15
Universidade do Estado do Pará
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde
Escola de Enfermagem “Magalhães Barata”
Programa de Pós-Graduação em Enfermagem – Mestrado
Dione Seabra de Carvalho
TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ESTOMIZADOS:
construção de um guia de orientação para cuidados com a pele
periestoma
Belém-Pará
2014
15
Dione Seabra de Carvalho
TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ESTOMIZADOS:
construção de um guia de orientação para cuidados com a pele
periestoma
Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação do Curso de Mestrado Associado em
Enfermagem da Escola de Enfermagem “Magalhães
Barata” do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde
da Universidade do Estado do Pará e da Universidade
Federal de Manaus, como requisito para exame de
defesa. Em cumprimento às exigências para obtenção
do título de Mestre em Enfermagem.
Linha de pesquisa: Educação e tecnologias de
enfermagem para o cuidado em saúde a indivíduos e
grupos sociais.
Orientadora: Profª. Drª. Ana Gracinda Ignácio da
Silva.
Belém-Pará
2014
15
Dados Internacionais de Catalogação na publicação
Biblioteca do Curso de Enfermagem da UEPA – Belém - Pá
C331t
Carvalho, Dione Seabra de
Tecnologia educacional para estomizados: construção de um guia de
orientação para cuidados com a pele periestoma. / Dione Seabra de Carvalho ;
Orientadora: Ana Gracinda Ignácio da Silva. -- Belém, 2014.
183f. ; 30 cm
Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Universidade do Estado do
Pará, Belém, 2014.
1. Intestinos - Cirurgia. 2. Autocuidado. 3. Cuidados pessoais com a saúde. 4.
Tecnologia educacional. 5. Educação em saúde. I. Silva, Ana Gracinda Ignácio da
(Orient.). II. Título.
CDD: 21 ed. 617.554
15
Dione Seabra de Carvalho
TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA ESTOMIZADOS:
construção de um guia de orientação para cuidados com a pele
periestoma
Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação do Curso de Mestrado Associado em
Enfermagem da Escola de Enfermagem “Magalhães
.
Barata” do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde
da Universidade do Estado do Pará e da Universidade
Federal de Manaus, como requisito para exame de
defesa. Em cumprimento às exigências para obtenção
do título de Mestre em Enfermagem.
Linha de pesquisa: Educação e tecnologias de
enfermagem para o cuidado em saúde a indivíduos e
grupos sociais.
Orientadora: Profª. Drª. Ana Gracinda Ignácio da
Data: ___/___/___
Banca Examinadora
________________________________________ - Orientadora
Profª. Drª. Ana Gracinda Ignácio da Silva
Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ)
________________________________________ - Examinador interno
Profª. Drª. Maria Izabel Penha
Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ)
________________________________________ - Examinador externo
Profª. Drª. Ilma Pastana Ferreira
Dra. em Enfermagem (Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ)
Belém-Pará
2014
15
Dedico ao DEUS eterno por fortalecer
meu viver e me dar sabedoria nessa
caminhada de minha existência. Adorote, Senhor, porque és fiel e tuas
promessas nunca se esgotam.
15
AGRADECIMENTOS
A Deus por ter me dado força e perseverança nessa caminhada, durante todos
esses meses de desafio e agora na finalização deste trabalho, tornando possível a
realização de mais um sonho. Obrigada Deus soberano, misericordioso e
sustentador da vida.
A minha mãe, que com sua simplicidade e dificuldade investiu em minha formação
como pessoa e profissional.
A minha orientadora, professora Dra. Ana Gracinda, minha admiração e
agradecimento especial. Tive a felicidade de conhecê-la no percurso do mestrado,
um exemplo de pessoa e profissional. Acreditou neste projeto, dividiu sua
experiência e trabalhou junto para que ele se tornasse possível. Obrigada pelos
ensinamentos.
A minha filha, tesouro dado por Deus que entendeu as minhas ausências no seu
dia a dia para trilhar essa caminhada do mestrado. Meu amor incondicional.
A Sabrina minha querida sobrinha, filha, amiga e companheira pelo incentivo, apoio
e formatação dos slides das minhas apresentações.
Ao meu amor, amigo e companheiro Maurício Nascimento, pelo carinho, incentivo,
apoio, compreensão. Por acreditar no meu potencial, me auxiliando e orientando nas
dificuldades do dia a dia.
A minha amiga enfermeira Marcia Helena Nascimento, por ter idealizado a
construção deste trabalho, me apoiando e me incentivando na busca do mestrado,
por ter me atendido e me orientado sempre que necessário.
A minha amiga enfermeira Sandra Ferreira, companheira e parceira, pelos
ensinamentos quanto aos cuidados com os estomizados. Pessoa maravilhosa,
dedicada, exemplo de profissional.
Ao amigo enfermeiro Levindo Braga, pelo companheirismo, contribuições e
dedicação ao participar na construção deste estudo.
15
Aos professores do Mestrado Acadêmico em Enfermagem da Universidade do
estado do Pará, que contribuíram de forma significativa para meu aperfeiçoamento
profissional.
Às professoras Doutoras Maria Izabel Penha e Ilma Pastana Ferreira, pelo aceite
em compor a banca para a sustentação deste trabalho, e pelas valiosas
contribuições.
Aos colegas da turma do Mestrado Associado em Enfermagem da UEPA/UFAM,
turma 2012, pelos momentos especiais nestes dois anos de aprendizado.
Aos estomizados participantes do estudo, pela disposição em contribuir com esta
pesquisa, por compartilharem suas angústias, sofrimentos, dificuldades, superação,
experiências, saberes, conhecimentos e pela relação de confiança estabelecida. Sua
disponibilidade foi imprescindível para a concretização desta dissertação.
E, por fim, a todas as pessoas que direta ou indiretamente contribuíram para a
realização deste estudo.
15
Não é o mais forte que sobrevive, nem
o mais inteligente, mas o que melhor
se adapta às mudanças.
Charles Darwin
15
CARVALHO, Dione Seabra. Tecnologia Educacional para Estomizados:
construção de um guia de orientação para os cuidados com a pele periestoma.
2014. 183 f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Universidade do Estado do
Pará, Belém, 2014.
RESUMO
Este estudo trata da construção de uma tecnologia educacional para mediar a
orientação sobre os cuidados com a pele periestoma de pessoas estomizadas. Teve
como objetivo geral: construir uma tecnologia educacional (guia) de orientação sobre
os cuidados com a pele periestoma em parceria com os estomizados acolhidos em
um Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada, no sentido de instrumentalizá-los
quanto à prevenção da dermatite periestoma, com vistas a diminuir a frequência
desta complicação nestes usuários. Os específicos: identificar as condições que
interferem no autocuidado com a pele periestoma pelo estomizado; verificar quais os
cuidados dos estomizados com a pele periestoma que poderiam contribuir com o
conteúdo tecnológico para o autocuidado; levantar os cuidados com a pele
periestoma referenciados na literatura, que fossem apropriados ao cotidiano dos
estomizados. As Tecnologias Educacionais são ferramentas importantes para a
realização do trabalho educativo e o desempenho do processo de cuidar. Pesquisa
de abordagem qualitativa, utilizando o método da pesquisa-ação; coleta dos dados
através da técnica do grupo focal com oito estomizados. A análise dos registros foi
de conteúdo do tipo temática, que originou quatro categorias: o material educativo
como fonte de conhecimento; dificuldades para o cuidado com a pele periestoma;
autocuidado com a pele periestoma; e tecnologia educacional para estomizados. A
partir desses dados foi possível a construção da tecnologia educacional. Portanto,
torna-se relevante a contribuição de tecnologias educativas escritas no contexto da
educação em saúde e o papel desse recurso para se promover a saúde, prevenir
complicações, desenvolver habilidades e favorecer a autonomia e confiança do
paciente.
PALAVRAS-CHAVE: Tecnologia educacional, Educação em saúde, Autocuidado,
Enfermagem, Pele periestoma.
15
CARVALHO, Dione Seabra. Educational Technology for Stomized: construction of an
orientation guide for the care with the peristoma skin. 2014. 183 f. Dissertation
(Master in Nursing) - University of the State of Pará, Belém, 2014.
ABSTRACT
This study introduces the construction of an educational technology to measure the
orientation about the cares with the skin peristoma of stomized people. Its general
objective is: build an educational technology (guide) of orientation about the care of
the skin peristoma in partnership with stomized welcomed in a Attention Service of
People Stomized, in the sense to instrumentalize them about the prevention of
dermatitis peristoma with order to decrease the frequency of this complication in
users. Specifics: identify the conditions that interfere in the self-care with the
peristoma skin of people stomized; check which the cares with the stomized with the
peristoma skin that could contribute to the technological content for self-care; lift the
care with the peristoma skin referenced in the literature, which were appropriated to
the daily lives of ostomates. The Educational Technologies are important tools for the
realization of the educational work and performance of the care process. Research of
approach qualitative using the method of action research; data collection through
focus group technique with eight stomized. The analysis of the records was thematic
content, which originated four categories: the educational material as a source of
knowledge; difficulties to the care with the peristoma skin; self-care with peristoma
skin; and educational technology to stomized. From these data it was possible the
construction of educational technology. Therefore, it becomes important the
contribution of written educational technologies in the context of health education and
the role of this feature to promote health, prevent complications, develop skills and
promote autonomy and patient confidence.
KEYWORDS: Educational Technology, Health Education, Self-Care, Nursing,
peristoma Skin.
15
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Dermatite irritativa...................................................................... 30
Figura 2: Dermatite alérgica...................................................................... 30
Figura 3: Dermatite por trauma mecânico................................................. 31
Figura 4: Dermatite por infecção............................................................... 31
Figura 5: Dispositivo peça única................................................................ 33
Figura 6: Dispositivo duas peças............................................................... 33
Figura 7: Bases planas.............................................................................. 33
Figura 8: Bases convexas......................................................................... 33
Figura 9: Cinto elástico.............................................................................. 34
Figura 10: Presilhas para bolsas drenáveis............................................... 34
Figura 11: Guia de mensuração................................................................. 35
Figura 12: Filtro de carvão......................................................................... 35
Figura 13: Solução lubrificante neutralizadora de odor.............................. 36
Figuras 14, 15 e 16: Películas protetoras de pele periestoma................... 36
Figura 17: Pasta niveladora........................................................................ 37
Figura 18: Pó protetor................................................................................. 37
Figura 19: Higienizador de pele.................................................................. 38
15
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Caracterização dos participantes da pesquisa..................................... 75
Quadro 2: Percepção dos estomizados sobre o material educativo que esclareça
sobre os cuidados com a pele periestoma.............................................................. 76
Quadro 3: Condições que interferem no cuidado com a pele periestoma............. 79
Quadro 4: Autocuidado com a pele periestoma..................................................... 84
Quadro 5: Temas para conter no material educativo ......................................... 90
15
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABL - Academia Brasileira de Letras
ABRASO - Associação Brasileira de Ostomizados
AOPA – Associação dos Ostomizados do Pará
BDENF - Bases de Dados de Enfermagem
BVS - Biblioteca Virtual de Saúde
CEP – Comitê de Ética e Pesquisa
LILACS - Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde
RIL - Revisão Integrativa de Literatura
SOBEST - Associação Brasileira de Estomaterapia
SUS – Sistema Único de Saúde
TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
UEPA – Universidade do Estado do Pará
URES - Unidade de Referência Especializada em Saúde
15
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 15
1.1. Sobre o tema em estudo ................................................................................... 16
1.2. Justificativa ....................................................................................................... 19
1.3. Problematização................................................................................................ 21
1.4. Questões norteadoras ...................................................................................... 23
1.5. Objetivos ........................................................................................................... 24
2. REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................. 25
2.1. Estoma: Conceito, aspectos históricos, classificação, causas e complicações . 26
2.2. Dispositivos, acessórios e adjuvantes de proteção para o cuidado dos
estomizados ..................................................................................................... 32
2.3. Cuidados com a pele periestoma e troca do dispositivo coletor ...................... 38
2.4. Autocuidado ..................................................................................................... 41
2.4.1. A Teoria do Déficit do Autocuidado- segundo Orem ..................................... 42
2.5. Tecnologias em Enfermagem .......................................................................... 45
2.6. O cuidar Educativo do Enfermeiro com a pele periestoma de estomizados
intestinal e urinário: Estado da arte ................................................................. 48
CATEGORIA A: A Importância do autocuidado para a qualidade de vida do
estomizado mediada por tecnologia educacional .................................................... 50
CATEGORIA B: Autopercepção e percepção do profissional que cuida ................ 52
3. TRAJETÓRIA METODOLÓGICA ...................................................................... 54
3.1.
Método e tipo de estudo ................................................................................ 55
3.1.1. Considerações sobre o método Pesquisa-Ação ........................................... 56
3.2.
Cenário da pesquisa ..................................................................................... 61
3.3.
Participantes da pesquisa ............................................................................. 62
3.4.
Coleta de dados ............................................................................................ 62
3.4.1. O grupo focal no contexto deste estudo ....................................................... 64
3.4.2. Passo a passo da coleta de dados ............................................................... 65
3.5.
Aspectos éticos ............................................................................................. 68
3.5.1. Riscos e benefícios ....................................................................................... 70
3.6.
Análise dos dados ......................................................................................... 70
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 73
15
4.1.
Caracterização dos participantes .................................................................. 74
4.2.
Categorias identificadas ................................................................................ 76
4.2.1 CATEGORIA 1: O material educativo como fonte de conhecimento .............. 76
4.2.2. CATEGORIA 2: Dificuldades para o cuidado com a pele periestoma
....................................................................................................................................79
4.2.3. CATEGORIA 3: O autocuidado com a pele periestoma .................................84
4.2.4. CATEGORIA 4: Tecnologia educacional para estomizado............................90
4.2.4.1. A CONSTRUÇÃO DA VERSÃO FINAL DA TECNOLOGIA EDUCACIONAL
...................................................................................................................................94
4.2.4.2. VERSÃO FINAL DA TECNOLOGIA EDUCACIONAL .................................96
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 120
6. REFERÊNCIAS ................................................................................................ 124
7. APÊNDICES .................................................................................................... 135
8. ANEXOS .......................................................................................................... 180
15
I. INTRODUÇÃO
16
1.1. Sobre o tema em estudo
Este estudo trata da construção de uma tecnologia educacional para
mediar a orientação sobre os cuidados com a pele periestoma de pessoas
estomizadas1.
A tecnologia ainda é muito relacionada a máquinas, computadores,
equipamentos, e pouco relacionada com saberes. No entanto, é considerada como
um elemento essencial na construção do “saber-fazer” da saúde, inclusive da
enfermagem, permeando e influenciando suas bases teórico-práticas (MEIER,
2004). Para Nietsche et al. (2005), tecnologia é o resultado de processos
concretizados a
partir
de
experiência
cotidiana
e
da
pesquisa,
para
o
desenvolvimento de um conjunto de conhecimentos científicos para a construção de
produtos materiais ou não, com a finalidade de provocar intervenções sobre uma
determinada situação prática. Além disso, as tecnologias desenvolvidas por
enfermeiros devem ter como finalidade facilitar seu trabalho e melhorar a qualidade
da assistência por eles prestada.
Na área da saúde, a temática da tecnologia assume papel importante no
cotidiano dos profissionais. Para além de máquinas e equipamentos, estão à
disposição dos profissionais e usuários os mais diversos tipos de tecnologias:
educacionais (dispositivos para a mediação de processos de ensinar e aprender,
utilizados entre educadores e educandos, nos vários processos de educação formalacadêmica, formal-continuada); gerenciais (dispositivos para a mediação de
processos de gestão, utilizados por profissionais nos serviços e unidades dos
diferentes sistemas de saúde); assistenciais (dispositivos para a mediação de
processos de cuidar, aplicados por profissionais com os clientes-usuários dos
sistemas de saúde – atenção primária, secundária e terciária) (PRADO et al., 2009;
NIETSCHE et al., 2005).
1
Pessoas Estomizadas: são aquelas cujo trato intestinal e/ou urinário é desviado cirurgicamente do
seu trajeto natural, não exercendo mais controle sobre essas eliminações (CASCAIS, MARTINI e
ALMEIDA, 2007).
.
17
As tecnologias em saúde são classificadas como leves, leves-duras e
duras.
A
tecnologia
dura
é
representada
pelo
material
concreto,
como
equipamentos, mobiliário; a tecnologia leve-dura inclui os saberes estruturados
representados pelas disciplinas que operam em saúde, a exemplo da clínica médica,
odontológica, epidemiológica, entre outras; e a tecnologia leve se expressa como o
processo de produção da comunicação, das relações, de vínculos que conduzem ao
encontro do usuário com necessidades de ações em saúde (MEHRY, 2002).
No campo da saúde, embora as categorias tecnológicas se interrelacionem, não deve prevalecer a lógica do “trabalho morto”, aquela expressa nos
equipamentos e saberes estruturados. O ser humano necessita das tecnologias de
relações, de produção de comunicação, de acolhimento, de vínculos, de
autonomização, denominadas “tecnologias leves”. Essas tecnologias têm sempre
como referência o trabalho que se revela como ação intencional sobre a realidade
na busca de produção de bens/produtos que, necessariamente, não são materiais,
duros, palpáveis, mas podem ser simbólicos (SILVA et al., 2008). No contexto da
saúde, as Tecnologias Educacionais integram o grupo das tecnologias leves,
denominadas tecnologia de relações. São ferramentas importantes para a realização
do trabalho educativo e o desempenho do processo de cuidar (MERHY, 2002).
Uma tecnologia educacional voltada para orientar pessoas estomizadas é
importante, haja vista que, todos os anos, várias pessoas se submetem a
procedimentos cirúrgicos que resultam em estoma. Esse procedimento gera
inquietação, dúvida e questionamentos sobre suas novas possibilidades de bemestar, interação social e qualidade de vida, frente a essa nova condição física que
resulta, também, em alteração da imagem corporal (NASCIMENTO, 2010).
Os termos “ostomia”, “estoma” e “estomia” vêm de stoma, uma palavra de
origem grega e significa “abertura” ou “boca”, utilizada para designar a exteriorização
de um órgão através do corpo quando há necessidade de desviar, temporária ou
permanentemente, o trânsito normal da alimentação, ventilação e/ou eliminações
(STUMM et al., 2008). Incluem-se as situações em que é criada, artificialmente, uma
ligação do organismo para o exterior, como, por exemplo, a traqueostomia e a
colostomia (WACHS, 2007).
Em 2004, a Associação Brasileira de Estomaterapia (SOBEST) fez
consulta à Academia Brasileira de Letras (ABL) sobre o uso dos termos “estomia” ou
“ostomia”, tendo em vista o uso corrente da palavra “ostomia”. A ABL, em resposta,
18
esclareceu que “estoma” e “estomia” provêm do grego stoma. Associado a
“colo”(“cólon”) mais o sufixo -ia, por exemplo, forma a palavra “colostomia”. O
lexicógrafo-chefe, Sérgio Pachá, observa que a letra “o” presente na palavra
“colostomia” não pertence a “estoma”, e sim à palavra “colo”(“cólon”). Segundo o
especialista os termos corretos são “estoma” e “estomia”. A partir daí a SOBEST
passa a adotar a palavra “estomia”, enquanto que a Associação Brasileira de
Ostomizados (ABRASO) permanece utilizando “ostomia”, devido ao uso frequente e
sua visibilidade na indicação para políticas públicas (ESTEVES, 2009). Neste estudo
o termo utilizado será “estoma”.
Considerando-se os tipos de estoma, a colostomia é a mais frequente.
Caracteriza-se pela exteriorização do cólon através da parede abdominal, com o
objetivo de eliminação fecal. Já a abertura artificial entre o íleo, no intestino delgado,
e a parede abdominal, denomina-se ileostomia. A urostomia consiste na
exteriorização de condutos urinários para a parede abdominal, e é realizada em
pacientes portadores de doenças que envolvem a pelve renal, ureteres, bexiga e
uretra, com o objetivo de preservar a função renal (STUMM et al., 2008). As pessoas
que são submetidas à confecção de estoma intestinal e/ou urinário geralmente são
chamadas de ostomizadas ou estomizadas.
De acordo com a etiologia da doença, o cirurgião indica a realização de
um estoma temporário ou definitivo. Os temporários são aqueles que posteriormente
permitirão o restabelecimento da continuidade do trato intestinal, desde que se tenha
resolvido o problema que levou à confecção do estoma. Os definitivos ou
permanentes são realizados quando não existe a possibilidade de restabelecer o
trânsito intestinal, uma vez que o segmento distal do intestino foi extirpado (AGUIAR,
2009).
Para facilitar e auxiliar a reabilitação da pessoa estomizada são
oferecidos vários produtos, dentre os quais se destacam os equipamentos coletores
e os adjuvantes de proteção de pele que possibilitam maior conforto e melhor
qualidade de vida a essas pessoas. Além do uso do equipamento correto, o
estomizado requer um atendimento individualizado devido às transformações
radicais ocorridas em sua vida (MATSUBARA et al., 2012). Essas transformações
são limitações e dificuldades que podem ser minimizadas quando acompanhadas de
trabalho multiprofissional, no qual a enfermagem é de extrema importância,
oferecendo informações e cuidados, apoio e orientação à família e, principalmente, o
19
acompanhamento durante e após seu período de adaptação (WACHS, 2007). Esta
pesquisa propõe uma tecnologia educacional para auxiliar pessoas estomizadas no
autocuidado com a pele periestoma.
1.2. Justificativa:
A convivência com o estoma exige da pessoa a adoção de inúmeras
medidas de adaptação e reajustamento às atividades do dia a dia, incluindo-se
nestas o aprendizado das ações de autocuidado com o estoma e com a pele
periestoma2. As ações específicas de autocuidado do estomizado são baseadas em
três fatores: a higiene do estoma e pele periestoma, a observação do estoma e pele
periestoma e os cuidados com o sistema coletor (YAMADA e YAMADA, 2012). Uma
assistência de enfermagem adequada, visando à reabilitação do estomizado,
minimiza as consequências biopsicossociais decorrentes de um estoma (MARTINS
e SILVA, 2006).
Quando o enfermeiro orienta e ensina o cuidado com o estoma e pele
periestoma ao estomizado, é importante que os procedimentos ligados aos cuidados
com a pele, manuseio dos dispositivos, remoção, troca e manutenção da bolsa
coletora sejam desenvolvidos em passos sequenciais lógicos, a fim de que possam
ser transportados para as situações do dia a dia no próprio domicílio (CEZARETTI,
1998).
Uma boa assistência de enfermagem deve começar no pré-operatório,
com a avaliação, orientações e cuidados com o preparo necessário para o
enfrentamento da cirurgia. E deve ser continuada durante o período em que a
pessoa permanece estomizada. O usuário deve ser orientado, ensinado e treinado
quanto às habilidades para assumir o seu autocuidado, envolvendo todos os
cuidados necessários em se tratando da manipulação do estoma, como: limpeza da
pele periestoma, especificação e disponibilidade dos dispositivos e adjuvantes de
proteção (LUZ et al., 2009).
A qualidade de vida do estomizado também é influenciada pelas afecções
da pele periestoma, e muitos fatores podem contribuir para isso. Primeiro, porque
2
Pele periestoma: é a pele ao redor do estoma, que deve estar lisa, íntegra, sem lesões ou
ferimentos (CROHNISTAS DA ALEGRIA..., 2013).
20
existe a dor originada pela própria afecção, a qual pode ser extrema ao remover a
base adesiva; segundo, porque o aumento na eliminação de efluentes e a
associação com o mau odor podem resultar num estigma e embaraço, com a recusa
e afastamento de atividades sociais. Além de os gastos econômicos associados às
despesas em busca de atendimento especializado, secundário às desordens da pele
periestoma, poderem ter um impacto real no estomizado e na sua qualidade de vida
(YAMADA e YAMADA, 2012).
Para embasar a importância desta pesquisa, foi realizada uma Revisão
Integrativa de Literatura (RIL) para conhecer o estado da arte sobre o cuidar
educativo do enfermeiro com a pele periestoma de estomizados intestinal e urinário,
e identificar evidências científicas disponíveis sobre esse cuidado. A pesquisa foi
realizada eletronicamente, nos bancos de dados: Literatura Latino-Americana e do
Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Base de Dados de Enfermagem (BDENF),
vinculados à Biblioteca Virtual de Saúde (BVS). Foram utilizados para busca dos
artigos, os seguintes descritores e suas combinações na língua portuguesa: cuidado
com o ostomizado; ostomizado; cuidado com a pele periestoma; ostomizados e
autocuidado; ostomia; tecnologia educacional e ostomia; ostomia e enfermagem.
Adotou-se como recorte temporal o período de 2001 a 2012. Foram encontrados 84
artigos sobre o tema. Ao serem analisados, verificou-se que 56 encontravam-se
repetidos, restando apenas 28 artigos que falavam sobre o assunto.
A maioria dos artigos analisados foi de pesquisa de campo, publicados
em revistas de Enfermagem; a abordagem, qualitativa descritiva exploratória; os
sujeitos, predominantemente estomizados; os locais de pesquisa, em serviços de
estomaterapia; a coleta de dados, por meio de entrevistas; o tipo de análise mais
utilizada foi a de conteúdo; as Regiões com maior número de pesquisas, o Sul e
Sudeste, com destaque em São Paulo; os temas mais abordados foram em relação
ao principal motivo da confecção do estoma e sobre as complicações de pele,
indicando a dermatite periestoma como a mais frequente. Das 28 publicações
analisadas, nove abordaram sobre a importância dos cuidados e a educação em
saúde com os estomizados, com incentivo ao autocuidado.
Os resultados apontaram que há uma fragilidade na área do cuidar
educativo do enfermeiro com esses pacientes e, portanto, a importância de realizar
pesquisas que resultem concretamente em um trabalho educativo com os mesmos,
21
como forma de contribuir na prevenção de complicações, como a dermatite
periestoma, uma das complicações mais frequentes nesses pacientes.
Diante disso, acredita-se que a construção de uma tecnologia educacional
(guia) como estratégia e instrumento de apoio terapêutico contendo orientações
específicas sobre os cuidados com a pele periestoma do estomizado contribuirá na
prevenção de complicações (dermatite periestoma), objetivando uma boa adaptação
dos dispositivos coletores, estimulando o seu autocuidado e visando à sua qualidade
de vida. Além disso, auxiliará no conhecimento dos familiares e/ou cuidadores dos
estomizados que também participam desse cuidado; dos profissionais de
enfermagem, pois será um instrumento educacional para auxiliar e mediar o cuidado
ao estomizado, assim como, para a comunidade acadêmica é um incentivo em
conhecer as reais necessidades dessa clientela e desenvolver trabalhos educativos
que possam estimular o seu autocuidado.
1.3. Problematização
A escolha em desenvolver o estudo surgiu na vivência como enfermeira
assistencial no Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada da Unidade Referência
Especializada em Saúde (URES) – Presidente Vargas. Onde, por ocasião da
consulta de enfermagem ao estomizado para a avaliação e reavaliação do estoma,
da pele periestoma e indicação do equipamento coletor, percebeu-se a dificuldade
dos mesmos e/ou familiar cuidador no manuseio do equipamento coletor, assim
como no cuidado com a pele periestoma.
Observou-se com certa frequência, no decorrer de uma semana no
Serviço, durante as consultas de enfermagem para avaliação e reavaliação, que
entre 12 estomizados atendidos, em média cinco deles apresentavam lesões de pele
periestoma graves, ou, mesmo que não fosse grave, dificultava a aderência da base
adesiva à pele, levando a perdas frequentes de equipamento coletor. Esse problema
(lesão de pele periestoma) também causa dor, desconforto e sensibilidade local.
Isso provavelmente ocorre pelo pouco conhecimento dos usuários sobre o
modo de cuidar nesses casos, o que pode levá-los à baixa autoestima, já que os
mesmos relataram e demonstraram durante a avaliação dores intensas no local,
mostraram-se angustiados e inseguros, e comentaram sobre suas dificuldades e dos
seus familiares no dia a dia em lidar com essa situação. Essa situação vai ao
22
encontro dos relatos desses usuários, quanto às orientações iniciais que eles
recebem no momento da alta hospitalar, que parecem não ser específicas e
suficientes para orientá-los no autocuidado com a pele periestoma. Tudo isso pode
interferir na sua qualidade de vida.
Da mesma forma que os estomas, a pele periestoma também pode ser
sede de complicações, sendo a dermatite a mais frequente. A ocorrência dessa
complicação é agravada pela presença de complicações no estoma, devido às
dificuldades em aderir os dispositivos coletores. Além disso, outros fatores são
apontados como desencadeadores nessa afecção, tais como: inadequação dos
dispositivos ao tipo de estoma, bem como a má utilização; a sensibilidade aos
componentes químicos desses dispositivos e a higienização precária (YAMADA et
al., 2003).
De acordo com Chilida et al. (2007), a dermatite periestoma é uma das
complicações relacionadas à prática do autocuidado. Em seu estudo, realizado com
436 pacientes do serviço de atendimento à pessoa com estoma de uma cidade do
interior de São Paulo, mostrou que as principais complicações encontradas foram
dermatite (42,89%), hérnia periestoma (12,16%), retração (12,16%), estoma plano
(11,24%), edema (7,57%), granuloma (6,42%), prolapso (6,42%) e diarreia (5,73%).
O estudo retrospectivo de Yamada et al. (2003) verificou que, de 140
pacientes, o maior percentual de complicação coube à dermatite de contato (78 ou
55,7%), a afecção mais comum que acomete a pele periestoma. Observou que,
independente da gravidade da dermatite, a integridade da pele já estava
comprometida e as pessoas queixavam-se de dor, desconforto físico e emocional e,
além disso, relatavam muitas dificuldades para realizar as atividades de autocuidado
com o estoma e pele periestoma. Destaca-se ainda, no estudo da referida autora,
que a dermatite de contato em sua maioria, era decorrente do uso inadequado dos
dispositivos coletores, mais precisamente, pelo corte excessivo do orifício da barreira
protetora em relação ao tamanho do estoma, deixando a pele exposta à ação do
efluente, ou por indicação inadequada do dispositivo coletor ao tipo de estoma. Em
outro estudo retrospectivo, Santos et al. (2007) mostra que, de 178 pacientes, 103
(57,9%) apresentaram complicações, sendo mais frequentes a dermatite periestoma
(28,7%), estoma plano (18,6%), hérnia periestoma (10,7%) e retração do estoma
(10,1%). Silva, Silva e Cunha (2012), em um estudo retrospectivo com 443 usuários
23
do Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada em Belém/PA, analisaram as
complicações
relacionadas
à
pele
periestoma
e
detectaram
que
82,39%
apresentaram dermatite; 14,8%, lesões pseudoverrugosas, e 3,52% apresentaram
outro tipo de complicação.
Dessa forma, constatou-se que a dermatite periestoma é a causa mais
frequente de perda da integridade da pele periestoma, cuja presença é desastrosa
para o bem-estar da pessoa estomizada e, consequentemente, para sua
reabilitação. O enfermeiro tem a responsabilidade de avaliar, cuidar, ensinar e ajudar
a manter a integridade da pele periestoma, com o uso de equipamentos coletores
adequados ao estoma e ao usuário, e com a utilização dos adjuvantes protetores de
pele, que são de suma importância na prevenção e no tratamento das dermatites.
Por isso, é importante a utilização de estratégias educativas na sua prática
profissional com o objetivo de prevenir as dermatites periestomas, assim como no
incentivo do autocuidado.
As ações de educação em saúde para estomizados mediadas por
tecnologias educacionais impressas, como manuais, folders, cartilhas e folhetos,
contêm orientações de forma geral para estes usuários, porém pouco se vê
materiais educativos com orientações específicas voltadas apenas para o cuidado
com a pele periestoma. É importante ressaltar que um grande número dos usuários
atendidos no Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada é procedente do interior do
Estado do Pará, são pessoas simples, com pouco acesso à saúde e à educação,
chegam cheios de dúvidas e insegurança quanto ao cuidado com o estoma, com a
pele periestoma e manuseio do equipamento coletor.
Com base nessa problemática, buscou-se resposta para a seguinte
questão de pesquisa: Como os estomizados podem colaborar na construção de
uma tecnologia educacional (guia) para o autocuidado com a pele periestoma?
1.4. Questões norteadoras:
- Como os estomizados cuidam da sua pele periestoma?
- Quais as condições que podem interferir nesse cuidado?
- Que cuidados com a pele periestoma estão em evidência na literatura e
apropriados ao cotidiano dos estomizados, sujeitos da pesquisa?
24
1.5. Objetivos

Geral
Construir uma tecnologia educacional (guia) de orientação sobre os
cuidados com a pele periestoma em parceria com os estomizados acolhidos em um
Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada, no sentido de instrumentalizá-los quanto
à prevenção da dermatite periestoma, com vistas a diminuir a frequência desta
complicação nestes usuários.

Específicos
- Identificar as condições que interferem no autocuidado com a pele
periestoma pelo estomizado.
- Verificar quais os cuidados dos estomizados com a pele periestoma que
podem contribuir com o conteúdo tecnológico para o autocuidado.
- Levantar os cuidados com a pele periestoma referenciados na literatura,
que sejam apropriados ao cotidiano dos estomizados.
25
II. REFERENCIAL TEÓRICO
26
Como categorias temáticas, elegeram-se temas referentes aos estomas,
seus dispositivos, os acessórios e os adjuvantes de proteção para o cuidado com a
pele periestoma, assim como referencial sobre o autocuidado e tecnologia em
enfermagem, por se entender que são essenciais para embasar o desenvolvimento
do estudo. Além disso, incluiu-se o resumo (manuscrito) do estado da arte sobre o
cuidar educativo do enfermeiro com a pele periestoma de estomizados intestinal e
urinário.
2.1.
Estoma:
Conceito,
aspectos
históricos,
classificação,
causas
e
complicações.
Todos os anos, milhares de pessoas se submetem a procedimentos
cirúrgicos que resultam em estomas. A realização de um estoma é representada de
forma ambígua pelos indivíduos estomizados que, de certo modo, sentem-se
beneficiados pela obtenção de cura ou melhoria de uma doença ou acidente, mas,
por outro lado, este procedimento gera inquietação, dúvida e questionamentos sobre
suas novas possibilidades de bem-estar, interação social e qualidade de vida, frente
a essa nova condição física a qual resulta também em alteração da imagem corporal
(NASCIMENTO, 2010).
Em cirurgias abdominais, estoma ou estomia corresponde ao ato cirúrgico
de abertura da pele e exteriorização de um segmento intestinal ou urinário com o
intuito de derivar o trajeto fisiológico das secreções entéricas, fezes ou urina
(MATSUBARA et al., 2012).
Segundo Cascais, Martini e Almeida (2007), a história dos estomas
remonta desde os tempos bíblicos (em 350 a.C.). Já naquela época, Praxógoras de
Kos, curandeiro da cidade de Moab, teria realizado uma cirurgia de trauma
abdominal no rei Eglon, que foi ferido por um de seus empregados, que, com uma
adaga, apunhalou o rei fortemente no ventre, expondo suas vísceras pela ferida.
Praxógoras realizou uma técnica ainda desconhecida, em que criara uma abertura
no local do ferimento e por essa abertura passavam dejetos, conseguindo assim
salvar a vida do rei de Moab. Em 1709, um cirurgião alemão, Lorenz Heister, teria
realizado operações de enterostomia em soldados que apresentavam ferimentos
intestinais. Mas é mesmo no início dos anos de 1950, conhecida como a “era
27
moderna dos estomas”, que Patey e Butler aprimoram esta técnica cirúrgica
(BARBUTTI, SILVA e ABREU, 2008).
Dessa forma, observam-se alguns aspectos históricos sobre o estoma.
Mas foi a partir do século XX, até os dias atuais, que ocorreram grandes
desenvolvimentos das técnicas cirúrgicas, bem como de novas tecnologias a serem
usufruídas pelos estomizados, o que tem possibilitado uma melhoria significativa na
qualidade de vida desses pacientes. Contudo, apesar dos avanços conseguidos,
estas pessoas ainda enfrentam um conjunto de alterações no seu estilo de vida
(NASCIMENTO, 2010).
De acordo com o segmento exteriorizado, os estomas recebem nomes
diferenciados: no intestino grosso (colostomia); no intestino delgado (ileostomia); na
traqueia (traqueostomia); no estômago (gastrostomia); na bexiga (urostomia), entre
outros (FRANCO e LEÃO, 2006). No entanto, neste estudo serão abordados apenas
os estomas intestinais e urinários.
As colostomias e ileostomias estão previstas na abordagem terapêutica
de um grande número de doenças, que incluem câncer colorretal, doença
diverticular, doença inflamatória intestinal, incontinência anal, colite isquêmica,
polipose, trauma abdominal com perfuração intestinal, megacólon, doença de Crohn,
má formação congênita e outras (MORAES et al., 2009).
A urostomia consiste na exteriorização de condutos urinários para a
parede abdominal, e é realizada em pacientes portadores de doenças que envolvem
a pelve renal, ureteres, bexiga e uretra, com o objetivo de preservar a função renal
(STUMM et al., 2008). Dependendo da etiologia, o cirurgião indica a realização de
um estoma temporário ou definitivo.
Franco (apud SANTOS; CEZARETTI, 2001) afirma que são criados em
caráter temporário, como nas situações de trauma abdominal com perfuração
intestinal, ou em função da necessidade de proteção de uma anastomose intestinal
mais distal à derivação, tendo em vista o seu fechamento num curto espaço de
tempo. Enquanto que Gemelli e Zago (2002) referem que os estomas definitivos são
realizados quando não existe a possibilidade de restabelecer o trânsito intestinal,
geralmente na situação do câncer.
Os estomas podem ser classificados também conforme o local
exteriorizado: os da via respiratória, traqueostomia; os do aparelho digestório,
esofagostomia, gastrostomia, enterostomia; os do aparelho intestinal, no intestino
28
grosso, colostomia, e no intestino delgado, ileostomia; e os do aparelho urinário,
nefrostomia, ureterostomia, cistostomia e vesicostomia (MELO, 2010). Outra
classificação muito utilizada leva em consideração o tipo de exteriorização dos
segmentos: estoma terminal, estoma em dupla boca e estoma em alça
(MATSUBARA et al., 2012).
O estoma é terminal (boca única), quando a parte exteriorizada é a
extremidade do segmento cólico seccionado (COLOPLAST, 2011).
Os estomas em dupla boca (duas bocas) caracterizam-se pela
exteriorização dos segmentos proximal e distal através de uma única abertura de
pele, e têm como vantagem a facilidade no fechamento cirúrgico dos estomas
temporários, sendo evitada a laparotomia exploradora, necessária quando a
exteriorização dos segmentos é feita em aberturas distintas da pele (ROSSI et al.,
2005).
As colostomias ou ileostomias em alça (duas bocas unidas) se
caracterizam pela exteriorização de um segmento de alça intestinal em um único
local da parede abdominal, com a exposição das bocas proximal e distal através de
uma abertura cirúrgica apenas na parede anterior do segmento intestinal
(MATSUBARA et al., 2012).
A qualidade de vida e a adaptação do indivíduo com estoma,
especialmente de caráter definitivo, estão condicionados às complicações dos
estomas. O indivíduo deve ter uma assistência sistematizada e interdisciplinar,
desde o período pré-operatório até um seguimento tardio, onde está o exame
frequente do estoma e da pele periestoma, que objetiva, também, o diagnóstico
precoce de eventuais complicações (STUMM et al., 2008).
Apesar de comumente realizada, a confecção de um estoma tem grande
potencial de complicações que na maioria das vezes são subestimadas. As
complicações, por vezes, podem ser evitadas com o planejamento do local a ser
confeccionado o estoma com demarcação prévia, pois isso proporcionará melhor
qualidade de vida ao portador (MALAGUTTI e KAKIHARA, 2011). As complicações
dos estomas podem ser precoces e tardias.
As complicações precoces (ou imediatas) surgem no período intrahospitalar e geralmente estão ligadas às cirurgias de emergência nas quais
frequentemente não há um planejamento prévio para a realização do estoma, ou
ainda são consequências de estomas mal localizados ou daqueles executados por
29
cirurgiões com pouca experiência. As complicações que se destacam entre as
precoces são: a isquemia, a necrose, o edema, a retração, o descolamento
mucocutâneo do estoma, sepse periestoma e as dermatites periestoma (YAMADA e
YAMADA, 2012).
As complicações tardias se manifestam após a alta hospitalar, ou seja,
quando os familiares ou a pessoa estomizada assumem os cuidados com o estoma.
Destacam-se a estenose, retração, prolapso do estoma, hérnia paraestomal e
dermatite periestoma, que é a mais frequente, e por vezes de difícil tratamento
(JUNQUEIRA, 2010). Para Malagutti e Kakihara (2011), as dermatites são
caracterizadas por lesões agudas ou crônicas, primárias ou secundárias, com perda
de integridade da pele periestoma. As alterações dermatológicas mais frequentes
são: eritema ou irritação, erosão, pústulas e até ulcerações.
O tipo de estoma e o contato do efluente com a pele são os maiores
fatores de risco para as complicações dermatológicas. Os pacientes ileostomizados
têm um risco maior de desenvolver complicações na pele periestoma do que os
pacientes com uma colostomia (YAMADA e YAMADA, 2012). A urostomia é uma
estomia úmida, isto é, expõe a pele circundante ao produto drenado, neste caso a
urina. Esta é agressiva para a pele porque a expõe a uma umidade constante e
porque, dependendo da composição química, a urina pode alterar o ambiente ácido
da pele, rompendo o equilíbrio existente. A alcalinidade aumenta a capacidade
irritativa da urina, alimentando um ciclo vicioso que termina numa maior frequência
de complicações locais, como as lesões irritativas dérmicas, ulcerações e estenoses
dos estomas, com agravamento da qualidade de vida dos urostomizados (VINHAS,
2010).
As dermatites periestomas podem ser classificadas em irritativas ou de
contato, alérgicas, por trauma mecânico e por infecção.
Dermatite irritativa, química ou de contato: ocorre por contato direto da
pele com substâncias irritativas contidas no efluente (enzimas digestivas,
constituintes alcalinos urinários e atividade enzimática de fezes), ou por produtos
usados para o cuidado local, como sabão e solventes (MALAGUTTI e KAKIHARA,
2011). Para Yamada e Yamada (2012), a dermatite irritativa de contato é uma das
complicações mais comuns. Associada com outros fatores pode desencadear um
ciclo de agravamento progressivo de dano na pele, falência da aderência da base
adesiva e da bolsa coletora, e extravasamento do conteúdo.
30
Figura 1: Dermatite irritativa
Fonte: Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada
Dermatite alérgica: origina-se de reações alérgicas do contato da pele
com
os produtos a
serem
adaptados no
estoma,
como,
por exemplo,
hipersensibilidade ao plástico dos equipamentos coletores e dos adesivos e barreira
cutânea. Nesses casos, a área cutânea periestoma comprometida é delimitada pela
base adesiva em contato (MALAGUTTI e KAKIHARA, 2011).
Figura 2: Dermatite alérgica
Fonte: Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada
Dermatite por trauma mecânico: relacionada ao cuidado com a pele
periestoma prestado pelo indivíduo ou cuidador, que pode ser a remoção abrupta da
base adesiva e protetora cutânea, limpeza agressiva e frequente da área periestoma
e troca frequente da base adesiva e bolsa coletora (YAMADA e YAMADA, 2012).
31
Figura 3: Dermatite por trauma mecânico
Fonte: Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada.
Dermatite por infecção: é secundária às causas descritas anteriormente.
As infecções observadas com mais frequência são:
- Infecção por foliculite por Staphylococcus: tem origem traumática,
quando qualquer equipamento coletor impede o crescimento do pelo ou quando são
utilizadas técnicas de remoção da base adesiva de forma inadequada;
- Infecção por Candida albicans: a pele periestoma é um local propício ao
desenvolvimento dessa afecção; esse fungo prospera em ambiente úmido e
enegrecido (MALAGUTTI e KAKIHARA, 2011).
Figura 4: Dermatite por infecção
Fonte: Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada.
A prevenção de lesão na pele periestoma deve ser a meta fundamental
dos componentes da equipe multidisciplinar. Para isso, medidas preventivas devem
ser destacadas, como: diagnóstico do fator causal, o afastamento desse fator e a
revisão das ações de cuidados com o estoma e a pele periestoma feitas pelo
32
estomizado e/ou familiar cuidador (MARTINS e SILVA, 2006). Além do uso dos
dispositivos, dos acessórios e dos protetores de pele de forma correta.
2.2. Dispositivos, acessórios e adjuvantes de proteção para o cuidado dos
estomizados
Dispositivos são equipamentos que, afixados ou implantados no corpo,
são desenhados para substituir ou atuar como parte corporal perdida, ou seja, a
troca de uma parte do corpo por um aparelho. Dessa forma, o dispositivo para
estoma é um equipamento adaptado para coletar a descarga por ele produzida
(MATSUBARA et al., 2012).
A escolha do dispositivo para estomas intestinais e urinários constitui um
dos papéis fundamentais do enfermeiro estomaterapeuta ou não, pois interfere
diretamente na qualidade de vida do estomizado. O processo de escolha do
dispositivo adequado deve estar baseado nas necessidades individuais, nas
características do estoma e nas condições sociopolíticas. Com relação às
características individuais, a avaliação inclui algumas variáveis como: o contorno
abdominal, a preferência quanto ao tipo de sistema coletor, o tipo de atividade física,
as limitações quanto à destreza manual, a acuidade visual e o aprendizado
(MATSUBARA et al., 2012).
Das características do estoma que mais influenciam no processo de
seleção do dispositivo, destacam-se: o tipo de estoma, o tipo de efluente, o tamanho
do estoma, a confecção cirúrgica, a protrusão e as consequentes complicações e a
localização na parede abdominal. O aspecto sociopolítico, ou seja, o acesso do
estomizados aos dispositivos é de fundamental importância para a readaptação a
esta nova realidade. A avaliação da totalidade dessas variáveis é condição
indispensável na escolha do dispositivo adequado e na melhor reabilitação possível
do estomizado (MATSUBARA et al., 2012).
A atenção à pessoa estomizada exige do enfermeiro a conscientização de
que existem aspectos fundamentais de ordem física e emocional que interferem na
motivação para o aprendizado. A convivência com o estoma obriga à adoção de
meios de adaptação às atividades do dia a dia (SANTOS e CESARETTI, 2001).
Esses meios de adaptação são os dispositivos que podem ser do tipo
peça única, ou seja, base adesiva e bolsa coletora junta (Figura 5), ou duas peças,
no qual a bolsa coletora encaixa-se à base adesiva (Figura 6). As bolsas coletam os
33
efluentes, podem ser drenáveis para fezes ou para urina ou fechadas, opacas ou
transparentes.
Figura 5: Dispositivo peça única
Figura 6: Dispositivo duas peças
Fonte: Serviço de Atenção
à Pessoa Estomizada.
Fonte: Serviço de Atenção à
Pessoa Estomizada.
As bases adesivas são protetores cutâneos que protegem a pele
periestoma do contato com o efluente e atuam no tratamento da pele lesada. As
bases adesivas podem ser planas ou convexas (Figuras 7 e 8), recortáveis e/ou précortadas, rígidas ou flexíveis (MATSUBARA et al., 2012).
Figura 7: Bases planas
Fonte: Serviço de Atenção à
Pessoa Estomizada.
Figura 8: Bases convexas
Fonte: Serviço de Atenção à
Pessoa Estomizada.
Além das bases adesivas e dos dispositivos coletores, existem os
acessórios de segurança e barreiras de proteção de pele periestoma.
34
Segundo Matsubara et al. (2012, p. 189) os acessórios disponíveis para
os estomizados intestinais e urinários atualmente no mercado são diversos, porém
cita os seguintes:
- Cinto elástico: consiste em um elástico com encaixes nas extremidades
que se adapta a todos os modelos de base e bolsa, desde que possuam a haste, ou
seja, utilizado um adaptador.
Figura 9: Cinto elástico
Fonte: Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada.
- Presilha: proporciona vedação adequada para bolsa drenáveis
(ileostomias, colostomias, colostomias úmidas, exceto urostomia). Também é
conhecida como clamp, pinça ou fecho.
Figura 10: Presilhas para bolsas drenáveis
Fonte: Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada.
- Guia de mensuração: consiste em uma régua mensuradora do
diâmetro do estoma.
35
Figura 11: Guia de mensuração
Fonte: Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada.
- Filtro de carvão: pode vir como parte integrante da bolsa ou na forma
de adesivo, e possui a função de filtrar o odor proveniente dos gases produzidos,
principalmente nas colostomias, liberando apenas o ar e impedindo que a bolsa
fique insuflada.
Figura 12: Filtro de carvão
Fonte: estomaplast.com.br
- Solução lubrificante neutralizadora de odor: forma uma película
evitando a aderência de dejetos no interior da bolsa, e possui ação desodorizante ao
reduzir a proliferação bacteriana.
36
Figura 13: Solução lubrificante neutralizadora de odor
Fonte: Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada.
Quanto às barreiras protetoras, Matsubara et al. (2012, p. 191) cita:
- Película protetora de pele: protege a pele periestoma dos efluentes,
formando
uma
película.
Alguns
desses
produtos
contêm
álcool
e
são
contraindicados em peles lesadas.
Figuras 14, 15 e 16: Películas protetoras de pele periestoma
Fonte: Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada.
- Pasta niveladora: é composta de resina sintética e serve para nivelar a
pele periestoma, permitindo maior durabilidade do dispositivo. O mercado possui
pasta com e sem álcool. Na forma de pasta alcoólica é utilizada para preencher
37
irregularidades da pele, corrigindo imperfeições como dobras de pele, cicatrizes
cirúrgicas, evitando infiltração de fezes ou urina sob a base adesiva, aumentando a
durabilidade do material e prevenindo lesões de pele.
Figura 17: Pasta niveladora
Fonte: Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada.
-
Pó protetor: é indicado para utilização em pele periestoma com lesões
úmidas, absorve a umidade da pele, tratando a pele lesada, aumentando o tempo de
adesividade da base, protegendo a pele lesada dos efluentes.
Figura 18: Pó protetor
Fonte: Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada.
-
Higienizador
de
pele:
solução
composta
de
um
detergente
hipoalergênico que facilita a higienização da pele periestoma e na remoção da cola
que se deposita na pele.
38
Figura 19: Higienizador de pele
Fonte: Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada.
Atualmente dispomos de vários recursos para melhorar a qualidade de
vida dos estomizados. Os diversos modelos de produtos possibilitam uma maior
opção de escolha do equipamento ideal para este grupo de pessoas. O enfermeiro
tem a responsabilidade de elaborar um planejamento assistencial integral e
individualizado, envolvendo a família e o cuidador para a prevenção de
complicações, objetivando uma boa adaptação dos dispositivos coletores, visando à
reintrodução do indivíduo à sociedade (MALAGUTTI e KAKIHARA, 2011).
2.3.
Cuidados com a pele periestoma e troca do dispositivo coletor
Na presença de um estoma a pele em seu redor – pele periestoma – pode
ficar com a sua função de proteção comprometida, uma vez que fica exposta a fezes
ou à urina que, devido às suas características, podem “queimar” e lesar a pele. É
claramente reconhecido que uma pele periestoma sã ou íntegra constitui um dos
mais importantes fatores para que a pessoa estomizada possa viver bem com o seu
estoma (YAMADA e YAMADA, 2012).
Os cuidados com a pele periestoma são essenciais, pois a pele estando
íntegra facilita a aderência do dispositivo coletor, evitam-se irritações devido ao
contato de fezes ou de urina, o que contribui na prevenção de complicações da pele.
A principal complicação da pele é a dermatite periestoma, que tem como fatores
desencadeadores dessa afecção a inadequação dos dispositivos ao tipo de estoma,
39
bem como a má utilização; a sensibilidade aos componentes químicos desses
dispositivos e a higienização precária (YAMADA et al., 2003).
A manutenção da integridade da pele periestoma é um passo
fundamental para o sucesso na reabilitação dos estomizados, que resulta do
trabalho conjunto e interessado de todos os profissionais que compõem a equipe de
saúde, associado à motivação desta pessoa para se engajar nas ações de
autocuidado e de participação social (CESARETTI, 1998).Os cuidados para manter
a pele periestoma saudável são os seguintes (COLOPLAST, 2011, p. 32):
- Remover suavemente o dispositivo da pele, de preferência durante o
banho, o que facilita a remoção do mesmo;
- Limpar o estoma e pele periestoma suavemente com gaze ou tecido
macio, retirando o excesso de fezes ou urina;
- Lavar o estoma e pele periestoma com água e sabonete, sem friccionar
exageradamente;
- Secar bem o estoma e a pele periestoma com um tecido macio, com
movimentos suaves;
- Não usar substâncias irritantes na pele periestoma, como: perfume,
álcool, éter ou benzina, etc.;
- Remover os pelos da pele periestoma, pois os mesmos comprometem a
adesão da base adesiva e favorecem o aparecimento de infecções. Os pelos devem
ser removidos com tesoura de ponta redonda ou curva, não se utilizando lâminas
e/ou barbeadores;
- Observar as características da pele periestoma, depois da higiene,
buscando qualquer sinal de complicações;
Outro momento importante desse cuidado é a troca do dispositivo coletor.
Deve ser realizado quando for observada a saturação da barreira protetora ou de
acordo com a necessidade. Usuários com colostomia à direita e ileostomia devem
ser orientados a realizar as trocas pela manhã, antes do café da manhã, quando há
uma menor eliminação do efluente (MATSUBARA et al., 2012). A coloração da base
40
adesiva (resina sintética) geralmente é amarela. Deve-se trocar o dispositivo quando
ela estiver ficando branca (chamamos de saturação). A partir daí há risco de
descolamento da base e vazamento do conteúdo (YAMADA e YAMADA, 2012).
Como trocar o dispositivo coletor (COLOPLAST, 2007, p. 32):
- Lavar as mãos.
- Esvaziar a bolsa no vaso sanitário antes de retirá-la, abrindo a pinça
(clamp) na parte inferior da bolsa, caso ela seja drenável.
- Molhar o algodão, a gaze ou o tecido macio com água e sabonete.
Levantar um pouco a parte adesiva da bolsa. Segurar firme e ir passando o tecido
com água e sabonete, descolando lentamente a bolsa e mantendo a pele esticada.
A retirada da bolsa pode ser feita durante o banho.
- Após a retirada da bolsa, colocar no saco de lixo, fechar e jogar fora.
- Lavar o estoma e pele periestoma com água e sabonete, com
movimentos suaves. Enxaguar a pele periestoma e o estoma retirando restos de
fezes e sabonete.
- Enxugar delicadamente a pele periestoma com uma toalha macia. Neste
momento, deve-se observar a pele e o estoma para descobrir possíveis alterações.
É importante que a pele esteja limpa e seca para receber o novo dispositivo.
- Medir o tamanho (diâmetro) do estoma com o medidor e desenhar na
base adesiva da bolsa.
- Se for uma bolsa pré-cortada, escolher com o orifício do tamanho da
medida da ostomia. Se for uma bolsa recortável, recortar a parte adesiva com uma
tesoura preferencialmente curva, de acordo com o tamanho medido.
- Retirar o papel da parte adesiva.
- Colar a parte adesiva de baixo para cima, procurando encaixá-la no
estoma. Manter a pele esticada, evitando deixar pregas ou bolhas de ar, que
facilitam vazamentos e descolamento da base adesiva.
- Fazer movimentos firmes e circulares sobre a parte adesiva com o dedo
indicador, do centro para as extremidades, para melhor aderência à pele.
- Se for dispositivo de duas peças, encaixar a bolsa na base adesiva. Se
for drenável, retirar o ar e fechar a pinça (clamp).
É também importante o cuidado no momento de esvaziar o equipamento
coletor. Coloplast (2011, p.36) ensina como esvaziar o dispositivo coletor drenável:
- Lavar as mãos antes e após o procedimento.
41
- Abrir a pinça (clamp) da parte inferior da bolsa coletora.
- Desprezar as fezes ou a urina no vaso sanitário. Lavar o interior da
bolsa com água e sabonete (se fezes), desprezando o conteúdo no vaso sanitário.
- Retirar todo o excesso de água, secar e fechar a parte inferior da bolsa.
- Se o dispositivo for de duas peças, pode-se retirar a bolsa para lavar
com água e sabonete líquido, enxugar e utilizar novamente a mesma bolsa, ou usar
a bolsa reserva.
Deve-se atribuir enfoque especial à higiene do estoma e pele periestoma,
bem como ao manuseio, troca e manutenção do equipamento coletor, sempre com
vistas ao autocuidado. A aprendizagem das atividades inerentes a esses cuidados
contribui para reforçar a autoconfiança e a segurança dos estomizados e de seus
familiares (CESARETTI, 2008).
2.4.
Autocuidado
O autocuidado é uma atividade do indivíduo apreendida e orientada para
um objetivo. É uma ação desenvolvida em situações concretas de vida, e que o
indivíduo dirige para si mesmo ou para regular os fatores que afetam o seu próprio
desenvolvimento, atividades em benefício da vida, saúde e bem-estar. O
autocuidado tem como propósito o emprego de ações de cuidado, seguindo um
modelo que contribui para o desenvolvimento humano (SILVA et al., 2009).
O autocuidado foi mencionado pela primeira vez no campo da
enfermagem em 1958, quando a enfermeira Dorothea Elizabeth Orem passou a
refletir acerca do por que os indivíduos necessitam de auxílio de enfermagem e
podem ser ajudados pela mesma. A partir dessa reflexão formulou uma teoria sobre
o déficit de autocuidado como uma teoria geral e constituída por três teorias
relacionadas: a teoria do autocuidado (descreve e explica o autocuidado); a teoria do
déficit do autocuidado (explica as razões pelas quais a enfermagem pode ajudar as
pessoas); e a teoria dos sistemas de enfermagem (descreve as relações que são
necessárias estabelecer e manter para que se dê a enfermagem) (SILVA et al.,
2009).
42
2.4.1. A teoria do Déficit de Autocuidado – segundo Orem
Ressalta-se, para melhor entendimento, que as teorias de enfermagem
foram desenvolvidas a partir da evolução da área do conhecimento para a
construção de um saber próprio, a fim de se consolidar como ciência, evidenciando
suas bases teóricas para a prática. As teorias desenvolvidas nesse âmbito têm
concorrido
para
explicitar
a
complexidade
e
multiplicidade
de
conceitos
representativos dos fenômenos que definem e limitam seu campo de interesse,
assim como para explicitar as crenças e valores da área em relação a esses
fenômenos (GARCIA e NÓBREGA, 2004). A utilização de teorias proporciona ao
enfermeiro o conhecimento necessário para aperfeiçoar sua prática. Sua capacidade
aumenta pelo conhecimento teórico, possibilitando autonomia profissional através de
um ponto de referência que sustenta tanto o exercício profissional como a formação
e os trabalhos de pesquisa na profissão (SANTOS e SARAT, 2008).
As teorias de enfermagem expõem as tendências das visões sobre o
processo saúde/doença e sobre a experiência do cuidado terapêutico; trata-se de
uma conceptualização articulada e comunicativa da realidade inventada ou
descoberta (fenômeno central e relacionamentos) na enfermagem com a finalidade
de descrever, explicar, prever ou prescrever o cuidado de enfermagem (BARROSO
et al., 2010).
Uma das primeiras teóricas de enfermagem, Dorothea Elizabeth Orem
contribuiu para formar o corpo dessa área do conhecimento tendo como foco o
Autocuidado. Em sua concepção, o cuidado é próprio da ação positiva que tem uma
prática e um caminho terapêutico, visando manter o processo da vida e promoção
do funcionamento normal do ser humano. O cuidado ajuda o indivíduo a crescer, a
se desenvolver, e também na prevenção, controle e cura de processos de
enfermidades e danos (LEOPARDI, 2006).
Segundo Orem (apud SILVA et al., 2009), o autocuidado é a prática de
atividades que indivíduos iniciam e desempenham em favor de si na manutenção da
vida, saúde e bem-estar. Normalmente adultos voluntariamente cuidam de si. As
crianças, idosos, doentes e incapacitados necessitam de cuidado completo ou
assistência nas atividades de autocuidado. Infantes e crianças necessitam do
43
cuidado dos outros por estarem em estágio inicial de desenvolvimento físico,
psicológico e psicossocial. Suas concepções são descritas nas três teorias que
formam sua teoria geral:
a) A Teoria do autocuidado
Esta teoria tem como componente principal os requisitos de autocuidado.
Para Orem (apud SILVA et al., 2009), o autocuidado tem como propósito o emprego
de ações de cuidado, seguindo um modelo que contribui para o desenvolvimento
humano. As ações que constituem o autocuidado são os requisitos universais, de
desenvolvimento e os de alterações da saúde. Os requisitos universais do
autocuidado são comuns para todos os seres humanos e incluem a conservação do
ar, água, alimentos, eliminação, atividade e descanso, solidão e interação social,
prevenção de risco e promoção da atividade humana. Estes oitos requisitos
representam os tipos de ações humanas que proporcionam as condições internas e
externas para manter a estrutura e a atividade que apoiam o desenvolvimento e o
envelhecimento humano. Quando se proporciona de forma eficaz o autocuidado
centrado nos requisitos universais, se promove a saúde e o bem-estar (OREM,
2001). Os de desenvolvimento representam os estágios do ciclo vital, incluindo os
fatores e as circunstâncias que influenciam a plena realização do cuidado e
condições e situações adversas que afetem o desenvolvimento humano; os de
alterações da saúde incluem alterações advindas de problemas de saúde que
podem gerar dificuldades na manutenção adequada do cuidado (SAMPAIO et al.,
2008).
b) A Teoria do Déficit de Autocuidado
O déficit de autocuidado ocorre quando o ser humano se acha limitado
para prover autocuidado sistemático, necessitando de ajuda de enfermagem.
Constitui a essência da teoria geral de enfermagem de Orem, pois possibilita
apontar a necessidade de enfermagem. Justifica-se quando o indivíduo acha-se
incapacitado ou limitado para prover autocuidado contínuo e eficaz (DIÓGENES e
PAGLIUCA, 2003). Nela apresentam-se os métodos de ajuda e as áreas de
atividade para atuação profissional. São métodos de ajuda: agir ou fazer para o
outro, guiar o outro, apoiar o outro (física ou psicologicamente), proporcionar um
44
ambiente que promova o desenvolvimento pessoal e ensinar o outro (LEOPARDI,
2006).
c) A Teoria de Sistemas de Enfermagem
Detém-se nas intervenções delineadas pelo enfermeiro, que devem ser
baseadas nas necessidades de autocuidado do paciente para desempenhar as
atividades
pessoais.
Para
satisfazer
os
requisitos,
Orem
identificou
três
classificações de sistemas de enfermagem: o sistema totalmente compensatório, o
sistema parcialmente compensatório, e o sistema de apoio-educação (BARROSO et
al., 2010). O sistema de enfermagem totalmente compensatório ocorre quando o
enfermeiro atende todos os cuidados terapêuticos ou assim como quando compensa
a incapacidade total do paciente para realizar as atividades de autocuidado e que
requerem
movimentos
de
deambulação
e
de
manipulação.
Os
sistemas
parcialmente compensatórios são aqueles nos quais tanto a enfermagem como os
pacientes realizam medidas de assistência e outras atividades que implicam
atividades manipulativas ou deambulatórias (SILVA et al., 2009). O sistema de
apoio-educação é quando o indivíduo necessita de assistência na forma de apoio,
orientação e ensinamento (DIÓGENES e PAGLIUCA, 2003).
Como os estomizados requerem apoio contínuo, principalmente quanto
aos cuidados higiênicos com o estoma, pele periestoma, troca e manuseio do
equipamento coletor, é importante a atuação do enfermeiro no que se refere a
ensinar, orientar e cuidar, incentivando-o para o autocuidado e assim a prevenir
complicações como a dermatite periestoma. Diante disso, considera-se que a Teoria
de Sistemas de Enfermagem é bastante adequada para embasar teoricamente este
estudo, dando ênfase principalmente no sistema de apoio-educação.
Segundo Sampaio et al. (2008), o sistema de apoio-educação é baseado
nas necessidades do paciente. Refere-se a orientações fornecidas acerca de
determinada temática e ocorre pela promoção do autocuidado terapêutico por parte
do enfermeiro, possibilitando ao indivíduo executar ou aprender a executar essa
medida. Neste sistema, o cliente, a família ou a comunidade, além de terem
condições de realizar cuidado, têm a incumbência de aprender a exercê-lo de forma
terapêutica, mesmo nas situações em que a pessoa não consegue fazer sem ajuda
(LUNA et al., 2002).
45
Na
equipe
multiprofissional,
o
enfermeiro
desenvolve
atividades
educativas junto aos clientes, principalmente, relativas ao autocuidado, com o
objetivo de conduzi-los à sua independência em questões de saúde. Mas é
necessário que ele aborde o cliente com uma linguagem acessível para facilitar o
entendimento e cooperação no tratamento, incentivando-o a enfrentar as mudanças
advindas com a doença e a alcançar o bem-estar (RAMOS et al., 2007).
A teoria de enfermagem de Orem oferece uma base abrangente para a
prática de enfermagem, incluindo a educação permanente como parte do
componente profissional da educação em enfermagem. Sua premissa de
autocuidado é contemporânea dos conceitos de promoção e manutenção da saúde.
O autocuidado na teoria de Orem é comparável à saúde holística, pois ambas
promovem a responsabilidade do indivíduo pelo cuidado da saúde. Isso é
especialmente relevante na atualidade, visto que a alta hospitalar vem sendo
antecipada, aumentando a demanda de cuidados em casa e dos serviços
ambulatoriais (MENDONÇA et al., 2007).
2.5.
Tecnologias em Enfermagem
O termo “tecnologia” é uma palavra composta de origem grega, formada
por techne (arte, técnica) e logos (corpo de conhecimento). Por essa razão,
começou-se a usar a palavra “tecnologia” ao aplicar o conhecimento de certas
técnicas para realizar algo, como as invenções de base (NIETSCHE et al., 2012).
Complementarmente, técnica significa um saber prático, uma habilidade
humana de fabricar, construir e utilizar instrumentos, parte originária do cotidiano no
nível da própria atividade empírica e parte originária da necessidade de se
estabelecerem procedimentos sistematizados para a operacionalização de uma
atividade prática (NIETSCHE, 2000).
A produção tecnológica nasce da necessidade (problema a solucionar),
da utilização do conhecimento (o saber que orienta uma nova alternativa para
solucionar o problema) e da criatividade (capacidade de encontrar alternativas para
a resolução do problema existente) (MENDES et al., 2002).
As concepções de tecnologia têm sido usadas, às vezes, de forma
equivocada, pois elas têm sido compreendidas apenas na perspectiva de um
produto, com materialidade e, também, resumidas a procedimentos técnicos de
operação (TEIXEIRA e MOTA, 2011). A tecnologia pode ser entendida como o
46
resultado de processos concretizados a partir da experiência cotidiana e da
pesquisa, para o desenvolvimento de um conjunto de conhecimentos científicos para
a construção de produtos materiais, ou não, com a finalidade de provocar
intervenções sobre determinada situação prática. Todo esse processo deve ser
avaliado e controlado sistematicamente (NIETSCHE et al., 2005).
De acordo com Merhy (2002), na área da saúde as tecnologias recebem a
seguinte categorização: tecnologia dura (material como equipamentos, mobiliário);
tecnologia leve-dura (inclui os saberes estruturados nas disciplinas que atuam na
área de saúde: odontológica, clínica médica, epidemiológica, entre outras) e
tecnologia leve (insere o processo de produção da comunicação, das relações, entre
outros).
As tecnologias também podem ser de vários tipos, como as Tecnologias
Educacionais (dispositivos para a mediação de processos de ensinar e aprender,
utilizados entre educadores e educandos, nos vários processos de educação formalacadêmica, formal-continuada); as Tecnologias Assistenciais (dispositivos para a
mediação de processos de cuidar, aplicados por profissionais com os clientesusuários dos sistemas de saúde – atenção primária, secundária e terciária); e as
Tecnologias gerenciais (dispositivos para a mediação de processos de gestão,
utilizados por profissionais nos serviços e unidades dos diferentes sistemas de
saúde) (NETSCHE et al., 2005).
No contexto da saúde, as Tecnologias Educativas são ferramentas
importantes para a realização do trabalho educativo e o desempenho do processo
de cuidar. As tecnologias educativas em saúde integram o grupo das tecnologias
leves, denominadas de tecnologia de relações, como acolhimento, vínculo,
automação, responsabilização e gestão como forma de governar processos de
trabalho (MEHRY, 2002).
A enfermagem tem se envolvido com a produção e busca de artifícios
tecnológicos para auxiliar no seu cotidiano profissional, permeando suas atividades
assistenciais, administrativas e educacionais. A tecnologia em enfermagem é uma
das bases para o desenvolvimento da ação profissional, permeando todos os
momentos desta prática (FONSECA et al., 2011).
Produzir tecnologia é produzir coisas que tanto podem ser materiais como
produtos simbólicos que satisfaçam necessidades. Essa tecnologia não se refere
exclusivamente a equipamentos, máquinas e instrumentos, mas também a certos
47
saberes acumulados para a geração de produtos e para organizar as ações
humanas nos processos produtivos, até mesmo em sua dimensão inter-humana
(MERHY, 2002).
Quando relacionamos a produção tecnológica com a enfermagem,
estamos nos aproximando das alternativas criativas de que a equipe de enfermagem
lança mão para superar suas dificuldades. Estas estão atreladas, na maioria das
vezes, a circunstâncias de precariedade das condições de trabalho, qualquer que
seja o espaço institucional aonde venham se desenvolvendo, ou a situações de
determinados clientes que exigem mais do que as técnicas convencionais de
enfermagem (KOERICH et al., 2006).
Tecnologia é, também, “um conjunto de conhecimentos (científicos e
empíricos) sistematizados, em constante processo de inovação, os quais são
aplicados pelo profissional de enfermagem em seu processo de trabalho, para o
alcance de um objetivo específico. Permeada pela reflexão, interpretação e análise,
essa é subsidiada pela sua experiência profissional e humana. A característica da
tecnologia em enfermagem é peculiar, pois ao se cuidar do ser humano, não é
possível generalizar condutas, mas sim adaptá-las às mais diversas situações, a fim
de oferecer um cuidado individual e adequado ao indivíduo” (MEIER, 2004).
Ao aliar conhecimento científico aos procedimentos técnicos, o enfermeiro
utiliza-se das mais diversas tecnologias para promoção, manutenção e recuperação
da saúde, exercendo com criatividade a arte do cuidar. Construir uma nova forma de
cuidar implica modificar as relações do processo de trabalho. Diante desse
processo, cada dia se depara com avanços no manejo do cuidar, estimulando nos
profissionais o desejo, a motivação e a intencionalidade de inventar tecnologias
voltadas a facilitar e tornar mais ágil seu trabalho, com a produção do conhecimento
extraída de questões da práxis (OLIVEIRA, 2006).
Para Oliveira (2006), mediante a utilização da tecnologia educativa,
podem-se produzir instrumentos aptos para a educação e a promoção da saúde
para grupos de indivíduos. Mas, para terem algum impacto na vida desses grupos,
tais instrumentos devem estar relacionados às necessidades de saúde dos sujeitos
envolvidos. Além do mais, as características do instrumento devem estar adequadas
ao grupo ao qual se destina, a fim de que ele possa captar a mensagem emitida,
para em seguida relacioná-la e aplicá-la em seu cotidiano prático de promoção de
bem-estar. A educação em saúde feita com o auxílio de tecnologias educacionais
48
pode ser bastante eficaz. Entretanto, antes de se lançarem produtos para serem
utilizados como instrumentos, é preciso fazer um ensaio com eles a fim de se
conhecer sua eficácia e sua eficiência.
Para Fonseca et al. (2011), a experiência no desenvolvimento, validação
e utilização de materiais educativos voltados para a formação, educação
permanente de enfermeiros e para a educação em saúde junto à clientela tem
evidenciado que a crescente evolução de tecnologias a partir das demandas da
sociedade apresenta novas possibilidades de uso destes materiais no cotidiano do
trabalho em instituições de ensino e saúde.
Quando o material educativo é de fácil compreensão, o cliente adquire
maior conhecimento, o material é capaz de suscitar mudanças de atitudes e
desenvolvimento de habilidades, além de favorecer a autonomia, tomada de decisão
e o entendimento de que as suas ações influenciam no padrão de saúde. O objetivo
dos materiais educativos deve ser o de facilitar o trabalho da equipe de saúde na
comunicação e orientação de pacientes e familiares. Estes materiais subsidiam a
orientação verbal dos profissionais de saúde aos familiares e pacientes e
uniformizam as orientações a serem realizadas sobre os cuidados (ECHER, 2005).
Os recursos tecnológicos são ferramentas necessárias ao enfermeiro,
pois contribuirão para um gerenciamento da assistência de enfermagem de forma
humanizada, no âmbito da qualidade, eficácia, efetividade e segurança, de maneira
que se possa garantir os resultados do uso adequado da tecnologia para os quais
ela foi desenvolvida e incorporada (FONSECA et al., 2011).
2.6. O Cuidar Educativo do Enfermeiro com a pele periestoma de estomizados
intestinal e urinário: Estado da Arte
A qualidade de vida e a adaptação do estomizado estão condicionadas às
complicações de seu estoma e da pele periestoma. O indivíduo deve ter uma
assistência sistematizada e interdisciplinar, desde o período pré-operatório até um
seguimento tardio, onde está o exame frequente do estoma e da pele periestoma,
que objetiva o diagnóstico precoce de eventuais complicações (MENDONÇA et al.,
2007). As complicações no estoma e na pele periestoma podem ocorrer no pósoperatório imediato ou no decorrer da vida do estomizado, destacando-se a
49
deiscência muco cutâneo, os granulomas, a dermatite periestoma e outras
(BEZERRA, 2007).
O enfermeiro tem a responsabilidade de elaborar um planejamento
assistencial integral e individualizado, envolvendo a família e o cuidador para a
prevenção de complicações, objetivando uma boa adaptação dos dispositivos
coletores, visando à reintrodução do indivíduo à sociedade (MALAGUTTI e
KAKIHARA, 2011). Para Matsubara et al. (2012), o equipamento coletor, a pele
periestoma e o estoma devem estar presentes em todas as fases da assistência ao
estomizado, uma vez que somente o material adequado, aliado ao autocuidado
executado adequadamente, permite que a pele permaneça íntegra.
Os principais cuidados que os estomizados devem ter para evitar
complicações são: higiene, a observação do estoma e pele periestoma e os
cuidados com o sistema coletor. Mas, para realizarem esses cuidados, é necessário
o apoio e o cuidado educativo do enfermeiro para que os mesmos assumam o seu
autocuidado. A orientação correta sobre a técnica de troca do equipamento coletor,
assim como sobre a observação do estoma e da pele periestoma durante a troca
ajudará a prevenir complicações como a dermatite periestoma (MENDONÇA et al.,
2007).
Para conhecer sobre as atividades educativas do enfermeiro, esta
pesquisa teve como questão norteadora: O que tem sido produzido na literatura
nacional sobre o cuidar educativo do enfermeiro com a pele periestoma de
estomizados
intestinal
e
urinário?
Tendo
como
objetivo:
identificar as
características das produções sobre o cuidar educativo do enfermeiro com a pele
periestoma de estomizados intestinal e urinário e analisar as evidências científicas
disponíveis.
Para tal, realizou-se uma Revisão Integrativa de literatura (RIL). Esse tipo
de estudo é adequado para conhecer o estado da arte e, assim, constatar em que
patamar se encontram as pesquisas sobre o tema em estudo. A pesquisa
denominada “estado da arte” refere-se a pesquisas bibliográficas, com a pretensão
de “mapear e de discutir certa produção acadêmica em diferentes campos do
conhecimento” (FERREIRA, 2002).
A pesquisa foi realizada eletronicamente, nos bancos de dados: Literatura
Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Base de Dados de
Enfermagem (BDENF), vinculados à Biblioteca Virtual de Saúde (BVS). Adotou-se
50
como recorte temporal o período entre 2001 e 2012. Os critérios para a inclusão dos
artigos foram: artigos disponíveis eletronicamente, na íntegra e publicados em
português.
A análise e síntese dos dados realizaram-se após leitura exaustiva dos
artigos. Os dados extraídos foram transcritos para um instrumento do tipo formulário,
que permitiu a obtenção de informações sobre as características das produções.
Essas características foram discriminadas quanto a: modalidade da pesquisa; tipo
de publicação; abordagem; tipo de estudo; sujeitos; local do estudo; técnica de
coleta de dados e análise de dados. Após a análise dessas características
identificaram-se duas categorias temáticas, que foram discutidas à luz do referencial
teórico.
Foram identificadas 84 publicações sobre o tema, sendo 56 descartadas,
por estarem repetidas. Então se totalizaram 28 artigos, classificados da seguinte
forma (Apêndice A): a maioria dos artigos analisados se constituiu de pesquisa de
campo, publicados em revistas de Enfermagem, de abordagem qualitativa descritiva
e exploratória, e os sujeitos predominantemente estomizados. Realizadas em
serviços especializados de estomaterapia e com os dados coletados principalmente
por meio de entrevistas. Quanto ao tipo de análise a maioria foi de conteúdo, o que
possibilitou identificar as características das produções segundo título, objetivos e
resultados dos artigos (Apêndice B).
A análise dos artigos originou duas categorias temáticas: a importância do
autocuidado para a qualidade de vida do estomizado mediada por tecnologia
educacional; e autopercepção e percepção do profissional que cuida.
CATEGORIA A: A Importância do autocuidado para a qualidade de vida do
estomizado mediada por tecnologia educacional
Nesta categoria agruparam-se os artigos que trataram de cuidados em
todos os contextos e que envolvem tanto profissionais como familiares cuidadores,
além dos relacionados à qualidade de vida, grupos de apoio, pois também envolvem
autocuidado e tecnologia educacional para o autocuidado. Esta categoria revelou
que é possível a transformação de sujeitos face à utilização da proposta educativa
do cuidado de enfermagem. Que a assistência de enfermagem ao paciente que irá
51
submeter-se à cirurgia geradora de estomia deve englobar, além das orientações
gerais relativas ao tratamento cirúrgico e suas consequências, ações específicas
para o autocuidado no domicílio. O enfermeiro deve fornecer orientações em relação
aos cuidados com a estomia, com a pele periestoma e a troca do equipamento
coletor, desde o pré-operatório até a alta hospitalar, para que o estomizado e o
familiar/cuidador assimilem e aprendam gradativamente esse cuidado.
São complexas as alterações causadas pela estomização
e a
compreensão destas pelo enfermeiro torna-se importante no sentido de propiciar o
planejamento de um cuidado mais efetivo, humano e de qualidade. Porém em
alguns artigos foi constatado que ocorre inadequação das ações do enfermeiro para
o cuidado e para o ensino do autocuidado, o que certamente contribui para
intensificar as dificuldades do estomizados e da sua família, após a alta hospitalar.
Algumas publicações abordaram sobre a importância dos cuidados e a educação em
saúde com os estomizados, no entanto nenhum estudo abordou especificadamente
sobre a importância do trabalho educativo do enfermeiro com estes pacientes, como
forma de contribuir na prevenção da dermatite periestoma.
O cuidado de enfermagem com a pele periestoma de estomizados
intestinal e urinário é um procedimento simples que contribui para a qualidade de
vida dos mesmos, pois, quando existe a dermatite periestoma, estes passam a
vivenciar situações de dor, desconforto e insegurança. O trabalho educativo do
enfermeiro torna-se essencial para estes pacientes, principalmente quanto ao ensino
e orientações sobre esses cuidados em passos sequenciais que facilitem o
entendimento dos mesmos ou de seus familiares, além do incentivo quanto ao
autocuidado (MENDONÇA et al., 2007).
Quanto à qualidade de vida, evidenciou-se que os estomizados que
possuíam características como apoio familiar, estomia de caráter definitivo e
histórico de câncer colorretal apresentavam maior aceitação de sua nova condição
de vida, e que a estomização, por um longo período, associada à presença do
câncer colorretal, não representa necessariamente o fim da vida destes pacientes.
Os estomizados poderão adquirir uma melhor qualidade de vida a partir do momento
em que participarem de atividades que lhes tragam prazer e motivação e que os
conduzam a um viver em plenitude dentro de suas possibilidades (BORGES et al.,
2007). A equipe de saúde que assiste a pessoa estomizada deve buscar estratégias
52
que possibilitem o entendimento das alterações que surgirão após a confecção do
estoma, bem como favoreçam o autocuidado a partir de suas necessidades e
expectativas de forma abrangente, contribuindo para a necessária tomada de
decisão em direção à melhoria da qualidade de vida (MATSUBARA et al., 2012).
O grupo de apoio ao estomizado é uma rede de apoio social
extremamente importante e significativa para a reabilitação da pessoa estomizada,
pois norteia as decisões a respeito da doença e do tratamento, amparando-os no
enfrentamento da doença. Os apoios buscados (família, grupos religiosos,
associação de estomizados, grupos de apoio) funcionam como importante suporte
para minimizar o sofrimento, portanto os profissionais de saúde devem estimular as
pessoas estomizadas a buscarem apoio, a fim de trabalharem a melhoria da sua
qualidade de vida (SILVA e SHIMIZU, 2007).
Nesse contexto de cuidado, a tecnologia educacional é importante tanto
para ensinar o autocuidado como para ajudar a alcançar qualidade de vida. Entre os
artigos analisados, evidenciou-se um que abordou sobre tecnologia educacional
para o idoso estomizado. É um instrumento que articula recursivamente as questões
técnicas com as humanas, com a finalidade de humanizar o cuidado do enfermeiro
para com o idoso estomizado. Para Barros et al. (2012), o enfermeiro necessita ser
criativo no uso de recursos para a realização do processo de educação em saúde e
a tecnologia educativa apresenta-se como mais um instrumento de promoção da
saúde, facilitador do processo educativo em saúde.
CATEGORIA B: Autopercepção e percepção do profissional que cuida
Nesta categoria agruparam-se os artigos que estudaram como a pessoa
estomizada se autopercebe e como o profissional percebe o seu trabalho educativo.
Em sua existência com a estomia, o estomizado ouve, vê, conhece, imagina, espera,
alegra-se e angustia-se em virtude de sua situação; ocorrem modificações
significativas no modo de vida a exigirem a busca de diferentes estratégias de
enfrentamento das dificuldades. É necessária uma melhoria nas condições de
atendimento, como serviços especializados de qualidade, acesso aos profissionais,
facilidade de aquisição de materiais em quantidade e qualidade adequadas, assim
53
como a criação de políticas voltadas para a valorização das pessoas estomizadas
que incluam informações ao público a respeito das suas condições e necessidades.
Diante da complexa realidade que envolve os estomizados, é importante
para os enfermeiros e demais componentes da equipe de saúde envolvidos no
atendimento dessas pessoas ampliar sua visão a respeito dos sentimentos que
afloram frente à doença, de suas sequelas e do processo de reconstrução de si
próprio e de sua vida (PETUCO e MARTINS, 2006). O desenvolvimento do trabalho
em equipe ajuda o processo de reabilitação da pessoa estomizada, que é muito
complexo e exige a participação de todos, a fim de construir um planejamento de
assistência compartilhado por todos.
Além da autopercepção foi discutida também a percepção de profissionais
sobre a alta dos estomizados, e foi evidenciado que há uma distância entre o
planejamento e o processo de alta hospitalar, sendo este considerado pelos
entrevistados como não sistematizado, influenciando negativamente na qualidade da
assistência prestada. O trabalho em equipe aparece de novo como ideal, mas a falta
de comunicação o impede. Para Barreto et al. (2008), é importante que os
profissionais trabalhem em equipe prestando uma assistência integral, que possa
contribuir na reabilitação do estomizado e assim ajudar na sua qualidade de vida. Os
cuidados devem ser centrados na família, por isso a educação continuada, como o
treinamento dos familiares, é imprescindível, com instruções verbais, materiais
impressos, vídeos e demonstrações de procedimentos sobre os cuidados,
reforçando a importância da tecnologia educacional.
Conclui-se que o perfil das produções sobre o tema mostra uma lacuna
na área do cuidar educativo do enfermeiro com a pele periestoma dos estomizados
intestinais e urinários. Os estomizados apresentam significativas mudanças no modo
de vida, como físicas, psicológicas e sociais, e estas exigem diferentes estratégias
de enfrentamento para adaptar-se à sua nova condição de vida, dentre elas o
cuidado com o estoma, pele periestoma e troca do equipamento coletor. Por isso é
importante que o enfermeiro conheça os problemas, as necessidades e dificuldades
do estomizado, para assim prestar uma assistência de forma integral; e desenvolva
trabalhos educativos nas suas atividades profissionais voltados para as reais
necessidades dos estomizados.
54
TRAJETÓRIA METODOLÓGICA
55
3.1.
Método e tipo de estudo
Estudo de abordagem qualitativa. Foi utilizado o método da pesquisa-
ação, pois o problema do qual trata a pesquisa necessitava de uma intervenção
imediata. Dessa forma, uma parceria foi feita com um grupo de estomizados para
que os mesmos relatassem os problemas relacionados ao autocuidado com a pele
periestoma, dificuldades para lidar com esse problema e como eles se cuidavam
para prevenção dessa complicação (dermatite periestoma), com vistas a se
constituírem uma das bases para a elaboração de uma tecnologia educacional (guia)
para o autocuidado com a pele periestoma.
Para Thiollent (2011) a pesquisa-ação é concebida e realizada em estreita
associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo, no qual os
pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão
envolvidos de modo cooperativo ou participativo. Com base nessa concepção, este
método é adequado para a nossa pesquisa, visto que tem como motivação um
problema em determinada realidade, onde pesquisador e sujeitos fazem parte e
estão envolvidos em busca de uma solução participativa. Posteriormente faremos
uma breve apresentação do método.
Quanto à abordagem qualitativa, ela também se mostra ideal aos
objetivos desta pesquisa, visto que estuda os aspectos nos cenários naturais, não se
limitando a dados isolados ligados a uma teoria, e o sujeito faz parte do processo de
conhecimento interpretando os fenômenos. Esta abordagem ainda permite explorar
todas as dimensões da singularidade do ser humano, possibilitando a compreensão
do fenômeno estudado para o sujeito da pesquisa (LOBIONDO-WOOD e HABER,
2001).
Para Chizzotti (2009), a pesquisa qualitativa parte do fundamento de que
há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, na qual o conhecimento
não se reduz a um rol de dados isolados, conectados por uma teoria explicativa.
Nesse âmbito, o sujeito-observador é parte integrante do processo de conhecimento
e interpreta os fenômenos atribuindo-lhes um significado. Este estudo aconteceu no
cenário onde se identificou o problema em questão, o sujeito foi parte ativa na
interpretação do mesmo e na busca de soluções, possibilitando que ele pudesse
compreender o fenômeno estudado, pois há uma estreita relação entre essa
realidade e o sujeito, e assim fazer parte também da construção de sua solução.
56
Portanto, a nosso ver é uma abordagem que dá conta de explicar o objeto de
estudo.
3.1.1. Considerações sobre o método Pesquisa-Ação
Muitos são os caminhos metodológicos na pesquisa qualitativa que
podem ser seguidos por um pesquisador para o alcance dos resultados dos seus
questionamentos e inquietações, e dentre eles destaca-se a metodologia da
pesquisa-ação (SILVA et al., 2011).
A metodologia da pesquisa-ação tem suas origens nos trabalhos de Kurt
Lewin, em 1946, num contexto pós-guerra, quando o mesmo trabalhava com o
governo norte-americano e desenvolvia atividades relacionadas a mudanças de
hábitos alimentares e mudanças de atitudes desses americanos frente a outros
grupos minoritários. Seus trabalhos eram desenvolvidos paralelamente aos seus
estudos sobre o desenvolvimento e funcionamento de grupos. Daí o fato de a
pesquisa-ação, naquele momento, ser bastante aceita e desenvolvida nas empresas
que exerciam atividades ligadas ao desenvolvimento organizacional (FRANCO,
2005).
A utilização da pesquisa-ação vem crescendo atualmente, sendo utilizada
de diferentes maneiras, a partir de diversas intencionalidades, destacando-se o seu
emprego nos campos da educação, comunicação (publicidade e propaganda),
serviço social, organização e sistemas, desenvolvimento rural (agronomia), difusão
de tecnologia, área bancária, práticas políticas e pela saúde, em destaque pela
enfermagem (GRITTEN et al., 2008).
Entende-se a pesquisa-ação como “uma linha de pesquisa associada a
diversas formas de ação coletiva que é orientada em função da resolução de
problemas ou de objetos de transformação” (THIOLLENT, 2011). Ou seja, é uma
forma de pesquisa que se propõe a realizar uma ação coletivamente. Nessa
perspectiva, pode-se observar a importância desta metodologia tanto para pesquisas
na área da enfermagem quanto para as realizadas em Saúde Pública, tendo em
vista que as pesquisas desenvolvidas nessas duas áreas têm por fim a ação do
cuidar, a promoção do bem-estar e melhoria na qualidade de vida da população
(SILVA et al., 2011).
57
Ao ser utilizada esta opção metodológica, pode-se evidenciar a sua
flexibilidade como método participativo de investigação, pois mostra-se como uma
metodologia que possibilita a interação entre pesquisador e sujeitos da pesquisa, ou
seja, entre o saber formal e o saber informal, entre a teoria e a prática, conduzindo a
mudanças reais na forma como as pessoas interagem entre si e com os outros
(SANTOS et al., 2007). A utilização deste método é bastante gratificante, pois
permite que o sujeito da pesquisa se envolva com seus problemas, aumentando a
probabilidade de os achados da pesquisa se transformarem em ação (SILVA et al.,
2011).
A metodologia da pesquisa-ação possui doze fases que se interrelacionam e que são flexíveis, ou seja, não necessitam ser seguidas de forma
ordenada e com rigidez. As fases não possuem uma estrutura rígida com etapas
pré-definidas, pois surgem a partir dos problemas reais do grupo e incluem a
participação ativa do pesquisador para equacionar o grupo na pesquisa. Por ser um
método flexível, não se enquadra na lógica positivista de pesquisa convencional,
bem como não busca apenas realizar diagnóstico, mas intervir prontamente com a
população sobre as problemáticas levantadas (THIOLLENT, 2011).
As fases da pesquisa-ação são as seguintes, segundo Thiollent (2011, p.
56-82):
1. Fase exploratória: descobrir o campo de pesquisa, seus possíveis
interessados, suas ações, além de ser realizado o levantamento da situação,
dos problemas prioritários e elaborados os objetivos da investigação. Esse
reconhecimento, nesta pesquisa, foi previamente realizado durante as
consultas de enfermagem ao estomizado intestinal e/ou urinário no Serviço de
Atenção à Pessoa Estomizada da URES-Presidente Vargas, local onde
trabalho como enfermeira assistencial.
2. O tema da pesquisa: deve interessar ao pesquisador e aos sujeitos
investigados, para que todos desempenhem um papel eficiente no
desenvolvimento da pesquisa. O tema pode ser solicitado pelos atores da
situação. Neste momento é escolhido um marco teórico para nortear a
pesquisa. O tema da pesquisa, “Guia de orientação para cuidados com a
pele periestoma”, emergiu durante as consultas de enfermagem para
avaliação e reavaliação do estoma, pele periestoma e indicação do
equipamento coletor, onde o estomizado com dermatite periestoma, o familiar
58
ou cuidador relatavam sobre as dificuldades em prevenir, cuidar e tratar as
dermatites por falta de orientação ou mesmo de conhecimento.
3. A colocação dos problemas: definição do problema no qual o tema e os
objetivos adquirem sentido, ou seja, devem ser colocados os problemas que
se pretende resolver dentro de um campo teórico e prático. A colocação do
problema foi discutida com os estomizados durante os grupos focais, a fim de
elucidar as questões norteadoras desta pesquisa. Bem como atingir o
objetivo, que era a construção da tecnologia educacional para contribuir no
autocuidado com a pele periestoma dos estomizados e assim prevenir as
dermatites periestomas.
4. O lugar da teoria: a teoria surge para fornecer sustentação aos achados na
metodologia da pesquisa-ação. Esta deve ser trazida para as discussões,
permitindo o entendimento por parte de todo o grupo. Nesta fase houve
apropriação do tema da pesquisa, apresentado no referencial teórico deste
estudo. Com destaque para o referencial sobre os cuidados com a pele
periestoma e troca do dispositivo coletor de Yamada et al. (2003), da teoria do
déficit de autocuidado de Orem (1991) e das tecnologias em enfermagem de
Nietsche et al. (2012) e Mehry (2002). Buscando dialogar o referencial teórico
com os participantes, tentando sempre adequar o conhecimento ao nível de
compreensão dos envolvidos.
5. Hipóteses: são suposições formuladas pelo pesquisador a respeito de
possíveis soluções para um problema colocado na pesquisa, assumindo
caráter de condução do pensamento.
Para este estudo não se considerou pertinente a formulação de hipóteses,
pois não havia suposições formuladas. Utilizou-se a questão norteadora como
diretriz para a pesquisa.
6. Seminário: tem a finalidade de promover discussão e tomada de decisões
acerca da investigação (definição de temas e problemas), constituir grupos de
estudos, definir ações, acompanhar e avaliar resultados. O seminário tem a
função de coordenar as atividades do grupo, sempre finalizado pela
confecção de atas das reuniões.
O ponto central desta construção foram os seminários, chamados nesta
pesquisa de Grupo Focal, onde foram discutidos os temas propostos pelo
grupo para serem contidos na tecnologia educacional. Além dos encontros da
59
pesquisadora com a orientadora, observador e colaborador da pesquisa para
definir ações com o grupo focal.
7. Campo de observação, amostragem e representatividade qualitativa:
podem abranger uma comunidade geograficamente concentrada ou dispersa.
A amostragem e representatividade qualitativa são discutíveis.
Nesta pesquisa, o local foi o Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada da
URES – Presidente Vargas, no Município de Belém/PA. Para constituir a
amostra utilizou-se a representatividade qualitativa, estabelecida com critérios
de inclusão e exclusão.
8. Coleta de dados: esta é efetuada de várias formas, através das técnicas de
entrevistas coletivas, entrevistas individuais com profundidade, questionários,
observação participante, diário de campo, além da história de vida, entretanto,
todas essas técnicas ficam sob o controle do seminário central.
Os dados foram coletados através de entrevista coletiva, utilizando-se as
técnicas do Grupo Focal e o Diário de Campo. Foram realizados quatro
encontros, com duração aproximada de duas horas cada encontro. Os dados
foram coletados através da gravação das falas dos participantes e dos
registros do observador no diário de campo.
Durante o processo de coleta de dados desenvolveram-se outras fases da
pesquisa-ação, causando o entrelaçamento entre elas. Pode-se citar o
entrelaçamento das fases de aprendizagem, saber formal e informal, e plano
de ação.
9. Aprendizagem: esta etapa envolve a produção e circulação de informações,
elucidação e tomada de decisões, além de outros aspectos que fornecerão
mais aprendizado aos participantes. Através da pesquisa-ação, tanto
pesquisador quanto os participantes aprendem ao investigar e discutir suas
ações. Esta fase ocorreu durante os encontros com o grupo focal, houve troca
de conhecimentos, saberes e experiências entre os pesquisadores e os
participantes, assim como dos participantes entre si. Houve discussão quanto
ao conteúdo, linguagem acessível e imagens para conter na tecnologia
educacional, com o objetivo de ajudar na prevenção e tratamento das
dermatites periestomas.
60
10. Saber formal/saber informal: visam estabelecer a comunicação, o
entendimento e a relação entre os dois universos culturais: os dos
especialistas e dos participantes, tendo em vista que ambos sempre terão
algo a contribuir um com o outro.
Esta fase foi valorizada durante toda a evolução desta pesquisa, visto que as
sugestões para o conteúdo da tecnologia educacional emergiram da prática
dos estomizados para serem teorizadas e discutidas com embasamento
científico.
11. Plano de ação: é uma exigência da pesquisa-ação, deve se concretizar em
uma ação planejada entre o pesquisador e os participantes. O plano de ação
objetiva a ação que precisa ser realizada para a se obter a solução de um
problema existente.
O planejamento foi proposto pelo grupo participante da pesquisa juntamente
com a pesquisadora, observador e colaborador, e este foi sendo modificado
e/ou adequado durante o processo de discussão e avaliação no grupo focal,
no intuito de responder às questões norteadoras e atender às expectativas do
grupo pesquisado, que era a construção da tecnologia educacional. O plano
de ação continha todas as atividades desenvolvidas a cada encontro com o
grupo, ou seja, o passo a passo da coleta de dados.
12. Divulgação externa: nesta fase ocorrem o retorno dos resultados da
pesquisa aos participantes, e a divulgação dos resultados em eventos,
congressos, conferências e publicações científicas.
Em cada encontro com o grupo, no início, foi apresentado um resumo das
discussões e dos resultados alcançados. Aos setores interessados, a
divulgação ocorrerá após o término deste trabalho, onde será dado um
retorno aos responsáveis que concederam a sua realização sobre os
resultados obtidos, e à comunidade em geral pela publicação de artigos
científicos.
Essas fases se sobrepõem e integram-se de forma muito maleável. E
devem ser vistas como ponto de partida e chegada, sendo possível, em cada
situação, o pesquisador, junto com os participantes, redefinir e adaptar de acordo
com as circunstâncias da situação investigada. Esse aspecto precisa ser
61
considerado e utilizado no desenvolvimento da pesquisa, isto porque a sobreposição
e interligação das fases atribuem dinamismo a todo o processo (THIOLLENT, 2011).
3.2.
Cenário da pesquisa
A pesquisa ocorreu no Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada da
Unidade de Referência Especializada em Saúde (URES) – Presidente Vargas, no
Município de Belém/PA, onde se encontrava o público-alvo e onde desenvolvo
minhas atividades como enfermeira. Essa unidade fica localizada na Avenida
Presidente Vargas nº 513, no bairro da Campina, e presta atendimento
especializado aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), oferecendo os
seguintes
serviços:
alergologia,
cardiologia,
dermatologia,
endocrinologia,
endodontia, fonoaudiologia, gastrenterologia, hematologia, nefrologia, odontologia,
oftalmologia, otorrinolaringologia, periodontia, pneumologia, urologia, entre outros.
O Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada foi implantado na URESPresidente Vargas em 05/10/2009, objetivando o atendimento qualificado e
profissional, a reabilitação dos usuários com estomas intestinais e urinários com
ênfase na orientação para o autocuidado, prevenção de complicações e
fornecimento de equipamentos coletores e adjuvantes de proteção e segurança.
Este serviço atende estomizados da capital, de outros municípios do estado e
inclusive do Estado do Amapá.
O atendimento e a dispensação dos equipamentos coletores aos
estomizados foram realizados durante 18 anos pela Associação dos Ostomizados do
Pará (AOPA), situada no mesmo prédio da URE – Presidente Vargas. Entretanto, o
objetivo dessa associação era lutar por melhores condições para a pessoa
estomizada, porém não contava com o trabalho do profissional de saúde para
assistir aos usuários, realizando apenas a dispensação dos equipamentos coletores.
Com a implantação do Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada, o
atendimento passou a ser realizado por uma enfermeira, que por meio da consulta
de enfermagem fazia a avaliação do estoma, da pele periestoma, e a indicação do
equipamento coletor, procedimentos estes que se tornaram, então, responsabilidade
desse profissional, que passou a assistir à pessoa estomizada, trabalhando a
educação em saúde, principalmente a questão do autocuidado.
62
Atualmente o Serviço conta com uma equipe multidisciplinar formada por:
médico clínico, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos, nutricionistas, técnicos
de enfermagem e agentes administrativos.
3.3.
Participantes da pesquisa
A princípio foram convidados 12 usuários, sendo oito estomizados
intestinais e quatro estomizados urinários. Todos aceitaram participar da pesquisa,
entretanto somente os oito estomizados intestinais permanentes e temporários que
são assistidos no Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada compareceram nos
encontros em grupo, portanto formando os sujeitos desta pesquisa.
Os participantes foram selecionados durante as consultas de enfermagem
para avaliação do estoma, pele periestoma, indicação e troca do equipamento
coletor. Já chegaram ao Serviço apresentando a dermatite periestoma, por isso
houve necessidade de acompanhamento por alguns dias para tratamento e
avaliação da dermatite. Então, nesse contato inicial houve estabelecimento de um
vínculo com os estomizados, o que facilitou a seleção e aceitação dos mesmos em
participar da pesquisa. Utilizaram-se como critérios
de
inclusão: serem
estomizados intestinal ou urinário de ambos os sexos, que já tinham apresentado
lesão periestoma ou que atualmente estavam vivenciando a lesão; maiores de 18
anos; que sabiam ler e escrever; residentes no Município de Belém/PA; que
aceitaram retornar para participar do momento em grupo; aceitaram participar da
pesquisa e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
Quanto aos critérios de exclusão: não serem estomizados intestinal ou urinário,
que nunca tivessem apresentado lesão periestoma; menores de 18 anos;
analfabetos; residentes em outros municípios do Estado do Pará e no Estado do
Amapá; não aceitaram retornar para participar do grupo; e não aceitaram assinar o
Termo de Consentimento Livre (TCLE).
3.4.
Coleta de dados
A coleta de dados foi efetuada através de entrevista coletiva, utilizando-se
a técnica do Grupo Focal e complementada pelo Diário de Campo. A opção pelo
grupo focal se deu em decorrência da possibilidade de facilitar o diálogo, a
63
interação, troca de experiências entre os participantes, sendo estes fatores
determinantes para a elaboração da tecnologia educacional que atenda às
necessidades do grupo. O grupo focal é uma forma de coletar dados diretamente a
partir das falas de um grupo, que relata suas experiências e percepções em torno de
um tema de interesse coletivo (DUARTE e BARROS, 2006).
O grupo focal se constitui num tipo de entrevista e ao mesmo visa à
interação entre participantes de pequenos e homogêneos grupos. Para obter bons
resultados no uso desta técnica, é necessário que os grupos sejam planejados, onde
deve ser seguido um roteiro que vai do geral ao específico, coordenado por um
moderador capaz de promover a participação e captar o ponto de vista de todos e de
cada um (MINAYO, 2008).
Segundo Backes (2011), o grupo focal representa uma fonte que
intensifica o acesso às informações acerca de um fenômeno, seja pela possibilidade
de gerar novas concepções ou pela análise e problematização de uma ideia em
profundidade. Desenvolve-se a partir de uma perspectiva dialética, na qual o grupo
possui objetivos comuns e seus participantes procuram abordá-los trabalhando
como uma equipe.
Para composição do grupo focal, há que se considerar que os
participantes possuam entre si ao menos uma característica comum importante, e os
critérios para a seleção dos sujeitos sejam determinados pelo objetivo do estudo,
caracterizando-se como uma amostra intencional. Sugere-se que o número de
participantes esteja situado em um intervalo entre seis e quinze, como um módulo
recomendável (BARBOSA, 2005). No caso deste estudo a característica do grupo foi
ser estomizado intestinal e/ou urinário que já tinha vivenciado ou estava vivenciando
a dermatite periestoma.
O grupo focal é conduzido por um moderador que assume a posição de
facilitador do processo de discussão e procura encorajar o debate e limitar suas
intervenções, atuando, principalmente, na introdução de novas questões e direção
da discussão. Além disso, seu trabalho é auxiliado por um observador, que, nesse
caso, acompanha e anota a conduta dos participantes do grupo (YONEKURA e
SOARES, 2010). A discussão ocorre por um período de mais ou menos duas horas,
em local com algum grau de privacidade (BERTI et al., 2010). Neste estudo o
moderador foi a pesquisadora principal e o observador foi um enfermeiro convidado
pela pesquisadora, que prestava trabalhos voluntários no Serviço onde ocorreu a
64
pesquisa. Contou-se ainda, com um colaborador, também enfermeiro, que ficou
responsável em ajudar a moderadora na condução do grupo.
O diário de campo é um instrumento que permite o registro detalhado do
conteúdo das observações no campo de pesquisa, envolvendo a descrição do
ambiente e as reflexões do pesquisador, incluindo suas observações pessoais,
especulações, sentimentos, impressões e descobertas durante a fase de coleta de
dados (BESERRA et al., 2006). O diário de campo nesta pesquisa foi utilizado pelo
observador para registro da comunicação não verbal e de comportamentos, assim
como de ocorrências durante a coleta de dados.
3.4.1. O grupo focal no contexto deste estudo
O processo de aplicação da técnica do grupo focal ocorreu no auditório da
URES – Presidente Vargas (5º andar), local que é visto como referência para os
estomizados, já que o Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada funciona no térreo
deste prédio, além de o local ser de fácil acesso para todos. As reuniões com o
grupo foram realizadas em datas e horários definidos com os participantes. A sala foi
organizada de forma que as cadeiras ficassem dispostas em semicírculos, o que
permitiu aos participantes uma melhor visão e interação entre todos.
A pesquisadora participou do grupo como moderadora e contou com a
colaboração de duas outras pessoas (enfermeiros): observador e colaborador. Como
moderadora foi possível atuar como facilitadora do processo de discussão e
encorajar o debate entre os participantes do grupo a cada encontro, atuando,
principalmente, na introdução e direcionamento das questões orientadoras. O papel
do observador foi registrar no diário de campo os dados e informações verbais e não
verbais apresentadas pelos participantes, conduta e interação da moderadora com
os participantes, assim como detalhes do ambiente onde foram desenvolvidos os
encontros. O colaborar ajudou a moderadora a conduzir as atividades com o grupo.
Na chegada, os participantes convidados que aceitaram compor o grupo
foram recepcionados e convidados a sentar em cadeiras organizadas em forma de
semicírculo ao redor de uma mesa, criando-se um ambiente agradável e acolhedor.
O grupo focal foi desenvolvido por um período de duas horas em cada encontro.
Para condução do grupo focal, utilizou-se um roteiro com algumas
questões abertas (Apêndice C), produzidas anteriormente à data do encontro do
65
grupo, e esse instrumento foi adotado para auxiliar a moderadora. As questões
foram expostas pela moderadora, de acordo com o decorrer da discussão. Os
participantes foram estimulados a discutir sobre as questões apresentadas no roteiro
Nas discussões, respeitaram-se as falas individuais, sendo gravados
todos os depoimentos e registrados em diário de campo, incluindo a linguagem
verbal e não verbal observadas no decorrer dos encontros.
3.4.2. Passo a passo da coleta de dados
1º momento: convite individual ao estomizado para participar da
pesquisa, no momento que compareceu ao serviço para consulta de enfermagem ou
para receber o equipamento coletor. Neste momento foi informado sobre a
necessidade de encontros em grupo para o desenvolvimento da pesquisa e foi
consultado sobre a data e horário do encontro de acordo com sua disponibilidade e
que atendessem à expectativa de todos. Foi informado que, um dia antes do
encontro, seria feito contato telefônico para confirmar a participação no grupo.
Quanto à locomoção dos participantes até a URES, foram disponibilizados os
valores referentes ao transporte rodoviário aos que necessitaram e que aceitaram.
2ª momento: Constituiu-se dos encontros em grupo. Foram realizados
quatro encontros com o grupo para construção da tecnologia educacional (guia),
com intervalo de uma semana nos três primeiros encontros e de duas semanas no
último encontro.
Antes de cada encontro com o grupo focal, a pesquisadora reuniu-se com
o observador e o colaborador para apresentar a programação com as atividades que
seriam desenvolvidas com o grupo no decorrer dos encontros, assim como para
definir e esclarecer as funções de cada um na pesquisa.
 Primeiro encontro do grupo focal:
Ocorreu no dia 09/04/2014, com duração de 2 horas. Dos 12 estomizados
convidados no 1º momento, apenas oito compareceram ao encontro, e alguns
participantes vieram acompanhados de seus cônjuges. Nesse primeiro encontro um
dos participantes estava vivenciando novamente a dermatite periestoma. Que
66
atribuiu ao crescimento dos pelos da área periestoma, que provoca prurido. Mas que
já estava tratando, fazendo uso de película protetora de pele.
O grupo foi conduzido da seguinte maneira: agradecimento aos
participantes pelo comparecimento; apresentação dos integrantes da pesquisa
(pesquisadora/moderadora, observador, colaborador), assim como a descrição da
função de cada um nos encontros; explicação dos objetivos da pesquisa
(apresentação no datashow e explicação do que são a tecnologia educacional, pele
periestoma e dermatite periestoma, para facilitar o entendimento dos participantes);
explicação no datashow de como seria conduzido o grupo (que teríamos como
direcionamento um roteiro com quatro perguntas que ajudariam na construção da
tecnologia educacional); exposição e explicação para os participantes sobre os
benefícios da pesquisa; explicação sobre a necessidade de gravação da discussão;
e foram assegurados o anonimato e confidencialidade dos dados obtidos.
Após a exposição e explicação dos objetivos e benefícios da pesquisa,
fez-se o convite para os estomizados, e oito aceitaram participar. Foi apresentado o
TCLE (Apêndice D) para cada participante, posteriormente foram convidados a
assinar o mesmo em duas vias.
Os pesquisadores e os participantes do grupo foram identificados pelo
nome com um crachá. Logo em seguida realizou-se uma dinâmica de apresentação
de grupo, “Balão com os nomes dos participantes”, com o objetivo de promover a
interação dos estomizados entre si e com os integrantes da pesquisa.
Posteriormente à dinâmica de apresentação, deu-se início às atividades
com o grupo, sendo apresentada no datashow a primeira pergunta do roteiro (Como
vocês veem a utilização de um material educativo que esclareça sobre os
cuidados com a pele periestoma?) e os participantes foram estimulados um a um
a comentar ou responder sobre a pergunta.
Finalizou-se o encontro com agradecimento, agendamento do próximo
encontro e oferecimento de um coffee-break para os participantes.
 Segundo encontro com o grupo focal:
67
Ocorreu no dia 15/04/2014, com duração de 2 horas. Dos oito
estomizados, compareceram apenas seis, e um destes participantes justificou sua
ausência no dia anterior ao encontro. O grupo foi conduzido da seguinte maneira:
distribuição dos crachás para cada participante e pesquisadores; agradecimento aos
participantes pelo comparecimento; exposição no datashow do resumo do 1º
encontro, apresentação e explicação no datashow dos objetivos do 2º encontro.
No início das atividades com o grupo foi dada continuidade nas
perguntas do roteiro e os participantes foram estimulados a comentar ou responder
sobre as mesmas.
- Quais as condições que interferem no cuidado com a pele
periestoma?
- Como vocês fazem o autocuidado com a pele periestoma?
- Que assuntos vocês consideram importantes para conter no
material educativo?
Finalizou-se o encontro com agradecimentos, fotos, agendamento do
próximo encontro e oferecimento de um coffee-break para os participantes.
 Terceiro encontro com o grupo focal:
Ocorreu no dia 25/04/2014, com duração de 02h30min. Compareceram
sete dos oito estomizados. O grupo foi conduzido da seguinte maneira: distribuição
dos crachás para cada participante e pesquisadores; agradecimento aos
participantes pelo comparecimento; exposição no datashow do resumo do 2º
encontro, apresentação e explicação no datashow dos objetivos do 3º encontro.
No início das atividades com o grupo houve a exposição e leitura em
grupo do primeiro esboço da Tecnologia Educacional (Apêndice E) e dinâmica
das
imagens,
onde
cada
participante
pode
sugerir/escolher,
dentre
as
imagens/figuras que foram expostas no datashow, as que seriam mais adequadas
para ilustrar a tecnologia. Este momento do encontro proporcionou ajustes e
contribuições pelo grupo quanto ao conteúdo e sugestões de imagens.
Finalizou-se o encontro com agradecimentos, agendamento do próximo
encontro e oferecimento de um coffee-break para os participantes.
68
 Quarto encontro:
Ocorreu no dia 06/05/2014, com duração de 2 horas, com sete
estomizados. O grupo foi conduzido da seguinte maneira: distribuição dos crachás
para cada participante e pesquisadores; agradecimento aos participantes pelo
comparecimento; exposição no datashow do resumo do 3º encontro, apresentação e
explicação no datashow dos objetivos do 4º encontro.
No início das atividades com o grupo houve a exposição e leitura em
grupo do segundo esboço da Tecnologia Educacional (Apêndice F), momento
em que foram feitos novos ajustes e contribuições pelos participantes: quanto às
imagens/figuras, tamanho da fonte, conteúdo, título mais adequado para a
tecnologia, cor das páginas, imagem da capa e público indicado para usar a
tecnologia.
Fez-se a exposição de um vídeo com agradecimento pela participação e
contribuição dos participantes durante as atividades em grupo nos encontros
anteriores. Posteriormente desenvolveu-se uma dinâmica em que foram expostas no
datashow as imagens de algumas pedras preciosas e os participantes foram
convidados um a um a escolher uma pedra para ser a sua identificação fictícia na
pesquisa, preservando assim seu anonimato.
Foi realizada uma dinâmica de grupo, “Dinâmica da caixa de presente”,
para encerramento das atividades. Com distribuição de um brinde para cada
participante. Finalizou-se o encontro com agradecimentos e oferecimento de um
coffee-break para os participantes.
3.5.
Aspectos éticos
Esta pesquisa foi desenvolvida de acordo com as diretrizes e normas
regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos, expressos através da
Resolução nº 466 de 12/12/2012 do Conselho Nacional de Saúde/Ministério da
Saúde. Esta resolução incorpora, sob a ótica do indivíduo e das coletividades,
referenciais básicos da bioética, tais como: autonomia, beneficência, não
maleficência, justiça e equidade.
A pesquisa atendeu todos os requisitos mencionados no que diz respeito
à:
69
 Autonomia: foi submetido aos participantes da pesquisa o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE (Apêndice D), para ser
assinado antes do início da pesquisa, após a explicação dos objetivos
e técnicas de coleta dos dados; procurando tratá-los com dignidade e
respeito.
 Beneficência: foram assegurados aos participantes o máximo de
benefício e o mínimo de danos e riscos, tanto individuais como
coletivos.
 Não maleficência: foi assegurado aos participantes que os danos
previsíveis seriam evitados.
 Justiça e equidade: foi destacada aos participantes a relevância social
das reflexões advindas com a pesquisa, e que, assim, só obteriam
vantagens em dela participar.
Seguindo essa orientação, todos os participantes da pesquisa foram
informados sobre o Termo de Consentimento Livre e Esclarecidos (TCLE) e o
mesmo foi assinado em duas vias por aqueles que concordaram em participar. Aos
participantes explicou-se sobre o foco da pesquisa, seus objetivos, a proteção do
anonimato e o resguardo do sigilo, que seus nomes não seriam revelados e que
seriam usados nomes fictícios para preservar seu anonimato, e todas as
informações não seriam reveladas a não ser para fins científicos.
Esclareceu-se sobre a liberdade para desistência ou de interromper a
sua colaboração nesta pesquisa no momento em que desejassem, sem necessidade
de qualquer explicação, e que a desistência não causaria aos participantes nenhum
prejuízo à sua saúde ou bem-estar físico, moral ou financeiro, nem interferência no
seu atendimento no Serviço. Explicou-se que os participantes não receberiam
nenhuma remuneração e nenhum tipo de recompensa na pesquisa, sendo suas
participações voluntárias. Bem como foram informados de que a pesquisa foi
financiada pelo pesquisador e que não acarretaria em nenhum custo para eles.
Para realização desta pesquisa foi solicitada autorização para a direção
da Unidade de Referência Especializada em Saúde (URES) – Presidente Vargas
(Anexo A). Essa autorização permitiu a coleta de dados junto aos estomizados
cadastrados no Serviço. A pesquisa foi encaminhada para análise e aprovação do
70
Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Escola de Enfermagem “Magalhães Barata”
da Universidade do Estado do Pará (UEPA), Campus IV. A coleta de dados só se
iniciou mediante aprovação por escrito do Comitê, que ocorreu em 23/04/2014, sob
o Protocolo nº 565.968 (Anexo B).
3.5.1. Riscos e benefícios:
Esta pesquisa apresentou riscos mínimos aos participantes, como a
exposição dos seus dados, já que os mesmos participaram de grupo focal para
coleta de dados. Porém este risco foi minimizado mantendo-se o anonimato dos
mesmos na pesquisa. Em todos os registros um nome fictício substituiu o nome dos
participantes. Eles receberam informações, orientações e esclarecimentos sobre a
pesquisa sempre que foi solicitado. Todos os dados coletados foram mantidos de
forma confidencial, assegurando-se o sigilo profissional. Esta pesquisa também não
teve objetivo de submeter a nenhum tratamento a quem dela foi participante, bem
como não causou nenhum prejuízo ou gasto em relação ao material utilizado. O
participante teve liberdade de desistência e se retirar da pesquisa em qualquer
momento. Além disso, só participou da pesquisa quem assinou o TCLE concordando
com sua participação na pesquisa. Os dados obtidos serão utilizados apenas para
fins de divulgação de estudos científicos e/ou publicações científicas e eventos,
desde que os dados pessoais não sejam mencionados, e serão utilizados apenas
para esta pesquisa, guardados por um período de cinco anos, e após esse período
serão destruídos (conforme preconiza a Resolução nº 466/12).
Quanto aos benefícios, a construção de uma tecnologia educacional junto
com os participantes da pesquisa contribuiu na aquisição de conhecimentos, troca
de experiências, valorização dos saberes dos mesmos sobre os cuidados de si.
Futuramente, após a sua validação, contribuirá como instrumento que ajudará no
autocuidado e na prevenção de complicações na pele periestoma dos estomizados
do Serviço e/ou de outras instituições.
3.6. Análise dos dados:
A análise de dados, apesar de ser uma etapa separada, foi iniciada logo
após cada encontro do grupo focal. Foram ouvidas as gravações do encontro e
71
transcritas na íntegra as falas dos participantes. Foi feita ainda, a leitura e
observação do diário de campo. A partir da transcrição na íntegra dos dados
oriundos dos encontros em grupo, o material foi analisado segundo o método da
Análise de Conteúdo, do tipo Temática. Segundo Bardin (2011, p.48):
A análise de conteúdo é um conjunto de técnicas de análise das
comunicações visando obter por procedimentos sistemáticos e objetivos de
descrição do conteúdo das mensagens indicadores (quantitativos ou não)
que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de
produção/recepção (variáveis inferidas) dessas mensagens.
A escolha por esse tipo de análise se deu após a leitura de estudos como,
por exemplo, de GRITTEM, 2007; ULBRICH, 2010; SOUSA, 2011; QUEIROZ et al.,
2008, que trabalharam a construção de tecnologias educacionais por meio do
método de pesquisa-ação, com grupos focais, e utilizaram a análise temática de
Bardin. Diante disso, verificou-se que esta era apropriada para este tipo de
pesquisa.
Para atingir mais precisamente os significados manifestos e latentes
trazidos pelos sujeitos, foi utilizada a análise categorial, que funciona por operações
de desmembramento do texto em unidades, em categorias segundo reagrupamento
analógicos. A análise categorial poderá ser temática, construindo as categorias
conforme os temas que emergem do texto (BARDIN, 2011).
Segundo Bardin (2011), tema é a unidade de significação que se liberta
naturalmente de um texto analisado, respeitando os critérios relativos à teoria que
serve de guia para esta leitura. Sendo assim, a análise de conteúdo temática
consiste em descobrir os “núcleos de sentido” que compõem a comunicação, e cuja
presença ou frequência de aparição podem significar alguma coisa para o objetivo
analítico escolhido. A análise de conteúdo organiza-se em três fases: a) pré-análise;
b) exploração do material; e c) tratamento dos resultados, inferência e interpretação
(BARDIN, 2011).
A pré-análise é a fase de organização, tem por objetivo operacionalizar e
sistematizar as ideias iniciais, de maneira a conduzir a um esquema preciso de
desenvolvimento da pesquisa. Retomam-se as hipóteses e os objetivos iniciais da
pesquisa, reformulando-os frente ao material coletado, e na elaboração de
indicadores que fundamentem a interpretação final. Esta fase se decompõe em três
tarefas: leitura flutuante, que consiste em tomar contato exaustivo com o material
72
para conhecer seu conteúdo; constituição do corpus, que é o conjunto dos
documentos tidos em conta para serem submetidos aos procedimentos analíticos; e
reformulação de hipóteses e objetivos, onde determinam-se a unidade de registro
(palavra ou frase), a unidade de contexto (a delimitação do contexto de
compreensão da unidade de registro), os recortes, a forma de categorização, a
modalidade de codificação e os conceitos teóricos mais gerais que orientarão a
análise (BARDIN, 2011).
A
exploração
do
material,
que
é
a
segunda
etapa,
consiste
essencialmente em operações de codificação, decomposição ou enumeração, em
função de regras previamente formuladas. Na terceira etapa, que é o tratamento dos
resultados, inferência e a interpretação, os dados brutos condensados são tratados
para uma análise significativa e válida (BARDIN, 2011).
Nesta pesquisa os temas foram emergentes da produção dos dados da
pesquisa empírica e formaram as categorias temáticas. Considerou-se a presença
de núcleos (unidades) de sentido que foram significativos para atender aos objetivos
da pesquisa e que estavam em consonância com o referencial teórico que sustenta
a mesma.
Segundo as fases descritas acima, a análise de dados desta pesquisa
constou de:
a) Pré-análise: Na mesma semana em que foi realizado o grupo focal,
ouviram-se as gravações do encontro e foram transcritas na íntegra as falas dos
participantes. Posteriormente fez-se a leitura exaustiva e flutuante do material
transcrito, assinalando palavras e expressões para identificação de unidades de
sentido e núcleos de significados.
b) Exploração do Material: Foi iniciado o processo de categorização,
orientado
pelos
objetivos
da
pesquisa.
Para
tal,
elaboraram-se
quadros
sistematizando os principais achados que deram corpo às categorias temáticas
(Apêndice G).
c) Tratamento dos resultados, inferência e interpretação: Cada
categoria temática foi descrita, comparada com o material teórico e feita a inferência
do que deveria constar na tecnologia educacional (guia). Resultando na construção
da tecnologia educacional proposta neste projeto.
73
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO
74
Os dados coletados juntos aos participantes foram analisados e os
aspectos mais significativos constituíram o conteúdo para a construção da
tecnologia educacional. A análise foi realizada por meio de uma leitura exaustiva do
material produzido no grupo focal, com organização, categorização e codificação
dos dados a fim de gerar uma interpretação precisa. Inicia-se pela descrição das
características dos participantes da pesquisa.
4.1.
Caracterização dos participantes
Participaram da pesquisa oito estomizados intestinais, quatro do sexo
feminino e quatro do sexo masculino; na faixa etária de 42 a 69 anos. Quanto à
situação conjugal, quatro eram casados, dois, solteiros, um com união estável, e um,
divorciado. Em relação à situação econômica, quatro eram aposentados, dois
recebiam benefício e dois eram autônomos. Quanto ao nível de escolaridade, cinco
possuíam o ensino médio completo e três, o ensino fundamental incompleto. E todos
eram residentes no Município de Belém/PA. O tempo de estomização variava de
cinco meses a 18 anos. Quanto ao tipo de estomia, cinco eram ileostomizados e
três, colostomizados; dos quais quatro apresentavam estomia de caráter
permanente e quatro, temporária. Em relação à causa geradora da estomia, três
foram por câncer de reto; um, por câncer de cólon; uma, por câncer de vulva com
fístula retal; um, por retocolite; um, por tuberculose intestinal; e um, por causa
desconhecida. Destes, seis vivenciaram a dermatite irritativa; um, a irritativa
associada com a mecânica; e um, a dermatite infecciosa.
75
Quadro 1: Caracterização dos participantes da pesquisa, Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada, URES-Presidente Vargas,
Belém/PA, 2014
Participante
Sexo
Idade
Situação
Situação
Nível de
Tempo de
Tipo de
Caráter do
Causa
conjugal
econômica
escolaridade
estomização
estomia
estoma
geradora
Topázio azul
F
62 a
Solteiro
Aposentado
EFI
18 anos
Ileostomia
Permanente
Retocolite
Jade
F
45 a
Solteiro
Benefício
EFC
9 meses
Ileostomia
Temporário
CA de reto
Ônix
M
62 a
Casado
Autônomo
EFI
1 ano e 6 meses
Colostomia
Permanente
CA de reto
Quartzo azul
M
69 a
Casado
Aposentado
EMC
6 anos
Colostomia
Permanente
CA de reto
Olho de tigre
M
42 a
União estável
Benefício
EFI
11 meses
Ileostomia
Temporário
TB intestinal
Diamante
M
67 a
Casado
Aposentado
EFC
6 meses
Ileostomia
Temporário
CA de cólon
Pérola
F
63 a
Casado
Aposentada
EMC
5 anos
Ileostomia
Permanente
CA de vulva
com fístula
retal
Rubi
Legenda:
F
47 a
E.F.I
(Ensino
Divorciada
Fundamental
Autônomo
Incompleto);
EMC
E.M.I
(Ensino
5 meses
Médio
Incompleto)
Colostomia
e
E.M.C
Temporário
(Ensino
Médio
Desconhecida
Completo)
76
4.2.
Categorias identificadas
As categorias emergiram da identificação de unidades de sentido
(significados) do material produzido na pesquisa durante análise desse material.
Temos as seguintes categorias: O Material Educativo como Fonte de
Conhecimento; Dificuldades para o Cuidado com a pele periestoma;
Autocuidado com a pele periestoma; e Tecnologia Educacional para
Estomizados.
4.2.1. CATEGORIA 1: O material educativo como fonte de conhecimento
As unidades de significado que originaram esta categoria foram: conhecer
mais; útil para a enfermagem; importante para o cuidado; informação para outras
pessoas; ajudar muita gente; muito bom; contribuir; orientação, principalmente para
o meu marido, que cuida de mim. Conforme se observa no Quadro 2 abaixo.
Quadro 2- Percepção dos estomizados sobre o material educativo que esclareça
sobre os cuidados com a pele periestoma
Participante
Respostas
1. Topázio Azul
- Conhecer mais o que tem que usar e como conviver.
2. Jade
- É útil para a enfermagem, quem não conhece tem que
aprender. Os profissionais desconhecem a realidade e
diversidade de materiais.
3. Ônix
- Será importante para o cuidado.
4. Quartzo azul
- Levar informação pra outras pessoas, nós vamos
ajudar muita gente. Nunca houve um trabalho desses pra
nós, somos responsáveis por isso. É o saber e a
experiência.
5. Olho de tigre
- Muito bom.
6. Diamante
- Vai contribuir muito.
7. Pérola
- Orientação, principalmente para o meu marido, que
cuida de mim. Pra ele aprender mais.
8. Rubi
- Muito bom.
77
Analisando as respostas dos participantes da pesquisa, constatou-se que
eles tinham uma percepção sobre o material educativo, principalmente, como uma
fonte de conhecimento sobre o material (equipamentos coletores e adjuvantes de
proteção) que terão de usar e como devem usá-los. Além disso, eles consideravam
também ser útil para os profissionais de enfermagem, que muitas vezes demonstram
não conhecerem e não terem experiência sobre os cuidados dispensados aos
estomizados e por isso não orientam de forma adequada os pacientes e/ou
familiares. Aqui eles se referem principalmente aos profissionais do hospital, e à falta
de orientação no momento da alta hospitalar. Conhecer sobre esses equipamentos e
como manuseá-los é importante para um cuidado eficaz. Portanto, esse material
educativo vai levar informações para as pessoas e ajudá-las a lidar com essa
realidade. É uma maneira de contribuir, de orientar os estomizados, os familiares e
as pessoas que cuidam deles, por isso, os participantes definem como um material
muito bom. Vejamos algumas falas que exemplificam essa percepção.
É bom [...] fazer pra melhorar e pra pessoa conhecer mais [...]
o que a gente tem que usar e como tem que conviver, tem que
conhecer o que é nosso mesmo... (Topázio Azul)
Eu acho que o material vai ser muito importante [...] então, se
elas tivessem esse material, seria muito útil [...] porque eu acho
assim [...] quem está no ramo da enfermagem com certeza
também tem interesse em qualquer material relacionado a isso,
pois não conhece, então vai aprender... (Jade)
A utilização desse material vai ser muito importante [...] toda
informação pra gente [...] se nós conseguirmos aqui fazer um
grupo e levar essa informação pra outras pessoas nós vamos
ajudar muita gente... (Quartzo azul)
Ótimo [...] ótimo, porque orienta muito, principalmente para o
meu marido, que cuida de mim [...] ele que cuida de mim [...]
vai ajudar para ele aprender mais... (Pérola)
As falas dos participantes confirmam o que diz Sousa (2011), que afirma
que os materiais educativos devem ser um complemento das orientações verbais
dos profissionais ao paciente, um suporte de informação, de orientações, de
78
esclarecimentos, de prevenção de complicações, ou seja, um complemento no
processo educativo que contribuirá na recuperação do paciente.
Panobianco et al. (2009) acreditam que a existência de instrumentos de
orientação, como um material educativo, com informações que forneçam elementos
para a tomada de decisões, possa facilitar, padronizar e reforçar as orientações
verbais. É também o que pensam Torres et al. (2009): que os materiais educativos
permitem ao paciente e sua família uma leitura posterior, reforçando as informações
orais, servindo como um guia de orientações para casos de dúvidas e auxiliando nas
tomadas de decisões do cotidiano.
Para Echer (2005), os materiais educativos servem para facilitar o
trabalho da equipe multidisciplinar na orientação de pacientes e familiares no
processo de tratamento, recuperação e autocuidado. Dispor de um material
educativo e instrutivo facilita e uniformiza as orientações a serem realizadas, com
vistas ao cuidado em saúde. É também uma forma de ajudar os indivíduos no
sentido de melhor entenderem o processo saúde/doença e trilharem os caminhos da
recuperação.
Um ponto muito importante a ser considerado no uso de materiais
educativos é que, ao serem elaborados, além da fundamentação científica é
essencial que sejam adequados à realidade dos pacientes, ou seja, é preciso que
sejam levados em consideração os saberes e experiências de quem convive
diariamente com um equipamento coletor. Para Rozemberg, Silva e Vasconcellos
(2002), a utilização e/ou produção de materiais educativos deve se pautar no
processo de negociação de significados e na valorização de experiências entre
profissionais de saúde e usuários dos serviços. Podemos confirmar esse comentário
na fala de um dos participantes da pesquisa.
Nunca houve um trabalho desses pra nós [...] o grande gancho
da produção deste material é o saber e a experiência...
(Quartzo azul)
As informações que compõem um material educativo devem fornecer
elementos para a tomada de decisões, em detrimento de prescrever padrões de
comportamentos e atitudes (KELLY-SANTOS E ROZEMBERG, 2006). Portanto o
79
grande diferencial deste estudo é unir o conhecimento científico e a experiência e o
saber de quem convive no dia a dia com essa condição.
4.2.2. CATEGORIA 2: Dificuldades para o cuidado com a pele periestoma
As unidades de significado que originaram esta categoria foram: está
operada, não ter conhecimento, corte inadequado na placa, banheiros não
adaptados, vazamento, falta de informação, apoio dos profissionais, ter o material e
não saber usar. Como podemos observar no Quadro 3.
Quadro 3- Condições que interferem no cuidado com a pele periestoma
Participante
Respostas
1. Topázio Azul
- Fazer o corte correto na placa, o resíduo que sai dá
coceira.
2. Jade
- No começo, por está operada, não tinha
conhecimento. O corte inadequado na placa era tão
grande, sentia escorrer na minha pele, queimava minha
pele.
3. Ônix
- Banheiros adaptados para higienizar a bolsa
4. Quartzo azul
- Todos nós, quando saímos da sala de operação,
temos um vazamento. Esse grupo poderia dar uma
força para aqueles que estão saindo
- Comecei a estudar para saber o meu problema; há
condições de se emancipar, dar autonomia.
5. Olho de tigre
- A fixação do material no início, estava muito magro.
Além da falta de informação.
6. Diamante
- A acidez das fezes, qualquer vazamento causa um
dano, tem que saber colocar; o problema é cortar.
- É preciso melhor apoio dos profissionais, no começo
é um impacto.
7. Pérola
- Eu não troco, me acomodei.
- Ter o material, mas não saber onde usar.
8. Rubi
- Eu não sabia de nada, no início não é fácil. Eu tirava a
placa, o sangue escorria, eu ficava desesperada.
80
Ao analisar as falas dos participantes sobre as condições que interferem
nos cuidados com a pele periestoma, percebeu-se que, ao comentarem sobre essa
questão, a maioria referiu não ter nenhuma condição que interferisse atualmente,
que hoje já sabiam cuidar da pele periestoma. Referiram-se, principalmente, ao
período da hospitalização e início da sua condição de estomizados, ou seja, os
fatores que interferiram nesse cuidado foram vivenciados no pós-operatório,
momento em que o estomizado e o familiar cuidador encontravam-se bastante
fragilizados, angustiados, inseguros e cheios de dúvidas devido à situação que
estavam vivenciando: a estomização. As dificuldades durante a internação estavam
relacionadas às limitações por conta da cirurgia e pela impossibilidade de cuidar de
si, assim como à pouca experiência dos profissionais quanto aos cuidados com a
pele periestoma e na troca do equipamento coletor, o que contribuiu para o
surgimento de dermatite, tornando-se uma situação mais angustiante e dolorosa
para os mesmos. As condições mais enfatizadas pelos participantes foram: corte
inadequado na base adesiva, a falta de conhecimento e informação por parte do
estomizado, do familiar/cuidador e do profissional assistencial, assim como a falta de
apoio por parte da equipe multiprofissional. Conforme podemos observar nos relatos
dos participantes:
No início foi fazer o corte correto na placa [...] quando dá
coceira deve ser o resíduo que está saindo fora da marca que
você deve cortar, né [...] aquele resíduo que sai provoca
coceira [...] alguns profissionais, mesmo no hospital, têm pouco
conhecimento disso... (Topázio Azul)
A dificuldade era a falta de conhecimento minha e dos
profissionais que estavam lá, né [...] eu sentia que o meu corte
era tão grande que eu sentia escorrer na minha pele, queimava
minha pele [...] o médico alertou quanto ao corte inadequado
da placa [...] ele avisou à equipe de enfermagem que todo
vazamento do resíduo na minha pele era uma catástrofe...
(Jade)
Todos nós, quando saímos da sala de operação, temos um
vazamento [...] acho que esse grupo aqui poderia dar uma
força para aqueles que estão saindo [...] todos que estão
envolvidos
no
ambiente
hospitalar
deveriam
estar
comprometidos com o mínimo de orientação à pessoa com
estoma... (Quartzo Azul)
81
A dificuldade foi no início devido à fixação do material, pois
estava muito magro [...] assim como à falta de informação...
(Olho de tigre)
Precisamos, no início desta fase como estomizado, de maior
apoio, por isso acredito que seria importante um melhor apoio
dos profissionais, pelo menos até ocorrer à adaptação...
(Diamante)
As
dificuldades
relatadas
pelos
participantes
foram
vivenciadas
principalmente no pós-operatório. Por isso, Reveles e Takahashi (2007) afirmam
que, no pós-operatório, as preocupações e os cuidados são voltados para o estoma,
a pele periestoma, a troca dos dispositivos, a higiene e a adequação alimentar para
diminuir a formação de gases. O ensino pós-operatório deve ser sistemático, a fim
de que o paciente se sinta seguro para a alta hospitalar. Nessa fase, o paciente já se
encontra estomizado, muito debilitado, sensibilizado, fragilizado pela cirurgia e com
muitas dúvidas quanto aos cuidados com o estoma, às adaptações necessárias e à
sua nova condição de vida. Observa-se que tudo isso é sentido pelos participantes
deste estudo. Lenza et al. (2013) também confirmam que, nesse momento, o ensino
deve ser retomado ou realizado enfocando o cuidado com a ferida cirúrgica, com o
estoma, com a pele periestoma, com sua higiene, com o ensino da troca do
dispositivo coletor e seu esvaziamento.
Os mesmos autores ressaltam ainda sobre a responsabilidade
profissional do enfermeiro, que é reforçada em todas as etapas do processo de
cuidado ao estomizado, mas tem início na fase pré-operatória, quando ele utiliza o
processo ensino-aprendizagem. Nesse momento, há a necessidade de estabelecer
vínculos com o paciente e seu familiar/cuidador, com o propósito de favorecer a
compreensão sobre a real situação e a busca de adaptações situacionais.
Cesaretti (2008) chama a atenção, ainda, que a primeira troca do
dispositivo coletor é outro momento importante, tanto para o estomizado como para
o familiar/cuidador que irá prestar-lhe cuidados, e deve ser considerado pelo
enfermeiro, estomaterapeuta ou não, como a demonstração inicial da prática das
atividades e habilidades inerentes ao autocuidado do estoma e pele periestoma. A
partir de então, o treinamento para o autocuidado deve ser progressivo, de modo
82
que o estomizado e/ou familiar estejam aptos a realizá-lo até a alta hospitalar. A
mesma autora refere, ainda, que a aprendizagem das atividades específicas
capacita o estomizado a deixar o hospital com todos os seus recursos físicos,
materiais e humanos, e enfrentar o ambiente da casa com os recursos lá existentes.
Por essa razão, no momento da alta, o enfermeiro deve preocupar-se em oferecerlhe orientações escritas sobre os cuidados, alguns equipamentos coletores para o
uso até que possa providenciá-los e, ainda, dar encaminhamentos aos recursos
existentes na comunidade para a continuidade da assistência. Entretanto, pela fala
dos participantes, isso não acontece, aumentando suas dificuldades de autocuidado
e ressaltando a importância de ter um material escrito que oriente profissionais e
pacientes para esse cuidado.
Destaca-se que, para o estomizado possuir o mínimo de qualidade de
vida possível, há a necessidade de informações detalhadas e ensino especializado
para que as ações de autocuidado tenham sucesso. O enfermeiro que trabalha com
esse tipo de paciente, além de necessitar de conhecimentos específicos e
embasamento teórico sobre estomas e estratégias de ensino, deve ter empatia,
saber olhar, ouvir, sentir, assistir, trabalhar com diversos níveis sociais e saber lidar
com diversas situações, sejam elas de revolta, indignação, não aceitação, entre
outras, sempre com o propósito de proporcionar conforto e segurança aos
estomizados (SANTOS, LEAL, VARGAS, 2006).
A necessidade de profissionais preparados para atendimento dos
estomizados é fundamental, pois o suporte adequado no cuidado em saúde,
vinculado com as orientações, facilita a aceitação e o retorno dessas pessoas às
suas atividades, com maior segurança (POLETTO e SILVA, 2013). Violin et al.
(2010) afirmam que é fundamental a humanização no atendimento do estomizado,
isto é, compreender e se colocar no lugar do outro, que está passando por diversas
modificações em que experimenta diversas perdas na sua vida: perda da
autoestima, que pode levar a um sentimento de desprestigio em relação à
sociedade, assim como perda das funções fisiológica e anatômica de defecar e
urinar.
Dessa forma, ao cuidar do estomizado, é necessário que se tenha um
olhar holístico, que leve em consideração todos os fatores que podem influenciar na
83
recuperação e reabilitação deste paciente, pois a confecção da estomia é um
problema fisiológico, mas que pode acarretar problemas psicológicos e sociais
(VIOLIN et al., 2010).
Apesar de a maioria dos participantes comentar que as condições que
dificultaram o cuidado com a pele periestoma foi durante a internação, um dos
participantes enfatizou que, na hospitalização, ainda no pós-operatório, não teve
problemas em relação às orientações adequadas quanto aos cuidados com a pele
periestoma e manuseio do equipamento coletor, que foi bem assistido pela equipe.
Porém afirmou que, atualmente, a condição que mais dificulta esse cuidado é
quando precisa sair de casa e, por alguma intercorrência, necessita esvaziar ou
trocar o equipamento coletor e não há banheiro público adaptado para fazer a
higienização. Como podemos constatar na sua fala.
[...] um grande problema é a falta de banheiros adaptados, que
consiste em um problema na higienização da bolsa em locais
públicos. (Ônix)
Sabe-se que os banheiros públicos adaptados para estomizados ainda
são uma realidade distante. No entanto, a falta desse ambiente adaptado contribui
para o isolamento social do estomizado, que muitas vezes prefere não sair de casa
para não passar pelo constrangimento de descolamento do equipamento coletor e
extravasamento de efluente e não ter como fazer a higiene do estoma, pele
periestoma, e a troca do equipamento coletor de forma adequada e com privacidade.
Quando uma pessoa fica estomizada, passa por algumas transformações
em sua vida, e uma delas é a necessidade de um banheiro adaptado, que é o
principal ambiente que sofre alterações para atender às suas necessidades. Porém
esse tipo de adaptação ainda é difícil de encontrar (YAMADA e YAMADA, 2012).
Para esse autor, muitos estomizados hesitam em sair de suas casas e em ter uma
vida social ativa, pois se preocupam em como esvaziar a sua bolsa coletora fora de
suas residências. Para os estomizados pode ser estressante utilizar banheiros
públicos e pode causar pânico o fato de lidarem com os eventuais vazamentos de
efluentes. Portanto, a disponibilização de banheiros públicos para o atendimento
adequado aos estomizados pode ajudar no bem-estar e reabilitação dos mesmos
em sua comunidade.
84
4.2.3. CATEGORIA 3: O autocuidado com a pele periestoma
As unidades de significado que originaram esta categoria foram: limpo
com água e sabão; corte correto na placa; no chuveiro fica mais fácil de tirar;
descolando a placa devagar; seco a pele; aparando os pelos com uma tesoura; pego
sol na pele periestoma; uso cotonete pra ajudar tirar as fezes; barreira para proteger
a pele; comecei a estudar para saber o meu problema, há condições de se
emancipar, dar autonomia; não faço o autocuidado, é meu cuidador que faz.
Conforme observamos no quadro abaixo.
Quadro 4- Autocuidado com a pele periestoma
Participante
1. Topázio Azul
Respostas
- Limpo com água e sabão, não faço uso de nenhum
produto. Sei e conheço o diâmetro do meu estoma, já
recorto corretamente.
2. Jade
- Tomo banho, eu tiro no chuveiro, fica mais fácil de
tirar. Lavo a pele com sabonete, a água refresca a
pele. Seco bastante e se a pele estiver irritada passo
pomada.
- Secar a pele é muito importante.
- As placas já estão cortadas, só coloco o cimento
bem ao redor do corte, que impede que as fezes
infiltrem.
3. Ônix
- Vou descolando a placa devagar com o auxílio do
lenço de limpeza e aparando os pelos devagar com
uma tesoura.
- Uso algodão, água e sabão na limpeza ao redor do
estoma. Faço o corte correto na placa.
- Pego sol na pele periestoma.
4. Quartzo azul
- Tomo banho com a placa, vou me ensaboando
todinho, tiro ela no banho. Uso sabão, limpa a pele.
- A ducha me auxilia na limpeza, uso o espelho e
cotonete pra ajudar a tirar as fezes. As fezes que
fazem irritar a pele.
- Não solto a barreira, protege a pele.
- Pegar um solzinho na pele, se não pode pegar,
deixe ao menos a pele respirar alguns minutos sem
a placa.
5. Olho de tigre
- Na limpeza da pele uso água e sabão, tomo banho
normal. Seco bem a pele, uso pó e fixo o material
com a pasta.
85
6. Diamante
- Não faço o autocuidado, não troco.
- Tomo meu banho, não tiro a bolsa, espero meu
cuidador para fazer a troca. Ele limpa com gaze.
7. Pérola
- Eu não troco, é meu cuidador quem faz.
8. Rubi
- Faço normal, tomo meu banho, eu mesmo tiro. Lavo
com água e sabão, uso gaze pra enxugar, uso
cotonete pra fazer a limpeza, passo aquela
pomadinha branca.
- Deixo a pele até 30 minutos sem a placa para
respirar, às vezes pego uns 10 minutos de sol.
Nesta categoria os estomizados, quando estimulados a comentarem
como faziam o autocuidado com a pele periestoma, na maioria descreveram que
assumiram esse cuidado, o que mostra que, superada a primeira fase de sofrimento,
negação, angústia, dúvidas, medo, busca-se a adaptação à nova condição – ser
estomizado. Perceberam que com o passar dos dias há possibilidades de se
tornarem independentes, ou seja, cuidarem de si, mesmo com algumas limitações.
Então se sentiam aptos e capazes de realizar seus próprios cuidados, buscando a
independência e a autonomia sobre o seu corpo.
Começaram contando que, no dia da troca do equipamento coletor,
faziam normalmente esse procedimento durante o banho, retirando a base adesiva
suavemente com água e sabão, limpavam a área e posteriormente à limpeza
secavam bem a pele. Os pelos eram removidos com auxílio de uma tesoura e,
quando era possível, expunham a pele periestoma ao sol da manhã, porém, na
impossibilidade deste cuidado deixavam a pele respirar por alguns minutos antes de
fixar a nova base adesiva. Referiram que esses cuidados foram aprendidos após a
consulta de enfermagem no Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada, e que o
serviço especializado contribuiu no estímulo da busca do autocuidado e
independência.
Alguns participantes citaram o uso da haste flexível (cotonete) para ajudar
na remoção de resíduos de efluentes que ficam aderidos bem próximos à base do
estoma, assim como o uso de adjuvantes de proteção, como o creme barreira e a
pasta niveladora, ao redor do corte da base adesiva, o que ajuda na fixação da
mesma e evita a infiltração de efluentes, já que é um dos fatores que contribui para o
surgimento da dermatite irritativa. Percebeu-se ainda a ênfase que deram ao corte
86
correto na base adesiva, cuidado este importantíssimo para manter a integridade da
pele periestoma. Como podemos perceber nos trechos a seguir:
Faço normal, tomo meu banho, eu mesmo tiro [...] lavo com
água e sabão, uso gaze pra enxugar, uso cotonete pra fazer a
limpeza, passo aquela pomadinha branca [...] Deixo a pele até
30 minutos sem a placa para respirar, às vezes pego uns 10
minutos de sol... (Rubi)
Tomo banho, eu tiro no chuveiro, fica mais fácil de tirar. Lavo a
pele com sabonete, a água refresca a pele. Seco bastante e se
a pele estiver irritada passo pomada [...] secar a pele é muito
importante [...] as placas já estão cortadas, só coloco o cimento
bem ao redor do corte, que impede que as fezes infiltrem...
(Jade)
Tiro ela no banho. Uso sabão, limpa a pele [...] A ducha me
auxilia na limpeza, uso o espelho e cotonete pra ajudar a tirar
as fezes. As fezes que fazem irritar a pele [...] não solto a
barreira, protege a pele [...] pegar um solzinho na pele, se não
pode pegar, deixe ao menos a pele respirar alguns minutos
sem a placa... (Quartzo azul)
Vou descolando a placa devagar com o auxílio do lenço de
limpeza e aparando os pelos devagar com uma tesoura [...] uso
algodão, água e sabão na limpeza ao redor do estoma. Faço o
corte correto na placa [...] pego sol na pele periestoma... (Ônix)
Limpo com água e sabão, não faço uso de nenhum produto [...]
sei e conheço o diâmetro do meu estoma, já recorto
corretamente... (Topázio azul)
Os cuidados descritos pelos estomizados vão de acordo com que diz
Yamada e Yamada (2012). Ela afirma que as ações específicas do autocuidado do
estomizado são baseadas em três fatores: a higiene do estoma e pele periestoma, a
observação do estoma e pele periestoma e os cuidados com o equipamento coletor,
dispensando atenção cuidadosa ao corte correto da base adesiva, para que não
haja o acúmulo de resíduos de efluentes na pele, que contribui para o surgimento da
dermatite periestoma.
A mesma autora enfatiza que, no dia da troca do equipamento coletor, a
retirada da base adesiva deve ser feita preferencialmente durante o banho, pois é
87
mais fácil para descolar a base, que deve ser retirada delicadamente para não
traumatizar a pele periestoma. Enquanto que a higiene do estoma e da pele
periestoma deve ser realizada, cuidadosamente, com água e sabão de uso habitual
do estomizado, utilizando-se pedaços de tecido de algodão limpo, macio e úmido,
sem esfregar, tendo o cuidado de remover os resíduos de efluentes tanto da pele
quanto da borda do estoma. Após a limpeza e o enxague, deve-se secar bem a pele,
pois a umidade excessiva interfere na aderência da base adesiva e favorece a
maceração da pele.
Os pelos da pele periestoma não devem ser removidos com lâminas, mas
sim aparados com uma tesoura de ponta curva, deixando-os rente à parede do
abdômen. A presença de pelos na pele periestoma, além de interferir na aderência
da base adesiva, é um fator que contribui para o aumento do potencial para
inflamação do folículo piloso, que tem como uma das causas o trauma causado
durante a retirada da base adesiva ou mesmo dos pelos (YAMADA e YAMADA,
2012).
O banho de sol foi outro cuidado citado pelos participantes e, segundo
Martins et al. (2012), o banho de sol é um cuidado fundamental tanto na prevenção
quanto no tratamento da dermatite periestoma. Esse cuidado básico pode ser
realizado com a pele periestoma, sendo necessário fazê-lo, sempre que possível, na
ocasião da troca do equipamento coletor, de 15 a 20 minutos, pela manhã, não se
podendo esquecer de proteger o estoma com gaze umedecida.
Percebe-se que a maioria dos participantes da pesquisa já sabia fazer
adequadamente os seus próprios cuidados higiênicos com o estoma e pele
periestoma, assim como a troca do equipamento coletor, ou seja, já haviam
assumido o seu autocuidado. O que mostra a atuação do enfermeiro do Serviço de
Atenção à Pessoa Estomizada, no repasse/ensino desses cuidados de forma
gradativa para o aprendizado do estomizado e do familiar/cuidador. Para Sampaio et
al. (2008) a assistência de enfermagem aos estomizados, com ênfase no
autocuidado, tem sido uma alternativa importante no sentido de estimular o paciente
a participar ativamente do seu tratamento, além de aumentar sua responsabilidade
no seu próprio cuidado. Por isso torna-se imprescindível que os enfermeiros
desenvolvam e apliquem modelos assistenciais que contemplem uma visão
88
sistêmica e multidimensional do cuidar e, dessa forma, possam atender às
demandas dos pacientes.
Dentre os modelos assistenciais, temos o modelo da teoria do
Autocuidado proposto por Orem, que está baseado na premissa de que os
indivíduos podem cuidar de si próprios. Para Orem (1995), o autocuidado é a prática
de atividades que o indivíduo inicia e executa em seu próprio benefício, na
manutenção da vida, da saúde e do bem-estar. Para a autora citada, o sistema de
enfermagem planejado pelo profissional baseia-se nas necessidades de autocuidado
e nas capacidades do paciente para a execução de atividades de autocuidado.
Assim, a teorista identificou três sistemas de enfermagem para satisfazer os
requisitos de autocuidado do paciente: o sistema totalmente compensatório, onde o
indivíduo é incapaz de empenhar-se nas ações de autocuidado; o sistema
parcialmente compensatório, que ocorre quando o enfermeiro e o indivíduo
participam na realização de ações terapêuticas de autocuidado; e o sistema de
apoio-educação, quando o indivíduo é capaz de satisfazer as suas exigências de
autocuidado, mas necessita de assistência na forma de apoio, orientação e
ensinamento (MENEZES et al., 2013). Como os estomizados e o familiar/cuidador
precisam de orientações e cuidados contínuos relacionados à higiene do estoma,
pele periestoma e troca do equipamento coletor, isso corrobora o uso do sistema de
apoio-educação que norteou a pesquisa. Para Orem (1995), o sistema apoioeducação abre a perspectiva educacional para as ações de enfermagem.
Portanto, a partir do sistema de apoio-educação, os enfermeiros atuantes
do Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada buscam estimular os estomizados
capazes de executar medidas de autocuidado a ser tornarem independentes,
embora não consigam fazer isso sem auxílio. Por isso a importância de ensiná-los,
orientá-los, acompanhá-los e incentivá-los em busca da autonomia. Matsubara et al.
(2012) consideram que a orientação de enfermagem constitui uma das estratégias
que podem incentivar e desenvolver potencialidades dos pacientes e familiares, bem
como instrumentalizá-los para assumirem, como sujeitos, as ações voltadas para o
enfrentamento dos problemas decorrentes da estomização.
Para Foster e Janssens (2000) as exigências do paciente quanto ao
autocuidado resumem-se à tomada de decisões, controle do comportamento e
89
aquisição de conhecimentos e habilidades. O enfermeiro, no sistema de apoioeducação, é responsável pela promoção de ações educativas, proporcionando
melhor
desempenho
do
paciente
no
desenvolvimento
das
atividades
do
autocuidado. A aplicação da Teoria do Autocuidado de Orem na prática de
enfermagem proporciona ao enfermeiro a oportunidade de planejar suas ações a
partir da identificação das demandas de autocuidado.
Apesar de a maioria dos participantes já praticar o autocuidado,
percebeu-se que dois dos participantes, mesmo já com algum tempo de
estomização,
não
haviam
assumido
esse
cuidado,
dependiam
de
um
familiar/cuidador para fazer os cuidados higiênicos com o estoma, pele periestoma,
assim como a troca do equipamento coletor. Apesar do tempo decorrido da
estomização, não foi possível tomarem para si esse cuidado. Por isso constatou-se
que o tempo de estomização não é um fator que determina a prática do autocuidado
pelo estomizado, que esta é influenciada pela insegurança, medo, limitações,
aceitação, adaptação; assim como incentivo, interesse e apoio do familiar/cuidador;
além da orientação, ensino, apoio, incentivo e acompanhamento pelo enfermeiro.
Nos trechos abaixo podemos observar os comentários dos participantes que não
praticavam o autocuidado.
Não faço o autocuidado [...] eu não troco [...] no dia da troca do
material, tomo meu banho, não tiro a bolsa e espero pelo
enfermeiro para fazer a troca da minha bolsa [...] ele limpa com
gaze [...] no dia que ele vai trocar quase não me alimento muito
[...] então não sai muito [...] (Diamante)
Eu não troco, é meu cuidador quem faz a troca do material [...]
eu me acomodei, espero pelo meu cuidador, mas acredito que
dou conta de trocar na ausência dele [...] (Pérola)
Para Cesaretti e Vianna (2003), ensinar pacientes estomizados é um
processo complexo, que exige avaliação prévia, planejamento e treinamento do
familiar/cuidador, portanto, a aprendizagem depende de três domínios: cognitivo,
afetivo e psicomotor. É importante a compreensão das modificações que ocorrem na
vida do estomizado e como ele vivencia todo esse processo, para maior
aprofundamento e planejamento coerente das intervenções de enfermagem.
90
Santos e Sarat (2008) também afirmam que existem fatores que
interferem na aprendizagem das medidas de autocuidado, como: idade, valores,
crenças, capacidade mental, cultura, educação, a sociedade e o estado emocional.
No grupo pesquisado observou-se, por exemplo, que os participantes que não
assumiram o autocuidado já eram idosos, que um deles até hoje não aceitava a sua
nova condição assim como a presença do estoma, e referiu ainda que era difícil
assumir esse cuidado, pois geralmente quem tem mais habilidade nessa prática é a
mulher, pelo fato de cuidar dos filhos quando crianças. Corroborando, assim, com os
autores citados, que afirmaram sobre a existência de fatores que interferem na
aprendizagem das medidas de autocuidado. Por isso é necessário que o enfermeiro,
na sua prática profissional e educativa, leve em consideração esses fatores no
planejamento da sua assistência, avalie adequadamente as demandas de
autocuidado e trace planos de intervenção coerentes com as expectativas e
possibilidades do indivíduo e/ou familiar cuidador.
Para Menezes et al. (2013), a assistência ao estomizado não requer
somente ensinar os cuidados de higiene com a estomia, pele periestoma e troca do
equipamento coletor. É necessário implementar um plano de cuidados com
abordagem multidisciplinar que inclua a participação da equipe na sua reabilitação.
Os estomizados precisam de constante acompanhamento e motivação para melhor
adaptarem-se e, assim, promoverem o autocuidado eficaz.
4.2.4. CATEGORIA 4: Tecnologia educacional para estomizados
As unidades de significado que originaram esta categoria foram: tipos de
dermatite; cuidados e higiene correta; o que a gente tem que usar; o que é
verdadeiro e o que é falso ao lidar com a ileo ou com a colostomia; mitos e verdades
sobre os cuidados com o estoma e pele periestoma; alimentação; tipos de materiais
disponíveis e mais adequados a cada tipo de pele; passo a passo da troca do
material. Como podemos constatar no quadro abaixo.
Quadro 5- Temas para conter no material educativo
Participante
Respostas
1. Topázio Azul
- Todos os assuntos são importantes (dermatite, tipos de
91
dermatite, cuidados e higiene).
- O que a gente tem que usar.
2. Jade
- O que é verdadeiro e o que é falso ao lidar com a
íleo ou com a colostomia.
- Mitos e verdades sobre os cuidados com o estoma e
pele periestoma.
- O que eu posso comer, o que não posso comer?
3. Ônix
- Sobre a alimentação.
4. Quartzo azul
- Todos os assuntos que falamos são importantes
(dermatite, tipos de dermatite, cuidados e higiene).
- Nutrição, a nossa comida.
- O que posso e não posso consumir.
- Tipos de materiais disponíveis e mais adequados a
cada tipo de pele.
5. Olho de tigre
6. Diamante
- Sobre o que posso comer. Mais de 41 anos em Belém,
nunca me alimentei sem o açaí.
7. Pérola
- Sobre a higiene correta e o material correto.
8. Rubi
- Todos os assuntos são importantes (dermatite, tipos
de dermatite, cuidados e higiene).
- Passo a passo da troca do material.
Nesta
categoria,
os
participantes
demonstraram
interesse
em
compartilhar suas necessidades e, certamente, seus discursos retratam além dos
pontos investigados, mas também as dificuldades vivenciadas no cotidiano pelo
distanciamento entre o saber popular (dos estomizados) e o saber científico dos
profissionais. As sugestões dos participantes serviram, portanto, para subsidiar a
construção da tecnologia educacional a ser utilizada na prática educativa, pois
retratam necessidades percebidas pelos mesmos, que têm a experiência vivenciada.
Ao indagar dos participantes sobre os assuntos indicados para conter no
material educativo, foram apontados como pontos importantes os seguintes itens:
dermatite, tipos de dermatite, cuidados higiênicos, mitos e verdades sobre os
cuidados com o estoma e pele periestoma, alimentação, produtos utilizados para os
cuidados com a pele, passo a passo da troca do equipamento coletor. Então, a partir
da sugestão desses assuntos foi possível a construção do Primeiro e Segundo
Esboços da Tecnologia Educacional (Apêndices E e F). Percebeu-se que os
92
estomizados, apesar de orientações recebidas no Serviço de Atenção à Pessoa
Estomizada, ainda tinham algumas dúvidas relacionadas ao estoma, seus cuidados,
dermatite periestoma e os produtos utilizados para o cuidado, assim como
dificuldades e dúvidas relacionadas principalmente sobre os alimentos que podem
ingerir como estomizados. Através dos encontros com o grupo, percebeu-se a
importância do trabalho educativo do enfermeiro e a necessidade da utilização de
tecnologias educativas que orientem e contribuam no esclarecimento de dúvidas dos
estomizados e de seu familiar/cuidador no seu dia a dia. Vejamos algumas falas dos
participantes sobre os assuntos que foram indicados para conter no material
educativo:
Todos os assuntos que falamos aqui são importantes
(dermatite periestoma, tipos de dermatite, cuidados e higiene)
[...] é bom saber o que a gente tem que usar [...] (Topázio azul)
Eu acho uma coisa importante para conter no material, o que é
verdadeiro e o que é falso ao lidar com a íleo ou com a
colostomia [...] porque muitas informações que tive no começo
eram falsas e me deixavam assim apavorada, que eu tinha
medo até de olhar pra minha barriga e ver o estoma, eu tinha
medo de tocar [...] ah, porque pode infeccionar, então eu usava
o soro, porque eu achava que a água ia contaminar [...] então
isso me atrapalhou muito no começo. (Jade)
Tenho dúvidas sobre o que posso comer [...] sou cametaense,
então, depois da cirurgia, peixe de pele não como, farinha, açaí
[...] nada destes alimentos eu consumo, por receio [...] mais de
41 anos em Belém, nunca me alimentei sem o açaí [...]
(Diamante)
Sugiro mitos e verdades sobre os cuidados com o estoma e
pele periestoma [...] o uso do chuveirinho, que muita gente tem
medo [...] que só uma enfermeira pode fazer esse cuidado, e
não é verdade, a gente pode fazer [...] (Jade)
A participação, interação e envolvimento dos estomizados foram
essenciais na escolha dos assuntos para a construção da tecnologia educacional.
Essa interação, associada ao comprometimento da participação para a promoção da
saúde, é premissa importante do método da pesquisa-ação, que visa à construção
do conhecimento de maneira coletiva e participativa, buscando soluções para um
93
problema que necessita de intervenção e mudança. Reberte, Hoga e Gomes (2012)
ressaltam que a adoção de uma abordagem participativa, comunicativa e coletiva é
recomendada no processo de construção de um material educativo. A interação e a
troca de conhecimentos, considerando-se as necessidades e o estilo de vida das
pessoas, são aspectos essenciais nesse processo. Para Queiroz et al. (2008) as
manifestações dos sujeitos servem, portanto, para subsidiar a elaboração do
material educativo a ser utilizado na prática educativa, pois retratam necessidades
percebidas pelos participantes, que têm a experiência vivenciada. É fundamental
ouvir a necessidade de conhecimento dos pacientes e suprir esta necessidade com
informações baseadas no conhecimento científico e dos profissionais que os
atendem.
Esses mesmos autores dizem que as tecnologias do cuidado com
enfoque nas ações educativas pressupõem um caminho inovador que gere atitudes
conscientes e intencionais das pessoas envolvidas, além da valorização e
reconhecimento da cidadania. Para tanto, faz-se necessário incorporar o
conhecimento e as necessidades dos sujeitos no processo de aprendizagem. Desse
modo, a escuta dos mesmos contribui sobremaneira na estruturação de uma etapa
objetiva na construção das tecnologias educacionais.
Moreira, Nóbrega e Silva (2003) reforçam ainda que, na elaboração de
materiais educativos em saúde, uma informação de fácil entendimento melhora o
conhecimento e a satisfação do paciente e do familiar/cuidador, desenvolve suas
atitudes e habilidades, facilita-lhe a autonomia, promove sua adesão, torna-os
capazes de entender como as próprias ações influenciam seu padrão de saúde,
favorece sua tomada de decisão.
Por isso os materiais educativos assumem um papel importante no
processo de educar em saúde, pois, além de facilitarem a mediação de conteúdos
de aprendizagem, funcionam como recurso prontamente disponível para que o
paciente e seu familiar/cuidador possam consultá-lo diante de dúvidas no
desenvolvimento do cuidado. Portanto, ele deve ser acessível e claro, significativo e
aderente à realidade e necessidades do leitor; mais do que informar, precisa
estimular a reflexão e fomentar a instrumentalização para cuidá-lo (CABRAL, 2008).
94
4.2.4.1. A CONSTRUÇÃO DA VERSÃO
EDUCACIONAL
FINAL DA TECNOLOGIA
No último encontro com o grupo focal, foi apresentado o segundo
esboço da tecnologia educacional (Apêndice F) para a construção da versão final.
Para tal foram realizados correções, ajustes, acrescentado contribuições e
sugestões dos participantes quanto ao conteúdo, imagens para ilustrar a tecnologia,
quanto ao tamanho da letra, tamanho do material impresso, cores das páginas, título
mais adequado para o material, imagem da capa e indicação do uso do material
educativo.
Quanto ao conteúdo, foi sugerida a inclusão, no item relacionado
aos Mitos e verdades sobre os cuidados com o estoma e pele periestoma, dos
seguintes assuntos:
- se o estomizado adulto é capaz de assumir o seu autocuidado;
- se existe diferença na frequência da eliminação do efluente do
ileostomizado e colostomizado;
- quando deve ser retirada a haste de sustentação utilizada em alguns
tipos de estomas.
Em relação às imagens para ilustrar o material educativo,
concordaram em mantê-las, já que a maioria utilizada para ilustrar o material é dos
usuários do Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada. Sugeriram aumento no
tamanho da letra para facilitar a leitura e torná-la mais agradável; indicaram o
tamanho de 21x15 cm para o material e sugeriram a cor verde, de tom claro, para as
páginas do material educativo.
O título do material foi sugerido por um dos participantes e acatado
pelos demais, ficando, então, “Estomia sem mistérios – Como cuidar da pele
periestoma de estomizados intestinal e urinário: guia prático de orientação”.
Para a capa foi sugerida a imagem de um girassol, pois consideraram mais
adequada devido à sua posição, que está sempre de frente para o sol, assim como o
estoma.
95
Sugeriram, ainda, a utilização do material educativo também pelos
profissionais de enfermagem e por todos aqueles que cuidam dos estomizados, ou
seja, os que estão envolvidos nos cuidados a essas pessoas. Podemos confirmar as
sugestões finais dos participantes nos comentários abaixo:
Acho que deveria colocar uma coisa aí que é verdade [...] que
a própria pessoa pode fazer o autocuidado, trocar a placa [...]
porque a gente tem impressão que sempre vai ter um
enfermeiro [...] porque a gente pensa que é igual ter que fazer
um curativo [...] (Jade)
Eu não sabia que tinha que tirar a haste de sustentação [...]
(Jade)
Eu adorei tudo no material [...] acho que as figuras ficaram
ótimas [...] as letras que poderiam ser um pouco maior para
facilitar a leitura [...] (Pérola)
Sugiro aumentar a fonte do texto para uma leitura mais
agradável [...] (Jade)
Sinto-me feliz por esta oportunidade de ajudar na construção
deste material [...] Sei que a muitos servirá, para que não
passem pelo o que eu passei [...] (Jade)
Sugiro que o material seja indicado para todos os interessados
e envolvido nesta realidade [...] (Topázio azul)
A partir das sugestões e contribuições dos participantes da pesquisa nos
encontros, principalmente neste quarto encontro, e através do levantamento dos
cuidados com a pele periestoma referenciados na literatura, foi possível a
construção da tecnologia educacional, um material que poderá contribuir na
prevenção da dermatite periestoma, assim como incentivar no autocuidado do
estomizado. É um instrumento que poderá ser utilizado pelo enfermeiro, para mediar
a sua prática educativa.
96
4.2.4.2.
VERSÃO FINAL DA TECNOLOGIA EDUCACIONAL
97
98
99
100
101
102
103
104
105
106
107
108
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110
111
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113
114
115
116
117
118
119
120
CONSIDERAÇÕES FINAIS
121
A partir do método da pesquisa-ação e utilizando a técnica do grupo focal
nesta pesquisa, foi possível, em parceria com os sujeitos participantes, a construção
de uma tecnologia educacional que posteriormente servirá como guia de orientação
para ajudar nos cuidados com a pele periestoma de estomizados intestinal e
urinário, com vistas a contribuir na prevenção da dermatite periestoma.
Foi uma construção rica, prazerosa pela participação do grupo, e a cada
encontro houve interação, diálogo, envolvimento, troca de saberes e experiências,
possibilitando o alcance dos objetivos do estudo, e consequentemente - a
construção
da
tecnologia
educacional. O grupo foi muito espontâneo,
expressando sua percepção, conhecimentos e opiniões sobre as dificuldades
vivenciadas junto com os familiares quanto aos cuidados com o estoma, pele
periestoma e troca do equipamento coletor. Ao comentarem sobre as condições que
interferem no autocuidado com a pele periestoma, a maioria deu ênfase
principalmente nas condições que dificultaram esse cuidado no início, no pósoperatório, quando se depararam com a sua nova condição, momento em que se
encontravam frágeis, com medo, inseguros, cheios de dúvidas e com limitações por
conta da cirurgia. Apenas um participante afirmou que hoje a condição que dificulta
esse cuidado é a falta de banheiros públicos adaptados, por isso evita sair de casa,
o que contribui para o isolamento social, por medo e insegurança de o equipamento
descolar e não ter onde fazer a higiene e troca do equipamento coletor. Apesar
disso, todos já tinham vivenciado episódios de dermatite e um dos participantes
apresentava essa complicação no primeiro encontro do grupo focal.
Descreveram o passo a passo dos cuidados com a pele periestoma no
dia da troca do equipamento coletor, demonstrando conhecimento, experiência e
habilidade no cuidado. Então, a partir da contribuição dos conhecimentos, saberes e
vivências dos participantes nos cuidados com a pele periestoma, aliados à
fundamentação científica, foi possível construir a tecnologia educacional, voltada
para a realidade dos mesmos. Nos encontros com o grupo foi possível acatar as
sugestões dos participantes quanto ao conteúdo e imagens para ilustrar o material
educativo, além dos cuidados que realizavam no dia da troca do equipamento
coletor, com isso respondendo positivamente à questão de pesquisa levantada
sobre suas possibilidades de participação na construção de um material educativo.
122
Constatou-se, através dos resultados, que os participantes consideravam
o material educativo como uma fonte de conhecimento sobre o material
(equipamentos e adjuvantes de proteção) que terão de usar e como devem usá-lo.
Além disso, eles consideravam que também será útil para os profissionais de
enfermagem que não possuem experiência sobre os cuidados dispensados aos
estomizados e por isso não orientam de forma adequada os pacientes e/ou
familiares. As dificuldades deles foram maiores durante a internação devido às
limitações por conta da cirurgia e pela impossibilidade de cuidar de si, assim como a
pouca experiência dos profissionais quanto aos cuidados com a pele periestoma e
na troca do equipamento coletor, o que contribuiu para o surgimento da dermatite,
tornando-se uma situação mais angustiante e dolorosa para os mesmos. As
condições mais enfatizadas pelos participantes foram: corte inadequado na base
adesiva, a falta de conhecimento e informação por parte do estomizado, do
familiar/cuidador e do profissional assistencial, assim como a falta de apoio por parte
da equipe multiprofissional.
Quanto ao autocuidado, a maioria fazia a troca do equipamento coletor
normalmente durante o banho, retirando a base adesiva suavemente com água e
sabão, limpavam a área e posteriormente à limpeza secavam bem a pele e
realizavam os cuidados complementares, conforme aprenderam na consulta de
enfermagem no Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada. E sobre os assuntos
indicados para conter no material educativo, os participantes apontaram pontos
importantes como: dermatites, tipos de dermatites, cuidados higiênicos, mitos e
verdades sobre os cuidados com o estoma e pele periestoma, alimentação, produtos
utilizados para os cuidados com a pele, passo a passo da troca do equipamento
coletor.
Considerou-se como limitação do estudo a ausência de estomizados
urinários na composição do grupo focal, por isso não foi possível conhecer os
saberes, a experiência e os cuidados com a pele periestoma realizados pelos
mesmos. Essas informações seriam muito importantes também para conter no
material educativo, pois os urostomizados diferem dos colostomizados quanto ao
tipo de eliminação de efluentes. Característica essa que influencia no aparecimento
da dermatite periestoma. Como o urostomizado tem eliminação contínua do efluente
(urina) e há necessidade frequente de ir ao banheiro esvaziar a bolsa coletora,
123
talvez tenha sido o motivo que contribuiu para sua ausência nos encontros. Portanto,
um quantitativo maior de participantes, incluindo os urinários, poderia trazer maiores
informações e contribuições na construção do material educativo.
Apesar de a maioria ter assumido o seu autocuidado e demonstrando que
é possível a independência, a busca da autonomia sobre o seu corpo, todos
concordaram que, para que isso aconteça, são necessários o apoio, incentivo,
orientação, ensino, informação da equipe multiprofissional, desde a hospitalização
até seu acompanhamento no serviço especializado. Portanto, uma tecnologia
educacional construída em interação do saber popular e do científico pode contribuir
na educação em saúde, com incentivo ao autocuidado.
Nesse sentido, tornam-se relevantes a contribuição de tecnologias
educativas escritas no contexto da educação em saúde e o papel desse recurso
para se promover a saúde, prevenir complicações, desenvolver habilidades e
favorecer a autonomia e confiança do paciente. Como um componente da equipe
interdisciplinar que desempenha a função de educador, o enfermeiro deve participar
do processo de elaboração, desenvolvimento e avaliação do material educativo.
Espera-se que este material educativo, como estratégia para educação
em saúde, após a sua validação, seja instrumento facilitador de orientações e
informações para os estomizados, familiar/cuidador e profissionais de enfermagem
sobre os cuidados com a pele periestoma, e que possa ser utilizado como um aliado
no cuidado domiciliar, com incentivo ao autocuidado.
124
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135
APÊNDICES
136
APÊNDICE A – Quadro demonstrativo do Estado da Arte
INDICADORES
Modalidade da
Pesquisa
Tipo de
Publicação
Abordagem
Tipo de estudo
Sujeitos
Local do estudo
Técnica de coleta
de dados
Técnica de
Análise de dados
ESPECIFICAÇÃO
QUANTIDADE DE ARTIGOS
Revisão teórica
Pesquisa de Campo
Relato de Experiência
Estudo de caso
Revista de Enfermagem
Revista Médica
03
23
01
01
24
4
Qualitativa
Quantitativa
Quanti-qualitativa
Descritivo – Exploratório
História Oral
Descritivo
Estudo de caso
Descritivo-Documental
Retrospectivo
Fenomenológico
Convergente-assistencial
Revisão de Literatura
Não Informaram: artigos
Estomizados
Familiares de estomizados
Enfermeiro
Prontuários de estomizados
Outros profissionais da área da saúde
Dois tipos de sujeitos (estomizados e
enfermeiros)
Dois tipos de sujeitos (estomizado e
familiar)
Não informaram: artigos
Serviço de estomaterapia
Domicilio
Hospitais Públicos
Não informado
RIL
22
05
01
09
03
01
03
01
01
02
02
03
03
18
01
01
01
01
Entrevista
Observação
Grupos
Formulário
Outras técnicas
Análise de conteúdo
Análise estatística descritiva
Análise fenomenológica
Software spps
Outras técnicas
Não informaram
19
01
02
02
06
12
04
02
01
04
08
01
01
01
13
02
07
03
03
137
APÊNDICE B- Quadro com os artigos da RIL com descrições das características
das publicações segundo título, objetivos e resultados dos estudos
Título do artigo
Objetivos
Resultados
A interpretação do cuidado
com o ostomizado na visão
do enfermeiro: um estudo de
caso
Identificar
como
os
enfermeiros
de
uma
instituição
hospitalar
interpretam o cuidado com o
ostomizados, por meio do
método de estudo de caso.
Comunicação não verbal de
pessoas
portadoras
de
ostomias por câncer de
intestino
Analisar a frequência de
comportamentos eficazes e
ineficazes nas relações de
pessoas
portadoras
de
ostomias integrantes de um
grupo focal.
Qualidade de vida de adultos
com câncer colorretal com e
sem ostomia
Analisar e comparar a
qualidade de vida dos
doentes
com
câncer
colorretal atendidos pelo SUS
na XIV DIR-SP, conforme
ausência e presença de
estoma.
Convivendo
com
ostomia: conhecendo
melhor cuidar
uma
para
Identificar
as
alterações
causadas por uma ostomia
no viver de seus portadores.
A trajetória do grupo de apoio
Apresentar súmula histórica
Ficou
evidenciado
a
inadequação das ações do
enfermeiro para o cuidado e
para o ensino do autocuidado,
o que certamente contribui
para
intensificar
as
dificuldades do ostomizados e
da sua família, após a alta
hospitalar. A inadequação das
práticas desses processos
reflete
a
falta
de
conhecimentos
atualizados,
nos diferentes temas da
reabilitação do ostomizados.
Houve predomínio de rigidez e
competitividade nas relações
intragrupais,
determinando
paralisia e estereotipia na
interação, provavelmente pela
pouca afetividade que uniu os
participantes. O grupo tornouse
pouco
operativo,
compreendendo que um dos
aspectos importantes para a
operatividade de um grupo é o
desenvolvimento
de
complementaridade
e
rotatividade dos papéis.
Os resultados evidenciaram
que
não
há
diferenças
significativas na comparação
com o grupo de pessoas sem
estoma. Foram constatadas
diferenças
estatisticamente
significantes para as variáveis
religião e retorno ao trabalho
independente do grupo.
Estes pacientes têm sua
perspectiva de vida alterada,
precisam adaptar-se ao uso de
equipamentos, sentem medo
da nova situação, têm sua
imagem corporal desfeita, sua
auto-estima diminuída e sua
sexualidade
comprometida,
perdem o controle sobre o
corpo
e
sentem-se
estigmatizados.
Algumas
pessoas afastam-se do seu
convívio enquanto outras se
fazem mais presentes como
forma de apoio.
A trajetória do grupo mostra
138
à
pessoa
ostomizada:
projetando ações em saúde e
compartilhando vivências e
saberes
dos vinte anos de atuação do
Grupo de Apoio à Pessoa
Ostomizada.
A experiência da pessoa
estomizada com câncer: uma
análise segundo o modelo de
trajetória da doença crônica
proposto
por
Morse
e
Johnson
Compreender o
da experiência
para a pessoa
com
câncer
transformações
identidade
O significado da mudança no
modo de vida da pessoa com
estomia intestinal definitiva
Identificar e analisar as
principais modificações que
ocorrem no modo de vida do
portador de estomia intestinal
definitiva e as principais
estratégias
desenvolvidas
para enfrentar a situação de
ser estomizado
A
convergência
cuidadoeducação-politicidade:
um
desafio a ser enfrentado
pelos
profissionais
na
garantia aos direitos à saúde
das pessoas portadoras de
estomias.
Evidenciar a imbricação que
há entre o cuidado em saúde
e
em
enfermagem,
a
educação para a saúde e a
politicidade que os permeia.
Qualidade
de
vida
em
pacientes ostomizados: uma
comparação entre portadores
de câncer colorretal e outras
patologias
Avaliar
e
comparar
a
qualidade
de
vida
de
pacientes
ostomizados
portadores
de
câncer
colorretal ou ostomizados por
outras patologias e traçar
projetos que possam ser
úteis e vir a colaborar na
assistência destes indivíduos.
Perfil
do
paciente
ostomizados e complicações
Elaborar
o
perfil
dos
pacientes ostomizados e as
significado
de doença
estomizada
e
as
sobre sua
avanços
significativos
na
condução da assistência de
saúde para a melhoria da
qualidade de vida das pessoas
ostomizadas.
Após o profundo impacto
ocasionado pela doença e o
estoma
permanente,
as
pessoas iniciam um processo
de ressignificação de suas
identidades, que inclui um
reposicionamento de cada
uma delas perante a vida.
Da análise, emergiram cinco
temas: a experiência de
deparar-se com os sinais e
sintomas
da
doença
e
necessidade de realização da
estomia; o aprendizado de
conviver com a estomia, o
equipamento coletor e a busca
de alternativas para suprir o
uso do equipamento coletor; o
enfrentamento das mudanças
no modo de alimentar-se,
vestir-se
e
vivenciar
a
sexualidade; a busca da
reinserção social, o desafio de
enfrentar a morte e a procura
de perspectivas futuras; a
busca da rede de apoio:
crenças
religiosas
e
espirituais,
família
e
associação dos estomizados.
Os futuros possíveis de
ampliação do direito e da
cidadania se orientam mais
pela educação do que pela
assistência,
ampliando
a
habilidade
humana
da
politicidade, ou seja, aquela
que possibilita o saber pensar
e intervir, no sentido de atingir
níveis
crescentes
de
autonomia individual e coletiva
que permitam a esses sujeitos
construir e conduzir a sua
própria história.
Observou-se que grande parte
dos indivíduos pertencentes
aos dois grupos estudados
avaliou sua qualidade de vida
de maneira positiva, onde a
maioria das respostas variou
entre boa e muito boa com
tendência a ser melhor no
grupo de ostomizados por
câncer.
Foram
avaliados
178
prontuário, a média de idade
139
relacionadas ao estoma
complicações
ao estoma.
A relevância da rede de apoio
ao estomizado
Conhecer o apoio social
utilizado
pelas
pessoas
estomizadas, bem como os
seus benefícios para o
enfrentamento das mudanças
ocorridas no novo modo de
vida.
O impacto da ostomia no
processo de viver humano
Dar uma visão geral dos
estudos existentes acerca do
processo de viver da pessoa
ostomizada
A condição crônica ostomia e
as repercussões que traz
para a vida da pessoa e sua
família
Compreender a partir da
perspectiva das pessoas que
vivenciam a condição crônica
de ostomia ou de seus
cuidadores,
quais
as
repercussões
que
essa
condição trouxe para a sua
vida cotidiana e à de sua
família.
Destacar a importância da
sistematização na consulta
de enfermagem em préoperatório
de
ostomias
intestinais,
bem
como
descrever os aspectos a
serem abordados e avaliados
na consulta para se atingir
um
cuidado
integral
e
humanizado.
A importância da consulta de
enfermagem
em
préoperatório
de
ostomias
intestinais
Educação em saúde ao
ostomizados:
um
estudo
bibliométrico
relacionadas
Identificar
a
produção
científica
nacional
e
internacional
sobre
a
orientação
ao
paciente
entre os pacientes foi de 46,8
anos para o sexo masculino e
de 54,6 anos para os do sexo
feminino. Dentre as ostomias,
foram
encontradas
152
colostomias, 21 ileostomias e
5urostomias.
O
principal
motivo para a confecção dos
estomas foi à neoplasia
maligna, seguido do trauma
abdominal e do desvio de
trânsito
intestinal
devido
úlceras de pressão. Adaptação
inadequada da placa ao
estoma foi encontrada em 90
pacientes. Complicações do
estoma foram encontradas em
103 pacientes, dentre elas,
dermatite periestoma, estoma
plano, hérnia para-colostômica
e retração do estoma.
Emergiram três importantes
redes de apoio, as crenças
religiosas e espirituais, a
família e a Associação dos
Ostomizados. Essas redes
funcionam como suportes para
minimizar o sofrimento das
pessoas estomizadas.
O suporte familiar e o
atendimento
profissional
personalizado
são
indispensáveis na adaptação
da pessoa à sua nova
condição
O enfrentamento da condição
crônica de ostomia em suas
múltiplas dimensões ainda
acontece,
preponderantemente,
no
espaço
doméstico,
com
custos, de maneira quase
exclusiva, par a pessoa com
ostomia e sua família.
A assistência de enfermagem
ao paciente que irá se
submeter à cirurgia geradora
de ostomia deve englobar,
além das orientações gerais
relativas
ao
tratamento
cirúrgico
e
suas
consequências,
ações
específicas
para
o
autocuidado, que devem ser
planejadas e executadas em
todas as fases do tratamento.
No total de 27 publicações, 19
são
nacionais,
oito
internacionais
e
escritas
principalmente por enfermeiros
140
ostomizado, publicada no
período entre 1970 a 2004.
Perfil
de
ostomizados
pacientes
Analisar o perfil de pacientes
ostomizados assistidos por
uma Coordenadoria Regional
de Saúde do Rio Grande do
Sul.
Percepções dos profissionais
de
uma
unidade
de
internação pediátrica sobre a
alta de crianças estomizadas
Conhecer as percepções de
uma equipe multidisciplinar
de assistência às crianças
ostomizadas
acerca
do
processo de alta.
Estratégias de enfrentamento
(coping)
de
pessoas
ostomizadas
Compreender a experiência
de pessoas com derivações
intestinais,
quanto
ao
enfrentamento
à
nova
condição de vida.
Assistência de enfermagem a
paciente com colostomia:
aplicação da Teoria de Orem
Aplicar
a
Teoria
do
Autocuidado de Orem na
assistência
a
paciente
portadora de estomia.
O
cuidado
à
pessoa
portadora de estoma: o papel
do familiar cuidador
Conhecer o papel do familiar
cuidador junto à pessoa
portadora de estomia em seu
período adaptativo.
e estomaterapeutas. Os tipos
são:
dissertações,
teses,
folhetos, livros e artigos. A
procedência dos materiais é
da academia, laboratorial e
hospitalar. A década de
noventa é a que concentra
maior número de trabalhos
nesta área temática.Todos têm
como finalidade elevar a autoestima dos pacientes para
fazê-los sentir que, mesmo
com uma ostomia, eles podem
levar uma vida normal.
O perfil dos pesquisados
mostrou a maioria idosos,
mulheres,
casados,
aposentados, sendo 40,9%
residentes
no
local
da
pesquisa,
com
ostomia
permanente por câncer de
cólon e/ou reto.
Evidenciou-se
que
a
percepção dos profissionais é
de que a alta é fragmentada, a
comunicação entre a equipe é
falha, a educação continuada
da família é fundamental e sua
principal
dificuldade
é
econômica, sendo a mãe o
elemento facilitador.
Os
achados
do
estudo
evidenciaram-se
por
três
categorias centrais: eu não
escolhi; tive que aceitar e con
(vivo) com a ostomia. A forma
para manejar a condição de
estar ostomizado revelou-se
por
estratégias
de
enfrentamento tanto baseadas
na
emoção,
como
no
problema.
Alguns
requisitos
de
autocuidado
estavam
alterados, como “Equilíbrio
entre solidão e interação
social” e “Autocuidado no
desvio de saúde”. O cuidado
domiciliar baseado no sistema
apoio-educação permitiu a
promoção da saúde e a
percepção da importância da
paciente no cuidado.
Verificou-se que o cuidado
prestado pelo familiar à
pessoa portadora de estomia
lhe transmite conforto e
segurança,
auxilia-a
na
aceitação da estomia e na
diminuição dos medos e
141
Caracterização dos pacientes
submetidos
a
estomas
intestinais em um hospital
público de Teresina-PI
Caracterizar
clientela
estomizada
atendida
em
hospital público quanto ao
perfil sócio-demográfico e
especificidades da cirurgia e
estoma.
Sentimentos
ostomizadas:
existencial
de
pessoas
compreensão
Compreender os sentimentos
de seres estomizados em
relação à sua condição
A percepção de si como serestomizado:
um
estudo
fenomenológico
Compreender os sentimentos
do ser-estomizado revelados
nas suas vivências a partir da
alta hospitalar.
Descrever os saberes e
práticas
de
usuários
estomizados
sobre
a
manutenção da estomia de
eliminação
intestinal
e
urinária;
e
analisar
a
pertinência
do
compartilhamento de tais
saberes e práticas com os
cuidados fundamentais de
enfermagem, desenvolvidos
no contexto ambulatorial.
Conhecer os significados
atribuídos a vivência de
pacientes
estomizados,
descrever
seus
conhecimentos
sobre
o
autocuidado e identificar a
importância das orientações
de enfermagem para a sua
adaptação.
Apresentar o desvelamento
crítico
do
Itinerário
de
pesquisa
Freireano
na
atenção
à
pessoa
estomizada.
Perspectiva educativa do
cuidado
de
enfermagem
sobre a manutenção da
estomia de eliminação
Vivência
do
paciente
estomizado:
uma
contribuição
para
a
assistência de enfermagem
Desvelamento
crítico
da
pessoa estomizada: em ação
o programa de educação
permanente em saúde
Plano
de
cuidados
Conhecer
o
angústias gerados.
Predominaram estomizados do
sexo masculino, na faixa etária
entre
18
e
28
anos,
procedentes do interior do
estado, casados, com baixa
escolaridade e baixa renda. A
maioria das internações foi de
emergência,
por
causas
obstrutivas,
seguidas
por
causas
traumáticas,
resultantes
da
violência.
Predominaram as colostomias,
temporárias,
apresentando
efluentes líquidos, utilizando
bolsas inadequadas e com
presença de hiperemia na pele
periestoma.
Que em sua existencialidade,
o ser estomizado exprime de
formas
diferentes
suas
vicissitudes, desvelando quão
dolorosos ou prazerosos são
os acontecimentos da vida,
cabendo ao enfermeiro estar
atento às suas linguagens.
A estomia no ser-estomizado
faz com que ele restrinja seu
mundo, o qual é marcado pelo
sofrimento.
A
pesquisa
revelou
a
necessidade
de
maior
divulgação sobre a realidade
concreta desses usuários para
que possam sentir-se mais
acolhidos,
fortificados
no
enfrentamento
das
dificuldades que, porventura,
surjam no cotidiano de con
(viver) com a derivação
cirúrgica.
A estomia significa alterações
no modo de vida e que a
atuação
da
enfermagem
através
de
atividades
educativas é indispensável
para o desenvolvimento do
autocuidado e adaptação dos
estomizados.
A deficiente qualificação dos
profissionais de saúde foi um
dos temas geradores mais
relevantes, sendo desvelada a
necessidade de implantação
de um programa de educação
permanente na atenção à
pessoa estomizada.
A confecção do plano de
142
compartilhado
junto
a
clientes
estomizados:
a
pedagogia Freireana e suas
contribuições
à
prática
educativa da enfermagem
compartilhamento de saberes
e
práticas
de
clientes
estomizados
sobre
a
manutenção da estomia de
eliminação
intestinal
e
urinária
no
contexto
ambulatorial, e discutir suas
possíveis repercussões no
contexto domiciliar.
Gerontotecnologia educativa
voltada ao idoso estomizado
à luz da complexidade
Apresentar
a
cartilha
educativa como um produto
gerontotecnológico útil para o
cuidado ao idoso estomizado
à luz da complexidade.
cuidados
foi
o
produto
instituído mediante a troca de
experiências e saberes no
ambulatório, tendo sido a
pedagogia problematizadora
instrumento
facilitador
na
aprendizagem
de
clientes
estomizados,
durante
o
processo educativo. Com o
retorno
dos
clientes
no
ambulatório,
foi
possível
denotar os sucessos derivados
da pedagogia utilizada. Sua
condição de crítica e reflexão
tornou-se aguçada, exercendo
com maior segurança e
autonomia
os
cuidados
relacionados à manutenção de
sua
estomia,
avaliando,
modificando
hábitos
e
transformando a realidade.
A cartilha apresentou-se como
uma gerontotecnologia capaz
de facilitar a compreensão da
pessoa idosa estomizada e
seu familiar sobre os direitos
dos estomizados, conceitos e
tipos de estomas, cuidados
com a estomia e importância
da família e do grupo de apoio
para o cuidado.
143
Universidade do Estado do Pará
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde
Escola de Enfermagem Magalhães Barata
Mestrado Associado em Enfermagem UEPA/UFAM
APÊNDICE C- Roteiro de perguntas
- Como vocês vêem a utilização de um material educativo que esclareça sobre os
cuidados com a pele periestoma?
- Quais as condições que interferem no cuidado com a pele periestoma?
- Como vocês fazem o autocuidado com a pele periestoma?
- Que assuntos vocês consideram importantes para conter no material educativo?
144
Universidade do Estado do Pará
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde
Escola de Enfermagem Magalhães Barata
Mestrado Associado em Enfermagem UEPA/UFAM
APÊNDICE D- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
TÍTULO DA PESQUISA: Tecnologia Educacional para Estomizados: construção de um
guia de orientação para cuidados com a pele periestoma
Para a conclusão do meu Curso de mestrado em enfermagem. Realizarei uma
pesquisa que tem por título: Tecnologia Educacional para Estomizados: construção de
um guia de orientação para cuidados com a pele periestoma, com o objetivo de construir um
guia de orientação sobre os cuidados com a pele periestoma para os estomizados acolhidos
em um Serviço de Atenção à Pessoa Estomizada em Belém/PA. Convidamos você a
participar do estudo, que será realizado através de quatro encontros em grupo, a cada sete
dias, onde você será convidado a responder algumas perguntas, que serão feitas no
decorrer do encontro que ajudarão na construção do guia. Essas perguntas serão sobre os
cuidados com a pele periestoma, na forma de uma entrevista, que só será gravada se você
autorizar, caso contrário, o pesquisador registrará as suas respostas por escrito em um
caderno (se for o caso). Caso não saiba alguma pergunta ou lhe provoque constrangimento,
você tem liberdade para não responder. Para evitar a preocupação de que seus dados
sejam divulgados, deixamos claro que as informações obtidas serão utilizadas somente
nesta pesquisa e guardadas por cinco anos e que na divulgação dos resultados seu nome
não irá aparecer, pois usaremos como código nome fictício. Os resultados poderão ser
apresentados em eventos científicos ou outro meio de comunicação e publicados em
revistas. Sua participação no estudo é muito importante, pois à elaboração de um guia de
orientação junto com os participantes da pesquisa irá contribuir na aquisição de
conhecimentos, troca de experiências, valorização dos saberes dos mesmos sobre os
cuidados de si. Futuramente após a sua validação contribuirá como instrumento que ajudará
no autocuidado e na prevenção de complicações na pele periestoma dos estomizados do
Serviço e/ou de outras instituições. Esta pesquisa tem o risco de exposição dos seus dados,
já que participará de entrevista em grupo, porém para garantir sua segurança vamos manter
o seu anonimato na pesquisa, onde em todos os registros um nome fictício substituirá o
nome do participante. A qualquer momento você pode desautorizar os pesquisadores de
fazer uso das informações obtidas ou afastar-se da pesquisa e todo material gravado e/ou
145
anotado lhe será devolvido. Não há despesas pessoais para você em qualquer fase do
estudo. Quanto à sua locomoção até a URES, serão disponibilizados os valores referentes
ao transporte rodoviário caso necessite e aceite. Este trabalho será realizado com recursos
da pesquisadora. Não haverá nenhum pagamento por sua participação. Se você tiver
dúvidas e desejar esclarecimentos sobre a pesquisa poderá fazer contato com o(s)
responsável(s): orientadora: Ana Gracinda Ignácio da Silva, end. Rua Utinga, 438, CEP:
66610-10, fone: (91) 81264662 e com a orientanda: Dione Seabra de Carvalho, end.
Passagem Nossa Senhora das Graças, 542, CEP: 66077-420, fone: (091) 96299753 ou o
CEP (Comitê de Ética em Pesquisa) da Universidade Estadual do Pará, End. Av. José
Bonifácio, 1289 CEP: 66063-010 Fone: (091) 3249-0236 Fax: (091) 3249-4671 Ramal:
208, Email: [email protected], se tiver qualquer dúvida com relação aos seus
direitos.
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE, APÓS ESCLARECIMENTO
Declaro que li e/ou ouvi o esclarecimento acima e compreendi as informações que
me foram explicadas sobre a pesquisa. Conversei com a coordenadora e/ou os
pesquisadores do projeto sobre minha decisão em participar, autorizando a gravação da
entrevista (se for o caso), ficando claros para mim, quais são os objetivos da pesquisa, a
forma como vou participar, os riscos e benefícios e as garantias de confidencialidade e de
esclarecimento permanente. Ficou claro também, que a minha participação não tem
despesas nem receberei nenhum tipo de pagamento, podendo retirar o meu consentimento
a qualquer momento, sem penalidades ou prejuízos. Concordo voluntariamente participar
desse estudo assinando este termo em duas cópias e uma ficará comigo. (Caso o TCLE
tenha mais de uma lauda deve descrever que todas serão rubricadas pelo sujeito da
pesquisa ou seu responsável, junto com o pesquisador apondo suas assinaturas na última
pagina do referido termo).
Local:.........../............/..............
_____________________________ RG.:________________
Assinatura do voluntário ou seu responsável legal
_____________________________ RG.:_________________
Assinatura do responsável por obter o consentimento
_____________________________ RG.:_________________
Assinatura do pesquisador responsável
146
APÊNDICE E- PRIMEIRO ESBOÇO DA TECNOLOGIA EDUCACIONAL
Tecnologia educacional para estomizados: guia
de orientação para cuidados com a pele
periestoma
Belém- Pará
2014
147
Sumário
1. Apresentação
2. O que é um estoma/ostoma?
3. O que é uma colostomia, ileostomia e urostomia?
4. O que é pele periestoma?
5. O que é dermatite periestoma?
6. Tipos de dermatite periestoma
7. Cuidados com a pele periestoma
8. Passo a passo da higienização com o estoma, pele periestoma e troca do
equipamento coletor
9. Produtos indicados para o cuidado com a pele periestoma
10. Conversando sobre a alimentação do estomizado
11. Mitos e verdades sobre os cuidados com o estoma e pele periestoma
148
Apresentação
O estomizado intestinal e/ou urinário passa por transformações que interferem
no seu dia-a-dia e a convivência com o estoma exige a adoção de inúmeras
medidas de adaptação e reajustamento, incluindo o aprendizado das ações de
autocuidado com o estoma, com a pele periestoma e a troca do equipamento
coletor, com o objetivo de prevenir as dermatites periestomas. É claramente
reconhecido que uma pele periestoma íntegra constitui um dos mais importantes
fatores para que a pessoa estomizada possa viver bem com o seu estoma.
Os cuidados com a pele periestoma são essenciais, pois a pele estando íntegra
facilita a aderência da base adesiva e da bolsa coletora, evitam-se irritações devido
ao contato de fezes ou de urina, o que contribui na prevenção de complicações da
pele.
Este material foi elaborado para ajudar os estomizados intestinal e/ou urinário
quanto aos cuidados com a pele periestoma e assim prevenir a dermatite
periestoma, complicação que interfere na qualidade de vida dos estomizados.
149
2. O que é um estoma/ostoma intestinal e urinário?
É uma abertura no abdômen, realizada cirurgicamente, que permite a saída
de fezes ou urina.
Espaço para inserir a
imagem
indicada
pelos
participantes
3. O que é uma colostomia, ileostomia e urostomia?
 Colostomia: É um tipo de estoma intestinal que faz a comunicação do cólon
(intestino grosso) com o exterior. Na maioria dos casos está localizada no
lado esquerdo, abaixo da linha do umbigo. As fezes apresentam-se sólidas ou
semi-sólidas.
 Ileostomia: É um tipo de estoma intestinal que faz a comunicação do
intestino delgado (intestino fino) com o exterior. Na maioria dos casos está
localizada no lado direito, abaixo da linha do umbigo. As fezes apresentam-se
líquidas e com várias eliminações ao dia.
 Urostomia: É uma abertura criada cirurgicamente no abdômen que permite
que a urina seja eliminada para fora do corpo. Para construção do estoma
urinário, utiliza-se normalmente uma pequena porção do intestino delgado
(íleo), por isso é normal que além da urina haja também a eliminação de
muco do estoma.
Espaço para inserir a
imagem indicada pelos
participantes
Colostomia
Espaço para inserir a
imagem indicada pelos
participantes
Ileostomia
Espaço para inserir a
imagem indicada pelos
participantes
Urostomia
150
4. O que é pele periestoma?
É a pele ao redor do estoma que deve estar lisa, íntegra, sem lesões ou
ferimentos.
Espaço para inserir a
imagem indicada pelos
participantes
5. O que é dermatite periestoma (irritação):
São lesões com perda de integridade da pele periestoma. Pode ser causada
pelo contato das fezes ou da urina com a pele ou pela alergia ao material da
base adesiva. Geralmente surgem alterações como: vermelhidão, irritação,
prurido (coceira), ardência e ulcerações (ferimentos).
Espaço para inserir a
imagem
indicada
pelos
participantes
6. Tipos de dermatite periestoma:
 Dermatite irritativa, química ou de contato: ocorre por contato direto da
pele com fezes e urina ou por produtos usados para o cuidado local.
Espaço para inserir a
imagem indicada pelos
participantes
 Dermatite alérgica: origina-se de reações alérgicas do contato da pele com
os produtos a
serem adaptados no estoma, como por exemplo,
hipersensibilidade ao plástico dos equipamentos coletores e da base
adesiva.
Espaço para inserir a
imagem indicada pelos
participantes
151
 Dermatite por trauma mecânico: relacionada ao cuidado com a pele
periestoma prestado pelo estomizado ou cuidador, que pode ocorrer através
da remoção brusca ou violenta da base adesiva, limpeza agressiva e
frequente da área periestoma e troca frequente da base adesiva e bolsa
coletora.
Espaço para inserir a
imagem
indicada
pelos participantes
 Dermatite por infecção: é secundária às causas descritas anteriormente.
Podem ocorrer em consequência de uma dermatite não tratada corretamente.
Espaço para inserir a
imagem
indicada
pelos participantes
7. Cuidados com a pele periestoma (pele ao redor do estoma):
- Remover suavemente a base adesiva da pele, de preferência durante o
banho, o que facilita a remoção da mesma;
- Limpar o estoma e pele periestoma suavemente com gaze ou tecido macio,
retirando o excesso de fezes ou urina;
- Lavar o estoma e pele periestoma com água e sabão, sem friccionar
exageradamente;
- usar hastes flexíveis (cotonetes) para retirar resíduos de fezes ou urina que
ficam aderidos bem próximos ao estoma;
- Secar bem o estoma e a pele periestoma com um tecido macio, com
movimentos suaves;
- Não usar substâncias irritantes na pele periestoma, como: perfume, álcool,
éter, mercúrio, rifocina, povidine, álcool iodado, mertiolate, pasta d’água, etc;
- Rebaixar os pelos da pele periestoma, pois os mesmos comprometem a
adesão da base adesiva e favorece o aparecimento de infecções. Os pelos
devem ser rebaixados com tesoura de ponta redonda ou curva, não utilizar
lâminas e/ou barbeadores;
152
- Observar as características da pele periestoma, depois da higiene buscando
qualquer sinal de complicações;
- Quando for possível, no dia da troca da base adesiva e da bolsa coletora,
exponha a pele periestoma ao sol da manhã por 15 a 20 minutos, isso fará
com que sua pele desenvolva uma maior resistência. Atenção: proteja o
estoma com uma gaze úmida para que o mesmo não fique exposto ao sol e
corra risco de ressecamento; apenas a pele periestoma deverá receber a luz
solar. Se estiver em tratamento de quimioterapia ou radioterapia este
procedimento não pode ser feito.
OBS: O banho de sol é um cuidado fundamental tanto na prevenção quanto
no tratamento da dermatite periestoma.
Espaço para inserir as imagens sugeridas pelos
participantes
8. Passo a passo da higienização com o estoma, pele periestoma e troca do
equipamento coletor:
- Esvaziar a bolsa no vaso sanitário antes de retirá-la, abrindo a pinça
(grampo) na parte inferior da bolsa, caso ela seja drenável (aberta no fundo);
- Tomar banho e aproveitar para ir descolando aos poucos a base adesiva;
- Molhar o algodão, a gaze ou o tecido macio com água e sabão. Levantar um
pouco a parte adesiva da base. Segurar firme e ir passando o tecido com
água e sabão, descolando lentamente a base adesiva e mantendo a pele
esticada;
- Após a retirada da base adesiva, colocar no saco de lixo, fechar e jogar fora;
- Lavar o estoma e pele periestoma com água e sabão, com movimentos
suaves. Enxaguar a pele periestoma e o estoma retirando restos de fezes e
sabão;
- Enxugar delicadamente a pele periestoma com uma toalha ou tecido macio.
Nesse momento, deve-se observar a pele e o estoma para descobrir
153
possíveis alterações, pode-se utilizar um espelho para ajudar neste
procedimento. É importante que a pele esteja limpa e seca para receber a
nova base adesiva;
- Quando sair do banho, colocar um pedaço de papel higiênico imediatamente
sobre o estoma, para evitar que caia fezes na pele (principalmente se for
ileostomizado, já que o intestino funciona o tempo todo);
- Vestir-se e se possível expor a pele periestoma ao sol da manhã por um
período de 15 a 20 minutos. Não se esquecer de proteger o estoma com uma
gaze ou um pano limpo, macio e úmido.
- Deixar a base adesiva já cortada, com o corte correto de acordo com o
diâmetro do estoma;
- Certifique-se de que a pele periestoma continua limpa e seca;
- Aplicar barreira protetora em creme, spray ou em lenço fixador na pele
periestoma, caso você utilize algum desses produtos. Se utilizar barreira em
creme, deixe agir por alguns minutos e depois retire para fixar a base adesiva
na pele. Se utilizar o spray ou o lenço fixador não é necessário retirá-lo da
pele periestoma, apenas deixar secar e logo após fixar a base adesiva;
- Retirar o papel da parte adesiva;
- Se utilizar a pasta niveladora (cola), passar uma pequena quantidade
próxima ao corte na base adesiva ou diretamente na pele bem próximo ao
estoma;
- Colar a parte adesiva de baixo para cima, procurando encaixá-la no estoma.
Manter a pele esticada, evitando deixar pregas ou bolhas de ar, que facilitam
vazamentos e descolamento da base adesiva;
- Fazer movimentos firmes e circulares sobre a parte adesiva com o dedo
indicador, do centro para as extremidades, para melhor aderência à pele;
- Se for dispositivo de duas peças, encaixar a bolsa na base adesiva. Se for
de uma peça, retirar o ar e fechar a pinça (grampo).
Espaço para inserir as imagens sugeridas pelos
participantes
9. Produtos indicados para o cuidado com a pele periestoma:
- Película protetora de pele: protege a pele periestoma das fezes ou urina,
formando uma película. Alguns desses produtos contêm álcool e são
154
contraindicados em peles lesadas (com dermatite). As películas podem ser
em: creme, spray e lenço fixador.
- Pasta niveladora: serve para nivelar a pele periestoma, permitindo maior
durabilidade da base adesiva. Existe pasta com e sem álcool. Na forma de
pasta alcoólica são utilizadas para preencher irregularidades da pele,
corrigindo imperfeições como dobras de pele, cicatrizes cirúrgicas, evitando
infiltração de fezes ou urina sob a base adesiva, aumentando a durabilidade
do material e prevenindo lesões de pele.
- Pó protetor: é indicado para utilização em pele periestoma com lesões
úmidas, absorve a umidade da pele, tratando a pele lesada, aumentando o
tempo de adesividade da base, protegendo a pele lesada das fezes ou urina.
- Higienizador de pele: solução que facilita a higienização da pele
periestoma e na remoção de resíduos da base que se deposita na pele.
- Placa protetora: Adesivo flexível, elástico e macio. É indicado na
prevenção da dermatite periestoma ou na recuperação da pele já lesionada.
Permite o ajuste preciso ao redor do estoma.
- Strip paste: massa moldável protege a pele contra as fezes e urina. É ideal
para nivelar cicatrizes, dobras de pele e rugas ao redor do estoma. Não
contém álcool, pode ser aplicado sobre a pele irritada.
- Anéis planos e convexos de hidrocolóide: barreira protetora de pele
periestoma, flexível e adaptável indicada para proteção e nivelamento da
pele, e para prevenção de vazamento de fezes e/ou urina.
Espaço para inserir as imagens sugeridas pelos
participantes
155
10. Conversando sobre a alimentação do estomizado:
A maioria dos estomizados pode comer e beber as mesmas coisas que
comiam antes da cirurgia. A alimentação do estomizado deve ser normal e
saudável, evitando apenas os alimentos, que em particular, podem causar
complicações, como: diarreia, constipação (prisão de ventre), gases, odor
forte na urina.
Recomendações para uma alimentação saudável:
- Ao receber alta hospitalar é importante que os alimentos sejam introduzidos
gradativamente, sendo dos semilíquidos aos mais sólidos;
- Optar por uma dieta na qual estejam presentes todos os tipos de alimentos;
- A alimentação deve ser equilibrada e fracionada em 6 refeições ao dia,
respeitando sempre o horário para contribuir com a regularidade do
funcionamento do intestino;
- É importante alimentar-se de 3 em 3 horas, sempre mastigando bem os
alimentos para facilitar a digestão e evitar a obstrução da colostomia ou
ileostomias;
- Se for experimentar algum alimento diferente, pegar apenas um pouco, pois
você não saberá como o seu organismo irá reagir, e também é importante
experimentar um alimento de cada vez;
- É essencial beber de 2,0 a 2,5 litros de água por dia, e ingerir sempre uma
quantidade adequada de fibras para o bom funcionamento do intestino. O
urostomizado deve beber de 2,5 a 3,0 litros de água por dia.
- Evitar ingerir refrigerante por causa da formação de gases;
- Comer sempre na mesma hora e sem pressa;
11. Mitos e verdades sobre os cuidados com a estomia e pele periestoma:
- Devo usar soro fisiológico na limpeza do estoma e pele periestoma?
- Se usar sabão na limpeza do estoma existe a possibilidade de entrar no
orifício e prejudicar o estoma?
- É melhor fazer a troca do equipamento coletor (base adesiva e bolsa)
deitado, sentado ou em pé?
156
APÊNDICE F- SEGUNDO ESBOÇO DA TECNOLOGIA EDUCACIONAL
Guia de orientação para estomizados intestinal e urinário:
como cuidar da pele periestoma
157
Guia de orientação para estomizados intestinal e urinário: como
cuidar da pele periestoma
Autora: Enfª. Dione Seabra
Orientadora: Drª. Ana Gracinda I. Silva
Colaboração: -Grupo de estomizados do Serviço de Atenção à Pessoa EstomizadaBelém/Pará
- Enfª. Sandra Ferreira
- Enfº. Levindo Braga
- Enfº. Arthur Lima
158
Sumário
1. Apresentação
2. O que é um estoma/ostoma?
3. O que é uma colostomia, ileostomia e urostomia?
4. O que é pele periestoma?
5. O que é dermatite periestoma?
6. Tipos de dermatite periestoma
7. Cuidados com a pele periestoma
8. Passo a passo da higienização com o estoma, pele periestoma e troca do
equipamento coletor.
9. Produtos indicados para o cuidado com a pele periestoma
10. Conversando sobre a alimentação
11. Mitos e verdades sobre os cuidados com o estoma e pele periestoma
159
Apresentação
O estomizado intestinal e/ou urinário passa por transformações que interferem
no seu dia-a-dia e a convivência com o estoma exige a adoção de inúmeras
medidas de adaptação e reajustamento, incluindo o aprendizado das ações de
autocuidado com o estoma, com a pele periestoma e a troca do equipamento
coletor, com o objetivo de prevenir as dermatites periestomas (irritação da pele ao
redor do estoma). É claramente reconhecido que uma pele periestoma íntegra
constitui um dos mais importantes fatores para que a pessoa estomizada possa viver
bem com o seu estoma.
Os cuidados com a pele periestoma (pele ao redor do estoma) são essenciais,
pois a pele estando íntegra facilita a aderência da base adesiva e da bolsa coletora,
evitam-se irritações devido ao contato de fezes ou de urina, o que contribui na
prevenção de complicações da pele.
Este material educativo foi elaborado para ajudar os estomizados intestinal e/ou
urinário, profissionais de enfermagem, familiares e cuidadores quanto aos cuidados
com a pele periestoma e assim prevenir a dermatite periestoma, complicação que
interfere na qualidade de vida dos estomizados.
160
2. O que é um estoma/ostoma intestinal e urinário?
É uma abertura no abdômen, realizada cirurgicamente, que permite a saída
de fezes ou urina.
3. O que é uma colostomia, ileostomia e urostomia?
 Colostomia: É um tipo de estoma intestinal que faz a comunicação do cólon
(intestino grosso) com o exterior. Na maioria dos casos está localizada no
lado esquerdo, abaixo da linha do umbigo. As fezes apresentam-se sólidas ou
semi-sólidas.
 Ileostomia: É um tipo de estoma intestinal que faz a comunicação do
intestino delgado (intestino fino) com o exterior. Na maioria dos casos está
localizada no lado direito, abaixo da linha do umbigo. As fezes apresentam-se
líquidas e com várias eliminações ao dia.
 Urostomia: É uma abertura criada cirurgicamente no abdômen que permite
que a urina seja eliminada para fora do corpo. Para construção do estoma
urinário, utiliza-se normalmente uma pequena porção do intestino delgado
(íleo), por isso é normal que além da urina haja também a eliminação demuco
do estoma.
Fonte: expressmedical.blogspot.com; 2014
161
4. O que é pele periestoma?
É a pele ao redor do estoma que deve estar lisa, íntegra, sem lesões ou
ferimentos.
5. O que é dermatite periestoma (irritação da pele ao redor do estoma):
São lesões com perda de integridade da pele periestoma. Pode ser causada
pelo contato das fezes ou da urina com a pele ou pela alergia ao material da
base adesiva. Geralmente surgem alterações como: vermelhidão, irritação,
prurido (coceira), ardência e ulcerações (ferimentos).
162
6. Tipos de dermatite periestoma:
 Dermatite irritativa, química ou de contato: ocorre por contato direto da
pele com fezes e urina ou por produtos usados para o cuidado local.
 Dermatite alérgica: origina-se de reações alérgicas do contato da pele com
os produtos a
serem adaptados no estoma, como por exemplo,
hipersensibilidade ao plástico dos equipamentos coletores e da base
adesiva.
 Dermatite por trauma mecânico: relacionada ao cuidado com a pele
periestoma prestado pelo estomizado ou cuidador, que pode ocorrer através
da remoção brusca ou violenta da base adesiva, limpeza agressiva e
frequente da área periestoma e troca frequente da base adesiva e bolsa
coletora.
163
 Dermatite por infecção: é secundária às causas descritas anteriormente.
Podem ocorrer em conseqüência de uma dermatite não tratada corretamente.
7. Cuidados com a pele periestoma (pele ao redor do estoma):
- Remover suavemente a base adesiva da pele, de preferência durante o
banho, o que facilita a remoção da mesma;
Fonte: www.milhoazul.com.br; 2014
- Limpar o estoma e pele periestoma suavemente com gaze, algodão ou
tecido bem macio, retirando o excesso de fezes ou urina;
- Lavar o estoma e pele periestoma com água e sabão, sem esfregar
exageradamente;
- usar hastes flexíveis (cotonetes) para retirar resíduos de fezes ou urina que
ficam aderidos bem próximos ao estoma;
- Secar bem o estoma e a pele periestoma com um tecido bem macio, com
movimentos suaves;
164
- Não usar substâncias irritantes na pele periestoma, como: perfume, álcool,
éter, mercúrio, rifocina, povidine, álcool iodado, mertiolate, pasta d’água,
pomada para assadura. Estes produtos retiram a barreira natural da pele,
facilitando o aparecimento da dermatite (irritação na pele);
- Rebaixar os pelos da pele periestoma, pois os mesmos comprometem a
adesão da base adesiva e favorece o aparecimento de infecções. Os pelos
devem ser rebaixados com tesoura de ponta redonda ou curva, não utilizar
lâminas e/ou barbeadores;
- Observar as características da pele periestoma, depois da higiene buscando
qualquer sinal de complicações. Fazer esse cuidado com o auxílio de um
espelho;
- Se for possível, no dia da troca da base adesiva e da bolsa coletora,
exponha a pele periestoma ao sol da manhã por 15 a 20 minutos, isso fará
com que sua pele desenvolva uma maior resistência.
Atenção: proteja o estoma com uma gaze úmida para que o mesmo não
fique exposto ao sol e corra risco de ressecamento; apenas a pele periestoma
deverá receber a luz solar. Se estiver em tratamento de quimioterapia ou
radioterapia este procedimento não pode ser feito.
OBS: O banho de sol é um cuidado fundamental tanto na prevenção quanto
no tratamento da dermatite periestoma.
- Se não for possível no dia da troca da base adesiva e da bolsa coletora
expor a pele periestoma ao sol, então deixar a pele respirar por um tempo de
15 a 20 minutos antes de fixar a base adesiva.
8. Passo a passo da higienização com o estoma, pele periestoma e
troca do equipamento coletor:
- Esvaziar a bolsa no vaso sanitário antes de retirá-la, abrindo a pinça
(grampo) na parte inferior da bolsa, caso ela seja drenável (aberta no fundo);
165
- Tomar banho e aproveitar para ir descolando lentamente a base adesiva; vá
descolando da forma que melhor facilite para você;
- Após a retirada da base adesiva, colocar no saco de lixo, fechar e jogar fora;
- Lavar o estoma e pele periestoma com água e sabão, com movimentos
suaves. Enxaguar a pele periestoma e o estoma retirando restos de fezes e
sabão;
- Enxugar delicadamente a pele periestoma com uma toalha ou tecido macio.
Nesse momento, deve-se observar a pele e o estoma para descobrir
possíveis alterações, pode-se utilizar um espelho para ajudar neste
procedimento. É importante que a pele esteja limpa e seca para receber a
nova base adesiva;
Fonte:www.tecuidamos.org; 2014
- Quando sair do banho, colocar um pedaço de papel higiênico imediatamente
sobre o estoma, para evitar que caia fezes na pele (principalmente se for
ileostomizado, já que o intestino funciona o tempo todo). Se for urostomizado
coloque um tecido macio sobre a estomia, já que a urina não para de ser
eliminada;
- Vestir-se e se possível expor a pele periestoma ao sol da manhã por um
período de 15 a 20 minutos. Não se esquecer de proteger o estoma com uma
gaze ou um pano limpo, macio e úmido.
- Se não for possível expor a pele periestoma ao sol, então deixe a pele
respirar por um tempo de 15 a 20 minutos antes de fixar a base adesiva.
- Cortar a base adesiva, com o corte correto de acordo com o diâmetro do
estoma;
166
- Certifique-se de que a pele periestoma continua limpa e seca;
- Aplicar barreira protetora em creme, spray ou em lenço fixador na pele
periestoma, caso você utilize algum desses produtos. Se utilizar barreira em
creme, deixe agir por alguns minutos e depois retire para fixar a base adesiva
na pele. Se utilizar o spray ou o lenço fixador não é necessário retirá-lo da
pele periestoma, apenas deixar secar e logo após fixar a base adesiva;
- Retirar o papel da parte adesiva;
- Se utilizar a pasta niveladora, passar uma pequena quantidade próxima ao
corte na base adesiva ou diretamente na pele bem próximo ao estoma;
- Colar a base adesiva de baixo para cima, procurando encaixá-la no estoma.
Manter a pele esticada, evitando deixar pregas ou bolhas de ar, que facilitam
vazamentos e descolamento da base adesiva;
Fonte: guia do urostomizado 165.pdf
167
- Fazer movimentos firmes e circulares sobre a base adesiva com o dedo
indicador, do centro para as extremidades, para melhor aderência à pele;
- Se for equipamento de duas peças, encaixar a bolsa na base adesiva. Se for
de uma peça, retirar o ar e fechar a pinça (grampo).
Fonte:vidasemilagres. blogsport.com
9. Produtos indicados para o cuidado com a pele periestoma:
- Película protetora de pele: protege a pele periestoma das fezes ou urina,
formando uma película. Alguns desses produtos contêm álcool e são
contraindicados em peles lesadas (com irritação ou ferimento). As películas
podem ser em: creme, spray e lenço fixador.
Creme
Spray
Lenço fixador
168
- Pasta niveladora: serve para nivelar a pele periestoma, permitindo maior
durabilidade da base adesiva. Existe pasta com e sem álcool. Na forma de
pasta alcoólica são utilizadas para preencher irregularidades da pele,
corrigindo imperfeições como dobras de pele, cicatrizes cirúrgicas, evitando
infiltração de fezes ou urina sob a base adesiva, aumentando a durabilidade
do material e prevenindo lesões de pele.
- Pó protetor: é indicado para utilização em pele periestoma com lesões
úmidas, absorve a umidade da pele, tratando a pele lesada, aumentando o
tempo de adesividade da base, protegendo a pele lesada das fezes ou urina.
- Higienizador de pele: solução que facilita a higienização da pele
periestoma e na remoção de resíduos da base que se deposita na pele.
169
- Placa protetora: Adesivo flexível, elástico e macio. É indicado na prevenção
da dermatite periestoma ou na recuperação da pele já ferida. Permite o ajuste
preciso ao redor do estoma.
Fonte:estomaplast.com.br
- Strip paste: massa moldável protege a pele contra as fezes e urina. É ideal
para nivelar cicatrizes, dobras de pele e rugas ao redor do estoma. Não
contém álcool, pode ser aplicado sobre a pele irritada.
Fonte: activeforever.com; 2014
Fonte: ostomyoutdoors.com; 2014
- Anéis planos e convexos de hidrocoloide: barreira protetora de pele
periestoma, flexível e adaptável indicada para proteção e nivelamento da
pele, e para prevenção de vazamento de fezes e/ou urina.
Fonte: lojadocurativo.com.br; 2014
Fonte:shopping.tray.com.br
170
10. Conversando sobre a alimentação do estomizado:
Fonte: dicasemagrecerrapido.com; 2014
A maioria dos estomizados pode comer e beber as mesmas coisas que
comiam antes da cirurgia. A alimentação do estomizado deve ser normal e
saudável, evitando apenas os alimentos, que em particular, podem causar
complicações, como: diarreia, constipação (prisão de ventre), gases, odor
forte na urina.
Recomendações para uma alimentação saudável:
- Ao receber alta hospitalar é importante que os alimentos sejam introduzidos
aos poucos, sendo dos semilíquidos aos mais sólidos;
- Optar por uma dieta na qual estejam presentes todos os tipos de alimentos;
- A alimentação deve ser equilibrada e fracionada em seis refeições ao dia,
respeitando sempre o horário para contribuir com a regularidade do
funcionamento do intestino;
- É importante alimentar-se de 3 em 3 horas, sempre mastigando bem os
alimentos para facilitar a digestão e evitar a obstrução da colostomia ou
ileostomia;
- Se for experimentar algum alimento diferente, pegar apenas um pouco, pois
você não saberá como o seu organismo irá reagir, e também é importante
experimentar um alimento de cada vez;
- É essencial beber de 2,0 a 2,5 litros de água por dia, e ingerir sempre uma
quantidade adequada de fibras para o bom funcionamento do intestino. O
urostomizado deve beber de 2,5 a 3,0 litros de água por dia.
- Evitar ingerir refrigerante por causa da formação de gases;
- Comer sempre na mesma hora e sem pressa;
171
11. Mitos e verdades sobre os cuidados com a estomia e pele
periestoma:
- Só devo usar o soro fisiológico na limpeza do estoma e pele
periestoma?
Mito: o que é indicado é apenas o uso da água e sabão na limpeza do
estoma e pele periestoma.
- Se usar sabão na limpeza do estoma existe a possibilidade de entrar no
orifício e prejudicar o estoma?
Mito: se passar sabão e água no estoma não há possibilidade de entrar no
orifício do estoma.
- Se tocar no estoma durante o banho vai doer?
Mito: você pode lavar o estoma com movimentos suaves, mas não irá doer,
pois não existem nervos na membrana ou mucosa intestinal, assim não se
sente nada quando o estoma é tocado.
- Só posso fazer a troca do equipamento coletor (base adesiva e bolsa)
deitado?
Mito: a troca da base adesiva e bolsa coletora podem ser colocadas em pé,
sentado ou deitado. No entanto se você é responsável pelo seu autocuidado
o ideal é em pé ou sentado, porém se quem faz a troca é um cuidador ou um
familiar, o ideal é deitado. Mas você deve procurar a melhor posição para
fazer a troca do equipamento.
Fonte: ooutroladodamoeda.com.br
Fonte: anacristinarocha.blogsport.com
172
- Só devo trocar a base adesiva com uma semana?
Mito: a troca do equipamento coletor deve ser realizada quando for
observada a saturação da base adesiva ou de acordo com a necessidade. A
coloração da base adesiva geralmente é amarela, então se deve trocar o
equipamento quando ela estiver ficando branca (chamamos de saturação). A
partir daí existe o risco de descolamento da base e vazamento de fezes ou
urina o que irá contribuir para o aparecimento da dermatite periestoma
(irritação na pele ao redor do estoma).
- O corte na base adesiva precisa ser de acordo com o diâmetro
(tamanho) do estoma?
Verdade: é importante que o corte na base seja de acordo com o diâmetro do
estoma (tamanho), pois se sobrar pele entre a base adesiva e o estoma
existe o risco de se depositar fezes ou urina nesta área e levar a formação da
dermatite periestoma (irritação na pele). Atenção: Logo após a cirurgia o
estoma fica “inchado”, sendo que com o passar dos dias irá diminuir
gradativamente, por isso, é muito importante medir o diâmetro (tamanho)
frequentemente.
173
- Quem tem um estoma intestinal e/ou urinário não tem mais controle
sobre suas eliminações?
Verdade: quem tem estoma intestinal e/ou urinário não possui controle
voluntário sobre a suas eliminações (fezes ou urina), pois o estoma não tem
um músculo esfíncter (controlador). Por isso que o estomizado intestinal e/ou
urinário precisa usar um equipamento coletor (base adesiva e bolsa coletora).
Até porque o contato direto das fezes ou urina com a pele leva a
complicações como a dermatite periestoma (irritação na pele).
174
APÊNDICE G: Quadros com a categorização dos dados
1ª Pergunta: Como vocês vêem a utilização de um material educativo que esclareça
sobre os cuidados com a pele periestoma?
Participante Respostas
1. Topázio
Azul
- É bom [...] fazer pra melhorar e pra pessoa conhecer mais [...] o que a
gente tem que usar e como tem que conviver, tem que conhecer o que
é nosso mesmo [...]
2. Jade
- Eu acho que o material vai ser muito importante!
- [...] então se elas tivessem esse material, seria muito útil [...] porque
eu acho assim [...] quem está no ramo da enfermagem com certeza
também tem interesse em qualquer material relacionado a isso, pois
não conhece, então vai aprender [...]
- Os próprios profissionais ainda desconhecem a realidade e
diversidade dos materiais, ainda chamam de bolsa de karaya [...]
3. Ônix
- Seria muito importante [...] o material vai ser muito importante para o
cuidado [...]
4.Quartzo
azul
- A utilização desse material vai ser muito importante [...]
- Toda informação pra gente [...] se nós conseguirmos aqui fazer um
grupo e levar essa informação pra outras pessoas nós vamos ajudar
muita gente [...]
- Eu acho que isso aí é fora de sério [...]
-[...] nunca houve um trabalho desses pra nós [...] e nós somos
responsáveis por isso, graças a Deus.
- O grande gancho da produção deste material é o saber e a
experiência [...]
- Eu não tenho medo de dizer, que depois deste manual a história do
estomizado vai mudar [...]
5.Olho de
tigre
6. Diamante
- É muito bom [...]
7. Pérola
- Ótimo [...] ótimo, porque orienta muito, principalmente para o meu
marido, que cuida de mim [...] ele que cuida de mim [...] vai ajudar para
ele aprender mais [...]
8. Rubi
- Vai ser muito bom né [...]
- É muito bom e benéfico [...] vai contribuir muito[...]
2ª pergunta: Quais as condições que interferem no cuidado com a pele periestoma?
Participan Respostas
te
175
1.
Topázio
Azul
- No início foi fazer o corte correto na placa [...]
- Quando dá coceira, deve ser o resíduo que está saindo fora da marca
que você deve cortar né [...] aquele resíduo que sai provoca coceira [...]
- Alguns profissionais mesmo no hospital tem pouco conhecimento disso
[...]
2. Jade
- O que eu acho que mais interferiu foi no começo pra mim [...] porque
além de eu está operada né [...] eu não tinha conhecimento de como era
[...]
- A dificuldade era a falta de conhecimento minha e dos profissionais que
estavam lá né [...]
- [...] eu sentia que o meu corte era tão grande, que eu sentia escorrer na
minha pele, queimava minha pele [...]
- O médico alertou quanto ao corte inadequado da placa [...] ele avisou a
equipe de enfermagem que todo vazamento do resíduo na minha pele
era uma catástrofe [...]
3. Ônix
- A falta de banheiros adaptados para o usuário de estomia [...]
- Meu problema é a adaptação ao sair de casa e eventualmente na rua
precisar higienizar a bolsa [...]
- Um grande problema é a falta de banheiros adaptados, que consiste em
um problema na higienização da bolsa em locais públicos [...]
4.
Quartzo
azul
- Todos nós quando saímos da sala de operação temos um vazamento
[...]
- Acho que esse grupo aqui poderia dá uma força para aqueles que estão
saindo [...]
- Todos que estão envolvidos no ambiente hospitalar deveriam estar
comprometidos com o mínimo de orientação a pessoa com estoma [...]
para que não alegasse não conhecer a necessidade que um estomizado
tem da sua bolsa de colostomia.
- [...] comecei a estudar sabe [...] comecei a estudar [...] pra eu saber o
meu problema [...] ai quando foi um dia, eu cheguei pra Eliete e disse eu
me emancipei, não preciso mais de ninguém pra trocar minha bolsa.
- Há condição da gente se emancipar, porque isso dar autonomia pra
gente [...]
- Eu me emancipei, não preciso mais de ninguém pra trocar minha bolsa
[...]
5.Olho de
tigre
- Penei duas semanas com o mesmo material [...] eu penei [...] minha
pele começou a arder [...] ardeu muito [...]
- Sofri muito no início devido à falta de informação no hospital [...]
- A dificuldade foi no início devido à fixação do material, pois estava muito
magro [...] assim como à falta de informação [...]
- Quando tive alta do hospital, uma semana depois vim ao serviço, foi
então que recebi as orientações em relação ao autocuidado.
6.
Diamante
- Eu não pratico o autocuidado [...] eu não troco, tomo banho e espero
meu cuidador (profissional de enfermagem) [...]
- A minha preocupação quando sair do hospital com a bolsa [...] eu
176
pensei [...] que mais me deixou nervoso foi a acidez das fezes.
- Pra você colocar a bolsa, tem que ter profissionalismo [...] tem que
saber colocar [...] qualquer vazamento, ele causa um dano.
- A minha esposa tentou colocar duas vezes, mas devido a idade [...] o
problema é cortar [...] quando ela cortou, que ela colocou durou três dias
[...] quando eu fui tirar já estava ferida. Então ela não fez mais. Eu tenho
esse enfermeiro.
- Nem todos os profissionais gostam de fazer esse trabalho de trocar a
bolsa [...]
- Precisamos no início desta fase como estomizado, de maior apoio, por
isso acredito que seria importante um melhor apoio dos profissionais,
pelo menos até ocorrer à adaptação.
- [...] porque logo no começo é um impacto [...] se você não tem um
enfermeiro [...]
7. Pérola
- Eu não troco, é meu cuidador (esposo) quem faz a troca do material [...]
Eu me acomodei né [...] deixo ele fazer [...]
- Se ele viajasse, eu conseguiria [...] porque eu olho como ele faz [...] eu
acho que consigo sim [...] eu fico olhando ele fazer.
8. Rubi
- É que às vezes lá no hospital as enfermeiras não sabem, não estão
acostumadas [...]
- Quando eu saí do hospital eu não sabia de nada, a profissional queria
que a minha filha assumisse o meu cuidado, mas no início não é fácil [...]
- Quando eu fui pra casa, enfermeiras que trabalhavam em outros
hospitais não sabiam [...] aí teve uma que falou que não era acostumada,
mas se eu explicasse como era [...] mas ela estava fazendo errado [...]
- Quando eu ia tomar banho, que eu tirava a placa, o sangue escorria na
minha perna, eu ficava desesperada [...]
- Hoje eu mesmo estou fazendo o cuidado [...] antes eu não tirava, que
eu tinha medo [...] não sabia [...]
- Tinha uma que falava, eu te ensinei ontem, hoje você já tem que fazer
[...] queriam que a minha filha fizesse [...] como ela ia fazer se nunca
tinha visto? [...]
3ª pergunta: Como vocês fazem o autocuidado com a pele periestoma?
Participante
Respostas
1.
Topázio
Azul
- Limpo só com água e sabão, não faço uso de nenhum produto [...] só
uso a placa mesmo [...] minha placa dura em média oito dias, com boa
aderência [...] acho que por ter a pele seca fica melhor, ao contrário da
pele oleosa [...]
- Eu deixo a placa ficar bem saturada para eu poder fazer a troca.
- Eu prefiro a fixação da placa em pé, me sinto mais segura.
- Eu já sei e conheço o diâmetro do meu estoma, já recorto corretamente;
- Antes usava álcool iodado, povidine, doía demais [...]
2. Jade
- A minha é íleo [...] então tomar banho sem a bolsa, só com a placa não
177
dá [...] só tiro a bolsa quando eu vou trocar a placa, por exemplo [...]
controlo a refeição, a última refeição às seis da tarde e a noite não bebo
muita água, porque se não vai atrapalhar na hora de trocar a placa [...]
então de manhã eu tiro a bolsa [...] aí fica a placa aqui né [...] aí só nesse
dia que eu posso tomar banho com a placa.
- Eu tomo banho, aí já vai molhando aqui, o que eu vou tirar, aí eu tiro no
chuveiro, porque ficou molhinha, ficou mais fácil de tirar [...] eu tiro no
chuveiro [...]
- Lavo a pele com sabonete [...] até quando a gente tira a placa da pele
está bem irritada [...] aquela água parece que refresca a pele [...] a pele
vai voltando a cor normal.
- Depois da limpeza vou pro quarto, seco bastante e se a pele estiver
irritada passo pomada, aí é o tempo que chega a moça (amiga) que me
ajuda.
- Secar a pele é muito importante [...]
- Na limpeza da pele trabalho muito a prevenção [...]
- Geralmente as minhas placas já estão cortadas [...] aí ela só coloca o
cimento (pasta), esse reboco bem ao redor do corte [...] eu sempre
coloco, porque as fezes são muito líquidas e aí aquilo impede que ela
infiltre, ela continue invadindo [...]
- Eu faço a troca da minha placa deitada.
3. Ônix
- Vou descolando minha placa devagar com auxílio do lenço de limpeza e
quando percebo um pelo, vou aparando devagar com a tesoura;
- Eu uso esses materiais para ajudar a não infeccionar a pele [...]
- Uso algodão para limpar ao redor do estoma [...]
- Também uso água e sabão para a limpeza [...]
- Faço o corte adequado na placa, evito deixar umidade na pele [...]
- Pego sol na pele periestoma [...] o sol deve ser respeitado de 8 as 10 h,
depois disso o sol queima muito.
4.
Quartzo
azul
- Antes quando eu ia tomar banho, eu colocava um plástico em cima da
placa [...] com medo que saísse, depois com o tempo eu já fui perdendo
o medo [...]
- Hoje eu tiro a bolsa e já vou tomar banho com a placa mesmo [...] tomo
banho e vou me ensaboando todinho, deixo a placa [...]
- No dia de trocar a placa, tiro ela no banho [...] no banho eu tiro a placa e
em seguida tomo meu banho sem a bolsa [...] eu também uso sabão [...]
o sabão limpa totalmente a pele [...]
- Na troca uso o espelho, a ducha que me auxilia na limpeza [...] uso o
espelho, cotonete, não preciso que ninguém troque minha bolsa [...]
- Eu uso sempre um cotonete [...] com o cotonete você vai olhando no
espelho e vê onde estão as fezes e vai tirando, porque as fezes que
fazem irritar a nossa pele [...]
- Outra coisa [...] eu não largo, não solto a barreira [...] há estudo que a
barreira protege a pele [...] na hora que a gente coloca ela tá servindo
como para-choque. É o lenço fixador [...]
- Se pegar um solzinho na pele é melhor [...] se não pode pegar sol,
deixe ao menos a pele respirar, alguns minutos sem a placa [...]
- Colocar a bolsa deitado, fica difícil, não posso fazer. É melhor a gente
178
colocar a placa em pé [...] porque em pé a pele fica toda esticada [...]
- Só há vazamento quando a placa não está bem colada na pele [...]
- Há condições de emancipação, eu pratico o autocuidado, eu tenho
autonomia [...]
- Eu custei a me emancipar, quem fazia a troca da minha bolsa era a
minha esposa [...]
5. Olho de - Geralmente faço a troca no final da tarde, assim [...]
tigre
- Já deixo tudo preparado, já deixo cortada a placa um dia antes.
- Na limpeza da pele eu uso água e sabão [...] eu tomo banho normal [...]
seco bem a pele e fixo o material com o uso da pasta. Uso o pó na pele.
- No começo eu trocava deitado [...] agora eu consigo fazer em pé, me
sinto mais seguro.
6.
Diamante
- Não faço o autocuidado [...] eu não troco [...]
- No dia da troca do material, tomo meu banho, não tiro a bolsa e espero
pelo enfermeiro para fazer a troca da minha bolsa [...]
- Tomo banho, espero meu cuidador (profissional de enfermagem). Ele
limpa com gaze [...] no dia que ele vai trocar quase não me alimento
muito [...] então não sai muito [...]
- Deixo todo o material muito bem planejado e executado [...]
- Faço a troca da placa deitado [...]
7. Pérola
- Eu não troco, é meu cuidador quem faz a troca do material [...]
- Eu me acomodei, espero pelo meu cuidador, mas acredito que dou
conta de trocar na ausência dele [...]
8. Rubi
- Hoje eu mesmo estou fazendo, faço normal, vou tomo meu banho [...]
antes eu não tirava, que eu tinha medo [...]
- Duas vezes eu tentei tirar a placa durante o banho e sangrou, não sei
se eu puxava, não sei, o sangue escorreu, aí eu fiquei com medo de tirar
[...]
- Cheguei a vir duas vezes na semana aqui no serviço. Levei a medida
do recorte adequado para poder ajustar o uso correto. Hoje eu faço o
autocuidado [...]
- Com orientação do serviço, dispensei o cuidado da profissional e passei
a fazer o autocuidado.
- Eu faço em pé, tomo meu banho, eu mesmo tiro, lavo com água e
sabão, uso a gaze pra enxugar [...] passo aquela pomadinha branca [...]
eu procuro deixar a pele até 30 minutos sem placa para respirar [...] eu
pego a gaze e molho e deixo em cima do estoma.
- Eu uso o cotonete para fazer uma melhor limpeza, para evitar risco de
infecção ou sangramento.
- Eu gosto de fazer a troca da placa de manhã, logo cedo, antes de tomar
café [...] às vezes eu ainda pego uns 10 minutos de sol lá na frente [...] aí
eu pego a gaze e limpo [...]
179
4ª pergunta: Que assuntos vocês consideram importantes para conter no material
educativo?
Participante
Respostas
1. Topázio
Azul
- Todos os assuntos que falamos aqui são importantes (dermatite
periestoma, tipos de dermatite, cuidados e higiene).
- É bom saber o que a gente tem que usar.
2. Jade
- Eu acho uma coisa importante para conter no material, o que é
verdadeiro e o que é falso ao lidar com a íleo ou com a colostomia [...]
porque muitas informações que tive no começo eram falsas e me
deixavam assim apavorada, que eu tinha medo até de olhar pra minha
barriga e ver o estoma, eu tinha medo de tocar [...] ah, porque pode
infeccionar, então eu usava o soro, porque eu achava que a água ia
contaminar [...] então isso me atrapalhou muito no começo.
- Sugiro mitos e verdades sobre os cuidados com o estoma e pele
periestoma [...] o uso do chuveirinho, que muita gente tem medo [...]
que só uma enfermeira pode fazer esse cuidado, e não é verdade a
gente pode fazer [...]
-O que eu posso comer, o que não posso comer?
-Às vezes as pessoas não querem saber, tem vergonha de falar [...]
3. Ônix
- Eu tenho muita dúvida sobre a alimentação [...] eu só como frango,
pescada branca, tucunaré e tilápia [...] o resto eu não como porque eu
tenho medo [...]
4.Quartzo
azul
- Todos os assuntos que falamos aqui são importantes [...] mas eu
vejo que tem um assunto muito importante também, que é a nutrição
[...] a nossa comida [...]
- Seria bom trabalhar sobre a nutrição [...]
- Esclarecimentos sobre o que posso, e não posso consumir [...]
5.Olho de
tigre
- Sobre os tipos de materiais disponíveis e mais adequados a cada
tipo de pele;
6. Diamante
- Tenho dúvidas sobre o que posso comer;
- Sou cametaense, então depois da cirurgia, peixe de pele não como,
farinha, açaí [...] nada destes alimentos eu consumo, por receio.
- Mais de 41 anos em Belém, nunca me alimentei sem o açaí [...]
7. Pérola
- Sobre a higiene correta e o material correto [...]
8. Rubi
- Todos os assuntos da conversa são importantes;
- Sugiro falar sobre o passo a passo da troca do material;
180
ANEXOS
181
ANEXO A- AUTORIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO DE PESQUISA
182
ANEXO B- PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA
183
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde
Escola de Enfermagem “Magalhães Barata”
Programa de Pós-Graduação em Enfermagem – Mestrado
Av. José Bonifácio- Guamá
66063-010 Belém-PA
www.uepa.com
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Tecnologia Educacional para Estomizados