3.5 Acessórios Urbanos Os acessórios urbanos, tratados aqui incluem alguns elementos de composição urbana e paisagística que merecem atenção especial por complementar a imagem e a composição espacial da Avenida Brasil. São eles: mobiliário urbano; calçadas; muros e fechamentos; e placas publicitárias. Esses elementos têm importante papel na composição paisagística de qualquer espaço urbano. No caso da Avenida Brasil, os muros e postes de fiação e iluminação foram originalmente objetos de parametrização para implantação por parte da Companhia City, conforme restrições registradas nas escrituras de venda e compra, enquanto os atuais parâmetros de construção de fechos e guaritas e as placas publicitárias e demais elementos de comunicação visual são reflexo direto do processo de mudança do uso residencial para o uso não-residencial que ocorre na Brasil. O mobiliário urbano é bastante heterogêneo e não obedece a nenhum projeto específico. São os mesmo elementos designados para o resto da cidade: abrigos nos pontos de ônibus, postes de sinalização, incluindo dois tipos de placas com os nomes 194 das vias nas esquinas, a sinalização de trânsito e de caminhos, postes de iluminação pública, relógios / termômetros e postes de fiação. Há ainda algumas lixeiras e grades de proteção para árvores. Em relação às lixeiras, quase não há unidades na avenida. Temos dois exemplos, um localizado em frente ao Banco do Brasil na esquina com a Rua México, que é feito de concreto pintado de marrom e tem certamente mais de dez anos (Fig. 3.5.1). O outro fica na esquina da Brasil com a Rua Venezuela, feito de metal (Fig. 3.5.2). Figura 3.5.1 Foto do autor Maio de 2006 Figura 3.5.2 Foto do autor Maio de 2006 195 Os abrigos de ônibus também são da mesma época. São feitos de metal, pintados de prata, com bancos em vermelho e coberturas de polipropileno translúcido. Contam também com placas publicitárias. Estão situados sempre junto aos muros dos edifícios, devido à pequena largura da calçada (Figs. 3.5.3, 3.5.4 e 3.5.5). Figura 3.5.3 Foto do autor Maio de 2006 Figura 3.5.4 Foto do autor Maio de 2006 196 Figura 3.5.5 Foto do autor Maio de 2006 Quanto aos postes, a Brasil padece do mesmo problema que aflige toda a nossa cidade. Há uma proliferação de postes, cada qual com sua função, um ao lado do outro (Figs. 3.5.6). São postes de fiação (elétrica, telefonia e tv a cabo), postes com 197 sinalização de trânsito, postes com as placas dos nomes das ruas, postes com placas indicativas de caminhos, postes com os semáforos e postes com a iluminação de rua. Postes, placas e semáforos acompanham o mesmo padrão existente em toda a cidade (Fig. 3.5.7). Figura 3.5.6 Foto do autor Maio de 2006 Figura 3.5.7 Foto do autor Maio de 2006 198 Toda a fiação elétrica, de telefonia e de tv a cabo é aérea, sustentada por postes de concreto caiados até certa altura (Fig. 3.5.8). Alguns sustentam placas de trânsito também, mas no geral, as placas de trânsito estão em postes próprios (Fig. 3.5.9). Figura 3.5.8 Foto do autor Maio de 2006 Figura 3.5.9 Foto do autor Maio de 2006 199 Na escritura dos terrenos da Brasil e de todo o Jardim América, um dos parâmetros de servidão definia no seu item 9º que Para impedir que os fios para corrente electrica e telephone sejam aéreos, as companhias fornecedoras respectivas poderão installar os seus fios subterraneamente através dos terrenos dentro de 2ms. de qualquer dos limites dos mesmo, ficando obrigatório constituir a respectiva servidão e passagem se for exigida pelas companhias fornecedoras referidas, bem como acceitar ligação subterrânea desses serviços caso sejam requeridos para o prédio e se for adaptado esse systema de fornecimento, correndo por conta dos proprietários ou compradores as despezas dessas ligações" (sic, vide Anexo A). Porém, pelas fotos antigas do bairro podemos ver que nunca se concretizou esse impedimento (Fig. 3.5.10). E hoje, mais ainda, a fiação aérea se apresenta como um emaranhado de fios se cruzando em várias direções (Fig. 3.5.11). E por fim temos os relógios digitais de rua, que também funcionam como termômetros e indicam a temperatura. São do projeto relativamente recente de padronização desses equipamentos na cidade, tendo sido redesenhados e implantados pela mesma empresa concessionária (Fig. 3.5.12). 200 Figura 3.5.10 Av. Brasil 1930 Fonte: (Bacelli, 1982) Figura 3.5.11 Foto do autor Maio de 2006 Figura 3.5.12 Foto do autor Maio de 2006 201 As calçadas da Brasil, assim como o mobiliário urbano, não são padronizadas. Cada proprietário a fez independentemente do vizinho (Figs. 3.5.13 e 3.5.14). São relativamente estreitas, ainda mais de comparadas com as calçadas das outras ruas do bairro, como a Rua Guadalupe (Figs. 3.5.15). Elas comportam o baixo fluxo de pedestres da avenida, mas para os ciclistas ela é um pouco apertada, sendo que a maioria prefere andar de bicicleta pelo leito carroçável (Figs. 3.5.16). Por ser uma importante opção de acesso ao Parque do Ibirapuera, a avenida é bastante freqüentada por ciclistas. A gama de materiais usadas no calçamento do passeio público também é bastante variado: cimentado, blocos de cimentos inter-travados, ladrilho hidráulico, placas cerâmicas, mosaico de pedras portuguesas, placas de granito, pedra paraná e placas cimentícias (Figs. 3.5.17 a 3.5.24). Alguns trechos apresentam uma faixa gramada ou ajardinada junto à guia e uma faixa pavimentada no centro para circulação, elemento característico dos bairros-jardim (Figs. 3.5.25 e 3.5.26). 202 Figura 3.5.13 Foto do autor Maio de 2006 Figura 3.5.14 Foto do autor Maio de 2006 203 Figura 3.5.15 Foto do autor Maio de 2006 Figura 3.5.16 Foto do autor Maio de 2006 204 Figura 3.5.17 Foto do autor Maio de 2006 Figura 3.5.18 Foto do autor Maio de 2006 Figura 3.5.20 Foto do autor Maio de 2006 Figura 3.5.21 Foto do autor Maio de 2006 Figura 3.5.23 Foto do autor Maio de 2006 Figura 3.5.19 Foto do autor Maio de 2006 Figura 3.5.22 Foto do autor Maio de 2006 Figura 3.5.24 Foto do autor Maio de 2006 205 Figura 3.5.26 Foto do autor Maio de 2006 Figura 3.5.25 Foto do autor Maio de 2006 206 No geral, as calçadas estão em bom estado. São poucos os trechos que estão deteriorados, com buracos, rachaduras, desníveis, etc. Para isso contribui tanto o fato da avenida ser plana como a preocupação dos escritórios, lojas e clínicas em manter em boas condições os trechos de calçada em frente a seus estabelecimentos. No trecho entre a Rua Canadá e a Rua Cuba o ladrilho hidráulico está solto. Isso se deve em parte à circunstância do imóvel estar vazio, pois não deve haver manutenção por parte dos proprietários (Fig. 3.5.27). E no trecho próximo à Rua Argentina, as raízes das árvores acabaram por deslocar as placas cimentícias, deixando o piso irregular (Fig. 3.5.28). Figura 3.5.27 Foto do autor Maio de 2006 Figura 3.5.28 Foto do autor Maio de 2006 207 Na planta resultante do levantamento aerofotogramétrico da empresa SARA Brasil, de 1930, realizado em escala mais abrangente, não aparecem as calçadas nem os canteiros centrais. Mas há uma parte da avenida que consta do levantamento mais aproximado, em escala 1:1.000, realizado na mesma ocasião, no qual podemos ver que a calçada então existente no lado Norte (sentido Pinheiros) era mais estreita que a da Rua Canadá, e que não havia ainda sido implantado o canteiro central. Já no lado Sul da avenida (sentido Ibirapuera), ainda havia a calçada mais larga, com um "dente" facilitando a curva do veículos nas esquinas, semelhante ao desenho que até hoje sobrevive nas demais ruas do bairro (Fig. 3.5.29). Figura 3.5.29 Sara Brasil 1930 Fonte: SEMPLA 208 Outro fantasma que assombra as calçadas são os postes. Como visto acima, há muitos postes, muito próximos uns dos outros, cada um com uma função. Isso, juntamente com estruturas de metal que protegem árvores mirradas, acabam por atravancar o caminho, dificultando a circulação de pedestres e ciclistas, isso sem falar em cadeirantes e pessoas com dificuldade de locomoção (Figs. 3.5.30 e 3.5.31). Figura 3.5.30 Foto do autor Maio de 2006 Figura 3.5.31 Foto do autor Maio de 2006 209 Os muros e fechamentos também foram objeto de padronização pela Companhia City. No item 5º das restrições de escritura, definia-se que Os fechos da rua, se forem construídos serão de cerca aberta sobre muro baixo, na qual poderão ser plantadas sebes-vivas cuja altura total não exceda a um metro e cincoenta occupando... (sic, vide Anexo A). Tal recurso visava obter uma certa continuidade visual entre os espaços livres públicos e privados, reforçada pela presença de vegetação abundante em ambos. Idealmente criaria-se a impressão, no bairro, de se estar em meio a um grande parque pontuado por residências. Não obstante, nas divisas laterais e nos fundos já poderiam ser construídos muros de alvenaria com até dois metros de altura. Hoje ainda há algumas casas que conservam essas cercas abertas sobre muro baixo, às vezes com balaústres sobre o muro (Figs. 3.5.32 e 3.5.33). Uma em especial, parece uma construção bastante recente e que mantém esse tipo de fechamento mesmo que com linguagem mais moderna (Figs. 3.5.34 e 3.5.35). É bastante recorrente também os fechamentos que seguem esse padrão de cerca aberta sobre muro baixo, porém com mais de um metro e meio de altura total (Figs. 3.5.36 e 3.5.37). Há casos em que cerca viva acaba por bloquear a visão, além de passar de um metro e meio de altura (Fig. 210 3.5.38). Porém apenas dois edifícios têm muros altos e totalmente fechado, é o caso do imóvel vago entre a rua Canadá e a Rua Cuba e o outro na esquina com a Rua México (Figs. 3.5.39 e 3.5.40). Figura 3.5.32 Foto do autor Maio de 2006 Figura 3.5.33 Foto do autor Maio de 2006 211 Figura 3.5.34 Foto do autor Maio de 2006 Figura 3.5.35 Foto do autor Maio de 2006 212 Figura 3.5.36 Foto do autor Maio de 2006 Figura 3.5.37 Foto do autor Maio de 2006 213 Figura 3.5.38 Foto do autor Maio de 2006 214 Figura 3.5.39 Foto do autor Maio de 2006 Figura 3.5.40 Foto do autor Maio de 2006 Assim, grande parte dos imóveis atualmente não apresenta, no alinhamento de frente para a Avenida Brasil, os muros altos ou as grades cerradas que hoje marcam negativamente a paisagem residencial paulistana. Como vimos, isso se deve ou à manutenção dos antigos fechos mais baixos, ou à localização de amplas áreas de estacionamento em frente aos edifícios (Figs. 3.5.41 e 3.5.42), salvo por raras exceções 215 (Figs. 3.5.39 e 3.5.40). Nos casos em que há preocupação em manter certa massa vegetal, os resultados podem ser bastante razoáveis; dessa maneira, paradoxalmente, o uso comercial e de serviços poderia favorecer a recuperação do efeito paisagístico antes buscado no bairro residencial. Figura 3.5.41 Foto do autor Maio de 2006 Figura 3.5.42 Foto do autor Maio de 2006 216 Outra característica recorrente é que alguns imóveis não possuem fechamento, mas têm o recuo frontal aterrado, com cota acima do nível da calçada, sem a rampa definida na escritura de servidão no item 1º letra b ...a frente do terreno terá uma rampa máxima de um para seis em linha recta ou quebrada, a contar de trinta centímetros acima do nível do alinhamento da rua (sic) (vide Anexo A) (Fig. 3.5.43). Figura 3.5.43 Foto do autor Maio de 2006 217 No que diz respeito à comunicação visual das empresas e lojas, as placas publicitárias que se multiplicaram a partir da transformação da Avenida Brasil em corredor de serviços hoje não seguem uma padronização. Há vários tipos de placas e anúncios. Os mais discretos, que ocupam uma pequena parte da fachada, ou simplesmente discretos totens em frente ao imóvel (Figs. 3.5.44 a 3.5.47). Muitas empresas usam a fachada para a colocação simultânea de várias placas e anúncios, aleatoriamente, no conceito de quanto mais melhor. Há até mesmo placas funcionando como outdoors (Figs. 3.5.48 a 3.5.50). E na Praça das Américas há duas placas que indicam a empresa responsável pela manutenção do local (Fig. 3.5.51). 218 Figura 3.5.44 Foto do autor Maio de 2006 Figura 3.5.45 Foto do autor Maio de 2006 219 Figura 3.5.47 Foto do autor Maio de 2006 Figura 3.5.46 Foto do autor Maio de 2006 220 Figura 3.5.48 Foto do autor Maio de 2006 Figura 3.5.49 Foto do autor Maio de 2006 221 Figura 3.5.51 Foto do autor Maio de 2006 Figura 3.5.50 Foto do autor Maio de 2006 222