Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 ISSN 2176-2120 Prof. M.Sc. Altair Moioli (Org) A RBPAEMH é orgão orficial de divulgação do Congresso Brasileiro de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana São José do Rio Preto-SP Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 ISSN 2176-2120 Comissão Científica Prof. Dr. Afonso Antonio Machado UNESP Prof. Dr. Kazuo Kawano Nagamine - FAMERP Prof. Drª. Mara Rosana Pedrinho - UNIRP Prof. M.Sc. Lucas Portilho Nicoletti - UNIFEV Prof. M.Sc. Marcelo Calegari Zanetti - UNESP Prof. M.Sc. Altair Moioli - UNIRP Prof. Esp. Hugo Celso Fortti- UNIP O conteúdo e a redação dos trabalhos são de inteira responsabilidade dos respectivos autores. Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 ISSN 2176-2120 I CONGRESSO BRASILEIRO DE PSICOLOGIA APLICADA AO ESPORTE E À MOTRICIDADE HUMANA Editoração Marcus Fabiano da Gama Consultoria Técnica Paulo Resende Capa Renata Sbrogio I CONGRESSO BRASILEIRO DE PSICOLOGIA APLICADA AO ESPORTE E À MOTRICIDADE HUMANA http://www.psicologiadoesporte.esp.br Periodicidade Anual Endereço Av. José Munia Nº 5650 - Chácara Municipal CEP - 15.090.500 - São José do Rio Preto-SP Telefone (17) 3016.1101 Fax (17) 3216.4000 04 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 I CONGRESSO BRASILEIRO DE PSICOLOGIA APLICADA AO ESPORTE E À MOTRICIDADE HUMANA SUMÁRIO EDITORIAL ................................................................................................................................................ 07 COMISSÃO ORGANIZADORA ................................................................................................................. 09 PROGRAMA .............................................................................................................................................. 09 ARTIGOS DAS CONFERÊNCIAS E MESAS REDONDAS ..................................................................... 15 Adaptação, rendimento e desenvolvimento humano: perspectivas de investigação e intervenção Prof. Dr. Rui Gomes.................................................................................................................................... 17 A psicologia do esporte no contexto da motricidade humana Prof. Dr. Afonso Antonio Machado............................. ................................................................................ 20 Visão psico-pedagógica da especialização esportiva precoce: atribuições aos fatores externos Prof. Dr. Afonso Antonio Machado .............................................................................................................. 27 Relação Treinador-atleta em contextos de formação desportiva e de alta competição: perspectivas de investigação e intervenção Prof. Dr Rui Gomes ................................................................................................................................... 31 Violencia no relacionamento com crianças e adolescentes: é possível prevenir? Psicóloga Sueli Zocal Paro Barison ........................................................................................................... 33 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 05 I CONGRESSO BRASILEIRO DE PSICOLOGIA APLICADA AO ESPORTE E À MOTRICIDADE HUMANA SUMÁRIO Para o gol: psicanálise, futebol e identidade de gênero. Psicólogo Osvaldo Luís Barison ................................................................................................................ 35 Reflexões sobre práticas corporais, identidades e marculinidades Prof. Dr. Erik Giuseppe Barbosa Pereira .................................................................................................. 37 CURSOS ................................................................................................................................................... 45 Psicologia do Esporte e Fitness Prof M.Sc. Marcelo Callegari Zanetti ........................................................................................................ 47 Psicologia do Esporte: Objetivos, Intervenções e Resultados Psicóloga Irene Araujo Corrêa................................................................................................................... 51 O fenômeno das corridas de rua como fator de satisfação pessoal Prof. André Dascal ................................................................................................................................... 52 Liderança aplicada ao esporte Prof. M.Sc. Ednei Previdente Sanches ..................................................................................................... 54 06 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 I CONGRESSO BRASILEIRO DE PSICOLOGIA APLICADA AO ESPORTE E À MOTRICIDADE HUMANA SUMÁRIO Atividade Física na 3ª idade e seus benefícios psicossociais Profª M.Sc. Caciane Dallemole Souza ..................................................................................................... 55 Saúde, beleza e perfeição no mundo contemporâneo: ter um corpo objeto ou ser sujeito de seu corpo Profª M.Sc. Ligia Adriana Rodrigues......................................................................................................... 58 Psicologia do Esporte e Saúde Profª Adriana Azerede Farinazzo............................................................................................................. 61 ARTIGO .................................................................................................................................................... 36 A [de] formação moral e esportiva: conflitos no caminho do futebol Prof. M.Sc. Altair Moioli; Prof. Dr. Afonso Antonio Machado .................................................................... 65 RESUMOS DE TEMAS LIVRES............................................................................................................... 71 RESUMOS DE PAINEIS........................................................................................................................... 77 INDICE DE AUTORES............................................................................................................................ 120 07 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 EDITORIAL Nas últimas décadas, em razão da importância do papel que o esporte passou a representar para a sociedade contemporânea, surgiram diferentes segmentos propiciadores à intervenção de profissionais ligados a prática esportiva. O que no passado poderia ser resumido em um jogo de camisas, uma bola e um treinador que comandava um grupo de atletas impregnados pelo amadorismo, espírito cavalheiresco e idealismo, hoje transformou-se em um movimento que demanda outro olhar. O esporte é um fenômeno que transcende o seu conceito de prática regido pela repetição sistematizada de movimentos no qual se valorizam as habilidades e a técnica refinada que permitirão superar centímetros ou milésimos de segundos. A verdade é que as significações e os simbolismos abstraídos da cultura esportiva não permitem enxergar o seu praticante apenas como uma máquina de reprodução robotizada. Compreendido o esporte como uma manifestação cultural, é preciso enxergar nesse cenário a existência de um corpo carregado de sensações, emoções e sentimentos, que não pode ser reduzido apenas a um amontoado de músculos colocados em movimento. Visto e entendido numa dimensão ecológica, é inegável a relação desse corpo com o aspecto motor e os aspectos afetivos e cognitivos, explicados pela motricidade humana. Todas as áreas esportivas têm-se desenvolvido a partir de uma infra-estrutura que exige cada vez mais a formação de equipes multidisciplinares compostas por profissionais de áreas tão antagônicas a equilibrarem o desempenho e os resultados. As pesquisas e a revolução tecnológica também já não significam diferencial importante, pois estão ao alcance tanto das grandes seleções quanto das equipes de clubes das pequenas cidades. Nisso tudo, a mente humana representa um dos maiores desafios para estudiosos e pesquisadores, tanto da área da Saúde quanto da área da Educação, na busca de explicações a respeito do comportamento e das condutas do ser humano e da sua relação com a atividade física e esportiva. Nesse campo, como área recente de estudo, a Psicologia do Esporte tem contribuído com intensa investigação científica por meio de estudos que possibilitam compreender as alterações dos estados emocionais e a sua influencia no esporte. Essas pesquisas, relacionadas às alterações dos estados de ansiedade, motivação, estresse, medo, angustia, coesão, burnout, violência, entre outros, são contributivas para os profissionais que estão ligados ao esporte, tanto na forma de rendimento quanto para a educação ou prevenção. Estimulada por este momento em que o país ganha a láurea de ter sido escolhido como sede dos dois dos maiores eventos esportivos mundiais, quais sejam, a Copa do Mundo de Futebol e os Jogos Olímpicos, a promoção de um encontro para discutir os avanços e as novas possibilidades de intervenção no campo da Psicologia do Esporte deve permitir a socialização de conhecimentos que contribuam para a formação e a transformação humana. Portanto, teremos muito trabalho pela frente. Sejam todos bem vindos ao I CONGRESSO BRASILEIRO DE PSICOLOGIAAPLICADAAO ESPORTE E A MOTRICIDADE HUMANA Prof. M.Sc. Altair Moioli Presidente da Comissão Organizadora CBPAEMH Prof. Dr. Afonso Antonio Machado Coordenador do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicologia do Esporte - LEPESPE - IB - UNESP - Rio Claro 08 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 Prof. M.Sc. Altair Moioli Presidente da Comissão Organizadora CBPAEMH Prof. Dr. Afonso Antonio Machado Coordenador do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicologia do Esporte - LEPESPE - IB - UNESP - Rio Claro Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 09 I CONGRESSO BRASILEIRO DE PSICOLOGIA APLICADA AO ESPORTE E À MOTRICIDADE HUMANA Organização Presidente Prof. M.Sc. Altair Moioli Assessoria Técnico-Pedagógica Prof. Esp. Arlete Guisso Scaramuzza Portilho Nicoletti Prof. Hatsumi Tanji Sakakisbara Comissão Científica Prof. Dr. Afonso Antonio Machado UNESP Prof. Dr. Kazuo Kawano Nagamine - FAMERP Prof. Drª. Mara Rosana Pedrinho - UNIRP Prof. M.Sc. Lucas Portilho Nicoletti - UNIFEV Prof. M.Sc. Marcelo Calegari Zanetti - UNESP Prof. M.Sc. Altair Moioli - UNIRP Prof. Esp. Hugo Celso Fortti- UNIP Secretaria Geral Prof. Suzinei Aparecida Pongelupi Vitor de Souza Prof. Taisa Adriana de Moura Prof. Mônica Faitarone Brasilino Prof. Guilherme Rocha Britto Tesouraria Prof. Esp. Marcos Antonio Favarin Prof. Esp. Robinson Simões Gavassi Assessoria de Imprensa Paulo Resende Relações Públicas Prof. Marco Antonio de Mello Franco Marketing | Publicidade | Fotografia Renata Sbrogio Prof. Luciana Barcelos Divulgação | Informática | Filmagem Prof. Renato Alex Cioca Marcus Fabiano da Gama Hélder Ricardo Olhas Gouvêa Washington Carvalho dos Santos Hospedagem | Alojamento Prof. Esp. Cesar Antonio Parro Prof. Rodnei Marcelino Rodrigues Prof. Ronaldo Adriano Mariano Alimentação | Transporte | Recursos Materiais Prof. Esp. Manoel Brandão Filho Prof. Paulo Estevão Alves da Silva Prof. Lucas Milani Franco Prof. Paulo Ricardo Silva de Carvalho Saúde | Assistência Médica Drª Valéria Fava Homsi Moioli 10 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 I CONGRESSO BRASILEIRO DE PSICOLOGIA APLICADA AO ESPORTE E À MOTRICIDADE HUMANA PROGRAMA 05 .11.2009 | QUINTA FEIRA UNIP | Campus JK | Av. Juscelino Kubitschek Oliveira, s/n - Jardim Tarraf II 13:00 Horas Área de convivência Abertura da Secretaria Geral | Cadastramento e entrega de material 19:30 Horas Teatro Cerimônia de abertura 20:00 às 21:30 Horas Teatro Conferência de Abertura Adaptação, rendimento e desenvolvimento humano: perspectivas de investigação e intervenção Prof. Dr. Rui Gomes | Universidade do Minho | Escola de Psicologia | Braga | Portugal A psicologia do esporte no contexto da motricidade humana Prof. Dr. Afonso Antonio Machado | UNESP Rio Claro-SP 21:30 Horas Área de convivência Coquetel de boas vindas 06 .11.2009 | SEXTA FEIRA UNIP | Campus JK | Av. Juscelino Kubitschek Oliveira, s/n - Jardim Tarraf II 08:00 às 10:00 Horas CURSO 1. Educação especial: o atendimento ao aluno em salas inclusivas Profª Drª Maria Cecília Braga | FACERES | São José do Rio Preto-SP CURSO 2. Psicologia do Esporte e Fitness Prof. M.Sc. Marcelo Callegari Zanetti | LEPESPE Rio Claro-SP CURSO 3. . Efeitos da Atividade Física na qualidade de vida e Saúde Prof. M.Sc.. Valter Brighetti | UNIFEV Votuporanga-SP CURSO 4. Liderança aplicada ao esporte Prof. M.Sc. Ednei Previdente Sanches | UNILAGO São José do Rio Preto-SP 10:00 Horas Intervalo para Café Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 11 I CONGRESSO BRASILEIRO DE PSICOLOGIA APLICADA AO ESPORTE E À MOTRICIDADE HUMANA PROGRAMA 06 .11.2009 | SEXTA FEIRA UNIP | Campus JK | Av. Juscelino Kubitschek Oliveira, s/n - Jardim Tarraf II 10:30 às 12:30 Horas CURSO 5. O desempenho esportivo e a Síndrome de overtraining Prof. Dr. Kazuo Kawano Nagamine | FAMERP São José do Rio Preto-SP CURSO 6. A prática esportiva como prevenção e reabilitação do uso de drogas. Profª Jussara Maria Simões Boverio | FAMERP/SMAS São José do Rio Preto-SP CURSO 7. Atividade Física na 3ª idade e seus benefícios psicossociais Profª M.Sc. Caciane Dallemole Souza | UNIFEV Votuporanga-SP CURSO 8. Psicologia do Esporte: Objetivos, Intervenções e Resultados Profª Irene Araujo Corrêa Psicóloga Cognitiva Comportamental São José do Rio Preto-SP 12:30 Horas Intervalo para Almoço 14:00 às 16:00 Horas CURSO 9. O fenômeno das corridas de rua como fator de satisfação pessoal Prof. André Dascal | SESC-São Carlos-SP CURSO 10. Psicologia do Esporte e Saúde Profª Drª Adriana Farinazzo | IMES - FAFICA - Catanduva-SP CURSO 11. Instrumentos de avaliação psicológica no contexto esportivo Profª M.Sc. Luciana Ferreira Angelo | Psicóloga SEDES SAPIENTIAE | INCOR | São Paulo-SP CURSO 12. Saúde, beleza e perfeição no mundo contemporâneo: ter um corpo objeto ou ser sujeito de seu corpo Profª M.Sc. Ligia Adriana Rodrigues | IMES - FAFICA Catanduva-SP / FIBA 16:00 Horas Intervalo para café 12 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 I CONGRESSO BRASILEIRO DE PSICOLOGIA APLICADA AO ESPORTE E À MOTRICIDADE HUMANA PROGRAMA 06 .11.2009 | SEXTA FEIRA UNIP | Campus JK | Av. Juscelino Kubitschek Oliveira, s/n - Jardim Tarraf II 16:30 às 18:30 Horas Teatro - Mesa Redonda Esporte, Gênero e Identidade Prof. Dr. Erik Giuseppe Barbosa Ferreira | UFRJ | Rio de Janeiro-RJ Prof. M.Sc. Osvaldo Luis Barison | Espaço Psicanalítico | São José do Rio Preto-SP Anfiteatro Conferência: A preparação psicológica nos esportes coletivos Prof. Dr. Gilberto Gaertner | Universidade Positivo | Curitiba-PR 18:30 às 19:30 Horas Área de convivência Apresentação Painel Teatro Sessão Tema Livre 20:00 às 21:30 Horas Teatro Mesa Redonda Especialização Esportiva Precoce: um olhar psicopedagógico Prof. Dr. Afonso Antonio Machado | UNESP Rio Claro-SP Prof. Dr. Ruy Jornada Krebs | UESC | Florianópolis-SC 20:00 às 21:30 Horas Anfiteatro Mesa Redonda Desenvolvimento de equipes e coesão de grupo Prof. Dr. Gilberto Gaertner | Universidade Positivo | Curitiba-PR Relação treinador-atleta em contextos de formação desportiva e alta competição: perspectivas de investigação e intervenção Prof. Dr. Rui Gomes Universidade do Minho - Escola de Psicologia- Braga- Portugal Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 13 I CONGRESSO BRASILEIRO DE PSICOLOGIA APLICADA AO ESPORTE E À MOTRICIDADE HUMANA PROGRAMA 07 .11.2009 | SÁBADO SESC-Rio Preto. Av. Francisco Chagas Oliveira, 1.333 - Chácara Municipal 10:00 Horas Teatro Conferência: Violência contra crianças e adolescentes: é possível prevenir? Prof. M.Sc. Sueli Barison | Espaço Psicanalítico | São José do Rio Preto-SP 11:00 Horas Teatro Conferência: Práticas corporais, identidade e masculinidades Prof. Dr. Erik Giuseppe Barbosa Ferreira | UFRJ | Rio de Janeiro-RJ 12:00 Horas Teatro Conferência: Motivação e Atividade Física Prof. Dr. Ruy Jornada Krebs | UESC | Florianópolis-SC 14 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 15 I CONGRESSO BRASILEIRO DE PSICOLOGIA APLICADA AO ESPORTE E À MOTRICIDADE HUMANA CONFERÊNCIA DE ABERTURA 16 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 17 CONFERÊNCIA DE ABERTURA Adaptação, Rendimento e Desenvolvimento Humano: Perspectivas de investigação e intervenção A. Rui Gomes Universidade do Minho | Escola de Psicologia Portugal Resumo: Esta apresentação irá centrar-se na análise de uma perspectiva de investigação e intervenção acerca da adaptação, rendimento e desenvolvimento humano em dois grandes contextos: na formação desportiva e na alta competição. No que se refere à formação desportiva, pretendemos debater as perspectivas de investigação e intervenção sobre a adaptação e desenvolvimento humano em crianças e jovens. Neste caso, discutiremos a necessidade do crescimento e desenvolvimento psicológico dos jovens atletas e a possibilidade de treinar competências de vida enquanto estratégia para a formação de cidadãos autónomos e responsáveis. Será ainda tratada a importância da comunicação eficaz e interacção positiva entre treinadores, pais e atletas. Em segundo lugar, abordaremos as perspectivas de investigação e intervenção na adaptação humana e rendimento desportivo de atletas de alta competição. Nesta parte da apresentação, discutiremos um modelo conceptual centrado nos processos de avaliação cognitiva, respostas emocionais e processos de “coping” (confronto) dos atletas face a situação de alta pressão em competição.. Para terminar, daremos algumas indicações acerca da investigação futura. A adaptação humana em contextos desportivos representa um tema fascinante de estudo na psicologia do desporto. As razões para este interesse prendem-se, por um lado, com o impacto das actividades desportivas no desenvolvimento psicológico das crianças e jovens e, por outro lado, com o modo como os atletas de alta competição percepcionam, reagem e se adaptam a situações de alta pressão, onde se torna fundamental alcançar altos níveis de rendimento. N a pr á ti c a, e st a di s ti nç ão na s “exigências” e complexidades do desporto de formação desportiva relativamente ao desporto de alta competição implicam variações nos objectivos e alvos de estudo da psicologia do desporto. Assim, é fundamental saber que factores e circunstâncias promovem o bemestar dos mais novos e facilitam o alto rendimento dos mais velhos. C o m e ç an d o p e l os m ai s n ov o s , considera-se que estamos perante um ambiente desportivo favorável quando os jovens atletas têm a oportunidade de aprender e desenvolver as suas capacidades físicas e desportivas; podem competir de um modo saudável (e não ficam apenas a ver os outros a jogar), assumem a vontade de lutar para alcançar os seus objectivos (e não aqueles que lhes são impostos pelos adultos) e, naturalmente, podem divertir-se e experienciar emoções positivas (e não apenas fazer com que terceiros se sintam bem) (Martens, 1996; Martens, Christina, Harvey, &Sharkey, 1981; Orlick & Zitzelsberger, 1996). No entanto, por vezes a realidade existente na formação desportiva promove exactamente o inverso, sobrevalorizando-se os resultados desportivos e o sucesso a curto prazo. Neste caso, a filosofia adoptada assume que “ganhar não é o mais importante, é a única coisa que interessa!”. Para este ambiente negativo contribuem várias figuras, desde os dirigentes e a estrutura organizativa do desporto juvenil, os treinadores (que são frequentemente avaliados pela sua “competência” em ganhar competições e campeonatos) e os próprios pais e familiares dos jovens, que julgam existir uma relação directa entre ser bem sucedido no desporto juvenil e vir a ser um atleta de alta competição. Um dos aspectos curiosos no ambiente desportivo juvenil, prende-se com o facto de existir frequentemente uma diferença entre o plano dos discursos, ou seja, aquilo que se pretende alcançar, e a realidade do trabalho com os jovens. De facto, apesar dos diversos agentes desportivos assumirem frequentemente que o mais importante é “contribuir para o desenvolvimento dos mais novos e ajudá- los a serem adultos responsáveis e felizes”, a verdade é que o ambiente desportivo fomenta pr ef er en ci al m en te a c om pet it i vi d ade exagerada entre os atletas, valorizando-se e pr e m i an do- s e ape nas u m a el i te de vencedores. Daí que, para sabermos qual a verdadeira filosofia do desporto juvenil, seja 18 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 fundamental conhecermos o modo como as actividades desportivas são organizadas é que tipo de experiências são proporcionadas aos atletas. Neste sentido, uma das abordagens a analisar na nossa comunicação prende-se com a promoção de competências de vida em crianças e jovens. O treino de competências de vida insere-se numa lógica educacional, onde a partir de uma dado problema (ex: ansiedade antes das provas desportivas), ensina-se um conjunto de competências (ex: estratégias de gestão de stresse) que, por sua vez, podem levar à mudança desejada (ex: sentir-se confiante e optimista antes da prova). Como refere Peterson (2004), os programas de competências de vida procuram aumentar as potencialidades dos jovens em termos da capacidade de exploração, aquisição de competências e possibilidade de fazerem a diferença na sociedade. Na nossa comunicação, falaremos mais em pormenor do programa de Promoção de Experiências Positivas Crianças e Jovens (PEP-CJ) (Gomes, 2009), que treina as crianças e jovens em seis domínios distintos: i) gestão do stresse; ii) motivação; iii) gestão do tempo; iv) resolução de problemas; v) comunicação e vi) trabalho em equipa. Paralelamente, daremos conta de alguns dados parciais da aplicação do programa, onde foram treinadas as competências de motivação e de resolução de problemas. Para além dos atletas, os pais e familiares representam agentes com uma influência decisiva nos contextos desportivos. De facto, alguns autores realçam o facto da influência parental poder ter um impacto no início da prática desportiva dos filhos e influenciar a qualidade do seu envolvimento nessa mesma prática (Côté, 1999; Lally & Kerr, 2008). Tal como assinalam Côté e Hay (2002), os pais podem produzir efeitos em diferentes domínios do desenvolvimento dos filhos como, por exemplo, na auto-estima, na percepção de competência, nos sentimentos de realização, na auto-eficácia, na sensação de prazer e diversão na prática desportivo, etc. Infelizmente, a influência parental não se restringe aos aspectos positivos, uma vez que existem igualmente indicações sobre o facto de algumas atitudes dos pais poderem condicionar negativamente o desenvolvimento e bem-estar dos filhos. A este propósito, alguns resultados têm vindo a descrever problemas relacionados com o stresse nos jovens, as percepções pessoais negativas e a falta de motivação para a prática desportiva (Brustad, 1996; Gould, Eklund, Petlichkoff, Peterson, & Bump, 1991; Gould, Wilson, Tuffey, & Lochbaum, 1993; Smith & Smoll, 1996). Dado este efeito paradoxal da influência parental, apresentamos nesta comunicação um estudo que procura clarificar a natureza da relação entre pais e filhos, tendo por base a actividade desportiva. Este estudo foi efectuado com atletas e pais, incluindo medidas sobre a orientação motivacional e a percepção de ameaça/desafio na competição desportiva, em conjunto com um instrumento de avaliação dos comportamentos parentais. Deste ponto de vista, procurámos estudar a relação entre os comportamentos assumidos pelos pais e o tipo de orientação motivacional dos filhos na prática desportiva e até que ponto a competição seria mais ou menos sentida como ameaçadora ou desafiante para os atletas. Os resultados evidenciaram diferenças entre atletas do sexo masculino e feminino nos vários domínios avaliados, fazendo supor que ambos encaram a actividade desportiva e o envolvimento parental de modo distinto. Do lado dos pais, foi também possível observar diferenças entre pais de raparigas e pais de rapazes bem como diferenças em função do nível de escolaridade dos pais. Os resultados deste estudo fazem supor que os pais e familiares dos atletas podem realmente exercer um impacto (positivo ou negativo) nos processos de adaptação dos atletas aos contextos desportivos. Finalmente, abordaremos na comunicação os processos de adaptação humana em contextos de alto rendimento. Assim, proporemo s um modelo de investigação centrado no estudo das estruturas e processos psicológicos envolvidos no alto rendimento, tendo por base indicações formuladas por Lazarus (1991, 1995) e Lazarus e Folkman (1984). Neste caso, o autor veio chamar a atenção para as transacções que ocorrem entre as pessoas e o ambiente onde exercem funções, assumindo a importância das estratégias de confronto utilizadas pelo indivíduo bem como as mudanças na experiência de stresse que ocorrem ao longo do tempo e em diferentes situações. Utilizando Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 estas indicações, daremos conta de dados parciais de um estudo realizado este ano com atletas de alta competição portugueses, onde foram estudados os processos de avaliação cognitiva, as estratégias de confronto (“coping”) e as reacções emocionais a situações desportivas de alta tensão. Em síntese, a nossa comunicação incidirá sobre a investigação e intervenção direccionada para a compreensão dos processos de adaptação, rendimento e desenvolvimento humano em contextos desportivos. Referências Bibliográficas Brustad, R.J. (1996). Parental and peer influence on children's psychological development through sport. In F.L. Smoll & R.E. Smith (Eds.), Children and youth in sport. A Biopsychosocial perspective (pp. 112-124). Madison, WI: Brown & Benchmark. Côté, J. (1999). The influence of the family in the development of talent in sport. The Sport Psychologist, 13, 395-417. Côté, J., & Hay, J. (2002). Family influences on youth sport performance and participation. In J. M. Silva & D. E. Stevens (Eds.), Psychological foundations of sport (pp. 503519). Boston:Allyn and Bacon. Gomes, A.R. (2009). Promover competências de vida e experiências positivas em crianças e jovens. Submetido para publicação. Gould, D., Eklund, R., Petlichkoff, L., Peterson, K., & Bump, L. (1991). Psychological predictors of state anxiety and performance in age-group wrestlers. Pediatric Exercise Science, 3, 198208. Gould, D., Wilson, C., Tuffey, S., & Lochbaum, M. (1993). Stress and the young athlete: The child's perspective. Pediatric Exercise Science, 5, 286-297. Lally, P., & Kerr, G. (2008). The effects of athlete retirement on parents. Journal of Applied Sport Psychology, 20, 42-56. Lazarus, R.S. (1991). Emotion and adaptation. Oxford University Press. Lazarus, R.S. (1995). Psychological stress in the work place. In R. Crandall & P. L. Perrewé (Eds.), Occupational stress: A handbook. Washington, DC: Taylor & Francis. 19 Lazarus, R.S., & Folkman, S. (1984). Stress, appraisal and coping. New York: Springer. Martens, R. (1996). Turning kids on the physical activity for a lifetime. Quest, 48, 303-310. Martens, R., Christina, R., Harvey, J., & Sharkey, B. (1981). Coaching young athletes . Champaign IL: Human Kinetics. Orlick, T.D., & Zitzelsberger, L. (1996). Enhancing children's sport experiences. In F. L. Smoll & R. E. Smith (Eds.), Chil dren and youth in sport. A Biopsychosocial perspective (pp. 330337). Madison, WI: Brown & Benchmark. Peterson, C. (2004) Positive social science. The Annals of the American Academy of Political and Social Science, 591, 186201. Smith, R.E., & Smoll, F.L. (1996). Psychosocial interventions in youth sport. In J. L. Van Raalte & B. W. Brewer (Eds.), Exploring Sport and Exercise Psychology (pp. 287315) . Was hingt on: A mer i can PsychologicalAssociation. 20 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 CONFERÊNCIA DE ABERTURA PSICOLOGIA DO ESPORTE NO CONTEXTO DA MOTRICIDADE HUMANA Afonso Antonio Machado(*) O Esporte enquanto uma instituição social tem se projetado como um dos grandes fenômenos deste final de século, agregando em torno de si um número cada vez maior de áreas afins, constituindo a chamada Ciência do Esporte. No bojo dessa nova ciência encontrase a Psicologia do Esporte, que, apesar de já possuir quase um século de história, no Brasil ainda é vista como área emergente. Inicialmente preocupada com aspectos mais biológicos que humanísticos, hoje, a Psicologia do Esporte vem atuando em questões que envolvem ansiedade, motivação, estresse, personalidade, agressão e violência, coesão grupal e liderança, dinâmica de grupo caracterizando-se como um setor em que o enfoque social, educacional e clínico se complementam. Próxima da Educação Física e do Esporte desde o início do século passado, a Psicologia do Esporte busca ser reconhecida, como originária da Psicologia, definida como Psicologia Aplicada ou campo de estudo. Porém, tradicionalmente a Psicologia do Esporte é reconhecida apenas recentemente no âmbito acadêmico, e prova disto é o nãoaparecimento dessa disciplina nas grades curriculares dos cursos de graduação em Psicologia, mas em muitas grades de diversos cursos de Educação Física, no Brasil. Isso não se passa apenas no Brasil, visto que, somente em 1986 (Feltz, 1992) a Psicologia do Esporte foi aprovada pela APA como uma de suas divisões, a de número 47, nos Estados Unidos. No caso do Esporte essa dinâmica se repete e amplia seus espectros, uma vez que a Psicologia do Esporte vem compor o denominado mundo da Ciência do Esporte, composto por disciplinas como a medicina, fisiologia e biomecânica do esporte, no que tange à área biológica, e antropologia, filosofia e sociologia do esporte, no que se refere à área sócio-cultural, assumindo uma tendência à interdisciplinaridade. Observamos, assim, o surgimento e desenvolvimento de um campo denominado Psicologia do Esporte, muito próximo da atividade física e do lazer, sendo inclusive componente curricular dos cursos de Educação Física, buscando os conhecimentos da Psicologia e a lógica própria dos Esportes, analisando, avaliando, testando conceitos e evoluindo, ainda que sofregamente. Áreas de atuação Samulski (1992), em seus estudos, informa-nos da necessidade de uma formação abrangente, sugerindo como sendo quatro os campos de atuação da Psicologia do Esporte: -O esporte de rendimento, voltado para a otimização da performance numa estrutura formal e institucionalizada, onde o psicólogo atuaria analisando e transformando os determinantes psíquicos que interferem no rendimento do atleta e/ou grupo esportivo. - O esporte escolar, cujo objetivo vem a ser a formação, preparando seus praticantes para a cidadania, a permanência da atividade física e o lazer. Aqui, o psicólogo busca compreender e analisar os processos de ensino, educação e socialização inerentes ao esporte e seu reflexo no processo de formação e desenvolvimento da criança, jovem ou adulto praticante. As questões da relação professoraluno e ensino aprendizagem são a tônica dos procedimentos. - O esporte recreativo, que é praticado voluntariamente e com ligações voltadas aos movimentos de educação permanente e com a saúde física e mental, tem no psicólogo um profissional que atua no comportamento recreativo de diferentes faixas etárias, classes sócio-econômicas, diante de diferentes motivos, interesses e atitudes. - Já, o esporte de reabilitação apresenta um trabalho dirigido à prevenção e intervenção em pessoas portadoras de algum tipo de lesão decorrente da prática esportiva, ou não, e também com pessoas portadoras de necessidades especiais Outra forma de analisar as áreas de atuação da Psicologia do Esporte, leva-nos a estudar outro referencial teórico: para Gill (1986) a Psicologia do Esporte pode ser historicamente dividida em três áreas Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 especializadas, sendo elas: aprendizagem e controle motor, desenvolvimento motor e Psicologia do Esporte. Essas três áreas indicaram, de certo modo, por um período de tempo, a divisão dos estudos psicológicos em atividade física e esporte. Houve, porém, um distanciamento entre elas no início dos anos 70, devido à divergências de objetivos, procedimentos e interesses. A área de atuação voltada à aprendizagem e controle motor tende aos estudos da psicologia que se referem à cognição, percepção e psicologia experimental da aprendizagem e do comportamento. As pesquisas desenvolvidas nesta área têm focalizado seus estudos em processos cognitivos e de percepção que envolvem aprendizagem e "performance" de movimentos habilidosos e processos cognitivos e neuropsicológicos relativos ao controle do movimento. Outra área, segundo esta visão teórica, é a do desenvolvimento motor que faz uma abordagem próxima a da psicologia do desenvolvimento e de sua relação com o esporte e a "performance" motora. Os trabalhos elaborados pelos pesquisadores têm buscado a relação entre desenvolvimento de padrões motores e "performance" habilidosa. A análise das questões relacionadas ao comportamento social no esporte e na atividade física, como as diferenças individuais e os fatores situacionais que afetam o comportamento esportivo, bem como a influência que a personalidade e os fatores sociais têm sobre o comportamento social em uma variedade de contextos esportivos, vem a compor o núcleo atencional da terceira área. Historicamente, ainda segundo Gill (1986), a divisão definitiva veio quando um gr upo se interessou pelas var iávei s dependentes da "performance" (área motora) e outro grupo concentrou-se na importância de variáveis independentes que influenciam a "performance" (aspectos socioculturais). Tal divisor proporcionou um re-arranjo no grupo de pesquisadores, organizando-os em seus laboratórios com fins mais específicos e claros. Vealey e Cratty (1992) analisam o atual estágio de conhecimento na área como de muita preocupação em descrever características psicológicas em atletas, a contenção de agressividade ou manejo da ansiedade, a influência da personalidade no 21 comportamento esportivo, e calcado numa vasta revisão bibliográfica aponta alguns indícios sobre as pesquisas realizadas na área. A s di f er e nç as i nd i v i dua i s na Psicologia do Esporte também são estudadas e partir de outros temas que não só a personalidade, lembrando que as pesquisas não são conclusivas sobre a existência de um tipo de personalidade que distingue atletas de não atletas. Também não temos estudos c o n c l u s i v o s s ob r e d i f e r en ç a s e n t r e personalidade e os sub-grupos esportivos de esporte individual, esporte coletivo, esporte de contato e outras formas de manifestações esportivas. Para Martens (1987), a Psicologia do Esporte estaria dividida em dois grupos distintos de atuação: um seria preocupado e voltado à Psicologia do Esporte Acadêmica, com objetivos e procedimentos adequados à pesquisa, produção de conhecimento e docência da Psicologia do Esporte. O outro grupo seria o da Psicologia do Esporte Aplicada, que agruparia aqueles que atuam no espor te, di r etamente, e uti li zam de intervenções psicológicos. Vale lembrar que, no Brasil, tal grupamento demanda de uma análise do profissional que rumará para um ou outro espaço, tendo em vista que a disciplina Psicologia do Esporte é inexistente em cursos de Psicologia, em qualquer nível de graduação. Frente a esta polêmica ética e profissional é de se esperar que o profissional que atua em Psicologia do Esporte tenha uma form ação di ferenciada, por ém m uito adequada. Isso vem acontecendo, quando vemos estes profissionais buscando seus conhecimentos em cursos de especialização, bem como nos mestrados e doutorados afins, fora do país ou mesmo no Brasil, que já aponta uma massa crítica nacional considerável. Psicologia aplicada ao esporte Os estudos sobre a psicologia aplicada ao esporte enfoca variáveis que interferem no rendimento de atletas: atenção e concentração (Pelegrini, 1999; Ziegler, 1994; Goldstein e Krasner, 1987; Niedeffer, 1976); motivação (Gouvea, 1998; Martin, 1996; Winterstein, 1989; Goldstein e Krasner, 1987); emoções, como ansiedade e tensão ( De Rose Junior, 2000; Machado, 1998 e 2000; Martin, 1996); e coesão de grupo (Simões, 1998; Carron, 22 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 1982). Os pesquisadores da área têm como principal objetivo o estudo dessas variáveis e o desenvolvimento de estratégia que contribuam para a otimização do desempenho de atletas (Rúbio, 1999). Dentre os estudos realizados por pesquisadores da área, certamente muitos temas encontram- se voltados para temáticas que podem ser analisadas desde o período de ensino-aprendizagem, nas aulas de Educação Física, até aqueles que refletem resultados performáticos, em treinamentos esportivos ou competições. Desta maneira, entendemos que, em qualquer das áreas a que estejamos ligados, no campo de atuação, conforme posicionamentos de cada um dos autores acima citados, fica fácil compreendermos e trabalharmos com a atenção e concentração, motivação, emoções, coesão de grupo e estresse. Evidente que cada um dos pesquisadores, a partir de seu foco de interpretação, situará seus procedimentos de acordo com seus postulados teóricos acadêmicos ou profissionais. Conforme Samulski (1998), a concentração de um atleta pode ser aprimorada por meio de técnicas de concentração, visualização ou exercícios de relaxamento. Essas técnicas podem ser utilizadas periodicamente, durante o período de treinamento e antes de uma competição. A atenção e concentração são relevantes para o desempenho de uma atividade física qualquer, no entanto, para o atleta adquirem um valor inquestionável. Singer, Caraugh, Tennant e Lidor (1991) ressaltam que muitas técnicas utilizadas para melhorar o desempenho de aprendizagem e de rendimento, como relaxamento e visualização, interferem na atenção. O primeiro trabalho que enfocou a habilidade de atenção em atletas foi realizado por Niedeffer, em 1976, definindo quatro tipos de atenção, em função da amplitude e direção do foco: ampla, estreita, interna e externa. De acordo com Martin (1996), essas dimensões de controle de estímulos são divididas para que possamos isolar os estímulos que controlam o comportamento do atleta em cada situação. D ur ante a aprendizagem das habilidades motoras, o aprendiz passa pelas diversas categorias de estímulos, tendo sua a te n ç ão d i r i gi da p ar a um e ou t r o , indistintamente e, numa competição, o atleta tem de ter a habilidade de deslocar-se entre diferentes categorias de controle de estímulos, ou seja, o atleta tem de ter a habilidade de deslocar sua atenção de um tipo de estímulo para outro, para garantir seu sucesso. Ziegler (1994) e Mallet e Hanrahan (1997) propõem programas de treinamento de atenção e de deslocamento de atenção de acordo com as mudanças ambientais. Weinberg (1984) define motivação intrínseca pela participação de um atleta em determinada atividade sem recompensa externa. A motivação extrínseca refere-se às recompensas externas, como medalha, dinheiro ou prêmios, que o atleta recebe. Pesquisadores da área defendem que um atleta se engaja em determinada atividade motivado por um somatório de fatores intrínsecos e recompensas externas. Alguns atletas também utilizam-se de auto-reforços materiais (comprar um presente para si próprio) ou auto-elogios. Outra estratégia para manter-se motivado é o estabelecimento de metas concretas a curto e longo prazos. Figueiredo (1996) identificou, por meio dos relatos de uma atleta de aeróbica de competição, que o estabelecimento de metas e objetivos é fator relevante para a manutenção do comportamento de treinar. O atleta pode desenvolver o hábito de anotar suas metas diárias em um caderno e, com a ajuda do treinador, verificar seus progressos e traçar metas futuras. A ansiedade é o termo usado para a em o çã o e xp er i m e nta da qua ndo no s deparamos com eventos aversivos que podem nos causar dor. Atletas que esperam pela “lista de corte” de um time podem sentir- se ansiosos, ou o jogo de estréia de uma time infanto- juvenil em um campeonato mundial pode deixar os atletas ansiosos. Segundo Martin (1996), o excesso de ansiedade interfere negativamente no desempenho de atletas por várias razões. A exposição às ameaças causa mudanças fisiológicas que nos preparam para lidar com essas ameaças. O estreitamento de atenção permite que o atleta fica menos sensível a estímulos externos, o que pode causar uma queda em seu desempenho global. As mudanças fisiológicas que ocorrem no organismo consomem muita energia, o que pode interferir em atividades de longa duração. O excesso de Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 ansiedade causa um aumento de adrenalina, que pode fazer com que o atleta se apresse em executar ações que requerem atenção e cuidado. Algumas maneiras de intervir, durante o excesso de ansiedade e tensão, levam os profissionais da Psicologia do Esporte a ensinar como aprender a reconhecer e mudar pensamentos negativos, utilizar afirmações positivas, regular a respiração, manter o senso de humor e fazer relaxamento. O grupo e sua relação é o fenômeno mais pesquisado na psicologia esportiva. Carron (1982) define coesão como um processo dinâmico que reflete na tendência do grupo em permanecer junto perseguindo metas e objetivos comuns. O nível de coesão é maior em grupos pequenos. Em grupos muito grandes a coesão é menor e o grupo tende a se subdividir em pequenos subgrupos. A proximidade física também é um fator que aumenta a coesão. É comum perceber que times que passam uma temporada précompetitiva em um mesmo local ficam mais unidos. A comunicação entre os membros de um time também é fundamental para a coesão e, conseqüentemente, para o desempenho do time. É importante que se encoraje a competição positiva dentro do time, para que os atletas possam juntos alcançar uma melhora de desempenho, e que cada atleta tenha sempre seu papel muito bem definido para que todos se sintam responsáveis pelo sucesso do time. Outro fator importante é que a comunicação entre atletas e entre atletas e comissão técnica seja respeitada. O grupo deve ser uma só unidade, não devendo haver preferências entre seus integrantes. A coesão é um processo complexo, dinâmico e variável ao longo do tempo. A unidade do time é um alicerce sobre o qual o grupo irá crescer e ter sucesso e é essencial para a existência do grupo. Mas a coesão de um grupo não aparece de uma hora para outra; é preciso que atletas e comissão técnica batalhem juntos para alcançá-la. Estudiosos informam que emoções negativas não afetavam o desempenho em nenhuma das modalidades. Para as tenistas observou-se correlação entre desempenho e fatores como compatibilidade com o time, bemestar físico e eficácia acadêmica. No caso das ginastas, o desempenho estava 23 correlacionado com compatibilidade com o time e eficácia acadêmica. Para as jogadoras de basquete, observou- se correlação apenas entre o desempenho e a eficácia acadêmica. Entretanto, existem inúmeros fatores que podem interferir em seu desempenho, que são denominados estressores. O ambiente competitivo apresenta inúmeros fatores estressantes para o atleta. A relação entre estresse e desempenho, segundo Jones (1990), é bastante complexa e envolve uma interação entre a natureza do estressor, as demandas motoras e cognitivas específicas da tarefa a ser desempenhada e as características individuais do atleta. Considerações finais A correlação da prática esportiva com a psicologia como ciência e como ela a psicologia esportiva caracteriza-se por haver uma quantidade de problemas advindos da prática do esporte, para cujas soluções é preciso fazer uso de conhecimentos e métodos psicológicos. A psicologia esportiva e atrás dela a psicologia geral é vista como uma ciência auxiliar para solução de problemas da prática esportiva. Conhecimentos psicológicos originados na aprendizagem, motivação, percepção de ma situação esportiva, devem receber encaminhamentos oriundos daquilo que se denomina lógica esportiva: a solução está em seu trajeto ou nascedouro. O praticante de esporte afasta-se, decepcionado, da psicologia do esporte, por não encontrar o auxílio pretendido, quando seu psicólogo fala e assume uma linha clínica, distante das questões esportivas, e o psicólogo esportivo, por sua vez, decepciona-se pela falta de compreensão e reconhecimento, lamentando a não cooperação do praticante de esporte. Em algumas áreas da psicologia do esporte, como por exemplo, a psicologia da motivação, personalidade, aprendizagem, fato já pode ser melhor pensado e trabalhado. Embora os procedimentos e teorias sobre psicologia do esporte variem de país para país, os problemas teóricos e práticos são semelhantes. Os psicólogos do esporte, no mundo todo, preocupam-se em utilizar inventários adequados e pontuais, em ajustar níveis de estimulação a um ponto ótimo, necessário para o “melhor” desempenho. 24 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 Analisam e divulgam os resultados de seus estudos sobre relações entre o técnico e o atleta e outros pr oblemas, inclusive comportamentos agressivos, ansiedade e otimização do tônus emocional dos times esportivos. Entendemos que estes estudos sejam importantes, mas é preciso nos lembrar de que o sucesso nos esportes é determinado por fatores psicológicos, tanto quanto por fatores sociológicos, fisiológicos, anatômicos e mecânicos. O estado atlético ou nível de treinamento, antigamente encarado apenas do ponto de vista físico, também é visto hoje, no que diz respeito à atitude mental, sob um ponto de vista de preparação psicológica para a ação. Por fim, em qualquer destas situações, precisamos mais do que pesquisar e divulgar: necessitamos por em prática nossos conhecimentos, no lugar em que eles são gerados, nas quadras, nas prática esportiva, nos campeonatos. O professor de educação física está em uma situação dinâmica e deseja que seu time ganhe. Ele precisa conhecer melhor seus atletas, manejar a ansiedade e elevar a moral do grupo. Neste ponto, onde entra a ciência ? Será que o senso comum e a experiência pessoal constituem as únicas armas utilizadas por ele? Alguns apenas contam com isso, mas a Psicologia do Esporte está ai, pronta para aplicação, sem perder tempo em resolver quem deve ou não se apropriar de seus conhecimentos; afinal, conhecimento não tem dono. Referências bibliográficas APA American Psychological Association. How can a psychologist become a sport p s y c h o l o g i s t ? http://www.psyc.unt.edu/apadiv47, 1999. CARRON, A.V. Cohesiveness in sport groups: interpretations and considerations. Journal of Sport Psychology, 4, p. 123-138, 1982. FELTZ. D.L.. The nature of sport psychology. In: T.S.Horn (Ed.). Advances in sport psychology. Champaign: Human Kinetics, 1992. GILL, D.L. Psychological dynamics of sport. Champaign: Human Kinetics, 1986. JONES, J.G. 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Mestre e doutor pela UNICAMP, livre docente pela UNESP-Rio Claro, coordenador do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicologia do Esporte (LEPESPE) e docente do IB-UNESP, em Rio Claro. Concluiu seu pós-doutorado em Psicologia do Esporte na FMH- Universidade Técnica de Lisboa Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 25 I CONGRESSO BRASILEIRO DE PSICOLOGIA APLICADA AO ESPORTE E À MOTRICIDADE HUMANA CONFERÊNCIAS MESAS REDONDAS 26 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 27 VISÃO PSICO-PEDAGÓGICA DA ESPECIALIZAÇÃO ESPORTIVA PRECOCE: atribuição aos fatores externos Afonso Antonio Machado(*) Para entendermos a questão da formação esportiva, temos que considerar a sociedade em que estamos inseridos, caracterizada pela extrema competitividade, levando-nos a competir quase o tempo todo, e onde o ganhar torna-se uma maneira de satisfação, de recompensa ou uma obrigação. Discutiremos como as influências dos pais, técnicos e dirigentes e da torcida podem levar a esse processo de especialização precoce, atropelando a seqüência natural da formação esportiva. Debruçar-nos-emos sobre este tema porque, conforme Sobrinho, Mello e Peruggia (1997) afirmam, qualquer indivíduo envolvido com a prática esportiva, seja um iniciante ou pr ofissional , está sempr e suj eito às observações, comentários e críticas da população como um todo, sejam pais, amigos de equipe ou fora dela, torcida, técnicos ou dirigentes, pois todos compõem um grupo social denominado de “expectadores”. Também vemos a importância de refletir sobre as considerações de Craty (1984), ao afirmar que em nenhum momento no esporte o atleta deixa de receber influência de alguma assistência, ou seja, um fator externo, sendo assistido e observado, seja em momentos de treino ou competição, por colegas de equipe, técnico, amigos, família e torcedores ocultos, transcorrendo olhares e comentários que podem influenciar nos estados emocionais e auto-estima dos sujeitos. A ideologia envolvendo o esporte A ampla produção dos intelectuais da teoria crítica da Escola de Frankfurt serviu como referências para reflexões acerca de como o esporte era um discurso ideológico representante das classes dominantes da sociedade. Pensadores como Adorno, Benjamim, Habermas, Horkheimer, Jurgen e Marcuse acusavam o caráter contraditório da “conquista racional” do mundo, destacando como a racionalidade técnica e científica converteria o homem num escravo de sua própria técnica, buscando provar que o avanço das ciências, da tecnologia e do progresso . industrial cada vez mais afastava o homem da sua condição humana (VIANA, 1994) Com base nessas idéias, o esporte também era, e ainda é, acusado de tornar o homem refém do sistema econômico vigente, a sociedade capitalista. Desta forma, as críticas marcadas pela utilização de termos como cois ific ação, ali enação, repressão e manipulação incumbiram por associar os sistemas de ação do esporte e do trabalho, orientados pela lógica capitalista. Assim, Torre e Vaz (2006) citam as denúncias realizadas pelos autores da Teoria Crítica do Esporte, acusando o paralelismo entre esporte e trabalho, com características de concorrência, dis cipl ina, autori dade, r endi mento e organização, com ênfase na ação repetitiva, mecanicista e estereotipada. Acreditamos que todo esse processo de maximização do rendimento presente na sociedade como um todo, e que refletiu nos ideários do esporte em si, contribui para o processo de aceleração da busca por resultados, fato que acaba por sobrepor as etapas da formação de jovens esportistas, visto que tais alunos são submetidos a horas de treinamento, especificamente buscando a perfeição técnica e necessitando alcançar o mais alto padrão do movimento perfeito, tornando estereotipado e mecanizado. Neste processo, acabam por serem descartados todos os benefícios que os jogos lúdicos possuem nesta etapa de formação, e tornando a prática do esporte maléfica para o crescimento e o desenvolvimento do indivíduo. Encontramos vários trabalhos de autores nacionais que se baseiam na teoria crítica marxista acusando a enganosa ideologia do esporte alimentada pelas vontades da classe dominante burguesa, tais como Betti (1998), Bracht (1986, 2000), Kunz (2004), Medina (1990), Presoto, Machado e Gouvêa (2006), Torri e Vaz (2006) e Viana (1994). Todos eles, de uma forma ou de outra, inclinam-se a criticar essa “barbarização do esp ort e”, e s uas c ar acter ís ti cas de racionalização, supervalorização, sacrifícios e repetições, metrificação e funcionalidade do corpo, repressão, consciência coisificada, 28 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 autoritarismo e caráter manipulador. Essas considerações acima levantadas fazem parte de uma reflexão crítica diante do problema da especialização precoce no esporte, afim de que se possa entender tal fenômeno e o sentido de sua prática como tal. Esse esclarecimento deve propiciar como afirma Machado (2006), trazer luz ao que está encoberto, desmistificando este caráter de desumanização e alienação dos indivíduos, possibilitando uma valorização à sensibilidade do corpo e a emancipação e libertação dos sujeitos inseridos em tal contexto. A ação dos pais no processo de especialização esportiva Sabe-se que a família possui um peso muito grande na vida dos indivíduos, pois é o primeiro contato social logo após o nascimento. No processo de desenvolvimento, alguns comportamentos e atitudes, assim como os val ores morais, são infl uenciados e internali zados pelos com portamentos observados nos pais. Esse processo de imitação ou modelação de comportamentos é explicado por alguns autores, como por exemplo, por Gusson (1989), como um processo de facilitação social, sendo que é a influência recebida por um indivíduo na presença de outros, e também é explicado por Bandura (1995) pela Teoria da Aprendizagem Social, afirmando que o sujeito internaliza os comportamentos e condutas freqüentemente observadas. Tendo em vista essa importância da família na vida dos indivíduos, como será essa relação na vida de jovens atletas que estão em um processo de formação esportiva, especializando-se em uma modalidade qualquer, mergulhando em um mundo de competições, comparações e exigências? Devido ao peso que a família exerce na vida da pessoa, Sobral (2000) relata que na iniciação esportiva os jovens atletas recebem uma grande quantidade de influências externas, e as de maior valor são as da família. Para Machado (1994) a relação de intimidade entre pais e filhos pode ter algumas conseqüências negativas na vida dos jovens esportistas, como por exemplo, pais que se sentem mais próximos e mais a vontade, ou até mesmo proprietários dos filhos, e exercem uma excessiva cobrança em cima dos mesmos com o intuito de que estes alcancem melhores resultados ou aumentem o desempenho. O fato dos pais estarem presentes e acompanharem a vida atlética dos filhos pode ser uma importante fonte de motivação para eles. Isso porque os filhos dão grande importância aos julgamentos dos mesmos, e querem sempre ser bem vistos diante da presença dos pais. Mas o efeito também pode ser contrário se, por exemplo, tornar-se comum os pais assistirem aos jogos dos filhos e realizarem diversos comentários nos momentos posteriores, principalmente se os desempenhos dos jovens não forem tão bons, e os comentários mais infelizes ainda. Curro (2000) relata que se os pais forem ex-atletas essa relação pode ficar ainda mais complicada, e piora se os pais forem técnicos dos próprios filhos. Segundo dizeres do autor descrevendo o relacionamento dos pais técnicos de basquetes e seus filhos atletas das equipes dirigidas pelos pais os jovens sentem-se muito mais cobrados em relação aos demais companheiros de equipe, mesmo os pais afirmando que cobram o mesmo empenho de todos do grupo. Diante destes aspectos apresentados relacionados à importância da família, especialmente pais, e a prática esportiva, formação e especialização de crianças e adolescentes, faz-se necessário que os responsáveis pelo trabalho com estes jovens atletas apropriem-se destes conhecimentos, e saibam como conduzir o relacionamento entre pais e filhos de maneira saudável, pensando no contexto, aprendizado e formação esportiva. A torcida A presença da torcida no esporte competitivo é de fundamental importância, pois pode ser fonte de motivação para muitos atletas e equipes em geral. No entanto ela, que deve ser considerada como aspecto fortemente intrínseco no entorno esportivo, pode trazer influências positivas e negativas, pois a mesma é “despertada” segundo as atuações das equipes. Em meio a este processo, segundo Isler (2003), pode haver transferências dos processos emocionais entre atletas e público, fato este explicado pelas teorias de contágio social, transferência de disposição e sugestão de massa, apontados por Thomas (1983). Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 Uma grande questão da influência da torcida no problema da formação esportiva está no fato de a mesma, pela sua simples presença nos “palcos” esportivos, culminar em um processo de observação. E a questão da observação pode ser encarada com diferentes olhares pelos observados. Isso porque ela terá diferentes pesos para cada um dos atletas assistidos, pois existem três fatores que interferem nessa questão: a experiência, a modalidade e a personalidade do indivíduo (ISLER, 2003). Pensando nesses fatores, Isler (2003) cita alguns autores que se posicionam perante as influências da torcida no esporte. Para Singer (1982), quanto mais complexa e de precisão for a habilidade da modalidade em questão e também a exigência do nível de concentração, mais prejudicial pode ser a presença da torcida, mesmo que o indivíduo tenha um bom domínio da modalidade. Este fato é explicado por Magill (1984), acusando que a complexidade da tarefa aumenta os níveis de ansiedade-estado. Já Cirulli e Machado (1997) afirmam que a presença da torcida em momentos de prática onde o atleta possui um bom nível de habilidade e aprendizado da técnica do esporte pode ser positiva, motivando-o. Mas caso o mesmo não possua um bom nível de habilidade da técnica do esporte em questão, o fato de ser observado pelos expectadores pode causar uma maior inibição dos movimentos e descontrole motor, incapacitando-o de atuar perante eles. Pensando na iniciação esportiva, este fator presencial da torcida torna-se mais complicador ainda, pois os iniciantes ou aprendizes encontram-se na fase de refinamento dos movimentos, e nem todos sairão com uma execução precisa e coordenada. Desta forma, o fato de serem observados pode gerar o sentimento de vergonha, diminuição da concentração, distração e aumento dos estados de ansiedade (CRATTY, 1984, ISLER, 2003; MACHADO, 1998, 2006; MAGNANE, 1969). Atleta técnico: uma relação humana delicada Quando pensamos no relacionamento que técnico e atleta(s) mantêm dentro de uma equipe esportiva, devemos considerar alguns fatores, como a formação profissional de tal 29 técnico, e os laços interpessoais de respeito reciprocidade, confiança e amizade que eles comungam entre si. Ao levantar os fatores que podem fazer com que jovens esportistas abandonem o esporte devido à postura dos técnicos com os quais não se compactuam, devemos analisar como foi a formação profissional daquele indivíduo que lidera uma determinada equipe, qual sua visão de ser humano, seus valores e qual é a sua linha de trabalho. Por meio dos estudos de Betti (1991) sabemos que os profissionais de educação física tiveram, ao longo dos anos 70 e 80, uma fo r m açã o pr of i ss i ona l ext r em am en te esportivista e mecanicista, na qual a execução da técnica metricamente refinada e perfeita era considerada como fator preponderante, dandose valor exclusivo aos gestos estereotipados e mecanizados, e pensando-se apenas na competitividade esportiva e na busca da vitória a qualquer preço. Esta situação na qual se encontrava a educação física brasileira era fortemente apoiada pelo governo do estado, que via no esporte a possibilidade da ascensão da economia e do mercado, fortalecendo a imagem do país internacionalmente através das conquistas esportivas (BETTI, 1991). Dessa forma, os princípios da educação física, inclusive no aparelho escolar, eram os de seleção e de rendimento, exclusão dos menos habilidosos e a busca por vitórias a todo custo. Refletindo sobre essas questões, se no ambiente escolar as exigências para a conquista de resultados já era pesada, imaginem em clubes esportivos, associações ou escolinhas de esportes. Acreditamos, pois, que devido às circunstâncias contextuais da época, enraizou-se e ainda se mantém presente essa apreciação maléfica pela vitória na formação e no crescimento de jovens indivíduos inseridos na prática esportiva. Em suma, todos esses fatores devem ser pensados para entendermos a relação entre técnicos e atletas, e talvez porque tais técnicos venham a ter uma postura com exigências enormes diante de seus atletas (o que não justificava tal fato), mesmo os que estejam iniciando no esporte. Importante também talvez seja conscientizar os próprios atores principais do cenário esportivo técnicos e atletas dessas informações, para que os mesmos saibam lidar com essas questões, e 30 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 não ocorram desistências e abandono de atletas da prática esportiva, especialmente dos iniciantes, pela pressão e cobrança na busca de resultados. Encerrando nossas reflexões Neste momento caminhamos no intuito de encerrar nossa linha de raciocínio, mesmo sabendo que não demos conta de pautar todo o assunto relacionado aos fatores externos que podem ser associados com a especialização precoce. Como pudemos analisar, a questão da formação esportiva e toda a problemática que envolve a precocidade da especialização dos indivíduos pode receber um olhar muito mais abrangente, contextualizando os problemas, reflexões e pressupostos da sociedade como um todo, como foi feito em nosso primeiro momento, parafraseando com alguns autores e fazendo uma profunda discussão a respeito do tema. Adiante, discutimos que a grande expectativa dos observadores (torcedores) no contexto esportivo pode contribuir para o agravamento da problematização considerada. Conforme anteriormente comentado, a lista de fatores externos que podem influenciar na formação esportiva necessita ser pertinentemente melhor estudada e compreendida pelos profissionais das áreas da Educação Física e Psicologia do Esporte, como a interferência da família, namorados, pais, técnicos, amigos, imprensa, fãs, torcedores, entre outros. Isso porque todas essas vertentes podem gerar uma alteração dos estados emocionais desses jovens atletas no decorrer do momento esportivo. Conforme afirma Machado (2006, p.63): Não há motivo para negligenciarmos nossas atenções diante de qualquer manifestação externa, uma vez que qualquer tipo de torcida e sua atuação são fatores que interferem direta ou indiretamente em atletas, com uma composição que vai da família do jogador até a torcida organizada, do telespectador no campo ou ginásio ao telespectador pela televisão ou rádio, da imprensa ao técnico, e os próprios companheiros de equipe, entre outros elementos. Enfim, tendo conhecimento do impacto psicológico e sócio-afetivo que a presença dos expectadores pode causar (ou não) no ambiente esportivo, essas reflexões devem ser consideradas por aqueles que trabalham, dirigem e atuam no “palco” do esporte, para que, usufruindo as palavras de Sobrinho, Mello e Peruggia (1997, p. 79), “[...] a vida do atleta não se resuma em jogar e ganhar (ou perder), mas em sentir prazer diante da atividade físicoesportiva por ele escolhida, e que deve ter caráter duradouro [...]”. Referências bibliográficas BETTI, M. Educação física e sociedade. São Paulo: Movimento, 1991 BRACHT, V. A criança que pratica esporte respeita as regras do jogo... capitalista. Rev. Bras. Cienc. Esporte, Campinas, v. 7, n. 2, 1986, pp. 62-68. BRACHT, V. Esporte na escola e esporte de rendimento. Rev. Movimento, ano VI, n. 12, 2000, pp. 14-24. CIRULLI, A. A.; MACHADO, A. A. A torcida e o momento esportivo. In: MACHADO, A. A. (Org.). Psicologia do Esporte: Temas Emergentes I. Jundiaí: Editora Ápice, 1997, pp. 143-164. CRATTY, B. J. Psicologia no esporte. 2ª ed. Rio de Janeiro: Ed. Prentice-Hall do Brasil Ltda, 1984. CURRO, L. Pais e filhos. Folha de S. Paulo. Caderno Esporte. 11 de Fevereiro de 2000. GUSSON, M. A família: aspectos relevantes para a prática esportiva. Monografia (Graduação em Educação Física). Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 1989. ISLER, G. L. Atleta, como seus pais o motivaram para a prática esportiva? Análise das histórias de vida. Dissertação (Mestrado). Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2003. KUNZ, E. Transformação didático-pedagógica do esporte. 6ª ed. Ijuí: Unijuí, 2004. MACHADO, A. A. Aspectos psico-pedagógicos da competição esportiva escolar. Tese (Doutorado). Universidade de Campinas, Campinas, 1994. MACHADO, A. A. Psicologia do esporte: da educação física escolar ao esporte de alto nível. Rio de Janeiro: Guanabara: Koogan, 2006. MAGILL, R.A. Aprendizagem motora: conceitos e aplicações. 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Novembro 2009 31 Relação treinador-atleta em contextos de formação desportiva e de alta competição: Perspectivas de investigação e intervenção A. Rui Gomes Universidade do Minho | Escola de Psicologia Portugal Resumo: Esta apresentação começará por debater alguns modelos teóricos acerca do estudo da liderança no desporto juvenil e na alta competição. De seguida, apresentaremos algumas metodologias de avaliação dirigidas à análise dos estilos comportamentais e da liderança dos treinadores. Por último, analisaremos a forma de estruturar programas de intervenção dirigidos à melhoria da relação treinador e atletas. Nesta comunicação, começaremos por apresentar uma perspectiva de avaliação e intervenção destinada a treinadores do desporto juvenil. Esta proposta é baseada nos estudos de uma equipa de investigadores norte-americanos, liderada por Ronald Smith e Frank Smoll, que têm procurado analisar os efeitos dos comportamentos dos treinadores nos atletas. Um dos objectivos destes autores, foi procurar examinar a existência de correspondências entre as percepções e opiniões dos treinadores e dos atletas relativamente aos comportamentos que os r es ponsáv ei s técni cos ass umi am na comunicação com os atletas. Alguns dos dados obtidos, têm realçado o facto dos treinadores apresentarem uma baixa percepção dos seus comportamentos e interacções com os atletas, servindo este facto como um dos principais argumentos para estes investigadores iniciarem um dos maiores programas de formação de treinadores alguma vez implementado em todo o mundo (Smith, Smoll, & Curtis, 1979). Neste sentido, o Programa de Formação para a Eficácia dos Treinadores (PFET) procura promover nos treinadores um conjunto de comportamentos positivos (e.g., reforço, ânimo/encorajamento ao erro e instrução técnica positiva após os erros) e, por outro lado, visa diminuir os comportamentos negativos (e.g., punição, ignorar os bons desempenhos dos atletas, instrução técnica negativa) Smith & Smoll, 1990, (Smith, Smoll, & Hunt, 1977). Assi m, na nossa comuni cação apresentaremos o Sistema de Avaliação dos Comportamentos dos Treinadores (SACT) baseado neste modelo (Smith & Smoll, 1991, 1996a) bem como alguns resultados da sua utilização com treinadores portugueses (ver Cruz et al., 2001; Cruz, Gomes, & Dias, 1997; Gomes, Cruz, & Dias, 1997; Gomes, Dias, & Cruz, 1999). Os dados serão apresentados segundo as categorias proposta no modelo de Smith e Smoll (1996b), dando-se depois algumas indicações para a investigação futura na utilização desta ferramenta de trabalho. Na segunda parte desta apresentação, iremos centrar-nos no estudo da liderança em contextos desportivos de alto rendimento, procurando integrar alguns contributos mais recentes da literatura acerca da abordagem carismática e transformacional da liderança (Bass, 1985; Conger & Kanungo, 1987). Estes autores centraram-se no estudo de líderes que conseguiram produzir mudanças extraordinárias (ou acima do esperado) nos membros do grupo, levando-os a comprometerem-se com os objectivos do grupo e sacrificando-se pessoalmente em nome de um bem colectivo. Partindo destes dados da investigação, procuraremos analisar a possibilidade destas abordagens serem aplicadas à compreensão do papel dos treinadores na orientação de equipas de alto rendimento (Gomes & Cruz, 2007; Gomes, Sousa, & Cruz, 2006). Neste sentido, serão discutidos alguns estudos que adoptaram uma lógica qualitativa (Gomes, 2007; Gomes & Cruz, 2006a) e quantitativa (Gomes, 2008; Gomes & Cruz, 2006b) na análise das acções dos treinadores. Por último, descreveremos algumas implicações para a investigação e intervenção na melhoria da relação treinador e atletas, tendo por base estas orientações teóricas do estudo da liderança no desporto. Referências Bibliográficas Bas s, B.M . (19 85). Leader s hi p and performance beyond expectations. New York: The Free Press. 32 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 . Conger, J.A., & Kanungo, R. (1987). Toward a behavioural theory of charismatic leadership in organizational settings. The Academy of Management Review, 12, 637647. Cruz, J.F., Dias, C.S., Gomes, A.R., Alves, A., Sá, S., Viveiros, I., Almeida, S., & Pinto, S. (2001). Um programa de formação para a eficácia dos treinadores da iniciação e formação desportiva. Análise Psicológica, 1 (XIX), 171-182. Disponível em [Available at] http://hdl.handle.net/1822/5351 Cruz, J.F., Gomes, A.R., & Dias, C.S. (1997). Promoção e melhoria da relação treinadoratletas na formação desportiva: Eficácia de intervenções psicológicas no andebol. Psicologia: Teoria, Investigação e Prática, 2, 587-609. Disponível em [Available at] http://hdl.handle.net/1822/5348 Gomes, A.R. (2007). Liderança e gestão de equipas desportivas: Desenvolvimento de um guião de entrevista para treinadores. In J. F. Cruz, J. M. Silvério, A. R. Gomes, & C. Duarte (Eds.), Actas da conferência internacional de psicologia do desporto e exercício (pp. 100-115). Braga: Universidade do Minho. Disponível em [Available at] http://hdl.handle.net/1822/7923 Gomes, A.R. (2008). Escala multidimensional de liderança no desporto: Reanálise da estrutura factorial. In A. P. Noronha, C. Machado, L. Almeida, M. Gonçalves, & V. Ramalho (Eds.), Actas da XIII conferência internacional de avaliação psicológica: Formas e contextos. Braga: Psiquilíbrios Edições. Disponível em [Available at] http://hdl.handle.net/1822/8296 Gomes, A.R., & Cruz, J.F. (2006a). Relação treinador-atleta e exercício da liderança no desporto: A percepção de treinadores de alta competição. Estudos de Psicologia (Natal), 11, 5-15. Disponível em [Available at] http://hdl.handle.net/1822/6348. Gomes, A.R., & Cruz, J.F. (2006b). Estilos de liderança, coesão e satisfação no desporto: Análise das diferenças em função do tipo de modalidade praticada e do sucesso desportivo obtido pelos atletas. In N. Santos, M. Lima, M. Melo, A. Candeias, M. Grácio & A. Calado (Eds.), Actas do VI simpósio nacional de investigação em psicologia (vol. 11, pp.103-123). Évora: Departamento de Psicologia, Universidade de Évora. Disponível em [Available at] http://hdl.handle.net/1822/5985. Gomes, A. R., & Cruz, J. F. (2007). 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Contacto Universidade do Minho Escola de Psicologia Campus de Gualtar 4710-057 Braga - Portugal [email protected] Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 33 Violência no relacionamento com crianças e adolescentes: é possível prevenir? Sueli Zocal Paro Barison A sociedade contemporânea tem se deparado constantemente com a questão da violência. Não que este seja um fenômeno da modernidade, mas a proporção, divulgação e preocupação com relação a este tema tem se tornado cada vez maior. Dentre as múltiplas formas de violência, aquela que atinge crianças e adolescentes e é perpetrada por aqueles que deveriam ser seus protetores, desperta preocupação maior ainda em função das conseqüências nocivas e, muitas vezes, permanentes que acarretam no desenvolvimento dos mesmos. A violência doméstica contra crianças e adolescentes é determinada e permeada por uma multiplicidade de fatores, tanto os de âmbito mais abrangente e social: históricos, sócio-econômicos, religiosos; quanto os mais restritos e pessoais: história pessoal e familiar, construção das relações afetivas. È definida como atos e/ou omissões que podem provocar p r e j u íz os o u m e s m o i n t er r o m p er o desenvolvimento pleno da criança, cometida por pessoas que mantêm um vínculo assimétrico e hierárquico com esta última. Pode ser expressa através de agressões físicas, psicológicas, negligência e abuso sexual. No Brasil, as estatísticas, mesmo que escassas e ainda registradas de maneira precária, apontam números significativos. Segundo o Laboratório de Estudos da Criança (LACRI) do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, durante o ano de 2006 foram registradas 129.495 notificações de violência doméstica contra crianças e adolescentes. Em 2008, o Centro Regional de Atenção aos Maus Tratos na Infância (CRAMI São José do Rio Preto) recebeu do Conselho Tutelar 345 notificações envolvendo violência contra crianças e adolescentes. Vale lembrar que no Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente, promulgado em 1990, contribuiu significativamente para que as notificações fossem realizadas. Esta lei propiciou uma mudança na visão e representação da infância e adolescência, colocando-os na condição de sujeitos de direito. Ao mesmo tempo, estabeleceu que, caso os pais falhem na função de proteção e degarantia de direitos aos filhos, a sociedade não poderá se omitir, pois, ao contrário, será cúmplice de uma violação. Na medida em que a violência contra crianças e adolescentes é identificada, observamos que sua dimensão é grave e extensa. Os profissionais que atuam especificamente nesta área buscam, progressivamente, o aprimoramento de técnicas e formas de tratamento. Mas, mesmo que hoje tenhamos uma política pública voltada para esta problemática, os programas existentes parecem nunca ser suficientes para atender toda a demanda. A solução mais próxima é a prevenção, que pode e deve ser realizada não só pelo especialista neste tema, mas por todos profissionais que trabalham com crianças e adolescentes. A violência, quase sempre presente nas relações humanas, precisa de cuidados para não se torna destrutiva, e o ambiente pode contribuir no estabelecimento de relações mais saudáveis, de forma a favorecer a interrupção do ciclo da violência e promover a cultura da paz. Neste sentido, o que os educadores, em especial aqueles ligados ao esporte e a motricidade, podem fazer? Como prevenir a violência contra crianças e adolescentes? Como podemos avançar na maneira de lidar e pensar a respeito da criança e do adolescente, conforme o novo (velho?) paradigma proposto pelo Estatuto da Criança e Adolescente ECA? Será possível construir no espaço de trabalho com crianças e adolescentes um lugar de acolhimento e de pertencimento capaz de favorecer o desenvolvimento de suas potencialidades? Pequenas e simples ações no cotidiano do trabalho com crianças e adolescentes podem fazer enorme diferença em suas vidas, principalmente quando estão submetidos a alguma forma de violência. A garantia de escuta, de compreensão, da possibilidade de expressão dos sentimentos de tristeza, raiva e medo, do apoio seguro, do incentivo à autonomia e independência, favorecem o fortalecimento da auto-estima, o desenvolvimento da resiliência e, portanto, são pr ev en t i v os no d es en v ol v i m e nt o de 34 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 relacionamentos não violentos. Referências Bibliográficas ATKINSON, R. L., et al. Introdução à Psicologia de Hilgard. 13 ed. Porto Alegre: Artmed, 2002 BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. L. T. Psicologia, uma introdução ao estudo de psicologia. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. 368 p Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 35 PARA O GOL PSICANÁLISE, FUTEBOL E IDENTIFICAÇÃO DE GÊNERO Osvaldo Luís Barison Psicólogo Clínico; Mestre em Letras; Psicanalista, Membro Associado da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo Este artigo trata da vivência de um psicanalista que se defronta com vários pacientes com idade entre seis e doze anos que são encaminhados pelas escolas ou mesmo pela família, uma vez que tinham dificuldades na aprendizagem dos conteúdos educacionais. Percebeu-se que se tratavam de crianças tímidas e retraídas nas capacidades cognitivas e motoras, em função de inibições afetivas que remontavam suas vivências edipianas e na entrada no período de desenvolvimento que em Psicanálise de chama de latência. Normalmente são crianças bem amadas, nutridas, com pais adequados e que acreditam usar todos os recursos conhecidos para darem o melhor para os filhos. Os pais geralmente demonstram algum sucesso profissional e econômico, criando um ambiente que acreditam ser o melhor para os filhos. Dentre os comportamentos que os pais não toleram em seus filhos, a agressividade, a sujeira e até a espontaneidade é vista como algo proibido. Aos filhos cabe serem educados, cordatos e agradecidos por todo o bom que os pais proporcionam. Muitos destes pais tiveram seus desenvolvimentos baseados na vivência escolar e esperam que os filhos tenham na educação seu maior patrimônio. Este tipo de lar, além de gerar filhos inibidos em suas capacidades intelectuais, também coloca em questão a própria definição da identidade sexual do menino, uma vez que os comportamentos mais ativos são geralmente identificados como sendo do universo masculino. Porém, este universo é conflitivo com as expectativas do ambiente que os pais criaram. Isto gera sofrimento e demanda de trabalho analítico. I - O Período da Latência: Existe um momento na vida das crianças em que eles colocam em prática toda a construção que vinham fazendo desde o nascimento. Por volta dos cinco, até os doze anos, os meninos terão que exercitar no mundo externo ao lar os aprendizados que tiveram com os pais. Trata-se de exercitar os aspectos de diferenciação, tanto do eu quanto do não eu, do interno e do externo, da realidade e da fantasia e também do masculino e do feminino. Não é por acaso que em psicanálise chamamos esta fase de latência. Freud assim chamou este período de desenvolvimento da psicossexualidade porque acreditava que depois dos anos de lutas edípica, o jovem passava por uma fase em que reprimia todas as cargas de afeto que até então eram dirigidas para o ambiente familiar, principalmente para o pai e a mãe, e podia se dedicar a outros investimentos. Os mais característicos eram com a escola e o aprendizado da escrita, o que pressupõe o acesso ao mundo simbólico, a socialização com outros do mesmo sexo, e o desenvolvimento das habilidades motoras através dos jogos. É um período em que a sexualidade passa para o segundo plano, permitindo estes novos investimentos. É nessa fase que as crianças são capazes de passarem horas repetindo o mesmo jogo. Primeiro lutam para não aceitarem as regras. Fazem movimentos na tentativa de perverterem o combinado e manipularem no sentido de serem os vencedores do jogo. Com o passar do tempo jogam da mesma maneira até a exaustão, lembrando o comportamento de um obsessivo compulsivo. O que buscam é controlar a imprevisibilidade da vida através do ensaio que é o jogo lúdico. É nesta fase que a criança percebe que tem mente própria e que precisa aprender a controlá-la. Outra característica desta fase é a separação entre os meninos e as meninas. É o chamado clube do “bolinha” e da “luluzinha”. Cada membro de um “clube” odeia e ataca todas as características dos elementos do outro grupo. Inclusive fica vedado a qualquer menino ter muita amizade com meninas e viceversa, sendo que quem transgredir esta regra fica excluído do grupo de origem, recebendo apelidos difamatórios quanto a firmeza da escolha sexual. O que está em jogo é a repressão dos desejos sexuais. A separação 36 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 acontece exatamente para ficar mais fácil não ser provocado pela estimulação que o sujeito do outro sexo desperta. todos do mesmo time. Do outro lado estão os outros, os que precisam ser subjugados, de preferência humilhados. II Identificação: Todo o processo de identificação que iniciou-se desde o nascimento, tem agora o menino como personagem ativo do processo. Ele começa a escolher novos elementos para se identificar além do pai, tios e avós. A identificação se dá através da incorporação de aspectos dos objetos externos no eu do sujeito, transformando-se em idêntico ao outro. A latência é o período em que o menino começa a escolher seus ídolos. Faz isso na busca de novos modelos de identificação. V Clínica: Os pacientes com os quais fiz algumas observações sobre o aparecimento do futebol em suas vidas, geralmente vêm de lares com pais ausentes ou mortos, ou pais pouco afeitos aos esportes e as competições que envolviam o corpo. Na sala de análise estes garotos descobriram o futebol de botão e passaram a se interessar pelo universo do futebol, suas regras, jogadas, personagens, times, campeonatos e a desenvolverem algumas habilidades motoras. Com o passar do tempo iniciara a acompanhar aos noticiários esportivos e alguns até definiram o time que torceriam, pois não haviam recebidos isso em seus lares. Com a possibilidade de manifestarem suas agressividades, raivas, exclusões, habilidades e a competitividade com um homem mais velho, puderam liberar suas energias inibidas, movimentando suas diferenciações e assumindo uma postura mais máscula. Paralelo a isso, deram vazão aos impulsos reprimidos, gerando maior interesse pelo mundo e pelo aprendizado. III- Gênero: Muito além da determinação biológica, a identidade de gênero se dá através da incorporação de objetos com os quais as crianças passam a admirar e tentar copiar. Assim, não é algo natural que uma pessoa escolha uma identidade sexual específica baseada apenas em seu sexo biológico. Esta é uma construção subjetiva feita a partir de elementos simbólicos que a criança estabelece com o meio, o próprio corpo e com os objetos que se oferecem para a identificação. IV - Futebol: É justamente na latência que o futebol entra de maneira intensa na vida da criança, principalmente na do menino. O futebol é um jogo cheio de regras e que exige a habilidade motora nos pés, tendo que se abster das mãos, que é a tendência natural na manipulação e é muito mais fácil para manipular a bola. Ao não usar as mãos, a criança começa a ter noção de que é possível fazer algo que é mais difícil, mas que dá sentido ao brincar. É um treino de renúncia edípica, com a conseqüente aceitação de regras na vida afetiva e na renúncia para a obtenção de prazer mais duradouro. Talvez, dos jogos estruturados, o que mais ajudam a diferenciar os aspectos de gênero com maior clareza seja o futebol. Há uma separação coletiva entre os nossos e os deles. Não só no time mas também nas torcidas em que os elementos estão dados entre os de um time em oposição aos demais. Os aspectos homossexuais encontram representação simbólica entre os garotos pois as cargas de afeto podem fluir uma vez que são Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 37 Reflexões sobre Práticas corporais, Identidade e masculinidades Erik Giuseppe Barbosa Pereira Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e Doutor em Ciência do Movimento Humano; [email protected] A literatura aponta que os estudos de gênero têm se mostrado como um campo multidisciplinar, com uma pluralidade de influências (SAFFIOTTI, 1987; SCOTT, 1995; LOURO, 1997 e 1999; CONNELL, 1995; ALMEIDA, 1996 eALMEIDA, 2000; PEREIRA e ROMERO, 2004; ROMERO, 2005; entre outr os). N a tentativa de reconstruir experiências excluídas, várias áreas do saber têm socializado o conhecimento produzido tendo em conta o gênero como categoria de análise. As questões relativas ao gênero começaram a serem investigadas com a devida profundidade a partir da década de 70, logo, podemos concluir que se trata de um assunto recente no que diz respeito à sua historicidade e aos seus estudos científicos. Desde este período, muitos pesquisadores tendem a confundir sexo com gênero. Nas Ciências do Movimento Humano, os estudos de gênero1 ainda estão em fase de construção, conforme revelaram os resultados de pesquisas de Romero (2007).2 Esse fato pode ser explicitado quando resgatamos a trajetória histórica acerca dos trabalhos que deram os primeiros e grandes passos na questão do gênero masculino. Os estudos de Knijnik e Machado (2008), Melo e Vaz (2008), 3 Monteiro (2008) Pereira (2002 e 2008) e Pereira e Romero (idem) corroboram com esta idéia. Nestes estudos, podemos verificar que, embora alguns desses tenham como o objeto de estudo os seres femininos, eles fazem inserções aos seres masculinos. Esse fato nos revela, então, que os estudos do gênero masculino na esfera da cultura corporal 4 de movimento, ainda se encontram incipientes. O gênero no espaço escolar não se inscreve apenas em portas de banheiro, de 5 muros e de paredes. Ele “invade” a escola por meio das atitudes dos alunos em sala de aula, na convivência social entre eles e, ainda, é reproduzido nas disciplinas de formação do profissional de educação física. É nessa aula que percebemos a delimitação desse conhecimento quando o professor aborda o corpo do seu aluno. Quem já deixou de ouvir frases como: “homem não chora!”, “menino não brinca de roda!” ou ainda “homem não dança” 6 . Nesses casos, é fundamental que se questione o modelo de eficiência que tem servido como parâmetro de referência às atividades ditas femininas ou masculinas. Fazendo um corte e reportando às atividades físicas, a prática de exercícios físicos, no universo masculino, era vista como uma importante fonte de experiência da afirmação da masculinidade e a ser percebida como uma barreira contra a feminilização (LIMA, 1995; MESSNER e SABO, 1990; SABO, 2002). Já no pensamento de Malysse (2002) fica clara a idéia de que os homens também buscavam, por meio da prática de exercícios, o embelezamento de seu corpo, com o aumento de delineamento de seus músculos; contudo, estes sempre estiveram associados à idéia de força e domínio do corpo 1. Na esteira de Scott (op.cit), entendemos Gênero como uma “forma de indicar 'construções culturais' a criação inteiramente social de idéias sobre os papéis adequados aos homens e às mulheres [...]. Gênero é, segundo esta definição, uma categoria social imposta sobre um corpo sexuado” (p.75). 4. A expressão “cultura corporal” está sendo utilizada para denominar o amplo e riquíssimo campo da cultura que abrange a produção de práticas expressivas e com unicativas externalizadas pelo movimento (COLETIVO DE AUTORES, 1992). Apresentação 2. Neste estudo, a autora inventariou 69 investigações, entre os anos de 1984 e 2006, sobre gênero na Educação Física e constatando que os mais procurados entre os pesquisadores foi “a diferença de gênero nas atividades físicas e esportivas em crianças e adolescentes”, seguido de “Mulher, gênero e esporte”. 3. Nesse estudo, Pereira traz a tona essa discussão para o universo das Ciências do Movimento Humano. No estudo, revelou-se o reforço e a legitimação dos papéis e práticas corporais sexistas, preconceituosos e estereótipos sexistas inseridas nas falas dos entrevistados. 5. Grifo Nosso. 6. Essas expressões são natural e comumente utilizadas nas aulas de educação física no que concerne à construção do corpo masculino. 38 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 masculino. Fazendo um corte e reportando às atividades físicas, a prática de exercícios físicos, no universo masculino, era vista como uma importante fonte de experiência da afirmação da masculinidade e a ser percebida como uma barreira contra a feminilização (LIMA, 1995; MESSNER e SABO, 1990; SABO, 2002). Já no pensamento de Malysse (2002) fica clara a idéia de que os homens também buscavam, por meio da prática de exercícios, o embelezamento de seu corpo, com o aumento de delineamento de seus músculos; contudo, estes sempre estiveram associados à idéia de força e domínio do corpo masculino. Vertinsky (1990) ressalta que o determinismo biológico, baseado nas diferenças biológicas entre homens e mulheres, era o suporte utilizado pelos profissionais da área médica para justificar as desigualdades das práticas de exercícios físicos e revela atividades físicas sexistas revestidas de valores e significados diferenciadas entre os gêneros. Sendo assim, discutir a masculinidade como múltipla na Educação Física, talvez, ainda se configure como uma movimentação solitária em uma área, que por tradição na pesquisa acadêmica, construiu o seu campo particular de discussões de gênero inicialmente a partir dos estudos sobre mulheres. Cunha Júnior (2000) faz apontamentos quanto à necessidade desse olhar incluindo a masculinidade nos estudos de gênero na Educação Física brasileira, seguindo uma movimentação de outras áreas, como a Psicologia e a Antropologia, que já a nt e c es s o r a s n o s es tu d os s ob r e a masculinidade vêm pesquisando sobre o tema. Assim considerando, marcamos a importância e o interesse em discutir o conceito de gênero neste estudo como um processo social, histórico, cultural que institui diferenças entre homens e mulheres incluindo a produção mútua de masculinidades e feminilidades e não pensando, exclusivamente, numa subordinação feminina. Esse fato nos revela, então, que os estudos do gênero masculino na esfera da cultura corporal de movimento, podem ser assim ressaltados: em nível internacional, os estudos de Messner e Sabo (1990) e de MacDonald (1995); e em nível nacional, como os de Guedes (1977, 1992 e 1998) e de Cunha Júnior (2000). Emerge então, a identidade cultural Ao discutir acerca de cultura, sentimos necessidade de abordar o tema da identidade cultural. Para tanto, Stuart Hall (2001) destaca três concepções de identidade cultural, a saber: sujeito do Iluminismo; 2- sujeito sociológico e 3- sujeito pós-moderno. De uma forma geral, "o sujeito do Iluminismo baseado numa concepção da pessoa humana como um indivíduo totalmente centrado, unificado, dotado das capacidades de razão, de consciência e de ação" (p. 10). Nessa concepção, a identidade, então, "costura [...] o sujeito à estrutura. Estabiliza tanto os sujeitos quanto os mundos culturais q ue e l e s ha b i t a m , t om an d o a m b o s reciprocamente mais unificados e predizíeis" (p. 12). No entanto, a identidade pós-moderna, "é definida hi stori camente, e não biologicamente. O sujeito assume identidades difer entes em difer ent es mom entos , identidades que não são unificadas ao redor de um 'eu' coerente" (p. 13). Estabelecendo regras que governam o comportamento e os valores pelos quais os Homens julgam as próprias ações e as dos outros, a cultura também define o padrão de interação social que congrega os Homens em uma vida social organizada. De importância central na análise da interação social são os conceitos de papel e status. Esses conceitos proporcionam um elo entre a análise da sociedade e da cultura e são de considerável valor para o estabelecimento das relações entre indivíduo e sua cultura e sociedade. Ao pressupormos questões desse timbre, faz-se necessário evocar discussões sobre os papéis e status sociais, os quais os indivíduos pertencem na sociedade. Discutindo o ser masculino/masculinidade Os estudos sobre o ser masculino se tornam interessantes na comunidade científica, a partir da organização do movimento feminista, que promoveu críticas às desigual dades sociais baseadas nas diferenças sexuais. Esse momento histórico refletiu a situação da mulher e a construção da Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 feminilidade, e que de cer to modo, secundarizou os estudos sobre o masculino. A partir dos anos 80, emerge uma série de inquietações acerca da formação social e cultural da masculinidade, que apresentavam vínculos com as conquistas dos movimentos feministas e homossexuais. Atualmente, não podemos analisar os estudos sobre o ser masculino sem nos remetermos aos movimentos feministas, os quais podem ser considerados a alavanca para os estudos sobre problemática da masculinidade (NOLASCO, 1995 e 2001). Revisando esses estudos, verificamos que eles estão inteiramente atrelados à área das ciências sociais e humanas. Na literatura internacional, merecem destaques os estudos de Scott (1995), Bourdieu (1995) Connell (1995). No meio nacional, destacamos Louro (1995 e 1997) e Nolasco (1993, 1995, 1998 e 2001), Almeida (1996) e Goldenberg (1995). Numa sociedade patriarcal como a nossa, o gênero masculino aponta para um homem diferente racional e emocionalmente diferente. O homem detém o poder sociopolítico e econômico nesta sociedade. O ser masculino vive emoções de formas diferentes do ser feminino, sublimando assim seus sentimentos, pois se em algum momento isto vier a ocorrer inversamente, ele estará fugindo do modelo que lhe foi concebido socialmente. Desde a Antigüidade, o corpo masculino foi protegido pelo pudor e sem pretensão de igualdade com o corpo feminino. O homem resignou-se ao papel de fazer contraste em favor do corpo feminino, pois "[...]. El cuerpo femenino, definido de tal suerte por su impotencia y su debilidad, no turba casi la visión jerárquica de las criaturas en la hembra se coloca entre el animal y el hombre" (BERRIOT-SALVADORE, 1991, p. 376). Neste caso, podemos constatar que não há caso de exibicionismo do ser masculino fora dos anais da medicina legal, pois o narcisismo,7 desnudando a alma, dá vazão ao que as roupas vinham, ao longo do tempo, abafando até o confronto com as idéias de Freud, que liberou o corpo, restituindo-lhe a liberdade. No final do século passado, o narcisismo volta à 7. Entendemos por Narcisismo, o encantamento e a paixão que sentimos por nossa própria imagem ou por nós mesmos porque não conseguimos diferenciar o eu e o outro. Daí o mito de Narciso. 39 cena competindo em igualdade de condições com o corpo feminino, esse sim, mensurável em centímetros sem desafiar a moral. Freud, uma das melhores referências na Psicanálise, não chegou à essência da questão masculina despida de preconceitos, por não poder concorrer abertamente com as mulheres em espetáculos de nudismo da época dada a diferença essencial entre os sexos, pois parte dos homens passou a vestirse com as peças da ornamentação feminina, que ao natural as idéias do masculino resistia ao confronto com as idéias do feminino (MONICK, 1993). Em se tratando da cultura corporal, o masculino preocupa-se em demasia com a questão sexual. Para o homem atual não basta ser bonito, tem que ser forte, peludo, rude e avantajado. Sem essas características, os homens, em geral, estarão fora dos padrões que a sociedade lhes garante. Ou como diria Gaiarsa (1986b, p.39): “Eu devia, como macho que sou, queira ou não queira, ser áspero, cabeludo, desagradável de corpo duro, um Brucutu, afinal, imagem ideal do machão”. Os homens são educados para serem superiores: competitivos, ativos, agressivos e independentes, racionais e intelectuais; enquanto as mulheres são educadas para serem emocionais e sentimentais, cabendo às próprias o papel de defensoras e reprodutoras desse modelo machista. O mundo imprime às qualidades humanas o masculino e feminino e, nessa diferença, confere mais poder aos homens. O homem, ou melhor, o produto cultural homem moderno tornou-se vítima de suas próprias bravatas. Criou personagens que encarnam lutadores imaginários máquinas mortíferas, "batman" e "rambos” - e criou também membros enormes e potência ilimitada que tanto os padrões sociais lhe oferecem. É cobrado desse padrão/modelo de masculino a virilidade, a racionalidade, o machismo e a voracidade. O psiquiatra Glauco Ulson (1997, p.75) confirma esta observação explicitando “entre todos os povos a preocupação em deixar descendentes é um sinal de virilidade, e em muitas culturas o número de descendentes é visto com sinal de fertilidade e, portanto, de masculinidade”. Sobre esse assunto, nos reportamos ao estudo de Belotti (1985), sobre as expectativas do nascimento de uma criança do sexo masculino, 40 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 cujo o foco principal é a representação social que a virilidade exprime. Na sociedade sexista, o que é masculino tem mais valor do que é feminino. Nesse caso, estabelece-se uma relação desigual de poder e prestígio. Autores como Bourdieu (1995) e Belotti (1985) exprimem a dominação masculina como difícil de ser superada devido à representação social dos órgãos sexuais. Para Bourdieu, essa representação sexual dificultaria as mulheres de se legitimarem na sociedade em geral, a não ser através de uma modificação de sua natureza utilizando-se de elementos do ethos 8 masculino. Prosseguindo nesta abordagem, Bourdieu sugere que as mulheres têm a possibilidade de adquirirem um status masculino e conseqüentemente transitarem no espaço público sem maiores problemas, a partir de um determinado momento de seu ciclo de vida social e biológico como o fim dos cuidados exigidos com os filhos menores, a divisão de tarefas domésticas com as filhas maiores e/ou fim de seu ciclo reprodutivo (menopausa ou esterilidade). As mulheres estariam munidas de elementos e/ou situações simbolicamente masculinas, contrariando o comportamento daquilo que a identifica como mulher e a posiciona socialmente nas suas relações culturalmente ditas masculinas. Na verdade essas relações não expressam o que se espera social e culturalmente do ser feminino. A aquisição de um status masculino, através de certos elementos considerados da natureza masculina (não menstruar, não engravidar etc.) representaria uma transformação na hierarquia das relações entre homens e mulheres, possibilitando às mulheres em ascensão ao espaço público e sucessivamente uma igualdade de gênero. Portanto, seria Necessária uma reorientação na ordem simbólica da concepção e sucessivamente da identidade feminina, isto é, do seu habitus9 (BOURDIEU, 1995). O ideal masculino que aparece na penúria literária, nos demonstra delineado de forma difusa, pois se pretende construir um modelo acabado. De qualquer forma, fica patente a crítica ao modelo burguês do maridopai-trabalhador, viril, rude, sexuado, desordeiro e intolerante, como defendia muito a antiga e ainda atual sociedade. Se nos ativermos a este ideal, perceberemos a negação da figura do homem “machista”, "perfomático", burguês", “imaturo", "infantil", "auto-afirmativo" e “galinha”,10 destinada exclusivamente à função sexual. Por outro lado, não se trata de defender o masculino ultra-radical: a proposta de um novo homem aponta para a solução de equilíbrio sociocultural. A expressão das masculinidades nas práticas corporais 8. De acordo com Bourdieu (op.cit.), constitui um tipo de organização social como a escola, a igreja, a família e outras. Para melhores esclarecimentos rever as definições de termos. Dentre as questões relacionadas à sexualidade, as relações de construção cultural do corpo ocupam um lugar central. Há um vínculo básico entre o gênero de uma pessoa e suas características biológicas, que a definem como do sexo feminino ou do sexo masculino. Perceber-se e ser percebido como homem ou mulher, pertencendo ao grupo dos homens ou das mulheres, dos meninos ou das meninas, se dá nas interações estabelecidas principalmente nos primeiros anos de vida e durante a adolescência. A sexualidade tem grande importância no desenvolvimento e na vida psíquica das pessoas, pois independentemente da potencialidade reprodutiva, relaciona-se com o prazer, necessidade fundamental dos seres humanos. Nesse sentido, é entendida como algo inerente que está presente desde o momento do nascimento, manifestando-se de formas distintas segundo as fases da vida. Seu desenvolvimento é fortemente marcado pela cultura e pela história, já que cada sociedade cria regras que constituem parâmetros fundamentais para o comportamento sexual dos indivíduos. A marca da cultura faz-se presente desde cedo no desenvolvimento da sexualidade infantil, por exemplo, na maneira como os adultos reagem aos primeiros movimentos exploratórios que as crianças fazem em seu corpo (CAMARGO e RIBEIRO, 2003). 9. De um modo mais abrangente, Habitus faz referência a uma identidade sociocultural, um sistema de referências culturais 10. Esses adjetivos são comuns ao sexo masculino, segundo os Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 As práticas da cultura corporal de movimento se caracterizam, entre outros aspectos, por serem espaços de produção simbólica, de linguagem por meio da qual homens e mulheres se relacionam e se comunicam com o outro e com a sua própria cultura. Jogar, lutar, dançar e brincar podem representar, portanto, a possibilidade de expressar afetos e sentimentos, de explicitar desejos, de seduzir, de exibir-se. Essa comunicação ocorre dentro de certos padrões estabelecidos pela própria cultura corporal de movimento, o que envolve valores, normas, atitudes, conceitos e, inevitavelmente, preconceitos. Para a criança, as práticas da cultura corporal de movimento podem constituir-se num instrumento interessante de comunicação e construção de auto-imagem, mas podem também, se certos cuidados não forem tom ados, constituir- se num contexto ameaçador e desfavorável para essa mesma auto-imagem. O universo sócio-cultural, permeado de valores preestabelecidos de beleza, de estética corporal e gestual, eficiência e desempenho, se não for objeto de uma postura crítica e reflexiva, pode estabelecer padrões cruéis para a maioria da população, abrindo espaço para a tirania dos modelos de corpo e de comportamento. Na esteira de Linton (1970), Louro (1997) e Saffioti (1987), há uma considerável variação nos papéis representados por homens e mulheres em diferentes sociedades. Isso nos indica para a possibilidade de que não há diferenças inerentes a que, a masculinidade e a feminilidade, os papéis masculinos e os papéis femininos, dependem tão somente do que deles faz a cultura. As diferenças existentes nas atitudes, nos comportamentos e nos interesses parecem, em muitos casos, prontamente explicáveis pela referência a fatos culturais - as maneiras pelas quais as crianças são educadas e as expectativas ligadas aoshomens e às mulheres. As meninas g an ha m b on ec a s de pr es e nt e , sã o incentivadas a brincar de "mamãezinhas" e a se comportarem como "senhorinhas". São recompensadas quando se conduzem de "maneira feminina" é provável que sejam repreendidas quando imitam os companheiros masculinos. Esse ponto de vista nos leva a refletir e a partir daí, podemos constatar que os 41 meninos, por outro lado, são presenteados com revólveres de brinquedo ou brinquedos mecânicos e espera-se que sejam agressivos é mais provável que possam sujar-se em sofrer repressões como correr, saltar, trepar, chutar e comporta-se, de várias maneiras, como "verdadeiro menino". Quando não conseguem satisfazer a essas expectativas ganham o desagradável epíteto de "mariquinhas" ou "boiola"11 e sofrem ouras pressões a fim de se adaptarem ao comportamento masculino esperado e apropriado. Não é muito para admirar, portanto, que as meninas se comportem, geralmente, como senhoras e que os meninos geralmente se comportarem como senhores. REFERÊNCIAS ABREU, Neíse Gaudêncio. Análise das percepções de docentes e discentes sobre turmas mistas e separadas por sexo nas aulas de Educação Física escolar. In: ROMERO, (Org.) Corpo, mulher e sociedade . Campinas: Papirus, 1995. p. 157-176. ALMEIDA, Maria Isabel. 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Novembro 2009 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 45 I CONGRESSO BRASILEIRO DE PSICOLOGIA APLICADA AO ESPORTE E À MOTRICIDADE HUMANA CURSOS 46 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 47 PSICOLOGIA DO ESPORTE E FITNESS Marcelo Callegari Zanetti, Prof. Ms. LEPESPE / I. B. / UNESP CAMPUS DE RIO CLARO I. INTRODUÇÃO A realização de um curso envolvendo a temática: “Psicologia do Esporte e Fitness” surgiu da carência de pesquisas e propostas de atuação envolvendo temas básicos da Psicologia Esportiva como: motivação, estados emocionais, imagem corporal, entre outros, sob o campo do fitness. Esta carência de informações, muitas vezes, faz com que os profissionais diretamente envolvidos no setor, sejam eles, professores e coordenadores de academia, gestores e personal trainners apresentem sérias dúvidas em relação aos aspectos psicológicos que permeiam a prática de atividades físicas. Tal quadro poderá contribuir diretamente para o aumento da rotatividade e abandono por parte dos alunos neste setor. Outros fatores como o aumento expressivo no número de academias e centros de prática de atividade física no país (mais de 13.000 estabelecimentos) e o grande crescimento no PIB esportivo brasileiro (a soma das riquezas produzidas pelo setor esportivo no país) por si só, já justificaria um maior cuidado com o setor. Porém, a necessidade de oferecer melhor atendimento aos alunos/clientes, bem como, uma atividade física mais prazerosa e que contribua para maior adesão à prática regular de atividades físicas deverá ser o grande desafio e objetivo daqueles que por ventura venham a trabalhar com a temática da Psicologia do Esporte e Fitness. Promover discussões, reflexões e ações que permitam um aprimoramento deste campo ainda pouco explorado será o grande objetivo deste curso. As temáticas propostas envolverão aspectos relacionados à motivação e adesão ao exercício, conduta profissional, adequação ambiental e aos transtornos relacionados à imagem corporal como: anexoria, bulimia e vigorexia. II. MOTIVAÇÃO E ADESÃO AO EXERCÍCIO A motivação é um dos temas básicos da Psicologia do Esporte e nem por isso deixa de ser grande importância para o aprimoramento profissional e aumento da adesão das pessoas à prática regular de atividades físicas. Para Pfromm Neto (1987) a motivação é o estado interior, emocional que desperta o interesse ou a inclinação do indivíduo para algo. Já para Vanek e Cratty (1990), o motivo é definido como um fator interno, que dá início, dirige e integra o comportamento de uma pessoa, ou seja, sem motivação o indivíduo permaneceria inerte ou despenderia pouca energia frente às ações propostas. Se pensarmos em um indivíduo que pretende iniciar ou permanecer-se ativo em um programa de atividade física, um dos aspectos que devemos mais tomar cuidado é em relação à motivação. Para Sage (1977) a motivação pode ser definida como a DIREÇÃO e a INTENSIDADE de nossos esforços, no qual a direção está relacionada à escolha de nossas atividades e ações e a intensidade ao quanto nos envolvemos diretamente com a atividade escolhida. Por isso é de suma importância que o profissional responsável pelo programa de atividade física saiba direcionar adequadamente o indivíduo para uma prática condizente com seu perfil e aspirações. Portanto, indicar a musculação para uma adolescente que tem pavor deste tipo de prática, mesmo que seu objetivo seja a hipertrofia, parece bastante arriscado, já que a escolha (d ireção) pod erá interfe rir negativamente na aplicação (intensidade) desta adolescente em relação à sua prática. Para Weinberg e Gould (2001) a motivação também depende da interação INDIVÍDUO-SITUAÇÃO no qual, fatores pessoais (personalidade, necessidades, interesses e objetivos) e fatores situacionais (estilo de professor, atratividade das instalações e registro de ganhos e perdas) poderão influenciar positivamente ou negativamente no nível motivacional dos praticantes. Para este mesmo autor, a motivação nunca é dada apenas pelo traço ou pela situação, por isso, é importante estar atento aos dois fatores, já que somente 48 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 instalações e equipamentos modernos ou profissionais de qualidade poderão ser insuficientes quando empregados de forma isolada para aumentar o nível de motivação dos praticantes. É importante também que o profissional envolvido no direcionamento e acompanhamento dos programas de atividade física esteja ciente das razões envolvidas na prática, para que com isso o mesmo possa planejar melhor suas ações. Cabe lembrar que os motivos podem mudar com o tempo, por isso, é necessário que este profissional acompanhe tais mudanças. Os cuidados com os aspectos relacionados à motivação são de extrema importância, já que segundo Weinberg e Gould (2001), 50% das pessoas abandonam os programas de atividade física nos 6 primeiros meses. Estudos da Body Systems LatinAmerica (2005), demonstram que 50% das pessoas desistem antes de 90 dias, sendo 33% nas primeiras 3 semanas; apenas 25% frequentam mais que 3 vezes por semana; 36% frequentam menos que 6 vezes por mês; 40% vão apenas nas segundas e terças e 15% vão nas quintas e sextas-feiras. Ao olharmos estes dados encontramos um quadro bastante preocupante, por isso, é fundamental que saibamos os motivos citados para esta falta de continuidade ou baixa frequencia neste tipo de programa. Para o Canadian Fitness and Lifestyle Research Institute (1996), as principais razões citadas pelas pessoas para não se exercitar podem ser divididas em Maiores Barreiras (Falta de tempo, energia e motivação), Barreiras Moderadas (Custo excessivo, doença ou lesão, distância do trabalho ou de casa, sentir-se desconfortável, falta de habilidade ou medo de lesão) e Barreiras Menores (Ausência de local seguro, não ter com quem deixar os filhos, falta de um companheiro para a prática, programas insuficientes, falta de apoio ou transporte). Conhecendo tais barreiras também é fundamental que o profissional do fitness lance mão de estratégias que permitam aumentar a adesão dos praticantes a tais programas. Para Weinberg e Gould (2001) e Zanetti et al. (2007), algumas estratégias poderiam contribuir positivamente neste sentido: - Abordagem ambiental: promover um ambiente acolhedor e que envolva o praticante com a atividade física; - Estímulos verbais, físicos ou simbólicos: utilizar estímulos como: cartazes, pôsteres e persuasão verbal; -Contrato: estabelecer um contrato com expectativas e responsabilidades entre aluno/professor; -Diversidade de escolha: dar a chance para que o aluno possa escolher as atividades que mais lhe agradam; -Abordagens de reforço: adotar reforço positivo e negativo quando necessário; -Feedback: fornecer dados ao aluno sobre seus avanços e retrocessos; -Automonitorização: planejar para que o aluno também tenha controle de suas atividades; -Estabelecimento de metas: estabelecer metas claras e reais; -Apoio social: envolver amigos e familiares como apoio e incentivo na rotina de exercícios. I I I . C O N D U TA P R O F I S S I O N A L N O MERCADO DO FITNESS Outra questão bastante interessante e que ainda ocupa pouco espaço em cursos de formação e aperfeiçoamento dos profissionais do fitness é a conduta profissional. Talvez por falta de interesse, desconhecimento da importância, falta de aplicação prática e até menor status, os conhecimentos relacionados às ciências humanas e sociais acabam sendo renegados a segundo ou terceiro plano. Tal fato pode ser constatado em pesquisa bastante interessante de Antunes (2003) que verificou que para professores de academias as disciplinas que mais contribuíram para sua preparação profissional foram às relacionadas à biodinâmica e saúde. Disciplinas como: psicologia esportiva, antropologia, sociologia e filosofia somadas não chegaram a 10% das citações. Neste sentido, nossa maior crítica refere-se a esta falta de visão ou visão distorcida deste profissional que trabalhará com o corpo físico, daí a necessidade de conhecimentos relacionados à fisiologia do exercício, anatomia, biomecânica..., mas também, com o corpo psíquico que necessita de um amplo conhecimento da psicologia, antropologia, sociologia e filosofia. Sabemos que o distanciamento das ciências humanas muitas vezes é causado pelo baixo conhecimento e aplicação prática proposto por Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 essas disciplinas; fruto muitas vezes do emprego de profissionais sem o necessário conhecimento das atividades físicas para ministrar tais disciplinas. Mas, por si só, este problema não justifica tal distanciamento, já que Zanetti et al. (2007) ao investigar as deficiências profissionais apontadas pelos alunos como inibidoras da prática encontrou as seguintes respostas: professor desatento e desinteressado, não apresentar um bom conhecimento profissional, exigir muito do aluno, ser mal educado, ser impaciente, ser preconceituoso, não saber motivar o aluno entre outros. Tal constatação reforça a importância do uso de conhecimentos relacionados às relações humanas. IV. O FATOR AMBIENTAL A ACADEMIA PROPRIAMENTE DITA Nas cidades interioranas e até em grandes capitais brasileiras uma prática bastante comum adotada por pessoas que pretendem montar uma Academia de Ginástica é alugar um galpão ou barracão; comprar alguns equipamentos e iniciar seu negócio. Até aí nenhum problema, já que grandes empresas nascem pequenas e com baixo investimento, porém, o que muitas vezes é negligenciado é que a estruturação de uma Academia de Ginástica de sucesso depende da adoção de estratégias que permitam seu crescimento futuro. Fronzaglia et al. (2008), constatou que os principais motivos para a escolha de uma academia de ginástica são a localização, qualidade dos professores, indicação de amigos e qualidade da academia, sendo o valor da mensalidade o último motivo citado pelos alunos. Também para Saba (2001), a facilidade de acesso ao local de prática está intimamente associada à aderência ao programa de atividade física. Portanto a escolha de um local de fácil acesso poderá contribuir positivamente para o sucesso de uma academia. Para Zanetti et al. (2007), além da localização é importante que a Academia de Ginástica conte com bons profissionais, equipamentos e instalações adequadas, principalmente em relação à segurança dos praticantes e professores, diversidade de atividades e flexibilidade de horários, já que a falta de tempo tem sido amplamente citada como uma grande barreira para a inatividade 49 física. Como dito anteriormente, o mercado do fitness tem apresentado uma taxa de crescimento acima do PIB, o que tem causado um grande desenvolvimento no setor. Por isso, existem diversas opções de equipamentos e acessorias técnicas voltadas para este mercado. Atualmente é possível contratar um arquiteto especializado na decoração e ambientação de uma Academia de Ginástica, comprar equipamentos de musculação e ginástica de altíssimo padrão e conforto, adquirir sistemas de som, imagem e refrigeração automatizados e preparados para atender centros de atividade física, entre outros. Essas e outras inovações fazem com que o público possa encontrar academias de padrão internacional cada vez mais perto de suas residências. Porém, cabe lembrar que uma grande Academia de Ginástica só será formada pela junção de uma boa estrutura física e bons profissionais. V. ANEXORIA, BULIMIA E VIGOREXIA: MALES PRÓXIMOS E FREQUENTES A busca pelo “corpo ideal” há muito tempo ocupa lugar de destaque na agenda das pessoas. Como forma de ser aceito(a), admirado(a) e desejado(a) pela sociedade, esse culto ao corpo e às medidas pode trazer consequências gravíssimas para a saúde física e psicológica das pessoas. Dentre esses males podemos destacar: -Anorexia: disfunção alimentar, caracterizada por uma rígida e insuficiente dieta alimentar (prevalência de baixo peso corporal) e estresse físico. É uma doença complexa que envolve componentes psicológicos, fisiológicos e sociais; -Bulimina: disfunção alimentar, caracterizada por alimentação em excesso e posterior indução ao vômito; -Vigorexia: síndrome que pode fazer com que pessoas que apresentem grande volume muscular se sintam fracas, de maneira similar aos anoréxicos que mesmo magros se sentem gordos ao olhar no espelho. Por ser tratar de doenças bastante complexas e de difícil diagnóstico o tratamento das mesmas deverá ser feito por profissionais qualificados e com amplo conhecimento sobre o assunto. Neste sentido, cabe aos profissionais do fitness a identificação de 50 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 isintomas que indiquem tais transtornos e posterior indicação de acompanhamento especializado (psiquiatra, psicológico, nutricionista, etc.). É também de responsabilidade dos profissionais do fitness a adequada orientação e correção de distorções sobre a aquisição de formas e padrões de beleza não condizentes com a estrutura física do praticante. Esta busca incessante também poderá facilitar o desenvolvimento de doenças relacionadas à imagem corporal, bem como ao uso de substâncias ilícitas. Cabe lembrar que o profissional do fitness ainda é considerado um profissional da saúde, portanto, prezar pela integridade física e psicológica do praticante faz parte de suas obrigações. Com esses cuidados, este profissional será sempre lembrado pela sua importância para a melhora das condições de saúde e bem-estar da população. VI. REFERÊNCIAS ANTUNES, A. C. Perfil profissional de instrutores de academias de ginástica e musculação. Lecturas Educación Física y Deportes, Buenos Aires, Año 9, n. 60, 2003. D i s p o n í v e l e m : <http://www.efdeportes.com/efd60/perfil.htm>. Acesso em 18 jul. 2007. B O D Y S Y S T E M S L AT I N A M E R I C A . Apresentação: Retenção: no momento da história em que o cliente é rei, não pergunte o que ele quer. Descubra, Faça, Encante-o! s. 2. 2005. CANADIAN FITNESS AND LIFESTYLE RESEARCH INSTITUTE. Barriers to physical activity. Progress in Prevention. 1996. FRONZAGLIA, S. H. C. et al. Academia de ginástica: motivos para a escolha. In: Anais do 31º Simpósio Internacional de Ciências do Esporte, São Paulo. v. 4. p. 77, 2008. PF R O M M N ET O, S. Ps ic o lo g i a d a aprendizagem e do ensino. São Paulo: EPU, 1987. SABA, F. Aderência: À prática do exercício físico em academias. São Paulo: Manole, 2001. SAGE, G. Introduction to motor behavior: a neuropsychological approach. 2. ed. Reading, MA: Addison-Wesley. 1977. VANEK, M.; CRATTY, B. J. Psychologie sportive et compétition. Paris: Editions Universitaries, 1990. WEINBERG, R. S.; GOULD, D. Fundamentos da psicologia do esporte e do exercício. 2. ed. Porto Alegre:Artmed Editora, 2001. ZANETTI, M. C. et al. Aspectos motivacionais intervenientes na academia de ginástica. Coleção Pesquisa em Educação Física, v. 6, p. 53-58, 2007. Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 51 PSICOLOGIA DO ESPORTE: OBJETIVOS, INTERVENÇÕES E RESULTADOS Psióloga. Irene Araújo Corrêa RESUMO O propósito deste trabalho é descrever como a psicologia do esporte, por meio da aplicação de algumas técnicas, pode contribuir para melhorar o desempenho de atletas e propiciar melhor interação das pessoas envolvidas com esportes. A prioridade é descrever como analisar, entender e interpretar o desempenho dos atletas à luz de princípios e procedimentos da análise do comportamento. Palavras-chave: Psicologia do esporte, planejamento, objetivos, métodos, comportamento, intervenções e resultados O trabalho da psicologia do esporte deve sempre considerar os dados, as contingências ambientais e não deve ser impulsionado pelo acaso. Deve fazer parte de um processo fundamentado, com coleta de informações, observações e acompanhamento, para que seja possível verificar o que realmente está interferindo no desempenho do atleta ou o que poderá interferir. Com esse nível de qualidade de informações pode-se propiciar situações de mudança de comportamento focadas na eficiência. A ciência é nossa integridade e isso não quer dizer que estejamos limitados a uma análise estanque dos comportamentos do atleta, mas sim que, ao verificarmos uma gama de comportamentos, emoções e sentimentos, sejamos capazes de identificar quais variáveis ambientais controlam o desempenho. E, de posse desses dados, auxiliarmos a equipe e o técnico a descartar o "peso" desnecessário da ansiedade, do medo, da impaciência, da afobação que travam a performance. O trabalho psicológico deve ser conseqüência de um planejamento e de uma execução criteriosos. O planejamento é um fator importante no trabalho psicológico e é a partir dele que as estratégias se configuram, inclusive em mudanças de demanda com o campeonato em andamento, se necessário. É importante destacar que a preparação psicológica é parte complementar do trabalho do Técnico, municiando-o com uma nova gama de informações, pois tem, por finalidade, potencializar o desempenho almejado por ele. Embora o sucesso seja medido pelos resultados obtidos nas competições quando o campeonato começa, mesmo que todos os atletas e as equipes sejam igualmente eficientes, ainda assim a equipe emocionalmente focada pode diferenciar a atuação, melhorando significativamente seus resultados. Com o trabalho psicológico o atleta aprenderá que gerenciar emoções não é conter Ímpetos, em busca de um autocontrole amistoso que anula a agressividade, mas sim um direcionamento que lhe permite explorar ainda mais o seu potencial. Gerenciar a emoção é uma maneira diferente e assertiva de aproveitar a energia para construir excelência. Afinal, uma coisa são as emoções que afloram, a outra é o que se faz com elas. Principais estratégias 1. Controle de estímulos 2. Generalização de estímulos 3. Modelagem 4. Comportamento governado por regras. 5. Condicionamento por fuga ou esquiva 6. Relaxamento 7. Concentração e motivação 8. Análise de desempenho e Mapeamento Comportamental 9. Treinamento Mental. 10. Treinamento Mental Focado (Flow-feeling, Winning-feeling e Group-feeling). Referências Bibliográficas GOULD,D e WEINBERG,R.S. Fundamentos da psicologia do esporte e do exercício; trad. Maria Cristina monteiro- 2ªed. Porto Alegre: editoraArtmed Editora, 2001. MARTIN, G.L. Consultoria em psicologia do esporte:orientações práticas em análise do comportamento. Trad. Noreen Campbell de Aguirre. Campinas: Instituto de Análise de Comportamento,2001. RUBIO,K(org) Psicologia do Esporte Aplicada.São Paulo:Casa do Psicólogo, 2003. SALMULSKI, D.M .Psicologia do esporte: manual para educação física, psicologia e fisioterapia, Barueri, SP: Editora Manole,2002. 52 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 O FENÔMENO DAS CORRIDAS DE RUA COMO FATOR DE SATISFAÇÃO PESSOAL “A atividade física não pode continuar a ser vista como uma simples forma de gastar calorias, por razões puramente estéticas, mas sim, como um meio para a promoção da saúde a todos os níveis” (Cid, Silva & Alves,2007). Prof.André Dascal O que estamos tratando neste trabalho é de um assunto amplo e de muita discussão que relaciona a prática de exercícios físicos e motivos que levam uma pessoa a permanecer nesta prática. Especificamente, analisaremos os motivos que levam uma pessoa a fazer da corrida a sua prática de exercício regular. “Quando faço exercício sinto-me bem...” Este comentário, geralmente comum e de caráter emocional, feito por praticantes de atividades físicas, é uma forma leve e espontânea de alguém descrever o que sente após praticar exercícios; com certeza este comentário só será feito por alguém que sente internamente e intensamente os efeitos da prática de exercícios. Hoje em dia, existe uma ampla evidência de que o exercício regular e moderado tem benefícios inquestionáveis para a saúde física, psicológica e social, podendo contribuir de forma significativa para o bemestar geral do sujeito em todas as idades (Cid, Silva & Alves, 2007). Entretanto, apesar da importância de se fazer exercícios físicos, devido aos efeitos positivos na saúde que esta prática proporciona, uma esmagadora percentagem da população nas sociedades industrializadas é sedentária (i.e., cerca de 70%) ou abandona a prática nos primeiros seis meses (i.e. cerca de 50%), dando a entender que esses benefícios não são razões suficientes para que realizem atividade física (Cid, Silva & Alves, 2007). A ação do iniciar e permanecer na prática é um problema, mas ainda assim, a prática de atividades físicas realizadas ao ar livre, onde se incluem a caminhada e a corrida devido a diversos motivos, entre eles a facilidade, o custo, a interação com o espaço aberto e público, a interação social, os benefícios físicos e psicológicos, se torna uma maneira eficaz de chamar às pessoas à prática e fazê-las sentirem e usufruírem de seus benefícios. Especificamente em relação à corrida, tópico deste estudo, desde a Grécia antiga sabe-se que o homem de alguma maneira encontrou motivos que o fizeram se deslocar entre pontos bem distantes, o que deu origem à Maratona. Desde então, esta prática vem se propagando e cada vez mais motiva outras pessoas a se deslocarem tamanha distância. Vale lembrar que mesmo quase no final de uma maratona, um atleta brasileiro, apesar de ter sido interrompido por um espectador, encontrou motivos que o fizeram prosseguir e finalizar prazeroso esta competição. Neste sentido, vale destacar que a prática da corrida em si é um fenômeno que desperta o interesse de muitas pessoas, que podem correr sozinhas, acompanhadas ou fazer parte de uma equipe. Este fenômeno vem agregando cada vez mais um grande número de pessoas no Brasil e no mundo (Salgado & Chacon-Mikahil, 2006). A CORPORE (2009), entidade sem fins lucrativos, fundada em 1982 e sediada na cidade de São Paulo, apresenta números expressivos de corredores filiados a esta instituição, sendo que em 1997 eram 9,4 mil inscritos para suas provas e 8,5 mil corredores cadastros, em 2008 foram 132,1 inscritos e 227 mil cadastrados. Em 2009, a já tradicional Maratona de Revezamento Pão de Açúcar contou com a participação de 30 mil corredores, e no ano passado foi quase impossível correr em condições ideais a prova de São Silvestre no pelotão do público geral em função do grande número de inscritos. Estes números tendem a se assemelhar a maior prova, em número de participantes, do mundo, a Maratona de Nova York, que celebra no dia 1º de novembro de 2009 sua 40ª edição. A provável expectativa é que esta competição ultrapasse a marca de 40 mil corredores inscritos. O crescimento no número de participantes nestes eventos ocorre desde a década de 70, quando juntamente com a onda do “jogging” desencadeada por Cooper, iniciou-se a participação popular nas mesmas (Salgado & Chacon-Mikahil, 2006). Segundo a Associação Internacional de Maratonas e Corridas de Rua estas duas modalidades vêm crescendo mais Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 como um comportamento participativo, do que como esporte competitivo e, identificam três tipos de público: 1) os que correm e procuram apenas seu próprio tempo e posição; 2) os que conferem os resultados para ver como foi o seu desempenho, de seus amigos ou apenas para descobrir o vencedor; e 3) os diretores de provas, que vêem os resultados como dados estatísticos e de investimentos (Salgado e Chacon-Mikahil, 2006). Todos estes dados conferem o alto número de interessados e o aumento no número de eventos de corrida de rua nas várias distâncias estabelecidas pela Federação Internacional de Atletismo (IAAF). Também verificamos um grande número de assessorias esportivas que oferecem treinamento de corrida, individualizados ou em grupos. São cerca de 200 treinadores com equipes de corrida cadastrados na ATC (Associação dos treinadores de corrida) de São Paulo. Por que será que ocorre todo este crescimento? A resposta é subjetiva, e para tanto discutiremos estas questões de acordo com o conceito de motivação, a qual provém de duas fontes: a extrínseca e a intrínseca (Weinberg & Gould, 2001). A motivação extrínseca relaciona-se a fatores ambientais, influências de outras pessoas, reforços positivos e negativos, e recompensas externas. Já a motivação intrínseca está associada a pessoas que se esforçam interiormente para serem competentes e autodeterminadas em sua busca para dominar a tarefa em questão elas apreciam a competição, gostam de ação e ativação, focalizam-se no divertimento e querem aprender o máximo de habilidades. Pessoas com esse tipo de motivação tem sensação de prazer interna sem nenhuma relação com elementos externos (Nunomura & Lopes, 2007). A satisfação pessoal ou de vida está ligada tanto a questão do bem-estar psicológico quanto a motivação de se realizar exercícios. Weinberg e Gould (2001) relatam casos onde as recompensas extrínsecas afetam a motivação intrínseca. Segundo os autores a remuneração ou premiação tem um caráter informativo ao praticante (p.e. fornecendo informações de que ele é bom no que faz), mas pode funcionar tanto como um reforço positivo quanto como negativo. Além disso, as recompensas extrínsecas podem 53 diminuir a motivação intrínseca por causa do compromisso que tem em ser bom, pois se não mantém o seu desempenho pode até perder a recompensa (p.e. uma bolsa de estudos ou um contrato na equipe profissional). No que se refere a corrida podemos listar motivações extrínsecas e intrínsecas ao indivíduo, provenientes de aspectos como: 1) estar inserido socialmente; 2) participar de uma prova e receber camiseta e medalha no final, o que é tremendamente recompensador; 3) alcançar suas metas, quebrando 'recordes' pessoais de tempo e distância, além de superar limites; 4) traçar objetivos e cumpri-los quando você corre uma determinada distância e consegue planejar tempo por km percorrido é a possibilidade de entender e desenvolver seu próprio ritmo, sem se perder em 'ruídos' externos; 5) escutar o seu corpo e saber como tudo está fluindo, estabelecendo um diálogo entre as várias partes do corpo para saber se continua ou pára; 6) organizar pensamentos e ao mesmo tempo dar um tempo para a mente, como em uma prática meditativa; 7) dialogar consigo mesmo ou com outras pessoas, ou seja, obtendo efeitos terapêuticos; 8) executar uma atividade que represente um intervalo na rotina. Portanto, existem fatores que trazem satisfação pessoal em decorrência desta prática mas a pessoa tem que ter uma prédisposição a realizá-los, como questão básica para início e manutenção da mesma e, condições para conscientização dos benefícios não só físicos mas também relacionados a fluência e ao bem-estar psicológico. Emagrecer e ficar com a musculatura mais rígida são fatores importantes, ganhar elogios sobre o corpo, sobre o tempo que correu os 10 km, camisetas, medalhas significam muito, mas, saber como se alteram fatores relacionados ao seu humor, ansiedade, disposição, depressão, suas reações diárias em relação a outras pessoas, também são aspectos importantes e devem ser cada vez mais relevantes para que possamos alterar a nossa forma de ser perante o mundo. Referências Bibliográficas Cid, L.; Silva, C.; Alves, J.; Actividade física e bem-estar psicológico - perfil dos participantes no programa de exercício e saúde de rio maior. Motricidade 3(2): 47-55, 2007. 54 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 CORPORE. Corredores Paulistas Reunidos Disponível em: <http://www.corpore.org.br/cor_estatisticas.as p>. Acesso em: 15 out. 2009 Nunomura, M., Lopes P. Motivação para a prática e permanência na ginástica artística de alto nível. Revista brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v. 21, n.3, p. 17787, jul./set. 2007 Salgado, J. V. V.; Chacon-Mikahil, M. P. T. Corrida de rua: Análise do crescimento do número de provas e praticantes. Faculdade de Educação Física/UNICAMP. Conexões v.4, n. 1, 2006 www.unicamp.br/fef/publicacoes/conexoes/v4 n1/JoseVitor7.pdf Acesso: 10 out. 2009 Weinberg, R. S.; Gould, D. Fundamentos da psicologia do esporte e do exercício. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2001. LIDERANÇA APLICADA AO ESPORTE Prof. M.Sc. Ednei Previdente Sanches | UNILAGO São José do Rio Preto-SP Cada pessoa exerce uma posição de liderança, seja como líder de si mesmo, de outra pessoa ou de determinado grupo no intuito de alcançar objetivos específicos. O curso de LIDERANÇA PLICADA AO ESPORTE abordará os principais aspectos de liderança, proporcionando reflexão acerca da percepção, comunicação eficaz, postura, conceitos de metas e objetivos, estratégias e gestão de grupos e a eventual potencialização dos processos de liderança no meio esportivo, seja na escola, na academia ou em grandes equipes. Bibliografia WEINBERG, R. S.; GOULD, D. Fundamentos da Psicologia do Esporte e do Exercício. 2. ed. Porto Alegre: ArtMed, 2001, parte VII p. 471- 526 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 55 ATIVIDADE FÍSICA NA 3ª IDADE E SEUS BENEFÍCIOS PSICOSSOCIAIS a,b a a Caciane Dallemole Souza , Valter Brighetti , Maria Celina Trevizan a Centro Universitário de Votuporanga. Votuporanga, SP, Brasil. b Grupo de Estudo em Metabolismo Nutrição e Exercício. Entende-se por idoso ou pessoa da terceira idade, indivíduos com mais de 60 anos, instituído pelo estatuto do idoso (LEI 10.741/2003). Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), existiam 390 milhões de pessoas acima de 65 anos em 1998 em todo o mundo, estima-se que em 2025 essa população será dobrada. Em muitos países em desenvolvimento, especialmente na América Latina e Ásia é esperado um aumento de 300% nesta população, chegando a dois bilhões de pessoas acima de 60 anos até 2025. A população acima dos 60 anos de idade tem aumentado significativamente no Brasil. Segundo as projeções estatísticas da OMS, entre 1950 e 2025 esta população em nosso país crescerá 16 vezes contra cinco vezes a média mundial. Essas projeções estatísticas demonstram que a proporção de idosos no país passará de 7,5% em 1991 (11 milhões) para cerca de 15% em 2025, que é a atual proporção de idosos na maioria dos países europeus. Esse aumento colocará o Brasil, como sexta população de idosos no mundo, com mais de 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais (IBGE, 2000). O aumento em grandes proporções no número de idosos está diretamente ligado às mudanças positivas da qualidade de vida, como melhores condições de higiene, controle das enfermidades, melhores condições de moradia e de alimentação, entre outros fatores (VIANA, 2004). Por outro lado, sabe-se que o processo de envelhecimento é acompanhado por uma série de alterações fisiológicas ocorridas no organismo, bem como pelo surgimento de doenças crônicas degenerativas advindas de hábitos de vida inadequados (tabagismo, ingestão alimentar incorreta, tipo de atividades laboral, ausência de atividade física regular, etc.). Em virtude desses aspectos, acredita-se que a participação do idoso em programas de exercício físico regular, poderá acarretar em inúmeras respostas favoráveis. Influenciando assim no envelhecimento saudável, com impacto sobre a qualidade e expectativa de vida, melhoria das funções orgânicas, garantia de maior independência pessoal e um efeito benéfico no controle, tratamento e prevenção de doenças como diabetes, enfermidades cardíacas, hipertensão, arteriosclerose, varizes, enfermidades respiratórias, artrose, distúrbios mentais, artrite e dor crônica (MATSUDO, 2001). Atualmente, está comprovado que quanto mais ativa é uma pessoa menos limitações físicas ela possui (AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE, ACSM, 1998). Dentre os inúmeros benefícios que a prática de exercícios físicos promove, um dos principais é a proteção da capacidade funcional em todas as idades, principalmente nos idosos. Por capacidade funcional entende-se a capacidade de manter as habilidades físicas e mentais necessár ias para uma vida independente e autônoma (THOBER et al., 2005). Essas atividades são referidas como: subir e descer escadas, segurar-se em um ônibus, colocar os sapatos, pentear os cabelos, vestir-se, tomar banho, caminhar a uma pequena distância; ou seja, atividades de cuidados pessoais básicos e, as atividades instrumentais da vida diária, como: cozinhar, limpar a casa, fazer compras, jardinagem; ou seja atividades mais complexas da vida cotidiana (MATSUDO, 2001). Inúmeros estudos (MATSUDO et al., 2001; BRILL et al., 2000; GOBBI; ANSARAH, 1992) têm comprovado a melhoria dos componentes de aptidão funcional em indivíduos idosos por meio da prática de atividade física de forma regular, tendo a apresentar uma melhor aptidão funcional e, consequentemente, maior autonomia. Segundo Neri (2001), as diversas variáveis relacionadas à qualidade de vida têm diferentes impactos sobre o bem estar subjetivo e a satisfação na velhice, onde baixos níveis de saúde na 3ª idade associam-se com altos níveis de depressão e angústia e com baixos níveis de satisfação de vida e bem estar. 56 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 A autora também afirma que as dificuldades em realizar as atividades da vida diária, devido a problemas físicos, ocasionam dificuldades nas relações sociais e na manutenção da autonomia, trazendo prejuízos à sua saúde emocional. Stella et al. (2002) relatam que a depressão constitui uma enfermidade mental fr equente no idoso, c om prom et endo intensamente sua qualidade de vida, sendo considerada fator de risco para processos demenciais. A atividade física, quando regular e bem planejada, contribui para a minimização do sofrimento psíquico do indivíduo deprimido, além de oferecer oportunidade de envolvimento psicossocial, elevação da autoest im a, im pl ement ação das funç ões cognitivas, com saída do quadro depressivo e menores taxas de recaída. No estudo de Mazo et al. (2005) verificaram a tendência ao estado depressivo em idosos praticantes de atividade física. A maioria dos sujeitos (91%) não apresentou tendência ao estado depressivo. Os que apresentaram tendência (9%) referiram não ter esperança em relação ao futuro, ter pouca energia e estar pouco animado na maior parte do tempo; apesar disto continuam estimulados a participar do programa de atividade física. Considerando a complexidade dos fatores que predispõem os estados depressivos, entendese que a atividade física proporciona benefícios físicos, sociais e mentais, podendo reduzir a depressão no idoso. Vitta (2000) afirma que idosos ativos são mais independentes, autônomos e sadios, e que boas condições de saúde física têm um efeito direto e significativo sobre a diminuição da angústia e estão relacionadas a altos níveis de integração social e auto- esti ma. Concomitantemente, Okuma (1998) relata que a atividade física está positivamente associada à saúde psicológica e ao bem-estar emocional. Em estudo realizado por Viana (2004) em homens e mulheres acima de 60 anos mostrou que as pessoas ativas ao longo da vida possuem maior qualidade de vida do que as pessoas inativas. Maniçoba e Silva (2006) verificaram os benefícios da atividade física proporcionado pelo Programa Ginástica nas quadras, um programa do Governo do Distrito Federal, implementado desde 1984. A amostra foi constituída por um grupo de 20 idosos de ambos os gêneros. Os resultados demonstraram que o programa oferece uma o p o r t un i d a d e í m p a r d o s i d o s o s s e relacionarem, melhorando seu nível de saúde, passando a se perceber mais felizes após a participação no programa. O programa mostrou-se, também, relevante sob o ponto de vista social e de saúde física e mental para a população nessa faixa etária. Santana e Maia (2009) em sua pesquisa com 62 pessoas de 50 a 78 anos, reportaram que houve uma associação positiva entre atividade física, interação social e sensação de bem estar, além de repercutir, também no aspecto físico-motor e à saúde geral. Outro benefício advindo da prática regular de exercícios físicos é na dimensão sexual, onde Vaz e Nodin (2005) investigaram a importância do exercício físico na sexualidade, e constataram na amostra estudada (54 pessoas casadas entre 65 e 75 anos de idade), que os sujeitos praticantes de exercício físico são sexualmente mais ativos do que os não praticantes, existindo uma relação entre a prática de exercício físico e algumas das dimensões da sexualidade do idoso. Envelhecer com qualidade de vida, é expectativa de qualquer pessoa, para isso Rauchbach (2001) relata a importância de conviver em grupos, participando de atividades onde possa expor suas ideias, estar sempre atento às notícias, ter uma boa alimentação, moradia, assistência médica, fazer exercícios físicos, leitura e participar de tudo que teve vontade de fazer um dia e que foi adiado. A qualidade de vida está na disposição em querer que as coisas mudem. Percebe-se, que a prática de atividade física é de fundamental importância para a qualidade de vida do idoso. É essencial que este incorpore, em seu modo de vida, hábitos saudáveis, mantendo e prevenindo sua saúde em seu significado mais amplo (física, mental, emocional e social). Dessa forma, cabe aos profissionais da saúde, engajar-se de maneira efetiva e eficaz na mobilização de recursos, na construção e viabilização de projetos, que atinjam a meta de uma população idosa cada vez mais ativa e consequentemente com maior qualidade de vida. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS American College of Sports Medicine Position Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 Stand. Exercise and physical activity for older adults. Med Sci Sports Exerc 1998;30(6):9921008. Brill PA, Macera CA, Davis DR, Blair SN, Gordon N. Muscular strength and physical function. Med Sci Sports Exerc 2000;32:412-6. Gobbi S, Ansarah VW. 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Peter Pal Pelbart Para conceber o cor po, ou a corporeidade, no mundo contemporâneo, inicialmente direcionaremos o olhar para alguns trabalhos que se propõem contextualizar esse corpo em determinados tempos e espaços. Uma das possibilidades é constituí-lo a partir da história. Czeresnia ( 2 000 ) t r aç a p ar a l el o s i m por ta nt es . Contextualiza o corpo percebido como uma continuidade da natureza, na Idade Média e ainda no Renascimento, em sua proximidade com o outro, ou os outros humano, animal, universal e segue para o sentido que se concebe no século XVII, ao emergir outra forma de conhecimento, com as transformações nas ciências matemáticas, conformando “não somente a racionalidade, mas também posturas, representações e sensibilidade do homem ocidental moderno” (p. 569). A ruptura de tal conhecimento indica outra maneira de produzir e saber; separa, distancia, fragmenta e analisa. Dicotomiza, cria oposições, dentre elas entre o subjetivo e o objetivo, entre o corpo e alma. As tecnologias foram aprimoradas desde então, num processo civilizador individualista, e abriram espaço para práticas de exclusão, isolamentos de todo aquele que ameaça a idéia de um homem com funcionamento perfeitamente organizado e/ou produtivo. O mundo humano moderno veio permeado pela necessidade de solução (digamos impossível) de conflitos insolúveis, na relação com as expectativas de produtividade e imortalidade, por serem constitutivos da condição humana. O próprio indivíduo iniciou um processo solitário de autoexclusão: “as fronteiras corporais tenderam a tornar-se progressivamente mais demarcadas e os corpos mais defendidos. A representação da superfície corporal e dos seus orifícios como extremamente vulneráveis produziu o afastamento e a dessensibilização em relação ao outro” (Id. p. 570). Outra possibilidade para o estudo da c o r p o r e i d ad e é o v i és e x i s t e n c i a l fenomenológico. Merleau-Ponty (1904-1961) pontua a questão do corpo enquanto expressividade e aponta que a experiência humana é um conjunto de “relações de expressão”: é um todo em que cada elemento está interligado e coordenado aos demais, submetendo-se a leis invariantes que os presidem e organizam num sistema. A percepção exprime e se expressa no movimento do corpo se meu corpo se move o aspecto das coisas que vejo modifica-se automaticamente. O filósofo afirma que o único meio para conhecer o corpo é vivenciá-lo, confundindo-se com ele, vivendo seus dramas e paixões, captando e fluindo com ele em sua existência diante do mundo, sendo um corpo, ao sentir, pensar, amar, agir. Um corpo expressivo. Um corpo total. Em seu minidesfile de corporeidades, Orlandi (2004) aponta um plano provisório de alternativas pré-ordenadas para pensar o corpo. O autor trabalha com diferentes linhas de indagação que incluem o corpo como objeto da ciência enquanto coisa ou organismo; como objeto da filosofia, em sua dicotomia e/ou interdependência com a alma ou à luz da fenomenologia; o corpo em meio a saberes e poderes, procurando saídas nos cruzamentos de espaços e tempos esquadrinhados na lógica da disciplina; o corpo da intensidade, da vibratilidade, dos fluxos. Ao relatar sobre a virtualidade dos corpos e a atualidade, nas discussões sobre a última nota, afirma: a rigor, volto a dizer que quem continua ganhando nisso tudo e proliferando cada vez mais é o impulso das questões do viver, dos problemas da existência sulcada por linhas de diferenciação complexa, linhas que a colocam agora, em nossa modernidade, em perspectivas de ilimitação, sem que nos seja Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 dada de antemão a segura imagem do que seremos, restando-nos tão-somente encarar aquilo que deve ser necessário e suficiente: o questionamento, o combate no próprio meio, no aqui-e-agora em que se decide a proliferação da história, o combate no meio das causas eficientes, onde a vida pode lançar interferências e cavar saídas na versatilidade do intolerável (2004, p. 86). Seguindo essa idéia de ilimitação e i n t o l e r a bi l i d ad e d o u ni v e r s o v i r t u al contemporâneo, Pelbart (2000) descreve uma nova metáfora bioinformática que tomou de assalto nosso corpo, reconfigurando nossos ideais de saúde, nossa sociabilidade, nosso imaginário e nossa subjetividade, redefinindo a vida, a morte, o corpo, a mente, a natureza, o espaço, o tempo e toda condição humana. O corpo atualizado e virtualizado transformou-se no corpo da informação e as tecnologias da imortalidade anunciam um “corpo pósbiológico”, ou um “homem pós-orgânico”. Essa transcendência ao orgânico se confunde com a idéia de possibilidade de perfeição e controle infinitos, idealização de beleza, saúde e poder que muitas vezes se constitui em práticas perversas. As tecnologias digitais permeiam os lugares existenciais em códigos, sinais, formas de ajustar toda e qualquer imperfeição. Da mesma forma que as informações, no espaço digital e virtual são efêmeras, tal efemeridade se dá com as identidades e visibilidades contruídas e projetadas. As áreas de estudo da Genética e as Neurociências tomam lugares de destaque enquanto possibilidade de re-construção de seres perfeitos, livres de sua frágil humanidade, na fantasia de um controle contínuo não mais o controle disciplinar descrito por Foucault que trazia a docilidade e submissão dos corpos. Os corpos digitais carregam a efemeridade e a agressividade do vazio vivenciado na situação de não se saber quem, quando ou onde estar, nessa passagem ininterrupta do tempo vivenciado em espaços cada vez mais constritos e claustrofóbicos. A visibilidade de nossas fraquezas fica exposta em shows de realidade ficcional, editada pelo poder midiático e a beleza imposta é recortada e colada em programas de computadores cada vez mais eficientes, recortada e costurada por bisturis e linhas - em mãos nem sempre tão eficientes. A interioridade se fragiliza na dobra 59 com essa exterioridade tão fulgaz. Afinal, esse corpo-imagem tem que ser visto, mas na rapidez e “fugidez” dos encontros não encontra suporte para suas escolhas e relações. Sós, demasiadamente sós. Saúde e prazer se fundem e se confundem nas práticas desse corpo virtual e elástico. M ar ti ns ( 2004) decl ar a que a aproximação sobre as relações do corpo orgânico e pós-orgânico com a tecnologia, deve contas a certos olhares estendidos por Foucault em Vigiar e Punir (1987). No poder disciplinar o corpo humano entra numa maquinaria de poder que o esquadrinha, o desarticula e o recompõe, numa 'mecânica de poder' que garante ter domínio sobre o corpo. Tecnologias de espaços, tempos e vigilância para que façam o que se quer, e não só - mas para que operem como se quer, com as técnicas, segundo a rapidez e a eficácia que se determina. “A disciplina fabrica assim corpos submissos e exercitados, corpos 'dóceis'” (Foucault, 1987, p.119). Entretanto, a sociedade disciplinar, aos poucos, vem se tornando objeto de superação pelo modelo da sociedade de controle, descrito por Deleuze. Haveria, portanto uma interface entre lógica e sociedade, entre a docilidade corpórea fruto da tecnologia disciplinar e a fugacidade corpórea da informação, atualizando a produção dos corpos quando imersos na ambiência das sofisticadas disciplinas de controle. Desta forma: “se os efeitos atualizam, é porque as relações de força ou de poder são apenas virtuais, potenciais, instáveis, evanescentes, moleculares, e definem apenas possibilidades, probabilidades de interação, enquanto não entram num conjunto macroscópico capaz de dar forma à sua matéria fluente e à sua função difusa” (Deleuze, 1996, p. 46-47). Abre-se espaço para pensarmos uma soc iedade que v i ve m ovi mentos de atualização/virtualização, corpos consumidores/informados e informantes de consumo/informação. Seria esta a relação de um declínio da potência criativa com o devir tornado pós-orgânico. Corpos clientes, objetos consumistas e consumidos, não-sujeitos, sujeitados à informatização e à informação. Necessitamos, porém, pensar e construir práticas de contrainformação e re-criação. Martins busca uma idéia de Fernanda Bruno: Se vivemos uma inversão do olhar panóptico, se a subjetividade encontra sua face visível (esteja ela no comportamento, no corpo ou na tela o seu lugar 60 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 privilegiado de investimento, se o valor encontra na extremidade do que se mostra, do que se faz notável e visível o seu lugar de efetuação (me refiro ao fato midiático, à lógica da celebridade, à espetacularização do sofrimento, à exposição da intimidade, etc), a interface é ainda uma vez uma noção decisiva, pois são nos meios de contato com o 'olhar' do outro que se decidem as táticas e os efeitos da vigilância, da construção da identidade e da intimidade, da produção dos acontecimentos, etc (Apud Martins, 2004, p. 6). Em uma época na qual a tecnologia é centro e periferia, segue Martins (2004), nos quais o confinamento é um ato superado por táticas de controle à distância, sendo o modelo da “coleira eletrônica” (Deleuze, 1992) estendido para generalizadas finalidades: das mercadorias circulantes, das informações visíveis e dos enunciados articuláveis, ainda há o corpo. Ainda há vida. Os fluxos intensos de desejo que se chocam estabelecem redes de potência no entrelaçar das redes digitais e não digitais constituídas enquanto a forma de relacionamento peculiar da contemporaneidade. Daí pensar que o universo psi e os diversos profissionais que cuidam do corpo necessitam encontrar, construir espaços de imbricação em tais redes. Pensando aqui em esporte, movimento físico, saúde e beleza criar novas tecnologias para a valorização da vida, no contexto do biopoder e das biotecnologias, seja no trabalho com rendimento, educação física escolar, lazer, recreação ou reabilitação. Seja nos encontros possíveis na vida. Não resisto à tentação de reescrever um trecho do texto Vírus Vida, de Pelbart (2003, p. 247) para encerrar esta breve exposição: E podemos perguntar se todo esse funcionamento em rede é apenas uma tática de sobrevivência para tempos sombrios, soluções precaríssimas de uma sociedade civil desorganizada ou, ao contrário, o esboço de estratégias subjetivas e coletivas de implicação vital. Não é uma curiosidade sociológica, mas uma questão ética. Ética entendida como o conjunto dessas modalidades de afirmação singular e coletiva que emergem de uma sensibilidade ao intolerável, e que respondem ao intolerável a cada vez de modo novo. É intolerável que um corpo, individual ou coletivo, seja separado de sua potência. E como recusar o intolerável, e como reconectar um corpo com sua potência? Questões cartográficas da maior relevância e complexidade. A melhor pista que eu conheço para começar a pensá-las continua sendo o comentário que faz o filósofo Levinas ao Mandamento bíblico “Não matarás”. Segundo uma leitura de inspiração talmúdica, esse mandamento deveria ser lido no seu avesso, como que escovado a contrapelo, no sentido do desejo, mais do que da lei, significando simplesmente isto: Farás tudo para que o outro viva. BIBLIOGRAFIA CZERESNIA, D. Resenha do livro 'O Corpo na História', de José Carlos Rodrigues. Cadernos de Saúde Pública (FIOCRUZ), Rio de Janeiro, v. 16, n. 2, p. 569-570, 2000. DELEUZE, G. Foucault. São Paulo. Editora Braziliense. 1996. DELEUZE, G. Conversações. São Paulo: editora 34, 1992. FOUCAULT, M. Vigiar e punir: história da violência nas prisões. Petrópolis: Vozes, 1987. FOULCAULT, M. Microfísica do poder. 13. ed. Rio de Janeiro: Graal, 1998. MARTINS, F. M. Interfaces, visibilidade e devir pósorgânico. Intexto, Porto Alegre: UFRGS, v. 2, n. 11, p. 1-8, julho/dezembro 2004. ORLANDI, L. B. L. 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Novembro 2009 61 PSICOLOGIA DO ESPORTE E SAÚDE Adriana Azeredo Farinazzo IMES-Catanduva-SP O esporte é um fenômeno que assumiu dimensões estupendas com o passar dos séculos; quer seja como forma de manutenção da saúde, socialização, manutenção da cultura ou como forma de promover a paz e a amizade entre os povos objetivo principal das Olimpíadas. Isso levou à agregação, em torno deste fenômeno, de um número crescente de estudos e pesquisas das chamadas Ciências do Esporte, dentre elas pode-se destacar a Psicologia do Esporte. A Psicologia do Esporte iniciou suas pesquisas há um século com estudos relacionados à fisiologia e os condicionamentos reflexos. Com o tempo outros temas foram sendo desenvolvidos, principalmente os relacionados a: motivação, personalidade, agressão e violência, liderança, dinâmica de grupo, bem-estar psicológico, pensamentos e sentimentos de atletas e vários outros. Na atualidade o desenvolvimento de novos materiais esportivos, de locais para as práticas esportivas de alta performance e dado o equilíbrio técnico alcançado por atletas e equipes de alto rendimento, os aspectos psicológicos tem assumido um lugar de destaque e de importante diferencial nos momentos de grandes decisões. Para a Psicologia do Esporte o estudo do ser humano que está envolvido com a prática de atividade física e esportiva quer seja competitiva ou não é um meio e fim. Estes estudos podem ser: sobre os processos de avaliação, práticas de intervenção e análise do comportamento social que se apresenta na situação esportiva a partir da perspectiva de quem pratica ou assiste ao espetáculo. No primeiro caso os estudos têm como objetivo compreender e lidar com os fatores psíquicos que interferem nas ações do exercício físico e do esporte e, também, verificar e lidar com as influências dos fatores cognitivos, motivacionais e emocionais diretamente ligados à questão do desempenho esportivo. Dentro desta linha a avaliação psicológica de atletas e a construção de perfis (psicodiagnóstico) para o levantamento de aspectos particulares ligados ao atleta (processos psíquicos), da relação do atleta com a modalidade escolhida, os estados emocionais em situações de treinamento e competições e nas relações interpessoais, tem sido utilizados com a finalidade de prognosticar resultados esportivos. Assim pode-se chegar a patamares onde particularidades pessoais ou grupais subsidiam decisões referentes à seleção de novos atletas para uma equipe, mudanças nos processos de treinamento, individualização de preparação técnico-tática, escolhas de estratégias e táticas de conduta em uma competição; além da otimização dos estados psíquicos. Entretanto aqui cabe uma ressalva: a utilização de instrumentos de avaliação das áreas clinica e educacional, além da importação de instrumentos têm levantado problemas éticos e novas possibilidades de estudos. No caso das intervenções, as técnicas utilizadas variam e dependem da linha de atuação do psicólogo. Entretanto verifica-se que nas modalidades de intervenção onde o foco é o próprio atleta e sua atuação, as atividades desenvolvidas são voltadas para a concentração, o controle da ansiedade e o manejo das variáveis ambientais e as práticas podem envolver visualização, relaxamento, modelagem de comportamento, análise verbal, inversão de papéis, técnicas expressivas ou corporais. No caso de modalidades coletivas o foco é nas relações grupais, na formação de vínculo e organização de liderança e as práticas podem envolver a utilização dos jogos dramáticos advindos do psicodrama, o desenvolvimento de auto-conhecimento por meio das técnicas de senso-percepção, bem como procedimentos verbais originários da psicanálise de grupos. O terceiro ramo de estudos - análise do comportamento social que se apresenta na situação esportiva a partir da perspectiva de quem pratica ou assiste ao espetáculo reconhece o esporte como um conjunto complexo de elementos que envolve o atleta, o espectador, a torcida, os patrocinadores e as empresas. Neste ramo de estudo toda 62 manifestação esportiva é socialmente estruturada, na medida em que o esporte revela em sua organização, no processo de ensino-aprendizagem e na sua prática, os valores subjacentes da sociedade na qual ele se manifesta. Assim, questões antes tratadas dentro da Psicologia do Esporte voltada para o rendimento, foram deslocadas para um contexto social maior que são o lugar e o momento que o atleta está vivendo. Aqui a Psicologia Social surge como campo de estudo para a compreensão e explicação desse fenômeno complexo e abrangente que é a atividade física e esportiva. As discussões passam a ser sobre o que é o fenômeno esportivo e como ele tem sido construído e explorado no imaginário esportivo na atualidade. Também é pela perspectiva da Psicologia Social que a Psicologia do Esporte tem atuado junto aos chamados projetos sociais nestes o objetivo das instituições é a promoção do desenvolvimento da prática da cidadania ou o oferecimento de alternativas de socialização tendo o esporte como facilitador (o esporte passa a ser visto como um meio e não como fim). Dadas estas considerações pode-se verificar que o psicólogo que atua na área esporti va pode exercer funções de: investigador (quando lida com a análise dos processos psicológicos básicos aplicados à atividade física), como educador (quando lida com questões de princípios e técnicas psicológicas direcionadas a treinamento de atletas, técnicos, etc.) e como clínico (quando lida com os problemas psicológicos patologias que interferem na prática esportiva). Como Psicólogo do Esporte o profissional pode atuar com: esporte escolar, na análise e compreensão dos processos de ensino, formação e educação da criança e do jovem; esporte recreativo ou de tempo livre, que busca o estudo e intervenção sobre a prática de atividades físicas desenvolvidas em t e m p o l i v r e , v i s a n do à an á l i s e d o comportamento recreativo dos grupos de diferentes faixas etárias; reabilitação, que é voltada para a prática de atividade física esportiva para indivíduos com certas limitações e que tem como finalidade principal a promoção da saúde do indivíduo; esporte de alto rendimento, que visa basicamente a atuação sobre os fatores que influenciam diretamente na questão da performance e desempenho do atleta e/ou equipe e onde cabe ao Psicólogo observar as condições institucionais, grupais e individuais e em projetos sociais, onde é necessário conhecer as questões culturais da instituição, para que se possa avaliar e desenvolver noções básicas de cidadania, dentro da demanda da instituição. Em qualquer das linhas de estudo, campos de trabalho ou formas de atuação o interesse primordial do Psicólogo do Esporte é a manutenção e promoção da saúde daqueles que praticam qualquer forma esportiva quer para fins competitivos ou não ou a utilização do esporte como forma de integração e adaptação saudável. Referências Bibliográficas ATKINSON, R. L., et al. Introdução à Psicologia de Hilgard. 13 ed. Porto Alegre: Artmed, 2002. BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. L. T. Psicologia, uma introdução ao estudo de psicologia. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. 368 p CRATTY, Bryant J. A Inteligência pelo Movimento: atividades físicas para reforçar a atividade intelectual. Tradução de Roberto Goldkorn. São Paulo: DIFEL, 1975. 189p Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 63 I CONGRESSO BRASILEIRO DE PSICOLOGIA APLICADA AO ESPORTE E À MOTRICIDADE HUMANA ARTIGO 64 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 65 A [de] formação moral e esportiva: conflitos no caminho do futebol 1 Altair Moioli 2 Afonso Antonio Machado 1 Centro Universitário de Rio Preto-UNIRP; Universidade Paulista-UNIP 2 LEPESPE - UNESP - Campus Rio Claro RESUMO: A inegável contribuição cultural que o esporte, em especial o futebol, promove para a educação e para a educação física, requer uma reflexão a respeito dos valores morais e da ética impregnados nas atitudes e condutas dos profissionais envolvidos nesse ambiente social, e quanto desta dimensão atitudinal são trabalhados no ambiente escolar. Diante desta perspectiva, o objetivo principal deste trabalho foi analisar os conceitos de moral e ética trabalhados e difundidos no espaço escolar pelos professores de educação física, como reflexo das ações e atitudes dos personagens envolvidos com a prática do futebol profissional. Para tanto, a metodologia empregada para o desenvolvimento deste artigo foi de natureza qualitativa, descritiva, com base nos procedimentos metodológicos de revisão de literatura, apoiada em bibliografia específica da área da psicologia social, psicologia do esporte, sociologia e fenomenologia. Assim, preliminarmente pode se considerar que, como sendo um objeto do conhecimento social (La TAILE, 2006), as ações e a conduta dos titulares envolvidos com a educação representam papel de destaque para formação dos valores. Neste sentido, a escola, jutamente com a família e o clube, constituirão a tride de epaços nos quais se estabelecem as relaçoes sociais e portanto, onde se forma a consciencia moral. I. Introdução O futebol, tido como uma das manifestações mais significativas da cultura do povo brasileiro, por mais que se tente dizer o contrário, torna-se assunto quase obrigatório em todas as análises e contextualizações sócio-filosóficas ou psicológicas, quando este fenômeno altera a vida de milhões de indivíduos adeptos à sua prática ou mesmo q u a n d o c o l oc a d os n a c o n d i ç ã o d e expectadores. À medida em que se aproxima um grande evento esportivo, como a Copa do Mundo de Futebol, por exemplo, evidenciamse todas as atenções para a seleção que representa o país e todos os seus envolvidos, bem como todos os simbolismos que ela representa. Não apenas o desempenho físico de seus integrantes e o placar do jogo estão sob o ol har av al iat i vo d a soc i edade, ma s especialmente os valores que são exigidos para aqueles que representam a pátria nas competições oficiais. Assim, o orgulho nacional, a auto-estima do cidadão comum, as dificuldades pessoais são projetadas a partir dos resultados obtidos em campo de jogo. Daólio (2000, p.29) argumenta que o futebol, em época de Copa do Mundo, tem o poder de renovar e atualizar o conceito de nação, resgatando valores como solidariedade, cooperação, altruísmo e tolerância. O envolvimento da população com o esporte, neste caso com o futebol, amparado pelos meios de comunicação, provoca um questionamento do sentido da moral e da ética, quando estão envolvidos outros fatores que são alheios ao grande público. A relação econômica do fenômeno esportivo coloca em posição de conflito de interesses os ideais da formação e da educação. Os principais meios de comunicação utilizam-se de um discurso mobilizador, quase alienante, em que são evocados os desejos de consumo, a possibilidade de participação efetiva nesse processo e, evidentemente, o encorajamento para compartilhar as emoções que o esporte proporciona. Ao tirar proveito desta forma de discurso, repassado para milhões de torcedores, adultos e especialmente crianças em idade escolar, valoriza-se o famoso “jeitinho brasileiro” como uma grande invenção nacional e, ao mesmo tempo, tenta-se incorporar essa pseudo vantagem ao conjunto de valores e normas de comportamento do cidadã o brasileiro. Esse quadro é extremamente conflitante com os princípios para a educação cidadã que se pretende implantar, tendo o esporte como um veículo de forte representação social. Este contexto liga-se diretamente às questões do esporte como conteúdo da Educação Física escolar, em cujas atividades diárias o futebol ocupa lugar de destaque. A 66 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 adesão a esta prática corporal de forma natural e quase espontânea caracteriza tal modalidade como elemento de transformação não apenas de ordem física e mecânica, mas essencialmente de ordem moral e psicológica, pois, como argumenta Daólio (2000), a influência exercida pelo futebol é, antes de tudo, cultural. Portanto, o enfoque dado à prática desta modalidade, tanto pelos professores de Educação Física quanto pelos técnicos das equipes de iniciação, merece uma avaliação mais bem pormenorizada dos procedimentos pedagógicos adotados, da conduta desses profissionais e um cuidado especial para abordar os conceitos apresentados no que se refere ao desenvolvimento da moralidade, considerando-se a agressividade física e psicológica como um elemento de ingerência no trabalho educativo. Aqui vale destacar algumas expressões populares que definem o conceito de moral para os integrantes do ambiente esportivo, como atletas, dirigentes, treinadores e torcedores, ou ainda, determinados grupos sociais, como a escola, por exemplo. No Brasil, como único país a participar de todas as Copas do mundo, a sua Seleção tornou-se alvo de diversos segmentos da sociedade, para os quais a classificação para essa importante competição torna-se uma “questão moral”, tanto para os jogadores quanto para a torcida. Ou então, “nós temos uma obrigação moral de sermos campeões”, quando o discurso de dirigentes, técnicos e parte da imprensa se confunde com o senso comum, para expressar comparativamente a superioridade técnica do jogador brasileiro em relação ao de outros países. Isso é um conceito simplista da moral, do ponto de vista da psicologia. Uma análise preliminar sugere a possibilidade de utilização de todos os meios possíveis para se conseguir tais metas, mesmo que não sejam lícitos. Encontra-se ainda uma dezena de outras formas de atribuir o conceito de moral, dependendo do contexto em que se está inserido. Neste aspecto, o meio esportivo apresenta alguns exemplos como: “[...] vai na moral, vai na moral [...]” é uma expressão usada pelos companheiros e pelo técnico, que aos gritos, tentam incentivar o atleta que já não tem mais a sua melhor forma física para Terminar uma partida. Outro exemplo surge quando um atacante adversário necessita de uma marcação próxima da área de penalty ou onde a ocorrência de uma falta possa significar perigo. Logo vem a instrução dos zagueiros, do goleiro ou do treinador: “rouba essa bola na moral, sem cometer falta [...].” Ou então, para designar uma possível incompetência técnica do árbitro, a expressão mais usada é “Esse senhor não tem moral para apitar a partida.”. O contexto esportivo apresenta uma diversidade muito rica de expressões que deturpam o sentido original e o conceito deste termo. Além disso, fatos como: manipular resultados, burlar regulamento, coorporativismo, chantagem financeira, aliciamento de atletas jovens e subornos são condutas freqüentes nos meios do esporte profissional. Assim, nota-se uma vulgarização etimológica, conceitual, da palavra moral, perdendo-se o referencial dos valores que a compõem e dos princípios éticos que dela derivam. Essas, entre outras questões, refletem-se diretamente na Educação e em particular na Educação Física, especialmente nas equipes de iniciação esportiva, quando as ações práticas não têm como referencial as regras morais. Belbenoit (apud Scaglia 2001. p 56) confirma a necessidade de se avaliar a interferência dos modelos apresentados pelo futebol profissional como prática desta modalidade no âmbito escolar: “O desporto não é educativo sobre todos os planos, a menos que um educador faça dele ao mesmo tempo um objeto e um meio de educação, que se o integre pela prática e pela reflexão naquilo que eu chamarei uma ética de saúde global.” Tendo como modelo os excessos cometidos pelas autoridades esportivas imbuídas em classificar, a qualquer custo, suas equipes nos campeonatos oficiais e a Seleção Brasileira para a Copa do Mundo, estas qu es tõ es m er e ce m um a ab or da gem contextualizada e crítica entre os envolvidos neste processo para a formação de jovens, quais sejam, os professores, os técnicos, os dirigentes, os pais, os alunos, os atletas, enfim, a sociedade em geral. II. Objetivo Diante desta perspectiva, o objetivo principal deste trabalho é analisar os conceitos Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 de moral e ética trabalhados e difundidos no âmbito escolar pelos professores de educação física, como reflexo das ações e atitudes dos personagens envolvidos com a prática do futebol profissional. III. Referencial metodológico Para tanto, a metodologia empregada para o desenvolvimento deste artigo é de natureza qualitativa, descritiva, com base nos procedimentos metodológicos de revisão de literatura, apoiada em bibliografia específica da área da psicologia social, psicologia do esporte, sociologia e fenomenologia. De acordo com alguns autores, entre eles Thomas e Nelson (2002), a classificação de uma pesquisa como descritiva tem como pressuposto a intenção de descrever a ocorrência de aspectos relevantes de um determinado movimento ou fenômeno. Assim, o objetivo é analisar e relacionar as possíveis variáveis dos fatos da realidade social. Por outro lado, a pesquisa de caráter bibliográfico procura explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas em documentos oficiais, revistas indexadas, livros, periódicos, sites acadêmicos, ou outras fontes de infor mação que contri buam para fundamentar a pesquisa que está em andamento. Busca conhecer e analisar as contribuições culturais e científicas do passado, existentes sobre um determinado assunto, tema ou problema. Consiste em apresentar e comentar o que outros autores escreveram sobre o tema, enfatizando as diferenças ou semelhanças que existem entre os conceitos. Enfim, a pesquisa bibliográfica constitui um ato de leitura, reflexão, seleção e organização de textos, releitura, analise e contextualização de material que já tenha sido publicado, referente ao problema pesquisado para, nas considerações finais, concordar, criticar, exemplificar e até mesmo sugerir mudanças nos resultados encontrados. Nesse sentido, a resposta pode estar no caráter provisório, histórico e inacabado da ciência, que permite a continuidade e o aperfeiçoamento do que já foi produzido, contribuindo assim para o surgimento de uma nova interpretação dos fenômenos (LIMA, 2004, p.40). Para atender esses pressupostos devese fundamentar uma discussão teórica com base na exploração de diferentes fontes 67 bibliográficas e, em especial, apoiar as análises a partir de um conjunto de autores que representam cientificamente o tema a ser explorado. Dessa forma, as considerações da revisão de bibliografia devem partir de um referencial teór ico já existente, perm itindo aos pesquisadores reforçar ou refutar as idéias originais, contribuindo assim, para dar crédito ao trabalho que está sendo produzido (ibid, 2004. P.40) IV Consulta Bibliográfica Para Holanda (2.000) moral é um “conjunto de regras de conduta ou hábitos julgados válidos, quer de modo absoluto quer para grupo ou pessoa determinada”. La Taile (2006), argumenta que moral está relacionada a dimensão dos deveres, vinculada a competência cognitiva. Esse fato leva a autor a considerar a questão da moral como um objeto de conhecimento social articulado sob os aspectos das regras, dos princípios e dos valores. Enquanto que ética está ligada a representatividade de vida com sentido. Ainda segundo Holanda (.2000), em relação ao conceito de ética, este mesmo autor apresenta-a como sendo um “estudo dos juízos de apreciação referente à conduta humana, do ponto de vista do bem e do mal. Conjunto de normas e princípios que norteiam a conduta do ser humano.” . Esta idéia de moral ou o conjunto de valores morais é apresentado pela sociedade como imagens ou idéias do que é bom ou ruim, permitido ou proibido, certo e errado, conforme apresenta Duda (1.999 p. 257): “ Moralidade diz respeito àqueles aspectos prescritos de relações sociais, que respondem às imagens ou idéias de um relacionamento bom e certo. Manter uma promessa, por exemplo, pode ser considerado uma obrigação moral, porque confiança é essencial para um relacionamento humano ideal.” Assim, percebe-se que a sociedade é guiada ou até manipulada por meio de uma lista de valores que são tradicionalmente proclamados dentro do seu contexto histórico denominado comportamento moral. 68 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 Brandura (apud Duda 1999 p. 257) e outros teóricos da aprendizagem social definem moralidade como um comportamento adequado às normas morais e culturais, a qual é desenvolvida por meio de modelagem e reforço, ou seja, um conjunto de obrigações e normas herdado historicamente por meio do comportamento da sociedade. Porém, é interessante observar que tal conjunto de valores morais, crenças, justiça, atitudes, julgamentos, pode sofrer mudança na organização hierárquica durante o processo de desenvolvimento do individuo (PIAGET, 1997; LA TAILE, 2006; DUDA, 1999). Significa dizer então que o ranking de valores pode mudar, dependendo da maturidade do indivíduo e ainda, como ele definiu os padrões com os quais pretende viver. A partir desta constatação, vale observar a importância de serem analisados e discutidos no ambiente escolar os assuntos que surgem no dia-a-dia da imprensa, relatando os fatos dos bastidores do ambiente esportivo, onde são tratados os casos de “doping”, violência, subornos, etc, para servir como referência para trabalhar a dimensão atitudinal dos conteúdos. Apesar da carência de estudos que retratam o desenvolvimento moral no contexto esportivo, Shieldes; Bredemeier (1995, apud Weimberg; Gould 2001 p.508), apontam três conceitos que englobam moralidade no esporte: jogo limpo, espírito esportivo e caráter. Estes autores definem jogo limpo como a possibilidade de “...que todos os competidores entendam e mantenham-se fiéis não apenas às regras formais do jogo, mas também ao espírito de cooperação e regras de jogo não escritas...”. Já para espírito esportivo apresentam uma definição mais complexa, visto que questões de ética devem prevalecer quando houver a necessidade de julgamento, ou seja, trata-se da valorização do jogo limpo, mesmo que isso signifique a derrota. Os mesmos autores consideram que caráter é um conceito que engloba jogo limpo, espírito esportivo acrescido de duas outras importantes virtudes: compaixão e integridade (ibid, 2001 p.508). Seria ingênuo pensar o esporte de alto rendimento sendo desenvolvido a partir deste ideal de educação e comportamento dos atletas. Não há necessidade de grandes reflexões filosóficas para entender que o profissional que atua nas esferas da iniciação esportiva ou competitiva sempre estará em conflito com este conjunto de regras que compõem valores morais e éticos, pois o que está em jogo não é apenas o título do campeonato, mas uma série de outras possibilidades como independência financeira, ascensão social, valorização profissional, “status” e fama. As atitudes e a conduta dos astros esportivos, em muitos casos, não combinam com os exemplos necessários para debater ou mesmo ensinar ética na escola. A história tem mostrado treinadores, árbitros e atletas compactuando com resultados combinados antes da partida para beneficiar as suas equipes ou prejudicar outras, principalmente em competições com equipes juvenis, manipulando assim o resultado e burlando o regulamento. Diante de atitudes duvidosas dos responsáveis pela orientação e direção das equipes, generalizam-se essas condutas para todos os envolvidos. Diante desses casos não há como evitar comportamentos agressivos e violentos por parte de atletas quando se sentirem pressionados ou prejudicados. A agressividade tem sido abordada de forma intensa, em especial por discussões acadêmicas pautadas em pesquisa científica ou por meio de debates promovidos pela mídia. Entretanto, devido a uma definição conflituosa, muitas vezes se empregam termos como agressão, hostilidade, violência, virilidade e agressividade sem que seja estabelecido um consenso na sua definição. Baron e Richardson (1994, apud Weimberg e Gould (2001 p.494), define agressão como “...qualquer forma de comportamento dirigido com objetivo de prejudicar ou ferir um outro ser vivo que está motivado a evitar tal tratamento.” A agressão também é dividida em agressividade hostil, considerada como uma resposta (física ou psicológica) a uma agressão sofrida e agressividade instrumental, que acontece na expectativa de alcançar um objetivo não agressivo, ou seja, manobras para desestabilizar psicologicamente o adversário (ibid, 2001). Mesmo assim, no esporte, os atos agressivos muitas vezes são tolerados, incentivados e até aplaudidos por grande parte da sociedade, que compactua com o descumprimento de algumas regras de, Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 Conduta e normas sociais (Russel apud Duda, 1.999 p. 277). Essa violência nos meios esportivos acaba por atingir a popularidade do esporte, embora nem sempre a violência tenha sido originada em questões esportivas, mas sim sociais. (Machado, 1.997 p. 83). Embora a agressividade e a violência possam estar associadas a um processo de frustração, e, portanto, classificadas como atos atemporais, deve-se estabelecer uma conexão com o desenvolvimento da moralidade. Como exemplo, o fenômeno bullyng responde pela maioria das formas de agressão física e psicológica entre crianças e adolescente, e contribui para o desenvolvimento da noção do que é certo e o que errado. Diante destas considerações e aventando a possibilidade da agressividade também estar associada a fatores culturais, religiosos, políticos e principalmente morais e éticos, faz-se necessário uma profunda reflexão quanto ao comportamento dos técnicos e a sua relação com atletas adolescentes. O comentário de Rubio (2.000 p. 132) acerca das responsabilidades do professor na condução do processo educativo, alude ao fato de que a sua aula deve ir além de uma simples ação mecânica, mas, sobretudo, de orientar a criança e o adolescente para a vida. Isso implica questionar que sociedade se pretende constituir e, implicitamente, sob que valores se pretende formar o homem que constituirá esta sociedade. Nessa questão, o professor e todos os envolvidos com a competição esportiva desempenham papel principal no ato de ensinar e transformar a consciência dos indivíduos. Com o avanço da ciência, surgem conflituosos debates acerca da ética e da moral, em especial quando estão em evidência as conquistas científicas. Recentemente o grande debate entre a ciência, a religião e o direito centrou-se na utilização de células-tronco. Em outros tempos, a grande discussão fixou-se na possibilidade da clonagem de seres vivos em laboratório, fato que causou furor acadêmico e religioso. Estes fatos, sobretudo do ponto de vista da ética, da moral, da religião, da biologia e da psicologia, criam cenário futurista incerto com relação a formação humana. Porém, não se deve subestimar a capacidade de professores e treinadores em também formar cópias, não tão perfeitas como 69 as dos laboratórios, mas certamente muito próximas daquilo que foi usado como referência para trabalhar os valores, pois seu comportamento torna-se modelo para o desenvolvimento dos valores morais em crianças e nos adolescentes. V Considerações finais A sociedade brasileira, aprendendo a conviver com o processo democrático, encontra-se atualmente mais amadurecida e atenta às transformações sociais e na busca de seus direitos. Isso estimula as lutas por conquistas consideradas essenciais para uma melhora da qualidade de vida, como por exemplo, algumas conquistas sociais, como a escola, a saúde, o entretenimento, entre outros direitos. Pode-se considerar que grande parte destas conquistas foi possível quando o acesso à Educação se estendeu a todas as classes indistintamente. Portanto, o número de atendimentos na escola ou nos clubes esportivos possibilita ter uma idéia do alcance do poder de convencimento do discurso do professor. Quando essas atitudes estão apoidas em exemplos do mundo esportivo, é possível uma análise preliminar, da capacidade e da importancia desta ferramente educativa. Ou seja, trabalhar o esporte na dimensão das atitudes favorece a formação moral do individuo. Neste sentido, a escola, jutamente com a família e o clube, constituirão a tride de epaços nos quais se estabelecem as relaçoes sociais e portanto, onde se forma a consciencia moral. Ao utilizar o modelo do esporte profissional como uma das possibilidades de prática, em especial na forma de competição, todos os valores deverão ser discutidos e analisados, se essas ações forem comparadas com as demandas exigidas pela Escola e pela sociedade. Portanto, especialmente o professor de Educação Física que utiliza o futebol como conteúdo das aulas, deve-se estar atento para as interferências que o esporte de alto rendimento proporcionam e para o fato de como distorcem a interpretação dos conceitos de moral e ética na formação das crianças. Baseado no modelo apresentado pelo futebol profissional, os conceitos de moral e ética se subvertem e passam a tomar forma no “jeitinho brasileiro” de resolver todas as questões. Essa 70 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 vulgarização etimológica da palavra moral e seu uso conturbado provocam uma visão diluída da moralidade. A certeza da impunidade contribui para um aumento da agressividade entre atletas, professores, técnicos e espectadores. VI. Referencias Bibliográficas DAOLIO, J. As contradições do Futebol Brasileiro. In CARRANO, P. C. R (org). Futebol: paixão e política. Rio de Janeiro: DP&A Editora, 2.000. p. 29 44. DUDA, J. Advances in Sport and exercise psychology measurement. Morgantwn: F. T. I. Inc.,1999. p. 257-292 . FERREIRA, A. B. H. Novo Aurélio Século XXI: o dicionário da língua portuguesa. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999 LA TAILE, Y. Moral e Ética: dimensões intelectuais e afetivas. Porto Alegre: Artmed, 2006. 192 p. LIMA, M. C. Monografia: a engenharia da produção acadêmica. São Paulo: Saraiva, 2004. 210p. MACHADO, A. A. Psicologia do Esporte Temas Emergentes. Jundiaí: Ápice, 1.997. 191p. MARQUES, J.A.A. e KURODA, S.J. Iniciação esportiva: um instrumento para a socialização e formação de crianças e jovens. In RUBIO, K. Psicologia do Esporte, Interfaces, pesquisa e intervenção. 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Eliane Paganini da Silva Centro Universitário de Rio preto - UNIRP Este trabalho investigou se professores do II Ciclo do Ensino Fundamental (5ª a 8ª séries) de uma escola de cidade do interior paulista, tinham consciência de suas responsabilidades como professor, suas funções e qual o seu valor atualmente, como avaliam a crise descrita na bibliografia educacional e, se estão c o n s c i e n t es de s s a c r i s e c om s e u s determinantes. Juntamente com o referencial teórico de autores que tratam da identidade do professor, utilizou-se como suporte para a análise a teoria de Jean Piaget sobre o desenvolvimento cognitivo e a tomada de consciência. Foram entrevistados 12 professores de diferentes disciplinas, dentre elas o professor de educação física com base em um roteiro semi-estruturado, tendo como eixo temático a definição dos níveis de desenvolvimento profissional. A partir de análise qualitativa e quantitativa, foi possível es t abel e ce r ní ve i s d i st i nt os par a o desenvolvimento profissional docente. Sendo eles: Nível I: Desvio de identidade, Nível II: Semi-identidade profissional, Nível III: Identidade e responsabilidade profissional. Procurou-se também, entender quais as principais imagens que os próprios professores possuem de si como profissionais. Os resultados mostraram professores em muitos aspectos confusos, deixando entrever uma identidade não muito bem definida. Palavras-chave: Profissionalização docente, Identidade profissional do professor, Psicologia da Educação, Trabalho docente. 73 CAPOEIRA: Uma opção para crianças com déficit de aprendizagem 1 Renato Silva Santos ; Cesar Antonio Parro 1 2 Centro Universitário de Rio Preto - UNIRP; 2 Universidade Paulista - UNIP Diante do considerável número de crianças com déficit de aprendizagem que freqüentam as classes regulares do ensino fundamental e considerando que essas crianças não encontram outra possibilidade de aprendizagem além da proposta oficial, o trabalho desenvolvido no Projeto Gato de Botas oferece oportunidade diferenciada para suprir as dificuldades encontradas na escola. A opção pel a Capoei ra R egi onal está fundamentada na possibilidade de proporcionar uma aprendizagem significativa, tendo em vista também a necessidade de desenvolver noções de lateralidade, melhorar a coordenação motora, ritmo, movimento corporal e a sua utilização fora do ambiente escolar, fatores indispensáveis para crianças que apresentam características. Este estudo é desenvolvido com aproximadamente 50 crianças que freqüentam as atividades do Projeto Gato de Botas. Participam crianças de ambos os sexos, com idade compreendida entre 7 e 12 anos. Essas crianças, além do déficit de aprendizagem, têm como agravante a baixa renda familiar. O resultado da aprendizagem na capoeira foi analisado com base nos exercícios do exame de admissão da Capoeira Regional. A análise dos resultados positivos em relação às outras situações de aprendizagem é realizada juntamente com os profissi onais envolvi dos: pedagogos, psicólogos, neurologistas, arte-educadores e professores de educação física integrantes da equipe multidisciplinar. Os resultados encontrados mostram que, de um modo geral, as crianças com déficit de aprendizagem apresentam problemas relacionados à lateralidade, coordenação motora, atenção, baixa auto-estima, que comprometem consideravelmente o desempenho e o rendimento escolar. As aulas de capoeira foram importantes para auxiliar as crianças, pois a prática dessa atividade possibilitou amenizar consideravelmente as deficiências apresentadas, bem como apresentou resultados positivos no processo ensino- 74 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 aprendizagem. O resultado deste trabalho indica a possibilidade de proporcionar uma reflexão entre pais, professores e outros profissionais que venham a conviver com crianças com déficit de aprendizagem. A utilização da Capoeira Regional pode facilitar e proporcionar a inclusão destas crianças no proces so ensino- apr endizagem e na sociedade. Palavras Chave: Capoeira. Déficit de aprendizagem. Educação Física PROCURANDO UM LUGAR SOCIAL: “Onde ponho minha mudança?”: um estudo social sobre a construção da identidade lésbica Elaine Cristina dos Santos Vera Lúcia Beraldo ser nomeada tenta se reconhecer nessas nomeações, mas o sentimento é de estranhamento.Ela se enquadra no que dizem sobre ela (entendida, sapatão, homossexual) a partir do seu desejo que é visto como proibido? Essas são questões que serviram como base, para refletir sobre o que acontece na vida de Felipa. A identidade da mulher lésbica parece com a possibilidade de encontrar um lugar, um lugar social. E como ela diz poder viver seus processos de mudanças. A noção de identidade foi tomada do elemento central para pensar quais possibilidades identitárias a sociedade oferece para mulheres que se relacionam afetivo-sexualmente com outras mulheres. A perspectiva adotada é de crítica social, pois muito tem a ser pesquisado e reconhecemos a pesquisa como formo de contribuir para mudanças sociais (onde estereótipos possam der desfeitos) em que homens e mulheres independentes de suas orientações sociais sejam respeitados como seres humanos. Centro Universitário de Rio Preto- UNIRP A opção pela temática, procura compreender qual a denominação da mulher diante de uma relação afetivo-sexual com outra mulher, porém, ao abordar esse tema necessariamente aborda a questão da identidade. Convém apontar também a importância dessa temática dentro do campo da Psicologia. Outro fator que chamou atenção que, a partir de um levantamento bibliográfico inicial, é possível observar a restrição de obras que abordam a temática lésbica, e relevando um déficit na produção de conhecimento sobre lesbianidade, que propicie maior inteligibilidade sobre os conteúdos da temática. Assim, o presente trabalho tem por objetivo, refletir sobre a construção da identidade lésbica. Na construção dessa pesquisa a metodologia utilizada foi à entrevista aberta (não dirigida) e como base de referencial teórico apoiado por em Ciampa (1996). Através do relato da historia de vida de uma pessoa, o pesquisador estuda os pontos m ai s importantes, cabíveis aos problemas de investigação. Neste estudo o sujeito de pesquisa foi chamado de Felipa. Felipa toma o processo de se reconhecer com um desejo, visto como proibido, vai sendo nomeada. Ao ANSIEDADE PRÉ-COMPETITIVA NO FUTSAL Marcelo Callegari Zanetti, José Elzo Franco Júnior, Leonardo Zanesco, Denílson Roberto Campos Gomes e Afonso Antonio Machado LEPESPE / I. B. / UNESP Campus de Rio Claro (Introdução) Ao assistirmos um atleta desempenhando suas funções, é difícil imaginar tudo aquilo que ele possa estar vivenciando e sentindo. Sentimentos como: felicidade, amor e alegria em frações de segundos podem ser substituídos por tristeza, desilusão e sofrimento o que faz do esporte um momento mágico e único, mas também incerto. Esta incerteza ou ansiedade que o atleta é submetido frequentemente em treinamentos e jogos, em níveis moderados pode auxiliar o mesmo a melhorar seu desempenho, porém, quando os níveis extravasam a tolerância deste indivíduo, poderá ocorrer queda no desempenho e graves distúrbios físicos e psicológicos. Por isso, procuramos investigar o Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 nível de ansiedade de atletas da modalidade futsal adulto masculino. (Metodologia) Foram investigados por meio do CSAI-2 (Competitive State Anxiety Inventory 2), 40 atletas (7 diferentes equipes) com idade entre 15 e 36 anos (22.3±6.2) participantes da Copa DEC/Liga 2009 de Futsal, categoria adulto masculino, realizada em São José do Rio Pardo SP. Os dados foram coletados entre os dias 21 e 26 de janei ro de 2009. Posteriormente, os mesmos foram tabulados com o objetivo de identificar os níveis de ansiedade pré-competitiva cognitiva e somática apresentado pelos atl etas. (Resultados) Como resultado os atletas apresentaram um nível de ansiedade cognitiva alta (5%), média (47,5%) e baixa (47,5%), já em relação à ansiedade somática foram encontrados os seguintes valores: alta (2,5%), média (32,5%) e baixa (65%). (Conclusão) Analisando os resultados pudemos verificar que os atletas apresentaram maiores níveis de ansiedade cognitiva do que somática; o que nos indica, que os componentes relacionados ao pensamento (ansiedade cognitiva) como: pr eoc upação , apr eens ão, dúvi das e pensamentos negativos pareciam estar mais alto do que os relacionados à ativação física percebida ( ansiedade somáti ca) . Tal constatação nos sugere a necessidade de uma intervenção antes das competições a fim de controlar os níveis de ansiedade cognitiva e somática e contribuir efetivamente para que o atleta atinja maior desempenho atlético. 75 76 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 77 I CONGRESSO BRASILEIRO DE PSICOLOGIA APLICADA AO ESPORTE E À MOTRICIDADE HUMANA RESUMOS PAINEIS 78 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 ASPECTOS MOTIVACIONAIS PARA PRÁTICA ESPORTIVA DO HANDEBOL EM ATLETAS DO CAMPEONATO BRASILEIRO DE CLUBES CADETE MASCULINO 2009 1 Paulo Ricardo Martins Nunez , Junior Vagner 1 1 Pereira da Silva , Sandro Torales Schulz , 2 Carlos Alexandre Habitante , Arnaldo Tenório da Cunha Júnior3 1.Universidade AnhangueraUniderp/LAPHERS, 2.UFMT - Campus Universitário da Araguaia, 3.LACAPS/UFAL Campus Arapiraca Introdução: O estudo da motivação dentro do esporte de rendimento tem sido foco de pesquisas na área da psicologia esportiva e muitos analisam a relação entre a motivação e a prática esportiva. Objetivos: O estudo teve como objetivo analisar os motivos que levam os atletas de handebol masculino a prática da modalidade. Materiais e Métodos: A amostra foi composta por 154 atletas entre 15 e 16 anos, integrantes das onze equipes que participaram do Campeonato Brasileiro de Handebol Masculino Fase Final, realizado na cidade de Campo Grande MS, na categoria cadete. Na coleta de dados foi utilizado o Inventário de Motivação à Prática Desportiva, criado por Sobral (1995) e validado e adequado a realidade brasileira por Cardoso e Gaya (1998). Para o tratamento estatístico foi utilizado a estatística descritiva (médias). Resultados: Os resultados mostram que os principais fatores motivacionais que levaram os atletas a praticarem o handebol são aqueles relacionados ao rendimento desportivo (48,60%), seguido dos motivos relacionados à saúde que obteve (40,45%) de preferência. Os aspectos relacionados ao lazer e amizade indicam como sendo os de menor relevância na motivação dos atletas (31,43%). Observando os motivos dentro de cada categoria temos os seguintes resultados: no r endimento desportivo a questão “para ser um atleta” teve o maior índice de preferência (69,0%), na categoria relacionada à saúde, a questão “para manter a saúde” obteve (55,3%) e na categoria relacionada à amizade e lazer, a questão “por que eu gosto” obteve (45,0%). Considerações Finais: Os resultados demonstram que para maioria dos atletas a prática desportiva para competir foi o principal fator motivacional, 79 podendo ser entendido como um indicativo que o esporte de rendimento leva os atletas a terem uma motivação extra para competir. Palavras - chave: Psicologia do Esporte, Handebol, Motivação. ANÁLISE DO NÍVEL DE STRESS PRÉCOMPETITIVO EM ATLETAS PRATICANTES DE CARATÊ SHOTOKAN MASCULINO E FEMININO 1 Paulo Ricardo Martins Nunez , Sandro 1 2 Torales Schulz , Carlos Alexandre Habitante , 3 Arnaldo Tenório da Cunha Júnior , Junior 1 Vagner Pereira da Silva 1.Universidade AnhangueraUniderp/LAPHERS, 2.UFMT - Campus Universitário da Araguaia/UFMT, 3.LACAPS/UFAL Campus Arapiraca Introdução: O caratê competitivo por suas características próprias de confronto, demonstração, comparação e avaliação constante de seus participantes, apresentam peculiaridades que devem ser analisadas para que se possam conhecer suas implicações no desempenho dos atletas. Objetivos: Este estudo teve como objetivo analisar o nível de stress pré-competitivo em atletas praticantes de caratê shotokan. Materiais e Métodos: O estudo caracterizou-se como uma pesquisa quantitativa, sendo utilizado o questionário de Lista de Sintomas de Stress Pré-Competitivo Infanto-Juvenil LSSPCI (De Rosa Junior, 1998). Participaram deste estudo 83 atletas praticantes de Karatê Shotokan, sendo 49 do sexo masculino e 34 do sexo feminino, com idade igual e acima de 12 anos. As graduações variaram da faixa branca a faixa preta, o tempo de prática variou de cinco anos até 20 anos de prática. Todos os entrevistados foram escolhidos de forma não probabilística casual. Resultados: Os resultados demonstraram que 55% dos atletas apresentaram sintoma moderado de stress; 45% apresentaram sintoma de stress acima do moderado. Em relação às idades houve diferença entre os resultados, onde os atletas com faixas etárias 80 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 entre 12 a 20 anos apresentaram um nível muito calmo na competição e os atletas com faixas etárias entre 21 a 30 anos apresentaram um escore moderado. Considerações Finais: Podemos concluir que nesta população de atletas o caratê competitivo não causou um alto nível de stress. Sugere-se que outras pesquisas possam correlacionar o nível de stress com a graduação de faixa dos praticantes. Palavras-Chave: Caratê, Stress, Competição MEDO E VERGONHA NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: Perspectivas da Psicologia do Esporte Jacqueline Carvalho e Afonso Antonio Machado UNESP - Rio Claro / UNESP Rio Claro Introdução: As emoções são subjetivas a cada indivíduo e são exteriorizadas através do corpo. A vergonha é tida como um sentimento de desconforto, podendo comprometer o relacionamento do indivíduo socialmente. O medo é uma desorganização psíquica, desagradável que surge quando o indivíduo se encontra em situação que ele julga ameaçadora. Assim, nas aulas de Educação Física, por ser uma disciplina que expõem os alunos; que permite o contato físico; um momento para o aluno se expressar, ficam evidentes atitudes espontâneas dos alunos, regidas pela emoção. Objetivos: Analisar as alterações nos estados emocionais dos alunos, durante as aulas de Educação Física Escolar; bem como verificar a existência e quais as principais causas das emoções “medo e vergonha” e por fim avaliar se essas emoções podem interferir na participação dos alunos nas aulas. Métodos: Os participantes constituíram-se de 40 alunos, sendo que 20 alunos do sexo feminino e 20 alunos do sexo masculino, com idade entre 16 e 18 anos. Todos os participantes eram estudantes do 3º ano do Ensino Médio de uma escola estadual de Rio Claro. O instrumento utilizado foi questionário com 22 questões fechadas a fim de analisar as emoções medo e vergonha. A pesquisa foi realizada durante as aulas de Educação Física da escola. Resultados: Os alunos sentem 'alegria', 'prazer' e 'motivação' durante as aulas. As meninas sentem mais vergonha do que os meninos quando estão sendo observadas pelos colegas ou pelo professor; de conversar com o professor de Educação Física; de atividades que tenha contato físico com o sexo oposto e por ser menos habilidosas. Os alunos de uma maneira geral, sentem vergonha quando são humilhados pelos colegas e sentem medo de se machucar durante um jogo. Já as meninas sentem mais medo que os meninos ao errar algum exercício e de enfrentar algum jogo novo. No geral, os alunos não deixam de participar de alguma atividade/jogo por vergonha ou medo, mas alguns alunos deixam de participar da aula por causa dessas emoções. Considerações Finais: Podemos perceber que as aulas de Educação Física proporcionam alterações emocionais, bem como o medo e a vergonha estão presentes, podendo algumas vezes interferir na participação dos alunos nas aulas. Palavras-chaves: vergonha, medo, educação física escolar, psicologia do esporte. EXERCÍCIO FÍSICO EM MULHERES COM DIABETES MELLITUS GESTACIONAL Karina Silva Mano Pouza Centro Universitário de Rio Preto - UNIRP O diabetes mellitus gestacional (DMG) é definido como uma intolerância ao carboidrato de severidade variável com início ou primeiro reconhecimento durante a gestação e quando se torna complicada é denominada “alto risco”, necessitando de maior supervisão. Essas pacientes têm um risco maior de tamanho fetal em demasia (macrossomia), o qual aumenta a probabilidade de cesárias e de traumas no nascimento. É uma das complicações mais comuns da gravidez e está associado a significante morbidade maternal e fetal. Mulheres com o diagnóstico de DMG tem uma Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 chance de 35% a 50% de recorrência em futuras gravidezes e 40% a 60% de aumento de risco de desenvolver diabetes tipo 2, dentro de 10 anos. Exercícios podem tratar e prevenir o DMG e promover benefícios fisiológicos tais como baixar a glicose sanguínea e controlar o excessivo ganho de peso gestacional. O exercício físico é definido como uma atividade estruturada que envolve intensidade, freqüência, duração, tendo como objetivo melhora da aptidão física e, por conseguinte, da saúde. A atividade física aeróbia auxilia de forma significativa no controle do peso e na manutenção do condicionamento, além de reduzir riscos de DMG, condição que afeta 5% das gestantes. A ativação dos grandes grupos musculares propicia uma melhor utilização da glicose e aumenta simultaneamente a sensibilidade à insulina. O objetivo do presente estudo foi constatar os benefícios do exercício físico no controle do diabetes gestacional Em virtude do DMG ser uma das complicações mais comuns na gravidez e da atividade física fazer parte da estratégia de tratamento, surgiu o interesse e a necessidade em realizar uma pesquisa bibliográfica referente ao exercício físico em mulheres com diabetes gestacional. Dessa forma, o adequado conhecimento das medidas terapêuticas no diabetes gestacional permite alcançar a normoglicemia materna, quebrando o ciclo maléfico dessa entidade e, conseqüentemente reduzindo a incidência de efeitos lesivos ao binômio materno-fetal. MANIPULAÇÃO DA MUSCULATURA INTRÍNSECA DO PÉ EM PORTADORES DE LESÃO ENCEFÁLICA ADQUIRIDA Lívia Sensuline Valaretto, Marina Emed Jacinto, Natalia Targas Lima, Ana Elisa Zuliani Stroppa Marques Centro Universitário de Rio Preto UNIRP Introdução: A estabilidade corporal pode ser comprometida em pacientes com lesão encefálica adquirida devido à diminuição sensório motora e alteração do apoio plantar, ocasionando limitações sobre o controle do equilíbrio quando este é solicitado de forma imprevisível. O equilíbrio na posição ortostática é inconsciente e está fundamentado na coordenação intrínseca entre o sistema vestibular, visão, informações táteis e 81 proprioceptivas dos pés. Objetivo: Verificar a eficácia do alongamento de musculatura intrínseca do pé para aumento do apoio plantar e conseqüente melhora do equilíbrio ortostático, em portadores de lesão encefálica. Materiais e métodos: Foram selecionados nove pacientes adultos, que adotam ortostatismo sem auxílio de membros superiores, e em tratamento nas Clínicas I n t e g r a d a s U N I R P. P a r a a c o l e t a baropodométrica e estabilométrica, inicial e final, utilizou-se um baropodômetro da marca Footwork calibrado com tempo de 15 segundos para cada análise. Inicialmente coletou-se dados como peso, altura, número do calçado, e a aplicação do termo de consentimento formal. Após a coleta inicial foi realizado alongamento de tríceps sural, e da musculatura intrínseca do pé seguido por deslizamentos no sentido póstero-anterior com uma toalha de rosto posicionada na planta do pé. A manipulação foi realizada com as mãos do fisioterapeuta posicionadas na região de bordo medial a bordo lateral do pé tracionando da região de retro pé em direção ao ante-pé, alternadamente. O tempo estipulado para cada manipulação foi de 15 segundos e para cada deslizamento cinco repetições. Posteriormente foi realizada a coleta final. Resultados parciais: Analisando a área de contato da superfície plantar, observou-se que os indivíduos que foram trabalhados com alongamento da musculatura intrínseca dos pés, apresentaram melhora no apoio plantar, diminuição dos picos de pressão plantar, aproximação do centro de gravidade em relação à linha média , diminuição da oscilação ântero-posterior e latero- lateral. Apoio: Clínicas Integradas UNIRP UNIRP, CC nº 701/ TC 82 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 OS EFEITOS DA FISIOTERAPIA SOBRE A DOR E A CONDIÇÃO FUNCIONAL DE PESSOAS PRATICANTES DE ATIVIDADE FÍSICA OU NÃO PRATICANTES COM CONDROMALÁCIA PATELAR. Adrielle dos Santos França; Denise C. Z dos Santos; Domiraide Afonso; Paula dos Santos Cavalcanti Rocha; Alberto A. A. Teixeira, Paulo César Esteves, Alexandre Silva Instituição: Universidade Cruzeiro do Sul Objetivo Avaliar os efeitos da fisioterapia sobre a dor e a condição funcional de pessoas praticantes ou não praticantes de atividade física com condromalácia patelar. justificativa da pesquisa: Analisando a atuação da fisioterapia como recurso de tratamento conservador em praticantes e não praticantes de atividade física com condromalácia, é possível comprovar a importância do tratamento fisioterapêutico em minimizar a dor e promover melhora da condição funcional. Métodos: Foram incluídos no estudo 33 indivíduos acima de 18 anos, com diagnóstico de condromalácia patelar confirmado por exame de Ressonância Magnética; com encaminhamento para tratamento fisioterápico. Bases teóricas: Foram analisados os prontuários de pacientes em tratamento em duas clinicas de fisioterapia. Resultados: Os resultados obtidos na pesquisa constataram melhora significativa dos pacientes submetidos ao tratamento fisioterapêutico realizado em 20 sessões com intuito de minimizar o processo inflamatório com calor profundo utilizando Ondas Curtas e exercícios realizados tanto em cadeia cinética aberta (CCA) quanto cadeia cinética fechada (CCF) e exercícios isométricos resistidos. Cosiderações finais: Foi encontrado melhora no tratamento de condromalácia patelar nos pacientes submetidoa a fisioterapia, trazendo uma maior qualidade de vida. BANDAGEM FUNCIONAL NA CORREÇÃO POSTURAL DA CINTURA ESCAPULAR: RELATO DE CASOS Patrícia Miqueletti Soares, Leiliani Alonso da Silva Cerveira, Milton Carlos Amantini, Centro Universitário de Rio Preto (UNIRP) Aplicação de bandagem funcional têm eficácia tanto em pacientes esportistas quanto em pacientes não esportistas, tendo em conta seus efeitos mecânicos pela contenção imposta à articulação, exteroceptivo pela estim ulação dos sensores cutâneos, psicológico e proprioceptivo fundamentado na eventual estimulação dos receptores musculares, tendinosos e capsulares, que por sua vez desencadeiam estímulos aferentes para o Sistema Nervoso Central. OBJETIVOS: Verificar os efeitos da aplicabilidade da bandagem funcional, permitir correção postural da ci ntura es capular e est im ular a conscientização do alinhamento corporal. MATERIAIS E MÉTODOS: Participaram da pesquisa duas pacientes do gênero feminino com idade de 21 e 42 anos, ambas apresentando protrusão de ombro e escápulas aladas. Foram aplicadas bandagens na técnica de quadrado e em cruz de forma alternadas abrangendo as cabeças dos úmeros e escápulas após manutenção da postura correta. A bandagem manteve essa postura correta por 24 horas e o feebdback sensorial permitiu a postura alinhada até a próxima aplicação, procedimento este realizado uma vez por semana, sendo dez aplicações. RESULTADOS: Notou-se que o acrômio foi alinhado em 1,01cm no plano frontal posterior na paciente com menor idade, enquanto, o mesmo foi alinhado em 0,75cm no mesmo plano na segunda paciente. E ainda, obteve-se correção postural da cintura escapular com retração do ombro a partir da anteriorização e escápulas m enos proeminentes pelo rebaixamento do ombro com medialização das escápulas, conscientização e realinhamento postural, melhora da estabilidade articular por permitir contração adequada da musculatura e funcionalidade dos segmentos da cintura escapular. CONCLUSÃO: Conclui-se que a bandagem funcional interferiu na correção postural da cintura escapular e estimulou a conscientização do alinhamento corporal por meio de feedback sensorial. Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 LIBRAS: A LINGUAGEM DO CORPO POR MEIO DE SINAIS Susaelaine Moioli; Arianne Carolina Vioti de Lima; Viviane Maria Perpétua Guimarães; Altair Moioli 83 OS CONFLITOS RELACIONAIS ENTRE PROFESSORES E ALUNOS NAS ESCOLAS PÚBLICAS Thaisa Silva de Oliveira, Cassiana Castellano Centro universitário de Rio Preto - UNIRP Centro Universitário de Rio Preto - UNIRP A linguagem é responsável pelo desenvolvimento das atividades humanas, pois representa uma das principais estruturas dos processos cognitivos, modificando os estágios da aprendizagem. Assim, a partir deste pressuposto, as pessoas com deficiência auditiva, encontram dificuldades na interação com os processos educativos na escola e fora dela, pois a falta de propostas e métodos de educação acaba desfavorecendo essas pessoas. O objetivo deste trabalho foi averiguar as dificuldades enfrentadas pelos professores para atender alunos com deficiência auditiva em salas regulares e ainda, a relação destes alunos nas aulas de Educação Física. O desenvolvimento deste trabalho teve como aporte metodológico uma ampla revisão de literatura e do relato de experiência vivenciada a partir do estágio supervisionado obrigatório para o curso de graduação em Educação Física. A inclusão de libras é um processo longo e difícil pelo fato de, como todo contato com uma nova forma de linguagem, demanda paciência e dedicação para a aprendizagem. A inclusão de libras nas escolas brasileiras para alunos surdos e ouvintes está em fase de implantação, mas depende especialmente da formação de professores e de instrutores de Língua Brasileira de Sinais. Em relação às aulas de Educação Física observou-se uma integração adequada, tendo em vista que as atividades desenvolvidas nas aulas são carregadas de manifestações e expressões do corpo. A linguagem corporal, assim como a de sinais, auxiliam na comunicação e nas relações interpessoais no momento da prática. Palavras chave: Educação Física. Linguagem corporal. Libras. A indisciplina e a violência em meio à escola é uma realidade assustadora. É um problema grave que não se resolve com atos de governo ou punições dos jovens. Estes acontecimentos estão longe de serem resolvidos porque os adolescentes agressivos e violentos estão, na verdade, mostrando o resultado de problemas sociais, como o abandono familiar, a falta de perspectivas, drogas, desemprego, entre outros. A violência entre professores e alunos nas escolas públicas a cada dia aparece com mais freqüência no noticiário da imprensa. A escola não pode fugir da responsabilidade de enfrentamento dessa questão, e deve discutir com pais e alunos a respeito da questão de violência e da indisciplina e buscar soluções para estes fatos de forma participativa. O objetivo desse trabalho foi diagnosticar as causas decorrentes da agressividade e da violência no ambiente escolar. Para tanto, optou-se pela pesquisa-ação, por tratar-se de ferramenta adequada para o ambiente escolar, ao permitir os participantes deste ambiente social, encontrar soluções para os problemas decorrentes do cotidiano. Preliminarmente, pode-se considerar que a relação professoraluno sofreu mudanças significativas e, a base dos conflitos emergentes decorre das diferenças culturais, afetivas, dos valores, da dimensão atitudinal e em especial da falta de m ot i vaç ão dos al un os em ad er i r a pr oc edi m ento s e m odel os de au la s ultrapassados. Palavras chave: Educação. Agressividade. Ensino. 84 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 A IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA PARA O ESTILO DE VIDA NA 3ª IDADE Pollyana Carla da Silva; Ariele Negrisoli de Oliveira; Ana Carolina Simonato; Beatriz Diniz Silva; Jéssica Sbrissa Universidade Paulista- UNIP- Campus JK O envelhecimento é um processo dinâmico e progressivo no qual ocorrem diversas alterações morfológicas, funcionais e bioquímicas. Com esse declínio das aptidões físicas o idoso tende a alterar suas atividades diárias, tornando-se menos ativo. Nesse aspecto os exercícios e a atividade física podem contribuir para amenizar essas alterações e beneficiar todas as faixas etárias. Diversos estudos já mostraram que a atividade física é extremamente importante para a saúde e melhoria da qualidade de vida na terceira idade. O objetivo desse estudo é mostrar a importância e os benefícios proporcionados pelo exercício para amenizar os efeitos do envelhec im ento. C om o pr ocedimento metodológico, este trabalho foi realizado por meio de uma ampla revisão bibliográfica descritiva utilizando bases de dados de biblioteca eletrônica, como SCIELO, LILACS e EFDEPORTES. A partir dos estudos publicados nestes periódicos, e ainda, pelas observações realizadas com o atendimento de idosos em clínicas de reabilitação, podemos considerar que a prática da atividade física contribui significativamente para melhorar a função cognitiva, as capacidades físicas como, por exemplo, a elasticidade, a força, a flexibilidade, a resistência muscular e car di orr espir atór ia. Estas conqui stas proporcionam uma melhora na mobilidade, equilíbrio e autonomia. Nesse sentido, além dos benefícios físicos, também ocorre uma mudança no estilo de vida, contribuindo para uma retomada da sua vida social. Fazendo com que o idoso saia do isolamento e retorne a sociedade melhorando assim os aspectos psicossociais. Palavras chave: atividade física; terceira idade; qualidade de vida. O FEMININO NO ESPORTE DE HOMENS Flavio Francisco Dezan; Afonso Antonio Machado LEPESP - UNESP - Rio Claro - SP O presente estudo tem como objetivo apresentar uma breve analise sobre a presença feminina, representada aqui por mulheres/meninas praticantes de futebol, em um ambiente caracterizado essencialmente por qualidades inerentes ao universo masculino, tais como força, virilidade, agressividade e tantas outras que, mesmo quando apresentadas separadamente, são capazes de produzir situações conflitantes e discussões que coloquem em xeque a feminilidade de seus participantes, o que dirá quando apresentadas em conjunto e sob a ótica de um mesmo esporte.Quando há comparação ou surgem idéias sobre mulheres praticando esportes de alto rendimento, com marcas notáveis e resultados expressivos, vêm à tona discussões sobre o que é o esporte para a mulher, algo como agressão ao corpo feminino, afirmação de sua capacidade atlética, embates sexistas com relação às qualidades inerentes ao que é ser homem ou mulher dentro do esporte, esportes para homens, esportes para mulheres, etc. O que se sabe é que ainda hoje, ao tomarmos como exemplo e base para este estudo o futebol, vêse que o padrão do esporte é o que vem do masculino, qualquer outra coisa, passa a ser derivada do mesmo. Para a realização desta pesquisa foi utilizado um questionário com perguntas abertas com 19 atletas do sexo feminino praticantes de futebol, com idades entre 12 e 20 anos. As perguntas tinham como objetivo verificar a consciência destas participantes sobr e a ocorr ência de preconceito por estas serem praticantes do referido esporte e utilizarem-se deste fato para se beneficiar em uma competição, se estas atletas já haviam sofrido algum tipo de preconceito, o sentimento destas com relação a esta situação e como é o convívio com os homens praticantes de futebol. Com o desenvolvimento deste estudo pudemos detectar fatores interessantes no que tange a c o ns c i ên c i a e i n t en c i o na l i da d e d a s participantes da pesquisa em utilizarem-se deste panorama preconceituoso, sexista e Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 vinculado a imagem masculina para obterem êxito em seu esporte, uma vez que foi relatado que é sabido que existe o preconceito e este está presente no dia-a-dia das esportistas, quer seja dentro de quadra/campo ou em atividades cotidianas. UM ESTUDO SOBRE A PRESENÇA DO STRESS NO EDUCADOR DO ENSINO FUNDAMENTAL (1 ª A 4ª SERIES) Mara Rosana Pedrinho, Carla Carrili Ferreira, Priscila Barbosa Borduqui Campos, Renata Gobeti Martins Centro Universitário de Rio Preto - UNIRP [email protected] O trabalho docente se constitui em exercício profissional de compromisso com a sociedade, que exige educadores que estejam aptos às novas demandas educacionais e que, especialmente, sejam participantes diretos na preparação de seus alunos para uma atuação cidadã, crítica, autônoma e ativa na família, na vida social, cultural e política. Tais exigências, associadas aos baixos salários, à insatisfação no trabalho, à falta de motivação, entre outros agravantes, podem desencadear o stress. O trabalho é positivo e agradável quando gera prazer, alegria e saúde. Mas, quando não é significativo, reconhecido, e ameaça a integridade física e psíquica, gera sofrimento. O trabalho deve ser fonte de satisfação, realização pessoal e profissional, como também de subsistência, criando espaços para a qualidade de vida. É preciso que o professor, para desempenhar seu papel de formador de idéias, aprenda a lidar como stress ocupacional de maneira satisfatória. Desse aprendizado surgirá um profissional com maior capacidade de se adaptar às exigências do mundo moderno e com os compromissos de sua profissão. O objetivo do presente trabalho consistiu identificar a possível presença de fatores desencadeantes do stress no educador do ensino fundamental. A metodologia utilizada constituiu-se de pesquisa bibliográfica e empírica (aplicação de questionário semiestruturado junto a vinte professores de 85 primeira à quarta série de uma escola da rede municipal de ensino de São José do Rio Preto) no ano de 2006. Foi observado, entre outras questões que a maior parte dos profissionais acreditam estar atuando na profissão certa, porém nem todos se consideram realizados em seu trabalho, alegando que este nem sempre é reconhecido e valorizado por outros; metade do universo pesquisado não visualiza perspectivas fut uras, mostrando-se decepcionados com as poucas oportunidades de promoção; as horas de fato trabalhadas vão além das horas estabelecidas na instituição de ensino, resultando em uma carga horária que pode até mesmo limitar o tempo de descanso, comprometendo a realização de atividades recreativas e prazerosas; as atividades diárias têm horários rígidos, trazendo uma sobrecarga ao indivíduo. Os fatores mencionados acima contribuem para o aparecimento na maioria dos professores diversos problemas de saúde (70%) que, aliados à falta de atividade física (55%), poderão gerar o stress. DESENVOLVIMENTO DAS 12 AÇÕES MOTORAS PROPOSTAS POR LEGUET NA GINÁSTICA ARTÍSTICA EM UM AMBIENTE ESCOLAR COM MATERIAIS ALTERNATIVOS. Vânia Cristina Machado Grippe; Thiago Henrique Favaro Unilago União das Faculdades dos Grandes Lagos Resumo: A ginástica Artística é uma modalidade pouco conhecida se comparada ao futebol, voleibol e basquetebol, nos últimos anos houve um crescimento significativo no numero de oferta e de procura desta m odal i dade . M as o c r es ci m ento de participantes e praticantes não corresponde as pesquisas, observa-se claramente uma carência de publicações sobre GA. Os profissionais que atuam na área tem difi culdade em encontrar cur sos de especialização. Na área escolar onde a ginástica poderia ser abordada sob outras perspectivas, muitos professores optam por 86 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 sua ausência, alegando falta de equipamentos e espaços necessários. Grande parte dos professores não percebe que as diversas m a ni fe s t aç õ es g í m ni ca s p od em s er desenvolvidas atendendo aos objetivos educacionais, possibilitando aos alunos valiosas experiências corporais, enriquecedoras da cultura corporal humanas. O objetivo principal desse estudo é mostrar como as 12 ações propostas por Leguet em ginástica artística pode ser desenvolvida num ambiente escolar com materiais alternativos. Foram selecionadas 20 crianças aleatoriamente, que nunca haviam praticado ginástica artística, o aprimoramento técnico deixou de ser considerado, a fim de dar lugar à exploração das possibilidade e capacidade dos movimentos das ações, dentro da difícil situação da falta de materiais. Todos foram adaptados os em nosso ambiente de trabalho. Apesar de a inadequação do ambiente de ensino e o desrespeito às diferenças individuais, comportamento social inadequado, apresentados como fatores influenciadores no comportamento destas crianças, convergem com os achados deste estudo. O movimento gímnico na perspectiva metodológica aplicada neste programa, fez com que as dificuldades desses alunos fossem esquecidas, seus rótulos abandonados e suas capacidades descobertas, através das potencialidades colocadas à prova pelas ações realizadas. Foi possível identificar contribuições significativas no desenvolvimento dessas crianças, todos os movimentos foram realizados sem maiores dificuldades e de forma descontraída; nosso trabalho teve um resultado positivo, e no final tínhamos crianças interessadas e com respeito aos professores e aos colegas. A INDISCIPLINA NO CONTEXTO ESCOLAR Ana Paula de Oliveira Porfírio; Kaira Aranha de Oliveira Centro Universitário de Rio Preto UNIRP No contexto escolar existem diversos fatores relacionados às expressões de indisciplina, tais como o desempenho cognitivo dos alunos, suas formas de socialização e as condutas que exercem na escola. As expressões de indisciplina têm sido relacionadas a fatores internos ou externos à escola. Entre as razões internas estariam, por exemplo, as condições de ensino e aprendizagem, a natureza do currículo, as características dos alunos, as formas de relacionamento estabelecido entre alunos e professores e, ainda, o próprio sentido atrelado à escolarização. Entre os fatores externos destacam-se a violência social, a influência da mídia e o ambiente familiar dos alunos. O objetivo deste trabalho é apresentar propostas que possam contribuir para a diminuição os índices de indisciplina no ambiente escolar. Este trabalho teve como base a pesquisa qualitativa, de cunho bibliográfico e participativo. Primeiramente, foi necessário identificar os motivos da indisciplina observando os alunos e estabelecendo um diálogo para conhecer os fatores que provocam talcomportamento. Após este diálogo foi possível perceber que, muitas vezes, a indisciplina ocorre em função de que os alunos não entendem o conteúdo ou acham as aulas cansativas. Portanto, deve-se propor aos professores modificações em suas aulas, adotando atividades estimulantes e interativas. Foram encontrados casos em que a indisciplina ocorre a partir de uma situação de conflito e enfrentamento entre alunos e professor. Nestes casos é necessário que o professor busque o diálogo, proporcionando aos alunos a oportunidade de manifestar suas idéias, criando propostas para resolver estes conflitos. Até o momento foi possível concluir que as escolas precisam desenvolver políticas internas para lidar de forma preventiva com a indisciplina e a agressividade, havendo também a necessidade de programas de orientação aos professores, discutindo os problemas vivenciados nas rotinas das escolas, idéias, soluções e formas de como implantá-las na escola. Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 INFLUÊNCIA DA NATAÇÃO NOS ASPECTOS SÓCIOS AFETIVOS PARA PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS PRÁTICA ESPORTIVA: Quando Iniciar? Alessandro da Silva Ferreira; Alex Garcia; Rafael de Maura Oliveira Adriano Carvalho da Mata, João Antonio Fonseca Borges Centro Universitário de Rio Preto - UNIRP A importância da prática esportiva e o aumento de competições desportivas especializadas, determinam a necessidade de participações precoces e exige maior atenção na preparação dos jovens desportistas. Nos estudos sobre o assunto, persistem dúvidas sobre a idade em que as crianças estariam aptas para se iniciarem numa prática desportiva sistemática. No trabalho apresentado procurou identificar as idades em que as crianças, na cidade de Novo Horizonte, estão sendo iniciadas na atividade desportiva, relacionando-as com as recomendações da literatura especializada. Foram entrevistados treinadores de seis modalidades, escolhidas entre as de maior representatividade no contexto desportivo do Município. Uma pesquisa bibliográfica revelou as idades mais recomendadas para iniciação desportiva nas diversas modalidades, cujos dados indicaram, para os desportos individuais, uma predominância na faixa dos 812 anos. Para as modalidades coletivas as recomendações situaram-se entre os 8-14 anos. Os dados dos questionários revelaram, para as modalidades coletivas, que os treinadores recomendam como idade ideal a faixa dos 9-12, enquanto nos desportos individuais a predominância situou-se entre 510 anos. Verificou-se ainda uma marcante divergência entre as idades que os treinadores apontaram como ideais e aquelas em que, realmente, o processo está acontecendo, idades reais. As principais justificativas para essa divergência vão desde a imposição dos dirigentes à cobrança de resultados pelos pais e diretores. 87 Centro Universitário de Rio Preto - UNIRP Para pessoas com deficiência, a natação tem valor tanto terapêutico como recreativo, mas também pode ter valor social. Elas passam a ter muita satisfação em encontrar outras pessoas com interesses comuns, pois, com frequência, são pessoas solitárias dentro de suas próprias casas. Reafirmar as influências positivas na prática de atividades aquáticas, no caso a natação, com pessoas portadoras de necessidades especiais, foi o objetivo deste trabalho. A metodologia utilizada para a iniciação e conclusão deste, foi pesquisa de campo, fundamentada com entrevista aberta. Foi realizada com praticantes desta modalidade de vários níveis desde a iniciação até ao treinamento. A alegria plena vivenciada quando uma pessoa, ao entrar na água, livrase das cargas físicas necessárias para a vida em solo será em si uma realização. Essa sensação de liberdade e de realização pode constituir-se num grande incentivo para o dia a dia da pessoa com deficiência. PROGRAMA SEGUNDO TEMPO: Núcleo “Centro de Formação IELAR” 1 Luicanne Ferreira Simas , Thiago Peixoto 2 Inocêncio 1 Secretaria de Esportes e Lazer de Rio Preto; 2 UNILAGO O Programa Segundo Tempo em parceria com o Ministério do Esporte e a Prefeitura Municipal, funciona também no Centro de Formação IELAR, localizado na rua Paschoal Descrescenzo 599, no bairro JD. Itapema. Este trabalho tem como proposta intervir na realidade de cerca de 200 alunos, que participam do projeto no horário diverso ao da 88 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 aula e três vezes na semana, e proporcionar atividades que despertam integração social e vivência de prática esportiva. Buscando melhorar assim seus problemas cotidianos como a violência, comportamento, respeito, e conquistando as atividades esportivas e recreativas. Este programa visa principalmente o acesso ao esporte como forma de inclusão, ocupando o tempo livre dessas crianças e adolescentes que vivem em situação de risco social. Ao passar do tempo nota-se uma mudança no processo de formação dessas crianças e uma melhora nas condições para enfrentar os desafios da sociedade atual. Dessa forma esses cidadãos passam a conviver melhor com as diferenças na sua comunidade e a respeitar o seu próximo, onde fatos positivos são relatados através da própria família e que apontam o programa como fator fundamental para a melhora do comportamento em casa e na sociedade de maneira geral.O que esperamos enfim, com esse programa é que o esporte possa fazer crianças mais felizes e formar futuros cidadãos defensores de seus direitos e com perspectiva de um futuro melhor. PRECONCEITO NA EDUCAÇÃO FÍSICA: INCLUSÃO X EXCLUSÃO Patrícia Rosa Delboni de Araujo Centro Universitário de Rio Preto - UNIRP O preconceito está presente em todos os lugares e já faz parte de nossa sociedade, inclusive na escola, sendo observada de maneira mais acentuada nas aulas de educação física. Suas principais manifestações se dão pelas questões ligadas a gênero, diferenças corporais e a intolerância aos portadores de necessidades especiais. O objetivo deste estudo é propor uma reflexão sobre preconceito na educação física considerando a dificuldade de aplicação de práticas pedagógicas inclusivas. Por esse motivo foi realizada revisão de literatura visando melhor compreensão sobre o tema e propor poss íveis soluções. C omo o preconceito é fruto de padrões préestabelecidos pela sociedade, o corpo reflete sua principal forma de manifestação, sendo alvo de críticas, exclusões e humilhações. Observando a diversidade humana e no discurso da universalidade, acaba este entrando em contradição, pois aqueles que fogem do padrão estabelecido são julgados como inferiores e incapazes. Assim, não se respeitam diferenças, mas sim julgam e punem aqueles que as possuem. Em nosso país, onde as diferenças raciais são características nacionais, identificamos um problema de difícil solução. Sendo a escola um sistema social onde conceitos e preconceitos são passados de geração a geração, ela é co-responsável pela formação de uma nova geração que, finalmente, possa respeitar as diferenças. Concluindo, o preconceito está em toda a sociedade, inclusive no âmbito escolar e que se manifesta principalmente nas aulas de educação física, pois os indivíduos estão mais expostos a todo tipo de críticas e julgamentos. Seja por etnia, questões raciais, estéticas, de gênero ou qualquer outra diferença que fuja dos padrões impostos pela sociedade, muitos alunos atualmente são submetidos a algum tipo de preconceito. Esses comportamentos geram humilhação que resulta em indivíduos acríticos, tímidos e inseguros, que se sentem inferiorizados pelos outros. As conseqüências dessa formação podem ser diversas e devem ser evitadas pelos professores da área de educação, que são os principais intervencionistas nesse campo, assim também uma conscientização dos professores de educação física para trabalhar visando resolver esse problema e criar espaços onde seja cultivada a tolerância às diferenças e a inclusão. Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 A PAIXÃO É UMA BOLA: de Futebol BEGA, R. M. e FORTI, H. C. UNIP Universidade Paulista Campus JK A paixão incontestável dos alunos pelo futebol está presente nas diversas faixas etárias independente da escola ou região. Mesmo com recursos tecnológicos cada vez mais evoluídos, a prática do futebol e a paixão pelo mesmo ainda se fazem presentes na atualidade. Baseado nesta paixão pretende-se compreender a construção cultural do futebol e o reconhecimento das regras com agente facilitador para a sua prática. Através da vivência deste esporte desde como era praticado em sua origem com regras restritas, até o futebol atual com regras mais elaboradas, suas influências sociais e midiáticas e ainda diferentes formas de trabalhá-lo, compreendendo-o de forma interdisciplinar. Através de dados históricos foi possível localizar diferentes jogos que se fundiram para chegar até este esporte tão procurado, dentre eles: Tsu chu, kemari, epyskiros, harpastum e cálcio. Método: Os alunos foram orientados a pesquisar diferentes formas de jogar futebol, apresentar ao grupo as idéias de cada jogo e desenvolve-los na prática. Quanto ao trabalho interdisciplinar os alunos analisaram obras de arte como Futebol de Portinari, relatando o entendimento e a expressão das obras e comparando-a com a realidade de hoje. Através da música “Uma partida de futebol”, pode-se perceber as diferentes perspectivas a que se refere o futebol e seus elementos. As atividades foram desenvolvidas com os alunos da Escola Estadual Joaquim Alves Figueiredo, em Catanduva. Resultados: Através do desenvolvimento da prática foi possível notar além do clima de satisfação dos alunos por estarem praticando novas formas de jogar futebol, compreender a relação da cultura e do esporte e também uma certa indignação pela ausência de regras mais elaboradas o que possibilitou a discussão sobre a necessidade da construção e modificação das regras e do jogo. Palavras-chave: Futebol, cultura, origem. 89 EDUCAÇÃO FÍSICA E CULTURA: Gera ação por Geração BEGA, R.M. e FORTI, H.C. UNIP- Universidade Paulista - Campus JK A evolução tecnológica e o amadurecimento precoce têm trazido conseqüências negativas tanto para o aspecto cultural quanto físico de nossos alunos. As crianças crescem envolvidas com aparelhos eletrônicos como computador, vídeo-game e televisão, recursos que além de proporcionar práticas sedentárias, oferecem informações que na maioria das vezes não são adequadas à idade delas, trazendo como conseqüências experiências hipocinéticas e uma infância pouco explorada em relação ao “se” movimentar. A busca é valorizar a cultura brasileira de movimento, ampliando seu conhecimento de brincadeiras de rua, rodas, cantigas e ladainhas pertencentes à cultura popular, contribuindo para sua preservação, difusão e desenvolvimento. Os alunos foram orientados a pesquisar com familiares e demais pessoas da comunidade, as brincadeiras e jogos praticados antigamente com o objetivo de resgatá-los, trazendo para o cotidiano da escola, já que muitas dessas atividades são desconhecidas ou encontram-se esquecidas. Após o levantamento de dados e brincadeiras, os alunos fazem a exposição da brincadeira, confeccionam o material quando necessário, e desenvolvem a prática. As atividades foram desenvolvidas com os alunos da 6ª série da Escola Estadual Joaquim Alves Figueiredo, em Catanduva. Podemos facilmente notar que as atividades propostas proporcionaram um clima de descontração e contentamento de todos, os alunos participaram com prazer e mesmo após o término do projeto as atividades continuaram sendo solicitadas pelos alunos durante as aulas. Acreditamos que este tipo de ação educativa possa contribuir para aumentar o repertório de brincadeiras e jogos onde o movimento e a cultura se fazem presentes, criando possibilidades de conhecimento, reprodução e transformação das brincadeiras através dos tempos, e também o reconhecimento e compreensão da cultura de um povo. Palavras-chave : Brincadeiras. Cultura popular. Resgate. Movimento. 90 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 BENEFÍCIOS DO BASQUETE PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Anderson Rodrigo Ximenes; Laura Belasco Atência Centro Universitário de Rio Preto- UNIRP O esporte em si deve ser expresso de maneira prazerosa e recreativa, o adolescente deve determinar sua aptidão assim evitará possíveis frustrações. O objetivo deste trabalho é mostrar os benefícios que a modalidade de basquetebol pode proporcionar às crianças e adolescentes de uma forma que lhe traga prazer, evitando assim a desmotivação pelo esporte de competição foi o objetivo deste t r a b al h o . E s t e t r ab a l h o t e v e c om o procedimento metodológico, apoio em uma revisão de literatura. A ação pedagógica além dos aspectos físicos e mecânicos, o basquetebol deve transmite valores e as manifestações de diferentes culturas. O professor ou técnico, por meio da disciplina deve fazer com que o aluno exerça um papel de ci dadão, r espei tando as difer enças , exercitando a cidadania. O esporte não deve ser entendido apenas como um fazer mecânico, mas ser incorporador de atitudes, um formador integral do ser humano. DANÇA EDUCATIVA Natalia Asse Gazola; Rafael Giaconi Motta; Jéssica Pollianna de Souza Costa; Wanilton Alves Garcia Filho Centro Universitário de Rio Preto- UNIRP A dança é a mais antiga das artes criada pelo homem, sendo uma das três principais artes cênicas da Antigüidade, ao lado do teatro e da música. Caracteriza-se pelo uso do corpo seguindo movimentos previamente estabelecidos (coreografia) ou improvisados ( dança l i vr e) . Sem pr e ex is ti u com o manifestação de divertimento e/ou cerimônia. O movimento viabiliza a possibilidade de estruturação da personal idade e da socialização, pois leva o indivíduo entender o que ele é, sua relação com o objeto e com o mundo em que está inserido. O ensino da dança nas escolas brasileiras, como forma artística e de desenvolvimentos das capcidades deve ser abordado dentro do conteúdo Artes, (Teatro, Música, Dança e Artes Plásticas) segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais. A arte e a educação percorrem o mesmo caminho para promover o desenvolvimento humano. Este trabalho tem como objetivo estudar os processos de cognição corporal, desenvolvendo ferramentas que capacitem o aluno para analise, compreensão e entendimento da dança, visando integração, consciência corporal, criatividade, disciplina e musicalidade. Verderi(2000) analisa a educação como evolução e transformação do indivíduo, considerando a dança como um contínuo da educação, expressão da corporeidade. Já Dionísia Nanni (2002) refere-se à dança como uma forma artística de expressar sentimentos, pensamentos e idéias através de gestos e movimentos do corpo. Pode-se dizer então que a consciência corporal e educação do movimento, enquanto uma prática da expressão corporal poderá contribuir para a reeducação ou aprimoramento das habilidades básicas dos padrões fundamentais do movimento, no desenvolvim ento das potencialidades humanas e sua relação com o mundo. O propósito é refletir sobre a consciência corporal e a educação do movimento, aprofundamento na questão do auto-conhecimento e a capacidade de criação trabalhada por meio da dança. Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 SÍNDROME DE BURNOUT E A SUA RELAÇÃO COM PROFISSIONAIS QUE ATUAM NO SISTEMA SÓCIO EDUCATIVO Rodinei Marcelino Rodrigues; Erika Morales Puga; Altair Moioli Curso de Pós Graduação em Educação Física Escolar - Centro Universitário de Rio Preto - UNIRP Alguns dos fatores que atuam fortemente para comprometer a saúde do trabalhador estão vinculados ao ambiente e as condições em que o indivíduo é exposto, somando-se a isso a carga horária e o tipo de tarefa a ser desenvolvida. No caso especifico deste estudo será abordado como a prevalência de um estado de tensão permanente, associado à rotina das atividades, pode contribuir para o aparecimento dos sintomas típicos da Síndrome de Burnout em professores e outros profissionais que atuam em instituições que atendem adolescentes em conflito com a lei. Este trabalho, projeto de pesquisa do Curso de Pós Graduação em Educação Física Escolar da UNIRP, tem por objetivo esclarecer aos colaboradores que atuam no atendimento socio-educativo, os fatores que causam este transtorno emocional e suas conseqüências no relacionamento interpessoal. Propõe ainda, verificar alteração de comportamento durante a rotina em sala de aula e com os adolescentes em conflito com a lei. Inicialmente será realizada uma avaliação psicológica por meio de psicólogo da equipe multidisciplinar, baseada em anamnese constituída de questões direcionadas ao comportamento do indivíduo dentro e fora do seu ambiente de trabalho, a fim de identificar alterações de humor e níveis de estresse. Também serão aplicados testes de personalidade: ISSL (Inventário de Sintomas de Estresse para Adultos e MBI (Inventário de Burnout de Maslach), específico para identificação da Síndrome. Após a aplicação dos instrumentos de avaliação psicológicos será realizado um levantamento de dados e classificação dos integrantes em dois grupos: o de risco e os que estão propensos a desencadear a Síndrome. Diante deste levantamento será elaborado o trabalho direcionado e encaminhamento psicológico. Conforme os dados e informações coletados a partir da revisão de literatura em 91 pesquisas realizadas sobre a Síndrome de Burnout, pode-se considerar preliminarmente que muitos profissionais sofrem deste transtorno e parte deles não reconhecem a gravidade da doença ou compreendem que este estado pode afetar o desempenho nas atividades diárias tanto profissionais quanto afetivas e sociais. Palavras chave: Síndrome de Burnout, Menor em conflito com a lei; Educação Física ATI ACADEMIA PARA TODAS AS IDADES: Uma relação socio-afetiva Marcio Ribeiro de Aguiar; Maykon Fernando da Costa Rodrigues; Rogério Ribeiro Domingues Correa Centro Universitário de Rio Preto - UNIRP A implantação das ATIs Academias para todas as idades, é um projeto da Secretária Municipal de Esportes e Lazer da cidade de São José do Rio Preto-SP, que oferece à população atividades físicas em unidades instaladas em praças públicas ou centros esportivos compostas de aparelhos para a prática de exercícios resistidos sem sobrecarga. Este pr o j et o t em o ac om p anh am en to de Professores de Educação Física para a orientação à população. O objetivo deste trabalho é relatar a experiência com o programa de atividade física desenvolvido nestas academias, destinado ao atendimento à população idosa. O público freqüentador de cada ATI é bastante diversificado, tanto na questão da idade, quanto nos objetivos que querem alcançar com as atividades físicas. A maioria dos freqüentadores procura os horários da manhã e no final da tarde, porque nesses períodos encontram os Professores de Educação Física para orientar e passar as séries de exercícios para aquele dia, que começa com alongamentos, depois os exercícios nos aparelhos e complementar com exercícios localizados e alongamentos. As unidades de ATIs, além de proporcionar uma melhor qualidade de vida à população, também são um meio de interação social, onde seus 92 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 freqüentadores comentam assuntos da semana, debatem sobre diversos temas como: futebol, política, acontecimentos locais e os problemas do dia-a-dia. Em alguns momentos as ATIs se transformam em uma espécie de “divã”, no qual os freqüentadores expressam suas idéias, seus pensamentos, suas aflições, alegrias, angustias, medos e outros sentimentos. Palavras Chave: Academia para Todas as Idades. ATIs. Atividade física. Terceira idade cancros sociais, tal o nível de discriminação que se evidencia entre hábil e inábil, vencedor e derrotado, forte e fraco, homem e mulher. ESPORTE ESCOLAR E INTERFERÊNCIAS EXTERNAS: visão da psicologia do esporte Ana Cláudia G.A.Pinto, Jacqueline Carvalho, Thadeu E.A.S.César, Afonso Antonio Machado & Gustavo Lima Isler (LEPESPE- D.E.F./ I.B-UNESP- Rio Claro) EDUCAÇÃO FÍSICA FEMININA: descompassos existentes Thalita Carvalho de Moura, Fernando César Gouvêa, Daniel Presoto, Lucas Scarone Silva & Afonso Antonio Machado (UNESP- IB- DEF- LEPESPE) O esporte, até mesmo o escolar, é uma atividade multifacetada, com inúmeros aspectos e ângulos que favorecem bons exames, diante dos aspectos sociais e pedagógicos a que se propõe. Um desses aspectos é a visão da facilitação social e agrupamento, que deve ser, antes de mais nada, de caráter formativo. A inclusão social de um indivíduo pressupõe relação social, convivência, adaptação i nstitucional , aprendizagem de normas, leis e valores do grupo, tornando- se a socialização num processo interativo, no qual o indivíduo e a sociedade influenciam-se mutuamente, com avanços e recuos singulares. Mas isto acontece em nossas aulas de Educação Física Escolar, com as meninas? Tomados desta curiosidade, em pesquisa etnográfica, em oito escolas da periferia de Rio Claro, por meio de filmagens, coleta de depoi mentos e entrevistas, coletamos elementos que, categorizados, permitiram elucidar que a falta de exemplos fortes, que a ausência de regras sociais, a ineficiência dos métodos de ensino e a inexistência de lideranças femininas com propósitos sociais dificultam a inclusão social na evolução desta atividade que chega a ocupar a posição de formadora de entraves e Investigar os efeitos da torcida sobre atletas, em momentos esportivos, representa um estudo apurado entre questões em constante evidência, tanto na Psicologia como no Esporte. A opção de encaminhamento deste trabalho foi analisar as interações sociais, durante jogos escolares; em especial, investigar sobre o efeito da torcida nos alunos que disputavam tais jogos, partindo para as análises dos discursos coletados, por meio de entrevistas e depoimentos, em pesquisa do tipo etnográfica. Dados reveladores de maior necessidade de atenção com a prática esportiva escolar, na feição de aula, treino ou campeonato, bem como uma melhor interação pais- professores- alunos são respostas aos questionamentos aqui iniciados. Constatou-se, também, que a excitação da torcida é fator de incômoda e crescente agressividade, em especial quando os pais compõem o grupo de torcedores. Em relação à ansiedade, é unânime a alteração do estado, em jogos decisivos, quando a cobrança do professor é mais incisiva. Conclusivamente, esta pesquisa remete a uma maior reflexão sobre a necessidade de se tratar a Psicologia do Esporte, inclusive do Escolar, como uma das ciências do esporte de primeira importância, tendo em vista o suporte e a complexidade de interações por ela possibilitadas. Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 ARBITRAGEM NO FUTEBOL ESCOLAR: perspectivas da Psicologia do Esporte Renato Henrique Verzani, Kauan G.Morão, Leonardo Zanesco, Franz Fischer & Afonso Antonio Machado LEPESPE DEF- IB- UNESP São raros os trabalhos que tratam da arbitragem num modo geral, em especial da arbitragem em jogos escolares de futebol de campo. O árbitro exerce um papel muito importante dentro do futebol e, na escola, vai além da já difícil função de aplicar a regra até suas atitudes, que têm um maior alcance: sem a intervenção competente do árbitro, os propósitos educativos e pedagógicos do jogo não seriam atingidos. Como todos que fazem parte deste macrouniverso, o árbitro sofre com pressões que podem vir da mídia (dependendo do nível do campeonato), família, amigos e superiores. O objetivo deste estudo foi verificar a influência da interferência externa sobre os ár bi tr o s de fut ebol , que at uam em campeonatos escolares. Foram participantes desta pesquisa 26 árbitros, sexo masculino, em jogos escolares realizados na cidade de Rio Cl ar o, ent re 2007-09. Por m eio de questionários, obtivemos os seguintes resultados: a responsabilidade de não cometer erros foi apontada como sendo o principal complicador para exercer a função de árbitro dentro da escola (44%), conciliar problemas externos com a atividade de árbitro (26%) e dificuldade de ser imparcial (11%), manter a concentração para tomar decisões (10%) e pressão da torcida e jogadores/ alunos (9%). Por unanimidade, 100%, os árbitros afirmaram que a torcida não os influência, apesar de sentila. No aspecto reclamação os árbitros responderam que as aceitam (57%) mas de forma moderada, agora 25% aceitariam e tentariam convencer o infrator de que estão certos, os que não aceitariam reclamação alguma representam 18% dos árbitros questionados. No que diz respeito a escala de jogos, os árbitros responderam que ficam ansiosos (42%) e apreensivos (38%), enquanto apenas 20% afirmam que não se alteram. Por fim, os árbitros não largariam a arbitragem caso houvesse algum problema grave durante sua atuação (100%), diante disso perguntamos o que fariam, 43% 93 Disseram que se preparariam melhor para não errarem mais e os demais, 57% afirmam que erros acontecem. Esses dados mostram que a preparação psicológica para o árbitro, não somente o que atua em campeonatos escolares, é muito importante, nota-se ainda, pelas respostas, que a Psicologia do Esporte vem sendo pouco usada na formação de árbitros, merecendo atenção mais elaborada. ESTABILIDADE EMOCIONAL EM EQUIPES ESPORTIVAS FEMININAS: contribuições da Psicologia do Esporte Luana Pilon Jürgensen, Thalita Carvalho de Moura, Afonso Antonio Machado, Matheus Buratti Sanches & Lucas Scarone Silva (LEPESPE / D.E.F / I.B. / UNESP -SP-Brasil) Este trabalho, por meio de revisão de literatura, e pesquisa de campo categorizou comportamentos, tidos como de risco emocional, de 218 atletas de Voleibol feminino, de equipes de diferentes campeonatos, da A.P.V. (Associação Pró- Voleibol) e da F.P.V. (Federação Paulista de Voleibol). Por meio de questionários e entrevistas, coletaram-se dados que passaram a ser analisados com a técnica da categorização e foram localizados sintomas de violência e ansiedade, alteração do sono, dificuldade de atenção seletiva, irritabilidade, angústia e apatia, entre outros distúrbios afetivo- emocionais menos freqüentes entre atletas de esporte competitivo. Na possibilidade de respostas duplas( 100-100), 73% das atletas estudadas informam sentir medo do insucesso e não atingirem suas próprias expectativas, ou de atrapalhar suas equipes ou colegas (54%). Angústia, medo e apatia (48%) e estresse pelo treinamento esportivo exagerado (63%) foram apontados na fase competitiva e póscompetitiva. Estas evidências permitiram- nos concluir que a preparação psicológica não é empregada, possibilitando uma maior desagregação psico e social do grupo, bem como uma maior exposição do mesmo à transtornos emocionais moderados ou graves. Denotam ainda a emergente necessidade da atuação do profissional da área e um melhor uso dos estudos relativos a Psicologia do Esporte, no treinamento esportivo. 94 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 A MOTIVAÇÃO NO VOLEIBOL: aspectos psicopedagógicos Luana Pilon Jürgensen e Afonso Antonio Machado vez mais profissionais da área de Psicologia do Esporte qualificados para ajudar os atletas a potencializar seu jogo como um todo, pois o que foi exposto é o que difere os atletas vencedores dos perdedores. UNESP/ IB/ DEF/ LEPESPE O Voleibol é um esporte que tem como c a r ac t er í s t i c a m ar c a n t e u m g r an d e componente mental. A prática de bom nível desta modalidade exige um grande controle psicológico por parte dos praticantes. Dentro deste contexto, a busca por trabalhos que procurem melhor entender este lado psicológico da performance dos atletas se faz necessária. A finalidade do presente trabalho foi de verificar o perfil psicológico de atletas de 16 a 22 anos que disputam campeonatos filiados a Federação Paulista de Voleibol (FPV) e a Confederação Brasileira de Voleibol (CBV), buscando mais precisamente a compreensão da variável motivação em momentos próprios de treinamento e de competição da modalidade em questão. Aplicou-se entrevista semiestruturada em 45 atletas, sexo masculino, faixa etária entre 16- 19 anos, quando se gravaram os dados que foram analisados por categorias. A grande maioria dos atletas admite que sua motivação é maior em campeonato do que em treino; a motivação aumenta quando a torcida está a favor; para alguns tenistas a motivação para virar um jogo quando parece perdido depende da situação do placar, dele na partida (de acordo com sua performance) e do adversário; em alguns casos se sentem mais motivados quando jogam contra adversários de melhor ranking; muitos se sentem desmotivados a jogar contra adversários de nível técnico inferior ao seu e por último, alguns atletas atingem esse ponto máximo de motivação influenciado por fatores extraquadra. Diante do exposto, a motivação foi influenciada pelos fatores extrínsecos (torcidas a favor e contra), muitos atletas se sentiram m ot i va dos a v i r ar u m a pa r ti da por considerarem a tarefa de dificuldade média com grande nível de desafio e os atletas mais experientes possuíam maior motivação frente às dificuldades por possuírem maior vivência no esporte. Considerando a importância da motivação para o processo de ensinoaprendizagem e para o desempenho, sugerese que as academias e os clubes tenham cada ESPORTE DE ALTO NÍVEL E TENSÕES COMPETITIVAS Gustavo de Lima Isler e Afonso Antonio Machado UNESP/IB/Rio Claro/ LEPESPE ESEF - Jundiaí As tensões próprias da competição esportiva, que tanto interferem no rendimento atlético, podem ser prevenidas com eficácia através de uma preparação psicológica adequada. Desde a aparição do conceito de preparação psicológica, com suas técnicas especializadas, sustentadas em bases científicas inquestionáveis, observamos o rendimento atlético crescer e superar patamares desconhecidos. Uma revisão de literatura embasou a pesquisa de campo que possibilitou categorizar alguns comportamentos de 135 atletas de Voleibol masculino. Análise dos estudos de De Rose Junior (1997), Machado(1998) e Hanin (2000) favoreceram os levantamentos de dados, possibilitando a realização de comparações e correlações de dados, conforme resultados encontrados. Em nossas coletas verificou-se a situação constrangedora de não se poupar o adversário, para atingir a vitória e a luta corporal foi considerada justa para defender o time, sem respeitar os limites sociais. Entendemos que, da maneira como se tem apresentado, a atividade física competitiva apenas retrata as questões envolvidas com o desenvolvimento físico, isolando e ignorando as possibilidades de um entrosamento da saúde mental e desenvolvimento afetivo-social, concorrendo para um desenvolvimento pleno do atleta. Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 MÍDIA ESPORTIVA E O TORCEDOR: análise de um contexto esportivo danoso Thadeu E.A.S.César, Afonso Antonio Machado, Henrique Garcia Roncoletta, Franz Fischer, José Elzo Franco Junior 95 CAPOEIRA DA HORA: Projeto desenvolvido na Escola de Educação Especial da APAE de São José do Rio Preto-SP Amaury José Semedo Neto APAE e Secretaria de Esportes de Rio Preto UNESP/IB/DEF - LEPESPE Verificar a interferência exercida pelo locutor ou comentarista sobre o espectador do espetáculo esportivo, foi objetivo desta pesquisa. Apoiado em literatura da área, soubemos que o comportamento do torcedor decorre de vários aspectos que compõem a vida deste ator, tais como os econômicos, políticos ou socioculturais.( MACHADO e cols, 2007). Outro fator decorre da mídia que trabalha com o sensacionalismo: o jogo de cena e as palavras enviezadas alteram nosso imaginário, diante de situações que não condizem com o real. Muita da elucubração e análise realizada no meio midiático não corresponde com a situação contextual real. Adotou-se a metodologia qualitativa, pesquisa de campo do tipo participante, com um conjunto de 156 torcedores denominados ocultos (TUTKO, 1989), que ouviram ou assistiram uma partida de futebol e foram sondados por meio de questionário de perguntas abertas, semi-estruturadas. Para analisar a alteração condutal, no decorrer da partida, optou-se pela observação direta e auto-relato, ampliando o entendimento do fenômeno estudado, o que favorece a compreensão e correlação com demais fatos semelhantes, na sociedade do espetáculo. As respostas foram analisadas pelo critério de categorização. Constatamos a indução por parte dos locutores/comentaristas nos estados e m o c i o n a i s d o s t o r c e d o r e s - o c u l t os , acarretando situações de descontrole emocional e alterações fisiológicas severas, seguidas de demonstração de ansiedade e raiva, desinteresse e apatia. Recomenda-se que a Psicologia do Esporte possa ser mais e melhor empregada junto à mídia esportiva, na possibilidade de diminuir a pressão exercida por estes profissionais àqueles que praticam ou assimilam os elementos por eles veiculados. A Capoeira destaca-se hoje no cenário mundial como uma expressão cultural afro brasileira que mistura esporte, dança, luta, cultura popular, música, brincadeira e educação. Criada pelos escravos africanos e seus descendentes em solo brasileiro. O trabalho desenvolvido na APAE tem como objetivo promover a inclusão social e a melhora na qualidade de vida de seus participantes, tanto física quanto mental. A metodologia utilizada no projeto foi desenvolvida pelo professor Amaury e baseia-se nos princípios da Capoeira Angola, onde o aluno expressa todo o seu sentimento dentro da roda de capoeira. O Projeto Capoeira da Hora vem atingindo re sultado s surpreendentes e plenamente satisfatórios no âmbito social, motor e esportivo, além do resgate cultural. Atualmente com a prática da capoeira, os alunos estão mais participativos, sentindo-se importantes e responsáveis. BENEFÍCIOS DA ATIVIDADE FÍSICA NA MELHOR IDADE Venâncio Aiello; Flávio Olimpio Camargo e Taísa Adriana de Moura UNIRP Centro Universitário de Rio Preto A expectativa média de vida vem sofrendo um acréscimo. Isto se dá, devido à melhora da qualidade de vida, que é a satisfação harmoniosa dos objetivos e desejos de alguém, além de implicar numa idéia de felicidade, ou seja, a ausência de aspectos negativos. Assim, para se obter essa qualidade de vida é necessária que haja um equilíbrio e um bemestar entre o homem como ser humano, a sociedade em que vive e as culturas existentes. O objetivo do programa de exercícios para idosos é melhorar as capacidades motoras, proporcionar a manutenção do sistema cardiovascular, neuromuscular e 96 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 cardiorrespiratório, melhorar a auto-estima, relacionamentos interpessoais, proporcionando assim, sensações de bem estar. Como procedimentos metodológicos utilizamos, um questionário para avaliar os participantes, se pratica ou não atividade física. Se o mesmo apresentar alguma patologia será recomendado a procurar um médico para realizar uma bateria de exames na tentativa de diagnosticar o mal com a menor chance de erro. Através deste diagnóstico, das capacidades físicas e das modificações fisiológicas do envelhecimento são aspectos fundamentais para a elaboração e prescrição de exercícios no programa de atividades físicas para idosos que deve estar direcionado ao melhoramento da flexibilidade, força, coordenação e velocidade, elevação dos níveis de resistência, com vistas á redução das restrições no rendimento pessoal para r eal izaç ão de ati vidades coti dianas; manutenção da gordura corporal em proporções aceitáveis. Concluímos que a atividade física, quando bem orientada e monitorada, é um meio que promove a saúde funcional do idoso. Portanto é necessário uma mudança no paradigma atual e fazer do exercício físico uma rotina que proporcione prazer e promova saúde e funcionalidade ao idoso. PRESSÃO ARTERIAL E ATIVIDADE FÍSICA: RISCOS E BENEFÍCIOS Almir Rogério Bortoleto FAMERP Faculdade de Medicina de Rio Preto A pressão arterial, quando em níveis tensionais muito elevados tem sido nos últimos anos responsável pela maioria dos casos de morbimortalidade não só no Brasil, mas no mundo. O exercício físico quando bem orientado é um grande aliado na prevenção e controle da pressão arterial. Através deste trabalho tenho o objetivo de informar e orientar as pessoas sobre o problema e mostrar que com uma simples mudança do estilo de vida, irão melhorar sua qualidade de vida. Todas as informações foram conseguidas através da pesquisa de Artigos Científicos, Livros e Revistas. Todos os estudos pesquisados mostraram uma redução significativa da pressão arterial com a prática de exercícios físicos aeróbios e resistidos sob uma boa orientação e que pequenas mudanças no nosso cotidiano farão com que nossa qualidade de vida seja muito melhor e que exercício físico regular e bem orientado só tem benefício. ANALISE DA COMPOSICAO CORPORAL E DESEMPENHO MOTOR EM PRATICANTES DE GINASTICA ARTISTICA FEMININA NA FAIXA ETARIA DE 08 A 10 ANOS. Cleide Monteiro UNESP - Presidente Prudente O presente estudo teve por objetivo analisar a composição corporal e o desempenho motor em meninas praticantes de ginástica artística na faixa etária de 08 a 10 anos. A amostra foi constituída por 17 indivíduos de um grupo de meninas praticantes de ginástica artística que fazem parte do projeto "Ginástica Artística: um projeto de vida", do campus da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UNESP de Presidente Prudente. Foram analisadas as variáveis de desempenho motor (flexibilidade através do teste de sentar e alcançar; forca muscular dos membros inferiores através do teste de impulsão horizontal; agilidade através do teste Shutlle Run e Resistência Muscular Localizada através do teste de Repetições Abdominais) e variáveis antropométricas (estatura e composição corporal). Os resultados mostraram que as variáveis antropométricas estudas em praticante de ginástica artística apresentaram diferenças em relação aos dados da literatura apresentados em crianças não praticantes de ginástica artística. Esses dados sugerem que o treinamento esportivo não afeta o crescimento. No entanto, os resultados obtidos para as variáveis motoras apresentaram valores superiores favoráveis às praticante de ginástica artística o que nos levou a concluir que essas variáveis podem ser afetadas pelo treinamento especifico. Palavras chave: Composição Corporal, desempenho motor, ginástica artística feminina Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 A INFLUÊNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA NOS ESTADOS PSICOSSOCIAIS EM PORTADORES DE HIV COM SÍNDROME DE LIPODISTROFIA MUSCULAR. Flávio Cristiano Tasso; Sueli Aparecida Ferreira; Altair Moioli Universidade Paulista, Campus JK As infecções causadas pela AIDS, em um período de tempo muito pequeno, causaram uma epidemia mundial e com isso transformou a vida de milhares de pessoas, alterando seus hábitos e interferindo diretamente nas suas relações interpessoais. A sociedade, por sua vez, sofreu com as transformações inerentes a esse processo e passou a conviver com situações de intolerância, preconceito, estigmatização e exclusão social contra os portadores da doença. Associado a isso, alguns pacientes apresentam a Síndrome de Lipodistrofia Muscular, causada pela concentração de tecido adiposo em algumas partes do corpo como, por exemplo, o abdômen e a região cervical. Estas alterações são provocadas pela alta concentração dos medicamentos ingeridos para controlar o avanço da doença que, além das mudanças corporais, pr ovocam ainda impactos psicológicos significativos no comportamento do portador, pois pode revelar o diagnóstico de soropositividade. A Lipodistrofia altera a aparência física dos portadores de tal modo que pode ser encarada como um estigma associado à terapia contra a infecção do HIV. Há uma configuração peculiar da gordura cor poral, destacandose a acentuada pr ot uber ân ci a da r eg iã o abd om in al , afinamento dos membros superiores e inferiores e alterações significativas no rosto com intensa perda de gordura nas bochechas. Assim, este trabalho volta seu foco de interesse para a identificação da Síndrome de Lipodistrofia Muscular, tendo como objetivo principal analisar as alterações nos estados psicossociais do portador do HIV/AIDS e os efeitos da atividade física como forma de melhorar a qualidade de vida deste público. Como procedimento metodológico, utilizou-se uma pesquisa de natureza qualitativa, descritiva, baseada na história oral e com apoio de bibliografia específica da área da saúde e do esporte. Os relatos colhidos apontam para a 97 reclusão social dos indivíduos acometidos pela Síndrome de Lipodistrofia como forma de preservar a sua identidade de portador da doença. O medo à exposição pública do corpo, o estresse provocado pelo enfrentamento ao preconceito; a falta de perspectiva nos relacionamentos amorosos (homo ou hetero); a discriminação nas inúmeras avaliações sociais e a baixa auto-estima altera o sistema imunológico e pode contribuir significativamente para o avanço da doença. Como conseqüência, os pacientes são vulneráveis as alterações emocionais, levando muitas vezes a profundos estados de depressão. Nesse sentido, a orientação e a prática de atividade física para os portadores do vírus HIV e os pacientes com AIDS, mesmo que ainda apresente dúvidas e desencontros em relação a sua aplicação pareceu representar a porta de entrada para a retomada de uma vida ativa, saudável e com qualidade. Palavras chave: HIV/AIDS. Lipodistrofia Muscular. Estados Psicossociais. A CONTRUBUIÇÃO DO AUMENTO DA FORÇA MUSCULAR NO IDOSO PARA A QUALIDADE DE VIDA Silvio Antônio de Almeida; Baden Powell Arroio Marossi; Marco Antonio Lages; Jeferson Fernandes Teixeira; Carlos Alberto Pirassolo Centro Universitário do Norte Paulista UNORP [email protected] Em busca da utilização de um treinamento físico de aumento de força e tendo como objetivo maior expectativa de vida e menores gastos com a saúde, o estudo feito com um senhor de 73 anos, apresentando o quadro “sedentário”, e se encontra em processo de envelhecimento agudo. O indivíduo, nesse caso como “objeto da pesquisa,” deve manter uma regularidade de atividades físicas com a finalidade de prevenir doenças crônicodegenerativas, dentre as quais: diabetes mellitus, colestrol alto (LDL), cardiopatias e 98 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 o c o rr ê nc ia s d e in f ar t o . Pa ra o desenvolvimento deste trabalho, utilizouse um exercício de musculação com protocolo de uma repetição máxima (1RM), que se denomina a “capacidade máxima” ou “força máxima”, que um indivíduo consegue suportar ao levantar um peso determinado, em apenas uma repetição. A atividade foi executada no aparelho “cadeira extensora”, durante o período de oito meses, sendo avaliado sempre na última sexta-feira de cada mês. A partir de dados coletados durante essa pesquisa, foi constatado que o idoso tinha várias dificuldades, como trocar os passos e subir uma escada. Obteve um resultado positivo durante o treinamento, quanto à melhora da condição física, melhora da capacidade de agir sem ajuda, recuperação mais rápida da fadiga. Concluiu-se que, com trabalho orientado, os efeitos da atividade física regular, quanto ao ganho de força são fundamentais para a autonomia do idoso. Em relação aos aspectos psicossociais, foi observado também, uma melhora em sua auto-estima, adquirindo coragem para f a z e r s u a s o c u p a çõ e s d i á r ia s e f o r t a le c e n d o su a i n d e p e n d ê n ci a , mantendo-se assim em constante convívio social especialmente em seu grupo de atividades Palavras-chave: força muscular; idosos; doenças degenerativas; treinamento resistido. PROGRAMA MESTRES DA ESPERA Ana Paula Christoforo, Anália de Souza Gama da Silva, Guilherme Rocha Britto, Sandra Regina Domingos de Brito Centro Universitário de Rio Preto - UNIRP Através da linguagem corporal pode-se perceber significados, valores, sentimentos e emoções, por vezes r el aci onados a necessidades, carências ou dificuldades pessoais. A utilização do movimento humano como instrumento de diagnóstico para detectar essas dificuldades é de fundamenta importância para uma interferência profissional no meio educativo.Os benefícios e valores adquiridos na esfera emocional auxiliam o indivíduo no desenvolvimento de sua personalidade, identidade e cidadania, contribuindo seu bem estar. Este trabalho tem como objetivo a investigação dos efeitos psicológicos emocionais em um programa de oficinas pedagógicas envolvendo jogos, brincadeiras e trabalhos manuais d e s e nv o l v i d as e m s al a d e e s p er a , promovendo o bem-estar dos pacientes que ficam na espera para serem atendidos. Além de possibilitar aos alunos do curso de Pedagogia e Educação Física a vivência no fazer, através das atividades de coordenação, comunicação, integração e socialização, proporcionando a ação prática norteada pela crítica-reflexiva, preparando-os para o exercício funcional e profissional, bem como a integração à comunidade através do atendimento aos pacientes das Clínicas Integradas do Centro Universitário de Ri o Preto UNIRP. Participaram 11 discentes, que atenderam 146 pessoas no período de 03 de setembro de 2007 a 30 de novembro de 2008. Os atendimentos foram realizados às quartas e sextas-feiras, com duração de duas horas, das 14hs às 16hs. O Programa Mestres da Espera possibilitou humanizar os pacientes em tratamento de s aú de , m i ni m i z and o os s of r i m ent o s proporcionados pela doença e pelos eventos estressantes típicos da experiência com enfermidades; ampliou o repertório de comportamentos colaborativos e de interação social; bem como uma melhor adaptação às condições adversas impostas pelo ambiente clínico. Também se fez muito relevante em ações que proporcionam grande aprendizado, tanto para os acadêmicos envolvidos como para as crianças, mães e acompanhantes dos beneficiados. Com a finalidade de propiciar a difusão da integração/solidária produzido na e pela ação docente-comunidade, além de constituir-se num espaço de reflexão da prática e de crescimento pessoal e profissional dos futuros professores. O jogo e a brincadeira planejados podem constituir uma atividade de intervenção sistemática da psicologia emocional, útil à compreensão de como crianças, jovens e adultos enfrentam a doença e o tratamento. Palavras-chave: recreação planejada; brincar; sala de espera, psicologia emocional Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 ESTUDO DA AGRESSIVIDADE NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR Gleiciane Cristina De Souza; Altair Moioli Curso de Pós Graduação em Educação Física Escolar. Centro Universitário de Rio Preto - UNIRP Introdução: A agressividade esta alcançando grandes proporções dentro e fora da escola. Fortes questões sociais como: desemprego, moradia, fome, saúde e educação, abalam a estrutura familiar refletindo no contexto escolar, pois a criança reproduz o que ela vivencia. Estas questões rel acionadas com a desigualdade, exclusão social tem conduzido ao crescimento da delinqüência e da violência, quer na sociedade ou no interior da escola. A imprensa tem divulgado regularmente comportamentos agressivos no ambiente escolar envolvendo alunos contra professores, alunos contra alunos e, também, professores contra alunos. Esse clima beligerante contribui para que as aulas de Educação Física, que deveria ser um momento de aprendizagem e c o n he c i m e nt o , t o r n a m - s e l o c a i s d e manifestação catártica da agressividade. Objetivo: Este estudo teve como objetivo principal compreender as relações que se estabelecem neste ambiente, em especial como se manifesta a dimensão afetiva e a agressividade nas aulas de Educação Física no ensino fundamental de nove anos, em escolas da Rede Municipal do 1º ao 4º ano. Metodologia: A metodologia utilizada para o desenvolvimento deste trabalho teve como base a pesquisa-ação, que permite aos participantes do ambiente escolar, encontrar soluções para os problemas decorrentes do cotidiano deste lócus. Esta metodologia produz informações e conhecimentos a partir da observação e intervenção pedagógica, na tentativa de resolver, ou pelo menos, elucidar os problemas apresentados. Esta pesquisa teve inicio com a observação do professor sobre o comportamento agressivo dos alunos durante as aulas de Educação Física, onde eram constatadas ações e atitudes de discriminação, intolerância, agressões físicas e verbais. Essas atitudes, que podem às vezes ser consideradas como brincadeiras inocentes, inerentes a fase de desenvolvimento da criança, em muitos casos, podem acabar em 99 violência dependendo da visão dos envolvidos. Considerações Finais: Vale destacar que, durante o desenvolvimento deste trabalho, observou-se que a atividade física e esportiva, por suas características especificas como promover o contato corporal, liberar sensações e emoções, pode estar relacionada ao desenvolvimento de aprendizagens positivas possibilitando, propostas, estratégias, interação e valores. Por outro lado, a própria f al t a de pe r s pe ct i v a s po si ti v a s , de conscientização e o profundo desconhecimento do universo lúdico, podem transformam essas características em atos negativos, pois esse ambiente pode se revelar em local apropriado para a manifestação das frustrações do cotidiano. Aqui se inclui o exagero da competitividade como estímulo para a agressividade. Palavras chave: Educação Física Escolar. Agressividade. Competição O IMPACTO DA ATIVIDADE FÍSICA E DO ESPORTE NA PREVENÇÃO E NO TRATAMENTO DE TRANSTORNOS MENTAIS Marcos Zardini Munoz; Altair Moioli Curso de Pós Graduação em Educação Física Escolar. Centro Universitário de Rio Preto - UNIRP A l g u m a s e s t i m a t i v a s ap o n t a m q u e , atualmente, cerca de 450 milhões de pessoas sofrem transtornos mentais ou neurobiológicos, ou então, problemas psicossociais como os relacionados com o abuso do álcool e das drogas. Em geral, muitos indivíduos se transformam em vítimas por causa da sua doença e se convertem em alvos de estigma e discriminação. Considerando a atividade física como uma possibilidade viável de intervenção na melhora da qualidade de vida e prognóstico de indivíduos com Transtornos Mentais e de Comportamento (TMC), o objetivo deste projeto foi, em termos gerais, observar o impacto da atividade física e do esporte em pessoas com TMC. Este trabalho teve como aporte metodológico, uma 100 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 pesquisa de campo. O presente projeto foi desenvolvido em pacientes atendidos no “Hospital Dr. Adolfo Bezerra de Menezes”, na cidade de São José do Rio Preto SP. Preto SP. Os participantes deste projeto foram pacientes do hospital, que apresentavam problemas que compreendiam desde dependência química, até doenças de ordem psicológica, como esquizofrenia e depressão. Para quebrar um pouco a característica de um programa composto exclusivamente por atividades físicas e esportivas, foram incluídas no projeto, atividades recreativas voltadas a adultos. Com base na observação dos resultados, nos quais se registrou a eficiência do exercício físico e o esporte, as sociado à pr es cr ição de medicamentos, uma melhora da saúde mental e controle da ansiedade e depressão, concluise que a atividade física e o esporte, realizados sistematicamente, conferem benefícios aos praticantes e têm seus riscos minimizados através de orientação e controle adequados, resgata a corporeidade contribuindo para vencer ou estabilizar as limitações impostas pela doença. Este estudo comprova os resultados encontrados na literatura, os quais indicam que “as intervenções do exercício sobre pacientes depressivos mostraram que o exercício aeróbico é eficiente para reduzir a depressão unipolar sem melancolia e/ou condutas psicóticas”. Palavras ch ave: Transtorno mental. Depressão. Ansiedade. Esporte. Atividade física O JOGO DE XADREZ COMO RECURSO PEDAGÓGICO NAS ESCOLAS Rogério Toscano Martins; Altair Moioli Curso de Pós Graduação em Educação Física Escolar. Centro Universitário de Rio Preto - UNIRP Na Educação atual, em especial, na Educação Física, apresenta-se uma grande dissonância nos modelos e procedimentos didáticos que possam despertar motivação nos alunos para assistir e participar das aulas. Nesse cenário, novas formas e práticas se fazem necessárias para incentivar o aluno para o desenvolvimento das capacidades de concentração, raciocínio lógico, abstração, autocontrole, paciência, autonomia, memória e criatividade. Destaca-se a importância cultural e também lúdica deste jogo e suas vantagens na memorização dos alunos para a aquisição de conhecimento. Considerado um jogo intelectual, é, ainda, uma arte: pode criar beleza em partidas e problemas que produzem, no enxadrista, a emoção estética. E como responde a regras, leis e situações, cuja pesquisa e estudo norteiam os jogadores e lhes dão maior domínio no jogo, é também, uma ciência. O xadrez é uma poderosa ferramenta educativa. A sua prática traz como principal benefício, o aumento da capacidade de racionalização dos problemas inerentes a todas as áreas da atividade humana e, como a física, a música ou qualquer outra área das ciências ou das artes, pode ser estudado e aprendido. Assim, o objetivo central deste trabalho, será mostrar o jogo de xadrez como recurso pedagógico e potente facilitador do processo ensino-aprendizagem no universo da educação infantil e do ensino fundamental para estimular o desenvolvimento de habilidades cognitivas dos alunos. Como procedimento metodológico foi utilizado o instrumento técnico da pesquisa-ação, que possibilita o participante do sistema escolar na busca de soluções para vários problemas e envolverá um pequeno grupo de estudantes que freqüentam uma instituição educacional. Foram escolhidas 20 crianças de 5ª a 8ª séries de uma escola pública da cidade de Fernandópolis-SP, em um projeto com 6 meses de duração. Após esse período de desenvolvimento da modalidade, concluiu-se que as crianças adquiriram um poder maior de concentração, atenção e principalmente o ato de pensar antes de realizar algo, que serve tanto para o xadrez, como para várias outras finalidades no contexto social. Atendendo assim, as diretrizes atuais da educação, no sentido de educar para a cidadania. Palavras-chave: Xadrez. Ensino Aprendizagem. Escola Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 ESTRESSE EM ATLETAS DE FUTSAL 101 ESTADOS DE HUMOR NO FUTSAL Marcelo Callegari Zanetti, Lucas Ribeiro Cecarelli, Thayz Figueiredo, Denílson Roberto Campos Gomes e Afonso Antonio Machado LEPESPE/IB/UNESP- Rio Claro Marcelo Callegari Zanetti, Thayz Figueiredo, José Elzo Franco Júnior, Diego Francisco de Siqueira e Afonso Antonio Machado O estresse configura-se como um estado emocional vivenciado diariamente pela maioria das pessoas, no qual, em níveis moderados poderá auxiliar o indivíduo na adequada realização de suas atividades, porém, quando o mesmo experimenta elevado nível de estresse poderá haver grande prejuízo nas funções físicas e psicológicas. Tal situação também se aplica ao esporte, onde inúmeros atletas têm de lidar frequentemente com situações de estresse intoleráveis, o que pode levar a queda no desempenho, problemas de saúde e até abandono precoce. Pensando nisso, procuramos investigar os sintomas de estresse apontados por atletas da modalidade futsal adulto masculino e propor uma intervenção eficaz na busca por maior controle do mesmo. Procurando atender nossos objetivos, foram investigados por meio da aplicação da escala LSSPCI Lista de Sintomas de Estresse Pré-Competitivo, 41 atletas (7 diferentes equipes) com idade entre 15 e 36 anos (22.3±6.2) participantes da Copa DEC/Liga 2009 de Futsal, categoria adulto masculino, realizada em São José do Rio Pardo SP. Os dados foram coletados entre os dias 21 e 26 de janei ro de 2009. Posteriormente, os mesmos foram tabulados para que pudéssemos identificar os principais sintomas de estresse pré-competitivo a p r e s en t a d o s p el o s a t l e t a s . F o r a m encontrados como principais sintomas de estresse: Ficar agitado (2.95), Ficar empolgado (2.90), Beber muita água (2.83), Sentir-se mais responsável (2.83), Não ver a hora de competir (2.76) e Suar bastante (2.73). Estes resultados nos demonstram que apesar dos atletas apresentarem um nível de estresse moderado, o estresse dos mesmos parece misturar-se com a ansiedade e a vontade de entrar em quadra. Tal situação nos sugere a necessidade de serem desenvolvidas ações antes dos jogos que permitam com que os atletas lidem melhor com os sintomas de estresse e ansiedade e consequentemente atinjam maior desempenho esportivo. Durante nosso dia-a-dia estamos sujeitos a alterações em nossos estados de humor, principalmente devido a cobranças e obrigações pessoais e profissionais. Tal situação também é frequentemente vivenciada por inúmeros atletas, independentemente de sua condição, seja ela, amadora ou profissional. Esses estados de humor também poderão r epercutir positivamente ou negativamente na saúde e rendimento destes indivíduos, ajudando na consolidação de uma carreira vitoriosa ou até mesmo contribuindo para o abandono precoce do esporte. Por isso, procuramos verificar os perfis de estados de humor de atletas da modalidade futsal masculino, bem como, alterações não condizentes com o perfil esperado para a prática esportiva. Foram investigados por meio da Escala de Humor de Brunel (Brums), 41 atletas (7 diferentes equipes) com idade entre 15 e 36 anos (22.3±6.2) participantes da Copa DEC/Liga 2009 de Futsal, categoria adulto masculino, realizada em São José do Rio Pardo SP. Os dados foram coletados entre os dias 21 e 26 de janei ro de 2009. Posteriormente, os mesmos foram tabulados com o objetivo de identificar o perfil de estados de humor apresentado pelos atletas anteriormente à realização de uma partida. Os atletas apresentaram como resultado maior nível de Vigor, seguido por Tensão, Raiva, Fadiga, Confusão e Depressão, o que parece estar de acordo com o perfil sugerido para a prática esportiva. Apesar dos atletas apresentarem um perfil de estados de humor adequado para a prática esportiva, é importante que o controle de tais estados seja realizado frequentemente durante os treinamentos e jogos, a fim de monitorar as alterações de humor, bem como, assegurar estados de humor compatíveis com maior rendimento atlético e consequentemente reduzir o risco de overtraining. LEPESPE /IB/UNESP - Rio Claro 102 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 MOTIVAÇÃO E ATIVIDADE FÍSICA SUPERVISIONADA Marcelo Callegari Zanetti, Flavio Dezan, Renato Henrique Verzane e Afonso Antonio Machado LEPESPE / I. B. / UNESP - Rio Claro O TÉCNICO E O TREINAMENTO DESPORTIVO INFANTO-JUVENIL Marcelo Callegari Zanetti, Flavio Dezan, Renato Henrique Verzane e Afonso Antonio Machado LEPESPE / I. B. / UNESP - Rio Claro A motivação pode ser considerada um dos mais importantes combustíveis do ser humano, já que, é a partir deste estado, que traçamos nossas metas, e despendemos nossas energias, em busca daquilo que tanto almejamos. Por isso, objetivamos com este trabalho, verificar os motivos apresentados pelos alunos de uma academia de ginástica, para a prática de atividades físicas. Foram investigados por meio de um questionário com questões abertas, 50 alunos (35 mulheres e 15 homens), praticantes de musculação (49) e ginástica (1), com idades entre 18 e 80 anos (30.5±14.4), em uma academia de ginástica de São José do Rio Pardo SP. Os dados foram coletados entre os dias 14 e 22 de fevereiro de 2007. Os alunos foram indagados em relação aos fatores que mais lhe motivaram a fazer atividade física, no qual, o aluno poderia apresentar como resposta até 3 motivos. Posteriormente, os motivos foram tabulados e apresentados em valores percentuais. Os alunos apresentaram como resposta os seguintes motivos: Estética (30.2%); Saúde (21.7%); Bem-estar (12.3%); Condicionamento Físico (9.4%); Prazer (4.7%); Qualidade de vida (3.8%); e Outros motivos (17.9%). A alta preocupação com a estética parece refletir a importância dada por nossa atual sociedade ao culto ao corpo e a forma física. Porém, fatores como a aquisição de maior saúde e bem-estar, vêm ganhando espaço dentro das academias de ginástica, talvez, por maior consciência da população em relação à importância da prática de atividades físicas na promoção da saúde. Outro dado que nos chama a atenção, é o significativo número de outros motivos (17.9%), que demonstram que os motivos apresentados pelos alunos para a prática de atividades físicas podem variar bastante. Portanto, é extremamente importante que os professores conheçam os moti vos apresentados por seus alunos para a prática de atividade física supervisionada, para que a partir disso, possam direcionar melhor as sessões de treinamento destes indivíduos. O técnico esportivo ocupa lugar de destaque na condução dos programas esportivos, bem como, na formação educacional, principalmente, de crianças e adolescentes. Cabe também ao técnico o difícil papel de conquistar e manter estes jovens participando ativamente destes programas, o que só será possível se o mesmo possuir qualidades com as quais estes jovens atletas identifiquem-se. Pensando nisso, procuramos investigar as qualidades que um “técnico ideal” deveria possuir, segundo os próprios atletas, a fim de construir um perfil que contribua para maior taxa de adesão ao esporte infanto-juvenil. Participaram da pesquisa, 30 atletas, com idade entre 12 e 19 anos, que participavam regularmente de campeonatos regionais de voleibol em suas devidas categorias. Os dados foram coletados entre os dias 25 e 31 de julho de 2007, por meio de uma pesquisa de cunho descritivo, de acordo com os critérios da análise quali-quantitativa, com o objetivo de investigar as qualidades que um técnico ideal deveria possuir na visão dos(as) atletas, ficando a critério do(a) atleta apresentar como resposta até três qualidades. Como resultado, os(as) atletas apontaram as seguintes qualidades: ser paciente (20.3%), saber motivar (15.6%), ser persistente (14.1%), ser exigente (12.5%), ter experiência na modalidade (9,4%), ser amigo (7.8%), saber ensinar corretamente (6.3%), ser organizado (6.3%), ter confiança nos(as) atletas (4.7%) e ser educado (3.1%). As qualidades do “técnico i d e al ” ap o nt a d as pe l o s ( as ) a t l e t a s , corresponderam principalmente a atributos voltados para a orientação e aprendizado da modalidade, e, não para a participação em competições, o que sugere a necessidade de serem repensadas as condutas de alguns técnicos que creditam e atrelam a procura e permanência das crianças e adolescentes no esporte à participação em competições esportivas. Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 ACADEMIA DE GINÁSTICA: BARREIRAS PARA A PRÁTICA Marcelo Callegari Zanetti, Leonardo Zanesco, Henrique Roncoleta, Denílson Roberto Campos Gomes e Afonso Antonio Machado 103 e centros esportivos também poderão lançar mão de estratégias que permitam com que as pessoas não necessitem despender muito tempo para a prática de atividade física, contribuindo assim, para diminuir os alarmantes índices de sedentarismo da população. LEPESPE/IB/UNESP Rio Claro Os benefícios da prática regular de atividade física já estão amplamente apoiados e difundidos, tanto pela comunidade científica, quanto por meio do saber informal. Porém, o alto índice de pessoas sedentárias e a grande taxa de evasão apresentada pelos indivíduos que iniciam um programa de atividade física ainda preocupada as autoridades, já, que é consenso a influência do exercício físico na promoção de maior qualidade de vida e saúde. Pensando nisso, procuramos investigar os fatores que mais dificultam a prática regular de atividade física e posteriormente propor alternativas a fim de reverter tal situação. Foram investigados por meio de um questionário estruturado, de formato descritivo, composto por questões abertas, 50 alunos (35 mulheres e 15 homens) praticantes de musculação (49) e ginástica (1), com idades entre 18 e 80 anos (30.5±14.4), em uma academia de ginástica de São José do Rio Pardo SP. Os dados foram coletados entre os dias 14 e 22 de fevereiro de 2007. Os alunos foram indagados em relação aos fatores que mais dificultam a sua prática de atividade física, no qual, o aluno poderia apresentar como resposta até três fatores. Posteriormente, os mesmos foram tabulados e apresentados em valores absolutos e percentuais. Os alunos apresentaram como resposta os seguintes fatores: falta de tempo (28.8%), trabalho (15.4%) , pregui ça (15.4%), fal ta de a c o m p a n h am e n t o ( 7 . 7 % ) , p r e ç o d a mensalidade (5.8%), locomoção (5.8%), imprevistos (5.8%) e outros fatores (15.3%). Neste trabalho, constatamos que a falta de tempo é sem dúvida alguma, um dos maiores obstáculos para a prática regular de atividade física, porém, outros fatores também foram amplamente citados. Tal constatação nos sugere a necessidade de um redimensionamento de ações que implementem a prática de atividade física no cotidiano das pessoas, seja no trabalho, em casa ou no meio de locomoção. As academias FITNESS E CONDUTA PROFISSIONAL Marcelo Callegari Zanetti, Henrique Roncoleta, Matheus Buratti Sanchez, Diego Francisco de Siqueira e Afonso Antonio Machado LEPESPE / I. B. / UNESP- Rio Claro Atualmente, o mundo do fitness vem sofrendo uma transformação sem precedentes, no qual, surgem diariamente novas academias de ginástica, equipamentos mais modernos, grandes investimentos em marketing, entre outros. Tais procedimentos estão apoiados no vigoroso crescimento do setor, além de uma busca incessante por novos alunos/clientes. Porém, muitas vezes, o investimento na formação dos profissionais que trabalham diretamente com estes alunos/clientes acaba renegado a segundo plano, diminuindo, muitas vezes, a qualidade de atendimento destas empresas. Pensando nisso, procuramos investigar as condutas que estes profissionais não deveriam assumir perante seus alunos. Foram investigados por meio de um questionário estruturado, de formato descritivo, composto por questões abertas, 50 alunos (35 mulheres e 15 homens) praticantes de musculação (49) e ginástica (1), com idades entre 18 e 80 anos (30.5±14.4), em uma academia de ginástica de São José do Rio Pardo SP. Os dados foram coletados entre os dias 14 e 22 de fevereiro de 2007. Os alunos foram indagados em relação às condutas que o professor não deveria apresentar em seu ambiente de trabalho, no qual, o aluno poderia apresentar até três respostas. Posteriormente, as mesmas foram tabuladas e apresentadas em valores absolutos e percentuais. Os alunos apresentaram como resposta as seguintes condutas: estar desatento (28.6%), ser desinteressado (17.3%), não apresentar um 104 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 bom conhecimento profissional (10.2%), exigir muito do aluno (8.2%), ser mal educado (8.2%), ser impaciente (5.1%), ser preconceituoso (5.1%), não saber motivar o aluno (3.1%) e outras condutas (14.2%). Por meio do presente estudo, pudemos verificar que os alunos/clientes buscam na figura do professor, um indivíduo: atento, interessado, com bom conhecimento profissional, educado, ético e dinâmico. Tais resultados apresentam uma estreita relação com as qualidades almejadas pelo setor comercial e empresarial, e que tanto podem contribuir para o sucesso quanto para o fracasso de uma empresa. Esta constatação nos sugere a necessidade de uma formação adequada e aprimoramento constante deste profissional, a fim de atender tais requisitos, elevando o nível de atendimento e consequentemente a uma menor taxa de evasão e rotatividade de alunos/clientes. COMO SE ESCOLHE UMA ACADEMIA DE GINÁSTICA? Marcelo Callegari Zanetti, Matheus Buratti Sanchez, Lucas Ribeiro Cecarelli, Diego Francisco de Siqueira e Afonso Antonio Machado LEPESPE/IB/UNESP Campus de Rio Claro (Introdução) Atualmente, o Brasil é o segundo país com maior número de academias de ginástica do mundo, com aproximadamente 13.000 unidades, ficando atrás apenas dos Estados Unidos com 29.000 unidades. Outra constatação é que estes números parecem crescer a cada dia, impulsionados pelo vigoroso crescimento do PIB esportivo, além de novos investimentos no setor. Porém, o que leva o aluno a escolher uma determinada academia? Conhecer tais motivos foi o grande objetivo deste trabalho e é o grande desafio daqueles que estão envolvidos no setor. (Metodologia) Foram investigados por meio de um questionário estruturado, de formato descritivo, composto por questões abertas, 50 alunos (35 mulheres e 15 homens) praticantes de musculação (49) e ginástica (1), com idades entre 18 e 80 anos (30.5±14.4), em uma academia de ginástica de São José do Rio Pardo-SP. Os dados foram coletados entre os dias 14 e 22 de fevereiro de 2007. Os alunos foram indagados em relação aos motivos que o levaram a escolher a academia analisada, no qual, o aluno poderia apresentar como resposta até três motivos. Posteriormente, os mesmos foram tabulados e apresentados em valores absolutos e percentuais. (Resultados) Os alunos apresentaram como resposta os seguintes motivos: localização (22.3%), qualidade dos professores (20.2%), indicação de amigos (16.0%), qualidade da academia (16.0%), convênio com o trabalho (7.4%), valor da mensalidade (5.3%) e outros motivos (12.8%). (Conclusão) Dentre os motivos apresentados a localização foi a que mais se destacou, seguido pela qualidade dos professores e da academia, indicação de amigos e questões financeiras como convênios e valor da mensalidade. Tais resultados nos indicam primeiramente a importância da escolha de um local para a instalação da academia que permita com que os alunos tenham acesso rápido e fácil. Outra questão que nos chama a atenção é a indicação da qualidade dos professores, que nos sugere a necessidade destes profissionais terem boa formação, além de um constante aperfeiçoamento. Outros motivos como: qualidade da academia e indicação de amigos também foram bastante citados, o que nos remete à necessidade da academia contar com equipamentos de qualidade e instalações adequadas. A IMPORTÂCIA DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO BÁSICA Jeferson Fernandes Teixeira, Silvio Antônio de Almeida, Altair Moioli Secretaria de Esportes - UNIRP [email protected] A natureza do trabalho na escolarização pressupõe que a educação deve estar associada ao ensino de conteúdos escolares que auxiliam o aluno a desenvolver-se mediante a realização de aprendizagens específicas. Valoriza-se, portanto, o conteúdo como elemento indispensável do currículo que Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 concretiza as metas e objetivos propostos. Ao adquirir conhecimentos importantes para o crescimento pessoal e social obtidos na escola, e que de outro modo não poderiam ser aprendidos, implica considerar a inter-relação entre conhecimentos do senso comum e os conhecimentos científicos. Isso inclui um conjunto de conceitos, procedimentos e atitudes que caracterizam a cultura de movimento. A Educação Física envolve atividade física, mas nem toda atividade física é Educação Física, é necessário existir um objetivo, um projeto pedagógico subjacente. O movimento é o elemento fundamental que possibilita a interação do ser humano com o meio ambiente e, portanto, o seu não desenvolvimento causaria um déficit na educação da criança, tornando-a incompleta. Poderia também ser atribuída a Educação Física a responsabilidade de, por meio da atividade física, viabilizar a criança o acesso à cultura de movimento, para dela participar, usufruir e construir no sentido da sua ampliação, adquirir conhecimento para sua formação. O objetivo deste estudo, é analisar a importância do professor de Educação Física nas aulas da Educação Básica. Como procedimento utilizou-se a pesquisa-ação com a observação das aulas ministradas pelos pedagogos durante um período de cinco meses. A escola municipal estudada está localizada em um bairro da periferia da cidade de São José do Rio Preto e oferece o I e II ciclo do ensino fundamental. Constatou-se por meio da obs er vação, que os professor es (polivalentes), formados em pedagogia, vêem a Educação Física como um momento de ócio extra sala de aula e, não estando preparados para lidar com os conteúdos específicos de modo sistematizado, não estimulam o desenvolvimento de forma que, proporcionem prazer através da brincadeira, do jogo e do esporte. Assim, é importante ressaltar que um processo educacional deve atender as necessidades biológicas, psicológicas, sociais e culturais das crianças, para tanto, é indispensável saber identificar e diagnosticar essas necessidades, com o intuito de promover uma base para formar um cidadão crítico e autônomo. Neste sentido, consideramos que estas atividades poderiam ser planejadas e desenvolvidas pelo professor especialista de Educação Física, em conjunto com o professor da sala. 105 BENEFÍCIOS DA PRÁTICA DA NATAÇÃO PARA A QUALIDADE DE VIDA DE IDOSOS Fernando Caris Macedo; Maísa Helena Euzébio de Paula UNILAGO - União das Faculdades dos Grandes Lagos Ao levarmos em consideração as estimativas da população mundial que indicam o grande aumento no número de pessoas idosas, tornase necessário desenvolver ações que visem uma boa qualidade de vida na terceira idade, visto as perdas fisiológicas que acometem o organismo nesta faixa etária. Pensar em saúde é pensar em bem estar físico, metal e social, qualidade de vida e prevenção de doenças cardiovasculares e crônico-degenerativas. Outros aspectos como o sedentarismo, a incapacidade e a dependência, são as maiores adversidades da saúde, relacionada ao processo de envelhecimento. Dentre os inúmeros fatores que podem contribuir para a obtenção de bons resultados na saúde do idoso, a prática de atividade física vem assumindo papel fundamental nos diferentes níveis de intervenção. Como objetivo buscamos conhecer os benefícios que a prática da natação pode proporcionar a pessoas acima de 50 anos, visando melhorias na qualidade de vida. Para tanto foi utilizado uma metodologia qualitativa que trabalhou com descrições, comparações e interpretações. Como resultados obtivemos dados que demonstraram que a prática da natação pode ocasionar vários benefícios, tais como manutenção da independência e autonomia, maior longevidade, melhora da capacidade fisiológica, além, dos benefícios psicológicos e sociais. Sendo assim concluímos que os benefícios da prática de atividades aquáticas são um melhor rendimento geral na saúde dos idosos, baixo impacto nas articulações, além de oferecer menores riscos, ajudará a nível cardiorrespiratório e para uma tonificação muscular e que a aptidão funcional do idoso, no seu significado mais amplo, inclui sua habilidade em executar tarefas físicas, a preservação das atividades mentais, e uma situação adequada de integração social. 106 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 VERGONHA, HUMILHAÇÃO E EMBARAÇO NA EDUCAÇÃO FÍSICA E NO ESPORTE: UMA ANÁLISE DE GÊNERO próprio aluno e que possam desencadear a diminuição da motivação ou rendimento. Jaime Teles da Silva; Cristina Landgraf Lee; Yevaldo Pereira Escola de Educação Física e Esporte USP EACH USP Instituto de Psicologia USP Muita importância tem sido dada às chamadas emoções sociais, como vergonha, embaraço, culpa e sentimento de humilhação. Estas têm deixado de ser vistas como mero produto de traumas de infância, de baixa auto-estima ou de timidez e passam a ser relacionadas às diferenças de gênero. Pessoas não habilidosas costumam falhar, resultando em lesões e humilhação juntamente com preocupações e ruminações e, subseqüentemente, tentativas de evitar nova exposição. Desse modo esta pesquisa buscou averiguar as situações em que ocorrem sentimentos de vergonha, humilhação e embaraço em aulas de Educação Física ou atividades esportivas, bem como suas relações entre os gêneros masculino e feminino. Foram aplicados 110 questionários a estudantes universitários (76% do sexo feminino, 24% do sexo masculino), com idade média de 19,5 anos. A análise estatística foi feita através do programa SPSS. A análise das respostas mostrou que as mulheres sentem mais vergonha e embaraço do que os homens; dão risada após o evento como recurso e atribuem a culpa dos eventos mais aos colegas, professores, familiares ou a ninguém. Já os homens costumam caçoar, fazer piadas e imitar os acontecimentos que presenciam com maior freqüência que as mulheres. Afirmam que se ocorresse hoje também caçoariam. Atribuem a culpa dos eventos a si mesmos e em relação às mulheres relatam mais episódios sobre precisar da ajuda do professor e expor partes íntimas do corpo durante a aula. Em ambos os sexos, os que ficaram mais tempo pensando no assunto, relataram mais situações de ve rg onha e tiveram conseqüências mais severas. Desse modo devemos atentar para as diferenças de gênero presentes nos alunos e atletas, bem como as possíveis situações de vergonha, humilhação e embaraço que surgem durantes as atividades físicas e podem ser desencadeadas por atitudes particulares dos presentes ou do FORMANDO CIDADÃOS ATRAVÉS DO FUTSAL Diego Gontijo de Araujo; Abner Cesar Guimarães; Wendel Roberto Pereira Peruca Centro Universitário de Rio Preto - UNIRP O objetivo principal deste projeto é identificar se a permanência da criança na escola e a conseqüente melhora no rendimento e seu interesse nas aulas estão condicionadas a sua participação na escolinha de futsal. Este estudo foi realizado por meio de uma pesquisa de campo e relata a experiência de projeto de futsaa desenvolvida em parceria com CEMEPE (Centro Municipal de Estudos e Projetos Educacionais) na cidade de BarretosSP. Para participar da escolinha de esporte a criança deve freqüentar a Escola e apresentar boas notas. O projeto buscou, através de questionário escrito, encontros e debates com as crianças para acompanhar o desenvolvimento na escola, nos quais demonstram preliminarmente que houve uma melhora depois da pratica do futsal. Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 NOVAS TÉCNICAS DE TRATAMENTO APLICADAS AO CÂNCER DE MAMA: IMPLICAÇÕES FÍSICAS E PSICOLÓGICAS Valéria Fava Homsi 107 psicológicos ocasionados pela mutilação do corpo. Palavras Chaves: Câncer, Câncer de mama, Técnicas de Tratamento Secretaria Municipal de Saúde de São José do Rio Preto-SP O câncer de mama é o segundo tipo de câncer mais comum entre as mulheres, atingindo milhares de pessoas no mundo, com estimativa de que 10 a 11 mil por ano evoluam para óbito. Além da alta incidência, esta doença produz efeitos psicológicos devastadores sobre a percepção da sexualidade feminina e sua expectativa de vida. Após uma mastectomia parcial ou radical a mulher sente-se mutilada e a possibilidade de reincidência é grande, com prognóstico ruim e uma evolução, que na maioria das vezes, pode levar a morte. Todas estas condições tornaram necessário o aperfeiçoamento das técnicas tradicionais de tratamento como Cirurgia, Quimioterapia, Radioterapia, Hormonioterapia e em alguns casos o uso associado destas técnicas e a necessidade do desenvolvimento de novas técnicas mais eficazes, com expectativa de cura e diminuição dos efeitos colaterais. Este trabalho teve por objetivo apresentar as novas técnicas para tratamento do câncer de mama como Terapia Gênica, Terapia com CélulasTronco, Imunoterapia, Antiangiogênese, uso de Anticorpos Monoclonais, Alvos Moleculares, e analisar as vantagens, desvantagens e expectativas em comparação aos métodos tradicionais, além das conseqüências físicas e psicológicas para a paciente. Para isto, a metodologia utilizada teve como base uma ampla revisão de literatura nos mais recentes trabalhos publicados na área e a experiência com o Curso de Pós Graduação em Biologia Molecular aplicada ao diagnóstico laboratorial, na Academia de Ciência e Tecnologia de São José do Rio Preto-SP. Preliminarmente, podese considerar que ainda existem muitas lacunas relacionadas ao tratamento do câncer a serem preenchidas e poucos resultados conclusivos. No entanto, a prevenção e a detecção precoce, com diagnóstico na fase inicial da doença evitam tratamentos mais agressivos, como a quimioterapia e preservam a paciente tanto dos danos físicos provocados pela mastectomia quanto dos desajustes A RELAÇÃO DEPENDENTE QUÍMICO E ESPORTE Danúbia Alves Perecin; Denize Maria Mangas; Cristiani Gomes Lagoeiro; Altair Moioli Centro Universitário de Rio Preto UNIRP O esporte é uma ferramenta importante para a integração entre as pessoas e para o autoconhecimento, tendo em vista que sua prática pode ser tanto individual como coletiva. É fundamental que, através do esporte, as pessoas possam aprender a importância das regras, o valor do trabalho em grupo, a disciplina, o respeito à diversidade e, ao mesmo tempo, promover qualidade de vida, bem-estar e saúde. Assim, é possível verificar que o esporte é capaz de intervir na vida das pessoas tanto no aspecto físico quanto no aspecto psicológico e social, contribuindo para a prevenção de doenças e outros transtornos provocados pela modernidade. Dentre os diversos problemas presentes na sociedade contemporânea, está o uso de drogas. Além dos efeitos colaterais, as drogas promovem o isolamento dos usuários perante a a família e os amigos por não aceitarem as regras de convivência. Este é um problema de extrema complexidade, pois, envolve tanto crianças quanto adultos, e pode ser influenciado por diversos fatores familiares, econômicos, psicológicos. Os dependentes químicos possuem várias características semelhantes como dificuldade de interagir com outras pessoas, acatar regras, baixa auto-estima, intolerância às respostas negativas e a frustração. Com isso, o esporte passa a ter um importante papel na prevenção e tratamento dos dependentes químicos por proporcionar um trabalho para a obtenção da saúde, ao mesmo tempo em que, promove uma reflexão para mudanças comportamentais devido às 108 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 diferentes situações que podem surgir através do esporte. O objetivo deste trabalho é discutir a representação social do esporte na vida do dependente químico. Este trabalho teve como fundamentação metodológica uma ampla revisão de literatura de publicações referentes ao tema, na área da psicologia social. Conforme os estudos apresentaram, com a prática do esporte, os dependentes químicos conseguem vencer dificuldades físicas onde passam a se conhecer melhor e sentirem-se aptos e capazes na realização de tarefas. Isso promove o aumento da auto-estima dando-lhes maior segurança na solução de problemas. Na maioria das vezes, os dependentes químicos procuram a sensação de bem-estar que os levam ao consumo de drogas. Assim, o esporte passa a ser uma fonte importante para que possam suprir essa necessidade já que sua prática promove essa sensação. Com isso, os dependentes químicos podem se beneficiar de mudanças físicas e psicológicas podendo estendê-las para a realidade do dia-a-dia e proporcionar sua reintegração na sociedade de maneira saudável. OS BENEFÍCIOS DA ATIVIDADE FÍSICA: RELATOS DE OBSERVAÇÃO EM PRATICANTES DE ACADEMIAS EM SÃO JOSÉ DO RIO PRETO E MONTE APRAZÍVEL SP. Fernanda Borges de Abreu, Marília Bandeira da Silva, Renata Monteiro Stuchi; Juliana Prado Ferrari Spolon Centro Universitário de Rio Preto-UNIRP Atualmente, a prática de atividades físicas vem ganhando cada vez mais destaque na sociedade. A cada dia é maior o número de pessoas que buscam praticar uma atividade física, e grande parte delas optam por exercitar-se em academias, onde têm acompanhamento de profissionais que às incentivam e ajudam na busca pelos resultados. O objetivo deste estudo é verificar quais tipos de melhorias podem ser observados num grupo de praticantes de atividades físicas em academias. O presente estudo tem a intenção de comprovar dados da literatura que dizem respeito aos benefícios físicos e psíquicos observadas em indivíduos praticantes de atividades físicas. Os resultados esperados poderão servir de base para novos estudos na área, auxiliando na confirmação de dados já registrados e possivelmente na descoberta de outros benefícios trazidos pela prática de atividades físicas. A metodologia utilizada foi pesquisa qualitativo-exploratória, baseada na observação de indivíduos praticantes de atividades físicas em academias nas cidades de São José do Rio Preto e Monte Aprazível, que apresentam freqüência mínima de três vezes por semana e ao menos um ano de atividades físicas regulares. Foram registradas melhorias tanto em fatores físicos como psicológicos nos indivíduos que freqüentaram as academias onde foram realizadas as observações. As principais alterações que puderam ser observadas dizem respeito ao rendimento melhoria da aptidão física geral, aumento da disposição para atividades do dia a dia e para a prática de atividades físicas e melhora da auto-estima. Pode-se também observar melhoramento na aparência, no estado psíquico e no relacionamento interpessoal nos indivíduos observados. Dessa forma, as observações realizadas neste estudo vêm confirmar registros da literatura sobre melhorias obtidas através da prática regular de atividades físicas. Contudo, espera-se, com a essa pesquisa, contribuir para despertar nos profissionais envolvidos com a psicologia do esporte, a conscientização da importância de se realizar pesquisas teórico-científicas sobre os benefícios das diversas atividades esportivas. Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 O ÍDOLO COMO ARQUÉTIPO PARA A SOCIEDADE. 109 A CRIANÇA E O FUTEBOL DE RUA Marcos Antonio Favarin; Altair Moioli Bruno Giusti e Afonso Antonio Machado LEPESPE / I. B. / UNESP Campus de Rio Claro A imagem que uma sociedade tem de si mesma pode desempenhar um papel crucial na maneira como ela molda seu futuro. Essa imagem muitas vezes é construída e transmitida nacionalmente e/ou mundialmente através de arquétipos, como de ídolos do esporte, favorecido pela mídia e outros tipos de tecnologia. Tal arquétipo pode passar tanto uma boa como uma má imagem para determinada população. Este trabalho tem por objetivo discutir a relação existente entre indivíduos de uma mesma sociedade e seus respectivos mitos e heróis. Sendo assim, iremos analisar a importância do ídolo no que diz respeito à uma transformação da sociedade, seu poder de representar um povo, despertando-o, e assim servir como um modelo a ser seguido, enaltecendo características escondidas de uma população, bem como desvendar traços notórios de personalidades “endeusadas” por uma grande parcela de pessoas, através de diversos meios de comunicação, destacando neste trabalho o poderoso papel da mídia. Foi utilizado como exemplo de herói e/ou mito (principalmente após a sua morte) a figura de Ayrton Senna da Silva, devido seu impressionante poder de massificação e indução de pensamento principalmente nas décadas de 1980 e 1990, perdurando até os dias atuais. Houve uma vasta revisão de literatura sobre o assunto, acompanhada de um grande levantamento a respeito da personalidade em questão, através de arquivos de programas televisivos, revistas da época, livros, jornais e Internet, adicionado de frases do próprio piloto enriquecido com comentários de pessoas comuns. Analisando tal estudo podemos perceber como o herói tem a capacidade de representar sua nação, exaltar características próprias de seu povo, e até mesmo refiná-las. Portanto podemos perceber a importância de um herói ter consciência de seu papel na sociedade, e como suas atitudes podem influenciar positiva ou negativamente uma população. Curso de Pós Graduação em Educação Física Escolar. Centro Universitário de Rio Preto - UNIRP Em razão da prática do futebol ser possível de forma improvisada em locais como ruas, praças e campos de terra, essa modalidade esportiva representa e exerce forte influência na cultura da maioria das crianças brasileiras. Ao ganhar como primeiro brinquedo, uma bola de futebol, desde muito cedo são apresentadas aos atributos do mundo masculinizado e a cultura da sociedade a qual a criança representa. Assim, a prática do futebol torna-se um jogo cheio de representações simbólicas e de signos sociais. No entanto, as escolas e as escolinhas de iniciação esportiva ainda insistem em oferecer o aprendizado dessa modalidade formatado em um modelo rígido e mecanizado, valorizando as habilidades específicas, com o treinamento dos fundamentos e da técnica. Este trabalho, como objetivo geral, procurou analisar a importância da modalidade em questão, na formação e no desenvolvimento das crianças, levando em consideração o jogo como elemento simbólico e representante das manifestações da cultura infantil. A base para os procedimentos metodológicos foi uma ampla revisão de literatura apoiada nos estudos da psicologia fenomenológica, fundamentada ainda nos princípios da pesquisa descritiva, de base qualitativa. Após levantamento e análise de bibliografia inerente ao tema, foi possível considerar que a representação simbólica do jogo é parte integrante da fase de aprendizagem da criança. Nesse universo, por meio da imaginação, a criança cria e recria o j ogo, pr oc es so funda me ntal p ar a o desenvolvimento da inteligência tática e da criatividade. A interrupção deste modelo de aprendizagem, levando a prática do futebol para o que se assemelha ao rígido modelo de esporte de alto rendimento, pode ocasionar elevados estados de ansiedade, medo, estresse e depressão nas crianças. Assim, a valorização do aprendizado da modalidade, por meio da essência e da compreensão do jogo, nas diferentes formas de jogar, pode representar importante mecanismo para a 110 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 manutenção da herança cultural e do prazer da aprendizagem. Este fenômeno é representado consideravelmente por meios dos jogos de rua. Aspectos como a agressividade, a violência, a ansiedade, o estresse e a resiliência foram considerados como fatores de interferência no processo de ensino. atendem os interesses deste grupo social, visto que estes têm outros desejos e o corpo diretivo escolar ainda não entende o papel das práticas corporais como recurso para o processo de aprendizagem. Palavras chave: educação física. Ensino médio. Conteúdos. Práticas corporais Palavras Chave: Futebol de rua. Iniciação esportiva. Jogos adaptados. O ALTO ÍNDICE DE OBESIDADE NAS ESCOLAS A ADESÃO DO ALUNO DO ENSINO MÉDIO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA:CONFLITOS E INTERESSES Aline Teixeira Martin; Eliton Piron; Michele Aparecida Cordeiro Centro Universitário de Rio Preto UNIRP Walker Facchini Alvares Danilo Aparecido Cuccatto Rafael Claudio da Silva Filho A obesidade é caracterizada pelo excesso de gordura corporal, atribuída a um desequilíbrio energético de origem multifuncional. As crianças de hoje possuem hábitos alimentares inadequados, afetando a ingestão e a necessidade de nutrientes. Além disso, grande parte das crianças e adolescentes não praticam esportes. Assim, o sedentarismo facilita o surgimento de um grupo de complicações denominadas hipocinéticas, dentre as quais a obesidade é a mais prevalente e já é diagnosticada como uma doença. O estímulo para que a alimentação do adolescente seja saudável devera partir do meio social em que a mesma convive. A influência da propaganda de alimentos pouco nutritivos e a necessidade de estarem sempre testando novidades os levam a escolhas erradas. O objetivo deste trabalho é mostrar a importância da atividade física e da alimentação saudável no ambiente escolar. Como proposta metodológica para que as aulas de Educação Física possam contribuir com o controle da obesidade, foi implantado o projeto alimentação saudável em uma escola de ensino fundamental da cidade de São José do Rio Preto-SP. Associado a isso, destaca-se a importância de projetos extracurriculares, como clube da caminhada, alimentação equilibrada e a participação das crianças no Programa Segundo Tempo. Concluímos que, diante do trabalho desenvolvido as crianças apresentaram uma melhora visível na alimentação e também na pratica esportiva, melhorando a aderências dos alunos nas atividades propostas pela escola. Centro Universitário de Rio Preto - UNIRP Notamos nos dias atuais a falta de interesse dos alunos matriculados no ensino médio em participar das aulas de educação física, que pó sua vez vem se tornando um problema para a prática educativa nesta disciplina. As causas desta desmotivação podem ser desde a falta de preparação dos professores, escolhas de conteúdos inadequados e interesse dos alunos por outras atividades. Este trabalho teve por objetivo diagnosticar os principais motivos apresentados pelos alunos do ensino médio para não aderir às aulas de educação física. O tratamento aos dados coletados teve como base uma pesquisa de campo, no modelo pesquisa-ação, realizada por meio de perguntas abertas feitas aos alunos que estão cursando o ensino médio em duas escolas públicas de São José do Rio Preto-SP. Nesta primeira análise das informações coletadas, notou-se que a falta de interesse dos alunos está relacionada aos conteúdos trabalhados nas aulas. Um levantamento diagnóstico a respeito dos interesses dos alunos, antes da formulação dos planos de aula como é recomendado pelos PCNs, possa contribuir para diminuir a evasão. Outras categorias apresentadas após uma análise preliminar dos dados mostram que a metodologia utilizada pelos professores não motivam os alunos para as práticas corporais, os conteúdos não Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 PROGRAMAS DE SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA NA TERCEIRA IDADE Claudia Milhim Shiota; Ana Paula Wolke, Andressa Cristina Ribeiro Seixas, Margareth Luciana de Souza, Natália Marina Scobosa, Natália Regina dos Santos, e Patrícia Alves da Silva. Universidade Paulista UNIP - São José do Rio Preto SP O presente estudo teve como objetivo avaliar a qualidade de vida, os hábitos e a importância da participação de idosos em programas de promoção de saúde para a terceira idade. Foram participantes 30 idosos com idades entre 60 e 80 anos, divididos em dois grupos: Grupo I, composto por idosos que participam de programas de promoção da saúde e grupo II composto por idosos que não participam desses programas. Instrumentos utilizados: termo de consentimento livre e esclarecido; ficha de dados sócio-demográficos, entrevista semidirigida e questionário SF-36 Pesquisa em Saúde (CICONELLI; FERRAZ; SANTOS, 1998). Os resultados obtidos sugerem que os idosos que participam de programas de promoção de saúde possuem melhor qualidade de vida, especialmente no que se refere aos aspectos sociais, já que foram verificadas médias mais baixas no Grupo II comparadas àquelas encontradas no Grupo I. No primeiro grupo as médias mais altas referiram-se aos aspectos sociais (80,8), seguido pelos domínios de capacidade funcional (70,7) e saúde mental (70,7). O Grupo II também apresentou médias mais altas em relação à capacidade funcional (72) e à saúde mental (69), resultados semelhantes aos encontrados no Grupo I, com exceção dos aspectos sociais, que aparece em destaque entre os participantes de programas de saúde. Além disso, verificou-se que os participantes do Grupo I realizam atividades físicas em freqüência maior - no Grupo I foram encontrados oito praticantes, e no Grupo II, apenas dois participantes - o que reforça a importância dessas atividades para a qualidade de vida do idoso. Diferenças importantes entre os grupos também foram encontradas na percepção dos participantes quanto ao conceito de qualidade de vida. No Grupo I a qualidade de vida surgiu diretamente 111 relacionada às práticas de atividades físicas, diferentemente do Grupo II, que associou qualidade de vida com o trabalho e lazer. Acredita-se que o presente estudo contribui no sentido de verificar e reafirmar a importância de uma atenção psicossocial específica ao idoso, de modo especial os programas de promoção de saúde, que possibilitam não só o desenvolvimento de hábitos mais saudáveis como também o bem-estar geral, especialmente em relação aos aspectos sociais. QUALIDADE DE VIDA: a busca pelo equilíbrio físico e mental através da atividade física. Giuliano Batigalia Castro; Adriana Cristina Pace; Flávia Mauro Bottari; Sabrina Coutinho da Silveira; Altair Moioli Centro Universitário de Rio Preto - UNIRP Os avanços tecnológicos têm como objetivo contribuir com a melhora da vida da população. No entanto, esses avanços evidenciaram o aparecimento de algumas enfermidades, as “doenças modernas”. O estresse, a ansiedade, o sedentarismo e a depressão são alguns exemplos. Crianças não trocam seus videogames e computadores por brincadeiras que exijam a movimentação e a destreza do corpo, com isso não se fortalecem as relações interpessoais. Cada vez menos as pessoas dedicam tempo para si mesmas, para o lazer, a cultura, a convivência social e a prática de atividades físicas regulares. A sociedade passa por um período de transformação, no qual o ser humano tenta se reencontrar, elevar sua consciência e percepção, tornando-se mais integro. Segundo a medicina chinesa o ser humano é composto de energia que circula por todo o corpo, e para que a pessoa esteja saudável ela precisa que a energia esteja em equilíbrio. Assim, para se ter saúde é necessário o equilíbrio entre o corpo e a mente. Em meio a tudo isso, as atitudes das pessoas as direcionam para um novo caminho e como conseqüência uma nova vida. A civilização, apesar do avanço tecnológico e cientifico, tem se mostrado incapaz de vencer certas doenças. É neste momento que surgem, e até mesmo ressurgem, práticas corporais 112 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 alternativas como o Yoga, Tai-chi chuan e mais recentemente o Pilates. Este trabalho teve como objetivo analisar se os benefícios da prática regular da atividade física para o equilíbrio e o bem estar físico e mental estão ligados apenas a melhora da saúde ou se o pressuposto da qualidade de vida está vinculada ainda aos aspectos físicos e emocionais. Para análise dos dados categorizados, com base na psicologia fenomenológica, utilizou-se da técnica denominada história de vida, na qual coletou o depoimento de idosos com idade entre sessenta e setenta anos e que praticam yoga regularmente. A partir da análise dos relatos apresentados, concluiu-se preliminarmente que, a busca pelo equilíbrio do corpo e da mente por meio de atividades corporais alternativas, reflete uma tendência atual, na qual as pessoas buscam uma saída para o isolamento social que a velhice proporciona. Essa tendência reflete a tentativa de transformação do ser humano para a sua formação holística, incluindo nesta perspectiva uma forte busca pelas relações interpessoais. Palavras Chave: Qualidade de vida; história de vida, yoga; tai chi chuan; práticas corporais alternativas O JUDÔ COMO AGENTE MODIFICADOR NAS ESCOLAS E NA SOCIEDADE. Wander Marques Pereira; Cesar Antonio Parro UNIP Universidade Paulista Campus JK Sempre houve problemas de indisciplina nas escolas, mas, atualmente ela se transformou numa das maiores dificuldades da educação dos dias atuais. A falta de disciplina tem causado o fracasso escolar de muitos alunos, isto por que a indisciplina perturba a aprendizagem causando as notas baixas, as quais promovem até mesmo o afastamento das aulas e da escola, fato que traz vários problemas para as escolas, para a família e para a sociedade. Diante deste problema foi criado um projeto utilizando o Judô, como fonte geradora de motivação para trabalhar a dimensão atitudinal dos conteúdos, buscando uma melhora no comportamento dos alunos. O Projeto Judô na escola recebe alunos de três escolas, próximas, estes alunos freqüentam as aulas de judô, três vezes por semana, no horário diverso ao que eles vão à escola de ensino fundamental. Nas aulas de judô são colocadas em prática as técnicas e táticas de luta, as normas e a filosofia do Judô. O Projeto já está em funcionando a três anos, sendo possível observar uma melhora significativa no comportamento, e no rendimento escolar dos alunos inscritos no projeto, Dados que foram levantados com base nos boletins escolares e segundo os relatórios dos professores. Em nossa analise consideramos que o resultado alcançado esta relacionado a vontade dos alunos em permanecerem no projeto, podendo inclusive fazer parte da equipe de competição e também com a rotina e rituais característicos do judô, que são seguidos e valorizados por todos (Professores e Alunos). Os alunos percebem que as questões relacionadas ao convívio social e esforçar-se para criar um ambiente de cooperação não são apenas regras impostas, mas, fazem parte da filosofia de vida do Judoca e são necessárias para um ambiente alegre, saudável, onde é gostoso de viver. Sabemos que esse projeto não é a solução para a indisciplina nas escolas, pois, as questões ligadas à indisciplina são de natureza complexa e muitas vezes incerta, queremos apenas contribuir com mais uma experiência para alimentar as discussões a respeito do tema. Palavras Chave. Judô. Educação Física. Escola Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 OS JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS COMO ATIVIDADES PARA O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL Andressa dos Santos de Lima; Bruna Perpétua Ferreira; Altair Moioli Curso de Pedagogia - Centro Universitário de Rio Preto UNIRP As mudanças decorrentes pelas transformações sociais, culturais e, nos últimos tempos, as tecnológicas, têm contribuído para alterar os padrões de aprendizagem das crianças. No ambiente escolar e no dia-a-dia reserva-se menos tempo para as brincadeiras tradicionais da infância. A industrialização dos brinquedos e o acesso aos produtos eletrônicos têm provocado hábitos de sedentarismo e contribuído para diminuir os estímulos às práticas corporais, comprometendo também a criatividade e as interações sociais. Os jogos, brincadeiras e os brinquedos sempre estiveram presentes na vida das crianças e, portanto, devem ser consideradas como importante atividade no processo de ensino-aprendizagem. Através dos jogos e brincadeiras a criança elabora situações imaginárias, cria e recria a realidade. As atividades práticas proporcionam ainda, o desenvolvimento dos domínios motor, cognitivo, afetivo-social. Este trabalho teve como objetivo analisar a contribuição do jogo, do brinquedo e das brincadeiras para o desenvolvimento da criança na educação infantil. O procedimento metodológico utilizado teve como aporte uma ampla revisão de literatura baseada nos principais estudos sobre o tema, bem como a observação direta, no que se denomiona de pesquisa-ação. As informações coletadas fundamentam as considerações finais do tra balho, correspondendo com a literatura, no qual os jogos e as brincadeiras, a partir de um tratamento pedagógico interdisciplinar, são ferramentas indispensáveis para o desenvolvimento integral da criança, em especial, contribuindo para desenvolver a criatividade e a autonomia, competências importantes para a sociedade atual. Palavras chave: Jogo. Brinquedo. Educação Infantil. 113 ESPORTE ESCOLAR: EM BUSCA DE NOVOS CAMINHOS SINGH, R.S. FORTI. H.C. BEGA, R. M. Universidade Paulista - UNIP Campus JK Emergente no mundo contemporâneo o esporte abrange tanto espetáculo, profissão, lazer e educação. Sede dos próximos eventos esportivos mundiais, a copa do mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, o país tende a focar boa parte dos seus investimentos no setor, assim como no avanço tecnológico. Essa decisão por um lado tende a ajudar precisamente marcas e tempos, mas por outro não mobiliza nossos jovens, que poderão ser futuros participantes ativos do esporte e porque não dizer os futuros atletas desses eventos, mas ficam horas sentados à frente de uma televisão, computador ou games de última geração levando-os ao sedentarismo e a imobilidade. Este trabalho tem o objetivo de identificar os possíveis motivos que levam as crianças e os adolescentes a desistirem precocemente da prática esportiva e refletir sobre os caminhos a serem seguidos para que o esporte seja uma ferramenta de formação e não de exclusão. A metodologia baseou-se em uma revisão de literatura e da observação nos estágios realizados em escolas públicas e particulares de São José do Rio Preto SP. O reconhecimento, tanto social como financeiro, menospreza qualquer outro resultado, deixando de ter importância a participação o que foge completamente dos ideai s pedagógicos, outra fonte de estresse no esporte é a competição, que depende dos atributos físicos, técnicos e psicológicos do praticante, através da competição reconhecem os vencedores e os perdedores, assim, os indivíduos tornam-se selecionáveis, e por conseqüência o esporte torna-se excludente. Outro motivo que pode influenciar diretamente é a participação dos pais na vida esportiva dos filhos, podendo ser benéfico quando incentivado à prática do jogo com uma finalidade em si mesmo, sem a necessidade do melhor resultado, mas por outro lado pode influenciar na decisão do abandono, quando estes reproduzem em seus filhos a imagem do atleta, incentivando-os a competir e vencer a qualquer custo. Esse comportamento gera equívocos metodológicos quanto ao ensino do 114 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 esporte escolar e para reverter esse quadro faz-se necessário rever, refletir, e modificar a metodologia usada nas escolas, devendo sim, ser utilizado em aulas e em turmas de treinamento extracurriculares, mas é de fundamental importância tratar-lo com o intuito de formarmos cidadãos, conscientes, participativos, críticos, éticos e solidários para que tenhamos uma sociedade possivelmente mais justa. Palavras Chaves: esporte, iniciação, competição, exclusão. EFEITOS DO ENSAIO ENCOBERTO SOBRE O DESEMPENHO NO SAQUE DE ATLETAS JUVENIS DE VOLEIBOL Duarte, Tiago; Harckbart, Nathália; Passos, Marcelo; Pires, Thiago; Kruger, Mohana Orientador: Isidro, Geison. condição A, cones foram distribuídos em seis posições-alvo a serem sacadas, sendo duas nas posições de rede (2/3 e 3/4) e quatro nas posições de fundo de quadra (1; 1/6; 6/5 e 5). Dez saques foram executados livremente e não foram avaliados apenas no critério posição em quadra a se sacar. Os demais critérios f or a m r e g i s t r a d os . N a c o n di ç ão B , caracterizada com intervenção, os atletas foram submetidos ao treinamento de ensaio encoberto considerando uma seqüência de passos. Durante tal condição, os saques executados foram avaliados segundo todos os critérios descritos anteriormente, durante oito blocos de cinco saques, sendo que em cada dia foi realizado apenas um bloco. No retorno à condição A, repetiu-se o procedimento anterior à intervenção. Como principais resultados verificou-se que dos 7 saques avaliados (1 atleta treinou 2 tipos de saques), 5 apres entar am tendênci a exponencial crescente de acerto. Vale ressaltar que o experimento ainda está em andamento. UniCEUB A preparação psicológica de atletas tem sido cada vez mais inserida nas equipes de diversas modalidades esportivas. No voleibol brasileiro, por exemplo, o trabalho psicológico tem sido observado não apenas nas seleções nacionais masculina e feminina, mas também em diversas equipes profissionais e de categorias de base. Nesta preparação psicológica são treinadas habilidades tais como a concentração, o controle emocional e solução de problemas, por meio de estratégias de intervenção aplicadas ao contexto esportivo. O objetivo do presente trabalho é verificar os efeitos da preparação psicológica, a partir do treinamento de ensaios encobertos, sobre o desempenho no fundamento saque em atletas juvenis de uma equipe de voleibol de Brasília. Para tanto, participaram da presente pesquisa seis atletas da equipe juvenil com idades entre 16 e 19 anos (média de 18,2) com tempo de prática no esporte entre 17 e 64 meses (média de 2,5 anos). O procedimento consistiu em um delineamento de reversão ABA em que os atletas tiveram seus saques avaliados conforme os seguintes critérios: tipo de saque, posição em quadra a se sacar, posição sacada, saque acerto, saque rede e saque fora. Na A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA INFÂNCIA DE 3 A 6 ANOS. Antonio Ricardo Lindoso Universidade Paulista UNIP Campus JK A brincadeira é a primeira vivência que as crianças têm do mundo, com suas novidades e mistérios. É através do brinquedo que a criança começa a conhecer mundos novos e a criar seu próprio. O brincar conduz a relacionamentos grupais e a sociabilidade da criança, é a maneira que esta tem de vivenciar e experimentar suas primeiras emoções, preparando se para o mundo adulto. A figura do professor é importante dentro do processo da educação infantil, pois ele deve saber como utilizar os jogos e brincadeiras de modo a promover de fato a aprendizagem, como lidar com os limites e como direcionar o jogo e a brincadeira para a vida da criança. O objetivo deste trabalho foi analisar a utilização dos jogos e brincadeiras para a promoção da aprendizagem de valores e regras morais na educação infantil. Teve como base uma Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 revisão bibliográfica. Através dos estudos de autores e pesquisadores, notamos que a criança é um ser em constante desenvolvimento e que necessita de constantes estímulos para as funções e ações motoras. As brincadeiras e jogos fazem com que esse desenvolvimento ocorra de forma lúdica e prazerosa para a criança. Portanto os estudos mostraram que jogos e brincadeiras na educação infantil são importantes para um desenvolvimento cognitivo, afetivo, social, motor e psicológico, no qual a criança aprende a interagir com o mundo a sua volta e suas regras. ATIVIDADES LÚDICAS NO ESPAÇO PRIMAVERA DO COLÉGIO SANTO ANDRÉ 115 solidariedade, promover a integração social de crianças com baixa renda às diversas possibilidades de aprendizagem, tendo como eixo norteador a dimensão conceitual, além de desenvolver as capacidades e habilidades básicas das crianças. Nossos preceitos metodológicos basearam-se, na pesquisaação, que contou com a participação da coordenação pedagógica das Escolas envolvidas, professores e monitor de Educação Física. Até o momento, podemos considerar que os alunos correspondem positivamente aos objetivos previstos, já que participam ativamente das atividades e, baseado nos relatos apresentados pelos pais e professores de outras disciplinas apresentam significativa melhora no desempenho escolar e nas relações com a família. Vale destacar ainda que é dever de todo profissional de Educação e, em particular de Educação Física, criar situações favoráveis para que ocorra o desenvolvimento da aprendizagem nos mais diversos contextos. Paulo Ricardo Silva de Carvalho Centro Universitário de Rio Preto UNIRP O colégio Santo André, escola particular da cidade de São José do Rio Preto-SP, em parceria com a Secretaria de Educação do mesmo município, desenvolve, desde 2005, projeto para atender cerca de 150 crianças dos 3 primeiros ciclos do ensino fundamental da Escola Municipal Prof. Julio de Faria e Souza Jr, localizada no bairro Santo Antonio, região com elevados índices de violência, consumo e tráfico de drogas, fato que expõe as crianças aos mais variados riscos sociais. As crianças são conduzidas para o Colégio Santo André, no período diverso do horário escolar, para receber atividades que complementam o desenvolvimento psicomotor, utilizando-se da infra-estrutura local. Inicialmente as crianças foram organizadas em três turmas, respeitando a faixa etária. Cada grupo foi composto por 25 crianças, onde três vezes na semana participam de atividades lúdicas, fundamentadas nos pressupostos teóricos da abordagem psicomotricista. Adequada à faixa etária, as atividades têm duração de 50 minutos. As dinâmicas são compostas por atividades como jogos cooperativos, jogos simbólicos e de regras. Este trabalho tem como objetivo desenvolver a cul tura da Palavras chave: Educação Física Infantil. Desenvolvimento psicomotor. Abordagem psicomotricista. ATIVIDADES RECREATIVAS E SEU CAMPO DE ATUAÇÃO Rogério Cavasini de Lacerda Centro Universitário dos Grandes Lagos UNILAGO Este trabalho busca mostrar que as atividades recreativas são extremamente importantes para a qualidade de vida e o desenvolvimento das crianças, levando-as a uma aprendizagem tendo como recursos as diversas formas do movimento. A recreação, entendida como sendo uma atividade que apresenta valores específicos para todas as fases da vida humana, tem a finalidade essencialmente pedagógica, é uma atividade que deve ser praticada com espontaneidade, pois é completa e perfeitamente educativa, fazendo com que a criança tenha uma melhora no seu dia-a-dia, dando um animo para fazer as atividades rotineiras, fica mais bem disposta, o 116 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 que contribui para uma melhora em sua qualidade de vida. O objetivo deste trabalho foi investigar o universo das brincadeiras recreativas, suas contribuições e adequações das atividades para crianças, visualizando o desenvolvimento dessas como parte de um processo da qualidade de vida e de um processo educacional, considerando os aspectos cognitivo, físico e afetivo-social. Para a realização deste trabalho, foi utilizada uma pesquisa bibliográfica acerca da recreação para as crianças, compreendendo melhor sobre os objetivos pretendidos e alcançados em atividades recreativas para a faixa-etária de 7 a 14 anos. A pesquisa foi desenvolvida em etapas bimestrais, no período de agosto de 2008 à Junho de 2009. Pa l av r a s- ch av e: r e cr eaç ã o, c r i an ça , desenvolvimento, qualidade de vida. XADREZ E FUTSAL: TÁTICAS E ESTRATÉGIAS Artur Henrique Barbosa¹; Anderson Nascimento Silva¹; Juliana Ricci²; Tamiris Scarpeto Teixeira² ¹ UNIRP Educação Física S. J. Rio PretoSP; ² FIPA Educação Física Catanduva-SP O xadrez é por muitos, considerado apenas um jogo, porém segundo Capablanca (1942), genial mestre cubano, o xadrez é algo mais que um jogo. É uma diversão intelectual que tem algo de arte e muito de ciência. É, ademais, um meio de aproximação social e intelectual. Começando aos dez anos, todos os escolares deveriam receber regularmente lições dessa matéria, variando a duração das classes, segundo a idade e a capacidade dos alunos. Pensando e analisando a citação acima, buscamos aliar a prática do jogo de xadrez com a prática do futsal, e com isso observar se as estratégias utilizadas no jogo de xadrez contribuem para melhorar a consciência estratégica dos alunos em seu posicionamento em quadra durante uma partida de futsal. O objetivo geral do trabalho a ser realizado foi verificar se as estratégias usadas na prática do jogo de xadrez influenciam na consciência estratégica dos alunos na prática do futsal. Para a realização do projeto, foi realizada uma pesquisa de campo, que contou com a participação de alunos do 5º ano do Colégio de Aplicação UNIFIPA, onde esses alunos que já praticavam xadrez desde o 4º ano tiveram suas aulas incrementadas com o treinamento de futsal. Durante o período das aulas de futsal, iniciamos com métodos mais práticos, com princípios das regras, as pedagogias de iniciação, para mostrar variedades de conteúdos e buscando diversificação de fundamentos para a aula que iríamos trabalhar, buscando que os alunos estivessem sempre presentes e participativos nas aulas. Para a preparação das aulas, foi realizada uma pesquisa bibliográfica no acervo da biblioteca da escola superior de educação física de Catanduva, além da busca de periódicos e outras publicações científicas disponibilizadas na Internet, valendo-se das seguintes técnicas: l e v ant a m en to s bi bl i o gr áf i c os i n i c i a l , correspondentes aos temas chaves: técnicas, estratégias, pedagogias utilizadas no xadrez e futsal, com análise textual e análise i nter pret ati va. N otou- se, durant e os treinamentos táticos em quadra, que muitos alunos sempre relacionavam, principalmente sobre os deslocamentos (lateral, diagonal), com os movimentos das peças do xadrez (torre, bispo e dama). Essas comparações feitas pelos alunos mostraram nitidamente que houve uma ligação e uma relação percebida pelos alunos entre o jogo de xadrez e o futsal. Algo que ficou muito nítido durante o período de treinamento de futsal, foi que a individualidade do jogo de xadrez foi trazida para a quadra, pois todos queriam alcançar seus objetivos individualmente, não havia muito espírito de equipe. Apesar dessa individualidade, após um período de treinamento os alunos começaram a notar que ficava muito mais fácil alcançar os objetivos da equipe jogando com a equipe. Esse foi um aspecto que marcou muito, pois no início era cada um por si, e no final do projeto, cada aluno já tinha sua posição pré estabelecida, pois notaram a necessidade de saber o que ia fazer e onde ia fazer. Palavras chave: Futsal. Xadrez. Projetos integrados Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 A participação dos alunos do Ensino Médio nas aulas de Educação Física Filippi Francis Larissa Agren Leandro Simili Centro Universitário de Rio Preto UNIRP O que se pretende com este trabalho, é mostrar as mudanças ocorridas na Educação Física do Ensino Médio, analisando a participação dos alunos nas aulas. Sabemos que a Educação Física, pouco a pouco, tem buscado seu reconhecimento dentro da escola, como uma fonte de conhecimento necessário para a construção de um novo cidadão e da sua colaboração para a formação integral do homem. Nota-se hoje que a Educação Física, em especial a do Ensino Médio, é um componente que em grande parte, é marginalizado, discriminado, desconsiderado, chegando até ser excluído dos projetos políticos pedagógicos de algumas escolas. O objetivo desse trabalho é analisar os motivos que levam os alunos do Ensino Médio a não participarem das aulas de Educação Física, pois a maioria não se interessa pelas atividades e consideram esse momento como uma possibilidade apenas de lazer. Este trabalho teve como suporte metodológico, uma ampla revisão de literatura e a experiência vivenciada no momento do estágio curricular obrigatório para a graduação. Alguns dos fatores verificados para a não aderência foi falta de interesse pelos conteúdos, as experiências acumuladas nos anos do Ensino Fundamental, onde por vezes a Educação Física mostrou-se ser elitista voltada para o mais forte, o mais rápido, o mais habilidoso, onde os resultados e as marcas eram supervalorizados. As aulas de Educação Física no Ensino Médio são freqüentadas, quase totalmente, por alunos que se encontram na adolescência. Nesta fase da vida, o aluno sofre grandes transformações de ordem física, cognitiva e psicossociais. Período repleto de contestações, de rebeldias, de indignações e que muitas vezes não são compreendidos. Ao considerar essa fase do desenvolvimento entende-se que o aluno do Ensino Médio gosta de discutir temas polêmicos, preferem as conversas em grupo, poucos praticam os esportes tradicionais, e grande parte tem outros interesses como música, dança de rua e atividades voltadas ao entretenimento. Palavras chave: Educação Física; Ensino Médio; Adolescência. 117 PROJETO A CORDA PRA VIDA Moyses Jardim; Iara Tocico Ito Universidade Paulista UNIP Campus JK Introdução: Temos observado que hoje, no Brasil, há uma necessidade de se desenvolver mais projetos esportivos, focando melhorar a qualidade de vida e a saúde mental da população. E que a melhor maneira de buscar esse progresso é através das crianças, que são o futuro de nossa nação. Objetivo: O projeto A Corda Pra Vida foca resgatar crianças carentes e dar a elas um suporte educacional, mental e emocional. Também pode ser entendido como uma atividade social e recreativa. Metodologia: As atividades são desenvolvidas por dois professores em escolas municipais, com freqüência de duas a três vezes por semana e duração de 1½hs. No projeto são apresentadas às crianças e adolescentes uma nova prática corporal chamado Double Dutch (salto com cordas) acompanhado de exercícios de alongamento, resistência e força. Esta é nova modalidade esportiva que está sendo introduzida no Brasil. Acompanhando às práticas temos um sistema de pontuação que motiva o aluno a ser organizado, higiênico, responsável com os estudos e bem educado visando servir ao próximo, atuar de forma respeitosa e com cortesia aos demais. Resultados: Os alunos em geral desenvolvem ganhos significativos nos aspectos físicos como: melhora da coordenação motora, flexibilidade corporal, agilidade e ritmo. Nos aspectos psicossociais apresentam evolução no rendimento escolar, maior participação em atividades sociais, novos hábitos de higiene pessoal e geral e valorizam os relacionamentos pessoais, paixão por atividades esportivas e novas expectativas de vida como, por exemplo, tornar-se um professor no futuro ou, até mesmo um atleta de alto rendimento. Palavras chave: Double dutch; Educação Física; projetos esportivos 118 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 DIFERENTES FORMAS DE ATIVIDADES E CONTEÚDOS PARA MELHORAR AS RELAÇÕES ENTRE CRIANÇAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL Iara Nascimento da Silva; Josiane Pires Caetano; Michele Campoli Garcia Centro Universitário de Rio Preto - UNIRP Introdução: A agressividade é um tipo de comportamento natural que se manifesta nos primeiros anos de vida. Na infância, a agressividade é uma forma encontrada pelas crianças para chamar a atenção para si. É uma espécie de reação que se manifesta quando estão à frente de algum acontecimento que provocam sentimentos de fragilidade e insegurança. Na fase adulta, a agressividade se manifesta ainda como reação a fatos que aparentemente induzem o indivíduo à disputa e ainda a sentimentos. A criança quando agressiva tenta despertar nos pais ou Responsáveis os sentimentos internos quee sses não conseguem perceber. Muitas vezes as crianças são rotuladas e castigadas pelo comportamento, porém é importante conhecer primeiramente as causas que provocam as manifestações agressivas. Os adultos, por sua vez, quando agressivo reage precipitadamente a qualquer tipo de acontecimento, o que possivelmente causa traumas inesquecíveis. Também agem como forma de demonstrar s e n t i m e n t o s n eg a t i v o s c o m o r a i v a , inferioridade, frustração e outros (WEINBERG; GOULDO, 2001) . Objetivo: Encontrar estratégias pedagógicas para diminuir os níveis de agressividade e melhorar as relações pessoais. Metodologia: Este trabalho está sendo desenvolvido na Casa de Apoio “Emílio Pagioro”, na cidade de Nova Granada-SP, onde são realizadas uma vez por semana, dinâmicas com intuito de construir o respeito mutuo e criar um vinculo afetivo entre as crianças. Aulas onde são contadas historinhas de motivação, respeito entre as pessoas, amizade, responsabilidade, boas maneiras e educação. E ao final de cada historia, os alunos comentam sobre o que aprenderam com a aula, os valores e os ensinamentos adquiridos. Cada semana é apresentado temas que ajudam a desenvolver o convívio e o respeito entre os alunos. O trabalho é cheio de possibilidades, construção principalmente por se tratar de valores e atitudes no ambiente escolar e fora dele. Conclusão: Concluímos que diante do trabalho desenvolvido até este período, as crianças apresentaram uma melhora visível no convívio com os demais. Percebeu-se também o desenvolvimento do senso de responsabilidade para realizar suas tarefas e trabalhos escolares, demonstrando uma a disciplina que se espera do aluno que freqüenta a escola. Palavras chave: Educação Física Infantil. Interdisciplinaridade. Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 O ESPORTE E A ATIVIDADE FÍSICA COMO CONTROLE DA AGRESSIVIDADE Camargo Ferreira; Marcio Fernando; Thiago Lemos; Ulisses Tomazeli; Wagner Zangirolami; Gustavo Gallavottii Centro universitário do Norte Paulista UNORP Introdução: O presente trabalho tem como objetivo apresentar à comunidade acadêmica de Educação Física a tarefa de compreender o comportamento agressivo que envolve os cidadãos da sociedade moderna e se a atividade física, em, contrapartida, contribui para a formação de um indivíduo sociável. O comportamento agressivo consiste em um elemento intrínseco à personalidade do indivíduo. É observada sobre as mais diversas formas, desde o pensamento, verbo ou agressão física. “Há violência quando numa situação de interação, um ou vários autores agem de maneira direta ou indireta, maciça ou esparsa, causando danos a uma ou várias pessoas em graus variáveis, seja em sua integridade física, seja em sua integridade moral, em suas posses, ou em suas participações do meio simbólico e do meio cultural” (Michaud, 1989). A atividade física consiste no pilar, no alicerce da formação do caráter moral do ser humano para o convívio social ou o exercício da cidadania. Além disso, tem um viés de melhoria da saúde física e mental. A meta da atividade física está na busca do controle da agressividade pela socialização. Um trabalho de renovação dos valores básicos e agregadores da coletividade, tais como solidariedade, justiça, dignidade da pessoa humana (Bobbio, 2003), uma vez que para a prática de diversos esportes exige-se a participação coletiva de um determinado grupo de pessoas, onde uma depende, física ou psicologicamente, da outra (Samulski, 2004). Metodologia: A metodologia adotada para este estudo foi bibliográfica: livros e artigos científicos. Objetivo: Verificar a relação entre agressividade e esporte e sua influência na sociedade. Conclusão:A prática de esporte e atividades físicas tem um grande potencial educativo, proporcionando ao indivíduo um entendimento novo, tanto de si mesmo quanto da realidade à sua volta. Trata-se, assim, de um meio que faz com que o indivíduo saiba lidar 119 consigo próprio, permitindo-o conhecer suas capacidades e limitações, para que ele possa a proximar ao entendimento do outro, daquilo que lhe é diferente, a fim de desenvolver noções de tolerância e respeito ao seu próximo. Portanto, a prática constante de atividades físicas têm a finalidade de afastar o indivíduo da agressividade e da violência, aproximando-o do convívio social. Palavra-chave: agressividade, esporte, indivíduo e socialização, violência. 120 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 INDICE POR AUTOR Abner Cesar Guimarães; 106 Adriana Azeredo Farinazzo; 61 Adriana Cristina Pace; 111 Adriano Carvalho da Mata; 88 Adrielle dos Santos França; 82 Afonso Antonio Machado; 20; 65; 27; 74; 80; 84; 92; 92; 93; 93; 94; 95; 94; 101; 101; 102; 102; 103; 103; 104; 109 Alberto A. A. Teixeira; 82 Alessandro da Silva Ferreira; 87 Alex Garcia; 87 Alexandre Silva; 82 Aline Teixeira Martin; 110 Altair Moioli; 65; 97; 99; 99; 100; 104; 91; 107; 109; 113; 111 Amaury José Semedo Neto; 95 Amir Rogério Bortoleto; 96 Ana Carolina Simonato; 84 Ana Cláudia G.A. Pinto; 92 Ana Elisa Zuliani Stroppa Marques; 81 Ana Paula Christoforo ; 98 Ana Paula de Oliveira Porfírio; 86 Ana Paula Wolke; 111 Anália de Souza Gama da Silva; 98 Anderson Nascimento Silva; 116 Anderson Rodrigo Ximenes; 90 André Dascal; 52 Andressa Cristina Ribeiro Seixas; 111 Andressa dos Santos de Lima; 113 Antonio Ricardo Lindoso; 114 Arianne Carolina Vioti de Lima; 83 Ariele Oliveira Negrisoli; 84 Arnaldo Tenório da Cunha Júnior; 79 Arnaldo Tenório da Cunha Júnior; 79 Artur Henrique Barbosa; 116 Baden Powell Arroio Marossi; 97 Beatriz Diniz Silva; 84 BEGA, R. M; 89; 89; 113 Bruna Perpétua Ferreira; 113 Bruno Giusti; 109 Caciane Dallemole Souza; 55 Camargo Ferreira; 119 Carla Carrili Ferreira; 85 Carlos Alberto Pirassolo; 97 Carlos Alexandre Habitante; 79; 79 Cassiana Castellano; 83 Cesar Antonio Parro; 73; 112 Claudia Milhim Shiota; 111 Cleide Monteiro; 96 Cristiani Gomes Lagoeiro; 107 Cristina Landgraf Lee; 106 Daniel Presoto; 92 Danilo Aparecido Cuccatto; 110 Danúbia Alves Perecin; 107 Denílson Roberto Campos Gomes; 74; 101; 103 Denise C. Z dos Santos; 82 Denize Maria Mangas; 107 Diego Francisco de Siqueira; 101; 103; 104 Diego Gontijo de Araujo; 106 Domiraide Afonso; 82 Ednei Previdente Sanches; 54 Elaine Cristina dos Santos; 74 Eliane Paganini da Silva; 73 Eliton Piron; 110 Erik Giuseppe Barbosa Pereira; 37 Erika Morales Puga; 91 Fernanda Borges de Abreu; 108 Fernando Caris Macedo; 105 Fernando César Gouvêa; 92 Filippi Francis; 117 Flávia Mauro Bottari; 111 Flávio Cristiano Tasso; 97 Flavio Dezan; 84; 102; 102 Flávio Olimpio Camargo; 95 FORTI, H.C.; 89; 89; 113 Franz Fischer; 93; 95 Geison Isidro; 114 Giuliano Batigalia Castro; 111 Gleiciane Cristina de Souza; 99 Guilherme Rocha Britto; 98 Gustavo de Lima Isler; 92 ; 94 Gustavo Gallavottii; 119 Henrique Garcia Roncoletta; 95 Henrique Roncoleta; 103; 103 Iara Nascimento da Silva; 118 Iara Tocico Ito; 117 Irene Araújo Corrêa; 51 Jacqueline Carvalho; 80; 92 Jaime Teles da Silva; 106 Jeferson Fernandes Teixeira; 97; 104 Jéssica Pollianna de Souza Costa; 91 Jéssica Sbrissa; 84 João Antonio Fonseca Borges; 88 José Elzo Franco Junior; 95; 74; 101 Josiane Pires Caetano; 118 Juliana Prado Ferrari Spolon; 108 Juliana Ricci; 116 Junior Vagner Pereira da Silva; 79; 79 Kaira Aranha de Oliveira; 86 Karina Silva Mano Pouza; 80 Kauan G. Morão; 93 Larissa Agren; 117 Laura Belasco Atência; 90 Leandro Simili; 117 Leiliani Alonso da Silva Cerveira; 82 Leonardo Zanesco ; 74; 93; 103 Ligia Adriana Rodriges; 58 Lívia Sensuline Valaretto ; 81 Luana Pilon Jürgensen; 93; 94 Lucas Ribeiro Cecarelli; 101; 104 Lucas Scarone Silva; 92; 93 Luicanne Ferreira Simas; 87 Maísa Helena Euzébio de Paula; 105 Mara Rosana Pedrinho; 85 Marcelo Callegari Zanetti; 47; 74; 101; 101; 102; 102; 103; 103; 104 Marcio Fernando; 119 Marcio Ribeiro de Aguiar; 91 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 Marco Antonio Lages; 97 Marcos Antonio Favarin; 109 Marcos Zardini Munoz; 99 Margareth Luciana de Souza; 111 Maria Celina Trevizan; 55 Marília Bandeira da Silva; 108 Marina Emed Jacinto; 81 Matheus Buratti Sanches ; 93; 103; 104 Maykon Fernando da Costa Rodrigues; 91 Michele Aparecida Cordeiro; 110 Michele Campoli Garcia; 118 Milton Carlos Amantini; 82 Moyses Jardim; 117 Natalia Asse Gazola; 91 Natália Marina Scobosa; 111 Natália Regina dos Santos; 111 Natalia Targas Lima; 81 Osvaldo Luis Barison; 35 Patrícia Alves da Silva; 111 Patrícia Miqueletti Soares ; 82 Patrícia Rosa Delboni de Araujo; 88 Paula dos Santos Cavalcanti Rocha; 82 Paulo César Esteves; 82 Paulo Ricardo Martins Nunez; 79; 79 Paulo Ricardo Silva de Carvalho; 115 Pollyana Carla da Silva; 84 Priscila Barbosa Borduqui Campos; 85 Rafael Claudio da Silva Filho; 110 Rafael de Maura Oliveira; 87 Rafael Giaconi Motta; 91 Renata Gobeti Martins; 85 Renata Monteiro Stuchi; 108 Renato Henrique Verzane; 102; 102; 93 Renato Silva Santos; 73 Rodinei Marcelino Rodrigues; 91 Rogério Cavasini de Lacerda; 115 Rogério Ribeiro Domingues Correa; 91 Rogério Toscano Martins; 100 Rui Gomes; 17; 31 Sabrina Coutinho da Silveira; 111 Sandra Regina Domingos de Brito; 98 Sandro Torales Schulz; 79; 79 Silvio Antônio de Almeida; 97; 104 SINGH, R.S. ; 113 Sueli Aparecida Ferreira; 97 Sueli Zocal Paro Barison; 33 Susaelaine Moioli; 83 Taísa Adriana de Moura; 95 Tamiris Scarpeto Teixeira; 116 Thadeu E.A.S. César; 92; 95 Thaisa Silva de Oliveira; 83 Thalita Carvalho de Moura; 92; 93 Thayz Figueiredo; 101; 101 Thiago Henrique Favaro; 85 Thiago Lemos; 119 Thiago Peixoto Inocêncio; 87 Ulisses Tomazeli; 119 Valéria Fava Homsi; 107 Vânia Cristina Machado Grippe; 85 Venâncio Aiello; 95 Vera Lúcia Beraldo; 74 Viviane Maria Perpétua Guimarães; 83 Vlater Brighetti; 55 Wagner Zangirolami; 119 Walker Facchini Álvares; 110 Wander Marques Pereira; 112 Wanilton Alves Garcia Filho; 91 Wendel Roberto Pereira Peruca; 106 Yevaldo Pereira; 106 121 122 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009 Impresso na Fotogravura Rio Preto Ltda. Rua Cel. Spinola de Castro nº 2761 São José do Rio Preto-SP Telefone: 3016.4000