ABORDAGENS
ORGANIZACIONAIS
CONTEMPORÂNEAS
DIFERENTES PERSPECTIVAS
ANALÍTICAS
Repensando Novas Formas
de Atuação Gerencial
Ricardo Ribeiro Alves
Ana Júlia Teixeira Senna
Sebastião Aílton da Rosa Cerqueira-Adão
(orgs.)
Conselho Editorial
Av. Carlos Salles Block, 658
Ed. Altos do Anhangabaú, 2º Andar, Sala 21
Anhangabaú - Jundiaí-SP - 13208-100
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Profa. Dra. Andrea Domingues
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©2014 Ricardo Ribeiro Alves; Ana Júlia Teixeira Senna;
Sebastião Aílton da Rosa Cerqueira-Adão (Orgs.)
Direitos desta edição adquiridos pela Paco Editorial. Nenhuma parte desta obra
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permissão da editora e/ou autor.
AL87 Alves, Ricardo Ribeiro; Senna, Ana Júlia Teixeira; Cerqueira-Adão,
Sebastião Aílton da Rosa (Orgs.). Abordagens Organizacionais Contemporâneas – Diferentes Perspectivas Analíticas: Repensando Novas Formas de
Atuação Gerencial/Ricardo Ribeiro Alves; Ana Júlia Teixeira Senna; Sebastião Aílton da Rosa Cerqueira-Adão (Orgs.). Jundiaí, Paco Editorial: 2014.
256 p. Inclui bibliografia.
ISBN: 978-85-8148-636-9
1. Gerência 2. Estratégia 3. Planejamento 4. Desenvolvimento
CDD: 658
Índices para catálogo sistemático:
Administração em Geral
IMPRESSO NO BRASIL
PRINTED IN BRAZIL
Foi feito Depósito Legal
658
Sumário
Apresentação
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CAPÍTULO 1
Ricardo Ribeiro Alves
Ana Júlia Teixeira Senna
Cibele Rebolho Martins
Eliana Boaventura Bernardes Moura Alves
Responsabilidade Social e Ambiental de Pessoas,
Empresas e Governos
09
CAPÍTULO 2
Ariel Behr
Kathiane Benedetti Corso
Everton da Silveira Farias
Web... Mobilização... Participação: Uso das Redes Sociais
Virtuais por Alunos do Ensino Superior com Foco na
Cidadania
41
CAPÍTULO 3
Kathiane Benedetti Corso
Ana Paula Trindade
Ariel Behr
A Resistência à Utilização de Sistemas de Informação
pelos Funcionários de um Órgão Público do Setor
Financeiro
CAPÍTULO 4
61
Fábio Rodriguez Pereira
Tatiele Linhares Drekener
Marta Olívia Rovedder de Oliveira
Débora Bobsin
Análise dos Fatores que Influenciam as Compras pela
Internet
95
CAPÍTULO 5
Ana Júlia Teixeira Senna
Ricardo Ribeiro Alves
Tiago Sarmento Barata
Gestão Ambiental em Organizações Rurais
CAPÍTULO 6
125
Sebastião Aílton da Rosa Cerqueira-Adão
Formação do Administrador no Século XXI: Um Estudo
Sobre as Teorias da Administração
151
CAPÍTULO 7
Deivid Ilecki Forgiarini
Cinara Neuman Alves
Christine S. Schröeder
Paulo Cassanego Jr
Planejamento Regional: O Protagonismo da Sociedade
Civil 187
CAPÍTULO 8
Marisa da Silva Fonseca
Carolina Freddo Fleck
Ana Monteiro Costa
O Desenvolvimento Regional e a Participação da
Sociedade Civil: O Caso de Sant’ana do Livramento
217
Autores do Livro
247
APRESENTAÇÃO
As novas configurações do cenário mundial devido à
globalização, aperfeiçoamento de tecnologias e avanço da
internet forçaram a adaptação do meio empresarial a temas até então pouco relevantes como meio ambiente, tecnologia, comunicação e desenvolvimento regional.
Para algumas empresas, sobretudo aquelas com estrutura rígida e visão mais concentrada em seu ambiente
interno, a transição para as novas abordagens organizacionais foi um processo de quebra de paradigmas, no entanto, vital para sua sobrevivência no mercado. Para outras
empresas, notadamente aquelas que surgiram nessa fase
de transição, as modificações ocorridas representaram um
estímulo à sua flexibilização e agilidade na busca do atendimento dos novos anseios do mercado consumidor e do
mundo corporativo.
Dessa forma, as novas abordagens organizacionais têm
exercido papel relevante nas empresas ao fazê-las repensar sua forma de atuação nos diversos setores em que estão inseridas, representando um grande desafio para seus
gestores. Nesse contexto, o presente livro tem por objetivo
retratar algumas dessas situações enfrentadas pelas organizações, com exemplos que possibilitam um olhar mais
crítico e aguçado sobre o tema.
O livro foi dividido em duas partes, dessa forma facilitando a compreensão e progressão das temáticas apresentadas.
A primeira parte intitulada “Estratégia e Sistemas”
contempla discussões acerca de temas estratégicos que têm
norteado diversos tipos de organização e o uso da tecnologia como ferramenta vital nesse processo.
Na segunda parte do livro intitulada “Organização e
Desenvolvimento” o foco está direcionado para atividades
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Ricardo Ribeiro Alves | Ana Júlia Teixeira Senna | Sebastião Aílton da Rosa Cerqueira-Adão (Orgs.)
e ações que proporcionam melhorias nas organizações e
impactam em seu desenvolvimento.
Dessa forma, espera-se que este livro possa proporcionar ao leitor diferentes perspectivas interessantes a respeito das novas abordagens organizacionais e, além disso,
contribua para ampliação de seus conhecimentos.
Uma boa leitura a todos!
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PARTE 1
ESTRATÉGIA E SISTEMAS
CAPÍTULO 1
RESPONSABILIDADE SOCIAL E
AMBIENTAL DE PESSOAS,
EMPRESAS E GOVERNOS
Ricardo Ribeiro Alves1
Ana Júlia Teixeira Senna2
Cibele Rebolho Martins3
Eliana Boaventura Bernardes Moura Alves4
Introdução
Nos últimos dois séculos e, de forma mais acentuada,
nas últimas décadas, o mundo viu um aumento exponencial
tanto na produção como no consumo dos bens fabricados.
Do surgimento da humanidade até o início da Revolução Industrial (final do século XVIII), a produção, via de regra, era manual e, quando muito, utilizava máquinas simples e rudimentares. Além disso, o mercado consumidor
1. Administrador, Doutor em Ciência Florestal. Professor Adjunto da
Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), São Gabriel (RS) –
E-mail: [email protected]
2. Engenheira Agrícola, Doutora em Agronegócios. Professora Adjunta
da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), São Gabriel (RS) –
E-mail: [email protected]
3. Gestora Ambiental, Mestranda em Engenharia Ambiental pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria (RS) – E-mail:
[email protected]
4. Engenheira Florestal, Mestranda em Ciência Florestal pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), Viçosa (MG) – E-mail: [email protected]
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Ricardo Ribeiro Alves | Ana Júlia Teixeira Senna | Sebastião Aílton da Rosa Cerqueira-Adão (Orgs.)
era restrito, visto que a maior parte da população residia
na zona rural, particularmente nos feudos. Com o advento
da Revolução Industrial houve um maior dinamismo na
produção dos bens, e as máquinas reduziram, significativamente, os esforços humanos para se produzir algo. Foi
possível produzir mais em curto espaço de tempo. Adicionalmente, a repetição do trabalho permitiu que os trabalhadores se tornassem especializados em determinadas
fases da produção, aumentando sua eficiência.
A consequência da maior produção foi a demanda por
capital natural, iniciando uma fase de exploração predatória do meio ambiente. Com o aumento progressivo da
população no século XX, aliado ao surgimento de mais empresas, os mercados se expandiram, ocasionando intensa
utilização dos recursos naturais e a geração de mais resíduos. Contribuíram para acelerar esse cenário a globalização
dos mercados, o aperfeiçoamento das tecnologias, a maior
eficiência dos modais de transporte e o avanço dos meios
de comunicação, como a internet, por exemplo.
Dessa forma, os recursos naturais têm sido utilizados,
muitas vezes, de forma ineficiente, e há limites na capacidade de regeneração do meio ambiente. Uma das possíveis
alternativas para essa problemática ambiental é encontrar
formas de produção que supram as necessidades da sociedade e que, ao mesmo tempo, garantam a conservação ambiental. Nesse contexto, torna-se importante o surgimento
do chamado “mercado verde”.
O mercado verde pode ser definido como um segmento específico ou nicho (submercado) dentro de um mercado
qualquer, que valoriza produtos e serviços que internalizam
questões sociais e ambientais. As empresas desse mercado
são conhecidas como “empresas verdes” (Alves et al, 2011a).
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Abordagens Organizacionais Contemporâneas
Contudo, a efetividade do mercado verde somente será
possível se três importantes atores estiverem conscientes de
sua responsabilidade social e ambiental: as pessoas, as organizações (principalmente as empresas privadas) e os governos.
1. Responsabilidade Social e Ambiental das
Pessoas
Impulsionados pelo desejo de adquirir produtos que
lhes proporcionem maior qualidade de vida, que reduzam
seus esforços ou que lhes confiram status e poder, as pessoas veem no hábito do consumo uma autoafirmação e acreditam que, dessa forma, serão mais felizes.
O comportamento do consumidor está relacionado com
atividades diretamente envolvidas na escolha, na obtenção, no consumo, na distribuição e no descarte de produtos
e serviços, incluindo os processos de decisão que precedem
e seguem essas ações, visando à satisfação de necessidades e desejos humanos (Engel et al, 2005; Limeira, 2008).
Assim, consumir representa um ato de escolha de bens e
serviços que irá tornar a vida das pessoas mais agradável,
menos dispendiosa e que as fará se sentirem melhor consigo mesmas.
Para que o consumidor tenha esse “poder de escolha”,
torna-se necessário que haja um leque disponível de produtos. Esse é o papel das organizações, notadamente as
empresas privadas, oferecer aos consumidores mercadorias
que possam satisfazer os seus anseios e que, ao mesmo tempo, contribuam para o sucesso empresarial, gerando lucros.
Contudo, o consumismo exagerado e suas consequências têm proporcionado um “alto preço” à sociedade, evidenciado nos problemas ambientais que surgem, por exemplo: poluição de vias públicas, rios, lagos, advindos do
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Ricardo Ribeiro Alves | Ana Júlia Teixeira Senna | Sebastião Aílton da Rosa Cerqueira-Adão (Orgs.)
descarte inadequado de produtos inservíveis; congestionamento e poluição em grandes cidades devido ao grande
número de veículos, excedendo a capacidade de tráfego de
ruas e avenidas; desmatamento por ocasião da expansão
das cidades para além do perímetro urbano; entre outros.
Conscientes de que sua forma de agir é prejudicial ao
meio ambiente, muitas pessoas buscam um modo de viver mais responsável em termos de consumo e a questão
ambiental passa a fazer parte de suas preocupações. É nesse contexto que surge o “consumidor verde”. Entre suas
características principais, estão a convicção de consumir
produtos que minimamente agridam a natureza e o estabelecimento de uma relação de confiança (e de compra) com
as empresas que passam a agir de forma ambientalmente
responsável (Alves et al, 2011b).
Para esse consumidor, não importa apenas a compra de
um produto ecológico, mas também acompanhar a conduta das empresas e se elas têm responsabilidade social e ambiental. Muitos desses consumidores praticam o chamado
“consumerismo ambiental”, definido por Ottman (1994)
como as ações praticadas pelas pessoas nas prateleiras dos
supermercados ao optarem por produtos ambientalmente
responsáveis, rejeitando aqueles que não o são.
Dessa forma, a sociedade passa a exigir um comprometimento maior das organizações e que elas se mostrem
capazes de incorporar o compromisso social em suas práticas, seja nas relações com os funcionários e demais stakeholders, seja no pagamento correto de impostos ou, ainda, na
seleção de matérias-primas reutilizadas, recicladas ou biodegradadas e na fabricação de produtos que gerem o mínimo impacto negativo ao meio ambiente. Além disso, é
importante que a organização contribua para o desenvolvimento das comunidades do seu entorno, proporcionando
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Abordagens Organizacionais Contemporâneas
oportunidade de emprego, lazer, melhoria da educação e
saúde das pessoas.
Os “consumidores verdes” questionam se é possível
manter a satisfação individual das pessoas ao mesmo tempo em que problemas sociais assolam a humanidade, como
a escassez de recursos naturais, serviços públicos deficientes, crescimento de cidades sem infraestrutura adequada,
falta de água e saneamento básico, formação de favelas e
ampliação das desigualdades sociais.
Verifica-se que, por vezes, ocorre um conflito entre o interesse do consumidor no curto prazo e o atendimento de seu
bem-estar no longo prazo, evidenciado pela minimização
dos problemas sociais descritos anteriormente. Um exemplo
é o descarte de um produto que serviu para o consumidor
(curto prazo) e que depois é jogado no rio, por exemplo, causando problema social no médio e longo prazo. Em outra
trajetória, aparecem as empresas, que, no intuito de satisfazer os desejos individuais das pessoas, acabam oferecendo
produtos e serviços que não correspondem ao que é melhor
para elas e para a sociedade no longo prazo.
Uma situação bem nítida é a influência da degradação
ambiental no dia a dia das pessoas, caracterizada pelo uso
irracional dos recursos naturais e pela geração e acúmulo
de resíduos sólidos urbanos e nos chamados “lixões”, além
de diminuir o tempo de vida útil dos aterros sanitários. O
produto fabricado atende às necessidades individuais dos
consumidores, no entanto, os problemas ocasionados pela
sua fabricação, ou seja, o uso irracional da matéria-prima e
a geração de resíduos sólidos urbanos, promovem a diminuição de bem-estar social e, por consequência, a do próprio consumidor que adquiriu o produto.
Mowen e Minor (2003) destacaram que é possível ajudar as pessoas a se tornarem melhores consumidoras por
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meio da identificação de fatores que influenciam as suas
próprias ações relacionadas ao consumo. Além disso, as
organizações podem auxiliar os consumidores no processo
de compra, informando-os a respeito de algumas estratégias que utilizam para comercializar seus produtos e serviços. Por sua vez, Solomon (2002) enfatizou que muitos
consumidores possuem grande interesse em questões que
lhes dizem respeito, como é o caso da preocupação com as
questões ambientais.
Apesar de existir tendência em se concentrar nos benefícios do consumo, é preciso ter consciência de que o comportamento do consumidor tem seu “lado negro” e verifica-se que, às vezes, os piores inimigos dos consumidores
são eles próprios. Embora sejam retratados como pessoas
capazes de tomar decisões racionais, buscando maximizar
sua saúde e conforto, bem como de suas famílias e da sociedade, na verdade, os desejos, escolhas e ações dos consumidores com frequência causam um consumo prejudicial.
Isso ocorre quando indivíduos ou grupos tomam decisões
de consumo que acarretam consequências negativas para
seu bem-estar no longo prazo. Um exemplo claro são os
produtos fabricados com uso ineficiente dos recursos naturais (Solomon, 2002; Hawkins et al, 2007).
Se o marketing tradicional é capaz de satisfazer as necessidades individuais de seus consumidores, ele peca
pela não abrangência das situações sociais. Sendo assim,
nos últimos anos, as organizações têm sido pressionadas
a assumir maiores responsabilidades com relação ao meio
ambiente e, com isso, têm adotado formas de gestão mais
eficientes. Dentre os principais agentes de pressão e que
impulsionam a mudança de postura das empresas estão
os governos, a comunidade, o mercado consumidor e os
fornecedores. Essa mudança de postura contribui para o
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Abordagens Organizacionais Contemporâneas
surgimento da responsabilidade social e ambiental nas organizações, de forma particular, nas empresas privadas.
2. Responsabilidade Social e Ambiental das
Empresas
Responsáveis, em grande parte, pela geração de emprego, oferta de produtos e serviços, além de pagamento
de impostos, as empresas têm papel fundamental na movimentação da economia das cidades, estados e países e, por
isso, muitas vezes elas eram consideradas como intocáveis
“benfeitoras” da sociedade.
Todavia, se por um lado as empresas têm essa inegável
importância social, por outro, elas são, por diversas vezes,
acusadas de exploração cruel de empregados em condições de trabalho desumanas, desenvolvimento de produtos oriundos de extração irracional de matéria-prima, ocasionando diversos impactos ambientais negativos, oferta
de produtos desnecessários à vida das pessoas, além de
sonegação de impostos e corrupção.
O maior acesso à informação devido ao avanço das
tecnologias, sobretudo a internet, tem proporcionado
grande visibilidade às empresas. Isso representa um fator
positivo para elas, pois facilita a divulgação de seus produtos, serviços e marcas; todavia, em outra mão, torna
a empresa mais vulnerável à opinião pública quanto às
suas práticas e ações.
Objetivando melhorar a sua imagem institucional e
também como parte de suas estratégias, muitas empresas
têm buscado utilizar processos e insumos menos agressivos ao meio ambiente, como as energias limpas (hidrelétrica, solar, eólica e geotérmica), por exemplo. Existem, também, empresas que aplicam a gestão ambiental em suas
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