1 Sumário 1.INTRODUÇÃO................................................................................................................. 3 1.1 Informações Gerais do País ........................................................................................ 4 2. PANORAMA POLÍTICO E CONJUNTURA ECONÔMICA .................................................. 7 2.1 Contexto Político ........................................................................................................ 7 2.2 Economia .................................................................................................................... 7 2.2.1 Relações comerciais com o Brasil ............................................................................ 9 3. PANORAMA SETORIAL ................................................................................................ 11 3.1 Tarifas ....................................................................................................................... 11 3.2 Importações .............................................................................................................. 12 3.2.1 Principais países fornecedores para a Austrália em 2009..................................... 12 3.3 Exportações .............................................................................................................. 14 3.3.1 Principais países compradores da Austrália em 2009 ........................................... 14 3.4 Relações com o Brasil ............................................................................................... 16 4. CONSUMO .................................................................................................................. 19 5. DISTRIBUIÇÃO E VAREJO............................................................................................. 21 5.1 Cadeia não-especializada – Supermercados ............................................................ 21 5.2 Cadeia Especializada - Lojas de Departamento ........................................................ 22 5.3 Cadeia Especializada - Redes especializadas do Setor ............................................. 24 6. ESTRATÉGIAS E OPORTUNIDADES DE NEGÓCIOS ...................................................... 26 6.1 Estabilidade Econômica e Ambiente de Negócios ................................................... 26 6.2 Acesso ao mercado australiano................................................................................ 27 6.3 Oportunidades e Potencial de Mercado .................................................................. 28 7. FEIRAS SETORIAIS E VEÍCULOS DE IMPRENSA ............................................................ 29 7.1 Feiras setoriais .......................................................................................................... 29 7.2 Veículos de imprensa................................................................................................ 29 8. AÇÕES TEXBRASIL ....................................................................................................... 30 8.1 Projeto Comprador ................................................................................................... 30 8.2 Projeto Imagem Texbrasil ......................................................................................... 30 8.3 Compradores e Agentes Australianos ...................................................................... 30 9. CONTATOS .................................................................................................................. 32 10. FONTES CONSULTADAS ............................................................................................ 33 2 1.INTRODUÇÃO Nos últimos 20 anos, a Austrália se transformou em uma economia internacionalmente competitiva e de sofisticado mercado. Tida como uma das nações com melhores índices de crescimento na década de 90 dentre os países da OCDE (países desenvolvidos), seu desempenho foi obtido em grande parte graças a uma série de reformas econômicas adotadas desde os anos 80, que transformaram a dinâmica econômica do país. Tais políticas (e a continuada demanda por commodities, especialmente chinesa) colaboraram para o crescimento econômico australiano por 17 anos consecutivos - antes da crise financeira global - e de 1,5% no último semestre de 2009 (o melhor desempenho da OCDE). A Austrália é a 14ª economia mundial e a 9ª mais industrializada do planeta. Sua população é altamente diversificada, incluindo tanto aborígenes e nativos das ilhas Torres Strait como imigrantes de mais de 200 países. Nos últimos 60 anos, o país recebeu mais de 6,5 milhões de imigrantes, triplicando o tamanho de sua população original. Em termos de riqueza, o país é a 15ª economia com maior renda per capita e a 6ª mais democrática do mundo. As exportações australianas, que totalizaram US$ 66 bilhões em 2008, são um mix de produtos minerais, manufaturados e agrícolas. A grande diversidade de recursos naturais da Austrália é um dos principais atrativos para investimentos externos em reservas de carvão, minério de ferro, cobre, ouro, gás natural, urânio e outras fontes de energia renováveis. No entanto, com a expansão da economia, as participações dos setores de agricultura e manufatura têm diminuído, ao passo que os setores financeiros, prestação de serviços e telecomunicações têm ganhado maior importância. Esse período de bons resultados econômicos também possibilitou o enriquecimento da população e o desenvolvimento do setor bancário no país. Mesmo com um desempenho tímido em 2009 em virtude dos efeitos da crise econômica mundial, o país busca retomar o ritmo de crescimento anterior para os anos de 2011-2014. O crescimento das economias indiana e asiáticas é de vital importância para manter a demanda por produtos agrícolas e minerais. O novo acordo de livre comércio ASEAN-Austrália-Nova Zelândia (AANZFTA) busca justamente a maior integração destes mercados. Além deste arranjo, o país também está envolvido nas discussões da “Parceria Transpacífica”, para acordos comerciais com China e Japão. Em 2010, o governo declarou ter por objetivo principal promover o aumento da produtividade do país e administrar a simbiótica (por vezes, tensa) relação com a China, além de enfatizar as legislações internacionais sobre proteção ambiental e demais temas relacionados com as mudanças climáticas, tais como devastações e queimadas. 3 1.1 Informações Gerais do País Nome Oficial: Comunidade da Austrália Capital: Canberra Localização: Oceania Área total: 7,741 milhões de km2 Expectativa de Vida: 81 anos População 2008: 21 milhões de habitantes Crescimento populacional: 1,7% ao ano Renda per capita 2008: US$ 36.960 PIB 2008: USD 1,015 trilhão PIB per capita 2008: USD 47,370 mil Exportações 2009: USD 161,5 bilhões Importações 2009: USD 160,9 bilhões Fonte: Banco Mundial, CIA Factbook A Austrália é um dos países mais urbanizados do mundo, com cerca de 85% de sua população vivendo em áreas urbanas. A maioria das grandes cidades do país foi construída nos séculos XIX e XX e, por isso, são modernas e planejadas. As principais são: Sydney: a mais famosa e populosa cidade do país é conhecida como centro internacional de comércio, arte, cultura, entretenimento, música, educação e turismo. Os principais setores econômicos da cidade são serviços empresariais e sistemas de informação. Melbourne: a segunda cidade mais populosa do país é tida pelos australianos como a “capital cultural” do país por sediar as principais associações de cinema, música, artes e danças australianas. É forte no setor automotivo, logístico, financeiro e de tecnologia da informação. Brisbane: um dos principais centros de negócios do país, a cidade possui escritórios de todas as principais empresas australianas em seu território, em setores como TI, serviços financeiros, petróleo, siderurgia, celulose, transporte e logística. 4 Além disso, com belas praias, parques e zoológicos, é importante destino turístico da Austrália. Perth: a cidade é geograficamente mais próxima do Timor Leste, Cingapura e Jacarta do que as cidades australianas de Sydney, Melbourne e Brisbane. Devido a esse isolamento, tem o setor de prestação de serviços como força motriz de sua economia, assim como setores correlatos como comércio, educação, saúde, serviços empresariais. Adelaide: possui sua economia voltada principalmente ao setor agrícola alimentos e vinhos -, pesquisa e desenvolvimento e indústria da defesa (mais de 70% do setor - cerca de AU$ 1 bilhão – é proveniente da cidade). Os setores automobilísticos e eletrônicos também são importantes para a cidade. Quanto à infra-estrutura do país, o Governo Australiano tem investido fortemente no setor. Em 2005, realizou uma avaliação nacional de todas as necessidades do país e criou uma agência “força-tarefa” para identificar prioridades e reduzir impedimentos aos investidores. Rede rodoviária: Uma enorme rede de estradas australianas interliga várias partes deste imenso país, e as estradas são tão bem construídas e conservadas que representam o eixo central da infra-estrutura da Austrália. Por conta das diferentes cidades serem tão distantes e pouco povoadas, por vezes, as estradas são o único meio de conectividade e o único meio de viajar para os lugares mais remotos localizados no interior do país. A extensão de rodovias é de 913.000 km, dos quais 353.331 quilômetros de estradas são asfaltadas. Rede ferroviária: A rede ferroviária na Austrália compreende um total de 33.819 km de trilhos (7ª maior do mundo), com redes de bitola larga e bitola padrão, em linhas tanto inter-estaduais como intra-estaduais. Os principais prestadores deste serviço são: a Indian Pacific, a Ghan e a Overland Rail Services. A primeira opera entre Alice Springs e Melbourne, a segunda opera entre Adelaide e Melbourne, e a Indian Pacific serve áreas entre Perth e Sydney. The Great South Pacific Express, uma linha turística de luxo Cairns e Sydney, é conhecida como “o Expresso do Oriente da Austrália”. Portos: A grande maioria da extensão de 2.000 km de vias navegáveis por rios na Austrália é destinada ao turismo e está localizada a sudeste do país, na bacia que compõem os rios Murray e Darling. O país tem 14 grandes portos, embora em sua maioria sub-utilizados, incluindo Fremantle (Perth), Darwin, Brisbane, Newcastle, Sydney, Port Kembla, Adelaide, Melbourne, Davenport, e Hobart. Além disso, portos voltados para a exportação são encontrados em Gladstone, Weipa, Hay Point, Dampier, e Port Hedland. Aeroportos: A Austrália tem um sistema de transporte aéreo altamente moderno e desenvolvido, tendo em vista que o país é um dos principais destinos turísticos do mundo. A ampla conectividade de seus aeroportos assegura que existam muitas linhas, tanto nacionais e internacionais. Os principais aeroportos estão situados nas cidades metropolitanas do país: o Aeroporto Internacional de Darwin, o Aeroporto Internacional Kingsford Smith em Sydney, o Melbourne Airport, o Perth Airport, o Canberra International Airport, o Adelaide International Airport, o Brisbane Airport, o Gold Coast Airport, o Cairns International Airport e o Hobart International Airport. Para 5 além destes aeroportos principais, a Austrália possui mais de 315 aeroportos com pistas pavimentadas e quase 139 aeroportos com pistas não pavimentadas. Telecomunicações: os serviços domésticos e internacionais são de alta qualidade. O setor é privatizado e dominado pela operadora Telstra (antigo monopólio governamental), além de outras como Optus, AAPT, Soul e Vodafone. O número de telefones celulares (22,1 milhões) já supera o número de linhas fixas de telefonia (9,4 milhões). Possui 15 milhões de usuários da Internet e suas redes submarinas de fibra óptica permitem conexões com Nova Zelândia e EUA. 6 2. PANORAMA POLÍTICO E CONJUNTURA ECONÔMICA 2.1 Contexto Político A Austrália é uma monarquia constitucional composta por uma federação de 6 estados: New South Wales (NSW), Queensland (Qld), South Australia (SA), Tasmania (Tas), Victoria (Vic) and Western Australia (WA). Cada um possui sua própria legislação, que opera nas mesmas divisões de poderes executivos, legislativos e judiciários do sistema de governo parlamentarista sendo a rainha Elizabeth II (Commonwealth do Reino Unido) a Rainha da Austrália. Como a rainha reside no Reino Unido, os poderes executivo de sua responsablidade são exercidos por seus vice-reis na Austrália (o Governador-Geral, em nível federal e os governadores, a nível estadual), que atuam como seus “ministros”. Além desses Estados, o país ainda possui 10 territórios; dois deles - Australian Capital Territory (ACT) e Northern Territory (NT) – são governados diretamente pela Commonwealth, mas considerados partes do país devido sua relevância populacional. O Parlamento é bicameral, com o Senado composto por 76 membros eleitos para um mandato de 6 anos e a Câmara dos Deputados com 150 membros que cumprem um mandato de 3 anos. Há dois grandes grupos políticos que costumam centralizar as discussões políticas: o Partido dos Trabalhadores da Austrália e a Coalisão - que é um agrupamento formal do Partido Liberal e seu sócio minoritário, o Partido Nacional. Candidatos independentes e vários pequenos partidos, incluindo os Verdes e os Democratas Australianos conseguiram representatividade nas últimas eleições, especialmente no Senado. As últimas eleições ocorreram em 2010 e governo atual é liderado pela Primeira-Ministra Julia Gillard, do Partido dos Trabalhadores, que tem como uma de suas principais bandeiras políticas o problema do aquecimento global – o país é um dos principais emissores de gases do efeito estufa entre os países desenvolvidos – dando grande ênfase à questão da sustentabilidade, assim como aumentar a competitividade internacional australiana. 2.2 Economia A estrutura da economia australiana se transformou muito nos últimos dez anos. A partir a década de 1980, o país passou por reformas econômicas importantes, e assim, o mercado que era antes bastante protegido e regulado tornou-se mais aberto, competitivo no meio internacional e com uma orientação maior às exportações. Houve um aumento significativo da participação da área de finanças, serviços e comunicações e um declínio da agricultura e indústria – essa última diminuiu seu peso na economia e apresenta hoje uma participação estável de 8,5% no PIB. No entanto, apesar da atual prevalência do setor de serviços, é o setor primário que impulsiona as exportações australianas. O país apresenta alta competitividade na exportação de produtos agrícolas e minérios devido a sua riqueza em recursos naturais, e seu pequeno mercado doméstico – apenas 21 milhões de pessoas ocupam um território de dimensões semelhantes a dos Estados Unidos. A Austrália é o maior exportador de carvão do mundo (30% do total global), o maior produtor de diversos 7 minérios como níquel, cobre, minério de ferro, além de estar aumentando sua exportação de gás natural. A previsão é que a taxa de desemprego caia de 5,3% para 5% em 2010-20111. A expectativa é de que o PIB cresça 3% em 2010 impulsionado pelo crescimento da China e Índia que demandam commodities australianas, e pelo novo Acordo de Livre Comércio ASEANAustrália-Nova Zealândia que estimula as exportações para esses mercados. Além disso, espera-se que o consumo interno aumente cerca de 2% esse ano, e mantenha esse ritmo em médio prazo. No segundo trimestre de 2010, o crescimento do país foi o mais acelerado dos últimos três anos em base trimestral, graças justamente a uma recuperação nos gastos das famílias e a uma forte expansão do setor minerador. A taxa de expansão foi de 1,2% no segundo trimestre em relação ao primeiro e de 3,3% sobre o segundo trimestre de 2009, informou o Escritório Australiano de Estatísticas. Os economistas esperavam crescimento de 0,9% sobre o trimestre anterior e de 2,8% em relação ao mesmo intervalo de 2009. - Principais produtos exportados em geral: Carvão, minério de ferro, ouro, carne, lã, alumínio, trigo, maquinaria e equipamento de transporte. Destinos das exportações, 2009: China– 21,81% Japão – 19,19% Coréia do Sul – 7,88% Índia - 7,51% Estados Unidos – 4,95% Brasil – 1% Outros – 37,66% Fonte: CIA/ MDIC - Aliceweb - Principais produtos importados em geral: Maquinaria e equipamentos de transporte, computadores, telecomunicações, óleos brutos, produtos de petróleo. equipamentos de Destinos das importações, 2009: China – 17,94% Estados Unidos– 11,26% Japão – 8,36% Cingapura – 5,54% Brasil – 0,31% Outros – 56,59% Fonte: CIA/ MDIC – Aliceweb 1 Euromonitor 8 2.2.1 Relações comerciais com o Brasil O comércio bilateral entre a Austrália e o Brasil sofreu forte declínio durante a crise financeira global de 2009, após ter demonstrado constante crescimento nos anos anteriores. O histórico do comércio bilateral revela que, apesar da Austrália importar produtos em diversas categorias do Brasil, as exportações australianas para o Brasil continuam a serem tradicionalmente caracterizadas pela concentração nas vendas de carvão mineral, embora alguns produtos manufaturados também se destaquem, tais como vacinas e medicamentos (incluindo de uso veterinário). O crescimento da corrente de comércio tem sido constante entre as duas maiores economias do hemisfério sul, passando de US$ 512 milhões em 2001 para US$ 1 bilhão em 2005 e atingindo US$ 2,48 bilhões em 2008 às vésperas da desaceleração causada pela crise financeira internacional de 2009. Em 2009, no acumulado de janeiro a dezembro, somou US$ 1,33 bilhão. Entre 1999 e 2009, a média do crescimento anual das exportações brasileiras para a Austrália foi de 17%, enquanto as importações brasileiras provenientes da Austrália cresceram à taxa anual de 14% entre 1999 e 2009, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior do MDIC. No período, as exportações brasileiras de produtos básicos cresceram em média a 29% ao ano, as de semimanufaturados 33%, e as de manufaturados 17%. Entre janeiro de 2008 e dezembro de 2009, as exportações brasileiras de semimanufaturados apresentavam as maiores oscilações, tanto positivas (+248% em 2008), quanto negativas (91,3% em 2009). Entre 2005 e 2009, a pauta de comércio bilateral continuou a caracterizar-se pelo contraste nas categorias de produtos comercializados entre os dois países. Os manufaturados apresentaram média de 70% das exportações brasileiras, os semimanufaturados cerca de 9%, enquanto os produtos básicos estiveram na faixa média anual de 22% do total. Milhares Comércio bilateral Brasil x Austrália em milhares de US$ 1.400.000 1.229.285 1.200.000 1.252.853 1.000.000 737.847 800.000 775.874 844.020 628.299 614.174 600.000 400.000 200.000 373.660 464.230 492.719 512.235 370.159 0 -200.000 -400.000 23.568 -3.501 2004 2005 2006 -164.069 -225.612 2007 2008 -161.701 2009 -351.301 -600.000 Exportações Importações Saldo Fonte: MDIC - Aliceweb 9 2009 Exportações totais australianas: US$ 161,5 bi → US$ 844 milhões para o Brasil (0,5%) Importações totais australianas: US$ 160,9 bi → US$ 492,7 milhões do Brasil (0,3%) Saldo da balança Aus-Bra: superavitário para os australianos em US$ 351,3 milhões Fica evidente a baixa participação do Brasil tanto nas exportações quanto nas importações australianas como um todo. No setor de têxtil e confecção, a situação não é diferente: embora o setor seja superavitário para o Brasil em aproximadamente US$ 3 milhões, a participação do setor de têxtil e confecção nas exportações totais para Austrália em 2009 foi de quase 1% (US$ 4 milhões), enquanto para as importações foi de 0,1% (US$ 937 mil). 10 3. PANORAMA SETORIAL Os últimos dois anos foram particularmente difíceis para a indústria de têxteis e confecções australiana, em virtude da queda nas vendas provocada pelos reflexos da crise financeira global. Para os anos de 2011 a 2013, a previsão é de que os patamares de consumo anteriores a este período retomem o desempenho positivo, o mercado volte a crescer e com isso a confiança do consumidor também, embora não ocorra de uma hora para outra. Um fator importante para a recuperação da economia australiana é o desempenho da economia chinesa: uma vez que o país asiático retome sua demanda por produtos australianos, haverá uma queda no desemprego e os consumidores estarão mais aptos e inclinados a comprar. Como a maioria dos itens de vestuário e confecções consumidos na Austrália é importada, isso significa que os preços das unidades tendem a crescer já que é esperado que distribuidores e varejistas tendam a transferir para o consumidor o aumento de preços nas matérias-primas e insumos no mercado internacional. No entanto, se o país retomar o ritmo das exportações, a pressão pela apreciação do dólar canadense poderá frear essa escalada. 3.1 Tarifas A Austrália possui iniciativas comerciais e acordos de livre comércio com diferentes regiões e países ao redor do mundo. Podemos observar que os laços econômicos entre o país e a região asiática continuam se fortalecendo tendo em vista o crescente número de acordos entre eles. Entre os acordos existentes podemos listar: Acordo Comercial de Relações Econômicas entre Austrália e Nova Zelândia (ANZCERTA) Acordo de Livre Comércio entre Cingapura e Austrália (SAFTA) Acordo de Livre Comércio entre Estados Unidos e Austrália (AUSFTA) Acordo de Livre Comércio entre Tailândia e Austrália (TAFTA) Acordo de Livre Comércio entre Chile e Austrália (ACI-FTA) Acordo de Área de Livre Comércio entre ASEAN, Austrália e Nova Zelândia Fonte: Australian Customs and Border Protection Service Em alguns desses acordos comerciais, são negociadas preferências e até livre acesso tarifário de diversos itens, entre os quais, os produtos do setor de têxtil e confecção. Segue abaixo um quadro ilustrativo das alíquotas médias australianas para seus principais parceiros comerciais do setor (China, Índia, Nova Zelândia, EUA, Itália) e do Brasil. Em comunicado oficial nº 2009/49 do Australian Customs and Border Protection Service, a partir de 1 de janeiro de 2010, o governo australiano determinou o início do processo de 11 redução das taxas de importação de produtos têxteis, vestuário e calçados. Segundo este decreto, as tarifas gerais de vestuário - isto é, produtos entre os capítulos 61 e 62 - que antes eram de 17,5% passarão para 10%. Para janeiro de 2015, a previsão é que o processo de desgravação chegue até a alíquota de 5%. 3.2 Importações Grande parte dos itens do setor têxtil e de confecção consumidos pela Austrália é importada. Em 2009 o valor das importações australianas somou US$ 5,7 bilhões. Os principais fornecedores estão localizados na região asiática, como China, Índia e Nova Zelândia. A força da competitividade chinesa (principalmente por preço), e também indiana, supera as tarifas australianas relativamente altas impostas aos seus produtos. A China representou 64% das importações de 2009, mantendo sua presença no mercado australiano mesmo com a crise econômica. A concorrência com os países asiáticos e geograficamente mais próximos da Austrália tem dificultado o desempenho das exportações brasileiras para este país que, no último ano, somaram US$ 4,2 milhões. Mundo 1 China 2 India 3 Nova Zelândia 4 Estados Unidos 5 Itália 45 Brasil IMPORTAÇÕES AUSTRALIANAS Cadeia têxtil 50-63, em US$ 2007 2008 5.578.255.659 6.164.293.105 3.417.454.320 3.873.298.900 165.857.816 200.607.230 270.909.916 249.539.350 144.149.682 174.944.906 130.504.122 140.016.740 4.415.859 4.523.332 2009 5.672.842.957 3.640.976.897 200.993.436 193.278.664 154.925.273 110.905.513 4.231.529 Fonte: GTIS 3.2.1 Principais países fornecedores para a Austrália em 2009 O principal tipo de produto importado pelos australianos dentro da cadeia de têxtil e de confecções é o vestuário – US$ 3,6 bilhões no ano de 2009. O mercado desse segmento apresenta forte presença chinesa, representando quase 80% do que a Austrália importa no total de roupas. Os gráficos a seguir comprovam a maior participação dos asiáticos como fornecedores em todos os segmentos. Porém, o mercado de têxteis é o mais equilibrado do setor em relação à concorrência, além de ser aquele em que o Brasil apresenta melhor desempenho – em 2009, foram importados US$ 2,9 milhões (2% a mais do que em 2008). 12 TÊXTIL2 5,64% 0,22% 6,52% 21,43% 7,44% 11,69% China Nova Zelândia Estados Unidos Coréia do Sul India Brasil Fonte: GTIS VESTUÁRIO3 2,01% 2,03% 1,86% 0,02% 2,09% 79,64% China Hong Kong India Bangladesh Itália Brasil Fonte: GTIS 2 3 Dados consideram do capítulo 50 ao 60 Os dados consideram os capítulos 61 e 62 13 CAMA, MESA & BANHO4 2,65% 7,34% 0,01% 9,97% 49,81% 11,82% China India Nova Zelândia Paquistão Estados Unidos Brasil Fonte: GTIS 3.3 Exportações Em 2009, a Austrália exportou o montante de US$ 2,3 bilhões em produtos têxteis e de confecção. A participação australiana na maioria dos principais mercados de suas exportações diminuiu de 2008 para 2009. Apenas na Tailândia e no Brasil seu desempenho foi melhor, com um crescimento de 6% e 7%, respectivamente. A China, que é uma grande fornecedora de produtos do setor para o país, também é o principal destino das exportações australianas (cerca de 54%). Mundo 1 China 2 Nova Zelândia 3 Indonésia 4 India 5 Tailândia 43 Brasil EXPORTAÇÕES AUSTRALIANAS Cadeia têxtil 50-63, em US$ 2007 2008 3.317.146.248 2.869.063.554 1.638.983.167 1.375.317.799 207.472.260 211.088.376 146.641.333 127.063.273 132.031.487 127.893.268 116.297.344 107.043.465 1.208.512 1.368.716 2009 2.323.461.267 1.262.621.468 171.789.262 126.075.263 121.217.315 114.658.778 1.448.746 Fonte: GTIS 3.3.1 Principais países compradores da Austrália em 2009 4 Os dados consideram os NCMs 5701, 5702, 5703, 5704, 5705, 6301, 6302, 6303 e 6304 14 O primeiro gráfico abaixo reforça a idéia de que o comércio australiano está fortemente ligado à demanda do mercado chinês. Os principais produtos exportados para este mercado em 2009 foram lã e algodão. Já quando se observa as exportações de confeccionados, o país que chama a atenção como principal destino é a Nova Zelândia, com mais de 50% de participação tanto nas exportações de vestuário quanto nas exportações de cama mesa e banho. TÊXTIL 3,36% 0,07% 5,37% 5,73% 5,97% 60,06% China Indonésia Índia Thailândia Coréia do Sul Brasil Fonte: GTIS VESTUÁRIO 3,07% 4,27% 0,01% 4,55% 4,91% 59,47% Nova Zelândia Estados Unidos Hong Kong Reino Unido Cingapura Brasil Fonte: GTIS 15 CAMA, MESA & BANHO 2,51% 2,73% 0,04% 12,76% 12,81% 54,08% Nova Zelândia Estados Unidos Macau Reino Unido Canadá Brasil Fonte: GTIS 3.4 Relações com o Brasil A seguir é possível observar a evolução do comércio de todo o setor têxtil e de confecção entre Brasil e Austrália. De 2005 a 2008, nota-se um movimento contrário das exportações em relação às importações; enquanto a primeira decaiu 32% ao longo do período, a segunda apresentou um crescimento de 121%. Uma certa recuperação nas exportações para Austrália ocorreu em 2009, mas não se chegou ao patamar dos anos anteriores; esse movimento ocorreu em grande parte devido o crescimento da exportação do segmento têxtil em 37%. Já as importações após um período de crescimento, diminuíram 27% no ano passado em virtude da crise mundial. 16 Balança comercial do setor têxtil e de confecção Brasil x Austrália 6.000.000 4.988.786 5.377.817 5.000.000 4.394.360 4.793.089 4.000.000 4.252.614 4.003.148 4.557.607 3.678.908 3.396.476 3.000.000 3.382.630 3.065.393 2.389.110 2.000.000 1.289.798 997.884 1.000.000 431.179 584.728 869.984 937.755 0 2004 2005 2006 Exportações 2007 Importações 2008 2009 Saldo Fonte: MDIC - Aliceweb Principais produtos comercializados entre Brasil e Austrália - 2009 Principais produtos exportados para Austrália US$ pastas ("oates"), feltros e falsos tecidos, fios especiais, cordéis, cordas e cabos, artigos de cordoaria 1.812.981 Principais produtos importados da Austrália US$ Tecidos revestidos 425.464 240.178 Algodão Vestuário e acessórios exceto de malha 658.498 262.329 Filamentos sintéticos ou artificiais Fibras sintéticas ou artificiais, descontínuas Vestuário e acessórios de malha 225.803 Lão, pelos, fios e tecidos de crina 93.040 Tecidos revestidos 220.803 29.692 Tecido de malha 154.166 pastas ("oates"), feltros e falsos tecidos, fios especiais, cordéis, cordas e cabos, artigos de cordoaria Vestuário e acessórios exceto de malha Vestuário e acessórios de malha 1.481 Total Demais Total geral 3.334.580 698.568 4.033.148 135.907 5.115 Total 930.877 Demais Total geral 6.878 937.755 Fonte: MDIC - Aliceweb 17 Os principais produtos tanto das exportações quanto das importações são do segmento de têxteis. Em 2009, os produtos mais exportados para Austrália (pastas ("oates"), feltros e falsos tecidos, fios especiais, cordéis, cordas e cabos, artigos de cordoaria) representaram 45% da nossa pauta. Nas importações, os principais produtos (tecidos impregnados, revestidos, recobertos ou estratificados; artigos para usos técnicos de matérias têxteis) tiveram uma participação 46% em relação ao total. 18 4. CONSUMO Os australianos possuem elevados níveis de renda e consumo, graças à elevada taxa de empregabilidade do país e a boa remuneração dos empregos, o que permite que muitos deles mantenham um alto padrão de vida. O acesso a diferentes tipos de eletrodomésticos, vestuários, calçados e serviços é relativamente bem difundido para grande parte da população, principalmente nos centros urbanos. Nessas localidades também é bastante comum o consumo de produtos de luxo que – mesmo com a forte concorrência já existente nesse mercado – encontram boas perspectivas neste país. O gasto com vestuários e calçados cresceu 20,4% entre 1995 e 2007, sendo que somente com o setor de vestuário a expansão foi de 22,2%, atingindo os 18,5 bilhões de dólares australianos. A redução das tarifas de importação do setor facilitou a entrada de produtos importados – que compõem a maior parte do consumo nacional -, principalmente os chineses. Consumo por setor - 2009 Fonte: Euromonitor O mapa de ingressos de renda na Austrália possui dois grandes núcleos: a faixa entre 22-37 anos e a faixa de 43-48 anos. Esses dois focos possuem renda de US$30.000-55.000 aproximadamente, e representam o principal público consumidor de vestuários e acessórios do país. O consumo per capita do setor cresceu continuamente entre 2000 e 2007, no entanto, com o contexto da crise financeira global de 2009, esse processo foi interrompido e só deverá se recuperar nos anos de 2011 e 2012. Fonte: Euromonitor Geralmente, a demanda pelo vestuário masculino é mais sensível que a do mercado feminino, uma vez que os homens são mais propensos a reduzir seu gasto com roupas, a medida que a 19 renda declina. Como resultado, este mercado passou por um período de declínio nos últimos anos, especialmente no vestuário masculino formal. Consumo – Tipo de Vestuário, em porcentagem Fonte: Euromonitor O estilo da moda da Austrália apresenta poucas diferenças em relação ao de outros países desenvolvidos. A indústria fashion australiana afirma que sua linha é mais casual do que a tendência mais clássica européia, em grande parte devido às diferenças climáticas. Além disso, o país - que apresenta grande presença de habitantes chineses e japoneses - sofre também influências asiáticas em seu vestuário. No entanto, se observarmos de maneira prática as roupas usadas na Austrália, concluímos que as pessoas em Sydney e Melbourne se vestem como as quem vivem em grandes cidades como Nova Iorque ou Londres – considerando, é claro, a diferença no clima. É exatamente a localização do país, onde prevalecem temperaturas mais elevadas, e a longa extensão de território costeiro que favorecem a moda praia e surfwear. 20 5. DISTRIBUIÇÃO E VAREJO O perfil dos canais de distribuição australianos vem apresentando mudanças nos últimos anos, como a migração da predominância de lojas de departamento para uma maior presença de lojas especializadas em vestuário – que já representam quase 58% do mercado. Esse tipo de canal estava tradicionalmente voltado para o segmento feminino e infantil, mas o consumidor masculino tem cada vez mais procurado estabelecimentos especializados (contabilizam 67% das compras dos homens). O sucesso dessas grandes redes de vestuário – como Millers e Colorado - deve-se a estratégia de colocarem rapidamente a disposição dos consumidores roupas com um preço razoável e que seguem as últimas tendências de outros países (“fast fashion”), sendo seu principal público consumidor adolescentes e adultos jovens. Com a flexibilidade de atender a diversos segmentos da moda, esses varejistas são os que melhor estudam o comportamento e o tipo de consumo do australiano. Em contrapartida, as lojas de departamento estão buscando manter sua presença através da estratégia de transformar suas lojas em ambientes mais semelhantes aos shoppings. A idéia é que marcas premium tenham seu próprio espaço, atendendo o conceito de “loja dentro de loja”. As maiores lojas de departamento da Austrália, como Myer e David Jones, competem por contratos exclusivos com marcas e designers. Até mesmo a Target, que é do perfil de loja de departamento de desconto, entrou nessa tendência e fez parceria com Stella McCartney. Participação (%) dos canais de distribuição do setor Têxtil e Confecção na Austrália Distribuição - vestuário 2004 2005 2006 2007 2008 Varejo 97,4 97,1 97 96,5 96 Cadeia não especializada 2,9 2,7 2,7 2,7 2,9 Cadeia especializada 94,5 94,5 94,2 93,7 93,1 Loja de departamento 33,2 32,7 32 31,5 31,2 Lojas especializadas em vestuário 57,4 57,9 58,3 58,2 57,7 Outras lojas de vestuário 4 3,8 4 4,1 4,2 Vendas por outros canais 2,6 2,9 3 3,5 4 Total 100 100 100 100 100 Fonte: Euromonitor Outro canal que vem se destacando, principalmente no segmento de consumidores de mais baixa renda é o de outlets (ou lojas “direto da Fábrica”), por satisfazer o hábito dos australianos de comprar produtos de marcas conhecidas, mas também de barganha por preços baixos. Isso pode resultar em uma segmentação, com lojas especializadas focando em consumidores de maior renda e outlets em consumidores mais preocupados com preço. 5.1 Cadeia não-especializada – Supermercados O setor varejista tem ampla variedade de estabelecimentos na Austrália, sendo que no segmento de cadeia não-especializada as principais redes são a Woolworths, a Coles e o IGA. 21 A Woolworths – principal rede de alimentos e alimentações prontas – foi a primeira empresa australiana a entrar na lista das primeiras 25 maiores empresas varejistas do mundo. Sua concorrente – a Coles – foi adquirida recentemente pela Wesfarmers e tem desempenhado performance de crescimento impressionante desde então, subindo 20 posições no ranking. Nos próximos 4 anos, a previsão de crescimento para este canal é de 2% ano ano. Principais redes de cadeia não-especializada, por valor de vendas (%) Fonte: Euromonitor 5.2 Cadeia Especializada - Lojas de Departamento Dentro do varejo especializado, as lojas de departamento são o segundo principal canal de distribuição dos produtos de têxteis e confecções da Austrália, sendo que sua participação vem decaindo nos últimos anos, com o crescimento das lojas especializadas, dos outlets e também pelo avanço das vendas online no país. Além disso, o desempenho das lojas de departamento foi duramente atingido pela crise econômica que reduziu o poder de compra dos consumidores, já que em situações como essa é comum as pessoas diminuírem seus gastos com roupas e calçados, para assegurar a compra de bens essenciais como alimentos e produtos de higiene. No último ano, a empresa Wesfarmers (detentora das redes Kmart e Target) fortaleceu sua liderança no mercado, totalizando aproximadamente 41% de market share, colhendo os resultados de uma estratégia de reposicionamento das marcas e de um novo layout de suas lojas. A empresa – que antigamente trabalhava com grandes descontos e liquidações – agora passa a trabalhar com produtos de preço baixo e venda contínua. 22 A segunda principal empresa de lojas de departamento – a Woolworths – também apresentou resultados positivos em 2009. Com a rede Big W, conseguiu atingir 22% de participação no mercado e continua com sua política agressiva de marketing e promoções, trabalhando inclusive com venda por catálogo. Em 2009, a rede americana Costco abriu sua primeira loja em Melbourne. A rede funciona como um “clube de compra” na qual o consumidor paga uma anuidade simbólica (cerca de AU$ 50) e passa a ter acesso a diversos itens de eletrônicos e eletrodomésticos, roupas, produtos para o lar, etc. O modelo parece ter dado certo e tem apresentado bons resultados mesmo em momentos de crise. Além disso, consumidores mais direcionados pelo preço estão migrando de produtos de marca própria para private label. Esse movimento tem beneficiado redes como a própria Costco e The Reject Shop, que contam com uma variedade substancial de private label de baixo custo entre seus produtos. O número de estabelecimentos deste canal caiu 2% no ano passado, em virtude do fechamento de lojas Crazy Clark´s e Sam´s Warehouse. As principais redes também estão mais cautelosas sobre a abertura de novos estabelecimentos, em virtude do contexto econômico. Nos próximos 4 anos, a previsão para este canal é de que ele se mantenha estável, com um crescimento simbólico de 0,5%. Principais redes de departamento, por valor de vendas (%) Fonte: Euromonitor 23 5.3 Cadeia Especializada - Redes especializadas do Setor Com a crise econômica, os australianos estão mais cautelosos com os gastos em vestuário e calçados. Como resultado, o valor de vendas cresceu 2% no último ano. O grupo Just Group Ltd é o grande líder das redes especializadas não só de vestuário como de calçados, através da sua diversificação em diversas marcas como Just Jeans, Portmans, Peter Alexander, Jay Jays, Dotti, entre outras. Logo em seguida estão o Specialty Fashion Group e o Colorado Group Ltd. Além da queda no valor de vendas, houve uma diminuição na abertura de lojas do segmento em 1%, a exemplo da Specialty Fashion Group que fechou alguns de seus outlets de má perfomance financeira. Além disso, o fechamento das 4 lojas da conhecida marca Morrissey marcou sua saída do mercado enquanto outra marca da Webster Holdings - Marcs – que foca o público adulto masculino – continua com sua participação estável no mercado. Por outro lado, 2009 foi o ano de lançamento de uma nova marca do grupo Country Road – a Trenery – que foca o consumidor adulto para sênior. Com esta marca, o grupo busca repetir o desempenho da marca que leva seu nome, fidelizando o cliente à medida que eles vão ficando mais velhos. Mesmo com o contexto da crise financeira, o grupo prevê a abertura de mais 6 lojas no segundo semestre desse ano. Redes independentes representam grande parte do total de vendas, uma vez que os consumidores australianos tendem a preferir a individualidade de seus estilos pessoais e geralmente estão inclinados a freqüentar esses estabelecimentos. Principais redes especializadas em vestuário, por valor de vendas (%) Redes Empresa 2006 2007 2008 2009 Millers Specialty Fashion Group Ltd 4.1 4.2 4.0 3.7 Colorado Colorado Group Ltd 3.4 3.3 3.3 3.4 Country Road Country Road Ltd 1.3 1.4 1.6 1.6 Just Jeans Just Group Ltd 1.5 1.5 1.3 1.5 Bras N Things BB Retail Capital Pty Ltd 1.1 1.1 1.1 1.3 Pumpkin Patch Pumpkin Patch (Australia) Pty Ltd 1.2 1.3 1.2 1.2 Athlete's Foot, The RCG Corp Ltd 1.4 1.1 1.1 1.1 Noni B Noni-B Ltd 1.0 1.0 1.0 0.9 Oroton OrotonGroup Ltd 0.3 0.4 0.5 0.6 Esprit Esprit (Retail) Pty Ltd 0.4 0.4 0.5 0.5 Marcs M Webster Holdings Pty Ltd 0.2 0.2 0.2 0.2 Aldo Busby Distribution Pty Ltd 0.0 0.0 0.1 0.1 Morrissey M Webster Holdings Pty Ltd 0.1 0.1 0.1 - Bras N Things Brazin Ltd - - - - Ghetto Brazin Ltd - - - - Millers Millers Retail Ltd - - - - Athlete's Foot, The Retail Cube Ltd - - - - Outros Outros 84.0 83.9 Total Fonte: Euromonitor Total 100.0 100.0 100.0 100.0 84.1 84.0 24 Alguns destaques do varejo australiano - Sydney A cidade mais famosa da Austrália, Sydney se caracteriza por ser multicultural e apresentar uma ampla oferta de varejo: Centro da cidade CBD (Central Business District): região que passa uma idéia mais geral do varejo australiano, com lojas de preços mais médios até marcas internacionais. Entre seus principais shoppings e galerias estão: Pitt Street Mall, Sydney Central Plaza, The Galleries Victoria, Queen Victoris Building e The Ivy Paddington: Na Oxford St., uma mistura de produtos, belas lojas, cafés e galerias ao redor de uma área que está cada vez mais valorizada. Designers australianos como Willow e Zimmermann estão na Glenmore Road. As ruas William St. e Elizabeth St. combinam vestuário e acessórios femininos. Woollahra: próximo do cruzamento da Oxford St. com a Queen St., é possível encontrar uma série de lojas de antiguidades, utensílios domésticos e decoração, roupas infantis e femininas de alto valor, tais como Camilla Boutique, Akira, The Bay Tree, Mother Baby Child, entre outras. Darlinghurst: região de lojas de acessórios e vintage além de concentrar galerias de arte – que também possuem cafés e restaurantes - e boutiques de moda casual e streetwear. Nas proximidades da Liverpool St. é possível encontrar lojas de decoração de interiores luxuosas e sofisticadas. Surry Hills: mistura estilistas mais descolados com lojas de estilo vintage, de utensílios domésticos, tecidos e móveis ao lado de cafés e restaurantes de estilo retro, num bairro de atmosfera boemia. Não deixe de visitar a Bird Textiles Emporium, Koskela e Ici et La. Áreas de compra fora do centro Uma das praias mais famosas de Sydney, Bondi é um bom lugar para surfwear e beachwear. Por perto também está o shopping Westfield, com várias marcas internacionais e australianas de todas as categorias de produto. Em Manly - localizada mais ao Norte - também existe um grande número de lojas surfwear e beachwear. Double Bay é um bairro de padrão mais elevado, e o lugar perfeito para visitar boutiques mais chiques ao redor da Bay Street. O foco são artigos que podem ser encontrados em lojas como Gary Castles e Cosmopolitan Shoes, além de lojas de luxo como Christensen Copenhagen e Belinda. 25 6. ESTRATÉGIAS E OPORTUNIDADES DE NEGÓCIOS 6.1 Estabilidade Econômica e Ambiente de Negócios As políticas macroeconômicas postas em prática na década de 90, assim como a desregulamentação de muito mercados domésticos, provocaram o desenvolvimento do consumo interno nos últimos anos. O governo tem incentivado o consumo através da simplificação do sistema tributário e reduzindo a taxa de juros. Impostos das pequenas empresas foram eliminados em 2009 para ajudá-las nos resultados durante a crise. Não existem bancos com participação estatal e o setor financeiro é bastante competitivo. O acordo de livre comércio entre Austrália com os países asiáticos (AANZFTA) passou a vigorar no início deste ano e deve impulsionar o comércio entre estes mercados. O crescimento econômico da Austrália está fortemente ligado ao desempenho econômico asiático, especialmente o chinês. A partir de 2011, o ritmo de crescimento para as exportações australianas é de 3%. Os investimentos externos devem seguir o mesmo padrão das correntes de comércio do país e será crucial para o crescimento em longo prazo do país, visando principalmente infra-estrutura e desenvolvimento de negócios. Uma onda de investimentos chineses é bem provável nos seguintes anos, o que por um lado é positivo devido ao baixo nível de poupança e investimentos domésticos australianos. No entanto, o Governo deixa claro sua disposição em fomentar a diversidade na origem desses investimentos, ao invés de concentrá-los apenas em países asiáticos. A abertura de negócios na Austrália acompanha o padrão de países desenvolvidos, que são classificados como aqueles que possuem os melhores índices de procedimentos. O processo de abertura australiano leva em média 2 dias, enquanto a média dos países da OCDE é de 5,7 dias. A porcentagem de custo e a quantidade de tempo também são melhores que os países abaixo analisados. Ambiente de Negócios para Abertura de Negócios – Austrália e demais países Abertura de Negócios Nº de Procedimentos (média) Tempo (dias) Custo (% renda per capita) Min. capital (% renda per capita) Austrália 2 2 0,8 0 Brasil 16 120 6,9 0 Am. Latina e Caribe 9,5 61,7 36,4 2,9 Países Desenvolvidos (OCDE) 5,7 13 4,7 15,5 Fonte: Relatório Doing Business, Banco Mundial. Em relação ao comércio exterior australiano, o processo de exportação de um container exige em média 6 documentos oficiais, dura 9 dias e custa aproximadamente US$ 1.060. No caso do processo de importação, 5 documentos são necessários, dura 8 dias e custa US$ 1.119 por container. 26 6.2 Acesso ao mercado australiano Antes de iniciar qualquer atividade comercial na Austrália é importante levar em consideração os seguintes aspectos: - Imposto sobre bens e serviços (GST) – Incide sobre a maioria dos bens e serviços comercializados na Austrália no valor de 10%, no qual as empresas australianas incluem no preço de venda ao consumidor e pedem sua restituição em suas compras. O GST sobre produtos importados é pago diretamente ao órgão tributário e normalmente custeado pelo importador, e corresponde a 10% do valor tributável da importação (soma do valor aduaneiro e do valor pago pelo transporte, seguro e tarifas aduaneiras). Basicamente, o GST de 10% é calculado sobre o preço CIF mais a tarifa aduaneira. - Declaração Aduaneira – Independente da forma que a mercadoria entra em território australiano, para todos os bens que superam o valor de AU$ 1.000 é requerido a apresentação da Declaração Aduaneira de Importação (Customs Import Declaration), assim como o pagamento de seus respectivos tributos e tarifas aduaneiras. As Declarações podem ser feitas eletronicamente, em papel ou através de despachante aduaneiro. Além disso, todos os bens importados estão sujeitos à fiscalização dos Serviços de Inspeção e Quarentena da Austrália (AQIS). É importante ressaltar que para produtos que também podem exigir algum tipo de certificado de qualidade ou declaração fitossanitária, estas exigências devem ser atendidas previamente ao embarque. - Rotulagem e Etiquetas – A Lei de Práticas de Comércio Nacional proíbe qualquer conduta que induza ou tenha o potencial de conduzir o consumidor ao erro. Roupas e produtos têxteis devem possuir rótulo e/ou etiquetas com instruções sobre os cuidados adequados com a mercadoria. Além disso, os produtos devem exibir o nome do país de origem com a inscrição “Made in (nome do país em inglês)” ou “Product of (nome do país em inglês)”. - Compras via Internet – A Austrália é uma das maiores usuárias ativas de internet do mundo. O uso deste canal para a exportação direta tem sido uma estratégia muito utilizada neste mercado, permitindo o desenvolvimento de sites administráveis do Brasil. Sem a necessidade de uma loja física no país, as vendas virtuais no varejo representam um custo de mais baixo para uma empresa, possibilitando um ponto de entrada no mercado menos custoso. - Fretes – os valores de fretes dependem do porto de saída do Brasil que, para a Austrália, costumam ser: Santos, Paranaguá, Rio de Janeiro, Rio Grande, Vitória, Salvador, Suape, Fortaleza, entre outros. Todo transporte marítimo é feito pela Ásia, passando por Cingapura (cargas menores a um contêiner) ou Hong Kong (cargas maiores a um contêiner). O tempo de trânsito é em média de 40 a 60 dias. Por via aérea, os embarques podem ser feitos via Guarulhos e Viracopos. 27 6.3 Oportunidades e Potencial de Mercado Depois de ser duramente atingida pela crise financeira global de 2009, a Austrália já começa dar sinais de recuperação do crescimento de sua economia em 2010 e é apontada como um dos mercados mais potenciais entre os países desenvolvidos. Com novos projetos de infraestrutura e incentivos à atração de investimentos externos, o país busca se firmar como uma economia globalizada e diversificada, ao mesmo tempo sustentável e tecnológica. Muito desse desempenho australiano está fortemente vinculado ao crescimento das economias asiáticas, especialmente China e índia, principais consumidoras de suas exportações primárias. Em decorrência do Acordo de Livre Comércio entre Austrália, Nova Zelândia e os países da ASEAN que entrou em vigor este ano, é esperada cada vez mais a presença de produtos asiáticos no mercado doméstico australiano, inclusive no setor de têxteis e confecções. China e Índia inclusive são os principais fornecedores do setor para a Austrália, enquanto o Brasil é apenas o 45º país exportador do setor. Para obter sucesso no mercado australiano, as empresas interessadas deverão mirar os setores com maior crescimento nos últimos anos, ou aqueles os quais a demanda ainda não tem sido atendida. Isto inclui moda íntima feminina, moda adulta masculina, fast fashion (para ambos os gêneros, mas principalmente masculino) e produtos “eco-conscientes”. Uma das tendências mais destacadas para o setor de têxtil e confecção é o crescimento da demanda por vestuários e demais artigos para moda bebê e infantil, que está sendo impulsionada pela elevada taxa de natalidade do país. Esse comportamento vem sendo analisado desde 2006 e especialistas acreditam que ainda não atingiu o seu ápice. Muitas empresas já estão explorando o mercado australiano, embora ainda haja muito espaço a aproveitar. Embora a presença dos produtos desses países (que se diferenciam por preço) acabe prejudicando a concorrência brasileira no mercado interno da Austrália, alguns fatores ao nosso favor podem fazer a diferença - boa imagem do Brasil pelos australianos, zona climática semelhante favorece coleções similares nos dois países, preferência por produtos diferenciados e inovadores – e conquistar a preferência dos compradores australianos. Nas palavras de Guido Melo, diretor executivo da Melko Group, os principais requisitos de um comprador australiano são: qualidade dos produtos, capacidade de honrar com os prazos de entrega e habilidade em repor mercadorias com defeito. Melo, que costuma trabalhar com pedidos que variam entre US$ 5.000 – US$ 40.000, trabalha com fornecedores da Indonésia, Hong Kong, Argentina e Brasil. “Temos muitos fornecedores do Brasil e a projeção é que esse número aumente nos próximos 2, 3 anos” diz ele. Anne-Marie Gaganis, diretora de compras da Whistles, partilha dessa opinião: “os produtos brasileiros têm um estilo único e uma aparência própria, que os nossos consumidores adoram! Atualmente já importamos do Brasil, mas temos interesse em aumentar o nosso número de fornecedores”. 28 7. FEIRAS SETORIAIS E VEÍCULOS DE IMPRENSA 7.1 Feiras setoriais Fashion Exposed Organização: Australian Exhibitions & Conferences Pty Ltd Cidade: Melbourne Frequência: 2 vezes ao ano Foco: Vestuário Próxima feira: março de 2011 Tel: 03 9654 7773 / Fax: 03 9654 5596 Email: [email protected] Site: www.fashionexposed.com Australian Fashion Week Cidade: Sydney Frequência: 2 vezes ao ano Foco: vestuário, estilistas australianos e asiáticos Email: [email protected] Site: http://rafw.com.au/ 7.2 Veículos de imprensa Segue abaixo uma lista com os principais veículos de imprensa australianos, incluindo veículos especializados do setor têxtil e de confecção. Veículo Sunday Times Ragtrader Russh Australia Herald Sun The Australian Fashion Trend Vogue Australia Daily Telegraph The Courier-Mail Vice Harper's Bazaar Australasian Textiles & Fashion Mídia Jornal Revista Revista Jornal Jornal Revista Revista Jornal Jornal Revista Revista Site Site www.newsspace.com.au/the_sunday_times www.ragtrader.com.au www.russhaustralia.com www.heraldsun.com.au www.theausralian.news.com.au www.fashiontrend.com.au www.vogue.com.au http://www.dailytelegraph.com.au www.news.com.au http://www.viceland.com/au/ www.harpersbazaar.com.au http://www.atfmag.com/ 29 8. AÇÕES TEXBRASIL O Texbrasil, Programa de Exportação da Indústria da Moda Brasileira, foi criado em 2000 pela ABIT em parceria com a APEX-Brasil, com o objetivo promover a internacionalização da indústria da moda brasileira. Desde seu lançamento, mais de 1.400 empresas utilizaram os serviços do Programa, entre eles encontro com compradores e jornalistas internacionais, participação de feiras e eventos em todo o mundo e realização de pesquisas e prospecção de mercado. 8.1 Projeto Comprador O Projeto Comprador identifica compradores internacionais em potencial, de acordo com os produtos oferecidos pelas empresas exportadoras brasileiras em cada evento, e organiza a vinda desses profissionais ao Brasil. O encontro com empresários é realizado em fábricas, showrooms, lojas e salões de negócios em todo o país e o mailing de compradores internacionais do Texbrasil é atualizado com freqüência, de acordo com as mais recentes ofertas das empresas brasileiras e novas demandas identificadas nos principais mercados mundiais. Entre as ações já realizadas com a Austrália, destacamos a participação de 10 compradores deste país em eventos nacionais, como Rio-à-porter, Minas Trend Preview e Fashion Business. 8.2 Projeto Imagem Texbrasil Durante seus 10 anos de existência, o Projeto Imagem trouxe para o Brasil as mais relevantes publicações do mundo inteiro especializadas no setor para divulgar a moda nacional. Entre as ações do Projeto Imagem que envolvem a imprensa australiana, está a participação de 12 periódicos especializados no setor têxtil e vestuário – como a Ragtrader - e de mais 14 jornalistas do país em press trips organizadas pelo Texbrasil, para que conheçam os principais eventos de moda do Brasil, visitem fábricas e showrooms, além de conhecerem mais sobre a nossa cultura e o potencial da indústria da moda brasileira. 8.3 Compradores e Agentes Australianos O Guia Texbrasil, é uma moderna ferramenta de negócios on-line da indústria da moda, que conecta as empresas com mais de 40.000 profissionais em todo mundo. Essa ferramenta foi criada pela ABIT, em parceria com a APEX-Brasil, com o principal objetivo de divulgar as indústrias nacionais em todo o mundo. Acessando o Guia Texbrasil é possível prospectar compradores nacionais e internacionais, desenvolver novos fornecedores e ter acesso a oportunidades reais de negócios. 30 Quanto ao mercado australiano temos uma base de dados de 147 contatos: Descrição do Produto/Serviço Compradores/Agentes - Nacionais e Internacionais - Boutiques / Lojas Compradores/Agentes - Nacionais e Internacionais - Comércio Importação / Exportação Compradores/Agentes - Nacionais e Internacionais - Distribuidores Compradores/Agentes - Nacionais e Internacionais - Magazines Compradores/Agentes - Nacionais e Internacionais - Rede de Lojas Compradores/Agentes - Nacionais e Internacionais - Representações Compradores/Agentes - Nacionais e Internacionais - Traders / Agentes Entidades do Setor Têxtil - Câmaras de Comércio - Faculdade / Ensino Serviços - Consultores - Moda Serviços - Consultores - RH/Pessoal Serviços - Consultores - Estilistas/Designers Serviços - Mídia/Veículos - Impensa Serviços - Mídia/Veículos - Web Total geral Total 42 17 17 1 15 7 32 3 1 1 1 9 1 147 Fonte: Guia Texbrasil Para mais detalhes sobre o Projeto Texbrasil, ou ainda para ter acesso a mais informações sobre a Austrália e outros mercados internacionais, contate: Juliana Antonini Cozar Inteligência Comercial – Texbrasil [email protected] / [email protected] (11) 3823-6157 / (11) 3823-6155 31 9. CONTATOS Embaixada do Brasil na Austrália Cidade: Camberra Endereço: 19 Forster Crescent Yarralumla - ACT 2600, Australia Tel: (02) 6273 2372 / Fax: (02) 6273 2375 Email: [email protected] Embaixada da Austrália no Brasil Cidade: Brasília Endereço: SES Quadra 801, Conjunto K, Lote 7 Tel: (61) 3226 3111 / Fax: (61) 3226 1112 Email: [email protected] The Council of Textile & Fashion Industries of Australia (TFIA) Endereço: Unit 16, 23-25 Gipps Street, Collingwood VIC 3066 Tel: (+ 61 3) 8680 9400 / Fax: (+ 61 3) 8680 9499 Email: [email protected] Site: http://www.tfia.com.au/home Câmara Oficial de Comércio Brasil - Austrália Cidade: São Paulo Endereço: Ria Joaquim Nabuco, 47 - cj 126 Brooklin - SP CEP: 047054-000 Tel.: (11) 5533-4141/3375-6666 Site: www.australia.org.br 32 10. FONTES CONSULTADAS - Portal Euromonitor - CIA, Central Intelligence Agency - Departamento de Estado dos Estados Unidos - GTIS, Global Trade information System - Apex-Brasil - MDIC – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio - WGSN - Fórum Econômico Mundial - The Global Enabling Trade Report 2010 - Banco Mundial – Relatório Doing Bussiness 2010 Australia A ABIT não autoriza a reprodução parcial ou total de qualquer conteúdo aqui publicado, sem prévia e expressa autorização. 33