UA: 250/12 Index: AFR 12/003/2012 Angola Date: 24 August 2012 Ação Urgente VETERANOS DE GUERRA ANGOLANOS RAPTADOS António Alves Kamulingue e Isaías Sebastião Cassule não são vistos desde do dia 27 e de 29 de maio respetivamente, altura em que foram raptados na capital angolana, Luanda. António Alves Kamulingue e Isaías Sebastião Cassule são veteranos de guerra. Estiveram envolvidos na organização de uma manifestação de veteranos de guerra e antigos guardas presidenciais, agendada para o dia 27 de maio. A manifestação tinha como objetivo exigir o pagamento de pensões e salários que lhes são devidos. Os antigos guardas presidenciais decidiram, no último momento, não participar da manifestação, contudo os veteranos de guerra prosseguiram com a mesma. No entanto, antes do início, a manifestação foi violentamente reprimida pela polícia e os manifestantes tiveram que dispersar. António Alves Kamulingue estava a caminho do local onde os manifestantes se deviam reunir, quando telefonou, a partir de um hotel, para um jornalista de forma a informá-lo que estava a ser seguido por um grupo de “homens bem constituídos”, de aparência semelhante aos que haviam estado envolvidos na violenta repressão, ocorrida meses antes, nas manifestações em Luanda. António disse ainda que temia pela sua vida. Entretanto, o telefonema foi desligado e desde então nunca mais foi visto ou deu notícias. Dois dias depois, Isaías Sebastião Cassule foi raptado por quatro homens em Cazenga, Luanda. Ele tinha recebido um telefonema de alguém conhecido apenas por Tunga. Este havia-lhe dito que tinha uma gravação de vídeo do rapto de António Alves Kamulingue. Isaías Sebastião Cassule foi, acompanhado de outro homem, ao encontro de Tunga. Quinze minutos após o encontro, o referido homem afirma ter visto cerca de quatro homens bem constituídos e armados a dirigirem-se a eles. Ele fugiu, mas Isaías Sebastião Cassule nunca mais foi visto ou deu notícias. As famílias de António Alves Kamulingue e Isaías Sebastião Cassule denunciaram o desaparecimento à polícia e continuam à sua procura. A polícia afirma que não tem os homens sob custódia. A Amnistia Internacional acredita que eles poderão ter sido raptados por agentes que atuam para o Estado estando a ser vítimas de desaparecimento forçado. Por favor, escreva imediatamente em Português ou na sua própria língua: Expressando a sua preocupação pela segurança de António Alves Kamulingue e Isaías Sebastião Cassule que aparentemente foram sujeitos a desaparecimento forçado; Apelando às autoridades que libertem imediatamente os dois homens, caso estejam detidos, a menos que sejam acusados por um crime reconhecido como tal. Nesse caso, deverá ser-lhes concedido o acesso imediato às famílias e aos seus advogados; Pedindo à polícia que seja realizada com caráter de urgência uma investigação sobre o rapto de António Alves Kamulingue e Isaías Sebastião Cassule com o objetivo de levar os responsáveis a responderem perante a justiça. POR FAVOR, ENVIE OS SEUS APELOS ANTES DE 5 DE OUTUBRO DE 2012 PARA: Presidente José Eduardo dos Santos Presidente da República Gabinete do Presidente da República Palácio do Povo Luanda República de Angola Fax: +244 222 391 476/ 392 733/ Saudação: Your Excellency/ Excelência Comandante da Polícia Nacional Comissário Ambrósio de Lemos Comandante Geral da Policia Comando Geral da Policia Avenida 4 de Fevereiro Luanda República de Angola Fax: +244 222 392 532 (keep trying) Saudação: Dear Commander/ Exmo Senhor Procurador-Geral João Maria Moreira de Sousa Procurador Gerall da República Procuradoria Gerald a República Rua 17 de Setembro Luanda República de Angola Saudação: Dear Attorney General/ Fax: +244 222 333 170/172 Excelência Envie também cópias para os representantes diplomáticos creditados no seu país: Embaixada da República de Angola Av. da República, 68 1069-213 Lisboa fax: +351 21 797 1238 [email protected] Por favor verifique com a secção caso e necessite enviar apelos após a data mencionada. AÇÃO URGENTE VETERANOS DE GUERRA ANGOLANOS RAPTADOS INFORMAÇÃO ADICIONAL Os cidadãos de Angola irão, no dia 31 de agosto de 2012, às urnas para elegerem um novo presidente e um novo parlamento. Desde o anúncio das eleições, as autoridades têm vindo a restringir a liberdade de expressão, reunião e associação. Para além da manifestação de 27 de maio, António Alves Kamulingue e Isaías Sebastião Cassule estiveram envolvidos nalgumas manifestações antigovernamentais que ocorreram em Luanda desde março de 2011. Estas, foram inicialmente organizadas por estudantes. As manifestações foram reprimidas, por vezes violentamente, pela polícia e mais recentemente por grupos de civis, fisicamente “bem constituídos” (que de acordo com o que os manifestantes crêem são membros da polícia de segurança interna), que agem impunemente e com a conivência da polícia. Os organizadores das manifestações recebem frequentemente ameaças anónimas contra a sua integridade física, por telefone e alguns foram inclusive atacados em casa por estes civis. No dia 22 de maio, um grupo de civis armados com pistolas, paus, machetes e facas invadiram a casa de Casimiro Carbono e espancaram 10 organizadores das manifestações que lá se encontravam reunidos. Como consequência, os 10 elementos necessitaram de tratamento hospitalar devido a fraturas na cabeça e membros. Até ao momento, ninguém foi levado a responder perante a justiça. Após a desmobilização da manifestação do dia 27 de maio, os veteranos de guerra realizaram pelo menos duas manifestações em junho que foram violentamente reprimidas pela polícia. Os veteranos apelaram à realização de uma manifestação no dia 25 de agosto de 2012, data que coincide com outra manifestação organizada pelo partido politico, a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA). Nome: António Alves Kamulingue and Isaías Sebastião Cassule Género: M UA: 250/12 Index: AFR 12/003/2012 Issue Date: 24 August 2012