Oração 9º Dia “SÓ O AMOR É DIGNO DE FÉ” “O amor consiste mais em obras do que em palavras” (EE. 234) A experiência dos EE desperta em nós um "modo divino de proceder" e que está presente na Contemplação para alcançar Amor. Mais ainda, crescemos na consciência de que Deus é Amor dentro de nós. Na realidade não se trata de uma lei que torna a nossa vida dura e pesada, mas de uma resposta ao que Deus é no mais profundo de nosso ser. Nosso amor será “um amor que responde a seu amor”. Trata-se, no final dos Exercícios, de entrar na dinâmica do Amor de Deus. Isto é impossível se primeiro não experimentamos esse amor. Tudo parte do amor do Pai, que se manifestou em Jesus e que agora circulará através dos seus seguidores. Esta é a marca da identidade dos seguidores de Jesus, a característica mais importante da vida cristã. Ser cristão, em primeiro lugar, é uma questão de amor. Quando amamos não é preciso dizer que Deus está em nosso coração porque, de uma maneira melhor, estamos no coração de Deus, participamos do próprio dom de seu amor. Encontramo-nos, assim, envolvidos pelo amor de Deus. Esse amor, ativo e primeiro, suscita em nós a gratidão que nos leva a corresponder com um amor-serviço; o amor sempre se faz serviço, assim como todo serviço é inspirado e sustentado pelo amor. Trata-se da mística do “serviço por puro amor”. Por isso, esse amor é fonte de alegria, ou seja, um estado permanente de plenitude e bem-estar. Sem amor não é possível dar passos em direção a um seguimento mais aberto, cordial, alegre, simples e amável, onde possamos viver como “amigos” de Jesus. João, em sua carta (1Jo 4,7-21) usa a palavra ágape para expressar o amor sem mistura de interesse pessoal; seria o puro dom de si mesmo, só possível em Deus. O amor de Deus é a realidade primeira e fundante. Ágape é o amor divino. Esse amor é o mais raro, o mais precioso, o mais milagroso. Seria como que uma renúncia à centralidade do ego, ao poder, à força... Assim como Deus, que se “esvaziou de sua divindade”, o ágape se esvazia de si mesmo para dar mais lugar, para não invadir, para deixar ao outro um pouco mais de espaço, de liberdade... Estas são algumas características do ágape cristão: é um amor espontâneo e gratuito, sem motivo, sem interesse, até mesmo sem justificação, oblativo, expansivo... o puro amor. Este amor é um estremecimento, um frêmito que desperta em nós o que existe de mais nobre, puro e humano. Tal como a flor de Lótus, o amor mais nobre tem suas raízes na lama, na argila de cada um de nós; é o divino germinando nos meandros do humano. O amor é a realidade que nos faz mais humanos. Tal como a água de um rio escavando seu leito profundo, o amor é a força que nos escava, que alarga e aumenta nossa capacidade de irmos para além de nós mesmos. Uma das maiores razões para o amor ser uma experiência de expansão se deve à sensação de imortalidade e eternidade que nos proporciona. O amor carrega em si a marca da eternidade. Quem ama vê o tempo se ampliar e a vida ganhar mais sentido. Há lugares em nosso interior que não existem enquanto o amor não tiver passado por ali. O amor nos torna flexíveis, atentos às inspirações do Espírito; é um estado de escuta, o desenvolvimento de uma grande atenção em relação a tudo o que vive e respira. É a natureza humana verdadeira, quando não está entulhada pela ilusão e pelo ego. Amar é desfazer-nos de tudo aquilo que acreditamos ser, para que somente fique em nós o que é próprio de Deus. Para aprender a amar é preciso sair de nossos hábitos, sair do conhecido. Se entrarmos nessa aventura, nossa vida será virada pelo avesso e completamente questionada. “O amor é o que diz sim, em nós”, sim à vida, sim ao compromisso, sim à compaixão... É necessário que descubramos em nosso interior, o sim mais profundo. Quando o amor nos habita, tudo se torna sagrado; nossos olhos se tornam contemplativos, ou seja, o olhar que libera o que há de melhor em nós e no outro. Transformamo-nos naquilo que olhamos e tornamo-nos aquilo que amamos. O amor é uma irradiação do nosso ser. Descobrir esta realidade e vivê-la é a marca distintiva daquele que viveu intensamente a experiência dos EE. Este amor ágape torna-nos expansivos e operativos: ele nos alarga através dos nossos membros, mãos e pés. Podemos dizer que o amor tem coração, mãos e pés: coração cheio de compaixão e ternura, mãos que cuidam, curam, abençoam... e pés que nos arrancam de nossos lugares estreitos e nos deslocam para as margens, para junto dos pobres e excluídos... Na oração: Faça uma leitura das “marcas” do Amor de Deus em sua vida; crie um clima de ação de graças. FONTE: CEI-JESUÍTAS - Centro de Espiritualidade Inaciana Rua Bambina, 115 - Botafogo – RJ – 22251-050 [email protected] / www.ceijesuitas.org.br