Música
7, 8 de março 2014
O que nunca direi
Aldina Duarte
© Rita Carmo
Voz Aldina Duarte Guitarra portuguesa José Manuel Neto Viola Carlos Manuel Proença
Convidados Júlio Resende (piano), Ana Isabel Dias (harpa), Paulo Parreira (guitarra
portuguesa), Rogério Ferreira (viola)
Som Alfredo Almeida Iluminação (conceção de projeto e operação) Paulo Mendes
Road manager Ana Moitinho e Helena Pedro Produção executiva Radar dos Sons
A minha ficha artística
À memória de Maria Clementina
Diniz e Miguel Portas
A pergunta que vive comigo, desde o
começo do meu Fado até hoje, é sempre
a mesma: “Queres continuar a trabalhar
na sombra para seres cada vez melhor,
arriscando perder o sucesso que podes
fazer com aquilo que já sabes?” Apesar
de a resposta ser sempre, aparentemente, um sim claro, tenho medo do
perigo que pode significar esquecer-me de pôr a questão: um dia a clareza
do sim tornar-se-á um não obscuro e
autojustificado por uma ilusão qualquer.
É, também, por isso que preciso de
todos os que me rodeiam humana e
artisticamente, falo da lucidez que só
se mantém com o amparo. As tentações
são incansáveis e a fraqueza imprevisível, vindas do exterior e de dentro de
nós próprios, mas o Fado em que acredito é, felizmente, maior do que eu e
Deus, seguramente, maior do que a vida.
Encontrei a minha forma de expressão,
a vocação e o talento, que procurei perdida anos a fio, tornei-me melhor pessoa
por me encontrar, assim reforço a conquista da esperança num mundo onde a
igualdade social, a diferença individual
e a liberdade sejam a realidade desejada
pela maioria dos homens para toda a
Humanidade. O sentido da minha vida é
aquilo que não sei. Aprender.
Aldina Duarte, março 2014
A Fortaleza
O Amor
Mãe Lurdes, Tio Adriano;
Irmãos, Pedro e Paulo;
Cunhada, Rute;
Sobrinhos, Beatriz, Pedro e Francisco.
A Amizade
Ana, Dilar, Gonçalo, Manuel, Madalena,
Margarida, Maria do Rosário, Miguel,
Paula e Pedro.
A Criação
A raiz
Beatriz da Conceição
O norte
Camané
O caminho
Maria da Fé
O horizonte
Carlos do Carmo
O chão
Carlos Manuel Proença &
José Manuel Neto
Os companheiros
Paulo Parreira & Rogério Ferreira
As vozes
João Monge, Manuela de Freitas
e Maria do Rosário Pedreira
O som
Alfredo Almeida (Becas)
A luz
Paulo Mendes
A Gratidão
Os alicerces
Maria da Fé
Miguel Lobo Antunes
Sex 7, sáb 8 de março
21h30 · Grande Auditório · Duração: 1h30 · M3
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Os músicos
Francisco Peres (Paquito),
Jorge Fernando, José Fontes Rocha,
Manuel Martins e Miguel Ramos.
Os fadistas
Argentina Santos, Celeste Rodrigues,
Fernanda Maria, João Ferreira-Rosa
e Maria Amélia Proença.
Os artistas
Jorge Silva Melo, Manuel Mozos
e Olga Roriz
Os fadistas das minhas letras
Ana Moura, António Zambujo, Camané,
Carminho, Fábia Rebordão, Gisela João,
Joana Amendoeira, Mariza, Mísia e
Pedro Moutinho.
Os meus cúmplices
Ana Sousa Dias, Ana Moitinho, Carlos
Vaz Marques, David Ferreira, Gonçalo
M Tavares, Helena Pedro, Isabel Pinto,
Jorge Guerra e Paz, Júlio Resende,
Manuel Alberto Valente, Paula Homem,
Pedro Mexia, Rita Carmo, Rui Garrido,
Rui Vieira Nery e Vasco Graça Moura.
Branco, Cesário Verde, Diogo Dória,
José Mário Branco, Eça de Queirós,
Eugénio de Andrade, Fausto, Fernando
Luís, Filipe La Féria, Graça Morais,
Herberto Hélder, Herman José, João
César Monteiro, João Mota, João
Vieira, Jorge Palma, José Saramago,
José Tolentino Mendonça, Júlio Pomar,
Luís Miguel Cintra, Manoel de Oliveira,
Manuela Azevedo, Maria João Luís,
Maria João Pires, Mário Viegas, Ornatos
Violeta, Paula Rego, Pedro Burmester,
Rita Blanco, Ricardo Araújo Pereira,
Sérgio Godinho, Sophia de Mello
Breyner, Teixeira de Pascoaes, Vitorino
Nemésio… (continua)
Até sempre.
Aldina Duarte (2014)
A Formação
Herança fadista
Alfredo Marceneiro, Amália,
Armandinho, Berta Cardoso, Carlos
Ramos, Carvalhinho, Fernando
Maurício, Gabriel de Oliveira, Hermínia
Silva, Jaime Santos, José Nunes, Júlio
de Sousa, Linhares Barbosa, Lucília
do Carmo, Manuel de Almeida, Maria
José da Guia, Maria Teresa de Noronha,
Max, Pedro Homem de Mello, Pedro
Leal, Raul Nery, Vasco Lima Couto,
Vicente da Câmara… (continua)
Afinidades
Adília Lopes, Agustina Bessa-Luís,
Beatriz Batarda, Camilo Castelo
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O que nunca direi
A curiosidade não mata
Não, não há derrota, não, ninguém
esmaga, nem o tempo mata.
No canto imparável da Aldina, há
um entusiasmo que nos empurra, nos
abraça, ouvimos-lhe a canção cantando
com ela, e conquistamos o xaile, o cravo,
a rua, o passeio, o dia livre, conquistamos a vida.
Por melancólicas ou angustiadas
que sejam as palavras, há um jeito
que a Aldina lhes dá, uma voltinha
de coragem que as torna sempre
entusiasmantes.
Não a ouvimos metidos para dentro,
no silêncio, não, eu ouça-a de manhã.
Porque o seu canto vence a noite, é o
dia que ela nos escancara.
É um canto à janela, por deserta
e soturna que seja a rua por onde
andamos.
É entusiasmante, sim, entusiasma-me sempre cada uma das palavras, cada
verso, cada cantiga, esta Aldina.
Jorge Silva Melo, outubro 2013
É uma espécie de furacão bom, a
Aldina. O fado trouxe-a até todos nós,
a curiosidade insaciável levou-a aos
muitos cantos do saber. A voz dela, que
numa misteriosa contracurva passa pelo
coração antes de sair boca fora, não nos
larga distraídos numa tarefa que não
seja a de ouvi-la.
Há intérpretes que são assim: não
servem para ruído de fundo. Se estamos
a ouvi-los, ficamos irremediavelmente
presos ao que dizem. Como Jacques
Brel ou Leonard Cohen ou Paul Simon,
são impossíveis de escutar sem dar
atenção aos poemas. Não é só porque
as palavras são belíssimas, é porque a
interpretação, intencional a cada sílaba,
nos deixa alerta para o que aí vem.
Sabe-se o percurso de Aldina Duarte
desde que se meteu no rock e noutras
andanças da cultura e foi encontrar
Jorge Silva Melo, uma alma ainda mais
irrequieta. Por culpa dele, deu de caras
com o fado de Beatriz da Conceição e
ficou estarrecida: encontrou na fadista
aquilo que a une a Billie Holiday,
genuínas e entregues a uma coisa antiga
e intensa com uma raiz. Então foi saber
o que era aquilo, e ficou a ouvir, e foi
investigar de onde vinha, e aquele
mundo passou a ser o dela.
Ora bem, isso aconteceu quando
Aldina tinha 24 anos e então o fado deu
a volta mais longa e instalou-se na vida
da jovem que tinha tido uma infância
bem dura. Treze anos mais tarde foi
quando a Aldina gravou o primeiro
disco, Apenas o Amor, e por isso a
conheci, pela mão da Paula Freitas,
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a maravilhosa promotora da Valentim
de Carvalho que a sabia toda. “Ouve
o disco e eu depois apresento-te esta
mulher”.
A mim já me bastava ter ouvido Ai
Meu Amor Se Bastasse para ficar a
gostar dela, mas a Aldina apareceu-me
no estúdio da RDP, começou a falar e eu
a fazer perguntas, e mais perguntas, e
entre algumas lágrimas e algum riso – as
gargalhadas dela são contagiosas – ficámos amigas para sempre. Depois foi a
televisão e a emoção da conversa passou
para quem viu esse Por Outro Lado.
É claro que no palco da Culturgest ou
no Senhor Vinho ou na Igreja de Santo
Estêvão a Aldina não dá gargalhadas
nem anda com aquela passada larga que
nos faz calcorrear as ruas de Lisboa em
conversas que nunca hão de acabar. As
coisas que eu aprendo com ela! Tem
uma vontade de saber que transforma
em leituras e diálogos, e pelo caminho descobre filósofos, professores,
escritores, cientistas, poetas, gente que
ela bombardeia com questões e ouve de
olhos bem abertos. E estuda, agarra-se
ao estudo porque amanhã já é tarde e
vão surgir novas perguntas.
Portanto, apaguem-se as luzes e
vamos ouvi-la. É só isso que interessa
esta noite.
Ana Sousa Dias
Próximo espetáculo
The Coming Storm
© Hugo Glendinning
A Tempestade que Aí Vem
de Forced Entertainment
Teatro Qua 19, qui 20, sex 21 de março
Palco do Grande Auditório · 21h30
Dur. 1h45 · M16 · Em inglês, com legendas
Em The Coming Storm os Forced Entertainment enredam e alternam múltiplas
histórias para construir um espetáculo entusiasmante e instável. Usando um
método tão inventivo quanto absurdo, os seis performers criam, colaboram,
sabotam e perturbam esta saga épica que é decididamente demasiado grande
para caber num palco.
Próximo espetáculo de música
Martial Solal
Jazz Sex 28 de março
Grande Auditório · 21h30 · Dur. 1h30 · M3
O adeus aos palcos do genial Martial Solal.
Neste recital tudo o que ele foi em nada menos do que seis décadas de música estará
presente, algo que é incomum, fabuloso, enorme. Rui Eduardo Paes
Mais informações em www.culturgest.pt
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