UNIDADE 1
OS ANTECEDENTES DO MODERNISMO
1.
A CONJUNTURA SOCIAL, ECONÔMICA E POLÍTICA DA EUROPA NA METADE DO SÉCULO XVIII
–
DURANTE OS LONGOS MILÊNIOS EM QUE A CIVILIZAÇÃO GERADA PELA REVOLUÇÃO AGRÍCOLA REINOU
SUPREMA, A POPULAÇÃO PODE SER DIVIDIDA EM DUAS CATEGORIAS – A “PRIMITIVA” E A “CIVILIZADA”.
OS CHAMADOS POVOS PRIMITIVOS, VIVENDO EM PEQUENOS BANDOS E TRIBOS E SUBSISTINDO DA
COLETA, PESCA E CAÇA, FORAM ULTRAPASSADOS PELA REVOLUÇÃO AGRÍCOLA. O MUNDO
CIVILIZADO ERA AQUELE, ONDE A MAIOR PARTE DOS POVOS ARAVAM O SOLO.
–
ENTRETANTO, SOB SUAS DIFERENÇAS EXISTIAM SEMELHANÇAS FUNDAMENTAIS. EM TODAS ESSAS
CIVILIZAÇÕES A TERRA ERA A BASE DA ECONOMIA, DA VIDA, DA CULTURA, DA ESTRUTURA DA FAMÍLIA
E DA POLÍTICA. EM TODAS ELAS A VIDA ERA ORGANIZADA EM REDOR DA ALDEIA. EM TODAS ELAS
PREVALECIA UMA DIVISÃO SIMPLES DE TRABALHO E SURGIRAM ALGUMAS CASTAS E CLASSES
DEFINIDAS. EM TODAS ELAS O PODER ERA RIGIDAMENTE AUTORITÁRIO. EM TODAS O NASCIMENTO
DETERMINAVA A POSIÇÃO DA PESSOA NA VIDA. E EM TODAS ELAS A ECONOMIA ERA
DESCENTRALIZADA, DE MODO QUE CADA COMUNIDADE PRODUZIA A MAIORIA DE TODAS AS SUAS
NECESSIDADES.
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A CONDIÇÃO PRÉVIA DE QUALQUER CIVILIZAÇÃO É A ENERGIA. ENQUANTO AS SOCIEDADES AGRÍCOLAS
TIRAVAM SUA ENERGIA DE “BATERIAS VIVAS” – POTÊNCIA MUSCULAR HUMANA OU ANIMAL – OU DO SOL,
DO VENTO E DA ÁGUA, TODAS AS SOCIEDADES DA CIVILIZAÇÃO INDUSTRIAL EXTRAÍRAM SUA ENERGIA DE
COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS INSUBSTITUÍVEIS. ISTO SIGNIFICOU QUE O HOMEM PASSOU A CONSUMIR O
CAPITAL DA NATUREZA EM VEZ DE APENAS VIVER DO SEU RENDIMENTO. ESTA MUDANÇA REPRESENTOU
PASSAR DE ENERGIA DISPERSA A ENERGIA CONCENTRADA, DE RENOVÁVEL A NÃO RENOVÁVEL, DE
MUITAS FONTES E COMBUSTÍVEIS DIFERENTES PARA UNS POUCOS.
–
O SALTO PARA UM NOVO SISTEMA DE ENERGIA FOI ACOMPANHADO POR UM GIGANTESCO AVANÇO
TECNOLÓGICO. A ESFERA TECNOLÓGICA AGRÍCOLA FOI SUBSTITUÍDA POR UMA TECNOSFERA
INDUSTRIAL: ENERGIAS NÃO RENOVÁVEIS ERAM LIGADAS DIRETAMENTE A UM SISTEMA DE PRODUÇÃO EM
MASSA QUE POR SUA VEZ, FAZIA JORRAR MERCADORIAS PARA UM SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO EM
MASSA.
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A ESTA TECNOSFERA DA SOCIEDADE INDUSTRIAL, ERA PRECISO UMA ESFERA SOCIAL IGUALMENTE
REVOLUCIONÁRIA. ONDE A AGRICULTURA PREDOMINAVA, AS PESSOAS VIVIAM EM GRANDES GRUPOS
MULTIGERACIONAIS. TODOS VIVENDO SOB O MESMO TETO, TRABALHANDO JUNTOS NUMA UNIDADE
ECONÔMICA DE PRODUÇÃO. A PRODUÇÃO ECONÔMICA, DESLOCOU-SE DO CAMPO PARA A FÁBRICA, A
FAMÍLIA NÃO MAIS TRABALHAVA JUNTA COMO UNIDADE. PARA LIBERAR TRABALHADORES PARA O
SERVIÇO NA FÁBRICA, FUNÇÕES BÁSICAS DA FAMÍLIA ERAM DISTRIBUÍDAS PARA NOVAS INSTITUIÇÕES
ESPECIALIZADAS (A ESCOLA, O ASILO ...) . ACIMA DE TUDO A NOVA SOCIEDADE EXIGIA MOBILIDADE.
DESAGREGADA PELA MIGRAÇÃO PARA AS CIDADES, AS FAMÍLIAS FICARAM MENORES, MAIS MÓVEIS E
MAIS ADEQUADAS ÀS NECESSIDADES DA NOVA TECNOSFERA.
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ALÉM DISSO, QUANDO O TRABALHO PASSOU DOS CAMPOS E CASAS, PARA AS CIDADES E FÁBRICAS, AS
CRIANÇAS TINHAM QUE SER PREPARADAS PARA A VIDA DA FÁBRICA. O RESULTADO FOI UMA EDUCAÇÃO
EM MASSA, EMBUTIDA NO MODELO INDUSTRIAL, ENSINAVA LEITURA, ESCRITA, ARITMÉTICA E OUTRAS
MATÉRIAS. ESTE ERA O “CURRÍCULO ABERTO”. POR BAIXO DELE, ESCONDIA-SE UM CURRÍCULO INVISIVEL.
CONSISTIA ESTE EM TRÊS CURSOS: PONTUALIDADE, OBEDIÊNCIA E TRABALHO REPETITIVO. OU SEJA,
AQUILO QUE O TRABALHO NA FÁBRICA EXIGIA. ASSIM, CADA VEZ MAIS CEDO AS CRIANÇAS INICIAVAM
SEUS ESTUDOS, O ANO LETIVO SE TORNAVA CADA VEZ MAIOR E O NÚMERO DE ANOS DE ENSINO
ESCOLAR TAMBÉM AUMENTAVA.
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ALÉM DA TECNOSFERA E DA SOCIOSFERA SURGE TAMBÉM UMA INFOSFERA PARA PRODUZIR E
DISTRIBUIR INFORMAÇÕES. DURANTE TODA A CIVILIZAÇÃO AGRÍCOLA,O ACESSO ÀS INFORMAÇÕES E À
COMUNICAÇÃO ERAM RESERVADOS AOS RICOS E PODEROSOS. AS PESSOAS COMUNS NÃO TINHAM
ACESSO A ISSO. OU SEJA, O CONTROLE DOS MEIOS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO ERA UTILIZADO
COMO FORMA DE CONTROLE SOCIAL E POLÍTICO. ERAM ARMAS DA ELITE. COM A REVOLUÇÃO
INDUSTRIAL, ESSE MONOPOLIO DAS COMUNICAÇÕES FOI DESTRUÍDO. ISTO ACONTECEU NÃO PELA
BENEVOLÊNCIA DAS ELITES MAS, PORQUE A TECNOLOGIA E A PRODUÇÃO EM MASSA DA FÁBRICA, EXIGIU
MOVIMENTOS DE INFORMAÇÃO EM MASSA
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A CIVILIZAÇÃO INDUSTRIAL SEPAROU VIOLENTAMENTE DOIS ASPECTOS DE NOSSAS VIDAS QUE ATÉ
ENTÃO SEMPRE TINHAM SIDO UM: A PRODUÇÃO E O CONSUMO
CIVILIZAÇÃO AGRÍCOLA
X
CIVILIZAÇÃO INDUSTRIAL
CRIAÇÃO
EXECUÇÃO
APROPRIAÇÃO
-
CADA CIVILIZAÇÃO TEM O SEU CÓDIGO OCULTO – UMA SÉRIE DE REGRAS OU PRINCÍPIOS QUE
PERMEIAM TODAS AS SUAS ATIVIDADES COMO UM DESENHO REPETITIVO. ENQUANTO O
INDUSTRIALISMO AVANÇAVA ATRAVÉS DO PLANETA, TORNOU-SE VISÍVEL O SEU SINGULAR DESENHO
OCULTO. CONSISTIA NUMA SÉRIE DE SEIS PRINCÍPIOS INTER-RELACIONADOS:
1.
PADRONIZAÇÃO
2.
ESPECIALIZAÇÃO
3.
SINCRONIZAÇÃO
4.
CONCENTRAÇÃO
5.
MAXIMIZAÇÃO
6.
CENTRALIZAÇÃO
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•
PADRONIZAÇÃO
A PADRONIZAÇÃO FOI TALVEZ A NOSSA PRIMEIRA ATITUDE DE MUDANÇA EM DIREÇÃO A UMA SOCIEDADE
INDUSTRIAL. A PADRONIZAÇÃO ESTÁ NO DNA DA SOCIEDADE INDUSTRIAL, POIS É O PRINCÍPIO
FUNDAMENTAL DO TRABALHO MECÂNICO. LOGO SE ESPRAIOU POR TODA A SOCIEDADE INDUSTRIAL ,NÃO
APENAS COMO PRINCÍPIO DE ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO MAS, COMO PRINCÍPIO DE TODAS AS
ATIVIDADES HUMANAS.
•
ESPECIALIZAÇÃO
QUANTO MAIS A PADRONIZAÇÃO ELIMINAVA A DIVERSIDADE NA LINGUAGEM, NO LAZER, E NO ESTILO DE VIDA,
MAIS PRECISAVA DE DIVERSIDADE NA ESFERA DO TRABALHO. ACELERANDO A DIVISÃO DO TRABALHO, O
INDUSTRIALISMO SUBSTITUIU O HOMEM QUE POSSUIA CONHECIMENTO DE UM POUCO DE CADA COISA,
POR UM NOVO HOMEM QUE SABIA QUASE TUDO DE PRATICAMENTE NADA. O DISCURSO PANFLETÁRIO,
PREFERIU ENXERGAR ESSA PRÁTICA, COMO CONSEQUÊNCIA DO ADVENTO DO CAPITALISMO. A HISTÓRIA
REPAROU O ERRO. A ESPECIALIZAÇÃO FOI O FRUTO DO ADVENTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E DA
MECANIZAÇÃO DO TRABALHO E NÃO DE IDEOLOGIAS OU SISTEMAS ECONÔMICOS.
•
SINCRONIZAÇÃO
PADRONIZAR OS MODOS DE AGIR E ESPECIALIZAR O CONHECIMENTO DESSES MODOS, NÃO ERAM
SUFICIENTES PARA O CORRETO FUNCIONAMENTO DA MÁQUINA. ASSIM, A SOCIEDADE INDUSTRIAL
PRODUZIU O SEU TERCEIRO PRINCÍPIO. A NECESSIDADE DE REGULAÇÃO DO TEMPO DE OCORRÊNCIA
DESSE TRABALHO, NA VELOCIDADE DA MÁQUINA.
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CONCENTRAÇÃO
A INDUSTRIALIZAÇÃO CONCENTROU MAIS DO QUE ENERGIA. CONCENTROU POPULAÇÃO, DESLOCANDO DO
CAMPO PARA AS CIDADES A MAIOR PARTE DA POPULAÇÃO EXISTENTE. ENQUANTO O TRABALHO NO
CAMPO SE DAVA EM TODA PARTE, O TRABALHO MAIS DO QUE SE CONCENTRAR NA FÁBRICA, SE
CONCENTROU NAS CIDADES.
•
MAXIMIZAÇÃO
EVIDENTEMENTE, A CONCENTRAÇÃO ACABOU POR EXIGIR UM AUMENTO DE ESCALA QUASE OBSESSIVO, EM
QUE GRANDE SE TORNAVA SINÔNIMO DE “EFICIENTE”. ESSA “MACROFILIA” NOS LEVOU PRÁTICAMENTE À
BEIRA DO COLAPSO AMBIENTAL E SOCIAL, EM QUE A GRANDE CONCENTRAÇÃO EXIGIA CONTINUAMENTE
A REALIMENTAÇÃO DO PROCESSO DE CRESCIMENTO. QUANTO MAIS ATIVIDADES SE CONCENTRAVAM NAS
CIDADES, MAIS INVESTIMENTOS ESSAS CIDADES REQUISITAVAM. QUANTO MAIS INVESTIMENTOS ELAS
RECEBIAM, MAIS ATRATIVAS SE TORNAVAM PARA NOVAS ATIVIDADES ALI SE INSTALAREM ...
•
CENTRALIZAÇÃO
O CORRETO FUNCIONAMENTO DA SOCIEDADE INDUSTRIAL NÃO SE LIMITAVA A UMA NOVA ORDENAÇÃO DOS
MODOS DE PRODUÇÃO, MAS FUNDAMENTALMENTE TAMBÉM, NOS NOVOS MODOS DE CONSUMO. DAÍ A
NECESSIDADE DE SE REORDENAR TUDO O QUE PUDESSE OBSTRUIR O AVANÇO DA DISTRIBUIÇÃO DESSA
PRODUÇÃO. ASSIM É QUE INÚMERAS MUDANÇAS OCORRERAM, DESDE AS UNIFICAÇÕES TERRITORIAIS,
FISCAIS, MONETÁRIAS, LEGAIS E POLÍTICAS.
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O INDUSTRIALISMO CRIOU UMA CONTRACIVILIZAÇÃO ESTRANHA, PODEROSA E FEBRILMENTE
ENERGÉTICA EM RELAÇÃO À SOCIEDADE AGRÍCOLA. FOI MAIS DO QUE CHAMINÉS E LINHAS DE
MONTAGEM. FOI UM SISTEMA SOCIAL RICO, MULTIFORME, QUE TOCOU TODOS OS ASPECTOS DA VIDA
HUMANA E ATACOU TODAS AS FEIÇÕES DO PASSADO DA SOCIEDADE AGRÍCOLA.
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PRODUZIU A GRANDE FÁBRICA, MAS TAMBÉM COLOCOU O TRATOR NA FAZENDA, O COMPUTADOR NO
ESCRITÓRIO, A GELADEIRA NA COZINHA. PRODUZIU O JORNAL, O CINEMA, O TREM SUBURBANO E O AVIÃO.
DEU-NOS O CUBISMO, A MÚSICA DE 12 TONS, A BAUHAUS, AS GREVES, AS PÍLULAS DE VITAMINAS E O
PROLONGAMENTO DA DURAÇÃO DA VIDA. UNIVERSALIZOU O RELÓGIO DE PULSO E A URNA ELEITORAL.
MAIS IMPORTANTE, INTERLIGOU TODAS ESSAS COISAS – MONTOU-AS COMO UMA MÁQUINA – E FORMOU O
SISTEMA SOCIAL MAIS PODEROSO, COESO E EXPANSIVO QUE O MUNDO JÁ CONHECEU.
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