ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DA VIDA ECONÓMICA Nº 1375, DE 17 DEZEMBRO DE 2010, E NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE Estratégia das redes de franchising aponta para maior eficácia na gestão de unidades Colaborações: MERCADO CENTURY 21 alarga presença no Grande Porto Pág. VII Redução de custos viabiliza entrada de novos empreendedores INTERSETA reforça bases de conceito empreendedor Pág. VIII Pág. III II FRANCHISING E EMPREENDEDORISMO sexta-feira, 17 Dezembro de 2010 Cristina Leandro, administradora da Tormo & Asociados, considera Baixar o preço de acesso à rede não pode pôr em causa marca e serviço O franchising continua a apresentar-se como um sector em crescimento. Cristina Leandro, responsável da Tormo & Asociados, refere que, embora “não imune à crise”, o franchising “continua com números positivos” em 2010. Na sua perspectiva, este sistema de expansão apresentou “um crescimento mais brando do que nos anos anteriores, num cenário mais selectivo e criterioso, em que as marcas com mais sustentabilidade, estrutura e capacidade de reacção continuaram a ganhar terreno”. Assim, o crescimento verificado “acabou, em grande parte, por se concentrar em apenas algumas marcas, marcas estas que demonstraram estar mais bem preparadas para as intempéries do mercado”. Por outro lado, refere, “assistiu-se a um maior enfoque por parte das marcas no negócio, na melhoria dos seus processos internos, no cliente e na oferta de produtos e serviços inovadores”. Serviços financeiros, estética, formação e ensino, cuidados geriátricos, pequenos serviços ao domicílio foram os sectores de actividade que registaram melhor comportamento em 2010. Mas “com propostas de negócio com investimentos inferiores aos dos sectores de hotelaria e comércio”, os serviços “encontram-se actualmente em franca expansão, impulsionada pela procura de auto-emprego”. Nessa lógica, o franchising “low cost” resulta do reajustamento que várias marcas fizeram aos valores de investimentos iniciais. Outras nasceram já com uma filosofia de baixo investimento. No entanto, alerta Cristina Leandro, “este aspecto deve ser estudado, avaliando-se sempre a sustentabilidade do projecto. Preços baixos não podem ser sinónimo de um nível baixo de serviço; caso contrário a marca não terá condições para se manter num mercado cada vez mais exigente”. Assim, “deve haver uma preocupação em reduzir estruturas, em maximizar processos, em centralizar operações, procurando sempre soluções que garantam a mesma qualidade com uma menor exigência financeira, nunca colocando em causa a marca”. Até porque “baixar os preços de acesso à rede tem que ser algo bem definido, sustentado e que não ponha em causa o futuro de todos os intervenientes - franchisados, clientes, fornecedores e colaboradores”. TI traduzem redução de custos Já o chamado franchising 2.0 apresenta-se como “decisivo” na “redução de custos numa economia que cada vez mais tem menos margem de manobra”, refere. O acesso imediato à informação, a diminuição de distâncias, a comodidade e a redução de perdas de tempo que as novas tecnologias proporcionam “são algumas das mais-valias que as novas tecnologias nos proporcionaram e que tem vindo a traduzir-se em redução de custos”. Finalmente, para ser-se bem sucedido em franchising “não basta apenas evitar erros mais frequentes, é necessária inovação e adaptação às mudanças”. Esta poderá passar pelo “serviço “É necessária inovação e adaptação às mudanças”, afirma Cris- tina Leandro. ao cliente, algo que as marcas muitas vezes descuram e que é muito importante”, “pelos processos e métodos de produção de um determinado produto, pelas técnicas de venda e de comunicação, e ainda pela forma de distribuição e gestão”. MARC BARROS [email protected] PUB CONSULTÓRIO A internacionalização pela via do franchising - I Parte I - Planeamento Quando um negócio atinge os objectivos que delineou para o seu mercado local, a entrada em mercados internacionais torna-se necessariamente o próximo passo na estratégia de crescimento. A grande maioria dos empreendedores procura ter nos seus conceitos de negócio padrões uniformes e adaptáveis aos mercados externos, tornando deste modo o conceito mais global e de fácil penetração nos mercado alvo. Porém, existem sempre restrições à entrada de novos conceitos de negócio em mercados internacionais. As barreiras de entrada mais comuns são geralmente de ordem legal, cultural, social ou mesmo económica. Análise de mercado Antes de um investidor proceder a uma expansão internacional deverá fazer uma análise do(s) país(es) em que pretende entrar e verificar qual a potencial aceitação do seu negócio no mercado em causa. Assim, qualquer empresa que deseje entrar no mercado internacional deverá criar uma aliança estratégica com uma empresa ou uma associação local, isto é, deverá procurar apoio no país onde pretende implementar o negócio. Sugiro o contacto com a AICEP, cujas delegações nos países externos têm como função apoiar os empresários portugueses que pretendem internacionalizar as suas empresas (contactos com instituições locais, base de dados de potenciais parceiros ou clientes, etc.). Visando a internacionalização e globalização de conceitos de negócio, existem associações (ex.: AEP) que têm meios CAVALEIRO MACHADO JOSÉ VIEIRA LOPES Managing Director da Team Vision para apoiar a entrada de novos conceitos, promovendo acções para exportação de redes existentes. Algumas empresas optam por promover directamente os seus negócios nas feiras internacionais, e outras efectuam uma apresentação mais direccionada a um público objectivo e seleccionado nos países de destino, fazendo-o através de visitas programadas e acções concertadas com associações empresariais dos países visados. Independentemente do método utilizado para a divulgação do negócio, o importante é que este seja sempre apoiado por conhecedores do mercado pretendido. A procura de possíveis investidores e locais de implementação estratégica é certamente mais simples para quem tem o conhecimento intrínseco do mercado e da conjuntura económico-social local. FRANCHISING E EMPREENDEDORISMO sexta-feira, 17 Dezembro de 2010 III Fase de arranque das empresas com falta de apoio em tempo útil Um dos obstáculos ao desenvolvimento do empreendedorismo é a falta de “apoios à criação de uma nova empresa com o timing desejado para orçamentos iniciais”. Segundo José Rodrigues, responsável da Interseta, requisitos para iniciar um novo negócio são “força de vontade”, aliada a “conhecimentos técnicos sólidos e formação adequada”. Vida Económica – Como nasceu o projecto Interseta e de que forma a colocaram no terreno? a outros potenciais empreendedores que pretendam lançar o seu próprio negócio? José Rodrigues - A ideia de criar a Interseta foi a de colmatar dificuldades de mercados, onde os clientes tivessem soluções globais integradas desde o projecto até a construção. A inovação tem a ver com o facto de estarmos atentos ao mercado e em constante actualização, com novas soluções que vão de encontro a satisfação dos clientes. JR - O primeiro conselho que gostaria de salientar é a força de vontade para vencer, conjugada com conhecimentos técnicos sólidos e formação continuada para uma actividade exigente, onde somente vencerá que prestar um serviço de qualidade e marcar a diferença. VE - O percurso desde a concepção do projecto até ao seu lançamento no mercado é difícil? JR - O percurso desde a concepção tem sido sempre conotado com crescimento de facturação, correspondendo em 2010 a um aumento na ordem dos 80% e alargamento da quota de mercado, com diversificação nas diversas áreas de actuação. Em muito contribuiu o facto de os fundadores estarem identificados com esta área de actividade, o que facilitou o conhecimento de uma realidade que iríamos encontrar. Neste momento, a empresa passa por um processo de alargamento da área de negócio que passa pelas representações, imobiliário e projectos e internacionalização. VE - Quais os principais obstáculos que se colocaram à vossa intenção empreendedora? JR - O facto de não existirem apoios à criação de uma nova empresa com o timing desejado para orçamentos iniciais da criação de um negócio, conjugada com a falta de portefólio para entrada nos grandes grupos económicos que permitissem continuidade de trabalho e projecção no mercado. VE - Que balanço faz dos primeiros anos de actividade? JR - O balanço dos primeiros anos de actividade é bastante positivo, com ênfase para a parceria criada com os nossos clientes. Organização potencia desempenho VE - Que conselhos gostaria de deixar VE - De que forma o desenho organizacional da empresa é responsável pelo vosso desempenho, nomeadamente ao nível da subcontratação e do “outsorcing”? JR - O desenho organizacional da empresa é muito importante, pois na representação de um dos seus maiores activos são os meios humanos, a par dos clientes. A subcontratação é importante para reduzir encargos estruturais desde que controlada a nível de qualidade e cumprimento de prazos para atingir o objectivo pleno de satisfação do cliente. O “outsorcing” é encarado com optimismo, pois traduz a união de esforços no sentido de redução de custos e criação de sinergias validas com “input” de novas ideias. VE - Quais os principais projectos em que estiveram envolvidos? JR - Nesta fase penso que todos os projectos foram importantes para o crescimento da empresa. No entanto, poderemos salientar os vários hipermercados do grupo Auchan, Santogal - Stand Ferrari, CSantos VP – Mercedes Cascais, Onyria - Aldeamento Turístico da Quinta da Marinha, com 28 moradias, entre outros. VE - O facto de o sector imobiliário atravessar uma fase conturbada afectou os vossos planos desenvolvimento? De que forma adaptaram a vossa estratégia à conjuntura actual? JR - Como é de conhecimento geral, o panorama do imobiliário atravessa uma fase conturbada, obrigando a repensar o EMPRESA AVANÇA PARA PROJECTO E GESTÃO DE INSTALAÇÕES EMPRESARIAIS VE – Em que novas áreas pretendem desenvolver a vossa actividade? JR - Em desenvolvimento está a actividade na área de Facilities Management, desde uma etapa concreta do processo de desenho e execução de determinada obra de acondicionamento até à gestão integral de todas as actividades relacionadas com os imóveis da empresa. Neste momento, a empresa desenvolve projectos de consultoria estratégica e de gestão de serviços, além de ter reunido experiência na gestão da mudança para a incluir também na oferta de serviços. Cinco anos depois da sua criação, a Interseta conta já com nove funcionários e chega a ter uma centena de funcionários indirectos, multidisciplinares. O mesmo esquema multifacetado chega ao trabalho, modular, o que permite a fácil adaptação às necessidades e preferências dos clientes, que elegem e definem qual o tipo de colaboração que desejam manter. José Rodrigues e Rui Marques, responsáveis da Interseta. caminho a seguir, pelo que a estratégia passa pela remodelação e requalificação do imobiliário existente, de forma a va- lorizá-lo e transformá-lo num produto actual e apetecido. MARC BARROS [email protected] PUB IV sexta-feira, 17 Dezembro de 2010 FRANCHISING E EMPREENDEDORISMO Considera António Nunes, director de operações do Centro Promotor de Negócios da Universidade Técnica de Lisboa Promotores não privilegiam formação de equipas multidisciplinares O entendimento dos mecanismos de mercado e as formas de a este aceder contam-se entre as principais lacunas dos empreendedores no momento de apresentação do seu projecto aos investidores. Segundo António Nunes, director de operações do CPIN - Centro Promotor de Negócios da Oficina de Transferência de Tecnologia e de Conhecimento da Universidade Técnica de Lisboa, a estas falhas junta-se a “falta de liderança e ambição”. Por isso aquele organismo promoveu um conjunto de seminários, designados “Horses for Courses”, cujos temas dominantes foram o Plano de Negócio e a Procura de Investimento. Segundo António Nunes, “um plano apresentado com erros ortográficos, má organização e confuso dirá desde logo muito sobre o perfil dos empreendedores, mas, ainda assim, a componente humana é fundamental” na relação com os investidores. Vida Económica - Quais considera serem as principais lacunas que os empreendedores têm na elaboração do plano de negócios? António Nunes - A experiência do CPIN de mais 15 anos no suporte de empreendedores, sendo certo que os projectos são na sua esmagadora maioria em áreas tecnológicas ou de conhecimento intensivo, mostra que é no capítulo do entendimento dos mecanismos de mercado e no seu acesso que se situam as principais lacunas, a par com falta de liderança e ambição. O marketing e a promoção são matérias que ainda são pouco trabalhadas pelos empreendedores com perfil essencialmente técnico e raramente as equipas promotoras são compostas por elementos com diferentes competências e conhecimentos. É por essa razão que desde há muito temos insistido em diversos fóruns na promoção de equipas pluridisciplinares nas candidaturas a incentivos e concursos. mais, na sua decisão, um plano de negócios “formal”, ou o próprio projecto em si e a análise que faz do perfil do empreendedor? AN - Um investidor profissional valorizará a equipa em primeiro lugar. É certo que um plano apresentado com erros ortográficos, má organização e confuso dirá desde logo muito sobre o perfil dos empreendedores, mas, ainda assim, a componente humana é fundamental. Não se deve é esperar que haja uma resposta positiva numa primeira apresentação. É antes adequado esperar uma primeira reunião onde haja oportunidade de explorar não só as questões do negócio, mas as competências (acentuo competências para diferenciar de conhecimento) que os empreendedores possam ter, as suas motivações, envolvimento no projecto, autofinanciamento e perspectivas e ambições pessoais. VE - Quais são, na sua perspectiva, os principais elementos que o empreendedor deverá incluir no plano de negócios? AN - O plano de negócios, no contexto do processo empreendedor, tem sempre mais do que um destinatário, o próprio empreendedor e potenciais investidores. O nosso processo de apoio e orientação é sempre o de desenvolver um plano detalhado para uso interno, mas um conteúdo mais esquemático e centrado sobre competências e dados financeiros para terceiros. Tipicamente o PN tem que conter as competências que a equipa leva para a futura empresa, uma clara descrição da oportunidade de mercado, o “marketing mix”, os planos de produção e financeiro, um plano de recursos humanos e organizacional e por fim, ainda que conste no início do documento, um sumário executivo claro, conciso e bem escrito. VE - Existe um documento “tipo”, ou “minuta”, para o efeito, ou este deve variável em função do tipo de investimento que se pretende levar a cabo? AN - Utilizamos uma ferramenta já muito comprovada e desenvolvida pelo próprio CPIN, disponível no nosso “website” (www.cpin.pt), mas em função do próprio projecto, da equipa e dos destinatários elaboram-se documentos simplificados e adaptados. A vantagem da nossa ferramenta é que ela obriga a uma análise das componentes da empresa que são fundamentais para um empresa vencedora, ficando esse conhecimento aprofundado na posse dos promotores. Equipa em primeiro lugar VE - Considera que um investidor poderá valorizar VE - Em que medida o auxílio de um consultor poderá ser importante? AN - Pode ser fundamental para expurgar o projecto de erros fundamentais e sobretudo ajudar a focar a equipa sobre as necessidades da empresa de modo objectivo e profissional. É necessário acentuar que a aceitação de um consultor externo não deve nunca ser feita sem um acordo de confidencialidade. Um consultor profissional será até o primeiro a propor tal documento. É da nossa experiência que não há interesse em consultores externos que não trabalhem na perspectiva da tutoria, a menos que a intervenção seja num aspecto técnico específico do projecto. Será apenas por esse meio que se poderá fomentar ao conhecimento do negócio por parte da equipa empreendedora. Neste aspecto, saliento o trabalho realizado pelos BICs portugueses (CPIN, Oficina da Inovação, AIBAP, CIEBI, Sines Tecnopólo, NET, CEIM) e algumas incubadoras universitárias ou a elas ligadas, como é o melhor exemplo do Instituto Pedro Nunes em Coimbra. VE - Quais são e em que consistem as técnicas mais usadas na avaliação de um negócio e qual o seu grau de fiabilidade? AN - Em primeiro lugar, há que dizer que não há nenhuma técnica infalível, mas há melhores e menos boas ou mesmo más. A avaliação será por certo influenciada pelo tipo de avaliador. Um banco comercial dará ênfase às garantias e a uma taxa elevada de auto-financiamento do projecto. Já um Business Angel ou um Venture Capitalist (há várias empresas em Portugal dentro destas categorias) olhará sobretudo para a competência da equipa empreendedora e para o potencial de crescimento do negócio. Por este lado não compensa a ideia de que um bom projecto é aquele que é baseado em perspectivas pessimistas. Um investidor profissional dirá que é necessário ter uma perspectiva realista que não reduza o potencial do negócio. De modo geral, as técnicas mais usadas são na verdade combinações de várias e a decisão final será frequentemente emocional e muito dependente da imagem que os empreendedores projectam no investidor. Mas, objectivamente, técnicas como valor contabilístico (“book value”) – para empresas novas e nos primeiros anos esta avaliação será apenas uma “baseline”, já que nunca perspectiva o potencial do negócio – o VAL, que sofre da incerteza no calculo do valor de saída, o “Free Cash-flow”, valor de saída calculado com base em valor contabilístico acrescido do investimento e potencial de crescimento de empresas comparáveis e, outros, algo anedóticos, como os coeficientes de Berkus, são usados e como já foi dito, combinados para gerar um valor médio, sempre sujeito a negociação. Saliento a importância de orientador externo à equipa promotora, já que a negociação e a avaliação do negócio pode ser absolutamente fundamental para evitar grandes dissabores no futuro dos empreendedores e da empresa. MARC BARROS [email protected] CPIN APOIA DESENVOLVIMENTO DE EMPRESAS DE BASE TECNOLÓGICA A expressão “Horses for Courses”, que deu o mote a este conjunto de seminários, surge como uma expressão idiomática inglesa que define a necessidade de especialização de uma qualquer actividade às condições concretas em que será exercida. Assim, foi no sentido de “encontrar a melhor abordagem para o negócio em concreto” que se designou este ciclo de seminários. Com o objectivo de promover o empreendedorismo dentro da Universidade Técnica de Lisboa e estendendo esta motivação para o exterior, com estas formações a OTIC-UTL pretende estimular o espírito empreendedor junto da comunidade académica das escolas da UTL e da restante comunidade de ensino superior. O CPIN apresenta-se hoje como uma instituição com a actividade centrada no apoio à criação e desenvolvimento de empresas de base tecnológica e desenvolvimento da promoção do empreendorismo nas escolas de diferentes graus de ensino, servindo também de suporte em diversos projectos europeus e apoio na internacionalização de empresas portuguesas. FRANCHISING E EMPREENDEDORISMO sexta-feira, 17 Dezembro de 2010 V Capacidade de adaptação à conjuntura determina balanço positivo, considera Bruno Santos Franchising reage melhor que pequeno comércio e serviços A capacidade de adaptação do franchising às flutuações de conjuntura revelou-se positiva no balanço traçado da sua evolução em 2010. Segundo Bruno Santos, da consultora Trema, “o franchising reagiu bem melhor que os pequenos comércios ou empresas de serviços. Em alguns sectores, verificou-se mesmo um crescimento extraordinário”. Entre estes destaca, em Portugal, os sectores “da compra e venda de ouro e da estética”. No primeiro caso, “o ouro é uma das “commodities” em alta nos mercados, por diversas razões. Julgo também que, nos próximos tempos, continuaremos a assistir ainda ao crescimento de conceitos relacionados com a estética, saúde ou beleza”. Aquele especialista verifica que o universo do franchising “apresenta, também ele, as suas modas. Já tivemos a fase das lavandarias, depois as imobiliárias, logo a seguir as consultoras financeiras, e agora a grande vaga de novos conceitos é na estética”. Também o desenvolvimento dos modelos de franchising “low cost” veio para ficar. Por outro lado, as preocupações relativas a eventuais, quebras nos serviços prestados neste regime de franchising e, consequentemente, na notoriedade das marcas, não são consideradas por Bruno Santos como relevantes: “Algumas pessoas temiam que as companhias aéreas ‘low cost’ representassem uma diminuição dos padrões de segurança. Parece que não, visto que todas as empresas se obrigam às mesmas apertadas normas internacionais. Do mesmo modo, o franchising “low cost” não tem que representar qualquer quebra no serviço prestado”. Aliás, numa lógica de criação do próprio emprego, “os franchisings de baixo investimento têm grandes possibilidades nos próximos tempos”. Inovação é central nas organizações Porém, a conjuntura actual, que “dificulta a expansão de algumas redes” veio requerer a adopção de novas estratégias de expansão. Por isso, “certos franchisadores nunca poderão compensar a eventual redução de preços com mais expansão. Essa era a solução do passado. Os tempos de hoje exigem, acima de tudo, maior eficácia na gestão da rede. Se não podemos crescer ao ritmo de outros tempos, temos de gerir a rede que temos de forma mais rigorosa, reduzindo custos, e garantindo a rendibilidade das unidades”. Os tempos actuais impõem, por isso, uma grande capacidade de inovação das redes de franchising. Para Bruno Santos, “só há dois tipos de empresas: as que inovam e as que desaparecem. Isto é válido no mundo empresarial, mas sobretudo A Trema pretende inaugurar no início de 2011 novas instalações de Madrid e reforçar operação nos mercados externos, afirma Bruno Santos. na área do franchising”. Importa, porém, “perceber o que é a inovação. Ela exige uma disciplina própria dentro da empresa, formação específica, grupos de trabalho orientados para a criatividade e a geração de ideias, um Plano de Inovação, o uso de ferramentas de Marketing Lateral, entre outros modelos. Só assim se podem criar hoje novos produtos ou serviços”. Já os processos de internacionalização das marcas portuguesas são encarados como “complexos” e “dependerão sempre da capacidade de entender os mercados para onde se quer ir”. No caso da Trema, esta consultora irá inaugurar no início de 2011 as suas instalações de Madrid. “Ficaremos assim com instalações próprias nos dois países ibéricos. Desta forma, poderemos prestar um melhor serviço a marcas espanholas nossas clientes e ainda ajudar marcas portuguesas que pretendem avançar para o país vizinho”, esclareceu Bruno Santos. MARC BARROS [email protected] PUB VI FRANCHISING E EMPREENDEDORISMO sexta-feira, 17 Dezembro de 2010 Realstone abre novos escritórios em Portugal A Realstone, marca do grupo Onebiz dedicada ao investimento imobiliário, abriu três novas unidades na Trofa, Caldas da Rainha e Funchal. Estas duas últimas, da responsabilidade de Nelson Machado e Jorge Gouveia, respectivamente, representam o acentuar da estratégia de “cross-selling” empresarial do grupo, já que ambos detêm negócios próprios com as marca Exchange, Imo24 e Square. A RealStone é uma rede de lojas de investimentos imobiliários, que adquire imóveis com custos significativamente inferiores aos valores praticados pelo mercado (“sale&leaseback”). Através do pagamento de uma renda mensal, o exproprietário continua a usufruir do imóvel ao assumir-se como inquilino por um período previamente estipulado (de 6 a 30 meses). É também permitida a recompra do imóvel pelo ex-proprietário, após o período previamente estabelecido no contrato de promessa de compra e venda. A RealStone efectua transacções, que se traduzem na alienação de um activo por parte de uma entidade que passa da condição de proprietário a arrendatário. Esse imóvel fica arrendado durante um determinado período de tempo com possibilidade de recompra findo o prazo estipulado. Não sendo exercida a recompra do imóvel, o mesmo é colocado na bolsa de oportunidades e vendido por um valor significativamente inferior ao valor de mercado. As condições deste franchising incluem o pagamento de direitos de entrada no valor de 5000 euros e um “package” de franquia de 25.000 euros. A duração do contrato é de 10 anos, com uma taxa de “royalties” de 7 % e 3% de taxa de publicidade. Recorde-se que a RealStone foi vencedora da categoria de Inovação na última gala dos Prémios de Franchising. 4Best inicia expansão em regime de franchising Dez anos volvidos sobre a sua criação, a 4Best iniciou um processo de expansão em regime de franchising. Apostando no lema “4Best - Para melhor”, a empresa tem promovido diversas acções com o objectivo de captar promotores e prepara já a abertura das primeiras unidades. O objectivo prioritário desta expansão passa pela abertura de unidades nas principais capitais de distrito, com vista a existir uma agência 4Best sempre próxima dos clientes. Segundo João Ferreira, manager da 4Best, “através da expansão sob sistema de franchising, pretendemos fazer com que a 4Best cresça ainda mais, assim como pretendemos levar a nossa política de proximidade com o cliente a todo o território nacional”. A 4Best iniciou esta expansão através de dois modelos distintos. O primeiro, denominado Consultor 4Best, é um modelo desenvolvido para o parceiro trabalhar como promotor comercial das soluções 4Best, sem necessidade de espaço físico para desenvolvimento da actividade. Tem um baixo investimento e dá a possibilidade aos parceiros de trabalhar em regime de tempo parcial. Em contrapartida, o segundo modelo — “Studio 4Best” —, é um escritório/agência com a sua actividade focalizada na produção e oferta global das soluções de Design, Web, Marketing e Media da empresa. Para além destas duas possibilidades, os potenciais franchisados do conceito 4Best podem ainda contar com formação inicial e contínua; “backoffice” de apoio técnico, comercial e administrativo em tempo real; pacotes de serviços versáteis e ajustáveis a todo o mercado; inovação no método de desenvolvimento de novos serviços; partilha de conhecimentos e parcerias; carteira de clientes do Master desenvolvido com parceiros locais nas suas áreas de intervenção e marketing nacional. Actualmente, a sua rede de portais está presente em Portugal (PTfranchising.com), Espanha (ESfranchising. com), Cabo Verde (CVfranchising.com), Brasil (BRfranchising.com) e tem ainda um portal internacional dedicado à promoção de marcas que procuram masters franchises (BIZfranchising.com). Mais recentemente, lançou dois projectos pioneiros em Portugal – o Portal Sonegocios.pt e o Portal Soimoveis.pt – compra e venda de empresas e imóveis. Internacionalização das redes nacionais ganha peso face à conjuntura do mercado As marcas nacionais de franchising têm vindo a ganhar o seu espaço próprio além-fronteiras, beneficiando da conjuntura económica favorável que determinados mercados apresentam. Desta forma, países como Espanha, Brasil, Índia ou espaços económicos como o Leste Europeu, Médio Oriente ou Ásia, são mercados onde as redes portuguesas encontram oportunidades capazes de contrariar as dificuldades económicas e a reduzida dimensão do nosso país. Segundo dados do último censo do Instituto de Informação em Franchising (IIF), as marcas nacionais representam 70% do total de novas marcas, sobretudo nas áreas da consultoria financeira e auditoria e estética e bemestar, sendo que 55% tem na internacionalização um objectivo de expansão. Esta combinação de maturidade do mercado nacional com as dificuldades de investimento sentidas pelos empreendedores em Portugal aponta assim para novos caminhos. Um dos exemplos mais bem sucedidos verificou-se pela mão da Onebiz, no sector do Business Broker (intermediação na venda de empresas) com a NBB. Esta marca é hoje líder internacional no seu sector, com presença em 23 países e com vários prémios ganhos a nível internacional. Em Espanha, a Loja do Condomínio (LDC) prossegue uma estratégia sólida de internacionalização, tendo na Internet uma ferramenta privilegiada na integração e centralização de processos. Aliás, a LDC Espanha foi recentemente eleita o “Melhor Franchising Eleito Online”, na entrega de prémios de franchising da revista Franquicias Hoy. Esta foi a segunda vez que a marca nacional recebeu galardão em Espanha, onde detém 30 unidades em funcionamento, em cidades como Barcelona, Madrid, Valência ou Córdoba, entre outras. A Parfois prossegue a sua estratégia de expansão no Leste, tendo na Rússia um dos mercados prioritários. A rede de acessórios de moda inaugurou este ano duas lojas em Moscovo e pretende ter dez lojas na capital e duas em São Petersburgo até 2013. Líbano, Marrocos ou Filipinas foram outros destinos onde a marca abriu novas unidades, cifrando-se em 24 o número de países com lojas desta insígnia. Brasil e Índia em destaque No continente asiático, mais concretamente na Índia, a Vivafit encontrou o mercado ideal para expandir a sua rede de ginásios. Para o efeito, firmou já contrato com a Master Franchisada Manisha Ahlawat e delineou um plano de expansão para a abertura, até 2020, de 1300 espaços. Segundo Pedro Ruiz, CEO da Viva- fit, disse à VE, a aposta na Índia deve-se ao facto de ser “um dos países BRIC que estão em contraciclo, ou seja, estão em grande “boom” em contraciclo com o resto do mundo”. Por outro lado, “dos países BRIC só no Brasil e na Índia conseguimos comunicar fluentemente”, já que naquele país asiático “todas as pessoas educadas falam inglês, que é uma das línguas oficias da Índia”. Para além de ser um país com 1,2 mil milhões de habitantes, dos quais cerca de 200 milhões integram a classe média, perfazendo “a maior classe média do mundo”, trata-se de “uma cultura conservadora e puritana, onde as mulheres não se sentem bem em ginásios com homens”. Pedro Ruiz adianta ainda que a Índia “tem uma legislação derivada da britânica, muito mais liberal e menos intervencionista do que a portuguesa”. Na estratégia subjacente à internacionalização da marca, os primeiros passos são ainda modestos. “Para 2010 só está prevista a abertura da unidade piloto em nova Delhi e um centro franchisado no Sul de Espanha”. Com quatro unidades abertas no exterior, “o volume de negócio internacional ainda é irrisório”. A necessidade de encontrar novos mercados é óbvia, explica Pedro Ruiz: “Dentro de dois anos já não poderemos abrir mais unidades novas em Portugal. Já abrimos oito unidades este ano, e vamos abrir mais três. Esta desaceleração deve-se principalmente ao facto de já só termos disponíveis 15 localizações por abrir”. Em Portugal estão abertas 111 unidades, sendo que no primeiro semestre foram criadas seis novas unidades, registando-se um aumento da facturação em 14,7%, revelou Pedro Ruiz. Por sua vez, o Brasil, pela sua dimensão, desempenho económico e natural propensão para conceitos “falados em português”, apresenta-se igualmente como um mercado natural para as redes nacionais. Aliás, segundo dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF), no terceiro trimestre de 2010 o franchising registou um crescimento de facturação total de 17,7%, sendo esperado para o quarto trimestre deste ano um crescimento de 16,5%. Em termos homólogos, o terceiro trimestre de 2010 apresentou um crescimento de 2,5% do total de lojas, esperando-se para o quarto trimestre uma subida de 4,7%. O documento integrou um total de 7570 lojas, 925 das quais próprias e 6645 franchisadas, sendo que, sectorialmente, o ramo da alimentação foi aquele que englobou o maior número de unidades (33,5%). Beleza, saúde e produtos naturais foram os outros sectores mais representados (28%). MARC BARROS [email protected] FRANCHISING E EMPREENDEDORISMO sexta-feira, 17 Dezembro de 2010 VII Avança Ricardo Sousa, administrador da Century 21 Portugal Century 21 reforçará presença no Grande Porto Atendendo às “dinâmicas próprias” do mercado imobiliário do Norte, em especial do Grande Porto, a rede de mediação imobiliária Century 21 pretende aprofundar a sua presença na região, disse Ricardo Sousa, administrador da rede. Essa expansão far-se-á sobretudo nos concelhos limite do Porto, “em zonas habitacionais onde se regista uma maior rotação de compra e venda de imóveis”. Também a presença em Espanha mostra sinais positivos. Para aquele responsável, a conjuntura leva a que “as grandes redes especializadas de mediação imobiliária possam crescer a sua quota de mercado”. A rede imobiliária Century 21 pretende reforçar a sua presença no Norte do país, em particular na região do Grande Porto. Segundo Ricardo Sousa, administrador da Century 21 Portugal, “a nossa aposta na zona Norte passará pela selecção e parceria com operadores já estabelecidos no mercado. Vamos iniciar a nossa expansão na Área Metropolitana do Porto, nos concelhos limite da cidade do Porto, em zonas habitacionais onde se regista uma maior rotação de compra e venda de imóveis”. Neste momento, a marca conta já com uma equipa especializada para trabalhar o referido mercado, “e continuamos a recrutar para reforçar esta equipa”. Na sua perspectiva, “o mercado na região Norte tem especificidades e dinâmicas próprias e deve ser tratado de forma distinta para podermos prestar um serviço de qualidade enquadrado com as necessidades dos clientes que pretendem comprar, vender ou arrendar uma casa nessa região”. Também em desenvolvimento está a operação da rede em Espanha, país onde a Century 21 Portugal detém os direitos de exploração da marca. Naquele mercado o desempenho da rede “está dentro das nossas expectativas, embora as condições do mercado nos tenham surpreendido pela positiva, porque registamos, com agrado, que a dinâmica e o mercado de medição imobiliário apresentam uma dimensão superior ao que esperávamos encontrar”, garantiu Ricardo Soua. A marca está actualmente focada na construção da rede Century 21 na província de Barcelona, onde conta com quatro lojas abertas e 20 angariadores imobiliários. Em 2011 “vamos continuar a nossa consolidação na Catalunha, sendo que a nossa expansão para outras regiões só deverá acontecer em 2012”. Franchising com desempenho positivo No que se refere ao franchising, o balanço traçado para 2010 “é bastante positivo”, garante aquele responsável. A marca registou “um crescimento de facturação bastante superior ao previsto, apesar do número de abertura de lojas ter sido um pouco inferior ao estimado para 2010, facto que reflecte também o resultado do nosso foco e definição de prioridade no desenvolvimento da rentabilidade por loja”. Em Portugal, segundo dados da empresa fornecidos para o período de Janeiro a Setembro de 2010, a rede Century 21 atingiu um volume de facturação acumulado de seis milhões de euros, o que traduz um crescimento global na facturação de 48 %, face ao período homólogo do ano anterior. Durante os primeiros nove meses deste ano foram realizadas mais de 1710 vendas pela equipa nacional da Century 21, e os negócios mediados pela rede imobiliária suplantaram os 170 milhões de euros. A facturação da rede Century 21 Portugal registou um crescimento de 17 % do primeiro para o segundo trimestre de 2010, em resultado de uma subida de 16% nas transacções registadas na rede nacional. No terceiro trimestre do ano verificou-se um ligeiro abrandamento, na ordem dos 5%, face ao trimestre anterior. Contudo, a rede cresceu ainda 12% em comparação com o trimestre homólogo do ano passado. Desde o início do ano, a rede Century 21 Portugal realizou nove aberturas de lojas e aumentou a sua equipa em 290 colaboradores. Segundo Ricardo Sousa, este crescimento é uma consequência de três factores: “adaptação do sistema Century 21 à realidade actual do mercado e das necessidades dos clientes”, “aumento da procura dos serviços de mediação imobiliária pela dificuldade acrescida que existe hoje em comprar ou vender um imóvel hoje em Portugal sem o apoio de um profissional” e “diminuição do número de operadores no mercado”. Para aquele responsável, “estes factores fizeram, e vão continuar a fazer, com que as grandes redes especializadas de mediação imobiliária em Portugal possam crescer a sua quota de mercado”. A estratégia da Century 21 Portugal tem vindo a focarse no aumento da qualidade das angariações de imóveis para a sua carteira. “Estamos cada vez mais rigorosos no aconselhamento aos clientes para a fixação do preço real de mercado aos imóveis em transacção. Estamos também mais dinâmicos, e contudo mais exigentes, quanto ao tipo de angariações que integramos na nossa carteira”, disse. De acordo com dados Imométrica citados por Ricardo Sousa, a carteira de imóveis angariados na rede Century 21 Portugal apresenta um preço cerca de 17% mais competitivo do que a média do mercado, e o tempo médio de transacções na rede também é significativamente menor do que o que se verifica na média do mercado. ARRENDAMENTO E REABILITAÇÃO EM ALTA EM 2011 Por segmentos, no período entre Janeiro e Setembro de 2010, o arrendamento representou cerca de 28% do total do número de transacções da rede Century 21 Portugal. Esta área de negócio registou uma subida de 27% do primeiro para o segundo trimestre de 2010 e de 16% do segundo para o terceiro trimestre do ano. O aumento do peso do arrendamento no volume de transacções da rede é consequência da maior dificuldade de acesso ao crédito para aquisição de imóvel, constata Ricardo Sousa. O preço médio das rendas “está também a seguir uma tendência de crescimento”, em virtude do “aumento da procura neste segmento que não é acompanhada pela oferta, de imóveis para arrendamento, que actualmente se encontra em fase de estagnação”. Para o administrador da rede, “o arrendamento e a reabilitação urbana são as duas principais tendências para 2011. É fundamental que os investidores que apostem na reabilitação direccionem essa oferta para o arrendamento. Esta é claramente uma das grandes apostas para 2011 e acreditamos que é uma excelente opção de investimento com rentabilidades muito interessantes”. Ricardo Sousa refere que, “com os instrumentos legais actualmente disponíveis, como seguros que podem proteger o proprietário em caso de incumprimento de renda por parte do inquilino por razões de doença ou desemprego, e o crescente aumento de procura por soluções de arrendamento”, estão reunidas “excelentes garantias para esta tipologia de investimento”. Já quanto à venda, “a nossa perspectiva será para uma evolução positiva, porque os portugueses continuam e irão continuar a optar por adquirir a sua própria casa”. Segundo Ricardo Costa, administrador da Century 21, a rede avança para zonas habitacionais onde se regista uma maior rotação de compra e venda de imóveis. Pequenos e médios investidores com oportunidades de rentabilidade Segundo dados da Century 21, o mercado mantém uma tendência de crescimento do lado da procura. Contudo, regista-se uma diminuição de clientes que reúnam os requisitos necessários que actualmente a banca exige para atribuição de financiamento à habitação. A Century 21 verifica ainda uma estabilização de preços nos imóveis e ligeiros ajustes de preços em alguns mercados. No actual enquadramento económico, os pequenos e médios investidores imobiliários têm excelentes oportunidades no mercado, com rentabilidades muito interessantes. “Verifica-se uma deslocalização de investimento em produtos financeiros e bancários para o sector imobiliário, que permite realização de mais-valias interessantes para pequenos investidores, em casos específicos”. E, para este cenário, “o aconselhamento especializado dos mediadores imobiliários podem ajudar a identificar as melhores opções para investimento, tendo em conta os fenómenos de oferta e procura para cada caso específico, e em cada região”. Ao longo dos primeiros nove meses do ano, “o mercado imobiliário registou algumas dinâmicas interessantes. A tendência mais marcante foi a de um ajuste global, em baixa, do preço dos imóveis. Contudo, também registamos aumentos em algumas tipologias e regiões específicas. Por exemplo, em Lisboa o preço dos T3 aumenta ligeiramente, em Oeiras valorizaram-se os preços dos T2 e Almada subiu em todas as categorias”. MARC BARROS [email protected] VIII FRANCHISING E EMPREENDEDORISMO sexta-feira, 17 Dezembro de 2010 Redução de custos viabiliza entrada de novos empreendedores no mercado Em 2010, o grupo Onebiz abriu cerca de 60 novos escritórios e lojas em 2010, nas diversas actividades que detém, chegando a 26 países e 420 parceiros. Num ano com uma turbulência económico-social “que exige bastante rigor nas decisões, o resultado é claramente positivo”, assinalou Juliana Bonfá, directora de Marketing e Comunicação. Sectorialmente, a conjuntura económica trouxe “várias oportunidades de compra e venda de empresas, sendo uma vantagem para a rede NBB”, assim como “a reestruturação financeira de particulares e empresas o é para a Turn&Win”. Segundo Juliana Bonfá, a Morangos continua a ser “um sucesso na área de educação infantil, sendo o nosso conceito o pioneiro, com 52 unidades em Portugal”. Por sua vez, o modelo de franchising “low-cost” trouxe “uma reorganização dos processos” e “um novo modelo financeiro”, o qual “não implica uma mudança na imagem da marca, nem no preço do produto ou serviço prestado no ponto de venda”, afiança. Em suma, “o investimento inicial é menor devido ao ‘pack’ de franquia ser reduzido” e existe em muitos casos a possibilidade de ser “home based”, dependendo da actividade. Também “o fluxo dos processos é transformado: normalmente a parte operacional/técnica está centralizada no master”. Ou seja, disse, “o modelo de negócio é alterado, mas o serviço prestado ou o pro- duto oferecido não. Isto quer dizer o seguinte: o cliente não nota esta mudança porque não é lhe retirado nada do que está habituado. E, por outro lado, viabiliza a entrada de mais empreendedores no mercado, tornando-o mais competitivo e aumentando a necessidade de apostarmos cada vez mais em marcas fortes e reconhecidas”. Já as centrais de compras concentradas no Master “só trazem vantagens pela redução de custos”, assim como “a garantia de uniformização da matéria-prima e do produto final, que é um preceito do sistema de franchising, em conjunto com os procedimentos de rede”. E, aí, “aumenta a garantia e excelência dos serviços nos padrões exigidos pelo Master, em qualquer lugar do globo”. Na estratégia de redução de custos, as tecnologias de informação têm um papel importante. “A tecnologia reduz custos, como no modelo SaaS, desmaterializando o software e exigindo menos investimento por parte das empresas. E este é tópico que temos investido muito: desenvolvemos o nosso ERP e CRM neste modelo, que Maria Costa, Partner Turn&Win Maia, Reinaldo Costa, administrador Turn&Win e Camilo Lourenço, jornalista também é distribuído junto dos masters franchisadores como Livebiz e White Office respectivamente”, revelou. Para o futuro próximo, continua em análise o processo de adesão ao mercado Alternext, bem como a adesão ao modelo de microfranchising a nível local, mas “não vamos avançar no modelo de negócio para Master internacional”. Dia Onebiz foca empreendedorismo O grupo organizou o Dia Onebiz 2010, que visa reunir os vários franchisados das diversas marcas que o compõem, numa acção de reforço dos laços internos e das oportunidades de “cross selling”, mas também como forma de partilha de experiências e opiniões. Neste encontro, que teve lugar no Estádio do Dragão, no Porto, foi realizado o programa «Cor do Seu Negócio», uma edição homóloga do Programa “A Cor do Seu Dinheiro”, da RTPN, do jornalista Camilo Lourenço sobre a economia. Esta edição teve o seu enfoque no empreendedorismo e contou com a presença de mais de 500 franchisados do grupo. Com o testemunho pessoal dos franchisados do grupo, foi debatido o papel do empreendedor como motor do desenvolvimento económico e a importância de assumirem os valores de ética e responsabilidade nas decisões tomadas nos negócios. Com maior ênfase no programa esteve a intervenção de Reinaldo Costa, administrador da Turn&Win, que afirmou a necessidade de “pular a cerca”, referindo-se ao perfil daqueles que vão mais além, procurando novas soluções empreendedoras. MARC BARROS [email protected] ANTÓNIO GODINHO O valor de uma empresa No final de mais um ano e de um fraco exercício económico para a maioria das empresas portuguesas é importante reflectirmos sobre o valor gerado por estas empresas. Ao longo do tempo, os desenvolvimentos nesta área têm sido intensos, nomeadamente na evolução do conceito e do entendimento do que é o valor da empresa. Nesse sentido, podem ser citadas as seguintes etapas percorridas ao longo do desenvolvimento da Gestão do Valor Empresarial: 1 - Foco no volume de vendas/facturação. Este conceito manifestava uma clara falta de controlo sobre outros elementos do negócio. A gestão estava centrada preferencialmente na actividade comercial. Em certas empresas, sobretudo de pequena dimensão, esta visão ainda é a única existente de maneira consistente; 2 - Foco na margem bruta e operacional. Aqui assistiu-se a um avanço sensível em termos de pretensão de controlo sobre outros elementos importantes, já que o controlo sobre custos e despesas se torna possível e exige uma certa estruturação contabilística para que possa ser desenvolvido; 3 - Foco no lucro líquido. A organização passa a preocupar-se com a criação de resultado para poder distribuir ao accionista, bem como se apercebe que a estrutura de capital tem papel significativo sobre o resultado final da operação. A estrutura contabilística necessária é mais complexa e exige maior confiança nos relatórios financeiros daí emanados; 4 - Foco no retorno sobre o investimento. Aqui percebe-se uma importante mudança em resultado da percepção que passou a existir de que o controlo não deve ser só sobre a operação, mas também sobre os recursos que tornam viável tal operação; 5 - Foco no valor. A partir deste momento, a empresa além de se preocupar com resultado obtido pela entidade e os recursos requeridos para as operações daí derivadas, preocupa-se também com o efectivo impacto sobre o valor da entidade que Administrador grupo Onebiz [email protected] leva em conta variáveis internas e externas à empresa, tangíveis e intangíveis e com nuances de curto e de longo prazo, o que torna a abordagem ainda mais complexa de ser compreendida. Na verdade, todas essas contribuições não são incongruentes entre si, ou seja, uma nova contribuição não necessariamente invalida as anteriores. Estes conceitos, no seu conjunto, devem indicar se a organização é saudável, se está evoluir positivamente, se está estável ou a perder valor nos intervalos de tempo em que se considera adequadas as medições. No entanto, existe também o risco de poderem proporcionar distorções no processo de decisão quando indicam de maneira dúbia o estado da organização. O indicador financeiro de longo prazo permite monitorizar os vários elementos, servindo de elo entre o plano estratégico e o orçamento anual. Isto significa que a aprovação do orçamento anual decorre da apresentação de condições para ser possível atingir esse indicador. De qualquer forma, na definição de objectivos de longo prazo, pelo menos um indicador financeiro deve ser estabelecido pelos gestores, a fim de proporcionar condições de monitorizar o desenvolvimento das operações sob a perspectiva de unificação do entendimento dos elementos criadores de valor para a organização. Em suma, interessa realçar que, tanto para os accionistas como para os executivos, é fundamental entender este assunto de maneira integrada. As questões técnicas são importantes, mas nunca devemos esquecer que o comportamento humano é o factor que define o tom da gestão, inclusive na gestão do valor empresarial. É aqui que as empresas portuguesas se devem focar cada vez mais, para maximizarem o seu valor: apostando na inovação, valorização dos seus recursos humanos, know-how e tecnologia, na criação da sua marca e no alargamento do seu mercado através da internacionalização. E assim se poderá criar valor empresarial e riqueza para Portugal.