IGREJA BATISTA FUNDAMENTALISTA CRISTO É VIDA
www.cristoevida.com
ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL – EBD
“Como, pois, recebestes
o Senhor Jesus Cristo,
assim também andai nele”
Colossenses 2:6
CLASSE DE JOVENS E ADULTOS
Professores dos Jovens
Raphael e Socorro – Giuvan e Juliana
Professores dos Adultos
Pr. José Nogueira e Margarida – Rômulo e Diana
SEMESTRE I – 2010
DISCÍPULO(A) DE JESUS CRISTO:
IGREJA BATISTA FUNDAMENTALISTA CRISTO É VIDA
Avenida K, 911 - Planalto da Barra - Fone: (85) 3286-3330
www.cristoevida.com
Apresentação
Às vezes o SENHOR nos faz mudar alguns planos imediatos.
Isso aconteceu com o apóstolo Paulo. Quando estava em Trôade e planejava ir fazer Missões na Bitínia, região
mais oriental da Ásia Menor (Atos 16:6-10), o Espírito Santo lhe mostrou que ele deveria ir para a Europa, no famoso episódio das palavras: “Passa à Macedônia, e ajuda-nos”.
Também com Judas, irmão de Jesus. Ele diz, na introdução de sua epístola, que tinha o propósito inicial de
escrever sobre a doutrina da salvação (soteriologia). Mas, por motivos mais urgentes, teve que mudar o assunto e
a natureza de sua correspondência, para exortar os irmãos a defenderem a fé que estava ameaçada pela vida e
ensinos heréticos de falsos líderes:
“Amados, procurando eu escrever-vos com toda a diligência acerca da salvação comum, tive por necessidade
escrever-vos, e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos.” Judas, versículo 3.
Mais ou menos aconteceu conosco. Desde o ano passado, estamos planejando, coletando material, estudando e escrevendo sobre a História do Cristianismo Bíblico. Nossa intenção é fazer uma apostila que descreva a
história e os principais ensinos bíblicos do Cristianismo, desde o Século II até hoje.
Policarpo
William Carey
Balthasar
Lutero
Hipólito
John Paton
Robert Morrison
João Wesley
Hudson Taylor
Lottie Moon
Sabíamos que seria um projeto ousado - que daria muito trabalho e horas intermináveis de estudo e pesquisas. Mas, que seria uma bênção o traçar uma linha do tempo, com os personagens, a história e as grandes doutrinas bíblicas preservadas e defendidas. Tudo isso percorrendo os primeiros séculos, a Idade Média, o Período da Reforma (Séculos XV e XVI), e os grandes reavivamentos espirituais dos Séculos XVIII e XIX, até chegar em nossos dias.
Ainda estamos preparando esse material, numa apostila, para a nossa EBD.
Contudo, enquanto o projeto está no forno, resolvemos coletar sete lições bíblicas para estudarmos no primeiro semestre deste ano. A idéia era “EM 2010, COMECE 10”. Mas, analisando todas as lições, vimos que, em sua
totalidade, eram verdadeiras exortações para que os crentes, assim como receberam Cristo, como SENHOR de
suas vidas, devessem também andar em CRISTO, conforme Colossenses 2:6.
Assim, amados, esperamos e oramos para que essa exortação e ensino ecoem alto em nosso interior, fazendo
com que vós “COMO, POIS, RECEBESTES O SENHOR JESUS CRISTO, ASSIM TAMBÉM ANDAI NELE”:
I – VÓS O RECEBESTES COMO:
1 – SENHOR – Ele é o único Kyrios (“Senhor”). Ele é Deus – João 14:5 a 10
2 – JESUS – É o nome humano do Filho de Deus. Significa Deus Salva Agora! – 1 Timóteo 2:5.
3 – CRISTO – É a palavra “MESSIAS” (ungido), em Grego. Fala das promessas messiânicas (Gênesis 3:15),
das mensagens dos profetas do Antigo Testamento (Isaías 53), do Seu sacrifício único e de Sua ressurreição que reivindica ser Ele o exclusivo Redentor – Atos 4:12.
A conclusão lógica, que o Espírito Santo moveu Paulo, a declarar é que:
II - ASSIM TAMBÉM ANDAI NELE:
1 – Andar implica em ação – Isaías 60:1. Quem anda faz alguma coisa. Significa que não estar parado.
Basta de crentes passivos, é hora de ser e fazer!
2 – Andar significa progresso – Filipenses 3:12. Andar só tem sentido quando há uma direção, um alvo, um
destino. Andar é caminhar para a frente. Deus nos chama para fazer a diferença nessa geração.
3 – Andar requer continuidade e perseverança – Jó 1:1 e 6-8. “O que você anda fazendo?” – tal pergunta
sugere hábito de fazer algo, de persistir numa ação. Chega de crentes que fazem algo por algum tempo.
Que foram bênçãos. Que se destacam aqui e acolá e de vez em quando. É hora de perseverar. Andai, não
pareis. “Prossigamos sempre” é a ordem celestial – Gálatas 6:9; Hebreus 12:1.
4 – Andar em Cristo (“andai nEle”) é obedecê-lO, caminhar nos Seus passos, é seguir seu exemplo – 1
Coríntios 11:1.
5 – Andar em Cristo é ter tanta intimidade com Ele, vivendo no céu apesar de caminhar na terra, que nos
tornemos como Enoque:
“E andou Enoque com Deus; e não apareceu mais, porquanto Deus para si o tomou” (Gênesis 5:24).
Crentes dos quais o mundo não é digno:
“E outros experimentaram escárnios e açoites, e até cadeias e prisões. Foram apedrejados, serrados,
tentados, mortos ao fio da espada; andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, desamparados,
aflitos e maltratados (dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos, e montes, e pelas covas
e cavernas da terra” (Hebreus 11:36-38).
Portando, tornemos sincera a resolução dos judeus em Oséias 6:3!
“Então conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor; a Sua saída, como a alva, é certa;
e Ele a nós virá como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra.”
Que tenhamos zelo e façamos um bom proveito espiritual nessa caminhada de sete lições bíblicas!
LIÇÃO 1
BUSQUE O EQUILÍBRIO
Jeremias 1:4-10
I ntrodução
Há muitos paradoxos no Cristianismo bíblico. Um deles se refere
à natureza humana.
A chamada literatura de auto-ajuda começou com Dale Carnegie, quando publicou, em 1936, o seu primeiro livro: “Como Fazer
Amigos e Influenciar Pessoas”, cuja síntese é a seguinte: “Acredite
que você pode ser um sucesso, e você será”. Apesar da sua simplificação, a frase tem atraído muitas pessoas.
Lemos nos Salmos: “O Senhor olha dos céus para os filhos dos
homens, para ver se há alguém que tenha entendimento, alguém
que busque a Deus. Todos se desviaram, igualmente se corromperam; não há ninguém que faça o bem, não há nem um sequer” (Salmo 14:2-3).
Por isto, o profeta Jeremias arremata, dizendo que “o coração é
mais enganoso que qualquer outra coisa e sua doença é incurável.
Quem é capaz de compreendê-lo?” (Jeremias 17:9). Afinal, “todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus”
(Romanos 3:23), glória com que foi criado, porque feito à imagem e semelhança de Deus.
Esta supervalorização tem feito muito mal ao ser humano, porque tem levado a alguns ao auto-engano (pensando de si o que não são) e ao engano (achando que não têm erros ou pecados).
No entanto, seu oposto, a desvalorização do ser humano, configurada numa auto-estima baixa, tem feito
muito mal. Estou convencido que boa parte dos problemas que enfrentamos advém precisamente daí. Esta autopercepção equivocada, presente em muitos corações, está presente pelas páginas da Bíblia, sendo Jeremias o
exemplo mais notável.
Vamos reler com atenção Jeremias 1:4-10
I – ANAMNESE DA FALTA DE COMPREENSÃO DE SI
Jeremias, naquela circunstância, tipifica um tipo de pessoas ainda hoje.
Jeremias era alguém que tinha uma auto-imagem negativa a seu respeito. O que ele fala de si o revela. Talvez
não fosse eloqüente, mas achava que não sabia falar (vs. 6). Conheço pessoas que não fazem sequer uma oração
em público, porque não estão seguros que vão fazê-lo bem...
Jeremias era alguém que se achava aquém da tarefa que Deus lhe confiava. Deus poderia usar outra pessoa, mas
não ele. Ele era jovem demais, despreparado demais. Conheço pessoas que recusam tarefas porque olham para os
lados e, olhando para os lados, vêm gente mais competente. Até podem ser: mas essas pessoas não foram chamadas...
E por que Jeremias era assim? O texto bíblico não nos informa.
Por que alguns de nós desenvolvemos um sentimento negativo acerca de nós mesmos. Há alguns fatores
formativos que precisamos considerar.
1. A herança da rejeição.
A rejeição é uma marca da qual não é fácil se ver livre. Por que tantas crianças adotadas, que teriam tudo por
ser felizes por serem amadas por seus pais adotivos, desenvolvem auto-imagens tão ruins? Entre outros fatores,
é porque, mesmo aceitas pelos pais de agora, carregam o fardo da rejeição de ontem.
Imagino as dores das mulheres que vivem em sociedades em que são consideradas inferiores, em que são
recebidas como um peso, em que não são amadas; antes, são vistas como estorvos.
Imagino as dores de crianças rejeitadas pelos pais, algumas ainda no útero. Conheço pessoas que nunca se
acertaram na vida porque foram rejeitadas por seus pais, mesmo vivendo com eles.
2. O peso das expectativas
Alguns carregam um peso também as exigências elevadas dos pais e familiares, manifestas de forma agudamente crítica. No caso de Jeremias, talvez em Ananote, sua cidade, quisessem que ele fosse tão bom quanto seu
pai, o sacerdote Hilquias.
EBD - Classe de Jovens e Adultos - 2010
IBF Cristo é Vida •
6
Muitos pais querem que seus filhos sejam o que não conseguiram ser e acabam, claramente ou não, esperando isto deles. Quando essas crianças dão sinais de que não vão alcançar aquelas expectativas, podem ser
criticadas ou repreendidas, castigadas ou superprotegidas.
Uns reagem bem a expectativas inalcançáveis, considerando-as inalcançáveis por si mesmas, mas outras
reagem mal, achando-se culpados por não alcançar essas expectativas.
Essas situações podem seguir as vidas na idade adulta. Que esperar de uma mulher a vida inteira criticada e
controlada por seu marido. Que esperar de um esposo que nunca acerta, pelo menos aos olhos de sua esposa.
Se ele ou ela não tiver uma boa auto-estima, vai acabar acreditando no que o seu cônjuge lhe diz.
3. A pressão da cultura
Jeremias experimentaria ao longo de sua vida a pressão de sua comunidade, que lhe colocava um padrão
de sucesso profético. Alguns iam bem; eram recebidos em palácio, e ele ia para a cadeia. Havia um modo de ser
profeta, e se esperava que Jeremias o seguisse, como hoje também acontece. Acontece que as pessoas são diferentes; têm ritmos diferentes e nem sempre se adaptam a padrões estabelecidos sem consulta prévia, na mais
completa ignorância das competências individuais. Em nossa sociedade, estima-se que para se ter sucesso (sucesso entendido em termos como um fim em si mesmo), uma pessoa, por exemplo, precisa ser inteligente (que é
sempre uma comparação) e bonita (que é sempre uma comparação). Para alguns, isto é um desafio. Para outros,
é um sentimento de inadequação e de rejeição. Toda comparação é insuficiente e padece da síndrome dos dez
espias, que viram gigantes e obstáculos intransponíveis na terra que lhes fora dada para conquistar (Números 13).
Poucos, ao (se) compararem, se sentem davis, que não olhou o gigante como maior que ele, mas como um
igual, e olhou para Deus e derrotou Golias. A sociedade diz amar a diversidade, mas cultua a homogenidade. Deus
aprecia a biodiversidade.
4. Uma visão errada acerca de Deus.
Há ainda a leitura incompleta da Bíblia, marcada por uma visão que nega qualquer dignidade ao ser humano.
Há até a afirmação de que o sentido da vida cristã é a auto-negação. Jesus não é a expressão maior da humildade
por ter negado sua própria divindade? Se é assim, cada um de nós não deve se ver como inútil, como último, como
sem valor? Uma teologia do pecado é devastadora se não incluir a graça como um de seus capítulos.
Para muitos, Deus é como um pai rabugento e exigente, que castiga os filhos desobedientes e premia os
obedientes. Seu prazer, parece, é apresentar para seus filhos padrões que só Ele pode alcançar. O resultado é o
ser humano se esforçando para alcançar esses padrões, a partir do auto-esforço, que tem um nome: legalismo,
que põe a fidelidade de Deus na dependência da virtude humana. O legalismo não é legal; o legalismo é letal. O
legalismo se esquece que Deus põe padrões elevados, mas os vive conosco e nos ajuda a vivê-los; e se caímos,
Ele nos levanta.
II - A RECEITA DIVINA
“Todos nós vivemos de acordo com a percepção que temos de nossa própria identidade.
Na verdade, ninguém consegue comportar-se coerentemente de um modo que seja incoerente
com a imagem que faz de si próprio”. (Neil Anderson)
Se a palavra do homem é: “eu não posso”, a Palavra de Deus é: você pode.
Se a palavra do homem é: “eu não gosto de mim mesmo”, a Palavra de Deus é: “eu amo você”.
1. Procure se ver como Deus vê você.
Ouça o que Deus diz a seu respeito. Recorde-se do que disse a Jeremias: “Antes que te formasse no ventre te
conheci, e antes que saísses da madre, te santifiquei; às nações te dei por profeta” (verso 5).
“Cada parte da criação de Deus é muito boa e muito especial porque é o resultado do projeto amoroso do
Deus Todo-Poderoso. Como pessoas criadas na imagem de divina, somos muito especiais. A dignidade cada ser
humano vem da vontade divina, não de uma decisão humana. Nossa dignidade essencial não vem de uma escolha governamental, ou da utilidade social ou da auto-realização. Ela vem do Criador das galáxias que escolheu
seres humanos entre as multidões infinitas da ordem criada para portar a imagem divina. Sem essa de pobre e
indefeso, velho e fraco, aleijado e deformado, de jovem e necessitado; os seres humanos desfrutam de uma dignidade dada por Deus, uma dignidade que o coloca em destaque em toda a criação”. (Ronald Sider)
Isto não quer dizer que você não seja um pecador, porque é: todos somos. Por ser um pecador, você aceita
as palavras que põem sobre você, mesmo falsas. Por ser um pecador, você também oprime os outros, fala mal
dos outros, deseja mal aos outros, como também fazem com você. Mas você é um pecador redimido. Por ser um
“Como, pois, recebestes o Senhor Jesus Cristo, assim também andai nele” - Colossenses 2:6
IBF Cristo é Vida •
7
pecador redimido, sua imagem e semelhança foi restabelecida, embora ainda parcialmente. Deus ama a biodiversidade humana. Deus ama você. Você continua sendo um poema de Deus, como o era quando estava no ventre
da sua mãe. Você tem problemas, mas você tem a graça de Deus.
É assim que Deus vê você, não importa como tenha sido ou esteja sendo tratado pelos seus colegas, pelos
seus pais ou pelos seus cônjuges.
2. Lembre-se que Deus está com você.
Jeremias enfrentou muitos dilemas, inclusive o da baixa auto-estima. Ouça o que Deus lhe prometeu: “Não
diga que [você] é muito jovem. A todos a quem Eu o enviar, você irá e dirá tudo o que Eu lhe ordenar. Não tenha
medo deles, pois Eu estou com você para protegê-lo” (versos 7 e 8).
Por estar com você, por conhecer você, Ele capacita você a ser o que hoje você precisa ser: uma pessoa confiante, decidida e corajosa.
3. Deixe Deus fazer com você o que precisa ser feito.
Veja o que Deus pode fazer. Eis o que Ele fez com Jeremias.
a) O que o SENHOR Deus fez com Jeremias, no versículo 9?
b) O que o SENHOR deu a Jeremias, no versículo 10?
Então, deixe Deus tocar na sua boca. Deixe Deus tocar na sua vida, para fazer você se olhar como Ele vê você.
Deixe Deus transformar você!
A conquista de uma auto-suficiência equilibrada não é uma auto-conquista; é uma dádiva de Deus, já posta.
Jeremias se deixou transformar, por isso ouviu as palavras do SENHOR nos versículos 17 a 19.
4. Busque um verdadeiro equilíbrio.
O mandamento é claro: ame o seu próximo como a você mesmo. A Bíblia não precisava pedir para nos amarmos a nós mesmos porque este um imperativo da vida. As Sagradas Escrituras tomam a auto-estima como um
pressuposto.
Amar-se não é achar-se um Narciso, mais inteligente, mais belo, mais rápido, mais afetuoso, mais humilde. O
amor não precisa de comparação. Ninguém aborrece sua própria carne, mas antes a nutre e preza (Efésios 5:29);
esta é a ordem natural que Deus nos põe.
Amar-se não é viver como se não errasse ou não pecasse. Antes, uma pessoa equilibrada se põe diante de
Deus e pede que seja sondado por Ele (Salmo 139).
Como ensinou o apóstolo Paulo, não devemos “reivindicar qualquer coisa com base em nossos próprios méritos, mas a nossa capacidade vem de Deus” (2 Coríntios 3:5). Na verdade, nós amamos porque Deus nos amou
primeiro. Uma auto-estima equilibrada combina elevado amor próprio com humildade. “Por isso, pela graça que
me foi dada digo a todos vocês: Ninguém tenha de si mesmo um conceito mais elevado do que deve ter; mas, ao
contrário, tenha um conceito equilibrado, de acordo com a medida da fé que Deus lhe concedeu” (Romanos 12:3).
Paulo tinha uma imagem correta de si mesmo. Por isto, fez o que fez, enfrentando adversidades e adversários,
algozes e juízes. Ele diz “sejam imitadores de Cristo” e diz também “Sejam meus imitadores”. Sua auto-imagem
era equilibrada. “Auto-imagem não é pensamento positivo, é um modo cristão de ver-se. Não se supervalorize.
Você não é a quarta pessoa da trindade mas também não se deprecie, você não é a encarnação do mal. Você é
uma pessoa como todas as outras, com defeitos e com pecados, mas com virtudes. Porque você é a imagem e
semelhança de Deus. Porque você é propriedade de Jesus Cristo. Porque você tem valor aos olhos dele. Veja o
valor que Deus lhe deu (Ele te amou ao ponto de escolhê-lo e enviar Seu Filho para morrer por ti).
Aceite-se, porque a Bíblia não diz para você se rejeitar. Respeite-se e viva bem na graça de Deus. Você não é
uma coisa qualquer, você é propriedade de Deus. Conseqüentemente Deus ama, tem interesse, cuida de você e
tem um plano para sua vida – Efésios 2:8-10 e Tito 2:13-15.
EBD - Classe de Jovens e Adultos - 2010
A lgumas
IBF Cristo é Vida •
8
sugestões praticas
PARA OS PAIS
1. Lembre-se que o modo como você trata (com palavras e gestos) seus filhos tem impacto sobre toda a vida
deles.
2. Receba seus filhos como presentes de Deus. Deixe que eles percebam que é assim que você os considera.
3. Seja expansivamente afetuoso com eles. Não tenha vergonha de os elogiar, de “encher a bola” deles.
4. Não compare seus filhos com outros filhos.
5. Exija dos seus filhos, mas não exija demais. Comente suas ações, mas não apenas critique.
6. Crie oportunidades para que elas desenvolvam uma adequada auto-estima. Se for o caso, mesmo que falhem, dêem-lhe novas oportunidades.
PARA OS CÔNJUGES
1. Considere seu cônjuge como um presente de Deus, presente no passado, presente no presente, para que
continue sendo presente no futuro. Diga a ele que não imagina sua vida se não for ao seu lado.
2. Demonstre amor ao seu amado.
3. Eleve a auto-estima do seu querido. Exalte seus acertos.
4. Exorte seu cônjuge, se for necessário, mas não o massacre. Quando o criticar, no que realmente importar,
nunca o faça em público.
5. Não compare, nem para você mesmo, seu cônjuge com outro. O seu você conhece, o outro você apenas
imagina.
6. Reconheça que você também tem falhas, não só seu cônjuge.
PARA VOCÊ MESMO
Se você tem uma auto-estima elevada demais, pare de se achar superior.
Tenha o mesmo sentimento que Jesus teve em relação à sua divindade. E você não é divino.
Se você tem uma auto-estima baixa;
1. Pare de só ver defeito em você. Você tem defeitos, mas tem qualidades também. Faça uma lista destas
qualidades; você vai se surpreender. Seja tolerante com você mesmo. Dê sempre uma segunda chance para
você mesmo. Não aceite culpas que a Bíblia não lhe põe.
2. Pare de se comparar com os outros. Você é você. Você não é quem você não é. Seja você mesmo.
3. Esteja pronto para a crítica, mas não aceite ser massacrado.
4. Reconheça as suas falhas. Você erra, como todo ser humano. Arrependa-se e vivencie a beleza da graça
em você.
5. Reconheça o que Deus tem feito em você, através de você e para você. Deus, quando terminou a criação
dos seis dias, viu que era bonito o que tinha feito.
6. Cuide do seu corpo.
LIÇÃO 2
NÃO DESISTA
Jeremias 12:1-5
I ntrodução
“Tu és justo, Senhor, quando apresento uma causa diante de
Ti. Contudo, eu gostaria de discutir conTigo sobre a Tua justiça. Por
que o caminho dos ímpios prospera? Por que todos os traidores vivem sem problemas?
2
Tu os plantaste, e eles criaram raízes; crescem e dão fruto. Tu
estás sempre perto dos seus lábios, mas longe dos seus corações.
3
Tu, porém, me conheces, Senhor; Tu me vês e provas a minha
atitude para conTigo. Arranca os ímpios como a ovelhas destinadas
ao matadouro! Reserva-os para o dia da matança!
4
Até quando a terra ficará de luto e a relva de todo o campo
estará seca? Perecem os animais e as aves por causa da maldade
dos que habitam nesta terra, pois eles disseram: “Ele não verá o fim
que nos espera”.
[Deus responde:]
5
“Se você correu com homens e eles o cansaram, como poderá competir com cavalos? Se você tropeça em
terreno seguro, o que fará nos matagais junto ao Jordão?”
1
Não há campo em que sejamos menos entusiasmados do que a política; não há área em que achemos que
nada mais há a ser feito do que a política. No entanto, o ministério de Jeremias se desenvolveu no campo político.
A missão dele era orientar seu povo, incluídos seus governantes, a se voltar para Deus e ouvir a Sua voz. Ele não
tinha uma comunidade atenta à qual pregava; ele tinha uma nação que contestava suas mensagens; ele tinha
governantes que o prendiam. Jeremias tinha tudo para desistir, chegando ao ponto de achar que Deus o enganara
ao lhe chamar para aquela missão.
Eis o seu grito (Jeremias 20:7-13):
“Senhor, Tu me enganaste, e eu fui enganado; foste mais forte do que eu e prevaleceste. Sou ridicularizado o
dia inteiro; todos zombam de mim. Sempre que falo é para gritar que há violência e destruição. Por isso a palavra
do Senhor [isto é: aquilo que Deus me inspira a dizer] trouxe-me insulto e censura o tempo todo. Mas, se eu digo:
“Não o mencionarei nem mais falarei em seu nome”, é como se um fogo ardesse em meu coração, um fogo dentro
de mim. Estou exausto tentando contê-lo; já não posso mais!”
Ouço muitos comentando: “Terror por todos os lados! Denunciem-no! Vamos denunciá-lo!” Todos os meus
amigos estão esperando que eu tropece, e dizem: “Talvez ele se deixe enganar; então nós o venceremos e nos
vingaremos dele”.
Mas o Senhor está comigo, como um forte guerreiro! Portanto, aqueles que me perseguem tropeçarão e não
prevalecerão. O seu fracasso lhes trará completa vergonha; a sua desonra jamais será esquecida.
O Senhor dos Exércitos, Tu que examinas o justo e vês o coração e a mente, deixa-me ver a Tua vingança sobre eles,
pois a Ti expus a minha causa. Cantem ao Senhor! Louvem o Senhor! Porque ele salva o pobre das mãos dos ímpios”.
Por crer assim, Jeremias prosseguiu em sua jornada, mesmo que solitária.
Queremos deixar com você, então, um convite à perseverança.
I - DESEJANDO A PERSEVERANÇA
Se queremos conhecer a Deus e fazer a Sua vontade, precisamos perseverar neste conhecimento, porque o
melhor está ainda por vir.
Se queremos alcançar a plenitude da salvação, precisamos perseverar neste caminho, que é feito de ação e
contemplação, de contemplação e ação após o recebimento da graça.
Se queremos mudar o modo com nossa vida profissional (como patrão ou como empregado ou como autônomo), precisamos de muito esforço, de demorado esforço, nesta luta, que não é feito a golpes de sorte, mas de
muita transpiração.
EBD - Classe de Jovens e Adultos - 2010
IBF Cristo é Vida •
10
Se queremos mudar o modo como navegamos na vida com nossas emoções, temos um longo oceano a singrar, porque num passe de mágica ninguém migra de uma auto-estima baixa, ou elevada demais, para uma autoimagem equilibrada.
Se queremos ficar curados de uma doença, precisamos seguir as prescrições médicas, que podem incluir
remédios e mudanças de hábitos, alguns desses que herdamos de muitas gerações passadas.
Se queremos viver num país com uma cara mais decente, há uma íngreme montanha a ser escalada.
Se queremos viver numa família que vale a pena, com respeito e companheirismo, há muitas milhas a serem
caminhadas.
Se queremos viver numa igreja relevante para nós, nossa família e nossa comunidade, há muitos joelhos a
serem dobrado, muitos compromissos a serem firmados, muita inteligência a ser desafiada, muitas almas a serem
pastoreadas.
Se queremos ser ouvidos -- Jeremias que o diga -- precisamos saber que teremos que falar durante muito
tempo e de forma mais eficiente a cada dia.
Se queremos aprender algo novo, precisamos prosseguir aprendendo.
Nada do que queremos ser virá sem que perseveremos.
Nada do que queremos ter virá sem que persistamos.
Nada do que queremos mudar acontecerá sem que nos apliquemos.
II - RAZÕES E CONTRA-RAZÕES PARA A DESISTÊNCIA
Por que, então, tendemos a desistir (ou desistimos)?
Não pense que só você quer desanimar. Jeremias esteve perto de desistir até da própria vida, depois de tanto
tentar. Eis o que ele disse (Jeremias 20:14-18): “Maldito seja o dia em que eu nasci! Jamais seja abençoado o dia
em que minha mãe me deu à luz! Maldito seja o homem que levou a notícia a meu pai, e o deixou muito alegre,
quando disse: “Você é pai de um menino!” Seja aquele homem como as cidades que o Senhor destruiu sem piedade. Que ele ouça gritos de socorro pela manhã, e gritos de guerra ao meio-dia; mas Deus não me matou no ventre
materno nem fez da minha mãe o meu túmulo, e tampouco a deixou grávida. Por que saí do ventre materno? Só
para ver dificuldades e tristezas, e terminar os meus dias na maior decepção?” (Jeremias 20:14-18)
1. A cultura do sucesso rápido
Jeremias enfrentava o sucesso dos outros profetas. Eles é que eram bons. Eram citados. Eram respeitados.
Ganhavam medalhas dos governantes. Por que ele não fazia o mesmo?
Em nossa época a sedução permanece. Vivemos numa cultura globalizada onde tudo é muito rápido. Nossa
natureza, que gosta de soluções que importa em pouco esforço e nenhum sacrifício, fica encantada. A velocidade
se tornou uma excelência a ser buscada. Até aquilo que se normalmente se obtém com dedicação e tempo é oferecido “mastigado” em rápidas lições.
Por isto, não devemos nos esquecer que a vida não é uma espécie de super-mercado, onde tudo está lá prontinho e é só pegar e levar. Não vivemos num restaurante fast food, onde muitas vezes a batata já está frita, ou num
restaurante self-service, onde a comida lhe olha antes de você chegar lá. A vida se assemelha a um restaurante
em que o prato é preparado na hora; é mais gosto, mas demora mais a ser servido.
2. A natureza das coisas ignoradas
Por vezes, tendemos a desistir quando nossas perguntas pendem sem resposta e não entendemos a razão
de algumas coisas sucederem a nós ou a algum conhecido. Por que um câncer acomete uma pessoa temente a
Deus, se há tantos maus saudáveis?
Quais perguntas de Jeremias, em 12:1, que ainda ecoam em nossos dias?
Por que Deus nos chama a viver uma corrida a pé contra homens que correm a cavalo?
3. Medo de nossa incompetência
Jeremias, como lemos no relato de sua chamada (Jeremias 1:4-10), achava-se incompetente para realizar o
que Deus lhe pedia. Na verdade, ele não sabia do que era capaz, e só o soube quando foi testado.
Por vezes, desanimamos por que não conhecemos nossa capacidade de resistir. Olhamos para o desafio e
nos achamos incapazes de vencê-lo.
Na verdade, só conhecemos nossa capacidade quando somos testados. Recentemente um casal completou
bodas de prata. E uma festa, modesta e bonita, foi providenciada. Quem diria! Há alguns anos uma tragédia se
abateu sobre a família. O marido se envolveu sexualmente com uma colega de trabalho. Ele sempre foi o leme da
“Como, pois, recebestes o Senhor Jesus Cristo, assim também andai nele” - Colossenses 2:6
IBF Cristo é Vida •
11
casa, já que a esposa, por um problema de saúde emocional, controlada por um remédio controlado, era nula. No
entanto, ela decidiu lutar para recuperação moral do seu marido. E conseguiu. Quando todos imaginavam que ela
ficaria pelos cantos, dopada, ela descobriu do que era capaz e preservou com dignidade o seu casamento.
Se queremos avançar, precisamos olhar o que JÁ foi alcançado, mas ainda focando o que AINDA não foi alcançado.
Se queremos avançar, precisamos olhar para o prêmio a ser alcançado, não temendo o preço a ser pago
(Hebreus 12:1-3).
4. Enfermidade incapacitadora
Por vezes, desanimamos por sermos portadores de alguma enfermidade que nos incapacita para a perseverança. E aí não estão incluídas as limitações físicas, que nos impedem apenas de algumas coisas, mas não de
todas, e até delas se pode tirar proveito.
São incapacitadoras aquelas doenças de fundo psiquiátrico. Neste caso, a pessoa com este tipo de dificuldade deve procurar ajuda, deve aceitar ser ajudado.
III - VALE A PENA PERSEVERAR
Mesmo em suas limitações, Jeremias ouviu Deus lhe chamando à perseverança. Em vários textos do Antigo e
do Novo Testamentos, a chamada é a mesma:
[Jesus disse:] “Contudo, nenhum fio de cabelo da cabeça de vocês se perderá. É perseverando que vocês
obterão a vida” (Lucas 19:18).
“Afaste-se do mal e faça o bem; busque a paz com perseverança” (Salmo 34:14).
“Feliz é o homem que persevera na provação, porque depois de aprovado receberá a coroa da vida, que Deus
prometeu aos que o amam” (Tiago 1:12).
“Pois tudo o que foi escrito no passado, foi escrito para nos ensinar, de forma que, por meio da perseverança e
do bom ânimo procedentes das Escrituras, mantenhamos a nossa esperança. O Deus que concede perseverança
e ânimo dê-lhes um espírito de unidade, segundo Cristo Jesus, para que com um só coração e uma só voz vocês
glorifiquem ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo” (Romanos 15:4-6).
Sejam “fortalecidos com todo o poder, de acordo com a força da Sua glória, para que tenham toda a perseverança e paciência com alegria, dando graças ao Pai, que nos tornou dignos de participar da herança dos santos
no reino da luz. Pois Ele nos resgatou do domínio das trevas e nos transportou para o Reino do Seu Filho amado,
em quem temos a redenção, a saber, o perdão dos pecados” (Colossenses 1.11-14).
Somos chamados a perseverar, a prosseguir no caminho, a correr com os homens para correr com os cavalos. A perseverança não é uma qualidade, como brinca Charles Swindoll (Perseverança. São Paulo: Vida), que se
alcance com uma única oração do tipo “Senhor, dá-me perseverança, agora”.
Como nós, Jeremias se perguntava porque seu país passava por aquela situação, porque ele passava por
aquela situação, porque os traidores de Deus e dos homens prosperavam, criando raízes e dando frutos (verso 2).
Contudo, se queremos entender os caminhos da vida, precisamos perseverar. Este entendimento não está disponível em quatro lições de 15 minutos, feitas enquanto se assiste televisão ou se navega pela internet.
Como nós, Jeremias tinha uma atitude diante de Deus marcada pela atenção à Sua voz e pela obediência à
Sua palavra; diz o profeta: “Tu, porém, me conheces, Senhor; Tu me vês e provas a minha atitude para conTigo”
(verso 3). Por isto, se queremos perseverar numa atitude diante de Deus, marcada pela confiança e pela amizade,
precisamos perseverar.
Como nós, Jeremias se sentia injustiçado e abusado; por isto, queria triunfar sobre injustiças e abusos, tribulações e tentações, como nós também, mas para vermos o triunfo de Deus e em nossas vidas, precisamos triunfar.
E vale a pena, porque perseverando, podemos até não alcançar, por algum outro fator no interior da soberania
de Deus, mas não perseverando, jamais alcançaremos.
IV - PARA DESENVOLVER A DISCIPLINA DA PERSEVERANÇA
Como, então, desenvolver a perseverança?
Eis aqui algumas sugestões que são vividas no caminho. Ninguém vai sair daqui perseverante, se não caminhar. Ninguém vai dormir impaciente e acordar perseverante. A vida é uma caminhada, às vezes com homens; às
vezes, com cavalos. Só corremos com os cavalos, depois de aprendermos a correr a pé. O melhor da vida não está
disponível para ser comprada num shopping ou numa igreja.
1. Tenha uma visão clara do que você quer alcançar
Primeiro, comece olhando para aquilo que você deseja alcançar. Este é o primeiro passo na longa jornada da
EBD - Classe de Jovens e Adultos - 2010
IBF Cristo é Vida •
12
vitória. A vida não é feita de saltos, mas de passos, e o primeiro é ter uma visão clara do que se quer.
A pergunta é simples: o que você quer da vida? Alguns chamam isto de objetivo, outros de alvo, outros de
sonho, outros de ideal. Não importa: qual é o seu?
Esta reflexão se impõe para aqueles que ainda não a fizeram.
Numa visita em um hospital, ouvi a história de uma estudante que se encontrou com um dos mais respeitados profissionais de sua área, falando sobre seus desejos. Ele lhe perguntou: “Onde você quer estar daqui a dez
anos?”. Ela respondeu e ele disse o que ela deveria fazer para chegar lá.
Quando Deus chama Jeremias, diz-lhe: “Veja! Eu hoje dou a você autoridade sobre nações e reinos, para arrancar, despedaçar, arruinar e destruir; para edificar e plantar” (Jeremias 1:10). Jeremias viu e seguiu.
Se você não tem uma visão vinda de Deus para a sua vida, peça-Lhe esta visão.
2. Decida conquistar o que você deseja
Um dos homens mais extraordinários da Bíblia é Calebe, o pai de todos os homens e mulheres de visão. É
bom recordar seu exemplo. Enviado como espião para uma terra a ser conquistada, trouxe um relatório digno de
confiança. Ele nunca perdeu a visão. Quando chegou aos 85 anos de idade, tinha a mesma visão. Como havia
um território difícil que tinha visto como para ser conquistado, ele mesmo se levantou, formou uma equipe e a
conquistou (Josué 14:6-15).
A visão traz o desejo da conquista, o desejo da conquista alimenta a perseverança e a perseverança abre as
portas para a realização do desejo. Na verdade, este desejo se torna um fogo interior. Jeremias o experimentou.
Às portas do desânimo, o projeto de sua vida -- de tornar Deus o centro de sua vida, ele se anima, ao perceber
quem Deus era para ele: era “como se um fogo ardesse em meu coração, um fogo dentro de mim. Estou exausto
tentando contê-lo; já não posso mais!” (Jeremias 20:9).
A vida com Deus é uma caminhada, que começa com uma visão de quem Deus é e uma percepção de como
Ele nos vê.
Se esta visão de Deus nos acompanha, somos capacitados com a coragem necessária para nos lançarmos à
jornada. Que nos diga Calebe, que esperou 40 anos para conquistar a sua Hebrom. Que nos diga Davi, que também esperou 7 anos para conquistar Jerusalém (2 Samuel 5:1-10).
Que nos diga Jeremias, que teve que caminhar com o seu povo para o exílio, sabendo que esta era a vontade
de Deus para o seu povo.
A decisão nos capacita correr a pé, antes de podermos correr a cavalo. Para perseverar nas grandes coisas,
precisamos aprender a perseverar nas pequenas. As grandes coisas começam pequenas (Zacarias 4:10), todas,
sem exceção.
3. Mantenha a visão
Manter a visão não é ser teimoso. Os perseverantes são persistentes, não teimosos. Ser teimoso é persistir
nos caminhos que você trilha; ser perseverante é persistir nos caminhos que Deus lhe preparou.
Fique em cima do cavalo mesmo que ele dê solavanco.
Olho para os grandes realizadores de todos os tempos e vejo quanto perseveraram. Jerônimo levou 15 anos
(391-405) para traduzir a Bíblia para o latim, tradução que levou 400 anos para ser reconhecida.
O que há de melhor na vida vem na longa duração, que é feita de pequenos saltos e também de grandes saltos, que vêm depois dos primeiros.
A longa duração pode pedir mudanças, decisões novas, que nos tire pesos que Deus não colocou, compromissos que Deus não nos pediu. Aquilo que nós continuamos fazendo só para provar que estávamos certos não é
perseverança; é vaidosa teimosia.
4. Desenvolva o caráter
A comparação entre corrida a pé e corrida a cavalo indica bem a natureza da perseverança.
É uma disciplina a ser desenvolvida. É uma qualidade a ser forjada.
O apóstolo Paulo nos ensina o valor desta disciplina. Leiamos Romanos 5:3-5 e vamos responder: o que os
problemas (tribulações) desencadeiam em nossa vida de fé?
A esperança é um oferecimento de Deus para nós, por meio do Espírito Santo, oferecimento este que é recebido por quem tem um caráter aprovado na perseverança. O fundamento da perseverança é a esperança.
No desenvolvimento do caráter, precisamos considerar o preço da desistência. Quando alguns alunos me
vêm falar de suas dificuldades em continuar, desejosos de trancar a matrícula nos seus cursos, eu lhes digo:
“Saiba que se você parar agora, corre o risco de nunca mais voltar. Lembre-se da sua visão. Veja se vale a pena
“Como, pois, recebestes o Senhor Jesus Cristo, assim também andai nele” - Colossenses 2:6
IBF Cristo é Vida •
13
correr o risco”.
Há um preço alto na desistência. Para quem desiste, o arrependimento é certo. E às vezes dá para reparar as
suas conseqüências, às vezes, não.
Por isto, eu gosto da sugestão de Martin Luther King Jr.: “Se não puder voar, corra. Se não puder correr, ande.
Se não puder andar, rasteje, mas continue em frente de qualquer jeito”.
5. Celebre as pequenas vitórias
Quando Jeremias lançou mão da poesia como recurso para se comunicar, depois que suas profecias se cumpriram, ele escreveu: “Lembro-me da minha aflição e do meu delírio, da minha amargura e do meu pesar. Lembrome bem disso tudo, e a minha alma desfalece dentro de mim. Todavia, lembro-me também do que pode me dar
esperança” (Lamentações 3:19-21).
Se eu me fixar nas dificuldades, elas serão ainda mais duras. Se eu me ativer ao peso sobre minhas costas,
vou arquear. Para ter esperança, e assim alimentar minha perseverança, eu preciso de uma visão daquilo que
Deus já fez por mim. Quem fez faz.
É como se Jeremias dissesse: Eu estava num beco sem saída, mas Deus -- que “é bom para com aqueles cuja
esperança está nEle, para com aqueles que O buscam” (Lamentações 3:25) abriu uma brecha e houve saída para
mim. Estou de novo num beco sem saída; por que Deus -- em quem devo por a minha esperança (Lamentações
3:24) não fará outro buraco no muro para mim? Eu posso ter mudado, mas Ele não.
Na minha caminhada, então, precisamos olhar para o que Deus está fazendo e celebrar o que está fazendo,
mesmo que seja algo bem pequeno, como um emprego que não é o emprego dos sonhos; uma palavra, mesmo
seca, de quem nunca nos diz uma palavra sequer; um diagnóstico que abre uma fresta de esperança para o tratamento; um membro da família que sinaliza, mesmo que discretamente, um pedido de ajuda; a chegada de mais
um voluntário à nossa equipe de trabalho na igreja; uma melhora na saúde de uma pessoa querida; uma bênção
que bem poderia ser tomada como uma coincidência (aliás, não é Deus que faz as coisas coincidirem?)
Precisamos ter em mente “o trabalho que resulta da fé, o esforço motivado pelo amor e a perseverança proveniente da esperança em nosso Senhor Jesus Cristo” (1Tessalonicenses 1:3).
Quando celebramos as pequenas vitórias, nós nos fortalecemos com a certeza de que Deus está conosco.
Nosso caminho não é fácil sempre, mas não estamos sozinhos, mas contamos com o poder de Deus, que nos
pede perseverança e nos capacita para a perseverança.
LIÇÃO 3
FAÇA PLANOS
Jeremias 29:1-22
I ntrodução
Em sentido estrito, sonho é uma atividade mental durante o sono.
Em sentido largo, sonho é o uso da imaginação para desejar o que não
se tem, ver o que não se vê, realizar o que ainda não é evidente. Sonhar é projetar um futuro diferente e melhor em relação ao presente.
O sonho como atividade mental durante o sono não está sob o
nosso controle. O sonho como atividade da imaginação está sob o
nosso controle. Não podemos escolher o que, o como e o quando do
sonho do sono, mas podemos escolher o que, o como e o quando
do sonho acordado.
Jeremias conseguiu ser feliz e realizar seus projetos por causa
desta capacidade de fazer planos e sonhar. Movido por Deus, ele
desejava o que poucos desejavam, ele via o que ninguém via, ele se
animava quando a maioria estava desanimada.
Poucas pessoas como o pastor batista Martin Luther King Jr.
sonharam um futuro melhor para seu país. Em 28 de setembro de 1963 ele pregou o que talvez seja o discurso
mais famoso da história. Seu título foi: “I have a dream” (“Eu tenho um sonho”).
Eis alguns parágrafos deste discurso magistral.
“Eu estou contente em me unir a vocês no dia que entrará para a história como a maior demonstração
pela liberdade na história de nossa nação.
Eu digo a vocês hoje, meus amigos, que, embora nós enfrentemos as dificuldades de hoje e de amanhã,
eu ainda tenho um sonho. (...)
Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado de sua crença
– “ nós sustentamos estas verdades como auto-evidentes: que todos os homens nascem iguais ”. Eu tenho
um sonho que, um dia, nas colinas vermelhas da Geórgia, os filhos dos descendentes de escravos e os filhos
dos descendentes dos donos de escravos poderão se sentar juntos à mesa da fraternidade. Eu tenho um
sonho que, um dia, até mesmo no Estado de Mississippi, um Estado que transpira com o calor da injustiça,
que transpira com o calor da opressão, será transformado em um oásis de liberdade e justiça. Eu tenho um
sonho que, um dia, minhas quatro crianças viverão em uma nação onde não serão julgadas pela cor da pele,
mas pelo conteúdo de seu caráter. Eu tenho um sonho hoje! Eu tenho um sonho que, um dia, no Alabama –
com seus racistas maus, com seu governador cujos lábios gotejam palavras de intervenção e negação – um
dia, bem no Alabama, meninos negros e meninas negras poderão dar as mãos a meninos brancos e meninas
brancas como irmãs e irmãos. Eu tenho um sonho hoje!
Eu tenho um sonho que, um dia, todo vale será exaltado, todas as colinas e montanhas virão abaixo, os
lugares ásperos serão aplainados e os lugares tortuosos serão endireitados, “então o Senhor mostrará a sua
glória, e toda a humanidade a verá”.
Essa é nossa esperança. Essa é a fé com que regressarei para o Sul. Com essa fé nós poderemos cortar
da montanha do desespero uma pedra de esperança. Com essa fé nós poderemos transformar as discórdias
estridentes de nossa nação em uma bela sinfonia de fraternidade. Com essa fé nós poderemos trabalhar
juntos, orar juntos, lutar juntos, ir para a cadeia juntos, defender a liberdade juntos, sabendo que seremos
livres um dia. Esse será o dia, esse será o dia quando todas as crianças de Deus poderão cantar com um novo
significado: “Meu país, doce terra de liberdade, eu canto a ti. Terra onde meus pais morreram, terra do orgulho
dos peregrinos. De todo lado da montanha, que ressoe o sino da liberdade!” (...)
Que dizer deste sonho? Quem vivesse nos anos 60 e voltasse 20 ou 40 anos depois dificilmente reconheceria aquele país. Embora tenham matado Martin Luther King Jr., seu sonho se realizou; muito do que ele imaginou
hoje é real nos EUA. Há território a ser conquistado, mas muito já foi feito, muito que ninguém podia imaginar, e
aconteceu porque Martin Luther King Jr. sonhou.
“Como, pois, recebestes o Senhor Jesus Cristo, assim também andai nele” - Colossenses 2:6
IBF Cristo é Vida •
15
Foi assim também com Jeremias. Vamos ler com atenção parte da sua história, em Jeremias 29:1-22.
Sonhar acordado é começar a fazer planos, estudar planejamento, é superar-se. A faculdade do sonho acordado é um projeto magnífico de Deus para nós... para que nós nos superemos.
Que planos (pensamentos) o SENHOR Deus tem para o Seu povo – vs. 11?
No caso específico, vivido e experimentado por Jeremias, o caos era a única certeza, embora alguns profetas
falsos prometessem o que Deus não prometia. Deus deu a Jeremias um sonho. Deus nos dá sonhos e quer que
vejamos estes planos, acreditemos nestes planos, realizamos estes planos.
Eis o que aprendemos na Bíblia, especialmente com Jeremias:
I - NÃO HÁ IMPEDIMENTOS PARA OS SONHOS
1. Não há situação em que não se possa sonhar
Politicamente, a nação de Jeremias estava à beira do colapso, provocado pela ação de um adversário militar
e tecnologicamente mais poderoso (versos 1-2).
Seu casamento pode estar perto do fim... Se Deus lhe dá o sonho para restabelecê-lo, seu casamento será
restabelecido. Seu filho está com um pé fora do caminho bom. Se Deus lhe dá o sonho de ter seu filho de volta,
você terá seu filho de volta. Deus nos dá a capacidade de sonhar por uma família diferente.
Suas finanças estão estropiadas, com dividas em muitas fronteiras. Se Deus lhe dá o sonho de restituir o
equilíbrio financeiro, você viverá em paz, mesmo que com pouco.
Sua saúde emocional anda em frangalho. Se Deus lhe dá o sonho do equilíbrio reencontrado, você o reencontrará. Deus nos dá a capacidade de sonhar por uma vida melhor.
Se você anda sobressaltado com a violência, que avança os sinais, espreita as esquinas, povoa as mentes,
tira-lhe o sono e a paz. Se Deus lhe dá o sonho da paz, tornando-o você um promotor desta paz, a paz virá, não a
paz completa, porque esta só a eternidade conhecerá, mas dará a paz possível com pessoas possíveis e cidades
possíveis.
Se seus estudos vão mal, você perdeu tempo. Você praticamente esgotou as possibilidades de um futuro decente. Mas, se Deus lhe der a capacidade de querer reverter esse quadro, Ele realizará um milagre em sua vida.
Se você estragou sua santidade, sua reputação, sua confiabilidade. Mas, hoje o SENHOR desperta para dar a
volta por cima, de levantar-se, de erguer-se da cinza (Salmo 40), Ele fará isto em sua vida. Pois Ele começa a agir
em nosso querer (Filipenses 2:12-13). É Ele Quem nos dá a capacidade de sonhar por um modo de vida diferente.
Deus é capaz de transformar nosso sonho em realidade. Jeremias continuaria sonhando na prisão, como fez
seu ancestral José do Egito.
2. Não há idade para se sonhar. Sonhar é para todas as idades
Quando Deus está conosco, idade não importa.
Quando Ele derrama sobre nós o Seu Espírito, nós sonharemos, nossos filhos sonharão, nossos pais sonharão, nossos avós sonharão. Não é o que diz a promessa?
“Acontecerá depois que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos anciãos terão sonhos, os vossos mancebos terão visões” (Joel 2:28).
3. Não há experiência que nos impeça de sonhar de novo, nem mesmo a experiência dos sonhos despedaçados.
Uma mulher sonhou com um casamento, feito de um marido bom e de filhos queridos. Então, ela descobre
que seu marido é outra pessoa, emocionalmente ou moralmente, e que é impossível conviver com ele. A família
se desfaz, mas essa mulher pode sonhar de novo.
Um pai sonhou com um filho e ele correspondeu ao sonho, aos sonhos de seus pais mas principalmente os
seus. Um dia ele faz outras escolhas, escolhas destrutivas. Ele despedaça seus sonhos, os próprios e os de seus
pais, como a de um famoso cantor britânico, fotografado injetando droga em si mesmo e numa fã. Ele mesmo
pode voltar a sonhar a trilhar um novo caminho. Até o sonhos despedaçados podem ser refeitos.
Um jovem tem um sonho: fazer diferença no mundo. Deixa uma profissão promissora materialmente e busca
uma com significado. Começa o seu trabalho, para descobrir que está sozinho; seus companheiros brincam de
missão, mas só querem o que podem tirar. Ali não deu certo, mas não quer dizer que nunca vai dar certo. Seu
sonho pode continuar; seu sonho precisa continuar.
EBD - Classe de Jovens e Adultos - 2010
IBF Cristo é Vida •
16
II - MAS, NEM TODO SONHO É BOM
Há sonhos verdadeiros, logo bons, e sonhos falsos, logo falsos. Jeremias teve que enfrentar alguns profetas
que que profetizavam mentiras em nome de Deus, “dizendo: ‘Tive um sonho! Tive um sonho!’ Seus sonhos eram,
na verdade, “mentiras e ilusões de suas próprias mentes” (Jeremias 23.25-26).
Como distinguir um sonho verdadeiro de um sonho falso?
Sugerimos que você siga quatro pistas:
1. O sonho falso nasce apenas do desejo
No caso do Jeremias, seu povo desejava libertação, e os profetas falsos lhe ofereciam este sonho fácil. O desejo deve ser visto com cuidado, porque é fonte de ilusão e superstição.
Se seu sonho nasce apenas do seu desejo, ele é falso.
Se seu sonho entrelaça seu desejo com o desejo de Deus, ele é verdadeiro.
2. O sonho falso visa apenas o bem-estar de quem sonha
Na história de Jeremias, seu sonho era verdadeiro, porque tinha um preço a pagar: a vergonha e o sofrimento,
por apresentar o plano de Deus para o povo. Os outros profetas se beneficiavam com suas mensagens, porque agradavam aos príncipes e ao povo. Seus sonhos não eram os planos de Deus; eram seus próprios, para fins próprios.
Se o resultado do seu sonho é apenas o seu benefício pessoal, ele é falso.
Se seu sonho traz benefícios para você e para outras pessoas, ele é verdadeiro.
3. O sonho falso é apenas uma projeção do presente, como resposta de que algo que está faltando
Os profetas falsos olhavam um presente e imaginavam um futuro como um prolongamento. Fiel a Deus, Jeremias sonhou com uma ruptura, incluindo o exílio. Sonho-projeção é do tamanho de quem sonha; e sonho que vale
a pena de ir além de nós.
Se seu sonho apenas prolonga o seu presente, ele é falso.
Se seu sonho projeta uma realidade diferente da sua, e inclui um preço pessoal em sua realização, ele é
verdadeiro.
4. O sonho falso se apresenta como vindo de Deus, mas dEle não é
Todos querem falar em nome de Deus, mas nem todos falam; só aqueles que O ouvem. Só porque alguém diz
que aquilo no futuro será melhor, não será necessariamente bom ou melhor. Podemos estar planejando coisas
ruins, por isso precisamos da Palavra de Deus para nos orientar, conferindo a legitimidade dos nossos sonhos.
Se o seu sonho não veio de Deus, ou seja, há algo nele que contraria um princípio da Palavra de Deus, ele é falso.
Se seu sonho vem de Deus, como um desafio para você ou um desafio a partir de você, em que há a glória de
Deus (revelação do ser de Deus – que é justo, reto, santo e verdadeiro), então, ele é verdadeiro.
III - NOSSOS SONHOS DEVEM ALCANÇAR AS DIFERENTES ÁREAS DE NOSSAS VIDAS
Sonhos verdadeiros alcançam nossas vidas em todas as suas dimensões, mesmo que uma de cada vez.
1. Um sonho deve incluir projetos pessoais, como um casamento para um solteiro
Diante do caos que se prometia, ao tempo de Jeremias, as pessoas se perguntava: ainda nos casaremos?
Deus promete: vocês se casarão e terão filhos (verso 6). Não há nada de errado em sonhar com um bom casamento, com um bom emprego, um corpo fisicamente restaurado, uma mente renovada. Se você quer isto, sonhe com
isto. Sonhar não é o último passo, mas é o primeiro, sem o qual os outros não existem. Podemos planejar para ter
uma vida melhor.
2. Um sonho deve incluir desejos para a sua família
Devemos querer, planejar, orar e trabalhar para ter uma família harmoniosa, porque hoje há confusão (verso
5), desejo de descanso porque hoje todos estão no limite das suas forças. Peça ao SENHOR uma família saudável.
3. Um sonho deve incluir o bem-estar de sua terra
Quando lemos estatísticas sobre o Brasil, ficamos estarrecidos especialmente no campo da educação. Ter
uma taxa de repetência semelhante a países em guerra civil? Não dá para aceitar. Temos que sonhar com um
país com escola de qualidade para pobres e ricos. Temos sido tomados pelo pessimismo. Precisamos de sonhos
que nos tragam de volta à vida. Nosso país tem jeito, mesmo que os homens que escolhem traíam seus ideais e
“Como, pois, recebestes o Senhor Jesus Cristo, assim também andai nele” - Colossenses 2:6
IBF Cristo é Vida •
17
despedacem nossos sonhos, que têm que ser maiores que nossos políticos, maiores que nós mesmos. Pode ser
que não consigamos grandes resultados, mas só conseguiremos se orarmos – 1 Timóteo 2:1-4.
Um sonho deve incluir um cônjuge que tenha uma fé consistente, alcançada por meio de uma vida de oração,
mesmo trilhada em meio a adversidades. Você quer ouvir Deus falando ao seu coração, espere por isto, meditando em Sua Palavra. Se você buscar isto, de todo o coração (verso 13), vai ouvir a voz de Deus, vai ser consolado
por Ele, vai ser desafiado por Ele.
Não deixe de caminhar com Deus, mesmo que tenha que tomar a sua cruz. Não tenha medo da cruz, que é
feita de graça e de compromisso. Não deixe o caminho da cruz, se você o quer, porque pareça difícil; veja onde
ele leva e aspire por este lugar.
Iimagine o céu e sonhe com ele.
Não deixe de anunciar o evangelho como o poder de Deus, se você nele acredita, só porque as pessoas preferem religiões e ideologias que lhe vendam mentiras.
Se você quer o evangelho anunciado, dependa de Deus para pregar com fervor.
Não deixe de buscar a santidade, se você a deseja, porque se sente sozinho neste mundo. Se você quer ser
santo, tenha a santa aspiração pela santidade de vida.
IV - AO PLANEJAR SUA VIDA
1. Ao planejar seu futuro, ponha o foco nos resultados a serem alcançados, não nas dificuldades que se
interporão
Jeremias teve que enfrentar a opinião pública, que ficou contra ele, e com o governo federal, que o aprisionou,
mas naquela terra se compraram terras e campos, tal como Deus lhe mostrara.
2. Ao planejar sua vida, confie na promessa de Deus de que não estará sozinho na marcha da realização
Poderão surgir situações em que Deus parece ausente. José teve sonhos, e os conservou quando via a mão
de Deus com ele, mas também quando estava na cadeia esquecido pelos colegas e aparentemente abandonado
por Deus. Jeremias sabia, por experiência própria, que Deus é soberano, bondosamente soberano.
3. Ao fazer seus planos, ponha seus sonhos diante de Deus
Abandone os que não são aprovados por Ele e persista nos que são. Quem sonha com Deus não se deixa
enganar por seu próprio coração, naturalmente enganoso. (Jeremias 17:9).
Por isto, o sonho pode ser nosso, mas a realização é de Deus. Deixe Deus filtrar o seu sonho, se precisar de
refinamento; até mesmo frustrar seus planos. Considere seus ideais como chamadas de Deus.
Se você não tem tido sonhos, planos, ideais e esperanças, peça a Deus.
4. Ao sonhar, lembre-se que sonhar é fundamental, mas não é tudo
Muitas vezes, pensar é a parte mais fácil. Agir, muitas vezes, é a parte mais difícil. Portanto, lembre-se que o
sonho é uma jornada, às vezes longa e que demanda fé, convicção, compromisso, tempo, desejo e coragem.
Vamos compartilhar nossos sonhos, planos, projetos, ideais e alguns passos de planejamento? Por exemplo, em
2019, vamos abrir nossa Cápsula do Tempo, e o que você espera estar fazendo ou conquistado até aquela data?
PLANOS -PLANEJAMENTO PARA REALIZAÇÃO
____________________________ - ______________________________________________________________
____________________________ - ______________________________________________________________
____________________________ - ______________________________________________________________
____________________________ - ______________________________________________________________
____________________________ - ______________________________________________________________
____________________________ - ______________________________________________________________
____________________________ - ______________________________________________________________
____________________________ - ______________________________________________________________
____________________________ - ______________________________________________________________
____________________________ - ______________________________________________________________
____________________________ - ______________________________________________________________
____________________________ - ______________________________________________________________
____________________________ - ______________________________________________________________
LIÇÃO 4
CONFIE EM DEUS – SEM DESCONFIAR DE DEUS
Jeremias 32
I ntrodução
Quando os tempos estão difíceis, tendemos a olhar para o nosso
presente como se não houvesse futuro. Viver sem a perspectiva do
futuro é viver sem esperança, experiência que tem acompanhado a
muitos, como dona Lourdes Vasconcellos, mãe do engenheiro brasileiro João José de Vasconcellos Júnior, seqüestrado no Iraque em
janeiro de 2005 e de quem não se notIciava, se estava vivo ou morto.
Ela escreveu uma carta ao Presidente da República, Luis Inácio da
Silva, em que afirma: “Meus olhos já não possuem brilho e meu coração não repousa. Sou tomada, todos os dias, pela dor da saudade, da
incerteza, da angústia sem fim. Há um ano e quatro meses eu acordo
e durmo com a mesma pergunta: `Onde está meu filho João?’.”
Ela mantinha um fio tênue de esperança, cada vez mais tênue;
por isto, ainda escreveu uma carta como esta, porque sem esperança ela não conseguiria fazer este gesto (em 14/06/2007, finalmente o corpo do engenheiro brasileiro, seqüestrado e assassinado, foi encontrado pelas forças norte-americanas).
Ninguém realiza nada sem esperança (Martinho Lutero).
Jeremias dizia que haveria futuro para o seu povo, mas só depois de uma grande catástrofe. Isto foi um problema. Isto é um problema. Gostamos de pensar que esperança é a certeza de que algo bom vai nos acontecer.
Para entendermos a natureza da esperança, a experiência de Jeremias pode nos ajudar. Vamos à história.
(1)
Esta é a palavra que o Senhor dirigiu a Jeremias no décimo ano do reinado de Zedequias, rei de Judá, que
foi o décimo oitavo ano de Nabucodonosor.
(2)
Naquela época, o exército do rei da Babilônia sitiava Jerusalém e o profeta Jeremias estava preso no pátio
da guarda, no palácio real de Judá.
(3)
Zedequias, rei de Judá, havia aprisionado Jeremias acusando-o de fazer a seguinte profecia: “O Senhor
entregará a cidade nas mãos do rei da Babilônia, e este a conquistará;
(4)
Zedequias, rei de Judá, não escapará das mãos dos babilônios, mas certamente será entregue nas mãos
do rei da Babilônia, falará com ele face a face, e o verá com os seus próprios olhos;
(5)
e ele levará Zedequias para a Babilônia, onde este ficará até que o Senhor cuide da situação dele; e, ainda,
se eles lutarem contra os babilônios, não serão bem-sucedidos”.
(6)
E Jeremias disse: - O Senhor dirigiu-me a palavra nos seguintes termos:
(7)
“Hanameel, filho de seu tio Salum, virá ao seu encontro e dirá: `Compre a propriedade que tenho em Anatote, porque, sendo o parente mais próximo, você tem o direito e o dever de comprá-la’.
(8)
Conforme o Senhor tinha dito, meu primo Hanameel veio ao meu encontro no pátio da guarda e disse: Compre a propriedade que tenho em Anatote, no território de Benjamim, porque é seu o direito de posse e de
resgate. Compre-a!
Então, compreendi que essa era a palavra do Senhor.
(9)
Assim, comprei do meu primo Hanameel a propriedade que ele possuía em Anatote. Pesei a prata e lhe
paguei dezessete peças de prata.
(10)
Assinei e selei a escritura, e pesei a prata na balança, diante de testemunhas por mim chamadas.
(11)
Peguei a escritura, a cópia selada com os termos e condições da compra, bem como a cópia não selada,
(12)
e entreguei essa escritura de compra a Baruque, filho de Nerias, filho de Maaséias, na presença de meu
primo Hanameel, das testemunhas que tinham assinado a escritura e de todos os judeus que estavam sentados
no pátio da guarda.
(13)
Na presença deles dei as seguintes instruções a Baruque:
(14)
- Assim diz o Senhor dos Exércitos, Deus de Israel: “Tome estes documentos, tanto a cópia selada como
a não selada da escritura de compra, e coloque-os num jarro de barro para que se conservem por muitos anos”.
(15)
Porque assim diz o Senhor dos Exércitos, Deus de Israel: ‘Casas, campos e vinhas tornarão a ser comprados nesta terra’.
“Como, pois, recebestes o Senhor Jesus Cristo, assim também andai nele” - Colossenses 2:6
IBF Cristo é Vida •
19
Depois que entreguei a escritura de compra a Baruque, filho de Nerias, orei ao Senhor:
- Ah! Soberano Senhor, tu fizeste os céus e a terra pelo teu grande poder e por teu braço estendido. Nada
é difícil demais para ti.
(18)
Mostras bondade até mil gerações, mas lanças os pecados dos pais sobre os seus filhos. Ó grande e poderoso Deus, cujo nome é o Senhor dos Exércitos,
(19)
grandes são os teus propósitos e poderosos os teus feitos. Os teus olhos estão atentos aos atos dos homens; tu retribuis a cada um de acordo com a sua conduta, de acordo com os efeitos das suas obras.
(20)
Realizaste sinais e maravilhas no Egito e continuas a fazê-los até hoje, tanto em Israel como entre toda a
humanidade, e alcançaste o renome que hoje tens.
(21)
Tiraste o teu povo do Egito com sinais e maravilhas, com mão poderosa e braço estendido, causando grande pavor.
(22)
Deste a eles esta terra, que sob juramento prometeste aos seus antepassados; uma terra onde manam
leite e mel.
(23)
Eles vieram e tomaram posse dela, mas não te obedeceram nem seguiram a tua lei. Não fizeram nada
daquilo que lhes ordenaste. Por isso trouxeste toda esta desgraça sobre eles.
(24)
As rampas de cerco são erguidas pelos inimigos para tomarem a cidade, e pela guerra, pela fome e pela
peste, ela será entregue nas mãos dos babilônios que a atacam. Cumpriu-se aquilo que disseste, como vês.
(25)
Ainda assim, oh Soberano Senhor, tu me mandaste comprar a propriedade e convocar testemunhas do
negócio, embora a cidade esteja entregue nas mãos dos babilônios!
(26)
A palavra do Senhor veio a mim, dizendo:
(27)
- Eu sou o Senhor, o Deus de toda a humanidade. Há alguma coisa difícil demais para mim? (...) (36)
Portanto, assim diz o Senhor a esta cidade, sobre a qual vocês estão dizendo que será entregue nas mãos dos
babilônios por meio da guerra, da fome e da peste:
(37)
“Certamente eu os reunirei de todas as terras para onde os dispersei na minha ardente ira e no meu grande furor; eu os trarei de volta a este lugar e permitirei que vivam em segurança.
(38)
Eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus.
(39)
Darei a eles um só pensamento e uma só conduta, para que me temam durante toda a sua vida, para o
seu próprio bem e o de seus filhos e descendentes.
(40)
Farei com eles uma aliança permanente. Jamais deixarei de fazer o bem a eles, e farei com que me temam
de coração, para que jamais se desviem de mim.
(41)
Terei alegria em fazer-lhes o bem, e os plantarei firmemente nesta terra de todo o meu coração e de toda
a minha alma. Sim, é o que farei”.
(42)
Assim diz o Senhor: “Assim como eu trouxe toda esta grande desgraça sobre este povo, também lhes darei
a prosperidade que lhes prometo.
(43)
De novo serão compradas propriedades nesta terra, da qual vocês dizem: `É uma terra arrasada, sem
homens nem animais, pois foi entregue nas mãos dos babilônios’.
(44)
Propriedades serão compradas por prata e escrituras serão assinadas e seladas diante de testemunhas
no território de Benjamim, nos povoados ao redor de Jerusalém, nas cidades de Judá, e nas cidades dos montes,
da Sefelá e do Neguebe, porque eu restaurarei a sorte deles” -- declara o Senhor”.
Em resumo, o medo se tornara o senhor de todos, menos de Jeremias, embora estivesse preso e até pudesse
achar que Deus o esquecera.
(16)
(17)
I - DEUS SE MANIFESTA
Aprendemos nesta história algumas verdades sobre Deus, cuja lembrança nos estimula à esperança.
1. Nossa vida segue um plano
Posso gosto de viajar de avião, mas não entendo nada de aviação. O pessoal envolvido sabe que cada segue
seu papel num roteiro, que deve ser muito detalhado.
A vida também é assim. A história de cada um de nós segue um roteiro. A sabedoria de Deus e a Sua soberania andam juntas. Vejamos que a bondade de Deus envolve Sua disciplina também – leiamos verso 42.
Deus assume a responsabilidade por tudo o que acontece na história, porque, em última instância, nada
acontece sem Sua permissão. As coisas boas Ele provoca. As ruins Ele permite ou realiza. Nosso problema teórico,
não prático, é que não temos como conhecer todos estes planos. O salmista entendeu esta verdade: “Senhor meu
Deus! Quantas maravilhas tens feito! Não posso relatar os planos que preparaste para nós! Eu queria proclamálos e anunciá-los, mas são por demais numerosos!” (Salmo 40:5) Apesar de nossa ignorância, “os planos do Senhor permanecem para sempre, os propósitos do Seu coração, por todas as gerações” (Salmo 33:11).
EBD - Classe de Jovens e Adultos - 2010
IBF Cristo é Vida •
20
No caso específico do povo de Israel, ele frustrou os planos de paz que Deus tinha para eles. Temporariamente, Deus permitiu que a devastação viesse. Portanto, tudo aquilo aconteceu porque o povo não quis ouvir a voz de
Deus. E o salário do pecado é a morte, até que se manifeste o dom gratuito salvador de Deus.
O segredo da vida é ouvir a voz de Deus e entender seu plano geral e específico para cada um de nós.
Você tem buscado ouvir a voz de Deus?
Tem procurado viver a sua vida segundo o lindo roteiro que Ele lhe preparou?
2. Para Deus não há nada difícil
Quando lemos o relato do capitulo 32, notamos (verso 2) que a cidade estava sitiada e que Jeremias estava
encarcerado, acusado de tramar contra o governo central. No entanto, ali mesmo, na prisão, Deus foi ao seu
encontro, por meio de um parente, para lhe dar uma perspectiva nova para a vida. O profeta deveria fazer um negócio imobiliário, algo já estranho para o momento da vida do profeta, ainda mais que o exército inimigo já estava
acampado às portas da cidade; só um louco compraria terras numa situação daquela. Queria Deus expor Jeremias
ao ridículo? Já não bastava sua estranha profecia? Deus quis ensinar a Jeremias, e a nós, que não há situação em
que não possamos ter esperança. Ele deixa bem claro que não há nada difícil para Ele: “Eu sou o Senhor, o Deus
de toda a humanidade. Há alguma coisa difícil demais para mim?” (verso 27). Cabe-nos confiar e confia quem
sabe que não há nada difícil para Deus (verso 27).
Você tem confiado em Deus? Tem tido mais momentos de esperança do que de desespero?
3. O Senhor nos convida para uma vida plena
No caso de Jeremias, a promessa é para a restauração da nação israelita - versos 37 a 41.
No nosso caso, é uma plenitude que começa neste mundo, cheio de aflições e alegrias, e prossegue no próximo, onde a lágrima não povoará nosso rosto, a preocupação não habitará nossa alma, a dor não permeará nossas
células, a violência não entrará. Todo o bem de agora, no entanto, é apenas um lampejo de nossas vidas no céu.
Jesus Cristo personificou esta esperança, ao perdoar os nossos pecados e nos tornar justos para percorrer
a ponte que nos separa da nova terra, onde Deus reina de modo absoluto e visível. Jesus garantiu a realização
desta esperança, ao ir à nossa frente. Por isto, “bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo! Conforme
a Sua grande misericórdia, Ele nos regenerou para uma esperança viva, por meio da ressurreição de Jesus Cristo
dentre os mortos, para uma herança que jamais poderá perecer, macular-se ou perder o seu valor” (1 Pedro 1:3).
Você tem certeza da vida eterna? Essa vida já lhe foi dada na cruz por Jesus. Se não aceitou esta graça, o que
lhe falta?
4. O Senhor nos manda sinais para nos fortalecer a esperança
Deus já tinha falado, mas ainda não fora suficientemente ouvido. Por isto agiu de novo, agora publicamente.
Todas as providências em relação à compra de uma propriedade pelo presidiário Jeremias visavam tornar solene
a promessa e também fortalecer Jeremias. Deus estava comprometido com o profeta. E Deus queria que ele o
soubesse. E Deus queria que o povo o soubesse também.
Portanto, “há muito tempo Deus falou muitas vezes e de várias maneiras aos nossos antepassados por meio
dos profetas” (como neste caso por meio de Jeremias), mas nestes últimos dias falou-nos por meio do Filho, a
quem constituiu herdeiro de todas as coisas e por meio de quem fez o universo” (Hebreus 1:1-2). Jesus é a “a imagem do Deus invisível,o primogênito de toda a criação, pois nEle foram criadas todas as coisas nos céus e na terra,
as visíveis e as invisíveis, sejam tronos ou soberanias, poderes ou autoridades; todas as coisas foram criadas por
Ele e para Ele. Ele é antes de todas as coisas, e nEle tudo subsiste” (Colossenses 1:15-17).
Deus ainda fala conosco por meio de Jesus Cristo. Todos quantos aceitamos o sacrifício dEle na cruz, podemos ter comunhão com Deus. Quem tem comunhão com Deus tem esperança, esperança de estar sendo conduzido, desde já, para uma vida extraordinária.
Antes de Jesus, havia um abismo entre o céu e a terra, entre o homem e Deus; entre eles, os profetas eram
pontes, imperfeitas, quebradiças, estreitas, mas agora, entre nós não há mais separação, porque Jesus estabeleceu a comunicação perfeita, a ponte inteira, que nos dá acesso direto a Deus. Nossa esperança, portanto, é Jesus.
É Jesus a sua esperança?
II - A NATUREZA ESPERANÇA
É por isto que podemos ter esperança, que se tornou concreta em Jesus. Você quer ter esperança, confie em
Jesus. Podemos ter esperança.
1. Podemos ter esperança porque Deus está no controle
Quando entramos num avião, sabemos que ele só levantará vôo ou só tocará a pista de volta, se o controlador
de vôo autorizar.
“Como, pois, recebestes o Senhor Jesus Cristo, assim também andai nele” - Colossenses 2:6
IBF Cristo é Vida •
21
É assim que devemos pensar acerca de Deus: Ele está no controle, como o controlador de vôo na torre. Eu
posso decolar quando Ele me autoriza. Eu posso aterrissar quando Ele me libera a pista.
2. Podemos ter esperança porque Deus está no comando
Deus agora não é mais o controlador de vôo. Deus agora é o piloto-chefe. Às vezes, cruzamos com o piloto nos
saguões. Mas depois, sabemos que Ele está no comando e vai nos levar. A porta da cabine está fechada, mas Ele
está lá. Às vezes, Ele fala, mas mesmo que não fale, está no comando. E o vôo prossegue.
Posso viajar tranqüilo; posso até dormir enquanto o avião percorre o espaço, a 900 quilômetros por hora, a
dez quilômetros acima do chão, porque há um comandante.
3. Podemos ter esperança porque Deus está no final da pista
Deus agora não é mais o comandante. É aquele operador de pista, com duas tábuas sinalizadoras na mão,
sinalizando o lugar preciso em que o avião deve estacionar, para que os passageiros e os tripulantes possam sair,
indicando que a viagem terminou.
Dentro do avião nos agitamos, mas lá embaixo, fones nos ouvidos por causa do ruído ensurdecedor, que os
passageiros não ouvem, o operador de pista sinaliza o ponto exato da parada.
Podemos viajar tranqüilos. Deus está no final da pista. O avião da minha vida pousará no lugar certo.
Em meio à turbulência, Jeremias mantinha a serenidade por causa da Sua esperança em que Deus transforma o lamento em canto, na certeza que “Aquele que dispersou Israel o reunirá e, como pastor, vigiará o Seu
rebanho. O Senhor resgatou Jacó e o libertou das mãos do que é mais forte do que ele. Eles virão e cantarão de
alegria nos altos de Sião; ficarão radiantes de alegria pelos muitos bens dados pelo Senhor: o cereal, o vinho novo,
o azeite puro, as crias das ovelhas e das vacas. Serão como um jardim bem regado, e não mais se entristecerão.
Então, as moças dançarão de alegria, como também os jovens e os velhos. Transformarei o lamento deles em
júbilo; eu lhes darei consolo e alegria em vez de tristeza. Satisfarei os sacerdotes com fartura; e o meu povo será
saciado pela minha bondade” — declara o Senhor.
Assim diz o Senhor: “Ouve-se uma voz em Ramá, pranto e amargo choro; é Raquel, que chora por seus filhos
e recusa ser consolada, porque os seus filhos já não existem”. Assim diz o Senhor: “Contenha o seu choro as suas
lágrimas, pois o seu sofrimento será recompensado”, declara o Senhor. “Eles voltarão da terra do inimigo. Por isso
há esperança para o seu futuro”, declara o Senhor. “Seus filhos voltarão para a sua pátria” (Jeremias 31:10b-17).
III - O CONVITE DA ESPERANÇA
Jeremias nos ensina a aceitar o convite divino à esperança.
Como devemos viver?
1. Confiemos em Deus
Ele confiou que há um Deus. Ele acreditou que o roteiro de Deus era o melhor para sua vida, sua e do seu
povo. Ele sabia, por experiência própria, que Deus se interessava por ele.
Essa deve ser a nossa confiança também.
Podemos, mais que Jeremias, confiar também que Deus se manifestou de modo completo e amoroso em Jesus Cristo, que não morreu em vão. Ele não morreu para que nós nadássemos e morrêssemos na praia. Ele não
morreu para que navegássemos e morrêssemos no mar. O salmista descreve o que fizeram algumas pessoas, mas
ele nos descreve também: “Na sua aflição, clamaram ao Senhor, e Ele os tirou da tribulação em que se encontravam. Reduziu a tempestade a uma brisa e serenou as ondas. As ondas sossegaram, eles se alegraram, e Deus
os guiou ao porto almejado. Que eles dêem graças ao Senhor por Seu amor leal e por Suas maravilhas em favor
dos homens” (Salmo 107:28-30).
Na minha aflição, quando ao Senhor eu clamo,
Ele me tira da tribulação que me assola;
Ele reduz a tempestade ao peso de uma brisa
e faz uma onda gigantesca virar uma marola,
e vejo como meu barco ao porto seguro desliza.
É por isto que eu canto ao Senhor a quem amo.
Confie em Deus.
Acredite no roteiro dele para você.
EBD - Classe de Jovens e Adultos - 2010
IBF Cristo é Vida •
22
2. Prestemos atenção à Voz de Deus
A Palavra do Senhor veio a Jeremias e ele a ouviu. Jeremias tinha o ouvido da esperança.
A Palavra que lhe veio lhe pediu para fazer um negócio, humanamente desaconselhável. E ele fez o negócio,
publicamente; ele não tinha dúvidas de que Deus lhe falava e nem que Deus faria o que lhe dizia.
Ele não ficou duvidando, pedindo sinais e mais sinais, evidências e mais evidências. Sua atitude é bem clara.
Narra o profeta nos versos 6-9.
Jeremias era alguém que orava assim: “Por amor do Teu nome não nos desprezes; não desonres o Teu trono
glorioso. Lembra-Te da Tua aliança conosco e não a quebres. Entre os ídolos inúteis das nações, existe algum que
possa trazer chuva? Podem os céus, por si mesmos, produzir chuvas copiosas? Somente Tu o podes, Senhor, nosso Deus! Portanto, a nossa esperança está em Ti, pois Tu fazes todas essas coisas” (Jeremias 14.21).
É assim que devemos também orar.
Coloquemos “nossa esperança no Deus vivo, o Salvador de todos os homens, especialmente dos que crêem”
(1 Timóteo 4:10).
Preste atenção no que Deus está lhe dizendo.
3. Vivamos segundo esta Voz
A esperança de Jeremias é como toda esperança deve ser: ativa.
Depois que Deus lhe falou, Jeremias entrou em ação para pôr a esperança em marcha. Em outros momentos,
a ação de Jeremias era parar, e Jeremias parou; ele se deixou levar para o cativeiro, por exemplo. Aqui sua ação
de esperança era agir e foi o que ele fez.
Ter esperança não é ser escravo da inação. Afinal, uma vez que “o ontem já foi e o amanhã ainda não chegou,
só temos o hoje. Vamos começar”.
Aquietando-se ou agindo, Jeremias demonstrava que sabia Quem Deus era, um Deus que está sempre no
controle, um Deus que está sempre no comando, um Deus que nos espera no final de nosso vôo. O fato de haver
turbulência no vôo da nossa vida não quer dizer que Deus não esteja conosco.
A vida, por vezes, pode despedaçar os nossos sonhos, mas Deus está conosco para nos ajudar a juntar os
cacos, para que se tornem sonhos de novo.
Tenhamos “esta esperança como âncora da alma, firme e segura, a qual adentra o santuário interior, por trás
do véu” (Hebreus 6.19).
Viva segundo a Voz de Deus. Se Ele lhe pede para agir, aja. Se pede para você se aquietar, acalme-se.
4. Deixemos que Deus nos faça transbordar de esperança
A esperança é uma atitude decorrente do amor de Deus. E o amoe de Deus é derramado (fala de transbordar
e de continuidade) em nós pelo Espírito Santo de Deus.
Na verdade, nossa esperança é sempre uma esperança-resposta. Nossa oração deve ser assim: “Oh Deus da
esperança, encha-nos de toda alegria e paz, por nossa confiança em Ti, para que nos faças transbordar de esperança, pelo poder do Espírito Santo” (Romanos 15:13 -- paráfrase).
Se você está com um déficit de esperança, talvez massacrado pela própria vida, peça um superávit a Deus.
Peça-lhe esperança.
Quero ter um coração-criança
que, diante dos braços paternos,
para ele, com gestos fraternos,
ao seu encontro feliz se lança.
Quero ter um coração-confiança
que diante de Deus cala e se aquieta
mas. se preciso, lhe fala de forma direta
mas na dificuldade nEle descansa.
Quero ter um coração-esperança
que crê contra todas as evidências
e funda todas as suas experiências
nAquele em que não há mudança.
LIÇÃO 5
ESTÁ NA HORA DE SE LEVANTAR
Salmo 6
I ntrodução
Estar cansado é uma condição de muitas pessoas. Essa condição pode ser temporária ou permanente.
O cansaço pode ser definido como escassez de energia para a
vida. Uma pessoa cansada recebe uma carga de energia insuficiente para as demandas da sua vida. Imagine a sua casa: às vezes, o
disjuntor não desarma? Em geral, o disjuntor desarma quando a energia gasta na casa está acima da energia destinada para aquela casa.
O Salmo 6 transcreve a oração de uma pessoa cansada. O cansado é alguém carregando um fardo mais pesado do que o que pode
sustentar nos ombros. A energia que entra, seja física, emocional
ou espiritual, é menor que a necessária. Na aritmética do cansado,
as bênçãos de Deus sobre a sua vida são em menor número que
as dificuldades experimentadas. À beira da exaustão e do desfalecimento, o cansado se acha sem forças para resistir (Salmo 6:7b).
I - A CONDIÇÃO HUMANA
O cansaço pode ser físico, emocional ou espiritual e físico, emocional e espiritual ao mesmo tempo. O salmo
descreve sintomas de todos estes tipos de cansaço.
1. Cansaço Físico
No cansaço físico, há uma sobrecarga sobre o corpo, maior que o corpo pode suportar. Esta sobrecarga pode
vir por excesso de trabalho, pelo esforço para se viver a velocidade imposta pelo meio (profissional ou cultural) ou
por uma doença limitadora.
Nosso corpo tem limites, que são pessoais. Quando ele é submetido a um esforço além desse limite, ele se
adapta. Quando esse esforço está muito acima desse limite, no volume ou na velocidade, ele se cansa e não consegue se adaptar ao esforço imposto. Uma pessoa que, em função do seu trabalho, corre o dia todo deverá estar
cansado ao final do dia. Penso nas mães cujos filhos pequenos exigem sua atenção, colo ou peito, dia e noite. Seu
cansaço está nas olheiras que fadigam seus olhares.
Há outras fontes de cansaço, como, por exemplo, a insônia, que torna o dia seguinte longo e cansativo por
natureza, ou a enxaqueca, que dificulta o desenvolvimento das atividades.
Muitas vezes, por exemplo, nossos limites são reduzidos por causa de alguma doença, como a anemia ou
alguma outra enfermidade, que um médico pode diagnosticar.
Em todos os casos, o cansado se sente como o poeta do Salmo 6. Ele se sentia “desfalecendo”, como se seus
ossos tremessem e todo o seu ser estremecesse (Salmo 6.2-3).
2. Cansaço Emocional
O cansaço pode ser, sobretudo, emocional, que tem conseqüências ainda mais dramáticas.
O poeta bíblico pintou o retrato de todos os emocionalmente cansados:
“Estou exausto de tanto gemer.
De tanto chorar inundo de noite a minha cama;
de lágrimas encharco o meu leito.
Os meus olhos se consomem de tristeza;
fraquejam por causa de todos os meus adversários”.
Salmo 6:6-7
Ele lembra Jó na sua lamentação:
“Não tenho paz, nem tranqüilidade, nem descanso; somente inquietação” (Jó 3:26).
EBD - Classe de Jovens e Adultos - 2010
IBF Cristo é Vida •
24
Não sabemos as causas do cansaço do salmista, apenas os sintomas. Podemos imaginar, à luz de nossas
experiências atuais, o que provocava tanto sofrimento em Davi, porque não são diferentes das nossas causas.
a) Uma causa bastante freqüente, e muitas vezes esquecida, é a existência de algum transtorno psíquico, que
temos dificuldade para admitir, especialmente os cristãos, embora assim não devesse ser. Há pessoas em que
disfunções hormonais, proteicas ou neurológicas são responsáveis por alterações no humor, resultando em ansiedade e até depressão. As lutas de uma pessoa com transtorno psíquico de algum tipo são muito mais severas.
Todos ficamos abatidos com as frustrações, mas uma pessoa com dificuldades emocionais tende a se abater de
modo mais doloroso.
b) Outra causa do cansaço é o perfeccionismo, que leva a pessoa a buscar superar-se, mesmo naquilo em
que já é ótimo. No perfeccionista, há sempre um peso a se carregar, mesmo o que já foi carregado. Ele exige ou
se exige sempre. Seu senso crítico não concorda que descanse um minuto sequer. Quando se assenta, logo se
levanta, porque há algo a ser feito, mesmo que vá terminar cansado. Todas as injustiças do mundo, mesmo que
em outro continente, preocupam-no e o fazem sofrer. Todas as lutas são as suas lutas.
Há outros elementos independentes ou interligados. Quem tem uma auto-estima baixa se cansa mais que os
outros, porque sempre estará fazendo algo para agradar aos outros ou a si mesmo. Quem se sente rejeitado (e não
importa se é ou não; importa se se considera como tal) buscará uma forma de agradar e ser respeitado, mesmo
que exausto. Quem guarda raiva, sem a expressar de modo saudável, vai se cansar mais rápido. Quem tem um
senso de inadequação (do tipo: “o mundo está perdido “ou “ninguém presta”) logo se cansará, porque nada vale
a pena.
c) Quando somos acometidos por eventos dolorosos inesperados, ficamos cansados. Como não se cansar se
o casamento caminha para o divórcio? Como não se cansar se o filho tornou-se um dependente químico? Como
não se cansar se uma pessoa querida está gravemente doente? Até mesmo uma aposentadoria, tão esperada,
pode se constituir, por irônico que pareça, numa fonte de cansaço. Sonhos despedaçados, com expectativas não
realizadas, são corredores abertos para o cansaço emocional. Nossos “porquês” acabam nos sufocando.
Relacionamentos diariamente desgastantes tiram as nossas forças. Na experiência do salmista, o cansaço
se espalha pela vida, através dos relacionamentos; ele olha para as pessoas e só vê inimigos (Salmo 6:7b). Não
há dúvida de que, como ensina a Bíblia, “melhor é um pedaço de pão seco com paz e tranqüilidade do que uma
casa onde há banquetes e muitas brigas” (Provérbios 17:1). Pior do que relacionamentos desgastantes, por paradoxal que seja, só mesmo a solidão. É melhor viver num deserto do que na companhia de uma pessoa criadora de
caso. Quando, em função de nossos relacionamentos, os escolhidos (dos amigos) e os não-escolhidos (parentes),
somos apunhalados, não há como não ficar cansados. Há pessoas muito cansadas porque, por mais que tentem
e dêem uma nova chance, são atacadas por pessoas próximas, algumas até queridas, sempre a revelar sua natureza de escorpião.
Em algumas pessoas, como o salmista, o cansaço é tanto que lhe parece melhor morrer (Salmo 6.5). Nada o
alegra. Nada o agrada.
3. Cansaço Espiritual
Há também o cansaço espiritual. Muitas vezes, o cansaço espiritual está na gênese do cansaço emocional.
Outras vezes, o cansaço espiritual é uma decorrência do cansaço emocional, que impede uma boa visão de quem
Deus é e de quem somos nós. Por isto, não é incomum que o cansaço seja ao mesmo tempo físico, emocional e
espiritual.
O cansaço espiritual está bem descrito no Salmo 6, bem como em outros, como no Salmo 51:12, em que
Davi declara ter perdido a alegria da salvação. Esta é a expressão melhor para definir uma pessoa espiritualmente
cansada: uma pessoa que perdeu a alegria da salvação e que, portanto, não se vê mais como alguém criado para
o louvor da glória de Deus (cf. Efésios 1).
a) Uma pessoa espiritualmente cansada se sente castigada por Deus.
Como o salmista, todo o cansado espiritualmente clama assim:
“Senhor, não me castigues na tua ira, nem me disciplines no teu furor” (Salmo 6:1)
Em função de algo errado em sua vida com Deus, o cansado sente que está como está porque está sendo
castigado por Deus. Se as coisas estão como estão, é porque fez algo que desagradou a Deus e agora está rece-
“Como, pois, recebestes o Senhor Jesus Cristo, assim também andai nele” - Colossenses 2:6
IBF Cristo é Vida •
25
bendo a recompensa. O cansado está sempre varrendo a sua vida em busca de culpas. O crente tem que saber
diferenciar Culpa Real (1 João 1:9) e o Sentimento de Culpa (1 João 3:19-21). O sentimento de culpa, mesmo depois do reconhecimento do pecado e da confissão ao SENHOR, é como os “amigos” de Jó ainda lhe sussurrando
culpas ao ouvido.
O cansado espiritualmente tem que meditar em Hebreus 12:4-13.
b) Uma pessoa espiritualmente cansada acha que Deus está distante.
O grito do salmista, comum no Saltério, é: “Volta-te, Senhor” (Salmo 6:4).
Ao cansado falta coragem para afirmar que Deus não existe, mas a sua condição leva-lhe a achar que Deus
está distante dele.
O cansado ora, mas não acha que sua oração passou do teto. Ele pede, mas não verá a resposta de Deus.
O cansado canta, meio desanimado, porque não acha que Deus habita no meio dos louvores (Salmo 22:3).
O cansado até trabalha para o Senhor, mas não crê que o que faz faça alguma diferença.
O cansado olha para a prosperidade dos ímpios, lê que o destino deles é o mesmo da palha que o vento espalha, mas não encontra consolo nessas palavras.
c) Uma pessoa espiritualmente cansada tem medo das adversidades.
O salmista tem uma certeza: “os meus olhos fraquejam por causa de todos os meus adversários” (Salmo
6:7b). O cansado olha para os lados e só vê adversidade. O cansado olha para si mesmo e se vê fraco para enfrentar os adversários. Se não desistiu de lutar, o cansado está próximo de fugir.
O cansado perdeu a alegria da salvação, com o ânimo que ela dá; o poder da cruz ficou no passado; a força
da ressurreição perdeu o futuro.
O medo é tão forte que a morte parece ser a única possibilidade (Salmo 6:5b). Vindo ela, acabará o sofrimento, a espera. Uma pessoa espiritualmente cansada não tem perspectiva para a vida.
II - A SOLUÇÃO DIVINA
Cansados, ouçam a Palavra de Deus!
“Descanse no Senhor
e aguarde por Ele com paciência;
não se aborreça com o sucesso dos outros,
nem com aqueles que maquinam o mal”.
(Salmo 37:7)
“Descanse somente em Deus, oh minha alma;
dEle vem a minha esperança”.
(Salmo 62:5)
O cansaço é o sintoma; há algo mais profundo. Se é físico, demanda uma disposição.
Se é emocional, demanda uma atitude. Se é espiritual, demanda uma escolha.
1 - Se o cansaço é físico
O cansaço físico é mais fácil de ser tratado, porque, nele, o problema está mais claro.
O primeiro cuidado é com a alimentação, que deve ser quantitativa e qualitativamente adequada às nossas
necessidades. Se houver uma anemia, que debilita o corpo como um todo, deve um médico ser procurado, para
que haja uma suplementação dietética ou medicamentosa que faça cessar a anemia. Há jovens se cansando
porque não se alimentam direito, deixando de tomar um café decente pela manhã.
O segundo cuidado é com o sono. Cada um de nós tem um estoque de horas de sono necessário para que
haja descanso. Cada pessoa precisa saber qual é a sua necessidade. Se pretendemos reduzir o número de horas
dormindo, devemos saber que a adaptação aos novos horários deve ser feita paulatinamente. A menos que não
seja mesmo possível, durma. O mundo não vai acabar amanhã. Há coisas que o Senhor nos dá, enquanto dormimos (Salmo 127:20), depois de um dia intenso de trabalho ou estudo.
O terceiro cuidado é com o descanso. O corpo não foi feito para trabalhar sem parar. Até Deus descansou.
Por que temos que trabalhar dia e noite, sem descanso e sem férias. A Bíblia prescreve o descanso. Nossas
vidas seriam melhores se, nos domingos, relaxássemos, adorássemos e nos alegrássemos. Por que um supermercado, um shopping, uma loja tem que abrir? Não sigamos a onda, correndo, correndo, correndo atrás do
vento (Eclesiastes 1:14).
EBD - Classe de Jovens e Adultos - 2010
IBF Cristo é Vida •
26
O terceiro cuidado implica em reavaliação. Precisamos avaliar o nosso corpo (por que, por exemplo, está ficando cansado a toda hora?) e as circunstâncias de nossa vida, incluindo aí o trabalho. Será que o nosso trabalho
não é um ataque ao nosso jeito de ser? E não me refiro ao jeito de ser preguiçoso, que demanda arrependimento
e confissão, mas às incompatibilidades de horários e ritmos. E me refiro também ao excesso de trabalho; precisamos mesmo trabalhar onde trabalhamos e o quanto trabalhamos?
Esta reavaliação precisa alcançar as pessoas em torno. No caso das mães cansadas em função das demandas com filhos pequenos, alguns de colo e de berço ou colo ainda, os cônjuges e outros membros da família precisam verificar se estão fazendo o que podem para ajudar no cuidado.
Está alguém fisicamente cansado? Descanse. Tem alguém fisicamente cansado em sua família? Ajude-o.
2 - Se o cansaço é emocional
O cansaço emocional é muito difícil de ser tratado porque o primeiro passo, que é reconhecer a dificuldade em
toda a sua extensão, é muito difícil de ser dado.
Se sofremos de algum transtorno psíquico, nosso primeiro passo é reconhecer a nossa enfermidade, sim, enfermidade, com este nome, e buscar um profissional para que haja um diagnóstico e um tratamento. Depois nos
caberá continuar com os cuidados prescritos, sejam eles remédios a serem tomados regularmente.
Sem estes cuidados, até o toque suave de uma brisa nos deixa cansados. Imagine um ataque. Há dores que
o remédio não cura, mas há sofrimentos que o remédio pode pôr fim, e às vezes sem nenhum efeito colateral.
Se somos perfeccionistas, lembremos que o perfeccionismo mata. Aqueles que levaram Jesus à cruz faziam
parte dos perfeccionistas, que não podiam tolerar alguém que andasse com imperfeitos mendigos e imperfeitas
prostitutas e que, ainda por cima, não guardava o sábado. Gosto de pensar nas doces palavras de Jesus à banda boa da igreja em Tiatira: “Aos demais que estão em Tiatira, a vocês que não seguem a doutrina dela e não
aprenderam, como eles dizem, os profundos segredos de Satanás, digo: Não porei outra carga sobre vocês; tãosomente apeguem-se com firmeza ao que vocês têm, até que eu venha” (Apocalipse 2.24-25).
Sejamos críticos dos nossos atos e pensamentos, mas num tom que gere culpa e arrependimento, e não
apenas culpa.
Se somos daqueles que nos cansamos de tanto nos agitar, memorizemos o Salmo 46:10-11, repetindo-o
sempre para nós mesmos.
Gravem também esta outra promessa, de Isaías 46:9-10.
Todas as nossas lutas são lutas de Deus. Crer nisto é repousante.
A difícil tarefa para quem não se sente amado é saber que, mesmo não se sentindo, é amado por Deus. Ele
não entregaria seu Filho para morrer por alguém a quem não amasse. É até possível que você tenha sido rejeitado,
até mesmo desde o ventre. Você não pode mudar isto, mas você pode amar a você mesmo, você pode se deixar amar
por outras pessoas, você pode se deixar amar por Deus. Vale a pena crer como o profeta Miquéias: “Quem é comparável a ti, oh Deus, que perdoas o pecado e (...) tens prazer em mostrar amor” (Miquéias 7:18). A vida vale a pena.
Pare de fazer as coisas para os outros a fim de ser reconhecido por eles. Não há nenhuma garantia de que
amarão você como você os ama. Nada garante que sua “dedicação” a eles vai lhes alterar o jeito de ser. Eles são
o que são. E você é alguém a quem Deus ama.
O inabalável amor de Deus não nos protege de eventos tristes e que nos atingem dolorosamente. O inabdicável amor de Deus não nos poupa do divórcio. O inalterável amor de Deus não nos poupa de todos os acidentes de
carro ou de avião. O incomparável amor de Deus não nos poupa de ter um filho que se desvia para o álcool ou para
a droga ou para a preguiça. O incontrolável amor de Deus não nos poupa da doença, a nossa ou de uma pessoa
querida. O ilimitável amor de Deus não nos poupa do desemprego. O imbatível amor de Deus não nos poupa de
frustrações. O imensurável amor de Deus não nos poupa de ficar cansados.
Nunca podemos nos esquecer que o imponderável amor de Deus não nos exime de nossas responsabilidades. O divórcio é uma produção humana do casal ou de um deles, seja por infidelidade, crueldade ou leviandade.
O inexcedível amor de Deus não se assenta ao volante de um veículo, o nosso ou daquele que cruza conosco. O
incorruptível amor de Deus não tira a responsabilidade de quem se afunda no vício. O indeclinável amor de Deus
não dirige empresas que empregam e desempregam, nem preenche currículos. O inegável amor de Deus não evita
que tenhamos parentes-serpentes ou amigos-escorpiões. O inesquecível amor de Deus não impede que tenhamos
relacionamentos desgastantes. O inexaurível amor de Deus não nos supre sempre de boas companhias, bons
amores ou boas amizades. E tudo isto nos cansa.
No entanto, o infalível amor de Deus estará conosco na vida conjugal para que não haja divórcio, mas, se houver, também estará conosco, havendo arrependimento e confissão. O infindável amor de Deus, que está sempre
vigilante, nos poupa de muitos acidentes, segundo a sua soberania e misericórdia, embora não escreva manche-
“Como, pois, recebestes o Senhor Jesus Cristo, assim também andai nele” - Colossenses 2:6
IBF Cristo é Vida •
27
tes para ficarmos sabendo como e quando isso aconteceu. O inquebrantável amor de Deus está pronto a receber
o filho pródigo, por mais dependente que esteja do que não deveria estar, e apoiar a família que espera pela volta
do filho que partiu para longe. O invencível amor de Deus percorre conosco o labirinto do sucesso profissional, para
nos orientar. O invulnerável amor de Deus nos livra dos venenos que amigos e parentes nos lançam goela a dentro.
O irretocável amor de Deus nos ensina a viver com as pessoas como elas são, com sabedoria divina, com paciência
divina, com perdão divino. O irreversível amor de Deus nos faz companhia quando nos faltam as de carne e osso.
Saibamos que somos amados por Deus, que acorda cedo conosco, dorme tarde conosco, corre conosco, nos
dá ânimo para enfrentar as lutas de nossas vidas. Como é bom saber que não estamos sozinhos!
3. Se o cansaço é espiritual
Peça a Deus para ter discernimento, e que ajude você a ir além dos sintomas e alcançar a raiz da dificuldade.
a) Diante do cansaço espiritual, tenha uma teologia correta acerca da natureza da vida.
A teologia de Davi no Salmo 6 deve nos fazer meditar em Hebreus 12:5-11, e perguntar-nos a Deus por quê
e para quê?
Devemos compreender que Deus nos disciplina preventivamente, razão porque a Bíblia está cheia de suas
orientações para vidas santas e sábias. É por isto que nela encontramos o mandamento que é lâmpada, a instrução que é luz e a advertência que é disciplina para nos conduzir à vida (Provérbios 6:23). Não devemos nos opor
à disciplina, que é boa para nós.
Devemos aceitar que Deus permite que as adversidades nos venham. Portanto, devemos receber as dificuldades, vindas direta ou indiretamente de Deus, como cuidado para conosco. Se a orientação não é suficiente, Deus
permite algum grau de sofrimento, provocado por nós mesmos, por outros ou vindas de fontes desconhecidas,
para que nós cresçamos emocional e espiritualmente. Infelizmente, ainda não se descobriu uma fórmula para o
crescimento que dispense o sofrimento.
Devemos, aqui, tomar muito cuidado, para termos o discernimento do Espírito Santo. É comum ao cansado
ouvir como sendo palavra de Deus a seguinte repreensão: “Eis que bem-aventurado é o homem a quem Deus
repreende; não desprezes, pois, a correção do Todo-Poderoso” (Jó 5:17).
E tenhamos cuidado ao querer explicar os sofrimentos dos outros, quase sempre atribuindo-lhes culpa que,
muitas vezes, não têm. Cada um deve ter seu próprio discernimento.
Devemos nos lembrar que disciplina não é sinônimo de castigo. Aprendemos esta diferença na Bíblia, começando por Levítico 26:23-24, em que Deus diz:
“Se, apesar disso, vocês não aceitarem a minha disciplina, mas continuarem a opor-se a mim, eu mesmo me
oporei a vocês e os castigarei sete vezes mais por causa dos seus pecados”.
Davi, no Salmo 55:19, explicou bem a diferença: são castigados aqueles “que jamais mudam sua conduta e
não têm temor de Deus”.
Há, portanto, castigo, para os ímpios. “O Senhor sabe livrar os piedosos da provação e manter em castigo os
ímpios para o dia do juízo, especialmente os que seguem os desejos impuros da carne e desprezam a autoridade”
(Hebreus 2:9).
A boa teologia põe a graça no alto, mas não esquece as conseqüências do pecado. A teologia da graça inclui a
necessidade de arrependimento, confissão e disposição para uma vida santa. É uma tragédia a existência de um
cristianismo libertino, professado por aqueles que acham que todos os pecados já estão perdoados de antemão e
que Deus não exige uma conduta conforme a novidade de vida em Cristo; na verdade, conversão pressupõe desejo
de mudança de vida.
Há muitos cristãos brincando com Deus. Muitos têm pago caro por sua indisciplina.
Uma pessoa alcançada pela graça pede:
“Afastem-se de mim, todos vocês que praticam o mal,
porque o Senhor ouviu o meu choro”.
(Salmo 6:8)
Uma pessoa alcançada pela graça diariamente ora a Deus assim:
“Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração;
prova-me e conhece as minhas inquietações.
Vê se em minha conduta algo te ofende
e dirige-me pelo caminho eterno”.
(Salmo 139:23-24)
EBD - Classe de Jovens e Adultos - 2010
IBF Cristo é Vida •
28
E também:
“Sonda-me, Senhor e prova-me, examina o meu coração e a minha mente;
pois o teu amor está sempre diante de mim, e continuamente sigo a tua verdade”.
(Salmo 26:2-3)
Se o seu cansaço é o preço do seu pecado, peça perdão a Deus, como Davi pediu. Uma vida de pecado é uma
vida cansada. Uma vida perdoada é uma vida descansada. Viva a vida no estilo de Deus.
b) Diante do cansaço espiritual, firme sua vida na fidelidade de Deus para com você, não na sua para com ele.
Lembre-se que tentar viver uma vida baseada em sua própria fidelidade vai deixá-lo apenas ainda mais cansado. A oração do salmista deve ser a nossa:
“Senhor, livra-me; salva-me por causa do teu amor leal”
(Salmo 6:4b).
c) Diante do cansaço espiritual, continue orando pela solução do problema profundo, não apenas do seu
sintoma. O grito do salmista foi:
“Até quando, Senhor, até quando?”
(Salmo 6:3b)
Ore, confiando que Deus o escuta.
Pela mediação de Jeremias, Deus nos faz uma pergunta:
“Sou eu apenas um Deus de perto e não também um Deus de longe?”
(Jeremias 23:23)
Deus é Deus de perto e também Deus de longe, no sentido de que está perto de nós, mesmo que nos sintamos distantes dEle.
Podemos orar, que seremos ouvidos.
Podemos cantar, que nosso louvor chegará ao céu.
Podemos trabalhar, que nosso trabalho não será sem valor.
Podemos olhar para a prosperidade do ímpio e ver, espiritualmente, que o seu caminho não é mesmo de prosperidade, embora possa parecer.
Quando relemos o Salmo 6, encontramos uma mudança radical de tom:
“O Senhor ouviu a minha súplica; o Senhor aceitou a minha oração”.
(Salmo 6:9)
Talvez o salmista estivesse orando e, durante a oração, como aconteceu com Daniel (Daniel 9:21), já ouviu a
resposta ao seu clamor.
Pode ser que tenha escrito a primeira parte, de petição e lamentação, e, voltado, decorrido um tempo, para
registrar a resposta de Deus.
Não sabemos como foi, mas sabemos que a resposta de Deus é verdadeira.
Então, não pare de suplicar pelo descanso espiritual.
Ore, confiando que Deus escuta.
Quando Deus ouve a súplica do cansado, Ele remove as causas do cansaço.
Quando Deus ouve a súplica do cansado, Ele lhe dá uma nova perspectiva para a vida, perspectiva de vida,
não de morte.
Quando Deus ouve a súplica do cansado, Ele lhe renova a paciência, se as lutas precisarem continuar.
Deus permanece interessado em nossa condição, mesmo que já tenhamos perdido o vigor – Meditemos em
Isaías 40:27-31.
Não há dúvida que “aquele que habita no abrigo do Altíssimo e descansa à sombra do Todo-poderoso pode
dizer ao Senhor: Tu és o meu refúgio e a minha fortaleza, o meu Deus, em quem confio” (Salmo 91:1-2).
Conhecedor de nossa condição, Jesus permanece convidando:
“Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso. Tomem sobre
vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para
as suas almas. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”
(Mateus 11:28-30)
LIÇÃO 6
ENCARE A VIDA: VIVER NÃO É BRINCADEIRA
(OU “QUEM DISSE QUE SERIA FÁCIL?”)
Êxodo 13:17-22
I ntrodução
Seria perfeito se a vida fosse perfeita, mas não é. Bom seria que
a vida se desse num terreno aparado para nós por Deus, mas não é;
o terreno da vida é pedregoso. A vida é como ela é, não como gostaríamos que fosse. Bom seria que nela só se cumprissem os propósitos de Deus, de bem e de paz para nós, mas a maldade também
tem suas agências. Entre Gênesis 1 e Apocalipse 22, há Gênesis 3.
E o que Deus faz? Ele nos chama para reconstruir a vida como ela
deve ser e, enquanto isto, nos ensina a viver.
Como ensina um provérbio francês, “a vida é uma cebola. Choramos quando a descascamos”. Por mais otimistas que sejamos,
viver é perigoso, como nos ensina uma personagem do “Grande Sertão: Veredas”, de João Guimarães Rosa (1908-1967).
Se quisermos dourar a vida, teremos, como sugeriu Arthur Schopenhauer (1788-1860), que nos basear mais na ficção e menos nos fatos. Talvez Sholom Aleichem (1859-1916)
esteja com a razão, quando disse: “A vida é um sonho para os sábios, um jugo para os tolos, uma comédia para
os ricos e uma tragédia para os pobres”.
A vida é território fértil para o pessimismo. Eugene O’Neill (1888-1953) pensou-a como “uma cela solitária
cujas paredes são os espelhos”. Outro escritor, Jean Cocteau (1889-1963) foi ainda mais cáustico: “A vida é uma
queda horizontal”. Uma poetisa portuguesa, Florbela Espanca (1894-1930) não ficou longe em seu pessimismo,
na vida e na poesia, quando escreveu: “A vida é sempre a mesma para todos: rede de ilusões e desenganos.
O quadro é único, a moldura é que é diferente”.
Gostaríamos que fosse diferente, mas não é. Por esta razão, a ideologia dos meios de comunicação de
massa nos garante, ao contrário, que tudo na vida é fácil, rápido e leve. Li um anúncio sobre computadores
que dizia: “A história da sua vida pode ter a trilha que você quiser”. De fato, fazem sucesso os livros que dizem
que podemos governar as nossas vidas pelo poder do pensamento, com o qual atraímos o sucesso. Na mesma
toada, fazem sucesso as teologias que prometem vitória sobre vitória e proteção segura contra qualquer tipo de
problema, até os do passado.
Independentemente de nossa perspectiva, todos certos devem estar de que viver é lutar. Como disse Machado de Assis (1839-1908), “a vida sem luta é um mar morto no centro do organismo universal”. Este é o território
da realidade.
Como escreveu o poeta Francisco Otaviano (1825-1889):
“Quem passou pela vida em brancas nuvens
e em plácido repouso adormeceu,
quem não sentiu o frio da desgraça,
quem passou pela vida e não sofreu,
foi espectro de homem, não foi homem.
Só passou pela vida... não viveu.”
Na verdade, falta a muitos de nós uma clara compreensão do que seja vida. Na verdade, nascemos para viver,
mas não estamos preparados para esta tarefa, como ensinou Boris Pasternak (1890-1960). O problema, neste
processo, como escreveu Benjamin Franklin (1706-1790), é que “ficamos velhos cedo demais e sábios tarde demais”.
Não há dúvida de que “a vida é uma pedra de amolar: desgasta-nos ou afia-nos, conforme o metal de que
somos feitos” (George Bernard Shaw, 1856-1950).
Estamos falando de amadurecimento. Naturalmente amadurecemos. Começamos a amadurecer quando nascemos. E só paramos, quando morremos. E não antes.
EBD - Classe de Jovens e Adultos - 2010
IBF Cristo é Vida •
30
Com o tempo, não importam as pressões, amadurecemos. No entanto, as pressões aceleram o processo.
Amadurecer é uma realidade da vida. Amadurecer é uma necessidade na vida. Não há dúvida, como brincou
William Cowper (1731-1800), que “uma vida fácil é uma conquista difícil”.
Assim mesmo, não convivemos bem com a realidade do amadurecimento. Apesar do que ensinou Heródoto,
de que é “nas regiões macias que nascem os homens moles”, estamos sempre buscando formas de proteção contra os agentes do amadurecimento. Nossos pais tendem a nos proteger para não sermos alcançados pelas dores.
As religiões buscam proteger seus fiéis, oferecendo respostas, às vezes cômodas, para o sofrimento.
Precisamos, portanto, aprender a viver. E com quem queremos aprender?
Aquele que nos conhece perfeitamente porque nos projetou e desenvolveu quer nos ensinar a viver. Deus nos
ensina a amadurecer. A maturidade nos faz bem. A maturidade faz bem aos homens.
Nos 39 livros do Antigo Testamento, Deus discípula o povo que salvou e convocou para a construção de uma
nova humanidade. A caminhada do povo de Israel foi, e assim pode ser vista, um programa de educação continuada. Acompanhando o itinerário desse povo, podemos melhor entender a forma de Deus discipular.
Em tom de brincadeira, poderia dizer que a pedagogia de Deus é construtivista, pois espera que os aprendizes
construam seus conhecimentos e respeita a especificidade das etapas da vida. Brincaria ainda dizendo que a pedagogia de Deus é peripatética: Ele caminha com seus alunos. Arroubos à parte, a pedagogia de Deus é reverente,
no sentido de que respeita a liberdade humana sempre.
Há muitas histórias em que a pedagogia de Deus aparece por inteiro. Uma delas se dá no durante o Êxodo. A
história é bem conhecida e não preciso recapitulá-la, pois está sintetizada em Êxodo 13:17-22.
Vamos ler este texto e meditar nele!
I – AS BAGAGENS DA VIAGEM PODEM SER PESADAS
“E aconteceu que, quando Faraó deixou ir o povo”
Vs. 17 A
A história é o resultado da ação humana e também o resultado da ação divina. A humana é visível. A divina é
invisível. Parte de nossas dificuldades na vida advém de uma clara visão da ação humana, quase sempre nublada
de crueldades e erros, e uma visão embaçada da ação divina.
O texto diz: “Faraó deixou sair o povo”. Quantos viram Deus em ação? “Faraó deixou sair o povo”. Esta é a parte
visível da história. Faraó o fez por causa das palavras e ações de Deus por meio de Moisés. Esta é a parte invisível.
Deus queria que o povo de Israel saísse, mas o povo não saiu de imediato. A vontade de Deus teve que vergar
o pescoço do faraó.
Para sair, o povo teve que sair. E, para sair, o povo teve que se preparar. As instruções são muitas (Êxodo 12:1-20):
“Todo homem deverá separar um cordeiro ou um cabrito, para a sua família. (...) Passem, então, um pouco do
sangue nas laterais e nas vigas superiores das portas das casas nas quais vocês comerão o animal. (...) Comerão
a carne assada no fogo, com ervas amargas e pão sem fermento. (...) Ao comerem, estejam prontos para sair:
cinto no lugar, sandálias nos pés e cajado na mão. Comam apressadamente”.
Não foi fácil para o povo sair. Moisés teve que falar ao Faraó. Moisés teve que agir, expondo-se, arriscandose. O povo teve que fazer a sua parte, agindo, expondo-se, arriscando-se, machucando-se. Depois de preparado,
o povo teve que marchar, carregando crianças e velhos. Teve que se mudar, levando objetos, alimentos e suas
próprias tendas. Eles não pularam do Egito para Canaã. Tiveram que caminhar até lá.
Só existe pó de pirlimpimpim nas histórias de Monteiro Lobato. As malas de viagem só são leves nas novelas.
II - A VIAGEM TEM UM PREÇO – E PODE SER MUITO CARO
“E aconteceu que, quando Faraó deixou ir o povo, Deus não os levou pelo caminho da terra dos filisteus, que
estava mais perto; porque Deus disse: Para que porventura o povo não se arrependa, vendo a guerra, e volte ao
Egito. Mas Deus fez o povo rodear pelo caminho do deserto do Mar Vermelho”
Vs. 17 e 18 A
Se tomarmos um mapa e mirarmos Israel, veremos que os hebreus estavam a oeste, no Egito. Para chegar
até Canaã (hoje Israel), deveriam margear o Mediterrâneo, mais ao norte, passando pela terra dos filisteus (hoje
Faixa de Gaza), numa distância de 600 quilômetros aproximadamente.
No entanto, Deus os conduziu por outra rota, mais ao sul, numa das fraldas do mar Vermelho. A rota escolhida
era mais distante, de modo que evitassem passar pela região habitada pelos filisteus, muito mais desenvolvidos
tecnológica e comercialmente. Suas cidades (eram cinco) eram bem organizadas para os padrões da época. Eles
“Como, pois, recebestes o Senhor Jesus Cristo, assim também andai nele” - Colossenses 2:6
IBF Cristo é Vida •
31
muito capazes para a guerra, porque, nessa época, já dominavam a metalurgia e a navegação, habilidades que os
hebreus não tinham. Os instrumentos dos filisteus para a guerra tornavam-nos muito superiores belicamente aos
nômades descendentes de Jacó.
Quando se encontrassem, os hebreus teriam dificuldade para passar por suas cidades e para enfrentar suas
máquinas de guerra. Humanamente falando, teriam que voltar para o Egito. Foi por isto que Deus lhes desviou a rota.
Imagino que poucos entenderam. Por que e para que seguir pelo caminho mais difícil?
O caminho mais difícil era mais longo e tinha um mar, não à esquerda ou à direita, mas à frente. A rota acabava dentro do mar. Por que, então, aquela rota? Eles só entenderiam quando Deus, que escolheu a rota, fez o mar
se abrir para que passassem a seco.
“Deus não os levou pelo caminho da terra dos filisteus, que estava mais perto ... Mas Deus fez o povo rodear
pelo caminho do deserto do Mar Vermelho”.
Eis o que lemos, para aprender que Deus nos guia, mas a caminhada é nossa.
Ele indica o caminho e nós escolhemos seguir o seu caminho ou o nosso. Escolher a Deus tem preço e glória.
Escolher o nosso caminho tem apenas preço.
A distância da rota proposta por Deus varia conforme a nossa capacidade. Se nossa capacidade para enfrentar as dificuldades é pequena, Deus nos conduz por rotas que nos aperfeiçoam. Vemos o seu poder em ação na
hora da nossa fraqueza (2 Coríntios 12:9). O caminho precisa ser percorrido. Nesse caminho há obstáculos, que
Deus às vezes remove (Ele não enxugou o mar?) e às vezes não remove (Jó não perdeu tudo, embora fosse um
homem de oração?). Aplainando o nosso caminho ou não, ele nos ensina a seguir por ele até Canaã.
A distância da rota proposta por Deus varia conforme a nossa fé. Se nossa fé nEle é pequena, Deus nos
conduz por rotas que nos fortalecem. Vemos o seu poder em ação na hora da nossa fragilidade. A um Pedro titubeante, ele repreendeu, para que aprendesse a ter fé; a um Pedro naufragando, Ele segurou pela mão, para que
aprendesse a ter fé. Cantando ou chorando, desenvolvemos a nossa fé quando somos provados. O tamanho de
nossa fé tem a ver com o tamanho de nossa provação. Queremos aumentar a nossa fé (não é assim que oramos?)
e, ao mesmo tempo, queremos que as provações passem ao largo de nós.
Só o pacote inteiro (fé e provação) nos torna crentes.
III – NA VIAGEM DA VIDA, NEM SEMPRE O DESERTO PODE SER EVITADO
“Assim partiram de Sucote, e acamparam-se em Etã, à entrada do deserto”
Vs. 20
A rota da liberdade incluía a tragédia do deserto. Não dava para acampar em Etã, sem que se partisse de
Sucote.
Não dá para fugir de uma prisão, sem que se cave longamente um túnel insalubre, incerto e inseguro.
Não dá para escapar de uma embarcação, sem que se enfrente as ondas do mar.
Não dá para sair de um oásis, sem que se caminhe pelo deserto, onde o sol é inclemente, o vento é cortante
e a areia é paralisante.
Sobre a vida no deserto o faraó Seti I escreveu com autoridade de quem conhece esse local inviável à vida:
“Como é penoso o caminho que não tem água! Como se poderá caminhar por ele quando a garganta está seca?
Quem extinguirá a sua sede? A terra está longe. O deserto é largo. O homem que tem sede no cimo das colinas
lamenta-se”.
Não dá para evitar o deserto?
Daria, se não precisássemos aprender a atravessá-lo. O problema é que a vida é dura.
A vida é dura por causa de nossos corpos, que não resistem às bactérias e vírus.
A vida é dura por causa de nossas heranças, sejam elas genéticas, patrimoniais ou psicológicas.
A vida é dura por causa de nossas escolhas, especialmente as erradas.
A vida é dura por causa das escolhas dos outros, especialmente aquelas que nos alcançam.
A vida é dura por causa de nossos pecados, especialmente aqueles cujas conseqüências conhecemos.
A vida é dura por causa dos pecados dos outros, especialmente aqueles que se traduzem em criminalidade,
corrupção e crueldade.
Por que a vida é dura, o deserto é necessário. Por isto, Deus leva seu povo para o deserto, mesmo sob protesto. Vendo o que Deus fez, penso nos pais, naqueles que amedrontam seus filhos e evitam que vivam, naqueles
que protegem seus filhos, dourando-lhes a vida, e a vida não é dourada.
Penso naqueles que se sentem abandonados porque Deus os levou ao deserto. Não se ache abandonado.
Deus não conjuga o verbo “abandonar”.
EBD - Classe de Jovens e Adultos - 2010
IBF Cristo é Vida •
32
Não se pergunte por que foi para o deserto. Ocupe-se em como sair de lá. É isto que importa: o que importa
é como você vai sair de lá.
A informação de que o povo acampou junto ao deserto deixa a impressão de que foi colocado ali para olhar o
deserto além. O povo foi colocado ali para contemplar o deserto e ver o que ainda se lhe aguardava.
O povo foi colocado ali para escutar o tropel das tropas de elite do arrependido e furioso faraó, que levantavam poeira.
O povo foi colocado ali para fazer uma escolha: as pessoas podiam se dispersar, sobrevivendo uns, morrendo
outros, ou ficar firme, marchando, mas sabendo que a rota terminava não em lugar nenhum, mas dentro do mar
Vermelho.
O povo foi colocado ali para parar de correr. É como se Deus lhe dissesse: o mais rápido não é o melhor. Nem
sempre a pressa é a melhor atitude. O tempo da quietude, de estar assentado, é um tempo necessário. Só na
quietude entendemos a nós mesmos e vemos Quem Deus é. Para dar um passo, precisamos estar preparados.
“Queremos um emprego; queremos um casamento; queremos uma família. Mas o passo seguinte não acontece.
Talvez se Deus nos permitisse dar o próximo passo, seria um desastre, assim como o seria para os israelitas. Deus
sabe quando estamos prontos”.
Eis o que Deus nos ensina no deserto.
IV - DEUS É UM GUIA QUE VAI JUNTO
“E Moisés levou consigo os ossos de José, porquanto havia este solenemente ajuramentado os filhos de Israel, dizendo: Certamente Deus vos visitará;
fazei, pois, subir daqui os meus ossos convosco.
... E o Senhor ia adiante deles, de dia numa coluna de nuvem para os guiar pelo caminho, e de noite numa
coluna de fogo para os iluminar, para que caminhassem de dia e de noite.
Nunca tirou de diante do povo a coluna de nuvem, de dia, nem a coluna de fogo, de noite”.
Vs. 19, 21 e 22
Voltemos a Gênesis, onde lemos: “Antes de morrer José disse a seus irmãos: `Estou à beira da morte. Mas
Deus certamente virá em auxílio de vocês e os tirará desta terra, levando-os para a terra que prometeu com juramento a Abraão, a Isaque e a Jacó’. E José fez que os filhos de Israel lhe prestassem um juramento, dizendo-lhes:
`Quando Deus intervier em favor de vocês, levem os meus ossos daqui’. Morreu José com a idade de 110 anos.
E, depois de embalsamado, foi colocado num sarcófago no Egito” (Gênesis 50:24-26).
Quatro séculos se passaram até que Deus interviesse. Quando o desejo de José se concretizou, Moisés, o líder
do povo, tomou os seus restos mortais embalsamados e os transportou para a terra da promessa.
Não sabemos onde esteve o sarcófago durante todo este tempo. Sabemos que foi resgatado e levado em direção a Canaã. Esse cadáver era a prova de que a fé deve resistir ao tempo e as dificuldades, por mais duras que
sejam. Esse cadáver era uma evidência viva (como um retrato na parede) de que Deus cumpre Suas promessas. A
fé nutrida por José o abençoou em vida e abençoou seus descendentes. A fé firme de uma pessoa exerce impacto
sobre pessoas mesmo depois de sua morte. Como Abel, José era um morto que, por causa de sua fé, ainda falava
(Hebreus 11:4).
Há uma conexão clara entre os versos 19 e 21. O Deus que guia o povo pelo deserto é o mesmo Deus que
guiou José pelos desertos simbólicos que enfrentou: o poço onde foi lançado pelos seus irmãos, na intenção de
o matar; a viagem que fez como escravo ao Egito, bem longe de casa; sua venda aos egípcios; sua fuga da casa
de Potifar para não pecar; sua prisão, embora fosse inocente; seu esquecimento por parte de quem ajudara; a
saudade de sua família e de sua gente.
O Deus que guia o povo pelo deserto é o mesmo Deus que fez José sair do deserto, forte e fortalecido. O Deus
que guia o povo pelo deserto é o mesmo Deus que ouviu a oração de José quatro séculos depois.
Quando transportou o sarcófago de José, Moisés estava gritando, com seu gesto obediente: “Deus está conosco”. Philip Yancey escreveu que “o relacionamento com Deus não promete o livramento sobrenatural das
dificuldades, mas o uso sobrenatural delas”. [YANCEY, Philip. O Deus (in)visível. São Paulo: Vida, 2005, p. 275.]
Poderíamos dizer que o relacionamento com Deus pode até não produzir o livramento sobrenatural das dificuldades, mas, com certeza, inclui o uso sobrenatural destas dificuldades para o nosso crescimento.
Nossa vida se dá em meio a um terreno pedregoso, que Deus não ara antes de o trilharmos. Mas Ele o trilha
conosco.
Os versos 21 e 22 nos falam de uma realidade que é o sonho de todo crente: “Durante o dia o Senhor ia adiante
deles, numa coluna de nuvem, para guiá-los no caminho, e de noite, numa coluna de fogo, para iluminá-los, e assim
podiam caminhar de dia e de noite. A coluna de nuvem não se afastava do povo de dia, nem a coluna de fogo, de noite”.
“Como, pois, recebestes o Senhor Jesus Cristo, assim também andai nele” - Colossenses 2:6
IBF Cristo é Vida •
33
A experiência ficou para sempre na memória dos hebreus.
Quando o exército do faraó se aproximou para o ataque, pensado como fulminante e definitivo, “no fim da
madrugada, do alto da coluna de fogo e de nuvem, o Senhor viu o exército dos egípcios e o pôs em confusão”
(Êxodo 14:24).
Em uma dramática oração em que pede por livramento, Moisés recorda: “Moisés disse ao SENHOR: Então os
egípcios ouvirão que pelo teu poder fizeste este povo sair dentre eles e falarão disso aos habitantes desta terra.
Eles ouviram que tu, oh SENHOR, estás com este povo e que te vêem face a face, SENHOR, e que a tua nuvem
paira sobre eles, e que vais adiante deles numa coluna de nuvem de dia e numa coluna de fogo de noite. Se exterminares este povo, as nações que ouvirem falar do que fizeste dirão: ‘O Senhor não conseguiu levar esse povo
à terra que lhes prometeu em juramento; por isso os matou no deserto’” (Números 14:13-16)
Quando se despede do seu povo, Moisés ensina: “Também no deserto vocês viram como o SENHOR, o seu
Deus, os carregou, como um pai carrega seu filho, por todo o caminho que percorreram até chegarem a este lugar.
Apesar disso, vocês não confiaram no SENHOR, o seu Deus, que foi à frente de vocês, numa coluna de fogo de
noite e numa nuvem de dia, procurando lugares para vocês acamparem e mostrando-lhes o caminho que deviam
seguir” (Deuteronômio 1:31-33).
O salmista tinha a mesma certeza: “Deus os guiou com a nuvem de dia e com a luz do fogo de noite” (Salmo 78:14).
Quase um milênio depois de Moisés, Neemias ora, tendo em mente o que Deus fez aos israelitas no Êxodo:
“Tu os conduziste de dia com uma nuvem e de noite com uma coluna de fogo, para iluminar o caminho que tinham
que percorrer. (...) Foi por tua grande compaixão que não os abandonaste no deserto. De dia a nuvem não deixava
de guiá-los em seu caminho, nem de noite a coluna de fogo deixava de brilhar sobre o caminho que deviam percorrer” (Neemias 9:12,19).
Isto foi no passado, objetarão alguns. Deus não sinaliza mais o caminho do seu povo com colunas de fogo de nuvem.
Ainda bem!
Deus não mudou, mas nós mudamos. Não precisamos mais desse tipo de orientação, mas precisamos da orientação de Deus, só que em outra linguagem. O que a Bíblia diz é que os que são nascidos de Deus são guiados por Ele.
Deus nos guia de modo real, mas sua linguagem trafega hoje por outros condutores.
As colunas de fogo e de nuvem de Deus hoje são diferentes. Mas ainda podem ser vistas.
As colunas de fogo e de nuvem de Deus hoje são vistas (não foi assim com Elias?) não como vento fortíssimo,
nem como terremoto vigoroso, nem como fogo consumidor, mas como “murmúrio de uma brisa suave” (1 Reis
19:11-13) a nos soprar a graça de Deus porque alguém está orando por nós.
As colunas de fogo e de nuvem de Deus hoje podem ser vistas nas páginas da Bíblia, onde somos ensinados
a viver, estejam os nossos pés nos vales da sombra da morte ou nas alturas da montanha.
As colunas de fogo e de nuvem de Deus hoje brilham, quando, não havendo mais recursos de humana solução, Deus providencia os recursos, como providenciou o cordeiro para que, na última hora, Isaque não tivesse que
ser sacrificado.
As colunas de fogo e de nuvem de Deus hoje são vistas quando nossos corações choram e agem como bons
samaritanos que vêem os miseráveis deixados à morte pelo pecado.
As colunas de fogo e de nuvem de Deus hoje se mostram quando somos cheios de toda alegria e paz, por
nossa confiança nele, para que transbordemos de esperança, pelo poder do Espírito Santo (Romanos 15:13). As
colunas de fogo e de nuvem de Deus hoje se mostram quando Sua paz, “que excede todo o entendimento, guarda
nossos corações e mentes em Cristo Jesus” (Filipenses 4:7). As colunas de fogo e de nuvem de Deus hoje ficam
evidentes quando a paz de Cristo é o juiz em nossos corações, de modo que podemos viver em paz uns com os
outros, apesar de nossas diferenças (Colossenses 3:15).
São muitas as colunas de nuvem e de fogo adiante de nós.
São muitos os sinais da presença de Deus para conosco todos os dias.
Ele sinaliza sua presença quando nos prepara para a luta.
Ele sinaliza sua presença quando permite que sejamos afiados pelo ferro.
Ele sinaliza sua presença quando evita que trafeguemos pela terra dos filisteus.
Ele sinaliza sua presença quando nos livra das dificuldades e quando não nos livra.
Ele sinaliza sua presença quando nos põe em marcha, seja nos oásis, seja nos desertos.
Ele sinaliza sua presença quando nos manda para o deserto e nos deixa lá por um tempo.
Ele sinaliza sua presença quando nos sopra ao coração como discernir o certo do errado.
Ele sinaliza sua presença quando nos dá força para a vida, embora já não tenhamos nenhuma.
Ele sinaliza sua presença quando evita que enfrentemos dificuldades maiores do que as que podemos enfrentar.
Ele sinaliza sua presença quando nos ensina a viver num mundo hostil que nos diz que melhor é o fácil, o
rápido e o forte, para que não acreditamos que é melhor o fácil, o rápido e o forte.
LIÇÃO 7
A COMEÇAR EM MIM...
“Eu, porém, olharei para o Senhor; esperarei no Deus da minha salvação; o meu Deus me ouvirá.”
Miquéias 7:7
I ntrodução
Sabemos de cor algumas frases famosas de Miquéias.
Podemos não saber onde está a promessa que faz de Belém-Efrata o berço do Messias, mas somos capazes de recitar os seus versos:
“Mas tu, Belém Efrata, posto que pequena para estar entre os
milhares de Judá, de ti é que me sairá aquele que há de reinar em
Israel, e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias
da eternidade. Portanto os entregará até o tempo em que a que
está de parto tiver dado à luz; então o resto de seus irmãos voltará
aos filhos de Israel. E ele permanecerá, e apascentará o povo na
força do Senhor, na excelência do nome do Senhor seu Deus; e eles
permanecerão, porque agora ele será grande até os fins da terra. E
este será a nossa paz”.
(Miquéias 5:2-5a)
Também está em Miquéias este resumo do Evangelho:
“Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o Senhor requer de ti, senão que pratiques a justiça,
e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus?”
(Miquéias 6:8)
Mas o que nos chama a atenção em Miquéias – e serve-nos de exortação ao fim destas lições, é a expressão que aparece duas vezes no livro com suas mensagens. Umas versões trazem-na como “eu, porém” e outras,
“quanto a mim” (Miqueias 3:8 e 7:). A partir delas, somos chamados a pensar em nós mesmos. Em nossa própria
resposta aos ensinos de Deus.
Estou no grupo do “eu, porém”, mesmo que eventualmente diferente de todos?
O profeta Miquéias antecipa a mesma chamada e exortação de outro grande pregador, o apóstolo Paulo –
2 Timóteo 3:10 e 14.
Como podemos aplicar diretamente esta palavra tão forte e necessária em nossa própria experiência?
Há alguns princípios de uma vida bem-aventurada, se vivida com a sabedoria do Alto, porque:
I – BEM-AVENTURADO É O CRENTE QUE RECONHECE QUE VIVEMOS NUM MUNDO CAÍDO
Todos gostaríamos que o mundo fosse diferente do que é. Que uma menina de oito anos não fosse assassinada em casa por ladrões num condomínio. Que os filhos adolescentes não formassem um grupo para extorquir
o pai de um deles mediante um seqüestro simulado. Que ninguém roubasse as doações (roupas e outros objetos)
feitas de bom coração para vítimas das enchentes. Que jamais fôssemos acordados à noite pelo som dos tiroteios.
Que as pessoas jamais passassem adiante uma informação sobre outra pessoa sem pensar nas suas conseqüências sobre as vidas pichadas.
O profeta, como se fosse um repórter da vida quotidiana, registra:
“Já pereceu da terra o homem piedoso, e não há entre os homens um que seja justo; todos armam ciladas
para sangue; cada um caça a seu irmão com a rede,
As suas mãos fazem diligentemente o mal; assim demanda o príncipe, e o juiz julga pela recompensa, e o
grande fala da corrupção da sua alma, e assim todos eles tecem o mal.
O melhor deles é como um espinho; o mais reto é pior do que a sebe de espinhos; veio o dia dos teus vigias,
veio o dia da tua punição; agora será a sua confusão.
Não creiais no amigo, nem confieis no vosso guia; daquela que repousa no teu seio, guarda as portas da tua boca.
Porque o filho despreza ao pai, a filha se levanta contra sua mãe, a nora contra sua sogra, os inimigos do
homem são os da sua própria casa.”
(Miquéias 7:2-6)
“Como, pois, recebestes o Senhor Jesus Cristo, assim também andai nele” - Colossenses 2:6
IBF Cristo é Vida •
35
Em outras palavras, a queda transtorna a política e o direito, a cidade e a família, a amizade e a religião.
Não adianta não abrir a Bíblia, não ler jornais ou não ver televisão. Essas coisas acontecem nos nossos condomínios e até em nossas casas.
Não adianta pensar que só os outros cometem os atos que nós condenamos. Nós também podemos cometer
atos que nós mesmos reprovamos.
As conseqüências da Queda, revelando a verdadeira natureza humana, nos alcança a todos, indistintamente.
Neste sentido, tem razão o profeta quando diz “não há um justo sequer; todos estão à espreita para derramar
sangue; cada um caça seu irmão com uma armadilha” (Miquéias 7:2). A realidade da queda nos envolve e nos
leva a atualizar o nosso pecado, repetindo velhos e criando novos.
Quando olhamos para o nosso mundo e quando olhamos para nossas próprias mãos, não temos como não
gritar como fez o apóstolo Paulo: “Miserável homem que eu sou! Quem me libertará do corpo sujeito a esta morte?
Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor!” (Romanos 7:24-25)
É por isto que precisamos meditar na lembrança que o profeta Miquéias nos faz:
“Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o Senhor pede de ti, senão que pratiques a justiça, e
ames a benignidade, e andes humildemente com o teu Deus?”.
(Miquéias 6:8)
Bem-aventurado é quem reconhece os efeitos da queda, mas assim mesmo busca praticar a justiça no seu
relacionamento com outros, a bondade no seu coração e a humildade diante de Deus. Apesar da Queda, é praticando estas verdades que podemos viver felizes.
II – BEM-AVENTURADO É QUEM NÃO DERIVA SUA FIDELIDADE A DEUS POR QUE AS COISAS LHE
VÃO BEM NA VIDA
O profeta vive pessimamente. Diz ele:
“Ai de mim! porque estou feito como as colheitas de frutas do verão, como os rabiscos da vindima; não há
cacho de uvas para comer, nem figos temporãos que a minha alma deseja.”
(Miquéias 7:1)
“Colheitas de frutas do verão” é conseguir um real e chegar ao restaurante de um real mas ele está fechado.
É esperar “a hora do pobre” na feira e não encontrar nada. É contar as moedas no bolso e descobrir que não dá
para pegar o ônibus. É pedir emprestado a quem não tem para emprestar.
Deve-se esperar fidelidade de uma pessoa assim?
Sim, se ela é capaz de cantar como o profeta:
“Quem é Deus semelhante a ti, que perdoa a iniqüidade,
e que passa por cima da rebelião do restante da sua herança?
Ele não retém a sua ira para sempre, porque tem prazer na sua benignidade.”
(Miquéias 7:18)
Feliz não é quem olha para os seus problemas como sendo definitivos, mas olha para Deus como aquele que
tem prazer em mostrar amor.
A fidelidade a Deus não depende de tudo ir bem agora. Agir assim é condenar Deus pelo nosso presente,
esquecido do passado e ignorante do futuro. Não, agir assim é não saber Quem Deus é e o que Ele pode fazer,
mesmo que o mundo pareça desabar sobre os nossos esmigalhados ombros.
Que tal nos lembrarmos do que Ele já nos fez, de modo a nos perguntar se alguém há que se lhe possa comparar?
Por nos amar é que Ele me mostra o que é bom: que eu pratique a justiça, ame a misericórdia e ande humildemente com o meu Deus (Miquéias 6:8)
Apesar do eventual desânimo, por alguma fragilidade, é praticando estas verdades que posso viver feliz.
III – BEM-AVENTURADO É QUEM SABE QUE OS SEUS PECADOS TÊM CONSEQÜÊNCIAS E QUE
CONHECE A FORÇA DA GRAÇA DE DEUS POR MEIO DE JESUS CRISTO
Nem todos os nossos problemas são conseqüências dos nossos pecados, mas alguns são. É agradável reconhecer a primeira parte da frase, mas difícil reconhecer a segunda. No máximo, quando a reconhecemos, logo
emendamos que somos perdoados. E somos mesmos. E sem merecer. Tudo pela graça.
EBD - Classe de Jovens e Adultos - 2010
IBF Cristo é Vida •
36
Mas a graça é mãe e filha do arrependimento. A certeza da graça nos torna livres para pedirmos o perdão.
Não somos como o filho pródigo que voltou na expectativa de quem sabe seu pai o recebesse não como filho mas
como empregado. Nós agora sabemos, por causa de Jesus, que somos recebidos de braços abertos. Aquele filho
pródigo não tinha uma boa teologia, mas teve uma boa prática. Ele reconheceu que não era digno do amor do seu
pai, mas assim mesmo voltou. Quem sabe... Nós temos uma boa teologia, aprendida com Miquéias:
Oh, Deus, “Quem é Deus semelhante a ti, que perdoa a iniqüidade, e que passa por cima da rebelião do restante da sua herança? Ele não retém a sua ira para sempre, porque tem prazer na sua benignidade. Tornará a
apiedar-se de nós; sujeitará as nossas iniqüidades, e tu lançarás todos os seus pecados nas profundezas do mar.”
(Miquéias 7:18-19).
Bem-aventurado é quem tem uma boa teologia, que a leve a uma boa prática, a prática de reconhecer o seu
pecado, como fez o profeta:
“Ó inimiga minha, não te alegres a meu respeito; ainda que eu tenha caído,
levantar-me-ei; se morar nas trevas, o Senhor será a minha luz.
Sofrerei a ira do Senhor, porque pequei contra ele,
até que julgue a minha causa, e execute o meu direito;
ele me tirará para a luz, e eu verei a sua justiça.”
(Miquéias 7:8-9)
Bem-aventurado é o filho que não deixa a casa do Pai mas, tendo saído, volta. Feliz é quem evita pecar, mas,
diante da queda, tendo pecado, arrepende-se.
Dói reconhecer o pecado. Dói admitir que somos escravos. Dói saber que somos miseráveis pecadores.
Quando há confissão desse pecado, há alegria na graça. É a graça que nos restaura. O profeta canta:
“Ó inimiga minha, não te alegres a meu respeito; ainda que eu tenha caído,
levantar-me-ei; se morar nas trevas, o Senhor será a minha luz”.
Feliz é quem sabe que não deseja cair, mas, se cair, Deus o levantará.
Ah, como é bom saber que pecado confessado é pecado ancorado no fundo do mar. Ah como é bom saber
que, mesmo habitando numa pocilga necessariamente provisória, mesmo morando nas trevas (Miquéias 7:8),
levado pelo pecado, o perfume de Deus sobressairá sobre o cheiro da porcaria, a luz de Deus brilhará e dissipará
a escuridão da culpa, do medo e da desolação.
Como é bom saber que somos convidados a, todos os dias, buscar o que é bom - e o bom é praticar a justiça,
amar a misericórdia e andar humildemente diante de Deus.
V – BEM-AVENTURADO É QUEM SABE QUE DEUS FALA E OUVE.
A confissão do profeta Miquéias nos leva para o território da esperança.
“Eu, porém, olharei para o Senhor; esperarei no Deus da minha salvação; o meu Deus me ouvirá”.
(Miquéias 7:7)
Não há dúvida: quando ficamos atentos a Deus, ouvimos Deus falar e fazer. Quando ficamos desatentos, as
ações de Deus são apenas coincidências e acasos. É a fé que nos permite sintonizar a voz de Deus.
Imaginamos o profeta em meio aos alaridos, até mesmo louvores. Imaginamos o profeta aturdido com o barulho da sua gente que não estava nem aí para Deus, vivendo como se Deus não existisse. Imaginamos o profeta
sendo arrastado para cultuar um bezerro de ouro qualquer. Imaginando o profeta diante de um programa evangélico de televisão, com muito grito, muita culpa, muita promessa, muita mágica, pouca reflexão, pouca cruz, pouca
graça, pouco Deus.
De repente, como se livrando das correntes da procissão e da moda, ele diz: “Quanto a mim” ou “Eu, porém”.
Não. Não é isto que eu quero. Não é nisto que eu creio. Eu quero um culto em que Deus tenha a oportunidade de
falar. É a Ele que quero ouvir.
Ficar a atento ao Senhor, esperar no Senhor, saber que Ele ouve é pôr em prática a confiança. Quando estamos
num culto, afirmamos nossa confiança em Deus como Aquele que ouve, Aquele que supre. Então, prometemos
que viveremos para o louvor da Sua glória (Efésios 1). Aí chega a segunda-feira, com as ameaças e as seduções
do mundo real, sem a proteção da comunidade que crê como nós cremos, sem várias pessoas nos dizendo “Deus
te abençoe e te guarde...” Esta é a hora de confiar na prática, não na teoria do culto, não no arrebatamento do
“Como, pois, recebestes o Senhor Jesus Cristo, assim também andai nele” - Colossenses 2:6
IBF Cristo é Vida •
37
altar, não na contemplação da cruz, não no êxtase da adoração. Na teoria confiar é maravilhoso, mas na prática,
que dificuldade.
Gostamos da esperança e a esperança outra coisa não é senão a confiança posta em prática.
E “a esperança tem duas filhas lindas: a indignação e a coragem; a indignação nos ensina a não aceitar as
coisas como estão; a coragem, a mudá-las” (Agostinho).
“Quanto a mim”/”Eu, porém” é o exercício da minha indignação contra a minha desatenção à voz de Deus.
“Quanto a mim” “Eu, porém” é a coragem de por a caminho para mudar o que deve ser mudado a partir de mim. Se
estou desatento, mudarei para ficar atento. Se não estou esperando em Deus, mudarei para ser um esperançoso
no SENHOR. Se não estou confiante, mudarei, para saber que Deus me ouvirá.
É confiando na prática que viverei como o Senhor quer, praticando a justiça, amando a misericórdia, andando
humildemente com o meu Deus.
Conclusão
BEM-AVENTURADO É QUEM TEM A FÉ DE DIZER “EU, PORÉM”
Feliz é quem, não importa como o mundo vive, mas diz “quanto a mim/”eu, porém”, viverei com os olhos fixados em Deus. O que importa para o meu Senhor é o que me importa.
Então, pensamos nos empresários realmente cristãos, cujos negócios, não apenas eles, são também cristãos.
Que alegria é conhecer esses empresários.
Pensamos nos funcionários realmente cristãos que, em seus trabalhos, ficam de fora, perdendo dinheiro e
prestígio, porque não compartilham as mesmas rodas e nem as mesmas práticas dos colegas.
Pensamos nos cônjuges realmente cristãos, às vezes vivendo situações que não lhes alegram, mas permanecem fiéis aos seus compromissos conjugais, esforçando-se para que tudo volte às boas, orando para que o
que foi rompido se recomponha. Que alegria é conhecer cônjuges que se sacrificam pelo outro, às vezes contra a
esperança, mas não como um fardo.
Pensamos nos namorados realmente cristãos, que escolheram guardar seus corpos puros para o casamento, mesmo que seus colegas e suas colegas tenham outras práticas, mesmo que os seus professores ensinem o
contrário, mesmo que os meios de comunicação ridicularizem os que preferem ficar fora da boiada. Que alegria é
conhecer meninos e meninas (como eles se chamam a si mesmos) com caráter próprio, formado à luz da Palavra
de Deus e não ao sabor das palavras dos homens.
Essas são pessoas cheias do poder de Deus. Claro: não poderiam triunfar por si mesmos, porque não há um
justo sequer -- não é o que diz Miquéias? (Miquéias 7:2)
Então, o profeta novamente nos surpreende.
No capítulo 3, ele descrever novamente os desatinos dos líderes do povo, líderes que “detestam a justiça
e pervertem tudo o que é justo” (Miquéias 3:9), com magistrados que “julgam sob suborno”, com sacerdotes
que ensinam visando lucro e com profetas adivinhando “em troca de prata” (Miquéias 3:11), proclamando paz
a quem lhes paga, mesmo que estejam até o pescoço na lama, e declarando guerra contra quem não lhes alimenta (Miquéias 3:5).
Depois de protestar contra aqueles que deveriam conhecer a justiça, “mas odeiam o bem e amam o mal”
(Miquéias 3:2), o profeta do Antigo Testamento pára e vê que há nele o mesmo potencial de fazer o que é errado
que há nos outros e então, ousadamente, exclama, como se fosse um poeta do Novo Testamento:
“Mas eu estou cheio do poder do Espírito do Senhor, e de juízo e de força, para anunciar
a Jacó a sua transgressão e a Israel o seu pecado.” (Miquéias 3:8)
Alegramo-nos com aqueles que compreendem que permanecem com os olhos fixados em Deus por causa da
Sua graça. É Ele quem nos enche de força e justiça. Por nós mesmos, só colecionaremos fracasso e culpa.
Um episódio do cristianismo recente nos ajuda na compreensão de quão central deve ser em nossas vidas o
poder do Espírito Santo. No início de 2009, saiu no Brasil um valioso e grande livro sobre “A Arte e Ofício da Pregação” (São Paulo: Shedd, 2009. 887p.), com 201 artigos, escritos por dezenas de autores. Havia os nomes dos
colaboradores, quase todos norte-americanos, e suas apresentações bem resumidas. Um me chamou a atenção:
Ted Haggard. Eu disse: não é possível. Bem, o livro saiu em inglês em 2005 e Haggard ainda era o pastor de uma
igreja de milhares de membros e presidente de uma associação evangélica, cujo principal programa era combater
o homossexualismo. Li o que Haggard escreveu: era sobre a santidade. Meses depois de o livro sair em inglês,
Haggard foi denunciado por um relacionamento homossexual, que não foi o único caso na sua vida. Foi um escândalo que repercutiu no mundo todo e a voz que ocupava todos os espaços nos meios de comunicação foi calada,
restando-lhe apenas o ostracismo. Simplesmente, ninguém mais crê nele.
A história de Haggard nos faz pensar na expressão de Miquéias: é “graças ao poder do Espírito do Senhor [que]
estou cheio de força e de justiça, para declarar a Jacó a sua transgressão, e a Israel o seu pecado” (Miquéias 3:8).
Não podemos por nós mesmos, mas podemos tudo nAquele que nos fortalece. É nEle que está a garantia da
felicidade. É Ele quem nos livra de nós mesmos.
Bem-aventurado é quem vive no poder do Espírito Santo, de Quem recebe força e capacitação para a prática
da justiça, para a paixão pela misericórdia e para o desejo de andar humildemente com Deus e diante de Deus.
Devemos nos alegrar com aqueles que querem viver assim, sem a falsa segurança de suas realizações, mas
na segura segurança do poder de Deus.
Alegremo-nos com aqueles que, levando a sério a graça de Jesus, procuram se revestir do poder do Espírito
Santo para ouvir e viver, conforme Deus espera:
“Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o Senhor pede de ti, senão que pratiques a justiça,
e ames a benignidade, e andes humildemente com o teu Deus?” (Miquéias 6:8)
Download

Professor: Pr. José Nogueira - Professores assistentes