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MOLAÇO,
Fábrica de ..Molas de Aço
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e Acessórios
Fábrica: Av. de Moçambique Km 4,5 - Telef. 71744 Escritório: Av. Karl Marx n.'
901- 1. - Telef. 28975 Caixa Postal: 4183 - Telegr. MOLAÇO Telex: 6-216
MOLAS MO MAPUTO
O PAIS
toza ----.........
Ano Internacional da Criança:
p,
O que se fez para a criança:
, Para breve encerramento do AIC
« «Queremos que cada ano seja o
ano da criança moçambicana, Marcelino dos Santos no encerramento do 1 Campo
de Férias
* Declaração -dos direitos da criança
A criança no mundo
(a partir da página ................ 7)
»Queremos que a paz seja um instrumento para acelerar o desenvolvimento dos
nossos povos» - Presidente Samora Machel num comício para
comemoração da vitória do Povo do Zimbabwe .... ...24
5. Sessão daAssembleia Popular: - Um passo na preparação da vitór0a sobre o
subdesenvolvimento ........................... 36
Entrevista com Deputados à Assembleia Popular ................... 42
Declaração do Comité Político Permanente do Comité Central do Partido
FRELIMO, sobre a Conferência de Londres .....
.... ........44
INTERNACIONAL
«Frente Patriótica não vai morrer» - Robert Mugabe em Conferência
de Imprensa ........................
............... .46
Porque é que África é pobre? ....... . 4
.... ...5
Notiéiário africano .... ..... ... .
.. ... .. ... 54
Internacional/Imagens .
1*...*55
Cartas dos leitores ........................................57
Conto: Diário de um professor estagiário ............. ..... ... 62
Palavras cruzadas ........................... ............ 64
,semana nacional
PRESIDENTE SAMORA MACHEL RECEBE
MINISTRO DA DEFESA DA ZÂMBIA
pulares do Vietname novos êxitos na luta contra o inimigo de classe; pela defesa
da integridade territorial e peia consolidação - da Independência Nacional.
Queira, Camarada Ministro, aceitar as minhas cordiais saudações revolucionárias.
Alta Consideração A Luta Continua»
JOVENS PREPARAM-SE PARA PARTICIPAR NO PROGRAMA DO
DESENVOLVIMENTO DO NIASSA
O Presidente do Partido FRELIMO e Presidente da República Popular de
Moçambique, Samora Moisés Machel, recebeu no passado dia 26 em Maputo,
Grey Zulu, Ministro da Defesa da Zâmbia, que era portador de uma mensagem do
Presidente Kenneth Kaunda uara o Chefe de Estado moçambicano.
Aquele enviado especial do Governo zambiano manifestou a satisfação do seu
País pelos acordos alcançados em Lancaster House durante o encontro com o
Presidente Sanora Machel. A foto documenta o momento em que Grey Zulu era
recebido pelo dirigente máximo da Revolução moçambicana.
MENSAGEM
DE FELICITAÇÕES
AO EXÉRCITO DO VIETNAME
Teve lugar no dia 24 de Dezembro, na Escola Socundária «Josina Machel», em
Maputo. uma reunião com jovens que fazem parte da primeira brigada desta
provincia que vai participar no programa de desenvolvimento do Níassa.
Esta reunião foi orientada por Arnaldo Paris, membro do Secretariado Nacional
da Organização da Juven.ude Moçambicana, estando presentes, para além dos
brigadistas,, os
Ao usar da pa!avra, Arnaldo Paris deu algumas orientações indispensáveis -ao
trabalho que aqueles jovens irão realizar, tendo-se pronunciado aceêrca da
questão das dificuldados de voos que se têm registado nesta quadra do fim de ano.
impossibilitando o embarque imediato de todos os voluntários, como séria da
desejar.
Sabe-se que antes desta brigada avançar, uma delega.: ção do Secretariado
Nacional
Por ocasião da passagem do 35. aniversário da fundação das Forças Armadas
Populares do Vietname, que foi comemorado no passado dia 22, o Co-missário
Político, Nacional das FPLM e Vice-Ministro da efesa do nosso País, Armando
Emílio Guebuza, enviou ao Ministro da Defesa Nacional da República Socialista
do Vietname, Vo Nguyen Giap, uma mensagem em nome do Mi,iistro da Defesa
Nacional da R.P.M.
É o seguinte o teor da referida, mensagem: «Quero, por ocasião do 35.'
aniversário da fundação das
Forças Armadas Populares do Vietname, em nome de todos os soldados e oficiais
das Forças Populares de Libertação de Moçambique e em meu nome pessoal,
saudar e felicitar o Camarada Ministro Vo Nguyen Giap e, através de si. todos os
quadros e Combatentes das Forças Armadas Populares do Vietname.
Por esta ocasião, consciente de que a amizade combativa entre os exércitos dos
nossos dois Países se consolidará e desenvolverá futuramente, desejo
sinceramente a si e aos quadros e Combaten.s das Forças Armadas Po-
Alguns jovens de Maputo pertencentes à primeira brigada que vai partir para o
Niassa. Como estes, centenas de outros jovens do País preparam-se para participar
no desenvolvimento daquela província
seus familiares.
A brigada enquaora-se no cumprimento da palavra de ordem lançada pelo
Presidento da FRELIMO e Presidente da República Popular de Moçambique de
«fazer do Niassa um modelo e exemplo na luta contra o subdesenvolvimento».
Antes da reunião, foram apresentados alguns números de actividades culturais
pelos grupos polivalentes da OJM, Zorre de Xipamanine e poesias alusivas ao
jovem, na transformação do Niassa.
da OJM, chefiada por Zacarias Kupela, Secretário-Geral daquela Organização
Democrática de Massas, visitou a província do Niassa, com o objectivo de discutir
com as estruturas provinciais assuntos ligados com o trabalho das brigadas
juvenis de trabalhos voluntários, na província.
É de salientar quenas restantes províncias, dentro do mesmo âmbito, as estruturas
da OJM, preparam jovens com vista a enviá-los para o Níassa.
turas do Comércio Interno e dos abastecimentos ao nível de Maputo iam
concentrar todos os esforços no sentido de garantir o abastecimento de alguns
produtos essencniis, diu, rante a presente quadra. Outra questão analisada foi a
das irregularidades que ultimamente se têm vindo a verificar nas bichas,
particularmente o caso daqueles que por estarem a organizar as bichas se
aproveitam para serem os primeiros a comprar os proprivilégio de comprar em primeiro lugar ou direito a determinado produto em
relação às restantes pessoas.
Segundo referiram alguns participantes, esta situação que manifesta
oportunismo por parte de alguns' indivíduos organizadores das bichas tem
envolvido elementos pertencente3 a diversas estruturas. Para combater este tipo
de comportamento foi apontado que a população deve exercer uma forte
vigilância, detectar o denunciar todos os elementos que, sob a capa de estrutura,
pretendam ter privilégios nas bichas.
AAO
Foi assinado no passado dia 24, em Cuba, un protocolo de cooperação entre a
República PoPular de Moçambique e a República de Cuba, que prevê a realização
de trabalhos conjuntos entre os dois países nos domínios da Agricultura,
Construção, Transportes, Comunicações, Indúsfriq., Químicas, Açucareira, Saúde
e Educação.
Pelo nosso País, o documento foi assinado pelo Ministro das Obras Pública- e
Habitação, João Baptista Cosme, que em Havana participou também na reunião
do «Grupo dos 77».
MUSEU DE PRESERVA;ÃO DE DADOS HISTÓRICOS EM LICHINGA
Vai ser criado no próximo ano em Lichinga umi Museu de Preservação de Dados
'Históricos. Para o efeito, o Serviço Nacional de Museus e Antiguidades concedeu
à Província do Niassa uma verba de cerca de 50 contas destinada à reparação e
ampliação das instalações do Museu de Lichinga, onde irá funcionar o novo
centro expositor.
A preservação e dinamização da cultura moçam bicana, constitui uma das actuais
preocu.açíes do Serviço Provincial de Cultura, em Niassa. Ness3 sentido estão a
ser desenvolvidos trabalhos de in, Ventariação de instrumentos artísticos e
musicais, danças, teatro, recolha de tradição oral, programa este que se enquadra
num outro mais geral, estabelecido pela Direcção Nacional de Cultura. Está
igualmente previsto para o próximo ano o início da construção de uma biblioteeca
na cidade de Lichinga, projecto este porque é responsável o Conselho Executivo
da Cidade. protocolo com cuba
TEMPO N.6 481 - pág 3
MARAGRA:
ASSINALADO FIM DA CAMPANHÂ
AÇUCAREIRA
Decorreu de 19 a 21 de Dezembro, a Quarta Assembleia Geral dos Trabalhadores
da empresa Marracuene Agrícola Açucareira (MARAGRA), localizada no distrito
da Manhiça, em Maputo, e durante a qual foram analisados e discutidos os
trabalhos desenvolvidos durante a campanha finda e fixados os planos de
desenvolvimento da empresa para o próximo ano.
O director da empresa Rui Filipe Madruga ao dar início à Assembleia Geral dos
Trabalhadores que habitualmente se realiza no fim de cada campanha, disse que
«o aspecto relevante desta campanha é ter sido uma campanha que terminou mais
cedo do que o ano passado e permite ver melhor os trabalhos preparatórios,
evitando com isso trabalhos que exigiriam o roubo de horas fora do turno normal
de serviço para a sua realização».
Neste encontro que contou com a participação de delegados do Instituto Nacional
do Açúcar e de outras indústrias açucareirás do País foram estudados o discurso
do Presidente Samora Machel na reunião com as estruturas, centrais e provinciais
do Aparelho de Estado e o documento da última reunião alargada do Conselho de
Ministros, para permitir a cada trabalhador conhecer a tarefa oue lhe r»abe
no desenvolvimento económico do nosso País.
Falandò sobre aspectos da produção da MARAGRA o director daquela empresa
afirmou que «é no canavial que se deve centrar o máximo da nossa atenção, pois é
no campo que se produz o açúcar e a fábrica limita-se a extraí-lo. No campo disse
ainda - é onde se verificam as maiores deficiências. Para ultrapassar estas
dificuldades, os trabalhedores estão empenhados em reparar o equipamento
estando, neste momento, 75 por cento da fábrica já desmontada para se proceder
às necessárias reparações.
Aliar a uma maior qualidade de trabalho um menor número de horas
extraordinárias, e ainda conseguir uma eficiente programação das férias a que os
trabalhadores têm direito, têm sido outras preocupações da MARAGR A.
Um dos grupos de estudo organizados durante a Assembleia Geral dos
Trabalhadores da MARAGRA
Os participantes da Quarta Assembleia Geral dos Trabalhadores da MARAGRA
organizaram-se em grupos de trabalho, tendo sido com base nas sínteses
apresentadas que foi elaborado o documento final sobre o trabalho realizado.
É de salientar que neste encontro foram apresentados os trabalhadores melhor
classificados na emulação socialista.
Quando a empresa MARAGRA foi intervencionada pelo Governo, em Fevereiro
de 1977, em virtude de ter sido deixada em abandono por parte do seu conselho
administrativo, todo o seu canavial estava deteriorado em virtude de ter sofrido
duas cheias consecutivas que o arrasaram em grande parte, sendo o restante
la estrutura política da empresa por forma a que aqueles tomassem consciência do
valor do seu trabalho no processo de desenvolvimento do nosso País.
Recentemente foi introduzida naquela empresa a experimentação dos vários tipos
de cana. Os trabalhadores estão presentemente empenhados em multiplicar as
variedades de cana de entre as quais serão escolhidas as que apresentarem
melhores características agronómicas. Para este efeito já existe um sector e que
está em pleno funcionamento,
Também foi criado um laboratório de solos com base num sector que até há pouco
se limitou a efectuar alguns trabalhos relacionados com meUm aspecto da Quarta Assembleia Geral dos Trabalhado.
res da MARAGRA
constituído por cana velha, quase toda com mais de cinco cortes. Por outro lado,
os diques de protecção, o sistema de regadio, drenagem, e o equipamento agrícola
estavam em péssimas condições.
Ao ser intervencionada pelo Governo, um esforço enorme tinha de ser
desenvolvido para que tudo fosse reconstruido. Foram reconstruidos diques e
drenos e importou-se material diverso a fim de que a produção pudesse prosseguir
normal mente.
De notar o esforço de mobili ação e sensibilização dos tra>alhadores levados a
cabo peteorologia, Este sector funciona com o apoio de um engenheiro agrónomo que
começou a criar condições para o início de análise de solos com recolha-de
amostras de solos e de água e com preparação de sete trabalhadores que
futuramente irão desempenhar funções de auxiliaies analistas,
A empresa MARAGRA tem efectuado cursos de aperfeiçoamento de formação de
carpinteiros, auxiliares de labóratório agronómico, normado. res, mecânicos de
máqu!ras pesadas e agentes polivalentes de medicina, entre outros.
No último dia da Quarta AsTPMPli iu - AG1 5 4
z
Estes são os melhores trabalhadores que se classificaram
na emulação socialista
sembleia Geral dos Trabalhadores da MARAGRA realizou-se uma jornada de
trabalho às plantações de cana.
Nesta actividade marcou igualmente a determinação dos trabalhadores da
açucareira em aumentar cada vez mais a sua produção e produtividade.
Para assinalar o encerramento, foi realizada uma reunião num dos bairros
residenciais
dos. trabalhadores onde foram apresentados diversos agrupamentos culturais em
manifestação de alegria pelas vitórias alcançadas durante a Quarta Assembleia
Geral dos Trabalhadores da MARAGRA.
Texto de:
Haroon Patel
Fotos de:
Naita Usseile
Porque vivemos os últimos dias dbste ano - 1979 - profundamente marcado da
sucessos sem precedentes cuja tendência é a eliminação total desses regimes
decadentes que ainda exercem o seu domínio sobre alguns povos deste nosso
globo terrestre, porque par: te desses sucessos consti.uenI fruto do nosso próprio
trabalho, fruto da nossa vitória revolucionária, frutó dos operários e camponeses
moçambicanos, queremos felicitar o nosso povo, e ao nosso tão querido
Presidente, Samora Moisés Machel, pela sua firmeza, dedicação e clarividência na
condução da nossa sociedade rumo ao socialismo, queremos assim mesmo dar
vivas ao nosso máximo dirigente e
apresentar-lhe as nossas mais profundas felicitações pela sua brilhante
intervenção na 6.' Cimeira dos Chefes de Estado dos Países Não-Alinhados. que
foi para nós em particular e para uma maioria dos estudantes africanos aqui
representados, motivo de imen, sa alegria e orgulho, queremos felicitar o nosso
povo, os nossos dirigentes, os nossos pais e irmãos, esposas e filhos, pela coragem
com que diariamente enfrentam as agres sões inimigas, e pelas derrotas
consecutivas e cada vez mais escandalosas que o imperialismo e o seu
destacamento avan çado - Smith - sofrem no campo de batalha. E porque nós
somos parte desse povo, queremos, atendendo e considerando o facto de que 1980 representa o início de uma fase superior da nossa
revolução, que representa o ano do 5. aniversário da independênicia, fazer chegar
junto a vós e a todos, o sentimento 'puro que temos reservado para com o Partido
FRELIMO - que nos orienta e para com a Bandeira que diefendemos, e- declarar
sem ilusão alguma dos nossos sentidos, nem pensamento excessivo em nós
próprios, nem alegria egoísta e infundamentada, que nos sentimos mais decididos
a entregar-nos totalmente pela' causa Nacional. E como? De momento
prometemos canalizarmos todos os
nossos esforços no sentido de obtermos maior promoção nos nossos estudos, para
amanhã melhor contribuirmos na edificação da nossa nova sociedade.
Alimentando o firme desejo de que 1980 seja um ano de maiores vitórias, vitórias
que se traduzem num êxito efectivo dos nossos propósitos nos subscrevemos com
elevada consideração.
Que 1980 seja um novo ano feliz e próspero,
Pelo colectivo de estudantes - trabalhadores moçambi"anos em Havana.
TEMPO N.O 491 - Pág. 5
MENSAGEM DOS ESTUDANTES MOÇAMBICANOS EM CUBA
Teve lugar recentemente, em Maputo, a cerimónia de encerramento de um curso
de agentes de Saúde militar, presidida pelo Chefe do EstadoMaior General das
FPLM e Vice-Ministro da Defesa Nacional, Sebastião Marcos Mabote. Nas fotos,
aspectos do acto cultural que assinalou o acontecimento e entrega de diplomas aos
novos agentes de saúde.
e.e. medimoc
empresa estatal de importação e exportação de medicamentos IMPORTAÇÃO,
ARMAZENAGEM E DISTRIBUIÇÃO DE:
MEDICAMENTOS
APOSITOS
VACINAS
-ARTIGOS DE PENSO CHAPAS RADIOGRÁFICAS PRODUTOS
QUíMICOS PARA U S0 DE FARMACIA E
LABORATÕRIO, MATERIAL
MÉDI C O, LABORATORIAL,
CIRCRGICO, BEM COMO EQUIPAMENTO HOSPITALAR.. MATERIAL
ÓPTICO - OFrALM[CO. MATERIAL DENTARIO
EXPORTAÇÃO DE:
PLANTAS MEDICINAIS E EQUIPAMENTO ,HOSPITALAR
ARMAZÉNS DE VENDAS: MAPUTO - Av. Mártires de Inhamringa, 336 S/L Telefones 26825 e 23167 BEIRA - Av. Mouzinho de Albuquergue, 1916/1926 Telefones 24992 e 22531 NAMPULA - Praça Wiriamo, 11 B 11 - Telefones 2753
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REPÚBLICA POPULAR DE MOÇAMBIQUE
ENDEREÇO POSTAL
Caixa Postal 600- MAPUTO, Caixa Postal 1463- BEIRA Caixa Postal 573NAMPULA Endereço Telegráfico «MEDIMOC»
QUE
SE
FEZ
PAÄRA
A
CRIANÇA
Pela primeira vez as crianças celebram, no nosso País, as datas que se
convencionaram estar a elas dedicadas. Uma criança escrevia num dos nossos
números: «Na era colonial não havia dia da criança, nem do trabalhador, nem da
mulher. Só havia dias das
mentirasu.
A possibilidade de negar essa mentira que se reproduzia dia-adia e de crescer
livremente são frutos da Revolução. São conquistas que, este ano, se
consolidaram. Um trabalho intenso de sensibilização dos pais e educadores para a
importância de qp dediearem ao desenvolvimento das crianças e prestarem toda a
atenção, todo o amor e todo o carinho constituiu ponto central das comemora~
do Ano Internacional dCriança na R.P.MO
A iniciar a efectivação da idecisão da Organiza. ção das Nações Unidas, que
definiu que o ano 1979 deveria ser dedicado à criança de todo o Mundo, o
Conselho de Ministros da RPM aprovou um programa de realizações nesse
sentido e atribuiu um fundo de 10 mil contos para o seu cumprimento.
Para velar pela concretização dos programas do Ano Internacional da Criança foi
criada uma Comissão Nacional, patrocinada por Graça Machel, Ministro da
Educação e Cultura. Esta Comissão integrou igualmente o Ministro da Saúde, os
Secretários-Gerais das Organizações Democráticas de Massas, os Directores
Nacionais das Aldeias Comunais e da Informação, as bem como um represenviu.se a necessidade de. ças se agrupem e divr
'ques infantis onde as
tante do Ministério da
Posteriormente a estrutura Nacional ramificou-se com a. criação de Comissões
Provinciais e Distritaís cujo trabalho consitaem materializar,,
nos rspectivos, escalões, todos os programas no âmbito do Ano Internaci. onal da
Criança.
Assim, aponta-se a rea-.
zações, no âmbito do AIC, bates em que trabalhadores de variadas frentes de
produção discutiram e contribuíram para o projecto da Declaração dos Direitos da
Criança, que veio a ser aprovada pela última Sessão da Assembleia Popular realizada no ano de 1979.
Do Programa de realizações, no âmbito do AIC, salienta-se a divulgação de
soluções para o melhoramento da dieta alimentar da criança, assim como, das
regras fundamentais para a protecção maiterno-infantil.
«A cada turma a sua sala de aula; a cada aluno o seu banco» - tal é a palavra de
ordem a partir da qual se estabeleceu um plano para o melhoramento dos Centros
Infantis existentes no Pais, com prioridade para cinco Aldeias Comunais que irão
servir de exemplo para outros centros de vida colectivalue as realizações materiais a bem da criança no âmbito das comemorações do
eocupaçoes ao Partiao e ao Governo apontam para a neeesszdaae ae as crtinças
serem, tratadas com amor e carznho
TEMPO N. 481 - pág. 9
ubllcação de textos sobre aprotecção ,orar a dieta alimentar da criança e s
realizações
Há também a assinalar várias realizações levadas a cabo através de iniciaUívas
populares, como sejam, a construção de brim quedos, produção de roupas para
crianças, construção de parques infantis nos centros habitacionais, abertura de
creches, paraalém de donativos
de vária ordem em apoio ao Ano Internacional da Criança.
A titulo de exemplo, anotamos o trabalho desenvojvído por alguns pais,
trabalhadores no Banco Popular de Desenvolvimento, que nas horas vagas
dedicaram-se à produção de brinquedos para
os filhos, e o trabalho de cooperativistas da OMM que produziram várias peças de
vestuário para cri. ança.
Insere-se também neste programa, a abertura de uma fábrica de brinquedos, com o
apoio financeiro da UNICEF e que vai
orçar em cerca de 5 mil contos.
Tomando em conta a crise actual de falta de material de leitura para as crianças
moçambicanas, o INLD - Instituto Nacional do Livro e do Disco publicou alguns
li. vros como, por exemplo, «0 Coelho e o Macaco» (quinze mil exemplares) e o
«Continuador e a Revolução».
De salientar a contribuição dada pela Inform a ç ão, nomeadamente através do
programa semanal da Rádio Moçambique dedicado à criança e do suplemento
semanal do Jornal Notícias «Njingiritane ».
Porém mais do que as realizações materiais para o melhoramento da vida das
crianças moçambicanas, as orientações do Partido FRELIMO e do Governo
apontam essen-ý cialmente para a necessidade de os adultos darem à criança um
tratamento adequado para que ela constitua a garantia do triunfo do Socialismo
em Moçambique
Tendo em vista o encerramento das actividades comemorativas do AIC, que se
verificará nos fins do corrente ano, a Comissão Nacional tem vindo a realizar
reuniões com membros do Partido, círculos dos Grupos Dinamizadores dos
Bairros e Secretariados das Células do Partido de várias unidades de produção. Os
actos comemorativos do encerramento do AIC seriam realizados no dia 29 nas
empresas e no dia 30 nos bairros residenciais.
Texto de
Bartolomeu Tomé
TEMPO N.9 481 - pág. 10o
OUEREMOS QUE CAA AN, D S1A OgA
CRMMANCA
eWerramento do 1.6 Campo
«Todos os anos têm qu lino dos Santos quando Nacional de Férias, no províncias
do país. A fc Declaração dos Direitos
s» - disse o Ministro do Plano, Marce. ,rimónia do encerramento do l., Campo
,eram 160 crianças vindas de diversas
-nos o Ministro do Plano, quando lia a i moçambicana, aprovada na 5." Sessão
.bleia Popular
Cor, alegria e vida caracterizaram o passado s bado, dia 22 de Dezembro,
noPrimeiro Campo Nacio",
nal de Férias, situado na Praia do Bilene, na
Provín4
cia de Gaza. Ali, cento e sessenta crianças vindas de
diversas provincias do País, festejaram o último dia da sua estada naquele lugar
apraznvel.
TEMPO N. 481 - pág 11
o 4os Santos, 1 de Férias n
«Somos o produto da terra estrumada com o sangue daqueles que por ela
morreram. Somos a seiva de árvore e juramos mantê-la sempre forte e firme.»
expressavam os continuadores através de uma mensagem lida durante a cerimónia
de encerramento que decorreu ao longo de quase um dia inteiro.
Através de canções e poesias as crianças traduziam as suas experiências durante a
permanência naquele campo. A dado passo, aquela mensagem recordava:
«Devemos à luta do Povo moçambicano, guiado e dirigido pela FRELIMO, a
comemoração do Ano Internacional da Criança. Muitos avós, pais e irmãos
morreram sem que nunca tivessem ouvido falar do Dia da Criança.»
Além das canções e poesias, as crianças executaram diversos números de
ginástica aplicada que ali aprenderam, durante os quinze dias de uma vida colectiva e organizada.
«TODOS OS ANOS TEM QUE
SER NOSSOS»
Marcelino dos Santos, membro do Comité Político Permanente do CC do Partido
FRELIMO e Ministro do Plano, õrientou a cerimónia de encerramento tendo
igualmente convivido com as crianças.
Debaixo de grandes árvores existentes à beira-mar 1, depois de escutar a
mensagem e ter assistido à apresentação de ginástica, o, Ministro do Plano teve
uma longa conversa com os continuadores.
«Cómo vamos fazer para que todos os anos sejam nossos?» assim o Ministro do
Plano iniciou a conversa.
Lá do fundo, levanta-se uma criança que responde: «Devemos estudar, para
sermos melhores
continuadores moçambicanos.»
«A resposta é exactamente a que foi dada por aquele continuador - disse
Marcelino dos Santos -. Devemos estudar para sermos melhores,»
«É uma vitória, hoje nascerem crianças moçambicanas para viverem felizes.» acrescentou o Ministro do Plano. Referiu também a preocupação que o Partido
FRELIMO e o Governo têm em relação ao bem-estar da criança moçambicana:
«Estávamos a falar, na Assembleia Popular que na década de 1980 a 1990 temos
que acabar com o subdesenvolvimento... «Vocês sabem o que é isso de acabar
com o subdesenvolvimento? Signi fica que todas as crianças moçambicanas
devem ter leite, devem comer ovos, devem ter cadernos, devem ter sapatos...»
A conversa prosseguiu. Os continuadores escutavam atentamenTEMPO N.o 481 - pág. 12
«Devemos à luta do povo moçambicano, guiado e dirigido pe. la FRELIMO a
comemoração do Ano Internacional da Crian. ça» - lia-se a certo passo na
mensagem dos continuadores du rante o encerramento do 1." Campo de Féri-2s
no Bilene
te. Marcelino dos Santos acrescentou: «Daqui a dez anos, vocês estarão grandes e
teremos muitos campos de férias em todo o pais, até ao, fim da década... »
OS DIREITOS DA CRIANÇA MOÇAMBICANA
A-propósito dos direitos dp criança moçambicana cuja declaração tinha sido
aprovada no dia anterior pela Assembleia Popular, o Ministro do. Plano anunciou
aos continuadores: «Quando estávamos reunidos, na Assembleia Popular, houve
uma pequena, grande festa. Estávamos a falar de vocês e, como queremos que as
nossas crianças vivam felizes, estávamos a ver como é que os papás e as mamãs
deverão tratar-vos e como é que vocês deverão tratá-los. Pois, foi aprovado a
declaração dos direitos da criança moçambicana.»
Continuadores apresentando um U¿os números de gindstica e algumas canções
que colectivamente aprenderam durante quinze dáas em que permaneceram no 1.'
Campo Nacional de Férias
TEMPO N.o 481 - pg. 13
Esta noticia foi recebida alegremente pelas crianças.
Aquele alto responsável do Partido e do Governo terminou a conversa traçando as
seguintes orientações, «Queremos que cada ano seja o ano da criança
moçambicana. Mas, para isso, é preciso que algumas condições sejam satisfeitas.
É preciso estudar, é preciso que não «chumbem». É preciso que não risquem as
carteiras, não partam os vidros das janelas, que conservem as escolas limpas.»
O calor é mais intenso. A água no mar aumenta de volume. A conversa que estava
a desenrolar,se entre o -Ministro do Plano e as crianças já no seu fim, é rompida
por trompetes e flautas, enTEMPO N.o 41 - pág., 14
Os continuadores que mais se distinguiram na limpeza, conservação de casas e
trabalhos manuais receberam brinquedos, lápis e cadernos como prémio de
emulação
tre outros instrumentos musicais da Banda Militar. Os sons misturam-se aos
«miculunguanas» (expressão vocal de alegria) das populações das redondezas
presentes h cerimónia.
Aquele acto estiveram presentes, além do Ministro do Plano, o membro do
Comfté Político Permanente do Comité Central do Partido FRELIMO, Jorge
Rebelo,
o Patrono da Comissão Nacional do Ano Internacional da Criança, Graça Machel,
o Primeiro Secretário Provincial do Partido FRELIMO e Governador de Gaza,
João Facitela Pelembe, bem como o Secretário-Geral da OJM, Zacarias Kupela.
Texto dd:Ofélia Tembe Fotos de: Naíta Ussene
"UVANTAMM- O E MAIA OmUAN O SO[..
«Levantavamo-ues logo de manhã cedo quando o sol saia da sua casa e íamos
deitar quando ele já tinha regressado. - disse Fátima, uma criança da província do
Maputo quan-' de, juntamente com vários continuadores do 1.0 Campo Nacional
de Férias nos dava impressões sobro a sua experiência.
A organização e limpeza são coisas que se apren dem de criança. Os
coatinunador" que ali viviam, aprendiam a conservar limpos os seus quartos.
Como forma de incentivar mais a organização e discipília havia emulação
socialista entre as crianças.
Os prémios de emuiação foram entregues à criança que melhor conservou o seu
quarto e aquela que, durante todo o tempo de estada, se apresentou como a melhor
na feitora de trabalhos manuais.
VISITAS
.Vimos porcos e visitámos grandes machambas de arroz. Visitámos a Fábricade
Chouriço 0 vou
dá tinha visto machamba «Recebi vrémios de emulade arroz. mas tão grande ção
porque arrumei bem o que a do Complexo do Lim- meu quarto. A mirha esta.
popo nunca tinha visto» - da aqui permitiu-me apren. Fonseca Fernando da Zam.
der muitas coisas» - a/ir.
bézia
*nou Fátima Nordine Mussa,
da Província do Maputo
passar -a gostar mais do chouriço porque já vi como é fabricado».
- afirmou Fonseca Fernando Conteiro, continuador proveniente da Província da
Zamblzia. A presença dos continuadores naquela instância turística não só se
limitou a gozar a frescura das águas do mar - que muitos deles, pela primeira
vez, conheceram visto que provêem das províncias do interior, como Manica, por
exemplo - visitaram o distrito do Chókwè, onde se está erguer o Celeiro do País.
«Gostei muito de ver a fábrica de queijo o grandes machambas de arroz»
- dizia Caria IMaria das Dores, continuadora de Gaza.
TEMPO N.o 481 - pág. 15
Jt
Dóclara çao dos Direitos
da craç
ue:
Tu não conheceste o colonialismo ou não te podes lembrar dele, porque nesse
tempo eras muito pequena ou não tinhas ainda nascido. Esse era um tempoem que
as crianças moçambicanas não tinham direitos. Para elas não havia casa, não
havia hospital, não havia centro infantil, não havia escola, não havia campo de
jogos, não havia jardim. Tudo isso só existia para os filhos dos colonos.
Os filhos dos colonps eram crianças como tu, gostavam das coisas de que tu
gostas, precisavam das coisas de que tu precisas. Mas o colonialismo, para dividir
os homens, começava por dividir as crianças. ,
0 colonialismo ensinavaas crianças brancas a desprezar as crianças pretas.
Ensinava as rianças que tinham pais ricos a olhar as criançaspobres como seus c
ri a d os. Ensinava os filhos dos colonos a pensar que era justo que os filhos
moçambicanos não tivessem nenhum direito e eles tivessem todos e ensinava as
crianças moçambicanas a aceitar que isto era certo...
Quando, há muitos anos, Frente de Libertação de Moçambique começou a luta
contra o colonialismó era em ti que os guerrilheiros pensavam. Eles lutaram e
deram a sua vida para que a criança moçambicana pudesse nascer e crescer livre,
ter escolas para aprender ter hospitais para ser tatada quando está doCriança de Moçambiqi
wMrIn ftm AOI - ~ 1~
eb.Je, ter campos de'jogos para brincar, ter jardins para viver rodeada de bel,za.
Eles lutaram para que tudo isto fosse criado. Tudo isto fosse para todas as
crianças de Moçambique, sem importar a raça, a cor da pele, o dinheiro que a
família tem.
Tu, criança moçambicana, és a razão principal da nossa luta - a luta pelo
socialismo. O Povo moçambicano quer, tu sejas o homem e a mulher que vão
continuar esta luta, que vão viver uma vida nova, mais feliz do que aquela que os
teus pais vivem hoje. Uma vida de paz, de bem-estar, de alegria, de justiça.
Por isso, o Povo moçambicano quer que tu tenhas, conheças e compreendas os
teus direitos., Os teus direitos são o que tu podes fazer; o que tu podes exi-< gir
que te seja dado e essa tua vontade respeitada.,
O mais alto órgão do Estado, a Assembleia Popular, manda portanto" respeitar e
fazer cumprir os teus direitos, que são:
PRIMEIRO - Tu, criança, és o continuador da Revolução. És a esperança do
futuro que brilha no teu sorriso quando está feliz. És a certeza da nossa Pátria
Socialista. O socialismo é a justiça, é to-' dos os cidadãos terem os mesmos di-!
reitos e deveres.
Aqui fica escrito que todas as crianças têm os mesmos direitos. SEGUNDO -Tens
o direito de crescer
TEMPO N,481- à -1r
rodeada de amor e compreensão, num OITAVO - Tens o direito à protecção
ambiente de segurança e de paz. da tua saúde, a viver num ambiente
TERCEIRO - Tens o direito de viver saudável, a ter uma boa alimentação, numa
família. Tens o direito de ter um a ser ensinada a defenderes-te contra a nome
para que os 'teus pais, irmãos e doença. amigos te chamem e sejas conhecido
Quando estiveres doente, tens o dionde estiveres.
reito de ser tratada
com todos os cuidaQuando não tiveres família, tens o dos, com todo o afecto e
carinho.
direito a passara viver numa família NONO - Tens o direito de não ser que te
ame como um filho,
submetida às práticas -dos ritos de iniQUARTO - Para
cresceres forte e sau- ciação, aos casamentos prematuros, ao davel, tens o direito
de ser alimentada, lobolo. Eles sao -contra os princípios da abrigada, vestida e
educada pela tua nossa Revolução. r família.
Tens o direito de
não ser empregada
Tens o direito de brincar. praticar' óu ocupada ,i actividades que prejudesporto
para que o tÓýÚ torpo cresça diquem p tua saúde, a tua educação e cheio de
energia e se q
o svvlvi~
do teu corpo e da
QUINTO- Tens o c
direito d de qua <e
educação para ser
Nv..' És
edua ço pra ere o o<~e,»~ PCIMO Tens direito de que .te Tens o direito de
conh,ýr o m o expliquem os ?"rsýý Iue cometeres para de vie ... com .. . ..
có p ec
de vives e como tra--oms e não os voltes a nhecer a História denitad
s
cultura, de aprender iate stratos. cia e a técnica.
RO Em
situaço de
scola deve.
mpego, t
ito de estar entre os
,A esco la deve ensinÓý.ý «ýý<mWe
ander o mundo duma forntÍf.Íca
eiros q recebem protecção e so- or.e o
revolucionária, a conhecer~e a ornar a tua Pátria e todos os povos do mundo.
DÉCIMO SEGUNDO - Para poderes
SETO -Tens~o direito des m eçar a participar na Revolução, pao teu ever
prenderes a viver organizada e a
da para que possas cumprir
cohee teura cranesvertutn
de servir o povo quando fores _grande. conhecer outras crianças como tu, tens
Tens o direito de ser educada no respei- o direito d artcioar na Organização to
pelo trabalho, no respeito pelos bens dos Continuadores da Revolução. do povo,
na participação em activida- Estes são os teus principais direitos. des produtivas.
Nós, a Assembleia Popular, compromeSÉTIMO - Os centros infantis, onde temonos solenemente a criar todas as aprendes e brincas com crianças da tua condições
para que eles sejam materiaidade, e as escolas são principalmente lizados, para
que, em cada canto do para ti.
nosso País, todas as crianças
possam
Cada vez mais os vamos multiplicar crescer ao sol quente da felicidade, da para acolher todas as crianças do nosso alegria, do bem-estar, da justiça, do País,
amor do socialismo.
O ano que agora teunna foi procaMo pela ( ganizaç das Naçóes Unidas como o
Ano Internac na da Criança, precisamente 20 anos depois de 1 sido aprovada a
Declaração dos Direitos da Criani
Não é fái fazer um balanço das múltiplas inic tivas desenvolvidas a favor das
crianças de todo
mundo, durante o corrente ano. Mas, mesmo que 1 fosse possível, não deixaria de
ser pertinente levant algumas questões: em que medida todas essas inie tivas e
realizações vieram alterar a situação de z lhões de crianças vitimas da miséria, da
fome e 4 doença, das crianças refugiadas, das crianças ain, sujeitas à mais
desumana exploração da sua força trabalho?
As acções desenvovidas durante o corrente ano a favor da Criança, não podem ser
tomadas como fazendo parte de uma «receita milagrosa» capaz de resolver todos
os problemas existentes. A sua validade terá de ser encontrada numa perspectiva
futura, terá de ser vista como fazendo parte de um conjunto de acções e de
esforços destinados a contribuir para o desenvolvimento e o bem-estar em vastas
regiões do mundo.
Nestes termos, o Ano Internacíonal da Criança valeu pela sensibilização que
possa ter promovido, valeu por ter constituído uma chamada de atenção para as
condições em que ainda vivem milhões de crianças e por ter permitido uma maior
conjugação de esforços no sentido de alterar a situação. Por isso, ao terminar o
ano de 1979, não se pode pensar que tudo o que era possível e necessário fazer a
favor das crianças já está feito, que o Ano Internacional da Criança veio resolver
todos o$ problemas dá Criança.
Pelo contrário, a situação é
completamente diferente. É preciso multiplicár os esforços, prosseguir as acções
iniciadas, desencadear multas outras. Não ver no Ano Internacional da Criança
apeSnas um ano em que mais do que
nunca se falou e dedicou especial
atenção à Criança, não ver no
Ano Internacional da Criança
-* apenas uma jornada de solidariedade para com a Criança, apenas uma acção
isolada, um marco histõrico que crianças de alguns países irão futuramente
recordar porque tiveram uma festa, deram um passeio, assistiram a sessões S de
cinema, praticaram desporto, receberam brinquedos. Nestes aspectos, é preciso
que cada ano sejáa igual ao Ano Internacional da Criança e que passe a envolver
cada vez mais crianças.
FOME, DOENÇA E MORTALIDA
DE INFANTIL
É particularmente grave a siz
tuação de milhões de criangas em
todo o mundo, especialmente no
TEMPO N.o 481- pág. 19.
Milhões de crianças em todo o mundo não dispõem de um mínimo de condi.
ções de saúde, de habitação, e de. uma alimentação adequada
que diz respeito à falta de uma alimentação .adequada e de condições de saúde. A
nível de África e de vastas zonas da Asia, a situação pode ser considerada
dramática.
De acordo com dados divulgados pela Organização Mundial de Saúde, a
mortalidade infantil no mundo é estimada em 83 mortos por cada 1 000 bebés
nascidos vivos. Mas, este número é apenas uma média, pois nos países em
desenvolvimento a taxa de mortalidade infantil é, em geral, de 10 a 20 vezes
superior à que se verifica nos países desenvolvidos.
Em certos países, a mortalidade infantil atinge os 200 mortos por cada 1 000
nascimentos, enquanto no extremo oposto o número de crianças mortas anda pelas
20 em relação a igual número de flascimentos, com uma taxa particularmente
baixa de 8,3 mortos por 1000 nascimentos, registada na Suécia em 1976.
De acordo com estimativas feitas para o ano de 1978, dos 122 milhões de
nascimentos possíveis, 10 a 12 milhões de bebés não deveriam atingir um ano de
vida, cabendo à Africa e ao Sul da Asia 77 por cento dos mortos. Igualmente
elevada nestas duas regiões do mundo, é a taxa de mortalidade de crianças com
idades compreendidas entre 1 e 4 anos.
As carências nutricionais, associadas a um peso insuficiente à nascença
constituem um factor importante na mortalidade infantil em 57 por cento dos
casos registados. Pode ainda referir-se que dos 1 500 milhões de crianças
existentes no mundo, 1 220 milhões, ou seja 81 por cento, vivem nos países em
desenvolvimento numa situação caracterizada pela má alimentação, atingidas por
infecções, em precárias condições de alojamento e sem disporem de água potável
e de condições sanitárias.
TRABALHO INFANTIL
Para além dos milhões de e anças que morrem de fome devido a doenças, logo
nos pl meiros anos de vida, o panOrar não é muito melhor em relaç a muitas
outras um pouco mcrescidas.
Em mais de 40 países do mu do, nomeadamente da Afri(
Asia e Oceânia, não há leis prevejam a escolaridade obri tória e mais de cem
milhões crianças estão privadas de el dar.
Segundo números do Bur Internacional do Trabalho, dos pela «Afrique-Asie», 52
lhÕes de crianças trabalham de a primeira infância e 80 por el to de entre elas são
compl mente exploradas não recebe qualquer remuneração.
Por outro lado, segundo da da UNESCO, nos países capit tas desenvolvidos, as
crianças, tre os 10 e os 14 anos constit 4 por cento do total de trab dores. Isto
enquanto nesses mos países íttilhÕes de ad procuram em vão um tra qualquer. A
preferência dos talistas em utilizarem o trab de menores explica-se pelo f de
poderem explorã-los de freadamente e porque lhes po pagar menos do que aos ad'
e sem terem de suportar des tos para a previdência soei outros encargos. Desta
form
A má nutrição e as más condições em que vive a mãe, são factores que influir na
vida da criança. Logo, a -protecção da criança começa pela vrote da mãe grávida e
vela modificação das suas condições de habitação, saú, alimentação
TEMPO N.o .481 - pág. 20
múltos casos, permanece como «letra morta» a legislação que proíbe o trabalho de
menores j nos dias de hoje ainda é possível encontrar crianças de 6 ou 7 anos a
trabalharem em fábricas.
Apesar dos esforços que têm sido feitos pelasorganizaçSes progressistas de todo o
mundo com vista a melhorar as condições de vida das crianças, a situação está
longe de ser satisfatória. E para além dos factos e números atrás apontados, não
podemos esquecer as crianças assassinadas, as crianças vitimas de situações de
guerra ou que vivem em campos
de refugiados,, as crianças vítimas da discriminação racial.
Esta; apenas uma imagem da situação em que ainda vivem milhões de crianças,
neste ano de 1979 em que foi comemorado o Ano Internacional da Criança.
UMA OPÇÃO POLÍTICA
A miséria que atinge milhões de crianças dos países subdesenvolvidos, não é
muito diferente das condições proporcionadas às crianças na América Latina e às
das classes mais exploradas dos países capitalistas desenvolvidos.
A mortalidade infantil, a fome e as doenças de que sofrem eÊses: milhões de
crianças, não é uma situação inevitãvel, mas o resultado das condições materiais e
sociais em que vive todo ou grande parte do conjunto da população desses países.
Exemplo fla-grante, é o que se passa na África do Sul onde por cada 1000
crianças negras morrem por ano 300, enquanto o respectivo número para as
brancas é de apenas
27.
O problema das crianças não é, por conseguinte, um problema simples. A sua
solução pela conDos 1500 milhões de
críicL?ça.s existentes no mundo, 1220 vivem nos países em
.SRkeenvlvimento, onde a taxa de MO^-"Mortalidade é extremamente elevada
TEMPO N.o 481 - oo. '1
jugação de esforços por parte dos governos e de organizações nacionais e
internacionais. É preciso que às várias acções desenvolvidas no âmbito dos
organismos especializados das Nações Unidas se juntem as acções dos governos,
tanto mais que para melhorar as condições de vida das crianças é necessário
melhorar as condições de vida de toda a população. E, é neste campo que cada
vez mais se faz sentir a necessidade de uma Nova Ordem Económica
Internacional tendente a reduzir o fosso que separa os países desenvolvidos dos
países subdesenvolvidos através da criação de relações económicas internacionais
justas.
É, ainda, na via de desenvolvimento interno traçada por cada governo que passa a
solução do problema. Trata-se, sem dúvida, de uma opção política, trata-se de
eliminar - a exploração para garantir uma melhoria das condições de vida das crianças e iguais oportunidades de
acesso a um desenvolvimento equilibrado e sadio.
DIREITOS DA CRIANÇA
No decorrer da sessão da Comissão da O.N.U. sobre os Direitos do Homem, cujos
trabalhos terminaram em 16 de Março do corrente ano, particular atenção foi dada
aos problemas da definição e das garantias dos Direitos da Crian~a Um grupo
especial foi constituído para elaborar o projecto de convenção com o objectivo de
adoptar os regulamentos que se tornarão obrigatórios e tratarão dos direitos da
criança.
Interrogado sobre o alcance que teria presentemente a adopção deste documento,
tendo em conta que a declaração da O.N.U.
O respeito pelos direitos da Criança assegura o seu desenvolvimento intelectual e
o progressivo domínio da9 leis
da sociedade
UM JORNAL P.
O texto que a seguir publicamos serve para
ilustrar a atenção que é dedicada às crianças nos países socialistas, quer no
aspecto da sua formação física como intelectual, e foi extraido do número de 30
de Novembro do Boletim «Panorama Soviético».
Duas vezes por semana, de -manhã, o «Pionérskaia Pravda», entra nas casas de
milhões de jovens soviéticos. O '«Pionerka- nome pelo qual é o jornal conhecido
entre os jovens -, que é o principal dos 28 jornais para crianças da União
Soviética, começou a ser publicado na Primavera de 1925, com uma tiragem de
20 mil exemplares. Actualmente é de 8,5 milhões.
A sua função essencial é, segundo Nina Tchernova, sua redactora-chefe, unir
todos os rapazes e raparigas que ha. bitam nas diferentes regiões do país. O jornal
fala das suas vidas, das suas preocupações, dos seus interesses, mostrando ainda
aos jovens soviéticos a vida das crianças dos países estrangeiros.
Nos seus primeiros números o,<Pionerka. contou com a colaboração de Maria
Ulianova, irmã de Lenine, de Nadejda Krupskaia, sua mulher, do escritor Máximo
Gorki e do poeta Víadimir Maiakovski.
Foi por iniciativa de Gorki que o «Pionerskaia Pravda» empreendeu um inquérito
entre as crianças sobre: «Que lêem? Que livros preferem? Quais desejariam ler?
As cartas com as respostas desempenharam um papel significativo na organização
da editora especializada ,,Detskaia Uteratura..
Hoje,'uma das tarefas essenciais do Jornal é a educação moral das novas gerações.
As rubricas com esse' obARA CRIANÇAS
jectivo são variadas. Os artigos inseridos na secção <'Queres falar a um escritor?»
por exemplo, ajudam os jovens a ter uma ideia mais justa de complexas questões
de ordem política, social e moral. Os títulos testemunham-no: «Porque é o homem
responsável?», «Como aprendi a trabalhar», «O nosso pão quotidiano».
A rubrica --O concurso dos engenhosos» retém a atenção daqueles que. se
interessam pela ciência e a técnica. Uma outra rubrica do mesmo tipo é «Cria,
Inventa, Ensaia, que dá a conhecer as «invenções» mais interessantes das
crianças. Estas são premiadas com presentes, medalhas e insígnias. A ,Academia
Agrícola por correspondência», é a rubrica preferida dos jovens que vivem no
campc-O concurso de jovens naturalistas tem fama em todo o país.
«Kolokol» é o nome do clube de política internacional aberto nas páginas do
jornal, onde conhecidos jornalistas comentam os problemas mais importantes da
situação internacional de uma forma acessível aos jovens leitores.
0 «Pionerka» não limita as suas actividades ao jornal. A partir dele organizam-se
diversos torneios desportivos. infantis como ,A Bola de Ouro», «A Malha de
Ouro,,. (hó'quei sobre o gelo), o torneio de xadrez «Torre branca» e provas de
,Karting».
-0 Mundo tal como eu o vejo» é o nome do concurso internacional de pintura
infantil, organizado pelo «Pionerkaia Pravda,. As obras vencedoras são expostas
na Acade mia de Belas Artes da URSS e por todo o país. O concurso'que se
desenrola presentemente é consagrado aos futuros Jogos Olímpicos de Moscovo.
O jornal recebeu já perto de 60 mil desenhos.
As crianças crescem e tornam-se adultas, mas o seu primeiro jornal, esse....
continua sempre jovem.
TEMPO N., 481 - pág. 22
sobre os direitos da criança adoptada em 1959 está ainda em vigor, o dr. A.
Lopatka, chefe da delegação polaca, deu a seguinte resposta à revista «O
Movimento Sindical Mundial»:
<Um certo número de factores iequerem a adopção de um novo acto internacional
no domínio dos direitos da criança.
1) A diferença entre a declaraçáo de 1959 e a nova convenção consiste em que
esta última tem um maior valor jurídico. A declaração só faz proclamar os
princípios e, po r conseguinte, tem 'um carácter de recomendação moral. Quan to
à convenção, deve tornar-se um documento com carácter obrigatório, te r normas
jurídicas que serão postas em vigor por todos
os países signatários.
2) E o que é essencial: çIesde
a adopção da declaração vinte anos passaram. Durante este tempo, novos
acontecimentos surgiram na legislação de vários países. Novos documentos internacionais, incluindo as normas sobre o problema em questão, foram elaborados
e adoptados: convenção contra a discriminação racial, convenção sobre a
educação, num espírito pacifico, etc. É preciso sublinhar o papel activo da O.I.T.
que, em particular, elaborou importantes documentos, tais como, a proibição do
trabalho das crianças e o documerito sobre a formação profissional; importa que
estes novos elementos tenham o seu reflexo na convenção. 3) A O.N.U.
proclamou o ano
de 1979 Ano Internacional da Criança. É precisamente agora que são então
precisas novas iniciativas para tomar medidas eficazes visando a protecção das
crianças, dado que em muitos países permanece extremamente difícil a sua
situação. A elaboração da convenção t o r n a r e-á uma dessas medidas. Tanto
mais que é preciso ter em conta a experiência positiDesde a primeira infância
que 52 milhões de crianças são
obrigadas a trabalhar, muitasdas quas se reeerem
qualquer remuneração
va e os resultados adquiridos pelos países socialistas no domínio da protecção da
infância, que podem ter uma -particular importância na elaboração das normas
internacionais para a sua protecção.»,
Ao responder a outra questão, o dr. Lopatka declarou a dado passo:
«É urgente sublinhar que todos os grandes problemas sociais actuais, estão
ligados, directa ou indirectamente, à situação da criança: existem por exemplo,
no mundo actual, contradições Pgudas sobre 'as quais é necessário chamar a
atenção da opinião pública mundial. Enquanto nos países capitalistas, o
desemprego atinge massivamente os trabalhadores, certos países continuam,
apesar disto, a empregar de uma forma arbitrária as crianças no trabalho, o que é
inadmissível.
«Um dos problemas cruciais da actualidade é o da discriminação que é feita às
crianças segundo a raça e a cor da pele (Africa do Sul, territórios ocupados do
Próximo-Oriente, índios da América do Sul e dos Estados Unidos), segundo o
sexo (em 'certos países árabes) e segundo o estatuto social ( ara os filhos dos
trabalhadores migrantes) noutros países.
«A importância da convenção é que a existência das normas universalmente
reconhecidas influirá na tomada de consciência das massas, o que contribuirá por
sua vez para acentuar a pressão
sobre o governo, inclusive por parte das organizações democrá ticas de massas,
dos sindicatos. etc. Não há dúvida de que a existência de normas permitirá
desenvolver uma mais vasta campanha de defesa dos direitos do homem em geral.
Assim, a propaganda das ideias da convenção terá um significado educativo e
estimulante.»
Q MEREMOS IUE A PAZ
PARA ACELERAR O DESENVDLI
I I UM IMENTO
INSTRUMENTO
DOS NOSSOS. POVOS
Ao comemorar-se a vitória do Povo do Zimbabwe, com a assinatura do Acordo
Final para a Independência, em Londres, no passado dia 21, o Presidente do
Partido FRELIMO e Presidente do República Popular de Moçambique, Samora
Moisés Machei, proferiu um discurso durante um comício realizado na Praça da
Independência, em
Maputo.
O processo da luta naquele território, desde
o seu'inicio, até,à vitória popular sob a direcção da Frente Patriótica foi tema
central da intervenção do dirigente máximo da Revolução moçambicana, que
incisivamente se referiu à solidariedade militante prestada pelo Povo
moçambicano para o síucesso da luta do Povo zimbabweano.
Na ocasião, o Chefe de Estado anunciou o levantamento das sanções contraa
colMnia britlnica da Rodésia do Sul, a partir das zero horas do passado dia 24, em
cumprimento de uma recente
decisão das Nações Unidas.
Eis o texto integral do discurso presidencial.
TEMPO N.o 481 - pág, 25
Senhores Deputados,
Senhores membros do Conselho, de Ministros da-República Popular -de
Moçambique,
Senhores Convidados,
Corpo: Diplomatico acreditado na República Popular de Moçambique,
CompatriotasEstamos. aqui reunidos para dizer: o regime do tabaqueiro
já acabou. Abaixo o tabaqueiro. Smith já não manda, Smith já não pode agredir a
República Popular de Moçambique. Smith foi
derrotado, Smith ficou registado na história da vergonha.
Estamos aqui para dizer: o regime Smith/Muzorewa deixou
de existir. Muzorewa já não governa, Muzorewa foi a Londres para assinar a
certidão de óbito do seu trabalho e do seu governo, Muzorewa foi reconhecer a
ilegalidade do seu governo, foi reconhecerý que as eleições foram uma farsa, foi
;reconhecer
o seu fantochismo,
No comício que fizemos na Praça, dos Heróis Moçambicanos
em Julho de 1976, conenámos a agressão contra Mapai, a escalada' da agressão, e
dissemos «não faremos mais comícics para condenar agressões». Afirmámos: só
voltaremos a fazer comício para comemorarmos a vitória do Zimbabwe.
É,o que estamos a fazer hoje. O colonalismo e o, racismo,
o regime rebelde deixaram de existir, foram pora o caixote de
lixo da História.
Vivemos esta situação da vitória durante a década de 70. Fo'am para o caixote de
lixo da história: os fantoches de Saigão, os feudais, do Afeganistão, o Xá da
Pérsia, os regimes corruptcs ýque viviam do crime, POl Pot no Kampuchea,
Somoza no Nicará. gua, Amjn no Uganda, Macias na Guiné Equatorial, BokaSsa
no Império Centro-Africano. Todos eles, se encontram hoje na comp pan'ia
de.Smith derrubados pelo Povo.
Vimos aqui para saudar a vitória do Povo do Zimbabwe, O Povo do Zimbabwe
foi mais forte do que es enforcamentos. A coragem do Povo do Zimbabwe foi
mais forte do que as prisões, os campos de concentração, as torturas e os
massacres feitks pelo regime rebelde e racista da Rodésia. O Povo do Zimbabwe
fez a guerra para conquistar o liberdade e a independência. O Povo do Zimbabwe
fez a guerra para liquidar o racismo, impor a justiça.O Povo do Zimbabwe fez a
guerra para construir a paz, para construir o.progresso.
Saudamos o Povo do Zimbabwe pela sua coragem, saudamos o seu heroismo, a
sua vitória.
O Povo do Zimbabwe venceu porque foi capaz de pegar em armas e aceitar o
sacrifício máximo. É o mérito histórico da Frente Patriótica, é o mérito histórico
da ZANU e da ZAPU, é o mérito histórico dos Presidentes Joshua Nkomo e
Robert Mugabe que souberam dizer ao Povo do Zimbabwe «é preciso pegar em
armas, é preciso aceitar sacrifícios para conquistar a liberdade, a indeendência, a
digiúdade, a personalidade de zimbbweanos, * paz.
Cem particular emoção.e ci'no saudamos os combatentes do Zimbabwé, aqueles
que nas longas marchas, na fome, na sede, aqueles que nas privações e- muitas
vezes com o seu sangue foram construindo a liberdade da sua phtría,
.saqdamos com calor esses filhos mais queridos do Povo do Zimbalwe..
Incinamo-nos, com muito respeito, perante a memória de todos aqueles que
tombaram nas prisões, nos campcs de batalha, nos massacres.
As suas famílias dizemos que os acompanhamos na dor do luto e no orgulho do
heroismo:
Ao saudarmos a vitória do Povo do Zimbabwe, queremos lembrar que a luta não
terininou, mesmo se as armas se vão calar. As +manobras do inimigo, as
manobras do imperialismo, as manobras. dos racistas e reaccionários renitentes
prosseguirão, O inimigo, mesmo quando derrotado, procura sempre recuperar
«Vimos aqui para saudar a ira do Zimbabwe. O Povo do Zimbabwe foi mais forte
do que os enforcamentos. A coragem
do
Povo do Zimbabwe foi mais forte do que as prisões, os campos de concentração,
as torturas e os massacres feitos pelo regime rebelde e racista da Rodésia. O Povo
do Zimbabwe fez a guerra para conquistar a liberdade e a inde. pendência. O
Povo do Zimbabwe fez a guerra
para liquidar o racismo, impor a justiça. O Povo do Zimbabwe'fez a. guerra para
conquistar a paz, para construir o progresso.
Saudamos o Povo do Zlmbabwe pela sua coragem, saudamos o seu heroismo, a'
sua vi. tória.
O Povo do Zímbabwe venceu porque foi capaz de pegar em
armas e aceitar o
sacrifício
máximo. É o mérito histórico da Frente Patriótica, é o mérito histórico da ZANU
e da ZAPU, é o mérito histórk o dos Presidentes Joshua Nkomo e Robert
Mugabe que souberam dizer ao Povo do Zimbabwe «é preciso pegar em
armas, é preciso aceitar sacrifícios para conquis. tar a liberdade, a independência,
a dignidade, zimbabweanos, a paz.»
o que perdeu. O inimi. jounde édesalojado das suas posições, ta sempre
recuperM-as, utilizando novas máscaras, novas tácticw e novos agentes.,
A independncia total e completa do Zimbabwe, o estabe lecimento de um governo
democráfico e soberano ainda não se efectivou.
Na unidade de todo o Povo, na unidade, sobretudo, enire aqueles quecombateram, encontrar-se-á a força necessária para se desmascarar e neutralizar
as manobras do inimigo.
Neste processo difícil, o Povo do Zimbabwe continuará a contar com a
solidariedade total de todos aqueles que o ipoiaram na sua luta de libertação.
Estarão com o Povo do limbabwe em primeiro lugar os países .da Linha da
Frente, a Africa estará
I ElIvIU N.0 48 1 - pag.
«Vimos aqui para saudar a vitória do Povo do Zimbabwý
com o Zimbabwe, as f«ças anficolonialistas e a.lti-racisf as forças do progresso e
da paz estarão com o Zimbabwe.
Toda a Humanidade esteve com o Zimbabwe no combate contra o regime
minoritário, racista, rebelde e criminoso de Salis búria, que durante 14 anos
constituiu uma afronta, um insulto à consciência universal, à comunidade das
nações.
Em toda a parte o regime de Salisbúria, to, denunciado, foi condenado, fki
isolaldo.
Nenhum pais, mesmo aqueles que directamente foram res ponsáveís pelo,
sobrevivência da rebelião, ousou reconhecer o regime. A luta do Povo do
Zimbabwe constitui uma vitória dos povos do mundo contra o colonialismo e o
racismo. Para essa vif6ria contribuiu a solidariedade internacional. As Nações
Unidas, o Conselho deSegurança, a Assýmbleia Geral, os seus órgãos
especializados prestaram apoio político e material à luta de libertação do Povo do
Zimbabwe. A Africa, a OUA desde a sua criação, sempre se preocupou com a
defesa dos direitos do Povo do Zimbabwe.
A OUA, no campo internacional, foi a força de vanguarda para manter isolado-e
regime racista e mobilizar o apoio pa'a a luta de libertãção nacional.
ovo do Zimbabwe foi mais forte do que os enforca mentos
Os Países Não-Alinhados continuamente exprimiram a sua solidariedade activa
com o Povo do Zimbabwe. Ainda recentemente, em Havana, na, 6C Cimeira, a
Frente Patriótica do Zímbabwe foi admitida como membro pleno do Movimento,
o que testemunha a amplidão e o nível do apoio dos Não-Alinhados.
Os países socialistas prestaram apoio para o desenvolvi. mento da luta .de
libertação nacional do Zimbabwe e contribuiram para o reforço da capacídade
defensiva dos Países da Linha da Frente, retaguarda segura da luta do Povo do
Zimbabwe. Dizemos obrigado. ,
Os Países da Linha da Frente constituiram a retaguarda da futa de libertação. A
Tanzania, embora, não fazendo fronteira com a colónia da Rodésia do Sul, foi o
suporte seguro, o grande reservatório de formação de quadros, Para cumprir esse
dever de solidariedade os Países da Linha da Frente tiveram que, consentir
sacrifícios é lazer tace a numerosas agressões. Em Botswana, na Zâmbia, em
Angola, em Moçambique, largos milhares de cidadãos foram massacrados pelo
inimig:.
Compatrotas,
O nosso sangue misturou-se.cQm o sangue do Povo do
TEMPO N. 481 - pág. 27
Zimbabwe. Sentimos como nossa, per s», a vH6ria d: Povo do Zimbabwe.
burante a luta de libertação do Zimbabwe, o Povo moçambicano viveu um dos
momentos mais altos do seu espírito e prática internacionalistas. Através dos seus
sacrifícios e sangue inscreveu na Hist6ria a sua contribuição para a causa da
solidaOs Países da Linha da Frente constituíram a retaguarda da luta de
libertação. A Tanzania .embora não fazendo fronteira com a colónia da Rodísia do
Sul, foi o suporte seguro, o grande reservatório de formação de quadros. Para
cumprir esse dever de solidariedade, os Países da Linha da Frente tiveram que
consentir sacrifícios e fazer face a numerosas agressões. No Botswana, na
Zâmbia, em Angola, em Moçambique, largos milhares de cidadãos foram
massacrados oelo inimlao.
riedade entre os povos.
Em 1972, ainda durante a guerra popular de libertação nacional, entregámos aos
combatentes do Zimbabwe. as nossas armas, as nossas munições. Nesse período,
treinámos nas nossas bases muitos combatentes, recebemos nas nossas zonas
libertadas populações zimbabweanas que fugiam à repressão.
O nosso Povo transportava à cabeça, sob os bombardeamentos, desde a fronteira
da Zâmbia até ao Zimbabwe, o abastecimento para os, combatentes
zimbabweanos. O nosso Pov, 1112sportava alimentação para os guerrilheiros, as
armas e as munições para os combatentes, os medicamentos e os feridos eram
evacuados por nós. Nos nossos hýspitais das zonas libertadas os feridos eram
tratados.,
Quando atravessamos o Zámbeze e estendemos a luta Ipr Manica e Sofala, os
racistas rodesianos encheram-se de pânico. Smith foi a Lisboa. Ele foi criticar a
incapacidade d exército
português. Foi propor que- as suas forças aumentassem o seu! envolvimento na
guerra de- agressão, coritrolassem as fronteiras, guarnecessem as vias férreas,
Em 1974, o -Povo moçambicano- derrotou o co! nialismo português. Essa derrota
foi decisiva para a destruição da estratégia imperialista e racista na África Austral.
O inimigo teve que procurar uma nova estratégia. Os representantes dos regimes
raçistas contactaam os Países da Linha da Frente :para propor uma solução
pacífica para o Zimbabwe.. Moçambique. e os outros Países da Linha da.- Frente
responderam: «compete ao Povo do Ztmbabwe a resolução dos seus problemas».
E acrescentaram: «libertem os dirigentes do Zimbabwe para poderem negociar
com eles». Foram libertados o Presidente Jshua Nkomo, o Presidente Robert
Mube, Ndabaningi Sithole, Edgar Tekere, Lazarus Ngala, Joseph Msika e muitos
outros sairam das prisões.
Foi o primeiro p.nto que dissemos 'aos racistas. Em segundo lugar dissemos-lhes:
«As< tropas e a polícia sul-africanas devem refirar-se do Zimbabwe para que os
zimbabweanos ýtenham condições para resolver os seus prc.blemas sem
ingerência externa:. E as tropas e a polícia sul-afrícanas retiraram-se antes de
Março de 1975.
Dissemos-lhes também: Deve haver uma Conferência Corntit cional que conduza
o Zimbabwe para a independência. Pela primeira vez em Agost) de 1975, em
Victoria Falis, Smith negociou com os representantes do Povo, negociou com a
ZAPU e a ZANU, unidas no seio d. ANC dirigido pelo actual traidor Abel
Muzorewa. Estiveram lá Murorewa, Sithote, Chikerema actuais .«black ministes»,
Vorster esteve presente.
Mas Smith río procurava a paz. Queria apenas evitar o seu derrubamento
inevitável. Por isso, a sua táctica ti provocar ivs'ões no seio do movimento
nacionalista, por isso as conversações de Victoria Falis fracassaram.
Em Victoria Falis fic u claro que Smíth era intransigente,
«Com particular emo. ção e carinho saudamos os combatentes do Zimbabwe,
aqueles que nas longas, marchas, na fo. me, na sede, aqueles que nas privações e
muitas vezes com a seu sangue foram construindo a li. berdade da sua pátria»
TEMPO N.o 481 - pág. 28
realmente tabaqueiro, realmente irresponsável. Ficou claro que Smit..
representava os interesses dos colonos renitentes, ficou claro que-Smith não
queria um Zimbabwe de paz, ficou claro que smith não estava preparado para
aceitar um Zímbabwe independente, que não estava em condições de passar o
poder para a. maioria.
A, Povo do Zímbabwe só restava a possibilidade de pegar em armas e combater.
Os Países da Linha da-Frente, a Zâmbi4, o, Trzania e o BoQuando se criou a unidade dos combatentes, criaram-se as condições para a
República Popular de Moçambique pôr o seu território à disposição dos que
queriam libertar a Pátria
oprimida.
Em 16 de Janeiro de 1976, poucos meses
depois da proclamação da Independência, dec'dimos encerrar todas as fronteiras
com acolónia britânica da Rodésia do Sul, aplicar integralmente as sanções
decretadas pelo Conselho
de Segurança das Nações Unidas.
Ao fazermos isso, tomámos uma decisão
com grande profundidade política, uma decisão extremamente oportuna. Essa
decisão exigiu coragem do nosso Povo e do nosso Estado.
Com menos de um ano de independência e paz e apesar das nossas dificuldades
económicas, do desemprego, soubemos dar a prioridade ao principal. Não demos
a Smith o tempo de se consolidar, não demos a Smith, a possibilidade
de fazer do nosso País sua dependência.
Em menos de 4 anos os factos demonstraram a justeza da nossa decisão.
Obrigado Povo moçambicano.
'lwana - Angola ainda não eslava íindependente pedíram a Moçambique para
ajudar a organizar o reinício da lula armaga no Zimbabwe.
Nós pusemos como cndição, a unidade das forças comba1tfltes Apoiamos sempre
os que aceitam sacrifícios para libertar Spátía, apoiamos sempre os que
combatem.
Os dirigentes dos exércitos da, ZAPU e da ZANU decidiram #ýrmar o ZIPA,
Exército Popular de libertação do Zimbabwe.
Quando se criou a unidade dos combatehtes, criaram-se as Rndições para ,a
República Popular de Moçambique pôr o seu krritõrio à di"sição dos que queriam
libertar a Pátria opriNida.
Em 16 de Janeiro d'e 1976, a partir do nosso território, os %b#tentes do
Zimbabwe reiniciarp de maneira unida o com«Para cumprir esse dever de solidariedade os Países da Linha da Frente tiveram
que consentir sacrifícios e fazer face a numerosas agressões. No Botswana, na
Zâmbia, em Angola, em Moçambique largos milhares
de cidadãos foram massacrados pelo inimigo»
bate armado, com. o inimigo bem definido.
Em 3 de Março de 1976, poucos meses depois da proclamação da :ndependência,
decidimos encerrr tedas as fronteiras com 4 colónia britânica da Rodésia do Sul,
aplicar integralmente as sanções decretadas pelo Conselho de Segurança das
Nações Unidas.
Aofazermos isso, tomámos uma decisão com grande profundidade política, uma
decisão extremamente oportuna. Essa decisáo exigiu.coragem do nosso Povo e do
nosso Estado. Com menos de um ano de independência e paz e apesar das nossas
dificuldades' económicas, do desemprego, soubemos da'í a prioridade ao
principal. Nao demos a Smith o,tempo de se consolidar, não demos a Smith a
possibilidade de fazer do nosso País sua dependncia,
Em, menos de 4 anos os factos demonstraram a justeza da nossa decisão.
Obrigado Povo moçambicano.
Assim, o nosso Povo,-cumpria o seu dever internacionalista, aplicava as decisões
da OUA e da comunidade internacional, apoíava a luta de libertação do Povo do
Zimbabwe..
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Face às p:sições assumidas pelo nos o Partido, pelo nosso Povo, pelo nosso
Estado, de novo o iníigo procurou negecíar. A nfiossa solidariedade permitia à
lufa do Povo dó Zimbabwe uesenvolver-se amplamente. A Grã-Bretanha e os
Estados Unidos organizaram çntão a Conferência de Genebra.
Smith e os seus patrões conseguiram recrutar alguns agentes. Mas os combatentes
apareceram unidos em Genebra, sYb a bandeira da Frente Patriótica.
Não' era possível ao inimigo explorar a divisão, porque os combatentes tinham
uma bandeira única, Frente Patriótica, representante legitima dos interesses mais
profundos do Povo do Zimbabwe. Então a Grã-Bretanha, unilateraýmente, decidiu
pôr termo, à Conferência de Genebra e esia fracassou.
0 inimigo, com os traidores recrutados em Genebra. organizou a farsa do Acordo
Interno. Smith entregou a. I4uzoíewa a corda que enforcava os patriotas
zimbabweanos. Muzorewa passou a abençoar o exército criminoso, passou a
abençoar as wimas da NATO, as. armas do crime, passou a abençoar os aviõès
qu.e semeavam a morte. E Muzorewa aceitou continuar a enforcar os patriotas, a
agredir os países da Linha da Frente.
Os verdaderos patriotas prosseguiram o combate. A ,luta ar'msda desenvolveu-se
imipetuosamenle, Às' sanções começaram a ter ý,i seus efeitos na economia da
colónia brilânica, colónia rebelde.
De nov, a Grã-Bretanha e os Estados Unidos propuseram conversações. As
conversaç de Ma!ta fracassaram porque Smith e os seus pat,ões quisera!'
con!rapor aos combatentes o chamado Acordo Inte-no, porque Smith e os seus
patroes queriam mascarar de prelo a face do regime colonial minoitrio, racista e
rebelde,
As manobras não impediram o desenvolvimento da Iuta. armada e a desagregação
da economia colonial.
Uma vez mais o inimigo teve que pedir conversações, desta vez tiveram lugar em
Londres, desta vez as conversações tmeminaram com o Acordo que foi assinado
no dia 21 de Dezembro de t919.
Queremos dize', os factores decisivos da vitóri3 foram:
1. A-constituição da Frente Patriótica
2. A luta armada de liberiação nacional
3. A azlIcação integral das sanções
4. 0 apoio e a solidariedade internacional
Neste processo, todo o nosso Povo manteve-se flrme c no
retaguarda segura da luta do Povo do Zimbabwe. Por isso o inimigo sempre nos
quis destruir, cometeu todo o tipo de agressões e massacres contra o nosso Povo,
os seus aviões bombardoaram o nosso País, os seus helicópteros e aviões
lançaram tropas assassinas no nosso País, mercenários de diversas nacionalidades
vieram cometer massacres no nosso País. Transformaram
o nosso País em carreira de tiro.
«Em 16 de Janeiro de 1976, a rartir do nosso territi os combatentes do
Zimbabwe reiniciaram
de rnan
unida o combate armado, com o inimigo bem defin
O inimigo, com os traidores recrutados e
Genebra, organizou a farsa do Acordo Intern Smith entregou a Muzorewa a corda
que e forcava os patriotas zimbabweanos. Muzorev passou a abençoar o exército
criminoso, pE sou a abençoar as armas da NATO, as armr do crime, passou a
abençoar os aviões qi semeavam a morte.\E Muzorewa aceitou co, nuar a enforcar
os patriotas, a agredir 3s :2aís
da Linha da Frente.
Renegados do nosso Povo, antigos PIDE's, OPV's, A Comandos, GE's, GEPs,
foram recrutados por Smith para massacrar o nosso Povo.
1
O nosso Povo não vacilou, não se deixou amedrontar; se deixou aterrorizar. Cada
ataque do inimigo fez cresc unidade nacional. A dor que sentimos pelos nossos
mortos ci tou a nossa determinacão.
Mais uma vez soubemos tirar lições das manobras e c do inimigo. Porque o
inimigo nos atacou, soubemos aprend( grande escola 'da guerra, Em três anos,
construímos um exý popular poderoso, que pune e rechaça severamente as mý
agressões como, por exemplo, Chókwê, Mapai, Chimoio, Goron
Soubemos desenvolver o nosso sentido, de vigilência lar, organizar as nossas
Milícias Populares. os nossos Grup( Vigilância que contam já com mais de 150
000 membros.
O inimigo foi detectado, os' agentes denunciados e rados. A captura pelo povo dos
agentes Coti, Conjane e J
L
é um dos muitos exemplos do crýscimento da nossa vigilância popular,
Soubemos reforçar a unidd constante entre o povo e as FPLM, ençre o povo e o
SWSP, e os órgãàs estatais de segurança.
As agressões do inimigo não nos afastaram do nosso dever internacionalista de
solidariedade, O nosso Povo tornou-se mais pr6ximo do Povo do Zimbabwe., o
nosso Povo viveu no dia-a-dia a política internacionalisfa do nosso Partido.
Os nossos tambores, as nossas canções, os nossos poemas, o nosso teatro diziam
ZIMBABWE. As destruições semeadas pelo inimigo fizeram-nos criar o Banco
de Solidariedade, O Banco de Solidariedade foi e é, uma grande escola de,
Unidado Nacional e de Internacionalisnio. Além do Banco de Solidariedade,
demos numerosas contribuições para o reforço da capacidade defensiva da nossa
Pátria.
O<amplo movimento :de massas para o reforço da capacidade defensiva
demonstra o alto nível de consciência e da responsabilidade do nosso Povo. Ele
ultrapassou as nossas fronteiras., Cooperantes, organizações de solidariedade de
vários poíses. Irabalhadores de oufios países, enviaram as suas contribuições pata
o reforço da nossa capacidade defensiva. Muito obrigado, O Conselho de
Segurança das Nações Unidas aprovou uma resolução apelando a- todos os
Estados para que contribuíssem para o reforço da nossa capacidade defensiva.
Obrigado aos que o fizeram. Aqui o Presidntle Samora Machel entifoiem
-algans dos d*natvos entregues ao nosso País para o reforço da Defesa.
O inimigo veio atacar-nos na nossa casa, disse que vinha perseguir os
zimbabweanos, Nós dissemosi vamos perseguir o ladrão que nos invade a casa.
Dissemos: lan Smith- convida-nos para participar na luta no Zimbabwe ao atacar
Moçambique. Acei. támos o convite. Recordam-se?
Mutos combatentes das F. P. L. i. ofereceram-se para ir lutar ao lado do Povo do
Zimbabwe. Entre os veteranos da guerrilha, foram muitos os voluntários. Temos
orgulho de dizer que mais
«Neste processo, todo o
nosso Povo manteve.se
firne como retaguarda
segura 0a luta-do Povo
do Zimbabwe. Por isso
o inimigo sempre nos
quis destruir, cometeu
todo o tipo de agressões
e massacres contra o
nosso Povo (..)»
de 350 combatentes moçambicanos se encontram hoje no Zimbabwe, afirmandose como combatentes internacionalistas. Mais de 500 participaram na luta do
Zimbabwe.
Durante a guerra. contra o COlonialismo português forjaram.
-se os Heróis da Libertação Nacional.
A nossa Independência foi conquistada com sangue, com sacrifício, com
dedicação, com coragem e decisão. A nossa Independência foi fertilizada, com a
coragem das nossas mães, das nossas mulheres, dos nossos filhos.
Essa coragem floresce hoje no rosto digno dos pais cujos filhos se sacrificaram,
no rosto digno das viúvas, no futuro sereno dos órãos. Essa coragem, essa
dionidade, esse futuro, só a Independência poderia trazer.
A consolidação desta independência tão duramente conquisfada exigiu mais uma
vez enormes sacrfícios, exigiu mais uma vez que o sangue de muitos
moçambicanos regasse de novo o solo do nosso Pais, sangue que regou as nossas
fronteiras, sangue que se alastrou até ao coração do Zimbabwe.
Os nossos soldados toram para o Zimbabwe defender o nosso País. Smith
transferiu a guerra para Moçambique e era preciso devolvermos. O melhor
combate é no terreno do inimigo. Então dizemos, foram para o Zimbabwe para
defender o nosso Pais. Não foram para lá como mercenários. Não]
Eles ofereceram-se voluntariamente para deter a escaladao
- Npste processo, todo o nosso Povo manteve-se firme como retaguarda segura
da luta do Povo do Zimbabwe. Por isso o inimigo sempre nos quis destruir,
cometeu todo o tipo de agressões e massacres contra o nosso Povo, os seus aviões
bombardearam
o nosso País, os
seus helicópteros e aviões lançaram
tropas assassinas no nosso País,
mercenários de diver. sas nacionalidades vieram cometer massacres no nosso
País. Transformaram o nosso País em \carreira de tiro.
TEMPO N.o 481 - pág. 31
de agressões do inimigo que nos queria aniquilar.
E por isso que dizemos: o inimigo fez-nos crescer, o inimigo fez-nos ultrapassar a
dimensão nacional, o inimigo fez-nos ganhar a honra de termos agora na nossa
História Heróis Iternadomastas' Aqueles que nunca mormI os eternos, são essesi
Temos que dizer: obrigado Povo moçambicano, Povo trabalhador, Povo
inteimcinnalista, Povo talentoso, Povo pacífico. Obrigado pelo exemplo de
Unidade Nacional, obrigado pelo internacionalismo proletário vivido, obrigado
pelo apoio fraternal ao Zimbabwe.
Quando dizemos obrigado, também dizemos obrigado às mães e pais que ficaram
sem filhos. Quando dizemos obrigado, também dizemos obrigado às mulheres que
ficaram viúvas. Quando dizemos obrigado, também dizemos obrigado às crianças
que ficaram sem pais.
Quando em 1964 começámos a guerra, foi peciso que' alguns de nós aceitassem
sacrifícios no combate directo e no combate clandestino. De novo, para que a paz,
para que a inegridade territoral, para que a soberania, para que a liberdade, para
que a Independência se consolidasse, foi necessário mais uma vez que alguns de
nós se sacrificassem.
Queremos dizer ao nosso Povo que para defender a intègridade do nosso
território, as nossas fronteiras e apoiar os nossos irmãos, 1338 moçambicanos
foram mortos pelo inimigo, dos quais 567 das Forças Armadas e dos órgãos de
segurança estatal; 1538 moçambicanos foram feridos pelo inimigo, dos quais 764
das Forças Armadas e dos órgãos de segurança estatal; 751 compatriotas foram
raptados pelo inimigo ou desapareceram. entre eles uma centena das Forças
Armadas e. dos órgãos de segurança estatal. No Zimbabwe, já no território
zimbabweano, sacrifi aram-se pa(a defender o nosso Povo e em nome do
internacionalismo, 24 camaradas; 6 ficaram teidas; 2 foram feitos prisioneiros
pelo inimigo. Esperamos que a Grã-Bretanha nos devolva.
Queremos pedir a todos: em memória das populações e combatentes que deram
as suas vidas no Botswana, na Zâmbia, em Angola, no Zimbabwe e em
Moçambique para que o, Zimbabwe seja livre e independente, UM MINUTO
DE SlIEiNCIO, (Após a observação do minute de silêncio, a Banda Militar
interpreteu «A lntmacional»).
Muito' obrigado a todos.
«Sempre unidos, lancemos o assalto final. Internacional, será o Homem de
amanhã». São estas as últimas palavras da Internacional que acabámos de ouvir.
Estas palavras traduzem o que queremos construir, o Homem Novo, o Homem
livre da exploração, o Homem queconstrói o seu destino, o Homem socialista.
Aqueles cujas memórias acabámos de evocar, deram as suas vidas pela liberdade,
pela paz.
Falar da paz na Africa Austral S6ó é possível porque, o
-vento da liberdade já sopra forte nesta nossa zona. Falar de pai'e liberdade só é
possível porque hoje, também na África Austral, se constrói o socialismo.
Onde se constrói o socialismo fortalecem-Se as forças da paz. Surgem as forças
mais consequentes na defesa da paz.
Nósqueremos paz na África Austral, queremos paz no mundo, os povos precisam
de paz. Nós defendemos a paz na África Austral, somos os portadores da bandeira
da paz. Por isso nos batemos pela coexistência pacifica, pelas relações de boa
viinhança entre todos os Estados da África Austral.
A política de paz é inseparável do direito dos povos à Independência e à liwe
escolha da sua via de desenvolvimento. Onde não há liberdade, onde não há
democracia, onde não 'há igualdade, há conflitos. Houve uma guerra no
Zimbabwe porque o povo estava oprimido, discriminado, porque o povo estava
segregado, porque o povo estava humilhado.
Nós apoiámos a luta do Zimbabwe com um só objectivo, repetimos, um só
interesse: a existência de um Zimbabwe unido, realmente independente,
democrático, estável, defensor da paz.
Os sacrifícios que todos fizeram pelo Zimbabwe não eram para determinar o
futuro do Zimbabwe: o futuro do Zimbabwe compete ao seu povo construi-lo, o
Governo do Zimbabwe com.'
«Os nossos tambores, as nossas canções, os
TEMPO N., 481 - pág. 32
O Inimigo veio atacar-nos na nossa casa,
disse que vinha perseguir os zimbabweanos.
Nós dissemos: vamos perseguir o ladrão que nos invade a casa. Dissemos: lan
Smith convida-nos para participar na luta do Zimbabwe ao atacar Moçambique.
Aceitámos o convite. Recordam-se?
Muitos combatentes da FPLMI ofereceram-se para Ir lutar ao lado do Povo do
Zimbabwe.
Entre os veteranos da guerrilha, foram muitos os voluntários. Temos orgulho de
dizer que mais de 350 combatentes moçambicanos se encontram hoje no
Zimbabwe, afirmando-se como combatentes internacionalistas. Mais de 500
participaram na luta do Zimbabwe.
pele exclusivamente ao seu povo escolhé-lo. Ê o maior privilégio, hon'a e direito
inalienável de cada povo eleger livremente os seus dirigentes, escolher livremente
a sua via de desenvolvimento.
o nosso teatro diziam ZIMBABWE»
Celebramos a paz que se estabelece no Zimbabwe, mas temos apreensões, temos
receios. Receamos que as forças racistas, os reaccionários renitentes, tentem um
golpe de força para impedir o processo democrático das eleições. Receamos que
as forças racistas, os reaccionários renitcntes, tentem um golpe de força para
neutralizar e falsificar resultados que lhes sejam desfavoráveis nas eleições.
Receamcs ás manobras e até eventuais intervenções armadas do imperialismo e
dos seus homens de mão para privar o Povo do ZimRbwe das conquistas da Luta
Armada.
Estas são ameaças contra a paz na África Austral. Devemos estar organizados
para garantir a paz e a vitória do processo democrático. A força principal neste
combate é a Unidade do Povo do Zimbabwe, o seu espírito patriótico. Esta serFá a
fortaleza que rechaçará manobras e intervenções. Os Paises da Linha da 'Frente,
toda a África, toda a Comunidade Internacional, estão vigilantes, estão firmes no
apoio ao Zimbabwe, estão determirados a impedir as manobras e intervenções dos
imperialistas e seus agentes.
Queremos que a paz seja um instrumento para acelera; o desenvolvimeno dos
nossos povos. Com a paz. com a derrotado regime colonial-racista, os
reaccionários, os nossos inimgos, perderam a sua grande esperança.
A Rádio Kizumba já não poderá ficar no Limbabwe. Os ouvintes que gostavam,
ficarão sem ela. Aqueles que escutavam a Kizumba para espalhar boatos e
intranquilidade, tenham «pena» deles. Os renegados já não podem fazer do
Zimbabwe sua base segura para perturbar a nossa vida com os seus crimes.
Os agentes já não podem ser abastecidos pelos aviões
e helicópteros que vêm do Zimbabwe. Para onde irão? Seguida. mente, o
Presidente Samora Maciel explicou; a exemplo do que sucedeu em muitos paises
que se libertaram da dominação e opressão, que os reaccionários continuarão a
fugir, porque os reaccionários não têm pátria, não têm cor, não têm raça, não têm
povo.
Mas a reacção não foi definitivamente esmagada. Vai procurar reorganizar-se.
Ontem, a reacção dizia que o encerramento das fronteiras era prematuro, que
éramos iàr(ealistas, radicais, aventureiros, que afundaríamos o pais, que iamos ser
derrotados pelo Smith.
Hoje ela já não pode dizer isso.-Vai talvez dizer que não somos suficientemente
revolucionários. Ontem dizia-se que os nossos sacrifícios eram inúteis, que
exigíamos demasiados sacrifícios ao nosso Povo que acabava de sair da guerra,
que o Zimbabwe no se libertaria. O que vai inventar hoje? Pouco importa.
A reacção perdeu uma batalha, ela vai Jentar recuperar o terreno utilizando as
suas velhas armas.
Lançará novos boatos e rumores, para desmoblizar o povo,
TEMPO N., 481 - pág- 33
inventará novas calúnias paradeSprestigiar os dirigentes do povo, procurará criar
agitação para semear a intranquilidade, planeará novas acções para dividir o povo,
utilizando, como sempre, o racismo, o tribalismo, o regionalismo. Seremos
intransigentes: intransigentes na defesa da unidade nacional; intransigentes na
defesa da soberania e integridade territoriais; intransigentes para construir a
felicidade; intransigentes para construir o progresso, o bem-estar social e
psicológico; intransigentes para garantir a tranquilidade, a ordem, o sossego;
intransigentes na defesa da justiça constitucional; seremos intransigentes no nosso
direito e dever de construir o socialismo na nossa Pátria; intransigentes em manter
alta a bandeira do internacionalismo proletário e da solidariedade com todos os
povos; intransigentes na defesa da paz.
Vamos continuar a batalha para vencer o subdesenvolvi-.
os "relaxados, -exigentes contra o ea to, exigentes contra:
a má utilização dos carros e sua destruição, exigentes contra a r1iutilização. dos
bens do Estado e dolPovo, exigentes na discipina de ferro. Vamos ser exigentes
na prestação de contas.
Queremos que os dirigentes prestem contas, queremos que os professores prestem
contas, queremos que os enfermeiros prestem contas, queremos que os alunos
prestem contas, queremos que cada trabalhador preste contas.
Queremos que cada um seja responsável pelý execução da sua tarefa.
Para defender as nossas conquistas, vamos reforçar a vigilância popular. Vamos
reforçar os Grupos de Vigilância, *amos reforçar as Milicias Pepulares, vamos
reforçar os órgãos estatais, de segurança, vamos refor çar, as Forças Armadas para
que selam, cada vez mais poderosas, modernas e organizadas.
A aplicação das sanções representou um pesado sacrifício para o nosso Povo:
milhares de moçambicanos ficaram desempregados e tiveram que mudar de
tarefa; numerosas empresas foram afectadas. As Nações Unidas calculam que os
prejuízos que sofremos são superiores a 550 milhões de dólares, isto é, cerca de
18 milhões de contos; as destruições provocadas pelas agressões custam ao nosso
País mais de um milhão e meio de contos.
Com 17 milhões de contos poderíamos ter ao mesmo tempo: 1 grande fábrica de
tecidos; 10 escolas técnicas; 2 bons hospitais centrais; 1 bom centro sanitário para
cada distrito; 1 000 tractores; 200 camiões; 100 locomotivas; 1 grande fábrica de
alfaias agrícolas (charruas, enxadas, foices, etc.); poderíamos levar a electricidade
de C ahora-Bassa até Pemba.
Outro exemplo: Com 17 milhões de-contos poderíamos construir ao mesmo
tempo a barragem dos Pequenos Libombos; a barragem de Corumana; a barragem
do Mapai; 1 grande fábrica têxtil. Com estas construções milhões de moçambi-an
os teriam melhor comida, estariam melhor vestidos.
Com estas construções não teríamos as bichas que temos. Com estas construções
obteríamos divisas para comprar aquilo que ainda não produzimos.
Não discutimos o sacrifício. El valeu a pena. O Zimbabwe vai ser independente, a
Rodésia rebelde deixou de existir.
mento, vamos continuar a batalha do cumprimento das metas do plano.
Em cada província e. em cada localidade, emn cada fábrica, grande ou pequena,
em cada machamba estatal, em cada Aldeia Comunal, em' cada escola, hospital,
em cada repartição, em cada cooperativa, em cada machamba familiar, em cada
unidade privada, vamos criar as zonas verdes em cada cidade.
Em toda a Naçãe, bater-nos-emos pelo cumprimento do plano. Por iso vamos ser
exigentes: Exigentes na organização, eigelites na planificação, na programação,
no cumprimento das netas. Seremos exigentes nas esc-clas, nos hospitais, nas
repartições, nas fábricas contra a inércia e o imobilismo; exigentes na
pontualidade, exigentes na higiene, 'exigentes na cortesia - (ao falar da cortesia, o
Presidente Samora, Machel referiu que esta devia significar também alegria,
particularmente quando passa um ce-rtejo oficial. Quem deve ficar em sentido é o
membro da Polícia e do Exército, disse o dirigente máximo da Revolução
moçambicana); -exigentes contra os preguiçosos merOaís e físicos, exigentes
centra 'os desmazelados, contra- os desleixados, contra
Para promover a paz e a cooperação internacional, para promover o nosso
desenvolvimento, estreitaremos as relações com os outros países socialistas,
estreitaremos as 'elações com os Países da Linha da Frente, estreitaremos as
relações com os nossos vizinhos, com todos es Estados africanos, - com os Países
Não-Alinhados.
Promoveremos a cooperação e a amizade com todos os países,
independentemente dos seus sistemas sociais, na base do respeito mútuo da
soberania, da igudWzde, da não ingerência nos assuntos internos, da vantagem
mútua.
Compatriotas,
Em 3 'de Março de 1976, em cumprimento das Resoluções do Conselho de
Segurança das Nações Unidas, aplicámos integralmente as sanções contra o
regime racista minoritário e rebelde da colónia briftnica da Rodésia, do Sul.
A aplicação das sanções representou um pesado sac'rifício
TEMPO N.,'481 - pág. 34k
'1
Momento em que o Pre. sidente Samra Maclzel fazia a apresentação de alguns
responsdveis da ZANU, uma das compo. nentes da Frente Patrió.
tica
para o nosso Povo: milhares de moçambicanos ficaram desem. pregados e tiveram
que mudar de tarefa; numerosas empresas foram afectadas. As Nações Unidas
calculam que os prejuízos que sofremos são superiores a 550 milhões de dólares,
isto 6, cerca de 18 milhões de contos; as destruições provocadas pelas agressões
custam ao nosso País mais de.um milhão e meio de contos.
Cem 17 milhões de contos poderíamos ter ao mesmo tempo: 1 grande fábrica de
tecidos; 10 escolas técnicas; 2 bons hospitais centrais; 1 bom centro sanitário para
cada Distrito; 1000 tractores; 200 camiões; 100 locomotivas; 1 grande fábrica de
alfaias agriccias para produzir iodo o tipo de alfaias agrícolas (charruas, enxadas,
foices; etc.); poderíamos levar a electricidade de Cahora Bassa até Pemba.
Outro exemplo- Com 17 milhões de *contos poderíaÍnõs construir ao mesmo
tempo: a barragem dos Pequenos Libombos; a barragem da Corumana; a
barragem do Mapaí; .1 grande fábrica têxtil. Com estas construções milhões de
moçambicanos teriam melhor comida, estariam melhor vestidos.
Com estas construções não teríamos as bichas que temos. Com estas construções
obteríamos divisas para comprar aquilo que ainda não produzimos.
Não discutimos o sacrifício. Ele valeu a pena. O Zimbabwe vai ser independente,
a Rodésia rebelde deixou de existir.
No dia 21 de Dezembro, a Frente Patriótica assinou com a Grã-Bretanha os
Acordos de Londres, que estabelecem o cessar-fgo, que estabelecem o processo
que vai conduzir à independência, em Março do próxin ano.
Nações Unidas aprovou a Resolulçao que levanta as: sançõés contra a colónia
britânica da Rodésia do Sul.
Nestlas circunstâncias, e em cumprimento da legalidade internacional, a
República Popular de Moçambique declara levantadas as sanções contra a
colónia britânica da Rodésia do Sul, a partir das O'O0 horas do dia 24 de
Dezembro.
As autoridades competentes da República Popular de Moçambique empreenderão
imediatamente as acções necessárias para garantir, o mais rapidamente possível, o
reestabélecimento das comunicações, dos transportes aéreos e terrestres e do
tráfego de pessoas e mercadorias entre o nosso País e a colónia britânica da
Rodésia do Sul.
Compatriotas,
Surge a esperança de paz quando vamos iniciar a nova Década de combate, a
Década da liquidação do subdesenvolví-mento: a Década da eliminação da fome,
da nudez e da miséria; a Década da eliminação da doença o do analfabetismo;
a Década da industrialização; a Década da mecanização da agricultura; a Década
do socialismo em Moçambique.
A vitória organiza-se, a vitória prepara-se. 'A Revolução Vencerá. O Socialismo
Triunfará.
A LUTA CONTINUA'
No dia 21 de Dezembro, o Conselho de Segurança das TEMPO N.O 481 - pág. 35
Pelas reflexões feitas e pelo conteúdo das decisões tomadas, a 5.' Sessão da
Assembleia Popular constitui um momento importante na preparação da batalha
contra o subdesenvolvimento, que no próximo ano se inicia.
*Aquele acto singelo da tarde do dia, 21 de, Dezembro ficará sem dúvida, na
memória dos presentes na sala vermelha ýdo, antigo Clube Militar.
Decorria, na capital do País, a penúltima sessã o da- Assembleia
Popular. Dezenas de crianças, vestidas de festa e com as cores da Revolução,
irrompem pelas portas da sala cantando e transportando os seus brinquedos:
carrinhos de arame, bolas, triciclos. Durante alguns minutos, a sala transformarse-ia num parque infantil, onde as
10OL VIMNII
crianças cantavam lindas canções, brincavam e diziam poesia:
«No meu País/o sol brilha por inteiro/as estrelas são verdadeiras/ e a lua é mais
bonita/No meu País/ as crianças chamam Mamã, Papá/ por felicidade! /0 meu País
é livre ! »
Na mente dos mais velhos certamente passaram recordações da sua infância
menos feliz, sob o regime colonial português.
Esta cena passou-se durante a sessão em que foi aprovada a Declaração dos
Direitos da Criança Moçambicana, pela 5.a Sessão da
EMPO W.481 - pág. 36
IA VITORIA
'9'
Assembleia Popular. Evocámo-la porque ela pode simbolizar o momento histórico
em que se realizou a 5.a Sessão da Assembleia Popular e o conteúdo das decisões
nela
tomadas.
NO LIMIAR DE UMA DÉICADA
DE ESPERANÇA
«Estamos 'no limiar de uma nova
década que para nós se apresenta cheia de esperança. Década em que.
nos propomos vencer a batalha contra o subdesenvolvinento e elimi. Na sessão
em que foi aprovada a Declaração dos Direitos da Crzança, um nar da terra livre
moçambicana as grupo de continuadores aeu à sala um ambiente de festa,
cantando, brincando
de declamando poesia
TEMPO N.o 481 - pág. 37 ARlIgIO IlSTVRi"O DE MOçAMBIQUE
sequelas da sociedade colonial, a miséria, a fome, a nudez, o analfabetismo o
obscurantismo.- - Estas as palavras com que o Presidente do Partido FRELIMO e
Presidente da República Popular de Moçambique, Samora Moisés Machel, iniciou
o seu discurso de abertura da última sessão da Assembleia Popular, realizada no
ano de
1979..
Nesse discurso o Chefe de Estado fez o balanço das experiências e realizações ao
longo deste ano definido como o «Ano da Consolidação das nossas conquistas» e,
em particular, dos sucessos alcançados nas frentes política e diplomática.
Particular destaque foi dado às
questões económicas que assumem uma importância essencial no inicio de uma
nova década, definida como a «Década da vitória sobre o
subdesenvolvimento »: /
- Constatámos que muitas unidades produtivas mantiveram-sé a funcionar abaixo
da sua real capacidade (....)
- Continuaram a verificar-se
deficiências de coordenação das várias estruturas, assim como insuficiências no
nosso nível organizativo.
- No ano de 1979, o Plano de
Abastecimento foi' cumprido em apenas 33 por cento do previsto.
- Não conseguimos resolver ain
da completamente os problemas da comercialização'e escoamento dos produtos
nas fábricas e no campo.
A propósito desta situação, o
Chefe de Estado acrescentou que grande parte das dificuldades exis
1 Ã ltMDEAIA
A 5. Sessão da Assembleia Popular analisou e aprovou documentos fundamentais
para a vida do Povo e do Estado
tentes são conjunturais, isto é, dependem de muitos factores internos e externos,
tais como, as agressões do regime ilegal da Rodésia do Sul, a dependência
económica da RPM em relação ao exterior e a subida de preços do petróleo, entre
outras.
Um exemplo flagrante é o carvão: 290 mil toneladas estão retidas, em Moatize
por dificuldades de escoamento. O Chefe de Estado fez um apelo à Comunidade
Internacional para que apoiasse a RPM na soíução deste problema.
Apesar dos problemas e das dificuldades, o ano de 1979, foi um ano de
recuperação e crescimento em relação ao ano anterior - disDO PRESIDENTE AGOSTINHO NETO
A figura de Agostinho fNeto, -estadista ilustre e internacionalista exemplar, guia
inesquecível do Estado angolano e cidadão honorário,, da RPM, foi evocada na 5
Sessão da Assembleia Popular que observou um minuto de silêncio, à semelhança
do que tinha acontecido na 6. Sessão do Comité Central, que se realizou
anteriormente.
No discurso de abertura do órgão máximo do poder do Estado mo-, çambicano, o
Presidente Samora Mache afirmou que a morto do Presidente Agostinho Neto
representou uma perda irreparável para a República Popular de Angola, para
África e para todos os povos do mundo.
- O luto que envolve a nação angolana é nosso luto também - disse, a dado passo,
acrescentando que «a sua memória continuará a inspirar a luta das novas gerações
no mundo,»..
se o Presidente Samora Machel, ilustrando esta afirmação com casos concretos
verificados principalmente na indústria e na agricultura. Na construção,
transportes e no comercio, verificou-se sensível recuperação.
Por tudo isto, diria, em conclusão:
«0 ano de 1980 constitui um desafio para a nossa capacidade de cumprir com os
objectivos que traçámos (....) Devemos desenvolver 2,s condições de direc4o e
organização necessárias à intensificação do processo de recuperação ýconómica
em curso e elevarmos muito mais a produção em 1980. Temos de partir com base
organizativa e material necessária ao inicio da implementação do Plano Perspec.
tivo de Desenvolvimento na década de 1980/90,>
COMO ORLGANIZAR A VITÓRIA
Esta Sessão da Assembleia PoDular analisou e aprovou documentos fundamentais
para a vida do Povo e do Estado Moçambicano. Pela sua. importância para a
organização científica da vitória' sobre o subdesenvolvimento, salientamos a
ratificação da Lei do Plano Estatal Central para o biénio
T IMDfA MU ' o 1 . >R
de 1979/80 e a aprovação da Lei Orçamental para 1980.
O Plano, aprovado em Sessão extraordinária alargada do Conselho de Ministros,
em Agosto do corrente ano define metas e tarefas para quase todos os sectores
económicos e sociais.
Pode dizer-se que o espírito que resulta de ambos os documentos é a orientação de
todos os recursos materiais e financeiros para sectores prioritários. Isso significa,
como diria o Presidente Samora Machel que «no ano de 1980, tere-. mos muito
menos empresas com falta de matéria-prima, de sobressalentes, de máquinas de
transporte necessárias ao cumprimento das suas metas.
"Note-se também que a preocupação.dominante é o abastecimento do Povo a a
obtenção de divisas, através do aumento das exportações.
O Plano anual de 1980 entrará em vigor, pela primeira vez, no dia 1. de Janeiro. A
sua elaboração e aprovação antes dessa data «representa uma vitória da
organização, um grande melhoramento nos nossos métodos de trabalho». A
importância destes documentos foi assumida pelos deputados da Assembleia
Popular, em grupos de estudo, organizados durante a sessão, esclareceram-se
sobre os conceitos económicos neles. tratados, e, em sessão plenária os aprovaram
por aclamação. A execução das tarefas previstas no Plano 'requere - co mo diria
ainda o Presidente Samora Machel - a participação consciente de todos os
moçambicanos, desde o camponês que vive na localidade de Mocímboa da Praia
ou da Ponta do Ouro, até ao operârio que trabalha em Manica ou Tete.
- Temos que prestar contas e, individual e colectivamente, assumir as
responsabilidades peloseu cumprimento.
RECENSEAMENTO: UMA TAREFA ESSENCIAL
Um dos pontos mais importantes da agenda da 5.a Sessão da Assembleia Popular
foi o Recenseamento Geral da População moçam bicana, a realizar-se em 1980,
tendo sido saudado o trabalho já desenvolvido pelo Conselho Coordenador do
Recenseamento e pelo Gabinete Central de Recenseamento em cumprimento da
Lei aprovada na sessão anterior do órgão máximo do poder do Estado.
A participação dos deputados na discussão deste tema, em grupos de trabalho, foi
dos mais ricas que se verificaram nos grupos de trabalho o que traduz a
importância com que é encarado este acontecimento.
«Estamos no limiar de uma década
que para nós se apresenta cheia de
esperança» - Presidente Samora Machel, no discurso de abertura
TEMPO N. 481 - pág. 39
-Lei do Plano Estatal Central para o biénio 79/80, medida importante para
recuperação e desenvolvimento acelerado da economia, de acordo com as metas a
aicançar em 1980, definidas pelo III Congresso da FRELIMO. Consagra a
direcção económica, planificada pelo
A 5.a Sessão da Assembleia Popular ratificou os documentos seguintes:
-Lei Geral das Cooperativas, que «define os principios orientadores das
cooperativas,, sua constituição e funcionamento. INa sequência da aprovação da
Lei de Terras na 4.o Sessão, a ratificação desta -lei é um momento importante na
materialização da propriedade socialista como forma predominante de
propriedade na RPM. Esta lei conduz ao desenvolvimento organizado do
movimento cooperativo e fortalece o crescimento das aldeias comunais.
stao o método de estudo em grupos, os estudaram os Principais documento, Na
imagem, um dos grupos de estudo
Conhecer a composição de classe da sociedade moçambièana e contribuir para a
consolidação e desenvolvimento do processo de plani. ficação da actividade
económica e social, eis os objectivos centrais que se destacam na informação
prestada. Esta continha igualmente referências aos recenseamentos de ensaio
realizados em Vilanculos e nalguns bairros da cidade de Maputo.
Finalmente, nos documentos apro vados, sublinha-se a relação existente entre a preparação do Recensea mento Geral da População e as eleiçoes para as
Assembleias do Povo a nível de localidades, distritos e cidades, em princípios do
próximo ano - por um lado, e entre o recenseamento e a correcta organização dos
bairros comunais como um factor indispensável ao sucesso do recenseamento nas
cidades.
«Socialismo e planificação reali. dades inseparáveis. Hoje desenvolvemos a nossa
capacidade de planificação, para destruírmos os males
do subdesenvolvimento: o analfa.
betismo, a miséria, a fome e a nudez - sublinhou-se, durante -a sessão, a-propósito
do desenvolvimento do Niassa. A 5. Sessão da Assembleia Popular associou-se ao
mlovimento geral de apoio a este
programa:
«Desenvolver o, Niassa significa a construção de um novo celeiro para o País,
celeiro de milho, giras. sol, algodão, batata, feijão, pés. segos, ameixas, etc., que
irá abastecer a zona do'.actual celeiro de arroz com aqueles produtos, em troca
d'este -e de queijo, manteiga, chouriço e outros, - disse o depu. tado Jorge Tembe.
o
Numa outr intervenção, o deputado Francisco Zimba diria: oNo Niassa vamos
trabalhar com o povo para com o povo aprender,, ,Vamos escrever mais uma
página no desenvolvimento do nosso País, marcando desta forma o início da
década que nos levará a: ver realizado aquilo que para alguns pare. cia no ?assado
um sonho irrealizável. diQtante , difícil de conce. ber: a felicidade de um povo
decidido a construir em paz o progres so de uma. naão independente.,»
«NO SOCIALISMO AS CRIANCAS NASCEM
PARA VIVEREM FELIZES»
Já nos referimos, no início deste apontamento, ao momento emocio.
apontamento, ao momento emocioTEMPO N.O 481 - pâg. 40
DOCUM TS DA 5.a SESSIa DA 4 A
-. .~m,
Estado, que permite assegurar uma maior eficiência e produtividade.
- Lei do Tribunal Supremo de Recurso, que garante o exercício de algumas
atribuições do Tribunal Popular Supremo, o mais alto órgão judicial previsto na
Cons. tituição da RPM, e que não está ainda criado por não se encontrarem ainda
reunidas as condições.
-Lei do Segredo Eýtatal, que estabelece um siste. ma de protecção para evitar que
as informações que constituem segredo estatal cheguem às mãos do inimigo.
Foram também aprovadas a Lei Orçamental para 1980 e as resoluções sobre:
Eleições para as Assembielas do Povo a nível de localidades, distritos e cidades;
Província do Niassa; Declaração dos Direitos da Criança; Organização do
trabalho no campo dos preços: Reorganização e saneamento financeiro das
empresas do Estado.
nante que foi a aprovação da Declaração dos Direitos da Criança pela 5. Sessão da
Assembleia Popular. Este documento pode dlefinir-se, como o foi na sessão,
como <a síntese dos nossos princípios de assegurar a vida, o crescimento bar
monioso, a saúde, a educação, o bem-estar, o eauilíbrio psíquico, a alegria e
felicidade às nossas crianças,,.
A deputada Graça Machel, também patrono do Ano Internacional da Criança na
RPM, através, de palavras simples e comoventes explicou e transmitiu da melhor
forma o conteúdo desta Declaração: «Não é uma lei - disse ela uma declaração de
direitos que as criancas deverão saber e poder repetir cada vez que um de nós,
cidadãos, a olvidar.»
Outros deputados usaram da palavra para não só sublinharem a
«No socialismo as crianças nascem ,para viverem 'elimportância daquele
documento, como também manifestarem a sua preocupação em relação aos
problemas da infância na RPM. Sublinhou-se numa das intervenções:
«O problema da infância é complexo e vasto. Todos nós, enquanto
A VITMA DO
pais e educadores, conhecemos a responsabilidade que pesa sobre os nossos
ombrok na educação das futuras gerações para que elas sejam os continuadores da
edificação da Sociedade Nova.
Neste trabalho, particular aten, ção deve ser dada aquelas crianças que, por um ou
outro motivo, ficaram sem família. A família enquanto célula base da sociedade,
cabe a responsabilidade de introduzir a criança nas regras de uma convivên cia
social sã.
Assim para as crianças abandonadas devem ser criadas instituições estatais e,
principalmente, promover a implementação da prática de adopção, evitando que
fiquem ao abandono, transformando-se em potenciais marginais.» "Para a
construção dessa «sociedaJe de amor e beleza» como foi dito, torna-se necessário
que os adulVIDO MZAN )AlIR
:orna a 5. Sessão da Assembleia Popular, foi anunciada Londres, do Acordo Final
da Conferência Constituciobabwe.
i vivamente saudado pelos deputados que, de pé entoaassopa, Smith., (cuidado,
Smith), depois de escutarem, 21, a leitura da declaração do Comité Político
Perma.entral do Partido FRELIMO, omitida na ocasião. dos acordos de Londres,
disse o Presidente Samora Madeputados: «0 Povo moçambicano sente esta vitória
da nossa República. Sente que a independência e sobeýepública se consolidam,
que a nossa liberdade se reente que se abrem perspectivas para uma mais ampla
relações novas nesta zona da África AustraL.»
no momento da
1 da Criaizça
(etura aa veciaraçao aos Direitos
tos «assumam o seu grandioso papel de forjadores do Homem Novo .
No Socialismo, disse Graça Machel, parafraseando o dirigente-mximo da
revolução moçambicana, as crianças nascem para viverem, e viverem felizes. As
condições para tal efeito já estão a ser preparadas na RPM e ,esta sessão da
Assembleia Popular tomou 'decisões importantes nesse sentido.
Texto de Arlindo Lopes
Fotos de
KÓk Nato e ýNaita Ussene
Kok~ Nam o Naita Ussene
luiy ~r
)
ENTREVISTA COM DEPUTADOS
A ASSEMBLEIA POPULAR
Durante um intervalo da 5.' Sessão da Assembleia Popular, abordámos alguns
Deputados residentes nas Províncias de Gaza, Manica e Niassa a quem colocámos
questões relacionadas com o abastecimento, Ano Internacional da Criança,
Aldeias
Conunais e à ofensiva do desenvolvimento do Niassa.
TEMPO - Como está a situação de abastecimento na província de Gaza?
NOÉ FAFTINE - <A situação de abastecimento na província de Gaza ainda não
está total. mente normalizada, temos falta de produtos de primeira necessidade.
Actualmente estamos a dar prioridade aos circuitos comerciais nas zo nas rurais, e
criámos cooperativas de Consumo e Lojas do Povo para conseguirmos abastecer
as zonas que não tinham nenhum estabelecimento' de venda desses produtos.»
T - Como se têm desenvolvido a produção na província?
N. F. - kA produção é desenvolvida nas cooperativas agrícolas, machanbas
colectivas, empresas estatais, e machambas familiares. Quanto às cooperativas
temos tido dificuldades
porque existem alguns trabalhadores que não compreendem a neces, sidade da sua
criação apesar de terem como objectivo melhorar a nossa vida e combater a fome
no nosso País.»
T - Que ottras difiCuldades têm tido?
N. F. - «As maiores dificuldades são relacionadas com a preparação da terra,
devido à falta de máquinas e alfaias para este sector. Também temos falta de
peças sobressalentes para máquinas agrícolas.»
T - Como tem sido feito o escoamento de produtos?
JVý&rAvr1iIvE - Temos
dificuldades na preparação N. F. - <AO nível da da terra, devido à falta de
. í
máquinas e alfaias vara es- província, foi c r i a d a
te sector
uma comissão ligada ao
Ministério do Comércio
Interno para apoiar-nos no transporte de produtos agrícolas. Em certas zonas,
tivemos que abrir picadas para conseguirmos passar. Neste mo mento está
normalizada a situação.»
T - Qual foi o trabalho desenvolvido na província de Gaza em relação ao Ano
Internacional da Criança?
MICAS MASSINGUE
- «No início realizámos um seminário provincial para o estudo do projecto da
Declaração dos Direitos da Criança, cu. jo rabalho estendeu-se aos distritos até às
localidades. Verificámos que ainda existe métodos incorrectos de educação das
crianças, alguns pais tratam mal os filhos daí que as crianças fujam muitas veanças fujam muitas vezes do lar. Para combatermos estas atitudes formámos brigadas que se deslocam
às Aldeias Comunais e às diversas localidades para dar a conhecer à população as
actividades que visam melhor educar as críanças, e assumir as responsabilidades
que lhes cabem.»
MICAS MASSINGUE- Exis. te ainda métodos incorrectos de educação das
crianças, alguns pais tratam mal os filhos daí que as crianças
fujam de casa
T - Qual é o trabalho que está sendo desenvolvido em relação às Aldeias
Comunais?
M. M. - «Actualmente existe uma Comissão Provincial de Aldeias Comunais que
planificam todo esse trabalho. A população tem assumido a tarefa de criar Aldeias
Comunais. Algumas já têm estruturas, tais como, Assembleia do Povo, Célula do
Partido e Organizações Democráticas de Massas. ý de salien. tar que também
temos Aldeias-Piloto ao nível da província.»
T - Quais são as dificuldades que têm tido no transporte de produtos para as
Aldeias Comunais?
M. M. - Os meios ae transporte de que dispomos não são suficientes para
resolverem as necessi dades que se fazem sentir, para o carregamento de produtos
para as Aldeias Comunais.
Em relação ao comércio privado ao nível da província, estabeleceram
-se dias fixos para a venda de artigos de primeira necessidade.»
* T - Quais são os trabalhos que se têm desenvolvido na província de Manica em
relação ao A.I.C.?'
AMADEU MASSIVANE - «Foi inicialmente criada uma comissão mista que
integrava estruturas Democráticas de Massas e da Comissão Provincial do A.I.C.
que dinamizava e esclarecia a população sobre a importância deste ano em todo o
mundo e os objectivos da realização. As OrLanizaq. -n, AMADEU MASSIVANE - É necessário apoiar os jovens para resvonderem às
orientações deixadas pelo Presidente Samora Machel aquan do da sua visita à
província
do Niassa
das brigadas que se deslocaram às empresas para difundirem as orientações para o
melhoramento da vida das crianças no País.. de salientar que nesta província foi
aberta uma cantina para a venda de brinquedos entre outros artigos para as
crianças.»
T - Quais, são os trabalhos que se realizam na província de Manica com vista a
apoiar o desenvolvimento do Niassa?
A. M. - «Podemos salientar o trabalho da OJM ao nível da província na
mobilização dos jovens. Actualmente temos brigadas formadas por 150 jovens
que num futuro breve, irão à província do Niassa. Esperamos que as est'ruturas
centrais e provinciais apoiem os jovens em transporte e alimenta. ção para
responderem às orientações do Presidente Samora Machel aquando da sua visita à
província do Niassa.»
T - Na província do Niassa foi desencadeada uma ofensiva. Quais-são os
trabalhos concretos que estão a ser realizados com vista a cumpri. rem a palavra
de ordem da direcção máxima do Partido FRELIMO e Estado?
MPONDA MACAGIRA
- «Após a visita do Presidente Samora Machel ao Niassa está a ser nes'te
momento desenvolvido um grande esforço pela população para materializar as
orientações deixadas pelo dirigente máximo. Esse esforço baseia-se- em
esclarecimento e mobilização das populações para se engaMPONDA MACAGIRA - A Província do Niassa poderá ser um exemplo vara o
País, grande esforço esta a realizar-se para o seu desenvolvimento
jarem na produção em todos os sectores da província.
As maiores dificuldades que temos tido é a falta de transportes para nos
deslocarmos sobretudo a 'certas zonas do interior.»
T - Qual é o trabalho prioritário a realizar-se na província do Niâssa?
M. M. - Todos os trabalhos são prioritários, mas estamos a reparar as picadas e a
construir pontes e a população tem contribuído bastante nestes trabalhos.»
T - A província do Niassa poderá ser um exemplo para o Pais?
M. M. - «Penso que sim, porque neste momento teri sido'feito um grande esforço
para o s eu desenvolvimento, mas temos que enfrentar muitas dificuldades. O,.
tempo o dirá.»
Entrevista
conduzida por:
Haron Patel
Fotos:
Ricardo Rangel
TEMPO N.o 481 - pág. 43
DECLARAÇÃO DO COMITÉ POLI
DO COMITE CENTRAL -DO PAR
SOBRE OS ACORDOS DE LONDF
Logo após a assinatura em Londres dos acordos que marcaram o fim das
conversações que vinham a decorrer naquela capital europeia entre delegações do
Governo -britânico, da Frehite Patriótica 'e do regime ilegal de Salisbúria sobre, a
independência do Zimbabwe, o Comité Político Permexnente do Comité Central
do Partido FRELIMO emitiu uma Declaração saudando a vitória alcançada pelo
Povo zimbabweano, dirigido pela sua legítima vanguarda.
É o seguinte o texto integral da referida Declaração:
Em nome do Partido, do Governo e do Povo nioçambicano, o Comité Político.
Permanente do Comnité Central do Partido FRELIMO saúda calarosamsente o
Povo do Zimbabwe e a sua vanguarda, a Frente Patriótica, pela histórica vitória
que representa a assinatura., na Conferência Constitucional de Londres, do acordo
que estabelece a transição para a Independência total e cQmpleta do Zimbabwe.
Este acordo é o resultado vitorioso da seculai íesístência popular ao colorlialismo,
da luta política"- laildestina, da luta armada de libertaçào nacional contra o regime
fascista e racista que repreentava a ditadura dos colonos.
È uma vitória da Frente Patriótica,. vanguarda do Povo zimbabweano. que
conduziu a luta de todos os patriotas que combateram a dominação estraiLgeira e
a opressão colonial.
É uma vitórià do Continente Africano. de todas as torças progressistas do mundo
que contribuííamo para a derrota de um dos últimos bastiões do rac:ismo e do
colonialismo.
O acordo assinado em Londres, lruto da luta gloriosa do Povo zimnbabweano,
consagra. ao uive] diplo. mático, as irreversíveis conquistas alcançadas pela
,,lqente Patriótica nos planos político e muilital e exprime a derrota do regimne
que, desde l965. tomai-a unilateralmenrt em suas mãos a gestão da.colônia
britânica. ,
O acordo põe cobro, a existência de uni dos regi. ie - aais báibaros e hediondos da
hjstria da Afrika, dem sistema condenado por toda a Cornasnidade Internacional e
que sobreviveu graças à prática sistemática de massacres e assassinatos.
O *Povo ioç:aumbicano celebra. como-sí-, a Vitótla do Povo irmãio do
Zimbabwe A conquista da Independência do Iinbabwe consolida a própria
Independência da República Popular de Moçambique e as -suas conquistas
revolucionárias.
Desde os tempos da luta armada de libertação na cional, o Povo moçambicano fez
do seu território a retaguarda firme da luta de libertaão tio Zimbabwe. Após a
Independência. enfrentando embora graves dificuldades decorrentes de um
passado colonial ruinoso. a República Popular de Moçambique nào hesitou ein
aplicar integralmente as sanções decretadas pela Comaunidade Internacional
contra a Rodésia do Sul. Este facto deu finalmente eficácia, à decis4o do
Conselho de Segu-anta.
Erguerdo ibe alta? a bandeira do internacioiialisino militante, o nosso Povo fez
da luta pela liberdade <lo Zimbabwe a sua própria luta,. Assaímindo com
determinacão a consciência de que o nosso Pais não podevá ser completamente
livre enquanro persistir, ao seu lado, a opressão racista e colonial, o Povo
moçambicano aceitou qlue o seu sangue sc ri'sturasse com o dos patriotas
zimbabiçeanos tia lura cómum contra o regime rebelde.
O regime ilegal de Salisbúria compreendeu que o desemívolvimnento da Luta
armada e a aplicação das sanções decididas pela Conunidade Internacional. por
parte da -República Popftlar de Moçambique. inarcavani o princípio da sua
agonia.
Por isso, nobilizou recursos técnicos e financeiros nos niejos mais reaccionários e
fascistas, modernizou a ,ua máiquina de guerra. recrutou mercenários em todo o
mundo, para lançai contra o nosso Pais agressões mifitares constantes.
Organizou e tomentou acções para destabílizar e subverter o nosso processo
revoli'ucionário numa ofensiva de ódio e nriniidação que não.encontra, paralelo
na história da luta cotitia o colõnialismo em Africa.
-O regime terrorista massacrou civis indefesos. destrufil os sets bens e liaveres,
minou estradas, espalhou engenhos explosivos, tentou seanear o:terror e o pãnico.
As tropas assassinas do regime ilegal da colónia
TEMPO N.o 481 - pág. 44
FICO PERMANENTE [IDO FRELIMO
britânica bombardearafi e destruíram estradas, pontes, vias férreas,
telecomunicações, unidades de produção, lojas, equipaienu tos, escolas,hospitais, iuíportautes pontos estratégicos da nossa economia. 0 conjunto das
agressões militares rodesianas provocou destruições físicas com, enomes
prejuízos niuteriais que têm pesados reflexos na economia da nossa jovem
República.
O nosso apoio à luta libertadora no Zimbabwe representou um elevado preço desangue e sacrifício.
Porém, a nossa determinação permaneceu firme e inabalável. No confronto com
o inimigo, conseguimnos desenvolvei a nossa capacidade de defesa e vigilância c
punir cada vez mais severamento o invasor. Na luta colltia os criminosos
rodesianos soubemos transformar a vulveiabilidade em to rça militar e
combatividade, a sabotagem e destruição em desenvolvimento económico, a
,týeisiva divisionista e subversiva em unidade nacional e sentimento patriótico de
nível superior.
O heroismo do nosso Povo e a reorganização dás F PLM coustituiramo ums
importante apoio .ao desenvolvimento da luta dos patriotas zimbabwe'anos. As
derrotas cada vez maiores infligidas aos agressores -racistas demonstraram que o
apoio internacionalista do' osso País não podia ser quebrado. Foram decisivas is
batalhas de Mapai e Chimoio que causaram baixas muito graves ao inimigo e o
fizeram fugir em debandada
O Comité Político Permanente saúda o Povo mocambicano pela forma exemplar
como soube aceitar todos os sacrifícios internacionalistas para com a- luta do
Zimbabwe.
O Comité Político Permanente saúda, com especial calor, as Províncias de Gaza;
Manica, Tete e Sofala que foram o suporte directo à luta do Zimbabwe, do mesmo
modo que as zonal libertadas suportaram o peso da guerra popular- pela nossa
índependência.
O Comité Político Permanente saúda todas as For,as de Defesa e Segurança pela
ýabnegaçâã. energia e coragem que sempre caracterizou a sua resposNa às
agressões militares e às acções subversivas 'rodesianas
O Comité Político Permaneríte saúda, em particulnr, as gloriosas Forças
Populares de Libertação de Moçambique pelo heroismo e combatividade com que
rechaçaram as incursões assassinas do regi(ne rebelde. O éx-emplo dos que
tomfbaram em-defesa d& soberania estimulará a n'ossa determinaçã? em
intensficar o combate pela vitória sobre o subdesenvolvimento e .pela edificação
de uma sociedade 'livre e sem exploração. O sangue dos que tombaram. assinala
a aint7ade indes, trutível que unirá, para sempre, os povos do Zimbabwe' e da.
República Popular de. Moçambique,
O Comité Politico Permanente saúda os Países da Linha da Frente que, de uma
forma coesa e determnnada, souberam compreensder a necessidade do sacrifício
no apoio à luta pela conquista da Independência do Zinibabwe. A unidade de
acção alcançada e a inequívoca resposta dada às várias tentativas divisionistas do
imperialismo consolidaram os Países da Linha da Frente como base firme do
combate político, militar e diplomático da Frente Patriótica.
O Comité Político Permanente exprime i prolunda emoção com que o Partido
FRELIMO, o. Goverrio e- ' Povo Moçambicano viveui este exaltante nmo'nento-e
o ,orgulho colU que olham o próximo nascimento de um novo Estado
independente e soberano.
A constituição de uni Zimbabwe democrático, pac!.~ fico, estável e unido
representa um factor decisivo para a estabilidade da região e para o reforço dos
povos que, na zona, estão engajados no combate pelo desenvolvimento
econômico e o progresso social.
A República Popular de Moambique e o Povo moçambicano continuarão ao lado
do Zimbabwe e do seu Povo, na fase de luta pela reconstruçäo nacional que agora
se inicia, potenciando as condiçõeN geográ-ficas privilegiadas existentes,
desenvolvendo as vias de comunicação, intensificando as relações económicas.
Na frente comum da luta contra o subdesenvolvimento se consolidarão os laços
históricos e políticos que unem profundamente os dois povos.
O fim da luta armada de libertação do Zimbabwe não significará, porém, o fim da
acção do inimigo.
A frente de Liberdade alarga-se e- isso desespera o inimigo dos Povos. Perante
cada derrota, ele tentará intensificai, sob novas formas, a subversão e a
sabotagem.
O sentido de vigilância que o nosso Povo desenvol. veu na confrontação que teve
de aceitar com o regime rebelde ilegal da Salisbúria não pode abrandar.
O Comité Político Permanente exorta o Povo moçambicano a intensificar a
vigilância revolucionària, a aumentar o engajamento nas tarefas da reconstrução
nacional e a fortalecer a sua organização para permitir o desenvolvimento da paz,
progresso e liberdade na região e para a defesa e consolidação das conquistas da
Revolução..
A ÁFRICA VENCERÁ!
LUTA CONTIrNUA!
TEMPO N.o 481 - pág, 45
FRENTE PATRIÓTICA
IÃO VAI MORRER
Robert Mugabe em conferência de Imprensa
«0 q,e saiu de Lanc«ster House é- para nó "ovo possa alcançar urna vitória
polhuca tot, Imprensa
en/o político que cria uma base para que o nosso te t-oert Mugabe, no decorrer da
Conjeréncia ae em I'aputo
Os acordos de Londres não são um fim em si, mas um meio para conseguir No
início da conferênum fim. Nós fizemos uma luta armada que durou cerca de. 1415 anos. O objectivo cia de imprensa, Robert dessa luta armada era assegurar a
vitória, uma vitória essencialmente política. Mugabe fez umti declaraEsta
afirmação foi proferida»por Robert Mugabe, presidente da ZANU e Co- ção na
qual se referiude-Presidente da Frente- Patriótica numa conferência de imprensa
oue decorreu na talhadamente ao signifipassada terça-feira na sede da
Organização Nacional de Jornalistas e à qual esti- cado dos Acordos ,de Londres
para a Frente Paveram presentes, para além de membros dos órgãos da
informação nacional, jor., triótica. nalistas estrangeiros e membros das
representações diplomáticas acreditadas em O que saiu de Lancaster Maputo. ..
House é, para nós, um ins
Na sua conferência de imprensa, a primeira a ser realizada em Maputo após
trumento político que cria o seu regresso de Londres, na terça-feira de manhã,
Robert Mugabe analisou de- uma base para que a nos. talhadamente os acordos
sobre o Zimbabwe, a situação actualmente existente no so povo possa alcançar
uma vitória política, tointerior da Rodésia do Sul, as manobras imperialistas para
proteger . minoria tal', disse o Presidente racista, o papel que a Africa do Sul está
a desempenhar para dar novos fôlegos Robert Mugabe. ao exército colonial, a
ajuda da Linha da Frente e o papel desempenhado por MO- No entanto, segundo
çanibique.
aquele dirigente da
FrenTEMPO N.o 481 - pág. 46
te Patriótica, os acordos de Londres apesar de serem «uma vitória» e «um
instrumento para alcançar um fim têm algumas limitações» mas nós pesámos o
que há de negativo e o. que há de positivo», disse, acrescentando:
- Os factores positivos são superiores aos factores negativos pelo que decidimos
aceitar o acordo. Temos que ter em atenção a realidade dos inimigos, temos que
ter em atenção uma constitui ção difícil* que vai impedir que possamos tomar
medidas radicais.»
AS MANOBRAS DE PRETÓRIA
O regime do «apartheid» foi um dos factores que, para além do jogo duplo de
certas potên cias ocidentais (que concordavam com as sanções mas forneciam
mercadorias a Salisbúria), da irresponsabilidade da Grã-Bretanha (poder colonial
que não levantou um dedo para acabar com a rebelião dos seus colonos)
conseguiu manter o UDI vivo durante 14 anos.
No decorrer das Conversações de Lancaster House, os sul-africanos que actuaram
sempre em relação à Rodésia lo Sul como se esta fosse a sua quinta - província
mantendo-a financeira e militarmente, exerceram pres sões junto dos ingleses para
darem às negociações uma certa feição. Actualmente, Pretória continua a
movimentar-se no terreno tentando criar posições que lhe convém para manter de
uma forma ou outra, uma situação que lhe seja favorável, isto é, uma nova edição
do regime de Smith. Um regime que seja pintado
de outra cor na face dos
dirigentes mas, na essência, uma contribuição para manter o «apartheid».
Robert Mugabe analisando as interferências sul-africanas disse:
- «Eles já estão a interferir. Estão a fazer agressões contínuas contra o Povo do
Zimbabwe. Os sul-africanos lutaram ao lado dos rodesianos contra o povo para
defen. der o regime rodesiano. Agora qjuerem pôr em causa as nossas eleições.
Estão a apoiar Muzore wa criando condições favoráveis .ara ele e desfavoráveis
para nós.
Robert Mugabe chamou a atenção para a postura adoptada pelos sul-africanos,
cujas tropas continuam no interior lo Zimbabwe e recebem reforços diariamente:
- Uma outra possibilídkde é que eles estão lá para ver os resultados e se eles não
lhes forem favoráveis tentarão fazer õ que tentaram em Angola
* aquando da independên- le dirigente da Frente Paela.
triótica.
EXERCITO
DE LIBERTAÇÃO: A DEFESA
DAS CONQUISTAS
Mas se a Afri ca do Sul intervir militarmente as forças da «Commonwealth»
assegurarão uma resposta militar capaz de defenler os acordos?
Esta foi uma questão colocada por um jornalista presente.
Respondendo, Mugabe chamou a atenção para a natureza das forças da
«Commonwealth» q u e, não são uma força de intervenção mas um grupo de
vigilância encarrega o de acompanhar de perto o desenrolar do cessarfo, go».
Elas só atacam quando f rem atacadas. Se as forças da Africa do Sul e as forças
rodesianas tentarem atacar as nossas forças elas não vão levantar um dedo», disse
aque«A única força capaz de fazer face ás forças da RSA são as nossas forças, é o
nosso exército de libertaçao», acrescentou.
Durante a Conferência. de Lancaster ,House a questão da inttervençá-i sul-afieana
foi colocada. «Foi concordado que logo que o Governador britânico chegasse a
Salisbúria, os 'sul-africanos retirar-se-iam. No entanto, eles não fizeram nada, não
levantaram um dedo. Cuntinuam a chegar armas diariamente» disse.
CHILE NÃO ACONTECERA DE NOVO
ResponJendo a uma questão colocada por um jornalista francês de que se «a
Frente Patriótica ganhasse as eleições como evitaria o perigo de se reproduzir no
Zimbabwe um segundo, Chile,,, Robert Mugabe disse:
A foto reporta a partida de um grupo de 42 oficiais da ZANLA. braço armado da
ZANU -um dos componentesda Frente Patriótica do Zimbabwe - de Maputo para
Salisbúria. no passado dia 26. no quadro da implementação do- Acordo Finál
sobre a Independência do
Zimbabwe assinado em Londres, no dia 21 de Dezembro
- Se ganharmos as eleições, vamos reforçar a nossa base de poder. Se ganharmosas eleições é lógico que o nosso exér. cito vá ser a base do exército nacionaL
Mais adiante, Robert Mugabe acrescentou que «é essa base que permiti. rá evitar
o que se passou
gabe un comentário sobre a afirmação bem como sobre a acção das For ças
Populares de Liber. tação de Moçambique no Zimbabwe.
Respondendo à questão Robert Mugabe disse que «não percebia onde é 'que as
pessoas tinham ido bus car isso. Nós durante a
to algum trabalho de reconhecimento».
Robert Mugabe disse que a questão devia ser colocada Joutra forma: '<Os
sul.africanos estavam na Rodésia. Os rodesianos mandavam mercenários e
infiltravam sabotdores em Moçambique; portanto é lógico que os
moçambieanos se defen. dessem.»
MERCENARIOS SERÃO JULGADOS
luta sempre tivemos os nossos aliados e os nossos amigos. Eles deram-nos
facilidades de trânsito e deram-nos apoio, abrigan do 150000 refugiados.
Cumpriram com as san. ções da ONU e foram nos sos aliados.,
Mais adiante frisou que «em nenhum momento exerceram pressão. Discutíamos
com eles, aconselhámo-nos junto deles mas, nunca se pode dizer que tenha havido
pressão. A última decisão sem pre foi nossa: pegávamos no que nos interessava e
largávamos o que não nos interessava»,.
Quanto à actuação das
FPLM no Zimbabwe, Ro- As forças da «Cozmonwealth» sao um grupo de
vzgdancía bert Mugabe disse que * encarregue de acompanhar de )erto o
aesenrota, co ces«era um pequeno contin- sar-jogo e não uma força de
intervenção. Na imagem che. gente que não tomou par- Éoada a Salisbúria do
primeiro contingente de tropas oritãte em batalhas, tendo felnicas
culdades em conseguir implementar o cessar.fogo em duas semanas como estava
previsto, pois o prazo mínimo necessário era de 60 dias mas, que no entanto,
iriam tentar respeitar o prazo acorda. do.
Quanto às eleições, elas realizar-se-ão em Abril, como foi previsto. Todavia
existem dificul dades. «A Grã-Bretanha rejeitou a presença da ONU ou doutros
organismos internacionais para observarem as eleições.»
Mas os perigos maiores para as eleições, segundo Robert Mugabe são os
seguintes:
- O perigo de interfe. rência por parte das forças rodesianas e das forças sulafricanas.
- Dificuldades legais. O governador tem pode. res para emendar ýa lei existente e
isso pode criar dificuldades.
Mugabe. que na magen de Imprensa concedidc ica
Jornalistas presentes à coníerdncia de imprensa dada em Maputo escutam
atentamente am declarações do Presidente da ZANU e co-Presidente da Frente
Patriótica. Robert Mu.
gab e
- Continuação de leis como a «Lei de Manuten. ção da Ordem Pública.que não
permite manifes. tações sem a autorização prévia da polícia, que não permite que
as pessoas que estejam à espera de receber um dirigente
COntinuem no local para ouvir o dirigente a discursar.
FRENTE PATRIÓTICA NÃO VAI MORRER',
Nós não vamos deixar morrer a Frente Pa-
triótica. Conseguimos com ela grandes vitórias políticas que não queremos perder,
disse' Robert Mugabe ao referir-se ao futuro da Frente Patriótica.
* Quanto à participação
nas eleições, se a mesma será da ZANU e ZAPU como movimentos
independentes se apresentar-se-ão como Frente Pa triótica, Robert Mugabe
disse:
- <Ainda não sabemos
como isso vai ser feito.
Há várias propostas e muitas ideias. Mas o Comité Central da ZANU vai reunirse e nós vamos tomar uma decisão. Depois vamo-nos reunir co.
mo Frente Patriólica e a veremos o que vamos faíer.»
PRIORIDADES PARA O GOVERNO
As pessoas lutaram pela terra e é a terra que vai ser a primeira grande prioridade
de um governo no Zimbabwe independente, disse Robert Mugabe.
«Quando 'discutimos a constituição, a questão em que fomos intransigentes foi a
questão da terra. Os ingleses consti. tuirão um, fundo para pagar as terras que
terão que ser compradas. Nós aceitámos porque não éý dinheiro que vamos tirar
ao nosso povo para pagar terras que ninguém nos pagou. Onde Muzorewa tentou
dar terras aos colonos nós vamos dá-las ao povo, disse a finalizar.
Yussuf Adam
TuMs su A -a TEMPO N. 481 - pág. 49
o vamos deíxar morrer a Frente Patriótica» - afirý
-ece ao lado de Joshua Nkomo no decorrer d'e uma
em Londres pelos co-dirtgentes da Fi
TEMPO N.o 481- påg. 50
EIFÁPOBRE?
A fiapossui imensos recursos, mineiros e um vyasto potencial agrícola, mas é o
mais pobre de todos >os continentes. 1>orquê? 0 jornalista Grabiam lia»cock
responde, neste artigo, a algumas das principais
perguntas
Com uma superfície superior a 30 milhões de Km2, a Africa é o terceiro maior
continente do mundo, depois da Asia e América. Apesar de geograficamente
grande, a Africa é economicamente pequena. Na verdade, é o continente mais
pobre. O produto nacional bruto (PNB) per capita para 1974 (média continental)
não 'atinge os 150 dólares (4800$00). A Conferência das Nações Uridas para o
Comércio e desenvolvimento (UNCTAD) apontou 18 países africanos entre os
29 umenos desenvolvidos- do mundo.
A Líbia, onde o PNB per capita era de 5080 dólares em 1975, e o Gabão, onde o
número era de 2,240 dólares, constituem excepções à regra geral, principalmente
porque as
A agricultura apenas contribui com 25 por cento do produto doméstico bruto de
Africa, mas emprega mais de 75 por cento da força de trabalho do continente.
Dentro do sector agrícola, cerca de 80 por cento da força de trabalho, cultivando
60 por cento da terra, apenas pratica agricultura de subsistência - cuja
produtividade é baixa e não pode acompanhar o aumento populacional. Durante
os anos
suas economias são fortalecidas por recursos minerais abundantes e prontamente
explorados. Além disso, esta distribuição desigual das riquezas entre países
também se reflecte ao nível interno. Um estudo do Banco Mundial revela que em
10 países africanos com rendimentos per capita da ordem dos 150 dólares, os 40
por cento mais pobres da população vivem de facto com menos de 50 dólares (1
600$00) anuais.
UM CONTINENTE RICO
X Africa não tem escassez de recursos mineiros. Produz quase todos os diamantes
do mundo, mais de 80 por cento do ouro, 25 por cento dos fosfatos e manganésio,
20 por cento do cobre, 9,1 por cento de petróleo bruto equase 10 por cento do
minério de ferro. A produção de bauxite, que apenas se inicia, já se cifra em 6 por
cento do total mundial, enquanto cerca de um terço das reservas provadas de
urãniõ fora da União Soviética está localizado em Africa.
Não há dúvida que a Africa apresenta condições naturais mais duras que a Europa
ou a América, por exemplo. Nenhum outro continente possui uma tão grande
proporção de
1970-75, a produtividade agrícola em África apenas aumentou de 1 por cento ao
ano, de acordo com números da FAO. No entanto, a África tem um vasto
potencial agrícola, com apenas um décimo da sua terra arável em utilização.
Calcula-se que a erradicação da mosca tsétsé poderia aumentar essa superficie em
700 milhões de hectares de boas terras.
desertos e, em geral, o clima da Africa tropical é menos favorável para uma
agricultura produtiva do que no Sudeste Asiático, nas ilhas do Pacifico ou do
Caribe, ou nas zonas coastei ras da América do Sul. Além disso. a mosca tsétsé, o
grande flagelo dos criadores de gado, esteve presente em Africa desde os tempos
mais remotos do povoamento humano. Isto significou que apesar da charrua de
bois ser utilizada no Norte de Africa a partir
TEMPO N.ô 481 - pág. 51
A Africa não tem escassez de recursos mineiros, produzindo 20 por cento do
cobre mundial.
do Século IV antes de Cristo, não exis QUAL O EFEITO DO IMPACTO tiu
durante séc'ulos no resto do conti- EUROPEU EM AFRICA? nente.
No entanto, a maior parte da responsabilidade pode remontar à história dos
contactos da Europa com a Africa.
A partir dos primeiros anos de contactos sistemáticos, a presença europeia em
Africa foi traumatizante. No século 15, os portugueses estabeleceram o sistema a
seguir, envianA mosca tsétsé, fla gelo dos criadore s de gado, impediu durante- séculos a
expansã,o da charrua de bois ao sul do Sahara
do missões de exploração tpara contornar o Cabo da Boa Esperança e subir a
costa oriental africana, onde assaltaram e largamente destruíram uma série de
florescentes portos comerciais - Mogadíscio, Brava, Melinde, Mombaça e Quiloa
- a fim de estabelecerem um monopólio comercial.
Os portugueses, como outros que os seguiram - Hoianda, Suécia, Dinamarca,
Alemanha, França e Grã-Bretanha - procuraram escravos em África.
Em primeiro lugar, encontraram essa «mercadoria» nos estados ocidentais
africanos do Congo e Angola, mas depressa estenderam as suas reNúmeros
fornecidos pelas Nações Unidas situam a população de Africa -em 435 milhões,
em 1978. Este número encontra-se irregularmente espalhado por 51 estados
independentes, incluindo ilhas ao largo da costa africana, como as Seychelles e
Mauricias. Apesar do número global ainda ser de relativamente baixa densidade
populacional, alguns países são densamente povoados. A Nigéria tem 77 milhões
de habitantes, nas Ilhas Maurícias 900 000 pessoas apertam-se sobre 1 850 km2;
o. pequeno estado de Ruanda tem 140 pessoas por km2.
A taxa de crescimento populacional manteve-se por volta de 1 por cento até à
década de 1940, aumentando para 2,5 por cento nos anos 60 e para 2,7 por cento
no meio desta década, ,em consequência da'diminuição da mortalidade infantil.
De acordo com o ritmo actual, a população do continente atingirá os 800 milhões
pelo ano 2000. A Africa possui uma taxa de crescimento populacional superior à
América do Sul. Além disso, combina a mais elevada taxa de natalidade do
mundo (47 por mil) com a mais baixa esperança de vida, o que torna a sua
população invulgarmente jovém-mais de 50 por cento dos africanos têm menos de
20 anos e apenas 5 por cento têm mais de 60.
des sobre a maior parte da África Ocidental e Central. As estimativas variam
quanto ao número total de escravos arrancados ao continente africano durante a
era da escravatura que foi também a era vigorosa de expansão do -capitalismo
ocidental. Contudo, o número situa-se entre 60 e 150 milhões de pessoas.
A PARTILHA
A partir de 1840 as potências europeias jogaram uma série de cartadas
competitivas em relação à Africa.
TEMPO N.o 481 - pág. 52
O rei Leopoldo da Bélgica marcou os primeiros pontos estabelecendo um império
pessoal ao sul do rio Congo, cerca de 1876, no território que hoje constitui o
Zaire. A Grã-Bretanha, França, Alemanha e Portugal seguirao-no apressadamente
na apartilha do Africa.o Em 1884, na Conferência de Berlim, essas potências
sentaram-se à mesa, e repartiram entre si o continente africano, sem qualquer res
peito pela vontade dos africanos ou pela distribuição étnica.
As fronteiras traçadas na Conferéncia de Berlim, além de criarem estados
demasiado vastos para serem administráveis (Níger, Sudão, Mauritãnia) e outros
demasiado pequenos para aspirarem à auto-suficiência (Djbouti, Ruanda),
também predestinou uma série de conflitos fronteiriços que ainda hoje se fazem
sentir.
O colonialismo prosseguiu a lógica da escravatura nas suas relações com Africa,
bem como precedeu e preparou a via para o neocolonialismo dominado pelas
companhias multinacionais e pelo capital ocidental.
O mecanismo básico da expropriação colonial das riquezas africanas evoluíu em
torno da introdução de Fulturas para exportação.
Deste modo, a metrópole obtinha o produto que queria ao preço que ela própria
fixava. Uma série de países anteriormente auto-suficientes em produtos
alimentares foram convertidos à -monocultura, produzindo unicamente, por
exemplo, algodão ou cacau.
A relação da colónia com a metrópole, através da qual a periferia vende o seu
produto primário ao centro, a preços irrisórios, para poder adquirir bens
manufacturados que foi impedida de fabricar por si própria, foi determinante para
o subdesenvolvimento e a dependência do Terceiro Mundo.
Mas o colonialismo não se limitou a legar a dependência económica'da Africa
tendo deixado também atrás de si o analfabetismo e a dependência cul tural. A
educação é ainda hoje, o primeiro exemplo disso. Em países com esmagadora
necessidade de educação
(Por cento da população total) (1975)
Alto Volta ......
Angola
Benim .......
Botswana ......
Burundi ......
Camarães. Chade
Congo.......
Costa do Marfim Etiópia
Gabão
Gâmbia . .....
Ghana ... ... ...
Guiné
Guiné-Bissau Guiné Equatorial Lesótho
Libéria
Madagãscar .
5-10 10-15
10
20
10
12 15 50
20
7
12 10 2b 5-10
1
20 40 15
40
básica em ofícigs úteis funcionam ain da escolas e universidades de padrão
ocidental, com programas escolares ocidentais que podem apenas servir a uma
minoria da população. A par des. se sistema educacional funciona um contexto
global de valores ocidentais que concede elevado salário e estatuto social à
burocracia, em flagrante disparidade com o trabalho manual. Assim, não
surpreende que a' agricultura estagne e que as cidades inchem! de «caniços»
habitados por milhares de desempregados.
O subdesenvolvimento africano é resultado de um longo processo de exploração,
grande parte do qual pode ser directamente imputado à Europa, mas não só.
Actualmente, uma parte da responsabilidade recai já sobre as novas classes
dominantes africanas, agentes locais do imperialis. mo. Infelizmente, a imagem
do político corrupto que acumula fortunas imensas nos bancos suíços à custa
dacumplicidade na rapina neocolonial permanece uma realidade em muitos
Malawi .............
Mali ... .... ... ......
Mauritânia ..........
Moçambique
.....
Níger . ... ... ... ... ...
Nigéria. ..........
Quénia ... ...... ..
República Centro-Africana
... 25
... 10
... 10
75
... 25
ý(1960) .. 40
5-10
TEMPO N.o 481. pág. 53
«TAXA DE ALFABETIZAÇÃO DE ADULTOS
RSA ... ... .... ... ... ... 42
Ruanda.. ... ... ... ... ... 23
Senegal. .............. 10
Serra Leoa ... .. .... 15
Somália ... ... ... ... ... 50
Sudão . ... ... ... ... 15
Suazilândia ... ... ... ... ... 36
Tanzania .... ...... ... 63
Togo ... ... . ... 12
Uganda , -... .. .. 25 Zaire ... -... ... .. 15
Zâmbia---- ..-... 45
Zimbabwe ...............25-30
Fontes.
World Development Report,
1978
The Wod\Bank, August, de
1978
The US and World Development, 1977.
países africanos politicamente independentes. E a doença não se limita aos
escalões governamentais;, pelo contrário, ela é extensiva a uma vasta camada de
burocratas e administradores corrompidos, implantados nos sectores privado e
estatal, e vivendo segundo moldes macaqueados dos seus senhores do Ocidente.
Enquanto persistirem valores tão distorcidos - cultivados e alimentados pelas
minorias que deles se aproveitam - as perspectivas de desenvolvimento africapo
permanecerão limitadas.
Gralam Hancock
Notico aficn
SITUAÇÃO NO MALI
As autoridades malianas desmentiram; no dia 18, notícias segundo as qais teriam
morrido 14 pessoas e 50 ficado feridas durante as manifestações estudantis
recentemente ocorridas em Bamako, capital do Mali.
O país tem sido palco de manifestações desde que, em meados do mês passado, os
estudantes entraram em greve para protestar contra o sistema de exames de
admissão aos cursos superiores e o funcionamento das cantinas escolares. Como
represália, o governo maliano encerrou xodos os estabelecimentos de ensino na
capital e compeliu 297 estudantes a alistarem-se no exército.
Entretanto, foi anunciado que o Banco Mundial e a Agência Internacional para o
Udsenvolvimeiíto concordaram em conceder, ao Mali um empréstimo monetário
de cerca de 600 mil contos para o programa de desenvolvimento do pais,
nomeadamente no melhoramento da sua rede ferroviária.
9.' CONSELHO SUPERIOR DEDESPORTO
Amadou Lamine Ba, do Senegal, foi eleito, no dia 17, secretário-Geral do
Conselho Superior de Desporto em África (CSDA), durante a 9. Assembleia
daquele organismo pan-africano que teve lugar em Yaoundé, capital dos
Camarões.
A 9.' Assembleia do CSDA recomendou ainda a todos os países africanos que
rompam as relações desportivas com a Grã-Bretanha, em virtude deste país
manter ligações com a África do Sul, no domínio do desporto. O Conselho
declarou também que aquele pais e a República da Irlanda deviam ser impedidos
de participarem nos próximos Jogos Olímpicos de Moscovo.
GREVE NAS MAURICIAS
Os funcionários públicos mauricianos suspenderam no dia 20 uma greve de 48
horas-que paralisou a alfândega, as telecomunicações, os impostos e os correios
da capital mauriciana, Port Louis. Os fun. cionários retomaram o trabalho sem
contudo aceitarem a oferta governamental de uma semana como prémio de fimde- ano.
A ordem de greve fora lançada pelos dirigentes sindicais mauricianos, após
rejeição de uma proposta governamental sobre salários e horários de trabalho.
No passado mês de Outubro, os oporários da indústria açucareira interromperam o
trabalho durante 15 dias, para obterem aumentos salariais e a semana de 40 horas.
Em razão da inflação e das perdas registadas na indústria açucareira, principal
fonte de divisas estrangeiras das Maurícias, o governo daquelas ilhas do Oceano
Indico aceitou recentemente uma recomendação do Fundo Monetário Internacional preconizando uma desvalorização
de 30 por cento da rupia mauriciana.
EUA NO OCEANO INDICO
Os Estados Unidos iniciaram, na semana passada,, conversações com vários
paises africanos e árabes para assegurar o «direito de utilização» dos seus portos e
bases militares em caso da «intervenção norte-americana no Irão. Uma delegação
governamental dirigida por Robert IVurray, subsecretário adjunto para a Defesa,
iniciou então contactos com as autoridades da Arábia Saudita, Oman, Quénia e
Somália, sobre a cooperação no âmbito dos assunto,militares Os É stados Unidos
pretendem assegurar apoio logístico nesses países para a manutenção da sua frota
indica de 22 navios, entre o quais os porta-áviões «Midway» e «Kittyhawk».
TROPAS FRANCESAS EM AFRICA
0 governo francês decidiu retirar da República Centro-Africana as suas forças de
pára-quedistas que participaram no derrube do imperador Bokassa, em Setembro
último. Esta decisão foi anunciada na véspera da abertura dos debates, na
Assembleia Nacional Francesa, sobre as intervenções militares da França em
Africa. Durante os debates, todos os partidos não-governamentais criticaram
duramente a política francesa de intervenção em numerosos países africanos.
Referindo o apoio francês ao Gabão,
us presaenres aa França e do Zaire, Giscard d'Estaing e Mobutu: amiza des
suspeiUas
República Centro-Africana e Zaire, um deputado do Partido Socialista (oposição)
comentou: «Trata-se de países ricos em minas, mas também em golpes, de estado
e safaris para milionários, enquanto as respectivas populações permanecem na
pobreza.»
RSA: GREVE NA FORD
Os operários negros em greve na fábrica de automóveis Ford, em Port Elisabeth,
RSA, decidiram prosseguir com o movimento até satisfação das'suas
reivindicações, tendo reiterado o carácter politico da greve na luta contra o
apartheid.
A greve na ord Motor Company foi iniciaaa há três semanas, quanao mais de dois
mil operários se opuseram ao despedimento de alguns çamaradas de trabalho,
acusados de participação numa organização local de trabalhadores. Os' grevistas
exigem o fim das arbitrariedades cometidas pela administração, a remoção das
restrições discriminatórias e o tim da interdição à instituição de um sindicato
representativo dos trabalhadores. Para tentar neutralizar esta acção laboral, a
direcção, da Ford despediu 700 operários, tendo a polícia posteriormente detido
muitos deles.
DETENÇóES NA TUNíSIA
O filho do chefe de estado tunisino, Habib Bourguiba, revelou numa entrevista
publicada no dia 20, que várias pessoas ioram detidas por implicação na
profanação da Grande Mesquita de Meca, no mês passado. Notícias provenientes
de Tunis referem que as autoridades tunisinas têm revelado inquietação perante o
renascii nento islâmico dos últimos meses, considerando que se trata da obra de
«falsos devotos» e «pseudo-reformistas».
COOPERAÇÃO CEE-SENEGAL
O Senegal beneficiará proximamente de uma ajuda global de 28 biliões de francos
CFA da Comunidade Económica Europeia (CEE); 22 biliões serão dispensados
pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento e os restantes serão da responsabilidade
do Banco Europeu de Investimentos.
Entretanto, o governo senegalês solicitou à comunidade internacional uma ajuda
alimentar de cerca de 265 mil toneladas de cereais, para apoiar 3 milhões rce
camponeses ameaçados por um défice agrícola da campanha de 1979-80,
provocado por más condições climáticps.
PRIVATIZAÇÃO DOS TAXIS
A exploração dos táxis voltou a ser uma actividade exclusivamente privada na
Guiné-Bissau, devido aos resultados insatisfatórios de uma experilhicia que, em
1978, levou o Estado a intervir parcialmente no sector. Das 50, novas viaturas
então postas em circulação como táxis, mais de metade encontram-se agora
inutilizáveis ou bastante danificadas. As autoridades da Guiné-Bissau atribuíram a
situação à falta de cuidado dos motoristas, que ocasionou pesados défices de
exploração."
TEMPO N.- 481- pág. 4
11.ti&cloi.I
IMAGENS
Em Rahimpura, na índia Oriental, camponeses afluem a um posto improvisado
de venda de cereais. para fazer face à fome que assola o pais, em consequência de
uma grave seca. NQs últimos três meses. os camponeses das área3 afectadas têm
abandonado os séus lares em busca de raizes, ervas e carcaças de animais que hes
sirvam de alimento.
O deposto primeiro.ministro cambojano Pol Pot na sua base rebelde, situada
proximo da fronteira entre o Kampuchea e a Tailandia. No. tícias não confirmaaas
circulando na capital tailandesa referem que Pol Pot teria sido assa. sinado, no dia
17 na sequência de uma reunião de oficiais Khmers e substituído por 1CLieu
Samplan na direcção das forças reoeldes,
Contramanifestantes pilharam e incendiaram etabelecimentos comerciais em
San Salvador, em re. acção a uma manifestação direitista pedindo ê Junta
Governativa que tomasse medidas contra a activida.' de guerrilheira rio país. Os
incidentes provocaram sete mortes.
C110i KYu.hah foi escolhido para ocupar as funções de direcção do regime
fascista sul-coreano, após o recente assassinato do ditador Park Chung-hee.
Chodi, que se apresentava como candidato único, tornou-seý assim o quarto
homem a ocupar aquele posto governativo na Sul da Coreia.
TEMPO, N.o 481 - pãg. 55
Violentos confrontos opondo a polícia e estudantes da Universidade de Bolonha,
no norte de Itália, provocaram dezenas de prisões e causaram importantes
estragos. Os incidentes registaram-se quando a polícia tentou fazer evacuar adifi,
cios abandonados que os estudantes tinham ocupado, como reacção contra a crise
habitacional.
Os primeiro3 J 000 combatentes islâmicos iranianos que deviam partir para o
Líbno para combater Israel e o imperialismo ao lado dos guerrilheiros palestinos,
executando exercícios militares. Os voluntários, que constituem a primeira parte
de um efectivo de 10 000 a partir, para o Líbano, foram retidos posteriormente no
aeroporto de Teerão por as autoridade3 libanesas terem levantado obstáculos à
sua entrada no pais,, receando nova escalada de violência.
O novo governador britânico da Rodésia, Lord Soames, passando revista h
guarda-do-honra da Poli. cia que o aguardava à sua chagada a Salisbúria, no
passado dia 12.
dos litor.
CORREIO
1 . O cidadão.está adoentado, vai Éao Hospital e o enfermeiro pergunta-lhe: «São horas de ficar doen te?» 0 homem respondeu que vi.a de muito longe. Podia
responder que a doença não tem horário certo como as carreiras de
machimbombos. Mandaram-no voltar no dia seguinte.
E o cidadão voltou, no dia seguinto, ao Hospital para encontrar um enfermeiro
abaixo e gordo». Ele não o pode identificar de outra maneira.O <baixo e gordo,»
ordenou que voltasse no dia seguinte porque o enfermeiro do dia anterior estava
de folga. O pobre homem, que se sentia pior, pediu pelo menos um comprimido
para «al drabar a doença,. Esta história parece caricata, mas infelizmente, não 6 .
Se não fosse um médico, e uma funcionária «simpáticos, o doente veria agravada
a sua condição física. Aconteceu no Gurué.
2. O cidadão dirige-se a um restaurante e no meio da comida encontra uma barata.
Fica admirado: ele pediu uma refeição barata e não com «baratas,. Olha em redor
e descobre num ex-ar condicionado um quartel-general de baratas. Os antioáticos
insectos haviam-se instalado confortavelmento e deviam estar agradecidos à falta
de higieno e de limpeza. O cliente chamou e empregado e -perguntou-lhe porque não se
fazia limpeza naquele restaurante. O empregado, muito sentido, responde que os
clientes vão para ali para comer e não para fazer perguntas. Por outras palavras
desenterrou a fórmula antiga do "come e cala.te. Imaginação jornalistica?
Infelizmente, um caso veíorico. Aconteceu em Chimoio. 3. Dois casos típicos
relatados nas carta costa semana exemplificam a necessidade de aprofundar este
combate contra o desleixo e a falta de respeito para com o povo. Ser amável o
cortês é uma obrigação de todos quantos lidam com e público. É preciso fazer
guerra implacável contra estas atitudes.
Apresentar queixa e fazer reclamações é já um passo. Mas não é suficiente. Em
cada serviço público é preciso demitir o incapaz, o incompetente. Como diria o
dirigente máximo da Revolução Moçambicana, Samora Moisés Machei, no
encerramento da 5. Sessão da Assembleia Popular: <Exigiremos disciplina de
ferro, ias fábricas, nos hospitais, na condução dos carros, nos hotéis e
restaurantes, nos machimbombos, nos comboios, nos aviões, nas cooperativas, nas
empresas, nas Lojas do Poyo. Exigiremos civismo, higiee, limpeza. Exigiremos
delicadeza, cortesia, por toda a parte.»MUDADA: TALHO PARA QUEM?
Sou morador deste circulo de Mudada - Pedreira. Dirijo esta carta aos leitores
para o mau aspecto que apresenta , senhor vendedor do talho de Mudada.
Porque nos dias que abate uma cabeça, de gado telefona para as famílias que
trabalham na pedreira para vir carregar a carne. O povo forma bicha desde manhã
até à tarde sai sem carne, toda a carne é metida nos sacos e ficamos sem carne.
Os elementos do GD. criticaram esta atitude mas de nada valeu. 0 problema que
faz aquele senhor telefonar para a pedreira e loja do povo é porque ele tem um
carro e é na pedreira onde arranja gasolina para poder andar e é lá também, onde
arranja o seu carro sem pagar.
Júlio Carlos Tembe
Mudada Pedreira
Matutuíne
«<.E AGORA É BICHA
Estou há três anos neste distrito de Pebane na escola secundária do mesmo nome.
Foi precisamente no ano em curso em que contemplei muitas dificuldades.
Praticamente no mês de Julho em que não havia energia eléctrica, por esta razão
achou-se conveniente o encerramento das aulas nocturnas. E como eu era um dos
elementos que tinha aulas a partir das 17.00 às 20.00 horas, não me foi possível
cumprir o referido horário.
Depois de um período muito alongado, foi então quando comecei a bater às portas
das salas de aulas diurnas, onde consegui fazer quase todo o ano escolar enquanto
alguns dos meus companheiros da turma anterior estavam sem aulas. O pior, foi
no mês de Setembro em que não caía nem pelo menos uma gotinha de água nas
torneiras. Este processo foi até ao dia 25 de Outubro do mesmo ano. Várias vezes
a ser mandado pelo sr. professor para ir saber o que é que se passava na central
eléctrica. Antes de eu chegar lá encontrava pelo caminho os senhores electricistas
que logo pergun tava quando é que havemos de ter luz. Mas respondiam que não
sabem porque mandaram as escovas para Mocuba e estão à espera dessas escovas,
e não sabem quanto tempo vai levar.
Eu logo regressava para a escola para ir dar conhecimento ao professor bem como
aos meus colegas.
Então depois do dia 27 de Outubro ouvi numa manhã as crian ças a gritarem, água
sai; a partir daquela data até hoje há fornecimento de energia e água. Pelo que não
foi possível alterar o horário da escola para o seu anterior,
Agora neste distrito para fazer uma lavagem é preciso um grandJe sacrifício no
que diz respeito às bichas nas torneiras.
Andrade José Facele
Pemba - Zambézia
SAUDAÇÕES AS CRIANÇAS ANGOLANAS
1
1 pela primeira vez que nós continuadores moçambicanos escrevemos uma carta
para os pioneiros angolanos esperança da revolução angolana e do seu povo.
Por meio desta carta nós continuadores moçambicanos queremos saudar a vós
todos por ocasião do Ano Internacional da Criança.
Nós continuadores moçambicanos da Escola Eduardo Mondlane egcontramo-nos
empenhados em várias aciíiades como -desporto, cultura e também realizamos
visitas, passeios, palestras.
Esperamos que vocês também estejam a levar a cabo varias actividades com o
mesmo objectivo.
Para terminar desejamos a todos 'vós bom trabalho mais estudo e sucessos nas
vossas actividades diárias para o progresso da Revolução angolana e Mundial.
Aceitem o nosso forte abraço.
Cristina Carolina Afonso
Ilha da Juventude República Socialista de Cuba
RECTIFICAÇÃO
Sobre as fórmulas de norma~ão do
trabalho publicadas na «Tempo» n.o 478, recebemos da Faculdade de Matemática
da Universidade Eduardo Mondiane a
seguinte rectificação:
É com muito interesse que lemos o artigo 4Classificação das normas de trabalho»
(Tempo n.° 478, págs. 20-23). A elaboração e a implementação correctas das
normas de trabalho contribuirão consideravelmente ao aumento da produção e da
produtividade na República Popular de Moçambique.
Apreciámos o facto de o artigo dar as fórmulas para calcular, entre outros, a
norma de produção, a norma de tempo, e o rendimento médig. Este facto
possibilita aos professores de matemática incluirem no seu ensino, exercícios
baseados naquelas fórmulas e assim estabelecer uma ligação entre a teoria
matemática e a prática.
Infelizmente, verificámos alguns erros de notação nestgs fórmulas.
Para calcular a norma de produção, o artigo deu a seguinte fórmula; Np=TL.(TPC- T+-5f+T DPP + TIPTO)
A fórmula deve ser
C(TPC-tTS- TDNPtTIF')
N =:riPorque não
estamos a subtrair de JL o numerador (T P. t" +T t +NP t TITOmas .sim todo o quociente
TPC+TS+TDNP+ TkRTO
TO/n
Para calcular a norma de tempo é dada a fórmula: N T-TL
No entanto esta fórmula devia ser:
NT=
Porque não estamos a comparar Nt com o numerador JL, mas sim com o
quociente U LPela mesma razão, temos
"5
- 0"emvezde
5
100
Por fim, temos nos, exemplos 8S i5- j3 em vez de
100
80 x10=8
1OO
numéricos
6x 1o=13
i 00
e 86+8t 9' 0 -'8 em vez de
3 +- s s
a
TO/n
aCORREIOS DE NACALA1
pela primeira vez que escrevo para a revista «Tempo» à qual venho pedir o
seguinte esclarecimento. Foi precisamente no dia 23 de Novembro do ano
passado. Fui depositar uma encomenda, de Nacala com destino a Cuamba na
Província do Niassa. Passaram-se alguns meses sem resposta do destinatário.
Pensei em escrever una carta egistada para perguntar se chegou a receber a
referida encomenda. A resposta veio dizendo-me que não.
Em Abril do corrente ano dirigi-me até aos Correios para procurar saber sobre a
encomen da.
Quando lá cheguei perguntei a um funcionário. Sem me responder deu-me um
impresso de reclamação p a r a preencher. Quando acabei paguei 95$00. To tal
com a encomenda foi de 195$00. O que me faz admirar é que as encomendas que
saem de Maputo ou Inhambane assim co mo outras Províncias não demo, ram
assim tanto como demoram
as encomendas ide Nampula para Niassa.
Mas quando saem daqui para outras Províncias demoram meses e meses sem
chegar ao seu destino. Desde Novembro até chegar à data de hoje não tenho
resultado nenhum.
Agora onJe é que vamos enviar as encomendas a não ser aos Correios? Admirome bastante com estes Correios de Nacala.
Jordinho Murma Nacala - Nampula
BAIRRO DA MALHANGALE
Antes de mais nada faço saber que jamais tenho escrito pa. ra este meio de
comunicação social do Povo moçambicano, do Rovuma ao Maputo. É com base
no saneamento do meio-ambiente que aqui de seio falar da conservação do nosso
património, as vias de comunicação rodoviárias.
Há já longos meses que vão desde 6 a 12 meses, que no prolongamento da Rua da
Resistência existe, ouseja, encontra-se o pavimento obstruído e lá se deposita uma
certa quantidade de água que, suponho, vem dum cano ou de uma fossa estragada,
enchendo aquele bu-' raco. Por tal anomalia a água
ficando estagnada tem tendências ,de criar os agentes transmissores de doenças.
Ali torna-se um foco de doenças em primeiro lugar e um meio de desgaste de
peças dos machimbombos e automóveis figeíros que tanto custaram ao povo e
Estado para os adquirirem, isto em 2.< lugar.
Junto deste local existe uma escola primária e é um sítio muito frequentado pelas
crianças... Imaginando se está....
Sou de opinião, que casos como estes a revista «Tempo» devia fazer um
levantamento e denunciá-los, procurando saber quem responde por isto?... Porque
torna a nossa cidade de jardim, a fonte de transmissão de doenças.
A. Bombe
Maputo
TEMPO N.' 481 - pág. '9
Pede-se à senhora Cristina Serra, autora da carta publicada nesta revista sob o
titulo <NO CINEMA CHARLOT» (edição do passado dia 23 de. Dezembro) que
entre em contacto com a direcção do instituto Nacional do Cinema em Maputo.
FALTA DE HIGIENE NO RESTAURANTE
«eCONCORDE»
Foi no dia: 7 de Novembro do ano corrente que fui jantar ao restaurante a c i m a
indicado. Quaaiio lá cheguei sentei-me numa das mesas durante 20 minutos à
espera da comida. Quando a comida veio, enquanto estive a comer, apareceu-me
uma bara ta no prato da comida. Existe lá dentro um aparelho de ar cordlicionado
o qual está de cheio de baratas e muito lixo. Perguntei a um trabalhador deste
restaurante porque não fazem limpeza. Respondeu-me que, eu não tinha ido para
fazer perguntas de limpeza, mas simplesmente para jan tar.
Por minha vez não lhe dei nenhuma resposta daquilo que acabara de me dizer. Saí
fui-me embora....
Dique Mutemba Chiimoio
AO POVO MOÇAMBICANO
É com grande emoção que vos dirigimos esta pequena missiva para vos transmitir
as nossas calorosas congratulações em apoio a VI Cimeira dos Países NãoAlinhados que se realizou em Setembro de 1979 na capital de Cuba - Havana.
Nós estudantes moçambicanos em Cuba, sentimo-nos bastante orgulhosos pela
tarefa confiada pelo Partido FRELIMO e Governo.
Com o apoio incondicional do Povo cubano e com os nossos esforços cumprimos
devidamente a nossa tarefa. Dizemos isso visto que obtemos sucessos nos vários
sectores de trabalho, em particular no cam po produtivo e pedagógico, porque a
bandeira da emulação socialista sempre permanece nas duas escolas moçambicanas.
Ao falarmos das nossas vitórias não esquecemos as dificuldades que nos têm
surgido, mas fazemos delas um motor de arranque para novas vitórias.
Uma das dificuldades encontradas é a falta de correspondência para alguns de nós
desde 1977 até hoje. Este problema não só afecta a eles mas sim a todos nós visto
que o problema de um na vida colectiva é de todos.
De n t r o das manifestações culturais encaramos uma dificuldade que é a falta de
instrumentos para a prática de várias modalidades. Queremos salientar ainda que
embora estejemos longe de vós
vivemos a vossa situação através da transmissão indirecta dos jornais e revistas
que nos enviam.
Não indo mais além desejamo-vos bons sucessos nos trabalhos.
Saudações revolucionárias a todos os cidadãos moçambicanos.
Aurélio Fabião Langa
Baptista Ismael Machaicie.
Felisberto José Buque Sebastiáo Joaquim Tesoura Escola Secundária Eduardcb
Chivambo Mondlane
Ilha da Juventude República Socialista de Cuba
1
*CSMma *4
'GURU: ANTIPATIA NO
Foi precisamente no dia 10/8/79 quando me desloquei de Nampulá, com destino
ao Guruè. Como me sentia doente zui até ao hospital. Chegado, lá encontrei um
enfermeiro alto. Esclareci o que vinha fazer. Ele disse que se eram horas de
chegar cá. Eu disse, venho de muito longe.
Ele nem quis saber de nada.
Deu-me dois comprimidos de cloroquina e obrigou-me a voltar no dia seguinte.
Fui lá no dia seguinte encontrei um outro enfermeiro «baixo e gordo,». Expliquei
o que sentia. Disse ele que voltasse no dia seguinte para vir ter com outro que
estava de folga. Não fiquei contente porque sentia-me mal disposto, queria pelo
menos que
HOSPITAL
ele me desse um comprimido para aldrabar a doença naquele momento.
Fui ter com o médico, ele passou um papel para que eu fosse à secretaria: Entrei
lá encontrei 3 pessoas, o chefe e duas senhoras. Era no período da tarde. Disse que
vinha pedir guia. Elas disseram só amanhã.
Achei estranho. Fui-me embora. No dia seguinte voltei de manhã às 7.30 horas.
Encontrei uma miúda. Esta perguntou-me o que queria. Eu informei. Ela passou, e
perguntou-me porque não trouxe ontem.
Eu disse, trouxe mas não me deram boa resposta. Ela tornou a perguntar a quem é
que o senhor encontrou? Eu disse encontrei o chefe e duas senhoras. Uma delas estava lá presente.
Eu aclio que naquele hospital não existe pessoas competentes. Se não fosse o tal
médico e a tal miúda que me passou a guia urgente eu iria perder a vida. Aqueles
enfermeiros ali não sabem trabalhar, até agora não vivem bem a nossa política. Eu
queria agradecer às estruturas que investigassem aqueles enfermeiros.
E queria pedir àqueles enfermeiros que precisam de ser devidamente politizados,
ou então mandem-nos para lugares onde se possam recuperar. Assim ccmo, a tal
senhora de óculos escuros.
Mineces Ribeiro dos Santos Guruè
QUE RESPONSABIUDADE?
Foi precisamente no dia 28 de Outubro do ano em curso, que recebi uma
autorização da Delegacia distrital da Educação e Cultura.de Chiúre da Sede
Capital de Cabo-Delegado, Pemba, a fim de ir juntar os documentos que me
faltavam Para nomeação.
Tendo sido apresentado no Registo Civil de Pemba, com certidão de nascimento
para .efeitos do bilhete de identidade, disseram-me que a certidão já estava
caducada. Era preciso que fosse ao meu distrito, neste caso a Mueda para lá me
ser passada uma outra cerdidão ac tualizada.
Fui novamente à Direcção dos meus serviços para pedir uma nova autorização
para me deslocar a Mueda a fim de tratar o assunto da certidão. Foi aceite e
passaram-me uma guia de marcha com a duração de quatro dias. Não tardei, no
dia seguinte já me encontrava em Mueda e fui atendido no mesmo dia, daquilo
que eu precisava com a máxima urgência. Não quis acabar os quatro dias, voltei e
fui-me apresentar
novamente à Direcção Provincial da educação e Cultura, pas sando
'posteriormente para o registo civil onde não houve dificuldades em tratar o
referido bilh te, para que então pudesse tratar de-outros documentos Como os B.I.
cá em C. Delgado são enviados a Nampula, deram-me um determinado tempo
para lá 'ir outra vez, levantar.
Pensei em regressar para o meu Distrito onde opero. Fui no dia seguinte
apresentar-me na empresa .ROMON de Pemba para o efeito da minha deslccaçáo.
Pelo facto de os bilhetes terem sido vendidos às escondidas não consegui apanhar
o carro para o meu destino durante 4 dias.
No quinto dia também não foi possível conseguir o carro. Achei viável ir ter com
o responsável da empresa, antes de expressar a minha preocupação este sr. disse:
«diga tudo menos o resto.» Como eu ia apresentar o problema, comecei por
relatar como sal do meu distrito e os porquês que me levaram a sair de Pemba e
que tarefa desempenho e quantos
dias levei à espera do transporte. Mas com isso não era, para gozá-lo, mas sim
para ele compreender bem o meu pedido. O meu pedido era para que me anotasse
no papel para que no dia seguinte conseguisse o transporte.
Ele disse: «eu não sou nenhum cobrador. Vais ter com o cobrador de Nampula.»
Eu disse que, ao ir ter com o sr., não é com o cargo de cobrador mas sim da
responsabilidade -de controlar as viaturas.
Querendo eu prosseguir com a minha explicação, ele disse que aqui não é
nenhuma sala para resolver problemas. Saí e tui-me embora. E passados 5
minutos vi 3 senhores a irem ter com o mesmo para que fossem ajudados. Não
fiquei desmoralizado, fui ver o que se passava. E vi que estava a distribuir 3
bilhetes para aqueles 3 senhores e eu perguntei-lhe logo se o chefe agora é que
assumia a responsabilidade de cobrador, hoje mesmo? Ele disse que os problemas
são contigo não comigo.
Lourenco Nampeia Na wala
Chiúre - C. Delgado
1
TEMPO N.-, 481- oa. 61
ARIMl0 UiSTiiICO DE MoíAMNúI
conto
Diário de um professor "sa"ai
Sexta-feira, 5 de Outubro
Fumando um Polana, aproximo-me de um grupo de alunos da Sexta Dezoito, que
está conversando.
Está-se num intervalo e a seguir vou ter aula com esta turma
- a primeira aula..
Meto a mão no bolso traseiro das minhas calças «Jeans-Maputo», pressionando
mais a sebenta de planos de lição, que levo à ilharga e aceno com a cabeça, num
mudo cumprimento. Os alunos correspondem com sorrisos, não sei se trocistas, se
sinceros,
Fico com eles, escutando a conversa sem proferir palavra, balanço o pé canhoto,
protegido por uma soca de camurça castanho-clara, enquanto o outro pé sustenta
todo o peso do meu corpo delgado., Noto que parecem ignorar-me e sinto-me
chateado. Fico mais quando começam a falar em ronga. Sorrio estupidamente sem
dar por isso, e afasto-me.
Toca a campainha e os alunos formam, com lentidão. Sorrio de novo, buscando
simpatia, mas desisto quando vejo que é em vão.
- -«Há alguma coisa!...» - penso, enquanto os inando entrar. Eles entram e
sentam-se logo, sem a minha ordem. Tornando-me exigente, mando levantar:
- #Então? ...» e abro os braços curtos, num gesto de admiração. - «.. .Há?... »
Sem responderem, levantamse, arrastando ruidosamente as carteiras. Mando
sentar e sou obrigado a ir de carteira em carteira para restabelecer a ordem.
1 Consigo-o por fim, e faço a chamada:
- «Quem falta aí?... Número quê? Cinco? Cinco!... Só?... Quatro?.. Ai, quem
falta? Número
quê?... QUatro? Já está!.. Mais..~ Vinte e quatro? Yá!... Mais?... Trinta?... E
mais?... Aí, nesse grupo... Quem?... Dezasseis?.,. Mais ninguém?... "Há?... Então
está bem...
Começo a dar aula, que consiste na explicação da importância da Língua
Portuguesa em Moçambique. A meio da aula, chega o professor de Português, que
lecciona nesta turma. Os alunos leSvantam-se. Parecem, e s ti m á-lo, porque
trocam sorrisos com ele.
Cumprimento-o com um mover de cabeça, sorrindo, mas ele corresponde-me
friamente, dirigindo-se ao fundo da sala onde se senta. Noto que não gosta de
estagiários, porque me fita com sarcasmo, enquanto dou aula.
Temo errar, não me vá ele corrigir à frente dos alunos.
Mas não há mais problemas.
Segunda-feira, 8 de Outubro.
Como da primeira vez, mando-os entrar e eles entram. Surpreendo-me ao notar
que têm aspecto calmo e a má impressão que eu tinha da primeira aula, acerca
deles, desaparece.
O professor de Português chegou a tempo e parece satisfeito, porque foi o
primeiro a cumprimentar-me.
1
Sinto-me seguro ao ver os alunos sentados e calmos, e começo a passear pela sala,
a mão metida no bolso traseiro, intensificando propositadamente o «cõc-cóc» das
socas que calço.
Estou assim tão à-vontade, que esqueço de fazer a chamada, acerco-me da carteira
que serve de secretária, consulto o plano e anuncio:
-,«Eh!... Hoje, meus amigos, vamos dar.~, portanto... - faço
uma longa pausa, sem dar por isso.
Portanto, vamos falar de um poema. Trouxeram o livro...? Sim?... Quem é que
não trouxe? ... Você? Porquê?... Não sabia?
- . -Bem, da próxima vez...»
Abro o livro na página setenta e quatro e peço ,aos alunos que façam o mesmo.
Surpreendo o professor de Português a cochichar lá no fundo com os alunos.
Começo a suspeitar que algo vai suceder, mas prossigo com a aula, já sem aquela
segurança que tinha no inicio.
- «Vou ler!... »anuncio. - «Es cutem com atenção... prestem, atenção... Vou ler e
vocès acompanham-me com uma leitura si lenciosa... Sabem o que é leitura
silenciosa, pois não?... » Os alunos abanam a cabeça, negativamente. Prossigo:
- «É uma leitura em que só entra em funcionamento o cérebro. Sabem o que é
isso, pois não? Pois, já deram na Biologia. Pá, portanto, a boca permanece
fechada, o pensamento, a mente, é que entram em acção, agem...»
Começo a ler. É um poema de Bertold Brecht «Louvor do aprender». Faço a
leitura declamando e espalhando o braço livre. A outra mão segura o livro.
Engrosso a. voz, a imaginar-me num palco, mas desaponto-me ao notaí que os
alunos tentam com grande esforço, reprimir risadas. Um deles, depois de trocar
um olhar com'o professor de Português, levanta-se e interpela-me:
- «S'tor, Fachavor, s'tor!»
- Hã?»
- «Está a assustar-se, s'tor! ... » Explodem todos. Penso: - «Devo não ter feito bem
a motivaçã.»
No resto da aula começo a atraTEMPO N., 481- pág. 62
palhar-me. Começo a ler mal, a trocar tudo. Ei, tsa, tsa, tsa! E isto por causa do
satanhoco do professor de Português! Arr! Thlâ!
Quarta-feira, 10 de Outubro
A Sexta Dezoito está pouco agitada.
Compreendo que é a presença do professor de Português que os põe assim, porque
está constantemente a olhar, ora para mim,
ora para os alunos.
Começo a aula assim:
«Boas-tardes! »
«Boa tarde!» - correspondem-me, em uníssono.
- «Como estão?»
Não me respondem. Insisto:
- «Como estão?»
Um responde-me encolhendo os ombros:
- «Estamos sentados, s'tor!» Riem-se. Penso: - «Disponham-se, caramba!
Estou a motivá-los, estão a ouvir?»
Recordo-me das aulas de Psicopedagogia e encolho os ombros, compreensivo. É a
idade escolar, caramba! A pré-adolescência.
Mas isso começa a enervar-me. O professor de Português começa a enervar-me
thlâ! - «Não entra mais nas minhas aulas!» - Penso. - «Não é para me fazer a vida
impossível! Não admito!» Começo a explicar o léxico tirado do texto. Os alunos
apresen.
tam palavras cujo sentido não compreendem e eu explico.
Um aluno, depois de trocar o olhar com o professor de Português, levanta-se e
pede explicação da palavra «sexagenária». Embora saiba o seu significado
começo a atrapalhar-me porque o professor de Português me olha, sarcástico.
Explico:
-«Sexagenária, quer dizer sessenta. Uma pessoa «sexagenária»,
como vem no texto, é uma pessoa que tem a idade de sessenta anos. Sessenta!
Perceberam?»
O mesmo aluno levanta-se e, sorridente, indaga:
- «Qual é a origem dessa palavra, s'tor?»
-«Eh!» - pigarreo. - «Vem portanto... portanto... Eh, portanto -.» - bato na testa. «Portanto, pá... Vem da palavra sexa .sexante... tsa! sexantegésimoý
- «Silêncio está a kenhar! ...» segreda alguém a um colega.
--«É sexagésimo e não» «sexantegésimo» como ele diz! ...»
Noto o erro e tento corrigir. Mas, tão atrapalhado estou, em vez de dizer
sexagésimo, digo «saxagésimo».
Os alunos riem-se, enquantomurmuram:
-«Silêncio está a kenhar,., Atropelou bem... »
Apelidam-me de «silêncio», os miúdos!. Talvez seja porque digo sempre
«silêncio», quando há agitação na aula. Ah!, Pfú!
Sexta-Feira, 12 de Outubro
Hoje não deixei o professor entrar. Desculpei-me de nervosismo. A aula correu
bem, embora tivesse que interrompê-la,-para repreender alguém.
Terça-Feira, 15 de Outubro
Hoje também está tudo ok!
Se isto continuar assim, até sou capaz de convidar o professor de Português.
Sexta-Feira, 19 de Outubro
Estou sobremaneira satisfeito. Já domino a situação na aula, não há indisciplina,
não há nada! Aplico os conhecimentos de Psicopedagogia, Psicanálise e Didáctica
e pronto! Os miúdos estão calmos e participam. Já não me apelidam de «Silêncio»
porque deixei de invocar a todo o momento, «silêncio». O professor de Português
parece estar incrédulo e sai no meio da aula.
Isaac Zita
(Aluno do Centro 8 de Março)
PROBLEMA N.° 19
HORIZONTAIS: - 1 - Moeda de Ma~au; tritura; 2 - Canal artificial entre o Mar
.Mditerrê a « Mar Vermelho; haste de madeira; 3 - Santo (abrev.)t variedade
branca de asbesto; 4 - Anagrama de terás; duas de uma das letras repetidas em
Liii; indica condição (inv.); 5 -Não (subs. plural); caminha (inv.); ,".--- Uma das
maiores multinacionais que opera no Chile (sig.); o que o padre diz pedindo aos
crentes para acompanhá-lo; 7 Estruturar de novo; 8 - Pedra de moer, 9 - Seduzir;
Solução de uma equação matemática; 10 - Gás que se liberta de uma combustão;
solitário; 11 - Pequeno arco (pOí); Que tem asas; 12 - Animal para abate; País
fronteiriço ao Iraque; Ofereço (inv.)
VERTICAIS - 1 - Partido considerado o maior vencido nas recentes eleições
portuguesas (sig.); Unir irmãmente; 2 - Que não está presente; Uma das quatro
primeiras notas da escala musical; 3 - Moléculas com quatro átomos; 4 - Na
composiçãp do ar está em primeira grandeza; plantações; 5 - Serviços de Saúde
(sig.); caminhar; 6 - A sexta letra do alfabeto entre dois a's; findar; 7 - Unidade;
carga eléctrica; pombo selvagem; 8 - Daria asilo; Recusa; 9 - Possivelmente;
Afição
12
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
(iv.); 10 - Negação; Lugar onde se guarda roupa; alternativa; 11 - Que possui voz
agudo; Exacto; 12 - Palavra primitiva, de ertico; motivo.
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DO PROBLEMA N.- 18à
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lavras cruzadas -)ý palavras cruzadas --*- palavras cru
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