TÉCNICAS ANESTÉSICAS REGIONAIS EM
CABEÇA, ABDOME E MEMBROS DE BOVINOS
Mychelle Bruna da Silva Barros¹, Ana Paula Monteiro Tenório², Luciana Correia de Oliveira³, Ernani Méro Campos4.

Introdução
Os anestésicos locais são medicamentos que
bloqueiam reversivelmente a condução nervosa,
causando a perda da sensibilidade dolorosa pelo
bloqueio da condução nervosa do estímulo nocivo ao
SNC [1].
A grande quantidade de técnicas de anestesia
regional é utilizada para realização de procedimentos
cirúrgicos e como técnicas analgésicas pós-operatórias.
Por promover um retorno funcional após seu efeito
sobre o sistema nervoso, essas técnicas são muito
utilizadas desde que se faça seleção prévia dos
fármacos, e se conheça a técnica obtendo maior
percentual de sucesso [2].
Como as condições anatômicas dos bovinos são
favoráveis, e suas características de comportamento,
quando contidos no tronco, as técnicas de anestesias
regionais tornam-se possíveis, até para laparotomias,
situações descartadas em outras espécies, a não ser nos
pequenos ruminantes. Nos bovinos pode-se explorar ao
máximo as anestesias regionais, pois são cômodas para
o profissional e mais seguras para os animais [3].
Na cabeça, há uma série de intervenções, e os
bloqueios dos nervos são produzidos pela
insensibilização dos nervos auriculopalpebral, supraorbital e infra-orbital [2]. As mais importantes técnicas
incluem a anestesia para descornas cosméticas ou
plásticas; anestesia para entrópio e ectrópio, patologias
frequentes nas raças zebuínas, necessitando anestesia
infiltrativa subcutânea; e bloqueio ocular retrobulbar,
que é utilizado para proceder em enucleações e
cirurgias palpebrais [2,3].
A anestesia paravertebral toracolombar proximal,
insensibiliza os nervos espinhais T13, L1 e L2, a fim de
facilitar acessos cirúrgicos da cavidade abdominal pelo
flanco, com o animal em estação, sendo de fácil
execução em animais novos ou magros, mas de
limitada execução em animais obesos ou de massa
muscular bem desenvolvida, pois se trata de uma
anestesia cuja localização é feita por via percutânea,
sem que se sintam as inervações à palpação [2,3];
Anestesia em “L” invertido é indicada para realização
de laparotomias pelo flanco [2], porém está em desuso,
já que na região distal da pele o animal pode reagir;
anestesia infiltrativa em retângulo é indicada para
laparotomias, consistindo numa variante da em “L”
invertido, sendo executada apenas completando os outros
dois lados, descrevendo um retângulo [3]; bloqueio em
linha também é indicado para laparotomias pelo flanco, e
as infiltrações são realizadas em planos (pele e
musculatura) [2]; anestesia do nervo pudendo tem por
finalidade precípua a exteriorização do pênis, bem como
sua insensibilização para intervenções cirúrgicas, e
sabendo-se que a inervação pudenda origina-se do ramo
ventral do terceiro e quarto pares sacrais [4], com
anastomose com o segundo par sacro [5], a introdução da
mão no reto é indicada para guiar a agulha até os nervos
pudendo, hemorroidário mediano, hemorroidário caudal e
anastomose ciática pudenda, tomando como referência a
pulsação da artéria hipogástrica, segundo a técnica de
Larson [3]; a anestesia espinhal peridural é uma
modalidade muito empregada, pois, além de ser útil em
pequenas intervenções no reto, vagina e ânus (prolapsos,
suturas, imperfurações), também é pratica em pequenas
intervenções obstétricas ou em membros posteriores,
observando-se o efeito anestésico na região sacral média e
perineal, porém tem como maior complicação a paralisia
temporária dos membros posteriores e o decúbito [2,3]
Os bovinos não permitem a manipulação cruenta em pé
[3], e costuma ser necessária anestesia dos dígitos para
procedimentos cirúrgicos como debridamento de feridas ou
amputações [2]. Para isso, a anestesia infiltrativa circular
atua por embeber todo o tecido, bloqueando em conjunto as
ramificações dos nervos digitais ao redor do local
anestesiado [3]; e em procedimentos mais cruentos, a
anestesia intravenosa de Bier, pode ser aplicada em
pacientes de alto risco, utilizando-se um torniquete na
região do metacarpo ou metatarso, dependendo do membro
afetado para bloquear o fluxo sanguíneo arterial e o retorno
venoso [2,3].
Ciente da ampla diversidade de técnicas de anestesias
regionais objetivou-se com este trabalho, tornar as aulas
mais dinâmicas e interativas, utilizando meios didáticos
como uma ferramenta de ensino e aprendizagem para os
alunos da disciplina de Anestesiologia Veterinária, já que
tais técnicas necessitam de exatidão em sua execução.
________________
1. Primeiro Autor é Discente do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Dom Manuel de Medeiros s/n,
Dois Irmãos, Recife-PE CEP: 52171-900 Email: [email protected]
2. Segundo Autor é Professora Adjunta do Departamento de Medicina Veterinária da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Dom Manuel
de Medeiros s/n, Dois Irmãos, Recife-PE CEP: 52171-900
3. Terceiro Autor é Discente do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Dom Manuel de Medeiros s/n,
Dois Irmãos, Recife-PE CEP: 52171-900
4. M.V. Residente do Hospital Veterinário, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Manuel de Medeiros, S/N, Recife, PE. CEP:
52171-900
Material e métodos
A aprendizagem é facilitada quando toma a forma
aparente de atividade lúdica, devido ao maior
entusiasmo demonstrado pelos alunos quando recebem
a proposta de aprender de uma forma mais interativa e
divertida, resultando em um aprendizado significativo
[6].
A fim de proporcionar melhor aprendizado aos
alunos de Anestesiologia Veterinária, a demonstração
das técnicas utilizando recursos áudio-visuais,
incluindo slides e vídeos, demonstrações teóricas das
regiões a serem anestesiadas em animais vivos, além de
cadáveres, trouxe maior confiança e seguridade para
formação dos futuros profissionais aptos a realizar tais
procedimentos, evitando a dor e risco ao animal, pois é
sabido que o papel do Médico Veterinário está na
promoção do Bem-Estar Animal.
Resultados e Discussão
A aceitação pelos alunos de Anestesiologia e demais
discentes de Medicina Veterinária foi positiva, havendo
uma melhor fixação dos assuntos abordados. Segundo
Moratori [7], a interação entre os alunos também é um
ponto positivo a ser avaliado, pois garante aos
participantes o dinamismo, propiciando um interesse e
envolvimento natural do aluno, contribuindo para seu
desenvolvimento social, intelectual e afetivo.
Galgando proporcionar aprendizagens diferenciadas
do material didático aos quais os alunos são expostos
no dia-a-dia, pode-se atingir determinados objetivos
pedagógicos, devido ao aspecto lúdico, sendo uma
alternativa para melhorar o desempenho dos estudantes
em conteúdos de difícil aprendizagem. Esta atividade
lúdica é uma importante ferramenta no processo de
ensino-aprendizagem, porque devido ao seu caráter
descontraído e inovador, propicia uma participação
mais efetiva dos alunos e estimula a busca pelo
conhecimento, como afirma Moratori [7].
Conclui-se que a utilização de tais recursos didáticos
enriquece o conhecimento dos alunos, preparando-os para a
execução prática dos procedimentos supracitados,
tornando-os profissionais diferenciados e seguros.
Agradecimentos
À Professora de Anestesiologia Veterinária Ana Paula
Monteiro Tenório, e aos colegas do setor de Anestesiologia
Veterinária do HOVET/UFRPE.
Referências
[1]SPINOSA, HELENICE DE SOUZA, GÓRNIAK, SILVANA LIMA,
BERNARDI, MARIA MARTHA. Farmacologia Aplicada à Medicina
Veterinária, 4ª edição, Editora: Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 2006.
[2]NATALINI, CLÁUDIO C. Teoria e Técnicas em Anestesiologia
Veterinária. Porto Alegre: Artmed, 2007.
[3]MASSONE, FLAVIO. Anestesiologia Veterinária: Farmacologia e
Técnicas: Texto e Atlas Colorido/Flavio Massone.-5.ed. (ampl. e
atualizada)-Rio de Janeiro:Guanabara Koogan, 2008.
[4]BRUNI, A.C. e ZIMMERL, V. Anatomia degli animali domestici. 2.
ed., Milano, Vallardi, 1951, 2v.
[5]HABELL, R. E. A source of error in the bovine pudendal nerve block.
JAVMA, v.128, n.1, p.16-7, 1956.
[6]CAMPOS, L. M. L; FELICIO, A. K. C.; BORTOLOTTO, T. M. 2003.
A Produção de jogos didáticos para o ensino de Ciências e Biologia: uma
proposta para favorecer a aprendizagem. Caderno dos núcleos de Ensino,
35 a 48p.
[7]MORATORI, P. B; 2003. Por que utilizar jogos educativo no
processo de ensino aprendizagem? Trabalho de conclusão, disciplina
Introdução a Informática na Educação, Curso de Pós-graduação em
Informática, UFRJ, Rio de Janeiro.
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