História Prova 1995 1) Após as guerras napoleônicas, as grandes potências européias dispunham-se ao entendimento e não mais aceitavam que as relações internacionais ficassem a mercê de uma concentração singular de poder. Analise o Concerto Europeu entre 1815 e 1890, não deixando de ponderar seus efeitos sobre a conduta das diplomacias, as relações entre grandes e pequenas potências, o movimento das nacionalidades, a gestão de interesses oriundos da industrialização e a expansão ocidental. Sua reflexão levará a princípios, regras e valores que passam a informar o sistema internacional do século XIX. 2) Nos anos 1890, o termo imperialismo passou a ter uso corrente na linguagem política e jornalística. Homens de Estado até mesmo orgulhavam-se do adjetivo. Quando os marxistas, de Lênin aos teóricos da dependência, desenvolveram suas teorias do imperialismo, o termo adquiriu conotação pejorativa. Analistas não marxistas acabaram, todavia, por negar os argumentos que serviam ao marxismo revolucionário. Ao examinar o pensamento de uns e de outros, examine o fundamento e a coerência de seus discursos. 3) Historiadores ponderam os efeitos da Guerra do Paraguai sobre o Império em termos de crise. Ao julgar essa tese, avalie as conseqüências do conflito sobre o Governo de Gabinete, o orçamento, a instituição militar e o prestígio da monarquia. 4) É sabido que a maçonaria ocupou papel de relevância no nascimento do Império brasileiro. Ao longo do século XIX ela esteve presente em diferentes percepções políticas de líderes e revoltosos. No nascimento da República, teve a maçonaria papel diferente ou similar ao que desempenhou no Império? Diferente ou similar daquele desempenhado pelo Positivismo? 5) É lícito interpretar a Operação Pan-Americana (OPA) de Juscelino Kubitschek como impulso para modernizar a Política Externa Brasileira? Trate o assunto nas suas relações tanto com a tradição varguista de acoplar a política exterior ao desenvolvimento nacional quanto com o ocidentalismo e o contexto da Guerra Fria. Examine, ainda, o impacto da OPA sobre o Pan-Americanismo e a prática do multilateralismo. Prova 1996 Responda às questões abaixo, cada uma valendo 20 pontos, com extensão máxima de duas páginas. 1. Leia atentamente os poemas abaixo, e, a seguir, estabeleça uma comparação entre eles, destacando os seguintes elementos: a) contextualização histórica; e b) conflitos ideológicos. "Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá; As aves que aqui gorgeiam, não gorgeiam como lá .......................................... Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá; Sem que eu desfrute os primores Que não encontro por cá; Sem qu'inda aviste as palmeiras onde canta o Sabiá." Gonçalves Dias, "Canção do Exílio" (Coimbra, 1843) "Minha terra tem palmeiras Onde gorgeia o mar Os passarinhos daqui Não cantam como os de lá . ............................................ Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte prá São Paulo Sem que eu veja a Rua 15 E o progresso de São Paulo." Oswald de Andrade. "Canto de regresso à pátria", in Poesia Pau-Brasil (1924) "minha tema tem palmeiras onde sopra o vento forte da fome com muito medo principalmente da morteo ô lê lê lá lá a bomba explode lá fora agora o que vou temer oh yes nós temos banana banana pra dar e vender" o lê lê lá lá aqui é o fim do mundo aqui é o fim do mundo aqui é o fim do mundo Gilberto Gil e Torquato Neto, Marginália II, 1968 2. Durante todo o Império mesmo após o advento da República, a grande maioria da população brasileira ficou à margem da vida política. Embora o liberalismo já tivesse sido implantado pelo regime imperial, podemos observar uma continuidade no que diz respeito à exclusão social e política, culminando na distinção entre cidadãos ativos e cidadãos inativos ou simples. Compare as Constituições de 1824 e 1891 no que diz respeito à questão da cidadania. 3. O termo "desenvolvimentismo" foi uma palavra-chave no vocabulário dos políticos brasileiros durante os anos 50. Explique o que foi este projeto e quais as medidas tomadas com vistas à sua implantação? 4. "As revoluções de 1848... tiveram muito em comum, não apenas pelo fato de terem ocorrido quase simultaneamente, mas também porque seus destinos estavam cruzados, todos possuíam um estilo e sentimento comuns, uma atmosfera curiosamente romântico-utópica e uma retórica similar, para os franceses inventaram a palavra quarente-huitard. Qualquer historiador reconhece-a imediatamente: as barbas, as gravatas esvoaçantes, os chapéus dos militantes, as bandeiras tricolores, as barricadas, o sentido inicial de libertação, de imensa esperança e confusão otimista. Era a 'primavera dos povos'- e, como a primavera, não durou". Eric J. Hobsbawn, A Era do Capital (2ª ed). Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1973, p.33. a) Qual o significado das revoluções de 1848 ? b) Estabeleça uma relação entre os grupos sociais envolvidos e as idéias políticas do período. 5. "Do Homem Branco o fardo a si tome As cruentas guerras de paz Encha bem a boca de Fome E as doenças mande cessar ............................................................... Faça isso com seus vivos Com seus mortos, assinale-os! Do Homem Branco o fardo tomaste E colheste para si a velha praga: A Reprovação dos que ajudaste, O ódio dos que guardaste." Rudyard Kipling,"The White Man's Burden" O poema de Rudyard Kipling é emblemático do processo de expansão neocolonialista européia a partir do século XIX. a) caracterize os fatores que propiciaram o neocolonialismo; e b) b) qual é o significado da expressão "fardo do homem branco"? Prova 1997 Responda às questões que se seguem (extensão máxima: 2 páginas por questão) 1. A implantação da ordem republicana no Brasil implicou paradoxal coexistência de uma ideologia liberal com padrões de comportamento oligárquicos. a. Quais os mecanismos empregados para obter essa singular combinação? b. Indique as tensões sociais geradas no período. 2. Leia os fragmentos abaixo e, a seguir, responda quais as articulações possíveis entre eles: “Quero instituir um governo de autoridade e liberto das peias da democracia liberal, que inspirou a Constituição de 1934.” Getúlio Vargas, 1937. “Por mais terras que eu percorra não permita Deus que eu morra sem que eu volte para lá; sem que leve por divisa este “V” que simboliza a vitória que virá”. Guilherme de Almeida, Canção do Expedicionário. “Se lutarmos contra o fascismo, ao lado das Nações Unidas, para que a liberdade e a democracia sejam restituídas a todos os povos, certamente não pedimos demais reclamando para nós mesmos os direitos e garantias que as caracterizam.” Manifesto dos Mineiros, 1943. 3. O lema “Uma câmera na mão e uma idéia na cabeça” foi emblemático de importante movimento na vida cultural brasileira, denominado “Cinema Novo”. Caracterize esse movimento identificando o contexto histórico e as temáticas desenvolvidas. 4. Comente o texto: “A Revolução Francesa é portadora de uma esperança que tem um nome, mas não possui ainda um rosto. Tudo muda em 1917. A partir de então, a Revolução socialista possui um rosto: a Revolução Francesa deixa de ser uma matriz de possibilidades a partir da qual pode e deve elaborar-se uma outra revolução libertadora”. François Furet, “Ensaios sobre a Revolução Francesa.” 5. Embora tenha sido cunhada no contexto das utopias românticas, o binômio povo-nação foi reapropriado pela retórica da descolonização. Caracterize esse processo e o novo sentido atribuído ao binômio. Prova 1998 Responda às questões que se seguem. A resposta a cada questão não deverá exceder a duas páginas. Cada questão vale 20 pontos. 1. “A obra da Revolução irá para a História como a era da reconstrução moral e material do Brasil”. (Discurso proferido por Oswaldo Aranha ao transmitir o cargo de Ministro da Justiça a Maurício Cardoso, em 21/12/1931. In.: A Revolução de 30. Textos e Documentos. Brasília, Ed. UnB,1982, pp.45). Comente a afirmação de Oswaldo Aranha sobre a Revolução de 1930, considerando especialmente o projeto dos revolucionários de “reconstrução do Brasil”. 2. A partir dos anos 50 e até as décadas 60/70, a intelectualidade brasileira está envolvida em intenso debate acerca do tema da “cultura nacional”, seus impasses e possíveis saídas. Desenvolva sua resposta, assinalando pelo menos dois movimentos significativos em que este debate toma corpo, contextualizando-o e apresentando suas principais linhas de orientação. 3. Com base no parágrafo abaixo, caracterize a política externa do Império brasileiro no Prata, identificando o contexto em que se desenvolveu. “Em agosto de 1851, de ordem de seu governo e afim de ‘estreitar e fortificar o quanto possível’ a aliança da República com o Império, insistia Lamas, oficialmente, na necessidade da celebração de ajustes que colocassem” as relações dos dois países sobre bases claras, bem definidas e de recíprocas vantagens”. (J.A.Soares de Souza. In.: Sérgio Buarque de Hollanda. História Geral da Civilização Brasileira, Vol V, 1969) 4. Comente, justificando, a seguinte assertiva: “Qualquer que seja o aspecto da vida social que avaliamos, 1830 determina um ponto crítico: de todas as datas entre 1789 e 1848, o ano de 1830 é o mais obviamente notável.” Eric Hobsbawn, A Era das Revoluções, 1981, pp.29. 5. “Fizemos a Itália; agora precisamos fazer os italianos.” (Massimo d’Azeglio, 1792-1866. apud. Eric Hobsbawn, A Era do Capital. 1848-1875, Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1977, pp. 108.) “Uma Nação é uma alma, um princípio espiritual... A Nação, como o indivíduo, é o resultado de um longo passado de esforços, de sacrifícios e de devotamento. O culto dos ancestrais é dentre outros o mais legítimo; os ancestrais nos fizeram ser o que somos.” (Ernest Renan. Qu’est-ce qu’une nation?, conferência pronunciada na Sorbonne, em 11/03/1982. In: Ernest Renan, Qu’est-ce qu’une nation?, Presses Pocket, 1992). As duas passagens têm como tema as vicissitudes da constituição das Nações do século XIX. Comente as passagens, relacionando-as com o importante processo de constituição de uma “Europa das Nações”, a partir da Revolução Francesa. Prova 1999 Responda às questões que se seguem. A resposta a cada questão não deverá exceder a duas páginas. Cada questão vale 20 pontos. 1. Alberto Torres, um dos expoentes do pensamento conservador no Brasil, assim se expressava em junho de 1914, na introdução de sua obra O Problema Nacional Brasileiro: “Nossa história é toda feitas dessas sucessivas peregrinações em prol de idéias arbitrariamente concebidas para as quais caminhamos às cegas, pensando realiza-las de improviso e objetivando-as com o mesmo olhar ingênuo do homem rústico que fosse colocado diante da tela onde tivesse de pintar uma paisagem... Nenhum outro povo tem tido, até hoje, vida mais descuidada que o nosso. O espírito brasileiro é ainda um espírito romântico e contemplativo, ingênuo e simples, em meio de seus palácios e avenidas, de suas bibliotecas e de seus mostruários de elegâncias e de vastos idealismos. Com uma civilização de cidades ostentosas e de roupagens, de idéias decoradas, de encadernação e de formas, não possuímos nem economia, nem opinião, nem consciência de nossos interesses práticos, nem juízo próprio sobre as coisas mais simples da vida social”. Comente o trecho acima citado, considerando especialmente:, a) a crítica do autor a uma certa tradição intelectual da sociedade brasileira; b) a conjuntura em que aquele diagnóstico está sendo formulado e sua implicações; e c) os possíveis desdobramentos que a crítica de Alberto Torres veio a ter para a formulação de uma política de teor nacionalista pelo regime varguista, particularmente pelo Estado Novo. 2. O tema da ordem econômica ocupou significativo espaço nos debates da Constituinte de 1934. Leia atentamente o texto abaixo e analise-o à luz dos referidos debates: “O Estado, Sr. Presidente, num país como o nosso, pode estimular e amparar a produção, proteger o trabalho, determinar rumos coordenadores e sãos para que esses fatores se processem num ambiente de harmonia reduzindo ao mínimo os atritos criadores dos problemas sociais; nunca, porém, Sr. Presidente, agindo por descabidas intervenções no campo da produção, perturbando e cerceando iniciativas dignas de amparo, fazendo desaparecer os estímulos criadores do progresso, quando o Estado ainda não se mostrou tecnicamente capaz de resolver problemas fundamentais de nossa nacionalidade como os da educação e da valorização do nosso homem.” (Roberto Simonsen, 1934, apud Carone, Edgard. A Segunda República (1930-1937). São Paulo, Difel, 1973, pp. 186). 3. Considerando a evolução dos partidos políticos no decorrer do Império, caracterize, com base no parágrafo abaixo, a política liberal no início do Segundo Reinado: “... os nossos negócios andam infelizmente em continuada ação e reação: quando predomina o sentimento democrático, os nossos políticos levam-no até baterem nas portas da anarquia; quando predomina ... o sentimento monárquico, o de fortalecer o poder, vão pelo arbítrio, até bem perto do absolutismo.” (João Maurício Wanderley. In: Sérgio Buarque de Holanda. Org. História Geral da Civilização Brasileira, o Brasil Monárquico. Tomo 2, pp. 522). 4. Edward Said, em seu trabalho “Orientalismo. O Oriente como invenção do Ocidente”, assim define o que irá entender por orientalismo: “Tomando o final do século XVIII como um ponto de partida muito grosseiramente definido, o orientalismo pode ser discutido e analisado como a instituição organizada para negociar com o Oriente — negociar com ele, fazendo declarações a respeito, autorizando opiniões sobre ele, descrevendo-o, colonizando-o, governando-o; em resumo, o orientalismo como um estilo ocidental para dominar, reestruturar e ter autoridade sobre o Oriente.” (op. cit., p. 15). A partir dessa reflexão, estabeleça as possíveis correlações com a política imperialista das potências européias no final do século XIX. 5. Conferência de Bandung (1955) reuniu 23 países asiáticos e 6 países africanos. Compreendida como a manifestação de um terceiro grupo de estados, que estreava na cena mundial, situando-se fora dos dois blocos de poder, foram qualificados por Albert Sauvy de “terceiro mundo”. Em que medida este “terceiro mundo” influiu nas relações internacionais. Prova 2000 Responda às questões que se seguem. A resposta a cada questão não deverá exceder a duas páginas. Cada questão vale 20 pontos. 1. “O modelo parlamentar adotado pelo país inclui a pratica de submeter obrigatoriamente ao parlamento a aprovação da lei de meios, como era chamado o orçamento. O governo não podia funcionar legalmente sem que tal lei fosse aprovada. Em caso de impossibilidade de aprovação havendo dissolução, por exemplo, da câmara, votava-se a prorrogação do orçamento do ano anterior para o ano seguinte. O ritual de discussão do orçamento era seguido com rigor e constituía arma poderosa na mão do legislativo, que podia negar ao executivo os meios de governar.” José Murilo de Carvalho, Teatro de Sombras: A política Imperial, pp.23 Analise o parágrafo acima considerando: a) a concorrência entre o Executivo e o Legislativo no Império Brasileiro. b) Os interesses dos vários grupos de grandes proprietários. 2. “A mudança de estilo caracterizada no século XIX veio duplamente servir a independência do país. O neoclassicismo indicava a vigência de uma nova organização do mundo, decorrente dos ideais democráticos da Revolução Francesa e ao mesmo tempo configurava-se como imagem de um novo Brasil politicamente em vias de separar-se ou já destacado da antiga Metrópole.” Mário Barata, In. Sérgio Buarque de Holanda, História Geral da Civilização Brasileira, Vol. V , pp. 411. Tomando como referência a reflexão acima, caracterize o neoclassicismo que, aos poucos, se tornou a arte oficial do Império. 3. Foi Getúlio Vargas quem declarou, no dia do golpe que instaurou o Estado Novo, em 10 de Novembro de 1937: “Restauremos a Nação na sua autoridade e liberdade de ação — na sua autoridade dando-lhe instrumentos de poder real e efetivo com que possa sobrepor-lhe às influências desagregadoras internas e externas — na sua liberdade abrindo o plenário ao julgamento nacional sobre os meios e os fins do governo...” cf. Lourdes Sola, In.: Carlos Guilherme Mota, Brasil em Perspectivas, pp.256. Com base nesse discurso, discuta sobre os principais componentes do discurso ideológico dominante no centro político do Estado brasileiro entre 1937-1945. 4. Uma das marcas do período que antecede a Grande Guerra (1914-1918) é a deteriorização das relações entre os Estados europeus. As crises internacionais no Marrocos e nos Bálcãs tornam evidente a concorrência européia por territórios, mercados e prestígio internacional. Essas questões puseram em xeque o equilíbrio de poder herdado da convivência européia do século XIX. Considerando essa afirmativa, responda: a) Qual o peso das crises entre os estados europeus no período em questão para a deflagração da Grande Guerra? b) Quais as mudanças fundamentais verificadas, ao longo da Grande Guerra e ao final dela, na convivência européia herdada do século XIX. 5. Uma das características marcantes do fim do século XX é o desenvolvimento de novas formas de ordenação da economia e da vida social, especialmente associadas à globalização e à internacionalização de padrões de produção e consumo, com grande impacto sobre o papel do Estado e das relações Internacionais. Com base nessa assertiva, responda: a) Quais os impactos dessa nova realidade sobre as políticas internacionais dos grandes e pequenos Estados? b) Quais os grandes agentes da modernização econômica em curso e seus diferentes papéis na conformação dos novos ordenamentos globais? Prova 2001 Responda às questões que se seguem. A resposta a cada questão não deverá exceder a duas páginas. Cada questão vale 20 pontos. 1. No clássico Formação Econômica do Brasil, Celso Furtado afirma que “numa economia do tipo da brasileira do século XIX, o coeficiente de importações era particularmente elevado, se se tem em conta apenas o setor monetário, ao qual se limitavam praticamente as transações externas.” Justifique a afirmativa acima, tomando como base a transição da economia escravistaexportadora para o novo sistema sustentado no trabalho assalariado. 2. A política exterior do Brasil ao longo do século XX preocupou-se em manter alto grau de continuidade em suas formulações e ações. Portadora do paradigma da singularidade — que significa a valorização dos desígnios próprios a afirmação da responsabilidade internacional do Brasil — e de um paradigma pragmático — que traduz o desinteresse pelas paixões ideológicas — a política exterior também incorporou, no curso do século, visões emanadas da sociedade brasileira. Com base nessas considerações, observe, dos anos 1930 a nossos dias, o peso de duas visões marcantes da sociedade brasileira e suas implicações para o encaminhamento da política exterior do Brasil: a) o desenvolvimento e a política exterior do Brasil; e b) a paz e a política exterior do Brasil. 3. O Brasil dos tempos terminais da República Velha assistia a transformações relevantes em sua organização social, política e econômica. Relacione as transformações em curso, agrupando-as em torno de dois campos. a) aquelas relativas à gradual modificação das formas econômicas e sociais dominantes na República Velha; e b) aquelas associadas às modificações no campo político e nos interesses regionais projetados no governo central. 4. Segundo alguns analistas, o bombardeio a Hiroshima e Nagasaki, em 1945, teria simbolizado o ocaso da velha ordem internacional do século XIX e impedido o surgimento de uma terceira grande potência nas relações internacionais na ordem do pós-guerra. Berlim já sucumbira e aquela era a vez de Tóquio. A nova ordem internacional teria apenas dois pólos de poder: Washington e Moscou. Com base nessa visão, se procedente, avalie: a) O peso relativo do Japão nas relações internacionais, antes e depois, da Segunda Guerra Mundial; b) As razões do soerguimento japonês, mesmo sob ocupação militar, no imediato pósguerra. 5. Do termino da Conferência de Paz ao advento de Hitler ao poder na Alemanha, as relações intereuropéias passaram, segundo alguns historiadores, por três curtas fases: a) de 1920 a 1924, evidenciou-se que as decisões de Versalhes dificilmente serviriam de base para orientar a conduta dos estados; b) de 1925 a 1929, abriram-se o entendimento franco-alemão e as perspectivas que a sociedade das nações pudesse triunfar; e c) de 1929 a 1939, viveu-se o ocaso da aparente harmonia com a volta dos problemas internacionais da primeira fase, aos quais se acrescentaram os da depressão econômica do capitalismo. Explique como em cada uma dessas três curtas fases, se deteriorou o papel antes desempenhado pela Europa nas Relações Internacionais. Prova 2002 Responda às questões que se seguem. A resposta a cada questão não deverá exceder a duas páginas. Cada questão vale 20 pontos. 1. Incapaz de deter o exercito de Napoleão que avançava rapidamente em direção às fronteiras de Portugal, o Príncipe Regente recorreu à tradicional aliança luso-inglesa. Garantia, assim a transferência da Corte portuguesa para o Brasil. No plano diplomático, a proteção da Inglaterra trouxe conseqüências históricas de grande importância para Portugal e para o Brasil. Com base no parágrafo acima responda: a) Quais os benefícios obtidos pela Inglaterra, tanto na Europa quanto na América portuguesa, decorrentes da aliança luso-inglesa? b) Quais as conseqüências econômicas e políticas dessa estratégia diplomática para Portugal e Brasil, a curto e a longo prazos? 2. “O decênio que vai de 1868 a 1878, escrevia Silvio Romero foi “o mais notável de quantos no século XIX constituíram a nossa vida espiritual”. Um bando de idéias novas agitou o país nesse período, dando-lhe novas diretrizes. (...) Com a abolição do tráfico deu-se uma ‘transformação maravilhosa’, abrindo novas perspectivas materiais e intelectuais ao país.” (João Cruz Costa, In.: Sérgio Buarque de Holanda (org.), História Geral da Civilização Brasileira. O Brasil Monárquico. Tomo II, Volume V, São Paulo, DIFEL, 1969, pp.330). a) A que idéias novas se referia Silvio Romero? b) De que forma essas “idéias novas” penetraram no pensamento das elites brasileiras? 3. A primeira Guerra e a depressão dos anos 30 prejudicaram o comércio exterior da América Latina, reduzindo, no primeiro caso, o fornecimento externo de manufaturas e, no segundo, suas exportações primárias de alimentos. Essas perturbações tiveram impacto sobre o sistema produtivo, que se voltou para a industrialização substitutiva de importações, e sobre o controle do poder local, que passou das oligarquias agroexportadoras para as novas elites urbanas, num processo que fortaleceu o Estado e seu papel econômico. Discuta a assertiva acima, indicando os impactos da Primeira Guerra e da Depressão dos anos 30 sobre o Brasil. 4. “Uma das coações aos pensadores cristãos que tentaram entender o Islã era analógica: posto que Cristo é a base da fé cristã, presumia-se — de modo totalmente errôneo — que Maomé era para o Islã o mesmo que Cristo era para o cristianismo. (...) Dessas e de muitas outras concepções equivocadas ‘formou-se um círculo que nunca foi rompido pela exteriorização imaginativa’ [segundo Norman Daniel].” (Edward W. Said, Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente. São Paulo, Cia das Letras, 1990, p. 70) Analise de forma crítica o parágrafo acima, considerando a persistência histórica no século XIX dos estereótipos construídos pelo Ocidente com relação ao Oriente e, em particular com relação aos povos árabes. 5. O sistema internacional da bipolaridade não foi bipolar durante todo o transcurso histórico a ele atribuído. Analise a evolução da sua condição de um sistema condominial típico do imediato pós Segunda Guerra Mundial para o arranjo mais flexível entre as duas superpotências dos anos 60 e 70 em torno dos seguintes elementos de transformação do sistema: a) A revitalização internacional da Europa e sua contribuição ao deslocamento da competição do terreno do liberalismo universal e ilimitado proposto pelos Estados Unidos para os mercados organizados e, até certo ponto, protegidos; e b) O peso gradual das armas nucleares nas contendas da balança de poder mundial. Prova 2003 1. Leia o texto abaixo para responder à questão. “Rio Branco não foi um teórico que, para argumentar, explicitava correntes de pensamento então vigentes. Embora não se conheçam evidências a respeito de quais autores da época teriam exercido influência sobre o chanceler, não há dúvida de que tinha atitudes de um geopolítico. Homem de ação e pragmático, enfrentava os problemas ou os atalhava. Buscou sempre a prática de uma política de cordialidade e criação de relações de simpatia, mas não à custa de concessões... Rio Branco, ao ler com realismo tanto o contexto interno quanto externo, defendeu, com simetria de argumentos (sobretudo no que dizia respeito às relações comerciais com a Argentina), a política alfandegária vigente.” BUENO, Clodoaldo, Política Externa da Primeira República: os anos do apogeu – de 1902 a 1918. São Paulo: Paz e Terra, 2003, p.483. Com base no texto, estabeleça as relações da política externa conduzida por Rio Branco com os seguintes elementos: a) a política alfandegária da época; b) as relações com a Argentina na fase Rio Branco; c) as correntes de pensamento em política exterior no Brasil da época. 2. Eric Hobsbawn cunhou o termo “Era das revoluções” para designar o movimento de transformações sócio-econômicas e também políticas que varreu as sociedades européias na segunda metade do século XVIII e primeira metade do século XIX. Apresente este quadro de transformações profundas, apontando dois desses movimentos mais significativos. 3. O Brasil desenvolveu, ao longo do século XX, uma forma própria de promover sua inserção internacional. Para alguns, essa inserção foi feita de forma linear e contínua, sem rupturas na política exterior do País. Para outros, muito embora perceba-se uma tendência à continuidade em política exterior, houve certos modelos de ação externa que preponderaram em períodos diversos. Acompanhando a segunda tradição, indique os elementos definidos e tempo histórico dos seguintes modelos de inserção internacional do Brasil: a) o modelo da agroexportação; b) o modelo do nacional-desenvolvimentismo. 4. “Um rei absoluto realiza, preside, tutela a nação em emergência, podando, repelindo e absorvendo o impulso liberal, associado à fazenda e às unidades locais de poder.” FAORO, Raymundo. Os donos do poder. Formação do patronato político brasileiro. Vol. 1. Porto Alegre: Globo; São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1975. p. 246. A afirmação de Raymundo Faoro em seu clássico “Os donos do poder” aponta para a peculiaridade do processo de independência da colônia brasileira. Comente a passagem, considerando os seguintes aspectos: a) a conjuntura internacional e suas relações com esta peculiaridade do processo de emancipação política, no caso brasileiro. b) esta peculiaridade frente aos movimentos de independência da América hispânica. 5. “Mas, em princípio, pode-se dizer que, no que dizia respeito ao Ocidente durante os séculos XIX e XX, fora feita a suposição de que o Oriente e tudo o que nele havia, se não fosse patentemente inferior ao Ocidente, estava pelo menos precisando que este fizesse um estudo corretivo a seu respeito. O Oriente era visto como que delimitado pela sala de aula, pelo tribunal, a prisão, o manual ilustrado. O orientalismo, portanto, é um conhecimento do Oriente que põe as coisas orientais na sala de aula, no tribunal, prisão ou manual para ser examinado, estudado, julgado, disciplinado ou governado.” SAID, Edward W. Orientalismo. O Oriente como invenção do Ocidente. São Paulo: Companhia das Letras, 1990. p. 51. Segundo as afirmações de Edward Said, o Orientalismo, como forma específica de produção de um conhecimento sobre territórios extra-europeus, foi de fundamental importância para o processo de expansão européia do século XIX. Comente a passagem ressaltando os seguintes aspectos: a) as condições culturais para um empreendimento expansionista nas proporções do que foi realizado na segunda metade do século XIX. b) as conseqüências políticas dessa expansão para uma redefinição da geopolítica européia na segunda metade do século XIX. Prova 2004 1. O Brasil republicano assistiu, ao longo do século XX, a um processo complexo de republicanização das instituições bem como de construções e desconstruções democráticas. Oscilações entre governos e regimes políticos povoaram a história política daquele século. Faça o balanço atualizado de uma dessas últimas transições, ocorrida na passagem do regime militar inaugurado pelo golpe de 1964 para a chamada Nova República. Indique os elementos de continuidade e ruptura na referida transição. 2. Analise o texto seguinte para responder à questão. "A Primeira Guerra Mundial provocou um remanejamento nas posições de certas nações como potências econômicas. Os Estados Unidos, que já eram a primeira potência industrial em 1914, haviam se tornado, em 1919, os primeiros também como potência comercial e financeira, dispondo de grandes estoques de ouro. Entre as moedas importantes, somente o dólar conservaria a conversibilidade no pós-guerra. O comércio internacional não recobraria o dinamismo da era liberal. Entre 1913 e 1928, para um crescimento da produção mundial de 42%, o comércio cresceu apenas 13%. O protecionismo de guerra manteve-se com a paz e até mesmo recrudesceu sob políticas nacionais autárquicas." CERVO, Amado, "A instabilidade internacional (1919-1939) in SARAIVA, José Flávio S., Relações Internacionais - dois séculos de História, vol I. Brasília: IBRI, 2001, p. 178. Com base no texto, avalie os seguintes aspectos: a) as relações entre a economia norte-americana do pós-Grande Guerra e a crise geral do capitalismo; b) as relações entre o tradicional peso da Europa no sistema político internacional e a elevação gradual do status internacional dos Estados Unidos. 3. O conceito de América Latina tem um percurso histórico próprio que o associa às idéias da existência de uma ruptura fundamental entre o mundo ibérico e o mundo anglo-saxônico nas Américas. Ainda que romantizado por atores políticos e pelas próprias sociedades, o conceito serviu, e continua servindo, para propor um modus vivendi próprio, um conjunto de interesses e percepções específicas. Ao lado desse tradicional conceito político, geográfico, social e cultura (sic), emergiu, ao longo do século XX, o conceito de sul-americanidade. Avalie: a) as relações históricas entre os conceitos de América Latina e América do Sul; b) as aplicações mais recentes desses dois conceitos na inserção internacional do Brasil. 4. Avalie o seguinte texto: "Não há contradição entre a existência de um regime que combatia guerrilhas de esquerda no país e o reconhecimento de governos apoiados pelos soviéticos na África, como aconteceu no caso de Angola em 1975. As razões de Estado pesaram mais nas escolhas pragmáticas. Esboçava o Brasil um lugar na 'nova partilha africana'. Esse lugar serviu para afirmar a idéia de que o Brasil tinha uma política global e universalista. Também serviu para desafiar os interesses norte-americanos na região. O Brasil ensaiou perfurar o neocolonialismo europeu e norte-americano na África por meio de um programa de ação que envolveu a mobilização de empresas estatais, empreiteiras, operações de counter-trade e o jogo das elites africanas por meio do discurso da africanidade brasileira." SARAIVA, José Flávio S. "África: petróleo e poder", UnB Revista, 9, março de 2004, p.11. Com base no texto, discuta: a) os pilares da chamada política africana do Brasil dos anos 1970 e 1980; b) os fatores que levaram o Brasil ao reconhecimento imediato do governo do MPLA e de Angola em 1975. 5. Nas primeiras décadas do século XIX, fatores como o crescimento da economia internacional, as forças produtivas estimuladas pela Revolução Industrial, a relativa estabilidade da Europa e a modernização da tecnologia militar favoreceram mais algumas potências em detrimento de outras. Com base na afirmativa acima, estabeleça a relação da Inglaterra com as demais potências da época. Prova 2005 1. O Brasil, entre 1850 e 1875, exerceu hegemonia regional sobre a Bacia do Prata. Diplomacia, armas e empréstimos foram meios para garantir a livre navegação dos rios, o assegurar das fronteiras, a exploração das pastagens uruguaias e a contenção do expansionismo argentino. À luz desses fatores, faça o balanço histórico da aliança do Brasil à Argentina e ao Uruguai, entre 1864 e 1870, impondo derrota sobre o Paraguai. Avalie, em especial: a) b) as causalidades da formação da aliança contra o Paraguai; as conseqüências da Guerra para as relações argentino-brasileiras. 2. Uma constante que atravessa a história política brasileira, do século XIX ao século XX, e que se arrasta desde a independência e o surgimento do Estado nacional é a fraca coesão ideológica dos partidos políticos. Quase sempre desprovidos de identidade e apoiados por legislação eleitoral facilitadora de fraudes e conchavos, esses partidos assistem, na longa duração histórica, à baixa representatividade dos eleitos. Nesse contexto, analise o quadro político-partidário de todo o Segundo Reinado (1840 – 1889), avaliando, em especial: a) as congruências e divergências entre liberais e conservadores; b) a emergência dos movimentos republicanos e seu impacto na estrutura políticopartidária do final do Império. 3. Leia o texto abaixo, relativo à contribuição do Barão do Rio Branco à diplomacia brasileira. “Um dos diplomatas a quem mais favoreceu disse dele que não era um bom administrador. Não se descarte que tivesse razão. Mas não fazia falta que o fosse. Bastava-lhe ser um grande Ministro do Exterior, com faro único do momento, das perspectivas e das possibilidades de ação e reação. Não mudou métodos burocráticos de trabalho, nem creio que se preocupasse com isso. O que ele mudou foi o comportamento da diplomacia brasileira, o tom da sua voz, o modo de apresentar seus argumentos. Deu-lhe confiança. Alterou a posição do país no hemisfério e no mundo. E a imagem que de sua pátria tinham os brasileiros”. Alberto da Costa e Silva, “O Barão do Rio Branco e a modernização do Brasil” in Cardim, Carlos H. & Almino, João. Rio Branco, a América do Sul e a modernização do Brasil. Brasília: FUNAG / IPRI / IRBR, 2002, p. 228. Com base no texto, faça um balanço dos novos comportamentos da diplomacia brasileira instaurados pelo Barão do Rio Branco. 4. Getúlio Vargas, que no espectro social representava mais que a burguesia industrial, entendia, no entanto, que essa burguesia seria essencial para a instalação de um certo capitalismo humanizado no Brasil. Viu, nesse sentido, mais complementaridade que antagonismo entre os interesses nacionais e o capital estrangeiro. Para Vargas, desde que bem administrado e disciplinado, o capital vindo de fora seria um importante apoio ao desenvolvimento nacional. Com base nessas visões, enumere duas iniciativas e/ou exemplos em torno dos quais se comprovaria o esforço de construção, na Era Vargas, dessa via de capitalismo brasileiro. 5. Analise o texto abaixo para responder à questão: “A América do Sul corresponde ao espaço natural de afirmação dos interesses brasileiros. A diplomacia planeja agregar a este espaço países chaves do Atlântico africano. Com o conjunto, espera-se compor uma plataforma econômica e política, na qual a Argentina exerce papel estratégico como sócio privilegiado e o Mercosul como motor”. Amado L. Cervo, “A política exterior: de Cardoso a Lula”, Revista Brasileira de Política Internacional, 46(1), 2003, p. 9. Com base no texto, discuta: a) o peso histórico da América do Sul, no século XX, como uma área relevante da política externa do Brasil; b) os momentos de aproximação e eqüidistância entre o Brasil e a Argentina na segunda metade do século XX. Prova 2006 1) O Tratado de Madri de 1750, firmado entre Portugal e Espanha, tinha por fim imediato estabelecer a divisão do território ao sul do Brasil para acabar com as disputas pela região; porém, pela primeira vez, após o de Tordesilhas de 1494, definia-se toda a linha divisória das possessões das coroas ibéricas na América. A respeito do Tratado de Madri, exponha: a) A contribuição do negociador Alexandre Gusmão; b) Os resultados mais importantes quanto à demarcação do território brasileiro na época e para a posteridade. 2) Discorra sobre os seguintes aspectos do Movimento Modernista, inaugurado com a Semana de Arte Moderna de 1922: a) as idéias que inspiraram o movimento b) as principais contribuições de escritores brasileiros ao projeto modernista, de 1922 e 1945. 3) “No Brasil, a vitória de Dutra representou, para os contemporâneos, algumas continuidades em relação ao governo Vargas... Contudo, o governo eleito seria menos continuísta do que se supunha, tanto em relação aos homens e políticas como em relação à estrutura partidária que o conduziu ao poder. Nos terrenos político e econômico, o governo Dutra representava uma orientação muito diferente daquela que surgira nos estertores da ditadura Vargas”. (Boris Fausto e Fernando J. Devoto, Brasil e Argentina: um ensaio de história comparada, São Paulo: editor 34, 2004, p.292) Examine: a) A diferença da presidência do General Dutra com relação ao primeiro Governo de Vargas no campo das relações internacionais do Brasil. b) O peso dos partidos políticos sobre o Governo Dutra 4) “Ao assumir a Pasta das Relações Exteriores, defrontei-me imediatamente com o grave obstáculo do problema do colonialismo português. Em exposição de motivos ao Presidente Médici, em dezembro de 1971, expus, formalmente, uma nova linha de política externa. Dizia eu na exposição: País atlântico, o Brasil tenderá, num futuro que se aproxima com rapidez, a ter crescentes interesses e responsabilidades no outro lado do oceano que banha nossas costas. Conviria por isso, que desde já, procurássemos aumentar, dentro de nossas possibilidades e recursos a presença brasileira naquela parte da África que chamaremos de atlântica.” (Mario Gibson Barboza. Na diplomacia o traço todo da vida. Rio de Janeiro: Record, 1992, p. 239 – 240) 5) “Não obstante sua natural solidariedade com todos os povos irmãos do hemisfério, o Brasil é um país soberano, autônomo, que não pode ser considerado como parcela de um continente ou como capítulo de um agrupamento de países em desenvolvimento. Não ignoramos os deveres – ou as vantagens políticas – da solidariedade, mas não renunciamos a nossa faculdade de atuar por nós mesmo, como Nação e como Povo dentro da comunidade internacional”. (Araújo Castro, 1971) Comente a formulação acima em suas implicações diplomáticas e à luz de seu contexto histórico. Prova 2007 A propósito dos partidos políticos liberal e conservador durante a Regência e a primeira década do Segundo Reinado, discorra sobre 1) a) o pensamento político dessas correntes partidárias; e b) o impacto desse pensamento sobre a institucionalização do Estado. (valor da questão: 20 pontos) 2) A agroexportação foi característica marcante do modelo econômico vigente no Brasil oligárquico. A esse respeito, comente: a) o peso do café na economia brasileira durante a República Velha; e b) as razões para a adoção das políticas de valorização do café nesse período. (valor da questão: 20 pontos) “A vitória do Sr. Jânio Quadros nas eleições de 3 de outubro para a presidência da República tem um significado muito mais profundo e importante para a compreensão do atual momento econômico-político 3) brasileiro do que parece à primeira vista. Uma análise mais profunda das circunstâncias conhecidas ou ocultas que permitiram ou possibilitaram essa vitória nos revela que se trata de um dos fatos importantes da vida nacional nos últimos trinta anos.” Leôncio Basbaum. História sincera da República, vol. 3. São Paulo: Editora Alfa-Ômega, 1976, p. 235. A República Liberal de 1945 a 1964 foi palco de momentos de grande dramaticidade. A chegada de Jânio Quadros à presidência e sua saída incluem-se entre esses momentos. Tomando o texto acima como referência inicial, analise a) as modificações do ambiente político-eleitoral que levaram Jânio Quadros ao poder; e b) as interpretações disponíveis para o gesto da renúncia. (valor da questão: 20 pontos) 4) O Brasil tem mostrado, em sua história recente, tendência à excessiva concentração espacial das atividades que desenvolve, da qual resulta a hipertrofia das áreas metropolitanas. A respeito da acentuada urbanização verificada no Brasil, em especial na segunda metade do século passado, analise os seguintes aspectos: a) a relação entre industrialização e urbanização no Brasil pós-1945; b) as resultantes culturais das migrações internas do campo para os grandes centros urbanos nas últimas décadas do século XX. (valor da questão: 20 pontos) “Estamos prontos a nos empenhar com nossos parceiros com vistas ao cumprimento do mandato de Doha. Mostremos ao mundo que a OMC resistirá ao protecionismo e superará o interesse particular. Que defenderá a liberalização comercial e honrará seu compromisso com o desenvolvimento. Esperamos por muitos anos por essa chance de corrigir as falhas das rodadas anteriores.” 5) MRE. Política Externa Brasileira. Brasília: MRE, 2007. Discurso do Ministro Celso Amorim na V Reunião Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), Cancun, 11 de setembro de 2003, p. 18. Com base nesse texto, discuta: a) o peso relativo do tema desenvolvimento na inserção internacional do Brasil desde a redemocratização; e b) o impacto da globalização na ação externa do Estado brasileiro. (valor da questão: 20 pontos) 2008 1) Durante o Segundo Reinado, as relações de trabalho no Brasil passaram por diferentes condições sociais e jurídicas, desde o regime de escravidão até o trabalho livre ou assalariado. Discorra sobre a evolução das condições sociais e jurídicas do trabalho no referido período histórico. 2) O MERCOSUL é a experiência de integração mais importante da política externa brasileira e abriu uma nova etapa em sua formulação e implementação. O Tratado de Assunção foi assinado em 1991, a partir dos avanços da cooperação entre Brasil e Argentina desenvolvidos desde 1985. Miriam Gomes Saraiva. As estratégias de cooperação Sul-Sul nos marcos da política externa brasileira de 1993 a 2007. Revista Brasileira de Política Internacional, 50(2), 2007, p. 50. Tomando o fragmento acima apenas como referência inicial, redija um texto dissertativo em que sejam abordados os seguintes aspectos, relativos à importância que o Brasil atribuiu ao processo histórico de integração sub-regional: • • o peso do MERCOSUL na agenda diplomática nacional, desde suas origens; e ampliação do processo de integração ao longo dos anos. 3) Exponha os principais pontos da Constituição republicana adotada em 1981. 4) Disserte acerca do processo de envolvimento o Brasil na Primeira Guerra Mundial, com ênfase nas razões que, em 1917, levaram o país a rever a posição de neutralidade que mantivera até então. PROVA 2009 1) A transição do regime militar (1964-1985) para a chamada Nova República foi marcada por iniciativas que visavam à democratização política e eram promovidas por movimentos de oposição e por integrantes do próprio sistema de poder. A esse respeito, comente: < o sentido da expressão “abertura lenta, gradual e segura”; < o peso da eleição de governadores do partido de oposição em 1974; e < a formação de forças sociopolíticas que passaram a demandar o fim do regime militar. 2) Os antecedentes da formação do espaço territorial brasileiro encontram-se, em grande parte, no período da colonização portuguesa. Para definir as soberanias territoriais das potências colonizadoras na América do Sul, Portugal assinou, naquele período, tratados diplomáticos com a França e a Espanha. Nesse contexto, comente: < a importância dos Tratados de Utrecht; < o resultado das negociações entre 1750 e 1801; e < a ação de D. João VI no período em que esteve no Brasil (1808-1821). 3) Entre 1862 e 1868, o Império do Brasil viu a instalação de seis Gabinetes, formados sucessivamente, em razão de lutas internas. Discorra a respeito da evolução dessa conjuntura e de sua repercussão sobre a ação externa brasileira, em particular quanto às questões da região platina. 4) Nas décadas seguintes à Segunda Guerra Mundial, o Brasil promoveu processo de inserção internacional marcado por crescente participação no sistema multilateral. Nesse âmbito, disserte a respeito do papel do Brasil: < na construção de regras para o comércio internacional; e < nos trabalhos da ONU voltados para o tema da descolonização da África. PROVA 2010 1) Analise as relações Brasil-Argentina nas três últimas décadas do século XIX. Extensão máxima: 90 linhas (valor: 30 pontos) QUESTÃO 2 2) A classe média urbana brasileira, cuja formação incipiente ocorreu na Primeira República, teve crescimento quantitativo na passagem do século XX para o XXI. A respeito da formação da classe média brasileira nas primeiras décadas do século XX, redija um texto dissertativo em que sejam estabelecidas as relações entre os seguintes aspectos: a. expansão da classe média, ascenso da economia cafeeira e atividades governamentais nas primeiras décadas do século XX no Brasil; b. imigração europeia e impactos no ambiente urbano das primeiras grandes urbes brasileiras, tais como São Paulo e Rio de Janeiro; c. expectativas da nova classe média do início do século XX e vida política nacional. Extensão máxima: 90 linhas (valor: 30 pontos) QUESTÃO 3 3) Considerando que a energia foi um dos importantes insumos que motivaram a ação internacional do Brasil em diferentes momentos do século XX, em especial na década de 70, disserte acerca das motivações da política externa no governo Geisel relacionadas ao setor energético. Extensão máxima: 60 linhas (valor: 20 pontos) QUESTÃO 4 4) Discorra sobre a relação entre a inserção internacional de segurança e a política exterior do Brasil no período compreendido entre 1945 e 1990. Extensão máxima: 60 linhas (valor: 20 pontos) PROVA 2011 1) Desenvolva análise comparativa do processo de definição das fronteiras do Brasil com a Guiana Francesa e com a Guiana Inglesa. Extensão máxima: 90 linhas (valor: 30 pontos) 2) Redija texto dissertativo a respeito das iniciativas que caracterizaram a Política Externa Independente (1961-1964) no âmbito da descolonização afro-asiática, do descongelamento do poder mundial e do discurso desenvolvimentista. Ao elaborar seu texto, aborde, necessariamente, os seguintes aspectos: • • • Participação do Brasil no processo de descolonização africana naquele momento histórico; Ideias de Araújo Castro acerca da ordem global; Relação entre a Política Externa Independente e a formação de conceitos brasileiros de relações internacionais. Extensão máxima: 90 linhas (valor: 30 pontos) 3) Disserte sobre a importância da Comissão Mista Brasil-Estados Unidos para a política externa brasileira na década de 50 do século XX. Extensão máxima: 60 linhas (valor: 20 pontos) 4) Ao assumir a Presidência da República, em abril de 1964, o Marechal Castelo Branco alterou os rumos da ação do Brasil no plano internacional. Caracterize as rupturas verificadas nas relações do Brasil com a Argentina, em decorrência da política externa brasileira adotada no primeiro governo do regime militar. Extensão máxima: 60 linhas (valor: 20 pontos) PROVA 2012 1) O Brasil se aproxima das comemorações dos seus 200 anos de conformação estatal juridicamente independente. A política externa que emergiu em 1822 carregou heranças dos séculos anteriores e agregou novos desígnios. A propósito desse tema, disserte sobre os seguintes itens: a) raízes coloniais de política externa do Brasil e seus impactos na política externa de Pedro I; b) articulações internas e externas da independência do Brasil; c) resultantes dos reconhecimentos internacionais do Brasil na década de 1820. Extensão máxima: 90 linhas (Valor: 30 pontos) QUESTÃO2 2) Compare as posições do Brasil no Império e na República nascente, no que tange à Conferência de Washington (1889-1890). Extensão máxima: 90 linhas (Valor: 30 pontos) QUESTÃO3 3) Disserte sobre a política brasileira para a África entre o final da década de 1960 e o início dos anos 1970. Extensão máxima: 60 linhas (Valor: 20 pontos) QUESTÃO 4) Disserte sobre a política econômica do Estado Novo (1937-45), discutindo eventuais mudanças no que se refere ao período compreendido entre 1930 e 1937. Extensão máxima: 60 linhas (Valor: 20 pontos) 2013 1.Disserte acerca das relações entre a Inglaterra e o Brasil no período compreendido entre 1808 e 1831. [valor: 30 pontos] 2.O Brasil manteve, na Primeira República, a política econômica da defesa das exportações, bem como a de atração de imigrantes e capitais. A respeito desse momento histórico, analise os seguintes aspectos: • iniciativas voltadas para as exportações de produtos brasileiros para a Europa; • a mudança da lei alfandegária; • as iniciativas no campo das imigrações. [valor: 30 pontos] 3.Disserte acerca da relevância do Instituto Superior de Estudos Brasileiros (Iseb) no que tange ao pensamento político e social brasileiro, bem como suas repercussões para os conceitos de política externa brasileira. [valor: 20 pontos] 4.A Petrobras completa, em 2013, sessenta anos de sua criação. Comente sua evolução histórica na formação do cenário brasileiro nos anos 1970 e na política externa nacional desse período. [valor: 20 pontos]