UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ, CAMPUS DE TOLEDO ADRIANA APARECIDA DA SILVA UMA PROPOSTA DE PRESERVAÇÃO DA MEMÓRIA DA CRIAÇÃO DA UNIOESTE – CAMPUS DE TOLEDO/PR TOLEDO 2012 ADRIANA APARECIDA DA SILVA UMA PROPOSTA DE PRESERVAÇÃO DA MEMÓRIA DA CRIAÇÃO DA UNIOESTE – CAMPUS DE TOLEDO/PR Relatório Final de Estágio apresentado à disciplina de Estágio Supervisionado em Secretariado Executivo II da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste, Campus de Toledo, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Secretariado Executivo. Professora Orientadora: Patrícia Stafusa Sala Battisti. TOLEDO 2012 “O futuro dependerá daquilo que fazemos no presente.” Mahatma Gandhi TERMO DE APROVAÇÃO ADRIANA APARECIDA DA SILVA UMA PROPOSTA DE PRESERVAÇÃO DA MEMÓRIA DA CRIAÇÃO DA UNIOESTE CAMPUS DE TOLEDO/PR Relatório Final de Estágio Supervisionado em Secretariado Executivo aprovado como requisito parcial para a obtenção do grau de bacharel em Secretariado Executivo da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE/Campus de Toledo, pela banca examinadora formada por: Orientador: Professora Patrícia Stafusa Sala Battisti, Ms. Colegiado do Curso de Secretariado Executivo, UNIOESTE/Campus de Toledo Professora Debora Andrea Liessem Vigorena, Ms. Colegiado do Curso de Secretariado Executivo, UNIOESTE/Campus de Toledo Professor José Dilson Silva de Oliveira, Dr. Centro de Engenharias e Ciências Exatas, UNIOESTE/Campus de Toledo Toledo, 14 de novembro de 2012. AGRADECIMENTOS Meu agradecimento mais honroso, mais especial, o primeiro, sem dúvida a Deus, que permitiu que ao longo dessa jornada não me fosse admitido desistir, apesar de ter fraquejado inúmeras vezes. Através de sua suprema bondade fez com que eu levantasse todos os dias, tendo saúde, um trabalho e principalmente forças para vencer todas as dificuldades que tentaram se erguer contra mim. Aos meus pais, Cicero e Terezinha, meus exemplos de vida, pessoas maravilhosas que Deus escolheu para serem meus pais. Estiveram esse tempo todo me apoiando, me amando incondicionalmente e me fazendo ver que tudo ia dar certo. Nesse tempo também cuidaram do meu bem mais precioso, minha filha Duda. Duda obrigada por entender todas as vezes que deixamos de ir passear, brincar ou mesmo assistir um filme porque a mamãe estava terminando um trabalho ou estudando para alguma prova. Você é meu “bebê”, é por você que luto insistentemente para termos uma vida melhor. Te amo muito!!! A uma pessoa especial, um agradecimento especial, Bruna, obrigada por não ter desistido de me dar força, ter me ajudado lendo meu trabalho, me ajudando transcrever entrevistas, ter me forçado a comer quando eu achava que não era necessário, obrigada por ter me mostrado que poderia ser possível e que você acreditava em mim. Meu irmão querido, Anderson, obrigada pela força que sempre me deu. Daqui quatro anos será você, tenho certeza! Meu anjo da guarda aqui na terra, que atende pelo singelo nome de Jô, minha amiga do coração, Jociane. Amiga que vou levar para resto da vida, mesmo que nossas vidas tomem caminhos diversos você estará, sem dúvida, no meu coração. Obrigada por ter me colocado “na linha” todas as vezes que ousei falar em desistir. Ou mesmo ter ficado em silêncio nos momentos em que você sabia que era somente o que eu precisava. Obrigada por tudo. Galera do grupo do meio: Aline, Ana Carol, Camila Machado, Crislaine, eventualmente Gabrieli Kamphorst, Karen, valeu esse tempo todo de amizade e parceria, pequenos estresses, mas que foram superados e que a partir de agora serão provados fora dos portões da universidade, pois agora teremos que sair de casa para nos visitarmos. Obrigada professora Patrícia por ter acreditado que apesar de tudo esse trabalho poderia dar certo. Ao diretor e professor José Dílson, obrigada por ter confiado a mim essa difícil, porém prazerosa tarefa que foi desenvolver esse projeto. Ainda temos um longo caminho pela frente! A todos que me ajudaram, obrigada, de coração!!! RESUMO As organizações estão ligadas às suas histórias, que são transmitidas às gerações por intermédio de livros, fotografias e documentos, de forma que a história não se perca no tempo e que, mesmo para quem dela não tenha participado, consiga ter a percepção de cada momento importante desde sua concepção. Este trabalho objetiva executar a primeira etapa de preservação da história da criação da Unioeste, por meio de pesquisa junto aos indivíduos que tiveram papel relevante nesse momento fundamental para a instituição. A metodologia escolhida foi entrevistar as pessoas chaves envolvidas neste processo e assim tentar resgatar fotos e relatos. Os resultados mais significativos da pesquisa foram a digitalização de fotos dos entrevistados, inéditas para a instituição e oito horas de gravação sobre esse período, sem a qual a memória da instituição se apagaria. Palavras-Chaves: Criação da Unioeste. Campus Toledo. Memorial. ABSTRACT Organizations are linked to their stories, which are transmitted to succeeding generations through books, photographs and documents, so that history does not get lost in time and that, even for anyone who has not participated, can have the awareness of every moment important since its inception. This stage aims to initiate a work of preserving the history of the creation of Unioeste, locating and interviewing people who had important role in this critical time for the institution. The methodology chosen was interviewing key people involved in this process so try and rescue photos and stories. The most significant results of the research were scanning photos of the interviewees, new to the institution and 08 hours of recording on this period, without which the institution's memory would be extinguished. Keywords: Creation of Unioeste. Campus Toledo. Memorial. RESUMEN Las organizaciones están vinculadas a su historia que se transmite a las generaciones siguientes por intermedio de libros, fotografías y documentos, sobre todo para que el registro de los hechos relevantes no corra el riesgo de perderse en el tiempo; e incluso para alguien que no haya participado de los hechos logre tener la conciencia de cada momento importante desde su creación. A partir de ello, el desarrollo de este proyecto tiene por meta el iniciar una actividad de preservación de la historia de la creación de la Unioeste; ubicar y entrevistar a las personas que tuvieron papel importante en este momento imprescindible para la institución. Para ello, la metodología elegida fue la entrevista directa de las personas importantes involucradas en este proceso para tratar de rescatar fotos e historias. Además, como resultado de relieve de la investigación fue el escaneo de fotos de los entrevistados, nuevas para la institución; y horas más de grabación acerca de este período, sin la cual la memoria de la institución se extinguiría. Palabras clave: Creación Unioeste. Campus Toledo. Memorial. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ACIT Associação Comercial e Industrial de Toledo AMOP Associação dos Municípios do Oeste do Paraná ASSOESTE Associação Educacional do Oeste do Paraná CEPE Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão CNEC Campanha Nacional de Escolas da Comunidade COOPAGRO Cooperativa Agroindustrial COU Conselho Universitário FACITOL Faculdade de Ciências Humanas Arnaldo Busato FASUL Faculdade Sul Brasil FUMEST Fundação Municipal de Ensino Superior de Toledo FUNET Fundação Educacional de Toledo IPEA Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada PUC Pontifícia Universidade Católica do Paraná UNIPAR Universidade Paranaense UNOPAR Universidade Norte do Paraná UTFPR Universidade Tecnológica Federal do Paraná SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 12 2 OBJETIVOS ..................................................................................................... 14 3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................... 15 4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA........................................................................ 17 4.1 DEFINIÇÕES DE ARQUIVO ............................................................................. 17 4.2 A FOTOGRAFIA ENQUANTO DOCUMENTO .................................................. 19 4.3 HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA ........................................................................... 22 4.4 CONSERVAÇÃO DE DOCUMENTOS ............................................................. 26 4.5 DIGITALIZAÇÃO DE DOCUMENTOS .............................................................. 29 4.6 DEFINIÇÃO DE MEMORIAL ............................................................................ 29 5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ......................................................... 31 6 ANÁLISE ORGANIZACIONAL E INTERPRETAÇÃO DE DADOS COLETADOS ................................................................................................... 34 6.1 DIAGNÓSTICO ORGANIZACIONAL ................................................................ 34 6.2 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL ................................................................... 35 6.2.1 Organograma ................................................................................................... 35 6.2.2 ESTRUTURA ADMINISTRATIVA..................................................................... 35 6.2.3 Descrição das funções ..................................................................................... 37 6.2.4 Reitoria ............................................................................................................. 37 6.2.5 Vice Reitor ........................................................................................................ 37 6.2.6 Direção Geral de Campus ................................................................................ 37 6.2.7 Conselho de Campus ....................................................................................... 38 6.2.8 Conselho de Centro.......................................................................................... 38 6.2.9 Direção de Centro ............................................................................................ 39 6.2.10 Colegiados de Curso ...................................................................................... 39 6.2.11 Coordenadores de Curso ............................................................................... 40 6.3 HISTÓRICO DA ORGANIZAÇÃO ..................................................................... 40 6.4 AMBIENTE ORGANIZACIONAL ....................................................................... 43 6.5 OPERACIONALIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO ................................................. 45 6.5.1 Missão da universidade .................................................................................... 45 6.5.2 Visão da universidade ...................................................................................... 46 6.6 OPERACIONALIZAÇÃO DO ESTÁGIO............................................................ 47 7 SUGESTÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................... 57 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 58 APÊNDICE ................................................................................................................ 62 ROTEIRO DA ENTREVISTA .................................................................................... 63 ANEXOS ................................................................................................................... 64 12 1 INTRODUÇÃO A origem do ensino Superior em Toledo, em 1980, teve início com a criação da Fundação Municipal de Ensino Superior de Toledo – FUMEST, posteriormente transformada na Faculdade de Ciências Humanas Arnaldo Busato – FACITOL, que se manteve até o ano de 1986. Após essa data tornou-se possível a viabilização de uma universidade estadual para o Oeste do Paraná. A partir de então projetam-se os primeiros passos para a criação da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste. Essa evolução teve o envolvimento de inúmeras pessoas em seus estágios de criação, estruturação e desenvolvimento e, com isso, pode-se reescrever essa grandiosa história de diversos ângulos e, principalmente, recriá-la de diversas formas, contada por várias pessoas. Em vista dessa gama de informações, que pode ser obtida de diversas fontes que estiveram pontualmente envolvidas nessa importante estratégia de formulação de um imenso patrimônio, surge a necessidade de perpetuar alguns detalhes que se encontram, não em arquivos, mas na memória dessas pessoas que viram o começo dessa criação e que podem descrever detalhes que, em sua maioria, os registros feitos até o momento não foram capazes de informar. Esse processo de evolução foi documentado também em fotografias, não de forma abundante, devido ao grande número de material levantado, mas o suficiente para que seja possível imaginá-lo. Por meio deste trabalho buscou-se a identificação de algumas pessoas que participaram da evolução da Unioeste, surgindo em seguida a preocupação com o registro dessa memória em forma de entrevistas, pois o agrupamento dessas informações é de suma importância para que partes da história não se percam no tempo. Nesse sentido, um dos objetivos deste estudo foi entrevistar algumas pessoas que tiveram participação na criação da Unioeste, transcrever seus depoimentos, propor a criação de um sistema apropriado de identificação e arquivamento das 13 fotografias do acervo da Instituição e, com isso, ampliar o leque de possibilidades de preservação dessa grande história. A transcrição das entrevistas e a seleção de fotografias supririam a necessidade inicial desse trabalho, que seria a reconstituição da história da Unioeste vista pelo ângulo de pessoas que participaram efetivamente da sua criação. Com isso, tais procedimentos tornar-se-ão documentos e, partir disso, surge o segundo objetivo ao qual este estudo se propôs: a preservação desses documentos. A necessidade de agrupamentos dos documentos é de suma importância, visto que possibilitam a sua preservação e, consequentemente, a preservação da história da instituição, das empresas e das pessoas. Gorbea (1979) enfatiza que sem a preocupação com a preservação e a memória estamos sujeitos à perda da história com o tempo. Essa autora ainda complementa que a falta de cuidados com os documentos caracteriza sua perda e destruição. De fato, alguns desses documentos jamais poderão ser reconstruídos e outros poderão, mas com custos altíssimos. Beltrão e Passos (1988, p. 113) advertem que “a perda ou extravio de um documento pode causar sérios prejuízos a uma organização”. Com isso, propõe-se a criação de um Memorial em que os documentos pertinentes à história da Universidade fiquem dispostos e organizados de forma que permita sua preservação e conservação e, principalmente, visitas e consultas. 14 2 OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL Fornecer subsídios para a criação de um Memorial Histórico da Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Campus de Toledo, com a construção de um arquivo de fotografias. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS a) Localizar, identificar e adotar critérios para a entrevista das pessoas que tiveram papel relevante na fundação da Universidade; b) investigar, no momento das entrevistas, a existência de fotografias/documentos em posse dos envolvidos e que estivessem relacionados com a fundação da Unioeste/Campus de Toledo; c) transcrever as informações colhidas em entrevistas; d) organizar o material fotográfico, impresso ou digital, para que se possa reconstruir partes da história da Unioeste/Campus de Toledo; e) estimular a conservação da memória do Campus/Instituição. 15 3 JUSTIFICATIVA As organizações estão pautadas em suas histórias, que são transmitidas às gerações por intermédio de livros, fotografias e documentos, de forma que a história não se perca no tempo e que, mesmo para quem dela não tenha participado, consiga ter a percepção de cada momento importante desde sua concepção. As organizações devem se preocupar com o resgate de sua história a partir de documentos arquivados e registros reunidos em seus acervos. Caso a história se encontre na memória das pessoas, esse processo torna-se um pouco mais difícil, porém não impossível. Neste sentido, a Unioeste/Campus de Toledo não tem conseguido fazer um registro dessa memória viva. Assim, surge a preocupação quanto ao resgate dessa parte da história. Para Bosi (1979), é por causa da memória, que geram as lembranças que temos do passado, que se explica como percebemos o presente. Para a autora, o presente não existe sem o passado e, a partir disso, a forma pela qual temos a percepção do mundo em que vivemos, como entendemos o que acontece à nossa volta e nosso comportamento estariam marcados pelo passado, pela memória, eventos e situações que vivemos. Levando em consideração a dificuldade apresentada até o momento em considerar imprescindível a memória de pessoas importantes para a organização, no sentido de conservar a sua história, propõe-se com este trabalho a transformação dessa memória viva em memória documentada e, posteriormente, a sugestão de criação de um Memorial Histórico, tendo em vista um sistema de arquivamento adequado que possibilitaria a preservação da história da Unioeste/Campus de Toledo, visto que seria constituído com fotografias. O Memorial propiciaria de forma simples a perpetração da trajetória da Unioeste enquanto Instituição, criada para suprir a necessidade de ensino superior para muitas pessoas. A constituição do Memorial permitiria a disposição das fotografias que retratam a evolução obtida pela Unioeste/Campus de Toledo ao longo do tempo. Segundo 16 Barthes (1984, p. 13), “o que a fotografia reproduz ao infinito só ocorreu uma vez: ela repete mecanicamente o que nunca mais poderá repetir-se existencialmente.” O autor reforça que a visualização de fotografias auxiliaria a identificação e a recriação mental de eventos que não se repetirão. A fotografia teria por objetivo a transformação da realidade em que vivemos e “a eficácia social da foto é tanta que, em alguns momentos, é possível conduzir nossas vidas na lembrança da representação, como se fôssemos legitimados pelo registro do acontecimento” (NEIVA JR., 1986, p. 64). Já Fernandes (2001, p. 33) considera que as imagens fotográficas são “objetos culturais autônomos”. Neste sentido, o Memorial tem por objetivo reconstruir a trajetória das pessoas e da Instituição para que a sua história possa ser compreendida e vista pelas pessoas que terão acesso a esse acervo. O acervo dos documentos do Memorial serviria ao propósito de guarda adequada, pois conforme reforça Paes (2004, p. 100), “um documento arquivado erradamente pode ficar perdido, embora esteja ‘guardado’ dentro do móvel”. 17 4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Essa seção aborda assuntos como definição de arquivo, a fotografia enquanto documento, a história da fotografia, a conservação de documentos, a digitalização de documentos e a definição de memorial. 4.1 DEFINIÇÕES DE ARQUIVO Paes (2004, p. 19) conceitua que “as definições mais antigas acentuavam o aspecto legal dos arquivos, como depósitos de documentos e papéis de qualquer espécie, tendo sempre relação com os direitos das instituições ou indivíduos”. Nesse contexto, continua a autora, “os documentos serviriam apenas para estabelecer ou reivindicar direitos. Quando não atendiam mais a esta exigência, eram transferidos para museus e bibliotecas”. Ao mesmo tempo, Schellenberg (2006) resgata a concepção de que a origem do arquivo pode ter ocorrido na antiga civilização grega, em que os atenienses tinham o hábito de guardar os documentos de valor no templo dos deuses, e ali eram conservados os tratados, leis, minutas de assembléia e documentos oficiais. Esse autor ainda considera que a partir do entendimento por parte de qualquer instituição pública ou privada de que seus documentos são de valor, surge como necessidade a sua preservação permanente, seja para fins de referência ou mesmo de pesquisa. Ressalta também que esses documentos devem ser selecionados e, posteriormente, acondicionados em arquivos de “custódia permanente”. Independente do entendimento adotado pelos autores para a definição de arquivo é evidente sua importância para as instituições. A partir deles pode-se prevenir a possibilidade de esquecimento enquanto definições, estratégias, documentos oficiais, dentre outros que fazem parte da administração, pois neles encontram-se partes essenciais da memória de qualquer instituição e servem para fins de prova ou simplesmente de informação. 18 Em consonância com esse entendimento, o Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística (2005) valida a definição de arquivo como um conjunto de documentos que com o passar do tempo são produzidos e acumulados por uma entidade coletiva, pública ou privada, pessoa ou família, no desempenho de suas atividades. Esse dicionário ainda o define como um conjunto de documentos produzidos e recebidos por um governo, organização ou firma, no decorrer de suas atividades, arquivados e conservados por si e seus sucessores para efeitos futuros. Com isso pode-se destacar a necessidade para o qual os documentos existem, que é salvaguardar a instituição com relação ao seu patrimônio, seja físico ou histórico. Uma consequência dessa acumulação proveniente do arquivo enquanto natureza orgânica é a necessidade de uma formulação adequada do quesito conservação. Sem o devido entendimento com relação à conservação do arquivo enquanto documento, este torna-se vulnerável à ação do tempo e descaracteriza a sua função, pois a partir do momento que não é conservado irá se destruir e levar consigo informações que não poderão ser reconstituídas. Paes (2004, p. 20) avalia os arquivos com a finalidade de “servir à administração, constituindo-se com o decorrer em base do conhecimento da história”. De fato, os autores mantêm concordância com relação à necessidade de guarda dos arquivos com a finalidade de preservação da história das instituições. Ainda, com relação aos arquivos pode-se identificar dois níveis de informação no arquivo que, conforme Jardim e Fonseca (1998, p. 371), seriam “a informação contida no documento de arquivo, isoladamente; e a informação contida no arquivo em si, naquilo que o conjunto, em sua forma, em sua estrutura, revela sobre a instituição ou sobre a pessoa que o criou”. Isso desencadearia o processo de preservação de todo o processo que envolve a estrutura da instituição, pois as informações que são disponibilizadas nos arquivos são fiéis aos acontecimentos vividos ao longo do tempo. Os arquivos podem ser apresentados e rotulados de diversas formas. Paes (2004) e Belloto (2006) concordam que os arquivos podem ser classificados como audiovisuais, fotográficos, iconográficos, de microformas ou ainda informáticos. As autoras ainda os classificam quanto ao gênero. 19 Os arquivos iconográficos podem ser entendidos como documentos em suportes sintéticos, em papel emulsionado ou não e, nesse contexto, inclui imagens estáticas que compreendem fotografias, dispositivos, desenhos, gravuras. Com isso, obtêm-se uma gama impressionante de multiplicidades na condição do arquivo no que tange ao quesito fortalecimento da história para as instituições. Paes (2004, p. 36) considera que, para o arquivo conseguir cumprir os objetivos para os quais ele é proposto, é indispensável que seja elaborado “um plano arquivístico que tenha em conta tanto as disposições legais quanto as necessidades da instituição a que pretende servir”. A autora ainda considera “arquivo especial aquele que tem sob sua guarda documentos de formas físicas diversas – fotografias, discos, fitas, clichês, microformas, slides, disquetes, CD-ROM” (Idem, p. 22-23). Ela ressalta ainda que há a necessidade de um tratamento diferenciado que consiste “nos processos de armazenamento, registro, acondicionamento, controle e conservação” e recomenda que para que o processo de organização desses arquivos (documentos fotografias ou mesmo outros) possa ocorrer, deve existir a necessidade de um conhecimento da organização, sua finalidade e sua estrutura. Em consonância com os objetivos apresentados neste trabalho, tendo em vista que a fotografia é considerada como documento, por diversos autores, expõe-se a partir de então a sua importância enquanto tal. 4.2 A FOTOGRAFIA ENQUANTO DOCUMENTO Não obstante o fato de que a fotografia, indiscutivelmente, gera lembranças e pode reconstruir a história, Koury (1998) menciona que a sua utilização como documento, principalmente na pesquisa histórica, iniciou-se somente na década de 1970 na Europa e na de 1980 no Brasil. Mesmo havendo algumas oposições no que remete à sua função enquanto documento, visto que a fotografia não conta com o sistema de signo como os da escrita, o fato dela transmitir a sensação de “espelho do real”, fez que tivesse muita 20 aceitação. Sendo assim, esse autor reforça que apesar do fato de as fotografias não possuírem a decodificação presente na linguagem, a fotografia tem a propriedade de se explicar por si mesma. As fotografias são guardadas com muita estima, seja por instituições ou pessoas, um hábito adotado como forma de preservar a lembrança de bons ou maus momentos. Essa ideia é reforçada por Bittencourt (2001, p. 199-200), quando expõe que “imagens fotográficas retratam a história visual de uma sociedade, documentam situações, estilos de vida, gestos, atores sociais e rituais, e aprofundam a compreensão da cultura material, sua iconografia e suas transformações ao longo do tempo”. Enquanto seres humanos, estamos sujeitos à possibilidade de esquecimento em relação aos acontecimentos que ocorrem diariamente, e nos últimos tempos de forma ainda mais acelerada, em relação ao contexto em que vivemos. Nesse ínterim, Bosi (1979, p. 331), em outra época, já conceituava que a utilização da fotografia “propicia ainda o desencadeamento de lembranças de fatos passados, já adormecidos, e lhe conferem papel fundamental na reconstrução histórica”. Em total concordância com essa afirmação, Sontag (1981, p. 15) ressalta que “tomar uma fotografia é como participar da mortalidade, vulnerabilidade e mutabilidade de uma pessoa (ou objeto). Precisamente por lapidar e cristalizar determinado instante, toda fotografia testemunha a dissolução inexorável do tempo”. Embora o tempo modifique a realidade, pode-se reviver e acompanhar a evolução ou mesmo as modificações que ocorreram em outras épocas, por intermédio das pessoas, como modificaram seu estilo de vida ou mesmo a forma de se vestir, o crescimento das instituições, das cidades, países, a evolução da tecnologia e, até mesmo, a forma como o espaço urbano vem sendo adaptado. Com vistas a preservar a história da Unioeste, Campus de Toledo/PR, considera-se de suma importância observar a necessidade de uma proposta para apresentação e conservação das fotografias existentes em seu domínio para que seja possível retomar alguns pontos de evolução da instituição, considerando que as pessoas não são providas de memória permanente no que tange à conservação incondicional desse patrimônio. 21 Bosi (1979, p. 331) ressalta que “somos, de nossas recordações, apenas uma testemunha, que às vezes não crê em seus próprios olhos e faz apelo constante ao outro para que confirme a nossa visão”. Ainda, com relação à linha de pensamento que considera fundamental a materialização de nossa memória em forma de fotografias, Barthes (1984, p. 15-16) reforça o fato de que ao observar uma fotografia não podemos separar o passado do presente, “a fotografia pertence a essa classe de objetos folhados cujas duas folhas não podem ser separadas sem destruí-los: a vidraça e a paisagem, e por que não o Bem e o Mal, o desejo e seu objeto: dualidades que podemos conceber, mas não perceber”. Assim sendo, revivemos épocas, momentos e situações que serão possíveis com o auxílio da fotografia. Kossoy (1982) ressalta que existem diversas realidades em uma única fotografia. E isso pode ser observado de forma peculiar, pois a mesma história pode ser descrita de diversos ângulos, a fotografia permite que sejam ressaltados sentidos sensoriais e sensitivos de uma mesma pessoa (GURAN 1992). Em cada acontecimento podem ser observadas as inúmeras reações causadas por uma lembrança quando manuseada ou observada uma fotografia, e os autores legitimam essa particularidade própria da fotografia e com isso destaca-se com dada importância a sua notoriedade enquanto documento. Sob o ângulo sentimental ao qual a fotografia se encaixa com perfeição, Dantas (1999, p. 55) observa que “entre o leitor, a fotografia e autor há um campo de intencionalidade impossível de ser registrado, mas que impregna o acontecimento”. Com isso reafirma-se a diversidade de ângulos os quais são observados por meio da fotografia, pois esta consegue despertar sentimentos opostos, mesmo em se tratando de uma mesma fotografia. E, sob o ponto de vista prático, Barthes (1984, p. 21) considera que tecnicamente a fotografia está no entrecruzamento de dois processos inteiramente distintos, um deles de ordem química, em que se trata a ação da luz sobre certas substâncias e, de outro lado, de ordem física, que trata da formação de imagem por intermédio de um dispositivo óptico. 22 Percebe-se que além da interpretação que pode ser dada a cada fotografia enquanto sentimento e memória, unilateralmente, e com a mesma importância, existe a forma como ela foi produzida. Para isso temos a história e a evolução da fotografia. 4.3 HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA Esta seção se reporta a extratos da obra de Kossoy (1982), a partir dos quais é reconstruída a história acerca da evolução da fotografia. Segundo o autor, a utilização da imagem como forma de registro começou na época dos homens das cavernas, em que as cenas de lutas, guerras ou mesmo as cenas do cotidiano eram pintadas nas cavernas e paredes e hoje em dia podemos saber sobre as culturas passadas. Mas esses registros evoluíram e com isso surge a necessidade de registrar com maior realismo essas pinturas. Isso levou ao aparecimento de máquinas de desenhar e retratar, isso já nos séculos XVI e XVII. Essas máquinas, tal como a câmera lúcida, utilizavam o princípio da câmera escura, já conhecida desde o século XVI. Durante séculos o homem serviu-se da câmera obscura, instrumento que o favorecia para desenhar uma vista, uma paisagem que por alguma razão lhe interessou conservar a imagem. A imagem dos objetos do mundo visível, formando-se no interior da câmera, podia ser delineada e, de fato, viajantes, cientistas e artistas fizeram uso do aparelho, obtendo, sobre papel, esboços e desenhos da natureza. (Idem, p. 21). O autor enfatiza que a câmera escura nada mais era que uma caixa com apenas um orifício por onde os raios luminosos penetravam e projetavam a imagem no interior da caixa sobre uma superfície branca e oposta a esse orifício, e a imagem resultante era escura e circular e sua nitidez dependia da distância entre o orifício e a superfície branca, da iluminação exterior e, posteriormente, do uso de lentes mais luminosas. 23 Sendo assim, a câmera escura pode ser considerada a origem da câmera fotográfica que, com o passar dos anos, foi inovada com dispositivos que tornavam as imagens mais nítidas e diminuíam o tempo de exposição. Algumas experiências com relação ao cloreto de prata já estavam sendo desenvolvidas nessa época e, em contrapartida, os pesquisadores primavam pelas tentativas de maior durabilidade das imagens, visto que até então eram obtidas de forma muito efêmera. Diz que foi a partir das experiências relativas ao cloreto de prata que o francês Joseph Nicéphore Nièpce (1765-1833) conseguiu fixar sua primeira imagem e, da sua correspondência com seu irmão, pode-se supor que já havia obtido uma imagem negativa em 1816 com o mesmo cloreto de prata, e menciona que [...] o mais surpreendente é que, anos antes de ser anunciada a descoberta de Daguerre em França, Florence fazia uso prático de seus processos para a obtenção – ao que tudo indica, em série – de exemplares, em papel fotossensível, de diplomas maçônicos e rótulos de farmácia. (Idem, p. 21). Reporta também que, entretanto, a imagem que pode ser considerada como origem da fotografia foi obtida por Joseph Nicéphore Nièpce 1 somente em 1826, com a utilização do betume da Judéia, diluído em óleo mineral, e a esse processo foi dado o nome de heliografia, ou escrita pelo sol. Quanto à terminologia fotografia, esta começou a ser utilizada alguns anos mais tarde com Hércules Florence 2 a partir dessa experiência. Joseph Nicéphore Nièpce foi procurado pelo cenógrafo, pintor e inventor do diorama3, Louis-Jacques Mandè Daguerre (1787-1851), e passaram a pesquisar novas formas de obtenção da imagem, principalmente coloridas. O resultado dessas experiências levou ao surgimento do daguerreótipo, divulgado em 1839 pela Academia de Ciências da França. O autor menciona também que o 1 Joseph Nicéphore Niépce (Chalon-sur-Saône, 07 de março de 1765 — Saint-Loup-de-Varennes, 05 de julho de 1833) foi um inventor francês responsável por uma das primeiras fotografias. 2 Joseph Antoine Hercule Romuald Florence, conhecido como Hércules Florence, (Nice, 29 de fevereiro de 1804 — Campinas, 27 de março de 1879), foi um inventor, desenhista, polígrafo e pioneiro da fotografia franco-brasileiro. 3 O Diorama é um modo de apresentação artística, de maneira muito realista, de cenas da vida real para exposições com finalidades de instrução ou entretenimento. O termo foi inventado por Louis Daguerre, em 1822, para um tipo de display rotativo. 24 daguerreótipo era uma imagem fixada sobre uma placa de cobre e a nitidez dependia da incidência da luz e como a obtenção dessa imagem prescindia de um longo tempo de exposição, além de um complexo procedimento de revelação, isso a encarecia demasiadamente. (Idem, 1982). Kossoy enfatiza que a popularização da fotografia aconteceria somente com a possibilidade da reprodução, pois o daguerreótipo e seus sucessores, o ambrótipo e o ferrótipo, eram imagens únicas, apesar deste último ter sido mais popular devido aos avanços tecnológicos, que permitiram a redução do tempo de exposição, além do preço acessível. Com a descoberta do daguerreótipo surgiram os negativos que permitiriam a reprodução da imagem e, a partir das experiências de Talbot 4 em 1840, surgiu o calótipo ou talbótipo, cuja imagem positiva sobre papel procedia de um negativo também em papel. Talbot conseguiu a primeira imagem negativa a partir de seus experimentos, aos quais denominou desenhos fotogênicos. O autor salienta ainda que, a partir da sensibilização de um papel com cloreto de prata, arrumaram-se sobre esse papel objetos planos que, expostos à luz solar, após algumas horas, nele delineava-se o contorno desses objetos. Essa imagem nada mais era que um negativo, cujo positivo poderia ser obtido com a utilização de outro papel sensibilizado, disposto em contato direto com o negativo e exposto ao sol. A imagem que resultava era contrária à primeira. Esse mesmo autor considera que a partir dessa descoberta torna-se possível a multiplicação da imagem, porém era muito frágil e isso a tornava temporária. No calótipo, a imagem encontra-se no próprio suporte e, à medida que este se degradava, o mesmo ocorria com a imagem. Nos dias atuais podemos encontrar esses materiais nos museus, arquivos, bibliotecas ou mesmo nos centros de documentação, os quais possuem uma imagem muito apagada. Segundo Kossoy, os negativos em papel foram substituídos por um suporte mais rígido e transparente, o vidro, e pelo colódio, uma substância aquosa, sobre a 4 William Henry Fox-Talbot (Melbury, Dorset, 11 de fevereiro de 1800 — 17 de setembro de 1877) foi um escritor e cientista inglês, pioneiro da fotografia. 25 qual era despejado o cloreto de prata. O colódio é uma mistura de nitrato de celulose, éter e álcool. A utilização do colódio foi um avanço muito grande na prática de conservação fotográfica, pois permitiria que a imagem fosse impregnada sobre uma película fina e transparente que era formada pelo colódio, entretanto, o produto somente poderia ser utilizado enquanto estivesse úmido, pois a prata só seria atingida pela luz, bem como pelos reveladores, enquanto os poros do colódio estivessem abertos, o que acontecia somente enquanto estivesse úmido. Sendo assim, a tomada da imagem e a revelação deveriam ser realizadas em sequência e com certa rapidez. O autor reforça que a utilização do negativo em vidro de colódio úmido e positivo em papel albuminado ocorreu até o surgimento da gelatina em 1871, descoberta por Richard Leach Maddox (1816-1902). Juntamente com o surgimento da gelatina, surgiu o conceito de emulsão e, a partir desse momento, os sais de prata ficavam agora dispersos nessa substância, e essa descoberta levou ao desenvolvimento da indústria de papéis fotográficos, que têm como objetivo tornálos sempre mais resistentes e atraentes ao cliente. Kossoy afirma também que, ainda no século XIX, teria surgido a primeira película de suporte plástico, o nitrato de celulose, e o lançamento da primeira câmara fotográfica aconteceria no ano de 1888, por George Eastman, que possuía um suporte para negativo em rolo, que era de papel, a Kodak N.º 1. A partir de então, as tecnologias foram aperfeiçoadas, e com isso surgiu os processos coloridos, como o Autochrome (1907), o Kodachrome (1935), o Ektachrome (1942), o Cibachrome (1963) e a fotografia instantânea Polaroid (1963), e nos dias atuais tem-se a tecnologia digital. Mesmo com o avanço da tecnologia ainda se tem muitas fotografias impressas, e isso é causa de preocupação pois, diante da ação do tempo ou mesmo das pessoas, as fotografias enquanto documentos estão sujeito à deterioração quando não são bem cuidadas. A partir disso, alguns autores alertam sobre como conservar esses documentos. 26 4.4 CONSERVAÇÃO DE DOCUMENTOS A ação do tempo é inevitável ao se tratar de documentos e, dessa forma, sua conservação, disposição, guarda e restauração devem ser consideradas como medida preventiva. Fatores como condições ambientais provocam a modificação na textura e fibras dos papéis causando manchas e descoloração, e alguns documentos se tornam quebradiços e se desintegram. Dessa forma, a conservação e a preservação dos documentos têm como objetivo conservar as informações neles contidas e principalmente a memória da organização. Paes (2004, p. 141) ressalta que “a conservação compreende os cuidados prestados aos documentos e, consequentemente, ao local de sua guarda”. Segundo Gorbea (1979, p. 17), [...] os principais objetivos que se buscam em todos os sistemas de arquivamento são: 1. Proporcionar lugar seguro e permanente para os documentos. 2. Conservar juntos em um mesmo lugar, todos os documentos relacionados com determinado assunto, lugar, indivíduo, firma ou instituição. 3. Localizar os documentos no instante em que solicitados. Algumas técnicas são utilizadas para propiciar a conservação dos documentos. Para os papéis que sofreram a ação de envelhecimento do tempo, utiliza-se a técnica de restauração artesanal, laminação ou plastificação. Utilizam-se elementos parecidos com a composição do papel, de celulose e outros. Para o método de laminação ou plastificação os documentos a serem restaurados devem ser limpos e neutralizados, colocados entre duas folhas de celulose e levados à máquina, para que a celulose possa aderir ao documento. Além da preocupação com a conservação dos documentos, autores como Gorbea (1979) consideram que os documentos devam ser classificados e organizados numa mesma ordem, em vista que isso facilitaria o acesso, além de protegerem de fatores como deterioração, destruição ou perda. Alguns procedimentos básicos podem ser adotados para auxiliar o processo de conservação, como a não utilização de clipes metalizados como marcador de 27 páginas, pois com o tempo o metal oxida, manchando o papel. A não utilização de fita adesiva no conserto de páginas rasgadas, pois acidifica o papel. As refeições não devem ser feitas próximas aos documentos, alimentos não devem ser armazenados no mesmo ambiente onde estão guardados os documentos, pois os restos de alimentos atraem insetos e outros que são prejudiciais para os documentos. A necessidade de conservação e preservação dos documentos é intrínseca no que tange o cumprimento de sua designação enquanto registros documentais, Duranti (1994) afirma que as circunstâncias que definem sua criação e sua preservação são essenciais para que possuam sua habilitação probatória. Cassares (2000) alerta sobre os cuidados como não folhear os documentos com as mãos sujas, quando da utilização de fotografias, negativos, adesivos, jornais, revistas e similares, cuidados esses imprescindíveis para auxiliar o processo de conservação. Quando utilizados para documentação, não devem ser colados diretamente nas páginas, mas devem ser colocados em envelopes e posteriormente colados. Todos esses são procedimentos que podem prolongar a vida útil dos documentos. A autora ressalta que esse e outros conjuntos de ações são necessários para a desaceleração do processo de degradação dos documentos, e ainda classifica em dois os fatores de deterioração dos documentos: fatores intrínsecos e os extrínsecos. Os intrínsecos estariam relacionados com a composição dos materiais como tipos de fibras, resíduos químicos, partículas metálicas dentre outros. E os fatores extrínsecos seriam divididos em agentes físicos que são a iluminação, a temperatura, a umidade, o armazenamento, a ação do homem, acondicionamento inadequado, acidentes entre outros. E os agentes biológicos que são fungos e insetos, por exemplo. A prática da restauração consiste em recuperar, um objeto desgastado ou deteriorado, quer pela ação do tempo, quer pela ação do próprio homem. Esse método impede os processos de deterioração que podem causar a perda total de uma determinada obra. Com a recuperação dos elementos ou das partes 28 danificadas, com a intenção de torná-lo novamente acessível à pesquisa e ao estudo. A restauração é de caráter essencial nesse processo de preservação, pois não tem por objetivo somente a recuperação ou a reforma dos objetos, a restauração proporciona-lhes “um valor de uso” (CARTIE-BRESSON, 1997, p. 3). Torna-se primordial que nesse processo de restauração a integridade dos documentos seja mantida. A autora observa que além dos critérios técnicos, também leva-se em conta “a globalidade do objeto, sua história, seu contexto cultural, sua estética e sua evolução”. Para Paes (2004, p.143), o serviço de restauração “exige um conhecimento profundo dos papéis e tintas empregados. Vários são os métodos existentes”. A autora descreve algumas formas de restauração como o banho de gelatina, que “consiste em mergulhar o documento em banho de gelatina ou cola”, aumentando sua resistência; o silking, reparação em que são usadas folhas de tecido muito fino, com pasta de amido; a laminação, um método que envolve o documento, nas duas faces, com uma folha de papel de seda e outra de acetato de celulose, prensados sob uma pressão média de 7 a 8kg/ cm e temperatura entre 145°C a 155°C; a laminação manual, um processo desenvolvido na Índia, também chamado de laminação com solvente, mecanizado; e a encapsulação em que se utiliza películas de poliéster e fita adesiva de duplo revestimento. Opção estas para aqueles que não dispõem de recursos para instalar equipamentos. A autora reforça que essas técnicas são utilizadas principalmente por especialistas na arte da restauração. Porém, diz ela que “existem meios mais simples que podem ser empregados em pequenos reparos [...], como usar papel de seda japonesa – já existe similar no Brasil – e cola Carbox Metil Celulose, em pó – oferecida no comércio a quilo”. (Idem, p. 145). As técnicas que podem ser utilizadas para o processo de restauração são várias e se propõem ao objetivo de fazer que os documentos possam existir por um período superior ao que normalmente aconteceria. Outra forma de conservação pode ser obtida por meio da digitalização dos documentos, processo este que será apresentado sequencialmente. 29 4.5 DIGITALIZAÇÃO DE DOCUMENTOS A necessidade de diminuição da utilização de papéis e a busca incessante por sistemas eficientes de conservação para documentos têm levado as instituições a aprimorarem os sistemas até então utilizados. A utilização de ferramentas tecnológicas é apresentada como um eficiente sistema de conservação dos documentos. O sistema de digitalização permite que um documento seja transformado em matrizes de pontos por intermédio de uma forma de leitura por um scanner e essas imagens dos documentos digitalizados podem ser visualizadas em microcomputadores. Isso possibilita a redução nos custos com armazenagem ou mesmo com o manuseio e com a localização dos documentos. Conforme argumentação de Jardim (1987), a partir do seu registro, independente do fato de serem ideias ou fatos, desde que comunicados ou mesmo distribuídos, são considerados informações. A grande quantidade de informações pode gerar um acúmulo cada dia maior de papel que devido à sua fragilidade, desgasta-se ou pode ser extraviado. Com isso, muitas instituições já têm adotado o hábito da digitalização de documentos. Rondinelli (2005) afirma que a forma atual de gerenciamento arquivístico é uma necessidade da atual sociedade da informação. Quanto aos sistemas de controle de arquivamento o sistema de digitalização também permite a organização dos documentos com ajuda dessa importante tecnologia. 4.6 DEFINIÇÃO DE MEMORIAL A partir da conservação dos documentos, retoma-se a proposta deste trabalho, que seria dar subsídio para a criação de um Memorial no qual os documentos pertinentes à história da instituição ficariam dispostos e organizados de forma a permitir visitas, consultas e principalmente proporcionar a preservação e conservação da memória em forma de fotografias. Diante do exposto, observa-se a necessidade da conceituação do termo Memorial. 30 Conforme o Dicionário Melhoramentos de Língua Portuguesa, Memorial seria: “1. que traz à memória; 2. memorável”. Pode-se considerar que teria por objetivo possibilitar a preservação e consequentemente a propagação de suas informações históricas. Consideramos nesse ínterim que as informações seriam compostas por dados, documentos ou mesmo imagens. Ferreira (1986, p. 1170) define memorial: Memorial [do lat. Memoriale] S.M. 1. V. memento. Z. escrito que relata fatos memoráveis, memórias: O memorial de Santa Helena. 3. Petição escrita. 4. Memória (10). Adj. 2g. 5. V. Memorável: Fatos memoriais. Para as definições deste termo não é visualizada uma delimitação conceitual e dessa forma, poderia subentender que não estaria limitado apenas à preservação da memória. Convém observar que o memorial também poderia acomodar ações práticas culturais de memória ou mesmo produções culturais. 31 5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Para o desenvolvimento deste trabalho, procedeu-se inicialmente a pesquisa bibliográfica. Segundo Marconi e Lakatos (1999), a revisão bibliográfica é necessária pois aborda temas apresentados por outros autores, aumentando a confiabilidade da pesquisa realizada. Gil (1994, p. 71), por sua vez, reforça que a pesquisa bibliográfica “é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”. Este estudo, por meio do qual se propõe fornecer subsídios para a criação de um Memorial da Unioeste/ Campus de Toledo, com a construção de um arquivo de fotografias, caracteriza-se por ser de natureza qualitativa, tendo como principal instrumento a coleta de dados e análise pela pesquisadora, apresentando como produto final a descrição de dados coletados das fontes. Para Taylor e Bogdan (1984 apud Rinaldi, 2002), a pesquisa qualitativa é considerada humanista, indutiva, tendo como foco as pessoas, os cenários e grupos encarados como um todo e não reduzido a variáveis. Por se tratar de um estudo que se limita ao Campus da cidade de Toledo/PR, a pesquisa utilizou-se do critério de seleção para a entrevista das pessoas que participaram efetivamente do processo de criação da instituição nessa cidade. Creswell (2007) define a pesquisa qualitativa como aquela na qual o investigador faz alegações de conhecimento embasado em perspectivas construtivistas ou mesmo em perspectivas reivindicatórias ou participatórias e que, dessa forma, possibilita investigar de maneira mais detalhada as informações e examinar os dados sem a preocupação de incluí-los em tabelas ou números. E afirma ainda que alguns fatos são particulares àquela situação, pois se leva em conta a perspectiva histórica ou mesmo social do momento em que foi efetuada a análise. Corroborando essa afirmação, Martins (2004, p. 289) considera que a pesquisa qualitativa tem por objetivo analisar os “microprocessos”, estudando as ações 32 sociais em que o investigador possa participar, [...] “realizando um exame intensivo dos dados”. Os fatores que determinam uma pesquisa qualitativa vão além dessa simples denominação. Godoy (2006) afirma que apesar de muitos estudos serem denominados qualitativos, algumas características devem ser destacadas, como a pesquisa essencialmente descritiva, além da utilização de materiais variados como gravações, fotos, desenhos para descrever a realidade de forma “holística”. Na abordagem qualitativa, o estudo de caso seria uma estratégia de pesquisa, e pode ser utilizada como forma de investigação do objeto que se pretende conhecer: documentação, entrevista, entrevista em profundidade, história de vida, observação direta e participante, dentre outros. Para Vergara (2009, p. 5), as entrevistas são utilizadas quando existe a necessidade de conhecer “experiências vividas ou tendências futuras”, quando se pretende captar o “[...] dito e o não dito, os significados, os sentimentos, a realidade experimentada pelo entrevistado, as reações, os gestos, o tom e o ritmo da voz [...]”. Dessa forma, definiu-se a utilização da entrevista como forma de coleta de dados para conhecimento da história da Unioeste/Campus de Toledo. As entrevistas iniciavam-se de forma semiestruturada, orientadas por uma lista, em que as perguntas permitiam que o entrevistado tivesse suas lembranças estimuladas e permitisse que as experiências vividas na época aflorassem. Triviños (1987 apud Rinaldi, 2002) considera que a entrevista semiestruturada permite amplo campo de interrogativas, embasados nas teorias que interessam à pesquisa, permitindo que o informante siga espontaneamente a linha de seu pensamento e de suas experiências, dentro do foco adotado pelo investigador. A coleta de dados foi realizada no período de junho à agosto e foram entrevistadas sete pessoas. Sendo elas Celso Almiro Hoffmann, Duílio Genari, Estela Maris Bohnen, Flávio Vendelino Scherer, José Dílson Silva de Oliveira, Luiz Alberto Cypriano e Moacir Piffer. Para Marconi e Lakatos (1999), nas pesquisas de investigação normalmente utilizam-se uma combinação de dois ou mais métodos ou técnicas, sempre utilizando o que for necessário ou apropriado para determinados casos. Para a 33 utilização de informações pertinentes ao objetivo do trabalho sucedeu-se a transcrição de partes das entrevistas. 34 6 ANÁLISE ORGANIZACIONAL E INTERPRETAÇÃO DE DADOS COLETADOS Na seção foram abordados primeiramente o diagnóstico organizacional, a estrutura organizacional e o histórico da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, bem como seu ambiente organizacional e operacionalização. Posteriormente, foi abordada a operacionalização do trabalho e as contribuições que proporcionou. 6.1 DIAGNÓSTICO ORGANIZACIONAL Esse trabalho teve como cenário o Campus da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Unioeste, em Toledo, situado na Rua Guaíra, nº 645, Bairro Jardim La Salle, Toledo – Paraná. A Unioeste originou-se pela integração de quatro faculdades municipais isoladas de ensino pago, localizadas em Cascavel, Foz do Iguaçu, Marechal Candido Rondon e Toledo. Conforme o Estatuto da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste, aprovado pela Resolução nº 017/99 – COU, a Instituição foi autorizada pela Lei Estadual nº 8.680, de 30 de dezembro de 1987, instituída pelo Decreto n.º 2.352, de 27 de janeiro de 1988, passando a ofertar ensino gratuito com o instituto do Decreto n. 2.276/88, de 11/01/1988, retroativo para 02/01/1988. Posteriormente, foi transformada em autarquia pela Lei Estadual n.º 9.663, de 16 de julho de 1991, e reconhecida pela Portaria Ministerial n.º 1.784-A, de 23 de dezembro de 1994. A Unioeste é uma instituição Estadual, sem fins lucrativos, com estrutura multi campi, tem como ramo de atividade o Ensino Superior Público e atua nas áreas de graduação, pós-graduação, pesquisa e extensão. O corpo docente da Instituição é constituído por professores que exercem atividades de ensino, pesquisa e extensão. O corpo discente é constituído por alunos regulares e especiais matriculados em cursos e programas. O corpo de agentes universitários é constituído por servidores que exercem funções técnicas e de apoio ao funcionamento da Universidade. 35 Conforme dados do Relatório Final de Autoavaliação institucional da Unioeste (2011), no ano de 2010 a comunidade acadêmica contava com um número total de 1173 docentes, 11.245 discentes e 1.239 agentes universitários. O Campus de Toledo atua na região Oeste, tendo como corpo discente, predominante, alunos da Região Oeste e de outras regiões do Estado. Sendo a Unioeste uma Instituição de Ensino Superior Pública, ela tem como mercado concorrente universidades e faculdades de toda a região do Oeste do Paraná. 6.2 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL 6.2.1 Organograma5 Fonte: Dados da Pesquisa 6.2.2 ESTRUTURA ADMINISTRATIVA 5 O organograma do Campus de Toledo encontra-se no Anexo I. 36 A estrutura administrativa da Unioeste pode ser compreendida da seguinte forma: I – Nível de Administração Superior: 1. Conselho Universitário - COU; 2. Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão - CEPE; 3. Reitoria 3.1. Gabinete do Reitor 3.2. Pró Reitoria de Graduação 3.3. Pró Reitoria de Pesquisa e Pós Graduação 3.4. Pró Reitoria de Extensão 3.5. Pró Reitoria de Administração e Planejamento 3.6. Pró-Reitoria de Recursos Humanos 3.7. Secretaria Geral 3.8. Assessorias 3.9. Órgãos de Apoio e Suplementares II – Nível de Administração Intermediária: 1. Conselho de Campus; 2. Direção-Geral de Campus; Gabinete do Diretor Geral de Campus Assessorias Secretaria Administrativa Secretaria Financeira Secretaria Acadêmica Órgãos de Apoio e Suplementares III – Nível de Administração Básica: Conselho de Centro; Direção de Centro; Órgãos de Apoio e Suplementares IV – Nível de Administração Básica Setorial: Colegiado de Curso; Coordenação de Curso. 37 6.2.3 Descrição das funções Conforme Resolução nº 017/99 – COU, o Estatuto da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, de 30 de julho de 1999, e aprovado na sessão encerrada no dia 17 de setembro, define as funções da estrutura administrativa: 6.2.4 Reitoria A Reitoria administra todas as atividades universitárias e é exercida pelo Reitor, auxiliado pelo Vice-Reitor. Entre as atribuições do Reitor estão: administrar a universidade e representá-la em juízo ou fora dele; zelar pela fiel execução da legislação universitária; nomear, distribuir, remover, licenciar, exonerar ou dispensar pessoal, bem como baixar os atos de afastamento temporário de servidores da instituição, observada a legislação em vigor; administrar as finanças da universidade e designar ordenadores de despesa; assinar diplomas e conferir graus e títulos honoríficos; entre outras. 6.2.5 Vice Reitor Conforme Art. 25 do Estatuto da Unioeste, cabe ao Vice Reitor: substituir o Reitor em suas faltas e impedimentos; exercer a supervisão e a coordenação de atividades que lhes sejam delegadas pelo Reitor. 6.2.6 Direção Geral de Campus A Direção Geral planeja, coordena e implementa todas as atividades universitárias do Campus. É exercida por um Diretor Geral, cujo Estatuto da Unioeste atribui funções como: representar e fazer representar o Campus na área de sua abrangência; responsabilizar-se por todas as atividades desenvolvidas no 38 Campus; - supervisionar as atividades do quadro de servidores do Campus; administrar as finanças do Campus; dentre outras. 6.2.7 Conselho de Campus Já ao Conselho de Campus cabe autorizar, homologar, dispensar, revogar ou anular os processos de licitação do Campus, nos limites orçamentários, conforme os casos previstos em lei e no Regimento Geral; ordenar despesas e efetuar regularmente a respectiva prestação de contas à Reitoria; encaminhar às instâncias superiores as solicitações de contratação de pessoal; instituir comissões, no âmbito de sua competência, entre outras diversas atribuições. 6.2.8 Conselho de Centro Os Conselhos de Centro possuem caráter consultivo e deliberativo, em matéria de ensino, pesquisa, extensão. São constituídos pelo Diretor de seu respectivo centro, como presidente; pelos coordenadores dos cursos que integram o centro; por um representante discente por curso e por dois representantes docentes por curso. Ao Conselho de Centro cabe: definir as linhas gerais e a política de desenvolvimento do centro; estabelecer grupos e linhas de pesquisa e extensão, no âmbito do centro; prever as receitas e despesas do centro para integrar a proposta orçamentária do Campus; aprovar os programas e projetos de ensino, pesquisa e extensão, no âmbito do centro; atribuir os encargos de ensino, pesquisa e extensão aos docentes; etc. Conforme o art. 36 do Estatuto da Unioeste, a Direção de Centro deve reunirse ordinariamente, a cada dois meses, mediante convocação do seu presidente e, extraordinariamente, quando por ele convocado ou por requerimento da maioria de seus membros. 39 6.2.9 Direção de Centro Cabe à Direção de Centro planejar, coordenar e implementar os fins indissociáveis do ensino, pesquisa e extensão. De acordo com o art. 36 - §1º, a Direção de Centro é exercida por um Diretor de Centro, escolhido por meio de consulta aos docentes e discentes vinculados ao respectivo centro, sendo designado pelo Reitor para mandato de quatro anos, permitida uma recondução. Entre as suas competências estão: representar e fazer representar o centro na sua área de abrangência; convocar o Conselho de Centro e presidir suas reuniões; coordenar e supervisionar as atividades e programas de ensino, pesquisa e extensão do centro; supervisionar a prestação de serviços à comunidade, nos termos de seus respectivos projetos e regulamentações; efetuar a atribuição de disciplinas aos docentes do centro e a respectiva carga horária, ouvidos os coordenadores de curso ou de programas regulares; assinar certificados, conforme disposto no Regimento Geral. 6.2.10 Colegiados de Curso São atribuições do Colegiado de Curso: elaborar o projeto pedagógico do respectivo curso ou programa para ser submetido ao CEPE; aprovar os planos de ensino das disciplinas de cursos e programas; decidir sobre o aproveitamento de estudos, de adaptação de disciplinas, mediante requerimento dos interessados; propor ao diretor de centro providências quanto à melhoria do ensino ministrado no curso ou no programa; apreciar propostas dos docentes e discentes sobre assunto de seu interesse ou do curso ou do programa; conforme estatuto da Unioeste às decisões do Colegiado de Curso cabe recurso, em primeira instância, ao Conselho de Centro. 40 6.2.11 Coordenadores de Curso Aos coordenadores de curso cabe o acompanhamento de todas as atividades pertinentes ao ensino do respectivo curso ou programa. Dentre suas várias competências destacam-se: coordenar as atividades do Colegiado de Curso; convocar e coordenar as reuniões do Colegiado de Curso ou programa; subsidiar a organização do calendário acadêmico; subsidiar o Diretor de Centro na elaboração da proposta orçamentária; elaborar relações bibliográficas, de equipamentos e materiais necessários ao curso ou programa. 6.3 HISTÓRICO DA ORGANIZAÇÃO O ensino Superior em Toledo teve origem há mais de trinta anos. Nessa época houve a criação de uma fundação que seria responsável pelo ensino superior em Toledo, a FUMEST – Fundação Municipal de Ensino Superior de Toledo, que contava com a participação da CNEC – Campanha Nacional de Escolas da Comunidade, por meio da Lei Municipal nº 989/80, de 23 de janeiro de 1980. Nessa época, a cidade de Toledo passava pela gestão do Prefeito Duílio Genari. No dia 22 de abril do ano de 1980, o primeiro Conselho Curador da Entidade foi empossado, tendo como Diretor da FUMEST e Presidente de seu Conselho de Curadores o Senhor Dom Geraldo Majella Agnelo, que na época exercia também o cargo de Bispo Diocesano do Município de Toledo e atualmente ocupa o cargo de Cardeal e Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB. O primeiro Conselho de Curadores foi composto por nomes de destaque no município, como os senhores Arnoldo Bohnen, Atílio Maróstica, Egydio Gerônimo Munaretto, Pastor Harald Malschotzky, Lirio Rossoni e José Joaquim Justino, como membros efetivos e os senhores Dilceu João Sperafico, Erol Vinício Campos, Hermínio de Conto, Heriberto de Cecco, Laci Maria Zibetti, Dr. Lamartine Braga Cortes, Pe. Raulino Cavaglieri, como membros suplentes. 41 No dia 24 de abril de 1980, em reunião contando com a presença expressiva de lideranças locais e regionais, foi criada a Faculdade de Ciências Humanas “Arnaldo Busato”, assim denominada em homenagem a um líder prematuramente falecido, que manteve sempre viva a chama do ensino e que acalentava o sonho de ver instalada e funcionando a Faculdade na cidade de Toledo. Após a tramitação dos processos competentes, em 19 de agosto de 1980 foi autorizado o funcionamento dos Cursos de Ciências Econômicas e de Filosofia, por intermédio dos Decretos Presidenciais nºs 85.053 e 85.054, respectivamente. A partir de então houve a necessidade de construção das primeiras salas, que consistiam em um conjunto de seis salas e o setor administrativo. Por se tratar de uma faculdade particular, não contava com o apoio financeiro do Estado para seus projetos. Nesse sentido, o auxílio da comunidade tornou-se essencial com campanhas comunitárias, rifas para a arrecadação de dinheiro. A empresa SADIA, instalada na cidade de Toledo, também auxiliou esse processo e proporcionou a doação de novecentas sacas de cimento para o empreendimento. A empresa COOPAGRO efetuou a doação de 45 mil tijolos e até mesmo a prefeitura Municipal fez sua contribuição, disponibilizando mão de obra, sob a responsabilidade à época do Engenheiro Civil José Carlos Schiavinato. A possibilidade da construção do 2º conjunto de seis salas se deu por conta da doação de materiais de construção pela prefeitura e mão de obra da Empresa Valdir Becker. A primeira equipe administrativa foi constituída por: Pe. Raulino Cavaglieri – Vice-Diretor; Flávio Vendelino Scherer – Secretário Geral; Ivo Otmar Haab – Contador; Estela Maris Bohnem, Maria Sônia Botassari e Pedro Breno Franz – Auxiliares de Secretaria. O primeiro Concurso Vestibular aconteceu no período de 20 a 23 de setembro de 1980, tendo sido em 03 de outubro seguinte a aula inaugural e o posterior início do semestre letivo, nas instalações da Fundação Educacional de Toledo – FUNET, por meio de contrato particular de comodato. 42 A Faculdade de Ciências Humanas Arnaldo Busato - FACITOL - foi mantida pela Fundação Municipal de Ensino Superior de Toledo até 1986, tendo a partir daquela data percorrido uma longa trajetória até a criação da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste, como seu Campus de Toledo. A Instituição vivenciou etapas significativas nesta busca, como a reunião promovida pela AMOP – Associação dos Municípios do Oeste do Paraná, e pela ASSOESTE - Associação Educacional do Oeste do Paraná, no dia 19 de abril do ano de 1985, reunindo autoridades da região das mais diversas áreas, em que se tomou a decisão unânime de consolidar o ensino superior no Oeste, mediante a constituição de uma universidade regional. No dia 08 de maio de 1986 foi assinado o convênio entre o Governo do Estado e Municípios com suas respectivas Fundações, estabelecendo mecanismos mútuos para viabilizar a estadualização das Faculdades, mediante a doação dos patrimônios ao Estado, visando à criação, implantação e implementação da Unioeste. A autorização para a instituição da Fundação Federação de Instituições de Ensino Superior do Oeste do Paraná pelo Poder Executivo Estadual aconteceu o dia 15 de janeiro de 1987 e a implementação ocorreu no dia 27 de abril de 1987, por meio do decreto nº 399, cabendo destacar a instalação da Comissão de Implantação. Em seguida, o Poder Executivo Estadual obteve autorização para instituir a Fundação Universidade Estadual do Oeste do Paraná no dia 30 de dezembro de 1987, conforme a lei nº 8.680. O reconhecimento da Unioeste como universidade veio com a aprovação da Carta Consulta pelo Conselho Estadual de Educação. Em 05 de agosto de 1994, o CEE/PR deliberou sobre o projeto de criação e reconheceu por unanimidade a Unioeste pelo parecer nº 137/94, remetendo o processo ao MEC para homologação, que ocorreu em 23 de dezembro de 1994, por intermédio da Portaria nº 1.704-A. No dia 19 de agosto de 2012 a Unioeste comemorou 32 anos da autorização do funcionamento dos Cursos de Ciências Econômicas e Filosofia, marco histórico da evolução da Unioeste. 43 6.4 AMBIENTE ORGANIZACIONAL A Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste, reconhecida pela Portaria Ministerial nº 1.784-A, de 23 de dezembro de 1994, conforme Relatório Final de autoavaliação institucional (2011), é uma entidade autárquica estadual, sem fins lucrativos, com estrutura multicampi, dotada de personalidade jurídica de direito público, com sede da Reitoria e foro na cidade de Cascavel, Estado do Paraná. A Unioeste Campus de Toledo está inserida no Município de Toledo, situado na Região do Oeste Paranaense, próximo à cidade de Cascavel. Segundo o censo de 2010, a população é de 119.353 habitantes em uma área de 1.197 km2. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada – IPEA, a região Oeste ocupa uma área de 23.128 km2, que corresponde a 11,65% da área total do Paraná. A colonização de Toledo é muito recente, sua efetiva ocupação, deu-se nas décadas de 1940 e 1950, quando um grupo de pessoas vinculadas ao comércio atacadista gaúcho resolveram adquirir a Fazenda Britânia, fundando assim a empresa Industrial Madeireira Colonizadora Rio Paraná S/A. – MARIPÁ. Tinham como objetivo subdividir o latifúndio em pequenas propriedades de 10 alqueires paulistas, que equivalem aproximadamente a 25 hectares. Isso seria implementado com a rentabilidade originária da exploração da madeira existente. Diante da impossibilidade de residir em Toledo, Alfredo Paschoal Ruaro, o primeiro diretor gerente da colonizadora Maripá, incumbiu a tarefa ao seu irmão Zulmiro Ruaro, que veio a Toledo, liderando o primeiro caminhão com 14 trabalhadores até as margens do Arroio Toledo no dia 27 de março de 1946. No ano de 1947 começaram as vendas de terras da Fazenda Britânia. Um dos motivos era que a venda de madeira já não satisfazia às necessidades financeiras desse empreendimento. Grondin (2007, p. 201) assegura que “de acordo com as listas de compradores da Maripá, entre 1948 e 1949 foram vendidos 231 lotes, chácaras e colônias”. Em abril de 1951, todas as terras medidas e demarcadas estavam vendidas ou compromissadas. Para atingir seus objetivos de crescimento, a madeireira Maripá 44 precisava de núcleos populacionais de apoio. A partir daí, iniciou-se efetivamente a colonização de Toledo com a fundação de Vilas, como as de General Rondon, Novo Sarandi, Quatro Pontes, Dez de Maio e Nova Santa Rosa. Toledo pertencia à Comarca de Foz do Iguaçu, nunca chegou a ser vila ou distrito e passou a município em 14 de novembro de 1951, por meio da Lei nº 790/51. Em 14 de dezembro de 1952, Toledo foi levado oficialmente à condição de município. Nessa época a cidade de Toledo era composta por 1.720 habitantes, dos quais 850 eleitores. A posse do primeiro Prefeito, o médico Ernesto Dall’Oglio, ocorreu nesse dia. A cidade teve um crescimento acelerado, tendo como principal atividade a agrícola. Os pioneiros tinham como atividade complementar a suinocultura, que se desenvolveu, e na década de 1950 fundou-se o Frigorífico S/A, tendo, posteriormente, no ano de 1964, seu controle acionário adquirido pela Sadia, sendo responsável pela implantação de um sistema de integração na produção de aves e suínos, tornando-se a maior empresa instalada no município. A atuação da Sadia no município deu-se durante vários anos, porém no ano de 2008, com a crise financeira, a Sadia apresentou problemas financeiros de derivativos cambiais, tendo seus ativos comprados pela Perdigão e, a partir disso, houve a criação da Brasil Foods no ano de 2009, fato que ocasionou a transferência da área administrativa para a cidade de Curitiba. Até então, a atuação da Sadia no município se dava por intermédio da Frigobrás. Contudo, a empresa ainda gera cerca de 7 mil empregos na cidade e sua produção é voltada para o mercado interno e exportação. A cidade de Toledo, atualmente, conta com 9 distritos: Concórdia do Oeste, Dez de Maio, Dois Irmãos, Novo Sarandi, São Luiz do Oeste, São Miguel, Vila Ipiranga, Vila Nova e Novo Sobradinho. Possui quatro universidades: Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC), Universidade Paranaense (UNIPAR), Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e a Univerdade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste); conta 45 também com as faculdades Faculdade Sul Brasil (FASUL) e Universidade Norte do Paraná (UNOPAR) esta última atuando à distância. Inerente à questão social, as universidades instaladas no município de Toledo, constituem papel importante para a cidade, pois a partir do fluxo de estudantes os comércios próximos, como restaurantes, bares, livrarias, farmácias e até mesmo serviços de locação de imóveis são fortalecidos. Apoiando essa afirmação, Bovo, Silva e Guzzi (1996) consideram que essas condições estabelecem um conjunto de fatores que têm papel extremamente importante no que diz respeito à questão econômica local, pois exercerá um estimulo às atividades econômicas locais. Automaticamente, com esse estímulo, as áreas próximas às universidades e faculdades tornam-se locais atrativos para o estabelecimento de populações. 6.5 OPERACIONALIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO 6.5.1 Missão da universidade A Missão da Unioeste como instituição pública, multicampi, é produzir, sistematizar e socializar o conhecimento, contribuindo com o desenvolvimento humano, científico, tecnológico e regional, comprometendo-se com a justiça, a democracia, a cidadania e a responsabilidade social. 46 6.5.2 Visão da universidade A instituição tem por objetivo ser reconhecida como uma universidade pública, de referência na produção e socialização do conhecimento, comprometida com a formação de profissionais para atuar com base em princípios éticos para o exercício da cidadania. A Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste, foi autorizada pela Lei Estadual nº 8.680, de 30 de dezembro de 1987, foi instituída pelo Decreto n.º 2.352, de 27 de janeiro de 1988, transformada em autarquia pela Lei Estadual n.º 9.663, de 16 de julho de 1991, e reconhecida pela Portaria Ministerial n.º 1.784-A, de 23 de dezembro de 1994. É uma entidade estadual, sem fins lucrativos, possui uma estrutura multicampi e em seu Estatuto destacam-se princípios fundamentais, como: a unidade de patrimônio e de administração; a estrutura orgânica com base em áreas do conhecimento reunidas por campi, articuladas à administração superior; a unidade de atuação nas dimensões do ensino, da pesquisa e da extensão; a racionalidade de organização, com plena utilização dos recursos materiais e potencialidades humanas; a universalidade, a pluralidade e a interdisciplinaridade pelo cultivo das áreas do conhecimento humano; a liberdade de expressão, estudos, pesquisas e ensino; a garantia do ensino público e gratuito, nos termos da legislação vigente. A Unioeste tem por finalidade: promover, permanentemente, a inovação dos seus cursos e programas; produzir e socializar o conhecimento, atenta às características regionais; pôr ao alcance da sociedade a técnica, a cultura e os resultados de suas pesquisas, dentre outros. Por se tratar de uma instituição de caráter público, como a maioria das entidades do setor, possui caráter de Administração Burocrática, seguindo rigorosamente a legislação à qual se submete. Neste contexto, a Unioeste é regida pelo estatuto aprovado pela resolução 017/99-COU, que regulamenta as hierarquias, cargos, bem como suas respectivas competências; pela Lei nº 6174/70, que institui 47 os períodos de trabalho dos servidores civis do Paraná; e pela Lei nº 11.713/97, que define os planos de carreira dos servidores. Desde a Administração Superior, representada pelos conselhos COU – Conselho Universitário – e CEPE – Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão –, até a Administração Básica Setorial, representada pelo Colegiado de Curso e Coordenação de Curso, têm suas atividades especificadas no estatuto da instituição. O sistema de seleção da Unioeste para admissão dos servidores é por meio de concurso público ou de teste seletivo público. O quadro de pessoal da Instituição é composto por duas categorias funcionais: pessoal docente e agentes universitários. A Unioeste mantém também estagiários remunerados para suprir a deficiência no quadro de funcionários em seus Campi e Reitoria, oportunizando o aprendizado na área técnica para alunos do ensino superior e médio. Porém, o déficit de pessoal e a insuficiência de recursos seriam as duas maiores dificuldades enfrentadas para que a Universidade consiga cumprir de forma satisfatória sua Missão. 6.6 OPERACIONALIZAÇÃO DO ESTÁGIO Com base no objetivo principal do trabalho, que seria fornecer subsídios para a Criação de um Memorial Histórico da Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Campus de Toledo, com a construção de um arquivo de fotografias, tornouse necessária, primeiramente, a definição do critério que seria utilizado para a escolha das pessoas que seriam entrevistadas. Optou-se pelo levantamento de possibilidades em forma de listagem, iniciando-se pelos diretores que fizeram parte da universidade desde sua criação. O levantamento levou à constatação de que a maioria das pessoas residiam na cidade de Toledo. A partir de então, o próximo passo foi o contato que se deu por meio de ligações telefônicas. Algumas pessoas foram abordadas na própria Universidade, pois ainda atuam como professores. Utilizou-se o recurso de e-mail 48 para confirmar o horário definido para as entrevistas e o local. O ambiente escolhido para as entrevistas foi conforme a disponibilidade de cada entrevistado. O próximo passo foi a escolha das perguntas que fariam parte do questionário, as quais deveriam auxiliar o entrevistado e o entrevistador a ordenar os fatos de forma que permitissem a lembrança sem alterar uma sequencia lógica dos fatos. O questionário foi composto por 11 perguntas abertas (APÊNDICE 01). Inicialmente, as entrevistas seriam realizadas seguindo esse levantamento inicial, porém, com a realização das primeiras entrevistas, percebeu-se que os nomes de duas pessoas específicas constavam com frequência. Dessa forma, decidiu-se que seriam incluídas no roteiro de entrevistas. Com o desenvolvimento das entrevistas pode-se perceber que os entrevistados de uma forma geral se lembram dos fatos que ocorreram em períodos distintos, conforme suas participações na administração da Universidade. O resultado das entrevistas estão armazenados em arquivo no formato MP36, correspondendo a aproximadamente oito horas de gravações. Conforme as perguntas eram feitas ficava a critério do entrevistado a formulação da resposta. As lembranças dos entrevistados, no decorrer das entrevistas, geraram documentos extensos e normalmente sem pausas. As entrevistas foram iniciadas perguntando-se qual a instituição que deu origem à Unioeste e como era criada. A partir disso, as respostas eram diversas. Alguns fragmentos dessas entrevistas serão utilizados para descrever partes da história da Unioeste. Alguns desses fragmentos permitem a observação de que nem todos os fatos se encontram nos registros oficiais produzidos até o momento, conforme trechos de algumas entrevistas: Professor Luiz Alberto Cypriano: “Bom, a Unioeste no campus de Toledo, ela começou com a FACITOL, uma faculdade municipal com recursos municipais. Ela começou numa reunião, 6 MP3 - MPEG Layer 3. Padrão de compactação de áudio que permite que as músicas fiquem com 1/10 do tamanho original sem uma degradação muito grande da qualidade. 49 com a necessidade de, principalmente, pela igreja a pela diocese de Toledo e o curso de filosofia em Toledo para atender principalmente os seminários. Então com a implantação desse primeiro curso, o dom Geraldo Majella era o bispo aqui de Toledo na época, e ele foi o responsável pela criação da FACITOL, que no futuro virou a Unioeste [...]. Estela Maris Bohnem: [...] professor Flávio [...] porque como eu já disse a você ele foi extremamente atuante nisso, ele foi trazido de fora, era professor, diretor de uma escola estadual no Paraná e ele foi convidado pela prefeitura de Toledo, na ocasião, para vir pra cá e arregaçar as mangas e tratar de criar a instituição de ensino superior, e ele vivenciou aquela fase inicial de fundação municipal e depois estadual e depois universidade, e então, ele passou por todos os níveis de cargos [...]. Ele começou como secretario geral, mas na verdade ele puxava tudo. Porque o diretor era o Dom Geraldo que tinha uma serie de outras atribuições [...] e não tinha o tempo disponível para ficar no dia a dia cuidando da rotina da instituição. Então na verdade, ele deu o nome dele e instituiu linhas básicas, participava das reuniões, dos conselhos, tudo, mas o dia a dia, a labuta, os encaminhamentos, quem fazia todos esses momentos era o Flávio Scherer. Flávio Vendelino Scherer: [...] eu peguei na fase da FACITOL, [...] mas ela começou em 80. No começo do processo no oeste do Paraná as prefeituras municipais das principais cidades organizaram fundações municipais de ensino superior. A mais antiga foi Cascavel e depois seguiu Foz do Iguaçu, de Foz do Iguaçu seguiu Toledo e Marechal Rondon, que foi na mesma época que elas se organizaram em 1980. Então em agosto de 80 começou em Toledo o primeiro curso de ensino superior regido pelo conselho municipal de ensino superior que depois se transformou em FACITOL – Faculdade de Ciências Humanas Arnaldo Busato. Começamos como FUMEST – Fundação Municipal do Ensino Superior de Toledo, depois converteu em FACITOL numa convenção interna. Bem, esta origem da fundação universitária possibilitou que o oeste do Paraná tivesse curso de ensino superior [...]. Tais afirmações condizem com o histórico da organização, apresentada em capítulo anterior, embasado em informações obtidas no Relatório final da autoavaliação institucional e outros livros que citam a criação da Unioeste. A partir de um dos objetivos deste trabalho, no momento das entrevistas, da investigação de fotografias que estivessem relacionadas com a fundação da 50 Unioeste Campus Toledo, iniciou-se a busca para identificação dessas fotografias. O resultado dessa busca correspondeu a aproximadamente 400 fotografias que registram diversos momentos da universidade. As fotografias, muitas em preto e branco, foram digitalizadas possibilitando a guarda e diminuindo o risco de deterioração. Para essa situação, o sistema de digitalização de documentos, apresentado neste trabalho como uma forma de conservação de documentos, mostrou-se eficaz no que tange à guarda dessas fotografias. Algumas fotografias serão incluídas nos fragmentos das entrevistas, possibilitando uma melhor visualização dos fatos narrados pelos entrevistados. Outras podem ser visualizadas no final deste trabalho (ANEXOS). Figura 1 - Vista Frontal da FACITOL. Fonte: Arquivo da Unioeste/Campus de Toledo. 51 Apesar de todos os fatos não constarem na história impressa, as entrevistas permitiram algumas lembranças acerca do início do ensino superir em Toledo. Como relato da Estela Maris Bohnem: [...] a instituição funcionou nos primeiros um ano, um ano e meio na sede da FUNET - Fundação Educacional de Toledo, e é uma sede antiga, que era um antigo seminário e que hoje já nenhum prédio desses mais existe. Foi tudo demolido e tem construções novas [...]. E na época então essa instituição cedeu espaço para o ensino superior e lá tínhamos uma secretaria e uma sala de professores e duas salas de aula, sendo uma pra filosofia e outra pra ciências econômicas. Tal fato remete à dificuldade apresentada no início da instituição; percebe-se que a necessidade de espaço apropriado para o funcionamento da faculdade era um dos problemas enfrentados pelas pessoas que se propuseram encabeçar tal projeto. Porém, a necessidade de uma instituição de ensino superior era maior e, como afirma o entrevistado Flávio Scherer, superava as dificuldades enfrentadas: Começamos como FUMEST – Fundação Municipal do Ensino Superior de Toledo, depois converteu em FACITOL numa convenção interna. Bem, esta origem da fundação universitária possibilitou que o oeste do Paraná tivesse curso de ensino superior[...]. [...] na época era pugente e que sentia necessidade de uma formação mais aprimorada de profissionais que atuassem no empresariado local, tanto no comércio quanto na indústria [...]. Flávio Vendelino Scherer considera que algumas forças foram primordiais para que o ensino superior pudesse criar raízes em Toledo. A ACIT – Associação Comercial e Industrial de Toledo, que sentia necessidade de profissionais com formação superior para atuar no empresariado local, a igreja católica e o município. Tal afirmação também é encontrada na entrevista de Luiz Alberto Cypriano: [...] O município, ele desde o início, apoiou a faculdade. Ela surgiu dessa necessidade inicial da igreja, lá com o curso de filosofia, mas também a prefeitura municipal tinha na época como uma das prioridades do governo a instalação dessa universidade. [...]. 52 O primeiro vestibular aconteceu em meio às dificuldades próprias da precariedade das instalações: [...] participei das primeiras impressões das provas do vestibular, era mimeógrafo ainda [...] na ocasião, assim, chovia muito, muito, muito e o prédio era antigo e tinha goteiras sabe? E a gente puxava as provas pra cá, pra lá. Foi essa luta. E o primeiro concurso vestibular foi realizado nas dependências do PREMEM – Colégio Presidente Castelo Branco [...] (ESTELA MARIS BOHNEM). A FACITOL necessitava de um espaço próprio. Isso ocorreu após um ano de utilização do espaço fornecido pela FUNET. O terreno foi doado pela prefeitura e as dificuldades continuavam, conforme relatado pelo Deputado Estadual Duílio Genari: [...] Naquela época tudo era difícil. O prazo nós cumprimos, começamos ao longo dessa obra iniciando pela parte sanitária e construímos em 39 dias, mas sempre trabalhando dia e noite porque tinha prazo para ficar pronta [...]. Mesmo com um espaço próprio, a faculdade municipal ainda passava por dificuldades financeiras. A mensalidade paga pelos alunos não eram suficientes para manutenção de serviços básicos e a comunidade, as empresas auxiliavam nesse processo. [...] E pra levantar recursos, um fato pitoresco, não sei se isso vai aparecer em algum lugar aí, pra levantar recursos junto à comunidade, pra criar a instituição, para auxiliar, vê se iria conseguir fazer hoje [...], abriram o livro de ouro, daí o meu pai que tinha o livro de ouro em mãos, era um caderno, onde a pessoa que quisesse constava seu nome e colaborava com valor tal, para fins da criação da instituição. Auxilio na construção da sede e tudo, nossa e na ocasião, as empresas, as pessoas sentiam maior orgulho em colaborar e ter esse nome registrado.[...] (ESTELA MARIS BOHNEM). Flávio Vendelino Scherer cita o momento em que iniciou o processo de estadualização da FACITOL, que envolvia as cidades de Cascavel, Foz do Iguaçu, Toledo e Marechal Candido Rondon: 53 [...] a fundação era municipal, administrada pelo poder público municipal, que criou, bancou a implantação, a manutenção da faculdade se dava por contribuições por mensalidades dos alunos [...] então em 87 houve mudança [...] os municípios se reuniram para criar uma universidade federal do oeste do Paraná, e este projeto foi levado ao ministro da educação, [...] de caravana de ônibus destas quatro cidades foram a Brasília para apresentar este projeto, e primeiro foram ao governo do estado para receber um apoio estadual do governo, que era Richa, o Jose Richa, e ele se comprometeu que se o governo federal não criasse ele assumiria esta instituição. Bem, o governo não criou a universidade estadual, como é obvio, não foi criada, deu um certo recurso aos municípios, os quais puderam ampliar algumas coisas nas estruturas físicas, e o governo do estado na sequência criou a Unioeste, que depois se transformou em FUNIOESTE [...] A apresentação do projeto em Brasília foi registrado em fotografia. Figura 2 – Comissão Pró-Universidade com o Ministro Marco Maciel. Fonte: Arquivo da Unioeste/Campus de Toledo. 54 O professor Moacir Piffer relembra o fato da luta pela estadualização da universidade: E quando foi em 1987, ela foi dando outro tipo de caráter, uma luta em que agente foi comprar briga junto com os estudantes e empresários. Porque o capital social foi ficando muito forte na universidade, universidade do Oeste e até pensando em uma Federalização em 1986 já em 1987. Aí nos fizemos um grupo imenso de pessoas e fomos a Brasília. O movimento de estadualização da FACITOL foi amplamente apoiado pela comunidade, informação esta contida nas entrevistas de Luiz Alberto Cypriano e Estela Maris Bohnem e registrado em fotografia: [...] uma forte participação da comunidade, toda a comunidade de Toledo se envolveu no processo de criação em função da necessidade de se ter um curso superior no oeste do Paraná, uma universidade pública, então houve uma grande mobilização da sociedade. Nessa época, no final da década de 80 início da década de 90, o que acontecia, grande parte dos jovens que entravam, que precisavam entrar no ensino superior iam para os grandes centros, Maringá, principalmente Curitiba, Londrina e até mesmo universidades do Rio Grande do Sul. Então, isso gerou uma motivação muito grande da sociedade se organizar, a fim de se ter uma instituição pública, de qualidade, instalada aqui em Toledo, no oeste do Paraná [...] Figura 3 – Passeata em prol da FACITOL Fonte: Arquivo da Unioeste/Campus de Toledo. 55 O entrevistado Celso Almiro Hoffmann ressalta em sua fala que o poder público foi muito importante nesse empreendimento do ensino superior em Toledo: O poder público municipal nesse empreendimento, se deu em dois momentos [...], na construção e no apoio político [...]. Ele também fala sobre as dificuldades que foram enfrentadas no percurso que transformou a FACITOL em Unioeste: No meu modo de ver [...] a grande dificuldade que havia e que hoje nós acabamos de comentar um pouco isso, essa ciumera, cada faculdade tinha medo de perder sua hegemonia, porque as faculdades eram isoladas, [...] isso foi uma entrave que segurou muito a criação da universidade. Alguns apontamentos feitos durante as entrevistas são importantes ressaltar. Flávio Vendelino Scherer considera que o poder público e a universidade têm passado por mudanças consideráveis e benéficas no que diz respeito ao ensino superior: O poder público municipal está compreendendo que a universidade pública é autônoma, que o diretor aqui não manda sobre o que os alunos aqui pensam, que eles apenas administram o campus, que esta liberdade é fundamental que seja preservada, que tem todas as mentalidades possíveis, e que isto é importante, que esta mentalidade é importante, o poder público municipal também compreendeu que tem um compromisso histórico com esta criação, e tem investido, tem gastado algum dinheiro aqui sim nos últimos anos, então me parece que esta desconfiança tem sido superada e estamos entrando em uma outra fase, outra etapa com a relação mais coerente com as nossas origens históricas. Outra passagem importante foi a preocupação com o fato da história da Unioeste poder se perder no tempo sem ser devidamente registrada. Observação feita por José Dílson Silva de Oliveira, que considera que esse processo poderia ficar “no silêncio”: A questão da FACITOL é muito importante, a FUNIOESTE depois, são etapas são fundamentais no processo de criação da Universidade, e essa 56 vinculação com os outros campi [...] acho que a maior parte das pessoas não sabem como isso aconteceu, por isso a gente tem essa preocupação de nesse trabalho resgatar esse processo todo [...] porque isso vai ficando no silêncio [...]. (JOSÉ DÍLSON SILVA DE OLIVEIRA.) Com o agrupamento de fragmentos das entrevistas pode-se perceber que a memória é única, e com a limitação que é própria dos seres humanos, muitos fatos importantes podem ser perdidos. As entrevistas revelaram também que mesmo com o passar de tanto tempo, em muitos entrevistados a lembrança, inclusive de datas, locais, detalhes, é muito viva, possibilitando o registro de fatos importantes e até mesmo pitorescos. 57 7 SUGESTÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho teve como objetivo principal a identificação e coleta de informações da memória viva sobre a história da Unioeste. Objetivo esse obtido, salvo algumas pessoas que não foi possível contar devido a estarem em outras cidades, ou mesmo por não terem agenda compatível com o tempo disponível para contato. Observou-se que as pessoas entrevistadas possuíam detalhes da história que possivelmente seriam perdidas com o tempo e tais lembranças não haviam sido inclusas nos registros feitos até então. A colaboração principal deste trabalho foi iniciar e estimular a conservação da memória da instituição. Em vista disso, sugere-se a criação de um espaço, com um gerenciamento adequado para conservação, onde as fotografias obtidas no decorrer do trabalho possam ser expostas, permitindo visitas, e com isso, a atual e futura geração visualizem o início da universidade que hoje comporta inúmeros estudantes. Nesse sentido, sugere-se também prever condições materiais, por meio de aquisição de instrumental adequado para a conservação de fotografias; e condições financeiras para dar continuidade ao trabalho, por projetos como o PIBIC – Programa Institucional de Bolsa de Iniciação Científica - por exemplo. O resultado obtido por intermédio das fotografias e gravações será encaminhado à Direção Geral para viabilizar a continuidade do trabalho. Acredita-se, portanto, que o trabalho cumpriu seus objetivos. Conclui-se com Bosi (1979) que por causa da memória, com as lembranças que temos do passado, pode-se explicar a forma como vemos e entendemos o presente. E, com a afirmação de Barthes (1984), em que as fotografias reproduzem mecanicamente o que não ocorrerá mais existencialmente, pode-se perceber que este trabalho permitirá a reprodução da história da criação da Unioeste. 58 REFERÊNCIAS BARTHES, Roland. A câmara clara: nota sobre a fotografia/tradução de Julio Castañon Guimarães. Rio de janeiro: Ed. Nova fronteira, 1984. BELLOTTO, Heloisa Liberalli. Arquivos permanentes: tratamento documental. 4. ed. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2006. BELTRÃO, Mariúsa; PASSOS, Elisabeth de Ibarra. Prática de secretariado: recepção, telefonia, correspondência, arquivística, reprografia. São Paulo: Ed. Atlas, 1998. BITTENCOURT, Luciana Aguiar. Algumas Considerações sobre o Uso da Imagem Fotográfica na pesquisa Antropológica. In: FELDMAN-BIANCO, B. e LEITE, Míriam L. Moreira (orgs.). Desafios da imagem: fotografia, iconografia e vídeo nas ciências sociais. Campinas: Papirus, 2001. BOSI, Ecléa. Memória e Sociedade: lembrança de velhos. São Paulo: T. A. 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Pesquisa qualitativa em estudos organizacionais: paradigmas, estratégias e métodos. São Paulo: Saraiva, 2006. SONTAG, Susan. Ensaios sobre fotografia. Rio de Janeiro: Arbos, 1981. 61 SCHELLENBERG, Theodore Roosevelt. 1903-1970. Arquivos Modernos: princípios e técnicas. Tradução de Nilza Teixeira Soares. 6. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006. UNIOESTE. ANEXO DA RESOLUÇÃO Nº 094/2011- COU. ______. RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL DA UNIOESTE, 2011. VERGARA, Sylvia C. Métodos de pesquisa em administração. São Paulo: Atlas, 2005. 62 APÊNDICE 63 ROTEIRO DA ENTREVISTA 1) Qual a instituição que deu origem à criação da Unioeste? Como era organizada? 2) Quando teve início o processo de criação da Unioeste? Quais foram as personalidades envolvidas em sua criação? 3) Houve manifestação popular apoiando a criação de uma Instituição de Ensino Superior em Toledo? Como isso ocorreu? 4) Qual foi a participação do poder público municipal nesse empreendimento? 5) Quem foi o primeiro diretor da Instituição em Toledo? Como foi escolhido? 6) Qual foi a participação do senhor nesse processo de criação da Unioeste? 7) Quais as dificuldades enfrentadas nesse percurso? 8) Tem alguma passagem que o senhor considere como fundamental para desencadear esse processo? 9) Qual a participação dos outros municípios na unificação de suas entidades de ensino superior para formação da Unioeste? 10) Quais as pessoas que participaram ativamente da criação da Instituição? 11) Qual a sua visão sobre a Unioeste, tanto para Toledo, como para a região? 64 ANEXOS 65 ANEXO 01 – Organograma do Campus de Toledo 66 ANEXO 02 – Exemplos de fotografias que registram alguns momentos da Universidade A esquerda Dom Geraldo Majella Fonte: Arquivo da Unioeste Campus de Toledo. Construção do Administrativo Fonte: Arquivo da Unioeste Campus de Toledo. 67 Primeiros blocos de sala Fonte: Arquivo da Unioeste Campus de Toledo. Blocos de Salas de aula Fonte: Arquivo da Unioeste Campus de Toledo. 68 Bloco do administrativo Fonte: Arquivo da Unioeste Campus de Toledo. Construção do prédio da biblioteca Fonte: Arquivo da Unioeste Campus de Toledo. 69 Vista Frontal da FACITOL Fonte: Arquivo da Unioeste Campus de Toledo. Vista aérea da Unioeste Fonte: Arquivo da Unioeste Campus de Toledo. 70 Prédio da biblioteca dias atuais Fonte: Arquivo da Unioeste Campus de Toledo. Vista aérea da universidade Fonte: Arquivo da Unioeste Campus de Toledo.