COALIZÕES NA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DE MINAS GERAIS (ALMG)1 Geraldo Edmundo Silva Jr.2 Universidade Federal de São Carlos - Departamento de Economia 18052-780, Campus Sorocaba, Sorocaba, SP E-mail: [email protected] Mercio Botelho Faria3 Universidade Federal de Viçosa - Departamento de Matemática 36570-000, Campus UFV, Viçosa, MG E-mail: [email protected] Resumo: Baseando-se na literatura de coalizões o presente projeto objetivou a construção de redes de conexões entre os Deputados da Assembléia Legislativa de Minas Gerais entre a 13ª e a 15ª legislaturas, compreendendo-se os anos de 1995-2006, três governadores e seis ciclos eleitorais. Com a metodologia de jogos de redes foram desenhadas as redes de relacionamentos entre os atores e a especificação de testes estatísticos para a verificação de sua consistência. Os resultados mostraram uma formação coalizacional na 15ª legislatura com domínio da situação e, também, na 14ª com divisão de poder e a ocorrência do Paradoxo de Braess na 13ª. 1 EXPOSIÇÃO DO PROBLEMA A dinâmica dos processos legislativos depende da estrutura topológica da rede de relacionamentos formada entre os deputados estaduais da Assembléia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). A estrutura é baseada nas afiliações partidárias dos deputados e na estrutura orgânica da ALMG. A estrutura orgânica depende da composição da mesa direta, das comissões permanentes e das lideranças partidárias. Durante os anos de 1995-2006 foram analisados três governos cujas atividades legislativas dependeram da estrutura das redes formadas na 13ª, 14ª e 15ª legislaturas. Na 13ª legislatura, que compreendeu os anos de 1995-1998, o governador Eduardo Azeredo do PSDB teve o suporte político da coligação PSDB/PTB/PL para as atividades legislativas; na 14ª legislatura, entre os anos de 1999-2002, o governador Itamar Franco do PMDB teve o suporte político da coligação PMDB/PT/PDT/PSB/PTB/PP/PL/PC do B; e, finalmente, na 15ª legislatura, entre os anos de 2003-2006, o governador Aécio Neves do PSDB teve o suporte da coligação PSDB/PDT/PPS/PRTB/PSB e PV. A tramitação de processos legislativos e o seu conteúdo dependem da atuação das coligações na ALMG. Assim, a aprovação de inúmeras matérias e a aprovação do orçamento do Estado, que evidencia os objetivos de provisão de bens públicos, depende da estrutura topológica da rede formada. Objetiva-se, então, com o presente trabalho especificar e apresentar a estrutura das redes formadas entre os agentes da ALMG na 13ª, 14ª e 15ª legislaturas. Para tal, duas fontes foram consideradas, a saber: a relação de simetria entre os agentes e a relação de assimetria entre os agentes. A primeira delas é baseada na afiliação partidária. A segunda, por sua vez, é baseada na composição da mesa diretora, na composição das comissões permanentes e nas lideranças partidárias. A partir das estruturas das redes formadas para as legislaturas os conceitos de densidade de blocos ou médias, coeficiente de cluster, K-cluster, medida de grau de centralidade de Freeman, estimativa grupo de centralidade, distância geodésica, entre outros serão estimados para a análise das estruturas estabelecidas em cada uma das legislaturas. 1 Os autores agradecem à Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais โ FAPEMIG pelo suporte financeiro durante a execução do projeto APQ-00489-08, intitulado Coalizões na Assembléia Legislativa e Mecanismo de Coalizão em Minas Gerais, Demanda Universal 2008. Os autores, também, agradecem à bolsista Uyara Salles Gomide pela coleta de informações. 2 Professor do Programa de Mestrado em Economia da Universidade Federal de São Carlos โ Campus de Sorocaba, Rod. João Leme dos Santos (SP 264), Km 110, Bairro Itinga, CEP 18052-780-Sorocaba-SP, e-mail: [email protected] 3 Professor do Programa de Mestrado em Matemática da Universidade Federal de Viçosa-MG, Universidade Federal de Viçosa โ Departamento de Matemática, Av. P.H. Rolfs, s/n, CEP 36570-000, e-mail: [email protected] 1 348 A grande vantagem da análise proposta é o fornecimento de informações relacionadas à interação entre os agentes. Com tal procedimento possibilita-se a compreensão de resultados administrativos, votações e planos de execuções orçamentárias. 2 METODOLOGIA O principal elemento do presente trabalho é a rede. Uma rede é uma configuração de nodos e conexões entre agentes4. As conexões são úteis para a representação das interações em relações sociológicas, ecossistemas, relações políticas e, também, relações econômicas. Para Galeotti et. alli (2010) a evidência empírica de redes motiva o estudo teórico dos efeitos das redes de relacionamento entre os agentes. O objetivo central é compreender como o padrão de conexões afeta as escolhas que os indivíduos tomam e, consequentemente, quais pagamentos os agentes recebem por participarem da rede. Da mesma forma, possibilita a compreensão de como alterações na estrutura das redes afetam os indivíduos que dela participam e como se comportam em uma rede alterada. O instrumental de redes de jogos viabiliza a evidência empírica de sua modelagem. Embora mais complexas, as redes de jogos possibilitam inferências estatísticas importantes e, segundo Jackson (2006), a ciência das redes sociais foi iniciada pelos sociólogos e acompanhada pelo desenvolvimento da literatura de teoria dos grafos pelos matemáticos. Os economistas, segundo Myerson (1977), mostraram um interesse restrito ao tema e a abordagem estaria mais vinculada às formas de agregação e cooperação em jogos. Na última década os economistas passaram a ver na teoria de redes e em jogos de redes um campo profícuo para a modelagem e análise empírica. 2.1 Teoria dos Grafos: A Teoria dos Grafos, segundo Gross e Yellen (2007), parte de um conjunto de definições que são essenciais para a determinação da estrutura topológica das redes. 2.1.1 Grafo: um objeto matemático que envolve pontos e conexões entre eles. No presente trabalho um grafo representa alguma parte da estrutura da ALMG. Logo, um grafo G=(V,E) consiste de dois conjuntos V e E, em que: V representa o conjunto de nodos (Deputados, Presidentes das Mesas Diretoras, Presidentes de Comissões, Líderes, Vice-Presidentes, Secretários, e Membros-Efetivos); e, E representa o conjunto de ligações entre os membros de cada subgrupo (Partidos Políticos, Mesa Diretora, Comissões e Lideranças). 2.1.2 Incidência: a incidência de um ponto em outro é representada por uma função injetora definida como: ๐: ๐ โ ๐ธ, ๐ ๐ ๐ธ โ โ Logo, se v é um ponto final da ligação e, então v é dito ser incidente em e e e é dito ser incidente em v. Na estrutura presente, as relações dos deputados são definidas tanto na pertinência a um mesmo partido, que representa o caso simétrico, quanto na pertinência à mesa diretora, às comissões ou às lideranças, situações que representam casos assimétricos. 2.1.3 Vértices Adjacentes: dizemos que o vértice, ou nodo, u é adjacente ao vértice v, com u e v โ ๐ , se eles forem conectados por uma ligação R definida em E. Estas ligações representam as conexões entre os deputados para as respectivas legislaturas. 2.1.4 Vizinho: dois vértices adjacentes podem ser chamados vizinhos. Deputados de um mesmo partido são vizinhos entre si. 2.1.5 Ligações Adjacentes: dizemos que duas ligações são adjacentes se ambas tiverem um mesmo ponto final comum entre elas, tais ligações pertencem ao mesmo conjunto E. Dois vice-líderes de um mesmo bloco estão ligados a um terceiro deputado que sofre a influência de ambos. Tais ligações são adjacentes. 2.1.6 Ligação Própria: é uma ligação que une dois vértices distintos. 2.1.7 Multiligação: é uma coleção de duas ou mais ligações que tem pontos finais comuns. 2.1.8 Adjacência Simples: ocorre entre dois vértices quando há exatamente uma ligação entre eles. 4 Os agentes são os deputados estaduais. 2 349 2.1.9 Ligação Múltipla: entre dois vértices u e v ocorre quando se verificam múltiplas conexões entre esses dois vértices. 2.1.10 Auto-loop: é uma ligação que une um simples ponto final a ele mesmo. Como as mesas diretoras das legislaturas em estudo são divididas em duas por legislatura, a relação entre o presidente, os vice-presidentes, os secretários, e os demais integrantes da ALMG forma um grafo em que as conexões evidenciam a influência que o presidente e os ocupantes de posições de destaque na mesa podem exercer sobre os demais participantes. Embora uma estrutura simples possa ser determinada entre os integrantes das comissões, algum grau de importância pode ser atribuído às mesmas. O presente trabalho, por conveniência, estabeleceu que as mesmas devessem apresentar o mesmo grau de importância em função da influência que os atores podem exercer em outras comissões e no plenário sobre os seus pares. As lideranças partidárias e os blocos constituídos em cada uma das legislaturas estudadas evidenciam o caráter assimétrico que a estrutura de poder designa para os atores da ALMG. Logo, na estrutura de poder, as lideranças devem exercer um poder superior ao das demais estruturas em função da afiliação partidária. De posse dos conceitos acima os conceitos de grau de um vértice ou nodo e o conceitos de distância entre dois vértices são, também, importantes para a determinação da estrutura topológica das redes. Graficamente, a estrutura seria esboçada conforme as Figuras 1, 2 e 3, respectivamente. Figura 1. Redes estruturas da Assembléia Legislativa de Minas Gerais โ Mesa Diretora Figura 2. Redes estruturas da Assembléia Legislativa de Minas Gerais โ Mesa Diretora Comissões Grau de um vértice: é o número de links que envolvem aquele nodo, a qual é a cardinalidade do vizinho do nodo. Logo, o grau de uma rede é dado por: ๐๐ ๐ = # ๐: ๐๐๐ = 1 = #๐๐ ๐ 2.1.12 Distância: a distância ente dois vértices em um grafo é a ligação do caminho mais curto entre eles. 2.1.13 Caminho: um caminho em um grafo G é uma seqüência alternada entre vértices e ligações da forma W = vo, e1, v1, e1, ..., en, vn. 2.1.14 Extensão de um caminho: é o número de conexões. 2.1.15 Trilha: é um caminho tal que nenhuma conexão ocorre mais que uma vez. 2.1.16 Trajetória: é uma trilha tal que nenhum vértice interno é repetido. 3 350 2.1.17 Ciclo: é uma trajetória fechada de tamanho mínimo de 1. 2.1.18 Isomorfismo: um isomorfismo entre dois simples grafos G e H é uma bijeção de vértices: โ : ๐๐บ โ ๐๐ป , tal que para ๐ข, ๐ฃ โ ๐๐บ o vértice u é adjacente ao vértice v no grafo G se, e apenas se, โ ๐ข for adjacente a โ ๐ฃ no grafo H. 2.1.19 Automorfismo: um automorfismo de um grafo é um isomorfismo de um grafo nele mesmo. 2.1.20 Subgrafos: Um subgrafo de um grafo G é um grafo H tal que ๐๐ป โ ๐๐บ ๐ ๐ธ๐ป โ ๐ธ๐บ . 2.1.21 Grau de um nodo: é o número de links que envolvem aquele nodo, a qual é a cardinalidade do vizinho do nodo. Logo, o grau de uma rede é dado por: ๐๐ ๐ = # ๐: ๐๐๐ = 1 = #๐๐ ๐ 2.1.22 Densidade: a densidade de uma rede mantém a fração relativa dos links que são apresentados, e é simplesmente o grau da rede dividido por n-1. 2.1.23 Coeficiente de cluster: dados dois pares de vértices ij e ik, o coeficiente de cluster é representado por: ๐ถ๐ ๐ ๐;๐ โ ๐;๐โ ๐ ;๐โ ๐ ๐ ๐๐ ๐ ๐๐ ๐ ๐๐ ๐;๐ โ ๐;๐โ ๐ ;๐โ ๐ ๐ ๐๐ ๐ ๐๐ 2.1.24 K-Cluster: em um conjunto com n vértices cada observação é um vetor da dimensão do grau da rede e o k-cluster particiona os n vértices em k conjuntos (k < n) ,S = {S1, S2, ...., Sk}. O procedimento minimiza a soma dos quadrados intraclusters: ๐ argmin ๐ ๐ฅ๐ โ ๐๐ 2 ๐=1 ๐ฅ ๐ โ๐๐ em que: ๏ญi = média dos pontos em Si. 2.1.25 Medida de centralidade de Freeman: para o k-ésimo vértice a medida representa todos os pares de vértices que não possuem caminhos conectando os vértices i e j. ๐๐ ๐๐ ๐๐ :๐โ ๐ ,๐โ ๐,๐ ๐ ๐๐ ๐โ1 ๐โ2 2 em que: i, j e k = agentes; ๐๐ ๐๐ ๐ ๐๐ = 0 se não houver caminho entre o i-ésimo e j-ésimo através do k-ésimo agente; n = número total de agentes; e (n โ 1)(n โ 2)/2 = número máximo de pares de outros agentes. 2.1.26 Distância geodésica: a distância geodésica entre dois vértices i e j é o caminho mais curto entre eles na rede. 2.1.27 Transitividade: uma tríade (xik, xij, xjk) é transitiva se xik for 1 sempre que xij e xjk forem ambas iguais a 1. 4 351 Figura 3. Redes estruturas da Assembléia Legislativa de Minas Gerais โ Mesa Diretora - Lideranças 2.2 Redes de Jogos: O aspecto crucial para a aplicação de redes de jogos encontra-se na possibilidade de que, além de serem formadas, relações entre coalizões sejam estabelecidas. Desta forma, a complexidade das relações entre os tomadores de decisão em um jogo transcenderia a simples axiomática da teoria da barganha e estruturas agregativas, bem como a sua representação em jogos com poucos jogadores. Em uma estrutura inicial, portanto, as coalizões poderiam ser consideradas exógenas. O uso da teoria dos grafos para a resolução de jogos cooperativos foi apresentada na literatura de teoria dos jogos por Myerson (1977) e se tornou a sua principal referência metodológica. Apesar da existência, ou do estabelecimento de regras como protocolos, os resultados obtidos por Hart e Kurz (1983) e Ray e Vohra (1999, 2001) evidenciaram a diferença entre os resultados coalizacionais e os resultados da grande coalizão em termos de eficiência e estabilidade. A literatura tem se firmado na estrutura conceitual estabelecida por Bernhein et al. (1987) e Bernheim e Winston (1987), onde os conceitos de Equilíbrio de Nash Forte (ENF) e Equilíbrio de Nash Perfeito em Coalizões (ENPC) são os conceitos de solução. Os tamanhos das redes dependeriam do número de relações definidas entre os jogadores, antes do início do jogo. Define-se, com base em Jackson (2005), para jogos de redes: 2.2.1 Jogadores: N={1, ...., n} um conjunto de jogadores conectados por alguma rede de relacionamentos. 2.2.2 Redes: sendo gN o conjunto de todos os subconjuntos de N, de tamanho 2, e G = {g ๏ gN} que descreve o conjunto de todas as possíveis redes ou grafos em N. 2.2.3 Caminhos e Componentes: um caminho em uma rede g ๏ G entre os jogadores i e j é uma seqüência de jogadores i1, ... ik ,tal que, ikik+1 ๏ G para todo k ๏ {1, ...., K-1} ou i1 = i e iK = j. Uma componente de uma rede seria uma sub-rede não vazio gโ ๏ g, tal que: (a) se i ๏ N(gโ) e j ๏ N(gโ), onde j๏นi, existe um caminho em gโ entre i e j; (b) se i ๏ N(gโ) e i,j ๏ N(gโ), então i,j ๏ gโ. 2.2.4 Função valor: uma função v: G ๏ฎ๏, definida por Myerson (1977); 2.2.5 Redes de jogos: é um par (N, v) onde N é um conjunto de jogadores e v é uma função valor na rede entre os jogadores. 5 352 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO As informações básicas para a composição da rede foram extraídas do sítio da ALMG5 e, para as estruturas de redes, os deputados foram ordenados alfabeticamente. Assim, as 13ª e 14ª legislaturas foram compostas por 89 deputados, enquanto a 15ª foi composta por 92 deputados considerando-se as substituições. Tomando-se como base as informações constantes da Tabela 1, infere-se que a elevada densidade da 13ª legislatura retrata a baixa polarização entre situação e oposição naquela ALMG. Ainda, o elevado desviopadrão combinado com a densidade elevada e baixa polarização, pela não identificação visual de clusters, aponta para a ocorrência do Paradoxo de Braess6, ver Easley e Kleinberg (2010). Tabela 1 Estatísticas das redes para as legislaturas item densidade de blocos ou médias coeficiente de cluster K-cluster medidas 13ª legislatura 14ª legislatura 15ª legislatura densidade 0.3828 0.1725 0.2097 desvio-padrão 0.4861 coeficiente de cluster gráfico 0.637 coeficiente de cluster gráfico ponderado 0.654 0.3778 0.4071 0.46 0.44 0.388 0.386 resultado 0.549 0.746 0.652 0.204 0.064 0.121 R2 centralidade rede medida de grau de centralidade de Freeman estimativa grupo de centralidade da 0.1061 0.3982 0.3949 heterogeneidade 0.0113 0.0137 0.0128 normalizado 0.0025 0.0025 0.002 grau-média grau-desvio padrão 142.607 20.742 27.848 13.024 9.648 11.758 grau soma 12692 1846 2562 grau variância 169.632 93.091 138.259 grau SSQ 1825062 46574 84066 grau MCSSQ 15097.236 grau norma Euclidiana 1350.949 8285.057 12719.869 215.81 289.941 grau - Mínimo 9 3 grau - Máximo 170 Grau normal média 54.018 grau normal desvio padrão 4.933 121 55 63 23.57 30.602 10.964 12.921 grau normal soma 4807.576 grau normal variância 24.339 2097.727 2815.385 120.21 166.96 grau normal SSQ grau normal MCSSQ grau normal norma Euclidiana grau normal Mínimo grau normal Máximo 261860.3 60142.04 101516.7 2166.155 10698.67 15360.30 511.723 245.239 318.617 45.833 10.227 3.297 64.394 7, 25, 34, 44, 45, 53, 59, 66, 67 e 87 62.5 1, 14, 21, 44, 45, 53, 59, 66, 67 e 87 69.231 1, 4, 8, 24, 40, 48, 53, 57, 83 e 91 5 ver site: www.almg.gov.br para a obtenção de informações sobre as legislaturas, a composição das mesas diretoras com mandato bianual, as composições das comissões e, finalmente, as estruturas das lideranças partidárias e dos blocos. 6 o paradoxo de Braess mostra que, em uma dada rede, a elevação do número de conexões entre os vértices da rede causa uma indeterminação ou ausência de blocos ou coalizões. 6 353 distância geodésica Transitividade distância média distância baseada na coesão distância fragmentação ponderada nº de triplas nãovácuo transitivas ordenadas número de triplas de todos os tipos número de triplas i em j e j em k número de triângulos com 2 pernas numero de triângulos com 3 pernas % de triplas ordenadas % triplas i em j e j em k % triangulos com no mínimo 2 pernas 1.621 2.107 1.933 0.691 0.54 0.565 0.309 0.46 0.435 73350 12553 19209 681384 681384 753480 112104 22256 33464 189612 47694 77188 73350 12553 19209 10.76% 1.85% 2.55% 65.43% 56.40% 57.40% 38.68% 26.32% 24.89% Fonte: Resultados obtidos pelos autores com o uso do software UCINET. Na 14ª legislatura observou-se uma baixa densidade em função de relações entre duas possíveis coalizões formadas, representando a situação e a oposição e os nodos periféricos. Já durante a 15ª legislatura, a não ocorrência do Paradoxo de Braess é devida a identificação visual de duas coalizões sendo a maior representando a situação e a outra a oposição. Em tal situação o elevado desvio-padrão evidencia o alto grau de conectividade em cada um desses blocos formados. Os coeficientes de cluster gráfico, cluster gráfico ponderado e K-cluster mostram a baixa formação polar na 13ª legislatura e a polarização na 14ª e 15ª legislatura, para os indicadores de clusters gráficos. No indicador K-cluster, contudo, a 14ª legislatura apresentou resultado compatível com um baixo domínio de uma coalizão em relação à coalizão oponente, o que pode ser observado para a 15ª, em termos de significância estatística pelo coeficiente R2. Quanto à centralidade, as medidas apontaram maior centralidade entre a 14ª e 15ª legislatura, corroborando a análise gráfica anterior. O grau, medida definida como o número de conexões próprias incidentes em v mais duas vezes o número de auto-loops o que, em outras palavras, é o número de vizinhos do vértice referência, mostra, na maioria dos seus indicadores que a 13ª legislatura apresentou um grau de centralidade superior ao da demais legislatura apontando a baixa formação de coalizões, o que não foi observado na 14ª e 15ª legislaturas, respectivamente. A estimativa básica do grupo de centralidade em cada uma das legislaturas mostrou que: (i) Na 13ª legislatura a centralidade deveu-se ao grupo formado por deputados do PDT/PT/PTB/PMDB e PFL mostrando um fraco desempenho legislativo em função de a centralidade estar na oposição; (ii) Na 14ª legislatura a centralidade foi devida ao grupo formado por deputados dos partidos PMN/PMDB/PSDB/PSD/PDT/PPS e PFL indicando uma divisão de poder naquela legislatura; e (iii) Na 15ª, e última legislatura, a centralidade foi devida ao grupo formado por deputados do PMDB/PP/PSC/PT/PSD/PSDB/PRB e PDT indicando, também, a divisão de poder naquela legislatura embora a supremacia esteja relacionada à situação. Embora a distância geodésica média tenha sido menor na 13ª, a distância baseada na coesão foi maior que nas demais legislaturas. Finalmente, a transitividade observada na 13ª legislatura revela a baixa formação de coalizões em que as ligações são repassadas e, portanto, não se evidencia a formação de blocos ou coalizões claras. 4 CONSIDERAÇÕES CONCLUSIVAS O presente trabalho objetivou o estudo das coalizões formadas na 13ª, 14ª e 15ª legislatura e, de posse das redes estruturadas, a identificação das medidas estatísticas das redes. Baseando-se na metodologia de jogos de redes que combinam a teoria dos grafos com a teoria dos jogos os resultados mostraram uma formação coalizacional na 15ª legislatura com domínio da situação e, também, na 14ª com divisão de poder e a ocorrência do Paradoxo de Braess na 13ª. Com base em tais resultados é possível a formulação de jogos de 7 354 redes para a verificação dos processos legislativos e a identificação dos procedimentos de barganha em cada uma das legislaturas consideradas. 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BERNHEIM, B. 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