36VIDA
A GAZETA
QUARTA-FEIRA, 28 DE OUTUBRO DE 2015
SAÚDE
Proteína da banana combate
vírus da Aids, hepatite C e gripe
Estudos alimentam
esperança para criação
de medicamento para
combater infecções virais
Os benefícios do consumo de bananas são bastante conhecidos, mas novos estudos apontam que
uma proteína encontrada
na fruta, batizada como
lectina da banana (BanLec), pode ajudar na criação de medicamentos usados no combate contra infecções virais. A substância é capaz de ler “códigos
de açúcar” em células e vírus. Esses códigos são usados na comunicação das
células do corpo para se
comunicarem, mas que
são sequestrados por vírus
e outros invasores.
Há cinco anos, estudos
demonstraram que a BanLec era capaz de impedir
que o HIV invadisse as células do corpo, mas também causava efeitos colaterais tão graves que limitava o seu uso medicinal.
Umnovoexperimento,publicado nesta quinta-feira
na revista científica “Cell”,
demonstra a criação de
uma nova forma da BanLec, que ainda combate vírus em cobaias, mas não
provoca irritações e inflamações indesejadas.
“O que nós fizemos é excitante porque existe o potencialdaBanLecparaodesenvolvimento em um
agente antiviral de amplo
espectro, algo que não está
disponível clinicamente para médicos e pacientes
—
DIVULGAÇÃO
“Melhores
tratamentos
contra a gripe
são urgentes.
O remédio
Tamiflu é
apenas
modestamente
efetivo”
DAVID MARKOVITZ
PESQUISADOR
EXPERIÊNCIA
26
pesquisadores
É o número de
cientistas, de cinco
países, que se juntaram
nos esforços para o
entendimento e a
reconstrução da BanLec.
atualmente”, disse David
Markovitz, professor na EscoladeMedicinadaUniversidade do Michigan e coautor do estudo. “Mas também é excitante ter criado
pela engenharia uma moléculadelectinapelaprimeira
vez, pelo entendimento da
sua estrutura.”
RECONSTRUÇÃO
Pelo estudo da estrutura
da BanLec, os pesquisadores conseguiram identificar
a parte da molécula responsável pelos efeitos de-
Presente na banana, substância é capaz de ler “códigos de açúcar” em células e vírus
sejados e indesejados. Então,elesconstruíramemlaboratório uma nova versão
da BanLec, chamada H84T,
mudando ligeiramente a
sua genética. Como resultado, uma nova forma da
BanLec que combate vírus
causadores da Aids, hepatite C e influenza em amostrasdesangueetecido,sem
causarinflamação.Oscientistas também demonstraram que a H84T BanLec
protegeu um rato contra o
vírus da gripe.
Os esforços para o entendimento e reconstrução da BanLec contaram
com a participação de 26
pesquisadores de cinco
países, com financiamen-
to de fundações e do governo americano e de países europeus. Com técnicas modernas de raio-x,
eles analisaram a localização exata de cada átomo
naproteína,queajudaram
na compreensão de como
a BanLec se conecta tanto
aos vírus como às moléculas de açúcar na parte ex-
terna das células.
IMUNOLÓGICO
Esse entendimento permitiuaalteraçãonogenede
forma a manter essa característica, de manter os vírus
fora das células, mas sem
disparar respostas do sistema imunológico. A nova
versão da BanLec tem uma
estrutura a menos em sua
superfície para açúcares,
chamada como “chave grega”. Isso torna impossível
que açúcares dos linfócitos
T se prendam à proteína,
mas ainda permite que a
BanLec se agarre aos açúcares na superfície dos vírus.
Apesar dos resultados
promissores em laboratório, testes em humanos
ainda exigem alguns anos
de pesquisas. Mas os cientistas estão confiantes no
desenvolvimento de drogas que funcionem contra
vários tipos de vírus e contra vírus que se modificam
rapidamente, como o influenza.
“Melhores tratamentos
contra a gripe são urgentes”, disse Markovitz. “O
Tamiflu é apenas modestamente efetivo, especialmente em pacientes em estado crítico, e o influenza
pode desenvolver resistência contra ele. Nós esperamos que a BanLec possa se
tornar útil em situações como respostas contra emergências pandêmicas, onde
a causa precisa de uma infecção é desconhecida,
mas a causa viral seja suspeita”. (O Globo)
PESQUISA
Sem açúcar, saúde pode melhorar em 9 dias
Estudo alerta que
malefícios do alimento
no organismo ainda
são subestimados
Pesquisadores afirmam,
a partir de um novo estudo, que a redução no consumo de açúcar pode melhorar a saúde das pessoas
em nove dias. A constatação veio de um monitoramento com crianças obesas, que apresentaram reduçãodapressão arterial e
do colesterol em menos de
DIVULGAÇÃO
duas semanas após alterações em suas dietas.
Segundo os pesquisadores, os impactos do açúcar
no organismo ainda são
muito subestimados pelas
pessoas. Eles afirmam que o
açúcar se mostrou metabolicamente prejudicial no estudo não apenas por causa
de suas calorias, mas por
causar alterações particulares no organismo.
No estudo, realizado no
hospital infantil da Universidade da Califórnia,
em São Francisco, foram
monitoradas 43 crianças e
jovens que tinham buscado atendimento no hospital por causa de seu peso e
problemas de saúde relacionados a essa condição.
Ao longo de nove dias,
eles receberam alimentos
preparados pela clínica e
foram pesados diariamente. A adição de açúcar em
suas dietas foi reduzida de
28% para 10% e a frutose umtipodeaçúcarconsiderado particularmente pro-
blemático - de 12% para
4% do total de calorias.
Alimentos açucarados foram substituídos por alimentos ricos em amido.
Ao fim deste período, dizem os pesquisadores, a
maioria dos aspectos da
saúde metabólica dos pacientes melhorou. Eles presentaram pressão arterial
maisadequada,o“mau”colesterol e os triglicéridescaíram, enquanto os níveis de
insulina foram reduzidos
em um terço. (O Globo)
Estudo reduziu açúcar na dieta de crianças obesas
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