PROSAMIM Um programa de melhoria ambiental com inclusão social no centro da Amazônia IGARAPÉS DE MANAUS – AMAZONAS – BRASIL Antonio Carlos Rossin Engenheiro Químico-industrial (PUC/SP) e sanitarista (USP), MSc e PhD (Universidade de Londres), Prof. Da Faculdade de Saúde Pública da USP e consultor do BID. MAIO, 2008 1. INTRODUÇÃO - A CIDADE DAS ÁGUAS “A cidade que existe em nós - goela a dentro principia na água a sua história e na água se apaga” É com o trecho do poema “Manaus: as muitas cidades”, do poeta amazonense Aldísio Filgueiras, destacado no início deste texto, que encontramos o retrato fiel do que é a cidade onde está sendo implantado o maior programa urbanístico, ambiental e social do Brasil. A “casa” do Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus – PROSAMIM é a cidade de Manaus, capital do estado do Amazonas, o maior Estado brasileiro em extensão. Banhada pela maior bacia hidrográfica do planeta, Manaus fica à margem esquerda do rio Negro e é toda entrecortada por pequenos braços de rio chamados de igarapés 1. Estes cursos d’água tão presentes na vida dos moradores desta cidade foram os mais impactados pelo conjunto de problemas urbanos próprios de um processo de crescimento rápido e desordenado, ao longo da história. Manaus teve sua população quintuplicada entre 1970 e 2003, passando de mais de 300 mil para aproximadamente 2 milhões de habitantes. E em meio a este ritmo intenso de crescimento vegetativo, se comparado com outras cidades brasileiras, homens e mulheres de diversas partes do país, principalmente nordestinos, ocuparam as margens e os leitos dos igarapés de Manaus. A manicure Maria de Nazaré Lima Corrêa, 38, foi durante 25 anos uma dessas pessoas que ocupavam as margens dos igarapés, com suas moradias suspensas sob a água, chamadas de palafitas. Ela e a família moravam no leito do igarapé Mestre Chico, na bacia do Educandos, numa casa de madeira sem nenhuma segurança e com risco constante de desabamento. Maria ficava desesperada ao anoitecer, pois no local existem muitos mosquitos e tanto ela, quanto a família, sentiam dificuldades para dormir. Além de mosquitos, o mau cheiro e a existência de outros insetos e bichos, como baratas e ratos, incomodava e colocava em risco a saúde de todos da sua moradia. A história de Maria é apenas uma pequena amostra entre milhares de famílias que passavam ou ainda passam situação igual ou pior nas margens e nos leitos dos igarapés de Manaus. Em cada uma das micro bacias hidrográficas de Manaus, cenários como o da manicure Maria se repetiam diariamente. As principais bacias hidrográficas da cidade são: São Raimundo e Educandos-Quarenta. Nessa última, a mais densamente povoada, vivem cerca de 580 mil habitantes ocupando a área mais antiga e central da cidade. O Rio Negro constitui o escoadouro final destes cursos de água que atravessam a cidade e experimenta variações de nível que já alcançaram 16,05 m de amplitude. O regime do Rio Negro apresenta dois períodos: o de cheia, que ocorre no período de janeiro à junho em época chuvosa e o de seca, no período de julho à dezembro, com poucas chuvas. Nas épocas de cheias, o Rio Negro invade as moradias situadas em áreas à jusante dos igarapés e nas estiagens deixa-as livres. As chuvas na área de Manaus são mais freqüentes e intensas de novembro a maio, associadas aos baixos e médios níveis do Rio Negro, não deixando de ocasionar também inundações nas moradias localizadas às margens e nos leitos dos igarapés. 1 Igarapé - Palavra indígena para um rio pequeno que tem as mesmas características de um rio grande. Por fim, mesmo com tanta diversidade de pessoas que residem nas margens e leitos dos igarapés, não se conhece nenhuma comunidade indígena que viva nas áreas de intervenção do PROSAMIM em Manaus, entretanto, os aspectos étnicos estão difusos nas populações. Hoje Manaus concentra mais da metade da população do Estado e gera cerca de 90% do Produto Interno Bruto – PIB do Estado, devendo parte deste poder econômico ao pleno funcionamento do Pólo Industrial de Manaus – PIM, por meio da Zona Franca de Manaus. . Figura 1 – Localização da área de atuação do Prosamim na Bacia do Educandos. 1.1 O RETRATO DO PROBLEMA Se fosse fotografado, o problema seria uma imagem preenchida de várias, centenas de palafitas emaranhadas engolindo as margens e os leitos dos igarapés de Manaus, invadindo a paisagem com o cinza e o musgo das madeiras velhas que tomam conta de extensões de terras e cursos d’água. No entanto, o retrato da ocupação dos igarapés vai muito além desta imagem já banalizada por muitos amazonenses. Aproximando mais a lente da câmera fotográfica pode-se enxergar por dentro destas casas milhares de famílias, como a de Dona Maria antes de ser beneficiada pelo Prosamim, que convivem com o cheiro podre, as doenças diversas de contaminação hídrica e decorrentes do lixo que jorra a toda hora dos esgotos de fábricas e casas da cidade. Existe a baixa autoestima gerada pela falta de um endereço certo, de um endereço com cara e forma de casa, que não ofereça o constante risco de desabamento após as fortes chuvas amazônicas e que não seja depósito de insegurança para todos que lá habitam. O problema está em todo o conjunto de ausências de políticas públicas do passado nestes locais habitados por uma população que nada tem e está excluída da sociedade. O rápido crescimento populacional de Manaus não foi acompanhado pelos investimentos em infraestrutura necessária, nem por controles sobre o uso e ocupação do solo, o que combinado com a falta de alternativas de moradia urbana acessível, principalmente para os grupos de baixos rendimentos, provocou aparição de assentamentos informais com moradias precárias e sem titulação de solo sobre áreas ambientalmente vulneráveis, em particular nas margens dos igarapés, próximo ao centro da cidade (Ver Foto 1). Em 2003, quando o Prosamim começou a ser desenhado, os igarapés da Bacia EducandosQuarenta acolhiam mais de 7 mil famílias (36 mil pessoas) e os leitos de água já estavam totalmente obstruídos mediante construções de moradias tipo palafitas ligadas entre si por pontes e passarelas estreitas. Estas construções dificultam a coleta de lixo, que associada à falta de educação ambiental e de infra-estrutura de coleta, faz com que os moradores lancem todos os resíduos sólidos e líquidos diretamente nos igarapés, proporcionando péssimas condições sanitárias e comprometendo a passagem das águas, principalmente durante as chuvas. Desta forma, as palafitas submetidas às inundações recorrentes correm o risco de desabar quando os volumes dos cursos de água atingem velocidades suficientemente elevadas (Ver Foto 2). Em 2003, mais de 90% dos ocupantes dessas zonas tinham renda mensal que não ultrapassavam um salário mínimo (R$ 240,00). Foto 1 – Vista aérea do Igarapé Mestre Chico. Foto 2 – Palafitas em situacão de riscos. A ocupação destas zonas de alta sensibilidade ambiental, não aptas para o desenvolvimento urbano, representa um problema ambiental, social e urbanístico para a cidade. Isto gera externalidades negativas para a área central (inundação, maus odores, mosquitos e roedores) que resultam na deteriorização e abandono das áreas vizinhas com a conseqüente perda de ativos públicos e de valor imobiliário, promovendo a degradação das edificações e dos espaços públicos nas proximidades, afetando direta ou indiretamente a todos os habitantes da cidade. Quase todas as moradias que se encontram nas zonas de risco contam com serviços precários de eletricidade e água obtidos em sua maioria de forma clandestina. Apesar disso, estas famílias ocupam moradias com localização no Centro da cidade, com grande disponibilidade de: emprego, transporte coletivo, serviços públicos, educação, saúde, bem como, outras infra-estruturas sociais. 1.2 CONSTATAÇÕES SOBRE OS SERVIÇOS PÚBLICOS Os serviços de abastecimento de água potável e saneamento foram concedidos pelo Município de Manaus em 2002 a uma empresa privada (Águas do Amazonas). Os serviços de coleta e destino final de lixos competem a Secretaria Municipal de Limpeza Urbana e Serviços Públicos - SEMULSP, entretanto, estes serviços não cobrem a maioria das áreas afetadas. O Instituto Municipal de Planejamento Urbano - IMPLURB, não desenvolveu um programa de regularização de assentamentos existentes e nem uma política eficaz para promover a produção de solo urbanizado de uso residencial a preços acessíveis à população de baixa renda. Em Manaus, as ocorrências de enfermidades diarréicas agudas tiveram uma elevação de 73% de 1998 a 2002. No mesmo período aumentaram os casos de hepatite A cerca de 44 %. Em 2002, 53% de casos de malária em Manaus foram identificados nas áreas com as condições de moradias encontradas nas margens dos igarapés (Gov. Amazonas, 2003). 1.3 O PROSAMIM E O GOVERNO DO AMAZONAS Muitas foram as tentativas de solucionar ou minimizar estes problemas aqui introduzidos. Há informação de que foram feitas tentativas pelos governos passados na década de 90 em busca de financiamento para as obras que hoje compõem o Prosamim, mas os valores do empréstimo seriam maiores que a capacidade de pagamento do Estado. Neste contexto de problemas, o Governo do Amazonas, em 2003, sensível a toda esta problemática envolvendo milhares de pessoas, concebeu o Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus – PROSAMIM – composto por um conjunto de ações múltiplas e interligadas para solucionar os problemas dos igarapés de Manaus, em um horizonte de 20 anos. Sua primeira fase já foi viabilizada, estando em execução algumas etapas cujos financiadores são o BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento, a CEF – Caixa Econômica Federal, e recursos próprios do Governo do Estado. A continuidade da implementação do PROSAMIM é a conseqüência natural do planejamento do Estado, em função dos resultados altamente positivos que a fase inicial do programa vem obtendo, tanto no que se refere ao seu desenvolvimento quanto às ações e benefícios alcançados, com acentuada participação da população. 1.4 QUADRO – PROSAMIM • Início do Programa: 2003 • Fase preparatória: 2004/2005 • Início das obras físicas do Programa: 2006 • Total do contrato de empréstimo com o BID: US$ 200 milhões US$ 140 milhões – BID* US$ 60 milhões – contrapartida do Governo do Amazonas • Total do contrato de empréstimo com a CEF: US$ 125 milhões US$ 100 milhões – CEF US$ 25 milhões – contrapartida do Governo do Amazonas • Beneficiados diretos (até 2007) Aproximadamente 8 mil famílias 5 mil famílias – Bacia do Educandos-Quarenta 3 mil famílias – Outros Igarapés de Manaus 2. METODOLOGIA Este documento marca um estudo de caso examinando o PROSAMIM, um programa em execução que já apresenta resultados positivos de melhoria urbanística, social e ambiental com a criação de solos em áreas inundáveis e com o reassentamento de inúmeras famílias. As informações para a elaboração deste documento foram obtidas através da revisão de documentos do BID (BID 2005) e Governo do Amazonas. Em março de 2008, foi realizada uma visita às obras do Programa, acompanhada pelos principais técnicos contratados do governo, pertencentes à Unidade de Gerenciamento do Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus (UGPI). Obtivemos também muitas informações da Empresa Gerenciadora do Prosamim e dos representantes da comunidade beneficiada pelo Programa. 3. PREPARAÇÃO E TRAJETÓRIA DO PROSAMIM O Prosamim foi elaborado por meio de estudos técnicos que se destinam a promover a manutenção do desenvolvimento socialmente integrado e do crescimento econômico ambientalmente sustentável e urbanístico, assegurando a preservação do patrimônio ambiental de Manaus e do Estado do Amazonas. Mas a fórmula de trabalho mais contundente do Prosamim está justamente no enfrentamento dos problemas sociais e ambientais dos igarapés de Manaus, de uma forma integral, participativa e interativa, de acordo com a complexidade de suas causas e as múltiplas dimensões das intervenções necessárias para se obter as melhores e mais adequadas soluções. 3.1 Ações Preliminares Inicialmente uma equipe de consultores do Banco, constituída por especialistas em áreas de Hidrologia, Engenharia Hidráulica e Sanitária, Ambiental, Social e Economia elaborou uma proposta de Termos de Referência (TdR) que orientaram a preparação dos estudos e projetos necessários e a seqüência de preparação do Programa. Estes TdR foram norteados por uma política do Governo do Amazonas que propôs: "a remoção das famílias das áreas de risco, oferecendo melhores condições de moradia; a busca de áreas para reassentamento das famílias próximas as áreas em que vivem, auxiliando nas soluções de drenagem, bem como, as propostas de urbanização e de recuperação de áreas de interesse histórico: Também se definiu como área de atuação do Programa, a cota de 30 m de inundação do Rio Negro." As soluções propostas para o problema são conseqüência de um trabalho de articulação e coordenação, onde foram ouvidas as entidades envolvidas, resultado de um trabalho interativo, inclusive com a participação ativa de organizações da sociedade civil, que estavam interessadas e preocupadas com os problemas sociais e ambientais, incluindo as organizações comunitárias afetadas. Foram considerados na elaboração do programa os aspectos: social, ambiental, técnico, econômico e institucional. Os TdR detalharam as ações para cada um destes aspectos que o Programa implantou. Os TdR definiram que a empresa consultora que executasse os mesmos, deveria realizar reuniões com a comunidade, com os representantes da sociedade civil, com organização não-governamentais-ONGs, Organizações da Sociedade Civil de interesse Público-OSCIP, representantes do Governo do Estado do Amazonas e da Prefeitura de Manaus e outros para identificar as expectativas tanto da população como dos governos em relação ao Programa. Com isso, foi possível definir diretrizes que orientaram a identificação de alternativas do Programa. Tanto para o estudo de alternativas como para a elaboração do Projeto Básico Avançado2 da alternativa selecionada, o Programa adotou premissas básicas que passam pelo ajustamento das obras de drenagem e saneamento básico, soluções de engenharia, da utilização de modelos matemáticos, das melhorias urbanísticas da cidade e do projeto de melhoria da qualidade de água aliados às particularidades locais da cidade de Manaus, seus aspectos urbanísticos e sócio-ambientais, promovendo a educação e o desenvolvimento institucional dos parceiros do Programa e da população. A Empresa Consultora em diversos períodos avaliou alternativas de drenagem que estão associadas ao reassentamento de populações e intervenções na infraestrutura urbana e que obedecem às estratégias apresentadas anteriormente. Depois de concebidas e prédimensionadas as várias alternativas, a Empresa Consultora efetuou um estudo comparativo determinando para cada uma delas o custo de implantação, operação e manutenção para um horizonte de 30 anos. A alternativa eleita foi aquela que foi julgada a mais atrativa no aspecto econômico, incluindo os aspectos técnicos e sócio-ambientais. A Empresa Consultora elaborou Projetos de Engenharia a nível Básico Avançado e Executivo da 1ª. Etapa do Programa, compreendendo trechos do igarapé Educandos-Quarenta a partir da foz do Rio Negro e dos Igarapés de Manaus, Bittencourt, Mestre Chico e Cachoeirinha. Com base nos projetos preparados para a Primeira Etapa, a Empresa Consultora produziu um documento chamado Regulamento Operacional-RO que orienta a preparação de estudos, projetos e documentos licitatórios para as obras das etapas posteriores. Este documento serve para que a UGPI possa, de maneira uniforme e rápida, preparar a documentação necessária para dar seqüência às obras de etapas subseqüentes e que foram aprovadas pelo BID. Trata-se de um guia que orienta também às análises da viabilidade de projetos a serem propostos e facilita a aprovação dos mesmos pela agência de financiamento. Foram apresentados os seguintes TdR para os estudos e atividades: 1) Plano de Participação Comunitária - PPC; 2) Plano de Reassentamento de População - PDR; 3) Plano de Prevenção e Controle da Contaminação por Efluentes Líquidos Industriais - PCCI; 4) Plano de Fortalecimento e Sustentabilidade Institucional - PFSI; 5) Plano de Comunicação Social - PCS, e 6) Plano de Educação Ambiental - PEA. Durante o ano de 2003, foi contratada uma Empresa Consultora para a elaboração dos estudos e projetos constantes nos TdR do Programa, sendo suas atividades supervisionadas por uma equipe da Secretaria de Infraestrutura do Estado do Amazonas - SEINF composta por técnicos especializados nos diversos temas. Desta maneira, foi possível, o Governo do Amazonas preparar uma proposta de programa de investimentos a ser considerado pelo 2 Os Projetos Básicos Avançados deverão apresentar informações detalhadas por meios: fisiográficos, topográficos, hidrográficos, bióticos, geotécnicos, ambientais, sanitários, urbanísticos, viário e sociais; dotados de pressupostos embasados na quantificação dos serviços necessários, com preços de serviços utilizados na cidade de Manaus, com as respectivas composições de preços unitários e cujo valor global se aproxime tanto quanto possível do custo real de execução das obras programadas. Banco, de forma que, em Dezembro de 2003 veio uma missão de identificação do BID para iniciar o processo de preparação dos documentos de empréstimo. No dia 2 de dezembro de 2003, o Governo do Amazonas, instituiu, através de decreto n º 23.949, a unidade de gestão PROSAMIM com a sigla UGPI que seria a unidade responsável pela preparação do Programa e está sendo responsável por sua execução. A UGPI foi inicialmente vinculada à SEINF e atualmente está subordinada ao Gabinete do Governador do Amazonas, Eduardo Braga, a quem compete orientar, supervisionar, coordenar, assistir e fiscalizar sua atuação. Com esse decreto a UGPI teve as seguintes atribuições: 1) atividades executivas 2) as atividades relacionadas à avaliação e desempenho, e 3) atividades de comunicação. A UGPI tinha como estrutura administrativa: Coordenador Executivo, sob sua responsabilidade estarão os Gerentes Administrativo e Financeiro, de Supervisão e Controle de Obras, de Estudo e Projetos de Obras, de Estudos e Projetos Sociais e Projetos Ambientais. O decreto também instituiu o Comitê de Assessoria da Coordenadoria Executiva, formado por profissionais de notória especialização em áreas como engenharia social, ambiental, econômica, financeira, cultural e institucional, para contribuir na preparação e execução do Programa. A Empresa Consultora apresentou 5 alternativas para a solução de drenagem e reassentamento, incluindo a alternativa de não ação. As alternativas foram apresentadas e discutidas pelas equipes da SEINF e da Empresa Consultora, com as comunidades em quatro audiências públicas. A alternativa eleita foi a que propunha canais abertos e galerias, criando áreas para ocupação de moradias, infra-estrutura pública de serviços e de lazer, condicionando o reassentamento da população em áreas próximas ou distantes, de acordo com o desejo da família a ser reassentada. Ao mesmo tempo, as equipes responsáveis pelos diversos componentes do Programa avançaram na coleta de dados, diagnósticos, estudos e elaboração de projetos e documentos solicitados pelo Banco. No ano de 2004 foram realizadas pela equipe de Projeto do BID: missão de identificação (Março), missão especial (Maio), missão de orientação (Junho) e missão de análise (Dezembro). A Diretoria do BID aprovou esta operação de crédito em 30 de novembro de 2005. 3.2 O Programa O Programa, objeto de financiamento pelo BID foi elaborado de acordo com os TdR anteriormente apresentados. A estratégia do Programa se alicerça em quatro pilares, dois deles são de caráter corretivo e os outros dois são de um caráter preventivo: 1) as obras de macro e micro drenagem para regular o impacto das chuvas intensas e as enchentes do Rio Negro; 2) o reassentamento da população que ocupa os igarapés em terrenos aptos para usos residenciais dotados de serviços básicos; 3) construção de avenidas e parques nas áreas mais vulneráveis as invasões para prevenir sua ocupação; 4) a ampliação da oferta de solo equipado para uso residencial barato e maior controle e vigilância de ocupação e uso da terra segundo as disposições do Plano Diretor. Definido como um macro programa do Governo do Amazonas, o PROSAMIM tem um foco mestre que é articular todos os esforços possíveis em busca da melhor qualidade de vida para a população de Manaus, beneficiando diretamente a população que atualmente mora nos igarapés, e indiretamente a cidade de Manaus em sua totalidade. O Prosamim em sua primeira etapa abrange um conjunto de quatro projetos integrados, complementares e interdependentes, cobrindo a totalidade da bacia hidrográfica dos Educandos. Em razão de suas ações serem de caráter repetitivo, foi conceituado como Programa Global de Obras Múltiplas. Cada projeto incorpora um conjunto de intervenções envolvendo dimensões sociais, ambientais, institucionais, financeiras, legais e de engenharia, a serem implementadas nas sub-bacias hidrográficas dos igarapés. No começo, as áreas do Prosamim se limitavam aos seguintes igarapés: 1) Manaus, Bittencourt e Mestre Chico e área de nascente, que integram amostra demonstrativa do Programa; 2) Cachoeirinha, no trecho compreendido entre a Avenida Codajás e sua foz, na confluência com o igarapé do Quarenta; 3) Quarenta, no trecho compreendido entre a rua Duque de Caxias e ponte da rua Maués; 4) Quarenta, no trecho compreendido entre a ponte da rua maués até sua cabeceira, incluindo os afluentes, que foram priorizados em função das respectivas condições ambientais; O Programa tem como objetivo: I. melhorar as condições ambientais e de saúde na zona através da reabilitação e / ou implantação de sistemas de drenagem, abastecimentos de água potável, coleta e disposição final de esgotos e lixos, a recuperação ambiental em áreas de cabeceiras e a educação sanitária e ambiental da população; II melhorar as condições de moradia da população residente na área, mediante o ordenamento urbano, a regularização de terras da tendência de solo, soluções habitacionais adequadas e à implantação de áreas recreativas; III aumentar a capacidade operacional e de gestão das entidades envolvidas no Programa, bem como sua capacidade para incorporar a participação da comunidade no processo de tomada de decisões. O Programa de investimentos foi concebido com três componentes: 1) Melhoria ambiental, urbanística e habitacional (US$ 135 milhões); 2) infraestrutura sanitária (US$ 18,1 milhões); e 3) Sustentabilidade social e institucional (US$ 5 milhões). O componente de Melhoria Ambiental, Urbanística e Habitacional, prevê a construção de sistemas de macro e micro-drenagem de águas pluviais e reordenamento e reassentamento urbano. Assim serão construídos sistemas de macro e micro drenagem, proteção de cabeceiras das bacias, proteção de margens, construção e adequações de canais, criação de espaço de função ambiental, de recreação, implantação de galerias e coletores pluviais. Também foram previstos o desenvolvimento de soluções habitacionais para a população assentadas nos igarapés que possuem risco de inundações e para a população diretamente afetada pela construção das obras do Programa. As moradias são construídas com material cerâmico que foram adquiridas no mercado local, obedecendo às normas quanto ao número e tamanho dos cômodos, ou seja: dois quartos, sala, cozinha e banheiro com uma área útil de 54 m2. As moradias formam blocos de apartamentos de 6, 12 e 24 sendo todos de 3 pisos. Figura 2 - Bloco com 3 residências para beneficiados do Programa (esquerda) e Parque Residencial Manaus (direita). Foram regularizadas as propriedades das áreas próximas aos igarapés e a dotação de serviços básicos urbanos para atender a população. Além disso, as famílias reassentadas são assistidas por um programa de adaptação ao novo ambiente, quando é necessário. Será financiada a recuperação de edifícios de uso residencial e comercial localizados nos entornos dos igarapés no Centro da cidade. Está prevista a recuperação do acervo de edifícios e edificações de patrimônios históricos que foram negativamente afetados pela situação ambiental e social dos igarapés, além de ponte, redes de alta tensão, entre outras mencionadas no Regulamento Operacional do Programa. A amostra representativa compreende reassentar 1.845 famílias e regularizar 1.500 propriedades. Opções de reassentamento das famílias cadastradas no Prosamim: Indenização – O proprietário que reside ou não no imóvel, que tem valor superior a R$21 mil, recebe uma indenização em dinheiro equivalente ao valor de mercado da benfeitoria. Bônus – O morador/proprietário recebe um bônus moradia no valor de até R$21 mil, para aquisição de imóvel residencial, devidamente regularizado (IPTU, Água, Luz), no Estado do Amazonas, após ser avaliado pelo Prosamim. Unidade Habitacional – São moradias que estão sendo construídas no Centro da Cidade de Manaus, próximo aos igarapés beneficiados. Inquilinos ou famílias que moram em casas cedidas, também receberão a Unidade Habitacional, porém sob o regime de concessão de uso, atendo às diretrizes do Programa. Conjuntos Habitacionais – São casas populares localizadas na Zona Norte da Cidade construídas pelo Governo do Estado. Inquilinos ou famílias que moravam em casas cedidas recebem casas populares, também sob regime de concessão, atendo as diretrizes do Programa. Devido às dificuldades de encontrar moradias para as famílias que querem ficar perto da área onde viviam o Programa instituiu o chamado auxílio moradia, valor mensal dado às famílias para pagar o aluguel de uma casa até a construção de sua casa esteja concluída. Todas as mudanças das famílias são realizadas pelo Programa. Além disso, o Programa prevê a construção de parques urbanos em terras recuperadas no igarapé Educandos-Quarenta para evitar a reocupação de suas margens e facilitar a manutenção das estruturas hidráulicas construídas e construção de vias urbanas para melhorar o tráfego na zona central. A amostra representativa envolve a construção de 7.700 metros de vias urbanas. Com referência à infraestrutura necessária o Programa propõe financiar os investimentos em serviços de água potável e esgoto às populações carentes, reassentadas ou existentes. A rede de esgoto será destinada a um local de précondicionamento e dispostos no Rio Negro, através de um emissário subfluvial. As obras da amostra representativa, estimadas em US$ 7,5 milhões, estão compostas de 3.350 m de tubos de água potável, 4.960 m de interceptores, 65.890 m de coletores de esgotos e duas estações de bombeamento. As ações previstas para o desenvolvimento social e institucional têm como objetivo o de contribuir para melhorar a capacidade operacional e de gestão dos Órgãos envolvidos (12 entidades nas esferas federal, estadual e municipal que integram um programa de fortalecimento institucional) e à participação efetiva da comunidade no estabelecimento de condições necessárias para a sustentabilidade das ações incluídas no Programa. Para tanto, foram propostas atividades de participação comunitária, de comunicação social e de educação ambiental e sanitária e desenvolvimento institucional. Cada uma destas atividades mereceu o desenvolvimento de Termos de Referência definindo as ações, responsabilidades e custos para suas implantações. A partir da data de aprovação do Empréstimo pelo Banco (30 de novembro de 2005), o Governo do Amazonas tratou de satisfazer todas as condições prévias para o primeiro desembolso, o que possibilitaria a assinatura do Contrato de Empréstimo com o BID. Em 27 de dezembro de 2005, o BID aprovou a última condição prévia e o Contrato de Empréstimo foi assinado e passou a ser vigente em 19 de janeiro de 2006, com o número 1692/OC-BR. 4. EXECUÇÃO DO PROGRAMA E OBSTÁCULOS ENCONTRADOS Uma vez assinado o contrato ainda havia uma série de condições prévias como a licitação de obras que deveriam ser cumpridas pelo mutuário, que seriam: 1) Vigência do Plano de Controle Ambiental - PCA e Plano de Reassentamento - PDR; 2) antes da adjudicação de obras demonstrar a posse legal dos terrenos e outros direitos correlatos. Ainda antes do início das obras do Programa em uma área específica houve necessidade de apresentar: o Convênio de Execução assinado entre a Companhia Águas do Amazonas para a execução do componente de água potável e esgoto na área do Programa; e a recolocação das famílias afetadas pelas Obras. Em março de 2006 iniciaram-se as obras físicas do Prosamim. Em 29 de julho de 2005, mediante a Lei delegada n.º 57, o Governo instituiu o regimento interno da UGPI transformando as Gerências em Subcoordenadorias. A preparação e a execução do PROSAMIM requereu e requer a participação de diferentes órgãos estaduais, municipais e federais e, sobretudo da sociedade organizada, além de uma agência financeira externa. Isto exigiu por parte dos dirigentes da UGPI muita atenção, dedicação e tempo para as negociações com os órgãos envolvidos. Outras 5 entidades das esferas mencionadas anteriormente, totalizando 17 entidades participam diretamente e outras 11 entidades participam indiretamente da execução do Programa. A UGPI continua coletando dados sobre o índice de satisfação dos moradores, o número de eventos catastróficos na área, além de outros dados referentes à execução de obras e benefícios aos moradores e ao meio ambiente. Estes indicadores foram identificados através do exercício do marco lógico e encontram-se especificados no RO. A cada semestre a UGPI prepara um relatório que é enviado ao BID, que apresenta entre outras informações os valores dos indicadores, no semestre e o acumulado desde o início da implantação do Programa. 4.1 DESAFIOS Políticos – articulação institucional dos diversos segmentos do poder público federal, estadual e municipal era necessário para que o Programa acontecesse. Tempo de preparação – por envolver diversos componentes técnicos, econômicos, social, ambiental, institucional, financeiro e político o programa mobilizou uma equipe multidisciplinar tanto do lado do Governo quanto do BID e com isso um tempo de amadurecimento nas diversas fases do projeto o que exigiu dos envolvidos paciência na preparação da operação. Participação da comunidade – durante a preparação do programa e todos os processos de execução do mesmo a comunidade esteve envolvida e deixou de ser passiva para tornar-se atuante e acreditar no processo de mudança do Prosamim. Além disso, o contato logo no início com a comunidade ajudou no sentido de evitar um aumento de moradias nas áreas de invasões, que em outros casos similares aumentaram em demasia, comprometendo os recursos previstos inicialmente no Programa. O projeto previu o memorial de participação comunitária que atuam de forma complementar nas fases de elaboração, execução do projeto e término (comissão consultiva, Comitês de Representantes da Comunidade CRCs, Grupos apoio Local - GALs e Fórum de Gestão Local). A atuação do poder público desenvolve-se de forma descentralizada em cada igarapé, através de Escritórios Locais de Gestão (ELO). Técnicos – Nos projetos de drenagem os obstáculos da falta de informação hidrológica da área e do solo (topografia e geologia) foram solucionados com reuniões de trabalho entre especialistas em hidrologia e hidráulica que utilizaram dados de outras bacias e de pesquisas nas áreas das palafitas. Outros problemas, como escassez de jazidas de material para aterros, construção de moradias com material cerâmico de tijolo pré-fabricados e no projeto de arquitetura inicial das moradias, foram vencidos com soluções técnicas. Durante a execução das obras foi verificado que em determinadas áreas dos igarapés havia moradias que necessitavam ser removidas para beneficiar o Programa e não foram consideradas por estar fora da envoltória. Em certos pontos do solo, não foi possível obter detalhes de geologia e topografia e de melhor definição da envoltória, que resultou em um Projeto Básico Avançado com detalhes insuficientes para determinação dos respectivos orçamentos. Isso exigiu modificações no projeto executivo durante a construção, resultando no aumento de (26,5%) de famílias a serem reassentadas e maiores quantidade de obras, com conseqüente aumento de custo e tempo para execução. A escassez de jazidas de material para aterros com qualidade compatível com as necessidades do Programa fez com que fosse utilizado material de outras obras aprovadas pela Prefeitura. Além disso, em um dos igarapés a mudança de tecnologia na construção do aterro reduziu a quantidade de material removido com conseqüente redução da quantidade de material para o aterro. A construção de moradias utilizando material cerâmico de tijolos pré-fabricados exigiu das olarias locais a busca da tecnologia detidas pelas empresas do Sul do País. Isto foi possível e atualmente já são fabricados quase todos os tipos de tijolos cerâmicos utilizados na construção das moradias. Outros ajustes tiveram que ser feitos nas moradias propostas em solo criado para que o projeto tivesse viabilidade e bom uso. Urbanísticos – opção por produzir menos moradias no centro da cidade e priorizar a harmonia arquitetônica da cidade. Uma situação que estava prevista no projeto da operação e que não foi possível realizar foi relativa ao fornecimento de água potável e esgotamento sanitário em que na proposta inicial, a empresa Águas de Amazonas, seria responsável pelos serviços e encarregada de sua construção. A negociação não evoluiu satisfatoriamente e a indisponibilidade financeira para realização dos investimentos conduziram a Água do Amazonas a retroceder da decisão inicial e o subcomponente de infraestrutura sanitária foi removido do Projeto Básico Licitado. Uma outra licitação foi realizada, na qual o Governo se encarrega de realizar as obras cujos projetos foram analisados e aceitos pela Águas do Amazonas que dará prosseguimento de sua execução. Concluídas as obras, elas serão transferidas para a Águas do Amazonas que deverá receber as instalações e se encarregará de sua operação e manutenção, com a obrigatoriedade de reinvestir os lucros obtidos na ampliação e melhoria dos sistemas recebidos. Sociais – Situações sócio-econômicas da comunidade beneficiada só foram detectadas durante as obras o que necessitou de ajustes no plano de reassentamento, como por exemplo: o caso de herdeiros e da ocupação de áreas depois de definidas as que seriam reassentadas. Houve dificuldades no cumprimento das metas de reassentamento de famílias e na busca por outras áreas próximas às áreas do Programa. Para todas foram encontradas soluções viáveis. Institucionais – Foram criados TdR para os sub-componentes de Ordenamento Territorial, Controle de Contaminação Industrial, Plano Diretor de Resíduos Sólidos e Planos de Prevenção de Enchentes e um Plano de Contingência. Foi criada uma Subcomissão Especial de Licitação – CEL para preparação de processos licitatórios e uma subcoordenadoria de Planejamento, Programação e Controle para cuidar do planejamento de aquisições em conjunto com a empresa consultora de gestão do Prosamim. Ambientais – Foi ampliada a fiscalização e monitoramento ambiental, bem como o aumento da comunicação informando os riscos e as penalidades para a retirada de material de construção durante a demolição das moradias para evitar que a comunidade use esses materiais em outras invasões. 5. RESULTADOS OBTIDOS E AS RAZÕES DO SUCESSO Com a elaboração dos Projetos Básicos Avançados e com o melhor diagnóstico das situações, as ações previstas no Programa original e apresentadas no documento de empréstimo foram, em partes, alteradas. O Quadro 1 apresenta a situação inicial, a situação proposta e os avanços dos componentes 1 e 2 até Dezembro de 2007. Quadro 1 – Obras e ações previstas na Proposta de Empréstimo, sua atualização e execução até Dezembro de 2007 (Igarapés Manaus, Bittencourt e Mestre Chico – amostra financiada pelo BID). Componentes 1Melhoramento ambiental, urbanístico e habitacional a- Macro e micro-drenagem a-1 Macro (Canais) a-2 Macro (Galerias) a-3 Micro (coletores pluviais) b-Reordenamento urbano e reassentamento b-1 reassentamento b-2 moradias (entregues a famílias) b-3 regularização de propriedades c- Parques e vias c-1 Parques c-2 Vias c-3 Redes de alta e baixa tensão 2 – Infraestrutura sanitária a- água potável b- esgôto sanitário c- Interceptores d- estações de bombeamento Relatório Projeto Proposto de Atualizado Executado - UGPI – Dezembro Proposto 2007 1620 m 3744 m 300 m 1620 m 4042 m 12.665 m 1.134 m 1.151 m 1.354 m 1845 famílias 1500 2334 famílias 1.956 un. 1500 1990 famílias 567 un. - 10 7700 m - 10 7027 m 2.463 m 1.758 m 667 m 3350 m 65.890 4.960 - 6.704 m 72.817 m 4960 2 4.939 m 10.658 m 878 m Fonte: IV Relatório Semestral de Progresso do PROSAMIM – Julho a Dezembro de 2007 – Vol-I, UGPI Analisando os resultados das ações de reassentamento de famílias que viviam nas áreas dos três igarapés da primeira etapa de obras, se observa que: 16,7% aceitaram os bônus, 32,1%, as indenizações, 7,9% foram viver nos conjuntos habitacionais do Governo fora da área dos igarapés e 43,3% decidiram permanecer nas moradias construídas próximas de onde viviam, onde foi criado o Parque Residencial Manaus (Veja Foto 3). Estas famílias foram assistidas e orientadas pelos especialistas do Programa a cerca de manutenção das casas e uso dos equipamentos. Cada família recebeu um Manual Técnico das Unidades Habitacionais (Manual do Proprietário), assim como, os projetos das instalações elétricas e hidráulicas. Foram construídas as moradias em terrenos adjacentes aos igarapés e outras em áreas distantes, como previsto no PDR. A escolha das moradias foi feita pelos moradores beneficiados, sendo que também se teve o cuidado de priorizar moradias no térreo para famílias com idosos e deficientes físicos. Para as moradias na área do Programa utilizou-se material cerâmico, em blocos pré-fabricados e com tetos de telhas de fibro-cimento. Deve-se mencionar a obra de recuperação estrutural e restauração arquitetônica da Ponte Benjamin Constant, que se encontra numa fase avançada de execução (80%), no igarapé Mestre Chico. Esta obra da ponte faz parte do componente de Melhoria Ambiental, Urbanístico e Habitacional que além de ser uma preservação do patrimônio histórico também se incorporará ao Parque que será construído e que possibilitará a comunicação viária no centro da cidade com outros bairros adjacentes. (Ver Foto 4). A Gestão Ambiental do Programa exige um seguimento das obras de acordo ao previsto no PCA. Eventuais desconformidades são imediatamente comunicadas a Construtora num diário de obras, sendo que até o momento não havia ocorrido irregularidades. Foi necessário o remanejamento da fauna nativa que se encontrava na frente de obras, principalmente, espécies de cobras e jacarés. Estes animais foram destinados às áreas de preservação ambiental, com o apoio da Defesa Civil Estatal e da Secretaria Municipal do Meio Ambiente. Foto 3 – Nova moradia da família Silva Foto 4 – Vista aérea da Ponte Benjamin Constant Com referência aos seguimentos das ações previstas no PER, foram realizadas 11 oficinas preparatórias para que às famílias escolhessem suas unidades de moradias. Foram atendidas 187 beneficiários que solicitaram créditos, resultando em 41 operações de crédito para pequenos empreendimentos através da Agência de Fomento do Estado do AmazonasAFEAM (dados até Dezembro de 2007). Com referência à participação Comunitária foram constituídas 32 associações, realizadas 8 oficinas para a seleção dos agentes comunitários de apoio aos vizinhos para atender as 567 famílias reassentadas nas unidades habitacionais do Parque Residencial Manaus; Foram realizadas 1129 reuniões, 78 cursos sendo um deles de Capacitação de Liderança aos Líderes Comunitários, que fazem parte da Associação dos Empreendedores dos Conjuntos Residenciais. Está em andamento a formação de uma associação de moradores do Parque Residencial Manaus, a partir dos agentes de vizinhos que representam cada bloco. Também foram realizadas oficinas de confecção de bijuterias (10 participantes), Curso de Secretariado (20 participantes), Oficina de confecção de brinquedos (07 participantes), e de artigos natalinos (13 participantes). No componente de comunicação social foram produzidos material de divulgação, a respeito de diferentes temas como: segurança, coleta seletiva de lixo, arborização, uso da água e produção mensal de Informativo que relatarão os êxitos e as informações importantes do Programa, e alguma atividade que requeira a participação dos moradores. Uma empresa contratada realiza as ações de comunicação de acordo com as orientações da UGPI. Também na Internet é mantido um site que serve para divulgar informações sobre o Programa, cujo endereço eletrônico é www.prosamim.am.gov.br. Uma central telefônica é mantida para atender o público. O componente de Educação Ambiental e Sanitária foi desenvolvido simultaneamente com a execução das obras, foi dada muita atenção aos alunos de escolas públicas com a realizaação de atividades (dia da árvore, proteção da fauna, coleta seletiva de lixo, ação conjunta para limpeza da área). Estas atividades estão sendo executadas, levando-se em conta os TdR dos respectivos planos sob a supervisão das Subcoordenadorias Setoriais Ambiental e Social com resultados positivos, mas sem uma sistematização. A execução do componente de Desenvolvimento Institucional está em um processo de aquisições de equipamentos e elaboração de convênios e Termos de Referência para os serviços. São 12 órgãos a serem beneficiados sendo que, quatro colaborarão na execução das atividades do Programa. A equipe de preparação do Programa tanto do Banco como do Governo do Estado acordaram na utilização de indicadores, apresentados no Marco Lógico, que serão utilizados para o seguimento do mesmo. Entre os indicadores, há um grupo que está relacionado à execução de obras e outro relativo aos impactos na saúde e bem estar da comunidade. Estes últimos são mais difíceis de obtenção e interpretação, mas já se dispõe de alguns resultados que se apresenta a seguir no Quadro 2. São dados referentes às enfermidades bastante comuns nos bairros atingidos pelo Programa associados a sua situação sanitária. Quadro 2 – Casos de enfermidades, relacionadas as condições sanitárias de Bairros em Manaus, no período de 2003 a 2006. Enfermidades Diarréias Agudas * 2003 2004 2005 2006 Cachoeirinha 26.457 108 72 62 200 Centro 36.470 126 79 33 192 Educandos 17.377 704 400 384 424 * caso que foi necessário internação hospitalar Bairro Pop. Geral Hepatite A 2003 5 3 8 2004 61 74 27 2005 19 27 10 Leptospirose 2006 5 6 6 2004 1 0 0 2005 2 1 1 2005 1 1 0 2006 0 2 0 Obs. Incidência por 10.000 habitantes. Início das obras em Março de 2006 Fonte: Secretaria Municipal de Saúde - SEMSA. Devido ao curto tempo em que estão sendo executadas as obras e por serem relativas aos bairros e não à população que foi reassentada, torna-se difícil a interpretação destes dados que ainda continuam sendo obtidos e serão importantes para as conclusões, quando terminarão as obras. Mas, um aumento de caso de leptospirose no Centro da Cidade, onde as obras estão sendo realizadas, indicaria uma maior probabilidade de contato das pessoas com o material de demolição das moradias e uma alteração no ecossistema de ratos existente. Deve-se mencionar que foi previsto no PCA e foi realizado por uma empresa especializada o controle da população de ratos nas áreas antes do início das obras. Por outro lado as populações reassentadas passaram a utilizar a água com menos risco de contaminação, explicando em parte a redução de casos de hepatite A. O Programa possibilitou, através de convite da UGPI, a participação de vários acadêmicos e alunos de ensino médio na elaboração de 13 trabalhos relacionados com o PROSAMIM. Em março de 2007, cumprindo uma cláusula contratual, foi realizada uma Missão de Revisão do Programa por uma equipe do Banco com os membros da UGPI. Foi elaborado um relatório em que apresenta, entre outras, as recomendações da equipe (BID, 2007). Parte das recomendações poderá ser entendida como lições aprendidas e serão apresentadas neste documento em seu capítulo específico. Não há dúvida de que o grande mérito deste Programa foi fazer com que o Banco, o Governo e a Comunidade participassem integralmente na preparação e execução do Programa. Apesar de sua complexidade e dos aspectos imprevisíveis de certas situações e do número de famílias que devem ser reassentadas, o Programa está tendo êxitos. 6. LIÇÕES APRENDIDAS E RECOMENDAÇÕES Ações preventivas – uma forma a evitar invasões nas áreas de atuação do Programa e em outras áreas de igarapé na cidade é a implantação de uma política habitacional em Manaus que planeja, fiscaliza e proporciona áreas para assentamentos urbanos, bem como instalar ambientes de uso comum pela população nos espaços públicos e áreas próximas aos igarapés Ações integradas – o Prosamim obteve sucesso pela fórmula de trabalho com os diferentes públicos, governo, agente financeiro e comunidade, em busca de uma solução do problema. Problema e solução – realizar um bom diagnóstico da situação, identificar pontos específicos do problema e propostas de soluções adequadas viabiliza a gestão do Programa. Tempo de execução do Programa – necessidade de mais tempo no cronograma de desenvolvimento das atividades de reassentamento para evitar atrasos na execução. Gestão do Programa – criação de uma unidade de gerenciamento do Prosamim e de uma estrutura adequada à magnitude do projeto que divide o mesmo espaço físico com a empresa gerenciadora do Programa para facilitar a comunicação. A utilização de programas (softwares) de gestão disponível no mercado, com a devida adequação, permite que o executor tenha, a sua disposição, em prazos menores, uma ferramenta importante e não necessita que ela seja desenvolvida. Participação acadêmica – estímulo à participação de alunos e acadêmicos de pesquisa e estudo de diversas instâncias de formação relacionadas ao Prosamim e que possam contribuir na identificação e divulgação, no âmbito científico, das lições aprendidas com o Programa. Participação Comunitária – em todas as etapas do Programa a comunidade esteve envolvida e isso ditou o sucesso do Prosamim. Vale o destaque para a formação da Comissão Consultiva do Programa, Comitês de Representantes da Comunidade – CRCs, Grupos de Apoio Local – GALs e Fórum de Gestão Local. Durante a elaboração deste documento foram consultados três representantes, dos CRCs e três representantes das GALs dos Igarapés de Manaus, Mestre Chico e Bittencourt. Desta reunião pode-se mencionar como lições apreendidas: 1) A comunidade necessita confiar no governo para poder participar do Programa; 2) O Programa deve trazer o conceito de cidadania às pessoas; 3) Líderes comunitários são importantes para a participação da comunidade e para tanto, devem ser treinados em vários aspectos. O modelo de gestão compartilhada entre governo e comunidade, com os CRCs, GALs e Comissão Consultiva, foi decisivo para garantir a credibilidade da comunidade ao Programa. Sustentabilidade – O Programa aprendeu que é necessário propor atividades de aumento da renda e geração de emprego para os beneficiados do Prosamim, uma vez que com a mudança de vida há aumento de custos de manutenção das novas casas. Necessário treinar os participantes em atividades necessárias para a realização Programa (pedreirros, por exemplo) possibilita que um bom número de moradores dos igarapés possam trabalhar no Programa, reduzindo custos aos contratados, auxiliando para a reduzir as inadimplências dos novos moradores. Urbanismo – Foram criadas áreas de lazer e prática desportiva nas áreas comuns às moradias em solos criados e valorização estética das casas construídas. Bons contratantes – O cuidado ao escolher as empresas construtoras passou pela necessidade de possuir profissionais multidisciplinares e que comungassem com as atividades de diversos setores nos locais das obras. Preparação dos projetos e atividades – a qualidade dos projetos e das atividades programadas deve procurar o maior índice de precisão para evitar alterações que implicarão no bom andamento do projeto. A preparação dos TdR para as ações previstas no Programa deverão ter os mesmos cuidado com a preparação dos projetos, a fim de facilitar suas aprovações por parte do Banco. Além disso, o Banco deverá orientar os mutuários como preparar estes TdRs diminuir o tempo de sua aprovação, por parte do órgão financeira. Aspectos Legais – Estudar bem as questões legais que podem implicar o reassentamento de pessoas e até encarecer o processo. Destaque para criação do COMCRI – Comissão de Resolução de Crises, uma comissão formada por Representantes da Comunidade representante da área jurídica e social da UGP e o interessado, são os mecanismos que possibilita chegar a um acordo entre o reassentado e o governo nos casos de difícil decisão, o que não estão determinados no Plano de Reassentamento. Aspectos Ambientais – criar mecanismos que evitem a reutilização de material de demolição das moradias antigas pelos moradores que deixam as palafitas, para não estimular novas invasões. Aspectos Técnicos – O Prosamim detectou que no aspecto de engenharia faz-se necessário controle maior sobre a escolha de jazidas de material de aterro, o processo de construção das moradias com estabelecimento de unidades piloto, readequação do projeto, entrega do imóvel aos novos moradores e principalmente, no critério de retirada das palafitas para que não ocorra atraso na abertura de frentes de obras. 7. BIBLIOGRAFIA BID 2005 – Proposta de Empréstimo BR-L1005, site www.iadb.org BID 2007 – Ajuda Memória da Missão de Revisão de Meio Termo- Contrato de Empréstimo 1692/OC-BR Gov. Amazonas 2003-Carta Consulta à COFIEX- Solicitação de Empréstimo. Site - www.prosamim.am.gov.br IV Relatório Semestral de Progresso do PROSAMIM – Julho a Dezembro de 2007 – Vol-I e II, UGPI.