± 10 ± 10 ± 10 ± 10 ± 10 ± 15 ± 13 ± 13 ± 13 ± 13 ± 13 ± 15 ± 15 ± 15 ± 15 ± 15 ± 15 ± 15 ± 15 ± 15 ± 15 ± 15 ± 15 ± 15 ± 15 ± 15 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ A13 – Perdas de carga localizadas nas tubagens de cobre [17] 178 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ A14 – Diâmetros das tubagens de aço e de aço galvanizado [17] DN [mm] 8 10 15 20 25 32 40 50 65 80 100 125 150 Diâmetro exterior [mm] Máximo Mínimo 14.0 13.2 17.5 16.7 21.8 21.0 27.3 26.5 34.2 33.3 42.9 42.0 48.8 47.9 60.8 59.7 76.6 75.3 89.5 88.0 115.0 113.1 140.8 138.5 166.5 163.9 Espessura [mm] 2.3 2.3 2.6 2.6 3.2 3.2 3.2 3.6 3.6 4.0 4.5 5.0 5.0 A15 – Diâmetros das tubagens de aço inox [17] DN [mm] Diâmetro exterior [mm] Espessura da parede [mm] Máximo Mínimo 10 10.045 9.940 0.6 12 12.045 11.940 0.6 15 15.045 14.940 0.6 18 18.045 17.940 0.7 22 22.055 21.950 0.7 28 28.055 27.950 0.8 35 35.070 34.965 1.0 42 42.070 41.965 1.1 54 54.070 53.840 1.2 179 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ A16 – Perdas de carga localizadas nas tubagens de aço galvanizado [17] 180 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ A17 – Diâmetros das tubagens de multicamada [I38] DN [mm] 16 20 26 32 40 50 63 Espessura [mm] 2.0 2.0 2.0 3.0 3.0 3.0 3.0 3.0 3.5 4.0 4.5 Rolo/Vara Rolo Rolo Rolo Rolo Vara Rolo Rolo Vara Vara Vara Vara 181 Comprimento [m] 100 200 100 50 4 25 50 4 4 4 4 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ A18 – Precipitação média anual em Portugal continental entre 1959/60 e 1990/91 [I62] A19 – Moradia unifamiliar no Porto - reutilização de águas Como exemplo ilustrativo para a consideração da reutilização de águas considerou-se a construção de uma moradia unifamiliar na zona do Porto, constituída por cinco compartimentos de serviço (uma cozinha e quatro instalações sanitárias). Para o referido estudo foram feitas as seguintes considerações relativamente à composição do edifício: 2 A área de captação de águas pluviais é de 100 m ; As perdas devido ao desvio das primeiras águas e a fugas na rede correspondem a 20% do total da água pluvial captada; As perdas associadas à canalização correspondem a 20% do total de água reutilizada; Existe uma boca de rega ou de lavagem na garagem com diâmetro de 15 mm; São utilizados autoclismo de descarga simples com capacidade de 10 l; São utilizados chuveiros com um caudal de 0.15 l/s. 182 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Importa ainda considerar que, apesar de não ser viável, foi considerado um depósito com uma capacidade infinita, já que como os cálculos foram feitos considerando valores diários a dimensão do reservatório não é muito relevante. No estudo foram tidos em conta, de forma representativa, dois períodos distintos de aproveitamento de águas, um período com alguma abundância de chuva, representativo do Inverno e um período de seca respeitante ao Verão. A análise destes dois períodos permite que seja avaliado o processo de aproveitamento de águas nos casos mais extremos que ocorrem ao longo de todo o ano – aproveitamento total das águas pluviais e impossibilidade de aproveitar as mesmas. Importa ainda referir que apesar de se ter considerado o aproveitamento de águas pluviais no período de Inverno, foi tido em conta o valor médio anual de precipitação. Aproveitamento de águas pluviais: O aproveitamento de águas pluviais depende da capitação do local onde é instalada a obra e também da área total de captação. Segundo dados do Instituto de Meteorologia de Portugal [I56], os valores de precipitação média 2 anual da cidade do Porto, entre os anos de 1961 e 1990, foram de 1265 mm/m . Assim sendo, pode observar-se, através do Quadro A19.1, que os ganhos de água inerentes a esta reutilização têm uma grande significância. Quadro A19.1 - Aproveitamento de águas pluviais Área de captação 2 [m ] Precipitação média [mm] 100 1265 Volume total de captação pluvial [l] 126500 Anual Volume subtraído devido a perdas e desvio das primeiras águas [l] 25300 Volume de captação aproveitável [l] 101200 Diário Volume de captação aproveitável [l] 277 Aproveitamento de águas residuais: Foi considerado o aproveitamento das águas residuais provenientes da máquina da roupa (10 l/habitante.dia) e do duche (30 l/habitante.dia – valor estimado tendo em conta a utilização de chuveiros de 0.10 l/s num duche com a duração de 5 min). No Quadro A19.2 estão presentes os volumes de águas, por habitante, que podem ser reutilizados com a aplicação deste sistema. Quadro A19.2 - Aproveitamento de águas residuais Anual Volume total de água passível de reutilização [l] Volume subtraído devido a perdas [l] 14600 2920 183 Volume de reutilização aproveitável [l] 11680 Diário Volume de reutilização aproveitável [l] 32 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ Utilização de dispositivos sustentáveis: No edifício exemplificado foi considerada uma alteração para autoclismos de dupla descarga (3 l e 6 l). Foram também tidos em conta redutores de chuveiro (redução para 0.10 l/s). Nos Quadros A19.3 e A19.4 é possível observar as diferenças entre a utilização deste tipo de autoclismos e de descarga simples (6 l). Os Quadros A19.5 e A19.6 mostram a redução de água que se consegue garantir utilizando chuveiros com um caudal de 0.10 l/s em vez dos 0.15 l/s. Importa referir que foram considerados duches de 5 minutos, resultado da mudança de atitudes dos consumidores (Ponto 7.4.1.4). Quadro A19.3 - Consumos em autoclismos de descarga dupla (3 e 6 l) Nº descargas diárias [3 l] 4 Autoclismo de dupla descarga (3 e 6 l) Nº descargas diárias Consumo Consumo diário [l] [6 l] mensal [l] 1 18 548 Consumo anual [l] 6570 Quadro A19.4 - Consumos em autoclismos de descarga simples (6 l) Nº descargas diárias 5 Autoclismo de descarga simples (10 l) Consumo diário [l] Consumo mensal [l] 50 1521 Consumo anual [l] 18250 Quadro A19.5 - Consumos em chuveiros com caudal de 0.15 l/s Duração do duche [min] 5 Chuveiro com 0.15 l/s de caudal Consumo diário [l] Consumo mensal [l] 45 1369 Consumo anual [l] 16425 Quadro A19.6 - Consumos em chuveiros com caudal de 0.10 l/s Duração do duche [min] 5 Chuveiro com 0.10 l/s de caudal Consumo diário [l] Consumo mensal [l] 30 913 Consumo anual [l] 10950 Mudança de atitude dos consumidores: Uma das medidas mais usadas nesta temática de sustentabilidade é o incentivo à mudança de atitude dos utilizadores. Como referido, existem vários programas, criados por empresas, que visam modificar os hábitos dos consumidores de água, incutindo políticas de poupança, como por exemplo a procura para que os utilizadores tenham o cuidado de fechar bem as torneiras, ou para que tomem um duche mais rápido, entre outras. Esta última medida é facilmente quantificável e, devido à grande parcela que o duche ocupa nos gastos totais de água, tem uma grande importância. No Quadro A19.7 é possível observar a diferença, em termos de gasto de água, que 2 minutos (aproximadamente o tempo que uma pessoa gasta para se ensaboar) a mais na duração de 184 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ um duche podem fazer. O simples gesto de fechar a torneira enquanto nos ensaboamos é uma medida bastante eficaz na redução do consumo. Quadro A19.7 - Diferença de consumos entre um duche de 5 e outro de 7 minutos Caudal chuveiro [l/s] 0.10 Duração do duche [min] 7 5 Consumo diário Consumo mensal Consumo anual [l] [l] [l] 42 1278 15330 30 913 10950 Eliminação das fugas nos aparelhos: Outro tipo de consumo extraordinário está relacionado com as perdas por fugas nos dispositivos. Uma manutenção cuidada permite evitar este tipo de desperdício que, como se verifica no Quadro A19.8, corresponde a uma significativa fatia da factura total de consumo de água. Quadro A19.8 - Perdas por uma fuga de água gota a gota Consumo diário [l] 65 Consumo mensal [l] 1977 Consumo anual [l] 23725 Consumos totais: Contabilizados todos os gastos que estão inerentes às diferentes soluções de poupança de água, importa fazer uma contabilidade final que engloba todas técnicas adoptadas. Considerando que a moradia em questão tem um agregado constituído por 4 pessoas e que cada pessoa tem os hábitos normais de gastos de água (duração do duche, utilização do autoclismo, e dos restantes aparelhos), indicados nos quadros já referidos, pode fazer-se uma análise à poupança de água que seria conseguida caso fossem adoptadas as medidas citadas anteriormente (Quadro A19.9). Foi também considerado que apenas uma torneira apresentava uma fuga gota a gota. Quadro A19.9 - Quantidades de água (l) adquirida diariamente com a aplicação de algumas técnicas economizadoras Período Pluviais Residuais Inverno Verão 277 - 128 Dispositivos Autoclismo de dupla Chuveiro com descarga 0.10 l/s 128 60 Mudança hábitos Fugas 48 65 Analisando o Quadro 7.1 é possível observar que o consumo de água associado à rega no edifício em estudo é de 112 l/dia que, somados aos 72 l/dia necessários para os autoclismos de descarga dupla (Quadro A19.8), perfaz um total de 184 l/dia necessários para estes dois mecanismos. No Inverno este consumo pode ser colmatado simplesmente com o aproveitamento das águas pluviais. Nesta estação poderia ainda ser considerada a utilização das águas residuais em paralelo com as águas pluviais, precavendo assim alguma falha no sistema de aproveitamento de águas da chuva. A água necessária para a máquina da roupa, 185 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ 40 l/dia, pode igualmente ser proveniente do aproveitamento das águas das chuvas. Na situação de Verão é possível cobrir parte dos consumos dos autoclismos e da rega, através da utilização de águas residuais. O abastecimento da máquina da roupa teria de ser feito com recurso à água proveniente da rede pública. A mudança de hábitos dos consumidores, nomeadamente através da utilização de dispositivos com menores caudais, da diminuição da duração dos duches e também da manutenção dos aparelhos permite, neste caso, uma poupança de água de 173 l/dia. Analisando os valores referidos nos parágrafos anteriores, pode verificar-se a eficácia da introdução de políticas de poupança de água, uma vez que estas podem fazer diminuir, no Inverno (considerando que nos dias em que não chove a água aglomerada no reservatório de acumulação de águas pluviais é suficiente para cobrir as exigências, situação que pode não ser viável se o período de seca for mais alargado), o consumo no edifício em cerca de 397 l/dia, o que corresponde a 66% dos 600 l/dia definidos como consumo total. Nos períodos de menor intensidade de chuva, como o Verão, é possível verificar que a adopção de políticas de sustentabilidade permite reduzir em cerca de 50% (301 l/dia) o consumo total do referido edifício, já que não se considera a utilização de águas pluviais. 186 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ A20 – Edifício de uso misto no Seixal – Projecto de águas e incêndios Quadro A20.1 - Dimensionamento da tubagem de água fria Troço F1 F2 F3 F3.1 F3.2 F4 F4.1 F4.2 F5 F5.1 F5.2 F6 F6.1 F6.2 F6.3 F7 F7.1 F7.2 F7.3 Nd Q a Cs Qd DN Di Lhor 76 13.00 0.1155 1.50 63 52.5 10.50 2 0.20 1.0000 0.20 25 18.0 4.50 11 1.80 0.3162 0.57 32 23.2 2.10 3 0.35 0.7071 0.25 20 14.4 5.50 1 0.35 1.0000 0.35 25 18.0 3.00 8 1.45 0.3780 0.55 32 23.2 5.50 1 0.35 1.0000 0.35 25 18.0 5.50 1 0.35 1.0000 0.35 25 18.0 5.50 8 1.45 0.3780 0.55 32 23.2 5.50 1 0.35 1.0000 0.35 25 18.0 5.50 1 0,35 1.0000 0.35 25 18.0 5.50 11 1.80 0.3162 0.57 32 23.2 5.50 4 0.90 0.5774 0.52 25 18.0 5.50 1 0.35 1.0000 0.35 25 18.0 5.50 1 0.35 1.0000 0.35 25 18.0 5.50 11 1.80 0.3162 0.57 32 23.2 5.50 4 0.90 0.5774 0.52 25 18.0 5.50 1 0.35 1.0000 0.35 25 18.0 5.50 3 0.35 0.7071 0.25 20 14.4 5.50 Lvert Ltotal v b J Jt 3.00 13.50 0.69 0.000134 0.0112 0.1821 2.00 6.50 1.39 0.000134 0.1445 1.1271 3.50 5.60 1.35 0.000134 0.0996 0.6696 2.00 7.50 1.52 0.000134 0.2235 2.0114 6.50 9.50 1.38 0.000134 0.1420 1.6190 3.00 8.50 1.30 0.000134 0.0932 0.9511 3.00 8.50 1.38 0.000134 0.1420 1.4485 3.00 8.50 1.38 0.000134 0.1420 1.4485 3.00 8.50 1.30 0.000134 0.0932 0.9511 3.00 8.50 1.38 0.000134 0.1420 1.4485 3.00 8.50 1.38 0.000134 0.1420 1.4485 3.00 8.50 1.35 0.000134 0.0996 1.0163 3.00 8.50 2.04 0.000134 0.2836 2.8924 3.00 8.50 1.38 0.000134 0.1420 1.4485 3.00 8.50 1.38 0.000134 0.1420 1.4485 3.00 8.50 1.35 0.000134 0.0996 1.0163 3.00 8.50 2.04 0.000134 0.2836 2.8924 3.00 8.50 1.38 0.000134 0.1420 1.4485 3.00 8.50 1.52 0.000134 0.2235 2.2796 Quadro A20.2 - Dimensionamento da tubagem do sistema de combate a incêndio Troço SI Dispositivo 2 Carretéis Qa 6 Qd 6 Desenho 1 – Planta do piso -1 Desenho 2 – Planta do piso 0 Desenho 3 – Planta dos pisos 1 e 2 Desenho 4 – Planta do piso recuado Desenho 5 – Planta da cobertura Desenho 6 – Corte 187 D 50 v 1.3 J 0.055 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ A21 - Edifício de armazém no Seixal – Projecto de águas e incêndios Desenho 1 – Planta do piso -1 Desenho 2 – Planta do piso 0 Desenho 3 – Planta da galeria Desenho 4 – Planta da cobertura Desenho 5 – Corte Desenho 6 – Planta de implantação do armazém 188 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ A22 – Escola Secundária Josefa de Óbidos em Lisboa – Projecto de águas e incêndios Desenho 1 – Planta do piso 0 (1/2) Desenho 2 – Planta do piso 0 (2/2) Desenho 3 – Planta do piso 1 (1/2) Desenho 4 – Planta do piso 1 (2/2) Desenho 5 – Planta do piso 2 (1/2) Desenho 6 – Planta do piso 2 (2/2) Desenho 7 – Pormenor da proposta de colocação de carretel (1/2) Desenho 8 – Pormenor da proposta de colocação de carretel (2/2) 189 A23 – Regulamento Geral dos Sistemas Públicos e Prediais de Distribuição de Água e de Drenagem de Águas Residuais (Decreto Regulamentar Nº 23/95) – Título III: Sistemas de distribuição predial de água. Lisboa, 1995 [N12] 190 Sistemas Prediais de Distribuição de Água Fria ____________________________________________________________________________ A24 - Specifications for Installations Inside Buildings Conveying Water for Human Consuption - Part 3: Pipe Sizing - Simplified method (EN 806-3:2006). Bruxelas: CEN, 2006 [N18] 191 A25 - Regime Jurídico da Segurança Contra Incêndios em Edifícios (Decreto-Lei n.º 220/2008). Lisboa, 2008 [N5] 192