O SONHO E A VIDA DE MARC CHAGALL Casa Fiat de Cultura apresenta mais de 300 obras do artista na maior exposição já realizada no Brasil A magia e a intensidade das cores de Marc Chagall (1887-1985), pintor bielorruso que se fixou em solo francês, chegam ao país em celebração ao Ano da França no Brasil. De 4 de agosto a 4 de outubro, a Casa Fiat de Cultura, sediada em Belo Horizonte (MG), realiza a exposição O Mundo Mágico de Marc Chagall - O Sonho e a Vida, sob curadoria do museólogo Fabio Magalhães. De Minas, a mostra segue para o Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro (RJ), onde permanecerá aberta ao público de 15 de outubro a 6 de dezembro. Em Belo Horizonte, serão apresentadas mais de 300 obras de Chagall, entre pinturas, guaches, esculturas e gravuras. Destaque para as séries completas de gravuras como La Bible [A Bíblia], Daphnis et Chloé [Dafne e Cloé] e Les Âmes mortes [As Almas mortas], reunidas pela primeira vez no Brasil, assim como a obra Salon de coiffure (oncle Zussy) [Salão de cabeleireiro (tio Zussy)], guache e óleo sobre cartão de 1914, que pertence à Galeria Tretyakov, na Rússia. “Esta exposição de Chagall, a maior reunião de trabalhos do pintor já realizada no Brasil, revela a incessante busca da Casa Fiat de Cultura por aproximar seu público da grande arte realizada no mundo”, ressalta José Eduardo de Lima Pereira, presidente da Casa Fiat de Cultura. “Há mais de meio século, o Brasil não apresenta mostra dedicada à obra de Marc Chagall, apesar de sua incontestável importância. Essa é uma ideia há tempos acalentada por nós, e sua realização se torna realidade agora, em 2009”, comemora Arnaldo Spindel, diretor da Base7 Projetos Culturais, responsável pela organização das mostras. “A mostra nos permitirá vivenciar a magia das composições de Chagall, dotadas de uma palheta surpreendente de cores aplicada sobre os mais variados temas, que permeiam o real e o fantástico, o sonho e a vida”, conta Maria Eugênia Saturni, também diretora da Base7 Projetos Culturais. A exposição O Mundo Mágico de Marc Chagall é uma realização da Casa Fiat de Cultura e da Base7 Projetos Culturais, com patrocínio da Fiat, copatrocínio do banco Iveco Capital e apoio do Itaú e do Ministério da Cultura. A organização e produção da mostra, que integra a programação do Ano da França no Brasil, estão a cargo da Base7, proponente do projeto junto ao Ministério da Cultura, para concessão dos benefícios da Lei Rouanet. Identidade marcante Marc Chagall (Moshe Zakharovitch Shagal) nasceu em 6 de junho de 1887, em um bairro de judeus pobres de Vitebsk, na Bielo-Rússia – àquele tempo, pertencente ao império russo. Um dos pioneiros da modernidade, participou das grandes transformações das artes plásticas no início do século XX, tornando-se um dos mais notáveis artistas de seu tempo. Apesar do intenso convívio com as tendências de vanguarda, a arte de Chagall adquire contornos pessoais desde a juventude. Desde cedo, sua expressão segue caminhos singulares. O curador Fabio Magalhães conta que a primeira e única exposição das pinturas do artista no Brasil ocorreu durante a IV Bienal Internacional de São Paulo, em 1957, “quando a representação francesa dedicou-lhe uma sala especial”. À época, foram apresentadas 25 telas, entre as quais o famoso Autoportrait aux sept doigts [Autorretrato com sete dedos], realizado em Paris, entre os anos de 1912 e 1913. Mais tarde, em 2002, durante a mostra 500 Anos de Arte Russa, em São Paulo, Chagall foi representado por cinco importantes pinturas, entre as quais Le Juif rouge [O Judeu vermelho], pintada entre 1914 e 1915, e Promenade [Passeio], de 1917, obras pertencentes ao Museu Nacional Russo de São Petersburgo. “Agora, no âmbito das comemorações do Ano da França no Brasil, apresentamos um importante conjunto de pinturas, desenhos, guaches, aquarelas e gravuras, que representam diversos períodos da longa e produtiva vida do artista”, conta Magalhães. gravuras, que representam diversos períodos da longa e produtiva vida do artista”, conta Magalhães. As obras Chancelada a integrar o Ano da França no Brasil pelos comissariados francês e brasileiro, a exposição de Marc Chagall vai reunir 302 trabalhos do artista e 28 obras do Contexto Brasil. O imaginário popular da Europa Oriental e os temas religiosos, mitológicos e literários compõem um panorama que permeia o real e o fantástico, o sonho e a vida. A sensibilidade e a poética de Chagall estão presentes e podem ser apreciadas tanto em suas pinturas e guaches quanto nas séries integrais de gravuras, como Les Âmes mortes, Daphnis et Chloé e La Bible, provenientes de importantes instituições e coleções da Rússia, Itália, França, Suíça e Brasil. Também integram a mostra duas esculturas do artista, produção muito pouco abordada e exibida de Chagall. O visitante encontrará um panorama dos trabalhos da juventude e da maturidade do artista, além de um núcleo expositivo que busca contextualizar a relação entre Chagall e o Brasil, com destaque para obras de artistas brasileiros influenciados pelo pintor. A mostra conta, ainda, com a exibição do vídeo realizado por Roberto D'Avila, para a série de programas intitulados Conexão Internacional, em que entrevistou Chagall e Vavá, esposa do artista. Trata-se de uma das últimas entrevistas com o artista, realizada na década de 1980. Os módulos da exposição 1) Pinturas da juventude 34 obras O primeiro módulo da exposição retrata obras de Chagall em sua fase jovem. Neste núcleo, destaque para as obras que simbolizam a adesão, pelo artista, à revolução bolchevista, como em Paix aux chaumières - Guerre au palais [Paz nas choupanas - Guerra no palácio], aquarela de 1918, que pertence à Galeria Tretyakov, em Moscou. As primeiras gravuras da Série Ma Vie (Minha Vida) também estão contempladas nesta primeira fase. 2) Séries Les Âmes Mortes 96 gravuras Segundo módulo da mostra, a série de gravuras Les Âmes mortes diz respeito às reminiscências da Rússia. O romance Almas mortas, de Gogol, ressuscitou na memória de Chagall os tipos humanos característicos do país, que a revolução comunista fez desaparecer, como Séliphane, o cocheiro beberrão e preguiçoso que acompanha o ganancioso amo Tchitchikov, que, em suas aventuras à procura de fortuna e sucesso, “compra” de senhores feudais de província seus servos falecidos (âmes mortes) e, acompanhado pelos fantasmas, toma posse de vastos domínios e ingressa na alta sociedade. Em suas obras, Chagall capta o estilo de Gogol, ao desnudar os seres humanos e combinar a força satírica com o lirismo nostálgico de sua terra natal. As ilustrações são, em si mesmas, peças de narrativas visuais. 3) Série Fábulas de La Fontaine 23 gravuras Sob encomenda do marchand e crítico de arte Ambroise Vollard, Chagall produziu, entre 1926 e 1927, 100 guaches representativos das fábulas de La Fontaine (1621-1695). Os guaches foram expostos, em 1930, em Paris, Bruxelas e Berlim. Vendidos, dispersaram-se pelo mercado e nunca mais foi possível reuni-los integralmente. O conjunto exposto em Paris causou polêmica. Diversos críticos atacaram a abordagem do pintor. Vollard saiu em defesa do artista, afirmando haver grande empatia entre o espírito das fábulas e a obra de Chagall. Ainda em 1927, mais uma vez a pedido de Vollard, Chagall retoma os temas dos guaches, para refazê-los em gravura em metal e explorar as possibilidades expressivas da água-forte. Essas ilustrações mostram o artista com um domínio muito mais apurado do processo de produção da gravura. Do ponto de vista técnico, o resultado é superior à série Les Âmes mortes. O pintor utilizou, também, a água-tinta, para obter uma variada gama de cinzas, que dialogam com zonas de negro intenso e aveludado. 4) Série A Bíblia 105 gravuras Após as séries Les Âmes Mortes, de Gogol, e das Fábulas de La Fontaine, Vollard pediu a Chagall que realizasse um conjunto sobre a Bíblia. O artista trabalhou neste projeto de 1931 até 1939. Em função da incumbência, viajou à Palestina para conhecer o teatro dos acontecimentos bíblicos. Voltou sua atenção aos temas religiosos pintados por grandes mestres, como Rembrandt (16061669), cujas gravuras conheceu na viagem que fez à Holanda, em 1932. Chagall já havia realizado mais de 60 gravuras da série sobre a Bíblia quando Vollard faleceu. Apesar disso, continuou trabalhando. As 105 gravuras foram concluídas em 1939 e a publicação, planejada por Tériade em três tempos: 1948, 1952 e 1956. A essência de Rembrandt pode ser notada pela composição das cenas bíblicas e por muitos dos efeitos gráficos do velho mestre que foram aplicados nas gravuras de Chagall. Todas as 105 gravuras que integram esta série completa da A Bíblia foram coloridas a cenas bíblicas e por muitos dos efeitos gráficos do velho mestre que foram aplicados nas gravuras de Chagall. Todas as 105 gravuras que integram esta série completa da A Bíblia foram coloridas a mão pelo artista. 5) Série Dafne e Cloé 42 gravuras Para realizar a série Daphnis et Chloé, Chagall viajou duas vezes à Grécia, com o propósito de vivenciar a atmosfera e a luminosidade da paisagem e conhecer melhor a cultura pastoril. A primeira visita, em 1952, proporcionou a execução dos primeiros guaches, que registram a luz mediterrânea e a experiência emocional vivida em terras gregas. Dois anos depois, o artista retornou para aprofundar seus conhecimentos do mundo clássico. Os 42 guaches foram realizados entre 1953 e 1954. Em 1957, o pintor dá início aos estudos preparatórios para a transposição dos guaches em litografias, com o impressor Charles Sorlier (1921-1990), no famoso estúdio de Fernand Mourlot. Juntos, eles desenvolveram transparências de cor e criaram jogos que contrapunham brilhos e opacidades. Para obter o resultado pretendido, de extraordinária beleza cromática, foi necessário utilizar uma pedra para cada tonalidade de cor. Assim, uma única gravura exigiu 25 pedras matrizes, o que significa 25 impressões. Tal minucioso processo estendeu-se por quatro anos e a série foi publicada em 1961, por Tériade. 6) Esculturas 2 esculturas As duas esculturas em mármore, Oiseau [Pássaro] e Poisson [Peixe], foram encomendadas ao artista, em 1964, por Ira Kostelitz para um pavilhão especialmente construído para exibi-las em sua residência parisiense. Cerca de 40 anos mais tarde foram doadas a Leonard e Annette Gianadda, que inauguraram a Cour Chagall, em novembro de 2003, por ocasião do 25º aniversário da Fundação Pierre Gianadda, na Suíça. 7) Contexto Brasil 28 obras A exposição também contará com um núcleo expositivo que busca contextualizar a relação entre Chagall e o Brasil. Nesta seção, haverá obras de artistas brasileiros que fazem referência ou sofreram influência significativa da obra de Marc Chagall. O curador Fábio Magalhães lembra que “embora haja tênue relação do artista com a nossa cultura, na década dos anos 20 do século passado, vários artistas brasileiros que haviam abraçado as ideias modernistas, como Di Cavalcanti, Ismael Nery e Cícero Dias, conheceram a obra de Chagall e, inclusive, conviveram com ele em Paris”. Em sua trajetória, Ismael Nery contará com uma fase denominada pela crítica Chagalliana, devido à forte influência que recebeu de Chagall. Cícero Dias é um dos artistas brasileiros mais próximos à lírica de Chagall. Embora os personagens e os ambientes criados por Cícero tenham sido calcados na cultura e na paisagem pernambucanas, suas narrativas, muitas vezes, apresentam semelhanças com o imaginário criado por Chagall. Palestras e cinema francês A programação paralela à exposição prevê a realização de palestras temáticas e a exibição, na Casa Fiat de Cultura, de filmes franceses e documentários. No dia 4 de agosto, às 19h30, o curador Fabio Magalhães abre a série de palestras ao falar sobre a vida e a obra de Marc Chagall. A arte educadora Rachel Souza Vianna, responsável pela concepção do programa educativo da Casa Fiat, realizará duas palestras sobre curadoria educativa. Ela irá abordar questões teóricas sobre a mediação entre público e as obras de arte. O primeiro módulo, Ensinar e aprender a ver na Sala de aula, será realizado no dia 29 de agosto, de 16h às 17h30. O segundo módulo apresenta o tema Ensinar e aprender a ver no Museu e vai acontecer no dia 19 de setembro, de 16h às 17h30. No dia 31 de agosto, segunda-feira, o crítico de arte e cineasta Olívio Tavares de Araújo é o convidado da Casa Fiat de Cultura para falar sobre a vida e obra do pintor, ceramista e gravurista francês Marc Chagall. A palestra integra o projeto Sempre Um Papo, parceiro da Casa Fiat de Cultura na realização de eventos voltados para as artes plásticas. Toda a programação da Casa Fiat de Cultura é aberta ao público com entrada gratuita. Programa Educativo Como em todas as exposições realizadas pela Casa Fiat de Cultura, O Mundo Mágico de Marc Chagall: o Sonho e a Vida conta com um programa educativo elaborado especialmente para atender grupos, professores e alunos de escolas das redes pública e privada. As visitas orientadas são realizadas por uma equipe de educadores capacitados pela instituição. são realizadas por uma equipe de educadores capacitados pela instituição. Segundo a arte educadora Rachel Vianna, responsável pela concepção do programa educativo da exposição de Chagall, o conceito de mediação adotado envolve um embate entre duas tendências opostas. Por um lado, reconhece o direito de cada visitante construir significado para as obras de arte, com base em sua história de vida, seus conhecimentos e experiências. Por outro lado, entende que o acesso a conhecimentos especializados pode abrir novas portas para a compreensão da arte e ampliar a experiência estética. “Nosso desafio é que as atividades propostas alternem estas duas tendências, sem pretender uma postura de autoridade absoluta, nem furtar-se à responsabilidade de introduzir conhecimentos especializados e problematizar visões ingênuas ou preconceituosas da arte”, destaca Rachel Vianna. Com o formato de workshop, a assessoria ao professor foi desenhada para dar suporte aos professores e profissionais interessados em desenvolver seu próprio roteiro de visita. Ao trabalhar em grupos pequenos, o participante terá a oportunidade de discutir, com supervisão do programa educativo, abordagens direcionadas para os seus interesses específicos. Nos fins de semana, o público visitante terá acesso ao programa educativo que, de terça a sexta-feira, é direcionado para escolas e grupos agendados. O agendamento para grupos e escolas poderá ser feito pelo telefone (31) 3289-8910 ou pelo e-mail [email protected]. Educação on line Para apoiar o professor ou responsável por um grupo de visitantes, ficará disponível, no site da Casa Fiat, um material com informações e sugestões para atividades educativas relacionadas à exposição. São informações sobre os artistas, dicas de livros, sites para pesquisa, citações de críticos e historiadores, sugestão de roteiros de leitura e propostas temáticas. O material pode ser usado em atividades de preparação para a visita ou para aprofundar e ampliar os temas tratados na mostra. Casa Fiat de Cultura Em três anos de atuação, a Casa Fiat de Cultura acumula um público de 132 mil visitantes em seis grandes exposições realizadas com acervos de importantes museus e coleções do Brasil e da Europa. Mantida pelas empresas do Grupo Fiat, sua programação se destaca pelo alto valor histórico, artístico e educativo, contribuindo para o estímulo à produção cultural, formação de público, democratização do acesso às artes e inclusão social. Atuando dentro de padrões internacionais na concepção e realização de exposições de artes plásticas e visuais, oferece a mais moderna tecnologia de climatização em suas galerias, comparável aos melhores museus do mundo. Presença do Grupo Fiat na França O Grupo Fiat tem ampla e tradicional presença na França, país com volume de negócios total líquido de 6,7 bilhões de euros em 2008. Entre suas marcas, figuram Fiat, Lancia, Alfa Romeo e Abarth, além de Ferrari e Maserati. O grupo tem também presença na área dos tratores agrícolas e máquinas para obras públicas (CNH), ônibus e veículos industriais (Iveco), sistemas de produção (Comau), motores e transmissões (Fiat Powertrain), autopeças e componentes (Magneti Marelli) e fundidos (Teksid). No total, são quase 10 mil empregados diretos que trabalham na França, incluindo 45 empresas, centros de formação e a sede. Segundo o presidente da Casa Fiat de Cultura, José Eduardo de Lima Pereira, o Grupo Fiat tem a marca da internacionalidade. “Estamos presentes em diversos países, dentre os quais a França. Nossa origem italiana é motivo de grande orgulho, mas temos expressão mundial e nos orgulhamos disso também. A cultura francesa sempre foi muito presente no Brasil e esta é uma oportunidade para renovar esses laços”, explica. Serviço: Casa Fiat de Cultura Rua Jornalista Djalma Andrade, 1250 - Belvedere – Nova Lima (MG) Informações: 31 3289-8900 Entrada gratuita para toda a programação. Funcionamento: Terça a sexta-feira - 10h às 21h Sábados, domingos e feriados - 14h às 21h. Agendamento para grupos e escolas: (31) 3289-8910 ou e-mail: [email protected] Transporte: saídas gratuitas de terça a domingo, Praça da Liberdade/Casa Fiat de Cultura, a partir de 9h30, a cada uma hora e meia. Sábados, domingos e feriados, a partir de 13h30, a cada uma hora e meia. Site: www.casafiatdecultura.com.br partir de 9h30, a cada uma hora e meia. Sábados, domingos e feriados, a partir de 13h30, a cada uma hora e meia. Site: www.casafiatdecultura.com.br Informações para a imprensa Casa Fiat de Cultura Rede Comunicação de Resultado Flávia Rios Polliane Eliziário (31) 2555-5050 / 9788-3029 [email protected] Base7 Projetos Culturais Marcela Brandão ECC - Escritório de Consultoria e Comunicação (11) 5506-1144 / 8228-2886 [email protected]