França-Flash
CENDOTEC
número 19
abr-mai-jun 1999
http://eu.ansp.br/~cendotec
http://www.cendotec.com.br
Sumário
COOPERAÇÃO
COOPERAÇÃO
♦ Claude Allègre reativa a
cooperação universitária e científica
entre a França e o Brasil
1
♦ Acordo de Cooperação
INSERM-FAPESP 1999-2000
2
♦ Cooperação franco-brasileira em
territórios de pesca inexplorados
3
♦ Instalação do Conselho
Científico da ação “VIHPAL”
♦ Diploma de Direito francês e
Direito europeu
3
4
♦ Michel Bernat, Adido para
Ciência e Tecnologia na Embaixada
da França no Brasil
4
PESQUISA
♦ Minhocas tão destrutivas quanto
um buldôzer
5
♦ Segurança máxima para o novo
laboratório francês de microbiologia 6
♦ A França na conquista de Marte 7
ENTREVISTA
♦ Jean-Claude Kaplan –
Genômica: imensas perspectivas,
mas com cautela
8
OPINIÃO
♦ A cooperação em ciências de
gestão entre o PPGA-UFRGS e
ESA-UPMF: considerações
9
EVENTOS
10
BREVES
11
CLAUDE ALLÈGRE REATIVA A COOPERAÇÃO
UNIVERSITÁRIA E CIENTÍFICA ENTRE
A FRANÇA E O BRASIL
e
ntre 16 e 21 de abril de 1999, o ministro francês da Educação, Ciência e
Tecnologia, Claude Allègre, efetuou uma missão no Brasil. Seu itinerário teve início
em São Paulo, prosseguiu com uma visita a Campinas e em seguida a delegação
dirigiu-se para Manaus, Brasília e Rio de Janeiro.
No estado de São Paulo, o ministro começou sua missão inaugurando na Escola
Politécnica da USP o Salão Edufrance, com a presença do reitor Jacques Marcovitch.
Esse salão de promoção sobre os estudos na França reuniu 21 expositores franceses
(universidades, escolas de nível superior) e expositores locais (Aliança Francesa,
departamento de francês da USP, Câmara de Comércio França-Brasil, SENAC e
outros). O salão recebeu em dois dias 1.500 visitantes. Em seguida o ministro pronunciou na Escola Politécnica uma conferência sobre o tema “Formação da Terra”,
diante de um público numeroso. A jornada em São Paulo encerrou-se com um
encontro-debate na FIESP, sobre o tema “Ensino Tecnológico”, com a participação
do ministro Bresser Pereira e do secretário de estado José Aníbal. A jornada seguinte
aconteceu na região de Campinas, onde o ministro se encontrou com a diretoria da
UNICAMP e vários professores, participou de um almoço oferecido pelo reitor
Hermano Tavares e visitou o Laboratório Nacional de Luz Sincrotron.
O restante da permanência de Claude Allègre foi dedicado à Amazônia (onde o
ministro passou dois dias com pesquisadores do IRD - Instituto de Pesquisa para o
Desenvolvimento e do CIRAD - Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa
Agronômica para o Desenvolvimento), a contatos políticos em Brasília e a conversas
no Rio de Janeiro com reitores das universidades cariocas.
No decorrer dessa visita registraram-se vários resultados positivos em termos
de cooperação universitária e científica.
A partir da
esquerda: Philippe
Lecourtier,
Embaixador da
França, o ministro
Claude Allègre,
Hermano Tavares,
reitor da UNICAMP
e Manoel dos
Santos, reitor da
UNESP
França-Flash 19
Antoninho M. Perri © UNICAMP
CADERNO
Empresas-Tecnologia de Ponta
ISSN 1516-6880
Cooperação
Pesquisa
1
FAPESP ASSINA ACORDO COM INSTITUIÇÕES DE PESQUISA DA FRANÇA
A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)
firmou acordos de cooperação em pesquisa científica com o Comitê Francês
de Avaliação da Cooperação Universitária com o Brasil (COFECUB) e com
o Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o
Desenvolvimento (CIRAD). O primeiro prevê a participação de doutores
franceses em projetos financiados pela Fundação e o segundo o
intercâmbio de pesquisadores, realização de projetos, eventos científicos
e a difusão de métodos e técnicas desenvolvidas em conjunto. A assinatura
aconteceu durante visita a São Paulo do ministro da Educação Nacional,
Pesquisa e Tecnologia da França, Claude Allègre, em 16 de abril.
FAPESP interessados em receber bolsistas para pós-doutoramento em
São Paulo. A preferência será dada a candidatos que tenham concluído o
doutorado até cinco anos antes da solicitação da bolsa. Para as pesquisas
na área de agronomia, tanto o CIRAD como a FAPESP poderão convidar
outras instituições de cooperação técnica ou de apoio científico,
comunidades científicas, acadêmicas ou comerciais para participar das
iniciativas previstas.
Contato
Gerência de Comunicação da FAPESP
Tel.: (011) 838-4151/4008/4116
Fax: (011) 838-4117
E-mail: [email protected]
O COFECUB divulgará, junto a universidades e instituições de pesquisa
franceses, a relação de coordenadores de projetos financiados pela
Em primeiro lugar, no dia anterior à chegada de Claude
Allègre realizou-se no Rio de Janeiro a celebração dos vinte
anos do acordo CAPES/COFECUB, complementado a partir de
1995 pelo acordo USP/COFECUB. No total, hoje estão em andamento 142 projetos de pesquisa.
Nessa oportunidade, vários acordos de cooperação foram
assinados por instituições francesas e brasileiras: entre a Fundação Nacional de Ciências Políticas (Fondation Nationale des
Sciences Politiques) e a USP (Departamento de Relações
Internacionais); entre a Fundação Nacional de Ciências Políticas
e a FIESP (Instituto Roberto Simonsen); entre a FAPESP e o
COFECUB para facilitar a vinda de jovens pesquisadores
franceses, dentro dos programas temáticos da FAPESP; entre a
FAPESP e o CIRAD para participação desse organismo num
projeto de combate ao cancro cítrico. Além disso, o ministro
Claude Allègre e o ministro da Educação Paulo Renato Souza
assinaram várias declarações: para favorecer os intercâmbios
ACORDO DE
COOPERAÇÃO INSERMFAPESP 1999-2000
o
Grupo de Imunogenética Molecular, situado no Depto. de Genética da
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto
(USP) iniciou neste ano de 99 uma pesquisa
em conjunto com o Centre d’Immunologie
Marseille-Luminy (INSERM-CNRS),
Equipe TAGC (Dr. Bertrand Jordan). Essa
Agência FAPESP
no âmbito da formação de professores e da educação escolar;
sobre o ensino a distância e o uso de novas técnicas na educação;
sobre a formação integrada (a formação feita no exterior é levada
em conta para obtenção do diploma, como no projeto “Graduação Sanduíche em Áreas Tecnológicas) e finalmente sobre a
intensificação da pesquisa em matéria de meio ambiente (com
os Ministérios do Meio Ambiente e da Ciência e Tecnologia).
Essa visita motivou acolhidas sempre calorosas das grandes
instituições brasileiras, tanto no almoço oferecido pelo reitor
Jacques Marcovitch como na recepção organizada pelo reitor
Hermano Tavares ou no almoço na Universidade Cândido Mendes.
O ministro mostrou-se globalmente satisfeito com a cooperação existente entre os dois países. Expressou porém o desejo
de que se intensifiquem os programas de pesquisa aplicada e
que a cooperação existente seja mais bem valorizada, talvez por
agrupamentos temáticos, para interligar melhor os projetos e
criar verdadeiras redes.
M. L.
pesquisa versa sobre a medida da expressão
gênica em larga escala pela tecnologia dos
macroarrays, microarrays e sondas complexas de cDNAs. Estamos analisando os
níveis de expressão de uma constelação de
genes durante o desenvolvimento do
sistema imunológico do camundongo. O
projeto de cooperação está sendo finan-
Contacto
Prof. Dr. Geraldo A.S. Passos Jr.
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/USP
Depto. de Genética
Tel.: (016) 602-3030 - Fax (016) 633-0069
E-mail: [email protected]
Da esquerda para a direita:
Geneviève Victorero, Corine
Bernard, Bertrand Jordan,
Geraldo Passos e Alice Carrier
2
ciado conjuntamente pelo INSERM (França) e FAPESP (Brasil) e prevê estágios para
pesquisadores de nosso Grupo em Marseille
e a vinda de pesquisadores da Equipe
TAGC para o nosso Laboratório em Ribeirão Preto, quando inclusive ministrarão
cursos sobre alta tecnologia na análise da
expressão do genoma.
Somente quatro Laboratórios no Estado de São Paulo foram selecionados para
participar, dentre os quais um é o nosso,
aqui em Ribeirão Preto.
Geraldo Passos
França-Flash 19
COOPERAÇÃO FRANCO-BRASILEIRA EM
TERRITÓRIOS DE PESCA INEXPLORADOS
INSTALAÇÃO DO CONSELHO CIENTÍFICO DA
AÇÃO COORDENADA INCITATIVA: “VIHPAL”
Por ocasião da assinatura do contrato entre o
IFREMER (Instituto Francês de Pesquisa para Exploração
do Mar), a companhia Bahia Pesca e a administração
brasileira (Marinha e Pesca), foram programadas duas
campanhas de pesquisa haliêutica a bordo do navio
Thalassa, do IFREMER.
Serão prospectadas águas brasileiras, mais precisamente a zona econômica exclusiva (ZEE) dos estados
de Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro. O projeto situase no contexto do programa nacional brasileiro “Recursos
Vivos da Zona Econômica Exclusiva” (REVIZEE). A
primeira campanha abrange as espécies de pequenos peixes
pelágicos (que vivem na massa de água não contínua ao
fundo), como a anchova, a sardinha, etc; já a segunda,
programada para o segundo trimestre do ano 2000, será
voltada para os recursos demersais (espécies do fundo).
Ambas têm como objetivo inventariar e avaliar os recursos
haliêuticos da região.
A campanha Bahia/1 teve início em 25 de maio, a
partir do porto de Salvador, devendo encerrar-se em 9 de
julho no mesmo local. A bordo do Thalassa estão 25
cientistas (brasileiros, entre os quais o chefe da missão, e
biólogos de pesca do IFREMER).
A estimativa do potencial de captura de pequenos
peixes pelágicos será feita pelo método de eco-integração,
combinada com operações de arrasto para identificação das
espécies. Também se realizarão estações hidrológicas e
planctônicas a fim de estudar as condições ambientais em
relação com a distribuição e a abundância das espécies.
Para todos os cientistas a bordo, um ponto de especial
interesse dessas campanhas é seu cunho exploratório numa
zona praticamente virgem. De fato, fora das águas
territoriais (limitadas a 12 milhas marítimas da costa), essa
área nunca foi objeto de uma prospecção haliêutica e
atualmente não se sabe com precisão quais espécies ali vivem nem
em qual quantidade. Ademais, esse
contrato com parceiros sul-americanos constitui uma oportunidade
para demonstrar in loco as tecnologias de ponta e os métodos
franceses em pesquisa haliêutica.
HIV / AIDS e malária nos países em desenvolvimento
Claude Allègre, ministro da Educação, Ciência e
Tecnologia da França, instalou em 4 de junho de 1999 o
Conselho Científico da ação “VIHPAL”, na presença de
Charles Josselin, ministro delegado para a cooperação e a
francofonia, e de Bernard Kouchner, secretário de Estado
para a saúde e a ação social.
Essa ação de pesquisa insere-se na intenção de
fortalecer a cooperação entre a França e a África subsahariana, o sudeste asiático e a América Latina, apoiandose em programas de pesquisa que atendam às necessidades
e às demandas de saúde pública dessas regiões.
Tem como finalidade confederar as qualificações,
auxiliar as equipes dos países em questão a se tornarem
operacionais e oferecer soluções terapêuticas eficazes,
adaptadas e sustentadas. Os projetos serão executados em
associação entre os pesquisadores franceses (ANRS Associação Nacional de Pesquisas sobre Aids, CNRS Centro Nacional de Pesquisa Científica, INSERM Instituto Nacional de Saúde e de Pesquisa Médica, Instituto
Pasteur, IRD - Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento, serviço de saúde das forças armadas, universidades
e laboratórios privados) e os pesquisadores dos países
envolvidos.
O orçamento destinado a essa Ação Coordenada
Incitativa é de 30 milhões de francos por ano. Os créditos
vêm somar-se aos 15 milhões anuais que o ANRS já destina
às suas pesquisas nos países em desenvolvimento.
O Conselho Científico, que abrange representantes dos
países do Sul, é presidido por André Capron, diretor do
Instituto Pasteur de Lille. O diretor da ação coordenada
incitativa da Direção da Pesquisa é France Agid, diretor
de pesquisa no INSERM.
Foram lançados dois editais para propostas: um sobre
a infecção pelo HIV, suas conseqüências, a prevenção da
transmissão e o tratamento; e o outro sobre a malária.
Contacto imprensa
Dr. Frédéric Sagot
Embaixada da França
E-mail: frédé[email protected]
ERRAMOS
Contato
IFREMER/Sète
Jean Marin
Tel.: (4) 67.46.78.03
Comunicado IFREMER nº 52
Bahia Pesca
IFREMER/Issy-les-Moulineaux
Ramiro Gonzales
Tel.: (1) 46.48.21.75
França-Flash 19
No França-Flash nº 18, no artigo: DENGUE:
UMA DOENÇA VIRAL JÁ ENDÊMICA NO
BRASIL, no subtítulo “A instalação do vírus da
dengue em uma aglomeração urbana”, linha 8,
considerar 10°C no lugar de 100°C; no subtítulo
“A endemização da doença”, linha 22, 33°C no
lugar de 330°C.
3
MICHEL BERNAT, ADIDO PARA CIÊNCIA
E TECNOLOGIA NA EMBAIXADA DA
FRANÇA NO BRASIL
DIPLOMA DE DIREITO FRANCÊS E
DIREITO EUROPEU
Michel Bernat é professor na
Universidade de Nice e diretor de
pesquisa de primeira classe no
CNRS (Centro Nacional de Pesquisa Científica). Especialista em
geoquímica, diretor do departamento de geociências da Universidade de Nice, ele conhece bem o Brasil, onde trabalhou
durante vários anos com o professor Cordani no Instituto
de Geociências da Universidade de São Paulo. Também
dirigiu diversos programas de pesquisa, no contexto PICS
– Programas Internacionais de Cooperação Científica
(CNRS) – e CAPES/COFECUB com a Universidade de
Niterói e a Universidade Federal de Salvador. Sua
experiência internacional estende-se também ao sudeste
asiático, onde realizou várias missões científicas.
Michel Bernat começou recentemente a trabalhar na
Embaixada da França em Brasília, supervisionando no
Brasil todos os projetos de cooperação científicos, técnicos
e universitários apoiados pelo Ministério das Relações
Exteriores. Decide sobre os auxílios fornecidos aos grandes
programas de cooperação executados no Brasil (Programa
Pesquisa-Indústria, Graduação Sanduíche, CAPES/
COFECUB, USP/COFECUB, etc), bem como sobre
eventuais auxílios mais específicos.
A Casa
Internacional da
Universidade de
Paris I, sede do
LL.M.
A Universidade de Paris I Panthéon-Sorbonne acaba
de criar um novo diploma de terceiro ciclo (LL.M. de Droit
Français et de Droit Européen) para estudantes estrangeiros
— profissionais e estudantes titulares de um diploma de
direito. O objetivo desse diploma é permitir aos participantes adquirir um conhecimento geral do direito francês
e de todo o direito europeu através de cursos teóricos e
estágios nas principais profissões jurídicas.
Trata-se do primeiro diploma francês organizado em
um ano universitário especialmente concebido para a
formação intensiva de juristas estrangeiros. A preparação
do diploma está aberta, a cada ano, a cerca de trinta juristas
selecionados através de dossiês de candidatura.
Informações
Chantal Bernard - Service des relations internationales de
l’Université Paris I Panthéon-Sorbonne
12, place du Panthéon - 75231 Paris Cedex 05
Tel.: (1) 46.34.97.73 - Fax: (1) 46.34.20.56
E-mail: [email protected]
http://www.univ-paris1.fr
Contato
Embaixada da França em Brasília
S.E.S. Avenida das Nações Lote 4 - 70404-900 Brasília - DF
Tel.: (061) 312-9100 - Fax: (061) 312-9202
E-mail: [email protected]
Exposições na Pinacoteca do Estado
VIVER
Fotografias, fotopinturas e pinturas de François-Marie Banier
FÉLIX NADAR
Retratos do Século XIX – Coleção Carlos Leal
Gaspard-Félix Tournanchon — ou
simplesmente Nadar — além de ser
uma figura fundamental da fotografia
francesa, é uma inspiração constante no
trabalho de Banier.
A exposição compõe-se de 90
fotos de personalidades incluindo D.
Pedro II, Santos Dumont, Charles
Baudelaire, Emile Zola e Victor Hugo.
“Pinto à beira da morte. Como
que forçado por outra coisa. Uma
pressão. Uma pulsão. Como uma
urgência que não domino, nem controlo. É quando vem a idéia, a reflexão, que a tela está pronta”,
assim se define François-Marie
Banier.
de 16 de junho a 1º de agosto, de terça a domingo, 10h - 18h
de 23 de junho a 1º de agosto, de terça a domingo, 10h - 18h
Praça da Luz, 2 – São Paulo SP – Tel.: (011) 229-9844
4
França-Flash 19
PESQUISA
MINHOCAS TÃO
DESTRUTIVAS QUANTO
UM BULDÔZER
Na Amazônia central, a floresta é
queimada para dar espaço a pastagens.
Essa transformação, que altera profundamente a estrutura física dos solos,
provoca um considerável empobrecimento da biodiversidade, sobretudo da
fauna do solo. Em artigo publicado na
revista Nature, pesquisadores do IRD
(Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento, ex-ORSTOM) mostram que
a criação de pastagens no meio
amazônico causa um desequilíbrio do
ecossistema, propiciando a proliferação
de uma minhoca exótica (Pontoscolex
corethurus). Compactando os solos, ela
faz estragos comparáveis aos dos
buldôzeres ocasionalmente utilizados
no desmatamento.
a
transformação da floresta tropical
úmida em pastagens modifica profundamente a estrutura física dos solos, devido
a um efeito de compactação. Essa compactação que asfixia os solos geralmente é
atribuída ao impacto das pesadas máquinas
usadas para desmatar e criar as pastagens,
bem como ao pisoteamento pelos rebanhos.
Segundo um estudo feito por pesquisadores
do Laboratório de Ecologia dos Solos
Tropicais, do centro IRD de Ile-de-France,
em colaboração com o INPA-Ecologia
(Manaus), nos arredores de Manaus a
compactação é agravada por um agente
muito insidioso: a minhoca Pontoscolex
corethurus. Na esteira do desequilíbrio
ecológico criado pelo desmatamento, essa
espécie começou a proliferar em algumas
extensões de campos.
O desmatamento e a criação de pas-
Valetas antierosivas dispostas
entre as fileiras de arbustos.
Os pesquisadores enchem essas
valetas com resíduos orgânicos
diversos e nelas inoculam as
minhocas.
Patrick Lavelle © Orstom
Pontoscolex corethrurus Mull:
espécie com disseminação pantropical, comum em todos os meios
antropogênicos quando a pluviosidade ultrapassa 1.300 mm.
Colonizador agressivo de demografia hiperativa, partenogenética.
Em certos casos, seu excesso de
atividade pode degradar os solos
(compactação severa, observada nos
solos muito argilosos da Amazônia).
tagens nessa região amazônica contribuíram para uma importante redução (cerca
de 70%) da diversidade da macrofauna
original (minhocas, cupins, formigas):
enquanto os solos florestais apresentavam
160 espécies diferentes de macroinvertebrados, atualmente há nos campos apenas
cerca de 30 espécies. Aproveitando os
nichos ecológicos abandonados pelas
espécies desaparecidas, a Pontoscolex
corethurus invadiu as pastagens, atingindo
uma densidade de 400 indivíduos por metro
quadrado.
Em dois anos, com o acúmulo de seus
dejetos, essas minhocas – que constituem
agora cerca de 90% da biomassa de invertebrados presentes nos solos – contribuíram
para a formação de uma crosta extremamente compacta de 5 cm de espessura
na superfície do solo. Esse efeito de
compactação, que se traduz por uma intensa
redução da porosidade do solo (volume dos
poros: 2,7 cm3/100 g, contra 21,6 cm3/100 g
na floresta), mostra-se tão importante
quanto o que poderia ser provocado por
uma compressão mecânica (2,6 cm3/100 g)
como a de um buldôzer, por exemplo. É a
primeira vez que uma proliferação de
minhocas provoca tais efeitos no solo.
Os estragos causados pela multiplicação descontrolada de Pontoscolex
corethurus não param aí. A crosta criada
por seus dejetos impede que a água se
infiltre; o capim dos campos murcha e
aparecem porções de terra nua. Ademais,
essa capa compacta, impedindo a evapo-
França-Flash 19
ração da água existente nas camadas
profundas, cria uma saturação hídrica até
três metros de profundidade, alterando
grandemente os solos. Por fim, tudo indica
que o desaparecimento do oxigênio nos
solos, provocado pela saturação hídrica,
poderia impedir a absorção do metano
produzido pela decomposição da matéria
orgânica. Este seria então lançado de volta
na atmosfera. Os pesquisadores do Laboratório de Ecologia dos Solos Tropicais
estão prosseguindo seus trabalhos para
compreender melhor a inusitada liberação
de metano observada nessas extensões de
pastagem.
No estado atual dos conhecimentos,
apenas um reflorestamento, pelo menos
parcial, poderia minorar os efeitos da
proliferação da Pontoscolex corethurus. De
fato, segundo os resultados apresentados
recentemente numa tese, os estragos
parecem ser reversíveis em pouco tempo
(cerca de um ano) se houver uma fauna de
espécies florestais bastante diversificadas.
Contato
Armand Chauvel ou Patrick Lavelle
Laboratoire d’écologie des sols tropicaux
Centre IRD Ile-de-France - 93143 Bondy
Tel.: (1) 48.02.55.01 ou (1) 48.03.75.36
Fax: (1).48.47.30.88
E-mail: [email protected]
Fiche d’actualité scientifique IRD nº 85
5
Assentado sobre grandes pilares de
concreto, o paralelepípedo de vidro que
prolonga o laboratório Mérieux abriga
uma estrutura única na Europa, inaugurada recentemente por Jacques
Chirac. Trata-se do primeiro laboratório
P4 – ou seja, no jargão dos pesquisadores em microbiologia, “patogênico 4”,
um termo que designa o nível de
confinamento máximo, necessário para
se estudar as bactérias e os vírus mais
perigosos do mundo. Dirigido por Susan
Fischer-Hoch, uma especialista britânica
em vírus africanos, o novo laboratório
terá como principal objetivo desenvolver testes e vacinas contra essas
novas doenças. Paralelamente, receberá
e formará pesquisadores originários das
regiões endêmicas.
a
Organização Mundial da Saúde
(OMS) classifica em níveis 1 a 4 os
laboratórios, em função da patogenicidade
dos microorganismos que neles são manipulados. Assim, o nível 1 corresponde a
uma bancada sem proteção. O nível 2
requer o uso de roupas protetoras e um
equipamento de remoção de aerossóis,
como por exemplo uma coifa exaustora ou
de fluxo laminar. Já os laboratórios de nível
3, onde os pesquisadores podem manipular
organismos muito perigosos (HIV, tuberculose, hepatite C, etc.), são recintos
confinados nos quais tanto o fluxo de ar
como o acesso são controlados. Por fim, nos
laboratórios de nível 4, em que se estudam
organismos perigosos e pouco conhecidos,
os pesquisadores trabalham equipados com
macacões especiais, o ar é filtrado e o
acesso compreende passagem por uma
câmara de ligação e ducha obrigatória.
Além do novo laboratório de Lyon, há
hoje no mundo apenas três outros laboratórios P4. O primeiro está instalado no
6
©Fondation Marcel Mérieux
SEGURANÇA MÁXIMA PARA O
NOVO LABORATÓRIO FRANCÊS
DE MICROBIOLOGIA
famoso Centro de Controle de Doenças
(CDC) de Atlanta, nos Estados Unidos. O
segundo é o do USAMRIID, o centro de
pesquisa médica do exército americano,
instalado em Fort Detrick. O terceiro fica
em Johannesburg, na África do Sul. Além
deles, na ex-União Soviética existem outras
estruturas, aparentemente mais antigas, e
três outros laboratórios foram construídos
no Japão, na Austrália e na Alemanha;
entretanto, na opinião dos especialistas,
nenhum desses é um autêntico P4. Em
contrapartida, é possível que haja pelo
mundo outros verdadeiros P4 executando
pesquisas num contexto militar.
RESISTIR A TODOS OS ACIDENTES
POTENCIAIS
Enquanto os laboratórios P4 construídos até agora parecem verdadeiras
fortalezas de concreto, o de Lyon é totalmente o oposto. Trata-se de um edifício
gracioso, transparente, construído sobre
pilotis. Isso não o impede de atender a todas
as normas em vigor. Assim, os pilares de
sustentação estão fixados no solo em uma
laje parassísmica; a estrutura foi planejada
para resistir a abalos sísmicos de nível
cinco. Os próprios pilares podem suportar
qualquer choque, como por exemplo o
impacto de um veículo. Os vidros blindados
que constituem o edifício resistem a balas
que poderiam vir de fora, como num
improvável ataque terrorista. Os do interior
também são blindados.
Na verdade, o laboratório foi projetado
segundo o princípio da caixa hermética
colocada dentro de outra caixa. Os materiais utilizados são de solidez e imper-
França-Flash 19
meabilidade a toda prova. Além disso, a
“caixa” interna sofre uma pressão negativa,
uma queda de pressão de -10 a -70 pascals,
o que significa que o ar entra mas não sai.
Também no caso totalmente hipotético de
um risco de vazamento, o ar não será
lançado para fora e sim aspirado para o
interior. Séries de filtros extremamente
densos, cujos poros medem 0,2 mícron de
diâmetro, impedem a penetração de microorganismos, mesmo do tamanho de um
vírus. Os efluentes líquidos recebem adição
de um desinfetante muito poderoso e depois
são superaquecidos a 128 ºC durante uma
hora (basta um aquecimento a 60 ºC durante
30 minutos para destruir qualquer vírus).
Além disso, toda matéria sólida é desinfetada e esterilizada em autoclave.
522 PONTOS SOB VIGILÂNCIA
Tudo que chega ou sai é submetido a
um protocolo estrito. Cada pesquisador que
entra em um dos dois laboratórios de 65 m2
desse P4 começa por se despir totalmente,
depois veste roupas de baixo especiais e um
escafandro; finalmente, passa por uma
ducha descontaminante. Nessa cabina,
como em todo o laboratório, os materiais
têm espessura dupla, para compensar
eventuais falhas. Um tubo liga cada
pesquisador ao sistema de ar. Quando
encerram o trabalho, antes de sair eles têm
de passar novamente pela ducha, expondose durante quatro minutos a doze bocais que
lançam sobre seu escafandro jatos de um
líquido desinfetante trinta vezes mais
potente que o recomendado pelas normas.
Após dois minutos de lavagem intensiva,
podem finalmente livrar-se dos trajes
especiais e tomar outra ducha antes de
vestirem suas próprias roupas.
No caso de alguma pane perturbar o
funcionamento normal do laboratório, dois
grupos de geradores estão a postos para
funcionar durante 24 horas se o corte de
energia elétrica durar mais de seis segundos. Além disso, conversores podem
alimentar cada uma das funções vitais do
laboratório, assegurando-lhes uma hora de
autonomia suplementar. Se houver uma
pane no sistema de ar respirável, os
pesquisadores dispõem de dez minutos para
empreender o processo de descontaminação
e evacuar o local. Ao todo há no edifício
522 pontos de vigilância e 72 alarmes
operacionais.
UM VERDADEIRO CENTRO
EUROPEU DE DOENÇAS
INFECCIOSAS
As pesquisas abrangerão muitas doenças infecciosas. Além do Ebola, serão
estudados o vírus de Lassa, que grassa na
África ocidental, atingindo anualmente
cerca de 100.000 pessoas, com uma taxa
de mortalidade de 2%; o Hanta, cujas cepas
européias, ao contrário das americanas, não
são perigosas; e outros mais. As experiências serão feitas em primatas.
O laboratório de Lyon já constitui um
trunfo de capital importância não só para a
França como para toda a Europa. Como
maior laboratório de nível 4 do continente,
ele vem antecipar a nova geração de P4 que
deverá estabelecer a liderança européia na
pesquisa sobre febres hemorrágicas e sobre
todos os novos agentes infecciosos extremamente virulentos. “Se durante os próximos cinco anos conseguirmos produzir uma
vacina, realizar diagnósticos e obter novos
dados em imunolologia, teremos criado um
verdadeiro centro europeu de doenças
infecciosas”, declara confiante Susan
Fischer-Hoch.
Contato
Fondation Marcel Mérieux
Tel.: (4) 72.40.79.71 - Fax: (4) 72.40.79.50
Technologies ‘France” nº 51
© CNES
A FRANÇA NA
CONQUISTA DE MARTE
Em 2005, um foguete Ariane-5 levará
para Marte um engenho espacial
francês encarregado de trazer para a
Terra as primeiras pedras já extraídas
do planeta vermelho.
o
planeta Marte é o novo alvo da
conquista espacial. Antes de pensar na
primeira passada do homem no planeta
vermelho (não antes de uns bons 30 anos),
os projetos de exploração robotizada
aceleram-se e internacionalizam-se. Enquanto o projeto Apolo era apanágio apenas
dos americanos, os europeus e especialmente a França engajam-se resolutamente
na aventura marciana: o CNES (Centro
Nacional de Estudos Espaciais) anuncia a
assinatura de um contrato de cooperação
direta com a NASA. A participação francesa, num montante de 2,5 bilhões de
francos (381 milhões de euros), representa
a terça parte do total da missão Mars 05
Sample Return, uma das mais complexas
da história espacial.
A partida da sonda desenvolvida pelo
CNES está prevista para julho de 2005.
Será lançada pelo caçula dos foguetes
europeus, o Ariane-5, cuja qualificação foi
O orbitador a
caminho de Marte
adquirida em outubro de 1998. O
módulo espacial, composto de um
orbitador e de uma pequena cápsula
de reentrada na atmosfera, chegará
a Marte em agosto de 2006, após
um périplo de várias centenas de
milhões de quilômetros. O orbitador também levará em seu “paiol” o
Netlander (de Network Lander), uma rede
de quatro pequenas estações de medição
com 50 kg cada, que será liberada na
atmosfera de Marte. Foram elaboradas pelo
CNES com intensa participação européia,
sobretudo alemã e finlandesa; efetuarão
experiências geoquímicas e geofísicas
durante um ano marciano (cerca de dois
anos terrestres). O objetivo é estudar a
estrutura interna profunda de Marte,
localizar eventuais reservatórios de água ou
de gelo e efetuar medições atmosféricas.
Antes disso, os robôs americanos da
NASA, lançados em 2003, terão coletado
várias centenas de gramas de amostras de
solos marcianos, acomodando-as em
seguida num contêiner estanque que terão
colocado num pequeno foguete com a
potência exata para enviá-lo à órbita baixa,
a cerca de 300 km da superfície de Marte.
Depois de liberar os quatro Netlander, o
módulo espacial francês partirá em busca
dessa esfera metálica de 20 cm de diâmetro,
França-Flash 19
que para ser localizada emitirá ondas de
rádio e depois um clarão luminoso. A
abordagem final será feita por guidagem
laser. O encontro e a transferência das
amostras constituirão etapas cruciais da
missão. Com um pouco de sorte, o orbitador
poderá também trazer também o contêiner
de amostras da missão 2005.
Uma vez recuperadas todas as pedras,
o orbitador iniciará sua viagem de volta à
Terra. A aterrissagem está prevista para
2008, numa região deserta de nosso planeta.
Após um ano de quarentena (para evitar
eventuais contaminações), as pedras de
Marte estarão à disposição dos pesquisadores da América e da Europa.
Emmanuel Thévenon
Contato
CNES - Centre National d’Etudes Spatiales
2, place Maurice Quentin
75039 Paris Cedex 01
Assessoria de Imprensa:
Tel.: (1) 44.76.75.00 – Fax: (1) 44.76.76.76
Actualité en France nº 19;
Revue Aérospatiale nº 158
7
ENTREVISTA com Jean-Claude Kaplan, professor da Faculdade de Medicina de Cochin
GENÔMICA: IMENSAS
PERSPECTIVAS, MAS
COM CAUTELA
qüência do genoma humano será conhecido
por volta de 2003.
A genômica avança a passos de
gigante. Em 2003 os pesquisadores
deverão ter concluído o
seqüenciamento do genoma humano.
“A genômica é promissora para a
medicina, pois, quando o
seqüenciamento estiver concluído,
teremos um inventário completo dos
genes humanos, e dele poderemos
extrair novos conhecimentos”, declara o
professor Kaplan.
Kaplan – Primeiro teremos de digerir toda
a massa de informações adquiridas. Principalmente, será preciso fazer um inventário completo dos genes, compilar as
seqüências codificadas, deduzir as seqüências protéicas correspondentes e
elucidar os mecanismos de regulação. Se
considerarmos que existem entre 60 e 80
mil genes estruturais dessas proteínas,
pode-se imaginar a enormidade do trabalho
a ser realizado. Também será preciso
entender como todos esses genes são
regulados, e portanto sairmos de uma
organização estritamente unidimensional
para nos lançarmos numa espécie de
genômica tridimensional, no sentido físicoquímico do termo. É bom lembrar que o
DNA não é um filamento estirado: está
cercado de proteínas e esse todo está
condensado na cromatina. Portanto, existem genes linearmente muito distantes que
podem estar muito próximos; daí a possibilidade de interações intergênicas. É um
empreendimento gigantesco, ao lado do
qual nossa genética de hoje, monofatorial
e unidimensional, parece rudimentar e
simplista.
Entrevista por Jean-François Desessard
Jean-François Desessard – Atualmente se
fala cada vez mais em genômica. O senhor
poderia definir esse termo novo?
Jean-Claude Kaplan – Trata-se de um
termo relativamente novo, que ainda não
consta dos manuais mais recentes. A
genômica é o conjunto das pesquisas e dos
conhecimentos sobre os genomas, mais as
aplicações decorrentes. Quando as seqüências genômicas estiverem decifradas,
será preciso explorar a massa de informações colhidas. No início dos anos 90, ficou
evidente que tínhamos condições de
conhecer a seqüência nucleotídica dos
genomas dos seres vivos, desde o mais
simples até o mais complexo. Convém
lembrar que o genoma de uma bactéria é
constituído de aproximadamente cinco
milhões de pares de bases, sendo que o
levedo possui três vezes mais e o genoma
humano seiscentas vezes mais. Decodificálo parecia inicialmente um empreendimento
quase quimérico. Mas há alguns meses
anunciaram-nos que o essencial da se-
8
Desessard – Se por volta de 2003 ficarmos
conhecendo essas seqüências, quais serão
as etapas seguintes?
Desessard – Também se fala cada vez mais
em “farmacogenômica”. De que se trata?
Kaplan – A farmacogenômica não deve ser
confundida com a farmacogenética. Esta
consiste na compreensão das relações
individuais de cada pessoa exposta a um
determinado medicamento. É uma área de
pesquisa muito importante, que com o
tempo deverá permitir que se prevejam as
suscetibilidades de cada indivíduo aos
medicamentos, isto é, os efeitos indesejáveis, e por outro lado os efeitos
França-Flash 19
“desejáveis” (eficácia terapêutica). Em
contrapartida, a farmacogenômica consiste
em descobrir novos medicamentos pela
observação sistemática do impacto que eles
podem ter sobre os genes. Dessa forma será
possível pensar em medicamentos que
estimulem os genes pelo sistema dos
promotores ou, ao contrário, que os reprimam. É por essa razão que a genômica terá
um impacto considerável em pesquisa
farmacológica.
Desessard – Estão mapeando o genoma e
seqüenciando os genes. Paralelamente, a
terapia gênica, que oferece tantas esperanças, está se desenvolvendo. Experiências
estão em andamento. Alguns de seus
colegas põem em dúvida a eficácia desse
tipo de terapia. Qual é sua opinião?
Kaplan – Estou entre aqueles que pensam
que a terapia gênica não é uma solução
imediata e que não é nada exclusiva.
Nenhum dos ensaios experimentais realizados em animais e mesmo com seres
humanos já se mostrou eficaz. Sabemos que
o obstáculo fundamental está em conseguir
enviar o gene para células bem precisas e
fazê-lo penetrar nelas por meio de vetores
apropriados. Por outro lado, mesmo que o
objetivo seja atingido, a proteína ainda é
fabricada em quantidade insuficiente, e
além disso pode ser imunogênica.
O entusiasmo atual de certos pesquisadores,
amplamente secundado pelos meios de
comunicação, explica-se pelo desejo de
abreviar as etapas cognitivas e experimentais que decorrem naturalmente da
descoberta de um gene de doença ou do
mecanismo molecular das doenças. Vejo
nessa busca de um atalho a intenção de
andar mais depressa administrando um
gene como um verdadeiro medicamento.
Infelizmente as coisas não são tão simples.
Atualmente estamos assistindo a um certo
esfriamento do entusiasmo inicial pela
terapia gênica; e fala-se cada vez mais em
terapia fundamentada no conhecimento dos
genes, o que é muito mais amplo do que a
simples transferência de gene. Aprovo essa
evolução, pois, a meu ver, é a fisiopatologia
molecular das doenças, ela mesma decorrente do conhecimento dos genes, que é
promissora. Em razão da complexidade dos
problemas a resolver, específicos de cada
doença, é impossível prever um calendário.
Desessard – A genômica assusta algumas
pessoas, ainda mais porque os pesquisadores avançam mais depressa que o
previsto. Então os receios do público são
justificados?
Kaplan – É normal ter receio, pois todo
avanço cognitivo gera aspectos negativos.
Em matéria de terapia gênica, por exemplo,
primeiro se jurou pensar apenas na terapia
gênica somática, sem tocar nas células
germinativas e portanto na descendência.
Na verdade, o tabu da terapia gênica
germinativa está em vias de se esfacelar,
pois já começam a ser organizados colóquios enfocando a terapia gênica germinativa...
Há também o problema da confidencialidade dos dados genéticos. Na França eles
são protegidos pelas chamadas leis de
bioética (1994). Assim, ninguém pode ter
acesso à intimidade genética dos indivíduos, sendo porém que numerosas
instâncias têm interesse nisso. Estou
pensando especialmente nas companhias de
seguros, nos sistemas de saúde e nas
agências de empregos. Por quanto tempo
ainda o segredo genético estará protegido?
Esses problemas estão no centro de um
complexo debate social. É significativo que
desde seu lançamento o Projeto Genoma
Humano americano tenha planejado destinar recursos muito importantes para
analisar as repercussões éticas da decodificação do genoma humano.
Mesmo assim, não penso que se deva ter
medo da genômica. Basta ficar alerta e
lembrar antes de mais nada que é graças a
essa nova disciplina científica que chegaremos, pouco a pouco, a compreender
melhor o determinismo das doenças – e isso
abre imensas perspectivas a maior ou menor
prazo.
Contato
Jean-Claude Kaplan
Laboratoire UNV 11517 - CHU Cochin
27, rue du Faubourg Saint-Jacques
75674 Paris Cedex 14
Tel.: (1) 42.34.12.12 - Fax: (1) 42.34.16.91
Technologies ‘France’ nº 50
OPINIÃO
A COOPERAÇÃO EM
CIÊNCIAS DE GESTÃO
ENTRE O PPGA-UFRGS
E ESA-UPMF:
CONSIDERAÇÕES
T emos a satisfação de apresentar
alguns comentários e dados sobre a cooperação em ciências de gestão inerente ao
projeto Capes-Cofecub 146/94, envolvendo
a UFRGS e sua Escola de Administração,
mais especificamente o PPGA, Programa
de Pós-Graduação em Administração, em
estreita colaboração com a Université
Pierre Mendès-France e sua École Supérieure des Affaires, de Grenoble, na França.
Essa cooperação que já data do final
dos anos 70 teve início com os professores
N. Hoppen (Brasil) e J. Trahand (França),
envolvendo principalmente a área de
sistemas de informação e de apoio à
decisão, e mais recentemente a área de
gestão da inovação tecnológica.
Ela vem se consolidando nos últimos
Henrique Freitas é Professor no PPGA/EA/UFRGS,
Doutor em gestão pela Universidade Grenoble II (FR),
Pesquisador CNPq e Coordenador brasileiro do projeto
CAPES-COFECUB 146/94
anos através da importante alavancagem
possibilitada pelos diferentes projetos
Capes/Cofecub. Assinados desde 1978,
esses acordos vêm permitindo intensos
intercâmbios científicos e culturais entre
pesquisadores dos dois países. Trata-se de
uma intenção (e ação!) conjunta de compartilhar conhecimentos e experiências
construídos ao longo do tempo e que, com
a troca, somente enriquecem ambos os
países.
O PPGA da UFRGS – Universidade
Federal do Rio Grande do Sul – considera
esse projeto imprescindível para seu
processo de cooperação internacional com
outros centros de excelência em gestão. A
produção científica resultante e os projetos
derivados têm se multiplicado e demonstram o quanto o acordo vem sendo satis-
França-Flash 19
fatório. A colaboração na realização de
pesquisas conjuntas tornou-se um objetivo
constantemente perseguido e vai além da
união em torno de linhas de pesquisa como
Gestão da Inovação Tecnológica e Sistemas
de Informação e de Decisão. Estende-se
para o ensino nos programas de doutorado
e de mestrado no Brasil; o aperfeiçoamento
do corpo docente; a qualificação dos alunos
do programa de doutoramento via programas de doutorado “sanduíche”; a promoção
de publicações em conjunto, entre outras
atividades e realizações.
As missões de trabalho, por sua vez,
propiciam a realização de seminários e
conferências, onde são discutidos métodos
de ensino e de pesquisa, apresentadas
pesquisas em andamento e resultados
alcançados. Além disso, a organização de
9
atividades paralelas quando da recepção de
um professor estrangeiro, permite otimizar
a sua presença em nosso programa, gerando
inúmeros benefícios para nossa Instituição:
um idioma estrangeiro é praticado por
alunos e professores, bibliografias e
programas de cursos são trocados, realizam-se debates, nossos projetos são apresentados e recebem críticas, cooperações
nascem desse encontro, visitas de nossos
alunos e professores são negociadas.
O PPGA/EA/UFRGS está muito satisfeito com essa parceria.
As equipes envolvidas, principalmente
o GESID (Grupo de Estudos em Sistemas
de Informação e de apoio à Decisão), têm
diversos projetos aprovados e em andamento, principalmente vinculados ao CNPq
e à Fapergs. É cada vez mais forte a
identidade entre os professores das instituições envolvidas, resultando em uma
produção científica de nível internacional
e em crescimento.
Parcerias extremamente salutares e
produtivas têm emergido, podendo-se
destacar pequenos grupos (de 2 ou 3
professores): Trahand-Hoppen; BallazFreitas; Lesca-Vargas; Piccinini-Drouvot;
Fensterseifer-Tiberghien; MoscarolaFreitas; Moscarola-Vargas; Lesca-Freitas;
Favier-Hoppen, entre outras.
Diversas teses de doutorado foram
desenvolvidas e defendidas dentro dessa
cooperação, entre as quais as dos professores do PPGA/EA/UFRGS: Norberto
Hoppen, Arlei Freitas, Walter Nique, Lilia
M. Vargas, Antonio Padula, Henrique
Freitas, Claudio Mazzilli, Maria Schuller.
Essa é uma representação importante da
chamada “escola francesa” para contrapor
ou balancear a influência genuinamente
americana na forma de gestão das organizações brasileiras, visto que por nossa
Escola de Administração passa boa parte
daqueles que conduzirão nossas organizações brasileiras.
Recentemente, tivemos uma professora em pós-doutoramento, um aluno em
doutorado sanduíche e um novo projeto em
vigor para o período 1999-2000, o que
muito nos orgulha.
O GESID, grupo consolidado desde
1993, objetiva a realização de estudos e de
10
pesquisas conjuntas Universidade-Empresa
em torno do eixo “informação-decisão”:
Sistemas de Informações, uso e impacto da
Tecnologia da Informação, Sistemas de
Informações Gerenciais e Sistemas de
Apoio à Decisão. Esse grupo alavanca a
principal das linhas de pesquisa dessa
cooperação. É formado por uma equipe do
PPGA/EA/UFRGS, contando com 6 professores com doutorado ou pós-doutorado, 10
doutorandos, 20 mestrandos, além de
alunos da especialização e graduação e 12
bolsistas de iniciação.
Desde sua criação, vem realizando
diversas atividades de extensão, como os
ateliês de pesquisa, onde palestrantes
convidados expõem e debatem os mais
diversos temas relacionados com o eixo
informação-decisão. Já foram realizados
mais de 70 ateliês entre 1993 e 1999, sendo
18 internacionais.
Os professores do GESID têm ampla
atuação no ensino universitário de graduação, especialização, mestrado e doutorado. Sua equipe coopera também com
outros centros de pesquisa no País, mantendo um encontro anual da área de
Administração da Informação no ENANPAD - Encontro Anual da Associação
Nacional dos Cursos de Pós-Graduação em
Administração.
Na França, via Capes-Cofecub, está
em interação contínua com a ESA - École
Supérieure des Affaires da Université Pierre
Mendès-France de Grenoble (Professores
Bernad Ballaz, Humbert Lesca, Jacques
Trahand e Marc Favier). Existe uma forte
interação com a equipe do GEREG, da IUP
(Institut Universitaire Professionnalisé),
Université de Savoie (coordenada pelo
Professor Jean Moscarola). Interage-se
ainda com equipes canadenses, israelenses
e americanas.
Dentre os inúmeros subprojetos em
realização nos acordos CAPES-COFECUB
‘Gestão’, podemos mencionar:
• Como dar um senso útil às informações
dispersas para facilitar as decisões e ações
dos dirigentes: o problema crucial da
inteligência competitiva através da
construção de um ‘PUZZLE’ (‘quebracabeça’)®;
• Pelo resgate de alguns princípios da
análise de conteúdo: aplicação prática
qualitativa em gestão;
• Na busca de um método quanti-qualitativo
para estudar a percepção do tomador de
decisão.
São inúmeras as referências bibliográficas produzidas no seio dessa cooperação. Essas referências encontram-se
disponíveis no site do Cendotec.
Contato
Prof. Henrique Freitas
Gesid-PPGA/EA/UFRGS
Tel./fax: (051) 225-2600 - r. 240
E-mail: [email protected]
Outros detalhes nos sites:
http://www.ppga.ufrgs.br/gesid
grupo de pesquisa
http://www.bitpress.com.br/hfreitas
lista de publicações e links
http://www.ppga.ufrgs.br/gesid/hfreitas
aulas e temas
EVENTOS
21ª Conferência Internacional do Gás
de 6 a 9 de junho/2000 em Nice, França
Informações
Brigitte Fournier
252 avenue de la Lanterne – 06200 Nice
Tel.: (4) 93.18.81.93 – Fax: (4) 93.83.89.43
E-mail: [email protected]
Catherine de Truchis
38/48 rue Victor Hugo – 92532 Levallois Perret Cedex
Tel.: (1) 47.54.73.42 – Fax: (1) 47.54.74.19
E-mail: [email protected]
http://www.wgcnice2000.com
França-Flash 19
Colóquio BioEd 2000,
o desafio do próximo século
CONGRESSO INTERNACIONAL
SOBRE EDUCAÇÃO EM BIOLOGIA
de 15 a 18 de maio/2000 em Paris, França
Informações
BioEd 2000
MNHN - Grande Galerie de l’Evolution
36, rue Geoffroy-Saint-Hilaire – 75005 Paris
Tel.: (1) 40.79.39.20 – Fax: (1) 40.79.39.26
E-mail: [email protected] – http://www.iubs.org
BREVES
Uva e vinho tinto contra
o câncer?
É o que sugerem experimentos
com linhagens celulares de
câncer da medula espinhal,
realizados pela equipe de
terapia celular do hospital
Saint Eloi, em Montpellier. Os
polifenóis – moléculas antioxidantes existentes no tanino
que recobre a casca da uva e
em grande quantidade no vinho
tinto – podem diminuir a proliferação das células cancerosas
em cultura e ainda provocar
sua apoptose (o “suicídio”
celular). Convém enfatizar
porém que as pesquisas foram
realizadas únicamente in vitro;
portanto, ainda é prematuro
afirmar que o consumo de uva
e de vinho tinto seja eficaz
contra a doença...
Contato
Bernard Klein
Institut de Génétique Moléculaire
de Montpellier - IGMM
1919, route de Mende
34293 Montpellier Cedex 05
Tel.: (4) 67.61.36.05
Fax: (4) 67.04.02.31
Recherche et Industrie nº 176
Cai a mortalidade
por doenças
cardiovasculares...
... principalmente no norte da
Europa e com exceção de
alguns países da Ásia e da
Europa oriental e central. É o
que revelam os primeiros
resultados do estudo internacional MONICA (Monitoring
Trends and Determinants in
Cardiovascular Disease),
coordenado pela OMS e abrangendo 7,2 milhões de pessoas
em 21 países durante 10 anos.
Na França, cerca de um milhão
de indivíduos foram estudados
pelo INSERM (Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa
Médica) de Lille, Strasbourg e
Toulouse (cidade onde a taxa
de mortalidade por essas
doenças é uma das mais baixas
do mundo).
Segundo MONICA, entre
meados dos anos 80 e meados
dos anos 90 a mortalidade
anual por infarto caiu globalmente 2,7 % entre os homens e
2,1% entre as mulheres.
O fenômeno parece dever-se a
uma melhora das condições de
vida, demonstrando a importância da prevenção e da
assistência médica.
Contato
Philippe Amouyel – INSERM U
508, Institut Pasteur, Lille
Tel.: (3) 20.87.77.62
Fax: (3) 20.87.78.94
E-mail: Philippe.Amouyel@
pasteur-lille.fr
Comunicado INSERM, maio/99
Hepatite C: confirmada
a superioridade da
biterapia
A biterapia associando dois
medicamentos – ribavirina e
interferon alfa-2β – é mais
eficaz que a monoterapia no
tratamento da hepatite C. É o
que revelou um estudo feito
pelo hospital Pitié-Salpêtrière
de Paris e pelo Grupo Internacional de Intervenção Terapêutica para a Hepatite. Ainda
não existe vacina contra a
doença; e no tratamento padrão
atual com interferon apenas
20% dos casos apresentam
melhora.
O estudo abrangeu 832
pacientes adultos, divididos em
três grupos. O primeiro grupo
recebeu durante 48 semanas
três milhões de unidades de
interferon três vezes por semana e 1.000 a 1.200 mg
diárias de ribavirina; o
segundo recebeu as mesmas
doses, mas somente durante 24
semanas; o terceiro grupo foi
tratado apenas com interferon
mais um placebo, durante 48
semanas. Os efeitos foram
medidos pelas taxas de vírus
ainda presentes no sangue:
43% dos pacientes do primeiro
grupo apresentaram melhora
duradoura, contra 35% do
segundo grupo e apenas 19%
dos que receberam a
monoterapia.
Contato
Groupe Hospitalier Pitié-Salpêtrière
Service Hépato-gastro-entérologie
47-83, boulevard de l’Hôpital
75651 Paris Cedex 13
Tel.: (1) 42.16.10.01
Recherche et Industrie nº 175
Um programa de
genômica vegetal
O GENOPLANTE, um
Grupamento de Interesse
Científico (GIS) constituído
em fevereiro por iniciativa de
sete grandes entidades (organismos públicos de pesquisa e
empresas privadas de biotecnologia), pretende dotar a
França de um dispositivo
competitivo para o estudo dos
genomas vegetais e a valorização dessas pesquisas. Entre
seus vários objetivos, destacam-se: aprofundar os conhecimentos fundamentais e criar
um suporte tecnológico conjunto em genômica vegetal;
criar e oferecer aos produtores
de sementes instrumentos de
precisão para a seleção;
propiciar o surgimento e o
desenvolvimento de empresas
de biotecnologia inovadoras.
O GENOPLANTE deverá
resultar em sementes de alta
qualidade, que atendam melhor
às expectativas de consumidores e agricultores, tanto em
termos de nutrição como de
segurança alimentar e ambiental. Abrange desde recursos
genéticos até a análise genômica das espécies vegetais.
“GENOPLANTE générique”
vai desenvolver e coordenar
trabalhos sobre as espécies
França-Flash 19
usadas como modelos, além de
criar as ferramentas tecnológicas (robotização, bioinformática); “GENOPLANTE
Espèces” desenvolverá
programas de análise do
genoma das principais espécies
cultivadas na Europa.
Contato
INRA – Service de Presse et
Relations publiques
147, rue de l’Université
75338 Paris Cedex 07
Tel.: (1) 42.75.91.69
Fax: (1) 42.75.92.05
http://www.inra.fr
Comunicado INRA, fevereiro/99
Uma substância natural
que regula a glicemia
Trata-se da semente de fenogrego (Trigonella foenumgraecum), uma planta
leguminosa muito comum na
região mediterrânea e na Ásia
e já conhecida popularmente
há mais de mil anos como
remédio contra o diabetes; mas
ignorava-se a origem dessa
propriedade. Agora, pesquisadores da Universidade de
Montpellier descobriram que
as sementes de feno-grego
contêm hidroxiisoleucina-4,
um aminoácido que aumenta a
secreção de insulina, reduzindo
assim a taxa de açúcar no
sangue; mas, ao contrário dos
atuais medicamentos à base de
sulfamidas hipoglicemiantes,
ela só desencadeia a produção
de insulina quando a concentração de glicose no organismo
aumenta, evitando assim os
riscos de hipoglicemia. A
descoberta poderá resultar num
medicamento eficaz contra o
diabetes tipo 2 (não insulinodependente).
Contato
Université Montpellier II
Département Agroressources et
Procédés Biologiques
Place Eugène Bataillon
34095 Montpellier Cedex 05
Tel.: (4) 67.14.30.30
Fax: (4) 67.14.30.31
E-mail: [email protected]
Recherche et Industrie nº 175
11
Medir as partículas presentes
na atmosfera, principalmente
as emitidas pelos veículos que
transitam nas grandes cidades,
tornou-se uma necessidade,
pois é notório que essas
poeiras provocam efeitos
prejudiciais sobre a saúde das
populações; e tais efeitos
dependem muito do tamanho
das partículas poluentes.
Utilizando a técnica LIDAR
(light detection and ranging)
de espectroscopia laser, o
Laboratório de Espectrometria
Iônica e Molecular (LASIM)
da Universidade de Lyon
(especializado na detecção e
caracterização de partículas em
meio urbano) e o Departamento de Ecologia Urbana da
Cidade de Lyon acabam de
elaborar o primeiro mapa
tridimensional quantitativo de
concentração de poluentes em
uma cidade. A técnica LIDAR
possibilita a cartografia tridimensional da concentração
atmosférica de poluentes
gasosos (óxidos de nitrogênio,
dióxido de enxofre, ozônio,
etc), dando acesso direto à
dinâmica físico-química da
poluição. Em Lyon, um
sistema LIDAR está sendo
integrado experimentalmente
numa rede de medição.
Contato
CNRS - Université Claude Bernard
Lyon I – LASIM
Jean-Pierre Wolf
Tel.: (4) 72.43.13.01
Fax: (4) 72.43.15.07
E-mail: [email protected]
Technologies ‘France’ nº 51
O primeiro satélite bem
orientado... sem os
giroscópios
O satélite europeu SOHO,
lançado em 1995 e cuja missão
poderá prosseguir até 2003,
sofreu uma falha em seu sis-
12
Um despoluente no
sistema digestivo dos
cupins
Alain Brauman © IRD
Lyon mapeia sua
poeira urbana
Microbiologistas franceses
isolaram no intestino de cupins
da África tropical uma bactéria
que poderá vir a ser utilizada
em despoluentes de alta eficácia. O anúncio foi feito pelo
Instituto de Pesquisa para o
Desenvolvimento (IRD, exORSTOM).
Em cima, cupim-rainha
da espécie comedora de
plantas cercada de
operário e soldados
(Macrotermes mulleri);
em baixo: novo gênero de
bactérias isoladas no tubo
digestivo de cupim
(sporobacter
hydroxybenzoicum)
tema de orientação e teve de
acionar os propulsores de
controle de atitude (direcionamento), que fazem seus
sensores ficar permanentemente apontados para o Sol.
Para evitar o rápido esgotamento das reservas de hidrazina, em janeiro a Agência
Espacial Européia (ESA) e a
Matra Marconi Space elaboraram um programa informático graças ao qual em
fevereiro o SOHO pôde retomar sua missão científica sem
levar em conta as informações
errôneas transmitidas pelos
giroscópios e utilizando um
novo software transmitido
pelos controladores em terra.
“É como se estivéssemos
enviando, a partir do solo,
instruções a um piloto de
avião para que ele execute
manobras muito complexas
para aterrissar”, compara
Michel Verdant, responsável
pelo programa SOHO na ESA.
Contato
ESA – Assessoria de imprensa
Tel.: (1) 53.69.71.55
Fax: (1) 53.69.76.90
Como se sabe, os cupins não
comem apenas madeira. Mais
de metade deles – 1.200 das
2.300 espécies arroladas –
alimentam-se de compostos
presentes no solo, que reciclam
graças a seu excepcional sistema digestivo. Algumas das
bactérias existentes no intestino de cupins comedores de
húmus conseguem degradar
por hidrólise elementos
dificilmente biodegradáveis.
Os pesquisadores do IRD
descobriram que uma dessas
bactérias, que recebeu a classificação de Sporotomaculum
hydrobenzoicum, degrada o
ácido hidroxibenzóico, um
composto monoaromático.
Agora eles estão estudando
uma forma de utilizá-la em
biotecnologia, para fabricar
despoluentes do solo.
Contato
Alain Brauman
Laboratoire de microbiologie des
sols tropicaux de l’IRD Bel-Air
E-mail: [email protected]
Jean-Louis Garcia
Laboratoire IRD de Microbiologie
des anaérobies - Univ. de Provence
E-mail:[email protected]
Fiche d’actualité IRD nº 81
ASSINATURA FRANÇA-FLASH
Para receber França-Flash, envie um cheque nominal
ao CENDOTEC no valor de R$ 10,00, como contribuição
anual, acompanhado de seus dados cadastrais:
Nome ..................................................................................
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Profissão .............................................................................
............................................................................................
Organismo/Empresa de vínculo .......................................
............................................................................................
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França-Flash é uma publicação trimestral do CENDOTEC
Centro Franco-Brasileiro de Documentação Técnica e Científica
Av. Paulista, 1842 14º andar - Cetenco Plaza Torre Norte
01310-200 São Paulo-SP
Tels.: (011) 284-8114 / 5128 / 1839 - Fax: (011) 284-3417
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Expediente
Diretor de publicação: Michel Lévêque; Coordenação editorial: Halumi T.
Takahashi; Tradução e redação: Rosemary C. Abílio; Editoração: Vertente
Serviços Editoriais; Impressão: HM Ind. Gráfica e Editora
Technologies ‘France’ nº 51
França-Flash 19
As matérias assinadas são de responsabilidade de seus autores.
2.000 exemplares
CADERNO
CENDOTEC
França-Flash
http://eu.ansp.br/~cendotec
http://www.cendotec.com.br
PARCERIA
EMPRESAS FRANCESAS
NO BRASIL APÓIAM
PESQUISA E FORMAÇÃO
II PRÊMIO ALCATEL À INOVAÇÃO
TECNOLÓGICA
O principal objetivo do Prêmio Alcatel
à Inovação Tecnológica, criado pela Alcatel
em 1998, é incentivar iniciativas importantes na área científica e de pesquisa,
contribuindo dessa forma para o desenvolvimento dos países latino-americanos.
Podem participar empresas ou instituições que tenham efetuado em um país
latino-americano uma aplicação tecnológica inovadora.
A inovação Programação Quântica
na Internet, de autoria de Alba Rocio
Garcia, da Venezuela, foi a vencedora do
II Prêmio Alcatel.
O julgamento foi realizado por um júri
internacional formado por personalidades
do mundo científico como Plínio Assmann,
Superintendente do Instituto de Pesquisas
Tecnológicas (IPT), do Brasil; Sally
Bendersky, Diretora da Corporação de
Investigação Tecnológica (INTEC), do
Chile; Luis Fernando Gentile, Diretor de
Radiologia e Diagnóstico por Imagens do
Hospital de Ninos, Ricardo Gutiérrez, da
Argentina; e Carlos Montufar Freile,
professor da Universidade SanFrancisco
Quito, do Equador, entre outros.
Com um prêmio de US$ 50 mil para o
projeto vencedor e troféus para os finalistas
de cada país, a segunda versão do Prêmio
Alcatel à Inovação Tecnológica avaliou 150
projetos de inovação tecnológica das mais
número 19
abr-mai-jun 1999
diversas áreas, como informática, tecnologia da informação, agricultura e biologia.
“Com esta iniciativa a Alcatel acredita
estar contribuindo para o desenvolvimento
dos ambientes onde vive e atua. Com o
desejo de devolver à sociedade o reconhecimento dela recebido, a Alcatel premia
idéias inovadoras valorizando seus autores
e empreendedores”, diz Jean François Fille,
presidente da Alcatel. “Idéias inovadoras
quase sempre proporcionam redução de
custos, rentabilidade e maior qualidade.
Não raro, representam avanços significativos no processo de uma nação. Acima
de tudo, idéias inovadoras são responsáveis
pela melhoria da qualidade de vida da
população”, acrescenta.
Além de terem sido implementadas em
98, os projetos das inovações tecnológicas
que concorreram ao Prêmio Alcatel pertencem a profissionais que residem na
região em que foram aplicados. A avaliação
dos projetos seguiu critérios como, entre
outros, originalidade, criatividade e imaginação; valor e conteúdo tecnológicos da
aplicação; grau de aplicação realizada e
aplicação potencial; e impacto da inovação
na modernização, eficiência e produtividade da empresa.
Empresas
Tecnologia de Ponta
naval. Os candidatos deverão ser indicados
pelas respectivas escolas. Não há limite de
idade e devem preferencialmente falar uma
língua estrangeira (inglês ou francês).
As chamadas, divulgadas nas principais escolas de engenharia, são feitas no
mês de novembro e a seleção ocorre no mês
de março. O período da bolsa estende-se
por 14 meses (dois para formação em língua
e doze para a formação especializada).
Esse programa já formou 15 engenheiros em escolas francesas, sendo 12 no
INPG e 3 na ECL, nas áreas de Hidráulica
Aplicada e de Máquinas Térmicas.
Atualmente estão em curso:
• 4 engenheiros na França, dois na ECL e
dois no INPG;
• 3 em preparação para ir à França, dois para
a ECL e 1 para o INPG.
Isso perfaz um total de 22 engenheiros
no Programa França-Brasil.
Todas as despesas dessa formação —
passagens, estadia, matrícula e anuidade —
têm sido suportadas integralmente pela
ALSTOM Energia desde 1991, época em
que o CNPq deixou de participar com sua
ajuda.
Informações
Antonio Puzzo – Tel.: (012) 225-3016
E-mail: [email protected]
Informações
Luiz Viana - Alcatel Telecomunicações S.A.
Tel.: (011) 6947-8673 - Fax: (011) 6947-8674
E-mail: [email protected]
Sumário
PROGRAMA FRANÇA-BRASIL
A ALSTOM Energia S. A. (ex-Mecânica Pesada) desenvolve um programa de
formação especializada de engenheiros na
França, através de convênios assinados com
o Institut National Polytechnique de
Grenoble e a Ecole Centrale de Lyon.
Podem candidatar-se ao programa
recém-formados (até três anos) em engenharia, sobretudo nas áreas mecânica e
França-Flash 19
PARCERIA
♦ Empresas francesas no Brasil
apóiam pesquisa e formação
i
ENTREVISTA
♦ Denis Randet – Caminhando para
uma mudança do quadro econômico ii
BREVES
iviii
DIVULGAÇÃO
iv
i
ENTREVISTA com Denis Randet, diretor do Laboratório de Eletrônica, Tecnologia e Instrumentação (LETI)
CAMINHANDO PARA
UMA MUDANÇA DO
QUADRO ECONÔMICO
O avanço industrial da eletrônica,
principalmente no último quarto de
século – avanço cuja amplitude se mede
tanto no nível técnico como em
dimensão do mercado – não tem
equivalente na história da indústria.
Será que ele vai continuar na próxima
década? “Não há verdadeiramente uma
barreira técnica que possa emperrar
essa evolução”, responde Denis Randet,
o diretor do LETI (Laboratório de
Eletrônica, Tecnologia e Instrumentação). “Em contrapartida, continua ele,
restam indagações sobre o prolongamento dos exponenciais econômicos.”
Entrevista por Jean-François Desessard
Jean-François Desessard – Quando a
eletrônica surgiu, já se imaginava que ela
passaria por uma tal evolução?
Denis Randet – A evolução técnica,
francamente, sim. O mérito disso cabe a
Gordon Moore, que, mesmo não sendo o
único a entrever essa evolução, foi o
primeiro a formular claramente a famosa
lei que traz seu nome. Lembro-me perfeitamente de que em 1965 meu predecessor
no LETI, Jacques Lacourt, que se destaca
como pioneiro do MOS na França, dizia
então que a complexidade ia aumentar de
uma forma extraordinária. Mas ele se
referia ao plano qualitativo. Ora, quando
também enunciou isso qualitativamente,
Gordon Moore fixou o ritmo do progresso.
É muito surpreendente. Portanto, essa
evolução já era esperada. É verdade
também que os conceitos básicos da
ii
eletrônica não mudaram depois disso.
Houve progressos importantes em muitos
âmbitos, mas desde os anos 60 não vimos
surgir uma descoberta capital. Um MOS
continua a ser um MOS.
Desessard – Essa evolução da microeletrônica não corre o risco de sofrer um
ralentamento devido às barreiras técnicas
que despontam no horizonte? Estou pensando principalmente na barreira do 0,03
mícron.
Randet – Quem reler artigos especializados que foram escritos durante os anos 70
notará que seus autores mencionavam então
a barreira do mícron contra a qual íamos
inevitavelmente nos chocar. A propósito,
observe que gostamos muito de colocar
barreiras onde houver números inteiros. É
por isso que hoje nos falam da barreira do
0,1 mícron, que no entanto não tem mais
consistência do que antigamente a barreira
do mícron. No entanto, é bem verdade que
nos perguntamos o que acontece além do
0,03 mícron. Ora, é preciso admitir que
atualmente não sabemos muito bem. Mas
uns bons quinze anos nos separam ainda do
0,03 mícron, e por isso creio que aqueles
que hoje prevêem limites técnicos correm
o risco de ser desmentidos. Acrescento
ainda que muitas equipes já desenharam
transistores menores que 0,03 mícron, e que
funcionam. Porém há uma diferença entre
projetar um transistor único e um circuito
integrado.
Desessard – O senhor prevê saltos tecnológicos?
Randet – Tudo depende do que chamamos
de salto tecnológico. Por exemplo, com o
silício sobre isolante nós do LETI consideramos que fizemos a microeletrônica dar
um salto significativo. Conseguir produzir
silício sobre isolante de excelente qualidade
e a preços compatíveis com o uso em
grandes quantidades representa uma espécie de salto. Saltos desse tipo acontecem
França-Flash 19
de tempos em tempos. Mas isso não chega
a ser comparável ao grande salto representado pela invenção do circuito integrado.
Grandes idéias surgem só raramente. Em
contrapartida, há idéias que concorreram
para a evolução da microeletrônica. Por
exemplo, a idéia do laser, indispensável
para a litografia em microeletrônica. Mas
esse continua a ser um recurso utilizado em
muitas áreas. Saltos desse tipo só acontecem de maneira totalmente excepcional.
Olhe à sua volta. A maioria dos produtos
que o público encara como novos na
verdade não passam de aplicações antigas,
como o telefone, o gravador ou a televisão.
Portanto, temos de permanecer modestos.
Desessard – Então, em termos de técnica,
o senhor está muito confiante no futuro da
microeletrônica?
Randet – Estou muito confiante, sim.
Mesmo assim, sem nos chocarmos contra
barreiras, vamos ter de batalhar firme com
a física, o que se torna cada vez mais difícil.
Até agora temos conseguido dominar essas
dificuldades escorando-nos nas conquistas
anteriores. No entanto nos defrontamos
permanentemente com um desafio de
complexidade. Portanto, hoje é preciso
voltar à física básica, pois começamos a
aflorar os efeitos quânticos e a falar de
dispositivos para um elétron. Tudo isso será
feito na esteira do MOS, acoplado com o
MOS, apoiando-se nas conquistas anteriores. De fato, quando pensamos no que
toda a indústria mundial acumulou em
termos de know-how e de equipamentos,
está fora de questão fazer uma revolução
radical. É por isso que precisamos da física,
e precisaremos ainda mais dela durante os
próximos dez anos.
Desessard – Então o senhor não prevê
barreiras técnicas, pelo menos a curto e
médio prazos. Em contrapartida, a microeletrônica poderá encontrar outros obstáculos em seu caminho?
Randet – Embora não haja verdadeiramente barreiras técnicas, é preciso
indagar sobre o prolongamento dos exponenciais econômicos. Observe o preço dos
materiais e o das fábricas de circuitos
integrados. Ele praticamente duplica a cada
quatro anos. Uma fábrica desse tipo custa
hoje vários bilhões de dólares. E é preciso
reconhecer que uma fábrica de dez bilhões
de dólares representa um objeto singular na
paisagem industrial. Assim, inevitavelmente vai haver mudanças desse lado. O
que não quer dizer obrigatoriamente que se
observará uma inflexão do ritmo de avanço
técnico. Mas assistiremos então a uma
mudança do quadro econômico.
Desessard – O LETI que o senhor dirige
desempenhou um papel importante na
evolução da microeletrônica. Vocês dispõem de muitos trunfos para o futuro. Qual
lhe parece o mais importante?
Randet – Penso que é o acoplamento
pesquisa-produção. Nos últimos dez anos,
ele aconteceu no LETI mais do que em
outros lugares da Europa. Aliás, foi o que
permitiu à SGS Thomson recuperar uma
boa parte de seu atraso. Esse modelo de
simbiose entre a pesquisa e a indústria
consiste em trabalharem juntas nas mesmas
máquinas e em colocar o pessoal da
pesquisa sob a autoridade do pessoal da
Em entrevista coletiva
realizada em março, a diretoria
do GIFAS (Grupamento das
Indústrias Francesas Aeronáuticas e Espaciais) apresentou a
estimativa dos resultados da
indústria aeronáutica e espacial
francesa em 1998, enfatizando
o sucesso comercial do setor e
a evolução dos créditos de
P&D civis e militares.
Em termos de encomendas, o
setor registrou em 1998 um
avanço de 20,6%; as encomendas civis são majoritárias (64%
do total e alta de 11,6%). No
mercado nacional elas
regrediram 22,5%, enquanto a
exportação aumentou 23,2%,
em conseqüência da grande
demanda de aviões Airbus e
Falcon. As encomendas
militares aumentaram 41,2%:
no mercado interno elas caíram
11,4% devido à redução das
compras pelo Estado, porém a
procura internacional aumentou 136,2%. Esse excelente
resultado deve-se basicamente
Contato
CEA/Grenoble
17, rue des Martyrs - 38054 Grenoble Cedex 09
Tel.: (4) 76.88.44.00 - Fax: (4) 76.88.51.58
http:www-dta.cea.fr/francais/page/leti/
home_leti.htm
Technologies ‘France’ nº 50
Pedidos de exportação
por zonas geográficas
(média em 10 anos)
BREVES
1998: um ano recorde
para a indústria
aeronáutica francesa
indústria durante determinados períodos de
desenvolvimento. Para nós, essa era a
resposta necessária para os problemas que
nos eram apresentados então. Ora, hoje se
percebe que essa é uma resposta extensiva
a outras áreas além dos circuitos integrados.
É por isso que procuramos generalizar esse
modelo, que é uma das chaves do sucesso
do complexo de Grenoble.
C.E.I.
1,6 %
América do norte
33,6 %
Europa
30,2 %
Japão
2,2 %
Extremo Oriente
8,9 %
África
3,3 %
América latina
3,5 %
ao contrato assinado com os
Emirados árabes para venda de
30 Mirage 2000-9 e modernização de 33 Mirage 2000-5.
Contato
GIFAS – P. Guérin
Tel.: (1) 44.43.17.52.
Lettre GIFAS nº 1657
Recordes históricos
também na Airbus
Industrie
O consórcio europeu Airbus
Industrie estabeleceu em 1998
vários grandes recordes
comerciais. Com 556 encomendas confirmadas, num
montante de 39 bilhões de
dólares (sem incluir 174
intenções de compra), ele
Sudeste Asiático
4,2 %
Oriente Médio
10,1 %
Sub-continente
indiano 2 %
ultrapassou o recorde do ano
anterior em cerca de 30% em
termos de valor e 20% no
número de aparelhos, tendo
vendido nesse ano tantos
aviões quantos nos 17 primeiros anos de sua existência.
As encomendas de 1998 provêm de 36 clientes, principalmente da América Latina e
América do Norte, bem como
da Europa e do Oriente Médio.
Além delas, 229 aparelhos,
originários das cadeias de
produção de Toulouse e Hamburgo, foram entregues dentro
dos prazos previstos, representando um aumento de 26%
com relação a 1997. A procura
de aparelhos usados também
foi grande, o que demonstra o
alto valor residual e a rentabi-
França-Flash 19
Oceania
0,4 %
lidade dos aviões em operação.
Até hoje, a Airbus já entregou
1.894 aparelhos, o que lhe dá o
domínio de quase 50% do
mercado.
Contato
Airbus Industrie
Assessoria de imprensa
Tel.: (5) 61.93.33.87
Fax: (5) 61.93.49.55
Technologies ‘France’ nº 51
Um importante salto
qualitativo na propulsão
hipersônica
Foi vencida uma nova etapa na
propulsão aérea: o ONERA
(Órgão Nacional de Estudos e
Pesquisas Aeroespaciais) acaba
de realizar em terra o primeiro
teste europeu de um superesta-
iii
torreator em Mach 7,5, dentro
do programa PREPHA
(Programa de Pesquisa e
Tecnologia sobre Propulsão
Hipersônica Avançada).
Tratava-se de gerar um fluxo a
uma temperatura de 2.400 K,
próxima dos limites tecnológicos dos sistemas de
aquecimento utilizados nesse
tipo de ensaio. As medições
feitas durante o teste demonstraram o bom funcionamento
do aparelho e a obtenção de
uma combustão supersônica
em todo o motor, coincidindo
com as previsões baseadas em
experiências anteriores e em
simulações digitais.
O ONERA e seus parceiros
industriais pretendem agora
projetar e construir um motor
de segunda geração, dentro do
projeto JAPHAR (Joint
Airbreathing Propulsion for
Hypersonic Application
Research). Esse tipo de
propulsão tem aplicação no
setor militar (mísseis de alta
velocidade, “zangões”
teleguiados de longo alcance) e
a mais longo prazo no civil,
para propulsão de lançadores
reaproveitáveis.
Contato
ONERA – Assessoria de imprensa
Pierre Brégon
Tel.: (1) 46.73.40.56
Fax: (1) 46.73.41.59
abril por vários organismos de
pesquisa: o Instituto Nacional
de Pesquisa Agronômica
(INRA), o Centro Nacional de
Pesquisa Científica (CNRS), o
Comissariado de Energia
Atômica (CEA), a Sociedade
Cooperativa de Interesse
Coletivo Agrícola dos
Selecionadores Obtentores de
Variedades Vegetais
(SICASOV) e a companhia
Xion, especialista na gestão de
projetos biológicos em
parceria. As atividades do
novo GIS, batizado GRAINES,
abrangem vários setores:
farmácia, sementes, agroalimentar, química, agroquímica,
meio ambiente, energia. O GIS
organizará anualmente um
“mercado de projetos” em que
os pesquisadores poderão
apresentar às indústrias suas
propostas de inovações
científicas ou tecnológicas,
que eventualmente resultarão
em parcerias. Várias indústrias
poderão associar-se para
financiar a P&D de um mesmo
projeto; e o GIS GRAINES
procurará obter auxílio
financeiro para os projetos de
desenvolvimento escolhidos
por seu próprio comitê
científico.
AFP mail, abril/99
Technologies ‘France’ nº 51
Biotecnologia vegetal:
mais colaboração entre
pesquisa pública e
indústria
Um Grupamento de Interesse
Científico (GIS) em biotecnologia vegetal, destinado a
facilitar as colaborações entre
laboratórios públicos e
indústrias, foi implantado em
A Biblioteca Nacional da
França em um novo tipo
de CD
Serão 86.000 obras, perfazendo 25 milhões de páginas,
gravadas em Century-DiscTM,
um CD em vidro temperado
produzido pela Digipress, uma
empresa da região de Caen.
Gravado por um processo de
plasma iônico e metalizado
com um metal resistente, ele
oferece uma reprodução de
excelente qualidade em
qualquer aparelho convencional de leitura. Resiste a
temperaturas entre -150 e
+350 ºC; é imune a umidade,
mofo, radiação, luz, poluição,
arranhões e demais incidentes
de manipulação — ou seja, é
praticamente eterno. Foi criado
há seis anos, um tanto
prematuramente com relação
ao mercado; mas agora já
começa a encontrar aplicações
em vários setores (birôs de
estudos industriais, bases de
dados técnicos).
O contrato com a Biblioteca
Nacional prevê a gravação de
3.400 discos em 10 meses,
abrangendo obras de refe-
rência, dicionários, obras de
síntese, edições raras ou de
difícil acesso. A intenção é
constituir para os pesquisadores dos mais diversos temas
um fundo de trabalho que
poderá ser consultado na
própria biblioteca e, dentro em
breve, via Internet. Por
enquanto essas obras estão
provisoriamente armazenadas
em fita magnética DAT de
duração limitada. A intenção
da Biblioteca é futuramente
reproduzir em Century-DiscTM
todo seu acervo.
Contato
Jean Ledieu
Bâtiment la Folie couvrechef
18, rue Bailey
14050 Caen – France
Tel.: (2) 31.47.25.00
Eureka Information nº 41
DIVULGAÇÃO
Provedor de informação
para o setor da
construção
O Interbat é um site especialmente voltado para os profissionais da área de construção.
Foi criado pela associação “Le
Net du Bâtiment”, que associa
sete organismos profissionais
entre os quais o CSTB (Centro
Científico e Técnico da
Construção), e começou a
funcionar em fevereiro/99. O
objetivo foi criar um “site
portal” próprio ao mundo da
construção.
Nele podem ser encontradas as
mais diversas informações:
regulamentação, documentos
técnicos, pareceres de técnicos,
catálogos de produtos e
atualidades. O acesso é
http://www.interbat.com
gratuito, mas requer uma
identificação na primeira
consulta. A partir daí, pode-se
acessar diretamente um site
referenciado ou efetuar uma
pesquisa por palavra-chave ou
tema (segundo o anuário
Batbase).
Está organizado em dois
espaços: um reservado para os
profissionais – com acesso
através de senhas – e outro
para o grande público, com
informações práticas (autorização para construir, seguro,
anuários de empresas, de
arquitetos).
TSM nº 2, fev/99
CENDOTEC - Centro Franco-Brasileiro de Documentação Técnica e Científica Av. Paulista, 1842 14º andar Cetenco Plaza Torre Norte
01310-200 São Paulo-SP Tel.: (011) 284-8114/5128/1839 - Fax: (011) 284-3417 - E-mail: [email protected]
iv
França-Flash 19
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França-Flash 19