UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE CIÊNCIAS EXTAS E TECNOLÓGICAS CURSO DE BACHARELADO EM QUÍMICA INDUSTRIAL ANA BEATRIZ SANTOS DA SILVA ESTUDO DE ADSORÇÃO DE ÍONS COBRE(II) EM CARBOXIMETILQUITOSANA: CINÉTICA DE ADSORÇÃO, ISOTERMAS E PARÂMETROS TERMODINÂMICOS ANÁPOLIS-GO AGOSTO – 2014 ANA BEATRIZ SANTOS DA SILVA ESTUDO DE ADSORÇÃO DE ÍONS COBRE(II) EM CARBOXIMETILQUITOSANA: CINÉTICA DE ADSORÇÃO, ISOTERMAS E PARÂMETROS TERMODINÂMICOS Trabalho de Curso II submetido ao corpo docente da Coordenação de Curso de Química Industrial da Universidade Estadual de Goiás como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Bacharel em Química Industrial Orientadora: Drª. Roberta Signini Anápolis - GO Agosto, 2014 SILVA, Ana Beatriz Santos. ESTUDO DE ADSORÇÃO DE ÍONS COBRE(II) EM CARBOXIMETILQUITOSANA: CINÉTICA DE ADSORÇÃO, ISOTERMAS E PARÂMETROS TERMODINÂMICOS Estudo De Adsorção De Íons Cobre(II) Em Carboximetilquitosana: Cinética De Adsorção, Isotermas E Parâmetros Termodinâmicos/ Ana Beatriz Santos da Silva – 2014. 31 a. TC (Graduação), Universidade Estadual de Goiás, Unidade Universitária de Ciências Exatas e Tecnológicas, Anápolis 2014. Orientadora: Prof. Dra. Roberta Signini 1.Adsorção . 2.Cobre . 3.Carboximetilquitosana I. Ciências Exatas. II. Química Industrial. ESTUDO DE ADSORÇÃO DE ÍONS COBRE(II) EM CARBOXIMETILQUITOSANA: CINÉTICA DE ADSORÇÃO, ISOTERMAS E PARÂMETROS TERMODINÂMICOS Ana Beatriz Santos da Silva BANCA EXAMINADORA ________________________________________ Prof ª. Dra. Roberta Signini (Orientadora) ________________________________________ Prof ª. Dra. Luciana Rebelo Guilherme (Membro) ________________________________________ Prof. Ms. Wilson Sueoka (Membro) Aprovado em ___ /___ /___ DEDICATÓRIA Dedico esse trabalho aos meus pais, por não medirem esforços para tornar possível a realização dos meus sonhos, compartilharem comigo todas as etapas da minha vida e por não desistirem de mim nos meus momentos de falhas. "A felicidade às vezes é uma benção mas geralmente é uma conquista. O instante mágico do dia nos ajuda a mudar, nos faz ir em busca de nossos sonhos. Vamos sofrer, vamos ter momentos difíceis, vamos enfrentar muitas desilusões - mas tudo é passageiro, e não deixa marcas. E, no futuro, podemos olhar para trás com orgulho e fé." Paulo Coelho AGRADECIMENTO Primeiramente, agradeço a Deus por iluminar a minha caminhada e por todas vitórias alcançadas durante a minha vida; À minha orientadora, Dra. Roberta Signini, pelos ensinamentos, apoio e pela sua dedicação no desenvolvimento desse trabalho e durante a minha formação acadêmica; Aos meus pais, pela educação e princípios transmitidos ao longo da minha vida e por todas as ajudas que me foram concedidas para concluir mais uma etapa; Aos técnicos dos laboratórios de química da Universidade Estadual de Goiás, por toda assistência oferecida durante a execução experimental desse trabalho; Aos meus amigos da Universidade, por todos os anos maravilhosos de convivência, incentivos e que de alguma forma contribuíram; À banca examinadora, professores: Dra. Luciana Rebelo Guilherme e Msc. Wilson Sueoka por aceitarem participar desse momento; À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG) pelo apoio financeiro. RESUMO Atualmente existe uma grande atenção com o meio ambiente devido ao constante crescimento industrial e esgotamento das suas fontes naturais. Os metais tóxicos são considerados como contaminantes preocupantes, pois os mesmo quando são lançados em corpos d'águas não degradam e tendem a acumular. Existem vários tipos de tratamento para efluentes que contenham esses contaminantes, porém uma das alternativas mais promissoras é a adsorção e se torna mais atrativa quando se utiliza materiais adsorventes de baixo custo e eficientes, por exemplo, a quitosana e seus derivados. No presente trabalho, inicialmente, realizou-se a síntese de três amostras de carboximetilquitosana sob diversas condições reacionais, na qual, variou-se a massa dos reagentes e o tempo de reação. Após a síntese os produtos foram caracterizados quanto ao grau de substituição através da titulação potenciométrica e foram obtidas amostras com grau de substituição entre 0,37 e 1,69, as amostras também foram submetidas a análise do infravermelho para determinar a distribuição dos grupos funcionais, técnica que permitiu a confirmação da ocorrência da reação de carboximetilação da quitosana. Um amostra de carboximetilquitosana com grau de substituição 0,37 foi selecionada para ser empregada para adsorver íons Cobre (II), e observou-se que o processo de adsorção apresentou como características principais um tempo de equilíbrio de 34 horas e uma cinética de pseudo-segunda ordem. Para a descrição do mecanismo de adsorção o modelo que melhor se ajustou é o de Langmüir e a capacidade máxima de adsorção foi de 4,90 mg g-1. Quanto aos parâmetros termodinâmicos, observou-se que o processo de adsorção é exotérmico e não espontâneo. Palavras-Chaves: Carboximetilquitosana, Cobre (II), Adsorção. LISTA DE FIGURAS Figura 1. Representação do processo de adsorção, sendo que S representa o adsorvato e M(sup). é o adsorvente .......................................................................... 13 Figura 2. Classificação das Isotermas .................................................................... 15 Figura 3. Estrutura da quitina e quitosana .............................................................. 22 Figura 4. Representação das reações químicas de carboximetilação da quitosana ... 24 Figura 5. Amostras de Carboximetilquitosana purificadas: Amostra 1 (a), Amostra 2 (b) e Amostra 3 (c). ................................................................................................. 33 Figura 6. Reações da desprotonoção dos grupo funcionais aminos e ácido carboxílico da Carboximetilquitosana. ....................................................................................... 34 Figura 7. Curvas potenciométricas das amostras de Carboximetilquitosana: Amostra 1 (a), Amostra 2 (c) e Amostra 3 (e), e suas respectivas derivadas de primeira ordem (b), (d) e (f) ............................................................................................................. 36 Figura 8. Espectros das análises de infravermelho para as amostras de carboximetilquitosana (A-1, A-2 e A-3) e quitosana. ........................................... 38 Figura 9. Gráfico da condutividade (µS) em função do tempo (minutos). ................ 39 Figura 10. Efeito do tempo de contato da adsorção de íons Cobre (II) em carboximetilquitosana. ............................................................................................. 40 Figura 11. Representações gráficas dos modelos cinéticos da adsorção de íons Cobre (II) em Carboximetilquitosana: (a) Pseudo-primeira-ordem, (b) Pseudosegunda-ordem e (c) Difusão intraparticular. ........................................................ 42 Figura 12. Gráficos dos modelos das isotermas de Langmüir (a), Freundlich (b) e Temkin (c) ............................................................................................................... 45 Figura 13. Relação da capacidade de adsorção de íons Cu2+ com o aumento da temperatura. ............................................................................................................ 46 Figura 14. Parâmetros termodinâmicos do processo de adsorção de íons Cu 2+ em carboximetilquitosana. ............................................................................................. 47 LISTA DE TABELAS Tabela 1. Indústrias que utilizam metais pesados nas suas atividades .................. 8 Tabela 2. Padrões de Lançamentos de Efluentes- CONAMA .................................. 9 Tabela 3. Processos de tratamentos empregados para efluentes com metais pesados e as suas propriedades ............................................................................................... 11 Tabela 4. Condições reacionais empregadas para a síntese de Carboximetilquitosana. ................................................................................................................................ 28 Tabela 5. Rendimentos das sínteses das amostras de Carboximetilquitosana. .......... 32 Tabela 6. Valores de V1 e V2, massa de carboximetilquitosana (M CMQ) e grau de substituição (GS). .................................................................................................... 34 Tabela 7. Parâmetros cinéticos dos modelos de Pseudo-primeira-ordem, Pseudosegunda-ordem e Difusão Intrapartícula obtidos experimentalmente. ....................... 40 Tabela 8. Valores dos parâmetros obtidos experimentalmente a partir da linearização dos modelos das isotermas de adsorção ................................................................... 42 Tabela 9. Dados experimentais dos ensaios de adsorção em diferentes temperaturas. ................................................................................................................................ 45 Tabela 10. Parâmetros termodinâmicos para o processo de adsorção de íons Cu2+ em diferentes temperaturas. ........................................................................................... 46 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO..................................................................................................... 7 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA E REFERENCIAL TEÓRICO ............................... 9 2.1. METAIS PESADOS E OS IMPACTOS AMBIENTAIS ................................... 9 2.2. COBRE ........................................................................................................... 11 2.2. TRATAMENTOS DE EFLUENTES COM METAIS PESADOS .................... 12 2.3. ADSORÇÃO ................................................................................................... 13 2.3.1. Fisiossorção........................................................................................... 14 2.3.2. Quimiossorção ....................................................................................... 14 2.3.3. Isotermas de Adsorção ........................................................................... 15 2.3.3.1. Isoterma de Langmüir ......................................................................... 16 2.3.3.2. Isoterma de Freundlich ....................................................................... 17 2.3.3.3. Isoterma de Temkin ............................................................................. 18 2.4. CINÉTICA DE ADSORÇÃO .......................................................................... 18 2.4.1. Modelo cinético pseudo-primeira-ordem ................................................ 19 2.4.2. Modelo cinético pseudo-segunda-ordem ................................................ 19 2.4.3. Cinética da Difusão intraparticular ....................................................... 20 2.5. TERMODINÂMICA DE ADSORÇÃO ........................................................... 21 2.6. QUITINA E QUITOSANA ............................................................................. 22 2.7. CARBOXIMETILQUITOSANA ..................................................................... 23 2.8. INTERAÇÃO DA CARBOXIMETILQUITOSANA COM ÍONS METÁLICOS ................................................................................................................................ 25 3. OBJETIVOS ....................................................................................................... 28 3.1 Objetivo geral .................................................................................................... 28 3.1 Objetivos Específicos ........................................................................................ 28 4. METODOLOGIA................................................................................................ 29 4.1. Síntese da carboximetilquitosana (CMQ) .......................................................... 29 4.2. Purificação da Carboximetilquitosana ..................................................................... 29 4.3 Caracterização da Carboximetilquitosana ........................................................... 30 4.3.1. Grau de substituição ............................................................................. 30 4.3.2. Espectroscopia na região do infravermelho .......................................... 30 4.4 Adsorção: Estudo Cinético e Termodinâmico e Isotermas de adsorção .............. 31 4.4.1. Efeito do Tempo de Contato: Tempo de Equilíbrio ................................. 31 4.4.2. Cinética de Adsorção ............................................................................. 31 4.4.3. Isotermas de Adsorção para íons cobre (II)............................................ 31 4.4.4. Efeito da Temperatura no Processo de Adsorção ................................... 32 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 33 5.1. Obtenção e purificação da Carboximetilquitosana ............................................. 33 5.2. Caracterização da Carboximetilquitosana .......................................................... 34 5.2.1. Grau de Substituição .............................................................................. 34 5.5.2 . Espectroscopia do Infravermelho com Transformada de Fourier .......... 37 5.3. Efeito do Tempo de Contato: Tempo de Equilíbrio e Cinética de Adsorção ...... 39 5.4. Isotermas de Adsorção ...................................................................................... 43 5.5. Efeito da Temperatura no Processo de Adsorção ............................................... 46 6. CONCLUSÃO .................................................................................................... 49 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 50 1. INTRODUÇÃO O processo de recuperação de íons de metais de efluentes industriais ou urbanos, especialmente os que são considerados tóxicos para os seres humanos, animais e plantas, é uma questão importante para a segurança e sustentabilidade dos recursos ambientais (LI et al., 2013). Atualmente, existem diversos métodos para promover a remoção desses íons de metais tóxicos, tais como precipitação, coagulação, separação por membrana e adsorção (BAI e ABRAHAM, 2003; UCUN et al., 2002). Por outro lado, esses metais possuem um papel importante nas indústrias. Logo, deve se estabelecer métodos de tratamentos viáveis economicamente e eficazes para os efluentes que contenham esses contaminantes, de forma que atendam as legislações ambientais. A adsorção é uma das alternativas promissoras para esse tratamento e diante dessa realidade existem grandes estudos nos últimos anos para encontrar adsorventes biodegradáveis como plantas, algas e outros biomateriais que podem recuperar íons metálicos (DHIR e SRIVASTAVA, 2011; ARECO et al., 2012; SHARMA e BHATTACHARYYA , 2005). Os adsorventes de compostos de polímeros naturais também tem atraído um interesse significativo para esse processo, e polissacarídeos como quitosana e seus derivados têm recebidos uma atenção particular (MUZZARELLI, 2011). Isso é devido ao fato da quitosana ser um adsorvente de baixo custo e eficaz em comparação com o carvão ativado e outros adsorventes empregados no tratamento de água contaminada com resíduos orgânicos e inorgânicos. Existem diversas citações na literatura que descreve o alto desempenho da quitosana como adsorvente de poluentes de águas residuais, incluindo metais e corantes (BHATNAGAR e SILLANPÄÄ, 2010). A quitosana é um biopolímero obtido da desacetilação da quitina, que é o maior constituinte de exoesqueletos de crustáceos, esse biomaterial possui características interessante como excelente biocompatibilidade, baixa toxicidade, biodegrabilidade e propriedades antibacterianas e antimicrobianas (DELBEN e MUZZARELLI, 1989). Atualmente a quitosana vem sendo utilizada na produção de cosméticos, drogas e medicamentos, aditivos alimentícios, membranas semipermeáveis e no desenvolvimento de biomateriais. Na presença de soluções diluídas de ácidos, a quitosana comporta-se como um polieletrólito catiônico, constituído de um copolímero de 2-amino-2-deoxi-Dglicopiranose e 2-acetamido-2-deoxi-D-glicopiranose (ELSABEE, ABDOU e NAGY, 2009). 7 Modificações químicas da quitosana são empregadas para melhorar a seletividade e a capacidade para a adsorção de íons metálicos. Uma das modificações estrutural mais interessante é a carboximetilação que é obtido como produto final a carboximetilquitosana, a qual apresenta grupos funcionais reativos como os grupos amino e carboxílico. Essa estrutura facilita a quelação do biopolímero com diversos íons metálicos e também oferece solubilidade em meio ácido e aquoso. Geralmente para a síntese da carboximetilquitosana emprega-se uma reação da quitosana pré-alcalinizada em solvente alcoólico com ácido cloroacético por várias horas (CHEN e PARK, 2003). O presente trabalho tem como finalidade sintetizar a carboximetilquitosana em diferentes condições reacionais e desenvolver o estudo cinético e termodinâmico do processo de adsorção de íons cobre (II) em carboximetilquitosana. 8 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA E REFERENCIAL TEÓRICO 2.1. METAIS PESADOS E OS IMPACTOS AMBIENTAIS As atividades industriais estão relacionadas diretamente com o meio ambiente através da sua utilização de recursos naturais e com a geração de rejeitos, como os resíduos sólidos, efluentes e emissões atmosféricas. Estas relações são denomidas como os aspectos ambientais, e quando são gerenciadas de forma inadequada podem causar impactos ambientais significativos (COSTA, SANTOS, TAVARES, 2013) . Usos industriais de metais e outros processos (por exemplo, a queima de combustíveis fósseis, a incineração de resíduos, indústria automobilística, processos de fundição e fabricação de fertilizantes) introduziram quantidades significativas de metais pesados potencialmente tóxicos nos componentes do ecosistema, como a atmosfera, solos e corpos aquáticos (O'CONNELL, BIRKINSHAW, O’DWYER, 2008). Os principais resíduos metálicos gerados destes processos industriais incluem o cobre (Cu), cádmio (Cd), níquel (Ni), cromo (Cr), cobalto (Co), zinco (Zn) e o chumbo (Pb) (BABICH et al., 1985). A Tabela 1 descreve algumas fontes industriais que envolvem o uso de metais pesados. Tabela 1. Indústrias que utilizam metais pesados nas suas atividades (O'CONNELL, BIRKINSHAW, O’DWYER, 2008). Processo Industrial Metal Pesado Mineração Cd, Cu, Ni, Cr, Co, Zn Fertilizantes Cd, Cr, Mo, Pb, U, V, Zn Indústria Metalúrgica (Ligas metálicas) Pb, Mo, Ni, Cu, Cd, As, Te, U, Zn Galvanoplastia Cr, Ni, Zn, Cu Baterias Pb, Sb, Zn, Cd, Ni, Hg Tintas e pigmentos Pb, Cr, As, Ti, Ba, Zn 9 Ao contrário de contaminantes orgânicos, estes contaminantes não são biodegradáveis consequentemente irão se acumular nos organismos vivos (FU; WANG, 2011). Os metais pesados podem afetar negativamente vários sistemas do corpo humano, como o cardiovascular, o respiratório, o endócrino, imunológico e o reprodutivo (JARUP, 2003). Além disso a exposição a longo prazo e acumulação de metais pesados no organismo pode causar um estresse oxidativo nos genes e consequentemente aumentar a susceptibilidade de diversas doenças. No Brasil, existem leis ambientais que regulam o descarte de efluentes sobre os corpos d’água, de forma que limitam os parâmetros das cargas poluidoras lançadas. Geralmente, as legislações aplicáveis são decretadas por órgãos Federais, Estaduais e Municipais e os valores limites estabelecidos podem variar para cada estado. Quando o efluente lançado não se enquadra nos padrões estabelecidos é aplicado para a empresa uma multa. Normalmente, esses padrões são decretados pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) através da Resolução Nº 430 e os valores máximos dos metais pesados (Parâmetros inorgânicos) são apresentados na Tabela 2. Tabela 2. Padrões de Lançamentos de Efluentes- CONAMA (Resolução Nº 430) Metal Valores máximos Cádmio 0,2 mg L-1 Chumbo 0,5 mg L-1 Cobre 1,0 mg L-1 Cromo hexavalente 0,1 mg L-1 Cromo Trivalente 1,0 mg L-1 Mercúrio 0,01mg L-1 Níquel 2,0 mg L-1 Zinco 5,0 mg L-1 10 2.2. COBRE O cobre é um elemento químico que apresenta quatro estados de oxidação (Cu 0, Cu+1, Cu+2 e Cu+3) predominando nos sistemas biológicos como Cu+2. O íon cuproso (Cu+1) é instável sendo facilmente oxidado a íon cúprico (Cu+2) (LINDER e HAZEGHAZAM., 1996). O cobre é normalmente encontrado na natureza em associação com enxofre. Geralmente, para obenção do cobre metálico puro são envolvidos vários processos de múltiplos estágios que inicia a partir da mineração de minérios de baixo teor de sulfetos de cobre, seguido da fundição e refino eletrolítico para produzir um cátodo de cobre puro. Este metal também pode ser extraído através da lixiviação ácida de minérios oxidados (UNITED STATES GEOLOGICAL SURVEY, 2009). O cobre é um dos metais mais antigos utilizados e foi considerado como um dos materiais mais importantes no desenvolvimento da civilização. Devido às suas propriedades, como alta ductilidade , maleabilidade e condutividade térmica e elétrica e sua resistência à corrosão, este elemento tornou-se um metal com ampla aplicação industrial, ocupando o terceiro lugar depois de ferro e alumínio em termos de quantidades consumida. O maior consumidor do Minério de Cobre é a indústria metalúrgica, principalmente como fornecedora da área de construção civil e de cabos e fios. A demanda por Cobre para a produção de fios e cabos deve crescer 39% até 2016 no Brasil, podendo atingir 295 mil toneladas do metal por ano ao final do período (INSTITUTO BRASILEIRO DE MINERAÇÃO, 2013; UNITED STATES GEOLOGICAL SURVEY, 2009 ). Este metal é um elemento essencial para os seres humanos, pois atua na síntese de enzimas, tecidos e ossos. No entanto, o cobre bivalente (Cu 2+) é tóxico e cancerígeno quando consumido em excesso através da sua ingestão, também são causados diversos problemas relacionados a saúde como, a sua deposição no fígado, vômitos, dor de cabeça, náuseas, problemas respiratórios, dor abdominal, insuficiência hepática e hemorragia gastrointestinal (AKAR et al., 2009; MAHMOOD et al., 2013). Em relação aos recursos naturais, quantidades excessivas de cobre (II) é prejudicial ao solo, pode causar danos a muitas espécies de plantas e nos corpos aquáticos pode danificar o mecanismo de osmorregulação dos animais (MAHMOOD et al., 2013). 11 2.2. TRATAMENTOS DE EFLUENTES COM METAIS PESADOS Em virtude das legislações cada vez mais rigorosas, atualmente os metais pesados são poluentes ambientais prioritários e considerados como um dos mais sérios problemas ambientais. Portanto, esses poluentes devem ser removidos das águas residuais para uma proteção ambiental. Existem muitos métodos que estão sendo utilizados para remover íons de metais pesados incluem precipitação química, troca iônica, adsorção, filtração por membranas, coagulação/floculação e tecnologias de tratamento eletroquímico (COMAN, ILEA, ROBOTIN, 2013; MAHAMOOD et al., 2013). Cada técnica apresenta as suas vantagens e desvantagens (Tabela 3). Tabela 3. Processos de tratamentos empregados para efluentes com metais pesados e as suas propriedades (COMAN, ILEA, ROBOTIN, 2013; MAHAMOOD et al., 2013). Métodos de Tratamento Vantagens Desvantagens Exigência química elevada; Precipitação química Facilidade operacional Monitoramento das condições reacionais (temperatura e pH) Resina de Troca Iônica Filtração por membrana Alta capacidade de remoção Não é pode ser aplicada em do contaminante. larga escala; Alto custo. Reuso do efluente tratado; Recuperação de materiais. Custo operacional alto Alto custo dos reagentes Coagulação/Floculação Aplicável para larga escala empregados e produção de lodos. Não pode ser utilizada a Tecnologias de tratamento eletroquímico Recuperação de Metais baixas concentrações de íons metálicos; Custo operacional alto 12 Dentre todos estes processos, a adsorção constitui um dos métodos mais comumente utilizados pelo fato de ser bastante eficaz na remoção de espécies em soluções líquidas, e, dependendo do material adsorvente que é utilizado no processo, pode se tornar um método de baixo custo para o tratamento de efluentes que apresentam poluentes de diferentes origens (CHAVES, 2009). 2.3. ADSORÇÃO A adsorção é um fenômeno superficial na qual um líquido ou gás (adsorvato) se acumula na superfície de um sólido (adsorvente). O esquema representativo de como ocorre um processo adsortivo é apresentado na Figura 1. Figura 1. Representação do processo de adsorção, sendo que S representa o adsorvato e M(sup). é o adsorvente (Adaptado: CHAVES, 2009). Dependendo da natureza da interação presente entre a superfície do sólido e a espécie adsorvida, o processo de adsorção pode ser classificado em fisiossorção (adsorção física) ou quimiossorção (adsorção química) (VIDE, 2011). 13 2.3.1. Fisiossorção Se entre o adsorvato e a superfície do adsorvente agirem apenas forças de Van der Waals, a adsorção é denominada física. As moléculas encontram-se fracamente ligadas à superfícies e os calores de adsorção são baixos, como poucos quilojoules no máximo, e comparam-se, assim, ao calor de vaporização do adsorvato. O aumento da temperatura produz uma diminuição notável na quantidade adsorvida (CASTELLAN, 1986). As principais propriedades da fisiossorção são: Sempre acontece com independência da natureza da superfície e da espécie adsorvida; O calor de adsorção é pequeno, de ordem do calor de vaporização o sublimação do adsorvato; As espécies adsorvidas não mudam sua estrutura eletrônica; É um processo não ativado (sem barreira de ativação) (VIDE, 2011). 2.3.2. Quimiossorção Quando as moléculas adsorvidas reagem quimicamente com a superfície, o fenômeno é denominado de adsorção química. Como na adsorção química ligações são rompidas e formadas, o calor de adsorção é da mesma ordem dos calores de reação química, variando de alguns quilojoules até, aproximadamente 400 kJ. A adsorção química não prossegue além da formação de uma única camada sobre a superfície do adsorvente (CASTELLAN, 1986). As características principais da adsorção química são: É um processo específico, só é possível para determinadas superfícies e espécies adsorvidas; O calor de adsorção é de ordem da ligação química, isto corresponde que a espécie adsorvida não se desorve até que atinja a temperatura de ebulição do adsorvato; As espécies adsorvidas mudam sua estrutura eletrônica a fim de poder formar a ligação química superfície-adsorvato (VIDE, 2011). 14 2.3.3. Isotermas de Adsorção A forma mais comum de estabelecer se o processo adsortivo é uma quimiossorção ou fisiossorção é mediante a análise das isortermas de adsorção, as quais correspondem a representações gráficas que relacionam a concentração do soluto adsorvido por unidade de superfície com a concentração de soluto em solução quando a adsorção atinge o equilíbrio, a temperatura constante (VIDE, 2011). De acordo com o formato da curva da isoterma é possível obter informações sobre o processo de adsorção (Figura 2). Pode-se dizer que quando a isoterma é linear, passando pela origem, a quantidade adsorvida é proporcional à concentração do fluido. Isotermas com a concavidade para baixo são ditas favoráveis, pois grandes quantidades adsorvidas podem ser obtidas com baixas concentrações de soluto. O caso limite de uma isoterma favorável é a isoterma irreversível, onde a quantidade adsorvida é independente da concentração do adsorvato. Uma isoterma com a concavidade para cima é denominada desfavorável e é uma forma rara de ser encontrada. É assim denominada porque a quantidade adsorvida é baixa (DO, 1998). Figura 2. Classificação das Isotermas (DO, 1998). 15 A análise dos dados da isoterma, por diferentes modelos, é um passo importante para encontrar um modelo apropriado que possa ser utilizado para descrever o processo. A aplicabilidade do modelo de isoterma para um dado estudo de adsorção é feita comparando os valores dos coeficientes de linearidade (R²) (TAN et al., 2007) 2.3.3.1. Isoterma de Langmüir A Isoterma de Langmüir foi o primeiro modelo importante que interpretou o processo de adsorção e se aplica extensamente em vários estudos de forma que permite uma melhor compreensão dos fenômenos cinéticos (SUÁREZ, 2012). O modelo desta isoterma baseia-se em três hipóteses: A adsorção não pode ir além do recobrimento com uma monocamada; Todos os sítios de adsorção são equivalentes uns aos outros, e a superfície é uniforme (isto é, a superfície é perfeitamente plana em escala microscópica); Não há interpretações entre as moléculas adsorvidas, de modo que a capacidade de uma molécula ser adsorvida em um certo sítio é independente da ocupação dos sítios vizinhos (ATKINS, DE PAULA, 2009). A isoterma de Lagmüir pode ser descrita conforme a equação 2.1: (2.1) Sendo que (mg L-1) corresponde a concentração de equilíbrio e (mg g-1) é a quantidade de substância que foi adsorvida no sólido. Através de um gráfico de (Ce/qe) contra Ceq é possível obter o valor de KL a partir do coeficiente linear da reta (1/KL) e a partir do coeficiente angular da reta pode-se encontrar a qmáx, que representa a capacidade máxima de adsorção em uma monocamada (ALLEN, 2003; CHOY, 1999). Uma das características da isoterma de Langmuir é a definição de um fator adimensional, RL, calculado através da equação 2.2. Este fator indica o perfil da isoterma e se o processo é favorável ou desfavorável (KHATTRI, 2000, MOHAN, 2002). (2.2) 16 A adsorção é considerada favorável se (0 < RL < 1), desfavorável se (RL > 1), linear (RL = 1) e irreversível (RL = 0). (ARAMI et al., 2005; DOGAN et al., 2000, KUSVURAN et al., 2005; NAMASIVAYA e KAVITHA, 2002; SEKAR; SAKTHI; RENGARAJ, 2004). 2.3.3.2. Isoterma de Freundlich A isoterma de Freundlich é empírica e muito utilizada porque descreve com muita precisão os dados de ensaios de adsorção em sistemas aquosos, além de descrever o equilíbrio em superfícies heterogêneas e não restringir a adsorção somente em monocamada (ECKENFELDER, 1980; MOHANA e PITTMAN, 2006). Este modelo considera que o processo de adsorção apresenta uma distribuição exponencial de calores de adsorção a partir da monocamada adsorvida proposta pelas Equações 2.3 e 2.4 (não linearizada e linearizada, respectivamente) (CHAVES, 2009). (2.3) (2.4) Sendo que Ceq representa a concentração no equilíbrio (mg L-1), q é a quantidade do metal adsorvido (mg g-1), 1/n é a constante adimensional relacionada com a intensidade da adsorção (fator de linearidade) e KF é a constante de Freundlich. Os parâmetros empíricos de Freundlich são constantes que dependem de diversos fatores experimentais tais como temperatura, área superficial do adsorvente e do sistema particular a ser estudado. Essas constantes se relacionam com a distribuição dos sítios ativos e a capacidade de adsorção do adsorvente (ALVES, 2012). De acordo com o coeficiente KF é um parâmetro que avalia a intensidade de adsorção e 1/n representa o fator de heterogeneidade dos sítios de energia, que após vários estudos sugeriu que se a adsorção é favorável se 1/n é menor que 1 (CRITTENDEN et al. 2005). 17 2.3.3.3. Isoterma de Temkin A isoterma de Temkin trabalha com a hipótese que ocorre uma diminuição da entalpia molar de adsorção ao aumentar o grau de recobrimento e é mais provável que esse decréscimo seja linear do que logarítmica. Também considera que e que a adsorção é caracterizada pela distribuição uniforme de sítios de energia de ligação, até uma energia máxima de ligação (MANE et al., 2007; HAMDAOUI et al., 2008). O modelo de Temkin é representado matematicamente pela Equação 2.5. (2.5) A Equação 2.5 pode ser linearizada e se apresenta na seguinte forma: (2.6) As constantes da isoterma KT e BT a podem ser obtidas a partir do gráfico qe versus ln (Ceq). KT é a constante da ligação de equilíbrio (L mg-1) correspondendo a energia máxima de ligação. A constante BT a está relacionada com o calor de adsorção. Se BT aumenta na mesma proporção da temperatura o processo é endotérmico (MALKOC et al., 2007; MANE et al., 2007). 2.4. CINÉTICA DE ADSORÇÃO Os estudos cinéticos de adsorção, além de serem decididamente importantes para elucidação da interação adsorvente-adsorvato, através da determinação de parâmetros como ordem de reação, constante de velocidade, energia de ativação, também estabelecem os tempos de equilíbrio reacional. Estes tempos são necessários para os estudos de adsorção em equilíbrio, e para o perfeito planejamento do emprego do material como adsorvente, para que o processo ocorra no tempo mais rápido e eficiente possível, com economia de tempo e de custos ( CHAVES, 2009). Mais de 25 modelos são relatados na literatura, na tentativa de descrever quantitativamente o comportamento cinético durante o processo de adsorção e definir a etapa do processo de adsorção determinante na cinética da reação. Cada modelo cinético de adsorção tem sua própria limitação e é originado de certas condições iniciais baseadas em experimentos específicos e de suposiçõoes teóricas. Dentre os modelos cinéticos mais comumente utilizados na literatura para explicar o processo de adsorção 18 na interface sólido-líquida em relação ao tempo sob condições de equilíbrio não estabelecidas, destacam-se o modelo de pseudo-primeira ordem, o modelo de pseudosegunda ordem e difusão intraparticular (CARONI et al., 2009). 2.4.1. Modelo cinético pseudo-primeira-ordem A equação de pseudo-primeira-ordem é apresentada pela equação 1 (CHIOU e LI, 2003): (2.7) Em que qt (mg g-1) é a capacidade de adsorção no tempo t, qe é a capacidade de adsorção no equilíbrio (mg g-1) e k1 é a constante de equilíbrio no modelo irreversível de primeira ordem. A Equação 2.7 deve ser integrada e aplica-se as seguintes condições de contorno t =0; t =t; qt=0 e qt = qt, tem-se a seguinte expressão matemática: (2.8) Após a integração a equação apresenta-se na seguinte forma: (2.9) Em muitos casos, este modelo não se ajusta bem para toda faixa de tempo de contato, pois é aplicável apenas para estágios inicias da adsorção (CHAIRAT et al., 2008; BANAT et al., 2007; TAN et al., 2007) 2.4.2. Modelo cinético pseudo-segunda-ordem A equação de pseudo-segunda-ordem pode ser expressa pela Equação 2.10 (NGAH; GHANI; KAMARI., 2005): (2.10) 19 Em que k2 é a constante de velocidade de segunda ordem. A Equação 2.10 tem que ser integrada e deve-se aplicar as seguintes condições de contornos t =0; t =t; q t=0 e qt = qt, logo é obtida a seguinte expressão matemáica: (2.11) Após integrar a equação e aplicar as condições tem-se a seguinte equação: (2.12) Também pode ser apresentada na forma equivalente segundo a equação abaixo: (2.13) 2.4.3. Cinética da Difusão intraparticular Caso os modelos acima não forneçam um mecanismo definitivo, o modelo de difusão intrapartícula proposto por Weber e Morris pode ser testado. O modelo está representado pela equação (CHIOU e LI, 2003): (2.14) A equação 2.14 considera um transporte difusivo onde mostra a fórmula linearizada para calcular o parâmetro da constante da velocidade para difusão dentro da partícula (f). A velocidade da difusão dentro da partícula é obtida por linearização da curva qt em função de t1/2. Tais gráficos podem apresentar uma multi-linearidade, indicando que duas ou mais etapas limitam o processo de adsorção. A primeira etapa é a adsorção instantânea ou adsorção na superfície externa. A segunda etapa é o estágio de adsorção gradual onde a difusão dentro da partícula é a etapa limitante. A terceira etapa é o estágio de equilíbrio final, na qual a difusão dentro da partícula começa a diminuir, 20 devido a concentrações extremamente baixas do adsorbato na solução (CHEN et al., 2003). 2.5. TERMODINÂMICA DE ADSORÇÃO O estudo da termodinâmica de adsorção consiste na determinação das grandezas ∆H0, ∆S0 e ∆G0. Essas grandezas indicam se o processo é espontâneo, exotérmico ou endotérmico. Além disso, análises dos valores obtidos em função da cobertura do adsorvato sobre o adsorvente pode dar informações sobre a heterogeneidade do adsorvente (ALVES, 2012). Pode-se calcular os parâmetros termodinâmicos de acordo com as equações abaixo: (2.15) Sendo que m corresponde a massa de adsorvente (g), Ceq é a concentração de íons metálicos na solução em equilíbrio (mg L -1), qeq é a quantidade de íons de metais no equilíbrio por unidade de massa de adsorvente (mg g -1), qeq/Ceq é chamado de afinidade de adsorção. ΔH°, ΔS° e ΔG° são a variação de entalpia (kJ mol-1), de entropia (kJ mol K-1) e de energia livre de Gibbs (kJ mol-1), respectivamente. R é a constante dos gases (8,314 J K-1 mol-1), e T é a temperatura (K). Para se determinar os valores da entalpia (ΔH°)ISOTE e da entropia (ΔS°), emprega-se uma linearização de ln(qeq m/Ceq) em função 1/T e posteriormente aplica-se os valores na Equação 2.16 para encontrar o valor da Energia Livre de Gibbs, ΔG° (GUPTA; KUSHWAHA; CHATTOPADHYAYA, 2012) . (2.16) 21 2.6. QUITINA E QUITOSANA A quitina é considerada como segundo polissacarídeo natural mais abundante na biomassa e é o principal componente estrutural no exoesqueleto de artrópodes e nas paredes celulares dos fungos. As principais fontes comerciais da quitina são caranguejo e cascas de camarão, que são fornecidos em abundância como os resíduos da indústria pesqueira (JAYAKUMAR et al., 2010). Em termos estruturais, a quitina é um copolissacarídeo de N-acetil glucosamina e resíduos N-glucosamina ligadas através de ligações glicosídicas do tipo β (1-4) e com uma elevada fração de resíduos acetilados (MUZZARELLI, 1977) (Figura 3). A quitina possui uma baixa solubilidade em meio aquoso e na maioria dos solventes orgânicos, isso torna a sua aplicação restrita, logo para solucionar esse problema derivados estruturais da quitina obtidos a partir de reações químicas são empregados. O principal derivado estrutural da quitina é a quitosana, a qual é obtida a partir da reação de desacetilação da quitina, é classificada como um copolímero linear de 2acetamida-2-desoxi--D-glucopiranose e 2-amino-2-desoxi--D-glicopiranose ligados por ligações do tipo (1-4) (DASH et al., 2011) (Figura 3). Figura 3. Estrutura da quitina e quitosana (Adaptado: JAYAKUMAR et al., 2010). 22 Entre as diversas propriedades da quitosana destacam-se: excelente biocompatibilidade, baixa toxicidade, biodegrabilidade e propriedades antibacterianas e antimicrobianas, de forma que têm sido extensivamente estudadas para diversas aplicações como liberação de drogas, nanofilmes, membranas e produtos químicos agrícolas (DASH et al., 2011; LUO et al., 2010; UYGUN et al., 2011; LIU et al., 2012; BEKHEIT et al., 2011). A quitosana também tem sido descrita na literatura como um material com alta capacidade para a adsorção de íons metálicos, corantes e proteínas (BARROS et al., 2006). Essa propriedade é devida a presença dos grupos aminos e dos grupos hidroxílicos na estrutura, ou seja, esses grupos servem como sítios quelantes para essas substâncias. (STEENKAMP et al., 2002). Devido essa característica a quitosana pode se empregada como adsorvente em tratamento de águas residuais e agentes quelantes de metais (HEIDARI et al., 2013) 2.7. CARBOXIMETILQUITOSANA Sabe-se que a quitosana é solúvel apenas em meio ácido devido aos grupos amino serem ácidos fracos (pKa ≈ 6,5-7,0). Por essa restrição de solubilidade e a busca por adsorventes com maiores capacidades e alta seletividade para remover metais tóxicos indesejáveis de águas contaminadas é utilizado como alternativa a modificação química (PAPAZI, MAKRIDIS, DIVANACH, 2010; LEE et al., 2001). Geralmente, as técnicas de modificação química utilizadas na estrutura da quitosana são: a carboximetilação, o enxerto, sulfonação e a hidroxilação (SUN; WANG, 2006). Entre essas modificações citadas destaca-se a carboximetilação da quitosana, que consiste na introdução de substituintes carboximetila na cadeia do biopolímero, que tem como derivados os produtos O-, N- ou N,O- substituídos (MUZZARELLI et al., 1998). As condições reacionais como temperatura, pH e reagente empregados permitirão a obtenção de O-Carboximetilquitosana, N-Carboximetilquitosana ou O,NCarboximetilquitosana. Esses são os únicos derivados da quitosana que contém o grupos carboxílico (-COOH) e grupos amina (-NH2) na mesma molécula, isso confere a macromolécula uma maior quantidade de sítios quelantes de forma que aumente a capacidade para adsorção de íons metálicos (CHEN; PARK, 2003) (Figura 4). 23 Figura 4. Representação das reações químicas de carboximetilação da quitosana (Adaptado: UPADHYAYA et al., 2013). Para a síntese da O-carboximeilquitosana emprega-se a reação da quitosana pré-alcalinizada em solvente alcoólico com ácido cloroacético (CHEN; PARK, 2003). Na produção da N,O- Carboximetilquitosana utiliza os mesmos reagentes com as mesmas relações estequiométricas empregadas para O-Carboximetilquitosana porém a reação é feita com uma temperatura mais elevada (MUZARELLI et al., 1989). Por fim, a síntese da N-carboximetilquitosana, ocorre através da reação química da quitosana com o ácido glicoxílico em meio ácido (CHEN et al., 2003). 24 2.8. INTERAÇÃO METÁLICOS DA CARBOXIMETILQUITOSANA COM ÍONS Chen e Park (2003) sintetizaram e estudaram as características química da carboximetilquitosana relacionadas as condições de reação. A carboximetilquitosana foi sintetizada por reação química da quitosana com o hidróxido de sódio e isopropanol, a qual é a etapa de pré-alcalinização e em seguida foi adicionado ao meio uma mistura de ácido cloroacético e isopropanol. Foram preparadas sete amostras com diferentes condições reacionais, como temperatura que variou de 20 a 60ºC e diferentes proporções estequiométricas de água /isopropanol (volume/volume). A estrutura química da carboximetilquitosana obtida foi analisada pelas técnicas de infravermelho e espectroscopia de ressonância magnética nuclear (RMN). Observou-se que a solubilidade em meio aquoso da carboximetilquitosana está diretamente relacionado as condições reacionais utilizadas, na qual a maior solubilidade em água foi quando empregou-se proporções (voume:volume) de água/isopropanol entre 1:4 e 1:1 a 50ºC. Também foi determinado que a carboximetilquitosana sintetizada a baixa temperatura (10º C) obteve uma boa solubilidade em meio aquoso, porém as que foram produzidas a alta temperatura (60 ºC) foram insolúveis em pH neutro e que o aumento da temperatura de reação resulta em um aumento do grau de carboximetilação. Logo, pode-se afirmar que a solubilidade da carboximetilquitosana varia de acordo com a carboximetilação da sua cadeia. Sun e Wang (2006) sintetizaram a N-O- Caroximetilquitosana através da dissolução da quitosana em hidróxido de sódio (20% em massa), o sistema foi mantido sob agitação e temperatura ambiente por 12 horas e posteriormente foi separado por filtração. Foi adicionado ao filtrado álcool anidro seguido de ácido monocloroacético dissolvido em álcool, deixou-se sob agitação durante 30 minutos e depois foi levado para um banho de óleo com uma temperatura e tempo determinado. Ajutou-se o pH para 9,5 com a adição de ácido acético. O precipitado formado foi filtrado e lavado com etanol e álcool anidro. O produto final foi secado a vácuo. Nessa síntese foi empregado várias condições reacionais, como variação da temperatura e tempo de reação. Os produtos finais foram caracterizados por titulação potenciométrica para a determinação do grau de substituição, microscopia eletrônica de varredura para análise da superfície do produto e espectroscopia no infravermelho. Também foi realizado um estudo sobre as propriedades do processo de adsorção de íons cobre (II) em carboximetilquitosana, e 25 os resultados encontrados confirmaram que a carboximetilquitosana é um adsorvente adequado para a remoção de íons cobre (II). Observou-se que a isoterma que descreve o mecanismo de adsorção é a isoterma de Langmuir e a capacidade máxima de adsorção na monocamada foi de 162,5 mg de cobre (II) por grama de carboximetilquitosana. Em relação a cinética de adsorção, o modelo que mais se aproxima é o de pseudo-segunda ordem e o pH é um fato influente na capacidade de adsorção. Wang et al. (2011) investigaram a remoção de ións metálicos de vanádio e níquel do petróleo bruto. Primeiramente, sintetizaram a carboximetilquitosana a partir da reação da quitosana com hidróxido de sódio aquoso, isopropanol e ácido cloroacético sob as condições de agitação e temperatura constante (45ºC) por 2 horas. Após as sínteses, empregaram-se a carboximetilquitosana em uma amostra de petróleo bruto e posteriormente foi levado para um reator de micro-ondas. Vários fatores como temperatura inicial, a quantidade de adsorvente utilizado, a potência da radiação microondas e o tempo que a amostra fica exposta a essa radiação foram analisados para otimizar esse processo de remoção. Após as avaliações, os autores identificaram que para que ocorra uma melhor adsorção de V (II) e Ni (II) deve-se empregar uma temperatura reacional de 60º C, radiação micro-ondas com potência de 300 W, a concentração de carboximetilquitosana tem que ser 500 mg L -1 durante um tempo de 2 minutos. Com esses parâmetros obtém na remoção de V (II) e Ni (II) em petróleo bruto uma eficiência 93,66% e 69,79% respectivamente. Também se verificou que alta adsorção desses metais foi devida a utilização da radiação micro-ondas, pois a mesma aumentou o movimento molecular e desestabilizou a estrutura molecular dos compostos orgânicos de Níquel e Vanádio, assim esses ións metálicos foram adsorvidos na carboximetilquitosana através dos grupos amino (-NH2) e carboxílico (-COOH) presentes na estrutura da molécula. Wang e Sun (2006) sintetizaram a carboximetilquitosana e utilizaram-a como precursora para a síntese da carboximetilquitosana reticulada. A carboximetilquisoana foi preparada a partir quitosana e empregou-se como reagentes o hidróxido de sódio, isopropanol e ácido monocloroacético. O procedimento foi realizado em um banho termostatizado de água para manter a temperatura reacional constante e a reação foi interrompida com a adição de álcool etílico. Posteriormente, para a síntese da carboximetilquitosana reticulada com resina de chumbo a carboximetilquitosana obtida com um grau de substituição de 0,85 foi adicionada em uma solução de acetato de chumbo (0,02 mol L-1) com o pH de 5,9. Essa solução foi mantida com agitação e 26 temperatura constante durante 24 horas, em seguida foi filtrada e o produto final foi lavado com etanol e éter. Após, a carboximetilquitsosana com íons Pb (II) adsorvidos foi dissolvida em 30 mL de água destilada e adicionou-se glutaraldeído para reticular a carboximetilquitosana. Quantidades de ambos produtos das sínteses foram colocados em contato com diferentes soluções de íons metálicos de Pb (II), Cu (II), Co (II), Ni (II) e Zn (II) em um período de 24 horas. Também foi realizado um ensaio de co-adsorção, na qual foi inserida uma quantidade de carboximetilquitosana reticulada em uma solução de íons metálicos contendo Cu (II), Zn (II) e Pb (II). Durante esses processos, os efeitos sobre os quais influenciam a capacidade de adsorção, tais como quantidade de agente de reticulação, o grau de substituição da carboximetilquitosana e o pH foram investigados. Os resultados demonstraram que a adsorção da carboximetilquitosana reticulada tem uma alta capacidade para adsorção de Pb (II) em soluções contendo íons metálicos individuais e a mesma possui uma alta seletividade para o Pb (II) em soluções com a coexistência de outros íons, porém observou-se que a carboximetilquitosana e a carboximetilquitosana reticulada apresentaram uma capacidade de adsorção relevante para os ións metálicos de Cu (II), Zn (II) e Ni (II) . Além disso, constatou-se que a carboximetilquitosana reticulada tem uma maior estabilidade quando comparada a carboximetilquitosana normal e por esse motivo pode ser reutilizada. 27 3. OBJETIVOS 3.1. Objetivo geral Realizar a síntese da carboximetilquitosana e desenvolver o estudo cinético e termodinâmico do processo adsortivo de íons cobre (II) em carboximetilquitosana. 3.2. Objetivos Específicos Sintetizar a carboximetilquitosana Caracterização das amostras de carboximetilquitosana obtidas Empregar a carboximetilquitosana como adsorvente para íons cobre (II); Realizar o estudo cinético do processo adsortivo de íóns cobre (II) em carboximetilquitosana através da cinética de adsorção e o tempo de equilíbrio Verificar a influência da temperatura na capacidade de adsorção de íons cobre (II) a partir do estudo termodinâmico; Determinar o modelo que descreve o mecanismo de adsorção de íons cobre (II) em carboximetilquitosana através da construção das isotermas de adsorção. 28 4. METODOLOGIA 4.1. Síntese da carboximetilquitosana (CMQ) A síntese da carboximetilquitosana foi realizada de acordo com o procedimento empregado por Abreu (2006) e as condições reacionais utilizadas foram propostas por Bukzem (2013). 3 g de Quitosana foram suspensa em 65 mL de isopropanol e o sistema foi mantido sob agitação à temperatura ambiente por um período de 20 minutos. Após adicionou-se lentamente ao meio reacional uma solução de hidróxido de sódio 40% para promover a reação de alcalinização, seguida da adição da solução de ácido monocloroacético dissolvido em isopropanol 1/1 (m/m). O resíduo sólido formado foi filtrado e suspenso em metanol 80% e o meio foi neutralizado com a adição de ácido acético glacial. O precipitado foi filtrado novamente, lavado com etanol 80% e etanol absoluto e em seguida secou-se a temperatura ambiente. Foram sintetizadas três amostras de carboximetilquitosana, onde as massas dos reagentes citados e o tempo de reação foram variados. As condições reacionais empregadas para as amostras são apresentadas na Tabela 4. Tabela 4. Condições reacionais empregadas para a síntese de Carboximetilquitosana. Massa de Hidróxido Massa de Ácido de Sódio (40%) Monocloroacético (g) 1 22,97 17,50 6,42 2 22,97 22,50 10,58 3 20,00 20,00 8,50 Amostra Tempo de Reação (h) 4.2. Purificação da Carboximetilquitosana 1,5 g de Carboximetilquitosana foram dissolvidos em 750 mL de água e o sistema foi deixdo sob agitação por 24 horas. Após esse período, realizou-se a filtração com membranas de nitrato de celulose, as quais possuíam poros médios de 5 µm, 1,2 µm e 8 µm. Em seguida, foi adcionado ao filtrado 18 g de Cloreto de sódio (NaCl) e a solução resultante foi mantida sob agitação por 30 minutos. Posteriormente, foi adicionado ao meio Etanol absouto até promover a precipitação da completa da 29 carboximetilquitosana. O precipitado foi filtrado e lavado com etanol 75%, 80%, 90% (v/v) e etanol absoluto e deixou-se secar a temperatura ambiente. 4.3 Caracterização da Carboximetilquitosana 4.3.1. Grau de substituição Aproximadamente 0,20 g de carboximetilquitosana foram adicionadas em 40 mL de água, a solução resultante foi mantida sob agitação por aproximadamente 18 horas. Após esse período, o pH da solução foi ajustado para 2,0 através da adição de ácido clorídrico concentrado. A solução final foi titulada com uma solução de hidróxido de sódio padronizada (0,1 mol.L-1) através de um titulador potenciométrico do modelo 877 Titrino plus da Metrohm. O grau de substituição foi calculado a partir da Equação 4.1: (4.1) Sendo que (mol L-1) corresponde a concentração da Solução de Hidróxido de Sódio empregado na titulação, para a desprotonação grupos funcionais e (L) é a quantidade de volume gasto (g)representa a massa de carboximetilquitosana. Os valores 161 e 58 correspondem, respectivamente, a massa molar da glucosamina e do grupo carboximetil. 4.3.2. Espectroscopia na região do infravermelho As amostras foram previamente secas em estufa a vácuo e misturadas com brometo de potássio (KBr) na proporção de 1/100 (m/m). Em seguida, a mistura foi prensada para se obter a pastilha e realizou-se a análise de espectroscopia na região do infravermelho através do espectrofotômetro de infravermelho Perkin-Elmer modelo Spectrum Frontier FT-IR/NIR (Perkin-Elmer Corp., Norwalk, CT. 30 4.4 Adsorção: Estudo Cinético e Termodinâmico e Isotermas de adsorção Entre as amostras de carboximetilquitosana sintetizadas, a Amostra 1 foi selecionada para ser empregada no estudo de adsorção de íons Cu (II). 4.4.1. Efeito do Tempo de Contato: Tempo de Equilíbrio Para o estudo do efeito do tempo de contato na adsorção, adicionou-se 50 mL de solução de Cobre (II) na contração de 100 mg L-1 em 50 mg de Carboximetilquitosana. A solução foi mantida sob agitação constante durante 7 dias, e em intervalos prédeterminados registrou-se a condutividade da solução. 4.4.2. Cinética de Adsorção A cinética de adsorção do íons Cobre (II) em carboximetilquitosana foi determinada através das medidas das concentrações dos íons metálicos em equilíbrio em um determinado intervalo de tempo através do espectrofotômetro de absorção atômica. Através desse experimento, também tornou-se possível a determinação do tempo de equilíbrio. 50 mL de solução de Cobre (II) na concentração de 100 mg L-1 foi adicionados em 50 mg de amostras de Carboximetilquitosana, o sistema foi mantido sob agitação constante de 110 rpm e a uma temperatura constante de 25ºC. Em tempos pré determinados, os quais variaram de 0 a 96 horas. A mistura foi filtrada e diluída 10 vezes para uma posterior análise no espectrofotômetro de absorção atômica, AAnalyst400 da Perkin Elmer. 4.4.3. Isotermas de Adsorção para íons cobre (II) Amostras de 50 mg de carboximetilquitosana foram adicionadas a 50 mL de solução de cobre (II) em diversas concentrações de íon metálico na solução (20 mg L -1 a 50 mg L-1). O sistema permaneceu sob agitação por 36 horas, em seguida, a mistura foi filtrada e diluída 10 vezes para uma posterior análise no espectrofotômetro de absorção atômica, AAnalyst400 da Perkin Elmer. 31 4.4.4. Efeito da Temperatura no Processo de Adsorção O efeito da temperatura sob o processo adsortivo foi realizado a partir de medidas no espectrofotômetro de absorção atômica e foi possível determinar os parâmetros termodinâmicos da adsorção. Realizou-se ensaios com amostras de 50 mg de carboximetilquitosana, as quais foram adicionadas em 50 mL de solução cobre (II) com a concentração de 100 mg L-1 e a suspensão foi mantida sob agitação constante durante 36 horas, e com temperaturas constantes de 303 K (30ºC), 313 K (40ºC) e 323 K (50ºC). A solução foi filtrada e diluída 10 vezes para uma posterior análise no espectrofotômetro de absorção atômica, AAnalyst400 da Perkin Elmer. 32 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1. Obtenção e purificação da Carboximetilquitosana As amostras foram sintetizadas com êxito e os rendimentos das reações foram calculadas através da Equação 5.1. (5.1) Sendo que é a massa de Carboximetilquitosana obtida na reação e éa massa de quitosana utilizada como reagente. Os rendimentos são apresentados na Tabela 5. Tabela 5. Rendimentos das sínteses das amostras de Carboximetilquitosana. Amostra Rendimento 1 115, 0 % 2 112, 0 % 3 111,5 % Os rendimentos reacionais são superiores a 100% porque durante a reação de carboximetilação há uma substiuição dos grupos hidroxilas (-OH) pelos grupos carboximetila (-CH2COOH). Portanto, a massa do produto final (Carboximetilquitosana) é maior que a massa do reagente (Quitosana) e o cálculo do rendimento é feito através da relação massa do produto final/ massa do reagente. 33 Todas as amostras possuíram as mesmas características visuais após as purificações. A aparência da amostras purificadas são mostradas na Figura 5. Figura 5. Amostras de Carboximetilquitosana purificadas: Amostra 1 (a), Amostra 2 (b) e Amostra 3 (c). 5.2. Caracterização da Carboximetilquitosana 5.2.1. Grau de Substituição O grau de substituição (%GS) foi determinado através da curva da titulação potenciométrica da amostra de carboximetilquitosana solubilizada e titulada com uma solução padronizada de hidróxido de sódio (0,1019 mol.L -1). A partir das medidas da variação do pH em relação ao volume de NaOH adicionado foram construídas curvas de titulação. O pH foi ajustado para aproximadamente 2,0 (meio ácido), pois indica que os grupos funcionais aminas (-NH2) e os ácidos carboxílicos (-COOH) estão todos protonados. À medida que hidróxido de sódio era acrescido ao meio, notava-se uma elevação gradual do pH, o que correspondeu a desprotonação dos grupos funcionais da carboximetilquitosana. O primeiro ponto de equivalência refere-se a desprotonação do -COOH, pois é o grupo funcional que apresenta o menor valor de pKa por ser mais ácido, e o segundo ponto corresponde a desprotonação do -NH3+. Logo, a titulação potenciométrica da carboximetilquitosana em meio ácido com o hidróxido de sódio é representada por duas reações de equiíbrio (Figura 6). 34 Figura 6. Reações da desprotonoção dos grupo funcionais aminos e ácido carboxílico da Carboximetilquitosana. Os valores experimentais dos pontos de inflexão (V 1 e V2) e as massas de carboximetilquitosana são apresentados na Tabela 6. Tabela 6. Valores de V1 e V2, massa de carboximetilquitosana (MCMQ) e grau de substituição (GS). Amostra MCMQ (g) VNaOH (1) (mL) VNaOH (2) (mL) GS 1 0, 2080 4,10 10,2 0,37 2 0, 2039 4,60 8,10 0,37 3 0, 2073 13,30 17,0 1,69 A partir da derivada de primeira ordem da curva potenciométrica, torna-se possível determinar os pontos de inflexão, os quais são denominados respectivamente, como V1 e V2 (Figura 7). Foi observado que a amostra que apresentou o maior grau de substituição foi a Amostra 3, a qual foi sintetizada sob maior tempo reacional e com a maior quantidade de ácido monocloroacético e foi adicionado uma quantidade inferior de hidróxido de sódio. As amostras 1 e 2 que foram sintetizadas em tempos menores tiveram grau de substituição com valores equivalentes e inferiores ao da Amostra 3. Chen e Park (2003) sintetizaram a carboximetilquitosana sob diversas condições reacionais, e obtiveram amostras com distintos valores para o grau de substituição os quais variaram de 0,2 a 1,0. Ge e Luo (2005) empregaram o mesmo método para a determinação do grau de substituição e para as amostras foram encontrados valores entre 0,258 e 0,89. 35 Figura 7. Curvas potenciométricas das amostras de Carboximetilquitosana: Amostra 1 (a), Amostra 2 (c) e Amostra 3 (e), e suas respectivas derivadas de primeira ordem (b), (d) e (f) V2 12 3 10 V1 8 pH dpH/dV 2 6 1 4 2 0 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 0 2 4 6 Volume de NaOH (mL) 8 10 12 14 16 18 20 22 Volume de NaOH (mL) (a) (b) V2 12 10 6 pH dpH/dV 8 6 V1 3 4 2 0 0 2 4 6 8 10 12 0 2 4 Volume de NaOH (mL) 6 8 10 12 Volume de NaOH (mL) (c) (d) 9 V2 12 10 6 dpH/dV pH 8 6 V1 3 4 2 0 0 0 2 4 6 8 10 12 14 16 Volume de NaOH (mL) (e) 18 20 22 24 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 Volume de NaOH (mL) (f) 36 4.1.2 . Espectroscopia do Infravermelho com Transformada de Fourier As amostras das carboximetilquitosana sintetizadas e purificadas foram analisadas na região do infravermelho e gerou-se respectivos espectros (Figura 8). Também analisou-se uma amostra quitosana, reagente empregado na síntese, o qual o estudo comparativo dos espectros permitiram avaliar as modificações químicas da quitosana e dos seus derivados carboximetilados após a reação de carboximetilação. Os espectros resultantes das amostras de carboximetilquitosana e da quitosana são mostrados na Figura 8, e as Amostras 1, 2 e 3 são representadas respectivamente pelas siglas A-1, A-2 e A-3. Figura 8. Espectros das análises de infravermelho para as amostras de carboximetilquitosana (A-1, A-2 e A-3) e quitosana. 1422 A-1 70 1380 1617 1646 2885 75 3430 80 Transmitância (%) 65 60 A-2 55 A-3 50 45 Quitosana 40 35 30 25 20 4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 -1 Número de onda (cm ) 37 O espectro de infravermelho da quitosana apresenta como bandas características principais: a banda de estiramento axial de -OH aproximadamente em 3430 cm-1, e essa banda se sobrepõe a banda axial de -NH. Verifica-se uma banda de deformação angular do grupamento -NH em torno de 1438 cm-1 , também encontrou-se banda de deformação do grupamento carbonila, C=O (banda amida I) em torno de 1646 cm-1. Também é verificada banda de deformação axial relacionada aos grupos -CH e -CH2 em uma frequência aproximadamente de 2885 cm-1. A banda de deformação angular simétrica do grupo metila (-CH3) é detectada em torno de 1380 cm-1. Nos espectros das amostras de carboximetilquitosana (A-1, A-2 e A-3) observase espectros similares para todas as amostras, porém verifica-se picos em 1611 cm-1 e 1394 cm-1, os quais correspondem as deformações axiais simétricas e assimétricas do grupo -COO e confirmam a ocorrência da reação de carboximetilação (GE e LUO, 2005). Também observa-se que o espectro da Amostra 3 apresenta picos mais intensos devido a amostra ser mais substituída e as amostras 1 e 2 têm espectros com picos com intensidades similares. 38 5.3. Efeito do Tempo de Contato: Tempo de Equilíbrio e Cinética de Adsorção O tempo de equilíbrio foi determinado primeiramente, por medidas da condutimétricas. Em intervalos de tempos pré-determinados que variaram de 0 minutos até 8640 minutos (6 dias) foram registradas as condutividades da solução de íons Cu (II). Através da construção do gráfico da Condutividade versus tempo (Figura 9) tornase possível verificar quando o sistema atinge o equilíbrio. Inicialmente a condutividade da solução foi 464 µS.cm-1 e à medida que os íons de Cu2+ são adsorvidos em carboximetilquitosana a condutividade da solução decresce. Também observa-se que após 2000 minutos (33 horas e 20 minutos) a condutividade permanece constante, em torno de 370 µS.cm-1 , esse intervalo é denominado como tempo de equilíbrio, o qual representa que a carboximetilquitosana atingiu a sua capacidade máxima de adsorção. Figura 9. Gráfico da condutividade (µS) em função do tempo (minutos). 480 -1 Condutividade (µS.cm ) 460 440 420 400 380 360 0 2000 4000 6000 8000 Tempo (minutos) 39 O tempo de equilíbrio também foi determinado a partir da quantificação da concentração de íons Cu2+ em solução em tempos pré-definidos os quais variaram de 0 a 3600 minutos ( 2 dias e 12 horas). A análise gráfica para determinar o tempo de equilíbrio é análoga a que foi realizada por medidas condutimétricas, porém o gráfico é uma representação da porcentagem da quantidade de substância adsorvida no sólido em função do tempo (Figura 10). A remoção inicial de Cobre (II), ou seja, no tempo igual a zero foi de 12,1 % e observa-se que a remoção torna-se constante a partir de 1080 minutos (18 horas) apresentando uma porcentagem de remoção máxima de 19,23%. Figura 10. Efeito do tempo de contato da adsorção de íons Cobre (II) em carboximetilquitosana. 20 % de Remoçao 15 10 5 0 1000 2000 3000 4000 tempo (minutos) 40 Verifica-se que o tempo de equilíbrio determinado por medidas condutimétricas foi superior ao tempo de equilíbrio encontrado nos ensaios por monitoramento da concentração de íons cobre (II) em solução. Para o estudo cinético, foram utilizados os valores das concentrações de Cobre (II) em solução em diferentes intervalos de tempo. Empregaram-se os dados em três modelos cinéticos: Pseudo-primeira-ordem (Equação 5.2), pseudo-segunda-ordem (Equação 5.3) e difusão intraparticular (Equação 5.4) (5.2) (5.3) (5.4) A Tabela 7 apresenta os parâmetros das regressões lineares dos três modelos cinéticos e os seus respectivos gráficos são mostrados na Figura 11. Tabela 7. Parâmetros cinéticos dos modelos de Pseudo-primeira-ordem, Pseudo-segunda-ordem e Difusão Intrapartícula obtidos experimentalmente. Modelo R2 qe (mg g-1) K1 (min-1) K2 (g mg-1 min-1 ) Kd (mg g-1 min-0,5) Pseudo 1ª Ordem 0,2355 76,9662 20,16 --- --- Pseudo 2ª Ordem 0,9994 1,2346 --- 0,1798 --- Dif. Intrapartícula 0,6919 --- --- --- 7,692 41 Figura 11. Representações gráficas dos modelos cinéticos da adsorção de íons Cobre (II) em Carboximetilquitosana: (a) Pseudo-primeira-ordem, (b) Pseudo-segunda-ordem e (c) Difusão intraparticular. 1,91 1,90 log (Ce -Ct) 1,89 1,88 1,87 1,86 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 2500 3000 3500 4000 t (a) 3000 2500 t/qt 2000 1500 1000 500 0 0 500 1000 1500 2000 t (b) 60 50 q 40 30 20 10 0 12 13 14 15 16 17 18 19 1/2 t (c) 42 Através dos resultados, verifica-se que o modelo cinético que melhor descreve o processo de adsorção de íons Cu2+ em carboximetilquitosana é a cinética de pseudosegunda-ordem pois foi a regressão linear que apresentou o coeficiente de correlação (R2) mais próximo de 1 (Tabela 7). Sun e Wang (2006) também obsevaram o mesmo comportamento cinético para a adsorção de íons Cobre (II) em N,O- Carboximetilquitosana. Outros estudos cinéticos desenvolvidos para o processo de adsorção em carboximetilquitosana segue o mesmo modelo de pseudo-segunda-ordem (CHANG ; CHEN, 2005; YANG et al., 2011). 5.4. Isotermas de Adsorção Para descrição carboximetilquitosana do processo de pode-se empregar adsorção as de íons cobre isotermas de adsorção. (II) em Para o desenvolvimento das isotermas aplicou-se massas fixas de carboximetilquitosana em soluções de cobre (II) em diversas concentrações. No presente estudo, foram utilizadas as isotermas de Langmüir, Freundlich e Temkin e foram calculados os parâmetros dos respectivos modelos (Tabela 8). Tabela 8. Valores dos parâmetros obtidos experimentalmente a partir da linearização dos modelos das isotermas de adsorção Isotermas Parâmetros Valor qmax (mg.g-1) 4,9019 R² 0,9836 KF (L.g-1) 0,6474 1/n 0,6973 N 1,4341 R² 0,4689 KT (L g-1) 149887,09 BT 0,1264 b ( J mol-1) 19610,91 R2 0,9812 Langmüir Freundlich Temkin 43 Os valores encontrados para os parâmetros representa que adsorção de íons cobre (II) se ajusta melhor ao modelo de Langmüir, pois foi a isoterma que apresentou o coeficiente de correlação (R2) mais próximo de 1, isso corresponde que o processo ocorre em uma monocamada, ou seja, todos os pontos na superfície possuem a mesma energia de adsorção e não existe interação entre as moléculas de adsorvatos (íons Cu 2+) adjacentes. O modelo de Langmüir é descrito com frequência em outros estudos para o processo de adsorção de íons Cu2+ em carboximetilquitosana (SUN e WANG, 2006; CHEN et al., 2009). O valor da quantidade máxima de adsorção (qmáx) foi 4,019 mg g-1, o qual pode ser considerado como um valor baixo, quando comparado a outros estudos que envolvem a adsorção de íons metálicos em carboximetilquitosana. Esse valor inferior pode ser justificado pela solubilização da carboximetilquitosana na solução de íons Cobre (II), o que pode reduzir a sua capacidade de adsorção. Sun e Wang (2006) obtiveram experimentalmente uma quantidade máxima de adsorção 162,5 mg de cobre (II) para cada grama de N,O-carboximetilquitosana, enquanto no trabalho desenvolvido por Yan et al. (2011) a quantidade máxima de adsorção de cobre (II) em esferas de carboximetilquitosana foi 58,0 mg g-1. Os parâmetros da Isoterma de Freundlich também fornecem importantes informações sobre o processo de adsorção. O parâmetro 1/n é a constante adimensional que está relacionada com a intensidade da adsorção, o seu valor experimental foi 0,6783, isso representa que no processo é favorável. Os parâmetros da isoerma de Temkin apresenta um valor de calor de absorção (BT) positivo, o que corresponde que a adsorção de Cu (II) em carboximetilquitosana é exotérmico, ou seja, há liberação de energia durante o processo. Esse comportamento termodinâmico também é confirmado no experimento da influência da temperaura no processo de adsorção. A Figura 12 apresenta os gráficos obtidos experimentalmente através da linearização dos modelos da isoterma de Langmüir, Freundlich e Temkin. 44 Figura 12. Gráficos dos modelos das isotermas de Langmüir (a), Freundlich (b) e Temkin (c) 16 14 12 Ceq/q 10 8 6 4 2 20 30 40 50 60 70 80 90 Ceq (a) 1,4 1,2 log q 1,0 0,8 0,6 0,4 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 log Ceq (b) 4,5 4,0 ln Ceq 3,5 3,0 2,5 2,0 1,5 0 5 10 15 20 25 q (c) 45 5.5. Efeito da Temperatura no Processo de Adsorção Para a análise do efeito da temperatura no processo adsortivo, empregou-se diferentes temperaturas as quais foram 303 K, 313 K e 323 K nos ensaios de adsorção de íons Cobre (II) em carboximetilquitosana. Os resultados determinados para cada ensaio são mostrados na Tabela 9. Tabela 9. Dados experimentais dos ensaios de adsorção em diferentes temperaturas. Concentração Concentração no Capacidade de Inicial (C0) Equiíbrio (Ceq) adsorção (qeq) mg L-1 mg L-1 mg g-1 303 K 102,40 84,27 18,08 313 K 102,40 92,60 9,70 323 K 102,40 97,60 4,73 Temperatura Através da construção do gráfico da capacidade de adsorção em função da temperatura (Figura 13), observa-se que com o aumento da temperatura ocorre uma redução da eficácia do processo de adsorção de íons Cobre (II). A redução da capacidade de adsorção de íons Cu2+ com a elevação da temperatura pode ser explicado por temperaturas altas ocasionam a evaporação do solvente, favorecem o processo de dessorção e também há um possível enfraquecimento das interações adsorvatoadsorvente (SUN e WANG, 2005; SINGH; SINGH; HASAN, 2006). Figura 13. Relação da capacidade de adsorção de íons Cu2+ com o aumento da temperatura. 46 20 18 16 -1 qeq(mg.g ) 14 12 10 8 6 4 300 305 310 315 320 325 T (K) É possível determinar os parâmetros termodinâmicos através da construção do gráfico ln (qeq m/Ceq) versus 1/T (Figura 14). Figura 14. Parâmetros termodinâmicos do processo de adsorção de íons Cu 2+ em carboximetilquitosana. -1,4 -1,6 -1,8 ln (qeqm)/Ceq -2,0 -2,2 -2,4 -2,6 -2,8 -3,0 -3,2 0,00310 0,00315 0,00320 0,00325 0,00330 -1 1/T (K ) Através da linearização dos dados experimentais pode-se calcular a entalpia (ΔH°), entropia (ΔS°) e a energia livre de Gibbs (ΔG°) para o processo de adsorção. Os resultados finais dos parâmetros são apresentados na Tabela 10. 47 Tabela 10. Parâmetros termodinâmicos para o processo de adsorção de íons Cu2+ em diferentes temperaturas. Parâmetro Valor médio ΔH°(J mol-1) - 867,05 ΔS° (J mol-1 K-1) - 3,050 ΔG°(J mol-1) (303 K) 57,10 ΔG°(J mol-1) (313 K) 87,60 ΔG°(J mol-1) (323 K) 118,10 Verifica-se que o processo é exotérmico, pois o valor da entalpia padrão é negativo, isso justifica a redução da capacidade de adsorção de íons Cu (II) com o aumento da temperatura no processo de adsorção. O valor da entalpia inferior a 40000 J.mol-1 também representa que adsorção de Cu (II) é caracterizado por ser uma fisissorção, e que as interações entre o adsorvato (íons Cu 2+) e o adsorvente (carboximetilquitosana) são ligações de Van der Waals. O valor da entropia padrão representa as variações de desordem do sistema, logo um valor negativo da entropia corresponde uma diminuição da aleatoriedade na interface da carboximetilquitosana/ solução de cobre (II). Observa-se que para todas as temperaturas empregadas, o processo de adsorção não foi espontâneo porque o valor da energia livre de Gibbs foram todas positivas e quando há um aumento da temperatura também existe um aumento no valor de ΔG°. Sun e Wang (2005) observaram as mesmas propriedades termodinâmicas para a adsorção de íons Cobre (II) em N,O-Carboximetilquitosana, pois o processo de adsorção foi exotérmico e o aumento da temperatura reduziu a quantidade de Cobre (II) adsorvida. 48 6. CONCLUSÃO Em virtute dos resultados obtidos no trabalho pode-se concluir: As condições reacionais empregadas possuem uma grande influência nas propriedades final da carbobixetilquitosana, sobretudo no grau de substituição; As condições reacionais que proporcionaram uma amostra com maior grau de substituição foi onde empregou-se 20,0 g de solução de NaOH 40%, 20,0 g de solucão Ácido Monocloroacético/Isopropanol e um tempo reacional de 10,6 horas. A partir dessa reação obteve-se uma amostra com grau de substituição de 1,69. A reação de carboximetilação da quitosana foi confirmada através da espectroscopia na região do infravermelho, na qual, os espectros das amostras de carboximetilquitosana apresentaram os picos característicos do grupo carupo carboxílicos; Através do efeito do tempo de contato de íons Cu 2+ em carboximetilquitosana, determinou-se que o tempo de equilíbrio para esse processo foi aproximadamente de 33,3 horas (2000 minutos) e a cinética da adsorção se ajustou melhor no mecanismo de pseudo-segunda ordem; O processo de adsorção de Cobre (II) em carboximetilquitosana se ajustou melhor na linearização da Isoterma de Langmüir e a capacidade máxima de adsorção foi 4,09 mg g -1; Os parâmetros termodinâmicos determinados experimentalmente indicam que o processo é exotérmico e não espontâneo. 49 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABREU, F. R. DE; CAMPANA-FILHO, S. P. 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