Actas do XIV Colóquio da AFIRSE | Para um Balanço da Investigação em Educação de 1960 a 2005. Teorias e Práticas
Actes du XIVème Colloque de l’AFIRSE | Pour un bilan de la Recherche en Education de 1960 à 2005. Théories et Pratiques
CONTRIBUIÇÃO PARA A INVESTIGAÇÃO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO: AS ACTAS DOS
COLÓQUIOS DA AFIRSE/AIPELF REVISITADAS
CONTRIBUTION A LA RECHERCHE EN SCIENCES DE L’EDUCATION : LES ACTES DES
COLLOQUES DE L’AFIRSE/AIPELF REVISITES
LAJES, Maria Alcina Almeida ([email protected]) & REIS, Sofia
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas | Universidade Nova de Lisboa
RESUMO
Em Portugal, as Ciências da Educação têm aproximadamente duas décadas de maior expansão e
visibilidade no Ensino Superior – sub-sistemas Universitário e Politécnico – graças à criação: 1) dos
Departamentos de Ciências da Educação e dos CIFOPS (Formação de Professores e a obtenção de graus
de Mestrado e Doutoramento); 2) de associações científicas (ex. Sociedade Portuguesa da Ciências da
Educação (SPCE), em 1990; 3) de novas publicações periódicas especializadas (ex. Revista Portuguesa de
Educação da Universidade do Minho, Educação, Sociedade e Culturas Revista da Associação de
Sociologia e Antropologia da Educação, Investigar em Educação...); 4) do Instituto de Inovação
Educacional (IIE);5)de editoras vocacionadas para as questões da Educação (ex. Educa, as constantes
colecções dos Livros Horizonte e as novas colecções da Afrontamento, da Porto Editora e da Asa...); 6)
de Projectos (financiados pela Fundação Gulbenkian, pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, pelo
IEE…); 7) de Colóquios (ex. secção portuguesa da AFIRSE/AIPELF, SPCE…).
Uma leitura das Actas dos Colóquios da AFIRSE/AIPELF – secção portuguesa - revela-nos naturalmente
uma evolução no tipo das comunicações se considerarmos: os aspectos temáticos (Avaliação, Escola...),
as opções metodológicas (metodologias quantitativas e qualitativas (inquérito por questionário,
etnometodologias…), a fundamentação teórica (ex. Teoria das Representações, teoria do currículo ...), a
bibliografia.
Deste modo, na nossa comunicação centramo-nos na leitura das Actas dos Colóquios da AFIRSE/AIPELF
– Secção Portuguesa, através de um instrumento heurístico – uma grelha – que nos vai permitir
descodificar em cada comunicação: os elementos de identificação (autor, nacionalidade, língua…), a
fundamentação teórica, base jurídica, a metodologia, os resultados do estudo e, enfim, a bibliografia.
RESUMO
Au Portugal, les Sciences de l’Education dans les deux dernières décennies connaissent une grande
expansion dans l’Enseignement Supérieur – Universitaire et Polytechnique – grâce à la création: 1) des
Départements de Sciences de l’Education dans les Universités et des IUFM; 2) des doctorats; 3) des
associations scientifiques (ex. La Société Portugaise de Sciences de l’Education), en 1990; 4) revues
spécialisées (ex. Revue Portuguesa da Educação da Université de Minho, Educação, Sociedade e Cultura
Revue de l’Association de Sociologie, Anthropologie et Cultures, Investigar em Educação); 5) l’Institut de
l’Innovation en Education; 6) éditeurs (Educa, l’émergence de nouvelles collections chez Porto et Asa
éditeurs ou la continuité chez Livros Horizonte; 7) des Colloques.
La lecture non exhaustive des Actes du Colloque de l’AFIRSE/AIPELF – section portugaise – nous révèle
une évolution en ce qui concerne la typologie des communications au niveau les thèmes (ex. Evaluation,
[1]
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l’Etablissement Scolaire…), des méthodologies (quantitatives et qualitatives) et de l’encadrement
théorique (ex. théorie des représentations sociales).
De ce fait, dans notre communication nous privilégions dans l’analyse des actes des colloques le type
d’étude (ex. empirique) ainsi que les méthodologies (ex. histoires de vie, questionnaire...) et, enfin, les
résultats obtenus.
1. Introdução1
Com o presente estudo, o nosso objectivo é dar uma contribuição para Um Balanço da
Investigação em Educação em Portugal de 1960 a 2005. Começamos por privilegiar dois
aspectos: contexto socio-político e socio-económico, para colocarmos a seguinte questão: O
que se faz em investigação em Educação em Portugal desde a década de sessenta até 2005?
(1)
Sem ser nossa intenção fazer um estudo exaustivo, tem toda a pertinência percorrermos a
Educação, para numa atitude compreensiva, destacarmos duas grandes dimensões.
Quanto ao contexto socio-político, em Portugal, na Investigação em Educação, tendo como
referências de natureza socio-política, desenham-se duas épocas distintas:1) Na década de
sessenta, em que domina o Centro de Investigação Psicopedagógico da Fundação Calouste
Gulbenkian (2) criado sobretudo para formar Monitores de Música no Centro Formação
Artística – Educação pela Arte e Educação Musical; 2) Na década de setenta, depois da
aplicação e implementação da Reforma Veiga Simão – 1974 - com a ideia de democratização
do ensino/educação, que dá lugar à criação e implementação quer de novos cursos, quer de
instituições. (cf. LBSE 86 e as respectivas reformulações), quer ainda à expansão do Ensino
Superior – sub-sistemas Universitário e Politécnico.
Do ponto de vista socio-económico, a globalização, sociedade de informação e economia de
conhecimento, tem como imperativos: níveis elevados de formação, redefinição da função das
instituições (Escola, Universidade). As exigências do mercado têm como efeitos, entre outros,
a aposta e maior investimento dos decisores políticos na Educação.
Desde modo, também, em Portugal, sobretudo, as Ciências da Educação entram no currículo
do Ensino Superior (na década de setenta e oitenta), na formação de professores, como
objecto de investigação, obtenção de graus académicos, associações científicas.
Na presente comunicação, o Objecto do nosso estudo consiste na análise das Actas dos
Colóquios da AFIRSE, realizados, pela secção portuguesa, por duas razões principais: 1. A
análise das Actas permite-nos ter acesso à evolução e dinâmica dos temas, dos
1
Dedicamos o nosso trabalho a Todos os que têm contribuído para a Investigação em Educação em Portugal, nestas cinco últimas
décadas. Destacamos, muito especialmente, os Professores Teresa e Albano Estrela que, através da secção portuguesa da AFIRSE,
têm mantido um ritmo regular, nos encontros científicos, contribuindo, assim, para a internacionalização e divulgação.
Este estudo insere-se no seminário de Métodos de Investigação em Educação do Mestrado em Ciências da Educação, área de
especialização em Educação, Comunicação e Linguagem. Colaboraram na análise do corpus, as mestrandas: Alcina Correia, Ana
Cordeiro, Maria João Coelho, Sandra Carvalho e Sofia Reis. À Sofia Reis um agradecimento muito especial - na qualidade de coautora - pela coordenação do grupo de trabalho, tratamento dos dados e coordenação /apresentação do estudo. O mérito deste
estudo deve-se, em grande parte, ao entusiasmo de todas as participantes, mas sobretudo ao espirito de iniciativa e de
investigação da Sofia Reis.
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modelos/fundamentação teórica, metodologias quantitativas e qualitativas do tipo de
investigação.
2. Problemática: Constituição e Delimitação do Objecto de Estudo
Deste modo, privilegiamos como objecto de estudo a análise das Actas dos Colóquios
organizados, em Lisboa, pela secção portuguesa da Association Francophone Internationale de
Recherche Scientifique en Education (AFIRSE), realizados entre 1990 (I Colóquio teve lugar em
9-10 de Fevereiro) e 2006 ( XIV Colóquio teve lugar em 16, 17, 18 de Fevereiro). Estamos
conscientes que, ao centrarmo-nos na análise das Actas dos Colóquios realizados, olhamos
apenas um ponto de vista da inscrição e desenvolvimento da Investigação em Educação de
1990-2005, em Portugal, entre os contextos possíveis, por exemplo: 1. As Ciências da Educação
no curriculum do Ensino Superior – conteúdos programático e graus académicos; 2.
Reconhecimento/aceitação da Comunidade Científica em relação ao estatuto epistemológico
das Ciências da Educação, como jeune née, novo campo científico; 3.
Representação/divulgação das Ciências da Educação, junto da opinião pública; 4. Investigação
propriamente dita e respectiva divulgação junto da comunidade educativa (educadores,
professores…); 5. Associações científicas e internacionalização.
Quanto aos graus académicos, é um dado adquirido o desenvolvimento exponencial das
Ciências da Educação, através dos: (i) diplomas universitários de licenciatura, mestrado,
doutoramento pós-doutoramento; (ii) Certificados de Estudos Superiores Especializados
(CESES) que proporcionaram o acesso ao grau de licenciado dos detentores dos cursos médios
(educadores de infância e professores do ensino primário).
No que concerne o reconhecimento/aceitação da Comunidade Científica, destacam-se duas
posições críticas antagónicas e radicais: rejeição versus aceitação.
Deste modo, os radicais têm uma visão redutora das Ciências da Educação visto que só vêem a
vertente tecnicista ( as estratégias…), por exemplo ensina-se o como e não se ensina o quê.
Por sua vez, os defensores das Ciências da Educação fundamentam o estatuto epistemológico
do Objecto quer através da natureza impura e da multireferencialidade (cf. Ardoino et al.,
1989) (3) , quer através da filiação ou parentesco com as Ciências Sociais como por exemplo:
Filosofia e Filosofia da Educação; Sociologia e Sociologia da Educação; Psicologia e Psicologia
da Educação…(cf. Carvalho, 1989), (4) quer ainda através da ideia de Novas Ciências da
Educação fundamentadas na complexidade e modelo sistémico (cf. Lerbet, 1990) (5) e, enfim,
sobre a denominação Ciência da Educação e/ou Ciências da Educação (cf. G. Mialaret, 1976)
(6) e a relação com a Pedagogia (cf. Estrela, 1992) (7) assim como a questão da pertinência no
Tempo/Lugar (cf. Estrela, 1999) (8).
No que diz respeito à representação (divulgação na imprensa e no senso comum) é curioso
imputar-se, por vezes, às Ciências da Educação, uma das causas da crise da Educação (quando
se enunciam os chavões tais como estratégias, facilitismo, não retenções…)da falência da
Escola (baixo nível, abandono escolar, falta de competências para a sociedade de economia de
mercado e de conhecimento).
[3]
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Enfim, quanto à investigação propriamente dita temos de ter em consideração as equipas de
investigadores nas várias Universidades Portuguesas e as produções científicas.
Como acima referimos, o objecto do nosso estudo consiste na análise das Actas dos Colóquios,
nacionais, da AFIRSE, por duas razões principais. Por um lado, a análise das Actas permite - nos
ter acesso à evolução e dinâmica dos temas, modelos teóricos, e metodológicos, nos aspectos
quantitativos e qualitativos.
Porém, antes de apresentarmos, o nosso estudo tem toda a pertinência reavivarmos a
memória em relação ao que existia a nível da Educação, em Portugal, de maneira sintética,
desde a década de sessenta.
3. Contribuição para um Estudo da Educação em Portugal: da década de
sessenta até à década de noventa
Como referimos na Introdução, ao colocarmos a questão: O que se fazia em Investigação em
Educação, em Portugal, desde a década de sessenta? Que instituições? Que orientações? Que
políticas educativas?
Sem ser nossa intenção fazer um estudo exaustivo, tem toda a pertinência destacarmos o
papel crucial da Fundação Calouste Gulbenkian e de certas iniciativas quer privadas, quer
oficiais.
Entre 1959 e 1975, Maria Madalena Perdigão é responsável por novas abordagens
pedagógicas ao nível da educação e da iniciação musical, cria os agrupamentos artísticos
residentes: a Orquestra (1962), o Coro (1964) e o Ballet (1965). Destacamos ainda a realização,
em 1971, do Colóquio sobre ensino artístico em Portugal. Em 1984, nasce, também sob a sua
direcção, o ACARTE no Centro de Arte Moderna.
O Centro de Investigação Psicopedagógico (CIP), com início nos anos sessenta, tem diversas
iniciativas muito meritórias e pioneiras perante a quase inexistência de formação teórica e
metodológica, em Portugal, no que diz respeito à iniciação musical e artística das crianças que
fundamentasse as práticas do ensino artístico e musical.
Em 1965, integram o Centro de Investigação Psicopedagógico da F. C. Gulbenkian os
Professores Breda Simões, Delfim Santos, Rui Grácio. Por sua vez, João dos Santos, Margarida
Mendo, Cecília Menano e Arminda Grilo integram a equipa de terapia do Júlio de Matos.
Assim, em 1965, o médico, Arquimedes Silva Santos, a convite do Professor Breda Simões,
assegura a docência de Psicopedagogia da Expressão Artística no Curso dos Monitores de
Música no Centro Artístico da F. C. Gulbenkian.
É de destacar entre 1965 e 1971, a criação dos Cursos de Psicopedagogia da Expressão
Artísticas nos cursos de Monitores de Música que destacamos a seguir:
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1. Formação Musical: (9)
- Cursos de Música Antiga com Safford-Cape, de Bruges, que tinha sido professor de Olga
Violante (1º curso realizado em 1953). Deste grupo funda-se o Grupo de Música Antiga de
Lisboa que durou entre 1964-1971, para, em seguida, dar origem ao grupo os Segreis de
Lisboa.
- Cursos de Educação Musical (Métodos Willelmes e Orff – Dalcroze, Chapuis, Chevais, Ward)
com o objectivo de formação de professores para iniciação musical de crianças.
-
Cursos de Regência Musical. - com Abbé Kaelin e depois com Michel Corbeau
que tiveram lugar nos primeiros Cursos de Verão efectuados na Fundação C. Gulbenkian que se
realizaram em Julho (de 1958, 1960, 1961, 1962).
2. Cursos de Psicopedagogia da Expressão Artística e Educação pela Arte
A estes cursos está ligado Arquimedes Silva Santos. Foram criados para dar preparação
pedagógica aos educadores. Foram professores Breda Simões, Rui Grácio, Marinho, Natália
Paes, Antónia Augusta.
Os primeiros alunos destes cursos do Centro de Investigação Pedagógica da Gulbenkian foram:
Maria Leonor Botelho, Sasseti, (Távora e Rosinda já falecidas).
3. Cursos de Iniciativa Privada com o objectivo da Expressão Artística e Educação pela Arte:
a) A Escola das Ratas – onde se ministrava educação artística com Madalena Cabral. A Casa
das Ratas fica situada atrás do Museu Nacional da Arte Antiga. A designação deve-se ao mau
estado de um edifício grande e abandonado.
b) O atelier de Cecilia Menano – a nível privado – onde se fez educação para a pintura como
nas “escolinhas de arte”, brasileiras de “educação artística”.
c) O Centrinho – da iniciativa de Maria Leonor Botelho onde se inovou ao nível pedagógico e
artístico. Maria Leonor Botelho estagiou no atelier de Cecília Menano, depois, em Paris,
estagiou com A. Stern, para além de seguir aulas com Piaget, Zazzo e Cousinet (ainda na
década de 50). Formou Auxiliares de Educadoras de Infância, na Formação organizada pelo
Ministério da Saúde e Assistência.
d) O Castor - da iniciativa de Ivone Freitas Leal, foi fundado em 1958, teve instalações em
Santo Amaro de Oeiras, e em Lisboa, na Tv. da Fábrica das Sedas, na Rua Nova de São Bento e
por fim no Poço dos Negros. Com o fecho 1958 estas instalações passam para “O Nosso
Jardim” de Maria Urlich. Começou por ser ensino infantil (Castorzinho) estendendo-se, depois,
para o ensino primário (Castor). Grande inovação pedagógica e artística com fundamento na educação integral- baseada na pedagogia da Escola Nova. (10)
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4. No Ensino Pré-escolar - Ensino Privado – Educadores de Infância, destacamos:
a) Maria de Lima Mayer Ulrich (1908- 1988) – Funda a Associação de Pedagogia Infantil
constituída pela Escola de Educadoras de Infância e pelo Colégio O Nosso Jardim. (cf.
Nóvoa, 2003, p. 1387).
b) Maria Teresa Guedes de Andrade Santos (MITZA) (1918-1977) – Em 1948, funda o Jardim
Infantil O Beiral que passou a designar-se Escola Beiral, em 1954, passando a integrar o
Ensino Primário. Também, em 1954, funda o Instituto de Educação Infantil para formar
Educadores de Infância. (cf. Nóvoa, idem, p. 1279).
c) Maria da Luz de Deus Ramos Ponces de Carvalho (1918-1999) (neta de João de Deus
Nogueira Ramos (1830-1896) – Assume a presidência da direcção da Associação Jardins –
Escolas João de Deus, após a morte de seu pai. (Nóvoa, idem, p. 469). (11)
5. Na Pedagogia:
a) A Casa da Praia (1975) da iniciativa de João dos Santos (1913-1987) com todos os que
puderam conviver com a personalidade e pedagogia de intervenção para as crianças com
dificuldades. Na década de 50, cria também: O Centro Helen Keller, a Associação de Surdos, o
Centro de Paralisia Cerebral, o Centro de Psicopedagógico, o Centro de Saúde Mental Infantil
(cf. Nóvoa, idem, pp. 1264-1277)
b) O Colégio Vasco da Gama, em Meleças, do Padre Nabais. Gerações de alunos em
dificuldade puderam beneficiar da pedagogia verdadeiramente inovadora.
6. Ao nível de personalidades:
Sebastião da Gama – E o Diário que marcou várias gerações.
Delfim Santos – E a Pedagogia existencial.
7. Ministério da Educação Nacional:
a) Formação de Professores ao nível do Ensino Primário (Escolas do Magistério Primário) com
as seguintes disciplinas: Pedagogia, Psicologia da Educação, Didáctica Geral e Específica,
Higiene; Educação Moral e Religiosa
b) Formação Pedagógica dos Professores do Ensino Secundário – Nas Faculdade de Letras
tinham as denominadas pedagógicas: Pedagogia e a Psicologia da Educação,
É de notar
que a Pedagogia de Emile Planchard foi a bíblia para gerações de professores/pedagogos. (12)
c) Formação de Professores do Ensino Especial no Instituto António Aurélio da Costa Ferreira
(deficientes mentais, surdos e cegos), tendo a Dra. Irene Leite da Costa, como directora, nos
anos sessenta.
[6]
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4. Apresentação da Pesquisa
No nosso estudo, análise das Actas dos Colóquios da AFIRSE, secção portuguesa, temos como
objectivo responder às seguintes questões:
-
Questão - Qual a natureza dos estudos: teóricos, empíricos e quais as metodologias
utilizadas?
-
Questão - Quais as línguas das comunicações?
-
Questão - Quais as referências bibliográficas?
O nosso estudo é de tipo exploratório. O nosso objectivo principal é ter a
percepção da evolução (ou não evolução) das pesquisas em Ciências da Educação, através das
várias comunicações apresentadas ao longo de quase duas décadas.
O corpus extensivo é constituído pelas quinze Actas dos congressos realizados pela secção
portuguesa da AFIRSE, na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação de Lisboa. É de
notar, contudo, que as quinze Actas integram treze dos congressos nacionais e Duas Actas dos
congresso internacionais.
As treze Actas – dos Colóquios nacionais – revelam: 1) um leque importante da escolha dos
respectivos temas: por exemplo, Metodologias de Investigação, A Avaliação, A Escola como
Objecto de Estudo, A Pedagogia Diferenciada…. (cf. bibliografia). Ainda mais: a escolha dos
temas desde 1990 (I Colóquio) vai acompanhando as problemáticas educativas ( ex. A Reforma
Curricular em Portugal e nos Países da Comunidade Europeia (1991)); A Indisciplina e Violência
Escolar (2001)); 2) um aumento exponencial de participantes (com comunicação, por exemplo:
Actas do I Colóquio, 1990, pp. 218; Actas do VI Colóquio, 1995, vol. I. pp. 598, vol. II. pp. 629.
Porém, limitamos - nos a um corpus aleatório, constituído pelas seguintes Actas:
Quadro 1
Número de
Colóquios
I
II
III
V
VI
Data de
Realização
1990
1991
1992
1994
1995
VIII
IX
1997
1999
X
Total
2001
Tema
La Recherche-Action en Education
Reforma Curricular
Avaliação em Educação
A Escola – Um Objecto de Estudo
Formação, Saberes Profissionais e
Situações de Trabalho (Vol.I)
A Decisão em Educação
Diversidade e Diferenciação em
Pedagogia
Tecnologias em Educação
Número de
Comunicações
34
28
47
65
35
64
7
54
334 (total)
Número de
Páginas
218
458
617
930
Vol. I – 597
Vol. II - 630
912
772
853
A escolha do corpus limitada à análise das oito Actas, deve-se a duas razões principais:
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a) Os constrangimentos de tempo – o estudo foi efectuado com os alunos inscritos
no seminário de Métodos de Investigação em Educação, do ano lectivo de 20052006;
b) As diferenças tanto no número de comunicações como na própria abordagem
científica e metodológica subjacente às diferentes Actas. Nos procedimentos
metodológicos na abordagem do corpus, tivemos em conta uma análise de tipo
quantitativo e qualitativo.
Os procedimentos de análise foram os seguintes: (13)
Cada uma das oito Actas, que constituem o nosso corpus, foi analisada tendo como unidade
de análise cada comunicação independentemente da dimensão da mancha tipográfica (duas
páginas a dez páginas).
a) Negligenciámos os resumos (quer em português, quer em francês).
b) Não partimos de uma grelha pré- existente, para definir as categorias da nossa análise.
c) As categorias resultantes da codificação das unidade de registo e das unidades de
contexto foram estabelecidas após uma primeira leitura flutuante dos textos das
comunicações. Usamos o termo texto no sentido mais lato, isto é qualquer documento
escrito, neste contexto cada comunicação. (Cf. L. Bardin, 1980).
d) As sete categorias por nós recenseadas são as seguintes:
1) Estudos teóricos: esta categoria integra apresentação, descrição e reflexão critica de
paradigmas, modelos, teorias e conceitos operatórios no campo educativo.
2) Estudos empíricos: seguimos a definição clássica (cf. J. F. de Almeida e J. Madureira Pinto,
1987).
3) Estudo de caso: tendo como unidade “Uma Escola”, ou “Um aluno”, por exemplo.
4) Investigação – acção: (cf. A.J. Esteves, 1987).
5) Histórias de vida: esta categoria integra as narrativas biográficas ou histórias de vida (cf. M.
C. Josso, 2002, J. Poirier et al., 1999).
6) Projecto: esta categoria integra a investigação por/de Projecto (cf. J. P. Boutinet, 1999, J.
Vassilef, 1995). (14)
7) Mista/Varia: esta categoria é auto-referencial visto que integra referências a comunicações
proferidas em edições de Actas (dos Colóquios anteriores).
Convém, contudo, assinalar que o instrumento heurístico – constituído – pelas categorias que
acabamos de enunciar, foi testado na leitura/análise das Actas do IX Colóquio (1999) –
Diversidade e Diferenciação em Pedagogia. Deste modo, no quadro de síntese do nosso corpus,
consideramos apenas as sete comunicações.
[8]
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5. Análise dos resultados: análise quantitativa
1ª Questão – Qual o tipo de investigação e de metodologia?
a) Análise global (cf. Quadro 1 e Quadro 2)
Em primeiro lugar, é de assinalar que num total de 334 comunicações escrutinadas nas Actas
analisadas (I, II, III, V, VI, VIII, IX, e X Colóquios), verificamos a seguinte distribuição (cf. Quadro
2).
Cerca de 69% (227) relevam da categoria estudos teóricos que integram, modelos teóricos,
análise, conceitos operatórios. Em seguida, vem a categoria de estudos empíricos com 18%
(60). Seguem-se as categorias investigação - acção com 5% (17) e varia/mista com 5% (18),
respectivamente. Por fim, as categorias estudo de caso e projecto de investigação com as
percentagens de 1% (4) e 2% (8) casos, respectivamente.
Quadro 2
1. Estudo Teórico
2. Estudo Empírico
3. Estudo de caso
4.Investigação-Acção
5. Projecto intervenção
6. Misto
TOTAL
227
60
4
17
8
18
334
Figura 1
Tipos de Estudo
1. Estudo Teórico
227
2. Estudo Empírico
3. Estudo de caso
4.Investigação-Acção
5. Projecto intervenção
18
8
17
4
60
6. Misto
[9]
69%
18%
1%
5%
2%
5%
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b) Distribuição das sete categorias por cada Acta
Análise especifica das sete categorias (Estudos teóricos, Estudo empírico, Estudo de caso,
Estudo de Investigação-acção, Estudo de Projecto, Varia/Misto) distribuição por cada
Colóquio. (Cf. Figuras 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9).
Figura 2
Figura 3
I Colóquio
II Colóquio
50
50
40
40
30
30
20
20
10
10
0
Estudo Empírico
Estudo Teórico
5
23
Série1
0
Investigação-Acção Projecto intervenção
4
2
Estudo Empírico
Estudo Teórico
Investigação-Acção
2
25
1
Série1
Figura 4
Figura 5
III Colóquio
V Colóquio
50
50
40
40
30
30
20
20
10
10
0
Série1
Estudo Empírico
Estudo Teórico
Estudo de caso
Misto
6
35
3
3
0
Série1
Figura 6
Estudo Empírico
Estudo Teórico
Estudo de caso
Investigação-
Projecto
20
38
1
4
2
Figura 7
VIII Colóquio
VI Colóquio
50
50
40
40
30
30
20
20
10
10
0
0
Série1
Estudo Empírico
Estudo Teórico
Estudo de caso
Investigação-
Projecto
3
22
1
7
2
Série1
[10]
Est udo Empí rico
Est udo Teórico
Mist o
8
43
13
Actas do XIV Colóquio da AFIRSE | Para um Balanço da Investigação em Educação de 1960 a 2005. Teorias e Práticas
Actes du XIVème Colloque de l’AFIRSE | Pour un bilan de la Recherche en Education de 1960 à 2005. Théories et Pratiques
Figura 8
Figura 9
IX Colóquio
X Colóquio
4
50
3
40
30
2
20
1
0
Série1
10
Estudo Empírico Investigação-Acção
3
1
Projecto
Misto
2
1
0
Série1
Estudo Empírico
Estudo Teórico
13
41
-
Estudos teóricos - Se tivermos em consideração, a categoria estudos teóricos
verificamos que os valores oscilam entre aproximadamente 23% e 25% (I Colóquio, II
Colóquio) elevando – para 36% e 38% (III Colóquio, V Colóquio) e atingindo a
percentagem de 43% (VIII Colóquio) e 41% (X Colóquio).
-
Estudos empíricos - os dados são os seguintes: os valores percentuais ligeiramente
inferiores a 5% distribuem-se pelos (I Colóquio, II Colóquio, VI Colóquio). Ora, os valores
elevam-se para de 20% (V Colóquio) , e descem para cerca de 13% (X Colóquio),
continuando a baixar para 8% (VIII Colóquio) e 6% (III Colóquio).
-
Estudo de caso - há a destacar a percentagem apenas de valores que oscilam entre 3% e
1% (III Colóquio, V Colóquio e VI Colóquio).
-
Estudo de investigação-acção - é de relevar a percentagem de 4% (I Colóquio, II
Colóquio e V Colóquio); a percentagem mais elevada de 7% (VII Colóquio) que desce
para 1% (II Colóquio).
-
Estudo de projecto de intervenção – as percentagens de 5% (I Colóquio) e de 2% (II
Colóquio, V Colóquio e VI Colóquio).
-
Categoria varia/mista - convém destacar a percentagem mais baixa de 3% (III Colóquio)
elevando-se a 13% (VIII Colóquio).
2ª Questão – Quais as línguas das comunicações utilizadas ?
A leitura do quadro Comunicações (cf. Quadro 3 e Figura 10) revela-nos que num total de
334 (100%) de comunicações, como era de esperar, cerca de 269 (80%) foram proferidas em
português, descendo para 59 (18%) proferidas em francês e 6 (2%) em espanhol.
Não é de estranhar a percentagem de 18% (59) comunicações proferidas em francês,
atendendo, por um lado, à filiação entre a AFIRSE e a secção portuguesa da AFIRSE; e, por
outro lado, à “familiaridade científica”, sobretudo, com a Universidade de Caen, mas,
também, com as Universidades de Paris8, Grenoble, entre outras.
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Actas do XIV Colóquio da AFIRSE | Para um Balanço da Investigação em Educação de 1960 a 2005. Teorias e Práticas
Actes du XIVème Colloque de l’AFIRSE | Pour un bilan de la Recherche en Education de 1960 à 2005. Théories et Pratiques
Quadro 3
Comunicações em língua portuguesa
Comunicações em língua francesa
Comunicações em língua espanhola
TOTAL
269
71
7
334
80%
18%
2%
Figura 10
Comunicações
269
71
7
Língua portuguesa
Língua francesa
Língua espanhola
3ª Questão – Quais as línguas das referências bibliográficas?
Uma primeira leitura do quadro Referências bibliográficas (cf. Figura 11) –do ponto de vista
global - revela-nos que 80% nos remetem para não periódicos, descendo para 18% as
referências a periódicos e, enfim, para 2% as referências outras/varia (integra: referências a
Actas, Mestrados, Doutoramentos, Investigação)
Quadro 4
Não periódicos
Periódicos
Outros
TOTAL
3823
865
103
4796
Figura 11
Referências bibliográficas
3823
Não periódicos
Periódicos
Outros
103
[12]
865
80%
18%
2%
Actas do XIV Colóquio da AFIRSE | Para um Balanço da Investigação em Educação de 1960 a 2005. Teorias e Práticas
Actes du XIVème Colloque de l’AFIRSE | Pour un bilan de la Recherche en Education de 1960 à 2005. Théories et Pratiques
Porém, se tivermos em consideração uma leitura específica, contemplando cada Colóquio
per se (cf. Figura 12) –, verificamos o seguinte:
-
Quanto aos periódicos - a distribuição mantém-se quase uniforme ao longo do 2º
Colóquio, VIII Colóquio e X Colóquio. É de assinalar a subida – o pico – no
V
Colóquio, descendo para o VI Colóquio.
-
Quanto aos não periódicos – a distribuição revela um pico mais elevado de 300 para 900
no V Colóquio, descendo para o III Colóquio e elevando novamente no VIII Colóquio.
-
Outros/varia – como acima enunciámos, trata-se da remissão/referências para Actas
anteriores, naturalmente. É de notar que a distribuição é mínima ao longo dos sete
Colóquios, em análise.
Figura 12
1200
1100
1000
900
800
Bibliografia
700
600
500
Não
Periódico
400
Periódico
300
Outros e
Actas
200
100
0
1º Colóquio
2º Colóquio
3º Colóquio
5º Colóquio
6º Colóquio
8º Colóquio
10º Colóquio
Em seguida, porém, tentámos afinar a nossa análise das Referências Bibliográficas, segundo
os seguintes critérios:
1º. Para a categorização, consideramos a língua de edição (português de sistema de
Portugal, português de sistema do Brasil, francês, inglês e espanhol) utilizada pelos
comunicantes e a distribuição, por cada Acta de Colóquio.
2ª Para a quantificação, consideramos a língua da edição referida pelo autor da
comunicação (por exemplo, Piaget é quantificado em português, se o autor da
comunicação usar a tradução portuguesa de Portugal).
3º Na quantificação, não afinámos a análise, limitámo-nos a fazer uso dos valores
brutos.
Depois das convenções e critérios enunciados, vamos apresentar a leitura dos dados que
dizem respeito às Referências Bibliográficas.
De acordo com a leitura do dados (cf. Quadro 4, Figura 12), podemos observar os aspectos
salientes seguintes:
a) A predominância da língua francesa no I Colóquio (1990) com o tema La
Recherche en Education.
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b) A predominância da língua inglesa no II Colóquio (1991), com o tema Reforma
Curricular do Ensino em Portugal e na Comunidade Europeia.
c) A predominância da língua portuguesa sobretudo a partir do V Colóquio (1994)
com o tema Escola um Objecto de Estudo.
d) A predominância mais elevada da língua portuguesa no VIII Colóquio (1997) com
o tema A Decisão em Educação.
É de notar que as tendências que acabamos de enunciar dizem respeito às referências
bibliográficas mencionadas nas comunicações.
Podemos como hipótese interpretativa associar o boom das referências bibliográficas em
português de Portugal (como acima referimos a partir do V Colóquio (1994)) à investigação e
à produção editorial com destaque para o Instituto de Inovação Educacional (IIE) –
substituído pela DGIDC - a Educa sob a coordenação do Professor António Nóvoa, a Colibri
sob a coordenação do Dr. Fernando Mão de Ferro...
Quadro 4
I Colóquio Nacional
II Colóquio Nacional
III Colóquio Nacional
V Colóquio Nacional
VI Colóquio Nacional
VIII Colóquio Nacional
IX Colóquio Nacional
X Colóquio Nacional
Inglês
Francês
Português Pt
Português Br
23
195
117
293
167
328
69
250
97
54
100
366
203
177
16
94
3
37
63
354
135
260
26
190
2
1
66
2
247
17
181
Figura 13
10 Colóquio Nacional
09 Colóquio Nacional
08 Colóquio Nacional
PBr
PPt
fr
ing
06 Colóquio Nacional
05 Colóquio Nacional
03 Colóquio Nacional
02 Colóquio Nacional
01 Colóquio Nacional
0
100
200
[14]
300
400
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6. Discussão dos Resultados e Hipóteses Interpretativas
A análise quantitativa global revela-nos que nas comunicações escrutinadas predominam os
estudos de tipo teórico 69% (227) em detrimento dos estudos empíricos 18% (60).
Quanto aos estudos empíricos (18%) as metodologias utilizadas apresentam percentagens
compreendidas entre 5% (Varia, por exemplo, questionário, entrevista),diminuindo para 2%
(para estudo de projecto) e, enfim, para 1% (estudo de caso).
Deste modo, a resposta à primeira questão - Qual o tipo de pesquisa? Qual o tipo de
metodologia? – é atestada pela análise quantitativa: as comunicações têm a prevalência de
estudos teóricos, que integram, por exemplo:
a) Concepções teóricas sobre:
“ curriculum (cf. Actas do IIº Colóquio, p.41);
“ implementação” (cf. idem, p. 51);
b) Definições: ex.
“ avaliação formativa” e “avaliação sumativa” (cf. idem, p. 113);
“ reforma curricular” (cf. idem, p. 222);
“ Estabelecimento escolar: Objecto científico a definir” (Cf. Actas do Vº Colóquio,
p. 45);
“ Educação não-formal” (cf. idem, p. 317).
c) Modelos teóricos: ex.
“De pedagogia e de gestão” (cf. Actas do V Colóquio, p. 65);
“ Análise Institucional e estabelecimento escolar (cf. idem, p. 69);
“ Tomada de decisão: modelos teóricos o modelo clássico; modelo administrativo; Modelo
incremental; (cf. Actas do V Colóquio, p. 410).
Por outras palavras, as comunicações ainda remetem mais para estudos de carácter
descritivo, analítico, reflexivo de modelos teóricos do que para investigação empírica. É
contudo conveniente ressalvar a ideia de que entre 1990-2005, por um lado, se defenderam
dissertações de mestrado e de doutoramento, e, por outro lado, se efectuaram estudos
empíricos integrados em Projectos de Investigação (quer financiados, pelo FCT, quer pela
Gulbenkian, quer ainda, pelo Instituto de Inovação Educacional (IIE). (15)
Como hipótese interpretativa da baixa percentagem de estudos empíricos pensamos que se
deve ao facto de os alunos que estão preparando (ou já defenderam dissertações de
mestrado e de doutoramento) ou que integram grupos de investigação não têm o habitus de
apresentar comunicações nos Colóquios, mostrando-nos o capital científico, em elaboração.
No que concerne os estudos empíricos (18%) as metodologias utilizadas, também,
naturalmente, relevam de percentagens pouco elevadas. Ilustramos os estudos empíricos
com os seguintes exemplos: a) questionário – integração de crianças com NEE (cf. Actas do
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VIII, pp. 476-479); b) questionários, observação, e entrevistas – gestão escolar e processos
de tomada de decisão (Cf. Actas do VIII Colóquio, p. 500-3); c) entrevistas – a decisão de
ingresso na profissão docente (cf. Actas do VIII, pp. 658-659); d) Estudo de caso - “A tomada
de Decisão no Novo Modelo de Gestão das Escolas do Ensino Básico e Secundário – Um
Estudo de Caso” (cf. Actas do V Colóquio, p. 410); e) Investigação – acção – (cf. Actas do Iº
Colóquio, “saberes produzidos no ensino da língua”, pp. 93-95).
e) Histórias de Vida: exs: “Histórias de Vida - uma estratégia de investigação aplicada à
formação de professores” (cf. Actas do I Colóquio, p.215)
f)
Projecto: exs: CERI” (cf. Actas do Vº Colóquio, p. 31; e de “ Educação e Diversidade
Cultural” (cf. idem, p. 39).
Em relação à questão da língua das comunicações, naturalmente que é o português, apesar
dos muitos participantes francófonos (canadianos, mas sobretudo franceses), uma vez que
se trata, por um lado, da secção portuguesa da AFIRSE, e, por outro lado, dos “laços de
família científica” (com os pioneiros das Ciências da Educação como G. Mialaret, J. Ardoino,
G. Berger…) especialistas como G. Figari, G.L. Baron…
No que diz respeito à bibliografia, é de assinalar que as publicações periódicas – revistas da
especialidade - são menos referidas (18%) do que as não periódicos (livros, enciclopédias…)
(80%). Ora, quanto aos não periódicos a distribuição revela um pico mais elevado de 300
para 900 no V Colóquio e no VIII Colóquio. A oscilação dos valores quantitativos pode estar
relacionada com o tema do Colóquio (A Escola, V Colóquio; e a Decisão em Educação,
VIIIColóquio), assim como com o número de participantes com comunicação. Assim, é de
notar que as Actas do IX Colóquio têm 912 páginas e as Actas do V Colóquio têm, também,
930 páginas.
Quanto às referências bibliográficas inventariadas, é interessante observar numa leitura
horizontal - que a partir do V Colóquio (1994) começam a aumentar consideravelmente as
obras editadas em língua portuguesa. Na verdade, embora diminuindo para 260 no VIII
Colóquio (1997) contra as 354 do V Colóquio.
Ainda, quanto às referências bibliográficas, é de assinalar, também, as oscilações
quantitativas entre as referências bibliográficas em inglês e em francês. Se no I Colóquio
(1990) há 97 referências em francês, 23 em inglês e apenas 3 referências em português (de
Portugal) e, enfim, 3 (outras línguas, como o espanhol). Ora, no VIII Colóquio (1997) as
referências são respectivamente: 177 (francês); 328 (inglês); 260 (português/Portugal); 247
(português/Brasil) e 75 (outras línguas, como o espanhol).
De facto, as referências bibliográficas não só se diversificaram do ponto de vista qualitativo,
mas também adquiriram mais importância quantitativa.
Por sua vez, a análise das referências bibliográficas, também, nos leva a aceitar a assumpção
que há uma evolução quantitativa e qualitativa na fundamentação das comunicações,
independentemente das oscilações do número dos comunicantes e número de páginas ao
longo das oito Actas dos Colóquios analisados.
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Uma Palavra Final
Ao finalizarmos o presente estudo, estamos verdadeiramente conscientes dos limites. É
pertinente lembrar que foi elaborado no âmbito de um seminário de Metodologias de
Investigação em Educação, no Mestrado em Ciências da Educação.
Deste modo, a nossa análise centrou-se num corpus limitado.
A análise quantitativa realizada ao corpus foi exaustiva, contudo, seria necessário, após o
escrutínio realizado submete-lo ao método dos juizes para confirmar o grau de concordância
da categorização.
Em paralelo, verificámos que os temas dos Colóquios condicionam os títulos das
comunicações, mas a riqueza temática destas sugere uma análise de conteúdo aprofundada
com o intuito de determinar quais os paradigmas, as teorias e os conceitos que lhes estão
subjacentes (ex. Competências: Perrenoud; Teorias da Violência –Lorenz,C., Freud S., Girard
R., Avaliação – Figari; Pedagogia Diferenciada Em relação aos descriptores da análise do corpus, das sete categorias escrutinadas é um
imperativo afinar, sobretudo, a análise da categoria Estudos Teóricos, para recensear as
teorias, conceitos operatórios, modelos de autores que são mais utilizados na investigação.
Quanto ao tipo de investigação, é de assinalar sobretudo a invisibilidade de estudos
empíricos ao longo dos Colóquios, visto que há uma discrepância – quantitativa - entre os
estudos teóricos e os estudos empíricos.
Uma palavra final, em relação à própria internacionalização (participantes de língua
francesa, inglesa, espanhola) e importância como núcleo gerador e impulsionador da
investigação em Educação, ao longo destas duas últimas décadas.
NOTAS
(1) Ver NÓVOA (A.) (org.), 1993, A Imprensa de Educação e Ensino – Repertório Analítico
(século XIX-XX), Edição do Instituto de Inovação Educacional.
----------------------------(dir. de), 2003, Dicionário de Educadores Portugueses, Asa.
(2)
Ver, sobretudo, Estatutos da Fundação Calouste Gulbenkian em que um dos pilares é a
Educação. Ver, também, Arquimedes da Silva Santos, 2000, Educação pela Arte –
Estudos de Homenagem, Livros Horizonte (Depoiamentos de Elizabete Oliveira, Natália
Paes, entre outros). Ver Jornal de Letras, Ano XXVI/Nº 933 de 5 a 18 de Julho de 2006
(depoimentos sobre o pilar Educação e a obra anunciada para comemorar os cinquenta
anos das actividades da Fundação). Ver, também Maria Filomena Monica, 2006,
Bilhete de Identidade, Aletheia (em que a autora refere –como bolseira – o Instituto de
Investigação de Pedagogia da F.C. Gulbenkian, dirigido pelo Professor Rui Grácio).
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(3)
Ver J. Ardoino, G. Berger “ Les Sciences de l’Education: analyseurs paradoxaux des
autres sciences? “ in L’Année de La Recherche en Sciences de l’Education, Puf, 1994, pp.
51. (Este número contém outros artigos importantes).
(4)
A. Dias de Carvalho, 1988, Epistemologia das Ciências da Educação, Edições
Afrontamento.
(5)
G. Lerbet, 1995, Les Nouvelles Sciences de l’Education, Nathan Pédagogie.
(6)
Cf. J. García Carrasco, 1997, As Ciências da Educação – Pedagogos para
Quê?, Brasília Editora. G. Mialaret, 1976, As Ciências da Educação, Moraes.
(7)
A. Estrela, 1992, Pedagogia , Ciência da Educação? , Porto Editora.
(8) -------------, 1999, O Tempo e o Lugar das Ciências da Educação, Porto Editora. (9)
Participaram nos Cursos de Música Antiga: Maria Amélia Abreu (soprano), Maria Raquel
Botelho (soprano), Duarte Lino Pimentel (flauta de bisel), Oliveira e Silva (viola da gamba),
Pilar Levy (viola da gamba), Helena Claudia (?) e Manuel Morais (alaúde).Agradecemos muito
especialmente à Arquitecta Elizabete Évora Nunes, que frequentou os referidos cursos e que
nos concedeu o privilégio de podermos contactar pessoalmente as primeiras alunas.
(10) Agradecemos as entrevistas generosamente concedidas por Maria Leonor Botelho e
Ivone Freitas Leal. A riqueza dos seus depoimento sobre as acções pedagógicas inovadoras
que realizaram, são objecto de um trabalho mais aprofundado, já em curso.
(11) Ver A. Nóvoa, 2003, Dicionário de Educadores Portugueses, Asa.
(Diversos verbetes).
(12) “Existirão, ou não, as Ciências Pedagógicas?” (Planchard, 1973). Na década de setenta,
Émile Planchard reflectiu sobre o estatuto epistemológico da Pedagogia num cruzamento
com as Ciências Sociais (Psicologia, Antropologia e Sociologia). A chamada “refundação das
ciências da educação”, que tem lugar em Portugal, a partir dos anos setenta não pode
negligenciar toda a reflexão teórica e prática da pedagogia de Émile Planchard. Ver A.
Nóvoa, ibidem, pp. 1108 - 1111.
(13) Agradecemos ao Professor Doutor Luís Crespo a sugestão de analisarmos o corpus
seguindo os critérios utilizados na Biblioteca Nacional, para que estes estudos não fiquem
confinados a uma gaveta. Porém, a morosidade do preenchimento de cada ficha – por se
tratar de num estudo feito no âmbito de um seminário de mestrado – levou-nos a uma
análise de bricoleur.
(15) Quanto à fundamentação teórica das sete categorias baseamo-nos nos seguintes
autores: J.F. de Almeida e J. Madeira Pinto “ Da Teoria à Investigação Empírica, Problemas
Metodológicos Gerais” in Metodologia das Ciências Sociais de A. Santos Silva et al.,
Afrontamento, 1987, pp. 55-78; A. J. Esteves, “ A Investigação – Acção” idem, pp. 253-278;
M.A. Josso, 2002; J. Poirier et al.,1999; J. Vassilef, 1995; J-P. Boutinet, 1996. (Cf. bibl.).
(14) Ver, por exemplo, Investigar em Educação – Revista da Sociedade Portuguesa de
Ciências da Educação, Julho de 2002, Vol. 1, nº1. Neste número, estão inventariados, por
Luisa Cortesão et al., entre outros, os Projectos no âmbito sócio-cultural.
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Referências bibliográficas
1.
Obras de Referência – Ciências da Educação e Metodologias de Investigação
ARDOINO (G.), “ Les Objets de la Recherche en Sciences de l’Education” in l’Année de la Recherche en
Sciences de l’Education, PUF, 1994, pp. 9-29.
BOUTINET (J.P.), 1996, Antropologia do Projecto, Piaget (ed. fr. 1990).
CARRASCO (J. García), 1987, As Ciências da Educação, Brasília Editora.
CARVALHO (A.Dias de), 1988, Epistemologia das Ciências da Educação, Edições Afrontamento.
ESTRELA (A.), 1992, Pedagogia, Ciência da Educação?, Porto Editora.
-------------------, 1999, O Tempo e o Lugar das Ciências da Educação, Porto Editora.
HERRERO (J.), s.d., A Pedagogia de Sebastião da Gama, Editorial O Livro.
JOSSO (M.C.), Histórias de Vida e Formação, 2002, Educa.
LERBET (G.), 1995, Les Nouvelles Sciences de L’Education, Nathan.
MIALARET (G.), 1980, As Ciências da Educação, Moraes .
NÓVOA (A.) (org. de), 1993, A Imprensa de Educação e Ensino – Repertório Analítico (Séculos XIX-XX),
Instituto de Inovação Educacional.
NÓVOA (A.), (dir. de) 2003, Educadores Portugueses, Asa.
PLANCHARD (E.), Pedagogia, Almedina.
POIRIER (J.) et al., 1999, Histoires de Vie, Celta.
SANTOS SILVA (A. Santos), et al., 1987, Metodologia das Ciências Sociais, Afrontamento.
SILVA (J. Coelho), «Das Ciências com Implicações na Educação à Ciência específica da Educação» in
Revista Portuguesa de Pedagogia, ano XXV, 1991, pp. 24-45.
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Actas do XIV Colóquio da AFIRSE | Para um Balanço da Investigação em Educação de 1960 a 2005. Teorias e Práticas
Actes du XIVème Colloque de l’AFIRSE | Pour un bilan de la Recherche en Education de 1960 à 2005. Théories et Pratiques
VASSILEF (J.), 1995, Histoires de Vie et Pédagogie du Projet, Chronique Sociale.
2. Actas dos Colóquios da AFIRSE
*Colóquio Internacional -1988 – Tema “ La Méthode de la Recherche en Education (21,22 de Maio) –
Publicação das Actas 1990 – s.n. – (vol. I. pp. 390; vol. II. pp. 659). Francês e Português.
- I Colóquios - 1990 – Tema “ La Recherche-Action en Education – Problèmes et Tendances (9-10 de
Fevereiro de 1990) – Publicação das Actas 1992 – Editores Albano Estrela e Maria Eugénia
Falcão. (vol. pp. 218).
- II Colóquio - 1991 – Tema “ A Reforma Curricular em Portugal e nos Países da Comunidade
Europeia” (22-23 de Novembro de 1991) – Publicação das Actas 1992 – Editores Albano Estrela
e Maria Eugénia Falcão. (vol. I. pp. 458).
- III Colóquio - 1992 - Tema “ Avaliação em Educação” (20-21 de Novembro) – Publicação das Actas
1993 – Editores Albano Estrela, Júlia Ferreira, Ana Paula Caetano. (vol. I. pp. 601).
- IV Colóquio - 1993 – Tema “ Desenvolvimento Curricular e Didáctica das Disciplinas” (19-10 de
Novembro) – Editores Albano Estrela e Júlia Ferreira. (vol. I. pp. 732).
- V Colóquio – 1994 – Tema “ A Escola um Objecto de Estudo” (17, 18, 19 de Novembro de 1994) –
Publicação das Actas 1995 – Editores Albano Estrela, João Barroso, Júlia Ferreira. (vol. I. pp.
90).
- VI Colóquio - 1995 – Tema “ Formação – Saberes Profissionais e Situações de Trabalho” ( 16, 17, 18
de Novembro) – Publicação das Actas 1996 – Editores Albano Estrela, Rui Canário, Júlia
Ferreira. (vol. I. pp. 598; vol. II. pp. 629).
- VII Colóquio – 1996 – Tema ”Métodos de Investigação em Educação” ( ) Publicação das Actas 1997
– Editores Albano Estrela e Júlia Ferreira. (vol. )
- VIII Colóquio – 1997 – Tema “ A Decisão em Educação” (29,21, 22 de Novembro), Publicação das
Actas 1998 – Editores Albano Estrela e Júlia Ferreira. (vol. I. pp. 936).
* Colóquio Internacional - 1998 - Tema “ Educação e Política” (10, 11, 12 de Setembro), Publicação
das Actas 1999 – Editores Albano Estrela e Júlia Ferreira.
Nota: Colóquio Internacional da AFIRSE/ organizado pela secção portuguesa. (vol. I. pp. 511; vol. II. pp.
516-1034).
-IX Colóquio – 1999 - Tema “ Diversidade e Diferenciação em Pedagogia” (19,20,21 de Novembro) Publicação das Actas 2000 – Editores Albano Estrela e Júlia Ferreira. (vol. I. pp. 722).
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Actas do XIV Colóquio da AFIRSE | Para um Balanço da Investigação em Educação de 1960 a 2005. Teorias e Práticas
Actes du XIVème Colloque de l’AFIRSE | Pour un bilan de la Recherche en Education de 1960 à 2005. Théories et Pratiques
-X Colóquio – 2000 – Tema “ Tecnologias em Educação: Estudos e Investigações” ( 16,17,18 de
Novembro) – Publicação das Actas 2001 – Editores Albano Estrela e Júlia Ferreira. (vol. pp.
853).
-XI Colóquio – 2001 – Tema “ Indisciplina e Violência na Escola” (22, 23, 24 de Novembro) – Publicação
das Actas 2002 – Editores Albano Estrela e Júlia Ferreira.
(vol. pp. 804).
-12º Colóquio – 2002 – Tema “ A Formação de Professores à Luz da Investigação” (21, 22, 23 de
Novembro) – Publicação das Actas 2003 – Editores Albano Estrela e Júlia Ferreira. (vol. I. pp.
656 e vol. II pp. 660-1308).
-13ª Colóquio – 2003 – Tema “ Regulação da Educação e Economia “ ( 20, 21, 22 de Novembro) –
Publicação 2004 – Editores Albano Estrela e Júlia Ferreira (vol. I, pp. 587).
Jornais
Jornal de Letras, Ano XXVI, Nº 933 de 5 a 18 de Julho de 2006.
Revistas
Investigar em Educação, Revista da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação, Julho 2002, Vol.1,
nº1.
L’ Année de la Recherche en Sciences de l’Education, AFIRSE, PUF, 1994,
L’ Année de la Recherche en Sciences de l’Education, AFIRSE, Matrice, 2001.
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As Actas dos Colóquios da AFIRSE / AIPELF Revisitadas