Grande Cuiabá registra 1 homicído a cada 14 horas A GAZETA - CADERNO B CUIABÁ, 12 DE MAIO DE 2009 PÁGINA 5 OPERAÇÃO CUPIM 15 são presos pela PRF e fraude causa prejuízo de R$ 10 milhões Esquema ia desde extração ilegal de madeira, transporte irregular, sonegação fiscal e utilização de notas fiscais falsificadas NADJA VASQUES utilizavam o Mato Grosso do Sul como corredor para chegar aos mercados de São Paulo e Paraná. Se um dos veículos fosse fiscalizado, imediatamente os demais eram avisados e orientados a interromper a viagem, até uatro empresários de Mato Grosso e 7 servidores que a nota fiscal que eles portavam fosse substituída. públicos de Mato Grosso do Sul estão entre os 15 presos Investigação - A fraude foi descoberta durante ontem durante a Operação Cupim, deflagrada nos 2 fiscalização de trânsito pela PRF nas BRs 262 e 163. estados para desbaratar uma organização criminosa acusada de Segundo informações da PRF, os caminhões que formação de quadrilha, desmatamento ilegal da floresta amazônica, transportavam a madeira irregular normalmente falsificação de documentos, sonegação fiscal, corrupção de trafegavam com excesso de peso. Veículos com servidores públicos e lavagem de dinheiro. Calcula-se que o capacidade para 25 toneladas eram flagrados com até esquema de fraude tenha causado prejuízos de R$ 10 milhões. 50 toneladas de madeira. No momento da transferência Dos 4 presos restantes, 3 davam suporte para o esquema junto do excesso de carga, os policiais aos servidores públicos do estado vizinho e o quarto, rodoviários federais observaram que o Hélio Alexandre Pires de Araújo, filho do empresário carregamento também era composto por mato-grossense Hélio de Araújo, que tinha mandado outros tipos de madeira, além de pinus. de prisão expedido, foi detido em flagrante por porte Pelo menos 650 caminhões e carretas ilegal de arma de fogo. Todos os presos foram teriam utilizado o esquema fraudulento, levados para Campo Grande (MS) ontem. somando mais de 32 mil metros cúbicos Além das prisões, foram cumpridos 22 Além das prisões, de madeira beneficiada. Se os mandados de busca e apreensão. Entre o material apreendido há computadores, dinheiro, celulares, foram cumpridos 22 carregamentos fossem transportados sem notas fiscais adulteradas, cofres, 12 armas e mandados de busca excesso de peso, seriam necessários 1.600 caminhões. Nos últimos 5 anos, a munições. Participaram das investigações a e apreensão Polícia Rodoviária Federal apreendeu Divisão de Combate ao Crime da Polícia mais de um milhão de metros cúbicos de Rodoviária Federal (PRF), o Ministério Público do madeira irregular, suficientes para encher 360 piscinas Mato Grosso do Sul e o Grupo de Atuação Especial de Repressão olímpicas oficiais (50x25x2,2m). ao Crime Organizado (Gaeco/MS). A ação mobilizou 120 agentes As investigações tiveram início em março, após da PRF, de 10 estados e Distrito Federal, além de 14 policiais denúncias feitas ao Gaeco/MS de que uma quadrilha militares do Mato Grosso do Sul. envolvendo funcionários públicos e empresários O esquema praticado pelos envolvidos permitia o transporte de estariam agindo de maneira a evitar a fiscalização de madeira para as regiões Sul e Sudeste do país e a sonegação fiscal mercadorias no posto fiscal de Jupiá, localizado na do produto florestal, com a utilização de notas fiscais falsificadas. cidade de Três Lagoas/MS, divisa com o Estado de Também está sendo investigado o corte de árvores em área de São Paulo. Nessa investigação surgiu o nome de proteção e reservas indígenas. A fraude teve início há cerca de 1 ano Sebastião Mota de Oliveira Filho, o Motinha, e contava com a conivência de técnicos de fiscalização financeira funcionário terceirizado, auxiliar de pista, que da Secretaria de Administração e de agentes tributários da PRF negociava a liberação da passagem de carretas por Secretaria de Fazenda do Mato Grosso do Sul. aquele posto fiscal. Empresários de Sinop e Marcelândia, região norte de Mato Grosso, eram responsáveis pela extração ilegal de madeiras nobres e Preso Função ameaçadas de extinção, Júlio Alberto Pereira Pinto Chefe da organização criminosa, de Sinop (MT) como peroba e castanheira. Caminhões e Karine Zanotto Mulher de Júlio Pinto, chefe da quadrilha (MT) carretas assumiam o Cláudio Aparecido Pereira Pinto Empresário (MT) transporte dos produtos Hélio Della Vedova de Araújo Empresário (MT) florestais, que quase Hélio Alexandre Pires de Araújo Filho de Hélio, preso em flagrante por porte de arma (MT) sempre eram misturados Cival Pereira dos Santos Ex-funcionário terceirizado do posto fiscal de Sonora (MS) ao pinus, madeira de Maurício Fernandes Bueno Filho Técnico fiscal fazendário (MS) pouco valor e de livre Nilton José Baraúna Agente tributário (MS) comércio, para não Maurício de Souza Lima Agente tributário (MS) levantar suspeitas. Jair Aparecido Dias Agente tributário (MS) A prova de Jorge Barbieri Figueiredo Técnico fiscal (MS) especialização do grupo Aribalton José de Souza Agente tributário (MS) estava no esquema de Eva Santos Gonçalves Namorada de Cival, cedia a conta para depósito de propinas (MS) sonegação tributária. Uma Denilson de Santi Agente tributário (MS) mesma nota fiscal era emitida para até 5 Francisco José de Souza Funcionário do posto fiscal de Sonora (MS) carregamentos Fonte: PRF simultâneos, que DA REDAÇÃO Q “ Irregularidades foram descobertas durante fiscalização de trânsito nas BRs 262 e 163 AE/Arquivo Pelo menos 650 caminhões e carretas teriam utilizado esquema fraudulento, somando mais de 32 mil metros cúbicos de madeira beneficiada No final de fevereiro, Sebastião foi preso na Operação Jupiá, deflagrada pelo Gaeco/MS em conjunto com a PRF, quando pela primeira vez apareceu o nome do empresário mato-grossense, do setor de transportes, Júlio Alberto Pereira Pinto, 31, de Sinop, que mantinha contato com Motinha. As empresas Silver Line Transporte e Logística Ltda e J.A. Pinto Transporte Ltda, ambas com sede no endereço residencial de Júlio Pinto, transportam madeira de Mato Grosso para São Paulo, Santa Catarina e Paraná. Segundo apurou a investigação, Júlio pagava agentes tributários de Mato Grosso do Sul para fazerem vistas grossas com relação a seus caminhões quando trafegassem pela fiscalização. Outra situação verificada foi a duplicação de notas fiscais que eram usadas de modo indevido por mais de um veículo e por diversas vezes. Em algumas apreensões de veículos com irregularidades fiscais, a PRF também constatou outro tipo de crime. Muitas vezes na nota fiscal estava discriminado um tipo de madeira com valor considerado baixo, sendo que na verdade o veículo estava transportando uma carga de maior valor e também com o peso em excesso. Além de notas fiscais serem duplicadas grosseiramente por intermédio de fotocópias, posteriormente tinham carimbos falsos da Receita Estadual. Esses carimbos eram feitos por Cival Pereira dos Santos, residente em Sonora/MS e exfuncionário de uma empresa que prestava serviços contratados pelo posto fiscal do município, e que contava com a cumplicidade de Francisco José de Souza, o Negão. Na ausência de Cival, Francisco era responsável pelos carimbos. Além dos carimbos falsos em notas fiscais, Cival fazia a intermediação entre Júlio e agentes tributários que aceitavam participar do esquema, como também informava quando estavam de plantão os fiscais que não se deixavam corromper. Cival utilizava a conta bancária da namorada, Eva Santos Gonçalves, para efetuar pagamentos de propina a funcionários corruptos. Primeira pista - A apreensão de 165 metros cúbicos de madeira irregular no dia 25 de abril, na BR-163, pela PRF, por intermédio de denúncia anônima, revelou todo o esquema desmantelado ontem pela Operação “Cupim”. Foram apreendidos 50 metros cúbicos de madeira serrada nos veículos Volvo/FH12, placa NBY 5452/MT, acoplado aos veículos semi-reboque SR/Guerra, placas NDF 5583/RO e NDF 5593/RO. Outros 65 metros cúbicos de madeira serrada eram levados nos veículos Scânia/R124, placa KAN 7285/MT, acoplado aos veículos semi-reboque SR/Guerra, placas JZV 2631/MT e JZV 2651/MT. Os 2 motoristas, M.P. 51, e J.R., 22, foram presos por crime ambiental. A prisão se deu por policiais de Coxim (MS). Após a denúncia, uma viatura foi na madrugada do dia 25 para Sonora a fim de interceptar o carregamento. As carretas estavam estacionadas em um posto. Com um dos integrantes do grupo foram encontrados 27 carimbos com a finalidade de esquentar as documentações utilizadas no transporte da carga.