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Requisitos de qualidade na seleção de fornecedores de produtos
aeroespaciais
Alexandre Wilson A. da Silva1
Álvaro Azevedo Cardoso2
Carlos Alberto Chaves3
[email protected]
[email protected]
[email protected]
1 Aluno, Programa de Mestrado em Engª Mecânica da Universidade de Taubaté, Taubaté, SP, Brasil
2 Professor, PhD , orientador e coordenador do Mestrado Profissional da Universidade de Taubaté
3 Professor, Dr., co-orientador do Mestrado Profissional da Universidade de Taubaté
RESUMO
Analisa e descreve os procedimentos para aquisição de material aeroespacial oriundos do exterior
para aplicação nos projetos de pesquisa do Comando da Aeronáutica. O estudo do caso contempla o
cenário de uma organização militar do Comando da Aeronáutica voltada para a área de pesquisa e
desenvolvimento. Na definição dos produtos e serviços a serem adquiridos no país e no exterior, o
requisitante solicita-os com base em requisitos de qualidade que, na maior parte das vezes, nem
sempre são atendidos em face das exigências dos processos administrativos de licitação da
Administração. A aplicação do QFD proporcionou definir requisitos logísticos dos fornecedores, a
adequação dos procedimentos administrativos da organização e, futuramente, uma possibilidade de
melhorias na legislação vigente quanto aos processos licitatórios na Administração Pública
contemplando modelos de garantia da qualidade para produto e serviço.
Palavras-Chave: QFD. Requisitos do fornecedor. Programa Espacial Brasileiro. Gestão.
1. INTRODUÇÃO
1.1 O PROGRAMA NACIONAL DE ATIVIDADES ESPACIAIS
Segundo o Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE) 2005 – 2014, a
importância da capacitação no domínio da tecnologia espacial é estratégica para o
desenvolvimento soberano do Brasil, seja pelas informações que disponibiliza, sob a forma de
imagens e dados coletados sobre o território nacional, seja pelo efeito da inovação que decorre
dos esforços na aquisição e no desenvolvimento de tecnologias em proveito para a indústria,
do desenvolvimento do país e em benefício da sociedade brasileira.
O esforço empregado pelo PNAE no desenvolvimento de foguetes de sondagens e de
veículos lançadores e no domínio público das tecnologias associadas visa assegurar a
capacidade de acesso ao espaço. É empregado nas seguintes aplicações: observação da Terra,
missões científicas e tecnológicas, telecomunicações e meteorologia (PNAE, 2005).
O Programa se desenvolve de acordo com o Sistema Nacional de Desenvolvimento
das Atividades Espaciais – SINDAE, instituído pelo Decreto no 1.953, de 10 de julho de 1996,
resultando na congregação de várias instituições: Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT),
Agência Espacial Brasileira (AEB), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e
Comando da Aeronáutica, tendo como órgão de execução setorial o Comando-Geral de
Tecnologia Aeroespacial (CTA) e suas organizações militares: Instituto de Aeronáutica e
Espaço (IAE), Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) e Centro de Lançamento da
Barreira do Inferno (CLBI) (PNAE, 2005).
IV SEGeT – Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia
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1.2 A QUALIDADE NO PNAE
Segundo o mesmo PNAE, haja vista que muitos dos projetos espaciais são
desenvolvidos por meio de mecanismos de cooperação internacional observa-se, hoje, uma
crescente inclinação da adoção de normas técnicas comuns, como as estabelecidas pela
International Organization for Standardization – ISO.
No tocante a estas normas para o setor espacial foi criado o Programa de Apoio às
Atividades de Normalização e à Qualidade – QUALIESPAÇO, cujo objetivo é a elaboração
de documentos normativos e a sua utilização, com vistas, primordialmente, à qualidade, à
segurança, e à confiabilidade dos produtos relacionados com a atividade espacial.
Dentre os seus princípios destacam-se:
“3 – adoção de padrões de segurança e qualidades compatíveis com as normas
internacionais.
5 – integração da indústria e da academia ao conjunto das instituições envolvidas com
a implementação do PNAE.
6 – fortalecimento das instituições, direta ou indiretamente envolvidas com a
implementação do PNAE, com ênfase em:
i. Formação, capacitação e alocação de recursos humanos de modo a favorecer a
inovação tecnológica e o aperfeiçoamento da gestão;
ii. Utilização de métodos, técnicas e ferramentas de gestão do conhecimento gerado no
âmbito destas instituições; e
iii. “Utilização de métodos, técnicas e ferramentas de planejamento estratégico e
tecnológico para a área espacial.” (PNAE, 2005).
Consoante com estes princípios, há os enquadramentos na ABNT NBR 15100:2004 –
Sistema da qualidade aeroespacial – modelo para garantia da qualidade em projeto,
desenvolvimento, produção, instalação e serviços associados.
1.3 O PROGRAMA CRUZEIRO DO SUL E O SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE
ESPACIAL
Após o acidente ocorrido no Centro de Lançamento de Alcântara em 2003, o Programa
Espacial Brasileiro foi reformulado, onde se passou a considerar que a conclusão do projeto
do Veículo Lançador de Satélite VLS-1 será o ponto de partida de uma nova etapa do
Programa Espacial Brasileiro no seu segmento de veículos lançadores de satélite.
Foram feitas diversas análises de propostas de configuração dos novos veículos
lançadores para suceder o VLS-1, além do desenvolvimento e a fabricação de motores a
propulsão líquida de médio e grande porte. Isto permitirá colocar o Brasil, estrategicamente,
em um plano de destaque a nível mundial, em um horizonte de desenvolvimento de 17 anos,
encerrando-se no ano das comemorações do Bicentenário da Independência (2022). Os
estudos resultaram em uma proposta para um programa de veículos lançadores de satélites,
denominado PROGRAMA CRUZEIRO DO SUL, lançado nacionalmente em 24 de outubro
de 2005. O programa baseia-se na definição de uma família de veículos lançadores de satélite
com a capacidade para atender as missões do PNAE.
A família de lançadores é constituída por cinco novos veículos denominados segunda
as estrelas do Cruzeiro do Sul: VLS ALFA, VLS BETA, VLS GAMA, VLS DELTA E VLS
EPSILON. A meta final do programa é o desenvolvimento de um veículo lançador capaz de
colocar em órbita de transferência geo-estacionária (GTO) satélites do porte do Satélite
Geostacionário Brasileiro (SGB) até 2022.
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IV SEGeT – Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia
Em 2005, após a reorganização institucional do antigo Centro Técnico Aeroespacial
(CTA), que passou a se denominar Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA), é
elaborado o Plano Diretor de Gestão do Instituto de Aeronáutica e Espaço que redefine sua
missão:
“Ampliar o conhecimento e desenvolver soluções científico-tecnológicas para
fortalecer o Poder Aeroespacial, por meio da Pesquisa, Desenvolvimento, Inovação,
Operações de Lançamento de Veículos Aeroespaciais, Operações de Teste de Novos
Sistemas de Defesa e Serviços Tecnológicos Especializados no setor Aeroespacial”.
Dentre sua nova proposta organizacional, foi reeditado o seu Manual de Gestão da
Qualidade – MGQIAE - revisão 2, de 27 de novembro de 2006, que traça as principais
diretrizes do IAE com relação à qualidade, fazendo referência aos procedimentos que deverão
ser seguidos por todas as Divisões/Coordenadorias.
De acordo com o mesmo manual, o escopo do Sistema de Gestão da Qualidade IAE é
assim constituído:
Aeronáutica:
Pesquisa, Projeto, Desenvolvimento e Ensaio de:
- Materiais
- Sistemas de Defesa Aeronáutica
Pesquisa, Projeto, Desenvolvimento, Produção
Aeronáuticos.
e
Ensaio
de
Sistemas
Espaço:
Pesquisas, Projetos, Desenvolvimento, Produção de Protótipos, Integração,
Ensaios e Operações relacionados a Veículos Espaciais e Meios de Apoio de Solo.
Segundo este mesmo manual, em seu item 1.2 – APLICAÇÃO, registra-se que todos
os itens da ABNT NBR 15100 são adotados, como exclusão, dos itens 7.4.1 e 7.5.1.5.
1.4 PROCESSO DE AQUISIÇÃO NO EXTERIOR
No estabelecimento dos requisitos das missões previstas em sua fase inicial de
elaboração do produto, o Instituto de Aeronáutica e Espaço necessita adquirir materiais e
serviços no exterior, tendo em vista o Brasil ainda não possuir um parque tecnológico espacial
que atenda a demanda tão específica.
Este processo de aquisição inicia-se com o delineamento das necessidades do que será
adquirido, e em qual empresa. Para os casos de materiais/serviços oriundos do exterior, o
CTA utiliza o processo logístico do Comando da Aeronáutica que possibilita realizar o
processo licitatório diretamente junto aos fornecedores estrangeiros (Aeronáutica, 2007).
Para estes casos, o Comando da Aeronáutica possui uma Organização Militar
localizada nos Estados Unidos da América, na cidade de Washington, D.C., intitulada
Comissão Aeronáutica Brasileira em Washington (CABW) (Aeronáutica, 2005).
Criada através dos Decretos nos 19.447, de 21 de agosto de 1945, e 70.303, de 20 de
março de 1972, é a Organização do Comando da Aeronáutica que tem por finalidade
centralizar, dentro de sua área de atuação, as atividades logísticas de apoio e de serviços, a
administração de acordos e contratos, bem como outras que lhe for determinada, de interesse e
responsabilidade do Comando da Aeronáutica. (Aeronáutica, 2005).
Conforme o seu Regulamento Administrativo em seu artigo 4o, inciso I, compete a
Comissão executar as atividades gerenciais de obtenção de materiais e de serviços de emprego
IV SEGeT – Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia
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militar, efetuando prévia pesquisa de mercado, de forma a assegurar as melhores condições de
preço, qualidade e prazos de entrega e pagamento (Aeronáutica, 2005).
Através de um processo licitatório internacional totalmente informatizado (ecommerce), a CABW recebe os pedidos de todas as Organizações Militares por meio de um
sistema logístico informatizado e, em consonância com a Lei de Licitação e Contratos
Administrativos (Lei no 8.666/93), seleciona as empresas que participarão do processo
licitatório (Aeronáutica, 2007).
Quando do cadastramento destas empresas na CABW são cadastradas de acordo com
grupos de produtos por ela comercializados, por exemplo, material de informática, material
aeronáutico, material bélico, etc. Os pedidos das Organizações requisitantes são cadastrados
no sistema de acordo com estes grupos, fazendo com que o processo licitatório aleatoriamente
selecione as empresas (Aeronáutica, 2007).
A estrutura do Comando da Aeronáutica classifica, principalmente, as Organizações
Militares em Unidades Gestoras Responsáveis (UGR) e Unidades Gestoras Executoras (UGE)
(Aeronáutica, 2005).
Considera-se uma UGE a organização responsável pelo gerenciamento e
processamento dos recursos creditícios, financeiros e pela realização dos atos de gestão
patrimonial (Aeronáutica, 2005).
As UGR são as que respondem pela realização de parcela do gerenciamento ou
processamento do programa de trabalho contido em um crédito (Aeronáutica, 2005).
No caso da área de C&T do Comando da Aeronáutica, o Grupamento de InfraEstrutura e Apoio de São José dos Campos (GIA-SJ) é a UGE responsável pelo processo
licitatório para aquisição no país, enquanto que a Comissão Aeronáutica Brasileira em
Washington é responsável pelas aquisições no exterior, do Instituto de Aeronáutica e Espaço,
que, neste caso, é a UGR (Aeronáutica, 2007).
Apesar do Manual de Gestão da Qualidade o IAE, em seu item 1.2 – APLICAÇÃO,
informar que não se aplica o item 7.4.1 – Processo de Aquisição - da ABNT NBR 15100, e
tendo em vista que as aquisições são processadas pelo GIA-SJ, a possibilidade da aplicação
do método QFD para determinar os parâmetros na escolha destes fornecedores, permitirá um
melhor planejamento, melhoria das características do produto e/ou serviço e,
consequentemente, no produto a ser utilizado.
2. OBJETIVO
Utilizando-se a ferramenta QFD, verificar a possibilidade dos processos de seleção de
fornecedores voltados ao atendimento dos pedidos de material/serviços importados aplicados
na área aeroespacial, serem realizados com base em requisitos de qualidade previamente
definidos, com a adequação dos editais de licitação e, consequentemente, em um melhor
produto/serviço aplicados a produtos estratégicos de defesa.
3. METODOLOGIA
A metodologia QFD surgiu no Japão na década de 60, sendo primeiramente utilizada
pela Mitsubishi-KOBE Shipyard na fabricação de navios, que foi logo depois seguida pela
Toyota e outras empresas japonesas. Os primeiros “papers” e publicações surgiram na década
de 70 com o Dr. Yogi Akao, cientista japonês, estudioso do assunto até a atualidade, e
considerado um dos percussores da metodologia (Akao, 1987 a 1987b).
IV SEGeT – Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia
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Os estudos de AKAO permitiram ajudar as empresas a definirem seus pontos críticos
no controle da garantia da qualidade anteriores à produção. Após sua pesquisa, conjuntamente
com os estudos realizados por Mizuno, Furukawa e Ishihara, concluiu-se a técnica QFD
atualmente empregada em diversos países do mundo, utilizada não somente no
desenvolvimento de produtos, mas no processo de fabricação de softwares, prestação de
serviços, seleção de fornecedores, etc. (AKAO & MAZUR, 2003; CHANG & WU, 2002)
Segundo Capello et al (2006), a aplicação da técnica do QFD permite o
desenvolvimento de fornecedores levando em consideração os requisitos de qualidade
exigidos pelos clientes internos.
Propicia, também, um realinhamento dos requisitos de qualidade entre os setores de
aquisição e desenvolvimento com os demais setores da empresa, o que resulta em um
aumento da qualidade na cadeia produtiva (Capello, 2006).
A facilidade de gerenciar os conhecimentos envolvidos no processo faz com que o
setor de aquisição e desenvolvimento seja eficaz em desenvolver fornecedores que atendam os
requisitos de qualidade exigidos pelos clientes internos da empresa (Capello, 2006).
Este trabalho foi desenvolvido através de um trabalho de campo realizado em dois
Institutos constituintes do Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA) onde, através
de questionários (aberto e fechado) enviados a pesquisadores, mestres, engenheiros e técnicos
que atuam em projetos de C&T, podem ser realizadas as etapas 1 e 2, respectivamente,
Identificação dos Clientes e Ouvir a Voz do Cliente, etapas estas, dentre as demais, sugeridas
por Ribeiro et al (2001), onde se objetiva o desenvolvimento da Matriz da Qualidade (Casa da
Qualidade), seguido-se os diversos passos na sua elaboração: Identificação dos Clientes;
Ouvir a voz do cliente – pesquisa de mercado; Desdobramento da qualidade
demandada; Importância dos itens de qualidade demandada (IDi); Avaliação
estratégica da qualidade demandada (Ei); Avaliação competitiva dos itens de qualidade
demandada (Mi); Priorização da qualidade demandada (IDi*); Desdobramento das
características de qualidade (indicadores de qualidade); Relacionamento da qualidade
demandada com as características de qualidade (DQi); Especificações atuais para as
características de qualidade; Importância para as características de qualidade (IQi);
Avaliação da dificuldade de atuação sobre as características de qualidade (Dj);
Avaliação competitiva das características de qualidade (Bj) e Priorização das
características de qualidade (IQj*).
No questionário aberto, constituído de quatro questões, foi perguntado o que o cliente
considera importante quando escolher um fornecedor; quais informações que ele espera obter
do fornecedor durante a obtenção da cotação; quais critérios são importantes que uma empresa
cumpra quando do fornecimento dos itens e, finalmente, após o fornecimento o que se espera
do “pós-venda”. Desta forma, procurou-se abranger todo o processo de compra, desde o início
da cotação, até o suporte técnico após a efetivação da venda.
Após esta primeira pesquisa, partiu-se para o questionário fechado onde foi observada
a importância atribuída dos clientes aos desdobramentos secundários e, posteriormente, aos
desdobramentos terciários.
4. RESULTADOS
Das respostas obtidas nos questionários, foi elaborada a Tabela 1 com o
Desdobramento da Qualidade Demandada pelo Cliente, onde as características de nível
terciário foram transformadas no cabeçalho da Casa da Qualidade. Nesta representação, que é
uma das sete ferramentas gerenciais da qualidade, se permiti identificar, em grau crescente de
IV SEGeT – Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia
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detalhamento (primário, secundário e terciário) todos os itens que possuem relação entre si.
(Moura, 1994)
Tabela 1. Desdobramento da Qualidade Demandada pelo Cliente
PRIMÁRIO
SECUNDÁRIO
Qualidade do produto
Atendimento
Suporte
ao
Produto
Suporte técnico
Preço
NÍVEL
TERCIÁRIO
Alta Durabilidade e confiabilidade
Características técnicas corretas
Manuais técnicos atualizados
Compatibilidade onde será aplicado
Honestidade da empresa
Atender aos requisitos do pedido
Prestar informações esclarecedoras
Pronta-resposta na consulta
Rápidez e facilidade de canal de
comunicação
Conhecer o cliente
Atendimento adequado
Rápida resposta às consultas de rotina
Feedback do andamento dos serviços
Peças de reposição
Treinamento eficiente para o
equipamento
Suporte técnico no Brasil
De acordo com as práticas de mercado
Cumprir os prazos de entrega
Aceitar as condições de compra do
cliente
No decorrer da pesquisa, verificou-se que na definição da Importância Corrigida dos
itens de Qualidade Demandada (IDi*), alta durabilidade e confiabilidade dos itens possui a
mais alta importância em relação aos demais. Isto demonstra a importância dada a este quesito
quando da definição item a ser fornecido. Também foram especificados os indicadores de
qualidade em uso para cada qualidade demandada, conforme Tabela 2.
Verifica-se que as aquisições realizadas no exterior sofrem com a baixa
representatividade de empresa estrangeiras no Brasil, onde se pode verificar pelo baixo
percentual de pronta-resposta nas consultas e feedback.
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Tabela 2. Desdobramento das Características de Qualidade Demandadas pelo Cliente - parcial
QUALIDADE DEMANDADA
Alta durabilidade e
confiabilidade
Características técnicas corretas
Manuais técnicos atualizados
Atender aos requisitos do pedido
CARACTERÍSTICA DE QUALIDADE
% de ocorrências de problemas/ano
no reclamações do cliente virtude falta de
informações
no de atualizações/ano
% fornecimentos discrepantes em relação ao
pedido
% consultas atendidas dentro do tempo em 1
semana
Pronta-resposta na consulta
Rapidez e facilidade de canal de
comunicação
tempo de acesso do cliente
Conhecer o cliente
visitas realizadas ao cliente/ano
Feedback do andamento dos
% retorno das informações por parte do
serviços
fornecedor
Peças de reposição
disponibilidade do item em estoque
Treinamento eficiente para o
relação entre horas de treinamento
equipamento
prático/teórico
Suporte técnico no Brasil
no de representantes técnicos no país
Cumprir os prazos de entrega
% tempo de atraso nas entregas
ESPEC.
ATUAIS
1%
Baixa
1/ano
10%
40%
100%
6/ano
40%
70%
Satisfatória
20%
30%
Com base nas Características da Qualidade foi realizada a priorização através do
Índice de Importância Corrigido (IQj*). Verificou-se que alta durabilidade e confiabilidade,
características técnicas corretas, suporte técnico no Brasil e treinamento representaram mais
de 70% da importância corrigida. (20%; 18%; 17% e 15% respectivamente). Estes tópicos são
importantes informações que deverão estar contidas nos editais de licitação para atender a
materiais/serviços na área de C&T.
Não se avaliou o benchmark dos fornecedores tendo em vista que o trabalho foi
realizado com base em aquisições realizadas no exterior, onde apenas estas empresas são
fornecedoras dos materiais/serviços em questão.
5. DISCUSSÕES
Com a aplicação da técnica do QFD, vislumbrou-se a possibilidade de uma melhor
seleção das empresas participantes do processo licitatório de aquisição de material/serviços
importados para atender a área aeroespacial do Comando da Aeronáutica, onde foi verificado
que:
- há falta das características de qualidade relevantes nos editais de licitações;
- possibilitou-se determinar a necessidade de uma melhor análise nas propostas
possivelmente ganhadoras da licitação, antes da adjudicação a este ganhador;
- necessidade do aprimoramento da legislação federal, hoje em vigor, quanto aos
procedimentos licitatórios a serem seguidos para aquisição de materiais/serviços aplicados em
áreas estratégicas de defesa; e
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- maior participação dos solicitantes de materiais/serviços durante o andamento do
processo licitatório.
6. REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9001: 2000 – Sistema de
Gestão da Qualidade – Requisitos. Rio de Janeiro, 2000.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15100:2004 – Sistema da
qualidade – aeroespacial – Modelo para garantia da qualidade em projeto, desenvolvimento,
produção, instalação e serviços associados. Rio de Janeiro, 2004.
AKAO, Y. & OHFUJI, T. Quality Deployment in Japan: The State of the Art. MA, Methuen,
JSQC 25th Symposium, GOAL/QPC. MA, 1987.
AKAO Y. Introdução ao desdobramento da Função Qualidade, Tradução de Zelinda Tomie
Fijikawa e Seiichiro Takahashi. Fundação Chistiano Ottoni, Escola de Engenharia da UFMG.
Belo Horizonte, MG,1996.
AKAO & MAZUR, G.H. The leading edge in QFD: past, present and future. International
Journal of Quality & Reliability Management; v.20, 2003.
BRASIL. Agência Espacial Brasileira (AEB). Programa Nacional de Atividades Espaciais
2005 – 2014 – PNAE. Brasília-DF, 2005.
BRASIL. Decreto-Lei no 1.953, de 10 de julho de 1996 – Institui o Sistema Nacional das
Atividades Espaciais SINDAE e dá outras providências. Brasília-DF, 1996.
BRASIL. Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993 – Institui normas para licitações e contratos da
Administração Pública e dá outras providências. Brasília-DF, 1993.
CAPELLO, A.M; CARDOSO, A.A; CHAVES, C.A. Prospecção de fornecedores utilizando a
técnica QFD – III Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia – SEGeT, Associação
Educacional Dom Bosco. Resende-RJ, 16,17 e 18 de outubro de 2006.
COMANDO DA AERONÁUTICA. Manual do Comando da Aeronáutica (MCA) 67-1 –
Manual de Suprimento, de 9 de março 2007. Brasília-DF, 2007.
COMANDO DA AERONÁUTICA. Regulamento de Administração da Aeronáutica (RCA)
12-1, de 1o de janeiro de 2005. Brasília-DF, 2005.
COMANDO DA AERONÁUTICA. Regulamento de Comissão Aeronáutica Brasileira no
Exterior (ROCA) 21-5, de 20 de julho de 2005. Brasília-DF, 2005.
CHAN, L.K; WU, M.L. Quality function deployment. A literature review. European Journal
of Operation Research, v.143, 2002.
MOURA, E.C. As sete ferramentas gerenciais da qualidade: implementando a melhoria
contínua com maior eficiência. São Paulo: Makron Books, 1994.
RIBEIRO et al. A Utilização do QFD na Otimização de Produtos, Processos e Serviços, Série
Monográfica Qualidade. Porto Alegre: FEENG/PPGEP/EE/UFRGS, 2001.
IV SEGeT – Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia
ANEXO I
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FORMULÁRIO DE PESQUISA
(ABERTO)
Prezado Sr(s) e/ou Sra(s)
Objetivando a elaboração de dissertação de mestrado que tem como tema a definição de
requisitos técnicos e de qualidade para a seleção de fornecedores habilitados a atender pedidos
de itens e serviços aplicados a área de C&T, solicito a V.Sa. responder ao questionário abaixo.
Esta é a primeira fase de uma pesquisa de campo que tem como objetivo ouvir a “Voz do
Cliente”, no caso os servidores do __________________. Sua contribuição é super
importante!
Obrigado por colaborar.
NOME:
CARGO:
SETOR:
E-MAIL/TELEFONE:
DATA:
1. Que fatores você considera importante quando escolhe um fornecedor para atender
itens/serviços na área de C&T?
2. Durante a obtenção da cotação do item, quais as informações que você espera que a
empresa lhe forneça sobre o item/serviço?
3. Quais critérios você acha importante que uma empresa cumpra quando do fornecimento dos
itens/serviços?
4. Após o fornecimento do itens/serviços, o que você espera do fornecedor no pós-venda?
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IV SEGeT – Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia
ANEXO II
FORMULÁRIO DE PESQUISA
(FECHADO)
NOME:
CARGO:
SETOR:
E-MAIL/TELEFONE:
DATA:
1. Numere de 1 a 5, considerando o 1 como mais importante e 5 como menos importante, as
informações abaixo relativas aos critérios que deverão ser analisados quando houver a
definição da empresa fornecedora de material para a área de pesquisa e desenvolvimento, após
o processo licitatório.
(
(
(
(
(
(
(
(
) Ser o fabricante do item
) Ser o representante autorizado
) Respostas às consultas
) Publicações Técnicas
) Treinamento
) Peças de reposição
) Relacionamento com o cliente
) Produto original
2. Considerando o quesito “QUALIDADE DO PRODUTO”, avalie a importância dos itens
abaixo em relação ao desempenho de sua missão.
Alta durabilidade
Confiabilidade
Características
técnicas corretas
Manuais técnicos
atualizados
Compatibilidade com
sua aplicação
Pouco
Importante
Relativamente
Importante
Importante
Muito
Importante
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IV SEGeT – Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia
3. Considerando o quesito “ATENDIMENTO”, avalie a importância dos itens abaixo em
relação ao desempenho de sua missão.
Honestidade
Atender aos requisitos
do pedido
Prestar informações
esclarecedoras
Pronta-resposta nas
consultas
Rapidez e facilidade
de canal de
comunicação
Conhecer o cliente
Pouco
Importante
Relativamente
Importante
Importante
Muito
Importante
4. Considerando o quesito “RESPOSTA ÀS CONSULTAS”, avalie a importância dos itens
abaixo em relação ao desempenho de sua missão.
Eficiência da solução
proposta
Tempo de resposta
para assuntos de rotina
Tempo de resposta
para assuntos
emergenciais
Controle das consultas
formuladas
Pouco
Importante
Relativamente
Importante
Importante
Muito
Importante
5. Considerando o quesito “SUPORTE TÉCNICO”, avalie a importância dos itens abaixo em
relação ao desempenho de sua missão.
Atendimento adequado
Rápida resposta as
consultas de rotina
Feedback do
andamento dos
serviços
Peças de reposição
Treinamento eficiente
Pouco
Importante
Relativamente
Importante
Importante
Muito
Importante
12
IV SEGeT – Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia
para o equipamento
Suporte técnico no
Brasil
6. Considerando o quesito “PREÇO”, avalie a importância dos itens abaixo em relação ao
desempenho de sua missão.
De acordo com as
práticas de mercado
Cumprir os prazos de
entrega
Aceitar as condições
de compra dos clientes
Pouco
Importante
Relativamente
Importante
Importante
Muito
Importante
Download

Requisitos de qualidade na seleção de fornecedores de