França-Flash CENDOTEC número 19 abr-mai-jun 1999 http://eu.ansp.br/~cendotec http://www.cendotec.com.br Sumário COOPERAÇÃO COOPERAÇÃO ♦ Claude Allègre reativa a cooperação universitária e científica entre a França e o Brasil 1 ♦ Acordo de Cooperação INSERM-FAPESP 1999-2000 2 ♦ Cooperação franco-brasileira em territórios de pesca inexplorados 3 ♦ Instalação do Conselho Científico da ação “VIHPAL” ♦ Diploma de Direito francês e Direito europeu 3 4 ♦ Michel Bernat, Adido para Ciência e Tecnologia na Embaixada da França no Brasil 4 PESQUISA ♦ Minhocas tão destrutivas quanto um buldôzer 5 ♦ Segurança máxima para o novo laboratório francês de microbiologia 6 ♦ A França na conquista de Marte 7 ENTREVISTA ♦ Jean-Claude Kaplan – Genômica: imensas perspectivas, mas com cautela 8 OPINIÃO ♦ A cooperação em ciências de gestão entre o PPGA-UFRGS e ESA-UPMF: considerações 9 EVENTOS 10 BREVES 11 CLAUDE ALLÈGRE REATIVA A COOPERAÇÃO UNIVERSITÁRIA E CIENTÍFICA ENTRE A FRANÇA E O BRASIL e ntre 16 e 21 de abril de 1999, o ministro francês da Educação, Ciência e Tecnologia, Claude Allègre, efetuou uma missão no Brasil. Seu itinerário teve início em São Paulo, prosseguiu com uma visita a Campinas e em seguida a delegação dirigiu-se para Manaus, Brasília e Rio de Janeiro. No estado de São Paulo, o ministro começou sua missão inaugurando na Escola Politécnica da USP o Salão Edufrance, com a presença do reitor Jacques Marcovitch. Esse salão de promoção sobre os estudos na França reuniu 21 expositores franceses (universidades, escolas de nível superior) e expositores locais (Aliança Francesa, departamento de francês da USP, Câmara de Comércio França-Brasil, SENAC e outros). O salão recebeu em dois dias 1.500 visitantes. Em seguida o ministro pronunciou na Escola Politécnica uma conferência sobre o tema “Formação da Terra”, diante de um público numeroso. A jornada em São Paulo encerrou-se com um encontro-debate na FIESP, sobre o tema “Ensino Tecnológico”, com a participação do ministro Bresser Pereira e do secretário de estado José Aníbal. A jornada seguinte aconteceu na região de Campinas, onde o ministro se encontrou com a diretoria da UNICAMP e vários professores, participou de um almoço oferecido pelo reitor Hermano Tavares e visitou o Laboratório Nacional de Luz Sincrotron. O restante da permanência de Claude Allègre foi dedicado à Amazônia (onde o ministro passou dois dias com pesquisadores do IRD - Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento e do CIRAD - Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento), a contatos políticos em Brasília e a conversas no Rio de Janeiro com reitores das universidades cariocas. No decorrer dessa visita registraram-se vários resultados positivos em termos de cooperação universitária e científica. A partir da esquerda: Philippe Lecourtier, Embaixador da França, o ministro Claude Allègre, Hermano Tavares, reitor da UNICAMP e Manoel dos Santos, reitor da UNESP França-Flash 19 Antoninho M. Perri © UNICAMP CADERNO Empresas-Tecnologia de Ponta ISSN 1516-6880 Cooperação Pesquisa 1 FAPESP ASSINA ACORDO COM INSTITUIÇÕES DE PESQUISA DA FRANÇA A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) firmou acordos de cooperação em pesquisa científica com o Comitê Francês de Avaliação da Cooperação Universitária com o Brasil (COFECUB) e com o Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (CIRAD). O primeiro prevê a participação de doutores franceses em projetos financiados pela Fundação e o segundo o intercâmbio de pesquisadores, realização de projetos, eventos científicos e a difusão de métodos e técnicas desenvolvidas em conjunto. A assinatura aconteceu durante visita a São Paulo do ministro da Educação Nacional, Pesquisa e Tecnologia da França, Claude Allègre, em 16 de abril. FAPESP interessados em receber bolsistas para pós-doutoramento em São Paulo. A preferência será dada a candidatos que tenham concluído o doutorado até cinco anos antes da solicitação da bolsa. Para as pesquisas na área de agronomia, tanto o CIRAD como a FAPESP poderão convidar outras instituições de cooperação técnica ou de apoio científico, comunidades científicas, acadêmicas ou comerciais para participar das iniciativas previstas. Contato Gerência de Comunicação da FAPESP Tel.: (011) 838-4151/4008/4116 Fax: (011) 838-4117 E-mail: [email protected] O COFECUB divulgará, junto a universidades e instituições de pesquisa franceses, a relação de coordenadores de projetos financiados pela Em primeiro lugar, no dia anterior à chegada de Claude Allègre realizou-se no Rio de Janeiro a celebração dos vinte anos do acordo CAPES/COFECUB, complementado a partir de 1995 pelo acordo USP/COFECUB. No total, hoje estão em andamento 142 projetos de pesquisa. Nessa oportunidade, vários acordos de cooperação foram assinados por instituições francesas e brasileiras: entre a Fundação Nacional de Ciências Políticas (Fondation Nationale des Sciences Politiques) e a USP (Departamento de Relações Internacionais); entre a Fundação Nacional de Ciências Políticas e a FIESP (Instituto Roberto Simonsen); entre a FAPESP e o COFECUB para facilitar a vinda de jovens pesquisadores franceses, dentro dos programas temáticos da FAPESP; entre a FAPESP e o CIRAD para participação desse organismo num projeto de combate ao cancro cítrico. Além disso, o ministro Claude Allègre e o ministro da Educação Paulo Renato Souza assinaram várias declarações: para favorecer os intercâmbios ACORDO DE COOPERAÇÃO INSERMFAPESP 1999-2000 o Grupo de Imunogenética Molecular, situado no Depto. de Genética da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP) iniciou neste ano de 99 uma pesquisa em conjunto com o Centre d’Immunologie Marseille-Luminy (INSERM-CNRS), Equipe TAGC (Dr. Bertrand Jordan). Essa Agência FAPESP no âmbito da formação de professores e da educação escolar; sobre o ensino a distância e o uso de novas técnicas na educação; sobre a formação integrada (a formação feita no exterior é levada em conta para obtenção do diploma, como no projeto “Graduação Sanduíche em Áreas Tecnológicas) e finalmente sobre a intensificação da pesquisa em matéria de meio ambiente (com os Ministérios do Meio Ambiente e da Ciência e Tecnologia). Essa visita motivou acolhidas sempre calorosas das grandes instituições brasileiras, tanto no almoço oferecido pelo reitor Jacques Marcovitch como na recepção organizada pelo reitor Hermano Tavares ou no almoço na Universidade Cândido Mendes. O ministro mostrou-se globalmente satisfeito com a cooperação existente entre os dois países. Expressou porém o desejo de que se intensifiquem os programas de pesquisa aplicada e que a cooperação existente seja mais bem valorizada, talvez por agrupamentos temáticos, para interligar melhor os projetos e criar verdadeiras redes. M. L. pesquisa versa sobre a medida da expressão gênica em larga escala pela tecnologia dos macroarrays, microarrays e sondas complexas de cDNAs. Estamos analisando os níveis de expressão de uma constelação de genes durante o desenvolvimento do sistema imunológico do camundongo. O projeto de cooperação está sendo finan- Contacto Prof. Dr. Geraldo A.S. Passos Jr. Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/USP Depto. de Genética Tel.: (016) 602-3030 - Fax (016) 633-0069 E-mail: [email protected] Da esquerda para a direita: Geneviève Victorero, Corine Bernard, Bertrand Jordan, Geraldo Passos e Alice Carrier 2 ciado conjuntamente pelo INSERM (França) e FAPESP (Brasil) e prevê estágios para pesquisadores de nosso Grupo em Marseille e a vinda de pesquisadores da Equipe TAGC para o nosso Laboratório em Ribeirão Preto, quando inclusive ministrarão cursos sobre alta tecnologia na análise da expressão do genoma. Somente quatro Laboratórios no Estado de São Paulo foram selecionados para participar, dentre os quais um é o nosso, aqui em Ribeirão Preto. Geraldo Passos França-Flash 19 COOPERAÇÃO FRANCO-BRASILEIRA EM TERRITÓRIOS DE PESCA INEXPLORADOS INSTALAÇÃO DO CONSELHO CIENTÍFICO DA AÇÃO COORDENADA INCITATIVA: “VIHPAL” Por ocasião da assinatura do contrato entre o IFREMER (Instituto Francês de Pesquisa para Exploração do Mar), a companhia Bahia Pesca e a administração brasileira (Marinha e Pesca), foram programadas duas campanhas de pesquisa haliêutica a bordo do navio Thalassa, do IFREMER. Serão prospectadas águas brasileiras, mais precisamente a zona econômica exclusiva (ZEE) dos estados de Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro. O projeto situase no contexto do programa nacional brasileiro “Recursos Vivos da Zona Econômica Exclusiva” (REVIZEE). A primeira campanha abrange as espécies de pequenos peixes pelágicos (que vivem na massa de água não contínua ao fundo), como a anchova, a sardinha, etc; já a segunda, programada para o segundo trimestre do ano 2000, será voltada para os recursos demersais (espécies do fundo). Ambas têm como objetivo inventariar e avaliar os recursos haliêuticos da região. A campanha Bahia/1 teve início em 25 de maio, a partir do porto de Salvador, devendo encerrar-se em 9 de julho no mesmo local. A bordo do Thalassa estão 25 cientistas (brasileiros, entre os quais o chefe da missão, e biólogos de pesca do IFREMER). A estimativa do potencial de captura de pequenos peixes pelágicos será feita pelo método de eco-integração, combinada com operações de arrasto para identificação das espécies. Também se realizarão estações hidrológicas e planctônicas a fim de estudar as condições ambientais em relação com a distribuição e a abundância das espécies. Para todos os cientistas a bordo, um ponto de especial interesse dessas campanhas é seu cunho exploratório numa zona praticamente virgem. De fato, fora das águas territoriais (limitadas a 12 milhas marítimas da costa), essa área nunca foi objeto de uma prospecção haliêutica e atualmente não se sabe com precisão quais espécies ali vivem nem em qual quantidade. Ademais, esse contrato com parceiros sul-americanos constitui uma oportunidade para demonstrar in loco as tecnologias de ponta e os métodos franceses em pesquisa haliêutica. HIV / AIDS e malária nos países em desenvolvimento Claude Allègre, ministro da Educação, Ciência e Tecnologia da França, instalou em 4 de junho de 1999 o Conselho Científico da ação “VIHPAL”, na presença de Charles Josselin, ministro delegado para a cooperação e a francofonia, e de Bernard Kouchner, secretário de Estado para a saúde e a ação social. Essa ação de pesquisa insere-se na intenção de fortalecer a cooperação entre a França e a África subsahariana, o sudeste asiático e a América Latina, apoiandose em programas de pesquisa que atendam às necessidades e às demandas de saúde pública dessas regiões. Tem como finalidade confederar as qualificações, auxiliar as equipes dos países em questão a se tornarem operacionais e oferecer soluções terapêuticas eficazes, adaptadas e sustentadas. Os projetos serão executados em associação entre os pesquisadores franceses (ANRS Associação Nacional de Pesquisas sobre Aids, CNRS Centro Nacional de Pesquisa Científica, INSERM Instituto Nacional de Saúde e de Pesquisa Médica, Instituto Pasteur, IRD - Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento, serviço de saúde das forças armadas, universidades e laboratórios privados) e os pesquisadores dos países envolvidos. O orçamento destinado a essa Ação Coordenada Incitativa é de 30 milhões de francos por ano. Os créditos vêm somar-se aos 15 milhões anuais que o ANRS já destina às suas pesquisas nos países em desenvolvimento. O Conselho Científico, que abrange representantes dos países do Sul, é presidido por André Capron, diretor do Instituto Pasteur de Lille. O diretor da ação coordenada incitativa da Direção da Pesquisa é France Agid, diretor de pesquisa no INSERM. Foram lançados dois editais para propostas: um sobre a infecção pelo HIV, suas conseqüências, a prevenção da transmissão e o tratamento; e o outro sobre a malária. Contacto imprensa Dr. Frédéric Sagot Embaixada da França E-mail: frédé[email protected] ERRAMOS Contato IFREMER/Sète Jean Marin Tel.: (4) 67.46.78.03 Comunicado IFREMER nº 52 Bahia Pesca IFREMER/Issy-les-Moulineaux Ramiro Gonzales Tel.: (1) 46.48.21.75 França-Flash 19 No França-Flash nº 18, no artigo: DENGUE: UMA DOENÇA VIRAL JÁ ENDÊMICA NO BRASIL, no subtítulo “A instalação do vírus da dengue em uma aglomeração urbana”, linha 8, considerar 10°C no lugar de 100°C; no subtítulo “A endemização da doença”, linha 22, 33°C no lugar de 330°C. 3 MICHEL BERNAT, ADIDO PARA CIÊNCIA E TECNOLOGIA NA EMBAIXADA DA FRANÇA NO BRASIL DIPLOMA DE DIREITO FRANCÊS E DIREITO EUROPEU Michel Bernat é professor na Universidade de Nice e diretor de pesquisa de primeira classe no CNRS (Centro Nacional de Pesquisa Científica). Especialista em geoquímica, diretor do departamento de geociências da Universidade de Nice, ele conhece bem o Brasil, onde trabalhou durante vários anos com o professor Cordani no Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo. Também dirigiu diversos programas de pesquisa, no contexto PICS – Programas Internacionais de Cooperação Científica (CNRS) – e CAPES/COFECUB com a Universidade de Niterói e a Universidade Federal de Salvador. Sua experiência internacional estende-se também ao sudeste asiático, onde realizou várias missões científicas. Michel Bernat começou recentemente a trabalhar na Embaixada da França em Brasília, supervisionando no Brasil todos os projetos de cooperação científicos, técnicos e universitários apoiados pelo Ministério das Relações Exteriores. Decide sobre os auxílios fornecidos aos grandes programas de cooperação executados no Brasil (Programa Pesquisa-Indústria, Graduação Sanduíche, CAPES/ COFECUB, USP/COFECUB, etc), bem como sobre eventuais auxílios mais específicos. A Casa Internacional da Universidade de Paris I, sede do LL.M. A Universidade de Paris I Panthéon-Sorbonne acaba de criar um novo diploma de terceiro ciclo (LL.M. de Droit Français et de Droit Européen) para estudantes estrangeiros — profissionais e estudantes titulares de um diploma de direito. O objetivo desse diploma é permitir aos participantes adquirir um conhecimento geral do direito francês e de todo o direito europeu através de cursos teóricos e estágios nas principais profissões jurídicas. Trata-se do primeiro diploma francês organizado em um ano universitário especialmente concebido para a formação intensiva de juristas estrangeiros. A preparação do diploma está aberta, a cada ano, a cerca de trinta juristas selecionados através de dossiês de candidatura. Informações Chantal Bernard - Service des relations internationales de l’Université Paris I Panthéon-Sorbonne 12, place du Panthéon - 75231 Paris Cedex 05 Tel.: (1) 46.34.97.73 - Fax: (1) 46.34.20.56 E-mail: [email protected] http://www.univ-paris1.fr Contato Embaixada da França em Brasília S.E.S. Avenida das Nações Lote 4 - 70404-900 Brasília - DF Tel.: (061) 312-9100 - Fax: (061) 312-9202 E-mail: [email protected] Exposições na Pinacoteca do Estado VIVER Fotografias, fotopinturas e pinturas de François-Marie Banier FÉLIX NADAR Retratos do Século XIX – Coleção Carlos Leal Gaspard-Félix Tournanchon — ou simplesmente Nadar — além de ser uma figura fundamental da fotografia francesa, é uma inspiração constante no trabalho de Banier. A exposição compõe-se de 90 fotos de personalidades incluindo D. Pedro II, Santos Dumont, Charles Baudelaire, Emile Zola e Victor Hugo. “Pinto à beira da morte. Como que forçado por outra coisa. Uma pressão. Uma pulsão. Como uma urgência que não domino, nem controlo. É quando vem a idéia, a reflexão, que a tela está pronta”, assim se define François-Marie Banier. de 16 de junho a 1º de agosto, de terça a domingo, 10h - 18h de 23 de junho a 1º de agosto, de terça a domingo, 10h - 18h Praça da Luz, 2 – São Paulo SP – Tel.: (011) 229-9844 4 França-Flash 19 PESQUISA MINHOCAS TÃO DESTRUTIVAS QUANTO UM BULDÔZER Na Amazônia central, a floresta é queimada para dar espaço a pastagens. Essa transformação, que altera profundamente a estrutura física dos solos, provoca um considerável empobrecimento da biodiversidade, sobretudo da fauna do solo. Em artigo publicado na revista Nature, pesquisadores do IRD (Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento, ex-ORSTOM) mostram que a criação de pastagens no meio amazônico causa um desequilíbrio do ecossistema, propiciando a proliferação de uma minhoca exótica (Pontoscolex corethurus). Compactando os solos, ela faz estragos comparáveis aos dos buldôzeres ocasionalmente utilizados no desmatamento. a transformação da floresta tropical úmida em pastagens modifica profundamente a estrutura física dos solos, devido a um efeito de compactação. Essa compactação que asfixia os solos geralmente é atribuída ao impacto das pesadas máquinas usadas para desmatar e criar as pastagens, bem como ao pisoteamento pelos rebanhos. Segundo um estudo feito por pesquisadores do Laboratório de Ecologia dos Solos Tropicais, do centro IRD de Ile-de-France, em colaboração com o INPA-Ecologia (Manaus), nos arredores de Manaus a compactação é agravada por um agente muito insidioso: a minhoca Pontoscolex corethurus. Na esteira do desequilíbrio ecológico criado pelo desmatamento, essa espécie começou a proliferar em algumas extensões de campos. O desmatamento e a criação de pas- Valetas antierosivas dispostas entre as fileiras de arbustos. Os pesquisadores enchem essas valetas com resíduos orgânicos diversos e nelas inoculam as minhocas. Patrick Lavelle © Orstom Pontoscolex corethrurus Mull: espécie com disseminação pantropical, comum em todos os meios antropogênicos quando a pluviosidade ultrapassa 1.300 mm. Colonizador agressivo de demografia hiperativa, partenogenética. Em certos casos, seu excesso de atividade pode degradar os solos (compactação severa, observada nos solos muito argilosos da Amazônia). tagens nessa região amazônica contribuíram para uma importante redução (cerca de 70%) da diversidade da macrofauna original (minhocas, cupins, formigas): enquanto os solos florestais apresentavam 160 espécies diferentes de macroinvertebrados, atualmente há nos campos apenas cerca de 30 espécies. Aproveitando os nichos ecológicos abandonados pelas espécies desaparecidas, a Pontoscolex corethurus invadiu as pastagens, atingindo uma densidade de 400 indivíduos por metro quadrado. Em dois anos, com o acúmulo de seus dejetos, essas minhocas – que constituem agora cerca de 90% da biomassa de invertebrados presentes nos solos – contribuíram para a formação de uma crosta extremamente compacta de 5 cm de espessura na superfície do solo. Esse efeito de compactação, que se traduz por uma intensa redução da porosidade do solo (volume dos poros: 2,7 cm3/100 g, contra 21,6 cm3/100 g na floresta), mostra-se tão importante quanto o que poderia ser provocado por uma compressão mecânica (2,6 cm3/100 g) como a de um buldôzer, por exemplo. É a primeira vez que uma proliferação de minhocas provoca tais efeitos no solo. Os estragos causados pela multiplicação descontrolada de Pontoscolex corethurus não param aí. A crosta criada por seus dejetos impede que a água se infiltre; o capim dos campos murcha e aparecem porções de terra nua. Ademais, essa capa compacta, impedindo a evapo- França-Flash 19 ração da água existente nas camadas profundas, cria uma saturação hídrica até três metros de profundidade, alterando grandemente os solos. Por fim, tudo indica que o desaparecimento do oxigênio nos solos, provocado pela saturação hídrica, poderia impedir a absorção do metano produzido pela decomposição da matéria orgânica. Este seria então lançado de volta na atmosfera. Os pesquisadores do Laboratório de Ecologia dos Solos Tropicais estão prosseguindo seus trabalhos para compreender melhor a inusitada liberação de metano observada nessas extensões de pastagem. No estado atual dos conhecimentos, apenas um reflorestamento, pelo menos parcial, poderia minorar os efeitos da proliferação da Pontoscolex corethurus. De fato, segundo os resultados apresentados recentemente numa tese, os estragos parecem ser reversíveis em pouco tempo (cerca de um ano) se houver uma fauna de espécies florestais bastante diversificadas. Contato Armand Chauvel ou Patrick Lavelle Laboratoire d’écologie des sols tropicaux Centre IRD Ile-de-France - 93143 Bondy Tel.: (1) 48.02.55.01 ou (1) 48.03.75.36 Fax: (1).48.47.30.88 E-mail: [email protected] Fiche d’actualité scientifique IRD nº 85 5 Assentado sobre grandes pilares de concreto, o paralelepípedo de vidro que prolonga o laboratório Mérieux abriga uma estrutura única na Europa, inaugurada recentemente por Jacques Chirac. Trata-se do primeiro laboratório P4 – ou seja, no jargão dos pesquisadores em microbiologia, “patogênico 4”, um termo que designa o nível de confinamento máximo, necessário para se estudar as bactérias e os vírus mais perigosos do mundo. Dirigido por Susan Fischer-Hoch, uma especialista britânica em vírus africanos, o novo laboratório terá como principal objetivo desenvolver testes e vacinas contra essas novas doenças. Paralelamente, receberá e formará pesquisadores originários das regiões endêmicas. a Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica em níveis 1 a 4 os laboratórios, em função da patogenicidade dos microorganismos que neles são manipulados. Assim, o nível 1 corresponde a uma bancada sem proteção. O nível 2 requer o uso de roupas protetoras e um equipamento de remoção de aerossóis, como por exemplo uma coifa exaustora ou de fluxo laminar. Já os laboratórios de nível 3, onde os pesquisadores podem manipular organismos muito perigosos (HIV, tuberculose, hepatite C, etc.), são recintos confinados nos quais tanto o fluxo de ar como o acesso são controlados. Por fim, nos laboratórios de nível 4, em que se estudam organismos perigosos e pouco conhecidos, os pesquisadores trabalham equipados com macacões especiais, o ar é filtrado e o acesso compreende passagem por uma câmara de ligação e ducha obrigatória. Além do novo laboratório de Lyon, há hoje no mundo apenas três outros laboratórios P4. O primeiro está instalado no 6 ©Fondation Marcel Mérieux SEGURANÇA MÁXIMA PARA O NOVO LABORATÓRIO FRANCÊS DE MICROBIOLOGIA famoso Centro de Controle de Doenças (CDC) de Atlanta, nos Estados Unidos. O segundo é o do USAMRIID, o centro de pesquisa médica do exército americano, instalado em Fort Detrick. O terceiro fica em Johannesburg, na África do Sul. Além deles, na ex-União Soviética existem outras estruturas, aparentemente mais antigas, e três outros laboratórios foram construídos no Japão, na Austrália e na Alemanha; entretanto, na opinião dos especialistas, nenhum desses é um autêntico P4. Em contrapartida, é possível que haja pelo mundo outros verdadeiros P4 executando pesquisas num contexto militar. RESISTIR A TODOS OS ACIDENTES POTENCIAIS Enquanto os laboratórios P4 construídos até agora parecem verdadeiras fortalezas de concreto, o de Lyon é totalmente o oposto. Trata-se de um edifício gracioso, transparente, construído sobre pilotis. Isso não o impede de atender a todas as normas em vigor. Assim, os pilares de sustentação estão fixados no solo em uma laje parassísmica; a estrutura foi planejada para resistir a abalos sísmicos de nível cinco. Os próprios pilares podem suportar qualquer choque, como por exemplo o impacto de um veículo. Os vidros blindados que constituem o edifício resistem a balas que poderiam vir de fora, como num improvável ataque terrorista. Os do interior também são blindados. Na verdade, o laboratório foi projetado segundo o princípio da caixa hermética colocada dentro de outra caixa. Os materiais utilizados são de solidez e imper- França-Flash 19 meabilidade a toda prova. Além disso, a “caixa” interna sofre uma pressão negativa, uma queda de pressão de -10 a -70 pascals, o que significa que o ar entra mas não sai. Também no caso totalmente hipotético de um risco de vazamento, o ar não será lançado para fora e sim aspirado para o interior. Séries de filtros extremamente densos, cujos poros medem 0,2 mícron de diâmetro, impedem a penetração de microorganismos, mesmo do tamanho de um vírus. Os efluentes líquidos recebem adição de um desinfetante muito poderoso e depois são superaquecidos a 128 ºC durante uma hora (basta um aquecimento a 60 ºC durante 30 minutos para destruir qualquer vírus). Além disso, toda matéria sólida é desinfetada e esterilizada em autoclave. 522 PONTOS SOB VIGILÂNCIA Tudo que chega ou sai é submetido a um protocolo estrito. Cada pesquisador que entra em um dos dois laboratórios de 65 m2 desse P4 começa por se despir totalmente, depois veste roupas de baixo especiais e um escafandro; finalmente, passa por uma ducha descontaminante. Nessa cabina, como em todo o laboratório, os materiais têm espessura dupla, para compensar eventuais falhas. Um tubo liga cada pesquisador ao sistema de ar. Quando encerram o trabalho, antes de sair eles têm de passar novamente pela ducha, expondose durante quatro minutos a doze bocais que lançam sobre seu escafandro jatos de um líquido desinfetante trinta vezes mais potente que o recomendado pelas normas. Após dois minutos de lavagem intensiva, podem finalmente livrar-se dos trajes especiais e tomar outra ducha antes de vestirem suas próprias roupas. No caso de alguma pane perturbar o funcionamento normal do laboratório, dois grupos de geradores estão a postos para funcionar durante 24 horas se o corte de energia elétrica durar mais de seis segundos. Além disso, conversores podem alimentar cada uma das funções vitais do laboratório, assegurando-lhes uma hora de autonomia suplementar. Se houver uma pane no sistema de ar respirável, os pesquisadores dispõem de dez minutos para empreender o processo de descontaminação e evacuar o local. Ao todo há no edifício 522 pontos de vigilância e 72 alarmes operacionais. UM VERDADEIRO CENTRO EUROPEU DE DOENÇAS INFECCIOSAS As pesquisas abrangerão muitas doenças infecciosas. Além do Ebola, serão estudados o vírus de Lassa, que grassa na África ocidental, atingindo anualmente cerca de 100.000 pessoas, com uma taxa de mortalidade de 2%; o Hanta, cujas cepas européias, ao contrário das americanas, não são perigosas; e outros mais. As experiências serão feitas em primatas. O laboratório de Lyon já constitui um trunfo de capital importância não só para a França como para toda a Europa. Como maior laboratório de nível 4 do continente, ele vem antecipar a nova geração de P4 que deverá estabelecer a liderança européia na pesquisa sobre febres hemorrágicas e sobre todos os novos agentes infecciosos extremamente virulentos. “Se durante os próximos cinco anos conseguirmos produzir uma vacina, realizar diagnósticos e obter novos dados em imunolologia, teremos criado um verdadeiro centro europeu de doenças infecciosas”, declara confiante Susan Fischer-Hoch. Contato Fondation Marcel Mérieux Tel.: (4) 72.40.79.71 - Fax: (4) 72.40.79.50 Technologies ‘France” nº 51 © CNES A FRANÇA NA CONQUISTA DE MARTE Em 2005, um foguete Ariane-5 levará para Marte um engenho espacial francês encarregado de trazer para a Terra as primeiras pedras já extraídas do planeta vermelho. o planeta Marte é o novo alvo da conquista espacial. Antes de pensar na primeira passada do homem no planeta vermelho (não antes de uns bons 30 anos), os projetos de exploração robotizada aceleram-se e internacionalizam-se. Enquanto o projeto Apolo era apanágio apenas dos americanos, os europeus e especialmente a França engajam-se resolutamente na aventura marciana: o CNES (Centro Nacional de Estudos Espaciais) anuncia a assinatura de um contrato de cooperação direta com a NASA. A participação francesa, num montante de 2,5 bilhões de francos (381 milhões de euros), representa a terça parte do total da missão Mars 05 Sample Return, uma das mais complexas da história espacial. A partida da sonda desenvolvida pelo CNES está prevista para julho de 2005. Será lançada pelo caçula dos foguetes europeus, o Ariane-5, cuja qualificação foi O orbitador a caminho de Marte adquirida em outubro de 1998. O módulo espacial, composto de um orbitador e de uma pequena cápsula de reentrada na atmosfera, chegará a Marte em agosto de 2006, após um périplo de várias centenas de milhões de quilômetros. O orbitador também levará em seu “paiol” o Netlander (de Network Lander), uma rede de quatro pequenas estações de medição com 50 kg cada, que será liberada na atmosfera de Marte. Foram elaboradas pelo CNES com intensa participação européia, sobretudo alemã e finlandesa; efetuarão experiências geoquímicas e geofísicas durante um ano marciano (cerca de dois anos terrestres). O objetivo é estudar a estrutura interna profunda de Marte, localizar eventuais reservatórios de água ou de gelo e efetuar medições atmosféricas. Antes disso, os robôs americanos da NASA, lançados em 2003, terão coletado várias centenas de gramas de amostras de solos marcianos, acomodando-as em seguida num contêiner estanque que terão colocado num pequeno foguete com a potência exata para enviá-lo à órbita baixa, a cerca de 300 km da superfície de Marte. Depois de liberar os quatro Netlander, o módulo espacial francês partirá em busca dessa esfera metálica de 20 cm de diâmetro, França-Flash 19 que para ser localizada emitirá ondas de rádio e depois um clarão luminoso. A abordagem final será feita por guidagem laser. O encontro e a transferência das amostras constituirão etapas cruciais da missão. Com um pouco de sorte, o orbitador poderá também trazer também o contêiner de amostras da missão 2005. Uma vez recuperadas todas as pedras, o orbitador iniciará sua viagem de volta à Terra. A aterrissagem está prevista para 2008, numa região deserta de nosso planeta. Após um ano de quarentena (para evitar eventuais contaminações), as pedras de Marte estarão à disposição dos pesquisadores da América e da Europa. Emmanuel Thévenon Contato CNES - Centre National d’Etudes Spatiales 2, place Maurice Quentin 75039 Paris Cedex 01 Assessoria de Imprensa: Tel.: (1) 44.76.75.00 – Fax: (1) 44.76.76.76 Actualité en France nº 19; Revue Aérospatiale nº 158 7 ENTREVISTA com Jean-Claude Kaplan, professor da Faculdade de Medicina de Cochin GENÔMICA: IMENSAS PERSPECTIVAS, MAS COM CAUTELA qüência do genoma humano será conhecido por volta de 2003. A genômica avança a passos de gigante. Em 2003 os pesquisadores deverão ter concluído o seqüenciamento do genoma humano. “A genômica é promissora para a medicina, pois, quando o seqüenciamento estiver concluído, teremos um inventário completo dos genes humanos, e dele poderemos extrair novos conhecimentos”, declara o professor Kaplan. Kaplan – Primeiro teremos de digerir toda a massa de informações adquiridas. Principalmente, será preciso fazer um inventário completo dos genes, compilar as seqüências codificadas, deduzir as seqüências protéicas correspondentes e elucidar os mecanismos de regulação. Se considerarmos que existem entre 60 e 80 mil genes estruturais dessas proteínas, pode-se imaginar a enormidade do trabalho a ser realizado. Também será preciso entender como todos esses genes são regulados, e portanto sairmos de uma organização estritamente unidimensional para nos lançarmos numa espécie de genômica tridimensional, no sentido físicoquímico do termo. É bom lembrar que o DNA não é um filamento estirado: está cercado de proteínas e esse todo está condensado na cromatina. Portanto, existem genes linearmente muito distantes que podem estar muito próximos; daí a possibilidade de interações intergênicas. É um empreendimento gigantesco, ao lado do qual nossa genética de hoje, monofatorial e unidimensional, parece rudimentar e simplista. Entrevista por Jean-François Desessard Jean-François Desessard – Atualmente se fala cada vez mais em genômica. O senhor poderia definir esse termo novo? Jean-Claude Kaplan – Trata-se de um termo relativamente novo, que ainda não consta dos manuais mais recentes. A genômica é o conjunto das pesquisas e dos conhecimentos sobre os genomas, mais as aplicações decorrentes. Quando as seqüências genômicas estiverem decifradas, será preciso explorar a massa de informações colhidas. No início dos anos 90, ficou evidente que tínhamos condições de conhecer a seqüência nucleotídica dos genomas dos seres vivos, desde o mais simples até o mais complexo. Convém lembrar que o genoma de uma bactéria é constituído de aproximadamente cinco milhões de pares de bases, sendo que o levedo possui três vezes mais e o genoma humano seiscentas vezes mais. Decodificálo parecia inicialmente um empreendimento quase quimérico. Mas há alguns meses anunciaram-nos que o essencial da se- 8 Desessard – Se por volta de 2003 ficarmos conhecendo essas seqüências, quais serão as etapas seguintes? Desessard – Também se fala cada vez mais em “farmacogenômica”. De que se trata? Kaplan – A farmacogenômica não deve ser confundida com a farmacogenética. Esta consiste na compreensão das relações individuais de cada pessoa exposta a um determinado medicamento. É uma área de pesquisa muito importante, que com o tempo deverá permitir que se prevejam as suscetibilidades de cada indivíduo aos medicamentos, isto é, os efeitos indesejáveis, e por outro lado os efeitos França-Flash 19 “desejáveis” (eficácia terapêutica). Em contrapartida, a farmacogenômica consiste em descobrir novos medicamentos pela observação sistemática do impacto que eles podem ter sobre os genes. Dessa forma será possível pensar em medicamentos que estimulem os genes pelo sistema dos promotores ou, ao contrário, que os reprimam. É por essa razão que a genômica terá um impacto considerável em pesquisa farmacológica. Desessard – Estão mapeando o genoma e seqüenciando os genes. Paralelamente, a terapia gênica, que oferece tantas esperanças, está se desenvolvendo. Experiências estão em andamento. Alguns de seus colegas põem em dúvida a eficácia desse tipo de terapia. Qual é sua opinião? Kaplan – Estou entre aqueles que pensam que a terapia gênica não é uma solução imediata e que não é nada exclusiva. Nenhum dos ensaios experimentais realizados em animais e mesmo com seres humanos já se mostrou eficaz. Sabemos que o obstáculo fundamental está em conseguir enviar o gene para células bem precisas e fazê-lo penetrar nelas por meio de vetores apropriados. Por outro lado, mesmo que o objetivo seja atingido, a proteína ainda é fabricada em quantidade insuficiente, e além disso pode ser imunogênica. O entusiasmo atual de certos pesquisadores, amplamente secundado pelos meios de comunicação, explica-se pelo desejo de abreviar as etapas cognitivas e experimentais que decorrem naturalmente da descoberta de um gene de doença ou do mecanismo molecular das doenças. Vejo nessa busca de um atalho a intenção de andar mais depressa administrando um gene como um verdadeiro medicamento. Infelizmente as coisas não são tão simples. Atualmente estamos assistindo a um certo esfriamento do entusiasmo inicial pela terapia gênica; e fala-se cada vez mais em terapia fundamentada no conhecimento dos genes, o que é muito mais amplo do que a simples transferência de gene. Aprovo essa evolução, pois, a meu ver, é a fisiopatologia molecular das doenças, ela mesma decorrente do conhecimento dos genes, que é promissora. Em razão da complexidade dos problemas a resolver, específicos de cada doença, é impossível prever um calendário. Desessard – A genômica assusta algumas pessoas, ainda mais porque os pesquisadores avançam mais depressa que o previsto. Então os receios do público são justificados? Kaplan – É normal ter receio, pois todo avanço cognitivo gera aspectos negativos. Em matéria de terapia gênica, por exemplo, primeiro se jurou pensar apenas na terapia gênica somática, sem tocar nas células germinativas e portanto na descendência. Na verdade, o tabu da terapia gênica germinativa está em vias de se esfacelar, pois já começam a ser organizados colóquios enfocando a terapia gênica germinativa... Há também o problema da confidencialidade dos dados genéticos. Na França eles são protegidos pelas chamadas leis de bioética (1994). Assim, ninguém pode ter acesso à intimidade genética dos indivíduos, sendo porém que numerosas instâncias têm interesse nisso. Estou pensando especialmente nas companhias de seguros, nos sistemas de saúde e nas agências de empregos. Por quanto tempo ainda o segredo genético estará protegido? Esses problemas estão no centro de um complexo debate social. É significativo que desde seu lançamento o Projeto Genoma Humano americano tenha planejado destinar recursos muito importantes para analisar as repercussões éticas da decodificação do genoma humano. Mesmo assim, não penso que se deva ter medo da genômica. Basta ficar alerta e lembrar antes de mais nada que é graças a essa nova disciplina científica que chegaremos, pouco a pouco, a compreender melhor o determinismo das doenças – e isso abre imensas perspectivas a maior ou menor prazo. Contato Jean-Claude Kaplan Laboratoire UNV 11517 - CHU Cochin 27, rue du Faubourg Saint-Jacques 75674 Paris Cedex 14 Tel.: (1) 42.34.12.12 - Fax: (1) 42.34.16.91 Technologies ‘France’ nº 50 OPINIÃO A COOPERAÇÃO EM CIÊNCIAS DE GESTÃO ENTRE O PPGA-UFRGS E ESA-UPMF: CONSIDERAÇÕES T emos a satisfação de apresentar alguns comentários e dados sobre a cooperação em ciências de gestão inerente ao projeto Capes-Cofecub 146/94, envolvendo a UFRGS e sua Escola de Administração, mais especificamente o PPGA, Programa de Pós-Graduação em Administração, em estreita colaboração com a Université Pierre Mendès-France e sua École Supérieure des Affaires, de Grenoble, na França. Essa cooperação que já data do final dos anos 70 teve início com os professores N. Hoppen (Brasil) e J. Trahand (França), envolvendo principalmente a área de sistemas de informação e de apoio à decisão, e mais recentemente a área de gestão da inovação tecnológica. Ela vem se consolidando nos últimos Henrique Freitas é Professor no PPGA/EA/UFRGS, Doutor em gestão pela Universidade Grenoble II (FR), Pesquisador CNPq e Coordenador brasileiro do projeto CAPES-COFECUB 146/94 anos através da importante alavancagem possibilitada pelos diferentes projetos Capes/Cofecub. Assinados desde 1978, esses acordos vêm permitindo intensos intercâmbios científicos e culturais entre pesquisadores dos dois países. Trata-se de uma intenção (e ação!) conjunta de compartilhar conhecimentos e experiências construídos ao longo do tempo e que, com a troca, somente enriquecem ambos os países. O PPGA da UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul – considera esse projeto imprescindível para seu processo de cooperação internacional com outros centros de excelência em gestão. A produção científica resultante e os projetos derivados têm se multiplicado e demonstram o quanto o acordo vem sendo satis- França-Flash 19 fatório. A colaboração na realização de pesquisas conjuntas tornou-se um objetivo constantemente perseguido e vai além da união em torno de linhas de pesquisa como Gestão da Inovação Tecnológica e Sistemas de Informação e de Decisão. Estende-se para o ensino nos programas de doutorado e de mestrado no Brasil; o aperfeiçoamento do corpo docente; a qualificação dos alunos do programa de doutoramento via programas de doutorado “sanduíche”; a promoção de publicações em conjunto, entre outras atividades e realizações. As missões de trabalho, por sua vez, propiciam a realização de seminários e conferências, onde são discutidos métodos de ensino e de pesquisa, apresentadas pesquisas em andamento e resultados alcançados. Além disso, a organização de 9 atividades paralelas quando da recepção de um professor estrangeiro, permite otimizar a sua presença em nosso programa, gerando inúmeros benefícios para nossa Instituição: um idioma estrangeiro é praticado por alunos e professores, bibliografias e programas de cursos são trocados, realizam-se debates, nossos projetos são apresentados e recebem críticas, cooperações nascem desse encontro, visitas de nossos alunos e professores são negociadas. O PPGA/EA/UFRGS está muito satisfeito com essa parceria. As equipes envolvidas, principalmente o GESID (Grupo de Estudos em Sistemas de Informação e de apoio à Decisão), têm diversos projetos aprovados e em andamento, principalmente vinculados ao CNPq e à Fapergs. É cada vez mais forte a identidade entre os professores das instituições envolvidas, resultando em uma produção científica de nível internacional e em crescimento. Parcerias extremamente salutares e produtivas têm emergido, podendo-se destacar pequenos grupos (de 2 ou 3 professores): Trahand-Hoppen; BallazFreitas; Lesca-Vargas; Piccinini-Drouvot; Fensterseifer-Tiberghien; MoscarolaFreitas; Moscarola-Vargas; Lesca-Freitas; Favier-Hoppen, entre outras. Diversas teses de doutorado foram desenvolvidas e defendidas dentro dessa cooperação, entre as quais as dos professores do PPGA/EA/UFRGS: Norberto Hoppen, Arlei Freitas, Walter Nique, Lilia M. Vargas, Antonio Padula, Henrique Freitas, Claudio Mazzilli, Maria Schuller. Essa é uma representação importante da chamada “escola francesa” para contrapor ou balancear a influência genuinamente americana na forma de gestão das organizações brasileiras, visto que por nossa Escola de Administração passa boa parte daqueles que conduzirão nossas organizações brasileiras. Recentemente, tivemos uma professora em pós-doutoramento, um aluno em doutorado sanduíche e um novo projeto em vigor para o período 1999-2000, o que muito nos orgulha. O GESID, grupo consolidado desde 1993, objetiva a realização de estudos e de 10 pesquisas conjuntas Universidade-Empresa em torno do eixo “informação-decisão”: Sistemas de Informações, uso e impacto da Tecnologia da Informação, Sistemas de Informações Gerenciais e Sistemas de Apoio à Decisão. Esse grupo alavanca a principal das linhas de pesquisa dessa cooperação. É formado por uma equipe do PPGA/EA/UFRGS, contando com 6 professores com doutorado ou pós-doutorado, 10 doutorandos, 20 mestrandos, além de alunos da especialização e graduação e 12 bolsistas de iniciação. Desde sua criação, vem realizando diversas atividades de extensão, como os ateliês de pesquisa, onde palestrantes convidados expõem e debatem os mais diversos temas relacionados com o eixo informação-decisão. Já foram realizados mais de 70 ateliês entre 1993 e 1999, sendo 18 internacionais. Os professores do GESID têm ampla atuação no ensino universitário de graduação, especialização, mestrado e doutorado. Sua equipe coopera também com outros centros de pesquisa no País, mantendo um encontro anual da área de Administração da Informação no ENANPAD - Encontro Anual da Associação Nacional dos Cursos de Pós-Graduação em Administração. Na França, via Capes-Cofecub, está em interação contínua com a ESA - École Supérieure des Affaires da Université Pierre Mendès-France de Grenoble (Professores Bernad Ballaz, Humbert Lesca, Jacques Trahand e Marc Favier). Existe uma forte interação com a equipe do GEREG, da IUP (Institut Universitaire Professionnalisé), Université de Savoie (coordenada pelo Professor Jean Moscarola). Interage-se ainda com equipes canadenses, israelenses e americanas. Dentre os inúmeros subprojetos em realização nos acordos CAPES-COFECUB ‘Gestão’, podemos mencionar: • Como dar um senso útil às informações dispersas para facilitar as decisões e ações dos dirigentes: o problema crucial da inteligência competitiva através da construção de um ‘PUZZLE’ (‘quebracabeça’)®; • Pelo resgate de alguns princípios da análise de conteúdo: aplicação prática qualitativa em gestão; • Na busca de um método quanti-qualitativo para estudar a percepção do tomador de decisão. São inúmeras as referências bibliográficas produzidas no seio dessa cooperação. Essas referências encontram-se disponíveis no site do Cendotec. Contato Prof. Henrique Freitas Gesid-PPGA/EA/UFRGS Tel./fax: (051) 225-2600 - r. 240 E-mail: [email protected] Outros detalhes nos sites: http://www.ppga.ufrgs.br/gesid grupo de pesquisa http://www.bitpress.com.br/hfreitas lista de publicações e links http://www.ppga.ufrgs.br/gesid/hfreitas aulas e temas EVENTOS 21ª Conferência Internacional do Gás de 6 a 9 de junho/2000 em Nice, França Informações Brigitte Fournier 252 avenue de la Lanterne – 06200 Nice Tel.: (4) 93.18.81.93 – Fax: (4) 93.83.89.43 E-mail: [email protected] Catherine de Truchis 38/48 rue Victor Hugo – 92532 Levallois Perret Cedex Tel.: (1) 47.54.73.42 – Fax: (1) 47.54.74.19 E-mail: [email protected] http://www.wgcnice2000.com França-Flash 19 Colóquio BioEd 2000, o desafio do próximo século CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE EDUCAÇÃO EM BIOLOGIA de 15 a 18 de maio/2000 em Paris, França Informações BioEd 2000 MNHN - Grande Galerie de l’Evolution 36, rue Geoffroy-Saint-Hilaire – 75005 Paris Tel.: (1) 40.79.39.20 – Fax: (1) 40.79.39.26 E-mail: [email protected] – http://www.iubs.org BREVES Uva e vinho tinto contra o câncer? É o que sugerem experimentos com linhagens celulares de câncer da medula espinhal, realizados pela equipe de terapia celular do hospital Saint Eloi, em Montpellier. Os polifenóis – moléculas antioxidantes existentes no tanino que recobre a casca da uva e em grande quantidade no vinho tinto – podem diminuir a proliferação das células cancerosas em cultura e ainda provocar sua apoptose (o “suicídio” celular). Convém enfatizar porém que as pesquisas foram realizadas únicamente in vitro; portanto, ainda é prematuro afirmar que o consumo de uva e de vinho tinto seja eficaz contra a doença... Contato Bernard Klein Institut de Génétique Moléculaire de Montpellier - IGMM 1919, route de Mende 34293 Montpellier Cedex 05 Tel.: (4) 67.61.36.05 Fax: (4) 67.04.02.31 Recherche et Industrie nº 176 Cai a mortalidade por doenças cardiovasculares... ... principalmente no norte da Europa e com exceção de alguns países da Ásia e da Europa oriental e central. É o que revelam os primeiros resultados do estudo internacional MONICA (Monitoring Trends and Determinants in Cardiovascular Disease), coordenado pela OMS e abrangendo 7,2 milhões de pessoas em 21 países durante 10 anos. Na França, cerca de um milhão de indivíduos foram estudados pelo INSERM (Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica) de Lille, Strasbourg e Toulouse (cidade onde a taxa de mortalidade por essas doenças é uma das mais baixas do mundo). Segundo MONICA, entre meados dos anos 80 e meados dos anos 90 a mortalidade anual por infarto caiu globalmente 2,7 % entre os homens e 2,1% entre as mulheres. O fenômeno parece dever-se a uma melhora das condições de vida, demonstrando a importância da prevenção e da assistência médica. Contato Philippe Amouyel – INSERM U 508, Institut Pasteur, Lille Tel.: (3) 20.87.77.62 Fax: (3) 20.87.78.94 E-mail: Philippe.Amouyel@ pasteur-lille.fr Comunicado INSERM, maio/99 Hepatite C: confirmada a superioridade da biterapia A biterapia associando dois medicamentos – ribavirina e interferon alfa-2β – é mais eficaz que a monoterapia no tratamento da hepatite C. É o que revelou um estudo feito pelo hospital Pitié-Salpêtrière de Paris e pelo Grupo Internacional de Intervenção Terapêutica para a Hepatite. Ainda não existe vacina contra a doença; e no tratamento padrão atual com interferon apenas 20% dos casos apresentam melhora. O estudo abrangeu 832 pacientes adultos, divididos em três grupos. O primeiro grupo recebeu durante 48 semanas três milhões de unidades de interferon três vezes por semana e 1.000 a 1.200 mg diárias de ribavirina; o segundo recebeu as mesmas doses, mas somente durante 24 semanas; o terceiro grupo foi tratado apenas com interferon mais um placebo, durante 48 semanas. Os efeitos foram medidos pelas taxas de vírus ainda presentes no sangue: 43% dos pacientes do primeiro grupo apresentaram melhora duradoura, contra 35% do segundo grupo e apenas 19% dos que receberam a monoterapia. Contato Groupe Hospitalier Pitié-Salpêtrière Service Hépato-gastro-entérologie 47-83, boulevard de l’Hôpital 75651 Paris Cedex 13 Tel.: (1) 42.16.10.01 Recherche et Industrie nº 175 Um programa de genômica vegetal O GENOPLANTE, um Grupamento de Interesse Científico (GIS) constituído em fevereiro por iniciativa de sete grandes entidades (organismos públicos de pesquisa e empresas privadas de biotecnologia), pretende dotar a França de um dispositivo competitivo para o estudo dos genomas vegetais e a valorização dessas pesquisas. Entre seus vários objetivos, destacam-se: aprofundar os conhecimentos fundamentais e criar um suporte tecnológico conjunto em genômica vegetal; criar e oferecer aos produtores de sementes instrumentos de precisão para a seleção; propiciar o surgimento e o desenvolvimento de empresas de biotecnologia inovadoras. O GENOPLANTE deverá resultar em sementes de alta qualidade, que atendam melhor às expectativas de consumidores e agricultores, tanto em termos de nutrição como de segurança alimentar e ambiental. Abrange desde recursos genéticos até a análise genômica das espécies vegetais. “GENOPLANTE générique” vai desenvolver e coordenar trabalhos sobre as espécies França-Flash 19 usadas como modelos, além de criar as ferramentas tecnológicas (robotização, bioinformática); “GENOPLANTE Espèces” desenvolverá programas de análise do genoma das principais espécies cultivadas na Europa. Contato INRA – Service de Presse et Relations publiques 147, rue de l’Université 75338 Paris Cedex 07 Tel.: (1) 42.75.91.69 Fax: (1) 42.75.92.05 http://www.inra.fr Comunicado INRA, fevereiro/99 Uma substância natural que regula a glicemia Trata-se da semente de fenogrego (Trigonella foenumgraecum), uma planta leguminosa muito comum na região mediterrânea e na Ásia e já conhecida popularmente há mais de mil anos como remédio contra o diabetes; mas ignorava-se a origem dessa propriedade. Agora, pesquisadores da Universidade de Montpellier descobriram que as sementes de feno-grego contêm hidroxiisoleucina-4, um aminoácido que aumenta a secreção de insulina, reduzindo assim a taxa de açúcar no sangue; mas, ao contrário dos atuais medicamentos à base de sulfamidas hipoglicemiantes, ela só desencadeia a produção de insulina quando a concentração de glicose no organismo aumenta, evitando assim os riscos de hipoglicemia. A descoberta poderá resultar num medicamento eficaz contra o diabetes tipo 2 (não insulinodependente). Contato Université Montpellier II Département Agroressources et Procédés Biologiques Place Eugène Bataillon 34095 Montpellier Cedex 05 Tel.: (4) 67.14.30.30 Fax: (4) 67.14.30.31 E-mail: [email protected] Recherche et Industrie nº 175 11 Medir as partículas presentes na atmosfera, principalmente as emitidas pelos veículos que transitam nas grandes cidades, tornou-se uma necessidade, pois é notório que essas poeiras provocam efeitos prejudiciais sobre a saúde das populações; e tais efeitos dependem muito do tamanho das partículas poluentes. Utilizando a técnica LIDAR (light detection and ranging) de espectroscopia laser, o Laboratório de Espectrometria Iônica e Molecular (LASIM) da Universidade de Lyon (especializado na detecção e caracterização de partículas em meio urbano) e o Departamento de Ecologia Urbana da Cidade de Lyon acabam de elaborar o primeiro mapa tridimensional quantitativo de concentração de poluentes em uma cidade. A técnica LIDAR possibilita a cartografia tridimensional da concentração atmosférica de poluentes gasosos (óxidos de nitrogênio, dióxido de enxofre, ozônio, etc), dando acesso direto à dinâmica físico-química da poluição. Em Lyon, um sistema LIDAR está sendo integrado experimentalmente numa rede de medição. Contato CNRS - Université Claude Bernard Lyon I – LASIM Jean-Pierre Wolf Tel.: (4) 72.43.13.01 Fax: (4) 72.43.15.07 E-mail: [email protected] Technologies ‘France’ nº 51 O primeiro satélite bem orientado... sem os giroscópios O satélite europeu SOHO, lançado em 1995 e cuja missão poderá prosseguir até 2003, sofreu uma falha em seu sis- 12 Um despoluente no sistema digestivo dos cupins Alain Brauman © IRD Lyon mapeia sua poeira urbana Microbiologistas franceses isolaram no intestino de cupins da África tropical uma bactéria que poderá vir a ser utilizada em despoluentes de alta eficácia. O anúncio foi feito pelo Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento (IRD, exORSTOM). Em cima, cupim-rainha da espécie comedora de plantas cercada de operário e soldados (Macrotermes mulleri); em baixo: novo gênero de bactérias isoladas no tubo digestivo de cupim (sporobacter hydroxybenzoicum) tema de orientação e teve de acionar os propulsores de controle de atitude (direcionamento), que fazem seus sensores ficar permanentemente apontados para o Sol. Para evitar o rápido esgotamento das reservas de hidrazina, em janeiro a Agência Espacial Européia (ESA) e a Matra Marconi Space elaboraram um programa informático graças ao qual em fevereiro o SOHO pôde retomar sua missão científica sem levar em conta as informações errôneas transmitidas pelos giroscópios e utilizando um novo software transmitido pelos controladores em terra. “É como se estivéssemos enviando, a partir do solo, instruções a um piloto de avião para que ele execute manobras muito complexas para aterrissar”, compara Michel Verdant, responsável pelo programa SOHO na ESA. Contato ESA – Assessoria de imprensa Tel.: (1) 53.69.71.55 Fax: (1) 53.69.76.90 Como se sabe, os cupins não comem apenas madeira. Mais de metade deles – 1.200 das 2.300 espécies arroladas – alimentam-se de compostos presentes no solo, que reciclam graças a seu excepcional sistema digestivo. Algumas das bactérias existentes no intestino de cupins comedores de húmus conseguem degradar por hidrólise elementos dificilmente biodegradáveis. Os pesquisadores do IRD descobriram que uma dessas bactérias, que recebeu a classificação de Sporotomaculum hydrobenzoicum, degrada o ácido hidroxibenzóico, um composto monoaromático. Agora eles estão estudando uma forma de utilizá-la em biotecnologia, para fabricar despoluentes do solo. Contato Alain Brauman Laboratoire de microbiologie des sols tropicaux de l’IRD Bel-Air E-mail: [email protected] Jean-Louis Garcia Laboratoire IRD de Microbiologie des anaérobies - Univ. de Provence E-mail:[email protected] Fiche d’actualité IRD nº 81 ASSINATURA FRANÇA-FLASH Para receber França-Flash, envie um cheque nominal ao CENDOTEC no valor de R$ 10,00, como contribuição anual, acompanhado de seus dados cadastrais: Nome .................................................................................. ............................................................................................ Profissão ............................................................................. ............................................................................................ Organismo/Empresa de vínculo ....................................... ............................................................................................ Endereço postal completo ................................................. ............................................................................................ ............................................................................................ ............................................................................................ Telefone .............................................................................. Fax ...................................................................................... E-mail ................................................................................. França-Flash é uma publicação trimestral do CENDOTEC Centro Franco-Brasileiro de Documentação Técnica e Científica Av. Paulista, 1842 14º andar - Cetenco Plaza Torre Norte 01310-200 São Paulo-SP Tels.: (011) 284-8114 / 5128 / 1839 - Fax: (011) 284-3417 E-mail: [email protected] Expediente Diretor de publicação: Michel Lévêque; Coordenação editorial: Halumi T. Takahashi; Tradução e redação: Rosemary C. Abílio; Editoração: Vertente Serviços Editoriais; Impressão: HM Ind. Gráfica e Editora Technologies ‘France’ nº 51 França-Flash 19 As matérias assinadas são de responsabilidade de seus autores. 2.000 exemplares CADERNO CENDOTEC França-Flash http://eu.ansp.br/~cendotec http://www.cendotec.com.br PARCERIA EMPRESAS FRANCESAS NO BRASIL APÓIAM PESQUISA E FORMAÇÃO II PRÊMIO ALCATEL À INOVAÇÃO TECNOLÓGICA O principal objetivo do Prêmio Alcatel à Inovação Tecnológica, criado pela Alcatel em 1998, é incentivar iniciativas importantes na área científica e de pesquisa, contribuindo dessa forma para o desenvolvimento dos países latino-americanos. Podem participar empresas ou instituições que tenham efetuado em um país latino-americano uma aplicação tecnológica inovadora. A inovação Programação Quântica na Internet, de autoria de Alba Rocio Garcia, da Venezuela, foi a vencedora do II Prêmio Alcatel. O julgamento foi realizado por um júri internacional formado por personalidades do mundo científico como Plínio Assmann, Superintendente do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), do Brasil; Sally Bendersky, Diretora da Corporação de Investigação Tecnológica (INTEC), do Chile; Luis Fernando Gentile, Diretor de Radiologia e Diagnóstico por Imagens do Hospital de Ninos, Ricardo Gutiérrez, da Argentina; e Carlos Montufar Freile, professor da Universidade SanFrancisco Quito, do Equador, entre outros. Com um prêmio de US$ 50 mil para o projeto vencedor e troféus para os finalistas de cada país, a segunda versão do Prêmio Alcatel à Inovação Tecnológica avaliou 150 projetos de inovação tecnológica das mais número 19 abr-mai-jun 1999 diversas áreas, como informática, tecnologia da informação, agricultura e biologia. “Com esta iniciativa a Alcatel acredita estar contribuindo para o desenvolvimento dos ambientes onde vive e atua. Com o desejo de devolver à sociedade o reconhecimento dela recebido, a Alcatel premia idéias inovadoras valorizando seus autores e empreendedores”, diz Jean François Fille, presidente da Alcatel. “Idéias inovadoras quase sempre proporcionam redução de custos, rentabilidade e maior qualidade. Não raro, representam avanços significativos no processo de uma nação. Acima de tudo, idéias inovadoras são responsáveis pela melhoria da qualidade de vida da população”, acrescenta. Além de terem sido implementadas em 98, os projetos das inovações tecnológicas que concorreram ao Prêmio Alcatel pertencem a profissionais que residem na região em que foram aplicados. A avaliação dos projetos seguiu critérios como, entre outros, originalidade, criatividade e imaginação; valor e conteúdo tecnológicos da aplicação; grau de aplicação realizada e aplicação potencial; e impacto da inovação na modernização, eficiência e produtividade da empresa. Empresas Tecnologia de Ponta naval. Os candidatos deverão ser indicados pelas respectivas escolas. Não há limite de idade e devem preferencialmente falar uma língua estrangeira (inglês ou francês). As chamadas, divulgadas nas principais escolas de engenharia, são feitas no mês de novembro e a seleção ocorre no mês de março. O período da bolsa estende-se por 14 meses (dois para formação em língua e doze para a formação especializada). Esse programa já formou 15 engenheiros em escolas francesas, sendo 12 no INPG e 3 na ECL, nas áreas de Hidráulica Aplicada e de Máquinas Térmicas. Atualmente estão em curso: • 4 engenheiros na França, dois na ECL e dois no INPG; • 3 em preparação para ir à França, dois para a ECL e 1 para o INPG. Isso perfaz um total de 22 engenheiros no Programa França-Brasil. Todas as despesas dessa formação — passagens, estadia, matrícula e anuidade — têm sido suportadas integralmente pela ALSTOM Energia desde 1991, época em que o CNPq deixou de participar com sua ajuda. Informações Antonio Puzzo – Tel.: (012) 225-3016 E-mail: [email protected] Informações Luiz Viana - Alcatel Telecomunicações S.A. Tel.: (011) 6947-8673 - Fax: (011) 6947-8674 E-mail: [email protected] Sumário PROGRAMA FRANÇA-BRASIL A ALSTOM Energia S. A. (ex-Mecânica Pesada) desenvolve um programa de formação especializada de engenheiros na França, através de convênios assinados com o Institut National Polytechnique de Grenoble e a Ecole Centrale de Lyon. Podem candidatar-se ao programa recém-formados (até três anos) em engenharia, sobretudo nas áreas mecânica e França-Flash 19 PARCERIA ♦ Empresas francesas no Brasil apóiam pesquisa e formação i ENTREVISTA ♦ Denis Randet – Caminhando para uma mudança do quadro econômico ii BREVES iviii DIVULGAÇÃO iv i ENTREVISTA com Denis Randet, diretor do Laboratório de Eletrônica, Tecnologia e Instrumentação (LETI) CAMINHANDO PARA UMA MUDANÇA DO QUADRO ECONÔMICO O avanço industrial da eletrônica, principalmente no último quarto de século – avanço cuja amplitude se mede tanto no nível técnico como em dimensão do mercado – não tem equivalente na história da indústria. Será que ele vai continuar na próxima década? “Não há verdadeiramente uma barreira técnica que possa emperrar essa evolução”, responde Denis Randet, o diretor do LETI (Laboratório de Eletrônica, Tecnologia e Instrumentação). “Em contrapartida, continua ele, restam indagações sobre o prolongamento dos exponenciais econômicos.” Entrevista por Jean-François Desessard Jean-François Desessard – Quando a eletrônica surgiu, já se imaginava que ela passaria por uma tal evolução? Denis Randet – A evolução técnica, francamente, sim. O mérito disso cabe a Gordon Moore, que, mesmo não sendo o único a entrever essa evolução, foi o primeiro a formular claramente a famosa lei que traz seu nome. Lembro-me perfeitamente de que em 1965 meu predecessor no LETI, Jacques Lacourt, que se destaca como pioneiro do MOS na França, dizia então que a complexidade ia aumentar de uma forma extraordinária. Mas ele se referia ao plano qualitativo. Ora, quando também enunciou isso qualitativamente, Gordon Moore fixou o ritmo do progresso. É muito surpreendente. Portanto, essa evolução já era esperada. É verdade também que os conceitos básicos da ii eletrônica não mudaram depois disso. Houve progressos importantes em muitos âmbitos, mas desde os anos 60 não vimos surgir uma descoberta capital. Um MOS continua a ser um MOS. Desessard – Essa evolução da microeletrônica não corre o risco de sofrer um ralentamento devido às barreiras técnicas que despontam no horizonte? Estou pensando principalmente na barreira do 0,03 mícron. Randet – Quem reler artigos especializados que foram escritos durante os anos 70 notará que seus autores mencionavam então a barreira do mícron contra a qual íamos inevitavelmente nos chocar. A propósito, observe que gostamos muito de colocar barreiras onde houver números inteiros. É por isso que hoje nos falam da barreira do 0,1 mícron, que no entanto não tem mais consistência do que antigamente a barreira do mícron. No entanto, é bem verdade que nos perguntamos o que acontece além do 0,03 mícron. Ora, é preciso admitir que atualmente não sabemos muito bem. Mas uns bons quinze anos nos separam ainda do 0,03 mícron, e por isso creio que aqueles que hoje prevêem limites técnicos correm o risco de ser desmentidos. Acrescento ainda que muitas equipes já desenharam transistores menores que 0,03 mícron, e que funcionam. Porém há uma diferença entre projetar um transistor único e um circuito integrado. Desessard – O senhor prevê saltos tecnológicos? Randet – Tudo depende do que chamamos de salto tecnológico. Por exemplo, com o silício sobre isolante nós do LETI consideramos que fizemos a microeletrônica dar um salto significativo. Conseguir produzir silício sobre isolante de excelente qualidade e a preços compatíveis com o uso em grandes quantidades representa uma espécie de salto. Saltos desse tipo acontecem França-Flash 19 de tempos em tempos. Mas isso não chega a ser comparável ao grande salto representado pela invenção do circuito integrado. Grandes idéias surgem só raramente. Em contrapartida, há idéias que concorreram para a evolução da microeletrônica. Por exemplo, a idéia do laser, indispensável para a litografia em microeletrônica. Mas esse continua a ser um recurso utilizado em muitas áreas. Saltos desse tipo só acontecem de maneira totalmente excepcional. Olhe à sua volta. A maioria dos produtos que o público encara como novos na verdade não passam de aplicações antigas, como o telefone, o gravador ou a televisão. Portanto, temos de permanecer modestos. Desessard – Então, em termos de técnica, o senhor está muito confiante no futuro da microeletrônica? Randet – Estou muito confiante, sim. Mesmo assim, sem nos chocarmos contra barreiras, vamos ter de batalhar firme com a física, o que se torna cada vez mais difícil. Até agora temos conseguido dominar essas dificuldades escorando-nos nas conquistas anteriores. No entanto nos defrontamos permanentemente com um desafio de complexidade. Portanto, hoje é preciso voltar à física básica, pois começamos a aflorar os efeitos quânticos e a falar de dispositivos para um elétron. Tudo isso será feito na esteira do MOS, acoplado com o MOS, apoiando-se nas conquistas anteriores. De fato, quando pensamos no que toda a indústria mundial acumulou em termos de know-how e de equipamentos, está fora de questão fazer uma revolução radical. É por isso que precisamos da física, e precisaremos ainda mais dela durante os próximos dez anos. Desessard – Então o senhor não prevê barreiras técnicas, pelo menos a curto e médio prazos. Em contrapartida, a microeletrônica poderá encontrar outros obstáculos em seu caminho? Randet – Embora não haja verdadeiramente barreiras técnicas, é preciso indagar sobre o prolongamento dos exponenciais econômicos. Observe o preço dos materiais e o das fábricas de circuitos integrados. Ele praticamente duplica a cada quatro anos. Uma fábrica desse tipo custa hoje vários bilhões de dólares. E é preciso reconhecer que uma fábrica de dez bilhões de dólares representa um objeto singular na paisagem industrial. Assim, inevitavelmente vai haver mudanças desse lado. O que não quer dizer obrigatoriamente que se observará uma inflexão do ritmo de avanço técnico. Mas assistiremos então a uma mudança do quadro econômico. Desessard – O LETI que o senhor dirige desempenhou um papel importante na evolução da microeletrônica. Vocês dispõem de muitos trunfos para o futuro. Qual lhe parece o mais importante? Randet – Penso que é o acoplamento pesquisa-produção. Nos últimos dez anos, ele aconteceu no LETI mais do que em outros lugares da Europa. Aliás, foi o que permitiu à SGS Thomson recuperar uma boa parte de seu atraso. Esse modelo de simbiose entre a pesquisa e a indústria consiste em trabalharem juntas nas mesmas máquinas e em colocar o pessoal da pesquisa sob a autoridade do pessoal da Em entrevista coletiva realizada em março, a diretoria do GIFAS (Grupamento das Indústrias Francesas Aeronáuticas e Espaciais) apresentou a estimativa dos resultados da indústria aeronáutica e espacial francesa em 1998, enfatizando o sucesso comercial do setor e a evolução dos créditos de P&D civis e militares. Em termos de encomendas, o setor registrou em 1998 um avanço de 20,6%; as encomendas civis são majoritárias (64% do total e alta de 11,6%). No mercado nacional elas regrediram 22,5%, enquanto a exportação aumentou 23,2%, em conseqüência da grande demanda de aviões Airbus e Falcon. As encomendas militares aumentaram 41,2%: no mercado interno elas caíram 11,4% devido à redução das compras pelo Estado, porém a procura internacional aumentou 136,2%. Esse excelente resultado deve-se basicamente Contato CEA/Grenoble 17, rue des Martyrs - 38054 Grenoble Cedex 09 Tel.: (4) 76.88.44.00 - Fax: (4) 76.88.51.58 http:www-dta.cea.fr/francais/page/leti/ home_leti.htm Technologies ‘France’ nº 50 Pedidos de exportação por zonas geográficas (média em 10 anos) BREVES 1998: um ano recorde para a indústria aeronáutica francesa indústria durante determinados períodos de desenvolvimento. Para nós, essa era a resposta necessária para os problemas que nos eram apresentados então. Ora, hoje se percebe que essa é uma resposta extensiva a outras áreas além dos circuitos integrados. É por isso que procuramos generalizar esse modelo, que é uma das chaves do sucesso do complexo de Grenoble. C.E.I. 1,6 % América do norte 33,6 % Europa 30,2 % Japão 2,2 % Extremo Oriente 8,9 % África 3,3 % América latina 3,5 % ao contrato assinado com os Emirados árabes para venda de 30 Mirage 2000-9 e modernização de 33 Mirage 2000-5. Contato GIFAS – P. Guérin Tel.: (1) 44.43.17.52. Lettre GIFAS nº 1657 Recordes históricos também na Airbus Industrie O consórcio europeu Airbus Industrie estabeleceu em 1998 vários grandes recordes comerciais. Com 556 encomendas confirmadas, num montante de 39 bilhões de dólares (sem incluir 174 intenções de compra), ele Sudeste Asiático 4,2 % Oriente Médio 10,1 % Sub-continente indiano 2 % ultrapassou o recorde do ano anterior em cerca de 30% em termos de valor e 20% no número de aparelhos, tendo vendido nesse ano tantos aviões quantos nos 17 primeiros anos de sua existência. As encomendas de 1998 provêm de 36 clientes, principalmente da América Latina e América do Norte, bem como da Europa e do Oriente Médio. Além delas, 229 aparelhos, originários das cadeias de produção de Toulouse e Hamburgo, foram entregues dentro dos prazos previstos, representando um aumento de 26% com relação a 1997. A procura de aparelhos usados também foi grande, o que demonstra o alto valor residual e a rentabi- França-Flash 19 Oceania 0,4 % lidade dos aviões em operação. Até hoje, a Airbus já entregou 1.894 aparelhos, o que lhe dá o domínio de quase 50% do mercado. Contato Airbus Industrie Assessoria de imprensa Tel.: (5) 61.93.33.87 Fax: (5) 61.93.49.55 Technologies ‘France’ nº 51 Um importante salto qualitativo na propulsão hipersônica Foi vencida uma nova etapa na propulsão aérea: o ONERA (Órgão Nacional de Estudos e Pesquisas Aeroespaciais) acaba de realizar em terra o primeiro teste europeu de um superesta- iii torreator em Mach 7,5, dentro do programa PREPHA (Programa de Pesquisa e Tecnologia sobre Propulsão Hipersônica Avançada). Tratava-se de gerar um fluxo a uma temperatura de 2.400 K, próxima dos limites tecnológicos dos sistemas de aquecimento utilizados nesse tipo de ensaio. As medições feitas durante o teste demonstraram o bom funcionamento do aparelho e a obtenção de uma combustão supersônica em todo o motor, coincidindo com as previsões baseadas em experiências anteriores e em simulações digitais. O ONERA e seus parceiros industriais pretendem agora projetar e construir um motor de segunda geração, dentro do projeto JAPHAR (Joint Airbreathing Propulsion for Hypersonic Application Research). Esse tipo de propulsão tem aplicação no setor militar (mísseis de alta velocidade, “zangões” teleguiados de longo alcance) e a mais longo prazo no civil, para propulsão de lançadores reaproveitáveis. Contato ONERA – Assessoria de imprensa Pierre Brégon Tel.: (1) 46.73.40.56 Fax: (1) 46.73.41.59 abril por vários organismos de pesquisa: o Instituto Nacional de Pesquisa Agronômica (INRA), o Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS), o Comissariado de Energia Atômica (CEA), a Sociedade Cooperativa de Interesse Coletivo Agrícola dos Selecionadores Obtentores de Variedades Vegetais (SICASOV) e a companhia Xion, especialista na gestão de projetos biológicos em parceria. As atividades do novo GIS, batizado GRAINES, abrangem vários setores: farmácia, sementes, agroalimentar, química, agroquímica, meio ambiente, energia. O GIS organizará anualmente um “mercado de projetos” em que os pesquisadores poderão apresentar às indústrias suas propostas de inovações científicas ou tecnológicas, que eventualmente resultarão em parcerias. Várias indústrias poderão associar-se para financiar a P&D de um mesmo projeto; e o GIS GRAINES procurará obter auxílio financeiro para os projetos de desenvolvimento escolhidos por seu próprio comitê científico. AFP mail, abril/99 Technologies ‘France’ nº 51 Biotecnologia vegetal: mais colaboração entre pesquisa pública e indústria Um Grupamento de Interesse Científico (GIS) em biotecnologia vegetal, destinado a facilitar as colaborações entre laboratórios públicos e indústrias, foi implantado em A Biblioteca Nacional da França em um novo tipo de CD Serão 86.000 obras, perfazendo 25 milhões de páginas, gravadas em Century-DiscTM, um CD em vidro temperado produzido pela Digipress, uma empresa da região de Caen. Gravado por um processo de plasma iônico e metalizado com um metal resistente, ele oferece uma reprodução de excelente qualidade em qualquer aparelho convencional de leitura. Resiste a temperaturas entre -150 e +350 ºC; é imune a umidade, mofo, radiação, luz, poluição, arranhões e demais incidentes de manipulação — ou seja, é praticamente eterno. Foi criado há seis anos, um tanto prematuramente com relação ao mercado; mas agora já começa a encontrar aplicações em vários setores (birôs de estudos industriais, bases de dados técnicos). O contrato com a Biblioteca Nacional prevê a gravação de 3.400 discos em 10 meses, abrangendo obras de refe- rência, dicionários, obras de síntese, edições raras ou de difícil acesso. A intenção é constituir para os pesquisadores dos mais diversos temas um fundo de trabalho que poderá ser consultado na própria biblioteca e, dentro em breve, via Internet. Por enquanto essas obras estão provisoriamente armazenadas em fita magnética DAT de duração limitada. A intenção da Biblioteca é futuramente reproduzir em Century-DiscTM todo seu acervo. Contato Jean Ledieu Bâtiment la Folie couvrechef 18, rue Bailey 14050 Caen – France Tel.: (2) 31.47.25.00 Eureka Information nº 41 DIVULGAÇÃO Provedor de informação para o setor da construção O Interbat é um site especialmente voltado para os profissionais da área de construção. Foi criado pela associação “Le Net du Bâtiment”, que associa sete organismos profissionais entre os quais o CSTB (Centro Científico e Técnico da Construção), e começou a funcionar em fevereiro/99. O objetivo foi criar um “site portal” próprio ao mundo da construção. Nele podem ser encontradas as mais diversas informações: regulamentação, documentos técnicos, pareceres de técnicos, catálogos de produtos e atualidades. O acesso é http://www.interbat.com gratuito, mas requer uma identificação na primeira consulta. A partir daí, pode-se acessar diretamente um site referenciado ou efetuar uma pesquisa por palavra-chave ou tema (segundo o anuário Batbase). Está organizado em dois espaços: um reservado para os profissionais – com acesso através de senhas – e outro para o grande público, com informações práticas (autorização para construir, seguro, anuários de empresas, de arquitetos). TSM nº 2, fev/99 CENDOTEC - Centro Franco-Brasileiro de Documentação Técnica e Científica Av. Paulista, 1842 14º andar Cetenco Plaza Torre Norte 01310-200 São Paulo-SP Tel.: (011) 284-8114/5128/1839 - Fax: (011) 284-3417 - E-mail: [email protected] iv França-Flash 19