ÍNDICE - Cineantropometria MEDIDA E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Talento Esportivo Antropometria Variáveis Neuromotoras Metabolismo Estatística Prescrição do Exercício PROF.DR. VAGNER R. BERGAMO - PROF.MS. JOSÉ F. DANIEL - PROF.MS. ADERSON M. MORAES PUCC ÍNDICE - Cineantropometria Introdução ........................................................................................................................................................ 1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA DISCIPLINA NO CURSO: .................................................................................................1 JUSTIFICATIVA..................................................................................................................................................1 Capítulo I........................................................................................................................................................... 2 INTRODUÇÃO Às MEDIDAS E AVALIAÇÃO ................................................................................................ 2 1. CONCEITOS ..................................................................................................................................................2 2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA...............................................................................................................................3 3. A BIOMETRIA NO BRASIL ...........................................................................................................................4 4. PROPÓSITOS DO ESTUDO DE MEDIDAS E AVALIAÇÃO NUM PROGRAMA DE EDUCAÇÃO FÍSICA5 5. TENDÊNCIAS ................................................................................................................................................5 6. TESTES ..........................................................................................................................................................6 Figura 1. Modelo do conceito de aptidão global. .....................................................................................6 Quadro 1. Caracterização dos termos teste, medida e avaliação. ..........................................................7 7. FILOSOFIA DAS MEDIDAS ..........................................................................................................................8 8. CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DOS TESTES....................................................................................................8 Tabela 1. Níveis de validade, reprodutibilidade e objetividade para os conceitos excelente, bom, regular e fraco. .........................................................................................................................................8 9. TIPOS DE AVALIAÇÃO.................................................................................................................................8 10. METODOLOGIA, ORGANIZAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO DOS TESTES..................................................9 11. CUIDADOS MÉDICOS............................................................................................................................. 11 12. CONSTRUÇÃO DE UMA BATERIA DE TESTES .................................................................................. 11 Capítulo II........................................................................................................................................................ 13 O MÉTODO CINEANTROPOMÉTRICO......................................................................................................... 13 1. FUNDAMENTOS......................................................................................................................................... 13 Quadro 1 - Classificação das Variáveis de Performance, Modificada de Astrand e Rodah ............... 13 Quadro 2 - Classificação das Variáveis de Performance ..................................................................... 13 2. DEMARCAÇÃO DOS PONTOS ANATÔMICOS ....................................................................................... 14 Figura 1. Pontos anatômicos................................................................................................................. 15 Figura 2. Esqueleto humano com identificação de alguns ossos. ........................................................ 16 Figura 3. Equipamento antropométrico básico ..................................................................................... 17 3. CLASSIFICAÇÃO DAS MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS....................................................................... 17 Figura 4. Alturas mais utilizadas na avaliação antropométrica............................................................. 19 Quadro 3. Principais cálculos para avaliação cineantropométrica ....................................................... 20 Figura 5. Diâmetro do úmero e do fêmur .............................................................................................. 21 Figura 6. Alguns dos principais perímetros utilizados em cineantropometria. ..................................... 22 Quadro 4. Equações para cálculo de alguns dos principais índices antropométricos. ........................ 23 Quadro 5 - Constantes de Conversão para a Estimativa da Gordura Percentual em Mulheres Jovens. (McAdarle, W.D., Katch, F.I. e Katch, W.L.: Exercise Physiology, Lea & Febiger, 1981.) ................... 24 Quadro 7 - Constante de Conversão para a Estimativa de Gordura Percentual em Mulheres Idosas.25 Quadro 8 - Constantes de Conversão para a Estimativa de Gordura Percentual em Homens Jovens.27 Quadro 9 - Constantes de Conversão para a Estimativa da Gordura Percentual em Homens Idosos.28 Índice Cintura Quadril (ICQ).................................................................................................................. 29 Quadro 11. Normas para a proporção entre Circunferências da Cintura e do Quadril (ICQ) para Homens e Mulheres. ............................................................................................................................. 30 Índice de Massa Corporal (IMC) ........................................................................................................... 30 PUCC ÍNDICE - Cineantropometria Quadro 12. Valores para o Índice de Massa Corporal de adultos.........................................................30 Quadro 13. Valores de IMC para meninas entre 7 a 18 anos de idade. ...............................................34 Quadro 14. Valores de IMC para meninos entre 7 a 18 anos de idade. ...............................................34 Capítulo III .......................................................................................................................................................35 COMPOSIÇÃO CORPORAL...........................................................................................................................35 1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................35 2. MÉTODOS NÃO LABORATORIAIS ...........................................................................................................35 Figura 2. Pontos anatômicos para coleta de dobras cutâneas. ............................................................37 3. MÉTODOS DE FRACIONAMENTO DO PESO CORPORAL.....................................................................38 Quadro 3. Padrões de Percentual de Gordura para Homens e Mulheres Ativos .................................39 4. EXERCÍCIO E COMPOSIÇÃO CORPORAL ..............................................................................................40 5. EQUAÇÕES GENERALIZADAS DE REGRESSÃO PARA PREVISÃO DE DENSIDADE CORPORAL (DB) PARA ADULTOS DE AMBOS OS SEXOS ............................................................................................43 Quadro 5 - Constantes por Sexo e Idade para Cálculo da Gordura Corporal Relativa em Crianças e Jovens da Equação de LOHMAN ..........................................................................................................43 Quadro 6 - Constantes por Sexo, Idade e Raça para o Cálculo da Gordura Corporal Relativa em Crianças e Jovens para serem utilizadas nas Equações de LOHMAN (1986). ....................................43 Quadro 7. Padrões de Composição Corporal para homens e mulheres ..............................................44 Quadro 8. Padrão Normal e Padrão de Obesidade para homens e mulheres: ....................................44 Quadro 9. Relação de gramas de gordura perdida com kcal produzida...............................................44 Figura 3. Padrões para homens e mulheres .........................................................................................45 Figura 4. Valores obtidos com base na coleta de dados.......................................................................46 Tabela 1 - Valores Absolutos (kg) e Porcentagem de Maturação de Peso Corporal em Escolares Brasileiros...............................................................................................................................................47 Tabela 2 - Valores Absoluto (mm) de Dobras Cutâneas (X 3) E (X 7) em Escolares Brasileiros.......47 Capítulo IV.......................................................................................................................................................48 SOMATOTIPO .................................................................................................................................................48 1. METODOLOGIA PARA DETERMINAÇÃO DO SOMATOTIPO.................................................................48 2. ASPECTOS HISTÓRICOS ..........................................................................................................................48 Quadro 1. Valores para determinação do somatotipo ...........................................................................48 Quadro 2. Predominância somatotípica e suas principais características (Adaptado de Carter, 1975).55 Capítulo V........................................................................................................................................................56 VARIÁVEIS NEUROMOTORAS......................................................................................................................56 MEDIDAS DA POTÊNCIA ANAERÓBICA .....................................................................................................56 Victor keihan R. Matsudo ..............................................................................................................................56 1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................56 2. DESCRIÇÃO DOS TESTES ........................................................................................................................57 I - TESTE DE CORRIDA DE 40 SEGUNDOS (POTÊNCIA ANAERÓBICA LÁTICA) ......................................................57 FIGURA 1 - TESTE DE CORRIDA DE 40 SEGUNDOS ......................................................................................57 TESTE DE LACTACIDEMIA ...............................................................................................................................58 Figura 2 - Representação gráfica de um teste de lactacidemia. ...........................................................58 Tabela 1 - Valores Absolutos (m) e % de Maturação de Potência Anaeróbica (m) em escolares brasileiros ...............................................................................................................................................58 PUCC ÍNDICE - Cineantropometria II - TVPA (TESTE DE VELOCIDADE PARA POTÊNCIA ANAERÓBIA) / ................................................................... 59 RAST (RUNNING – BASED ANAEROBIC SPRINT TEST)..................................................................................... 59 Figura 3 - Esquema de aplicação do teste:........................................................................................... 59 3. ZONAS DE INTENSIDADE DE TREINAMENTO ....................................................................................... 60 Quadro 1 - Classificação de Cargas de Treino pelas Zonas de Intensidade ....................................... 60 Quadro 2 - Percentual de pessoas que passaram ou encontram-se no limiar anaeróbico em relação ao percentual da capacidade máxima .................................................................................................. 60 MEDIDAS DA FORÇA MUSCULAR .............................................................................................................. 61 Jesus Soares Madalena Sessa..................................................................................................................... 61 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................ 61 2. DESCRIÇÃO DOS TESTES MOTORES .................................................................................................... 63 I - TESTE DINÂMICO DE BARRA ...................................................................................................................... 63 II - TESTE ESTÁTICO DE BARRA...................................................................................................................... 63 Tabela 2 - Valores Absolutos (no de repetições) e % de Maturação de Força Muscular de Membros Superiores (dinâmico de barra) em escolares brasileiros .................................................................... 64 Tabela 3 - Valores Absoluto (seg.) e Porcentagem de maturação de Teste Estático de Barra em escolares brasileiros.............................................................................................................................. 64 III - TESTE DE FORÇA E RESISTÊNCIA DE MEMBROS SUPERIORES ..................................................................... 64 (FLEXÃO DE BRAÇOS EM SUSPENSÃO MODIFICADA) ......................................................................................... 64 Figura 4 – Flexão de Braços em Suspensão ........................................................................................ 64 IV - TESTE ABDOMINAL.................................................................................................................................. 65 Tabela 5 - Absoluto (kg) e Porcentagem de Maturação de Resistência Abdominal em escolares brasileiros .............................................................................................................................................. 66 V - TESTE DE IMPULSÃO VERTICAL ................................................................................................................. 66 Tabela 7 - Valores Absolutos(cm) e Porcentagem de Maturação de Impulsão Vertical sem Ajuda dos Braços em escolares brasileiros ........................................................................................................... 67 Tabela 8 - Valores Absolutos (cm) e Porcentagem de Maturação de Impulsão Vertical com ajuda dos Braços em escolares brasileiros ........................................................................................................... 67 VI - TESTE DE IMPULSÃO HORIZONTAL ........................................................................................................... 68 Tabela 9 - Valores Absolutos(cm) e Porcentagem de Maturação de Impulsão Horizontal em escolares brasileiros .............................................................................................................................................. 69 VII - TESTE DE PREENSÃO MANUAL ............................................................................................................... 69 Tabela 10 - Valores Absolutos (kg) e Porcentagem de Maturação de Dinamometria (Preensão Manual) em escolares brasileiros ......................................................................................................... 70 VIII TESTE DE FORÇA EXPLOSIVA DE MEMBROS SUPERIORES (ARREMESSO DE MEDICINEBALL) .......................... 70 Figura 5.5 – Arremesso de MB ............................................................................................................. 70 IX TESTE DE FORÇA E RESISTÊNCIA MUSCULAR DA AAHPERD ...................................................................... 70 MEDIDAS DE VELOCIDADE.......................................................................................................................... 71 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................ 71 2. DESCRIÇÃO DOS TESTES DE VELOCIDADE ........................................................................................ 72 I - TESTE DE 50 METROS PARADO .................................................................................................................. 72 II - TESTE 50 METROS LANÇADO..................................................................................................................... 73 III - TESTE DE 30 METROS PARADO ................................................................................................................ 73 IV - TESTE DE 30 METROS LANÇADOS ............................................................................................................ 73 Tabela 12 - Valores Absoluto (seg.) e Porcentagem de Maturação de Velocidade (50m) em escolares brasileiros .............................................................................................................................................. 73 V - TESTE DE VELOCIDADE DE 20 METROS ...................................................................................................... 74 MEDIDAS DE AGILIDADE ............................................................................................................................. 74 I - TESTE "SHUTTLE RUN".............................................................................................................................. 74 Figura 6. Esquema do teste "Shuttle Run"............................................................................................ 75 Tabela 13 - Valores Absoluto (seg.) e Porcentagem de Maturação de agilidade em escolares brasileiros .............................................................................................................................................. 76 II - TESTE DO QUADRADO .............................................................................................................................. 76 Figura 7. Esquema do teste do quadrado............................................................................................. 76 III - TESTE DE AGILIDADE E EQUILÍBRIO DINÂMICO (AAHPERD)...................................................................... 76 PUCC ÍNDICE - Cineantropometria Figura 8 – Esquema do teste de agilidade e equilíbrio dinâmico da AAHPERD ..................................77 Tabela 14 - Classificação do teste de agilidade e equilíbrio dinâmico (GOBBI, VILLAR e ZAGO, 2005)77 MEDIDAS DE FLEXIBILIDADE.......................................................................................................................77 I - TESTE DE SENTAR E ALCANÇAR DE WELL’S E DILLON (BANCO DE WELL’S) ...................................................78 Tabela 15 - Classificação por idade e sexo ...........................................................................................78 II - TESTE DE SENTAR E ALCANÇAR DA AAHPERD ........................................................................................79 Tabela 17 - Classificação por categoria de nível de flexibilidade, baseada em resultados obtidos por Zago & Gobbi (2003), em idosas de 60 a 70 anos. ...............................................................................79 MEDIDAS DE COORDENAÇÃO.....................................................................................................................80 Capítulo VI.......................................................................................................................................................87 A PRÁTICA DA PESQUISA EM CIÊNCIAS DO ESPORTE ..........................................................................87 TEMA DE INVESTIGAÇÃO.............................................................................................................................87 O MODISMO E O NOVO .................................................................................................................................87 A BUSCA DO TEMA DE PESQUISA..............................................................................................................87 OS CAMINHOS DA BUSCA DA VERDADE...................................................................................................87 AS ETAPAS DO CAMINHO DA BUSCA DA VERDADE ...............................................................................88 O MÉTODO QUANTO Á ESTATÍSTICA .........................................................................................................88 Quadro 1 – Principais modelos estatísticos paramétricos e não paramétricos em Ciências do Esporte:89 QUESTÕES ÉTICAS EM PESQUISA E NO TRABALHO ACADÊMICO ......................................................90 CINCO ÁREAS DE DESONESTIDADE CIENTÍFICA.....................................................................................90 Capítulo VII......................................................................................................................................................92 ESTATÍSTICA ..................................................................................................................................................92 Sandra Caldeira ..............................................................................................................................................92 1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................92 2. ESCALAS DE MEDIDA ...............................................................................................................................92 3. CONCEITO DE ESTATÍSTICA....................................................................................................................93 4. COLETA DE DADOS...................................................................................................................................93 5. ORGANIZAÇÃO E APRESENTAÇÃO DOS DADOS ................................................................................94 Tabela 1 - Resultados de 30 escolares em um teste de Impulsão Vertical ..........................................94 Tabela 2 - Valores médios de Altura (cm) de escolares da rede estadual de ensino ...........................94 6. MEDIDAS DE TENDÊNCIA CENTRAL ......................................................................................................95 7. MEDIDAS DE DISPERSÃO.........................................................................................................................96 8. TESTE DE HIPÓTESE.................................................................................................................................98 9. CORRELAÇÃO..........................................................................................................................................102 Tabela 1 - Valores de “t” aos níveis de significância de 0,05 e 0,01 ...................................................105 Tabela 2 - Valores do coeficiente de correlação para os níveis de 0,05 e 0,01..................................105 10. MATEMÁTICA BÁSICA ..........................................................................................................................105 Capítulo VIII...................................................................................................................................................106 O ÍNDICE Z ....................................................................................................................................................106 PUCC ÍNDICE - Cineantropometria Quadro 5.7 - Componentes Médios e Desvio-Padrão do Modelo ...................................................... 108 Capítulo IX .................................................................................................................................................... 109 SISTEMA CARDIOVASCULAR ................................................................................................................... 109 1. COMPONENTES DO SISTEMA CARDIOVASCULAR............................................................................ 109 1. SISTEMA ARTERIAL ................................................................................................................................. 110 2. CAPACIDADE FUNCIONAL DO SISTEMA CARDIOVASCULAR ......................................................................... 112 3. SISTEMA CARDIOVASCULAR EM REPOUSO ................................................................................................ 113 4. DÉBITO CARDÍACO EM REPOUSO ............................................................................................................. 113 5. DÉBITO CARDÍACO DURANTE O EXERCÍCIO ............................................................................................... 114 6. VOLUME DE EJEÇÃO NO EXERCÍCIO ......................................................................................................... 115 Efeitos do Treinamento ....................................................................................................................... 115 7. FREQÜÊNCIA CARDÍACA DURANTE O EXERCÍCIO ....................................................................................... 115 Efeitos do Treinamento ....................................................................................................................... 115 8. DISTRIBUIÇÃO DO DÉBITO CARDÍACO ....................................................................................................... 116 9. FLUXO SANGÜÍNEO EM REPOUSO ............................................................................................................ 116 10. FLUXO SANGÜÍNEO DURANTE O EXERCÍCIO ............................................................................................ 116 11. DÉBITO CARDÍACO E TRANSPORTE DE OXIGÊNIO .................................................................................... 116 Repouso .............................................................................................................................................. 116 Exercício .............................................................................................................................................. 116 12. DIFERENÇAS NO DÉBITO CARDÍACO ENTRE HOMENS E MULHERES .......................................................... 117 13. TREINAMENTO E DÉBITO CARDÍACO SUBMÁXIMO .................................................................................... 117 15. EXTRAÇÃO DE OXIGÊNIO: DIFERENÇA A-VO2 ......................................................................................... 117 16. RESUMO ............................................................................................................................................... 118 Capítulo IX .................................................................................................................................................... 120 TESTES METABÓLICOS ............................................................................................................................. 120 Avaliação de Componente Cardiorespiratório ......................................................................................... 120 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................... 120 2. AVALIAÇÃO FUNCIONAL ....................................................................................................................... 120 3. OBJETIVOS PARA A REALIZAÇÃO DE UMA AVALIAÇÃO FUNCIONAL .......................................... 120 4. CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS PROTOCOLOS DE TESTAGEM................................................... 121 5. FORMAS DE OPERACIONALIZAÇÃO.................................................................................................... 121 6. FONTE ENERGÉTICA .............................................................................................................................. 121 7. DURAÇÃO TOTAL DO TESTE ................................................................................................................ 121 8. TIPO DE CARGA ...................................................................................................................................... 121 9. 10. TEMPO DE DURAÇÃO DOS ESTÁGIOS .................................................................................................. 121 EXISTÊNCIA DE PAUSAS................................................................................................................. 121 11. UNIDADES METABÓLICAS .................................................................................................................. 122 12. PROTOCOLOS DE TESTAGEM UTILIZANDO TÉCNICA DE CAMPO ............................................... 123 Tabela 1 - Definições de Andar, Trotar e Correr................................................................................. 124 13. TESTE DE CAMINHADA DE 3 KM ........................................................................................................ 124 14. ESTE DE ANDAR 880 JARDAS (804,67M) (AAHPERD) ..................................................................... 124 Tabela 2- Normas para classificação da potência aeróbia/habilidade de andar em idosas de 60 a 70 anos ..................................................................................................................................................... 125 (Gobbi, Villar e Zago, 2005). ............................................................................................................... 125 15. TESTE DE ANDAR 4,8 KM (COOPER) ................................................................................................. 125 Tabela 3 - Nível de Capacidade Aeróbica (minutos) - Teste de Andar 4,8 km Cooper .................... 125 16. TESTE DE CAMINHADA 1.200 METROS DO CANADIAN AEROBIC FITES TEST ........................... 125 PUCC ÍNDICE - Cineantropometria 17. TESTE DE CORRIDA DE 2.400 METROS (COOPER) ..........................................................................126 Tabela 4 - Nível de Capacidade Aeróbica do Avaliado, em função do sexo e idade..........................126 18. TESTE DE ANDAR E CORRER EM 12 MINUTOS (COOPER) .............................................................127 Tabela 5 - Nível de Capacidade Aeróbica - Teste de Andar/Correr 12 Minutos (Cooper)..................127 Tabela 6 - Teste de Nadar 12 Minutos - Distância (em metros) nadada em 12 minutos...................128 Tabela 7 - Teste de 12 Minutos de Bicicleta (bicicleta com 3 marchas) Distância (em km) percorrida em 12 minutos......................................................................................................................................128 19. TESTE DE RESISTÊNCIA GERAL (9 MINUTOS)..................................................................................128 20. TESTE DE CORRIDA DE BALKE - 15 MINUTOS..................................................................................129 21. TESTE DE CORRIDA DE RIBISL & KACHODORIAN...........................................................................129 22. TESTE AERÓBIO MÁXIMO DE CORRIDA DE VAI E VEM DE 20M.....................................................130 23. YOYO INTERMITENT ENDURANCE TEST .......................................................................................131 Tabela 11 - valores estimativos do vo2máximo de acordo com a velocidade e idade.......................................133 Tabela 12 - Yoyo intermitente teste – Esquema para controle do teste..............................................134 Tabela 13 - Yoyo intermitente teste – Esquema para controle do teste..............................................135 24. TESTE DE CORRIDA DE 1.000 METROS .............................................................................................135 25. EQUAÇÕES GERAIS PARA DETERMINAR O VO2 MAX EM TESTES DE PISTA ................................136 26. PROTOCOLOS DE TESTAGEM UTILIZANDO ERGÔMETROS...........................................................137 TESTES DE BANCO.......................................................................................................................................137 27. PROTOCOLOS DE AVALIAÇÃO UTILIZANDO BANCO ......................................................................138 28. PROTOCOLO DE BANCO DE HARVARD.............................................................................................138 Tabela 14 - Índice de Aptidão do Banco de Harvard Forma Longa ...................................................138 Tabela 15 - Índice de Aptidão Banco de Harvard Forma Abreviada ..................................................139 29. PROTOCOLO DE BANCO DE KACTH & MCARDLE ...........................................................................139 30. PROTOCOLO DE BANCO DE ASTRAND .............................................................................................139 31. PROTOCOLO DE BANCO DE BALKE ..................................................................................................140 32. PROTOCOLO DE BANCO DE NAGLE ..................................................................................................140 33. TESTES ERGOMÉTRICOS.....................................................................................................................141 34. PROTOCOLOS DE AVALIAÇÃO UTILIZANDO CICLOERGÔMETROS..............................................143 Tabela 16 - Conversões e Relações úteis ...........................................................................................144 35. FORMA DE ATUAÇÃO DOS AVALIADORES .......................................................................................146 36. PARÂMETROS A SEREM CONTROLADOS DURANTE UM TESTE DE ESFORÇO..........................146 Tabela 17A - Classificação Original (IPE) ou Escala de Borg .............................................................147 Tabela 17B - Nova classificação da Escala de Borg ...........................................................................147 Metodologia para mensuração da FC.......................................................................................................148 Tabela 18 - Classificação da Pressão Arterial.....................................................................................148 37. PROTOCOLOS SUBMÁXIMOS ..............................................................................................................149 Tabela 19 - Fator de Correção da Idade de Astrand ...........................................................................150 38. PROTOCOLOS MÁXIMOS......................................................................................................................150 39. PROTOCOLOS DE AVALIAÇÃO UTILIZANDO ESTEIRA ROLANTE .................................................152 Tabela 20 - Protocolo de Bruce ...........................................................................................................152 Tabela 21 - Protocolo de Balke...........................................................................................................153 Tabela 22 - Protocolo de Naughton .....................................................................................................154 Tabela 23 - Protocolo de Ellestad........................................................................................................155 Tabela 24 - Protocolo de Dalke – Ware...............................................................................................155 Tabela 25 - Estimativa do Consumo Máximo de O2 relacionado a Resultados de Diversos Protocolos de Avaliação da Capacidade Aeróbica ................................................................................................155 Tabela 26 - Cálculo do VO2max Previsto em Relação à Idade, Sexo e Grau de Condicionamento Atual156 Tabela 27 - Equações Preditas para Estimar o VO2max (ml.kg-1.min-1) ................................................156 PUCC ÍNDICE - Cineantropometria Tabela 28 - Valores médios da capacidade funcional máxima cardiorespiratória em diferentes faixas etárias .................................................................................................................................................. 156 Tabela 29 - Classificação da Capacidade Aeróbica Baseada no Consumo Máximo de Oxigênio ... 157 (VO2 máx. ml.kg-1.min-1) Obtido........................................................................................................ 157 Tabela 30 - Fórmulas para cálculo da freqüência cardíaca máxima (FCM)....................................... 158 Tabela 31 - Nível de aptidão física do American Heart Association VO2max em ml.kg-1.min-1 ............ 159 Tabela 32 - Nível de Aptidão Física de Cooper VO2max em ml.kg-1.min-1 ........................................... 159 Capítulo X ..................................................................................................................................................... 161 PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS AERÓBICOS .......................................................................................... 161 Tabela 33 - Custo Energético de Atividades de Caminhada .............................................................. 162 Tabela 34 - Custo Energético de Atividades de Corrida..................................................................... 164 Tabela 35 - Custo Energético da Atividade de Trote .......................................................................... 165 Tabela 36 - Cálculo da Velocidade de Caminhada............................................................................. 165 Tabela 37 - Cálculo da Velocidade de Corrida ................................................................................... 166 Tabela 38 - Gasto de Energia em Atividades Domésticas, Recreativas e Esportivas (em kcal/min) 168 Anexos .......................................................................................................................................................... 172 ESTIMATIVA DO GASTO ENERGÉTICO DIÁRIO EM REPOUSO ............................................................ 172 Gráfico 5 - índice metabólico basal como uma função da idade e do sexo. (Dados de Altman, P.L., e Dittmeer, D.S. Metabolism. Bethesda, MD, Federation of American Societies for Experimental Biology, 1968.) In: Nutrição, exercício e saúde. ............................................................................................... 174 Figura 1 - Nomograma para avaliação da superfície corporal a partir da estatura e da massa . Reproduzido de linical Spitometry,” conforme preparado por Boothby e Sandiford da Clínica Mayo, por cortesia de Warren E. Collins, Inc., Braintree, MA.) In: Nutrição, exercício e saúde. .................. 175 Figura 2 - Nomograma de Astrand...................................................................................................... 175 TABELAS REFERENTES AO CRESCIMENTO LONGITUDINAL DO CORPO....................................... 176 Tabela 1 - Valores Absoluto (cm) de Porcentagem da Maturação de Estatura em Escolares Brasileiros............................................................................................................................................ 176 Tabela 2 - Valores Absolutos (kg) e Porcentagem de Maturação de Peso Corporal em Escolares Brasileiros............................................................................................................................................ 176 Tabela 3 - Valores Absoluto (mm) de Dobras Cutâneas (X 3) e (X 7) em Escolares Brasileiros ...... 176 Tabela 4 - Valores Absoluto (cm) de Porcentagem da Maturação de Circunferência de Braço em Escolares Brasileiros........................................................................................................................... 177 Tabela 5 - Valores Absoluto (m) e Porcentagem da Maturação de Circunferência de Perna em Escolares Brasileiros........................................................................................................................... 177 Tabela 6 - Valores Absoluto (cm) e Porcentagem da Maturação de Diâmetro de Úmero em Escolares Brasileiros............................................................................................................................................ 177 Tabela 7 - Valores Absolutos (cm) e Porcentagem da Maturação de Diâmetro de Fêmur em Escolares Brasileiros........................................................................................................................... 178 PUCC Introdução O futuro profissional de Educação Física deverá utilizar seus conhecimentos, entre outras atividades, na pesquisa em Educação Física, Treinamento Esportivo e Lazer, em academias, em clubes, escolas ou entidades patrocinadoras de diferentes modalidades desportivas, em órgãos governamentais que coordenam e supervisionam campeonatos ou eventos desportivos ou mesmo colaborando com outros profissionais de equipes multidisciplinares. A disciplina de Avaliação em Educação Física e Esporte, de acordo com a ementa, se propõe em desenvolver junto ao aluno de Educação Física, futuro profissional da Área de Humanas, a consciência crítica e ética, por meio do desenvolvimento do projeto de pesquisa específico na área da motricidade humana, a importância do conhecimento sobre uma série de aspectos relevantes para nossa atuação como profissionais da Área de Ciência do Esporte. CONTEXTUALIZAÇÃO DA DISCIPLINA NO CURSO: A disciplina de Avaliação em Educação Física e Esporte utilizará os conhecimentos adquiridos de outras disciplinas como: Anatomia; Fisiologia; Crescimento e Desempenho Físico; Esforço na Atividade Física; Cineantropometria; Cinésiologia; Treinamento Esportivo Geral; Treinamento Esportivo Específico; Pesquisa I, entre outras e principalmente Pesquisa em Educação Física, Treinamento e Lazer II, ministrada concomitantemente com a disciplina Avaliação em Educação Física e Esporte, para a construção do conhecimento sobre às necessidades sociais. Acreditamos que a escolha do teste para cada situação específica deve obedecer aos princípios da reprodutibilidade e objetividade comprovada, sendo condição sine qua non para o sucesso da interpretação dos resultados. ASSIM, AO TÉRMINO DAS ATIVIDADES DA DISCIPLINA, O ALUNO DEVERÁ SER CAPAZ DE RECONHECER QUE OS CONHECIMENTOS ADQUIRIDOS SÃO FERRAMENTAS QUE SERÃO UTILIZADAS PARA O SEU DESEMPENHO PROFISSIONAL, COMPREENSÃO DE OUTRAS DISCIPLINAS CORRELATAS E SER CAPAZ DE AUMENTAR O CONHECIMENTO ADQUIRIDO ATRAVÉS DE ATUALIZAÇÕES CONTINUADAS QUE SE FAZEM NECESSÁRIAS PARA UM BOM DESEMPENHO DA PROFISSÃO ESCOLHIDA. JUSTIFICATIVA Como esta disciplina se destina aos futuros profissionais que pretendem iniciar uma abordagem científica da Educação Física, vale lembrar que o conhecimento da área a ser investigada corresponde ao primeiro e fundamental passo. E quando falamos de conhecimento da área, não devemos entender apenas o conhecimento técnico científico, mas sua dimensão e relevância social. A consciência e a reflexão ampla dos problemas que envolvem uma área, por certo facilitarão o diagnóstico e a elaboração de perguntas mais adequadas sobre o mundo em que vivemos. E é aí, nesse ponto, que o futuro profissional de Educação Física deve exercitar uma das suas características básicas: a arte de saber observar analiticamente e não apenas ver ou enxergar. Neste aspecto ressaltamos alguns pontos importantes: • • • • • • A Distância Avaliação-Realidade – problema que deveremos observar é a distância entre a avaliação e a realidade que o cerca; Integração Campo-Laboratório – desenvolver atitude científica frente as maravilhas que acontecem no seu dia a dia de trabalho com a atividade física e esportiva; A Busca do Tema de Avaliação – a busca do tema a ser investigado deve atender às prioridades das áreas de aprofundamento como: pedagógica; saúde e treinamento; O caminho da Busca da Pesquisa – como deveremos responder a pergunta base, à hipótese estabelecida no objetivo do trabalho?; As Etapas do Caminho da Busca da Verdade – essa procura poderá ser feita basicamente de acordo com o método estatístico utilizado: O Método Quanto à Estatística – conforme a variável a ser medida e de acordo com à constituição da amostra podemos ter uma idéia, a priori, da distribuição dos seus resultados, portanto, o método estatístico deve ser adequado a distribuição dos resultados: o Teste de hipótese para amostras independentes - permite comparar os resultados encontrados em sua amostra com os resultados encontrados por outro grupo; o Teste de hipótese para amostras dependentes – caracteriza-se pela comparação de duas médias, pertencentes a uma mesma amostra, em um mesmo teste, realizados em momentos distintos: teste e reteste. PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 1 Teste de Correlação – é uma técnica estatística utilizada para determinar o relacionamento entre duas ou mais variáveis O Método Quanto ao Ambiente – atender ao binômio “material não sofisticado – técnicas não complexas”. o • Assim definida como ciência, a Avaliação em Educação Física Esporte, irá contribuir na formação do profissional de Educação Física, de modo que os conhecimentos de cada assunto ministrado deverão proporcionar ao aluno o desenvolvimento no trato com o conhecimento específico e aplicação do mesmo, sem, contudo perder a noção de que os modelos que se baseiam em sociedades em outro estágio de desenvolvimento tecnológico e que nem por isso garantiram para seus membros uma vida mais feliz. Por isso, urge que o desenvolvamos em nossa área uma tecnologia que atenda as nossas prioridades de Terceiro Mundo, estando sempre atentos contra o “cientificismo dos laboratórios de muitas máquinas e poucos neurônios”. Capítulo I INTRODUÇÃO Às MEDIDAS E AVALIAÇÃO 1. CONCEITOS Desde que o homem está sobre a terra uma luta contínua vem se desenvolvendo, a da vida contra a morte. Para manter a vida um critério natural de seleção instalou-se, comum a todas as espécies vivas - o da vitória do mais forte em prejuízo do mais fraco, garantindo desta forma a sobrevivência e a reprodução aos vitoriosos. Progressivamente de um modo empírico no início, para tornar-se científico, numa evolução constante com o correr dos séculos, procurou o homem aumentar seu período de vida, garantir sua vida, garantir sua aparência externa, e a atividade física transformou-se num dos meios fisiológicos mais válidos com tal finalidade, sendo hoje um dos mais eficientes métodos de combate ao envelhecimento precoce e a manutenção da saúde: Tais fatos são verdades, hoje, incontestáveis, bastando lembrar o conceito atual da doença hipocinética, isto é, do déficit de movimento. Se, contudo, pensarmos nestas situações propostas, alguns fatos se destacam de saída, sobrevivência do mais forte, prolongamento da vida, etc., envolvendo necessariamente um conceito de quantificação de grandezas que necessita ser comprovado por comparação, análise e tomada de medidas, dentro de certas bases. Paralelamente fazemos uma afirmação:- O exercício físico funciona como método de combate ao envelhecimento. Como comprovamos esta situação? A resposta óbvia será fornecida, para haver precisão na hipótese levantada, através do emprego de métodos de pesquisa e da quantificação, dentro de normas pré-determinadas: o método científico. Em Educação Física qual será o melhor ou os melhores fatores para obter o resultado anteriormente citado? Necessária se faz a experimentação de programas, o seu reajuste às necessidades de cada ser, a verificação cuidadosa dos dados obtidos em observações bem conduzidas. Surgem, pois, no raciocínio biológico, mesmo numa linha ainda primária, a noção de quantidade, medida, análise, avaliação e comprovação, por comparação, de fatos que se supõe sejam verdadeiros. Nasceu uma Biologia quantitativa - a BIOMETRIA, hoje englobada na CINEANTROPOMETRIA. De seu conceito de "medida da vida" ou, em um sentido mais elástico - medida dos fenômenos biológicos - podemos hoje dizer que a BIOMETRIA é o ramo da Biologia que estuda e mede os componentes biológicos e suas correlações. VANDERVAEL a define como sendo "a ciência que tem por objetivo a medida dos grupos humanos e de seus problemas, usando a matemática e a estatística". Já a cineantropometria foi apresentada pela primeira vez como uma especialidade emergente no Congresso Internacional das Ciências da Atividade Física, realizado em Montreal, em 1976, na tentativa de reunir em uma só disciplina, profissionais das áreas de biometria, antropologia, física, biologia e biotipologia (De Rose, 1981). “O termo cineantropometria é de origem grega sendo que KINES significa movimento, ANTHROPO significa homem e METRY medida. Seu conceito é o do uso da medida no estudo do tamanho, forma, proporcionalidade, composição e maturação do corpo humano, com o objetivo de ampliar a compreensão do comportamento humano em relação ao crescimento, à atividade física e ao estado nutricional” (De Rose, 1981). Em termos de Educação Física e de Desporto lidamos com numerosas valências, específicas ao aspecto físico, e outros comuns às demais áreas da educação. Hoje não se admite um desenvolvimento físico desacompanhado do desenvolvimento intelectual e vice-versa. Estando os 2 elementos altamente interligados nas estruturas psicológicas, sociais, etc., do indivíduo e da sociedade. O conceito de afastar o 2 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras incapaz, de selecionar o mais forte, perde seu sentido tornando-se necessário transformar o fraco em um forte e fazer, de ambos, elementos cada vez mais fortes e mais capazes. Como porém avaliar o que é débil e em que área está situada a debilidade? Como e com quem deverá ser comparado para que seja ele transformado num ser forte? Como traçar seu programa de recuperação e avaliar seu progresso? A resposta será fornecida pela utilização dos elementos que a Biometria nos coloca nas mãos - o uso de testes precisos e adequados, analisando corretamente os resultados obtidos e dando um perfeito emprego aos dados. 2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA As divisões históricas da Biometria apresentam uma característica eminentemente didática, de vez que a preocupação com o todo sempre existiu. Ao dizermos que o período de verificação da força começa por volta de 1880, estamos dando uma margem didática ou esquecendo-nos que ao usar, na Antigüidade Clássica, um novilho sobre os ombros para correr, visando aumentar a sua capacidade na medida que o animal aumentava de peso, MILON realizava uma avaliação de seu estado; ao colocarmos no Período que vai, em média até 1890 à época das medidas antropométricas estaríamos cometendo um erro se não fosse puramente didática a nossa catalogação, de vez que elementos como VALSAVA, por volta de 1707, já se preocupavam com a aptidão cardíaca e posteriormente ao ano de 1890, praticamente na metade do século XIX surge o trabalho de classificação biotipológica de SHELDON, e outras medidas estudadas e analisadas posteriormente, em atletas que participam dos Jogos Olímpicos, como se fez em Roma no ano de 1960, em Tóquio, no México, etc., sendo hoje ainda motivo de pesquisa. Podemos, para sistematizar nossos estudos, dizer que 9 são os períodos básicos da evolução biométrica: 1. Medidas Antropométricas .........................................................................................(1860-1890) 2. Medidas da Força .....................................................................................................(1880-1910) 3. Medidas Cardiovasculares .......................................................................................(1900-1925) 4. Medida da Habilidade Motora...................................................................................(1900-1920) 5. Medidas Sociais........................................................................................................(1920) 6. Medidas de Habilidade Esportiva Específica ...........................................................(1920) 7. Período da Avaliação................................................................................................(1920) 8. Medidas do Conhecimento .......................................................................................(1940) 9. Conceito de Aptidão Física.......................................................................................(1940) O termo Antropologia foi criado por QUETELET, entretanto desde a mais remota antigüidade o corpo era medido usando-se parte dele como unidade, entre os egípcios, por exemplo, empregava-se o dedo médio da mão como medida e algumas correlações eram traçadas e um braço media 8 dedos, um membro inferior, 10 dedos etc. Foi, entretanto, na Grécia Clássica que as medidas antropométricas iniciam sua fase áurea, trazidas a nós pelas estátuas dos atletas, comparáveis em beleza às dos deuses. HIPÓCRATES, cerca de 400 a.C., traça-nos a primeira classificação biotipológica, dividindo os indivíduos em físicos (esbranquiçados, em que predominava o comprimento) e os apopléticos (Vultosos, avermelhados). Entretanto, somente com estudos de LEONARDO DA VINCI e MICHELANGELLO, na Renascença, voltaria o assunto à tona. Bem mais tarde, na Inglaterra, MACLAREN desenvolveu suas técnicas de medidas, incluindo nelas as antropométricas. No Novo Mundo o movimento dos testes foi lançado por EDWARD HITCHCOK, na Universidade de Amherst, valorizando os dados de altura, peso, idade, envergadura, cintura, capacidade vital e alguns itens de força, procurando avaliar o progresso de seus alunos e, basicamente, definir um tipo físico ideal para o homem. O assunto foi levado ao Congresso de Educação Física, em 1885. Por volta de 1880 começam os estudos de SARGENT, em Harvard, usando mais de 40 medidas, incluindo-se alguns tipos de força, para PRESCREVER UM PROGRAMA DE EXERCÍCIOS FÍSICOS INDIVIDUALIZADO aos alunos da sua Universidade e lançando o seu livro sobre este tema - "Manual de Testes e Medidas". Foi um dos pioneiros no campo dos testes de força, julgando ser a CAPACIDADE DE PERFORMANCE mais importante que o tamanho e a simetria preconizados por HITCHCOK. Ainda no campo das pesquisas antropométricas destacam-se os estudos de HASTING, sobre o crescimento humano, de McCLOY, os quadros de PRYOR, a carta de MEREDITH, os estudos de KRETSCHMER, VIOLA, etc. Entretanto, com SARGENT, começa a preocupação com os níveis de força. As verificações feitas por ele, junto com BRIGHAM, pesquisando força de braços, pernas, costas e preensão de mão (por meio da dinanometria), da capacidade vital (usando o espirômetro), marcam uma faixa de transição seguindo-se as pesquisas de outros autores - CAPEN, CHUI, BOVARD e COZENS, KELLOG - (que desenvolveu o dinamômetro universal, testando 25 grupos musculares), etc. Os trabalhos de RUDGERS, de 2925, sobre TESTES DE CAPACIDADE FÍSICA NA ADMINISTRAÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA, esquematizam os PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 3 índices de força e de Aptidão Física, com alto índice de correlação sendo um dos pioneiros no campo dos testes verdadeiramente científicos e utilizando-os com propósito classificatório. Entretanto, o próprio SARGENT já começa a se preocupar com um fato - os testes de força não mediam velocidade nem resistência. A este fato somava-se o conceito de SEAVER que "um homem grande, nem sempre é um homem de alta resistência". Estas opiniões, somadas à descoberta do ergógrafo, feita pelo italiano MOSSO, em 1884, ao lado dos progressos no campo da fisiologia do coração, conduzem para os testes de Avaliação CárdioPulmonar. Surgem os primeiros trabalhos relativos à fadiga, a relação entre atividade muscular e circulatória e sua utilização em Educação Física. Por volta de 1890 surge o trabalho de classificação biotipológica de SHELDON, e outras medidas estudadas e analisadas posteriormente, em atletas que participam dos Jogos Olímpicos, como se fez em Roma no ano de 1960, em Tóquio, no México, etc., sendo hoje ainda motivo de pesquisa. Por ocasião da I Guerra Mundial, SCHNEIDER usa seu teste para medir a aptidão dos soldados que iam combater. Em 1931 aparece o teste de relação de pulso de TUTTLE, um dos melhores da época, não só usado para aferir aptidão como para detectar doença cardíaca. Em 1943 BROUHA descreveu o conhecido teste do banco (HARVARD). Posteriormente apareceram outros pesquisadores na área, até atingirmos a sofisticação dos testes atuais realizados em laboratórios altamente aparelhados, resultantes das pesquisas de SJOESTRAND, WAHLUND, VENERANDO, HOLLMANN, BALKE, ASTRAND, MARGARIA, TAYLOR e muitos outros. Entretanto, ainda em 1907, MEYLAN, na Universidade de Columbia, usando idéias de SARGENT datadas de 1880 a 1901, desenvolveu seu teste de Habilidade Motora, abrindo mais uma janela no campo das medidas, tentando graduar a habilidade de seus alunos, classificando-os para que pudessem participar de um programa supervisionado. Em 1913 a Associação Americana de Parques Infantis lança seu teste; em 1920 surgem os primeiros testes femininos, descritos por GARFIELD e BARNARD. Não estava, porém, tudo resolvido. Ainda na década de 1920 começam as preocupações com a interferência dos fatores como o caráter, a personalidade e as valências sociais na performance, sendo pioneiros os trabalhos de McCZOY, VAN BUSCKIRK e BLANCHARD. Aparece a biotipologia com PENDE. É ainda por volta de 1920 que começam os estudiosos a retomar os trabalhos, suspensos desde 1913, surgindo os testes de habilidade esportiva, com a divulgação do teste de BRACE, no Basket, seguindo-se outros, é nesta época, aproximadamente, que se preocupam os pesquisadores com os Testes de Conhecimento, que só viriam a ter tratamento científico a partir de SNELL-COL., na Universidade de Minnesota, embora antes deles, já por volta de 1989, tivesse sido publicado o trabalho de BLISS. Foi, entretanto, por volta da década de 1920, com a UTILIZAÇÃO DAS TÉCNICAS ESTATÍSTICAS, que os testes vieram a ter um cunho científico, surgindo a avaliação e a análise. O pioneiro, neste campo, foi LAPORT. Pesquisou-se a validade de testes, sua confiabilidade, surgiram meios mais precisos de desenvolvimento de quadros e índices, aparece a técnica da pontuação T de McCALL e surge a figura de McCLOY revendo, entre outros, o teste de Habilidade Motora de BRUCE. Apareceram os estudos de COZENS, ROGERS, e em 1930 sai o número 1 da "Research Quarterly", visando divulgar e estimular trabalhos em moldes eminentemente científicos. Surgem as primeiras baterias de testes com BRACE. Entretanto a preocupação maior com a Aptidão Física desenvolveu-se a partir dos estudos de CURETON e BOOKWALTER, na época da II Guerra. Hoje, no mundo inteiro, mas com uma ênfase destacada nos Estados Unidos, o assunto é pesquisado, surgindo a resultante nos trabalhos do próprio CURETON, BALKE, HEBBELINCK, PLAS, VENERANDO, ASTRAND, etc. Todo o mundo volta-se, hoje, para o setor da pesquisa e da medida aplicada. 3. A BIOMETRIA NO BRASIL No Brasil o uso da Biometria já se faz notar no início do século. Fichas antropométricas são usadas no serviço médico do Fluminense Football Club, do Rio de Janeiro, em 1917. Por volta de 1930 começa o curso da Escola de Educação Física do Exército. Na década de 1940 aparece o livro de Biometria de SETE RAMALHO, divulgando o seu modo de ministrar a disciplina naquela Escola; surge o livro de biotipologia de BERARDINELLI. Na Escola de Educação Física da antiga Universidade do Brasil aparecem as figuras de Peregrino Jr. e Armando Peregrino. O controle médico desportivo, usando testes simples, difunde-se nos Clubes, sobretudo em relação ao futebol. Por volta de 1969 cabe a Maurício José Leal Rocha criar, na Escola de Educação Física da UFRJ, o primeiro centro de Medida e Avaliação moderna, o LABOFISE, difundindo-se e aos outros centros o programa atual de pesquisas em bases mais científicas. O processo de renovação desta estrutura foi iniciado em 1971, ao introduzir os conceitos fundamentais da composição corporal, difundido a determinação do percentual de gordura estimado pela medida da dobra cutânea e o cálculo de peso ósseo, através de diâmetros ósseos. 4 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras Em virtude de não necessitar de equipamentos numerosos ou muito sofisticados, foram suas técnicas rapidamente assimiladas e implantadas em todo país. Já em 1978 o maior número de pesquisas apresentadas por autores brasileiros em jornadas e congressos eram oriundas desta área de conhecimento. É curioso notar que estes centros, erradamente, localizam-se em cadeiras de Fisiologia e não nas de Biometria, sendo a Medida e a Avaliação, ainda hoje consideradas, em muitas áreas, como matéria eminentemente fisiológica. Em 1974, surge na cidade de São Caetano do Sul o CELAFISCS (Centro de Aptidão Física de São Caetano do Sul), criado pelo Dr. VICTOR K. R. MATSUDO, sendo hoje o “número um” no país em termos de pesquisas realizadas e publicadas no Brasil e no exterior. Este centro se dedica ao estudo de crescimento e desenvolvimento, avaliação física de escolares e atletas de alto nível, detecção de talentos, além é claro do projeto de saúde pública (Exercício e Saúde). 4. PROPÓSITOS DO ESTUDO DE MEDIDAS E AVALIAÇÃO NUM PROGRAMA DE EDUCAÇÃO FÍSICA Cabe-nos, a esta altura, uma indagação - Com que objetivo iremos estudar Medidas e Avaliação num curso de Educação Física? O que medir? Por que medir? Para que medir? NASH focaliza os objetivos básicos da Educação Física no desenvolvimento orgânico, no desenvolvimento neuromuscular, no desenvolvimento emocional; BROWNEZL e HOGMAN enfocam a aptidão física, as habilidades motoras e sociais, o conhecimento e o entendimento das coisas da vida e os hábitos, as atitudes e a apreciação da vida; WILLIAMS chama a atenção para os objetivos ligados ao desenvolvimento dos sistemas orgânicos, das habilidades neuromusculares, do interesse no jogo e na recreação e de meios padronizados de vida Sadia e adaptada ao ambiente; BUCHER ainda acrescenta o fator de desenvolvimento pessoal e social; MATSUDO entende que não levar em consideração o nível de maturação, não seria possível atingir nenhum dos objetivos citados acima, propondo portanto, um critério biológico de seleção, baseado em seis itens: 1. avaliação da aptidão física; 4. nível de maturação biológica; 2. comparação com critério padrão de referência; 5. nível nutricional. 3. localização na estratégia Z; 6. curva percentual de maturação funcional; Se em Educação Física iremos lidar com a mais perfeita das máquinas - o corpo humano, e com o mais precioso dos bens - o desenvolvimento físico e mental de uma criança, Medidas e Avaliação deverá ser utilizada com os seguintes objetivos: 1) 2) 3) 4) 5) 6) 7) 8) 9) avaliar o estado do aluno ao iniciar a programação; detectar deficiências, permitindo uma orientação no sentido de superá-las; auxiliar o indivíduo a situar-se em uma atividade física que o motive e onde possa desenvolver suas aptidões; orientar, detectar e acompanhar a evolução dos problemas posturais, os desajustes psicológicos e sociais, transformando um fraco em um indivíduo normal e um normal num ser cada vez mais forte; acompanhar o progresso de nossos alunos; impedir que atividade física seja um fator de agressão rompendo o equilíbrio orgânico e desencadeando doenças; selecionar elementos de alto níve1, para integrar equipe de competição; estabelecer e reciclar o programa de trabalho; desenvolver a pesquisa em Educação Física. 5. TENDÊNCIAS Vimos a história mostrar-nos uma evolução nos meios e na filosofia das medidas. Para onde estamos indo? O futuro depende basicamente do melhoria nos nossos conhecimentos, pesquisa, ênfase e atenção na filosofia de trabalho. Atravessamos uma época de alta sofisticação operacional, de automação e de maravilhas tecnológicas. Estamos diante de uma verdadeira explosão de conhecimentos, impondo-nos a especialização e mesmo sub-especializações. Aonde chegaremos na área de Medidas e Avaliação aplicada à atividade física? PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 5 As tendências mais previsíveis são: 1) 2) 3) 4) Refinamento nos testes de habilidade; Mais testes na área do conhecimento; Maior e melhor utilização dos testes subjetivos; Técnicas mais sofisticadas e uma transposição mais precisa para sua utilização no campo prático, sobretudo em nível escolar; 5) Uso de mais testes no diagnóstico, para determinar necessidades individuais; 6) Maior utilização de conhecimentos de Biomecânica, Bioquímica e na área dos registros elétricos; 7) Ênfase contínua aos testes cardiovasculares e de aptidão; 8) Destaque e avaliação da percepção motora e psicológica; 9) Ênfase na avaliação do professor; 10) Maior uso dos testes de capacidade, ênfase no setor da pesquisa da habilidade motora; 11) Medida da motivação; 12) Uso da avaliação de maturação biológica; 13) Técnicas de detecção de talentos esportivos. Torna-se necessário lembrar que a avaliação, objetivo da medida, é um problema dinâmico e contínuo. Todo o trabalho conduz à pesquisa e esta nos leva à novas técnicas de medida, aprimorando sempre o sistema. 6. TESTES Vimos a situação da Biometria, as tendências e as fases históricas dos testes. Quais, entretanto, as bases de nosso trabalho? Como aplicá-lo? Na filosofia das medidas teremos de ter em mente que lidamos com seres humanos, que devem ser integrados sadios para constituir uma sociedade sadia. Esta mesma sociedade irá ditar-nos as bases de nosso trabalho, dizendo-nos o que espera de nós. Hoje, admite-se que seja esperado do professor de Educação Física produzir indivíduos cada vez mais aptos, mais fortes e mais capazes física e intelectualmente. O produto, isto é, o estudante deve ter as características de uma pessoa fisicamente educada. BARROW destaca que o produto desejado "é o produto ideal - o critério de todas as práticas de Educação Física - critério estabelecido através de padrões derivados da avaliação e da formulação de objetivos". Estes objetivos poderão ser usados como um guia, nunca como um fim, de vez que o processo é eminentemente dinâmico. O professor deve saber o que ensinar ao aluno, como ensinar, com que finalidade e dentro de que intensidade, servindo-se dos métodos de Medidas e Avaliação para orientar este trabalho. O programa deve ser cada vez mais individualizado e tendo em vista responder às perguntas específicas:- O que medir? Por que medir? Para que medir? Todo o desenvolvimento do produto, isto é - do aluno/atleta - dependerá de 2 fatores: suas necessidades e um ponto de referência. Medir torna-se indispensável para planejar o processo, acompanhar sua evolução e avaliar o rendimento. Ter em mente, nesta avaliação, que aquilo que não pode ser medido pode ser julgado e os níveis e técnicas para realizar este julgamento implicam em numerosos aspectos qualitativos. Por outro lado só poderá educar bem quem se mantiver em dia com o avanço da ciência. O método de trabalho a ser utilizado na avaliação e na programação dependerá diretamente desta evolução científica. Além disto devemos ter em mente, de um modo contínuo, que a época da improvisação já está ultrapassada. Hoje só colhe frutos quem planeja bem, executa bem e recolhe dados precisos para sua análise e avaliação posterior. Modernamente o homem deve ser analisado em sua globalidade resultante que é de sua carga hereditária genética e das influências ambientais que sobre ele agem. A meta prioritária passou a ser a aptidão global, cujos fundamentos são analisados por YUHASZ, dentro do seguinte esquema (figura 1): Aptidão Global Base Genética Física Intelectual Base Ambiental Social Emocional Figura 1. Modelo do conceito de aptidão global. 6 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras Antes de iniciarmos a descrição das variáveis de aptidão física e suas técnicas de medida, devemos conhecer alguns pontos básicos para que este manual possa contribuir para que seu trabalho seja ainda mais produtivo. Devemos inicialmente ter em mente que antes de aplicarmos qualquer teste devemos responder às três perguntas básicas: 1. O que vai ser medido? 2. Por que vai ser medido? 3. Para que vai ser medido? Assim, devemos preliminarmente nos conscientizar do que se está querendo medir em termos de aptidão física, por que fazê-lo e com que propósito. A esta altura estão em movimento: teste, medida, avaliação, análise, pesquisa. Conceituemos tais fatos para uma linguagem comum. Teste: É uma pergunta ou um trabalho específico utilizado para aferir um conhecimento ou habilidade de uma pessoa. Estamos testando nosso conhecimento ao respondermos a um questionário previamente construído, a exemplo das provas realizadas em um vestibular, ou quando executamos um trabalho físico qualquer, visando obter uma resposta a uma indagação que nos fazemos: como está nossa força, por exemplo. Teste, portanto, é um instrumento, procedimento ou técnica usado para se obter uma informação. Essa informação pode ser na forma escrita, observação e performance. Medida: É uma técnica capaz de nos dar, através de processos precisos e objetivos, dados quantitativos que exprimam caracteristicamente, e em bases numéricas, as qualidades que desejamos situar. Qual é minha altura? Quanto obtive de índice na prova de línguas? Qual o meu QI? Qual o meu índice de força nos membros superiores? A minha velocidade de deslocamento? Portanto, medida é o processo utilizado para coletar as informações obtidas pelo teste, atribuindo um valor numérico aos resultados. As medidas devem ser precisas e objetivas. Podem ser coletadas de duas formas: formal (a pessoa sabe que irá ser testada) e, informal (a pessoa não sabe que irá ser testada). Avaliação: É o processo pelo qual, utilizando medidas, podemos subjetiva, e objetivamente exprimir e comparar critérios. Assim, por exemplo, ao iniciarmos um programa de treinamento e medirmos a situação em que se encontram nossos alunos, poderemos, posteriormente, após aplicar o nosso plano de trabalho, repetindo os testes iniciais, comparar os dados e julgar se estamos no caminho certo ou se necessitamos reformular, em parte ou no todo, o que vínhamos usando, sabendo se o resultado foi positivo ou negativo. Avaliação portanto, determina a importância ou o valor da informação coletada; classifica os testandos; reflete o progresso; indica se os objetivos estão ou não sendo atingidos; indica se o sistema de ensino está sendo satisfatório, faz comparação com algum padrão (escalas, médias, desvios padrões, percentuais, etc.). Deve refletir a filosofia, as metas e os objetivos do profissional. No quadro 1 apresentamos um exemplo, caracterizando teste, medida e avaliação. Quadro 1. Caracterização dos termos teste, medida e avaliação. MEDIDA TESTE Impulsão Vertical com auxílio dos braços Pré Pós A (Márcio) 42 cm 47 cm B (Paulo) 44 cm 46 cm AVALIAÇÃO Pré : A < B Pós : A > B Vemos, pois, que a avaliação é uma parte do processo educacional, medida uma técnica de avaliação e teste um instrumento de medida, como nos lembra BARROW. Enquanto a medida nos dá informação quantitativa de um trabalho, a avaliação nos posiciona qualitativamente dentro dele. A avaliação é um processo que deve ser permanente para nos criar condições de, partindo de valores básicos, determinar a ação, características, desvios e toda a seqüência do processo. Na análise final a avaliação torna possível julgar a eficiência do método empregado em função do grupo e do indivíduo. BERTEUFFER e BREYRER estabeleceram um conceito - a medida focaliza um conhecimento ou habilidade específica de um momento e a avaliação é um processo dinâmico, uma mudança (preferentemente para melhor) em um período de tempo, fornecendo-nos bases preciosas de diferenças entre estes dois pontos. A medida e a avaliação são meios e fins, mas não uma finalidade básica em si mesma. PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 7 7. FILOSOFIA DAS MEDIDAS Assim, para analisarmos o nível de aptidão física precisamos medir o maior número de suas variáveis e neste manual descreveremos como podemos fazer isso dentro de uma filosofia de trabalho: 1. Material não sofisticado; 2. Técnicas não complexas; 3. Métodos que possam ser aplicados a grandes grupos. No entanto, não devemos confundir a simplicidade dos testes como uma atitude simplista e assim chamamos a atenção de que os testes aqui mencionados tiveram sua validade, reprodutibilidade e/ou objetividade bem definidos. 8. CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DOS TESTES Os principais critérios da seleção de testes são: validade, reprodutibilidade e objetividade. Validade: É a determinação do grau em que o teste mede aquilo que se propõe medir. Exemplo: teste de 50 metros mede velocidade, pois independente do sexo ou faixa etária, o tempo conseguido está dentro da utilização da fonte imediata de energia. Determinação: • Comparação com testes de validade conhecida; • Definição a partir de opiniões de pessoas de reconhecido gabarito no assunto; • Por conhecimento teórico, fundamentados em literatura; • Através de análise com referência a “Critérios”. Reprodutibilidade: É o grau em que esperamos que os resultados sejam consistentes, quando examinados pelo mesmo avaliador, em diferentes dias, geralmente próximos entre si. - Grau de consistência dos resultados de um teste em diferentes testagens, utilizando-se sempre os mesmos sujeitos. Determinação: Pode ser determinada aplicando-se o teste e, nas mesmas condições, o reteste, após um período determinado de tempo, que normalmente deve ser de 3 dias a uma semana, não devendo ultrapassar 15 dias, a não ser em casos especiais e de acordo com o objetivo do trabalho. Nesse espaço de tempo o aluno/atleta não deve modificar seus hábitos de vida. Calculamos o coeficiente de correlação, que deverá estar acima de 0,7 para que possamos considerar o teste como reprodutível. Objetividade: É o grau em que esperamos consistência nos resultados, quando o teste é aplicado ou anotado simultaneamente por diferentes indivíduos nos mesmos alunos ou atletas, em diferentes dias, geralmente próximos entre si, não devendo ultrapassar 15 dias. Nesse espaço de tempo o aluno ou atleta não deve modificar seus hábitos de vida. - Grau de concordância dos resultados do teste entre os testadores. Determinação: Também é realizada através do cálculo do coeficiente de correlação de Pearson, na maioria das vezes. Devemos lembrar que tanto a reprodutibilidade quanto a objetividade podem ser aumentadas quando os aplicadores são bem treinados. Safrit (1981) sugere a seguinte tabela (tabela 1.1): Tabela 1. Níveis de validade, reprodutibilidade e objetividade para os conceitos excelente, bom, regular e fraco. NÍVEL VALIDADE REPRODUTIBILIDADE OBJETIVIDADE Excelente 0,80 - 1,00 0,90 - 1,00 0,95 - 1,00 Bom 0,70 - 0,79 0,80 - 0,89 0,85 - 0,94 Regular 0,50 - 0,69 0,60 - 0,79 0,70 - 0,84 Fraco 0,00 - 0,49 0,00 - 0,59 0,00 - 0,69 9. TIPOS DE AVALIAÇÃO Em geral, quando o termo avaliação é mencionado, pensa-se em administrar testes e atribuir graus aos indivíduos. Como será visto a seguir, a avaliação tem um papel mais amplo do que testar e atribuir graus. Dependendo do objetivo, o avaliador pode lançar mão de três tipos de avaliação: Diagnóstica, Formativa e Somativa. 8 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras Avaliação Diagnóstica: Nada mais é do que uma análise dos pontos fortes e fracos do indivíduo, ou da turma, em relação a uma determinada característica. Esse tipo de avaliação, comumente efetuado no início do programa, ajuda o profissional a calcular as necessidades dos indivíduos e, elaborar o seu planejamento de atividades, tendo como base essas necessidades ou, então, a dividir a turma em grupos (homogêneos ou heterogêneos) visando facilitar o processo de assimilação da tarefa proposta (Johnson & Nelson, 1979; Paniago et al., 1979; Kirkendall et al., 1980). Para um melhor planejamento necessário se faz responder algumas perguntas: • • • • • • • Como está o aluno/atleta sob determinados aspectos motores: força, velocidade, etc.? Como está o aluno em relação a uma meta, dependente de seu nível? Quais são as dificuldades de determinado aluno? O grupo em que vamos trabalhar é homogêneo em alguns aspectos motores? Existem alunos que destoam muito do grupo. Por que? Quais as dificuldades do grupo? Como nosso grupo está situado, comparado com outros padrões ou metas? Avaliação Formativa: Este tipo de avaliação informa sobre o progresso dos indivíduos, no decorrer do processo ensino-aprendizagem, ou, treinamento, dando informações tanto para os indivíduos quanto para os profissionais, indica ao profissional se ele está aplicando o conteúdo (ensino ou treinamento) certo, da maneira certa, para as pessoas certas e no tempo certo. A avaliação é realizada quase que diariamente, quando a performance do indivíduo é obtida, avaliada e em seguida é feita uma retroalimentação, apontando e corrigindo os pontos fracos até ser atingido o objetivo proposto (Johnson & Nelson, 1979; Paniaga et al., 1979; Kirkendall et al., 1980). Dessa forma, procuramos responder, ao seguinte tipo de pergunta: • • • Qual a melhoria do aluno em relação ao desempenho? Qual a melhoria em relação ao estado inicial, ou a uma meta, até aquele momento? Qual a influência do simples crescimento e desenvolvimento normal da criança e do adolescente na melhoria do seu desempenho físico? Avaliação Somativa: É a soma de todas as avaliações realizadas no fim de cada unidade do planejamento, com o objetivo de obter um quadro geral da evolução do indivíduo (Johnson & Nelson, 1979; Paniaga et al., 1979; Kirkendall et al., 1980). Com esta modalidade de avaliação procuramos analisar o aluno e ou atleta, no final do processo, a fim de darmos um conceito ou uma nota. Dessa forma, procuramos responder a questões do tipo: • • • Qual a nota que eu daria para o meu aluno? Quanto ele melhorou em relação aos objetivos propostos no curso ou no treinamento? Que referencial vou usar para dar a nota: ∗ padrão externo ∗ padrão interno (resultados do próprio grupo) Sugestão para Leitura: MOLIN KISS, M.A.P.D., Avaliação em Educação Física: Aspectos Biológicos e Educacionais. Editora Manole Ltda., 1987. PINTO, J.R., Caderno de Biometria. Universidade Castelo Branco. MARINS, J.C.B. & GIANNICHI, RS, Avaliação & Prescrição de Atividade Física. Editora Shape, 1996. 10. METODOLOGIA, ORGANIZAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO DOS TESTES Muitos são os fatores que irão interferir para realização de uma boa avaliação e o primeiro passo é fazer uma boa medida. Vamos lembrar alguns aspectos que ajudarão bastante nesse sentido: A - Orientação do Avaliador: Conhecimento do Teste - Antes de aplicá-lo deveremos proceder a um rigoroso e perfeito estudo da técnica e procedimento. Aplicar testes com os quais não estamos familiarizados, ou de forma incorreta, não nos conduzirá a nada de conclusivo. O teste deve ser conhecido por quem o aplica e entendido por quem a ele se submete. Portanto, o avaliador deve estar consciente dos PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 9 propósitos gerais do teste como dos detalhes técnicos das padronizações. Exercite bem antes de aplicar alguma medida. Treine em você mesmo ou em outros colegas de trabalho. Todos vão sair ganhando. B - Orientação do Avaliado: A pessoa que irá ser avaliada precisa estar ciente do processo de medida. Dar conhecimento da execução do teste é fundamental para obtermos o melhor resultado, que aliás só será obtido com uma motivação adequada. Lembremos que em alguns testes desejamos esforço máximo e, para tal, a boa motivação é básica. Um bom repouso na noite anterior e um intervalo adequado entre a última refeição e o teste também são importantes, assim como o uniforme, que de preferência deve ser constituído de calção, camiseta, meia e tênis. C - Local: Deveremos previamente planejar e analisar o espaço disponível (dimensão), o material específico de que dispomos, esclarecendo em que quantidade o temos, traçar um roteiro e uma planta das estações. Necessário se faz uma análise do local que iremos usar para aplicar o teste (condições do solo, trânsito de pessoal, som, luz), obedecendo ao traçado de marcas, desenhos especiais, etc., conforme o que o teste recomendar. NÃO INVENTAR DEVE SER O LEMA. As marcas no chão, ou nas paredes, serão cuidadosamente colocadas, usando-se tinta lavável ou adesivos. O mesmo procedimento será adotado em relação a alvos. Esta marcação deverá ser feita de modo a permitir um registro rápido e preciso. Nunca devemos planejar a aplicação de um teste se não dispusermos de todo o equipamento necessário. O material a ser utilizado deve permitir o máximo de segurança na leitura do resultado e em relação ao indivíduo testado, de modo a que não ocorram acidentes. Quando aplicarmos testes em lugar aberto (quadra, pista), devemos tomar cuidado com a temperatura, vento, condição do solo. Devemos ainda estar atentos para ter à mão todo o material a ser usado em quantidade suficiente, do mais simples ao mais complexo, incluindo-se folhas de protocolo, fitas métricas, adipômetros, paquímetros, e até lápis ou caneta reserva, para que não sejamos interrompidos por uma ponta quebrada, ou uma tinta que se acaba, na hora de uma anotação de índice. Resumindo: o local onde o teste será realizado deve ser bem definido com relação às condições adequadas de: 1. 2. 3. 4. Dimensão Luz Som Temperatura 5. 6. 7. 8. Vento Condições do Solo Segurança Trânsito de Pessoal D - Instrumental: Os instrumentos de medida deverão merecer especial atenção quanto à: 1. 2. 3. 4. Aquisição: devemos selecionar aquele equipamento que mais se ajuste as condições reais de trabalho; Manipulação: procuraremos conhecer o uso adequado do equipamento antes de iniciarmos os testes propriamente ditos, fato que dará melhor qualidade de medida e um menor tempo de execução; Calibração: todo instrumento de medida deverá ter sua calibração conferida antes do início dos testes. Lembre-se que uma simples balança mal calibrada poderá por todo seu trabalho por terra; Conservação: os equipamentos sempre significam um investimento financeiro e prolongar sua vida média de uso é um hábito que o avaliador deve cultivar. Assim, devemos ter atenção com: a) b) c) limpeza; o uso somente por pessoa habilitada ou sob supervisão; manutenção em local seguro, com boas condições de ventilação. E - Mecanismo de Aplicação Existe alguns aspectos que irão influenciar a aplicação do teste e que precisam merecer nossa atenção, tais como: 1. 2. 10 quanto ao número de avaliados: pois alguns testes como na maioria deste manual são estritamente individuais, enquanto outros podem ser coletivos; quanto ao número de avaliadores: da mesma forma, a maioria dos testes aqui descritos exigem apenas um avaliador mas há ocasiões que mais de um avaliador é necessário; PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 3. 4. 5. 6. quanto à demonstração: que poderá ser útil e em muitos casos imprescindível para um perfeito entendimento do teste; quanto à ordem: que procurará ser em uma bateria de testes a mais “fisiológica” possível, colocando no princípio os testes que exijam condições próximas às de repouso e deixando para o final os testes que envolvam esforço máximo; quanto à duração: que poderá estar dentro dos limites da aula, do período de treinamento ou fadiga; quanto à coleta dos dados: que deverá ser feita em folha de protocolo adequado e por anotador competente. 11. CUIDADOS MÉDICOS Em alguns itens da bateria de testes da aptidão física o esforço máximo é exigido e assim é recomendável que o avaliado tenha se submetido a exame médico que ateste suas condições de saúde como compatíveis com as atividades a que será submetido. Esse exame deverá de preferência ser feito por médico especializado em Medicina do Esporte ou com experiência na área. Os cuidados médicos não se restringem ao exame mas, mesmo com aqueles considerados aptos, devemos observar durante a realização do teste a presença dos sinais ou sintomas, fato que indicaria a necessidade de interrupção do teste e a imediata assistência médica. A - Sintomas de Intolerância ao Esforço 12- desmaio eminente; angina; 34- fadiga não tolerável ou incomum; dor intolerável. B - Sinais de Intolerância ao Esforço 123456- confusão mental; cianose ou palidez; náusea ou vômito; dispnéia; queda de pressão arterial máxima com aumento do esforço; não aumento da pressão arterial máxima com o aumento do esforço. Sugestão para Leitura: MATSUDO, V.K.R., Testes em ciências do esporte. Gráficos Burti Fotolito Editora Ltda., São Paulo, 1984. PINTO, J.R., Caderno de Biometria. Universidade Castelo Branco. 12. CONSTRUÇÃO DE UMA BATERIA DE TESTES Ao lidarmos com uma determinada área esportiva, ou mesmo ao estabelecermos um programa de aulas dirigido no sentido de explorar mais de uma valência, a avaliação deverá ser feita em cada item utilizado na prática desportiva, ou na programação do treinamento. Assim, ao invés de lidarmos com um teste iremos jogar com vários, distribuídos dentro daquilo que chamamos de uma bateria de testes. Como organizá-la? A - Analisar as qualidades físicas a serem desenvolvidas no programa ou necessárias ao esporte em foco Torna-se, pois, necessário conhecer quais os fatores que irão interferir na performance e em que intensidade cada um deles terá contribuição direta com o trabalho a ser desenvolvido. Não devemos levar em consideração os fatores dependentes da posição tática, uma vez que poderão variar e são difíceis de serem medidos. Atentar, contudo, para o aspecto biomecânico. B - Selecionar itens de testes que se enquadram dentro das qualidades físicas desejadas PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 11 Trata-se de um dos pontos mais cruciais da construção da bateria, pois do êxito desta escolha dependerá o sucesso do que pretendemos estudar. Itens mal escolhidos levam-nos a ter uma resposta falha e errônea. Se o objetivo é a aplicação esportiva deverão repetir, o mais possível, as situações a serem enfrentadas na prática; se o objetivo é uma programação de aptidão física não devem favorecer a uns e criar dificuldades a outros. A linearidade de critério torna-se indispensável. Os fatores individuais (como tamanho do corpo) não devem interferir no resultado. Por outro lado, devemos ter em mente que obesidade não é qualidade física e fatores como este deverão ser usados no sentido de explorar a dificuldade. Exemplifiquemos, - ao se usar um banco, ou uma bicicleta ergométrica, por exemplo, o tamanho do membro inferior não deve facilitar ou dificultar a execução do teste. O mesmo critério não se aplica em relação ao indivíduo obeso - este deverá, enfrentar todas as dificuldades que sua situação anômala possa causar em relação, por exemplo, a um teste de flexibilidade. Deve-se ter sempre o cuidado de impedir que o emprego de uma variante, pouco ortodoxa do estilo, interfira no resultado do teste. Deve-se levar em consideração, na escolha, o teste que nos forneça um critério de seleção mais fiel, sobretudo em relação aos itens, validade, reprodutibilidade e objetividade. Ao mesmo tempo, se o objetivo é medir aptidão física, fatores tais como uma maior ou menor facilidade técnica, decorrente de vivências individuais, não devem interferir. O fato do indivíduo, por exemplo, ser um arremessador ou um saltador, não deve provocar desnível de resultado num teste de aptidão em relação a outro que não execute esta prática esportiva, devido ao domínio de um estilo. Deve-se ter cuidado na execução perfeita dos itens do teste e na colheita dos resultados, atendendo ao que anteriormente foi citado em relação à aplicação, em suas 3 fases. Cada item deverá ter sua realidade, confiança e validade determinadas previamente e, por fim, a construção de normas em função da bateria. Evitar erros, decorrentes da aplicação de cada item da bateria, e as falhas ao processo anteriormente citado, em suas 3 fases, é obrigação de quem o utiliza. Na administração do teste alguns fatores podem interferir: Natureza do teste: Não se deve tirar de um teste uma informação diferente daquela que o elemento pode nos fornecer. Devemos estar atentos à perfeita obediência dos critérios determinados e, em se tratando de algumas valências específicas, aos fatores internos e externos que podem alterar o resultado. Assim, ao lidarmos com um teste de capacidade aeróbica, não esquecer, por exemplo, a interferência de fatores como altitude, umidade, calor, etc.; nas provas em ambiente externos: a luminosidade, a velocidade de vento, são outros tantos a nos levar a resultados falsos. Sugestão para Leitura: PINTO, J.R., Caderno de Biometria. Universidade Castelo Branco. 12 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras Capítulo II O MÉTODO CINEANTROPOMÉTRICO 1. FUNDAMENTOS Freqüentemente necessitamos programar uma série de exercícios físicos para um indivíduo ou para um conjunto de pessoas, buscando um objetivo específico, que é em geral definido como a capacitação plena para desenvolver uma determinada atividade ou habilidade motora. Isto ocorre sempre que elaboramos o treinamento de coronarianos, sedentários, escolares ou atletas. Cada um dos participantes destes diferentes grupos possui, no entanto, um conjunto de aptidões e limitações oriundas do seu potencial genético, de atividades físicas prévias ou, até mesmo, de eventuais disfunções orgânicas. Tornase pois imprescindível que estas qualidades e deficiências sejam diagnosticadas, analisadas, comparadas aos valores-padrão estabelecidos, classificadas e adequadamente orientadas. Este processo, fundamental para a maior eficiência do aprendizado, caracteriza a avaliação funcional. Embora o ser humano seja um todo indivisível e não possua compartimentos estanques, é didático e operacional fracionar esta unidade em três grandes seções, que são denominadas variáveis da performance. Entre as várias classificações encontradas na literatura, descreveremos aquela proposta por Astrand e modificada por De Rose que é apresentada no quadro 1. Quadro 1 - Classificação das Variáveis de Performance, Modificada de Astrand e Rodah 1. Variável Cineantropométrica 2. Variável Metabólica 3. - Proporcionalidade - Metabolismo aeróbico - Composição corporal - Metabolismo anaeróbico alático - Somatotipo - Metabolismo anaeróbico lático Variável Neuromuscular - Velocidade de reação - Força - Técnica RIBEIRO, J.P.; LUZARDO. A.; DE ROSE. E.H. Potência Anaeróbica em Indivíduos Treinados e Não Treinados. Revista Brasileira do Esporte. São Caetano do Sul, 1(3):11-15. maio. 1980. A razão de ser deste artifício consiste em traduzir o desempenho físico por um conjunto de variáveis mensuráveis e não por fatores aleatórios ou fortuitos que não permitem uma análise científica. A performance passa a ser o somatório da adequação e condicionamento de cada uma destas três variáveis ao tipo de atividade desenvolvida. É lógico que não existe uma participação quantitativamente idêntica destes fatores nas diversas modalidades de atividade física. Um maratonista depende sobretudo de sua capacidade de produzir energia aeróbica, enquanto um atleta de saltos ornamentais tem sua performance basicamente determinada pela estruturação e condicionamento da variável neuromuscular. A classificação das modalidades esportivas proposta por Venerando indica a variável predominante e propicia uma excelente orientação para elaborar uma bateria de testes específica (Quadro 2). Quadro 2 - Classificação das Variáveis de Performance 4. 1. Atividades de Potência Anaeróbica Alática Lançamentos, saltos e 100m rasos em atletismo, levantamento de peso 2. 3. Modalidades Anaeróbicas Láticas 200m rasos em atletismo 400m rasos em atletismo 100 natação Modalidades Aeróbicas - Anaeróbicas Maciças 200m em natação 800m em atletismo 1500m em atletismo Modalidades Aeróbicas 5.000m e 10.000 e Maratona, em atletismo 2.000m em remo tiro 5. Modalidades Aeróbicas - Anaeróbicas Alternadas Jogos de equipe: futebol, vôlei, basquete e handebol, jogos de combate: esgrima, judo, boxe e luta 6. Atividades de Destreza Ginástica Olímpica, esgrima e saltos ornamentais, equitação, pilotagem, vela e 1.500m em natação VENERANDO, A. & LUBICH, T. Medicina Dello Sport. Roma. Universo. 1974. Uma bateria de testes é caracterizada por um conjunto de medidas. Medir é obter um determinado dado expresso quantitativamente e que constitui, ao se inter-relacionar com outras informações da mesma ordem, a base do sistema de avaliação funcional. Este processo se conclui pela decisão em termos de tipo, intensidade, freqüência e tempo de duração dos exercícios a serem prescritos, visando atingir um determinado objetivo. Dois aspectos são importantes nesta sistemática. O primeiro é a caracterização do conjunto de medidas, testes e avaliação como uma atividade-meio e não uma atividade-fim; o segundo caracteriza avaliação como um processo contínuo, que propicia constantemente a realimentação do sistema estabelecido em direção ao produto final desejado. Desta forma, a avaliação vincula-se ao controle e à verificação do produto final obtido. PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 13 2. DEMARCAÇÃO DOS PONTOS ANATÔMICOS Para que as medidas antropométricas sejam feitas de forma correta, devem seguir uma metodologia definida internacionalmente, a fim de que os resultados publicados sejam claramente entendidos e possam ser igualmente utilizados por outros autores. Diversas tentativas foram feitas no sentido de padronizar internacionalmente os métodos antropométricos, algumas elaboradas por autores de forma isolada, outras desenvolvidas por grupos de pesquisadores vinculados à instituições ligadas à Educação Física. A Cineantropometria, no entanto, possui técnicas específicas que foram estabelecidas inicialmente para a análise dos atletas participantes dos Jogos Olímpicos de Montreal, em 1976 (Projeto MOGAP). Esta metodologia, desenvolvida por Behnke Jr., Carter, Hebbelinck e Ross, é hoje utilizada universalmente em estudos nesta especialidade para análise de composição corporal, somatotipo e proporcionalidade. Inicialmente, define-se uma postura específica chamada posição anatômica, que deve ser assumida pelo indivíduo a ser medido. Arbitrariamente, ela é caracterizada pela postura ereta, a cabeça e os olhos voltados para a frente, os braços caídos ao lado do corpo com a palma das mãos em supino e os pés juntos e orientados também para a frente. Para situar adequadamente a cabeça na posição anatômica foi estabelecido o plano de Frankfurt. Este plano, utilizado sobretudo na determinação do vértex, é gerado a partir de uma linha imaginária que passa pelo ponto mais baixo do bordo inferior da órbita direita e pelo ponto mais alto do bordo superior do meato auditivo externo correspondente. Estando o indivíduo na posição descrita, são determinados os seguintes pontos anatômicos; que servirão como referência para a tomada de medidas antropométricas (figura 1): ⇒ Vértex: Localiza-se na parte mais superior do crânio, estando a cabeça posicionada com o plano de Frankfurt horizontalizado em relação ao solo. É usado para determinar estatura e altura sentada. ⇒ Acromial: Ponto mais lateral do bordo superior e externo do processo acromial. Esta referência é usada para a determinação do diâmetro biacromial, do comprimento do membro superior e do braço. ⇒ Radial: Ponto mais alto do bordo superior e lateral da cabeça do rádio. Usa-se na determinação do comprimento do braço e do antebraço. ⇒ Estiloidal: Localiza-se no ponto mais distal da apófise estilóide do rádio. É a referência utilizada para estabelecer o comprimento do antebraço e da mão. ⇒ Dactiloidal: Ponto mais distal da extremidade do dedo médio da mão direita. Utiliza-se na medida da altura total, comprimento do membro superior, envergadura e da mão. ⇒ Ileocristal: Ponto mais lateral do bordo superior da crista ilíaca. É a referência utilizada para a medida do diâmetro bi-ileo-cristal e dobra cutânea supra-ilíaca. ⇒ Trocantérico: Situa-se no grande trocânter do fêmur, em seu ponto mais alto. Como referência, usase na determinação do diâmetro bitrocantérico, do comprimento do membro inferior e da coxa. ⇒ Mesofemural: Situa-se entre o ponto médio do trocânter e do côndilo femural. É usado na medida de circunferência e dobra cutânea da coxa. ⇒ Tibial: Ponto localizado no bordo superior da tuberosidade medial da tíbia. É usado na medida do comprimento da coxa e da perna. ⇒ Maleolar: Situa-se no ponto mais inferior do maléolo tibial. Esta referência é usada para determinar o comprimento da perna e membro inferior. ⇒ Pternial: Ponto mais posterior do calcanhar. Usa-se para medir o comprimento do pé. ⇒ Acropodial: Ponto mais anterior dos dedos do pé, que eventualmente poderá ser a extremidade do primeiro ou segundo pododáctilo, dependendo do indivíduo. Usa-se para medir o comprimento do pé. 14 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras Vértex Acromial Manúbrio Esterno Apêndice xifóide Epicôndilo umeral Radial Ileocristal Trocantérico Apófise estilóide ulnar Apófise estilóide radial Dactílio Epicôndilo femural Tibial Maleolar Pternial Acropodial Figura 1. Pontos anatômicos PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 15 Crânio Maxilar Clavícula Mandíbula Úmero Escápula Esterno Coluna Vertebral Ulna Costelas Rádio Ílio Sacro Púbis Ísquio Carpo Metacarpo Falange Fêmur Patela Tíbia Fíbula Tarso Metatarso Falange Figura 2. Esqueleto humano com identificação de alguns ossos. 16 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras Os pontos anatômicos são inicialmente localizados através da palpação e identificação das estruturas que os caracterizam e, posteriormente, marcados com lápis dermográfico para facilitar a colocação correta do instrumento de medida. Mesmo que o interesse do pesquisador se limite a uma ou duas medidas, convém que todos os pontos sejam demarcados e a rotina de medição antropométrica seja feita de uma forma completa, pois isto propiciará uma série de dados que certamente servirão no futuro para a elaboração de novas pesquisas. A razão pela qual a Cineantropometria desenvolveu-se extraordinariamente no Brasil foi, sem dúvida, o baixo custo da instrumentação necessária para elaborar uma rotina de medida e análise nesta especialidade. O material básico para a montagem de um gabinete antropométrico e a marca dos equipamentos mais encontrados em nosso meio são descritos a seguir (figura 3). ⇒ Balança: Utilizada para determinar o peso corporal total. Na realidade, mede a força com que somos atraídos pela Terra e não a massa corporal propriamente dita. Entretanto, por convenção, representa esta mesma massa corporal. Convém utilizar modelos como a Filizola, que permitam medidas com precisão de até 100 gramas. ⇒ Estadiômetro e Cursor: Usado para medir altura do vértex e altura sentada. Consiste num plano horizontal (toesa) adaptado, por meio de um cursor, a uma escala métrica vertical, instalada perpendicularmente a um plano de base. Podem ser encontrados adaptados em alguns tipos de balança, mas é mais conveniente tê-los fixo em uma parede. A leitura desejada é da ordem de 1mm. ⇒ Antropômetro: Mede os diâmetros do tronco e as alturas. Consiste numa escala métrica que possui uma extremidade fixa e um cursor que se desloca. A escala é imposta por quatro segmentos de 50cm que se encaixam entre si. Na base fixa e no cursor são adaptadas perpendicularmente hastes retas ou curvas, que se ajustam perfeitamente aos pontos anatômicos. A medida é feita com a precisão de 1mm e nossas Escolas em geral possuem o modelo TKK, da Takey Japan. ⇒ Paquímetro: Serve para medir os diâmetros ósseos. Normalmente acompanha o conjunto do antropômetro. Pode-se utilizar também o paquímetro usado em mecânica para medidas de precisão, desde que as suas hastes sejam prolongadas, para evitar dificuldades de adequação aos côndilos do fêmur. A marca Mitutoyo Japan é a mais encontrada e as medidas são feitas com precisão de 0,l mm. ⇒ Compasso de Dobras Cutâneas: Também chamado de adipômetro, espessímetro ou plicômetro, mede a espessura do tecido adiposo em determinados pontos da superfície corporal. Sua característica básica é a pressão constante de 10g/mm2 em qualquer abertura. Os modelos existentes são Lange (Cambridge Scientific Instruments, USA), Harpender (John Bull British Indicators, England) e CESCORF (Lukma Hospitalar Ltda., Londrina-Pr. O primeiro e o terceiro permite uma leitura com precisão de 1mm e o segundo com precisão de 0,2mm, além do ajuste do ponto zero. ⇒ Fita Métrica: Usada na determinação dos perímetros. Existem diversos tipos no mercado, mas convém optar por uma que seja metálica bastante flexível e que permita a fácil identificação dos números, para evitar erros de leitura. A leitura da medida é de 1mm. Balanças antropométricas Mecânica Digital Estadiômetro Antropômetro Harpenden Paquímetro Adipômetro Fita métrica Figura 3. Equipamento antropométrico básico 3. CLASSIFICAÇÃO DAS MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS As medidas cineantropométricas são classificadas a partir de seus expoentes em lineares (L), de superfície (L2), e de massa (L3). Neste capítulo abordaremos apenas as duas primeiras, já que a variável massa é discutida na área de composição corporal. Embora cada medida tenha sua metodologia específica, existem algumas regras básicas que devem ser observadas para assegurar a correção do que se determina. Assim, o indivíduo estudado deve estar sempre que possível nu e, evidentemente, descalço. O pleonasmo justifica-se para defesa do método. Entretanto, o rigor científico não é muitas vezes bem compreendido por pessoas ou instituições, e uma PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 17 veste sumária pode ser a alternativa, desde que não seja usada sobre os pontos anatômicos ou em contato com os equipamentos de medição. O plano base sobre o qual se posiciona o indivíduo ou o equipamento deve estar nivelado. Não devemos esquecer também que o material usado deve ser freqüentemente calibrado e convém ainda que nada ou ninguém perturbe a coleta dos dados, pois um erro feito neste momento dificilmente poderá ser corrigido. A postura do indivíduo será sempre a posição anatômica, salvo quando explicitado de outra forma. O antropômetro e o paquímetro devem ser ajustados sem que haja maior pressão, e sempre colocado perpendicularmente aos pontos anatômicos. Medidas Anatômicas: As medidas lineares são divididas, segundo os planos e os eixos em que se encontram, em longitudinais, transversais, ântero-posteriores e circunferenciais. As dobras cutâneas são, também, medidas lineares. Em geral, seguem o eixo transversal e, eventualmente, o oblíquo. Entretanto, por serem usadas para estimar o percentual de gordura, são descritas no capítulo de composição corporal. Medidas Longitudinais: São medidas lineares realizadas no sentido vertical e recebem o nome de alturas. Teoricamente. qualquer ponto do corpo humano pode gerar uma distância ao solo, estando o indivíduo em posição anatômica, caracterizando assim uma variável que permite a análise cineantropométrica. As alturas mais utilizadas na rotina de avaliação são descritas a seguir e apresentadas na figura 2.4. ⇒ Altura Total: Distância entre o ponto dactiloidal da mão direita e a região plantar, estando o membro superior deste lado, elevado acima da cabeça, completamente estendido, formando um ângulo de 180o com o tronco. ⇒ Estatura: Distância entre o vértex e a região plantar, estando a cabeça com o plano de Frankfurt paralelo ao solo e o corpo na posição anatômica, procurando por em contato com o instrumento de medida as superfícies posteriores do calcanhar, cintura pélvica, cintura escapular e região occipital. Esta medida é chamada de estatura e é tomada com o indivíduo em inspiração profunda (apnéia inspiratória), sendo aplicada uma discreta tração na região cervical, destinada a corrigir o achatamento dos discos vertebrais, que são mais acentuados ao final do dia. São feitas três medidas, sendo que entre uma medida e outra o valor não pode ser superior a 5 mm. ⇒ Altura Sentada: Distância entre o vértex e a porção mais inferior da bacia, estando o indivíduo sentado em um banco com 50cm de altura, sendo a marca zero colocada ao nível do acento deste banco. Da mesma forma que na medida da estatura, faz-se a correção através da inspiração profunda e da tração cervical. O plano de Frankfurt deve ser igual, e o indivíduo encosta no estadiômetro a região occipital e o dorso. Alguns autores utilizam de uma mesma forma os termos altura sentada e altura do tronco, o que não é correto. A altura do tronco, tomada desta mesma forma, é a distância entre o ponto cervical e o banco, excluindo, portanto, a altura da cabeça. São feitas três medidas, sendo que entre uma medida e outra o valor não pode ser superior a 5 mm. ⇒ Alturas do Membro Superior: Acromial, radial, estiloidal e dactiloidal. Caracterizam a distância entre estes pontos anatômicos e a região plantar, estando o indivíduo na posição anatômica ⇒ Comprimento do Membro Superior: Caracteriza-se pela distância entre os pontos anatômicos Acromial e Dactiloidal. ⇒ Alturas do Membro Inferior: Trocantérico, tibial e maleolar. Da mesma forma, caracterizam as distâncias entre os respectivos pontos anatômicos e a região plantar, respeitando a posição anatômica. Às vezes, é bastante difícil palpar o grande trocânter. Alguns movimentos de flexão e extensão da coxa facilitam sua localização ⇒ Comprimento do Braço: Caracteriza-se pela distância entre os pontos anatômicos Acromial e Radial. ⇒ Comprimento do Antebraço: Caracteriza-se pela distância entre os pontos anatômicos Radial e Estiloidal. ⇒ Comprimento da Mão: Caracteriza-se pela distância entre os pontos anatômicos do Estiloidal e Dactiloidal. ⇒ Comprimento do Membro Inferior: Da mesma forma, caracteriza-se as distâncias entre os pontos anatômicos Trocantérico e Maleolar. Às vezes, é bastante difícil palpar o grande trocânter. Alguns movimentos de flexão e extensão da coxa facilitam sua localização. ⇒ Comprimento da Coxa: Caracteriza-se pela distância entre os pontos anatômicos Trocantérico e Tibial. ⇒ Comprimento da Perna: Caracteriza-se pela distância entre os pontos anatômicos Tibial e Maleolar. 18 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras ⇒ Envergadura: Caracteriza-se pela distância entre os dois pontos dactiloidal, com o indivíduo em pé e com os braços abertos e paralelo ao solo, antebraço supinado. Historicamente foi muito considerada, inclusive para determinação do biótipo. Observação: Somente nas avaliações de estatura e altura tronco-cefálica são realizadas três vezes consecutivas, nas demais avaliações uma única medida é suficiente. Precauções Estatura e Altura Tronco Cefálica: 1. 2. 3. 4. o avaliador deve preferencialmente se posicionar a direita do avaliado; registrar a hora em que a medida foi realizada; evitar que o indivíduo se encolha quando o cursor tocar sua cabeça; exigir mudança de posição entre uma medida e outra. Localização do ponto acromial Estatura Altura Tronco Cefálica Localização do ponto radial Determinação da altura maleolar, utilizando uma régua Determinação da altura dactiloidal Localização do ponto estiloidal Marcação do ponto médio esternal Determinação da altura estiloidal Determinação da altura tibial Determinação da altura radial Figura 4. Alturas mais utilizadas na avaliação antropométrica PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 19 Quadro 3. Principais cálculos para avaliação cineantropométrica REFERÊNCIA ALTURA Masculina Feminina Pequena Altura 130 - 160 cm 121 - 149 cm Média Altura 161 - 169 cm 150 - 158 cm Grande Altura + de 170 cm + de 159 cm REFERÊNCIA ALTURA TRONCO-CEFÁLICA Altura Tronco-Cefálica X 100 Índice Côrmico = Altura (cm) Branquicôrmicos Menos que 51 Classificação Metracôrmico 51 a 53 Macrocôrmicos Mais que 53 REFERÊNCIA LONGITUDINAL Comp. Mb. Sup. X 100 Comprimento Global de Membros Superiores = Altura (cm) Até 44,9 Membro Superior Curto Classificação 45 a 46,9 Membro Superior Médio Acima de 47 Membro Superior Longo Comp. Do Braço X 100 Comprimento do Braço = Altura (Cm) Até 18,9 cm Braço Curto Classificação 19 a 19,9 cm Braço Médio Acima de 19,9 cm Braço Longo Comp. De Antebraço X 100 Comprimento de Antebraço = Altura (dm) Até 14,9 cm Antebraço Curto Classificação 15 a 15 ,9 cm Antebraço Médio Acima de 15,9 cm Antebraço Longo Comp. Mb. Inf. X 100 Comprimento Global do Membro Inferior = Altura (cm) Até 54,9 cm Membro Inferior Curto Classificação 55 A 56,9 cm Membro Inferior Médio Acima de 57 cm Membro Inferior Longo Comp. Coxa X 100 Comprimento de Coxa = Altura (cm) Até 28,9 cm Coxa Curta Classificação 29 a 29,9 cm Coxa Média Acima 29,9 cm Coxa Longa Comp. Perna X 100 Comprimento da Perna = Altura (cm) Até 21,9 cm Perna Curta Classificação 22 a 23,9 cm Perna Média Acima de 23,9 cm Perna Longa Valor Menor que a Estatura Envergadura Pequena Envergadura Classificação Valor Igual a Estatura até 5 cm acima Envergadura Média Valor Maior que 6 cm em Relação a Estatura Envergadura Grande Medidas Transversais: Definição ⇔ São medidas lineares realizadas em projeção entre dois pontos considerados, que podem ser simétricos ou não, situados em planos geralmente perpendiculares ao eixo longitudinal do corpo. As medidas podem ser realizadas em ambos os lados do corpo, mas quando o fator tempo para aplicação for considerado, o lado direito deverá ser o escolhido por convenção internacional. Sua aplicação está relacionada com a determinação do peso ósseo e do somatotipo. Os DIÂMETROS ÓSSEOS mais utilizados em Cineantropometria são os seguintes (figura 2.5): ⇒ ⇒ 20 Bi Epicôndilo Umeral: Distância entre as bordas externas dos epicôndilos e epitróclea, que são respectivamente os côndilos medial e lateral do úmero, estando o avaliado em pé com o cotovelo e ombro em flexão a 900. As hastes do paquímetro devem estar a 450 em relação a articulação do cotovelo. O avaliador deve posicionar-se à frente do avaliado, devendo delimitar o diâmetro biepicôndilo com auxílio dos dedos médios enquanto os indicadores controlam as hastes do paquímetro. Bi estiloidal Radial: Distância entre as apófises estilóides do rádio e do cúbito. O braço é estendido e a mão dorso flexionada para efetuar a medida. PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras ⇒ Bi Côndilo Femoral: Distância entre as bordas externas dos côndilos medial e lateral do fêmur. O avaliado deve estar sentado com a perna e a coxa formando um ângulo de 900 e os pés livres. As hastes do paquímetro são ajustadas à altura dos côndilos em um ângulo de 450 em relação a articulação do joelho, os côndilos são delimitados pelos dedos médios, enquanto os indicadores controlam as hastes do paquímetro. Precauções: 1) 2) 3) 4) Ao se medir, o aparelho não deve ficar frouxo nem fazer pressão excessiva; Observar a colocação do aparelho em relação ao diâmetro a ser medido; São feitas três medidas considerando-se a média; O resultado é dado em cm com precisão de 0,1 cm . Diâmetro do úmero Diâmetro do fêmur Figura 5. Diâmetro do úmero e do fêmur Medidas Circunferenciais ou Perimetrais: As medidas antropométricas de circunferência correspondem aos chamados perímetros. Podem ser definidos como perímetro máximo de um segmento corporal quando medido em ângulo reto em relação ao seu maior eixo. Conforme as diferentes escolas, que utilizam estes tipos de medida, variam os pontos em que elas são tomadas. Os perímetros aparecem no trabalho de quase todos que usaram a referência antropométrica para aferir quer o tipo físico, quer sua correlação com a performance. O Comitê Internacional para a Padronização dos Testes de Aptidão Física padronizou alguns perímetros: perímetro de tórax (normal, inspiratório e expiratório máximo), braço e coxa. Esta padronização, contudo, revela-se insuficiente, pois, como veremos ao analisar o capítulo de Somatotipologia. Abordaremos aqui apenas os perímetros que são utilizados no estudo de proporcionalidade, composição corporal e somatotipo (figura 2.6). ⇒ Perímetro do Tórax: É a medida da circunferência torácica, ao nível do ponto mesoesternal, tomada no final da fase expiratória. ⇒ Perímetro da Cintura: É a medida da região abdominal em seu menor perímetro. Deve ser paralelamente ao solo, estando o indivíduo em pé. O avaliador se posiciona de frente para o avaliado. ⇒ Perímetro do Abdome: É a medida de região abdominal à altura do umbigo. Deve ser paralelamente ao solo, estando o indivíduo em pé. O avaliador se posiciona de frente para o avaliado. ⇒ Perímetro de Quadril: É a medida da circunferência ao nível dos pontos trocantéricos direito e esquerdo, abordando a parte mais proeminente da região glútea. Deve ser feita paralelamente ao solo, estando o indivíduo em pé e o avaliador lateralmente. ⇒ Perímetro do Braço: Pode ser estudado com o braço descontraído e na posição anatômica, ou fletido e em contração isométrica máxima. No primeiro caso, considera-se como referência o ponto umeral médio. No segundo caso, o avaliado deve estar em pé, com cotovelo formando ângulo de 900. Com a mão esquerda, segurando internamente o punho direito, de modo a opôr resistência a este. Ao sinal das palavras de comando Atenção! Força! - O avaliado realiza uma contração da musculatura flexora do braço. Devemos procurar medir a maior circunferência estando a fita métrica em um ângulo reto em relação ao eixo do braço. O avaliador posiciona-se postero-lateralmente ao avaliado. Medida utilizada na análise da performance e somatotipo. ⇒ Perímetro do Antebraço: É a circunferência máxima medida no lado direito, devendo o cotovelo ser posicionado em extensão. Utilizada na rotina do cálculo da massa muscular e % de gordura. ⇒ Perímetro do Punho: Considera-se a circunferência tomada distalmente aos processos estilóides do rádio e do cúbito. Utilizada na rotina do cálculo do Peso Ideal e estrutura óssea. ⇒ Perímetro da Coxa: É um dos mais difíceis perímetros para se ter uma precisão de medida, pois uma oscilação milimétrica, na colocação do ponto de reparo, fará variar significativamente o resultado. Diversos pontos tem servido de referência para esta medida, citaremos os mais fáceis e utilizados: 5, 10, e 15 cm acima da borda superior da patela ou o ponto mesofemural (ponto de reparo PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 21 ⇒ ⇒ ⇒ para medida de dobra cutânea) e parte superior da coxa, logo abaixo das nádegas. Utilizada na rotina do cálculo da massa muscular e composição corporal. Perímetro do Joelho: Considera-se a circunferência tomada distalmente aos processos condilares lateral e medial do fêmur. Utilizado na rotina do cálculo do Índice Ósseo. Perímetro da Perna: É a medida da maior circunferência da perna direita. Para facilitar a colocação da fita métrica, o indivíduo posiciona-se de pé, afastando levemente as pernas, distribuindo seu peso igualmente nos dois pés. Colocar a fita métrica a altura da panturrilha na sua maior circunferência, de modo que a fita fique perpendicular ao eixo longitudinal da perna. O avaliador deve postar-se à frente do avaliado. Perímetro do Tornozelo: Considera-se a circunferência do tornozelo, tomada imediatamente acima dos maléolos lateral e medial. Utilizado na rotina do cálculo do Índice Ósseo. Circunferência de braço contraído Circunferência de perna relaxada Braço Nádegas Coxa Antebraço Abdômen Circunferências - Antebraço, braço e cintura Panturrilha Circunferências - Coxa e perna Figura 6. Alguns dos principais perímetros utilizados em cineantropometria. Precauções: 1. 2. 3. 4. 5. 6. Não utilizar fita muito larga; Nunca utilizar uma fita elástica ou de baixa flexibilidade; Cuidado com a compressão exagerada, colocar a fita levemente na maior circunferência; Não deixar o dedo entre a fita e a pele; Medir sempre sobre a pele nua; São feitas três medidas considerando-se a média. Sugestão para Leitura: MARINS, J.C.B. & GIANNICHI, RS, Avaliação & prescrição de atividade física. Editora Shape, 1996. MATSUDO, V.K.R., Testes em ciências do esporte. Gráficos Burti Fotolito Editora Ltda., São Paulo, 1984. MOLIN KISS, M.A.P.D., Avaliação em educação física: Aspectos biológicos e educacionais. Editora Manole Ltda., 1987. PINTO, J.R., Caderno de Biometria. Universidade Castelo Branco. DE ROSE, E.R; PIGATTO,E. e DE ROSE, R.C.F. Cineantropometria, Educação Física e Treinamento Desportivo. Prêmio Liselott Diem de Literatura Desportiva, 1981. Ministério da Educação e Cultura, Fundação de Assistência ao Estudante, Rio de Janeiro, 1984. Os principais ÍNDICES PERIMÉTRICOS usados são: TABELAS DE CÁLCULO PARA AVALIAÇÃO CINEANTROPOMÉTRICA 22 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras REFERÊNCIAS CIRCUNFERENCIAIS Perímetro Torácico Axilar x 100 Altura (cm) Inferior a 51 cm Tórax Estreito Classificação 51,1 a 55,9 cm Tórax Médio acima de 56 cm Tórax Largo (peso + perímetro. Toráxico) x 100 Coeficiente de Vercalk = Altura (m) até 82,4 cm Constituição Fraca Classificação 82,5 a 93,9 cm Constituição Média acima de 94 cm Constituição Forte Perímetro Abdominal + 14 - Perímetro Torácico Índice de Adiposidade de Lorentz I = Magro Abaixo de 14 Classificação Obeso Acima de 14 ÍNDICE DE OSSATURA DE MABILLE I= Somatória dos Perímetros de Punho + Joelho + Tornozelo Altura (m) Inferior a 43 cm Classificação Ossatura Fraca 43,5 a 46 cm Ossatura Média Acima de 46 cm Ossatura Forte Peso Ósseo 3,02 [(H)2 x R x F x 400)0,712 P.O. = onde: H - altura em metros R - diâmetro do rádio em metros F - diâmetro do fêmur em metros Índice de Brugsh = 123- ÍNDICE DE ADIPOSIDADE DE MCARDLE, KATCH, F.I. E KATCH W.L. 1 - Mulheres Jovens 2 - Mulheres Idosas 3 - Homens Jovens (17 a 26 anos) (27 a 50 anos) (17 a 26 anos) Abdômen (2,5cm acima do umbigo) Abdômen Braço Direito Coxa Direita (prega glútea) Coxa Direita Abdômen Ante Braço Direito Panturrilha Direita Antebraço Direito (> circunferência) (> circunferência) 1- % Gordura (%G) = constante A (abdome) + constante B (coxa) constante dos quadros 3, 4, 5 ou 6. 2- % Gordura = Gordura Total (GT) = 4 - Homens Idosos (27 a 50 anos) Nádegas (quadril) Abdômen Antebraço Direito constante C (panturrilha) – peso corporal x % gordura 100 Gordura Total = Massa Corporal Magra (MCM) = peso corporal total - gordura total MCM = 4Peso Ideal (PI) = Peso Corporal Atual (PCA) - (PCA x % gordura atual) (*) % gordura ideal PI = % de gordura ideal * masculino = 15% (1,0 - 0,15 = 0,85) * feminino = 23% (1,0 - 0,23 = 0,77) Quadro 4. Equações para cálculo de alguns dos principais índices antropométricos. 3- Observações 1) Os valores de % de gordura podem ser modificados, de acordo com a faixa etária, nível de prática ou preferência por outro protocolo. Em caso de troca de valores, substituir a fração pelo valor considerado. Exemplo, em caso de atleta de voleibol, utilizaremos como valor 12%, assim sendo, 1,0 - 0,12 = 0,88. O valor 0,88 passa a ser o divisor; 2) Como referência anatômica, neste protocolo, temos as seguintes variações: abdome (2,5cm acima do umbigo), coxa direita (parte superior, logo abaixo dos quadris). Para cálculo do Índice de Adiposidade de McArdle, Katch, F.I. e Katch W.L. consultar os quadros 2.3, 2.4, 2.5 e 2.6. No quadro 5 apresentamos Constantes de Conversão para a Estimativa da Gordura Percentual em Mulheres Jovens (McAdarle, W.D., Katch, F.I. e Katch, W.L.: Exercise Physiology, Lea & Febiger, 1981.). PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 23 Quadro 5 - Constantes de Conversão para a Estimativa da Gordura Percentual em Mulheres Jovens. (McAdarle, W.D., Katch, F.I. e Katch, W.L.: Exercise Physiology, Lea & Febiger, 1981.) pol. Abdômen Cm 20,00 50,80 20,25 51,43 20,50 52,07 20,75 52,70 21,00 53,34 21,25 53,97 21,50 54,61 21,75 55,24 22,00 55,88 22,25 56,51 22,50 57,15 22,75 57,78 23,00 58,42 23,25 59,05 23,50 59,69 23,75 60,32 24,00 60,96 24,25 61,59 24,50 62,23 24,75 62,86 25,00 63,50 25,25 64,13 25,50 64,77 25,75 65,40 26,00 66,04 26,25 66,67 26,50 67,31 26,75 67,94 27,00 68,58 27,25 69,21 27,50 69,85 27,75 70,48 28,00 71,12 28,25 71,75 28,50 72,39 28,75 73,02 29,00 73,66 29,25 74,29 29,50 74,93 29,75 75,56 30,00 76,20 30,25 76,83 30,50 77,47 30,75 78,10 31,00 78,74 31,25 79,37 31,50 80,01 31,75 80,64 32,00 81,28 32,25 81,91 32,50 82,55 32,75 83,18 33,00 83,82 33,25 84,45 33,50 85,09 33,75 85,72 34,00 86,36 34,25 86,99 34,50 87,63 34,75 88,26 35,00 88,90 35,25 89,53 continuação do quadro 6. 24 constante A 26,74 27,07 27,41 27,74 28,07 28,41 28,74 29,08 29,41 29,74 30,08 30,41 30,75 31,08 31,42 31,75 32,08 32,42 32,75 33,09 33,42 33,76 34,09 34,42 34,76 35,09 35,43 35,76 36,10 36,43 36,76 37,10 37,43 37,77 38,10 38,43 38,77 39,10 39,44 39,77 40,11 40,44 40,77 41,11 41,44 41,78 42,11 42,45 42,78 43,11 43,45 43,78 44,12 44,45 44,78 45,12 45,45 45,79 46,12 46,46 46,79 47,12 pol. Coxa Cm 14,00 14,25 14,50 14,75 15,00 15,25 15,50 15,75 16,00 16,25 16,50 16,75 17,00 17,25 17,50 17,75 18,00 18,25 18,50 18,75 19,00 19,25 19,50 19,75 20,00 20,25 20,50 20,75 21,00 21,25 21,50 21,75 22,00 22,25 22,50 22,75 23,00 23,25 23,50 23,75 24,00 24,25 24,50 24,75 25,00 25,25 25,50 25,75 26,00 26,25 26,50 26,75 27,00 27,25 27,50 27,75 28,00 28,25 28,50 28,75 29,00 29,25 35,56 36,19 36,83 37,46 38,10 38,73 39,37 40,00 40,64 41,27 41,91 42,54 43,18 43,81 44,45 45,08 45,72 46,35 46,99 47,62 48,26 48,89 49,53 50,16 50,80 51,43 52,07 52,70 53,34 53,97 54,61 55,24 55,88 56,51 57,15 57,78 58,42 59,05 59,69 60,32 60,96 61,59 62,23 62,86 63,50 64,13 64,77 65,40 66,04 66,67 67,31 67,94 68,58 69,21 69,85 70,48 71,12 71,75 72,39 73,02 73,66 74,29 constante B 29,13 29,65 30,17 30,69 31,21 31,73 32,25 32,77 33,29 33,81 34,33 34,85 35,37 35,89 36,41 36,93 37,45 37,97 38,49 39,01 39,53 40,05 40,57 41,09 41,61 42,13 42,65 43,17 43,69 44,21 44,73 45,25 45,77 46,29 46,81 47,33 47,85 48,37 48,89 49,41 49,93 50,45 50,97 51,49 52,01 52,56 53,05 53,57 54,09 54,61 55,13 55,65 56,17 56,69 57,21 57,73 58,26 58,78 59,30 59,82 60,34 60,86 pol. Antebraço Cm 6,00 6,25 6,50 6,75 7,00 7,25 7,50 7,75 8,00 8,25 8,50 8,75 9,00 9,25 9,50 9,75 10,00 10,25 10,50 10,75 11,00 11,25 11,50 11,75 12,00 12,25 12,50 12,75 13,00 13,25 13,50 13,75 14,00 14,25 14,50 14,75 15,00 15,25 15,50 15,75 16,00 16,25 16,50 16,75 17,00 17,25 17,50 17,75 18,00 18,25 18,50 18,75 19,00 19,25 19,50 19,75 20,00 20,25 20,50 20,75 21,00 15,24 15,87 16,51 17,14 17,78 18,41 19,05 19,68 20,32 20,95 21,59 22,22 22,86 23,49 24,13 24,76 25,40 26,03 26,67 27,30 27,94 28,57 29,21 29,84 30,48 31,11 31,75 32,38 33,02 33,65 34,29 34,92 35,56 36,19 36,83 37,46 38,10 38,73 39,37 40,00 40,64 41,27 41,91 42,54 43,18 43,81 44,45 45,08 45,72 46,35 46,99 47,62 48,26 48,89 49,53 50,16 50,80 51,43 52,07 52,70 53,34 constante C 25,86 26,94 28,02 29,10 30,17 31,25 32,33 33,41 34,48 35,56 36,64 37,72 38,79 39,87 40,95 42,03 43,10 44,18 45,26 46,34 47,41 48,49 49,57 50,65 51,73 52,80 53,88 54,96 56,04 57,11 58,19 59,27 60,35 61,42 62,50 63,58 64,66 65,73 66,81 67,89 68,97 70,04 71,12 72,20 73,28 74,36 75,43 76,51 77,59 78,67 79,74 80,82 81,90 82,98 98,05 85,13 86,21 87,29 88,34 92,42 93,50 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras pol. Abdômen cm 35,50 35,75 36,00 36,25 36,50 36,75 37,00 37,25 37,50 37,75 38,00 38,25 38,50 38,75 39,00 39,25 39,50 39,75 40,00 90,17 90,80 91,44 92,07 92,71 93,34 93,98 94,61 95,25 95,88 96,52 97,15 97,79 98,42 99,06 99,69 100,33 100,96 101,60 constante A 47,46 47,79 48,13 48,46 48,80 49,13 49,46 49,80 50,13 50,47 50,80 51,13 51,47 51,80 52,14 52,47 52,81 53,14 53,47 pol. Coxa Cm 29,50 29,75 30,00 30,25 30,50 30,75 31,00 31,25 31,50 31,75 32,00 32,25 32,50 32,75 33,00 33,25 33,50 33,75 34,00 74,93 75,56 76,20 76,83 77,47 78,10 78,74 79,37 80,01 80,64 81,28 81,91 82,55 83,18 83,82 84,45 85,09 85,72 86,36 Constante B 61,38 61,90 62,42 62,94 63,46 63,98 64,50 65,02 65,54 66,06 66,58 67,10 67,62 68,14 68,66 69,18 69,70 70,22 70,74 pol. Antebraço cm constante C Nota: Gordura percentual é igual Constante A + Constante B - Constante C - 19,6. Para indivíduos treinados, o fator de correção da idade é 22,6. Quadro 7 - Constante de Conversão para a Estimativa de Gordura Percentual em Mulheres Idosas. Abdômen Coxa Panturrilha pol. cm constante pol. Cm constante pol. cm A B 25,00 63,50 29,69 14,00 35,56 17,31 10,00 25,40 25,25 64,13 29,98 14,25 36,19 17,62 10,25 26,03 25,50 64,77 30,28 14,50 36,83 17,93 10,50 26,67 25,75 65,40 30,58 14,75 37,46 18,24 10,75 27,30 26,00 66,04 30,87 15,00 38,10 18,55 11,00 27,94 26,25 66,67 31,17 15,25 38,73 18,86 11,25 28,57 26,50 67,31 31,47 15,50 39,37 19,17 11,50 29,21 26,75 67,94 31,76 15,75 40,00 19,47 11,75 29,84 27,00 68,58 32,06 16,00 40,64 19,78 12,00 30,48 27,25 69,21 32,36 16,25 41,27 20,09 12,25 31,11 27,50 69,85 32,65 16,50 41,91 20,40 12,50 31,75 27,75 70,48 32,95 16,75 42,54 20,71 12,75 32,38 28,00 71,12 33,25 17,00 43,18 21,02 13,00 33,02 28,25 71,75 33,55 17,25 43,81 21,33 13,25 33,65 28,50 72,39 33,84 17,50 44,45 21,64 13,50 34,29 28,75 73,02 34,14 17,75 45,08 21,95 13,75 34,92 29,00 73,66 34,44 18,00 45,72 22,26 14,00 35,56 29,25 74,29 34,73 18,25 46,35 22,57 14,25 36,19 29,50 74,93 35,03 18,50 46,99 22,87 14,50 36,83 29,75 75,56 35,33 18,75 47,62 23,18 14,75 37,46 30,00 76,20 35,62 19,00 48,26 23,49 15,00 38,10 30,25 76,83 35,92 19,25 48,89 23,80 15,25 38,73 30,50 77,47 36,22 19,50 49,53 24,11 15,50 39,37 30,75 78,10 36,51 19,75 50,16 24,42 15,75 40,00 31,00 78,74 36,81 20,00 50,80 24,73 16,00 40,64 31,25 79,37 37,11 20,25 51,43 25,04 16,25 41,27 31,50 80,01 37,40 20,50 52,07 25,35 16,50 41,91 31,75 80,64 37,70 20,75 52,70 25,66 16,75 42,54 32,00 81,28 38,00 21,00 53,34 25,97 17,00 43,18 32,25 81,91 38,30 21,25 53,97 26,28 17,25 43,81 32,50 82,55 38,59 21,50 54,61 26,58 17,50 44,45 32,75 83,18 38,89 21,75 55,24 26,89 17,75 45,08 33,00 83,82 39,19 22,00 55,88 27,20 18,00 45,72 33,25 84,45 39,48 22,25 56,51 27,51 18,25 46,35 33,50 85,09 39,78 22,50 57,15 27,82 18,50 46,99 33,75 85,72 40,08 22,75 57,78 28,13 18,75 47,62 continuação do quadro 7. Abdômen Coxa constante C 14,46 14,82 15,18 15,54 15,91 16,27 16,63 16,99 17,35 17,71 18,08 18,44 18,80 19,16 19,52 19388 20,24 20,61 20,97 21,33 21,69 22,05 22,41 22,77 23,14 23,50 23,86 24,22 24,58 24,94 25,31 25,67 26,03 26,39 26,75 27,11 Panturrilha PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 25 pol. 34,00 34,25 34,50 34,75 35,00 35,25 35,50 35,75 36,00 36,25 36,50 36,75 37,00 37,25 37,50 37,75 38,00 38,25 38,50 38,75 39,00 39,25 39,50 39,75 40,00 40,25 40,50 40,75 41,00 41,25 41,50 41,75 42,00 42,25 42,50 42,75 43,00 43,25 43,50 43,75 44,00 44,25 44,50 44,75 45,00 26 Cm constante pol. Cm constante pol. cm A B 86,36 40,37 23,00 58,42 28,44 19,00 48,26 86,99 40,67 23,25 59,05 28,75 19,25 48,89 87,63 40,97 23,50 59,69 29,06 19,50 49,53 88,26 41,26 23,75 60,32 29,37 19,75 50,16 88,90 41,56 24,00 60,96 29,68 20,00 50,80 89,53 41,86 24,25 61,59 29,98 20,25 51,43 90,17 42,15 24,50 62,23 30,29 20,50 52,07 90,80 42,45 24,75 62,86 30,60 20,75 52,70 91,44 42,75 25,00 63,50 30,91 21,00 53,34 92,07 43,05 25,25 64,13 31,22 21,25 43,81 92,71 43,34 25,50 64,77 31,53 21,50 44,45 93,34 43,64 25,75 65,40 31,84 21,75 45,08 93,98 43,94 26,00 66,04 32,15 22,00 45,72 94,61 44,23 26,25 66,67 32,46 22,25 46,35 95,25 44,53 26,50 67,31 32,77 22,50 46,99 95,88 44,83 26,75 67,94 33,08 22,75 47,62 96,52 45,12 27,00 68,58 33,38 23,00 48,26 97,15 45,42 27,25 69,21 33,69 23,25 48,89 97,79 45,72 27,50 69,85 34,00 23,50 49,53 98,42 46,01 27,75 70,48 34,31 23,75 50,16 99,06 46,31 28,00 71,12 34,62 24,00 50,80 99,69 46,61 28,25 71,75 34,93 24,25 51,43 100,33 46,90 28,50 72,39 35,24 24,50 52,07 100,96 47,20 28,75 73,02 35,55 24,75 52,70 101,60 47,50 29,00 73,66 35,82 25,00 53,34 89,53 47,79 29,25 74,29 36,17 90,17 48,09 29,50 74,93 36,48 90,80 48,39 29,75 75,56 36,79 91,44 48,69 30,00 76,20 37,09 92,07 48,98 30,25 76,83 37,40 92,71 49,28 30,50 77,47 37,71 93,34 49,58 30,75 78,10 38,02 93,98 49,87 31,00 78,74 38,33 94,61 50,17 31,25 79,37 38,64 95,25 50,47 31,50 80,01 38,95 95,88 50,76 31,75 80,64 39,26 96,52 51,06 32,00 81,28 39,57 97,15 51,36 32,25 81,91 39,88 97,79 51,65 32,50 82,55 40,19 98,42 51,95 32,75 83,18 40,49 99,06 52,25 33,00 83,82 40,80 99,69 52,54 33,25 84,45 41,11 100,33 52,84 33,50 85,09 41,42 100,96 53,14 33,75 85,72 41,73 101,60 53,44 34,00 86,36 42,04 Nota: Gordura percentual = Constante A + Constante B - Constante C - 18,4. Para indivíduos treinados, o fator de correção da idade é 21,4. constante C 27,47 27,84 28,20 28,56 28,96 29,28 29,64 30,00 30,37 30,73 31,09 31,45 31,81 32,17 32,54 32,90 33,26 33,62 33,98 34,34 34,70 35,07 35,43 35,79 36,15 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras Quadro 8 - Constantes de Conversão para a Estimativa de Gordura Percentual em Homens Jovens. Braço Abdômen Antebraço pol. Cm 7,00 17,78 7,25 18,41 7,50 19,05 7,75 19,68 8,00 20,32 8,25 20,95 8,50 21,59 8,75 22,22 9,00 22,86 9,25 23,49 9,50 24,13 9,75 24,76 10,00 25,40 10,25 26,03 10,50 26,67 10,75 27,30 11,00 27,94 11,25 28,57 11,50 29,21 11,75 29,84 12,00 30,48 12,25 31,11 12,50 31,75 12,75 32,38 13,00 33,02 13,25 33,65 13,50 34,29 13,75 34,92 14,00 35,56 14,25 36,19 14,50 36,83 14,75 37,46 15,00 38,10 15,25 38,73 15,50 39,37 15,75 40,00 16,00 40,64 16,25 41,27 16,50 41,91 16,75 42,54 17,00 43,18 17,25 43,81 17,50 44,45 17,75 45,08 18,00 45,72 18,25 46,35 18,50 46,99 18,75 47,62 19,00 48,26 19,25 48,89 19,50 49,53 19,75 50,16 20,00 50,80 20,25 51,43 20,50 52,07 20,75 52,70 21,00 53,34 21,25 53,97 21,50 54,61 21,75 55,24 22,00 55,88 22,25 56,51 22,50 57,15 22,75 57,78 continuação do quadro 8. constante A pol. Cm constante B pol. Cm constante C 25,91 26,83 27,76 28,68 29,61 30,53 31,46 32,38 33,31 34,24 35,16 36,09 37,01 37,94 38,86 39,79 40,71 41,64 42,56 43,49 44,41 45,34 46,26 47,19 48,11 49,04 49,96 50,89 51,82 52,74 53,67 54,59 55,52 56,44 57,37 58,29 59,22 60,14 61,07 61,99 62,92 63,84 64,77 65,69 66,62 67,54 68,47 69,40 70,32 71,25 72,17 73,10 74,02 74,95 75,87 76,80 77,72 78,65 79,57 80,50 81,42 82,34 83,26 84,18 21,00 21,25 21,50 21,75 22,00 22,25 22,50 22,75 23,00 23,25 23,50 23,75 24,00 24,25 24,50 24,75 25,00 25,25 25,50 25,75 26,00 26,25 26,50 26,75 27,00 27,25 27,50 27,75 28,00 28,25 28,50 28,75 29,00 29,25 29,50 29,75 30,00 30,25 30,50 30,75 31,00 31,25 31,50 31,75 32,00 32,25 32,50 32,75 33,00 33,25 33,50 33,75 34,00 34,25 34,50 34,75 35,00 35,25 35,50 35,75 36,00 36,25 36,50 36,75 53,34 53,97 54,61 55,24 55,88 56,51 57,15 57,78 58,42 59,05 59,69 60,32 60,96 61,59 62,23 62,86 63,50 64,13 64,77 65,40 66,04 66,67 67,31 67,94 68,58 69,21 69,85 70,48 71,12 71,75 72,39 73,02 73,66 74,29 74,93 75,56 76,20 76,83 77,47 78,10 78,74 79,37 80,01 80,64 81,28 81,91 82,55 83,18 83,82 84,45 85,09 85,72 86,36 86,99 87,63 88,26 88,90 89,53 90,17 90,80 91,44 92,07 92,71 93,34 27,56 27,88 28,21 28,54 28,87 29,20 29,52 29,85 30,18 30,51 30,84 31,16 31,49 31,82 32,15 32,48 32,80 33,13 33,46 33,79 34,12 34,44 34,77 35,10 35,43 35,76 36,09 36,41 36,74 37,07 37,40 37,73 38,05 38,38 38,71 39,04 39,37 39,69 40,02 40,35 40,68 41,01 41,33 41,66 41,99 42,32 42,65 42,97 43,30 43,63 43,96 44,29 44,61 44,94 45,27 45,60 45,93 46,25 46,58 46,91 47,24 47,57 47,89 48,22 7,00 7,25 7,50 7,75 8,00 8,25 8,50 8,75 9,00 9,25 9,50 9,75 10,00 10,25 10,50 10,75 11,00 11,25 11,50 11,75 12,00 12,25 12,50 12,75 13,00 13,25 13,50 13,75 14,00 14,25 14,50 14,75 15,00 15,25 15,50 15,75 16,00 16,25 16,50 16,75 17,00 17,25 17,50 17,75 18,00 18,25 18,50 18,75 19,00 19,25 19,50 19,75 20,00 20,25 20,50 20,75 21,00 21,25 21,50 21,75 22,00 22,25 22,50 22,75 17,78 18,41 19,05 19,68 20,32 20,95 21,59 22,22 22,86 23,49 24,13 24,76 25,40 26,03 26,67 27,30 27,94 28,57 29,21 29,84 30,48 31,11 31,75 32,38 33,02 33,65 34,29 34,92 35,56 36,19 36,83 37,46 38,10 38,73 39,37 40,00 40,64 41,27 41,91 42,54 43,18 43,81 44,45 45,08 45,72 46,35 46,99 47,62 48,26 48,89 49,53 50,16 50,80 51,43 52,07 52,70 53,34 53,97 54,61 55,24 55,88 56,51 57,15 57,78 38,01 38,37 40,72 42,08 43,44 44,80 46,15 47,51 48,87 50,23 51,58 52,94 54,30 55,65 57,01 58,37 59,73 61,08 62,44 63,80 65,16 66,51 67,87 69,23 70,59 71,94 73,30 74,66 76,02 77,37 78,73 80,09 81,45 82,80 84,16 85,52 86,88 88,23 89,59 90,95 92,31 93,66 95,02 96,38 97,74 99,09 100,45 101,81 103,17 104,52 1105,88 107,24 108,60 109,95 111,31 112,67 114,02 115,38 116,74 118,10 119,45 120,80 122,15 123,50 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 27 Antebraço constante pol. cm constante B C 23,00 58,42 37,00 93,98 48,55 23,00 58,42 124,85 37,25 94,61 48,88 37,50 95,25 49,21 37,75 95,88 49,54 38,00 96,52 49,86 38,25 97,15 50,19 38,50 97,79 50,52 38,75 98,42 50,85 39,00 99,06 51,18 39,25 99,69 51,83 39,50 100,33 52,16 39,75 100,96 52,49 40,00 101,60 52,82 40,25 102,23 53,14 40,50 102,87 53,47 40,75 103,50 53,80 41,00 104,14 54,13 41,25 104,77 54,46 41,50 105,41 54,78 41,75 106,04 55,11 42,00 106,68 55,11 Nota: Gordura % = Const A + Const B - Const C - 10,2. Para indivíduos treinados, o fator de correção da idade é 14,2. pol. Braço cm constante A 85,10 pol. Abdômen Cm Quadro 9 - Constantes de Conversão para a Estimativa da Gordura Percentual em Homens Idosos. Nádegas Abdômen Antebraço pol. Cm 28,00 71,12 28,25 71,75 28,50 72,39 28,75 73,02 29,00 73,66 29,25 74,29 29,50 74,93 29,75 75,56 30,00 76,20 30,25 76,83 30,50 77,47 30,50 77,47 30,75 78,10 31,00 78,74 31,25 79,37 31,50 80,01 31,75 80,64 32,00 81,28 32,25 81,91 32,50 82,55 32,75 83,18 33,00 83,82 33,25 84,45 33,50 85,09 33,75 85,72 34,00 86,36 34,25 86,99 34,50 87,63 34,75 88,26 35,25 89,53 35,50 90,17 35,75 90,80 36,00 91,44 36,25 92,07 36,50 92,71 36,75 93,34 continuação do quadro 9. Nádegas 28 constante A pol. Cm constante B pol. Cm constante C 29,34 29,60 29,87 30,13 30,39 30,65 30,92 31,18 31,44 31,70 31,96 31,96 32,22 32,49 32,75 33,01 33,27 33,54 33,80 34,06 34,32 34,58 34,84 35,11 35,37 35,63 35,89 36,16 36,42 36,94 37,20 37,46 37,73 37,99 38,25 38,51 32,50 32,75 33,00 33,25 33,50 33,75 34,00 34,25 34,50 34,75 35,00 35,00 35,25 35,50 35,75 36,00 36,25 36,50 36,75 37,00 37,25 37,50 37,75 38,00 38,25 38,50 38,75 39,00 39,25 39,50 39,75 40,00 40,25 40,50 40,75 41,00 82,55 83,18 83,82 84,45 85,09 85,72 86,36 86,99 87,63 88,26 882 88,90 89,53 90,17 90,80 91,44 92,07 92,71 93,34 93,98 94,61 95,25 95,88 96,52 97,15 97,79 98,42 99,06 99,69 100,33 100,96 101,60 102,23 102,87 103,50 104,14 29,11 29,33 29,55 29,78 30,00 30,22 30,45 30,67 30,89 31,12 9,25 31,35 31,57 31,79 32,02 32,24 32,46 32,69 32,91 33,14 33,36 33,58 33,81 34,03 34,26 34,48 34,70 34,93 35,15 35,38 35,59 35,82 36,05 36,27 36,49 36,72 7,00 7,25 7,50 7,75 8,00 8,25 8,50 8,75 9,00 9,25 23,49 9,50 9,75 10,00 10,25 10,50 10,75 11,00 11,25 11,50 11,75 12,00 12,25 12,50 12,75 13,00 13,25 13,50 13,75 14,00 14,25 14,50 14,75 15,00 15,25 15,50 17,78 18,41 19,05 19,68 20,32 20,95 21,59 22,22 22,86 23,49 27,76 24,13 24,76 25,40 26,03 26,67 27,30 27,94 28,57 29,21 29,84 30,48 31,11 31,75 32,38 33,02 33,65 34,29 34,92 35,56 36,19 36,83 37,46 38,10 38,73 39,37 21,01 21,76 22,52 23,26 24,02 24,76 25,52 26,26 27,02 27,76 Abdômen 28,52 29,26 30,02 30,76 31,52 32,27 33,02 33,77 34,52 35,27 36,02 36,77 37,53 38,27 39,03 39,77 40,53 41,27 42,03 42,77 43,53 44,27 45,03 45,77 46,53 Antebraço PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras pol. cm constante pol. Cm constante pol. cm constante A B C 37,00 93,98 38,78 41,25 104,77 36,94 15,75 40,00 47,28 37,25 94,61 39,04 41,50 105,41 37,17 16,00 40,64 48,03 37,50 95,25 39,30 41,75 106,04 37,39 16,25 41,27 48,78 37,75 95,88 39,56 42,00 106,68 37,62 16,50 41,91 49,53 38,00 96,52 39,82 42,25 107,31 37,87 16,75 42,54 50,28 38,25 97,15 40,08 42,50 107,95 38,06 17,00 43,18 51,03 38,50 97,79 40,35 42,75 108,58 38,28 17,25 43,81 51,78 38,75 98,42 40,61 43,00 109,22 38,51 17,50 44,45 52,54 39,00 99,06 40,87 43,25 109,85 38,73 17,75 45,08 53,28 39,25 99,69 41,13 43,50 110,49 38,96 18,00 45,72 54,04 39,50 100,33 41,39 43,75 111,12 39,18 18,25 46,35 54,78 39,75 100,96 41,66 44,00 111,76 39,41 40,00 101,60 41,92 44,25 112,39 39,63 40,25 102,23 42,18 44,50 113,03 39,85 40,50 102,87 42,44 44,75 113,66 40,08 40,75 103,50 42,70 45,00 114,30 40,30 41,00 104,14 42,97 41,25 104,77 43,23 41,50 105,41 43,49 41,75 106,04 43,75 42,00 106,68 44,02 42,25 107,31 44,28 42,50 107,95 44,54 42,75 108,58 44,80 43,00 109,22 45,06 43,25 109,85 45,32 43,50 110,49 45,59 43,75 111,12 45,85 44,00 111,76 46,12 44,25 112,39 46,37 44,50 113,03 46,64 44,75 113,66 46,89 45,00 114,30 47,16 45,25 114,93 47,42 45,50 115,57 47,68 45,75 116,20 47,94 46,00 116,84 48,21 46,25 117,47 48,47 46,50 118,11 48,73 46,75 118,74 48,99 47,00 119,38 49,26 47,25 120,01 49,52 47,50 120,65 49,78 47,75 121,28 50,04 48,00 121,92 50,30 48,25 122,55 50,56 48,50 123,19 50,83 48,75 123,82 51,09 49,00 124,46 51,35 Nota: Gordura % = Const A + Const B - Const C - 15,0. Para indivíduos treinados, o fator de correção é 19,0 Observação: Os valores de % de gordura podem ser modificados, de acordo com a faixa etária, nível de prática ou preferência por outro protocolo. Em caso de troca de valores, substituir a fração pelo valor considerado. Exemplo, em caso de atleta de voleibol, utilizaremos como valor 12%, assim sendo, 1,0 - 0,12 = 0,88. O valor 0,88 passa a ser o divisor. Índice Cintura Quadril (ICQ) Estudos prospectivos mostram que a gordura localizada no abdômen é fator de risco para doenças cardiovasculares, metabólicas e câncer. Para avaliar a distribuição de gordura corpórea, um método simples é o índice cintura-quadril (ICQ), obtida pela divisão dos perímetros da cintura (cm) e do quadril (cm). PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 29 Apresentamos a seguir, no quadro 2.11, normas para a proporção entre as circunferências da cintura e do quadril (ICQ). Quadro 11. Normas para a proporção entre Circunferências da Cintura e do Quadril (ICQ) para Homens e Mulheres. ICQ = perímetro da cintura em cm / perímetro do quadril em cm Sexo Homens Mulheres 20-29 Risco para desenvolvimento de doenças cardiovasculares Baixo Moderado Alto Muito Alto <0,83 0,83-0,88 0,89-0,94 >0,94 30-39 <0,84 0,84-0,91 0,92-0,96 >0,96 40-49 <0,88 0,88-0,95 0,96-1,00 >1,00 50-59 <0,90 0,90-0,96 0,97-1,02 >1,02 60-69 <0,91 0,91-0,98 0,99-1,03 >1,03 20-29 <0,71 0,71-0,77 0,78-0,82 >0,82 30-39 <0,72 0,72-0,78 0,79-0,84 >0,84 40-49 <0,73 0,73-0,79 0,80-0,87 >0,87 50-59 <0,74 0,74-0,81 0,82-0,88 >0,88 60-69 <0,76 0,76-0,83 0,84-0,90 >0,90 Idade Índice de Massa Corporal (IMC) É determinado pela divisão do peso corporal do indivíduo em quilogramas (kg), pela altura corporal em metros ao quadrado (m2) (GUEDES e GUEDES, 1998). Tem sido recomendado pela OMS como um indicador da gordura corporal, por ser obtido de forma rápida e com baixo custo. Exemplo de como calcular o Índice de Massa Corporal (IMC) e classificar de acordo com o quadro 12: 80kg / 1,80m x 1,80m = 24,69 (Normal) Quadro 12. Valores para o Índice de Massa Corporal de adultos Peso Peso insuficiente IMC <18,5 Normal 18,5 a 24,9 Peso excessivo 25,0 a 29,9 Obeso I 30,0 a 34,9 Obeso II Extremamente obeso 35,0 a 39,9 >39,90 Apresentamos a seguir o IMC para crianças e jovens, que correspondem aos valores para adultos iguais a 25 (sobrepeso) e 30 (obesidade) (Cole TJ. Establishing a standard definition for child overweight and obesity worldwide: international survey. Brit Med Jour. May 6, 2000). 30 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras Idade (anos) 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.5 6 6.5 7 7.5 8 8.5 9 9.5 10 10.5 11 11.5 12 12.5 13 13.5 14 14.5 15 15.5 16 16.5 17 17.5 18 IMC 25= sobrepeso Meninos Meninas 18.4 18.0 18.1 17.8 17.9 17.6 17.7 17.4 17.6 17.3 17.5 17.2 17.4 17.1 17.5 17.2 17.6 17.3 17.7 17.5 17.9 17.8 18.2 18.0 18.4 18.3 18.8 18.7 19.1 19.1 19.5 19.5 19.8 19.9 20.2 20.3 20.6 20.7 20.9 21.2 21.2 21.7 21.6 22.1 21.9 22.6 22.3 23.0 22.6 23.3 23.0 23.7 23.3 23.9 23.6 24.2 23.9 24.4 24.2 24.5 24.5 24.7 24.7 24.8 25 25 IMC 30= obesidade Meninos Meninas 20.1 20.1 19.8 19.5 19.6 19.4 19.4 19.2 19.3 19.1 19.3 19.1 19.3 19.2 19.5 19.3 19.8 19.7 20.2 20.1 20.6 20.5 21.1 21.0 21.6 21.6 22.2 22.2 22.8 22.8 23.4 23.5 24.0 24.1 24.6 24.8 25.1 25.4 25.6 26.1 26.0 26.7 26.4 27.2 26.8 27.8 27.2 28.2 27.6 28.6 28.0 28.9 28.3 29.1 28.6 29.3 28.9 29.4 29.1 29.6 29.4 29.7 29.7 29.8 30 30 Apresentamos na seqüência gráficos para cálculo do IMC para meninos e meninas de 2 a 20 anos de idade (CDC). PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 31 32 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras http://www.cdc.gov PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 33 Conforme os gráficos do CDC, os valores de IMC inferiores ao percentil 5 indicam desnutrição, do 6 ao 84 indicam peso normal, do 85 ao 94 indicam sobrepeso e igual ou acima do 95 indicam obesidade. Baseado nas tabelas do CDC para meninos e meninas, anote nos quadros 13 para meninas e 14 para meninos, os valores referentes aos índices para desnutrição, peso normal, sobrepeso e obesidade, para as idades de 7 a 18 anos. Quadro 13. Valores de IMC para meninas entre 7 a 18 anos de idade. Idade Desnutrição Peso Normal Sobrepeso Obesidade Abaixo de 5 Entre 5 e 85 De 85% a 95% Acima de 95 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 Quadro 14. Valores de IMC para meninos entre 7 a 18 anos de idade. Desnutrição Peso Normal Sobrepeso Idade Abaixo de 5 Entre 5 e 85 De 85% a 95% Obesidade Acima de 95 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 Sugestão para Leitura: KATCH, F.I. & McArdle, W.D.. Nutrição, Controle de Peso e Exercício. Editora MEDSI. São Paulo, 1984. HEYWARD VH; STOLARCZYK LM. Avaliação da composição corporal. Barueri-SP, Editora Manole, 2000. Machado PAN & Sichieri R. Relação cintura-quadril e dieta. Rev Saúde Pública 2002;36(2):198-204 34 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras Capítulo III COMPOSIÇÃO CORPORAL 1. INTRODUÇÃO Neste capítulo são descritos os métodos indiretos utilizados para o fracionamento do peso corporal. 2. MÉTODOS NÃO LABORATORIAIS Compreende, basicamente, as técnicas antropométricas. O ser humano pode ser descrito com grande precisão através de medidas da sua morfologia externa, tais como alturas, diâmetros, perímetros e dobras. Deutsch e Ross referem em 1978 mais de 800 trabalhos relacionados com a composição corporal, e a maioria deles são equações utilizando uma ou várias medidas antropométricas para determinar o percentual de gordura, e que se fundamentam, sobretudo, na medida da dobra cutânea. Esta medida linear é feita, como já vimos, através de compassos cuja característica é uma pressão idêntica em todas as aberturas. Quando se mede esta variável é essencial caracterizar com exatidão a referência anatômica, além de seguir um procedimento técnico adequado. O compasso é tomado na mão direita, e com a esquerda pinçamos o tecido adiposo entre o polegar e o indicador. As extremidades do compasso são ajustadas, perpendicularmente, a uma distância de cerca de 1cm deste ponto, aguardando-se dois segundos para efetuar a leitura. Em geral toma-se a medida três vezes, utilizando-se o valor médio. As dobras cutâneas são medidas sempre do lado direito, estando o indivíduo na posição anatômica e com a musculatura relaxada. Os pontos anatômicos onde são medidas as dobras cutâneas são os seguintes (figura 3.1 e 3.2): ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ Bíceps: É determinada no sentido do eixo longitudinal do braço, na sua face anterior, na altura da maior circunferência aparente do ventre muscular do bíceps, estando o avaliado na posição ortostática e membro superior em repouso. Tríceps: É determinada no sentido do eixo longitudinal do braço, na sua face posterior, na distância média entre a bordo súpero-lateral do acrômio e o bordo inferior do póie no, estando o avaliado em pé, com os braços relaxados ao longo do corpo. Subescapular: É determinada no sentido oblíquo, ao eixo longitudinal do corpo, seguindo a orientação dos arcos intercostais, dois cm abaixo do ângulo inferior da escápula, estando o avaliado em pé (ombros descontraídos), com os braços ao longo do corpo. Supra-Ilíaca: É determinada no sentido oblíquo, ao eixo longitudinal do corpo, dois cm acima da espinha ilíaca-ântero-superior na altura da linha axilar anterior, estando o avaliado em pé. Peitoral: É determinada no sentido oblíquo ao eixo longitudinal do corpo, tendo como ponto de referência o ponto médio entre a linha axilar anterior e o mamilo (homens), e a um terço da distância da linha axilar anterior e a mama. Axilar Média: É determinada no sentido oblíquo, ao eixo longitudinal do corpo, tendo como ponto de reparo a orientação dos espaços intercostais, localizado na intersecção da linha axilar média com a linha imaginária horizontal que passaria pelo apêndice xifóide, estando o avaliado em pé. Abdominal: É determinada paralelamente ao eixo longitudinal do corpo, dois cm a direita da borda da cicatriz umbilical, com o cuidado de não tracionar o tecido conectivo fibroso que constitui as bordas da cicatriz umbilical, estando o avaliado em pé. É uma medida especialmente difícil em indivíduos obesos, devendo o pesquisador estar seguro de ter incluído todo o tecido adiposo na dobra cutânea. Coxa: É determinada no sentido do eixo longitudinal do corpo, na face anterior da coxa, no ponto médio entre o trocânter e a tíbia, estando o avaliado em pé, com o membro inferior relaxado. Panturrilha: É determinada no sentido do eixo longitudinal da perna, na borda medial da tíbia na altura da maior circunferência da perna, procurando o indicador esquerdo definir o tecido celular subcutâneo do músculo adjacente, devendo o avaliado estar sentado, com o joelho em 900 de flexão, tornozelo em posição anatômica e o pé sem apoio no solo. Alguns autores sugerem que o indivíduo póie o pé direito sobre um bloco de madeira com 15cm de altura para facilitar esta medida. Peso: O avaliado deve se posicionar em pé de costas para a escala da balança, com afastamento lateral dos pés estando a plataforma entre os mesmos. Em seguida coloca-se sobre e no centro da plataforma, ereto com o olhar num ponto fixo à frente. No sentido de avaliar grandes grupos, permitese que o avaliado esteja vestindo apenas calção e camiseta. Precauções – Dobras: PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 35 1) 2) 3) 4) 5) 6) A dobra cutânea é medida entre o polegar e o indicador, procurando-se definir o tecido celular subcutâneo do músculo subjacente; A borda superior do compasso é aplicada na maioria das dobras a um cm abaixo do ponto de reparo, sendo algumas a dois cm do ponto de reparo; Recomenda-se aguardar 2 segundos para que toda pressão das bordas do compasso possa ser exercida; No caso de ocorrer discrepância entre uma medida e as demais, uma nova determinação deve ser feita; As mensurações devem ser realizadas no hemi-corpo direito do avaliado; São realizadas três medidas sucessivas no mesmo local, considerando-se a média das três como valor adotado para efeito de cálculo. Precauções – Peso: 1) 2) 3) 4) 5) 6) a balança deverá estar calibrada; a leitura deve ser feita na borda interna da escala; os cilindros deverão estar bem encaixados no momento da leitura e devem retornar ao ponto zero assim que terminar a pesagem; recomenda-se que seja calibrada a cada 10 pesagens no caso de avaliação em massa; verificar o nivelamento do solo sobre o qual se vai ser apoiado a balança; é feita apenas uma medida que será anotada em kg com aproximação de 0,1kg. Panturrilha Medial Axilar Média Abdominal Subescapular Tríceps Bíceps Apicômetro Compasso Científico (CESCORF) Figura 1. Pontos anatômicos para coleta de dobras cutâneas. 36 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras Vista Anterior Vista Posterior Figura 2. Pontos anatômicos para coleta de dobras cutâneas. Sugestão para Leitura: MARINS, J.C.B. & GIANNICHI, R.S., Avaliação & prescrição de atividade física. editora Shape, 1996. MATSUDO, V.K.R., Testes em ciências do esporte. Gráficos Burti fotolito editora Ltda, São Paulo, 1984. DE ROSE, E.H.; DE ROSE, R. C. & PIGATTO, E. Cineantropometria, Educação Física e Treinamento Desportivo. Rio de Janeiro: FAE: Brasília: SEED, 1984. GUEDES, D.P. & GUEDES, J.E.R.P.. Crescimento, composição corporal e desempenho motor em crianças e adolescentes. Editora CLR Balieiro, londrina-Paraná, 1997. PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 37 3. MÉTODOS DE FRACIONAMENTO DO PESO CORPORAL Em nosso meio, as técnicas mais utilizadas para fracionamento do peso corporal total são as seguintes: ⇒ Fracionamento em dois componentes; ⇒ Fracionamento em três componentes; ⇒ Fracionamento em quatro componentes. Fracionamento em dois componentes: Introduzida pelo LABOFISE no início da década de 70, consistia na utilização da fórmula de Yuhasz, modificada por Faulkner, que determina o percentual de gordura através da equação: % gordura (%G) = somatória (Σ) de 4 medidas x 0,153 + 5,783 Segundo De Rose, as dobras cutâneas da axila e da coxa constituíam-se em fatores de erro, razão pela qual utilizava apenas a subescapular, tricipital, supra-ilíaca e abdominal. Assim, medidas estas quatro dobras, é estimado o percentual de gordura (%G) e calculado o peso de gordura (PG) e a massa corporal magra (MCM), assim: P G = Peso Total (PT) x (%G/100) MCM = PT - PG Fracionamento em Três Componentes: Também descrita pela equipe do LABOFISE, a partir da modificação proposta por Rocha para a equação do cálculo do peso ósseo (PO) elaborada por Von Dobeln: P O = 3,02 (H2 x R x F x 400)0.712 Onde: Peso ósseo é determinado em kg H = estatura, expressa em m R = diâmetro biestilóide do rádio, expresso em m F = diâmetro biepicondiliano do fêmur, expresso em m Dois procedimentos são apresentados aqui, sendo o primeiro deles descrito por De Rose e Guimarães para a análise dos atletas escolares brasileiros no projeto ANTROPOJEBS, e o segundo elaborado por Drinkwater a partir da utilização do Modelo e do índice z. Fracionamento em Quatro Componentes: A equação básica é a proposta por Matiegka, na qual o peso corporal total (PT) é a soma dos pesos de gordura (PG), ósseo (PO), muscular (PM) e residual (PR): PT = PG + PO + PM + PR (I) Onde: PT = Peso total PG = Peso gordura PO = Peso ósseo PM = Peso muscular PR = Peso residual O peso de gordura é calculado através do percentual determinado pela equação de Faulkner, a partir das dobras de subescápula, tríceps, supra-ilíaca e abdômen. O peso ósseo é estimado pela equação de Von Dobeln modificada por Rocha. O peso residual é estruturado a partir de uma relação proposta por Wurch em relação ao peso corporal total, que é de 24,1% para homens e 20,9% para mulheres. Este tipo de raciocínio é idêntico ao de Matiegka e ao de Drinkwater. Assim teremos: Onde: PR = Peso residual PT = Peso total PR = PT x (24,1 / 100) (masculino) PR = PT x (20,9 / 100) (feminino) O peso muscular é definido pela equação derivada da fórmula básica de Matiegka, sendo conhecidos os pesos de gordura, ósseo, residual e total. Peso muscular = PT - (PG + PO + PR) Onde: Peso muscular em kg PT = Peso corporal total 38 PO = Peso ósseo PR = Peso residual PG = Peso gordura PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras Como exercício, vamos fracionar o peso corporal de um indivíduo do sexo masculino com as seguintes medidas: Peso corporal 67,3 kg Diâmetros Biepicondiliano de úmero 6,9 cm Biestilóidiliano de rádio 5,6 cm Biepicondiliano de fêmur 9,8 cm Estatura 174,l cm Dobras Cutâneas Subescapular 8,1 mm tricipital 5,8 mm Supra-ilíaca 5,3 mm Abdominal 7,9 mm Percentual de gordura (% G) ∑ 4 dobras = subescapular + tricipital + supra-ilíaca + abdominal ∑ = 8,1 + 5,8 + 5,3 + 7,9 = 27,1 mm %G = (∑4 x 0,153) + 5,783 %G = (27,10 x 0,15) + 5,78 = (4,14) + 5,78 = 9,93 %G = 9,93 Peso de gordura (PG) PG = PT x (%G / 10 0) = 67,3 x (9,93 / 100) = 67,3 x (0,0993) PG = 6,68 kg Peso ósseo (PO) PO = 3,02 (H2 x R x F x 400)0.712 PO = 3.02 (1,7412 x 0,056 x 0,098 x 400)0,712 PO = 3,02 (3,03 x 0,056 x 0,098 x 400)0,712 PO = 3,02 (6,65)0,712 = 3,02 (3,86) PO = 11,66 kg Peso residual (PR) PR = PT x (24,1 / 100) = 67,3 x (0,241) = 16,15 PR = 16,15 kg Peso muscular (PM) PM = PT - (PG + PO + PR) = 67,3 - (6,68 + 11,66 + 16,15) PM = 67,3 - 34,49 = 32,81 PM = 32,81kg Conclui-se então que o fracionamento do peso corporal de 67,3kg do indivíduo estudado, em quatro componentes, é assim representado por 6,68kg de gordura, 11,68kg de ossos, 32,79kg de músculos e 16,15kg de peso residual ou de outros tecidos. Apresentamos no quadro 3.3 os padrões de percentual de gordura para homens e mulheres ativos. Quadro 3. Padrões de Percentual de Gordura para Homens e Mulheres Ativos Níveis Recomendados de Gordura Corporal (%) Não recomendado Baixo Médio Superior Adulto jovem <5 5 10 15 Adulto médio <7 7 11 18 Idoso <9 9 12 18 Adulta jovem <16 16 23 28 Adulta média <20 20 27 33 Idosa <20 20 27 33 Homens Mulheres PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 39 4. EXERCÍCIO E COMPOSIÇÃO CORPORAL O exercício físico é conseqüência de um trabalho muscular que reflete, por sua vez, a produção de energia através da combustão de compostos orgânicos. O depósito destes compostos situa-se, evidentemente, nos compartimentos que compõem a massa corporal. Desta forma, a composição corporal relaciona-se tanto com a atividade física quanto com o sedentarismo, pois ambos modificam o tecido adiposo e a massa muscular. Vamos analisar duas situações especiais ligadas ao treinamento desportivo, para verificar a importância do estudo destes métodos. Controle do Treinamento: Preparar um atleta para uma competição significa geralmente diminuir ao mínimo sua massa de gordura e potencializar ao máximo sua massa muscular. Especialmente quando este atleta transporta seu peso, todo o acréscimo de gordura reduzirá sua capacidade de trabalho, pois exigirá maior consumo de energia. Por outro lado, massa muscular é sinônimo de uma maior potência, já que a força produzida é proporcional à seção transversal do músculo que atua no movimento. O peso corporal total, eventualmente, pode não indicar estas modificações nos dois componentes, especialmente se elas se eqüivalem. O gráfico 06 mostra a evolução do peso corporal médio de um plantel de jogadores de futebol durante um ano. Observa-se que o peso corporal inicialmente sofre uma redução, e após aumenta novamente, o que corresponde a uma perda de tecido adiposo e ganho de tecido muscular. O peso médio do plantel em janeiro e agosto é semelhante, embora correspondam a composições corporais muito distintas. Assim, apenas a observação da variável peso corporal total não permite a análise das modificações estruturais de adaptação ao seu esforço, razão pela qual as técnicas de composição corporal tem aqui indicação obrigatória. cada Determinação do Peso Ideal: Para Peso Médio (kg) tipo de atividade existe um peso corporal total que apresenta, física e biomecanicamente, uma maior eficiência. Este peso é chamado de peso ideal. Há muito tentam os autores, de alguma forma, chegar 75 à sua definição. As primeiras tentativas feitas buscavam uma relação com a estatura, mas eram em geral feitas a partir de uma amostra de 74 sedentários, o que impossibilitava sua aplicação em atletas. Conta-se a este respeito que os jogadores de futebol americano da Universidade de Notre-Dame foram recusados pelo serviço meses 73 militar por serem "gordos". Ocorre que, em função do seu grande desenvolvimento muscular, seu peso corporal era maior do que o previsto pelas tabelas, o que os tornava teoricamente obesos, embora não tivessem quase tecido adiposo. Como Gráfico 3.1 - Evolução do peso corporal médio de futebolistas profissionais a obesidade é determinada apenas pelo percentual de gordura, o fracionamento do peso corporal é, logicamente, a alternativa adequada para resolver este problema. De Rose e colaboradores desenvolveram matematicamente uma equação para o cálculo do peso ideal de uma população, a partir do percentual de gordura de uma amostra de referência, da seguinte forma, sendo: PTi = Peso ideal MCM = Massa Corporal Magra PGi = Peso de Gordura ideal PTi = MCM + PGi (I) %Gi = % de gordura ideal Mas: PGi = PTi x %Gi Substituindo em (I): PTi = MCM + (PTi x %Gi) MCM = PTi - (PTi x %Gi) MCM = PTi (1 - %Gi) PTi = MCM (II) (1 - %Gi) Assim, determinado o percentual de gordura em um grupo de referência altamente qualificado, é possível chegar-se à equação do peso ideal para uma população específica. Como exemplo, os autores estudaram 209 jogadores profissionais de futebol de cinco estados brasileiros que participavam dos jogos finais do Campeonato Nacional, determinando o percentual de gordura médio de 10,65% (fração de gordura média = 0,1065), que foi portanto considerado ideal para esta especialidade. Substituindo na equação (II), teremos: 40 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras Peso ideal = Peso ideal = x MCM 1 (1 - fração de gordura ideal) 1 (1 - 0,1065) x MCM = 1 x MCM 0,8935 Peso ideal = 1,12 x MCM O mesmo raciocínio pode ser desenvolvido para determinar o peso ideal de indivíduos sedentários do sexo masculino, o que é de grande importância em clínica médica, especialmente na prevenção de acidente isquêmico e da obesidade. Merriman e Donegan citam como percentual de gordura ideal para esta população o valor de 13% (fração de gordura = 0,1300). Substituindo na equação descrita, teremos: Peso ideal = Peso ideal = x MCM 1 1 - % gordura ideal 1 1 - 0,13 x MCM = 1 x MCM 0,87 Peso ideal = 1,15 x MCM Um indivíduo que pesa 93kg e que possui o somatório de dobras tricipital, subescapular, supra-ilíaca e abdominal igual a 120mm, terá o seu peso ideal calculado da seguinte maneira: Percentual de gordura %G = ∑4 x 0,15 + 5,78 %G = 120 x 0,15 + 5,78 = 18,00 + 5,78 %G = 23,78 Peso de gordura PG = PT x (%G / 100) PG = 93 x (23,78 / 100) = 93 x (0,2378) PG = 22,11kg Massa corporal magra MCM = PT - PG MCM = 93 - 22,11 MCM = 70,89kg Peso ideal (para sedentários) Pi = MCM x 1,15 Pi = 70,89 X 1,15 Pi = 81,52kg Excesso de peso Excesso de peso = PT - Pi Excesso de peso = 93 - 81,52 Excesso de peso = 11,48kg Conclui-se que o indivíduo estudado terá que reduzir seu peso em 11kg, através de dieta e exercício. A dieta limitará o aporte calórico e de hidrato de carbono, forçando o organismo a processar gordura para produzir energia. O exercício deverá ser de longa duração e baixa intensidade, nunca transformando o limiar anaeróbico descrito por Wasserman, para utilizar basicamente gordura como combustível. Deve-se observar que mais importante do que a modificação do peso corporal é a redução do percentual de gordura e o aumento da massa muscular. Alguns autores norte-americanos, que se originam basicamente da área da fisiologia do exercício, não concordam com o fracionamento do peso corporal em quatro componentes proposto por Matiegka, Von Dobeln, Wurch e Drinkwater, entendendo ser o método antropométrico pouco preciso e, para evitar maiores erros ou criticismos, aceitam apenas o fracionamento em dois componentes, a partir do peso hidrostático. Devemos lembrar, entretanto, que Behnke preocupava-se com os problemas de solubilidade de gás no tecido adiposo em mergulhos de profundidade, enquanto Brozek estava apenas interessado em desnutrição e obesidade. Para eles, portanto, o sistema de dois componentes era suficiente. Em Educação Física, porém, estudamos o homem em movimento, e apesar do valor evidente do peso total e do peso de gordura, devemos buscar maiores informações sobre a massa muscular e sua correlação com a performance. Para tanto é fundamental partirmos para o fracionamento completo. Esta é também a idéia dos cineantropometristas que fundamentaram os métodos antropométricos utilizados para este tipo de análise, todos eles ligados diretamente à atividade do indivíduo no seu sentido mais amplo. E quanto à possibilidade de erro? É claro que ela existe, mas convém citar aqui a afirmação de Ross. Um sistema modelo, para que possa ser aplicado, não necessita ser totalmente verdadeiro. Basta que forneça, ao longo da sua utilização, informações sobre as modificações ocorridas e oriente a realimentação necessária. PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 41 Em nosso meio, na área de composição corporal, podemos citar o estudo feito por De Rose e Biazus em finalistas da prova de arremesso de peso dos Jogos Pan-americanos do México, em 1976. Os autores determinaram a composição corporal dos atletas e estimaram a sua performance a partir da massa muscular, obtendo uma correlação bastante elevada. Isto, no entanto, só pode ser realizado quando a modalidade desportiva tem como variável predominante a potência (classificação de Venerando), o que permite a estimativa da performance através da massa muscular. Sugestão para Leitura: DE ROSE, E.R; PIGATTO,E. e DE ROSE, R.C.F. Cineantropometria, Educação Física e Treinamento Desportivo. Prêmio Liselott Diem de Literatura Desportiva, 1981. Ministério da Educação e Cultura, Fundação de Assistência ao Estudante, Rio de Janeiro, 1984. Conceito de Peso Atual, Teórico e Ideal: Denomina-se peso atual ao peso que uma pessoa apresenta no momento em que é executada a medida, e que é obtido pela pesagem direta. Procurou-se, partindo do peso atual e de outras referências, calcular o peso teórico, isto é, o peso que a pessoa deveria ter para que se estabelecesse os critérios de obesidade e magreza. Inicialmente rotulou-se como obeso todo indivíduo que apresentasse um peso atual superior a 15% do correspondente ao peso atual menor que 10% de médio. Este critério, rapidamente, sofreu críticas, pois o fator constituição física não era levado em consideração. Tentou-se então estabelecer, teoricamente, fórmulas que, correlacionando medidas, possibilitassem, com segurança, mostrar os desvios da normalidade. A primeira tentativa foi a correlação pura e simples entre peso e altura (subtrair 100 da altura em centímetros). Novamente revelaram-se falhas, embora alguns setores clínicos ainda teimem em usá-lo hoje. O fracasso foi maior ainda ao se lidar com estes dados no terreno do esporte. Várias outras fórmulas de regressão foram desenvolvidas, algumas ainda hoje citadas e usadas na área médica e desportiva. As principais delas são as seguintes: A - Fórmula de Monnerot-Dumaine B - Fórmula de Lorentz PI = T - 100 + 4 Cp 2 P = T - 100 - T - 150 4 onde: PI = peso ideal T = estatura em cm Cp = perímetro do punho sendo T a estatura em cm Do peso ideal, assim calculado, subtrair 3 kg se a idade for menor de 25 anos e 1 kg 500 se estiver entre 25 e 30 anos. C - Fórmula de Broca D - Fórmula de Borchardt P = P = Ct x T 240 A T - 100 sendo: A o peso atual e T a estatura em cm E - Índice de Ricci PI = 0,985 Tcm - 100 sendo: Ct perímetro médio toráxico e A o peso atual em kg e T a estatura em cm F = Equação de Shearburn Equação utilizada para cálculo da corporal. densidade G - Equação de Siri Equação utilizada para cálculo do percentual de gordura: %G = [(4,95 / Dc) - 4,5] x 100 Dc = 10.701 - (12.3 T + 5.08 A + 2.72 S) 10.000 sendo: T dobra cutânea tricipital A dobra cutânea abdominal S dobra cutânea supra ilíaca Sugestão para Leitura: PINTO, J.R., Caderno de Biometria. Universidade Castelo Branco. 42 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 5. EQUAÇÕES GENERALIZADAS DE REGRESSÃO PARA PREVISÃO DE DENSIDADE CORPORAL (DB) PARA ADULTOS DE AMBOS OS SEXOS Equação para o sexo Feminino: Equação de Regressão Db = 1,0902369 - 0,0009379 (∑ 3dc) + 0,0000026 (∑ 3dc)2 - 0,0001087 x (Idade) onde: ∑ 3dc = tríceps, supra-ilíaca e abdominal Equação para o sexo Masculino: Equação de Regressão Db = 1,1125025 - 0,0013125 (∑ 3dc) + 0,0000055 (∑ 3dc)2 - 0,0002440 x (Idade) onde: ∑ 3dc = tórax, tríceps e subescapular I = idade atual Composição Corporal e Equações Preditivas da Gordura em Crianças e Jovens % g = 1,35 (∑ tr + se) - 0,012 (∑ tr + se)2 - C tr - dobra cutânea tríceps se - dobra cutânea subescapular c - constante por sexo e idade conforme tabela 1 e 2 abaixo Quadro 5 - Constantes por Sexo e Idade para Cálculo da Gordura Corporal Relativa em Crianças e Jovens da Equação de LOHMAN 7 3,4 1,4 sexo/idade masculino feminino 10 4,4 2,4 13 5,4 3,4 16 6,4 4,0 Quadro 6 - Constantes por Sexo, Idade e Raça para o Cálculo da Gordura Corporal Relativa em Crianças e Jovens para serem utilizadas nas Equações de LOHMAN (1986). SEXO Masculino Masculino Feminino Feminino RAÇA Branca Negra Branca Negra 6 3,1 3,7 1,1 1,4 7 4,0 1,7 8 3,7 4,3 1,7 2,0 9 4,1 4,7 2,0 2,3 10 5,0 2,6 11 4,7 5,3 2,7 3,0 12 5,0 5,6 3,0 3,3 13 6,0 3,6 14 5,7 6,3 3,6 3,9 15 6,1 6,7 3,8 4,1 16 7,0 4,4 17 6,7 7,3 4,3 4,7 FONTE. revista brasileira de atividade física e saúde, vol. 1 - no. 4 - dez. 1996. Especificamente para crianças e adolescentes de 7 a 18 anos de idade, quando o somatório das dobras cutâneas tricipital e subescapular (∑2) se apresentar menor ou igual a 35 milímetros, as seguintes equações foram sugeridas: Rapazes/brancos: Rapazes/negros: Pré-púbere %Gord = 1,21 (∑2) - 0,008 (∑2)2 - 3,5 Pré-pubere %Gord = 1,21 (∑2) - 0,008 (∑2)2 - 1,7 Púbere %Gord = 1,21 (∑2) - 0,008 (∑2)2 - 3,4 Púbere %Gord = 1,21 (∑2) - 0,008 (∑2)2 - 5,2 2 Prós-pubere %Gord = 1,21 (∑2) - 0,008 (∑2) - 5,5 Pós-púbere %Gord = 1,21 (∑2) - 0,008 (∑2)2 - 6,8 Moças de ambos os aspectos raciais e de qualquer nível maturacional: %Gord = 1,33 (∑2) - 0,013 (∑2)2 - 2,5 Caso o somatório dos valores de espessura das dobras cutâneas medidas nas regiões tricipital e subscapular se apresentar superior a 35 milímetros, os fatores de nível maturacional e aspecto racial deixam de apresentar uma participação significativa na predição da quantidade de gordura relativa, sendo possível a utilização de uma única equação para cada sexo: Rapazes: Moças: % Gordura = 0,783 (∑2) + 1,6 % Gordura = 0,546 (∑2) + 9,7 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 43 Sugestão para Leitura: De POLLOCK, M.L., SCHMIDT, D.H. & JACKSON, A.S.: Exercícios na Saúde e na Doença: Avaliação e Prescrição para Prevenção e Reabilitação. MEDSI São Paulo, 1986. GUEDES. D.P. & GUEDES, J.E.R.P.. Crescimento, composição corporal e3 desempenho motor de crianças e adolescentes. Editora CLR Balieiro Ltda, londrina-Paraná, 1997. Percentual de gordura calculada pela fórmula de Siri: Percentual de gordura = [(4,95/Db) - 4,5] x 100 onde Db = densidade corporal Cálculo do Peso Desejável a Alcançar: Mulheres, peso ideal = [peso atual - (peso atual x % de gordura atual)] 0,77 Homens, peso ideal = [peso atual - (peso atual x % de gordura atual)] 0,84 Quadro 7. Padrões de Composição Corporal para homens e mulheres Sexo Mulher Homem % Gordura 25,5 18,2 % Músculo 38,0 41,8 % Osso 15,5 15,9 % Vísceras 20,9 24,1 ATLETA observar o esporte praticado Quadro 8. Padrão Normal e Padrão de Obesidade para homens e mulheres: Mulher Homem APÓS: 25% ± 5% 15% ± 5% +30% Padrão de Obesidade +20% Padrão de Excesso de Gordura 17 A 27 Anos 28 A 37 Anos +31% Obesidade +37% Obesidade 20 anos ----- redução de 10% nas necessidades calóricas diárias em repouso 20 anos ----- aumento de 230 - 450 gramas cada ano até 60 anos 35 anos ----- aumento de 200 - 800 gramas cada ano até 60 anos Dieta com baixo teor de carboidratos diminui a MCM Gordura corporal EXCEDER a MCM, a obesidade é uma AMEAÇA A SAÚDE INCREMENTO NA EXPECTATIVA DE VIDA ⇒ ⇒ ⇒ nos indivíduos ativos (2.000 KCAL/SEMANA) indivíduos moderadamente ativos (501 A 1999 KCAL/SEMANA) indivíduos menos ativos (500 KCAL/SEMANA) Quadro 9. Relação de gramas de gordura perdida com kcal produzida Relação de Gramas de Gordura Perdida perda de 1000 gramas perda de 100 gramas perda de 10 gramas 44 Kcal produzida produção de 7720 kcal produção de 772 kcal produção de 77,2 kcal PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras Homem - referência Idade = 20-24 Altura = 1,74 m Peso = 69,8 kg Total gordura = 10,5 kg (15%) Gordura armazenada = 8,4kg (12%) Gordura essencial = 2,1 kg (3%) Músculo = 31,3 kg (44,8%) Osso = 10,4 kg (14,9%) Restante = 17,6 kg (25,3%) Peso corporal magro = 61,4 kg Homem - referência Mulher - referência Idade = 20-24 Altura = 1,64 m Peso = 56,7 kg Total gordura = 15,3 kg (27%) Gordura armazenada = 8,5 kg (15%) Gordura essencial = 6,8 (12%) Músculo = 20,4 kg (36%) Osso = 6,8 kg (12%) Restante = 14,2 kg (25%) Peso mínimo = 48,2 kg Mulher - referência Figura 3. Padrões para homens e mulheres PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 45 Homem - referência Mulher - referência Idade = Idade = Altura = Altura = Peso = Peso = Total gordura = Total gordura = Gordura armazenada = Gordura armazenada = Gordura essencial = Gordura essencial = Músculo = Músculo = Osso = Osso = Restante = Restante = Peso corporal magro = Peso mínimo = Figura 4. Valores obtidos com base na coleta de dados 46 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras Tabela 1 - Valores Absolutos (kg) e Porcentagem de Maturação de Peso Corporal em Escolares Brasileiros Idade _ X 07 20,05 08 24,08 09 27,38 10 33,91 11 34,37 12 37,85 13 42,78 14 49,76 15 53,83 16 58,06 17 64,15 18 61,54 * (p < 0,05) “t” Student. Homens S± 8,96 6,09 8,32 8,57 6,06 5,08 6,75 7,66 8,52 10,90 8,87 8,00 Mulheres Δ% 32,58 39,13 44,49 55,10 55,85 61,46 69,52 80,86 87,47 94,39 104,24 100,00 _ X 23,40* 27,58* 31,02* 37,81 37,81 43,06* 47,39* 49,40 52,58 53,78* 54,51* 53,70* S± 4,34 5,29 4,56 5,20 7,16 6,70 5,94 8,91 8,00 6,73 9,30 6,64 _ _ Tabela 2 - Valores Absoluto (mm) de Dobras Cutâneas (X 3) E (X 7) em Escolares Brasileiros _ __ _ Idade (X3) Homens (X7) (X3) Mulheres _ _ _ _ + X S± X S± X X S 07 7,54 4,69 7,35 4,08 7,92 2,94 7,69 08 7,18 1,99 6,99 2,17 8,81 3,85 8,49 09 8,14 4,82 8,00 4,69 9,53 3,44 9,34 10 9,60 6,65 9,32 5,97 9,22 2,79 9,26 11 8,00 2,93 7,61 2,55 10,40* 4,24 9,74* 12 7,57 2,24 7,12 2,01 10,89* 2,91 10,36* 13 7,84 2,14 7,10 3,38 12,10* 4,21 11,64* 14 7,73 3,39 7,03 2,70 11,92* 5,41 11,37* 15 8,30 3,30 7,78 3,17 13,72* 3,01 13,36* 16 8,31 2,47 8,03 3,07 13,09* 4,01 12,51* 17 8,61 2,52 8,25 2,33 13,26* 4,89 12,74* 18 7,99 2,61 7,61 2,68 12,91* 3,63 12,14* * (p < 0,01) “t” Student Δ% 43,57 51,35 57,75 70,40 70,40 80,17 88,13 91,98 98,13 100,00 101,49 100,00 (X7) S± 2,95 3,97 3,18 2,99 3,67 2,55 3,79 5,08 2,95 3,80 4,87 3,40 _ X 3 = média do tríceps, subescapular e supra-ilíaca _ X 7 = média do bíceps, tríceps, subescapular, supra-ilíaca, axilar média, abdominal e panturrilha medial. PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 47 Capítulo IV SOMATOTIPO 1. METODOLOGIA PARA DETERMINAÇÃO DO SOMATOTIPO Há cerca de quatro décadas, Sheldon criou o termo somatotipo e as técnicas fundamentais para sua análise. Em sua primeira publicação, Variações do Físico Humano, expõe a teoria de três componentes primários, presentes em todos os indivíduos, num grau maior ou menor. O somatotipo, segundo o autor, expressa a quantificação destes componentes primários e depende essencialmente da carga genética, não sendo modificado após o crescimento, salvo em função de patologias ou alterações nutricionais. Vários aspectos do método de Sheldon foram criticados ou modificados, e técnicas complementares surgiram para aprimorar a idéia básica de expressar a forma humana através de três componentes. O conceito vigente de somatotipo, elaborado pôr Heath, é de que ele descreve a conformação atual, e que, portanto, não se vincula estritamente ao potencial genético, podendo ser modificado, entre outros fatores, pelo crescimento e pelo treinamento. 2. ASPECTOS HISTÓRICOS Embora Hipócrates, Galeno e outros precursores dos cineantropometristas atuais já filosofassem a cerca da forma humana e de sua inter-relação com outras variáveis, costuma-se dividir os biotipologistas em quatro escolas, que possuem métodos e objetivos distintos, e que podem ser assim descritas. Escola Francesa: Baseia-se sobretudo nos aspectos anatômicos. No início do século XIX, HalIé descreveu os temperamentos vascular, muscular e nervoso, que se intermediavam pôr temperamentos parciais, determinados pelo predomínio das regiões cefálica, torácica ou abdominal. Sigaud, no início deste século, buscava a relação entre este tipo de pensar organicista com o ambiente externo, classificando os indivíduos em atmosférico, alimentício e ambiental social. Escola Italiana: Fundamenta seu método na antropometria, e sem dúvida o seu principal representante foi Viola, que em 1930 criava a classificação: longilíneos, normolíneos e brevilíneos. Através do uso da estatura avaliava comparativamente o tronco e os membros, tendo como referência o normotipo equilibrado. Foi seguido pôr Pende, que definia o biótipo como uma individualidade pessoal, resultante de componentes genéticos e ambientais. Sem dúvida, foi a escola italiana que mais influenciou o ensino de Biometria no Brasil até os anos 70. Escola Alemã: Criada a partir das idéias de Kretschner, que na década de 30 pensava biótipo apenas em termos de hábitos e caráter psíquico. Estudava doentes mentais e procurava correlação entre as patologias e a forma do corpo. Raramente usava a antropometria, pois preferia o método da observação, bastante mais empírico. Classificava os indivíduos em astênicos, atléticos e pícnicos, mas aceitava também um grupo de displásicos, considerados patológicos. Escola Inglesa: Foi iniciada pôr Sheldon, também psiquiatra como seu colega Kretschner, pôr quem certamente foi influenciado. Procurou, no entanto, buscar seus objetivos através de métodos menos empíricos. Utilizando a fotografia, criou uma técnica de classificação dos indivíduos a partir da expressão numérica de três cifras, que representavam gordura, músculo e linearidade. As características principais de cada um destes fatores são assim expressos pelo autor: Determinar o somatotipo significa determinar o valor numérico dos três componentes, que são sempre apresentados seqüencialmente numa mesma ordem, representando a endomorfia, a mesomorfia e a ectomorfia, e ligados por hífens. Quadro 1. Valores para determinação do somatotipo 10 Número Endomorfia 1 - 14 Somatotipo 20 Número Mesomorfia 1 - 10 30 Número Ectomorfia 0,5 - 9 Os números abaixo de cada componente indicam os valores extremos que podem ser encontrados, determinando o elastério onde se distribuem e se qualificam os indivíduos. Existem dois métodos básicos para determinar o valor dos três componentes e obter o somatotipo: ⇒ Método fotoscópico ⇒ Método antropométrico 48 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras Método Fotoscópico: O indivíduo é fotografado a partir de uma técnica definida, em três posições, sendo medidas a estatura e o peso corporal. Este procedimento foi descrito pôr Sheldon, que com ele publicou o Atlas Humano, onde apresenta exemplos de todos os tipos de somatotipo. Atualmente, é utilizado principalmente como complementação ao método antropométrico. Método Antropométrico: Sucedeu ao fotoscópio, introduzindo o cálculo dos componentes através da análise de diâmetros, perímetros e dobras cutâneas, além da estatura e do peso. Existem diversas técnicas descritas, mas atualmente a mais utilizada em nosso meio e na área internacional é a de HeathCarter. O Método Antropométrico de Heath-Carter: Vários autores pensaram em estabelecer parâmetros para determinar o somatotipo. Cureton recomendava a palpação da massa muscular e dinamometria. Parnell desenvolveu um modelo chamado M-4, que utilizava praticamente as mesmas medidas propostas mais tarde pôr Carter. Heath criticou algumas limitações do método fotográfico, e pôr último, juntamente com Carter, elaborou o método que é hoje amplamente utilizado. Os equipamentos necessários são balança, estadiômetro, paquímetro, compasso de dobra cutânea e fita métrica. As medidas efetuadas são as seguintes: ⇒ Estatura: Posição anatômica, cabeça com plano de Frankfurt posicionado paralelamente ao solo. Tomada da medida com a técnica de correção através da manobra de tração cervical e inspiração profunda. Precisão de 1mm. ⇒ Peso: O indivíduo ocupa o centro da balança, despido ou com um mínimo de roupa, sendo a precisão requerida de 100g. ⇒ Dobra Cutânea: São medidas as do tríceps, subescápula, supra-ilíaca e medial da perna. Observam-se as orientações descritas no capítulo anterior para este tipo de estudo. ⇒ Diâmetros: São medidos o diâmetro bi-epicondilial do fêmur e do úmero, ósseos com precisão de 0,1mm, de acordo com as técnicas já descritas anteriormente. ⇒ Perímetros: São medidos o bíceps em máxima contração isométrica, em sua maior circunferência, estando o braço horizontal e o antebraço fletido na posição de 900 e a perna na sua maior circunferência. O cálculo dos componentes é feito através das seguintes equações propostas pôr Carter e descritas aqui pôr VÍVOLO. Somatotipo de Heath-Carter: O Somatotipo é uma forma de realizarmos, de maneira simplificada, uma análise de tipos físicos. Sua determinação pode ser feita de várias maneiras, sendo que a mais difundida é através de medidas antropométricas, segundo a metodologia de Heath-Carter. Estes autores definem o somatotipo como sendo a configuração morfológica presente do indivíduo. Método: Para a determinação do somatotipo antropométrico de Heath-Carter são utilizadas as seguintes medidas: ⇒ Peso ⇒ Estatura ⇒ Dobras cutâneas: tríceps, subescapular, supra-ilíaca e panturrilha medial. ⇒ Circunferência: braço e perna. ⇒ Diâmetros: Bi-epicôndilo umeral e bi-epicôndilo femural. A descrição detalhada do procedimento para determinação destas medidas pode ser encontrada no capítulo de Antropometria. Cálculo do Somatotipo: A determinação dos três componentes era feita, originalmente, através de tabelas. No entanto, esta forma além de muito imprecisa mostrava-se extremamente trabalhosa. Foram portanto desenvolvidas equações de regressão para facilitar os cálculos possibilitando a programação dos mesmos em calculadoras ou ainda em computadores. A seguir são fornecidas as fórmulas para o cálculo de cada um dos componentes acompanhadas de um exemplo. 1o. Componente (Endomorfia) Análise dos Dados de Somatotipo: Os resultados de somatotipo são geralmente plotados em um sistema de coordenadas para maior facilidade de visualização (Fig. 1). Nesse sistema de coordenadas X, Y (denominado Somatotipograma), uma unidade Y corresponde a raiz 2 3 unidades X. PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 49 Cálculo das coordenadas X e Y: X = III - I e Y = 2II - I + III) Obs.: I, II e III correspondem aos três componentes calculados. Cálculo do SDD (Distância de Dispersão de Somatotipo): Cálculo do SDI Somatotipo): SDD = 3 (X1 - X2)2 + (Y1 - Y2)2 SDD - É a distância entre dois pontos plotados no somatotipograma. Geralmente calculado em relação ao ponto que representa a média do grupo. X1 , Y1 , e X2 , Y2 , - São as coordenadas dos pontos a serem analisados. SDI = Σ SDD N SDI - É a média dos valores de SDD em relação ao ponto médio do grupo. Também é uma medida de homogeneidade do grupo. (Índice de Dispersão de CÁLCULO DO SOMATOTIPO ANTROPOMÉTRICO DE HEATH-CARTER o 1 . Componente (Endomorfia) Cálculos de Correção: Simbologia: S - Σ dobras cutâneas (tríceps, subescapular e supra-ilíaca) em mm. x - chamado "x corrigido": é a somatória de dobras corrigidas pela altura. a e b - valores de Σ corrigidos nos intervalos respectivos. h - altura. Realizados para adaptar os dados antes do cálculo final do 1o. componente. 1 - x corrigido = S x 170,18 2 - a = log (x + 120) h (cm) x 3 - b = log (x + 500) x Cálculos Finais: A equação deverá ser escolhida em relação ao valor de Σ dobras (sem correções). Intervalos: x ≤ 27,0 27,0 < x < 58,7 58,7 < x < 196 Y = 0,125 x - 0,61875 Y = 10,4274 a - 12,8654 / 100 Y = 13,1812 b - 18,3440 / 100 Equação A Equação B Equação C Obs.: Y = Valor do 1o. componente. ou Segundo De Rose et al., (1984), o primeiro componente, pode ser assim calculado: ENDO = - 0,7182 + 0,1451 (X) - 0,00068 (X)2 + 0,0000014 (X)3 onde: X = Σ das dobras cutâneas tricipital, subescapular e supra ilíaca sendo os valores expressos em mm Objetivando corrigir o somatório das dobras cutâneas relacionado com as proporcionalidades individuais referentes à estatura, Carter propõe utilizar a seguinte equação: Σc = Σ x 170,18 E onde: Σc = somatório corrigido Σ = somatório das dobras cutâneas obtido E = estatura do indivíduo em cm 2o. Componente (Mesomorfia) Simbologia: h x YU.P. YF.P. YB.P. - Altura (em centímetros) (cm) - Altura (em polegadas) (in) - Valor Previsto de Úmero para dada altura - Valor Previsto de Fêmur para dada altura - Valor Previsto de Braço Corrigido para data altura 50 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras YP.P. - Valor Previsto de Perna Corrigida para dada altura YU.R. - Valor Real de Úmero para dada altura YF.R. - Valor Real de Fêmur para dada altura YB.R. - Valor Real de Braço Corrigido para dada altura YP.R. - Valor Real de Perna Corrigida para dada altura Obs.: 1 Valor Real = Valor médio 2 Valor Real Corrigido = Valor circunferência - dobra cutânea. Cálculos de Correção: x = h 2.54 Cálculos dos Desvios Relativos: 1- - 0,1455 Yu.p. = 0,0971 x 3- Desvio Relativo = Yu.p. - Yu.r. Úmero - 0,1455 2- YF. P. = 0,1386 x Desvio Relativo Fêmur YB.P. = 0,4428 x Desvio Relativo Braço - 0,2075 4- = YF.P. -YF.R. - 0,2075 - 0,6653 = YB.P .- YB.R. -0,6653 - 0,7683 Yp.p. = 0,5184 x Desvio Relativo Perna = Yp.p. - YP.R. - 0,7683 Cálculo Final: 2o. Componente = Σ Desvios Relativos + 4 8 ou O cálculo do segundo componente pode ser feito também através da utilização da seguinte equação proposta pôr De Rose et al., 1984: MESO = 0,858 (U) + 0,601(F) + 0,188 (B) + 0,161 (P) - 0,131 (E) + 4,50 onde: U = Diâmetro biepicondiliano do úmero em cm; P = Perímetro corrigido da perna em cm; F = Diâmetro bi-condiliano do fêmur em cm; E = Estatura do indivíduo estudado em cm. B = Perímetro corrigido do braço em cm; 3º. Componente (Ectomorfia) Simbologia: h - Altura (em centímetros) (cm) H - Altura (em polegadas) (in) P - Peso (em quilos) (kg) W - Peso (em libras) (pds) Cálculo de Transformação: H= Cálculo Final: h = in 2,54 x = W= P 0,4536 pds H 3 √W Y = 2,42 x - 28,58 Obs.: Y = Valor do 3o. componente. Exemplo: Dados Coletados: Peso ......................................... 72 kg Altura ........................................179 cm D.C.Tríceps ...............................6,0 mm Dados com Correção: Circunf. Braço Corrigida Exercícios de Reforço: D.C. Subescapular .................. 7,0 mm D.C. Supra-Ilíaca..................... 6,0 mm Diâm. Úmero ........................... 7,5 cm Diâm. Fêmur ......................... 10,4 cm Circunf. Braço ........................ 30,0 cm Circunf. Perna ........................ 39,0 cm 30,0 - 0,6 = 29,4 D.C.Panturrilha 6,0 mm Circunf. Perna Corrigida = 39,0 - 0,6 = 38,4 D.C. Panturrilha Obs.: Os dados acima são a média de 3 medidas consecutivas. 1º. Componente Σ 3 dobras cutâneas = 6,0 + 7,0 + 6,0 = 20,0 Cálculo do x corrigido x = 20,0 x 170,18 = 19,01 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 51 179 Cálculo Final: Como Σ 3 D.C. corrigida (x) é 19,01 .'. Usaremos equação A pois l9,01 < 27 Y = 0,125 x 19,01 - 0,61875 Y = 1,76 = 1,8 - 1o. componente. Ou - Somatório das dobras cutâneas tricipital, subescapular e supra-ilíaca: Σ = 6,0 + 7,0 + 6,0 = 20 - Cálculo do somatório corrigido pela estatura do avaliado Σc = 20,0 x 170,18 .'. Σc = 20,0 x 0,95 .'. Σc = 19 mm altura (m) - Cálculo do componente de endomorfia pela equação final: ENDO = - 0,7182 + 0,1451 (19) - 0,00068 (19)2 + 0,0000014 (19)3 ENDO = - 0,7182 + 2,7569 - 0,24548 + 0,0096026 ENDO = 1,8 - 1o. componente 2o. Componente Correção Altura: x = h 2,54 .'. x = 179 2,54 = 70,5 Cálculo dos Desvios Relativos: 1- Yu.p. = 0,0971 x 70,5 - 0,1455 = 6,7 6,7 - 7,5 = 5,5 - 0,1455 Desvio Relat. Úmero = 2- 3- Desv. Relat. Braço = YF.P. = 0,1386 x 70,5 - 0,2075 = 9,6 4- 9,6 - 10,4 = 4,0 - 0,2075 Desv. Relat. Fêmur = YB.P. = 0,4428 x 70,5 - 0,6653 = 30,6 30,6 - 29,4 = -1,7 - 0,6653 Yp.p. = 0,5184 x 70,5 - 0,7683 = 35,8 Desv. Relat. Perna = 35,8 - 38,4 = 3,38 = 3,4 - 0,7683 Cálculo Final: 2o. Componente = Σ desvios relativos + 4 8 = 5.5 + 4,0 + (-1.7) + 3.4 + 4 8 = 11,2 + 4 8 = 5,4 = 2º. componente ou Com os seguintes dados: U = 7,5 cm B = 29,4 cm (já corrigido) F = 10,4 cm P = 38,4 cm (já corrigido) E = 179 cm Aplica-se a seguinte equação: MESO = 0,858 (7,5) + 0,601 (10,4) + 0,188 (29,4) + 0,161 (38,6) - 0,131 (179) + 4,50 MESO = 6,435 + 6,2504 + 5,5272 + 6,2149 - 23,449 + 4,50 MESO = 5,48 3o. Componente Cálculos de Transformação: H = h = 179 = 70,5 in 2,54 2,54 Cálculo Final: 52 W= P = 72 0,4536 0,4536 = 158,7 pds Desta forma temos: PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras x = H √W 3 Y = 2,42 Y = 2,42 Y = 2,9 = 1o. comp.: = 1,8 70,5 = 13,0 √ 158,7 3 2o. comp.: = 5,4 1 ou x -28,58 3 . comp.: = 2,9 x 13,0 - 28,58 = 1,8 - 5,4 - 2,9 o o 3 . Componente Obs.: Caso os cálculos sejam repetidos poder-se-á encontrar variações de até 1,0 unidade nos resultados finais em função das aproximações. Exemplo 1: Dados Coletados: Peso ......................................... 82 kg Altura .........................................169 cm D.C.Tríceps ...............................16,0 mm D.C. Subescapular ....................17,0 mm D.C. Suprailíaca .......................16,0 mm D.C.Panturrilha..........................14,0 mm Diâm. Úmero .............................07,5 cm Diâm. Fêmur .............................09,4 cm Circunf. Braço............................35,0 cm Circunf. Perna ...........................43,0 cm Dados com Correção: Circunf. Braço Corrigida Circ. braço - dobra tríceps = Circunf. Perna Corrigida = Circ. perna - dobra panturrilha = Exemplo 2: Dados Coletados: Peso .........................................72 kg Altura .........................................180 cm D.C.Tríceps ...............................6,0 mm D.C. Subescapular ....................9,0 mm D.C. Suprailíaca ........................8,0 mm D.C.Panturrilha..........................9,0 mm Diâm. Úmero .............................7,5 cm Diâm. Fêmur..............................10,6 cm Circunf. Braço............................38,0 cm Circunf. Perna ...........................44,0 cm Dados com Correção: Circunf. Braço Corrigida circ. braço - dobra tríceps = Circunf. Perna Corrigida circ. perna - dobra panturrilha = EXERCÍCIOS DE REFORÇO o 1 . Componente Σ 3 dobras cutâneas = + + =R Cálculo do x corrigido x = R x 170,18 = H Cálculo Final: Como Σ 3 D.C. corrigida (x) é Usaremos equação pois < Y = 0,125 x - 0,61875 Y = = - 1o. Componente ou - Somatório das dobras cutâneas tricipital, subescapular e supra-ilíaca Σ= + + = - Cálculo do somatório corrigido pela estatura do avaliado PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 53 Σc = x 170,18 = H mm - Cálculo do componente de endomorfia pela equação final ) - 0,00068 ( ENDO = - 0,7182 + 0,1451 ( ENDO = - 1o. componente ENDO = )2 + 0,0000014 ( )3 2º. Componente Correção Altura: x = ∴ x = h 2,54 = 2,54 Cálculo dos Desvios Relativos: 1- Yu.p. = - 0,1455 = 0,0971 x Desvio Relat. Úmero = = - 7,5 - 0,1455 2- YF.P. = 0,1386 x - 0,2075 = Desv. Relat. Fêmur = 3- - 10,4 - 0,2075 YB.P. = 0.4428 x = - 0,6653 = Desv. Relat. Braço = - 29,4 = - 0,6653 4- - 0,7683 = Yp.p. = 0,5184 x Desv. Relat. Perna = - 38,6 = - 0,7683 Cálculo Final: 2o. Componente = Σ desvios relativos + 4 8 = = + + 8 + 4 + 2o. componente = ou Com os seguintes dados: cm cm (já corrigido) U = B = F = P = cm cm ( já corrigido) E = cm Aplica-se a seguinte equação: MESO = 0,858 ( MESO = MESO = ) + 0,601 ( ) + 0,188 ( ) + 0,161 ( ) - 0,131 ( ) + 4,50 3o. Componente Cálculos de Transformação: H = 54 h 2,54 = = in 2,54 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras W = = P 0,4536 = pds 0,4536 Cálculo Final: x = 3 H (in) = √ W pds 3 = √ Y = 2,42 x - 28,58 Y = 2,42 x - 28,58 Desta forma temos: 1o. comp.: = Y = = 2o. comp.: = 3o. Componente 3o. comp.: = Quadro 2. Predominância somatotípica e suas principais características (Adaptado de Carter, 1975). Predominância Somatotípica Endomorfo equilibrado Mesomorfo endomórfico Ectomorfo-endomorfo Mesomorfo equilibrado Ectomorfo equilibrado Ectomorfo-mesomorfo Endomorfo-mesomorfo Mesomorfo ectomórfico Endomorfo-ectomorfo Mesoendomorfo Mesoectomorfo Endoectomorfo Central Características O primeiro componente é dominante e o segundo e terceiro são iguais, isto é não diferem de meia unidade. O segundo componente domina e o primeiro é maior que o terceiro. O terceiro componente domina, e o primeiro é maior que o segundo. O segundo componente é dominante e o primeiro e terceiro são iguais ou não diferem de mais de meia unidade. O terceiro componente é dominante e o primeiro e segundo são iguais ou não diferem de mais de meia unidade. O terceiro componente domina e o segundo é maior que o primeiro. O primeiro é dominante e o segundo é maior que o terceiro. O segundo componente domina e o terceiro é maior que o primeiro. O primeiro componente domina e o terceiro é maior que o segundo. O primeiro e o segundo componentes são iguais, ou não diferem de mais que meia unidade, e maiores que o terceiro. O segundo e terceiro componentes são iguais ou não diferem de mais que meia unidade, e maiores que o primeiro. O primeiro e o terceiro componentes são iguais, ou não diferem de mais que meia unidade, e maiores que o segundo componente. Os três componentes são iguais, não havendo diferença de mais de uma unidade em relação aos outros dois, girando os índices (3) ou (4). Exemplo 6-3-3 4-7-1 3-2-6 3-6-3 2-2-6 2-4-5 7-3-1 2-5-4 5-2-4 4-4-1 2-4-4 5-1-5 4-4-4 Sugestão para Leitura: MARINS, J.C.B., GIANNICHI, RS. Avaliação e Prescrição de Atividade Física. Guia Prático. Editora Shape. Rio de Janeiro, 1996. da MATSUDO, V.K.R.. Teste em Ciências do Esporte. Editora Burti Fotolito Ltda. São Paulo, 1984. DE ROSE, E.H., DE ROSE, R.C.F. e PIGATTO, E.. Cineantropometria, Educação Física e Treinamento Desportivo. Ministério Educação e Cultura, Fundação de Assistência ao Estudante. Rio de Janeiro, 1984. PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 55 Capítulo V VARIÁVEIS NEUROMOTORAS MEDIDAS DA POTÊNCIA ANAERÓBICA Victor keihan R. Matsudo 1. INTRODUÇÃO A principal fonte de energia nos exercícios de pequena duração é de origem anaeróbica. Nas atividades de "curtíssima" duração, ou seja, com até 10 segundos, a energia provém principalmente dos estoques de ATP-CP, sendo este mecanismo metabólico denominado de anaeróbico alático. Portanto, são exemplos de eventos "anaeróbicos aláticos" as provas de salto em altura, extensão, triplo e com vara, o arremesso de peso, os lançamentos de disco, dardo e do martelo, modalidades de saltos ornamentais, halterofilismo, assim, como todo início de eventos esportivos de qualquer duração. Nas atividades de "curta" duração, ou seja, com duração em torno de 40 segundos, a energia provém principalmente do metabolismo do glicogênio estocado, sem participação significante do oxigênio, sendo um mecanismo denominado de "anaeróbico lático". Assim, são exemplos de eventos "anaeróbicos láticos" a prova de 400 m, com e sem barreiras, as provas de 100 m nos diferentes estilos da natação, bem como os períodos de 30 a 60 segundos iniciais de exercícios de qualquer duração. Esta variável quando relacionada pelos resultados absolutos em escolares e jovens atletas, apresenta maturação precoce, sendo encontrado para as escolares, já aos 7 anos de idade 85% de sua maturação final e 104,8 aos 13 anos de idade, enquanto que para os jovens atletas, aos 13 anos encontramos 96,6% da maturação. Esses valores altos mesmo no período pré-púbere, provocou interesse em alguns pesquisadores entre eles, BAR-OR (1988). Esse autor constatou que mesmo quando a capacidade anaeróbica era expressa por quilograma de peso corporal, apresentava valores nitidamente mais baixo que a de grupos mais velhos. Através da aplicação de um teste anaeróbico (Wingate) em uma criança de 8 anos, encontrou uma produção de apenas 45-50% de força mecânica produzida por um menino de 14 anos de idade. Quando corrigido pelo peso corporal o valor foi ainda baixo, 65-70%. Pelo método da biópsia muscular verificou-se que, a concentração de ATP, CP e glicogênio no músculo em repouso das crianças são os mesmos, ou apenas levemente menores que aqueles dos adultos jovens, ERIKSSON (1980). Contudo, a não diferença relacionada à idade no índice de utilização do ATP ou CP, não corresponde ao índice de utilização de glicogênio, que está bastante diminuído na criança. O reflexo dessa diminuição na utilização do glicogênio reflete no índice de produção de lactato no músculo que é de 65-70% em meninos de 13 a 15 anos de idade, em comparação a concentração atingida por adultos durante o exercício máximo, ERIKSSON (1974). Crianças menores atingem níveis de lactato muscular e níveis de atividade de fosfofrutoquinase mais baixos comparados com adultos, sendo que a enzima fosfofrutoquinase é considerada limitada na glicose. Esses achados sugerem que a produção de lactato no músculo está relacionado ao nível de maturação sexual de meninos pubescentes, portanto, essa variável apresenta maturação tardia, contrário ao que se pensava. Este fato é apenas uma indicação adicional de que as crianças são menos adequadas para tarefas anaeróbicas, especialmente aquelas dependentes do seu índice de glicólise. MARGERKURTH (1988), citado por MATSUDO (1988) et alli, revelou que as correlações entre os testes de Wingate e 40 segundos aumenta significativamente quando corrigido pelo peso corporal deste último. A curva de percentual de maturação funcional foi corrigida pelo peso corporal (peso x distância/40 seg.), permitindo concluir que a maturação do processo anaeróbico, quando medido pelo teste de 40 segundos, evidencia picos de aceleração na fase pubertária, contrário quando utilizado o valor absoluto, onde o pico de aceleração ocorre na fase pré-púbere. Apesar desta variável ser muito solicitada em treinamento tanto físico quanto técnico-tático, pesquisa recente KOKUBUN e DANIEL (1992), mostrou pouca relação com a prática do basquetebol. Vemos assim que a potência anaeróbica é um importante fator metabólico, da aptidão física geral e por conseguinte, sua avaliação tem merecido a atenção de muitos pesquisadores. Assim, nos últimos anos diversos métodos foram desenvolvidos sendo que neste capítulo apenas mencionaremos aqueles que apresentam maior adequação às condições de trabalho no Terceiro Mundo. 56 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 2. DESCRIÇÃO DOS TESTES I - TESTE DE CORRIDA DE 40 SEGUNDOS (POTÊNCIA ANAERÓBICA LÁTICA) A - Objetivo: Medir indiretamente a potência anaeróbica total (alática + lática). B - Material: 1) Pista de atletismo demarcada metro a metro, ou pelo menos de 10 em 10 metros; 2) 2 cronômetros (precisão de segundos); 3) folha de protocolo; 4) apito (opcional). C - Procedimentos: O avaliador principal (A) munido de um cronômetro orientará o avaliado sobre o objetivo do teste que é percorrer correndo a maior distância possível no período de 40 segundos. Com as palavras "Atenção! Já!!" dará início ao teste acionando concomitantemente o cronômetro e andando em direção ao avaliador auxiliar (B) que estará posicionado em um ponto médio entre 200 e 300 metros munido de um cronômetro. Esse cronômetro auxiliará o posicionamento do avaliador B o mais próximo possível do avaliado no momento dos quarenta segundos, fato que será anunciado pelo avaliador principal (A), com as palavras "Atenção! Já!!". Nesse instante o avaliador auxiliar (B) deverá observar o último pé que estará em contato com o solo e esse ponto deverá ser assinalado como ponto de referência. Com auxílio de uma trena, quando a pista estiver demarcada de 10 em 10 metros, ou apenas pela visualização direta, quando a pista for marcada de metro em metro, determinaremos a distância percorrida, com precisão para o último metro, ou seja, se a distância percorrida foi de 243 m e 40 cm o resultado para efeitos de cálculo será de 243 m. D - Precauções: 1) 2) 3) 4) 5) 6) 7) 8) Podemos permitir o aquecimento particularmente dos avaliados que estão acostumados a esse procedimento. Observar, no entanto, os dois minutos de repouso entre o final do aquecimento e o início do teste. O teste também poderá ser feito com um só cronômetro. Nesse caso, o avaliador principal ficará com o mesmo e na altura dos 30 segundos anunciará o momento com a palavra "TRINTA!". Essa mesma conduta pode ser usada rotineiramente para melhor orientação do avaliador auxiliar e do avaliado. As condições de temperatura devem ser anotadas, sendo que cuidados especiais devem ser tomados quando a temperatura estiver abaixo de 150C ou acima de 250C. Devemos também observar as condições do vento, sendo que os ventos transversais à pista não tem tantos efeitos negativos como os longitudinais, particularmente quando atingirem velocidades superiores a 5m/segundo. O teste somente deve ser administrado na forma individual. O exame médico é um pré-requisito recomendável. Ao final do teste o avaliado não deve interromper bruscamente a corrida. Quando as condições permitirem alguns procedimentos podem ser acrescentados como um maior número de avaliadores, o uso de intercomunicadores ("walkie-talkie") e bandeiras de saída. FIGURA 1 - TESTE DE CORRIDA DE 40 SEGUNDOS 200 250 100 B A 0 300 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 57 TESTE DE LACTACIDEMIA A utilização da lactacidemia é bem difundida nos países desenvolvidos, no Brasil representa uma realidade quase que restrita aos centros de pesquisa em Fisiologia do Esforço, sendo praticamente inexistente nos locais de treinamento de forma sistemática. Objetivo: O teste de lactacidemia mede a concentração de ácido lático no sangue após um determinado esforço e permite ao avaliador diagnosticar a curva de formação do lactato de acordo com a intensidade que está sendo proposta ao avaliado. Desta forma, é possível estabelecer uma relação entre esforço e participação do metabolismo anaeróbico lático, trazendo informações extremamente úteis para o planejamento de um treinamento ou para a elaboração de uma estratégia durante uma competição. A dosagem do ácido lático é, normalmente, realizada através da coleta de uma pequena quantidade de sangue arterializado no lóbulo da orelha. O ideal é haver um intervalo entre 2 e 4 minutos após o esforço, visando obter a melhor curva de dosagem, uma vez que o ácido lático, formado no interior da célula, necessita de algum tempo para ser removido, facilitando assim sua detecção. O protocolo de realização do teste de lactacidemia ainda requer uma série de cuidados na preparação da pele, manuseio do reagente e utilização do aparelho dosador (Kiss, 1987). O protocolo de testagem, normalmente compreende o registro do ácido lático em repouso (inferior a 2 mMol/l). Quando se submete o avaliado a um esforço, com aumento gradual de intensidade e interrupção para dosagem da quantidade de lactato em cada estágio, estabelece-se a curva de intensidade que poderá estar correlacionada com a freqüência cardíaca ou ao percentual de trabalho em VO2 max empregado. De uma maneira geral, Kinderman segundo Kiss (1987), considera dois valores de referência para uma prescrição de treinamento: o limiar aeróbico, com a concentração de lactato corresponde a uma concentração de 4 mMol/l. O segundo referencial permite a dosificação do exercício com uma maior ou menor participação do sistema anaeróbico, informação extremamente útil para uma perfeita elaboração de um treinamento. O gráfico a seguir apresenta, de forma ilustrativa, o comportamento da curva de lactato durante um exame de lactacidemia. Figura 2 - Representação gráfica de um teste de lactacidemia. Tabela 1 - Valores Absolutos (m) e % de Maturação de Potência Anaeróbica (m) em escolares brasileiros Homens Mulheres _ _ Idade X X S± Δ% S± Δ% 07 178,03* 12,24 68,04 166,42 11,91 82,76 08 191,95* 19,37 73,35 169,50 12,89 84,29 09 197,29 13,72 75,39 186,42 17,50 92,70 10 200,21* 17,01 76,51 189,93 10,52 94,45 11 203,34* 19,24 77,71 195,09 24,33 97,02 12 213,15* 19,37 81,46 195,82 18,16 97,38 13 221,48* 15,93 84,64 201,78 25,79 100,34 14 230,29* 23,23 88,00 204,35 20,11 101,62 15 246,54* 12,76 94,22 202,16 18,96 100,53 16 250,70* 16,56 95,80 197,29 15,64 98,11 17 240,20* 17,32 91,79 197,12 10,01 98,02 18 261,67* 19,85 100,00 201,09 10,98 100,00 * (p < 0,01) “t” Student (m) 58 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras II - TVPA (TESTE DE VELOCIDADE PARA POTÊNCIA ANAERÓBIA) / RAST (RUNNING – BASED ANAEROBIC SPRINT TEST) O teste para análise da potência anaeróbia foi realizado através do TVPA RAST. O RAST foi desenvolvido pela Universidade de Wolverhanpton (Reino Unido) para testar atletas de performance anaeróbia. O RAST é similar ao Teste Wingate de 30 segundos para cicloergômetros, que fornece aos treinadores medidas de potência e índice de fadiga. O Teste Wingate é específico para ciclistas enquanto que o RAST pode ser utilizado com atletas de modalidades esportivas que tem como forma básica de movimento a corrida. O TVPA foi adaptado do RAST, para melhor atender nossa realizada. A - Objetivo: Medir indiretamente a potência anaeróbia total (máxima, média e índice de fadiga). B - Material e métodos: Local plano de aproximadamente 65mts, 4 cones, trena, cronômetro, ficha de protocolo e apito. C - Procedimentos: Do Atleta: realiza aproximadamente 10 minutos de aquecimento; recupera durante aproximadamente 2 minutos; completa seis corridas de 35 metros, no máximo de velocidade com 10 segundos de recuperação entre as corridas. Dos Avaliadores: cronometrar e anotar o tempo de cada corrida em planilha apropriada; controla e tempo de recuperação de 10 segundos entre cada corrida; faz os cálculos apropriados. Cálculos da potência em valores relativos: A Potência (em watts) de cada corrida é encontrada usando as seguintes equações: potência = a distância ao quadrado (35)2 / tempo3 (onde tempo3 = tempo * tempo * tempo) Calcula-se a potência para cada corrida e então determina-se: potência máxima = maior valor do teste potência mínima = menor valor do teste potência média = soma dos seis valores / 6 índice de fadiga em % = (potência máxima – potência mínima) / potência máxima * 100 Figura 3 - Esquema de aplicação do teste: PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 59 Exemplo de cálculo do teste TVPA (Potência absoluta) de um atleta de basquetebol infanto-juvenil com peso corporal de 76 kg, no primeiro tiro de 35m com o tempo de 4,52s. Resultados: Cálculo da potência máxima Potência Máxima = 1008 Watts P = Peso x Distância2 / Tempo3 Potência Mínima = 525 Watts P = 76 x (35x35)/(4,52x4,52x4,52) Potência Media = 736 Watts P = 76 x 1225 / 92,345408 IF = 483 / 30.48 = 15,8 Watts/seg. P = 93100 / 92,345408 P = 1008watts 3. ZONAS DE INTENSIDADE DE TREINAMENTO No quadro 1 são apresentadas cinco zonas de intensidade de trabalho físico com prováveis freqüência cardíaca, porcentagem do consumo de oxigênio, concentração de lactato e duração máxima do trabalho. Quadro 1 - Classificação de Cargas de Treino pelas Zonas de Intensidade CRITÉRIOS FISIOLÓGICOS DURAÇÃO MÁXIMA ZONAS FC bpm Em %O2 Lactato mMol/1 DE TRABALHO I Aeróbica até 140 40 - 60 até 2 Algumas horas II Aeróbica (de limiar) 140 - 160 60 - 85 até 4 Mais de 2 horas Mista 160 - 180 70 - 95 III 30 min - 2h (Aeróbica-Anaeróbica) IV V 4-6 Anaeróbica (glicolítica) + 180 Anaeróbica (alática) 95 - 100 6-8 10 - 30 min 8 - 15 5 - 10 10 - 18 2- 5 14 - 20 até 2 min 95 - 90 10 - 15 seg. Fonte: Zakharov, 1992 Quadro 2 - Percentual de pessoas que passaram ou encontram-se no limiar anaeróbico em relação ao percentual da capacidade máxima % FCmáx 50 60 70 80 90 100 % VO2 28 42 56 70 83 100 % de pessoas no limiar aeróbico 0 0 3 55 100 100 erro de + 8% Fonte: McArdle 60 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras MEDIDAS DA FORÇA MUSCULAR Jesus Soares Madalena Sessa 1. INTRODUÇÃO A força é um pré-requisito para qualquer atividade física e participa, em proporções variadas, de todos os demais fatores. Podemos dizer que a força é a capacidade do indivíduo utilizar sua musculatura para vencer as oposições criadas pela ação da leis que regem o universo. Em outras palavras - utilização da tensão muscular para vencer resistência externas. As suas manifestações são evidenciadas em qualquer tipo de movimento: marcha, corrida, tração, arremesso, salto, etc. Mesmo nas atividades diárias, não atléticas, a força torna-se elemento indispensável para permitir, ao indivíduo, erguer-se do leito, vestir-se, comer em suma: realizar qualquer ato necessário à manutenção da vida. A quantidade de força produzida por um músculo depende basicamente de: a) número de unidades motoras colocadas em ação; b) área de secção transversa do músculo. Quanto maior for o número de unidades motoras, colocadas em funcionamento, maior será a força gerada. Por outro lado, tanto maior será esta força quanto mais espesso for o músculo. MATHEWS chama a atenção para o fato do aumento, com o treino, do volume de fibras musculares mais finas, surgindo como fatores limitantes ao desenvolvimento muscular os seguintes fatos: a) largura máxima de cada fibra muscular fixada, para cada indivíduo, geneticamente; b) a constituição biotipológica - grau de mesomorfismo de cada ser; c) o treinamento não aumenta o número de fibras musculares já existentes, mas apenas torna mais espessas as fibras menos desenvolvidas; d) fator idade - durante a fase de crescimento o exercício muscular parece ter um efeito menor no desenvolvimento muscular, o mesmo acontecendo nos indivíduos de idade mais avançada. ASTRAND chama a atenção para o fato de atingir-se o máximo de força entre os 20 e os 30 anos, diminuindo o nível a seguir. ASMUSSEN destaca 3 componentes fisiológicos básicos para a obtenção da força: a) Tamanho do corpo e somatotipo; b) Maturidade do Sistema Nervoso Central; c) Desenvolvimento da maturidade sexual (ação do hormônio masculino). No que diz respeito à área de secção transversa muscular, se a força for medida em relação à unidade de área (cm2), IKAI e FUKUNAGA observaram que os valores tornam-se idênticos em homens e mulheres adultos, dentro de uma mesma faixa etária, dependente do estado de treinamento. O que faz variar a quantidade global de força é portanto, o aumento da área de secção total transversa do músculo. A força é um dos fatores mais dinâmicos na área da performance psicomotora e que pode e deve ser melhorada através o treinamento. Convém sempre lembrar que em igualdade de condições vence sempre o elemento que tiver mais força. A melhoria na capacidade de força pode ser influenciada por vários fatores, dentre eles:crescimento e maturação física. A força parece ser determinada, em princípio por questões de tamanho e o crescimento exerce uma influência mais importante do que o treinamento. À medida que a idade aumenta, essa relação diminui gradualmente e os efeitos do treinamento torna-se mais significativos. Outra característica interessante é que o desenvolvimento da força mostra grande semelhança com as curvas do desenvolvimento sexual e os maiores aumento desta coincidem com a época de puberdade. Portanto, o aumento da força depende da maturação sexual e, não da idade. O desenvolvimento de força principalmente para os esportes coletivos, deve estar centralizado na melhoria da potência, e isso deve ocorrer pela perda de peso corporal (diminuição da gordura e não incremento da massa muscular), através de exercícios com o próprio peso ou com elástico, proporcionando uma melhora do recrutamento e sincronismo de fibras musculares, já que o aumento da massa muscular não produz um aumento linear da potência, WATSON, 1986. Como os esportes coletivos consistem de atividades em que o corpo representa o objeto que deve ser impulsionado, o excesso de peso (gordura e massa muscular), pode influir negativamente no desempenho do salto, diminuindo portanto, a força relativa, já que a massa corporal quando aumenta, cresce relativamente mais depressa do que a força muscular, interferindo, portanto, na força relativa, prejudicando com isso o desempenho no salto que tem relação direta com o peso corporal a ser levantado. PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 61 Outro fator importante na força muscular para jovens atletas, diz respeito ao transporte do próprio peso. Quando observamos a relação existente entre a massa corporal e a força muscular, estamos evidenciando disciplinas desportivas, cujo objetivo é o de vencer resistências adicionais, independente do peso corporal, torna-se fundamental a quantidade de força que o atleta seja capaz de desenvolver (força absoluta). Para os esportes coletivo, o importante é a força que um atleta é capaz de desenvolver em relação ao próprio corpo (peso-relativo) Na análise da força, no que diz respeito as medidas, teremos que observar os tipos de força. Chamamos de força estática ou isométrica aquela que é desenvolvida sem encurtar o músculo, isto é, sem produzir movimento aparente. A resistência, neste caso, é superior à força. Chamamos de força dinâmica ou isotônica aquela que é desenvolvida tendo como resultante final o encurtamento muscular, isto é: o movimento. A resistência é inferior - força resultando trabalho, da contração. Dizemos que há trabalho isocinético quando é desenvolvida força máxima em todos os ângulos do movimento de uma articulação. Convém lembrar que uma contração muscular, da qual resulta um movimento, mormente na área de Educação Física, é sempre composta de 2 fases: uma isométrica e uma isotônica. A força muscular é mais uma importante variável da Aptidão Física Geral, que merece atenção neste manual. Devido a sua atuação, em proporções variadas desde a postura até o mais "fino" ato motor, desde um movimento simples até um bem complexo, esta variável é considerada por muitos estudiosos da atividade física como o mais relevante fator do desempenho motor. São vários os motivos pelos quais devemos medir e avaliar a força muscular. Mathews (1980) cita quatro boas razões para avaliá-la: 1) a força é necessária para uma boa aparência; 2) a força é básica para um bom desempenho nas técnicas; 3) a força é altamente considerada quando da medida de aptidão física; 4) a manutenção da força pode servir como uma profilaxia contra certas deficiências ortopédicas. Potência: É a capacidade de realizar uma contração muscular máxima num tempo o mais curto possível. P=FxV Pela sua própria definição constatamos ser um fator que se relaciona diretamente com a força e com a velocidade. É uma das características básicas do atleta de qualidade superior, pois combina velocidade e força, para obter uma resposta motora mais eficiente nas atividades dinâmicas. Constitui-se em qualidade indispensável aos saltadores em distância ou altura, aos atacantes de futebol, aos arremessadores de basquete, aos arremessadores de disco, dardo, peso e martelo, aos lutadores, no deslocamento dos opositores, etc. A medida da potência é realizada basicamente pela utilização dos saltos, arremessos, etc., dependendo do segmento a ser analisado: Æ Æ Æ força e velocidade; peso; estrutura corporal; Æ Æ Æ idade; sexo; estado nutricional. Entre um grande número de testes existentes que objetivam medir a força muscular de um indivíduo, propomos neste manual que esta importante variável seja medida pelos seguintes testes: Æ Æ Æ Teste dinâmico de barra, Teste estático de barra, Teste abdominal, Æ Teste de impulsão vertical, Æ Teste de impulsão horizontal, e ainda com a utilização de aparelho sugerimos o Æ Teste de preensão manual. É interessante lembrar que todos esses testes medem de forma indireta a força muscular através do desempenho. 62 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 2. DESCRIÇÃO DOS TESTES MOTORES I - TESTE DINÂMICO DE BARRA A - Objetivo: Medir indiretamente a força muscular de membros superiores através do desempenho em se elevar acima do nível de uma barra horizontal. B - Material: 1 barra de ferro ou madeira de 1 1/2 polegada ou 3,80 cm.. material para anotação. C - Procedimento: A barra deve ser instalada a uma altura suficiente que o avaliado, mantendo-se pendurado com os cotovelos em extensão, não tenha contato dos pés com o solo. A posição da pegada é pronada e corresponde a distância biacromial. Após assumir esta posição o avaliado tentará elevar seu corpo até que o queixo passe acima do nível da barra e então retornará o corpo é posição inicial. O movimento é repetido tantas vezes quanto possível, sem limite de tempo. Será contado o número de movimentos completados corretamente. D - Precauções: 1) 2) 3) 4) 5) Observar se os cotovelos estão em extensão total para o início do movimento de flexão. Não permitir repouso entre um movimento e outro. A execução deve ser dinâmica. Permitir somente uma tentativa, a não ser que o avaliado seja prejudicado por algum motivo. Verificar se o queixo ultrapassa o nível da barra antes de iniciar o movimento de extensão dos cotovelos. Não permitir qualquer movimento de quadril, ou pernas como auxílio e muito menos tentativas de extensão da coluna cervical. II - TESTE ESTÁTICO DE BARRA A - Objetivo: Medir indiretamente a força muscular de membros superiores através do desempenho em se manter suspenso acima do nível de uma barra horizontal. B - Material: 1 barra de ferro ou madeira de 1 1/2 polegada ou 3,80 cm. 1 cronometro com precisão de centésimos de segundo. Material para anotação. C - Procedimento: A altura da barra deve ser ajustada de acordo com a estatura do indivíduo (vértex). O avaliado segura na barra de forma pronada, sendo que a distância entre as mãos deve corresponder a distância biacromial. O indivíduo é orientado para que realize sua força máxima procurando se manter suspenso, com o queixo acima do nível da barra, joelho em extensão, pés fora do solo, o maior tempo possível. O cronometro é acionado no momento em que o queixo do avaliado passar acima do nível da barra e é desacionado quando deixá-lo cair abaixo do nível da barra. Será anotado o tempo que o avaliado conseguiu manter-se acima do nível da barra. D- Precauções: 1) 2) Não permitir que o avaliado encoste o queixo na barra. Não permitir que o avaliado utilize movimentos acessórios como: extensão da coluna cervical, dos quadris ou pernas. PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 63 Tabela 2 - Valores Absolutos (no de repetições) e % de Maturação de Força Muscular de Membros Superiores (dinâmico de barra) em escolares brasileiros Homens Idade _ X S± Δ% 07 0,27 0,58 5,66 08 0,87 1,48 18,24 09 1,67 1,90 35,01 10 0,97 1,54 20,33 11 1,07 1,55 22,43 12 1,53 2,30 32,07 13 1,03 1,43 21,59 14 2,13* 2,21 44,65 15 2,83* 2,21 59,33 16 4,17* 2,42 87,42 17 4,23* 3,09 88,68 18 4,77* 2,66 100,00 * (p < 0,05) “t” Student Tabela 3 - Valores Absoluto (seg.) e Porcentagem de maturação de Teste Estático de Barra em escolares brasileiros Idade 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 Homens Mulheres _ _ X X S± Δ% S± Δ% 8,61 8,48 33,72 6,59 9,31 90,52 8,23 6,76 32,23 5,19 5,78 71,29 10,31 8,71 40,38 6,29 7,69 86,40 7,63 7,00 29,89 7,25 8,34 99,59 *9,19 7,42 36,00 5,38 5,44 73,90 **12,70 12,12 49,74 5,11 5,47 70,19 **12,05 11,32 47,20 6,41 7,19 88,05 **14,95 11,93 58,56 5,05 7,57 69,37 **18,80 12,82 73,64 6,87 5,65 94,37 **18,67 10,77 73,13 11,10 6,97 152,47 **23,11 10,12 90,52 8,30 7,02 114,01 **25,53 13,48 100,00 7,28 8,35 100,00 * (p < 0,05) - em função da idade “t” Student ** (p < 0,05) - em função do sexo III - TESTE DE FORÇA E RESISTÊNCIA DE MEMBROS SUPERIORES (FLEXÃO DE BRAÇOS EM SUSPENSÃO MODIFICADA) A - Objetivo: Medir indiretamente a força muscular de membros superiores através do desempenho em se elevar acima do nível de uma barra horizontal. Figura 4 – Suspensão Flexão de Braços em B - Material: Um barbante (ou material similar) e uma armação de madeira com suporte regulável para barra. Tal suporte apresenta as seguintes dimensões: 120 x 50 cm na base; caibros de 12 x 8 cm acoplados à base, servindo de suporte para a barra de, aproximadamente, 3,8 cm de diâmetro e 150 cm de comprimento. Os caibros que servem de suporte para a barra apresentam uma altura de 140 cm, com orifícios a cada 5 cm, para que a altura da barra possa ser ajustada conforme o comprimento dos braços do avaliado. Uma tábua suspensa de 12 cm de largura por 1,5 cm de espessura é fixada acima dos caibros de suporte, para evitar que a armação possa se movimentar (Guedes, 1994, p.48). C - Procedimento: A barra deve ser colocada a uma altura de três centímetros, aproximadamente, da ponta dos dedos do aluno em posição de decúbito dorsal e com os braços totalmente estendidos para cima. A dois espaços abaixo da barra deve ser estendida o barbante. Na posição inicial, o aluno deverá estar agarrado na barra com empunhadura pronada (palmas das mãos dirigidas para frente), com o corpo ereto, apoiando apenas os calcanhares no solo. O aluno deverá elevar-se até que o pescoço toque o barbante e, em seguida, retornar à posição inicial, completando uma repetição. O movimento deverá ser repetido tantas vezes quanto possível, de forma cadenciada e contínua, sem ocorrer paralizações e com a utilização apenas da flexão de braços. Tronco e pernas devem manter-se alinhados Não é permitido que o aluno realize movimentos de quadris e pernas, ou tentativa de extensão da coluna vertebral. Será registrado o número máximo de repetições, sem limite de tempo. 64 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras Tabela 4 – Avaliação da força e resistência de membros superiores – critérios ZSApF - PROESP Modelo de folha de protocolo Dinâmico de Barra ou Força e Resist. p/MMSS Estático de Barra Número de repetições Tempo em segundos Cronômetro Avaliador Avaliador IV - TESTE ABDOMINAL A - Objetivo: Medir indiretamente a força da musculatura abdominal através do desempenho em flexionar e estender o quadril. B - Material: 1 colaborador, 1 cronômetro com precisão de segundo. Material para anotação. C - Procedimento: O avaliado coloca-se em decúbito dorsal com o quadril e joelhos flexionados, plantas dos pés no solo. Os antebraços são cruzados sobre a face anterior do tórax, com a palma das mãos voltadas para o mesmo, sobre o corpo da mama e com o terceiro dedo da mão em direção ao acrômio. Os braços devem permanecer em contato com o tórax durante toda a execução dos movimentos. Os pés são seguros por um colaborador para mantê-los em contato com a área de teste (solo). Permite-se uma distância tal entre os pés em que os mesmos se alinhem dentro da distância do diâmetro bitrocanteriano. O avaliador por contração da musculatura abdominal curva-se à posição sentada, pelo menos até o nível em que ocorra o contato da face anterior dos antebraços com as coxas e o avaliado retornando a posição inicial (deitado em decúbito dorsal) até que toque o solo pelo menos a metade inferior das escápulas. O teste é iniciado com as palavras "Atenção!!! Já!!! e é terminado com a palavra "Pare!!!". O número de movimentos executados corretamente em 60 segundos será o resultado. O cronômetro é acionado no "Já!!!" e é travado no "Pare!!!" O repouso entre os movimentos é permitido e o avaliado deverá saber disso antes do início do teste, entretanto, o objetivo do teste é tentar realizar o maior número de execuções possíveis em 60 segundos. PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 65 C - Precauções: 1) 2) Para maior conforto do avaliado o teste deve ser aplicado sobre uma área confortável. Verificar se o movimento foi completado corretamente. Tabela 5 - Absoluto (kg) e Porcentagem de Maturação de Resistência Abdominal em escolares brasileiros Homens Idade 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 _ X 21,30 22,63 27,17 24,77 28,03 *32,90 *33,67 *33,80 *40,97 *36,53 *38,43 Mulheres _ X S± Δ% 4,93 55,42 19,83 7,27 58,89 17,23 8,87 70,70 18,50 8,16 64,45 20,53 8,24 72,94 23,43 6,82 85,61 23,20 7,69 87,61 25,97 7,74 87,95 22,77 6,35 106,45 29,20 5,70 95,05 31,07 6,17 100,00 30,00 * (p < 0,01) “t” Student. S± 3,97 5,56 4,97 7,46 9,30 6,36 7,75 5,49 5,57 5,53 5,53 Tabela 6 – Avaliação do Índice de Força Resistência abdominal – critérios ZSApF PROESP Δ% 66,10 57,43 61,67 68,43 78,10 77,33 86,56 75,90 97,33 103,57 100,00 Modelo de folha de protocolo Abdominal Número de repetições Avaliador V - TESTE DE IMPULSÃO VERTICAL A - Objetivo: Medir indiretamente a força muscular de membros através do desempenho em se impulsionar verticalmente. B - Material: 1 fita métrica de metal ou tecido fixada verticalmente, de maneira descendente, onde a marca zero deve ficar no ponto mais alto da parede. Pó de giz ou magnésio. 1 cadeira (45 cm). Material para anotação. C - Procedimento: 1) Impulsão vertical sem auxílio dos membros superiores (MMSS): O avaliado coloca-se em pé, calcanhares no solo, pés paralelos, corpo lateralmente à parede com os MMSS elevados verticalmente. Considera-se como ponto de referência a extremidade mais distal das polpas digitais da mão dominante comparada a fita métrica. Após a determinação do ponto de referência o avaliado afasta-se, no sentido lateral, ligeiramente da parede, para poder realizar a série de três saltos, mantendo-se no entanto com os MMSS elevados verticalmente. Obedecendo a voz de comando "Atenção!!! Já!!!" ele executa o salto tendo como objetivo tocar as polpas digitais, da mão dominante, que deverão estar marcadas com pó de giz ou magnésio, no ponto mais alto da fita métrica. Durante o movimento o braço oposto deverá se manter constantemente na posição de partida, ou seja, elevado. 66 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 2) Impulsão vertical com auxílio dos MMSS: A mesma posição deverá ser seguida para determinação do ponto de referência, porém somente o braço dominante deverá ser elevado verticalmente. Após isto, o avaliado afasta-se, no sentido lateral. Ligeiramente da parede para poder realizar a serie de três saltos, sendo-lhe permitido a movimentação de braços e tronco. Através da voz de comando "Atenção!!! Já!!!" ele executa o salto, tendo como objetivo tocar o ponto mais alto da fita métrica com a mão dominante. Deverão ser registradas, além do ponto de referência, as marcas atingidas pelo avaliado a cada série de saltos nos dois métodos. O deslocamento vertical é dado em centímetros, pela diferença da melhor marca atingida e do ponto de referência em cada um dos métodos. Por exemplo: O avaliado ao se colocar na posição inicial toca o ponto 112 da fita métrica. Este é o ponto de referência. Durante a série de saltos atinge, respectivamente os pontos 76 - 79 - 73. Como a fita está no sentido descendente, a melhor marca atingida será o ponto 73. Para obter o resultado faz-se a subtração 112 -73 = 39. Este valor corresponde ao deslocamento vertical em centímetros. Calcula-se este resultado para ambos os métodos. D - Precauções: 1) 2) 3) 4) Invalidar o salto que for precedido de marcha, corrida ou outro salto ou ainda a movimentação dos braços quando esta não for permitida. Verificar se o avaliado mantém o membro superior efetivamente elevado, sem flexões de quadril, joelho ou tornozelo, no momento da determinação do ponto de referência. Atenção quanto às determinações dos pontos de referência, visto que, entre as posições com os dois braços elevados e com um braço elevado raramente ocorrem diferenças superiores a dois centímetros. Observar que o avaliador fique sobre uma cadeira para melhor visualização dos resultados. Tabela 7 - Valores Absolutos(cm) e Porcentagem de Maturação de Impulsão Vertical sem Ajuda dos Braços em escolares brasileiros Homens Mulheres Idade _ _ X X S± Δ% S± Δ% 07 18,43 2,95 55,60 19,07 3,91 73,10 08 20,17 4,22 60,90 21,90 4,05 83,90 09 22,87 3,73 69,00 20,23 3,65 77,50 10 21,90 4,62 66,10 22,87 3,56 87,62 11 *25,45 3,96 76,80 22,82 3,38 87,43 12 *26,27 4,49 79,29 23,45 3,62 89,85 13 *28,07 4,53 84,73 25,47 3,54 97,59 14 *30,25 5,06 91,31 24,25 4,40 92,91 15 *34,20 5,03 103,23 27,30 4,55 104,60 16 *34,90 5,76 105,34 27,48 4,15 105,29 17 *34,77 5,64 104,94 27,53 3,92 105,48 18 *33,13 4,61 100,00 26,10 4,09 100,00 * (p < 0,05) “t” Student. Tabela 8 - Valores Absolutos (cm) e Porcentagem de Maturação de Impulsão Vertical com ajuda dos Braços em escolares brasileiros Homens Mulheres _ _ Idade X X S± Δ% S± Δ% 07 21,23 4,61 49,90 20,97 4,20 69,70 08 22,90 5,09 53,80 23,90 4,54 79,40 09 26,60 3,52 62,50 23,03 4,07 76,51 10 25,37 5,34 59,60 25,77 4,32 85,60 11 *30,00 4,36 70,47 25,90 4,36 86,05 12 *32,42 5,50 76,16 28,05 4,57 93,19 13 *35,32 5,64 83,00 30,27 4,33 100,56 14 *38,37 6,24 90,13 28,38 5,16 94,28 15 *42,53 6,57 99,90 32,12 5,05 106,70 16 *43,53 6,29 102,25 32,03 5,36 106,40 17 *43,07 5,72 101,20 33,07 4,03 109,87 18 *42,57 4,62 100,00 30,10 4,07 100,00 * (p < 0,05) “t” Student. 3. Explicando o cálculo da maturação funcional: É difícil saber em que idade é atingida a estatura definitiva do indivíduo. A maioria dos estudos longitudinais do crescimento acompanhou os adolescentes até 17 ou 18 anos, um limite que pode ser insuficiente para responder à pergunta feita, visto que muitos indivíduos continuam crescendo após esta idade, e mesmo durante a 3ª década de vida. Na prática tem se considerado que o indivíduo atingiu sua estatura adulta quando sua velocidade anual de crescimento se torna inferior a 1 cm/ano, ou quando quatro incrementos semestrais sucessivos são inferiores a 0,5 cm (Malina, 1978). PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 67 Embora haja, como acabamos de ver, um fundamento para o difundido conceito popular de que “se cresce até os 21 anos”, devemos lembrar que, para a maioria dos adolescentes, o crescimento será mínimo após 15 a 16 anos (meninas) e 17 a 18 anos (meninos). Antigamente se crescia, de fato, durante mais tempo, e se alcançava a altura adulta mais tardiamente. Devido ao fenômeno da aceleração secular do crescimento, hoje em dia a maioria dos jovens terá incrementos de estatura pouco significativos, ou mesmo nulos, após os 18 a 20 anos de idade. Assim sendo, a idade de 18 anos foi considerada como o ponto final de crescimento. Fórmula: • Valor atingido aos 18 anos = 100% • Valor atingido aos 13 anos = x% Teste de impulsão vertical sem auxílio dos braços • sexo feminino • idade de 13 anos • valor encontrado aos 13 anos 28,07 • valor encontrado aos 18 anos 33,13 Regra de 3: se 33,13 --------100% 28,07 -------- 84,73% Esse procedimento deve ser feito para todas as variáveis quando houver ponto de referência. Modelo de folha de protocolo Impulsão Vertical Referência 1º salto 2º salto 3º salto Resultad o Avaliador S/2 Com VI - TESTE DE IMPULSÃO HORIZONTAL A - Objetivo: Medir indiretamente a força muscular de membros inferiores através do desempenho em se impulsionar horizontalmente. B - Material: Fita métrica de metal ou tecido fixada ao solo, 1 esquadro de madeira. Material para anotação. C - Procedimento: O avaliado coloca-se com os pés paralelos no ponto de partida (linha zero da fita métrica fixada ao solo). Através da voz de comando "Atenção!!! Já!!!" o avaliado deve saltar no sentido horizontal, com impulsão simultânea das pernas, objetivando atingir o ponto mais distante da fita métrica. É permitido a movimentação livre de braços e tronco. Serão realizadas três tentativas. registrando-se as marcas atingidas pela parte posterior do pé (calcanhar) que mais se aproximar do ponto de partida. Prevalecendo a que indicar a maior distância percorrida no plano horizontal. D - Precauções 1) 68 Invalidar o salto que for precedido de marcha, corrida, outro salto ou deslize após a queda. PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras Tabela 9 - Valores Absolutos(cm) e Porcentagem de Maturação de Impulsão Horizontal em escolares brasileiros Homens Idade 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 _ X 138,70 150,40 163,23 162,37 *177,40 *183,70 *191,87 *203,15 *206,48 *211,67 *225,73 *222,60 Mulheres _ X S± Δ% 17,94 62,30 126,53 16,32 67,60 138,83 14,60 74,60 140,13 17,83 72,90 150,73 17,65 79,70 147,15 16,99 85,50 151,62 20,59 90,40 163,35 22,30 93,60 158,92 21,61 92,90 164,43 24,35 95,40 170,63 18,34 101,40 168,80 20,62 100,00 169,90 * (p < 0,05) “t” Student S± 22,62 16,47 14,67 16,41 16,02 14,41 16,32 16,39 19,24 18,33 14,56 16,14 Δ% 74,50 81,70 82,50 88,70 86,60 91,50 94,70 95,50 96,78 100,43 99,40 100,00 Modelo de folha de protocolo Impulsão Horizontal 1º salto 2º salto 3º salto Avaliador VII - TESTE DE PREENSÃO MANUAL A - Objetivo: Medir indiretamente a força muscular através do ato de preensão manual. B - Material: 1 dinamômetro ajustável (escala de 0 a 100 kg). Pó de giz ou magnésio. Material para anotação. C - Procedimento: O avaliado coloca-se na posição ortostática com pó de giz ou magnésio na palma da mão, para evitar deslize do aparelho. Segura confortavelmente o dinamômetro, que deverá estar com os ponteiros na escala zero, na linha do antebraço, ficando este paralelo ao eixo longitudinal do corpo. A segunda articulação da mão deve se ajustar sob a barra e tomar o peso do instrumento e então é apertada entre os dedos e a base do polegar. Durante a execução da preensão manual, o braço deve permanecer imóvel, havendo somente a flexão das articulações dos dedos. Serão realizadas duas medidas em cada mão, de forma alternada, devendo-se anotar a mão dominante do avaliado na folha de protocolo. Considera-se a melhor execução de cada mão como resultado efetivo do teste. D - Precauções: 1) 2) 3) 4) 5) Verificar se os ponteiros estão no ponto zero da escala antes da execução. Verificar se a pegada está de acordo com a padronização e quando necessário ajustá-la. Não permitir movimentação do cotovelo ou punho durante o ato de preensão. Verificar se os ponteiros realizam um movimento contínuo. Observar a calibração do aparelho antes de iniciar as medidas. Observações: O teste estático de barra foi idealizado em virtude das meninas não conseguirem executar o teste dinâmico de barra. Porém, o mesmo pode ser realizado pelo sexo masculino. Os testes de força muscular para membros superiores, exceto o teste de preensão manual, são indicados para indivíduos acima de 10 anos. O resultado do teste de Preensão Manual deverá ser anotado como medida aparente e medida real. O resultado conseguido pelo avaliado, que fica registrado na escala após o ato de preensão, pode ser aparente ou real. Será aparente se o dinamômetro ao ser aferido não apresentar os valores da escala de acordo com valores padronizados (por ex. 20 kg na escala podem não corresponder a 20 kg padrões). Será considerada medida real aquela que estiver de acordo com valores padrões. A medida efetiva será a real. O avaliado, para realizar todos os testes, deverá estar uniformizado (calção tênis e meia). PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 69 Tabela 10 - Valores Absolutos (kg) e Porcentagem de Maturação de Dinamometria (Preensão Manual) em escolares brasileiros Homens Idade 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 _ X 13,13 13,83 15,90 18,27 23,47 25,63 28,60 *36,53 *40,40 *42,90 *41,53 *43,73 Mulheres _ X S± Δ% 2,05 30,00 13,30 4,14 31,62 14,77 3,53 36,36 16,07 4,21 41,78 19,43 5,15 53,67 20,87 6,24 58,61 23,67 5,51 65,40 28,00 5,60 83,53 27,60 7,85 92,38 29,00 6,17 98,10 30,47 7,84 94,97 29,10 6,06 100,00 31,20 * (p < 0,01) “t” Student S± 2,65 2,93 2,95 4,22 5,89 4,52 4,48 5,36 5,22 5,78 5,18 5,42 Δ% 42,63 47,34 51,50 62,27 66,89 75,86 89,74 88,46 92,95 97,66 93,27 100,00 VIII TESTE DE FORÇA EXPLOSIVA DE MEMBROS SUPERIORES (ARREMESSO DE MEDICINEBALL) A - Objetivo: Medir indiretamente a força muscular dos membros superiores Figura 5.5 – Arremesso de MB através do ato de arremessar o medicineball. B - Material: Uma trena e uma medicineball de 2 kg (ou saco de areia com 2 kg). C - Procedimento: A trena é fixada no solo perpendicularmente à parede. O ponto zero da trena é fixado junto à parede. O aluno senta-se com os joelhos estendidos, as pernas unidas e as costas completamente apoiadas à parede. Segura a medicineball junto ao peito com os cotovelos flexionados. Ao sinal do avaliador o avaliado deverá lançar a bola a maior distância possível, mantendo as costas apoiadas na parede. A distância do arremesso será registrada a partir da ponto zero até o local em que a bola tocou ao solo pela primeira vez. Serão realizados dois arremessos, registrando-se o melhor resultado. Sugere-se que a medicineball seja banhada em pó branco para a identificação precisa do local onde tocou pela primeira vez ao solo. A medida será registrada em centímetros com uma casa decimal. Modelo de folha de protocolo Arremesso de MB 1º arremesso 2º arremesso Avaliador IX TESTE DE FORÇA E RESISTÊNCIA MUSCULAR DA AAHPERD A – Objetivo: avaliar a resistência e força dinâmica em idosos. B – Material: Dois halteres pesando 4 libras (1,814 Kg ) e 8 libras (3,628 Kg), respectivamente para o sexo feminino e masculino, e uma cadeira sem braço e um cronômetro. C - Procedimento: O sujeito deve sentar-se apoiando as costas no encosto da cadeira, com o tronco ereto. O halter será colocado na mão do braço dominante do sujeito. O avaliador deve se posicionar-se ao lado do sujeito, colocando uma mão sobre o bíceps do mesmo enquanto a outra suporta o halteres. Quando o avaliador comandar “já” o sujeito deve contrair o bíceps até que o antebraço toque a mão do avaliador. Se esta prática de tentativa é completada, o halteres deve ser colocado no chão e permitido 1 minuto de descanso ao sujeito, , findo o qual o teste será iniciado, devendo o sujeito realizar o maior número de repetições no tempo de 30 segundos, que será anotado o resultado final do teste. 70 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras Tabela 5.11- Classificação por categorias dos resultados do teste de resistência de força de flexores do cotovelo da AAHPERD, em mulheres idosas de 60 a 70 anos, fisicamente ativas (Zago & Gobbi, 2003) Classificação Muito fraco Fraco Regular Bom Muito bom Resultados em número de repetições 10-17 18-21 22-24 25-28 29-43 MEDIDAS DE VELOCIDADE 1. INTRODUÇÃO Velocidade é a capacidade de realizar movimentos sucessivos e rápidos, em um mesmo padrão. Depende, pois a velocidade, de freqüência das contrações e descontrações musculares. Quando se fala em velocidade a idéia imediata que surge é a da relação espaço/tempo. Esta relação indica a velocidade de deslocamento. Entretanto, em termos de Educação Física, não nos basta conhecer e lidar com este tipo de velocidade. HEBBELINCK destaca a técnica de ser analisada a velocidade de corrida (deslocamento) e a velocidade dos membros (explosão). Esta última é fator importante pois, a dependência dos valores que assumir, não só irá influenciar a velocidade de deslocamento como pode, por si só, constituir-se em qualidade básica em certos esportes. Depende a velocidade explosiva fundamentalmente da maior ou menor velocidade da transmissão e propagação dos estímulos contráteis nos setores neuromuscular. O perfeito sincronismo do dinamismo dos processos nervosos que atuam sobre o sistema motor de permitir a instalação rápida do estado de excitação descontração é responsável pela velocidade muscular elevada segundo HOLLMANN, 1983. Para ZACIORSKJ (1968), citado por HOLLMANN (1983), só uma alteração ativa entre excitação e descontração permite executar movimentos acíclicos com grande velocidade. Mesmo sendo a velocidade fortemente influenciada pelo S.N.C., ela ainda recebe influência da força básica, coordenação, velocidade de contração muscular, viscosidade das fibras musculares, relação de alavancas das extremidades-tronco e pelo poder de reação. A velocidade por ser dependente do S.N.C., apresenta maturação precoce, porém é de se esperar que ela continue a crescer por receber influência do processo maturativo, que traz consigo uma melhora da coordenação e da força, ambas responsáveis pela melhoria da velocidade. A velocidade é uma característica inata que, por si só, pouco melhora. Os êxitos que se obtém através dos chamados "treinamento de velocidade" relacionam-se altamente com a força, bem como com o tempo de reação motora. Para MATVEEV (1995), a evolução da velocidade é grandemente limitada por diversos fatores como: a) a velocidade de reação individual de cada indivíduo é difícil de melhorar, pois assenta, especificamente, na fisiologia nervosa que lhe é inata; b) o estado de relaxamento e elasticidade muscular dos indivíduos; c) a força muscular dos indivíduos; d) o estado psicológico dos indivíduos, além é claro, o domínio da técnica dificulta o aproveitamento da velocidade. Quando se fala em velocidade de deslocamento, e se pensa em medir esta velocidade, não nos podemos esquecer da aplicação que será dada ao resultado da medida. Fatores biomecânicos diferentes agem na determinação da velocidade nas várias modalidades esportivas. A velocidade de um corredor, de um jogador de futebol e de um praticante de basquete não podem ser medidas através de um mesmo teste pois, como o comportamento mecânico é diferente nas 3 modalidades, a resposta será diferente se os 3 forem analisados em uma corrida rasa, em uma corrida conduzindo a bola com o pé ou com a mão. Será, pois, necessário, ao se falar em velocidade de deslocamento, para um esporte, medir a velocidade atendendo aos seus componentes específicos. A velocidade faz parte de um sem número de atividades atléticas, em uma ou em outra de suas formas. Depende esta valência, diretamente de: 1) rapidez da propagação do estímulo neuromuscular e conseqüente contração muscular; 2) coordenação de movimentos: 3) força; 4) idade; 5) estado geral do indivíduo; 6) peso corporal; 7) flexibilidade articular; 8) densidade muscular; 9) densidade do corpo; PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 71 10) 11) comprimento dos membros, ângulos de inserção muscular e outros fatores que interferem na mecânica corporal e segmentar; Somatotipo. Portanto, a velocidade é uma variável da aptidão física geral de grande importância, devido ser um componente fundamental de muitas modalidades esportivas. Assim, consideramos de suma importância a sua avaliação não somente como indicador de aptidão física geral, mas também como possibilidade de detectarmos talentos em velocidade, observarmos efeito de treinamento ou ainda analisarmos se o escolar está com resultados que corresponda a sua idade. 2. DESCRIÇÃO DOS TESTES DE VELOCIDADE A - Objetivo: Dentre os testes utilizados para avaliar a velocidade, os de corrida de 20, 30 e 50 metros parados, 30 e 50 metros lançado são os mais utilizados. E muito empregado em baterias que se propõem a medir os escolares de forma simples, devido a sua boa reprodutibilidade e objetividade, além do baixo custo operacional. Estes testes medem também de maneira indireta a potência anaeróbica alática, pois como sabemos, o pico máximo do metabolismo ATP-CP é alcançado aos 10 segundos de atividade física e também é em torno desse tempo que percorremos os 50 metros. I - TESTE DE 50 METROS PARADO A - Material: Para realizarmos o teste de velocidade de 50 metros necessitamos do seguinte material: a) Cronômetro preciso; b) Folha de anotação; c) Local plano sem obstáculo e que possua, além dos 50 metros, um espaço suficiente para saída e outro para chegada (15 a 20 metros). B - Procedimentos: Para realizarmos esta medida devemos explicar ao avaliado que este é um teste máximo, ou seja, deve sair na máxima velocidade e passar a faixa de chegada também na máxima velocidade. Em seguida mostraremos a faixa de saída, dizendo que a posição de saída é em afastamento ântero-posterior das pernas e com o pé da frente o mais próximo possível da faixa (ver figura 1). Explicaremos então que a voz de comando será pelas palavras: "Atenção!!!" "Já!!. devendo o avaliado se preparar ao escutar a palavra "ATENÇÃO" e sair correndo quando escutar "JÁ". Então de posse do cronometro o avaliador se colocará na linha de chegada e comandará o teste com as palavras: ATENÇÁO!... JÁ!!. acionando o cronometro no momento que estiver pronunciando "JÁ" e parando no momento que o avaliado cruzar a faixa de chegada. Caso ocorra qualquer problema no teste e tenha que ser repetido, aconselhamos um intervalo mínimo de 5 minutos. Na folha de protocolo, além dos dados de identificação, devemos anotar a data, horário, marca e tipo do cronômetro, condições do solo, do tempo e o nome do avaliador. Quando possível seria interessante anotarmos as medidas de temperatura (oC), umidade relativa e Pressão atmosférica. O avaliado ao realizar o teste deverá estar trajando tênis, calção e camiseta. Sempre que formos executar reavaliações, devemos procurar manter as mesmas condições do primeiro teste, como solo, horário, cronometro, etc.. para não chegarmos a um resultado que não corresponda a realidade. Permitiremos apenas uma tentativa e o resultado do teste será o tempo de percurso dos 50 metros com precisão de décimo de segundo e quando possível centésimo de segundo. Como vemos, o teste de corrida de 50 metros é simples, mas devemos tomar alguns cuidados para que realmente obtenhamos um resultado do qual não iremos duvidar posteriormente. C - Precauções: 1) 2) 3) 4) 72 Explicar com calma o teste quando se tratar de crianças ou pessoas que não estiverem acostumadas a correr. Reforçar a idéia de que o teste deve ser realizado na máxima velocidade, devendo o avaliado passar pela faixa de chegada na maior velocidade possível; O cronômetro deve ser acionado no momento em que se estiver pronunciando a palavra "JÁ" e não quando a criança iniciar o movimento; Desaconselhamos sinais de comando com o braço ou bandeira, pois não permitem uma boa precisão de início do teste; Observar para que nada atrapalhe o avaliado a correr como pessoas passando no percurso do teste, aglomerados perto dele na saída ou chegada, local escorregadio, etc.; PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 5) Quanto ao aquecimento, consideramos sem necessidade, principalmente tratando-se de crianças. No entanto quando se tratar de atletas e como estes estão acostumados a se aquecerem, o mesmo poderá ser realizado normalmente. Nesse caso devemos dar um pequeno intervalo de 2 minutos entre o final do aquecimento e o início do teste permitindo assim a reposição dos estoques da ATP-CP. II - TESTE 50 METROS LANÇADO A diferença entre esses dois testes reside no fato de que o avaliado possui um espaço de 20 metros antes da linha de partida. Ele deve iniciar o teste na hora em que se sentir pronto para tal. Ao passar a linha de partida o avaliador B deverá abaixar o braço, para que o avaliador A possa acionar o cronômetro. O resultado será anotado da mesma forma dos 50 metros, ou seja, em segundos. III - TESTE DE 30 METROS PARADO O objetivo é medir a capacidade de aceleração, uma vez que a velocidade máxima alcançada, está localizada entre os 25 e 30 metros. Este teste mede velocidade em crianças de ambos os sexos, a partir dos 7 anos de idade até a idade adulta. Atenção Já! IV - TESTE DE 30 METROS LANÇADOS A aplicação deste teste possui uma variação que inclui sua execução através de uma corrida lançada, ou seja, o tempo registrado é observado com o avaliado já em movimento. Esse teste deve ser aplicado em atletas os quais a atividade depende da aceleração, ou seja, em corredores de 100 a 400 metros rasos, saltadores, esportes coletivos, ginástica e outros, bem como deve auxiliar na detecção de talentos desportivos. Tabela 12 - Valores Absoluto (seg.) e Porcentagem de Maturação de Velocidade (50m) em escolares brasileiros Homens Idade 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 _ X *11,40 *11,01 *10,16 *10,10 *9,21 *9,08 *9,00 *8,50 *8,11 *7,78 7,69 7,64 Mulheres _ X S± Δ% S± 0,78 53,20 *12,03 0,74 0,96 55,90 *11,35 0,85 0,82 67,00 *10,78 1,14 0,94 67,80 *10,78 0,85 0,67 79,50 *9,88 0,65 0,46 86,40 *9,93 0,66 0,40 89,90 9,64 0,65 0,75 93,10 9,67 0,74 0,44 94,60 9,66 0,81 0,46 95,40 9,46 0,72 0,54 99,40 9,84 0,91 0,41 100,00 9,48 0,68 * (p < 0,01) ANOVA One Way Δ% 73,10 80,30 80,00 86,30 95,80 95,30 98,30 98,00 98,10 100,00 96,20 100,00 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 73 V - TESTE DE VELOCIDADE DE 20 METROS A - Material: Um cronômetro e uma pista de 20 metros, demarcada com três linhas paralelas no solo da seguinte forma: a primeira (linha de partida); a segunda, distante 20m da primeira (linha de cronometragem) e a terceira linha, marcada a um metro da segunda (linha de chegada). A terceira linha serve como referência de chegada para o aluno na tentativa de evitar que ele inicie a desaceleração antes de cruzar a linha de cronometragem. Dois cones para a sinalização da primeira e terceira linhas. B - Procedimentos: O estudante parte da posição de pé, com um pé avançado à frente imediatamente atrás da primeira linha e será informado que deverá cruzar a terceira linha o mais rápido possível. Ao sinal do avaliador, o aluno deverá deslocar-se o mais rápido possível em direção à linha de chegada. O cronometrista deverá acionar o cronômetro no momento em que o avaliado der o primeiro passo (tocar ao solo), ultrapassando a linha de partida. Quando o aluno cruzar a segunda linha (dos 20 metros), será interrompido o cronômetro. O cronometrista registrará o tempo do percurso em segundos e centésimos de segundos (duas casas após a vírgula). Modelo de folha de protocolo (MATSUDO, 1984) Velocidade _____ mts _________ Data Horári o Condições do tempo Solo Temperatura Cronômetro Resultad o Avaliador MEDIDAS DE AGILIDADE A agilidade é uma variável de aptidão física geral de esportistas e não esportistas, particularmente importante em modalidades como o voleibol, basquetebol e ginástica olímpica, assim como em situações da vida cotidiana como desviar de um automóvel. Podemos definir Agilidade como uma variável neuromotora caracterizada pela capacidade de realizar trocas rápidas de direção, sentido e deslocamento da altura do centro de gravidade de todo corpo ou parte dele. A medida da agilidade ocupa lugar certo na maioria das baterias de aptidão física geral e muitos tem sido os testes propostos, como: Auto-Fire-test, Burpee test, Dodging Run, Obstacle Run, Right Boomerang Run, Side Step test, Fourty Yard Run, Zig Zag Run e Shuttle Run. No entanto ao escolhermos um teste de agilidade devemos levar em consideração a dificuldade para medi-la, pois esta não se apresenta como um fator completamente independente, existindo portanto às vezes relação com outras variáveis neuromotoras simples, como a velocidade e equilíbrio, ou complexas, como a coordenação. A agilidade é caracterizada já na infância, pois a mesma apresenta maturação precoce, e a partir dos 13 anos, apresenta valores de maturação próximo de 100%, tendo como conseqüência sua estabilidade até a idade adulta mostrando pouca sensibilidade ao treinamento, após os 13 anos. Seu maior crescimento acontece dos 7 aos 13 anos de idade, período este de maior sensibilidade ao treinamento, como mostra pesquisa realizada por BERGAMO & BENITO (1984). A agilidade é mais efetiva quando está associada a altos níveis de força, resistência e velocidade. Embora dependa basicamente da carga hereditária, da constituição física, pode ser melhorada com o treinamento (coordenação e flexibilidade). A melhor fase de sensibilidade ao treinamento desta capacidade é a infância. Na prática poder-se-á medir a agilidade por intermédio de exercícios que requeiram rápida mudança de direção: corrida em zig-zag, corrida com obstáculos, etc. Tem-se demonstrado que corridas por uma distância de até 10 metros acompanhada de alterações da altura do centro de gravidade e três giros de 1800, são suficientes para avaliar agilidade. Por estas razões é que preconizamos o teste Shuttle Run (padronizado pela AAHPER e modificado pelo LAFISCS) como o mais indicado para medir esta variável. I - TESTE "SHUTTLE RUN" A - Objetivo: Avaliação da agilidade. 74 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras B - Material: 2 blocos de madeira (5 cm x 5 cm x 10 cm); 1 cronômetro (aceita-se precisão de décimos embora a precisão de centésimos seja desejada); Espaço livre de obstáculos (no mínimo 15 metros); Folha de protocolo; Uniforme: camiseta, calção, meia e tênis. C - Procedimento: Os materiais necessários para se aplicar o teste Shuttle Run são de fácil aquisição e de baixo custo operacional. Constam de duas linhas paralelas traçadas no solo distantes 9,14 metros, medidos a partir de seus bordos externos. Dois blocos de madeira. com dimensões de 5 cm x 5 cm x 10 cm serão colocados a 10 cm da linha externa e separados entre si por um espaço de 30 cm (ver esquema). Estes devem ocupar uma posição simétrica em relação à margem externa. Requer ainda espaço plano e livre de obstáculos, solo com atrito suficiente para evitar o deslize do tênis do avaliado. O avaliado coloca-se em afastamento ântero-posterior das pernas. com o pé anterior o mais próximo possível da linha de saída. Com a voz de comando: Atenção! Já!! o avaliador inicia o teste acionando concomitantemente o cronômetro. O avaliado em ação simultânea corre a máxima velocidade até os blocos, pega um deles e retorna ao ponto de onde partiu depositando esse bloco atrás da linha de partida. Em seguida, sem interromper a corrida, vai em busca do segundo bloco, procedendo da mesma forma. O cronômetro é parado quando o avaliado coloca o último bloco no solo e ultrapassa com pelo menos um dos pés a linha final. Ao pegar ou deixar o bloco, o avaliado terá que cumprir a uma regra básica do teste. ou seja. transpor com pelo menos um dos pés as linhas que limitam o espaço demarcado. O bloco não deve ser jogado, mas colocado no solo. Sempre que houver erros na execução, o teste deverá ser repetido. Cada avaliado deverá realizar duas tentativas com um intervalo mínimo de dois minutos, permitindo assim a recomposição do ATP - CP. O resultado será o tempo de percurso na melhor das duas tentativas. Por exemplo: se um aluno conseguiu na sua 1a tentativa 12,76 segundos e na 2a tentativa 11,29 segundos consideraremos para avaliação o melhor resultado, ou seja 11,29 segundos. D - Precauções: 1) As linhas demarcadas no solo são incluídas na distância de 9,14 metros; 2) O avaliado deverá colocar (não jogar) o bloco no solo, movimentando assim a altura do centro de gravidade; 3) O cronômetro só é parado quando o segundo bloco e pelo menos um dos pés tocarem a linha de chegada; 4) O avaliado deve ser instruído de que o teste "Shuttle Run" é um teste máximo e por isso deve ser realizado com todo esforço possível; 5) Deve ser observada e anotada as condições do tempo (temperatura e umidade relativa) durante a aplicação do teste; 6) Aconselha-se anotar também a marca e a precisão do cronômetro utilizado, como toda e qualquer observação de fatores que possam ter influenciado o teste. Figura 6. Esquema do teste "Shuttle Run" E - Protocolo: Na folha de protocolo deve ser anotado: dados de identificação do avaliado, data e horário do teste, marca e tipo de cronômetro, temperatura, umidade relativa do ar e observações diversas. PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 75 Tabela 13 - Valores Absoluto (seg.) e Porcentagem de Maturação de agilidade em escolares brasileiros Homens Idade 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 _ X 13,42* 13,31* 12,32* 12,76* 11,29* 11,41* 11,22* 11,01* 11,03* 10,53* 10,55* 10,46* _ X S± Δ% 0,62 77,50 14,54 0,98 78,90 14,56 0,60 85,70 13,91 0,96 85,90 13,51 0,33 91,00 12,28 0,49 91,70 12,07 0,63 93,20 12,06 0,73 95,00 12,26 0,76 94,80 12,36 0,60 99,30 12,03 0,53 99,10 12,03 0,56 100,00 11,92 * (p < 0,01) “t” Student Mulheres S± 0,96 1,07 1,01 1,09 0,88 0,95 1,23 0,68 0,65 0,67 0,53 0,66 Δ% 82,00 81,90 85,70 88,20 97,10 98,80 98,80 97,20 96,30 99,10 99,10 100,00 II - TESTE DO QUADRADO A - Objetivo: Avaliação da agilidade. B - Material: Um cronômetro, um quadrado desenhado em solo antiderrapante com 4m de lado, 4 cones de 50 cm de altura ou 4 garrafas de refrigerante de 2 litros do tipo PET. C - Procedimento: O aluno parte da posição de pé, com um pé avançado à frente imediatamente atrás da linha de partida. Ao sinal do avaliador, deverá deslocar-se até o próximo cone em direção diagonal. Na seqüência, corre em direção ao cone à sua esquerda e depois se desloca para o cone em diagonal (atravessa o quadrado em diagonal). Finalmente, corre em direção ao último cone, que corresponde ao ponto de partida. O aluno deverá tocar com uma das mãos em cada um dos cones que demarcam o percurso. O cronômetro deverá ser acionado pelo avaliador no momento em que o avaliado realizar o primeiro passo, tocando com o pé o interior do quadrado. Serão realizadas duas tentativas, sendo registrado o melhor tempo de execução. A medida será registrada em segundos e centésimos de segundo (duas casas após a vírgula). Figura 7. Esquema do teste do quadrado III - TESTE DE AGILIDADE E EQUILÍBRIO DINÂMICO (AAHPERD) A - Objetivo: Avaliação da agilidade e do equilíbrio dinâmico em adultos e idosos B - Material: Cadeira com braços, fita adesiva, trena, dois cones e cronômetro. C - Procedimento: À frente da cadeira será marcado um “x” sobre o qual o sujeito colocará os pés, a partir do qual serão colocados dois cones distantes 1.80 m para os lados e 1.50 m para trás O sujeito estando sentado na cadeira, com os calcanhares apoiados no solo, ao comando de “atenção” e “já” levanta-se movendo-se para a direita, circunda o cone, retorna à cadeira e senta-se. Sem hesitação, o sujeito levanta-se novamente para a esquerda, circunda o segundo cone, retorna à cadeira e senta-se. Isto completa um circuito, mas o sujeito deverá completar 2 circuitos sucessivos. Para certificar-se de que o sujeito sentou-se, deve o mesmo tirar ligeiramente os pés do solo a cada vez que sentar-se. O sujeito deve mover-se tão rápido quanto possa sem perder o equilíbrio ou errar. Prática suficiente será 76 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras proporcionada ao sujeito até que entenda o teste. Serão permitidas 2 tentativas cronometradas e o resultado final será o da melhor delas, aproximando até décimos de segundo. OSNESS et al. (1990) expressam que o teste de agilidade e equilíbrio dinâmico envolve atividade total do corpo. Envolve movimento para frente, mudança de direção e mudança da posição do corpo. O teste se relaciona intimamente com os movimentos funcionais da pessoa idosa nas situações diárias da vida e possibilita uma verificação quantitativa desta habilidade. É o teste mais abrangente utilizado na bateria. Figura 8 – Esquema do teste de agilidade e equilíbrio dinâmico da AAHPERD Tabela 14 - Classificação do teste de agilidade e equilíbrio dinâmico (GOBBI, VILLAR e ZAGO, 2005) Classificação Resultado em segundos 44,4-26,5 26,4-23,7 23,6-21,5 21,4-19,6 19,5-10,3 Muito Franco Fraco Regular Bom Muito Bom Modelo de folha de protocolo Agilidade _______ 1ª tentativa 2ª tentativa Condiçõe s do tempo Solo Temperatura Cronômetro Resultad o Avaliador MEDIDAS DE FLEXIBILIDADE Conceito - Flexibilidade é definida como a capacidade física “expressa pela maior amplitude possível do movimento voluntário de uma articulação, ou combinações de articulações num determinado sentido”. O grau de flexibilidade é determinado pela amplitude articular e pela elasticidade ou extensibilidade muscular (DANTAS, 1985). O grau de alongamento muscular, ou flexibilidade é de grande importância para as modalidades de força; é também associado à prevenção de lesões (GOMES, MONTEIRO e VIANNA, 1997) e à velocidade, pois para que o atleta obtenha um nível adequado de velocidade máxima necessita possuir amplitude adequada de movimentos nos ombros, quadris e tornozelos (DINTIMAN, WARD e TELLEZ, 1999). O desenvolvimento da flexibilidade tem efeitos positivos sobre fatores físicos do desempenho esportivo e sobre a técnica esportiva (WEINECK, 1999). Neste sentido, a flexibilidade é importante como PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 77 base de apoio também para a performance motora geral e, é a única capacidade física que tem sua fase sensível adequada no momento da passagem da infância para a adolescência, para decrescer logo em seguida (FRISSELLI e MANTOVANI, 1999). Os ritmos mais altos de acréscimo da flexibilidade situam-se entre os 9 e os 14 anos e considera-se a idade entre os 15 e os 17 anos a mais tardia para o desenvolvimento desta capacidade. Os índices superiores de flexibilidade registram-se entre os 12 e os 17 anos de idade (ZAKHAROV, 1992). O teste de sentar e alcançar ou “Banco de Wells e Dillon” é, normalmente, utilizado para avaliar a flexibilidade de atletas e não atletas, mais especificamente das regiões posteriores da coxa, quadril e lombar. I - TESTE DE SENTAR E ALCANÇAR DE WELL’S E DILLON (BANCO DE WELL’S) A - Objetivo: Avaliação da flexibilidade da região posterior das coxas, quadril e lombar. B - Material: Ficha de protocolo e bloco de madeira (banco) conforme figura abaixo: Figura 9 – Medidas do banco de Well’s C – Procedimento: Para a realização do teste, o avaliado senta se no chão, com os joelhos estendidos, sem calçados, apoiando a região plantar dos pés na extremidade frontal do banco. O mesmo deve inclinar seu corpo à frente (flexão de tronco), empurrando com as pontas dos dedos uma haste o máximo que conseguir sem solavancos. Registra se a distância em centímetros que as pontas dos dedos das mãos ficam em relação à região plantar dos pés (local em que a haste pára). D - Observações: O teste apresenta limitação em não poder controlar certas influências endógenas, como o próprio comprimento dos braços e pernas dos avaliados. O aquecimento é permitido, ficando a critério do avaliado. Tabela 15 - Classificação por idade e sexo 78 Idade Fraco Regular Medio bom Excelente 15-19 ≤ 23 24-28 29-33 34-38 ≥39 Idade Fraco Regular Medio bom Excelente 15-19 ≤ 28 29-33 34-37 38-42 ≥43 Alcance Máximo obtido para Homens (cm) 20-29 30-39 40-49 ≤24 ≤22 ≤17 25-29 23-27 18-23 30-33 28-32 24-28 34-39 33-37 29-34 ≥40 ≥38 ≥35 Alcance Máximo obtido para Mulheres (cm) 20-29 30-39 40-49 ≤27 ≤26 ≤24 28-32 27-31 25-29 33-36 32-35 30-33 37-40 36-40 34-37 ≥41 ≥41 ≥38 50-59 ≤15 16-23 24-27 28-34 ≥35 60-69 ≤14 15-19 20-24 25-32 ≥33 50-59 ≤24 25-29 30-32 33-38 ≥39 60-69 ≤23 24-26 27-30 31-34 ≥35 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras Fonte: Pollock, M.L. e Wilmore, J.H. 1993 Tabela 16 – Avaliação da Flexibilidade Sentar e Alcançar – critérios ZSApF - PROESP II - TESTE DE SENTAR E ALCANÇAR DA AAHPERD A - Objetivo: Avaliação da flexibilidade da região posterior das coxas, quadril e lombar. B - Material: Ficha de protocolo, fita métrica e fita adesiva, conforme figura abaixo: Figura 10 - Ilustração gráfica da marcação do teste de flexibilidade (adaptada de Osness et al., 1990.) C – Procedimento: uma fita adesiva de 50 cm será afixada no solo e a fita métrica será também afixada perpendicularmente à fita adesiva, com a marca de 63.5 cm diretamente colocadas sobre a fita adesiva. Sobre a fita adesiva serão feitas 2 marcas eqüidistantes 15 cm do centro da fita métrica. O sujeito descalço, sentar-se-á no solo com as pernas estendidas distantes 30 cm, artelhos apontados para cima e calcanhares centrados nas marcas feitas na fita adesiva. O zero da fita métrica contará para o sujeito. Com as mãos, uma sobre a outra, o sujeito deverá vagarosamente deslizar uma das mãos sobre a fita métrica tão longe quanto puder, permanecendo na posição final, por no mínimo 2 segundos. O avaliador segurará o joelho do sujeito para certificar-se de que o mesmo não se flexione durante o teste. Serão oferecidas 2 tentativas de prática, seguidas de 2 tentativas a serem anotadas até a ½ polegada mais próxima. O resultado será dado para a melhor das 2 tentativas anotadas. Tabela 17 - Classificação por categoria de nível de flexibilidade, baseada em resultados obtidos por Zago & Gobbi (2003), em idosas de 60 a 70 anos. Categoria do nível de flexibilidade Muito fraca Fraca Regular Boa Muito boa Faixa de valores de flexibilidade em centímetro 11,5-24,0 24,5-44,5 45,0-53,5 54,0-61,5 62,0-82,5 Modelo de folha de protocolo Flexibilidade Resultado Avaliador PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 79 MEDIDAS DE COORDENAÇÃO A – Objetivo: avaliação da coordenação em idosos B – Material: três latas de refrigerante cheias, um cronômetro, fita adesiva, mesa e cadeira. C – Procedimentos: Um pedaço de fita adesiva com 30 polegadas (76,2 cm) de comprimento será fixada sobre um mesa, distante 12,7 cm de sua borda. Sobre esta fita serão feitas 6 marcas distantes 5 polegadas (12,7 cm) de eqüidistância entre si, e iniciadas a 2,5 polegadas (6,35 cm) de cada extremidade da fita. Sobre cada uma das 6 marcas será afixado, perpendicularmente, um pedaço de fita adesiva com 3 polegadas (7,62 cm) de comprimento formando assim 6 pequenos quadrados. O sujeito sentar-se-á de frente para a mesa, devendo usar, no teste, a mão dominante. Se a mão direita for a usada, a lata de refrigerante será colocada no quadrado 1, a lata dois no quadrado 3, e a lata 3 no quadrado 5. A mão direita é colocada na lata 1, com o polegar para cima, estando o cotovelo flexionado de 100 a 120 graus. Quando o avaliador sinalizar, o cronômetro é disparado e, o sujeito, virando a lata inverte a base de apoio, de forma que a lata 1 seja colocada no quadrado 2; a lata 2 no quadrado 4; e a lata 3 no quadrado 6. Sem perda de tempo, o sujeito, estando o polegar apontado para baixo, apanha a lata 1 e revirando-a (mesma base do início do teste) recoloca-a no quadrado 1; e da mesma forma recoloca a lata 2 no quadrado 3e, a lata 3 no quadrado 5. Uma tentativa equivale a realização do circuito duas vezes, sem interrupções. O cronômetro é parado quando a lata 3 é depositada no quadrado 5, ao final do segundo circuito. Caso o sujeito seja sinistro, o mesmo procedimento é adotado, exceto que as latas são colocadas a partis da esquerda. Ao sujeito serão concedidas duas tentativas de prática, que são seguidas de duas válidas, sendo estas últimas anotadas até décimos de segundo, sendo considerado como resultado final o menor dos tempos anotados. Figura 11 – Ilustração gráfica do teste de coordenação (adaptada de Osness et al., 1990) OSNESS et al. (1990) expressam que o teste de coordenação relaciona-se com as funções diárias e enfatiza a eficiência neuromuscular dos braços e das mãos. Sugestão para Leitura: MATSUDO, V.K.R.. Critérios Biológicos para Diagnóstico, Prescrição e Prognóstico de Aptidão Física em Escolares de 7 a 18 anos de idade. Tese de Livre Docência. Universidade Gama Filho, Rio de Janeiro, 1992. MATSUDO, V.K.R.. Teste em Ciências do Esporte. Editora Gráficos Burti fotolito Editora Ltda., São Paulo, 1984. MATSUDO, V.K.R. et alli. Apostila Criança e Exercício, Exercício e Envelhecimento, Mulher e Exercício, Detecção de Talento, Aptidão no Futebol e Aptidão no Voleibol. BERGAMO, V.R.. Talento, Treinamento e Rendimento no Basquetebol Feminino. Tese de Mestrado. Universidade Metodista de Piracicaba, Piracicaba-SP., 1996. PROJETO ESPORTE BRASIL – PROESP - BR. Indicadores de saúde e fatores de prestação esportiva em crianças e jovens. GALLAHUE DL, OZMUN JC. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. SP: Phorte, 2003 80 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras GOBBI S, VILLAR R e ZAGO AS. Bases Teórico-Práticas do Condicionamento Físico (Série Educação Física no Ensino Superior). RJ: Guanabara Koogan, 2005. Apresentamos tabelas com indicadores de desempenho superior para ambos os sexos e normas provisórias para avaliação da aptidão física relacionada ao desempenho motor (ApFDM) (PROESP-BR). Em seguida, apresentamos fichas ilustrando os estágios do padrão da corrida, do salto vertical e do salto horizontal, bem como as respectivas seqüências de desenvolvimento (GALLAHUE e OZMUN (2003). PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 81 82 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras Ficha para observação do estágio padrão de corrida PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 83 Estágio inicial Jogo de pernas pequeno, limitado Passos largos,irregulares e rígidos Fase de vôo não observável Extensão incompleta de perna de apoio Movimento curto e rígido com graus variados de flexão do cotovelo Braços tendendo a balançar em direção externa e horizontalmente Balanço da perna tende para fora do quadril Balanço do pé com dedos para fora Base de apoio larga Estágio Elementar Aumento da extensão da passada, do balanço do braço e da velocidade Fase de vôo limitada,mas observável Extensão mais completa de perna de apoio no impulso Aumento da oscilação do braço Balanço horizontal do braço reduzido no movimento para trás Pé de trás cruza linha mediana da altura Estágio Maduro Máxima extensão da passada e de sua velocidade Fase de vôo definida Extensão completa da perna de apoio Coxa de trás paralela ao solo Oscilação vertical dos braços em oposição às pernas Braços dobrados em ângulos aproximadamente retos Mínima ação de rotação do pé e da perna de trás Dificuldades de Desenvolvimento • • • • • • • • • 84 Oscilação do braço inibida ou exagerada Braços cruzando a linha mediana do corpo Colocação imprópria do pé Inclinação exagerada do tronco para a frente Braços se movimentando pesadamente nas laterais ou residentes para manter equilíbrio Giro do tronco Cadência rítmica pobre Apoio do pé inteiro no solo Pé ou perna irregularmente virados para dentro ou para fora PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras Ficha para observação do estágio padrão de salto vertical Estágio inicial Agachamento preparatório inconsistente Dificuldade de impulsionar com ambos os pés Extensão insuficiente do corpo ao impulsionar Elevação da cabeça pequena ou ausente Braços não coordenados com o tronco e a ação da perna Baixa altura alcançada Estágio Elementar Flexão dos joelhos excede ângulo de 90 graus no agachamento preparatório Inclinação para a frente exagerada durante o agachamento Impulso com os dois pés Corpo não se estende totalmente durante fase de vôo Braços tentam auxiliar vôo e equilíbrio,mas em geral não igualmente Deslocamento horizontal notável no pouso Estágio Maduro Agachamento preparatório com flexão de joelho entre 60 e 90 graus Extensão firme dos quadris, joelhos e tornozelos Elevação dos braços coordenada e simultânea Inclinação da cabeça para cima com olhos focalizados no alvo Extensão total do corpo Elevação do braço de alcance com inclinação do ombro combinada com abaixamento do outro braço no auge do vôo Pouso controlado bastante próximo ao ponto de partida Dificuldades de Desenvolvimento • • • • • • • • • • Falha em permanecer sem contato com o solo Falha em impulsionar com ambos os pés ao mesmo tempo Falha em agachar com ângulo aproximado de 90 graus Falha em estender corpo,pernas e braços com firmeza Coordenação pobre das ações de pernas e braços Inclinação de braços para trás ou para as laterais para se equilibrar Falha em guiar com os olhos e a cabeça Pouso em um pé só Flexão de quadris e joelhos inibida ou exagerada ao pousar Deslocamento horizontal marcantes ao pousar PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 85 Ficha para observação do estágio padrão de salto horizontal Estágio Inicial Movimento limitado; braços não iniciam ação do salto Durante o vôo,braços se movem para os lados e para baixo,ou para trás e para cima,para manter o equilíbrio Tronco se move em direção vertical;ênfase pequena na extensão do salto Agachamento preparatório inconsistente em termos de flexão de pernas Dificuldade de usar ambos os pés Extensão limitada de tornozelos,joelhos e quadris ao impulsionar Peso corporal cai para trás ao pousar Estágio Elementar Braços iniciam a ação do salto Braços se mantêm na frente do corpo durante agachamento preparatório Braços se movem para as laterais para manter equilíbrio durante o vôo Agachamento preparatório mais profundo e mais consistente Extensão mais completa do joelho e do quadril ao impulsionar Quadris flexionados durante o vôo;coxas mantidas em posição flexionada Estágio Maduro Braços se movem para o alto e para trás durante o agachamento preparatório Durante o impulso,braços se inclinam para frente com força e alcançam altura Braços mantêm-se altos durante toda a ação do salto Tronco inclinado em ângulo aproximado de 45 graus Ênfase maior na distância horizontal Agachamento preparatório profundo e consistente Extensão completa de tornozelos,joelhos e quadris ao impulsionar Coxas mantêm-se paralelas ao solo durante o vôo;pernas pendem verticalmente Peso corpora inclina-se para a frente ao pousar Dificuldades de Desenvolvimento • • • • • • • • • 86 Uso impróprio dos braços (ou seja, falha ao usar os braços em oposição à perna de propulsão em um balanço de altos e baixos, como flexionar, estender e flexionar novamente a perna) Giro ou torção do corpo Inabilidade de executar o impulso tanto com um pé só quanto com os dois pés Agachamento preparatório insuficiente Movimentos restritos de braços e pernas Ângulo de impulso insuficiente Falha em estende-se totalmente ao decolar Falha em estender as pernas para frente ao pousar Cair de costas ao aterrissar PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras Capítulo VI A PRÁTICA DA PESQUISA EM CIÊNCIAS DO ESPORTE TEMA DE INVESTIGAÇÃO A livre escolha do tema de investigação é condição “sine qua non” de uma sociedade que aspira por um crescimento arejado. Mas teria a comunidade científica sensibilidade social? Em que medida as pesquisas bem feitas estão atendendo às necessidades sociais? Estão os temas de pesquisas respondendo a anseios pessoais do pesquisador ou as necessidades básicas da sociedade? Não acreditamos em regras que restrinjam a escolha do tema de investigação ou do tópico de pesquisa, mas nos alinhamos com aqueles que pensam que a contribuição desse trabalho será mais substancial na medida em que atender e três critérios fundamentais: a) originalidade; b) relevância; e c) viabilidade. O MODISMO E O NOVO Na escolha do tema de pesquisa o aluno de Educação Física deve na medida do possível estar vacinado contra o modismo e o fascínio do novo. Muitos têm sido os exemplos de modismo em nossa área, onde já fomos alcançados pelas ondas do aerobismo, da somatotipia, do anaerobismo, do talento esportivo e mais recentemente do trabalho de força elástica. É evidente que muitas contribuições que as tenham adotado como linha de pesquisa nos deixam sérias suspeitas da influência negativa dos “modismos”. Outro indicador é o caso dos pesquisadores de um trabalho só. Inúmeros jovens pesquisadores têm apresentados brilhantes contribuições em sua publicação inicial sobre o tema. Depois, quando poderíamos esperar um trabalho ainda mais profundo no mesmo tema, notamos que o tópico inicial foi abandonado. A estes chamamos de “pesquisadores de um trabalho só”. Claro está o respeito à diversificação de interesses, mas não poderíamos deixar de incentivar a busca constante da verdade em uma mesma área. Temos que lutar por uma maturidade intelectual maior do pesquisador. Há um tempo em tudo: um tempo para amadurecer, para se gerar, para se construir sobre alguma coisa. A BUSCA DO TEMA DE PESQUISA Os domínios cognitivos e afetivos de uma área por certo propiciarão ao pesquisador uma seleção mais válida do tema a ser investigado, assim como a formulação de uma questão relevante que atenda às prioridades nacionais, regionais ou locais, nessa ordem de importância. Assim, muito antes de arrumar o material ou a amostra a ser medida devemos estar aptos a responder às três perguntas básicas: 1. O que medir? 2. Por que medir? 3. Para que medir? Pode as vezes parecer um cuidado exagerado estarmos mencionando essas perguntas, como básicas para profissionais que se dedicam a esta área. Mas, não raro, temos observado professores que estão aplicando um teste de corrida de 12 minutos e que, argüidos sobre o objetivo da avaliação respondem prontamente que “estão medindo o Cooper”? Poucos são aqueles que respondem que estão fazendo uma estimativa da capacidade cardio-respiratória aeróbia porque essa é uma variável fundamental de aptidão física para que, por exemplo, se possa prescrever a intensidade de treinamento ou para analisar os efeitos de algum tipo de treinamento. OS CAMINHOS DA BUSCA DA VERDADE A atenta observação e análise criteriosa dos fatos se constituem em ferramentas básicas do profissional em ciências do esporte. A partir desse fato, poderá formular sua hipótese (experimental) que corresponde à posição do pesquisador frente aos fatos e sua busca da verdade. Essa procura poderá ser feita basicamente através da pesquisa experimental. Uma PESQUISA EXPERIMENTAL é aquela em que o investigador observa os efeitos da manipulação de uma ou mais variáveis independentes sobre uma ou mais variáveis dependentes. Um exemplo típico seria um trabalho em que o experimentador observa o tipo de treinamento (aeróbio ou anaeróbio) sobre a força ou o peso corporal. PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 87 Neste ponto é bom lembrar que muita confusão tem sido feita particularmente por pessoas que iniciando o contato com o campo de investigação querem considerar como “pesquisa verdadeira”, somente a pesquisa experimental. Lamentável equívoco, pois esquecem que a pesquisa, como busca da verdade, está acima dos eventuais rótulos. Cabe colocar que é importante, senão vital, não deixar de fazer coisas fundamentais que antes não se faziam porque não cabiam ou não cabem nos moldes da pesquisa dita e considerada científica. Por outro lado, seria bom notar que existe uma tendência em qualificar a pesquisa de acordo com o método de investigação utilizado, onde a pesquisa descritiva ocuparia a “lanterna” da corrida em que o experimental seria o “pole position”. No entanto, lembramos que o método de investigação não garante por si só a qualidade da pesquisa. E assim, nos parece nada científico afirmações generalistas que favoreçam este ou aquele modelo de investigação. AS ETAPAS DO CAMINHO DA BUSCA DA VERDADE Estabelecido criteriosamente o tema e o objetivo, ou seja, tendo respondido a primeira das perguntas fundamentais (o que?), assim como sua importância, relevância e implicações (por que? para que?) poderemos então partir para a próxima etapa que corresponde ao como: Como responder a pergunta base, à hipótese estabelecida no objetivo do trabalho? Nesta fase, deveremos selecionar, dentre os diversos caminhos conhecidos, aquele que oferecerá as melhores condições de resposta às perguntas formuladas. Quais os métodos, quais os instrumentos, que sujeitos permitirão que cheguemos à melhor resposta à nossa pergunta básica à nossa hipótese de pesquisa. Pensamos que dentro da realidade de um Terceiro Mundo deveríamos procurar atender, na medida do possível, aos três pontos relevantes: 1) Utilizar instrumental o menos sofisticado; 2) empregar técnicas não complexas e 3) adotar uma metodologia que permita que o produto final de seus achados reverta a uma faixa significativa da população. É importante frisar que essas são recomendações não regras; não devemos também implicar em uma atitude simplista de escolha do mais fácil, mas sim, em uma consciência dos diversos caminhos alternativos que possibilite uma opção madura. Evidentemente que não podemos envolver em nosso trabalho todos os sujeitos que compõem uma população e assim partiremos para o uso de amostras que possam representar essa população permitindo que os achados obtidos nesta população possam se estender a toda população. Para tanto a amostra deve ter certas características quanto a sua qualidade, como, por exemplo, ter sido constituída ao acaso. Também quanto a sua quantidade (que irá variar de caso para caso), mas que na área biológica é considerada significativa a partir de um número igual a 30. Por outro lado, quando o trabalho envolver seres humanos, os mesmos devem estar cientes dos objetivos e eventuais riscos dos procedimentos a que serão submetidos. Quando esses riscos passam a envolver danos temporários, permanentes, parciais ou totais, um termo de consentimento deve ser obtido. Não custa lembrar ainda que toda vez que os riscos de uma metodologia superem os eventuais benefícios, a mesma deve ser afastada. O MÉTODO QUANTO Á ESTATÍSTICA Conforme a variável a ser medida e de acordo com constituição da amostra podemos ter uma idéia à priori, da distribuição dos seus resultados. E a determinação da simetria ou não desses resultados é o primeiro passo para que possamos chegar ao método estatístico mais adequado. Na amostra de distribuição simétrica, os métodos paramétricos deverão ser escolhidos. Os métodos paramétricos baseiam-se em duas suposições básicas: a) as amostras teriam sido selecionadas de populações com variância similar e distribuição normal; b) as amostras teriam sido constituídas aleatoriamente (ao acaso), com resultados em intervalos idênticos. Quando essas suposições forem atendidas, os métodos paramétricos têm se mostrados mais precisos que os não paramétricos, sendo isso particularmente verdadeiro em casos de grandes grupos (n > 30). Nas amostras de distribuição assimétrica, os métodos não paramétricos deverão ser os escolhidos. 88 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras Os métodos não paramétricos podem ser usados com resultados em intervalos de classe e não pressupõe um rígido procedimento na amostragem da população. Para maiores detalhes sobre esses métodos recomendamos a obra de Siegel. O segundo passo será a adequação do objetivo do trabalho aos procedimentos estatísticos básicos. Se o propósito for conhecer o ponto central de nossas amostras, então devemos calcular a média ou a mediana. Um exemplo aconteceria quando queremos saber quantos abdominais em geral fazem os escolares de 14 anos. Se a intenção for determinar a variabilidade então calcularemos o desvio padrão, o percentil ou o quartil. Por exemplo, quando quisermos ver se um grupo é homogêneo ou heterogêneo, ou ainda quando quisermos saber qual a classificação (Z-escore) de um aluno em uma dada população. Nos casos em que quisermos estabelecer uma medida de associação entre duas variáveis o valor estatístico a ser determinado é o da correlação simples. Por exemplo, qual a relação entre altura e impulsão vertical. Quando o objetivo for medir a relação entre uma variável dependente e duas ou mais variáveis independentes é o valor de correlação múltipla que deve ser determinado. Por exemplo, qual a relação dos valores de peso e altura com os resultados obtidos no teste de impulsão vertical. Se a idéia for comparar a média de duas amostras (ver capítulo de estatística), deveremos então aplicar um teste de hipótese que, de acordo com as características dos grupos poderá ser para amostras independentes (por exemplo, impulsão horizontal de nadadores e voleibolistas) ou dependentes (por exemplo, impulsão horizontal de uma equipe de basquetebol, antes e após um mês de treinamento). Quando precisamos comparar mais de duas médias, então devemos realizar uma análise de variância que será do tipo “one way” quando as amostras forem independentes (por exemplo, resultados em corridas de 40 segundos de futebolistas, fundistas e velocistas) ou do tipo “two-way”, quando as amostras forem correlatas ou dependentes (por exemplo, resultados de corrida de 40 segundos em atletas no início, meio e final de uma temporada). Em outras oportunidades gostaríamos de predizer o resultado de uma variável dependente a partir de outra e nesse caso precisamos desenvolver uma equação de regressão simples. Por exemplo, predizer resultado do teste de impulsão vertical a partir da altura. Nos casos em que quisermos predizer o resultado de uma variável dependente a partir dos dados de duas ou mais variáveis independentes o caminho será o cálculo da equação de regressão múltipla. Por exemplo, predizer o resultado no teste de impulsão vertical a partir da altura, do sexo e da idade. No quadro 1 podemos ter uma boa idéia desses procedimentos quando levarmos em consideração a simetria dos resultados. Quadro 1 – Principais modelos estatísticos paramétricos e não paramétricos em Ciências do Esporte: MEDIDAS AMOSTRA PARAMÉTRICAS NÃO PARAMÉTRICAS Tendência central Média Mediana Variabilidade S, Z Percentual, quartil Correlação R Pearson Spearman Rho, r2 2 amostras independentes t grupos independentes Mann-Whitney U 2 amostras dependentes t pareado Wilcoxon Matoned Pairs 2 amostras independentes ANOVA one way Kruskall-Walns 2 amostras dependentes ANOVA two way Fnedman Comparação de médias PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 89 QUESTÕES ÉTICAS EM PESQUISA E NO TRABALHO ACADÊMICO Como estudante de graduação, vocês encontrarão muitas questões éticas em pesquisa e no trabalho acadêmico. Neste artigo chamamos sua atenção para muitas destas questões e oferecemos um sistema para a discussão e tomada de decisão. Todavia, as escolhas nem sempre serão bem definidas. O aspecto mais importante para se tomar boas decisões é ter boas informações e obter conselhos de corpo docente confiável. Os principais tópicos a serem apresentados incluem má conduta em ciência, trabalhar com corpo docente e outros estudantes de pós-graduação, utilização de pessoas como sujeitos em pesquisa e utilização de sujeitos animais. CINCO ÁREAS DE DESONESTIDADE CIENTÍFICA Má conduta ou má conduta em ciência A fabricação, falsificação, plágio ou outras práticas que desviam seriamente daquelas que são comumente aceitas dentro da comunidade científica para propor, conduzir ou relatar pesquisas... Isto não inclui o erro honesto ou as diferenças em interpretação ou julgamento dos dados. Nesta seção discutimos questões sobre má conduta científica com a noção de que estes conceitos são geralmente aplicáveis a todas as áreas de saber no estudo da atividade física. Schore (1991) identificou sete áreas nas quais a desonestidade científica poderia ocorrer; discutiremos neste texto, somente cinco delas: plágio; fabricação e falsificação; não publicação de dados; procedimentos falhos de coleta de dados e retenção e armazenamento inadequado de dados. Plágio – significa utilizar as idéias, escritos e projetos de outros como se fossem seus. Certamente, isso é completamente inaceitável no processo de pesquisa. O plágio acarreta penas severas em todas as instituições. Um pesquisador que plagia o trabalho carrega um estigma por toda a vida em sua profissão. Nenhuma recompensa vale o risco envolvido. Ocasionalmente um estudante de graduação ou membro de corpo docente pode ser inadvertidamente envolvido em plágio. Isso geralmente ocorre em trabalhos realizados em co-autorias. Se um autor plagia o material, o outro pode ser igualmente punido, mesmo que ele não tenha consciência do plágio. Embora não exista meios de proteção infalíveis (exceto não trabalhar com mais ninguém), nunca permita que um trabalho, com seu nome seja apresentado (ou revisado), a menos que você o tenha visto em sua forma final. Na escrita científica, originalidade também é importante. Uma prática comum é circular préimpressos e rascunhos de artigos entre estudiosos (os quais são freqüentemente compartilhados com estudantes de pós-graduação) que são conhecidos por trabalhar em uma área específica. Se idéias, métodos, descobertas e assim por diante, são emprestados destes, os créditos apropriados devem sempre ser dados. Fabricação e falsificação – Existem aproximadamente 40.000 revistas que publicam mais de um milhão de artigos anualmente (Henderson, 1990). Dessa forma não é surpreendente que cientistas, pósgraduando e graduandos tenham sido pegos ocasionalmente maquiando ou alterando dados de pesquisa. Certamente, isso vai completamente contra a ética e penas severas são impostas sobre os sujeitos que são apanhados. As pressões tem sido particularmente intensas em pesquisas médicas e relacionadas com saúde, porque tais pesquisas são freqüentemente caras, requerem auxílio financeiro e envolvem risco. Parece fácil fazer uma pequena mudança aqui ou ali ou maquiar os dados por que “Eu preciso de apenas uns poucos sujeitos a mais, mas meu tempo está terminando”. A probabilidade de ser descoberto nestes tipos de ações é alta, mas mesmo se você escapar, sempre saberá o que fez e provavelmente colocará outras pessoas em risco por causa de suas ações. Embora os estudantes de graduação e pós-graduação e corpo docente possam produzir conscientemente pesquisa fraudulenta, estudiosos idôneos são algumas vezes envolvidos indiretamente em má conduta científica. Isso pode ocorrer em trabalhos com outros cientistas que produzem dados fraudulentos que seguem os resultados previstos (p. ex. , em uma pesquisa financiada a proposta sugeriu quais eram os resultados prováveis). Nessas circunstâncias, o estudioso sério vê exatamente o que espera 90 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras ver nos dados. Por exemplo, o caso do Prêmio Nobel David Baltimore envolveu um artigo publicado em Cell, em Abril de 1986, assinado por Baltimore e co-autores, tendo Thereza Imanishi-Kari e David Weaver como autores principais. Apesar de Baltimore ter verificado as descobertas de Imanishi-Kari, ele viu nos dados os resultados esperados e concordou em submeter o artigo. O fato de que os dados não eram exatos levaram subseqüentemente à demissão de Baltimore como presidente da Universidade Rockefeller. Dessa forma, mesmo que Baltimore não tenha sido o principal autor do artigo, sua carreira foi seriamente prejudicada por ser um participante involuntário de fraude científica. A falsificação pode também ocorrer com a literatura relacionada. Estudantes de graduação e pósgraduação deveriam ser cuidadosos em como interpretar o que os autores dizem. O trabalho de outros autores não deveria ser “adaptado” para se adequar às hipóteses projetadas. Isso também é uma razão pela qual os estudantes de graduação e pós-graduação deveriam ler fontes originais ao invés de confiar nas interpretações de outros, já que essas interpretações podem não seguir de perto a fonte original. Não-publicação de dados – A idéia básica aqui é que alguns dados não sejam incluídos porque não sustentam o resultado desejado. Isso tem sido chamado algumas vezes de dados “cozinhados”. Dados ruins deveriam ser identificados, se possível, no momento da aquisição dos dados. Por exemplo, se um valor testado parece grande ou pequeno demais e o pesquisador testa o instrumento e descobre que este está descalibrado, eliminar este dado “ruim” é uma boa prática de pesquisa. Todavia, enxergar um valor quando os dados estão sendo examinados e decidir que este é inadequado e muda-lo é “cozinhar” os dados. Outro termo utilizado para dados pouco comuns é outlier (escore não-representativo, um escore que fica fora dos escores normais). O termo significa originalmente “eliminar mentirosos”, sugerindo que os dados foram ruins. Todavia, os dados agora são algumas vezes “podados” se o valor é extremo. Só porque um escore é extremo não significa que é baseado em dados ruins. Ainda que escores extremos possam criar problemas na análise dos dados, podá-los automaticamente é uma prática pobre. A instância mais drástica nessa categoria é o fracasso ao publicar resultados que não sustentam as hipóteses projetadas. As revistas são acusadas freqüentemente de uma “publicação induzida”, querendo dizer que apenas os resultados significativos são publicados, mas os autores deveriam publicar os resultados de pesquisa séria sem levar em consideração se os resultados sustentam as hipóteses projetadas. Procedimentos falhos de coleta de dados – Muitas das atividades não-éticas podem ocorrer neste estágio de um projeto de pesquisa. Em particular, os estudantes devem dar atenção aos seguintes problemas: • • • • • • Continuar as coletas de dados com sujeitos que não estão atingindo as necessidades da pesquisa (p. ex., fracasso em aderir aos acordos sobre dieta, exercício e descanso); Equipamento defeituoso; Tratamento inadequado dos sujeitos (p.ex., fracasso ao seguir as linhas de direção do Comitê de Pesquisa); Registro incorreto de dados; Aplicação incorreta do teste; Não obediência ao protocolo do teste. Por exemplo, uma estudante de doutorado que conhecemos estava coletando dados sobre a economia da corrida em uma situação de campo. Os sujeitos retornaram várias vezes para serem filmados enquanto repetiam uma corrida de passadas com comprimentos e velocidades variadas. No terceiro dia de teste um sujeito do sexo masculino executou a corrida de forma errática. Quando a pesquisadora o questionou, descobriu que ele havia saído para beber com seus amigos até muito tarde e que ele estava realmente debilitado. É claro, ela sabiamente descartou os dados e programou para este sujeito uma outra corrida para alguns dias mais tarde. Se ela não tivesse notado a natureza incomum de sua performance e o questionado cuidadosamente, teria incluído dados que provavelmente teriam desviado seus resultados porque o sujeito não estava aderindo aos acordos prévios sobre as condições de estudo. Retenção e armazenamento inadequados de dados – Os dados devem ser armazenados e mantidos conforme foram registrados originalmente e não devem ser alterados. Todos os registros originais devem ser mantidos de forma que os dados originais estejam sempre disponíveis para análise. CELAFISCS – Dez anos de pesquisa em Ciências do Esporte; THOMAS JR, NELSON JK. Métodos De Pesquisa Em Atividade Física, Capítulo 5 – Questões Éticas em Pesquisa e no Trabalho Acadêmico, Página 78-80 (texto retirado na íntegra). PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 91 Capítulo VII ESTATÍSTICA Sandra Caldeira 1. INTRODUÇÃO A Estatística é uma ciência auxiliar de múltiplas aplicações e de fundamental importância no campo da investigação científica moderna. Para o técnico de esporte e professor de Educação Física, a Estatística é a chave que poderá levar a uma análise adequada do conjunto de informações que surge com a aplicação dos diferentes métodos de avaliação da parte técnica e física de seus atletas ou alunos. O "know-how" requerido para a aplicação das técnicas estatísticas para análise de uma situação problema, exige uma série de processos matemáticos, porém, tais métodos serão de fácil compreensão, pois envolvem conhecimentos matemáticos elementares. "Abster-se de analisar os dados coletados após a aplicação de um teste é tão ridículo quanto preparar um doce delicioso e deixar de saboreá-lo". Portanto, o objetivo desse capítulo, é apresentar alguns processos estatísticos que possibilitem àqueles que realizarem uma avaliação de seus alunos, ou atletas, uma análise adequada dos resultados obtidos. 2. ESCALAS DE MEDIDA Para realizarmos a análise de um conjunto de resultados é essencial possuirmos esses dados expressos numericamente e classificados em escalas de medida. Essas escalas podem ser classificadas em três categorias principais: Nível Ordinal: Consiste na ordenação dos Nível Nominal: Consiste em classificar os indivíduos em categorias, devendo cada indivíduo indivíduos em função do grau que apresentam em pertencer a uma única categoria. determinada característica. Por exemplo: No campeonato estadual de Por exemplo: Em uma prova de atletismo a Voleibol tivemos a participação de 45 equipes, classificação final foi: sendo: CATEGORIA NÚMERO DE EQUIPES ATLETA POSTO Mirim 15 A 1.0 Infantil 12 B 2.0 Juvenil 10 C 3.0 Adulto 08 D 4.0 45 E 5.0 TOTAL Normalmente são consideradas medidas pertencentes ao nível de mensuração nominal: nacionalidade, religião, sexo e raça. Nível Intervalar: Quando os indivíduos podem ser categorizados de acordo com uma escala de intervalos, com unidades constantes de medida, que nos indicam a distância exata entre elas. Por exemplo: Os resultados encontrados em uma prova de atletismo foram os seguintes: Neste nível de mensuração é impossível determinarmos a diferença exata entre os resultados, ou seja, não sabemos se existem grandes diferenças entre o tempo apresentado pelos demais atletas em relação ao atleta A. ATLETA A B C D E TEMPO 8,8 seg. 9,2 seg. 9,5 seg. 10,0 seg. 10,1 seg. Ao quantificarmos os nossos dados em um dos três níveis de mensuração citados acima é que deveremos empregar a Estatística como um instrumento de descrição e decisão. 92 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 3. CONCEITO DE ESTATÍSTICA Conceitua-se Estatística como sendo a parte da Matemática Aplicada interessada nos métodos científicos de descrição e inferência de um conjunto de dados. A Estatística está subdividida em duas partes: Estatística Descritiva que engloba: - coleta de dados - organização - resumo e apresentação - descrição Estatística Inferencial - análise dos dados - conclusão - tomada de decisões relacionada com: O próprio conceito de Estatística propõe nosso primeiro passo que será a coleta de dados. 4. COLETA DE DADOS Inicialmente vamos levantar um problema para estudo: "Um professor de Educação Física deseja fazer um estudo sobre a força de membros inferiores de seus alunos, resolvendo portanto aplicar o teste de impulsão vertical, com o objetivo de medir indiretamente a variável força." Determinada a natureza do nosso estudo, passaremos a coleta dos dados. O teste deverá ser aplicado a todos os alunos? Ou poderemos aplicá-lo a uma classe ou grupo de alunos atribuindo depois esses resultados aos outros alunos? Dúvidas como estas são comuns e para responder a essas perguntas, precisamos primeiramente definir o que vem a ser População e Amostra: População: É um conjunto total de elementos que apresentam pelo menos uma característica comum. Amostra: É uma parte da população extraída da mesma segundo uma regra conveniente. Na situação problema levantada anteriormente a população seria o conjunto de todos os alunos do professor, sendo que ele poderá aplicar o teste de impulsão vertical em apenas um grupo de alunos que irão constituir a amostra. Mas como selecionar os elementos que irão compor a amostra. Existem vários métodos para se determinar a amostra ideal de uma população, de modo que as conclusões sobre esta amostra sejam válidas também para a população. Veremos a seguir alguns deles: Amostras não casuais: Quando fazem parte da amostra apenas os elementos de conveniência do pesquisador. Assim sendo, em nosso exemplo, o professor escolheria apenas os alunos "altos", por considerar que a variável altura exerce influência no resultado do teste de impulsão vertical. Esta técnica de amostragem não irá representar a realidade da população do professor, pois ele não possui apenas alunos altos. Amostras casuais ou aleatórias: Quando cada membro da população tem igual oportunidade de fazer parte da amostra. Essa característica da amostragem casual implica em que todos os elementos da população sejam identificados, o que poderá ser feito através de uma listagem completa com o nome de todos os alunos e em seguida, sortear os elementos que irão compor a amostra. Quantos alunos deverão fazer parte da amostra? Os métodos estatísticos estabeleceram que uma amostra será considerada grande se tiver 30 elementos ou mais e pequena se este número for inferior a 30. Portanto, o professor poderá sortear 30 alunos ou mais e em seguida aplicar o teste da impulsão vertical. O processo de seleção da amostra é de importância vital para que as conclusões obtidas da amostra, possam ser válidas também para a população da qual foram extraídas (inferência). Os valores obtidos nas observações são denominadas variáveis e podem ser classificadas em dois tipos: Variáveis Contínuas: São aquelas que podem assumir infinitos valores em um intervalo fechado e possuem como característica as medições. Por exemplo: o peso, a altura. a velocidade, a impulsão e o consumo de oxigênio. PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 93 Variáveis Discretas: Assumem finitos valores num intervalo fechado, sendo sua característica a contagem. Por exemplo: freqüência cardíaca, número de repetições de um dado exercício, número de cestas de uma partida. Portanto em nossa situação problema, estamos trabalhando com uma variável contínua. Após a coleta de dados, o passo seguinte será transformar esses dados brutos em um conjuntoresumo que nos permitira entender melhor os resultados encontrados. 5. ORGANIZAÇÃO E APRESENTAÇÃO DOS DADOS A organização e apresentação dos dados poderá ser realizada através de tabelas e por representações gráficas. Vamos supor que o professor ao aplicar o teste de impulsão vertical tenha encontrado os seguintes resultados: 42 42 40 45 43 44 40 48 45 45 A apresentação dos dados em forma de dados brutos, não nos dá idéia de como foi a performance do grupo no teste. Portanto podemos organizá-los através de uma tabela de freqüência (Tabela 1), observando para sua construção a ordenação dos resultados. 44 46 43 43 42 47 43 41 45 45 43 43 44 46 45 41 43 48 41 47 Tabela 1 - Resultados de 30 escolares em um teste de Impulsão Vertical RESULTADOS FREQÜÊNCIA (x) (f) 40 2 41 3 42 3 43 7 44 3 45 6 46 2 47 2 48 2 N= 30 Através da tabela de freqüência podemos observar que a maioria dos alunos saltou entre 43 e 45 cm. A apresentação dos resultados encontrados por um ou mais grupos após a aplicação de um teste também pode ser feita através de uma tabela (Tabela 2). Tabela 2 - Valores médios de Altura (cm) de escolares da rede estadual de ensino IDADE MASCULINO FEMININO 10 134,13 138,22 11 142,15 143,73 12 149,57 149,63 13 155,24 155,92 Em muitos casos uma representação gráfica nos dá uma informação mais clara de um conjunto de resultados, além de ser uma complementação importante da forma tabular. Entre os vários tipos de representações gráficas, o gráfico de barras (Gráficos 1 e 2) são os mais utilizados. O gráfico linear (Gráfico 3) é mais empregado quando queremos dar noção de continuidade dos dados ou representar resultados de trabalhos longitudinais. Os processos gráficos nos mostram a diversificação de delineamento que pode ocorrer numa distribuição de freqüências. Certas formas de curvas se apresentam simétricas (Figura 1) onde notamos, por exemplo, uma curva suave em forma de sino, sendo seu aspecto mais marcante o fato de que se "dobrássemos" a curva em seu ponto mais central, daríamos origem a duas metades idênticas. Esse tipo de curva caracteriza também uma distribuição denominada normal ou paramétrica que é de grande importância para o estudo e desenvolvimento de métodos estatísticos. A não distribuição dos dados ao redor do centro da curva dará origem a uma distribuição denominada assimétrica ou não paramétrica (Figura 2). A forma ou aspecto de uma distribuição é de importância fundamental na escolha dos métodos estatísticos a serem utilizados na análise de um conjunto de resultados. 94 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras Organizados os dados, vamos necessitar de um único número que represente o que é "tópico" em um conjunto de dados e então passaremos às etapas seguintes. 6. MEDIDAS DE TENDÊNCIA CENTRAL O objetivo das medidas de tendência central é estabelecer um único número que represente da melhor forma possível um conjunto de resultados, uma vez que geralmente se localizam em torno do meio ou centro da distribuição. As medidas de tendência central mais utilizadas serão apresentadas a seguir: Moda (Mo): Consiste no valor da variável que ocorreu com a maior freqüência. Podemos observar (Tabela 1) que 43 cm foi o resultado de impulsão vertical que ocorreu com maior freqüência. Portanto podemos dizer que Mo = 43 cm. Consideremos a seguinte série de valores: 60, 75, 75, 80, 80, 90 teremos: Mo = 75 Mo = 80 o que caracteriza uma distribuição Bimodal 55, 58, 67, 78, 45 teremos: Mo = 0, ou seja uma distribuição Amodal. A moda é considerada uma medida preliminar, rápida, porém muito rudimentar. Mediana (Md): A mediana é definida como o valor que divide a distribuição de freqüência em duas partes iguais. Trata-se de uma medida muito utilizada quando temos uma distribuição de freqüência assimétrica (não paramétrica). Para a determinação da mediana devemos, inicialmente, ordenar os dados na forma crescente ou decrescente. Consideremos os seguintes valores: Número par de resultados:48, 50, 51,54 A posição da mediana será determinada pela seguinte fórmula: N + 1 sendo N - número total de dados 2 ou seja, a mediana será dada pela média aritmética dos valores que estão entre a 2a. e a 3a. posições. Md = 50 + 51 = 101 2 Md = 50,5 2 No exemplo ao lado teremos: N + 1 = 4 + 1 = 2,5 2 2 Número ímpar de resultados: sendo a série de dados:28, 30, 31, 33, 34; a posição da mediana será: N+1=5+1= 6 = 3 2 22 2 Portanto a mediana estará na 3a posição, ou seja, Md = 31 Quando os valores da amostra estiverem distribuídos em uma tabela de freqüência (Tabela 1), o procedimento para o cálculo da mediana será através da determinação da coluna de freqüência acumulada (fa). A coluna (fa) é determinada a partir do menor escore, sendo somada as freqüências até chegar a um valor que contenha o trigésimo escore da distribuição (Tabela 3). A posição da mediana é determinada por: N + 1 = 30 + 1 = 15,5 2 2 x f 40 2 41 3 42 3 43 7 44 3 45 6 46 2 47 2 48 2 N = 30 fa 2 5 8 15 18 24 26 28 30 posições 1a., 2a. 3a., 4a. e 5a. 6a., 7a. e 8a. 9a.,10a.,11a.,12a.,13a.,14a. e 15a. 16a.,17a. e 18a. 19a.,20a.,21a.,22a.,23a. e 24a., 25a. e 26a., 27a. e 28a., 29a. e 30a. Portanto, a mediana vem a ser o valor que se encontra entre a 15a. e 16a. posição: Md = 43 + 44 = 87 = 43,5 2 2 Um aspecto característico da determinação da mediana é por ela só determinar o valor que divide a distribuição de dados ao meio, não sofrendo influência dos valores extremos da mesma. _ Média Aritmética (X): É considerada a medida de tendência central mais importante, por possibilitar uma análise estatística mais avançada, tais como, os testes para tomada de decisões (teste de hipótese, análise de variância). PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 95 A fórmula geral para o cálculo da média aritmética é dada por: _ _ X = Σx X - média N N - total de resultados x - soma dos resultados brutos Por exemplo: os resultados de um teste de 50 metros aplicado a 6 atletas foram os seguintes: ATLETA A B C D E F x 9,6 8,4 9,2 8,2 8,0 7,9 Σ=51,3 x - tempo em segundos Σ = 51,3 N=6 _ X = 8,55 segundos O cálculo da média, quando os dados forem apresentados através de uma tabela de freqüência será dado pela seguinte fórmula: _ X = Σ xf N _ X....................- média x ....................- resultado qualquer de um conjunto de dados xf ...................- produto entre um resultado e a freqüência com que ocorreu Σ xf ................- soma dos produtos Vamos exemplificar a aplicação desta fórmula, utilizando os resultados apresentados na Tabela 1: _ X f xf 40 ..............................2 ............................ 080 41 ..............................3 ............................ 123 42 ..............................3 ............................ 126 43 ..............................7 ............................ 301 44 ..............................3 ............................ 132 45 ..............................6 ............................ 270 46 ..............................2 ............................ 092 47 ..............................2 ............................ 094 48 ..............................2 ............................ 096 _ X = Σ xf N _ X = 1314 30 _ X = 43,8 Σ =1314 A média do grupo de alunos em relação ao teste de impulsão vertical é de 43,8 cm. Comparação entre Moda, Mediana e Média Aritmética: Quando utilizar a média, a mediana ou a moda? Esta certamente é uma dúvida que surge no momento em que devemos escolher a medida de tendência central que devemos empregar. Para a escolha da medida indicada, além do objetivo do trabalho, devemos levar em conta os níveis de mensuração e a forma da distribuição. Moda: ÆNível de mensuração: nominal, ordinal e intervalar. ÆAspecto da distribuição: distribuições bimodais. Mediana: ÆNível de mensuração: ordinal e intervalar. ÆAspecto da distribuição: assimétricas. Média: ÆNível de mensuração: intervalar. ÆAspecto da distribuição: simétrica. 7. MEDIDAS DE DISPERSÃO As medidas de tendência central fornecem apenas uma visão do conjunto de dados mas não nos permite por exemplo, analisar a distância do resultado de um elemento do grupo em relação à sua média. Como poderemos afirmar que o aluno que saltou 42 cm tem menor força de membros inferiores do que o aluno que saltou 44 cm? Tal fato demonstra que necessitamos, além da medida de tendência central, de um índice que indique o grau de dispersão dos resultados em torno da média. Este índice é determinado através das medidas de dispersão. 96 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras As medidas de dispersão mais utilizadas são: amplitude total, variança e desvio padrão, sendo esta a mais eficiente, confiável e portanto vamos descrevê-la. O cálculo do desvio padrão (s +) é determinado através da seguinte fórmula: S = √ Σ (x - X)2 N S± _ x-X - desvio padrão (x - X)2 _ Σ (x - X)2 N - quadrado da diferença - diferença entre cada resultado e a média do grupo. - soma dos quadrado - total de dados. Para exemplificarmos a determinação do desvio padrão vamos utilizar os resultados já apresentados do teste de 50 metros (Tabela 3): ATLETA x _ x-X _ (x - X)2 A B C D E 9,6 8,4 9,2 8,2 7,9 1,05 -0,15 0,65 -0,35 -0,65 1,1025 0,0225 0,4225 0,1225 0,4225 x - tempo em segundos _ X - 8,55 segundos Σ = 2,395 S = √ Σ (x - X)2 n S = √ 2,395 5 S = 0,69 A determinação do desvio padrão quando os valores estiverem distribuídos em uma tabela de freqüência será dado pela fórmula: _ S = Σ x2 f - X2 N S x2 Σ x2 f _ X2 - desvio padrão - cada resultado elevado ao quadrado - soma dos produtos entre o quadrado de cada resultado e a sua freqüência. - média do quadrado. Para exemplificarmos a aplicação da fórmula, vamos utilizar os dados apresentados na Tabela 1: x 40 41 42 43 44 45 46 47 _ X = 43,8 f 2 3 3 7 3 6 2 2 x2 1600 1681 1764 1849 1936 2025 2116 2209 Σ= x2 f 3200 5043 5292 12943 5808 12150 4232 4418 S = √ Σ x2 f - X2 N 57694 S = 2,17 S = √ 57695 - (43,8)2 30 S = √ 1923,3 - 1918,44 S = √ 4,69 Através da média e do desvio padrão poderemos construir um intervalo denominado intervalo médio que nos indicará os elementos que obtiveram resultados considerados médios. Este intervalo será determinado pelo seguinte processo: X + 1S Portanto, no nosso exemplo, os alunos que obtiveram valores no intervalo compreendido entre: 41,63 e 45,97 se encontram dentro da média do grupo. PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 97 Além da determinação do intervalo médio podemos indicar a porcentagem de elementos da amostra contida entre os valores: X + 1S ..........................................68,26% X + 2S .........................................95,44% X + 3S ..........................................99,74% Outra aplicação muito importante do desvio padrão e na determinação da homogeneidade do grupo. Vamos supor que dois grupos tenham realizado um teste cicloergométrico, apresentando os seguintes resultados: _ _ X1 = 3,5 l/min X2 = 3,5 l/min. S1 = 1,3 S2 = 0,8 Os dois grupos apresentaram o mesmo resultado médio, porém o desvio padrão do grupo B foi menor que o do grupo A, portanto podemos afirmar que o grupo B, em relação ao teste foi mais homogêneo que o grupo A. Concluímos que: "Quanto menor o desvio padrão maior a homogeneidade do grupo". 8. TESTE DE HIPÓTESE "Será que minha equipe melhorou sua velocidade durante esta temporada!" "Será que a impulsão vertical de meus alunos é maior que a dos alunos de um outro colégio?" Perguntas como estas, comuns a todos os profissionais da área de Educação Física ou treinamento desportivo, ficam na maioria das vezes sem respostas, devido a falta de conhecimento da Estatística, em um plano mais profundo. A escolha do método estatístico adequado a uma determinada "situação problema" depende, além do bom senso do pesquisador, de um treinamento conveniente em tais técnicas, pois os cálculos estatísticos podem ser realizados, perfeitamente, pelos computadores ou mesmo pelas calculadoras "de bolso", mas a decisão da escolha do método cabe somente ao pesquisador. Neste capítulo vamos abordar apenas o método estatístico que nos permitirá comparar médias de duas amostras, já que esta será de grande utilidade após a aplicação de um teste, pois permitirá ao avaliador comparar os resultados encontrados em sua amostra com os resultados de um outro grupo. Teste de Hipótese: O objetivo do teste de hipótese é o de comparar duas médias e determinar se a diferença existente entre elas é significativa ou produto de um erro amostral, ou então mera casualidade. Se, por exemplo, considerarmos os resultados médios de um teste cicloergométrico aplicado a duas equipes (A e B): _ A diferença XA = 46 ml.kg-1.min-1 _ _ _ XB = 52 ml.kg-1.min-1 XA - XB = 6 ml.kg-1.min.-1 pode ser: → significativa, indicando que a equipe B possui melhor resultado médio no teste, ou → produto de um erro amostral. Este aspecto é de fundamental importância na teoria da decisão estatística e gostaríamos de lembrar que uma diferença entre duas médias amostrais pode ser explicada pela ocorrência da: → existência de uma real diferença entre as médias das populações de onde foram extraídas as amostras; ou → interferência de um erro de amostragem. O teste de hipótese, portanto, é utilizado para solucionarmos situações como essa, sendo fundamentado na existência de duas hipóteses: Ho: hipótese nula ou hipótese inicial: que afirma terem as duas médias sido extraídas da mesma população, ou seja, que a diferença observada entre as amostras será considerada como resultado de erro amostral ou mera ocorrência casual. He: hipótese experimental: que rejeitará a hipótese nula, afirmando a existência de uma real diferença entre as duas médias amostrais. A hipótese experimental (He) estabelece que a diferença 98 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras existente entre as médias amostrais é grande demais para ser explicada apenas por erro de amostragem e casualidade. As técnicas para aplicação do teste de hipótese variam de acordo com o tipo e o tamanho das amostras. Apresentaremos, primeiramente, o teste de hipótese aplicado para a comparação de duas médias provenientes de amostras independentes, ou seja, amostras pertencentes a populações diferentes. Podemos citar como exemplo a comparação entre os resultados médios de um teste aplicado a uma equipe de voleibol e a uma equipe de basquetebol, ou os resultados de uma equipe infantil contra os resultados de uma equipe juvenil. Além do tipo de amostras comparadas devemos levar em conta também o número de elementos da amostra. Veremos assim o teste de hipótese para amostras independentes com número idêntico ou diferente de elementos. Amostras independentes com o mesmo número de elementos: Para ilustrarmos a aplicação do teste de hipótese, vamos considerar a seguinte situação-problema: "Uma professora de educação física de um colégio A, deseja comparar o resultado médio de impulsão vertical (com auxílio dos braços) de suas alunas de 12 anos com o resultado médio encontrado por Sessae al. em escolares do mesmo sexo e idade". _ _ X1 = 28,05 cm → resultado médio de X2 = 26 cm → resultado médio das S1 = 4,57 escolares encontrado S2 = 3,2 alunas do colégio A N1 = 30 por Sessa e al. N2 = 30 A professora gostaria de apurar se suas alunas possuem, na realidade, menor impulsão vertical que a média das meninas da mesma idade. Inicialmente, devemos determinar, as duas hipóteses do nosso problema: _ _ Ho: X1 = X2 - hipótese inicial - não existem diferenças entre as médias. _ _ He: X1 ≠ X2 - hipótese experimental - existe diferenças significativas entre as médias das duas amostras. O processo de aplicação do teste de hipótese consiste na determinação dos seguintes passos: 1o Passo: Cálculo da razão t A determinação da razão t que irá traduzir a diferença média amostral em unidades de erro padrão da diferença é feita através da seguinte fórmula: _ _ t= X1 X2 onde: S1 - desvio padrão da 1a. amostra 2 2 √ (S1) + (S2) S2 - desvio padrão da 2a. amostra N1 - número de elementos da 1a. amostra N1 + N 2 - 2 N2 - número de elementos da 2a. amostra Portanto, no nosso exemplo teremos: t= 28,5 - 26 √ (4,57)2 + (3,2)2 30 + 30 - 2 t = 3,41 2o Passo: Determinação do valor de "t" na tabela (Tabela 1) Os valores de "t" necessários para aceitarmos ou rejeitarmos a hipótese nula (Ho) são encontrados na Tabela 1 (final do capítulo). Para utilizarmos esta tabela necessitamos determinar primeiramente os graus de liberdade (gl) a serem empregados. Os graus de liberdade referem-se à liberdade de variação de um conjunto de resultados, sendo responsáveis diretos pelo formato da distribuição amostral de diferenças. Assim sendo, quanto maior a amostra, maior a aproximação da distribuição de diferenças a curva normal. O número de graus de liberdade será determinado por: gl = N + N - onde: N1 - número de elementos da 1a amostra PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 99 N2 - número de elementos da 2a amostra Para o nosso exemplo teremos: gl = 30 + 30 - 2 gl = 58 Além dos graus de liberdade, deveremos estabelecer previamente um nível de confiança ou nível de significância, que representará a probabilidade com que a hipótese nula possa ser rejeitada com confiança. Na prática, é usual a adoção de um nível de significância de 0,05 ou 0,01, embora outros valores possam ser usados. Se, por exemplo, é escolhido o nível de significância 0,01 ou 1%, isto significa que existe 1 chance em 100, de que a diferença amostral encontrada se deva a um erro de amostragem. Ou seja, podemos afirmar com 99% de confiança que essa diferença amostral existe e é real. Caso seja adotado o nível de 0,05, teremos uma porcentagem de erro de 5%, ou seja, poderemos afirmar com 95% de certeza que as médias diferem. Os níveis de significância são representados por ∝ = 0,05 ou ∝ = 0,01. Determinados os graus de liberdade e os níveis de significância passaremos ao uso da tabela de valores de "t" para o nosso exemplo: gl = 58 ∝ = 0,05 t0,05 = 2,00 ∝ = 0,01 t0,01 = 2,660 3o Passo: Comparar a razão "t" (calculada) com o valor de "t" tabelado. Se: "t" (calculado) ≥ "t" (tabelado), iremos rejeitar Ho e aceitaremos He, ou seja, concluiremos que: _ _ X1 ≠ X2 Para o nosso exemplo teremos: t (calculado) = 3,41 t0,05 = 2,0 t0,01 = 2,660 Se: "t" (calculado) for (tabelado), aceitaremos concluindo que: _ _ X1 = X2 < "t" Ho, Como t (calculado) foi maior que t0,01 rejeitamos Ho e concluímos que as médias são diferentes. Portanto o resultado médio apresentado pelas alunas do colégio A foi inferior ao resultado apresentado pelas escolares de 12 anos da rede oficial de ensino. Tal fato indica que a professora deverá desenvolver um trabalho visando melhorar a força de membros inferiores de suas alunas. Amostras independentes com número de elementos diferentes: Vamos supor que um técnico de voleibol deseja comparar o resultado médio de um teste de 50 metros com o resultado médio apresentado, no mesmo teste, por uma equipe de basquetebol. _ _ X1 = 7,6 segundos - resultado da equipe X2 = 7,2 segundos - resultado médio da equipe S1 = 0,41 de voleibol S2 = 0,56 de basquetebol N2 = 10 N2 = 12 O técnico gostaria de saber se, na realidade, sua equipe possui menor velocidade que a equipe de basquetebol. Teremos então, a hipótese inicial: _ _ _ _ e a hipótese experimental He: X1 ≠ X2 Ho: X1 = X2 O procedimento para aplicação do teste de hipótese, quando as amostras apresentam número de elementos diferentes será o seguinte: 1o Passo: Cálculo da razão "t" t = X1 X2 √ N1 x (S1)2 + N2 x (S2)2 x ( 1 + 1 ) N1 + N2 - 2 N 1 N2 No nosso exemplo teremos: t= 7,6 - 7,2 √12 x (0,41)2 + 10 x (0,56)2 x (1 + 1) 12 + 10 - 2 12 10 t = 1,82 2o Passo: Comparar a razão "t" (calculado) com o valor de "t" tabelado t (calculado) = 1,82 100 t 0,05 = 2,086 t 0,01 = 2,845 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras Como t calculado é menor que os valores de "t" tabelado para 0,05 e 0,01, aceitaremos Ho, ou seja, concluiremos que as médias não diferem significativamente. Portanto podemos afirmar que as duas equipes, a de voleibol e a de basquetebol, possuem em média a mesma velocidade. Amostras Dependentes: O teste de hipótese para duas amostras dependentes caracteriza-se pela comparação de duas médias, pertencentes a uma mesma amostra, em um mesmo teste, realizado em momentos distintos: teste de reteste. Para ilustrarmos, passo a passo, o procedimento para a situação comparativa (antes e depois), vamos levantar o seguinte problema: "Um técnico de basquetebol deseja comparar os resultados médios de um teste cicloergométrico realizado pela sua equipe ao início da fase de treinamento (1o teste) e após dois meses (2o teste)." O resultado de cada atleta foi o seguinte: ATLETAS x1 x2 x1 - x2 D2 1.............................. 48 .............................52 .............................-4 ........................... 16 2.............................. 40 .............................42 .............................-2 ............................. 4 3.............................. 42 .............................44 .............................-2 ............................. 4 4.............................. 46 .............................46 ............................ 0............................. 0 5.............................. 54 .............................52 ............................ 2............................. 4 6.............................. 48 .............................48 ............................ 0............................. 0 7.............................. 57 .............................49 .............................-2 ............................. 4 8.............................. 50 .............................53 .............................-3 ............................. 9 9.............................. 48 .............................50 .............................-2 ............................. 4 10 ............................. 51 .............................52 .............................-1 ............................. 1 ∑ = 46 x1 - resultado do 1o teste x2 - resultado do 2o teste _ X1 = 47,4 ml.kg-1.min.-1 _ X2 = 48,8 ml.kg-1.min.-1 O objetivo do técnico ao analisar as médias apresentadas pela equipe (1o. teste e 2o. teste) é determinar se a equipe melhorou ou não seu consumo de oxigênio após dois meses de treinamento. _ _ _ _ Nossa hipótese inicial será Ho: X1 = X2 e a hipótese experimental He: X1 ≠ X2 Os passos para aplicação do teste de hipótese serão os seguintes: o 1 Passo: Cálculo do desvio padrão da diferença: 2o Passo: Cálculo da razão "t" S = √∑ D2 N t = S = √ 46 10 (X1 - X2)2 (47,4 - 48,8)2 X1 - X2 S x (√ N - 1) t = 47,4 - 48,8 x 3 1,62 S = 1,62 t = - 2,59 3o Passo:Determinação do valor de "t" na Tabela 1 gl = N - 1 N - refere-se ao tamanho da amostra e não ao número total de resultados gl = 10 - 1 gl = 9 ∝ = 0,05 t 0,05 = 2,262 ∝ = 0,01 t0.01 = 3,250 4o Passo: Comparação da razão "t" calculada com o valor de "t" tabelado t (Calculado) = -2,59 t 0.05 = 2,262 t 0,01 = 3,250 A comparação entre o "t" calculado e o "t" tabelado é feita em módulo, ou seja, não precisamos nos preocupar quando o t calculado for negativo, pois o módulo será positivo. Portanto neste exemplo, "t" calculado é maior que "t" tabelado (t 0,05), e assim rejeitamos Ho e concluiremos que os resultados médios apresentados pela equipe no 1o e 2o teste diferem significativamente. Podemos afirmar com 95% de confiança, que a equipe melhorou o consumo de oxigênio no 2° teste. 101 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras Ao concluirmos este capítulo dedicado a aspectos estatísticos, gostaríamos de lembrar que os procedimentos aqui mencionados correspondem aos passos básicos para uma análise estatística de um conjunto de resultados, sendo que aqueles que necessitarem de maiores subsídios poderão consultar as leituras referidas. Gráfico 1 Teste de Impulsão Vertical - resultados Gráfico 2 Teste de 50 m - resultados de esportistas f Seg. M F 7 6 9 5 4 8 3 2 7 1 40 41 42 43 44 45 46 47 48 cm Voleibol Basquetebol Natação Gráfico 3 Relação entre idade e altura Figura 1 - Distribuição Normal cm 180 170 160 150 140 130 10 11 12 13 14 15 16 17 18 idade 9. CORRELAÇÃO A existência, ou não, de uma relação entre duas variáveis é sempre motivo de indagação a todos aqueles que se interessam por uma análise científica do esporte. Sabemos que o peso e altura são variáveis correlacionadas, pois, quanto mais alta a pessoa, maior tende a ser seu peso. Existem, porém, exceções à regra; pois algumas pessoas baixas possuem peso maior, Devemos lembrar, no entanto, que a existência de uma relação ou associação entre duas variáveis, não indica obrigatoriamente uma relação causa-efeito. As correlações variam com respeito a sua força e sentido. Quanto ao sentido a correlação pode ser classificada em: positiva ou negativa. Em uma correlação positiva os indivíduos que obtêm altos valores em uma determinada variável (X) tendem a obter, também, altos valores em uma outra variável (Y). Se tomarmos, por exemplo, a relação existente entre idade e peso, teremos representada uma correlação positiva, pois aumentando a idade, a tendência é o indivíduo aumentar o peso, pelo menos até certa época da vida. A correlação negativa indica que indivíduos com altos valores na variável (X), tendem a ter baixo valores na variável (Y). Podemos citar por exemplo a relação entre a distâncias coberta em 40 segundos e o tempo no teste de corrida de 50 metros. 102 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras As diferenças quanto à força de correlação, poderão ser visualizadas através de um diagrama, denominado diagrama de dispersão (Gráfico 1 e 2), que é um gráfico capaz de mostrar a maneira pela qual os valores de duas variáveis (X e Y) distribuem-se ao longo da faixa dos possíveis resultados. Com convenção, adotou-se que a variável X deve se localizar no eixo horizontal, enquanto que a variável Y, no eixo vertical. Observando os gráficos 1 e 2, poderemos notar que à medida que os pontos, no diagrama de dispersão, mais compactamente se agrupam em torno de uma reta imaginária, maior será a força da correlação entre as variáveis. Portanto o gráfico 1 representa a existência de uma correlação mais forte entre as variáveis X e Y do que o gráfico 2. A força e sentido da correlação, é determinada numericamente através do cálculo de coeficiente de correlação de Pearson (r). Tal coeficiente de correlação (r) consiste de um valor que varia de : - 1,0 interpretação feita através da seguinte escala: 0 0,20 0,40 0,70 0,90 < ≤ ≤ ≤ ≤ r r r r r ≤ ≤ ≤ ≤ ≤ + 1,0, sendo sua 0,19 ............................................................................... correlação fraca 0,39 ............................................................................... correlação baixa 0,69 ............................................................................... correlação moderada 0,89 ............................................................................... correlação alta 1,00 ............................................................................... correlação muito alta Esta classificação é válida tanto para valores positivos como valores negativos; assim sendo, um r = 0,40 representa uma correlação negativa moderada enquanto que para um r = + 0,80 teremos uma correlação positiva alta. Podemos observar que uma correlação de - 0,10 e + 0,10 tem a mesma força, só variando em relação ao sentido, e quanto mais próximo de 1,0, em ambos os sentidos, maior será a sua força. A fórmula para a determinação do coeficiência de correlação de PEARSON (r) é dada por: r= N . ∑ XY - (∑ X) . (∑ Y) √ [N . ∑ X2 - (∑ X)2 ] . [N . ∑ Y2 - (∑ Y)2 ] Para uma aplicação prática do cálculo do coeficiente de correlação vamos supor o seguinte exemplo: “Um técnico de voleibol deseja saber se existe uma relação entre os resultados de um teste de impulsão vertical e altura de bloqueio de seus atletas”. 103 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras Vamos necessitar, portanto, dos resultados de cada atleta no teste de impulsão vertical e no teste de altura de bloqueio. Atletas 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 r= Impulsão Vertical (X) 74 73 81 66 62 79 78 70 80 71 74 ∑ = 808 Altura do Bloqueio (Y) 76 80 79 66 64 81 85 73 82 70 81 ∑ = 837 X.Y X 2 Y2 5624 5840 6399 4356 3968 6399 6630 5110 6560 4970 5994 ∑ = 61850 5476 5329 6561 4356 3844 6241 6084 4900 6400 5041 5476 ∑ = 59708 5776 6400 6241 4356 4096 6561 7225 5329 6724 4900 6561 ∑ = 64169 11 . 61850 - (808) . (837) √ [11 . 59708 - (808)2 ] . [11 . 64169 - (837)2 ] r = √ 680350 - 676296 [656788 - 652864] . [705859 - 700569] r = 0,89 Portanto concluímos que as variáveis: altura de bloqueio e impulsão vertical possuem uma relação positiva alta. Em outras palavras, os atletas que apresentaram altos valores no teste de impulsão vertical tenderam também a apresentar resultados elevados quanto a altura do bloqueio. O coeficiente de correlação de PEARSON nos dá uma medida precisa da força e do sentido da correlação existente entre as variáveis, na amostra estudada. Se tivermos extraído uma amostra aleatória de uma particular população, poderemos ainda querer verificar se associação obtida entre X e Y existe de fato na população, e não resulta meramente de erro amostral. Para testarmos a significância do r calculado podemos consultar a tabela 2, onde figura uma lista de valores significantes do r de PEARSON aos níveis de significância de 0,05 e 0,01. A primeira coluna refere-se aos graus de liberdade que será determinado por: gl = N - 2 sendo N - o número de pares de resultados Se compararmos o valor de r (calculado) com o valor de r (tabelado) poderemos obter as seguintes conclusões: ªSe: r (calculado) for maior ou igual ao r (tabelado) concluímos que existe correlação na população. ªSe: r (calculado) for menor ao r (tabelado) então não existirá correlação na população. Voltando ao nosso exemplo teremos: r = 0,89 gl = N - 2 .........................gl = 11 - 2 = 9 ∝ = 0,05...........................teremos 0,6021 (valor tabelado) ∝ = 0,01...........................teremos 0,7348 (valor tabelado) Como r (calculado) é maior que o valor de r para 0,01 concluímos que nossos resultados sugerem a existência de correlação entre “impulsão vertical” e “altura do bloqueio” também para a população, sendo esta afirmação feita com 99% de confiança. Comentários: Ao concluirmos esta parte dedicada a aspectos estatísticos, gostaríamos de lembrar que os procedimentos aqui mencionados (medidas de centro, dispersão, de comparação e correlação) correspondem aos passos básicos, sendo que aqueles que desejarem ou necessitarem de maiores subsídios ou de uma análise estatística mais profunda, poderão consultar as leituras referidas. 104 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras Y cm Y 50 s 8 40 30 7 20 X 40 50 60 70 kg Gráfico 2 - Diagrama de dispersão: peso (x) e teste de impulso vertical (Y) 6 260 280 300 320 x metros Gráfico 1 - Diagrama de dispersão: teste de velocidade 40 s (X) e teste de velocidade de 50m (Y) Tabela 1 - Valores de “t” aos níveis de significância de 0,05 e 0,01 gl 0,05 0,01 gl 0,05 0,01 01 12,702 63,657 18 2,101 2,878 02 4,303 9,925 19 2,093 2,861 03 3,182 5,841 20 2,086 2,845 04 2,771 4,604 21 2,080 2,831 05 2,571 4,032 22 2,074 2,819 06 2,447 3,707 23 2,069 2,807 07 2,365 3,499 24 2,064 2,797 08 2,306 3,355 25 2,060 2,787 09 2,262 3,250 26 2,056 2,779 10 2,228 3,169 27 2,052 2,771 11 2,201 3,106 28 2,048 2,763 12 2,179 3,055 29 2,045 2,756 13 2,160 3,012 30 2,042 2,750 14 2,145 2,977 40 2,021 2,704 15 2,131 2,947 60 2,000 2,660 16 2,120 2,921 120 1,980 2,617 17 2,110 2,898 oo 1,960 2,576 Tabela 2 - Valores do coeficiente de níveis de 0,05 e 0,01 gl 0,05 0,01 gl 01 0,99692 0,999877 16 02 0,95000 0,990000 17 03 0,8783 0,95873 18 04 0,8114 0,91720 19 05 0,7545 0,8745 20 06 0,7067 0,8343 25 07 0,6664 0,7977 30 08 0,6319 0,7646 35 09 0,6021 0,7348 40 10 0,5760 0,7079 45 11 0,5529 0,6835 50 12 0,5324 0,6614 60 13 0,5139 0,6411 70 14 0,4973 0,6226 80 15 0,4821 0,6055 90 correlação para os 0,05 0,4683 0,4555 0,4438 0,4329 0,4227 0,3809 0,3494 0,3246 0,3044 0,2875 0,2732 0,2500 0,2319 0,2172 0,2050 0,01 0,5897 0,5751 0,5614 0,5487 0,5368 0,4869 0,4487 0,4182 0,3932 0,3721 0,3541 0,3248 0,3017 0,2830 0,2673 10. MATEMÁTICA BÁSICA Números Negativos: Os números negativos são precedidos por um sinal de menos. Assim sendo, é importante recordar as regras que se seguem, a respeito das operações aritméticas envolvendo números negativos: 1. A adição de um número negativo conduz ao mesmo resultado que subtração de um número positivo de mesma magnitude: 6 + (- 4) = 2 10 + (- 3) = 7 6 + (- 8) = - 2 10 + (-23) = -13 -6 + (- 3) = - 9 -10 + (- 7) = - 7 2. A subtração de um número negativo conduz ao mesmo resultado que a adição de um número positivo de mesma magnitude: 5 (- 7) = 12 8 (- 6) = 14 -5 (- 3) = -2 -8 (- 4) = -4 -5 (-12) = 7 -8 (-10) = 2 3. A multiplicação ou divisão de um número por 4. A multiplicação ou divisão de um número por 105 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras outro de sinal negativo: 2 (- 4) 9 (-10) contrário produz um resultado x x ÷ ÷ (-3) 5 (-3) 2 = = = = - 6 -20 - 3 - 5 outro de mesmo sinal (positivo ou negativo) produz um resultado positivo: 3 x 4 = 12 (- 3) x (-2) = 6 10 ÷ 5 = 2 (-15) ÷ (-3) = 5 Expoentes: Os expoentes são números escritos acima e imediatamente após um número de base, indicando o número de vezes que o número de base será multiplicado por ele mesmo, para se obter o resultado: 52 = 5 x 5 = 25 33 = 3 x 3 x 3 = 27 Raízes Quadradas: Encontrar a raiz quadrada de um número é a operação inversa de um número ao quadrado (multiplicar um número por ele mesmo). A raiz quadrada de um número resulta no número original quando multiplicamos por ele mesmo. A raiz quadrada de 25 é 5, e a de 9 é 3. Usando-se a notação matemática, estas relações são expressas da seguinte forma: √ 25 = 5 √9 =3 Como (-5) multiplicado por ele mesmo também é igual a 25, (-5) também é a raiz quadrada de 25. As notações abaixo são usadas, algumas vezes, para indicar que as raízes quadradas podem ser tanto positivas quanto negativas: √ 25 = ± 5 √9 = ±3 Ordem das Operações: Quando um cálculo compreende mais do que uma operação simples, uma série de regras devem ser usadas para se obter o resultado correto. Estas regras estão resumidas a seguir: 1. A adição e a subtração tem prioridade igual; estas operações são resolvidas da esquerda para a direita quando ocorrem em uma equação: 7–3+5=4+5=9 5 + 2 – 1 + 10 = 7 – 1 + 10 = 6 + 10 = 16 2. A multiplicação e a divisão tem prioridade igual; estas operações são resolvidas da esquerda para a direita quando ocorrem em uma equação: 10 ÷5 x 4 = 2 x 4 = 8 20 ÷ 4 x 3 ÷ 5 = 5 x 3 ÷5 = 15 ÷ 5 = 3 3. A multiplicação e a divisão tem prioridade sobre a adição e a subtração. Em cálculos que compreendam alguma combinação de operações com níveis de prioridade diferentes, a multiplicação e a divisão são resolvidas primeiro, antes da adição e da subtração: 3 + 18 ÷ 6 = 3 + 3 = 6 9 - 2 x 3 + 7 = 9 - 6 +7 = 3 + 7 = 10 8÷4+5-2x2=2+5-2x2=2+5-4=7-4=3 4. Quando se usam parênteses ( ), colchetes [ ] OU chaves { }, as operações que estão dentro deles são executadas primeiro, antes que as regras de prioridade sejam aplicadas: 2 x 7 + (10 - 5) = 2 x 7 + 5 = 14 + 5 = 19 20 ÷ (2 + 2) - 3 x 4 = 20 ÷ 4 - 3 x 4 = 5 - 3 x 4 = 5 - 12 = -7 Percentagens: Uma percentagem é uma parte O número 29,6 é 37% de 80. Se você deseja determinar de 100. Desta forma, 37% representam 37 que porcentagem do número 55 é igual a 42, multiplique partes de 100. Para encontrar 37% de 80, a fração por 100%: 42 x 100% = 76,4% multiplique o número 80 por 0,37: 55 80 x 0,37 = 29,6 Capítulo VIII O ÍNDICE Z Para tornar mais operacional este tipo de 106 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras X z 36,12 -1 38,04 +1 39,96 Gráfico 5.1 - Média e Desvio com índice z +1 e -1 do diâmetro biacromial do modelo análise, Ross e Wilson aplicaram o conceito estatístico de z no estudo de proporcionalidade. O índice z expressa, em bio-estatística, a distância de um determinado ponto da curva normal das probabilidades ao seu meio, representado pela média. Em proporcionalidade este índice expressará a distância em termos de desvio-padrão entre o valor numérico de uma variável e a média do Modelo para esta mesma medida. O gráfico 01 nos mostra um exemplo que relaciona o comprimento do diâmetro biacromial do Modelo, caracterizado como tendência central ou média, em 38,04cm, com + 1 desvio-padrão, que é indicado pelos índices z - l = 36,12 e z + l = 39,96. O cálculo do índice z para a análise de uma medida é feito através da equação: z = 1 [ L ( 170,18 )d - p ] S H Onde: z= S= L= H= P= d= índice z da medida estudada desvio-padrão do modelo relativo à mesma variável medida do indivíduo estudado altura do indivíduo estudado medida do modelo para a variável estudada expoente → 1 para medida linear (L), → 2 para medida de superfície (L2) e → 3 para medida de volume (L3) Desde logo torna-se evidente a impossibilidade de calcular o índice z da altura do vértex (estatural, pois matematicamente o resultado será sempre igual a zero, sejam quais forem os valores utilizados na equação. Com o objetivo de melhor assimilar esta fórmula, vamos calcular o índice z do diâmetro bitrocanteriano de uma ginasta. Inicialmente verificamos sua estatura no estadiômetro: o valor encontrado é 142,3cm. Usando o antropômetro, determinamos seu diâmetro bitrocanteriano, sempre com o cuidado de não medir sobre qualquer tipo de vestimenta, por mais delgada que seja. 0 valor lido é 28,4cm. Verificamos a seguir nas tabelas do Modelo os valores para a altura do vértex, o diâmetro bitrocanteriano e seu desvio. Encontramos, respectivamente, os valores de 170,18cm, 32,66cm e 1,80cm. Assim, teremos: Para a atleta H = 142,3cm L = 28,4cm z=? d=l (medida linear) Para o Modelo V = 170,18cm P = 32,66cm S = 1,80cm 1 x [ 28,4 ( 170,18 )1 - 32,66 ] Substituindo na equação: z = 1 [ L ( 170,18)d - P ] = S H 1,80 142,3 Calculando: Z = 0,55 [28,4 (1,19) - 32,663 = 0,55 [33,79 - 32,66] Z = 0,55 [1,13] = 0,72 Z = + 0,72 Convém sempre colocar o sinal + antes do resultado, para indicar o sentido de proporcionalmente maior. Assim, nossa atleta tem o diâmetro bitrocanteriano proporcionalmente maior do que o Modelo. Vamos analisar agora o comprimento de membro superior de um voleibolista, cuja estatura é de 193,5cm. O comprimento de qualquer segmento corporal é expresso pela diferença entre a altura do ponto anatômico superior e a altura do ponto anatômico inferior. No caso, medimos com o antropômetro 158,5cm para a altura acromial e 76,l cm para a altura dactiloidal, as duas medidas tomadas no lado direito, de acordo com as normas propostas pelo Comitê Internacional de Cineantropometria. O comprimento do 107 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras membro superior (CMS) do nosso atleta será então: CMS = altura acromial - altura dactiloidal substituindo pelos dados do nosso exemplo; CMS = 158,5 - 76,1 = 82,4cm Os comprimentos do Modelo, determinados de forma idêntica, são encontrados no quadro 9. Quadro 5.7 - Componentes Médios e Desvio-Padrão do Modelo Comprimentos Membro superior (acromial-dactiloidal) Braço (acromial-radial) Antebraço (radial-estiloidal) Mão (estiloidal-dactiloidal) Membro inferior (vértex-altura sentada) Coxa (membro inferior-tibial) Perna (tibial-maleolar) Pé (do pternial ao acropodial) Média 75,95 32,53 24,57 18,85 79,40 32,42 38,97 25,50 Desvio 3,64 1,77 1,37 0,85 3,97 1,66 2,22 1,16 ROSS, W. & WILSON, N. A Stratagem for Proportional Growth Assessment. Acta Paediatrica Belgica. Bruxelles, supp. 28:169-82, 1974. Para o membro superior do Modelo o valor é 75,95cm, com desvio de 3,64cm. A altura do vértex, já sabemos, é 170,18cm. Assim teremos: Para o atleta H = 193,5 cm L = 82,4cm z=? Substituindo na equação: z = 1 S d=l (medida linear) Para o Modelo V = 170,18 cm P = 75,95 cm S = 3,64 cm [ L (170,18)d - p ] = 1 [ 82,4 ( 170,18)1 - 75,95 ] H 3,64 193,5 Calculando: z = 0,27 [82,4 (0,87) - 75,95] = 0,27 [71,68 - 75,95] z = 0,27 [-4,27] z = -1,15 O sinal negativo indica que o atleta tem um comprimento de braço proporcionalmente menor do que o Modelo. Estes dois exemplos nos dão uma idéia exata de proporcionalidade. A ginasta, embora pequena, tem seu diâmetro bitrocanteriano proporcionalmente maior do que o Modelo, enquanto o jogador de vôlei, embora muito alto, tem seu membro superior proporcionalmente menor do que o Modelo. 108 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras Capítulo IX SISTEMA CARDIOVASCULAR O sistema cardiovascular, que funciona no sentido de integrar o corpo como uma unidade, proporciona aos músculos uma corrente contínua de nutrientes e oxigênio, de forma que pode ser mantido um alto rendimento energético por um período de tempo considerável. Por outro lado, os co-produtos do metabolismo são removidos rapidamente do local da liberação de energia, através da circulação. Fig. 1 - Vista esquemática do sistema cardiovascular, que consiste no coração e nos circuitos vasculares pulmonar e sistêmico. O vermelho mais escuro indica o sangue arterial rico em oxigênio, enquanto o sangue venoso desoxigenado e ligeiramente mais pálido. No circuito pulmonar, a situação se inverte e o sangue oxigenado retorna ao coração nas veias pulmonares. 1. COMPONENTES DO SISTEMA CARDIOVASCULAR O sistema cardiovascular é um circuito vascular contínuo, formado por uma bomba, um circuito de distribuição de alta pressão, canais de permuta e um circuito de coleta e retorno de baixa pressão. Uma visão esquemática desse sistema é apresentada na Fig. 1. Coração: O coração proporciona o impulso para o fluxo sangüíneo. Fica localizado na parte centro mediana da cavidade torácica, com aproximadamente dois terços de sua massa à esquerda da linha média do corpo. Embora esse órgão muscular com quatro câmaras pese menos de 0,5 kg, consegue bater tão constante e poderosamente que a força gerada durante seus 40 milhões de batimentos por ano poderia levantar seu proprietário até 160.000 m acima da terra. Mesmo para uma pessoa de aptidão média, o rendimento máximo do sangue proveniente desse órgão extraordinário é maior que o rendimento do líquido proveniente de uma torneira caseira totalmente aberta. O músculo cardíaco, ou miocárdio, é um tipo de músculo estriado semelhante ao músculo esquelético. As fibras individuais, porém, são células multinucleadas interligadas à maneira de uma treliça. Consequentemente, quando uma célula é estimulada ou despolarizada, os potenciais de ação se espalham através do miocárdio para todas as células, fazendo o coração funcionar como uma unidade. 109 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras Funcionalmente, o coração pode ser encarado como duas bombas separadas. As câmaras ocas que formam o lado direito do coração (coração direito) desempenham duas funções importantes: (1) recebem o sangue que retorna de todas as partes do corpo e (2) bombeiam o sangue para os pulmões para a aeração por intermédio da circulação pulmonar. O coração esquerdo recebe o sangue oxigenado proveniente dos pulmões e o bombeia para dentro da aorta de paredes musculares espessas, para ser distribuído através de todo o corpo na circulação sistêmica. Uma parede muscular sólida e espessa, ou septo, separa os lados esquerdo e direito do coração. As válvulas atrioventriculares localizadas no coração permitem a passagem unidirecional do sangue do átrio direito para o ventrículo direito (válvula tricúspide) e do átrio esquerdo para o ventrículo esquerdo (válvula mitral ou bicúspide). As válvulas semilunares, localizadas na parede arterial imediatamente por fora do coração, impedem o fluxo retrógrado do sangue para dentro do coração, entre as contrações. As câmaras atriais saculiformes com paredes relativamente finas funcionam como bombas preparadoras (escorvadoras), destinadas a receber e armazenar o sangue durante o período de contração ventricular. Aproximadamente 70% do sangue que retorna para os átrios fluem diretamente para dentro do ventrículo antes da contração atrial. A contração simultânea de ambos os átrios, a seguir, força o sangue restante para dentro de seus ventrículos respectivos, localizados logo abaixo. Quase imediatamente após a contração atrial, os ventrículos se contraem e forçam o sangue para dentro do sistema arterial. À medida que a pressão ventricular aumenta, as válvulas atrioventriculares se mantém fechadas. As válvulas cardíacas permanecem fechadas por 0,02 a 0,06 segundo. Esse curto intervalo de aumento da pressão ventricular, durante o qual o volume cardíaco e o comprimento das fibras permanecem inalterados, representa o período de contração isso-volumétrica do coração. O sangue é ejetado do coração quando a pressão ventricular ultrapassa a pressão arterial. Pela natureza do arranjo espiralado e circular das faixas do músculo cardíaco, o sangue é virtualmente "espremido para fora" do coração a cada contração. 1. SISTEMA ARTERIAL Artérias: As artérias são os tubos de alta pressão que conduzem o sangue rico em oxigênio para os tecidos. As artérias são formadas por camadas de tecido conjuntivo e músculo liso. As paredes desses vasos são tão espessas que não se processa qualquer permuta gasosa entre o sangue arterial e os tecidos circundantes. O sangue bombeado a partir do ventrículo esquerdo para dentro da aorta de paredes bastante musculares, porém elásticas, acaba sendo distribuído por todo o corpo, através de ramos arteriais menores denominados arteríolas. As paredes das arteríolas são formadas por camadas circulares de músculo liso que se contraem ou se relaxam para regular o fluxo sangüíneo periférico. A capacidade desses "vasos de resistência" alterarem drasticamente seu diâmetro interno é que proporciona um meio rápido e eficiente de regular o fluxo sangüíneo através do circuito vascular. Essa função de redistribuição é particularmente importante durante o exercício, pois o sangue pode ser desviado para os músculos ativos, a partir de áreas cujo suprimento sangüíneo pode ser comprometido temporariamente sem conseqüências adversas. Pressão Arterial: Uma onda de sangue penetra na aorta a cada contração do ventrículo esquerdo. Como os vasos periféricos não permitem que o sangue "escoe" do sistema arterial tão rapidamente como é ejetado do coração, parte do sangue bombeado pelo coração é "armazenada" na aorta. Isso cria uma certa pressão dentro de todo o sistema arterial e acarreta uma onda de pressão que se desloca da aorta até os ramos mais afastados da árvore arterial. Essa distensão e o subsequente recuo elástico da parede arterial durante um ciclo cardíaco podem ser percebidos prontamente sob a forma de "pulso" característico em qualquer artéria superficial do organismo. Nos indivíduos sadios, a freqüência do pulso e a freqüência cardíaca são idênticas. Pressão Sistólica: Em repouso, a pressão mais alta gerada pelo coração costuma ser de aproximadamente 120 mm Hg durante a contração, ou sístole, do ventrículo esquerdo. O ponto de referência para essa mensuração costuma ser a artéria braquial, com o braço colocado no nível do átrio direito. A pressão sistólica permite fazer uma estimativa do trabalho do coração e da tensão que agem contra as paredes arteriais durante a contração ventricular. A medida que o coração se relaxa e as válvulas aórticas se fecham, a retração elástica natural do sistema arterial proporciona uma cabeça de pressão contínua, capaz de manter um fluxo constante de sangue para a periferia, até a próxima onda de sangue. Pressão Diastólica: Durante a diástole, ou a fase de relaxamento do ciclo cardíaco, a pressão arterial cai para 70 ou 80 mm Hg. A pressão diastólica proporciona uma indicação da resistência periférica e da facilidade com que o sangue flui das arteríolas para dentro dos capilares. Quando a resistência é alta, a pressão dentro das artérias após a sístole não é dissipada e continua elevada durante grande parte do ciclo cardíaco. A Fig. 2 ilustra a mensuração das pressões sistólica e diastólica pelo método comum de auscultação (ausculta). 110 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras Primeira Etapa Segunda Etapa Terceira Etapa Artéria Braquial A pressão no manguito ultrapassa a sistólica (ausência de som) Artéria braquial fechada Pressão no manguito abaixo de 120, porém acima de 70 (som leve) Pressão no manguito abaixo da diastólica (ausência de som) Primeira etapa: Um manguito de pressão, denominado esfigmomanômetro, é insuflado até que sua pressão ultrapasse a pressão sistólica ou a pressão mais alta dentro da artéria. O fluxo sangüíneo é ocluído e o pulso braquial (no nível da fossa do cotovelo) deixa de ser palpado ou ouvido (auscultado). Observar a restrição de sangue através da artéria braquial. Segunda etapa: A pressão dentro do manguito é reduzida por pequenos acréscimos e o examinador escuta até perceber um ruído fraco. Isso representa o sangue que flui através da artéria braquial. A pressão exercida sobre as paredes das artérias quando ocorrem os primeiros sons fracos recebe a denominação de pressão sistólica. Terceira etapa: À medida que a pressão no manguito cai cada vez mais, sons distintos continuam sendo ouvidos quando o sangue flui através da artéria por períodos mais longos do ciclo cardíaco. A pressão na artéria quando os sons desaparecem constitui a pressão diastólica. Pressão Média: As pressões sistólica e diastólica médias para adultos jovens em repouso são de aproximadamente 120 e 80 mm Hg, respectivamente. Como o coração se mantém em diástole por mais tempo que em sístole, a pressão arterial média é ligeiramente menor que a simples média das pressões sistólica e diastólica. Assim sendo, a pressão arterial média em adultos jovens sadios em repouso é de aproximadamente 96 mm Hg. Essa pressão representa a força média exercida pelo sangue contra as paredes das artérias durante todo o ciclo cardíaco. Capilares: As arteríolas continuam ramificando-se e formam vasos menores e menos musculares, denominados metarteríolas. Estas terminam numa rede de vasos sangüíneos microscópicos, denominados capilares. Em geral, esses vasos contêm cerca de 5% do volume sangüíneo total. A parede capilar consiste apenas em uma única camada de células endoteliais. Alguns capilares são tão estreitos que proporcionam espaço para a passagem espremida de apenas uma célula sangüínea, em fila única. Em muitos casos, a proliferação de capilares é tão extensa que as paredes desses vasos sangüíneos na verdade entram em contato com as membranas das células circundantes. É provável que a densidade capilar do músculo esquelético humano fique entre 2.000 e 3.000 capilares por milímetro quadrado de tecido. Essa densidade é ainda maior no músculo cardíaco; assim sendo, nenhuma célula fica a uma distância superior a 0,008 mm de seu capilar mais próximo. O diâmetro da abertura capilar é controlado por um anel de músculo liso, o esfíncter pré-capilar, que circunda o vaso em sua origem. A ação desse esfíncter é extremamente importante no exercício, proporcionando um meio local para regular o fluxo sangüíneo capilar dentro de um tecido específico, a fim de satisfazer suas necessidades metabólicas. A ramificação da microcirculação resulta num aumento na área de corte transversal desses vasos periféricos, que é cerca de 800 vezes maior que aquela do diâmetro da aorta, que é de 2,5 cm. Como a velocidade do fluxo sangüíneo é inversamente proporcional ao corte transversal da árvore vascular, observa-se uma redução progressiva na velocidade, à medida que o sangue se desloca na direção dos capilares e penetra nos mesmos. Assim sendo, é necessário um período de cerca de um segundo e meio para uma célula sangüínea passar através de um capilar médio. A superfície total das paredes capilares é mais de 100 vezes maior que a superfície externa de um homem adulto médio. Quando essa enorme superfície é combinada com um ritmo lento do fluxo sangüíneo, passa a existir um meio extremamente eficiente para a permuta entre o sangue e os tecidos. Veias: A continuidade do sistema vascular é mantida quando os capilares lançam o sangue desoxigenado, quase que por gotejamento, para dentro das vênulas ou das pequenas veias com as quais se unem. A seguir, o fluxo sangüíneo aumenta um pouco, pois a área da secção transversal do sistema venoso agora é menor que aquela dos capilares. As veias menores na parte inferior do corpo acabam desaguando para dentro da maior veia da organismo, a veia cava inferior, que percorre as cavidades abdominal e torácica na direção do coração. O sangue venoso proveniente das regiões da cabeça, do pescoço e dos ombros se lança para dentro da veia cava superior e se desloca inferiormente para unir-se com o da veia cava inferior, no nível do coração. Essa mistura de sangue, proveniente das partes 111 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras superiores e inferiores do corpo, a seguir penetra no átrio direito, de onde desce para o interior do ventrículo direito, a fim de ser bombeada para os pulmões através da artéria pulmonar. As trocas gasosas se processam na rede alveolocapilar dos pulmões e o sangue retorna nas veias pulmonares para o lado esquerdo do coração, a fim de iniciar novamente sua passagem ao redor do corpo. A pressão arterial e o fluxo sangüíneo variam consideravelmente na circulação sistêmica. Na aorta e nas grandes artérias, a pressão arterial flutua entre 120 e 80 mm Hg durante o ciclo cardíaco. A seguir, a pressão cai em proporção direta com a resistência encontrada no circuito vascular. Na extremidade arteriolar dos capilares, o sangue exerce uma pressão média de apenas 30 mm Hg. Quando o sangue penetra nas vênulas, o ímpeto para o fluxo sangüíneo é perdido quase completamente. No momento em que o sangue alcança o átrio direito, a pressão caiu para aproximadamente zero. Como o sistema venoso opera sob uma pressão relativamente baixa, as paredes das veias são muito mais finas e menos musculares que as artérias de paredes espessas e menos distensíveis. Retorno Venoso: A baixa pressão do sangue venoso cria um problema especial, que é resolvido parcialmente por uma característica peculiar das veias. As válvulas membranosas finas semelhantes a abas, distribuídas a pequenos intervalos dentro da veia, permitem um fluxo sangüíneo unidirecional de retorno ao coração. Como o sangue venoso está sob uma pressão relativamente baixa, as veias são comprimidas facilmente pelas mínimas contrações musculares ou até mesmo pelas menores alterações da pressão dentro da cavidade torácica durante o ato da respiração. Essa compressão e relaxamento alternados das veias, assim como a ação unidirecional de suas válvulas, proporcionam uma ação de "ordenha" semelhante à ação do coração. A compressão das veias comunica uma quantidade considerável de energia para o fluxo sangüíneo, enquanto a "diástole" desses vasos faz com que possam encher-se novamente, à medida que o sangue se desloca para o coração. Se não existissem válvulas nesses vasos, o sangue tenderia a estagnar, como ocorre às vezes nas veias das extremidades, e as pessoas desmaiariam cada vez que ficassem de pé, em conseqüência de uma redução no fluxo sangüíneo cerebral. As veias não são meramente tubos passivos. Em repouso, o sistema venoso normalmente contém cerca de 65% do volume sangüíneo total; consequentemente, as veias são consideradas como vasos de capacitância e funcionam como reservatórios de sangue. Um ligeiro aumento na tensão ou no tônus da camada muscular lisa altera o diâmetro da árvore venosa e produz uma redistribuição significativa e rápida do sangue da circulação venosa periférica para o volume sangüíneo central que retorna ao coração. Isso empresta ao sistema venoso um papel muito importante como reservatório sangüíneo ativo, tanto para retardar quanto para fornecer sangue à circulação sistêmica. 2. CAPACIDADE FUNCIONAL DO SISTEMA CARDIOVASCULAR Mensuração do Débito Cardíaco: Débito (rendimento) Cardíaco é o indicador primário da capacidade funcional da circulação para atender as exigências da atividade física. O rendimento do coração, à semelhança de qualquer bomba, é determinado por sua freqüência de bombeamento (freqüência cardíaca) e pela quantidade de sangue impulsionada a cada ejeção sistólica (volume de ejeção). Portanto, o débito cardíaco é assim computado: Débito Cardíaco = Freqüência Cardíaca x Volume de Ejeção litro/minuto Débito Cardíaco = Pressão Arterial Média / Resistência litros/minuto Débito Cardíaco = -1 -1 VO2max (ml.kg .min ) / Dif. A-VO2 litros/minuto O rendimento (débito) é uma mangueira, uma bomba ou uma torneira pode ser determinado facilmente. Basta abrir a válvula, recolher e medir o volume de líquido ejetado e registrar o tempo. No entanto, não é esse o caso na medição do débito cardíaco. Mesmo que se aplicasse esta técnica direta, a ruptura do principal vaso condutor desse débito no sistema circulatório fechado por si só alteraria drasticamente o rendimento (débito). Entretanto, com os progressos feitos na área de engenharia biomédica, fluxômetros eletromagnéticos e ultra-sônicos podem ser implantados cirurgicamente ao redor de uma artéria principal no circuito vascular. Por motivos óbvios, essa técnica costuma ficar limitada à pesquisa animal e comporta pouca aplicação em um ambiente típico de exercício com seres humanos sadios. Os métodos diretos de Fick com diluição do indicador e a reinalação de CO2 são usados comumente nas mensurações feitas em seres humanos. Método Direto de FICK: O débito cardíaco pode ser computado quando se conhece o consumo de oxigênio de uma pessoa durante um minuto e a diferença média entre o conteúdo em oxigênio do sangue arterial e o venoso misto (diferença a-v O2). Assim sendo, a questão a ser respondida é: quanto sangue deve ter circulado durante um minuto para ser responsável pelo consumo de oxigênio observado, na vigência da diferença a-v O2 observada? A fórmula que enuncia a relação entre débito cardíaco, consumo 112 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras de oxigênio e diferença a-v O2 inclui o princípio formulado por Fick em 1870 e recebe a denominação de equação de Fick. Débito Cardíaco (ml.min-1) = Consumo máximo de O2 (ml.min-1) x 100 dif. a-v O2 (ml/ 100ml de sangue) O princípio de Fick para determinar o débito cardíaco está ilustrado abaixo. Nesse exemplo, 250 ml de oxigênio são consumidos durante um minuto em repouso e a diferença a-VO2, durante esse período é, em média, de 5 ml de oxigênio por 100 ml de sangue. Substituindo esses valores na equação de Fick: Débito cardíaco (ml·min-1) = 250 ml de O2 x 100 = 5 ml de O2 5.000 ml de sangue Embora o princípio de Fick seja simples, a medida real do débito cardíaco por essa técnica é complexa e, habitualmente, se limita aos eventos clínicos em que os benefícios da mensuração ultrapassam qualquer risco potencial. A medida do consumo de oxigênio se baseia nos métodos de espirometria com circuito aberto. Um aspecto mais difícil é a obtenção da diferença a-v O2. Uma amostra representativa de sangue arterial pode ser obtida de qualquer artéria sistêmica conveniente, como a artéria femural, radial ou braquial. Apesar de essas artérias serem identificadas facilmente, a punção arterial propriamente dita pode ser traumatizante para o paciente. A amostra do sangue venoso misto apresenta outras dificuldades, pois o sangue em cada veia reflete somente a atividade metabólica da área específica drenada por ela. Para obter-se uma estimativa exata do conteúdo médio de oxigênio do sangue venoso, é necessário colher a amostra de uma "câmara de mistura" anatômica tipo átrio direito, ventrículo direito, ou até mesmo da artéria pulmonar. Isto é conseguido introduzindo-se um pequeno tubo flexível ou cateter através da veia antecubital, penetrando na veia cava superior e terminando dentro do próprio coração direito. A seguir, os sangues arterial e venoso misto são colhidos durante o mesmo período em que é medido o consumo de oxigênio. A técnica direta de Fick tem sido utilizada em numerosos estudos da dinâmica cardiovascular sob inúmeras condições experimentais. De fato, em geral esse método fornece um critério capaz de validar outras técnicas para a mensuração do débito cardíaco. A principal crítica feita ao método está em que, por sua própria natureza invasiva, a dinâmica cardiovascular pode ser alterada durante o período de medição. Assim sendo, e embora o valor obtido para o débito cardíaco possa ser correto, poderá não refletir a resposta cardiovascular "normal" da pessoa numa determinada situação. 3. SISTEMA CARDIOVASCULAR EM REPOUSO Sabemos que o débito cardíaco, em repouso, varia entre 5 a 8,0 litros/minuto em indivíduos destreinados e nos fisicamente aptos. O débito cardíaco (Volume de sangue ejetado na aorta em um minuto) é medido pelo produto do Volume Sistólico (VS) vezes a freqüência cardíaca (FC), ou seja: DC = VS x FC O volume sistólico, em repouso, em indivíduo do sexo masculino destreinado é, em média, 70 a 90 ml por sístole e 100 a 120 ml no indivíduo treinado. Em mulheres destreinadas está entre 50 a 70 ml e de 70 a 90 ml por sístole nas treinadas. Durante a diástole, o enchimento dos ventrículos, normalmente, aumenta o volume de cada ventrículo para cerca de 120 a 130 ml que se denomina Volume Diastólico Final (VDF). Durante a sístole, o ventrículo esvazia-se de 70 a 90 ml (Volume Sistólico). O volume que permanece, cerca de 50 a 60 ml, é denominado Volume Sistólico Final (VSF). 4. DÉBITO CARDÍACO EM REPOUSO O débito cardíaco em repouso mostra uma variação considerável entre os indivíduos. É afetado por condições emocionais que alteram o fluxo anterógrado cortical para os nervos cardio-aceleradores, assim como para os nervos que agem sobre os vasos de resistência ou capacitância. Em média, todo o volume sangüíneo de aproximadamente 5 litros (l) é bombeado pelo ventrículo esquerdo a cada minuto. Esse valor é semelhante para indivíduos tanto treinados quanto destreinados. Destreinados: Para a pessoa média, um débito cardíaco de 5 litros costuma ser gerado com uma freqüência cardíaca de aproximadamente 70 batimentos por minuto. Substituindo esse valor da freqüência cardíaca na equação para débito cardíaco, o volume de ejeção sistólica calculado do coração é igual a 71 ml por batimento. Para as mulheres, os volumes de ejeção habitualmente são 25% inferiores aos valores 113 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras para homens e correspondem a 50 a 70 ml por batimento em repouso. Essa "diferença sexual" é devida essencialmente ao menor tamanho corporal da mulher média, em comparação com o homem médio. Atletas de Endurance: O treinamento de endurance (resistência) faz com que o nódulo sinusal do coração sofra uma influência maior da acetilcolina, o hormônio parassimpático que exerce um efeito desacelerador sobre a freqüência cardíaca. Esse efeito provavelmente é acompanhado por uma redução concomitante na atividade simpática de repouso. Esta adaptação ao treinamento explica, em parte, as freqüências cardíacas em repouso relativamente baixas de muitos atletas de endurance de ambos os sexos. Em geral, suas freqüências cardíacas são, em média, de aproximadamente 50 batimentos por minuto em repouso, porém já foram relatadas freqüências cardíacas inferiores a 40 batimentos por minuto em atletas de endurance aparentemente sadios. Uma bradicardia extrema em repouso não é necessariamente um fenômeno geral em atletas bem treinados. Por exemplo, freqüências de pulso em repouso de 64 a 76 batimentos por minuto foram observadas em Jim Ryun, ex-recordista mundial da corrida de uma milha. Como o débito cardíaco em repouso de atletas de endurance também é de 5 l minuto em média, o sangue circula com o volume de ejeção sistólica proporcionalmente maior de 100 ml/batimento. Os valores médios para débito cardíaco, freqüência cardíaca e volume de ejeção de pessoas treinadas e sedentárias em repouso são assim resumidos: REPOUSO Débito Cardíaco Freqüência Cardíaca x Volume de Ejeção Destreinado 5.000 ml 70 bpm x 71 ml Treinado 5.000 ml 50 bpm x 100 ml Apesar de tais cálculos serem simples, os mecanismos fisiológicos subjacentes ainda são pouco compreendido. Não ficou claro se a bradicardia que ocorre com o treinamento de endurance “causa” um volume de ejeção maior ou vice-versa, pois o próprio miocárdio é fortalecido através do exercício aeróbico. Provavelmente dois fatores operam com o treinamento: (1) o treinamento de endurance aumenta o tônus vagal que torna o coração mais lento e (2) o músculo cardíaco fortalecido pelo treinamento á capaz de uma ejeção mais vigorosa a cada contração. 5. DÉBITO CARDÍACO DURANTE O EXERCÍCIO O fluxo sangüíneo aumenta em proporção à intensidade do exercício. Ao progredir do repouso para o exercício em ritmo estável, o débito cardíaco sofre um rápido aumento, seguido por uma elevação gradual, até alcançar um platô. Neste ponto, o fluxo sangüíneo presumivelmente é suficiente para atender às necessidades metabólicas do exercício. Em homens relativamente sedentários em idade universitária, o débito cardíaco durante o exercício extenuante aumenta cerca de quatro vezes em relação ao nível de repouso, alcançando um máximo de 20 a 22 litros de sangue por minuto. A freqüência cardíaca máxima para esses adultos jovens costuma ser, em média, de aproximadamente 195 batimentos por minuto. Consequentemente, o volume de ejeção em geral é de 103 a 113 ml de sangue por batimento, durante o exercício máximo. Em contraste, atletas de endurance de classe mundial exibem débitos cardíacos máximos de 35 a 40 litros/minuto. Isso é ainda mais impressionante se levarmos em conta que a pessoa treinada pode ter uma freqüência cardíaca máxima ligeiramente menor que a pessoa sedentária de idade semelhante. Assim sendo, o atleta de endurance consegue um grande débito cardíaco, em comparação com seu congênere sedentário, em virtude de um volume de ejeção consideravelmente maior. Por exemplo, o débito cardíaco de um vencedor de medalha olímpica no esqui cross-country aumentou quase oito vezes acima do nível de repouso, alcançando 40 litros/minuto no trabalho máximo, com um volume de ejeção correspondente de 210 ml por batimento. Isto corresponde quase ao dobro do volume de sangue bombeado por batimento, se comparado ao volume máximo de ejeção de pessoas sadias, porém sedentárias, da mesma idade. Para não ficarmos excessivamente impressionados com nosso significado funcional como espécie, já foram relatados débitos cardíacos de 600 ml . min-1 (com um VO2 máx. inerente e 150 ml . kg-1 . min-1) para cavalos de corrida purosangue! 114 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras A capacidade funcional do coração durante o exercício máximo em homens treinados e destreinados é assim resumida: EXERCÍCIO MÁXIMO Débito Cardíaco Freqüência Cardíaca x Volume de Ejeção Destreinado 22.000 ml 195 bpm x 113 ml Treinado 35.000 ml 195 bpm x 179 ml 6. VOLUME DE EJEÇÃO NO EXERCÍCIO Efeitos do Treinamento Um grupo de seis atletas de endurance altamente treinados vinha treinando há vários anos; o outro grupo era formado por três estudantes universitários sedentários. As respostas dos estudantes ao exercício foram avaliadas antes e após um programa de treinamento de 55 dias, destinado a aprimorar sua aptidão aeróbica. Com base nesses dados podem-se tirar várias conclusões importantes: 1) 2) 3) 4) O coração do atleta de endurance exibe um volume de ejeção consideravelmente maior, tanto durante o repouso quanto durante o exercício, que uma pessoa destreinada da mesma idade. Para indivíduos tanto treinados quanto destreinados, o maior aumento no volume de ejeção no exercício realizado na posição ereta ocorre na transição do repouso para o exercício moderado. À medida que o exercício se torna mais intenso, observam-se aumentos apenas pequenos no volume de ejeção. O volume de ejeção máximo é alcançado com 40 a 50% do consumo máximo de oxigênio; isso costuma representar uma freqüência cardíaca de 110 a 120 batimentos por minuto em adultos jovens. O volume de ejeção não diminui nos níveis de exercícios mais intensos. Isto sugere que, até mesmo para freqüências cardíacas rápidas, ainda existe tempo suficiente para o enchimento dos ventrículos durante a diástole, de forma que o volume de ejeção não diminua. Para indivíduos destreinados, existe apenas um pequeno aumento no volume de ejeção na transição do repouso para o exercício. Para esses indivíduos, a maior parte do aumento no débito cardíaco é gerada por uma aceleração na freqüência cardíaca. Para os atletas de endurance treinados, a freqüência cardíaca e o volume de ejeção aumentam para a produção de um débito cardíaco maior, com o aumento no volume de ejeção do atleta sendo em geral de 50 a 60% acima dos valores de repouso. Para indivíduos previamente sedentários, oito semanas de treinamento aeróbico aumentam substancialmente o volume de ejeção, porém esses valores ainda estão bem abaixo dos valores observados em atletas de elite. O grau em que essa diferença reflete um treinamento prolongado, dotes genéticos ou uma combinação de ambos ainda não foi determinado. 7. FREQÜÊNCIA CARDÍACA DURANTE O EXERCÍCIO Efeitos do Treinamento O grande volume de ejeção sistólica de atletas de elite de endurance e os aumentos no volume de ejeção de indivíduos sedentários após treinamento aeróbico em geral são acompanhados por uma redução proporcional na freqüência cardíaca durante o exercício submáximo. As linhas que relacionam freqüência cardíaca a consumo de oxigênio são essencialmente lineares para ambos os grupos durante a maior parte da amplitude do trabalho. Enquanto as freqüências cardíacas dos estudantes destreinados sofriam uma rápida aceleração à medida que a intensidade do exercício aumentava, as freqüências cardíacas dos atletas aumentavam num grau muito menor; isto é, a inclinação da linha de regressão diferia de forma considerável. Consequentemente, um atleta (ou um estudante treinado) com boa resposta cardiovascular ao exercício realizará mais trabalho e alcançará um consumo de oxigênio mais alto antes de chegar a uma determinada freqüência cardíaca submáxima que um estudante sedentário. Para um consumo de oxigênio de 0,2 l/minuto, as freqüências cardíacas dos atletas eram, em média, de 70 batimentos por minuto mais baixas que as dos estudantes sedentários. Após 55 dias de treinamento essa diferença na freqüência cardíaca submáxima ficava reduzida para cerca de 40 batimentos 115 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras por minuto. Em cada caso, o débito cardíaco era aproximadamente o mesmo - a diferença residia no volume de ejeção. 8. DISTRIBUIÇÃO DO DÉBITO CARDÍACO O fluxo sangüíneo para determinados tecidos costuma ser proporcional à sua atividade metabólica. Contudo, o fluxo sangüíneo para os rins, a pele e as áreas esplâncnicas também pode variar com a função fisiológica desses tecidos numa circunstância específica. 9. FLUXO SANGÜÍNEO EM REPOUSO Em repouso num meio ambiente confortável, o débito cardíaco de 5 1itros se distribui aproximadamente na proporção de 27% (Órgão hepático-esplâncnico), 22% (rins), 20% (músculos), 14% (cérebro, 6% (pele), 4% (coração) e 7% (outros). Cerca de uma quinta, parte do débito cardíaco é dirigida ao tecido muscular, enquanto a maior parte do sangue flui para o sistema digestivo, o fígado, o baço, o cérebro e os rins. 10. FLUXO SANGÜÍNEO DURANTE O EXERCÍCIO O fluxo sangüíneo regional durante a atividade física varia consideravelmente na dependência das condições ambientais, do nível da fadiga e do tipo de exercício, porém a maior parte do débito cardíaco induzido pelo exercício é desviada para os músculos em ação. Em repouso, cerca de 4 a 7 ml de sangue são fornecidos por minuto a cada 100 g de músculo. Esse débito aumenta uniformemente, até que, no esforço máximo, o fluxo sangüíneo muscular pode ser de até 50 a 75 m1/100 g de tecido, embora os valores máximos numa quantidade limitada de 100 g de músculo ativo possam alcançar até 300 a 400 ml . min-1 . Isto representa cerca de 85% do débito cardíaco total. 11. DÉBITO CARDÍACO E TRANSPORTE DE OXIGÊNIO Repouso Cada 100 ml de sangue arterial transporta aproximadamente 20 ml de oxigênio ou 200 ml de oxigênio por litro de sangue. A capacidade do sangue de carrear oxigênio em geral varia apenas ligeiramente, pois o seu conteúdo em hemoglobina (média de 15 gramas de hemoglobina por 100 ml de sangue) flutua muito pouco com o grau de treinamento individual. A capacidade de transporte de oxigênio pelo sangue é de 1,34 ml de O2 por cada 1 grama de hemoglobina. Logo, a capacidade é de 20 ml de O2 por cada 100 ml sangue (1,34 x 15), considerando um nível de hemoglobina de 15%. Como cerca de 5 litros de sangue circulam a cada minuto em repouso no caso de adultos treinados e destreinados, potencialmente o corpo dispõe de 1.000 ml de oxigênio (5 litros de sangue x 200 ml de O2 ). Levando-se em conta que o consumo de oxigênio em repouso é, em média, de apenas 250 ml por minuto, cerca de 750 ml de oxigênio retornam ao coração sem terem sido utilizados. Contudo, isso não constitui um desperdício desnecessário do débito cardíaco. Pelo contrário, esse oxigênio extra, acima das necessidades de repouso, representa oxigênio em reserva uma margem de segurança que poderá ser liberada imediatamente caso as necessidades metabólicas aumentem subitamente. Exercício Alguém com uma freqüência cardíaca máxima de 200 batimentos por minuto e um volume de ejeção de 80 ml por batimento gera um débito cardíaco máximo de 16 litros/minuto (200 x 80 ml). Até mesmo durante o exercício máximo, a saturação da hemoglobina com oxigênio é quase completa, de forma que cada litro de sangue arterial carreia cerca de 200 ml de oxigênio. Consequentemente, circulam 3.200 ml de oxigênio a cada minuto, na vigência de um débito cardíaco de 16 l/min (16 x 200 ml de O2). Se todo o oxigênio pudesse ser extraído desse débito cardíaco de 16 litros ao percorrer o corpo, o maior O2 máx. possível seria de 3.200 ml. Entretanto, esse é apenas um dado teórico, pois as necessidades de oxigênio de certos tecidos, como o cérebro, não aumentam muito com o exercício, porém continuam exigindo um suprimento de sangue constante. Qualquer aumento no débito cardíaco máximo afeta diretamente a capacidade de circular oxigênio. Com base no exemplo precedente, se o volume de ejeção do coração aumentasse de 80 para 200 ml por batimento, ao mesmo tempo que a freqüência cardíaca máxima permanecesse inalterada em 200 batimentos por minuto, o débito cardíaco máximo aumentaria drasticamente para 40litros de sangue por minuto. Isto significa que a quantidade de oxigênio que circula a cada minuto no exercício máximo teria aumentado cerca de duas vezes e meia, indo de 3.200 para 8.000 ml. Um aumento no débito cardíaco máximo sem dúvida resulta num aumento proporcional no potencial para metabolismo aeróbico. 116 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 12. DIFERENÇAS NO DÉBITO CARDÍACO ENTRE HOMENS E MULHERES O padrão de resposta do débito cardíaco durante o exercício é semelhante entre meninos e meninas e homens e mulheres. Contudo, tanto as adolescentes quanto as mulheres adultas possuem um débito cardíaco, para qualquer nível de captação submáxima de oxigênio, que é 5 a 10% maior que nos homens. Essa aparente diferença sexual no débito cardíaco no exercício submáximo pode ser devida ao menor conteúdo em hemoglobina do sangue das mulheres (13%), que é aproximadamente 10% menor que os valores para homens. Consequentemente, dentro de certos limites, uma pequena redução na capacidade do sangue de transportar oxigênio, devida a uma hemoglobina mais baixa, é compensada por um aumento proporcional no débito cardíaco durante o exercício submáximo. 13. TREINAMENTO E DÉBITO CARDÍACO SUBMÁXIMO Várias publicações demonstraram que o treinamento, apesar de aprimorar o débito cardíaco máximo, também tende a reduzir o volume minuto do coração durante o exercício moderado. Em um estudo, o débito cardíaco médio de homens jovens após 16 semanas de treinamento era reduzido em 1,5 e 1,1 litro por minuto, para uma captação submáxima de oxigênio de 1,0 e 2,0 litro, respectivamente. Como era de se esperar, o débito cardíaco máximo para esses homens aumentava em 8% indo de 22,4 para 24,2 l/minuto. Com a redução no débito cardíaco submáximo, a demanda de oxigênio durante o exercício era atendida por um aumento correspondente na extração de oxigênio pelos músculos ativos. Isto resultava, provavelmente, de uma capacidade maior dos músculos treinados para gerar ATP aerobicamente e de funcionarem com uma menor pressão parcial de oxigênio. 15. EXTRAÇÃO DE OXIGÊNIO: DIFERENÇA A-VO2 Se o fluxo sangüíneo fosse o único meio capaz de aumentar o fornecimento de oxigênio para os tecidos, neste caso o débito cardíaco teria de aumentar de 5 l/minuto em repouso para 100 l/minuto durante o exercício máximo, para permitir um aumento de 20 vezes no consumo de oxigênio-aumento esse no consumo de oxigênio que não é raro entre as pessoas treinadas. Felizmente, um débito cardíaco tão grande é desnecessário durante o exercício, pois a hemoglobina libera uma quantidade "extra" considerável de oxigênio por parte do sangue que perfunde os tecidos ativos. Consequentemente, existem dois mecanismos para aumentar a capacidade de consumo de oxigênio. O primeiro consiste em acelerar a velocidade do fluxo sangüíneo, isto é, aumentar o débito cardíaco; o segundo consiste em utilizar a quantidade relativamente maior de oxigênio já transportada pelo sangue, ou seja, ampliar a diferença aVO2. A importante relação entre débito cardíaco, diferença a-VO2 e potência aeróbica máxima é resumida na seguinte equação: _ Consumo máximo de oxigênio = Débito cardíaco máximo x Diferença a-v O2 máxima _ Diferença a-v O2 em Repouso: Em repouso, é utilizado uma média de 5 ml de oxigênio dos 20 ml existentes em cada 100 ml de sangue arterial que passam através dos capilares. Assim sendo, 75% da carga original de oxigênio do sangue ainda permanecem ligados à hemoglobina. _ Diferença A-v O2 no Exercício: Para os estudantes, a diferença a-v O2 aumenta constantemente durante um exercício ligeiro e moderado, alcançando um valor máximo de aproximadamente 15 ml de oxigênio por 100 ml de sangue. Após 55 dias de treinamento, a capacidade máxima dos estudantes extraírem oxigênio aumentava 11%, alcançando 17 ml de oxigênio. Isto significa que cerca de 85% do oxigênio eram extraídos do sangue arterial durante um exercício exaustivo. Na verdade, é liberado ainda mais oxigênio nos músculos ativos, pois o valor para a diferença a-v O2 reflete uma média baseada em cálculos realizados no sangue venoso misto. Este inclui sangue que retorna de tecidos cuja utilização de oxigênio durante o exercício não é tão alta como aquela do músculo ativo. O valor da diferença a-v O2 máxima dos estudantes após o treinamento é idêntico ao alcançado pelos atleta de endurance. Obviamente, a diferença bastante grande ainda existente no VO2 máx. entre os atletas e os estudantes se deve à menor capacidade de ampliar o débito cardíaco por partes desses estudantes. O músculo cardíaco de pacientes vítimas de coronaripatia em fase avançada mostra com freqüência uma menor capacidade de realizar trabalho ou de sofrer alguma melhora com o exercício. Como resultado, as adaptações induzidas pelo treinamento são negligenciáveis no volume de ejeção máximo e no débito cardíaco. Entretanto, para esses pacientes, ainda são possíveis algumas melhoras na tolerância ao exercício regular aumenta a capacidade de o músculo esquelético receber e utilizar oxigênio, que contribui em níveis mais altos ou num determinado nível submáximo com um débito cardíaco mais baixo. Um menor débito cardíaco durante o exercício submáximo reduz a carga de trabalho do coração; naturalmente, isso beneficia os pacientes que sofrem de angina de esforço. 117 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras Equações Matemáticas para Avaliação da Hemodinâmica em Repouso e durante Exercício FÓRMULA UNIDADE 1 - DC = VS x FC litros/minuto 2 - DC = PAM / R litros/minuto -1 -1 3 - DC = VO2 (ml.kg .min ) / Dif. a-vo2 litros/minuto 4 - PAM = (VS x FC) / R mmHg 5 - PAM = (2 x PAD) + PAS / 3 mmHg 6 - R = PAM / DC mmHg/litros/minuto 7 - VS = DC / FC ml 8 - VO2 = DC x Dif. A - vo2 ml.kg-1.min-1 9 - A-VO2 dif. = VO2 (ml)/ DC x 1000 l.min 10 - FCM = 220 - idade bpm DC = débito cardíaco A - VO2 dif. = diferença arteriovenosa VS = volume sistólico PAM = pressão arterial média VO2 = consumo de oxigênio PAD = pressão arterial diastólica FC = freqüência cardíaca PAS = pressão arterial sistólica FCM = freqüência cardíaca máxima Como se pode observar, várias equações matemáticas podem ser utilizadas, para compreendermos a resposta hemodinâmica do sistema cardiovascular. Para fins de exemplos: Exemplo 1- Indivíduo masculino destreinado, 30 anos, com seguintes dados, em repouso. FC = 71 bpm PA = 120/80 mmHg VS = 70 ml VO2 = 250 mlO2/min Qual é: (1) a PAM, (2) o DC, (3) a R e a (4) a A - VO2 dif.? Resposta: PAM = 93 mmHg R = 18,6 mmHg/litro/min DC = 5 litros/min A - VO2 dif. = 50 ml O2 / 1000 ml Exemplo 2- Este indivíduo durante teste ergométrico máximo apresentou os seguintes resultados: FCM = 190 bpm PA = 210/80 mmHg VS = 100 ml VO2 max = 2,8 litros/min Qual é: (1) a PAM, (2) o DC, (3) a R e a (4) a A - VO2 dif.? Resposta: PAM = 123 mmHg R = 6,4 mmHg/litro/min DC = 19 litros/min A - VO2 dif. = 147,4 ml/litro Sugestões para Leitura: ARAÚJO, W.B.. Ergometria & Cardiologia Desportiva. Rio de Janeiro: Editora MEDSI, 1986. a FOX, E.L.& MATHEWS, D.K.. Bases Fisiológicas da Educação Física e dos Desportos, 4 . Edição. Rio de Janeiro: Editora Interamericana, 1995. a KATCH, I. F., KATCH, L.F. & McARDLE, W.D.. Fisiologia do Exercício: Energia, Nutrição e Desempenho Humano, 3 . Edição. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan S.A., 1992. a. KATCH, I.F. & McARDLE, W.D.. Nutrição, Exercício e Saúde, 4 Edição. Rio de Janeiro: Editora MEDSI, 1996. a LEITE, P.F.. Fisiologia do Exercício, 2 . Edição. São Paulo: Editora Robe, 1993. POLLOCK, M.L., WILMORE, J.H. & FOX III, S.M.. Exercício na Saúde e na Doença: Avaliação e Prescrição para Prevenção e a Reabilitação, 2 . Edição. Rio de Janeiro: Editora MEDSI, 1995. 16. RESUMO 1. 118 O débito cardíaco reflete a capacidade funcional do sistema circulatório. Os dois fatores que determinam a capacidade de rendimento (débito) do coração são a freqüência cardíaca e o volume de ejeção. A relação é: PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras Débito Cardíaco = Freqüência Cardíaca x Volume de Ejeção 2. Existem vários métodos cruentos e incruentos para medir o débito cardíaco. Cada um deles possui vantagens e desvantagens específicas para sua utilização em seres humanos, especialmente durante o exercício. 3. O débito cardíaco aumenta em proporção à intensidade do exercício, desde aproximadamente 5 l/minuto em repouso até um máximo de 20 a 25 l/minuto e de 35 a 40 l/minuto em universitários e atletas de endurance de elite, respectivamente. Essas diferenças no débito cardíaco máximo são devidas inteiramente aos grandes volumes de ejeção dos atletas. 4. Durante o exercício na postura ereta, o volume de ejeção aumenta durante a transição do repouso para os exercícios leves, com os valores máximos sendo alcançados para aproximadamente 45% do VO2 máx. Daí por diante, o débito cardíaco aumenta mais à custa dos aumentos na freqüência cardíaca. 5. Os aumentos no volume de ejeção do exercício na postura ereta em geral resultam muito mais de um esvaziamento sistólico mais completo que de um maior enchimento dos ventrículos durante a diástole. A ejeção sistólica é aumentada pelos hormônios simpáticos. O treinamento de endurance aumenta a força do miocárdio, o que contribui para a potência de ejeção durante a sístole. 6. Freqüência cardíaca e consumo de oxigênio se relacionam linearmente em indivíduos tanto treinados quanto destreinados durante a maior parte das diversas intensidades do exercício. Com o treinamento de endurance, essa linha se desvia muito para a direita, por causa dos aumentos no volume de ejeção do coração. Consequentemente, a freqüência cardíaca sofre uma redução significativa em qualquer nível de trabalho submáximo. 7. O fluxo sangüíneo para tecidos específicos em geral é regulado em função de sua atividade metabólica. Isso faz com que a maior parte do débito cardíaco do exercício seja desviada para os músculos ativos. Além disso, uma quantidade significativa de sangue é desviada para os músculos a partir dos rins e das regiões esplâncnicas, que podem comprometer temporariamente seu suprimento sangüíneo. 8. A captação máxima de oxigênio é determinada pelo débito cardíaco máximo e pela diferença a-VO2 máxima. Os débitos cardíacos diferenciam claramente os atletas de endurance de seus congêneres destreinados. A capacidade de gerar uma grande diferença a-VO2 também é aprimorada com o treinamento. 9. A hipertrofia cardíaca é uma adaptação fundamental para poder suportar a maior carga de trabalho imposta pelo treinamento. Resulta num coração mais forte, que consegue um volume de ejeção relativamente grande. Não existe qualquer evidência científica de que um coração normal seja prejudicado pelo treinamento. 10. O padrão das alterações estruturais e dimensionais no ventrículo esquerdo parece variar com as formas específicas de treinamento. 119 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras Capítulo IX TESTES METABÓLICOS Avaliação de Componente Cardiorespiratório 1. INTRODUÇÃO Este capítulo tem como objetivo, através de uma revisão de literatura, fazer um levantamento das formas (protocolos e métodos) existentes, para a realização de uma avaliação funcional, além de mostrar como proceder para a prescrição de exercícios aeróbicos com segurança e cientificidade, através de parâmetros fisiológicos. A avaliação funcional, hoje, representa um importante fator para determinação da capacidade aeróbica e/ou para detecção da magnitude de comprometimento de uma deficiência cardíaca. Este mercado, praticamente insipiente no Brasil, propicia um excelente campo de trabalho para professores de Educação Física numa busca de uma melhor remuneração. As possibilidades de trabalho são inúmeras; academias, clubes, condomínios e escolas são um pequeno exemplo de opções onde, perfeitamente, poderá existir a necessidade de uma avaliação da capacidade física aeróbica da população em questão. No decorrer deste capítulo, serão levantados vários requisitos básicos que serão necessários para a perfeita aplicação dos protocolos de avaliação. 2. AVALIAÇÃO FUNCIONAL A avaliação funcional representa a mensuração e interpretação da capacidade de mobilização rnetabólica (bioenergética) a partir do resultado obtido de um protocolo (teste) específico. De maneira simples, podemos definir potência aeróbica como a capacidade que um indivíduo tem em realizar uma atividade física com duração superior a 4 minutos, onde a energia requerida para esta atividade provém primordialmente do metabolismo oxidativo dos nutrientes. O consumo de oxigênio VO2 é a medida mais exata que dispomos para avaliarmos a potência aeróbica de um indivíduo ao realizar um trabalho físico. É definido como sendo a quantidade de oxigênio que um indivíduo consegue captar do ar alveolar, transportar aos tecidos pelo sistema cardiovascular e utilizar a nível celular na unidade de tempo. O consumo de oxigênio se comporta de maneira diferente quanto a idade, sexo, constituição corporal, ambiente, etc., sendo relativamente constante em um dado indivíduo, embora também possa diminuir por falta de atividade física aeróbica, como também possa aumentar após um período de treinamento aeróbico. Dentro das diversas variáveis que compõe a Aptidão Física Geral, a potência aeróbica é uma das mais importantes, pois de sua avaliação podemos obter dados sobre o sistema cardiorespiratório de um indivíduo e de que forma várias funções fisiológicas se adaptam às necessidades metabólicas quando da realização de um trabalho físico. 3. OBJETIVOS PARA A REALIZAÇÃO DE UMA AVALIAÇÃO FUNCIONAL O principal objetivo, para a realização de uma avaliação funcional, inclui a investigação do processo de adequação dos ajustes fisiológicos às demandas metabólicas que ultrapassam as necessidades de repouso que representa a identificação da capacidade aeróbica máxima do avaliado. É possível encontrar outros objetivos, a partir dos dados coletados do teste ergométrico, entre eles: 1. Identificação da capacidade aeróbica máxima. 2. Observação do comportamento do ECG durante o esforço progressivo. 3. Possibilitar a correta prescrição de exercícios baseado no resultado, adequando volume e intensidade para a atividade a ser desenvolvida. 4. Servir como parâmetro comparativo do grau de evolução do treinamento físico, quando aplicado de forma regular. 5. Possibilitar a comparação com avaliações futuras. 6. Avaliar o grau da dor precordial. 7. Determinar o grau de comprometimento de uma coronariopatia. 8. Avaliar a resposta pressórica e cronotrópica ao esforço. 9. Avaliar o comportamento eletrocardiográfico em esforço. 10. Avaliar a capacidade laborativa. 120 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 4. CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS PROTOCOLOS DE TESTAGEM Existe um grande número de protocolos que apresentam pontos positivos e negativos, porém a escolha de um determinado teste deverá necessariamente ter como orientação a interferência dos seguintes fatores: objetivos do teste; população a ser testada; disponibilidade de material. Cada um dos testes apresentam características específicas. As diferenças entre os protocolos emergem do amplo espectro de variações existentes que permitem um grande número de combinações. Na avaliação da potência aeróbica podemos usar alguns aparelhos denominados ergômetros, dos quais podemos citar: a bicicleta ergométrica (mecânica ou eletromagnética), a esteira rolante, o banco de madeira, o remo-ergômetro (específico para remadores), a “swiming-flume” (específico para nadadores), como também podemos considerar as pistas de atletismo e quadras de esporte. Podemos encontrar os seguintes fatores envolvidos em um teste: 5. FORMAS DE OPERACIONALIZAÇÃO O grau de utilização de recursos materiais durante a realização de um teste indica seu nível de complexidade. As medidas realizadas nesses ergômetros podem ser feitas de duas formas: a) direta - caso seja realizado em laboratório, com a utilização de vários instrumentos como eletrocardiógrafo, ergômetro, analisador de gases, desfibrilador, entre outros, pode ser considerado como um teste complexo, onde o VO2 do indivíduo é analisado através de métodos químicos e físicos, com um custo operacional elevado e que em termos de aplicação para grandes populações é pouco viável sendo, no entanto, a medida de maior precisão; b) indireta - avaliações em geral, baseada na relação linear que existe entre a freqüência cardíaca (F.C.) e o VO2, medido quando as requisições e produção energética tenham chegado a equilíbrio (steadystate). Esse tipo de avaliação é feita utilizando-se nomogramos, fórmulas, análise de regressão, desenvolvidos a partir de medidas diretas e com o objetivo de predizer o VO2 do indivíduo partindo de um teste submáximo. 6. FONTE ENERGÉTICA Dependendo do teste empregado, é possível avaliar as diferentes fontes energéticas existentes. O teste de cicloergometria de Balke tem como objetivo principal avaliar a capacidade aeróbica. Já um teste utilizando o cicloergômetro, como o de Wingate, tem como objetivo avaliar a capacidade de anaeróbica. Demanda metabólica: um teste ergométrico, para avaliação da capacidade aeróbica, pode impor uma demanda metabólica máxima ou submáxima. Quando da realização de um teste máximo, como por exemplo, o protocolo de Jones em cicloergometria, se analisa a capacidade máxima aeróbica de trabalho do avaliado. Durante a realização de um protocolo submáximo, o resultado obtido representa uma extrapolação do resultado máximo previsto para o avaliado, sem expor o mesmo a uma intensidade elevada durante o teste. 7. DURAÇÃO TOTAL DO TESTE Um teste para mensurar o VO2 max. deverá ter como faixa de tempo ideal um mínimo de 8 e máximo de 15 minutos. Esta faixa de tempo permite a obtenção de dados fisiológicos suficientes paru uma análise do comportamento físico durante o exercício. 8. TIPO DE CARGA A forma de aplicação de carga durante a realização de um teste, pode ser de forma única (protocolo de banco de Havard) ou de forma variada (protocolo de banco de Balke). 9. TEMPO DE DURAÇÃO DOS ESTÁGIOS Dependendo do tempo de duração de um estágio, é possível o aparecimento do Steady State; como exemplo desta metodologia temos o teste de esteira de Ellestad. Entretanto, outras metodologias não permitem o aparecimento do, Steady State; exemplo o protocolo Balke em esteira. 10. EXISTÊNCIA DE PAUSAS Os procedimentos de execução dos testes podem ser divididos em dois grupos, contínuos e descontínuos. Nos protocolos contínuos não existe a interrupção do teste em nenhum momento durante 121 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras sua realização (protocolo de Fox em cicloergometria). Nos protocolos descontínuos, mais característicos para população de cardíacos, é possível estabelecer um período de repouso durante a execução, podendo ainda ser de forma ativa ou passiva. Em virtude de tantos testes, é necessário fazer a seguinte pergunta: Qual é o melhor teste? Como resposta temos a não existência de um único teste sem restrições, mas sim do teste mais adequado. É extremamente impossível que um único protocolo fosse adequado para cumprir as múltiplas indicações e aplicações de um teste de esforço. Desta forma torna-se necessário um exame criterioso sobre qual protocolo deverá ser empregado em uma dada circunstância. A forma mais simples de realizar uma avaliação funcional é aquela desenvolvida no campo. Uma segunda abordagem, possível, inclui a utilização de algum tipo de ergômetro (banco, bicicleta ou esteira). Em todos os testes existem os coeficientes de confiabilidade, de objetividade e de validade considerados significativos, visto que já foram amplamente investigados. Por ser de maior simplicidade, sem a necessidade do uso de grandes elementos acessórios, os testes realizados em campo são bastante utilizados no meio da Educação Física. Mais à frente serão apresentados os protocolos de testes de campo mais utilizados, com a descrição da metodologia e da população mais adequada a ser testada, bem como os exemplos de sua aplicação. 11. UNIDADES METABÓLICAS Para a interpretação de uma avaliação funcional, é necessário uma total familiarização com uma série de variáveis metabólicas. Usualmente são utilizados três parâmetros fisiológicos, que são o VO2 max, o MET e a Kcal consumida. VO2: o resultado final de uma avaliação funcional vem, normalmente, expresso em um parâmetro fisiológico denominado VO2max. A representação do VO2 deverá ser expressa de duas formas: (a) (b) l.min - (litros por minuto) capacidade aeróbica bruta, ou seja, a quantidade total de oxigênio que o indivíduo consegui utilizar na realização de uma atividade. Através desta unidade de medida não podemos comparar indivíduos quando utilizamos a corrida, pois estamos carregando o nosso peso, e isso deve ser levado em consideração. Pessoas mais pesadas apresentam uma maior necessidade bruta de oxigênio para transportar o seu corpo, para uma mesma distância que um indivíduo mais leve. ml . kg -1.min-1 , (mililitro por kg de peso corporal por minuto) capacidade aeróbica relativa. É possível estabelecer uma relação entre o VO2max em l.min-1 e ml . kg-1.min-1, sendo apenas necessário saber o peso corporal do avaliado. Esta unidade de medida traduz a real performance do indivíduo. Veja na representação abaixo, como se estabelece esta relação: Exemplo 1 Peso = 80 kg VO = 35 ml . kg-1.min-1 Qual seria o VO2max em l.min-1? Resolução: VO2 max l.min-1 = Peso kg x VO2max ml(kg.min)-1 1000 Desenvolvendo a equação: VO2 max l.min-1 = 80 x 35 ·.· 2800 ... VO 2max = 2,8 l.min-1 1000 1000 Exemplo 2 Peso = 55 kg VO =3,5 l.min-1 Qual seria o VO 2max em ml . kg-1.min-1 ? Resolução: VO2 max ml . kg-1.min-1 = 1000 x VO2max l.min-1 peso Desenvolvendo a equação: VO 2max em ml . kg-1.min-1 = 1000 x 3,5 = 3500 = 63,6 ml . kg-1.min-1 55 55 MET: O MET representa o consumo de O2, em repouso. É um parâmetro fisiológico, muito comum na avaliação funcional, que expressa o gasto metabólico do organismo. Um (1) MET eqüivale a 3,5 ml . kg-1 . min-1 (valor relativo). 122 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras Eis uma situação problema exemplificando a transformação do VO2max em ml . kg-1.min-1 em METs. Quantos METs representa um VO 2max de 31,5 ml . kg-1.min-1 . Resolvendo: 1 MET - 3,5 ml . kg-1.min-1 x METs - 31,5 ml(kg.min)-1 Resposta: 9 METs Kcal - Transformação Calórica à Custa do Oxigênio: A captação de oxigênio pode ser prontamente convertida a um valor correspondente de gasto energético. Quando um litro de oxigênio é consumido pela queima de uma mistura de glicídios, lipídios e proteínas, aproximadamente 4,82 kcal de energia calórica são liberadas. Esse equivalente calórico para o oxigênio varia apenas ligeiramente, dependendo da mistura alimentar. Para conveniência dos cálculos, entretanto, um valor de 5 kcal por litro de oxigênio consumido pode ser usado como fator de conversão apropriado. Essa quantidade , 5 kcal, é importante por permitir a determinação da energia corporal liberada em repouso ou durante a prática de exercício de consumo constante (steady-state), simplesmente medindo-se a captação de oxigênio. Uma caloria é uma medida usada para expressar o calor ou valor energético do alimento e da atividade física. É definida como o calor necessário para elevar a temperatura de 1 kg (1 litro) de água em 1o C, de 14,5 para 15,5o C. Assim sendo, uma caloria é designada mais corretamente como uma quilocaloria (abreviada kcal). Representa a quantidade de energia gasta em uma determinada atividade. Apresenta uma íntima relação com o VO2 max l.min-1, sendo representada pela seguinte fórmula: 5 Kcal = 1 l.min-1 Retornando ao exemplo (1), é possível perceber que o VO2 max foi de 2,8 l.min-1 . Como calcular a capacidade máxima desse indivíduo em Kcal? Resolução: É simples, basta realizar uma regra de três. Veja o exemplo: 1,0 l.min-1 = 5 Kcal 2,8 l.min-1 = x Kcal Kcal = 5 Kcal x 2,8 l.min-1 .·. Kcal = 14 1 l.min-1 A resposta final será de: 14 Kcal.min-1 Para testar se realmente compreendeu as relações existentes entre os três parâmetros fisiológicos, tente resolver os dois exemplos propostos. Caso tenha acertado ótimo, caso contrário, reveja os exemplos e discuta com algum companheiro que tenha entendido melhor. E importante ter essas relações bem compreendidas, pois serão de fundamental importância para uma perfeita interpretação da avaliação funcional e posterior prescrição de exercícios. Exercício 1 Exercício 2 Indivíduo: Peso: 75 kg VO2max = 9 METs VO2max ml . kg.-1 . min-1 = ? VO2max l . min-1 = ? Kcal max . min-1 = ? Indivíduo: Peso: 70 kg Duração: 60 minutos Custo energético da atividade em METs = 10 Pergunta-se: Qual o custo energético total desta atividade física em Kcal? 12. PROTOCOLOS DE TESTAGEM UTILIZANDO TÉCNICA DE CAMPO Pode-se fazer um levantamento do nível de aptidão física por meio da marcha ou da corrida. Uma série de testes foram desenvolvidos para atender essa necessidade, entre eles temos: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. caminhada de 3 km; andar de 4.8 km (Cooper); caminhada de 1.200 metros do Canadian Aerobic Fites Test; corrida de 2.400 metros (Cooper); andar e correr de 12 minutos (Cooper); corrida 15 minutos de Balke; corrida de Ribisl & Kachodorian. 123 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras Para um melhor esclarecimento do que vem a ser andar, trotar e correr, observe a Tabela 1 (Cooper, 1982): Tabela 1 - Definições de Andar, Trotar e Correr ATIVIDADE TEMPO min / km metro / min Andar 8,43 minutos ou mais até 119 Andar/Trotar 7,28 - 8,42 120 até 137 Trotar 5,35 - 7,27 138 até 187 Correr 5,34 minutos ou mais mais de 187 m/min Fonte: Cooper, 1982 Agora que já sabemos definir quando um indivíduo está correndo ou caminhando, vamos analisar os testes citados acima, procurando identificar a metodologia de cada um. 13. TESTE DE CAMINHADA DE 3 KM População Alvo: Indivíduos de baixa aptidão física [VO2max inferior a 30 ml.kg-1. min-1]. Normalmente encontramos neste grupo, pessoas idosas, obesas, indivíduos pós cirurgia e pacientes cardíacos. Metodologia: O indivíduo deverá caminhar sempre no plano horizontal 0 (zero), registrando o tempo necessário para caminhar 3 km. Fórmula(Leite, 1985): VO 2 max ml.kg-1. min-1 = 0,35 . V2 (km/h) + 7,4 ml.kg-1. min-1 Exemplificando: Peso corporal: 58 kg - Sexo: mulher - Tempo gasto: 27 min Uniformizar unidades: * 3 km = 3.000 m / 27 min = 111,11 m/min x 60 = 6666 / 1000 = 6,66 km/h Empregando a fórmula: VO 2 max ml.kg-1. min-1 = 0,35 x (6,66)2 + 7,4 VO 2 max ml.kg-1. min-1 = 22,92 ml.kg-1. min-1 Exercício 3 Peso corporal: 73 - Sexo: masculino - Tempo gasto: 22 min. Qual é o seu VO 2 max ? VO 2 max ml.kg-1. min-1 = 0,35 x ( VO 2 max ml.kg-1. min-1 = )2 + 7,4 14. ESTE DE ANDAR 880 JARDAS (804,67M) (AAHPERD) População Alvo: Indivíduos de baixa aptidão física, como por exemplo, idosos, obesos, diabéticos, hipertensos, dislipidêmicos e pacientes cardíacos. Metodologia: O indivíduo deverá caminhar (sem correr) o mais rápido que puder, sempre no plano horizontal 0 (zero), num circuito oval ou retangular, de comprimento não menor que 67 jardas (61,24 m) com espaço suficiente para retorno ou, se realizado em ambiente aberto o mesmo deve propiciar comprimento mínimo de 50 jardas (45,72 m) e largura mínima de 5 pés (1,52 m). O resultado será expresso em minutos e segundos. Recomendações: Não devem participar deste teste, antes de recomendação médica, sujeitos, aos quais perguntados, relatem os seguintes problemas : 1) ortopédicos que possam ser agravados pelo andar prolongado; 2) histórico de problemas cardíacos (ataque cardíaco recente, arritmia freqüente ou defeito valvulares) que possam ser negativamente influenciados por esforço; 3) delírio durante a atividade ou histórico de hipertensão não controlada. Variação de resultados encontrada: 7.5 a 12 minutos. 124 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras Tabela 2- Normas para classificação da potência aeróbia/habilidade de andar em idosas de 60 a 70 anos (Gobbi, Villar e Zago, 2005). Classificação Resistência Aeróbia Geral (segundos) 727-547 546-509 508-491 490-463 462-393 Muito fraca Fraca Regular Boa Muito fraca Resistência Aeróbia Geral (minutos e segundos) >9,70 9,69-8,29 8,28-8,11 8,10-7,43 <7,42 15. TESTE DE ANDAR 4,8 KM (COOPER) População Alvo: O mesmo perfil da população anterior, porém é interessante sua aplicação em pessoas que já realizaram períodos longos de caminhada por conta própria, pois sua distância total para pessoas não habilitadas a caminhada, pode ser significativa. Metodologia: O indivíduo deverá caminhar uma distância de 4,8 km em terreno plano, tendo seu tempo cronometrado. Com o resultado apurado, identificar na Tabela 2 o grupo etário, o sexo e o tempo gasto para realizar a tarefa e encontrar a categoria da capacidade aeróbica. Tabela 3 - Nível de Capacidade Aeróbica (minutos) - Teste de Andar 4,8 km Cooper Idade (anos) Categoria de Capacidade Aeróbica I. Muito Fraca (Homens) (Mulheres) II. Fraca (Homens) (Mulheres) III. Média (Homens) (Mulheres) IV. Boa (Homens) (Mulheres) V. Excelente (Homens) (Mulheres) 13-19 anos 20-29 anos 30-39 anos 40-49 anos 50-59 anos + 60 anos > 45:00 > 47:00 > 46:00 > 48:00 > 49:00 > 51:00 > 52:00 > 54:00 > 55:00 > 57:00 > 60:00 > 63:00 41:01-45:00 42:02-46:00 44:31-49:00 47:01-52:00 43:00-45:00 44:01-48:00 46:31-51:00 49:01-54:00 50:01-55:00 52:01-57:00 54:01-60:00 57:01-63:00 37:31-41:00 38:31-42:00 40:01-44:30 42:01-47:00 39:31-43:00 40:31-44:00 42:01-46:30 44:01-49:00 45:01-50:00 47:01-52:00 48:01-54:00 51:01-57:00 33:00-37:30 34:00-38:30 35:00-40;00 36:30-42:00 35:00-39:30 36:00-40:30 37:30-42:00 39:00-44:00 39:0 -45:00 42:00-47:00 41:00-48:00 45:00-51:00 < 39:00 < 42:00 < 41:00 < 45:00 < 33:00 < 35:00 < 34:00 < 36:00 < 35:00 < 37:30 < 36:30 < 39:00 Fonte:- Cooper, 1382 Exemplificando: Dados: Idade: 30 anos - Sexo: masculino - Tempo gasto na tarefa: 43 min. Neste exemplo, o indivíduo situa-se na categoria média de capacidade aeróbica. 16. TESTE DE CAMINHADA 1.200 METROS DO CANADIAN AEROBIC FITES TEST População Alvo: De uma forma geral a população citada anteriormente. Este teste apresenta, como grande vantagem, a curta distância, e é ideal para aquelas pessoas que não fazem atividade física há um tempo considerável. Metodologia: Antes da aplicação do teste deve-se coletar os dados do avaliado referente a seu peso corporal e idade. A forma de aplicação do teste inclui uma caminhada de 1200 metros com tempo cronometrado. Após encerrado o teste, deve-se, o mais rápido possível, fazer a contagem da freqüência cardíaca (F.C.) durante 15 segundos; o resultado é multiplicado por 4, e se obtém a F.C. do minuto. Com todos os dados apurados, aplica-se a fórmula (Pollock & Wilmore, 1993): onde: VO 2max = 6,952 + (0,0091 x P) - (0,0257 x I) + (0,5955 x S) - (0,2240 x TI) - (0,0115 x FC) Exemplificando: P = peso (kg) P = 90 kg I = idade (ano mais próximo) I = 45 anos S = (1)masculino ou (0) feminino S = masculino 125 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras TI = tempo gasto na caminhada FC = freqüência cardíaca da última volta TI = 13 minutos FC = 135 bpm VO2max = 6,952 + (0,0091 X 90) - (0,0257 x 45) + (0,5955 x 1) - (0,2240 x 13) - (0,0115 x 135) VO 2max = 6,952 + 0,819 - 1,156 + 0,5955 - 2,912 - 1,552 VO 2max =2,74 l.min-l Exercício 4 P = 56 kg I = 35 anos S = feminino TI = 18 minutos FC = 144 bpm VO 2max = 6,952 + (0,0091 x P) - (0,0257 x I) + (0,5955 x S) - (0,2240 x TI) - (0,0115 x FC) VO 2max = 6,952 + (0,0091 x ) - (0,0257 x ) + (0,5955 x ) - (0,2240 x ) - (0,0115 x ) VO 2max = 17. TESTE DE CORRIDA DE 2.400 METROS (COOPER) População Alvo: A faixa etária é bem variada (13 - 60 anos) podendo ser realizado tanto para homens quanto para mulheres. Normalmente os indivíduos que se submetem a este teste devem estar familiarizados com a prática da atividade física de uma forma regular. Em relação à população de atletas, é perfeitamente adequado, principalmente para modalidades de jogos com bola. Metodologia: O teste consiste em cronometrar o tempo gasto pelo avaliado para percorrer a distância de 2.400 metros. Com o resultado apurado, identificar na Tabela 3, em função do sexo e idade, o nível de capacidade aeróbica do avaliado. Tabela 4 - Nível de Capacidade Aeróbica do Avaliado, em função do sexo e idade Idade (anos) Categoria de capacidade Aeróbica I. Muito Fraca (Homens) (Mulheres) II. Fraca (Homens) (Mulheres) III. Média (Homens) (Mulheres) IV. Boa (Homens) (Mulheres) V. Excelente (Homens) (Mulheres) VI. Superior (Homens) (Mulheres) 13 - 19 anos 20 - 29 anos 30 - 39 anos 40 - 49 anos 50 - 59 anos + 60 anos > 15:31 > 18:31 > 16:01 > 19:01 > 16:31 > 19:31 > 17:31 > 20:01 > 19:01 > 20:31 > 20:01 > 21:31 12:11-15:30 16:55-18:30 14:01-16:00 18:31-19:00 14:44-16:30 19:01-19:30 15:36-17:30 19:31-20:00 17:01-19:00 20:01-20:30 19:01-20:00 21:00-21:30 10:49-12:10 14:31-16:54 12:01-14:00 15:55-18:30 12:31-14:45 16:31-19:00 13:01-15:35 17:31-19:30 14:31-17:00 19:01-20:00 16:16-19:00 19:31-20:30 09:41-10:48 12:30-14:30 10:46-12:00 13:31-15:54 11:01-12:30 14:31-16:30 11:31-13:00 15:56-17:30 12:31-14:30 16:31-19:00 14:00-16:15 17:31-19:30 08:37-09:40 11:50-12:29 09:45-10:45 12:30-13:30 10:00-11:00 13:00-14:30 10:30-11:30 13:45-15:55 11:00-12:30 14:30-16:30 11:15-13:39 16:30-17:30 < 08:37 < 11:50 < 09:45 < 12:30 < 10:00 < 13:00 < 10:30 < 13:45 < 11:00 < 14:30 < 11:15 < 16:30 Distância em metros Exemplificando: Fonte:- Cooper, 1982 Sexo: feminino - Idade: 50 anos - Tempo gasto: 14:30 min Nível de capacidade aeróbica: excelente Caso haja necessidade de obter o escore final em uma unidade metabólica, pode-se encontrar o resultado pela fórmula proposta pelo American College Sport Medicine. (Vivacqua & Hespanha, 1992): VO 2max ml . kg-1.min-1 = (D x 60 x 0,2) + 3,5 ml . kg-1.min-1 Duração em segundos onde: D = distância em metros. 126 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras Exemplificando: Qual o VO2 max previsto para um indivíduo que correu 2.400 metros para um tempo de 11,00 minutos? VO 2max = (2.400 x 60 x 0,2) + 3,5 .·. = VO 2max 43,6 ml . kg-1.min-1 660 Exercício 5 Qual o VO 2 max previsto para um indivíduo que correu 2.400 metros para um tempo de 12,34 minutos? ml . kg-1.min-1 VO 2max = (2.400 x 60 x 0,2) + 3,5 .·. = VO 2max tempo em segundos 18. TESTE DE ANDAR E CORRER EM 12 MINUTOS (COOPER) População Alvo: Apresenta uma ampla variedade de população, podendo ser aplicado em pessoas com baixo condicionamento físico e na maioria dos atletas. Em relação ao grupo etário é possível sua aplicação entre 10 e 70 anos para ambos os sexos. Metodologia: O avaliado deverá correr e/ou caminhar sem interrupção durante 12 minutos, sendo registrada a distância total percorrida (Cooper, 1982). A forma ideal de execução do teste, em termos de velocidade de deslocamento, será aquela onde o avaliado mantenha uma velocidade constante durante todo teste. (Quando da interrupção do mesmo, o avaliado deverá manter-se em deslocamento caminhando no sentido transversal ao do deslocamento. Com a distância apurada, identificar na Tabela 4 (Cooper, 1992) a categoria de capacidade aeróbica de acordo com a idade e sexo do avaliado. Tabela 5 - Nível de Capacidade Aeróbica - Teste de Andar/Correr 12 Minutos (Cooper) Idade (anos) Categoria de Capacidade Aeróbica I. Muito Fraca (Homens) (Mulheres) II. Fraca (Homens) (Mulheres) III. Média (Homens) (Mulheres) IV. Boa (Homens) (Mulheres) V. Excelente (Homens) (Mulheres) VI. Superior (Homens) (Mulheres) Distância em metros Exemplificando: 13 - 19 anos 20 - 29 anos 30 - 39 anos 40 - 49 anos 50 - 59 anos + 60 anos < 2090 < 1610 < 1960 < 1550 < 1900 < 1510 < 1830 < 1420 < 1660 < 1350 < 1400 < 1260 2090 - 2200 1610 - 1900 1960 - 2110 1550 - 1790 1900 - 2090 1510 - 1690 1830 - 1990 1420 - 1580 1660 - 1870 1350 - 1500 1400 - 1640 1260 - 1390 2210 - 2510 1910 - 2080 2120 - 2400 1800 - 1970 2100 - 2400 1700 - 1960 2000 - 2240 1590 - 1790 1880 - 2090 1510 - 1690 1650 - 1930 1400 - 1590 2520 - 2770 2090 - 2300 2410 - 2640 1980 - 2160 2410 - 2510 1970 - 2080 2250 - 2460 1800 - 2000 2100 - 2320 1700 - 1900 1940 - 2120 1600 - 1750 2780 - 3000 2310 - 2430 2650 - 2830 2170 - 2330 2520 - 2720 2090 - 2240 2470 - 2660 2010 - 2160 2330 - 2540 1910 - 2090 2130 - 2490 1760 - 1900 > 3000 > 2430 > 2830 > 2330 > 2720 > 2240 > 2540 > 2660 > 2090 > 2160 Fonte:- Cooper, 1982 > 2490 > 1900 Sexo: masculino - Idade: 20 anos - Distância percorrida: 3.000 metros Categoria de capacidade aeróbica: superior. A grande versatilidade deste teste de Cooper é a possibilidade de utilizar seu resultado para uma unidade metabólica familiar, que corresponde ao VO 2 max ml.kg-1.min-1 , através da seguinte fórmula: VO2 max ml.kg-1.min-1 = D - 504 45 onde: D = distância percorrida em metros. Exemplificando: Distância percorrida: 3.000 metros Desenvolvendo a fórmula: VO2 max ml.kg-1.min-1 = 3000 - 504 ⇔ VO2 max ml.kg-1.min-1 = 55,47 ml(kg.min) 45 127 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras Exercício 6 A partir dos dados: Sexo: feminino Idade: 30 anos Peso: 55 kg Resultado do teste de Cooper: 2800 m Calcule: a) VO 2 max b) METs max c) Kcal max = = = O teste de Cooper pode ainda ser adaptado para a natação(tabela 5) e o ciclismo (tabela 6). De uma forma geral a metodologia de aplicação é a mesma, devendo o avaliado nadar, ou pedalar, a maior distância possível em 12 minutos. Para a determinação do nível de aptidão física será necessário comparar o resultado obtido com a Tabela 5 específica para natação ou ciclismo que estão apresentadas abaixo. Tabela 6 - Teste de Nadar 12 Minutos - Distância (em metros) nadada em 12 minutos Categoria Capacidade Aeróbica Homens I - Muito Fraca Mulheres Homens II - Fraca Mulheres Homens III - Média Mulheres Homens IV - Boa Mulheres Homens V - Excelente Mulheres 13 - 19 anos 20 - 29 anos 30 - 39 anos 40 - 49 anos < 457 < 366 < 320 < 274 < 366 < 274 < 229 < 183 475 - 548 366 - 546 320 - 411 274 - 365 366 - 456 274 - 365 229 - 319 183 - 273 549 - 639 457 - 548 412 - 502 366 - 456 457 - 548 366 - 456 320 - 411 274 - 365 640 - 731 549 - 639 503 - 593 457 - 548 549 - 639 457 - 548 412 - 502 366 - 456 > 731 > 639 > 593 > 548 > 639 > 548 > 502 > 456 < significa “menos que”; > significa “mais que”. 50 - 59 anos + 60 anos < 229 <137 229 - 319 137 - 228 320 - 411 229 - 319 412 - 502 320 - 411 > 502 > 411 < 229 < 137 229 - 273 137 - 182 274 - 365 183 - 273 366 - 456 274 - 365 > 456 >365 O teste de natação exige que você nade a maior distância possível em 12 minutos, usando o estilo que preferir e descansando quando necessário, mas tentando esforçar-se ao máximo. O meio mais fácil de realizar o teste é numa piscina de dimensões conhecidas, tendo uma pessoa que conte as voltas na piscina e cronometre o tempo. Tabela 7 - Teste de 12 Minutos de Bicicleta (bicicleta com 3 marchas) Distância (em km) percorrida em 12 minutos Categoria Capacidade Aeróbica Homens I- Muito Fraca Mulheres Homens II - Fraca Mulheres Homens III - Média Mulheres Homens IV - Boa Mulheres Homens V- Excelente Mulheres 13 - 19 anos 20 - 29 anos 30 - 39 anos 40 - 49 anos < 4,42 < 4,02 < 3,62 < 3,22 < 2,82 < 2,41 < 2,01 < 1,61 4,42 - 6,02 4,02 - 5,62 3,62 - 5,21 3,22 - 4,81 2,82 - 4,41 2,41 - 4,01 2,01 - 3,60 1,61 - 3,20 6,03 - 7,63 5,63 - 7,22 5,22 - 6,82 4,82 - 6,42 4,42 - 6,02 4,02 - 5,62 3,61 - 5,21 3,21 - 4,81 7,64 - 9,24 7,23 - 8,83 6,83 - 8,43 6,43 - 8,03 6,03 - 7,63 5,63 - 7,22 5,22 - 6,82 4,82 - 6,42 > 9,24 > 8,83 > 8,43 > 8,03 > 7,63 > 7,22 > 6,82 > 6,42 < significa “menos que”; > significa “mais que”. 50 - 59 anos + 60 anos < 2,82 < 1,21 2,82 - 4,81 1,21 - 2,40 4,02 - 5,62 2,41 - 4,01 5,63 - 7,22 4,02 - 5,62 > 7,22 > 5,62 < 2,80 < 1,21 2,82 - 3,60 1,21 - 2,00 3,61 - 4,81 2,01 - 3,20 4,82 - 6,42 3,21 - 4,81 > 6,42 > 4,81 O teste de bicicleta pode ser usado para avaliar sua aptidão se você estiver utilizando o programa de ciclismo. Percorra, de bicicleta, a maior distância possível em 12 minutos, numa zona onde o tráfego não constitua problema. Tente escolher uma superfície plana, pedale a favor do vento (que deve estar com menos de 16 km/h) e use uma bicicleta com o máximo de 3 marchas. Se o vento estiver soprando a mais de 16 km/h, adie o teste. Meça a distância percorrida pela bicicleta (que pode não ser muito exata) ou por outro método, tal como o odômetro de um automóvel. 19. TESTE DE RESISTÊNCIA GERAL (9 MINUTOS) População Alvo: Escolares, crianças e jovens. Materiais: Local plano com marcação do perímetro da pista (p.e: quadra poliesportiva). Cronômetro e ficha de registro. Material numerado para fixar às costas dos alunos identificando-os claramente para que o avaliador possa realizar o controle do número de voltas. Trena métrica. 128 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras Procedimentos: Divide-se os alunos em grupos adequados às dimensões da pista. Observa-se a numeração dos alunos na organização dos grupos, facilitando assim o registro dos anotadores. Informa-se aos alunos sobre a execução correta do teste, dando ênfase ao fato de que devem correr o maior tempo possível, evitando piques de velocidade intercalados por longas caminhadas. Informa-se que os alunos não deverão parar ao longo do trajeto e que trata-se de um teste de corrida, embora possam caminhar eventualmente quando sentirem-se cansados. Durante o teste, informa-se ao aluno a passagem do tempo aos 3, 6 e 8 minutos ("Atenção: falta 1 minuto!"). Ao final do teste soará um sinal (apito) sendo que os alunos deverão interromper a corrida, permanecendo no lugar onde estavam (no momento do apito) até ser anotado ou sinalizado a distância percorrida. Todos os dados serão anotados em fichas próprias devendo estar identificado cada aluno de forma inequívoca. Sugere-se que o avaliador calcule previamente o perímetro da pista e durante o teste anote apenas o número de voltas de cada aluno. Desta forma, após multiplicar o perímetro da pista pelo número de voltas de cada aluno deverá complementar com a adição da distância percorrida entre a última volta completada e o ponto de localização do aluno após a finalização do teste. Os resultados serão anotados em metros com aproximação às dezenas. Tabela 8 – Avaliação dos Índices de resistência geral 20. TESTE DE CORRIDA DE BALKE - 15 MINUTOS População Alvo: Pessoas já condicionadas ou atletas, pois o tempo de duração do teste é razoavelmente longo. A faixa etária varia entre 15 e 50 anos podendo ser utilizado tanto para homens quanto para mulheres. Metodologia: Basicamente a mesma do teste de Cooper de 12 minutos, sendo que o tempo de corrida corresponde a 15 minutos. Com o resultado apurado, deve-se calcular a velocidade, expressa em metros por minuto, utilizando a seguinte fórmula (Rocha, comunicação pessoal): VO2 max ml.kg-1.min-1 = 33 + [0,178 (v - 133)] onde: v = velocidade em metros/minuto Exemplificando: Desenvolvendo o cálculo: Distância percorrida: 4000 m Peso corporal: 75 kg v = 4.000 / 15 = 266,67 m/min VO2 max ml.kg-1.min-1 = 33 + [0,178 (266,67 - 133)] VO2 max ml.kg-1.min-1 = 56,79 ml.kg-1.min-1 Exercício (7) Distância percorrida: 3300 m Peso corporal: 95 kg VO2 max ml.kg-1.min-1 = 33 + [0,178 ( VO2 max ml.kg-1.min-1 - 133)] 21. TESTE DE CORRIDA DE RIBISL & KACHODORIAN População Alvo: Pessoas de amplo nível de aptidão física e faixa etária bem variável, pois na fórmula de cálculo de VO2max, são levados em consideração a idade e o tempo gasto na realização da tarefa. Metodologia: Neste protocolo, seguem-se as mesmas recomendações gerais para o teste de Cooper de correr e andar 12 minutos, e o de Balke de 15 minutos. Entretanto, o que o diferencia dos demais protocolos relaciona-se com a fixação da distância a ser percorrida, no caso 3200 metros, com o tempo gasto para a realização da tarefa registrado em segundos e por serem levados em consideração, 129 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras para o cálculo do VO2max, o fator idade e o peso corporal. Com o resultado apurado, utiliza-se seguinte fórmula (Ribisl & Kachodorian,1969): VO 2 max = 114,496 - 0,04689 (X1) - 0,37817 (X2) - 0,15406 (X3) ml.kg-1.min-1 onde: X1 = tempo gasto para percorrer 3200 metros em segundos X2 = idade em anos X3 = peso corporal em kg Exemplificando: Idade = 25 anos ⇔ Peso = 70 kg ⇔ Tempo = 12 minutos = 720 segundos Desenvolvendo a fórmula: VO 2 max = 114,496 - 0,04689 (720) - 0,37817 (25) - 0,15406 (70) VO 2 max = 114,496 - 33,7608 - 9,45425 - 10,7842 VO 2 max = 60,49 ml.kg-1.min-1 22. TESTE AERÓBIO MÁXIMO DE CORRIDA DE VAI E VEM DE 20M População Alvo: Crianças, jovens e adultos saudáveis, e atletas condicionados e descondicionados, participantes de esportes de resistência com característica contínua e de esportes intermitentes, tipo basquetebol, futebol, tênis, voleibol, handebol, etc. Material e métodos: Local plano de pelo menos 25 metros, toca fitas ou toca CD, fita cassete ou CD do teste, 4 cones, fita crepe, cronômetro, monitor de freqüência cardíaca, folhas para anotação. Procedimento: O teste pode ser aplicado para grupos de até 10 pessoas, que correndo juntas em ritmo cadenciado por sistema de som conforme protocolo, devendo cobrir o espaço de 20 metros, delimitado entre 2 linhas paralelas. No protocolo, o sistema de som emite bips a intervalos específicos para cada estágio, sendo que a cada bip o avaliado deve estar cruzando com um dos pés uma das 2 linhas paralelas, ou seja, saindo de uma das linhas, corre em direção a outra, cruza esta com pelo menos um dos pés ao ouvir um bip e volta em sentido contrário. Ao final de cada estágio ocorre a sinalização com dois bips consecutivos, ocorrendo imediatamente o incremento da velocidade no estágio seguinte. A duração do teste depende da aptidão cardiorrespiratória de cada pessoa, sendo máximo e progressivo, menos intenso no início e se tornando mais intenso no final, perfazendo um total possível de 21 minutos (estágios). Observação: Apesar de o teste apresentar 21 estágios, poucos são os avaliados que conseguem ultrapassar o 13º estágio. Precauções: Fazer a aferição da velocidade no toca fitas, segundo um período padrão de um minuto, que existe no início das instruções da fita, usando-se também um cronômetro. Antes do teste é permitido aos avaliados um período de treino para adaptação ao ritmo imposto pela fita. Esquema do espaço físico para aplicação do teste: Equações de predição do VO2max em ml/kg/min no teste aeróbico de corrida de Vai-e-Vem de 20m: Pessoas de 6 a 18 anos y = 31,025+(3,238xVeloc.Km/h)-(3,248xidade) + (0,1536 x (idade x Veloc. Km/h)) Pessoas de 18 anos ou mais y= 24,4 - (6,0 x Velocidade em km/h no estágio) Onde y= VO2 em ml/kg/min 130 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras Tabela 9 – Especificações para realização do teste de vai e vem 23. YOYO INTERMITENT ENDURANCE TEST População Alvo: O teste é especialmente útil para atletas praticantes de handebol, basquetebol, futebol e demais esportes coletivos. Material e métodos: Local plano de pelo menos 25 metros, toca fitas ou toca CD, fita cassete ou CD do teste, 6 cones, fita crepe, cronômetro, monitor de freqüência cardíaca, folhas para anotação. Procedimento: Duas marcas devem ser colocadas a 20m de distância uma da outra e um terceiro marcador é colocado a 2,5m antes da linha de início do teste (zona de trote). O teste pode ser aplicado para grupos de até 10 pessoas, distantes 2m um do outro. O indivíduo inicia a corrida assim que for emitido o primeiro sinal sonoro, ajustando o ritmo para atingir a marca dos 20m no momento do próximo sinal, retornando para a linha de saída no mesmo ritmo (coincidindo com o próximo sinal). Quando passa pela linha, completando 40m (ida e volta), diminui a velocidade e passa a trotar no espaço de 2,5m, por um período de 5 segundos, aguardando o próximo sinal sonoro para iniciar nova corrida. 131 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras As corridas são repetidas até que o avaliado consiga manter o ritmo determinado pelos sinais sonoros. Quando não atingir uma das linhas no tempo proposto pela primeira vez deve ter a chance de recuperar o ritmo, mas se não atingir o objetivo novamente deve interromper o teste. O teste apresenta dois níveis. O nível 1 é iniciado a uma velocidade de 8km/h, que corresponde a 18 segundos para 2x20m e o nível 2 é iniciado a 11,5km/h (12,5 segundos para 2x20m), sendo a velocidade aumentada em determinados intervalos. O objetivo do avaliado é percorrer a maior distância possível, sendo que quando interromper o teste deve ser anotado o número correspondente ao último intervalo de 2x20m concluído. Esquema do espaço físico para aplicação do teste: 2,5m Área de Trote 20m Saída Retorno Observação: Os indivíduos que conseguem completar o estágio 11 do nível 1 devem ser avaliados pelo nível 2 numa próxima ocasião. Precauções: Fazer a aferição da velocidade no toca fitas, segundo um período padrão de um minuto, que existe no início das instruções da fita, usando-se também um cronômetro. Antes do teste é permitido aos avaliados um período de treino para adaptação ao ritmo imposto pela fita. 132 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras Estágio Velocidade (km/h) Tabela 11 - valores estimativos do vo2máximo de acordo com a velocidade e idade. 6 1 8,5 46,89 44,95 43,01 41,07 39,12 37,18 35,24 33,30 31,35 29,41 27,47 25,53 23,58 26,60 2 9,0 48,97 47,11 45,24 43,38 41,51 39,65 37,78 35,91 34,05 32,18 30,32 28,45 26,59 29,60 3 9,5 51,05 49,26 47,48 45,69 43,90 42,11 40,32 38,53 36,74 34,95 33,17 31,38 29,59 32,60 4 10,0 53,13 51,42 49,71 48,00 46,29 44,57 42,86 41,15 39,44 37,73 36,01 34,30 32,59 35,60 5 10,5 55,21 53,58 51,94 50,31 48,67 47,04 45,40 43,77 42,13 40,50 38,86 37,23 35,59 38,60 6 11,0 57,29 55,73 54,18 52,62 51,06 49,50 47,94 46,38 44,83 43,27 41,71 40,15 38,59 41,60 7 11,5 59,37 57,89 56,41 54,93 53,45 51,96 50,48 49,00 47,52 46,04 44,56 43,07 41,59 44,60 8 12,0 61,45 60,05 58,64 57,24 55,83 54,43 53,02 51,62 50,21 48,81 47,40 46,00 44,59 47,60 Idade 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 n... 9 12,5 63,53 62,20 60,88 59,55 58,22 56,89 55,56 54,24 52,91 51,58 50,25 48,92 47,60 50,60 10 13,0 65,61 64,36 63,11 61,86 60,61 59,36 58,10 56,85 55,60 54,35 53,10 51,85 50,60 53,60 11 13,5 67,69 66,52 65,34 64,17 62,99 61,82 60,65 59,47 58,30 57,12 55,95 54,77 53,60 56,60 12 14,0 69,77 68,67 67,58 66,48 65,38 64,28 43,83 62,09 60,99 59,89 58,80 57,70 56,60 59,60 13 14,5 71,85 70,83 69,81 68,79 67,77 66,75 65,73 64,71 63,68 62,66 61,64 60,62 59,60 62,60 14 15,0 73,93 72,99 72,04 71,10 70,16 69,21 68,27 67,32 66,38 65,44 64,49 63,55 62,60 65,60 15 15,5 76,01 75,14 74,28 73,41 72,54 71,67 70,81 69,94 69,07 68,21 67,34 66,47 65,60 68,60 16 16,0 78,09 77,30 76,51 75,72 74,93 74,14 73,35 72,56 71,77 70,98 70,19 69,40 68,61 71,60 17 16,5 80,17 79,46 78,74 78,03 77,32 76,60 75,89 75,18 74,46 73,75 73,03 72,32 71,61 74,60 18 17,0 82,25 81,61 80,98 80,34 79,70 79,07 78,43 77,79 77,16 76,52 75,88 75,25 74,61 77,60 19 17,5 84,33 83,77 83,21 82,65 82,09 81,53 80,97 80,41 79,85 79,29 78,73 78,17 77,61 80,60 20 18,0 86,41 85,93 85,44 84,96 84,48 83,99 83,51 83,03 82,54 82,06 81,58 81,09 80,61 83,60 21 18,5 88,49 88,08 87,68 87,27 86,86 86,46 60,48 85,64 85,24 84,83 84,43 84,02 83,61 86,60 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 133 Tabela 12 - Yoyo intermitente teste – Esquema para controle do teste Nível 1 Nível de Velocidade 1 3 5 6 6,5 7 7,5 8 8,5 9 9,5 10 10,5 11 11,5 12 12,5 13 13,5 14 134 Intervalos 1 (40) 1 (120) 1 (200) 1 (280) 1 (600) 1 (920) 1 (1240) 1 (1360) 1 (1480) 1 (1720) 1 (1960) 1 (2200) 1 (2440) 1 (2680) 1 (2920) 1 (3160) 1 (3400) 1 (3640) 1 (3880) 1 (4120) 2 (80) 2 (160) 2 (240) 2 (320) 2 (640) 2 (960) 2 (1280) 2 (1400) 2 (1520) 2 (1760) 2 (2000) 2 (2240) 2 (2480) 2 (2720) 2 (2960) 2 (3200) 2 (3440) 2 (3680) 2 (3920) 2 (4160) 3 (360) 3 (680) 3 (1000) 3 (1320) 3 (1440) 3 (1560) 3 (1800) 3 (2040) 3 (2280) 3 (2520) 3 (2760) 3 (3000) 3 (3240) 3 (3480) 3 (3720) 3 (3960) 3 (4200) 4 (400) 4 (720) 4 (1040) 5 (440) 5 (760) 5 (1080) 6 (480) 6 (800) 6 (1120) 4 (1600) 4 (1840) 4 (2080) 4 (2320) 4 (2560) 4 (280) 4 (3040) 4 (3280) 4 (3520) 4 (3760) 4 (4000) 4 (4240) 5 (1640) 5 (1880) 5 (2120) 5 (2360) 5 (2600) 5 (2840) 5 (3080) 5 (3320) 5 (3560) 5 (3800) 5 (4040) 5 (4280) 6 (1680) 6 (1920) 6 (2160) 6 (2400) 6 (2640) 6 (2880) 6 (3120) 6 (3360) 6 (3600) 6 (3840) 6 (4080) 6 (4320) 7 (520) 7 (840) 7 1160) 8 (560) 8 (880) 8 (1200) PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras Tabela 13 - Yoyo intermitente teste – Esquema para controle do teste Nível 2 Nível de Velocidade 8 Intervalos 1 (40) 1 (120) 1 (200) 1 (280) 1 (600) 1 (920) 1 (1240) 1 (1360) 1 (1480) 1 (1720) 1 (1960) 1 (2200) 1 (2440) 1 (2680) 1 (2920) 1 (3160) 1 (3400) 1 (3640) 1 (3880) 1 (4120) 10 12 13 13,5 14 14,5 15 15,5 16 16,5 17 17,5 18 18,5 19 19,5 20 20,5 21 2 (80) 2 (160) 2 (240) 2 (320) 2 (640) 2 (960) 2 (1280) 2 (1400) 2 (1520) 2 (1760) 2 (2000) 2 (2240) 2 (2480) 2 (2720) 2 (2960) 2 (3200) 2 (3440) 2 (3680) 2 (3920) 2 (4160) 3 (360) 3 (680) 3 (1000) 3 (1320) 3 (1440) 3 (1560) 3 (1800) 3 (2040) 3 (2280) 3 (2520) 3 (2760) 3 (3000) 3 (3240) 3 (3480) 3 (3720) 3 (3960) 3 (4200) 4 (400) 4 (720) 4 (1040) 5 (440) 5 (760) 5 (1080) 6 (480) 6 (800) 6 (1120) 4 (1600) 4 (1840) 4 (2080) 4 (2320) 4 (2560) 4 (2800) 4 (3040) 4 (3280) 4 (3520) 4 (3760) 4 (4000) 4 (4240) 5 (1640) 5 (1880) 5 (2120) 5 (2360) 5 (2600) 5 (2840) 5 (3080) 5 (3320) 5 (3560) 5 (3800) 5 (4040) 5 (4280) 6 (1680) 6 (1920) 6 (2160) 6 (2400) 6 (2640) 6 (2880) 6 (3120) 6 (3360) 6 (3600) 6 (3840) 6 (4080) 6 (4320) 7 (520) 7 (840) 7 (1160) 8 (560) 8 (880) 8 (1200) 24. TESTE DE CORRIDA DE 1.000 METROS População Alvo: Crianças na faixa etária de 8 a 13 anos de ambos os sexos. Metodologia: Os avaliados deverão percorrer, no menor tempo possível, através de um ritmo contínuo, a distância de 1000 metros, não sendo permitido caminhar durante o teste. O local da avaliação deverá ser preferencialmente em uma pista de atletismo. Com o registro do resultado utiliza-se a seguinte fórmula: (Matsudo, 1983). VO 2 max (ml.kg-1.min-1) = 652,17 - y 6,762 onde: y = tempo de corrida em segundos Exemplificando: Desenvolvendo a fórmula: PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 135 Idade: 10 anos Tempo do teste: 5:30 = 330 segundos VO 2 max (ml.kg-1.min-1) = 652,17 - 330 6,762 VO 2 max (ml.kg-1.min-1) = 47,64 Em crianças e adolescentes o VO2 máx previsto (l.min-1) pode ser calculado através das seguintes equações: Meninos (6 - 17 anos) VO2max = 4,36 (altura/m) - 4,55 VO2max = 0,053 (peso/kg) - 0,30 Meninas (6 - 17 anos) VO2max = 2,25 (altura/m) - 1,84 VO2max = 0,029 (peso/kg) - 0,29 A capacidade aeróbica das crianças e dos jovens é influenciada do mesmo modo que a dos adultos? A melhora no VO2max com o treinamento em meninos e meninas é um tanto complicada pelo processo de maturação, tornando a interpretação mais difícil. Os dados de Ekblom, Sherman, Larsson e colaboradores e Lussier e Buskirk mostraram significativa melhora com o treinamento, ao passo que os de Daniels e Oldridge não. A avaliação dos resultados mostra que os valores iniciais de Daniels e Oldridge são muito mais altos do que os dos outros, portanto, o estado inicial de aptidão e a sua relação para uma possível melhora, apresenta relação inversa, ou seja, quanto mais alto o indivíduo apresentar o seu VO2max, menor será sua melhora, o contrário acontece com o indivíduo que apresenta VO2max baixo. Isso não foi um achado universal, porém está claro que até o final da puberdade os efeitos do treinamento são muito menos acentuados. As capacidades físicas das crianças parecem ser determinadas, em princípio, por questões de tamanho e o crescimento exerce uma influência mais importante do que o treinamento. Há poucas evidências a sustentar a idéia de que o treinamento tenha um efeito particularmente acentuado e de longa duração no jovem. De fato, o oposto está mais próximo da verdade. Em crianças e adolescentes, tanto a força quanto a capacidade aeróbica são fortemente influenciadas pelo tamanho (Watson e O’Donovan, 1977; Davies et al, 1972). A medida que a idade aumenta, essa relação diminui gradualmente e os efeitos do treinamento tornam-se mais significativos. Quando analisado os valores em l.min-1 (valor bruto), observou-se que o VO2max aumentou com a idade no sexo masculino até o final da adolescência, enquanto que no sexo feminino os valores progrediram durante a infância, mas se estabilizaram durante a adolescência. Assim sendo, diferenças significativas não ocorridas durante a infância ocorreram na adolescência. Quando analisado em ml.kg-1.min-1 (valor relativo), o VO2max foi maior no sexo masculino desde a infância, mostrando que o peso corporal tem importante influência no gasto energético do exercício, conforme demonstrado por diversas investigações. A capacidade aeróbica máxima tem no dote genético seu fator determinante principal, embora outras variáveis contribuam na sua determinação. A taxa de crescimento pondo-estatural, comprovadamente, influencia o VO2max, conforme demonstrado em várias investigações (ADMS (1961), ANDERSEN (1972), OLIVEIRA (1982) e BERGAMO (1996). O treinamento físico também é outro fator que influência o VO2max . A constituição corporal (proporção entre gordura e massa corporal magra) é outro fator determinante contribuindo, inclusive, para o declínio da capacidade máxima das adolescentes, que aumenta sua taxa de gordura percentual em relação ao sexo masculino. Agora que já foram apresentados vários tipos de protocolos, veja algumas recomendações genéricas, que deverão ser atendidas antes da realização de qualquer um dos testes: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. deverá ser realizado um exame médico prévio com o objetivo de verificar se o indivíduo encontra-se em condições físicas ideais para a realização do teste; deve-se evitar condições ambientais extremas, sendo dado preferência para o horário da manhã; antes da realização dos testes é aconselhável um período mínimo de aquecimento; orientar o avaliado para não realizar uma refeição com um intervalo de pelo menos 2 horas e meia antes e de 2 horas depois do teste; ter o cuidado de orientar a vestimenta adequada para o avaliado, incluindo tênis; solicitar a presença do avaliado com, pelo menos, 30 minutos de antecedência; procure observar, atentamente, o comportamento físico do avaliado durante a realização do teste, interrompendo-o imediatamente ao sinal de alguma anormalidade. 25. EQUAÇÕES GERAIS PARA DETERMINAR O VO2 MAX EM TESTES DE PISTA Como para aplicação dessas fórmulas é necessário a distinção entre caminhada e corrida, vamos aqui fazer esta diferenciação novamente. Considera-se como caminhada as velocidades até 100 m/min. Entre 100 e 134 m/min, dependendo da estatura do indivíduo, do tamanho de sua passada e de sua eficiência mecânica, pode-se ter caminhada ou corrida, o que torna difícil a previsão do gasto energético nessa faixa de velocidade. Acima de 134 m/min os indivíduos estarão correndo. 136 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras Caminhada horizontal: VO2 max = v (m/min) x 0,1 + 3,5 (ml.kg-1.min-1) v = velocidade m/min 0,1 = constante referente ao consumo de O2 necessário para caminhar l m/min. 3,5 = consumo basal de O2 (MET) * Caminhada em plano inclinado. O cálculo do VO2 deve ser dividido em duas partes: Componente horizontal. Calculado como no item anterior. Componente vertical VO2 = % inclinação x v (m/min) x 1,8 1,8 = constante referente ao consumo de O2 necessário para realizar um trabalho de 1 kgm. O VO2 é obtido pela soma dos componentes horizontal e vertical Corrida em plano horizontal (v > 134 m/mi) VO2max = v (m/min) x 0,2 + 3,5 0,2 = a necessidade de O2 para correr 1 m/min = 0,2 ml.kg-1.min-1 * Corrida em plano inclinado. Componente horizontal. Calculado como no item anterior. Componente vertical no solo. VO2max = v (m/min) x % elevação x 1,8 Componente vertical na esteira VO2max = v (m/min) x % elevação x 1,8 x 0,5 0,5 = fator de correção para a ausência do atrito do ar. O VO2 é obtido pela soma dos componentes horizontal e vertical. 26. PROTOCOLOS DE TESTAGEM UTILIZANDO ERGÔMETROS Considerações gerais na utilização da ergonometria: Antes de apresentarmos qualquer tipo de protocolo utilizando um ergômetro, é interessante observar algumas informações básicas sobre os mais diversos tipos de ergômetros existentes. Você pode estar se perguntando, o que vem a ser um ergômetro? Um ergômetro é, basicamente, um instrumento que mede o trabalho físico. Existem várias formas de ergômetros, dos mais simples aos mais complexos. Entre os mais conhecidos e utilizados temos: banco; bicicleta ergométrica; tapete ou esteira rolante. Vejamos as principais caraterísticas de cada um: TESTES DE BANCO Banco: É o mais primitivo de todos os ergômetros, podendo ser constituído de um ou dois degraus. A altura do banco varia conforme o protocolo escolhido, encontrando-se valores entre 4 e 52 cm. As principais vantagens da utilização do banco como ergômetro incluem a independência de luz elétrica, seu baixo custo de aquisição, sua facilidade de transporte, além de não necessitar de qualquer tipo de calibração (Lange et al., 1971). É indicado quando do estudo de grandes populações. O metrônomo é um acessório importante, durante a realização de um teste utilizando o banco, para assegurar o ritmo ideal de execução do movimento por parte do avaliado. O ritmo de trabalho poderá ser de quatro ou seis tempos, conforme a estrutura do banco, de um ou dois degraus, respectivamente. Para o cálculo do trabalho físico deve-se considerar: a) altura do banco; b) peso corporal; c) ritmo de trabalho. O gasto energético previsto para a fase de descida é estimado em um terço do gasto de subida. Entre os itens básicos para a construção de um banco incluem-se: a) material rígido; b) superfície com material antiderrapante; c) os degraus deverão possuir largura suficiente para permitir que o testando coloque seu pé por completo, e confortavelmente, sobre o degrau. PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 137 Considerações: Este tipo de ergômetro permite um trabalho de fácil execução, sendo ideal para o estudo de grandes populações que não apresentam fator de risco importante. Devido à dinâmica corporal, torna-se difícil o monitoramento da pressão arterial e do eletrocardiograma (E.C.G.), diminuindo em muito a margem de segurança do avaliador. Para indivíduos obesos, dependendo da altura do banco, pode ser contra-indicado devido a ação dos microtraumatismos. Em alguns protocolos, principalmente para o público feminino, a altura do banco poderá induzir a um fator antropométrico limitante. Caso não se disponha de um metrônomo, é importante que o avaliado tenha uma boa noção espaço-temporal, para coordenar o ritmo de passada preconizada pelo teste. Em todos os protocolos utilizando o banco é permitido, a movimentação dos braços auxiliando no deslocamento. Um dos erros mais comuns durante a execução, relaciona-se ao apoio inadequado dos pés. A técnica correta impõe a necessidade de um apoio completo dos pés sobre o ergômetro, e não apenas a ponta dos pés. 27. PROTOCOLOS DE AVALIAÇÃO UTILIZANDO BANCO O banco constitui o ergômetro mais simples de ser utilizado, tornando de certa forma, muito útil sua aplicação em escolas, clubes e principalmente academias. Foram desenvolvidos protocolos utilizando o banco, entre eles temos: Harvard Balke Nagle Kacth & McArdle Master Astrand Kasch C.A.F.T: (Canadian Aerobic Fitness Test) Os cinco protocolos inicialmente citados, correspondem aos mais utilizados; veremos a seguir suas peculiaridades. 28. PROTOCOLO DE BANCO DE HARVARD É constituído de carga única com uma altura de 50,8 cm; a população ideal para aplicação deste teste é constituída por homens jovens. O principal objetivo do protocolo é classificar a população em três níveis de aptidão: menos apto, apto, e mais apto. A metodologia específica da aplicação do teste inclui os seguintes procedimentos: 1) o avaliado deverá manter um ritmo constante de 30 passadas por minuto, o maior tempo possível, até completar cinco minutos; 2) após o término do estágio, deve-se medir a pulsação, contando-a durante 30 segundos, em três momentos diferentes, entre um e um minuto e meio; dois minutos e dois minutos e meio e três minutos e três minutos e meio; 3) com os dados apurados tem-se forma longa obtida pela fórmula (Mathews,1980); Índice = (duração do exercício em segundos) x 100 2 x (soma da FC de recuperação) onde: FC = freqüência cardíaca Exemplificando: Um indivíduo do sexo masculino de 25 anos de idade, apresentou após 5 minutos de teste a freqüência cardíaca de 154 bpm, 130 bpm e 100 bpm no 1o., 2o. e 3o. minuto após o teste. Qual é o índice de aptidão deste indivíduo segundo Havard. Índice = 4) ( 300) x 100 = 2x (154 + 130 + 100) 30000 = 39 768 com o resultado do índice observa-se a Tabela 7, e conclui-se que o índice de aptidão é fraco; Tabela 14 - Índice de Aptidão do Banco de Harvard Forma Longa ÍNDICE Abaixo de 55 55 - 64 65 - 79 80 - 89 Acima de 90 APTIDÃO Fraco Abaixo da média Média Bom Excelente Fonte: Mathews, 1980 5) 138 é possível uma segunda abordagem utilizando o banco de Harvard conhecido como forma abreviada, onde a contagem da FC é feita em apenas um momento, entre um minuto a um minuto e meio após a interrupção do teste, utilizando com o resultado apurado a seguinte fórmula (Mathews 1980): PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras Índice = (duração do exercício em segundos)x 100 5,5 x FC Seguindo o exemplo anterior teremos: Índice = (300) x 100 = 35,4 5,5 x 154 Com o resultado verifica-se a Tabela 8, encontrando o índice de aptidão fraco. Tabela 15 - Índice de Aptidão Banco de Harvard Forma Abreviada ÍNDICE Abaixo de 50 50 - 80 Acima de 80 APTIDÃO Fraco Médio Bom Fonte: Mathews, 1980 Exemplificando: - Harvard forma longa: - Havard forma abreviada: Dados: FC [1] = 70 FC [2] = 60 FC [3] = 50 Dados: FC = 70 Duração = 300 segundos Tempo de duração: 5 minutos x 60 seg. = 300 segundos Fórmula: Índice = 300 x 100 .·. I = 77,82 5,5 x 70 Fórmula: Índice = 300 x 100 2x(70+60+50) ·'· I = 83,33 Resultado: Índice de Aptidão: Médio Resultado: Índice de Aptidão: Bom 29. PROTOCOLO DE BANCO DE KACTH & MCARDLE É constituído de carga única com uma altura de 41 cm; sua aplicação é indicada para uma população de homens e mulheres em idade universitária. A metodologia específica do teste inclui os seguintes pontos: 1. o tempo de duração do teste corresponde a 3 minutos; 2. a freqüência da passada deverá corresponder ao ritmo de 24 e 22 passos por minuto para homens mulheres respectivamente; 3. aconselha-se o uso do metrônomo; 4. ao final do terceiro minuto de exercício, o participante permanece de pé, enquanto o pulso é aferido num intervalo de 15 segundos, começando 5 segundos após a interrupção do teste. O valor encontrado deverá ser multiplicado por 4 e o resultado da multiplicação colocado na fórmula; o resultado final dará o VO 2 max em ml.kg-1.min-1; 5) com o resultado da FC apurada aplica-se a seguinte fórmula (Katch & McArdle, 1984): Homens * VO 2 max = 111,33 - ( 0,42 x FC do final do teste) Mulheres * VO 2 max = 65,81 - (0,1847 x FC do final do teste) Exemplificando: Homem: FC atingida no final do teste = 152 Mulher: FC atingida no final do teste = 140 Aplicação da fórmula: VO2 max = 111,33 - (0,42 x 152) VO 2 max = 47,5 ml.kg-1.min-1 Aplicação da fórmula VO2 max = 65,81 - (0,1847 x 140) VO2 max = 39,95 ml.kg-1.min-1 30. PROTOCOLO DE BANCO DE ASTRAND Neste protocolo também se utiliza um único estágio, porém diferenciado segundo o sexo. PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 139 Para o masculino a altura do banco deverá ser de 40 cm, já para o feminino recomenda-se um banco com 33 cm. Astrand indica seu protocolo para ambos os sexos com idades compreendidas entre 15 e 40 anos. O objetivo principal deste teste é identificar o nível de aptidão física do avaliado através do VO2 max com o resultado expresso em l.min-1 A metodologia específica inclui os seguintes procedimentos: 1. antes da realização do teste deve-se mensurar o peso corporal total do avaliado; 2. o ritmo de trabalho deverá ser mantido em 30 passadas por minuto até o indivíduo completar 6 minutos; 3. a contagem da FC deverá ser feita imediatamente após a interrupção do teste durante 15 segundos, e seu resultado multiplicado por 4; 4. com os dados coletados (FC + peso corporal), deverá ser feito a determinação do VO2 max l.min-1 utilizando um nomograma conforme a Figura 3 em Anexo (Astrand & Rodahl, 1987). Exemplificando: Homem * FC = 162 bpm * Peso = 70 kg Resultado: VO2 max previsto: 2,9 1.min-1 Resultado em ml.kg-1 .min-1 = 41,42 Resultado em METs = 11,83 Resultado em Kcal = 14,5 Figura 3 (em anexo) Nomograma de Astrand para determinação do VO2 cicloergometria (Astrand & Kodahl, 1987). max utilizando protocolos de banco ou 31. PROTOCOLO DE BANCO DE BALKE Nesta técnica destaca-se o uso de cargas variadas durante o decorrer do teste. Os bancos possuem cinco alturas diferenciadas correspondendo a 10, 20, 30, 40 e 50 cm. Este teste apresenta uma característica interessante, devido à sua carga múltipla, permite que um grande número de pessoas possam ser avaliadas por esta técnica, desde crianças em torno de 10 anos até idosos na faixa etária dos 60 anos, desde que possuam bom condicionamento físico. Leite(1986) apresenta os procedimentos que incluem a metodologia para a aplicação do teste de banco de Balke: 1) após um aquecimento inicial, começa a subida e a descida numa freqüência de 30 passadas por minuto; 2) após três minutos de trabalho constante com o banco, é processado, a troca de estágio através da troca de banco, sem interrupção; 3) ao fim de cada estágio de três minutos verifica-se a freqüência cardíaca; 4) um dos critérios para encerrar o teste corresponde ao avaliado atingir 85 a 90 % da freqüência cardíaca máxima; 5) com o final da realização do teste aplica-se a seguinte fórmula para o cálculo: VO2max ml.kg-1.min-1 = (H x N x 1,33 x 1,78) + 10,5 onde: H = altura do último banco completada em metros; N = número de descidas e subidas por minuto; 1,33 = trabalho positivo (ascendente) e mais 1/3 para o trabalho negativo (descida); 1,78 = ml de O2, necessário para 1 kg.m de trabalho; 10,5 = trabalho horizontal adicionado ao movimento vertical. Exemplificando: Indivíduo com 25 anos Condição atlética: destreinado FC max. prevista: Fórmula ideal -* Sheffied FC max = 205 - (0,42 x idade) FC max = 205 - (0,42 x 25) FC max = 194 Obs.: O avaliado atingiu sua FC max no final do terceiro estágio. Cálculo do VO2: VO2 max ml.kg-1.min-1 = (0,30 x 30 x 1,33 x 1,78) + 10,5 VO 2 max = 31,80 ml.kg-1.min-1 Obs.: Outras Formas de Cálculo da FC max Estão Apresentadas na Tabela 23 32. PROTOCOLO DE BANCO DE NAGLE Este protocolo apresenta carga variada com a altura dos bancos progredindo da seguinte forma: 4, 8, 12, 16, 20, 24, 28, 32, 36, 40, 44, 48 e 52crn. 140 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras O teste de banco de Nagle pode ser aplicado desde crianças com 6 anos até idosos com 70 anos. É também o mais adequado para pessoas obesas, cardíacos, em período de recuperação pós cirúrgico, e mulheres em período pós gestacional. Por sua facilidade na altura dos primeiros degraus, corresponde um excelente instrumento para ser utilizado em escola. A metodologia de aplicação deste teste inclui os seguintes aspectos, segundo Leite (1986): 1) a velocidade de movimento (subida e descida) deverá corresponder ao ritmo de 30 passadas por minuto; 2) a escolha da altura do banco no qual se iniciará o teste dependerá do exame médico prévio, do grau de atividade física do avaliado, da idade e do sexo; 3) o tempo de duração de cada estágio corresponde a 2 min; 4) indicações para a altura inicial do banco: jovens sadios 28 cm, adultos sedentários 12 cm, sujeitos de alto risco 4 cm e atletas que deverão ser avaliados com protocolos em cicloergômetro ou em esteira rolante; 5) após o término do teste, é possível calcular o VO2 max, a partir da seguinte fórmula: VO2 max ml.kg-1 .min-1 = (0,875 x altura do banco em cm) + 7,0 Exemplificando: Indivíduo de 40 anos caracterizado como de alto risco FCM = 155 bpm Aplicação da fórmula: Resultado: atingiu a FCmáx no quarto estágio VO2 max ml.kg-1 .min-1 = 0,875 x 16 + 7,0 VO2 max = 21 ml.kg-1 .min-1 Agora que já se tem conhecimento de vários tipos de protocolos, tente resolver os dois exercícios propostos a seguir: Exercício (8) A partir dos seguintes dados: Protocolo de Nagle Sexo: masculino Idade: 35 anos Peso: 83 kg Altura do último banco: 48 cm Calcule: a) VO2 max : ml.kg-1 .min-1 = l . min-1 = Exercício (9) Protocolo de Astrand Sexo: feminino Idade: 25 anos Peso: 6O kg F.C. do último min.: 152 Calcule: a) VO2 max: ml.kg-1 .min-1 = -1 l . min = b) METmax = b) METmax = c) Kcal max = c) Kcal max = 33. TESTES ERGOMÉTRICOS Bicicleta: Existem quatro tipos de bicicletas ergométricas no mercado nacional, que apresentam as seguintes características: frenagem elétrica, frenagem mecânica com resistência de pesos ou de ar e frenagem iônica. Bicicleta com Frenagem Elétrica: O mecanismo básico consiste no avaliado operar um dínamo que gera uma determinada potência elétrica. Principais Vantagens: Como não existe uma freqüência extremamente acurada para que um determinado trabalho seja realizado, existe uma variação entre 40 de 110 rpm; a escala de graduação de carga é mais ampla (0 a 500 Watts), com nível de precisão de 5 Watts. Principais Desvantagens: Não leva em consideração que a eficiência mecânica sofre variação com um ritmo de pedalada entre 40 e 110 rpm; pelo peso total e dimensão, apresenta dificuldade de transporte; a calibração do ergômetro deverá ser feita por pessoal especializado. Recomendações: A freqüência de pedalada deverá ser constante, para não alterar a eficiência mecânica; para evitar interferências eletromagnéticas, é aconselhável manter o equipamento distante de campos magnéticos fortes. Bicicletas com Frenagem Mecânica: As bicicletas que utilizam o recurso de frenagem mecânica, possuem dois tipos de modelos: com o uso de pesos, e através da resistência do ar. Resistência com Pesos: O mecanismo básico desenvolvido por Von Dobeln, consiste em um peso que, de acordo com sua posição na escala (0 a 350 Watts), fará com que o testado tenha que executar um determinado trabalho para PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 141 pedalar que será diretamente proporcional à inclinação do peso, ao número de resoluções por minuto, além do comprimento da fita de frenagem. Principais Vantagens: Independe do fornecimento de energia elétrica; facilidade de transporte; preferida em estudo de campo; fácil calibração; apresenta uma ampla aplicação na Medicina e Educação Física. Principais Desvantagens: Escala de carga pequena (0 a 350 Watts); discriminação da escala com grande amplitude (25 Watts). Resistência com Ar: O mecanismo básico de funcionamento consiste em uma roda de bicicleta, em cujos os aros existem pequenas pás, que oferecem uma resistência ao ar progressivamente maior, conforme a força de pedalagem e ângulo de localização (REPCO). Bicicletas com Frenagem Iônica: Seu mecanismo de funcionamento baseia-se na relação iônica de dois ímãs. Quanto maior a aproximação dos ímãs, maior será a dificuldade para pedalar, e quanto mais afastados, maior será a facilidade. Devido a este mecanismo, o nível de ruído é baixo, o que torna muito mais agradável o exercício. Existem modelos sofisticados que utilizam computadores, onde são registrados, além da velocidade em km/h, o ritmo de pedalagem, o tempo do exercício, o consumo em Kcal e a freqüência cardíaca; em alguns casos, é possível programar trajetos com variação de resistência feita pela própria máquina. Esteira ou Tapete Rolante: Em nosso país, a esteira é um ergômetro sofisticado, devido ao custo elevado. Por isso, existe em pequeno número no Brasil comparado a outros países. O mecanismo básico de funcionamento é por uma esteira móvel onde o avaliado se desloca, que pode ser controlada por meio externo em várias velocidades, desde uma caminhada lenta, até uma corrida com alta intensidade. As variáveis de sobrecarga da esteira rolante incluem: velocidade e ângulo de inclinação. Em geral a esteira oferece uma faixa de trabalho angular de 0 a 25%. Deve-se tomar um cuidado especial com inclinações superiores a 20%, pois poderão induzir a uma lombalgia intensa e fadiga muscular localizada. A angulação ideal de trabalho gira em torno de 5%. Uma boa esteira deve apresentar algumas caraterísticas em sua composição: permitir amplas variações de velocidade e inclinação; possuir suporte de apoio na frente e nos lados; possuir controles de parada instantânea, independentes, para o avaliado e para o avaliador; possuir uma faixa útil de pelo menos 2 metros, sendo necessário faixas maiores para atletas de alto nível. Quando da avaliação de idosos, é importante adaptar o avaliado ao ergômetro. Como procedimento ideal, quando do primeiro contato do avaliado com a esteira, é coloca-lo para caminhar a uma velocidade de 4 km/h. Dentre os erros mais comuns, observados durante a utilização da esteira rolante em uma avaliação, destacam-se: deslocamento com os joelhos fletidos; inclinação do tronco à frente; correr olhando para o solo; correr não mantendo um equilíbrio nas duas pernas; passadas curtas; permitir ao avaliado que apoie as mãos no suporte lateral ou frontal. Cicloergometria x Esteira Rolante: A seguir serão listadas as principais vantagens e desvantagens da utilização do cicloergômetro e da esteira em um teste ergométrico. Cicloergômetro (bicicleta ergométrica) Principais Vantagens: Permite pequenos aumentos de carga; forma mais fácil de prescrição de exercícios; maior facilidade de registro do ECG, da pressão arterial e da ausculta durante o exercício físico; possui uma técnica mais simples no manuseio do instrumento; pode ser utilizado em diferentes posições; fácil de ser transportado; menor custo financeiro para aquisição e manutenção. Principais Desvantagens: O cicloergômetro envolve uma menor massa muscular durante o exercício que a esteira, obrigando em geral o avaliado a terminar o teste sem atingir um VO2max, mais elevado, comumente observado nos testes máximos em esteira; fadiga precoce do quadríceps femural, antes que um nível adequado de exercício tenha sido atingido; requer que o avaliado saiba pedalar; para um mesmo VO2 max o débito cardíaco e igual ou menor e o volume sistólico é menor ao observado na esteira rolante. Esteira Rolante Principais Vantagens: Usa um tipo comum de exercício (caminhar/correr); utiliza uma massa muscular maior; impõe para o mesmo VO2 max, menor stress ao sistema cardiovascular, ou seja, menores níveis de duplo produto, pressão arterial média e freqüência cardíaca. Principais Desvantagens: Custo financeiro de aquisição e manutenção elevados; maior dificuldade de registro do ECG; e pressão arterial; transporte praticamente inviabilizado devido ao peso e dimensão; nível de ruído elevado; o peso corporal interfere no trabalho físico realizado. Agora que você já está familiarizado com as principais características de cada ergômetro, vamos apresentar os principais protocolos utilizados. 142 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 34. PROTOCOLOS DE AVALIAÇÃO UTILIZANDO CICLOERGÔMETROS Antes da apresentação dos mais variados protocolos de avaliação existentes utilizando o cicloergômetro, são importantes algumas informações técnicas, relativas a este ergômetro e sua forma correta de manuseio. Regulagem do Cicloergômetro: A VO2 pode ser avaliado com precisão razoável para níveis de trabalho entre 300 a 1200 kg x m x min-1 (50 a 200 watts). Não existe componente horizontal para a bicicleta ergométrica já que ela é estacionária. Exceto nos casos de obesidade excessiva ou indivíduos muito leves, o nível de trabalho mecânico ou potência do ciclista está relacionado à resistência de pedal instalada, e a freqüência de pedaladas por minuto é independente do peso do corpo. Assim, uma determinada pessoa pesando 60 kg irá ter o mesmo VO2 absoluto (isto é, em l . min-1 ) em uma determinada potência mecânica na bicicleta ergométrica que uma pessoa pesando 90 kg. Entretanto, se for expresso em relação ao peso corporal (isto é, ml.kg-1.min-1), o indivíduo mais magro irá ter um VO2 relativo maior. A potência mecânica (em kg x m x min-1) é determinada pelo produto da resistência aplicada ao pedal (kg ou kp), a distância percorrida por este peso na rotação (m x rev-1), e o número de rotações por minuto (rev x min-1), ou kg x m x min-1 = (kg) x (m x rev-1) x (rev x min-1). Este termo de potência deve essencialmente ser convertido em unidades Sistema Internacional preferencial (SI) pelo uso da relação 1 W = 6kg x m x min-1. Os dois ergômetros mais comuns, Monark e o Tunturi, percorrem 6m x rev-1 e 3m x rev-1 , respectivamente. A fórmula para o cálculo do trabalho é a seguinte: W = F x S x RPM onde: W = trabalho produzido em ml.kg-1.min-1 RPM = rotações por minuto F = resistência em kg S = distância teórica percorrida em revolução do pedal, que é de: 6m / Monark e 3m / Tunturi Como exemplo: apresentamos um cálculo de trabalho efetuado nestes dois modelos de cicloergômetros mecânicos ajustados em seus mostradores para carga de 5 kg à 50 RPM: MODELO MONARK W = F x S x RPM W = 5kg x 6m x 50 RPM W = 1500 kgm/min MODELO TUNTURI W = F x S x RPM W = 5kg x 3m x 50 RPM W = 750 kgm/min Para cálculo completo desta fração adicional de trabalho, o custo de O2 do trabalho vertical ou resistência (1,8 ml x kg-1 x min-1) é aumentado de 0,2 ml x kg-1 x min-1; assim sendo, para bicicleta à soma destes dois valores ou 2,0 ml x kg-1 x min-1 . O componente de repouso de consumo de O2 (corrigido para o peso corporal) é no vamente somado para a obtenção do VO2 total. Regulagem do Cicloergômetro: No processo de regulagem do cicloergômetro (mecânico com pesos tipo Monark) deve-se realizar os seguintes procedimentos: a) pôr a carga em zero (pêndulo zero); b) soltar a cinta de frenagem; c) se não estiver na posição zero, ajustar o parafuso que está à frente da bicicleta. Verificar se a bicicleta está nivelada; d) colocar pesos de 2, 4, e 6 kg observando se o procedimento do mostrador corresponde aos mesmos. Um segundo item que o avaliador, deve observar é a relação avaliado e cicloergômetro; desta forma é importante observar os seguintes aspectos: a) regulagem do guidom: deve estar em uma posição que permita a verticalidade do tronco do avaliado; b) regulagem do selim: a perna deve ficar em extensão quase que completa, quando o pedal está em sua posição mais baixa. A altura do selim será ideal quando não houver movimentos de quadril, ou o avaliado não se sinta "preso" no movimento de pedalar. Um procedimento prático é fazer uma marcação em centímetros no canote que regula o selim; c) a posição dos pés junto ao pedal: deve ser feita de forma a não apoiar o eixo medial dos pés, o calcanhar ou a ponta dos pés. O apoio ideal será aquele onde a ponta do pé fique fora do pedal, a região metatársica perfeitamente apoiada no pedal e o terço posterior do pé fora do pedal. As pedaleiras podem ser utilizadas, porém modificam sensivelmente a biomecânica do movimento, principalmente se o avaliado for ciclista ou tri-atleta. PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 143 O uso do cicloergômetro em um teste ergométrico implica em ter alguns cuidados especiais: a) durante o teste, em nenhum momento, o avaliado deverá levantar se do selim; b) se o equipamento for utilizado durante um longo período de tempo, no caso do cicloergômetro mecânico, existe a possibilidade de alteração da posição do pêndulo; c) se um indivíduo emprega mais força sobre um pedal do que sobre o outro, provocará uma alteração na posição do pêndulo; d) antes do teste é necessário um aquecimento que facilitará a adaptação do avaliado ao ergômetro; e) depois de encerrado o teste, o testado deverá continuar pedalando com cargas próxima a zero, permitindo assim uma recuperação mais rápida; f) o ritmo ideal de trabalho para a maioria dos protocolos gira em torno de 50 - 60 rpm, o que corresponde a 18-21,6 km/h. Para facilitar a aplicação do teste, pede-se que o avaliado mantenha o ritmo em torno de 20 km/h. Tabela 16 - Conversões e Relações úteis DISTÂNCIA VELOCIDADE PESO TRABALHO POTÊNCIA 1 milha = 1,6 km ou 1600 metros 1 milha x h-1 = 26,8 m x min-1 1 kg = 1 kp = 9,8 N 1 kg 2,2 lb 1 kcal = 4,2 kj 1 litro O2 ≅ 5 kcal 1 kg x m ≅ 1,8 ml x O2 1 watt = 1 j x s-1 = 1 N x m x seg-1 1 watt = 6,1 kg x m x min-1 = 6,0kg x m x min-1 -1 -1 1 MET ≅ 3,5 ml x kg x min -1 -1 1 MET ≅ 1 kcal x kg x h -1 1 MET ≅ 1,6 km x h 1 MET ≅ 1,0 mi x h-1 1 MET ≅ 0,0175 kcal * 1 km ≅ 0,625 kcal * * modificado por BERGAMO, V.R., 1996 Tipos de Protocolos com Cicloergômetros: A utilização da cicloergometria, como forma de avaliação da capacidade aeróbica, é amplamente difundida em todo mundo, principalmente na Europa. Existem vários protocolos utilizando este ergômetro; dentre os mais conhecidos e utilizados entre a comunidade científica destacam-se as técnicas de: ⇒ Fox ⇒ Astrand (submáximo) ⇒ Balke ⇒ Jones ⇒ Rocha ⇒ Astrand (máximo) ⇒ A.C.S.M. ⇒ Bruce Obs.: todos os procedimentos de regulagem do cicloergômetro são iguais em sua aplicação independentemente do tipo de protocolo. Como procedimento metodológico geral, é sempre aconselhável, a execução de um aquecimento prévio antes da realização do protocolo, seja ele qual for. Os procedimentos gerais metodológicos prévios, para os protocolos utilizando cicloergômetro, são os mesmos, de forma geral, para todos os protocolos, variando apenas a forma de aplicação da técnica de avaliação. Basicamente, podemos dividir a avaliação da resistência aeróbica utilizando o cicloergômetro em protocolos com intensidade máxima e submáxima. O primeiro tende a levar o avaliado ao máximo de sua captação de O2 enquanto no segundo o valor de VO2max é obtido através de uma previsão sem, portanto impor um stress orgânico intenso durante a realização do teste. A escolha do tipo de protocolo a ser utilizado depende, basicamente, da população alvo e do objetivo a ser empregado. De uma forma geral para aquelas pessoas que apresentam um baixo risco coronariano, com menos de 30 anos e que realizam atividades físicas rotineiras, bem como para os atletas, os protocolos de avaliação máxima serão os mais indicados. Os protocolos de avaliação submáxima, serão mais indicados para pessoas com a faixa etária superior a 30 anos, com algum tipo de fator de risco coronariano primário presente, sem o hábito de prática de atividade física regular e na ausência de um médico ou de alguns equipamentos de segurança. Procedimentos para a realização de um teste ergométrico: A realização de um teste ergométrico implica, necessariamente no risco do avaliado vir a manifestar algum comprometimento cardiológico. Para minimizar este risco, é 144 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras aconselhável uma série de procedimentos, para que seu trabalho se desenvolva com total segurança. É importante ressaltar que durante uma avaliação com indivíduos de alto e médio risco, sempre será necessária a presença de um médico, para atender a todos os padrões de segurança. O mesmo procedimento também deve ser levado em consideração quando o protocolo empregado for solicitação de máxima. A seguir serão apresentados vários requisitos que são necessários para a realização de um teste com total segurança. Procedimentos Preliminares: O teste ergométrico deve ser precedido de um screening (selecionamento) completo, para que, desta forma, seja possível um levantamento das condições de saúde, eventuais riscos de comprometimento cardíaco, além do nível de condicionamento físico esperado. O primeiro procedimento do screening inclui uma anamnese, que deverá incluir dados da história pessoal e familiar ligados a coronariopatias e fatores de risco associados, uso de medicamentos, hábitos alimentares, história de tabagismo e padrões atuais de atividade física. Seguindo-se à anamnese, deverá haver um exame clínico geral, onde necessariamente inclui-se o registro do ECG, da FC e da PA, para avaliar, com precisão, as indicações e as possíveis contra-indicações à realização do exame. Um segundo ponto importante para complementação do screening inclui a dosagem sangüínea de colesterol total, triglicerídeo, HDL e glicose. Estes indicadores bioquímicos auxiliam na detecção do risco coronariano do paciente. Para a realização do screening podem ser utilizados diversos modelos de fichas; a princípio, o modelo preconizado pelo American College Sport Medicine (1986) apresenta um bom exemplo para seu emprego. Para a realização do teste ergométrico, é necessário orientar o avaliado no sentido da execução de certos procedimentos básicos que deverão ser seguidos, antes da realização do mesmo: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. informação contendo o horário e a data da realização do teste; chegar ao local de avaliação com pelo menos 20 min de antecedência; trazer, caso possua, um ECG em repouso, recente; estabelecer um intervalo mínimo de 2 horas entre a última refeição e a realização do teste; evitar abusos e excessos na noite anterior; ter uma noite repousante entre 6 e 8 horas de sono; evitar o uso de sedativos; evitar fumar com pelo menos 4 horas de antecedência da realização do teste; evitar qualquer tipo de atividade física no dia do teste; providenciar vestimenta adequada para realização do teste (bermuda e tênis); comunicar qualquer tipo de alteração no estado de saúde ocorrida nas 24 horas que realização do teste. antecederem à O Comitê Internacional de Estandardização dos Teste de Avaliação, em 1974 (Rocha et al, 1976) recomenda como pré-requisito básico para a execução de um teste ergométrico, que o paciente esteja: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. isento de qualquer doença infecciosa em evolução; livre, pelo menos três meses, de miocardites, infarto do miocárdio e crise típica de angina pectoris; isento de alterações eletrocardiográficas atípicas; com FC abaixo 100 bpm; com temperatura oral menor que 37,5oC; completamente refeito do stress de um exercício intenso previamente realizado; com a noite anterior bem dormida; com intervalo de duas semanas sem utilização de medicamentos que interfiram na FC; com intervalo de 4 horas do uso de nitritos de ação rápida; com a PAmax inferior a 190 mmHg e a mínima a 120 mmHg. Antes da realização do teste ergométrico, a Sociedade Brasileira de Cardiologia (1995) recomenda que o avaliado seja orientado sobre os possíveis riscos de morbimortalidade relacionados diretamente com os procedimentos de testagem. Desta forma Alfiere & Duarte (1993), indicam a conscientização do avaliado sobre os riscos previsíveis do procedimento de testagem, além do consentimento na realização do mesmo. O termo de consentimento de realização do teste ergométrico é indicado pelo A.C.S.M. (1986) e, mais recentemente, pela S.B.C. (Sociedade Brasileira de Cardiologia, 1995). Esta última propõe dois modelos de consentimento, que devem ser assinados pelo avaliado e mais duas testemunhas. A seguir estes modelos: Sugestão 1: “Declaro que fui informado sobre as finalidades do exame ergométrico a que irei me submeter, estando ciente de sua forma de execução de eventuais sintomas, cansaço e/ou anormalidade que poderão advir, conseqüente, à aplicação do método.” PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 145 Sugestão 2: “Concordo voluntariamente em me submeter a um teste ergométrico, que tem como finalidades principais avaliar as respostas cardiovasculares e gerais, frente à aplicação de esforço físico progressivo. Este poderá ser realizado em esteira rolante ou bicicleta ergométrica com possibilidade do aparecimento de sintomas como cansaço falta da ar; dor no peito, etc., sendo mínimas as chances de ocorrerem complicações de difícil controle clínico. Tal exame foi indicado pelo meu médico assistente para complementação de avaliação”. 35. FORMA DE ATUAÇÃO DOS AVALIADORES É possível a aplicação de um teste de esforço por um Professor de Educação Física, sem a presença de um médico, desde que o profissional seja adequadamente treinado para a função e conte com um avaliado considerado de baixo risco, ou seja, com características que incluem ausência de dor no peito e falta de ar, nenhuma história de DAC: (doença arterial coronariana), ou qualquer outro fator de risco primário (hipertensão, hiperlipidemia e tabagismo) (McArdle et al, 1992). Visando resguardar a condição de segurança do avaliado, os autores desta obra recomendam, na situação apresentada anteriormente, a presença de um médico, próximo ao local de avaliação. O procedimento de segurança habitual inclui a presença de pelo menos dois avaliadores, sendo, preferencialmente, um deles médico. As funções são diferenciadas, devendo ambos possuírem ampla experiência, conhecimento das contra-indicações, dos critérios de interrupção do teste, bem como dos procedimentos das manobras de emergência; podem ser descritas da seguinte forma: Avaliador [A] 1) 2) 3) prepara o avaliado, psicológica e fisicamente, para a execução do teste; mantém-se em contato constante com o avaliado, medindo sua PA, auscultando, observando o monitor e verificando as reações do teste; é responsável direto pelo avaliado. Avaliador [B] 1) 2) 3) 4) 5) checa o funcionamento do equipamento; registra a FC; registra a PA; altera a carga de trabalho; é responsável pela coleta de dados e sua organização. 36. PARÂMETROS A SEREM CONTROLADOS DURANTE UM TESTE DE ESFORÇO Durante a realização de um teste de esforço, torna-se necessário, para uma perfeita segurança do avaliado, a constante mensuração e análise de variáveis como IPE; (índice de percepção de esforço), FC e PA. Um outro recurso de fundamental importância é o tratado eletrocardiográfico. Índice de percepção de esforço (IPE): O IPE representa uma escala de valores com os quais o avaliado informa a sensação de intensidade de trabalho que lhes está sendo imposta durante a realização de um teste ergométrico. Desta forma, o avaliador tem condições de obter informações sobre a interferência do exercício no que o avaliado está sentindo e que, consequentemente, pode servir como elemento para interrupção do teste. Dentre as características principais do IPE, durante a realização de uma avaliação funcional, destacam-se: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 146 trata-se de uma escala de 15 pontos, numerada de 6 a 20, que representa, respectivamente, os níveis mínimo e máximo de cansaço (Tabela 10A); o IPE e a FC estão linearmente relacionadas entre si e com intensidade de trabalho; existe uma boa relação entre IPE e vários fatores fisiológicos como VE (volume minuto), lactato e VO2 (Borg, 1982); a escala do IPE tem demonstrado ser um indicador confiável do nível de esforço físico; o IPE fornece ao avaliador um dado objetivo através do qual pode comparar o grau relativo de fadiga de um teste para outro; serve como parâmetro para interromper um teste; quando aplicado pela primeira vez, Pollock et al (1986) propõem a leitura do seguinte texto para orientar o avaliado na interpretação do IPE: "Você agora vai participar de um teste de exercícios graduado. Você irá caminhar ou correr na esteira enquanto nós iremos avaliando várias funções fisiológicas. Também queremos que você tente avaliar sua dificuldade durante o exercício; quer dizer, nós queremos que você avalie o nível de esforço a que PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 8. 9. 10. você vai se submeter. Por percepção do esforço queremos nos referir à quantidade total de esforço e fadiga física. Não se preocupe com um fator isolado como dor na perna, respiração curta ou nível de trabalho; concentre-se no todo, no mais profundo esforço. Tente avaliar-se honestamente e objetivamente tanto quanto for possível. Não subestime o grau de esforço que você for capaz, mas também não exagere. Apenas tente avaliá-lo tão cuidadosamente quanto possível" (Pollock et al, 1986); obtém-se o valor da escala, interrogando o avaliado a cada minuto; o IPE apresenta uma grande relação com os fatores indicativos de fadiga muscular; a escala não é perfeita, e deve ser interpretada no conjunto com bom senso, além de outros parâmetros clínicos, fisiológicos e psicológicos envolvidos na avaliação. Tabela 17A - Classificação Original (IPE) ou Escala de Borg 6 7 8 9 muito, muito leve muito leve 10 11 razoavelmente leve 12 13 um pouco difícil 14 15 difícil 16 17 muito difícil 18 19 muito, muito difícil 20 esforço máximo Fonte: Pollock & Wilmore, 1993 Como a escala desenvolvida por Borg não é muito comum, observou-se uma certa dificuldade, por parte do avaliado, em sua adaptação. Como solução, criou-se uma nova escala, de zero a dez, de forma a facilitar a compreensão do avaliado, com os mesmos objetivos e metodologia de aplicação que a escala original. A nova escala pode ser analisada na Tabela 10B. No Brasil a nova classificação de Borg vem sendo adotada por vários institutos de pesquisa, entre eles o Lapeh (UFV) e o Labofise (UFRJ) e o Laboratório de São Caetano do Sul (CELAFISCS). Tabela 17B - Nova classificação da Escala de Borg NÍVEL 0 0,5 1 2 3 4 CONDIÇÃO Repouso Muito, muito fraco Muito fraco Fraco Moderado Algo pesado NÍVEL 5 6 7 8 9 10 CONDIÇÃO Forte (pesado) Muito pesado Muito, muito forte quase máximo Fonte: Pina et al, 1995 Freqüência Cardíaca (FC): A mensuração da FC representa um item fundamental durante uma avaliação funcional. O aumento da FC está diretamente relacionado com o aumento do consumo de O2; um incremento de carga, sem uma resposta positiva da FC, pode ser considerado como indicativo de isquemia tornando-se necessária a interrupção do teste. O acompanhamento da FC durante um teste de esforço é fundamental para verificarmos a resposta cardiovascular ao exercício. Para um melhor controle da FC é necessário conhecer algumas de suas características básicas: 1) a FC é menos variável de manhã, antes de se levantar; são considerados normais valores de 35 a 50 bpm para indivíduos com prática regular de atividades físicas e 55 a 85 para indivíduos sedentários; 2) existem alguns fatores que interferem na mensuração da FC de repouso e submáxima: a posição do corpo, a alimentação, o estado de tensão emocional, o fumo e o consumo de bebida alcoólica. E importante ressaltar que a FC máxima não é afetada por nenhum destes fatores; 3) a FC de repouso, após um período de treinamento, tende a baixar, necessitando uma constante avaliação; 4) os farmacos beta-adrenérgicos, como o propanol, tendem a abaixar significativamente a FC em repouso, submáxima e máxima. A FC apresenta uma íntima relação com o VO2 HELLERSTEIN & ADLER (1973) estabeleceram duas equações relacionando as duas variáveis, uma para indivíduos normais e outra para coronariopatas. PESSOAS NORMAIS % FC = % VO2max + 42 1,41 CORONARIOPATAS % FC = % VO2max + 35,2 1,32 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 147 Outros pesquisadores como Londeree & Anes (1976) e Katch (1978) desenvolveram outras fórmulas, que auxiliam na prescrição do treinamento, ao estabelecer uma relação entre % de FC e % VO2: LONDEREE & ANES % VO2 = [1,369 x % FC] - 40,99 KATCH % VO2 = [1,388 x % FC] - 44,765 Exemplificando: Qual será o % VO2 trabalhado ao se prescrever uma intensidade de exercício com 79% da FCmáx ? Cálculo por Hellerstein & Adler = 69,39 Cálculo por Londeree & Anes = 67,16 Cálculo por Katch = 64,88 É interessante observar que os três resultados apresentam valores diferentes que, porém, de forma alguma, invalidam o emprego das fórmulas. A sugestão do autor é que se escolha qualquer uma das técnicas, para que se tenha um referencial de trabalho. Metodologia para mensuração da FC A mensuração da FC pode ser feita de forma simples, sendo necessário o conhecimento de algumas peculiaridades: 1) o indivíduo deve estar numa posição confortável; 2) a melhor forma de medir a FC de repouso, é aquela verificada pela manhã, antes do indivíduo levantar-se da cama. Este procedimento deve ser feito por dois ou três dias sucessivos, calculando-se a média dos valores encontrados; 3) a FC é normalmente mensurada pela contagem de freqüência de pulso através da pulsação, pelo traçado eletrocardiográfico, ou pelo cardiotacômetro; 4) a mensuração da FC pela técnica de palpação, é realizada colocando as extremidades dos dois primeiros dedos (indicador e médio) levemente sobre a artéria carótida ou radial, ou ainda colocando a extremidade da mão sobre o lado esquerdo do tórax (no ápice do coração) contando as pulsações; 5) a FC após 15 segundos do término da atividade, inicia um processo de redução, sendo aconselhável não ultrapassar esse tempo para a coleta desse dado; 6) ao fazer o contato com o ponto de mensuração, deve-se começar a contagem numa batida completa; 7) pode-se utilizar a técnica de 10 ou 15 segundos; a primeira necessita uma grande experiência do avaliador, pois o erro de um batimento na contagem acarreta um erro de seis batimentos no minuto. Já a segunda apresenta menor possibilidade de erro na contagem devido a um maior tempo de mensuração; 8) uma forma prática de mensuração, tanto para técnica de 10 segundos quanto para a de 15 segundos, é ter afixado, em um local de boa visualização, uma tabela de conversão com os resultados; 9) a contagem deverá ser feita mentalmente. Pressão arterial (PA): A mensuração da PA representa um dos principais parâmetros clínicos a ser controlado em um teste de esforço. Dependendo do comportamento apresentado durante a execução de um teste ergométrico pode ser identificado algum comprometimento cardíaco. É possível encontrarmos uma ampla variação do comportamento da PA, POLLOCK & WILMORE (1993) apresentam uma classificação da PA a partir dos valores registrados em repouso. Tabela 18 - Classificação da Pressão Arterial VARIAÇÃO DA PA MMHG Diastólica PAD) < 85 86 - 89 90 - 104 105 - 114 >115 Sistólica (PAS), quando a PAD é < 90 < 140 140 - 159 >159 CATEGORIA PA normal PA no limite superior da normalidade Hipertensão leve Hipertensão moderada Hipertensão grave PA normal Hipertensão sistólica limiar isolada Hipertensão sistólica isolada Fonte: Pollock & Wilmore, 1993 Comportamento Normal da PA durante o Esforço: Durante a realização de um teste de esforço, é considerado aceitável o aumento gradativo da PAS paralelamente ao incremento de carga até o final do teste, quando então retornará rapidamente ao nível próximo ao de repouso. Já a PAD varia muito pouco, não sendo comum alterações significativas dos valores obtidos durante o repouso. Caso surjam, deve-se interromper imediatamente a realização do teste. 148 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras Procedimentos para Mensuração da PA: A mensuração da PA pode ser feita de maneira simples, entretanto recomenda-se uma certa experiência por parte do avaliador, para a execução durante um teste de esforço, pois o ruído de um cicloergômetro e da esteira podem interferir no resultado apurado. Para uma perfeita aferição da PA é necessário estar atento para alguns detalhes: 1) 2) 3) 4) 5) 6) 7) deve-se utilizar um tensiômetro de coluna de mercúrio, regulando a campânula de um estetoscópio na artéria braquial; a pressão é elevada até 20 a 30 mmHg acima do valor máximo obtido na leitura anterior ou no ponto acima do nível onde o pulso radial desaparece; e neste ponto que se inicia a liberação lenta de pressão; o primeiro som a surgir apresenta o componente sistólico e o último o componente diastólico; não se deve reinflamar o manguito, sem antes liberar por completo a pressão existente no mesmo, para evitar registros errôneos; a bicicleta, em relação à esteira, oferece melhores condições para mensuração, pois apresenta menos ruído e o avaliado não se desloca; para a mensuração da PA durante o exercício, o avaliado deve estar com o braço relaxado (preferencialmente apoiado no ombro do avaliador) e não segurando a barra da esteira ou do guidom da bicicleta ergométrica; sua freqüência de mensuração deverá corresponder a cada minuto do teste ou durante os 30 segundos que antecedem a mudança de estágio no protocolo utilizado. 37. PROTOCOLOS SUBMÁXIMOS Técnica de Fox: Esta técnica apresenta como característica principal a aplicação de uma única carga (150 Watts) durante todo o decorrer do teste. O tempo de duração máxima previsto está limitado em 5 minutos. Um ponto importante que deve ser levado em consideração nesta técnica está na população específica de apenas indivíduos do sexo masculino, podendo ser utilizado o fator de correção da idade previsto por Astrand (Fox et al., 1991). Para o cálculo do VO2max que vem expresso em l.min-1, deve-se obter a FC no quinto minuto na carga de 150 Watts. Com o resultado obtido, basta utilizar a seguinte fórmula: VO2max ml.kg-1.min-1 = 6,3 - 0,0193 x FCW onde: FCW = FC submáxima obtida no 5o minuto na carga de 150 Watts. Exemplificando: FC obtida no 5o minuto = 155 Aplicação da fórmula: VO2max l.min-1 = 6,3 - 0,0193 x 155 .·. VO2max = 3,30 l.min-1 Técnica de Astrand: Entre as técnicas de teste submáximo, esta vem tendo a maior preferência dos pesquisadores. A metodologia empregada inclui a escolha de uma carga inicial de trabalho que varia de acordo com o sexo. Para indivíduos do sexo masculino a carga deve variar entre 100 a 150 Watts e para mulheres entre 50 a 100 Watts. Com a seleção da carga o avaliado deverá pedalar durante 5 minutos; registra-se a FC do quarto e quinto minutos, e se obtém o valor médio. A FC da carga deverá estar entre 130 e 170 e, preferencialmente, acima de 140 para os jovens (Araújo, 1984). Fórmulas para aplicação do protocolo: Cálculo do VO2max : Homens -* VO2max = 195 - 61 x VO2 carga x fator de correção FCesf. - 61 Mulheres -* VO2max = 198 - 72 x VO2 carga x fator de correção FCesf. - 72 Obs.: resultado em l.min-1 onde: FC = média da freqüência cardíaca obtida no quarto e quito minutos de carga. VO2 carga = consumo de oxigênio necessário para pedalar uma dada carga e pode ser obtida pela seguinte equação: VO2 carga l.min-1 = 0,014 x carga (Watts) + 0, 129 Exemplificando: Uma mulher de 42 anos, pedalou com uma carga de 100 Watts durante cinco minutos, sendo sua FC de 150 e 152 no quarto e quinto minutos respectivamente. PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 149 Cálculos: FC média 151 VO2 carga = 0,014 x 100 + 0,129 .'. VO2 carga = 1,5 l.min-1 VO2max = 198 - 72 x 1,5 x 0,83.'. VO2max = 1,98 l.min-1 151 - 72 Obs.: caso duas cargas sejam utilizadas, deve-se calcular o VO2max para as duas, obtendo-se a média entre os resultados, sendo então considerado o resultado encontrado como o VO2max, caso o indivíduo tenha uma idade superior a 35 anos, é necessário a aplicação de um fator de correção conforme a Tabela 12 de modo a se obter uma melhor estimativa, desenvolvendo em seguida a seguinte equação: VO2max = VO2max calculado x fator idade Tabela 19 - Fator de Correção da Idade de Astrand Idade 35 -38 39 40 - 42 43 44 45 -48 49 50 - 51 52 Exemplificando: VO2 = 2,39 l.min-1 Idade = 42 anos Fator 0,87 0,86 0,83 0,82 0,81 0,78 0,77 0,75 0,74 Idade 53 54 55 56 57 - 58 59 -60 61 62 - 65 Fator 0,73 0,72 0,71 0,70 0,69 0,68 0,66 0,65 Desenvolvendo a fórmula: VO2max = 2,38 x 0,83 VO2max = 1,98 l.min-1 Para um maior detalhamento do fator de correção em relação a idade, Astrand (Rocha, comunicação pessoal) desenvolveu a seguinte equação: onde: F = fator de correção id = idade em anos F = - 0,009 x id + 1,212 38. PROTOCOLOS MÁXIMOS Técnica de Balke: São empregados estágios múltiplos iniciando de zero Watt e aumentando a carga em estágios de 2 minutos com magnitude de 25 Watts caso o indivíduo não seja atleta e 50 Watts caso seja atleta ou bem condicionado. Entre os procedimentos para a determinação do VO2max utilizando a fórmula de Balke é necessário a verificação do peso corporal do avaliado antes da realização do teste, bem como da última carga completada pelo indivíduo em Watts. Com estes dados aplica-se a seguinte fórmula: VO2max ml . kg-1.min-1 = 200 + (12 x W) P (kg) onde: W = carga em watts em que se interrompeu o teste P = peso corporal em kg Exemplificando: Indivíduo atingiu no último estágio 300 Watts de carga final. Peso corporal do indivíduo: 80kg VO2max ml . kg-1.min-1 = 200 + (12 x 300) 80 VO2max = 47,5 ml . kg-1.min-1 Técnica de Rocha: Metodologia: segue o mesmo tipo da técnica preconizada no protocolo de Balke. O resultado é expresso em l.min-1. Sua fórmula leva em consideração a massa muscular magra (MCM) e a FCmáx prevista para a idade e a FCmáx atingida no teste FCW (Rocha, comunicação pessoal). Aplicação da fórmula: Fórmula: VO2max l.min-1 = (4,7 x MCM) + (14,3 x Wmax ) + 20 (FCmáx - FCW) 1000 150 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras onde: MCM = massa corporal magra em kg Wmax = carga máxima atingida FCmáx = FC máxima prevista para idade Veja fórmula de Sheffield na Tabela 23 FCW = FC atingida na carga máxima Exemplificando: Indivíduo com os seguintes dados: Idade: 27 FCmáx obtida na carga máxima: 184 Carga máxima obtida: 250 watts Peso total: 70 kg FCmáx: 194 M: 60,9 Aplicação da fórmula: VO2max l.min-1 = (4,7 x 60,9) + (14,3 x 250) + 20 (194 - 184) 1000 VO2max = 4,06 l.min-1 Técnica de Jones: Os mesmos procedimentos da técnica de Balke, com as seguintes modificações: o resultado é expresso em l.min-1; no cálculo da fórmula a carga registrada está na unidade KPM e não em Watts. Como a unidade de cálculo na fórmula de Jones é KPM, é interessante observar a relação existente entre KPM e Watts, que ocorre da seguinte forma: 1Kp = 50 Watts = 300 KPM a) b) Para o cálculo do VO2max neste protocolo é necessário empregar a seguinte fórmula: VO2max l.min-1 = (CM x 2) - (P x 3,5) Aplicação: onde: CM = carga máxima em KPM p = peso corporal do avaliado em kg Peso corporal: 90 Carga máxima atingida: 150 W ou 300 KPM VO2max = (900 x 2) - (90 x 3,5) VO2max = 1,485 = 1,5 l.min-1 Técnica de Astrand: Segue os mesmos procedimentos dos testes anteriores, porém com algumas modificações: a) o tempo entre os estágios tem uma duração de 3 minutos; b) o resultado final do VO2max é expresso em ml.min-1 ; c) a aplicação de carga no primeiro estágio deverá ser de 10, 25 e 50 Watts para cardiopatas, mulheres e homens respectivamente (Astrand & Rodahl, 1987). Para o cálculo do VO2max utilizando a técnica de Astrand é necessário o emprego da seguinte fórmula: VO2max ml.min-1 = 12 x Watts + (Peso x 3,5) onde: W = carga máxima obtida em Watts no último estágio P = peso corporal do avaliado em kg Exemplificando: Indivíduo: 70 kg Última carga: 250 Watts Aplicação da fórmula: VO2max ml.min-1 = 12 x 250 + (70 x 3,5) VO2max ml.min-1 = 3245 ml.min-1 / 1000 .·. VO2max = 3,24 l.min-l Colégio Americano de Medicina Esportiva: Segue os mesmos procedimentos dos testes apresentados anteriormente, porém propõe duas fórmulas diferentes em função do tipo de bicicleta (ACSM, 1980). Bicicleta mecânica: VO2max ml.kg-1.min-1 = kpm x 2 + 300 peso kg Bicicleta eletromagnética: VO2max ml.min-1 = Watts x 12 + 300 peso kg PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 151 Técnica de Bruce: Os pontos de destaque desta técnica são o tempo entre as estações, que deverá ser de 3 minutos e o resultado final expresso em l.min-1 Fórmula: VO2max l.min-1 = 0,129 + 0,014 x (Watts) + 0,075 onde: Watts = carga máxima onde encerrou o teste em Watts. Exemplificando: Última carga: 300 Watts VO2max l.min-1 = 0,129 + 0,014 x 300 + 0,075 VO2max l.min-1 = 4,40 1.min-1 39. PROTOCOLOS DE AVALIAÇÃO UTILIZANDO ESTEIRA ROLANTE Os protocolos utilizando esteira rolante representam como principal vantagem a familiarização do gesto motor, impondo uma dificuldade a menos ao avaliado. Sua utilização mais freqüente ocorre nos Estados Unidos; no Brasil os centros que trabalham com ergometria, tendem a optar pela utilização da esteira, apesar de seu alto custo. Como principal característica dos protocolos desenvolvidos para esteira, estão presentes como forma de sobrecarga, o grau de inclinação, a velocidade e o tempo do estágio, de forma isolada ou combinada. Dentre os mais diversos protocolos existentes, o de Bruce e o que tem a preferência de utilização pelos cardiologistas. A seguir serão apresentados os protocolos que utilizam a esteira rolante mais conhecidos. Técnica de Bruce: Este protocolo apresenta um alto grau de intensidade por ter sua sobrecarga aplicada tanto em relação à inclinação quanto à velocidade. Entre as principais características deste protocolo destacam-se o tempo de duração do estágio constante em 3 minutos, a velocidade de trabalho variando entre 1,7 a 6,0 mph (milha por hora) e aumentos constantes da inclinação em 2%, Gráfico 1 (MARCONDES & FROELICHER, 1992). Inclinação (%) Protocolo de Bruce 22 6,0 5,5 18 5,0 4,2 14 3,4 2,5 mph 10 1,7 0 3 6 9 12 minutos 15 18 21 As fórmulas para cálculo do VO2max em ml.kg-1 . min-1, que deverão ser utilizadas de acordo com o tipo de população testada, fornecem as seguintes opções (Leite, 1993): HOMEM CARDIOPATA: VO2max ml.min-1 = (2,327 x tempo) + 9,48 HOMEM SEDENTÁRIO: VO2max ml.min-1 = (3,288 x tempo) + 4,07 HOMEM ATIVO: VO2max ml.min-1 = (3,778 x tempo) + 0,19 MULHER: VO2max ml.min-1 = (3,36 x tempo) + 1,06 Para facilitar o manuseio das variáveis é possível trabalhar com a Tabela 20, agilizando assim o resultado final do teste. Tabela 20 - Protocolo de Bruce Tempo 152 Velocidade Inclinação VO2max ml.min-1 Cardiopatas METs PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 1,7 10 2,5 12 3,4 14 4,2 16 5,0 18 Homem Normal 12,4 ± 2,2 16,7 ± 1,8 17,4 ± 1,4 19,6 ± 2,1 24,1 ± 1,2 24,8 ± 2,1 28,6 ± 2,4 32,6 ± 2,4 34,3 ± 3,3 38,3 ± 3,6 42,3 ± 3,6 43,8 ± 4,0 Mulher Normal 9,0 ± 1,7 15,4 ± 1,5 16,9 ± 1,5 19,2 ± 2,0 21,7 ± 1,7 23,2 ± 1,8 25,8 ± 1,8 29,9 ± 2,8 32,2 ± 3,2 39,0 ± 4,2 46,1 ± 6,2 49,1 ± 5,4 10,5 ± 2,4 15,8 ± 3,1 17,8 ± 2,7 19,9 ± 3,7 22,1 ± 2,6 23,1 ± 2,9 25,4 ± 2,1 30,2 ± 3,0 31,8 ± 2,3 35,0 ± 3,0 3,0 4,6 5,0 6,0 6,5 6,8 7,6 8,8 9,4 10,7 56,9 ± 5,5 20 68,2 ± 6,0 22 Fonte: Leite, 1993 Protocolo de Balke: As características principais deste protocolo incluem a velocidade constante em todo decorrer do teste em 3,3 mph, aumentos constantes de inclinação de 1% para cada estágio de 1 minuto (McArdle et al, 1992). Para se obter o valor do VO em ml.kg-1.min-1 após o final do teste, basta fazer o cálculo pela seguinte fórmula: VO2max ml.kg -1.min-1 = 14,909 + (1,444 x tempo de duração) Protocolo de Balke 22 18 14 10 6 Velocidade constante a 3,3 mph 2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 minutos Um dos problemas identificados neste teste (Gráfico 2), quando aplicado em pessoas com alto grau de condicionamento relaciona-se ao grande período de tempo em exercício. Observe na Tabela 21 que pessoas com um VO2max de 49,6 ml.kg -1.min-1 apresentam um tempo de exercício de 24 minutos, o que normalmente não é considerado como ideal. Tabela 21 - Protocolo de Balke Tempo (min) 0 1 2 3 Velocidade (mph) Inclinação (%) 3,3 0 2 3 4 VO2max METs 19,3 5,5 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 153 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 3,3 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 3,3 3,3 3,3 3,3 3,3 23,7 6,8 28,0 8,0 32,2 9,2 36,7 10,5 41,0 11,7 45,3 12,9 49,6 14,2 Fonte: Leite, 1993 Protocolo de Naughton: Este protocolo é muito empregado para avaliação de pessoas de baixo nível de condicionamento físico por apresentar, em alguns estágios, uma redução da inclinação da esteira (veja Tabela 22 e Gráfico 3). Outras caraterísticas do protocolo de Naughton incluem a duração do estágio em 3 minutos, além da alternância da velocidade variando entre 2,0 a 3,4 mph (Naughton et al, 1964). Inclinação (%) 22 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 Protocolo de Naughton 3 3 2 2,4 3 3 2 3 2 2 2 1mph 2mph 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 minutos Tabela 22 - Protocolo de Naughton Estágios mph 1 2,0 2 2,0 3 2,0 4 3,0 5 3,0 6 3,4 7 3,4 8 3,4 9 3,4 * ml.kg-1.min-1 % Inclinação VO2max METs Minuto 7,0 14,0 4,0 3 10,5 17,5 5,0 3 14,0 21,0 6,0 3 10,0 24,5 7,0 3 12,5 28,0 8,0 3 12,0 31,5 9,0 3 14,0 35,0 10,0 3 16,0 38,5 11,0 3 18,0 42,0 12,0 3 Fonte. Naughton et al, 1964 Protocolo de Ellestad: Este protocolo, por não apresentar uma inclinação elevada, é ideal para pessoas com idade avançada, diminuindo a possibilidade de interrupção do teste por fadiga localizada na musculatura do tricepssural (Gráfico 4). 154 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras Inclinação (%) Entre as principais características deste protocolo destacam-se: a) opção por uma velocidade variada entre 1,7 a 8,0 mph; b) tempo de duração dos estágios variando entre 2 e 3 minutos; c) manutenção do ângulo de inclinação nos quatro primeiros estágios em 10%; d) passa, a partir do quinto estágio, a ter um incremento de 5%, se mantendo até o final como pode ser observado na Tabela 16 (Ellestad, 1986). Protocolo de Ellestad 15 5,0 6,0 7,0 8,0 10 1,7mph 3,0 0 3 4,0 5 5,0 7 10 minutos 12 14 16 VO2max ml.kg -1.min-1 Para o cálculo do VO2max ml.kg -1.min-1 basta utilizar a seguinte fórmula: 18 deste protocolo, = 4,46 + (3,933 x tempo total do teste em min) Tabela 23 - Protocolo de Ellestad Estágio 1 2 3 4 5 6 7 8 Duração (min) 3 2 2 2 3 2 2 2 Velocidade (mph) 1,7 3,0 4,0 5,0 5,0 6,0 7,0 8,0 Inclinação (%) 10 10 10 10 15 15 15 15 ml.kg -1.min-1 16,65 24,12 31,99 39,85 51,65 59,52 67,38 75,25 VO2max Protocolo de Balke - Ware: As principais características deste protocolo estão relacionadas com o tempo dos estágios com duração de 2 minutos, com a inclinação aumentando 2%, para cada estágio e a velocidade mantendo-se constante em 3,4 mph, como pode ser observado na Tabela 17 (Araújo, 1986). E possível ainda calcular o resultado da capacidade aeróbica utilizando-se a seguinte fórmula: VO2max ml.kg -1.min-1 = 1,75 x inclinação (%) + 10,6 Tabela 24 - Protocolo de Dalke – Ware Estágio 1 2 3 4 5 6 7 8 9 mph 3,4 3,4 3,4 3,4 3,4 3,4 3,4 3,4 3,4 % Inclinação VO2max 2 4 6 8 10 12 14 16 18 ml.kg -1.min-1 14,1 17,6 21,1 24,6 28,1 31,6 35,1 38,6 42,1 METs 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Minuto 2 2 2 2 2 2 2 2 2 Fonte: Araújo, 1986 (Ergometria & Cardiologia Desportiva) Pollock & Wilmore (1993) apresentam uma estimativa, relacionando o nível de aptidão física, o consumo de O2 e METs com vários protocolos de esteira rolante e o teste de Cooper de 2.400 metros (Tabela 25). Tabela 25 - Estimativa do Consumo Máximo de O2 relacionado a Resultados de Diversos Protocolos de Avaliação da Capacidade Aeróbica Classificação da Aptidão VO2 ml.kg-1.min-1 METs Protocolos Esteira Bruce Ellestad Teste Cooper 2400 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 155 1 2 3 4 5 6 7 8 2 7 3 10,5 4 14 5 17,5 6 21,0 7 24,5 8 28,0 9 31,5 10 35,0 38,5 11 42,0 12 45,5 13 49,0 14 52,5 15 56,0 16 17 59,5 18 63,0 19 66,5 20 70,0 21 73,5 22 77,0 Fonte: Pollock & Wilmore, 1993 2:00 2:30 3:00 4:00 4:45 6:00 5:00 7:20 18:45 5:45 8:20 16:30 6:40 9:15 15:00 7:30 10:10 11:00 8:20 13:00 12:00 9:10 12:00 12:45 10:15 11:00 13:40 11:15 10:00 14:30 9:30 15:15 9:00 8:15 16:10 7:45 17:00 7:15 18:00 6:52 19:20 6:30 21:00 6:10 22:30 (Exercício na Saúde e na Doença) Fórmulas empregadas na Avaliação Funcional: Durante a realização de uma avaliação funcional, é necessário trabalhar com várias fórmulas que permitam um subsídio informativo sobre as condições em que se apresenta o avaliado. Nestas fórmulas é possível estabelecer o VO2max previsto, o “déficit” aeróbico funcional mais conhecido como FAI, o duplo produto, o consumo de oxigênio do miocárdio, o débito cardíaco máximo espera do, além da freqüência cardíaca máxima prevista, entre outras variáveis. A seguir serão apresentadas várias fórmulas que são amplamente utilizadas no resultado de um avaliação funcional. Cálculo para VO2max previsto segundo Bruce: Existem várias fórmulas que predizem o VO2max esperado de um indivíduo, porém a grande maioria não leva em consideração o sexo e o nível de condicionamento, de forma a tornar os resultados bem generalizados. Bruce et al (1973) estabeleceram quatro fórmulas equacionando esta problemática, garantindo assim, uma maior precisão (Tabela 26). Uma ressalva importante a ser levantada para utilização destas fórmulas, representa o universo de amostra do pesquisador; no caso, uma amostragem exclusiva com elementos americanos. Tabela 26 - Cálculo do VO2max Previsto em Relação à Idade, Sexo e Grau de Condicionamento Atual Homem Sedentário VO2max previsto (ml.kg-1.min-1 ) = 57,8 - 0,445 x Mulher Sedentária VO2max previsto (ml.kg-1.min-1 ) = 42,3 - 0,356 x Homem Ativo VO2max previsto (ml.kg-1.min-1 ) = 69,7 - 0,612 x Mulher Ativa VO2max previsto (ml.kg-1.min-1 ) = 57,8 - 0,312 x Homens VO2max previsto (ml.kg-1.min-1 ) = 60,0 - 0,550 x Mulheres VO2max previsto (ml.kg-1.min-1 ) = 48,0 - 0,370 x Fonte: Bruce et al, 1973 (Ergometria & Cardiologia Desportiva) Idade Idade Idade Idade Idade Idade Obs.: Resultados em ml.kg-1.min-1 Tabela 27 - Equações Preditas para Estimar o VO2max (ml.kg-1.min-1) 1- Quanto à idade e gordura corporal VO2max = 57,50 - 0,31 (idade) - 0,37 (% gordura) 2 - Quanto à Idade 2.1 - Indivíduos sedentários VO2max = 54,1 - 0,41 (idade) 2.2 - Indivíduos moderadamente ativos VO2max = 61,1 - 0,44 (idade) 2.3 – Atletas VO2max = 96,1 - 0,48 (idade) Fonte: Leite, 1996 Universidade da California Davis - USA (Human Performance Lab.) Tabela 28 - Valores médios da capacidade funcional máxima cardiorespiratória em diferentes faixas etárias Idade (anos < 30 30 – 39 40 – 49 156 METs Máximo 13 ± 2 12 ± 3 09 ± 4 VO2max ml.kg-1.min-1 45,5 42,0 31,5 Critério de Baixa Capacidade < 12 < 11 < 08 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 50 – 59 08 ± 3 60 – 69 07 ± 3 70 – 79 06 ± 2 > 80 04 ± 3 Fonte: Leite, 1996 28,0 < 07 24,5 < 06 21,0 < 05 14,0 < 04 (Exercício, Envelhecimento e Promoção de Saúde) Tabela 29 - Classificação da Capacidade Aeróbica Baseada no Consumo Máximo de Oxigênio (VO2 máx. ml.kg-1.min-1) Obtido Idade Muito Fraca Fraca Regular (média) Boa Excelente 27,1 - 37,0 23,1 - 34,0 38,0 ou > 35,0 ou > HOMENS 50 – 59 60 – 69 < 15,0 < 13,0 15,0 -20,0 13,1 - 17,0 20,1 - 27,0 17,1 - 23,0 MULHERES 50 – 59 < 18,0 60 – 69 < 16,0 Fonte: Leite, 1996. 18,1 - 24,0 25,0 - 33,0 33,1 - 42,0 43,0 ou > 16,1 - 22,0 22,1 - 30,0 30,1 - 40,0 41,0 ou > (Exercício, Envelhecimento e Promoção de Saúde) Cálculo do FAI (Déficit Aeróbico Funcional): O FAI atua como um indicador em termos percentuais do quanto o avaliado está acima ou abaixo de seu VO2max esperado. Com este resultado, fica mais simples demonstrar ao avaliado o grau de sua condição física. Para o cálculo do FAI, é necessário inicialmente se calcular o VO2max previsto (veja VO2, previsto por Bruce), além de dispor do resultado da avaliação do VO2max, com duas variáveis expressas em ml.kg-1.min-1. Com os dois dados apurados emprega-se a seguinte fórmula: FAI = VO2max previsto - VO2 obtido x 100 VO2max previsto Um FAI negativo indica que o indivíduo está muito bem condicionado, pois seu VO2max está acima do VO2max que é previsto em relação a sexo e idade. Débito Cardíaco (Q) ou (DC): O DC pode ser considerado como um dos principais parâmetros cardíacos. Está diretamente relacionado com o consumo de oxigênio máximo, através da seguinte equação (Fox et al, 1991): VO2max l.min-1 = DC x Dif. AV O2 onde: Dif. AV O2 = diferença arteriovenosa Para o cálculo do DC, basta obter o valor da FC e multiplicar pelo volume sistólico. Obtém-se a seguinte equação DC = FC x VS onde: FC = freqüência cardíaca bpm (McArdle et al, 1992): VS = volume sistólico em litros Hossack et al (1980), apresentam equações para uma estimativa não invasiva na determinação do DC para homens sadios e cardiopatas: Homens Sadios: DC l.min-1 = VO2max (ml.kg-1.min-1) x Peso (kg) x 0,0046 + 5,31 l.min-1 Obs.: faixa de normalidade DC = 13,4 a 24,9 l.min-1 O VO2max é expresso em ml.kg-1.min-1 Exemplificando: Um homem foi avaliado encontrando-se um VO2max de 40 ml.kg-1.min-1 e peso corporal 65kg. Calcule o DC máximo previsto para este indivíduo: Desenvolvendo o cálculo: DC l.min-1 = V02max (ml.kg-1.min-1 ) x peso x 0,0046 + 5,31 l.min-1 DC l.min-1 = 40 x 65 x 0,0046 + 5,31 l.min-1 DC l.min-1 = 17,27 l.min-1 Cálculo da Freqüência Cardíaca Máxima: A FCmáx é finita, sendo limitada principalmente pela capacidade elétrica do coração. Outra informação importante que o avaliador nunca deve esquecer, está relacionada com a curva negativa da FC e o fator idade. Este ato foi comprovado por diversos pesquisadores como Cooper, Bruce, Ellestad, Sheffield, entre outros, citados por Marcondes & Froelicher (l992). A freqüência cardíaca (FC), assim como o consumo de O2 (V O2), tende a aumentar com o aumento da carga de esforço, havendo uma correlação linear entre a variação da FC e do VO2 a partir da FC máx. PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 157 A FC máx obtida no esforço parece ser inerente ao indivíduo, tem grande reprodutibilidade, embora haja uma ampla variação inter-individual. A variação da FC com o esforço também tem correlação com a idade do indivíduo, sendo que a FC máx parece decrescer de 1 batimento por ano de idade Existem várias fórmulas disponíveis para o cálculo da FCmáx, todas levam em consideração o fator idade. Entretanto, algumas levam em consideração o grau de condicionamento do indivíduo, visto que a FCM pode sofrer uma modificação segundo o nível de capacidade física, treinado ou destreinado (Fox et al, 1991) Entre as equações mais utilizadas encontram-se a de Karvonen, Jones, Cooper e Sheffield, sendo que a deste último é adotada pelo Colégio Americano de Medicina do Esporte. Veja na Tabela 30 as mais diversas formas de cálculo da FCmáx. Tabela 30 - Fórmulas para cálculo da freqüência cardíaca máxima (FCM) AUTORES Karvonen (1) Jones (2) Jones (2) Cooper (3) FÓRMULA FCM(Homem/Mulher) 220 - idade FCM Homem 205 - (0,50 x idade) FCM Mulher 210 - (0,65 x idade) RCMP Homem 220 - (idade) RCMP Mulher 205 - (1/2 idade) Sheffield (4) FCM Destreinado 198 - (0,41 x idade) FCM Treinado 205 - (0,41 x idade) (1) Karvonen et al, 1957 (3) Sheffield et al, 1965 (2) Jones et al, 1975 (4) Cooper et al, 1982 Durante a utilização de qualquer uma das equações apresentadas para o cálculo da FC é interessante considerar a existência de uma flutuação nos escores previstos para ± 12 bpm (Mastrocolla, 1993). Finalmente, há o problema de como medir precisamente seu ritmo cardíaco durante o exercício, a fim de ter certeza de atingir a meta de ritmo cardíaco e auferir todos os benefícios aeróbicos. O problema é que geralmente você levará 20 segundos para medir as pulsações após cessar o exercício: 5 a 10 segundos só para encontrar o pulso, alguns segundos de espera até que o ponteiro dos segundos chegue a uma posição conveniente e, depois, mais 10 segundos para fazer a contagem. Além disso, se você estiver em boa condição física, seu ritmo cardíaco pode diminuir na média de 1 batimento por minuto durante os primeiros 15 a 20 segundos após o término do exercício. A técnica sugerida por Cooper para pessoas altamente condicionadas é proceder da maneira acima descrita e tomar o pulso dentro de 20 segundos após o término do exercício aeróbico. Então, somar 10% a essa medida, para obter o ritmo cardíaco durante o exercício. Por exemplo: se a contagem do ritmo cardíaco for de 150 bpm, na realidade é provável que tenha atingido um máximo de 10% acima disso, ou seja, 165. Fórmula para Cálculo da Freqüência Cardíaca de Treinamento (FCtreino) FClimiar (corrida) = FClimiar (natação) = FClimiar (ciclismo) = FC repouso + 0,60 (FC max - FC repouso ) FC repouso + 0,60 [((FC max - 13) - FC repouso )] FC repouso + 0,60 [((FC max - 10) - FC repouso )] Fonte: KATCH & McARDLE. Modificado por BERGAMO, 1997. Obs.: A intensidade da FC pode variar de 40 - 90%, de acordo com o nível de prática do indivíduo, sendo que, os sedentários e os idosos devem começar com intensidade baixa (40 - 60), já os moderadamente ativo (60-70%) e ativo (60 - 80%) devem exercitar-se com moderada intensidade e atletas (70 - 90%), devem exercitar-se com alta intensidade. A FC máx alcançada sofre influência direta do ergômetro utilizado (na esteira são alcançadas FC mais elevadas), do protocolo escolhido, e do sexo (FC maior no sexo masculino). O condicionamento físico parece não influir a FC máx, ao contrário do que ocorre com a FC basal e a FC em exercícios submáximos que são mais baixos nos indivíduos treinados Como existe variabilidade inter-individual, na realidade devemos considerar como FC máx, a FC prevista ± 10 bpm. Os grandes laboratórios optam por utilizar a equação de Karvonen por ser a de mais fácil aplicação, e por não mostrar diferença significativa das demais. Devemos salientar que existem alguns fatores que influenciam a variação da FC de esforço. Entre esses fatores podemos destacar o mau condicionamento físico que pode levar a uma rápida ascensão da FC, a posição do corpo 158 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras (horizontal na natação, vertical na corrida), ordem de grandeza da musculatura em ação (a FCmáx é muito mais baixa no exercício realizado com os braços). Outros fatores que podem desencadear rápido aumento da FC são a astenia neurocirculatória e mesmo a ansiedade que precede o exame. Em um pequeno grupo de indivíduos com baixa capacidade física e que rapidamente alcançam a estafa muscular nos membros inferiores, ocorre a interrupção do teste ergométrico sem que seja alcançada a FC submáx. Nesses casos temos observado que após um período de condicionamento físico, esses indivíduos geralmente ultrapassam a FC submáx num novo teste ergométrico. Interpretação dos Resultados: Um aspecto fundamental após a determinação do VO2max, é sua interpretação, para que seja determinada qual a condição aeróbica do avaliado, de acordo com o sexo e a idade. Existem várias tabelas para interpretação do VO2max. Entre as que se destacam, temos a preconizada pelo American Heart Association e a de Cooper (Araújo, 1986). Nas Tabelas 31, 32 estão representados os diversos valores de VO2max que podem ser obtidos durante uma avaliação funcional, correlacionando com o nível de aptidão obtido. Tabela 31 - Nível de aptidão física do American Heart Association VO2max em ml.kg-1.min-1 Faixa Etária 20 - 29 30 - 39 40 - 49 50 - 59 60 - 69 Muito Fraca < 24 < 20 < 17 < 15 < 13 MULHERES Fraca Regular 31 - 37 24 - 30 28 - 33 20 - 27 24 - 30 17 - 23 21 - 27 15 - 20 18 - 23 13 - 17 Boa 38 - 48 34 - 44 31 - 41 28 - 37 24 - 34 Excelente >49 >45 >42 >38 >35 Faixa Etária 20 - 29 30 - 39 40 - 49 50 - 59 60 - 69 Muito Fraca < 25 < 23 < 20 < 18 <116 HOMENS Fraca Regular 34 - 42 25 - 33 31 - 38 23 - 30 27 - 35 20 - 26 25 - 33 18 - 24 21 - 30 16 - 22 Boa 43 - 52 39 - 48 36 - 44 34 - 42 > 41 Excelente >53 >49 >45 >43 Fonte: A.C.S.M., 1980 Tabela 32 - Nível de Aptidão Física de Cooper VO2max em ml.kg-1.min-1 MULHERES Regular 31,0 - 34,9 29,0 - 32,9 27,0 - 31,4 24,5 - 28,9 22,8 - 26,9 20,2 - 24,4 Faixa Etária 13 – 19 20 - 29 30 - 39 40 - 49 50 - 59 + 60 Muito Fraca 25,0 23,6 22,8 21,0 20,2 17,5 Fraca 25,1 - 30,9 23,7 - 28,9 22,9 - 26,9 21,1 - 24,4 20,3 - 22,7 17,6 - 20,1 Faixa Etária 13 - 19 20 - 29 30 - 39 40 - 49 50 - 59 + 60 Muito Fraca 35,0 33,6 31,5 30,5 26,1 20,5 HOMENS Fraca Regular 38,4 - 45,1 35,1 - 38,3 33,1 - 36,4 36,5 - 42, 4 35,5 - 40,9 31,6 - 35,4 33,6 - 38,9 30,3 - 33,5 31,0 - 35,7 26,2 - 30,9 26,1 - 32,2 20,6 - 26,0 Fonte: Cooper, 1982 Boa 35,0 - 38,9 33,0 - 36,9 31,5 - 35,6 29,0 - 32,8 27,0 - 31,4 24,5 - 30,2 Excelente 39,0 - 41,9 37,0 - 40,9 35,7 - 40,0 32,9 - 36,9 31,5 - 35,7 30,3 - 31,4 Superior >42,0 >41,0 >40,1 >37,0 >35,8 >31,5 Boa 45,2 - 50,9 42,5 - 46,4 41,0 - 44,9 39,0 - 43,7 35,8 - 40,9 32,3 - 36,4 Excelente 51,0 - 55,9 46,5 - 52,4 45,0 - 49,4 43,8 - 48,0 41,0 - 45,3 36,5 - 44,2 Superior >56,0 >52,5 >49,5 >48,1 >45,4 >44,3 A utilização de uma ou outra tabela não interfere significativamente no resultado final. Entretanto é possível observar um maior detalhamento nos valores apresentados na tabela de Cooper, inclusive com o acréscimo de mais um nível de aptidão (superior) e mais uma faixa etária (13 - 19). Exercícios de Reforço para o Leitor: Tente resolver os exercícios propostos a seguir, se você conseguiu acertar todas as questões ótimo, caso contrário retorne novamente ao texto. Se mesmo assim você ainda tiver dúvidas, consulte em primeiro lugar um companheiro que tenha acertado as questões, caso a dúvida continue, consulte o professor. Exercício (10) PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 159 Situação (A): Um indivíduo masculino de 20 anos, percorreu 3300 metros durante um teste de Cooper de correr e andar 12 minutos. Levando-se em consideração que seu peso corporal está em 70 kg, e que possui os seguintes valores nas dobras cutâneas T = 5,0 mm; SE = 8,0 mm; AB = 7,0 mm e SI = 7,4 mm pergunta-se: 1. Qual o VO2max previsto? 7. Qual a categoria de aptidão física segundo Cooper? 2. Qual o VO2max ml.kg-1.min-1 obtido? 8. Qual o DC? 3. Qual o VO2max l.min-1 encontrado? 9. Qual o %G? 4. Qual o METMax ? 10. Qual a GT? 5. Qual a Kcal max ? 11. Qual a MCM? 6. Qual a FC max prevista? Situação (B): Um indivíduo feminino de 30 anos, que pratica atividade física regularmente, percorreu 3200 metros em 15 minutos. Levando-se em consideração que seu peso corporal está em 75 kg, pergunta-se: 5. Qual a Kcal max ? 1. Qual o VO2max previsto? 2. Qual o VO2max ml.kg-1.min-1 obtido? 6. Qual a FC max prevista? 3. Qual o VO2max l.min-1 encontrado? 7. Qual a categoria de aptidão física segundo Cooper? 4. Qual o METmax ? Situação (C): Um indivíduo masculino ativo de 50 anos, atingiu no último estágio 300 Watts de carga final, com a freqüência cardíaca de 156 bpm, no teste de Rocha. Levando-se em consideração que seu peso corporal está em 80 kg, e que possui os seguintes valores nas dobras cutâneas T = 15,0 mm; SE = 18,0 mm; AB = 17,0 mm e SI = 17,4 mm pergunta-se: 7. Qual a categoria de aptidão física? 1. Qual o VO2max previsto? 2. Qual o VO2max ml.kg-1.min-1 obtido? 8. Qual o DC? 3. Qual o VO2max l.min-1 encontrado? 9. Qual o %G? 4. Qual o METmax ? 10. Qual a GT? 5. Qual a Kcal max ? 11. Qual a MCM? 6. Qual a FC max prevista? Sugestões para Leitura: ARAÚJO, W.B.. Ergometria & Cardiologia Desportiva. Editora MEDSI, Rio de Janeiro, 1986. a COLÉGIO AMERICANO DE MEDICINA ESPORTIVA. Guia para teste de esforço e prescrição de exercício. Editora MEDSI, 3 Rio de JANEIRO, 1987. a COOPER, K.H.. O programa aeróbico para o bem estar total. Exercícios - Dietas Equilíbrio Emocional. Editora Nórdica, 2 Rio de Janeiro, 1982. DUARTE, M.F., DUARTE, C.R. a FOX, E.L. & MATHEWS, D.K.. Bases Fisiológicas da Educação Física e dos Desportos. Editora Interamericana, 4 Edição, Rio janeiro, 1996. KATCH, I. F., KATCH, L.F. & McARDLE, W.D.. Fisiologia do Exercício: Energia, Nutrição e Desempenho Humano. Editora a Guanabara Koogan S.A., 3 edição, Rio de Janeiro, 1992. a. KATCH, I.F. & McARDLE, W.D.. Nutrição, Exercício e Saúde. Editora MEDSI, 4 edição, Rio de Janeiro, 1996. LEITE, P.F.. a Fisiologia do Exercício. Editora Robe, 2 edição, São Paulo, 1993. a LEITE, P.F.. Aptidão física e saúde. Editora Robe, 2 edição, São Paulo, 1993. a. MATSUDO, V.K.R. & ET AL. Teste em ciências do esporte. Editora Gráficos Burti, 2 edição, São Paulo, 1990. POLLOCK, M.L., WILMORE, J.H. & FOX III, S.M.. Exercício na Saúde e na Doença: Avaliação e Prescrição para Prevenção e a Reabilitação. Editora MEDSI, 2 edição, Rio de Janeiro, 1995. 160 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras Edição, Edição, de Capítulo X PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS AERÓBICOS É cada vez maior o número de pessoas que iniciam uma atividade física de forma aeróbica, através de uma caminhada ou de uma corrida. A prescrição de exercícios para indivíduos não atletas é um segmento muito interessante do mercado de trabalho do Professor de Educação Física. Entretanto é necessário o conhecimento de princípios básicos para a prescrição, a fim de melhorar a qualidade do serviço oferecido. Em avaliação funcional, a prescrição do treinamento é tão ou mais importante do que a determinação direta ou estimada do consumo de oxigênio, uma vez que a primeira é uma atividade meio. É fundamental para a validade do trabalho de investigação em laboratório que os resultados obtidos sejam levados de forma compreensível e prática aos atletas e seus treinadores ou aos sedentários e seus médicos, não apenas diagnosticando o nível de condicionamento orgânico mas também prevendo performance e prescrevendo treinamento. Basicamente, devemos prescrever treinamento para atletas que necessitam uma orientação científica para obter o rendimento máximo e para aqueles que estão na outra extremidade da escala, os sedentários e os pacientes, que por destino ou negligência decaíram a um tal nível de degeneração funcional que esforços físicos não orientados podem colocar em risco suas vidas. Uma prescrição de treinamento deve ser antecedida de uma avaliação médica funcional, e deve elucidar o tipo de exercício, a intensidade, freqüência, duração e tempo de sessões. Embora alguns autores defendem distintos tipos de treinamento, parece ser um consenso de que carga contínua, em marcha, trote ou corrida devem ser utilizadas. Embora para atletas o treinamento com cargas intervaladas possa e eventualmente deva ser usado, ele é contra-indicado para sedentários e paciente coronários. A seguir serão apresentadas formas de prescrição de exercício, desenvolvidas cientificamente, e que servirá como um excelente instrumento de trabalho. É importante ressaltar que a experiência prática contribui em muito, no sentido de estabelecer algum ajuste final, adequando cada caso. O primeiro passo para prescrição de exercícios corresponde a determinação do VO2max do avaliado, através de um dos testes já vistos anteriormente. Obtido o VO2max , devemos avaliar atentamente nas tabelas de nível de aptidão (AHA ou Cooper), como o sujeito se encontra em relação a seu nível de capacidade aeróbica, servindo de parâmetro para prescrição de exercício em relação ao volume e à intensidade. Com o resultado do VO2max o Professor de Educação Física poderá escolher entre os métodos de FC e VO2 aquele que servirá como instrumento para elaboração do treinamento. Ainda é possível prescrever um treinamento utilizando-se o nível de ácido lático, como um indicador da intensidade de trabalho. Apesar desta técnica ser amplamente empregada nos países desenvolvidos, ainda não se popularizou no Brasil, sendo mais empregada em atletas de alto rendimento. A técnica de análise de lactato consiste, basicamente, na coleta seriada de amostras de sangue durante a realização de exercícios com uma carga progressiva de trabalho, analisando-se o perfil da curva de concentração do ácido lático. A coleta de sangue arterializado é realizada no lóbulo da orelha ou da polpa digital (Foster et al, 1372). Visando estabelecer um referencial de trabalho, Mader e colaboradores (Ribeiro & De Rose, 1980) identificaram que valores de lactato inferiores a 4 mMol/l não interferiam no processo de formação de fadiga local. Entretanto, valores superiores a 4 mMol/l de ácido lático levam a um processo de acumulação, promovendo uma redução da capacidade de trabalho. Desta forma, optou-se por estabelecer 4 mMol/l como um ponto referencial para prescrição de treinamento. A seguir serão apresentadas as quatro formas de prescrição de exercícios mais simples, exemplificando uma situação problema. Intensidade do Exercício: A busca de intensidade ideal de um treinamento motivou diversas pesquisas em fisiologia do exercício e as conclusões nem sempre parecem claras ou definidas. Entretanto, é de aceitação geral que uma intensidade baixa não gera uma melhora de condicionamento aeróbico e que não existe correlação entre carga de trabalho e aumento do consumo de oxigênio. É evidente que há um limiar a partir do qual o treinamento é efetivo e este limiar parece situar-se em torno de 40% do VO2max e 58% da FC do indivíduo. Por outro lado, também é um consenso quase unanime que a intensidade está muito relacionada com o tempo de duração do exercício e que estas variáveis são mais importante do que a freqüência do treinamento. Considerando-se uma duração de 35-45 minutos, parece razoável limitar a intensidade de treinamento em 85% do VO2max e 90% da FC do indivíduo. Por isso, a percentagem média de 60% VO2max e 72% FCM é o ponto inicial em que BALKE se baseia para formular a prescrição da intensidade de treinamento aeróbico em trabalho de carga contínua através da equação: Exemplo de Níveis de exercício recomendado através da prática da atividade física e fitness para melhoria da saúde. PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 161 Exercícios de baixa intensidade (aeróbio) 20%-39% da freqüência cardíaca de reserva ou 2 - 4 METS; Aproximadamente 60 minutos por dia; Maior número de dias na semana; Exemplo: Caminhada, jardinagem. Exercícios de alta intensidade (aeróbio) 60%-84% da freqüência cardíaca de reserva ou 6 – 8 METS; Aproximadamente 20-60 minutos por dia; 3-5 dias por semana; Exemplo: corrida e natação. Exercícios de intensidade moderada (aeróbio) 40%-59% da freqüência cardíaca de reserva ou 4 - 6 METS; Aproximadamente 20-60 minutos por dia; 3-5 dias por semana; Exemplo: dança Exercícios de resistência 1-2 séries (8-12 repetições) de 8-10 exercícios de resistência diferentes de moderada intensidade para os grandes grupos musculares, 2-4 dias por semana Exercícios de flexibilidade Para flexibilidade 10-30 segundos, 2-3 dias por semana > 60 anos (entre 10-15 repetições) Prescrição de Treinamento pelo VO2max: Este método pode ser perfeitamente utilizado, tendo como principal característica o VO2max apurado durante um teste ergométrico. A vantagem de sua praticidade pelo fato de ser desenvolvido através de tabelas que fornecem informações sobre a velocidade em km/h, metros/min, o tempo gasto para percorrer 1 km, a relação destas variáveis com o VO2 e METs, além da quantidade calórica consumida para fazer a tarefa. O emprego deste método iniciou-se com a determinação do VO2max, a partir do VO2max apurado; basta selecionar um percentual de trabalho, levando em consideração o nível de condicionamento e o ponto de localização do limiar anaeróbico do avaliado. Lembre-se que quanto pior o nível de condicionamento do avaliado mais baixo será seu limiar anaeróbico, e quanto mais treinado for, mais alto será o limiar anaeróbico. De uma forma geral podemos optar normalmente entre 60 a 90%, do VO2max. Na Tabela 33 que foram desenvolvidas na Seção de Medicina do Esporte, Cleveland, Ohio e apresentadas por Vivacqua & Hespanha (1992), são ilustrados os valores de consumo de O2 para várias velocidades de caminhada e corrida. Com o uso desta tabela é possível correlacionar o consumo de O2, com a velocidade de deslocamento. Tabela 33 - Custo Energético de Atividades de Caminhada km/h 3.0 3.6 4.2 4.8 5.4 5.7 6.0 6.3 6.6 6.9 7.2 m/min 50 60 70 80 90 95 100 105 110 115 120 1km 20'00" 16’36” 14'12" 12'30" 11'06" 10'30" 10'00" 09'30" 09'00" 08'36" 08'18" VO2 7.0 8.5 10.4 12.5 15.0 16.2 17.6 19.0 20.5 22.1 23.8 METs 2.0 2.4 3.0 5.5 4.2 4.6 5.0 5.4 5.8 6.3 6.8 Kcal/min 2.5 3.0 3.7 4.1 5.2 5.7 6.2 6.7 7.2 7.8 8.5 30min 1.500m 1.800m 2.100m 2.400m 2.700m 2.850m 3.000m 3.150m 3.300m 3.450m 3.600m Fonte: Cleveland Clinic, Seção de Medicina do Esporte, Cleveland, Ohio Para uma melhor compreensão da forma de utilização da tabela, veja a exemplificação da situação apresentada: Sexo: masculino Idade: 50 anos VO2max = 20 ml.kg-1.min-1 Percentual escolhido de trabalho = 60% VO2max de treino = 12.0 ml.kg Prescrição de Treinamento pela FC: A prescrição pela FC representa uma das formas mais simples e práticas de orientação do exercício físico. Para sua utilização é necessário ensinar ao praticante a forma correta de palpação da FC, 162 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras além de algumas explicações básicas sobre o funcionamento do coração. Atualmente a difusão do sistema POLAR vem facilitando ainda mais o emprego desta opção de trabalho. Quando um indivíduo encontra-se em um nível de capacidade física entre boa e superior (veja tabela de Cooper VO2max) é recomendável aplicar uma carga de trabalho que seja suficiente para estimular sua FC para valores entre 65 e 85% de sua FCM. Para indivíduos em que o nível de capacidade física esteja compreendido entre muito fraca e regular, sugere-se a realização de tarefas que estimulem a FC para faixas de 55 a 80% da FCM. Alguns anos atrás a prescrição de exercícios estava baseada em um conceito muito simples, ou seja se calculava a FC máxima do indivíduo e posteriormente o percentual da FC de trabalho. Para facilitar a compreensão veja o exemplo a seguir: Exemplo de treino calculado com base no nível de intensidade e freqüência cardíaca máxima (FCmáx). Exercício de baixa intensidade – 45% – 54%(FCmáx) Mulheres Idade 60 anos FCmáx (226-idade) = 226-60 = 166 bpm/min 45% FCmáx = 75 bpm/min 54% Fcmáx = 90 bpm/min Zona de treino = 75 – 90 bpm/min Exercício de moderada intensidade – 55% – 69%(FCmáx) Homens Idade 45 anos Exercício de alta intensidade – 70% – 89%(FCmáx) Homens Idade 63 anos FCmáx (220-idade) = 22-45 = 175 bpm/min 55% FCmáx = 96 bpm/min 69% Fcmáx = 121 bpm/min Zona de treino = 96 - 121 bpm/min FCmáx (220-idade) = 22-63 = 157 bpm/min 55% FCmáx = 110 bpm/min 69% Fcmáx = 140 bpm/min Zona de treino = 110 - 140 bpm/min Esta forma simplista de cálculo da FCT (freqüência cardíaca de treino) não leva em conta um fator extremamente interessante que é a FCR (freqüência cardíaca de reserva) que é o resultante da diminuição da FCM com a FC de repouso. Este novo conceito foi desenvolvido por Karvonen e colaboradores, sendo considerado como um procedimento mais correto de prescrição, visto que leva em consideração a FC de repouso de cada indivíduo (Wilmore & Costill, 1994). A nova forma de cálculo da FCT desenvolvida por Karvonen tem a seguinte fórmula: FCT = % (FCmáx - FCrep) + FCrep onde: FCT = freqüência cardíaca de treino FCmáx = freqüência cardíaca máxima % = percentual de trabalho selecionado FCrep = freqüência cardíaca de repouso Para facilitar a diferenciação entre as duas formas de cálculo da FCT, vejamos o mesmo exemplo anteriormente apresentado: Indivíduo de 30 anos FCmáx = 190 bpm FCrep = 55 bpm Objetivo de trabalho = 75% Desenvolvendo a fórmula: FCT = 0,75 (190 - 55) + 55 FCT = 0,75 (135) + 55 FCT = 101+55 FCT =156 Ao observarmos o resultado apurado na primeira situação (143 bpm) com o registrado na segunda (156), é fácil percebermos uma grande diferenciação, que pode induzir a um erro por subestimação quando calculamos pela primeira forma. Exemplo de treino calculado com base no nível de intensidade e freqüência cardíaca de reserva (FCr) Exercício de baixa intensidade – FCmáx (226-idade) = 226-60 = 166 bpm PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 163 30% – 39%(FCr) Mulheres Idade 60 anos Freqüência Cardíaca Repouso = 90 bpm 30% FCmáx = (166 – 90) x 0.30) + 90 = 113 bpm 39% Fcmáx = (166 – 90) x 0.39) + 90 = 120 bpm Zona de treino = 113-120 bpm Exercício de moderada intensidade – 40% – 59%(FCr) Homens Idade 45 anos FCmáx (220-idade) = 220-45 = 175 bpm Freqüência Cardíaca Repouso = 80 bpm 30% FCmáx = (175 – 80) x 0.40) + 80 = 118 bpm 39% Fcmáx = (175 – 80) x 0.59) + 80 = 136 bpm Zona de treino = 118 -136 bpm Exercício de alta intensidade – 70% – 89%(FCr) Homens Idade 63 anos FCmáx (220-idade) = 220-63 = 157 bpm Freqüência Cardíaca Repouso = 84 bpm 30% FCmáx = (157 – 84) x 0.70) + 84 = 128 bpm 39% Fcmáx = (157 – 84) x 0.89) + 84 = 145 bpm Zona de treino = 128 - 145 bpm Para o cálculo do percentual da FCT procure levar em consideração o conceito de FCR: Um segundo aspecto interessante para a prescrição de treinamento utilizando a FC, deve ser a elaboração de uma faixa de trabalho. Esta faixa compreenderá um limite superior, que deverá estar abaixo do limiar anaeróbico, caso o objetivo seja trabalhar só aerobicamente e um limite inferior, de forma a assegurar o mínimo de stress necessário para que ocorram efeitos oriundos do treinamento. O conceito desta faixa pode ser mais detalhado pelo método de treinamento da zona alvo, dependendo do nível de condicionamento físico do avaliado é possível variar a faixa de treino da FC; sendo assim, a escolha dos valores para o limite superior e inferior serão dependentes do nível de capacidade aeróbica. Com os valores calculados, o tempo de execução do exercício poderá ser amplamente variável, contudo é importante que o tempo ideal para a prática de exercícios aeróbicos seja sempre superior a 20 minutos. A seguir será apresentado um exemplo de como prescrever um programa de condicionamento. Exemplificando: Sexo: masculino FCrepouso 70 Idade: 24 anos FCM = 205 - (0,42 X idade) .·. FCM = 193,24 VO2max = 44 ml.kg-1.min-1 Nível de aptidão física (Cooper) = boa % escolhido de trabalho = limite superior 70% e limite inferior 60% Cálculo da FCT FCT = 0,70 x (193 - 70) + 70 FCT = 156 * Limite superior FCT = 0,60 x (193 - 70) + 70 FCT = 144 * Limite inferior Com a faixa de FCT apurada (144 - 156), você deverá descobrir qual a velocidade em km/h ou metros/min que seu avaliado deverá correr e que será suficiente para estimular o trabalho cardíaco dentro da zona esperada. Este procedimento poderá ser feito em uma pista de atletismo, onde é solicitado ao avaliado um aumento da velocidade de deslocamento a cada volta, e registrado o comportamento da FC ao final da mesma e o ritmo executado. Este tipo de procedimento torna possível identificar o ritmo de exercício suficiente para estimular a FC na zona alvo estabelecida. l.min-1 Determinação do Ritmo de Caminhada: Veja na Tabela 33 de caminhada, onde se localiza o consumo 13,8 ml.kg-1.min-1 ou um valor aproximado. Coloque uma régua horizontalmente, e veja na coluna km/h qual seria a velocidade de deslocamento, ou se preferir, quantos minutos o indivíduo deverá consumir para percorrer 1 km. Em nosso exemplo, o avaliado deverá caminhar a uma velocidade de 4.8 km/h, ou deverá gastar 12'30" para caminhar 1 km. Tabela 34 - Custo Energético de Atividades de Corrida 164 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras km/h 8.1 8.4 9.0 9.6 10.2 10.8 11.4 12.0 12.6 13.2 17.8 14.4 15.0 15.6 m/min 135 140 150 160 170 180 190 200 210 220 230 240 250 260 1km 7'24" 7'06" 6'36" 6'12" 5’48” 5'30" 5'12" 5'00" 4'42" 4'30" 4'18" 4'06" 4'00" 3'54" VO2 30.5 31.5 33.5 35.5 37.5 39.5 41.5 43.5 45.5 47.5 49.5 51.5 53.5 55.5 METs 8.7 9.0 9.5 10.1 10.8 11.2 11.8 12.4 13.0 13.5 14.0 14.7 15.2 15.8 Kcal/min 10.8 11.2 11.8 12.6 13.5 14.0 14.7 15.5 16.2 16.8 17.5 18.3 18.8 19.8 30min 4.050 m 4.200 m 4.500 m 4.800 m 5.100 m 5.400 m 5.700 m 6.000 m 6.300 m 6.600 m 6.900 m 7.200 m 7.500 m 7.800 m Fonte: Cleveland Clinic Seção de Medicina do Esporte. Cleveland, Ohio Para uma melhor compreensão da forma de utilização da Tabela 34, acompanhe a situação problema apresentada: Sexo: mulher Idade: 20 anos VO2max = 50 ml.kg-1.min-1 Percentual escolhido de trabalho = 75% VO2 = 37.5 ml.kg-1.min-1 Determinação do Ritmo de Corrida: Veja na tabela (34) de atividade corrida, onde se localiza o consumo de 37.5 ml.kg-1.min-1 ou um valor aproximado. Coloque uma régua horizontalmente, e veja na coluna km/h qual seria a velocidade de deslocamento ou, se preferir, quantos minutos o indivíduo deverá consumir para percorrer um 1 km. Em nosso exemplo, a avaliada deverá correr a uma velocidade de 10.2 km/h, ou deverá gastar 5,48 min para correr 1 km. Ao analisarmos profundamente as Tabelas 33 e 34 percebe-se um espaço vago entre o ritmo da caminhada mais forte e da corrida mais lenta. Esta faixa intermediária apresenta uma dificuldade biomecânica para o indivíduo que pretende caminhar, mas que ainda não apresenta condições de correr. Nesta situação será interessante um ritmo conhecido como trote. A Tabela 35 ilustra as variáveis necessárias para a prescrição do exercício. Tabela 35 - Custo Energético da Atividade de Trote km/h 7.2 7.5 7.8 m/min 120 125 130 1km 08'18" 08'00" 07"96" VO2 23.8 25.5 27.3 METs 6.8 7.3 7.8 Kcal/min 8.5 9.1 9.7 30 min 3.600m 3.750m 3.900m Outro ponto a destacar em relação à interpretação das tabelas apresentadas anteriormente está relacionado com o cálculo correto do gasto energético que não foi levado em consideração. O gasto energético relaciona-se com o peso corporal do praticante, entretanto isto não invalida o uso das tabelas, pois elas facilitam em muito o trabalho de forma prática. Porém para fornecer a um nutricionista um dado exato do gasto calórico consumido na atividade usa-se a seguinte fórmula: Kcal/min = Met treino x 1,225 Aproveitando o exemplo anterior da corrida, suponhamos que o peso corporal da avaliada correspondesse a 70 kg. Aplicando a fórmula teríamos: VO2 treino = 37,5 ml.kg-1.min-1 = 10,71 METs treino 3,5 Kcal/min = 10,71 x 1,225 Kcal/min = 13,12 onde: 1,225 kcal/min = equivalente ao dispêndio calórico de repouso para uma pessoa pesando 70 kg, segundo Bergamo, V.R., 1996 (70kg x 3,5 ml.kg-1.min-1 x 5 kcal / 1000) Comparando o valor do consumo calórico obtido na tabela (13.15 Kcal/min) ao obtido pela fórmula (13.12 Kcal) é possível observar uma diferença de 0,03 Kcal/min o que não chega ser significativo. Para facilitar a prescrição dos exercícios as Tabelas 36 e 37 estabelecem uma relação do ritmo de caminhada e corrida, tendo como base a distância de 1 km. Tabela 36 - Cálculo da Velocidade de Caminhada Distância min km/h m/min VO2 METs kcal/min PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 165 1 km 1 km 1 km 1 km 1 km 1 km 1 km 1 km 1 km 1 km Tabela 37 - Cálculo da Velocidade de Corrida Distância 1 km 1 km 1 km 1 km 1 km 1 km 1 km 1 km 1 km 1 km 1 km 1 km 1 km 20’00” 18’00” 16’00” 14’00” 12’00” 11’00” 10’00” 9’00” 8’30” 8’00” 3.00 3.30 3.75 4.28 5.00 5.45 6.00 6.66 7.05 7.50 50.00 55.50 62.50 71.40 83.30 90.90 100.00 111.11 117.60 125.00 min 7’00” 6’30” 6’00” 5’30” 5’00” 4’30” 4’18” 4’06” 4’00” 3’30” 3’03” 3’00” 2’54” km/h 8.57 9.23 10.0 10.8 12.0 13.2 13.8 14.4 15.0 17.1 19.8 20.0 20.4 m/min 142.85 153.84 166.66 180.00 200.00 220.00 230.00 240.00 250.00 285.70 330.00 333.30 340.00 7.00 7.76 9.00 10.70 13.30 15.14 17.61 20.88 23.00 25.55 VO2 32.07 34.26 36.83 39.50 43.50 47.50 49.50 51.50 53.50 60.64 69.50 70.16 71.05 2.00 2.20 2.57 3.00 3.80 4.32 5.00 5.96 6.57 7.30 2.50 2.77 3.21 3.81 4.75 5.40 6.30 7.46 8.21 9.12 METs 9.16 9.80 10.52 11.02 12.40 13.50 14.00 14.70 15.20 17.32 19.85 20.00 21.00 kcal/min 11.45 12.25 13.15 14.00 15.50 16.80 17.50 18.30 18.80 21.65 24.82 25.00 26.25 Exercício 11: Tente encontrar qual a velocidade em metros/min e o total de Kcal gastas durante um exercício de 60 minutos de duração, com uma intensidade de 65%, sabendo que o VO2max obtido correspondeu a 56 ml.kg-1.min-1 . MOREIRA & BITTENCOURT (1985) apresentam uma fórmula do American College of Sports Medicine para o cálculo do consumo de oxigênio durante a corrida em um plano horizontal à velocidades superiores a 8,4 km/h o que de certa forma permite um maior refinamento para a prescrição deste exercício, sendo assim temos a seguinte equação: VO2 ml.kg-1.min-1 = velocidade x 0,2 + 3,5 A velocidade deverá ser expressa em m/min. Exemplificando: Um indivíduo correrá a uma velocidade de 300 m/min; seu consumo de O2, para esta atividade corresponderá? Desenvolvendo a fórmula: VO2 ml.kg-1.min-1 = 300 x 0,2 + 3,5 VO2 ml.kg-1.min-1 = 63,5 Caso a corrida seja feita em um local de subida, será necessário adicionar o componente vertical a partir do gradiente de declividade. Para tal, necessário utilizar a seguinte equação: VO2 ml.kg-1.min-1 = velocidade x gradiente de inclinação x 1,8 Velocidade em m/min Gradiente de inclinação expresso em fração decimal Exemplificando: Um corredor com um ritmo de 250 m/min e tendo uma subida de 7% de inclinação, terá que consumo de O2 para esta tarefa? Cálculo do Componente Horizontal VO2 ml.kg-1.min-1 = 250 x 0,2 + 3,5 VO2 ml.kg-1.min-1 = 53,5 O cálculo do consumo final será o componente horizontal com o vertical Cálculo do componente vertical VO2 ml.kg-1.min-1 = 250 x 0,07 x 1,8 VO2 ml.kg-1.min-1 = 19,3 VO2 ml.kg-1.min-1 = 53,5 + 19,3 = 72,8 MOREIRA & BITTENCOURT (1985) alertam, ainda, que devido a uma melhor coordenação do gesto motor existente no corredor de alto nível, este propiciará um gasto energético menor quando comparado a pessoas normais. A equação para cálculo do consumo de O2 para corredores de alto nível será: VO2 ml.kg-1.min-1 = velocidade (m/min) x 0, 18 + 3,5 Fórmula Resumida de Prescrição do Treinamento pelo VO2max: MVO2 TREINO METs = 60 + MET MAX x MET MAX 100 166 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras onde: MVO2 TREINO METs = Intensidade da treinamento em METs MET max = Consumo máximo de oxigênio expresso em METs METs = Equivalente ao consumo de oxigênio em repouso (1 MET = 3,5 ml.kg-1.min-1) Exemplificando: MVO2 TREINO METs = 60 + 10 x 10 = 7 METs 100 A FC apresenta uma íntima relação com o VO2 Hellerstein & Adler (1973) estabeleceram uma equação relacionada a % FC e Londere & Anes uma equação relacionada a % VO2. %FCmáx = % VO2max + 42 1,41 %VO2max = [1,369 x % FC] - 40,00 Exemplificando : % FC = 60 + 42 = % FC 72,3 1,41 60% do VO2max eqüivale 72,3% da FCM Relação entre o Percentual de VO2máx e o Percentual de Freqüência Cardíaca Máxima Percentual de FC máxima 50 60 70 80 90 100 Percentual de VO2 max 28 42 56 70 83 100 Prescrição do Treinamento pela Freqüência Cardíaca de Esforço: FC treino = (FC final - FC repouso) x (%Int. + MET máx) + (FC repouso) 100 onde: FC treino FC repouso FC final METmax MET = Freqüência cardíaca treinamento = Freqüência cardíaca de repouso = Freqüência cardíaca máxima no teste = Consumo máximo de oxigênio expresso em METs = Equivalente ao consumo de oxigênio em repouso (1 MET=3,5 ml.kg-1.min-1) O consumo máximo de oxigênio e freqüência cardíaca máxima são obtidos em testes ergométrico máximo direto ou indireto que deve servir de base para a prescrição da intensidade do treinamento aeróbico. Exemplo: FC treino = (193 - 70) x (60 + 12,57) + 70 100 FC treino = (123) x (0,7257) + 70 FC treino = 89,26 + 70 FC treino = 159 bpm Controle da Intensidade pela freqüência cardíaca de esforço: % VO2max = FCEsforço - FCrepouso FCmáxima - FCrepouso Exemplo: % VO2max = 159 - 70 = 89 = % VO2max 0,723 ou 193 - 70 123 % VO2max 72,3 Para um percurso em lugar demarcado (pista, ruas etc..), a velocidade em metros por minuto para um VO2treino dado em METs é determinada pela equação: PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 167 Prescrição do Treinamento pela Velocidade m/min: Vel m/min = VO2treino (METs) x 158 + 504 12 Vel m/min = 7 x 158 + 504 = 134 m/min ou 8 km/h 12 Prescrição da Duração do Treinamento pelo Gasto Calórico: A duração da atividade dependerá de sua intensidade, desta maneira uma atividade menos intensa deverá ser compensada com uma maior duração. Preconiza-se para fins de saúde uma duração de 20 a 60 minutos de atividade aeróbica contínua, excluindo o aquecimento. A duração no início do programa poderá ser menor, elevando-se conforme os níveis de aptidão física são elevados ACMS, 1995. Quanto mais velho e sedentário for o indivíduo, maiores deverão ser os períodos de aquecimento e volta à calma. Depois de estabelecer a intensidade do trabalho físico, devemos considerar a duração do exercício nos períodos alternados de treinamento e de intervalo ou a duração total de cada sessão. BALKE entende que o dispêndio calórico em treinamento de um indivíduo deve ser de cerca no mínimo de 10% do seu aporte calórico total. Considerando-se que o equivalente calórico do MET para um indivíduo de 70 kg é de 1,225 kcal/min, e o seu aporte calórico é de 2400 e com MVO2 de 8 METs, a duração do treinamento diário é de 36,21 minutos, assim calculados: Aporte Calórico Diário (A.C.D.) 10% deste aporte VO2max VO2treino Cálculo do Equivalente Calórico Cálculo do Tempo de Treinamento 2400 kcal 240 kcal 8,0 METs 5,4 METs 5,4 x 1,225 = 6,6 kcal/min 240 / 6,6 = 36,21 minutos Para um treinamento aeróbico é necessário um trabalho total de pelo menos 30 minutos na intensidade indicada. Para atletas, caberá ao treinador, estabelecer o tempo de duração do exercício em função das exigências específicas de cada modalidade desportiva. Periodicidade do Treinamento: Seguindo o mesmo raciocínio desenvolvido em torno do percentual de 10% sobre o aporte calórico diário a ser utilizado em treinamento, esta deveria ser feita 6 vezes por semana. Isto traria diversas vantagens, entre as quais um tempo relativamente curto para sua execução, a formação de um hábito e o alívio das tensões quotidianas através da prática do exercício. Muitas vezes, entretanto, só podemos dispor de três dias por semana e, neste caso, a duração do trabalho deve ser duplicada para o gasto energético seja o mesmo. Este sistema é igualmente eficiente para aqueles que praticam esporte como recreação, visando a manutenção de uma condição orgânica saudável, mas não é válido para atletas de elite, que devem treinar diariamente e de preferência em dois turnos, pela manhã e pela tarde. Segundo as recomendações do Colégio Americano de Medicina Esportiva (ACMS), apenas 30 minutos de atividade física é suficiente para baixar o risco de morte por problemas cardíacos. O programa de treinamento aeróbico para a maioria das pessoas poderá ser conduzida durante, pelo menos 3 dias por semana, com 30 a 60 minutos de exercício contínuo, numa intensidade suficiente para despender 300kcal/dia, o que usualmente se atinge no exercício em que o pulso é aproximadamente 70% do máximo. Se a meta do treinamento é o controle de peso, deve-se considerar seriamente a possibilidade de desempenhar trabalhos de 1 hora de duração, a uma intensidade de 60 a 70% do máximo, numa freqüência de 7 dias semanais, que eqüivale a perda aproximada de 260 gr de gordura/semana e 1,0 kg de gordura/mês, o que é recomendado como forma gradual de perda de peso. Recomenda-se para fins de saúde funcional, um dispêndio energético mínimo de 300 kcal/dia para uma freqüência de 3 dias/semana ou 200 kcal por sessão no caso de uma freqüência de 4 dias/semana, sugerindo um dispêndio energético de 800 a 900 kcal por semana, através de exercício físico. Porém, para alcançar um nível ótimo de dispêndio calórico através de exercício, a meta a ser alcançada deverá estar em torno de 2000 a 2500 kcal/semana (ACSM,1995). Tabela 38 - Gasto de Energia em Atividades Domésticas, Recreativas e Esportivas (em kcal/min) ATIVIDADE 168 kcal-1.min-1 .kg-1 53 kg 68 kg 74 kg 86 kg PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras Basquete Dança salão de baile coreografia Ginástica Judô CORRIDA PLANO HORIZONTAL 11min, 30s por milha 9min por milha 8min por milha 7min por milha 6min por milha 5min, 30s por milha NATAÇÃO nado de costa nado de peito nado crawl, braçada rápida nado crawl, braçada lenta Tênis de mesa Jogo de tênis Jogo de vôlei 0,138 6,9 9,4 10,2 11,9 0,051 0,168 0,066 0,195 2,7 8,9 3,5 10,3 3,5 11,4 4,5 13,3 3,8 12,4 4,9 14,4 4,4 14,5 5,7 16,7 0,152 0,186 0,207 0,234 0,270 0,304 8,0 9,8 11,0 12,4 14,3 16,1 10,2 12,6 14,1 15,9 18,4 20,7 11,25 13,7 15,3 17,3 20,0 22,5 13,0 16,6 17,8 20,1 23,2 26,1 0,169 0,162 0,156 0,128 0,068 0,109 0,050 9,0 8,6 8,3 6,8 3,6 5,7 2,6 11,5 11,0 10,6 8,7 4,6 7,4 3,4 12,5 12,0 11,5 9,5 5,0 8,0 3,7 14,5 13,9 13,4 11,0 5,8 9,4 4,3 Obs.: Para os valores que podemos calcular a distância em metros por minuto (m/min), é só multiplicarmos m/min x 60, que acharemos a distância total em uma hora. Sabendo que o km/h eqüivale aos METs gastos, que corresponde ao gasto calórico assim: 8 min por milha (1.600m) corresponde a 200m/min, que se multiplicarmos por 60 minutos, obteremos um total de 12 km/h, que corresponde a 12 kcal/kg.h x peso/60 = kcal/min e, se dividirmos pelo peso novamente obteremos o valor em kcal.min.kg que é igual a 0,200. 1 milha = 1600 metros 1 milha em 8 minutos = 200 m/min 200 m/min x 60 min = 12 km/h 12 km/h = 12 METs = 12 kcal/min 12 METs = 12 kcal/kg.min 12 kcal/kg x 74/60 = 14,8 kcal/min/peso(74) = 0,200 kcal.min.kg ou VO2max ml/kg.min = vel m/min x 0,2 ml/kg.min + 3,5 VO2max ml/kg.min = 200 x 0,2 + 3,5 = 43,5 ml/kg.min transformar ml/kg.min em METs 43,5 / 3,5 = 12,4 METs 12,4 METs = 12,4 kcal/kg.h x peso/60 = kcal/min 12,4 x 74/60 = 15,3 kcal/min se dividirmos 15 kcal/min pelo peso (74) acharemos kcal.min.kg 15,3 / 74 = 0,207 kcal.min.kg PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 169 DIFERENÇAS NAS PRESCRIÇÕES DE EXERCÍCIOS FÍSICOS PARA DIFERENTES CATEGORIAS DE INDIVÍDUOS Elementos da Sedentários e Prescrição Cardíacos Intensidade 60 – 85 (% F.C.M.) Duração 15 – 45 (min) Freqüência 3–5 Semanal Tipos de Exercícios Aeróbicos Obesos Atletas 60 – 85 70 – 90 35 – 60 60 – 120 3–6 5–7 Aeróbicos Endurance Endurance Muscular Muscular Deverá ser Regular ou Flexibilidade boa Boa Regular ou Regular ou Coordenação boa Boa Deverão ser Deverão ser Motivação motivados motivados constantemente constantemente Deverá ser freqüente 1. 2. 3. 4. 5. Treinamento Muscular Supervisão NOVE PRINCÍPIOS BÁSICOS DO CONDICIONAMENTO FÍSICO (RECREAÇÃO) Periódica Anaeróbico s Aeróbicos Potência e Força 6. 7. 8. Excelente 9. Em geral já estão motivados Quando necessário - Aquecimento e alongamento são essenciais. Progressão: iniciar com cargas leves inicialmente e progredi-las com a melhora da aptidão física. Leva-se 6 a 8 semanas para atingir o nível máximo. Calcular o tempo (duração) e a intensidade do exercício. Capacidade: exercite-se dentro de seus limites fisiológicos de saúde. Força, coordenação, flexibilidade e resistência aeróbica são habilidades motoras essenciais. Relaxamento: exercícios especiais para recuperar-se da fadiga e da tensão. Rotina: uma rotina básica semanal é necessária. Interrupção: é necessário interromper o programa quando problemas de saúde aparecem. Não retarde a consulta ao médico. Finalidades: Melhorar a capacidade funcional do sistema orgânico ao esforço. Melhorar a aptidão física motora e energética capaz de atingir um equilíbrio adequado entre o esporte e a utilização de energia. Providenciar suficientes distrações e recreações físicas (combate o stress psicofisiológico da vida diária, contrabalançando assim o acúmulo de tensão, de ansiedades e de frustrações) RECOMENDAÇÕES NAS PRESCRIÇÕES DE EXERCÍCIOS FÍSICOS PARA DIFERENTES CATEGORIAS DE INDIVÍDUOS 1. NÃO TREINAR EXCESSIVA E DESNECESSARIAMENTE. a) Não fazer dois treinos no mesmo dia. b) Seguir as instruções do educador físico. c) Após um dia de treinamento intenso, deve-se repousar ou fazer treinos leves. d) Dar chance aos músculos de se relaxarem e ressintetizar os combustíveis gastos. 2. ESTEJA ATENTO A SINAIS E SINTOMAS PRECOCES. a) Dores nas articulações, músculos e ossos durante e após atividades físicas sugerem parar, diminuir a intensidade ou modificar a técnica. b) Se no início do programa você sente músculos cansados e doloridos, faça um treino leve. c) Não se exercite com febre ou doença infecciosa. DIMINUA O ESPASMO MUSCULAR E A RIGIDEZ ARTICULAR. a) Fazer um correto aquecimento e alongamento. b) Orientar-se sobre exercícios de flexibilidade e alongamentos com o professor de educação física. ÍNDICE DE ATIVIDADE FÍSICA COEFICIENTE INTENSIDADE 5 → Intensa respiração e freqüência cardíaca. 4 → Moderada respiração e freqüência cardíaca, como no tênis. 3 → Discreta respiração e freqüência como no ciclismo (passeio). 2 → Leve – como no voleibol. 1 → Muito leve – pesca, caminhada. DURAÇÃO 4 3 2 1 → → → → Mais de 30 minutos. 20 a 30 minutos. 10 a 20 minutos. Abaixo de 10 minutos. FREQÜÊNCIA 5 4 3 2 1 → → → → → Diariamente. 3 a 5 vezes por semana. 1 a 2 vezes por semana. Algumas vezes por mês. Nenhuma ou raramente. 3. 4. a) b) c) MANTENHA-SE ROTINEIRA E FISICAMENTE ATIVO. Evitar ser um atleta de fim de semana. Evitar suspender seus exercícios por mais de 10 dias. Treinar pelo menos 4 habilidades motoras. ATIVIDADE FÍSICA ÍNDICE = INTENSIDADE X DURAÇÃO X FREQÜÊNCIA AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA INDICE APTIDÃO FÍSICA 81 – 100 Alta 5. EXAMES MÉDICOS PRÉVIOS. 61 – 80 Muito Boa a) Defeitos posturais devem ser detectados. 41 – 60 Média b) A avaliação cardio-respiratória durante o esforço é 21 – 40 Baixa importante. < 20 c) Contra-indicações às atividades devem ser detectadas. 170 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Muito Baixa Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras Sugestões para Leitura: ARAÚJO, W.B.. Ergometria & Cardiologia Desportiva. Editora MEDSI, Rio de Janeiro, 1986. a COLÉGIO AMERICANO DE MEDICINA ESPORTIVA. Guia para teste de esforço e prescrição de exercício, 3 . Edição. Editora MEDSI, Rio de Janeiro:, 1987. a COOPER, K.H.. O programa aeróbico para o bem estar total. Exercícios - dietas equilíbrio emocional, 2 . Edição. Editora Nórdica, Rio de Janeiro, 1982. GUEDES, D.P. & GUEDES, J.E.R.P.. Exercício físico na promoção da saúde. Editora Midiograf, Londrina-Paraná, 1995. GUEDES, D.P. & GUEDES, J.E.R.P.. Crescimento, Composição corporal e desempenho motor de crianças e adolescentes. Editora CLR Balieiro Ltda, Londrina-Paraná, 1997. a KATCH, I. F., KATCH, L.F. & McARDLE, W.D.. Fisiologia do Exercício: Energia, Nutrição e Desempenho Humano, 3 . Edição. Editora Guanabara Koogan S.A., Rio de Janeiro, 1992. a. KATCH, I.F. & McARDLE, W.D.. Nutrição, Exercício e Saúde,4 edição. Editora MEDSI, Rio de Janeiro, 1996. a LEITE, P.F.. Fisiologia do Exercício ,2 . edição. Editora Robe, São Paulo, 1993. a LEITE, P.F.. Aptidão física e saúde, 2 . edição. Editora Robe, São Paulo, 1993. LEITE, P.F.. Exercício, envelhecimento e promoção de saúde; Fundamentos da prescrição de exercício em idosos. Editora Health, Belo Horizonte:, 1996. a. MATSUDO, V.K.R. & ET AL. Teste em ciências do esporte, 2 edição. Editora Gráficos Burti, São Paulo, 1990. POLLOCK, M.L., WILMORE, J.H. & FOX III, S.M.. Exercício na Saúde e na Doença: Avaliação e Prescrição para Prevenção e a Reabilitação, 2 . Edição. Editora MEDSI, Rio de Janeiro,1995. SKINNER, J.S.. Provas de esforço e prescrição de exercícios para casos específicos; Bases teóricas e aplicações clínicas. Editora Reviner Rio de Janeiro, 1991. STEPHEN, C.. Viver melhor: Guia de saúde para toda a família. Editora Verbo, Lisboa, Portugal, 1993. VIVACQUA, R. & HESPANHA, R.. Ergometria e reabilitação em cardiologia. Editora MEDSI, rio de Janeiro, 1992 WARBUNTON, D.E.R; NICOL, C.W; BREDIN, S.S.D. Prescribing exercise as preventive therapy. CMAJ, 174(7): 961-974, 2006. a WOLINSKY, I. & HICKSON, J.JR.. Nutrição no exercício e no esporte, 2 . edição. Editora Roca Ltda, São Paulo, 1996 ZAGO AS. Relação do nível de aptidão funcional com os fatores de risco de doenças coronarianas associados à bioquímica sanguínea e à composição corporal, em mulheres ativas de 50 a 70 anos. 2002, 87f. Dissertação (Mestrado). UNESP RC. PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 171 Anexos ESTIMATIVA DO GASTO ENERGÉTICO DIÁRIO EM REPOUSO Para que seja determinado o gasto energético aproximado ou as kcal necessárias durante o repouso, deve-se multiplicar a kcal média por unidade de área de superfície corporal por hora, mostrada na figura 4, pela pela superfície corporal determinada no monograma da figura 5. Depois, multiplicar-se esse resultado por 24, para a estimativa das necessidades de energia em 24 horas. Para um homem de 22 anos, que tem uma superfície corporal de 2,04 m2, o gasto calórico diário mínimo seria de 38 kcal/m2/h x 2,04 m2 x 24, ou 1.860 kcal diários. O cálculo das necessidades energéticas diárias mínimas com base na idade e na superfície corporal resulta em uma avaliação mais confiável do que a simples utilização do valor médio da população, que geralmente varia entre 900 a 1.900 kcal diárias, para homens e mulheres. Uma estimativa precisa e rápida do gasto energético basal (BEE). Os valores estimados para o gasto energético diário de repouso com base na idade, no sexo, e na área de superfície estarão normalmente dentro de 10% do valor em kcal por dia caso o BMR tenha sido, realmente, medido sob rigorosas condições de laboratório. Outro método que determina o gasto energético diário em repouso faz o cálculo do equivalente calórico do volume total de oxigênio consumido para as funções basais durante um período de 24 horas. Uma vez que o valor para a equação de oxigênio durante o repouso geralmente varia entre 160 e 290 ml/min (média de 235 ml/min). Considerando que um dia tem 1.440 minutos, o gasto energético diário em repouso seria teoricamente igual a 1.700 kcal (1.440 x 1,18 kcal). Este valor é apenas uma aproximação grosseira, já que ele não se ajusta a todas as variáveis corporais, como superfície, massa e composição corporais. Cálculo rápido para estimativa do gasto energético basal diário (Basal Energy Expenditure- BEE). O BEE em (kcal) pode ser avaliado pela idade (ano), massa corporal (kg) e estatura (cm) da seguinte maneira: Mulheres: BEE 65,5 + (9,6 x massa) + (1,85 x estatura) - (4,7 x Idade) Homens : BEE 66,0 + (13,7 x massa) + (5,0 x estatura) - (6,8 x Idade) Dispêndio de energia diário e durante o repouso, com base na LBM. Utilize as equações seguintes para estimar seu dispêndio de energia em estado de repouso (REE) e o dispêndio diário (TDEE) com base na LBM: REE (kcal/dia) 21,6 (LBM, kg) + 370 Ex: LBM = 70 kg (REE = 21,6 x (70) + 370 = 1.882 kcal/dia TDEE (kcal/dia) 26,0 (LBM, kg) + 682 Ex: LBM = 70 kg (TDEE = 26,0 x (70) + 682 = 2.502 kcal/dia LBM (kg) = Massa corporal magra O cálculo da massa corporal magra (LBM) é feito da seguinte forma: LBM (kg) = Massa corporal (kg) - Massa de Gordura (kg) Referência: KATCH,F. & McARDLE, W.. Nutrição, Exercício e Saúde Gasto Calórico (Jogo de Tênis) = 0,109 kcal x Peso (kg) x Tempo de Jogo Gasto Calórico (Ginástica Aeróbica Moderada) = 0,102 kcal x Peso (kg) x Duração Gasto Calórico (Ginástica Aeróbica Intensa) = 0,134 kcal x Peso (kg) x Duração Equações para Estimativa da Demanda Energética na Prática da Natação Mulheres Demanda Energética (kcal) = 0,151 x SC (m2) x Distância (m) Homens Demanda Energética (kcal) = 0,210 x SC (m2) x Distância (m) Ex: um homem pesando 90 kg e 172 cm de estatura, portanto com 2,03 m2 de superfície corporal, ao nadar 1000 metros terá uma demanda energética de 426 kcal: Demanda Energética = 0,210 x 2,03 m2 x 1000 m = 426 kcal 172 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras Equação para Estimativa da Demanda Energética Mediante a Prática de Ciclismo com Deslocamento Demanda Energética (0,17 + 0,43 x SC x (V)2 + 39,2 x P x I) (Dist/4,18) Onde: P: Soma dos pesos do indivíduo e da bicicleta (kg) V: Velocidade de deslocamento (m/segundos) SC: I: Superfície Corporal Inclinação do terreno (tangente) Dist: Distância percorrida (km) Fonte: DI PRAMPERO (1986). In: Exercício físico na promoção da saúde. GUEDES, D.P. & GUEDES, J.E.R.P.,1996. Custo Energético Caminhada = 0,625 kcal x Distância (km) x Peso Corporal (kg) Fonte: DI PRAMPERO, 1986; WEBB et ali, 1988, modificado por BERGAMO, 1997. In: Exercício físico na promoção da saúde. GUEDES, D.P. & GUEDES, J.E.R.P.,1996. PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 173 Gráfico 5 - índice metabólico basal como uma função da idade e do sexo. (Dados de Altman, P.L., e Dittmeer, D.S. Metabolism. Bethesda, MD, Federation of American Societies for Experimental Biology, 1968.) In: Nutrição, exercício e saúde. 174 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras Figura 1 - Nomograma para avaliação da superfície corporal a partir da estatura e da massa . Reproduzido de linical Spitometry,” conforme preparado por Boothby e Sandiford da Clínica Mayo, por cortesia de Warren E. Collins, Inc., Braintree, MA.) In: Nutrição, exercício e saúde. O nomograma ajustado para cálculo da capacidade de trabalho aeróbico a partir da freqüência do pulso submáximo e dos valores de captação de O2 (pedalagem, corrida ou marcha, e teste do banco).. Nos testes sem mensuração direta a captação de O2 pode ser estimada lendo horizontalmente da escala “peso corporal” (teste do banco) ou escala “carga de trabalho” (teste cicloergométrico) para escala “captação de O2”. O ponto sobre a escala “captação” de O2 (VO2, 1) será conectado ao ponto correspondente da escala “freqüência do pulso”, e a captação máxima prevista de O2 será lida na escala do meio. Uma mulher (61kg) alcançou uma freqüência cardíaca de 156 no teste do banco; VO2 max previsto = 2,4 l. Um homem alcança uma freqüência cardíaca de 166 no teste cicloergométrico com uma carga de trabalho de 1.200 kpm/min; VO2 max previsto = 3,6 l (exemplificado pelas interrompidas). (De Åstrand) Figura 2 - Nomograma de Astrand PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 175 TABELAS REFERENTES AO CRESCIMENTO LONGITUDINAL DO CORPO Tabela 1 - Valores Absoluto (cm) de Porcentagem da Maturação de Estatura em Escolares Brasileiros Idade Homens _ X 07 122,88 08 124,84 09 131,42 10 137,50 11 140,77 12 146,93 13 154,97 14 162,63 15 165,14 16 169,99 17 174,81 18 172,26 * (p < 0,05) “t” Student S± 5,91 6,01 6,96 6,72 6,71 6,30 7,42 6,54 6,54 8,94 7,95 7,25 Mulheres Δ% 71,33 72,47 76,29 79,82 81,72 85,30 89,96 95,87 95,87 98,68 101,48 100,00 _ X 121,21 130,26* 133,88 137,59 146,28* 150,07* 154,63 156,84* 160,54* 161,00* 159,75* 160,71* S± 5,54 7,00 6,40 5,68 6,48 5,51 6,17 5,02 7,05 7,06 9,30 5,37 Δ% 75,41 81,05 83,31 85,61 91,02 93,38 96,22 97,59 99,89 100,18 99,40 100,00 Tabela 2 - Valores Absolutos (kg) e Porcentagem de Maturação de Peso Corporal em Escolares Brasileiros Idade Homens _ X 07 20,05 08 24,08 09 27,38 10 33,91 11 34,37 12 37,85 13 42,78 14 49,76 15 53,83 16 58,06 17 64,15 18 61,54 * (p < 0,05) “t” Student. S± 8,96 6,09 8,32 8,57 6,06 5,08 6,75 7,66 8,52 10,90 8,87 8,00 Mulheres Δ% 32,58 39,13 44,49 55,10 55,85 61,46 69,52 80,86 87,47 94,39 104,24 100,00 _ X 23,40* 27,58* 31,02* 37,81 37,81 43,06* 47,39* 49,40 52,58 53,78* 54,51* 53,70* S± 4,34 5,29 4,56 5,20 7,16 6,70 5,94 8,91 8,00 6,73 9,30 6,64 Δ% 43,57 51,35 57,75 70,40 70,40 80,17 88,13 91,98 98,13 100,00 101,49 100,00 _ _ Tabela 3 - Valores Absoluto (mm) de Dobras Cutâneas (X 3) e (X 7) em Escolares Brasileiros Idade 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 * (p < 0,01) “t” Student _ (X3) _ X 7,54 7,18 8,14 9,60 8,00 7,57 7,84 7,73 8,30 8,31 8,61 7,99 Homens S+ 4,69 1,99 4,82 6,65 2,93 2,24 2,14 3,39 3,30 2,47 2,52 2,61 _ X 7,35 6,99 8,00 9,32 7,61 7,12 7,10 7,03 7,78 8,03 8,25 7,61 _ (X7) S± 4,08 2,17 4,69 5,97 2,55 2,01 3,38 2,70 3,17 3,07 2,33 2,68 _ (X3) _ X 7,92 8,81 9,53 9,22 10,40* 10,89* 12,10* 11,92* 13,72* 13,09* 13,26* 12,91* Mulheres _ S± X 2,94 7,69 3,85 8,49 3,44 9,34 2,79 9,26 4,24 9,74* 2,91 10,36* 4,21 11,64* 5,41 11,37* 3,01 13,36* 4,01 12,51* 4,89 12,74* 3,63 12,14* _ (X7) S± 2,95 3,97 3,18 2,99 3,67 2,55 3,79 5,08 2,95 3,80 4,87 3,40 X 3 = média do tríceps, subescapular e supra-ilíaca X 7 = média do bíceps, tríceps, subescapular, supra-ilíaca, axilar média, abdominal e panturrilha medial. 176 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras Tabela 4 - Valores Absoluto (cm) de Porcentagem da Maturação de Circunferência de Braço em Escolares Brasileiros Idade Homens _ X 07 18,75 08 19,20 09 20,35 10 21,76 11 21,46 12 23,50 13 23,87* 14 24,79* 15 26,47* 16 27,13* 17 28,43* 18 29,15* * (p < 0,01) ANOVA One Way S± 1,24 2,31 2,00 2,75 2,01 2,84 2,51 2,62 2,96 2,19 2,06 2,16 Mulheres Δ% 64,32 65,87 69,81 74,65 73,62 80,62 81,89 85,04 90,81 93,07 97,53 100,00 _ X 18,24* 19,81* 21,49* 20,52* 21,22* 22,40* 24,23* 26,17 26,12 26,11 26,10 25,92 S± 1,74 2,14 2,57 1,99 1,72 1,77 2,56 2,98 2,51 2,64 1,46 2,56 Δ% 70,37 76,43 82,91 79,17 81,87 86,42 93,48 100,96 100,77 100,73 100,69 100,00 Tabela 5 - Valores Absoluto (m) e Porcentagem da Maturação de Circunferência de Perna em Escolares Brasileiros Idade Homens _ X 07 24,21* 08 24,92* 09 26,89* 10 27,96* 11 27,29* 12 30,06* 13 30,99* 14 31,43* 15 33,22* 16 33,68* 17 35,54* 18 35,83* * (p < 0,01) ANOVA One Way S± 1,82 2,45 2,51 3,76 2,70 2,89 2,55 2,81 3,33 2,66 2,56 3,10 Mulheres Δ% 73,20 75,41 75,05 78,04 76,17 83,90 86,49 87,72 92,72 94,00 99,19 100,00 X 24,00* 25,92* 27,96* 27,27* 28,41* 30,09* 32,06* 33,83* 34,26 33,85 34,29 33,89 S± 1,50 2,37 2,71 1,74 2,94 2,29 3,44 2,26 2,66 2,74 2,25 2,93 Δ% 82,50 85,88 82,50 80,47 83,83 88,79 94,60 99,82 101,09 99,88 101,18 100,00 Tabela 6 - Valores Absoluto (cm) e Porcentagem da Maturação de Diâmetro de Úmero em Escolares Brasileiros Idade Homens _ X 07 4,97 08 5,12 09 5,43* 10 5,81* 11 5,66* 12 6,04* 13 6,37* 14 6,39* 15 6,62* 16 6,73* 17 6,72 18 6,79 * (p < 0,01) ANOVA One Way S± 0,38 0,35 0,33 0,51 0,38 0,38 0,45 0,44 0,54 0,37 0,35 0,31 Mulheres Δ% 73,20 75,41 79,97 85,57 83,36 88,95 93,81 94,11 97,50 99,12 98,97 100,00 _ X 4,97* 5,17* 5,48* 5,39* 5,65* 5,75* 5,91* 6,01 6,00 6,05 6,00 6,02 S± 0,58 0,37 0,37 0,31 0,24 0,30 0,40 0,30 0,41 0,29 0,33 0,35 Δ% 82,56 85,88 91,03 89,53 93,85 95,51 98,17 99,83 99,67 100,50 99,67 100,00 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras 177 Tabela 7 - Valores Absolutos (cm) e Porcentagem da Maturação de Diâmetro de Fêmur em Escolares Brasileiros Idade Homens _ X 07 7,58 08 7,78 09 8,16* 10 8,66* 11 8,53* 12 8,97* 13 9,22* 14 9,22* 15 9,49* 16 9,48* 17 9,72* 18 9,74* * (p < 0,01) ANOVA One Way 178 S ± Δ% 0,42 0,41 0,47 0,74 0,65 0,59 0,54 0,60 0,57 0,49 0,54 0,45 Mulheres 77,82 79,88 83,78 88,91 87,58 92,09 94,66 94,66 97,43 97,33 99,79 100,00 _ X 7,23* 7,68* 8,22* 8,01* 8,30* 8,47* 8,67* 8,86* 9,10 8,89 8,98 8,98 S± 0,53 0,47 0,62 0,38 0,48 0,46 0,63 0,44 0,60 0,49 0,56 0,63 Δ% 80,51 85,52 91,54 89,20 92,43 94,32 96,55 98,66 101,34 99,00 100,00 100,00 PUCC – MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Prof. Dr. Vagner Roberto Bergamo/ Prof. Ms. José Francisco Daniel/ Prof.Ms.Anderson Marques Moras