PRÁTICA DOCENTE E EDUCAÇÃO CIENTÍFICA: DA UNIVERSIDADE AOS COLÉGIOS DA POLÍCIA MILITAR – SALVADOR/BA Imaira Santa Rita Regis1 - CPM Cátia Nery Menezes2 - UNEB Adelson Costa3 - UNEB Esiel Santos4 - UNEB Patricia Almeida Moura5 - UNEB Grupo de Trabalho - Didática: Teorias, Metodologias e Práticas Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo O artigo traz o relato da experiência do projeto “A Rádio da Escola na Escola da Rádio: Resgate e Difusão de Conhecimentos Sobre os Espaços da Cidade de Salvador/BA”, realizado pelo Grupo de pesquisa Geotecnologias, Educação e Contemporaneidade (GEOTEC) da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), em parceria com o Colégio da Polícia Militar da Bahia (CPM) – Unidade Lobato. Tem como objetivo refletir e descrever sobre as ações realizadas com alunos e professores, ressaltando a importância da Educação Cientifica na Educação Básica da Rede Pública do Estado da Bahia. Para elucidar sobre a pesquisa no campo das Ciências Humanas, nos reportamos à Hermenêutica como campo conceitual filosófico, com intuito de compreender/ interpretar a contribuição da experiência dos sujeitos no cotidiano da escola. Para a consecução e consolidação da atividade de pesquisa, utilizou as categorias Prática Pedagógica e Educação Científica para identificarmos a integração e intercâmbio dos professores e alunos do CPM nas atividades. Desta forma, o projeto oportuniza aos sujeitos partícipes a exploração das potencialidades geotecnologias e o entendimento sobre o lugar na pesquisa de campo, na sistematização de dados, na elaboração de artigos e apresentação de resultados em eventos científicos, proporcionando o desenvolvimento de habilidades de escrita autoral e criativa. Destacamos que o professor em sua prática pedagógica pode privilegiar a Educação científica como algo possível de se 1 Mestre em Geografia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Professora do Colégio da Polícia Militar Unidade Lobato. E-mail: [email protected]. 2 Mestranda do Programa Gestão e Tecnologias Aplicadas à Educação (GESTEC) da Universidade do Estado da Bahia (UNEB). E- mail: [email protected]. 3 Mestrando do Programa Gestão e Tecnologias Aplicadas à Educação (GESTEC) da Universidade do Estado da Bahia (UNEB). E- mail: [email protected]. 4 Mestrando do Programa de Pós Graduação Educação e Contemporaneidade (PPGEDUC) da Universidade do Estado da Bahia (UNEB). E-mail: [email protected]. 5 Mestranda do Programa Gestão e Tecnologias Aplicadas à Educação (GESTEC) da Universidade do Estado da Bahia (UNEB). E- mail: [email protected]. ISSN 2176-1396 19512 realizar e, com isso ultrapassa e rompe com o modelo tecnicista e homogêneo do currículo escolar, transcendendo à criação e autonomia do sujeito-aluno, necessário para a construção do conhecimento no processo da pesquisa. Palavras- chaves: Parceria. Educação Científica. Prática Pedagógica. Introdução O artigo traz um relato da experiência através da descrição das vivências dos participantes professores e alunos nas atividades/ações do projeto “A Rádio da Escola na Escola da Rádio: Resgate e Difusão de Conhecimentos sobre os Espaços da Cidade de Salvador/Ba”, realizado pelo Grupo de pesquisa em Geotecnologias, Educação e Contemporaneidade (GEOTEC) da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), em parceria com o Colégio da Polícia Militar da Bahia (CPM) - Unidade Lobato, localizado na cidade de Salvador/Ba. O mesmo tem como objetivo refletir e descrever sobre as ações realizadas neste lócus, ressaltando a importância da Educação Cientifica na Educação Básica da Rede Pública de Ensino. O CPM/Lobato, escola de ensino tradicional constituído sob normas disciplinares militar, cedem lugares a diversas atividades informais, onde possibilitam ao professor transcender a formalidade do ensino ainda construído sobre as bases do tecnicismo moderno. Assim, a referida escola vem buscando parcerias para que, seus educandos tenham possibilidades de transcenderem um ensino desestimulador ao processo de aprender, surgindo a parceria entre UNEB e CPM, com objetivo de desenvolver um projeto de iniciação cientifica júnior, baseada na perspectiva da educação cientifica, sustentáculo da pesquisa universitária no Brasil. Assim, a parceria se firmou na expectativa de formar um grupo de pesquisadores juniores e, a coordenação na escola ficaria sob a responsabilidade de um professorinvestigador, definido pela instituição parceira, e orientado e supervisionado pelo GEOTEC (UNEB). Nesta dinâmica foi proposta, inicialmente, uma pesquisa empírica-epistêmica onde alunos deveriam sair à campo com o objetivo de investigar as histórias de seus bairros, da sua vizinhança e de outras singularidades, assim como fazer o levantamento geográfico destes lugares vividos com o apoio de instrumentos oriundos das geotecnologias, por tanto propomos uma dinâmica de estudo/pesquisa, entrelaçada com a pesquisa acadêmica. 19513 Entrelaçamento Educação Científica e Prática Pedagógica A proposta se faz sobre uma reflexão entre o entrelaçamento da Educação Científica e Prática Pedagógica, para que dessa forma possamos vislumbrar dialogicamente sobre a importância e a relação destes campos conceituais à elucidação das ações do projeto “A Rádio da Escola na Escola da Rádio”. Através do projeto, nossa intenção foi provocar o rompimento do currículo fechado, formal pautado na ideia positivista e tecnicista, desenvolvendo estratégias que trazem para o cotidiano da escola o movimento criativo, libertário e autônomo, possibilitando a inovação e o prazer pelo aprender-aprendendo. Assim como a subversão, ao pronto/instituído, incitando a heterogeneidade da prática pedagógica astuciosa, onde o não lugar reside o aprender, onde o tempo possibilita momentos inesperados de superação de um sistema enfraquecido, então tática e prática pedagógica autônoma devem ser sinônimos, percebemos nesta como: a prática pedagógica é, pois, lugar no qual o professor pode influenciar e atuar como negociador de diferenças e como subversor, percebendo e compreendendo (elaborando) as singularidades que acontecem e se manifestam no movimento, na improvisação, na transição dos diferentes dilemas, nas trocas simbólicas entre os diferentes sujeitos, podendo assim superar e subverter práticas instituídas, que estão associadas aos discursos hegemônicos e alienantes “de que é impossível mudar a educação”. (LIMA JUNIOR e HETKOWSKI, 2006, p. 38). Percebemos que, no contexto atual da Educação há necessidade de mudanças, não apenas na estrutura curricular, mas em conjunto e de forma dialógica com a prática pedagógica, para que as diferenças, se constituam como o motor provocador pela busca da ressignificação da prática, ultrapassando o ensino bancário Freire (1996), possibilitando às crianças e adolescentes contextualizar e perceber que através das práticas formativas é possível transformar e perceber o contexto em que estão inseridos, sob nova perspectiva. De acordo com Lima Junior e Hetkowski (2006) as atividades objetivas do homem é prática tais como: exercer uma atividade profissional, construir uma casa, cozinhar. Mas quando a atividade prática ultrapassa a dimensão objetiva do fazer e há um implicamento subjetivo do ser humano, que transforma a si e o outro adquire a dimensão da práxis. Então a práxis faz parte da essência do sujeito, em todas as suas ações está presente, ao de (re) criar (re) construir algo para beneficiar a si e aos outros. Nesse sentido: 19514 [....] a práxis na sua essência e universalidade é a revelação do segredo do homem como ser auto criativo, como ser que cria a realidade (humano-social) e que, portanto, compreende a realidade (humana e não-humana, a realidade na sua totalidade). A práxis do homem não é atividade prática contraposta à teoria; é determinação da existência como elaboração da realidade (KOSIK, 1979, p. 222). Fazendo uma relação com a experiência do CPM Lobato através do projeto da “A Rádio na Escola da Escola da Rádio” pode-se destacar, que em vários momentos a práxis, compreendida como atividade social transformadora, que faz parte do sujeito, provocou mudanças na dimensão do sujeito. A partir da implicação dos indivíduos no processo de pesquisa e na busca por conhecimentos teóricos para fundamentar as ações realizadas em campo, por meio da investigação das questões sociais, econômicas, geográficas dos bairros da cidade de Salvador, e nessa interrelação entre o indivíduo, subjetividade, e contexto social ocorreu movimentos de mudança de criação e recriação da realidade. É necessário considerar que a ciência, de um modo geral, vem sendo debatida e discutida sob diversos blocos sociais, tal discussão reverbera e permeia diversos campos do saber, teórico e práticos, sobre seus objetivos, métodos, práticas, funcionalidades, resultados obtidos e/ou apresentados, bem como suas finalidades. Esta discussão não poderia deixar de se fazer presente nas áreas educacionais, espaço onde a ciência, como um saber teórico e prático, pode ser difundida (socializada), compreendida (de modo subjetivo, objetivo e prático), contextualizada e repensada, podendo ganhar diversas formas e interpretações sob a tutela dos professores/educadores. Dentro da grande discussão sobre o papel da ciência na educação surge uma questão muito mais peculiar, que se refere à ciência na educação básica, a sua viabilidade e efeitos sobre as crianças e adolescentes, que sãos os sujeitos principais dos debates frente a esta temática. Sobretudo não há como este debate ir à frente sem se estabelecer o que está sendo entendido como ciência, é fato que esta definição está muito distante de ter uma resposta precisa e única para toda e qualquer situação, como o próprio Morin (2003) enfatiza que é a única ciência que não tem definição científica, “brecha” potencial a criatividade e inovação humanas. A ciência na educação básica deve servir como um estimulador para que as crianças e adolescentes desenvolvam as suas potencialidades à medida que entram em contato com “o novo“ (conhecimento e fazer prático), incitando a curiosidade, assim como uma ferramenta utilizada pelos professores/educadores como um reforçador dos conteúdos estabelecidos, já que, apesar de qualquer intenção pedagógica estabelecida por estes profissionais da educação, há um referencial curricular previamente estabelecido e que precisa ser correspondido, que 19515 por um lado norteia as ações dos professores/educadores e, por outro pode limitar as suas ações, sobretudo quando: há uma importante solicitação por parte dos estudantes que deveria ser mais considerada pelos professores de ciências, que é justamente mostrar logo, a princípio, a importância – cultural, social, econômica, histórica, etc. – do conjunto de conhecimentos científicos, e quais são as suas implicações da cultura científica e tecnológica de nossa sociedade (SILVA, 2006, p. 22-23). O saber científico na educação básica deve ter um significado, um objetivo, uma maneira de ser e, principalmente, deve ser significante e instigante para os jovens, para que não se torne uma mera imposição de conteúdos e mais uma ferramenta mecânica dos processos e elaborações pedagógicas. O debate sobre as potencialidades e limitações da condição infantil até a vida adulta extrapolam os campos educacionais – Psicologia, Neurologia, Neuropsicologia, Filosofia, Epistemologia, etc. – as quais incidem em todas as áreas do conhecimento abertas à discussão sobre o assunto, certamente trará grandes contribuições aos ramos pedagógicos. O amor pela arte de ensinar exige do professor/educador muito mais que a literatura possa nos fornecer, pois se trata de uma prática com muitas intencionalidades, possibilidades, aplicabilidades e, mutáveis a curto e longo prazo, que se modificam através dos tempos, basta analisarmos a própria história da educação para compartilhar dessa assertiva. Como não existe ciência sem reflexão, a prática de ensinar ciências também não se faz sem análises críticas. O professor/educador deve ser um sujeito atento e reflexivo tanto às teorias e sua prática. Muito embora Freire (1996), reconhecido pelo seu trabalho de alfabetização para jovens e adultos, destaca e constrói métodos na sua “pedagogia crítica” que valorizam a autonomia (não entende-se autonomia como liberdade desenfreada) do docente e discentes da mesma maneira e, possíveis de serem aplicadas na educação básica. Todo professor/educador deveria ser curioso e tomado pela crítica, mediando as curiosidades às epistemologias, a quais refletem sobre sua própria prática Freire (1996). Deve haver também, por parte dos responsáveis pela educação, a estimulação da consciência crítica dos jovens pesquisadores, superando os pressupostos repetidores dos conhecimentos transmitidos e, refletindo socialmente sobre estes conteúdos e sua relação com a vida cotidiana entre sujeitos nas diferentes realidades. 19516 Saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção. Quando entro em uma sala de aula devo estar sendo um ser aberto a indagações, à curiosidade, às perguntas dos alunos, as suas inibições; um ser crítico e inquiridor, inquieto em face da tarefa que tenho – a de ensinar e não a de transferir conhecimento (FREIRE, 1996, p.47). Assim, constata-se a necessidade de proporcionar ao educando situações que o levem a (re)criar a partir de suas relações com a realidade, a fim de que a dinamização do seu mundo ocorra e a aprendizagem aconteça significativamente. Neste contexto a educação científica emerge como modelo de educação propícia à construção de aprendizagens inovadoras, críticas e significativas, das quais o educando participa ativamente na elaboração e/ou na construção de novos olhares e saberes. À medida que esse criar e recriar, fazer-se e refazer-se na e pela pesquisa acontece, uma educação inovadora e diferenciada provoque o indivíduo a se colocar em constante diálogo com o outro, bem como a aprendizagem acontece de forma significativa Freire, (1996). Essa educação inovadora parte do saber escolar (escolarização) para a construção de saberes embasados em novos viés alicerçados e engajado são inerentes ao saber científico e à educação científica. A educação científica, em todos os níveis e sem discriminação, é requisito fundamental para a democracia. Igualdade no acesso à ciência não é somente uma exigência social e ética: é uma necessidade para realização plena do potencial intelectual do homem. (UNESCO, 2014, p.1). A educação científica floresce do intuito de despertar nos alunos um olhar complexo, tecnológico, transformador e contextualizado da sua realidade, por meio de uma prática voltada para reflexão-ação-reflexão-ação. Somente por meio de esse refletir e imergir, contextualizados, que o sujeito terá oportunidades de legitimar sua consciência crítica, com capacidade de desnudar, engajar e mobilizar o sujeito nesse processo de construção e (re)construção do seu cotidiano por meio de situações sejam elas individuas e/ou coletiva. Ampliando assim os olhares e as possibilidades de caminhos, enfim a pesquisa cientifica possibilita aos sujeitos a multiplicidade de saberes. Experiência do CPM Lobato O CPM, na sua fundação, visava propiciar a instrução aos filhos de policiais militares e civis servidores públicos federais, estaduais e municipais, em consonância com os programas do Ministério da Educação. Hoje, essa realidade não é mais a mesma, pois o 19517 acesso dos alunos à escola está condicionado a uma imensa lista de inscrições. Essa lista, com a intenção de não priorizar sujeitos em nome do militarismo ou mesmo de servidores, passa por um processo de sorteio aleatório dos nomes dos alunos, possibilitando a entrada de qualquer aluno/sujeito de diferentes classes servidoras. Não há necessidade de ser servidor público para ter vaga garantida para seu filho estudar nestas escolas, ainda muito valorizadas pela qualidade de ensino, disciplina e especialmente pela perspectiva deste sujeito, ex-aluno, entrar no mercado de trabalho ou mesmo na corporação militar. Entre as escolas públicas do Estado da Bahia, os CPMs são considerados estabelecimentos que oferecem boa qualidade de ensino. Se por um lado, para os pais matricular seus filhos no CPM significa “garantir” sucesso futuro, ou mesmo encontrar um ambiente com profissionais qualificados “capazes” de lidar com todas as dificuldades e rebeldias próprias da faixa etária, para muitos alunos esse espaço significa limitação, repressão e imposição. Esse embate de interesses se faz presente no cotidiano da escola e, especial, nas salas de aulas. O colégio CPM – Unidade do Lobato, iniciou como filial da Unidade de Dendezeiros, Salvador/BA, no ano de 1997, em uma área onde funcionava uma fábrica de produção de sabão. Esta localizada no subúrbio ferroviário, no bairro do Lobato, onde moram pessoas de baixa renda, em geral. Em 2010 firmou-se una parceria entre o CPM e a Universidade do Estado da Bahia (UNEB), através do Grupo de Pesquisa GEOTEC, com objetivo de realizar um projeto de iniciação cientifica júnior, baseado nos conceitos de espaço e cidade, ancorado pelo projeto “A Rádio na Escola da Escola da Rádio” como proposta de imersão nos espaços vividos, mediados pelas Geotecnologias e das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) ao entendimento do seu “lugar”. Os alunos e professores do CPM desenvolvem, neste caso, o projeto na Unidade do Lobato sob a perspectiva da educação cientifica, objetivando o resgate da memória e história oral dos moradores da cidade de Salvador/BA, em especial de seu entorno, por meio da difusão de conhecimento sobre as vivências e dinâmicas dos espaços dos bairros da capital baiana. A cada início de ano letivo abrem-se novas inscrições para os alunos que desejam participar do projeto em questão. Os encontros são realizados semanalmente nos turnos opostos das aulas curriculares, sendo um encontro semanal e os demais encontros virtuais 19518 através de listas de discussões e de grupo de estudo composto por todos os participantes do projeto da unidade escolar, explorando os serviços potenciais das redes sociais. As atividades realizadas no projeto perpassam por várias etapas: Primeira etapa: Expor aos alunos a proposta do projeto, sendo que os alunos podem aderir ou não ao projeto, o que diferencia é a possibilidade de conhecer e imergir no mesmo. Segunda etapa: Elaboração de projeto de pesquisa de acordo com as possibilidades e necessidades da Unidade, bem como são programadas uma série de oficinas que são oferecidas, paralelamente, aos estudos e dinâmicas de cada grupo escolar. As oficinas, encontros e reuniões são mediadas pelos pesquisadores do Grupo de pesquisa GEOTEC e pelos professores investigadores das escolas parceiras. Terceira etapa: Estudo dialogado, através de discussão em grupo de textos sobre as categorias do projeto espaço geográfico, lugar, Tecnologia da Informação e Comunicação e outros. Esta etapa é constante e possibilita a construção de uma base epistêmica científica e rigorosa. Quarta etapa: Visita e planejamento para conhecer a sua cidade, seu bairro e sua rua. Elaboração de roteiro de entrevista, geralmente ministrado pelos pesquisadores ou voluntários do Grupo de pesquisa GEOTEC. Quinta etapa: Ida a campo. Utiliza-se questionários, câmera filmadora, GPS e diverso outros suporte geotecnológicos, digitais e analógicos para auxiliar na investigação. O lócus de pesquisa é no bairro onde o aluno reside ou próximo ou em outros espaços que o aluno considere significativo e essencial para a memória e história da Cidade de Salvador. Sexta etapa: Registrar no diário de campo, as informações coletada/impressões. Esta parte é muito importante, pois conduz o aluno e professor a selecionarem as informações, imagens, diálogos, depoimentos, visões e sentidos sobre o lócus pesquisado. É o momento que o projeto da “radio peão” é, especialmente, importante. Sétima etapa: Estudo teórico individual e coletivo. Envolvendo as temáticas do projeto de pesquisa dos alunos. Este momento destina-se a ampliação dos conceitos e das pesquisas que abordam e tratam da história já registrada e de sua contextualização na linha do tempo, pois a Cidade de Salvador é patrimônio da humanidade e memória do nosso povo e da nossa gente. Oitava etapa: Elaboração de artigos científicos: nessa trajetória o aluno descobre que é capaz de escrever, de comunicar, apresentar trabalhos em eventos, conhecer outras cidades, falar em público, mostrar suas descobertas, difundir o que aprendeu e, socializar a história e memória do início do Brasil. Afirmamos que os alunos se sentem valorizados quando participam de 19519 eventos regionais e nacionais, pois ampliam suas vivências e experiências e percebem o quão são capazes. Nona etapa: socialização das pesquisas finalizadas entre os membros do projeto A Rádio da Escola na Escola da Rádio. As nossas experiências têm nos mostrado, cada vez mais, que as ações destes sujeitos precisam ser publicizadas dentro dos espaços escolares das escolas da Rede Pública, pois são inúmeras as potencialidades de implantação deste projeto ou de criação de outros em várias escolas da rede de ensino. Quando os alunos finalizam as suas respectivas pesquisas, eles apresentam inicialmente para a própria comunidade escolar, como forma de socializar e divulgar o trabalho científico que é realizado no colégio. Posteriormente essas pesquisas são inscritas em encontros estudantis, sejam eles na escala local ou nacional como: Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Feira dos Municípios e Mostra de Iniciação Científica da Bahia (FEMMIC), Encontro Interdisciplinar de Cultura tecnologia e educação (INTERCULT). Diante desse contexto observamos a importância da iniciação científica na educação básica, essa que só foi possível, através do projeto “A Rádio da Escola na Escola da Rádio”. Portanto, se faz necessária a continuidade do projeto no CPM – Unidade Lobato, assim como aplicabilidade do mesmo em outras unidades escolares, uma vez que o resultado é bastante positivo, pois desenvolve no aluno o senso de responsabilidade e habilidade como concentração e observação. Conclusão O projeto A Rádio da Escola na Escola da Rádio, através da parceria GEOTEC, CPM – Unidade Lobato, tem como objetivo proporcionar para os alunos e professores, conhecer e explorar os bairros da cidade de salvador, percebendo-os, enquanto espaço que pode ser investigado pela pesquisa científica, para a população da cidade ter um registro da história do bairro, ou conhecer uma curiosidade, dentre outros. Ressaltamos a pertinência de trazer para a discussão a hermenêutica, contribuiu para refletirmos sobre a importância das três dimensões histórica, subjetiva e lingüística, para compreendermos as nuances que perpassam as relações sociais e a forma como o indivíduo se apropria do saber. Foi entrelaçado a reflexão sobre prática pedagógica, práxis e educação cientifica, para dar continuidade a explicitação sobre a importância de se criar na escola uma cultura da pesquisa na educação básica, para possibilitar aos alunos e aos professores 19520 transcender ao modelo positivista tecnicista, na busca pela Educação que inquieta o sujeito a (re)criar outras possibilidade de intervenção no espaço social. Dessa forma, a socialização da experiência do CPM – Unidade do Lobato, com a educação científica transcende, ultrapassa/rompe com estrutura curricular de uma instituição escolar, que tem suas bases pedagógicas voltadas para o militarismo, ensino tecnicista. REFERÊNCIAS FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. KOSIK, Karel. Dialética do Concreto. 2ª ed., Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979. (Trad. Celia Neves e Alderico Toríbio). LIMA JUNIOR, Arnaud, HETKOWSKI, Tânia Maria. Educação e Contemporaneidade: desafios para a pesquisa e a pós-graduação. Rio de Janeiro: Quartet, 2006. MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. Tradução Eloá Jacobina. - 8a ed. - Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003. SILVA, Aparecida de Fátima Andrade da. Ensino e aprendizagem de ciências nas séries iniciais: concepções de um grupo de professoras em formação/ Aparecida de Fátima Andrade da Silva - São Paulo: 2006. (Dissertação de mestrado) UNESCO (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA EDUCAÇÃO, A CIÊNCIA E A CULTURA). TIC na Educação no Brasil. Brasília, 2014. Disponível em: <http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/communication-and-information/access-toknowledge/ict-in-education/>. Acesso em: 05 nov. 2014.