VIII SOBER Nordeste Novembro de 2013 Parnaíba- PI - Brasil A IMPORTÂNCIA DA INOVAÇÃO COMO INSTRUMENTO PARA O DESENVOLVIMENTO LOCAL: UMA ANÁLISE DO PÓLO TECNOLÓGICO DE CAMPINA GRANDE – PB Thaís Marculino da Silva (UFCG) - [email protected] Bacharelado em Ciências Econômicas Bianca Guaracy Carvalho da Cruz Lima (UFCG) - [email protected] Bacharelado em Ciências Econômicas Diago Marenilson Oliveira Batista da Silva (UFCG) - [email protected] Bacharelado em Ciências Econômicas Juliana de Sales Silva (UFCG) - [email protected] Professora substituta do curso de Ciências Econômicas VIII SOBER Nordeste Pluralidades Econômicas, Sociais e Ambientais: interações para reinventar o Nordeste rural Parnaíba – PI / A IMPORTÂNCIA DA INOVAÇÃO COMO INSTRUMENTO PARA O DESENVOLVIMENTO LOCAL: UMA ANÁLISE DO PÓLO TECNOLÓGICO DE CAMPINA GRANDE – PB THE IMPORTANCE OF THE INNOVATION AS INSTRUMENT TO THE LOCAL DEVELOPMENT: AN ANALYSIS OF THE TECHNOLOGICAL POLE OF CAMPINA GRANDE – PB Grupo de Pesquisa: Territórios, ruralidade e desenvolvimento. RESUMO A evolução dos processos produtivos num contexto de competição capitalista fez com que o conhecimento e a inovação se tornassem elementos essenciais para a promoção e a manutenção do desenvolvimento de países, estados, cidades, indústrias ou empresas. Nesse contexto, o presente artigo tem como objetivo averiguar a importância da promoção da inovação como estratégia para o desenvolvimento, tomando como objeto de estudo a influência do Pólo Tecnológico da cidade de Campina Grande sobre o desenvolvimento local, através de uma pesquisa descritivo-exploratória. Pode-se constatar que o Pólo Tecnológico é responsável por boa parte da economia do município, que se destaca em sua região, mas não conseguiu promover o desenvolvimento social esperado, pois não há uma integração com o restante da estrutura produtiva local, o que resulta em alta concentração de renda e evasão de mão-de-obra qualificada, prejudicando não só o município como também o próprio Pólo. Palavras-chave: Desenvolvimento local. Inovação. Pólo tecnológico. Campina Grande. ABSTRACT The evolution of the production processes in a context of capitalist competition has made the knowledge and the innovation essential elements to the promotion and the maintenance of the development of countries, states, cities, industries or companies. In this context, the present study has as objective to ascertain the importance of the promotion of innovation as a strategy to the development, taking as study object the influence of the Technological Pole of Campina Grande city on the local development, through a descriptive-exploratory research. It can be inferred that the Technological Pole is responsible from a great part of the city’s economy, which stands out in its region, but couldn’t promote the social development expected, because there isn’t integration with the rest of the local production structure, which results in high concentration of income and evasion of qualified labor, impairing not only the city but also the own Pole. Key words: Local development. Innovation. Technological pole. Campina Grande. 1. INTRODUÇÃO Ao longo da construção do processo histórico da sociedade é possível observar como os avanços tecnológicos, foram fundamentais, promovendo mudanças incrementais e implantando e quebrando paradigmas radicais. 1 Parnaíba, 06 a 08 de novembro de 2013, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural – VIII SOBER Nordeste VIII SOBER Nordeste Pluralidades Econômicas, Sociais e Ambientais: interações para reinventar o Nordeste rural Parnaíba – PI / Pouco a pouco “assistimos” a evolução dos povos, que experimentavam a progressão da técnica que permeou desde a simples descoberta do fogo e com ele a fundição de metais, passando principalmente pelas revoluções energéticas, alcançando por fim, o título de Era do Conhecimento, tendo como pano de fundo a conflagração das inovações tecnológicas. Dentro desse contexto a inovação tecnológica é um elemento fundamental, que assumiu reconhecidamente a posição de propulsor do desenvolvimento humano, acomodando a sociedade do conhecimento que sucede a sociedade Industrial, a um nível de intensas transformações que visam em seu aspecto atenderem as necessidades e a melhoria da qualidade de vida. Nessa perspectiva o desenvolvimento tornou-se adstrito da inovação que em sua definição mais básica pode ser entendido, como “novas ideias”, algo que não se assemelha a padrões anteriores, e que promove resultados, passíveis de serem observados através do aumento da produtividade e, por conseguinte da competitividade, o que em termos econômicos, se configura como promoção para o desenvolvimento de um país. Assim, o objetivo desse artigo é averiguar a importância da promoção da inovação como estratégia para o desenvolvimento, tomando como objeto de estudo a influência do Pólo Tecnológico da cidade de Campina Grande, situada no agreste paraibano, sobre o desenvolvimento local. O Pólo Tecnológico de Campina Grande, que vem se destacando como a nona cidade promissora em avanços tecnológicos do mundo, de acordo uma matéria publicada na revista Newsweek, em abril de 2002 (LIMA, 2005) bem como, a atuação do mesmo como fator determinante na estratégia de desenvolvimento local. À construção do presente artigo atribui-se um caráter descritivo-exploratório, através de fundamentações teórico-práticas apresentadas no decorrer da leitura, tanto relativas aos processos inovativos, como tangenciando questões relacionadas ao papel desempenhado pelo Pólo Tecnológico de Campina Grande. Além dessa introdução, o presente artigo está estruturado de forma sintética em quatro seções. Na seção a seguir, encontra-se uma abordagem do referencial teórico utilizado para construção do entendimento que envolve a temática deste trabalho. Na terceira seção, são apresentadas as principais características e uma análise do Pólo Tecnológico da cidade de Campina Grande, bem como, os principais resultados de uma possível influência do crescimento deste, como fator preponderante na dinâmica de desenvolvimento local. Na quarta e última seção, tem-se as principais conclusões do trabalho. 2 Parnaíba, 06 a 08 de novembro de 2013, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural – VIII SOBER Nordeste VIII SOBER Nordeste Pluralidades Econômicas, Sociais e Ambientais: interações para reinventar o Nordeste rural Parnaíba – PI / 2. ABORDAGEM TEÓRICA Os principais fatores que definem a competitividade e o desenvolvimento de nações, estados, setores e empresas encontram-se, em debates estabelecidos acerca da compreensão da inovação e do conhecimento. De acordo com Campos (2006, p. 109), o estudo da inovação tecnológica sob a ótica do mainstream da teoria econômica, até então predominante, sofreu intensas dificuldades em suas dissoluções, uma vez que, para esta corrente a tecnologia é considerada como um fator exógeno à economia, ou seja, não se reconhece a inovação como um importante elemento na determinação da dinâmica das economias capitalistas. Mesmo em modelos em que endogenizam o progresso tecnológico é possível observar que os elementos que determinam o mesmo, em última instância, são fatores determinados exogenamente, que por sua vez, não são explicados por tais modelos. O forçoso debate em torno da inovação, só começa a ganhar fôlego após a II Guerra Mundial, com as ideias apresentadas por Joseph Schumpeter em sua obra Teoria do Desenvolvimento Econômico e, posteriormente, Capitalismo, Socialismo e Democracia. O autor observa que a inovação cria uma ruptura no sistema econômico, tirando a economia do “estado estacionário” e promovendo as condições necessárias para uma nova rodada de crescimento. Nesse sentido, para Schumpeter (1997) o desenvolvimento econômico representa mudanças que surgem na atividade econômica a partir de fatores endógenos, ou seja, uma mudança espontânea e descontínua nos canais do fluxo, perturbação do equilíbrio, que altera e desloca para sempre o equilíbrio previamente existente. Compreende-se assim, que a análise a qual envolve o debate acerca do desenvolvimento econômico é essencialmente dinâmica. Dito isto, as empresas exercem um papel fundamental, uma vez que, é em seu interior, onde ocorrem as “novas combinações” que, de acordo com a concepção schumpeteriana, incorrem no processo denominado de “destruição criadora”. Como pode ser observado por Hasenclever e Tigre (2002, p. 431): A empresa é concebida como um organismo vivo, em permanente mutação que recebe influências de seu ambiente (mercado), mas ao mesmo tempo é capaz de transformá-lo ou criar novos mercados ou indústrias a partir da introdução de inovações tecnológicas. 3 Parnaíba, 06 a 08 de novembro de 2013, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural – VIII SOBER Nordeste VIII SOBER Nordeste Pluralidades Econômicas, Sociais e Ambientais: interações para reinventar o Nordeste rural Parnaíba – PI / Cabe esclarecer então o que Schumpeter entende por “inovações” ou “novas ideias”. Em síntese, podem ser classificadas primeiramente pela introdução de um novo produto, ou uma nova qualidade de um produto, sobre o qual deve ser criada uma necessidade1 de consumi-lo. Assim como a introdução de um novo método de produção ou comercialização, abertura de um novo mercado para uma indústria, conquista de uma nova fonte de matériaprima e o estabelecimento de uma nova posição de monopólio numa indústria qualquer. (SCHUMPETER, 1961). A realização destas novas combinações, transformando a base técnica e reorganizando a indústria representa o “motor principal” da máquina capitalista que incessantemente revoluciona a estrutura econômica a partir de dentro, incessantemente destruindo a velha e incessantemente criando uma nova, como ressalta (SCHUMPETER, 1961, Cap. II, p. 110): Essas revoluções não são permanentes, num sentido estrito; ocorrem em explosões discretas, separadas por períodos de calma relativa. O processo, como um todo, no entanto, jamais pára, no sentido de que há sempre uma revolução ou absorção dos resultados da revolução, ambos formando o que é conhecido como ciclos econômicos. Este processo de destruição criadora é básico para se entender o capitalismo. É dele que se constitui o capitalismo e a ele deve se adaptar toda a empresa capitalista para sobrevive. Assim, de acordo com Possas (2002), a busca por vantagens competitivas entre as empresas levam a necessidade da constante inovação. Qualquer inovação, nesse sentido amplo, é entendida como resultado da busca constante de lucros extraordinários que, mediante a obtenção de vantagens competitivas entre os agentes (empresas), que procuram diferenciarem-se uns dos outros nas mais variadas dimensões do processo competitivo, tanto os tecnológicos quanto os de mercado (processos produtivos, produtos, insumos, organização; mercados, clientela, serviços pós-venda). (POSSAS, 2002, p. 418). De acordo com Garrido e Cabral (2009) as inovações geram impactos em grande escala e efetivos na sociedade quando se difunde entre empresas, regiões, de maneira a criar novos negócios, empreendimentos e, principalmente, novos mercados. Ainda de acordo com os autores supracitados existem diversos tipos de forças que induzem o desenvolvimento tecnológico e a inovação. Entre eles pode-se citar o chamado “demand-pull”, que se refere às necessidades demonstradas pelos consumidores e sociedade em geral. Nesse sentido, a 1 De acordo com Schumpeter são os produtores empreendedores que introduzem as “inovações”, e através de meios e métodos como a propaganda e s publicidade, criam necessidades até então inexistente nos consumidores. 4 Parnaíba, 06 a 08 de novembro de 2013, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural – VIII SOBER Nordeste VIII SOBER Nordeste Pluralidades Econômicas, Sociais e Ambientais: interações para reinventar o Nordeste rural Parnaíba – PI / necessidade dos consumidores “empurra” e estimula o desenvolvimento de uma nova tecnologia que ajude a satisfazer tal necessidade, e o “technology push” refere-se à tecnologia como um “fator autônomo”, o qual é gerado dos avanços da ciência. O próprio avanço da ciência ”puxa” e gera o desenvolvimento de uma inovação. De posse das proposições teóricas abordadas ao longo dessa seção é possível compreender que a inovação é um dos ativos mais importantes, pois fornece novos métodos para acelerar o desenvolvimento industrial, métodos esses, totalmente dependentes do conhecimento. A compreensão de que a geração de políticas de inovação, é ao mesmo tempo promover investimentos, fornece como resultado uma combinação “ótima”, que não está restrita ao crescimento da empresa ou ramos industriais, mas que afetam diretamente a dimensão qualitativa dos indivíduos de uma sociedade. A promoção de saltos qualitativos passa necessariamente, pela discussão de uma política de inovação que estimule a busca pelo desenvolvimento. 3. O PÓLO TECNOLÓGICO Um Pólo Tecnológico é compreendido como uma área de concentração industrial resultante da interação de um conjunto de empresas com centros de excelência, geralmente interligados a universidades de alto nível. O Pólo Tecnológico se caracteriza pelo intercâmbio de informações, a troca de experiências e de serviços que facilitam a utilização de recursos humanos de qualidade, a contratação de projetos tecnológicos, o acesso a centros de pesquisa, a bibliotecas, a serviços de documentação especializada. (ESPÍNOLA et al., 20??). Tipicamente, as empresas que integram esse tipo de Pólo são denominadas de Empresas de Base Tecnológica (EBTs) que sustentam suas estratégias de gestão e suas linhas de processos, produtos e serviços em novas tecnologias, envolvendo as áreas administrativas, gerenciais, econômicas, financeiras, de capacitação e pesquisa. (ESPÍNOLA et al., 20??). Para Vilar e Lima (2006) a Empresa de Base Tecnológica é aquela que lida essencialmente com produção e/ou utilização de criação, ou seja, que tem como ativo ou matéria-prima principal invenções, modelos de utilidades, desenhos industriais, produtos de software, entre outros. São empresas, que se baseiam no domínio intensivo do conhecimento científico e tecnológico. 5 Parnaíba, 06 a 08 de novembro de 2013, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural – VIII SOBER Nordeste VIII SOBER Nordeste Pluralidades Econômicas, Sociais e Ambientais: interações para reinventar o Nordeste rural Parnaíba – PI / 3.1. O Pólo Tecnológico de Campina Grande - PB 3.1.1. Breve histórico A cidade de Campina Grande está localizada na mesorregião, do agreste paraibano. De acordo com estimativas, conta atualmente com 389.995 habitantes, sendo a segunda cidade mais populosa da Paraíba. Sua fundação ocorreu em 1697, mas é só em 1864 que Campina Grande a passa ser reconhecida oficialmente como cidade. Sua localização e seu desenvolvimento se deram a partir da necessidade de atender os demais municípios do estado, o que contribuiu pra transformar a cidade num entreposto comercial. No inicio do século XX Campina Grande chegou a ser o segundo maior centro de algodão do mundo perdendo apenas para a cidade de Liverpool, na Inglaterra. Não esquecendo sua vocação, atualmente a cidade vem se destacando com os avanços tecnológicos promovidos na cultura do algodão colorido. (LIMA, 2005) Para Lima (2005) a mesma visão dos que estabeleceram o entreposto comercial, inspirou mais tarde a criação de um entreposto cultural. A partir de decisões políticas e econômicas houve um investimento na forte vocação cultural da cidade através da implantação uma infraestrutura educacional de porte, suficiente para iniciar uma nova era, que elevou a cidade à condição de celeiro da tecnologia, com alguns de seus cursos situados entre os melhores do país, além de comportar um crescente parque industrial, produzindo desde artefatos de couro até software para exportação. Esse delineamento peculiar resultou numa citação da revista Newsweek, em abril de 2002, (LIMA, 2005) que classificou Campina Grande como uma das nove Tech Cities do mundo, graças ao trabalho desenvolvido pelo Pólo. De acordo com Lima (2005) as principais instituições fomentadoras do Pólo Tecnológico da cidade são: 1909 – Criação do CEFET-PB (hoje IFPB) 1942 – Criação do SENAI-PB (sistema CNI) 1952 – Criação da Escola Politécnica de Campina Grande (hoje UFCG) 1955 – Criação da UEPB (Segunda Universidade Estadual no país) 1957 – Criação da FUNDACT, primeiro agente de fomento em C&T criada por um município 1963 – Criação do curso de Engenharia Eletro-eletrônica 1965 – Início de programas de cooperação internacional (França, Reino Unido, Canadá, EUA, Japão, Alemanha, China) 6 Parnaíba, 06 a 08 de novembro de 2013, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural – VIII SOBER Nordeste VIII SOBER Nordeste Pluralidades Econômicas, Sociais e Ambientais: interações para reinventar o Nordeste rural Parnaíba – PI / 1967 – Criação da ATECEL (viabilização de projetos) 1967 – Criação da APEL (empresa que surgiu dentro da UFPB) 1968 – Instalação do primeiro computador fora do Sudeste e Sul 1970 – Criação da pós-graduação em Informática 1971 – Criação da ETER (Escola Técnica de Eletrônica) 1975 – Criação da graduação em Informática 1984 – Criação da Fundação Parque Tecnológico da Paraíba (Paqtc-PB) 1989 – Criação da Secretaria de Ciência e Tecnologia em Campina Grande 1992 – Criação do Programa Paraibano de Design 1994 – Construção da atual sede do PaqTc-PB, onde se encontra a Incubadora Tecnológica de Campina Grande (ITCG) 2002 – Credenciamento da UFCG/DSC junto ao MCT/CATI 2002 – Criação do Instituto OásisTech 2003 – Instalação do Conselho Municipal de C&T de Campina Grande e Reinstalação do Conselho Estadual de C&T 2003 – Início da construção do Oásis Digital. 3.1.2. Contribuição para o crescimento e desenvolvimento local O Pólo Tecnológico de Campina Grande possuía 100 empresas em 2008 e criava 1000 empregos diretos, respondendo por 20% da economia do município, em 2006 o Pólo faturou R$ 150 milhões de reais, ou seja, 5,5% do PIB local. Conscientes de sua importância para a economia da cidade, os governos local e federal adotam uma série de políticas públicas direcionadas ao setor, como redução pela metade dos impostos sobre as exportações de TI do governo federal, a redução do ICMS pelo governo estadual e do ISS pelo governo municipal. (BARROS, 2008). Além disso, o Pólo contribui para a elevação do salário médio da população para R$ 2,9 mil reais, o dobro da região, o que, vem atraindo uma gama de profissionais de alta qualificação de todo o mundo, cerca de 250 pessoas por ano ingressam na cidade para preencher as vagas de Ciência da Computação e Engenharia Elétrica da UFCG, Campina Grande possui proporcionalmente o maior número de PhDs do Brasil, 600. (BARROS, 2008) No entanto, os ganhos econômicos gerados pelo Pólo ainda não possuem o mesmo reflexo no âmbito social, uma vez que, apesar dos altos salários, as empresas possuem, em média, apenas 10 empregados, mostrando que dentro da média salarial da cidade está 7 Parnaíba, 06 a 08 de novembro de 2013, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural – VIII SOBER Nordeste VIII SOBER Nordeste Pluralidades Econômicas, Sociais e Ambientais: interações para reinventar o Nordeste rural Parnaíba – PI / embutida uma forte concentração de renda, mesmo considerando que também há muitos profissionais atuando como professores e pesquisadores nas universidades da cidade. Segundo dados do Atlas do Desenvolvimento Humano do Brasil (2013), 76,06% dos ocupados do município possuíam rendimento de até dois salários mínimos em 2010, o índice de Gini era 0,58 e os 20% mais ricos da população se apropriava de 62,94% da renda. Segundo Vilar e Lima (2006) a absorção da mão de obra qualificada gerada pelas universidades ainda é muito pequena, tanto de graduados como de mestre e doutores. Esse fenômeno é provocado pela forte competição de salários que provoca uma evasão de mão de obra qualificada para outros Pólos Tecnológicos do país como o da cidade de Curitiba ou o Porto Digital em Recife, que, de certa forma são mais desenvolvidos que o Pólo campinense, visto que na cidade se desenvolveu uma espécie de ilha de tecnologia, pois os setores mais tradicionais da economia local não incorporaram os avanços tecnológicos e, portanto, não participaram do processo de absorção e difusão da tecnologia, o que diminui tanto o poder de retenção de mão-de-obra qualificada no município, como também o mercado para as EBTs locais. (CARDOSO, 2002; KARAM, 2001) 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Considerando a importância do conhecimento e da inovação para o contínuo desenvolvimento econômico o município de Campina Grande foi pioneiro no Brasil ao promover uma estrutura que resultou em um sólido Pólo Tecnológico. Nesse sentido, após mais de um quanto de século o Pólo se tornou um elemento importante dentro da economia para o município, representando não só uma grande parte das receitas como também uma fonte de empregos qualificados e bem remunerados, destacando a cidade em sua região e atraindo a atenção de profissionais e empresas de todo o mundo. Contudo, o simples desenvolvimento do Pólo Tecnológico acompanhado de algumas políticas públicas de incentivo não foram capazes de promover o desenvolvimento econômico e social que é idealizado para um empreendimento deste porte. Visto que na cidade se desenvolveu uma ilha de tecnologia, que absorve uma quantidade relativamente pequena de mão-de-obra qualificada, enquanto todo o restante da estrutura produtiva não acompanhou o desenvolvimento tecnológico do Pólo local, o que implica em grandes desigualdades sociais. Sendo assim, apesar de alguns bons resultados obtidos e da importância do Pólo Tecnológico para o município de Campina Grande, ainda há muito que desenvolver e é 8 Parnaíba, 06 a 08 de novembro de 2013, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural – VIII SOBER Nordeste VIII SOBER Nordeste Pluralidades Econômicas, Sociais e Ambientais: interações para reinventar o Nordeste rural Parnaíba – PI / necessário que o e mesmo, juntamente com as políticas públicas de incentivo a produção, se integrem mais ao restante da estrutura produtiva local, a fim de promover não só o desenvolvimento local, aumentando o número de empregos e diminuindo a concentração de renda, como também de aumentar a competitividade das EBTs locais, que sofre forte concorrência pela mão-de-obra qualificada, através da melhoria da estrutura produtiva e da criação de um novo mercado consumidor para os seus produtos. REFERÊNCIAS ATLAS do desenvolvimento humano no Brasil 2013. 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