DETERMINAÇÃO DA RIGIDEZ DO ELEMENTO FLEXÍVEL PARA USO EM LIGAÇÕES DE TORRES METÁLICAS TRELIÇADAS Luiz G.G. Acadêmico do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Maria [email protected] João K. J. Professor Dr. do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Maria [email protected] Marco A. S. P. Professor Dr. do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Maria [email protected] Resumo. Alguns dos materiais que ganharam mercado foram os metais, devido à rapidez na execução, racionalidade, qualidade nas peças criadas e sustentabilidade. Não é difícil deparar-se com estruturas metálicas sendo usadas alternativamente às estruturas de madeira ou concreto. Diante deste ganho de mercado, estudos devem ser feitos para verificar a capacidade de cada perfil metálico frente aos esforços aos quais devem resistir. Dessa forma, o presente artigo tem como objetivo analisar propriedades de rigidez axial e cisalhante nas ligações de um modelo reduzido de torre metálica, adicionando nas ligações da mesma, elementos flexíveis. O trabalho consiste em verificar, por meio de ensaios em laboratório, a rigidez do elemento flexível, para, futuramente, aplicar esta informação em um modelo computacional de torre e estudar o comportamento estático e dinâmico da torre. Palavras-chave: Torre metálica. Elemento flexível. Amortecimento. 1. INTRODUÇÃO Perante a necessidade de prezar pelo meio ambiente, novos métodos construtivos e materiais têm sido aplicados na construção civil. Os metais ganharam mercado pelo sua rapidez na execução, racionalidade, qualidade nas peças criadas. Mas entre todos os benefícios dos metais, o que mais se destaca é o da sustentabilidade, visto que são os materiais mais recicláveis dentro da indústria da construção civil. Torres são exemplos de obras executadas em metal. Historicamente, torres têm sido usadas pelas mais variadas populações que habitam o planeta, como são o caso das mesquitas, fortes, castelos e faróis. Uma torre pode ser definida como uma estrutura onde o valor na escala métrica de sua altura é muito maior do que das outras duas dimensões. Novas torres, utilizadas agora para passagem de redes de energia ou cabos de telecomunicação, têm sido concebidas cada vez com menos material e mais planejamento, diminuindo assim seu custo. Mas essa diminuição de material traz como consequência o aumento da influência de ações dinâmicas como, por exemplo, ventos e sismos em vibrações na estrutura metálica. Segundo Fernandez (2000), um corpo é dito em vibração quando ele descreve um movimento oscilatório em torno de um ponto de referência. Deste modo, pode-se assumir que uma torre sofre o efeito da vibração no instante em que, na sua XXVI CONGRESSO REGIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA EM ENGENHARIA – CRICTE 2014 8 a 10 de outubro de 2014 – Alegrete – RS – Brasil extremidade mais afastada do solo, é transmitida uma força que inicie um movimento oscilatório. Mas, depois de certo momento, quando a força dinâmica desaparece, a vibração cessa e a estrutura volta a ficar em repouso. A este fenômeno damos o nome de amortecimento, que é a razão do decaimento ou redução da amplitude de vibração de um sistema pela dissipação de sua energia (WALSHAW, 1984, p. 77). O amortecimento ocorre naturalmente seja pelo atrito com o ar ou mesmo pela resistência da própria torre e ainda vários outros mecanismos de redução. Um dos mecanismos de redução que podem ser utilizados é de ligações flexíveis, onde nem toda energia provinda da vibração é transmitida de um elemento da torre para o outro. Um desses materiais que podem ser utilizados nas juntas é a borracha que, de acordo com Guerreiro (2003), é um material com baixa fluência plástica, grande extensibilidade e capacidade de recuperar rapidamente a forma original após estar sujeito a grandes deformações. Com base no exposto, procurou-se avaliar a rigidez das ligações flexíveis de borracha frente a deformações de compressão e cisalhamento, de um modelo de torre metálica usando medições em laboratório para composição da curva força versus deformação da borracha. 2. MATERIAL E MÉTODOS Os principais materiais utilizados para este trabalho foram: anéis de borracha, perfis metálicos, parafusos, porcas e arruelas (Fig. 1). Os equipamentos foram uma furadeira, um paquímetro digital e prensa manual (Fig. 2). Em cada um dos ensaios foram utilizados cinco anéis de borracha escolhidos aleatoriamente dentre vários outros iguais. Os torques de aperto no parafuso, utilizados como base para cálculos e aplicações são de 1 N*m, 5N*m, e 10N*m. Figura 1 – Peças de montagem de ligação O ensaio de compressão consiste em aplicar uma força e aumenta-la gradualmente, medindo-se a deformação que o anel de borracha é submetido. Neste ensaio, nas proximidades do rompimento do anel, identifica-se a necessidade de aplicar muita força para ocorrer um pequeno deslocamento. O ensaio de cisalhamento consiste em, depois de comprimir o anel de borracha com um determinado torque da furadeira, comprimir os perfis de modo que deslizem um em relação ao outro (Fig. 2), ocorrendo a ruptura do anel no momento em que a borracha não conseguir resistir a este movimento. Para identificar a rigidez correspondente a cada deformação promovida pelos torques de aperto, cada ligação foi submetida aos três valores de torque, o que comprimia os anéis de borracha, dando-lhes diferentes valores finais de deformação. Esta identificação é importante para se obter a rigidez inicial da borracha, promovida pelos diferentes torques. Figura 2 – Montagem do ensaio cisalhante XXVI CONGRESSO REGIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA EM ENGENHARIA – CRICTE 2014 8 a 10 de outubro de 2014 – Alegrete – RS – Brasil 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO perfis metálicos (Figura 4) e aplicar uma carga sobre o conjunto. O ensaio de compressão do anel de borracha consiste em posicioná-lo em uma superfície lisa e aplicar cargas, medindo as deformações. Para aferir os valores de força e deslocamento do aparelho, utilizou-se medidores graduados de precisão (Fig. 3), visto que as unidades trabalhadas ficaram muito próximas de zero. Figura 4 – Ligação para ensaios Figura 3 – Montagem para compressão Após realizar o ensaio e já em posse dos valores das forças aplicadas e deformações, calcula-se as médias entre os resultados de 5 ligações. Os resultados são identificados no Gráfico 1. Deste modo, identificou-se que um perfil deslizou paralelamente ao outro, gerando o cisalhamento no anel de borracha. Por ainda estar trabalhando com valores milimétricos, continuou-se utilizando medidores de precisão. Para cada torque aplicado no perfil foram feitos 5 ensaios e, com os valores médios dos deslocamentos, gerou-se o Gráfico 2. Neste caso, gerou-se o gráfico somente até o trecho antes da ruptura. Gráfico 2 – Curva força cisalhante x deformação Gráfico 1 – Curva força compressiva x deformação O ensaio de cisalhamento consiste em posicionar o anel de borracha entre dois Por fim, para se determinar quanto cada torque comprime o anel de borracha quando este está no conjunto (Fig. 4) utiliza-se um paquímetro digital, medindo a distância XXVI CONGRESSO REGIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA EM ENGENHARIA – CRICTE 2014 8 a 10 de outubro de 2014 – Alegrete – RS – Brasil existente entre os perfis metálicos. Depois de testar para cada um dos três torques algumas espessuras, foram tomadas para cada um deles a deformação média produzida nos anéis, conforme resultados transcritos na Tabela 1. Tabela 1. Relação entre torque aplicado e deformação gerada Deformação Torque (N*m) Média (mm) 1 1,003 5 1,221 10 1,531 Com os valores da Tabela 1, e com o auxílio do Gráfico 1, identificou-se a rigidez à compressão que os anéis de borracha apresentarão quando submetidos aos torques. Segundo a lei de Hooke (Eq. (1)), que relaciona a força aplicada e o deslocamento produzido pela deformação, pode-se calcular as constantes de rigidez dos anéis de borracha aproximando, por uma reta, dois pontos adjacentes ao que se deseja calcular. Esta mesma equação será utilizada para determinar a rigidez ao cisalhamento no Gráfico 2. Assim: F k d (1) Desse modo para o torque 1 N m: (411,69 343,07) kc (1,04 1,0) 103 (2) k c 1,596 10 6 N / m De maneira análoga, tem-se para o torque de 5N m, kc =2,859x106 N/m e para o torque de 10 N m obteve-se, kc=9,002x106 N/m. Seguindo na lei de Hooke, encontrou-se também a rigidez ao cisalhamento: k S 2,49 105 N / m De maneira análoga, tem-se para os torques de 5 N m, ks = 6,59x105 N/m e para o torque de 10 N m, ks = 5,17x106 N/m. Estes valores da constante k serão empregados no modelo computacional, em outro trabalho. 4. CONCLUSÃO O objetivo de calcular as rigidezes do anel de borracha foi alcançado. Espera-se que a transmissão de esforços de cada barra seja diminuída em função do amortecimento proveniente da existência do anel de borracha. Agradecimentos Ao CNPQ, pela bolsa de iniciação científica, à Universidade Federal de Santa Maria e ao Centro de Tecnologia pela estrutura fornecida para realização deste trabalho. 5. REFERÊNCIAS FERNANDES, J. C. Apostila de Segurança nas Vibrações sobre o corpo humano. 2000, p. 1 GUERREIRO, L. A borracha na concepção antissísmica. Porto. FEUP, 2003, p. 1 WALSHAW, A. C. Mechanical vibrations with applications. 1st edition. England: Ellis Horwood, 1984, p. 77. (67,223 0) k S (0,27 0) 10 3 (3) XXVI CONGRESSO REGIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA EM ENGENHARIA – CRICTE 2014 8 a 10 de outubro de 2014 – Alegrete – RS – Brasil