Actas do XIV Colóquio da AFIRSE | Para um Balanço da Investigação em Educação de 1960 a 2005. Teorias e Práticas Actes du XIVème Colloque de l’AFIRSE | Pour un bilan de la Recherche en Education de 1960 à 2005. Théories et Pratiques CONTRIBUIÇÃO PARA A INVESTIGAÇÃO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO: AS ACTAS DOS COLÓQUIOS DA AFIRSE/AIPELF REVISITADAS CONTRIBUTION A LA RECHERCHE EN SCIENCES DE L’EDUCATION : LES ACTES DES COLLOQUES DE L’AFIRSE/AIPELF REVISITES LAJES, Maria Alcina Almeida ([email protected]) & REIS, Sofia Faculdade de Ciências Sociais e Humanas | Universidade Nova de Lisboa RESUMO Em Portugal, as Ciências da Educação têm aproximadamente duas décadas de maior expansão e visibilidade no Ensino Superior – sub-sistemas Universitário e Politécnico – graças à criação: 1) dos Departamentos de Ciências da Educação e dos CIFOPS (Formação de Professores e a obtenção de graus de Mestrado e Doutoramento); 2) de associações científicas (ex. Sociedade Portuguesa da Ciências da Educação (SPCE), em 1990; 3) de novas publicações periódicas especializadas (ex. Revista Portuguesa de Educação da Universidade do Minho, Educação, Sociedade e Culturas Revista da Associação de Sociologia e Antropologia da Educação, Investigar em Educação...); 4) do Instituto de Inovação Educacional (IIE);5)de editoras vocacionadas para as questões da Educação (ex. Educa, as constantes colecções dos Livros Horizonte e as novas colecções da Afrontamento, da Porto Editora e da Asa...); 6) de Projectos (financiados pela Fundação Gulbenkian, pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, pelo IEE…); 7) de Colóquios (ex. secção portuguesa da AFIRSE/AIPELF, SPCE…). Uma leitura das Actas dos Colóquios da AFIRSE/AIPELF – secção portuguesa - revela-nos naturalmente uma evolução no tipo das comunicações se considerarmos: os aspectos temáticos (Avaliação, Escola...), as opções metodológicas (metodologias quantitativas e qualitativas (inquérito por questionário, etnometodologias…), a fundamentação teórica (ex. Teoria das Representações, teoria do currículo ...), a bibliografia. Deste modo, na nossa comunicação centramo-nos na leitura das Actas dos Colóquios da AFIRSE/AIPELF – Secção Portuguesa, através de um instrumento heurístico – uma grelha – que nos vai permitir descodificar em cada comunicação: os elementos de identificação (autor, nacionalidade, língua…), a fundamentação teórica, base jurídica, a metodologia, os resultados do estudo e, enfim, a bibliografia. RESUMO Au Portugal, les Sciences de l’Education dans les deux dernières décennies connaissent une grande expansion dans l’Enseignement Supérieur – Universitaire et Polytechnique – grâce à la création: 1) des Départements de Sciences de l’Education dans les Universités et des IUFM; 2) des doctorats; 3) des associations scientifiques (ex. La Société Portugaise de Sciences de l’Education), en 1990; 4) revues spécialisées (ex. Revue Portuguesa da Educação da Université de Minho, Educação, Sociedade e Cultura Revue de l’Association de Sociologie, Anthropologie et Cultures, Investigar em Educação); 5) l’Institut de l’Innovation en Education; 6) éditeurs (Educa, l’émergence de nouvelles collections chez Porto et Asa éditeurs ou la continuité chez Livros Horizonte; 7) des Colloques. La lecture non exhaustive des Actes du Colloque de l’AFIRSE/AIPELF – section portugaise – nous révèle une évolution en ce qui concerne la typologie des communications au niveau les thèmes (ex. Evaluation, [1] Actas do XIV Colóquio da AFIRSE | Para um Balanço da Investigação em Educação de 1960 a 2005. Teorias e Práticas Actes du XIVème Colloque de l’AFIRSE | Pour un bilan de la Recherche en Education de 1960 à 2005. Théories et Pratiques l’Etablissement Scolaire…), des méthodologies (quantitatives et qualitatives) et de l’encadrement théorique (ex. théorie des représentations sociales). De ce fait, dans notre communication nous privilégions dans l’analyse des actes des colloques le type d’étude (ex. empirique) ainsi que les méthodologies (ex. histoires de vie, questionnaire...) et, enfin, les résultats obtenus. 1. Introdução1 Com o presente estudo, o nosso objectivo é dar uma contribuição para Um Balanço da Investigação em Educação em Portugal de 1960 a 2005. Começamos por privilegiar dois aspectos: contexto socio-político e socio-económico, para colocarmos a seguinte questão: O que se faz em investigação em Educação em Portugal desde a década de sessenta até 2005? (1) Sem ser nossa intenção fazer um estudo exaustivo, tem toda a pertinência percorrermos a Educação, para numa atitude compreensiva, destacarmos duas grandes dimensões. Quanto ao contexto socio-político, em Portugal, na Investigação em Educação, tendo como referências de natureza socio-política, desenham-se duas épocas distintas:1) Na década de sessenta, em que domina o Centro de Investigação Psicopedagógico da Fundação Calouste Gulbenkian (2) criado sobretudo para formar Monitores de Música no Centro Formação Artística – Educação pela Arte e Educação Musical; 2) Na década de setenta, depois da aplicação e implementação da Reforma Veiga Simão – 1974 - com a ideia de democratização do ensino/educação, que dá lugar à criação e implementação quer de novos cursos, quer de instituições. (cf. LBSE 86 e as respectivas reformulações), quer ainda à expansão do Ensino Superior – sub-sistemas Universitário e Politécnico. Do ponto de vista socio-económico, a globalização, sociedade de informação e economia de conhecimento, tem como imperativos: níveis elevados de formação, redefinição da função das instituições (Escola, Universidade). As exigências do mercado têm como efeitos, entre outros, a aposta e maior investimento dos decisores políticos na Educação. Desde modo, também, em Portugal, sobretudo, as Ciências da Educação entram no currículo do Ensino Superior (na década de setenta e oitenta), na formação de professores, como objecto de investigação, obtenção de graus académicos, associações científicas. Na presente comunicação, o Objecto do nosso estudo consiste na análise das Actas dos Colóquios da AFIRSE, realizados, pela secção portuguesa, por duas razões principais: 1. A análise das Actas permite-nos ter acesso à evolução e dinâmica dos temas, dos 1 Dedicamos o nosso trabalho a Todos os que têm contribuído para a Investigação em Educação em Portugal, nestas cinco últimas décadas. Destacamos, muito especialmente, os Professores Teresa e Albano Estrela que, através da secção portuguesa da AFIRSE, têm mantido um ritmo regular, nos encontros científicos, contribuindo, assim, para a internacionalização e divulgação. Este estudo insere-se no seminário de Métodos de Investigação em Educação do Mestrado em Ciências da Educação, área de especialização em Educação, Comunicação e Linguagem. Colaboraram na análise do corpus, as mestrandas: Alcina Correia, Ana Cordeiro, Maria João Coelho, Sandra Carvalho e Sofia Reis. À Sofia Reis um agradecimento muito especial - na qualidade de coautora - pela coordenação do grupo de trabalho, tratamento dos dados e coordenação /apresentação do estudo. O mérito deste estudo deve-se, em grande parte, ao entusiasmo de todas as participantes, mas sobretudo ao espirito de iniciativa e de investigação da Sofia Reis. [2] Actas do XIV Colóquio da AFIRSE | Para um Balanço da Investigação em Educação de 1960 a 2005. Teorias e Práticas Actes du XIVème Colloque de l’AFIRSE | Pour un bilan de la Recherche en Education de 1960 à 2005. Théories et Pratiques modelos/fundamentação teórica, metodologias quantitativas e qualitativas do tipo de investigação. 2. Problemática: Constituição e Delimitação do Objecto de Estudo Deste modo, privilegiamos como objecto de estudo a análise das Actas dos Colóquios organizados, em Lisboa, pela secção portuguesa da Association Francophone Internationale de Recherche Scientifique en Education (AFIRSE), realizados entre 1990 (I Colóquio teve lugar em 9-10 de Fevereiro) e 2006 ( XIV Colóquio teve lugar em 16, 17, 18 de Fevereiro). Estamos conscientes que, ao centrarmo-nos na análise das Actas dos Colóquios realizados, olhamos apenas um ponto de vista da inscrição e desenvolvimento da Investigação em Educação de 1990-2005, em Portugal, entre os contextos possíveis, por exemplo: 1. As Ciências da Educação no curriculum do Ensino Superior – conteúdos programático e graus académicos; 2. Reconhecimento/aceitação da Comunidade Científica em relação ao estatuto epistemológico das Ciências da Educação, como jeune née, novo campo científico; 3. Representação/divulgação das Ciências da Educação, junto da opinião pública; 4. Investigação propriamente dita e respectiva divulgação junto da comunidade educativa (educadores, professores…); 5. Associações científicas e internacionalização. Quanto aos graus académicos, é um dado adquirido o desenvolvimento exponencial das Ciências da Educação, através dos: (i) diplomas universitários de licenciatura, mestrado, doutoramento pós-doutoramento; (ii) Certificados de Estudos Superiores Especializados (CESES) que proporcionaram o acesso ao grau de licenciado dos detentores dos cursos médios (educadores de infância e professores do ensino primário). No que concerne o reconhecimento/aceitação da Comunidade Científica, destacam-se duas posições críticas antagónicas e radicais: rejeição versus aceitação. Deste modo, os radicais têm uma visão redutora das Ciências da Educação visto que só vêem a vertente tecnicista ( as estratégias…), por exemplo ensina-se o como e não se ensina o quê. Por sua vez, os defensores das Ciências da Educação fundamentam o estatuto epistemológico do Objecto quer através da natureza impura e da multireferencialidade (cf. Ardoino et al., 1989) (3) , quer através da filiação ou parentesco com as Ciências Sociais como por exemplo: Filosofia e Filosofia da Educação; Sociologia e Sociologia da Educação; Psicologia e Psicologia da Educação…(cf. Carvalho, 1989), (4) quer ainda através da ideia de Novas Ciências da Educação fundamentadas na complexidade e modelo sistémico (cf. Lerbet, 1990) (5) e, enfim, sobre a denominação Ciência da Educação e/ou Ciências da Educação (cf. G. Mialaret, 1976) (6) e a relação com a Pedagogia (cf. Estrela, 1992) (7) assim como a questão da pertinência no Tempo/Lugar (cf. Estrela, 1999) (8). No que diz respeito à representação (divulgação na imprensa e no senso comum) é curioso imputar-se, por vezes, às Ciências da Educação, uma das causas da crise da Educação (quando se enunciam os chavões tais como estratégias, facilitismo, não retenções…)da falência da Escola (baixo nível, abandono escolar, falta de competências para a sociedade de economia de mercado e de conhecimento). [3] Actas do XIV Colóquio da AFIRSE | Para um Balanço da Investigação em Educação de 1960 a 2005. Teorias e Práticas Actes du XIVème Colloque de l’AFIRSE | Pour un bilan de la Recherche en Education de 1960 à 2005. Théories et Pratiques Enfim, quanto à investigação propriamente dita temos de ter em consideração as equipas de investigadores nas várias Universidades Portuguesas e as produções científicas. Como acima referimos, o objecto do nosso estudo consiste na análise das Actas dos Colóquios, nacionais, da AFIRSE, por duas razões principais. Por um lado, a análise das Actas permite - nos ter acesso à evolução e dinâmica dos temas, modelos teóricos, e metodológicos, nos aspectos quantitativos e qualitativos. Porém, antes de apresentarmos, o nosso estudo tem toda a pertinência reavivarmos a memória em relação ao que existia a nível da Educação, em Portugal, de maneira sintética, desde a década de sessenta. 3. Contribuição para um Estudo da Educação em Portugal: da década de sessenta até à década de noventa Como referimos na Introdução, ao colocarmos a questão: O que se fazia em Investigação em Educação, em Portugal, desde a década de sessenta? Que instituições? Que orientações? Que políticas educativas? Sem ser nossa intenção fazer um estudo exaustivo, tem toda a pertinência destacarmos o papel crucial da Fundação Calouste Gulbenkian e de certas iniciativas quer privadas, quer oficiais. Entre 1959 e 1975, Maria Madalena Perdigão é responsável por novas abordagens pedagógicas ao nível da educação e da iniciação musical, cria os agrupamentos artísticos residentes: a Orquestra (1962), o Coro (1964) e o Ballet (1965). Destacamos ainda a realização, em 1971, do Colóquio sobre ensino artístico em Portugal. Em 1984, nasce, também sob a sua direcção, o ACARTE no Centro de Arte Moderna. O Centro de Investigação Psicopedagógico (CIP), com início nos anos sessenta, tem diversas iniciativas muito meritórias e pioneiras perante a quase inexistência de formação teórica e metodológica, em Portugal, no que diz respeito à iniciação musical e artística das crianças que fundamentasse as práticas do ensino artístico e musical. Em 1965, integram o Centro de Investigação Psicopedagógico da F. C. Gulbenkian os Professores Breda Simões, Delfim Santos, Rui Grácio. Por sua vez, João dos Santos, Margarida Mendo, Cecília Menano e Arminda Grilo integram a equipa de terapia do Júlio de Matos. Assim, em 1965, o médico, Arquimedes Silva Santos, a convite do Professor Breda Simões, assegura a docência de Psicopedagogia da Expressão Artística no Curso dos Monitores de Música no Centro Artístico da F. C. Gulbenkian. É de destacar entre 1965 e 1971, a criação dos Cursos de Psicopedagogia da Expressão Artísticas nos cursos de Monitores de Música que destacamos a seguir: [4] Actas do XIV Colóquio da AFIRSE | Para um Balanço da Investigação em Educação de 1960 a 2005. Teorias e Práticas Actes du XIVème Colloque de l’AFIRSE | Pour un bilan de la Recherche en Education de 1960 à 2005. Théories et Pratiques 1. Formação Musical: (9) - Cursos de Música Antiga com Safford-Cape, de Bruges, que tinha sido professor de Olga Violante (1º curso realizado em 1953). Deste grupo funda-se o Grupo de Música Antiga de Lisboa que durou entre 1964-1971, para, em seguida, dar origem ao grupo os Segreis de Lisboa. - Cursos de Educação Musical (Métodos Willelmes e Orff – Dalcroze, Chapuis, Chevais, Ward) com o objectivo de formação de professores para iniciação musical de crianças. - Cursos de Regência Musical. - com Abbé Kaelin e depois com Michel Corbeau que tiveram lugar nos primeiros Cursos de Verão efectuados na Fundação C. Gulbenkian que se realizaram em Julho (de 1958, 1960, 1961, 1962). 2. Cursos de Psicopedagogia da Expressão Artística e Educação pela Arte A estes cursos está ligado Arquimedes Silva Santos. Foram criados para dar preparação pedagógica aos educadores. Foram professores Breda Simões, Rui Grácio, Marinho, Natália Paes, Antónia Augusta. Os primeiros alunos destes cursos do Centro de Investigação Pedagógica da Gulbenkian foram: Maria Leonor Botelho, Sasseti, (Távora e Rosinda já falecidas). 3. Cursos de Iniciativa Privada com o objectivo da Expressão Artística e Educação pela Arte: a) A Escola das Ratas – onde se ministrava educação artística com Madalena Cabral. A Casa das Ratas fica situada atrás do Museu Nacional da Arte Antiga. A designação deve-se ao mau estado de um edifício grande e abandonado. b) O atelier de Cecilia Menano – a nível privado – onde se fez educação para a pintura como nas “escolinhas de arte”, brasileiras de “educação artística”. c) O Centrinho – da iniciativa de Maria Leonor Botelho onde se inovou ao nível pedagógico e artístico. Maria Leonor Botelho estagiou no atelier de Cecília Menano, depois, em Paris, estagiou com A. Stern, para além de seguir aulas com Piaget, Zazzo e Cousinet (ainda na década de 50). Formou Auxiliares de Educadoras de Infância, na Formação organizada pelo Ministério da Saúde e Assistência. d) O Castor - da iniciativa de Ivone Freitas Leal, foi fundado em 1958, teve instalações em Santo Amaro de Oeiras, e em Lisboa, na Tv. da Fábrica das Sedas, na Rua Nova de São Bento e por fim no Poço dos Negros. Com o fecho 1958 estas instalações passam para “O Nosso Jardim” de Maria Urlich. Começou por ser ensino infantil (Castorzinho) estendendo-se, depois, para o ensino primário (Castor). Grande inovação pedagógica e artística com fundamento na educação integral- baseada na pedagogia da Escola Nova. (10) [5] Actas do XIV Colóquio da AFIRSE | Para um Balanço da Investigação em Educação de 1960 a 2005. Teorias e Práticas Actes du XIVème Colloque de l’AFIRSE | Pour un bilan de la Recherche en Education de 1960 à 2005. Théories et Pratiques 4. No Ensino Pré-escolar - Ensino Privado – Educadores de Infância, destacamos: a) Maria de Lima Mayer Ulrich (1908- 1988) – Funda a Associação de Pedagogia Infantil constituída pela Escola de Educadoras de Infância e pelo Colégio O Nosso Jardim. (cf. Nóvoa, 2003, p. 1387). b) Maria Teresa Guedes de Andrade Santos (MITZA) (1918-1977) – Em 1948, funda o Jardim Infantil O Beiral que passou a designar-se Escola Beiral, em 1954, passando a integrar o Ensino Primário. Também, em 1954, funda o Instituto de Educação Infantil para formar Educadores de Infância. (cf. Nóvoa, idem, p. 1279). c) Maria da Luz de Deus Ramos Ponces de Carvalho (1918-1999) (neta de João de Deus Nogueira Ramos (1830-1896) – Assume a presidência da direcção da Associação Jardins – Escolas João de Deus, após a morte de seu pai. (Nóvoa, idem, p. 469). (11) 5. Na Pedagogia: a) A Casa da Praia (1975) da iniciativa de João dos Santos (1913-1987) com todos os que puderam conviver com a personalidade e pedagogia de intervenção para as crianças com dificuldades. Na década de 50, cria também: O Centro Helen Keller, a Associação de Surdos, o Centro de Paralisia Cerebral, o Centro de Psicopedagógico, o Centro de Saúde Mental Infantil (cf. Nóvoa, idem, pp. 1264-1277) b) O Colégio Vasco da Gama, em Meleças, do Padre Nabais. Gerações de alunos em dificuldade puderam beneficiar da pedagogia verdadeiramente inovadora. 6. Ao nível de personalidades: Sebastião da Gama – E o Diário que marcou várias gerações. Delfim Santos – E a Pedagogia existencial. 7. Ministério da Educação Nacional: a) Formação de Professores ao nível do Ensino Primário (Escolas do Magistério Primário) com as seguintes disciplinas: Pedagogia, Psicologia da Educação, Didáctica Geral e Específica, Higiene; Educação Moral e Religiosa b) Formação Pedagógica dos Professores do Ensino Secundário – Nas Faculdade de Letras tinham as denominadas pedagógicas: Pedagogia e a Psicologia da Educação, É de notar que a Pedagogia de Emile Planchard foi a bíblia para gerações de professores/pedagogos. (12) c) Formação de Professores do Ensino Especial no Instituto António Aurélio da Costa Ferreira (deficientes mentais, surdos e cegos), tendo a Dra. Irene Leite da Costa, como directora, nos anos sessenta. [6] Actas do XIV Colóquio da AFIRSE | Para um Balanço da Investigação em Educação de 1960 a 2005. Teorias e Práticas Actes du XIVème Colloque de l’AFIRSE | Pour un bilan de la Recherche en Education de 1960 à 2005. Théories et Pratiques 4. Apresentação da Pesquisa No nosso estudo, análise das Actas dos Colóquios da AFIRSE, secção portuguesa, temos como objectivo responder às seguintes questões: - Questão - Qual a natureza dos estudos: teóricos, empíricos e quais as metodologias utilizadas? - Questão - Quais as línguas das comunicações? - Questão - Quais as referências bibliográficas? O nosso estudo é de tipo exploratório. O nosso objectivo principal é ter a percepção da evolução (ou não evolução) das pesquisas em Ciências da Educação, através das várias comunicações apresentadas ao longo de quase duas décadas. O corpus extensivo é constituído pelas quinze Actas dos congressos realizados pela secção portuguesa da AFIRSE, na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação de Lisboa. É de notar, contudo, que as quinze Actas integram treze dos congressos nacionais e Duas Actas dos congresso internacionais. As treze Actas – dos Colóquios nacionais – revelam: 1) um leque importante da escolha dos respectivos temas: por exemplo, Metodologias de Investigação, A Avaliação, A Escola como Objecto de Estudo, A Pedagogia Diferenciada…. (cf. bibliografia). Ainda mais: a escolha dos temas desde 1990 (I Colóquio) vai acompanhando as problemáticas educativas ( ex. A Reforma Curricular em Portugal e nos Países da Comunidade Europeia (1991)); A Indisciplina e Violência Escolar (2001)); 2) um aumento exponencial de participantes (com comunicação, por exemplo: Actas do I Colóquio, 1990, pp. 218; Actas do VI Colóquio, 1995, vol. I. pp. 598, vol. II. pp. 629. Porém, limitamos - nos a um corpus aleatório, constituído pelas seguintes Actas: Quadro 1 Número de Colóquios I II III V VI Data de Realização 1990 1991 1992 1994 1995 VIII IX 1997 1999 X Total 2001 Tema La Recherche-Action en Education Reforma Curricular Avaliação em Educação A Escola – Um Objecto de Estudo Formação, Saberes Profissionais e Situações de Trabalho (Vol.I) A Decisão em Educação Diversidade e Diferenciação em Pedagogia Tecnologias em Educação Número de Comunicações 34 28 47 65 35 64 7 54 334 (total) Número de Páginas 218 458 617 930 Vol. I – 597 Vol. II - 630 912 772 853 A escolha do corpus limitada à análise das oito Actas, deve-se a duas razões principais: [7] Actas do XIV Colóquio da AFIRSE | Para um Balanço da Investigação em Educação de 1960 a 2005. Teorias e Práticas Actes du XIVème Colloque de l’AFIRSE | Pour un bilan de la Recherche en Education de 1960 à 2005. Théories et Pratiques a) Os constrangimentos de tempo – o estudo foi efectuado com os alunos inscritos no seminário de Métodos de Investigação em Educação, do ano lectivo de 20052006; b) As diferenças tanto no número de comunicações como na própria abordagem científica e metodológica subjacente às diferentes Actas. Nos procedimentos metodológicos na abordagem do corpus, tivemos em conta uma análise de tipo quantitativo e qualitativo. Os procedimentos de análise foram os seguintes: (13) Cada uma das oito Actas, que constituem o nosso corpus, foi analisada tendo como unidade de análise cada comunicação independentemente da dimensão da mancha tipográfica (duas páginas a dez páginas). a) Negligenciámos os resumos (quer em português, quer em francês). b) Não partimos de uma grelha pré- existente, para definir as categorias da nossa análise. c) As categorias resultantes da codificação das unidade de registo e das unidades de contexto foram estabelecidas após uma primeira leitura flutuante dos textos das comunicações. Usamos o termo texto no sentido mais lato, isto é qualquer documento escrito, neste contexto cada comunicação. (Cf. L. Bardin, 1980). d) As sete categorias por nós recenseadas são as seguintes: 1) Estudos teóricos: esta categoria integra apresentação, descrição e reflexão critica de paradigmas, modelos, teorias e conceitos operatórios no campo educativo. 2) Estudos empíricos: seguimos a definição clássica (cf. J. F. de Almeida e J. Madureira Pinto, 1987). 3) Estudo de caso: tendo como unidade “Uma Escola”, ou “Um aluno”, por exemplo. 4) Investigação – acção: (cf. A.J. Esteves, 1987). 5) Histórias de vida: esta categoria integra as narrativas biográficas ou histórias de vida (cf. M. C. Josso, 2002, J. Poirier et al., 1999). 6) Projecto: esta categoria integra a investigação por/de Projecto (cf. J. P. Boutinet, 1999, J. Vassilef, 1995). (14) 7) Mista/Varia: esta categoria é auto-referencial visto que integra referências a comunicações proferidas em edições de Actas (dos Colóquios anteriores). Convém, contudo, assinalar que o instrumento heurístico – constituído – pelas categorias que acabamos de enunciar, foi testado na leitura/análise das Actas do IX Colóquio (1999) – Diversidade e Diferenciação em Pedagogia. Deste modo, no quadro de síntese do nosso corpus, consideramos apenas as sete comunicações. [8] Actas do XIV Colóquio da AFIRSE | Para um Balanço da Investigação em Educação de 1960 a 2005. Teorias e Práticas Actes du XIVème Colloque de l’AFIRSE | Pour un bilan de la Recherche en Education de 1960 à 2005. Théories et Pratiques 5. Análise dos resultados: análise quantitativa 1ª Questão – Qual o tipo de investigação e de metodologia? a) Análise global (cf. Quadro 1 e Quadro 2) Em primeiro lugar, é de assinalar que num total de 334 comunicações escrutinadas nas Actas analisadas (I, II, III, V, VI, VIII, IX, e X Colóquios), verificamos a seguinte distribuição (cf. Quadro 2). Cerca de 69% (227) relevam da categoria estudos teóricos que integram, modelos teóricos, análise, conceitos operatórios. Em seguida, vem a categoria de estudos empíricos com 18% (60). Seguem-se as categorias investigação - acção com 5% (17) e varia/mista com 5% (18), respectivamente. Por fim, as categorias estudo de caso e projecto de investigação com as percentagens de 1% (4) e 2% (8) casos, respectivamente. Quadro 2 1. Estudo Teórico 2. Estudo Empírico 3. Estudo de caso 4.Investigação-Acção 5. Projecto intervenção 6. Misto TOTAL 227 60 4 17 8 18 334 Figura 1 Tipos de Estudo 1. Estudo Teórico 227 2. Estudo Empírico 3. Estudo de caso 4.Investigação-Acção 5. Projecto intervenção 18 8 17 4 60 6. Misto [9] 69% 18% 1% 5% 2% 5% Actas do XIV Colóquio da AFIRSE | Para um Balanço da Investigação em Educação de 1960 a 2005. Teorias e Práticas Actes du XIVème Colloque de l’AFIRSE | Pour un bilan de la Recherche en Education de 1960 à 2005. Théories et Pratiques b) Distribuição das sete categorias por cada Acta Análise especifica das sete categorias (Estudos teóricos, Estudo empírico, Estudo de caso, Estudo de Investigação-acção, Estudo de Projecto, Varia/Misto) distribuição por cada Colóquio. (Cf. Figuras 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9). Figura 2 Figura 3 I Colóquio II Colóquio 50 50 40 40 30 30 20 20 10 10 0 Estudo Empírico Estudo Teórico 5 23 Série1 0 Investigação-Acção Projecto intervenção 4 2 Estudo Empírico Estudo Teórico Investigação-Acção 2 25 1 Série1 Figura 4 Figura 5 III Colóquio V Colóquio 50 50 40 40 30 30 20 20 10 10 0 Série1 Estudo Empírico Estudo Teórico Estudo de caso Misto 6 35 3 3 0 Série1 Figura 6 Estudo Empírico Estudo Teórico Estudo de caso Investigação- Projecto 20 38 1 4 2 Figura 7 VIII Colóquio VI Colóquio 50 50 40 40 30 30 20 20 10 10 0 0 Série1 Estudo Empírico Estudo Teórico Estudo de caso Investigação- Projecto 3 22 1 7 2 Série1 [10] Est udo Empí rico Est udo Teórico Mist o 8 43 13 Actas do XIV Colóquio da AFIRSE | Para um Balanço da Investigação em Educação de 1960 a 2005. Teorias e Práticas Actes du XIVème Colloque de l’AFIRSE | Pour un bilan de la Recherche en Education de 1960 à 2005. Théories et Pratiques Figura 8 Figura 9 IX Colóquio X Colóquio 4 50 3 40 30 2 20 1 0 Série1 10 Estudo Empírico Investigação-Acção 3 1 Projecto Misto 2 1 0 Série1 Estudo Empírico Estudo Teórico 13 41 - Estudos teóricos - Se tivermos em consideração, a categoria estudos teóricos verificamos que os valores oscilam entre aproximadamente 23% e 25% (I Colóquio, II Colóquio) elevando – para 36% e 38% (III Colóquio, V Colóquio) e atingindo a percentagem de 43% (VIII Colóquio) e 41% (X Colóquio). - Estudos empíricos - os dados são os seguintes: os valores percentuais ligeiramente inferiores a 5% distribuem-se pelos (I Colóquio, II Colóquio, VI Colóquio). Ora, os valores elevam-se para de 20% (V Colóquio) , e descem para cerca de 13% (X Colóquio), continuando a baixar para 8% (VIII Colóquio) e 6% (III Colóquio). - Estudo de caso - há a destacar a percentagem apenas de valores que oscilam entre 3% e 1% (III Colóquio, V Colóquio e VI Colóquio). - Estudo de investigação-acção - é de relevar a percentagem de 4% (I Colóquio, II Colóquio e V Colóquio); a percentagem mais elevada de 7% (VII Colóquio) que desce para 1% (II Colóquio). - Estudo de projecto de intervenção – as percentagens de 5% (I Colóquio) e de 2% (II Colóquio, V Colóquio e VI Colóquio). - Categoria varia/mista - convém destacar a percentagem mais baixa de 3% (III Colóquio) elevando-se a 13% (VIII Colóquio). 2ª Questão – Quais as línguas das comunicações utilizadas ? A leitura do quadro Comunicações (cf. Quadro 3 e Figura 10) revela-nos que num total de 334 (100%) de comunicações, como era de esperar, cerca de 269 (80%) foram proferidas em português, descendo para 59 (18%) proferidas em francês e 6 (2%) em espanhol. Não é de estranhar a percentagem de 18% (59) comunicações proferidas em francês, atendendo, por um lado, à filiação entre a AFIRSE e a secção portuguesa da AFIRSE; e, por outro lado, à “familiaridade científica”, sobretudo, com a Universidade de Caen, mas, também, com as Universidades de Paris8, Grenoble, entre outras. [11] Actas do XIV Colóquio da AFIRSE | Para um Balanço da Investigação em Educação de 1960 a 2005. Teorias e Práticas Actes du XIVème Colloque de l’AFIRSE | Pour un bilan de la Recherche en Education de 1960 à 2005. Théories et Pratiques Quadro 3 Comunicações em língua portuguesa Comunicações em língua francesa Comunicações em língua espanhola TOTAL 269 71 7 334 80% 18% 2% Figura 10 Comunicações 269 71 7 Língua portuguesa Língua francesa Língua espanhola 3ª Questão – Quais as línguas das referências bibliográficas? Uma primeira leitura do quadro Referências bibliográficas (cf. Figura 11) –do ponto de vista global - revela-nos que 80% nos remetem para não periódicos, descendo para 18% as referências a periódicos e, enfim, para 2% as referências outras/varia (integra: referências a Actas, Mestrados, Doutoramentos, Investigação) Quadro 4 Não periódicos Periódicos Outros TOTAL 3823 865 103 4796 Figura 11 Referências bibliográficas 3823 Não periódicos Periódicos Outros 103 [12] 865 80% 18% 2% Actas do XIV Colóquio da AFIRSE | Para um Balanço da Investigação em Educação de 1960 a 2005. Teorias e Práticas Actes du XIVème Colloque de l’AFIRSE | Pour un bilan de la Recherche en Education de 1960 à 2005. Théories et Pratiques Porém, se tivermos em consideração uma leitura específica, contemplando cada Colóquio per se (cf. Figura 12) –, verificamos o seguinte: - Quanto aos periódicos - a distribuição mantém-se quase uniforme ao longo do 2º Colóquio, VIII Colóquio e X Colóquio. É de assinalar a subida – o pico – no V Colóquio, descendo para o VI Colóquio. - Quanto aos não periódicos – a distribuição revela um pico mais elevado de 300 para 900 no V Colóquio, descendo para o III Colóquio e elevando novamente no VIII Colóquio. - Outros/varia – como acima enunciámos, trata-se da remissão/referências para Actas anteriores, naturalmente. É de notar que a distribuição é mínima ao longo dos sete Colóquios, em análise. Figura 12 1200 1100 1000 900 800 Bibliografia 700 600 500 Não Periódico 400 Periódico 300 Outros e Actas 200 100 0 1º Colóquio 2º Colóquio 3º Colóquio 5º Colóquio 6º Colóquio 8º Colóquio 10º Colóquio Em seguida, porém, tentámos afinar a nossa análise das Referências Bibliográficas, segundo os seguintes critérios: 1º. Para a categorização, consideramos a língua de edição (português de sistema de Portugal, português de sistema do Brasil, francês, inglês e espanhol) utilizada pelos comunicantes e a distribuição, por cada Acta de Colóquio. 2ª Para a quantificação, consideramos a língua da edição referida pelo autor da comunicação (por exemplo, Piaget é quantificado em português, se o autor da comunicação usar a tradução portuguesa de Portugal). 3º Na quantificação, não afinámos a análise, limitámo-nos a fazer uso dos valores brutos. Depois das convenções e critérios enunciados, vamos apresentar a leitura dos dados que dizem respeito às Referências Bibliográficas. De acordo com a leitura do dados (cf. Quadro 4, Figura 12), podemos observar os aspectos salientes seguintes: a) A predominância da língua francesa no I Colóquio (1990) com o tema La Recherche en Education. [13] Actas do XIV Colóquio da AFIRSE | Para um Balanço da Investigação em Educação de 1960 a 2005. Teorias e Práticas Actes du XIVème Colloque de l’AFIRSE | Pour un bilan de la Recherche en Education de 1960 à 2005. Théories et Pratiques b) A predominância da língua inglesa no II Colóquio (1991), com o tema Reforma Curricular do Ensino em Portugal e na Comunidade Europeia. c) A predominância da língua portuguesa sobretudo a partir do V Colóquio (1994) com o tema Escola um Objecto de Estudo. d) A predominância mais elevada da língua portuguesa no VIII Colóquio (1997) com o tema A Decisão em Educação. É de notar que as tendências que acabamos de enunciar dizem respeito às referências bibliográficas mencionadas nas comunicações. Podemos como hipótese interpretativa associar o boom das referências bibliográficas em português de Portugal (como acima referimos a partir do V Colóquio (1994)) à investigação e à produção editorial com destaque para o Instituto de Inovação Educacional (IIE) – substituído pela DGIDC - a Educa sob a coordenação do Professor António Nóvoa, a Colibri sob a coordenação do Dr. Fernando Mão de Ferro... Quadro 4 I Colóquio Nacional II Colóquio Nacional III Colóquio Nacional V Colóquio Nacional VI Colóquio Nacional VIII Colóquio Nacional IX Colóquio Nacional X Colóquio Nacional Inglês Francês Português Pt Português Br 23 195 117 293 167 328 69 250 97 54 100 366 203 177 16 94 3 37 63 354 135 260 26 190 2 1 66 2 247 17 181 Figura 13 10 Colóquio Nacional 09 Colóquio Nacional 08 Colóquio Nacional PBr PPt fr ing 06 Colóquio Nacional 05 Colóquio Nacional 03 Colóquio Nacional 02 Colóquio Nacional 01 Colóquio Nacional 0 100 200 [14] 300 400 Actas do XIV Colóquio da AFIRSE | Para um Balanço da Investigação em Educação de 1960 a 2005. Teorias e Práticas Actes du XIVème Colloque de l’AFIRSE | Pour un bilan de la Recherche en Education de 1960 à 2005. Théories et Pratiques 6. Discussão dos Resultados e Hipóteses Interpretativas A análise quantitativa global revela-nos que nas comunicações escrutinadas predominam os estudos de tipo teórico 69% (227) em detrimento dos estudos empíricos 18% (60). Quanto aos estudos empíricos (18%) as metodologias utilizadas apresentam percentagens compreendidas entre 5% (Varia, por exemplo, questionário, entrevista),diminuindo para 2% (para estudo de projecto) e, enfim, para 1% (estudo de caso). Deste modo, a resposta à primeira questão - Qual o tipo de pesquisa? Qual o tipo de metodologia? – é atestada pela análise quantitativa: as comunicações têm a prevalência de estudos teóricos, que integram, por exemplo: a) Concepções teóricas sobre: “ curriculum (cf. Actas do IIº Colóquio, p.41); “ implementação” (cf. idem, p. 51); b) Definições: ex. “ avaliação formativa” e “avaliação sumativa” (cf. idem, p. 113); “ reforma curricular” (cf. idem, p. 222); “ Estabelecimento escolar: Objecto científico a definir” (Cf. Actas do Vº Colóquio, p. 45); “ Educação não-formal” (cf. idem, p. 317). c) Modelos teóricos: ex. “De pedagogia e de gestão” (cf. Actas do V Colóquio, p. 65); “ Análise Institucional e estabelecimento escolar (cf. idem, p. 69); “ Tomada de decisão: modelos teóricos o modelo clássico; modelo administrativo; Modelo incremental; (cf. Actas do V Colóquio, p. 410). Por outras palavras, as comunicações ainda remetem mais para estudos de carácter descritivo, analítico, reflexivo de modelos teóricos do que para investigação empírica. É contudo conveniente ressalvar a ideia de que entre 1990-2005, por um lado, se defenderam dissertações de mestrado e de doutoramento, e, por outro lado, se efectuaram estudos empíricos integrados em Projectos de Investigação (quer financiados, pelo FCT, quer pela Gulbenkian, quer ainda, pelo Instituto de Inovação Educacional (IIE). (15) Como hipótese interpretativa da baixa percentagem de estudos empíricos pensamos que se deve ao facto de os alunos que estão preparando (ou já defenderam dissertações de mestrado e de doutoramento) ou que integram grupos de investigação não têm o habitus de apresentar comunicações nos Colóquios, mostrando-nos o capital científico, em elaboração. No que concerne os estudos empíricos (18%) as metodologias utilizadas, também, naturalmente, relevam de percentagens pouco elevadas. Ilustramos os estudos empíricos com os seguintes exemplos: a) questionário – integração de crianças com NEE (cf. Actas do [15] Actas do XIV Colóquio da AFIRSE | Para um Balanço da Investigação em Educação de 1960 a 2005. Teorias e Práticas Actes du XIVème Colloque de l’AFIRSE | Pour un bilan de la Recherche en Education de 1960 à 2005. Théories et Pratiques VIII, pp. 476-479); b) questionários, observação, e entrevistas – gestão escolar e processos de tomada de decisão (Cf. Actas do VIII Colóquio, p. 500-3); c) entrevistas – a decisão de ingresso na profissão docente (cf. Actas do VIII, pp. 658-659); d) Estudo de caso - “A tomada de Decisão no Novo Modelo de Gestão das Escolas do Ensino Básico e Secundário – Um Estudo de Caso” (cf. Actas do V Colóquio, p. 410); e) Investigação – acção – (cf. Actas do Iº Colóquio, “saberes produzidos no ensino da língua”, pp. 93-95). e) Histórias de Vida: exs: “Histórias de Vida - uma estratégia de investigação aplicada à formação de professores” (cf. Actas do I Colóquio, p.215) f) Projecto: exs: CERI” (cf. Actas do Vº Colóquio, p. 31; e de “ Educação e Diversidade Cultural” (cf. idem, p. 39). Em relação à questão da língua das comunicações, naturalmente que é o português, apesar dos muitos participantes francófonos (canadianos, mas sobretudo franceses), uma vez que se trata, por um lado, da secção portuguesa da AFIRSE, e, por outro lado, dos “laços de família científica” (com os pioneiros das Ciências da Educação como G. Mialaret, J. Ardoino, G. Berger…) especialistas como G. Figari, G.L. Baron… No que diz respeito à bibliografia, é de assinalar que as publicações periódicas – revistas da especialidade - são menos referidas (18%) do que as não periódicos (livros, enciclopédias…) (80%). Ora, quanto aos não periódicos a distribuição revela um pico mais elevado de 300 para 900 no V Colóquio e no VIII Colóquio. A oscilação dos valores quantitativos pode estar relacionada com o tema do Colóquio (A Escola, V Colóquio; e a Decisão em Educação, VIIIColóquio), assim como com o número de participantes com comunicação. Assim, é de notar que as Actas do IX Colóquio têm 912 páginas e as Actas do V Colóquio têm, também, 930 páginas. Quanto às referências bibliográficas inventariadas, é interessante observar numa leitura horizontal - que a partir do V Colóquio (1994) começam a aumentar consideravelmente as obras editadas em língua portuguesa. Na verdade, embora diminuindo para 260 no VIII Colóquio (1997) contra as 354 do V Colóquio. Ainda, quanto às referências bibliográficas, é de assinalar, também, as oscilações quantitativas entre as referências bibliográficas em inglês e em francês. Se no I Colóquio (1990) há 97 referências em francês, 23 em inglês e apenas 3 referências em português (de Portugal) e, enfim, 3 (outras línguas, como o espanhol). Ora, no VIII Colóquio (1997) as referências são respectivamente: 177 (francês); 328 (inglês); 260 (português/Portugal); 247 (português/Brasil) e 75 (outras línguas, como o espanhol). De facto, as referências bibliográficas não só se diversificaram do ponto de vista qualitativo, mas também adquiriram mais importância quantitativa. Por sua vez, a análise das referências bibliográficas, também, nos leva a aceitar a assumpção que há uma evolução quantitativa e qualitativa na fundamentação das comunicações, independentemente das oscilações do número dos comunicantes e número de páginas ao longo das oito Actas dos Colóquios analisados. [16] Actas do XIV Colóquio da AFIRSE | Para um Balanço da Investigação em Educação de 1960 a 2005. Teorias e Práticas Actes du XIVème Colloque de l’AFIRSE | Pour un bilan de la Recherche en Education de 1960 à 2005. Théories et Pratiques Uma Palavra Final Ao finalizarmos o presente estudo, estamos verdadeiramente conscientes dos limites. É pertinente lembrar que foi elaborado no âmbito de um seminário de Metodologias de Investigação em Educação, no Mestrado em Ciências da Educação. Deste modo, a nossa análise centrou-se num corpus limitado. A análise quantitativa realizada ao corpus foi exaustiva, contudo, seria necessário, após o escrutínio realizado submete-lo ao método dos juizes para confirmar o grau de concordância da categorização. Em paralelo, verificámos que os temas dos Colóquios condicionam os títulos das comunicações, mas a riqueza temática destas sugere uma análise de conteúdo aprofundada com o intuito de determinar quais os paradigmas, as teorias e os conceitos que lhes estão subjacentes (ex. Competências: Perrenoud; Teorias da Violência –Lorenz,C., Freud S., Girard R., Avaliação – Figari; Pedagogia Diferenciada Em relação aos descriptores da análise do corpus, das sete categorias escrutinadas é um imperativo afinar, sobretudo, a análise da categoria Estudos Teóricos, para recensear as teorias, conceitos operatórios, modelos de autores que são mais utilizados na investigação. Quanto ao tipo de investigação, é de assinalar sobretudo a invisibilidade de estudos empíricos ao longo dos Colóquios, visto que há uma discrepância – quantitativa - entre os estudos teóricos e os estudos empíricos. Uma palavra final, em relação à própria internacionalização (participantes de língua francesa, inglesa, espanhola) e importância como núcleo gerador e impulsionador da investigação em Educação, ao longo destas duas últimas décadas. NOTAS (1) Ver NÓVOA (A.) (org.), 1993, A Imprensa de Educação e Ensino – Repertório Analítico (século XIX-XX), Edição do Instituto de Inovação Educacional. ----------------------------(dir. de), 2003, Dicionário de Educadores Portugueses, Asa. (2) Ver, sobretudo, Estatutos da Fundação Calouste Gulbenkian em que um dos pilares é a Educação. Ver, também, Arquimedes da Silva Santos, 2000, Educação pela Arte – Estudos de Homenagem, Livros Horizonte (Depoiamentos de Elizabete Oliveira, Natália Paes, entre outros). Ver Jornal de Letras, Ano XXVI/Nº 933 de 5 a 18 de Julho de 2006 (depoimentos sobre o pilar Educação e a obra anunciada para comemorar os cinquenta anos das actividades da Fundação). Ver, também Maria Filomena Monica, 2006, Bilhete de Identidade, Aletheia (em que a autora refere –como bolseira – o Instituto de Investigação de Pedagogia da F.C. Gulbenkian, dirigido pelo Professor Rui Grácio). [17] Actas do XIV Colóquio da AFIRSE | Para um Balanço da Investigação em Educação de 1960 a 2005. Teorias e Práticas Actes du XIVème Colloque de l’AFIRSE | Pour un bilan de la Recherche en Education de 1960 à 2005. Théories et Pratiques (3) Ver J. Ardoino, G. Berger “ Les Sciences de l’Education: analyseurs paradoxaux des autres sciences? “ in L’Année de La Recherche en Sciences de l’Education, Puf, 1994, pp. 51. (Este número contém outros artigos importantes). (4) A. Dias de Carvalho, 1988, Epistemologia das Ciências da Educação, Edições Afrontamento. (5) G. Lerbet, 1995, Les Nouvelles Sciences de l’Education, Nathan Pédagogie. (6) Cf. J. García Carrasco, 1997, As Ciências da Educação – Pedagogos para Quê?, Brasília Editora. G. Mialaret, 1976, As Ciências da Educação, Moraes. (7) A. Estrela, 1992, Pedagogia , Ciência da Educação? , Porto Editora. (8) -------------, 1999, O Tempo e o Lugar das Ciências da Educação, Porto Editora. (9) Participaram nos Cursos de Música Antiga: Maria Amélia Abreu (soprano), Maria Raquel Botelho (soprano), Duarte Lino Pimentel (flauta de bisel), Oliveira e Silva (viola da gamba), Pilar Levy (viola da gamba), Helena Claudia (?) e Manuel Morais (alaúde).Agradecemos muito especialmente à Arquitecta Elizabete Évora Nunes, que frequentou os referidos cursos e que nos concedeu o privilégio de podermos contactar pessoalmente as primeiras alunas. (10) Agradecemos as entrevistas generosamente concedidas por Maria Leonor Botelho e Ivone Freitas Leal. A riqueza dos seus depoimento sobre as acções pedagógicas inovadoras que realizaram, são objecto de um trabalho mais aprofundado, já em curso. (11) Ver A. Nóvoa, 2003, Dicionário de Educadores Portugueses, Asa. (Diversos verbetes). (12) “Existirão, ou não, as Ciências Pedagógicas?” (Planchard, 1973). Na década de setenta, Émile Planchard reflectiu sobre o estatuto epistemológico da Pedagogia num cruzamento com as Ciências Sociais (Psicologia, Antropologia e Sociologia). A chamada “refundação das ciências da educação”, que tem lugar em Portugal, a partir dos anos setenta não pode negligenciar toda a reflexão teórica e prática da pedagogia de Émile Planchard. Ver A. Nóvoa, ibidem, pp. 1108 - 1111. (13) Agradecemos ao Professor Doutor Luís Crespo a sugestão de analisarmos o corpus seguindo os critérios utilizados na Biblioteca Nacional, para que estes estudos não fiquem confinados a uma gaveta. Porém, a morosidade do preenchimento de cada ficha – por se tratar de num estudo feito no âmbito de um seminário de mestrado – levou-nos a uma análise de bricoleur. (15) Quanto à fundamentação teórica das sete categorias baseamo-nos nos seguintes autores: J.F. de Almeida e J. Madeira Pinto “ Da Teoria à Investigação Empírica, Problemas Metodológicos Gerais” in Metodologia das Ciências Sociais de A. Santos Silva et al., Afrontamento, 1987, pp. 55-78; A. J. Esteves, “ A Investigação – Acção” idem, pp. 253-278; M.A. Josso, 2002; J. Poirier et al.,1999; J. Vassilef, 1995; J-P. Boutinet, 1996. (Cf. bibl.). (14) Ver, por exemplo, Investigar em Educação – Revista da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação, Julho de 2002, Vol. 1, nº1. Neste número, estão inventariados, por Luisa Cortesão et al., entre outros, os Projectos no âmbito sócio-cultural. [18] Actas do XIV Colóquio da AFIRSE | Para um Balanço da Investigação em Educação de 1960 a 2005. Teorias e Práticas Actes du XIVème Colloque de l’AFIRSE | Pour un bilan de la Recherche en Education de 1960 à 2005. Théories et Pratiques Referências bibliográficas 1. Obras de Referência – Ciências da Educação e Metodologias de Investigação ARDOINO (G.), “ Les Objets de la Recherche en Sciences de l’Education” in l’Année de la Recherche en Sciences de l’Education, PUF, 1994, pp. 9-29. BOUTINET (J.P.), 1996, Antropologia do Projecto, Piaget (ed. fr. 1990). CARRASCO (J. García), 1987, As Ciências da Educação, Brasília Editora. CARVALHO (A.Dias de), 1988, Epistemologia das Ciências da Educação, Edições Afrontamento. ESTRELA (A.), 1992, Pedagogia, Ciência da Educação?, Porto Editora. -------------------, 1999, O Tempo e o Lugar das Ciências da Educação, Porto Editora. HERRERO (J.), s.d., A Pedagogia de Sebastião da Gama, Editorial O Livro. JOSSO (M.C.), Histórias de Vida e Formação, 2002, Educa. LERBET (G.), 1995, Les Nouvelles Sciences de L’Education, Nathan. MIALARET (G.), 1980, As Ciências da Educação, Moraes . NÓVOA (A.) (org. de), 1993, A Imprensa de Educação e Ensino – Repertório Analítico (Séculos XIX-XX), Instituto de Inovação Educacional. NÓVOA (A.), (dir. de) 2003, Educadores Portugueses, Asa. PLANCHARD (E.), Pedagogia, Almedina. POIRIER (J.) et al., 1999, Histoires de Vie, Celta. SANTOS SILVA (A. Santos), et al., 1987, Metodologia das Ciências Sociais, Afrontamento. SILVA (J. Coelho), «Das Ciências com Implicações na Educação à Ciência específica da Educação» in Revista Portuguesa de Pedagogia, ano XXV, 1991, pp. 24-45. [19] Actas do XIV Colóquio da AFIRSE | Para um Balanço da Investigação em Educação de 1960 a 2005. Teorias e Práticas Actes du XIVème Colloque de l’AFIRSE | Pour un bilan de la Recherche en Education de 1960 à 2005. Théories et Pratiques VASSILEF (J.), 1995, Histoires de Vie et Pédagogie du Projet, Chronique Sociale. 2. Actas dos Colóquios da AFIRSE *Colóquio Internacional -1988 – Tema “ La Méthode de la Recherche en Education (21,22 de Maio) – Publicação das Actas 1990 – s.n. – (vol. I. pp. 390; vol. II. pp. 659). Francês e Português. - I Colóquios - 1990 – Tema “ La Recherche-Action en Education – Problèmes et Tendances (9-10 de Fevereiro de 1990) – Publicação das Actas 1992 – Editores Albano Estrela e Maria Eugénia Falcão. (vol. pp. 218). - II Colóquio - 1991 – Tema “ A Reforma Curricular em Portugal e nos Países da Comunidade Europeia” (22-23 de Novembro de 1991) – Publicação das Actas 1992 – Editores Albano Estrela e Maria Eugénia Falcão. (vol. I. pp. 458). - III Colóquio - 1992 - Tema “ Avaliação em Educação” (20-21 de Novembro) – Publicação das Actas 1993 – Editores Albano Estrela, Júlia Ferreira, Ana Paula Caetano. (vol. I. pp. 601). - IV Colóquio - 1993 – Tema “ Desenvolvimento Curricular e Didáctica das Disciplinas” (19-10 de Novembro) – Editores Albano Estrela e Júlia Ferreira. (vol. I. pp. 732). - V Colóquio – 1994 – Tema “ A Escola um Objecto de Estudo” (17, 18, 19 de Novembro de 1994) – Publicação das Actas 1995 – Editores Albano Estrela, João Barroso, Júlia Ferreira. (vol. I. pp. 90). - VI Colóquio - 1995 – Tema “ Formação – Saberes Profissionais e Situações de Trabalho” ( 16, 17, 18 de Novembro) – Publicação das Actas 1996 – Editores Albano Estrela, Rui Canário, Júlia Ferreira. (vol. I. pp. 598; vol. II. pp. 629). - VII Colóquio – 1996 – Tema ”Métodos de Investigação em Educação” ( ) Publicação das Actas 1997 – Editores Albano Estrela e Júlia Ferreira. (vol. ) - VIII Colóquio – 1997 – Tema “ A Decisão em Educação” (29,21, 22 de Novembro), Publicação das Actas 1998 – Editores Albano Estrela e Júlia Ferreira. (vol. I. pp. 936). * Colóquio Internacional - 1998 - Tema “ Educação e Política” (10, 11, 12 de Setembro), Publicação das Actas 1999 – Editores Albano Estrela e Júlia Ferreira. Nota: Colóquio Internacional da AFIRSE/ organizado pela secção portuguesa. (vol. I. pp. 511; vol. II. pp. 516-1034). -IX Colóquio – 1999 - Tema “ Diversidade e Diferenciação em Pedagogia” (19,20,21 de Novembro) Publicação das Actas 2000 – Editores Albano Estrela e Júlia Ferreira. (vol. I. pp. 722). [20] Actas do XIV Colóquio da AFIRSE | Para um Balanço da Investigação em Educação de 1960 a 2005. Teorias e Práticas Actes du XIVème Colloque de l’AFIRSE | Pour un bilan de la Recherche en Education de 1960 à 2005. Théories et Pratiques -X Colóquio – 2000 – Tema “ Tecnologias em Educação: Estudos e Investigações” ( 16,17,18 de Novembro) – Publicação das Actas 2001 – Editores Albano Estrela e Júlia Ferreira. (vol. pp. 853). -XI Colóquio – 2001 – Tema “ Indisciplina e Violência na Escola” (22, 23, 24 de Novembro) – Publicação das Actas 2002 – Editores Albano Estrela e Júlia Ferreira. (vol. pp. 804). -12º Colóquio – 2002 – Tema “ A Formação de Professores à Luz da Investigação” (21, 22, 23 de Novembro) – Publicação das Actas 2003 – Editores Albano Estrela e Júlia Ferreira. (vol. I. pp. 656 e vol. II pp. 660-1308). -13ª Colóquio – 2003 – Tema “ Regulação da Educação e Economia “ ( 20, 21, 22 de Novembro) – Publicação 2004 – Editores Albano Estrela e Júlia Ferreira (vol. I, pp. 587). Jornais Jornal de Letras, Ano XXVI, Nº 933 de 5 a 18 de Julho de 2006. Revistas Investigar em Educação, Revista da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação, Julho 2002, Vol.1, nº1. L’ Année de la Recherche en Sciences de l’Education, AFIRSE, PUF, 1994, L’ Année de la Recherche en Sciences de l’Education, AFIRSE, Matrice, 2001. [21]