MINISTÉRIO DA DEFESA NACIONAL EXÉRCITO PORTUGUÊS COMANDO DAS FORÇAS TERRESTRES BRIGADA MECANIZADA 1BIMec/KFOR Pristina, 20 de Agosto de 2014 Discurso de SExa o TGen António Agostinho, Diretor Honorário da Arma de Infantaria no dia 14 de Agosto de 2014 Exmo General Chefe do Estado-maior do Exército. Excelência. A Infantaria sente-se particularmente honrada e confortada por ter o Condestável da República a presidir a esta cerimónia do seu dia festivo, este ano, originalmente, na terra onde há 629 anos a Infantaria do reino liderada pelo seu Condestável se cobriu de glória em defesa da Pátria e da sua Independência. Bem-haja Meu General Chefe por esta distinção que a sua Infantaria interpreta como testemunho da sua estima e paixão pela Arma que abraçou desde o início da sua carreira. Exmo Senhor Presidente da Câmara Municipal de Porto de Mós. Representa Vossa Excelência o Povo do Concelho onde há 6 séculos ocorreu um dos episódios mais brilhantes da história militar da Nação. Esse povo que também nele participou em aflição pela Pátria. Na sua pessoa homenageamos também esse povo que nos momentos cruciais soube sempre caminhar lado a lado com aqueles que tinham a responsabilidade primeira da sua defesa. A mítica e lendária Brites de Almeida, radicada nestas terras, é um exemplo vivo dessa vontade. Bem-haja por se juntar a nós nestas excecionais celebrações. Aproveito o ensejo, para através de VExa dirigir igualmente uma saudação calorosa aos digníssimos Presidentes das Câmaras Municipais da Batalha e de Alcobaça, e demais autarcas presentes, também eles representantes legítimos de povos e localidades recheados de história gloriosa. Exmo Senhor Doutor Alexandre Patrício Gouveia ilustre Presidente da Fundação da Batalha de Aljubarrota. O Exército e a Infantaria sentem-se particularmente honrados, com o gesto de VExa ao abrir-nos as portas da sua Casa, e pela sua iniciativa de nos dirigir o convite para aqui celebramos o Dia da Infantaria, ao qual aderimos sem hesitações, uma vez que neste ano de 2014, fazia total sentido, numa espécie de compasso de espera, até MINISTÉRIO DA DEFESA NACIONAL EXÉRCITO PORTUGUÊS COMANDO DAS FORÇAS TERRESTRES BRIGADA MECANIZADA 1BIMec/KFOR que o Dispositivo das Unidades de Infantaria esteja estabilizado. Passa assim a Infantaria Portuguesa de hoje a sentir-se mais próxima desta Fundação, e creia VExa que não deixaremos de corresponder no estreitamento de laços futuros dentro das nossas capacidades. Na sua pessoa, cumprimentamos também os membros dos Corpos Sociais da Fundação aqui presentes. Excelentíssimos Oficiais Generais, no ativo, na Reserva e na Reforma que puderam partilhar este dia com a Vossa infantaria. Permitam-me que destaque de entre vós os antigos Diretores Honorários da Arma, sólidas referências e autores de importantes contributos de liderança e de esclarecimento que nos conduziram ao presente, com coesão e com os valores tão característicos da Nossa Arma. Bem hajam por este gesto de camaradagem e de carinho pra coma Vossa Arma de Sempre. Uma palavra de particular apreço para Os Generais Diretores Honorários de Outras Armas irmãs aqui presentes, igualmente numa demonstração clara de camaradagem e amizade que muito prezamos e registamos com elevadíssimo apreço. Exmos Comandantes das Unidades de Infantaria e respetivos Adjuntos, Digníssimas Autoridades de Segurança e Religiosas e representantes de Unidades Estabelecimentos e órgãos do Exército apoiantes desta Cerimónia. Ilustres convidados. Infantes de ontem, de hoje e de amanhã. Depois de décadas de comemorações deste dia em conjunto com a Escola Prática de Infantaria em Mafra, e por via da sua desativação no ano passado e consequente criação da Escola das Armas, e na sequência da iniciativa da Fundação da Batalha de Aljubarrota, e porque importa ainda estabilizar o dispositivo das Unidades de Infantaria, foi decidido celebrar este dia neste local tão repleto de História para o país e em particular para a Infantaria, que viu designado como seu patrono o Condestável D. Nuno Alvares Pereira, por Portaria do Ministro da Guerra, Fernando dos Santos Costa de 30 de Julho de 1945, com indicação para celebrações de grande dimensão na cidade de Lisboa, à altura com um Batalhão de cada Região Militar e Companhias da Madeira e dos Açores. MINISTÉRIO DA DEFESA NACIONAL EXÉRCITO PORTUGUÊS COMANDO DAS FORÇAS TERRESTRES BRIGADA MECANIZADA 1BIMec/KFOR Desde então, inspirada nos valores militares e humanos do seu Patrono, a Infantaria Portuguesa, já causticada por empenhamentos valorosos, nomeadamente na I Grande Guerra, na qual fez jus ao seu código de honra. Neste Código de conduta, naturalmente que se identificam os exemplos de nobreza de caráter, de humildade e generosidade do nosso Patrono. Aqui estamos hoje para uma vez mais homenagear essa figura impar da Nação que exemplarmente serviu e que em alturas de crise como a que atualmente atravessamos nos serve repetidamente de inspiração para resistir e acreditar que, forjados pelas agruras passadas, esta Nação secular há-de erguer-se de novo, orgulhosa do seu passado glorioso, na qual todos os cidadãos se hão-de rever. Assim, esta vinda aqui, a este local, faz-nos respirar, passados 6 séculos, o ambiente em que outros Infantes, acabados de nascer como tal, deram a sua vida pela Pátria, que apesar de vicissitudes várias ainda é a nossa e a queremos perpetuar, com a ajuda daqueles que por ela deram a vida. Por isso, na qualidade de Diretor Honorário, considero ser o momento e local apropriados para evocar aqueles Infantes que nos Teatros de Operações da I Grande Guerra, na Europa e em África, nas décadas de 60 e 70 nas antigas colónias, nos Balcãs e já neste século em Timor-Leste, no Kosovo, no Afeganistão ao serviço da paz, também em África no quadro da União Europeia no Mali e na Somália e em missões de Cooperação Técnico-Militar fora das fronteiras nacionais, em defesa dos interesses Nacionais, tem granjeado inigualável prestígio para o Exército, para as Forças Armadas e para a Nação e, para aqueles, tal como outrora, deram a sua vida no cumprimento do Dever, a nossa eterna gratidão e saudade. A todos quantos hoje servem nesse contexto, uma saudação especial neste dia de celebração, e que lhes sirva de inspiração no cumprimento das respetivas missões, e sobretudo com um regresso seguro e sem baixas à Pátria. Somos hoje uma Infantaria mais pequena, quando comparada com tempos passados. Mas tal como há 6 séculos, aqui em S. Jorge, o número não é fator decisivo. Importa sim MINISTÉRIO DA DEFESA NACIONAL EXÉRCITO PORTUGUÊS COMANDO DAS FORÇAS TERRESTRES BRIGADA MECANIZADA 1BIMec/KFOR sublinhar o seu ecletismo de sempre. Efetivamente, a diversidade que a compõe, os arqueiros, besteiros e lanças atuais, nas versões ligeira, mecanizada de lagartas e de rodas, aerotransportada ou na versão Forças Especiais, conferem-lhe a versatilidade que lhe permite cumprir um alargado leque de missões em todo o espetro de operações modernas. Com a introdução recente de equipamentos e plataformas de elevada sofisticação, somos hoje uma arma tecnológica. O infante moderno reveste-se de caraterísticas novas, cada vez mais dependentes de uma formação profissional exigente, muito longe dos seus antecessores homens do conto. Deseja-se obviamente que essa senda de modernidade possa ser prosseguida, com o completar de programas que nos últimos anos, têm ficado incompletos de forma sistemática. Refiro-me naturalmente ao Programa das VBR Pandur II, que urge complementar com a aquisição das viaturas Ligeiras 4x4, e tão cedo quanto possível, a introdução de novo armamento individual, nem que seja por mero imperativo de sustentação logística. As missões internacionais a que somos chamados, num mundo cada vez menos seguro, estão longe de terminar. Mesmo numa parte do mundo dita evoluída e civilizada como a Europa, a situação está longe de se considerar estabilizada. Veja-se a atual situação na Ucrânia e ainda a fragilidade da Zona Balcânica. Assim há que preservar e expandir a atual capacidade de resposta, em benefício das relações externas do Estado. Por isso considero importante recordar e salientar as palavras de SExa o Presidente da República e Comandante Supremo das Forças Armadas, recentemente, por ocasião da celebração do Dia de Portugal na cidade da Guarda: “em tempo de paz há que equipar e preparar as forças armadas”: O contexto desta frase assume um valor ainda maior uma vez que se referia ao grau de impreparação e equipamento do Corpo Expedicionário Português, envolvido na Guerra 14-18 que neste ano, tão justamente, iniciamos merecidas celebrações. MINISTÉRIO DA DEFESA NACIONAL EXÉRCITO PORTUGUÊS COMANDO DAS FORÇAS TERRESTRES BRIGADA MECANIZADA 1BIMec/KFOR Está provado que o nosso Infante ombreia com o de melhores e mais fortes exércitos aliados. Aliás, repetidamente demonstrado, leva-lhes vantagem na qualidade humana e capacidade de relacionamento com os povos no seio dos quais tem atuado, permitindo-lhe, mais facilmente atingir os objetivos traçados. Tal caraterística deve-se certamente, ao caldear de séculos que aqui neste campo de S, Jorge tiveram o seu alvor e substancialmente desenvolvida na aventura dos Descobrimentos. Obviamente que não é alheio a esta caraterística o culto permanente ao seu patrono e aos seus valores exemplares. Em suma, a Infantaria Portuguesa está hoje feliz por, apesar de vivermos o Espírito da Arma em qualquer Unidade da mesma, no continente ou nas Regiões Autónomas, poder respirar este ar de S. Jorge e revisitar de certa forma o ambiente em que decorreu uma das mais marcantes Batalhas da nossa História, quer pelo que significou para a Infantaria como modelo de inovação e modernidade, à época, quer pela suprema liderança posta em prática pelo Condestável, mas sobretudo pelo que significou para a Independência da Pátria. Nesse sentido, reitero o reconhecimento à Fundação da Batalha de Aljubarrota, na pessoa do seu Ilustre Presidente, Dr Alexandre Patrício Gouveia, e na pessoa do Sr Arquiteto João Mareco. Igualmente um reconhecimento particular ao Regimento de Infantaria 15, pelo esforço e empenhamento desenvolvidos na organização desta cerimónia sob a orientação do Sr Presidente do Conselho da Arma de Infantaria, Major-General Carlos Aguiar Santos, com a colaboração inestimável do Tenente-General António Faria Menezes, Comandante das Forças Terrestres e bem como a todas as Unidades e Órgãos do Exército que generosamente colaboraram nesta realização. Uma última palavra aos Comandantes das Unidades de infantaria, que fazem a Infantaria no quotidiano, para lhes transmitir o meu especial incentivo para que nos próximos meses, em conjunto, sejamos capazes de refletir a Arma que abraçámos, MINISTÉRIO DA DEFESA NACIONAL EXÉRCITO PORTUGUÊS COMANDO DAS FORÇAS TERRESTRES BRIGADA MECANIZADA 1BIMec/KFOR projetando-a para o futuro. Procuraremos retomar êxitos passados, como seja a realização da Patrulha Nun’Alvares Pereira, como inigualável prova de Liderança para os Jovens Comandantes; vamos igualmente manter a nossa Revista Azimute, como fórum de reflexão e afirmação das novas gerações e dos seus conhecimentos. Em suma, iremos preencher com oportunidade um certo e natural vazio, na sequência da desativação da Casa Mãe de Infantaria dos últimos 126 anos, a nossa EPI, responsável pela formação de tantas gerações de Infantes, que nesse contexto, realizou um trabalho excecional ao nível dos saberes e da competência e que hoje é o dia e o momento adequados para enaltecer, recordando o seu lema “ad Unum” e o seu guia permanente: “É Dever da EPI Saber Fazer.” Meu General Chefe, ilustres convidados, gostaria de terminar esta minha intervenção, e perante o Condestável da República, com o grito da nossa Infantaria, que com a permissão de SExa iremos entoar de pé. Disse.