Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
ISSN 2176-2120
Prof. M.Sc. Altair Moioli (Org)
A RBPAEMH é orgão orficial de divulgação do
Congresso Brasileiro de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
São José do Rio Preto-SP
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
ISSN 2176-2120
Comissão Científica
Prof. Dr. Afonso Antonio Machado UNESP
Prof. Dr. Kazuo Kawano Nagamine - FAMERP
Prof. Drª. Mara Rosana Pedrinho - UNIRP
Prof. M.Sc. Lucas Portilho Nicoletti - UNIFEV
Prof. M.Sc. Marcelo Calegari Zanetti - UNESP
Prof. M.Sc. Altair Moioli - UNIRP
Prof. Esp. Hugo Celso Fortti- UNIP
O conteúdo e a redação dos trabalhos são de inteira responsabilidade dos respectivos autores.
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Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
ISSN 2176-2120
I CONGRESSO BRASILEIRO DE PSICOLOGIA
APLICADA AO ESPORTE E À MOTRICIDADE HUMANA
Editoração
Marcus Fabiano da Gama
Consultoria Técnica
Paulo Resende
Capa
Renata Sbrogio
I CONGRESSO BRASILEIRO DE PSICOLOGIA APLICADA AO ESPORTE E À MOTRICIDADE
HUMANA
http://www.psicologiadoesporte.esp.br
Periodicidade
Anual
Endereço
Av. José Munia Nº 5650 - Chácara Municipal
CEP - 15.090.500 - São José do Rio Preto-SP
Telefone (17) 3016.1101 Fax (17) 3216.4000
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Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
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APLICADA AO ESPORTE E À MOTRICIDADE HUMANA
SUMÁRIO
EDITORIAL ................................................................................................................................................ 07
COMISSÃO ORGANIZADORA ................................................................................................................. 09
PROGRAMA .............................................................................................................................................. 09
ARTIGOS DAS CONFERÊNCIAS E MESAS REDONDAS ..................................................................... 15
Adaptação, rendimento e desenvolvimento humano: perspectivas de investigação e intervenção
Prof. Dr. Rui Gomes.................................................................................................................................... 17
A psicologia do esporte no contexto da motricidade humana
Prof. Dr. Afonso Antonio Machado............................. ................................................................................ 20
Visão psico-pedagógica da especialização esportiva precoce: atribuições aos fatores externos
Prof. Dr. Afonso Antonio Machado .............................................................................................................. 27
Relação Treinador-atleta em contextos de formação desportiva e de alta competição: perspectivas de
investigação e intervenção
Prof. Dr Rui Gomes ................................................................................................................................... 31
Violencia no relacionamento com crianças e adolescentes: é possível prevenir?
Psicóloga Sueli Zocal Paro Barison ........................................................................................................... 33
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APLICADA AO ESPORTE E À MOTRICIDADE HUMANA
SUMÁRIO
Para o gol: psicanálise, futebol e identidade de gênero.
Psicólogo Osvaldo Luís Barison ................................................................................................................ 35
Reflexões sobre práticas corporais, identidades e marculinidades
Prof. Dr. Erik Giuseppe Barbosa Pereira .................................................................................................. 37
CURSOS ................................................................................................................................................... 45
Psicologia do Esporte e Fitness
Prof M.Sc. Marcelo Callegari Zanetti ........................................................................................................ 47
Psicologia do Esporte: Objetivos, Intervenções e Resultados
Psicóloga Irene Araujo Corrêa................................................................................................................... 51
O fenômeno das corridas de rua como fator de satisfação pessoal
Prof. André Dascal ...................................................................................................................................
52
Liderança aplicada ao esporte
Prof. M.Sc. Ednei Previdente Sanches ..................................................................................................... 54
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Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
I CONGRESSO BRASILEIRO DE PSICOLOGIA
APLICADA AO ESPORTE E À MOTRICIDADE HUMANA
SUMÁRIO
Atividade Física na 3ª idade e seus benefícios psicossociais
Profª M.Sc. Caciane Dallemole Souza ..................................................................................................... 55
Saúde, beleza e perfeição no mundo contemporâneo: ter um corpo objeto ou ser sujeito de seu
corpo
Profª M.Sc. Ligia Adriana Rodrigues......................................................................................................... 58
Psicologia do Esporte e Saúde
Profª Adriana Azerede Farinazzo............................................................................................................. 61
ARTIGO .................................................................................................................................................... 36
A [de] formação moral e esportiva: conflitos no caminho do futebol
Prof. M.Sc. Altair Moioli; Prof. Dr. Afonso Antonio Machado .................................................................... 65
RESUMOS DE TEMAS LIVRES............................................................................................................... 71
RESUMOS DE PAINEIS........................................................................................................................... 77
INDICE DE AUTORES............................................................................................................................ 120
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Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
EDITORIAL
Nas últimas décadas, em razão da importância do papel que o esporte passou a representar
para a sociedade contemporânea, surgiram diferentes segmentos propiciadores à intervenção de
profissionais ligados a prática esportiva. O que no passado poderia ser resumido em um jogo de
camisas, uma bola e um treinador que comandava um grupo de atletas impregnados pelo amadorismo,
espírito cavalheiresco e idealismo, hoje transformou-se em um movimento que demanda outro olhar.
O esporte é um fenômeno que transcende o seu conceito de prática regido pela repetição
sistematizada de movimentos no qual se valorizam as habilidades e a técnica refinada que permitirão
superar centímetros ou milésimos de segundos. A verdade é que as significações e os simbolismos
abstraídos da cultura esportiva não permitem enxergar o seu praticante apenas como uma máquina de
reprodução robotizada.
Compreendido o esporte como uma manifestação cultural, é preciso enxergar nesse cenário a
existência de um corpo carregado de sensações, emoções e sentimentos, que não pode ser reduzido
apenas a um amontoado de músculos colocados em movimento. Visto e entendido numa dimensão
ecológica, é inegável a relação desse corpo com o aspecto motor e os aspectos afetivos e cognitivos,
explicados pela motricidade humana.
Todas as áreas esportivas têm-se desenvolvido a partir de uma infra-estrutura que exige cada
vez mais a formação de equipes multidisciplinares compostas por profissionais de áreas tão antagônicas
a equilibrarem o desempenho e os resultados. As pesquisas e a revolução tecnológica também já não
significam diferencial importante, pois estão ao alcance tanto das grandes seleções quanto das equipes
de clubes das pequenas cidades.
Nisso tudo, a mente humana representa um dos maiores desafios para estudiosos e
pesquisadores, tanto da área da Saúde quanto da área da Educação, na busca de explicações a
respeito do comportamento e das condutas do ser humano e da sua relação com a atividade física e
esportiva.
Nesse campo, como área recente de estudo, a Psicologia do Esporte tem contribuído com
intensa investigação científica por meio de estudos que possibilitam compreender as alterações dos
estados emocionais e a sua influencia no esporte. Essas pesquisas, relacionadas às alterações dos
estados de ansiedade, motivação, estresse, medo, angustia, coesão, burnout, violência, entre outros,
são contributivas para os profissionais que estão ligados ao esporte, tanto na forma de rendimento
quanto para a educação ou prevenção.
Estimulada por este momento em que o país ganha a láurea de ter sido escolhido como sede dos
dois dos maiores eventos esportivos mundiais, quais sejam, a Copa do Mundo de Futebol e os Jogos
Olímpicos, a promoção de um encontro para discutir os avanços e as novas possibilidades de
intervenção no campo da Psicologia do Esporte deve permitir a socialização de conhecimentos que
contribuam para a formação e a transformação humana.
Portanto, teremos muito trabalho pela frente. Sejam todos bem vindos ao I CONGRESSO
BRASILEIRO DE PSICOLOGIAAPLICADAAO ESPORTE E A MOTRICIDADE HUMANA
Prof. M.Sc. Altair Moioli
Presidente da Comissão Organizadora
CBPAEMH
Prof. Dr. Afonso Antonio Machado
Coordenador do Laboratório de Estudos e Pesquisas
em Psicologia do Esporte - LEPESPE - IB - UNESP - Rio Claro
08
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Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
Prof. M.Sc. Altair Moioli
Presidente da Comissão Organizadora
CBPAEMH
Prof. Dr. Afonso Antonio Machado
Coordenador do Laboratório de Estudos e Pesquisas
em Psicologia do Esporte - LEPESPE - IB - UNESP - Rio Claro
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Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
09
I CONGRESSO BRASILEIRO DE PSICOLOGIA
APLICADA AO ESPORTE E À MOTRICIDADE HUMANA
Organização
Presidente
Prof. M.Sc. Altair Moioli
Assessoria Técnico-Pedagógica
Prof. Esp. Arlete Guisso Scaramuzza Portilho Nicoletti
Prof. Hatsumi Tanji Sakakisbara
Comissão Científica
Prof. Dr. Afonso Antonio Machado UNESP
Prof. Dr. Kazuo Kawano Nagamine - FAMERP
Prof. Drª. Mara Rosana Pedrinho - UNIRP
Prof. M.Sc. Lucas Portilho Nicoletti - UNIFEV
Prof. M.Sc. Marcelo Calegari Zanetti - UNESP
Prof. M.Sc. Altair Moioli - UNIRP
Prof. Esp. Hugo Celso Fortti- UNIP
Secretaria Geral
Prof. Suzinei Aparecida Pongelupi Vitor de Souza
Prof. Taisa Adriana de Moura
Prof. Mônica Faitarone Brasilino
Prof. Guilherme Rocha Britto
Tesouraria
Prof. Esp. Marcos Antonio Favarin
Prof. Esp. Robinson Simões Gavassi
Assessoria de Imprensa
Paulo Resende
Relações Públicas
Prof. Marco Antonio de Mello Franco
Marketing | Publicidade | Fotografia
Renata Sbrogio
Prof. Luciana Barcelos
Divulgação | Informática | Filmagem
Prof. Renato Alex Cioca
Marcus Fabiano da Gama
Hélder Ricardo Olhas Gouvêa
Washington Carvalho dos Santos
Hospedagem | Alojamento
Prof. Esp. Cesar Antonio Parro
Prof. Rodnei Marcelino Rodrigues
Prof. Ronaldo Adriano Mariano
Alimentação | Transporte | Recursos Materiais
Prof. Esp. Manoel Brandão Filho
Prof. Paulo Estevão Alves da Silva
Prof. Lucas Milani Franco
Prof. Paulo Ricardo Silva de Carvalho
Saúde | Assistência Médica
Drª Valéria Fava Homsi Moioli
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Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
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APLICADA AO ESPORTE E À MOTRICIDADE HUMANA
PROGRAMA
05 .11.2009 | QUINTA FEIRA
UNIP | Campus JK | Av. Juscelino Kubitschek Oliveira, s/n - Jardim Tarraf II
13:00 Horas
Área de convivência
Abertura da Secretaria Geral | Cadastramento e entrega de material
19:30 Horas
Teatro
Cerimônia de abertura
20:00 às 21:30 Horas
Teatro
Conferência de Abertura
Adaptação, rendimento e desenvolvimento humano: perspectivas de investigação e intervenção
Prof. Dr. Rui Gomes | Universidade do Minho | Escola de Psicologia | Braga | Portugal
A psicologia do esporte no contexto da motricidade humana
Prof. Dr. Afonso Antonio Machado | UNESP Rio Claro-SP
21:30 Horas
Área de convivência
Coquetel de boas vindas
06 .11.2009 | SEXTA FEIRA
UNIP | Campus JK | Av. Juscelino Kubitschek Oliveira, s/n - Jardim Tarraf II
08:00 às 10:00 Horas
CURSO 1. Educação especial: o atendimento ao aluno em salas inclusivas
Profª Drª Maria Cecília Braga | FACERES | São José do Rio Preto-SP
CURSO 2. Psicologia do Esporte e Fitness
Prof. M.Sc. Marcelo Callegari Zanetti | LEPESPE Rio Claro-SP
CURSO 3. . Efeitos da Atividade Física na qualidade de vida e Saúde
Prof. M.Sc.. Valter Brighetti | UNIFEV Votuporanga-SP
CURSO 4. Liderança aplicada ao esporte
Prof. M.Sc. Ednei Previdente Sanches | UNILAGO São José do Rio Preto-SP
10:00 Horas
Intervalo para Café
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Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
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APLICADA AO ESPORTE E À MOTRICIDADE HUMANA
PROGRAMA
06 .11.2009 | SEXTA FEIRA
UNIP | Campus JK | Av. Juscelino Kubitschek Oliveira, s/n - Jardim Tarraf II
10:30 às 12:30 Horas
CURSO 5. O desempenho esportivo e a Síndrome de overtraining
Prof. Dr. Kazuo Kawano Nagamine | FAMERP São José do Rio Preto-SP
CURSO 6. A prática esportiva como prevenção e reabilitação do uso de drogas.
Profª Jussara Maria Simões Boverio | FAMERP/SMAS São José do Rio Preto-SP
CURSO 7. Atividade Física na 3ª idade e seus benefícios psicossociais
Profª M.Sc. Caciane Dallemole Souza | UNIFEV Votuporanga-SP
CURSO 8. Psicologia do Esporte: Objetivos, Intervenções e Resultados
Profª Irene Araujo Corrêa Psicóloga Cognitiva Comportamental São José do Rio Preto-SP
12:30 Horas
Intervalo para Almoço
14:00 às 16:00 Horas
CURSO 9. O fenômeno das corridas de rua como fator de satisfação pessoal
Prof. André Dascal | SESC-São Carlos-SP
CURSO 10. Psicologia do Esporte e Saúde
Profª Drª Adriana Farinazzo | IMES - FAFICA - Catanduva-SP
CURSO 11. Instrumentos de avaliação psicológica no contexto esportivo
Profª M.Sc. Luciana Ferreira Angelo | Psicóloga SEDES SAPIENTIAE | INCOR | São Paulo-SP
CURSO 12. Saúde, beleza e perfeição no mundo contemporâneo: ter um corpo objeto ou ser
sujeito de seu corpo
Profª M.Sc. Ligia Adriana Rodrigues | IMES - FAFICA Catanduva-SP / FIBA
16:00 Horas
Intervalo para café
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Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
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APLICADA AO ESPORTE E À MOTRICIDADE HUMANA
PROGRAMA
06 .11.2009 | SEXTA FEIRA
UNIP | Campus JK | Av. Juscelino Kubitschek Oliveira, s/n - Jardim Tarraf II
16:30 às 18:30 Horas
Teatro - Mesa Redonda
Esporte, Gênero e Identidade
Prof. Dr. Erik Giuseppe Barbosa Ferreira | UFRJ | Rio de Janeiro-RJ
Prof. M.Sc. Osvaldo Luis Barison | Espaço Psicanalítico | São José do Rio Preto-SP
Anfiteatro
Conferência: A preparação psicológica nos esportes coletivos
Prof. Dr. Gilberto Gaertner | Universidade Positivo | Curitiba-PR
18:30 às 19:30 Horas
Área de convivência
Apresentação Painel
Teatro
Sessão Tema Livre
20:00 às 21:30 Horas
Teatro
Mesa Redonda
Especialização Esportiva Precoce: um olhar psicopedagógico
Prof. Dr. Afonso Antonio Machado | UNESP Rio Claro-SP
Prof. Dr. Ruy Jornada Krebs | UESC | Florianópolis-SC
20:00 às 21:30 Horas
Anfiteatro
Mesa Redonda
Desenvolvimento de equipes e coesão de grupo
Prof. Dr. Gilberto Gaertner | Universidade Positivo | Curitiba-PR
Relação treinador-atleta em contextos de formação desportiva e alta competição: perspectivas de
investigação e intervenção
Prof. Dr. Rui Gomes Universidade do Minho - Escola de Psicologia- Braga- Portugal
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Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
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APLICADA AO ESPORTE E À MOTRICIDADE HUMANA
PROGRAMA
07 .11.2009 | SÁBADO
SESC-Rio Preto. Av. Francisco Chagas Oliveira, 1.333 - Chácara Municipal
10:00 Horas
Teatro
Conferência: Violência contra crianças e adolescentes: é possível prevenir?
Prof. M.Sc. Sueli Barison | Espaço Psicanalítico | São José do Rio Preto-SP
11:00 Horas
Teatro
Conferência: Práticas corporais, identidade e masculinidades
Prof. Dr. Erik Giuseppe Barbosa Ferreira | UFRJ | Rio de Janeiro-RJ
12:00 Horas
Teatro
Conferência: Motivação e Atividade Física
Prof. Dr. Ruy Jornada Krebs | UESC | Florianópolis-SC
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Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
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Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
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I CONGRESSO BRASILEIRO DE PSICOLOGIA
APLICADA AO ESPORTE E À MOTRICIDADE HUMANA
CONFERÊNCIA DE ABERTURA
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Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
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CONFERÊNCIA DE ABERTURA
Adaptação, Rendimento e Desenvolvimento Humano: Perspectivas de investigação e intervenção
A. Rui Gomes
Universidade do Minho | Escola de Psicologia
Portugal
Resumo: Esta apresentação irá centrar-se na análise de uma perspectiva de investigação e intervenção
acerca da adaptação, rendimento e desenvolvimento humano em dois grandes contextos: na formação
desportiva e na alta competição. No que se refere à formação desportiva, pretendemos debater as
perspectivas de investigação e intervenção sobre a adaptação e desenvolvimento humano em crianças e
jovens. Neste caso, discutiremos a necessidade do crescimento e desenvolvimento psicológico dos jovens
atletas e a possibilidade de treinar competências de vida enquanto estratégia para a formação de cidadãos
autónomos e responsáveis. Será ainda tratada a importância da comunicação eficaz e interacção positiva
entre treinadores, pais e atletas. Em segundo lugar, abordaremos as perspectivas de investigação e
intervenção na adaptação humana e rendimento desportivo de atletas de alta competição. Nesta parte da
apresentação, discutiremos um modelo conceptual centrado nos processos de avaliação cognitiva, respostas
emocionais e processos de “coping” (confronto) dos atletas face a situação de alta pressão em competição..
Para terminar, daremos algumas indicações acerca da investigação futura.
A adaptação humana em contextos
desportivos representa um tema fascinante de
estudo na psicologia do desporto. As razões
para este interesse prendem-se, por um lado,
com o impacto das actividades desportivas no
desenvolvimento psicológico das crianças e
jovens e, por outro lado, com o modo como os
atletas de alta competição percepcionam,
reagem e se adaptam a situações de alta
pressão, onde se torna fundamental alcançar
altos níveis de rendimento.
N a pr á ti c a, e st a di s ti nç ão na s
“exigências” e complexidades do desporto de
formação desportiva relativamente ao desporto
de alta competição implicam variações nos
objectivos e alvos de estudo da psicologia do
desporto. Assim, é fundamental saber que
factores e circunstâncias promovem o bemestar dos mais novos e facilitam o alto
rendimento dos mais velhos.
C o m e ç an d o p e l os m ai s n ov o s ,
considera-se que estamos perante um
ambiente desportivo favorável quando os
jovens atletas têm a oportunidade de aprender
e desenvolver as suas capacidades físicas e
desportivas; podem competir de um modo
saudável (e não ficam apenas a ver os outros a
jogar), assumem a vontade de lutar para
alcançar os seus objectivos (e não aqueles que
lhes são impostos pelos adultos) e,
naturalmente, podem divertir-se e experienciar
emoções positivas (e não apenas fazer com
que terceiros se sintam bem) (Martens, 1996;
Martens, Christina, Harvey, &Sharkey, 1981;
Orlick & Zitzelsberger, 1996). No entanto, por
vezes a realidade existente na formação
desportiva promove exactamente o inverso,
sobrevalorizando-se os resultados desportivos
e o sucesso a curto prazo. Neste caso, a
filosofia adoptada assume que “ganhar não é o
mais importante, é a única coisa que
interessa!”. Para este ambiente negativo
contribuem várias figuras, desde os dirigentes
e a estrutura organizativa do desporto juvenil,
os treinadores (que são frequentemente
avaliados pela sua “competência” em ganhar
competições e campeonatos) e os próprios
pais e familiares dos jovens, que julgam existir
uma relação directa entre ser bem sucedido no
desporto juvenil e vir a ser um atleta de alta
competição.
Um dos aspectos curiosos no ambiente
desportivo juvenil, prende-se com o facto de
existir frequentemente uma diferença entre o
plano dos discursos, ou seja, aquilo que se
pretende alcançar, e a realidade do trabalho
com os jovens. De facto, apesar dos diversos
agentes desportivos assumirem
frequentemente que o mais importante é
“contribuir para o desenvolvimento dos mais
novos e ajudá- los a serem adultos
responsáveis e felizes”, a verdade é que o
ambiente desportivo fomenta
pr ef er en ci al m en te a c om pet it i vi d ade
exagerada entre os atletas, valorizando-se e
pr e m i an do- s e ape nas u m a el i te de
vencedores. Daí que, para sabermos qual a
verdadeira filosofia do desporto juvenil, seja
18
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Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
fundamental conhecermos o modo como as
actividades desportivas são organizadas é que
tipo de experiências são proporcionadas aos
atletas. Neste sentido, uma das abordagens a
analisar na nossa comunicação prende-se com
a promoção de competências de vida em
crianças e jovens.
O treino de competências de vida
insere-se numa lógica educacional, onde a
partir de uma dado problema (ex: ansiedade
antes das provas desportivas), ensina-se um
conjunto de competências (ex: estratégias de
gestão de stresse) que, por sua vez, podem
levar à mudança desejada (ex: sentir-se
confiante e optimista antes da prova). Como
refere Peterson (2004), os programas de
competências de vida procuram aumentar as
potencialidades dos jovens em termos da
capacidade de exploração, aquisição de
competências e possibilidade de fazerem a
diferença na sociedade.
Na nossa comunicação, falaremos mais
em pormenor do programa de Promoção de
Experiências Positivas Crianças e Jovens
(PEP-CJ) (Gomes, 2009), que treina as
crianças e jovens em seis domínios distintos: i)
gestão do stresse; ii) motivação; iii) gestão do
tempo; iv) resolução de problemas; v)
comunicação e vi) trabalho em equipa.
Paralelamente, daremos conta de alguns
dados parciais da aplicação do programa, onde
foram treinadas as competências de motivação
e de resolução de problemas.
Para além dos atletas, os pais e
familiares representam agentes com uma
influência decisiva nos contextos desportivos.
De facto, alguns autores realçam o facto da
influência parental poder ter um impacto no
início da prática desportiva dos filhos e
influenciar a qualidade do seu envolvimento
nessa mesma prática (Côté, 1999; Lally & Kerr,
2008). Tal como assinalam Côté e Hay (2002),
os pais podem produzir efeitos em diferentes
domínios do desenvolvimento dos filhos como,
por exemplo, na auto-estima, na percepção de
competência, nos sentimentos de realização,
na auto-eficácia, na sensação de prazer e
diversão na prática desportivo, etc.
Infelizmente, a influência parental não
se restringe aos aspectos positivos, uma vez
que existem igualmente indicações sobre o
facto de algumas atitudes dos pais poderem
condicionar
negativamente o
desenvolvimento e bem-estar dos filhos. A este
propósito, alguns resultados têm vindo a
descrever problemas relacionados com o
stresse nos jovens, as percepções pessoais
negativas e a falta de motivação para a prática
desportiva (Brustad, 1996; Gould, Eklund,
Petlichkoff, Peterson, & Bump, 1991; Gould,
Wilson, Tuffey, & Lochbaum, 1993; Smith &
Smoll, 1996).
Dado este efeito paradoxal da
influência parental, apresentamos nesta
comunicação um estudo que procura clarificar
a natureza da relação entre pais e filhos, tendo
por base a actividade desportiva. Este estudo
foi efectuado com atletas e pais, incluindo
medidas sobre a orientação motivacional e a
percepção de ameaça/desafio na competição
desportiva, em conjunto com um instrumento
de avaliação dos comportamentos parentais.
Deste ponto de vista, procurámos estudar a
relação entre os comportamentos assumidos
pelos pais e o tipo de orientação motivacional
dos filhos na prática desportiva e até que ponto
a competição seria mais ou menos sentida
como ameaçadora ou desafiante para os
atletas. Os resultados evidenciaram diferenças
entre atletas do sexo masculino e feminino nos
vários domínios avaliados, fazendo supor que
ambos encaram a actividade desportiva e o
envolvimento parental de modo distinto. Do
lado dos pais, foi também possível observar
diferenças entre pais de raparigas e pais de
rapazes bem como diferenças em função do
nível de escolaridade dos pais. Os resultados
deste estudo fazem supor que os pais e
familiares dos atletas podem realmente
exercer um impacto (positivo ou negativo) nos
processos de adaptação dos atletas aos
contextos desportivos.
Finalmente, abordaremos na
comunicação os processos de adaptação
humana em contextos de alto rendimento.
Assim, proporemo s um modelo de
investigação centrado no estudo das estruturas
e processos psicológicos envolvidos no alto
rendimento, tendo por base indicações
formuladas por Lazarus (1991, 1995) e Lazarus
e Folkman (1984). Neste caso, o autor veio
chamar a atenção para as transacções que
ocorrem entre as pessoas e o ambiente onde
exercem funções, assumindo a importância
das estratégias de confronto utilizadas pelo
indivíduo bem como as mudanças na
experiência de stresse que ocorrem ao longo
do tempo e em diferentes situações. Utilizando
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
estas indicações, daremos conta de dados
parciais de um estudo realizado este ano com
atletas de alta competição portugueses, onde
foram estudados os processos de avaliação
cognitiva, as estratégias de confronto (“coping”) e as
reacções emocionais a situações desportivas de
alta tensão.
Em síntese, a nossa comunicação incidirá
sobre a investigação e intervenção direccionada
para a compreensão dos processos de adaptação,
rendimento e desenvolvimento humano em
contextos desportivos.
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Lazarus, R.S. (1995). Psychological stress in the
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Lazarus, R.S., & Folkman, S. (1984). Stress,
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Sport and Exercise Psychology (pp. 287315) . Was hingt on: A mer i can
PsychologicalAssociation.
20
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
CONFERÊNCIA DE ABERTURA
PSICOLOGIA DO ESPORTE NO CONTEXTO DA MOTRICIDADE HUMANA
Afonso Antonio Machado(*)
O Esporte enquanto uma instituição
social tem se projetado como um dos grandes
fenômenos deste final de século, agregando
em torno de si um número cada vez maior de
áreas afins, constituindo a chamada Ciência do
Esporte. No bojo dessa nova ciência encontrase a Psicologia do Esporte, que, apesar de já
possuir quase um século de história, no Brasil
ainda é vista como área emergente.
Inicialmente preocupada com aspectos
mais biológicos que humanísticos, hoje, a
Psicologia do Esporte vem atuando em
questões que envolvem ansiedade, motivação,
estresse, personalidade, agressão e violência,
coesão grupal e liderança, dinâmica de grupo
caracterizando-se como um setor em que o
enfoque social, educacional e clínico se
complementam.
Próxima da Educação Física e do
Esporte desde o início do século passado, a
Psicologia do Esporte busca ser reconhecida,
como originária da Psicologia, definida como
Psicologia Aplicada ou campo de estudo.
Porém, tradicionalmente a Psicologia do
Esporte é reconhecida apenas recentemente
no âmbito acadêmico, e prova disto é o nãoaparecimento dessa disciplina nas grades
curriculares dos cursos de graduação em
Psicologia, mas em muitas grades de diversos
cursos de Educação Física, no Brasil. Isso não
se passa apenas no Brasil, visto que, somente
em 1986 (Feltz, 1992) a Psicologia do Esporte
foi aprovada pela APA como uma de suas
divisões, a de número 47, nos Estados Unidos.
No caso do Esporte essa dinâmica se
repete e amplia seus espectros, uma vez que a
Psicologia do Esporte vem compor o
denominado mundo da Ciência do Esporte,
composto por disciplinas como a medicina,
fisiologia e biomecânica do esporte, no que
tange à área biológica, e antropologia, filosofia
e sociologia do esporte, no que se refere à área
sócio-cultural, assumindo uma tendência à
interdisciplinaridade.
Observamos, assim, o surgimento e
desenvolvimento de um campo denominado
Psicologia do Esporte, muito próximo da
atividade física e do lazer, sendo inclusive
componente curricular dos cursos de
Educação Física, buscando os conhecimentos
da Psicologia e a lógica própria dos Esportes,
analisando, avaliando, testando conceitos e
evoluindo, ainda que sofregamente.
Áreas de atuação
Samulski (1992), em seus estudos,
informa-nos da necessidade de uma formação
abrangente, sugerindo como sendo quatro os
campos de atuação da Psicologia do Esporte:
-O esporte de rendimento, voltado
para a otimização da performance numa
estrutura formal e institucionalizada, onde o
psicólogo atuaria analisando e transformando
os determinantes psíquicos que interferem no
rendimento do atleta e/ou grupo esportivo.
- O esporte escolar, cujo objetivo vem
a ser a formação, preparando seus praticantes
para a cidadania, a permanência da atividade
física e o lazer. Aqui, o psicólogo busca
compreender e analisar os processos de
ensino, educação e socialização inerentes ao
esporte e seu reflexo no processo de formação
e desenvolvimento da criança, jovem ou adulto
praticante. As questões da relação professoraluno e ensino aprendizagem são a tônica dos
procedimentos.
- O esporte recreativo, que é praticado
voluntariamente e com ligações voltadas aos
movimentos de educação permanente e com a
saúde física e mental, tem no psicólogo um
profissional que atua no comportamento
recreativo de diferentes faixas etárias, classes
sócio-econômicas, diante de diferentes
motivos, interesses e atitudes.
- Já, o esporte de reabilitação
apresenta um trabalho dirigido à prevenção e
intervenção em pessoas portadoras de algum
tipo de lesão decorrente da prática esportiva,
ou não, e também com pessoas portadoras de
necessidades especiais
Outra forma de analisar as áreas de
atuação da Psicologia do Esporte, leva-nos a
estudar outro referencial teórico: para Gill
(1986) a Psicologia do Esporte pode ser
historicamente dividida em três áreas
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especializadas, sendo elas: aprendizagem e
controle motor, desenvolvimento motor e
Psicologia do Esporte. Essas três áreas
indicaram, de certo modo, por um período de
tempo, a divisão dos estudos psicológicos em
atividade física e esporte. Houve, porém, um
distanciamento entre elas no início dos anos
70, devido à divergências de objetivos,
procedimentos e interesses.
A área de atuação voltada à
aprendizagem e controle motor tende aos
estudos da psicologia que se referem à
cognição, percepção e psicologia experimental
da aprendizagem e do comportamento. As
pesquisas desenvolvidas nesta área têm
focalizado seus estudos em processos
cognitivos e de percepção que envolvem
aprendizagem e "performance" de movimentos
habilidosos e processos cognitivos e
neuropsicológicos relativos ao controle do
movimento.
Outra área, segundo esta visão
teórica, é a do desenvolvimento motor que faz
uma abordagem próxima a da psicologia do
desenvolvimento e de sua relação com o
esporte e a "performance" motora. Os
trabalhos elaborados pelos pesquisadores têm
buscado a relação entre desenvolvimento de
padrões motores e "performance" habilidosa.
A análise das questões relacionadas
ao comportamento social no esporte e na
atividade física, como as diferenças individuais
e os fatores situacionais que afetam o
comportamento esportivo, bem como a
influência que a personalidade e os fatores
sociais têm sobre o comportamento social em
uma variedade de contextos esportivos, vem a
compor o núcleo atencional da terceira área.
Historicamente, ainda segundo Gill
(1986), a divisão definitiva veio quando um
gr upo se interessou pelas var iávei s
dependentes da "performance" (área motora) e
outro grupo concentrou-se na importância de
variáveis independentes que influenciam a
"performance" (aspectos socioculturais). Tal
divisor proporcionou um re-arranjo no grupo de
pesquisadores, organizando-os em seus
laboratórios com fins mais específicos e claros.
Vealey e Cratty (1992) analisam o atual
estágio de conhecimento na área como de
muita preocupação em descrever
características psicológicas em atletas, a
contenção de agressividade ou manejo da
ansiedade, a influência da personalidade no
21
comportamento esportivo, e calcado numa
vasta revisão bibliográfica aponta alguns
indícios sobre as pesquisas realizadas na área.
A s di f er e nç as i nd i v i dua i s na
Psicologia do Esporte também são estudadas
e partir de outros temas que não só a
personalidade, lembrando que as pesquisas
não são conclusivas sobre a existência de um
tipo de personalidade que distingue atletas de
não atletas. Também não temos estudos
c o n c l u s i v o s s ob r e d i f e r en ç a s e n t r e
personalidade e os sub-grupos esportivos de
esporte individual, esporte coletivo, esporte de
contato e outras formas de manifestações
esportivas.
Para Martens (1987), a Psicologia do
Esporte estaria dividida em dois grupos
distintos de atuação: um seria preocupado e
voltado à Psicologia do Esporte Acadêmica,
com objetivos e procedimentos adequados à
pesquisa, produção de conhecimento e
docência da Psicologia do Esporte. O outro
grupo seria o da Psicologia do Esporte
Aplicada, que agruparia aqueles que atuam no
espor te, di r etamente, e uti li zam de
intervenções psicológicos. Vale lembrar que,
no Brasil, tal grupamento demanda de uma
análise do profissional que rumará para um ou
outro espaço, tendo em vista que a disciplina
Psicologia do Esporte é inexistente em cursos
de Psicologia, em qualquer nível de graduação.
Frente a esta polêmica ética e
profissional é de se esperar que o profissional
que atua em Psicologia do Esporte tenha uma
form ação di ferenciada, por ém m uito
adequada. Isso vem acontecendo, quando
vemos estes profissionais buscando seus
conhecimentos em cursos de especialização,
bem como nos mestrados e doutorados afins,
fora do país ou mesmo no Brasil, que já aponta
uma massa crítica nacional considerável.
Psicologia aplicada ao esporte
Os estudos sobre a psicologia aplicada
ao esporte enfoca variáveis que interferem no
rendimento de atletas: atenção e concentração
(Pelegrini, 1999; Ziegler, 1994; Goldstein e
Krasner, 1987; Niedeffer, 1976); motivação
(Gouvea, 1998; Martin, 1996; Winterstein,
1989; Goldstein e Krasner, 1987); emoções,
como ansiedade e tensão ( De Rose Junior,
2000; Machado, 1998 e 2000; Martin, 1996); e
coesão de grupo (Simões, 1998; Carron,
22
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1982). Os pesquisadores da área têm como
principal objetivo o estudo dessas variáveis e o
desenvolvimento de estratégia que contribuam
para a otimização do desempenho de atletas
(Rúbio, 1999).
Dentre os estudos realizados por
pesquisadores da área, certamente muitos
temas encontram- se voltados para temáticas
que podem ser analisadas desde o período de
ensino-aprendizagem, nas aulas de Educação
Física, até aqueles que refletem resultados
performáticos, em treinamentos esportivos ou
competições. Desta maneira, entendemos
que, em qualquer das áreas a que estejamos
ligados, no campo de atuação, conforme
posicionamentos de cada um dos autores
acima citados, fica fácil compreendermos e
trabalharmos com a atenção e concentração,
motivação, emoções, coesão de grupo e
estresse. Evidente que cada um dos
pesquisadores, a partir de seu foco de
interpretação, situará seus procedimentos de
acordo com seus postulados teóricos
acadêmicos ou profissionais.
Conforme Samulski (1998), a
concentração de um atleta pode ser
aprimorada por meio de técnicas de
concentração, visualização ou exercícios de
relaxamento. Essas técnicas podem ser
utilizadas periodicamente, durante o período
de treinamento e antes de uma competição.
A atenção e concentração são
relevantes para o desempenho de uma
atividade física qualquer, no entanto, para o
atleta adquirem um valor inquestionável.
Singer, Caraugh, Tennant e Lidor (1991)
ressaltam que muitas técnicas utilizadas para
melhorar o desempenho de aprendizagem e de
rendimento, como relaxamento e visualização,
interferem na atenção. O primeiro trabalho que
enfocou a habilidade de atenção em atletas foi
realizado por Niedeffer, em 1976, definindo
quatro tipos de atenção, em função da
amplitude e direção do foco: ampla, estreita,
interna e externa. De acordo com Martin
(1996), essas dimensões de controle de
estímulos são divididas para que possamos
isolar os estímulos que controlam o
comportamento do atleta em cada situação.
D ur ante a aprendizagem das
habilidades motoras, o aprendiz passa pelas
diversas categorias de estímulos, tendo sua
a te n ç ão d i r i gi da p ar a um e ou t r o ,
indistintamente e, numa competição, o atleta
tem de ter a habilidade de deslocar-se entre
diferentes categorias de controle de estímulos,
ou seja, o atleta tem de ter a habilidade de
deslocar sua atenção de um tipo de estímulo
para outro, para garantir seu sucesso. Ziegler
(1994) e Mallet e Hanrahan (1997) propõem
programas de treinamento de atenção e de
deslocamento de atenção de acordo com as
mudanças ambientais.
Weinberg (1984) define motivação
intrínseca pela participação de um atleta em
determinada atividade sem recompensa
externa. A motivação extrínseca refere-se às
recompensas externas, como medalha,
dinheiro ou prêmios, que o atleta recebe.
Pesquisadores da área defendem que um
atleta se engaja em determinada atividade
motivado por um somatório de fatores
intrínsecos e recompensas externas.
Alguns atletas também utilizam-se de
auto-reforços materiais (comprar um presente
para si próprio) ou auto-elogios. Outra
estratégia para manter-se motivado é o
estabelecimento de metas concretas a curto e
longo prazos. Figueiredo (1996) identificou, por
meio dos relatos de uma atleta de aeróbica de
competição, que o estabelecimento de metas e
objetivos é fator relevante para a manutenção
do comportamento de treinar. O atleta pode
desenvolver o hábito de anotar suas metas
diárias em um caderno e, com a ajuda do
treinador, verificar seus progressos e traçar
metas futuras.
A ansiedade é o termo usado para a
em o çã o e xp er i m e nta da qua ndo no s
deparamos com eventos aversivos que podem
nos causar dor. Atletas que esperam pela “lista
de corte” de um time podem sentir- se
ansiosos, ou o jogo de estréia de uma time
infanto- juvenil em um campeonato mundial
pode deixar os atletas ansiosos. Segundo
Martin (1996), o excesso de ansiedade
interfere negativamente no desempenho de
atletas por várias razões. A exposição às
ameaças causa mudanças fisiológicas que nos
preparam para lidar com essas ameaças.
O estreitamento de atenção permite
que o atleta fica menos sensível a estímulos
externos, o que pode causar uma queda em
seu desempenho global. As mudanças
fisiológicas que ocorrem no organismo
consomem muita energia, o que pode interferir
em atividades de longa duração. O excesso de
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ansiedade causa um aumento de adrenalina,
que pode fazer com que o atleta se apresse em
executar ações que requerem atenção e
cuidado.
Algumas maneiras de intervir, durante
o excesso de ansiedade e tensão, levam os
profissionais da Psicologia do Esporte a
ensinar como aprender a reconhecer e mudar
pensamentos negativos, utilizar afirmações
positivas, regular a respiração, manter o senso
de humor e fazer relaxamento.
O grupo e sua relação é o fenômeno
mais pesquisado na psicologia esportiva.
Carron (1982) define coesão como um
processo dinâmico que reflete na tendência do
grupo em permanecer junto perseguindo
metas e objetivos comuns. O nível de coesão é
maior em grupos pequenos. Em grupos muito
grandes a coesão é menor e o grupo tende a se
subdividir em pequenos subgrupos. A
proximidade física também é um fator que
aumenta a coesão. É comum perceber que
times que passam uma temporada précompetitiva em um mesmo local ficam mais
unidos. A comunicação entre os membros de
um time também é fundamental para a coesão
e, conseqüentemente, para o desempenho do
time.
É importante que se encoraje a
competição positiva dentro do time, para que
os atletas possam juntos alcançar uma
melhora de desempenho, e que cada atleta
tenha sempre seu papel muito bem definido
para que todos se sintam responsáveis pelo
sucesso do time. Outro fator importante é que a
comunicação entre atletas e entre atletas e
comissão técnica seja respeitada. O grupo
deve ser uma só unidade, não devendo haver
preferências entre seus integrantes.
A coesão é um processo complexo,
dinâmico e variável ao longo do tempo. A
unidade do time é um alicerce sobre o qual o
grupo irá crescer e ter sucesso e é essencial
para a existência do grupo. Mas a coesão de
um grupo não aparece de uma hora para outra;
é preciso que atletas e comissão técnica
batalhem juntos para alcançá-la.
Estudiosos informam que emoções
negativas não afetavam o desempenho em
nenhuma das modalidades. Para as tenistas
observou-se correlação entre desempenho e
fatores como compatibilidade com o time, bemestar físico e eficácia acadêmica. No caso das
ginastas, o desempenho estava
23
correlacionado com compatibilidade com o
time e eficácia acadêmica. Para as jogadoras
de basquete, observou- se correlação apenas
entre o desempenho e a eficácia acadêmica.
Entretanto, existem inúmeros fatores que
podem interferir em seu desempenho, que são
denominados estressores. O ambiente
competitivo apresenta inúmeros fatores
estressantes para o atleta.
A relação entre estresse e
desempenho, segundo Jones (1990), é
bastante complexa e envolve uma interação
entre a natureza do estressor, as demandas
motoras e cognitivas específicas da tarefa a ser
desempenhada e as características individuais
do atleta.
Considerações finais
A correlação da prática esportiva com a
psicologia como ciência e como ela a
psicologia esportiva caracteriza-se por haver
uma quantidade de problemas advindos da
prática do esporte, para cujas soluções é
preciso fazer uso de conhecimentos e métodos
psicológicos. A psicologia esportiva e atrás
dela a psicologia geral é vista como uma
ciência auxiliar para solução de problemas da
prática esportiva. Conhecimentos psicológicos
originados na aprendizagem, motivação,
percepção de ma situação esportiva, devem
receber encaminhamentos oriundos daquilo
que se denomina lógica esportiva: a solução
está em seu trajeto ou nascedouro.
O praticante de esporte afasta-se,
decepcionado, da psicologia do esporte, por
não encontrar o auxílio pretendido, quando seu
psicólogo fala e assume uma linha clínica,
distante das questões esportivas, e o psicólogo
esportivo, por sua vez, decepciona-se pela
falta de compreensão e reconhecimento,
lamentando a não cooperação do praticante de
esporte. Em algumas áreas da psicologia do
esporte, como por exemplo, a psicologia da
motivação, personalidade, aprendizagem, fato
já pode ser melhor pensado e trabalhado.
Embora os procedimentos e teorias
sobre psicologia do esporte variem de país
para país, os problemas teóricos e práticos são
semelhantes. Os psicólogos do esporte, no
mundo todo, preocupam-se em utilizar
inventários adequados e pontuais, em ajustar
níveis de estimulação a um ponto ótimo,
necessário para o “melhor” desempenho.
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Analisam e divulgam os resultados de
seus estudos sobre relações entre o técnico e o
atleta e outros pr oblemas, inclusive
comportamentos agressivos, ansiedade e
otimização do tônus emocional dos times
esportivos.
Entendemos que estes estudos sejam
importantes, mas é preciso nos lembrar de que
o sucesso nos esportes é determinado por
fatores psicológicos, tanto quanto por fatores
sociológicos, fisiológicos, anatômicos e
mecânicos. O estado atlético ou nível de
treinamento, antigamente encarado apenas do
ponto de vista físico, também é visto hoje, no
que diz respeito à atitude mental, sob um ponto
de vista de preparação psicológica para a ação.
Por fim, em qualquer destas
situações, precisamos mais do que pesquisar e
divulgar: necessitamos por em prática nossos
conhecimentos, no lugar em que eles são
gerados, nas quadras, nas prática esportiva,
nos campeonatos. O professor de educação
física está em uma situação dinâmica e deseja
que seu time ganhe. Ele precisa conhecer
melhor seus atletas, manejar a ansiedade e
elevar a moral do grupo. Neste ponto, onde
entra a ciência ? Será que o senso comum e a
experiência pessoal constituem as únicas
armas utilizadas por ele?
Alguns apenas contam com isso, mas
a Psicologia do Esporte está ai, pronta para
aplicação, sem perder tempo em resolver
quem deve ou não se apropriar de seus
conhecimentos; afinal, conhecimento não tem
dono.
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(*) Afonso Antonio Machado é licenciado em
Educação Física e Filosofia. Mestre e doutor
pela UNICAMP, livre docente pela UNESP-Rio
Claro, coordenador do Laboratório de Estudos e
Pesquisas em Psicologia do Esporte (LEPESPE)
e docente do IB-UNESP, em Rio Claro. Concluiu
seu pós-doutorado em Psicologia do Esporte na
FMH- Universidade Técnica de Lisboa
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Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
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I CONGRESSO BRASILEIRO DE PSICOLOGIA
APLICADA AO ESPORTE E À MOTRICIDADE HUMANA
CONFERÊNCIAS
MESAS REDONDAS
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Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
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VISÃO PSICO-PEDAGÓGICA DA ESPECIALIZAÇÃO ESPORTIVA PRECOCE:
atribuição aos fatores externos
Afonso Antonio Machado(*)
Para entendermos a questão da
formação esportiva, temos que considerar a
sociedade em que estamos inseridos,
caracterizada pela extrema competitividade,
levando-nos a competir quase o tempo todo, e
onde o ganhar torna-se uma maneira de
satisfação, de recompensa ou uma obrigação.
Discutiremos como as influências dos pais,
técnicos e dirigentes e da torcida podem levar a
esse processo de especialização precoce,
atropelando a seqüência natural da formação
esportiva.
Debruçar-nos-emos sobre este tema
porque, conforme Sobrinho, Mello e Peruggia
(1997) afirmam, qualquer indivíduo envolvido
com a prática esportiva, seja um iniciante ou
pr ofissional , está sempr e suj eito às
observações, comentários e críticas da
população como um todo, sejam pais, amigos
de equipe ou fora dela, torcida, técnicos ou
dirigentes, pois todos compõem um grupo
social denominado de “expectadores”.
Também vemos a importância de refletir
sobre as considerações de Craty (1984), ao
afirmar que em nenhum momento no esporte o
atleta deixa de receber influência de alguma
assistência, ou seja, um fator externo, sendo
assistido e observado, seja em momentos de
treino ou competição, por colegas de equipe,
técnico, amigos, família e torcedores ocultos,
transcorrendo olhares e comentários que
podem influenciar nos estados emocionais e
auto-estima dos sujeitos.
A ideologia envolvendo o esporte
A ampla produção dos intelectuais da
teoria crítica da Escola de Frankfurt serviu
como referências para reflexões acerca de
como o esporte era um discurso ideológico
representante das classes dominantes da
sociedade. Pensadores como Adorno,
Benjamim, Habermas, Horkheimer, Jurgen e
Marcuse acusavam o caráter contraditório da
“conquista racional” do mundo, destacando
como a racionalidade técnica e científica
converteria o homem num escravo de sua
própria técnica, buscando provar que o avanço
das ciências, da tecnologia e do progresso .
industrial cada vez mais afastava o homem da
sua condição humana (VIANA, 1994)
Com base nessas idéias, o esporte
também era, e ainda é, acusado de tornar o
homem refém do sistema econômico vigente, a
sociedade capitalista. Desta forma, as críticas
marcadas pela utilização de termos como
cois ific ação, ali enação, repressão e
manipulação incumbiram por associar os
sistemas de ação do esporte e do trabalho,
orientados pela lógica capitalista. Assim, Torre
e Vaz (2006) citam as denúncias realizadas
pelos autores da Teoria Crítica do Esporte,
acusando o paralelismo entre esporte e
trabalho, com características de concorrência,
dis cipl ina, autori dade, r endi mento e
organização, com ênfase na ação repetitiva,
mecanicista e estereotipada.
Acreditamos que todo esse processo
de maximização do rendimento presente na
sociedade como um todo, e que refletiu nos
ideários do esporte em si, contribui para o
processo de aceleração da busca por
resultados, fato que acaba por sobrepor as
etapas da formação de jovens esportistas, visto
que tais alunos são submetidos a horas de
treinamento, especificamente buscando a
perfeição técnica e necessitando alcançar o
mais alto padrão do movimento perfeito,
tornando estereotipado e mecanizado. Neste
processo, acabam por serem descartados
todos os benefícios que os jogos lúdicos
possuem nesta etapa de formação, e tornando
a prática do esporte maléfica para o
crescimento e o desenvolvimento do indivíduo.
Encontramos vários trabalhos de
autores nacionais que se baseiam na teoria
crítica marxista acusando a enganosa
ideologia do esporte alimentada pelas
vontades da classe dominante burguesa, tais
como Betti (1998), Bracht (1986, 2000), Kunz
(2004), Medina (1990), Presoto, Machado e
Gouvêa (2006), Torri e Vaz (2006) e Viana
(1994). Todos eles, de uma forma ou de outra,
inclinam-se a criticar essa “barbarização do
esp ort e”, e s uas c ar acter ís ti cas de
racionalização, supervalorização, sacrifícios e
repetições, metrificação e funcionalidade do
corpo, repressão, consciência coisificada,
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Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
autoritarismo e caráter manipulador.
Essas considerações acima levantadas
fazem parte de uma reflexão crítica diante do
problema da especialização precoce no
esporte, afim de que se possa entender tal
fenômeno e o sentido de sua prática como tal.
Esse esclarecimento deve propiciar como
afirma Machado (2006), trazer luz ao que está
encoberto, desmistificando este caráter de
desumanização e alienação dos indivíduos,
possibilitando uma valorização à sensibilidade
do corpo e a emancipação e libertação dos
sujeitos inseridos em tal contexto.
A ação dos pais no processo de
especialização esportiva
Sabe-se que a família possui um peso
muito grande na vida dos indivíduos, pois é o
primeiro contato social logo após o nascimento.
No processo de desenvolvimento, alguns
comportamentos e atitudes, assim como os
val ores morais, são infl uenciados e
internali zados pelos com portamentos
observados nos pais.
Esse processo de imitação ou
modelação de comportamentos é explicado
por alguns autores, como por exemplo, por
Gusson (1989), como um processo de
facilitação social, sendo que é a influência
recebida por um indivíduo na presença de
outros, e também é explicado por Bandura
(1995) pela Teoria da Aprendizagem Social,
afirmando que o sujeito internaliza os
comportamentos e condutas freqüentemente
observadas.
Tendo em vista essa importância da
família na vida dos indivíduos, como será essa
relação na vida de jovens atletas que estão em
um processo de formação esportiva,
especializando-se em uma modalidade
qualquer, mergulhando em um mundo de
competições, comparações e exigências?
Devido ao peso que a família exerce na vida da
pessoa, Sobral (2000) relata que na iniciação
esportiva os jovens atletas recebem uma
grande quantidade de influências externas, e
as de maior valor são as da família.
Para Machado (1994) a relação de
intimidade entre pais e filhos pode ter algumas
conseqüências negativas na vida dos jovens
esportistas, como por exemplo, pais que se
sentem mais próximos e mais a vontade, ou até
mesmo proprietários dos filhos, e exercem uma
excessiva cobrança em cima dos mesmos com
o intuito de que estes alcancem melhores
resultados ou aumentem o desempenho.
O fato dos pais estarem presentes e
acompanharem a vida atlética dos filhos pode
ser uma importante fonte de motivação para
eles. Isso porque os filhos dão grande
importância aos julgamentos dos mesmos, e
querem sempre ser bem vistos diante da
presença dos pais. Mas o efeito também pode
ser contrário se, por exemplo, tornar-se comum
os pais assistirem aos jogos dos filhos e
realizarem diversos comentários nos
momentos posteriores, principalmente se os
desempenhos dos jovens não forem tão bons,
e os comentários mais infelizes ainda.
Curro (2000) relata que se os pais forem
ex-atletas essa relação pode ficar ainda mais
complicada, e piora se os pais forem técnicos
dos próprios filhos. Segundo dizeres do autor
descrevendo o relacionamento dos pais
técnicos de basquetes e seus filhos atletas
das equipes dirigidas pelos pais os jovens
sentem-se muito mais cobrados em relação
aos demais companheiros de equipe, mesmo
os pais afirmando que cobram o mesmo
empenho de todos do grupo.
Diante destes aspectos apresentados
relacionados à importância da família,
especialmente pais, e a prática esportiva,
formação e especialização de crianças e
adolescentes, faz-se necessário que os
responsáveis pelo trabalho com estes jovens
atletas apropriem-se destes conhecimentos, e
saibam como conduzir o relacionamento entre
pais e filhos de maneira saudável, pensando no
contexto, aprendizado e formação esportiva.
A torcida
A presença da torcida no esporte
competitivo é de fundamental importância, pois
pode ser fonte de motivação para muitos
atletas e equipes em geral. No entanto ela, que
deve ser considerada como aspecto
fortemente intrínseco no entorno esportivo,
pode trazer influências positivas e negativas,
pois a mesma é “despertada” segundo as
atuações das equipes. Em meio a este
processo, segundo Isler (2003), pode haver
transferências dos processos emocionais entre
atletas e público, fato este explicado pelas
teorias de contágio social, transferência de
disposição e sugestão de massa, apontados
por Thomas (1983).
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
Uma grande questão da influência da
torcida no problema da formação esportiva
está no fato de a mesma, pela sua simples
presença nos “palcos” esportivos, culminar em
um processo de observação. E a questão da
observação pode ser encarada com diferentes
olhares pelos observados. Isso porque ela terá
diferentes pesos para cada um dos atletas
assistidos, pois existem três fatores que
interferem nessa questão: a experiência, a
modalidade e a personalidade do indivíduo
(ISLER, 2003).
Pensando nesses fatores, Isler (2003)
cita alguns autores que se posicionam perante
as influências da torcida no esporte. Para
Singer (1982), quanto mais complexa e de
precisão for a habilidade da modalidade em
questão e também a exigência do nível de
concentração, mais prejudicial pode ser a
presença da torcida, mesmo que o indivíduo
tenha um bom domínio da modalidade. Este
fato é explicado por Magill (1984), acusando
que a complexidade da tarefa aumenta os
níveis de ansiedade-estado.
Já Cirulli e Machado (1997) afirmam
que a presença da torcida em momentos de
prática onde o atleta possui um bom nível de
habilidade e aprendizado da técnica do esporte
pode ser positiva, motivando-o. Mas caso o
mesmo não possua um bom nível de habilidade
da técnica do esporte em questão, o fato de ser
observado pelos expectadores pode causar
uma maior inibição dos movimentos e
descontrole motor, incapacitando-o de atuar
perante eles.
Pensando na iniciação esportiva, este
fator presencial da torcida torna-se mais
complicador ainda, pois os iniciantes ou
aprendizes encontram-se na fase de
refinamento dos movimentos, e nem todos
sairão com uma execução precisa e
coordenada. Desta forma, o fato de serem
observados pode gerar o sentimento de
vergonha, diminuição da concentração,
distração e aumento dos estados de ansiedade
(CRATTY, 1984, ISLER, 2003; MACHADO,
1998, 2006; MAGNANE, 1969).
Atleta
técnico: uma relação humana
delicada
Quando pensamos no relacionamento
que técnico e atleta(s) mantêm dentro de uma
equipe esportiva, devemos considerar alguns
fatores, como a formação profissional de tal
29
técnico, e os laços interpessoais de respeito
reciprocidade, confiança e amizade que eles
comungam entre si.
Ao levantar os fatores que podem fazer
com que jovens esportistas abandonem o
esporte devido à postura dos técnicos com os
quais não se compactuam, devemos analisar
como foi a formação profissional daquele
indivíduo que lidera uma determinada equipe,
qual sua visão de ser humano, seus valores e
qual é a sua linha de trabalho.
Por meio dos estudos de Betti (1991)
sabemos que os profissionais de educação
física tiveram, ao longo dos anos 70 e 80, uma
fo r m açã o pr of i ss i ona l ext r em am en te
esportivista e mecanicista, na qual a execução
da técnica metricamente refinada e perfeita era
considerada como fator preponderante, dandose valor exclusivo aos gestos estereotipados e
mecanizados, e pensando-se apenas na
competitividade esportiva e na busca da vitória
a qualquer preço.
Esta situação na qual se encontrava a
educação física brasileira era fortemente
apoiada pelo governo do estado, que via no
esporte a possibilidade da ascensão da
economia e do mercado, fortalecendo a
imagem do país internacionalmente através
das conquistas esportivas (BETTI, 1991).
Dessa forma, os princípios da educação física,
inclusive no aparelho escolar, eram os de
seleção e de rendimento, exclusão dos menos
habilidosos e a busca por vitórias a todo custo.
Refletindo sobre essas questões, se no
ambiente escolar as exigências para a
conquista de resultados já era pesada,
imaginem em clubes esportivos, associações
ou escolinhas de esportes. Acreditamos, pois,
que devido às circunstâncias contextuais da
época, enraizou-se
e ainda se mantém
presente essa apreciação maléfica pela vitória
na formação e no crescimento de jovens
indivíduos inseridos na prática esportiva.
Em suma, todos esses fatores devem
ser pensados para entendermos a relação
entre técnicos e atletas, e talvez porque tais
técnicos venham a ter uma postura com
exigências enormes diante de seus atletas (o
que não justificava tal fato), mesmo os que
estejam iniciando no esporte. Importante
também talvez seja conscientizar os próprios
atores principais do cenário esportivo técnicos
e atletas dessas informações, para que os
mesmos saibam lidar com essas questões, e
30
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
não ocorram desistências e abandono de
atletas da prática esportiva, especialmente dos
iniciantes, pela pressão e cobrança na busca
de resultados.
Encerrando nossas reflexões
Neste momento caminhamos no intuito
de encerrar nossa linha de raciocínio, mesmo
sabendo que não demos conta de pautar todo o
assunto relacionado aos fatores externos que
podem ser associados com a especialização
precoce.
Como pudemos analisar, a questão da
formação esportiva e toda a problemática que
envolve a precocidade da especialização dos
indivíduos pode receber um olhar muito mais
abrangente, contextualizando os problemas,
reflexões e pressupostos da sociedade como
um todo, como foi feito em nosso primeiro
momento, parafraseando com alguns autores e
fazendo uma profunda discussão a respeito do
tema.
Adiante, discutimos que a grande
expectativa dos observadores (torcedores) no
contexto esportivo pode contribuir para o
agravamento da problematização
considerada. Conforme anteriormente
comentado, a lista de fatores externos que
podem influenciar na formação esportiva
necessita ser pertinentemente melhor
estudada e compreendida pelos profissionais
das áreas da Educação Física e Psicologia do
Esporte, como a interferência da família,
namorados, pais, técnicos, amigos, imprensa,
fãs, torcedores, entre outros. Isso porque todas
essas vertentes podem gerar uma alteração
dos estados emocionais desses jovens atletas
no decorrer do momento esportivo. Conforme
afirma Machado (2006, p.63):
Não há motivo para negligenciarmos nossas
atenções diante de qualquer manifestação externa,
uma vez que qualquer tipo de torcida e sua atuação
são fatores que interferem direta ou indiretamente em
atletas, com uma composição que vai da família do
jogador até a torcida organizada, do telespectador no
campo ou ginásio ao telespectador pela televisão ou
rádio, da imprensa ao técnico, e os próprios
companheiros de equipe, entre outros elementos.
Enfim, tendo conhecimento do impacto
psicológico e sócio-afetivo que a presença dos
expectadores pode causar (ou não) no
ambiente esportivo, essas reflexões devem ser
consideradas por aqueles que trabalham,
dirigem e atuam no “palco” do esporte, para
que, usufruindo as palavras de Sobrinho, Mello
e Peruggia (1997, p. 79), “[...] a vida do atleta
não se resuma em jogar e ganhar (ou perder),
mas em sentir prazer diante da atividade físicoesportiva por ele escolhida, e que deve ter
caráter duradouro [...]”.
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Movimento, 1991
BRACHT, V. A criança que pratica esporte respeita
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Jundiaí: Editora Ápice, 1997, pp. 143-164.
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Rio Claro, 1989.
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para a prática esportiva? Análise das histórias de
vida. Dissertação (Mestrado). Universidade
Estadual Paulista, Rio Claro, 2003.
KUNZ, E. Transformação didático-pedagógica do
esporte. 6ª ed. Ijuí: Unijuí, 2004.
MACHADO, A. A. Aspectos psico-pedagógicos da
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MAGILL, R.A. Aprendizagem motora: conceitos e
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TORRI, D.; VAZ, A. F. Do centro à periferia: sobre a
presença da teoria crítica do esporte no Brasil. Rev.
Bras. Cienc. Esporte, Campinas, v. 28, n. 1, 2006,
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(*) Afonso Antonio Machado é licenciado em
Educação Física e Filosofia. Mestre e doutor pela
UNICAMP, livre docente pela UNESP-Rio Claro,
coordenador do Laboratório de Estudos e Pesquisas
em Psicologia do Esporte (LEPESPE) e docente do IBUNESP, em Rio Claro. Concluiu seu pós-doutorado
em Psicologia do Esporte na FMH- Universidade
Técnica de Lisboa
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
31
Relação treinador-atleta em contextos de formação desportiva e de alta competição:
Perspectivas de investigação e intervenção
A. Rui Gomes
Universidade do Minho | Escola de Psicologia
Portugal
Resumo: Esta apresentação começará por debater alguns modelos teóricos acerca do estudo da liderança
no desporto juvenil e na alta competição. De seguida, apresentaremos algumas metodologias de avaliação
dirigidas à análise dos estilos comportamentais e da liderança dos treinadores. Por último, analisaremos a
forma de estruturar programas de intervenção dirigidos à melhoria da relação treinador e atletas.
Nesta comunicação, começaremos por
apresentar uma perspectiva de avaliação e
intervenção destinada a treinadores do
desporto juvenil. Esta proposta é baseada nos
estudos de uma equipa de investigadores
norte-americanos, liderada por Ronald Smith e
Frank Smoll, que têm procurado analisar os
efeitos dos comportamentos dos treinadores
nos atletas. Um dos objectivos destes autores,
foi procurar examinar a existência de
correspondências entre as percepções e
opiniões dos treinadores e dos atletas
relativamente aos comportamentos que os
r es ponsáv ei s técni cos ass umi am na
comunicação com os atletas. Alguns dos dados
obtidos, têm realçado o facto dos treinadores
apresentarem uma baixa percepção dos seus
comportamentos e interacções com os atletas,
servindo este facto como um dos principais
argumentos para estes investigadores
iniciarem um dos maiores programas de
formação de treinadores alguma vez
implementado em todo o mundo (Smith, Smoll,
& Curtis, 1979). Neste sentido, o Programa de
Formação para a Eficácia dos Treinadores
(PFET) procura promover nos treinadores um
conjunto de comportamentos positivos (e.g.,
reforço, ânimo/encorajamento ao erro e
instrução técnica positiva após os erros) e, por
outro lado, visa diminuir os comportamentos
negativos (e.g., punição, ignorar os bons
desempenhos dos atletas, instrução técnica
negativa) Smith & Smoll, 1990, (Smith, Smoll, &
Hunt, 1977).
Assi m, na nossa comuni cação
apresentaremos o Sistema de Avaliação dos
Comportamentos dos Treinadores (SACT)
baseado neste modelo (Smith & Smoll, 1991,
1996a) bem como alguns resultados da sua
utilização com treinadores portugueses (ver
Cruz et al., 2001; Cruz, Gomes, & Dias, 1997;
Gomes, Cruz, & Dias, 1997; Gomes, Dias, &
Cruz, 1999). Os dados serão apresentados
segundo as categorias proposta no modelo de
Smith e Smoll (1996b), dando-se depois
algumas indicações para a investigação futura
na utilização desta ferramenta de trabalho.
Na segunda parte desta apresentação,
iremos centrar-nos no estudo da liderança em
contextos desportivos de alto rendimento,
procurando integrar alguns contributos mais
recentes da literatura acerca da abordagem
carismática e transformacional da liderança
(Bass, 1985; Conger & Kanungo, 1987). Estes
autores centraram-se no estudo de líderes que
conseguiram produzir mudanças
extraordinárias (ou acima do esperado) nos
membros do grupo, levando-os a
comprometerem-se com os objectivos do
grupo e sacrificando-se pessoalmente em
nome de um bem colectivo. Partindo destes
dados da investigação, procuraremos analisar
a possibilidade destas abordagens serem
aplicadas à compreensão do papel dos
treinadores na orientação de equipas de alto
rendimento (Gomes & Cruz, 2007; Gomes,
Sousa, & Cruz, 2006). Neste sentido, serão
discutidos alguns estudos que adoptaram uma
lógica qualitativa (Gomes, 2007; Gomes &
Cruz, 2006a) e quantitativa (Gomes, 2008;
Gomes & Cruz, 2006b) na análise das acções
dos treinadores. Por último, descreveremos
algumas implicações para a investigação e
intervenção na melhoria da relação treinador e
atletas, tendo por base estas orientações
teóricas do estudo da liderança no desporto.
Referências Bibliográficas
Bas s, B.M . (19 85). Leader s hi p and
performance beyond expectations. New
York: The Free Press.
32
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
.
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Contacto
Universidade do Minho
Escola de Psicologia
Campus de Gualtar
4710-057 Braga - Portugal
[email protected]
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
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Violência no relacionamento com crianças e adolescentes: é possível prevenir?
Sueli Zocal Paro Barison
A sociedade contemporânea tem se
deparado constantemente com a questão da
violência. Não que este seja um fenômeno da
modernidade, mas a proporção, divulgação e
preocupação com relação a este tema tem se
tornado cada vez maior. Dentre as múltiplas
formas de violência, aquela que atinge crianças
e adolescentes e é perpetrada por aqueles que
deveriam ser seus protetores, desperta
preocupação maior ainda em função das
conseqüências nocivas e, muitas vezes,
permanentes que acarretam no
desenvolvimento dos mesmos.
A violência doméstica contra crianças e
adolescentes é determinada e permeada por
uma multiplicidade de fatores, tanto os de
âmbito mais abrangente e social: históricos,
sócio-econômicos, religiosos; quanto os mais
restritos e pessoais: história pessoal e familiar,
construção das relações afetivas. È definida
como atos e/ou omissões que podem provocar
p r e j u íz os o u m e s m o i n t er r o m p er o
desenvolvimento pleno da criança, cometida
por pessoas que mantêm um vínculo
assimétrico e hierárquico com esta última.
Pode ser expressa através de agressões
físicas, psicológicas, negligência e abuso
sexual.
No Brasil, as estatísticas, mesmo que
escassas e ainda registradas de maneira
precária, apontam números significativos.
Segundo o Laboratório de Estudos da Criança
(LACRI) do Instituto de Psicologia da
Universidade de São Paulo, durante o ano de
2006 foram registradas 129.495 notificações
de violência doméstica contra crianças e
adolescentes. Em 2008, o Centro Regional de
Atenção aos Maus Tratos na Infância (CRAMI
São José do Rio Preto) recebeu do Conselho
Tutelar 345 notificações envolvendo violência
contra crianças e adolescentes.
Vale lembrar que no Brasil, o Estatuto
da Criança e do Adolescente, promulgado em
1990, contribuiu significativamente para que as
notificações fossem realizadas. Esta lei
propiciou uma mudança na visão e
representação da infância e adolescência,
colocando-os na condição de sujeitos de
direito. Ao mesmo tempo, estabeleceu que,
caso os pais falhem na função de proteção e
degarantia de direitos aos filhos, a sociedade
não poderá se omitir, pois, ao contrário, será
cúmplice de uma violação.
Na medida em que a violência contra
crianças e adolescentes é identificada,
observamos que sua dimensão é grave e
extensa. Os profissionais que atuam
especificamente nesta área buscam,
progressivamente, o aprimoramento de
técnicas e formas de tratamento. Mas, mesmo
que hoje tenhamos uma política pública voltada
para esta problemática, os programas
existentes parecem nunca ser suficientes para
atender toda a demanda. A solução mais
próxima é a prevenção, que pode e deve ser
realizada não só pelo especialista neste tema,
mas por todos profissionais que trabalham com
crianças e adolescentes.
A violência, quase sempre presente nas
relações humanas, precisa de cuidados para
não se torna destrutiva, e o ambiente pode
contribuir no estabelecimento de relações mais
saudáveis, de forma a favorecer a interrupção
do ciclo da violência e promover a cultura da
paz.
Neste sentido, o que os educadores,
em especial aqueles ligados ao esporte e a
motricidade, podem fazer? Como prevenir a
violência contra crianças e adolescentes?
Como podemos avançar na maneira de lidar e
pensar a respeito da criança e do adolescente,
conforme o novo (velho?) paradigma proposto
pelo Estatuto da Criança e Adolescente ECA?
Será possível construir no espaço de trabalho
com crianças e adolescentes um lugar de
acolhimento e de pertencimento capaz de
favorecer o desenvolvimento de suas
potencialidades?
Pequenas e simples ações no cotidiano
do trabalho com crianças e adolescentes
podem fazer enorme diferença em suas vidas,
principalmente quando estão submetidos a
alguma forma de violência. A garantia de
escuta, de compreensão, da possibilidade de
expressão dos sentimentos de tristeza, raiva e
medo, do apoio seguro, do incentivo à
autonomia e independência, favorecem o
fortalecimento da auto-estima, o
desenvolvimento da resiliência e, portanto, são
pr ev en t i v os no d es en v ol v i m e nt o de
34
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
relacionamentos não violentos.
Referências Bibliográficas
ATKINSON, R. L., et al. Introdução à
Psicologia de Hilgard. 13 ed. Porto Alegre:
Artmed, 2002
BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M.
L. T. Psicologia, uma introdução ao estudo
de psicologia. 13. ed. São Paulo: Saraiva,
2002. 368 p
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
35
PARA O GOL
PSICANÁLISE, FUTEBOL E IDENTIFICAÇÃO DE GÊNERO
Osvaldo Luís Barison
Psicólogo Clínico;
Mestre em Letras;
Psicanalista, Membro Associado da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo
Este artigo trata da vivência de um
psicanalista que se defronta com vários
pacientes com idade entre seis e doze anos
que são encaminhados pelas escolas ou
mesmo pela família, uma vez que tinham
dificuldades na aprendizagem dos conteúdos
educacionais. Percebeu-se que se tratavam
de crianças tímidas e retraídas nas
capacidades cognitivas e motoras, em função
de inibições afetivas que remontavam suas
vivências edipianas e na entrada no período de
desenvolvimento que em Psicanálise de
chama de latência.
Normalmente são crianças bem
amadas, nutridas, com pais adequados e que
acreditam usar todos os recursos conhecidos
para darem o melhor para os filhos. Os pais
geralmente demonstram algum sucesso
profissional e econômico, criando um ambiente
que acreditam ser o melhor para os filhos.
Dentre os comportamentos que os pais
não toleram em seus filhos, a agressividade, a
sujeira e até a espontaneidade é vista como
algo proibido. Aos filhos cabe serem educados,
cordatos e agradecidos por todo o bom que os
pais proporcionam. Muitos destes pais tiveram
seus desenvolvimentos baseados na vivência
escolar e esperam que os filhos tenham na
educação seu maior patrimônio.
Este tipo de lar, além de gerar filhos
inibidos em suas capacidades intelectuais,
também coloca em questão a própria definição
da identidade sexual do menino, uma vez que
os comportamentos mais ativos são
geralmente identificados como sendo do
universo masculino. Porém, este universo é
conflitivo com as expectativas do ambiente que
os pais criaram. Isto gera sofrimento e
demanda de trabalho analítico.
I - O Período da Latência:
Existe um momento na vida das
crianças em que eles colocam em prática toda
a construção que vinham fazendo desde o
nascimento. Por volta dos cinco, até os doze
anos, os meninos terão que exercitar no mundo
externo ao lar os aprendizados que tiveram
com os pais. Trata-se de exercitar os aspectos
de diferenciação, tanto do eu quanto do não eu,
do interno e do externo, da realidade e da
fantasia e também do masculino e do feminino.
Não é por acaso que em psicanálise
chamamos esta fase de latência. Freud assim
chamou este período de desenvolvimento da
psicossexualidade porque acreditava que
depois dos anos de lutas edípica, o jovem
passava por uma fase em que reprimia todas
as cargas de afeto que até então eram dirigidas
para o ambiente familiar, principalmente para o
pai e a mãe, e podia se dedicar a outros
investimentos. Os mais característicos eram
com a escola e o aprendizado da escrita, o que
pressupõe o acesso ao mundo simbólico, a
socialização com outros do mesmo sexo, e o
desenvolvimento das habilidades motoras
através dos jogos. É um período em que a
sexualidade passa para o segundo plano,
permitindo estes novos investimentos.
É nessa fase que as crianças são
capazes de passarem horas repetindo o
mesmo jogo. Primeiro lutam para não
aceitarem as regras. Fazem movimentos na
tentativa de perverterem o combinado e
manipularem no sentido de serem os
vencedores do jogo. Com o passar do tempo
jogam da mesma maneira até a exaustão,
lembrando o comportamento de um obsessivo
compulsivo. O que buscam é controlar a
imprevisibilidade da vida através do ensaio que
é o jogo lúdico. É nesta fase que a criança
percebe que tem mente própria e que precisa
aprender a controlá-la.
Outra característica desta fase é a
separação entre os meninos e as meninas. É o
chamado clube do “bolinha” e da “luluzinha”.
Cada membro de um “clube” odeia e ataca
todas as características dos elementos do
outro grupo. Inclusive fica vedado a qualquer
menino ter muita amizade com meninas e viceversa, sendo que quem transgredir esta regra
fica excluído do grupo de origem, recebendo
apelidos difamatórios quanto a firmeza da
escolha sexual. O que está em jogo é a
repressão dos desejos sexuais. A separação
36
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
acontece exatamente para ficar mais fácil não
ser provocado pela estimulação que o sujeito
do outro sexo desperta.
todos do mesmo time. Do outro lado estão os
outros, os que precisam ser subjugados, de
preferência humilhados.
II Identificação:
Todo o processo de identificação que
iniciou-se desde o nascimento, tem agora o
menino como personagem ativo do processo.
Ele começa a escolher novos elementos para
se identificar além do pai, tios e avós.
A identificação se dá através da
incorporação de aspectos dos objetos externos
no eu do sujeito, transformando-se em idêntico
ao outro. A latência é o período em que o
menino começa a escolher seus ídolos. Faz
isso na busca de novos modelos de
identificação.
V Clínica:
Os pacientes com os quais fiz algumas
observações sobre o aparecimento do futebol
em suas vidas, geralmente vêm de lares com
pais ausentes ou mortos, ou pais pouco afeitos
aos esportes e as competições que envolviam
o corpo.
Na sala de análise estes garotos
descobriram o futebol de botão e passaram a
se interessar pelo universo do futebol, suas
regras, jogadas, personagens, times,
campeonatos e a desenvolverem algumas
habilidades motoras. Com o passar do tempo
iniciara a acompanhar aos noticiários
esportivos e alguns até definiram o time que
torceriam, pois não haviam recebidos isso em
seus lares.
Com a possibilidade de manifestarem suas
agressividades, raivas, exclusões, habilidades
e a competitividade com um homem mais
velho, puderam liberar suas energias inibidas,
movimentando suas diferenciações e
assumindo uma postura mais máscula.
Paralelo a isso, deram vazão aos impulsos
reprimidos, gerando maior interesse pelo
mundo e pelo aprendizado.
III- Gênero:
Muito além da determinação biológica,
a identidade de gênero se dá através da
incorporação de objetos com os quais as
crianças passam a admirar e tentar copiar.
Assim, não é algo natural que uma
pessoa escolha uma identidade sexual
específica baseada apenas em seu sexo
biológico. Esta é uma construção subjetiva feita
a partir de elementos simbólicos que a criança
estabelece com o meio, o próprio corpo e com
os objetos que se oferecem para a
identificação.
IV - Futebol:
É justamente na latência que o futebol
entra de maneira intensa na vida da criança,
principalmente na do menino. O futebol é um
jogo cheio de regras e que exige a habilidade
motora nos pés, tendo que se abster das mãos,
que é a tendência natural na manipulação e é
muito mais fácil para manipular a bola.
Ao não usar as mãos, a criança começa
a ter noção de que é possível fazer algo que é
mais difícil, mas que dá sentido ao brincar. É
um treino de renúncia edípica, com a
conseqüente aceitação de regras na vida
afetiva e na renúncia para a obtenção de prazer
mais duradouro.
Talvez, dos jogos estruturados, o que
mais ajudam a diferenciar os aspectos de
gênero com maior clareza seja o futebol. Há
uma separação coletiva entre os nossos e os
deles. Não só no time mas também nas
torcidas em que os elementos estão dados
entre os de um time em oposição aos demais.
Os aspectos homossexuais encontram
representação simbólica entre os garotos pois
as cargas de afeto podem fluir uma vez que são
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Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
37
Reflexões sobre Práticas corporais, Identidade e masculinidades
Erik Giuseppe Barbosa Pereira
Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e Doutor em Ciência do Movimento
Humano;
[email protected]
A literatura aponta que os estudos de
gênero têm se mostrado como um campo
multidisciplinar, com uma pluralidade de
influências (SAFFIOTTI, 1987; SCOTT, 1995;
LOURO, 1997 e 1999; CONNELL, 1995;
ALMEIDA, 1996 eALMEIDA, 2000; PEREIRA e
ROMERO, 2004; ROMERO, 2005; entre
outr os). N a tentativa de reconstruir
experiências excluídas, várias áreas do saber
têm socializado o conhecimento produzido
tendo em conta o gênero como categoria de
análise.
As questões relativas ao gênero
começaram a serem investigadas com a
devida profundidade a partir da década de 70,
logo, podemos concluir que se trata de um
assunto recente no que diz respeito à sua
historicidade e aos seus estudos científicos.
Desde este período, muitos pesquisadores
tendem a confundir sexo com gênero.
Nas Ciências do Movimento Humano,
os estudos de gênero1 ainda estão em fase de
construção, conforme revelaram os resultados
de pesquisas de Romero (2007).2 Esse fato
pode ser explicitado quando resgatamos a
trajetória histórica acerca dos trabalhos que
deram os primeiros e grandes passos na
questão do gênero masculino. Os estudos de
Knijnik e Machado (2008), Melo e Vaz (2008),
3
Monteiro (2008) Pereira (2002 e 2008) e
Pereira e Romero (idem) corroboram com esta
idéia. Nestes estudos, podemos verificar que,
embora alguns desses tenham como o objeto
de estudo os seres femininos, eles fazem
inserções aos seres masculinos. Esse fato nos
revela, então, que os estudos do gênero
masculino na esfera da cultura corporal 4 de
movimento, ainda se encontram incipientes.
O gênero no espaço escolar não se
inscreve apenas em portas de banheiro, de
5
muros e de paredes. Ele “invade” a escola por
meio das atitudes dos alunos em sala de aula,
na convivência social entre eles e, ainda, é
reproduzido nas disciplinas de formação do
profissional de educação física. É nessa aula
que percebemos a delimitação desse
conhecimento quando o professor aborda o
corpo do seu aluno. Quem já deixou de ouvir
frases como: “homem não chora!”, “menino não
brinca de roda!” ou ainda “homem não dança” 6 .
Nesses casos, é fundamental que se questione
o modelo de eficiência que tem servido como
parâmetro de referência às atividades ditas
femininas ou masculinas.
Fazendo um corte e reportando às
atividades físicas, a prática de exercícios
físicos, no universo masculino, era vista como
uma importante fonte de experiência da
afirmação da masculinidade e a ser percebida
como uma barreira contra a feminilização
(LIMA, 1995; MESSNER e SABO, 1990;
SABO, 2002). Já no pensamento de Malysse
(2002) fica clara a idéia de que os homens
também buscavam, por meio da prática de
exercícios, o embelezamento de seu corpo,
com o aumento de delineamento de seus
músculos; contudo, estes sempre estiveram
associados à idéia de força e domínio do corpo
1. Na esteira de Scott (op.cit), entendemos Gênero como uma “forma
de indicar 'construções culturais' a criação inteiramente social de
idéias sobre os papéis adequados aos homens e às mulheres [...].
Gênero é, segundo esta definição, uma categoria social imposta sobre
um corpo sexuado” (p.75).
4. A expressão “cultura corporal” está sendo utilizada para
denominar o amplo e riquíssimo campo da cultura que abrange a
produção de práticas expressivas e com unicativas
externalizadas pelo movimento (COLETIVO DE AUTORES,
1992).
Apresentação
2. Neste estudo, a autora inventariou 69 investigações, entre os anos
de 1984 e 2006, sobre gênero na Educação Física e constatando que os
mais procurados entre os pesquisadores foi “a diferença de gênero nas
atividades físicas e esportivas em crianças e adolescentes”, seguido de
“Mulher, gênero e esporte”.
3. Nesse estudo, Pereira traz a tona essa discussão para o universo das
Ciências do Movimento Humano. No estudo, revelou-se o reforço e a
legitimação dos papéis e práticas corporais sexistas, preconceituosos e
estereótipos sexistas inseridas nas falas dos entrevistados.
5. Grifo Nosso.
6. Essas expressões são natural e comumente utilizadas nas aulas de
educação física no que concerne à construção do corpo masculino.
38
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
masculino.
Fazendo um corte e reportando às
atividades físicas, a prática de exercícios
físicos, no universo masculino, era vista como
uma importante fonte de experiência da
afirmação da masculinidade e a ser percebida
como uma barreira contra a feminilização
(LIMA, 1995; MESSNER e SABO, 1990;
SABO, 2002). Já no pensamento de Malysse
(2002) fica clara a idéia de que os homens
também buscavam, por meio da prática de
exercícios, o embelezamento de seu corpo,
com o aumento de delineamento de seus
músculos; contudo, estes sempre estiveram
associados à idéia de força e domínio do corpo
masculino.
Vertinsky (1990) ressalta que o
determinismo biológico, baseado nas
diferenças biológicas entre homens e
mulheres, era o suporte utilizado pelos
profissionais da área médica para justificar as
desigualdades das práticas de exercícios
físicos e revela atividades físicas sexistas
revestidas de valores e significados
diferenciadas entre os gêneros. Sendo assim,
discutir a masculinidade como múltipla na
Educação Física, talvez, ainda se configure
como uma movimentação solitária em uma
área, que por tradição na pesquisa acadêmica,
construiu o seu campo particular de discussões
de gênero inicialmente a partir dos estudos
sobre mulheres.
Cunha Júnior (2000) faz apontamentos
quanto à necessidade desse olhar incluindo a
masculinidade nos estudos de gênero na
Educação Física brasileira, seguindo uma
movimentação de outras áreas, como a
Psicologia e a Antropologia, que já
a nt e c es s o r a s n o s es tu d os s ob r e a
masculinidade vêm pesquisando sobre o tema.
Assim considerando, marcamos a importância
e o interesse em discutir o conceito de gênero
neste estudo como um processo social,
histórico, cultural que institui diferenças entre
homens e mulheres incluindo a produção
mútua de masculinidades e feminilidades e não
pensando, exclusivamente, numa
subordinação feminina.
Esse fato nos revela, então, que os
estudos do gênero masculino na esfera da
cultura corporal de movimento, podem ser
assim ressaltados: em nível internacional, os
estudos de Messner e Sabo (1990) e de
MacDonald (1995); e em nível nacional, como
os de Guedes (1977, 1992 e 1998) e de Cunha
Júnior (2000).
Emerge então, a identidade cultural
Ao discutir acerca de cultura, sentimos
necessidade de abordar o tema da identidade
cultural. Para tanto, Stuart Hall (2001) destaca
três concepções de identidade cultural, a
saber: sujeito do Iluminismo; 2- sujeito
sociológico e 3- sujeito pós-moderno. De uma
forma geral, "o sujeito do Iluminismo baseado
numa concepção da pessoa humana como um
indivíduo totalmente centrado, unificado,
dotado das capacidades de razão, de
consciência e de ação" (p. 10).
Nessa concepção, a identidade, então,
"costura [...] o sujeito à estrutura. Estabiliza
tanto os sujeitos quanto os mundos culturais
q ue e l e s ha b i t a m , t om an d o a m b o s
reciprocamente mais unificados e predizíeis"
(p. 12).
No entanto, a identidade pós-moderna,
"é definida hi stori camente, e não
biologicamente. O sujeito assume identidades
difer entes em difer ent es mom entos ,
identidades que não são unificadas ao redor de
um 'eu' coerente" (p. 13).
Estabelecendo regras que governam o
comportamento e os valores pelos quais os
Homens julgam as próprias ações e as dos
outros, a cultura também define o padrão de
interação social que congrega os Homens em
uma vida social organizada. De importância
central na análise da interação social são os
conceitos de papel e status. Esses conceitos
proporcionam um elo entre a análise da
sociedade e da cultura e são de considerável
valor para o estabelecimento das relações
entre indivíduo e sua cultura e sociedade.
Ao pressupormos questões desse
timbre, faz-se necessário evocar discussões
sobre os papéis e status sociais, os quais os
indivíduos pertencem na sociedade.
Discutindo o ser masculino/masculinidade
Os estudos sobre o ser masculino se
tornam interessantes na comunidade
científica, a partir da organização do
movimento feminista, que promoveu críticas às
desigual dades sociais baseadas nas
diferenças sexuais. Esse momento histórico
refletiu a situação da mulher e a construção da
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Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
feminilidade, e que de cer to modo,
secundarizou os estudos sobre o masculino. A
partir dos anos 80, emerge uma série de
inquietações acerca da formação social e
cultural da masculinidade, que apresentavam
vínculos com as conquistas dos movimentos
feministas e homossexuais. Atualmente, não
podemos analisar os estudos sobre o ser
masculino sem nos remetermos aos
movimentos feministas, os quais podem ser
considerados a alavanca para os estudos
sobre problemática da masculinidade
(NOLASCO, 1995 e 2001).
Revisando esses estudos, verificamos
que eles estão inteiramente atrelados à área
das ciências sociais e humanas. Na literatura
internacional, merecem destaques os estudos
de Scott (1995), Bourdieu (1995) Connell
(1995). No meio nacional, destacamos Louro
(1995 e 1997) e Nolasco (1993, 1995, 1998 e
2001), Almeida (1996) e Goldenberg (1995).
Numa sociedade patriarcal como a
nossa, o gênero masculino aponta para um
homem diferente racional e emocionalmente
diferente. O homem detém o poder
sociopolítico e econômico nesta sociedade. O
ser masculino vive emoções de formas
diferentes do ser feminino, sublimando assim
seus sentimentos, pois se em algum momento
isto vier a ocorrer inversamente, ele estará
fugindo do modelo que lhe foi concebido
socialmente.
Desde a Antigüidade, o corpo
masculino foi protegido pelo pudor e sem
pretensão de igualdade com o corpo feminino.
O homem resignou-se ao papel de fazer
contraste em favor do corpo feminino, pois "[...].
El cuerpo femenino, definido de tal suerte por
su impotencia y su debilidad, no turba casi la
visión jerárquica de las criaturas en la hembra
se coloca entre el animal y el hombre"
(BERRIOT-SALVADORE, 1991, p. 376). Neste
caso, podemos constatar que não há caso de
exibicionismo do ser masculino fora dos anais
da medicina legal, pois o narcisismo,7
desnudando a alma, dá vazão ao que as
roupas vinham, ao longo do tempo, abafando
até o confronto com as idéias de Freud, que
liberou o corpo, restituindo-lhe a liberdade. No
final do século passado, o narcisismo volta à
7. Entendemos por Narcisismo, o encantamento e a paixão que
sentimos por nossa própria imagem ou por nós mesmos porque não
conseguimos diferenciar o eu e o outro. Daí o mito de Narciso.
39
cena competindo em igualdade de condições
com o corpo feminino, esse sim, mensurável
em centímetros sem desafiar a moral.
Freud, uma das melhores referências
na Psicanálise, não chegou à essência da
questão masculina despida de preconceitos,
por não poder concorrer abertamente com as
mulheres em espetáculos de nudismo da
época dada a diferença essencial entre os
sexos, pois parte dos homens passou a vestirse com as peças da ornamentação feminina,
que ao natural as idéias do masculino resistia
ao confronto com as idéias do feminino
(MONICK, 1993).
Em se tratando da cultura corporal, o
masculino preocupa-se em demasia com a
questão sexual. Para o homem atual não basta
ser bonito, tem que ser forte, peludo, rude e
avantajado. Sem essas características, os
homens, em geral, estarão fora dos padrões
que a sociedade lhes garante. Ou como diria
Gaiarsa (1986b, p.39): “Eu devia, como macho
que sou, queira ou não queira, ser áspero,
cabeludo, desagradável de corpo duro, um
Brucutu, afinal, imagem ideal do machão”.
Os homens são educados para serem
superiores: competitivos, ativos, agressivos e
independentes, racionais e intelectuais;
enquanto as mulheres são educadas para
serem emocionais e sentimentais, cabendo às
próprias o papel de defensoras e reprodutoras
desse modelo machista. O mundo imprime às
qualidades humanas o masculino e feminino e,
nessa diferença, confere mais poder aos
homens.
O homem, ou melhor, o produto cultural
homem moderno tornou-se vítima de suas
próprias bravatas. Criou personagens que
encarnam lutadores imaginários máquinas
mortíferas, "batman" e "rambos” - e criou
também membros enormes e potência
ilimitada que tanto os padrões sociais lhe
oferecem. É cobrado desse padrão/modelo de
masculino a virilidade, a racionalidade, o
machismo e a voracidade. O psiquiatra Glauco
Ulson (1997, p.75) confirma esta observação
explicitando “entre todos os povos a
preocupação em deixar descendentes é um
sinal de virilidade, e em muitas culturas o
número de descendentes é visto com sinal de
fertilidade e, portanto, de masculinidade”.
Sobre esse assunto, nos reportamos ao estudo
de Belotti (1985), sobre as expectativas do
nascimento de uma criança do sexo masculino,
40
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
cujo o foco principal é a representação social
que a virilidade exprime.
Na sociedade sexista, o que é
masculino tem mais valor do que é feminino.
Nesse caso, estabelece-se uma relação
desigual de poder e prestígio. Autores como
Bourdieu (1995) e Belotti (1985) exprimem a
dominação masculina como difícil de ser
superada devido à representação social dos
órgãos sexuais. Para Bourdieu, essa
representação sexual dificultaria as mulheres
de se legitimarem na sociedade em geral, a não
ser através de uma modificação de sua
natureza utilizando-se de elementos do ethos 8
masculino.
Prosseguindo nesta abordagem,
Bourdieu sugere que as mulheres têm a
possibilidade de adquirirem um status
masculino e conseqüentemente transitarem no
espaço público sem maiores problemas, a
partir de um determinado momento de seu ciclo
de vida social e biológico como o fim dos
cuidados exigidos com os filhos menores, a
divisão de tarefas domésticas com as filhas
maiores e/ou fim de seu ciclo reprodutivo
(menopausa ou esterilidade). As mulheres
estariam munidas de elementos e/ou situações
simbolicamente masculinas, contrariando o
comportamento daquilo que a identifica como
mulher e a posiciona socialmente nas suas
relações culturalmente ditas masculinas.
Na verdade essas relações não
expressam o que se espera social e
culturalmente do ser feminino. A aquisição de
um status masculino, através de certos
elementos considerados da natureza
masculina (não menstruar, não engravidar etc.)
representaria uma transformação na hierarquia
das relações entre homens e mulheres,
possibilitando às mulheres em ascensão ao
espaço público e sucessivamente uma
igualdade de gênero. Portanto, seria
Necessária uma reorientação na ordem
simbólica da concepção e sucessivamente da
identidade feminina, isto é, do seu habitus9
(BOURDIEU, 1995).
O ideal masculino que aparece na
penúria literária, nos demonstra delineado de
forma difusa, pois se pretende construir um
modelo acabado. De qualquer forma, fica
patente a crítica ao modelo burguês do maridopai-trabalhador, viril, rude, sexuado, desordeiro
e intolerante, como defendia muito a antiga e
ainda atual sociedade. Se nos ativermos a este
ideal, perceberemos a negação da figura do
homem “machista”, "perfomático", burguês",
“imaturo", "infantil", "auto-afirmativo" e
“galinha”,10 destinada exclusivamente à função
sexual. Por outro lado, não se trata de defender
o masculino ultra-radical: a proposta de um
novo homem aponta para a solução de
equilíbrio sociocultural.
A expressão das masculinidades nas
práticas corporais
8. De acordo com Bourdieu (op.cit.), constitui um tipo de organização
social como a escola, a igreja, a família e outras. Para melhores
esclarecimentos rever as definições de termos.
Dentre as questões relacionadas à
sexualidade, as relações de construção
cultural do corpo ocupam um lugar central. Há
um vínculo básico entre o gênero de uma
pessoa e suas características biológicas, que a
definem como do sexo feminino ou do sexo
masculino. Perceber-se e ser percebido como
homem ou mulher, pertencendo ao grupo dos
homens ou das mulheres, dos meninos ou das
meninas, se dá nas interações estabelecidas
principalmente nos primeiros anos de vida e
durante a adolescência. A sexualidade tem
grande importância no desenvolvimento e na
vida psíquica das pessoas, pois
independentemente da potencialidade
reprodutiva, relaciona-se com o prazer,
necessidade fundamental dos seres humanos.
Nesse sentido, é entendida como algo
inerente que está presente desde o momento
do nascimento, manifestando-se de formas
distintas segundo as fases da vida. Seu
desenvolvimento é fortemente marcado pela
cultura e pela história, já que cada sociedade
cria regras que constituem parâmetros
fundamentais para o comportamento sexual
dos indivíduos. A marca da cultura faz-se
presente desde cedo no desenvolvimento da
sexualidade infantil, por exemplo, na maneira
como os adultos reagem aos primeiros
movimentos exploratórios que as crianças
fazem em seu corpo (CAMARGO e RIBEIRO,
2003).
9. De um modo mais abrangente, Habitus faz referência a uma
identidade sociocultural, um sistema de referências culturais
10. Esses adjetivos são comuns ao sexo masculino, segundo os
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
As práticas da cultura corporal de
movimento se caracterizam, entre outros
aspectos, por serem espaços de produção
simbólica, de linguagem por meio da qual
homens e mulheres se relacionam e se
comunicam com o outro e com a sua própria
cultura. Jogar, lutar, dançar e brincar podem
representar, portanto, a possibilidade de
expressar afetos e sentimentos, de explicitar
desejos, de seduzir, de exibir-se. Essa
comunicação ocorre dentro de certos padrões
estabelecidos pela própria cultura corporal de
movimento, o que envolve valores, normas,
atitudes, conceitos e, inevitavelmente,
preconceitos.
Para a criança, as práticas da cultura
corporal de movimento podem constituir-se
num instrumento interessante de comunicação
e construção de auto-imagem, mas podem
também, se certos cuidados não forem
tom ados, constituir- se num contexto
ameaçador e desfavorável para essa mesma
auto-imagem. O universo sócio-cultural,
permeado de valores preestabelecidos de
beleza, de estética corporal e gestual,
eficiência e desempenho, se não for objeto de
uma postura crítica e reflexiva, pode
estabelecer padrões cruéis para a maioria da
população, abrindo espaço para a tirania dos
modelos de corpo e de comportamento.
Na esteira de Linton (1970), Louro
(1997) e Saffioti (1987), há uma considerável
variação nos papéis representados por
homens e mulheres em diferentes sociedades.
Isso nos indica para a possibilidade de que não
há diferenças inerentes a que, a masculinidade
e a feminilidade, os papéis masculinos e os
papéis femininos, dependem tão somente do
que deles faz a cultura. As diferenças
existentes nas atitudes, nos comportamentos e
nos interesses parecem, em muitos casos,
prontamente explicáveis pela referência a fatos
culturais - as maneiras pelas quais as crianças
são educadas e as expectativas ligadas
aoshomens e às mulheres. As meninas
g an ha m b on ec a s de pr es e nt e , sã o
incentivadas a brincar de "mamãezinhas" e a
se comportarem como "senhorinhas". São
recompensadas quando se conduzem de
"maneira feminina" é provável que sejam
repreendidas quando imitam os companheiros
masculinos.
Esse ponto de vista nos leva a refletir e
a partir daí, podemos constatar que os
41
meninos, por outro lado, são presenteados
com revólveres de brinquedo ou brinquedos
mecânicos e espera-se que sejam agressivos é
mais provável que possam sujar-se em sofrer
repressões como correr, saltar, trepar, chutar e
comporta-se, de várias maneiras, como
"verdadeiro menino". Quando não conseguem
satisfazer a essas expectativas ganham o
desagradável epíteto de "mariquinhas" ou
"boiola"11 e sofrem ouras pressões a fim de se
adaptarem ao comportamento masculino
esperado e apropriado. Não é muito para
admirar, portanto, que as meninas se
comportem, geralmente, como senhoras e que
os meninos geralmente se comportarem como
senhores.
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Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
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I CONGRESSO BRASILEIRO DE PSICOLOGIA
APLICADA AO ESPORTE E À MOTRICIDADE HUMANA
CURSOS
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Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
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PSICOLOGIA DO ESPORTE E FITNESS
Marcelo Callegari Zanetti, Prof. Ms.
LEPESPE / I. B. / UNESP CAMPUS DE RIO CLARO
I. INTRODUÇÃO
A realização de um curso envolvendo a
temática: “Psicologia do Esporte e Fitness”
surgiu da carência de pesquisas e propostas de
atuação envolvendo temas básicos da
Psicologia Esportiva como: motivação, estados
emocionais, imagem corporal, entre outros,
sob o campo do fitness.
Esta carência de informações, muitas
vezes, faz com que os profissionais
diretamente envolvidos no setor, sejam eles,
professores e coordenadores de academia,
gestores e personal trainners apresentem
sérias dúvidas em relação aos aspectos
psicológicos que permeiam a prática de
atividades físicas. Tal quadro poderá contribuir
diretamente para o aumento da rotatividade e
abandono por parte dos alunos neste setor.
Outros fatores como o aumento
expressivo no número de academias e centros
de prática de atividade física no país (mais de
13.000 estabelecimentos) e o grande
crescimento no PIB esportivo brasileiro (a
soma das riquezas produzidas pelo setor
esportivo no país) por si só, já justificaria um
maior cuidado com o setor. Porém, a
necessidade de oferecer melhor atendimento
aos alunos/clientes, bem como, uma atividade
física mais prazerosa e que contribua para
maior adesão à prática regular de atividades
físicas deverá ser o grande desafio e objetivo
daqueles que por ventura venham a trabalhar
com a temática da Psicologia do Esporte e
Fitness.
Promover discussões, reflexões e
ações que permitam um aprimoramento deste
campo ainda pouco explorado será o grande
objetivo deste curso. As temáticas propostas
envolverão aspectos relacionados à motivação
e adesão ao exercício, conduta profissional,
adequação ambiental e aos transtornos
relacionados à imagem corporal como:
anexoria, bulimia e vigorexia.
II. MOTIVAÇÃO E ADESÃO AO EXERCÍCIO
A motivação é um dos temas básicos da
Psicologia do Esporte e nem por isso deixa de
ser grande importância para o aprimoramento
profissional e aumento da adesão das pessoas
à prática regular de atividades físicas. Para
Pfromm Neto (1987) a motivação é o estado
interior, emocional que desperta o interesse ou
a inclinação do indivíduo para algo. Já para
Vanek e Cratty (1990), o motivo é definido
como um fator interno, que dá início, dirige e
integra o comportamento de uma pessoa, ou
seja, sem motivação o indivíduo permaneceria
inerte ou despenderia pouca energia frente às
ações propostas.
Se pensarmos em um indivíduo que
pretende iniciar ou permanecer-se ativo em um
programa de atividade física, um dos aspectos
que devemos mais tomar cuidado é em relação
à motivação. Para Sage (1977) a motivação
pode ser definida como a DIREÇÃO e a
INTENSIDADE de nossos esforços, no qual a
direção está relacionada à escolha de nossas
atividades e ações e a intensidade ao quanto
nos envolvemos diretamente com a atividade
escolhida. Por isso é de suma importância que
o profissional responsável pelo programa de
atividade física saiba direcionar
adequadamente o indivíduo para uma prática
condizente com seu perfil e aspirações.
Portanto, indicar a musculação para uma
adolescente que tem pavor deste tipo de
prática, mesmo que seu objetivo seja a
hipertrofia, parece bastante arriscado, já que a
escolha (d ireção) pod erá interfe rir
negativamente na aplicação (intensidade)
desta adolescente em relação à sua prática.
Para Weinberg e Gould (2001) a
motivação também depende da interação
INDIVÍDUO-SITUAÇÃO no qual, fatores
pessoais (personalidade, necessidades,
interesses e objetivos) e fatores situacionais
(estilo de professor, atratividade das
instalações e registro de ganhos e perdas)
poderão influenciar positivamente ou
negativamente no nível motivacional dos
praticantes. Para este mesmo autor, a
motivação nunca é dada apenas pelo traço ou
pela situação, por isso, é importante estar
atento aos dois fatores, já que somente
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Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
instalações e equipamentos modernos ou
profissionais de qualidade poderão ser
insuficientes quando empregados de forma
isolada para aumentar o nível de motivação
dos praticantes. É importante também que o
profissional envolvido no direcionamento e
acompanhamento dos programas de atividade
física esteja ciente das razões envolvidas na
prática, para que com isso o mesmo possa
planejar melhor suas ações. Cabe lembrar que
os motivos podem mudar com o tempo, por
isso, é necessário que este profissional
acompanhe tais mudanças.
Os cuidados com os aspectos
relacionados à motivação são de extrema
importância, já que segundo Weinberg e Gould
(2001), 50% das pessoas abandonam os
programas de atividade física nos 6 primeiros
meses. Estudos da Body Systems
LatinAmerica (2005), demonstram que 50%
das pessoas desistem antes de 90 dias, sendo
33% nas primeiras 3 semanas; apenas 25%
frequentam mais que 3 vezes por semana; 36%
frequentam menos que 6 vezes por mês; 40%
vão apenas nas segundas e terças e 15% vão
nas quintas e sextas-feiras. Ao olharmos estes
dados encontramos um quadro bastante
preocupante, por isso, é fundamental que
saibamos os motivos citados para esta falta de
continuidade ou baixa frequencia neste tipo de
programa. Para o Canadian Fitness and
Lifestyle Research Institute (1996), as
principais razões citadas pelas pessoas para
não se exercitar podem ser divididas em
Maiores Barreiras (Falta de tempo, energia e
motivação), Barreiras Moderadas (Custo
excessivo, doença ou lesão, distância do
trabalho ou de casa, sentir-se desconfortável,
falta de habilidade ou medo de lesão) e
Barreiras Menores (Ausência de local seguro,
não ter com quem deixar os filhos, falta de um
companheiro para a prática, programas
insuficientes, falta de apoio ou transporte).
Conhecendo tais barreiras também é
fundamental que o profissional do fitness lance
mão de estratégias que permitam aumentar a
adesão dos praticantes a tais programas. Para
Weinberg e Gould (2001) e Zanetti et al. (2007),
algumas estratégias poderiam contribuir
positivamente neste sentido:
- Abordagem ambiental: promover um
ambiente acolhedor e que envolva o praticante
com a atividade física;
- Estímulos verbais, físicos ou
simbólicos: utilizar estímulos como: cartazes,
pôsteres e persuasão verbal;
-Contrato: estabelecer um contrato com
expectativas e responsabilidades entre
aluno/professor;
-Diversidade de escolha: dar a chance
para que o aluno possa escolher as atividades
que mais lhe agradam;
-Abordagens de reforço: adotar reforço
positivo e negativo quando necessário;
-Feedback: fornecer dados ao aluno
sobre seus avanços e retrocessos;
-Automonitorização: planejar para que
o aluno também tenha controle de suas
atividades;
-Estabelecimento de metas:
estabelecer metas claras e reais;
-Apoio social: envolver amigos e
familiares como apoio e incentivo na rotina de
exercícios.
I I I . C O N D U TA P R O F I S S I O N A L N O
MERCADO DO FITNESS
Outra questão bastante interessante e
que ainda ocupa pouco espaço em cursos de
formação e aperfeiçoamento dos profissionais
do fitness é a conduta profissional. Talvez por
falta de interesse, desconhecimento da
importância, falta de aplicação prática e até
menor status, os conhecimentos relacionados
às ciências humanas e sociais acabam sendo
renegados a segundo ou terceiro plano. Tal fato
pode ser constatado em pesquisa bastante
interessante de Antunes (2003) que verificou
que para professores de academias as
disciplinas que mais contribuíram para sua
preparação profissional foram às relacionadas
à biodinâmica e saúde. Disciplinas como:
psicologia esportiva, antropologia, sociologia e
filosofia somadas não chegaram a 10% das
citações.
Neste sentido, nossa maior crítica
refere-se a esta falta de visão ou visão
distorcida deste profissional que trabalhará
com o corpo físico, daí a necessidade de
conhecimentos relacionados à fisiologia do
exercício, anatomia, biomecânica..., mas
também, com o corpo psíquico que necessita
de um amplo conhecimento da psicologia,
antropologia, sociologia e filosofia. Sabemos
que o distanciamento das ciências humanas
muitas vezes é causado pelo baixo
conhecimento e aplicação prática proposto por
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
essas disciplinas; fruto muitas vezes do
emprego de profissionais sem o necessário
conhecimento das atividades físicas para
ministrar tais disciplinas. Mas, por si só, este
problema não justifica tal distanciamento, já
que Zanetti et al. (2007) ao investigar as
deficiências profissionais apontadas pelos
alunos como inibidoras da prática encontrou as
seguintes respostas: professor desatento e
desinteressado, não apresentar um bom
conhecimento profissional, exigir muito do
aluno, ser mal educado, ser impaciente, ser
preconceituoso, não saber motivar o aluno
entre outros. Tal constatação reforça a
importância do uso de conhecimentos
relacionados às relações humanas.
IV. O FATOR AMBIENTAL A ACADEMIA
PROPRIAMENTE DITA
Nas cidades interioranas e até em
grandes capitais brasileiras uma prática
bastante comum adotada por pessoas que
pretendem montar uma Academia de Ginástica
é alugar um galpão ou barracão; comprar
alguns equipamentos e iniciar seu negócio. Até
aí nenhum problema, já que grandes empresas
nascem pequenas e com baixo investimento,
porém, o que muitas vezes é negligenciado é
que a estruturação de uma Academia de
Ginástica de sucesso depende da adoção de
estratégias que permitam seu crescimento
futuro.
Fronzaglia et al. (2008), constatou que
os principais motivos para a escolha de uma
academia de ginástica são a localização,
qualidade dos professores, indicação de
amigos e qualidade da academia, sendo o valor
da mensalidade o último motivo citado pelos
alunos. Também para Saba (2001), a facilidade
de acesso ao local de prática está intimamente
associada à aderência ao programa de
atividade física. Portanto a escolha de um local
de fácil acesso poderá contribuir positivamente
para o sucesso de uma academia.
Para Zanetti et al. (2007), além da
localização é importante que a Academia de
Ginástica conte com bons profissionais,
equipamentos e instalações adequadas,
principalmente em relação à segurança dos
praticantes e professores, diversidade de
atividades e flexibilidade de horários, já que a
falta de tempo tem sido amplamente citada
como uma grande barreira para a inatividade
49
física.
Como dito anteriormente, o mercado do
fitness tem apresentado uma taxa de
crescimento acima do PIB, o que tem causado
um grande desenvolvimento no setor. Por isso,
existem diversas opções de equipamentos e
acessorias técnicas voltadas para este
mercado. Atualmente é possível contratar um
arquiteto especializado na decoração e
ambientação de uma Academia de Ginástica,
comprar equipamentos de musculação e
ginástica de altíssimo padrão e conforto,
adquirir sistemas de som, imagem e
refrigeração automatizados e preparados para
atender centros de atividade física, entre
outros. Essas e outras inovações fazem com
que o público possa encontrar academias de
padrão internacional cada vez mais perto de
suas residências. Porém, cabe lembrar que
uma grande Academia de Ginástica só será
formada pela junção de uma boa estrutura
física e bons profissionais.
V. ANEXORIA, BULIMIA E VIGOREXIA:
MALES PRÓXIMOS E FREQUENTES
A busca pelo “corpo ideal” há muito
tempo ocupa lugar de destaque na agenda das
pessoas. Como forma de ser aceito(a),
admirado(a) e desejado(a) pela sociedade,
esse culto ao corpo e às medidas pode trazer
consequências gravíssimas para a saúde física
e psicológica das pessoas. Dentre esses males
podemos destacar:
-Anorexia: disfunção alimentar,
caracterizada por uma rígida e insuficiente
dieta alimentar (prevalência de baixo peso
corporal) e estresse físico. É uma doença
complexa que envolve componentes
psicológicos, fisiológicos e sociais;
-Bulimina: disfunção alimentar,
caracterizada por alimentação em excesso e
posterior indução ao vômito;
-Vigorexia: síndrome que pode fazer
com que pessoas que apresentem grande
volume muscular se sintam fracas, de maneira
similar aos anoréxicos que mesmo magros se
sentem gordos ao olhar no espelho.
Por ser tratar de doenças bastante
complexas e de difícil diagnóstico o tratamento
das mesmas deverá ser feito por profissionais
qualificados e com amplo conhecimento sobre
o assunto. Neste sentido, cabe aos
profissionais do fitness a identificação de
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Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
isintomas que indiquem tais transtornos e
posterior indicação de acompanhamento
especializado (psiquiatra, psicológico,
nutricionista, etc.).
É também de responsabilidade dos
profissionais do fitness a adequada orientação
e correção de distorções sobre a aquisição de
formas e padrões de beleza não condizentes
com a estrutura física do praticante. Esta busca
incessante também poderá facilitar o
desenvolvimento de doenças relacionadas à
imagem corporal, bem como ao uso de
substâncias ilícitas.
Cabe lembrar que o profissional do
fitness ainda é considerado um profissional da
saúde, portanto, prezar pela integridade física
e psicológica do praticante faz parte de suas
obrigações. Com esses cuidados, este
profissional será sempre lembrado pela sua
importância para a melhora das condições de
saúde e bem-estar da população.
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Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
51
PSICOLOGIA DO ESPORTE: OBJETIVOS, INTERVENÇÕES E RESULTADOS
Psióloga. Irene Araújo Corrêa
RESUMO
O propósito deste trabalho é descrever como a psicologia do esporte, por meio da aplicação de algumas
técnicas, pode contribuir para melhorar o desempenho de atletas e propiciar melhor interação das pessoas
envolvidas com esportes. A prioridade é descrever como analisar, entender e interpretar o desempenho dos
atletas à luz de princípios e procedimentos da análise do comportamento.
Palavras-chave: Psicologia do esporte, planejamento, objetivos, métodos, comportamento, intervenções e
resultados
O trabalho da psicologia do esporte
deve sempre considerar os dados, as
contingências ambientais e não deve ser
impulsionado pelo acaso. Deve fazer parte de
um processo fundamentado, com coleta de
informações, observações e
acompanhamento, para que seja possível
verificar o que realmente está interferindo no
desempenho do atleta ou o que poderá
interferir. Com esse nível de qualidade de
informações pode-se propiciar situações de
mudança de comportamento focadas na
eficiência. A ciência é nossa integridade e isso
não quer dizer que estejamos limitados a uma
análise estanque dos comportamentos do
atleta, mas sim que, ao verificarmos uma gama
de comportamentos, emoções e sentimentos,
sejamos capazes de identificar quais variáveis
ambientais controlam o desempenho. E, de
posse desses dados, auxiliarmos a equipe e o
técnico a descartar o "peso" desnecessário da
ansiedade, do medo, da impaciência, da
afobação que travam a performance. O
trabalho psicológico deve ser conseqüência de
um planejamento e de uma execução
criteriosos. O planejamento é um fator
importante no trabalho psicológico e é a partir
dele que as estratégias se configuram,
inclusive em mudanças de demanda com o
campeonato em andamento, se necessário. É
importante destacar que a preparação
psicológica é parte complementar do trabalho
do Técnico, municiando-o com uma nova gama
de informações, pois tem, por finalidade,
potencializar o desempenho almejado por ele.
Embora o sucesso seja medido pelos
resultados obtidos nas competições quando o
campeonato começa, mesmo que todos os
atletas e as equipes sejam igualmente
eficientes, ainda assim a equipe
emocionalmente focada pode diferenciar a
atuação, melhorando significativamente seus
resultados. Com o trabalho psicológico o atleta
aprenderá que gerenciar emoções não é conter
Ímpetos, em busca de um autocontrole
amistoso que anula a agressividade, mas sim
um direcionamento que lhe permite explorar
ainda mais o seu potencial. Gerenciar a
emoção é uma maneira diferente e assertiva de
aproveitar a energia para construir excelência.
Afinal, uma coisa são as emoções que afloram,
a outra é o que se faz com elas.
Principais estratégias
1. Controle de estímulos
2. Generalização de estímulos
3. Modelagem
4. Comportamento governado por regras.
5. Condicionamento por fuga ou esquiva
6. Relaxamento
7. Concentração e motivação
8. Análise de desempenho e Mapeamento
Comportamental
9. Treinamento Mental.
10. Treinamento Mental Focado (Flow-feeling,
Winning-feeling e Group-feeling).
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Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
O FENÔMENO DAS CORRIDAS DE RUA COMO FATOR DE SATISFAÇÃO PESSOAL
“A atividade física não pode continuar a ser vista como uma simples forma de
gastar calorias, por razões puramente estéticas, mas sim, como um meio para
a promoção da saúde a todos os níveis” (Cid, Silva & Alves,2007).
Prof.André Dascal
O que estamos tratando neste trabalho
é de um assunto amplo e de muita discussão
que relaciona a prática de exercícios físicos e
motivos que levam uma pessoa a permanecer
nesta prática. Especificamente, analisaremos
os motivos que levam uma pessoa a fazer da
corrida a sua prática de exercício regular.
“Quando faço exercício sinto-me
bem...” Este comentário, geralmente comum e
de caráter emocional, feito por praticantes de
atividades físicas, é uma forma leve e
espontânea de alguém descrever o que sente
após praticar exercícios; com certeza este
comentário só será feito por alguém que sente
internamente e intensamente os efeitos da
prática de exercícios. Hoje em dia, existe uma
ampla evidência de que o exercício regular e
moderado tem benefícios inquestionáveis para
a saúde física, psicológica e social, podendo
contribuir de forma significativa para o bemestar geral do sujeito em todas as idades (Cid,
Silva & Alves, 2007).
Entretanto, apesar da importância de se
fazer exercícios físicos, devido aos efeitos
positivos na saúde que esta prática
proporciona, uma esmagadora percentagem
da população nas sociedades industrializadas
é sedentária (i.e., cerca de 70%) ou abandona
a prática nos primeiros seis meses (i.e. cerca
de 50%), dando a entender que esses
benefícios não são razões suficientes para que
realizem atividade física (Cid, Silva & Alves,
2007). A ação do iniciar e permanecer na
prática é um problema, mas ainda assim, a
prática de atividades físicas realizadas ao ar
livre, onde se incluem a caminhada e a corrida
devido a diversos motivos, entre eles a
facilidade, o custo, a interação com o espaço
aberto e público, a interação social, os
benefícios físicos e psicológicos, se torna uma
maneira eficaz de chamar às pessoas à prática
e fazê-las sentirem e usufruírem de seus
benefícios.
Especificamente em relação à corrida,
tópico deste estudo, desde a Grécia antiga
sabe-se que o homem de alguma maneira
encontrou motivos que o fizeram se deslocar
entre pontos bem distantes, o que deu origem à
Maratona. Desde então, esta prática vem se
propagando e cada vez mais motiva outras
pessoas a se deslocarem tamanha distância.
Vale lembrar que mesmo quase no final de uma
maratona, um atleta brasileiro, apesar de ter
sido interrompido por um espectador,
encontrou motivos que o fizeram prosseguir e
finalizar prazeroso esta competição.
Neste sentido, vale destacar que a
prática da corrida em si é um fenômeno que
desperta o interesse de muitas pessoas, que
podem correr sozinhas, acompanhadas ou
fazer parte de uma equipe. Este fenômeno vem
agregando cada vez mais um grande número
de pessoas no Brasil e no mundo (Salgado &
Chacon-Mikahil, 2006). A CORPORE (2009),
entidade sem fins lucrativos, fundada em 1982
e sediada na cidade de São Paulo, apresenta
números expressivos de corredores filiados a
esta instituição, sendo que em 1997 eram 9,4
mil inscritos para suas provas e 8,5 mil
corredores cadastros, em 2008 foram 132,1
inscritos e 227 mil cadastrados.
Em 2009, a já tradicional Maratona de
Revezamento Pão de Açúcar contou com a
participação de 30 mil corredores, e no ano
passado foi quase impossível correr em
condições ideais a prova de São Silvestre no
pelotão do público geral em função do grande
número de inscritos. Estes números tendem a
se assemelhar a maior prova, em número de
participantes, do mundo, a Maratona de Nova
York, que celebra no dia 1º de novembro de
2009 sua 40ª edição. A provável expectativa é
que esta competição ultrapasse a marca de 40
mil corredores inscritos.
O crescimento no número de participantes
nestes eventos ocorre desde a década de 70,
quando juntamente com a onda do “jogging”
desencadeada por Cooper, iniciou-se a
participação popular nas mesmas (Salgado &
Chacon-Mikahil, 2006). Segundo a Associação
Internacional de Maratonas e Corridas de Rua
estas duas modalidades vêm crescendo mais
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
como um comportamento participativo, do que
como esporte competitivo e, identificam três
tipos de público: 1) os que correm e procuram
apenas seu próprio tempo e posição; 2) os que
conferem os resultados para ver como foi o seu
desempenho, de seus amigos ou apenas para
descobrir o vencedor; e 3) os diretores de
provas, que vêem os resultados como dados
estatísticos e de investimentos (Salgado e
Chacon-Mikahil, 2006).
Todos estes dados conferem o alto
número de interessados e o aumento no
número de eventos de corrida de rua nas várias
distâncias estabelecidas pela Federação
Internacional de Atletismo (IAAF). Também
verificamos um grande número de assessorias
esportivas que oferecem treinamento de
corrida, individualizados ou em grupos. São
cerca de 200 treinadores com equipes de
corrida cadastrados na ATC (Associação dos
treinadores de corrida) de São Paulo.
Por que será que ocorre todo este
crescimento? A resposta é subjetiva, e para
tanto discutiremos estas questões de acordo
com o conceito de motivação, a qual provém de
duas fontes: a extrínseca e a intrínseca
(Weinberg & Gould, 2001). A motivação
extrínseca relaciona-se a fatores ambientais,
influências de outras pessoas, reforços
positivos e negativos, e recompensas
externas. Já a motivação intrínseca está
associada a pessoas que se esforçam
interiormente para serem competentes e
autodeterminadas em sua busca para dominar
a tarefa em questão
elas apreciam a
competição, gostam de ação e ativação,
focalizam-se no divertimento e querem
aprender o máximo de habilidades. Pessoas
com esse tipo de motivação tem sensação de
prazer interna sem nenhuma relação com
elementos externos (Nunomura & Lopes,
2007).
A satisfação pessoal ou de vida está
ligada tanto a questão do bem-estar
psicológico quanto a motivação de se realizar
exercícios. Weinberg e Gould (2001) relatam
casos onde as recompensas extrínsecas
afetam a motivação intrínseca. Segundo os
autores a remuneração ou premiação tem um
caráter informativo ao praticante (p.e.
fornecendo informações de que ele é bom no
que faz), mas pode funcionar tanto como um
reforço positivo quanto como negativo. Além
disso, as recompensas extrínsecas podem
53
diminuir a motivação intrínseca por causa do
compromisso que tem em ser bom, pois se não
mantém o seu desempenho pode até perder a
recompensa (p.e. uma bolsa de estudos ou um
contrato na equipe profissional).
No que se refere a corrida podemos
listar motivações extrínsecas e intrínsecas ao
indivíduo, provenientes de aspectos como: 1)
estar inserido socialmente; 2) participar de uma
prova e receber camiseta e medalha no final, o
que é tremendamente recompensador; 3)
alcançar suas metas, quebrando 'recordes'
pessoais de tempo e distância, além de superar
limites; 4) traçar objetivos e cumpri-los quando você corre uma determinada distância
e consegue planejar tempo por km percorrido é
a possibilidade de entender e desenvolver seu
próprio ritmo, sem se perder em 'ruídos'
externos; 5) escutar o seu corpo e saber como
tudo está fluindo, estabelecendo um diálogo
entre as várias partes do corpo para saber se
continua ou pára; 6) organizar pensamentos e
ao mesmo tempo dar um tempo para a mente,
como em uma prática meditativa; 7) dialogar
consigo mesmo ou com outras pessoas, ou
seja, obtendo efeitos terapêuticos; 8) executar
uma atividade que represente um intervalo na
rotina.
Portanto, existem fatores que trazem
satisfação pessoal em decorrência desta
prática mas a pessoa tem que ter uma prédisposição a realizá-los, como questão básica
para início e manutenção da mesma e,
condições para conscientização dos benefícios
não só físicos mas também relacionados a
fluência e ao bem-estar psicológico.
Emagrecer e ficar com a musculatura mais
rígida são fatores importantes, ganhar elogios
sobre o corpo, sobre o tempo que correu os 10
km, camisetas, medalhas significam muito,
mas, saber como se alteram fatores
relacionados ao seu humor, ansiedade,
disposição, depressão, suas reações diárias
em relação a outras pessoas, também são
aspectos importantes e devem ser cada vez
mais relevantes para que possamos alterar a
nossa forma de ser perante o mundo.
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Cid, L.; Silva, C.; Alves, J.; Actividade física e
bem-estar psicológico - perfil dos participantes
no programa de exercício e saúde de rio maior.
Motricidade 3(2): 47-55, 2007.
54
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CORPORE. Corredores Paulistas Reunidos
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Nunomura, M., Lopes P. Motivação para a
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Acesso: 10 out. 2009
Weinberg, R. S.; Gould, D. Fundamentos da
psicologia do esporte e do exercício. 2. ed.
Porto Alegre: Artmed, 2001.
LIDERANÇA APLICADA AO ESPORTE
Prof. M.Sc. Ednei Previdente Sanches |
UNILAGO São José do Rio Preto-SP
Cada pessoa exerce uma posição
de liderança, seja como líder de si mesmo,
de outra pessoa ou de determinado grupo
no intuito de alcançar objetivos específicos.
O curso de LIDERANÇA PLICADA
AO ESPORTE abordará os principais
aspectos de liderança, proporcionando
reflexão acerca da percepção,
comunicação eficaz, postura, conceitos de
metas e objetivos, estratégias e gestão de
grupos e a eventual potencialização dos
processos de liderança no meio esportivo,
seja na escola, na academia ou em
grandes equipes.
Bibliografia
WEINBERG, R. S.; GOULD, D. Fundamentos
da Psicologia do Esporte e do Exercício. 2.
ed. Porto Alegre: ArtMed, 2001, parte VII p.
471- 526
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
55
ATIVIDADE FÍSICA NA 3ª IDADE E SEUS BENEFÍCIOS PSICOSSOCIAIS
a,b
a
a
Caciane Dallemole Souza , Valter Brighetti , Maria Celina Trevizan
a
Centro Universitário de Votuporanga. Votuporanga, SP, Brasil.
b
Grupo de Estudo em Metabolismo Nutrição e Exercício.
Entende-se por idoso ou pessoa da
terceira idade, indivíduos com mais de 60 anos,
instituído pelo estatuto do idoso (LEI
10.741/2003). Segundo dados da Organização
Mundial da Saúde (OMS), existiam 390
milhões de pessoas acima de 65 anos em 1998
em todo o mundo, estima-se que em 2025 essa
população será dobrada. Em muitos países em
desenvolvimento, especialmente na América
Latina e Ásia é esperado um aumento de 300%
nesta população, chegando a dois bilhões de
pessoas acima de 60 anos até 2025.
A população acima dos 60 anos de
idade tem aumentado significativamente no
Brasil. Segundo as projeções estatísticas da
OMS, entre 1950 e 2025 esta população em
nosso país crescerá 16 vezes contra cinco
vezes a média mundial. Essas projeções
estatísticas demonstram que a proporção de
idosos no país passará de 7,5% em 1991 (11
milhões) para cerca de 15% em 2025, que é a
atual proporção de idosos na maioria dos
países europeus. Esse aumento colocará o
Brasil, como sexta população de idosos no
mundo, com mais de 32 milhões de pessoas
com 60 anos ou mais (IBGE, 2000).
O aumento em grandes proporções no
número de idosos está diretamente ligado às
mudanças positivas da qualidade de vida,
como melhores condições de higiene, controle
das enfermidades, melhores condições de
moradia e de alimentação, entre outros fatores
(VIANA, 2004).
Por outro lado, sabe-se que o processo
de envelhecimento é acompanhado por uma
série de alterações fisiológicas ocorridas no
organismo, bem como pelo surgimento de
doenças crônicas degenerativas advindas de
hábitos de vida inadequados (tabagismo,
ingestão alimentar incorreta, tipo de atividades
laboral, ausência de atividade física regular,
etc.). Em virtude desses aspectos, acredita-se
que a participação do idoso em programas de
exercício físico regular, poderá acarretar em
inúmeras respostas favoráveis. Influenciando
assim no envelhecimento saudável, com
impacto sobre a qualidade e expectativa de
vida, melhoria das funções orgânicas, garantia
de maior independência pessoal e um efeito
benéfico no controle, tratamento e prevenção
de doenças como diabetes, enfermidades
cardíacas, hipertensão, arteriosclerose,
varizes, enfermidades respiratórias, artrose,
distúrbios mentais, artrite e dor crônica
(MATSUDO, 2001).
Atualmente, está comprovado que
quanto mais ativa é uma pessoa menos
limitações físicas ela possui (AMERICAN
COLLEGE OF SPORTS MEDICINE, ACSM,
1998). Dentre os inúmeros benefícios que a
prática de exercícios físicos promove, um dos
principais é a proteção da capacidade funcional
em todas as idades, principalmente nos idosos.
Por capacidade funcional entende-se a
capacidade de manter as habilidades físicas e
mentais necessár ias para uma vida
independente e autônoma (THOBER et al.,
2005). Essas atividades são referidas como:
subir e descer escadas, segurar-se em um
ônibus, colocar os sapatos, pentear os cabelos,
vestir-se, tomar banho, caminhar a uma
pequena distância; ou seja, atividades de
cuidados pessoais básicos e, as atividades
instrumentais da vida diária, como: cozinhar,
limpar a casa, fazer compras, jardinagem; ou
seja atividades mais complexas da vida
cotidiana (MATSUDO, 2001). Inúmeros
estudos (MATSUDO et al., 2001; BRILL et al.,
2000; GOBBI; ANSARAH, 1992) têm
comprovado a melhoria dos componentes de
aptidão funcional em indivíduos idosos por
meio da prática de atividade física de forma
regular, tendo a apresentar uma melhor aptidão
funcional e, consequentemente, maior
autonomia.
Segundo Neri (2001), as diversas
variáveis relacionadas à qualidade de vida têm
diferentes impactos sobre o bem estar
subjetivo e a satisfação na velhice, onde baixos
níveis de saúde na 3ª idade associam-se com
altos níveis de depressão e angústia e com
baixos níveis de satisfação de vida e bem estar.
56
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
A autora também afirma que as dificuldades em
realizar as atividades da vida diária, devido a
problemas físicos, ocasionam dificuldades nas
relações sociais e na manutenção da
autonomia, trazendo prejuízos à sua saúde
emocional.
Stella et al. (2002) relatam que a
depressão constitui uma enfermidade mental
fr equente no idoso, c om prom et endo
intensamente sua qualidade de vida, sendo
considerada fator de risco para processos
demenciais. A atividade física, quando regular
e bem planejada, contribui para a minimização
do sofrimento psíquico do indivíduo deprimido,
além de oferecer oportunidade de
envolvimento psicossocial, elevação da autoest im a, im pl ement ação das funç ões
cognitivas, com saída do quadro depressivo e
menores taxas de recaída.
No estudo de Mazo et al. (2005)
verificaram a tendência ao estado depressivo
em idosos praticantes de atividade física. A
maioria dos sujeitos (91%) não apresentou
tendência ao estado depressivo. Os que
apresentaram tendência (9%) referiram não ter
esperança em relação ao futuro, ter pouca
energia e estar pouco animado na maior parte
do tempo; apesar disto continuam estimulados
a participar do programa de atividade física.
Considerando a complexidade dos fatores que
predispõem os estados depressivos, entendese que a atividade física proporciona benefícios
físicos, sociais e mentais, podendo reduzir a
depressão no idoso.
Vitta (2000) afirma que idosos ativos
são mais independentes, autônomos e sadios,
e que boas condições de saúde física têm um
efeito direto e significativo sobre a diminuição
da angústia e estão relacionadas a altos níveis
de integração social e auto- esti ma.
Concomitantemente, Okuma (1998) relata que
a atividade física está positivamente associada
à saúde psicológica e ao bem-estar emocional.
Em estudo realizado por Viana (2004)
em homens e mulheres acima de 60 anos
mostrou que as pessoas ativas ao longo da
vida possuem maior qualidade de vida do que
as pessoas inativas. Maniçoba e Silva (2006)
verificaram os benefícios da atividade física
proporcionado pelo Programa Ginástica nas
quadras, um programa do Governo do Distrito
Federal, implementado desde 1984. A amostra
foi constituída por um grupo de 20 idosos de
ambos os gêneros. Os resultados
demonstraram que o programa oferece uma
o p o r t un i d a d e í m p a r d o s i d o s o s s e
relacionarem, melhorando seu nível de saúde,
passando a se perceber mais felizes após a
participação no programa. O programa
mostrou-se, também, relevante sob o ponto de
vista social e de saúde física e mental para a
população nessa faixa etária.
Santana e Maia (2009) em sua
pesquisa com 62 pessoas de 50 a 78 anos,
reportaram que houve uma associação positiva
entre atividade física, interação social e
sensação de bem estar, além de repercutir,
também no aspecto físico-motor e à saúde
geral. Outro benefício advindo da prática
regular de exercícios físicos é na dimensão
sexual, onde Vaz e Nodin (2005) investigaram
a importância do exercício físico na
sexualidade, e constataram na amostra
estudada (54 pessoas casadas entre 65 e 75
anos de idade), que os sujeitos praticantes de
exercício físico são sexualmente mais ativos do
que os não praticantes, existindo uma relação
entre a prática de exercício físico e algumas
das dimensões da sexualidade do idoso.
Envelhecer com qualidade de vida, é
expectativa de qualquer pessoa, para isso
Rauchbach (2001) relata a importância de
conviver em grupos, participando de atividades
onde possa expor suas ideias, estar sempre
atento às notícias, ter uma boa alimentação,
moradia, assistência médica, fazer exercícios
físicos, leitura e participar de tudo que teve
vontade de fazer um dia e que foi adiado. A
qualidade de vida está na disposição em querer
que as coisas mudem.
Percebe-se, que a prática de atividade
física é de fundamental importância para a
qualidade de vida do idoso. É essencial que
este incorpore, em seu modo de vida, hábitos
saudáveis, mantendo e prevenindo sua saúde
em seu significado mais amplo (física, mental,
emocional e social).
Dessa forma, cabe aos profissionais da
saúde, engajar-se de maneira efetiva e eficaz
na mobilização de recursos, na construção e
viabilização de projetos, que atinjam a meta de
uma população idosa cada vez mais ativa e
consequentemente com maior qualidade de
vida.
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58
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
SAÚDE, BELEZA E PERFEIÇÃO NO MUNDO CONTEMPORÂNEO: TER UM CORPO
OBJETO OU SER SUJEITO DE SEU CORPO.
Ligia Adriana Rodrigues (*)
(...) aos que alguma vez já desconfiaram que essa vida
morna e tola que nos é oferecida e alardeada como a única
possível, desejável e saudável, esconde outras tantas.
Cuja beleza e tentação cabe reinventar.
Peter Pal Pelbart
Para conceber o cor po, ou a
corporeidade, no mundo contemporâneo,
inicialmente direcionaremos o olhar para
alguns trabalhos que se propõem
contextualizar esse corpo em determinados
tempos e espaços. Uma das possibilidades é
constituí-lo a partir da história. Czeresnia
( 2 000 ) t r aç a p ar a l el o s i m por ta nt es .
Contextualiza o corpo percebido como uma
continuidade da natureza, na Idade Média e
ainda no Renascimento, em sua proximidade
com o outro, ou os outros humano, animal,
universal e segue para o sentido que se
concebe no século XVII, ao emergir outra forma
de conhecimento, com as transformações nas
ciências matemáticas, conformando “não
somente a racionalidade, mas também
posturas, representações e sensibilidade do
homem ocidental moderno” (p. 569). A ruptura
de tal conhecimento indica outra maneira de
produzir e saber; separa, distancia, fragmenta
e analisa. Dicotomiza, cria oposições, dentre
elas entre o subjetivo e o objetivo, entre o corpo
e alma. As tecnologias foram aprimoradas
desde então, num processo civilizador
individualista, e abriram espaço para práticas
de exclusão, isolamentos de todo aquele que
ameaça a idéia de um homem com
funcionamento perfeitamente organizado e/ou
produtivo. O mundo humano moderno veio
permeado pela necessidade de solução
(digamos impossível) de conflitos insolúveis,
na relação com as expectativas de
produtividade e imortalidade, por serem
constitutivos da condição humana. O próprio
indivíduo iniciou um processo solitário de autoexclusão: “as fronteiras corporais tenderam a
tornar-se progressivamente mais demarcadas
e os corpos mais defendidos. A representação
da superfície corporal e dos seus orifícios como
extremamente vulneráveis produziu o
afastamento e a dessensibilização em relação
ao outro” (Id. p. 570).
Outra possibilidade para o estudo da
c o r p o r e i d ad e é o v i és e x i s t e n c i a l fenomenológico. Merleau-Ponty (1904-1961)
pontua a questão do corpo enquanto
expressividade e aponta que a experiência
humana é um conjunto de “relações de
expressão”: é um todo em que cada elemento
está interligado e coordenado aos demais,
submetendo-se a leis invariantes que os
presidem e organizam num sistema. A
percepção exprime e se expressa no
movimento do corpo se meu corpo se move o
aspecto das coisas que vejo modifica-se
automaticamente. O filósofo afirma que o único
meio para conhecer o corpo é vivenciá-lo,
confundindo-se com ele, vivendo seus dramas
e paixões, captando e fluindo com ele em sua
existência diante do mundo, sendo um corpo,
ao sentir, pensar, amar, agir. Um corpo
expressivo. Um corpo total.
Em seu minidesfile de corporeidades, Orlandi
(2004) aponta um plano provisório de
alternativas pré-ordenadas para pensar o
corpo. O autor trabalha com diferentes linhas
de indagação que incluem o corpo como objeto
da ciência enquanto coisa ou organismo; como
objeto da filosofia, em sua dicotomia e/ou
interdependência com a alma ou à luz da
fenomenologia; o corpo em meio a saberes e
poderes, procurando saídas nos cruzamentos
de espaços e tempos esquadrinhados na
lógica da disciplina; o corpo da intensidade, da
vibratilidade, dos fluxos. Ao relatar sobre a
virtualidade dos corpos e a atualidade, nas
discussões sobre a última nota, afirma:
a rigor, volto a dizer que quem continua
ganhando nisso tudo e proliferando cada vez
mais é o impulso das questões do viver, dos
problemas da existência sulcada por linhas
de diferenciação complexa, linhas que a
colocam agora, em nossa modernidade, em
perspectivas de ilimitação, sem que nos seja
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
dada de antemão a segura imagem do que
seremos, restando-nos tão-somente encarar
aquilo que deve ser necessário e suficiente:
o questionamento, o combate no próprio
meio, no aqui-e-agora em que se decide a
proliferação da história, o combate no meio
das causas eficientes, onde a vida pode
lançar interferências e cavar saídas na
versatilidade do intolerável (2004, p. 86).
Seguindo essa idéia de ilimitação e
i n t o l e r a bi l i d ad e d o u ni v e r s o v i r t u al
contemporâneo, Pelbart (2000) descreve uma
nova metáfora bioinformática que tomou de
assalto nosso corpo, reconfigurando nossos
ideais de saúde, nossa sociabilidade, nosso
imaginário e nossa subjetividade, redefinindo a
vida, a morte, o corpo, a mente, a natureza, o
espaço, o tempo e toda condição humana. O
corpo atualizado e virtualizado transformou-se
no corpo da informação e as tecnologias da
imortalidade anunciam um “corpo pósbiológico”, ou um “homem pós-orgânico”.
Essa transcendência ao orgânico se
confunde com a idéia de possibilidade de
perfeição e controle infinitos, idealização de
beleza, saúde e poder que muitas vezes se
constitui em práticas perversas. As tecnologias
digitais permeiam os lugares existenciais em
códigos, sinais, formas de ajustar toda e
qualquer imperfeição. Da mesma forma que as
informações, no espaço digital e virtual são
efêmeras, tal efemeridade se dá com as
identidades e visibilidades contruídas e
projetadas. As áreas de estudo da Genética e
as Neurociências tomam lugares de destaque
enquanto possibilidade de re-construção de
seres perfeitos, livres de sua frágil
humanidade, na fantasia de um controle
contínuo
não mais o controle disciplinar
descrito por Foucault que trazia a docilidade e
submissão dos corpos. Os corpos digitais
carregam a efemeridade e a agressividade do
vazio vivenciado na situação de não se saber
quem, quando ou onde estar, nessa passagem
ininterrupta do tempo vivenciado em espaços
cada vez mais constritos e claustrofóbicos. A
visibilidade de nossas fraquezas fica exposta
em shows de realidade ficcional, editada pelo
poder midiático e a beleza imposta é recortada
e colada em programas de computadores cada
vez mais eficientes, recortada e costurada por
bisturis e linhas - em mãos nem sempre tão
eficientes. A interioridade se fragiliza na dobra
59
com essa exterioridade tão fulgaz. Afinal, esse
corpo-imagem tem que ser visto, mas na
rapidez e “fugidez” dos encontros não encontra
suporte para suas escolhas e relações. Sós,
demasiadamente sós. Saúde e prazer se
fundem e se confundem nas práticas desse
corpo virtual e elástico.
M ar ti ns ( 2004) decl ar a que a
aproximação sobre as relações do corpo
orgânico e pós-orgânico com a tecnologia,
deve contas a certos olhares estendidos por
Foucault em Vigiar e Punir (1987). No poder
disciplinar o corpo humano entra numa
maquinaria de poder que o esquadrinha, o
desarticula e o recompõe, numa 'mecânica de
poder' que garante ter domínio sobre o corpo.
Tecnologias de espaços, tempos e vigilância
para que façam o que se quer, e não só - mas
para que operem como se quer, com as
técnicas, segundo a rapidez e a eficácia que se
determina. “A disciplina fabrica assim corpos
submissos e exercitados, corpos 'dóceis'”
(Foucault, 1987, p.119). Entretanto, a
sociedade disciplinar, aos poucos, vem se
tornando objeto de superação pelo modelo da
sociedade de controle, descrito por Deleuze.
Haveria, portanto uma interface entre lógica e
sociedade, entre a docilidade corpórea fruto da
tecnologia disciplinar e a fugacidade corpórea
da informação, atualizando a produção dos
corpos quando imersos na ambiência das
sofisticadas disciplinas de controle. Desta
forma: “se os efeitos atualizam, é porque as
relações de força ou de poder são apenas
virtuais, potenciais, instáveis, evanescentes,
moleculares, e definem apenas possibilidades,
probabilidades de interação, enquanto não
entram num conjunto macroscópico capaz de
dar forma à sua matéria fluente e à sua função
difusa” (Deleuze, 1996, p. 46-47).
Abre-se espaço para pensarmos uma
soc iedade que v i ve m ovi mentos de
atualização/virtualização, corpos
consumidores/informados e informantes de
consumo/informação. Seria esta a relação de
um declínio da potência criativa com o devir
tornado pós-orgânico. Corpos clientes, objetos
consumistas e consumidos, não-sujeitos,
sujeitados à informatização e à informação.
Necessitamos, porém, pensar e construir
práticas de contrainformação e re-criação.
Martins busca uma idéia de Fernanda Bruno:
Se vivemos uma inversão do olhar panóptico, se a
subjetividade encontra sua face visível (esteja ela
no comportamento, no corpo ou na tela o seu lugar
60
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
privilegiado de investimento, se o valor
encontra na extremidade do que se mostra,
do que se faz notável e visível o seu lugar de
efetuação (me refiro ao fato midiático, à
lógica da celebridade, à espetacularização
do sofrimento, à exposição da intimidade,
etc), a interface é ainda uma vez uma noção
decisiva, pois são nos meios de contato com
o 'olhar' do outro que se decidem as táticas e
os efeitos da vigilância, da construção da
identidade e da intimidade, da produção dos
acontecimentos, etc (Apud Martins, 2004, p.
6).
Em uma época na qual a tecnologia é
centro e periferia, segue Martins (2004), nos
quais o confinamento é um ato superado por
táticas de controle à distância, sendo o modelo
da “coleira eletrônica” (Deleuze, 1992)
estendido para generalizadas finalidades: das
mercadorias circulantes, das informações
visíveis e dos enunciados articuláveis, ainda há
o corpo. Ainda há vida. Os fluxos intensos de
desejo que se chocam estabelecem redes de
potência no entrelaçar das redes digitais e não
digitais constituídas enquanto a forma de
relacionamento peculiar da
contemporaneidade.
Daí pensar que o universo psi e os
diversos profissionais que cuidam do corpo
necessitam encontrar, construir espaços de
imbricação em tais redes. Pensando aqui em
esporte, movimento físico, saúde e beleza criar novas tecnologias para a valorização da
vida, no contexto do biopoder e das
biotecnologias, seja no trabalho com
rendimento, educação física escolar, lazer,
recreação ou reabilitação. Seja nos encontros
possíveis na vida. Não resisto à tentação de
reescrever um trecho do texto Vírus Vida, de
Pelbart (2003, p. 247) para encerrar esta breve
exposição:
E podemos perguntar se todo esse
funcionamento em rede é apenas uma tática
de sobrevivência para tempos sombrios,
soluções precaríssimas de uma sociedade
civil desorganizada ou, ao contrário, o
esboço de estratégias subjetivas e coletivas
de implicação vital. Não é uma curiosidade
sociológica, mas uma questão ética. Ética
entendida como o conjunto dessas
modalidades de afirmação singular e
coletiva que emergem de uma sensibilidade
ao intolerável, e que respondem ao
intolerável a cada vez de modo novo. É
intolerável que um corpo, individual ou
coletivo, seja separado de sua potência. E
como recusar o intolerável, e como
reconectar um corpo com sua potência?
Questões cartográficas da maior relevância e
complexidade. A melhor pista que eu
conheço para começar a pensá-las continua
sendo o comentário que faz o filósofo Levinas
ao Mandamento bíblico “Não matarás”.
Segundo uma leitura de inspiração
talmúdica, esse mandamento deveria ser lido
no seu avesso, como que escovado a
contrapelo, no sentido do desejo, mais do
que da lei, significando simplesmente isto:
Farás tudo para que o outro viva.
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(*) Psicóloga (UNESP-Assis) e Mestre em Educação
(UFSCAR). Docente do curso de Medicina das FIPACatanduva e do IMES-Catanduva. Coordenadora do
Curso de Psicologia do IMES-Catanduva e
psicoterapeuta.
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
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PSICOLOGIA DO ESPORTE E SAÚDE
Adriana Azeredo Farinazzo
IMES-Catanduva-SP
O esporte é um fenômeno que assumiu
dimensões estupendas com o passar dos
séculos; quer seja como forma de manutenção
da saúde, socialização, manutenção da cultura
ou como forma de promover a paz e a amizade
entre os povos
objetivo principal das
Olimpíadas. Isso levou à agregação, em torno
deste fenômeno, de um número crescente de
estudos e pesquisas das chamadas Ciências
do Esporte, dentre elas pode-se destacar a
Psicologia do Esporte.
A Psicologia do Esporte iniciou suas
pesquisas há um século com estudos
relacionados à fisiologia e os
condicionamentos reflexos. Com o tempo
outros temas foram sendo desenvolvidos,
principalmente os relacionados a: motivação,
personalidade, agressão e violência, liderança,
dinâmica de grupo, bem-estar psicológico,
pensamentos e sentimentos de atletas e vários
outros. Na atualidade o desenvolvimento de
novos materiais esportivos, de locais para as
práticas esportivas de alta performance e dado
o equilíbrio técnico alcançado por atletas e
equipes de alto rendimento, os aspectos
psicológicos tem assumido um lugar de
destaque e de importante diferencial nos
momentos de grandes decisões.
Para a Psicologia do Esporte o estudo
do ser humano que está envolvido com a
prática de atividade física e esportiva quer seja
competitiva ou não é um meio e fim. Estes
estudos podem ser: sobre os processos de
avaliação, práticas de intervenção e análise do
comportamento social que se apresenta na
situação esportiva a partir da perspectiva de
quem pratica ou assiste ao espetáculo.
No primeiro caso os estudos têm como
objetivo compreender e lidar com os fatores
psíquicos que interferem nas ações do
exercício físico e do esporte e, também,
verificar e lidar com as influências dos fatores
cognitivos, motivacionais e emocionais
diretamente ligados à questão do desempenho
esportivo.
Dentro desta linha a avaliação
psicológica de atletas e a construção de perfis
(psicodiagnóstico) para o levantamento de
aspectos particulares ligados ao atleta
(processos psíquicos), da relação do atleta
com a modalidade escolhida, os estados
emocionais em situações de treinamento e
competições e nas relações interpessoais, tem
sido utilizados com a finalidade de prognosticar
resultados esportivos. Assim pode-se chegar a
patamares onde particularidades pessoais ou
grupais subsidiam decisões referentes à
seleção de novos atletas para uma equipe,
mudanças nos processos de treinamento,
individualização de preparação técnico-tática,
escolhas de estratégias e táticas de conduta
em uma competição; além da otimização dos
estados psíquicos. Entretanto aqui cabe uma
ressalva: a utilização de instrumentos de
avaliação das áreas clinica e educacional, além
da importação de instrumentos têm levantado
problemas éticos e novas possibilidades de
estudos.
No caso das intervenções, as técnicas
utilizadas variam e dependem da linha de
atuação do psicólogo. Entretanto verifica-se
que nas modalidades de intervenção onde o
foco é o próprio atleta e sua atuação, as
atividades desenvolvidas são voltadas para a
concentração, o controle da ansiedade e o
manejo das variáveis ambientais e as práticas
podem envolver visualização, relaxamento,
modelagem de comportamento, análise verbal,
inversão de papéis, técnicas expressivas ou
corporais. No caso de modalidades coletivas o
foco é nas relações grupais, na formação de
vínculo e organização de liderança e as
práticas podem envolver a utilização dos jogos
dramáticos advindos do psicodrama, o
desenvolvimento de auto-conhecimento por
meio das técnicas de senso-percepção, bem
como procedimentos verbais originários da
psicanálise de grupos.
O terceiro ramo de estudos - análise do
comportamento social que se apresenta na
situação esportiva a partir da perspectiva de
quem pratica ou assiste ao espetáculo
reconhece o esporte como um conjunto
complexo de elementos que envolve o atleta, o
espectador, a torcida, os patrocinadores e as
empresas.
Neste ramo de estudo toda
62
manifestação esportiva é socialmente
estruturada, na medida em que o esporte
revela em sua organização, no processo de
ensino-aprendizagem e na sua prática, os
valores subjacentes da sociedade na qual ele
se manifesta.
Assim, questões antes tratadas dentro
da Psicologia do Esporte voltada para o
rendimento, foram deslocadas para um
contexto social maior que são o lugar e o
momento que o atleta está vivendo. Aqui a
Psicologia Social surge como campo de estudo
para a compreensão e explicação desse
fenômeno complexo e abrangente que é a
atividade física e esportiva. As discussões
passam a ser sobre o que é o fenômeno
esportivo e como ele tem sido construído e
explorado no imaginário esportivo na
atualidade. Também é pela perspectiva da
Psicologia Social que a Psicologia do Esporte
tem atuado junto aos chamados projetos
sociais nestes o objetivo das instituições é a
promoção do desenvolvimento da prática da
cidadania ou o oferecimento de alternativas de
socialização tendo o esporte como facilitador (o
esporte passa a ser visto como um meio e não
como fim).
Dadas estas considerações pode-se
verificar que o psicólogo que atua na área
esporti va pode exercer funções de:
investigador (quando lida com a análise dos
processos psicológicos básicos aplicados à
atividade física), como educador (quando lida
com questões de princípios e técnicas
psicológicas direcionadas a treinamento de
atletas, técnicos, etc.) e como clínico (quando
lida com os problemas psicológicos patologias
que interferem na prática esportiva).
Como Psicólogo do Esporte o
profissional pode atuar com: esporte escolar,
na análise e compreensão dos processos de
ensino, formação e educação da criança e do
jovem; esporte recreativo ou de tempo livre,
que busca o estudo e intervenção sobre a
prática de atividades físicas desenvolvidas em
t e m p o l i v r e , v i s a n do à an á l i s e d o
comportamento recreativo dos grupos de
diferentes faixas etárias; reabilitação, que é
voltada para a prática de atividade física
esportiva para indivíduos com certas limitações
e que tem como finalidade principal a
promoção da saúde do indivíduo; esporte de
alto rendimento, que visa basicamente a
atuação sobre os fatores que influenciam
diretamente na questão da performance e
desempenho do atleta e/ou equipe e onde cabe
ao Psicólogo observar as condições
institucionais, grupais e individuais e em
projetos sociais, onde é necessário conhecer
as questões culturais da instituição, para que
se possa avaliar e desenvolver noções básicas
de cidadania, dentro da demanda da
instituição.
Em qualquer das linhas de estudo,
campos de trabalho ou formas de atuação o
interesse primordial do Psicólogo do Esporte é
a manutenção e promoção da saúde daqueles
que praticam qualquer forma esportiva quer
para fins competitivos ou não ou a utilização do
esporte como forma de integração e adaptação
saudável.
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Psicologia de Hilgard. 13 ed. Porto Alegre:
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Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
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I CONGRESSO BRASILEIRO DE PSICOLOGIA
APLICADA AO ESPORTE E À MOTRICIDADE HUMANA
ARTIGO
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Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
65
A [de] formação moral e esportiva: conflitos no caminho do futebol
1
Altair Moioli
2
Afonso Antonio Machado
1
Centro Universitário de Rio Preto-UNIRP; Universidade Paulista-UNIP
2
LEPESPE - UNESP - Campus Rio Claro
RESUMO: A inegável contribuição cultural que o esporte, em especial o futebol, promove para a educação e
para a educação física, requer uma reflexão a respeito dos valores morais e da ética impregnados nas atitudes
e condutas dos profissionais envolvidos nesse ambiente social, e quanto desta dimensão atitudinal são
trabalhados no ambiente escolar. Diante desta perspectiva, o objetivo principal deste trabalho foi analisar os
conceitos de moral e ética trabalhados e difundidos no espaço escolar pelos professores de educação física,
como reflexo das ações e atitudes dos personagens envolvidos com a prática do futebol profissional. Para
tanto, a metodologia empregada para o desenvolvimento deste artigo foi de natureza qualitativa, descritiva,
com base nos procedimentos metodológicos de revisão de literatura, apoiada em bibliografia específica da
área da psicologia social, psicologia do esporte, sociologia e fenomenologia. Assim, preliminarmente pode se
considerar que, como sendo um objeto do conhecimento social (La TAILE, 2006), as ações e a conduta dos
titulares envolvidos com a educação representam papel de destaque para formação dos valores. Neste
sentido, a escola, jutamente com a família e o clube, constituirão a tride de epaços nos quais se estabelecem
as relaçoes sociais e portanto, onde se forma a consciencia moral.
I. Introdução
O futebol, tido como uma das
manifestações mais significativas da cultura do
povo brasileiro, por mais que se tente dizer o
contrário, torna-se assunto quase obrigatório
em todas as análises e contextualizações
sócio-filosóficas ou psicológicas, quando este
fenômeno altera a vida de milhões de
indivíduos adeptos à sua prática ou mesmo
q u a n d o c o l oc a d os n a c o n d i ç ã o d e
expectadores. À medida em que se aproxima
um grande evento esportivo, como a Copa do
Mundo de Futebol, por exemplo, evidenciamse todas as atenções para a seleção que
representa o país e todos os seus envolvidos,
bem como todos os simbolismos que ela
representa.
Não apenas o desempenho físico de
seus integrantes e o placar do jogo estão sob o
ol har av al iat i vo d a soc i edade, ma s
especialmente os valores que são exigidos
para aqueles que representam a pátria nas
competições oficiais. Assim, o orgulho
nacional, a auto-estima do cidadão comum, as
dificuldades pessoais são projetadas a partir
dos resultados obtidos em campo de jogo.
Daólio (2000, p.29) argumenta que o futebol,
em época de Copa do Mundo, tem o poder de
renovar e atualizar o conceito de nação,
resgatando valores como solidariedade,
cooperação, altruísmo e tolerância.
O envolvimento da população com o
esporte, neste caso com o futebol, amparado
pelos meios de comunicação, provoca um
questionamento do sentido da moral e da ética,
quando estão envolvidos outros fatores que
são alheios ao grande público. A relação
econômica do fenômeno esportivo coloca em
posição de conflito de interesses os ideais da
formação e da educação.
Os principais meios de comunicação
utilizam-se de um discurso mobilizador, quase
alienante, em que são evocados os desejos de
consumo, a possibilidade de participação
efetiva nesse processo e, evidentemente, o
encorajamento para compartilhar as emoções
que o esporte proporciona.
Ao tirar proveito desta forma de
discurso, repassado para milhões de
torcedores, adultos e especialmente crianças
em idade escolar, valoriza-se o famoso “jeitinho
brasileiro” como uma grande invenção
nacional e, ao mesmo tempo, tenta-se
incorporar essa pseudo vantagem ao conjunto
de valores e normas de comportamento do
cidadã o brasileiro. Esse quadro é
extremamente conflitante com os princípios
para a educação cidadã que se pretende
implantar, tendo o esporte como um veículo de
forte representação social.
Este contexto liga-se diretamente às
questões do esporte como conteúdo da
Educação Física escolar, em cujas atividades
diárias o futebol ocupa lugar de destaque. A
66
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
adesão a esta prática corporal de forma natural
e quase espontânea caracteriza tal modalidade
como elemento de transformação não apenas
de ordem física e mecânica, mas
essencialmente de ordem moral e psicológica,
pois, como argumenta Daólio (2000), a
influência exercida pelo futebol é, antes de
tudo, cultural.
Portanto, o enfoque dado à prática
desta modalidade, tanto pelos professores de
Educação Física quanto pelos técnicos das
equipes de iniciação, merece uma avaliação
mais bem pormenorizada dos procedimentos
pedagógicos adotados, da conduta desses
profissionais e um cuidado especial para
abordar os conceitos apresentados no que se
refere ao desenvolvimento da moralidade,
considerando-se a agressividade física e
psicológica como um elemento de ingerência
no trabalho educativo.
Aqui vale destacar algumas expressões
populares que definem o conceito de moral
para os integrantes do ambiente esportivo,
como atletas, dirigentes, treinadores e
torcedores, ou ainda, determinados grupos
sociais, como a escola, por exemplo.
No Brasil, como único país a participar
de todas as Copas do mundo, a sua Seleção
tornou-se alvo de diversos segmentos da
sociedade, para os quais a classificação para
essa importante competição torna-se uma
“questão moral”, tanto para os jogadores
quanto para a torcida. Ou então, “nós temos
uma obrigação moral de sermos campeões”,
quando o discurso de dirigentes, técnicos e
parte da imprensa se confunde com o senso
comum, para expressar comparativamente a
superioridade técnica do jogador brasileiro em
relação ao de outros países. Isso é um conceito
simplista da moral, do ponto de vista da
psicologia.
Uma análise preliminar sugere a
possibilidade de utilização de todos os meios
possíveis para se conseguir tais metas, mesmo
que não sejam lícitos.
Encontra-se ainda uma dezena de
outras formas de atribuir o conceito de moral,
dependendo do contexto em que se está
inserido. Neste aspecto, o meio esportivo
apresenta alguns exemplos como: “[...] vai na
moral, vai na moral [...]” é uma expressão
usada pelos companheiros e pelo técnico, que
aos gritos, tentam incentivar o atleta que já não
tem mais a sua melhor forma física para
Terminar uma partida. Outro exemplo surge
quando um atacante adversário necessita de
uma marcação próxima da área de penalty ou
onde a ocorrência de uma falta possa significar
perigo. Logo vem a instrução dos zagueiros,
do goleiro ou do treinador: “rouba essa bola na
moral, sem cometer falta [...].” Ou então, para
designar uma possível incompetência técnica
do árbitro, a expressão mais usada é “Esse
senhor não tem moral para apitar a partida.”.
O contexto esportivo apresenta uma
diversidade muito rica de expressões que
deturpam o sentido original e o conceito deste
termo. Além disso, fatos como: manipular
resultados, burlar regulamento,
coorporativismo, chantagem financeira,
aliciamento de atletas jovens e subornos são
condutas freqüentes nos meios do esporte
profissional.
Assim, nota-se uma vulgarização
etimológica, conceitual, da palavra moral,
perdendo-se o referencial dos valores que a
compõem e dos princípios éticos que dela
derivam. Essas, entre outras questões,
refletem-se diretamente na Educação e em
particular na Educação Física, especialmente
nas equipes de iniciação esportiva, quando as
ações práticas não têm como referencial as
regras morais.
Belbenoit (apud Scaglia 2001. p 56)
confirma a necessidade de se avaliar a
interferência dos modelos apresentados pelo
futebol profissional como prática desta
modalidade no âmbito escolar: “O desporto não
é educativo sobre todos os planos, a menos
que um educador faça dele ao mesmo tempo
um objeto e um meio de educação, que se o
integre pela prática e pela reflexão naquilo que
eu chamarei uma ética de saúde global.”
Tendo como modelo os excessos
cometidos pelas autoridades esportivas
imbuídas em classificar, a qualquer custo, suas
equipes nos campeonatos oficiais e a Seleção
Brasileira para a Copa do Mundo, estas
qu es tõ es m er e ce m um a ab or da gem
contextualizada e crítica entre os envolvidos
neste processo para a formação de jovens,
quais sejam, os professores, os técnicos, os
dirigentes, os pais, os alunos, os atletas, enfim,
a sociedade em geral.
II. Objetivo
Diante desta perspectiva, o objetivo
principal deste trabalho é analisar os conceitos
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Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
de moral e ética trabalhados e
difundidos no âmbito escolar pelos professores
de educação física, como reflexo das ações e
atitudes dos personagens envolvidos com a
prática do futebol profissional.
III. Referencial metodológico
Para tanto, a metodologia empregada
para o desenvolvimento deste artigo é de
natureza qualitativa, descritiva, com base nos
procedimentos metodológicos de revisão de
literatura, apoiada em bibliografia específica da
área da psicologia social, psicologia do
esporte, sociologia e fenomenologia.
De acordo com alguns autores, entre
eles Thomas e Nelson (2002), a classificação
de uma pesquisa como descritiva tem como
pressuposto a intenção de descrever a
ocorrência de aspectos relevantes de um
determinado movimento ou fenômeno. Assim,
o objetivo é analisar e relacionar as possíveis
variáveis dos fatos da realidade social.
Por outro lado, a pesquisa de caráter
bibliográfico procura explicar um problema a
partir de referências teóricas publicadas em
documentos oficiais, revistas indexadas, livros,
periódicos, sites acadêmicos, ou outras fontes
de infor mação que contri buam para
fundamentar a pesquisa que está em
andamento.
Busca conhecer e analisar as
contribuições culturais e científicas do
passado, existentes sobre um determinado
assunto, tema ou problema. Consiste em
apresentar e comentar o que outros autores
escreveram sobre o tema, enfatizando as
diferenças ou semelhanças que existem entre
os conceitos.
Enfim, a pesquisa bibliográfica constitui
um ato de leitura, reflexão, seleção e
organização de textos, releitura, analise e
contextualização de material que já tenha sido
publicado, referente ao problema pesquisado
para, nas considerações finais, concordar,
criticar, exemplificar e até mesmo sugerir
mudanças nos resultados encontrados.
Nesse sentido, a resposta pode estar
no caráter provisório, histórico e inacabado da
ciência, que permite a continuidade e o
aperfeiçoamento do que já foi produzido,
contribuindo assim para o surgimento de uma
nova interpretação dos fenômenos (LIMA,
2004, p.40).
Para atender esses pressupostos devese fundamentar uma discussão teórica com
base na exploração de diferentes fontes
67
bibliográficas e, em especial, apoiar as
análises a partir de um conjunto de autores que
representam cientificamente o tema a ser
explorado.
Dessa forma, as considerações da revisão de
bibliografia devem partir de um referencial
teór ico já existente, perm itindo aos
pesquisadores reforçar ou refutar as idéias
originais, contribuindo assim, para dar crédito
ao trabalho que está sendo produzido (ibid,
2004. P.40)
IV Consulta Bibliográfica
Para Holanda (2.000) moral é um
“conjunto de regras de conduta ou hábitos
julgados válidos, quer de modo absoluto quer
para grupo ou pessoa determinada”.
La Taile (2006), argumenta que moral
está relacionada a dimensão dos deveres,
vinculada a competência cognitiva. Esse fato
leva a autor a considerar a questão da moral
como um objeto de conhecimento social
articulado sob os aspectos das regras, dos
princípios e dos valores. Enquanto que ética
está ligada a representatividade de vida com
sentido.
Ainda segundo Holanda (.2000), em relação
ao conceito de ética, este mesmo autor
apresenta-a como sendo um “estudo dos
juízos de apreciação referente à conduta
humana, do ponto de vista do bem e do mal.
Conjunto de normas e princípios que norteiam
a conduta do ser humano.” .
Esta idéia de moral ou o conjunto de
valores morais é apresentado pela sociedade
como imagens ou idéias do que é bom ou ruim,
permitido ou proibido, certo e errado,
conforme apresenta Duda (1.999 p. 257):
“ Moralidade diz respeito àqueles
aspectos prescritos de relações
sociais, que respondem às imagens
ou idéias de um relacionamento
bom e certo. Manter uma promessa,
por exemplo, pode ser considerado
uma obrigação moral, porque
confiança é essencial para um
relacionamento humano ideal.”
Assim, percebe-se que a sociedade é
guiada ou até manipulada por meio de uma lista
de valores que são tradicionalmente
proclamados dentro do seu contexto histórico
denominado comportamento moral.
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Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
Brandura (apud Duda 1999 p. 257) e
outros teóricos da aprendizagem social
definem moralidade como um comportamento
adequado às normas morais e culturais, a qual
é desenvolvida por meio de modelagem e
reforço, ou seja, um conjunto de obrigações e
normas herdado historicamente por meio do
comportamento da sociedade.
Porém, é interessante observar que tal
conjunto de valores morais, crenças, justiça,
atitudes, julgamentos, pode sofrer mudança na
organização hierárquica durante o processo de
desenvolvimento do individuo (PIAGET, 1997;
LA TAILE, 2006; DUDA, 1999). Significa dizer
então que o ranking de valores pode mudar,
dependendo da maturidade do indivíduo e
ainda, como ele definiu os padrões com os
quais pretende viver.
A partir desta constatação, vale
observar a importância de serem analisados e
discutidos no ambiente escolar os assuntos
que surgem no dia-a-dia da imprensa,
relatando os fatos dos bastidores do ambiente
esportivo, onde são tratados os casos de
“doping”, violência, subornos, etc, para servir
como referência para trabalhar a dimensão
atitudinal dos conteúdos.
Apesar da carência de estudos que
retratam o desenvolvimento moral no contexto
esportivo, Shieldes; Bredemeier (1995, apud
Weimberg; Gould 2001 p.508), apontam três
conceitos que englobam moralidade no
esporte: jogo limpo, espírito esportivo e caráter.
Estes autores definem jogo limpo como a
possibilidade de “...que todos os competidores
entendam e mantenham-se fiéis não apenas às
regras formais do jogo, mas também ao espírito
de cooperação e regras de jogo não escritas...”.
Já para espírito esportivo apresentam uma
definição mais complexa, visto que questões
de ética devem prevalecer quando houver a
necessidade de julgamento, ou seja, trata-se
da valorização do jogo limpo, mesmo que isso
signifique a derrota.
Os mesmos autores consideram que
caráter é um conceito que engloba jogo limpo,
espírito esportivo acrescido de duas outras
importantes virtudes: compaixão e integridade
(ibid, 2001 p.508).
Seria ingênuo pensar o esporte de alto
rendimento sendo desenvolvido a partir deste
ideal de educação e comportamento dos
atletas. Não há necessidade de grandes
reflexões filosóficas para entender que o
profissional que atua nas esferas da iniciação
esportiva ou competitiva sempre estará em
conflito com este conjunto de regras que
compõem valores morais e éticos, pois o que
está em jogo não é apenas o título do
campeonato, mas uma série de outras
possibilidades como independência financeira,
ascensão social, valorização profissional,
“status” e fama.
As atitudes e a conduta dos astros
esportivos, em muitos casos, não combinam
com os exemplos necessários para debater ou
mesmo ensinar ética na escola. A história tem
mostrado treinadores, árbitros e atletas
compactuando com resultados combinados
antes da partida para beneficiar as suas
equipes ou prejudicar outras, principalmente
em competições com equipes juvenis,
manipulando assim o resultado e burlando o
regulamento.
Diante de atitudes duvidosas dos
responsáveis pela orientação e direção das
equipes, generalizam-se essas condutas para
todos os envolvidos. Diante desses casos não
há como evitar comportamentos agressivos e
violentos por parte de atletas quando se
sentirem pressionados ou prejudicados.
A agressividade tem sido abordada de forma
intensa, em especial por discussões
acadêmicas pautadas em pesquisa científica
ou por meio de debates promovidos pela mídia.
Entretanto, devido a uma definição conflituosa,
muitas vezes se empregam termos como
agressão, hostilidade, violência, virilidade e
agressividade sem que seja estabelecido um
consenso na sua definição.
Baron e Richardson (1994, apud Weimberg e
Gould (2001 p.494), define agressão como
“...qualquer forma de comportamento dirigido
com objetivo de prejudicar ou ferir um outro ser
vivo que está motivado a evitar tal tratamento.”
A agressão também é dividida em
agressividade hostil, considerada como uma
resposta (física ou psicológica) a uma
agressão sofrida e agressividade instrumental,
que acontece na expectativa de alcançar um
objetivo não agressivo, ou seja, manobras para
desestabilizar psicologicamente o adversário
(ibid, 2001).
Mesmo assim, no esporte, os atos
agressivos muitas vezes são tolerados,
incentivados e até aplaudidos por grande parte
da sociedade, que compactua com o
descumprimento de algumas regras de,
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
Conduta e normas sociais (Russel apud Duda,
1.999 p. 277). Essa violência nos meios
esportivos acaba por atingir a popularidade do
esporte, embora nem sempre a violência tenha
sido originada em questões esportivas, mas
sim sociais. (Machado, 1.997 p. 83).
Embora a agressividade e a violência
possam estar associadas a um processo de
frustração, e, portanto, classificadas como atos
atemporais, deve-se estabelecer uma conexão
com o desenvolvimento da moralidade. Como
exemplo, o fenômeno bullyng responde pela
maioria das formas de agressão física e
psicológica entre crianças e adolescente, e
contribui para o desenvolvimento da noção do
que é certo e o que errado.
Diante destas considerações e
aventando a possibilidade da agressividade
também estar associada a fatores culturais,
religiosos, políticos e principalmente morais e
éticos, faz-se necessário uma profunda
reflexão quanto ao comportamento dos
técnicos e a sua relação com atletas
adolescentes.
O comentário de Rubio (2.000 p. 132)
acerca das responsabilidades do professor na
condução do processo educativo, alude ao fato
de que a sua aula deve ir além de uma simples
ação mecânica, mas, sobretudo, de orientar a
criança e o adolescente para a vida.
Isso implica questionar que sociedade
se pretende constituir e, implicitamente, sob
que valores se pretende formar o homem que
constituirá esta sociedade. Nessa questão, o
professor e todos os envolvidos com a
competição esportiva desempenham papel
principal no ato de ensinar e transformar a
consciência dos indivíduos.
Com o avanço da ciência, surgem conflituosos
debates acerca da ética e da moral, em
especial quando estão em evidência as
conquistas científicas. Recentemente o grande
debate entre a ciência, a religião e o direito
centrou-se na utilização de células-tronco. Em
outros tempos, a grande discussão fixou-se na
possibilidade da clonagem de seres vivos em
laboratório, fato que causou furor acadêmico e
religioso. Estes fatos, sobretudo do ponto de
vista da ética, da moral, da religião, da biologia
e da psicologia, criam cenário futurista incerto
com relação a formação humana.
Porém, não se deve subestimar a
capacidade de professores e treinadores em
também formar cópias, não tão perfeitas como
69
as dos laboratórios, mas certamente muito
próximas daquilo que foi usado como
referência para trabalhar os valores, pois seu
comportamento torna-se modelo para o
desenvolvimento dos valores morais em
crianças e nos adolescentes.
V Considerações finais
A sociedade brasileira, aprendendo a
conviver com o processo democrático,
encontra-se atualmente mais amadurecida e
atenta às transformações sociais e na busca de
seus direitos. Isso estimula as lutas por
conquistas consideradas essenciais para uma
melhora da qualidade de vida, como por
exemplo, algumas conquistas sociais, como a
escola, a saúde, o entretenimento, entre outros
direitos.
Pode-se considerar que grande parte
destas conquistas foi possível quando o
acesso à Educação se estendeu a todas as
classes indistintamente. Portanto, o número de
atendimentos na escola ou nos clubes
esportivos possibilita ter uma idéia do alcance
do poder de convencimento do discurso do
professor. Quando essas atitudes estão
apoidas em exemplos do mundo esportivo, é
possível uma análise preliminar, da capacidade
e da importancia desta ferramente educativa.
Ou seja, trabalhar o esporte na dimensão das
atitudes favorece a formação moral do
individuo. Neste sentido, a escola, jutamente
com a família e o clube, constituirão a tride de
epaços nos quais se estabelecem as relaçoes
sociais e portanto, onde se forma a consciencia
moral.
Ao utilizar o modelo do esporte
profissional como uma das possibilidades de
prática, em especial na forma de competição,
todos os valores deverão ser discutidos e
analisados, se essas ações forem comparadas
com as demandas exigidas pela Escola e pela
sociedade.
Portanto, especialmente o professor de
Educação Física que utiliza o futebol como
conteúdo das aulas, deve-se estar atento para
as interferências que o esporte de alto
rendimento proporcionam e para o fato de
como distorcem a interpretação dos conceitos
de moral e ética na formação das crianças.
Baseado no modelo apresentado pelo futebol
profissional, os conceitos de moral e ética se
subvertem e passam a tomar forma no “jeitinho
brasileiro” de resolver todas as questões. Essa
70
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
vulgarização etimológica da palavra moral e
seu uso conturbado provocam uma visão
diluída da moralidade. A certeza da impunidade
contribui para um aumento da agressividade
entre atletas, professores, técnicos e
espectadores.
VI. Referencias Bibliográficas
DAOLIO, J. As contradições do Futebol
Brasileiro. In
CARRANO, P. C. R (org).
Futebol: paixão e política. Rio de Janeiro:
DP&A Editora, 2.000. p. 29 44.
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psychology measurement. Morgantwn: F. T.
I. Inc.,1999. p. 257-292 .
FERREIRA, A. B. H. Novo Aurélio Século XXI:
o dicionário da língua portuguesa. 3. ed. Rio
de Janeiro: Nova Fronteira, 1999
LA TAILE, Y. Moral e Ética: dimensões
intelectuais e afetivas. Porto Alegre: Artmed,
2006. 192 p.
LIMA, M. C. Monografia: a engenharia da
produção acadêmica. São Paulo: Saraiva,
2004. 210p.
MACHADO, A. A. Psicologia do Esporte
Temas Emergentes. Jundiaí: Ápice, 1.997.
191p.
MARQUES, J.A.A. e KURODA, S.J. Iniciação
esportiva: um instrumento para a socialização
e formação de crianças e jovens. In RUBIO, K.
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2000, p. 125-137.
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pedagógica. In PICCOLO, V.L.N. Pedagogia
dos Esportes. 2. ed. Campinas: Papirus.
2.001, p. 55-78.
THOMAS, J. R.; NELSON, J. K. Métodos de
pesquisa em atividade física. 3. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2002.
WEINBERG, R. S.; GOULD, D. Fundamentos
da Psicologia do Esporte e do Exercício. 2.
ed. Porto Alegre: ArtMed, 2001, parte VII p.
471- 526.
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
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I CONGRESSO BRASILEIRO DE PSICOLOGIA
APLICADA AO ESPORTE E À MOTRICIDADE HUMANA
RESUMOS
TEMAS LIVRES
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Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO:
IDENTIDADE PROFISSIONAL DOCENTE
DOS PROFESSORES DO SEGUNDO
CICLO.
Eliane Paganini da Silva
Centro Universitário de Rio preto - UNIRP
Este trabalho investigou se professores do II
Ciclo do Ensino Fundamental (5ª a 8ª séries) de
uma escola de cidade do interior paulista,
tinham consciência de suas responsabilidades
como professor, suas funções e qual o seu
valor atualmente, como avaliam a crise descrita
na bibliografia educacional e, se estão
c o n s c i e n t es de s s a c r i s e c om s e u s
determinantes. Juntamente com o referencial
teórico de autores que tratam da identidade do
professor, utilizou-se como suporte para a
análise a teoria de Jean Piaget sobre o
desenvolvimento cognitivo e a tomada de
consciência. Foram entrevistados 12
professores de diferentes disciplinas, dentre
elas o professor de educação física com base
em um roteiro semi-estruturado, tendo como
eixo temático a definição dos níveis de
desenvolvimento profissional. A partir de
análise qualitativa e quantitativa, foi possível
es t abel e ce r ní ve i s d i st i nt os par a o
desenvolvimento profissional docente. Sendo
eles: Nível I: Desvio de identidade, Nível II:
Semi-identidade profissional, Nível III:
Identidade e responsabilidade profissional.
Procurou-se também, entender quais as
principais imagens que os próprios professores
possuem de si como profissionais. Os
resultados mostraram professores em muitos
aspectos confusos, deixando entrever uma
identidade não muito bem definida.
Palavras-chave: Profissionalização docente,
Identidade profissional do professor, Psicologia
da Educação, Trabalho docente.
73
CAPOEIRA: Uma opção para crianças com
déficit de aprendizagem
1
Renato Silva Santos ; Cesar Antonio Parro
1
2
Centro Universitário de Rio Preto - UNIRP;
2
Universidade Paulista - UNIP
Diante do considerável número de crianças
com déficit de aprendizagem que freqüentam
as classes regulares do ensino fundamental e
considerando que essas crianças não
encontram outra possibilidade de
aprendizagem além da proposta oficial, o
trabalho desenvolvido no Projeto Gato de
Botas oferece oportunidade diferenciada para
suprir as dificuldades encontradas na escola. A
opção pel a Capoei ra R egi onal está
fundamentada na possibilidade de
proporcionar uma aprendizagem significativa,
tendo em vista também a necessidade de
desenvolver noções de lateralidade, melhorar
a coordenação motora, ritmo, movimento
corporal e a sua utilização fora do ambiente
escolar, fatores indispensáveis para crianças
que apresentam características. Este estudo é
desenvolvido com aproximadamente 50
crianças que freqüentam as atividades do
Projeto Gato de Botas. Participam crianças de
ambos os sexos, com idade compreendida
entre 7 e 12 anos. Essas crianças, além do
déficit de aprendizagem, têm como agravante a
baixa renda familiar. O resultado da
aprendizagem na capoeira foi analisado com
base nos exercícios do exame de admissão da
Capoeira Regional. A análise dos resultados
positivos em relação às outras situações de
aprendizagem é realizada juntamente com os
profissi onais envolvi dos: pedagogos,
psicólogos, neurologistas, arte-educadores e
professores de educação física integrantes da
equipe multidisciplinar. Os resultados
encontrados mostram que, de um modo geral,
as crianças com déficit de aprendizagem
apresentam problemas relacionados à
lateralidade, coordenação motora, atenção,
baixa auto-estima, que comprometem
consideravelmente o desempenho e o
rendimento escolar. As aulas de capoeira foram
importantes para auxiliar as crianças, pois a
prática dessa atividade possibilitou amenizar
consideravelmente as deficiências
apresentadas, bem como apresentou
resultados positivos no processo ensino-
74
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
aprendizagem. O resultado deste trabalho
indica a possibilidade de proporcionar uma
reflexão entre pais, professores e outros
profissionais que venham a conviver com
crianças com déficit de aprendizagem. A
utilização da Capoeira Regional pode facilitar e
proporcionar a inclusão destas crianças no
proces so ensino- apr endizagem e na
sociedade.
Palavras Chave: Capoeira. Déficit de
aprendizagem. Educação Física
PROCURANDO UM LUGAR SOCIAL:
“Onde ponho minha mudança?”: um
estudo social sobre a construção da
identidade lésbica
Elaine Cristina dos Santos
Vera Lúcia Beraldo
ser nomeada tenta se reconhecer nessas
nomeações, mas o sentimento é de
estranhamento.Ela se enquadra no que dizem
sobre ela (entendida, sapatão, homossexual) a
partir do seu desejo que é visto como proibido?
Essas são questões que serviram como base,
para refletir sobre o que acontece na vida de
Felipa. A identidade da mulher lésbica parece
com a possibilidade de encontrar um lugar, um
lugar social. E como ela diz poder viver seus
processos de mudanças. A noção de
identidade foi tomada do elemento central para
pensar quais possibilidades identitárias a
sociedade oferece para mulheres que se
relacionam afetivo-sexualmente com outras
mulheres. A perspectiva adotada é de crítica
social, pois muito tem a ser pesquisado e
reconhecemos a pesquisa como formo de
contribuir para mudanças sociais (onde
estereótipos possam der desfeitos) em que
homens e mulheres independentes de suas
orientações sociais sejam respeitados como
seres humanos.
Centro Universitário de Rio Preto- UNIRP
A opção pela temática, procura compreender
qual a denominação da mulher diante de uma
relação afetivo-sexual com outra mulher,
porém, ao abordar esse tema necessariamente
aborda a questão da identidade. Convém
apontar também a importância dessa temática
dentro do campo da Psicologia. Outro fator que
chamou atenção que, a partir de um
levantamento bibliográfico inicial, é possível
observar a restrição de obras que abordam a
temática lésbica, e relevando um déficit na
produção de conhecimento sobre
lesbianidade, que propicie maior
inteligibilidade sobre os conteúdos da temática.
Assim, o presente trabalho tem por objetivo,
refletir sobre a construção da identidade
lésbica. Na construção dessa pesquisa a
metodologia utilizada foi à entrevista aberta
(não dirigida) e como base de referencial
teórico apoiado por em Ciampa (1996). Através
do relato da historia de vida de uma pessoa, o
pesquisador estuda os pontos m ai s
importantes, cabíveis aos problemas de
investigação. Neste estudo o sujeito de
pesquisa foi chamado de Felipa. Felipa toma o
processo de se reconhecer com um desejo,
visto como proibido, vai sendo nomeada. Ao
ANSIEDADE PRÉ-COMPETITIVA NO
FUTSAL
Marcelo Callegari Zanetti, José Elzo Franco
Júnior, Leonardo Zanesco, Denílson Roberto
Campos Gomes e Afonso Antonio Machado
LEPESPE / I. B. / UNESP Campus de Rio
Claro
(Introdução) Ao assistirmos um atleta
desempenhando suas funções, é difícil
imaginar tudo aquilo que ele possa estar
vivenciando e sentindo. Sentimentos como:
felicidade, amor e alegria em frações de
segundos podem ser substituídos por tristeza,
desilusão e sofrimento o que faz do esporte um
momento mágico e único, mas também incerto.
Esta incerteza ou ansiedade que o atleta é
submetido frequentemente em treinamentos e
jogos, em níveis moderados pode auxiliar o
mesmo a melhorar seu desempenho, porém,
quando os níveis extravasam a tolerância
deste indivíduo, poderá ocorrer queda no
desempenho e graves distúrbios físicos e
psicológicos. Por isso, procuramos investigar o
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Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
nível de ansiedade de atletas da modalidade
futsal adulto masculino. (Metodologia) Foram
investigados por meio do CSAI-2 (Competitive
State Anxiety Inventory 2), 40 atletas (7
diferentes equipes) com idade entre 15 e 36
anos (22.3±6.2) participantes da Copa
DEC/Liga 2009 de Futsal, categoria adulto
masculino, realizada em São José do Rio
Pardo SP. Os dados foram coletados entre os
dias 21 e 26 de janei ro de 2009.
Posteriormente, os mesmos foram tabulados
com o objetivo de identificar os níveis de
ansiedade pré-competitiva cognitiva e
somática apresentado pelos atl etas.
(Resultados) Como resultado os atletas
apresentaram um nível de ansiedade cognitiva
alta (5%), média (47,5%) e baixa (47,5%), já em
relação à ansiedade somática foram
encontrados os seguintes valores: alta (2,5%),
média (32,5%) e baixa (65%). (Conclusão)
Analisando os resultados pudemos verificar
que os atletas apresentaram maiores níveis de
ansiedade cognitiva do que somática; o que
nos indica, que os componentes relacionados
ao pensamento (ansiedade cognitiva) como:
pr eoc upação , apr eens ão, dúvi das e
pensamentos negativos pareciam estar mais
alto do que os relacionados à ativação física
percebida ( ansiedade somáti ca) . Tal
constatação nos sugere a necessidade de uma
intervenção antes das competições a fim de
controlar os níveis de ansiedade cognitiva e
somática e contribuir efetivamente para que o
atleta atinja maior desempenho atlético.
75
76
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
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APLICADA AO ESPORTE E À MOTRICIDADE HUMANA
RESUMOS
PAINEIS
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Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
ASPECTOS MOTIVACIONAIS PARA
PRÁTICA ESPORTIVA DO HANDEBOL EM
ATLETAS DO CAMPEONATO BRASILEIRO
DE CLUBES CADETE MASCULINO 2009
1
Paulo Ricardo Martins Nunez , Junior Vagner
1
1
Pereira da Silva , Sandro Torales Schulz ,
2
Carlos Alexandre Habitante , Arnaldo Tenório
da Cunha Júnior3
1.Universidade AnhangueraUniderp/LAPHERS, 2.UFMT - Campus
Universitário da Araguaia, 3.LACAPS/UFAL
Campus Arapiraca
Introdução: O estudo da motivação dentro do
esporte de rendimento tem sido foco de
pesquisas na área da psicologia esportiva e
muitos analisam a relação entre a motivação e
a prática esportiva. Objetivos: O estudo teve
como objetivo analisar os motivos que levam os
atletas de handebol masculino a prática da
modalidade. Materiais e Métodos: A amostra
foi composta por 154 atletas entre 15 e 16 anos,
integrantes das onze equipes que participaram
do Campeonato Brasileiro de Handebol
Masculino Fase Final, realizado na cidade de
Campo Grande MS, na categoria cadete. Na
coleta de dados foi utilizado o Inventário de
Motivação à Prática Desportiva, criado por
Sobral (1995) e validado e adequado a
realidade brasileira por Cardoso e Gaya
(1998). Para o tratamento estatístico foi
utilizado a estatística descritiva (médias).
Resultados: Os resultados mostram que os
principais fatores motivacionais que levaram os
atletas a praticarem o handebol são aqueles
relacionados ao rendimento desportivo
(48,60%), seguido dos motivos relacionados à
saúde que obteve (40,45%) de preferência. Os
aspectos relacionados ao lazer e amizade
indicam como sendo os de menor relevância na
motivação dos atletas (31,43%). Observando
os motivos dentro de cada categoria temos os
seguintes resultados: no r endimento
desportivo a questão “para ser um atleta” teve o
maior índice de preferência (69,0%), na
categoria relacionada à saúde, a questão “para
manter a saúde” obteve (55,3%) e na categoria
relacionada à amizade e lazer, a questão “por
que eu gosto” obteve (45,0%). Considerações
Finais: Os resultados demonstram que para
maioria dos atletas a prática desportiva para
competir foi o principal fator motivacional,
79
podendo ser entendido como um indicativo que
o esporte de rendimento leva os atletas a terem
uma motivação extra para competir.
Palavras - chave: Psicologia do Esporte,
Handebol, Motivação.
ANÁLISE DO NÍVEL DE STRESS PRÉCOMPETITIVO EM ATLETAS
PRATICANTES DE CARATÊ SHOTOKAN
MASCULINO E FEMININO
1
Paulo Ricardo Martins Nunez , Sandro
1
2
Torales Schulz , Carlos Alexandre Habitante ,
3
Arnaldo Tenório da Cunha Júnior , Junior
1
Vagner Pereira da Silva
1.Universidade AnhangueraUniderp/LAPHERS, 2.UFMT - Campus
Universitário da Araguaia/UFMT,
3.LACAPS/UFAL Campus Arapiraca
Introdução: O caratê competitivo por suas
características próprias de confronto,
demonstração, comparação e avaliação
constante de seus participantes, apresentam
peculiaridades que devem ser analisadas para
que se possam conhecer suas implicações no
desempenho dos atletas. Objetivos: Este
estudo teve como objetivo analisar o nível de
stress pré-competitivo em atletas praticantes
de caratê shotokan. Materiais e Métodos: O
estudo caracterizou-se como uma pesquisa
quantitativa, sendo utilizado o questionário de
Lista de Sintomas de Stress Pré-Competitivo
Infanto-Juvenil LSSPCI (De Rosa Junior,
1998). Participaram deste estudo 83 atletas
praticantes de Karatê Shotokan, sendo 49 do
sexo masculino e 34 do sexo feminino, com
idade igual e acima de 12 anos. As graduações
variaram da faixa branca a faixa preta, o tempo
de prática variou de cinco anos até 20 anos de
prática. Todos os entrevistados foram
escolhidos de forma não probabilística casual.
Resultados: Os resultados demonstraram que
55% dos atletas apresentaram sintoma
moderado de stress; 45% apresentaram
sintoma de stress acima do moderado. Em
relação às idades houve diferença entre os
resultados, onde os atletas com faixas etárias
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Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
entre 12 a 20 anos apresentaram um nível
muito calmo na competição e os atletas com
faixas etárias entre 21 a 30 anos apresentaram
um escore moderado. Considerações Finais:
Podemos concluir que nesta população de
atletas o caratê competitivo não causou um alto
nível de stress. Sugere-se que outras
pesquisas possam correlacionar o nível de
stress com a graduação de faixa dos
praticantes.
Palavras-Chave: Caratê, Stress, Competição
MEDO E VERGONHA NA EDUCAÇÃO
FÍSICA ESCOLAR: Perspectivas da
Psicologia do Esporte
Jacqueline Carvalho e Afonso Antonio
Machado
UNESP - Rio Claro / UNESP Rio Claro
Introdução: As emoções são subjetivas a
cada indivíduo e são exteriorizadas através do
corpo. A vergonha é tida como um sentimento
de desconforto, podendo comprometer o
relacionamento do indivíduo socialmente. O
medo é uma desorganização psíquica,
desagradável que surge quando o indivíduo se
encontra em situação que ele julga
ameaçadora. Assim, nas aulas de Educação
Física, por ser uma disciplina que expõem os
alunos; que permite o contato físico; um
momento para o aluno se expressar, ficam
evidentes atitudes espontâneas dos alunos,
regidas pela emoção. Objetivos: Analisar as
alterações nos estados emocionais dos alunos,
durante as aulas de Educação Física Escolar;
bem como verificar a existência e quais as
principais causas das emoções “medo e
vergonha” e por fim avaliar se essas emoções
podem interferir na participação dos alunos nas
aulas. Métodos: Os participantes
constituíram-se de 40 alunos, sendo que 20
alunos do sexo feminino e 20 alunos do sexo
masculino, com idade entre 16 e 18 anos.
Todos os participantes eram estudantes do 3º
ano do Ensino Médio de uma escola estadual
de Rio Claro. O instrumento utilizado foi
questionário com 22 questões fechadas a fim
de analisar as emoções medo e vergonha. A
pesquisa foi realizada durante as aulas de
Educação Física da escola. Resultados: Os
alunos sentem 'alegria', 'prazer' e 'motivação'
durante as aulas. As meninas sentem mais
vergonha do que os meninos quando estão
sendo observadas pelos colegas ou pelo
professor; de conversar com o professor de
Educação Física; de atividades que tenha
contato físico com o sexo oposto e por ser
menos habilidosas. Os alunos de uma maneira
geral, sentem vergonha quando são
humilhados pelos colegas e sentem medo de
se machucar durante um jogo. Já as meninas
sentem mais medo que os meninos ao errar
algum exercício e de enfrentar algum jogo
novo. No geral, os alunos não deixam de
participar de alguma atividade/jogo por
vergonha ou medo, mas alguns alunos deixam
de participar da aula por causa dessas
emoções. Considerações Finais: Podemos
perceber que as aulas de Educação Física
proporcionam alterações emocionais, bem
como o medo e a vergonha estão presentes,
podendo algumas vezes interferir na
participação dos alunos nas aulas.
Palavras-chaves: vergonha, medo, educação
física escolar, psicologia do esporte.
EXERCÍCIO FÍSICO EM MULHERES COM
DIABETES MELLITUS GESTACIONAL
Karina Silva Mano Pouza
Centro Universitário de Rio Preto - UNIRP
O diabetes mellitus gestacional (DMG) é
definido como uma intolerância ao carboidrato
de severidade variável com início ou primeiro
reconhecimento durante a gestação e quando
se torna complicada é denominada “alto risco”,
necessitando de maior supervisão. Essas
pacientes têm um risco maior de tamanho fetal
em demasia (macrossomia), o qual aumenta a
probabilidade de cesárias e de traumas no
nascimento. É uma das complicações mais
comuns da gravidez e está associado a
significante morbidade maternal e fetal.
Mulheres com o diagnóstico de DMG tem uma
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chance de 35% a 50% de recorrência em
futuras gravidezes e 40% a 60% de aumento de
risco de desenvolver diabetes tipo 2, dentro de
10 anos. Exercícios podem tratar e prevenir o
DMG e promover benefícios fisiológicos tais
como baixar a glicose sanguínea e controlar o
excessivo ganho de peso gestacional. O
exercício físico é definido como uma atividade
estruturada que envolve intensidade,
freqüência, duração, tendo como objetivo
melhora da aptidão física e, por conseguinte,
da saúde. A atividade física aeróbia auxilia de
forma significativa no controle do peso e na
manutenção do condicionamento, além de
reduzir riscos de DMG, condição que afeta 5%
das gestantes. A ativação dos grandes grupos
musculares propicia uma melhor utilização da
glicose e aumenta simultaneamente a
sensibilidade à insulina. O objetivo do presente
estudo foi constatar os benefícios do exercício
físico no controle do diabetes gestacional Em
virtude do DMG ser uma das complicações
mais comuns na gravidez e da atividade física
fazer parte da estratégia de tratamento, surgiu
o interesse e a necessidade em realizar uma
pesquisa bibliográfica referente ao exercício
físico em mulheres com diabetes gestacional.
Dessa forma, o adequado conhecimento das
medidas terapêuticas no diabetes gestacional
permite alcançar a normoglicemia materna,
quebrando o ciclo maléfico dessa entidade e,
conseqüentemente reduzindo a incidência de
efeitos lesivos ao binômio materno-fetal.
MANIPULAÇÃO DA MUSCULATURA
INTRÍNSECA DO PÉ EM PORTADORES DE
LESÃO ENCEFÁLICA ADQUIRIDA
Lívia Sensuline Valaretto, Marina Emed
Jacinto, Natalia Targas Lima,
Ana Elisa Zuliani Stroppa Marques
Centro Universitário de Rio Preto UNIRP
Introdução: A estabilidade corporal
pode ser comprometida em pacientes com
lesão encefálica adquirida devido à diminuição
sensório motora e alteração do apoio plantar,
ocasionando limitações sobre o controle do
equilíbrio quando este é solicitado de forma
imprevisível. O equilíbrio na posição ortostática
é inconsciente e está fundamentado na
coordenação intrínseca entre o sistema
vestibular, visão, informações táteis e
81
proprioceptivas dos pés. Objetivo: Verificar a
eficácia do alongamento de musculatura
intrínseca do pé para aumento do apoio plantar
e conseqüente melhora do equilíbrio
ortostático, em portadores de lesão encefálica.
Materiais e métodos: Foram selecionados
nove pacientes adultos, que adotam
ortostatismo sem auxílio de membros
superiores, e em tratamento nas Clínicas
I n t e g r a d a s U N I R P. P a r a a c o l e t a
baropodométrica e estabilométrica, inicial e
final, utilizou-se um baropodômetro da marca
Footwork calibrado com tempo de 15 segundos
para cada análise. Inicialmente coletou-se
dados como peso, altura, número do calçado, e
a aplicação do termo de consentimento formal.
Após a coleta inicial foi realizado alongamento
de tríceps sural, e da musculatura intrínseca do
pé seguido por deslizamentos no sentido
póstero-anterior com uma toalha de rosto
posicionada na planta do pé. A manipulação foi
realizada com as mãos do fisioterapeuta
posicionadas na região de bordo medial a
bordo lateral do pé tracionando da região de
retro pé em direção ao ante-pé,
alternadamente. O tempo estipulado para cada
manipulação foi de 15 segundos e para cada
deslizamento cinco
repetições.
Posteriormente foi realizada a coleta final.
Resultados parciais: Analisando a área de
contato da superfície plantar, observou-se que
os indivíduos que foram trabalhados com
alongamento da musculatura intrínseca dos
pés, apresentaram melhora no apoio plantar,
diminuição dos picos de pressão plantar,
aproximação do centro de gravidade em
relação à linha média , diminuição da oscilação
ântero-posterior e latero- lateral.
Apoio: Clínicas Integradas UNIRP
UNIRP, CC nº 701/ TC
82
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Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
OS EFEITOS DA FISIOTERAPIA SOBRE A
DOR E A CONDIÇÃO FUNCIONAL DE
PESSOAS PRATICANTES DE ATIVIDADE
FÍSICA OU NÃO PRATICANTES COM
CONDROMALÁCIA PATELAR.
Adrielle dos Santos França; Denise C. Z dos
Santos; Domiraide Afonso; Paula dos Santos
Cavalcanti Rocha; Alberto A. A. Teixeira,
Paulo César Esteves, Alexandre Silva
Instituição: Universidade Cruzeiro do Sul
Objetivo Avaliar os efeitos da fisioterapia
sobre a dor e a condição funcional de pessoas
praticantes ou não praticantes de atividade
física com condromalácia patelar. justificativa
da pesquisa: Analisando a atuação da
fisioterapia como recurso de tratamento
conservador em praticantes e não praticantes
de atividade física com condromalácia, é
possível comprovar a importância do
tratamento fisioterapêutico em minimizar a dor
e promover melhora da condição funcional.
Métodos: Foram incluídos no estudo 33
indivíduos acima de 18 anos, com diagnóstico
de condromalácia patelar confirmado por
exame de Ressonância Magnética; com
encaminhamento para tratamento
fisioterápico. Bases teóricas: Foram
analisados os prontuários de pacientes em
tratamento em duas clinicas de fisioterapia.
Resultados: Os resultados obtidos na
pesquisa constataram melhora significativa
dos pacientes submetidos ao tratamento
fisioterapêutico realizado em 20 sessões com
intuito de minimizar o processo inflamatório
com calor profundo utilizando Ondas Curtas e
exercícios realizados tanto em cadeia cinética
aberta (CCA) quanto cadeia cinética fechada
(CCF) e exercícios isométricos resistidos.
Cosiderações finais: Foi encontrado melhora
no tratamento de condromalácia patelar nos
pacientes submetidoa a fisioterapia, trazendo
uma maior qualidade de vida.
BANDAGEM FUNCIONAL NA CORREÇÃO
POSTURAL DA CINTURA ESCAPULAR:
RELATO DE CASOS
Patrícia Miqueletti Soares, Leiliani Alonso da
Silva Cerveira, Milton Carlos Amantini,
Centro Universitário de Rio Preto (UNIRP)
Aplicação de bandagem funcional têm eficácia
tanto em pacientes esportistas quanto em
pacientes não esportistas, tendo em conta
seus efeitos mecânicos pela contenção
imposta à articulação, exteroceptivo pela
estim ulação dos sensores cutâneos,
psicológico e proprioceptivo fundamentado na
eventual estimulação dos receptores
musculares, tendinosos e capsulares, que por
sua vez desencadeiam estímulos aferentes
para o Sistema Nervoso Central. OBJETIVOS:
Verificar os efeitos da aplicabilidade da
bandagem funcional, permitir correção postural
da ci ntura es capular e est im ular a
conscientização do alinhamento corporal.
MATERIAIS E MÉTODOS: Participaram da
pesquisa duas pacientes do gênero feminino
com idade de 21 e 42 anos, ambas
apresentando protrusão de ombro e escápulas
aladas. Foram aplicadas bandagens na técnica
de quadrado e em cruz de forma alternadas
abrangendo as cabeças dos úmeros e
escápulas após manutenção da postura
correta. A bandagem manteve essa postura
correta por 24 horas e o feebdback sensorial
permitiu a postura alinhada até a próxima
aplicação, procedimento este realizado uma
vez por semana, sendo dez aplicações.
RESULTADOS: Notou-se que o acrômio foi
alinhado em 1,01cm no plano frontal posterior
na paciente com menor idade, enquanto, o
mesmo foi alinhado em 0,75cm no mesmo
plano na segunda paciente. E ainda, obteve-se
correção postural da cintura escapular com
retração do ombro a partir da anteriorização e
escápulas m enos proeminentes pelo
rebaixamento do ombro com medialização das
escápulas, conscientização e realinhamento
postural, melhora da estabilidade articular por
permitir contração adequada da musculatura e
funcionalidade dos segmentos da cintura
escapular. CONCLUSÃO: Conclui-se que a
bandagem funcional interferiu na correção
postural da cintura escapular e estimulou a
conscientização do alinhamento corporal por
meio de feedback sensorial.
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
LIBRAS: A LINGUAGEM DO CORPO POR
MEIO DE SINAIS
Susaelaine Moioli; Arianne Carolina Vioti de
Lima; Viviane Maria Perpétua Guimarães;
Altair Moioli
83
OS CONFLITOS RELACIONAIS ENTRE
PROFESSORES E ALUNOS
NAS ESCOLAS PÚBLICAS
Thaisa Silva de Oliveira, Cassiana Castellano
Centro universitário de Rio Preto - UNIRP
Centro Universitário de Rio Preto - UNIRP
A linguagem é responsável pelo
desenvolvimento das atividades humanas,
pois representa uma das principais estruturas
dos processos cognitivos, modificando os
estágios da aprendizagem. Assim, a partir
deste pressuposto, as pessoas com deficiência
auditiva, encontram dificuldades na interação
com os processos educativos na escola e fora
dela, pois a falta de propostas e métodos de
educação acaba desfavorecendo essas
pessoas. O objetivo deste trabalho foi
averiguar as dificuldades enfrentadas pelos
professores para atender alunos com
deficiência auditiva em salas regulares e ainda,
a relação destes alunos nas aulas de Educação
Física. O desenvolvimento deste trabalho teve
como aporte metodológico uma ampla revisão
de literatura e do relato de experiência
vivenciada a partir do estágio supervisionado
obrigatório para o curso de graduação em
Educação Física. A inclusão de libras é um
processo longo e difícil pelo fato de, como todo
contato com uma nova forma de linguagem,
demanda paciência e dedicação para a
aprendizagem. A inclusão de libras nas escolas
brasileiras para alunos surdos e ouvintes está
em fase de implantação, mas depende
especialmente da formação de professores e
de instrutores de Língua Brasileira de Sinais.
Em relação às aulas de Educação Física
observou-se uma integração adequada, tendo
em vista que as atividades desenvolvidas nas
aulas são carregadas de manifestações e
expressões do corpo. A linguagem corporal,
assim como a de sinais, auxiliam na
comunicação e nas relações interpessoais no
momento da prática.
Palavras chave: Educação Física. Linguagem
corporal. Libras.
A indisciplina e a violência em meio à escola é
uma realidade assustadora. É um problema
grave que não se resolve com atos de governo
ou punições dos jovens. Estes acontecimentos
estão longe de serem resolvidos porque os
adolescentes agressivos e violentos estão, na
verdade, mostrando o resultado de problemas
sociais, como o abandono familiar, a falta de
perspectivas, drogas, desemprego, entre
outros. A violência entre professores e alunos
nas escolas públicas a cada dia aparece com
mais freqüência no noticiário da imprensa. A
escola não pode fugir da responsabilidade de
enfrentamento dessa questão, e deve discutir
com pais e alunos a respeito da questão de
violência e da indisciplina e buscar soluções
para estes fatos de forma participativa. O
objetivo desse trabalho foi diagnosticar as
causas decorrentes da agressividade e da
violência no ambiente escolar. Para tanto,
optou-se pela pesquisa-ação, por tratar-se de
ferramenta adequada para o ambiente escolar,
ao permitir os participantes deste ambiente
social, encontrar soluções para os problemas
decorrentes do cotidiano. Preliminarmente,
pode-se considerar que a relação professoraluno sofreu mudanças significativas e, a base
dos conflitos emergentes decorre das
diferenças culturais, afetivas, dos valores, da
dimensão atitudinal e em especial da falta de
m ot i vaç ão dos al un os em ad er i r a
pr oc edi m ento s e m odel os de au la s
ultrapassados.
Palavras chave: Educação. Agressividade.
Ensino.
84
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
A IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA
PARA O ESTILO DE VIDA NA 3ª IDADE
Pollyana Carla da Silva; Ariele Negrisoli de
Oliveira; Ana Carolina Simonato; Beatriz Diniz
Silva; Jéssica Sbrissa
Universidade Paulista- UNIP- Campus JK
O envelhecimento é um processo dinâmico e
progressivo no qual ocorrem diversas
alterações morfológicas, funcionais e
bioquímicas. Com esse declínio das aptidões
físicas o idoso tende a alterar suas atividades
diárias, tornando-se menos ativo. Nesse
aspecto os exercícios e a atividade física
podem contribuir para amenizar essas
alterações e beneficiar todas as faixas etárias.
Diversos estudos já mostraram que a atividade
física é extremamente importante para a saúde
e melhoria da qualidade de vida na terceira
idade. O objetivo desse estudo é mostrar a
importância e os benefícios proporcionados
pelo exercício para amenizar os efeitos do
envelhec im ento. C om o pr ocedimento
metodológico, este trabalho foi realizado por
meio de uma ampla revisão bibliográfica
descritiva utilizando bases de dados de
biblioteca eletrônica, como SCIELO, LILACS e
EFDEPORTES. A partir dos estudos
publicados nestes periódicos, e ainda, pelas
observações realizadas com o atendimento de
idosos em clínicas de reabilitação, podemos
considerar que a prática da atividade física
contribui significativamente para melhorar a
função cognitiva, as capacidades físicas como,
por exemplo, a elasticidade, a força, a
flexibilidade, a resistência muscular e
car di orr espir atór ia. Estas conqui stas
proporcionam uma melhora na mobilidade,
equilíbrio e autonomia. Nesse sentido, além
dos benefícios físicos, também ocorre uma
mudança no estilo de vida, contribuindo para
uma retomada da sua vida social. Fazendo
com que o idoso saia do isolamento e retorne a
sociedade melhorando assim os aspectos
psicossociais.
Palavras chave: atividade física; terceira
idade; qualidade de vida.
O FEMININO NO ESPORTE DE HOMENS
Flavio Francisco Dezan; Afonso Antonio
Machado
LEPESP - UNESP - Rio Claro - SP
O presente estudo tem como objetivo
apresentar uma breve analise sobre a
presença feminina, representada aqui por
mulheres/meninas praticantes de futebol, em
um ambiente caracterizado essencialmente
por qualidades inerentes ao universo
masculino, tais como força, virilidade,
agressividade e tantas outras que, mesmo
quando apresentadas separadamente, são
capazes de produzir situações conflitantes e
discussões que coloquem em xeque a
feminilidade de seus participantes, o que dirá
quando apresentadas em conjunto e sob a
ótica de um mesmo esporte.Quando há
comparação ou surgem idéias sobre mulheres
praticando esportes de alto rendimento, com
marcas notáveis e resultados expressivos, vêm
à tona discussões sobre o que é o esporte para
a mulher, algo como agressão ao corpo
feminino, afirmação de sua capacidade
atlética, embates sexistas com relação às
qualidades inerentes ao que é ser homem ou
mulher dentro do esporte, esportes para
homens, esportes para mulheres, etc. O que se
sabe é que ainda hoje, ao tomarmos como
exemplo e base para este estudo o futebol, vêse que o padrão do esporte é o que vem do
masculino, qualquer outra coisa, passa a ser
derivada do mesmo. Para a realização desta
pesquisa foi utilizado um questionário com
perguntas abertas com 19 atletas do sexo
feminino praticantes de futebol, com idades
entre 12 e 20 anos. As perguntas tinham como
objetivo verificar a consciência destas
participantes sobr e a ocorr ência de
preconceito por estas serem praticantes do
referido esporte e utilizarem-se deste fato para
se beneficiar em uma competição, se estas
atletas já haviam sofrido algum tipo de
preconceito, o sentimento destas com relação
a esta situação e como é o convívio com os
homens praticantes de futebol. Com o
desenvolvimento deste estudo pudemos
detectar fatores interessantes no que tange a
c o ns c i ên c i a e i n t en c i o na l i da d e d a s
participantes da pesquisa em utilizarem-se
deste panorama preconceituoso, sexista e
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Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
vinculado a imagem masculina para obterem
êxito em seu esporte, uma vez que foi relatado
que é sabido que existe o preconceito e este
está presente no dia-a-dia das esportistas,
quer seja dentro de quadra/campo ou em
atividades cotidianas.
UM ESTUDO SOBRE A PRESENÇA DO
STRESS NO EDUCADOR DO ENSINO
FUNDAMENTAL (1 ª A 4ª SERIES)
Mara Rosana Pedrinho, Carla Carrili Ferreira,
Priscila Barbosa Borduqui Campos, Renata
Gobeti Martins
Centro Universitário de Rio Preto - UNIRP
[email protected]
O trabalho docente se constitui em exercício
profissional de compromisso com a sociedade,
que exige educadores que estejam aptos às
novas demandas educacionais e que,
especialmente, sejam participantes diretos na
preparação de seus alunos para uma atuação
cidadã, crítica, autônoma e ativa na família, na
vida social, cultural e política. Tais exigências,
associadas aos baixos salários, à insatisfação
no trabalho, à falta de motivação, entre outros
agravantes, podem desencadear o stress. O
trabalho é positivo e agradável quando gera
prazer, alegria e saúde. Mas, quando não é
significativo, reconhecido, e ameaça a
integridade física e psíquica, gera sofrimento.
O trabalho deve ser fonte de satisfação,
realização pessoal e profissional, como
também de subsistência, criando espaços para
a qualidade de vida. É preciso que o professor,
para desempenhar seu papel de formador de
idéias, aprenda a lidar como stress ocupacional
de maneira satisfatória. Desse aprendizado
surgirá um profissional com maior capacidade
de se adaptar às exigências do mundo
moderno e com os compromissos de sua
profissão. O objetivo do presente trabalho
consistiu identificar a possível presença de
fatores desencadeantes do stress no educador
do ensino fundamental. A metodologia utilizada
constituiu-se de pesquisa bibliográfica e
empírica (aplicação de questionário semiestruturado junto a vinte professores de
85
primeira à quarta série de uma escola da rede
municipal de ensino de São José do Rio Preto)
no ano de 2006. Foi observado, entre outras
questões que a maior parte dos profissionais
acreditam estar atuando na profissão certa,
porém nem todos se consideram realizados em
seu trabalho, alegando que este nem sempre é
reconhecido e valorizado por outros; metade
do universo pesquisado não visualiza
perspectivas fut uras, mostrando-se
decepcionados com as poucas oportunidades
de promoção; as horas de fato trabalhadas vão
além das horas estabelecidas na instituição de
ensino, resultando em uma carga horária que
pode até mesmo limitar o tempo de descanso,
comprometendo a realização de atividades
recreativas e prazerosas; as atividades diárias
têm horários rígidos, trazendo uma sobrecarga
ao indivíduo. Os fatores mencionados acima
contribuem para o aparecimento na maioria
dos professores diversos problemas de saúde
(70%) que, aliados à falta de atividade física
(55%), poderão gerar o stress.
DESENVOLVIMENTO DAS 12 AÇÕES
MOTORAS PROPOSTAS POR LEGUET NA
GINÁSTICA ARTÍSTICA EM UM AMBIENTE
ESCOLAR COM MATERIAIS
ALTERNATIVOS.
Vânia Cristina Machado Grippe; Thiago
Henrique Favaro
Unilago União das Faculdades dos Grandes
Lagos
Resumo: A ginástica Artística é uma
modalidade pouco conhecida se comparada ao
futebol, voleibol e basquetebol, nos últimos
anos houve um crescimento significativo no
numero de oferta e de procura desta
m odal i dade . M as o c r es ci m ento de
participantes e praticantes não corresponde as
pesquisas, observa-se claramente uma
carência de publicações sobre GA. Os
profissionais que atuam na área tem
difi culdade em encontrar cur sos de
especialização. Na área escolar onde a
ginástica poderia ser abordada sob outras
perspectivas, muitos professores optam por
86
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
sua ausência, alegando falta de equipamentos
e espaços necessários. Grande parte dos
professores não percebe que as diversas
m a ni fe s t aç õ es g í m ni ca s p od em s er
desenvolvidas atendendo aos objetivos
educacionais, possibilitando aos alunos
valiosas experiências corporais,
enriquecedoras da cultura corporal humanas.
O objetivo principal desse estudo é mostrar
como as 12 ações propostas por Leguet em
ginástica artística pode ser desenvolvida num
ambiente escolar com materiais alternativos.
Foram selecionadas 20 crianças
aleatoriamente, que nunca haviam praticado
ginástica artística, o aprimoramento técnico
deixou de ser considerado, a fim de dar lugar à
exploração das possibilidade e capacidade dos
movimentos das ações, dentro da difícil
situação da falta de materiais. Todos foram
adaptados os em nosso ambiente de trabalho.
Apesar de a inadequação do ambiente de
ensino e o desrespeito às diferenças
individuais, comportamento social inadequado,
apresentados como fatores influenciadores no
comportamento destas crianças, convergem
com os achados deste estudo. O movimento
gímnico na perspectiva metodológica aplicada
neste programa, fez com que as dificuldades
desses alunos fossem esquecidas, seus
rótulos abandonados e suas capacidades
descobertas, através das potencialidades
colocadas à prova pelas ações realizadas. Foi
possível identificar contribuições significativas
no desenvolvimento dessas crianças, todos os
movimentos foram realizados sem maiores
dificuldades e de forma descontraída; nosso
trabalho teve um resultado positivo, e no final
tínhamos crianças interessadas e com respeito
aos professores e aos colegas.
A INDISCIPLINA NO CONTEXTO ESCOLAR
Ana Paula de Oliveira Porfírio; Kaira Aranha
de Oliveira
Centro Universitário de Rio Preto UNIRP
No contexto escolar existem diversos fatores
relacionados às expressões de indisciplina,
tais como o desempenho cognitivo dos alunos,
suas formas de socialização e as condutas que
exercem na escola. As expressões de
indisciplina têm sido relacionadas a fatores
internos ou externos à escola. Entre as razões
internas estariam, por exemplo, as condições
de ensino e aprendizagem, a natureza do
currículo, as características dos alunos, as
formas de relacionamento estabelecido entre
alunos e professores e, ainda, o próprio sentido
atrelado à escolarização. Entre os fatores
externos destacam-se a violência social, a
influência da mídia e o ambiente familiar dos
alunos. O objetivo deste trabalho é apresentar
propostas que possam contribuir para a
diminuição os índices de indisciplina no
ambiente escolar. Este trabalho teve como
base a pesquisa qualitativa, de cunho
bibliográfico e participativo. Primeiramente, foi
necessário identificar os motivos da indisciplina
observando os alunos e estabelecendo um
diálogo para conhecer os fatores que
provocam talcomportamento. Após este
diálogo foi possível perceber que, muitas
vezes, a indisciplina ocorre em função de que
os alunos não entendem o conteúdo ou acham
as aulas cansativas. Portanto, deve-se propor
aos professores modificações em suas aulas,
adotando atividades estimulantes e interativas.
Foram encontrados casos em que a
indisciplina ocorre a partir de uma situação de
conflito e enfrentamento entre alunos e
professor. Nestes casos é necessário que o
professor busque o diálogo, proporcionando
aos alunos a oportunidade de manifestar suas
idéias, criando propostas para resolver estes
conflitos. Até o momento foi possível concluir
que as escolas precisam desenvolver políticas
internas para lidar de forma preventiva com a
indisciplina e a agressividade, havendo
também a necessidade de programas de
orientação aos professores, discutindo os
problemas vivenciados nas rotinas das
escolas, idéias, soluções e formas de como
implantá-las na escola.
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
INFLUÊNCIA DA NATAÇÃO NOS
ASPECTOS SÓCIOS AFETIVOS PARA
PORTADORES DE NECESSIDADES
ESPECIAIS
PRÁTICA ESPORTIVA: Quando Iniciar?
Alessandro da Silva Ferreira; Alex Garcia;
Rafael de Maura Oliveira
Adriano Carvalho da Mata, João Antonio
Fonseca Borges
Centro Universitário de Rio Preto - UNIRP
A importância da prática esportiva e o aumento
de competições desportivas especializadas,
determinam a necessidade de participações
precoces e exige maior atenção na preparação
dos jovens desportistas. Nos estudos sobre o
assunto, persistem dúvidas sobre a idade em
que as crianças estariam aptas para se
iniciarem numa prática desportiva sistemática.
No trabalho apresentado procurou identificar
as idades em que as crianças, na cidade de
Novo Horizonte, estão sendo iniciadas na
atividade desportiva, relacionando-as com as
recomendações da literatura especializada.
Foram entrevistados treinadores de seis
modalidades, escolhidas entre as de maior
representatividade no contexto desportivo do
Município. Uma pesquisa bibliográfica revelou
as idades mais recomendadas para iniciação
desportiva nas diversas modalidades, cujos
dados indicaram, para os desportos
individuais, uma predominância na faixa dos 812 anos. Para as modalidades coletivas as
recomendações situaram-se entre os 8-14
anos. Os dados dos questionários revelaram,
para as modalidades coletivas, que os
treinadores recomendam como idade ideal a
faixa dos 9-12, enquanto nos desportos
individuais a predominância situou-se entre 510 anos. Verificou-se ainda uma marcante
divergência entre as idades que os treinadores
apontaram como ideais e aquelas em que,
realmente, o processo está acontecendo,
idades reais. As principais justificativas para
essa divergência vão desde a imposição dos
dirigentes à cobrança de resultados pelos pais
e diretores.
87
Centro Universitário de Rio Preto - UNIRP
Para pessoas com deficiência, a natação tem
valor tanto terapêutico como recreativo, mas
também pode ter valor social. Elas passam a
ter muita satisfação em encontrar outras
pessoas com interesses comuns, pois, com
frequência, são pessoas solitárias dentro de
suas próprias casas. Reafirmar as influências
positivas na prática de atividades aquáticas, no
caso a natação, com pessoas portadoras de
necessidades especiais, foi o objetivo deste
trabalho. A metodologia utilizada para a
iniciação e conclusão deste, foi pesquisa de
campo, fundamentada com entrevista aberta.
Foi realizada com praticantes desta
modalidade de vários níveis desde a iniciação
até ao treinamento. A alegria plena vivenciada
quando uma pessoa, ao entrar na água, livrase das cargas físicas necessárias para a vida
em solo será em si uma realização. Essa
sensação de liberdade e de realização pode
constituir-se num grande incentivo para o dia a
dia da pessoa com deficiência.
PROGRAMA SEGUNDO TEMPO: Núcleo
“Centro de Formação IELAR”
1
Luicanne Ferreira Simas , Thiago Peixoto
2
Inocêncio
1
Secretaria de Esportes e Lazer de Rio Preto;
2
UNILAGO
O Programa Segundo Tempo em parceria com
o Ministério do Esporte e a Prefeitura
Municipal, funciona também no Centro de
Formação IELAR, localizado na rua Paschoal
Descrescenzo 599, no bairro JD. Itapema. Este
trabalho tem como proposta intervir na
realidade de cerca de 200
alunos, que
participam do projeto no horário diverso ao da
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Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
aula e três vezes na semana, e proporcionar
atividades que despertam integração social e
vivência de prática esportiva. Buscando
melhorar assim seus problemas cotidianos
como a violência, comportamento, respeito, e
conquistando as atividades esportivas e
recreativas. Este programa
visa
principalmente o acesso ao esporte como
forma de inclusão, ocupando o tempo livre
dessas crianças e adolescentes que vivem em
situação de risco social. Ao passar do tempo
nota-se uma mudança no processo de
formação dessas crianças e uma melhora nas
condições para enfrentar os desafios da
sociedade atual. Dessa forma esses cidadãos
passam a conviver melhor com as diferenças
na sua comunidade e a respeitar o seu
próximo, onde fatos positivos são relatados
através da própria família e que apontam o
programa como fator fundamental para a
melhora do comportamento em casa e na
sociedade de maneira geral.O que esperamos
enfim, com esse programa é que o esporte
possa fazer crianças mais felizes e formar
futuros cidadãos defensores de seus direitos e
com perspectiva de um futuro melhor.
PRECONCEITO NA EDUCAÇÃO FÍSICA:
INCLUSÃO X EXCLUSÃO
Patrícia Rosa Delboni de Araujo
Centro Universitário de Rio Preto - UNIRP
O preconceito está presente em todos os
lugares e já faz parte de nossa sociedade,
inclusive na escola, sendo observada de
maneira mais acentuada nas aulas de
educação física. Suas principais
manifestações se dão pelas questões ligadas a
gênero, diferenças corporais e a intolerância
aos portadores de necessidades especiais. O
objetivo deste estudo é propor uma reflexão
sobre preconceito na educação física
considerando a dificuldade de aplicação de
práticas pedagógicas inclusivas. Por esse
motivo foi realizada revisão de literatura
visando melhor compreensão sobre o tema e
propor poss íveis soluções. C omo o
preconceito é fruto de padrões préestabelecidos pela sociedade, o corpo reflete
sua principal forma de manifestação, sendo
alvo de críticas, exclusões e humilhações.
Observando a diversidade humana e no
discurso da universalidade, acaba este
entrando em contradição, pois aqueles que
fogem do padrão estabelecido são julgados
como inferiores e incapazes. Assim, não se
respeitam diferenças, mas sim julgam e punem
aqueles que as possuem. Em nosso país, onde
as diferenças raciais são características
nacionais, identificamos um problema de difícil
solução. Sendo a escola um sistema social
onde conceitos e preconceitos são passados
de geração a geração, ela é co-responsável
pela formação de uma nova geração que,
finalmente, possa respeitar as diferenças.
Concluindo, o preconceito está em toda a
sociedade, inclusive no âmbito escolar e que se
manifesta principalmente nas aulas de
educação física, pois os indivíduos estão mais
expostos a todo tipo de críticas e julgamentos.
Seja por etnia, questões raciais, estéticas, de
gênero ou qualquer outra diferença que fuja
dos padrões impostos pela sociedade, muitos
alunos atualmente são submetidos a algum
tipo de preconceito. Esses comportamentos
geram humilhação que resulta em indivíduos
acríticos, tímidos e inseguros, que se sentem
inferiorizados pelos outros. As conseqüências
dessa formação podem ser diversas e devem
ser evitadas pelos professores da área de
educação, que são os principais
intervencionistas nesse campo, assim também
uma conscientização dos professores de
educação física para trabalhar visando resolver
esse problema e criar espaços onde seja
cultivada a tolerância às diferenças e a
inclusão.
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
A PAIXÃO É UMA BOLA: de Futebol
BEGA, R. M. e FORTI, H. C.
UNIP Universidade Paulista Campus JK
A paixão incontestável dos alunos pelo futebol
está presente nas diversas faixas etárias
independente da escola ou região. Mesmo com
recursos tecnológicos cada vez mais
evoluídos, a prática do futebol e a paixão pelo
mesmo ainda se fazem presentes na
atualidade. Baseado nesta paixão pretende-se
compreender a construção cultural do futebol e
o reconhecimento das regras com agente
facilitador para a sua prática. Através da
vivência deste esporte desde como era
praticado em sua origem com regras restritas,
até o futebol atual com regras mais elaboradas,
suas influências sociais e midiáticas e ainda
diferentes formas de trabalhá-lo,
compreendendo-o de forma interdisciplinar.
Através de dados históricos foi possível
localizar diferentes jogos que se fundiram para
chegar até este esporte tão procurado, dentre
eles: Tsu chu, kemari, epyskiros, harpastum e
cálcio. Método: Os alunos foram orientados a
pesquisar diferentes formas de jogar futebol,
apresentar ao grupo as idéias de cada jogo e
desenvolve-los na prática. Quanto ao trabalho
interdisciplinar os alunos analisaram obras de
arte como Futebol de Portinari, relatando o
entendimento e a expressão das obras e
comparando-a com a realidade de hoje.
Através da música “Uma partida de futebol”,
pode-se perceber as diferentes perspectivas a
que se refere o futebol e seus elementos. As
atividades foram desenvolvidas com os alunos
da Escola Estadual Joaquim Alves Figueiredo,
em Catanduva. Resultados: Através do
desenvolvimento da prática foi possível notar
além do clima de satisfação dos alunos por
estarem praticando novas formas de jogar
futebol, compreender a relação da cultura e do
esporte e também uma certa indignação pela
ausência de regras mais elaboradas o que
possibilitou a discussão sobre a necessidade
da construção e modificação das regras e do
jogo.
Palavras-chave: Futebol, cultura, origem.
89
EDUCAÇÃO FÍSICA E CULTURA: Gera
ação por Geração
BEGA, R.M. e FORTI, H.C.
UNIP- Universidade Paulista - Campus JK
A evolução tecnológica e o amadurecimento
precoce têm trazido conseqüências negativas
tanto para o aspecto cultural quanto físico de
nossos alunos. As crianças crescem
envolvidas com aparelhos eletrônicos como
computador, vídeo-game e televisão, recursos
que além de proporcionar práticas sedentárias,
oferecem informações que na maioria das
vezes não são adequadas à idade delas,
trazendo como conseqüências experiências
hipocinéticas e uma infância pouco explorada
em relação ao “se” movimentar. A busca é
valorizar a cultura brasileira de movimento,
ampliando seu conhecimento de brincadeiras
de rua, rodas, cantigas e ladainhas
pertencentes à cultura popular, contribuindo
para sua preservação, difusão e
desenvolvimento. Os alunos foram orientados
a pesquisar com familiares e demais pessoas
da comunidade, as brincadeiras e jogos
praticados antigamente com o objetivo de
resgatá-los, trazendo para o cotidiano da
escola, já que muitas dessas atividades são
desconhecidas ou encontram-se esquecidas.
Após o levantamento de dados e brincadeiras,
os alunos fazem a exposição da brincadeira,
confeccionam o material quando necessário, e
desenvolvem a prática. As atividades foram
desenvolvidas com os alunos da 6ª série da
Escola Estadual Joaquim Alves Figueiredo, em
Catanduva. Podemos facilmente notar que as
atividades propostas proporcionaram um clima
de descontração e contentamento de todos, os
alunos participaram com prazer e mesmo após
o término do projeto as atividades continuaram
sendo solicitadas pelos alunos durante as
aulas. Acreditamos que este tipo de ação
educativa possa contribuir para aumentar o
repertório de brincadeiras e jogos onde o
movimento e a cultura se fazem presentes,
criando possibilidades de conhecimento,
reprodução e transformação das brincadeiras
através dos tempos, e também o
reconhecimento e compreensão da cultura de
um povo.
Palavras-chave : Brincadeiras. Cultura
popular. Resgate. Movimento.
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BENEFÍCIOS DO BASQUETE PARA
CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Anderson Rodrigo Ximenes; Laura
Belasco Atência
Centro Universitário de Rio Preto- UNIRP
O esporte em si deve ser expresso de maneira
prazerosa e recreativa, o adolescente deve
determinar sua aptidão assim evitará possíveis
frustrações. O objetivo deste trabalho é mostrar
os benefícios que a modalidade de
basquetebol pode proporcionar às crianças e
adolescentes de uma forma que lhe traga
prazer, evitando assim a desmotivação pelo
esporte de competição foi o objetivo deste
t r a b al h o . E s t e t r ab a l h o t e v e c om o
procedimento metodológico, apoio em uma
revisão de literatura. A ação pedagógica além
dos aspectos físicos e mecânicos, o
basquetebol deve transmite valores e as
manifestações de diferentes culturas. O
professor ou técnico, por meio da disciplina
deve fazer com que o aluno exerça um papel de
ci dadão, r espei tando as difer enças ,
exercitando a cidadania. O esporte não deve
ser entendido apenas como um fazer
mecânico, mas ser incorporador de atitudes,
um formador integral do ser humano.
DANÇA EDUCATIVA
Natalia Asse Gazola; Rafael Giaconi Motta;
Jéssica Pollianna de Souza Costa;
Wanilton Alves Garcia Filho
Centro Universitário de Rio Preto- UNIRP
A dança é a mais antiga das artes criada pelo
homem, sendo uma das três principais artes
cênicas da Antigüidade, ao lado do teatro e da
música. Caracteriza-se pelo uso do corpo
seguindo movimentos previamente
estabelecidos (coreografia) ou improvisados
( dança l i vr e) . Sem pr e ex is ti u com o
manifestação de divertimento e/ou cerimônia.
O movimento viabiliza a possibilidade de
estruturação da personal idade e da
socialização, pois leva o indivíduo entender o
que ele é, sua relação com o objeto e com o
mundo em que está inserido. O ensino da
dança nas escolas brasileiras, como forma
artística e de desenvolvimentos das
capcidades deve ser abordado dentro do
conteúdo Artes, (Teatro, Música, Dança e Artes
Plásticas) segundo os Parâmetros Curriculares
Nacionais. A arte e a educação percorrem o
mesmo caminho para promover o
desenvolvimento humano. Este trabalho tem
como objetivo
estudar os processos de
cognição corporal, desenvolvendo ferramentas
que capacitem o aluno para analise,
compreensão e entendimento da dança,
visando integração, consciência corporal,
criatividade, disciplina e musicalidade.
Verderi(2000) analisa a educação como
evolução e transformação do indivíduo,
considerando a dança como um contínuo da
educação, expressão da corporeidade. Já
Dionísia Nanni (2002) refere-se à dança como
uma forma artística de expressar sentimentos,
pensamentos e idéias através de gestos e
movimentos do corpo. Pode-se dizer então que
a consciência corporal e educação do
movimento, enquanto uma prática da
expressão corporal poderá contribuir para a
reeducação ou aprimoramento das habilidades
básicas dos padrões fundamentais do
movimento, no desenvolvim ento das
potencialidades humanas e sua relação com o
mundo. O propósito é refletir sobre a
consciência corporal e a educação do
movimento, aprofundamento na questão do
auto-conhecimento e a capacidade de criação
trabalhada por meio da dança.
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
SÍNDROME DE BURNOUT E A SUA
RELAÇÃO COM PROFISSIONAIS QUE
ATUAM NO SISTEMA SÓCIO EDUCATIVO
Rodinei Marcelino Rodrigues; Erika Morales
Puga; Altair Moioli
Curso de Pós Graduação em Educação
Física Escolar - Centro Universitário de Rio
Preto - UNIRP
Alguns dos fatores que atuam fortemente para
comprometer a saúde do trabalhador estão
vinculados ao ambiente e as condições em que
o indivíduo é exposto, somando-se a isso a
carga horária e o tipo de tarefa a ser
desenvolvida. No caso especifico deste estudo
será abordado como a prevalência de um
estado de tensão permanente, associado à
rotina das atividades, pode contribuir para o
aparecimento dos sintomas típicos da
Síndrome de Burnout em professores e outros
profissionais que atuam em instituições que
atendem adolescentes em conflito com a lei.
Este trabalho, projeto de pesquisa do Curso de
Pós Graduação em Educação Física Escolar
da UNIRP, tem por objetivo esclarecer aos
colaboradores que atuam no atendimento
socio-educativo, os fatores que causam este
transtorno emocional e suas conseqüências no
relacionamento interpessoal. Propõe ainda,
verificar alteração de comportamento durante a
rotina em sala de aula e com os adolescentes
em conflito com a lei. Inicialmente será
realizada uma avaliação psicológica por meio
de psicólogo da equipe multidisciplinar,
baseada em anamnese constituída de
questões direcionadas ao comportamento do
indivíduo dentro e fora do seu ambiente de
trabalho, a fim de identificar alterações de
humor e níveis de estresse. Também serão
aplicados testes de personalidade: ISSL
(Inventário de Sintomas de Estresse para
Adultos e MBI (Inventário de Burnout de
Maslach), específico para identificação da
Síndrome. Após a aplicação dos instrumentos
de avaliação psicológicos será realizado um
levantamento de dados e classificação dos
integrantes em dois grupos: o de risco e os que
estão propensos a desencadear a Síndrome.
Diante deste levantamento será elaborado o
trabalho direcionado e encaminhamento
psicológico. Conforme os dados e informações
coletados a partir da revisão de literatura em
91
pesquisas realizadas sobre a Síndrome de
Burnout, pode-se considerar preliminarmente
que muitos profissionais sofrem deste
transtorno e parte deles não reconhecem a
gravidade da doença ou compreendem que
este estado pode afetar o desempenho nas
atividades diárias tanto profissionais quanto
afetivas e sociais.
Palavras chave: Síndrome de Burnout,
Menor em conflito com a lei; Educação Física
ATI ACADEMIA PARA TODAS AS IDADES:
Uma relação socio-afetiva
Marcio Ribeiro de Aguiar; Maykon Fernando
da Costa Rodrigues; Rogério Ribeiro
Domingues Correa
Centro Universitário de Rio Preto - UNIRP
A implantação das ATIs Academias para todas
as idades, é um projeto da Secretária Municipal
de Esportes e Lazer da cidade de São José do
Rio Preto-SP, que oferece à população
atividades físicas em unidades instaladas em
praças públicas ou centros esportivos
compostas de aparelhos para a prática de
exercícios resistidos sem sobrecarga. Este
pr o j et o t em o ac om p anh am en to de
Professores de Educação Física para a
orientação à população. O objetivo deste
trabalho é relatar a experiência com o
programa de atividade física desenvolvido
nestas academias, destinado ao atendimento à
população idosa. O público freqüentador de
cada ATI é bastante diversificado, tanto na
questão da idade, quanto nos objetivos que
querem alcançar com as atividades físicas. A
maioria dos freqüentadores procura os
horários da manhã e no final da tarde, porque
nesses períodos encontram os Professores de
Educação Física para orientar e passar as
séries de exercícios para aquele dia, que
começa com alongamentos, depois os
exercícios nos aparelhos e complementar com
exercícios localizados e alongamentos. As
unidades de ATIs, além de proporcionar uma
melhor qualidade de vida à população, também
são um meio de interação social, onde seus
92
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
freqüentadores comentam assuntos da
semana, debatem sobre diversos temas como:
futebol, política, acontecimentos locais e os
problemas do dia-a-dia. Em alguns momentos
as ATIs se transformam em uma espécie de
“divã”, no qual os freqüentadores expressam
suas idéias, seus pensamentos, suas aflições,
alegrias, angustias, medos e outros
sentimentos.
Palavras Chave: Academia para Todas as
Idades. ATIs. Atividade física. Terceira idade
cancros sociais, tal o nível de discriminação
que se evidencia entre hábil e inábil, vencedor
e derrotado, forte e fraco, homem e mulher.
ESPORTE ESCOLAR E INTERFERÊNCIAS
EXTERNAS:
visão da psicologia do esporte
Ana Cláudia G.A.Pinto, Jacqueline Carvalho,
Thadeu E.A.S.César, Afonso Antonio
Machado & Gustavo Lima Isler
(LEPESPE- D.E.F./ I.B-UNESP- Rio Claro)
EDUCAÇÃO FÍSICA FEMININA:
descompassos existentes
Thalita Carvalho de Moura, Fernando César
Gouvêa, Daniel Presoto, Lucas
Scarone Silva & Afonso Antonio Machado
(UNESP- IB- DEF- LEPESPE)
O esporte, até mesmo o escolar, é uma
atividade multifacetada, com inúmeros
aspectos e ângulos que favorecem bons
exames, diante dos aspectos sociais e
pedagógicos a que se propõe. Um desses
aspectos é a visão da facilitação social e
agrupamento, que deve ser, antes de mais
nada, de caráter formativo. A inclusão social de
um indivíduo pressupõe relação social,
convivência, adaptação i nstitucional ,
aprendizagem de normas, leis e valores do
grupo, tornando- se a socialização num
processo interativo, no qual o indivíduo e a
sociedade influenciam-se mutuamente, com
avanços e recuos singulares. Mas isto
acontece em nossas aulas de Educação Física
Escolar, com as meninas? Tomados desta
curiosidade, em pesquisa etnográfica, em oito
escolas da periferia de Rio Claro, por meio de
filmagens, coleta de depoi mentos e
entrevistas, coletamos elementos que,
categorizados, permitiram elucidar que a falta
de exemplos fortes, que a ausência de regras
sociais, a ineficiência dos métodos de ensino e
a inexistência de lideranças femininas com
propósitos sociais dificultam a inclusão social
na evolução desta atividade que chega a
ocupar a posição de formadora de entraves e
Investigar os efeitos da torcida sobre atletas,
em momentos esportivos, representa um
estudo apurado entre questões em constante
evidência, tanto na Psicologia como no
Esporte. A opção de encaminhamento deste
trabalho foi analisar as interações sociais,
durante jogos escolares; em especial,
investigar sobre o efeito da torcida nos alunos
que disputavam tais jogos, partindo para as
análises dos discursos coletados, por meio de
entrevistas e depoimentos, em pesquisa do
tipo etnográfica. Dados reveladores de maior
necessidade de atenção com a prática
esportiva escolar, na feição de aula, treino ou
campeonato, bem como uma melhor interação
pais- professores- alunos são respostas aos
questionamentos aqui iniciados. Constatou-se,
também, que a excitação da torcida é fator de
incômoda e crescente agressividade, em
especial quando os pais compõem o grupo de
torcedores. Em relação à ansiedade, é
unânime a alteração do estado, em jogos
decisivos, quando a cobrança do professor é
mais incisiva. Conclusivamente, esta pesquisa
remete a uma maior reflexão sobre a
necessidade de se tratar a Psicologia do
Esporte, inclusive do Escolar, como uma das
ciências do esporte de primeira importância,
tendo em vista o suporte e a complexidade de
interações por ela possibilitadas.
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
ARBITRAGEM NO FUTEBOL ESCOLAR:
perspectivas da Psicologia do Esporte
Renato Henrique Verzani, Kauan G.Morão,
Leonardo Zanesco,
Franz Fischer & Afonso Antonio Machado
LEPESPE DEF- IB- UNESP
São raros os trabalhos que tratam da
arbitragem num modo geral, em especial da
arbitragem em jogos escolares de futebol de
campo. O árbitro exerce um papel muito
importante dentro do futebol e, na escola, vai
além da já difícil função de aplicar a regra até
suas atitudes, que têm um maior alcance: sem
a intervenção competente do árbitro, os
propósitos educativos e pedagógicos do jogo
não seriam atingidos. Como todos que fazem
parte deste macrouniverso, o árbitro sofre com
pressões que podem vir da mídia (dependendo
do nível do campeonato), família, amigos e
superiores. O objetivo deste estudo foi verificar
a influência da interferência externa sobre os
ár bi tr o s de fut ebol , que at uam em
campeonatos escolares. Foram participantes
desta pesquisa 26 árbitros, sexo masculino, em
jogos escolares realizados na cidade de Rio
Cl ar o, ent re 2007-09. Por m eio de
questionários, obtivemos os seguintes
resultados: a responsabilidade de não cometer
erros foi apontada como sendo o principal
complicador para exercer a função de árbitro
dentro da escola (44%), conciliar problemas
externos com a atividade de árbitro (26%) e
dificuldade de ser imparcial (11%), manter a
concentração para tomar decisões (10%) e
pressão da torcida e jogadores/ alunos (9%).
Por unanimidade, 100%, os árbitros afirmaram
que a torcida não os influência, apesar de sentila. No aspecto reclamação os árbitros
responderam que as aceitam (57%) mas de
forma moderada, agora 25% aceitariam e
tentariam convencer o infrator de que estão
certos, os que não aceitariam reclamação
alguma representam 18% dos árbitros
questionados. No que diz respeito a escala de
jogos, os árbitros responderam que ficam
ansiosos (42%) e apreensivos (38%),
enquanto apenas 20% afirmam que não se
alteram. Por fim, os árbitros não largariam a
arbitragem caso houvesse algum problema
grave durante sua atuação (100%), diante
disso perguntamos o que fariam, 43%
93
Disseram que se preparariam melhor para não
errarem mais e os demais, 57% afirmam que
erros acontecem. Esses dados mostram que a
preparação psicológica para o árbitro, não
somente o que atua em campeonatos
escolares, é muito importante, nota-se ainda,
pelas respostas, que a Psicologia do Esporte
vem sendo pouco usada na formação de
árbitros, merecendo atenção mais elaborada.
ESTABILIDADE EMOCIONAL EM EQUIPES
ESPORTIVAS FEMININAS: contribuições
da Psicologia do Esporte
Luana Pilon Jürgensen, Thalita Carvalho de
Moura, Afonso Antonio Machado, Matheus
Buratti Sanches & Lucas Scarone Silva
(LEPESPE / D.E.F / I.B. / UNESP -SP-Brasil)
Este trabalho, por meio de revisão de literatura,
e pesquisa de campo categorizou
comportamentos, tidos como de risco
emocional, de 218 atletas de Voleibol feminino,
de equipes de diferentes campeonatos, da
A.P.V. (Associação Pró- Voleibol) e da F.P.V.
(Federação Paulista de Voleibol). Por meio de
questionários e entrevistas, coletaram-se
dados que passaram a ser analisados com a
técnica da categorização e foram localizados
sintomas de violência e ansiedade, alteração
do sono, dificuldade de atenção seletiva,
irritabilidade, angústia e apatia, entre outros
distúrbios afetivo- emocionais menos
freqüentes entre atletas de esporte
competitivo. Na possibilidade de respostas
duplas( 100-100), 73% das atletas estudadas
informam sentir medo do insucesso e não
atingirem suas próprias expectativas, ou de
atrapalhar suas equipes ou colegas (54%).
Angústia, medo e apatia (48%) e estresse pelo
treinamento esportivo exagerado (63%) foram
apontados na fase competitiva e póscompetitiva. Estas evidências permitiram- nos
concluir que a preparação psicológica não é
empregada, possibilitando uma maior
desagregação psico e social do grupo, bem
como uma maior exposição do mesmo à
transtornos emocionais moderados ou graves.
Denotam ainda a emergente necessidade da
atuação do profissional da área e um melhor
uso dos estudos relativos a Psicologia do
Esporte, no treinamento esportivo.
94
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
A MOTIVAÇÃO NO VOLEIBOL: aspectos
psicopedagógicos
Luana Pilon Jürgensen e Afonso Antonio
Machado
vez mais profissionais da área de Psicologia do
Esporte qualificados para ajudar os atletas a
potencializar seu jogo como um todo, pois o
que foi exposto é o que difere os atletas
vencedores dos perdedores.
UNESP/ IB/ DEF/ LEPESPE
O Voleibol é um esporte que tem como
c a r ac t er í s t i c a m ar c a n t e u m g r an d e
componente mental. A prática de bom nível
desta modalidade exige um grande controle
psicológico por parte dos praticantes. Dentro
deste contexto, a busca por trabalhos que
procurem melhor entender este lado
psicológico da performance dos atletas se faz
necessária. A finalidade do presente trabalho
foi de verificar o perfil psicológico de atletas de
16 a 22 anos que disputam campeonatos
filiados a Federação Paulista de Voleibol (FPV)
e a Confederação Brasileira de Voleibol (CBV),
buscando mais precisamente a compreensão
da variável motivação em momentos próprios
de treinamento e de competição da modalidade
em questão. Aplicou-se entrevista semiestruturada em 45 atletas, sexo masculino,
faixa etária entre 16- 19 anos, quando se
gravaram os dados que foram analisados por
categorias. A grande maioria dos atletas admite
que sua motivação é maior em campeonato do
que em treino; a motivação aumenta quando a
torcida está a favor; para alguns tenistas a
motivação para virar um jogo quando parece
perdido depende da situação do placar, dele na
partida (de acordo com sua performance) e do
adversário; em alguns casos se sentem mais
motivados quando jogam contra adversários
de melhor ranking; muitos se sentem
desmotivados a jogar contra adversários de
nível técnico inferior ao seu e por último, alguns
atletas atingem esse ponto máximo de
motivação influenciado por fatores extraquadra. Diante do exposto, a motivação foi
influenciada pelos fatores extrínsecos (torcidas
a favor e contra), muitos atletas se sentiram
m ot i va dos a v i r ar u m a pa r ti da por
considerarem a tarefa de dificuldade média
com grande nível de desafio e os atletas mais
experientes possuíam maior motivação frente
às dificuldades por possuírem maior vivência
no esporte. Considerando a importância da
motivação para o processo de ensinoaprendizagem e para o desempenho, sugerese que as academias e os clubes tenham cada
ESPORTE DE ALTO NÍVEL E TENSÕES
COMPETITIVAS
Gustavo de Lima Isler e Afonso Antonio
Machado
UNESP/IB/Rio Claro/ LEPESPE
ESEF - Jundiaí
As tensões próprias da competição esportiva,
que tanto interferem no rendimento atlético,
podem ser prevenidas com eficácia através de
uma preparação psicológica adequada. Desde
a aparição do conceito de preparação
psicológica, com suas técnicas especializadas,
sustentadas em bases científicas
inquestionáveis, observamos o rendimento
atlético crescer e superar patamares
desconhecidos. Uma revisão de literatura
embasou a pesquisa de campo que possibilitou
categorizar alguns comportamentos de 135
atletas de Voleibol masculino. Análise dos
estudos de De Rose Junior (1997),
Machado(1998) e Hanin (2000) favoreceram
os levantamentos de dados, possibilitando a
realização de comparações e correlações de
dados, conforme resultados encontrados. Em
nossas coletas verificou-se a situação
constrangedora de não se poupar o adversário,
para atingir a vitória e a luta corporal foi
considerada justa para defender o time, sem
respeitar os limites sociais. Entendemos que,
da maneira como se tem apresentado, a
atividade física competitiva apenas retrata as
questões envolvidas com o desenvolvimento
físico, isolando e ignorando as possibilidades
de um entrosamento da saúde mental e
desenvolvimento afetivo-social, concorrendo
para um desenvolvimento pleno do atleta.
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
MÍDIA ESPORTIVA E O TORCEDOR:
análise de um contexto esportivo danoso
Thadeu E.A.S.César, Afonso Antonio
Machado, Henrique Garcia Roncoletta, Franz
Fischer, José Elzo Franco Junior
95
CAPOEIRA DA HORA: Projeto
desenvolvido na Escola de Educação
Especial da APAE de São José do Rio
Preto-SP
Amaury José Semedo Neto
APAE e Secretaria de Esportes de Rio Preto
UNESP/IB/DEF - LEPESPE
Verificar a interferência exercida pelo locutor ou
comentarista sobre o espectador do
espetáculo esportivo, foi objetivo desta
pesquisa. Apoiado em literatura da área,
soubemos que o comportamento do torcedor
decorre de vários aspectos que compõem a
vida deste ator, tais como os econômicos,
políticos ou socioculturais.( MACHADO e cols,
2007). Outro fator decorre da mídia que
trabalha com o sensacionalismo: o jogo de
cena e as palavras enviezadas alteram nosso
imaginário, diante de situações que não
condizem com o real. Muita da elucubração e
análise realizada no meio midiático não
corresponde com a situação contextual real.
Adotou-se a metodologia qualitativa, pesquisa
de campo do tipo participante, com um
conjunto de 156 torcedores denominados
ocultos (TUTKO, 1989), que ouviram ou
assistiram uma partida de futebol e foram
sondados por meio de questionário de
perguntas abertas, semi-estruturadas. Para
analisar a alteração condutal, no decorrer da
partida, optou-se pela observação direta e
auto-relato, ampliando o entendimento do
fenômeno estudado, o que favorece a
compreensão e correlação com demais fatos
semelhantes, na sociedade do espetáculo. As
respostas foram analisadas pelo critério de
categorização. Constatamos a indução por
parte dos locutores/comentaristas nos estados
e m o c i o n a i s d o s t o r c e d o r e s - o c u l t os ,
acarretando situações de descontrole
emocional e alterações fisiológicas severas,
seguidas de demonstração de ansiedade e
raiva, desinteresse e apatia. Recomenda-se
que a Psicologia do Esporte possa ser mais e
melhor empregada junto à mídia esportiva, na
possibilidade de diminuir a pressão exercida
por estes profissionais àqueles que praticam
ou assimilam os elementos por eles
veiculados.
A Capoeira destaca-se hoje no cenário mundial
como uma expressão cultural afro brasileira
que mistura esporte, dança, luta, cultura
popular, música, brincadeira e educação.
Criada pelos escravos africanos e seus
descendentes em solo brasileiro. O trabalho
desenvolvido na APAE tem como objetivo
promover a inclusão social e a melhora na
qualidade de vida de seus participantes, tanto
física quanto mental. A metodologia utilizada no
projeto foi desenvolvida pelo professor Amaury
e baseia-se nos princípios da Capoeira Angola,
onde o aluno expressa todo o seu sentimento
dentro da roda de capoeira. O Projeto Capoeira
da Hora vem atingindo re sultado s
surpreendentes e plenamente satisfatórios no
âmbito social, motor e esportivo, além do
resgate cultural. Atualmente com a prática da
capoeira, os alunos estão mais participativos,
sentindo-se importantes e responsáveis.
BENEFÍCIOS DA ATIVIDADE FÍSICA NA
MELHOR IDADE
Venâncio Aiello; Flávio Olimpio Camargo e
Taísa Adriana de Moura
UNIRP Centro Universitário de Rio Preto
A expectativa média de vida vem sofrendo um
acréscimo. Isto se dá, devido à melhora da
qualidade de vida, que é a satisfação
harmoniosa dos objetivos e desejos de alguém,
além de implicar numa idéia de felicidade, ou
seja, a ausência de aspectos negativos. Assim,
para se obter essa qualidade de vida é
necessária que haja um equilíbrio e um bemestar entre o homem como ser humano, a
sociedade em que vive e as culturas existentes.
O objetivo do programa de exercícios para
idosos é melhorar as capacidades motoras,
proporcionar a manutenção do sistema
cardiovascular, neuromuscular e
96
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
cardiorrespiratório, melhorar a auto-estima,
relacionamentos interpessoais,
proporcionando assim, sensações de bem
estar. Como procedimentos metodológicos
utilizamos, um questionário para avaliar os
participantes, se pratica ou não atividade física.
Se o mesmo apresentar alguma patologia será
recomendado a procurar um médico para
realizar uma bateria de exames na tentativa de
diagnosticar o mal com a menor chance de
erro. Através deste diagnóstico, das
capacidades físicas e das modificações
fisiológicas do envelhecimento são aspectos
fundamentais para a elaboração e prescrição
de exercícios no programa de atividades físicas
para idosos que deve estar direcionado ao
melhoramento da flexibilidade, força,
coordenação e velocidade, elevação dos níveis
de resistência, com vistas á redução das
restrições no rendimento pessoal para
r eal izaç ão de ati vidades coti dianas;
manutenção da gordura corporal em
proporções aceitáveis. Concluímos que a
atividade física, quando bem orientada e
monitorada, é um meio que promove a saúde
funcional do idoso. Portanto é necessário uma
mudança no paradigma atual e fazer do
exercício físico uma rotina que proporcione
prazer e promova saúde e funcionalidade ao
idoso.
PRESSÃO ARTERIAL E ATIVIDADE
FÍSICA: RISCOS E BENEFÍCIOS
Almir Rogério Bortoleto
FAMERP Faculdade de Medicina de Rio
Preto
A pressão arterial, quando em níveis
tensionais muito elevados tem sido nos
últimos anos responsável pela maioria dos
casos de morbimortalidade não só no
Brasil, mas no mundo. O exercício físico
quando bem orientado é um grande aliado
na prevenção e controle da pressão
arterial. Através deste trabalho tenho o
objetivo de informar e orientar as pessoas
sobre o problema e mostrar que com uma
simples mudança do estilo de vida, irão
melhorar sua qualidade de vida. Todas as
informações foram conseguidas através da
pesquisa de Artigos Científicos, Livros
e Revistas. Todos os estudos pesquisados
mostraram uma redução significativa da
pressão arterial com a prática de exercícios
físicos aeróbios e resistidos sob uma boa
orientação e que pequenas mudanças no
nosso cotidiano farão com que nossa
qualidade de vida seja muito melhor e que
exercício físico regular e bem orientado só
tem benefício.
ANALISE DA COMPOSICAO CORPORAL E
DESEMPENHO MOTOR EM PRATICANTES
DE GINASTICA ARTISTICA FEMININA NA
FAIXA ETARIA DE 08 A 10 ANOS.
Cleide Monteiro
UNESP - Presidente Prudente
O presente estudo teve por objetivo analisar a
composição corporal e o desempenho motor
em meninas praticantes de ginástica artística
na faixa etária de 08 a 10 anos. A amostra foi
constituída por 17 indivíduos de um grupo de
meninas praticantes de ginástica artística que
fazem parte do projeto "Ginástica Artística: um
projeto de vida", do campus da Faculdade de
Ciências e Tecnologia da UNESP de
Presidente Prudente. Foram analisadas as
variáveis de desempenho motor (flexibilidade
através do teste de sentar e alcançar; forca
muscular dos membros inferiores através do
teste de impulsão horizontal; agilidade através
do teste Shutlle Run e Resistência Muscular
Localizada através do teste de Repetições
Abdominais) e variáveis antropométricas
(estatura e composição corporal). Os
resultados mostraram que as variáveis
antropométricas estudas em praticante de
ginástica artística apresentaram diferenças em
relação aos dados da literatura apresentados
em crianças não praticantes de ginástica
artística. Esses dados sugerem que o
treinamento esportivo não afeta o crescimento.
No entanto, os resultados obtidos para as
variáveis motoras apresentaram valores
superiores favoráveis às praticante de
ginástica artística o que nos levou a concluir
que essas variáveis podem ser afetadas pelo
treinamento especifico.
Palavras chave: Composição Corporal,
desempenho motor, ginástica artística feminina
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
A INFLUÊNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA NOS
ESTADOS PSICOSSOCIAIS EM
PORTADORES DE HIV COM SÍNDROME
DE LIPODISTROFIA MUSCULAR.
Flávio Cristiano Tasso; Sueli Aparecida
Ferreira; Altair Moioli
Universidade Paulista, Campus JK
As infecções causadas pela AIDS, em um
período de tempo muito pequeno, causaram
uma epidemia mundial e com isso transformou
a vida de milhares de pessoas, alterando seus
hábitos e interferindo diretamente nas suas
relações interpessoais. A sociedade, por sua
vez, sofreu com as transformações inerentes a
esse processo e passou a conviver com
situações de intolerância, preconceito,
estigmatização e exclusão social contra os
portadores da doença. Associado a isso,
alguns pacientes apresentam a Síndrome de
Lipodistrofia Muscular, causada pela
concentração de tecido adiposo em algumas
partes do corpo como, por exemplo, o
abdômen e a região cervical. Estas alterações
são provocadas pela alta concentração dos
medicamentos ingeridos para controlar o
avanço da doença que, além das mudanças
corporais, pr ovocam ainda impactos
psicológicos significativos no comportamento
do portador, pois pode revelar o diagnóstico de
soropositividade. A Lipodistrofia altera a
aparência física dos portadores de tal modo
que pode ser encarada como um estigma
associado à terapia contra a infecção do HIV.
Há uma configuração peculiar da gordura
cor poral, destacandose a acentuada
pr ot uber ân ci a da r eg iã o abd om in al ,
afinamento dos membros superiores e
inferiores e alterações significativas no rosto
com intensa perda de gordura nas bochechas.
Assim, este trabalho volta seu foco de interesse
para a identificação da Síndrome de
Lipodistrofia Muscular, tendo como objetivo
principal analisar as alterações nos estados
psicossociais do portador do HIV/AIDS e os
efeitos da atividade física como forma de
melhorar a qualidade de vida deste público.
Como procedimento metodológico, utilizou-se
uma pesquisa de natureza qualitativa,
descritiva, baseada na história oral e com apoio
de bibliografia específica da área da saúde e do
esporte. Os relatos colhidos apontam para a
97
reclusão social dos indivíduos acometidos pela
Síndrome de Lipodistrofia como forma de
preservar a sua identidade de portador da
doença. O medo à exposição pública do corpo,
o estresse provocado pelo enfrentamento ao
preconceito; a falta de perspectiva nos
relacionamentos amorosos (homo ou hetero);
a discriminação nas inúmeras avaliações
sociais e a baixa auto-estima altera o sistema
imunológico e pode contribuir
significativamente para o avanço da doença.
Como conseqüência, os pacientes são
vulneráveis as alterações emocionais, levando
muitas vezes a profundos estados de
depressão. Nesse sentido, a orientação e a
prática de atividade física para os portadores
do vírus HIV e os pacientes com AIDS, mesmo
que ainda apresente dúvidas e desencontros
em relação a sua aplicação pareceu
representar a porta de entrada para a retomada
de uma vida ativa, saudável e com qualidade.
Palavras chave: HIV/AIDS. Lipodistrofia
Muscular. Estados Psicossociais.
A CONTRUBUIÇÃO DO AUMENTO DA
FORÇA MUSCULAR NO IDOSO PARA A
QUALIDADE DE VIDA
Silvio Antônio de Almeida; Baden Powell
Arroio Marossi; Marco Antonio Lages;
Jeferson Fernandes Teixeira; Carlos
Alberto Pirassolo
Centro Universitário do Norte Paulista UNORP [email protected]
Em busca da utilização de um treinamento
físico de aumento de força e tendo como
objetivo maior expectativa de vida e
menores gastos com a saúde, o estudo
feito com um senhor de 73 anos,
apresentando o quadro “sedentário”, e se
encontra em processo de envelhecimento
agudo. O indivíduo, nesse caso como
“objeto da pesquisa,” deve manter uma
regularidade de atividades físicas com a
finalidade de prevenir doenças crônicodegenerativas, dentre as quais: diabetes
mellitus, colestrol alto (LDL), cardiopatias e
98
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
o c o rr ê nc ia s d e in f ar t o .
Pa ra o
desenvolvimento deste trabalho, utilizouse um exercício de musculação com
protocolo de uma repetição máxima (1RM),
que se denomina a “capacidade máxima”
ou “força máxima”, que um indivíduo
consegue suportar ao levantar um peso
determinado, em apenas uma repetição. A
atividade foi executada no aparelho
“cadeira extensora”, durante o período de
oito meses, sendo avaliado sempre na
última sexta-feira de cada mês. A partir de
dados coletados durante essa pesquisa, foi
constatado que o idoso tinha várias
dificuldades, como trocar os passos e subir
uma escada. Obteve um resultado positivo
durante o treinamento, quanto à melhora
da condição física, melhora da capacidade
de agir sem ajuda, recuperação mais
rápida da fadiga. Concluiu-se que, com
trabalho orientado, os efeitos da atividade
física regular, quanto ao ganho de força são
fundamentais para a autonomia do idoso.
Em relação aos aspectos psicossociais, foi
observado também, uma melhora em sua
auto-estima, adquirindo coragem para
f a z e r s u a s o c u p a çõ e s d i á r ia s e
f o r t a le c e n d o su a i n d e p e n d ê n ci a ,
mantendo-se assim em constante convívio
social especialmente em seu grupo de
atividades
Palavras-chave: força muscular; idosos;
doenças degenerativas; treinamento
resistido.
PROGRAMA MESTRES DA ESPERA
Ana Paula Christoforo, Anália de Souza
Gama da Silva, Guilherme Rocha Britto,
Sandra Regina Domingos de Brito
Centro Universitário de Rio Preto - UNIRP
Através da linguagem corporal pode-se
perceber significados, valores, sentimentos e
emoções, por vezes r el aci onados a
necessidades, carências ou dificuldades
pessoais. A utilização do movimento humano
como instrumento de diagnóstico para detectar
essas dificuldades é de fundamenta
importância para uma interferência profissional
no meio educativo.Os benefícios e valores
adquiridos na esfera emocional auxiliam o
indivíduo no desenvolvimento de sua
personalidade, identidade e cidadania,
contribuindo seu bem estar. Este trabalho tem
como objetivo a investigação dos efeitos
psicológicos emocionais em um programa de
oficinas pedagógicas envolvendo jogos,
brincadeiras e trabalhos manuais
d e s e nv o l v i d as e m s al a d e e s p er a ,
promovendo o bem-estar dos pacientes que
ficam na espera para serem atendidos. Além de
possibilitar aos alunos do curso de Pedagogia e
Educação Física a vivência no fazer, através
das atividades de coordenação, comunicação,
integração e socialização, proporcionando a
ação prática norteada pela crítica-reflexiva,
preparando-os para o exercício funcional e
profissional, bem como a integração à
comunidade através do atendimento aos
pacientes das Clínicas Integradas do Centro
Universitário de Ri o Preto
UNIRP.
Participaram 11 discentes, que atenderam 146
pessoas no período de 03 de setembro de 2007
a 30 de novembro de 2008. Os atendimentos
foram realizados às quartas e sextas-feiras,
com duração de duas horas, das 14hs às 16hs.
O Programa Mestres da Espera possibilitou
humanizar os pacientes em tratamento de
s aú de , m i ni m i z and o os s of r i m ent o s
proporcionados pela doença e pelos eventos
estressantes típicos da experiência com
enfermidades; ampliou o repertório de
comportamentos colaborativos e de interação
social; bem como uma melhor adaptação às
condições adversas impostas pelo ambiente
clínico. Também se fez muito relevante em
ações que proporcionam grande aprendizado,
tanto para os acadêmicos envolvidos como
para as crianças, mães e acompanhantes dos
beneficiados. Com a finalidade de propiciar a
difusão da integração/solidária produzido na e
pela ação docente-comunidade, além de
constituir-se num espaço de reflexão da prática
e de crescimento pessoal e profissional dos
futuros professores. O jogo e a brincadeira
planejados podem constituir uma atividade de
intervenção sistemática da psicologia
emocional, útil à compreensão de como
crianças, jovens e adultos enfrentam a doença
e o tratamento.
Palavras-chave: recreação planejada;
brincar; sala de espera, psicologia emocional
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
ESTUDO DA AGRESSIVIDADE NAS AULAS
DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
Gleiciane Cristina De Souza; Altair Moioli
Curso de Pós Graduação em Educação
Física Escolar. Centro Universitário de Rio
Preto - UNIRP
Introdução: A agressividade esta alcançando
grandes proporções dentro e fora da escola.
Fortes questões sociais como: desemprego,
moradia, fome, saúde e educação, abalam a
estrutura familiar refletindo no contexto escolar,
pois a criança reproduz o que ela vivencia.
Estas questões rel acionadas com a
desigualdade, exclusão social tem conduzido
ao crescimento da delinqüência e da violência,
quer na sociedade ou no interior da escola. A
imprensa tem divulgado regularmente
comportamentos agressivos no ambiente
escolar envolvendo alunos contra professores,
alunos contra alunos e, também, professores
contra alunos. Esse clima beligerante contribui
para que as aulas de Educação Física, que
deveria ser um momento de aprendizagem e
c o n he c i m e nt o , t o r n a m - s e l o c a i s d e
manifestação catártica da agressividade.
Objetivo: Este estudo teve como objetivo
principal compreender as relações que se
estabelecem neste ambiente, em especial
como se manifesta a dimensão afetiva e a
agressividade nas aulas de Educação Física
no ensino fundamental de nove anos, em
escolas da Rede Municipal do 1º ao 4º ano.
Metodologia: A metodologia utilizada para o
desenvolvimento deste trabalho teve como
base a pesquisa-ação, que permite aos
participantes do ambiente escolar, encontrar
soluções para os problemas decorrentes do
cotidiano deste lócus. Esta metodologia produz
informações e conhecimentos a partir da
observação e intervenção pedagógica, na
tentativa de resolver, ou pelo menos, elucidar
os problemas apresentados. Esta pesquisa
teve inicio com a observação do professor
sobre o comportamento agressivo dos alunos
durante as aulas de Educação Física, onde
eram constatadas ações e atitudes de
discriminação, intolerância, agressões físicas e
verbais. Essas atitudes, que podem às vezes
ser consideradas como brincadeiras inocentes,
inerentes a fase de desenvolvimento da
criança, em muitos casos, podem acabar em
99
violência dependendo da visão dos envolvidos.
Considerações Finais: Vale destacar que,
durante o desenvolvimento deste trabalho,
observou-se que a atividade física e esportiva,
por suas características especificas como
promover o contato corporal, liberar sensações
e emoções, pode estar relacionada ao
desenvolvimento de aprendizagens positivas
possibilitando, propostas, estratégias,
interação e valores. Por outro lado, a própria
f al t a de pe r s pe ct i v a s po si ti v a s , de
conscientização e o profundo
desconhecimento do universo lúdico, podem
transformam essas características em atos
negativos, pois esse ambiente pode se revelar
em local apropriado para a manifestação das
frustrações do cotidiano. Aqui se inclui o
exagero da competitividade como estímulo
para a agressividade.
Palavras chave: Educação Física Escolar.
Agressividade. Competição
O IMPACTO DA ATIVIDADE FÍSICA E DO
ESPORTE NA PREVENÇÃO E NO
TRATAMENTO DE TRANSTORNOS
MENTAIS
Marcos Zardini Munoz; Altair Moioli
Curso de Pós Graduação em Educação
Física Escolar. Centro Universitário de Rio
Preto - UNIRP
A l g u m a s e s t i m a t i v a s ap o n t a m q u e ,
atualmente, cerca de 450 milhões de pessoas
sofrem transtornos mentais ou
neurobiológicos, ou então, problemas
psicossociais como os relacionados com o
abuso do álcool e das drogas. Em geral, muitos
indivíduos se transformam em vítimas por
causa da sua doença e se convertem em alvos
de estigma e discriminação. Considerando a
atividade física como uma possibilidade viável
de intervenção na melhora da qualidade de
vida e prognóstico de indivíduos com
Transtornos Mentais e de Comportamento
(TMC), o objetivo deste projeto foi, em termos
gerais, observar o impacto da atividade física e
do esporte em pessoas com TMC. Este
trabalho teve como aporte metodológico, uma
100
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
pesquisa de campo. O presente projeto foi
desenvolvido em pacientes atendidos no
“Hospital Dr. Adolfo Bezerra de Menezes”, na
cidade de São José do Rio Preto SP. Preto SP.
Os participantes deste projeto foram pacientes
do hospital, que apresentavam problemas que
compreendiam desde dependência química,
até doenças de ordem psicológica, como
esquizofrenia e depressão. Para quebrar um
pouco a característica de um programa
composto exclusivamente por atividades
físicas e esportivas, foram incluídas no projeto,
atividades recreativas voltadas a adultos. Com
base na observação dos resultados, nos quais
se registrou a eficiência do exercício físico e o
esporte, as sociado à pr es cr ição de
medicamentos, uma melhora da saúde mental
e controle da ansiedade e depressão, concluise que a atividade física e o esporte, realizados
sistematicamente, conferem benefícios aos
praticantes e têm seus riscos minimizados
através de orientação e controle adequados,
resgata a corporeidade contribuindo para
vencer ou estabilizar as limitações impostas
pela doença. Este estudo comprova os
resultados encontrados na literatura, os quais
indicam que “as intervenções do exercício
sobre pacientes depressivos mostraram que o
exercício aeróbico é eficiente para reduzir a
depressão unipolar sem melancolia e/ou
condutas psicóticas”.
Palavras ch ave: Transtorno mental.
Depressão. Ansiedade. Esporte. Atividade
física
O JOGO DE XADREZ COMO RECURSO
PEDAGÓGICO NAS ESCOLAS
Rogério Toscano Martins; Altair Moioli
Curso de Pós Graduação em Educação
Física Escolar. Centro Universitário de Rio
Preto - UNIRP
Na Educação atual, em especial, na Educação
Física, apresenta-se uma grande dissonância
nos modelos e procedimentos didáticos que
possam despertar motivação nos alunos para
assistir e participar das aulas. Nesse cenário,
novas formas e práticas se fazem necessárias
para incentivar o aluno para o desenvolvimento
das capacidades de concentração, raciocínio
lógico, abstração, autocontrole, paciência,
autonomia, memória e criatividade. Destaca-se
a importância cultural e também lúdica deste
jogo e suas vantagens na memorização dos
alunos para a aquisição de conhecimento.
Considerado um jogo intelectual, é, ainda, uma
arte: pode criar beleza em partidas e problemas
que produzem, no enxadrista, a emoção
estética. E como responde a regras, leis e
situações, cuja pesquisa e estudo norteiam os
jogadores e lhes dão maior domínio no jogo, é
também, uma ciência. O xadrez é uma
poderosa ferramenta educativa. A sua prática
traz como principal benefício, o aumento da
capacidade de racionalização dos problemas
inerentes a todas as áreas da atividade
humana e, como a física, a música ou qualquer
outra área das ciências ou das artes, pode ser
estudado e aprendido. Assim, o objetivo central
deste trabalho, será mostrar o jogo de xadrez
como recurso pedagógico e potente facilitador
do processo ensino-aprendizagem no universo
da educação infantil e do ensino fundamental
para estimular o desenvolvimento de
habilidades cognitivas dos alunos. Como
procedimento metodológico foi utilizado o
instrumento técnico da pesquisa-ação, que
possibilita o participante do sistema escolar na
busca de soluções para vários problemas e
envolverá um pequeno grupo de estudantes
que freqüentam uma instituição educacional.
Foram escolhidas 20 crianças de 5ª a 8ª séries
de uma escola pública da cidade de
Fernandópolis-SP, em um projeto com 6 meses
de duração. Após esse período de
desenvolvimento da modalidade, concluiu-se
que as crianças adquiriram um poder maior de
concentração, atenção e principalmente o ato
de pensar antes de realizar algo, que serve
tanto para o xadrez, como para várias outras
finalidades no contexto social. Atendendo
assim, as diretrizes atuais da educação, no
sentido de educar para a cidadania.
Palavras-chave: Xadrez. Ensino
Aprendizagem. Escola
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
ESTRESSE EM ATLETAS DE FUTSAL
101
ESTADOS DE HUMOR NO FUTSAL
Marcelo Callegari Zanetti, Lucas Ribeiro
Cecarelli, Thayz Figueiredo, Denílson
Roberto Campos Gomes e Afonso Antonio
Machado
LEPESPE/IB/UNESP- Rio Claro
Marcelo Callegari Zanetti, Thayz Figueiredo,
José Elzo Franco Júnior, Diego Francisco de
Siqueira e Afonso Antonio Machado
O estresse configura-se como um estado
emocional vivenciado diariamente pela maioria
das pessoas, no qual, em níveis moderados
poderá auxiliar o indivíduo na adequada
realização de suas atividades, porém, quando
o mesmo experimenta elevado nível de
estresse poderá haver grande prejuízo nas
funções físicas e psicológicas. Tal situação
também se aplica ao esporte, onde inúmeros
atletas têm de lidar frequentemente com
situações de estresse intoleráveis, o que pode
levar a queda no desempenho, problemas de
saúde e até abandono precoce. Pensando
nisso, procuramos investigar os sintomas de
estresse apontados por atletas da modalidade
futsal adulto masculino e propor uma
intervenção eficaz na busca por maior controle
do mesmo. Procurando atender nossos
objetivos, foram investigados por meio da
aplicação da escala LSSPCI Lista de Sintomas
de Estresse Pré-Competitivo, 41 atletas (7
diferentes equipes) com idade entre 15 e 36
anos (22.3±6.2) participantes da Copa
DEC/Liga 2009 de Futsal, categoria adulto
masculino, realizada em São José do Rio
Pardo SP. Os dados foram coletados entre os
dias 21 e 26 de janei ro de 2009.
Posteriormente, os mesmos foram tabulados
para que pudéssemos identificar os principais
sintomas de estresse pré-competitivo
a p r e s en t a d o s p el o s a t l e t a s . F o r a m
encontrados como principais sintomas de
estresse: Ficar agitado (2.95), Ficar empolgado
(2.90), Beber muita água (2.83), Sentir-se mais
responsável (2.83), Não ver a hora de competir
(2.76) e Suar bastante (2.73). Estes resultados
nos demonstram que apesar dos atletas
apresentarem um nível de estresse moderado,
o estresse dos mesmos parece misturar-se
com a ansiedade e a vontade de entrar em
quadra. Tal situação nos sugere a necessidade
de serem desenvolvidas ações antes dos jogos
que permitam com que os atletas lidem melhor
com os sintomas de estresse e ansiedade e
consequentemente atinjam maior
desempenho esportivo.
Durante nosso dia-a-dia estamos sujeitos a
alterações em nossos estados de humor,
principalmente devido a cobranças e
obrigações pessoais e profissionais. Tal
situação também é frequentemente vivenciada
por inúmeros atletas, independentemente de
sua condição, seja ela, amadora ou
profissional. Esses estados de humor também
poderão r epercutir positivamente ou
negativamente na saúde e rendimento destes
indivíduos, ajudando na consolidação de uma
carreira vitoriosa ou até mesmo contribuindo
para o abandono precoce do esporte. Por isso,
procuramos verificar os perfis de estados de
humor de atletas da modalidade futsal
masculino, bem como, alterações não
condizentes com o perfil esperado para a
prática esportiva. Foram investigados por meio
da Escala de Humor de Brunel (Brums), 41
atletas (7 diferentes equipes) com idade entre
15 e 36 anos (22.3±6.2) participantes da Copa
DEC/Liga 2009 de Futsal, categoria adulto
masculino, realizada em São José do Rio
Pardo SP. Os dados foram coletados entre os
dias 21 e 26 de janei ro de 2009.
Posteriormente, os mesmos foram tabulados
com o objetivo de identificar o perfil de estados
de humor apresentado pelos atletas
anteriormente à realização de uma partida. Os
atletas apresentaram como resultado maior
nível de Vigor, seguido por Tensão, Raiva,
Fadiga, Confusão e Depressão, o que parece
estar de acordo com o perfil sugerido para a
prática esportiva. Apesar dos atletas
apresentarem um perfil de estados de humor
adequado para a prática esportiva, é
importante que o controle de tais estados seja
realizado frequentemente durante os
treinamentos e jogos, a fim de monitorar as
alterações de humor, bem como, assegurar
estados de humor compatíveis com maior
rendimento atlético e consequentemente
reduzir o risco de overtraining.
LEPESPE /IB/UNESP - Rio Claro
102
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
MOTIVAÇÃO E ATIVIDADE FÍSICA
SUPERVISIONADA
Marcelo Callegari Zanetti, Flavio Dezan,
Renato Henrique Verzane e Afonso Antonio
Machado
LEPESPE / I. B. / UNESP - Rio Claro
O TÉCNICO E O TREINAMENTO
DESPORTIVO INFANTO-JUVENIL
Marcelo Callegari Zanetti, Flavio Dezan,
Renato Henrique Verzane e Afonso Antonio
Machado
LEPESPE / I. B. / UNESP - Rio Claro
A motivação pode ser considerada um dos
mais importantes combustíveis do ser humano,
já que, é a partir deste estado, que traçamos
nossas metas, e despendemos nossas
energias, em busca daquilo que tanto
almejamos. Por isso, objetivamos com este
trabalho, verificar os motivos apresentados
pelos alunos de uma academia de ginástica,
para a prática de atividades físicas. Foram
investigados por meio de um questionário com
questões abertas, 50 alunos (35 mulheres e 15
homens), praticantes de musculação (49) e
ginástica (1), com idades entre 18 e 80 anos
(30.5±14.4), em uma academia de ginástica de
São José do Rio Pardo SP. Os dados foram
coletados entre os dias 14 e 22 de fevereiro de
2007. Os alunos foram indagados em relação
aos fatores que mais lhe motivaram a fazer
atividade física, no qual, o aluno poderia
apresentar como resposta até 3 motivos.
Posteriormente, os motivos foram tabulados e
apresentados em valores percentuais. Os
alunos apresentaram como resposta os
seguintes motivos: Estética (30.2%); Saúde
(21.7%); Bem-estar (12.3%); Condicionamento
Físico (9.4%); Prazer (4.7%); Qualidade de
vida (3.8%); e Outros motivos (17.9%). A alta
preocupação com a estética parece refletir a
importância dada por nossa atual sociedade ao
culto ao corpo e a forma física. Porém, fatores
como a aquisição de maior saúde e bem-estar,
vêm ganhando espaço dentro das academias
de ginástica, talvez, por maior consciência da
população em relação à importância da prática
de atividades físicas na promoção da saúde.
Outro dado que nos chama a atenção, é o
significativo número de outros motivos
(17.9%), que demonstram que os motivos
apresentados pelos alunos para a prática de
atividades físicas podem variar bastante.
Portanto, é extremamente importante que os
professores conheçam os moti vos
apresentados por seus alunos para a prática de
atividade física supervisionada, para que a
partir disso, possam direcionar melhor as
sessões de treinamento destes indivíduos.
O técnico esportivo ocupa lugar de destaque na
condução dos programas esportivos, bem
como, na formação educacional,
principalmente, de crianças e adolescentes.
Cabe também ao técnico o difícil papel de
conquistar e manter estes jovens participando
ativamente destes programas, o que só será
possível se o mesmo possuir qualidades com
as quais estes jovens atletas identifiquem-se.
Pensando nisso, procuramos investigar as
qualidades que um “técnico ideal” deveria
possuir, segundo os próprios atletas, a fim de
construir um perfil que contribua para maior
taxa de adesão ao esporte infanto-juvenil.
Participaram da pesquisa, 30 atletas, com
idade entre 12 e 19 anos, que participavam
regularmente de campeonatos regionais de
voleibol em suas devidas categorias. Os dados
foram coletados entre os dias 25 e 31 de julho
de 2007, por meio de uma pesquisa de cunho
descritivo, de acordo com os critérios da
análise quali-quantitativa, com o objetivo de
investigar as qualidades que um técnico ideal
deveria possuir na visão dos(as) atletas,
ficando a critério do(a) atleta apresentar como
resposta até três qualidades. Como resultado,
os(as) atletas apontaram as seguintes
qualidades: ser paciente (20.3%), saber
motivar (15.6%), ser persistente (14.1%), ser
exigente (12.5%), ter experiência na
modalidade (9,4%), ser amigo (7.8%), saber
ensinar corretamente (6.3%), ser organizado
(6.3%), ter confiança nos(as) atletas (4.7%) e
ser educado (3.1%). As qualidades do “técnico
i d e al ” ap o nt a d as pe l o s ( as ) a t l e t a s ,
corresponderam principalmente a atributos
voltados para a orientação e aprendizado da
modalidade, e, não para a participação em
competições, o que sugere a necessidade de
serem repensadas as condutas de alguns
técnicos que creditam e atrelam a procura e
permanência das crianças e adolescentes no
esporte à participação em competições
esportivas.
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
ACADEMIA DE GINÁSTICA: BARREIRAS
PARA A PRÁTICA
Marcelo Callegari Zanetti, Leonardo Zanesco,
Henrique Roncoleta, Denílson Roberto
Campos Gomes e Afonso Antonio Machado
103
e centros esportivos também poderão lançar
mão de estratégias que permitam com que as
pessoas não necessitem despender muito
tempo para a prática de atividade física,
contribuindo assim, para diminuir os
alarmantes índices de sedentarismo da
população.
LEPESPE/IB/UNESP Rio Claro
Os benefícios da prática regular de atividade
física já estão amplamente apoiados e
difundidos, tanto pela comunidade científica,
quanto por meio do saber informal. Porém, o
alto índice de pessoas sedentárias e a grande
taxa de evasão apresentada pelos indivíduos
que iniciam um programa de atividade física
ainda preocupada as autoridades, já, que é
consenso a influência do exercício físico na
promoção de maior qualidade de vida e saúde.
Pensando nisso, procuramos investigar os
fatores que mais dificultam a prática regular de
atividade física e posteriormente propor
alternativas a fim de reverter tal situação.
Foram investigados por meio de um
questionário estruturado, de formato descritivo,
composto por questões abertas, 50 alunos (35
mulheres e 15 homens) praticantes de
musculação (49) e ginástica (1), com idades
entre 18 e 80 anos (30.5±14.4), em uma
academia de ginástica de São José do Rio
Pardo SP. Os dados foram coletados entre os
dias 14 e 22 de fevereiro de 2007. Os alunos
foram indagados em relação aos fatores que
mais dificultam a sua prática de atividade física,
no qual, o aluno poderia apresentar como
resposta até três fatores. Posteriormente, os
mesmos foram tabulados e apresentados em
valores absolutos e percentuais. Os alunos
apresentaram como resposta os seguintes
fatores: falta de tempo (28.8%), trabalho
(15.4%) , pregui ça (15.4%), fal ta de
a c o m p a n h am e n t o ( 7 . 7 % ) , p r e ç o d a
mensalidade (5.8%), locomoção (5.8%),
imprevistos (5.8%) e outros fatores (15.3%).
Neste trabalho, constatamos que a falta de
tempo é sem dúvida alguma, um dos maiores
obstáculos para a prática regular de atividade
física, porém, outros fatores também foram
amplamente citados. Tal constatação nos
sugere a necessidade de um
redimensionamento de ações que
implementem a prática de atividade física no
cotidiano das pessoas, seja no trabalho, em
casa ou no meio de locomoção. As academias
FITNESS E CONDUTA PROFISSIONAL
Marcelo Callegari Zanetti, Henrique
Roncoleta, Matheus Buratti Sanchez, Diego
Francisco de Siqueira e Afonso Antonio
Machado
LEPESPE / I. B. / UNESP- Rio Claro
Atualmente, o mundo do fitness vem sofrendo
uma transformação sem precedentes, no qual,
surgem diariamente novas academias de
ginástica, equipamentos mais modernos,
grandes investimentos em marketing, entre
outros. Tais procedimentos estão apoiados no
vigoroso crescimento do setor, além de uma
busca incessante por novos alunos/clientes.
Porém, muitas vezes, o investimento na
formação dos profissionais que trabalham
diretamente com estes alunos/clientes acaba
renegado a segundo plano, diminuindo, muitas
vezes, a qualidade de atendimento destas
empresas. Pensando nisso, procuramos
investigar as condutas que estes profissionais
não deveriam assumir perante seus alunos.
Foram investigados por meio de um
questionário estruturado, de formato descritivo,
composto por questões abertas, 50 alunos (35
mulheres e 15 homens) praticantes de
musculação (49) e ginástica (1), com idades
entre 18 e 80 anos (30.5±14.4), em uma
academia de ginástica de São José do Rio
Pardo SP. Os dados foram coletados entre os
dias 14 e 22 de fevereiro de 2007. Os alunos
foram indagados em relação às condutas que o
professor não deveria apresentar em seu
ambiente de trabalho, no qual, o aluno poderia
apresentar até três respostas. Posteriormente,
as mesmas foram tabuladas e apresentadas
em valores absolutos e percentuais. Os alunos
apresentaram como resposta as seguintes
condutas: estar desatento (28.6%), ser
desinteressado (17.3%), não apresentar um
104
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
bom conhecimento profissional (10.2%), exigir
muito do aluno (8.2%), ser mal educado (8.2%),
ser impaciente (5.1%), ser preconceituoso
(5.1%), não saber motivar o aluno (3.1%) e
outras condutas (14.2%). Por meio do presente
estudo, pudemos verificar que os
alunos/clientes buscam na figura do professor,
um indivíduo: atento, interessado, com bom
conhecimento profissional, educado, ético e
dinâmico. Tais resultados apresentam uma
estreita relação com as qualidades almejadas
pelo setor comercial e empresarial, e que tanto
podem contribuir para o sucesso quanto para o
fracasso de uma empresa. Esta constatação
nos sugere a necessidade de uma formação
adequada e aprimoramento constante deste
profissional, a fim de atender tais requisitos,
elevando o nível de atendimento e
consequentemente a uma menor taxa de
evasão e rotatividade de alunos/clientes.
COMO SE ESCOLHE UMA ACADEMIA DE
GINÁSTICA?
Marcelo Callegari Zanetti, Matheus Buratti
Sanchez, Lucas Ribeiro Cecarelli, Diego
Francisco de Siqueira e Afonso Antonio
Machado
LEPESPE/IB/UNESP Campus de Rio Claro
(Introdução) Atualmente, o Brasil é o segundo
país com maior número de academias de
ginástica do mundo, com aproximadamente
13.000 unidades, ficando atrás apenas dos
Estados Unidos com 29.000 unidades. Outra
constatação é que estes números parecem
crescer a cada dia, impulsionados pelo
vigoroso crescimento do PIB esportivo, além
de novos investimentos no setor. Porém, o que
leva o aluno a escolher uma determinada
academia? Conhecer tais motivos foi o grande
objetivo deste trabalho e é o grande desafio
daqueles que estão envolvidos no setor.
(Metodologia) Foram investigados por meio
de um questionário estruturado, de formato
descritivo, composto por questões abertas, 50
alunos (35 mulheres e 15 homens) praticantes
de musculação (49) e ginástica (1), com idades
entre 18 e 80 anos (30.5±14.4), em uma
academia de ginástica de São José do Rio
Pardo-SP. Os dados foram coletados entre os
dias 14 e 22 de fevereiro de 2007. Os alunos
foram indagados em relação aos motivos que o
levaram a escolher a academia analisada, no
qual, o aluno poderia apresentar como
resposta até três motivos. Posteriormente, os
mesmos foram tabulados e apresentados em
valores absolutos e percentuais. (Resultados)
Os alunos apresentaram como resposta os
seguintes motivos: localização (22.3%),
qualidade dos professores (20.2%), indicação
de amigos (16.0%), qualidade da academia
(16.0%), convênio com o trabalho (7.4%), valor
da mensalidade (5.3%) e outros motivos
(12.8%). (Conclusão) Dentre os motivos
apresentados a localização foi a que mais se
destacou, seguido pela qualidade dos
professores e da academia, indicação de
amigos e questões financeiras como convênios
e valor da mensalidade. Tais resultados nos
indicam primeiramente a importância da
escolha de um local para a instalação da
academia que permita com que os alunos
tenham acesso rápido e fácil. Outra questão
que nos chama a atenção é a indicação da
qualidade dos professores, que nos sugere a
necessidade destes profissionais terem boa
formação, além de um constante
aperfeiçoamento. Outros motivos como:
qualidade da academia e indicação de amigos
também foram bastante citados, o que nos
remete à necessidade da academia contar com
equipamentos de qualidade e instalações
adequadas.
A IMPORTÂCIA DO PROFESSOR DE
EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO
BÁSICA
Jeferson Fernandes Teixeira, Silvio Antônio
de Almeida, Altair Moioli
Secretaria de Esportes - UNIRP
[email protected]
A natureza do trabalho na escolarização
pressupõe que a educação deve estar
associada ao ensino de conteúdos escolares
que auxiliam o aluno a desenvolver-se
mediante a realização de aprendizagens
específicas. Valoriza-se, portanto, o conteúdo
como elemento indispensável do currículo que
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
concretiza as metas e objetivos propostos. Ao
adquirir conhecimentos importantes para o
crescimento pessoal e social obtidos na escola,
e que de outro modo não poderiam ser
aprendidos, implica considerar a inter-relação
entre conhecimentos do senso comum e os
conhecimentos científicos. Isso inclui um
conjunto de conceitos, procedimentos e
atitudes que caracterizam a cultura de
movimento.
A Educação Física envolve
atividade física, mas nem toda atividade física é
Educação Física, é necessário existir um
objetivo, um projeto pedagógico subjacente. O
movimento é o elemento fundamental que
possibilita a interação do ser humano com o
meio ambiente e, portanto, o seu não
desenvolvimento causaria um déficit na
educação da criança, tornando-a incompleta.
Poderia também ser atribuída a Educação
Física a responsabilidade de, por meio da
atividade física, viabilizar a criança o acesso à
cultura de movimento, para dela participar,
usufruir e construir no sentido da sua
ampliação, adquirir conhecimento para sua
formação. O objetivo deste estudo, é analisar a
importância do professor de Educação Física
nas aulas da Educação Básica. Como
procedimento utilizou-se a pesquisa-ação com
a observação das aulas ministradas pelos
pedagogos durante um período de cinco
meses. A escola municipal estudada está
localizada em um bairro da periferia da cidade
de São José do Rio Preto e oferece o I e II ciclo
do ensino fundamental. Constatou-se por meio
da obs er vação, que os professor es
(polivalentes), formados em pedagogia, vêem
a Educação Física como um momento de ócio
extra sala de aula e, não estando preparados
para lidar com os conteúdos específicos de
modo sistematizado, não
estimulam o
desenvolvimento de forma que, proporcionem
prazer através da brincadeira, do jogo e do
esporte. Assim, é importante ressaltar que um
processo educacional deve atender as
necessidades biológicas, psicológicas, sociais
e culturais das crianças, para tanto, é
indispensável saber identificar e diagnosticar
essas necessidades, com o intuito de promover
uma base para formar um cidadão crítico e
autônomo. Neste sentido, consideramos que
estas atividades poderiam ser planejadas e
desenvolvidas pelo professor especialista de
Educação Física, em conjunto com o professor
da sala.
105
BENEFÍCIOS DA PRÁTICA DA NATAÇÃO
PARA A QUALIDADE DE VIDA DE IDOSOS
Fernando Caris Macedo; Maísa Helena
Euzébio de Paula
UNILAGO - União das Faculdades dos
Grandes Lagos
Ao levarmos em consideração as estimativas
da população mundial que indicam o grande
aumento no número de pessoas idosas, tornase necessário desenvolver ações que visem
uma boa qualidade de vida na terceira idade,
visto as perdas fisiológicas que acometem o
organismo nesta faixa etária. Pensar em saúde
é pensar em bem estar físico, metal e social,
qualidade de vida e prevenção de doenças
cardiovasculares e crônico-degenerativas.
Outros aspectos como o sedentarismo, a
incapacidade e a dependência, são as maiores
adversidades da saúde, relacionada ao
processo de envelhecimento. Dentre os
inúmeros fatores que podem contribuir para a
obtenção de bons resultados na saúde do
idoso, a prática de atividade física vem
assumindo papel fundamental nos diferentes
níveis de intervenção. Como objetivo
buscamos conhecer os benefícios que a
prática da natação pode proporcionar a
pessoas acima de 50 anos, visando melhorias
na qualidade de vida. Para tanto foi utilizado
uma metodologia qualitativa que trabalhou com
descrições, comparações e interpretações.
Como resultados obtivemos dados que
demonstraram que a prática da natação pode
ocasionar vários benefícios, tais como
manutenção da independência e autonomia,
maior longevidade, melhora da capacidade
fisiológica, além, dos benefícios psicológicos e
sociais. Sendo assim concluímos que os
benefícios da prática de atividades aquáticas
são um melhor rendimento geral na saúde dos
idosos, baixo impacto nas articulações, além
de oferecer menores riscos, ajudará a nível
cardiorrespiratório e para uma tonificação
muscular e que a aptidão funcional do idoso, no
seu significado mais amplo, inclui sua
habilidade em executar tarefas físicas, a
preservação das atividades mentais, e uma
situação adequada de integração social.
106
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
VERGONHA, HUMILHAÇÃO E EMBARAÇO
NA EDUCAÇÃO FÍSICA E NO ESPORTE:
UMA ANÁLISE DE GÊNERO
próprio aluno e que possam desencadear a
diminuição da motivação ou rendimento.
Jaime Teles da Silva; Cristina Landgraf Lee;
Yevaldo Pereira
Escola de Educação Física e Esporte USP
EACH USP Instituto de Psicologia USP
Muita importância tem sido dada às chamadas
emoções sociais, como vergonha, embaraço,
culpa e sentimento de humilhação. Estas têm
deixado de ser vistas como mero produto de
traumas de infância, de baixa auto-estima ou
de timidez e passam a ser relacionadas às
diferenças de gênero. Pessoas não habilidosas
costumam falhar, resultando em lesões e
humilhação juntamente com preocupações e
ruminações e, subseqüentemente, tentativas
de evitar nova exposição. Desse modo esta
pesquisa buscou averiguar as situações em
que ocorrem sentimentos de vergonha,
humilhação e embaraço em aulas de Educação
Física ou atividades esportivas, bem como
suas relações entre os gêneros masculino e
feminino. Foram aplicados 110 questionários a
estudantes universitários (76% do sexo
feminino, 24% do sexo masculino), com idade
média de 19,5 anos. A análise estatística foi
feita através do programa SPSS. A análise das
respostas mostrou que as mulheres sentem
mais vergonha e embaraço do que os homens;
dão risada após o evento como recurso e
atribuem a culpa dos eventos mais aos
colegas, professores, familiares ou a ninguém.
Já os homens costumam caçoar, fazer piadas e
imitar os acontecimentos que presenciam com
maior freqüência que as mulheres. Afirmam
que se ocorresse hoje também caçoariam.
Atribuem a culpa dos eventos a si mesmos e
em relação às mulheres relatam mais
episódios sobre precisar da ajuda do professor
e expor partes íntimas do corpo durante a aula.
Em ambos os sexos, os que ficaram mais
tempo pensando no assunto, relataram mais
situações de ve rg onha e tiveram
conseqüências mais severas. Desse modo
devemos atentar para as diferenças de gênero
presentes nos alunos e atletas, bem como as
possíveis situações de vergonha, humilhação e
embaraço que surgem durantes as atividades
físicas e podem ser desencadeadas por
atitudes particulares dos presentes ou do
FORMANDO CIDADÃOS ATRAVÉS DO
FUTSAL
Diego Gontijo de Araujo; Abner Cesar
Guimarães; Wendel Roberto Pereira Peruca
Centro Universitário de Rio Preto - UNIRP
O objetivo principal deste projeto é identificar
se a permanência da criança na escola e a
conseqüente melhora no rendimento e seu
interesse nas aulas estão condicionadas a sua
participação na escolinha de futsal. Este
estudo foi realizado por meio de uma pesquisa
de campo e relata a experiência de projeto de
futsaa desenvolvida em parceria com
CEMEPE (Centro Municipal de Estudos e
Projetos Educacionais) na cidade de BarretosSP. Para participar da escolinha de esporte a
criança deve freqüentar a Escola e apresentar
boas notas. O projeto buscou, através de
questionário escrito, encontros e debates com
as crianças para acompanhar o
desenvolvimento na escola, nos quais
demonstram preliminarmente que houve uma
melhora depois da pratica do futsal.
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
NOVAS TÉCNICAS DE TRATAMENTO
APLICADAS AO CÂNCER DE MAMA:
IMPLICAÇÕES FÍSICAS E PSICOLÓGICAS
Valéria Fava Homsi
107
psicológicos ocasionados pela mutilação do
corpo.
Palavras Chaves: Câncer, Câncer de mama,
Técnicas de Tratamento
Secretaria Municipal de Saúde de São
José do Rio Preto-SP
O câncer de mama é o segundo tipo de câncer
mais comum entre as mulheres, atingindo
milhares de pessoas no mundo, com estimativa
de que 10 a 11 mil por ano evoluam para óbito.
Além da alta incidência, esta doença produz
efeitos psicológicos devastadores sobre a
percepção da sexualidade feminina e sua
expectativa de vida. Após uma mastectomia
parcial ou radical a mulher sente-se mutilada e
a possibilidade de reincidência é grande, com
prognóstico ruim e uma evolução, que na
maioria das vezes, pode levar a morte. Todas
estas condições tornaram necessário o
aperfeiçoamento das técnicas tradicionais de
tratamento como Cirurgia, Quimioterapia,
Radioterapia, Hormonioterapia e em alguns
casos o uso associado destas técnicas e a
necessidade do desenvolvimento de novas
técnicas mais eficazes, com expectativa de
cura e diminuição dos efeitos colaterais. Este
trabalho teve por objetivo apresentar as novas
técnicas para tratamento do câncer de mama
como Terapia Gênica, Terapia com CélulasTronco, Imunoterapia, Antiangiogênese, uso
de Anticorpos Monoclonais, Alvos Moleculares,
e analisar as vantagens, desvantagens e
expectativas em comparação aos métodos
tradicionais, além das conseqüências físicas e
psicológicas para a paciente. Para isto, a
metodologia utilizada teve como base uma
ampla revisão de literatura nos mais recentes
trabalhos publicados na área e a experiência
com o Curso de Pós Graduação em Biologia
Molecular aplicada ao diagnóstico laboratorial,
na Academia de Ciência e Tecnologia de São
José do Rio Preto-SP. Preliminarmente, podese considerar que ainda existem muitas
lacunas relacionadas ao tratamento do câncer
a serem preenchidas e poucos resultados
conclusivos. No entanto, a prevenção e a
detecção precoce, com diagnóstico na fase
inicial da doença evitam tratamentos mais
agressivos, como a quimioterapia e preservam
a paciente tanto dos danos físicos provocados
pela mastectomia quanto dos desajustes
A RELAÇÃO DEPENDENTE QUÍMICO E
ESPORTE
Danúbia Alves Perecin; Denize Maria
Mangas; Cristiani Gomes Lagoeiro; Altair
Moioli
Centro Universitário de Rio Preto UNIRP
O esporte é uma ferramenta importante para a
integração entre as pessoas e para o autoconhecimento, tendo em vista que sua prática
pode ser tanto individual como coletiva. É
fundamental que, através do esporte, as
pessoas possam aprender a importância das
regras, o valor do trabalho em grupo, a
disciplina, o respeito à diversidade e, ao
mesmo tempo, promover qualidade de vida,
bem-estar e saúde. Assim, é possível verificar
que o esporte é capaz de intervir na vida das
pessoas tanto no aspecto físico quanto no
aspecto psicológico e social, contribuindo para
a prevenção de doenças e outros transtornos
provocados pela modernidade. Dentre os
diversos problemas presentes na sociedade
contemporânea, está o uso de drogas. Além
dos efeitos colaterais, as drogas promovem o
isolamento dos usuários perante a a família e
os amigos por não aceitarem as regras de
convivência. Este é um problema de extrema
complexidade, pois, envolve tanto crianças
quanto adultos, e pode ser influenciado por
diversos fatores familiares, econômicos,
psicológicos. Os dependentes químicos
possuem várias características semelhantes
como dificuldade de interagir com outras
pessoas, acatar regras, baixa auto-estima,
intolerância às respostas negativas e a
frustração. Com isso, o esporte passa a ter um
importante papel na prevenção e tratamento
dos dependentes químicos por proporcionar
um trabalho para a obtenção da saúde, ao
mesmo tempo em que, promove uma reflexão
para mudanças comportamentais devido às
108
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
diferentes situações que podem surgir através
do esporte. O objetivo deste trabalho é discutir
a representação social do esporte na vida do
dependente químico. Este trabalho teve como
fundamentação metodológica uma ampla
revisão de literatura de publicações referentes
ao tema, na área da psicologia social.
Conforme os estudos apresentaram, com a
prática do esporte, os dependentes químicos
conseguem vencer dificuldades físicas onde
passam a se conhecer melhor e sentirem-se
aptos e capazes na realização de tarefas. Isso
promove o aumento da auto-estima dando-lhes
maior segurança na solução de problemas. Na
maioria das vezes, os dependentes químicos
procuram a sensação de bem-estar que os
levam ao consumo de drogas. Assim, o esporte
passa a ser uma fonte importante para que
possam suprir essa necessidade já que sua
prática promove essa sensação. Com isso, os
dependentes químicos podem se beneficiar de
mudanças físicas e psicológicas podendo
estendê-las para a realidade do dia-a-dia e
proporcionar sua reintegração na sociedade de
maneira saudável.
OS BENEFÍCIOS DA ATIVIDADE FÍSICA:
RELATOS DE OBSERVAÇÃO EM
PRATICANTES DE ACADEMIAS EM SÃO
JOSÉ DO RIO PRETO E MONTE
APRAZÍVEL SP.
Fernanda Borges de Abreu, Marília Bandeira
da Silva, Renata Monteiro Stuchi; Juliana
Prado Ferrari Spolon
Centro Universitário de Rio Preto-UNIRP
Atualmente, a prática de atividades físicas vem
ganhando cada vez mais destaque na
sociedade. A cada dia é maior o número de
pessoas que buscam praticar uma atividade
física, e grande parte delas optam por
exercitar-se em academias, onde têm
acompanhamento de profissionais que às
incentivam e ajudam na busca pelos
resultados. O objetivo deste estudo é verificar
quais tipos de melhorias podem ser
observados num grupo de praticantes de
atividades físicas em academias. O presente
estudo tem a intenção de comprovar dados da
literatura que dizem respeito aos benefícios
físicos e psíquicos observadas em indivíduos
praticantes de atividades físicas. Os resultados
esperados poderão servir de base para novos
estudos na área, auxiliando na confirmação de
dados já registrados e possivelmente na
descoberta de outros benefícios trazidos pela
prática de atividades físicas. A metodologia
utilizada foi pesquisa qualitativo-exploratória,
baseada na observação de indivíduos
praticantes de atividades físicas em academias
nas cidades de São José do Rio Preto e Monte
Aprazível, que apresentam freqüência mínima
de três vezes por semana e ao menos um ano
de atividades físicas regulares. Foram
registradas melhorias tanto em fatores físicos
como psicológicos nos indivíduos que
freqüentaram as academias onde foram
realizadas as observações. As principais
alterações que puderam ser observadas dizem
respeito ao rendimento melhoria da aptidão
física geral, aumento da disposição para
atividades do dia a dia e para a prática de
atividades físicas e melhora da auto-estima.
Pode-se também observar melhoramento na
aparência, no estado psíquico e no
relacionamento interpessoal nos indivíduos
observados. Dessa forma, as observações
realizadas neste estudo vêm confirmar
registros da literatura sobre melhorias obtidas
através da prática regular de atividades físicas.
Contudo, espera-se, com a essa pesquisa,
contribuir para despertar nos profissionais
envolvidos com a psicologia do esporte, a
conscientização da importância de se realizar
pesquisas teórico-científicas sobre os
benefícios das diversas atividades esportivas.
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
O ÍDOLO COMO ARQUÉTIPO PARA A
SOCIEDADE.
109
A CRIANÇA E O FUTEBOL DE RUA
Marcos Antonio Favarin; Altair Moioli
Bruno Giusti e Afonso Antonio Machado
LEPESPE / I. B. / UNESP Campus de Rio
Claro
A imagem que uma sociedade tem de si mesma
pode desempenhar um papel crucial na
maneira como ela molda seu futuro. Essa
imagem muitas vezes é construída e
transmitida nacionalmente e/ou mundialmente
através de arquétipos, como de ídolos do
esporte, favorecido pela mídia e outros tipos de
tecnologia. Tal arquétipo pode passar tanto
uma boa como uma má imagem para
determinada população. Este trabalho tem por
objetivo discutir a relação existente entre
indivíduos de uma mesma sociedade e seus
respectivos mitos e heróis. Sendo assim,
iremos analisar a importância do ídolo no que
diz respeito à uma transformação da
sociedade, seu poder de representar um povo,
despertando-o, e assim servir como um modelo
a ser seguido, enaltecendo características
escondidas de uma população, bem como
desvendar traços notórios de personalidades
“endeusadas” por uma grande parcela de
pessoas, através de diversos meios de
comunicação, destacando neste trabalho o
poderoso papel da mídia. Foi utilizado como
exemplo de herói e/ou mito (principalmente
após a sua morte) a figura de Ayrton Senna da
Silva, devido seu impressionante poder de
massificação e indução de pensamento
principalmente nas décadas de 1980 e 1990,
perdurando até os dias atuais. Houve uma
vasta revisão de literatura sobre o assunto,
acompanhada de um grande levantamento a
respeito da personalidade em questão, através
de arquivos de programas televisivos, revistas
da época, livros, jornais e Internet, adicionado
de frases do próprio piloto enriquecido com
comentários de pessoas comuns. Analisando
tal estudo podemos perceber como o herói tem
a capacidade de representar sua nação,
exaltar características próprias de seu povo, e
até mesmo refiná-las. Portanto podemos
perceber a importância de um herói ter
consciência de seu papel na sociedade, e
como suas atitudes podem influenciar positiva
ou negativamente uma população.
Curso de Pós Graduação em Educação
Física Escolar. Centro Universitário de Rio
Preto - UNIRP
Em razão da prática do futebol ser possível de
forma improvisada em locais como ruas,
praças e campos de terra, essa modalidade
esportiva representa e exerce forte influência
na cultura da maioria das crianças brasileiras.
Ao ganhar como primeiro brinquedo, uma bola
de futebol, desde muito cedo são apresentadas
aos atributos do mundo masculinizado e a
cultura da sociedade a qual a criança
representa. Assim, a prática do futebol torna-se
um jogo cheio de representações simbólicas e
de signos sociais. No entanto, as escolas e as
escolinhas de iniciação esportiva ainda
insistem em oferecer o aprendizado dessa
modalidade formatado em um modelo rígido e
mecanizado, valorizando as habilidades
específicas, com o treinamento dos
fundamentos e da técnica. Este trabalho, como
objetivo geral, procurou analisar a importância
da modalidade em questão, na formação e no
desenvolvimento das crianças, levando em
consideração o jogo como elemento simbólico
e representante das manifestações da cultura
infantil. A base para os procedimentos
metodológicos foi uma ampla revisão de
literatura apoiada nos estudos da psicologia
fenomenológica, fundamentada ainda nos
princípios da pesquisa descritiva, de base
qualitativa. Após levantamento e análise de
bibliografia inerente ao tema, foi possível
considerar que a representação simbólica do
jogo é parte integrante da fase de
aprendizagem da criança. Nesse universo, por
meio da imaginação, a criança cria e recria o
j ogo, pr oc es so funda me ntal p ar a o
desenvolvimento da inteligência tática e da
criatividade. A interrupção deste modelo de
aprendizagem, levando a prática do futebol
para o que se assemelha ao rígido modelo de
esporte de alto rendimento, pode ocasionar
elevados estados de ansiedade, medo,
estresse e depressão nas crianças. Assim, a
valorização do aprendizado da modalidade,
por meio da essência e da compreensão do
jogo, nas diferentes formas de jogar, pode
representar importante mecanismo para a
110
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
manutenção da herança cultural e do prazer da
aprendizagem. Este fenômeno é representado
consideravelmente por meios dos jogos de rua.
Aspectos como a agressividade, a violência, a
ansiedade, o estresse e a resiliência foram
considerados como fatores de interferência no
processo de ensino.
atendem os interesses deste grupo social, visto
que estes têm outros desejos e o corpo diretivo
escolar ainda não entende o papel das práticas
corporais como recurso para o processo de
aprendizagem.
Palavras chave: educação física. Ensino
médio. Conteúdos. Práticas corporais
Palavras Chave: Futebol de rua. Iniciação
esportiva. Jogos adaptados.
O ALTO ÍNDICE DE OBESIDADE NAS
ESCOLAS
A ADESÃO DO ALUNO DO ENSINO MÉDIO
NAS AULAS DE EDUCAÇÃO
FÍSICA:CONFLITOS E INTERESSES
Aline Teixeira Martin; Eliton Piron; Michele
Aparecida Cordeiro
Centro Universitário de Rio Preto UNIRP
Walker Facchini Alvares Danilo
Aparecido Cuccatto Rafael Claudio da
Silva Filho
A obesidade é caracterizada pelo excesso de
gordura corporal, atribuída a um desequilíbrio
energético de origem multifuncional. As
crianças de hoje possuem hábitos alimentares
inadequados, afetando a ingestão e a
necessidade de nutrientes. Além disso, grande
parte das crianças e adolescentes não
praticam esportes. Assim, o sedentarismo
facilita o surgimento de um grupo de
complicações denominadas hipocinéticas,
dentre as quais a obesidade é a mais
prevalente e já é diagnosticada como uma
doença. O estímulo para que a alimentação do
adolescente seja saudável devera partir do
meio social em que a mesma convive. A
influência da propaganda de alimentos pouco
nutritivos e a necessidade de estarem sempre
testando novidades os levam a escolhas
erradas. O objetivo deste trabalho é mostrar a
importância da atividade física e da
alimentação saudável no ambiente escolar.
Como proposta metodológica para que as
aulas de Educação Física possam contribuir
com o controle da obesidade, foi implantado o
projeto alimentação saudável em uma escola
de ensino fundamental da cidade de São José
do Rio Preto-SP. Associado a isso, destaca-se
a importância de projetos extracurriculares,
como clube da caminhada, alimentação
equilibrada e a participação das crianças no
Programa Segundo Tempo. Concluímos que,
diante do trabalho desenvolvido as crianças
apresentaram uma melhora visível na
alimentação e também na pratica esportiva,
melhorando a aderências dos alunos nas
atividades propostas pela escola.
Centro Universitário de Rio Preto - UNIRP
Notamos nos dias atuais a falta de interesse
dos alunos matriculados no ensino médio em
participar das aulas de educação física, que pó
sua vez vem se tornando um problema para a
prática educativa nesta disciplina. As causas
desta desmotivação podem ser desde a falta
de preparação dos professores, escolhas de
conteúdos inadequados e interesse dos alunos
por outras atividades. Este trabalho teve por
objetivo diagnosticar os principais motivos
apresentados pelos alunos do ensino médio
para não aderir às aulas de educação física. O
tratamento aos dados coletados teve como
base uma pesquisa de campo, no modelo
pesquisa-ação, realizada por meio de
perguntas abertas feitas aos alunos que estão
cursando o ensino médio em duas escolas
públicas de São José do Rio Preto-SP. Nesta
primeira análise das informações coletadas,
notou-se que a falta de interesse dos alunos
está relacionada aos conteúdos trabalhados
nas aulas. Um levantamento diagnóstico a
respeito dos interesses dos alunos, antes da
formulação dos planos de aula como é
recomendado pelos PCNs, possa contribuir
para diminuir a evasão. Outras categorias
apresentadas após uma análise preliminar dos
dados mostram que a metodologia utilizada
pelos professores não motivam os alunos para
as práticas corporais, os conteúdos não
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
PROGRAMAS DE SAÚDE E QUALIDADE
DE VIDA NA TERCEIRA IDADE
Claudia Milhim Shiota; Ana Paula Wolke,
Andressa Cristina Ribeiro Seixas, Margareth
Luciana de Souza, Natália Marina Scobosa,
Natália Regina dos Santos, e Patrícia Alves
da Silva.
Universidade Paulista UNIP - São José do
Rio Preto SP
O presente estudo teve como objetivo avaliar a
qualidade de vida, os hábitos e a importância
da participação de idosos em programas de
promoção de saúde para a terceira idade.
Foram participantes 30 idosos com idades
entre 60 e 80 anos, divididos em dois grupos:
Grupo I, composto por idosos que participam
de programas de promoção da saúde e grupo II
composto por idosos que não participam
desses programas. Instrumentos utilizados:
termo de consentimento livre e esclarecido;
ficha de dados sócio-demográficos, entrevista
semidirigida e questionário SF-36 Pesquisa em
Saúde (CICONELLI; FERRAZ; SANTOS,
1998). Os resultados obtidos sugerem que os
idosos que participam de programas de
promoção de saúde possuem melhor
qualidade de vida, especialmente no que se
refere aos aspectos sociais, já que foram
verificadas médias mais baixas no Grupo II
comparadas àquelas encontradas no Grupo I.
No primeiro grupo as médias mais altas
referiram-se aos aspectos sociais (80,8),
seguido pelos domínios de capacidade
funcional (70,7) e saúde mental (70,7). O
Grupo II também apresentou médias mais altas
em relação à capacidade funcional (72) e à
saúde mental (69), resultados semelhantes
aos encontrados no Grupo I, com exceção dos
aspectos sociais, que aparece em destaque
entre os participantes de programas de saúde.
Além disso, verificou-se que os participantes
do Grupo I realizam atividades físicas em
freqüência maior - no Grupo I foram
encontrados oito praticantes, e no Grupo II,
apenas dois participantes - o que reforça a
importância dessas atividades para a
qualidade de vida do idoso. Diferenças
importantes entre os grupos também foram
encontradas na percepção dos participantes
quanto ao conceito de qualidade de vida. No
Grupo I a qualidade de vida surgiu diretamente
111
relacionada às práticas de atividades físicas,
diferentemente do Grupo II, que associou
qualidade de vida com o trabalho e lazer.
Acredita-se que o presente estudo contribui no
sentido de verificar e reafirmar a importância de
uma atenção psicossocial específica ao idoso,
de modo especial os programas de promoção
de saúde, que possibilitam não só o
desenvolvimento de hábitos mais saudáveis
como também o bem-estar geral,
especialmente em relação aos aspectos
sociais.
QUALIDADE DE VIDA: a busca pelo
equilíbrio físico e mental através da
atividade física.
Giuliano Batigalia Castro; Adriana Cristina
Pace; Flávia Mauro Bottari; Sabrina Coutinho
da Silveira; Altair Moioli
Centro Universitário de Rio Preto - UNIRP
Os avanços tecnológicos têm como objetivo
contribuir com a melhora da vida da população.
No entanto, esses avanços evidenciaram o
aparecimento de algumas enfermidades, as
“doenças modernas”. O estresse, a ansiedade,
o sedentarismo e a depressão são alguns
exemplos. Crianças não trocam seus
videogames e computadores por brincadeiras
que exijam a movimentação e a destreza do
corpo, com isso não se fortalecem as relações
interpessoais. Cada vez menos as pessoas
dedicam tempo para si mesmas, para o lazer, a
cultura, a convivência social e a prática de
atividades físicas regulares. A sociedade passa
por um período de transformação, no qual o ser
humano tenta se reencontrar, elevar sua
consciência e percepção, tornando-se mais
integro. Segundo a medicina chinesa o ser
humano é composto de energia que circula por
todo o corpo, e para que a pessoa esteja
saudável ela precisa que a energia esteja em
equilíbrio. Assim, para se ter saúde é
necessário o equilíbrio entre o corpo e a mente.
Em meio a tudo isso, as atitudes das pessoas
as direcionam para um novo caminho e como
conseqüência uma nova vida. A civilização,
apesar do avanço tecnológico e cientifico, tem
se mostrado incapaz de vencer certas
doenças. É neste momento que surgem, e até
mesmo ressurgem, práticas corporais
112
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
alternativas como o Yoga, Tai-chi chuan e mais
recentemente o Pilates. Este trabalho teve
como objetivo analisar se os benefícios da
prática regular da atividade física para o
equilíbrio e o bem estar físico e mental estão
ligados apenas a melhora da saúde ou se o
pressuposto da qualidade de vida está
vinculada ainda aos aspectos físicos e
emocionais. Para análise dos dados
categorizados, com base na psicologia
fenomenológica, utilizou-se da técnica
denominada história de vida, na qual coletou o
depoimento de idosos com idade entre
sessenta e setenta anos e que praticam yoga
regularmente. A partir da análise dos relatos
apresentados, concluiu-se preliminarmente
que, a busca pelo equilíbrio do corpo e da
mente por meio de atividades corporais
alternativas, reflete uma tendência atual, na
qual as pessoas buscam uma saída para o
isolamento social que a velhice proporciona.
Essa tendência reflete a tentativa de
transformação do ser humano para a sua
formação holística, incluindo nesta perspectiva
uma forte busca pelas relações interpessoais.
Palavras Chave: Qualidade de vida; história
de vida, yoga; tai chi chuan; práticas
corporais alternativas
O JUDÔ COMO AGENTE MODIFICADOR
NAS ESCOLAS E NA SOCIEDADE.
Wander Marques Pereira; Cesar Antonio
Parro
UNIP Universidade Paulista Campus JK
Sempre houve problemas de indisciplina nas
escolas, mas, atualmente ela se transformou
numa das maiores dificuldades da educação
dos dias atuais. A falta de disciplina tem
causado o fracasso escolar de muitos alunos,
isto por que a indisciplina perturba a
aprendizagem causando as notas baixas, as
quais promovem até mesmo o afastamento das
aulas e da escola, fato que traz vários
problemas para as escolas, para a família e
para a sociedade. Diante deste problema foi
criado um projeto utilizando o Judô, como fonte
geradora de motivação para trabalhar a
dimensão atitudinal dos conteúdos, buscando
uma melhora no comportamento dos alunos. O
Projeto Judô na escola recebe alunos de três
escolas, próximas, estes alunos freqüentam as
aulas de judô, três vezes por semana, no
horário diverso ao que eles vão à escola de
ensino fundamental. Nas aulas de judô são
colocadas em prática as técnicas e táticas de
luta, as normas e a filosofia do Judô. O Projeto
já está em funcionando a três anos, sendo
possível observar uma melhora significativa no
comportamento, e no rendimento escolar dos
alunos inscritos no projeto, Dados que foram
levantados com base nos boletins escolares e
segundo os relatórios dos professores. Em
nossa analise consideramos que o resultado
alcançado esta relacionado a vontade dos
alunos em permanecerem no projeto, podendo
inclusive fazer parte da equipe de competição e
também com a rotina e rituais característicos
do judô, que são seguidos e valorizados por
todos (Professores e Alunos). Os alunos
percebem que as questões relacionadas ao
convívio social e esforçar-se para criar um
ambiente de cooperação não são apenas
regras impostas, mas, fazem parte da filosofia
de vida do Judoca e são necessárias para um
ambiente alegre, saudável, onde é gostoso de
viver. Sabemos que esse projeto não é a
solução para a indisciplina nas escolas, pois,
as questões ligadas à indisciplina são de
natureza complexa e muitas vezes incerta,
queremos apenas contribuir com mais uma
experiência para alimentar as discussões a
respeito do tema.
Palavras Chave. Judô. Educação Física.
Escola
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
OS JOGOS, BRINQUEDOS E
BRINCADEIRAS COMO ATIVIDADES PARA
O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA NA
EDUCAÇÃO INFANTIL
Andressa dos Santos de Lima; Bruna
Perpétua Ferreira; Altair Moioli
Curso de Pedagogia - Centro Universitário de
Rio Preto UNIRP
As mudanças decorrentes pelas
transformações sociais, culturais e, nos últimos
tempos, as tecnológicas, têm contribuído para
alterar os padrões de aprendizagem das
crianças. No ambiente escolar e no dia-a-dia
reserva-se menos tempo para as brincadeiras
tradicionais da infância. A industrialização dos
brinquedos e o acesso aos produtos
eletrônicos têm provocado hábitos de
sedentarismo e contribuído para diminuir os
estímulos às práticas corporais,
comprometendo também a criatividade e as
interações sociais. Os jogos, brincadeiras e os
brinquedos sempre estiveram presentes na
vida das crianças e, portanto, devem ser
consideradas como importante atividade no
processo de ensino-aprendizagem. Através
dos jogos e brincadeiras a criança elabora
situações imaginárias, cria e recria a realidade.
As atividades práticas proporcionam ainda, o
desenvolvimento dos domínios motor,
cognitivo, afetivo-social. Este trabalho teve
como objetivo analisar a contribuição do jogo,
do brinquedo e das brincadeiras para o
desenvolvimento da criança na educação
infantil. O procedimento metodológico utilizado
teve como aporte uma ampla revisão de
literatura baseada nos principais estudos sobre
o tema, bem como a observação direta, no que
se denomiona de pesquisa-ação. As
informações coletadas fundamentam as
considerações finais do tra balho,
correspondendo com a literatura, no qual os
jogos e as brincadeiras, a partir de um
tratamento pedagógico interdisciplinar, são
ferramentas indispensáveis para o
desenvolvimento integral da criança, em
especial, contribuindo para desenvolver a
criatividade e a autonomia, competências
importantes para a sociedade atual.
Palavras chave: Jogo. Brinquedo. Educação
Infantil.
113
ESPORTE ESCOLAR: EM BUSCA
DE NOVOS CAMINHOS
SINGH, R.S. FORTI. H.C. BEGA, R. M.
Universidade Paulista - UNIP Campus JK
Emergente no mundo contemporâneo o
esporte abrange tanto espetáculo, profissão,
lazer e educação. Sede dos próximos eventos
esportivos mundiais, a copa do mundo de 2014
e os Jogos Olímpicos de 2016, o país tende a
focar boa parte dos seus investimentos no
setor, assim como no avanço tecnológico. Essa
decisão por um lado tende a ajudar
precisamente marcas e tempos, mas por outro
não mobiliza nossos jovens, que poderão ser
futuros participantes ativos do esporte e porque
não dizer os futuros atletas desses eventos,
mas ficam horas sentados à frente de uma
televisão, computador ou games de última
geração levando-os ao sedentarismo e a
imobilidade. Este trabalho tem o objetivo de
identificar os possíveis motivos que levam as
crianças e os adolescentes a desistirem
precocemente da prática esportiva e refletir
sobre os caminhos a serem seguidos para que
o esporte seja uma ferramenta de formação e
não de exclusão. A metodologia baseou-se em
uma revisão de literatura e da observação nos
estágios realizados em escolas públicas e
particulares de São José do Rio Preto SP. O
reconhecimento, tanto social como financeiro,
menospreza qualquer outro resultado,
deixando de ter importância a participação o
que foge completamente dos ideai s
pedagógicos, outra fonte de estresse no
esporte é a competição, que depende dos
atributos físicos, técnicos e psicológicos do
praticante, através da competição reconhecem
os vencedores e os perdedores, assim, os
indivíduos tornam-se selecionáveis, e por
conseqüência o esporte torna-se excludente.
Outro motivo que pode influenciar diretamente
é a participação dos pais na vida esportiva dos
filhos, podendo ser benéfico quando
incentivado à prática do jogo com uma
finalidade em si mesmo, sem a necessidade do
melhor resultado, mas por outro lado pode
influenciar na decisão do abandono, quando
estes reproduzem em seus filhos a imagem do
atleta, incentivando-os a competir e vencer a
qualquer custo. Esse comportamento gera
equívocos metodológicos quanto ao ensino do
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Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
esporte escolar e para reverter esse quadro
faz-se necessário rever, refletir, e modificar a
metodologia usada nas escolas, devendo sim,
ser utilizado em aulas e em turmas de
treinamento extracurriculares, mas é de
fundamental importância tratar-lo com o intuito
de formarmos cidadãos, conscientes,
participativos, críticos, éticos e solidários para
que tenhamos uma sociedade possivelmente
mais justa.
Palavras Chaves: esporte, iniciação,
competição, exclusão.
EFEITOS DO ENSAIO ENCOBERTO
SOBRE O DESEMPENHO NO SAQUE DE
ATLETAS JUVENIS DE VOLEIBOL
Duarte, Tiago; Harckbart, Nathália; Passos,
Marcelo; Pires, Thiago; Kruger, Mohana
Orientador: Isidro, Geison.
condição A, cones foram distribuídos em seis
posições-alvo a serem sacadas, sendo duas
nas posições de rede (2/3 e 3/4) e quatro nas
posições de fundo de quadra (1; 1/6; 6/5 e 5).
Dez saques foram executados livremente e
não foram avaliados apenas no critério posição
em quadra a se sacar. Os demais critérios
f or a m r e g i s t r a d os . N a c o n di ç ão B ,
caracterizada com intervenção, os atletas
foram submetidos ao treinamento de ensaio
encoberto considerando uma seqüência de
passos. Durante tal condição, os saques
executados foram avaliados segundo todos os
critérios descritos anteriormente, durante oito
blocos de cinco saques, sendo que em cada dia
foi realizado apenas um bloco. No retorno à
condição A, repetiu-se o procedimento anterior
à intervenção. Como principais resultados
verificou-se que dos 7 saques avaliados (1
atleta treinou 2 tipos de saques), 5
apres entar am tendênci a exponencial
crescente de acerto. Vale ressaltar que o
experimento ainda está em andamento.
UniCEUB
A preparação psicológica de atletas tem sido
cada vez mais inserida nas equipes de diversas
modalidades esportivas. No voleibol brasileiro,
por exemplo, o trabalho psicológico tem sido
observado não apenas nas seleções nacionais
masculina e feminina, mas também em
diversas equipes profissionais e de categorias
de base. Nesta preparação psicológica são
treinadas habilidades tais como a
concentração, o controle emocional e solução
de problemas, por meio de estratégias de
intervenção aplicadas ao contexto esportivo. O
objetivo do presente trabalho é verificar os
efeitos da preparação psicológica, a partir do
treinamento de ensaios encobertos, sobre o
desempenho no fundamento saque em atletas
juvenis de uma equipe de voleibol de Brasília.
Para tanto, participaram da presente pesquisa
seis atletas da equipe juvenil com idades entre
16 e 19 anos (média de 18,2) com tempo de
prática no esporte entre 17 e 64 meses (média
de 2,5 anos). O procedimento consistiu em um
delineamento de reversão ABA em que os
atletas tiveram seus saques avaliados
conforme os seguintes critérios: tipo de saque,
posição em quadra a se sacar, posição sacada,
saque acerto, saque rede e saque fora. Na
A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA
INFÂNCIA DE 3 A 6 ANOS.
Antonio Ricardo Lindoso
Universidade Paulista UNIP Campus JK
A brincadeira é a primeira vivência que as
crianças têm do mundo, com suas novidades e
mistérios. É através do brinquedo que a criança
começa a conhecer mundos novos e a criar seu
próprio. O brincar conduz a relacionamentos
grupais e a sociabilidade da criança, é a
maneira que esta tem de vivenciar e
experimentar suas primeiras emoções,
preparando se para o mundo adulto. A figura
do professor é importante dentro do processo
da educação infantil, pois ele deve saber como
utilizar os jogos e brincadeiras de modo a
promover de fato a aprendizagem, como lidar
com os limites e como direcionar o jogo e a
brincadeira para a vida da criança. O objetivo
deste trabalho foi analisar a utilização dos
jogos e brincadeiras para a promoção da
aprendizagem de valores e regras morais na
educação infantil. Teve como base uma
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Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
revisão bibliográfica. Através dos estudos de
autores e pesquisadores, notamos que a
criança é um ser em constante
desenvolvimento e que necessita de
constantes estímulos para as funções e ações
motoras. As brincadeiras e jogos fazem com
que esse desenvolvimento ocorra de forma
lúdica e prazerosa para a criança. Portanto os
estudos mostraram que jogos e brincadeiras na
educação infantil são importantes para um
desenvolvimento cognitivo, afetivo, social,
motor e psicológico, no qual a criança aprende
a interagir com o mundo a sua volta e suas
regras.
ATIVIDADES LÚDICAS NO ESPAÇO
PRIMAVERA DO COLÉGIO SANTO ANDRÉ
115
solidariedade, promover a integração social de
crianças com baixa renda às diversas
possibilidades de aprendizagem, tendo como
eixo norteador a dimensão conceitual, além de
desenvolver as capacidades e habilidades
básicas das crianças. Nossos preceitos
metodológicos basearam-se, na pesquisaação, que contou com a participação da
coordenação pedagógica das Escolas
envolvidas, professores e monitor de
Educação Física. Até o momento, podemos
considerar que os alunos correspondem
positivamente aos objetivos previstos, já que
participam ativamente das atividades e,
baseado nos relatos apresentados pelos pais e
professores de outras disciplinas apresentam
significativa melhora no desempenho escolar e
nas relações com a família. Vale destacar ainda
que é dever de todo profissional de Educação
e, em particular de Educação Física, criar
situações favoráveis para que ocorra o
desenvolvimento da aprendizagem nos mais
diversos contextos.
Paulo Ricardo Silva de Carvalho
Centro Universitário de Rio Preto UNIRP
O colégio Santo André, escola particular da
cidade de São José do Rio Preto-SP, em
parceria com a Secretaria de Educação do
mesmo município, desenvolve, desde 2005,
projeto para atender cerca de 150 crianças dos
3 primeiros ciclos do ensino fundamental da
Escola Municipal Prof. Julio de Faria e Souza
Jr, localizada no bairro Santo Antonio, região
com elevados índices de violência, consumo e
tráfico de drogas, fato que expõe as crianças
aos mais variados riscos sociais. As crianças
são conduzidas para o Colégio Santo André, no
período diverso do horário escolar, para
receber atividades que complementam o
desenvolvimento psicomotor, utilizando-se da
infra-estrutura local. Inicialmente as crianças
foram organizadas em três turmas, respeitando
a faixa etária. Cada grupo foi composto por 25
crianças, onde três vezes na semana
participam de atividades lúdicas,
fundamentadas nos pressupostos teóricos da
abordagem psicomotricista. Adequada à faixa
etária, as atividades têm duração de 50
minutos. As dinâmicas são compostas por
atividades como jogos cooperativos, jogos
simbólicos e de regras. Este trabalho tem como
objetivo desenvolver a cul tura da
Palavras chave: Educação Física Infantil.
Desenvolvimento psicomotor. Abordagem
psicomotricista.
ATIVIDADES RECREATIVAS E SEU
CAMPO DE ATUAÇÃO
Rogério Cavasini de Lacerda
Centro Universitário dos Grandes Lagos UNILAGO
Este trabalho busca mostrar que as atividades
recreativas são extremamente importantes
para a qualidade de vida e o desenvolvimento
das crianças, levando-as a uma aprendizagem
tendo como recursos as diversas formas do
movimento. A recreação, entendida como
sendo uma atividade que apresenta valores
específicos para todas as fases da vida
humana, tem a finalidade essencialmente
pedagógica, é uma atividade que deve ser
praticada com espontaneidade, pois é
completa e perfeitamente educativa, fazendo
com que a criança tenha uma melhora no seu
dia-a-dia, dando um animo para fazer as
atividades rotineiras, fica mais bem disposta, o
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Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
que contribui para uma melhora em sua
qualidade de vida. O objetivo deste trabalho foi
investigar o universo das brincadeiras
recreativas, suas contribuições e adequações
das atividades para crianças, visualizando o
desenvolvimento dessas como parte de um
processo da qualidade de vida e de um
processo educacional, considerando os
aspectos cognitivo, físico e afetivo-social. Para
a realização deste trabalho, foi utilizada uma
pesquisa bibliográfica acerca da recreação
para as crianças, compreendendo melhor
sobre os objetivos pretendidos e alcançados
em atividades recreativas para a faixa-etária de
7 a 14 anos. A pesquisa foi desenvolvida em
etapas bimestrais, no período de agosto de
2008 à Junho de 2009.
Pa l av r a s- ch av e: r e cr eaç ã o, c r i an ça ,
desenvolvimento, qualidade de vida.
XADREZ E FUTSAL: TÁTICAS E
ESTRATÉGIAS
Artur Henrique Barbosa¹; Anderson
Nascimento Silva¹; Juliana Ricci²; Tamiris
Scarpeto Teixeira²
¹ UNIRP Educação Física S. J. Rio PretoSP; ² FIPA Educação Física Catanduva-SP
O xadrez é por muitos, considerado apenas um
jogo, porém segundo Capablanca (1942),
genial mestre cubano, o xadrez é algo mais que
um jogo. É uma diversão intelectual que tem
algo de arte e muito de ciência. É, ademais, um
meio de aproximação social e intelectual.
Começando aos dez anos, todos os escolares
deveriam receber regularmente lições dessa
matéria, variando a duração das classes,
segundo a idade e a capacidade dos alunos.
Pensando e analisando a citação acima,
buscamos aliar a prática do jogo de xadrez com
a prática do futsal, e com isso observar se as
estratégias utilizadas no jogo de xadrez
contribuem para melhorar a consciência
estratégica dos alunos em seu posicionamento
em quadra durante uma partida de futsal. O
objetivo geral do trabalho a ser realizado foi
verificar se as estratégias usadas na prática do
jogo de xadrez influenciam na consciência
estratégica dos alunos na prática do futsal.
Para a realização do projeto, foi realizada uma
pesquisa de campo, que contou com a
participação de alunos do 5º ano do Colégio de
Aplicação UNIFIPA, onde esses alunos que já
praticavam xadrez desde o 4º ano tiveram suas
aulas incrementadas com o treinamento de
futsal. Durante o período das aulas de futsal,
iniciamos com métodos mais práticos, com
princípios das regras, as pedagogias de
iniciação, para mostrar variedades de
conteúdos e buscando diversificação de
fundamentos para a aula que iríamos trabalhar,
buscando que os alunos estivessem sempre
presentes e participativos nas aulas. Para a
preparação das aulas, foi realizada uma
pesquisa bibliográfica no acervo da biblioteca
da escola superior de educação física de
Catanduva, além da busca de periódicos e
outras publicações científicas disponibilizadas
na Internet, valendo-se das seguintes técnicas:
l e v ant a m en to s bi bl i o gr áf i c os i n i c i a l ,
correspondentes aos temas chaves: técnicas,
estratégias, pedagogias utilizadas no xadrez e
futsal, com análise textual e análise
i nter pret ati va. N otou- se, durant e os
treinamentos táticos em quadra, que muitos
alunos sempre relacionavam, principalmente
sobre os deslocamentos (lateral, diagonal),
com os movimentos das peças do xadrez
(torre, bispo e dama). Essas comparações
feitas pelos alunos mostraram nitidamente que
houve uma ligação e uma relação percebida
pelos alunos entre o jogo de xadrez e o futsal.
Algo que ficou muito nítido durante o período de
treinamento de futsal, foi que a individualidade
do jogo de xadrez foi trazida para a quadra, pois
todos queriam alcançar seus objetivos
individualmente, não havia muito espírito de
equipe. Apesar dessa individualidade, após um
período de treinamento os alunos começaram
a notar que ficava muito mais fácil alcançar os
objetivos da equipe jogando com a equipe.
Esse foi um aspecto que marcou muito, pois no
início era cada um por si, e no final do projeto,
cada aluno já tinha sua posição pré
estabelecida, pois notaram a necessidade de
saber o que ia fazer e onde ia fazer.
Palavras chave: Futsal. Xadrez. Projetos
integrados
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Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
A participação dos alunos do Ensino
Médio nas aulas de Educação Física
Filippi Francis Larissa Agren Leandro Simili
Centro Universitário de Rio Preto UNIRP
O que se pretende com este trabalho, é mostrar
as mudanças ocorridas na Educação Física do
Ensino Médio, analisando a participação dos
alunos nas aulas. Sabemos que a Educação
Física, pouco a pouco, tem buscado seu
reconhecimento dentro da escola, como uma
fonte de conhecimento necessário para a
construção de um novo cidadão e da sua
colaboração para a formação integral do
homem. Nota-se hoje que a Educação Física,
em especial a do Ensino Médio, é um
componente que em grande parte, é
marginalizado, discriminado, desconsiderado,
chegando até ser excluído dos projetos
políticos pedagógicos de algumas escolas. O
objetivo desse trabalho é analisar os motivos
que levam os alunos do Ensino Médio a não
participarem das aulas de Educação Física,
pois a maioria não se interessa pelas
atividades e consideram esse momento como
uma possibilidade apenas de lazer. Este
trabalho teve como suporte metodológico, uma
ampla revisão de literatura e a experiência
vivenciada no momento do estágio curricular
obrigatório para a graduação. Alguns dos
fatores verificados para a não aderência foi
falta de interesse pelos conteúdos, as
experiências acumuladas nos anos do Ensino
Fundamental, onde por vezes a Educação
Física mostrou-se ser elitista voltada para o
mais forte, o mais rápido, o mais habilidoso,
onde os resultados e as marcas eram
supervalorizados. As aulas de Educação Física
no Ensino Médio são freqüentadas, quase
totalmente, por alunos que se encontram na
adolescência. Nesta fase da vida, o aluno sofre
grandes transformações de ordem física,
cognitiva e psicossociais. Período repleto de
contestações, de rebeldias, de indignações e
que muitas vezes não são compreendidos. Ao
considerar essa fase do desenvolvimento
entende-se que o aluno do Ensino Médio gosta
de discutir temas polêmicos, preferem as
conversas em grupo, poucos praticam os
esportes tradicionais, e grande parte tem
outros interesses como música, dança de rua e
atividades voltadas ao entretenimento.
Palavras chave: Educação Física; Ensino
Médio; Adolescência.
117
PROJETO A CORDA PRA VIDA
Moyses Jardim; Iara Tocico Ito
Universidade Paulista UNIP Campus JK
Introdução: Temos observado que hoje, no
Brasil, há uma necessidade de se desenvolver
mais projetos esportivos, focando melhorar a
qualidade de vida e a saúde mental da
população. E que a melhor maneira de buscar
esse progresso é através das crianças, que são
o futuro de nossa nação. Objetivo: O projeto A
Corda Pra Vida foca resgatar crianças
carentes e dar a elas um suporte educacional,
mental e emocional. Também pode ser
entendido como uma atividade social e
recreativa. Metodologia: As atividades são
desenvolvidas por dois professores em escolas
municipais, com freqüência de duas a três
vezes por semana e duração de 1½hs. No
projeto são apresentadas às crianças e
adolescentes uma nova prática corporal
chamado Double Dutch (salto com cordas)
acompanhado de exercícios de alongamento,
resistência e força. Esta é nova modalidade
esportiva que está sendo introduzida no Brasil.
Acompanhando às práticas temos um sistema
de pontuação que motiva o aluno a ser
organizado, higiênico, responsável com os
estudos e bem educado visando servir ao
próximo, atuar de forma respeitosa e com
cortesia aos demais. Resultados: Os alunos
em geral desenvolvem ganhos significativos
nos aspectos físicos como: melhora da
coordenação motora, flexibilidade corporal,
agilidade e ritmo. Nos aspectos psicossociais
apresentam evolução no rendimento escolar,
maior participação em atividades sociais,
novos hábitos de higiene pessoal e geral e
valorizam os relacionamentos pessoais,
paixão por atividades esportivas e novas
expectativas de vida como, por exemplo,
tornar-se um professor no futuro ou, até mesmo
um atleta de alto rendimento.
Palavras chave: Double dutch; Educação
Física; projetos esportivos
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DIFERENTES FORMAS DE ATIVIDADES E
CONTEÚDOS PARA MELHORAR AS
RELAÇÕES ENTRE CRIANÇAS DA
EDUCAÇÃO INFANTIL
Iara Nascimento da Silva; Josiane Pires
Caetano; Michele Campoli Garcia
Centro Universitário de Rio Preto - UNIRP
Introdução: A agressividade é um tipo de
comportamento natural que se manifesta nos
primeiros anos de vida. Na infância, a
agressividade é uma forma encontrada pelas
crianças para chamar a atenção para si. É uma
espécie de reação que se manifesta quando
estão à frente de algum acontecimento que
provocam sentimentos de fragilidade e
insegurança. Na fase adulta, a agressividade
se manifesta ainda como reação a fatos que
aparentemente induzem o indivíduo à disputa e
ainda a sentimentos. A criança quando
agressiva tenta despertar nos pais ou
Responsáveis os sentimentos internos quee
sses não conseguem perceber. Muitas vezes
as crianças são rotuladas e castigadas pelo
comportamento, porém é importante conhecer
primeiramente as causas que provocam as
manifestações agressivas. Os adultos, por sua
vez, quando agressivo reage precipitadamente
a qualquer tipo de acontecimento, o que
possivelmente causa traumas inesquecíveis.
Também agem como forma de demonstrar
s e n t i m e n t o s n eg a t i v o s c o m o r a i v a ,
inferioridade, frustração e outros (WEINBERG;
GOULDO, 2001) . Objetivo: Encontrar
estratégias pedagógicas para diminuir os
níveis de agressividade e melhorar as relações
pessoais. Metodologia: Este trabalho está
sendo desenvolvido na Casa de Apoio “Emílio
Pagioro”, na cidade de Nova Granada-SP,
onde são realizadas uma vez por semana,
dinâmicas com intuito de construir o respeito
mutuo e criar um vinculo afetivo entre as
crianças. Aulas onde são contadas historinhas
de motivação, respeito entre as pessoas,
amizade, responsabilidade, boas maneiras e
educação. E ao final de cada historia, os alunos
comentam sobre o que aprenderam com a
aula, os valores e os ensinamentos adquiridos.
Cada semana é apresentado temas que
ajudam a desenvolver o convívio e o respeito
entre os alunos. O trabalho é cheio de
possibilidades, construção principalmente por
se tratar de valores e atitudes no ambiente
escolar e fora dele. Conclusão: Concluímos
que diante do trabalho desenvolvido até este
período, as crianças apresentaram uma
melhora visível no convívio com os demais.
Percebeu-se também o desenvolvimento do
senso de responsabilidade para realizar suas
tarefas e trabalhos escolares, demonstrando
uma a disciplina que se espera do aluno que
freqüenta a escola.
Palavras chave: Educação Física Infantil.
Interdisciplinaridade.
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Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
O ESPORTE E A ATIVIDADE FÍSICA COMO
CONTROLE DA AGRESSIVIDADE
Camargo Ferreira; Marcio Fernando; Thiago
Lemos; Ulisses Tomazeli; Wagner
Zangirolami; Gustavo Gallavottii
Centro universitário do Norte Paulista UNORP
Introdução: O presente trabalho tem como
objetivo apresentar à comunidade acadêmica
de Educação Física a tarefa de compreender o
comportamento agressivo que envolve os
cidadãos da sociedade moderna e se a
atividade física, em, contrapartida, contribui
para a formação de um indivíduo sociável. O
comportamento agressivo consiste em um
elemento intrínseco à personalidade do
indivíduo. É observada sobre as mais diversas
formas, desde o pensamento, verbo ou
agressão física. “Há violência quando numa
situação de interação, um ou vários autores
agem de maneira direta ou indireta, maciça ou
esparsa, causando danos a uma ou várias
pessoas em graus variáveis, seja em sua
integridade física, seja em sua integridade
moral, em suas posses, ou em suas
participações do meio simbólico e do meio
cultural” (Michaud, 1989). A atividade física
consiste no pilar, no alicerce da formação do
caráter moral do ser humano para o convívio
social ou o exercício da cidadania. Além disso,
tem um viés de melhoria da saúde física e
mental. A meta da atividade física está na
busca do controle da agressividade pela
socialização. Um trabalho de renovação dos
valores básicos e agregadores da coletividade,
tais como solidariedade, justiça, dignidade da
pessoa humana (Bobbio, 2003), uma vez que
para a prática de diversos esportes exige-se a
participação coletiva de um determinado grupo
de pessoas, onde uma depende, física ou
psicologicamente, da outra (Samulski, 2004).
Metodologia: A metodologia adotada para
este estudo foi bibliográfica: livros e artigos
científicos. Objetivo: Verificar a relação entre
agressividade e esporte e sua influência na
sociedade. Conclusão:A prática de esporte e
atividades físicas tem um grande potencial
educativo, proporcionando ao indivíduo um
entendimento novo, tanto de si mesmo quanto
da realidade à sua volta. Trata-se, assim, de um
meio que faz com que o indivíduo saiba lidar
119
consigo próprio, permitindo-o conhecer suas
capacidades e limitações, para que ele possa a
proximar ao entendimento do outro, daquilo
que lhe é diferente, a fim de desenvolver
noções de tolerância e respeito ao seu
próximo. Portanto, a prática constante de
atividades físicas têm a finalidade de afastar o
indivíduo da agressividade e da violência,
aproximando-o do convívio social.
Palavra-chave: agressividade, esporte,
indivíduo e socialização, violência.
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Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
INDICE POR AUTOR
Abner Cesar Guimarães; 106
Adriana Azeredo Farinazzo; 61
Adriana Cristina Pace; 111
Adriano Carvalho da Mata; 88
Adrielle dos Santos França; 82
Afonso Antonio Machado; 20; 65; 27; 74; 80; 84; 92; 92;
93; 93; 94; 95; 94; 101; 101; 102; 102; 103; 103; 104;
109
Alberto A. A. Teixeira; 82
Alessandro da Silva Ferreira; 87
Alex Garcia; 87
Alexandre Silva; 82
Aline Teixeira Martin; 110
Altair Moioli; 65; 97; 99; 99; 100; 104; 91; 107; 109; 113;
111
Amaury José Semedo Neto; 95
Amir Rogério Bortoleto; 96
Ana Carolina Simonato; 84
Ana Cláudia G.A. Pinto; 92
Ana Elisa Zuliani Stroppa Marques; 81
Ana Paula Christoforo ; 98
Ana Paula de Oliveira Porfírio; 86
Ana Paula Wolke; 111
Anália de Souza Gama da Silva; 98
Anderson Nascimento Silva; 116
Anderson Rodrigo Ximenes; 90
André Dascal; 52
Andressa Cristina Ribeiro Seixas; 111
Andressa dos Santos de Lima; 113
Antonio Ricardo Lindoso; 114
Arianne Carolina Vioti de Lima; 83
Ariele Oliveira Negrisoli; 84
Arnaldo Tenório da Cunha Júnior; 79
Arnaldo Tenório da Cunha Júnior; 79
Artur Henrique Barbosa; 116
Baden Powell Arroio Marossi; 97
Beatriz Diniz Silva; 84
BEGA, R. M; 89; 89; 113
Bruna Perpétua Ferreira; 113
Bruno Giusti; 109
Caciane Dallemole Souza; 55
Camargo Ferreira; 119
Carla Carrili Ferreira; 85
Carlos Alberto Pirassolo; 97
Carlos Alexandre Habitante; 79; 79
Cassiana Castellano; 83
Cesar Antonio Parro; 73; 112
Claudia Milhim Shiota; 111
Cleide Monteiro; 96
Cristiani Gomes Lagoeiro; 107
Cristina Landgraf Lee; 106
Daniel Presoto; 92
Danilo Aparecido Cuccatto; 110
Danúbia Alves Perecin; 107
Denílson Roberto Campos Gomes; 74; 101; 103
Denise C. Z dos Santos; 82
Denize Maria Mangas; 107
Diego Francisco de Siqueira; 101; 103; 104
Diego Gontijo de Araujo; 106
Domiraide Afonso; 82
Ednei Previdente Sanches; 54
Elaine Cristina dos Santos; 74
Eliane Paganini da Silva; 73
Eliton Piron; 110
Erik Giuseppe Barbosa Pereira; 37
Erika Morales Puga; 91
Fernanda Borges de Abreu; 108
Fernando Caris Macedo; 105
Fernando César Gouvêa; 92
Filippi Francis; 117
Flávia Mauro Bottari; 111
Flávio Cristiano Tasso; 97
Flavio Dezan; 84; 102; 102
Flávio Olimpio Camargo; 95
FORTI, H.C.; 89; 89; 113
Franz Fischer; 93; 95
Geison Isidro; 114
Giuliano Batigalia Castro; 111
Gleiciane Cristina de Souza; 99
Guilherme Rocha Britto; 98
Gustavo de Lima Isler; 92 ; 94
Gustavo Gallavottii; 119
Henrique Garcia Roncoletta; 95
Henrique Roncoleta; 103; 103
Iara Nascimento da Silva; 118
Iara Tocico Ito; 117
Irene Araújo Corrêa; 51
Jacqueline Carvalho; 80; 92
Jaime Teles da Silva; 106
Jeferson Fernandes Teixeira; 97; 104
Jéssica Pollianna de Souza Costa; 91
Jéssica Sbrissa; 84
João Antonio Fonseca Borges; 88
José Elzo Franco Junior; 95; 74; 101
Josiane Pires Caetano; 118
Juliana Prado Ferrari Spolon; 108
Juliana Ricci; 116
Junior Vagner Pereira da Silva; 79; 79
Kaira Aranha de Oliveira; 86
Karina Silva Mano Pouza; 80
Kauan G. Morão; 93
Larissa Agren; 117
Laura Belasco Atência; 90
Leandro Simili; 117
Leiliani Alonso da Silva Cerveira; 82
Leonardo Zanesco ; 74; 93; 103
Ligia Adriana Rodriges; 58
Lívia Sensuline Valaretto ; 81
Luana Pilon Jürgensen; 93; 94
Lucas Ribeiro Cecarelli; 101; 104
Lucas Scarone Silva; 92; 93
Luicanne Ferreira Simas; 87
Maísa Helena Euzébio de Paula; 105
Mara Rosana Pedrinho; 85
Marcelo Callegari Zanetti; 47; 74; 101; 101; 102; 102;
103; 103; 104
Marcio Fernando; 119
Marcio Ribeiro de Aguiar; 91
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
Marco Antonio Lages; 97
Marcos Antonio Favarin; 109
Marcos Zardini Munoz; 99
Margareth Luciana de Souza; 111
Maria Celina Trevizan; 55
Marília Bandeira da Silva; 108
Marina Emed Jacinto; 81
Matheus Buratti Sanches ; 93; 103; 104
Maykon Fernando da Costa Rodrigues; 91
Michele Aparecida Cordeiro; 110
Michele Campoli Garcia; 118
Milton Carlos Amantini; 82
Moyses Jardim; 117
Natalia Asse Gazola; 91
Natália Marina Scobosa; 111
Natália Regina dos Santos; 111
Natalia Targas Lima; 81
Osvaldo Luis Barison; 35
Patrícia Alves da Silva; 111
Patrícia Miqueletti Soares ; 82
Patrícia Rosa Delboni de Araujo; 88
Paula dos Santos Cavalcanti Rocha; 82
Paulo César Esteves; 82
Paulo Ricardo Martins Nunez; 79; 79
Paulo Ricardo Silva de Carvalho; 115
Pollyana Carla da Silva; 84
Priscila Barbosa Borduqui Campos; 85
Rafael Claudio da Silva Filho; 110
Rafael de Maura Oliveira; 87
Rafael Giaconi Motta; 91
Renata Gobeti Martins; 85
Renata Monteiro Stuchi; 108
Renato Henrique Verzane; 102; 102; 93
Renato Silva Santos; 73
Rodinei Marcelino Rodrigues; 91
Rogério Cavasini de Lacerda; 115
Rogério Ribeiro Domingues Correa; 91
Rogério Toscano Martins; 100
Rui Gomes; 17; 31
Sabrina Coutinho da Silveira; 111
Sandra Regina Domingos de Brito; 98
Sandro Torales Schulz; 79; 79
Silvio Antônio de Almeida; 97; 104
SINGH, R.S. ; 113
Sueli Aparecida Ferreira; 97
Sueli Zocal Paro Barison; 33
Susaelaine Moioli; 83
Taísa Adriana de Moura; 95
Tamiris Scarpeto Teixeira; 116
Thadeu E.A.S. César; 92; 95
Thaisa Silva de Oliveira; 83
Thalita Carvalho de Moura; 92; 93
Thayz Figueiredo; 101; 101
Thiago Henrique Favaro; 85
Thiago Lemos; 119
Thiago Peixoto Inocêncio; 87
Ulisses Tomazeli; 119
Valéria Fava Homsi; 107
Vânia Cristina Machado Grippe; 85
Venâncio Aiello; 95
Vera Lúcia Beraldo; 74
Viviane Maria Perpétua Guimarães; 83
Vlater Brighetti; 55
Wagner Zangirolami; 119
Walker Facchini Álvares; 110
Wander Marques Pereira; 112
Wanilton Alves Garcia Filho; 91
Wendel Roberto Pereira Peruca; 106
Yevaldo Pereira; 106
121
122
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana
Volume 1 . Número 1 . Novembro 2009
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