A Gotinha de Orvalho
Tema: Bondade
A gotinha de orvalho era linda e brilhava
como se fosse uma estrela do céu.
E a flor branquinha, chamada Açucena,
perfumara-se para recebê-la e a guardava
com cuidado para que não fugisse.
“Quando a primavera chegar”-pensava a
Açucena, “quando todas as flores se
abrirem, vou enfeitar-me com esta linda
gotinha de orvalho, e o próprio sol virá
admirá-la.
Ela brilhará como um grande diamante!”
Todos os insetos da floresta vieram espiar a
pequenina gota de orvalho.
-Tão Bonita!... – diziam uns.
-Maravilhosa!... – afirmavam outros.
Até um velho sapo que não falava com
ninguém e vivia a coaxar à beira da lagoa,
chegou alvoroçado, perguntando:
-Onde está a linda gotinha de orvalho?
Onde está?
Açucena já se dispunha a esconder a
gotinha de orvalho para que ninguém mais
a aborrecesse, quando ouviu um grande
falatório.
Espiou, curiosa, e viu uma porção de
bichinhos tentando reanimar uma formiga.
- Que foi? Que foi?...
- A Formiguinha desmaiou! – explicou o
Grilo.
Açucena inclinou-se para enxergar
melhor.
-A coitada é capaz de morrer... – afirmou
- o Gafanhoto.
-Por que vocês não fazem alguma coisa? –
perguntou.
-Já chamamos o Doutor Cascudo – disse a
Joaninha. – Ele deve chegar a qualquer instante.
- Que falta Dona Formiga deve estar fazendo!... Os
filhos a esperam todos os dias!... – exclamou o
Vaga-lume, olhando a formiguinha que continuava
estendida no chão, sem dar sinal de vida.
- É mesmo!... – suspirou uma borboleta que por
ali passava. – Vou dar uma espiada neles...
Foi nesse instante que chegou o Doutor
Cascudo.
- Hum!... – disse ele, quando examinou a
formiga. – Não está nada bem...
Depois ordenou:
- Depressa... Arranjem um pouco d’água!...
Todos se olharam. Onde arranjar água?... Há três dias
não chovia...
- Depressa! – repetiu Doutor Cascudo. – Sem água, ela
não se salvará.
Açucena estremeceu... lembrando a gota
de orvalho e procurou esconder-se na
folhagem.
Não, não poderia ficar sem aquela gotinha
que brilhava como diamante e que iria
enfeitá-la, quando surgisse a primavera.
Mas, pensou em seguida:
“Coitada!... Se ela morrer, seus filhinhos ficarão
sem mãe!...”
Açucena não se escondeu mais. Acariciou, pela
última vez, a gota de orvalho e, inclinando-se,
deixou-a deslizar nas pétalas perfumadas, para
depois cair sobre a formiga que continuava
desacordada.
Então – que maravilha! – viu a formiguinha
reanimar-se e voltar o mais depressa
possível para os filhinhos distantes.
E foi assim que a flor branquinha chamada
Açucena ficou sem a linda gotinha de orvalho
que brilhava como se fosse uma estrela do céu.
Mas o importante foi que ela nunca se
arrependeu do que havia feito.
Texto extraído do livro: Conte Mais, Histórias Educativas
Arte e Formatação: Crislaine Brum Goulart
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