NOTAS PARA A ELABORAÇÃO DO TRABALHO DE SEMINÁRIO DE ANÁLISE DOS MEDIA
MARIA JOÃO SILVEIRINHA
O trabalho de seminário concretiza-se com a apresentação de uma monografia sobre uma
questão relativa aos media à escolha do aluno.
No que diz respeito à escolha do tema, diz Umberto Eco que “não há nenhum tema que seja
verdadeiramente estúpido: a trabalhar bem tiram-se conclusões úteis mesmo de um tema
aparentemente remoto ou periférico” (Eco, 1984: 27-28). No entanto, há que prevalecer o bom
senso: há temas com tratamentos acessíveis e há temas que implicam tempos e metodologias
de análise de que o aluno não dispõe.
Enquanto monografia, o campo de análise deve ser relativamente restrito e recorre,
sobretudo, a duas modalidades de investigação:
ƒ Investigação quantitativa (empírica): procura descrever, contextualizar ou explicar
com técnicas estatísticas o objecto de estudo. Parte das técnicas indutivas
(raciocínios que se desenvolvem dos casos particulares para a generalização). Procurase que as amostras sejam representativas do universo de estudo.
ƒ Investigação qualitativa: procura compreender e explicar (argumentativamente) o
objecto de estudo, considerando o seu contexto histórico, tecnológico, socioeconómico
e cultural. Desenvolve-se mediante a análise do discurso, a análise documental, a
observação participativa, os inquéritos em profundidade, as entrevistas, os grupos de
focus, etc.
O que é, pois, uma tese monográfica? Recorrendo uma vez mais a Umberto Eco, “fazer uma
tese significa: (1) escolher um tema preciso; (2) recolher documentos sobre esse tema; (3) pôr
em ordem esses documentos; (4) reexaminar em primeira mão o tema à luz dos documentos
recolhidos; (5) dar uma forma orgânica a todas as reflexões precedentes; (6) proceder de
modo que quem lê perceba o que se quer dizer e fique em condições, se for necessário, de
voltar aos mesmos documentos para retomar o tema por sua conta” (Eco, 1984: 28).
Definido pela negativa, um trabalho monográfico não consiste em: repetir o que os outros
disseram, sem novos enquadramentos, desenvolvimentos ou conclusões; manifestar meras
opiniões ‘pessoais’, mas sim sustentá-las com dados e raciocínios fundados; expor ideias
demasiado abstractas ou fazer generalizações infundadas e perigosas; limitar-se a uma
erudição livresca, enchendo as páginas de citações mal entendidas ou irrelevantes.
Num trabalho monográfico sobre os media propomo-nos a: pensar questões, práticas e
conteúdos dos e sobre os media; redescobrir os sentidos que se produzem e circulam na
cultura mediatizada; esclarecer factos ou teorias que nos tenham interessado; enriquecer e
aprofundar o caudal de noções adquiridas na licenciatura, por meio de uma tarefa metódica e
rigorosa; ordenar e hierarquizar saberes e experiências.
Em qualquer dos casos, o objectivo é produzir um trabalho que traduza um exame crítico e
reflectido da questão em análise, mobilizando, para o efeito, formas de ler e compreender que
a licenciatura deverá ter amadurecido.
De notar também que uma monografia não deverá ser escrita em estilo “jornalístico”. Embora
numa licenciatura de jornalismo possa ser compreensível a tendência para um tratamento de
um tema com metodologias jornalísticas, haverá que combater essa tendência. Com efeito, o
trabalho de seminário distingue-se do de uma ‘grande reportagem’ não só nos aspectos formais
- como a dimensão -, mas sobretudo porque o seu objectivo é organizar um quadro de
1
pensamento científico, fruto de reflexão e sistematização de ideias. Assim, num trabalho de
seminário:
• questões como a ‘imparcialidade jornalística’ não se colocam;
• as fontes deverão ser documentais, acessíveis e disponíveis a consulta: todas as
referências devem ser indicadas detalhadamente segundo um sistema de
referência indicado em anexo.
• os dados obtidos por declarações, por exemplo, (mediante elaboração de
questionário) devem ser trabalhados por análises críticas, baseadas, entre outras
coisas, em bibliografia existente sobre o assunto;
• o quadro metodológico da investigação deverá ser previamente definido.
• A linguagem jornalística de pequenas frases, por vezes nominalizadas, etc. devem
ser evitadas: não se deverão temer as frases mais longas (ainda que naturalmente
dentro das regras da boa escrita), nem um aprofundamento linguístico e lexical.
• Dados “jornalisticamente” relevantes como “Professor na Universidade de ...” após
o nome de um autor referido no texto, devem ser evitadas. Caso se considere que
esse dado, por alguma razão, é relevante, mas mesmo assim é secundário face ao
tema específico que se está a tratar, deve ser colocado em nota de rodapé.
• Os “entre-títulos” jornalísticos deverão ser evitados. Deverá colocar um título de
ponto apenas quando tal se justificar em termos do desenvolvimento que se segue.
• Todos os gráficos, figuras, etc. deverão ser legendados.
Por outro lado, as diversas metodologias usadas devem ser postas ao serviço da investigação e
não o contrário. As metodologias são apenas uma ferramenta de trabalho que devem servir
para analisar o objecto em estudo, para extrair dele informação quantitativa e qualitativa, mas
deverão estar integradas. Do mesmo modo, os elementos mais empíricos do trabalho devem
ser o mais possível integrados com os enquadramentos teóricos que se tiverem feito.
A tendência para elaborar o trabalho segundo uma “parte teórica” e uma “parte prática” pode
facilitar, mas em caso algum devem ser duas partes estanques. Isto não significa que o
trabalho não possa conter um ponto individualizado sobre “revisão da literatura”, mas o estudo
de caso empírico deve fazer sempre o vai-e-vem com a teoria estudada. Assim, por exemplo o
estudo de uma categoria como “géneros jornalísticos” não deve ser um fim em si, mas um
trabalho ao serviço de um objectivo que é uma melhor compreensão, por exemplo, da
importância das “breves” no estudo do crime na imprensa. Da mesma forma, metodologias como
a análise de conteúdo e a análise do discurso podem ser integradas. Assim, e continuando com
o exemplo anterior, o estudo quantitativo do número de notícias sobre o crime pode ser
complementado com o estudo da construção discursiva dos títulos e dos leads das notícias em
análise. Em todo o caso, o trabalho deverá ser sempre o mais integrado possível.
Por último, para uma melhor monografia, ao longo de todo o ano, deverá:
• Pensar e planear o trabalho com antecedência. Nesse sentido, o plano de trabalho deve
incluir: tema proposto, as questões orientadoras (formulação das hipóteses de partida
ou perguntas da investigação), uma indicação das metodologias usadas e uma breve
indicação de bibliografia.
• Iniciar, logo que possível, uma primeira leitura do corpus ou um contacto com a
realidade a observar: essa leitura e contacto ajuda a organizar muitas ideias.
• Produzir relatórios de actividades dando conta do estado da investigação, das
eventuais mudanças de orientação da investigação, da delimitação precisa do corpus,
dos elementos da investigação, etc.
• Ir às aulas de orientação.
• Ir fornecendo às docentes os textos, tabelas, etc., que for desenvolvendo, para que
haja tempo de se acompanhar devidamente o trabalho.
2
A proposta de trabalho
Deverá começar por apresentar uma proposta de trabalho a entregar em data a combinar.
Essa proposta deve conter resumidamente os seguintes elementos:
Nome:
Email:
Tema a desenvolver: dê um título provisória à sua investigação.
Perguntas de investigação: [faça, em poucas linhas, uma breve apresentação do tema
coloque as suas perguntas de investigação]
Metodologia: [diga aqui que metodologias irá usar e que corpus irá pesquisar, incluindo
nome dos media e a intervalo de tempo a pesquisar]
Bibliografia: [coloque aqui 4 ou 5 títulos de bibliografia que já deve ter pesquisado sobr
este assunto]
ELABORAÇÃO DA MONOGRAFIA FINAL:
1. Apresentação
• A dimensão do trabalho deverá ser de 40 páginas a 1,5 espaços. Poderá exceder este
limite desde que justificadamente.
• A capa e página de rosto (folha que se segue à capa e que, como esta, não apresenta
numeração de página) deverão conter os seguintes elementos:
•
Capa
Nome/Autor
Página de Rosto
Nome/Autor
Título
[ilustração facultativa]
Título
Faculdade de Letras
Universidade de Coimbra
Data
Trabalho apresentado no âmbito d
seminário de Análise dos Media,
sob a orientação da Prof. Doutora
…. no ano lectivo de ...
É necessária a identificação das partes essenciais do trabalho: índice, introdução,
desenvolvimento, conclusão, bibliografia – não por capítulos como num livro, mas por
outras formas, como pontos ou partes. Os anexos, parte distinta do trabalho, deverão
acompanhar o trabalho, se possível na mesma encadernação. Assim, teremos, como
exemplos:
3
Exemplo A
Exemplo B
Prólogo/agradecimentos (opcional)
Prólogo/agradecimentos (opcional)
Índice geral
Índice geral
1. Introdução
Introdução
2. Desenvolvimento
Parte I
2. 1 –
1. 2.1.1.–
a.
2.1.2.–
b.
2.2 –
Parte II
2.2.1.–
1. 2.2.2.–
2. (....)
(...)
3. Conclusões
Conclusões
4. Bibliografia
Bibliografia
Anexos (com separador) devidamente numerados ou por outra forma identificados.
•
•
•
•
Todas as páginas deverão estar numeradas. A introdução deve ser a página 1 e, antes
dela, se existirem outras páginas (prólogo/agradecimentos, índice), deverá numerá-las
pela numeração romana em minúsculas.
Para enriquecer formalmente o trabalho, poderá ainda incluir, ao longo do trabalho –
ou, caso se justifique, em anexo - elementos infográficos, com as respectivas legendas,
identificação de valores e eixos (no caso dos gráficos), identificação das unidades,
fontes e interpretação dos dados.
Poderá espaçar o trabalho a 1 ou 1,5 linhas, conforme o seu gosto pessoal, mas
naturalmente que o número de páginas deve ser equivalente.
Deverá entregar dois exemplares do trabalho.
2. Corpus e outros anexos:
• É necessária a inclusão, em anexo, do corpus em análise ou da realidade observada: por
exemplo, fotocópias (de preferência reduzidas a A4) das páginas de jornais (e não
recortes das notícias), cassetes video-audio, inquéritos, ou outros. Caso o corpus seja
muito vasto (o que, em princípio, não deverá acontecer), poderá ser constituído um
corpus apenas representativo, mas com a dimensão necessária para entendimento da
análise de que é suporte. Do mesmo modo, em caso de absoluta necessidade, poderá
incluir o corpus em apenas um dos exemplares do trabalho.
• Os anexos deverão estar numerados e identificados para possibilitar a sua referência
ao longo do texto. Sugere-se a identificação das partes mais relevantes dos textos
dos anexos (incluindo corpus), a fim de facilitar a leitura posterior.
O sistema de referências a usar na monografia deverá ser o de Harvard, como a seguir se
especifica1.
Bibliografia: ECO, Umberto (1984) Como se Faz uma Tese em Ciências Humanas, 3ªed., Lisboa:
Presença.
1
Há, naturalmente, outros sistemas de referência para além do de Harvard – como o método Francês. Em
Portugal O Instituto Português da Qualidade é o organismo responsável pela elaboração de normas que dizem
respeito à esfera de "Documentação" e às referências bibliogáficas: a NP 405-1:1994.
4
O
SISTEMA DE REFERÊNCIAS DE
HARVARD
Preparado para os alunos de Seminário de Análise dos Media
Instituto de Estudos Jornalísticos da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra
O sistema de citações de Harvard (também chamado método “autor-data”) é usado quando,
ao longo do texto, se cita ou se faz uma paráfrase, indicando-se entre parêntesis o apelido
do autor, o ano da publicação e a página da referência. O sistema visa simplificar o
corpo central do texto, deixando para as notas de rodapé apenas as observações sobre a
questão em análise ou para fazer outras citações interessantes relativas ao que se está a
discutir. As notas são, assim, usadas para realçar o impacto do que se está a dizer.
No interior do texto dever-se-ão fazer as referidas indicações bibliográficas simplificadas
pelo sistema (APELIDO, ANO) ou (APELIDO, ANO: PÁGINA).
Exemplos:
Uma das conclusões de Michael Schudson é que os media desempenham, de facto
um papel importante numa sociedade democrática: “Numa democracia política, os
media são uma força vital que mantêm a visão dos muitos no campo de visão dos
poucos que governam”. (Schudson, 1995:20)
Neste caso, a citação é de Schudson, a publicação em causa é de 1995 e a referência que
citamos está na página 20. No final do ensaio, incluirá uma secção de “bibliografia” onde é
preciso incluir todas as referências que tiver feito ao longo do texto. No caso acima, a
referência seria, na bibliografia final, a seguinte:
Schudson, Michael (1995) The Power of News. Cambridge: Harvard University
Press
Por vezes pode não haver lugar á referência de um página exacta na obra, pelo que é
suficiente indicar o autor e a obra, sobretudo se for uma questão que atravessa toda a
obra:
Schudson descreve a interacção diária entre jornalistas e fontes de informação e
as rotinas produzidas por ambos os agentes no terreno das notícias (Schudson,
2000).
Sendo a respectiva indicação bibliográfica : Schudson, Michael (2000) “The sociology of
news production revisited (again)” in James Curran e Michael Gurevitch (eds.) Mass media
and society. Londres: Arnold, 3ª ed.
Numa citação, deverá usar reticências entre parênteses (...) para indicar que omitiu
palavras da citação original e usar parênteses rectos para incluir palavras suas:
Como refere Michael Schudson, “Todas elas reconhecem (...) que as notícias são uma
forma de cultura” (Schudson, 2000: 177). No entanto, também como o mesmo autor
refere, “[as notícias] são um produto material e há dimensões políticas, económicas
e sociais a compreender (...)” (Schudson, idem).
Resumindo, a referências na bibliografia final, seguindo o Método Harvard são escritas da
seguinte forma:
5
Referência:
Exemplos
Livro
No texto: (McNair, 1998: PAG)
Na bibliografia: McNair, Brian (1998) The sociology of journalism. Londres:
Arnold.
Obs: se o livro tiver várias datas, coloque a da edição que está a consultar; se
não tiver nenhuma data, coloque (s/d).
Capítulo de um
autor
dentro
de
livro
de
vários autores
No texto: (Tuchman, 1993: PÁG)
Artigo
revista
No texto: (Cottle, 200ª: PÁG)
numa
Na bibliografia: Tuchman, Gaye (1993) “Contando ‘estórias’”, in Nelson Traquina
(org), Questões, Teorias e “Estórias”, Lisboa: Veja, pp. 258-262.
Na bibliografia: Cottle, S. (2000a) “New(s) times: towards a 'second wave' of
news ethnography”. Communications 25 (1), pp. 19-41.
Explicação: Isto significa que um artigo de Simon Cottle chamado ““New(s)
times: towards a 'second wave' of news ethnography”, foi publicado na revista
Communications, volume 25, número 1, nas páginas 19 a 41 em 2000. A peça é
aqui indicada como ‘(2000a)’ uma vez que é a primeira de duas obras do autor, a
que fazemos referência, publicadas em 2000.
Conferências
No texto: (Robinson, 1994: PÁG)
Na bibliografia: Robinson, W. I. (1994) “Pushing Polyarchy: the US-Cuba case
and the
Third World”, comunicação arpesentada à Conference on Democracy and the
US-Cuba dispute, Havana, Cuba, Abril.
OBS. Pode acrescentar a referência Internet se o texto for retirado daí e, se
não tiver data, poderá colocar a data a que acedeu ao texto (ver abaixo)
Obras
do
mesmo autor na
bibliografia:
Deve distinguir com a data seguida de uma alínea obras do mesmo ano. Também
não precisa de repetir o nome do autor, bastando substituí-lo por um traço.
Exemplo na bibliografia
Cottle, S. (2000a) “New(s) times: towards a 'second wave' of news
ethnography”. Communications 25 (1), pp. 19-41.
______ (2000b) “Media research and ethnic minorities: mapping the field” in
Cottle, S. (ed.) Ethnic minorities and the media: changing cultural boundaries.
Ballmoor: Open University Press, pp. 1-30
______ (2002) “Television Agora and Agoraphobia Post September 11”, in S.
Allan and B. Zelizer (eds.) Journalism Post September 11. Londres: Routledge,
pp. 178-198
Mais do que um
autor:
Exemplo da referência no texto: O trabalho de Stuart Hall (Hall et al., 1978)
representa a abordagem culturalista marxista, que vê os media como uma
poderosa (mesmo que secundária) influência no moldar da consciência pública
(Cfr. Curran et al. 1982: 28).
Explicação: Em ambos os casos é usada a expressão “et al.” para substituir os
outros autores do mesmo livro.
No segundo caso, embora não cite directamente Curran, a ideia que expressa é
dele, pelo que deve colocar a referência com a indicação de Cfr..
6
Na bibliografia final as respectivas referências seriam:
Hall, Stuart, C. Critcher, T. Jefferson, J. Clarke & B. Roberts (1978) Policing
the Crisis. Londres: Macmillan
Curran, James, Michael Gurevitch & Janet Woollacott (1982) “The study of the
media: theoretical approaches”, in Gurevitch, Michael, Tony Bennett, James
Curran & Janet Woollacott (Eds.) Culture, Society and the Media. Londres:
Methuen
Artigo
jornal
num
Na bibliografia final, Said, Edward W. ‘Una guerra estúpida’. El País, 20 Abril
2003, Internacional
da
Na bibliografia final, sempre que possível, identifique autor, de modo a ter
uma referência assim:
Holmes,
Amy
(1998)
‘Greenpeace
wins
media
war’,
em
http://www.independent.co.uk/international/green25.htm
(acedido:
Março
2003). Se o artigo não tiver data, coloque a data da sua consulta.
Na referência ao longo do texto: (Holmes, 1998). Note que, apenas neste caso,
pode não colocar a referência à páginas, uma vez que na Internet não existem
páginas. No entanto, se o texto estiver em pdf, possivelmente já contém a
página e, nesse caso, deve colocá-la.
Artigo
internet
Autor citado
por outro
autor: (fonte
secundária)
Exemplo da referência no texto: “Um repórter pode testemunhar um
acontecimento e ser confrontado com a necessidade de lhe chamar
“manifestação”, “confronto”, “batalha na rua, etc.. (...)” (Kress e Hodge apud
Langer, 1998: 39).
Explicação: Neste caso, as palavras citadas são Kress e Hodge, mas o lugar onde
vimos a citação foi no livro de John Langer de 1998, na página 39.
Na bibliografia final coloca apenas a referência a Langer.
Referências
aos
jornais
constantes do
corpus
Na bibliografia final: Mesquita, Mário “Saneamento na Voz da América”,
Público, 12 de Outubro de 2001. Anexo N. 31
Explicação: As referências aos artigos constantes do corpus deverão conter o
nome do jornalista, o título do artigo, a data e a referência numérica do anexo
Ao longo do texto: coloque em nota de rodapé a referência ao anexo.
Seguem-se, como exemplos, excertos de um texto e respectiva bibliografia:
Cynthia Carter e Linda Steiner recordam, no entanto, que “alterar as imagens das
mulheres e dos homens e representá-los num leque maior de papéis é, quando muito,
um começo” (Carter & Steiner, 2004: 14). Se para as feministas foi, desde muito cedo,
importante perceber como os media perpetuam o estatuto das mulheres na sociedade e
contrariar as imagens estereotipadas que podiam reforçar comportamentos retrógrados e
sexistas, as análises começaram a fazer mais do que encontrar imagens “positivas” ou
negativas”: procuraram perceber de que formas os textos mediáticos se enraízam e
simultaneamente constroem ideologias.
Os conteúdos televisivos vitimizam ou trivializam as mulheres. Para Tuchman, “de
forma mais geral, a televisão aprova sobretudo as mulheres que são apresentadas num
contexto sexual ou dentro de um papel romântico ou de família. Duas em cada três
mulheres na televisão foram ou são casadas ou estão noivas. Em contraste, a maioria
dos homens na televisão são e sempre foram solteiros. Mais: os homens são vistos como
estando fora de casa e as mulheres dentro dela mas, mesmo aí, é feita a trivialização do
papel das mulheres” (Tuchman, 2004: 149).
7
Madalena Barbosa, no estudo sobre as representações do género no jornal Público
durante a campanha eleitoral legislativa de 1995, confirma a aniquilação simbólica “das
poucas mulheres que se movem na política em Portugal. A sua invisibilidade e a
impossibilidade de fazer chegar o seu discurso ao grande público torna difícil a sua
carreira, que dela depende em elevado grau, pois que na política a notoriedade é
fundamental” (Barbosa, 1998: 123).
Uma análise internacional das representações mediáticas das mulheres levada a cabo em
1995 demonstrou que as mulheres apenas eram visíveis em 17% das notícias. Cinco
anos mais tarde, este número tinha subido apenas para 18% (Spears et al., 2000) e dez
anos depois, para 21% (Gallager, 2005).
Nancy Berns critica a forma como com frequência, os jornalistas se centram nas vítimas
da violência, mas ignoram os violadores, citando, para o efeito, Susan Douglas: “Os
repórteres tendem a focar na mulher vítima de violência e não no seu abusador”
(Douglas apud Berns, 2004)
Bibliografia:
Barbosa, M. (1998) Invisibilidade e Tectos de Vidro. Representações do Género na
Campanha Eleitoral legislativa de 1995 no Jornal ‘Público’. Cadernos da Condição
Feminina, 51, Comissão para a Igualdade e para os Direitos da Mulheres.
Berns, N. (2004), Framing the Victim. Domestic Violence, Media, and Social Problems,
Hawthorne: Aldine de Gruyter
Chambers, D., Steiner, L., Fleming, C. (2004) Women and Journalism, Londres,
Routledge, 2004
Gallagher, M. (2005), Who Makes the News. Global Media Monitoring Project 2005,
Londres, World Association for Christian Communication
(http://www.whomakesthenews.org/content/download/361/2399/file/Global%20Report
%202000.pdf, acedido em Fevereiro 2006)
Tuchman, G. (2004) “A Aniquilação Simbólica das Mulheres”. In M. J. Silveirinha
(Org.), Os Media e as Mulheres, Lisboa: Livros Horizonte
Spears, G., Seydegart, K. e Gallagher, M. (2000) Who Makes the News. Global Media
Monitoring Project 2000, Londres, World Association for Christian Communication
(http://www.whomakesthenews.org/content/download/361/2399/file/Global%20Report
%202000.pdf, acedido em Fevereiro 2006)
8
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O trabalho de seminário concretiza