MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA CURSO DE MESTRADO EM CIÊNCIA DOS MATERIAIS LUCIANA MARIA DOS SANTOS AZEVEDO SÍNTESE DO NIOBATO DE SÓDIO A PARTIR DO ÓXIDO DE NIÓBIO E DO NIÓBIO METÁLICO Rio de Janeiro 2010 INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA LUCIANA MARIA DOS SANTOS AZEVEDO SÍNTESE DO NIOBATO DE SÓDIO A PARTIR DO ÓXIDO DE NIÓBIO E NIÓBIO METÁLICO Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Mestrado em Ciência dos Materiais do Instituto Militar de Engenharia, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Ciências em Ciência dos Materiais. Orientador: Prof. Luis Henrique Leme Louro - Ph.D. Co-orientador: Prof. Marcelo Henrique Prado da Silva D. Sc. Rio de Janeiro 2010 2010 INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA Praça General Tibúrcio, 80 – Praia Vermelha Rio de Janeiro - RJ CEP: 22290-270 Este exemplar é de propriedade do Instituto Militar de Engenharia, que poderá incluí-lo em base de dados, armazenar em computador, microfilmar ou adotar qualquer forma de arquivamento. É permitida a menção, reprodução parcial ou integral e a transmissão entre bibliotecas deste trabalho, sem modificação de seu texto, em qualquer meio que esteja ou venha a ser fixado, para pesquisa acadêmica, comentários e citações, desde que sem finalidade comercial e que seja feita a referência bibliográfica completa. Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do(s) autor(es) e do(s) orientador(es). A994 Azevedo, Luciana Maria dos Santos Síntese do niobato de sódio a partir do óxido de nióbio e do nióbio metálico/ Luciana Maria dos Santos Azevedo - Rio de Janeiro: Instituto Militar de Engenharia, 2010 95 p.: il, Dissertação (mestrado) – Instituto Militar de Engenharia – Rio de Janeiro, 2010 1. Niobato. 2. Nióbio 3. Óxido de Nióbio. I Título II Instituto Militar de Engenharia. CDD 669.79 2 INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA LUCIANA MARIA DOS SANTOS AZEVEDO SÍNTESE DO NIOBATO DE SÓDIO A PARTIR DO ÓXIDO DO NIÓBIO E NIÓBIO METÁLICO Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Mestrado em Ciência dos Materiais do Instituto Militar de Engenharia, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Ciências em Ciência dos Materiais. Orientador: Prof. Luis Henrique Leme Louro - Ph.D. Co-orientador: Prof. Marcelo Henrique Prado da Silva - D.Sc. Aprovada em 12 de agosto de 2010 pela seguinte Banca Examinadora: _______________________________________________________ Prof. Luis Henrique Leme Louro – D. C. do IME – Presidente ________________________________________________________ Prof. Marcelo Henrique Prado da Silva – D. C. do IME ___________________________________________________________ Maj. Eduardo de Sousa Lima – D. C. do IME ___________________________________________________________ Prof. José Brant de Campos – D. C. do CBPF/UERJ ___________________________________________________________ Dr. Luciano de Andrade Gobbo – Panalytical Rio de Janeiro 2010 3 Aos meus pais, Jorge e Janete, e à minha irmã, Cíntia. Obrigada por tudo. Amo vocês! 4 AGRADECIMENTOS Primeiramente, agradeço a Deus, por tudo e por cada detalhe, pelos momentos de alegria e de dificuldade, por me dar a vida, a força e a coragem necessária para prosseguir decididamente. Aos meus pais, Jorge e Janete, por todo amor, carinho e dedicação. Por me apoiarem em todas as decisões, por me ensinarem a ser uma pessoa melhor, por serem os melhores pais do mundo. À minha irmã, Cíntia, por suportar a distância, os horários loucos de estudo, os momentos de nervosismo e por ser um exemplo para mim. À minha tia Maria da Glória e todos os familiares, por todo apoio, pelas palavras de incentivo. Aos meus orientadores prof. Luis Henrique Louro e prof. Marcelo Prado, pelo apoio e pelos ensinamentos. Em especial agradeço ao prof. Marcelo Prado pela sugestão do tema desta dissertação. Aos professores do programa de pós-graduação em Ciência dos Materiais do IME, pela dedicação e por toda formação. Agradeço ao técnico do Laboratório de Cerâmica, Engenheiro Carlos Roberto, pelo apoio na parte experimental e por ter me ensinado as práticas de laboratório; ao técnico do Laboratório de Microscopia Eletrônica Joel Santos, pela ajuda na operação em no MEV e pela amizade; ao Sgt. Lemos pelo ensino do uso do difratômetro do IME; e ainda, à técnica do Laboratório de Catálise, Alessandra e ao prof. Luiz Eduardo Pizarro Borges do Departamento de Química pelas análises em infravermelho e por disponibilizar o laboratório e equipamentos. Ao professor José Brant pela ajuda valiosa nas análises dos difratogramas. Ao professor Sinésio de Almeida Marques da UFF de Volta Redonda, por me colocar em contado com a pesquisadora Marisa Nascimento do CETEM, a quem também agradeço por viabilizar o uso do laboratório de lixiviação. Ao químico Jorge Moura, do CETEM, pela ajuda e disponibilidade na realização de parte dos experimentos. Ao pesquisador Otávio Gomes e engenheira química Antonieta Middea do Laboratório de Caracterização Tecnológica do CETEM pelas análises em DRX. À professora Cida, do IPqM, pelas valiosas dicas e orientações e ao pesquisador Arnaldo do IPqM pelas análises termogravimétricas. 5 À profa. Silvania Lanfredi, da UNESP, pela gentileza em enviar a sua dissertação de mestrado; Ao doutorando Amauri de Paula da Unicamp e a química Sílvia, pela ajuda no processo de lavagem do material; Do CBPF agradeço: ao professor Alexandre Mello, pelo uso do forno para os tratamentos térmicos; aos mestrandos Marcos, pela valiosa ajuda no uso do forno e da bomba de vácuo e Naiara, pela ajuda; à pesquisadora Valéria Conde e ao engenheiro Victor Ferraz do laboratório de difração de Raios-X pelas caracterizações das amostras. E em especial, agradeço a Valeria por me ensinar a preparar amostras e ajustar os parâmetros do difratômetro do IME. Agradeço ainda aos bibliotecários pelo auxílio na busca por artigos. Aos colegas de laboratório e de mestrado que se revelaram verdadeiros companheiros principalmente na reta final deste trabalho: Rodrigo Félix pela amizade, pelas dicas, pelo tubo de quartzo e pelos contatos que ajudaram muito no desenvolvimento desse trabalho; Lucia Helena, pelas várias dicas nas diversas etapas dessa dissertação; Adriana, pela amizade, pelas aulas de Inglês e por ajudar na revisão dos textos; Cláudia, por todo apoio e orientação que me ajudaram na realização deste trabalho; Liliane e Gisele pela amizade desde os tempos de graduação; Tatiana Borges, pela amizade, incentivo e apoio; Cilene, por me acolher em sua casa nas noites de estudo, e Ana Paula pelos momentos de partilha, e a ambas pela amizade, pelos momentos de estudo, incentivo, apoio; aos demais colegas: Felipe, Fernanda, Luis Eduardo, Ricardo, Rubens, Tatiana Skaf, pelo apoio e incentivo e pelos momentos de descontração. Ao amigo Artur, companheiro de batalha na graduação, no mestrado e, se Deus quiser, no doutorado, pela amizade desinteressada. Obrigada por tudo. Às amigas Flávia, Simone, Edwiges, Thais e Erika, por serem amigas e irmãs, por me apoiarem nos momentos de dificuldade, em especial, agradeço a Flávia e a Simone por me acolherem quando saía de madrugada do IME. Aos amigos Jefferson Luís e Carlos Alberto, por me auxiliarem remotamente pela internet em questão de química. Aos amigos das comunidades Shalom e Canção Nova, pelo suporte nessa caminhada. 6 Aos membros da banca pela colaboração, com correções e sugestões para o trabalho. À CBMM, por disponibilizar o óxido de nióbio e pelo nióbio metálico. À Capes, pela bolsa de estudo que financiou o desenvolvimento desta dissertação. Ao Instituto Militar de Engenharia, por proporcionar e apoiar a realização desta pesquisa. 7 “A fé e a razão (fides et ratio) constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade. Foi Deus quem colocou no coração do homem o desejo de conhecer a verdade e, em última análise, de O conhecer a Ele, para que, conhecendo-O e amando-O, possa chegar também à verdade plena sobre si próprio”. JOÃO PAULO II 8 SUMÁRIO LISTA DE ILUSTRAÇÕES..........................................................................................12 LISTA DE TABELAS...................................................................................................17 LISTA DE ABREVIATURAS.......................................................................................18 1 INTRODUÇÃO............................................................................................ 21 1.1 Posicionamento Do Trabalho ...................................................................... 21 1.2 Finalidade Do Trabalho ............................................................................... 23 1.3 Organização Do Trabalho ........................................................................... 23 2 REVISÃO DE LITERATURA ...................................................................... 24 2.1 Cerâmicas ................................................................................................... 24 2.2 Estrutura Perovskitas .................................................................................. 24 2.3 Niobato de Sódio......................................................................................... 28 2.4 Nióbio .......................................................................................................... 31 2.4.1 Histórico ...................................................................................................... 31 2.4.2 Reserva....................................................................................................... 32 2.4.3 Extração e Aplicação .................................................................................. 33 2.4.4 Propriedades do Nióbio............................................................................... 35 2.4.5 Óxido de Nióbio........................................................................................... 37 2.4.6 Comportamento do Nióbio em Soluções Aquosas...................................... 37 2.4.7 Comportamento do Nb2O5 em Soluções Aquosas ...................................... 40 2.4.8 Comportamento do Nb e do Nb2O5 em Outros Meios................................. 40 2.5 Piezoeletricidade......................................................................................... 41 9 2.6 Técnicas de Caracterização do Material ..................................................... 44 2.6.1 Microscopia ................................................................................................. 44 2.6.1.1 Microscopia Óptica (MO) ............................................................................ 44 2.6.1.2 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)............................................... 46 2.6.2 Difração de Raios X .................................................................................... 47 2.6.3 Análise Termogravimétrica (TG/DTA/DSC)................................................. 49 3 MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................... 51 3.1 Materiais Precursores ................................................................................. 51 3.2 Preparação do NaNbO3 Via Óxido de Nióbio.............................................. 51 3.3 Preparação do NaNbO3 Via Nióbio Metálico............................................... 53 3.4 Procedimento de Lavagem dos Pós Como Obtidos.................................... 54 3.5 Tratamento Térmico.................................................................................... 56 3.6 Caracterização do Material ......................................................................... 58 3.6.1 Microscopia Óptica...................................................................................... 58 3.6.2 Microscopia Eletrônica de Varredura .......................................................... 58 3.6.2.1 Microestrutura............................................................................................. 58 3.6.2.2 Análise Química Elementar ........................................................................ 58 3.6.3 Difração de Raios X .................................................................................... 59 3.6.4 Análise Termogravimétrica (TGA/DSC) ...................................................... 60 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................. 61 4.1 Morfologia e Análise Química Elementar (EDS) ......................................... 61 4.1.1 Amostras Obtidas Via Óxido de Nióbio ....................................................... 61 4.1.2 Amostras Obtidas Via Nióbio Metálico ........................................................ 65 4.2 Análise Estrutural ........................................................................................ 68 10 4.2.1 Amostras Obtidas Via Óxido de Nióbio ....................................................... 68 4.2.2 Amostras Obtidas Via Nióbio Metálico ........................................................ 74 4.3 Análise Térmica .......................................................................................... 84 5 CONCLUSÃO ............................................................................................. 85 6 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ......................................... 86 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................... 87 8 APÊNDICES ............................................................................................... 91 8.1 APÊNDICE 1: DIFRATOGRAMAS GERADOS PELO MÉTODO DE REITVELD................................................................................................... 92 11 LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIG. 2.1 Cela unitária de uma estrutura perovskita ideal (a) e a mesma estrutura visualizada a partir dos octaedros BO6 (b).................................................26 FIG. 2.2 Distorções da Cela Unitária Perovskita PZT em função da Temperatura de Curie (Tc)....................................................................................................28 FIG. 2.3 Diagrama de fases do sistema binário Na2O-Nb2O5 (LANFREDI, 1997). ....................................................................................................................31 FIG. 2.4 Amostras de columbita-tantalita como encontradas na natureza...............33 FIG. 2.5 Micrografias em MEV (a) e o padrão de difração de raios X (b) de produtos de corrosão após exposição de Nb, a NaOH 30% a 75 ◦ C durante 24 h (DRX indexação: (+) Na8Nb6O19•13H2O; (*) Na14Ta12O37·31H2O). (ROBIN, 2004) ..........................................................................................................39 FIG. 2.6 Micrografias (MEV) do produto da corrosão após a polarização do Nb em 15% do peso de NaOH à 50°C por 120min (a) para -1.1 6 V vs SCE e (b) para -0.5 V vs SCE. FIG. 10. Padrão de difração referente a micrografia (b) (ROBIN(b), 2004) .......................................................................................40 FIG. 2.7 Ilustração da origem da piezoeletricidade: (a) No cristal em equilíbrio o momento de dipolo elétrico total é nulo; (b) o dipolo elétrico resultante da deformação mecânica não é nulo – Imagem retirada do livro Materiais e dispositivos Eletrônicos (REZENDE, 2004) ...............................................42 FIG. 2.8 Estereomicroscópio Óptico (LME/IME)...................................................... 45 FIG. 2.9 Microscópio Eletrônico de Varredura (LME/IME)........................................47 12 FIG. 2.10 Difração de raio-x em uma estrutura cristalina (CALLISTER, 2006)..........48 FIG. 3.1 Etapas do preparo da rota via Nb2O5. (a) Esquema experimental; (b) Pó após a secagem..........................................................................................52 FIG. 3.2 Pó como obtido da amostras 0,5M, 1M e 3M sintetizadas via nióbio metálico...................................................................................................... 54 FIG. 3.3 Esquema de filtragem a vácuo usado para lavagem das amostras...........56 FIG. 3.4 Esquema de montagem para tratamento térmico à vácuo........................ 57 FIG. 3.5 Forno da marca EDG Lab. Cerâmicas IME................................................57 FIG. 3.6 (a) Difratômetro do Laboratório de Difração de Raio-X do IME. (b) Difratômetro do Laboratório de Difração de Raio-X do CBPF....................60 FIG. 4.1 Imagens em MEV das amostras 3M-12h (a), 1M-12h (b), 0,5M-12h (c) e nióbio metálico (d).......................................................................................62 FIG. 4.2 Imagens em MEV da amostra 1M-12h (a) e 3M-12h(b) mostrando a presença de aglomerados e fragmentos................................................... 62 FIG. 4.3 MEV das amostras tratadas termicamente à vácuo a 400°C (a) e 500°C (b), respectivamente, por 1h...................................................................... 63 FIG. 4.4 MEV da amostra 12,5M tratada termicamente à 400°C, por 1h sob vácuo......................................................................................................... 65 FIG. 4.5 (a) MEV da amostra obtida hidrotermicamente com concentração molar 12,5M (TSUNG-YING, 2008); (b) MEV da amostra obtida hidrotermicamente com concentração molar 10M (LIN, 2005); (c) MEV da amostra 12,5M tratada termicamente à 500°C, por 4h. ..............................65 13 FIG. 4.6 Imagens em microscopia óptica de luz refletida das amostras 3M-12h, 1M12h e 0,5M-12h, respectivamente............................................................. 65 FIG. 4.7 Imagens em MEV das amostras 3M-12h (a), 1M-12h (b), 0,5M-12h (c). ................................................................................................................... 66 FIG. 4.8 Imagens em MEV da amostra 1M-12h (a) e 3M-12h(b) mostrando a presença de aglomerados e fragmentos....................................................67 FIG. 4.9 EDS do precipitado facetado da amostra 0,5M......................................... 67 FIG. 4.10 EDS dos precipitados sem forma definida da amostra 0,5M..................... 68 FIG. 4.11 Difratograma do pó como obtido em solução de concentração molar 10M............................................................................................................ 69 FIG. 4.12 Difratograma do pó como obtido em solução de concentração molar 12,5M......................................................................................................... 69 FIG. 4.13 Difratograma da amostra 12,5M tratada termicamente à 400°C por 2h. ................................................................................................................... 70 FIG. 4.14 Difratograma da amostra 12,5M tratada termicamente à 500°C por 1h ao ar.................................................................................................................71 FIG. 4.15 Difratograma da amostra 12,5M tratada termicamente à 500°C por 2h ao ar................................................................................................................ 67 FIG. 4.16 Difratograma da amostra 12,5M tratada termicamente à 500°C por 4h ao ar.................................................................................................................72 FIG. 4.17 Difratograma da amostra 1M sintetizada por 24h.......................................75 14 FIG. 4.18 Difratograma da amostra 3M sintetizada por 24h.......................................75 FIG. 4.19 Difratograma da amostra 1M e 3M sintetizada por 24h..............................76 FIG. 4.20 Difratograma da amostra 1M sintetizada por 12h.......................................77 FIG. 4.21 Difratograma da amostra 3M sintetizada por 12h.......................................77 FIG. 4.22 Difratograma das amostras 1M e 3M sintetizada por 12h..........................78 FIG. 4.23 Difratograma da amostra 0,5M sintetizada por 12h....................................78 FIG. 4.24 Difratograma das amostras 0,5M, 1M e 3M sintetizadas por 12h..............79 FIG. 4.25 Difratograma da amostra 0,5M-12h tratada termicamente à 400°C por 2h................................................................................................................79 FIG. 4.26 Difratograma da amostra 1M-12h tratada termicamente à 400°C por 2h................................................................................................................80 FIG. 4.27 Difratograma das amostras 0,5M-12h e 1M-12h tratada termicamente à 400°C por 2h....................................... ........................................................80 FIG. 4.28 Difratograma da amostra 0,5M-12h tratada termicamente à 400°C por 2h sob vácuo....................................................................................................81 FIG. 4.29 Difratograma da amostra 0,5M-12h tratada termicamente à 400°C por 2h sob vácuo e da amostra 0,5M-12h tratada termicamente à 400°C por 2h ao ar.................................................................................................................81 FIG. 4.30 Difratograma da amostra 0,5M-12h tratada termicamente à 500°C por 2h sob vácuo....................................................................................................82 15 FIG. 4.31 Difratograma da amostra 0,5M-12h tratada termicamente à 500°C por 2h sob vácuo....................................................................................................82 FIG. 4.32 Análise termogravimétrica da amostra 12,5M............................................84 FIG. 4.33 DSC da amostra 12,5M..............................................................................84 16 LISTA DE TABELAS TAB 2.1 Formação da estrutura cristalina perovskita ideal.................................. 26 TAB 2.2 Características estruturais das diversas fases do NaNbO3....................30 TAB 2.3 Total das reservas de nióbio em 2008................................................... 33 TAB 2.4 Principais minerais com incidência de Nióbio.........................................34 TAB 2.5 Evolução da produção de nióbio - 1997-2008........................................35 TAB 2.6 Propriedades físicas do nióbio................................................................36 TAB 2.7 Propriedades mecânicas do nióbio........................................................ 37 TAB 2.8 Dados de corrosão do Nb em meios aquosos....................................... 38 TAB 2.9 Temperatura limite de resistência à corrosão do nióbio metálico em diferentes atmosferas............................................................................. 41 TAB 2.10 Valores das maiores componentes do tensor constante piezoelétrico e constante dielétrica de materiais piezoelétricos importantes..................44 TAB 3.1 Quantidade de reagentes utilizados na preparação das amostras.........53 TAB 3.2 Quantidade de reagentes utilizados na preparação das amostras.........54 TAB 4.4 Resultado das sínteses via Nb2O5, pós tratamento térmico ao ar...........72 TAB 4.5 Síntese via nióbio metálico: Pó como obtido..........................................83 TAB 4.6 Síntese via nióbio metálico: Pós tratamento térmico..............................83 17 LISTA DE ABREVIATURAS AMB - Anuário Mineral Brasileiro. CBMM Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração CETEM Centro de Tecnologia Mineral CCC - Cúbica de Corpo Centrado CFC - Cúbica de face centrada DRX - Difração de raios X DNPM - Departamento Nacional de Produção Mineral EDS - Espectroscopia por Dispersão de Energia IME - Instituto Militar de Engenharia IUPAC - International Union on Pure and Applied Chemistry LHC - Large Hadron Collider MEV - Microscopia Eletrônica de Varredura MO - Microscopia Ótica NaNbO3 Niobato de sódio Nb - Nióbio metálico Nb2O5 - Óxido de nióbio, Pentóxido de nióbio ou Nióbia NaOH - Hidróxido de sódio PZT - Titanato zirconato de chumbo 18 RESUMO O composto NaNbO3 foi sintetizado utilizando-se duas rotas: a primeira, com nióbio metálico puro como precursor e a segunda, com o óxido de nióbio (Nb2O5). Em ambas as rotas, os pós precursores foram adicionados a uma solução aquosa de hidróxido de sódio. Na rota via nióbio metálico, foram utilizadas soluções com as concentrações de 3M, 1M, 0,5M e 0,1M. A mistura obtida foi submetida a um aquecimento de 80ºC, sem agitação, por um período de 12h e 24h. Na rota via óxido de nióbio, foi utilizada solução de concentração 10M e 12,5M e a mistura obtida foi mantida sob agitação por um período de 3h à temperatura de 120°C . Após esse período de aquecimento o material foi tratado termicamente ao ar e à vácuo por um período de 1h, 2h e 4h a temperaturas de 400°C e 50 0°C. O material teve sua morfologia caracterizada por Microscopia Óptica e por Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV). A análise química foi realizada por EDS, para uma análise semi-quantitativa. A determinação da fase e sua estrutura cristalina foram realizadas por meio de Difração de Raios-X (DRX) e a estrutura foi analisada com o uso do método Rietveld. As rotas adotadas se mostraram promissoras para a produção de agulhas submicrométricas de NaNbO3 e eficazes para a obtenção de NaNbO3 na sua fase antiferroelétrica de estrutura Pbcm. Esta fase foi obtida em duas amostras: na amostra 0,5M-12h, tratada termicamente ao ar, a 400°C por 2h na síntese via nióbio metálico, e na amostra 12,5M tratada termicamente ao ar, à 500°C por 2h na síntese via óxido de nióbio. E ainda foi obtido o NaNbO3 de estrutura P21ma na amostra 0,5M-12h, tratada termicamente à 500°C à vácuo, por 2h na síntese via nióbio metálico. Segundo a literatura, esta é uma fase ferroelétrica do NaNbO3 à temperatura ambiente (KE, 2008). 19 ABSTRACT The NaNbO3 compound was synthesized following two different routes: in the first one, pure metallic niobium was used as precursor and in the second, niobium oxide (Nb2O5). On both routes the precursors powders were added to an aqueous sodium hydroxide solution with some differences regarding the experimental procedure. On the route via metallic niobium, solutions in concentrations as 3M, 1M, 0,5M and 0,1M were used. The obtained mixture was then submitted to a 80ºC heating, without agitation, for a period of 12 h to 24 h. On the route via niobium oxide, the concentrations were 10M and 12,5M and the obtained mixture was kept in agitation for a 3 h period in a temperature of 120°C. After t his period of heating, the obtained material was thermically treated (400°C e 500°C) in air and vacuum for 1h, 2h and 4h. The material characterization was made as follows: Optical Microscopy and Scanning Electron Microscopy (SEM) were used for morphology characterization. For chemical analyses EDS was performed as semi quantitative purposes. Phase determination and crystal structure were performed with the use of X-Ray Diffraction (XRD) and using Rietveld Refinement Method. The routes taken proved promising for the production of NaNbO3 submicron needles and effective for obtaining NaNbO3 in its antiferroelectric phase of Pbcm structure. This phase was obtained in two samples: the 0.5 M-12h sample, annealed in air at 400 ° C for 2 hours in the synthesis via metallic niobum and the 12.5 M sample annealed in air at 500 ° C for 2h in the syn thesis using niobium oxide. Besides, the structure of NaNbO3 P21ma in 0.5 M-12h sample was obtained, thermally treated at 500 ° C under vacuum for 2h in the synthesis via metallic niobum. According to literature, this is a NaNbO3 ferroelectric phase at room temperature (KE 2008). 20 1 INTRODUÇÃO 1.1 POSICIONAMENTO DO TRABALHO A questão ambiental tem sido uma preocupação não só de ambientalistas, mas também de pesquisadores e tecnologistas. A principal preocupação é quanto ao descarte de equipamentos eletrônicos inutilizados, chamados de lixo tecnológico. Geralmente estes equipamentos apresentam em sua composição materiais cerâmicos à base de metais pesados, em sua maioria o chumbo como é o caso do titanato zirconato de chumbo (PZT). A busca por uma solução deste problema tem fomentado a descoberta de cerâmicos “Lead-Free” (livres de chumbo) que substituam com propriedade materiais à base de chumbo (RINGGAARD, 2005). Um material que tem substituído com sucesso as PZTs são as cerâmicas à base de nióbio, os niobatos alcalinos. O nióbio possui propriedades específicas que o torna atrativo em diversas aplicações, além de causar um baixo impacto ambiental (KE, 2008). Na fabricação de cerâmicas, ele otimiza as suas propriedades elétricas. Suas propriedades físico-químicas e catalíticas tem sido objeto de estudo e gerado novas aplicações para o nióbio, no campo de pesquisa em química. Os niobatos apresentam propriedades piezoelétricas e possuem uma estrutura cristalina do tipo ANbO3, chamada estrutura perovskita, onde o sitio A em geral é um metal alcalino. O Niobato de Sódio tem sido estudado com muito interesse devido as suas sucessivas transições de fases na estrutura perovskitas (YUNFEI CHANG, 2009; MEHTA, 1992). À temperatura ambiente, o niobato de sódio apresenta duas fases: ferroelétrica e antiferroelétrica, e possui características físicas particulares que atrai o interesse de pesquisadores e projetistas de equipamentos (KE, 2008). Uma aplicação muito promissora do NaNbO3 é a sua utilização como modelo para a texturização de cerâmicas à base de (K, Na)NbO3 (YUNFEI CHANG, 2009; PAULA, 2008). 21 Existem várias rotas de preparação do niobato de sódio que, em sua maioria, utilizam o óxido de nióbio (Nb2O5) como pó precursor, como é o caso do trabalho de CAMARGO et. al. (2002). Nele, o autor obteve o NaNbO3 utilizando o método do complexo amorfo, onde o óxido de nióbio foi dissolvido em uma solução aquosa de ácido oxálico. O ácido nióbico obtido foi adicionado a uma solução de ácido málico juntamente com o carbonato de sódio (Na2CO3) e esta mistura foi submetida à secagem seguida de sinterização. YUNFEI et. al. (2008, 2009) em seu trabalho, reportam e caracterizam o NaNbO3 preparado por duas diferentes rotas: método da síntese por sal fundido (MSS – Molten Salt Synthesis) e método da conversão topoquímica microcristalina (TMC – Topochemical micro-crystal conversion methods). Em ambos os métodos, o Nb2O5 foi novamente escolhido como material precursor. Outro exemplo de obtenção do niobato de sódio a partir do seu óxido está relatado no trabalho de MUTHURAJAN et. al. (2007). O autor utiliza o óxido de nióbio dissolvido em uma solução de ácido hidrofluorídrico. Como resultado obteve-se um precipitado do nióbio como hidróxido ao qual foi adicionada uma solução estequiométrica de NaOH. Uma rota semelhante foi proposta por KE et. al. (2008) com a diferença de que o Nb2O5 foi diretamente adicionado a uma solução aquosa de hidróxido de sódio altamente concentrada. Contudo alguns autores utilizaram como material de partida, outras fontes de nióbio como é o caso de NOBRE et. al. (1996). Em seu trabalho, o autor obteve o NaNbO3 a partir do oxalato amoníaco de nióbio, NH4H2 [NbO-(C2O4)3]· 3H2O combinado com o nitrato de sódio como sal precursor. Por meio do método dos precursores poliméricos, ou método de Pechini, obtiveram uma fase única e muito pura de NaNbO3 com alta sinterabilidade. GODLEY et. al. (2004) fizeram um tratamento químico no nióbio, semelhante ao procedimento realizado por KOKUBO et. al. (2000) em tântalo. O objetivo era revestir o material com hidroxiapatita. Neste processo, o nióbio foi imerso em uma solução de hidróxido de sódio tendo sido obtido um niobato amorfo. Os resultados desse trabalho sugerem a possibilidade de obtenção desse material a partir do nióbio puro. PRADO DA SILVA (2009) tem realizado tratamentos alcalinos com NaOH em nióbio metálico e Nb2O5 visando aumento da bioatividade. Esses experimentos foram o ponto de partida para o presente estudo. 22 1.2 FINALIDADE DO TRABALHO Tendo em vista o potencial de utilização e as características piezoelétricas do niobato de sódio, este trabalho teve por objetivo sintetizar o Niobato de Sódio (NaNbO3). A proposta empregou uma rota química simples. Neste trabalho, utilizaram-se o nióbio metálico e o óxido de nióbio como pós precursores, e uma solução aquosa de hidróxido de sódio (NaOH) com diferentes concentrações molares como meio reagente. Foram usados os trabalhos de GODLEY et. al. (2004), e KE et. al. (2008) como referências complementares. 1.3 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO Esta dissertação está divida em 6 capítulos, sendo o primeiro dedicado à Introdução, onde consta o posicionamento do assunto abordado e o objetivo da pesquisa. No segundo capítulo, apresenta-se uma Revisão de Literatura concentrada na explicação dos conceitos referentes ao tema proposto. O capítulo seguinte apresenta a descrição da parte experimental conduzida neste trabalho, bem como os materiais e equipamentos utilizados. O quarto capítulo é dedicado à descrição dos resultados e à discussão dos mesmos. No quinto e sexto capítulos são apresentadas respectivamente as conclusões do trabalho e as sugestões para trabalhos futuros. 23 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 CERÂMICAS Esta classe de material é composta por dois ou mais elementos, sendo um metálico e o outro não-metálico, ou somente por elementos não-metálicos que, em geral, são óxidos, carbetos ou nitretos (BARSOUM, 2003). As cerâmicas são materiais tradicionalmente isolantes e não-magnéticos. Contudo, o desenvolvimento da tecnologia em materiais tanto no campo da pesquisa de novos materiais, quanto na evolução das técnicas de caracterização propiciou o desenvolvimento e descoberta das chamadas cerâmicas avançadas. Estas, ao contrario das tradicionais, podem apresentar características como magnetismo e polarização, como é o caso das cerâmicas piezoelétricas, ou piezocerâmicas, (BARSOUM, 2003). São utilizadas na indústria de eletrônicos, para o desenvolvimento de equipamentos sofisticados. As cerâmicas piezoelétricas apresentam diversas estruturas, sendo a perovskita a de maior interesse devido às propriedades decorrentes desta estrutura. (PAULA, 2008) 2.2 ESTRUTURA PEROVSKITAS A estrutura do tipo perovskita foi descoberta pelo geólogo Gustav Rose, nos montes Urais na Rússia, no ano de 1830. Este nome presta homenagem ao mineralogista russo Count Lev Aleksevich Von Perovskite (MELO, 2007). A princípio, perovskita denominava somente o titanato de cálcio (CaTiO3), por ser o primeiro mineral encontrado a possuir esta estrutura. Mais tarde, essa denominação foi generalizada estendendo-se aos materiais que apresentavam estrutura similar, sendo que o CaTiO3 até hoje costuma ser chamado de perovskita (MINDAT, 2010). Como exemplo de perovskitas, pode-se citar o titanato de cálcio (CaTiO3), titanato 24 de bário (BaTiO3), tantalato de sódio (NaTaO3), o niobato de sódio (NaNbO3) e niobato de potássio (KNbO3) (MELO, 2007). Os materiais pertencentes ao grupo das perovskitas são encontrados em diversas aplicações tecnológicas por reunirem um largo conjunto de propriedades, tais como: ferroeletricidade, piezoeletricidade, piroeletricidade, magnetoresistência colossal, eletroestricção, altas constantes dielétricas, altas permissividades, supercondutividade, propriedades eletroóticas, condutividade iônica devido à alta mobilidade dos íons de oxigênio, entre outras (SANTOS, 2005). Dentre as aplicações das cerâmicas perovskitas, podem-se citar: memórias de armazenamento não-volátil, capacitores de alta densidade, transdutores e dispositivos piezoelétricos (GOUVEIA et. al.). Esta gama de propriedades deve-se à sua estrutura particular e à presença de distorções que serão discutidas posteriormente (MELO, 2007). A estrutura perovskita é descrita pela estequiometria ABX3, onde os sítios A e B podem ser ocupados por cátions metálicos, em geral do grupo dos metais alcalinos e alcalinos terrosos e dos metais de transição, respectivamente. O sitio X pode ser ocupado por um elemento do grupo dos não metais. Quando este sítio é ocupado por oxigênio, essa estrutura passa a ser chamada de Óxidos Perovskitas e passa a ser descrita sob o formato ABO3. No caso ideal, essa estrutura é cúbica, do tipo Pm3m, onde os cátions A ficam nos vértices da cela unitária, os cátions B localizamse no centro da estrutura; os anions, neste caso o oxigênio, ficam posicionados no centro das faces da estrutura cúbica (FIG. 2.1 a). A TAB. 2.1 mostra a posição dos átomos dessa estrutura em relação ao cátion A (SANTOS, 2005). 25 TAB. 2.1 – Formação da estrutura cristalina perovskita ideal. Átomo Estrutura Cátion A (Na, K, Ca, Ba, La, Zn) CS Cátion B (Nb, Ti, Mn) CCC Ânion O CFC Figura Fonte: SANTOS, 2005. Imagens tiradas de LQES Website, 2008 FIG. 2.1 - Cela unitária de uma estrutura perovskita ideal (a) e a mesma estrutura visualizada a partir dos octaedros BO6 (b). 1 Outra maneira de se representar essa estrutura é sob a forma de compactação octaédrica (FIG. 2.1b). Os octaedros formados pelos ânions de oxigênio têm seus eixos orientados ao longo das arestas da cela unitária e estão ligados pelos vértices. Os cátions B são coordenados por seis átomos de oxigênio, ficando localizados nos 1 Disponível em: http://ferroeletricos.com/perovskita.html 26 interstícios centrais dos octaedros, e os cátions A ficam compactados em interstícios de dodecaedros formados pelos ânions oxigênio (JAFFE, 1971). Para garantir a estabilidade da perovskita, é necessário que os cátions B possuam preferência pela coordenação octaédrica e um raio iônico superior a 0,51Å, ainda é preciso que os cátions A possuam um raio iônico maior que 0,9Å (MELO, 2007). Como o raio iônico do cátion A é muito maior que a do cátion B, o tamanho da estrutura global A-O3 (CFC) provoca uma expansão volumétrica da estrutura perovskita. Daí, os cátions B não conseguem preencher os interstícios, por serem menores e por possuírem 6 posições não centrosimétricas de mínima energia ao redor do interstício. Em geral, materiais com estrutura perovskita não apresentam simetria cúbica ideal à temperatura ambiente, tendo alguma distorção em sua rede. Substituições nos sítios A da rede por íons de raio atômico diferente podem causar inclinação ou rotação dos octaetros; deslocamentos dos átomos do sitio B podem causar distorções na rede. Essas alterações estruturais na rede podem ser medidas por meio do fator de tolerância de Goldschmid, t, definido como: t= (R A + RO ) 2 (R B + RO ) (EQ. 2.1) onde RA, RB e RO indicam, respectivamente, o raio atômico do cátion A, do cátion B, e do oxigênio. Este fator indica as alterações causadas na rede de acordo com as substituições atômicas feitas na estrutura. Uma estrutura ideal cúbica apresenta t=1. Valores de t diferentes indicam distorção na rede cristalina, sendo que para perovskitas estáveis, a faixa de tolerância desse valor se encontra entre 0,8 e 1, aproximadamente (JAFFE, 1971). Quando t<1, a distância entre os sítios BO é maior que a distância A-O como no caso do LiNbO3 (t=0,82) e do NaNbO3 (t=0,86). Valores de t>1 indicam que a distância dos íons de oxigênio aos cátions A é maior do que a distância em relação aos cátions B, como no caso do BaTiO3 (t =1,06). Além das substituições na rede, a temperatura também influencia nas distorções e causa uma transição estrutural (MELO, 2007). O niobato de sódio exemplifica essa transição apresentando, a 640°C, uma transição na s ua estrutura, passando de 27 tetragonal a cúbico (LANFREDI, 1993). Essa transição estrutural é ilustrada na FIG 2.2 para o caso do titanato zirconato de chumbo. À medida que a estrutura perovskita é submetida a um aumento de temperatura, ela passa a exibir um maior grau de simetria. Quando o material é aquecido e ultrapassa uma dada temperatura, chamada temperatura crítica, ou temperatura de Curie, a estrutura perovskita cúbica ideal é alcançada. Abaixo dessa temperatura o material costuma apresentar uma estrutura pseudocúbica. FIG. 2.2 - Distorções da Cela Unitária Perovskita PZT em função da Temperatura de Curie (Tc). 2.3 2 NIOBATO DE SÓDIO O niobato de sódio foi descoberto pelo físico L. Eric Cross, em meio às pesquisas sobre a ferroeletricidade do BaTiO3, na Imperial Chemical Industries, Inglaterra. A princípio foi classificado como cerâmica ferroelétrica por Bernt Matthias. Mais tarde, Bertier Kay e Vousden descobriram deslocamentos anti-polares do nióbio em diversas celas unitárias na 2 rede do NaNbO3 sugerindo Disponível em: www.mse.vt.edu/faculty/hendricks/mse4206/projects97/group01/solidstate/perovskite.htm 28 a antiferroeletricidade do NaNbO3. Pesquisas mais refinadas, realizadas por Eric Cross, confirmaram a característica antiferroelétrica do niobato de sódio à temperatura ambiente (CROSS, 1994). Essa discordância inicial pode ser explicada pelo polimorfismo característico dessa cerâmica. Apresentando um total de sete hettotypes (variantes de baixa simetria) da perovskita ideal, esse niobato é o material que mais possui transições polimórficas dentre os compostos de estrutura perovskitas (MEGAW, 1974). São elas: romboédrica, quatro estruturas ortorrômbicas, tetragonal e cúbica (TAB. 2.2). MEGAW (1974), em seus estudos, atribui essas transições principalmente a dois efeitos termodinamicamente ativados: deslocamento (“off-centring”) e inclinação (“tilting”). O primeiro é atribuído ao deslocamento do Nb do centro geométrico do octaedro formado pelos oxigênios que o coordenam. Segundo o autor, este efeito está intrinsecamente ligado a interação das ligações fortes Nb-O com a força repulsiva das ligações entre os oxigênios das arestas, e é responsável pela formação de dipolos quando a estrutura é submetida a pequenas modificações. Os íons de Nb possuem três graus de liberdade dentro do octaedro: vertical em relação ao plano formado por 4 oxigênios, vertical em relação ao plano formado por 3 oxigênios e vertical em relação às arestas. O segundo efeito relatado pelo autor é a inclinação do octaedro. Neste efeito, os octaedros se comportam como corpos rígidos ligados uns aos outros por seus vértices. Para que este fenômeno ocorra, o átomo localizado nos interstícios dos octaedros deve ser pequeno o suficiente para permitir a inclinação dos octaedros, como é o caso do Sódio (FIG. 2.1). Para entender o efeito da inclinação, deve-se considerar o cubo formado pelos octaedros e as direções dos eixos perpendiculares desse cubo, das diagonais desse cubo e das diagonais das faces do mesmo. A distorção desse cubo nessas três dimensões causará uma distorção nos octaedros localizados nos seus vértices. 29 TAB. 2.2 - Características estruturais das diversas fases do NaNbO3. Temperatura (°C) Grupo Simetria (pontual) > 640 Cúbica < 640 Tetragonal < 575 < 520 < 480 < 370 <-103 Espacial Ortorrômbica Ortorrômbica Ortorrômbica Ortorrômbica Romboédrica Pm3m (O1h) Parâmetros Unidade de rede (Å) de cela a=b=c=3,942 1 Aristotipo 2 T(2) 8 T(1) 8 S 8 R 8 P 2 N P4/mbm a=b=7,8698 (D54h) c=4x3,9428 Cnmm (D172h) Pnmm (D132h) Pmnm (D132h) Pbma (D112h) Fase a= 7,8642 b=7,8550 c=7,8696 a= 7, 8608 b= 7, 8556 c= 7,8606 a= 7, 8556 b= 7, 8608 c= 7,8606 A= 2x3,91150 b= 4x3,8790 c= 23,9080 R3c a = 3,9083 (C63v) c=3,920 Fonte: REZNITCHENKO, 2001; LANFREDI, 1993 e MEGAW, 1974. O diagrama de fases ilustrado na FIG. 2.3 apresenta as sucessivas transições polimórficas do NaNbO3 para cinco fases do sistema Na:Nb: Na:Nb10 (ou Na:Nb14), Na:Nb7, Na:Nb4, Na:Nb, e Na3:Nb, das quais as três primeiras possuem ponto de fusão incongruente (JAFFE, 1971). À temperatura ambiente, é ortorrômbico, antiferroelétrico, tem grupo espacial Pbma e possui o eixo c quase 4 vezes maior que do eixo da cela perovskita ideal; os eixos a e b estão rotacionados a 45° em relação à cela simples. Possui temperatura de Curie 640°C. Existe uma 30 fase ferroelétrica monoclínica, ou pseudo-romboédrica, à baixa temperatura, que possui seu eixo polar na mesma direção com o eixo ortorrômbico c. FIG. 2.3 - Diagrama de fases do sistema binário Na2O-Nb2O5 (LANFREDI, 1997). 2.4 NIÓBIO 2.4.1 HISTÓRICO O primeiro relato da existência do nióbio data de 1801 pelo químico Charles Hatchett. Na época, o químico trabalhava no Museu britânico de Londres onde, ao analisar um novo minério lá exposto, nomeou-o colúmbio em homenagem a Cristóvão Colombo, devido ao local de origem do minério. O nome nióbio foi dado por Heinrich Rose, quando em 1844, em homenagem a deusa grega Nióbe, filha do rei mitológico Tântalo, extraiu o metal de uma amostra de tântalo. Em 1950, a União Internacional de Química Pura e Aplicada (“International Union on Pure and Applied 31 Chemistry – IUPAC”), adotou oficialmente o nome nióbio embora o nome colúmbio ainda seja utilizado em alguns países (RODRIGUES, 2009). Até a década de 1930, o nióbio era considerado um subproduto do tântalo, porém na década de 50 foram descobertas reservas de nióbio na forma de óxido, chamado também de pirocloro3 (QUELLAS, 2008). No Brasil, as primeiras jazidas de pirocloro foram descobertas em 1892 pelo geólogo Eugenio Hussak enquanto viajava pelo sudeste goiano na região de Catalão. Em 1953 em Araxá, Minas Gerais, o geólogo Djalma Guimarães descobriu jazidas de nióbio. Contudo, a sua exploração só se iniciou uma década depois. Nessas duas regiões, encontram-se instaladas as duas únicas empresas responsáveis pela exploração de todo o nióbio do país: a Companhia Brasileira de Mineração e Metalurgia (CBMM) em Araxá, Minas Gerais, e a Mineração Catalão de Goiás Ltda., em Goiás (RODRIGUES, 2009). 2.4.2 RESERVA O Brasil é o maior produtor mundial de nióbio, seguido pelo Canadá e Austrália, e respondendo por 98% da demanda mundial. Possui a maior reserva desse minério, contabilizando um total de 842.460.000 toneladas com um teor médio de 0,73% de Nb2O5. As jazidas óxido de nióbio estão distribuídas entre os estados de Minas Gerais, mas especificamente nas cidades de Araxá e Taipira, em Goiás, nas cidades de Catalão e Ouvidor, e no Amazonas em São Gabriel da Cachoeira e Presidente Figueiredo (RODRIGUES, 2009). 3 . Na literatura o Nb2O5 pode ser referido como óxido de nióbio(V), pentóxido de nióbio ou nióbia (CASTRO, 2004). 32 TAB. 2.3 - Total das reservas de nióbio em 2008. UF Distribuição nacional (%) Total (1000 t) MG 75,08 649.060 AM 21,34 3.493.328 GO 3,58 77.951 TOTAL 100 4.220.339 Fonte: AMB-DNPM (adaptada) 2.4.3 EXTRAÇÃO E APLICAÇÃO O nióbio possui uma grande afinidade geoquímica com o tântalo. Isto faz com que ambos apresentem propriedades semelhantes e sejam encontrados juntos na maioria das rochas e minerais presentes na natureza. Em geral, estes minerais são denominados tantalitas quando apresentam uma predominância de tântalo e columbitas quando há a predominância de nióbio (FIG. 2.4). Estes minerais podem ser confundidos com a magnetita, ilmenita e cassiterita pela semelhança de aspectos. A TAB. 2.4 apresenta as principais espécies de minerais a base de nióbio, das 90 já catalogadas e encontradas na natureza: FIG. 2.4 – Amostras de columbita-tantalita como encontradas na natureza. 33 TAB. 2.4 - Principais minerais com incidência de Nióbio. Mineral Composição Química Teor de Nióbio (%) Columbita-tantalita (Fe, Mn) (Nb, Ta2) O6 76 Pirocloro (Na3, Ca)2 (Nb, Ti) (O, F)7 71 Bariopirocloro (Ba, Sr)2 (Nb, Ti)2 (O, OH)7 67 Loparita (Ce, Na, Ca)2 (Ti, Nb)2 O6 20 Pandaíta (Ba, Sr)2 (Nb, Ti, Ta)2 (O, OH, F)7 não informado FONTE: RODRIGUES, 2009 Das duas empresas responsáveis pela produção deste minério no Brasil, a CBMM abrange a maior parte do mercado. Em 2008, segundo a DNPM, foi a responsável por 91,44% da produção da liga Ferro-Nióbio e 100 % da produção de óxido de nióbio. A TAB. 2.5 apresenta a evolução da produção de nióbio nos últimos doze anos da CBMM. Em relação a 1997, houve um aumento de mais de 100% na produção de nióbio, com pequenas oscilações, mas sempre apontando para uma produção crescente. O nióbio, junto com o titânio e o vanádio, são elementos utilizados na fabricação de aços microligados usados na industria petroleira por possuírem alta afinidade com o carbono. Porém, o nióbio possui propriedades físico-químicas que favorecem a sua utilização, além de ser um metal abundante no país. O nióbio metálico está presente na indústria aeroespacial em propulsores, bocais de foguetes e, sob forma de lâmina. Ele é utilizado na produção de diamantes sintéticos, plataformas marítimas, na indústria farmacêutica e ainda em lâminas de barbear. Na iluminação pública, o nióbio é utilizado associado ao tungstênio, pois favorece um aumento da resistência mecânica, propriedade importante para tal aplicação. A liga nióbio-titânio é utilizada nas mais diversas áreas: na odontologia, para implantes cirúrgicos; por mineradoras, na extração de ouro e ainda na constituição de magnetos no maior acelerador de partículas do mundo, o LHC (RODRIGUES, 2009). Dentre alguns exemplos de aplicações do óxido de nióbio, pode-se citar sua utilização na produção de cerâmicas finas que podem ser classificadas em dois grupos. No primeiro, estão os capacitores e atuadores cerâmicos e lentes ópticas que exigem um teor de pureza elevado, entre 99,9% e 99,99%. No segundo encontram-se as ferramentas, peças de motor e elementos estruturais resistentes a 34 abrasão e ao calor. As aplicações do primeiro grupo vêm ganhando espaço e a demanda mundial é de cerca de 500 ton/ano tendo como principal comprador o Japão, que é responsável pela compra de 2/3 da produção mundial (RODRIGUES, 2009). TAB. 2.5 - Evolução da produção de nióbio - 1997-2008. Contido no Anos concentrado (em t Nb2OO5) Óxido de Nióbio Contido na Fe-Nb (t) (em t Nb) 1997 25.688 1.745 16.681 1998 33.795 2.400 20.516 1999 31.352 1.375 18.866 2000 31.190 1.274 18.218 2001 39.039 2.632 24.864 2002 41.303 2.371 24.174 2003 36.992 2.064 24.875 2004 34.016 2.529 25.169 2005 56.023 3.399 38.819 2006 68.850 4.008 41.566 2007 81.922 2.915 52.442 2008 60.692 3.812 53.839 TOTAL 540.643 30.524 360.029 Fonte: DNPM-DIDEM, CPRM/DIRECOM 2.4.4 PROPRIEDADES DO NIÓBIO O Nióbio é classificado como um metal de transição na tabela periódica dos elementos, com número e massa atômica 41 e 93, respectivamente e massa específica 8,57 g/cm3. Ele faz parte do grupo dos materiais refratários, é inerte, de difícil reação com outros elementos exceto o oxigênio, com o qual reage facilmente. Possui um alto ponto de fusão (2.468°C), ponto de e bulição de 4744°C e apresenta 35 supercondutividade a temperaturas abaixo de 264°C n egativos. À temperatura ambiente, apresenta boa resistência à ação de diversos ácidos, tais como o sulfúrico e o clorídrico. Em meio alcalino, pode sofrer fragilização em temperaturas relativamente baixas, como no caso do hidróxido de sódio. (QUELHAS, 2007; BNDES, 2000). Nas TAB.s 2.6 e 2.7, a seguir, consta um resumo das principais características físicas e mecânicas desse material. De ocorrência 100% natural, o nióbio é encontrado no estado sólido na natureza (nas CNTP), tem aspecto brilhante, branco, mas adquire um tom azulado quando exposto por um período prolongado ao ar livre, é dúctil e apresenta um grau de dureza Vickers entre 77 e 170HV. (OLIVEIRA, 2006; DNPM, 2001). TAB. 2.6 - Propriedades físicas do nióbio. Número Atômico 41 Peso atômico 92,91 Volume atômico (cm3/g-átomo) 1,47 Densidade a 20ºC (g/cm3) 8,55 Estrutura cristalina Ccc Parâmetro de rede a 20ºC (Ǻ) 3,294 Ponto de fusão (ºC, F) 2468, 45 Ponto de ebulição (°C) 5127 Calor específico a 15°C (J.g-1.°C-1) 0,268 Condutividade térmica a 0°(J.cm-1.s-1. °C) 0,523 Coeficiente de expansão linear (°C-1) 6,8-7,0 x 10- 6 Calor de sublimação a 20°C (K.cal/g-átomo) 170,9 Calor de combustão a 20°C (cal/g) 2379 Resistividade elétrica a 20°C ( µΩ.cm) 13,2-14,8 Choque para neutros térmicos (barns) 1,1 Fonte: QUELHAS, 2007 36 TAB. 2.7 - Propriedades mecânicas do nióbio. Módulo de Elasticidade (GPa) 1,034 Coeficiente de Poisson 0,38 Dureza (HV) 77-170 Tensão de escoamento (MPa) 100-275 Limite de resistência à tração (MPa) 170-550 Alongamento (%) 15-40 Fonte: QUELHAS, 2007 2.4.5 ÓXIDO DE NIÓBIO De aparência branca, o óxido de nióbio se apresenta na natureza no estado sólido, é estável, insolúvel em água e inerte. Apresenta uma característica anforética, ou seja, se comporta como ácido em meio básico e o contrário em meio ácido. É muito utilizado em processos de catálise como desidratação, hidratação, esterificação, hidrólise, condensação, alquilação e desidrogenação e em reações de oxidação. Nessas reações, o óxido de nióbio é utilizado puro ou como promotor e suporte. (BOLZON, 2007) 2.4.6 COMPORTAMENTO DO NIÓBIO EM SOLUÇÕES AQUOSAS O nióbio metálico é um metal de difícil reação devido a uma fina camada de óxido que se forma em sua superfície e que, assume um caráter termodinâmico estável. Essa fina camada, denominada película passivante, formada pela adsorção de oxigênio em sua superfície, é identificada como óxido de nióbio (Nb2O5). (SILVA,2007). Esse mecanismo, denominado passivação, pode ocorrer tanto naturalmente quanto por indução eletroquímica. Esse fenômeno é especialmente observado nos metais de transição, como é o caso do nióbio. Segundo a teoria da configuração eletrônica, isso ocorre porque o oxigênio retira elétrons do subnível d incompleto desses metais (QUELHAS, 2007). Contudo, essa passividade pode ser 37 quebrada por meio de mecanismos eletroquímicos, mecânicos e químicos, removendo a película passivante e deixando o metal susceptível ao processo de fragilização ou corrosão (quando a ocorrência se dá por via química) (WAH CHANG AN ALLEGHENY TECNOLOGIES, 2009). O nióbio, em geral, é resistente a diversas soluções químicas, mas essa resistência é afetada pelas propriedades particulares de cada solução. Em soluções salinas, o nióbio perde sua resistência quando essas soluções hidrolisam para a formação de bases. No caso dos ácidos, sua resistência é afetada na presença de ácido clorídrico, em misturas de ácido nítrico e ácido sulfúrico e aos demais ácidos a temperaturas elevadas. Em meio alcalino, o nióbio é atacado por soluções de baixa concentração em elevadas temperaturas (WAH CHANG AN ALLEGHENY TECNOLOGIES, 2009) e por soluções muito concentradas a baixas temperaturas (GRAHAM e SUTHERLIN, 2001). A TAB. 2.8, apresentada a seguir, faz um apanhado do comportamento corrosivo do nióbio em diversos meios aquosos de acordo com a concentração e a temperatura da solução, destacando especialmente o fato do hidróxido de sódio (NaOH) apresentar uma taxa de corrosão de 0,125 mm/ano à temperatura ambiente em uma larga faixa de concentração em massa. TAB. 2.8 - Dados de corrosão do Nb em meios aquosos. Meio Ácido sulfúrico Ácido clorídrico Ácido nítrico Ácido fosfórico Ácido acético Ácido oxálico Hidróxido de sódio Cloreto de alumínio Bicarbonato de potássio Cloreto de sódio Água do mar Brometo Peróxido de hidrogênio Concentração (% em massa) 40 37 70 85 5 – 99,7 10 1-40 25 Temperatura (°C) Ebulição 25 250 88 Ebulição Ebulição 25 Ebulição Taxa de corrosão mm/ano 0,5 0,025 0,025 0,125 1,25 0,125 0,005 10 Ebulição 0,5 Saturado e pH=1 Natural Vapor Ebulição Ebulição 20 0,025 0,025 30 Ebulição 0,5 Fonte: QUELHAS, 2007 38 Vários autores estudaram o comportamento corrosivo do nióbio em presença de hidróxido de sódio com diversas concentrações. ALLAH (1991), ao submeter o nióbio em uma solução de NaOH com concentração inferior a 0,1M, observou um aumento na espessura da película passivante, reforçando a inércia do metal. A dissolução dessa película depende de sua espessura e pode ser parcial ou agressiva, conforme o aumento concentração molar para valores superiores a 1,0M. BARUFFALDI et al. (2002, apud ROBIN, 2004), também identificou a formação de niobatos de sódio ao submeter nióbio a soluções aquosas de NaOH com concentrações de 3M e 5M às temperaturas de 60°C e 50ºC, respectivamente. (BARUFFALDI, apud ROBIN, 2004). ROBIN A. (2004), em seus trabalhos, submeteu peças cilíndricas de nióbio de pequenas dimensões a soluções aquosa com 10, 15 e 30% em peso de NaOH e manteve a temperatura em 25, 50 e 75± 2°C, sem agit ação. Ao analisar a estrutura do substrato obtido através da difração de raios X, constatou a formação de niobatos solúveis que precipitaram como um niobato de sódio hidratado com estrutura Na8Nb6O19•13H2O (FIG. 2.5 e 2.6). O autor atribui esse resultado à dissolução espontânea da película de óxido formada ao ar e considera que a formação deste substrato obedece ao mecanismo de dissolução precipitação mostrado a seguir: 6 Nb + 38 OH- → Nb6O19-8 + 19 H2O + 30eNb6\O19-8 + 8 Na+ → Na8Nb6O19 (dissolução eletroquímica)4 (EQ. 2.2) (precipitação)3 (EQ. 2.3) FIG. 2.5 - Micrografias em MEV (a) e o padrão de difração de raios X (b) de produtos de corrosão após exposição de Nb, a NaOH 30% a 75 ◦ C durante 24 h (DRX indexação: (+) Na8Nb6O19•13H2O; (*) • Na14Ta12O37·31H2O) (ROBIN, 2004). 4 (QUELHAS, 2007) 39 FIG. 2.6 – Micrografias (MEV) do produto da corrosão após a polarização do Nb em 15% do peso de NaOH à 50°C por 120min (a) para -1.16 V vs SCE e (b ) para -0.5 V vs SCE. Padrão de difração referente a micrografia (b) (ROBIN(b), 2004). 2.4.7 COMPORTAMENTO DO NB2O5 EM SOLUÇÕES AQUOSAS Enquanto outros óxidos de nióbio, tais como o NbO e NbO2, são instáveis em água e em demais soluções aquosas, o Nb2O5 apresenta uma estabilidade termodinâmica em diversos meios como a água, ácidos complexantes, soluções neutras e alcalinas. Contudo, é susceptível ao ataque do ácido fluorídrico concentrado levando à formação de fluorados e oxifluorados (QUELHAS, 2007). O óxido de nióbio, quando imerso em um meio alcalino, ou em presença de álcalis, forma niobatos e poliniobatos com estrutura geral MNbO3, onde M dependerá do metal monovalente contido na solução. No caso de uma solução de hidróxido de sódio, a estrutura será NaNbO3 (QUELHAS, 2007). 2.4.8 COMPORTAMENTO DO NB E DO NB2O5 EM OUTROS MEIOS O nióbio metálico é inerte à maioria dos gases até a temperatura de 100°C, como por exemplo em bromo, cloro, oxigênio e monóxido carbono. Contudo, acima 40 de determinadas temperaturas, o nióbio apresenta reatividade mesmo em atmosferas em que apresentava inércia. A TAB. 2.9 mostra a temperatura a partir da qual o nióbio perde suas resistência a corrosão em meios gasosos. TAB. 2.9 – Temperatura limite de resistência à corrosão do nióbio metálico em diferentes atmosferas. Atmosfera Temperatura limite (°C) Oxigênio (ar) 200 Oxigênio puro 390 Nitrogênio 350 Vapor d’água 300 Cloro 200 Dióxido de carbono 250 Monóxido de carbono 250 Hidrogênio 250 Fonte: NIOBIUM, 2009 Os óxidos de nióbio possuem uma elevada pressão de vapor quando comparados ao metal. A baixa pressão de oxigênios e a elevadas temperaturas, ocorre a perda do metal por evaporação dos óxidos. Esse consumo de oxigênio depende do tempo e pode ocasionar três efeitos. Um deles é a dissolução do oxigênio sem formação de óxido. O outro é a formação de uma camada de Nb2O5 como o crescimento de NbO dentro do metal e, por fim, a formação de Nb2O5 poroso sobre o metal (GRAHAM e SUTHERLIN, 2001). 2.5 PIEZOELETRICIDADE Piezoeletricidade consiste na capacidade que alguns materiais possuem de transformar energia mecânica em energia elétrica. O seu nome vem do prefixo grego “piezen” que significa pressão e caracteriza bem este efeito. Ao sofrer uma 41 compressão, ou tração em certas direções, o material gera impulsos elétricos devido a uma polarização formada em sua estrutura. Nestes materiais, também é observado um efeito inverso. Quando submetidos a impulsos elétricos, sofrem deformações em sua estrutura (EIRAS, 2008; RINGGAARD, 2005). Este fenômeno foi descoberto pelos irmãos Pierre e Jacquie Curie em 1880, em cristais de quartzo e foi denominado efeito piezoelétrico direto. No ano seguinte, 1881, Lippman descobriu o efeito piezoelétrico inverso. Apesar de este fenômeno ter sido observado primeiramente em minerais, a descoberta das piezocerâmicas, levou à descoberta de piezoeletricidade nas demais classes de matérias, desde polímeros e compósitos até semicondutores e filmes finos (EIRAS, 2008). A piezoeletricidade está intrinsecamente ligada à estrutura e à capacidade de polarização do material e se manifesta sob a aplicação de um campo elétrico da ordem de kilovolts por milímetros (EIRAS, 2008). A FIG. 2.7 ilustra o que ocorre na estrutura cristalina do material quando submetido a uma tensão. Devido à ausência de um centro de simetria, a estrutura gera um dipolo elétrico. Contudo vale ressaltar que apesar de ser uma condição essencial para que esse fenômeno se manifeste, a ausência de um centro de simetria não é definitiva para classificar um material como piezoelétrico. FIG. 2.7 - Ilustração da origem da piezoeletricidade: (a) No cristal em equilíbrio o momento de dipolo elétrico total é nulo; (b) o dipolo elétrico resultante da deformação mecânica não é nulo – Imagem retirada do livro Materiais e dispositivos Eletrônicos (REZENDE, 2004). 42 Na FIG. 2.7(a), tem-se um cristal sem deformação onde as cargas elétricas estão distribuídas de maneira a ter uma resultante elétrica nula. Na FIG. 2.7(b), observa-se o mesmo cristal quando submetido a uma tensão mecânica. Ela deforma elasticamente a estrutura, causando mudança na orientação dos íons e, conseqüentemente, um desequilíbrio das cargas, ou seja, uma polarização na direção da tensão. Como o modelo apresentado é bidimensional, pode se determinar a direção da polarização. Num caso real, ou seja, tridimensional, a tensão mecânica pode provocar uma polarização na mesma direção da tensão ou em uma direção diferente. Este efeito é representado matematicamente através de tensores conforme as equações abaixo descritas: P = dT + ε 0 χ ε (EQ. 2.4) R = sT + dε (EQ. 2.5) onde: T é a tensão mecânica aplicada ao material; ε é o campo elétrico aplicado; P é a polarização induzida; R é a deformação provocada; d é a constante piezoelétrica; s é o coeficiente elástico; ε0 é a permissividade elétrica do vácuo; χε é a susceptibilidade elétrica. Essas constantes são características do material, sendo a constante piezoelétrica, d, a que caracteriza o material como piezoelétrico, pois relaciona a polarização induzida com a tensão mecânica aplicada. A constante piezoelétrica é uma grandeza tensorial que depende da direção da tensão aplicada e da polarização e pode possuir até 27 componentes. Contudo devido à simetria do cristal vários componentes se anulam. A tabela a seguir mostra o valor dessa constante para os principais materiais piezoelétricos (REZENDE, 2004). 43 TAB. 2.10 - Valores das maiores componentes do tensor constante piezoelétrico e constante dielétrica de materiais piezoelétricos importantes. d (10-2 m/v) Material Quartzo Turmalina KDP BaTiO3 PZT 2.6 -2,3 -3,7 21 390 379 Fonte: Adaptada de REZENDE, 2004. ε 4,5 6,3 40 2900 1700 TÉCNICAS DE CARACTERIZAÇÃO DO MATERIAL 2.6.1 MICROSCOPIA A microscopia tem por objetivo a obtenção de imagens ampliadas de um objeto, que permite a distinção detalhes não revelados a olho nu (MANNHEIMER, 2002). Neste trabalho foi utilizada microscopia óptica e eletrônica de varredura para o estudo da morfologia do material. 2.6.1.1 MICROSCOPIA ÓPTICA (MO) A observação das estruturas apresentadas na natureza utilizando a microscopia óptica sempre ocupou um papel importante no início das ciências dos materiais. Apesar do desenvolvimento de microscópios mais potentes, o microscópio óptico ainda é utilizado como uma técnica para análise de amostras biológicas, minerais e materiais de todas as classes. Atualmente, ela é utilizada como uma técnica complementar a outras mais avançadas, como a microscopia eletrônica de varredura. 44 O funcionamento do microscópio óptico é baseado nos princípios da óptica geométrica e nos efeitos da interação da luz com a matéria. Dois efeitos desta interação são utilizados em particular em microscopia óptica: reflexão e refração da luz. Os dois efeitos ocorrem concomitantemente. No primeiro, parte do raio de luz incidente sobre a amostra é refletido no meio de origem e é o responsável pela formação da imagem. No segundo, parte desse raio atravessa amostra sofrendo desvio em sua direção. Este efeito, aplicado a um conjunto de lentes – objetiva e condensadora – proporciona uma melhor resolução da imagem, cerca de 0,5µm, e um aumento de até 500 vezes (MANNHEIMER, 2002). Uma limitação dos microscópios ópticos convencionais é a impossibilidade de uma análise morfológica para amostras com grande relevo, como na análise de fraturas. Nestes casos, é mais recomendado o uso de estereomicroscópio. Este tipo de microscópio é composto por dois conjuntos ópticos independentes que permitem uma visão em três dimensões da amostra proporcionando uma melhor caracterização da sua morfologia (MANNHEIMER, 2002). FIG. 2.8 – Estereomicroscópio Óptico (LME/IME). 45 2.6.1.2 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA (MEV) O microscópio eletrônico de varredura (MEV) trouxe uma nova dimensão ao estudo da morfologia, por produzir imagens de alta resolução e ampliação (até 300.000X). Diferentemente das imagens geradas por microscopia óptica, aquelas formadas por MEV são de caráter virtual. As amostras não são vistas diretamente e suas imagens são formadas em um monitor através da codificação dos sinais gerados pela interação elétron-amostra (MANNHEIMER, 2002). O princípio do funcionamento do MEV consiste na emissão de um feixe de elétrons gerado em filamento de tungstênio5 por efeito termoiônico. Os elétrons gerados sob alto vácuo são acelerados por uma diferença de potencial que varia entre 0,3 keV a 30 keV. Os elétrons têm seu percurso e diâmetro corrigido por um conjunto de lentes eletromagnéticas que agem como condensadoras. Estas lentes alinham os feixes na direção da abertura da objetiva, que ajusta o foco do feixe antes deste atingir amostra. Logo acima da objetiva, duas bobinas eletromagnéticas são as responsáveis pela varredura das amostras. Da colisão dos elétrons com a amostra, são gerados uma série de sinais diferentes que são captados por detectores específicos e transformados em sinais elétricos (MANNHEIMER, 2002). Dos sinais gerados, os elétrons secundários e os retroespalhados são os utilizados para a formação das imagens. Quando o feixe de elétrons incide sobre a amostra, um dos efeitos observados é a geração de raios X. Esses raios X são formados quando um elétron de uma camada energética mais interna do átomo é arrancado, gerando uma vacância. Esta vacância passa então a ser ocupada por um elétron de uma camada mais externa, que libera energia sob a forma de raios X. Um detector acoplado ao MEV, o EDS (Espectroscopia de Raios X por dispersão de Energia), mede o valor dessa energia, que é característica para cada elemento. Desta forma, esta técnica permite a identificação dos elementos químicos constituintes da amostra (MANNHEIMER, 2002). Um efeito indesejado da interação dos elétrons com a amostra é chamado de carregamento. Este efeito ocorre em amostras não condutoras, onde os elétrons se 5 Existem outras fontes de emissão de elétrons sendo esta a mais utilizada. 46 acumulam na superfície da amostra prejudicando a formação da imagem. Para evitar esse efeito, as amostras não metálicas são recobertas com uma fina camada de um material condutor permitindo o fluxo dos elétrons. FIG. 2.9 – Microscópio Eletrônico de Varredura (LME/IME). 2.6.2 DIFRAÇÃO DE RAIOS X A análise morfológica é insuficiente para uma completa caracterização do material, pois não fornece informações a respeito da disposição dos átomos no material. Para tal objetivo, a técnica de difração de raios X (DRX) é a mais adequada. Este procedimento é baseado em um fenômeno da Física Ondulatória chamado de interferência. Este fenômeno ocorre quando uma onda, ao encontrar uma fenda ou um obstáculo da mesma ordem de grandeza do seu comprimento de onda, sofre desvios. Se a interferência sofrida pelo feixe gerar uma dispersão de feixes em direções específicas, tem-se o fenômeno da difração (FERREIRA, 2008). Nesta técnica, um feixe de raios X é incidido sob diferentes ângulos na amostra e parcialmente refletido pelos seus planos cristalográficos, com um ângulo igual ao incidente, e detectado por um sensor. Para determinados ângulos de incidência, são 47 gerados sinais com intensidades diferentes que indicam a posição dos planos atômicos na estrutura. FIG. 2.10 - Difração de raio-x em uma estrutura cristalina (CALLISTER, 2006). A difração, nas redes cristalinas, é regida segundo a Lei de Bragg. Esta lei diz que, para haver a formação de um padrão de difração, é necessário que a diferença de caminho óptico seja proporcional ao comprimento de onda incidente, ou seja: nλ = 2dsen θ (EQ. 2.6) onde: n é a ordem da difração; d é a distancia interplanar; 2dsenθ é a diferença de caminho óptico; θ é o ângulo de incidência; λ é o comprimento de onda da radiação incidente. Uma quantidade maior de informações pode ser obtida através da análise dos difratogramas segundo o método de Rietveld. Esta técnica de refinamento tem sido muito utilizada para análise quantitativa de fases, além de obter informação como parâmetros de rede, coordenadas atômicas e difratograma analisado. (YOUNG, 1995) 48 densidade ocupacional do O método Rietveld consiste basicamente numa comparação ponto a ponto da curva teórica do difratograma com curva experimental. As diferenças existentes entre as curvas são chamadas de resíduos, Sy. Estes resíduos são minimizados através do método dos mínimos quadrados, conforme a equação a seguir: n Sy = ∑ w i (y i − y ci ) 2 (EQ. 2.7) i −1 onde: wi é o peso de cada intensidade dado por wi =1/yi; yi é a intensidade observada na i-ésima iteração; yci é a intensidade calculada na i-ésima iteração. 2.6.3 ANÁLISE TERMOGRAVIMÉTRICA (TG/DTA/DSC) Análise Térmica é um termo que abrange um grupo de técnicas nas quais uma propriedade física ou química de uma substância é monitorada em função do tempo ou temperatura. Para tal a amostra é submetida a uma variação controlada da temperatura em uma atmosfera específica (WENDHAUSEN, 2010). A primeira das análises térmicas, a termogravimetria (TG) também conhecida como análise termogravimétrica (TGA), é muito utilizada para caracterizar o perfil de degradação de um material. Nesta técnica, a amostra é colocada em uma termobalança ou em um analisador termogravimétrico e sua massa é medida enquanto a temperatura é variada sob uma taxa predeterminada. Os dados gerados são apresentados através de um gráfico do percentual de perda de massa pela temperatura (RIBEIRO, 2009; WENDHAUSEN, 2010). Os equipamentos atuais geram no mesmo gráfico uma curva de TG e uma de sua derivada, DTG, que apresenta a taxa de variação da massa pela temperatura. Os resultados da TG podem ser influenciados pela atmosfera utilizada, pela vaporização e decomposição de material. (WENDHAUSEN, 2010) 49 Outra análise térmica muito utilizada é a DTA, Análise Térmica Diferencial. Nesta técnica utiliza-se um material termicamente inerte como referência que, junto com a amostra a ser analisada, é submetido à variação controlada de temperatura. Com isso, pode-se medir a diferença na variação de temperatura da amostra em comparação ao material inerte. Nesta técnica, são obtidas informações sobre processos físicos e químicos da matéria que envolvam variações de temperatura. Os resultados são gerados sob forma de gráficos que podem apresentar picos característicos de um processo endotérmico ou exotérmico. O processo é caracterizado como endotérmico quando o pico é formado no sentido negativo em relação à vertical e é caracterizado como exotérmico o pico acompanha o sentido positivo. A DSC, Calorimetria Exploratória Diferencial é muito semelhante à DTA. A principal diferença entre ambas é a propriedade física aferida. Nesta análise, obtêmse informações sobre entalpia da amostra em relação ao referencial inerte. O gráfico gerado no DSC, apresenta picos endotérmicos e exotérmicos que podem indicar diversas alterações estruturais na amostra como: transição vítrea, cristalização, fusão, oxidação e decomposição. 50 3 MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 MATERIAIS PRECURSORES O nióbio e o óxido de nióbio utilizados neste trabalho foram adquiridos da CBMM. O certificado de análise apresentado pelo fornecedor do Nb não informa o seu grau de pureza, mas indica a presença de 1347ppm de Tântalo e 11221ppm do Oxigênio. Quanto ao óxido de nióbio, o grau de pureza apresentado é de 99,8%. A solução de hidróxido de sódio foi preparada a partir do NaOH micropérola da marca Vetec que apresenta uma grau de pureza de 99,4%. A água ultrapura usada no preparo das soluções pode ser obtida através de um Aparelho de Osmose Reversa da marca Quimis, modelo Q842-210 que se encontra disponível no Laboratório de Cerâmica do IME. Também conhecida como Milli-Q, esta água apresentou um pH de caráter levemente ácido (entre 5 e 6), o que está de acordo com a literatura. 3.2 PREPARAÇÃO DO NANBO3 VIA ÓXIDO DE NIÓBIO O procedimento experimental de obtenção do Niobato de Sódio foi baseado na rota feita por Tsung-Ying Ke et. al. Para o preparo da solução aquosa, o hidróxido de sódio foi adicionado à água ultrapura, com pH aproximadamente igual a 6, em um becker de teflon e agitado até a sua completa dissolução. O Nb2O5 foi adicionado à solução após esta ter resfriado até a temperatura ambiente. O becker de teflon com a mistura obtida foi colocado em um becker de vidro contendo óleo de silicone para ser aquecido em banho-maria. O conjunto foi colocado em um agitador magnético por um período de 3h, a uma temperatura de 120°C (F IG. 3.1). 51 FIG. 3.1 - Etapas do preparo da rota via Nb2O5. (a) Esquema experimental; (b) Pó após a secagem. Ao fim do processo o becker contendo a mistura foi resfriado naturalmente até atingir a temperatura ambiente para se dar início o processo de lavagem do pó. A massa branca e densa que decantou durante o resfriamento foi submetida a um processo de lavagem que durou cerca uma semana. Nesta etapa, combinaram-se três métodos de separação de pó: decantação, filtragem e centrifugação. Os pós como obtidos foram colocados em estufa à um temperatura do 80°C para completa secagem. Os pós foram macerados, peneirados com uma peneira 80# e calcinados às temperaturas de 400°C e 500°C, por períodos de 1 h, 2h e 4h. No total, foram preparadas 7 amostras utilizando uma solução de concentração 12,5M e duas usando a concentração 10M. Na TAB. 3.1, estão especificadas as quantidade de reagentes usadas para cada uma delas. Foram necessárias três tentativas iniciais até se obter uma otimização do procedimento experimental. A amostra AM1 sofreu degradação por ter ficado por um longo período submersa na solução após o término do procedimento. A amostra AM2 foi perdida no processo de lavagem do material devido à corrosão do filtro pela solução de NaOH. A amostra AM7 foi contaminada no processo de lavagem pelo recipiente da centrifuga utilizada. As demais amostras não apresentaram nenhum problema durante a de síntese. (ROBIN, 2004; WU, 2010) 52 TAB. 3.1- Quantidade de reagentes utilizados na preparação das amostras. Amostras Solução (mL) NaOH (g) Nb2O5 (g) Situação Solução de concentração 12,5M AM1 80 40 13 Degradação AM2 80 40 13 Perda na lavagem AM3 80 40 26 Ok AM4 80 40 26,6 Ok AM7 100 50 33,25 Contaminação AM8 200 100 66,5 Ok AM12 200 100 70 Ok Solução de concentração 10M AM5 80 32 26 Perda na lavagem AM6 150 60 40 Ok 3.3 PREPARAÇÃO DO NANBO3 VIA NIÓBIO METÁLICO O Nb foi adicionado à solução de NaOH obedecendo à razão molar de Na/Nb=1:1 de acordo com as rotas apresentadas por KOKUBO et. al.(2000) e de GODLEY et. al.(2004). Para a obtenção da primeira amostra foram adicionados 8g NaOH, em 200mL de água ultra pura obtendo uma solução aquosa de molaridade 1M. Adicionou-se a esta solução 18,6g de Nb metálico. Na preparação da segunda amostra, 12g de NaOH foram adicionados a 100mL de água para a obtenção de uma solução 3M e 27,9g de Nb metálico foram adicionados. A terceira amostra foi preparada adicionando-se 4g de NaOH em água a fim de formar 200mL de uma solução 0.5M e 9,3g de Nb foram adicionados a esta solução. As misturas obtidas foram levadas à estufa em um becker de teflon a uma temperatura de, 80°C por períodos de 12h e 24h. Par te do material obtido foi separada para a análise e outra foi tratada termicamente à temperaturas de 400ºC e 53 500ºC, ao ar e a vácuo. Para o cálculo das massas do reagente e do pó precursor seguiu-se a seguinte reação: 2H2O + NaOH + Nb NaNbO3 + 5/2H2 (EQ. 3.1) TAB. 3.2 - Quantidade de reagentes utilizados na preparação das amostras. Amostra Nb (g) NaOH (g) Solução (mL) 1M 18,6 8 200 3M 27,9 12 100 0.5M 9,3 4 200 FIG. 3.2 – Pó como obtido da amostras 0,5M, 1M e 3M sintetizadas via nióbio metálico. 3.4 PROCEDIMENTO DE LAVAGEM DOS PÓS COMO OBTIDOS Após a síntese química, os pós foram submetidos a um longo processo de lavagem para a eliminação do sódio excedente. Até ser encontrado o procedimento 54 ótimo de lavagem foi utilizada água-ultra pura fria, à 60°C e à temperatura ambiente, sendo esta última adotada como ideal. Foram combinadas três técnicas de separação de pós: decantação, filtração e centrifugação. Para as amostras obtidas via óxido, foram usadas as três técnicas, enquanto que para as amostras obtidas via nióbio metálico, foi usada apenas a filtração. A centrifugação foi adotada para acelerar o processo de decantação. Contudo foi a provável causa da contaminação das amostras e foi descartada. No processo de lavagem das amostras via óxido, ao fim da síntese ocorre um processo natural de decantação do material obtido tendo este a aparência de uma massa densa. A amostra foi separada de seu licor6 e vertida em um becker plástico de 600mL (ou 3 L de acordo com a quantidade de pó) contendo água ultra-pura. O becker com o material foi colocado sob rápida agitação sendo em seguida reservado para a decantação e então vertido no filtro conectado em uma bomba de vácuo (FIG. 3.3). Em todo processo, foi utilizado aproximadamente 1,5L para cada 10g de material. Como referência, o pH do líquido filtrado era medido a cada duas ou três trocas de água com o auxilio de uma fita de pH. O licor apresentou pH = 14 e ao fim de um processo que durava em torno de quatro dias; o líquido filtrado apresentou pH = 10. O resultado esperado ao fim do procedimento era obter um pH = 7 ou 8 para o líquido filtrado, mas o aumento das repetições no processo de lavagem levou à perda de material sem grandes sucessos na redução do pH. As amostras obtidas via metal foram lavadas utilizando apenas a técnica da filtração. As amostras foram vertidas diretamente no filtro conectado a uma bomba de vácuo onde eram lavadas com água ultra-pura com o auxílio de pisetes. Comparado com a rota anterior, o volume de água utilizado foi consideravelmente menor. Nesta etapa, foi utilizado álcool etílico para acelerar o processo de secagem. 6 Licor é o nome dado ao liquido sobressalente ao fim de uma síntese química com precipitação. 55 FIG. 3.3 - Esquema de filtragem a vácuo usado para lavagem das amostras. 3.5 TRATAMENTO TÉRMICO Para os tratamentos térmicos, as amostras foram maceradas em um gral de pistilo e passados por uma peneira 80#. Para o tratamento térmico a vácuo, o pó foi comprimido em uma matriz de 10mm de diâmetro e compactado à pressão de 44MPa. Os pós obtidos foram submetidos a tratamentos térmicos às temperaturas de 400°C e 500°C, com taxa de aquecimento de 5°C po r minuto e de resfriamento de 10°C/min, por um período de 1, 2 e 4h, ao ar e a vácuo. O tratamento térmico ao ar foi realizado no laboratório de materiais cerâmicos do IME, em um forno da marca EDG Equipamentos, modelo EDG 3000. O tratamento térmico feito a vácuo foi realizado no laboratório de análises químicas do CBPF, em um forno tubular. As amostras foram colocadas em um tubo de quartzo de diâmetro 20mm e submetidas a um vácuo de 10-2 MPa gerados por uma bomba de vácuo (FIG. 3.4) e este tubo foi inserido no interior do forno. Para suprir a diferença entre o diâmetro do tubo e do orifício do forno, as extremidades deste foram vedadas com chumaços de lã de vidro. 56 FIG. 3.4 - Esquema de montagem para tratamento térmico à vácuo. FIG. 3.5 – Forno da marca EDG Lab. Cerâmicas IME. 57 3.6 CARACTERIZAÇÃO DO MATERIAL 3.6.1 MICROSCOPIA ÓPTICA A morfologia dos cristais obtidos via nióbio metálico foi verificada utilizando um Esterosmicroscópio da marca X, disponível no Laboratório de Microscopia Eletrônica do IME (LME/IME). 3.6.2 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA 3.6.2.1 MICROESTRUTURA A microestrutura das amostras (Na7)(H3O)Nb6O19·14H2O, Na8Nb6O19⋅14H2O e NaNbO3 obtidas via óxido de nióbio e via nióbio metálico foram analisadas por Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV). Esta análise foi realizada no Laboratório de Microscopia Eletrônica do IME (LME/IME) onde foi utilizado o microscópio JEOL modelo JSM-5800-LV. As amostras foram recobertas com ouro para evitar carregamento. 3.6.2.2 ANÁLISE QUÍMICA ELEMENTAR A análise química elementar das amostras via nióbio metálico foi realizada por meio de EDS (Energy Dispersive Spectroscopy), no MEV do laboratório de Microscopia Eletrônica do IME (LME/IME). Para as amostras via Nb2O5 o a análise de EDS foi realizada no Setor de Caracterização Tecnológica do CETEM. Foi 58 utilizado o Microscópio da marca Leica S440, equipado com sistema de (EDS) Link ISIS L300 com detetor de SiLi Pentafet. 3.6.3 DIFRAÇÃO DE RAIOS X As amostras antes e após o tratamento térmico tiveram suas fases cristalinas, e parâmetros de rede identificados por Difração de raios X. As primeiras amostras foram caracterizadas no Laboratório de Difração de raios X do CBPF, por um difratômetro da marca Panalytical, modelo X´Pert PRO MPD. Foi utilizada uma fonte de cobre como alvo para emissão dos raios X, uma corrente de 40 mA e voltagem de 40 kV. A varredura iniciou em 2theta na posição 5° até a posição 100°, com passo de 0,05° e tempo de coleta de 1s. Outra parte das amostras foi analisada no Laboratório de Difração de raios X do IME também da marca Panalytical, modelo X´Pert MRD. Foi utilizada uma fonte de cobalto, uma corrente de 45mA e voltagem de 40kV. A varredura iniciou em 2theta na posição 5° até a posição 100°, com um passo de 0,069s. As últimas amostras foram analisadas no difratômetro da marca Bruker, modelo AXS D5005, com radiação de cobalto e uma voltagem de 35kV e corrente de 40mA. Para uma primeira identificação dos difratogramas, foi utilizado o programa X’Pert HighScore Plus. O Método Rietveld foi adotado para análise quantitativa das amostras obtidas via óxido de nióbio, onde foi utilizado o programa TOPAS, versão acadêmica e como referência, as seguintes fichas ICSD: ((Na7)(H3O)Nb6O19·14H2O), 28589 (Pnmm), 23239(Pbcm) e 28152 (R3c). 59 20096 FIG. 3.6 - (a) Difratômetro modelo X´Pert MRD do Laboratório de Difração de Raio X do IME. (b) Difratômetro modelo X´Pert MPD do Laboratório de Difração de Raio X do CBPF. 3.6.4 ANÁLISE TERMOGRAVIMÉTRICA (TGA/DSC) Para verificar a perda de massa do pó como obtido, 3,698g da amostra AM8 foi analisada por TGA, no laboratório de análises térmicas do IPqM a uma taxa de 10°C/min até a temperatura de 1000°C ao ar. As muda nças estruturais ocorridas na amostra foram analisadas no Laboratório de preparação de amostras do CBPF através de análises de DTG e DSC. Os parâmetros utilizados foram: atmosfera de nitrogênio; taxa de aquecimento de 10°C/min; faixa de temperatura de 30°C até 1000°C; massa da amostra 19,8mg. 60 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 MORFOLOGIA E ANÁLISE QUÍMICA ELEMENTAR (EDS) As análises em MEV indicaram variação na morfologia do material de acordo com o pó precursor, o tempo, a temperatura e a atmosfera empregada durante o tratamento térmico. Nesta etapa do trabalho, serão apresentadas as micrografias referentes a ambas as rotas separadamente. 4.1.1 AMOSTRAS OBTIDAS VIA ÓXIDO DE NIÓBIO Na FIG. 4.1 a seguir serão apresentadas as imagens obtidas via óxido de nióbio, tratadas termicamente a 400°C por 1h, 2h e 4h ao ar , respectivamente. Na FIG. 4.2 encontram-se as amostras tratadas termicamente 500°C por 1h, 2h e 4h respectivamente também ao ar. As amostras tratadas termicamente a vácuo à temperatura de 400°C e 500°C estão apresentadas na FIG. 4.3. Nesta figuras, pode-se observar a diferença de tamanho dos precipitados com a variação do tempo e da temperatura do tratamento térmico. 61 a IME/LME b 1µm x5000 IME/LME 1µm x5000 c IME/LME 1µm x5000 FIG. 4.1 - MEV das amostras tratadas termicamente à 400°C por 1h (a), 2h (b) e 4h (c) respectivamente, com aumento de 5000x. a IME/LME b 1µm x5000 IME/LME 1µm x5000 c IME/LME 1µm x5000 FIG. 4.2 - MEV das amostras tratadas termicamente à 500°C por 1h (a), 2h (b) e 4h (c) respectivamente, com aumento de 5000x. 62 b a IME/LME 15µm x1100 IME/LME 15µm x1100 FIG. 4.3 - MEV das amostras tratadas termicamente à vácuo a 400°C (a) e 500°C (b), respectivamente, por 1h. As imagens em MEV mostram formação de precipitados com formatos irregulares e a presença de precipitados em forma de fios submicrométricos. Este resultado é interessante visto que segundo a literatura, agulhas ou nanoagulhas só são obtidas em concentrações molares menores, como mostra a FIG. 4.5b. (LIN, 2005; TSUNG-YING, 2008). O resultado esperado no uso de uma solução 12,5M é a formação de precipitados poligonais. Estes precipitados são observados quando a amostra é tratada termicamente a 400°C por 1h (FIG. 4.1a). O aumento do tempo de tratamento favorece a formação de precipitados irregulares e a formação não muito expressiva de agulhas submicrométricas (FIG. 4.1a). Porém, o aumento da temperatura de tratamento térmico induziu o crescimento destes precipitados em formato de agulhas. As imagens em MEV (FIG. 4.2) mostram a distribuição quase uniforme dos precipitados irregulares e das agulhas. As amostras tratada termicamente a vácuo apresentaram um aspecto mais facetado dos seus precipitados, mas este formato pode ter sido influenciado pela compactação do pó para a formação pastilhas. Entretanto, pode-se observar a formação de agulhas submicrométricas de maneira mais expressiva quando a amostra é submetida ao vácuo mesmo a 400°C, conform e mostram FIG. 4.4 e FIG. 4.5. 63 IME/LME 10µm x1000 FIG. 4.4 - MEV da amostra 12,5M tratada termicamente à 400°C, por 1h sob vácuo. (b) (a) (c) IME/LME 10µm x1000 FIG. 4.5 – (a) MEV da amostra obtida hidrotermicamente com concentração molar 12,5M (TSUNGYING, 2008); (b) MEV da amostra obtida hidrotermicamente com concentração molar 10M (LIN, 2005); (c) MEV da amostra 12,5M tratada termicamente à 500°C, por 4h. 64 4.1.2 AMOSTRAS OBTIDAS VIA NIÓBIO METÁLICO Os pós obtidos das amostras via nióbio metálico apresentam um aspecto arenoso e sua cor variou de cinza escuro à cinza claro quando observados sem o auxílio instrumentos ópticos. As imagens de micrografia óptica de luz refletida mostram claramente as diferentes fases presentes nas amostras, assim como a variação no aspecto das mesmas. A amostra 3M-12h apresentou aglomerados opacos, de tom acinzentado e pontos brilhantes, aspecto bem diferente das amostras 1M-12h e 0,5M-12h. A amostra 1M-12h, tem uma aparência translúcida e forma de pequenos cristais em tom âmbar. Pode-se observar ainda a presença de duas fases diferentes que podem ser tanto as fases identificadas por DRX, quanto resíduos de sódio. A amostra 0,5M12h, assim como a 1M-12h, apresentou partículas facetadas, translúcidas, com tom marrom e diferentes fases. FIG. 4.6 - Imagens em microscopia óptica de luz refletida das amostras 3M-12h, 1M-12h e 0,5M-12h, respectivamente. 65 As imagens obtidas em MEV e microscopia óptica mostraram que os precipitados obtidos em todas as amostras pela rota do nióbio metálico exibem cristais facetados com uma grande variação quanto ao tamanho e também apresentam aglomerados. As imagens apresentadas na FIG. 4.7 indicam a variação no tamanho dos precipitados com a variação da concentração molar das soluções utilizadas. As FIG. 4.7a, 4.7b, 4.7c, mostram respectivamente as amostras 3M, 1M e 0,5M onde se pode observar que o tamanho do precipitado aumentou com o decréscimo da concentração molar. Esse comportamento se deve as etapas de nucleação e crescimento da transformação de fases. A amostra 1M apresentou um maior crescimento de seus precipitados, em relação a amostra 3M e a amostra 0,5M apresentou o maior tamanho de precipitado em relação as outras amostras. Verificou-se também a presença de aglomerados e de diferentes fases no material, conforme pode se observar na FIG. 4.8. Deduz-se que esta fase seja a NaNb6O15OH conforme o resultado obtido com o difratograma. b a IME/LME 15µm x1100 IME/LME 15µm x1100 c IME/LME 15µm x500 FIG. 4.7 - Imagens em MEV das amostras 3M-12h (a), 1M-12h (b), 0,5M-12h (c). 66 b a IME LME 15µm x110 IME LME 15µm x110 FIG. 4.8 - Imagens em MEV da amostra 1M-12h (a) e 3M-12h(b) mostrando a presença de aglomerados e fragmentos. As análises em EDS das amostras 0,5M mostram que a fase sem forma regular apresenta uma grande concentração de sódio, conforme mostram os espectros 1 e 2. Este resultado sugere que este precipitado sem forma regulara pode ser resíduo de NaOH. FIG. 4.9 – EDS do precipitado facetado da amostra 0,5M. 67 FIG. 4.10 – EDS dos precipitados sem forma definida da amostra 0,5M. 4.2 ANÁLISE ESTRUTURAL 4.2.1 AMOSTRAS OBTIDAS VIA ÓXIDO DE NIÓBIO A rota via óxido gerou um pó niobato de sódio hidratado com a estequiometria (Na7)(H3O)Nb6O19·14H2O após o tratamento alcalino. Após a calcinação, houve conversão em niobato de sódio com estruturas diferentes dependendo da temperatura e do tempo de tratamento do material. Os difratogramas apresentados nas FIG. 4.11 e FIG. 4.12 mostram a diferença na formação dos pós como obtidos. O difratograma referente à amostra 12,5M indica a formação de (Na7)(H3O)Nb6O19·(H2O)14 conforme a análise por Rietveld apresentada no APÊNDICE 1. Quanto ao difratograma gerado pela amostra 10M, este não apresentou nenhum resultado compatível com as fichas cristalográficas 68 indicadas na literatura. Este resultado sugere que não ocorre a formação do material desejado com a diminuição da molaridade. Amostra 10M 500 INTENSIDADE 400 300 200 100 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 2 theta FIG. 4.11 - Difratograma do pó como obtido em solução de concentração molar 10M. 2500 Amostra 12,5M • INTENSIDADE 2000 • Na 7(H 3O)Nb 6O 19·(H 2O)14 • 1500 • • 1000 • • • • 500 • •• • • • • • • •• • • 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 2θ FIG. 4.12 - Difratograma do pó como obtido em solução de concentração molar 12,5M. Os difratogramas seguintes mostram a formação do NaNbO3 com temperatura e tempo de tratamento térmico diferentes. A uma temperatura de 400°C, verificou-se a 69 formação de uma fase NaNbO3 de estrutura Pnmm, como mostra a análise por refinamento Rietveld apresentada no APÊNDICE 1. 30000 12,5M 400°C 2h NaNbO3 - Pnmm INTENSIDADE 25000 20000 15000 10000 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 2 theta FIG. 4.13 - Difratograma da amostra 12,5M tratada termicamente à 400°C por 2h. Um tratamento térmico foi realizado à temperatura de 500°C durante 1h, 2h e 4h. Os difratogramas apresentados a seguir nas figuras FIG. 4.14, FIG. 4.15 e FIG. 4.16 mostram a formação do NaNbO3 com diferentes estruturas. Comparando os difratogramas, verifica-se que o referente ao material tratado a 500°C por 1h apresentou picos um pouco mais intensos que os apresentados na FIG. 4.13. Isto pode indicar uma maior cristalinidade do material tratado a 500°C. Contudo, a fase obtida variou de acordo com o tempo de tratamento. No tratamento de 2h de duração, a análise por Rietveld indicou a formação da estrutura ortorrômbica Pbcm (Ficha ICSD 23239 e JCPDS 01-073-0803; a = 5,5040 Å; b= 5,5680 Å; c=15,5200 Å) (APÊNDICE 1). Quando o tempo de tratamento foi elevado para 4h, houve a formação da fase Pnmm (Ficha ICSD 28589) com picos mais intensos indicado que a amostra apresentou maior cristalinidade relativa à amostra tratada à 500°C por 1h. De acordo com a literatura, nesta fase o niobato de sódio apresenta características antiferroelétricas e quando submetido piezoeletricidade. (APÊNDICE 1). 70 a um campo elétrico, apresenta 35000 12,5M 500C 1h NaNbO3 - Pnmm INTENSIDADE 30000 25000 20000 15000 10000 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 2 theta FIG. 4.14 - Difratograma da amostra 12,5M tratada termicamente à 500°C por 1h ao ar. 50000 45000 12,5M 500C 2h NaNbO3 - Pbcm INTENSIDADE 40000 35000 30000 25000 20000 15000 10000 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 2 theta FIG. 4.15 - Difratograma da amostra 12,5M tratada termicamente à 500°C por 2h ao ar. 71 70000 12,5M 500C 4h NaNbO3 - Pnmm INTENSIDADE 60000 50000 40000 30000 20000 10000 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 A FIG. 4.16 - Difratograma da amostra 12,5M tratada termicamente à 500°C por 4h ao ar. TAB. 4.4 – Resultado das sínteses via Nb2O5 ,pós tratamento térmico ao ar. Temperatura Tempo Estrutura formada 400°C 2h NaNbO 3 Pnmm 1h NaNbO3 Pnmm 2h NaNbO3 Pbcm 4h NaNbO3 Pnmm 500°C Morfologia Precipitados irregulares Precipitados irregulares e agulhas submicrométrica Além do tratamento térmico realizado ao ar, amostras via óxido foram submetidas a um tratamento térmico a vácuo. O resultado obtido foi interessante, pois as fases encontradas, teoricamente só poderiam ser obtidas a temperaturas inferiores à ambiente. Este resultado pode ser atribuído ao comportamento do óxido do nióbio no vácuo (NIOBIUM, 2009), onde ocorre uma perda do metal por evaporação levando a formação da fase de baixa simetria R3c (Ficha ICSD 28152). Outro fato interessante foi a conversão da amostra em niobato de sódio. À temperatura de 400°C por um período de 2h a amostra apresentou uma baixa conversão de sua fase hidratada para a fase romboédrica R3c. Com o aumento da temperatura o resultado obtido foi um aumento considerável da conversão. Contudo, ao aumentar o tempo do tratamento térmico de 1h para 2h, a análise em Rietveld (APÊNDICE 1) indicou diminuição da fração convertida. 72 Diferentemente do resultado obtido por KE et. al. (2008), ao fim da síntese, não se obteve o NaNbO3 com estrutura ortorrômbica e sim um niobato hidratado de estrutura ortorrômbica e com estequiometria (Na7)(H3O)Nb6O19·14H2O. A princípio, este resultado foi atribuído às diferenças na rota de preparação das amostras. O referido autor obteve o material através da síntese hidrotérmica com o uso de pressão. Nesta técnica, a mistura “solução - pó precursor” é aquecida em um reator, ou em uma autoclave, para garantir a presença de uma fase em solução (fase líquida com sais dissolvidos) em temperaturas elevadas (PAULA, 2008). Esta fase serve como meio de transporte de massa para se obter o material desejado. Na rota adotada nesta dissertação, o material não foi submetido à pressão. Para manter a fase líquida, foi utilizada a temperatura mínima encontrada na literatura para a formação do composto, 120°C. Além disso, a relação solução-soluto adotada também visou à permanência da fase líquida mesmo com alguma evaporação. O resultado encontrado, segundo WU et. at. (2010), pode ser atribuído a alta concentração molar utilizada e à sua variação ao longo da síntese. Devido à alta solubilidade do hidróxido de sódio em água, a solução presente é rica em íons Na+ e OH-. Este excesso de íons OH- inibiu a formação do niobato mais estável (NaNbO3), favorecendo a formação do (Na7)(H3O)Nb6O19·14H2O. Para uma melhor compreensão, o mecanismo de formação do niobato é apresentado abaixo, seguido da discussão da formação do material: 3Nb2O5 + 8OH- → Nb6O198- +4H2O Nb6O198- (EQ. 4.1) + - + 7Na +16H2O → (Na7)(H3O)Nb6O19·(H2O)14↓ + OH (Na7)(H3O)Nb6O19·(H2O)14↓ → 6NaNbO3↓ + Na+ + OH- + 15H2O (EQ. 4.2) (EQ. 4.3) Segundo WU et. al (2010), o excesso de íons presentes na solução alcalina leva a uma lenta dissolução do Nb2O5 à baixa temperatura (próxima à temperatura ambiente). Com a elevação da temperatura da solução, o óxido de nióbio se torna mais solúvel e os íons OH- são adsorvidos à superfície do mesmo. A afinidade existente entre as ligações Nb=O e O–H leva a formação do íon Nb6O198-, conforme mostra a EQ. 4.1 e favorece a formação conhecido como íon Lindqvist hexaniobato. Com isso, a variação na concentração sódio-nióbio da solução ao longo da síntese é a força motriz para a formação da fase cristalina (Na7)(H3O)Nb6O19·(H2O)14 EQ. 4.2. 73 Logo, pode-se constatar que a alta concentração de OH- favorece a formação do niobato de sódio hidratado, mas inibe a formação do NaNbO3. Contudo, o íon Lindqvist, hexaniobato, formado na EQ. 4.1, que apresenta pouca estabilidade (GOIFFON, 1980) quando submetido a aquecimento e forma a estrutura octaédrica do NaNbO3. Esta discussão explica a formação do NaNbO3 somente após a abundante lavagem do pó obtido e do tratamento térmico. Diante do resultado, houve a tentativa de diminuir a concentração molar da solução utilizada de 12,5M para 10M. Contudo, não houve a formação da fase hidratada, (Na7)(H3O)Nb6O19·(H2O)14, e da mesma maneira não houve formação da fase esperada, NaNbO3. Este resultado, comparado com o obtido da ZHU et. al. (2006) sugere que, para uma concentração molar inferior, é necessário que a síntese ocorra sob pressão. 4.2.2 AMOSTRAS OBTIDAS VIA NIÓBIO METÁLICO Para a identificação das fases presentes em cada amostra foi utilizado o programa HighScore Plus da Panalytical. Assim como na rota anterior, o pó obtido foi um niobato de sódio hidratado, mas as amostras 1M e 3M indicaram um resultado diferente do encontrado na literatura. Os difratogramas a seguir mostram a formação de dois diferentes niobatos hidratados: NaNb6O15OH e (Na7)(H3O)Nb6O19·(H2O)14. As FIGs. 4.17 e 4.18 apresentam os difratogramas das amostras sintetizadas com concentrações 1M e 3M, respectivamente, por um período de 24h. Uma análise quantitativa superficial sugere a formação da fase (Na7)(H3O)Nb6O19·(H2O)14 em maior quantidade que a fase NaNb6O15OH para ambas as amostras. 74 ♦ • ♦ • 800 700 Am ostra 1M, 24h ♦ • NaN b 6 O 15 OH - 33% • ♦ (N a 7)(H 3 O)Nb 6 O 19 ·(H 2 O) 14 - 67% INTENSIDADE 600 500 ♦ 400 ♦ ♦ ♦ • •♦ • 300 • 200 ♦ ♦♦• •• ♦ ♦• • ♦♦ ♦ ♦ • • • 100 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 2 theta FIG. 4.17 - Difratograma da amostra 1M sintetizada por 24h. 800 ♦ • Am ostra 3M, 24h • NaNb 6 O 15OH - 32% INTENSIDADE ♦ • ♦ (Na 7 )(H 3O)Nb 6 O 19 ·(H 2O) 14 - 68% 600 ♦ ♦ • • ♦ ♦ ♦ ♦ 400 ♦ ♦ ♦ ♦ • • 200 ♦ • ♦ • • ♦ • • • • • 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 2 theta FIG. 4.18 - Difratograma da amostra 3M sintetizada por 24h. 75 100 110 3M 24h 1M 24h 1400 1200 Intensidade 1000 800 600 400 200 0 0 20 40 60 80 100 2 theta FIG. 4.19 - Difratograma da amostra 1M e 3M sintetizada por 24h. Com o intuito de conseguir melhores resultados, diminuiu-se o tempo de síntese para 12h, o que gerou uma variação da fração das fases (FIG. 4.20). O difratograma da amostra 3M-12h (FIG. 4.21), sugere um aumento na concentração da fase (Na7)(H3O)Nb6O19·(H2O)14. O que pode ser observado pela proeminência dos picos da fase em questão. A FIG. 4.22, compara os difratogramas das amostras 3M-12h e 1M-12h, mostrando os picos mais intensos da amostra 3M-12h. 76 ♦ ♦• • 1200 Am ostra 1M, 12h • N aN b 6 O 15 OH - 30% ♦ (Na 7 )(H 3 O)N b 6 O 19·(H 2O ) 14 - 70% INTENSIDADE 1000 800 ♦ ♦ • ♦ •♦ • 600 ♦ • ♦ • • ♦ • ♦ • 400 ♦ ♦♦ ♦ • ♦• • 200 ♦ ♦ • • ♦ • ♦ ♦ • •♦ • 0 20 40 60 80 100 2 theta FIG. 4.20 - Difratograma da amostra 1M sintetizada por 12h. 2500 Am ostra 3M, 12h • N aN b 6O 15 O H - 25% ♦ ♦ (Na 7 )(H 3O )N b 6 O 19 · (H 2 O ) 14 - 75% INTENSIDADE 2000 ♦ 1500 ♦ ♦ ♦ • •♦ • 1000 500 ♦♦ ♦ • ♦ ♦ ♦ • • ♦ ♦ • • •• • • • 0 10 20 30 40 50 60 70 80 2 theta FIG. 4.21 - Difratograma da amostra 3M sintetizada por 12h. 77 90 100 INTENSIDADE 3400 3200 3000 2800 2600 2400 2200 2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 600 400 200 0 1M 12h 3M 12h 0 20 40 60 80 100 2 theta FIG. 4.22 - Difratograma das amostras 1M e 3M sintetizada por 12h. Mantendo-se o tempo de síntese e diminuindo-se a concentração molar para 0,5M houve uma mudança considerável na intensidade dos picos do difratograma. A diminuição dos picos característicos da fase (Na7)(H3O)Nb6O19·(H2O) (FIG. 4.23), sugere que a diminuição da concentração molar desfavorece a sua formação. A FIG. 4.24 compara os difratogramas das amostras 0,5M, 1M e 3M. 3000 Amostra 0,5M, 12h • NaNb 6O 15OH - 45% INTENSIDADE 2500 ♦ • 2000 ♦ (Na 7)(H 3O)Nb 6O 19·(H 2O)14 - 55% ♦ • ♦ • 1500 1000 ♦ ♦ ♦ ♦ • ♦ ♦• • ♦ 500 ♦ • ♦ ♦ ♦ • ♦ ♦♦ ♦• • • ♦ ♦ ♦ • • • • • ••• • • 0 10 20 30 40 50 60 70 80 2 theta FIG. 4.23 - Difratograma da amostra 0,5M sintetizada por 12h. 78 90 100 6500 05M 1M 3M 6000 5500 5000 Intensidade 4500 4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 0 0 20 40 60 80 100 2 theta FIG. 4.24 - Difratograma das amostras 0,5M, 1M e 3M sintetizadas por 12h. Após o tratamento térmico da amostra 1M-12h à 400°C por 2h ao ar, não se obteve a formação da fase esperada do NaNbO3 (FIG. 4.26). O processo de aquecimento favoreceu uma maior a conversão da fase hidratada (Na7)(H3O)Nb6O19·(H2O)14 em NaNbO3 monoclínica (P2/m). O resultado obtido pode ser atribuído à presença da fase NaNb6O15OH antes do tratamento térmico. Os difratogramas da amostra 0,5M-12h (FIG. 4.25) indicaram a formação da fase do NaNbO3 de estrutura ortorrômbica Pbcm. 3500 ♦ • Amostra 0,5M, 12h TT ♦ • 3000 ♦NaNbO3 Pbcm • (Na7)(H3O)Nb6O19·(H2O)14 INTENSIDADE 2500 2000 1500 1000 ♦ • • • ♦ • ♦ • • 500 ♦ • ♦ ♦ ♦ ♦ ♦ ♦ 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 2 theta FIG. 4.25 - Difratograma da amostra 0,5M-12h tratada termicamente à 400°C por 2h. 79 5000 ♦ ♦ 4000 Amostra 1M, 12h TT ♦NaNbO3 P2/m INTENSIDADE • (Na7)(H3O)Nb6O19·(H2O)14 3000 2000 • ♦ 1000 • • • • • ♦ • ♦ ♦ ♦ ♦ • ♦ ♦ ♦ ♦ 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 2 theta FIG. 4.26 - Difratograma da amostra 1M-12h tratada termicamente à 400°C por 2h. 8000 7500 05M 1M 7000 6500 6000 Intensidade 5500 5000 4500 4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 0 20 40 60 80 100 2 theta FIG. 4.27 - Difratograma das amostras 0,5M-12h e 1M-12h tratada termicamente à 400°C por 2h. As amostras 0,5M-12h foram submetidas a uma tratamento térmico a vácuo, à temperaturas de 400°C e 500°C por 2h. Este procedim ento foi adotado para evitar oxidação do nióbio remanescente no tratamento térmico. Uma análise quantitativa superficial sugere uma conversão da fase hidratada (Na7)(H3O)Nb6O19·(H2O)14 para 80 a fase NaNbO3 (P21ma) (FIG. 4.30). O tratamento feito à 400°C mo strou um aumento da cristalinidade do niobato de sódio hidratado (Na7)(H3O)Nb6O19·(H2O)14 (Pmnn). O difratograma desta amostra (FIG. 4.28) apresentou picos não identificados pela análise realizada. 8000 • 7000 INTENSIDADE 6000 Amostra 0,5M 12h TT 400°C • (Na7)(H3O)Nb6O19·(H2O)14 • • • 5000 • 4000 • • 3000 • 2000 • • 1000 10 20 30 40 50 60 70 80 2 theta FIG. 4.28 - Difratograma da amostra 0,5M-12h tratada termicamente à 400°C por 2h sob vácuo. 14000 tratada ao ar tratada à vلcuo 12000 Intensidade 10000 8000 6000 4000 2000 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 2 theta FIG. 4.29 - Difratograma da amostra 0,5M-12h tratada termicamente à 400°C por 2h sob vácuo e da amostra 0,5M-12h tratada termicamente à 400°C por 2 h ao ar. 81 18000 ♦ • ♦ • 16000 Amostra 0,5M 12h TT 500°C ♦NaNbO3 P21ma • (Na7)(H3O)Nb6O19·(H2O)14 iNTENSIDADE 14000 12000 10000 8000 6000 •♦ • ♦ • ♦ • 4000 ♦ • ♦ • • 2000 0 10 20 30 40 50 60 70 80 2 theta Intensidade FIG. 4.30 - Difratograma da amostra 0,5M-12h tratada termicamente à 500°C por 2h sob vácuo. 18000 17000 16000 15000 14000 13000 12000 11000 10000 9000 8000 7000 6000 5000 4000 3000 2000 1000 0 400C 500C 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 2 theta FIG. 4.31 - Difratograma da amostra 0,5M-12h tratada termicamente à 500°C por 2h sob vácuo. As tabelas a seguir apresentam os resultados alcançados para as amostras obtidas através das duas rotas: 82 TAB 4.5 - Síntese via nióbio metálico: Pó como obtido7 Tempo Concentração Variação na molar fração das fases 1M 24h 3M 1M 3M 12h 0,5M Fase obtida 67% (Na7)(H3O)Nb6O19·(H2O)14 33% NaNb6O15OH 68% (Na7)(H3O)Nb6O19·(H2O)14 32% NaNb6O15OH 70% (Na7)(H3O)Nb6O19·(H2O)14 30% NaNb6O15OH 75% (Na7)(H3O)Nb6O19·(H2O)14 25% NaNb6O15OH 55% (Na7)(H3O)Nb6O19·(H2O)14 45% NaNb6O15OH TAB. 4.6 - Síntese via nióbio metálico: Pós tratamento térmico. Parâmetros de tratamento Fases formadas térmico 400°C, 2h Vácuo 0,5M (Na 7)(H3O)Nb6O19·(H2O)14 NaNbO3 P21ma 500°C, 2h (Na7)(H3O)Nb6O19·(H2O)14 NaNbO3 P2/m 1M 12h (Na7)(H3O)Nb6O19·(H2O)14 Ar 400°C, 2h NaNbO3 Pbcm 0,5M 12h (Na7)(H3O)Nb6O19·(H2O)14 7 Valores utilizados apenas para comparar a variação da fração das fases. 83 4.3 ANÁLISE TÉRMICA A temperatura utilizada no tratamento térmico do material, foi obtida da literatura e coincide com a temperatura indicada pela análise termogravimétrica, como mostram os gráficos de TG e DSC a seguir (FIG. 4.32 e FIG. 4.33). A análise termogravimétrica indica uma perda de massa de 20,18% do material submetido ao tratamento térmico e o gráfico DSC indica um pico endotérmico a uma temperatura de 400°C, o que indica formação de fase cristalina no material. FIG. 4.32 - Análise termogravimétrica da amostra 12,5M. FIG. 4.33 – DSC da amostra 12,5M. 84 5 CONCLUSÃO Ao fim desse trabalho, pode concluir-se que a obtenção do niobato de sódio a partir do nióbio metálico é viável. Apesar de não se ter obtido com total sucesso o material na fase desejada, os resultados apontam um caminho promissor. Contudo, precisa-se adequar melhor os parâmetros tempo e temperatura do tratamento térmico para uma melhor conversão de fases. Verificou-se ainda que a concentração molar influencia de maneira oposta cada uma das rotas. Na rota via óxido de nióbio, o aumento da concentração molar da solução reagente propiciou a formação do niobato. Ao contrário, na rota via nióbio metálico essa supersaturação inibiu a formação do niobato. O uso de vácuo no tratamento térmico inicialmente visou evitar a oxidação do nióbio sobressalente na rota via nióbio metálico. Os resultados obtidos não mostraram grande relevância para essa rota, mas na rota via óxido, propiciou a obtenção do niobato de sódio ferroelétrico. Quanto à morfologia das amostras, um resultado interessante foi a formação de precipitados em forma de agulhas de tamanho submicrométricos em duas das amostras obtidas via óxido: a amostra tratada a 400°C, por 1h sob vácuo e na amostra tratada termicamente à 500°C, por 4h ao ar. Este resultado não era esperado, visto que só era reportado na literatura, em soluções de menor molaridade. Quanto à estrutura desejada, o niobato de sódio foi obtido na estrutura antiferroelétrica Pbcm em duas amostras: na 0,5M-12h, tratada termicamente ao ar à 400°C por 2h na síntese via nióbio metálico e na amostra 12,5M tratada termicamente ao ar, à 500°C por 2h na síntese via ó xido de nióbio. Ainda foi obtido o NaNbO3 na estrutura P21ma, na amostra 0,5M-12h, tratada termicamente à 500°C à vácuo, por 2h na síntese via nióbio metálico. Segundo a literatura, esta é uma fase ferroelétrica do NaNbO3 à temperatura ambiente. 85 6 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS Como prosseguimento do trabalho realizado nesta pesquisa, sugere-se: A caracterização piezoelétrica do material obtido; Utilização de MET para realização da difração de elétrons e assim identificar a fases diferentes indicadas pelas micrografias; Análise por Rietveld do material obtido pela rota do nióbio metálico; Uso de pressão na síntese do material via nióbio metálico; Produção e caracterização de nanofios de NaNbO3. 86 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALLAH, A.G.G., Nature and corrodability of thin oxide films formed on niobium in NaOH solutions. Journal Of Applied Electrochemistry. 21. 1991. 346-350. BARSOUM, M.W. Fundamentals of ceramics. 2. ed. Philadelphia: IOP, 2003. 603 p. BERNAL, CLÁUDIA ET AL . Influência de alguns parâmetros experimentais nos resultados de análises calorimétricas diferenciais - DSC. Química Nova. São Paulo. v. 25. n. 5. 2002. 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NaNbO3 Pnmm 100.00 % NaNbO3 Pnmm 100.00 % 200 190 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 -10 -20 -30 -40 -50 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 92 60 65 70 75 80 85 90 95 100 Análise por Rietveld da amostra 12,5M tratada termicamente à 500°C por 2h. 220 NaNbO3 100.00 % NaNbO3 100.00 % 210 200 190 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 -10 -20 -30 -40 -50 -60 -70 -80 -90 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100 105 110 Análise por Rietveld da amostra 12,5M tratada termicamente à 500°C por 4h. 250 Lueshite intermediate 100.00 % Lueshite intermediate 100.00 % 240 230 220 210 200 190 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 -10 -20 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 93 60 65 70 75 80 85 90 95 100 Análise por Rietveld da amostra 12,5M tratada termicamente à 400°C por 2h sob vácuo. NaOH 40 0.00 % Nb2O5 NaOH 0.00 %2.55 % NaNbO3 21.20 % Na7Nb6H31O34 Nb2O5 2.55 %76.25 % NaNbO3 21.20 % Na7Nb6H31O34 76.25 % 38 36 34 32 30 28 26 24 22 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 -2 -4 -6 -8 -10 -12 -14 -16 -18 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50 52 54 56 58 60 62 64 66 68 70 72 74 76 78 80 82 84 86 88 90 92 94 96 98 Análise por Rietveld da amostra 12,5M tratada termicamente à 500°C por 2h sob vácuo. NaOH 0.52 % Nb2O50.52 % 1.08 % NaOH NaNbO3 68.81 % Na7Nb6H31O34 29.59 % Nb2O5 1.08 % NaNbO3 68.81 % Na7Nb6H31O34 29.59 % 65 60 55 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 -5 -10 -15 -20 -25 -30 -35 -40 -45 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50 52 54 56 58 60 62 64 66 68 70 72 74 76 78 80 82 84 86 88 90 92 94 96 98 94 Análise por Rietveld da amostra 12,5M tratada termicamente à 500°C por 1h sob vácuo. NaOH 8.28 % Nb2O5 % NaOH 8.28 %1.76 NaNbO3 84.68 % Na7Nb6H31O34 5.28 % Nb2O5 1.76 % NaNbO3 84.68 % Na7Nb6H31O34 5.28 % 65 60 55 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 -5 -10 -15 -20 -25 -30 -35 -40 -45 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50 52 54 56 58 60 62 64 66 68 70 72 74 76 78 80 82 84 86 88 90 92 94 96 98 95