INTRODUÇÃO À SAGRADA ESCRITURA A Bíblia é como coco de casca dura. Esconde e protege uma água que mata a sede do romeiro cansado. A Bíblia surge como fruto da inspiração divina e do esforço humano. As palavras faladas ou escritas pelas pessoas contribuíram muito para formar e organizar o povo de Deus. Anteriormente se usava a palavra cânon para definir a Bíblia = lista ou norma. Mais tarde, esta lista recebe o nome de Bíblia. Quem a escreveu? Homens e Mulheres; jovens e velhos; pais e mães de família; agricultores; gente instruída que sabia ler e escrever e gente simples que sabia contar histórias; sacerdotes e profetas... Todos nós sabemos que um poeta não escreve como um cientista; o poeta toma muitas liberdades de linguagem (imagens, comparações, amplificações, etc.) que um historiador atual jamais utilizaria. 1250 a.C. até +- 100 d.C. A maior parte do Antigo e do Novo Testamento foi escrita na Palestina. Algumas partes do AT foram escritas na Babilônia e no Egito. O NT também na Síria, Ásia Menor, Grécia e na Itália. A maior parte do AT foi escrita em Hebraico, e uma pequena parte em Aramaico e o livro da Sabedoria e todo o NT foram escritos em Grego. Tradução dos Setenta – da Palestina para o Egito. 7 livros a menos- Tobias, Judite, Baruc, Eclesiástico, Sabedoria, Macabeus I e II e algumas partes de Daniel e Ester. Assunto da Bíblia: doutrina, histórias, provérbios, profecias, cânticos, salmos, lamentações, orações, filosofias, poesias... Houve um rei em Judá, chamado Josias, que empreendeu uma grande reforma no templo de Jerusalém. O livro da Lei tornou-se base de toda a reforma. Atualmente, João XXIII, com sua “reforma”, fez com que a Bíblia fosse um dos pilares da renovação trazida pelo Vaticano II. A Bíblia é um mistério. Por mais que me aprofunde, jamais a dominarei totalmente. A Bíblia é uma ferramenta. Como não ler a Bíblia 1- Leitura fundamentalista: interpretar os textos ao pé da letra. Sintomas: fanatismo como defesa violenta das próprias idéias sobre a Bíblia e intolerância com pessoas e grupos que interpretam diferente os mesmos textos. 2- leitura apologética: usar textos para defender idéias ou doutrinas que não estão presentes neles. Sintomas: tradicionalismo, colocando a religião, doutrina e os ritos acima da defesa da vida e o medo de descobrir dados novos e diferentes que questionam parte da tradição recebida. 3- leitura intimista: interpretar os textos exclusivamente em benefício pessoal; acharse único destinatário da Palavra. Sintomas: emocionalismo, lendo só com o coração, como se a Bíblia fosse um livro de auto-ajuda e absolutizar textos agradáveis e negar textos mais duros. 4- leitura esotérica: usar a Bíblia como se fosse um livro de fórmulas mágicas. Sintomas: misticismo, onde existem conhecimentos a poucos privilegiados; citar frases isoladas como se fossem palavras mágicas; usar a Bíblia para fazer previsões do futuro. 5- leitura reducionista: reduzir os textos à dimensão religiosa, desprezando aspectos sociais, econômicos, políticos e culturais. Sintomas: devocionismo, achando tudo bonito, correto e piedoso, sem levar em conta as fraquezas do povo de Deus; falta de consciência social; falta de confiança no ser humano. 6- leitura materialista: interpretar a Palavra de uma forma puramente científica, negando a inspiração divina. Sintomas: intelectualismo, lendo só com a cabeça, ou usá-la para estudar as civilizações antigas, sem interesse nas civilizações humanas de hoje. 7- leitura espiritualista: ler a Bíblia e a vida com os olhos voltados para a salvação pessoal, sem preocupação com a vida do irmão. Sintomas: moralismo, dando mais importância ao bom comportamento que o bem do ser humano; colocar a lei acima da vida; desprezo pelo corpo humano e pela afetividade. Vamos olhar o texto de Ex 3,5: “Tira as sandálias dos teus pés, porque o lugar em que te encontras é uma terra santa”. Esse mesmo sentimento de respeito deveremos ter com a Bíblia. Ex 3,6 É inútil pedir à Bíblia uma explicação dos seis dias da criação ou da maneira como podiam falar os animais. Esses dados não são revelações, mas tradições. A constituição dogmática Dei Verbum fala das 2 mesas: “do pão e da palavra”. Ainda em DV 21, como todos escreveram sob a inspiração do Espírito Santo, é Deus mesmo que deve ser tido como o autor primeiro de toda a Bíblia Sagrada.