A ARQUITETURA Professor H. Oliveira Quando os primeiros colonizadores portugueses fortificaram o litoral brasileiro e as ordens religiosas construíram os conventos e as igrejas, a arquitetura figurou como uma das mais importantes expressões da arte colonial. No modernismo não foi diferente. A primeira casa modernista foi construída em São Paulo pelo arquiteto russo Gregory Warchavchik, em 1928. Porém a arquitetura moderna ganhou impulso a partir da construção de um prédio no Rio de Janeiro, denominado hoje Palácio Capanema, em 1937. Foi nossa primeira grande construção inspirada na obra do arquiteto francês Le Corbusier, que, com Lúcio Costa, formou a primeira equipe de arquitetos modernistas. Outro marco foi a implantação do primeiro bairro modernista, o da Pampulha, em Belo Horizonte, onde trabalharam Oscar Niemeyer, Portinari, o escultor Ceschiatti e o paisagista Roberto Burle Marx. Palácio Capanema. Prédio do Ministério da Saúde e Educação do Rio de Janeiro, 1937. Projeto de Le Corbusier, Lúcio Costa, Carlos Leão, Afonso Eduardo Reidy e Oscar Niemeyer. Rio de Janeiro, RJ. Pela primeira vez a arquitetura brasileira era alvo de admiração dos artistas estrangeiros, que vinham até Belo Horizonte para ver a obra que havia sido encomendada por Juscelino Kubitschek, então governador de Minas Gerais. Juntamente com o urbanista Lúcio Costa, artistas e arquitetos modernistas realizam a grande obra da arquitetura mundial do século 20: a construção da nova capital, Brasília, de 1957 a 1961. Nessa obra monumental destacam-se os palácios da Alvorada, do Planalto, do Itamaraty, o prédio do Congresso Nacional e a catedral. Arquitetos e urbanistas brasileiros, acostumados à criação de capitais, como Belo Horizonte ainda no século 19, Goiânia nos anos 1930, e depois Brasília, criaram ainda Palmas, capital do estado do Tocantins, já no final do século 20. Arquitetos Modernos A arquitetura brasileira foi uma das artes que primeiro se destacou no cenário internacional, com figuras importantes, como Álvaro Vital Brazil, Carlos Leão, Afonso Eduardo Reidy (que projetou o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro em 1953), Rino Levi (que fez em 1947 o Teatro Cultura Artística em São Paulo), o gaúcho João Vilanova Artigas (que projetou o edifício da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP), Oswaldo Artur Bratke (atuante na Avenida Luís Carlos Berrini e ao longo da Marginal Pinheiros com edifícios pós-modernos) e o capixaba Paulo Mendes da Rocha (construção do Museu de Escultura e reformas de centros culturais, como Pinacoteca do Estado e Estação da Luz). O paisagismo de Burle Marx muitas vezes emoldurou obras de nossos arquitetos - com destaque para as de Oscar Niemeyer, que influenciou internacionalmente toda uma geração de arquitetos e tem obras na França, na Argélia, na Itália. Nos Estados Unidos, em parceria com Le Corbusier, planejou o edifício-sede das Nações Unidas. Onde ver as Obras No Rio de Janeiro há o Palácio Gustavo Capanema, sede do Iphan, próximo a outros importantes edifícios, como o Museu Nacional de Belas-Artes, Biblioteca Nacional, Academia Brasileira de Letras e Teatro Municipal na Cinelândia, formando um quadrilátero de edifícios históricos; Parque Guinle em Laranjeiras, o Museu de Arte Moderna no Aterro do Flamengo, bem como a casa dos Museus Castro Maya. Em São Paulo, o conjunto do Parque do Ibirapuera, edifício Copan, no Centro, e o Memorial da América Latina, no bairro da Barra Funda, todos de Niemeyer. Além disso, há os edifícios pós-modernos na Avenida Luís Carlos Berrini, na Vila Olímpia, e o conjunto da Cidade Universitária. Em Brasília, o eixo monumental formado pelos edifícios dos ministérios, a catedral, o Palácio do Planalto, o Palácio Itamaraty, o Palácio da Justiça e o Congresso Nacional. Em Belo Horizonte, o conjunto da Pampulha, com a igreja de São Francisco, Iate Clube, Marquise da Casa de Baile e Cassino, atual Museu de Arte Moderna, o projeto de 2005 para o Centro Cívico de Belo Horizonte. Em Niterói, o corredor cultural de Niterói, projeto de Niemeyer. Em Salvador o Centro Administrativo da Bahia. No final do século 20, uma onda de arquitetura internacional invadiu o país, deixando para trás certos ensinamentos da modernidade brasileira, como a simplicidade das formas, o uso do brise-soleil - estruturas para quebrar a intensidade solar -, o uso dos pilotis colunas que deixam vãos na parte inferior dos edifícios, permitindo a passagem das pessoas e não obstruindo a paisagem - e as soluções criativas do concreto armado em linhas curvas. Os novos edifícios, denominados "inteligentes", passaram a usar imensas fachadas de vidro -a c1imatização absoluta por ar-condicionado ignora nosso clima tropical, e suas disposições auxiliam no isolamento do convívio urbano. Por fim, o uso de materiais excessivamente caros contribuiu para a ostentação das classes mais abastadas do país. Fonte: TIRAPELI, Percival. Arte Brasileira. Arte moderna e contemporânea: figuração, abstração e novos meios – séculos 20 e 21. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2006. (Coleção arte brasileira)