ISSN 1808-1088 997718081088133 anuário brasileiro DO 2013 brazilian RICE yearbook ® SÓ QUEM INVESTE EM INOVAÇÃO PODE OFERECER TANTAS POSSIBILIDADES Marcas registradas de The Dow Chemical Company ou companhias afiliadas. TECNOLOGIA DOW AGROSCIENCES PARA ARROZ Quem investe na tecnologia Dow AgroSciences ganha inúmeros benefícios: • Amplo portifólio para todas as fases da cultura de arroz; • Seletividade no controle de plantas invasoras; • Eficiência no controle de doenças; • Mais produtividade, mais lucratividade. www.dowagro.com.br | 0800 772 2492 Soluções para um Mundo em Crescimento Robispierre Giuliani anuário brasileiro do Arroz 2013 1 Robispierre Giuliani expediente > Publishers and Editors ANUÁRIO BRASILEIRO DO ARROZ 2013 Editor: Romar Rudolfo Beling; editor assistente:Daniel Neves da Silveira; textos: Cleiton Evandro dos Santos, Erna Regina Reetz e Daniel Neves da Silveira; supervisão: Romeu Inacio Neumann; tradução: Guido Jungblut; fotografia: Sílvio Ávila, Inor Assmann (Agência Assmann), Robispierre Giuliani e divulgação de empresas e entidades; projeto gráfico e diagramação: Márcio Oliveira Machado; arte de capa: Márcio Oliveira Machado, sobre fotografia de Sílvio Ávila; edição de fotografia e artefinal: Márcio Oliveira Machado; marketing: Maira Trojan Bugs, Tainara Bugs e Rafaela Jungblut; supervisão gráfica: Márcio Oliveira Machado; distribuição: Simone de Moraes; impressão: Gráfica Coan, Tubarão (SC). ISSN 1808-1088 É permitida a reprodução de informações desta revista, desde que citada a fonte. Reproduction of any part of this magazine is allowed, provided the source is cited. 2 Rua Ramiro Barcelos, 1.224, CEP: 96.810-900, Santa Cruz do Sul, RS Telefone: 0 55 (xx) 51 3715 7940 Fax: 0 55 (xx) 51 3715 7944 E-mail: [email protected] [email protected] Site: www.editoragazeta.com.br EDITORA GAZETA SANTA CRUZ LTDA. CNPJ 04.439.157/0001-79 Diretor-Presidente: André Luís Jungblut Diretor-de-Conteúdo: Romeu Inacio Neumann Diretor-Comercial: Raul José Dreyer Diretor-Administrativo: Jones Alei da Silva Diretor-Industrial: Paulo Roberto Treib Ficha A636 Anuário brasileiro do arroz 2013 / Cleiton Evandro dos Santos ... [et al.]. – Santa Cruz do Sul: Editora Gazeta Santa Cruz, 2013. 136 p. : il. ISSN 1808-1088 1. Arroz - Brasil. I. Santos, Cleiton Evandro dos. CDD : 633.180981 CDU : 633.18(81) Catalogação: Edi Focking CRB-10/1197 05 NUM3R05 N40 M3NT3M: 2012 F01 0 M3LH0R 4N0 D4 H15T0R14 P4R4 0 4GR0N3G0C10 BR451L31R0. • A maior safra da história, com 166,2 milhões de toneladas • US$ 79,41 bilhões de saldo na Balança Comercial • Novo recorde de exportação de carne bovina, de US$ 5,74 bilhões • Crescimento de 12% na exportação de carne suína • Valor Bruto de Produção de Grãos de R$ 241,8 bilhões Um dos maiores produtores de alimentos do mundo está ainda maior, com recordes que são fruto da parceria entre toda a cadeia produtiva e o Governo Federal. Em 2012, foi lançado o maior Plano Agrícola e Pecuário de todos os tempos, aprovado o novo Código Florestal e iniciado o Projeto de Regionalização do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Sinal de que em 2013 teremos ainda mais trabalho e novos recordes. O ano já começou, e a Safra de Grãos, por exemplo, vai chegar a 185 milhões de toneladas. Porque país rico é país que produz pensando no futuro. Produtor rural, ainda dá tempo de garantir seu crédito. São mais de R$ 115 bilhões para custeio, comercialização e investimento. Informações: agricultura.gov.br Robispierre Giuliani sumário > Summary Apresentação 06 Introduction PRODUÇÃO 12 Production MERCADO 24 Market PERFIL 44 Profile PESQUISA 68 Research TECNOLOGIA 86 Technology INDÚSTRIA 108 Industry FEIJão 114 Beans PAINEL 124 Panel EVENTOS 126 Events 6 Robispierre Giuliani apresentaçÃo > Introduction 8 Irrigando a economia Uma das mais tradicionais atividades agrícolas da região Sul do Brasil, a orizicultura vive uma de suas fases mais desafiadoras na realidade nacional. Com cadeia produtiva eficiente e competitiva em todos os seus elos, passa a mirar, agora, as alternativas que se delineiam no horizonte em termos de novos produtos, tecnologias e de mercados. A fim de assegurar a estabilidade, as demandas junto às instituições públicas visando remuneração justa e equilibrada e o apoio irrestrito da pesquisa têm sido as principais ações. Assim, chegou a hora de dar um passo além. A adoção de sistemas de manejo e de pacotes tecnológicos que permitam, dentro do possível, minimizar efeitos climáticos tem dado ao produtor a segurança de uma safra com boa produtividade e qualidade de grão. Por outro lado, o diálogo constante e intensivo entre os agentes da cadeia facilita a reação rápida a contratempos e obstáculos. Uma das ameaças comuns ainda é o arroz vermelho, invasora que pode comprometer o desempenho. Para fazer frente a esse risco, entidades e instituições se unem a fim de consolidar e adotar em larga escala as tecnologias consensuadas que podem manter essa planta longe das lavouras. A pesquisa permanece, safra após safra, como a grande aliada dos produtores, garantindo a colheita com os melhores níveis de qualidade e de produtividade. Mais recentemente, a introdução de uma nova cultura nas áreas de várzea do Rio Grande do Sul para fortalecer a rotação constituiu uma excelente novidade. É a soja, que ganha a simpatia dos orizicultores por seus benefícios ao sistema e ainda por proporcionar receita extra na propriedade. Justamente diante do incremento regular na produção nacional nos últimos anos, a cadeia se mobiliza de maneira a encontrar a melhor fórmula para escoamento e comercialização da safra. O arroz tem aparecido com regularidade e competência na balança comercial, com as crescentes exportações, e ainda pode vir a ocupar espaços na geração energética, com a transformação de excedentes ou grãos de menor valor comercial em etanol. Toda essa desenvoltura e essa flexibilidade revelam o quanto a orizicultura, seja nas lavouras alagadas do Sul, seja nas áreas de sequeiro das demais regiões do Brasil, tornou-se peça-chave do agronegócio brasileiro. Não apenas como alimento essencial na mesa da população, mas igualmente como commodity, estabelecendo negócios dentro e fora do País, o arroz hoje irriga a economia. E ao irrigar a economia, contribui para o desenvolvimento local, regional e nacional. É este cenário que o Anuário Brasileiro do Arroz 2013 chega para, uma vez mais, atualizar nos mínimos detalhes, com informações precisas e preciosas sobre a produção e os mercados e sobre o perfil da cadeia, projetando as ações para todo o ano. Boa leitura! n 9 Robispierre Giuliani Irrigating the economy One of the most traditional agricultural activities in South Brazil, rice farming is now going through one of its most challenging phases in the national reality. With a very efficient supply chain and competitive in all its links, is now bracing for alternatives lurking on the horizon in terms of new products, technologies and markets. So as to ensure its stable position, the supply chain is calling on public institutions for fair and balanced remuneration and unconditional support from research. The time has come for taking things a step further. The adoption of management systems and technological packages which, as far as possible, manage to minimize adverse climate effects, have given farmers the assurance of crops with good productivity rates and high quality kernels. On the other hand, constant and intense dialog between the agents of the supply chain has led to rapid action against climate factors and obstacles. One of the most common threats that still resist going away is red rice, invasive plant that could affect the performance of the field. To face this risk, entities and institutions have joined efforts in order to consolidate and adopt, on a large-scale, common technologies able to keep this plant far away from the rice plantations. Year after year, research is the great ally of the farmers, leading to higher productivity rates and better quality crops. More recently, the introduction of a crop in the meadowlands throughout Rio 10 Grande do Sul for strengthening rotation systems, turned out to be an excellent novelty. It is soybean, now conquering the rice farmers for its beneficial effects over the entire system and also for bringing in extra income. It is exactly because of regular increases in national production volumes over the past years, the supply chain is mobilizing towards coming up with the best formula to transport and trade the crop. Rice has regularly shown on the trade balance with competence, with soaring shipments abroad, with chances to become a component in the generation of energy, with the transformation of surpluses and poor quality kernels into ethanol. All these thriving and flexible operations reveal to what extent rice farming, whether in irrigated fields or highlands, has turned into a key-factor in Brazilian agribusiness. Not just like an essential food staple on the Brazilian kitchen tables, but equally as a commodity, driving businesses at home and abroad, rice is now irrigating our economy. And by irrigating the economy, the crop contributes toward local, regional and national development. This is the scenario featured by the 2013 Brazilian Rice Yearbook, which again keeps us updated in detail on precise and precious information about production volumes and markets and about the profile of the supply chain, projecting the initiatives to take place throughout the entire year. Nice reading! n Muito mais força para sua safra. Mais qualidade nos grãos. Mais rentabilidade na colheita. O Muito Mais Arroz, da Bayer Cropscience, é um programa completo de soluções que acompanha o produtor em todas as etapas do cultivo de arroz, começando pelo tratamento preventivo da semente até chegar na colheita de grãos. Tudo isso para garantir mais qualidade nos grãos e mais rentabildade na sua safra. Faça o Manejo Integrado de Pragas. Descarte corretamente as embalagens e restos de produtos. Uso exclusivamente agrícola. produção > Production Todos olham para cá Brasil torna-se referência em produção e comercialização de arroz fora da Ásia, graças à tecnologia aplicada e aos ajustes setoriais realizados 12 cimento, aproximadamente) e à tendência de preços remuneradores. Para o consumidor, não fará muita diferença, pois os preços devem se manter em patamares próximos à média dos últimos três anos, quando o arroz sofreu até retração dos valores no varejo, em função da grave crise de comercialização do ciclo 2010/11. Em março de 2013, os valores, tanto para os produtores quanto para os consumidores, haviam voltado ao patamar de normalidade de 2010. Os grandes desafios do setor, no momento, são medidas estruturais, como o ajuste das assimetrias do Mercosul, que faz com que o arroz produzido na Argentina, no Uruguai e no Paraguai ingresse no mercado nacional a preços muito baixos, principalmente em função da diferença tributária. A redução da carga de impostos sobre a produção e sobre a comercialização não só beneficiará o setor com o barateamento dos custos, como o fará mais competitivo para exportar e manter sua posição como um dos sete principais países do mundo neste segmento de vendas. O caminho do arroz brasileiro está pavimentado, com o suor e com o esforço da cadeia produtiva. No entanto, parecem depender do próprio setor e do entendimento com o governo federal os ajustes necessários a fim de que a cultura acelere seu crescimento. Assim, a atividade poderá ir em busca do tempo perdido e de uma maior estabilidade no mercado interno, situação que garantiria também maior expressão no comércio internacional. n Robispierre Giuliani Ao longo dos últimos anos, o Brasil se consolidou como referência em produção e comercialização de arroz fora da Ásia, continente que consome e produz mais de 90% de todo o cereal do mundo. Com suas dimensões igualmente continentais, o Brasil acertou a mão nas tecnologias para assegurar maior produtividade e maior qualidade de grãos, principalmente nas regiões de cultivo irrigado de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, onde o rendimento médio supera a 7 mil quilos por hectare. O Centro-Oeste deu salto significativo ao passar do cultivo de arroz longo para o longo fino de terras altas, com aparência similar ao irrigado (agulhinha). Essa região já colhe acima de 5 mil quilos por hectare e com índice superior a 55% de grãos inteiros. Quando o clima não é adverso, os brasileiros conseguem atingir o patamar de autossuficiência, superando o consumo médio de 12,1 milhão de toneladas dos últimos anos. Não é o caso na temporada 2012/13, mas, para isso, o País tem seus estoques reguladores, formados pelos excedentes de safras anteriores e pelo saldo das importações. Na área comercial, o orizicultor brasileiro engrena o segundo ano consecutivo com expectativa de preços bem acima do custo de produção (em torno de R$ 30,00 por saco, no Sul), o que deve assegurar boa renda às propriedades. Um quadro de consumo e produção estáveis, e de exportações compensando os excedentes importados, leva a estoque ajustado às necessidades nacionais (suficientes para 40 dias de abaste- 13 All eyes on Brazil Sílvio Ávila Brazil has become a reference in rice production and trading outside Asia, thanks to the use of technology and sectoral adjustments 14 Over the past years, Brazil consolidated its status as reference in rice production and trade outside Asia, a continent that produces and consumes over 90% of the cereal in the world. With equally continental dimensions, Brazil has got on the right track in terms of technology focused on higher productivity rates and kernels of better quality, particularly in the irrigated rice farming regions in Rio Grande do Sul and Santa Catarina, where average yields are in excess of 7 thousand kilos per hectare. The Center-West made great strides by shifting from long grain to long and thin grain rice in the highlands, very similar to irrigated rice (known as agulinha). This region is now harvesting upwards of 5 thousand kilos per hectare and with over 55% of unbroken kernels. When weather conditions are favorable, Brazil manages to attain self-sufficiency, outstripping average consumption of 12.1 million tons of the past years. This is not the case of the 2012/13 cycle, however, to this end, the Country has its carryover stocks, made up of surpluses from previous crops and from imports. In commercial terms, the Brazilian rice growers are now in their second consecutive year of price expectations above production costs (about R$ 30.00 a sack, in the South), brining in good profits for the farmers. With a stable picture of consumption and production, and exports making up for import surpluses, the result is a carryover stock adjusted to the national needs (enough for meeting the needs of the country for about 40 days) while prices are likely to remain remunerating. It makes very little difference for the consumers, since prices should remain at levels very close to the average of the past years, when retail prices receded a little, by virtue of the serious sales crisis in the 2010/11 cycle. In March 2013, values for both producers and consumers had returned to the normal levels of 2010. At the moment, the huge challenges of the sector are structural measures, like the adjustment of the Mercosur asymmetries, whereby rice produced in Argentina, Uruguay and Paraguay reaches the domestic market at very low prices, mainly because of different tax burdens. A reduction of taxes levied on production and commercialization will not only benefit the sector in terms of lower costs, but will equally turn the country more competitive in sales abroad, confirming its position as one of the seven major players in the sales of this segment. Brazilian rice is now on the right track, a result of hard work and endeavor by the supply chain. Nonetheless, the necessary adjustments for the crop to speed up its growth in production seem to depend on the sector itself and on negotiations with the federal government. This will make it possible for the activity to make up for lost time, whilst creating a stable domestic market, a situation that would also ensure a better situation in the international market. n Robispierre Giuliani Tudo nos conformes Safra brasileira tem pequeno crescimento e produção é considerada adequada para manter o equilíbrio do abastecimento e do mercado nacional A colheita brasileira de arroz no ciclo 2012/13 tende a ser 3,9% maior do que a da temporada anterior, com estimativas de que chegue a 12,05 milhões de toneladas de grão em casca. Na safra 2011/12, o volume total produzido pelo Brasil ficou em 11,59 milhões de toneladas. Este acréscimo se deve a três fatores principais: os bons preços ao produtor obtidos na comercializacão do cereal a partir de julho de 2012, a ampliação da área cultivada no Mato Grosso e no Rio Grande do Sul (também em função dos preços) e o clima que 16 favoreceu o desenvolvimento da cultura no Rio Grande do Sul e no Maranhão, Estado que vem de quebra de safra. Os números acima constam em levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra brasileira de grãos 2012/13, divulgado no início de março. A superfície semeada com arroz na temporada 2012/13 manteve-se praticamente estável, com mínimo recuo de 0,3%. É estimada oficialmente em 2,419 milhões de hectares, perante os 2,427 milhões semeados no período 2011/12. Apesar do aumento no Rio Grande do Sul e no Mato Grosso, houve diminuição nas lavouras nos estados do Maranhão, Tocantins, Ron- Robispierre Giuliani dônia, Paraná, Goiás, Minas Gerais e São Paulo. Com o clima favorável e o uso de variedades de maior potencial produtivo nas regiões de terras altas (Norte/Nordeste e Centro-Oeste), além da evolução no manejo, o Brasil deve apresentar na safra 2012/13 produtividade média de 4,982 mil quilos por hectare, 4,2% acima dos 4,780 mil quilos por hectare da temporada anterior. Os estados que produzem arroz irrigado (Rio Grande do Sul e Santa Catarina) representarão 75,4% de todo o volume colhido no País, ou seja, 9,087 milhões de toneladas. n OS MAIORAIS O Rio Grande do Sul segue como o maior produtor nacional de arroz. A previsão é de que, no ciclo 2012/13, colha 8,026 milhões de toneladas em 1,066 milhão de hectares, com rendimento médio de 7.525 quilos por hectare. Santa Catarina, apesar de recuo produtivo de 1,5%, provocado por intempéries climáticas, deverá produzir 1,061 milhão de toneladas, mantendo-se como o segundo nessa atividade. O Maranhão finalmente assumirá o posto de terceiro maior produtor nacional. A Conab estima colheita de 661,8 mil toneladas, 41,5% acima das 467,7 mil toneladas verificadas na temporada anterior, quando o clima provocou grande quebra. O Mato Grosso, mesmo com incremento de área e de produtividade, passará a ser o quarto do ranking, com 532,2 mil toneladas em 166 mil hectares. Tocantins é o quinto Estado em expressão produtiva de arroz, com 485,5 mil toneladas em 117 mil hectares. Piauí e Mato Grosso agregaram novas áreas de cerrado, visando futuro aproveitamento em pastagens. OS CINCO MAIORES > the five biggest Ranking comparativo de área, produtividade e produção por Estado DAS Safras 2011/12 e 2012/13 Estado RS SC MA MT TO Área (em mil ha) Produtividade (em kg/ha) Produção (em mil t) Safra 11/12 Safra 12/13 % Safra 11/12 Safra 12/13 % Safra 11/12 Safra 12/13 % 1.053,01.066,6 1,3 7 .350 7.525 2,4 7.739,68.026,2 3,7 150,1 150,1 - 7.180 7.070 (1,5) 1.077,7 1.061,2(1,5) 426,0416,2 (2,3) 1.0981.590 44,8 467,7661,8 41,5 143,4166,3 16,0 3.2173.200 (0,5) 461,3532,2 15,4 119,9117,6 (1,9) 3.6894.131 12,0 442,3485,8 9,8 Fonte: Conab, no sexto levantamento da safra de grãos, em março de 2013. 17 Everything in its right place Brazilian crop soars slightly and production volume is viewed as appropriate for a balanced supply and global market The Brazilian rice crop in the 2012/13 crop year tends to soar 3.9% compared to the previous year, with estimates pointing to 12.05 million tons of rough rice. In the 2011/12 cycle, the total volume produced in Brazil remained at 11.59 million tons. The better performance stems from three major factors: the good farm gate prices paid for the cereal as of July 2012, the bigger planted area in the states of Mato Grosso and Rio Grande do Sul (also due to better prices) and the climate conditions that have favored the development of the crop in Rio Grande do Sul and Maranhão, a State that emerged from a frustrated crop last year. The above figures are from a survey of the Brazilian 2012/13 grain crop conducted by the National Supply Company (Conab), published in early March. The area seeded with rice in the 2012/13 season has remained stable, with a slight reduction of 0.3%. It is officially estimated at 2.419 million hectares, compared to 2.427 million seeded in the 2011/12 period. In spite of the increases in Rio Grande do Sul and in Mato Grosso, the following states reduced their areas devoted to rice: Maranhão, Tocantins, Rondônia, Paraná, Goiás, Minas Gerais and São Paulo. Under favorable climate conditions and the use of varieties of a greater potential in the highlands (North, Northeast and Center-West), in addition to management improvements, in the 2012/13 crop year yields in Brazil are expected to amount to 4.982 thousand kilos per hectare, up 4.2% from the 4.780 thou- sand kilos per hectare in the previous year. The states that produce irrigated rice (Rio Grande do Sul and Santa Catarina) will account for 75.4% of the entire volume harvested in the Country, that is to say, 9.087 million tons. n THE BIGGEST Rio Grande do Sul is the leading national rice producer. The forecast for 2012/13 is for the State to harvest 8.026 million tons in 1.066 million hectares, with average yields of 7,525 kilos per hectare. Santa Catarina, despite a 1.5-percent reduction in productivity caused by adverse weather conditions, should harvest 1.061 million tons, ranking as second in the activity. Maranhão will finally climb to the position as third biggest national rice producer. Conab sources refer to a harvest of 661.8 thousand tons in that state, up 41.5% from the 467.7 thousand tons in the previous year, when adverse climate conditions took a heavy toll on the crop. The State of Mato Grosso, in spite of the bigger planted area and higher productivity rates, will rank as fourth biggest national producer, with 532.2 thousand tons in 166 thousand hectares. Tocantins is the fifth State in productive expression, with 485.5 thousand tons in 117 thousand hectares. Piauí and Mato Grosso have devoted new cerrado areas to rice, with an eye towards turning these areas into pasture lands in the future. DESEMPENHO REGIONAL > regional performance Comparativo de área, produtividade e produção por região brasileira - Safras 2011/12 e 2012/13 Área (em mil ha) Produtividade (em kg/ha) Produção (em mil t) Região Safra 11/12 Safra 12/13 % Safra 11/12 Safra 12/13 % Safra 11/12 Safra 12/13 % Norte 318,8316,2 (0,8)2.9723.135 5,5 947,3 991,1 4,6 Nordeste 596,7592,2 (0,8)1.2881.652 28,3 769,0 978,1 27,2 Centro-Oeste218,6216,8 (0,8)3.4063.246 (4,7) 744,5 703,7 (5,5) Sudeste 53,743,9 (18,2)2.8783.007 4,5 154,6 132,1 (14,6) Sul 1.238,9 1.249,7 0,97.2527.398 2,0 8.984,1 9.245,1 2 ,9 Brasil 2.426,7 2.418,8 (0,3)4.7804.982 4,2 11.599,5 12.050,1 3,9 Fonte: Conab, 6º Levantamento da Safra de Grãos, março de 2013. 18 A EVOLUÇÃO DA LAVOURA YaraVita Zintrac TM www.yarabrasil.com.br Robispierre Giuliani Não te m perigo Com preços globais estáveis e crescimento nas safras, o abastecimento mundial de arroz está garantido diante da evolução dos estoques A produção mundial de arroz em 2012 cresceu 0,9%, segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO). A safra totalizou 730,2 milhões de toneladas em casca, ou 487 milhões de toneladas de arroz branco. Conforme essa fonte, a colheita global havia chegado a 723,7 milhões de toneladas em base casca no ano imediatamente anterior. Este cenário de estabilidade produtiva está associado ao equilíbrio das colheitas na Ásia, na avaliação de Patrício Méndez del Villar, economista do Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (Cirad), da França. Os bons resultados verificados na China (+1,6%) têm compensado o declínio da produção na Índia (-4%). Na África, a safra é crescente, sobretudo no Egito, tradicional produtor, que anuncia seu retorno ao mercado de exportação em 2013. Já na África subsaariana, principal área compradora de arroz do Brasil, a produção aumentou, sobretudo nas regiões ocidentais. “Na América do Sul, e especialmente no Mercosul, a colheita pode vir a baixar 20 10% devido à redução das lavouras arrozeiras”, aponta del Villar. Em 2012, o comércio entre países alcançou o recorde de 37,8 milhões de toneladas de arroz (base casca), 4% a mais do que em 2011. Para 2013, é projetada a redução na demanda asiática e africana, o que deve induzir à queda de 2% nos intercâmbios globais. Esta pode recuar para 37 milhões de toneladas. Este cenário acirrará a disputa dos mercados entre os países exportadores, caso do Brasil. “Ainda assim, o volume representa um nível bem superior à média de comercialização internacional nos três últimos anos”, diz o economista do Cirad. Os estoques mundiais de arroz no final de 2012 atingiram o mais alto nível histórico, de 160 milhões de toneladas, com ampliação de 11% em relação a 2011. “A perspectiva em relação a 2013 sugere nova alta, de 7%, quando então as reservas saltariam para 171 milhões de toneladas”, revela del Villar. Estes estoques representam 36% das necessidades mundiais; ou seja, é a mais alta relação observada nos últimos 10 anos”. A expectativa é de aumento da área cultivada e da produtividade. Por isso, conforme a FAO, ao contrário do que ocorre com outros grãos, no caso do arroz não há risco de desabastecimento global nos próximos anos. n Robispierre Giuliani There is no danger With steady global prices and soaring crops, world rice supply is no problem in light of ever-increasing stocks Global rice production increased by 0.9% in 2012, according to the Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO). The crop reached 730.2 million tons of rough rice, 487 million tons of white rice. The same organization refers to a crop of 723.7 million tons of rough rice the previous year. This scenario of productive stability is associated with the balance of the harvests in Asia, says Patrício Méndez del Villar, economist at the French Agricultural Research Center for International Development (Cirad). The good results obtained by China (+1.6%) have made up for the smaller crop in India (-4%). In Africa, the crop is on the rise, especially in Egypt, traditional producer, now announcing its return to the international market in 2013. In Sub-Saharan Africa, major buyer of Brazilian rice, production soared, particularly in the western regions. “In South America, and particularly in Mercosur, the crop is likely to decrease by 10% because of reductions in planted areas”, Villar comments. In 2012, rice transactions between countries reached a record of 37.8 million tons 22 (rough rice), up 4% from 2011. For 2013, there is a projection for smaller demand from Asian and African countries, which should translate into a reduction of 2% in international transactions, likely to recede to 37 million tons. This scenario will ignite the competition among the exporting countries, where Brazil is a relevant player. “Nonetheless, the volume represents a much higher level compared to the average over the three past years”, says the Cirad economist. The global rice stocks in late 2012 reached an all-time record, a total of 160 million tons, up 11% from 2011. “The perspective for 2013 points to a 7-percent rise, with stocks jumping to 171 million tons”, Villar explains. These stocks represent 36% of the global needs; that is to say, it is the highest relation observed over the past 10 years”. The perspective is for bigger planted areas and soaring productivity rates. That is why, say FAO sources, contrary to what happens to other grains, in the case of rice there is no risk of deficient supply over the next years. n O FIEL DA BALANÇA > deciding factor Quadro de oferta e demanda mundial (em mil toneladas) País BeneficiadoExportações Estoques 2012 2013 2012 2013 (previsão) 2013 (previsão) Mundo 484,3488,6 37,8 37,0 171,6 China 138,8141,0 0,3 0,3 84,7 Índia 104,3100,0 10,0 7,5 24,0 Indonésia 41,443,2 - - 6,3 Vietnã 28,229,1 7,7 7,5 2,9 Tailândia 23,425,1 6,7 7,7 13,0 Brasil 9,17,8 1,2 0,9 0,7 EUA 5,96,4 3,3 3,5 1,3 Paquistão 6,26,3 2,9 3,3 0,6 Fontes: FAO e USDA, fevereiro de 2013. Elaboração: Patricio Méndez del Villar/Cirad – InterArroz. mercado > Market Sob controle Comercialização seguirá as bases do ano comercial 2012/13 e tende a garantir renda ao produtor de arroz, principalmente no segundo semestre A comercialização da safra 2012/13 terá características semelhantes à observada no último ano comercial, com boa valorização para o agricultor, segundo avaliação do analista Tiago Sarmento Barata, da Agrotendências Consultoria em Agronegócios. “Com a baixíssima posição de estoques públicos e privados, diante da estimativa de safra não muito superior à anterior e levando-se em conta a maior capacidade de negociação dos produtores, a expectativa é de comportamento menos volátil dos preços, em torno de um valor médio próximo ao obtido no último ano”, afirma. Barata entende que, com uma maior capacidade de retração da oferta, é natural que o produtor use tal poder a seu favor, resultando na valorização nominal do cereal. “No entanto, é neces24 sário que o produtor faça ‘um ajuste fino’ na sua capacidade de condução dos preços, impedindo que o mercado sofra o risco de desabastecimento”, alerta. Tiago Sarmento Barata assegura que, uma vez desabastecido o mercado interno, outras alternativas de oferta passarão a ser exigidas, como importação e oferta de estoque público, por exemplo, fragilizando a sustentação dos preços num futuro próximo. O aquecimento da demanda no mercado doméstico e, principalmente, na exportação dependerá da condição de preços mais competitivos. “A recente desvalorização do dólar frente ao real pressiona ainda mais o desempenho dos exportadores e faz do Brasil um mercado atrativo ao arroz argentino, paraguaio e uruguaio”, explica o analista da Agrotendências. Conforme Barata, neste sentido, é importante alertar que Sílvio Ávila quando se fala em um ano de oferta ajustada à demanda do cereal no Brasil, está sendo considerada a exportação de volume superior a um milhão de toneladas. “Deste modo, a valorização nominal das cotações, motivada pela retração da oferta, inviabi- liza o alcance da meta de exportação, ‘afrouxando’ a relação de oferta e demanda”, frisa. Portanto, a sustentabilidade econômica da cadeia produtiva do arroz no Brasil também depende da estabilidade no abastecimento da matéria-prima. n MERCOSUL O analista Eduardo Aquiles Souza, da Safras & Mercado, considera que o aumento de produção do Mercosul na safra 2012/13 não será suficiente para um choque de oferta no Brasil, que deve manter valores similares aos do ano anterior. “O que pode ocorrer é uma redução nas exportações por causa do câmbio, com o real mais valorizado, e das dificuldades de logística, diante da grande safra de soja, que concorre por espaço no porto”, afirma. Na avaliação de Eduardo Aquiles Souza, uma alta mais significativa dos preços do arroz será freada pela oferta de estoques do governo federal e, até, por um aumento das compras da indústria e do varejo nacional junto aos países do Mercosul, se for o caso. “Isso cria uma condição de similaridade no comportamento do mercado com o ano anterior”, ratifica. 25 Under control Commercialization will follow on the heels of the 2012/13 commercial year and tends to bring in revenue to rice growers, particularly in the second half of the year The commercialization Inor Ag. Assmann of the 2012/13 crop will follow on the heels of the previous commercial year, with good remuneration for the farmers, according to an evaluation by analyst Tiago Sarmento Barata, of Agrotendências Consultoria em Agronegócios. “With the very low public and private carryover stocks, in light of a crop on a par with the previous one, and taking into consideration the improved negotiating capacity of the farmers, the expectation is for less volatile prices, somewhere close to the average values obtained last year”, he comments. Barata understands that, with a bigger capacity of supply retraction, it is quite natural for the farmers to resort to the power on their own behalf, resulting into higher nominal values for the cereal. “Nonetheless, it is necessary for the farmers to make a fine adjustment to their capacity in preventing the market from running out of stock”, he warns. Tiago Sarmento Barata maintains that, if the market is in short supply, other alternatives will be required, like imports and public stock offers, for example, weakening the price standards in the future. Soaring demand in the domestic market and, particularly, bigger exports, will depend on more competitive prices. “The recent devaluation of the dollar against the real is exerting even more pressure on the exporters and turns Brazil into an attractive market for the rice from Argentina, Uruguay and Paraguay”, explains the Agrotendências analyst. According to Barata, within this context, it is important to warn that in a year of rice supply adjusted to demand in Brazil, what is being considered is the shipment abroad of upwards of one million tons abroad. “Under such circumstances, the nominal value of the quotes, triggered by supply retractions, makes the export target unattainable, ‘loosening’ the supply-demand relation”, he argues. Therefore, the economic sustainability of the supply chain in Brazil also depends on stable supplies of the raw material. n NA BALANÇA > scale Evolução da importação e da exportAÇÃO brasileira de arroz (tonELADA, base casca) Ano comercial Importação Exportação 2009/10 908,0894,4 2010/11 1.045,2627,4 2011/12 821,22.089,6 2012/13 1.0771.469,9 Fonte: Secex/MDIC Elaboração: Agrotendências Consultoria em Agronegócios, março de 2013. MERCOSUR Analyst Eduardo Aquiles Souza, of Safras & Mercado, has it that the bigger crop in 2012/13 harvested in Mercosur will not be enough for a supply shock in Brazil, once similar values to last year are to be maintained. ”What could occur is a reduction in exports because of the exchange rate, with the Brazilian currency highly valued against the dollar, along with logistic hurdles, in light of the bumper soybean crop, which also competes for space at the ports”, he says. Souza understands that any attempts to increase the price of rice significantly will be curbed by offers from the federal stocks and also by bigger purchases from Mercosur countries by the industry and by the retail sector, should this happen. “This creates a situation of similarity with the previous year, as far as the market is concerned”, he ratifies. 26 Sílvio Ávila Melhor do que o esperado Preços obtidos com a comercialização do arroz ao longo do ano comercial 2012/13 ficARAM acima da expectativa dos produtores nacionais O ano comercial de março de 2012 a fevereiro de 2013 apresentou-se mais remunerador ao produtor de arroz do Sul do Brasil, quando comparado com os resultados obtidos na venda das três safras anteriores. A região concentra mais de 75% da safra nacional e influencia o comportamento dos preços no País e no Mercado Comum do Sul (Mercosul) – Argentina, Paraguai e Uruguai. “Nominalmente, tivemos o preço médio de R$ 32,68 por saco de 50 quilos, em casca, o que constitui recuperação de 42% em relação à média registrada na safra anterior”, diz Tiago Sarmento Barata, analista da Agrotendências Consultoria em Agronegócios. Mas nem todos os produtores puderam gozar deste momento positivo. Barata destaca que 53% da safra foi comercializada a preço infe28 rior à média, ainda no primeiro semestre de 2012, por uma série de razões conjunturais e estruturais. “A safra menor, a valorização cambial, o bom desempenho das exportações e a maior capacidade de negociação dos produtores são fatores determinantes para as condições comerciais vistas, principalmente de agosto a fevereiro”, enfatiza. Na avaliação do analista Eduardo Aquiles Souza, da Safras & Mercado, a queda produtiva nos países que formam o Mercosul também é um dos fatores positivos para o mercado nacional, aliado à demanda constante, impulsionada pelas exportações brasileiras. “Foi uma saída importante para garantir o patamar de preços”, destaca. Nos últimos anos, foi uma comercialização de exceção, com boa produção e preços remuneradores. Esta seria a condição ideal para os agricultores”, reconhece. n Exceeding expectations Prices fetched by rice over the 2012/13 commercial year exceeded the expectations of the national growers The commercial CARDÁPIO > menu Exportações e importações brasileiras de arroz 2012/13 (por tipo, em mil toneladas, base casca) Produto Arroz com casca, para semeadura Arroz com casca, parboilizado Arroz com casca, não parboilizado Arroz descascado, parboilizado Arroz descascado, não parboilizado Arroz semibranqueado etc... parboilizado, polido ou brunido Outros tipos de arroz semibranqueado, etc.parboilizado Arroz semibranqueado etc. não parboilizado, polido, brunido Outros tipos de arroz semibranqueado, etc. não parboilizado Arroz quebrado Total geral ExportaçãoImportação Volume (t) % Volume (t) % 278,7 0,0% 317.350,2 29,5% 175,0 0,0% 0,0% 131.432,4 8,9% 3.319,6 0,3% 47.658,2 3,2% 46.897,2 4,4% 68,8 0,0% 2.949,4 0,3% 495.540,4 33,7% 1.638,0 0,2% 1.184,4 0,1% 635.812,159,0% 318.102,3 21,6% 24.615,8 2,3% 29.090,7 2,0% 33.065,8 3,1% 446.409,4 30,4% 11.352,4 1,1% 1.469.940,1 100,0% 1.077.000,6 100,0% Fonte: Secex/Mdic Elaboração: Agrotendências Consultoria em Agronegócios, março de 2013. year from March 2012 to February 2013 was characterized by the excellent remuneration paid to the farmers, exceeding by far the three previous crop years. The region accounts for more than 75% of the national crop and exerts an influence upon the behavior of the prices in the Country and in Mercosur – Argentina, Paraguay and Uruguay. “Nominally, we had the average price of R$ 32.68 per 50-kilo sack of rough rice, up 42% from the average price of the previous crop”, says Tiago Sarmento Barata, analyst with Agrotendências Consultoria em Agronegócios. Nevertheless, not all the farmers had a chance to take advantage of this positive moment. Barata maintains that 53% of the entire crop was sold at lower than average prices, during the first half of 2012, for a series of structural reasons. “The smaller crop, the value of the Brazilian currency, the good performance of exports and the improved capacity of the farmers to negotiate were determining factors for the above mentioned commercial circumstances, especially August through February”, he stresses. In the evaluation by analyst Eduardo Aquiles Souza, of Safras & Mercado, the falling production volumes in the Mercosur countries also comes as a positive factor for the national market, along with constant demand, driven b y Brazil’s exports. “It was an important way out to guarantee the price Standards”, he mentions. Over the past years, commercialization was an exception, with good production volumes and remunerating prices. This is supposed to be the ideal situation for the farmers”, he acknowledges. n 29 Sílvio Ávila Muita calma nessa hora Brasil estuda estabelecimento de cotas para o arroz importado do Mercosul, mas a ação exige cuidados com efeitos colaterais do mercado Uma das medidas que poderá afetar o mercado brasileiro ao longo do ciclo 2013/14, se adotada, é o estabelecimento de cotas para a importação de arroz da Argentina, do Paraguai e do Uruguai, países que compõem o Mercado Comum do Sul (Mercosul) ao lado do Brasil. Os setores produtivos gaúcho e catarinense vêm cobrando tal medida do governo federal há anos, desde que os excedentes de importação passaram a afetar negativamente os preços do arroz no mercado interno. E o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) pela primeira vez cogitou tais medidas no início de 2013. O tema segue na pauta, apesar da mudança no comando do ministério, com a saída de Mendes Ribeiro Filho e a posse de Antônio Andrade. Com custo de produção mais baixo, o arroz beneficiado destes países ingressa em algumas regiões do Brasil por até US$ 100,00 a menos por tonelada do que o produto nacional. “Hoje, é preciso contabilizar mais de um milhão de toneladas do Mercosul, anualmente, no suprimento brasileiro, volume excessivo, que só 30 não gera mais danos ao mercado porque o Brasil tem conseguido exportar parte da safra”, revela Renato Rocha, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), que defende a imediata adoção de cotas de importação. O governo estuda negociar apenas um acordo com os países vizinhos para evitar os embarques no período de colheita, a fim de impedir pressão ainda mais baixista no mercado interno. A demanda dos arrozeiros foi encampada pelo governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, ex-ministro e integrante do partido do governo federal. “Ao lado da redução da carga tributária, é imperativo frear o ingresso de excedentes de produção do Mercosul, que são nocivos ao mercado interno e aos produtores nacionais”, destaca o dirigente estadual. A indústria, no entanto, não tem esse mesmo entendimento e considera que o estabelecimento de cotas apenas vai gerar mais custos e colocará o Brasil em difícil posição na política internacional, pois defende o fim das barreiras comerciais. n O RISCO DA CONCENTRAÇÃO Na avaliação do analista Tiago Sarmento Barata, da Agrotendências Consultoria em Agronegócios, o estabelecimento de cotas do Mercosul é uma medida favorável ao mercado quanto à necessidade de regulamentar a entrada de produto ao longo do ano, impedindo a concentração da oferta em determinado momento, mas é nítida a carência de uma avaliação técnica mais minuciosa. “A limitação em 800 mil toneladas do volume importado com a suspensão do ingresso nos quatro primeiros meses do ano comercial (entre março e junho), ao contrário do que se utiliza como argumento em defesa da proposta, causará concentração das importações, ampliando os efeitos negativos no mercado doméstico”, analisa. Barata lembra que, nos últimos quatro anos, o Brasil importou a média de 954 mil toneladas (base casca) por ano, estabelecendo a média mensal de 79,5 mil toneladas. “A importação de 800 mil toneladas em oito meses significa a importação de 100 mil toneladas por mês”, revela. Segundo ele, as indústrias gaúchas de beneficiamento, até então desconsideradas nesta demanda, devem ser chamadas para discutir a limitação das importações. “Visto que 64% do arroz importado é beneficiado e que 55% entra por outras unidades da Federação, o apoio do setor industrial seria importante na construção da proposta. O pré-conceito enfraquece o pleito”, afirma. Entende que, enquanto a proposta está em análise, é fundamental que o assunto seja tratado com a máxima discrição. “A importação de 125 mil toneladas em maio de 2012, quando se pleiteava a cobrança do tributo referente ao Programa de Integração Social e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (PIS/Cofins), que somavam 9,25% nas importações de arroz, deveria ter servido de lição”, alerta Tiago Sarmento Barata. Em 2012, o Congresso Nacional aprovou emenda a uma Medida Provisória que estabelecia a cobrança de PIS/Cofins do arroz importado – atualmente isento, juntamente com o arroz nacional –, mas o artigo foi vetado pela presidente Dilma Rousseff. Sílvio Ávila There is no need to rush inglês Brazil is considering a quota system for rice imports from Mercosur, but the move requires caution because of possible market implications DESEMPENHO > performance Ranking do comércio internacional (ciclo 2011/12*) Exportações Importações País VolumePaís Volume India 10,376Nigéria 3,200 Vietnã 7,717Indonésia 1,960 Tailândia 6,945China 1,790 Paquistão 3,500Irã 1,750 EUA 3,222Filipinas 1,500 Uruguai 1,050 Costa do Marfim 1,400 Brasil 1,000EU-27** 1,295 Camboja 0,800Iraque 1,240 Birmânia 0,690Senegal 1,200 Argentina 0,675 Arábia Saudita 1,150 Egito 0,600Malásia 1,085 Austrália 0,450África do Sul 0,945 China 0,441Brasil 0,750 Rússia 0,282México 0,645 Guiana 0,257Japão 0,635 Outros 1,120Outros 15,438 Total 39,125Total 35,983 * Base beneficiado. ** União Europeia – 27 países. Fonte: USDA, março de 2013. Elaboração: Eduardo Aquiles – Safras & Mercado. 32 One of the measures that may affect the Brazilian market over the 2013/14 cycle, should it be introduced, is the quota system for imports of rice from Argentina, Paraguay and Uruguay, countries of the South American Trade Bloc (Mercosur), along with Brazil. The productive sectors of Rio Grande do Sul and Santa Catarina have for years been calling on the federal government to introduce this measure, ever since the import surpluses began to affect negatively the prices in the domestic market. And the Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply (MAPA) considered this measure for the first time in 2013.The theme is still on the agenda, although there has been a change in the ministry, where Antônio Andrade has replaced Mendes Ribeiro Filho as minister. With a lower production cost, the milled rice from the neighboring countries enters some regions of Brazil for up to US$ 100.00 less per ton, compared to the national cereal. “Nowadays, it is upwards of one million tons of rice from Mercosur countries, annually, that supply the Brazilian market. It is an excessively big amount, and it would certainly cause much more damage to the domestic market if Brazil had not managed to export part of the national crop”, says Renato Rocha, president of the Rio Grande do Sul State Federation of Rice Growers’ Associations (Federarroz), who advocated the immediate adoption of a quota system. The government is more interested in just negotiating an agreement with the neighboring countries, intended to avoid imports during har- vesting time, so as to prevent prices from going down even further in the domestic market. The governor of Rio Grande do Sul, Tarso Genro, former minister and member of the present federal government, has also bought into the idea. “Along with a reduction in the tax burden, it is mandatory to curb the entrance of Mercosur rice surpluses, which harm the domestic market and the national supply chain”, says the state governor. Nonetheless, the industries do not agree with this position. They argue that the quota system will all but generate more costs and will push Brazil into a difficult situation in the international scenario, since the Country is against any trade barriers. n CONCENTRATION RISK Tiago Sarmento Barata, analyst with Agrotendências Consultoria em Agronegócios, understands that the introduction of a Mercosur quota system favors the market in that there is a need to control the entrance of the cereal over the year, preventing supply concentrations during certain periods, but there is also real need for a more accurate technical evaluation. “A limit of 800 thousand tons a year of rice imports, along with a prohibition of any rice purchases from abroad during the first four months of the commercial year (March through June), contrary to the argument that defends the proposal, will result into import concentrations, broadening the negative effects upon the domestic market. Barata recalls that over the past years, Brazil imported an average of 954 thousand tons of rough rice a year, with a monthly average of 79.5 thousand tons. “If 800 thousand tons are imported over an eight month period, it will translate into 100 thousand tons a month”, he reveals. According to him, the milling industries in Rio Grande do Sul, up to that time disregarded in this demand, should be summoned to debate the question of import limitations. “Once 64% of all rice imports are milled kernels, while 55% of the rice enters the Country through other states, the support from the industrial segment would play an important role in the construction of a proposal. Prejudice is what is harming the entire question”, he says. He has it that, while the proposal is under analysis, it is of fundamental importance to treat the subject with discretion. “The purchase of 125 thousand tons in May 2012, when there was a debate on whether or not to levy the 9.25% tax regarding the Social Contribution Tax and Contribution for the Financing of Social Security (PIS/Cofins), on rice imports, should have served as a lesson”, warns Tiago Sarmento Barata. In 2012, National Congress passed an amendment to the Stopgap Measure that made the PIS/ Cofins mandatory on rice imports – now exempt, along with national rice – but the article was vetoed by President Dilma Rousseff. Selecionando no Brasil e no mundo. com Câmera CCD Selecionadoras eletrônicas de grãos arroz branco ›‹ arroz parboilizado ›‹ semente de arroz feijão preto ›‹ feijão carioca ›‹ feijão vermelho feijão branco ›‹ quinoa ›‹ café ›‹ outros grãos SELETRON TECHNOLOGY SEL 192 192 canais SEL 256 256 canais SEL 320 320 canais SEL 448 448 canais +55 (47) 3330-5050 | 3330-2436 | 9109-1050 www.seletron.ws | www.granomak.com.br Robispierre Giuliani Aldeia global Brasil encontra na venda externa a solução para manter o equilíbrio interno dos preços, diante de compras excessivas junto ao Mercosul 34 O escoamento de parcela entre 10% e 15% da safra para o mercado externo foi a solução encontrada pela cadeia produtiva de arroz do Brasil a fim de manter o equilíbrio entre a oferta e a demanda nacional e os preços remuneradores ao orizicultor. Essa estratégia fez do País (que passou a exportar há 10 anos) um protagonista no comércio internacional. No ano comercial de 1º de março de 2012 a 28 de fevereiro de 2013, o setor remeteu 1,47 milhão de toneladas de arroz, base casca, para 56 nações. E a balança comercial teve superávit de 393 mil toneladas do cereal. Apesar do volume 29,7% menor do que o verificado no ciclo 2011/12, quando embarcou 2,09 milhões de toneladas, este foi um ótimo desempenho, considerando-se a menor competitividade do cereal brasileiro em âmbito internacional, imposta pela recuperação das cotações domésticas. “No cenário que se apresentava, o Brasil se saiu bem. É inegável que no segundo semestre o ritmo dos embarques reduziu, com a maior participação dos negócios envolvendo arroz quebrado”, menciona o analista Tiago Sarmento Barata, da Agrotendências Consultoria em Agronegócios, de São Gabriel (RS). Conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), só 32% do total negociado com o exterior foi escoado nos últimos seis meses do ano comercial (setembro a fevereiro), quando os quebrados representaram 42% do movimento geral. A participação era de 24% no semestre anterior. Na avaliação de Barata, no ano comercial 2013/14 o grande desafio é manter a presença nos mercados conquistados. “À expectativa de sustentação de preço da matéria-prima e ao câmbio abaixo de R$ 2,00 por dólar soma-se a necessidade de se adequar às limitações logísticas que se apresentarão, por conta da grande safra de grãos e da disputa por espaço com a soja nos portos”, destaca. O momento exige valorização da qualidade do arroz nacional e eficiência nas relações com os países importadores. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que o Brasil exportará 1,1 milhão de toneladas de arroz, base casca, com redução de quase 300 mil toneladas, por causa da previsão de preços internos mais elevados. Ao mesmo tempo, as importações devem ficar na casa de 900 mil toneladas, com o Brasil mantendo-se superavitário em 200 mil toneladas. n NA HORA DAS COMPRAS Como maior consumidor e produtor de arroz fora da Ásia, o Brasil atrai elevados volumes de cereal do Mercosul. No ano comercial 2012/13, o País importou 1,08 milhão de toneladas. Como no ano imediatamente anterior, a Argentina foi a principal origem do cereal importado, representando 37,3% do total adquirido. Uruguai e Paraguai responderam, respectivamente, por 30,3% e 25,3%. A compra de grão de fora do bloco comercial voltou a ocorrer em maior intensidade, com destaque à internalização de 58,6 mil toneladas, base casca, de grão beneficiado vietnamita. As demais importações de terceiros países estão restritas a variedades gourmet e com características de consumo étnico, caso dos arrozes aromáticos (Basmati e Jasmine etc), arbóreo para culinária italiana e glutinoso, para a cozinha japonesa, que ocupam nichos de consumo crescentes no Brasil. No entanto, têm baixa representatividade diante da dimensão do mercado e da balança comercial. Conforme o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês), o Brasil foi o sétimo maior exportador de arroz do mundo em 2012, com um milhão de toneladas em base beneficiado embarcadas. E é o 11º maior importador, principalmente por sua característica de receber o cereal a preços muito competitivos do Mercosul, comprando 750 mil toneladas base beneficiado. 35 Inor Ag. Assmann Global village Brazil resorts to foreign sales to keep domestic prices steady, in light of excessive purchases of rice from Mercosur countrieS The shipment of 10% to 15% of the crop to foreign countries was the solution that the rice supply chain came up with to keep the balance between supply and demand in the domestic market, whilst sustaining farm gate prices remunerating. This strategy turned the Country (which started exporting rice 10 years ago) into a protagonist in the international marketplace. In the 1st March 2012 to 28th February 2013 commercial year, the sector shipped 1.4 million tons of rice (in the husk) to 56 nations. And the surplus of the balance of trade reached 393 thousand tons of the cereal. Despite the 29.7% smaller volume shipped abroad in the 2011/12 crop year, when exports totaled 2.09 million tons, it was an excellent performance, considering the weaker competitiveness of the Brazilian cereal in the global scenario, derived from the recovery of the domestic prices. “In such a scenario, Brazil did well. It is undeniable that shipments abroad receded in the second half of the year, when the share of broken rice soared considerably”, says market analyst Tiago Sarmento Barata, of Agrotendências Consultoria em Agronegócios, based in São Gabriel (RS). 36 According to data released by the Ministry of Development, Industry and Foreign Trade (MDIC), only 32% of the total negotiated with foreign countries was shipped in the last six months of the commercial year (September through February), when broken rice represented 42% of all shipments. Its share had been 24% in the previous six months. Barata has it that the in the 2013/14 commercial year the great challenge will consist in not losing the newly conquered markets. “Besides the expectation for sustained prices for the raw material and for an exchange rate slightly below R$ 2.00 to the dollar, there is need to adjust to the logistic limitations that will surface on account of the huge cereal crop and the fight with soybean for spaces at the ports”, he says. The moment requires an eye towards the quality of the rice and the efficiency of relations with the countries that purchase our cereal. The National Supply Company (Conab) estimates Brazil’s rice shipment abroad at 1.1 million tons, in the husk, down almost 300 thousand tons, because of the much expected prospective higher domestic prices. In the meantime, imports are reckoned to remain at 900 thousand tons, with a balance of trade surplus of 200 thousand tons. n Inor Ag. Assmann WHEN IT IS TIME TO BUY As leading rice consumer and producer outside Asia, Brazil attracts high volumes from Mercosur countries. In the 2012/13 commercial year, imports amounted to 1.08 million tons. Just like in the year immediately before, Argentina was the leading origin of the cereal, representing 37.3% of the total. Uruguay and Paraguay accounted respectively for 30.3% and 25.3%. Purchases from outside the South American Bloc occurred again, especially from Vietnam, with 58.6 thousand tons of rice in the husk, processed in that country. The other purchases from third party countries are restricted to gourmet varieties, with ethnic consumption characteristics, as is the case of the aromatic rice (Basmati and Jasmine etc), arboreum rice for the Italian cuisine and glutinous rice for the Japanese cuisine, which are taking advantage of ever soaring market niches in Brazil. Nonetheless, their representativeness is negligible in light of the dimension of the market on the balance of trade. According to the United States Department of Agriculture (USDA), Brazil ranked as seventh largest rice exporter in the world in 2012, with a million tons of milled rice shipped abroad. And ranked as 11th largest importer, especially for its characteristic of receiving the cereal from Mercosur countries, at very competitive prices, with purchases that amounted to 750 thousand tons of milled rice. Sílvio Ávila Bem justinho Os estoques brasileiros devem se manter ajustados no ano comercial 2013/14, garantindo o suprimento do mercado e bons preços ao produtor O quadro de oferta e de demanda de arroz no Brasil para o ano comercial 2013/14, que vai de 1º de março de 2013 a 28 de fevereiro de 2014, demonstra que o abastecimento nacional está garantido. Além disso, o País ainda dispõe de volume considerável para negociar no mercado externo. Com base no sexto levantamento da safra de grãos 2012/13, divulgado em março pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil terá, ao longo do ciclo 2013/14, suprimento total de 14,59 milhões de toneladas. Este quadro de disponibilidade é formado por 1,6 milhão de toneladas de estoque inicial (remanescente do ano comercial 2012/13), 12,05 milhões de toneladas de colheita e 900 mil toneladas de importações. Em contrapartida, o consumo deve se manter em 12,1 milhões de toneladas e as exportações em 1,1 milhão de toneladas, resultando em estoque final de 1,39 milhão de toneladas, o mais baixo da década. A queda de estoques deve beneficiar o produtor nacional, pois reduz a oferta do cereal e mantém os preços mais altos. O que preocupa, neste sentido, é que para este quadro de oferta e demanda ser confirmado, o Brasil precisaria exportar mais de um milhão de toneladas ao longo do período 2013/14. Entretanto, a cadeia enfrenta dificuldades para viabilizar esse desempenho. Três são os gargalos neste sentido. No final de março, as cotações brasileiras estavam em R$ 31,00 a R$ 32,00 por saco de 50 quilos no Rio Grande do Sul. É praticamente o teto de valor interno para viabilizar a exportação. A alta de preços no mercado doméstico, prevista para o segundo semestre, portanto, pode inviabilizar vendas externas mais significativas, o que se refletiria nos preços nacionais e no estoque final. O segundo entrave é o câmbio, com o real ligeiramente mais valorizado sobre o dólar do que no ano anterior, o que retira parte da competitividade do grão no mercado externo. Por fim, há o chamado apagão logístico: o Brasil está colhendo uma safra recorde de grãos e os portos, especialmente o de Rio Grande (RS), têm problemas para receber arroz fora das estruturas da Companhia Estadual de Silos e Armazéns (CESA), especialmente reservadas para exportação de arroz. n CONFIANTE Na avaliação do presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Renato Rocha, este quadro de oferta e de demanda poderá ser alterado para melhor. Julga que as exportações brasileiras podem ser maiores, principalmente em virtude do fato de as compras chinesas estarem em alta, o que valoriza o arroz no mercado internacional. Acredita ainda que o consumo nacional poderá ser ampliado. “Se cada brasileiro comer por dia uma colher a mais de arroz, elimina o problema de excedentes”, ilustra. Rocha igualmente defende uma revisão na contagem dos estoques privados. 38 Brazilian carryover stocks are supposed to remain tight throughout the 2013/14 commercial year, keeping the market supplied and ensuring good farm gate prices Sílvio Ávila Tight stocks to make exports viable. The soaring prices in the domestic market, foreseen for the second half of the year could therefore make the most important foreign sales unviable, which would certainly reflect on the domestic prices and final stock. The second hurdle is the Exchange rate, with the dollar losing value against the real, compared to last year, which affects negatively the competitiveness of the Brazilian cereal in the international marketplace. Finally, there is the so-called logistics blackout: Brazil is celebrating a record cereal harvest but the ports, especially in Rio Grande do Sul, have problems accommodating the rice outside the structures of the State Warehousing and Silos Company (CESA), specifically reserved for rice exports. n The rice supply and demand picture for the 2013/14 commercial year in Brazil – 1st March 2013 through 28th February 2014 – demonstrates that the domestic needs will be met. The Country possesses considerable volume to be negotiated in the foreign market. Based on the sixth 2012/13 crop survey, published in March by the National Supply Company (Conab), total supply in Brazil throughout the 2013/14 cycle is estimated at 14.59 million tons. This huge amount of available rice is made up of 1.6 million tons of the initial stock ( from the 2012/13 commercial year), 12.05 million tons of the normal crop and imports of 900 thousand tons. On the other hand, consumption should remain at 12.1 million tons, and exports are estimated at 1.1 million tons, resulting into a final stock of 1.39 million tons, the lowest in the entire decade. The lower stocks are poised to benefit the domestic rice growers, as supplies are reduced, with consequent higher prices. Within this context, what causes concern is the fact that for this picture to be confirmed, Brazil will need to export upwards of a million tons over the 2013/14 cycle. Nonetheless, the supply chain considers it difficult to make such a performance viable. There are three bottlenecks in the way. In late March, prices in Brazil were ranging from R$ 31.00 to R$ 32.00 per 50-kilo sack, in Rio Grande do Sul. It is practically the ceiling of the domestic price CONFIDENT The president of the Rio Grande do Sul State Federation of Rice Growers’ Associations (Federarroz), Renato Rocha, understands that this supply and demand picture could be improved. He believes that Brazil could export more rice, especially because shipments to China are now soaring, a fact that adds value to the crop in the international scenario. He also believes that domestic consumption could up further. “If every Brazilian citizen consumes one more spoonful of rice a day the problem of surpluses will no longer exist”, he illustrates. Rocha equally advocates a revision of the private stocks. DISPONIBILIDADE > availability Quadro de oferta e demanda de arroz no Brasil (em mil t) Safra Estoque inicial Produção Importação Suprimento Consumo Exportação Estoque final 2008/09 2.033,7 12.602,5908,0 15.544,2 12.118,3894,4 2.531,5 2009/10 2.531,511.660,9 1.044,8 15.237,2 12.152,5 627,4 2.457,3 2010/11 2.457,313.613,1 825,4 16.895,8 12.236,7 2.089,6 2.569,5 2011/122.569,5 11.599,51.000,0 15.169,0 12.100,01.420,01.649,0 2012/13 1.649,012.050,1 900,0 14.599,1 12.100,0 1.100,0 1.399,1 Fonte: Conab, sexto levantamento da safra de grãos, março de 2013. 39 Sílvio Ávila Pontos a melhorar Redução da carga tributária, cotas de importação para o Mercosul, isenção de impostos nas exportações e aumento do consumo são metas setoriais O orizicultor brasileiro é um dos mais eficientes do mundo, usa alta tecnologia e alcança grandes níveis de produtividade e de qualidade de grãos. Mas perde em competitividade nos mercados interno e externo por aspectos que lhe fogem ao controle, atinentes à macroeconomia ou à política governamental. Essa conjuntura poderá ser alterada em 2013 por conta de uma agenda estratégica estabelecida entre os produtores e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). De imediato, em 2013 o governo brasileiro garantiu R$ 1 bilhão para mecanismos de custeio da comercialização, o que dará sustentação de preços. “O mercado opera acima destes patamares e, pela conjuntura, terá preços similares a 2012. Os recursos servem como lastro”, entende o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (RS), Renato Rocha. Um avanço é a repactuação de dívidas arrozeiras, estimadas em R$ 3,1 bilhões, autorizadas para pagamento em 10 anos, que será ajustada a fim de chegar aos bancos privados, cooperativos e estaduais. Vencidas estas etapas, o setor acredita que, gradualmente, o governo atenderá às quatro principais demandas: redução da carga tributária ao longo da cadeia produtiva; estabelecimento de cotas de importação do Mercosul; isenção de taxas e tributos para incentivar as exportações e uma campanha nacional pelo aumento do consumo do arroz e do feijão. “Tais medidas trarão maior estabilidade aos preços para o produtor, sem penalizar o consu40 midor, e farão o arroz brasileiro mais competitivo nos mercados externo e interno”, avalia Renato Rocha, da Federarroz. Em março entrou em vigor a isenção de impostos federais sobre a cesta básica nacional, mas a medida só vale para o consumidor. Tramita no Congresso Nacional projeto que estabelece a isonomia do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em 4% entre os estados. Hoje, a tarifa é de zero a 17%, dependendo dos interesses de cada Estado. O setor pede agilidade na vigência da regra. “Também é preciso reduzir os custos de produção pela eliminação ou queda das alíquotas de tributos sobre insumos, máquinas e equipamentos à cadeia produtiva”, diz Rocha. O presidente da Federarroz destaca a importância de o Brasil estabelecer cotas de importação do arroz do Mercado Comum do Sul (Mercosul). Um milhão de toneladas do cereal são internalizadas por ano da Argentina, do Uruguai e do Paraguai, países que têm menor custo de produção diante da baixa carga tributária ou dos subsídios à exportação. “As assimetrias criam uma injustiça: agricultores estrangeiros têm renda e o nacional não a tem”, frisa. Estas assimetrias fazem, por exemplo, com que o arroz beneficiado da Argentina e do Uruguai chegue ao Nordeste brasileiro valendo bem menos do que o mesmo produto embarcado no Sul do País em algumas épocas do ano. A proposta é de uma cota de importação de 800 mil toneladas anuais. A partir daí, uma tarifa aplicada iguala os preço do Mercosul aos internos. n NO RITMO DAS EXPORTAÇÕES Apesar do superávit de 400 mil toneladas na balança comercial do arroz na temporada 2012/13, que ajudou a equilibrar os preços internos, a cadeia produtiva considera que são necessários incentivos para exportar. O mercado nem sempre será favorável e atualmente as exportações garantem equilíbrio no mercado brasileiro, ajudando a escoar 1 milhão de toneladas de arroz, mesmo volume que entra dos países vizinhos. “A exportação é estratégica. Por isso, é fundamental reduzir tributos e taxas portuárias, investir em logística e criar mecanismos que façam o nosso grão competitivo no mercado externo”, diz Renato Rocha, da Federarroz. A demanda está sendo analisada no Mapa. A pedido do setor, o governo federal também estuda o lançamento de uma campanha nacional em apoio ao consumo de arroz e feijão, centrada na alimentação saudável como questão de saúde pública, para evitar o avanço da obesidade. “Se cada brasileiro comer mais uma colher diária de arroz, terá mais saúde, o mercado estará mais equilibrado e o produtor garantirá mais renda”, ilustra Renato Rocha. n Issues that need to be improved Tax burden reduction, import quotas for Mercosur countries, exemption of export taxes and more consumption are sectoral targets lion tons of the cereal are brought into the country every year, coming from Argentina, Uruguay and Paraguay, countries where production costs are lower, by virtue of a lower tax burden and export subsidies. “Such asymmetric conditions are unfair: foreign rice farmers make profits, while national growers incur losses”, he mentions. These asymmetries, for example, make it possible for milled rice from Argentina and Uruguay to reach the Brazilian Northeast at much lower prices than the cereal shipped from South Brazil to the same destination, in some periods of the year. The suggestion is for an import quota of a maximum of 800 thousand tons a year. From that point on, a tariff should be levied on the rice from abroad, so as to push its price to Brazil’s domestic levels. n 42 Sílvio Ávila Brazilian rice farmers are among the most efficient in the world. They use high technology and achieve good productivity rates and quality kernels, but are deficient in competitiveness at home and abroad for reasons that are beyond their control, pertinent to macro-economy questions or government policies. This scenario is likely to be altered throughout 2013 on account of a strategic agenda agreed between the farmers and the Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply (MAPA). To Begin with, in 2013 the Brazilian government provided for an R$ 1 billion grant for trading mechanisms, which will sustain prices. “The market operates above these standards and, in light of the scenario, is likely to practice prices similar to 2012.The resources serve as reserve”, says the president of the Rio Grande do Sul State Federation of Rice Growers’ Associations, Renato Rocha. One of the conquests is the renegotiation of the rice growers’ debts, estimated at R$ 3.1 billion, now scheduled to be settled over a 10-year period, including the debts with private banks, cooperatives and state banks. Once these stages have been conquered, the sector believes that, gradually, the government will see to the four demands: reduction of the tax burden levied on the supply chain; import quotas for Mercosur countries; tax exemptions intended to encourage exports and a nationwide campaign focused on higher consumption of rice and beans. “These measures will result into stable farm gate prices, without penalizing the consumers, and will turn Brazilian rice more competitive at home and abroad”, comments Renato Rocha, of Federarroz. Exemption of federal taxes on the basic food basket entered into force in March, but the measure only contemplates the consumers. National Congress is now debating a project that establishes a maximum difference of 4% of State Value-Added Taxes (ICMS) from on state to the other. Currently, the tariff ranges from 0 to 17%, according to the interests of every State. The sector is calling on the government for an immediate enforcement of the rule. “There is also need for a reduction in the production costs through the elimination or reduction of taxes levied on inputs, machinery and equipment for the supply chain”, says Rocha. The president of Federarroz stresses the need for Brazil to set up a rice import quota system regarding the Mercosur countries. One mil- IN THE EXPORT RHYTHM In spite of the 400 thousand ton surplus on the Brazilian rice trade balance in the 2012/13 crop year, which helps balance domestic prices, the supply chain is calling for export incentives. The market is not favorable all the time and, currently, exports are responsible for the balance in the Brazilian market, with shipments of one million tons, matching the one million tons brought in from Mercosur countries. “Exports play a strategic role. To this end, it is necessary to reduce taxes and port fees, invest in logistics and create mechanisms that turn our kernels competitive in the international marketplace”, says Renato Rocha, of Federarroz. The solicitation is being analyzed by the Ministry of Agriculture. At the request of the sector, the federal government is also considering a nationwide campaign encouraging the consumption of rice and beans, focused on healthy eating habits as a matter of public health, particularly to curb the obesity trend. “If every Brazilian citizen consumes one more spoonful of rice a day, they will be healthier, the market will remain balanced and the farmers will make more profits”, Renato Rocha concludes. PERFIL > Profile Apesar do aumento da superfície semeada na safra 2012/13, por conta dos bons preços no segundo semestre de 2012 e da recuperação, ainda que tardia, dos mananciais para irrigação, o Rio Grande do Sul deverá colher volume de arroz similar ao da temporada anterior. A expectativa é do Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga), conforme o presidente Cláudio Brayer Pereira. Ele aponta o clima adverso como causa da queda produtiva. O inverno seco não permitiu a recuperação das barragens na Fronteira Oeste e na Campanha e inibiu o plantio no cedo. As chuvas vieram em setembro e outubro, época de semeadura. Atrasaram o plantio, mas recuperaram os mananciais e permitiram aumentar a área. “No entanto, o atraso gerou outro problema: por volta do Carnaval, houve 10 dias de frio noturno, e muitas lavouras estavam em floração. Isso gerou muitos grãos falhados e vai implicar em produtividade abaixo do esperado”, revela. Apesar do clima desfavorável em alguns momentos, Cláudio Brayer Pereira destaca que a estabilidade produtiva está associada à tecnologia de manejo e às variedades. “Hoje, temos uma lavoura de alto potencial produtivo, mesmo sob impacto climático”. Com produção similar e estoques nacionais menores do que no último ano comercial, Pereira crê em preços também similares a 2012. “No ano passado, na safra, o arroz era comercializado a R$ 24,00 pelo saco de 50 quilos, abaixo dos R$ 25,80 do preço mínimo e dos R$ 30,00 do custo de produção”, explica. “Nesta safra, em março, as cotações se mantinham em R$ 32,00, numa boa base Tudo será como antes Apesar da previsão inicial de safra maior, o clima deverá levar a colheita gaúcha a repetir o volume e a ter preços similares a 2012 44 Sílvio Ávila inicial para se recuperarem ao longo do ano”, argumenta. O presidente do Irga entende que os preços nacionais estarão ligados à política cambial e ao mercado internacional. “As cotações mais altas no primeiro semestre nos retiram um pouco da competitividade no mercado externo, e precisamos exportar bem, compensando as importações, para dar estabilidade ao mercado interno e preços remuneradores ao arrozeiro”, frisa. Outra variante que deve ajudar a manter os preços mais aquecidos é o cultivo de 300 mil hectares de soja e 15 mil hectares de milho em terras de arroz no Rio Grande do Sul. “Além de limpar a área para o ano seguinte, os orizicultores podem comercializá-los no primeiro semestre e segurar o arroz para vender quando estiver mais valorizado”, sugere. n UM QUADRO MAIS COMPLEXO Diferentemente do Irga, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta que o Rio Grande do Sul ampliará em 3,7% a produção de arroz na safra 2012/13, avançando para 8,03 milhões de toneladas. Para chegar a este volume, a companhia federal contabiliza aumento de área de 1,3%, de 1,053 milhão de hectares a até 1,066 milhão de hectares. E a produtividade média igualmente é anunciada como maior, em 2,4%, passando de 7.350 quilos por hectare para 7.525 kg/ha. Apesar das perdas por clima na lavoura gaúcha, dificilmente a Conab reduzirá quase 500 mil toneladas nos seus relatórios. Mas as entidades gaúchas discordam destes números. “O volume está acima da realidade”, diz o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Renato Rocha. Ele considera que o Irga, por acompanhar de perto a produção, indica valores mais reais. O Rio Grande do Sul é o maior produtor nacional de arroz, com percentual que varia de 62% a 65% do volume total colhido anualmente. E concentra mais de 95% da exportação nacional, que no ciclo 2012/13 bateu na casa de 1,4 milhão de toneladas. 45 Sílvio Ávila No changes in sight Although a bigger crop has been forecast, weather conditions are supposed to keep it at last year’s volumes and values Notwithstanding the bigger planted area in the 2012/13 crop year, on account of the more remunerating prices fetched in the second half of 2012, and the somewhat late recovery of the irrigation dams, Rio Grande do Sul is expected to harvest a crop similar to last year in size. The estimate was released by the president of the Rio Grande do Sul State Rice Institute (Irga), Cláudio Brayer Pereira. He blames the adverse climate conditions on the lower yield. The dry winter prevented the irrigation dams from recovering, particularly in the Western Frontier and meadowland areas throughout Rio Grande do Sul, and inhibited early plantings. The good rains came in September and October, at seeding time. They delayed plantings but recovered the water reservoirs, and allowed for bigger planted areas. “Nonetheless, this initial delay gave rise to another problem: around Carnival time, there were 10 cold nights, at a time when lots of fields had reached the blossoming stage. It resulted into flawed grains with implications in lower-than-expected yields”, he admits. In spite of occasional unfavorable climate conditions, Cláudio Brayer Pereira maintains that productive stability is strongly associated with technology and the type of cultivars. “Nowadays, we are in a position to keep our fields highly productive, even under 46 unfavorable climate-induced impacts”. With a similar product and national stocks running lower than last year, Pereira believes in prices similar to 2012. Last year, at harvest time, a 50-kilo sack fetched R$ 24.00, at a time when minimum prices had been set at R$ 25.80, with production costs reckoned at R$ 30.00”, he explains. “In the current season, in March, prices were stable at R$ 32.00, a good level to start with, and chance to recover over the year”, he argues. The president of Irga understands that prices in the domestic scenario will remain chained to exchange rate policies and to the international market. “The higher prices in the first half of the year adversely affect our competitiveness abroad, at a time when we need to export considerable volumes, making up for imports, so as to ensure a stable domestic market and remunerating farm gate prices”, he emphasizes. Another variable that should keep prices at remunerating levels is the cultivation of soybean in 300 thousand hectares, and corn in 15 thousand hectares of areas previously devoted to rice in Rio Grande do Sul. “Besides keeping the area clean for the next year, the rice farmers can sell the above crops in the first half of the year and store the rice until it fetches better prices”, he suggests. n ARROZ GAÚCHO > rice in rio grande do sul Quadro de safra Área (mil hA) Produtividade (kg/ha) Produção (mil t) Safra 11/12 Safra 12/13 % Safra 11/12 Safra 12/13 % Safra 11/12 Safra 12/13 % 1.053,0 1.066,61,3 7.350 7.5252,4 7.739,6 8.026,23,7 Fonte: Conab, levantamento da safra de grãos 2012/13; março de 2013. A MORE COMPLEX PICTURE Contrary to Irga, the National Supply Company (Conab) projects a 3.7 percent increase in the 2012/13 rice crop in Rio Grande do Sul, progressing to 8.03 million tons. To achieve this volume, the federal corporation factors in a 1.3 percent increase in area, from 1.053 million hectares to 1.066 million hectares. Average productivity rates are also announced to soar 2.4%, from 7,350 kilos per hectare to 7,525 kg/ha. In spite of the weather induced losses in Rio Grande do Sul, the report issued by Conab will not refer to a reduction of 500 thousand tons in the current crop. Entities in the State disagree with these numbers. “The volume outstrips the actual crop size”, says the president of the Rio Grande do Sul State Federation of Rice Growers’ Associations (Federarroz), Renato Rocha. He has it that it is Irga that points to the real figures, since the entity follows the production process closely. Rio Grande do Sul is the biggest national producer of rice, accounting for a percentage rate ranging from 62% to 65% of the total annually harvested crop in Brazil. The State is also responsible for upwards of 95% of the national shipments abroad, which, in the 2012/13 cycle amounted to 1.4 million tons. Inor Ag. Assmann Razões para otimismo Dimensionada à sua estrutura, com produção, área e cotações estáveis, a safra de Santa Catarina ocorre sem grandes preocupações setoriais Os arrozeiros de Santa Catarina estão animados para a temporada 2012/13. Responsáveis pela segunda maior produção do Brasil, usando em quase 100% da área o cultivo pré-germinado, garantem a estabilidade em 150 mil hectares anuais (4,1% da região Sul). Danos climáticos tendem a reduzir em 1,5% a produtividade neste ciclo, no comparativo com a safra anterior, fazendo o rendimento cair de 7.180 quilos por hectare para 7.070 kg/ ha. A produção, com isso, deve recuar de 1,07 milhão de toneladas para 1,06 milhão de toneladas, conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o que representa 11,5% da colheita regional. 48 O que anima aos produtores é a expectativa de bons preços no período 2013/14. Com o volume de safra dimensionado à capacidade de armazenagem, com custo de produção abaixo da média do País, com boa parte da mão-de-obra sendo familiar, além da comercialização integrada e do baixo endividamento renegociado com os bancos, os catarinenses apostam em rentabilidade. Na avaliação de Enori Barbieri, vice-presidente de Agronegócios da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), as perdas pontuais em Nova Veneza, Criciúma e arredores são pequenas diante do todo. “O ano é promissor para a comercialização. Apesar da natural queda de preços na safra, partimos de R$ 32,00 por saco, quando há um ano, em março, o DIVERSIFICAÇÃO Para melhorar os preços do arroz em Santa Catarina, quebrar o ciclo de doenças, pragas e invasoras, e gerar renda alternativa, alguns produtores começam a introduzir o cultivo de milho nas áreas mais altas das várzeas no Sul do Estado. “Há grande demanda na região pelas cadeias de frangos e suínos. E os preços médios de R$ 32,00 por saco de 60 quilos, com produtividade de 200 sacos por hectare, são positivos”, afirma Enori Barbieri, da Faesc. “Assim, diminui a oferta de arroz, o que deve melhorar os preços também.” A área diversificada ainda é muito pequena, mas deve crescer, conforme Barbieri. valor era R$ 24,00. Teremos bons preços”, enfatiza. A sinalização de fato é muito promissora. Os agricultores que colheram cedo venderam a saca na faixa de R$ 34,00 a R$ 35,00, acima do custo de produção. As lavouras de Santa Catarina são pequenas, com mão-de-obra familiar. “Aqui não reclamamos do passado. E temos fé no futuro. Encerramos a safra com boa produtividade, boa produção e sem queixas de preços”, destaca. Barbieri espera cotações internas mais altas, ou pelo menos iguais a 2012, pois, segundo ele, os estoques nacionais estão baixos, a produção deve ser similar à do ano anterior, e a China está importando mais do que o previsto, o que deve também gerar valorização do arroz destinado ao mercado internacional. No Vale do Itajaí e no Norte Catarinense, a produção é estável, com grandes produtividades e, em parte, há o manejo da soca para uma nova colheita. “É uma prática que permite colher 250 sacos por hectare, nas duas safras, mas só em áreas favoráveis, e por produtores que conhecem a tecnologia”, salienta Barbieri. E as cooperativas são fortes aliadas. Na avaliação de Barbieri, é preocupante a evolução das áreas e das safras do Centro-Oeste, do Norte e do Nordeste do Brasil. Entende que o mercado nacional apresenta um tamanho que, mediante excesso de oferta, pode gerar prejuízos ao agricultor. “Se outras regiões incrementarem a produção e as importações seguirem aumentando, o Sul terá dificuldades no futuro”, afirma. n 49 Inor Ag. Assmann The rice farmers in Santa Catarina are very excited about the 2012/13 cycle. Responsible for the second largest production volume in Brazil, where almost a hundred percent of all fields are cultivated under the pre-germinated system, the crop has remained stable at 150 thousand hectares (4.1% of the southern region). Climate induced damages are likely to reduce the productivity rates of this cycle by 1.5%, compared to the previous crop, from 7,180 kilos per hectare to 7.070 kg/ha. Therefore, production should recede 1.07 million tons, according to the National Supply Company (Conab), representing 11.5% of the regional harvest. What encourages the farmers is the expectation for good prices in the 2013/14 cycle. With the volume of the crop adjusted to the warehousing capacity, with a lower-than-average production cost, relying on family labor for the most part, besides the integrated commercialization system and low indebtedness renegotiated with the banks, the farmers in Santa Catarina bet on productivity. Enori Barbieri, vice-president of the Santa Catarina State Live- stock and Agriculture Agribusiness Federation (Faesc), the one-off losses in Nova Veneza, Criciúma and surroundings are negligible in light of the entire amount. “In terms of sales, the year is favorable. Despite the natural drop in prices at harvest time, we got off to a good start, with R$ 32.00 per sack, while a year ago, in March, it was R$ 24.00. We will have good prices”, he points out. There are promising signs. The farmers who harvested their crop early fetched from R$ 34.00 to R$ 35.00 a sack, above the production cost. The farms in Santa Catarina are small and rely mostly on family labor. “Around here we do not complain about the past, and we have faith in the future. Our crop came to a close with good yields, hefty volumes and with no complaint about prices”, he comments. Barbieri hopes for better remuneration on the domestic side or, at least, prices similar to 2012, in light of the low national stocks and production volumes similar to last year. In the meantime, China is importing more rice than previously forecast, a fact that is supposed to exert a positive pressure on international prices. Cause for celebration Dimensioned to its structure, with stable volume, area and prices, the rice crop in Santa Catarina is running smoothly with no sectoral concerns 50 In Vale do Itajaí and in the North of Santa Catarina, the size of the crop has remained stable, with excellent yields and some of the farmers are preparing for a second harvesting. “It is a practice that normally yields up to 230 sacks per hectare, if the two harvests are considered, but only in favorable areas, and by farmers that know the technology”, says Barbieri. Most cooperatives recommend this practice strongly. Barbieri expresses concern about the ever-rising areas devoted to the crop in the Center-West, North and Northeast. He has it that the national market should not be overburdened with excessive supplies, as this could generate losses at farm level. “Should other regions continue devoting more and more land to rice, with imports continuing on a rising trend, the South will have difficulties in the future”, he comments. n DIVERSIFICATION With an eye towards better prices and extra income in Santa Catarina, whilst breaking the cycle of pests, diseases and weeds, some farmers are now beginning to grow corn in the highlands and in the meadowlands across the southern portion of the State. “There is great demand for corn in the region because of chicken and pig farming operations throughout the region. And the average prices of R$ 30.00 for a 50-kilo sack, considering productivity rates of 200 sacks per hectare, are very positive”, says Enori Barbieri, of Faesc. “This will reduce the rice crop, with positive reflections on prices. Diversification is still at a fledgling stage, but is poised to make strides soon, Barbieri comments. ARROZ CATARINENSE > rice in santa catarina Quadro de safra em Santa Catarina Área (mil ha) Produtividade (kg/ha) Produção (mil t) Safra 2011/12 Safra 2012/13 % Safra 2011/12 Safra 2012/13 % Safra 2011/12 Safra 2012/13 % 150,1 150,1 - 7.180 7.070 (1,5)1.077,71.061,2 (1,5) Fonte: Conab, levantamento da safra de grãos 2012/13; março de 2013. 51 Inor Ag. Assmann O despertar de um gigante 52 Maranhão assume-se como arrozeiro, se estabelece como o principal Estado produtor fora do Sul do Brasil e tem potencial para muito mais presenta um terço da produtividade nacional e 20% do resultado obtidos no Sul. O especialista Paulo Morceli, supervisor de Gestão e Oferta da Conab, em Brasília (DF), diz que a safra maranhense foi impulsionada pelos bons preços de mercado verificados em 2012 e até março de 2013. “Uma saca de 60 quilos valia R$ 60,00 em março, valor expressivo, que levou muitos agricultores a optarem pela cultura”, enfatiza. “Isso motivou tradicionais arrozeiros de pequenas áreas e baixa tecnologia, que produzem grão longo em sistema de sequeiro ou roça-de-toco para subsistência, o que explica a baixa produtividade”, relata. Na avaliação de Morceli, o Maranhão pode transformar-se em produtor capaz de abastecer boa parte do Norte e do Nordeste, reduzindo a dependência e os custos de transporte do grão do Sul ou importado. Isso está atrelado a investimentos em tecnologia, uso de melhores variedades, aproveitamento de áreas apropriadas, ocupadas por pecuária de baixo rendimento; e organização da cadeia produtiva. “É possível que haja até algum incentivo previsto no próximo Plano Safra, direcionado a grão longo fino”, explica. n Divulgação Um gigante do agronegócio despertou para sua importância estratégica na produção de arroz no Brasil. O Maranhão está assumindo, na safra 2012/13, a condição de terceiro maior Estado produtor do cereal no País, o principal fora da região Sul, que concentra 77% da colheita nacional, conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Esta posição só não foi alcançada na temporada 2011/12 por causa da seca, que afetou as lavouras. Na ocasião, o Mato Grosso manteve-se como terceiro maior produtor. Mas no ciclo 2012/13 a colheita deve chegar a 661,8 mil toneladas em terras maranhenses, com aumento de 41,5% em relação às 467,7 mil toneladas do período anterior, segundo divulgou a Conab em março, apesar do recuo de 2,3% na área cultivada. Esta baixou de 426 mil hectares para 416,2 mil hectares. No Nordeste, o Maranhão representa 70,2% da área e 67,4% da colheita. O incremento em volume deve-se à melhoria da produtividade, em função do clima; à ampliação da área irrigada – para 15 mil hectares – e ao uso de variedades mais produtivas. A Conab projeta que o Estado colherá 44,8% mais grãos por área, passando de 1.098 kg/ha para 1.590 kg/ha. A média reSecretário da Agricultura do Maranhão, Cláudio Azevedo, de camisa branca AMPLO POTENCIAL Apesar de bom, o desempenho da atual safra está abaixo da expectativa da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Pesca do Maranhão (Sagrima), que previa colheita de aproximadamente um milhão de toneladas de arroz. O secretário da Agricultura, Cláudio Azevedo, lamenta que mais uma vez o clima tenha frustrado os planos. Lembra que foram distribuídas 605 toneladas de sementes de alto poder de germinação a 60,5 mil agricultores familiares, quilombolas, indígenas e assentamentos rurais. Mas Azevedo considera positivas as perspectivas para a orizicultura maranhense. Parceria com a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) deve criar grandes projetos de irrigação. Já a instalação da Embrapa Cocais e Planícies, no Maranhão, tende a dar o suporte tecnológico necessário ao desenvolvimento da orizicultura no Estado, atualmente concentrada nos municípios de Pinheiro, Itapecuru, Pindaré, Grajaú, São Mateus, Vitória do Mearim e Arari. 53 Inor Ag. Assmann The rise of a giant Maranhão confirms its status as rice grower and, apart from the southern states, it is the leading producer in Brazil, with a huge potential Brazilian agribusiness giant has now woken up to its strategic importance in the production of rice. In the 2012/13 crop year, Maranhão is confirming its status as third biggest rice producer in Brazil, the leading state outside the southern region, where 77% of all rice in Brazil is produced, according to the National Supply Company (Conab). This position was not achieved in the 2011/12 cycle simply because drought conditions took 54 a heavy toll on the crop that year. Back then, the State of Mato Grosso kept its position as third biggest producer. In the 2012/13 crop year, 661.8 thousand tons are expected to be harvested in the territory of that state, up 41.5% from the 467.7 thousand tons in the previous period, according to figures released by Conab in March, in spite of the 2.3-percent reduction in cultivated area, which dropped from 426 thousand hectares to 416.2 thousand hectares. In the Northeast, Maranhão represents 70.2% of the planted area and 67.4% of the total harvest. The increase in volume derives from the climate-induced higher productivity rates; and from the expansion of the irrigated area – to 15 thousand hectares – and from the use of more productive varieties. Conab sources are projecting yields to soar 44.8% per area, from 1,098 kg/ha to 1,590 kg/ha. The average represents one third of the national productivity rates and 20% of the result achieved in the South. Specialist Paulo Morceli, Supply and Management Supervisor at Conab, in Brasília (DF), maintains that the crop in Maranhão was driven by the good market prices practiced from 2012 to March 2013. “A 60-kilo sack sold for R$ 60.00 in March, a rather expressive value, which induced many farmers to opt for the cereal crop”, he says. “This encouraged smallscale farmers, deficient in technology, to increase their production of long grain rice, which is normally sowed in highlands or in stump fields for subsistence, which accounts for the low productivity rates”, he reports. Morceli understands that the State of Maranhão could grow enough rice to supply most of the Northeast and North, thus reducing the dependence and the transport costs of rice imported from abroad or from the South. This is chained to investments in technology, the use of good cultivars and appropriate tracts of land, devoted to low profit livestock breeding operations; and organization of the supply chain. “The next Crop Plan might even provide for some kind of incentive earmarked for the production of long grain rice”, he explains. n VAST POTENTIAL Although good, the performance of the current crop is lagging behind the expectations of the Maranhão State Secretariat of Agriculture, Livestock and Fishery (Sagrima), which had projected a crop of approximately one million tons of rice. The Secretary of Agriculture, Cláudio Azevedo, regrets that once again the plan was frustrated by adverse weather conditions. He recalls that 605 tons of seed of a high germination power were handed out to 60.5 thousand family farmers, quilombolas, indigenous people and rural settlements. For the most part, Azevedo spots excellent chances for rice farming operations in Maranhão. A partnership with the São Francisco and Parnaíba Valleys Development Company (Codevasf) is poised to create huge irrigation projects, while the installation of the Embrapa Cocais e Planícies corporation is supposed to give technological support to rice farming throughout the State, currently concentrated in the municipalities of Pinheiro, Itapecuru, Pindaré, Grajaú, São Mateus, Vitória do Mearim and Arari. O NORTE DO ARROZ > rice in the north Comparativo de safras do Maranhão Área (mil/ha) Produtividade (kg/ha) Produção (mil/t) Safra 2011/12 Safra 2012/13 % Safra 2011/12 Safra 2012/13 % Safra 2011/12 Safra 2012/13 % 426 416,2 - 2,3 1.098 1.590 44,8467,7661,8 41,5 Fonte: Levantamento da safra de grãos 2012/13; Conab, março de 2013. 55 Inor Ag. Assmann Estados do Nordeste e do Centro-Oeste estão voltando suas atenções para a orizicultura como alternativa de desenvolvimento econômico. A iniciativa conta com a orientação da Embrapa Arroz e Feijão, de Santo Antônio de Goiás (GO). As ações desenvolvidas integram o projeto Rede Brasil Arroz – Rede de Transferência de Tecnologia da Cadeia Produtiva do Arroz no Brasil, que atua em Goiás, Mato Grosso, Alagoas, Tocantins, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Goiás está retomando o cultivo, que existiu com relevância até o final da década de 1980. O Estado era importante produtor, com grande parque industrial, polo de produção e distribuição de arroz no mercado brasileiro. Atualmente, conforme o pesquisador Carlos Magri Ferreira, da Embrapa, mantém moderno parque industrial de beneficiamento e empacotamento, porém usando cereal do Sul do País, de Tocantins e de Mato Grosso. Em Goiás, na safra 2012/13 foram cultivados 72,1 mil hectares de arroz, com produção de 205,9 mil toneladas. Parte da área é de lavouras comunitárias, em programa do governo do Estado. No mesmo período, Alagoas cultivou 3,1 mil hectares e colheu 21,1 mil toneladas. No Mato Grosso, por sua vez, foram plantados 205,2 mil hectares, com a colheita de 633,9 mil toneladas. A participação dos três estados representa 7% da safra nacional. Na avaliação de Magri, a importância do fortalecimento da orizicultura fora do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, responsáveis por 73% da colheita brasileira, não está em seu impacto no abastecimento nacional, mas na relevância socioeconômica da atividade orizícola nas regiões envolvidas, com geração de renda e de empregos. Além disso, em seu entender, a distribuição da produção pelo território nacional é uma questão de segurança alimentar. “Pode-se considerar ainda que, quanto maior a estabilidade de oferta e de qualidade do arroz produzido nessas regiões, maior será a possibilidade de abertura de mercado internacional para o cereal brasileiro, tendo em vista que diminuirá a preocupação do governo em liberar a produção de regiões com maior possibilidade de exportação”, teoriza. n Novas frentes Nordeste e Centro-Oeste experimentam o cultivo do arroz como forma de buscar desenvolvimento econômico e suprir as necessidades locais 56 TRABALHO CONJUNTO É no Estado de Alagoas, conforme o pesquisador Carlos Magri Ferreira, da Embrapa, que responde por 0,2% da produção nacional de arroz, que o governo e outras instituições locais mais têm apoiado o desenvolvimento da atividade. Isso seria explicado pelo impacto positivo que ela pode causar na região. Para envolver e motivar os produtores, o sistema de trabalho do projeto procura demonstrar os principais pontos fracos e fortes da atividade orizícola, além das práticas e dos comportamentos que os originam. “A partir daí, busca-se estruturar um conjunto de propostas, validar tecnologias para a melhoria da organização da cadeia produtiva, promover o intercâmbio de conhecimentos entre os atores e agregar várias instituições em torno de um objetivo comum: a sustentabilidade e o desenvolvimento da cadeia produtiva do arroz na região”, relata Magri. O pesquisador salienta que os métodos usados no projeto Rede Brasil Arroz não alteram bruscamente os sistemas que estão sendo utilizados nas principais regiões produtoras dos estados de Goiás, Mato Grosso e Alagoas. “Isto poderia causar sérios problemas, uma vez que envolveria custos cujo retorno não seria imediato”, justifica. Explica que o projeto busca fazer alterações pontuais nos sistemas de manejo vigentes, aprofundando-os à medida em que os resultados de mercado, de qualidade e de competitividade forem aparecendo. Conforme Magri Ferreira, o Rede Brasil Arroz atingirá o ponto ideal quando equiparar a produção nessas áreas, em qualidade e competitividade, à do Sul do País e do Mercosul. 57 Inor Ag. Assmann New fronts industrial park, however, with rice coming from South Brazil, Tocantins and from Mato Grosso. In Goiás, at the 2012/13 season, the planted area reached 72.1 thousand hectares, totaling a production of 205.9 thousand tons. Part of the area comprises community farms, under the supervision of a State Program. During the same period, Alagoas cultivated 3.1 thousand hectares and harvested 21.1 thousand tons. Mato Grosso, in turn, cultivated 205.2 thousand hectares, with a production volume of 633.9 thousand tons. The share of the three States accounts for 7% of the entire national crop. Magri understands that the importance of strengthening rice farming operations outside the states of Rio Grande do Sul and Santa Catarina, responsible for 73% of Brazil entire crop, does not lie in its impact on national supply, but in the socioeconomic relevance of the crop in the regions where it is grown, generating income and jobs. Furthermore, in his view, the distribution of the production throughout the national territory is a question of food safety. “What also counts is the fact that if the supply of quality rice produced in Brazil remains stable, there will be more chances for the cereal to conquer new markets throughout the world, due to the fact that the government will no longer be challenged for liberating the rice produced in regions where exports are advantageous”, he theorizes. n JOINT WORK Northeast and Center-West try rice farming as a manner to seek economic development and meet local needs Northeastern and Center-Western states are now turning to rice farming as an alternative for economic development. The initiative relies on guidelines from Embrapa Rice and Beans, based in Santo Antônio de Goiás (GO). All the developments are part of the Brazil Rice Network project – Technology Network Transference of the Brazilian Rice Supply Chain, which operates in the States of Goiás, Mato Grosso, Alagoas, Tocantins, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul and Santa Catarina. Goiás is resuming its rice farming operations, which played a relevant role in the state’s economy up until the 1980s. The State used to be a relevant producer, home to a huge industrial park, production hub and rice distribution center to the Brazilian market. Nowadays, according to researcher Carlos Magri Ferreira, of Embrapa, the state runs a modern rice processing and packaging 58 It is in the State of Alagoas, responsible for 0.2% of the national rice crop, according to researcher Carlos Magri Ferreira, of Embrapa, that the government and local organizations have lent hefty support to the activity. The explanation might lie in the positive impact the crop has over the region. So as to get the farmers involved and motivated, the project’s working system tries to demonstrate all major weak and strong points of any rice farming operation, besides the practices and behaviors that give rise to them. “Based upon such grounds, the idea is to structure a set of proposals, including the validation of technologies for improving the organization of the supply chain, knowledge interchange among the players and bring different institutions under the umbrella of a unique objective: sustainability and development of the rice supply chain in the region”, says Magri. The researcher stresses that the methods proposed by the Brazil Rice Network do not drastically alter the systems being used in all major rice growing regions in the states of Goiás, Mato Grosso and Alagoas. “It could cause serious problems, once it would involve costs whose return would not be immediate”, he justifies. He explains that the project proposes ad-hoc alterations to the management systems in force, going deeper into them as the results in terms of quality, market and competitiveness surface. According to Magri Ferreira, the Rice Brazil Network will reach its desired point as soon as production and quality in these areas match with the rice produced in South Brazil and in Mercosur countries. O Brasil produz, o mundo prova. E aprova. Especializado na produção de arroz de qualidade, que abastece as necessidades de sua população, o Brasil igualmente disponibiliza ao mundo o cereal que incrementa as melhores e mais exigentes mesas. Incluindo a sua. Produced in Brazil, tasted and approved by the world. Specialized in the production of quality rice, which meets the need of its population, Brazil equally ships abroad the cereal that makes the most discerning kitchen tables more enticing, including yours. Para ampliar a presença do arroz brasileiro e seus derivados em todo o planeta, Abiarroz e Apex-Brasil lançaram o Projeto Setorial do Arroz, que já conta com a adesão de 21 empresas. Junte-se a nós e saiba como promover o seu produto lá fora. So as to broaden the presence of Brazilian rice and its derivatives all over the planet, Abiarroz and Apex-Brasil launched the Rice Sectoral Project, which relies on support from 21 companies. Come and join us, and learn how to promote your product abroad Inor Ag. Assmann Na década de 1970, Altos planos Em três décadas, Mato Grosso reduziu em 600 mil hectares a área plantada com arroz, mas viu a produtividade da lavoura triplicar 60 levas de migrantes deixaram o Sul do Brasil em direção ao Centro-Oeste. Na bagagem, levavam a esperança de progredir e a experiência adquirida na lida com a terra. Com o trabalho na agricultura, essas famílias transformaram a região, até então praticamente inabitada, no celeiro do Brasil. O destaque fica com o Estado de Mato Grosso, que ostenta o honroso título de maior produtor de soja do País. Mas foi com o arroz que os agricultores sulistas começaram a desbravar essas áreas. A cultura era muito valorizada na época, enquanto a soja ainda estava no início de sua trajetória. Série histórica publicada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostra que na safra 1976/77 o Estado tinha mais de 1,5 milhão de hectares cultivados com o cereal; no entanto, já na temporada seguinte esse número baixava para 780 mil hectares. Mato Grosso tornou-se na época o segundo maior produtor de arroz do Brasil, perdendo apenas para o Rio Grande do Sul, que seguia imbatível com mais da metade da área plantada no Brasil. Entretanto, o grão cultivado em sequeiro, diferente do gaúcho, que é irrigado, alcançava baixa produtividade, não passando de 1.300 quilos por hectare. Porém, em mais de 30 anos, muita coisa mudou. O arroz perdeu área; em compensação, triplicou o seu rendimento. O pesquisador Flávio Jesus Wruck, da Embrapa Arroz e Feijão, está lotado em Sinop (MT), de onde tem acompanhado as mu- danças no cenário agrícola do Estado. Lembra que é prática no Centro-Oeste o arroz ser usado para abertura de lavoura. Com a valorização da soja e diante das áreas consolidadas, o grão foi perdendo seu espaço. n A HORA DA QUALIDADE Enquanto a área de arroz encolhia, a produtividade fazia a curva ascendente. Pelas informações da série histórica da Conab, entre a safra 1977/78 e a temporada 2011/12, 600 mil hectares deixaram de ser plantados com o grão em Mato Grosso, decréscimo de mais de 80%. No mesmo período, o rendimento da lavoura aumentou quase 160%, passando de 1.252 kg/ha para 3.217 kg/ha. O engenheiro agrônomo Angelo Carlos Maronezzi, da AgroNorte Sementes e Pesquisa, sediada em Sinop, destaca que as variedades para plantio em sequeiro melhoraram muito de qualidade nos últimos anos. Uma das cultivares de maior destaque é justamente a AN Cambará, desenvolvida pela empresa. “Os próprios arrozeiros passaram a usar mais tecnologia e insumos em suas lavouras”, observa Maronezzi. O pesquisador Flávio Jesus Wruck lembra que, nos últimos seis anos, a Embrapa lançou cinco cultivares específicas para terras altas, com qualidade de arroz longo fino, semelhante ao obtido no plantio irrigado do Sul. Os bons resultados têm, inclusive, mudado o mercado arrozeiro na região. “As maiores empresas beneficiadoras estão pagando por percentual de grãos inteiros, o que não acontecia antes”, exemplifica. Curiosamente, a valorização da soja também tem ajudado o arroz em Mato Grosso. Na safra 2012/13, a Conab estima aumento de 16% na área plantada com o grão no Estado, chegando a 166,3 mil hectares. De acordo com Flávio Wruck, ao optarem por ampliar o cultivo da oleaginosa, os agricultores precisam ocupar áreas de pastagem, muitas delas abandonadas há algumas safras. “A transição é feita pelo arroz, cultura que suporta solos mais ácidos”, justifica. 61 Inor Ag. Assmann Flying high In three decades, Mato Grosso reduced its rice growing area by 600 thousand hectares, but witnessed its productivity rates triple In the 1970s, scores of migrants left South Brazil for the Center-West, taking with them the hope to succeed and the experience acquired from their farm chores. Devoted to agriculture, these families transformed the region, up to that time practically with no inhabitants, in the so-called Brazil’s granary area. The highlight is the State of Mato Grosso, which proudly holds the position as largest soybean producer in the Country. It was with rice that the farmers coming from the South pioneered the area. The crop was highly valued back then, while 62 soybeans were still in their fledgling stage. A Historical Document published by the National Supply Company (Conab) shows that in the 1976/77 crop year the State had devoted upwards of 1.5 million hectares to de cereal; however, in the following season this figure had gone down to 780 thousand hectares. At that time, Mato Grosso became the second biggest rice producer in Brazil, coming only after Rio Grande do Sul, which continued unbeatable with more than 50% of the total Brazilian area. Nevertheless, dry-land crops, different from the rice produced in Rio Grande do Sul, which is grown in irrigation sys- TIME FOR QUALITY While the area devoted to rice shrank, productivity rates began to make strides. From information contained in Conab’s historical series, from the 1977/78 crop year to the 2011/12 cycle, 600 thousand hectares of rice were excluded from the territory of Mato Grosso, a reduction of upwards of 80%. During the same period, yields celebrated almost 160% increases, jumping from 1,252 kg/ha to 3,217 kg/ha. Agronomic engineer Angelo Carlos Maronezzi, of AgroNorte Sementes e Pesquisa, based in Sinop, mentions that the dry-land cultivars went through a quality enhancement process over the past years. One of the most renowned cultivars is the AN Cambará, developed by the company. “The rice farmers themselves began to invest more in technology and inputs in their fields”, Maronezzi observes. Researcher Flávio Jesus Wruck recalls that, over the past six years, Embrapa launched five varieties specific for highlands, with the quality of long grain rice, similar to the kernels harvested in the paddy fields in Rio Grande do Sul. The good results have even changed the rice market in the region. “The big milling companies are remunerating on the basis of the percentage of unbroken kernels, a thing that has never happened before”, he exemplifies. Oddly enough, the soaring value of soybean has also been a good help for the rice in Mato Grosso. In the 2012/13 crop year, Conab estimates an increase of 16% in the planted area throughout the State, reaching 166.3 thousand hectares. According to Flávio Wruck, by opting for expanding their soybean plantations, the farmers need to resort to pasturelands, many of them left barren for some years now. “The transition to rice, a crop that withstands acid soils”, justifies this fact. tems, were characterized by low yields, never more than 1,300 kilos per hectare. Nonetheless, in more than 30 years, lots of things have changed. Rice began to lose ground; in compensation, yields tripled. Researcher Flávio Jesus Wruck, of Embrapa Rice and Beans, is based in Sinop (MT), from where he has kept a close watch on the changes of the agricultural scenario throughout the State. He recalls that in the Center-West it is common practice to resort to rice as the pioneer crop. With the great value of soybeans and in view of consolidated areas, the kernel began to lose ground. n vitalidade > vitality O arroz em Mato Grosso Safra ÁreaProdutividade Produção (mil ha) (kg/ha) (mil t) 1977/78780,0 1.252 976,5 1990/91320,0 1.560 499,2 2005/06287,5 2.570 738,8 2011/12143,4 3.217 461,3 2012/13166,3 3.100 515,5 Fonte: Conab (série histórica). 63 Inor Ag. Assmann Num mato sem cachorro Produtores rurais acompanham com atenção os desdobramentos de ações impetradas contra artigos do Novo Código Florestal Brasileiro A redação possível do Novo Código Florestal Brasileiro (Lei 12.651/12) ainda gera divergências na sociedade. Prova disso são as três Ações Diretas de Inconstitucionalidade (Adis nº 4901, 4902 e 4903) ajuízadas em janeiro de 2013 pela Procuradoria-Geral da República (PGR) no Supremo Tribunal Federal (STF). Elas questionam itens relacionados às áreas de preservação permanente, à redução da reserva legal e à anistia aos casos de degradação ambiental, e já mobilizam departamentos jurídicos das entidades ruralistas. Conforme o assessor jurídico da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado do Rio Grande do Sul (Federarroz), Anderson Ricardo Levandowski Belloli, a entidade acredita que a Lei nº 64 12.651/2012 busca equilibrar princípios da Constituição Federal de 1988, conciliando sustentabilidade ambiental e desenvolvimento social e econômico. “Ela foi redigida após amplo debate no parlamento, bem como com o Poder Executivo, e com participação efetiva da sociedade civil”, salienta. Esse conceito é compartilhado pelo assessor da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Eduardo de Mércio F. Condorelli. “O Novo Código é o resultado possível dos 13 anos de debate promovido em torno de uma nova legislação florestal no País”, avalia. “Busca garantir o atual estágio de preservação ambiental, bem como a condição de produção que hoje alicerça grande parte da economia brasileira, sem deixar de O RISCO DO RETROCESSO Inor Ag. Assmann O assessor jurídico da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado do Rio Grande do Sul (Federarroz), Anderson Ricardo Levandowski Belloli, pede atenção especial à Adi 4902. “Não se pode falar em anistia. Isso se revela completamente inapropriado. O que a lei prevê, na verdade, são condições factíveis para que os produtores, muitos sem recursos econômicos e financeiros, possam promover a recuperação de determinadas áreas”, esclarece. Eduardo de Mércio F. Condorelli, por sua vez, lamenta o impasse surgido a partir da ação da PGR. Para o representante da Farsul, o que preocupa é a possibilidade de interpretações que desvirtuem o texto legal, buscando entendimentos distintos da vontade do legislador. Destaca que boa parte das alegações da PGR se baseia em uma legislação com quase 50 anos, completamente distante da realidade ambiental do País. “Ela também está distanciada dos iminentes riscos de retrocesso das condições econômicas e sociais da população brasileira, uma vez que a antiga legislação trazia a exigência de redução de, segundo os números mais modestos, 25% da área hoje utilizada pela agropecuária nacional”, destaca. OLHANDO DE PERTO corrigir os excessos do passado de forma pontual, e não ‘arrasa quarteirão’, como a antiga lei”, analisa. Apesar de respeitar a posição da PGR, Anderson Belloli reforça que a Federarroz discorda dos posicionamentos emitidos nas Adis. “O texto foi elaborado para atender às leis vigentes, cabendo aos órgãos responsáveis e ao Poder Judiciário tomar decisões adequadas, proporcionais e razoáveis, que reflitam os objetivos já referidos, ou seja, conciliação de interesses”, defende. Dessa forma, propõe, pode-se buscar a sustentabilidade ambiental sem a inviabilização do agronegócio, com desenvolvimento econômico e social, além de um meio ambiente saudável, equilibrado e viabilizador de qualidade de vida para as próximas gerações. n O assessor jurídico da Federarroz, Anderson Belloli, valoriza ainda a atuação da própria federação e de outras entidades, como a Farsul, que estão levando informações aos produtores para que conheçam as responsabilidades decorrentes da nova lei e estejam preparados a fim de cumpri-la. “Assim, podem fazer planejamento mais adequado à sua realidade, para o atendimento efetivo das obrigações da legislação ambiental e em condições de mitigar possíveis consequências negativas incidentes nas lavouras de arroz”, avalia. Enquanto prossegue o impasse, a Federarroz participa de reuniões em Brasília, ao lado de outras entidades do setor, buscando a estruturação de argumentos jurídicos relevantes, para que possa participar das Adins exercendo o papel de amicus curia (amigo do juiz), recurso legal permitido em ações dessa natureza. “Assim, poderemos concretizar a efetiva defesa de posicionamentos junto ao STF, com a preocupação, justamente, de materializar, mais uma vez, o princípio do pluralismo democrático por meio do debate de ideias”, conclui. 65 Inor Ag. Assmann Up the creek without a paddle Farmers are following closely court actions against articles of the New Brazilian Forest Code The wording of the New Brazilian Forest Code (Law 12.651/12) is still giving rise to divergences. This is corroborated by three Court Cases challenging its Institutionality (Adis nº 4901, 4902 e 4903) filed in January 2013 by the Office of the Attorney General (PGR) with the Supreme Court (STF). They challenge items related to permanent preservation areas, reduction of the legal reserve and amnesty to environmental degradation cases, and have already mobilized the judicial departments of most rural entities. According to the judicial advisor to the Rio Grande do Sul State Federation of Rice Growers’ Associations (Federarroz), Anderson Ricardo Levandowski Belloli, the entity maintains that Law nº 12.651/2012 seeks to balance principles of the 1988 Federal Constitution, equating environmental sustainability and social, economic development, as well as the government, and with effective participation of civil society”, he stresses. This concept is shared by the advisor to the Rio Grande do Sul 66 Stte Federation of Agriculture (Farsul), Eduardo de Mércio F. Condorelli. “The New Code is the possible result derived from 13 years of debates on the Brazilian new forestry legislation”, he argues. “It seeks to ensure the present stage of environmental preservation, as well as the means to produce, now the foundation of the Brazilian economy, without overlooking past excesses in a timely manner, and not in the old ‘make it or break it’ fashion”, he analyzes. Although respecting the position of the PGR, Anderson Belloli strengthens that Federarroz disagrees with the concepts issued at the Adis. “The wording tends to comply with laws in force, and it is up to the responsible organs and to the Judiciary to take proportional and reasonable decisions that reflect the above mentioned objectives, in other words, conciliation of interests”, he states. Therefore, he suggests that environmental sustainability can be sought without making agribusiness unviable, with social and economic development, besides a healthy and balanced environment, able to provide the next generations with quality of life. n THE RISK OF A REVERSAL A CLOSER WATCH The judicial advisor to the Rio Grande do Sul State Federation of Rice Growers’ Associations (Federarroz), Anderson Ricardo Levandowski Belloli, requires special attention to Adi 4902. “There is no way talking about amnesty. This turns out to be totally inappropriate. What the Law sets forth is nothing else than real conditions for the farmers, many of them cash-strapped, to recover degraded areas”, he clarifies. Eduardo de Mércio F. Condorelli, in turn, regrets the impasse that stems from the PGR action. The Farsul president understands that what causes concern is the chance for misinterpretations likely to corrupt the legal text, seeking understanding different from the legislator’s intention. He also stresses that a great deal of the PGR allegations are based on legislation that dates back to 50 years ago, distant from Country’s environmental reality. “The new legislation is also distant from the risks of inducing the Brazilian social and economic conditions to go back in time, seeing that the old legislation, according to very modest figures, required the reduction of 25% of the area actually used by Brazil’s agribusiness operations”, he recalls. The judicial advisor to Federarroz, Anderson Belloli, also regards highly the work of the federation itself and of other entities, like Farsul, which are keeping the farmers informed about the responsibilities stemming from the new legislation and to be prepared to comply with it. “To this end, they will be able to adjust their plans to their reality, so as to effectively comply with all environmental regulations and in a position to mitigate possible negative consequences on the rice farms”, he evaluates. While the impasse continues, Federarroz members attend meetings in Brasília, jointly with other entities of the sector, seeking relevant juridical arguments, so as to have the right to participate in the Adins in the capacity of amicus curia (friend of the judge), legal resource allowed in actions of this nature. “This will make it possible to materialize our position before the STF, with the fair concern to once more materialize the principle of democratic pluralism through a debate focused on ideas”, he concluded. 67 PESQUISA > Research Assim como o Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga), outras entidades e empresas colocam no mercado, a cada safra, materiais atualizados para plantio nas lavouras gaúchas. Cada nova variedade apresenta dispositivo a mais para resolver os principais problemas que se apresentam no decorrer das safras e buscar maior rendimento por área. A Embrapa Clima Temperado, com sede em Pelotas (RS), está trabalhando na divulgação de duas novas cultivares. A BRS Sinuelo CL foi desenvolvida com a tecnologia Clearfield, que combate o arroz verme- lho, com ciclo médio de 130 dias, adaptada à Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul. “Ela é uma substituta para a BRS-7 Taim, que possui muita adesão nas lavouras gaúchas e já ocupa 5% da área total da safra 2012/13”, destaca o pesquisador Ariano Martins de Magalhães Júnior. A BRS Pampa é outro material da Embrapa, que está sendo utilizado pela primeira vez na temporada 2012/13. O diferencial é que a variedade possui ciclo precoce, em torno de 118 dias. “Quebra o paradigma de que as cultivares de ciclo médio são mais produtivas. Hoje, as de ciclo precoce também apresentam bom rendimento, com cerca de 10 toneladas por hectare”, observa. À pronta escolha Instituições e empresas de pesquisa colocam novos materiais no mercado a cada safra, com enfoque no combate a problemas da lavoura 68 temperadas e subtropicais. O produto confere alta resposta à adubação, sendo recomendado em áreas com elevada fertilidade natural e com utilização de manejo para altas produtividades. Em outra frente, o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) está com nova cultivar de arroz indicada para o Vale do Paraíba, região entre o Leste de São Paulo e o Sul do Rio de Janeiro. A IAC 107 encontra-se em processo de registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A variedade possui elevado grau de resistência a brusone e se mostrou mais produtiva, quando comparada a materiais similares em comercialização. n Inor Ag. Assmann A RiceTec Sementes tem mais de 20 anos de experiência no mercado mundial, sendo líder no segmento de híbridos de arroz na América. Um dos materiais mais recentes lançados pela empresa é o Avaxi CL, indicado para o sistema de produção Clearfield e com ampla adaptabilidade a zonas temperadas. Como possui grande capacidade de emissão de perfilhos, permite a utilização de baixa densidade de semeadura (40 kg/ha). Também apresenta boa tolerância a brusone e manchas foliares e alta tolerância a toxidez por ferro. Já a Inov CL tem ciclo precoce e igualmente é própria para a tecnologia Clearfield. A indicação da empresa é que seja usada em zonas 69 Divulgação Ready to choose Institutions and research corporations launch new cultivars in the market at every season, with the focus on fighting farm problems Just like the Rio Grande do Sul State Rice Institute (Irga), other entities and companies launch new and modern cultivars in the market of South Brazil at every crop year. Every new cultivar boasts new characteristics intended to solve all major problems that may show up over the production cycle, equally with an eye towards higher yields per area. Embrapa Temperate Climate, based in Pelotas (RS), is now giving wide publicity to two new cultivars. BRS Sinuelo CL was developed under the umbrella of the Clearfield technology, which fights red rice, with a cycle of 130 days, adapted to the Western Frontier region in Rio Grande do Sul. “It replaces the BRS-7 Taim, a favorite with many southern farmers and now occupies 5% of the total area devoted to the 2012/13 cycle”, says researcher Ariano Martins de Magalhães Júnior. BRS Pampa is another Embrapa cultivar, now being used for the first time in the 2012/13 cycle. What makes the difference with this cultivar is its early cycle, around 118 days. “It contradicts the belief that only medium-cycle cultivars are productive. Now, early cycle cultivars are proving very productive, with about 10 tons per hectare”, he observes. 70 RiceTec Sementes has more than 20 years’ experience in the international market, it leads the segment of America’s hybrid rice varieties. One of the most recent cultivars launched by the company is known as Avaxi CL, indicated for the Clearfield production system and widely adapted to temperate climate zones. With a great capacity of producing shoots, it allows for low density seeding (40 kg/ha). It is also very tolerant to rice blast and leaf spot and highly tolerant to iron toxicity. The Inov CL is also an early cultivar and equally appropriate for the Clearfield technology. The company recommends its use in temperate and subtropical zones. The variety is very responsive to fertilization, and is indicated for areas with high natural fertility rates, where it can express its high yield potential. On another front, the Agronomic Institute of Campinas (IAC) has just come up with a rice cultivar recommended for Vale do Paraíba, region that sits between Eastern São Paulo and Southern Rio de Janeiro. IAC 107 is now being registered in the Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply (MAPA). The cultivar is highly resistant to blast and has proved more productive in comparison to similar cultivars in the market. n O Sistema Clearfield evoluiu. Chegou Kifix . A nova geração do Sistema Clearfield . ® ® ® Aplique somente as doses recomendadas. Descarte corretamente as embalagens e restos de produtos. Incluir outros métodos de controle de doenças/pragas/plantas infestantes (ex.: controle cultural, biológico etc) dentro do programa do Manejo Integrado de Pragas (MIP) quando disponíveis e apropriados. Para maiores informações referentes às recomendações de uso do produto e ao descarte correto de embalagens, leia atentamente o rótulo, a bula e o receituário agronômico do produto. Consulte a bula do produto para verificar a dose e época de aplicação do produto de acordo com o sistema de produção (Arroz Terras Baixas e Arroz Terras Altas). O produto Kifix® não está liberado para comercialização no Estado do Paraná. Produto registrado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento sob nº 07907. 0800 0192 500 www.agro.basf.com.br Inor Ag. Assmann Especial de primeira Espécies de arroz vermelho e preto passam de planta daninha em lavouras de grãos brancos a nicho de mercado ligado a alta gastronomia Os tipos de arroz vermelho e preto, indesejáveis em lavouras de grão branco, por serem considerados erva daninha, podem render bom dinheiro aos produtores. Como eles entram em nicho específico de mercado, ligado à alta gastronomia, estima-se que cheguem a valer até quatro vezes mais do que os convencionais. De olho nesse orizicultor diferenciado, a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) lançou em março de 2013 duas variedades especiais. Uma delas é a SCS119 Rubi, que possui cor vermelha. Planta de porte baixo e ereta, alcançou produtividade média de 7,9 toneladas por hectare nos experimentos, conduzidos na estação experimental de Itajaí. Uma característica interessante é que 72 ela não debulha, o que dificulta a contaminação de lavouras de arroz branco. A SCS120 Ônix é uma cultivar de cor preta. O grão do tipo longo fino é menor do que o tradicional, assim como a produtividade, que chega a 5,5 toneladas por hectare. Conforme o pesquisador Domingos Sávio Eberhardt, os agricultores terão à disposição as sementes dos materiais especiais na safra 2013/14. “O maior interesse será para os produtores orgânicos”, enfatiza. Na carona das variedades especiais, a Epagri lançou um material de arroz branco, próprio para o sistema pré-germinado, o SCS118 Marques. Ele atinge produtividade média de 9 toneladas por hectare, com ciclo tardio de 144 dias, resistente à oxidez por ferro e média resistência a brusone. n GRÃO MINEIRO Estados não tão tradicionais no plantio de arroz também têm investido na cultura. Um exemplo é o trabalho realizado pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), que conduz o projeto “Desenvolvimento de cultivares e novas linhagens de arroz irrigado para Minas Gerais”. Os estudos têm como objetivo testar novos materiais, adaptados às condições de várzea, com ensaios de avaliação nas fazendas experimentais da estatal em Lambari (Sul do Estado), Leopoldina (Zona da Mata) e Nova Porteirinha (Norte). A relação da Epamig com o arroz já tem quase 40 anos, por meio de integração com a Embrapa Arroz e Feijão. Nesse período, foram lançadas 30 variedades, sendo 13 para terras altas e 17 para várzeas. Na safra 2012/13, a empresa está com duas novas cultivares na fase de produção de sementes básicas: BRSMG Rubelita (várzea) e BRSMG Caçula (terras altas). A expectativa é de que no próximo ciclo estejam disponíveis para produtores de sementes, ganhando as lavouras somente no ciclo 2014/15. O pesquisador Plínio Soares, diretor de Operações Técnicas da Epamig, acredita que a procura pela Caçula deverá ser maior do que pela Rubelita, pois o cultivo em várzea não tem tido muito incentivo em Minas Gerais. “Essa variedade de terras altas é muito interessante para plantio na safrinha, sendo super-precoce, com ciclo de 100 a 110 dias”, enfatiza. A recomendação é que seja semeada em janeiro, logo após a colheita da soja, quebrando a sequência do milho depois da oleaginosa. First class Red and black rice varieties turn from weedy rice infestations to niche markets linked to gastronomy The much dreaded red and black rice varieties that infest conventional rice fields are normally treated as weed, but could turn into a source of income for the farmers. As they fit into a specific market niche, linked to high gastronomy, it is estimated that their price is four times as much as common rice. With an eye towards discerning rice growers, the Santa Catarina State Rural Extension and Agriculture Research Corporation (Epagri) launched two special varieties, in March 2013. One of them is known as SCS119 Rubi, which is red. It is a low and upright plant, with average productivity rates of 7.9 tons per hectare in field trials, conducted at the experimental station based in Itajaí. One of its prevailing traits is that it does not shed its grains, preventing them from contaminating conventional rice fields. SCS120 Ônix is a black rice cultivar. Its long thin grain is smaller than conventional grains, and the same holds true for productivity, about 5.5 tons per hectare. According to researcher Domingos Sávio Eberhardt, the farmers will have access to the special cultivars as of the 2013/14 crop year. “The real focus will be on organic farmers”, he stresses. Following on the heels of the special varieties, Epagri launched a white rice breed, specific for the pre-germinated system, known as SCS118 Marques. It achieves average productivity rates of 9 tons per hectare, with a late 144-day cycle, resistant to iron toxicity and medium resistant to red blast. n MINAS GERAIS GRAIN Non-traditional rice growing states have also invested in the crop. An example is the work conducted by the Minas Gerais State Agriculture Research Corporation (Epamig), which runs the project “Development of cultivars and new irrigated rice breeds for Minas Gerais”. The purpose of the studies is to test new materials, adapted to meadowland conditions, with evaluation tests conducted in the experimental fields of the state corporation in Lambari (South of Rio Grande do Sul ), Leopoldina (Zona da Mata) and Nova Porteirinha (North). Epamig has been doing research on rice for almost 40 years, working jointly with Embrapa Rice and Beans. During all these years, 30 varieties have been launched, of which, 13 for highlands and 17 for meadowlands. In the 2012/13 cycle, the company has now two new cultivars in the basic seed production process: BRSMG Rubelita (meadowland) and BRSMG Caçula (highlands). The expectation is for the seed to be available to the farmers in the next cycle, reaching the fields only in the 2014/15 crop year. Researcher Plínio Soares, Technical Operations director at Epamig, believes that farmers will prefer the Caçula variety to Rubelita, since there is little incentive for meadowland crops in Minas Gerais. “This highland variety also performs well in off-season crops, and it is a super-early variety, with a cycle of 100 to 110 days”, he clarifies. The recommendation is for it to be sowed in January, right after soybean, interrupting the sequence of corn after the oilseed crop. 73 Inor Ag. Assmann Variedades bem-vindas Arroz de terras altas ganha novas cultivares, com excelente potencial produtivo e melhor resistência ao estresse hídrico e às doenças O potencial produtivo das lavouras de arroz em terras altas aumenta a cada safra com o lançamento de novas cultivares. Uma das mais festejadas é a BRS Esmeralda, desenvolvida pela Embrapa Arroz e Feijão, em parceria com a Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer). O material vai estar disponível aos produtores na safra 2013/14. O pesquisador Carlos Martins Santiago, analista de transferência e tecnologia da Embrapa, está entusiasmado com os resultados alcançados pela nova variedade nos testes. “Ela possui características inovadoras”, observa. Um dos méritos do material é o excelente comportamento diante dos efeitos da falta de chuva, com produção de 10% a 15% superior às demais que estão no mercado. Além disso, possui maior eficiência na utilização dos nutrientes do solo. A BRS Esmeralda tem ciclo médio, de 105 a 110 dias; possui os grãos do tipo longo fino, de aparência vítrea, com potencial produtivo de 7.525 quilos por hectare; e produtividade média, em ensaios, de 4.050 kg/ha. A moderada resistência à brusone das panículas, forma mais severa da doença, e moderada ao acamamento, considerado o maior desafio do arroz de sequeiro do Centro-Oeste, são outras de suas características. Conforme Santiago, em testes realizados pela cozinha experimental da Embrapa e por indústrias de beneficiamento de arroz, a cultivar apresentou excelente qualidade de grãos, bom rendimento e ótimo aroma. A princípio, a variedade está recomendada para uso apenas em Mato Grosso e Goiás. A Embrapa, no entanto, já está com pedido junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para ampliar a utilização, contemplando ainda os estados do Pará, Maranhão, Piauí, Rondônia, Roraima, Tocantins e Minas Gerais. n 74 NOVIDADES DA AGRONORTE As variedades ANa 7007 e ANa 8001 são outras novidades para os produtores de arroz em terras altas, nas regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte. Os materiais foram desenvolvidos pela AgroNorte Pesquisa e Sementes, empresa de melhoramento genético sediada em Sinop (MT). Ambas as cultivares possuem grãos da classe longo fino, translúcidos, com percentual de inteiros acima de 55%. As plantas apresentam porte de baixo a médio, com bom perfilhamento, e respondem em produtividade em áreas novas, renovação de pastagens ou em rotação com a soja. A ANa 7007 tem ciclo de 107 dias e pode atingir produtividade de até 7 toneladas por hectare. A comercialização já começou, mas a demanda maior deve ficar mesmo para a safra 2013/14. As sementes da ANa 8001, que tem potencial genético de 8 t/ha, começam a ser vendidas no período 2013/14, com volume mais significativo na temporada seguinte. 75 Inor Ag. Assmann Much desired varieties Highland rice is enriched with new varieties, with excellent productive potential and more resistant to water stress and diseases The production potential of highland rice soars year after year with the launch of new varieties. One of the most celebrated is the BRS Esmeralda, developed by Embrapa Rice and Beans, jointly with the Mato Grosso State Rural Extension and Agriculture Research Corporation (Empaer). Farmers will have access to this material in the 2013/14 cycle. Researcher Carlos Martins Santiago, Embrapa transference and technology analyst, is excited about the results achieved by the new variety in the field trials. “It possesses innovative characteristics”, he observes. One of the merits of the material is the excellent reaction at drought conditions, with yields from 10% to 15% higher compared to other varieties in the market. Furthermore, it is more efficient at absorbing soil nutrients. BRS Esmeralda has an average cycle of 105 to 110 days; with long grains, vitreous appearance, with a productive potential of 7,525 kilos per hectare; and average yield of 4,050 kg/ha in field trials. Moderate resistance to pyricularia grisea, a very severe disease, and moderate resistance to lodging, viewed as the most serious threat to dry-land rice in the Center-West, are some of its characteristics. According to Santiago, in tests conducted at Embrapa’s kitchen trials and by rice milling industries, the cultivar proved to be of good quality, with good yield and excellent aroma. 76 To Begin with, the variety has been recommended for Mato Grosso and Goiás. Embrapa, nonetheless, filed a petition with the Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply (MAPA) to expand its use to the states of Pará, Maranhão, Piauí, Rondônia, Roraima, Tocantins and Minas Gerais. n GOOD NEWS FROM AGRONORTE Varieties ANa 7007 and ANa 8001 are now available for highland rice farmers in the Center-West, Northeast and North. These cultivars were developed by AgroNorte Pesquisa e Sementes, a genetic enhancement company based in Sinop (MT). Both cultivar are characterized by long fine grains, translucent, with over 55-percent of unbroken kernels. The plants are small to medium in size, with a good leaf system, and are very productive in new areas, renewed pasturelands or in rotation with soybean. The ANa 7007 has a cycle of 107 days and could yield up to 7 tons per hectare. Sales have already started, but tighter demand is supposed to take place in the 2013/14 crop year. The seeds of the ANa 8001, with a potential for 8 tons per hectare, will be in the market in the 2013/14 cycle, with a more significant volume the following cycle. Seu portal para fazer negócios com o Brasil! www.brasilglobalnet.gov.br Ÿ Informações sobre 8.700 empresas exportadoras brasileiras; Ÿ Dados sobre 2.700 produtos relacionados a comércio exterior; Ÿ Indicadores econômicos, tabelas e gráficos sobre comércio exterior; Ÿ Mais de 300 feiras comerciais a serem realizadas no Brasil em 2011; Ÿ Oportunidades de investimento em infraestrutura, energia, indústria pesada e megaeventos esportivos. Ministério das Relações Exteriores Subsecretaria-Geral de Cooperação, Cultura e Promoção Comercial Departamento de Promoção Comercial e Investimentos Inor Ag. Assmann Operação antigases Pesquisa realizada em lavouras gaúchas mostra impacto da orizicultura na liberação de metano, um dos gases responsáveis pelo efeito estufa A liberação de gases de repercussão ambiental vira assunto diretamente identificado com a lavoura de arroz. Por quê? O elemento-chave atende pelo nome de metano, uma das mais importantes fontes do efeito estufa, apontado como causador do aquecimento global. Como é obtida por meio da fermentação de material orgânico, a substância tem na agropecuária um dos seus principais vetores. A orizicultura está inserida nesse contexto, colaborando com 18% do total liberado na atmosfera no Rio Grande do Sul, segundo o Inventário Nacional de Emissão de Gases de Efeito Estufa. Os dados apontados pelo estudo têm como parâmetros os índices 78 de emissão preconizados pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), órgão da Organização das Nações Unidas (ONU), que valem para o mundo inteiro. Para buscar números mais reais, que levassem em conta o contexto de cada região, um grupo de pesquisadores realizou medições da liberação do gás por lavouras de arroz irrigado, entre 2003 e 2007. O engenheiro agrônomo Cimélio Bayer, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), participou do trabalho. A pesquisa de campo foi conduzida na Estação Experimental do Instituto Rio-G randense do Arroz (Irga), em Cachoeirinha; e nas universidades federais de Santa Maria (UFSM) e de Pelotas (Ufpel), além da MÉRITO INDISCUTÍVEL Para o professor Cimélio Bayer, as conclusões às quais se tem chegado mostram a importância da pesquisa regional na área agrícola, que tem colaborado para aumentar a rentabilidade da cultura e, ao mesmo tempo, reduzir o impacto ambiental. Ele lembra que, conforme o inventário nacional, as emissões de metano cresceram 30% no Rio Grande do Sul entre 1990 e 2005, em função do incremento da área de cultivo. Bayer mostra que, na verdade, a evolução das técnicas de manejo levou a um resultado animador. “Considerando-se que em 1990 não havia cultivo mínimo, prática hoje realizada em 85% do total plantado, pode-se concluir que, na verdade, as liberações foram reduzidas em 4%”, ressalta. Além disso, observa o professor, como a produtividade tem atingido índices cada vez maiores, as estimativas indicam a diminuição de 50% na liberação de metano por quilo de grão produzido. “O arroz é um sistema econômico e um alimento importante. Por isso, temos que produzir com o menor impacto possível”, enfatiza. Embrapa Clima Temperado, também em Pelotas. Atualmente, o estudo segue em propriedades rurais nos municípios de Restinga Seca e Uruguaiana. Conforme Cimélio Bayer, com a observação realizada em várias safras e locais pôde-se constatar que a lavoura de arroz irrigado libera em média 300 quilos de metano por hectare/ano, praticamente o mesmo índice indicado pelo IPCC. “São valores consideráveis, bem mais do que as emissões de soja e milho, plantados em coxilha”, compara. Além de obter a informação confiável quanto às emissões de metano nas lavouras de arroz do Rio Grande do Sul, o trabalho se propôs também a identificar técnicas de manejo capazes de reduzir o problema. De acordo com Bayer, os estudos foram conclusivos quanto à adoção de duas práticas. “Com o cultivo mínimo, conseguimos diminuir em 30% a liberação do gás. Já com o uso de sistema intermitente de irrigação, quando a plantação não fica em contato com a água durante todo o ciclo, o índice recuou em 50%”, explica. A diversificação da lavoura arrozeira, mediante rotação com soja ou milho, igualmente vem sendo observada pelos pesquisadores há dois anos. O professor da Ufrgs adianta que os resultados ainda não são conclusivos, mas a avaliação do plantio de 2012 já trouxe indicação positiva. “Pudemos constatar que as emissões foram reduzidas em 10 vezes”, comemora. n 79 The release of greenhouse gases is a subject directly linked with rice fields. Why? The key element is known as methane, a major cause for global warming. Methane gas results from the fermentation of organic matter, a substance that stems widely from farm and cattle farming operations. Rice farming fits into this context, having a share of 18% of all gases released into the atmosphere in Rio Grande do Sul, according to the National Greenhouse Gas Inventory. All data detected by the study are based on the paradigms of the emission indices recommended by the Intergovernmental Panel on Anti-gas operation Climate Changes (IPCC), an organ of the United Nations Organization (UNO), accepted in the entire world. To come up with more real figures, which take into consideration the characteristics of every different region, a team of researchers conducted measurements of gases released by paddy fields, ove the 2003 – 2007 period. Agronomic engineer Cimélio Bayer, professor at the Federal University of Rio Grande do Sul (Ufrgs), took part in the work. Field research was conducted at the Experiment Station of the Rio Grande do Sul State Rice Institute (Irga), in Cachoeirinha; and at the federal universities of Santa Maria (UFSM) and Pelotas (Ufpel), along with Embrapa Temperate Climate, in Pelotas. Research conducted on southern fields attests to the impact of the greenhouse gas methane released from paddy fields 80 the problem. According to Bayer, the studies were conclusive towards the adoption of two practices. “With minimum-tillage we have managed to reduce the emissions of the gas by 30%. With the intermittent irrigation system, when the plants do not remain in contact with water during the entire cycle, this rate receded to 50%”, he explains. Rice farming diversification, through crop rotation with soybean and corn, has equally been observed by the observers over the past two years. The Ufrgs professor anticipates that the results are not yet conclusive, but the evaluation of the 2012 fields has already pointed to positive aspects. “We had the chance to ascertain that emissions have been reduced tenfold”, he celebrates. n Robispierre Giuliani Currently, the study is being conducted in rural holdings located in Restinga Seca and Uruguaiana. According to Cimélio Bayer, with the observations conducted in several crop years and different places, it was ascertained that paddy rice fields release 300 kilos of methane gas per hectare, almost the same proportion detected by the IPCC. “These are considerable amounts, outstripping by far highland soy and corn emissions”, he compares. Besides granting access to reliable information as to the methane emissions in the paddy fields throughout Rio Grande do Sul, the work is also focused on identifying management practices able to mitigate UNDENIABLE MERIT Professor Cimélio Bayer maintains that the conclusions that have been reached show the importance of regional research works focused on agricultural areas, which have collaborated towards higher profits from the crop and, at the same time, have reduced environmental impacts. He recalls that, according to the national inventory, methane gas emissions soared 30% in Rio Grande do Sul from 1990 to 2005, by virtue of the bigger planted area. Bayer shows that, in fact, the evolution of the management practices has led to an encouraging result. “Considering that in the 1990s there was no minimum tillage, a practice now comprising 85% of the total planted area, one can conclude that, in reality, emissions were reduced by 4%”, he stresses,. Furthermore, the professor observes, as productivity rates have been soaring all the time, all estimates point to a reduction of 50% of methane emissions per kernel of rice. “Rice is an important economic and food system. Therefore, we have to produce this crop with the smallest possible impact”, he concludes. 81 Divulgação 82 Para acelerar de vez Fabricação de etanol a partir do arroz pode vir a ser uma solução rentável para a destinação do excedente, sem comprometer o abastecimento O arroz é um alimento Inor Ag. Assmann essencial na mesa da população brasileira, mas pode ser ainda mais do que isso. A Federação das Associações de Arrozeiros do Estado do Rio Grande do Sul (Federarroz) há pelo menos dois anos vem apoiando iniciativas para o uso alternativo do cereal. Conforme o presidente da entidade, Renato Rocha, a grande colheita nas safras mais recentes foi o mote para considerar a possibilidade, além dos já tradicionais usos na doação humanitária, na exportações e em ração animal. Entretanto, houve alguma dificuldade para aceitação da ideia. “Encontramos muita resistência, por se tratar de um gênero alimentício. Mas conseguimos demonstrar que não haveria desabastecimento, sendo usado apenas o excedente de produção e os grãos inferiores”, explica. A Federarroz tem sido grande defensora do uso alternativo do arroz e vem atuando como interlocutora na instalação do projeto da Vinema, conduzindo a assinatura de um protocolo de intenções entre a entidade, os municípios que sediarão as fábricas e a própria empresa. “Queremos que isso se torne uma política de governo e que não seja passageiro, pois o excedente de arroz é um problema recorrente dos produtores”, declara. Para aqueles que possam temer pelo sumiço do cereal das prateleiras, Rocha é enfático ao afirmar que não há risco de desabastecimento. “Temos condições de plantar 3 milhões de hectares. Atualmente, plantamos 1 milhão de hectares. Dando destinação ao excedente e ao grão de baixa qualidade, iremos melhorar as condições dos produtores”, frisa. Rocha salienta ainda que as plantas das usinas da Vinema não serão dependentes do arroz, estando preparadas a produzir etanol a partir de outros produtos. Com a entrada em funcionamento do complexo, ele vislumbra outros benefícios ao Estado, como o maior retorno de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), a geração de empregos e a diversificação da matriz produtiva. n BOM COMBUSTÍVEL O pesquisador em Melhoramento Genético de Arroz Ariano de Magalhães Júnior, da Embrapa Clima Temperado, de Pelotas (RS), enfatiza que muito pouco tem sido pesquisado sobre o arroz para outros usos que não sejam a alimentação humana. A busca por uma linhagem adequada à produção de etanol surgiu de demanda do setor, via Federarroz, de olho em novos aproveitamentos do cereal. “O arroz para a elaboração de etanol precisa atender apenas a caracteres agronômicos, onde a produtividade é o elemento principal”, explica Ariano. O amido é o componente mais presente na composição do grão (até 95% do peso seco), sendo também este o principal elemento para a produção de etanol. “Tem-se encontrado linhagens com alto potencial produtivo, que não atendem aos padrões de consumo humano, mas que podem ser plenamente utilizadas na produção de etanol”, enfatiza o pesquisador. Uma delas é a do programa de melhoramento genético de arroz irrigado da Embrapa, a AB11047. Com ciclo biológico ao redor de 126 dias no Rio Grande do Sul, da emergência à maturação, produz grãos grandes, com alto conteúdo de amido, sem arista e alta capacidade produtiva. A cultivar apresenta ainda 52 gramas de peso médio de mil sementes, enquanto a maioria dos tipos de arroz irrigado possui peso médio de 25 gramas. Com altura média das plantas de 110 cm e espessura do colmo de 5,5 mm, a AB11047 demonstra resistência ao acamamento, apesar da elevada estatura. Além disso, possui moderada resistência às principais doenças do arroz, bem como ao degrane. “Essa linhagem surge também como excelente fonte para alimentação animal ou como matéria-prima na produção de etanol”, elogia Ariano. O pesquisador esclarece que a ideia é plantar o AB11047 em no máximo 10% da área do Rio Grande do Sul, o equivalente, em termos de produção, a cerca de 1,5 milhão a 2 milhões de toneladas, exatamente o que o Estado possui de excedente de produção. “Assim, teremos valorizado o preço a ser pago ao orizicultor, pois estaremos regulando a oferta com a demanda do produto”, frisa. Ainda destaca outras possíveis aplicações da nova linhagem, como a obtenção de farinha para a produção de biscoitos, pães e massas, e na indústria de cosméticos. “Entretanto, nossa pesquisa ainda não tem feito nada além do etanol e da alimentação animal. Isto é coisa para o futuro”, prevê. 83 Sílvio Ávila Speed-oriented solutions Making ethanol from rice could turn into a profitable solution for the destination of surpluses, without affecting supply Rice is a staple food in Brazil, but could be used for other purposes. For two years now the Rio Grande do Sul State Federation of Rice Growers’ Associations (Federarroz) has been lending support to initiatives intended to give the cereal alternative uses. According to the president of the entity, Renato Rocha, the bumper crops over the past years gave rise to considerations about this possibility, besides the traditional uses for humanitarian donations, exports and animal feed. Nonetheless, the idea proved a little difficult to be accepted. “We have met strong resistance, as rice is a staple food. However, we man84 aged to demonstrate that there would be no shortage of rice on the kitchen table, since only production surpluses and inferior quality kernels were supposed to be used”, he explains. Federarroz has always been an advocate for alternative uses for rice and is acting as interlocutor in the installation of the Vinema project, collecting signatures for a protocol of intentions between the entity, the municipalities where the factories are to be based and the company itself. “We want this to become a government policy, not just a passing fad, since rice surpluses have been a recurring problem for the farmers”, he declares. For those who fear rice might disappear GOOD FUEL Inor Ag. Assmann Rice Genetic Enhancement researcher Ariano de Magalhães Júnior, of Embrapa Temperate Climate, in Pelotas (RS), emphasizes that so far very little research work has been conducted on uses for the cereal other than human consumption. The search for a strain appropriate for the production of ethanol surfaced as a result of a demand by the sector, via Fedearroz, with an eye towards new uses for the cereal. “Rice for the production of ethanol must only comply with agronomic characters, where productivity rates are a major concern”, explains Ariano. Starch is heavily present in the composition of the kernel (up to 95% of its dry weight), and it is also the major ingredient for the production of ethanol. “Cultivars have been detected with a high production potential, but do not meet the standards for human consumption, and are therefore appropriate for the production of ethanol”, the researcher emphasizes. One of them comes from the Embrapa genetic enhancement program of irrigated rice – the AB11047. With a biological cycle of about 126 days in Rio Grande do Sul, from emergence to maturation, it produces big kernels, with a high content of starch, without aristate, and high production capacity. The average weight of the cultivar is 52 grams for one thousand kernels, whilst most irrigated rice cultivars only weigh 25 grams for the same number of kernels. With an average height of 110 cm and stem thickness of 5.5 mm, the AB11047 demonstrates resistance to lodging, in spite of its significant height. Furthermore, it is moderately resistant to all major rice diseases, and to degraining. “This cultivar also turns out to be an excellent source of animal food or of raw material for the production of ethanol”, Ariano admits. The researcher clarifies that the idea is to seed only 10% of the area in Rio Grande do Sul with the AB11047, which, in terms of production, is equivalent to about 1.5 million to 2 million tons, exactly equivalent to the state’s rice surpluses. “This will lead to better farm gate prices, since it will bring supply and demand into balance”, he notes. He also highlights other possible uses of the new cultivar, like flour for making biscuits, special types of bread, pasta and applications by cosmetic industries. “Nonetheless, our research has not yet gone beyond ethanol and animal food. This is something for the future”, he predicts. from the supermarket shelves, Rocha is very positive when he states there will not be any shortages. “Our capacity is for seeding 3 million hectares. Currently, it is one million hectares. If we manage to find a destination for surpluses and low quality kernels, we will considerably improve the conditions of our rice farmers”, he insists. Rocha also stresses that the Vinema Mills will not exclusively depend on rice, they are prepared to make ethanol from other products. Once the complex starts operating, he spots additional benefits for the State, like heftier state value-added tax (ICMNS) returns, the generation of jobs and the diversification of the production matrix. n 85 TECNOLOGIA > Technology Sintonia fina Adoção da soja em rotação com o arroz em ambiente de várzea pode potencializar ganhos econômicos e agronômicos, mas traz alguns riscos A evolução das tecnologias para o cultivo de soja em várzeas, na rotação com o arroz, constitui ferramenta determinante a fim de agregar ganhos agronômicos e de renda à orizicultura gaúcha, que lidera a produção nacional. A opinião é do engenheiro agrônomo Arlei Haetinger, que cultiva 330 hectares (130 de arroz e 200 de soja) na localidade de Bexiga, em Rio Pardo (RS). O cultivo de soja em terras baixas é expediente para reduzir a presença de sementes de arroz vermelho no solo, invasora altamente competitiva com o grão branco. Ao mesmo tempo, permite aproveitar a vantagem tecnológica da alternância entre a gramínea e a leguminosa na lavoura. A soja fixa nitrogênio (N) no solo e recupera suas qualidades químicas e físicas, o que se traduz em produtividade e menor custo de produção no arroz. 86 Além da diluição de custos, o manejo e as variedades evoluíram e podem inclusive proporcionar lucro se o clima não for desfavorável e as operações foram adequadas. Por oito anos, até 2004, Arlei Haetinger fez rotação de arroz e milho em dois cortes de lavoura. Com preparo de verão, controlava o vermelho. “Na época, o residual dos herbicidas inviabilizou o sistema. Mas a tecnologia evoluiu e hoje não há mais esse problema”, salienta. “Atualmente, o milho é boa alternativa para a rotação com o arroz”. No entanto, a rotação não está livre de riscos: “É preciso ter uma condição excelente de drenagem e irrigação, escolher áreas mais altas para evitar estresse por excesso hídrico com a soja, utilizar material adaptado e plantar na época recomendada. E, claro, buscar conhecimento”, avisa. Também é fundamental manter-se atento à Robispierre Giuliani análise de solo, pois as necessidades da soja e do arroz, em termos de fertilização e de correção do solo, são muito diferentes. “O objetivo é ganhar no arroz, mas o manejo eficiente, assim como o material e a tecnologia adequados, podem levar a lucro igualmente com soja ou milho”, enfatiza. Na terceira safra de soja em rotação com o arroz, a sua expectativa é de lucro. A produtividade deve alcançar média de 40 sacos por hectare. “Já alcançamos média de 55 sacos de 60 quilos com o clima muito favorável, e visualizamos potencial para colher acima de 60, 65 sacos”, informa. Há, ainda, os ganhos decorrentes do controle de inços na lavoura arrozeira e da maior produtividade. Além disso, cresce a possibilidade de voltar a usar variedades convencionais, tendo em vista que, diante da presença do arroz vermelho, Arlei Haetinger usa preferencialmente cultivares tolerantes a herbicida (CL). O uso contínuo dessas não é recomendado, pois pode haver escape, com seleção de uma erva-daninha resistente. Em virtude desse risco, é importante ter outras tecnologias disponíveis. Em sucessão à soja e ao arroz, o produtor forma pastagens com aveia e azevém para a pecuária. Após colher o arroz, Haetinger aplaina o terreno e semeia a pastagem em plantio direto, garantindo a cobertura do solo e a renda alternativa no inverno. Em setembro, as áreas mais altas são dessecadas e cultivadas com soja, também em plantio direto. Na área em que foi colhida a soja, os drenos são revisados e ajustados, e a pastagem é formada. No final do inverno, esta é dessecada e incorporada ao solo; o corte é entaipado para, na primavera, receber a semeadura do arroz. n 87 MAIS VANTAGENS Fine tune Rice-soybean rotation in meadowland could increase considerably both economic and agronomic gains, but poses some risks Inor Ag. Assmann Com a rotação de culturas, a produtividade das lavouras de arroz de Arlei Haetinger aumentou 12%, passando de 7,5 toneladas por hectare para 8,4 toneladas por hectare, em números da safra 2010/11. Já na temporada 2011/12, avançou mais 8,3%, subindo para 9,1 toneladas por hectare. No ciclo 2012/13, a expectativa é pelo menos igualar os índices anteriores. Em termos de mercado houve outra evolução: se há condições de semear o arroz no cedo, e colher também antecipadamente, o produtor pode aproveitar preços mais altos entre o final da entressafra e o início da colheita a fim de comercializar 20% da sua produção, montante que excede sua capacidade de armazenagem. “Em geral, vende-se a soja no primeiro semestre, às vezes com contrato antecipado, e o arroz mais para o final do ano, estratégia que permite obter melhores preços e fazer uma média boa”, explica. Ever more sophisticated MORE ADVANTAGES With crop rotation, Arlei Haetinger managed to increase his rice field yields by 12%, from 7.5 tons per hectare to 8.4 tons, in the 2010/11 crop year. In 2011/12, there was another 8.3-percent increase to 9.1 tons per hectare. In the 2012/13 cycle the expectation is for matching the previous years’ productivity rates. In market terms there was another evolution: if conditions are favorable for early rice seeding, with consequent early harvest, farmers can take advantage of better prices from the end of the off-season period to the beginning of the new crop, trading 20% of their crop, an amount that usually exceeds their warehousing capacity. “In general, soybean is sold in the first half of the year, sometimes through the anticipated contract system, whilst the rice is sold towards the end of the year, a strategy that leads to better average prices”, he explains. 88 technologies for the cultivation of soybean in meadowlands, in rotation with rice, constitute an important tool for the aggregation of agronomic gains and income to rice farming operations in Rio Grande do Sul, now leading the national crop. This is the opinion of agronomic engineer Arlei Haetinger, who cultivates 330 hectares (130 of soybean and 200 of rice) in Bexiga, municipality of Rio Pardo (RS). Soybean cultivation in lowlands constitutes a manner of reducing the presence of red rice seed in soil, a weed that strongly competes with white rice. In the meantime, the system benefits from the technological advantage in alternating the cereal grass with the leguminous plant. Soybeans are considered nitrogen-fixating legumes and recover the physical and chemical properties of soil, which translates into higher yields and smaller rice production costs. Besides diluting the costs, management and varieties have improved and could even yield profits if climate conditions and operations are favorable and appropriate. For eight years, up to 2004, Arlei Haetinger rotated maize and Inor Ag. Assmann rice in two field stretches. With the summer crop, he kept red rice under control. “At that time, herbicide residues turned the system unviable. But technology improved and the problem no longer exists”, he explains. “Nowadays, maize is a good alternative for rotation with rice”. Nonetheless, rotation schemes are not entirely risk free: “An excellent drainage and irrigating structure is needed, higher land is preferred if the soybean crop is to be protected against possible water stress, besides the use of adapted cultivars, with seeding carried out at the recommended period. And, of course, knowledge is needed”, he warns. Another fundamental precaution is soil analysis, since rice and soybean differ in terms of fertilization and soil correction. “The aim is to make profits from rice, but efficient management, as well as appropriate cultivars and technology, could bring in profits from soybean or maize”, he emphasizes. In the third soybean crop in rotation with rice, his expectation is for profits. Productivity rates are supposed to reach an average of 40 sacks per hectare. “Under very favorable climate conditions, we have already harvested an average of 55 sixty-kilo sacks, and we are spotting a potential for harvesting from 60 to 65 sacks per hectare”, he says. Furthermore, there are gains derived from efficient weed control in rice fields and higher productivity rates. Likewise, there are now bigger chances for going back to traditional rice cultivars, seeing that, in light of the presence of red rice, Arlei Haetinger prefers to seed cultivars tolerant to herbicide (CL). Continued use of these varieties is not recommended, since they may run out of control, giving rise to a herbicide resistant weed. By virtue of this risk, it is important to have other technologies available. In succession to soybean and rice, the farmer establishes pastures with oats and perennial ryegrass. After harvesting the rice, Haetinger levels the soil and seeds the pasture in the no-till system, ensuring soil coverage and alternative income in the winter. In September, the higher areas are desiccated and cultivated with soybean, water drainage is revised and adjusted, and the pasture is established. At winter’s end, it is desiccated and incorporated into the soil; the stretch of land is then walled in for the rice seeding operation in spring. n 89 Um casamento promissor Plantio da soja após o arroz eleva a produtividade do cereal e diminui a incidência de plantas invasoras na lavoura, entre elas o arroz vermelho A rotação de culturas, uma das ações recomendadas pelos técnicos para combate ao arroz vermelho nas lavouras, registra incremento no número de adeptos no Rio Grande do Sul. Pela valorização crescente no mercado, a soja tem sido a opção preferida dos agricultores gaúchos. Acompanhamento realizado pelo Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga) comprova a ampliação no plantio da oleaginosa em áreas de várzea. Na safra 2010/11, foram implantados apenas 66 mil hectares, que passaram para 182 mil hectares na temporada 2011/12 e saltaram para 262 mil hectares no ciclo 2012/13. Isso corresponde a 25% do total semeado com o grão no Estado. Com as vantagens apresentadas pelo uso da soja em sucessão ao arroz, o tema tem sido recorrente entre as instituições de pesquisa. O Irga trabalha ininterruptamente nessa linha desde 2004. Um dos resultados práticos dessa ação está no lançamento da primeira cultivar da oleaginosa destinada ao cultivo em áreas de várzea, com maior tolerância ao estresse hídrico e boa resistência a doenças radiculares. A TEC Irga 6070RR foi desenvolvida em convênio com a CCGL Tecnologia. Conforme o pesquisador Anderson Vedelago, do Irga, os orizicultores sempre tiveram visão de que a soja seria uma cultura secundária. Além disso, o desconhecimento quanto ao manejo da lavoura fazia com que eles sofressem muitas perdas. “É uma questão cultural, pois o arroz é menos instável do que a oleaginosa, que sofre com o déficit ou o excesso hídrico”, enfatiza. O aumento da área com soja nas várzeas é a prova de que os agricultores estão assimilando as vantagens da rotação. Vedelago lembra que, pela ocorrência de casos de resistência aos herbicidas da tecnologia Clearfield, sistema que representa mais da metade do total plantado de arroz no Rio Grande do Sul, é importante o uso da oleaginosa. “Ela entra com outro produto químico, que quebra o ciclo das invasoras”, esclarece. Para o pesquisador do Irga, existe grande potencial para ampliação das lavouras de soja no Estado, sem que ocorra diminuição na área de 90 arroz. “Há três milhões de hectares com estrutura de irrigação e drenagem para arroz no Rio Grande do Sul, mas somente são utilizados um pouco mais de um milhão de hectares”, observa. Isso ocorre, segundo Anderson Vedelago, em virtude da falta de água e da grande infestação de plantas daninhas. O desempenho positivo da soja em área de várzea, avisa o pesquisador, depende de um bom sistema de drenagem. Nessa concepção se insere a técnica de plantio em microcamalhão, que permite o cultivo em locais alagados, sem encharcar as raízes das plantas. O Irga, junto com a Industrial KF, lançou uma semeadora para essa finalidade. A calagem e a adubação das lavouras também constituem providências importantes a serem adotadas para obtenção de melhor resultado. Estudos revelam, por exemplo, que há deficiência de fósforo nos solos gaúchos. n O RITMO IDEAL Outra instituição que tem se dedicado aos estudos com o plantio de soja em várzea é a Embrapa Clima Temperado, com sede em Pelotas (RS). Conforme o pesquisador da unidade, Giovani Theisen, foram testados vários sistemas de rotação. Os que apresentaram melhores resultados foram de dois anos para cada cultura, ou a sequência de dois de arroz, um de pecuária e dois de soja. “Se fosse um ano para cada lavoura, o custo seria maior”, salienta. “Na saída do arroz, o solo precisaria ser preparado para receber a soja. E quando a oleaginosa fosse colhida, as taipas teriam que ser refeitas para novamente o cereal ser plantado”, enfatiza. Com relação à produtividade na lavoura de soja em várzea, Theisen explica que ocorre queda média de 20%, no comparativo com o cultivo em áreas de planalto. “Em compensação, o aumento no rendimento do arroz semeado na sequência pode chegar a 20%”, comenta. Esse resultado é alcançado graças à fixação do nitrogênio no solo, liberado pela oleaginosa, e à menor infestação de plantas daninhas. 91 Crop rotation, a move Robispierre Giuliani recommended by most technicians for combating red rice infestations, is now a rising trend in Rio Grande do Sul. Highly valued in the market, soybean has become a crop of choice for southern farmers. A survey conducted by the Rio Grande do Sul State Rice Institute (Irga) attest to ever-increasing soybean fields in meadowland regions. In the 2010/11 crop year, only 66 thousand hectares were established, which jumped to 182 thousand hectares in 2011/12 and to 262 thousand in the 2012/13 cycle. It corresponds to 25% of all soybean fields in the State. As a result of the advantages derived from the soybean in succession to rice, the theme is now constantly addressed by research institutions. Irga has been involved with the subject since 2004. One of the practical results of these initiatives is the launch of the first oilseed cultivar destined for meadowlands, with higher tolerance to water stress TEC Irga 6070RR is a cultivar that was developed jointly with CCGL Tecnologia. According to researcher Anderson Vedelago, of Irga, rice growers had always viewed soybean as a secondary crop. Moreover, the lack of knowledge regarding cultural and management practices resulted into huge losses. “It is a cultural question, as rice is less unstable than soybeans, a crop that is greatly affected by both dry conditions and excessive precipitation”, he notes. A promising marriage Sowing soybeans after rice translates into higher productivity rates and lower incidence of such invasive plants as red rice 92 The ever-increasing areas devoted to soybeans in meadowland regions attests to the fact that farmers have been assimilating the advantages derived from rotation systems. Vedelago recalls that, because of the occurrence of resistance to the herbicides of the Clearfield technology, system that accounts for more than half of all rice plantations in Rio Grande do Sul, switching to soybean is very important. “It requires other chemical treatments, and they cut the cycle of the invasive plants”, he clarifies. The Irga researcher understands that there is great potential for expanding the soybean plantations throughout the State, without necessarily reducing the area devoted to rice. “There are three million hectares with viable irrigation and drainage systems in Rio Grande do Sul, but just one million hectares are being used”, he observes. This happens, according to Anderson Vedelago, by virtue of water deficiencies and overwhelming weed infestation. The positive performance of soybean in meadowlands, the researcher warns, depends on efficient drainage systems. The microridge planting system falls into this concept, whereby flooded areas can be cultivated, without affecting the root systems of the crops. Irga, jointly with Industrial KF, launched a seeder for this purpose. Lime and fertilizer applications are also important practices to be adopted if good results are to be obtained. Studies have revealed that the soil in Rio Grande do Sul is deficient in phosphorus. n THE IDEAL RHYTHM Another institution that has conducted studies on meadowland soybean plantations is Embrapa Temperate Climate, based in Pelotas (RS). According to the researcher of the entity, Giovani Theisen, several rotation systems have been tested. The best results point to two years for each crop, or the succession of two years of rice fields, followed by one year of livestock operations and two years of soybean crops. “A one-year system for each crop would result into much higher costs”, he explains. “At the end of a rice crop, the soil would have to be prepared for soybeans. And after harvesting the soybeans, the rice field mud walls would have to be raised again”, he clarifies. With regard to meadowland soybean productivity, Theisen explains that it decreases by 20%, on average, compared to highland cultivations. “On the other hand, the rice yields in the sequence normally soar 20%”, he comments. This result stems from nitrogen fixation in soil, liberated by the oilseed, along with milder weed infestations. 93 Inor Ag. Assmann Um novo colega Estudos comprovam o bom rendimento do milho plantado em sucessão ao arroz nas áreas de várzea, desde que se realize o manejo adequado Enquanto a soja amplia anualmente sua participação nas áreas baixas, o uso do milho em rotação com o arroz ainda está engatinhando. A considerar está o fato de a gramínea ser muito mais sensível ao estresse hídrico do que a oleaginosa. No entanto, a opção não deixa de ser considerada interessante, pelo valor comercial do grão e diante do abastecimento insuficiente no Rio Grande do Sul. No Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga) o projeto de plantio de milho na várzea teve início em fevereiro de 2012. “Enxergamos o grão como mais um instrumento de controle do arroz vermelho”, enfatiza Rodrigo Schoenfeld, pesquisador da instituição. Ele defende que a cultura se adaptaria muito bem na Depressão Central, região dominada por pequenas propriedades. “Poderá ser consumido no local ou até vendido”, ressalta. 94 Com o resultado de estudos anteriores em mãos, o pesquisador do Irga concluiu que o sucesso do plantio de milho na várzea depende da solução de duas questões básicas: o estresse hídrico e a dificuldade de controle de pragas, principalmente da lagarta do cartucho. Conforme Schoenfeld, o primeiro problema se resolveria com o uso do microcamalhão, enquanto o segundo pode ser combatido com a utilização das sementes transgênicas, disponíveis no mercado. No primeiro ano, o Irga conduziu o projeto com a semeadura de quatro híbridos comerciais, em duas épocas (setembro, considerada preferencial, e novembro, mais tardia), com irrigação por aspersão e por sulcos e também sem a adoção desse manejo. Os experimentos foram instalados em Cachoeira do Sul, Cachoeirinha e Santa Vitória do Palmar, e as unidades de observação em Restinga Seca, Agudo e Camaquã. O foco do Irga no primeiro ano da pesquisa acabou sendo atin- BOM RESULTADO Inor Ag. Assmann A Embrapa Clima Temperado, sediada em Pelotas (RS), também está conduzindo estudos com o plantio de milho em várzea, há seis safras consecutivas. Conforme o pesquisador Giovane Theisen, o principal problema é que a incidência de lagartas na gramínea é muito grande. “É comum realizar até quatro aplicações de inseticidas. O uso dos novos materiais, no entanto, tem reduzido a pressão das pragas”, destaca. Os resultados obtidos com os experimentos são bastante animadores. Segundo o pesquisador, em lavouras de milho com uso de irrigação por aspersão chegou-se a produtividade de 180 sacos por hectare, considerada uma média alta. Já no plantio direto em várzea, com camalhões de base larga, obteve-se em torno de 90 sacos/ha. “Isso em uma região que tem média de 40 sacos e com uso de um pacote mediano de tecnologia”, comemora. Theisen alerta que o produtor precisa fazer a drenagem da lavoura, pois o milho não suporta o encharcamento, assim como é mais sensível do que a soja na questão da falta de água. O pesquisador considera como uma grande vantagem o fato de os herbicidas recomendados para a gramínea serem diferentes dos disponíveis para o arroz. “A rotação de produtos acaba sendo essencial para o manejo das plantas daninhas”, enfatiza. gido. “Queríamos ter a certeza da viabilidade do plantio de um milho de alta produtividade em área de várzea”, explica Schoenfeld. Os resultados parciais mostraram que a lavoura instalada em Cachoeirinha, onde fica a estação experimental da instituição, teve rendimento médio de 10 toneladas por hectare. “O microcamalhão se mostrou interessante como solução ao estresse hídrico. Choveu bastante e, mesmo assim, não houve problema”, enfatiza. No segundo ano do projeto, as atenções voltaram-se para o controle de plantas daninhas, com a opção de uso do glifosato combinado com um herbicida pré-emergente. “Com esses produtos, a área fica mais limpa para receber o arroz depois”, conclui. O manejo de irrigação, a obtenção de materiais melhor adaptados às condições de várzea e a viabilidade econômica do cultivo também serão enfocados nos estudos do Irga. n 95 Inor Ag. Assmann A new colleague Studies attest to the good corn yields in rotation with rice in meadowlands, provided appropriate management is adopted 96 While soybeans are increasingly migrating to lowlands, the use of corn in rotation with rice is still at a fledgling stage. The fact to be taken into consideration is that corn is much more susceptible to water stress than the oilseed. Nonetheless, the option is rather enticing in view of the commercial value of corn and by virtue of deficient supply in Rio Grande do Sul. At the Rio Grande do Sul State Rice Institute (Irga) the meadowland corn project started in February 2012. “We look at the kernel as just one more tool in combat against red rice”, comments Rodrigo Schoenfeld, researcher with the institution. He understands that the crop would fit perfectly into the Central Depression, region where small-scale farms predominate. “The corn could be destined for local use or shipped to other regions”, he notes. With the result of previous studies on hand, the Irga researcher concluded that the success of corn cultivations in meadowlands depends on two basic questions: water stress and the difficulty in keeping the pests under control, particularly the armyworm. According to Schoenfeld, the first problem could be solved through the use of micro-ridges, and the second, with the use of transgenic seed, now available in the market. In the first year, Irga conducted the project with four commercial hybrids, in two different periods (September, considered to be ideal, and November, later period), with the use of sprinkle irrigation and furrow irrigation and, sometimes, with no irrigation at all. The trial crops were established in Cachoeira do Sul, Cachoeirinha and Santa Vitória do Palmar, and the observation units, in Restinga Seca, Agudo and Camaquã. The Irga target happened to be achieved in the first year. “We wanted to be sure about the viability of growing highly productive corn in wetland areas”, Schoenfeld explains. The partial results of the trial field in Cachoeirinha, home to the experimental station of the institution, yielded 10 tons per hectare. “The micro-ridge proved to be a good solution to water stress. There was heavy precipitation and, even so, there were no problems”, he emphasizes. In the second year of the project, efforts were geared towards weed control, with the option to apply glyphosate in combination with a pre-emergent herbicide. “Such applications leave the area clean for the rice crop that comes in the sequence”, he concluded. Irrigation management, the acquisition of cultivars better adapted to meadowland conditions, and the economic viability of the crop are also on the agenda of studies being conducted by Irga. n GOOD RESULT Embrapa Temperate Climate, based in Pelotas (RS), has been conducting studies on wetland corn crops for six seasons in a row. According to researcher Giovane Theisen, the main problem is that the incidence of armyworm outbreaks is very serious. “Up to four chemical applications are common practice. Nonetheless, the use of new cultivars has reduced the pressure coming from the pests”, he explains. The results obtained from the experiments are rather encouraging. The researcher refers to corn fields, under the sprinkling irrigation system, which yielded up to 180 sacks of corn per hectare, viewed as a very high average. With regard to no-till plantings in wetlands, with broad-based ridges, the result was 90 sacks per hectare. “In a region where 40 sacks per hectare are harvested under normal conditions, and with the use of a medium technology package “, he happily comments. Theisen warns the farmers about the need to good drainage systems, because corn does not withstand soaking conditions and, likewise, it is also more susceptible to drought conditions, compared to soybeans. The researcher spots great advantages in the fact that corn requires different herbicides than the ones used for rice. “Crop rotation turns out to be an essential factor for the management of weeds”, he concludes. 97 Inor Ag. Assmann Não é o fim da picada Rotação de culturas e sistemas de produção delineiam o bom futuro da lavoura de arroz em Picada do Rio, no município de Agudo (RS) A lavoura de Jair Buske, no município de Agudo (RS), é um verdadeiro laboratório a céu aberto. Em sua propriedade, situada na localidade de Picada do Rio, uma das microrregiões com melhor desempenho na atividade arrozeira em todo o Estado, três dos 67 hectares são dedicados a experimentos tecnológicos de sete empresas de insumos e institutos de pesquisas. Visam maior produtividade e maior qualidade nas culturas de arroz ou de rotação, nos diversos sistemas de produção, e têm por meta a ampliação da renda familiar. A rotação foi adotada há seis anos na área. Buske cultiva arroz em sistema pré-germinado com cultivares da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), em 98 65 hectares, com média de 10,2 mil quilos por hectare no ciclo 2011/12, resultado que deve ser mantido na temporada 2012/13. Planta também milho, em quatro hectares, e faz a sucessão das culturas de verão com safrinha de soja e, no inverno, trigo e serradela. A soja igualmente é cultivada no verão. “Claro que há perdas e ganhos”, informa. “Nem todas as tecnologias tiveram êxito completo. Mas houve ganho produtivo no arroz, redução de custos, pela fixação de Nitrogênio (N); melhoria do solo com cobertura de inverno e incorporação da palha, e aprendizado em conservação e no manejo”, enumera. A meta é usar rotação cultural em 20% da lavoura. “A área anual será determinada por fatores agronômicos, econômicos e climáticos”, destaca. O emprego de culturas alternativas em terras de arroz busca um sistema de produção mais eficiente nos aspectos agronômico, econômico e ambiental. São três as razões para isso: controlar a infestação de arroz vermelho e eliminar seu banco de sementes do solo; viabilizar a adoção de sistemas alternativos ao pré-germinado (evitando a seleção de invasoras e a saturação do terreno) e de variedades mais produtivas; e agregar ganhos à lavoura de arroz através da melhoria do solo, do aproveitamento da infraestrutura no inverno, da diluição dos custos e da comercialização dos grãos obtidos com estas culturas. O objetivo principal está sendo alcançado. Análise do Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga) confirmou a redução de 80 para zero a uma na semente viável de arroz vermelho na profundidade de até 10 centímetros de solo, após o cultivo de primeiro ano da soja na várzea. Conforme Buske, o cultivo de trigo, milho, soja e serradela mudou o seu perfil de produtor. Até então, os 67 hectares da lavoura de arroz ficavam parados de março a setembro, com o solo descoberto e aumentando o banco de sementes de invasoras. “Agora, utilizo melhor o maquinário, a mão de obra e o solo, que não fica exposto, e ainda quebro o ciclo de pragas, doenças e invasoras, reduzindo o potencial de ervas-daninhas para a safra seguinte, o que contribui para maior produtividade no arroz”, descreve. “Diluo o custo de produção com o residual de fertilização do inverno nas culturas de verão, e vice-versa; aproveito a palhada e garanto renda extra. Se o inverno cobrir os custos, garante o ganho no arroz”. n 99 APOIO It is not the last straw Crop rotation and production systems dictate the good future of the rice farming operations in Picada do Rio, municipality of Agudo (RS) Inor Ag. Assmann O agricultor Jair Buske alerta para alguns cuidados necessários na inclusão de novas culturas em terras de arroz. “O apoio técnico é vital, pois a interpretação da análise de solo para milho, soja, arroz e trigo, e o manejo de cada uma delas, são bem diferentes”, assinala. “Na soja, calagem e subsolagem são fundamentais, mas o arroz as dispensa”, ilustra. E recomenda: “A área não deve ser grande e deve ser mais alta, o que favorece as culturas implantadas”. O clima exigirá o perfeito dimensionamento de irrigação e drenagem. “Pode chover 300 milímetros em 10, 15 dias, e ocorrer estiagem de 20 a 25 dias”, lembra. Assim, é vital escoar rapidamente o excesso de água, bem como irrigar quando houver estiagem a fim de manter a produtividade. O uso de variedades mais adaptadas à várzea é recomendado em todas as culturas. “Na comercialização também se ganha. Dificilmente trigo, soja, milho e arroz estarão, ao mesmo tempo, com preços baixos”, refere. Até o momento, computando mais ganhos do que perdas, Buske segue firme no rumo da diversificação. “É um caminho sem volta”, sentencia. SUPPORT Farmer Jair Buske reminds us of the need for some precautions when it comes to including new crops in rice farming lands. “Technical support is of vital importance, once the interpretation of soil analysis for corn, soybean, rice and wheat crops differs a lot, and they all require different management practices”, he notes. “Lime application and subsoiling are fundamental requisites for soybean fields, but they are not needed for rice”, he illustrates. And he recommends: “The planted area should not be big but should stand on higher ground, which favors the crops that are established”. Climate conditions will require a perfect use of irrigation and drainage systems. Rains could amount to 300 mm in 10 to 15 days, whilst drought conditions could set in over a period of 20 to 25 days”, he recalls. This makes it of vital importance to rapidly drain the rain waters, as well as start irrigating under drought conditions, if steady productivity rates are to be obtained. The use of varieties adapted to meadowland conditions is recommended for any crop that is grown. “Sales gains are also on the agenda. It would be a rare coincidence if wheat, soybeans and rice were at the same time traded for lower-than-expected prices”, he notes. Having so far realized more gains than losses, Buske is firmly heading toward diversification. “It is a road of no return”, he states. 100 Jair Buske’s rice field, in the municipality of Agudo (RS), is a real laboratory in the open. On his farm, located in the vicinity of Picada do Rio, one of the micro-regions that stands out for its excellent performance in rice growing operations throughout the entire State, three of his 67 hectares are devoted to technology-oriented trials run by seven agriculture input companies and research institutions. The aim is to come up with more productive cultivars, quality rice and better rotation systems, in the several production systems, with the ultimate target of expanding family income. Rotation was introduced in the area six years ago. Buske sows pre-germinated seed supplied by the Santa Catarina State Rural Extension and Agriculture Research Corporation (Epagri), in 65 hectares, and in the 2011/12 crop he harvested 10.2 thousand kilos per hectare, on average, a result that he expects to match again in 2012/13. He also devotes 4 hectares to corn, and rotates the summer crop with a winter soybean crop, and in the winter, wheat Inor Ag. Assmann and serradella. Soybean is also cultivated in summer. “Of course, there are losses and gains”, he admits. “Not all technologies were successful. But there were gains in rice, cost reductions and nitrogen fixation (N); soil improvement stemming from winter cover crops and from the incorporation of mulch, and more knowledge was acquired from conservation and management practices”, he cites. The target is to resort to cultural rotation in 20% of the entire farm. “The annual area is to be determined by agronomic, economic and climatic factors”, he explains. The use of alternative crops in rice faming lands is aimed at coming up with a more efficient system as far as agronomic, economic and environmental aspects are concerned. There are three reasons for this: to keep red rice infestations under control and eliminate its residual seed in soil; to make it viable to use other than pre-germinated systems (thus avoiding weed selection and soil saturation) whilst resorting to more productive varieties; and add value to the rice fields through soil improvement practices, making good use of the infrastructure in winter time, cost reduction and trading the grains obtained from these crops. The main objective is being achieved. An analysis by the Rio Grande do Sul Rice Institute (Irga) has confirmed the reduction from 80 to zero to a viable red rice seed at a depth of 10 cm, after the first cultivation of soybean in the meadowland. According to Buske, wheat, corn, soybean and serradella crops have changed his profile as farmer. Up to that time, his 67 hectares of land remained barren March through September, with no soil cover crop, paving the way for red rice seed to develop. “Now, I am using my machinery in a better way, and the same goes for labor and soil, which is no longer exposed and, on the side, I am breaking the cycle of pests, diseases and weeds, reducing the potential of the weeds for the next crop, which contributes towards better rice yields”, he describes. “I dilute the production cost with the summer crops taking advantage of winter crops fertilizer residues, and vice-versa; I use the mulch and guarantee extra income. If winter crops cover the costs, it ensures gains in rice”. n 101 Inor Ag. Assmann Uma fórmula muito simples A necessidade de encontrar saídas para as limitações produtivas faz Jair Buske investir em tecnologias modernas, visando novos resultados A rotação de culturas chegou com o milho há seis anos nas lavouras de Jair Buske, na localidade de Picada do Rio, em Agudo (RS). Era uma solução providencial: o solo argiloso vira atoleiro após dois ou três anos em uso contínuo do sistema pré-germinado, impedindo o ingresso de máquinas na área. O método também seleciona pragas e invasoras resistentes, especialmente plantas aquáticas. E o banco de sementes de arroz vermelho se mantém pronto para emergir quando outro sistema de condução da lavoura é adotado. Para utilizar sistema alternativo e variedades mais produtivas é necessário eliminar as invasoras. O manejo de soja, milho e trigo usa herbicidas que promovem o controle de 102 ervas-daninhas, como arroz vermelho, eliminando o banco de sementes da primeira camada de solo. A alteração, que já garante ganhos para a cultura do arroz, ainda pode gerar boa renda. Nas duas últimas colheitas de Buske, o milho teve média de 177,5 sacos de 60 quilos por hectare, ao custo de produção de 76 sacos/ha. Num ano foi preciso irrigar a lavoura; no outro, houve excesso de chuva. Com clima normal, o desempenho pode ser ainda melhor. “É fundamental escolher as melhores áreas para cultivos do seco e dimensionar bem os sistemas de irrigação e drenagem e os materiais utilizados”, avisa o agricultor. Na parte em que foi usada na temporada 2012/13, a microcamalhoeira mostrou resultado, pois nesta área as plantas tiveram bom estabelecimento inicial, apesar do excesso de chuvas ALTA ROTAÇÃO A serradela, leguminosa que suporta bem o alagamento e fixa até 100 quilos de nitrogênio (N) por hectare, entra na sucessão ao arroz, no inverno, pois melhora a qualidade química e física do solo e reduz o custo de produção do arroz em adubação de base. A soja foi adotada há dois anos, com bons resultados. “Sai o milho e entram a soja e o trigo, com variedades modernas, resistentes e manejo adequado, para dar bom resultado”, explica. “Esta área fica pronta para voltar com soja ou milho em plantio direto, logo após a dessecação da soca e da incorporação da palha, que se transforma em matéria orgânica, melhora a estrutura do solo e mantém a umidade”. Na safra 2012/13, Jair Buske inovou ainda mais com uma safrinha de soja em dois hectares: ele semeou milho no dia 5 de setembro e colheu, com alta produtividade, em 1º de fevereiro. Então ingressou com uma safrinha de soja. Quando retirar a oleaginosa, em maio, cultivará trigo, no inverno; na primavera/verão, irá preparar a lavoura de soja nesta mesma área. “Após, volta o trigo no inverno e o arroz na primavera/verão, em outro sistema de cultivo e com variedades mais produtivas”, afirma. Para Buske, com a evolução do manejo e as variedades, este modelo será vital a fim de garantir a sustentabilidade dos sistemas de produção em várzea. na emergência. A venda do milho cultivado no cedo permitiu comprar peças para a colheitadeira, pagar o óleo diesel e arcar com custos de colheita. E sobrou o suficiente para o uso na propriedade. “Em outros tempos, teria vendido arroz para pagar as despesas”, reconhece Buske. Nesta rotação, é inusitada a presença do trigo, cultivado por dois anos; depois de algum tempo, voltará em 2013. A média produtiva nos dois anos chegou a 25,5 sacos de 60 quilos por hectare. Permitiu pagar os custos e ainda acrescentou ganho residual em adubação e na proteção do solo. “O clima não ajudou. Com a evolução do manejo, dá para colher entre 40 e 45 sacos por hectare, o que compensaria muito”, assinala. n PRODUÇÃO > production O esquema de produção de Jair Buske Semeadura Cultura Cultura setembro fevereiro maiosetembro maiosetembro milho soja safrinha trigo soja trigo arroz arroz serradela arrozserradela arroz Fonte: Jair Buske 103 Robispierre Giuliani 104 A very simple formula The need to find a way out of the productive limitations induces Jair Buske to invest in modern technologies, with an eye towards new results Crop rotation arrived at Jair Buske’s farm with corn, six years ago, in the district of Picada do Rio, in Agudo (RS). It came as a timely solution: the clayey soil turns into a quagmire after two or three years under the pre-germination system, preventing any machines from entering the field. The method also selects pests and resistant weeds, especially aquatic plants. And the underground red rice seed is always ready to emerge as soon as another field management system is introduced. If an alternative system is to be used, along with more productive varieties, there is need to eliminate the invasive plants. Soybean, corn and wheat management practices involve herbicides that keep control over the weeds, like red rice, eliminating the seeds from the first layer of soil. The alteration, which ensures gains to rice farming, is also likely to generate good income. In the two past harvests, Buske reached an average of 177.5 sixty- kilo sacks per hectare, with a production cost equivalent to 76 sacks/ ha. In one of those years, irrigation was needed; in the other, there was excessive precipitation. Under normal climate conditions, performance could go up. “It is of fundamental importance to choose the best areas for dryland cultivations and adjust all irrigation and drainage systems, without overlooking the cultivars that are grown”, he warns. In the portion of the area where it was used in 2012/13, the microridging system showed good results, and in that area the plants got off to a good start, in spite of excessive rainfall at the emergence stage. Sales of early planted corn yielded enough Money to buy parts for the harvester, pay for the diesel oil and cover all harvest costs. And there was still enough to be used on the farm. “In other times, I would have been forced to sell rice to pay for the expenses”, Buske acknowledges. In this rotation scheme, wheat is very rarely cultivated for two years; after some time, it will be back in 2013. The average productivity rates over the two years reached 25.5 sixty-kilo sacks per hectare. It was enough to pay for the costs, and it added residual gains in the form of fertilizers and soil protection. “The climate was no help. With improved management, it is possible to harvest from 40 to 45 sacks per hectare, which would be very compensating”, he notes. n HIGH ROTATION Serradella, a leguminous plant that withstands quagmire conditions and fixes up to 100 kilos of nitrogen (N) per hectare, rotates with rice in winter, as it enhances the chemical and physical properties of soil and reduces the production costs of rice crops through base fertilization. Soybean was introduced two years ago, with good results. “Corn exits, while soybean and wheat come in, with modern and resistant varieties, along with appropriate management practices for good results”, he explains. “This area is ready for the return of soybean and corn in no-till plantings, soon after the soybean has been desiccated and mulch incorporated, which then turn into organic matter, enhancing the structure of soil and keeping it moist”. In the 2012/13 crop, Jair Buske innovated even further with a winter soybean crop of two hectares: he sowed corn on 5th September and harvested a highly productive crop on 1st February. Then he came in with a winter soybean crop. In May, after harvesting the crop, he will sow wheat in the winter; as soon as spring/summer arrives, he will prepare the same field for soybean. “Afterwards, wheat comes back in winter and rice in spring/Summer, under a different cultivation system and with more productive varieties”, he says. In Buske’s view, with the evolution of management practices and varieties, this model is vital if the meadowland production systems are to remain sustainable. 105 Sílvio Ávila Brincando com fogo Agricultores gaúchos estão deixando de lado recomendações técnicas de controle do arroz vermelho e infestação das lavouras volta a preocupar O arroz vermelho é a invasora que mais atemoriza os produtores. Por meio da competição com a planta cultivada, a espécie é capaz de reduzir drasticamente o potencial produtivo nas áreas infestadas. Para combater o problema, os agricultores são orientados a usar a tecnologia Clearfield, introduzida no Brasil em 2002, combinada com outras técnicas de controle. As medidas recomendadas vinham surtindo o efeito desejado, com controle eficaz da contaminação em lavouras gaúchas. A negligência de alguns orizicultores, no entanto, está fazendo com que a situação volte a preocupar. Levantamento do Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga), referente às últimas cinco safras, mostra que o arroz vermelho está presente em todos os municípios produtores no Estado, em vários graus de infestação. O pesquisador do Irga, Augusto Kalsing, revela que em torno de 106 55% da área com arroz no Rio Grande do Sul é cultivada com a tecnologia Clearfield, o que equivale a 600 mil hectares. “Em torno de 40% do total plantado com as variedades recomendadas apresentam biotipos de arroz vermelho resistentes aos herbicidas do grupo das imidazolinonas, considerados eficazes no controle”, explica. A criação de resistência ao produto químico acontece, conforme Kalsing, quando os produtores não seguem as orientações técnicas para condução da lavoura. Uma das práticas mais prejudiciais é o uso contínuo da mesma área no plantio de arroz, o que favorece a seleção da planta daninha. Para evitar que isso ocorra, é recomendada a rotação de culturas, com soja, milho ou pastagem, ou orienta-se manter a terra em pousio durante duas safras. Outras ações importantes, que devem ser observadas, são a aplicação do herbicida na dose recomendada até a emergência Playing with fire Farmers in Rio Grande do Sul are leaving aside technical recommendations for keeping red rice under control and infestations are beginning to cause concern Red rice is the invasive da quarta folha do pé e a irrigação da lavoura na sequência. O uso de sementes certificadas também é considerado primordial para o controle eficaz da planta daninha. “O arroz vermelho só é combatido quando o agricultor utiliza todas as medidas disponíveis. Uma só não adianta”, alerta Kalsing. De acordo com o pesquisador do Irga, uma lavoura é classificada como de baixa infestação quando apresenta uma planta de arroz vermelho por metro quadrado, o que já pode fazer com que haja perda de 10% a 20% na produtividade. Quando as áreas apresentam cerca de cinco plantas por metro quadrado, são consideradas de média contaminação, com perda de 30% a 40% do potencial produtivo. Os prejuízos nos locais de alta infestação, com mais de 10 plantas por metro quadrado, podem atingir entre 70% e 80%. n plant that farmers fear the most. By competing with the regular crop, the pest has the potential to drastically reduce the production volume in infested areas. To fight the problem, the farmers are advised to resort to the Clearfield technology, introduced in Brazil in 2002, in combination with other control techniques. All the recommended measures were yielding the desired results, with effective control in the South. However, some reckless farmers are responsible for a situation that is beginning to cause great concern. A Survey by the Rio Grande do Sul State Rice Institute (Irga), covering the past five crops, shows that red rice is present in almost all municipalities where rice is grown in the State, in different degrees of infestation. Irga researcher Augusto Kalsing reveals that around 55% of the area devoted to rice in Rio Grande do Sul is cultivated under the principles of the Clearfield technology, equivalent to 600 hundred thousand hectares., “About 40% of the area seeded with the recommended varieties present biotypes of red rice resistant to herbicides of the imidazolinones group, considered to exert efficient control”, he explains. According to Kalsing, resistance to chemical products develops when the farmers disregard the technical recommendations for conducting their fields. One of the most harmful decisions is to stick to the same area for the rice fields, a reality that favors the selection of the weed. To prevent this from happening, crop rotation is recommended, with soybean, corn and pasture or, the land should remain idle over a period of two seasons. Other relevant initiatives recommended to the farmers include the application of the correct dosage of herbicides until the fourth leaf of the stalk emerges, followed by irrigation in the sequence. The use of certified seed is also viewed as a primordial need for keeping control over the weed. Red rice is only kept under control if the farmers make use of all available measures. Only one measure is not enough”, he warns. According to the Irga researcher, a field is classified as lowly infested when there is one red rice plant in an area of a square meter, which could be enough to cause productivity losses from 10% to 20%. When the proportion is five plants per square meter, the field is considered to be medium infested, with losses from 30% to 40% of the production potential. Losses in densely infested fields, with more than 10 plants per square meter, could be as high as 70% or 80%. n 107 Sílvio Ávila INDÚSTRIA > Industry O dono do cardápio Arroz parboilizado, que passa por processo de pré-cozimento, ganha espaço no mercado interno e também nas exportações brasileiras do cereal As vantagens nutricionais do arroz parboilizado têm provocado aumento no consumo interno do produto, em detrimento do tipo branco, antes o preferido dos brasileiros, principalmente em função da sua coloração. O mesmo fenômeno pode ser verificado nas exportações do grão nacional, que, além do incremento registrado nas últimas safras, contam com a participação maior das categorias que passam pelo pré-cozimento. 108 Os números da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), órgão do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, ilustram bem a evolução dos negócios com o parboilizado. Na safra 2004/05, esse tipo representava 7% dos embarques (6.500 toneladas do total de 92,455 mil toneladas). Na receita obtida, a participação era de 15% do total, atingindo US$ 1,974 mihão, do somatório de US$ 12,796 milhões. Quase uma década depois, na temporada 2012/13, os núme- ros são bem outros. O parboilizado agora equivale a 39% do arroz exportado, chegando a 538,822 mil toneladas, do montante de 1,365 milhão de toneladas. No faturamento, os tipos que passam pelo pré-cozimento atingiram 47% do total auferido nas vendas, fechando o período com US$ 215,858 milhões, do total de US$ 462,272 milhões. O analista de mercado Tiago Barata, da consultoria Agrotendências, explica que o Brasil começou exportando arroz quebrado, com menor valor mercadológico, principalmente para os países africanos. Com o tempo, foi ampliando as vendas do produto com maior agregação monetária, caso do parboilizado. No entanto, Tiago esclarece que desde outubro de 2012 os grãos menos valorizados voltaram a ganhar espaço. “Como o mercado interno está aquecido, o País perdeu competitividade no exterior”, observa. No Brasil, estima-se que entre 25% e 30% do total de arroz produzido passe pelo processo de parboilização. O engenheiro químico Gilberto Amato, pesquisador da Fundação de Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (Cientec), considera o resultado excepcional, uma vez que há 25 anos essa categoria ocupava apenas 4% do total industrializado. “No mundo, já era 25%, percentual que deve estar estabilizado”, acredita. Na avaliação de Amato, em pouco mais de 20 anos o grão que passa pelo processo de pré-cozimento deve ocupar metade do mercado nacional. n 109 Sílvio Ávila Now on the menu Parboiled rice, which goes through a pre-cooking process, is now conquering shares in the domestic market and in Brazilian exports of the cereal The nutritional benefits from parboiled rice are credited with the soaring domestic consumption of the cereal to the detriment of white rice, previously a favorite with Brazilian people, especially because of its color. The same phenomenon is apparent in exports of the national cereal, which, besides the increase over the past seasons, now experience a bigger share of the categories that are submitted to the pre-cooking process. The figures of the Brazilian Secretariat of Foreign Trade (Secex), an organ of the Ministry of Development, Industry and Foreign Trade (MDIC), clearly illustrate the evolution of the businesses with parboiled rice. In the 2004/05 crop year, this type represented 7% of all shipments (6,500 tons of a total of 92.455 thousand tons). In terms of revenue, its share reached 15%, amounting to US$ 1.974 million, of a total of US$ 12.796 million. Almost a decade later, in the 2012/13 crop year, the figures are quite different. Parboiled rice is now equivalent to 39% of all exported rice, amounting to 538.822 thousand tons, of a total of 1.365 million tons. Revenues from the pre-cooked types reached 47% of all sales, with the season coming to a close with US$ 215.858 million, from the total of US$ 462.272 million. Market analyst Tiago Barata, of Agrotendências Marketing Con110 sultancy, explains that Brazil started exporting broken kernels, with a higher market value, particularly to African countries. As time went by, sales of kernels with more added value began to soar, which is the case of parboiled rice. Nevertheless, Tiago refers to the fact that since October 2012 the poorly valued kernels began to conquer shares again. “As the domestic market continues heated up, the country has lost competitiveness abroad”, he observes. In Brazil, it is estimated that from 30% to 40% of all rice is submitted to the parboiling process. Chemical engineer Gilberto Amato, researcher with the Rio Grande do Sul State Technology and Research Foundation (Cientec), considers the result exceptional, particularly because 25 years ago this category represented only 4% of the total industrialized rice volumes. “In the world it was already 25%, percentage that seems to have remained stable”, he believes. In Amato’s opinion, it is likely that in a period of 20 years, pre-boiled kernels will attract half of the national market. n AVANÇO EXTERNO > external strides Exportações brasileiras de arroz - Quantidade (t) Safra Parboilizado Part. Total 2004/05 6.5017% 92.455 2007/08 84.95727% 312.941 2012/13 538.82239% 1.365.848 Receita (US$) Safra Parboilizado Part. Total 2004/05 1.974.33815%12.796.024 2007/08 20.487.65848%43.121.354 2012/13 215.858.327 47%462.272.770 Fonte: Secex. Sílvio Ávila Tratamento vip Processo hidrotérmico possibilita que o grão não perca características nutricionais e permite aumentar o tempo de prateleira do produto O arroz parboilizado cada vez mais cai nas graças dos consumidores. A parboilização acontece por meio de um processo hidrotérmico, no qual são utilizados apenas água e calor, sem a adição de agentes químicos. O tratamento possibilita que o cereal não perca as suas características nutricionais, com as vitaminas e sais minerais sendo fixadas no grão. O mesmo não acontece com o branco, que praticamente perde todas as suas propriedades, ao ser descascado e polido. A palavra parboilizado é uma adaptação do termo inglês parboiled, que significa “parcialmente fervido”. O procedimento acontece por meio de três operações básicas. Primeiro, o arroz em casca é colocado em tanques com água quente. O encharcamento faz com que as vitaminas e os sais minerais que estão na película e no germe do grão penetrem em toda a sua massa. A segunda parte, chamada de gelatinização, acontece quando o arroz úmido é submetido a 112 temperatura mais elevada, sob pressão de vapor, ocorrendo uma alteração na estrutura do amido. Como o grão fica mais compacto, as propriedades são fixadas em seu interior. Para terminar, o produto é secado, descascado, polido e selecionado. Conforme o engenheiro químico Gilberto Amato, pesquisador da Fundação de Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (Cientec), o arroz parboilizado possui maior tempo de prateleira, podendo chegar a dois anos, se acondicionado em boas condições, em local sem umidade. “Com o processo de gelatinização, o grão fica mais duro, dificultando a sua deteriorização”, analisa. No entanto, esse não é considerado o principal responsável pelo incremento do consumo entre os brasileiros. Amato acredita que a facilidade do preparo e, especialmente, o valor nutritivo do produto, são os fatores que mais contam na decisão pelo parboilizado. De acordo com o engenheiro químico, pesquisas realizadas por estudantes universitários de graduação, mestrado e doutorado comprovam essas características. Alguns estudos concluíram que a proteína do arroz é a mais nobre dentre os cereais, pelo equilíbrio que apresenta entre os seus aminoácidos. Também se constitui no carboidrato mais recomendado nas dietas de emagrecimento, isso porque a liberação da glicose no organismo acontece de forma mais uniforme. Além disso, destaca Amato, o processo de gelatinização potencializa essas características. n VIP treatment Hydrothermal process preserves the kernel’s nutritional traits and prolongs the shelf life of the product Parboiled rice is getting more and more popular with consumers. Parboiling takes place through a hydrothermal process, where only water and heat are used, without any addition of chemical agents. The treatment preserves the nutritional traits of the cereal, with vitamins and mineral salts being absorbed by the kernels. The same does not happen with white rice, which sheds almost all its properties when it is hulled and polished. The word parbolization has its origin in the English language, and parboiled means “partially cooked”. The procedure requires three basic operations. First, rough rice is soaked in hot water. The soaking process makes the vitamins and mineral salts contained on the pellicle and germ penetrate the entire mass. The second stage, known as gelatinization, takes place when the wet rice is submitted to high temperatures, under steam pressure, when there is an alteration to the starch. As the grain gets more compact, the properties accumulate in its inner portion. At the final operation, the cereal is dried, hulled, polished and selected. According to chemical engineer Gilberto Amato, researcher with the Rio Grande do Sul State Technology and Science Foundation (Cientec), parboiled rice has a longer shelf life, up to two years if packed under ideal conditions, and stored in a dry room. “The gelatinization process turns the grain harder, delaying its deterioration process”, he explains. Nevertheless, this rice is not considered to be the main reason for the ever-increasing popularity of rice among the Brazilian people. Amato believes that easy preparation and the nutritive values are factors that count a lot when it comes to deciding which type of rice to purchase. According to the chemical engineer, research conducted by university undergraduates, master’s degree and doctoral students confirm these characteristics. Some studies have attested that rice contains the richest protein content among all cereals, due to the balanced amount of amino acids. It is also the carbohydrate that is most recommended for people willing to lose weight, because the glucose liberated to the organism takes place more uniformly. Furthermore, Amato maintains, the gelatinization process potentiates these traits. n Inor Ag. Assmann feijão > Beans Atrás da máquina Produtores optaram por reduzir a área cultivada com feijão na safra 2012/13, em função da valorização de outras culturas, como soja e milho 114 A valorização mercadológica da soja e do milho, que teve início na safra 2011/12, vem prejudicando o desempenho de várias culturas. O feijão é uma delas. Ele não conseguiu superar os demais grãos e assim os produtores optaram por reduzir a área plantada na temporada 2012/13, mesmo com o produto chegando a picos de altas cotações, por causa da quebra acentuada do ciclo anterior. O levantamento de março de 2013 da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima queda de 2,3% no plantio da safra 2012/13. Os 3,188 milhões de hectares previstos representam 25% abaixo da área registrada nas últimas 10 temporadas. Ainda assim, a colheita será superior à da temporada anterior. O relatório da estatal enfatiza que, diante de perspectivas climáticas favoráveis, a produtividade média das lavouras de feijão, nos três ciclos da cultura, deve aumentar 15,1%, elevando a produção em 12,5%. O cultivo de feijão no Brasil acontece em três fases distintas. A primeira safra estava em meio à conclusão da colheita em março de 2013, quando foi divulgado o levantamento da Conab. Na segunda temporada, a semea- dura do grão acontece entre janeiro e março, enquanto a última etapa é plantada entre abril e junho. Com os resultados do ciclo inicial praticamente fechados, os técnicos da Conab contabilizaram redução de 8,1% da área cultivada e de 5,7% na produção sobre igual período da safra 2011/12, embora a perspectiva seja de aumento de 2,7% na produtividade. A primeira fase de plantio do ano se distribui em menor número de estados; entretanto, estão entre eles alguns que se destacam como os principais produtores nacionais. Bahia, Goiás, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul tiveram queda na área plantada. Apenas Piauí manteve o espaço cultivado no período anterior e Minas Gerais registrou aumento de 2,8%, mas com 15% a menos em rendimento, motivado por forte estiagem em dezembro de 2012 e fevereiro de 2013. A perspectiva maior é relacionada ao segundo ciclo da cultura, considerado o principal, pois envolve maior número de estados produtores, incorporando-se aos que participaram da primeira fase, as regiões Norte e Nordeste. Juntos, eles representam quase metade da área plantada na safra total. Até março de 2013 os trabalhos na lavoura seguiam normalmente, com condições climáticas favoráveis. Já o terceiro ciclo de plantio do produto possui a menor área (em torno de 20% do total), a maior parte dela nos estados do Norte e do Nordeste. n 115 Inor Ag. Assmann Behind the machine Farmers opted for reducing the area planted to black-beans in the 2012/13 crop year, and switched to more profitable crops like corn and soybean The better prices fetched by soybeans and maize, a trend that started in the 2011/12 cycle, have been jeopardizing the performance of other crops. Blackbean is one of these crops. It lags behind other crops in terms of remuneration, responsible for inducing the farmers to reduce the planted area in the 2012/13 cycle, in spite of skyrocketing prices stemming from the previous year’s harvest frustration. The March 2013 survey conducted by the National Supply Company (Conab) estimates a 2.3% reduction in the area planted for the 2012/13 cycle. The 3.188 million hectares to be planted represent a drop of 25%, registered over the past 10 seasons. Even so, this year’s harvest is expected to outstrip last year’s volume. The report by the state company emphasizes that, in light of the favorable weather conditions, the average productivity rates of the black-bean fields, in the three cycles of the crop, are expected to soar 15.1%, with the volume up 12.5%. Black-beans are grown in Brazil in three distinct periods. The first crop was midway through the final stage in March 2003, when Conab released its report. For the second season, seeding takes place from January to March, while the last season is planted from April to June. 116 With the results of the initial cycle coming to a close, Conab technicians estimated a reduction of 8.1% in planted area and 5,7% in production from the same period in the 2011/12 crop year, although perspectives are pointing to higher productivity rates of 2.7%. The first planting season of the year takes place in a smaller number of states, however, they include some of the most important national black-bean producers. Bahia, Goiás, São Paulo, Paraná, Santa Catarina and Rio Grande do Sul experienced planted area reductions. Only the State of Piauí maintained an acreage similar to the previous year, while Minas Gerais registered an increase of 2.8% but with yields down 15%, due to a prolonged drought in December 2012 and February 2013. Greater expectations are derived from the second cycle of the crop, considered to be the main one, since it involves a bigger number of states that join the ones that take part in the first cycle, the North and the Northeast. Together, they represent almost half of the area planted for the total crop. Up until March 2013, weather and farm works were unfolding quite as usual, under favorable climate conditions. The third planting cycle occupies the smallest area (about 20% of the total), mostly in the northern and northeastern states. n BÁSICO > basic Safra brasileira de feijão Região/UF Norte Roraima Rondônia Acre Amazonas Amapá Pará Tocantins Nordeste Maranhão Piauí Ceará Rio Grande do Norte Paraíba Pernambuco Alagoas Sergipe Bahia Centro-Oeste Mato Grosso Mato Grosso do Sul Goiás Distrito Federal Sudeste Minas Gerais Espírito Santo Rio de Janeiro São Paulo Sul Paraná Santa Catarina Rio Grande do Sul Norte/Nordeste Centro/Sul Brasil Área (mil ha) Produtividade (kg/ha) Produção (mil t) Safra 11/12 Safra 12/13 Safra 11/12 Safra 12/13 Safra 11/12 Safra 12/13 158,5152,7 782828124,0 126,5 3,03,0667 6602,0 2,0 52,352,3 694 68036,3 35,6 12,6 12,3 600589 7,6 7,2 5,95,9900 9005,3 5,3 1,12,6840 8020,9 2,1 48,148,1 705 71033,9 34,1 35,528,5 1.071 1.41038,0 40,2 1.503,91.508,7 192 473 289,3713,8 74,790,1 367 46127,4 41,6 230,5 230,5 158335 36,5 77,2 433,6 433,6 76 431 32,9186,8 7,2 7,2 260 330 1,9 2,4 36,8 36,8 79300 2,9 11,0 229,7 229,7 147432 33,8 99,1 36,136,1 460 52516,6 19,0 28,028,0 702 67019,7 18,8 427,3416,7 275619117,6 257,9 342,1363,71.762 1.645603,0 598,2 180,8216,51.241 1.217224,4 263,5 19,3 20,3 1.262 1.519 24,4 30,8 126,2110,12.441 2.319308,1 255,3 15,816,8 2.917 2.89246,1 48,6 608,1 579,2 1.6661.554 1.012,8 900,3 422,3427,41.572 1.488663,7 636,1 18,314,8 800 80914,6 12,0 3,7 3,4 969 966 3,6 3,3 163,6133,62.020 1.863330,9 248,9 649,5584,01.369 1.618889,3 945,0 481,4433,61.408 1.667677,9 722,9 86,8 76,9 1.351 1.659 117,3 127,6 81,3 73,5 1.157 1.286 94,1 94,5 1.662,41.661,4 249 506 413,3840,3 1.599,71.526,9 1.5661.6002.505,1 2.443,5 3.262,13.188,3 8951.0302.918,4 3.283,8 Fonte: Conab. 117 Inor Ag. Assmann Reflexos no prato Pode faltar feijão para assegurar o consumo de aproximadamente 3,5 milhões de toneladas no mercado interno em 2013, adverte a Conab A tendência é de que falte feijão para abastecer o mercado nacional em 2013. A queda estimada na produção interna coloca sob risco essa autonomia. O consumo tem se situado ao redor de 3,5 milhões de toneladas por ano. A previsão é do analista João Figueiredo Ruas, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Segundo ele, a grande incógnita é o desempenho das lavouras do Nordeste no decorrer do período. Na temporada 2011/12, os estados da região sofreram com estiagem prolongada e severa, acarretando perda de produção. Na divisão das categorias de feijão consumidas pela população brasileira, a preferência recai sobre os tipos de cores, que representam 60% do total, principalmente o carioca. O preto e o de corda, também conhecido por caupi, ficam com fatia de abastecimento de 20% cada. Para o analista da Conab, o feijão carioca constitui o “grande problema” do Brasil, em caso de sobra de produção. “É o mais consumido internamente, mas não tem saída na exportação, chegando, no máximo, a duas mil toneladas por safra”, explica. A grande surpresa nas vendas externas, conforme Ruas, têm sido os embarques crescentes do tipo caupi, para a Índia e para o Egito. n EM MEIO AOS NEGÓCIOS As exportações brasileiras de feijão são muito instáveis. Em 2012, o País embarcou 43.342 toneladas, com crescimento de 111,8% sobre o ano anterior, quando esteve em 20.458 toneladas. A receita obtida foi de US$ 35,120 milhões, com aumento de 66,9% sobre 2011. Já em 2010 as vendas não passaram de 4.397 toneladas, com faturamento de US$ 4,331 milhões. Os números são da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), órgão do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Já as importações do grão são mais estáveis, variando de acordo com a necessidade para equilibrar o consumo do alimento no Brasil. Em 2012, chegaram ao País 312.280 toneladas, o que significa aumento de 50,7% em relação a 2011. O total adquirido representou desembolso de US$ 257,342 milhões, 73,4% a mais do que no ano anterior. 118 Affecting Brazil’s staple food There may not be enough black-beans available for the approximately 3.5 million tons to be consumed by the domestic market in 2013, Conab sources warn to be in short supply in the market in 2013. The estimated reduction in the domestic volumes puts Brazil’s self-sufficiency on that score in danger. Consumption has been stable at about 3.5 million tons a year. The forecast is by João Figueiredo Ruas, of the National Supply Company (Conab). According to him, what is still unknown is how the farms in the Northeast will perform over the period. In the 2011/12 cycle, the States in the region were adversely affected by prolonged and severe drought conditions, with consequent production losses. Considering the categories of beans consumed by the Brazilian population, the preference is not for white beans, but for beans of different colors, which represent 60% of the total, especially the carioca variety. Black-beans and string beans, also known as caupi, account for 20% of all supplies. The Conab analyst has it that the carioca bean turns out to be Brazil’s “big problem”, in the event of surpluses. “It is the most consumed in the domestic market, but is not exported in big amounts, only some two thousand tons per season”, he explains. The big surprise in all foreign sales, according to Ruas, has been the frequent shipments of caupi beans, to India and Egypt. n BALANÇA COMERCIAL DO FEIJÃO > BEANS TRADE OF BALANCE Importações Ano Quantidade (t) Valor (US$ mil) 2010 181.162127.764 2011 207.092148.348 2012 312.280257.342 exportações Ano Quantidade (t) Valor (US$ mil) 2010 4.3974.331 2011 20.45821.033 2012 43.34235.120 Inor Ag. Assmann Black-beans are likely BUSINESSES Brazilian black-bean exports are very unstable. In 2012, the Country shipped abroad 43,342 tons, up 111.8% from the previous year, when shipments amounted to 20,458 tons. Revenue amounted to US$ 35.120 million, up 66.9% from 2011. In 2010 sales remained at 4.397 tons, with revenue of US$ 4.331 million. These figures were released by the Brazilian Secretariat of Foreign Trade (Secex), an organ of the Ministry of Development, Industry and Foreign Trade (MDIC). Black-bean imports are more stable, varying in accordance with the need to balance domestic consumption. In 2012, imports amounted to 312,280 tons, meaning an increase of 50.7% from 2011. Total black-bean acquisitions reached US$ 257.342 million in value, up 73.4% from the previous year. Fonte: Secex. 119 Inor Ag. Assmann Bom de garfo Variedade de feijão do IAC possui alta concentração de isoflavona, associada à prevenção de doenças e usada na reposição hormonal A pesquisa tem sido fundamental para ampliar a produtividade nas lavouras de feijão, assim como para descobrir novas características nutricionais do grão. Uma boa notícia vem do Instituto Agronômico (IAC), de Campinas (SP). Testes com a variedade IAC Formoso, lançada em 2011, mostraram que o produto possui até 10% do total de isoflavona encontrada na soja, principal fornecedora do fitoestrógeno, elemento reconheci120 do por prevenir doenças coronárias e crônicas, além de ser usado na reposição hormonal em mulheres na fase da menopausa. Conforme o pesquisador do IAC, Alisson Fernando Chiorato, a explicação para a alta concentração da isoflavona na variedade pode estar na resistência ao caruncho e ao Fusarium oxysporum, um fungo de solo. “Possivelmente, quando trabalhamos nas nossas variedades certas características, aumentamos a quantidade do fitoestrógeno indiretamente”, avalia. Os testes realizados pelo IAC, em parceria com a Universade de São Paulo (USP), revelaram que a quantidade de isoflavona encontrada na variedade de feijão Pérola, considerada padrão no mercado atual, é de 0,8 miligramas por quilo. No IAC Formoso, identificou-se 8,92 mg/kg. “Esse teor é alto, pois o brasileiro come feijão e não soja”, evidencia. Também ficou constatado na pesquisa que o material possui 20% a mais de proteína do que as demais cultivares. n IMPERADOR Já em 2012, o IAC realizou o lançamento de uma nova variedade de ciclo precoce, de 75 dias, a IAC Imperador. Por ser resistente a antracnose, mancha angular e Fusarium solani, o produtor pode reduzir em até 30% a aplicação de produtos químicos. O menor tempo de lavoura é um desejo do produtor, pois assim poderá fazer três safras anuais. Nos experimentos, o grão conseguiu atingir produtividade de 2.266 quilos por hectare. Para os consumidores, a variedade promete maior qualidade, com o preparo sendo concluído em panela de pressão em apenas 20 minutos. Por ter o porte ereto, fica mais fácil para o produtor realizar a colheita mecanizada, que já atinge quase 80% do total da safra de feijão brasileira. Em 2013 já estarão disponíveis as sementes do novo material, recomendado para cultivo em São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Attractive to eat Inor Ag. Assmann Variety of IAC beans is laden with isoflavones, believed to ward off diseases and recommended for hormonal replacement Research has played a fundamental role in the higher productivity rates of the black-bean fields, as well as in the discovery of new nutritional traits of the beans. Good news comes from the Agronomic Institute of Campinas (IAC), state of São Paulo. Tests have shown that the IAC Formoso variety contains 10% of the isoflavones found in soybean, main supplier of the phytostrogen, known to ward off coronary and chronic diseases, besides functioning as hormonal replacement in women going through menopause. According to IAC researcher Fernando Chiorato, the explanation for the high concentration of isoflavones in this variety may lie in its resistance to the plant borer and to Fusarium oxysporum, a soil-born fungus. “May be it is because when we deal with certain traits of our varieties, we indirectly boost the content of phytostrogen”, he thinks. The tests conducted by IAC, jointly with the University of São Paulo (USP), revealed that the content of isoflavones detected in the Pérola bean variety, taken as standard in the present market scenario, is 0.8 milligrams per kilo. At the IAC Formoso, it was 8.92 mg/kg. “This is a high content, because Brazilian people eat black-beans, not soybeans”, he explains. Research works also concluded that the variety possesses 20% more protein compared to the other cultivars. n EMPEROR In 2012, IAC researchers launched a new short-cycle variety, 75 days, known as IAC EMPEROR. Because of its resistance to anthracnose, angular spot and Fusarium solani, farmers can reduce chemical applications by up to 30%. The shorter cycle is welcome by the farmers, giving them a chance for 3 crops a year. In field trials, yields reached 2,266 kg/hectare. For consumers the variety represents more quality, and it takes only 20 minutes to prepare in a pressure cooker. As it is an upward plant, it makes it easier for farmers to resort to mechanized harvesting, now accounting for 80% in Brazilian black-bean fields. The seed of the new varieties will be available in 2013, and they are recommended for the states of São Paulo, Paraná and Santa Catarina. 121 Inor Ag. Assmann Quase lá Na safra 2014/15, produtores brasileiros de feijão já terão à disposição variedade transgênica da Embrapa resistente ao mosaico dourado Os produtores brasileiros de feijão terão à disposição a primeira variedade nacional, geneticamente modificada, desenvolvida por instituições públicas de pesquisa, a partir da safra 2014/15. O material tem sido aguardado com ansiedade, tendo em vista que possui como característica a resistência ao mosaico dourado, a principal doença da cultura, causada por um vírus e transmitida pela mosca branca. A pesquisa para obtenção da cultivar foi realizada em conjunto pela Embrapa Arroz e Feijão, de Santo Antônio de Goiás (GO), e pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, sediada em Brasília (DF). Em 2012 e em 2013, a instituição vem trabalhando com experimentos, chamados de Valor de Cultivo e Uso (VCU), e de Distinguibilidade, Homogeneidade e Estabilidade (DHE). As etapas são necessárias para obtenção de registro comercial do produto no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Conforme o pesquisador Josias Correa de Faria, da Embrapa Arroz e Feijão, cumpridas as exigências legais para lançamento de variedades transgênicas, a multiplicação de sementes do novo feijão deve ocorrer já na safra 2013/14. Assim, a cultivar poderá chegar às lavouras no ciclo posterior. 122 A expectativa da cadeia produtiva do feijão é diminuir a dependência brasileira às importações do grão. Somente em 2012, vieram de fora 312.280 toneladas, principalmente da Argentina e da Bolívia. A quantidade representa em torno de 9% do total consumido no País anualmente, estimado em 3,5 milhões de toneladas. Por safra, o Brasil perde cerca de 20% da sua produção de feijão, por causa da ocorrência do mosaico dourado. De acordo com Josias, a doença está disseminada pelas lavouras brasileiras, muitas vezes desvastando áreas inteiras. A exceção está no Sul do Paraná e nos estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. “Nesses locais existe registro do mal, mas não ocorrem danos”, enfatiza. O pesquisador acredita que, por serem locais mais frios, ali a mosca branca não encontra ambiente apropriado para agir. Atualmente, não se encontram no mercado variedades imunes ao vírus do mosaico dourado. Josias explica que a doença se instala nas folhas da planta, provocando o abortamento de vagens ou produzindo grãos pequenos. O uso do material transgênico da Embrapa deve diminuir o número de aplicações de inseticidas na lavoura, reduzindo também os custos e aumentando o lucro do produtor. n Almost there Inor Ag. Assmann In the 2014/15 crop year, Brazilian black-bean growers will be able to plant Embrapa’s transgenic variety, tolerant to the golden mosaic virus need for Brazil to depend on imports. In 2012 alone, 312,280 tons came from abroad, especially from Argentina and Bolivia. The amount represents about 9% of the total consumed in the Country per year, estimated at 3.5 million tons. Per season, Brazil loses about 20% of the crop to the golden mosaic virus disease. According to Josias, the disease has been vastly disseminated through the Brazilian fields, frequently devastating entire fields. The southern states of Paraná, Santa Catarina and Rio Grande do Sul are the exception. “In these states there are signs of the disease but no damages occur. The researcher believes that, these are colder regions, and the white fly finds no favorable environment to start acting. Currently, there are no varieties in the market that are immune to the golden mosaic virus. Josias explains that the disease starts in the leaves of the plant, causing the pods to drop. The use of Embrapa’s transgenic varieties is likely to reduce the number of insecticide applications, equally reducing the costs and pushing up farmers’ profits. n The Brazilian black-bean farmers will have at their disposal the first genetically modified national variety, developed by public research institutions, as of the 2014/15 cycle. The farmers had long expected this variety, mainly because of its resistance to the golden mosaic virus, the most noxious disease of the crop, caused by a virus and transmitted by the white fly. The research work that came up with this cultivar was conducted jointly by Embrapa Rice and beans, in Santo Antônio de Goiás (GO) and by Embrapa Genetic Resources and Biotechnology, based in Brasília (DF). Since 2012 the institution has been working on experiments referred to as Cultivation Value and Use (CVU) and as Distinguishability, Homogeneity and Stability (DHS). These stages are necessary if the product is to be registered in the Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply (MAPA). According to researcher Josias Correa de Faria, of Embrapa Rice and Beans, once all legal requirements for the launch of transgenic varieties have been complied with, the propagation of the new blackbean seed is to take place in the 2013/14 crop year. This will make it possible for the cultivar to make it to the field in the next cycle. The expectation of the black-bean supply chain is to reduce the 123 Inor Ag. Assmann PAINEL > Panel Estreia em grande estilo Successful debut Feiras e exposições agropecuárias são o palco ideal para o lançamento de máquinas e de outras tecnologias, que tornam mais eficiente a vida do homem do campo. Dentro dessa filosofia, a Indústria de Implementos Agrícolas Vence Tudo aproveitou a 13ª Expoagro Afubra, entre 20 e 22 de março de 2013, no Parque de Exposições Hainsi Gralow, em Rio Pardo (RS), para apresentar um novo equipamento. A semeadora adubadora Pampeana Arrozeira foi exibida durante o evento nas versões 20000 (20 linhas), 24000 (24 linhas) e 28000 (28 linhas). A máquina apresenta cabeçalho bem estruturado, com amplos pontos de fixação, proporcionando maior estabilidade para o implemento. Com cinco pontos de regulagem de altura e ponteira e olhal giratórios, minimiza os impactos causados pelas oscilações de terreno. Possui reservatório de fertilizante com ótima autonomia de carga, nas opções chapa CFF 1.90 SAE 1006/NBR 1188OL (com opções de configuração fertilizante e semente ou só semente). A Pampeana Arrozeira possui sistema sulcador composto de conjunto de disco duplo 15x15’’ desencontrado, que faz o corte de restos culturais com eficiência, e ótima deposição da semente no sulco de plantio. O anel limitador de profundidade, fixado junto ao conjunto de disco duplo, está disponível em duas versões: 40 mm e 25 mm. A máquina possui rodas compactadoras, individuais por linha com peso de 18 kg, que fecham e compactam o sulco de plantio, eliminando bolsões de ar. A articulação das linhas, com 600 mm, proporciona perfeito acompanhamento da oscilação do terreno, copiando de forma uniforme as taipas e marachas. Mais informações sobre a semeadora adubadora Pampeana Arrozeira podem ser obtidas no site www.vencetudo.ind.br. n 124 Agriculture and livestock exhibitions are the ideal stage for launching agricultural machinery and technologies that make life more efficient and easier for farmers. Within this philosophy, the Implementos Agrícolas Vence Tudo Industry took advantage of the 13th Expoagro Afubra, 20-23 March 2013, at the Hainsi Gralow Exhibition Park, located in Rio Pardo (RS), to launch a new piece of equipment. The seeding and fertilizing machine Pampeana Arrozeira was exhibited during the event in the versions 20000 (20 lines), 24000 (24 lines) and 28000 (28 lines). The front part of the machine is perfectly structured, with broad fixing points, providing the implement with excellent stability. With five height and head adjustment points, and rotating rings, to minimize the impacts from rough terrain. A fertilizer tank with long-term autonomy, in the options of plate CFF 1.90 SAE 1006/NBR 1188OL (with options of fertilizer and seed configuration, or seed only). Pampeana Arrozeira is equipped with a furrow system consisting of a double 15x15’’ set, which cuts the cultural remains with efficiency, neatly adjusting the seed into the planting furrow. The depth limiting ring, fastened to the double disk set, is available in two versions: 40 mm and 25 mm. The machine is also equipped with compacting wheels, independent per line with a weight of 18 kg, which close and compact the planting furrow, eliminating air bubbles. The 600 mm articulated lines provide a perfect operation in line with the rough terrain, copying uniformly the mud walls and marshes. For more information on the Pampeana Arrozeira fertilizer seeder, access site www.vencetudo.ind.br. Qualidade assegurada O mercado nacional e internacional vem reconhecendo cada vez mais a importância do uso de instalações e de maquinários higiênicos nas empresas beneficiadoras de cereais para consumo humano. Esta tendência tem provocado grandes inovações no processo de beneficiamento de grãos, como, por exemplo, a busca de ambientes e de instrumentos de trabalho mais higienizados. Atenta a essa realidade, a Indústrias Machina Zaccaria S/A ampliou a produção com sistemas de filtro de mangas em diversos tamanhos. Também, de forma pioneira no Brasil, investe, desde o início de 2012, em nova linha de equipamentos construídos em aço inox, a Inox Line. Ela inclui componentes de equipamentos de laboratório (trieur), quarteador de amostras para grãos, câmara de separação de casca para arroz, condicionadores de grãos e separador de marinheiro alveolado, todos utilizados nas indústrias de alimentos para beneficiamento de grãos. O aço inoxidável é considerado material nobre, possui maior resistência ao desgaste e não sofre os efeitos de oxidação. A facilidade de limpeza garante um equipamento higiênico e com aspecto sempre novo. Dessa forma, a linha de máquinas Inox Line se torna ideal para empreendimentos que atuam no beneficiamento de grãos. n A FABRICANTE A Indústrias Machina Zaccaria S/A é uma empresa genuinamente brasileira. Há 87 anos no mercado de beneficiamento de cereais, mantém-se em contínuo desenvolvimento. Seus produtos são reconhecidos mundialmente pela qualidade e por proporcionar excelente rendimento e acabamento nos grãos. Atualmente, é líder do mercado nacional e exporta para mais de 60 países, fornecendo equipamentos para beneficiamento de arroz, feijão, milho e outros cereais, bem como peças de reposição e roletes de borracha. QUALITY CONFIRMED National and international markets have increasingly been acknowledging the importance of hygienic facilities and machinery by companies that process cereals for human consumption. This trend has triggered great innovations in grain processing operations, like, for example, the search for more hygienic ambiences and instruments. Aware of this reality, Indústrias Machina Zaccaria S/A has expanded its production through hose filters of different sizes. Equally, in another pioneering move in Brazil, in 2012, the company started investing in a new equipment line built in stainless steel, known as Inox Line. It includes components of laboratory equipment (trieur), kernel sample selectors, hull separation chamber for rice, grain conditioners and hulled and un-hulled grain separator, all of them used in grain milling food industries. Stainless steel is viewed as very fine material, highly resistant to wear and is not subject to corrosion. Ease of cleaning translates into hygienic equipment that always looks new. This makes the Inox Line machines the best choice for grain processing industries. n MANUFACTURER Indústrias Machina Zaccaria S/A is a genuinely Brazilian company. For 87 years in the grain processing market, it keeps continuously developing. Its products are acknowledged worldwide for their quality, output and excellent finishing touch to the grains. Currently, the company is the leader in the national market and exports equipment to upwards of 60 countries for processing rice, beans, corn and other cereals, as well as spare parts and rubber rollers. 125 EVENTOS > Events Tá na mesa Abertura da colheita serviu de espaço para a apresentação da pauta de tratativas setoriais e das demandas junto aos governos ao longo de 2013 A Abertura Oficial da Colheita do Arroz, promovida todos os anos pela Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), determina a pauta da cadeia produtiva e de suas interações com o governo federal. A 23ª edição do evento, realizada entre os dias 21 a 23 de fevereiro de 2013, no município de Restinga Seca, reunindo mais de 10 mil produtores e técnicos do setor, não fugiu à regra. A programação teve quatro eixos: tecnologia, mercado, político/ setorial e social. Na área técnica, destacaram-se os experimentos em 126 manejo e insumos na lavoura arrozeira, de soja e de milho em várzea, nas vitrines tecnológicas. O evento também ofereceu qualificação em secagem e armazenagem de grãos, regulagem de colheitadeiras e palestras técnicas sobre manejo, irrigação, fertilização, controle de doenças, invasoras e pragas, colheita e pós-colheita. Na área de mercado, o 4º Fórum do Arroz avaliou a conjuntura de safra e as tendências de preços e comercialização, além de ter contribuído na difusão de linhas de crédito para comercialização e armazenagem. Os cenários mercadológicos brasileiro e mundial de arroz e de soja igualmente foram analisados, apontando os potenciais do segmento nacional. n 127 Robispierre Giuliani PAUTA O grande destaque da 23ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz foi o eixo político-setorial. Com previsão de preços mais ajustados em 2013 e dívidas renegociadas em 10 anos, os arrozeiros apresentaram três demandas aos governos estadual e federal: estabelecimento de cotas para importação de arroz do Mercosul a fim de evitar o excesso de oferta e a redução dos preços no mercado interno; redução da carga tributária sobre o grão, dos insumos ao consumidor; e apoio às exportações. As solicitações foram bem recebidas pelo governo federal, que anunciou a isenção de tributos para os gêneros da cesta básica. O secretário nacional de Política Agrícola, Neri Geller, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), anunciou estudo para “organizar a entrada de arroz do Mercosul, de maneira a não afetar os preços internos em momentos como o de safra”. A redução tributária, o equilíbrio cambial e a nova legislação portuária são medidas que podem ser somadas ao esforço exportador. “O governo pode fazer mais com medidas estruturantes a médio prazo para o setor”, diz Renato Rocha, presidente da Federarroz. O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, avisou que o seu grande desafio em 2013 é fazer valer as cotas de importação e garantir preços justos ao produtor, o que agradou aos orizicultores. Durante o evento também foram confirmadas as sedes das atividades para os dois próximos anos. A 24ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz, em fevereiro de 2014, acontecerá na cidade de Mostardas (RS). Em 2015, Tapes (RS) promoverá a 25ª edição. On the table AGENDA The real highlight of the 23rd Official Rice Harvest Opening Ceremony was the political/sectoral hub. With the forecast for tighter prices in 2013 and debt renegotiations over a 10-year period, the rice farmers presented three demands to the federal and state governments: a quota system for rice imports from Mercosur countries, so as to avoid excessive supplies and a reduction of prices in the domestic market; lower taxes levied on grains, from inputs to consumer; and support to exports. The solicitations got a sympathetic ear from the federal government, which announced it will scrap taxes on certain food staples. The National Agriculture Policy Secretary , Neri Geller, of the Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply (MAPA), announced a study intended “to organize the entrance of rice from Mercosur”, in order to keep prices unscathed in moments like harvest time”. Lower taxes, stable exchange rate and new port legislation are measures that are aimed at favoring exports. “The government could do more through structuring measures in the medium run for the sector”, says Renato Rocha, president of Federarroz. The governor of Rio Grande do Sul, Tarso Genro, announced that the great challenge of the government in 2013 is to guarantee the import quotas and fair prices to farmers, which pleased the rice farmers. During the event the venues for the activities over the next years were also confirmed. The 24th Official Rice Harvest Opening Ceremony, in February 2014, will take place in the city of Mostardas (RS). In 2015, Tapes (RS) is to promote the 25th edition. 128 The opening ceremony of the rice harvest turns out to be the ideal moment for the sector to make the government aware of the needs and demands throughout 2013 Robispierre Giuliani The Official Rice Harvest Opening Ceremony, promoted on a yearly basis by the Rio Grande do Sul State Federation of Rice Growers’ Associations (Federarroz), establishes the agenda of the productive sector and its interactions with the federal government. The 23rd edition of the event, held 22–23 February 2013, in the municipality of Restinga Seca, attracting upwards of 10 thousand growers and technicians of the sector, was no exception. The program relied on four focal points: technology, market, political/sector and social. In the technical area, the highlights in the technology showcases were experiments related to inputs and cultural practices for the cultivation of soybean and maize in meadowlands. The event also offered qualification in grain drying and warehousing, adjustment of harvesters and technical lectures on management, irrigation, fertilization, disease and weed control, harvest and post-harvest. With regard to the market, the 4th Rice Forum analyzed the trends of the crop, prices and sales problems, besides giving a contribution towards credit lines focused on warehousing needs and sales. The Brazilian and global rice and soybean markets were equally analyzed, with emphasis on the potential of the national segment. n 129 Além do horizonte Cerca de 800 cientistas, técnicos, produtores e acadêmicos participarão, entre 12 e 15 de agosto de 2013, do 8º Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado, evento que acontecerá no Park Hotel Morotin, em Santa Maria (RS). A promoção é da Sociedade Sul-Brasileira de Arroz Irrigado (Sosbai), com realização da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). De acordo com o presidente da Sosbai, Leandro Souza da Silva, pesquisador da UFSM, a meta do evento é discutir os cenários agronômicos, tecnológicos e de mercado da cadeia produtiva do arroz no Brasil, além de dimensionar como as tecnologias afetarão o futuro do setor. Entre os temas que Leandro destaca estão a rotação de culturas e os sistemas de cultivo em áreas de várzea, como forma de agregar renda e vantagens agronômicas às lavouras; e o manejo de defensivos e de fertilizantes. “Há evolução significativa no manejo e mudança de perfil com a introdução, em grande parte da área, das culturas da soja e do milho em terras de arroz”, salienta. “Este cenário amplia a gama de tecnologias aplicadas, bem como impacta nos diversos segmentos da cadeia produtiva. Isso tudo será debatido no congresso”, refere. A expectativa é de apresentação de pelo menos 250 trabalhos científicos no evento. Mais informações podem ser obtidas no site www.cbai2013.com.br. n Sílvio Ávila 8º Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado vai debater os desafios da orizicultura irrigada, os avanços tecnológicos e os cenários setoriais Beyond the horizon 8th Brazilian Irrigated Rice Congress will hold debates on the challenges of irrigated rice farming, technological advances and sectoral scenarios Some 800 scientists, technicians, producers and undergraduates will attend the 8th Brazilian Irrigated Rice Congress to be held 12 – 15 August 2013, at Park Hotel Morotin, in Santa Maria (RS). It is promoted by the South Brazilian Irrigated Rice Society (Sosbai), jointly with the Federal University of Santa Maria (UFSM). According to the president of Sosbai, Leandro Souza da Silva, researcher at the same university, the target of the event is to hold debates on the agronomic, technological and market scenarios of the rice supply chain in Brazil, besides dimensioning how these technologies will affect the future of the sector. 130 The themes referred to by Leandro include crop rotation and cultivation systems in meadowlands, as a manner to add income and agronomic edges to the fields; and pesticide and fertilizer management. “There is significant evolution in management and a profile change with the introduction of soybean and corn crops in areas normally devoted to rice farming”, he notes. “The scenario expands the array of available technologies and has strong impact on the various segments of the production chain. This will be debated during the congress”, he says. The expectation is for the presentation of at least 250 scientific papers during the event. For more information, please access site www.cbai2013.com.br n Expoarroz 2013 vai congregar expoentes da cadeia produtiva nacional entre os dias 16 e 19 de abril no Centro de Eventos de Pelotas (RS) “Novas tecnologias e novos mercados” é o tema da Expoarroz 2013, que acontecerá no Centro de Eventos de Pelotas (RS) de 16 a 19 de abril. Será a terceira edição da feira, que prima pela inovação tecnológica e pela ampliação no fluxo de negócios entre os elos da cadeia produtiva. São aproximadamente 200 expositores e três eventos simultâneos: Fórum Internacional do Arroz, Rodada de Negócios e Feira de Tratores, Máquinas e Equipamentos Agrícolas. O 1º Fórum Internacional do Arroz debaterá o papel do cereal na segurança alimentar, com o comitê formado pelo Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga), pela Embrapa Clima Temperado, pela Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz) e pela Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), entre outras instituições e entidades. A Feira de Tratores, Máquinas e Equipamentos Agrícolas apresentará o que há de mais avançado em tecnologia, gerando grande oportunidade de negócios entre a cadeia produtiva e as instituições financeiras. Por fim, a 4ª Rodada Internacional do Arroz receberá empresas nacionais e compradores internacionais. Nesta rodada terão destaque as ações da Abiarroz que, em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e com o Irga, está promovendo o arroz brasileiro tendo em vista a ampliação das vendas para nove países. Outra novidade da Expoarroz é a realização de workshops ministrados por gourmets, direcionados ao agronegócio e à imprensa. Mais informações podem ser obtidas no site www.expoarroz.com.br. n Inor Ag. Assmann De olho nos negócios Eye on business Expoarroz 2013 attracts relevant players of the national supply chain to the Events Center in Pelotas (RS), from April 16th through 19th “New technologies and new markets” is the focal point of Expoarroz 2013, to be held in the Events Center in Pelotas (RS), 16th April through 19th, 2013. It will be the 3rd edition of an exhibition that excels in technological innovation and in expanding the flow of businesses among all the links of the supply chain. There are approximately 200 exhibitors and three simultaneous events: International Rice Forum, Business Round and Tractors, Machine Tools and Farm Equipment Show. The 1st International Rice Forum will debate on the role of rice in food safety, with the committee comprised by the Rio Grande do Sul Rice Institute (Irga), Embrapa Temperate Climate, Brazilian Rice Industry Association (Abiarroz) and by the Rio Grande do Sul State Federation of Agriculture (Farsul), among other entities and institutions. The Tractor, Machine Tools and Farm Equipment Fair features the most advanced technology, generating business opportunities for both the supply chain and financial institutions. Finally, the 4th International Rice Round is for domestic and international buyers. The round will highlight the initiatives by Abiarroz which, jointly with the Brazilian Trade and Investments Promotion Agency (Apex-Brasil) and Irga, is promoting Brazilian rice, now being shipped to nine different countries. Another novelty at Expoarroz consists of workshops given by renowned gourmets, geared toward the press and agribusiness operations. For more information, please access site www.expoarroz.com.br. n 131 Sílvio Ávila Sinais de alerta Irga promove segunda edição de seminário para discutir ações, manejo e práticas que possam eliminar o arroz vermelho das lavouras irrigadas Cerca de 300 pesquisadores das Américas do Sul e Central e do Caribe se reunirão nos dias 4 e 5 de junho de 2013 no auditório da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), em Porto Alegre (RS), durante o II Seminário Latino-Americano sobre Arroz Vermelho. Eles trocarão experiências e debaterão os danos causados por essa invasora, além de discutir o manejo para seu controle e sua eliminação. Esta é a principal ameaça à lavoura de arroz irrigado nas Américas, capaz de gerar grandes prejuízos ao produtor diante da baixa classificação do cereal colhido em áreas infestadas. No Rio Grande do Sul, é ela que tira o sono de arrozeiros, pesquisadores e assistentes técnicos. Por ser da mesma família do arroz branco, selecionado ao longo 132 do tempo por sua aceitação comercial, o arroz vermelho cruza facilmente por meio do chamado fluxo gênico. Há alguns anos foram criadas variedades tolerantes a um herbicida, que permitiram relativo controle dos inços no Rio Grande do Sul e recuperação de áreas infestadas, ampliando a produção e a produtividade no Estado. Mas o uso inadequado e continuado da variedade e do herbicida levaram ao cruzamento do arroz vermelho também com a cultivar tolerante, gerando invasora resistente ao defensivo químico, idêntica à variedade comercial, e que muitas vezes só é identificada no processo de classificação na indústria. O gerente da Divisão de Pesquisa do Irga, Sérgio Gindri Lopes, aponta que o encontro tem a meta de avaliar a gestão do arroz vermelho na lavoura irrigada das principais regiões produtoras do mundo na última década. Ao mesmo tempo, quer estimular a Warning signs Irga promotes second edition of seminar to debate on actions, management and cultural practices intended to eliminate the red rice from irrigated fields Approximately 300 researchers discussão acerca dos efeitos negativos da invasora sobre a cultura comercial e as principais estratégias para seu manejo integrado. “O seminário discutirá a evolução das práticas de manejo da orizicultura e inovações que contribuem no controle do vermelho, como forma de difundir as principais ferramentas de biotecnologia relacionadas ao estudo da evolução, da ecofisiologia e do controle da planta daninha”, acrescenta. Conforme Lopes, será formado um grupo de trabalho internacional para estudar o arroz vermelho e seu manejo, cujas conclusões serão aplicadas futuramente nas lavouras. No Rio Grande do Sul, além do uso de variedades CL (Clearfield) resistentes a herbicida da família das imidazolinonas, a rotação dos sistemas de cultivo e de culturas é recomendada para reduzir o banco de sementes e a incidência da planta daninha na lavoura comercial. n of South and Central America and from the Caribbean will gather at the auditorium of the Pontifical Catholic University of Rio Grande do Sul (PUCRS), in Porto Alegre (RS), during the II Latin-American Seminar on Red Rice, on 4th and 5th July 2013. They will exchange experiences and debate on the losses caused by this invasive plant, besides debating on management practices for its control and elimination. Red rice is the biggest threat for irrigated rice in the Americas, likely to cause huge losses to farmers, once rice harvested in infested areas ranks very low in terms of classification. In Rio Grande do Sul, it is this weed that makes farmers, researchers and assistants lose sleep. As it belongs to the same family as white rice, selected over time because it is commercially accepted, red rice easily intercrosses with any rice variety through the so-called process of gene flow. Some years ago, scientists came up with varieties resistant to a specific herbicide, which resulted into reasonably good weed control in Rio Grande do Sul, and in the recovery of infested areas, expanding production and productivity rates throughout the State. However, inadequate and continued use of the variety and of the herbicide resulted into inter-crossings of red rice with the tolerant cultivar, generating an invasive plant resistant to the agrochemical, identical to the commercial variety and often only detected during the industrial classification process. The manager of Irga’s Research Division Sérgio Gindri Lopes, refers to the meeting as a moment for evaluating the management of red rice in irrigated fields in all major rice producing regions in the world over the past decade. In the meantime, the seminar wants to debate on the negative effects of the invasive plant on commercial crops and relevant strategies for its integrated management. “The seminar will debate the evolution of the management practices in rice farming operations and innovations that contribute towards controlling the red rice, as a manner to spread the main biotechnological tools related to the study of the evolution, echophysiology and control of weeds”, he adds. According to Lopes, an international working group will be set up for conducting a study on red rice and its management, whose conclusions will be applied on future fields. In Rio Grande do Sul, besides the use of CL varieties (Clearfield) resistant to herbicides of the imidazolinones family, the rotation of cultivation systems and crops is recommended for reducing the number of seeds and the incidence of the weed in commercial fields. n 133 Inor Ag. Assmann Grandes contatos Irga, Coparroz e Embrapa apresentaram cultivares e conhecimentos no Dia do Arroz da 13ª edição da Expoagro Afubra, em Rio Pardo (RS) Um dos maiores eventos do Brasil voltado à agricultura familiar, a Expoagro Afubra de 2013, realizada entre 20 e 22 de março de 2013, reservou parcela do Parque de Exposições Hainsi Gralow, no município de Rio Pardo (RS), para a difusão da orizicultura. Na manhã do dia 21 foi realizado o Dia do Arroz. Embrapa Clima Temperado, Coparroz e Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga) estiveram presentes difundindo tecnologias e conhecimentos aos visitantes. Na Expoagro 2013, o Irga apresentou três linhas de trabalho. A principal delas foi a difusão de três cultivares de arroz irrigado. A IRGA 425, usada no sistema pré-germinado, apresenta como diferencial ciclo de 30 dias a menos em relação a outras do gênero, sem perda do potencial de produção e da qualidade do grão. A IRGA 427, para culti134 vo convencional, possui resistência a doenças e elevado potencial de produtividade. A última, IRGA 428, é resistente a herbicidas do grupo Imidazolinonas, que controla o arroz vermelho. Conforme o coordenador regional do Irga na Depressão Central, engenheiro agrônomo Jaceguay Barros, a segunda linha de ação do instituto foi a difusão de informações sobre a rotação de culturas nas áreas de várzea. Além disso, o instituto divulgou a máquina Plantadeira Camalhoneira de Soja, desenvolvida em parceria com a Industrial KF, que auxilia no plantio da soja em solo menos úmido. Por fim, o Irga ainda divulgou a importância do consumo de arroz, destacando as diversas formas de uso do cereal, em farinhas, em flocos e até mesmo na granola. Barros estima que, durante o evento, mais de quatro mil pessoas tenham passado pelo estande do Irga. No estande da Embrapa Clima Temperado, o destaque esteve Great institutions Irga, Coparroz and Embrapa presented cultivars and breakthroughs on Rice Day at the 13th edition of Expoagro Afubra, in Rio Pardo (RS) A major Brazilian event nas demonstrações com a máquina de transplantio de mudas de arroz, voltada à produção de sementes do cereal e também à semeadura em pequenas propriedades. O aparelho permite transplantar as mudas de forma mais espaçada, oferecendo facilidade para o controle de invasoras. A apresentação foi conduzida pelo agrônomo Daniel Fernandez Franco. Cerca de 600 pessoas assistiram à exibição da Embrapa. A Coparroz, por sua vez, abordou o arroz vermelho e sua influência na produção de sementes de arroz. O coordenador da feira, Marco Antonio Dornelles, julgou bastante positivos os resultados alcançados pelo Dia do Arroz. “Trabalhamos junto com Irga, Embrapa e Coparroz na organização e conseguimos trazer produtores de vários municípios”, destacou. Também elogiou a ênfase dada à culinária, com o oferecimento de carreteiro e arroz de leite aos visitantes. n focused on family farming, Expoagro Afubra, held 20 - 22 March 2013, reserved a special corner of the Hainsi Gralow Exhibition Park, in the municipality of Rio Pardo (RS), for the promotion of rice farming operations. Rice Day was held Thursday morning, March 21. Embrapa Temperate Climate, Coparroz and the Rio Grande do Sul State rice Institute (Irga) were there to keep farmers abreast of new technologies and knowledge. At Expoagro 2013, Irga presented three new working lines. The main one was the introduction of three irrigated rice cultivars. IRGA 425, used in the pre-germinated system, characterized by a 30-day shorter cycle, compared to similar cultivars, without any losses in productivity or kernel quality. IRGA 427, for conventional cultivation, with resistance to diseases and high productive potential. Finally, IRGA 428, resistant to herbicides of the Imidazolinones group, which control the red rice. According to agronomic engineer Jaceguay Barros, regional coordinator of Irga’s Central Depression department, the second line of the institute consisted in spreading information on crop rotation systems in meadowlands. Furthermore, the institute also made publicity of the Soybean Ridge Planter, developed jointly with Industrial KF, appropriate for sowing soybean in rather dry soil. Finally, Irga also staged a campaign focused on higher rice consumption, highlighting different uses of the cereal, in flours, flakes and even in granola. Barros estimates that, during the event, the Irga stand was visited by upwards of four thousand people. At the Embrapa Temperate Climate stand, the highlights were the demonstrations of the rice seedling transplanting machine, specific for the seed-producing fields and also appropriate for small farms. The new equipment allows for bigger space between the seedlings, which facilitates the control over weeds. The presentation was conducted by agronomist Daniel Fernandez Franco. Some 600 people attended Embrapa’s demonstration. Coparroz, in turn, addressed the problem of red rice and its influence upon the production of rice seed. The results of the Rice Day were deemed positive by the coordinator of the fair, Marco Antonio Dornelles. “We worked jointly with Irga, Embrapa and Coparroz and managed to attract farmers from several municipalities”, he commented. He also referred to the culinary side, where the southern dish “carreteiro” (wagoner’s rice) offered to the visitors, was a success. n 135 136 Inor Ag. Assmann