Os 48 Caminhos
Rumo à Sabedoria
Caminho 11 – Resolva Com Amigos
“As companhias elas testam no mercado o seu
novo produto. Para saber o valor das suas
idéias, encontre amigos para lhe darem respostas
honestas e diretas.”
Por Rav Noach Weinberg zt''l
Em todo lugar as pessoas estão brigando. Brigas religiosas,
brigas nacionais, brigas familiares. Alguns estão até dispostos a
morrer pelo que eles pensam que é certo. Como nós vamos
conseguir consertar o mundo e juntar todas as suas partes?
Caminho #11 é dik'duk chaverim – literalmente “verificar os
amigos”. Veja a importância de sentar, de raciocinar juntos.
Não assuma que o seu ponto de vista é o correto. Abra-se às
idéias dos outros.
Este folheto contém textos sagrados, trate-o com o devido respeito.
Favor não transportar durante o Shabat.
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em memória de Shmuel ben Eliezer z”l (Samuel Steimez) e
Menachem Mendel ben Yaakov z”l (Manoel Krimberg)
The 48 ways to wisdom – Rabino Noah Weinberg zt”l
Tradução: Lucas Steimez
Revisão Técnica: Rabino Daniel Presman
Texto original: http://www.aish.com/sp/48w/
Ohr Darom – Porto Alegre – 5770
Mediante autorização de AishBrasil.com.br
“Você não tem que me matar. Se você me persuadir que você
está certo, me juntarei a você”.
Nós precisamos de amigos de verdade – alguém em quem você
possa confiar para discutir planos, sentimentos, ambições. Com
um amigo, você não se preocupa em marcar pontos ou ganhar
disputas de ego. Um bom amigo escuta os prós e os contras e
lhe dá uma resposta direta e honesta.
Isso é especialmente importante com decisões como: Eu devo
casar com a Fulana? Eu devo aceitar essa oferta de trabalho? Eu
devo me mudar para esse bairro? Todos tem diferentes pontos
de vista. Entre muitas pessoas você encontrará muitas soluções.
Algumas trilhas podem ser percorridas sozinho, mas a trilha da
vida não deve ser uma delas. Vá com um amigo.
ESCOLHA SEUS AMIGOS COM CUIDADO
Quando você compra um carro, você decide com antecedência
uma série de características específicas, e aí você procura pelo
melhor negócio antes de fazer um investimento.
Nós não devemos fazer menos quando procuramos um amigo.
No entanto, muitas vezes nossos amigos são resultado das
circunstâncias: vizinhos, colegas, companheiros de quarto. “Nós
jogamos tênis na mesma quadra, compartilhamos pizza e agora
somos amigos”. Não tão simples assim. Um bom companheiro
de tênis pode não ser um bom amigo, uma vez que o seu
interesse no tênis desaparecer. Pergunte-se: “Como esse amigo
será daqui 20 anos?”
Seja pró-ativo e vá encontrar o amigo certo. Um amigo deve ser
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para a vida. Escolha um amigo que procure a verdade, e cujas
metas e valores você respeite.
A definição de amizade é lealdade. Lealdade significa que
mesmo que seus caminhos divergirem, vocês não vão 'dar um
fora' no outro. Você compartilham uma identidade, uma
cercania. Você sabe que ele sempre estará a seu lado, e você do
lado dele. Você sempre fará o que puder para ajudar.
A 'moeda' é confiança. Você paga com confiança, e ganha um
amigo em troca. Quanto melhor o amigo, mais confiança você
tem que pagar.
A Torá nos diz que “dois são melhores do que um”. Por que?
Porque nós podemos ser mais objetivos sobre os erros dos
outros do que nos nossos. Se você grita aos seus filhos, seu
amigo lhe dirá “ttttt”. Se ele gritar aos filhos dele, você lhe dirá
“ttttt”. Vocês estão aí para ajudar um ao outro, e dar críticas
construtivas para corrigir erros.
Um amigo próximo estimula sua criatividade, como um
reservatório de pensamentos. Vocês se juntam e surgem idéias
de gênio. Tudo vale. Um amigo não irá zombar de você porque
disse alguma coisa ridícula.
Um amigo é mais do que companheirismo. Um verdadeiro
amigo ajuda você a se tornar o melhor que você pode ser.
NÃO DISCUTA – ARGUMENTE!
“Pena capital?” A voz eleva decibéis. “Você não sabe do que
está falando. Você é louco!”
Seja provocativo. Entre num debate sobre uma questão que seja
de interesse genuíno. Não pelo debate em si, mas para estimular
uma boa e intensa discussão.
Torne-se um conhecedor de discussões. Não proclame, não
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grite. Somente comunique sua posição. E esteja aberto a novas
idéias. Faça perguntas. Analise a evidência. Não tenha medo de
descobrir que você estava cometendo um erro.
Os tópicos mais importantes a explorar são o significado da
vida. Se você pensa que há um D-us, então entre numa
argumentação com um ateísta. Pergunte-lhe: “Qual é a sua
evidência? Por que você chegou a essa conclusão?”
Aish HaTorah publicou um livro titulado “Bate-papo” - uma boa
ferramenta para fomentar uma profunda e significativa
discussão. Contém perguntas provocativas e fontes tradicionais
para 10 tópicos importantes como amor, tolerância, antisemitismo e fofoca.
Para manter a calma, lembre-se que as outras pessoas são tão
impulsivas quanto você com relação ás posições deles. Assim
como você não automaticamente aceita, não automaticamente
rejeite. O cara tem um ponto de vista baseado num tipo de
evidência. Ele pode estar errado, mas ele merece ser respeitado.
Há um método para sua loucura!
Discuta, indo e vindo: “Aham, eu entendo”. Assumindo que
você não discorde com tudo que a outra pessoa falou, valide
antes de discordar. “Você tem um bom ponto, mas o que você
me diz sobre...?”
Não se desencoraje quando as coisas esquentarem um pouco.
Com prática, você pode aprender a mudar cada argumento em
uma discussão. Escute com cuidado e tente entender. Baixe sua
voz e diga: “Por favor, me diga suas razões”. Você fará novos
amigos, intensificar suas relações e crescer em sabedoria.
RESOLUÇÕES COMUNS
Suas discussões seguidamente deixam alguém irritado, agitado e
abusivo?
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Uma discussão bem-sucedida é construída por volta da máxima:
“Pessoas de boa índole que debatem juntas irão alcançar uma
conclusão comum”.
Isso significa:




Eu estou disposto a escutar o outro lado.
Eu quero saber a verdade.
Eu vou considerar a evidência.
Eu estou disposto a mudar, mesmo que seja doloroso.
Como você coloca a outra pessoa nessa também? Relembre ele:
“Eu quero saber a verdade, assim como você quer saber a
verdade. Você pensa que tem evidência, e eu penso que tenho
evidência. Então vamos comparar. Se estiver cometendo um
erro, por favor me mostre. Eu estou disposto a mudar. Me
convença ou junte-se a mim!”
Ao invés de se manter somente nos fatos, as pessoas muitas
vezes acabam atacando umas as outras. Sempre que entrar numa
discussão com alguém que insulta ou é antagônico, pare e
foquem-se na “boa índole”. Definam seus termos juntos. Traga a
conversa para termos racionais. Senão, vocês estarão estagnados
nas suas respectivas posições e não há sentido argumentar.
A chave é ser um juiz, não um advogado. Qual é a diferença
entre um juiz e um advogado? Um advogado argumenta para o
lado que está pagando seus honorários. Um juiz se mantém
objetivo para que ele possa pesar os dois lados e descobrir a
verdade.
Pessoas que entram em discussões como “advogados” estão
somente interessados em ganhar a discussão. Eles podem
“escutar” a outra pessoa, mas eles não realmente “ouvem”.
Eles ouvem somente aquilo que eles querem ouvir.
Imagine que você tem um confronto com seu mecânico. “Você
fez um trabalho mal-feito no meu carro”. Ele diz: “Eu fiz um
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trabalho mal-feito? Você é um cliente beberrão!” Livre-se da
tensão. Diga-lhe: “Olhe, se eu cometi um erro, eu quero admitilo. Se você cometeu um erro, você quer admiti-lo? Ok, vamos
ver as evidências”.
Essa é uma maneira diferente de lidar com os problemas, uma
comunicação com clima diferente. Você tem uma boa chance de
reverter um cliente agressivo, um pai irado, ou um filho
insubordinado. Nós temos a habilidade de pensar juntos.
Como o Talmud diz: A maneira de dizer se um argumento é
sinceramente sobre a verdade, é quando as duas pessoas acabam
se amando mais no final. Não é fácil, mas vale a pena.
A PROCURA DA VERDADE
Para aproveitar ao máximo as suas discussões, tenha uma lista
de tópicos importantes (seja no papel, ou mentalmente). No
almoço, dê um tempo nas discussões do mercado e converse
sobre idéias importantes. No começo, pode ser difícil que seus
amigos entrem nessa, mas uma vez que entrarem, eles vão amálo por isso.
Os temas mais importantes de lidar são aqueles que formam a
nossa perspectiva básica - por exemplo, a existência de D-us,
“por que há sofrimento?”, livre-arbítrio, o propósito da vida.
No judaísmo, nós entendemos esses conceitos aprendendo Torá.
E o método preferido para um estudo de Torá é com um
companheiro (chavruta em Hebraico). Resolver as coisas com
um amigo é uma parte essencial para encontrar a verdade. Se a
Torá são as instruções de D-us, nós precisamos verificar isso!
O Talmud fala sobre o grande sábio Rabi Iochanan e seu
companheiro de estudo Reish Lakish. Eles dois aprenderam
juntos por muitos anos, até que um dia Reish Lakish adoeceu e
morreu. Rabi Iochanan ficou completamente abalado com a
perda. Seus alunos tentaram consolá-lo, dizendo: “Não se
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preocupe, Rabi. Nós vamos encontrar um novo parceiro de
estudo - o mais brilhante na cidade”.
Semanas mais tarde, Rabi Iochanan foi visto caminhando pela
rua, totalmente deprimido. “Rabi, qual é o problema?” seus
alunos perguntaram. “Nós lhe enviamos um parceiro de estudo
brilhante. Por que você está tão triste?”
Rabi Iochanan lhes disse: “Ele realmente é um sábio. De fato,
ele é tão brilhante que ele pode ver 24 formas de provar que o
que eu disse é correto. Mas quando eu estudava com Reish
Lakish ele trazia 24 provas de que estava errado. E é isso o que
me falta! Eu quero um parceiro que me critique e questione. É
disso que a Torá se trata”.
Criticismo nos leva ao crescimento. E crescimento é o
entusiasmo da vida. Mas criticismo é também uma coisa difícil
de aceitar. Algumas pessoas têm tanto medo de revelar seus
erros que elas preferem ser reclusas. O truque é encontrar
amigos que são sensíveis o suficiente para dar uma resposta
positiva, junto com o criticismo.
Se você quer a grandeza, você precisa de trabalho de equipe.
Portanto, ponha suas idéias no mercado. Nada de grande nesse
mundo foi realizado sem trabalho de equipe: o foguete que
chegou à lua, a internet, direito civil. Se você é provado certo,
você realiza pouco. Mas se você é provado errado, você ganha
muito – você aprende a verdade.
O Talmud diz “chavruta o metuta” - um parceiro de estudo ou a
morte. “Morte” nesse contexto significa perder tempo e
oportunidades. Um parceiro de estudo força você a ser real com
você mesmo.
Torne-se esse tipo de pessoa que procura a verdade, que quer
“fazer a coisa certa”. Esse é o caminho para se comunicar com
os outros.
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POR QUE “RESOLVENDO COM SEUS AMIGOS” É UM
CAMINHO PARA A SABEDORIA?
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Amigos são muito importantes para deixar ao azar.
Escolha um amigo com quem possa realizar os seus
objetivos de vida.
Discuta idéias com outros que podem ser mais objetivos
do que nós somos com relação a nós mesmos.
Amigos próximos estimulam e expandem suas idéias.
Para alcançar a grandeza, você precisa de outros que te
ajudem a chegar lá. Você precisa de trabalho de equipe.
Você é afetado por amigos e pelo ambiente.
Se você se encontrar numa encruzilhada filosófica,
lembre que pessoas de boa índole que pensam juntas
chegarão a uma conclusão comum.
Um objetivo primário na vida é corrigir seus erros. Não
tenha medo de descobrir se você cometeu um erro.
Inspirado na sexta Mishná do capítulo 6 de Pirkei Avot, que
define os 48 meios para adquirir a Torá, o rabino Noach
Weinberg nos guia com sabedoria e de forma didática, nos
levando passo a passo a um conhecimento mais pleno da
vida.
Traduzimos para o português esta série de 50 artigos para
levar ao público este conhecimento tão precioso que o sábio
nos legou, disponibilizando semanalmente um novo capítulo
desta série para todos os que desejam gradualmente
aumentar seu entendimento a respeito do judaísmo e de si
mesmo.
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