6ª Roda Literária
E. E. Ministro Adauto Lúcio Cardoso
03/10/2012
Maria Auxiliadora de Paula Ribeiro
Natural de Gouveia – M.G., filha de Manoel Conceição de Paula e Antônia Fernandes de Paula,
casada com Wilson da Silva Ribeiro. Tem três filhos e dois netos Lucas e Gabriel. Formada em
Magistério pelo Instituto Santo Antônio, trabalhou na E. E. Dom Joaquim, E. M. Doutor Viriato
Diniz Mascarenhas e E. E. Interventor Alcides Lins, Escola Normal Oficial de Curvelo.
Hoje, aposentada, se dedica a escrever obras literárias e ocupa a Cadeira 08, patrono Cônego
Lafayette Costa Coelho, na Academia Curvelana de Letras.
POEMA!
MEU DEUS!
Acaso és, mesmo, meu?
Procuro-te!
Não te encontro!
Em que galáxia
De mim te escondes?
Por que não escutas os meus ais?
Por que não te vejo, jamais?
Então, o SENHOR da VIDA,
Ao meu monólogo, respondeu:
- Filha, quanta ousadia!
Falar assim é rebeldia.
Estou aqui, no âmago do teu coração,
Bem juntinho de ti.
Por que não me descobres?
Por que não me adivinhas?
Amenizo o teu sofrer.
Por que não me sentes,
Já que não podes me ver?
Lembra-te de que estarei
Sempre contigo,
Sou teu fiel amigo!
Não me ofendas com a tua nostalgia.
Busca-me, sem covardia.
Então, me encontrarás,
Pra responder aos apelos teus.
Conscientiza-te: - Verdadeiramente,
SOU TEU DEUS!
POEMA - ADEUS, SAUDADE!
Não quero a tua compainha,
A pintares de passada ventura,
Meu ansioso coração.
Deixa-me em paz, ó saudade,
Abandona essa mania
De tentar povoar de ternura,
Minha enorme solidão!
Não me perturbes, com a tua vã filosofia,
De pensar que me agrada,
Trazeres de outrora, recordação.
Não sentes que prefiro a amarga realidade
De que o Tempo passou e com ele se foi,
De felicidade, toda a minha ilusão?
Não quero viver só de lembranças!
Quero alegria, movimento, muita ação.
Quero no sorriso das crianças,
Afagar meu triste coração!
Não quero silêncio!
Quero o som de uma canção.
Não quero ausência!
Quero de entes queridos, a presença,
A nutrirem os meus dias,
De doce encantamento.
Quero matizar de alegria,
Toda dor e sofrimento!
- Vai-te embora, saudade,
Não quero mais em ti curtir,
Minha passada-felicidade!
Maria Auxiliadora de Paula Ribeiro
Cadê você?
A chuva cai...
Os olhos lacrimejam...
Lágrimas, enfim, abundantes, rolam...
Suspiros sufocados...
Gemidos que se calam...
Faz-se sombra, embora, inda, haja luz...
O coração, já cansado, frágil, palpita.
Saudades da juventude,
Quando sentir saudade não tinha sentido,
Já que reinavam presença, paz, solicitude!
Saudade do primeiro amor,
Inocente, terno,
Puro, inseguro,
Paradoxalmente, impulsivo,
Pleno, maduro, atrevido...
Saudades infindas,
Não sei de que...
Reminiscências lindas,
Saudades de mim mesma,
Na eterna saudade de você!
CHUVA X SOLIDÃO!
Noite alta!
Ela desperta...
A cortina da janela aberta
Balouça, ao soprar do vento.
A chuva, que tamborila na vidraça,
Rega a terra ressequida,
Lava, dela, a alma entristecida!
E, como a dizer:
- Estou aqui, não chores, não!
Mescla-se às suas lágrimas,
Junta-se ao seu lamento,
Compartilha sua solidão!
Maria Auxiliadora de Paula Ribeiro
Poema publicado em CN- 407
Setembro de 2008!
Bastaria!
Bastaria...
Um aconchego
Pra lhe banir o tédio,
Mitigar-lhe a dor,
Amenizar-lhe o medo!
Bastaria...
Um olhar,
Pra lhe secar o pranto,
Fazê-la sorrir,
A brincar de ser feliz
Bastaria...
Um abraço,
Pra lhe sufocar a mágoa,
E lhe despir do cansaço!
Ela, então,
Toda saudade,
Sem fobia,
Com ardor,
No peito aconchegar-te-ia,
Chamando-te:
-Meu Amor!
O TEMPO!
Quiséramos a Deus pedir,
Pra relógio do Tempo atrasar!
Pra que pudéssemos reviver
Felizes lembranças
Que teimamos reencontrar!
Neutralizaríamos, assim,
Com passados instantes,
Todo tédio do PRESENTE
E seriam de alegrias constantes,
Nossos dias, enfim!
Mas Deus não poderia ouvir
Pedido insolente e vão!
Já que a ELE cabe definir,
Do Tempo, a missão!
E missão do Tempo
É, inexoravelmente,
Passar... Passar...
E, através de fatos
Definidos, imparciais,
Emotivos, culturais,
Profundas marcas
Amargas, doces,
Tristes, alegres,
Sempre paradoxais,
Na gente, deixar...
Curvelo, 13 de maio de 2009.
Maria Auxiliadora de Paula Ribeiro
O SABER!
Corria o ano de 1965!
Professora de Português da 1ª série ginasial ao 3º ano Normal de Magistério daquele tempo, Marina sentiu
na impossibilidade de fazer o Curso Superior, a castração de seus ideais de mestra e de cidadã.
Com facilidade passara no vestibular, porém, frequentar as aulas tornou-se fato impossível.
Mutilada em seus anseios, ela se perdeu entre o seu desejo de estudar, a estagnação cultural que a situação
lhe impunha, os seus deveres de esposa dedicada e mãe extremosa, para se reencontrar num grande conflito
d’alma.
Às esposas e mães daquela época, a única opção profissional cabível era ser professora primária num Grupo
Escolar, se possível, bem perto de sua casa. Estudar mais para que?
Verdadeiras “Amélias” tinham no cuidado para com o marido e para com os filhos, a quem elas se dedicavam
diuturnamente, seu único e sublime encargo. À proibição de estudar, Marina se quedou depressiva.
Porém, não tardou muito para que se reerguesse e tomasse uma decisão:
- Não posso ter meu diploma de Curso Superior, mas farei a Universidade em minha casa.
Buscarei saciar a minha sede de saber através das palavras cruzadas, revistas, livros informativos, didáticos,
romances e poesias.
E...
Assim, Marina o fez!
Mergulhou-se na leitura.
Todavia, jamais o fez por obrigação, mas por simples lazer, distanciando-se do autoritarismo e machismo
daqueles dias.
Não adormecia, como até hoje o faz, antes de ler trechos de seu livro de cabeceira ou mesmo textos bíblicos.
Ler não só se tornou um hábito, mas uma válvula de escape para reagir contra o caos cultural que ameaçara instalar
em sua vida, acrescido do tédio que lhe causava o lidar com pessoas cujos valores jamais incluíram a progressão
espiritual.
Aprimorando-se, cada vez mais, ela se tornou autodidata.
Com determinação, dinamismo e garra, proporcionou aos três filhos a oportunidade que a vida lhe negara.
Cuidando de convencer o marido a que lhes pagasse o estudo, já que os recursos financeiros lhe eram escassos,
Marina os levou não, apenas, ao Curso Superior, mas à pós graduação, mestrado e doutorado e a todos os outros
cursos necessários ao indivíduo, no aprimoramento de seu trabalho.
Hoje, ela os vê galgando postos importantes, aquinhoados que são de um QI elevado, mas, principalmente, bem
trabalhado.
Sofreu muito com a partida dos mesmos filhos, que sempre foram seus colegas de estudo, mas, hoje, se sente
realizada e feliz, por vê-los vitoriosos na vida.
À tristeza pela ausência deles, a mãe, Marina, reagiu à mesmice de uma rotina que voltara a se instalar em sua vida.
Entrando no Mundo da Tecnologia, fez do celular o seu parceiro e, à noite, nas suas horas de insônia, nele digita
poemas, que na manhã seguinte, joga no seu computador.
Dispensou lápis e borracha, fazendo do cursor o instrumento para apagar ou acrescentar seus versos e mensagens.
O PC a conectou com o Mundo, sendo-lhe fonte de informações em suas intermináveis pesquisas e meio de
comunicação, através de e-mails e confiáveis sites de relacionamento.
Ela não parou por aí e está criando o seu blog, enquanto publica nos jornais de sua cidade e de sua terra natal, todos
os seus inúmeros poemas!
Quer editar um livro, mas esbarra no seu poder aquisitivo.
Porém, nem mesmo a poliartrose e os dezessete pontos de fibromialgia de que é vítima, ocasionando-lhe
dores e limitando-lhe os movimentos, são suficientemente capazes de lhe deter os voos, em busca do Saber.
Marina não fez o Curso Superior!
Não se sente sábia!
Plenamente consciente de que o SABER é infinito, buscá-lo-á até o último instante de sua vida.
Quando no Além, continuará aprendendo, certa de que, além de enriquecer, o SABER é belo e edificante na
formação intelectual do indivíduo, ainda que não tenha podido cursar uma Universidade.
A todos que privilegiaram nesta palestra, o meu muito obrigada!
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POEMA! MEU DEUS! Acaso és, mesmo, meu