ISSN 1808-1088
997718081088133
anuário brasileiro DO
2013
brazilian RICE yearbook
®
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Soluções para um Mundo em Crescimento
Robispierre Giuliani
anuário brasileiro do Arroz 2013
1
Robispierre Giuliani
expediente > Publishers and Editors
ANUÁRIO BRASILEIRO DO ARROZ 2013
Editor: Romar Rudolfo Beling; editor assistente:Daniel Neves da Silveira;
textos: Cleiton Evandro dos Santos, Erna Regina Reetz e Daniel Neves da
Silveira; supervisão: Romeu Inacio Neumann; tradução: Guido Jungblut;
fotografia: Sílvio Ávila, Inor Assmann (Agência Assmann), Robispierre
Giuliani e divulgação de empresas e entidades; projeto gráfico e
diagramação: Márcio Oliveira Machado; arte de capa: Márcio Oliveira
Machado, sobre fotografia de Sílvio Ávila; edição de fotografia e artefinal: Márcio Oliveira Machado; marketing: Maira Trojan Bugs, Tainara
Bugs e Rafaela Jungblut; supervisão gráfica: Márcio Oliveira Machado;
distribuição: Simone de Moraes; impressão: Gráfica Coan, Tubarão (SC).
ISSN 1808-1088
É permitida a reprodução de informações
desta revista, desde que citada a fonte.
Reproduction of any part of this magazine is
allowed, provided the source is cited.
2
Rua Ramiro Barcelos, 1.224, CEP: 96.810-900,
Santa Cruz do Sul, RS
Telefone: 0 55 (xx) 51 3715 7940
Fax: 0 55 (xx) 51 3715 7944
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Site: www.editoragazeta.com.br
EDITORA GAZETA SANTA CRUZ LTDA.
CNPJ 04.439.157/0001-79
Diretor-Presidente: André Luís Jungblut
Diretor-de-Conteúdo: Romeu Inacio Neumann
Diretor-Comercial: Raul José Dreyer
Diretor-Administrativo: Jones Alei da Silva
Diretor-Industrial: Paulo Roberto Treib
Ficha
A636
Anuário brasileiro do arroz 2013 / Cleiton Evandro dos Santos ... [et al.]. – Santa Cruz do Sul:
Editora Gazeta Santa Cruz, 2013.
136 p. : il.
ISSN 1808-1088
1. Arroz - Brasil. I. Santos, Cleiton Evandro dos.
CDD : 633.180981
CDU : 633.18(81)
Catalogação: Edi Focking CRB-10/1197
05 NUM3R05 N40 M3NT3M:
2012 F01 0 M3LH0R 4N0
D4 H15T0R14 P4R4 0
4GR0N3G0C10 BR451L31R0.
• A maior safra da história, com 166,2 milhões de toneladas
• US$ 79,41 bilhões de saldo na Balança Comercial
• Novo recorde de exportação de carne bovina, de US$ 5,74 bilhões
• Crescimento de 12% na exportação de carne suína
• Valor Bruto de Produção de Grãos de R$ 241,8 bilhões
Um dos maiores produtores de alimentos do mundo
está ainda maior, com recordes que são fruto da parceria
entre toda a cadeia produtiva e o Governo Federal. Em
2012, foi lançado o maior Plano Agrícola e Pecuário
de todos os tempos, aprovado o novo Código Florestal
e iniciado o Projeto de Regionalização do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Sinal de que em
2013 teremos ainda mais trabalho e novos recordes.
O ano já começou, e a Safra de Grãos, por exemplo, vai
chegar a 185 milhões de toneladas. Porque país rico
é país que produz pensando no futuro.
Produtor rural, ainda dá tempo de garantir
seu crédito. São mais de R$ 115 bilhões para
custeio, comercialização e investimento.
Informações:
agricultura.gov.br
Robispierre Giuliani
sumário > Summary
Apresentação
06 Introduction
PRODUÇÃO
12 Production
MERCADO
24 Market
PERFIL
44 Profile
PESQUISA
68 Research
TECNOLOGIA
86 Technology
INDÚSTRIA
108 Industry
FEIJão
114 Beans
PAINEL
124 Panel
EVENTOS
126 Events
6
Robispierre Giuliani
apresentaçÃo > Introduction
8
Irrigando
a economia
Uma das mais tradicionais
atividades agrícolas da região Sul do Brasil, a orizicultura vive uma
de suas fases mais desafiadoras na realidade nacional. Com cadeia
produtiva eficiente e competitiva em todos os seus elos, passa a mirar, agora, as alternativas que se delineiam no horizonte em termos
de novos produtos, tecnologias e de mercados. A fim de assegurar a
estabilidade, as demandas junto às instituições públicas visando remuneração justa e equilibrada e o apoio irrestrito da pesquisa têm
sido as principais ações. Assim, chegou a hora de dar um passo além.
A adoção de sistemas de manejo e de pacotes tecnológicos que
permitam, dentro do possível, minimizar efeitos climáticos tem
dado ao produtor a segurança de uma safra com boa produtividade e qualidade de grão. Por outro lado, o diálogo constante
e intensivo entre os agentes da cadeia facilita a reação rápida a
contratempos e obstáculos.
Uma das ameaças comuns ainda é o arroz vermelho, invasora que
pode comprometer o desempenho. Para fazer frente a esse risco, entidades e instituições se unem a fim de consolidar e adotar em larga
escala as tecnologias consensuadas que podem manter essa planta
longe das lavouras. A pesquisa permanece, safra após safra, como a
grande aliada dos produtores, garantindo a colheita com os melhores
níveis de qualidade e de produtividade. Mais recentemente, a introdução de uma nova cultura nas áreas de várzea do Rio Grande do Sul
para fortalecer a rotação constituiu uma excelente novidade. É a soja,
que ganha a simpatia dos orizicultores por seus benefícios ao sistema
e ainda por proporcionar receita extra na propriedade.
Justamente diante do incremento regular na produção nacional nos últimos anos, a cadeia se mobiliza de maneira a encontrar
a melhor fórmula para escoamento e comercialização da safra. O
arroz tem aparecido com regularidade e competência na balança comercial, com as crescentes exportações, e ainda pode vir a
ocupar espaços na geração energética, com a transformação de
excedentes ou grãos de menor valor comercial em etanol.
Toda essa desenvoltura e essa flexibilidade revelam o quanto a orizicultura, seja nas lavouras alagadas do Sul, seja nas áreas de sequeiro
das demais regiões do Brasil, tornou-se peça-chave do agronegócio
brasileiro. Não apenas como alimento essencial na mesa da população, mas igualmente como commodity, estabelecendo negócios
dentro e fora do País, o arroz hoje irriga a economia. E ao irrigar a economia, contribui para o desenvolvimento local, regional e nacional.
É este cenário que o Anuário Brasileiro do Arroz 2013 chega para,
uma vez mais, atualizar nos mínimos detalhes, com informações precisas e preciosas sobre a produção e os mercados e sobre o perfil da
cadeia, projetando as ações para todo o ano. Boa leitura! n
9
Robispierre Giuliani
Irrigating
the economy
One of the most traditional
agricultural activities in South Brazil, rice farming is now going
through one of its most challenging phases in the national reality.
With a very efficient supply chain and competitive in all its links,
is now bracing for alternatives lurking on the horizon in terms of
new products, technologies and markets. So as to ensure its stable
position, the supply chain is calling on public institutions for fair
and balanced remuneration and unconditional support from research. The time has come for taking things a step further.
The adoption of management systems and technological packages which, as far as possible, manage to minimize adverse climate effects, have given farmers the assurance of crops with good
productivity rates and high quality kernels. On the other hand,
constant and intense dialog between the agents of the supply chain
has led to rapid action against climate factors and obstacles.
One of the most common threats that still resist going away is
red rice, invasive plant that could affect the performance of the
field. To face this risk, entities and institutions have joined efforts
in order to consolidate and adopt, on a large-scale, common technologies able to keep this plant far away from the rice plantations.
Year after year, research is the great ally of the farmers, leading to
higher productivity rates and better quality crops. More recently,
the introduction of a crop in the meadowlands throughout Rio
10
Grande do Sul for strengthening rotation systems, turned out to
be an excellent novelty. It is soybean, now conquering the rice
farmers for its beneficial effects over the entire system and also for
bringing in extra income.
It is exactly because of regular increases in national production volumes over the past years, the supply chain is mobilizing
towards coming up with the best formula to transport and trade
the crop. Rice has regularly shown on the trade balance with competence, with soaring shipments abroad, with chances to become
a component in the generation of energy, with the transformation
of surpluses and poor quality kernels into ethanol.
All these thriving and flexible operations reveal to what extent
rice farming, whether in irrigated fields or highlands, has turned
into a key-factor in Brazilian agribusiness. Not just like an essential food staple on the Brazilian kitchen tables, but equally as a
commodity, driving businesses at home and abroad, rice is now
irrigating our economy. And by irrigating the economy, the crop
contributes toward local, regional and national development.
This is the scenario featured by the 2013 Brazilian Rice Yearbook, which again keeps us updated in detail on precise and precious information about production volumes and markets and
about the profile of the supply chain, projecting the initiatives to
take place throughout the entire year. Nice reading! n
Muito mais força
para sua safra.
Mais qualidade nos grãos.
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O Muito Mais Arroz, da Bayer Cropscience, é um programa completo de soluções
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produção > Production
Todos
olham
para cá
Brasil torna-se referência em
produção e comercialização
de arroz fora da Ásia, graças à
tecnologia aplicada e aos ajustes
setoriais realizados
12
cimento, aproximadamente) e à tendência de preços remuneradores.
Para o consumidor, não fará muita diferença, pois os preços devem se manter em patamares próximos à média dos últimos três
anos, quando o arroz sofreu até retração dos valores no varejo, em
função da grave crise de comercialização do ciclo 2010/11. Em março de 2013, os valores, tanto para os produtores quanto para os
consumidores, haviam voltado ao patamar de normalidade de 2010.
Os grandes desafios do setor, no momento, são medidas estruturais, como o ajuste das assimetrias do Mercosul, que faz com que
o arroz produzido na Argentina, no Uruguai e no Paraguai ingresse
no mercado nacional a preços muito baixos, principalmente em função da diferença tributária. A redução da carga de impostos sobre a
produção e sobre a comercialização não só beneficiará o setor com
o barateamento dos custos, como o fará mais competitivo para exportar e manter sua posição como um dos sete principais países do
mundo neste segmento de vendas.
O caminho do arroz brasileiro está pavimentado, com o suor e
com o esforço da cadeia produtiva. No entanto, parecem depender do próprio setor e do entendimento com o governo federal os
ajustes necessários a fim de que a cultura acelere seu crescimento.
Assim, a atividade poderá ir em busca do tempo perdido e de uma
maior estabilidade no mercado interno, situação que garantiria também maior expressão no comércio internacional. n
Robispierre Giuliani
Ao longo dos últimos anos,
o Brasil se consolidou como referência em produção e comercialização de arroz fora da Ásia, continente que consome e produz mais
de 90% de todo o cereal do mundo. Com suas dimensões igualmente continentais, o Brasil acertou a mão nas tecnologias para assegurar maior produtividade e maior qualidade de grãos, principalmente
nas regiões de cultivo irrigado de Santa Catarina e do Rio Grande do
Sul, onde o rendimento médio supera a 7 mil quilos por hectare. O
Centro-Oeste deu salto significativo ao passar do cultivo de arroz
longo para o longo fino de terras altas, com aparência similar ao
irrigado (agulhinha). Essa região já colhe acima de 5 mil quilos por
hectare e com índice superior a 55% de grãos inteiros.
Quando o clima não é adverso, os brasileiros conseguem atingir o
patamar de autossuficiência, superando o consumo médio de 12,1 milhão de toneladas dos últimos anos. Não é o caso na temporada 2012/13,
mas, para isso, o País tem seus estoques reguladores, formados pelos
excedentes de safras anteriores e pelo saldo das importações.
Na área comercial, o orizicultor brasileiro engrena o segundo ano
consecutivo com expectativa de preços bem acima do custo de produção (em torno de R$ 30,00 por saco, no Sul), o que deve assegurar boa
renda às propriedades. Um quadro de consumo e produção estáveis, e
de exportações compensando os excedentes importados, leva a estoque
ajustado às necessidades nacionais (suficientes para 40 dias de abaste-
13
All eyes
on Brazil
Sílvio Ávila
Brazil has become a reference in
rice production and trading outside
Asia, thanks to the use of technology
and sectoral adjustments
14
Over the past years,
Brazil consolidated its status as reference in rice production and trade outside Asia, a continent that produces and
consumes over 90% of the cereal in the world. With equally
continental dimensions, Brazil has got on the right track in
terms of technology focused on higher productivity rates
and kernels of better quality, particularly in the irrigated
rice farming regions in Rio Grande do Sul and Santa Catarina, where average yields are in excess of 7 thousand kilos
per hectare. The Center-West made great strides by shifting
from long grain to long and thin grain rice in the highlands,
very similar to irrigated rice (known as agulinha). This
region is now harvesting upwards of 5 thousand kilos per
hectare and with over 55% of unbroken kernels.
When weather conditions are favorable, Brazil manages to attain self-sufficiency, outstripping average consumption of 12.1 million tons of the past years. This is
not the case of the 2012/13 cycle, however, to this end, the
Country has its carryover stocks, made up of surpluses
from previous crops and from imports.
In commercial terms, the Brazilian rice growers are now
in their second consecutive year of price expectations above
production costs (about R$ 30.00 a sack, in the South), brining
in good profits for the farmers. With a stable picture of consumption and production, and exports making up for import
surpluses, the result is a carryover stock adjusted to the national needs (enough for meeting the needs of the country for
about 40 days) while prices are likely to remain remunerating.
It makes very little difference for the consumers, since prices
should remain at levels very close to the average of the past years,
when retail prices receded a little, by virtue of the serious sales crisis in the 2010/11 cycle. In March 2013, values for both producers
and consumers had returned to the normal levels of 2010.
At the moment, the huge challenges of the sector are structural measures, like the adjustment of the Mercosur asymmetries, whereby rice produced in Argentina, Uruguay and Paraguay reaches the domestic market at very low prices, mainly
because of different tax burdens. A reduction of taxes levied on
production and commercialization will not only benefit the
sector in terms of lower costs, but will equally turn the country
more competitive in sales abroad, confirming its position as
one of the seven major players in the sales of this segment.
Brazilian rice is now on the right track, a result of hard
work and endeavor by the supply chain. Nonetheless, the
necessary adjustments for the crop to speed up its growth in
production seem to depend on the sector itself and on negotiations with the federal government. This will make it possible for the activity to make up for lost time, whilst creating a
stable domestic market, a situation that would also ensure a
better situation in the international market. n
Robispierre Giuliani
Tudo nos
conformes
Safra brasileira tem pequeno
crescimento e produção é considerada
adequada para manter o equilíbrio do
abastecimento e do mercado nacional
A colheita brasileira
de arroz no ciclo 2012/13 tende a ser 3,9% maior do que a da
temporada anterior, com estimativas de que chegue a 12,05 milhões de toneladas de grão em casca. Na safra 2011/12, o volume
total produzido pelo Brasil ficou em 11,59 milhões de toneladas.
Este acréscimo se deve a três fatores principais: os bons preços ao
produtor obtidos na comercializacão do cereal a partir de julho
de 2012, a ampliação da área cultivada no Mato Grosso e no Rio
Grande do Sul (também em função dos preços) e o clima que
16
favoreceu o desenvolvimento da cultura no Rio Grande do Sul e
no Maranhão, Estado que vem de quebra de safra.
Os números acima constam em levantamento da Companhia
Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra brasileira de grãos
2012/13, divulgado no início de março. A superfície semeada com
arroz na temporada 2012/13 manteve-se praticamente estável, com
mínimo recuo de 0,3%. É estimada oficialmente em 2,419 milhões
de hectares, perante os 2,427 milhões semeados no período 2011/12.
Apesar do aumento no Rio Grande do Sul e no Mato Grosso, houve
diminuição nas lavouras nos estados do Maranhão, Tocantins, Ron-
Robispierre Giuliani
dônia, Paraná, Goiás, Minas Gerais e São Paulo.
Com o clima favorável e o uso de variedades de maior potencial produtivo nas regiões de terras altas (Norte/Nordeste e Centro-Oeste), além da evolução no manejo, o Brasil deve apresentar
na safra 2012/13 produtividade média de 4,982 mil quilos por
hectare, 4,2% acima dos 4,780 mil quilos por hectare da temporada anterior. Os estados que produzem arroz irrigado (Rio Grande
do Sul e Santa Catarina) representarão 75,4% de todo o volume
colhido no País, ou seja, 9,087 milhões de toneladas. n
OS MAIORAIS
O Rio Grande do Sul segue como o maior produtor nacional
de arroz. A previsão é de que, no ciclo 2012/13, colha 8,026
milhões de toneladas em 1,066 milhão de hectares, com rendimento médio de 7.525 quilos por hectare. Santa Catarina,
apesar de recuo produtivo de 1,5%, provocado por intempéries climáticas, deverá produzir 1,061 milhão de toneladas,
mantendo-se como o segundo nessa atividade.
O Maranhão finalmente assumirá o posto de terceiro maior
produtor nacional. A Conab estima colheita de 661,8 mil toneladas, 41,5% acima das 467,7 mil toneladas verificadas na
temporada anterior, quando o clima provocou grande quebra.
O Mato Grosso, mesmo com incremento de área e de produtividade, passará a ser o quarto do ranking, com 532,2 mil toneladas em 166 mil hectares. Tocantins é o quinto Estado em
expressão produtiva de arroz, com 485,5 mil toneladas em
117 mil hectares. Piauí e Mato Grosso agregaram novas áreas
de cerrado, visando futuro aproveitamento em pastagens.
OS CINCO MAIORES > the five biggest
Ranking comparativo de área, produtividade e produção por Estado DAS Safras 2011/12 e 2012/13
Estado
RS
SC
MA
MT
TO
Área (em mil ha)
Produtividade (em kg/ha)
Produção (em mil t)
Safra 11/12 Safra 12/13
%
Safra 11/12 Safra 12/13
%
Safra 11/12 Safra 12/13
%
1.053,01.066,6
1,3
7 .350 7.525
2,4 7.739,68.026,2
3,7
150,1
150,1 -
7.180
7.070 (1,5)
1.077,7
1.061,2(1,5)
426,0416,2
(2,3) 1.0981.590
44,8 467,7661,8
41,5
143,4166,3
16,0 3.2173.200
(0,5) 461,3532,2
15,4
119,9117,6
(1,9) 3.6894.131
12,0 442,3485,8
9,8
Fonte: Conab, no sexto levantamento da safra de grãos, em março de 2013.
17
Everything in
its right place
Brazilian crop soars slightly and production volume is viewed as
appropriate for a balanced supply and global market
The Brazilian rice crop
in the 2012/13 crop year tends to soar 3.9% compared to the previous
year, with estimates pointing to 12.05 million tons of rough rice. In
the 2011/12 cycle, the total volume produced in Brazil remained at
11.59 million tons. The better performance stems from three major
factors: the good farm gate prices paid for the cereal as of July 2012,
the bigger planted area in the states of Mato Grosso and Rio Grande
do Sul (also due to better prices) and the climate conditions that
have favored the development of the crop in Rio Grande do Sul and
Maranhão, a State that emerged from a frustrated crop last year.
The above figures are from a survey of the Brazilian 2012/13
grain crop conducted by the National Supply Company (Conab),
published in early March. The area seeded with rice in the
2012/13 season has remained stable, with a slight reduction of
0.3%. It is officially estimated at 2.419 million hectares, compared to 2.427 million seeded in the 2011/12 period. In spite of
the increases in Rio Grande do Sul and in Mato Grosso, the following states reduced their areas devoted to rice: Maranhão, Tocantins, Rondônia, Paraná, Goiás, Minas Gerais and São Paulo.
Under favorable climate conditions and the use of varieties
of a greater potential in the highlands (North, Northeast and
Center-West), in addition to management improvements, in the
2012/13 crop year yields in Brazil are expected to amount to
4.982 thousand kilos per hectare, up 4.2% from the 4.780 thou-
sand kilos per hectare in the previous year. The states that produce irrigated rice (Rio Grande do Sul and Santa Catarina) will
account for 75.4% of the entire volume harvested in the Country,
that is to say, 9.087 million tons. n
THE BIGGEST
Rio Grande do Sul is the leading national rice producer. The
forecast for 2012/13 is for the State to harvest 8.026 million
tons in 1.066 million hectares, with average yields of 7,525 kilos
per hectare. Santa Catarina, despite a 1.5-percent reduction in
productivity caused by adverse weather conditions, should harvest 1.061 million tons, ranking as second in the activity.
Maranhão will finally climb to the position as third biggest
national rice producer. Conab sources refer to a harvest of
661.8 thousand tons in that state, up 41.5% from the 467.7
thousand tons in the previous year, when adverse climate
conditions took a heavy toll on the crop. The State of Mato
Grosso, in spite of the bigger planted area and higher productivity rates, will rank as fourth biggest national producer, with
532.2 thousand tons in 166 thousand hectares. Tocantins is
the fifth State in productive expression, with 485.5 thousand
tons in 117 thousand hectares. Piauí and Mato Grosso have
devoted new cerrado areas to rice, with an eye towards turning these areas into pasture lands in the future.
DESEMPENHO REGIONAL > regional performance
Comparativo de área, produtividade e produção por região brasileira - Safras 2011/12 e 2012/13
Área (em mil ha)
Produtividade (em kg/ha)
Produção (em mil t)
Região
Safra 11/12 Safra 12/13
% Safra 11/12 Safra 12/13
%
Safra 11/12 Safra 12/13
%
Norte
318,8316,2
(0,8)2.9723.135
5,5 947,3
991,1
4,6
Nordeste 596,7592,2
(0,8)1.2881.652
28,3 769,0
978,1
27,2
Centro-Oeste218,6216,8
(0,8)3.4063.246
(4,7) 744,5
703,7
(5,5)
Sudeste
53,743,9
(18,2)2.8783.007
4,5 154,6
132,1
(14,6)
Sul
1.238,9
1.249,7
0,97.2527.398
2,0
8.984,1
9.245,1
2 ,9
Brasil
2.426,7
2.418,8
(0,3)4.7804.982
4,2
11.599,5
12.050,1
3,9
Fonte: Conab, 6º Levantamento da Safra de Grãos, março de 2013.
18
A EVOLUÇÃO DA LAVOURA
YaraVita
Zintrac
TM
www.yarabrasil.com.br
Robispierre Giuliani
Não te
m
perigo
Com preços globais estáveis e crescimento nas safras, o abastecimento
mundial de arroz está garantido diante da evolução dos estoques
A produção mundial de arroz
em 2012 cresceu 0,9%, segundo a Organização das Nações Unidas
para a Agricultura e Alimentação (FAO). A safra totalizou 730,2
milhões de toneladas em casca, ou 487 milhões de toneladas de
arroz branco. Conforme essa fonte, a colheita global havia chegado a 723,7 milhões de toneladas em base casca no ano imediatamente anterior.
Este cenário de estabilidade produtiva está associado ao equilíbrio das colheitas na Ásia, na avaliação de Patrício Méndez del
Villar, economista do Centro de Cooperação Internacional em
Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (Cirad), da França.
Os bons resultados verificados na China (+1,6%) têm compensado o declínio da produção na Índia (-4%).
Na África, a safra é crescente, sobretudo no Egito, tradicional produtor, que anuncia seu retorno ao mercado de exportação em 2013.
Já na África subsaariana, principal área compradora de arroz do Brasil,
a produção aumentou, sobretudo nas regiões ocidentais. “Na América do Sul, e especialmente no Mercosul, a colheita pode vir a baixar
20
10% devido à redução das lavouras arrozeiras”, aponta del Villar.
Em 2012, o comércio entre países alcançou o recorde de 37,8 milhões de toneladas de arroz (base casca), 4% a mais do que em 2011.
Para 2013, é projetada a redução na demanda asiática e africana, o
que deve induzir à queda de 2% nos intercâmbios globais. Esta pode
recuar para 37 milhões de toneladas. Este cenário acirrará a disputa
dos mercados entre os países exportadores, caso do Brasil. “Ainda assim, o volume representa um nível bem superior à média de comercialização internacional nos três últimos anos”, diz o economista do Cirad.
Os estoques mundiais de arroz no final de 2012 atingiram o
mais alto nível histórico, de 160 milhões de toneladas, com ampliação de 11% em relação a 2011. “A perspectiva em relação a 2013 sugere nova alta, de 7%, quando então as reservas saltariam para 171
milhões de toneladas”, revela del Villar. Estes estoques representam
36% das necessidades mundiais; ou seja, é a mais alta relação observada nos últimos 10 anos”. A expectativa é de aumento da área
cultivada e da produtividade. Por isso, conforme a FAO, ao contrário
do que ocorre com outros grãos, no caso do arroz não há risco de
desabastecimento global nos próximos anos. n
Robispierre Giuliani
There is no danger
With steady global prices and soaring crops, world rice
supply is no problem in light of ever-increasing stocks
Global rice
production increased by 0.9% in 2012, according to the Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO). The
crop reached 730.2 million tons of rough
rice, 487 million tons of white rice. The
same organization refers to a crop of 723.7
million tons of rough rice the previous year.
This scenario of productive stability is
associated with the balance of the harvests
in Asia, says Patrício Méndez del Villar,
economist at the French Agricultural Research Center for International Development (Cirad). The good results obtained
by China (+1.6%) have made up for the
smaller crop in India (-4%).
In Africa, the crop is on the rise, especially in Egypt, traditional producer, now
announcing its return to the international
market in 2013. In Sub-Saharan Africa,
major buyer of Brazilian rice, production
soared, particularly in the western regions.
“In South America, and particularly in
Mercosur, the crop is likely to decrease by
10% because of reductions in planted areas”, Villar comments.
In 2012, rice transactions between countries reached a record of 37.8 million tons
22
(rough rice), up 4% from 2011. For 2013,
there is a projection for smaller demand
from Asian and African countries, which
should translate into a reduction of 2% in international transactions, likely to recede to
37 million tons. This scenario will ignite the
competition among the exporting countries,
where Brazil is a relevant player. “Nonetheless, the volume represents a much higher
level compared to the average over the three
past years”, says the Cirad economist.
The global rice stocks in late 2012
reached an all-time record, a total of 160
million tons, up 11% from 2011. “The perspective for 2013 points to a 7-percent rise,
with stocks jumping to 171 million tons”,
Villar explains. These stocks represent 36% of
the global needs; that is to say, it is the highest relation observed over the past 10 years”.
The perspective is for bigger planted areas
and soaring productivity rates. That is why,
say FAO sources, contrary to what happens
to other grains, in the case of rice there is no
risk of deficient supply over the next years. n
O FIEL DA BALANÇA > deciding factor
Quadro de oferta e demanda mundial (em mil toneladas)
País
BeneficiadoExportações
Estoques
2012 2013
2012 2013 (previsão) 2013 (previsão)
Mundo
484,3488,6
37,8
37,0
171,6
China
138,8141,0
0,3
0,3
84,7
Índia
104,3100,0
10,0
7,5
24,0
Indonésia 41,443,2
-
-
6,3
Vietnã
28,229,1
7,7
7,5
2,9
Tailândia 23,425,1
6,7
7,7
13,0
Brasil
9,17,8
1,2
0,9
0,7
EUA
5,96,4
3,3
3,5
1,3
Paquistão 6,26,3
2,9
3,3
0,6
Fontes: FAO e USDA, fevereiro de 2013.
Elaboração: Patricio Méndez del Villar/Cirad – InterArroz.
mercado > Market
Sob
controle
Comercialização seguirá as bases do ano comercial
2012/13 e tende a garantir renda ao produtor de
arroz, principalmente no segundo semestre
A comercialização da safra
2012/13 terá características semelhantes à observada no último
ano comercial, com boa valorização para o agricultor, segundo
avaliação do analista Tiago Sarmento Barata, da Agrotendências
Consultoria em Agronegócios. “Com a baixíssima posição de estoques públicos e privados, diante da estimativa de safra não muito
superior à anterior e levando-se em conta a maior capacidade de
negociação dos produtores, a expectativa é de comportamento
menos volátil dos preços, em torno de um valor médio próximo
ao obtido no último ano”, afirma.
Barata entende que, com uma maior capacidade de retração
da oferta, é natural que o produtor use tal poder a seu favor, resultando na valorização nominal do cereal. “No entanto, é neces24
sário que o produtor faça ‘um ajuste fino’ na sua capacidade de
condução dos preços, impedindo que o mercado sofra o risco de
desabastecimento”, alerta. Tiago Sarmento Barata assegura que,
uma vez desabastecido o mercado interno, outras alternativas de
oferta passarão a ser exigidas, como importação e oferta de estoque público, por exemplo, fragilizando a sustentação dos preços
num futuro próximo.
O aquecimento da demanda no mercado doméstico e, principalmente, na exportação dependerá da condição de preços mais
competitivos. “A recente desvalorização do dólar frente ao real
pressiona ainda mais o desempenho dos exportadores e faz do
Brasil um mercado atrativo ao arroz argentino, paraguaio e uruguaio”, explica o analista da Agrotendências.
Conforme Barata, neste sentido, é importante alertar que
Sílvio Ávila
quando se fala em um ano de oferta ajustada à demanda do cereal no Brasil, está sendo considerada a exportação de volume
superior a um milhão de toneladas. “Deste modo, a valorização
nominal das cotações, motivada pela retração da oferta, inviabi-
liza o alcance da meta de exportação, ‘afrouxando’ a relação de
oferta e demanda”, frisa. Portanto, a sustentabilidade econômica
da cadeia produtiva do arroz no Brasil também depende da estabilidade no abastecimento da matéria-prima. n
MERCOSUL
O analista Eduardo Aquiles Souza, da Safras & Mercado, considera que o aumento de produção do Mercosul na safra
2012/13 não será suficiente para um choque de oferta no Brasil, que deve manter valores similares aos do ano anterior.
“O que pode ocorrer é uma redução nas exportações por causa do câmbio, com o real mais valorizado, e das dificuldades
de logística, diante da grande safra de soja, que concorre por espaço no porto”, afirma.
Na avaliação de Eduardo Aquiles Souza, uma alta mais significativa dos preços do arroz será freada pela oferta de estoques do governo federal e, até, por um aumento das compras da indústria e do varejo nacional junto aos países do Mercosul,
se for o caso. “Isso cria uma condição de similaridade no comportamento do mercado com o ano anterior”, ratifica.
25
Under control
Commercialization will follow on
the heels of the 2012/13 commercial
year and tends to bring in revenue
to rice growers, particularly in the
second half of the year
The commercialization
Inor Ag. Assmann
of the 2012/13 crop will follow on the heels of the previous commercial year, with good remuneration for the farmers, according to an
evaluation by analyst Tiago Sarmento Barata, of Agrotendências
Consultoria em Agronegócios. “With the very low public and private
carryover stocks, in light of a crop on a par with the previous one,
and taking into consideration the improved negotiating capacity of
the farmers, the expectation is for less volatile prices, somewhere close
to the average values obtained last year”, he comments.
Barata understands that, with a bigger capacity of supply retraction,
it is quite natural for the farmers to resort to the power on their own
behalf, resulting into higher nominal values for the cereal. “Nonetheless,
it is necessary for the farmers to make a fine adjustment to their capacity in preventing the market from running out of stock”, he warns. Tiago
Sarmento Barata maintains that, if the market is in short supply, other
alternatives will be required, like imports and public stock offers, for example, weakening the price standards in the future.
Soaring demand in the domestic market and, particularly, bigger
exports, will depend on more competitive prices. “The recent devaluation of the dollar against the real is exerting even more pressure on the
exporters and turns Brazil into an attractive market for the rice from Argentina, Uruguay and Paraguay”, explains the Agrotendências analyst.
According to Barata, within this context, it is important to warn
that in a year of rice supply adjusted to demand in Brazil, what is being considered is the shipment abroad of upwards of one million tons
abroad. “Under such circumstances, the nominal value of the quotes,
triggered by supply retractions, makes the export target unattainable,
‘loosening’ the supply-demand relation”, he argues. Therefore, the
economic sustainability of the supply chain in Brazil also depends
on stable supplies of the raw material. n
NA BALANÇA > scale
Evolução da importação e da exportAÇÃO brasileira
de arroz (tonELADA, base casca)
Ano comercial
Importação
Exportação
2009/10
908,0894,4
2010/11 1.045,2627,4
2011/12
821,22.089,6
2012/13
1.0771.469,9
Fonte: Secex/MDIC
Elaboração: Agrotendências Consultoria em Agronegócios, março de 2013.
MERCOSUR
Analyst Eduardo Aquiles Souza, of Safras & Mercado,
has it that the bigger crop in 2012/13 harvested in Mercosur
will not be enough for a supply shock in Brazil, once similar
values to last year are to be maintained. ”What could occur
is a reduction in exports because of the exchange rate, with
the Brazilian currency highly valued against the dollar, along
with logistic hurdles, in light of the bumper soybean crop,
which also competes for space at the ports”, he says.
Souza understands that any attempts to increase the
price of rice significantly will be curbed by offers from the
federal stocks and also by bigger purchases from Mercosur
countries by the industry and by the retail sector, should this
happen. “This creates a situation of similarity with the previous year, as far as the market is concerned”, he ratifies.
26
Sílvio Ávila
Melhor do que
o esperado
Preços obtidos com a comercialização do arroz ao longo do ano comercial
2012/13 ficARAM acima da expectativa dos produtores nacionais
O ano comercial
de março de 2012 a fevereiro de 2013 apresentou-se mais remunerador ao produtor de arroz do Sul do Brasil, quando comparado com os resultados obtidos na venda das três safras anteriores.
A região concentra mais de 75% da safra nacional e influencia o
comportamento dos preços no País e no Mercado Comum do
Sul (Mercosul) – Argentina, Paraguai e Uruguai. “Nominalmente,
tivemos o preço médio de R$ 32,68 por saco de 50 quilos, em
casca, o que constitui recuperação de 42% em relação à média
registrada na safra anterior”, diz Tiago Sarmento Barata, analista
da Agrotendências Consultoria em Agronegócios.
Mas nem todos os produtores puderam gozar deste momento positivo. Barata destaca que 53% da safra foi comercializada a preço infe28
rior à média, ainda no primeiro semestre de 2012, por uma série de
razões conjunturais e estruturais. “A safra menor, a valorização cambial, o bom desempenho das exportações e a maior capacidade de
negociação dos produtores são fatores determinantes para as condições comerciais vistas, principalmente de agosto a fevereiro”, enfatiza.
Na avaliação do analista Eduardo Aquiles Souza, da Safras &
Mercado, a queda produtiva nos países que formam o Mercosul
também é um dos fatores positivos para o mercado nacional,
aliado à demanda constante, impulsionada pelas exportações
brasileiras. “Foi uma saída importante para garantir o patamar de
preços”, destaca. Nos últimos anos, foi uma comercialização de
exceção, com boa produção e preços remuneradores. Esta seria a
condição ideal para os agricultores”, reconhece. n
Exceeding
expectations
Prices fetched
by rice over the
2012/13 commercial
year exceeded the
expectations of the
national growers
The commercial
CARDÁPIO > menu
Exportações e importações brasileiras de arroz 2012/13
(por tipo, em mil toneladas, base casca)
Produto
Arroz com casca, para semeadura
Arroz com casca, parboilizado
Arroz com casca, não parboilizado
Arroz descascado, parboilizado
Arroz descascado, não parboilizado
Arroz semibranqueado etc...
parboilizado, polido ou brunido
Outros tipos de arroz semibranqueado,
etc.parboilizado
Arroz semibranqueado etc.
não parboilizado, polido, brunido
Outros tipos de arroz semibranqueado,
etc. não parboilizado
Arroz quebrado
Total geral
ExportaçãoImportação
Volume (t)
% Volume (t)
%
278,7
0,0%
317.350,2 29,5%
175,0 0,0%
0,0%
131.432,4
8,9%
3.319,6
0,3%
47.658,2
3,2%
46.897,2
4,4%
68,8
0,0%
2.949,4
0,3%
495.540,4
33,7%
1.638,0
0,2%
1.184,4 0,1% 635.812,159,0%
318.102,3
21,6%
24.615,8
2,3%
29.090,7
2,0%
33.065,8
3,1%
446.409,4 30,4%
11.352,4
1,1%
1.469.940,1 100,0% 1.077.000,6 100,0%
Fonte: Secex/Mdic
Elaboração: Agrotendências Consultoria em Agronegócios, março de 2013.
year from March 2012 to February 2013 was
characterized by the excellent remuneration
paid to the farmers, exceeding by far the three
previous crop years. The region accounts for
more than 75% of the national crop and
exerts an influence upon the behavior of
the prices in the Country and in Mercosur
– Argentina, Paraguay and Uruguay. “Nominally, we had the average price of R$ 32.68
per 50-kilo sack of rough rice, up 42% from
the average price of the previous crop”, says
Tiago Sarmento Barata, analyst with Agrotendências Consultoria em Agronegócios.
Nevertheless, not all the farmers had a
chance to take advantage of this positive
moment. Barata maintains that 53% of the
entire crop was sold at lower than average
prices, during the first half of 2012, for a series of structural reasons. “The smaller crop,
the value of the Brazilian currency, the good
performance of exports and the improved
capacity of the farmers to negotiate were
determining factors for the above mentioned
commercial circumstances, especially August through February”, he stresses.
In the evaluation by analyst Eduardo
Aquiles Souza, of Safras & Mercado, the
falling production volumes in the Mercosur
countries also comes as a positive factor for
the national market, along with constant
demand, driven b y Brazil’s exports. “It was
an important way out to guarantee the price
Standards”, he mentions. Over the past years,
commercialization was an exception, with
good production volumes and remunerating
prices. This is supposed to be the ideal situation for the farmers”, he acknowledges. n
29
Sílvio Ávila
Muita calma
nessa hora
Brasil estuda estabelecimento de cotas para o arroz importado do
Mercosul, mas a ação exige cuidados com efeitos colaterais do mercado
Uma das medidas
que poderá afetar o mercado brasileiro ao longo do ciclo 2013/14,
se adotada, é o estabelecimento de cotas para a importação de arroz
da Argentina, do Paraguai e do Uruguai, países que compõem o
Mercado Comum do Sul (Mercosul) ao lado do Brasil. Os setores
produtivos gaúcho e catarinense vêm cobrando tal medida do governo federal há anos, desde que os excedentes de importação passaram a afetar negativamente os preços do arroz no mercado interno. E o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa)
pela primeira vez cogitou tais medidas no início de 2013. O tema
segue na pauta, apesar da mudança no comando do ministério,
com a saída de Mendes Ribeiro Filho e a posse de Antônio Andrade.
Com custo de produção mais baixo, o arroz beneficiado destes
países ingressa em algumas regiões do Brasil por até US$ 100,00
a menos por tonelada do que o produto nacional. “Hoje, é preciso contabilizar mais de um milhão de toneladas do Mercosul,
anualmente, no suprimento brasileiro, volume excessivo, que só
30
não gera mais danos ao mercado porque o Brasil tem conseguido
exportar parte da safra”, revela Renato Rocha, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), que defende a imediata adoção de cotas de importação.
O governo estuda negociar apenas um acordo com os países
vizinhos para evitar os embarques no período de colheita, a
fim de impedir pressão ainda mais baixista no mercado interno. A demanda dos arrozeiros foi encampada pelo governador
do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, ex-ministro e integrante
do partido do governo federal. “Ao lado da redução da carga
tributária, é imperativo frear o ingresso de excedentes de produção do Mercosul, que são nocivos ao mercado interno e aos
produtores nacionais”, destaca o dirigente estadual. A indústria,
no entanto, não tem esse mesmo entendimento e considera que
o estabelecimento de cotas apenas vai gerar mais custos e colocará o Brasil em difícil posição na política internacional, pois
defende o fim das barreiras comerciais. n
O RISCO DA CONCENTRAÇÃO
Na avaliação do analista Tiago Sarmento Barata, da Agrotendências Consultoria em
Agronegócios, o estabelecimento de cotas do Mercosul é uma medida favorável ao mercado
quanto à necessidade de regulamentar a entrada de produto ao longo do ano, impedindo a
concentração da oferta em determinado momento, mas é nítida a carência de uma avaliação
técnica mais minuciosa. “A limitação em 800 mil toneladas do volume importado com a suspensão do ingresso nos quatro primeiros meses do ano comercial (entre março e junho), ao
contrário do que se utiliza como argumento em defesa da proposta, causará concentração
das importações, ampliando os efeitos negativos no mercado doméstico”, analisa.
Barata lembra que, nos últimos quatro anos, o Brasil importou a média de 954 mil toneladas (base casca) por ano, estabelecendo a média mensal de 79,5 mil toneladas. “A importação de 800 mil toneladas em oito meses significa a importação de 100 mil toneladas
por mês”, revela. Segundo ele, as indústrias gaúchas de beneficiamento, até então desconsideradas nesta demanda, devem ser chamadas para discutir a limitação das importações.
“Visto que 64% do arroz importado é beneficiado e que 55% entra por outras unidades da
Federação, o apoio do setor industrial seria importante na construção da proposta. O pré-conceito enfraquece o pleito”, afirma.
Entende que, enquanto a proposta está em análise, é fundamental que o assunto seja tratado com a máxima discrição. “A importação de 125 mil toneladas em maio de 2012, quando
se pleiteava a cobrança do tributo referente ao Programa de Integração Social e Contribuição
para o Financiamento da Seguridade Social (PIS/Cofins), que somavam 9,25% nas importações de arroz, deveria ter servido de lição”, alerta Tiago Sarmento Barata. Em 2012, o Congresso Nacional aprovou emenda a uma Medida Provisória que estabelecia a cobrança de
PIS/Cofins do arroz importado – atualmente isento, juntamente com o arroz nacional –, mas
o artigo foi vetado pela presidente Dilma Rousseff.
Sílvio Ávila
There is no
need to rush
inglês
Brazil is considering a quota system for rice
imports from Mercosur, but the move requires
caution because of possible market implications
DESEMPENHO > performance
Ranking do comércio internacional (ciclo 2011/12*)
Exportações
Importações
País
VolumePaís
Volume
India
10,376Nigéria
3,200
Vietnã
7,717Indonésia
1,960
Tailândia
6,945China
1,790
Paquistão
3,500Irã
1,750
EUA
3,222Filipinas
1,500
Uruguai
1,050 Costa do Marfim
1,400
Brasil
1,000EU-27**
1,295
Camboja
0,800Iraque
1,240
Birmânia
0,690Senegal
1,200
Argentina
0,675 Arábia Saudita
1,150
Egito
0,600Malásia
1,085
Austrália
0,450África do Sul
0,945
China
0,441Brasil
0,750
Rússia
0,282México
0,645
Guiana
0,257Japão
0,635
Outros
1,120Outros
15,438
Total
39,125Total
35,983
* Base beneficiado.
** União Europeia – 27 países.
Fonte: USDA, março de 2013.
Elaboração: Eduardo Aquiles – Safras & Mercado.
32
One of the measures
that may affect the Brazilian market over the 2013/14 cycle, should it
be introduced, is the quota system for imports of rice from Argentina,
Paraguay and Uruguay, countries of the South American Trade Bloc
(Mercosur), along with Brazil. The productive sectors of Rio Grande
do Sul and Santa Catarina have for years been calling on the federal
government to introduce this measure, ever since the import surpluses began to affect negatively the prices in the domestic market.
And the Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply (MAPA)
considered this measure for the first time in 2013.The theme is still on
the agenda, although there has been a change in the ministry, where
Antônio Andrade has replaced Mendes Ribeiro Filho as minister.
With a lower production cost, the milled rice from the neighboring countries enters some regions of Brazil for up to US$ 100.00
less per ton, compared to the national cereal. “Nowadays, it is
upwards of one million tons of rice from Mercosur countries, annually, that supply the Brazilian market. It is an excessively big
amount, and it would certainly cause much more damage to the
domestic market if Brazil had not managed to export part of the
national crop”, says Renato Rocha, president of the Rio Grande do
Sul State Federation of Rice Growers’ Associations (Federarroz),
who advocated the immediate adoption of a quota system.
The government is more interested in just negotiating an agreement
with the neighboring countries, intended to avoid imports during har-
vesting time, so as to prevent prices from going down even further in
the domestic market. The governor of Rio Grande do Sul, Tarso Genro,
former minister and member of the present federal government, has
also bought into the idea. “Along with a reduction in the tax burden,
it is mandatory to curb the entrance of Mercosur rice surpluses, which
harm the domestic market and the national supply chain”, says the
state governor. Nonetheless, the industries do not agree with this position. They argue that the quota system will all but generate more costs
and will push Brazil into a difficult situation in the international scenario, since the Country is against any trade barriers. n
CONCENTRATION RISK
Tiago Sarmento Barata, analyst with Agrotendências Consultoria em Agronegócios, understands that the introduction of a
Mercosur quota system favors the market in that there is a need to control the entrance of the cereal over the year, preventing
supply concentrations during certain periods, but there is also real need for a more accurate technical evaluation. “A limit
of 800 thousand tons a year of rice imports, along with a prohibition of any rice purchases from abroad during the first four
months of the commercial year (March through June), contrary to the argument that defends the proposal, will result into
import concentrations, broadening the negative effects upon the domestic market.
Barata recalls that over the past years, Brazil imported an average of 954 thousand tons of rough rice a year, with a monthly average of 79.5 thousand tons. “If 800 thousand tons are imported over an eight month period, it will translate into 100
thousand tons a month”, he reveals. According to him, the milling industries in Rio Grande do Sul, up to that time disregarded
in this demand, should be summoned to debate the question of import limitations. “Once 64% of all rice imports are milled
kernels, while 55% of the rice enters the Country through other states, the support from the industrial segment would play
an important role in the construction of a proposal. Prejudice is what is harming the entire question”, he says.
He has it that, while the proposal is under analysis, it is of fundamental importance to treat the subject with discretion. “The
purchase of 125 thousand tons in May 2012, when there was a debate on whether or not to levy the 9.25% tax regarding the Social
Contribution Tax and Contribution for the Financing of Social Security (PIS/Cofins), on rice imports, should have served as a lesson”,
warns Tiago Sarmento Barata. In 2012, National Congress passed an amendment to the Stopgap Measure that made the PIS/
Cofins mandatory on rice imports – now exempt, along with national rice – but the article was vetoed by President Dilma Rousseff.
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Aldeia
global
Brasil encontra na venda externa
a solução para manter o equilíbrio
interno dos preços, diante de compras
excessivas junto ao Mercosul
34
O escoamento de parcela
entre 10% e 15% da safra para o mercado externo foi a solução encontrada pela cadeia produtiva de arroz do Brasil a fim de manter o equilíbrio entre a oferta e a demanda nacional e os preços remuneradores
ao orizicultor. Essa estratégia fez do País (que passou a exportar há 10
anos) um protagonista no comércio internacional. No ano comercial
de 1º de março de 2012 a 28 de fevereiro de 2013, o setor remeteu
1,47 milhão de toneladas de arroz, base casca, para 56 nações. E a
balança comercial teve superávit de 393 mil toneladas do cereal.
Apesar do volume 29,7% menor do que o verificado no ciclo
2011/12, quando embarcou 2,09 milhões de toneladas, este foi
um ótimo desempenho, considerando-se a menor competitividade do cereal brasileiro em âmbito internacional, imposta pela
recuperação das cotações domésticas. “No cenário que se apresentava, o Brasil se saiu bem. É inegável que no segundo semestre
o ritmo dos embarques reduziu, com a maior participação dos
negócios envolvendo arroz quebrado”, menciona o analista Tiago
Sarmento Barata, da Agrotendências Consultoria em Agronegócios, de São Gabriel (RS).
Conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior (MDIC), só 32% do total negociado com o exterior foi escoado nos últimos seis meses do ano comercial (setembro a
fevereiro), quando os quebrados representaram 42% do movimento
geral. A participação era de 24% no semestre anterior.
Na avaliação de Barata, no ano comercial 2013/14 o grande
desafio é manter a presença nos mercados conquistados. “À expectativa de sustentação de preço da matéria-prima e ao câmbio
abaixo de R$ 2,00 por dólar soma-se a necessidade de se adequar
às limitações logísticas que se apresentarão, por conta da grande
safra de grãos e da disputa por espaço com a soja nos portos”,
destaca. O momento exige valorização da qualidade do arroz nacional e eficiência nas relações com os países importadores.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que
o Brasil exportará 1,1 milhão de toneladas de arroz, base casca,
com redução de quase 300 mil toneladas, por causa da previsão
de preços internos mais elevados. Ao mesmo tempo, as importações devem ficar na casa de 900 mil toneladas, com o Brasil
mantendo-se superavitário em 200 mil toneladas. n
NA HORA DAS COMPRAS
Como maior consumidor e produtor de arroz fora da Ásia, o Brasil atrai elevados volumes de cereal do Mercosul. No
ano comercial 2012/13, o País importou 1,08 milhão de toneladas. Como no ano imediatamente anterior, a Argentina foi a
principal origem do cereal importado, representando 37,3% do total adquirido. Uruguai e Paraguai responderam, respectivamente, por 30,3% e 25,3%. A compra de grão de fora do bloco comercial voltou a ocorrer em maior intensidade, com
destaque à internalização de 58,6 mil toneladas, base casca, de grão beneficiado vietnamita.
As demais importações de terceiros países estão restritas a variedades gourmet e com características de consumo
étnico, caso dos arrozes aromáticos (Basmati e Jasmine etc), arbóreo para culinária italiana e glutinoso, para a cozinha
japonesa, que ocupam nichos de consumo crescentes no Brasil. No entanto, têm baixa representatividade diante da dimensão do mercado e da balança comercial.
Conforme o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês), o Brasil foi o sétimo maior
exportador de arroz do mundo em 2012, com um milhão de toneladas em base beneficiado embarcadas. E é o 11º maior
importador, principalmente por sua característica de receber o cereal a preços muito competitivos do Mercosul, comprando 750 mil toneladas base beneficiado.
35
Inor Ag. Assmann
Global village
Brazil resorts to foreign sales to keep
domestic prices steady, in light of excessive
purchases of rice from Mercosur countrieS
The shipment of
10% to 15% of the crop to foreign countries was the solution that
the rice supply chain came up with to keep the balance between
supply and demand in the domestic market, whilst sustaining
farm gate prices remunerating. This strategy turned the Country
(which started exporting rice 10 years ago) into a protagonist in
the international marketplace. In the 1st March 2012 to 28th February 2013 commercial year, the sector shipped 1.4 million tons of
rice (in the husk) to 56 nations. And the surplus of the balance of
trade reached 393 thousand tons of the cereal.
Despite the 29.7% smaller volume shipped abroad in the
2011/12 crop year, when exports totaled 2.09 million tons, it was
an excellent performance, considering the weaker competitiveness
of the Brazilian cereal in the global scenario, derived from the recovery of the domestic prices. “In such a scenario, Brazil did well.
It is undeniable that shipments abroad receded in the second half
of the year, when the share of broken rice soared considerably”,
says market analyst Tiago Sarmento Barata, of Agrotendências
Consultoria em Agronegócios, based in São Gabriel (RS).
36
According to data released by the Ministry of Development, Industry and Foreign Trade (MDIC), only 32% of the total negotiated
with foreign countries was shipped in the last six months of the
commercial year (September through February), when broken rice
represented 42% of all shipments. Its share had been 24% in the
previous six months.
Barata has it that the in the 2013/14 commercial year the great
challenge will consist in not losing the newly conquered markets. “Besides the expectation for sustained prices for the raw material and
for an exchange rate slightly below R$ 2.00 to the dollar, there is need
to adjust to the logistic limitations that will surface on account of the
huge cereal crop and the fight with soybean for spaces at the ports”, he
says. The moment requires an eye towards the quality of the rice and
the efficiency of relations with the countries that purchase our cereal.
The National Supply Company (Conab) estimates Brazil’s rice shipment abroad at 1.1 million tons, in the husk, down almost 300 thousand tons, because of the much expected prospective higher domestic
prices. In the meantime, imports are reckoned to remain at 900 thousand tons, with a balance of trade surplus of 200 thousand tons. n
Inor Ag. Assmann
WHEN IT IS TIME TO BUY
As leading rice consumer and producer outside Asia,
Brazil attracts high volumes from Mercosur countries. In the
2012/13 commercial year, imports amounted to 1.08 million
tons. Just like in the year immediately before, Argentina was
the leading origin of the cereal, representing 37.3% of the total. Uruguay and Paraguay accounted respectively for 30.3%
and 25.3%. Purchases from outside the South American Bloc
occurred again, especially from Vietnam, with 58.6 thousand
tons of rice in the husk, processed in that country.
The other purchases from third party countries are
restricted to gourmet varieties, with ethnic consumption
characteristics, as is the case of the aromatic rice (Basmati
and Jasmine etc), arboreum rice for the Italian cuisine and
glutinous rice for the Japanese cuisine, which are taking
advantage of ever soaring market niches in Brazil. Nonetheless, their representativeness is negligible in light of the
dimension of the market on the balance of trade.
According to the United States Department of Agriculture (USDA), Brazil ranked as seventh largest rice exporter in
the world in 2012, with a million tons of milled rice shipped
abroad. And ranked as 11th largest importer, especially
for its characteristic of receiving the cereal from Mercosur
countries, at very competitive prices, with purchases that
amounted to 750 thousand tons of milled rice.
Sílvio Ávila
Bem
justinho
Os estoques brasileiros devem se
manter ajustados no ano comercial
2013/14, garantindo o suprimento do
mercado e bons preços ao produtor
O quadro de oferta
e de demanda de arroz no Brasil para o ano comercial 2013/14,
que vai de 1º de março de 2013 a 28 de fevereiro de 2014, demonstra que o abastecimento nacional está garantido. Além disso, o País ainda dispõe de volume considerável para negociar no
mercado externo. Com base no sexto levantamento da safra de
grãos 2012/13, divulgado em março pela Companhia Nacional de
Abastecimento (Conab), o Brasil terá, ao longo do ciclo 2013/14,
suprimento total de 14,59 milhões de toneladas.
Este quadro de disponibilidade é formado por 1,6 milhão de toneladas de estoque inicial (remanescente do ano comercial 2012/13),
12,05 milhões de toneladas de colheita e 900 mil toneladas de importações. Em contrapartida, o consumo deve se manter em 12,1
milhões de toneladas e as exportações em 1,1 milhão de toneladas,
resultando em estoque final de 1,39 milhão de toneladas, o mais
baixo da década. A queda de estoques deve beneficiar o produtor
nacional, pois reduz a oferta do cereal e mantém os preços mais altos. O que preocupa, neste sentido, é que para este quadro de oferta
e demanda ser confirmado, o Brasil precisaria exportar mais de um
milhão de toneladas ao longo do período 2013/14. Entretanto, a cadeia enfrenta dificuldades para viabilizar esse desempenho.
Três são os gargalos neste sentido. No final de março, as cotações brasileiras estavam em R$ 31,00 a R$ 32,00 por saco de
50 quilos no Rio Grande do Sul. É praticamente o teto de valor
interno para viabilizar a exportação. A alta de preços no mercado doméstico, prevista para o segundo semestre, portanto, pode
inviabilizar vendas externas mais significativas, o que se refletiria
nos preços nacionais e no estoque final.
O segundo entrave é o câmbio, com o real ligeiramente mais
valorizado sobre o dólar do que no ano anterior, o que retira parte da competitividade do grão no mercado externo. Por fim, há o
chamado apagão logístico: o Brasil está colhendo uma safra recorde de grãos e os portos, especialmente o de Rio Grande (RS), têm
problemas para receber arroz fora das estruturas da Companhia
Estadual de Silos e Armazéns (CESA), especialmente reservadas
para exportação de arroz. n
CONFIANTE
Na avaliação do presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Renato Rocha,
este quadro de oferta e de demanda poderá ser alterado para melhor. Julga que as exportações brasileiras podem ser maiores,
principalmente em virtude do fato de as compras chinesas estarem em alta, o que valoriza o arroz no mercado internacional.
Acredita ainda que o consumo nacional poderá ser ampliado. “Se cada brasileiro comer por dia uma colher a mais de arroz,
elimina o problema de excedentes”, ilustra. Rocha igualmente defende uma revisão na contagem dos estoques privados.
38
Brazilian carryover stocks
are supposed to remain tight
throughout the 2013/14 commercial
year, keeping the market supplied
and ensuring good farm gate prices
Sílvio Ávila
Tight
stocks
to make exports viable. The soaring prices in the domestic market, foreseen for the second half of the year could therefore make
the most important foreign sales unviable, which would certainly
reflect on the domestic prices and final stock.
The second hurdle is the Exchange rate, with the dollar losing
value against the real, compared to last year, which affects negatively the competitiveness of the Brazilian cereal in the international marketplace. Finally, there is the so-called logistics blackout: Brazil is celebrating a record cereal harvest but the ports,
especially in Rio Grande do Sul, have problems accommodating
the rice outside the structures of the State Warehousing and Silos
Company (CESA), specifically reserved for rice exports. n
The rice supply and demand
picture for the 2013/14 commercial year in Brazil – 1st March
2013 through 28th February 2014 – demonstrates that the domestic needs will be met. The Country possesses considerable volume
to be negotiated in the foreign market. Based on the sixth 2012/13
crop survey, published in March by the National Supply Company
(Conab), total supply in Brazil throughout the 2013/14 cycle is estimated at 14.59 million tons.
This huge amount of available rice is made up of 1.6 million
tons of the initial stock ( from the 2012/13 commercial year), 12.05
million tons of the normal crop and imports of 900 thousand tons.
On the other hand, consumption should remain at 12.1 million
tons, and exports are estimated at 1.1 million tons, resulting into
a final stock of 1.39 million tons, the lowest in the entire decade.
The lower stocks are poised to benefit the domestic rice growers,
as supplies are reduced, with consequent higher prices. Within this
context, what causes concern is the fact that for this picture to be
confirmed, Brazil will need to export upwards of a million tons
over the 2013/14 cycle. Nonetheless, the supply chain considers it
difficult to make such a performance viable.
There are three bottlenecks in the way. In late March, prices in
Brazil were ranging from R$ 31.00 to R$ 32.00 per 50-kilo sack, in
Rio Grande do Sul. It is practically the ceiling of the domestic price
CONFIDENT
The president of the Rio Grande do Sul State Federation
of Rice Growers’ Associations (Federarroz), Renato Rocha,
understands that this supply and demand picture could be
improved. He believes that Brazil could export more rice, especially because shipments to China are now soaring, a fact
that adds value to the crop in the international scenario. He
also believes that domestic consumption could up further. “If
every Brazilian citizen consumes one more spoonful of rice a
day the problem of surpluses will no longer exist”, he illustrates. Rocha equally advocates a revision of the private stocks.
DISPONIBILIDADE > availability
Quadro de oferta e demanda de arroz no Brasil (em mil t)
Safra
Estoque inicial
Produção
Importação
Suprimento
Consumo
Exportação
Estoque final
2008/09
2.033,7
12.602,5908,0
15.544,2
12.118,3894,4
2.531,5
2009/10
2.531,511.660,9
1.044,8 15.237,2 12.152,5
627,4
2.457,3
2010/11
2.457,313.613,1
825,4 16.895,8 12.236,7
2.089,6
2.569,5
2011/122.569,5
11.599,51.000,0
15.169,0
12.100,01.420,01.649,0
2012/13
1.649,012.050,1
900,0 14.599,1 12.100,0
1.100,0
1.399,1
Fonte: Conab, sexto levantamento da safra de grãos, março de 2013.
39
Sílvio Ávila
Pontos a
melhorar
Redução da carga tributária, cotas de
importação para o Mercosul, isenção de
impostos nas exportações e aumento do
consumo são metas setoriais
O orizicultor brasileiro
é um dos mais eficientes do mundo, usa alta tecnologia e alcança grandes níveis de produtividade e de qualidade de grãos.
Mas perde em competitividade nos mercados interno e externo
por aspectos que lhe fogem ao controle, atinentes à macroeconomia ou à política governamental. Essa conjuntura poderá ser
alterada em 2013 por conta de uma agenda estratégica estabelecida entre os produtores e o Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento (Mapa).
De imediato, em 2013 o governo brasileiro garantiu R$ 1 bilhão
para mecanismos de custeio da comercialização, o que dará sustentação de preços. “O mercado opera acima destes patamares e,
pela conjuntura, terá preços similares a 2012. Os recursos servem
como lastro”, entende o presidente da Federação das Associações
de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (RS), Renato Rocha. Um avanço
é a repactuação de dívidas arrozeiras, estimadas em R$ 3,1 bilhões,
autorizadas para pagamento em 10 anos, que será ajustada a fim de
chegar aos bancos privados, cooperativos e estaduais.
Vencidas estas etapas, o setor acredita que, gradualmente,
o governo atenderá às quatro principais demandas: redução da
carga tributária ao longo da cadeia produtiva; estabelecimento de
cotas de importação do Mercosul; isenção de taxas e tributos para
incentivar as exportações e uma campanha nacional pelo aumento do consumo do arroz e do feijão. “Tais medidas trarão maior
estabilidade aos preços para o produtor, sem penalizar o consu40
midor, e farão o arroz brasileiro mais competitivo nos mercados
externo e interno”, avalia Renato Rocha, da Federarroz.
Em março entrou em vigor a isenção de impostos federais
sobre a cesta básica nacional, mas a medida só vale para o consumidor. Tramita no Congresso Nacional projeto que estabelece a isonomia do Imposto sobre Circulação de Mercadorias
e Serviços (ICMS) em 4% entre os estados. Hoje, a tarifa é de
zero a 17%, dependendo dos interesses de cada Estado. O setor
pede agilidade na vigência da regra. “Também é preciso reduzir
os custos de produção pela eliminação ou queda das alíquotas
de tributos sobre insumos, máquinas e equipamentos à cadeia
produtiva”, diz Rocha.
O presidente da Federarroz destaca a importância de o Brasil
estabelecer cotas de importação do arroz do Mercado Comum do
Sul (Mercosul). Um milhão de toneladas do cereal são internalizadas por ano da Argentina, do Uruguai e do Paraguai, países que
têm menor custo de produção diante da baixa carga tributária ou
dos subsídios à exportação. “As assimetrias criam uma injustiça:
agricultores estrangeiros têm renda e o nacional não a tem”, frisa.
Estas assimetrias fazem, por exemplo, com que o arroz beneficiado da Argentina e do Uruguai chegue ao Nordeste brasileiro
valendo bem menos do que o mesmo produto embarcado no Sul
do País em algumas épocas do ano. A proposta é de uma cota de
importação de 800 mil toneladas anuais. A partir daí, uma tarifa
aplicada iguala os preço do Mercosul aos internos. n
NO RITMO DAS EXPORTAÇÕES
Apesar do superávit de 400 mil toneladas na balança
comercial do arroz na temporada 2012/13, que ajudou a
equilibrar os preços internos, a cadeia produtiva considera
que são necessários incentivos para exportar. O mercado
nem sempre será favorável e atualmente as exportações
garantem equilíbrio no mercado brasileiro, ajudando a escoar 1 milhão de toneladas de arroz, mesmo volume que
entra dos países vizinhos. “A exportação é estratégica. Por
isso, é fundamental reduzir tributos e taxas portuárias, investir em logística e criar mecanismos que façam o nosso
grão competitivo no mercado externo”, diz Renato Rocha,
da Federarroz. A demanda está sendo analisada no Mapa.
A pedido do setor, o governo federal também estuda o lançamento de uma campanha nacional em apoio ao consumo
de arroz e feijão, centrada na alimentação saudável como
questão de saúde pública, para evitar o avanço da obesidade.
“Se cada brasileiro comer mais uma colher diária de arroz,
terá mais saúde, o mercado estará mais equilibrado e o produtor garantirá mais renda”, ilustra Renato Rocha. n
Issues that need
to be improved
Tax burden reduction, import
quotas for Mercosur countries,
exemption of export taxes and more
consumption are sectoral targets
lion tons of the cereal are brought into the country every year, coming
from Argentina, Uruguay and Paraguay, countries where production
costs are lower, by virtue of a lower tax burden and export subsidies.
“Such asymmetric conditions are unfair: foreign rice farmers make
profits, while national growers incur losses”, he mentions.
These asymmetries, for example, make it possible for milled rice
from Argentina and Uruguay to reach the Brazilian Northeast at
much lower prices than the cereal shipped from South Brazil to the
same destination, in some periods of the year. The suggestion is for an
import quota of a maximum of 800 thousand tons a year. From that
point on, a tariff should be levied on the rice from abroad, so as to
push its price to Brazil’s domestic levels. n
42
Sílvio Ávila
Brazilian rice farmers
are among the most efficient in the world. They use high technology
and achieve good productivity rates and quality kernels, but are deficient in competitiveness at home and abroad for reasons that are
beyond their control, pertinent to macro-economy questions or government policies. This scenario is likely to be altered throughout 2013
on account of a strategic agenda agreed between the farmers and the
Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply (MAPA).
To Begin with, in 2013 the Brazilian government provided for an
R$ 1 billion grant for trading mechanisms, which will sustain prices.
“The market operates above these standards and, in light of the scenario, is likely to practice prices similar to 2012.The resources serve as
reserve”, says the president of the Rio Grande do Sul State Federation
of Rice Growers’ Associations, Renato Rocha. One of the conquests is
the renegotiation of the rice growers’ debts, estimated at R$ 3.1 billion,
now scheduled to be settled over a 10-year period, including the debts
with private banks, cooperatives and state banks.
Once these stages have been conquered, the sector believes that,
gradually, the government will see to the four demands: reduction of
the tax burden levied on the supply chain; import quotas for Mercosur
countries; tax exemptions intended to encourage exports and a nationwide campaign focused on higher consumption of rice and beans.
“These measures will result into stable farm gate prices, without penalizing the consumers, and will turn Brazilian rice more competitive at
home and abroad”, comments Renato Rocha, of Federarroz.
Exemption of federal taxes on the basic food basket entered into
force in March, but the measure only contemplates the consumers. National Congress is now debating a project that establishes a maximum
difference of 4% of State Value-Added Taxes (ICMS) from on state to the
other. Currently, the tariff ranges from 0 to 17%, according to the interests
of every State. The sector is calling on the government for an immediate
enforcement of the rule. “There is also need for a reduction in the production costs through the elimination or reduction of taxes levied on inputs,
machinery and equipment for the supply chain”, says Rocha.
The president of Federarroz stresses the need for Brazil to set up a
rice import quota system regarding the Mercosur countries. One mil-
IN THE EXPORT RHYTHM
In spite of the 400 thousand ton surplus on the Brazilian
rice trade balance in the 2012/13 crop year, which helps balance domestic prices, the supply chain is calling for export
incentives. The market is not favorable all the time and, currently, exports are responsible for the balance in the Brazilian
market, with shipments of one million tons, matching the one
million tons brought in from Mercosur countries. “Exports
play a strategic role. To this end, it is necessary to reduce taxes
and port fees, invest in logistics and create mechanisms that
turn our kernels competitive in the international marketplace”, says Renato Rocha, of Federarroz. The solicitation is being
analyzed by the Ministry of Agriculture.
At the request of the sector, the federal government is also
considering a nationwide campaign encouraging the consumption of rice and beans, focused on healthy eating habits as a
matter of public health, particularly to curb the obesity trend. “If
every Brazilian citizen consumes one more spoonful of rice a
day, they will be healthier, the market will remain balanced and
the farmers will make more profits”, Renato Rocha concludes.
PERFIL > Profile
Apesar do aumento
da superfície semeada na safra 2012/13, por conta dos bons preços no segundo semestre de 2012 e da recuperação, ainda que
tardia, dos mananciais para irrigação, o Rio Grande do Sul deverá
colher volume de arroz similar ao da temporada anterior. A expectativa é do Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga), conforme
o presidente Cláudio Brayer Pereira. Ele aponta o clima adverso
como causa da queda produtiva.
O inverno seco não permitiu a recuperação das barragens na
Fronteira Oeste e na Campanha e inibiu o plantio no cedo. As
chuvas vieram em setembro e outubro, época de semeadura. Atrasaram o plantio, mas recuperaram os mananciais e permitiram
aumentar a área. “No entanto, o atraso gerou outro problema:
por volta do Carnaval, houve 10 dias de frio noturno, e muitas
lavouras estavam em floração. Isso gerou muitos grãos falhados e
vai implicar em produtividade abaixo do esperado”, revela.
Apesar do clima desfavorável em alguns momentos, Cláudio
Brayer Pereira destaca que a estabilidade produtiva está associada à
tecnologia de manejo e às variedades. “Hoje, temos uma lavoura de
alto potencial produtivo, mesmo sob impacto climático”.
Com produção similar e estoques nacionais menores do que
no último ano comercial, Pereira crê em preços também similares
a 2012. “No ano passado, na safra, o arroz era comercializado a R$
24,00 pelo saco de 50 quilos, abaixo dos R$ 25,80 do preço mínimo e dos R$ 30,00 do custo de produção”, explica. “Nesta safra,
em março, as cotações se mantinham em R$ 32,00, numa boa base
Tudo será
como antes
Apesar da previsão inicial de safra maior, o clima deverá levar a
colheita gaúcha a repetir o volume e a ter preços similares a 2012
44
Sílvio Ávila
inicial para se recuperarem ao longo do ano”, argumenta.
O presidente do Irga entende que os preços nacionais estarão ligados à política cambial e ao mercado internacional. “As
cotações mais altas no primeiro semestre nos retiram um pouco
da competitividade no mercado externo, e precisamos exportar
bem, compensando as importações, para dar estabilidade ao mercado interno e preços remuneradores ao arrozeiro”, frisa.
Outra variante que deve ajudar a manter os preços mais aquecidos é o cultivo de 300 mil hectares de soja e 15 mil hectares de
milho em terras de arroz no Rio Grande do Sul. “Além de limpar
a área para o ano seguinte, os orizicultores podem comercializá-los no primeiro semestre e segurar o arroz para vender quando
estiver mais valorizado”, sugere. n
UM QUADRO MAIS COMPLEXO
Diferentemente do Irga, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta que o Rio Grande do Sul ampliará em
3,7% a produção de arroz na safra 2012/13, avançando para 8,03 milhões de toneladas. Para chegar a este volume, a companhia federal contabiliza aumento de área de 1,3%, de 1,053 milhão de hectares a até 1,066 milhão de hectares. E a produtividade média igualmente é anunciada como maior, em 2,4%, passando de 7.350 quilos por hectare para 7.525 kg/ha.
Apesar das perdas por clima na lavoura gaúcha, dificilmente a Conab reduzirá quase 500 mil toneladas nos seus
relatórios. Mas as entidades gaúchas discordam destes números. “O volume está acima da realidade”, diz o presidente
da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Renato Rocha. Ele considera que o
Irga, por acompanhar de perto a produção, indica valores mais reais.
O Rio Grande do Sul é o maior produtor nacional de arroz, com percentual que varia de 62% a 65% do volume total
colhido anualmente. E concentra mais de 95% da exportação nacional, que no ciclo 2012/13 bateu na casa de 1,4 milhão de toneladas.
45
Sílvio Ávila
No changes
in sight
Although a bigger crop has been forecast, weather conditions
are supposed to keep it at last year’s volumes and values
Notwithstanding the bigger
planted area in the 2012/13 crop year, on account of the more
remunerating prices fetched in the second half of 2012, and the
somewhat late recovery of the irrigation dams, Rio Grande do
Sul is expected to harvest a crop similar to last year in size. The
estimate was released by the president of the Rio Grande do Sul
State Rice Institute (Irga), Cláudio Brayer Pereira. He blames the
adverse climate conditions on the lower yield.
The dry winter prevented the irrigation dams from recovering,
particularly in the Western Frontier and meadowland areas throughout Rio Grande do Sul, and inhibited early plantings. The good rains
came in September and October, at seeding time. They delayed plantings but recovered the water reservoirs, and allowed for bigger planted areas. “Nonetheless, this initial delay gave rise to another problem:
around Carnival time, there were 10 cold nights, at a time when lots
of fields had reached the blossoming stage. It resulted into flawed
grains with implications in lower-than-expected yields”, he admits.
In spite of occasional unfavorable climate conditions, Cláudio
Brayer Pereira maintains that productive stability is strongly associated with technology and the type of cultivars. “Nowadays, we
are in a position to keep our fields highly productive, even under
46
unfavorable climate-induced impacts”.
With a similar product and national stocks running lower
than last year, Pereira believes in prices similar to 2012. Last year,
at harvest time, a 50-kilo sack fetched R$ 24.00, at a time when
minimum prices had been set at R$ 25.80, with production costs
reckoned at R$ 30.00”, he explains. “In the current season, in
March, prices were stable at R$ 32.00, a good level to start with,
and chance to recover over the year”, he argues.
The president of Irga understands that prices in the domestic
scenario will remain chained to exchange rate policies and to the
international market. “The higher prices in the first half of the year
adversely affect our competitiveness abroad, at a time when we
need to export considerable volumes, making up for imports, so as
to ensure a stable domestic market and remunerating farm gate
prices”, he emphasizes.
Another variable that should keep prices at remunerating levels is the cultivation of soybean in 300 thousand hectares, and
corn in 15 thousand hectares of areas previously devoted to rice
in Rio Grande do Sul. “Besides keeping the area clean for the next
year, the rice farmers can sell the above crops in the first half of the
year and store the rice until it fetches better prices”, he suggests. n
ARROZ GAÚCHO > rice in rio grande do sul
Quadro de safra
Área (mil hA)
Produtividade (kg/ha)
Produção (mil t)
Safra 11/12
Safra 12/13
%
Safra 11/12
Safra 12/13
%
Safra 11/12
Safra 12/13
%
1.053,0
1.066,61,3
7.350
7.5252,4
7.739,6
8.026,23,7
Fonte: Conab, levantamento da safra de grãos 2012/13; março de 2013.
A MORE COMPLEX PICTURE
Contrary to Irga, the National Supply Company (Conab) projects a 3.7 percent increase in
the 2012/13 rice crop in Rio Grande do Sul, progressing to 8.03 million tons. To achieve this
volume, the federal corporation factors in a 1.3 percent increase in area, from 1.053 million
hectares to 1.066 million hectares. Average productivity rates are also announced to soar
2.4%, from 7,350 kilos per hectare to 7,525 kg/ha.
In spite of the weather induced losses in Rio Grande do Sul, the report issued by Conab will not
refer to a reduction of 500 thousand tons in the current crop. Entities in the State disagree with
these numbers. “The volume outstrips the actual crop size”, says the president of the Rio Grande
do Sul State Federation of Rice Growers’ Associations (Federarroz), Renato Rocha. He has it that
it is Irga that points to the real figures, since the entity follows the production process closely.
Rio Grande do Sul is the biggest national producer of rice, accounting for a percentage
rate ranging from 62% to 65% of the total annually harvested crop in Brazil. The State is also
responsible for upwards of 95% of the national shipments abroad, which, in the 2012/13
cycle amounted to 1.4 million tons.
Inor Ag. Assmann
Razões para
otimismo
Dimensionada à sua estrutura, com
produção, área e cotações estáveis, a
safra de Santa Catarina ocorre sem
grandes preocupações setoriais
Os arrozeiros
de Santa Catarina estão animados para a temporada 2012/13.
Responsáveis pela segunda maior produção do Brasil, usando
em quase 100% da área o cultivo pré-germinado, garantem a
estabilidade em 150 mil hectares anuais (4,1% da região Sul).
Danos climáticos tendem a reduzir em 1,5% a produtividade
neste ciclo, no comparativo com a safra anterior, fazendo o
rendimento cair de 7.180 quilos por hectare para 7.070 kg/
ha. A produção, com isso, deve recuar de 1,07 milhão de toneladas para 1,06 milhão de toneladas, conforme a Companhia
Nacional de Abastecimento (Conab), o que representa 11,5%
da colheita regional.
48
O que anima aos produtores é a expectativa de bons preços no
período 2013/14. Com o volume de safra dimensionado à capacidade de armazenagem, com custo de produção abaixo da média
do País, com boa parte da mão-de-obra sendo familiar, além da
comercialização integrada e do baixo endividamento renegociado
com os bancos, os catarinenses apostam em rentabilidade.
Na avaliação de Enori Barbieri, vice-presidente de Agronegócios da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa
Catarina (Faesc), as perdas pontuais em Nova Veneza, Criciúma e
arredores são pequenas diante do todo. “O ano é promissor para
a comercialização. Apesar da natural queda de preços na safra,
partimos de R$ 32,00 por saco, quando há um ano, em março, o
DIVERSIFICAÇÃO
Para melhorar os preços do arroz em Santa Catarina, quebrar o ciclo de doenças, pragas e invasoras, e gerar renda alternativa, alguns produtores começam a introduzir o cultivo de milho nas áreas mais altas das várzeas no Sul do Estado. “Há grande
demanda na região pelas cadeias de frangos e suínos. E os preços médios de R$ 32,00 por saco de 60 quilos, com produtividade
de 200 sacos por hectare, são positivos”, afirma Enori Barbieri, da Faesc. “Assim, diminui a oferta de arroz, o que deve melhorar
os preços também.” A área diversificada ainda é muito pequena, mas deve crescer, conforme Barbieri.
valor era R$ 24,00. Teremos bons preços”, enfatiza.
A sinalização de fato é muito promissora. Os agricultores que
colheram cedo venderam a saca na faixa de R$ 34,00 a R$ 35,00,
acima do custo de produção. As lavouras de Santa Catarina são
pequenas, com mão-de-obra familiar. “Aqui não reclamamos
do passado. E temos fé no futuro. Encerramos a safra com boa
produtividade, boa produção e sem queixas de preços”, destaca. Barbieri espera cotações internas mais altas, ou pelo menos
iguais a 2012, pois, segundo ele, os estoques nacionais estão
baixos, a produção deve ser similar à do ano anterior, e a China
está importando mais do que o previsto, o que deve também
gerar valorização do arroz destinado ao mercado internacional.
No Vale do Itajaí e no Norte Catarinense, a produção é estável, com grandes produtividades e, em parte, há o manejo da
soca para uma nova colheita. “É uma prática que permite colher
250 sacos por hectare, nas duas safras, mas só em áreas favoráveis, e por produtores que conhecem a tecnologia”, salienta
Barbieri. E as cooperativas são fortes aliadas.
Na avaliação de Barbieri, é preocupante a evolução das áreas
e das safras do Centro-Oeste, do Norte e do Nordeste do Brasil.
Entende que o mercado nacional apresenta um tamanho que, mediante excesso de oferta, pode gerar prejuízos ao agricultor. “Se outras regiões incrementarem a produção e as importações seguirem
aumentando, o Sul terá dificuldades no futuro”, afirma. n
49
Inor Ag. Assmann
The rice farmers in
Santa Catarina are very excited about the 2012/13 cycle. Responsible
for the second largest production volume in Brazil, where almost a
hundred percent of all fields are cultivated under the pre-germinated
system, the crop has remained stable at 150 thousand hectares (4.1%
of the southern region). Climate induced damages are likely to reduce the productivity rates of this cycle by 1.5%, compared to the previous crop, from 7,180 kilos per hectare to 7.070 kg/ha. Therefore, production should recede 1.07 million tons, according to the National
Supply Company (Conab), representing 11.5% of the regional harvest.
What encourages the farmers is the expectation for good prices
in the 2013/14 cycle. With the volume of the crop adjusted to the
warehousing capacity, with a lower-than-average production cost,
relying on family labor for the most part, besides the integrated commercialization system and low indebtedness renegotiated with the
banks, the farmers in Santa Catarina bet on productivity.
Enori Barbieri, vice-president of the Santa Catarina State Live-
stock and Agriculture Agribusiness Federation (Faesc), the one-off
losses in Nova Veneza, Criciúma and surroundings are negligible in
light of the entire amount. “In terms of sales, the year is favorable.
Despite the natural drop in prices at harvest time, we got off to a good
start, with R$ 32.00 per sack, while a year ago, in March, it was R$
24.00. We will have good prices”, he points out.
There are promising signs. The farmers who harvested their crop
early fetched from R$ 34.00 to R$ 35.00 a sack, above the production
cost. The farms in Santa Catarina are small and rely mostly on family labor. “Around here we do not complain about the past, and we
have faith in the future. Our crop came to a close with good yields,
hefty volumes and with no complaint about prices”, he comments.
Barbieri hopes for better remuneration on the domestic side or, at
least, prices similar to 2012, in light of the low national stocks and
production volumes similar to last year. In the meantime, China is
importing more rice than previously forecast, a fact that is supposed
to exert a positive pressure on international prices.
Cause for
celebration
Dimensioned to its structure, with
stable volume, area and prices, the
rice crop in Santa Catarina is running
smoothly with no sectoral concerns
50
In Vale do Itajaí and in the North of Santa Catarina, the size
of the crop has remained stable, with excellent yields and some
of the farmers are preparing for a second harvesting. “It is a
practice that normally yields up to 230 sacks per hectare, if the
two harvests are considered, but only in favorable areas, and by
farmers that know the technology”, says Barbieri. Most cooperatives recommend this practice strongly.
Barbieri expresses concern about the ever-rising areas devoted to the crop in the Center-West, North and Northeast. He
has it that the national market should not be overburdened with
excessive supplies, as this could generate losses at farm level.
“Should other regions continue devoting more and more land
to rice, with imports continuing on a rising trend, the South will
have difficulties in the future”, he comments. n
DIVERSIFICATION
With an eye towards better prices and extra income in Santa Catarina, whilst breaking the cycle of pests, diseases and
weeds, some farmers are now beginning to grow corn in the highlands and in the meadowlands across the southern portion of the State. “There is great demand for corn in the region because of chicken and pig farming operations throughout
the region. And the average prices of R$ 30.00 for a 50-kilo sack, considering productivity rates of 200 sacks per hectare,
are very positive”, says Enori Barbieri, of Faesc. “This will reduce the rice crop, with positive reflections on prices. Diversification is still at a fledgling stage, but is poised to make strides soon, Barbieri comments.
ARROZ CATARINENSE > rice in santa catarina
Quadro de safra em Santa Catarina
Área (mil ha)
Produtividade (kg/ha)
Produção (mil t)
Safra 2011/12 Safra 2012/13
% Safra 2011/12
Safra 2012/13
% Safra 2011/12 Safra 2012/13
%
150,1 150,1
- 7.180 7.070
(1,5)1.077,71.061,2
(1,5)
Fonte: Conab, levantamento da safra de grãos 2012/13; março de 2013.
51
Inor Ag. Assmann
O despertar
de um gigante
52
Maranhão assume-se como arrozeiro, se
estabelece como o principal Estado produtor fora
do Sul do Brasil e tem potencial para muito mais
presenta um terço da produtividade nacional e 20% do resultado obtidos no Sul.
O especialista Paulo Morceli, supervisor de Gestão e Oferta
da Conab, em Brasília (DF), diz que a safra maranhense foi
impulsionada pelos bons preços de mercado verificados em
2012 e até março de 2013. “Uma saca de 60 quilos valia R$
60,00 em março, valor expressivo, que levou muitos agricultores a optarem pela cultura”, enfatiza. “Isso motivou tradicionais arrozeiros de pequenas áreas e baixa tecnologia, que
produzem grão longo em sistema de sequeiro ou roça-de-toco
para subsistência, o que explica a baixa produtividade”, relata.
Na avaliação de Morceli, o Maranhão pode transformar-se
em produtor capaz de abastecer boa parte do Norte e do Nordeste, reduzindo a dependência e os custos de transporte do
grão do Sul ou importado. Isso está atrelado a investimentos
em tecnologia, uso de melhores variedades, aproveitamento
de áreas apropriadas, ocupadas por pecuária de baixo rendimento; e organização da cadeia produtiva. “É possível que
haja até algum incentivo previsto no próximo Plano Safra, direcionado a grão longo fino”, explica. n
Divulgação
Um gigante do
agronegócio despertou para sua importância estratégica na produção de arroz no Brasil. O Maranhão está assumindo, na safra
2012/13, a condição de terceiro maior Estado produtor do cereal no País, o principal fora da região Sul, que concentra 77% da
colheita nacional, conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Esta posição só não foi alcançada na temporada
2011/12 por causa da seca, que afetou as lavouras. Na ocasião, o
Mato Grosso manteve-se como terceiro maior produtor.
Mas no ciclo 2012/13 a colheita deve chegar a 661,8 mil toneladas em terras maranhenses, com aumento de 41,5% em relação
às 467,7 mil toneladas do período anterior, segundo divulgou a
Conab em março, apesar do recuo de 2,3% na área cultivada. Esta
baixou de 426 mil hectares para 416,2 mil hectares. No Nordeste,
o Maranhão representa 70,2% da área e 67,4% da colheita.
O incremento em volume deve-se à melhoria da produtividade, em função do clima; à ampliação da área irrigada –
para 15 mil hectares – e ao uso de variedades mais produtivas.
A Conab projeta que o Estado colherá 44,8% mais grãos por
área, passando de 1.098 kg/ha para 1.590 kg/ha. A média reSecretário da Agricultura
do Maranhão, Cláudio Azevedo,
de camisa branca
AMPLO POTENCIAL
Apesar de bom, o desempenho da atual safra está abaixo da expectativa da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Pesca do
Maranhão (Sagrima), que previa colheita de aproximadamente um milhão de toneladas de arroz. O secretário da Agricultura,
Cláudio Azevedo, lamenta que mais uma vez o clima tenha frustrado os planos. Lembra que foram distribuídas 605 toneladas
de sementes de alto poder de germinação a 60,5 mil agricultores familiares, quilombolas, indígenas e assentamentos rurais.
Mas Azevedo considera positivas as perspectivas para a orizicultura maranhense. Parceria com a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) deve criar grandes projetos de irrigação. Já a instalação da
Embrapa Cocais e Planícies, no Maranhão, tende a dar o suporte tecnológico necessário ao desenvolvimento da orizicultura no
Estado, atualmente concentrada nos municípios de Pinheiro, Itapecuru, Pindaré, Grajaú, São Mateus, Vitória do Mearim e Arari.
53
Inor Ag. Assmann
The rise of
a giant
Maranhão confirms its status as rice
grower and, apart from the southern
states, it is the leading producer in
Brazil, with a huge potential
Brazilian agribusiness
giant has now woken up to its strategic importance in the production
of rice. In the 2012/13 crop year, Maranhão is confirming its status
as third biggest rice producer in Brazil, the leading state outside the
southern region, where 77% of all rice in Brazil is produced, according to the National Supply Company (Conab). This position was not
achieved in the 2011/12 cycle simply because drought conditions took
54
a heavy toll on the crop that year. Back then, the State of Mato Grosso
kept its position as third biggest producer.
In the 2012/13 crop year, 661.8 thousand tons are expected to
be harvested in the territory of that state, up 41.5% from the 467.7
thousand tons in the previous period, according to figures released
by Conab in March, in spite of the 2.3-percent reduction in cultivated area, which dropped from 426 thousand hectares to 416.2
thousand hectares. In the Northeast, Maranhão represents 70.2%
of the planted area and 67.4% of the total harvest.
The increase in volume derives from the climate-induced higher
productivity rates; and from the expansion of the irrigated area – to
15 thousand hectares – and from the use of more productive varieties. Conab sources are projecting yields to soar 44.8% per area, from
1,098 kg/ha to 1,590 kg/ha. The average represents one third of the national productivity rates and 20% of the result achieved in the South.
Specialist Paulo Morceli, Supply and Management Supervisor at
Conab, in Brasília (DF), maintains that the crop in Maranhão was driven
by the good market prices practiced from 2012 to March 2013. “A 60-kilo
sack sold for R$ 60.00 in March, a rather expressive value, which induced
many farmers to opt for the cereal crop”, he says. “This encouraged smallscale farmers, deficient in technology, to increase their production of long
grain rice, which is normally sowed in highlands or in stump fields for subsistence, which accounts for the low productivity rates”, he reports.
Morceli understands that the State of Maranhão could grow
enough rice to supply most of the Northeast and North, thus reducing
the dependence and the transport costs of rice imported from abroad
or from the South. This is chained to investments in technology, the use
of good cultivars and appropriate tracts of land, devoted to low profit
livestock breeding operations; and organization of the supply chain.
“The next Crop Plan might even provide for some kind of incentive
earmarked for the production of long grain rice”, he explains. n
VAST POTENTIAL
Although good, the performance of the current crop is lagging behind the expectations of the Maranhão State Secretariat of Agriculture, Livestock and Fishery (Sagrima), which had
projected a crop of approximately one million tons of rice. The
Secretary of Agriculture, Cláudio Azevedo, regrets that once
again the plan was frustrated by adverse weather conditions.
He recalls that 605 tons of seed of a high germination power
were handed out to 60.5 thousand family farmers, quilombolas, indigenous people and rural settlements.
For the most part, Azevedo spots excellent chances for rice
farming operations in Maranhão. A partnership with the São
Francisco and Parnaíba Valleys Development Company (Codevasf) is poised to create huge irrigation projects, while the installation of the Embrapa Cocais e Planícies corporation is supposed to
give technological support to rice farming throughout the State,
currently concentrated in the municipalities of Pinheiro, Itapecuru,
Pindaré, Grajaú, São Mateus, Vitória do Mearim and Arari.
O NORTE DO ARROZ > rice in the north
Comparativo de safras do Maranhão
Área (mil/ha)
Produtividade (kg/ha)
Produção (mil/t)
Safra 2011/12 Safra 2012/13
% Safra 2011/12
Safra 2012/13
% Safra 2011/12 Safra 2012/13
%
426 416,2
- 2,3 1.098 1.590
44,8467,7661,8
41,5
Fonte: Levantamento da safra de grãos 2012/13; Conab, março de 2013.
55
Inor Ag. Assmann
Estados do Nordeste
e do Centro-Oeste estão voltando suas atenções para a orizicultura como alternativa de desenvolvimento econômico. A iniciativa
conta com a orientação da Embrapa Arroz e Feijão, de Santo Antônio de Goiás (GO). As ações desenvolvidas integram o projeto Rede Brasil Arroz – Rede de Transferência de Tecnologia da
Cadeia Produtiva do Arroz no Brasil, que atua em Goiás, Mato
Grosso, Alagoas, Tocantins, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Rio
Grande do Sul e Santa Catarina.
Goiás está retomando o cultivo, que existiu com relevância
até o final da década de 1980. O Estado era importante produtor,
com grande parque industrial, polo de produção e distribuição
de arroz no mercado brasileiro. Atualmente, conforme o pesquisador Carlos Magri Ferreira, da Embrapa, mantém moderno
parque industrial de beneficiamento e empacotamento, porém
usando cereal do Sul do País, de Tocantins e de Mato Grosso.
Em Goiás, na safra 2012/13 foram cultivados 72,1 mil hectares
de arroz, com produção de 205,9 mil toneladas. Parte da área é
de lavouras comunitárias, em programa do governo do Estado.
No mesmo período, Alagoas cultivou 3,1 mil hectares e colheu
21,1 mil toneladas. No Mato Grosso, por sua vez, foram plantados
205,2 mil hectares, com a colheita de 633,9 mil toneladas.
A participação dos três estados representa 7% da safra nacional.
Na avaliação de Magri, a importância do fortalecimento da orizicultura fora do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, responsáveis por
73% da colheita brasileira, não está em seu impacto no abastecimento
nacional, mas na relevância socioeconômica da atividade orizícola nas
regiões envolvidas, com geração de renda e de empregos.
Além disso, em seu entender, a distribuição da produção
pelo território nacional é uma questão de segurança alimentar.
“Pode-se considerar ainda que, quanto maior a estabilidade de
oferta e de qualidade do arroz produzido nessas regiões, maior
será a possibilidade de abertura de mercado internacional para
o cereal brasileiro, tendo em vista que diminuirá a preocupação
do governo em liberar a produção de regiões com maior possibilidade de exportação”, teoriza. n
Novas frentes
Nordeste e Centro-Oeste experimentam o cultivo
do arroz como forma de buscar desenvolvimento
econômico e suprir as necessidades locais
56
TRABALHO CONJUNTO
É no Estado de Alagoas, conforme o pesquisador Carlos Magri Ferreira, da Embrapa, que responde por 0,2% da produção nacional de arroz, que o governo e outras instituições locais mais têm apoiado o desenvolvimento da atividade. Isso seria explicado pelo
impacto positivo que ela pode causar na região. Para envolver e motivar os produtores, o sistema de trabalho do projeto procura
demonstrar os principais pontos fracos e fortes da atividade orizícola, além das práticas e dos comportamentos que os originam.
“A partir daí, busca-se estruturar um conjunto de propostas, validar tecnologias para a melhoria da organização da cadeia
produtiva, promover o intercâmbio de conhecimentos entre os atores e agregar várias instituições em torno de um objetivo
comum: a sustentabilidade e o desenvolvimento da cadeia produtiva do arroz na região”, relata Magri.
O pesquisador salienta que os métodos usados no projeto Rede Brasil Arroz não alteram bruscamente os sistemas que
estão sendo utilizados nas principais regiões produtoras dos estados de Goiás, Mato Grosso e Alagoas. “Isto poderia causar
sérios problemas, uma vez que envolveria custos cujo retorno não seria imediato”, justifica.
Explica que o projeto busca fazer alterações pontuais nos sistemas de manejo vigentes, aprofundando-os à medida em que
os resultados de mercado, de qualidade e de competitividade forem aparecendo. Conforme Magri Ferreira, o Rede Brasil Arroz
atingirá o ponto ideal quando equiparar a produção nessas áreas, em qualidade e competitividade, à do Sul do País e do Mercosul.
57
Inor Ag. Assmann
New
fronts
industrial park, however, with rice coming from South Brazil, Tocantins and from Mato Grosso.
In Goiás, at the 2012/13 season, the planted area reached 72.1
thousand hectares, totaling a production of 205.9 thousand tons.
Part of the area comprises community farms, under the supervision of a State Program. During the same period, Alagoas cultivated 3.1 thousand hectares and harvested 21.1 thousand tons.
Mato Grosso, in turn, cultivated 205.2 thousand hectares, with a
production volume of 633.9 thousand tons.
The share of the three States accounts for 7% of the entire national
crop. Magri understands that the importance of strengthening rice
farming operations outside the states of Rio Grande do Sul and Santa
Catarina, responsible for 73% of Brazil entire crop, does not lie in its
impact on national supply, but in the socioeconomic relevance of the
crop in the regions where it is grown, generating income and jobs.
Furthermore, in his view, the distribution of the production
throughout the national territory is a question of food safety. “What
also counts is the fact that if the supply of quality rice produced in
Brazil remains stable, there will be more chances for the cereal to
conquer new markets throughout the world, due to the fact that the
government will no longer be challenged for liberating the rice produced in regions where exports are advantageous”, he theorizes. n
JOINT WORK
Northeast and Center-West
try rice farming as a manner
to seek economic development
and meet local needs
Northeastern and
Center-Western states are now turning to rice farming as an alternative for economic development. The initiative relies on guidelines from Embrapa Rice and Beans, based in Santo Antônio de
Goiás (GO). All the developments are part of the Brazil Rice Network project – Technology Network Transference of the Brazilian
Rice Supply Chain, which operates in the States of Goiás, Mato
Grosso, Alagoas, Tocantins, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Rio
Grande do Sul and Santa Catarina.
Goiás is resuming its rice farming operations, which played a
relevant role in the state’s economy up until the 1980s. The State
used to be a relevant producer, home to a huge industrial park,
production hub and rice distribution center to the Brazilian market. Nowadays, according to researcher Carlos Magri Ferreira, of
Embrapa, the state runs a modern rice processing and packaging
58
It is in the State of Alagoas, responsible for 0.2% of the national rice crop, according to researcher Carlos Magri Ferreira, of Embrapa, that the government and local organizations
have lent hefty support to the activity. The explanation might
lie in the positive impact the crop has over the region. So
as to get the farmers involved and motivated, the project’s
working system tries to demonstrate all major weak and
strong points of any rice farming operation, besides the
practices and behaviors that give rise to them.
“Based upon such grounds, the idea is to structure a set
of proposals, including the validation of technologies for improving the organization of the supply chain, knowledge interchange among the players and bring different institutions
under the umbrella of a unique objective: sustainability and
development of the rice supply chain in the region”, says Magri.
The researcher stresses that the methods proposed by
the Brazil Rice Network do not drastically alter the systems
being used in all major rice growing regions in the states
of Goiás, Mato Grosso and Alagoas. “It could cause serious
problems, once it would involve costs whose return would
not be immediate”, he justifies.
He explains that the project proposes ad-hoc alterations to the management systems in force, going deeper
into them as the results in terms of quality, market and
competitiveness surface. According to Magri Ferreira, the
Rice Brazil Network will reach its desired point as soon as
production and quality in these areas match with the rice
produced in South Brazil and in Mercosur countries.
O Brasil produz,
o mundo prova.
E aprova.
Especializado na produção de arroz
de qualidade, que abastece as
necessidades de sua população, o Brasil
igualmente disponibiliza ao mundo o
cereal que incrementa as melhores e
mais exigentes mesas. Incluindo a sua.
Produced in Brazil,
tasted and approved
by the world.
Specialized in the production of quality rice,
which meets the need of its population,
Brazil equally ships abroad the cereal that
makes the most discerning kitchen tables
more enticing, including yours.
Para ampliar a presença do arroz brasileiro e seus
derivados em todo o planeta, Abiarroz e Apex-Brasil
lançaram o Projeto Setorial do Arroz, que já conta
com a adesão de 21 empresas. Junte-se a nós e saiba
como promover o seu produto lá fora.
So as to broaden the presence of Brazilian rice and its
derivatives all over the planet, Abiarroz and Apex-Brasil
launched the Rice Sectoral Project, which relies on
support from 21 companies. Come and join us, and learn
how to promote your product abroad
Inor Ag. Assmann
Na década de 1970,
Altos
planos
Em três décadas, Mato Grosso
reduziu em 600 mil hectares a área
plantada com arroz, mas viu a
produtividade da lavoura triplicar
60
levas de migrantes deixaram o Sul do Brasil em direção ao
Centro-Oeste. Na bagagem, levavam a esperança de progredir
e a experiência adquirida na lida com a terra. Com o trabalho
na agricultura, essas famílias transformaram a região, até então praticamente inabitada, no celeiro do Brasil. O destaque
fica com o Estado de Mato Grosso, que ostenta o honroso título de maior produtor de soja do País.
Mas foi com o arroz que os agricultores sulistas começaram a desbravar essas áreas. A cultura era muito valorizada na
época, enquanto a soja ainda estava no início de sua trajetória.
Série histórica publicada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostra que na safra 1976/77 o Estado tinha
mais de 1,5 milhão de hectares cultivados com o cereal; no
entanto, já na temporada seguinte esse número baixava para
780 mil hectares.
Mato Grosso tornou-se na época o segundo maior produtor de arroz do Brasil, perdendo apenas para o Rio Grande do
Sul, que seguia imbatível com mais da metade da área plantada
no Brasil. Entretanto, o grão cultivado em sequeiro, diferente
do gaúcho, que é irrigado, alcançava baixa produtividade, não
passando de 1.300 quilos por hectare.
Porém, em mais de 30 anos, muita coisa mudou. O arroz
perdeu área; em compensação, triplicou o seu rendimento. O
pesquisador Flávio Jesus Wruck, da Embrapa Arroz e Feijão,
está lotado em Sinop (MT), de onde tem acompanhado as mu-
danças no cenário agrícola do Estado. Lembra que é prática no
Centro-Oeste o arroz ser usado para abertura de lavoura. Com
a valorização da soja e diante das áreas consolidadas, o grão
foi perdendo seu espaço. n
A HORA DA QUALIDADE
Enquanto a área de arroz encolhia, a produtividade fazia a curva ascendente. Pelas informações da série histórica da
Conab, entre a safra 1977/78 e a temporada 2011/12, 600 mil hectares deixaram de ser plantados com o grão em Mato
Grosso, decréscimo de mais de 80%. No mesmo período, o rendimento da lavoura aumentou quase 160%, passando de
1.252 kg/ha para 3.217 kg/ha.
O engenheiro agrônomo Angelo Carlos Maronezzi, da AgroNorte Sementes e Pesquisa, sediada em Sinop, destaca que
as variedades para plantio em sequeiro melhoraram muito de qualidade nos últimos anos. Uma das cultivares de maior
destaque é justamente a AN Cambará, desenvolvida pela empresa. “Os próprios arrozeiros passaram a usar mais tecnologia e insumos em suas lavouras”, observa Maronezzi.
O pesquisador Flávio Jesus Wruck lembra que, nos últimos seis anos, a Embrapa lançou cinco cultivares específicas
para terras altas, com qualidade de arroz longo fino, semelhante ao obtido no plantio irrigado do Sul. Os bons resultados
têm, inclusive, mudado o mercado arrozeiro na região. “As maiores empresas beneficiadoras estão pagando por percentual de grãos inteiros, o que não acontecia antes”, exemplifica.
Curiosamente, a valorização da soja também tem ajudado o arroz em Mato Grosso. Na safra 2012/13, a Conab estima
aumento de 16% na área plantada com o grão no Estado, chegando a 166,3 mil hectares. De acordo com Flávio Wruck, ao
optarem por ampliar o cultivo da oleaginosa, os agricultores precisam ocupar áreas de pastagem, muitas delas abandonadas há algumas safras. “A transição é feita pelo arroz, cultura que suporta solos mais ácidos”, justifica.
61
Inor Ag. Assmann
Flying high
In three decades, Mato Grosso
reduced its rice growing area by 600
thousand hectares, but witnessed
its productivity rates triple
In the 1970s, scores
of migrants left South Brazil for the Center-West, taking with
them the hope to succeed and the experience acquired from their
farm chores. Devoted to agriculture, these families transformed
the region, up to that time practically with no inhabitants, in the
so-called Brazil’s granary area. The highlight is the State of Mato
Grosso, which proudly holds the position as largest soybean producer in the Country.
It was with rice that the farmers coming from the South pioneered the area. The crop was highly valued back then, while
62
soybeans were still in their fledgling stage. A Historical Document
published by the National Supply Company (Conab) shows that in
the 1976/77 crop year the State had devoted upwards of 1.5 million hectares to de cereal; however, in the following season this
figure had gone down to 780 thousand hectares.
At that time, Mato Grosso became the second biggest rice
producer in Brazil, coming only after Rio Grande do Sul, which
continued unbeatable with more than 50% of the total Brazilian
area. Nevertheless, dry-land crops, different from the rice produced in Rio Grande do Sul, which is grown in irrigation sys-
TIME FOR QUALITY
While the area devoted to rice shrank, productivity rates
began to make strides. From information contained in Conab’s
historical series, from the 1977/78 crop year to the 2011/12
cycle, 600 thousand hectares of rice were excluded from the
territory of Mato Grosso, a reduction of upwards of 80%. During the same period, yields celebrated almost 160% increases, jumping from 1,252 kg/ha to 3,217 kg/ha.
Agronomic engineer Angelo Carlos Maronezzi, of AgroNorte Sementes e Pesquisa, based in Sinop, mentions that
the dry-land cultivars went through a quality enhancement
process over the past years. One of the most renowned cultivars is the AN Cambará, developed by the company. “The rice
farmers themselves began to invest more in technology and
inputs in their fields”, Maronezzi observes.
Researcher Flávio Jesus Wruck recalls that, over the past
six years, Embrapa launched five varieties specific for highlands, with the quality of long grain rice, similar to the kernels harvested in the paddy fields in Rio Grande do Sul. The
good results have even changed the rice market in the region.
“The big milling companies are remunerating on the basis of
the percentage of unbroken kernels, a thing that has never happened before”, he exemplifies.
Oddly enough, the soaring value of soybean has also been
a good help for the rice in Mato Grosso. In the 2012/13 crop
year, Conab estimates an increase of 16% in the planted area
throughout the State, reaching 166.3 thousand hectares. According to Flávio Wruck, by opting for expanding their soybean
plantations, the farmers need to resort to pasturelands, many
of them left barren for some years now. “The transition to rice,
a crop that withstands acid soils”, justifies this fact.
tems, were characterized by low yields, never more than 1,300
kilos per hectare.
Nonetheless, in more than 30 years, lots of things have
changed. Rice began to lose ground; in compensation, yields tripled. Researcher Flávio Jesus Wruck, of Embrapa Rice and Beans,
is based in Sinop (MT), from where he has kept a close watch on
the changes of the agricultural scenario throughout the State. He
recalls that in the Center-West it is common practice to resort to
rice as the pioneer crop. With the great value of soybeans and in
view of consolidated areas, the kernel began to lose ground. n
vitalidade > vitality
O arroz em Mato Grosso
Safra
ÁreaProdutividade Produção
(mil ha)
(kg/ha)
(mil t)
1977/78780,0
1.252
976,5
1990/91320,0
1.560
499,2
2005/06287,5
2.570
738,8
2011/12143,4
3.217
461,3
2012/13166,3
3.100
515,5
Fonte: Conab (série histórica).
63
Inor Ag. Assmann
Num mato
sem cachorro
Produtores rurais acompanham com atenção
os desdobramentos de ações impetradas contra
artigos do Novo Código Florestal Brasileiro
A redação possível
do Novo Código Florestal Brasileiro (Lei 12.651/12) ainda gera divergências na sociedade. Prova disso são as três Ações Diretas de
Inconstitucionalidade (Adis nº 4901, 4902 e 4903) ajuízadas em
janeiro de 2013 pela Procuradoria-Geral da República (PGR) no
Supremo Tribunal Federal (STF). Elas questionam itens relacionados às áreas de preservação permanente, à redução da reserva legal e à anistia aos casos de degradação ambiental, e já mobilizam
departamentos jurídicos das entidades ruralistas.
Conforme o assessor jurídico da Federação das Associações de
Arrozeiros do Estado do Rio Grande do Sul (Federarroz), Anderson Ricardo Levandowski Belloli, a entidade acredita que a Lei nº
64
12.651/2012 busca equilibrar princípios da Constituição Federal
de 1988, conciliando sustentabilidade ambiental e desenvolvimento social e econômico. “Ela foi redigida após amplo debate
no parlamento, bem como com o Poder Executivo, e com participação efetiva da sociedade civil”, salienta.
Esse conceito é compartilhado pelo assessor da Federação da
Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Eduardo
de Mércio F. Condorelli. “O Novo Código é o resultado possível
dos 13 anos de debate promovido em torno de uma nova legislação florestal no País”, avalia. “Busca garantir o atual estágio de
preservação ambiental, bem como a condição de produção que
hoje alicerça grande parte da economia brasileira, sem deixar de
O RISCO DO RETROCESSO
Inor Ag. Assmann
O assessor jurídico da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado do Rio Grande do Sul (Federarroz), Anderson Ricardo Levandowski Belloli, pede atenção especial à Adi
4902. “Não se pode falar em anistia. Isso se revela completamente inapropriado. O que a lei prevê, na verdade, são condições factíveis para que os produtores, muitos sem recursos
econômicos e financeiros, possam promover a recuperação
de determinadas áreas”, esclarece.
Eduardo de Mércio F. Condorelli, por sua vez, lamenta o impasse surgido a partir da ação da PGR. Para o representante
da Farsul, o que preocupa é a possibilidade de interpretações
que desvirtuem o texto legal, buscando entendimentos distintos da vontade do legislador. Destaca que boa parte das alegações da PGR se baseia em uma legislação com quase 50 anos,
completamente distante da realidade ambiental do País. “Ela
também está distanciada dos iminentes riscos de retrocesso
das condições econômicas e sociais da população brasileira,
uma vez que a antiga legislação trazia a exigência de redução
de, segundo os números mais modestos, 25% da área hoje
utilizada pela agropecuária nacional”, destaca.
OLHANDO DE PERTO
corrigir os excessos do passado de forma pontual, e não ‘arrasa
quarteirão’, como a antiga lei”, analisa.
Apesar de respeitar a posição da PGR, Anderson Belloli reforça que a Federarroz discorda dos posicionamentos emitidos nas
Adis. “O texto foi elaborado para atender às leis vigentes, cabendo aos órgãos responsáveis e ao Poder Judiciário tomar decisões
adequadas, proporcionais e razoáveis, que reflitam os objetivos
já referidos, ou seja, conciliação de interesses”, defende. Dessa
forma, propõe, pode-se buscar a sustentabilidade ambiental sem
a inviabilização do agronegócio, com desenvolvimento econômico e social, além de um meio ambiente saudável, equilibrado e
viabilizador de qualidade de vida para as próximas gerações. n
O assessor jurídico da Federarroz, Anderson Belloli, valoriza ainda a atuação da própria federação e de outras entidades,
como a Farsul, que estão levando informações aos produtores para que conheçam as responsabilidades decorrentes da
nova lei e estejam preparados a fim de cumpri-la. “Assim, podem fazer planejamento mais adequado à sua realidade, para
o atendimento efetivo das obrigações da legislação ambiental
e em condições de mitigar possíveis consequências negativas
incidentes nas lavouras de arroz”, avalia.
Enquanto prossegue o impasse, a Federarroz participa de
reuniões em Brasília, ao lado de outras entidades do setor,
buscando a estruturação de argumentos jurídicos relevantes, para que possa participar das Adins exercendo o papel
de amicus curia (amigo do juiz), recurso legal permitido em
ações dessa natureza. “Assim, poderemos concretizar a efetiva defesa de posicionamentos junto ao STF, com a preocupação, justamente, de materializar, mais uma vez, o princípio do
pluralismo democrático por meio do debate de ideias”, conclui.
65
Inor Ag. Assmann
Up the creek
without a paddle
Farmers are following closely court actions
against articles of the New Brazilian Forest Code
The wording of the New
Brazilian Forest Code (Law 12.651/12) is still giving rise to divergences. This is corroborated by three Court Cases challenging
its Institutionality (Adis nº 4901, 4902 e 4903) filed in January
2013 by the Office of the Attorney General (PGR) with the Supreme Court (STF). They challenge items related to permanent
preservation areas, reduction of the legal reserve and amnesty
to environmental degradation cases, and have already mobilized the judicial departments of most rural entities.
According to the judicial advisor to the Rio Grande do Sul
State Federation of Rice Growers’ Associations (Federarroz), Anderson Ricardo Levandowski Belloli, the entity maintains that
Law nº 12.651/2012 seeks to balance principles of the 1988 Federal Constitution, equating environmental sustainability and
social, economic development, as well as the government, and
with effective participation of civil society”, he stresses.
This concept is shared by the advisor to the Rio Grande do Sul
66
Stte Federation of Agriculture (Farsul), Eduardo de Mércio F. Condorelli. “The New Code is the possible result derived from 13 years
of debates on the Brazilian new forestry legislation”, he argues. “It
seeks to ensure the present stage of environmental preservation, as
well as the means to produce, now the foundation of the Brazilian
economy, without overlooking past excesses in a timely manner,
and not in the old ‘make it or break it’ fashion”, he analyzes.
Although respecting the position of the PGR, Anderson Belloli
strengthens that Federarroz disagrees with the concepts issued at
the Adis. “The wording tends to comply with laws in force, and it
is up to the responsible organs and to the Judiciary to take proportional and reasonable decisions that reflect the above mentioned
objectives, in other words, conciliation of interests”, he states.
Therefore, he suggests that environmental sustainability can be
sought without making agribusiness unviable, with social and
economic development, besides a healthy and balanced environment, able to provide the next generations with quality of life. n
THE RISK OF A REVERSAL
A CLOSER WATCH
The judicial advisor to the Rio Grande do Sul State Federation of Rice Growers’ Associations (Federarroz), Anderson
Ricardo Levandowski Belloli, requires special attention to Adi
4902. “There is no way talking about amnesty. This turns out
to be totally inappropriate. What the Law sets forth is nothing
else than real conditions for the farmers, many of them cash-strapped, to recover degraded areas”, he clarifies.
Eduardo de Mércio F. Condorelli, in turn, regrets the impasse
that stems from the PGR action. The Farsul president understands that what causes concern is the chance for misinterpretations likely to corrupt the legal text, seeking understanding
different from the legislator’s intention. He also stresses that a
great deal of the PGR allegations are based on legislation that
dates back to 50 years ago, distant from Country’s environmental reality. “The new legislation is also distant from the risks of
inducing the Brazilian social and economic conditions to go back
in time, seeing that the old legislation, according to very modest
figures, required the reduction of 25% of the area actually used
by Brazil’s agribusiness operations”, he recalls.
The judicial advisor to Federarroz, Anderson Belloli,
also regards highly the work of the federation itself and
of other entities, like Farsul, which are keeping the farmers informed about the responsibilities stemming from
the new legislation and to be prepared to comply with it.
“To this end, they will be able to adjust their plans to their
reality, so as to effectively comply with all environmental
regulations and in a position to mitigate possible negative
consequences on the rice farms”, he evaluates.
While the impasse continues, Federarroz members
attend meetings in Brasília, jointly with other entities of
the sector, seeking relevant juridical arguments, so as
to have the right to participate in the Adins in the capacity of amicus curia (friend of the judge), legal resource
allowed in actions of this nature. “This will make it possible to materialize our position before the STF, with
the fair concern to once more materialize the principle
of democratic pluralism through a debate focused on
ideas”, he concluded.
67
PESQUISA > Research
Assim como o Instituto
Rio-Grandense do Arroz (Irga), outras entidades e empresas colocam no mercado, a cada safra, materiais atualizados para plantio
nas lavouras gaúchas. Cada nova variedade apresenta dispositivo
a mais para resolver os principais problemas que se apresentam
no decorrer das safras e buscar maior rendimento por área.
A Embrapa Clima Temperado, com sede em Pelotas (RS), está trabalhando na divulgação de duas novas cultivares. A BRS Sinuelo CL foi
desenvolvida com a tecnologia Clearfield, que combate o arroz verme-
lho, com ciclo médio de 130 dias, adaptada à Fronteira Oeste do Rio
Grande do Sul. “Ela é uma substituta para a BRS-7 Taim, que possui
muita adesão nas lavouras gaúchas e já ocupa 5% da área total da safra
2012/13”, destaca o pesquisador Ariano Martins de Magalhães Júnior.
A BRS Pampa é outro material da Embrapa, que está sendo utilizado pela primeira vez na temporada 2012/13. O diferencial é que
a variedade possui ciclo precoce, em torno de 118 dias. “Quebra o
paradigma de que as cultivares de ciclo médio são mais produtivas.
Hoje, as de ciclo precoce também apresentam bom rendimento,
com cerca de 10 toneladas por hectare”, observa.
À pronta
escolha
Instituições e empresas de pesquisa
colocam novos materiais no
mercado a cada safra, com enfoque
no combate a problemas da lavoura
68
temperadas e subtropicais. O produto confere alta resposta à adubação, sendo recomendado em áreas com elevada fertilidade natural e
com utilização de manejo para altas produtividades.
Em outra frente, o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) está
com nova cultivar de arroz indicada para o Vale do Paraíba, região
entre o Leste de São Paulo e o Sul do Rio de Janeiro. A IAC 107
encontra-se em processo de registro no Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (Mapa). A variedade possui elevado grau
de resistência a brusone e se mostrou mais produtiva, quando comparada a materiais similares em comercialização. n
Inor Ag. Assmann
A RiceTec Sementes tem mais de 20 anos de experiência no mercado mundial, sendo líder no segmento de híbridos de arroz na América. Um dos materiais mais recentes lançados pela empresa é o Avaxi
CL, indicado para o sistema de produção Clearfield e com ampla
adaptabilidade a zonas temperadas. Como possui grande capacidade
de emissão de perfilhos, permite a utilização de baixa densidade de
semeadura (40 kg/ha). Também apresenta boa tolerância a brusone e
manchas foliares e alta tolerância a toxidez por ferro.
Já a Inov CL tem ciclo precoce e igualmente é própria para a tecnologia Clearfield. A indicação da empresa é que seja usada em zonas
69
Divulgação
Ready to choose
Institutions and research corporations launch new cultivars in the
market at every season, with the focus on fighting farm problems
Just like the
Rio Grande do Sul State Rice Institute (Irga), other entities and
companies launch new and modern cultivars in the market of
South Brazil at every crop year. Every new cultivar boasts new
characteristics intended to solve all major problems that may
show up over the production cycle, equally with an eye towards
higher yields per area.
Embrapa Temperate Climate, based in Pelotas (RS), is now giving
wide publicity to two new cultivars. BRS Sinuelo CL was developed
under the umbrella of the Clearfield technology, which fights red rice,
with a cycle of 130 days, adapted to the Western Frontier region in
Rio Grande do Sul. “It replaces the BRS-7 Taim, a favorite with many
southern farmers and now occupies 5% of the total area devoted to the
2012/13 cycle”, says researcher Ariano Martins de Magalhães Júnior.
BRS Pampa is another Embrapa cultivar, now being used for
the first time in the 2012/13 cycle. What makes the difference
with this cultivar is its early cycle, around 118 days. “It contradicts the belief that only medium-cycle cultivars are productive. Now, early cycle cultivars are proving very productive, with
about 10 tons per hectare”, he observes.
70
RiceTec Sementes has more than 20 years’ experience in the
international market, it leads the segment of America’s hybrid
rice varieties. One of the most recent cultivars launched by the
company is known as Avaxi CL, indicated for the Clearfield production system and widely adapted to temperate climate zones.
With a great capacity of producing shoots, it allows for low density
seeding (40 kg/ha). It is also very tolerant to rice blast and leaf spot
and highly tolerant to iron toxicity.
The Inov CL is also an early cultivar and equally appropriate
for the Clearfield technology. The company recommends its use in
temperate and subtropical zones. The variety is very responsive to
fertilization, and is indicated for areas with high natural fertility
rates, where it can express its high yield potential.
On another front, the Agronomic Institute of Campinas (IAC)
has just come up with a rice cultivar recommended for Vale do
Paraíba, region that sits between Eastern São Paulo and Southern Rio de Janeiro. IAC 107 is now being registered in the Ministry
of Agriculture, Livestock and Food Supply (MAPA). The cultivar is
highly resistant to blast and has proved more productive in comparison to similar cultivars in the market. n
O Sistema Clearfield evoluiu.
Chegou Kifix . A nova geração
do Sistema Clearfield .
®
®
®
Aplique somente as doses recomendadas. Descarte corretamente as embalagens e restos de produtos.
Incluir outros métodos de controle de doenças/pragas/plantas infestantes (ex.: controle cultural, biológico
etc) dentro do programa do Manejo Integrado de Pragas (MIP) quando disponíveis e apropriados.
Para maiores informações referentes às recomendações de uso do produto e ao descarte correto de
embalagens, leia atentamente o rótulo, a bula e o receituário agronômico do produto. Consulte a bula do
produto para verificar a dose e época de aplicação do produto de acordo com o sistema de produção (Arroz
Terras Baixas e Arroz Terras Altas). O produto Kifix® não está liberado para comercialização no Estado
do Paraná. Produto registrado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento sob nº 07907.
0800 0192 500
www.agro.basf.com.br
Inor Ag. Assmann
Especial de primeira
Espécies de arroz vermelho e preto passam de planta daninha em lavouras
de grãos brancos a nicho de mercado ligado a alta gastronomia
Os tipos de arroz
vermelho e preto, indesejáveis em lavouras de grão branco,
por serem considerados erva daninha, podem render bom dinheiro aos produtores. Como eles entram em nicho específico
de mercado, ligado à alta gastronomia, estima-se que cheguem
a valer até quatro vezes mais do que os convencionais.
De olho nesse orizicultor diferenciado, a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) lançou em março de 2013 duas variedades especiais. Uma
delas é a SCS119 Rubi, que possui cor vermelha. Planta de
porte baixo e ereta, alcançou produtividade média de 7,9 toneladas por hectare nos experimentos, conduzidos na estação
experimental de Itajaí. Uma característica interessante é que
72
ela não debulha, o que dificulta a contaminação de lavouras
de arroz branco.
A SCS120 Ônix é uma cultivar de cor preta. O grão do tipo
longo fino é menor do que o tradicional, assim como a produtividade, que chega a 5,5 toneladas por hectare. Conforme o
pesquisador Domingos Sávio Eberhardt, os agricultores terão à
disposição as sementes dos materiais especiais na safra 2013/14.
“O maior interesse será para os produtores orgânicos”, enfatiza.
Na carona das variedades especiais, a Epagri lançou um
material de arroz branco, próprio para o sistema pré-germinado, o SCS118 Marques. Ele atinge produtividade média de 9
toneladas por hectare, com ciclo tardio de 144 dias, resistente
à oxidez por ferro e média resistência a brusone. n
GRÃO MINEIRO
Estados não tão tradicionais no plantio de arroz também têm investido na cultura. Um exemplo é o trabalho realizado
pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), que conduz o projeto “Desenvolvimento de cultivares
e novas linhagens de arroz irrigado para Minas Gerais”. Os estudos têm como objetivo testar novos materiais, adaptados
às condições de várzea, com ensaios de avaliação nas fazendas experimentais da estatal em Lambari (Sul do Estado),
Leopoldina (Zona da Mata) e Nova Porteirinha (Norte).
A relação da Epamig com o arroz já tem quase 40 anos, por meio de integração com a Embrapa Arroz e Feijão. Nesse período,
foram lançadas 30 variedades, sendo 13 para terras altas e 17 para várzeas. Na safra 2012/13, a empresa está com duas novas
cultivares na fase de produção de sementes básicas: BRSMG Rubelita (várzea) e BRSMG Caçula (terras altas). A expectativa é
de que no próximo ciclo estejam disponíveis para produtores de sementes, ganhando as lavouras somente no ciclo 2014/15.
O pesquisador Plínio Soares, diretor de Operações Técnicas da Epamig, acredita que a procura pela Caçula deverá ser maior
do que pela Rubelita, pois o cultivo em várzea não tem tido muito incentivo em Minas Gerais. “Essa variedade de terras altas é
muito interessante para plantio na safrinha, sendo super-precoce, com ciclo de 100 a 110 dias”, enfatiza. A recomendação é que
seja semeada em janeiro, logo após a colheita da soja, quebrando a sequência do milho depois da oleaginosa.
First
class
Red and black rice varieties turn
from weedy rice infestations to
niche markets linked to gastronomy
The much dreaded
red and black rice varieties that infest conventional rice fields
are normally treated as weed, but could turn into a source of
income for the farmers. As they fit into a specific market niche,
linked to high gastronomy, it is estimated that their price is four
times as much as common rice.
With an eye towards discerning rice growers, the Santa Catarina State Rural Extension and Agriculture Research Corporation
(Epagri) launched two special varieties, in March 2013. One of
them is known as SCS119 Rubi, which is red. It is a low and upright
plant, with average productivity rates of 7.9 tons per hectare in
field trials, conducted at the experimental station based in Itajaí.
One of its prevailing traits is that it does not shed its grains, preventing them from contaminating conventional rice fields.
SCS120 Ônix is a black rice cultivar. Its long thin grain is
smaller than conventional grains, and the same holds true for
productivity, about 5.5 tons per hectare. According to researcher
Domingos Sávio Eberhardt, the farmers will have access to the
special cultivars as of the 2013/14 crop year. “The real focus will
be on organic farmers”, he stresses.
Following on the heels of the special varieties, Epagri
launched a white rice breed, specific for the pre-germinated system, known as SCS118 Marques. It achieves average productivity
rates of 9 tons per hectare, with a late 144-day cycle, resistant to
iron toxicity and medium resistant to red blast. n
MINAS GERAIS GRAIN
Non-traditional rice growing states have also invested in the crop. An example is the work conducted by the
Minas Gerais State Agriculture Research Corporation
(Epamig), which runs the project “Development of cultivars and new irrigated rice breeds for Minas Gerais”. The
purpose of the studies is to test new materials, adapted to
meadowland conditions, with evaluation tests conducted
in the experimental fields of the state corporation in Lambari (South of Rio Grande do Sul ), Leopoldina (Zona da
Mata) and Nova Porteirinha (North).
Epamig has been doing research on rice for almost 40
years, working jointly with Embrapa Rice and Beans. During
all these years, 30 varieties have been launched, of which,
13 for highlands and 17 for meadowlands. In the 2012/13
cycle, the company has now two new cultivars in the basic
seed production process: BRSMG Rubelita (meadowland)
and BRSMG Caçula (highlands). The expectation is for the
seed to be available to the farmers in the next cycle, reaching the fields only in the 2014/15 crop year.
Researcher Plínio Soares, Technical Operations director at Epamig, believes that farmers will prefer the
Caçula variety to Rubelita, since there is little incentive
for meadowland crops in Minas Gerais. “This highland
variety also performs well in off-season crops, and it is
a super-early variety, with a cycle of 100 to 110 days”,
he clarifies. The recommendation is for it to be sowed in
January, right after soybean, interrupting the sequence
of corn after the oilseed crop.
73
Inor Ag. Assmann
Variedades
bem-vindas
Arroz de terras altas ganha novas
cultivares, com excelente potencial
produtivo e melhor resistência ao
estresse hídrico e às doenças
O potencial produtivo
das lavouras de arroz em terras altas aumenta a cada safra com
o lançamento de novas cultivares. Uma das mais festejadas é a
BRS Esmeralda, desenvolvida pela Embrapa Arroz e Feijão, em
parceria com a Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência
e Extensão Rural (Empaer). O material vai estar disponível aos
produtores na safra 2013/14.
O pesquisador Carlos Martins Santiago, analista de transferência
e tecnologia da Embrapa, está entusiasmado com os resultados alcançados pela nova variedade nos testes. “Ela possui características
inovadoras”, observa. Um dos méritos do material é o excelente comportamento diante dos efeitos da falta de chuva, com produção de
10% a 15% superior às demais que estão no mercado. Além disso,
possui maior eficiência na utilização dos nutrientes do solo.
A BRS Esmeralda tem ciclo médio, de 105 a 110 dias; possui
os grãos do tipo longo fino, de aparência vítrea, com potencial
produtivo de 7.525 quilos por hectare; e produtividade média,
em ensaios, de 4.050 kg/ha. A moderada resistência à brusone
das panículas, forma mais severa da doença, e moderada ao acamamento, considerado o maior desafio do arroz de sequeiro do
Centro-Oeste, são outras de suas características. Conforme Santiago, em testes realizados pela cozinha experimental da Embrapa e
por indústrias de beneficiamento de arroz, a cultivar apresentou
excelente qualidade de grãos, bom rendimento e ótimo aroma.
A princípio, a variedade está recomendada para uso apenas em
Mato Grosso e Goiás. A Embrapa, no entanto, já está com pedido
junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa)
para ampliar a utilização, contemplando ainda os estados do Pará,
Maranhão, Piauí, Rondônia, Roraima, Tocantins e Minas Gerais. n
74
NOVIDADES DA AGRONORTE
As variedades ANa 7007 e ANa 8001 são outras novidades para os produtores de arroz em terras altas, nas regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte. Os materiais foram
desenvolvidos pela AgroNorte Pesquisa e Sementes, empresa de melhoramento genético sediada em Sinop (MT).
Ambas as cultivares possuem grãos da classe longo fino,
translúcidos, com percentual de inteiros acima de 55%.
As plantas apresentam porte de baixo a médio, com bom
perfilhamento, e respondem em produtividade em áreas
novas, renovação de pastagens ou em rotação com a soja.
A ANa 7007 tem ciclo de 107 dias e pode atingir produtividade de até 7 toneladas por hectare. A comercialização já começou, mas a demanda maior deve ficar mesmo para a safra
2013/14. As sementes da ANa 8001, que tem potencial genético de 8 t/ha, começam a ser vendidas no período 2013/14,
com volume mais significativo na temporada seguinte.
75
Inor Ag. Assmann
Much desired
varieties
Highland rice is enriched with new varieties, with excellent
productive potential and more resistant to water stress and diseases
The production potential
of highland rice soars year after year with the launch of new varieties. One of the most celebrated is the BRS Esmeralda, developed by
Embrapa Rice and Beans, jointly with the Mato Grosso State Rural
Extension and Agriculture Research Corporation (Empaer). Farmers
will have access to this material in the 2013/14 cycle.
Researcher Carlos Martins Santiago, Embrapa transference and
technology analyst, is excited about the results achieved by the new
variety in the field trials. “It possesses innovative characteristics”, he
observes. One of the merits of the material is the excellent reaction at
drought conditions, with yields from 10% to 15% higher compared
to other varieties in the market. Furthermore, it is more efficient at
absorbing soil nutrients.
BRS Esmeralda has an average cycle of 105 to 110 days; with long
grains, vitreous appearance, with a productive potential of 7,525
kilos per hectare; and average yield of 4,050 kg/ha in field trials.
Moderate resistance to pyricularia grisea, a very severe disease, and
moderate resistance to lodging, viewed as the most serious threat to
dry-land rice in the Center-West, are some of its characteristics. According to Santiago, in tests conducted at Embrapa’s kitchen trials
and by rice milling industries, the cultivar proved to be of good quality, with good yield and excellent aroma.
76
To Begin with, the variety has been recommended for Mato Grosso
and Goiás. Embrapa, nonetheless, filed a petition with the Ministry
of Agriculture, Livestock and Food Supply (MAPA) to expand its use to
the states of Pará, Maranhão, Piauí, Rondônia, Roraima, Tocantins
and Minas Gerais. n
GOOD NEWS FROM AGRONORTE
Varieties ANa 7007 and ANa 8001 are now available for
highland rice farmers in the Center-West, Northeast and North. These cultivars were developed by AgroNorte Pesquisa e
Sementes, a genetic enhancement company based in Sinop
(MT). Both cultivar are characterized by long fine grains, translucent, with over 55-percent of unbroken kernels. The plants
are small to medium in size, with a good leaf system, and are
very productive in new areas, renewed pasturelands or in rotation with soybean.
The ANa 7007 has a cycle of 107 days and could yield up to
7 tons per hectare. Sales have already started, but tighter demand is supposed to take place in the 2013/14 crop year. The
seeds of the ANa 8001, with a potential for 8 tons per hectare,
will be in the market in the 2013/14 cycle, with a more significant volume the following cycle.
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Ministério das Relações Exteriores
Subsecretaria-Geral de Cooperação, Cultura e Promoção Comercial
Departamento de Promoção Comercial e Investimentos
Inor Ag. Assmann
Operação
antigases
Pesquisa realizada em lavouras gaúchas
mostra impacto da orizicultura na
liberação de metano, um dos gases
responsáveis pelo efeito estufa
A liberação de gases
de repercussão ambiental vira assunto diretamente identificado com
a lavoura de arroz. Por quê? O elemento-chave atende pelo nome de
metano, uma das mais importantes fontes do efeito estufa, apontado
como causador do aquecimento global. Como é obtida por meio da
fermentação de material orgânico, a substância tem na agropecuária
um dos seus principais vetores. A orizicultura está inserida nesse contexto, colaborando com 18% do total liberado na atmosfera no Rio
Grande do Sul, segundo o Inventário Nacional de Emissão de Gases
de Efeito Estufa.
Os dados apontados pelo estudo têm como parâmetros os índices
78
de emissão preconizados pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), órgão da Organização das
Nações Unidas (ONU), que valem para o mundo inteiro. Para buscar
números mais reais, que levassem em conta o contexto de cada região, um grupo de pesquisadores realizou medições da liberação do
gás por lavouras de arroz irrigado, entre 2003 e 2007.
O engenheiro agrônomo Cimélio Bayer, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), participou do trabalho. A
pesquisa de campo foi conduzida na Estação Experimental do Instituto Rio-G randense do Arroz (Irga), em Cachoeirinha; e nas universidades federais de Santa Maria (UFSM) e de Pelotas (Ufpel), além da
MÉRITO INDISCUTÍVEL
Para o professor Cimélio Bayer, as conclusões às quais se tem chegado mostram a importância da pesquisa regional na
área agrícola, que tem colaborado para aumentar a rentabilidade da cultura e, ao mesmo tempo, reduzir o impacto ambiental.
Ele lembra que, conforme o inventário nacional, as emissões de metano cresceram 30% no Rio Grande do Sul entre 1990 e
2005, em função do incremento da área de cultivo.
Bayer mostra que, na verdade, a evolução das técnicas de manejo levou a um resultado animador. “Considerando-se que em
1990 não havia cultivo mínimo, prática hoje realizada em 85% do total plantado, pode-se concluir que, na verdade, as liberações
foram reduzidas em 4%”, ressalta. Além disso, observa o professor, como a produtividade tem atingido índices cada vez maiores, as estimativas indicam a diminuição de 50% na liberação de metano por quilo de grão produzido. “O arroz é um sistema
econômico e um alimento importante. Por isso, temos que produzir com o menor impacto possível”, enfatiza.
Embrapa Clima Temperado, também em Pelotas. Atualmente, o estudo segue em propriedades rurais nos municípios de Restinga Seca e
Uruguaiana.
Conforme Cimélio Bayer, com a observação realizada em várias safras e locais pôde-se constatar que a lavoura de arroz irrigado libera em
média 300 quilos de metano por hectare/ano, praticamente o mesmo
índice indicado pelo IPCC. “São valores consideráveis, bem mais do que
as emissões de soja e milho, plantados em coxilha”, compara.
Além de obter a informação confiável quanto às emissões de
metano nas lavouras de arroz do Rio Grande do Sul, o trabalho se
propôs também a identificar técnicas de manejo capazes de reduzir o
problema. De acordo com Bayer, os estudos foram conclusivos quanto à adoção de duas práticas. “Com o cultivo mínimo, conseguimos
diminuir em 30% a liberação do gás. Já com o uso de sistema intermitente de irrigação, quando a plantação não fica em contato com a
água durante todo o ciclo, o índice recuou em 50%”, explica.
A diversificação da lavoura arrozeira, mediante rotação com soja
ou milho, igualmente vem sendo observada pelos pesquisadores há
dois anos. O professor da Ufrgs adianta que os resultados ainda não
são conclusivos, mas a avaliação do plantio de 2012 já trouxe indicação positiva. “Pudemos constatar que as emissões foram reduzidas
em 10 vezes”, comemora. n
79
The release of greenhouse
gases is a subject directly linked with rice fields. Why? The key element is known as methane, a major cause for global warming.
Methane gas results from the fermentation of organic matter, a
substance that stems widely from farm and cattle farming operations. Rice farming fits into this context, having a share of 18%
of all gases released into the atmosphere in Rio Grande do Sul,
according to the National Greenhouse Gas Inventory.
All data detected by the study are based on the paradigms of the
emission indices recommended by the Intergovernmental Panel on
Anti-gas
operation
Climate Changes (IPCC), an organ of the United Nations Organization (UNO), accepted in the entire world. To come up with more real
figures, which take into consideration the characteristics of every
different region, a team of researchers conducted measurements of
gases released by paddy fields, ove the 2003 – 2007 period.
Agronomic engineer Cimélio Bayer, professor at the Federal
University of Rio Grande do Sul (Ufrgs), took part in the work.
Field research was conducted at the Experiment Station of the
Rio Grande do Sul State Rice Institute (Irga), in Cachoeirinha;
and at the federal universities of Santa Maria (UFSM) and Pelotas (Ufpel), along with Embrapa Temperate Climate, in Pelotas.
Research conducted on southern fields
attests to the impact of the greenhouse
gas methane released from paddy fields
80
the problem. According to Bayer, the studies were conclusive towards
the adoption of two practices. “With minimum-tillage we have managed to reduce the emissions of the gas by 30%. With the intermittent
irrigation system, when the plants do not remain in contact with
water during the entire cycle, this rate receded to 50%”, he explains.
Rice farming diversification, through crop rotation with soybean and corn, has equally been observed by the observers over
the past two years. The Ufrgs professor anticipates that the results
are not yet conclusive, but the evaluation of the 2012 fields has already pointed to positive aspects. “We had the chance to ascertain
that emissions have been reduced tenfold”, he celebrates. n
Robispierre Giuliani
Currently, the study is being conducted in rural holdings located
in Restinga Seca and Uruguaiana.
According to Cimélio Bayer, with the observations conducted
in several crop years and different places, it was ascertained
that paddy rice fields release 300 kilos of methane gas per hectare, almost the same proportion detected by the IPCC. “These
are considerable amounts, outstripping by far highland soy and
corn emissions”, he compares.
Besides granting access to reliable information as to the methane
emissions in the paddy fields throughout Rio Grande do Sul, the work
is also focused on identifying management practices able to mitigate
UNDENIABLE MERIT
Professor Cimélio Bayer maintains that the conclusions that have been reached show the importance of regional research works focused on agricultural areas, which have collaborated towards higher profits from the crop and, at the same
time, have reduced environmental impacts. He recalls that, according to the national inventory, methane gas emissions
soared 30% in Rio Grande do Sul from 1990 to 2005, by virtue of the bigger planted area.
Bayer shows that, in fact, the evolution of the management practices has led to an encouraging result. “Considering
that in the 1990s there was no minimum tillage, a practice now comprising 85% of the total planted area, one can conclude
that, in reality, emissions were reduced by 4%”, he stresses,. Furthermore, the professor observes, as productivity rates have
been soaring all the time, all estimates point to a reduction of 50% of methane emissions per kernel of rice. “Rice is an important economic and food system. Therefore, we have to produce this crop with the smallest possible impact”, he concludes.
81
Divulgação
82
Para acelerar
de vez
Fabricação de etanol a partir do arroz pode vir a ser uma solução rentável
para a destinação do excedente, sem comprometer o abastecimento
O arroz é um alimento
Inor Ag. Assmann
essencial na mesa da população brasileira, mas pode ser ainda
mais do que isso. A Federação das Associações de Arrozeiros do
Estado do Rio Grande do Sul (Federarroz) há pelo menos dois
anos vem apoiando iniciativas para o uso alternativo do cereal.
Conforme o presidente da entidade, Renato Rocha, a grande colheita nas safras mais recentes foi o mote para considerar a possibilidade, além dos já tradicionais usos na doação humanitária, na
exportações e em ração animal. Entretanto, houve alguma dificuldade para aceitação da ideia. “Encontramos muita resistência, por
se tratar de um gênero alimentício. Mas conseguimos demonstrar
que não haveria desabastecimento, sendo usado apenas o excedente de produção e os grãos inferiores”, explica.
A Federarroz tem sido grande defensora do uso alternativo do
arroz e vem atuando como interlocutora na instalação do projeto
da Vinema, conduzindo a assinatura de um protocolo de intenções
entre a entidade, os municípios que sediarão as fábricas e a própria
empresa. “Queremos que isso se torne uma política de governo e
que não seja passageiro, pois o excedente de arroz é um problema recorrente dos produtores”, declara. Para aqueles que possam
temer pelo sumiço do cereal das prateleiras, Rocha é enfático ao
afirmar que não há risco de desabastecimento. “Temos condições
de plantar 3 milhões de hectares. Atualmente, plantamos 1 milhão
de hectares. Dando destinação ao excedente e ao grão de baixa
qualidade, iremos melhorar as condições dos produtores”, frisa.
Rocha salienta ainda que as plantas das usinas da Vinema
não serão dependentes do arroz, estando preparadas a produzir etanol a partir de outros produtos. Com a entrada em
funcionamento do complexo, ele vislumbra outros benefícios
ao Estado, como o maior retorno de Imposto sobre Circulação
de Mercadorias e Serviços (ICMS), a geração de empregos e a
diversificação da matriz produtiva. n
BOM COMBUSTÍVEL
O pesquisador em Melhoramento Genético de Arroz Ariano de Magalhães Júnior, da Embrapa Clima Temperado, de
Pelotas (RS), enfatiza que muito pouco tem sido pesquisado
sobre o arroz para outros usos que não sejam a alimentação
humana. A busca por uma linhagem adequada à produção de
etanol surgiu de demanda do setor, via Federarroz, de olho em
novos aproveitamentos do cereal. “O arroz para a elaboração
de etanol precisa atender apenas a caracteres agronômicos,
onde a produtividade é o elemento principal”, explica Ariano.
O amido é o componente mais presente na composição do
grão (até 95% do peso seco), sendo também este o principal
elemento para a produção de etanol. “Tem-se encontrado linhagens com alto potencial produtivo, que não atendem aos
padrões de consumo humano, mas que podem ser plenamente utilizadas na produção de etanol”, enfatiza o pesquisador. Uma delas é a do programa de melhoramento genético
de arroz irrigado da Embrapa, a AB11047. Com ciclo biológico
ao redor de 126 dias no Rio Grande do Sul, da emergência à
maturação, produz grãos grandes, com alto conteúdo de amido, sem arista e alta capacidade produtiva.
A cultivar apresenta ainda 52 gramas de peso médio de
mil sementes, enquanto a maioria dos tipos de arroz irrigado
possui peso médio de 25 gramas. Com altura média das plantas de 110 cm e espessura do colmo de 5,5 mm, a AB11047
demonstra resistência ao acamamento, apesar da elevada
estatura. Além disso, possui moderada resistência às principais doenças do arroz, bem como ao degrane. “Essa linhagem
surge também como excelente fonte para alimentação animal
ou como matéria-prima na produção de etanol”, elogia Ariano.
O pesquisador esclarece que a ideia é plantar o AB11047
em no máximo 10% da área do Rio Grande do Sul, o equivalente, em termos de produção, a cerca de 1,5 milhão a 2
milhões de toneladas, exatamente o que o Estado possui
de excedente de produção. “Assim, teremos valorizado o
preço a ser pago ao orizicultor, pois estaremos regulando
a oferta com a demanda do produto”, frisa. Ainda destaca outras possíveis aplicações da nova linhagem, como a
obtenção de farinha para a produção de biscoitos, pães e
massas, e na indústria de cosméticos. “Entretanto, nossa
pesquisa ainda não tem feito nada além do etanol e da alimentação animal. Isto é coisa para o futuro”, prevê.
83
Sílvio Ávila
Speed-oriented
solutions
Making ethanol from rice could
turn into a profitable solution
for the destination of surpluses,
without affecting supply
Rice is a staple food
in Brazil, but could be used for other purposes. For two years now
the Rio Grande do Sul State Federation of Rice Growers’ Associations
(Federarroz) has been lending support to initiatives intended to
give the cereal alternative uses. According to the president of the
entity, Renato Rocha, the bumper crops over the past years gave
rise to considerations about this possibility, besides the traditional
uses for humanitarian donations, exports and animal feed. Nonetheless, the idea proved a little difficult to be accepted. “We have
met strong resistance, as rice is a staple food. However, we man84
aged to demonstrate that there would be no shortage of rice on the
kitchen table, since only production surpluses and inferior quality
kernels were supposed to be used”, he explains.
Federarroz has always been an advocate for alternative uses for
rice and is acting as interlocutor in the installation of the Vinema
project, collecting signatures for a protocol of intentions between the
entity, the municipalities where the factories are to be based and the
company itself. “We want this to become a government policy, not
just a passing fad, since rice surpluses have been a recurring problem
for the farmers”, he declares. For those who fear rice might disappear
GOOD FUEL
Inor Ag. Assmann
Rice Genetic Enhancement researcher Ariano de Magalhães
Júnior, of Embrapa Temperate Climate, in Pelotas (RS), emphasizes that so far very little research work has been conducted
on uses for the cereal other than human consumption. The search for a strain appropriate for the production of ethanol surfaced as a result of a demand by the sector, via Fedearroz, with
an eye towards new uses for the cereal. “Rice for the production
of ethanol must only comply with agronomic characters, where
productivity rates are a major concern”, explains Ariano.
Starch is heavily present in the composition of the kernel
(up to 95% of its dry weight), and it is also the major ingredient
for the production of ethanol. “Cultivars have been detected
with a high production potential, but do not meet the standards for human consumption, and are therefore appropriate for
the production of ethanol”, the researcher emphasizes. One of
them comes from the Embrapa genetic enhancement program
of irrigated rice – the AB11047. With a biological cycle of about
126 days in Rio Grande do Sul, from emergence to maturation,
it produces big kernels, with a high content of starch, without
aristate, and high production capacity.
The average weight of the cultivar is 52 grams for one thousand kernels, whilst most irrigated rice cultivars only weigh
25 grams for the same number of kernels. With an average
height of 110 cm and stem thickness of 5.5 mm, the AB11047
demonstrates resistance to lodging, in spite of its significant
height. Furthermore, it is moderately resistant to all major rice
diseases, and to degraining. “This cultivar also turns out to be an
excellent source of animal food or of raw material for the production of ethanol”, Ariano admits.
The researcher clarifies that the idea is to seed only 10% of
the area in Rio Grande do Sul with the AB11047, which, in terms
of production, is equivalent to about 1.5 million to 2 million tons,
exactly equivalent to the state’s rice surpluses. “This will lead to
better farm gate prices, since it will bring supply and demand
into balance”, he notes. He also highlights other possible uses
of the new cultivar, like flour for making biscuits, special types
of bread, pasta and applications by cosmetic industries. “Nonetheless, our research has not yet gone beyond ethanol and
animal food. This is something for the future”, he predicts.
from the supermarket shelves, Rocha is very positive when he states
there will not be any shortages. “Our capacity is for seeding 3 million
hectares. Currently, it is one million hectares. If we manage to find a
destination for surpluses and low quality kernels, we will considerably improve the conditions of our rice farmers”, he insists.
Rocha also stresses that the Vinema Mills will not exclusively depend on rice, they are prepared to make ethanol from other products.
Once the complex starts operating, he spots additional benefits for
the State, like heftier state value-added tax (ICMNS) returns, the generation of jobs and the diversification of the production matrix. n
85
TECNOLOGIA > Technology
Sintonia fina
Adoção da soja em rotação com o arroz em ambiente
de várzea pode potencializar ganhos econômicos e
agronômicos, mas traz alguns riscos
A evolução das tecnologias
para o cultivo de soja em várzeas, na rotação com o arroz, constitui ferramenta determinante a fim de agregar ganhos agronômicos e de renda à
orizicultura gaúcha, que lidera a produção nacional. A opinião é do engenheiro agrônomo Arlei Haetinger, que cultiva 330 hectares (130 de arroz
e 200 de soja) na localidade de Bexiga, em Rio Pardo (RS).
O cultivo de soja em terras baixas é expediente para reduzir
a presença de sementes de arroz vermelho no solo, invasora
altamente competitiva com o grão branco. Ao mesmo tempo,
permite aproveitar a vantagem tecnológica da alternância entre
a gramínea e a leguminosa na lavoura. A soja fixa nitrogênio (N)
no solo e recupera suas qualidades químicas e físicas, o que se
traduz em produtividade e menor custo de produção no arroz.
86
Além da diluição de custos, o manejo e as variedades evoluíram
e podem inclusive proporcionar lucro se o clima não for desfavorável e as operações foram adequadas.
Por oito anos, até 2004, Arlei Haetinger fez rotação de arroz e milho em dois cortes de lavoura. Com preparo de verão, controlava o
vermelho. “Na época, o residual dos herbicidas inviabilizou o sistema.
Mas a tecnologia evoluiu e hoje não há mais esse problema”, salienta.
“Atualmente, o milho é boa alternativa para a rotação com o arroz”.
No entanto, a rotação não está livre de riscos: “É preciso ter uma
condição excelente de drenagem e irrigação, escolher áreas mais
altas para evitar estresse por excesso hídrico com a soja, utilizar material adaptado e plantar na época recomendada. E, claro, buscar
conhecimento”, avisa. Também é fundamental manter-se atento à
Robispierre Giuliani
análise de solo, pois as necessidades da soja e do arroz, em termos de fertilização e de correção do solo, são muito diferentes. “O
objetivo é ganhar no arroz, mas o manejo eficiente, assim como o
material e a tecnologia adequados, podem levar a lucro igualmente
com soja ou milho”, enfatiza.
Na terceira safra de soja em rotação com o arroz, a sua expectativa é de lucro. A produtividade deve alcançar média de 40 sacos por
hectare. “Já alcançamos média de 55 sacos de 60 quilos com o clima
muito favorável, e visualizamos potencial para colher acima de 60,
65 sacos”, informa. Há, ainda, os ganhos decorrentes do controle
de inços na lavoura arrozeira e da maior produtividade. Além disso,
cresce a possibilidade de voltar a usar variedades convencionais,
tendo em vista que, diante da presença do arroz vermelho, Arlei
Haetinger usa preferencialmente cultivares tolerantes a herbicida
(CL). O uso contínuo dessas não é recomendado, pois pode haver
escape, com seleção de uma erva-daninha resistente. Em virtude
desse risco, é importante ter outras tecnologias disponíveis.
Em sucessão à soja e ao arroz, o produtor forma pastagens com
aveia e azevém para a pecuária. Após colher o arroz, Haetinger aplaina o terreno e semeia a pastagem em plantio direto, garantindo a
cobertura do solo e a renda alternativa no inverno. Em setembro,
as áreas mais altas são dessecadas e cultivadas com soja, também
em plantio direto. Na área em que foi colhida a soja, os drenos são
revisados e ajustados, e a pastagem é formada. No final do inverno,
esta é dessecada e incorporada ao solo; o corte é entaipado para, na
primavera, receber a semeadura do arroz. n
87
MAIS VANTAGENS
Fine tune
Rice-soybean rotation in
meadowland could increase
considerably both economic
and agronomic gains, but
poses some risks
Inor Ag. Assmann
Com a rotação de culturas, a produtividade das lavouras de
arroz de Arlei Haetinger aumentou 12%, passando de 7,5 toneladas por hectare para 8,4 toneladas por hectare, em números
da safra 2010/11. Já na temporada 2011/12, avançou mais
8,3%, subindo para 9,1 toneladas por hectare. No ciclo 2012/13,
a expectativa é pelo menos igualar os índices anteriores.
Em termos de mercado houve outra evolução: se há condições de semear o arroz no cedo, e colher também antecipadamente, o produtor pode aproveitar preços mais altos
entre o final da entressafra e o início da colheita a fim de comercializar 20% da sua produção, montante que excede sua
capacidade de armazenagem. “Em geral, vende-se a soja no
primeiro semestre, às vezes com contrato antecipado, e o
arroz mais para o final do ano, estratégia que permite obter
melhores preços e fazer uma média boa”, explica.
Ever more sophisticated
MORE ADVANTAGES
With crop rotation, Arlei Haetinger managed to increase
his rice field yields by 12%, from 7.5 tons per hectare to 8.4
tons, in the 2010/11 crop year. In 2011/12, there was another
8.3-percent increase to 9.1 tons per hectare. In the 2012/13
cycle the expectation is for matching the previous years’ productivity rates.
In market terms there was another evolution: if conditions
are favorable for early rice seeding, with consequent early
harvest, farmers can take advantage of better prices from the
end of the off-season period to the beginning of the new crop,
trading 20% of their crop, an amount that usually exceeds
their warehousing capacity. “In general, soybean is sold in the
first half of the year, sometimes through the anticipated contract system, whilst the rice is sold towards the end of the year,
a strategy that leads to better average prices”, he explains.
88
technologies for the cultivation of soybean in meadowlands, in rotation with rice, constitute an important tool for the aggregation of agronomic gains and income to rice farming operations in Rio Grande
do Sul, now leading the national crop. This is the opinion of agronomic engineer Arlei Haetinger, who cultivates 330 hectares (130
of soybean and 200 of rice) in Bexiga, municipality of Rio Pardo (RS).
Soybean cultivation in lowlands constitutes a manner of reducing the presence of red rice seed in soil, a weed that strongly
competes with white rice. In the meantime, the system benefits
from the technological advantage in alternating the cereal grass
with the leguminous plant. Soybeans are considered nitrogen-fixating legumes and recover the physical and chemical properties of
soil, which translates into higher yields and smaller rice production costs. Besides diluting the costs, management and varieties
have improved and could even yield profits if climate conditions
and operations are favorable and appropriate.
For eight years, up to 2004, Arlei Haetinger rotated maize and
Inor Ag. Assmann
rice in two field stretches. With the summer crop, he kept red rice
under control. “At that time, herbicide residues turned the system
unviable. But technology improved and the problem no longer
exists”, he explains. “Nowadays, maize is a good alternative for
rotation with rice”.
Nonetheless, rotation schemes are not entirely risk free: “An excellent drainage and irrigating structure is needed, higher land
is preferred if the soybean crop is to be protected against possible
water stress, besides the use of adapted cultivars, with seeding carried out at the recommended period. And, of course, knowledge
is needed”, he warns. Another fundamental precaution is soil
analysis, since rice and soybean differ in terms of fertilization and
soil correction. “The aim is to make profits from rice, but efficient
management, as well as appropriate cultivars and technology,
could bring in profits from soybean or maize”, he emphasizes.
In the third soybean crop in rotation with rice, his expectation
is for profits. Productivity rates are supposed to reach an average
of 40 sacks per hectare. “Under very favorable climate conditions,
we have already harvested an average of 55 sixty-kilo sacks, and
we are spotting a potential for harvesting from 60 to 65 sacks per
hectare”, he says. Furthermore, there are gains derived from efficient weed control in rice fields and higher productivity rates. Likewise, there are now bigger chances for going back to traditional rice
cultivars, seeing that, in light of the presence of red rice, Arlei Haetinger prefers to seed cultivars tolerant to herbicide (CL). Continued
use of these varieties is not recommended, since they may run out of
control, giving rise to a herbicide resistant weed. By virtue of this
risk, it is important to have other technologies available.
In succession to soybean and rice, the farmer establishes pastures
with oats and perennial ryegrass. After harvesting the rice, Haetinger
levels the soil and seeds the pasture in the no-till system, ensuring soil
coverage and alternative income in the winter. In September, the higher areas are desiccated and cultivated with soybean, water drainage
is revised and adjusted, and the pasture is established. At winter’s
end, it is desiccated and incorporated into the soil; the stretch of land
is then walled in for the rice seeding operation in spring. n
89
Um casamento
promissor
Plantio da soja após o arroz eleva a
produtividade do cereal e diminui a
incidência de plantas invasoras na
lavoura, entre elas o arroz vermelho
A rotação de culturas,
uma das ações recomendadas pelos técnicos para combate ao arroz
vermelho nas lavouras, registra incremento no número de adeptos
no Rio Grande do Sul. Pela valorização crescente no mercado, a
soja tem sido a opção preferida dos agricultores gaúchos. Acompanhamento realizado pelo Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga)
comprova a ampliação no plantio da oleaginosa em áreas de várzea.
Na safra 2010/11, foram implantados apenas 66 mil hectares, que
passaram para 182 mil hectares na temporada 2011/12 e saltaram
para 262 mil hectares no ciclo 2012/13. Isso corresponde a 25% do
total semeado com o grão no Estado.
Com as vantagens apresentadas pelo uso da soja em sucessão ao arroz, o tema tem sido recorrente entre as instituições de pesquisa. O Irga
trabalha ininterruptamente nessa linha desde 2004. Um dos resultados
práticos dessa ação está no lançamento da primeira cultivar da oleaginosa destinada ao cultivo em áreas de várzea, com maior tolerância
ao estresse hídrico e boa resistência a doenças radiculares. A TEC Irga
6070RR foi desenvolvida em convênio com a CCGL Tecnologia.
Conforme o pesquisador Anderson Vedelago, do Irga, os orizicultores sempre tiveram visão de que a soja seria uma cultura
secundária. Além disso, o desconhecimento quanto ao manejo
da lavoura fazia com que eles sofressem muitas perdas. “É uma
questão cultural, pois o arroz é menos instável do que a oleaginosa, que sofre com o déficit ou o excesso hídrico”, enfatiza.
O aumento da área com soja nas várzeas é a prova de que os
agricultores estão assimilando as vantagens da rotação. Vedelago lembra que, pela ocorrência de casos de resistência aos herbicidas da tecnologia Clearfield, sistema que representa mais
da metade do total plantado de arroz no Rio Grande do Sul, é
importante o uso da oleaginosa. “Ela entra com outro produto
químico, que quebra o ciclo das invasoras”, esclarece.
Para o pesquisador do Irga, existe grande potencial para ampliação
das lavouras de soja no Estado, sem que ocorra diminuição na área de
90
arroz.
“Há três
milhões de
hectares com
estrutura de irrigação e drenagem
para arroz no Rio
Grande do Sul, mas somente são utilizados um
pouco mais de um milhão de
hectares”, observa. Isso ocorre,
segundo Anderson Vedelago, em
virtude da falta de água e da grande infestação de plantas daninhas.
O desempenho positivo da soja em área de várzea, avisa o
pesquisador, depende de um bom sistema de drenagem. Nessa
concepção se insere a técnica de plantio em microcamalhão, que
permite o cultivo em locais alagados, sem encharcar as raízes das
plantas. O Irga, junto com a Industrial KF, lançou uma semeadora para essa finalidade. A calagem e a adubação das lavouras
também constituem providências importantes a serem adotadas
para obtenção de melhor resultado. Estudos revelam, por exemplo, que há deficiência de fósforo nos solos gaúchos. n
O RITMO IDEAL
Outra instituição que tem se dedicado aos estudos com o plantio de soja em várzea é a Embrapa Clima Temperado, com
sede em Pelotas (RS). Conforme o pesquisador da unidade, Giovani Theisen, foram testados vários sistemas de rotação. Os
que apresentaram melhores resultados foram de dois anos para cada cultura, ou a sequência de dois de arroz, um de pecuária e dois de soja. “Se fosse um ano para cada lavoura, o custo seria maior”, salienta. “Na saída do arroz, o solo precisaria
ser preparado para receber a soja. E quando a oleaginosa fosse colhida, as taipas teriam que ser refeitas para novamente o
cereal ser plantado”, enfatiza.
Com relação à produtividade na lavoura de soja em várzea, Theisen explica que ocorre queda média de 20%, no comparativo com o cultivo em áreas de planalto. “Em compensação, o aumento no rendimento do arroz semeado na sequência
pode chegar a 20%”, comenta. Esse resultado é alcançado graças à fixação do nitrogênio no solo, liberado pela oleaginosa, e
à menor infestação de plantas daninhas.
91
Crop rotation, a move
Robispierre Giuliani
recommended by most technicians for combating red rice infestations,
is now a rising trend in Rio Grande do Sul. Highly valued in the market, soybean has become a crop of choice for southern farmers. A survey
conducted by the Rio Grande do Sul State Rice Institute (Irga) attest to
ever-increasing soybean fields in meadowland regions. In the 2010/11
crop year, only 66 thousand hectares were established, which jumped to
182 thousand hectares in 2011/12 and to 262 thousand in the 2012/13
cycle. It corresponds to 25% of all soybean fields in the State.
As a result of the advantages derived from the soybean in succession to rice, the theme is now constantly addressed by research
institutions. Irga has been involved with the subject since 2004.
One of the practical results of these initiatives is the launch of the
first oilseed cultivar destined for meadowlands, with higher tolerance to water stress TEC Irga 6070RR is a cultivar that was developed jointly with CCGL Tecnologia.
According to researcher Anderson Vedelago, of Irga, rice growers had always viewed soybean as a secondary crop. Moreover, the
lack of knowledge regarding cultural and management practices
resulted into huge losses. “It is a cultural question, as rice is less
unstable than soybeans, a crop that is greatly affected by both dry
conditions and excessive precipitation”, he notes.
A promising
marriage
Sowing soybeans after rice translates
into higher productivity rates and lower
incidence of such invasive plants as red rice
92
The ever-increasing areas devoted to soybeans in meadowland regions
attests to the fact that farmers have been assimilating the advantages
derived from rotation systems. Vedelago recalls that, because of the occurrence of resistance to the herbicides of the Clearfield technology, system
that accounts for more than half of all rice plantations in Rio Grande do
Sul, switching to soybean is very important. “It requires other chemical
treatments, and they cut the cycle of the invasive plants”, he clarifies.
The Irga researcher understands that there is great potential for
expanding the soybean plantations throughout the State, without
necessarily reducing the area devoted to rice. “There are three million
hectares with viable irrigation and drainage systems in Rio Grande
do Sul, but just one million hectares are being used”, he observes. This
happens, according to Anderson Vedelago, by virtue of water deficiencies and overwhelming weed infestation.
The positive performance of soybean in meadowlands, the researcher warns, depends on efficient drainage systems. The microridge planting system falls into this concept, whereby flooded areas
can be cultivated, without affecting the root systems of the crops. Irga,
jointly with Industrial KF, launched a seeder for this purpose. Lime
and fertilizer applications are also important practices to be adopted
if good results are to be obtained. Studies have revealed that the soil
in Rio Grande do Sul is deficient in phosphorus. n
THE IDEAL RHYTHM
Another institution that has conducted studies on meadowland soybean plantations is Embrapa Temperate Climate,
based in Pelotas (RS). According to the researcher of the entity, Giovani Theisen, several rotation systems have been tested. The best results point to two years for each crop, or the succession of two years of rice fields, followed by one year
of livestock operations and two years of soybean crops. “A one-year system for each crop would result into much higher
costs”, he explains. “At the end of a rice crop, the soil would have to be prepared for soybeans. And after harvesting the
soybeans, the rice field mud walls would have to be raised again”, he clarifies.
With regard to meadowland soybean productivity, Theisen explains that it decreases by 20%, on average, compared to
highland cultivations. “On the other hand, the rice yields in the sequence normally soar 20%”, he comments. This result
stems from nitrogen fixation in soil, liberated by the oilseed, along with milder weed infestations.
93
Inor Ag. Assmann
Um novo colega
Estudos comprovam o bom rendimento do milho
plantado em sucessão ao arroz nas áreas de várzea,
desde que se realize o manejo adequado
Enquanto a soja amplia
anualmente sua participação nas áreas baixas, o uso do milho em
rotação com o arroz ainda está engatinhando. A considerar está
o fato de a gramínea ser muito mais sensível ao estresse hídrico
do que a oleaginosa. No entanto, a opção não deixa de ser considerada interessante, pelo valor comercial do grão e diante do
abastecimento insuficiente no Rio Grande do Sul.
No Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga) o projeto de plantio de milho na várzea teve início em fevereiro de 2012. “Enxergamos o grão como mais um instrumento de controle do arroz vermelho”, enfatiza Rodrigo Schoenfeld, pesquisador da instituição.
Ele defende que a cultura se adaptaria muito bem na Depressão
Central, região dominada por pequenas propriedades. “Poderá
ser consumido no local ou até vendido”, ressalta.
94
Com o resultado de estudos anteriores em mãos, o pesquisador
do Irga concluiu que o sucesso do plantio de milho na várzea depende da solução de duas questões básicas: o estresse hídrico e a dificuldade de controle de pragas, principalmente da lagarta do cartucho.
Conforme Schoenfeld, o primeiro problema se resolveria com o uso
do microcamalhão, enquanto o segundo pode ser combatido com a
utilização das sementes transgênicas, disponíveis no mercado.
No primeiro ano, o Irga conduziu o projeto com a semeadura de quatro híbridos comerciais, em duas épocas (setembro, considerada preferencial, e novembro, mais tardia), com irrigação por aspersão e por sulcos
e também sem a adoção desse manejo. Os experimentos foram instalados
em Cachoeira do Sul, Cachoeirinha e Santa Vitória do Palmar, e as unidades de observação em Restinga Seca, Agudo e Camaquã.
O foco do Irga no primeiro ano da pesquisa acabou sendo atin-
BOM RESULTADO
Inor Ag. Assmann
A Embrapa Clima Temperado, sediada em Pelotas (RS),
também está conduzindo estudos com o plantio de milho em
várzea, há seis safras consecutivas. Conforme o pesquisador
Giovane Theisen, o principal problema é que a incidência de
lagartas na gramínea é muito grande. “É comum realizar até
quatro aplicações de inseticidas. O uso dos novos materiais,
no entanto, tem reduzido a pressão das pragas”, destaca.
Os resultados obtidos com os experimentos são bastante animadores. Segundo o pesquisador, em lavouras
de milho com uso de irrigação por aspersão chegou-se a
produtividade de 180 sacos por hectare, considerada uma
média alta. Já no plantio direto em várzea, com camalhões
de base larga, obteve-se em torno de 90 sacos/ha. “Isso
em uma região que tem média de 40 sacos e com uso de
um pacote mediano de tecnologia”, comemora.
Theisen alerta que o produtor precisa fazer a drenagem
da lavoura, pois o milho não suporta o encharcamento,
assim como é mais sensível do que a soja na questão da
falta de água. O pesquisador considera como uma grande
vantagem o fato de os herbicidas recomendados para a
gramínea serem diferentes dos disponíveis para o arroz. “A
rotação de produtos acaba sendo essencial para o manejo
das plantas daninhas”, enfatiza.
gido. “Queríamos ter a certeza da viabilidade do plantio de um
milho de alta produtividade em área de várzea”, explica Schoenfeld. Os resultados parciais mostraram que a lavoura instalada em
Cachoeirinha, onde fica a estação experimental da instituição, teve
rendimento médio de 10 toneladas por hectare. “O microcamalhão
se mostrou interessante como solução ao estresse hídrico. Choveu
bastante e, mesmo assim, não houve problema”, enfatiza.
No segundo ano do projeto, as atenções voltaram-se para o
controle de plantas daninhas, com a opção de uso do glifosato
combinado com um herbicida pré-emergente. “Com esses produtos, a área fica mais limpa para receber o arroz depois”, conclui. O
manejo de irrigação, a obtenção de materiais melhor adaptados às
condições de várzea e a viabilidade econômica do cultivo também
serão enfocados nos estudos do Irga. n
95
Inor Ag. Assmann
A new
colleague
Studies attest to the good corn yields in
rotation with rice in meadowlands, provided
appropriate management is adopted
96
While soybeans
are increasingly migrating to lowlands, the use of corn in rotation with rice is still at a fledgling stage. The fact to be taken into
consideration is that corn is much more susceptible to water stress
than the oilseed. Nonetheless, the option is rather enticing in view
of the commercial value of corn and by virtue of deficient supply
in Rio Grande do Sul.
At the Rio Grande do Sul State Rice Institute (Irga) the meadowland corn project started in February 2012. “We look at the kernel
as just one more tool in combat against red rice”, comments Rodrigo Schoenfeld, researcher with the institution. He understands
that the crop would fit perfectly into the Central Depression, region
where small-scale farms predominate. “The corn could be destined
for local use or shipped to other regions”, he notes.
With the result of previous studies on hand, the Irga researcher
concluded that the success of corn cultivations in meadowlands
depends on two basic questions: water stress and the difficulty in
keeping the pests under control, particularly the armyworm. According to Schoenfeld, the first problem could be solved through
the use of micro-ridges, and the second, with the use of transgenic
seed, now available in the market.
In the first year, Irga conducted the project with four commercial hybrids, in two different periods (September, considered to be
ideal, and November, later period), with the use of sprinkle irrigation and furrow irrigation and, sometimes, with no irrigation at
all. The trial crops were established in Cachoeira do Sul, Cachoeirinha and Santa Vitória do Palmar, and the observation units, in
Restinga Seca, Agudo and Camaquã.
The Irga target happened to be achieved in the first year. “We
wanted to be sure about the viability of growing highly productive
corn in wetland areas”, Schoenfeld explains. The partial results of
the trial field in Cachoeirinha, home to the experimental station
of the institution, yielded 10 tons per hectare. “The micro-ridge
proved to be a good solution to water stress. There was heavy precipitation and, even so, there were no problems”, he emphasizes.
In the second year of the project, efforts were geared towards
weed control, with the option to apply glyphosate in combination
with a pre-emergent herbicide. “Such applications leave the area
clean for the rice crop that comes in the sequence”, he concluded.
Irrigation management, the acquisition of cultivars better adapted to meadowland conditions, and the economic viability of the
crop are also on the agenda of studies being conducted by Irga. n
GOOD RESULT
Embrapa Temperate Climate, based in Pelotas (RS), has been conducting studies on wetland corn crops for six seasons
in a row. According to researcher Giovane Theisen, the main problem is that the incidence of armyworm outbreaks is very
serious. “Up to four chemical applications are common practice. Nonetheless, the use of new cultivars has reduced the pressure coming from the pests”, he explains.
The results obtained from the experiments are rather encouraging. The researcher refers to corn fields, under the sprinkling
irrigation system, which yielded up to 180 sacks of corn per hectare, viewed as a very high average. With regard to no-till plantings in wetlands, with broad-based ridges, the result was 90 sacks per hectare. “In a region where 40 sacks per hectare are
harvested under normal conditions, and with the use of a medium technology package “, he happily comments.
Theisen warns the farmers about the need to good drainage systems, because corn does not withstand soaking conditions and, likewise, it is also more susceptible to drought conditions, compared to soybeans. The researcher spots great
advantages in the fact that corn requires different herbicides than the ones used for rice. “Crop rotation turns out to be an
essential factor for the management of weeds”, he concludes.
97
Inor Ag. Assmann
Não é o fim
da picada
Rotação de culturas e sistemas de
produção delineiam o bom futuro
da lavoura de arroz em Picada do
Rio, no município de Agudo (RS)
A lavoura de Jair Buske,
no município de Agudo (RS), é um verdadeiro laboratório a céu
aberto. Em sua propriedade, situada na localidade de Picada do
Rio, uma das microrregiões com melhor desempenho na atividade arrozeira em todo o Estado, três dos 67 hectares são dedicados
a experimentos tecnológicos de sete empresas de insumos e institutos de pesquisas. Visam maior produtividade e maior qualidade
nas culturas de arroz ou de rotação, nos diversos sistemas de produção, e têm por meta a ampliação da renda familiar.
A rotação foi adotada há seis anos na área. Buske cultiva arroz
em sistema pré-germinado com cultivares da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), em
98
65 hectares, com média de 10,2 mil quilos por hectare no ciclo
2011/12, resultado que deve ser mantido na temporada 2012/13.
Planta também milho, em quatro hectares, e faz a sucessão das
culturas de verão com safrinha de soja e, no inverno, trigo e serradela. A soja igualmente é cultivada no verão.
“Claro que há perdas e ganhos”, informa. “Nem todas as tecnologias tiveram êxito completo. Mas houve ganho produtivo no
arroz, redução de custos, pela fixação de Nitrogênio (N); melhoria do solo com cobertura de inverno e incorporação da palha, e
aprendizado em conservação e no manejo”, enumera.
A meta é usar rotação cultural em 20% da lavoura. “A área anual
será determinada por fatores agronômicos, econômicos e climáticos”,
destaca. O emprego de culturas alternativas em terras de arroz busca
um sistema de produção mais eficiente nos aspectos agronômico, econômico e ambiental. São três as razões para isso: controlar a infestação
de arroz vermelho e eliminar seu banco de sementes do solo; viabilizar
a adoção de sistemas alternativos ao pré-germinado (evitando a seleção
de invasoras e a saturação do terreno) e de variedades mais produtivas;
e agregar ganhos à lavoura de arroz através da melhoria do solo, do
aproveitamento da infraestrutura no inverno, da diluição dos custos e
da comercialização dos grãos obtidos com estas culturas.
O objetivo principal está sendo alcançado. Análise do Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga) confirmou a redução de 80 para
zero a uma na semente viável de arroz vermelho na profundidade
de até 10 centímetros de solo, após o cultivo de primeiro ano da
soja na várzea. Conforme Buske, o cultivo de trigo, milho, soja e
serradela mudou o seu perfil de produtor. Até então, os 67 hectares
da lavoura de arroz ficavam parados de março a setembro, com o
solo descoberto e aumentando o banco de sementes de invasoras.
“Agora, utilizo melhor o maquinário, a mão de obra e o solo, que
não fica exposto, e ainda quebro o ciclo de pragas, doenças e invasoras, reduzindo o potencial de ervas-daninhas para a safra seguinte, o
que contribui para maior produtividade no arroz”, descreve. “Diluo
o custo de produção com o residual de fertilização do inverno nas
culturas de verão, e vice-versa; aproveito a palhada e garanto renda
extra. Se o inverno cobrir os custos, garante o ganho no arroz”. n
99
APOIO
It is not
the last
straw
Crop rotation and production
systems dictate the good
future of the rice farming
operations in Picada do Rio,
municipality of Agudo (RS)
Inor Ag. Assmann
O agricultor Jair Buske alerta para alguns cuidados necessários na inclusão de novas culturas em terras de arroz. “O
apoio técnico é vital, pois a interpretação da análise de solo
para milho, soja, arroz e trigo, e o manejo de cada uma delas,
são bem diferentes”, assinala. “Na soja, calagem e subsolagem são fundamentais, mas o arroz as dispensa”, ilustra. E
recomenda: “A área não deve ser grande e deve ser mais alta,
o que favorece as culturas implantadas”.
O clima exigirá o perfeito dimensionamento de irrigação
e drenagem. “Pode chover 300 milímetros em 10, 15 dias, e
ocorrer estiagem de 20 a 25 dias”, lembra. Assim, é vital escoar rapidamente o excesso de água, bem como irrigar quando
houver estiagem a fim de manter a produtividade. O uso de
variedades mais adaptadas à várzea é recomendado em todas as culturas. “Na comercialização também se ganha. Dificilmente trigo, soja, milho e arroz estarão, ao mesmo tempo,
com preços baixos”, refere. Até o momento, computando mais
ganhos do que perdas, Buske segue firme no rumo da diversificação. “É um caminho sem volta”, sentencia.
SUPPORT
Farmer Jair Buske reminds us of the need for some precautions when it comes to including new crops in rice farming
lands. “Technical support is of vital importance, once the interpretation of soil analysis for corn, soybean, rice and wheat
crops differs a lot, and they all require different management
practices”, he notes. “Lime application and subsoiling are fundamental requisites for soybean fields, but they are not needed for rice”, he illustrates. And he recommends: “The planted
area should not be big but should stand on higher ground,
which favors the crops that are established”.
Climate conditions will require a perfect use of irrigation
and drainage systems. Rains could amount to 300 mm in 10 to
15 days, whilst drought conditions could set in over a period of
20 to 25 days”, he recalls. This makes it of vital importance to
rapidly drain the rain waters, as well as start irrigating under
drought conditions, if steady productivity rates are to be obtained. The use of varieties adapted to meadowland conditions
is recommended for any crop that is grown. “Sales gains are
also on the agenda. It would be a rare coincidence if wheat,
soybeans and rice were at the same time traded for lower-than-expected prices”, he notes. Having so far realized more
gains than losses, Buske is firmly heading toward diversification. “It is a road of no return”, he states.
100
Jair Buske’s rice field,
in the municipality of Agudo (RS), is a real laboratory in the open.
On his farm, located in the vicinity of Picada do Rio, one of the
micro-regions that stands out for its excellent performance in rice
growing operations throughout the entire State, three of his 67
hectares are devoted to technology-oriented trials run by seven
agriculture input companies and research institutions. The aim is
to come up with more productive cultivars, quality rice and better rotation systems, in the several production systems, with the
ultimate target of expanding family income.
Rotation was introduced in the area six years ago. Buske sows
pre-germinated seed supplied by the Santa Catarina State Rural
Extension and Agriculture Research Corporation (Epagri), in 65
hectares, and in the 2011/12 crop he harvested 10.2 thousand kilos
per hectare, on average, a result that he expects to match again in
2012/13. He also devotes 4 hectares to corn, and rotates the summer crop with a winter soybean crop, and in the winter, wheat
Inor Ag. Assmann
and serradella. Soybean is also cultivated in summer.
“Of course, there are losses and gains”, he admits. “Not all technologies were successful. But there were gains in rice, cost reductions and
nitrogen fixation (N); soil improvement stemming from winter cover
crops and from the incorporation of mulch, and more knowledge was
acquired from conservation and management practices”, he cites.
The target is to resort to cultural rotation in 20% of the entire
farm. “The annual area is to be determined by agronomic, economic
and climatic factors”, he explains. The use of alternative crops in rice
faming lands is aimed at coming up with a more efficient system
as far as agronomic, economic and environmental aspects are concerned. There are three reasons for this: to keep red rice infestations
under control and eliminate its residual seed in soil; to make it viable to use other than pre-germinated systems (thus avoiding weed
selection and soil saturation) whilst resorting to more productive
varieties; and add value to the rice fields through soil improvement
practices, making good use of the infrastructure in winter time, cost
reduction and trading the grains obtained from these crops.
The main objective is being achieved. An analysis by the Rio
Grande do Sul Rice Institute (Irga) has confirmed the reduction
from 80 to zero to a viable red rice seed at a depth of 10 cm, after
the first cultivation of soybean in the meadowland. According to
Buske, wheat, corn, soybean and serradella crops have changed
his profile as farmer. Up to that time, his 67 hectares of land remained barren March through September, with no soil cover crop,
paving the way for red rice seed to develop.
“Now, I am using my machinery in a better way, and the same
goes for labor and soil, which is no longer exposed and, on the
side, I am breaking the cycle of pests, diseases and weeds, reducing
the potential of the weeds for the next crop, which contributes towards better rice yields”, he describes. “I dilute the production cost
with the summer crops taking advantage of winter crops fertilizer
residues, and vice-versa; I use the mulch and guarantee extra income. If winter crops cover the costs, it ensures gains in rice”. n
101
Inor Ag. Assmann
Uma fórmula
muito simples
A necessidade de encontrar saídas para as
limitações produtivas faz Jair Buske investir em
tecnologias modernas, visando novos resultados
A rotação de culturas
chegou com o milho há seis anos nas lavouras de Jair Buske,
na localidade de Picada do Rio, em Agudo (RS). Era uma solução providencial: o solo argiloso vira atoleiro após dois ou três
anos em uso contínuo do sistema pré-germinado, impedindo
o ingresso de máquinas na área. O método também seleciona
pragas e invasoras resistentes, especialmente plantas aquáticas. E o banco de sementes de arroz vermelho se mantém
pronto para emergir quando outro sistema de condução da
lavoura é adotado.
Para utilizar sistema alternativo e variedades mais produtivas é necessário eliminar as invasoras. O manejo de soja,
milho e trigo usa herbicidas que promovem o controle de
102
ervas-daninhas, como arroz vermelho, eliminando o banco de
sementes da primeira camada de solo. A alteração, que já garante ganhos para a cultura do arroz, ainda pode gerar boa renda.
Nas duas últimas colheitas de Buske, o milho teve média
de 177,5 sacos de 60 quilos por hectare, ao custo de produção
de 76 sacos/ha. Num ano foi preciso irrigar a lavoura; no outro,
houve excesso de chuva. Com clima normal, o desempenho
pode ser ainda melhor. “É fundamental escolher as melhores
áreas para cultivos do seco e dimensionar bem os sistemas de irrigação e drenagem e os materiais utilizados”, avisa o agricultor.
Na parte em que foi usada na temporada 2012/13, a microcamalhoeira mostrou resultado, pois nesta área as plantas tiveram bom estabelecimento inicial, apesar do excesso de chuvas
ALTA ROTAÇÃO
A serradela, leguminosa que suporta bem o alagamento e fixa até 100 quilos de nitrogênio (N) por hectare, entra na
sucessão ao arroz, no inverno, pois melhora a qualidade química e física do solo e reduz o custo de produção do arroz
em adubação de base. A soja foi adotada há dois anos, com bons resultados. “Sai o milho e entram a soja e o trigo, com
variedades modernas, resistentes e manejo adequado, para dar bom resultado”, explica. “Esta área fica pronta para
voltar com soja ou milho em plantio direto, logo após a dessecação da soca e da incorporação da palha, que se transforma em matéria orgânica, melhora a estrutura do solo e mantém a umidade”.
Na safra 2012/13, Jair Buske inovou ainda mais com uma safrinha de soja em dois hectares: ele semeou milho no
dia 5 de setembro e colheu, com alta produtividade, em 1º de fevereiro. Então ingressou com uma safrinha de soja.
Quando retirar a oleaginosa, em maio, cultivará trigo, no inverno; na primavera/verão, irá preparar a lavoura de soja
nesta mesma área. “Após, volta o trigo no inverno e o arroz na primavera/verão, em outro sistema de cultivo e com
variedades mais produtivas”, afirma. Para Buske, com a evolução do manejo e as variedades, este modelo será vital a
fim de garantir a sustentabilidade dos sistemas de produção em várzea.
na emergência. A venda do milho cultivado no cedo permitiu
comprar peças para a colheitadeira, pagar o óleo diesel e arcar com custos de colheita. E sobrou o suficiente para o uso
na propriedade. “Em outros tempos, teria vendido arroz para
pagar as despesas”, reconhece Buske.
Nesta rotação, é inusitada a presença do trigo, cultivado por
dois anos; depois de algum tempo, voltará em 2013. A média
produtiva nos dois anos chegou a 25,5 sacos de 60 quilos por
hectare. Permitiu pagar os custos e ainda acrescentou ganho
residual em adubação e na proteção do solo. “O clima não ajudou. Com a evolução do manejo, dá para colher entre 40 e 45
sacos por hectare, o que compensaria muito”, assinala. n
PRODUÇÃO > production
O esquema de produção de Jair Buske
Semeadura
Cultura
Cultura
setembro fevereiro
maiosetembro
maiosetembro
milho
soja safrinha
trigo
soja
trigo
arroz
arroz serradela
arrozserradela
arroz
Fonte: Jair Buske
103
Robispierre Giuliani
104
A very simple
formula
The need to find a way out of the productive limitations induces Jair Buske
to invest in modern technologies, with an eye towards new results
Crop rotation arrived
at Jair Buske’s farm with corn, six years ago, in the district of Picada
do Rio, in Agudo (RS). It came as a timely solution: the clayey soil
turns into a quagmire after two or three years under the pre-germination system, preventing any machines from entering the field.
The method also selects pests and resistant weeds, especially aquatic
plants. And the underground red rice seed is always ready to emerge
as soon as another field management system is introduced.
If an alternative system is to be used, along with more productive varieties, there is need to eliminate the invasive plants. Soybean,
corn and wheat management practices involve herbicides that keep
control over the weeds, like red rice, eliminating the seeds from the
first layer of soil. The alteration, which ensures gains to rice farming,
is also likely to generate good income.
In the two past harvests, Buske reached an average of 177.5 sixty-
kilo sacks per hectare, with a production cost equivalent to 76 sacks/
ha. In one of those years, irrigation was needed; in the other, there
was excessive precipitation. Under normal climate conditions, performance could go up. “It is of fundamental importance to choose
the best areas for dryland cultivations and adjust all irrigation and
drainage systems, without overlooking the cultivars that are grown”,
he warns.
In the portion of the area where it was used in 2012/13, the microridging system showed good results, and in that area the plants got
off to a good start, in spite of excessive rainfall at the emergence stage.
Sales of early planted corn yielded enough Money to buy parts for the
harvester, pay for the diesel oil and cover all harvest costs. And there
was still enough to be used on the farm. “In other times, I would have
been forced to sell rice to pay for the expenses”, Buske acknowledges.
In this rotation scheme, wheat is very rarely cultivated for two
years; after some time, it will be back in 2013. The average productivity rates over the two years reached 25.5 sixty-kilo sacks per hectare.
It was enough to pay for the costs, and it added residual gains in the
form of fertilizers and soil protection. “The climate was no help. With
improved management, it is possible to harvest from 40 to 45 sacks
per hectare, which would be very compensating”, he notes. n
HIGH ROTATION
Serradella, a leguminous plant that withstands quagmire
conditions and fixes up to 100 kilos of nitrogen (N) per hectare, rotates with rice in winter, as it enhances the chemical and
physical properties of soil and reduces the production costs of
rice crops through base fertilization. Soybean was introduced
two years ago, with good results. “Corn exits, while soybean
and wheat come in, with modern and resistant varieties, along
with appropriate management practices for good results”, he
explains. “This area is ready for the return of soybean and
corn in no-till plantings, soon after the soybean has been desiccated and mulch incorporated, which then turn into organic
matter, enhancing the structure of soil and keeping it moist”.
In the 2012/13 crop, Jair Buske innovated even further
with a winter soybean crop of two hectares: he sowed corn
on 5th September and harvested a highly productive crop on
1st February. Then he came in with a winter soybean crop. In
May, after harvesting the crop, he will sow wheat in the winter;
as soon as spring/summer arrives, he will prepare the same
field for soybean. “Afterwards, wheat comes back in winter
and rice in spring/Summer, under a different cultivation system and with more productive varieties”, he says. In Buske’s
view, with the evolution of management practices and varieties, this model is vital if the meadowland production systems
are to remain sustainable.
105
Sílvio Ávila
Brincando
com fogo
Agricultores gaúchos estão deixando
de lado recomendações técnicas de
controle do arroz vermelho e infestação
das lavouras volta a preocupar
O arroz vermelho é
a invasora que mais atemoriza os produtores. Por meio da competição
com a planta cultivada, a espécie é capaz de reduzir drasticamente o
potencial produtivo nas áreas infestadas. Para combater o problema,
os agricultores são orientados a usar a tecnologia Clearfield, introduzida no Brasil em 2002, combinada com outras técnicas de controle.
As medidas recomendadas vinham surtindo o efeito desejado, com controle eficaz da contaminação em lavouras gaúchas.
A negligência de alguns orizicultores, no entanto, está fazendo
com que a situação volte a preocupar. Levantamento do Instituto
Rio-Grandense do Arroz (Irga), referente às últimas cinco safras,
mostra que o arroz vermelho está presente em todos os municípios produtores no Estado, em vários graus de infestação.
O pesquisador do Irga, Augusto Kalsing, revela que em torno de
106
55% da área com arroz no Rio Grande do Sul é cultivada com a tecnologia Clearfield, o que equivale a 600 mil hectares. “Em torno de
40% do total plantado com as variedades recomendadas apresentam biotipos de arroz vermelho resistentes aos herbicidas do grupo
das imidazolinonas, considerados eficazes no controle”, explica.
A criação de resistência ao produto químico acontece, conforme
Kalsing, quando os produtores não seguem as orientações técnicas
para condução da lavoura. Uma das práticas mais prejudiciais é o
uso contínuo da mesma área no plantio de arroz, o que favorece
a seleção da planta daninha. Para evitar que isso ocorra, é recomendada a rotação de culturas, com soja, milho ou pastagem, ou
orienta-se manter a terra em pousio durante duas safras.
Outras ações importantes, que devem ser observadas, são a
aplicação do herbicida na dose recomendada até a emergência
Playing
with fire
Farmers in Rio Grande do Sul
are leaving aside technical
recommendations for keeping red
rice under control and infestations
are beginning to cause concern
Red rice is the invasive
da quarta folha do pé e a irrigação da lavoura na sequência. O
uso de sementes certificadas também é considerado primordial
para o controle eficaz da planta daninha. “O arroz vermelho só
é combatido quando o agricultor utiliza todas as medidas disponíveis. Uma só não adianta”, alerta Kalsing.
De acordo com o pesquisador do Irga, uma lavoura é classificada como de baixa infestação quando apresenta uma planta
de arroz vermelho por metro quadrado, o que já pode fazer
com que haja perda de 10% a 20% na produtividade. Quando as
áreas apresentam cerca de cinco plantas por metro quadrado,
são consideradas de média contaminação, com perda de 30%
a 40% do potencial produtivo. Os prejuízos nos locais de alta
infestação, com mais de 10 plantas por metro quadrado, podem
atingir entre 70% e 80%. n
plant that farmers fear the most. By competing with the regular
crop, the pest has the potential to drastically reduce the production volume in infested areas. To fight the problem, the farmers
are advised to resort to the Clearfield technology, introduced in
Brazil in 2002, in combination with other control techniques.
All the recommended measures were yielding the desired results, with effective control in the South. However, some reckless
farmers are responsible for a situation that is beginning to cause
great concern. A Survey by the Rio Grande do Sul State Rice Institute (Irga), covering the past five crops, shows that red rice is
present in almost all municipalities where rice is grown in the
State, in different degrees of infestation.
Irga researcher Augusto Kalsing reveals that around 55% of
the area devoted to rice in Rio Grande do Sul is cultivated under the principles of the Clearfield technology, equivalent to 600
hundred thousand hectares., “About 40% of the area seeded with
the recommended varieties present biotypes of red rice resistant
to herbicides of the imidazolinones group, considered to exert
efficient control”, he explains.
According to Kalsing, resistance to chemical products develops when the farmers disregard the technical recommendations
for conducting their fields. One of the most harmful decisions is
to stick to the same area for the rice fields, a reality that favors
the selection of the weed. To prevent this from happening, crop
rotation is recommended, with soybean, corn and pasture or,
the land should remain idle over a period of two seasons.
Other relevant initiatives recommended to the farmers include the application of the correct dosage of herbicides until
the fourth leaf of the stalk emerges, followed by irrigation in the
sequence. The use of certified seed is also viewed as a primordial
need for keeping control over the weed. Red rice is only kept under control if the farmers make use of all available measures.
Only one measure is not enough”, he warns.
According to the Irga researcher, a field is classified as lowly infested when there is one red rice plant in an area of a square meter, which could be enough to cause productivity losses from 10% to
20%. When the proportion is five plants per square meter, the field is
considered to be medium infested, with losses from 30% to 40% of
the production potential. Losses in densely infested fields, with more
than 10 plants per square meter, could be as high as 70% or 80%. n
107
Sílvio Ávila
INDÚSTRIA > Industry
O dono do
cardápio
Arroz parboilizado, que passa por processo de pré-cozimento, ganha espaço
no mercado interno e também nas exportações brasileiras do cereal
As vantagens nutricionais
do arroz parboilizado têm provocado aumento no consumo
interno do produto, em detrimento do tipo branco, antes o
preferido dos brasileiros, principalmente em função da sua coloração. O mesmo fenômeno pode ser verificado nas exportações do grão nacional, que, além do incremento registrado nas
últimas safras, contam com a participação maior das categorias
que passam pelo pré-cozimento.
108
Os números da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), órgão do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior, ilustram bem a evolução dos negócios com o parboilizado. Na safra 2004/05, esse tipo representava 7% dos embarques (6.500 toneladas do total de 92,455 mil toneladas). Na receita obtida, a participação era de 15% do total, atingindo US$
1,974 mihão, do somatório de US$ 12,796 milhões.
Quase uma década depois, na temporada 2012/13, os núme-
ros são bem outros. O parboilizado agora equivale a 39% do arroz exportado, chegando a 538,822 mil toneladas, do montante
de 1,365 milhão de toneladas. No faturamento, os tipos que
passam pelo pré-cozimento atingiram 47% do total auferido nas
vendas, fechando o período com US$ 215,858 milhões, do total
de US$ 462,272 milhões.
O analista de mercado Tiago Barata, da consultoria Agrotendências, explica que o Brasil começou exportando arroz quebrado, com menor valor mercadológico, principalmente para
os países africanos. Com o tempo, foi ampliando as vendas do
produto com maior agregação monetária, caso do parboilizado. No entanto, Tiago esclarece que desde outubro de 2012 os
grãos menos valorizados voltaram a ganhar espaço. “Como o
mercado interno está aquecido, o País perdeu competitividade
no exterior”, observa.
No Brasil, estima-se que entre 25% e 30% do total de arroz
produzido passe pelo processo de parboilização. O engenheiro
químico Gilberto Amato, pesquisador da Fundação de Ciência e
Tecnologia do Rio Grande do Sul (Cientec), considera o resultado excepcional, uma vez que há 25 anos essa categoria ocupava apenas 4% do total industrializado. “No mundo, já era 25%,
percentual que deve estar estabilizado”, acredita. Na avaliação de
Amato, em pouco mais de 20 anos o grão que passa pelo processo
de pré-cozimento deve ocupar metade do mercado nacional. n
109
Sílvio Ávila
Now on the menu
Parboiled rice, which goes
through a pre-cooking process,
is now conquering shares in the
domestic market and in Brazilian
exports of the cereal
The nutritional benefits
from parboiled rice are credited with the soaring domestic consumption of the cereal to the detriment of white rice, previously a favorite
with Brazilian people, especially because of its color. The same phenomenon is apparent in exports of the national cereal, which, besides
the increase over the past seasons, now experience a bigger share of
the categories that are submitted to the pre-cooking process.
The figures of the Brazilian Secretariat of Foreign Trade (Secex),
an organ of the Ministry of Development, Industry and Foreign
Trade (MDIC), clearly illustrate the evolution of the businesses
with parboiled rice. In the 2004/05 crop year, this type represented 7% of all shipments (6,500 tons of a total of 92.455 thousand
tons). In terms of revenue, its share reached 15%, amounting to
US$ 1.974 million, of a total of US$ 12.796 million.
Almost a decade later, in the 2012/13 crop year, the figures
are quite different. Parboiled rice is now equivalent to 39% of all
exported rice, amounting to 538.822 thousand tons, of a total of
1.365 million tons. Revenues from the pre-cooked types reached
47% of all sales, with the season coming to a close with US$
215.858 million, from the total of US$ 462.272 million.
Market analyst Tiago Barata, of Agrotendências Marketing Con110
sultancy, explains that Brazil started exporting broken kernels,
with a higher market value, particularly to African countries. As
time went by, sales of kernels with more added value began to soar,
which is the case of parboiled rice. Nevertheless, Tiago refers to the
fact that since October 2012 the poorly valued kernels began to conquer shares again. “As the domestic market continues heated up, the
country has lost competitiveness abroad”, he observes.
In Brazil, it is estimated that from 30% to 40% of all rice is submitted to the parboiling process. Chemical engineer Gilberto Amato,
researcher with the Rio Grande do Sul State Technology and Research Foundation (Cientec), considers the result exceptional, particularly because 25 years ago this category represented only 4% of
the total industrialized rice volumes. “In the world it was already
25%, percentage that seems to have remained stable”, he believes. In
Amato’s opinion, it is likely that in a period of 20 years, pre-boiled
kernels will attract half of the national market. n
AVANÇO EXTERNO > external strides
Exportações brasileiras de arroz - Quantidade (t)
Safra
Parboilizado
Part. Total
2004/05
6.5017% 92.455
2007/08
84.95727% 312.941
2012/13
538.82239% 1.365.848
Receita (US$)
Safra
Parboilizado
Part. Total
2004/05 1.974.33815%12.796.024
2007/08 20.487.65848%43.121.354
2012/13 215.858.327 47%462.272.770
Fonte: Secex.
Sílvio Ávila
Tratamento vip
Processo hidrotérmico
possibilita que o grão não perca
características nutricionais e
permite aumentar o tempo de
prateleira do produto
O arroz parboilizado
cada vez mais cai nas graças dos consumidores. A parboilização
acontece por meio de um processo hidrotérmico, no qual são utilizados apenas água e calor, sem a adição de agentes químicos. O
tratamento possibilita que o cereal não perca as suas características nutricionais, com as vitaminas e sais minerais sendo fixadas no
grão. O mesmo não acontece com o branco, que praticamente perde todas as suas propriedades, ao ser descascado e polido.
A palavra parboilizado é uma adaptação do termo inglês parboiled, que significa “parcialmente fervido”. O procedimento acontece
por meio de três operações básicas. Primeiro, o arroz em casca é
colocado em tanques com água quente. O encharcamento faz com
que as vitaminas e os sais minerais que estão na película e no germe
do grão penetrem em toda a sua massa. A segunda parte, chamada
de gelatinização, acontece quando o arroz úmido é submetido a
112
temperatura mais elevada, sob pressão de vapor, ocorrendo uma alteração na estrutura do amido. Como o grão fica mais compacto, as
propriedades são fixadas em seu interior. Para terminar, o produto
é secado, descascado, polido e selecionado.
Conforme o engenheiro químico Gilberto Amato, pesquisador
da Fundação de Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (Cientec), o arroz parboilizado possui maior tempo de prateleira, podendo chegar a dois anos, se acondicionado em boas condições, em
local sem umidade. “Com o processo de gelatinização, o grão fica
mais duro, dificultando a sua deteriorização”, analisa.
No entanto, esse não é considerado o principal responsável
pelo incremento do consumo entre os brasileiros. Amato acredita
que a facilidade do preparo e, especialmente, o valor nutritivo do
produto, são os fatores que mais contam na decisão pelo parboilizado. De acordo com o engenheiro químico, pesquisas realizadas
por estudantes universitários de graduação, mestrado e doutorado
comprovam essas características.
Alguns estudos concluíram que a proteína do arroz é a mais
nobre dentre os cereais, pelo equilíbrio que apresenta entre os
seus aminoácidos. Também se constitui no carboidrato mais recomendado nas dietas de emagrecimento, isso porque a liberação
da glicose no organismo acontece de forma mais uniforme. Além
disso, destaca Amato, o processo de gelatinização potencializa essas características. n
VIP treatment
Hydrothermal process preserves
the kernel’s nutritional traits and
prolongs the shelf life of the product
Parboiled rice is getting
more and more popular with consumers. Parboiling takes place
through a hydrothermal process, where only water and heat are used,
without any addition of chemical agents. The treatment preserves the
nutritional traits of the cereal, with vitamins and mineral salts being
absorbed by the kernels. The same does not happen with white rice,
which sheds almost all its properties when it is hulled and polished.
The word parbolization has its origin in the English language, and
parboiled means “partially cooked”.
The procedure requires three basic operations. First, rough rice is
soaked in hot water. The soaking process makes the vitamins and mineral salts contained on the pellicle and germ penetrate the entire mass.
The second stage, known as gelatinization, takes place when the wet
rice is submitted to high temperatures, under steam pressure, when
there is an alteration to the starch. As the grain gets more compact, the
properties accumulate in its inner portion. At the final operation, the
cereal is dried, hulled, polished and selected.
According to chemical engineer Gilberto Amato, researcher with the
Rio Grande do Sul State Technology and Science Foundation (Cientec),
parboiled rice has a longer shelf life, up to two years if packed under
ideal conditions, and stored in a dry room. “The gelatinization process
turns the grain harder, delaying its deterioration process”, he explains.
Nevertheless, this rice is not considered to be the main reason for the
ever-increasing popularity of rice among the Brazilian people. Amato believes that easy preparation and the nutritive values are factors that count
a lot when it comes to deciding which type of rice to purchase. According to
the chemical engineer, research conducted by university undergraduates,
master’s degree and doctoral students confirm these characteristics.
Some studies have attested that rice contains the richest protein
content among all cereals, due to the balanced amount of amino acids. It is also the carbohydrate that is most recommended for people
willing to lose weight, because the glucose liberated to the organism
takes place more uniformly. Furthermore, Amato maintains, the gelatinization process potentiates these traits. n
Inor Ag. Assmann
feijão > Beans
Atrás da
máquina
Produtores optaram por reduzir a
área cultivada com feijão na safra
2012/13, em função da valorização de
outras culturas, como soja e milho
114
A valorização mercadológica da soja
e do milho, que teve início na safra 2011/12, vem prejudicando
o desempenho de várias culturas. O feijão é uma delas. Ele não
conseguiu superar os demais grãos e assim os produtores optaram por reduzir a área plantada na temporada 2012/13, mesmo
com o produto chegando a picos de altas cotações, por causa da
quebra acentuada do ciclo anterior.
O levantamento de março de 2013 da Companhia Nacional
de Abastecimento (Conab) estima queda de 2,3% no
plantio da safra 2012/13. Os 3,188 milhões de hectares
previstos representam 25% abaixo da área registrada
nas últimas 10 temporadas. Ainda assim, a colheita
será superior à da temporada anterior. O relatório da
estatal enfatiza que, diante de perspectivas climáticas favoráveis, a produtividade média das lavouras de feijão, nos três ciclos da cultura, deve aumentar 15,1%, elevando a produção em 12,5%.
O cultivo de feijão no Brasil acontece em três
fases distintas. A primeira safra estava em meio à
conclusão da colheita em março de 2013,
quando foi divulgado o levantamento da
Conab. Na segunda temporada, a semea-
dura do grão acontece entre janeiro e março, enquanto a última
etapa é plantada entre abril e junho.
Com os resultados do ciclo inicial praticamente fechados, os técnicos da Conab contabilizaram redução de 8,1% da área cultivada e
de 5,7% na produção sobre igual período da safra 2011/12, embora
a perspectiva seja de aumento de 2,7% na produtividade. A primeira
fase de plantio do ano se distribui em menor número de estados; entretanto, estão entre eles alguns que se destacam como os principais
produtores nacionais. Bahia, Goiás, São Paulo, Paraná, Santa Catarina
e Rio Grande do Sul tiveram queda na área plantada. Apenas Piauí
manteve o espaço cultivado no período anterior e Minas Gerais registrou aumento de 2,8%, mas com 15% a menos em rendimento, motivado por forte estiagem em dezembro de 2012 e fevereiro de 2013.
A perspectiva maior é relacionada ao segundo ciclo da cultura,
considerado o principal, pois envolve maior número de estados
produtores, incorporando-se aos que participaram da primeira
fase, as regiões Norte e Nordeste. Juntos, eles representam quase
metade da área plantada na safra total. Até março de 2013 os trabalhos na lavoura seguiam normalmente, com condições climáticas favoráveis. Já o terceiro ciclo de plantio do produto possui a
menor área (em torno de 20% do total), a maior parte dela nos
estados do Norte e do Nordeste. n
115
Inor Ag. Assmann
Behind
the machine
Farmers opted for reducing the area planted to black-beans in the 2012/13
crop year, and switched to more profitable crops like corn and soybean
The better prices
fetched by soybeans and maize, a trend that started in the 2011/12 cycle, have been jeopardizing the performance of other crops. Blackbean is one of these crops. It lags behind other crops in terms of
remuneration, responsible for inducing the farmers to reduce the
planted area in the 2012/13 cycle, in spite of skyrocketing prices
stemming from the previous year’s harvest frustration.
The March 2013 survey conducted by the National Supply Company (Conab) estimates a 2.3% reduction in the area planted for
the 2012/13 cycle. The 3.188 million hectares to be planted represent a drop of 25%, registered over the past 10 seasons. Even so,
this year’s harvest is expected to outstrip last year’s volume. The
report by the state company emphasizes that, in light of the favorable weather conditions, the average productivity rates of the
black-bean fields, in the three cycles of the crop, are expected to
soar 15.1%, with the volume up 12.5%.
Black-beans are grown in Brazil in three distinct periods. The first
crop was midway through the final stage in March 2003, when Conab
released its report. For the second season, seeding takes place from
January to March, while the last season is planted from April to June.
116
With the results of the initial cycle coming to a close, Conab
technicians estimated a reduction of 8.1% in planted area and
5,7% in production from the same period in the 2011/12 crop year,
although perspectives are pointing to higher productivity rates of
2.7%. The first planting season of the year takes place in a smaller
number of states, however, they include some of the most important national black-bean producers. Bahia, Goiás, São Paulo,
Paraná, Santa Catarina and Rio Grande do Sul experienced
planted area reductions. Only the State of Piauí maintained an
acreage similar to the previous year, while Minas Gerais registered
an increase of 2.8% but with yields down 15%, due to a prolonged
drought in December 2012 and February 2013.
Greater expectations are derived from the second cycle of the
crop, considered to be the main one, since it involves a bigger number of states that join the ones that take part in the first cycle, the
North and the Northeast. Together, they represent almost half of the
area planted for the total crop. Up until March 2013, weather and
farm works were unfolding quite as usual, under favorable climate
conditions. The third planting cycle occupies the smallest area (about
20% of the total), mostly in the northern and northeastern states. n
BÁSICO > basic
Safra brasileira de feijão
Região/UF
Norte
Roraima
Rondônia
Acre
Amazonas
Amapá
Pará
Tocantins
Nordeste
Maranhão
Piauí
Ceará
Rio Grande do Norte
Paraíba
Pernambuco
Alagoas
Sergipe
Bahia
Centro-Oeste
Mato Grosso
Mato Grosso do Sul
Goiás
Distrito Federal
Sudeste
Minas Gerais
Espírito Santo
Rio de Janeiro
São Paulo
Sul
Paraná
Santa Catarina
Rio Grande do Sul
Norte/Nordeste
Centro/Sul
Brasil
Área (mil ha)
Produtividade (kg/ha)
Produção (mil t)
Safra 11/12
Safra 12/13
Safra 11/12 Safra 12/13
Safra 11/12 Safra 12/13
158,5152,7 782828124,0
126,5
3,03,0667
6602,0
2,0
52,352,3 694
68036,3
35,6
12,6 12,3 600589 7,6 7,2
5,95,9900
9005,3
5,3
1,12,6840
8020,9
2,1
48,148,1 705
71033,9
34,1
35,528,5
1.071
1.41038,0
40,2
1.503,91.508,7 192 473 289,3713,8
74,790,1 367
46127,4
41,6
230,5 230,5 158335 36,5 77,2
433,6 433,6
76 431 32,9186,8
7,2
7,2
260
330
1,9
2,4
36,8 36,8
79300 2,9 11,0
229,7 229,7 147432 33,8 99,1
36,136,1 460
52516,6
19,0
28,028,0 702
67019,7
18,8
427,3416,7 275619117,6
257,9
342,1363,71.762
1.645603,0
598,2
180,8216,51.241
1.217224,4
263,5
19,3
20,3
1.262
1.519
24,4
30,8
126,2110,12.441
2.319308,1
255,3
15,816,8
2.917
2.89246,1
48,6
608,1 579,2 1.6661.554 1.012,8 900,3
422,3427,41.572
1.488663,7
636,1
18,314,8 800
80914,6
12,0
3,7
3,4
969
966
3,6
3,3
163,6133,62.020
1.863330,9
248,9
649,5584,01.369
1.618889,3
945,0
481,4433,61.408
1.667677,9
722,9
86,8
76,9
1.351
1.659
117,3
127,6
81,3
73,5
1.157
1.286
94,1
94,5
1.662,41.661,4 249 506 413,3840,3
1.599,71.526,9 1.5661.6002.505,1
2.443,5
3.262,13.188,3 8951.0302.918,4
3.283,8
Fonte: Conab.
117
Inor Ag. Assmann
Reflexos
no prato
Pode faltar feijão para assegurar o consumo de aproximadamente 3,5
milhões de toneladas no mercado interno em 2013, adverte a Conab
A tendência é de que falte
feijão para abastecer o mercado nacional em 2013. A queda estimada na produção interna coloca sob risco essa autonomia. O consumo tem se situado ao redor de 3,5 milhões de toneladas por ano. A
previsão é do analista João Figueiredo Ruas, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Segundo ele, a grande incógnita é o
desempenho das lavouras do Nordeste no decorrer do período. Na
temporada 2011/12, os estados da região sofreram com estiagem
prolongada e severa, acarretando perda de produção.
Na divisão das categorias de feijão consumidas pela população
brasileira, a preferência recai sobre os tipos de cores, que representam 60% do total, principalmente o carioca. O preto e o de
corda, também conhecido por caupi, ficam com fatia de abastecimento de 20% cada.
Para o analista da Conab, o feijão carioca constitui o “grande
problema” do Brasil, em caso de sobra de produção. “É o mais consumido internamente, mas não tem saída na exportação, chegando,
no máximo, a duas mil toneladas por safra”, explica. A grande surpresa nas vendas externas, conforme Ruas, têm sido os embarques
crescentes do tipo caupi, para a Índia e para o Egito. n
EM MEIO AOS NEGÓCIOS
As exportações brasileiras de feijão são muito instáveis. Em 2012, o País embarcou 43.342 toneladas, com crescimento de
111,8% sobre o ano anterior, quando esteve em 20.458 toneladas. A receita obtida foi de US$ 35,120 milhões, com aumento de
66,9% sobre 2011. Já em 2010 as vendas não passaram de 4.397 toneladas, com faturamento de US$ 4,331 milhões. Os números são da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), órgão do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Já as importações do grão são mais estáveis, variando de acordo com a necessidade para equilibrar o consumo do alimento
no Brasil. Em 2012, chegaram ao País 312.280 toneladas, o que significa aumento de 50,7% em relação a 2011. O total adquirido
representou desembolso de US$ 257,342 milhões, 73,4% a mais do que no ano anterior.
118
Affecting Brazil’s
staple food
There may not be enough
black-beans available for the
approximately 3.5 million tons to be
consumed by the domestic market in
2013, Conab sources warn
to be in short supply in the market in 2013. The estimated reduction in
the domestic volumes puts Brazil’s self-sufficiency on that score in danger. Consumption has been stable at about 3.5 million tons a year. The
forecast is by João Figueiredo Ruas, of the National Supply Company
(Conab). According to him, what is still unknown is how the farms in
the Northeast will perform over the period. In the 2011/12 cycle, the
States in the region were adversely affected by prolonged and severe
drought conditions, with consequent production losses.
Considering the categories of beans consumed by the Brazilian
population, the preference is not for white beans, but for beans of
different colors, which represent 60% of the total, especially the carioca variety. Black-beans and string beans, also known as caupi,
account for 20% of all supplies.
The Conab analyst has it that the carioca bean turns out to be
Brazil’s “big problem”, in the event of surpluses. “It is the most consumed in the domestic market, but is not exported in big amounts,
only some two thousand tons per season”, he explains. The big surprise in all foreign sales, according to Ruas, has been the frequent
shipments of caupi beans, to India and Egypt. n
BALANÇA COMERCIAL DO FEIJÃO >
BEANS TRADE OF BALANCE
Importações
Ano
Quantidade (t)
Valor (US$ mil)
2010 181.162127.764
2011 207.092148.348
2012 312.280257.342
exportações
Ano
Quantidade (t)
Valor (US$ mil)
2010 4.3974.331
2011 20.45821.033
2012 43.34235.120
Inor Ag. Assmann
Black-beans are likely
BUSINESSES
Brazilian black-bean exports are very unstable. In 2012,
the Country shipped abroad 43,342 tons, up 111.8% from the
previous year, when shipments amounted to 20,458 tons. Revenue amounted to US$ 35.120 million, up 66.9% from 2011.
In 2010 sales remained at 4.397 tons, with revenue of US$
4.331 million. These figures were released by the Brazilian
Secretariat of Foreign Trade (Secex), an organ of the Ministry
of Development, Industry and Foreign Trade (MDIC).
Black-bean imports are more stable, varying in accordance with the need to balance domestic consumption. In 2012,
imports amounted to 312,280 tons, meaning an increase of
50.7% from 2011. Total black-bean acquisitions reached US$
257.342 million in value, up 73.4% from the previous year.
Fonte: Secex.
119
Inor Ag. Assmann
Bom de garfo
Variedade de feijão do IAC possui
alta concentração de isoflavona,
associada à prevenção de doenças e
usada na reposição hormonal
A pesquisa tem sido
fundamental para ampliar a produtividade nas lavouras de feijão, assim como para descobrir novas características nutricionais do grão.
Uma boa notícia vem do Instituto Agronômico (IAC), de Campinas
(SP). Testes com a variedade IAC Formoso, lançada em 2011, mostraram que o produto possui até 10% do total de isoflavona encontrada
na soja, principal fornecedora do fitoestrógeno, elemento reconheci120
do por prevenir doenças coronárias e crônicas, além de ser usado na
reposição hormonal em mulheres na fase da menopausa.
Conforme o pesquisador do IAC, Alisson Fernando Chiorato,
a explicação para a alta concentração da isoflavona na variedade
pode estar na resistência ao caruncho e ao Fusarium oxysporum,
um fungo de solo. “Possivelmente, quando trabalhamos nas nossas variedades certas características, aumentamos a quantidade
do fitoestrógeno indiretamente”, avalia.
Os testes realizados pelo IAC, em parceria com a Universade de
São Paulo (USP), revelaram que a quantidade de isoflavona encontrada na variedade de feijão Pérola, considerada padrão no mercado
atual, é de 0,8 miligramas por quilo. No IAC Formoso, identificou-se
8,92 mg/kg. “Esse teor é alto, pois o brasileiro come feijão e não soja”,
evidencia. Também ficou constatado na pesquisa que o material possui 20% a mais de proteína do que as demais cultivares. n
IMPERADOR
Já em 2012, o IAC realizou o lançamento de uma nova variedade de ciclo precoce, de 75 dias, a IAC Imperador. Por ser
resistente a antracnose, mancha angular e Fusarium solani, o produtor pode reduzir em até 30% a aplicação de produtos
químicos. O menor tempo de lavoura é um desejo do produtor, pois assim poderá fazer três safras anuais. Nos experimentos, o grão conseguiu atingir produtividade de 2.266 quilos por hectare.
Para os consumidores, a variedade promete maior qualidade, com o preparo sendo concluído em panela de pressão
em apenas 20 minutos. Por ter o porte ereto, fica mais fácil para o produtor realizar a colheita mecanizada, que já atinge
quase 80% do total da safra de feijão brasileira. Em 2013 já estarão disponíveis as sementes do novo material, recomendado para cultivo em São Paulo, Paraná e Santa Catarina.
Attractive to eat
Inor Ag. Assmann
Variety of IAC beans is laden with
isoflavones, believed to ward off
diseases and recommended for
hormonal replacement
Research has played
a fundamental role in the higher productivity rates of the black-bean
fields, as well as in the discovery of new nutritional traits of the beans.
Good news comes from the Agronomic Institute of Campinas (IAC), state
of São Paulo. Tests have shown that the IAC Formoso variety contains
10% of the isoflavones found in soybean, main supplier of the phytostrogen, known to ward off coronary and chronic diseases, besides functioning as hormonal replacement in women going through menopause.
According to IAC researcher Fernando Chiorato, the explanation
for the high concentration of isoflavones in this variety may lie in its
resistance to the plant borer and to Fusarium oxysporum, a soil-born
fungus. “May be it is because when we deal with certain traits of our
varieties, we indirectly boost the content of phytostrogen”, he thinks.
The tests conducted by IAC, jointly with the University of São Paulo
(USP), revealed that the content of isoflavones detected in the Pérola
bean variety, taken as standard in the present market scenario, is
0.8 milligrams per kilo. At the IAC Formoso, it was 8.92 mg/kg. “This
is a high content, because Brazilian people eat black-beans, not soybeans”, he explains. Research works also concluded that the variety
possesses 20% more protein compared to the other cultivars. n
EMPEROR
In 2012, IAC researchers launched a new short-cycle variety, 75 days, known as IAC EMPEROR. Because of its resistance to
anthracnose, angular spot and Fusarium solani, farmers can reduce chemical applications by up to 30%. The shorter cycle is
welcome by the farmers, giving them a chance for 3 crops a year. In field trials, yields reached 2,266 kg/hectare.
For consumers the variety represents more quality, and it takes only 20 minutes to prepare in a pressure cooker. As it is
an upward plant, it makes it easier for farmers to resort to mechanized harvesting, now accounting for 80% in Brazilian
black-bean fields. The seed of the new varieties will be available in 2013, and they are recommended for the states of São
Paulo, Paraná and Santa Catarina.
121
Inor Ag. Assmann
Quase lá
Na safra 2014/15, produtores brasileiros
de feijão já terão à disposição
variedade transgênica da Embrapa
resistente ao mosaico dourado
Os produtores brasileiros
de feijão terão à disposição a primeira variedade nacional, geneticamente modificada, desenvolvida por instituições públicas de
pesquisa, a partir da safra 2014/15. O material tem sido aguardado com ansiedade, tendo em vista que possui como característica
a resistência ao mosaico dourado, a principal doença da cultura,
causada por um vírus e transmitida pela mosca branca.
A pesquisa para obtenção da cultivar foi realizada em conjunto
pela Embrapa Arroz e Feijão, de Santo Antônio de Goiás (GO), e
pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, sediada em Brasília (DF). Em 2012 e em 2013, a instituição vem trabalhando com
experimentos, chamados de Valor de Cultivo e Uso (VCU), e de
Distinguibilidade, Homogeneidade e Estabilidade (DHE). As etapas
são necessárias para obtenção de registro comercial do produto no
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Conforme o pesquisador Josias Correa de Faria, da Embrapa
Arroz e Feijão, cumpridas as exigências legais para lançamento de variedades transgênicas, a multiplicação de sementes do
novo feijão deve ocorrer já na safra 2013/14. Assim, a cultivar
poderá chegar às lavouras no ciclo posterior.
122
A expectativa da cadeia produtiva do feijão é diminuir a dependência brasileira às importações do grão. Somente em 2012, vieram
de fora 312.280 toneladas, principalmente da Argentina e da Bolívia. A quantidade representa em torno de 9% do total consumido
no País anualmente, estimado em 3,5 milhões de toneladas.
Por safra, o Brasil perde cerca de 20% da sua produção de
feijão, por causa da ocorrência do mosaico dourado. De acordo
com Josias, a doença está disseminada pelas lavouras brasileiras,
muitas vezes desvastando áreas inteiras. A exceção está no Sul do
Paraná e nos estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.
“Nesses locais existe registro do mal, mas não ocorrem danos”,
enfatiza. O pesquisador acredita que, por serem locais mais frios,
ali a mosca branca não encontra ambiente apropriado para agir.
Atualmente, não se encontram no mercado variedades imunes ao vírus do mosaico dourado. Josias explica que a doença
se instala nas folhas da planta, provocando o abortamento de
vagens ou produzindo grãos pequenos. O uso do material transgênico da Embrapa deve diminuir o número de aplicações de
inseticidas na lavoura, reduzindo também os custos e aumentando o lucro do produtor. n
Almost
there
Inor Ag. Assmann
In the 2014/15 crop year,
Brazilian black-bean growers
will be able to plant Embrapa’s
transgenic variety, tolerant to
the golden mosaic virus
need for Brazil to depend on imports. In 2012 alone, 312,280 tons
came from abroad, especially from Argentina and Bolivia. The
amount represents about 9% of the total consumed in the Country
per year, estimated at 3.5 million tons.
Per season, Brazil loses about 20% of the crop to the golden mosaic
virus disease. According to Josias, the disease has been vastly disseminated through the Brazilian fields, frequently devastating entire fields.
The southern states of Paraná, Santa Catarina and Rio Grande do Sul
are the exception. “In these states there are signs of the disease but no
damages occur. The researcher believes that, these are colder regions,
and the white fly finds no favorable environment to start acting.
Currently, there are no varieties in the market that are immune
to the golden mosaic virus. Josias explains that the disease starts in
the leaves of the plant, causing the pods to drop. The use of Embrapa’s
transgenic varieties is likely to reduce the number of insecticide applications, equally reducing the costs and pushing up farmers’ profits. n
The Brazilian black-bean
farmers will have at their disposal the first genetically modified national variety, developed by public research institutions, as of the
2014/15 cycle. The farmers had long expected this variety, mainly
because of its resistance to the golden mosaic virus, the most noxious
disease of the crop, caused by a virus and transmitted by the white fly.
The research work that came up with this cultivar was conducted jointly by Embrapa Rice and beans, in Santo Antônio de
Goiás (GO) and by Embrapa Genetic Resources and Biotechnology, based in Brasília (DF). Since 2012 the institution has been
working on experiments referred to as Cultivation Value and
Use (CVU) and as Distinguishability, Homogeneity and Stability
(DHS). These stages are necessary if the product is to be registered
in the Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply (MAPA).
According to researcher Josias Correa de Faria, of Embrapa Rice
and Beans, once all legal requirements for the launch of transgenic
varieties have been complied with, the propagation of the new blackbean seed is to take place in the 2013/14 crop year. This will make it
possible for the cultivar to make it to the field in the next cycle.
The expectation of the black-bean supply chain is to reduce the
123
Inor Ag. Assmann
PAINEL > Panel
Estreia em grande estilo Successful debut
Feiras e exposições agropecuárias são o palco ideal para o lançamento de máquinas e de outras tecnologias, que tornam mais eficiente a vida do homem do campo. Dentro dessa filosofia, a Indústria de
Implementos Agrícolas Vence Tudo aproveitou a 13ª Expoagro Afubra, entre 20 e 22 de março de 2013, no Parque de Exposições Hainsi
Gralow, em Rio Pardo (RS), para apresentar um novo equipamento.
A semeadora adubadora Pampeana Arrozeira foi exibida durante
o evento nas versões 20000 (20 linhas), 24000 (24 linhas) e 28000
(28 linhas). A máquina apresenta cabeçalho bem estruturado, com
amplos pontos de fixação, proporcionando maior estabilidade para
o implemento. Com cinco pontos de regulagem de altura e ponteira
e olhal giratórios, minimiza os impactos causados pelas oscilações de
terreno. Possui reservatório de fertilizante com ótima autonomia de
carga, nas opções chapa CFF 1.90 SAE 1006/NBR 1188OL (com opções de configuração fertilizante e semente ou só semente).
A Pampeana Arrozeira possui sistema sulcador composto de conjunto de disco duplo 15x15’’ desencontrado, que faz o corte de restos
culturais com eficiência, e ótima deposição da semente no sulco de
plantio. O anel limitador de profundidade, fixado junto ao conjunto
de disco duplo, está disponível em duas versões: 40 mm e 25 mm.
A máquina possui rodas compactadoras, individuais por linha
com peso de 18 kg, que fecham e compactam o sulco de plantio,
eliminando bolsões de ar. A articulação das linhas, com 600 mm,
proporciona perfeito acompanhamento da oscilação do terreno,
copiando de forma uniforme as taipas e marachas. Mais informações sobre a semeadora adubadora Pampeana Arrozeira podem ser
obtidas no site www.vencetudo.ind.br. n
124
Agriculture and livestock exhibitions are the ideal stage for
launching agricultural machinery and technologies that make life
more efficient and easier for farmers. Within this philosophy, the Implementos Agrícolas Vence Tudo Industry took advantage of the 13th
Expoagro Afubra, 20-23 March 2013, at the Hainsi Gralow Exhibition
Park, located in Rio Pardo (RS), to launch a new piece of equipment.
The seeding and fertilizing machine Pampeana Arrozeira
was exhibited during the event in the versions 20000 (20 lines),
24000 (24 lines) and 28000 (28 lines). The front part of the machine is perfectly structured, with broad fixing points, providing
the implement with excellent stability. With five height and head
adjustment points, and rotating rings, to minimize the impacts
from rough terrain. A fertilizer tank with long-term autonomy, in
the options of plate CFF 1.90 SAE 1006/NBR 1188OL (with options
of fertilizer and seed configuration, or seed only).
Pampeana Arrozeira is equipped with a furrow system consisting of a double 15x15’’ set, which cuts the cultural remains with
efficiency, neatly adjusting the seed into the planting furrow. The
depth limiting ring, fastened to the double disk set, is available in
two versions: 40 mm and 25 mm.
The machine is also equipped with compacting wheels, independent per line with a weight of 18 kg, which close and compact
the planting furrow, eliminating air bubbles. The 600 mm articulated lines provide a perfect operation in line with the rough terrain, copying uniformly the mud walls and marshes. For more
information on the Pampeana Arrozeira fertilizer seeder, access
site www.vencetudo.ind.br.
Qualidade assegurada
O mercado nacional
e internacional vem reconhecendo cada vez mais a importância
do uso de instalações e de maquinários higiênicos nas empresas
beneficiadoras de cereais para consumo humano. Esta tendência
tem provocado grandes inovações no processo de beneficiamento de grãos, como, por exemplo, a busca de ambientes e de instrumentos de trabalho mais higienizados.
Atenta a essa realidade, a Indústrias Machina Zaccaria S/A ampliou a produção com sistemas de filtro de mangas em diversos
tamanhos. Também, de forma pioneira no Brasil, investe, desde o
início de 2012, em nova linha de equipamentos construídos em
aço inox, a Inox Line. Ela inclui componentes de equipamentos
de laboratório (trieur), quarteador de amostras para grãos, câmara de separação de casca para arroz, condicionadores de grãos e
separador de marinheiro alveolado, todos utilizados nas indústrias de alimentos para beneficiamento de grãos.
O aço inoxidável é considerado material nobre, possui maior resistência ao desgaste e não sofre os efeitos de oxidação. A facilidade
de limpeza garante um equipamento higiênico e com aspecto sempre
novo. Dessa forma, a linha de máquinas Inox Line se torna ideal para
empreendimentos que atuam no beneficiamento de grãos. n
A FABRICANTE
A Indústrias Machina Zaccaria S/A é uma empresa genuinamente brasileira. Há 87 anos no mercado de beneficiamento de
cereais, mantém-se em contínuo desenvolvimento. Seus produtos são reconhecidos mundialmente pela qualidade e por proporcionar excelente rendimento e acabamento nos grãos. Atualmente, é líder do mercado nacional e exporta para mais de 60
países, fornecendo equipamentos para beneficiamento de arroz, feijão, milho e outros cereais, bem como peças de reposição
e roletes de borracha.
QUALITY CONFIRMED
National and international markets have increasingly been acknowledging the importance of
hygienic facilities and machinery by companies
that process cereals for human consumption. This
trend has triggered great innovations in grain processing operations, like, for example, the search for
more hygienic ambiences and instruments.
Aware of this reality, Indústrias Machina Zaccaria S/A has expanded its production through hose
filters of different sizes. Equally, in another pioneering move in Brazil, in 2012, the company started
investing in a new equipment line built in stainless
steel, known as Inox Line. It includes components of
laboratory equipment (trieur), kernel sample selectors, hull separation chamber for rice, grain conditioners and hulled and un-hulled
grain separator, all of them used in grain milling food industries.
Stainless steel is viewed as very fine material, highly resistant to wear and is not subject to corrosion. Ease of cleaning translates into hygienic equipment that always looks new. This makes the Inox Line machines the best choice for grain processing industries. n
MANUFACTURER Indústrias Machina Zaccaria S/A is a genuinely Brazilian company. For 87 years in the grain processing market, it keeps
continuously developing. Its products are acknowledged worldwide for their quality, output and excellent finishing touch to the
grains. Currently, the company is the leader in the national market and exports equipment to upwards of 60 countries for processing rice, beans, corn and other cereals, as well as spare parts and rubber rollers.
125
EVENTOS > Events
Tá na mesa
Abertura da colheita serviu de espaço para a
apresentação da pauta de tratativas setoriais e das
demandas junto aos governos ao longo de 2013
A Abertura Oficial
da Colheita do Arroz, promovida todos os anos pela Federação das
Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), determina a pauta da cadeia produtiva e de suas interações com o governo federal. A 23ª edição do evento, realizada entre os dias 21 a 23 de
fevereiro de 2013, no município de Restinga Seca, reunindo mais de
10 mil produtores e técnicos do setor, não fugiu à regra.
A programação teve quatro eixos: tecnologia, mercado, político/
setorial e social. Na área técnica, destacaram-se os experimentos em
126
manejo e insumos na lavoura arrozeira, de soja e de milho em várzea, nas vitrines tecnológicas. O evento também ofereceu qualificação
em secagem e armazenagem de grãos, regulagem de colheitadeiras e
palestras técnicas sobre manejo, irrigação, fertilização, controle de doenças, invasoras e pragas, colheita e pós-colheita. Na área de mercado,
o 4º Fórum do Arroz avaliou a conjuntura de safra e as tendências de
preços e comercialização, além de ter contribuído na difusão de linhas
de crédito para comercialização e armazenagem. Os cenários mercadológicos brasileiro e mundial de arroz e de soja igualmente foram
analisados, apontando os potenciais do segmento nacional. n
127
Robispierre Giuliani
PAUTA
O grande destaque da 23ª Abertura Oficial da Colheita do
Arroz foi o eixo político-setorial. Com previsão de preços mais
ajustados em 2013 e dívidas renegociadas em 10 anos, os arrozeiros apresentaram três demandas aos governos estadual
e federal: estabelecimento de cotas para importação de arroz
do Mercosul a fim de evitar o excesso de oferta e a redução dos
preços no mercado interno; redução da carga tributária sobre o
grão, dos insumos ao consumidor; e apoio às exportações.
As solicitações foram bem recebidas pelo governo federal, que anunciou a isenção de tributos para os gêneros da
cesta básica. O secretário nacional de Política Agrícola, Neri
Geller, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), anunciou estudo para “organizar a entrada de arroz do Mercosul, de maneira a não afetar os preços internos
em momentos como o de safra”. A redução tributária, o equilíbrio cambial e a nova legislação portuária são medidas que
podem ser somadas ao esforço exportador.
“O governo pode fazer mais com medidas estruturantes
a médio prazo para o setor”, diz Renato Rocha, presidente da
Federarroz. O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro,
avisou que o seu grande desafio em 2013 é fazer valer as
cotas de importação e garantir preços justos ao produtor, o
que agradou aos orizicultores.
Durante o evento também foram confirmadas as sedes das
atividades para os dois próximos anos. A 24ª Abertura Oficial da
Colheita do Arroz, em fevereiro de 2014, acontecerá na cidade de
Mostardas (RS). Em 2015, Tapes (RS) promoverá a 25ª edição.
On the
table
AGENDA
The real highlight of the 23rd Official Rice Harvest Opening
Ceremony was the political/sectoral hub. With the forecast for
tighter prices in 2013 and debt renegotiations over a 10-year
period, the rice farmers presented three demands to the federal
and state governments: a quota system for rice imports from
Mercosur countries, so as to avoid excessive supplies and a reduction of prices in the domestic market; lower taxes levied on
grains, from inputs to consumer; and support to exports.
The solicitations got a sympathetic ear from the federal government, which announced it will scrap taxes on certain food
staples. The National Agriculture Policy Secretary , Neri Geller, of
the Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply (MAPA), announced a study intended “to organize the entrance of rice from
Mercosur”, in order to keep prices unscathed in moments like
harvest time”. Lower taxes, stable exchange rate and new port
legislation are measures that are aimed at favoring exports.
“The government could do more through structuring measures in the medium run for the sector”, says Renato Rocha,
president of Federarroz. The governor of Rio Grande do Sul,
Tarso Genro, announced that the great challenge of the government in 2013 is to guarantee the import quotas and fair prices
to farmers, which pleased the rice farmers.
During the event the venues for the activities over the next years were also confirmed. The 24th Official Rice Harvest Opening
Ceremony, in February 2014, will take place in the city of Mostardas (RS). In 2015, Tapes (RS) is to promote the 25th edition.
128
The opening ceremony of
the rice harvest turns out
to be the ideal moment
for the sector to make
the government aware of
the needs and demands
throughout 2013
Robispierre Giuliani
The Official Rice Harvest
Opening Ceremony, promoted on a yearly basis by the Rio Grande
do Sul State Federation of Rice Growers’ Associations (Federarroz),
establishes the agenda of the productive sector and its interactions
with the federal government. The 23rd edition of the event, held
22–23 February 2013, in the municipality of Restinga Seca, attracting upwards of 10 thousand growers and technicians of the sector,
was no exception.
The program relied on four focal points: technology, market,
political/sector and social. In the technical area, the highlights in
the technology showcases were experiments related to inputs and
cultural practices for the cultivation of soybean and maize in
meadowlands. The event also offered qualification in grain drying and warehousing, adjustment of harvesters and technical
lectures on management, irrigation, fertilization, disease and
weed control, harvest and post-harvest. With regard to the market, the 4th Rice Forum analyzed the trends of the crop, prices
and sales problems, besides giving a contribution towards credit
lines focused on warehousing needs and sales. The Brazilian and
global rice and soybean markets were equally analyzed, with emphasis on the potential of the national segment. n
129
Além do horizonte
Cerca de 800 cientistas,
técnicos, produtores e acadêmicos participarão, entre 12 e 15 de
agosto de 2013, do 8º Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado, evento
que acontecerá no Park Hotel Morotin, em Santa Maria (RS). A promoção é da Sociedade Sul-Brasileira de Arroz Irrigado (Sosbai), com
realização da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). De acordo com o presidente da Sosbai, Leandro Souza da Silva, pesquisador
da UFSM, a meta do evento é discutir os cenários agronômicos, tecnológicos e de mercado da cadeia produtiva do arroz no Brasil, além
de dimensionar como as tecnologias afetarão o futuro do setor.
Entre os temas que Leandro destaca estão a rotação de culturas
e os sistemas de cultivo em áreas de várzea, como forma de agregar renda e vantagens agronômicas às lavouras; e o manejo de defensivos e de fertilizantes. “Há evolução significativa no manejo e
mudança de perfil com a introdução, em grande parte da área, das
culturas da soja e do milho em terras de arroz”, salienta. “Este cenário amplia a gama de tecnologias aplicadas, bem como impacta nos
diversos segmentos da cadeia produtiva. Isso tudo será debatido no
congresso”, refere. A expectativa é de apresentação de pelo menos
250 trabalhos científicos no evento. Mais informações podem ser
obtidas no site www.cbai2013.com.br. n
Sílvio Ávila
8º Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado vai debater os desafios da
orizicultura irrigada, os avanços tecnológicos e os cenários setoriais
Beyond the horizon
8th Brazilian Irrigated Rice Congress will hold debates on the challenges
of irrigated rice farming, technological advances and sectoral scenarios
Some 800 scientists,
technicians, producers and undergraduates will attend the 8th
Brazilian Irrigated Rice Congress to be held 12 – 15 August 2013, at
Park Hotel Morotin, in Santa Maria (RS). It is promoted by the South
Brazilian Irrigated Rice Society (Sosbai), jointly with the Federal University of Santa Maria (UFSM). According to the president of Sosbai,
Leandro Souza da Silva, researcher at the same university, the target
of the event is to hold debates on the agronomic, technological and
market scenarios of the rice supply chain in Brazil, besides dimensioning how these technologies will affect the future of the sector.
130
The themes referred to by Leandro include crop rotation and cultivation systems in meadowlands, as a manner to add income and
agronomic edges to the fields; and pesticide and fertilizer management. “There is significant evolution in management and a profile
change with the introduction of soybean and corn crops in areas
normally devoted to rice farming”, he notes. “The scenario expands
the array of available technologies and has strong impact on the
various segments of the production chain. This will be debated during the congress”, he says. The expectation is for the presentation of
at least 250 scientific papers during the event. For more information,
please access site www.cbai2013.com.br n
Expoarroz 2013 vai congregar
expoentes da cadeia produtiva
nacional entre os dias 16 e 19 de abril
no Centro de Eventos de Pelotas (RS)
“Novas tecnologias
e novos mercados” é o tema da Expoarroz 2013, que acontecerá
no Centro de Eventos de Pelotas (RS) de 16 a 19 de abril. Será
a terceira edição da feira, que prima pela inovação tecnológica
e pela ampliação no fluxo de negócios entre os elos da cadeia
produtiva. São aproximadamente 200 expositores e três eventos
simultâneos: Fórum Internacional do Arroz, Rodada de Negócios
e Feira de Tratores, Máquinas e Equipamentos Agrícolas.
O 1º Fórum Internacional do Arroz debaterá o papel do cereal
na segurança alimentar, com o comitê formado pelo Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga), pela Embrapa Clima Temperado, pela
Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz) e pela Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), entre outras instituições e entidades. A Feira de Tratores, Máquinas e Equipamentos
Agrícolas apresentará o que há de mais avançado em tecnologia,
gerando grande oportunidade de negócios entre a cadeia produtiva e
as instituições financeiras. Por fim, a 4ª Rodada Internacional do Arroz
receberá empresas nacionais e compradores internacionais.
Nesta rodada terão destaque as ações da Abiarroz que, em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e com o Irga, está promovendo o arroz brasileiro tendo em vista a ampliação das vendas para nove países. Outra
novidade da Expoarroz é a realização de workshops ministrados por
gourmets, direcionados ao agronegócio e à imprensa. Mais informações podem ser obtidas no site www.expoarroz.com.br. n
Inor Ag. Assmann
De olho nos
negócios
Eye on
business
Expoarroz 2013 attracts relevant
players of the national supply chain
to the Events Center in Pelotas (RS),
from April 16th through 19th
“New technologies
and new markets” is the focal point of Expoarroz 2013, to be held
in the Events Center in Pelotas (RS), 16th April through 19th, 2013. It
will be the 3rd edition of an exhibition that excels in technological
innovation and in expanding the flow of businesses among all the
links of the supply chain. There are approximately 200 exhibitors
and three simultaneous events: International Rice Forum, Business
Round and Tractors, Machine Tools and Farm Equipment Show.
The 1st International Rice Forum will debate on the role of rice
in food safety, with the committee comprised by the Rio Grande
do Sul Rice Institute (Irga), Embrapa Temperate Climate, Brazilian Rice Industry Association (Abiarroz) and by the Rio Grande
do Sul State Federation of Agriculture (Farsul), among other
entities and institutions. The Tractor, Machine Tools and Farm
Equipment Fair features the most advanced technology, generating business opportunities for both the supply chain and financial institutions. Finally, the 4th International Rice Round is for
domestic and international buyers.
The round will highlight the initiatives by Abiarroz which,
jointly with the Brazilian Trade and Investments Promotion
Agency (Apex-Brasil) and Irga, is promoting Brazilian rice, now
being shipped to nine different countries. Another novelty at
Expoarroz consists of workshops given by renowned gourmets,
geared toward the press and agribusiness operations. For more
information, please access site www.expoarroz.com.br. n
131
Sílvio Ávila
Sinais
de alerta
Irga promove segunda edição de seminário para
discutir ações, manejo e práticas que possam
eliminar o arroz vermelho das lavouras irrigadas
Cerca de 300 pesquisadores
das Américas do Sul e Central e do Caribe se reunirão nos dias 4
e 5 de junho de 2013 no auditório da Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), em Porto Alegre (RS),
durante o II Seminário Latino-Americano sobre Arroz Vermelho.
Eles trocarão experiências e debaterão os danos causados por
essa invasora, além de discutir o manejo para seu controle e sua
eliminação. Esta é a principal ameaça à lavoura de arroz irrigado nas Américas, capaz de gerar grandes prejuízos ao produtor
diante da baixa classificação do cereal colhido em áreas infestadas. No Rio Grande do Sul, é ela que tira o sono de arrozeiros,
pesquisadores e assistentes técnicos.
Por ser da mesma família do arroz branco, selecionado ao longo
132
do tempo por sua aceitação comercial, o arroz vermelho cruza facilmente por meio do chamado fluxo gênico. Há alguns anos foram
criadas variedades tolerantes a um herbicida, que permitiram relativo controle dos inços no Rio Grande do Sul e recuperação de áreas infestadas, ampliando a produção e a produtividade no Estado.
Mas o uso inadequado e continuado da variedade e do herbicida
levaram ao cruzamento do arroz vermelho também com a cultivar
tolerante, gerando invasora resistente ao defensivo químico, idêntica à variedade comercial, e que muitas vezes só é identificada no
processo de classificação na indústria.
O gerente da Divisão de Pesquisa do Irga, Sérgio Gindri Lopes,
aponta que o encontro tem a meta de avaliar a gestão do arroz
vermelho na lavoura irrigada das principais regiões produtoras
do mundo na última década. Ao mesmo tempo, quer estimular a
Warning
signs
Irga promotes second edition of
seminar to debate on actions,
management and cultural
practices intended to eliminate the
red rice from irrigated fields
Approximately 300 researchers
discussão acerca dos efeitos negativos da invasora sobre a cultura
comercial e as principais estratégias para seu manejo integrado.
“O seminário discutirá a evolução das práticas de manejo da orizicultura e inovações que contribuem no controle do vermelho,
como forma de difundir as principais ferramentas de biotecnologia relacionadas ao estudo da evolução, da ecofisiologia e do
controle da planta daninha”, acrescenta.
Conforme Lopes, será formado um grupo de trabalho internacional para estudar o arroz vermelho e seu manejo, cujas conclusões serão aplicadas futuramente nas lavouras. No Rio Grande
do Sul, além do uso de variedades CL (Clearfield) resistentes a
herbicida da família das imidazolinonas, a rotação dos sistemas de
cultivo e de culturas é recomendada para reduzir o banco de sementes e a incidência da planta daninha na lavoura comercial. n
of South and Central America and from the Caribbean will gather at
the auditorium of the Pontifical Catholic University of Rio Grande do
Sul (PUCRS), in Porto Alegre (RS), during the II Latin-American Seminar on Red Rice, on 4th and 5th July 2013. They will exchange experiences and debate on the losses caused by this invasive plant, besides
debating on management practices for its control and elimination.
Red rice is the biggest threat for irrigated rice in the Americas, likely
to cause huge losses to farmers, once rice harvested in infested areas
ranks very low in terms of classification. In Rio Grande do Sul, it is
this weed that makes farmers, researchers and assistants lose sleep.
As it belongs to the same family as white rice, selected over time
because it is commercially accepted, red rice easily intercrosses
with any rice variety through the so-called process of gene flow.
Some years ago, scientists came up with varieties resistant to a
specific herbicide, which resulted into reasonably good weed control in Rio Grande do Sul, and in the recovery of infested areas, expanding production and productivity rates throughout the State.
However, inadequate and continued use of the variety and of the
herbicide resulted into inter-crossings of red rice with the tolerant
cultivar, generating an invasive plant resistant to the agrochemical, identical to the commercial variety and often only detected
during the industrial classification process.
The manager of Irga’s Research Division Sérgio Gindri Lopes,
refers to the meeting as a moment for evaluating the management
of red rice in irrigated fields in all major rice producing regions
in the world over the past decade. In the meantime, the seminar
wants to debate on the negative effects of the invasive plant on
commercial crops and relevant strategies for its integrated management. “The seminar will debate the evolution of the management practices in rice farming operations and innovations that
contribute towards controlling the red rice, as a manner to spread
the main biotechnological tools related to the study of the evolution, echophysiology and control of weeds”, he adds.
According to Lopes, an international working group will be set
up for conducting a study on red rice and its management, whose
conclusions will be applied on future fields. In Rio Grande do Sul,
besides the use of CL varieties (Clearfield) resistant to herbicides of
the imidazolinones family, the rotation of cultivation systems and
crops is recommended for reducing the number of seeds and the
incidence of the weed in commercial fields. n
133
Inor Ag. Assmann
Grandes
contatos
Irga, Coparroz e Embrapa apresentaram
cultivares e conhecimentos no Dia do Arroz da
13ª edição da Expoagro Afubra, em Rio Pardo (RS)
Um dos maiores eventos
do Brasil voltado à agricultura familiar, a Expoagro Afubra de 2013,
realizada entre 20 e 22 de março de 2013, reservou parcela do Parque de Exposições Hainsi Gralow, no município de Rio Pardo (RS),
para a difusão da orizicultura. Na manhã do dia 21 foi realizado
o Dia do Arroz. Embrapa Clima Temperado, Coparroz e Instituto
Rio-Grandense do Arroz (Irga) estiveram presentes difundindo tecnologias e conhecimentos aos visitantes.
Na Expoagro 2013, o Irga apresentou três linhas de trabalho. A
principal delas foi a difusão de três cultivares de arroz irrigado. A IRGA
425, usada no sistema pré-germinado, apresenta como diferencial ciclo de 30 dias a menos em relação a outras do gênero, sem perda do
potencial de produção e da qualidade do grão. A IRGA 427, para culti134
vo convencional, possui resistência a doenças e elevado potencial de
produtividade. A última, IRGA 428, é resistente a herbicidas do grupo
Imidazolinonas, que controla o arroz vermelho.
Conforme o coordenador regional do Irga na Depressão Central,
engenheiro agrônomo Jaceguay Barros, a segunda linha de ação do
instituto foi a difusão de informações sobre a rotação de culturas nas
áreas de várzea. Além disso, o instituto divulgou a máquina Plantadeira Camalhoneira de Soja, desenvolvida em parceria com a Industrial
KF, que auxilia no plantio da soja em solo menos úmido. Por fim, o
Irga ainda divulgou a importância do consumo de arroz, destacando
as diversas formas de uso do cereal, em farinhas, em flocos e até mesmo na granola. Barros estima que, durante o evento, mais de quatro
mil pessoas tenham passado pelo estande do Irga.
No estande da Embrapa Clima Temperado, o destaque esteve
Great
institutions
Irga, Coparroz and Embrapa
presented cultivars and
breakthroughs on Rice Day at
the 13th edition of Expoagro
Afubra, in Rio Pardo (RS)
A major Brazilian event
nas demonstrações com a máquina de transplantio de mudas de
arroz, voltada à produção de sementes do cereal e também à semeadura em pequenas propriedades. O aparelho permite transplantar as mudas de forma mais espaçada, oferecendo facilidade para
o controle de invasoras. A apresentação foi conduzida pelo agrônomo Daniel Fernandez Franco. Cerca de 600 pessoas assistiram
à exibição da Embrapa. A Coparroz, por sua vez, abordou o arroz
vermelho e sua influência na produção de sementes de arroz.
O coordenador da feira, Marco Antonio Dornelles, julgou bastante positivos os resultados alcançados pelo Dia do Arroz. “Trabalhamos junto com Irga, Embrapa e Coparroz na organização e
conseguimos trazer produtores de vários municípios”, destacou.
Também elogiou a ênfase dada à culinária, com o oferecimento de
carreteiro e arroz de leite aos visitantes. n
focused on family farming, Expoagro Afubra, held 20 - 22 March
2013, reserved a special corner of the Hainsi Gralow Exhibition
Park, in the municipality of Rio Pardo (RS), for the promotion of
rice farming operations. Rice Day was held Thursday morning,
March 21. Embrapa Temperate Climate, Coparroz and the Rio
Grande do Sul State rice Institute (Irga) were there to keep farmers
abreast of new technologies and knowledge.
At Expoagro 2013, Irga presented three new working lines. The
main one was the introduction of three irrigated rice cultivars.
IRGA 425, used in the pre-germinated system, characterized by a
30-day shorter cycle, compared to similar cultivars, without any
losses in productivity or kernel quality. IRGA 427, for conventional
cultivation, with resistance to diseases and high productive potential. Finally, IRGA 428, resistant to herbicides of the Imidazolinones group, which control the red rice.
According to agronomic engineer Jaceguay Barros, regional coordinator of Irga’s Central Depression department, the second line of
the institute consisted in spreading information on crop rotation
systems in meadowlands. Furthermore, the institute also made
publicity of the Soybean Ridge Planter, developed jointly with
Industrial KF, appropriate for sowing soybean in rather dry soil.
Finally, Irga also staged a campaign focused on higher rice consumption, highlighting different uses of the cereal, in flours, flakes
and even in granola. Barros estimates that, during the event, the
Irga stand was visited by upwards of four thousand people.
At the Embrapa Temperate Climate stand, the highlights were
the demonstrations of the rice seedling transplanting machine,
specific for the seed-producing fields and also appropriate for
small farms. The new equipment allows for bigger space between the seedlings, which facilitates the control over weeds. The
presentation was conducted by agronomist Daniel Fernandez
Franco. Some 600 people attended Embrapa’s demonstration.
Coparroz, in turn, addressed the problem of red rice and its influence upon the production of rice seed.
The results of the Rice Day were deemed positive by the coordinator of the fair, Marco Antonio Dornelles. “We worked jointly
with Irga, Embrapa and Coparroz and managed to attract farmers from several municipalities”, he commented. He also referred
to the culinary side, where the southern dish “carreteiro” (wagoner’s rice) offered to the visitors, was a success. n
135
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Inor Ag. Assmann
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