VIDA/GERAL PARAÍBA, DOMINGO, 4 DE OUTUBRO DE 2009 3 Elizabeth Marinheiro Tessituras S etembro passou, mas a Primavera fica. Com o perfume da flor. Com banhos no oceano. Com gorjeios de pássaros. Com sons de Lira. Com acalantos tecidos na Esperança. A Primavera permanecerá. Como Criação de Deus e graças concedidas por Maria Santíssima, Mãe de Jesus. Não há porque duvidar. Sabes, meu filho, quão bonito foi o meu vinte-e-dois. Antes mesmo de minha costumeira liturgia, recebi os parabéns sonoros de tua sobrinha e de tua querida mana Lizanka. E Tulenka? Pela primeira vez levantou-se, antes da hora, para me dar um apertado abraço. Em seguida, fui surpreendida com a voz-bébé de dois anjos: Letícia e Maria Luiza. São as netinhas de Lurdes que me dirigiam inocentes palavras de carinho. Uma passagem linda por telefone. Aliás, deves pedir a Deus pela saúde da Lurdes. Depois, Marinheirinho, começou a minha “festa”... O Jornalista Walter Santos (há tempos não o vejo) envia telegrama de afeto. Molina Ribeiro me presenteia com artigo, cujo tema foi meu texto sobre o novo livro do Escritor e Pastor José Mário. Ah, se tivesses conhecido esse meu irmão em espírito! Keila Canuto – diarista inteligente e ousada – escreve: “tenha serenidade para vencer os obstáculos da vida”. Já pensastes? Não imaginas as diabruras dessa Keila, bem mais de Termutis... Perfumo-me com o perfume das rosas ofertadas por Ana Claudia (candura em pessoa) e Venezianinho, hoje Prefeito de tua terra; a mensagem, acompanhando as rosas, superou a beleza da própria rosa. Que Deus proteja esse casal maravilhoso. Lembras que fostes ao aniversário de 15 anos da Ana Claudia? Depois te conto. E a “festa” continua. Emília Honório e Eduardo Amorim oferecem-me doçuras. O Poeta Ronaldo Cunha Lima é soneto telefônico. Tua Estelita (ou Téca do Rêgo) continua pontificando. Cecília Nepomuceno, sândalo chegando de João Pessoa, juntamente com Raquel Góes e Linalda Arruda de Melo. Bébé Mesquita reza e faz um “pega” com Tulenka; nem imaginas o conteúdo de ambas... Já Bébé Figueiredo me traz os gestos típicos do teu tio Manuel Figueiredo. Lucie Motta corrige minha Gramática e Eliane (viúva do médico Raiff Ramalho, um dos grandes amigos do teu pai e de Petrônio) quer comprar – em 12 parcelas – alguns dos meus noivos ficcionais... Marília de Figueiredo Paiva (tua prima) assiste à missa (na capital) em minha direção, enquanto o Pastor Jarbas promete vir à Guabiraba. Da amiga Ida Ximenes recebo o livro OUVINDO DEUS; da poetisa Maria das Graças Cavalcante, Sonetos de Shakespeare, com preciosa dedicatória; do Nestor Rolim (muito badalado na city), os elefantinhos da sorte. Marizelda Soares – atual Presidente da FACMA – anuncia mais um dos seus feitos: o resgate do Coral Infantil Lourdes Coelho; não achas um prêmio? Os Cronistas Oliveira Filho e Tavinho Miranda (que te viu criança) são vozes acolhedoras. Nilce França, minha presidente na RFCC, e Salete Carolino apresentam-se com natural elegância. O presidente da Academia Paraibana de Letras, o genial Dr. Juarez Farias, falou falas que só ele sabe falar; também ouvi Nevinha, sua (dele) dedicada esposa. FRANCISCO FRANÇA E lá vem minha “turma do funil”: Laudicéia Aguiar (cujo esposo teu pai estimava muito) com suavidade contagiante; Mércia Gouveia relembrando o tempo de Mãe Hilda, em casa de tio Argemiro; Bêri Pedrosa, personalidade que irias adorar; Maysa Gadelha, vestida de algodão colorido, canta o “peixe-vivo”. Luciano Maracajá é o amigo que não me esquece. Cida Santos e Divanira Arcoverde simbolizando releituras do existir cotidiano. O escritor Políbio Alves, nem imaginas Marinheirinho, representa uma espécie de estética da recepção. Romênia Villarim Rezende traz todas as conotações do viver o Bem. Salete Cordeiro – autora de vários livros – surge como a mais linda de minhas ex-alunas. Sabes, meu filho, quem me telefonou? Tiana, a eficiente secretária do Conselho Estadual de Cultura da Paraíba. Que lindo, não? De Luismar Rezende guardo solidários momentos. Maria Rita d’Almeida, alegria dos meus instantes. Alexandre (Banco Real) significa o ser ético. A festa não termina, meu filho! Ela continua com os belos poemas de Yanko Cyrillo e a deliciosa culinária que ornamenta a hora da Ave-Maria. É a tradicional família do Prof. Perseu Dantas, capitaneada por Quéqué (Clélia), Dona Nicinha, Dulce e Cleper. O Senhor é o meu grande Pastor. Com Ele nada nos faltará: a mim e aos meus amigos(as) aqui revisitados(as) com imensa gratidão. Gostastes da “festa”? Exercício mágico ou visão de estrelas brilhando no céu? Deus te abençoe, Marinheirinho. E ao meu leitor, todo meu amor. • ESCRITORA POP, ROCK E AFINS Com shows de oito bandas,‘Festival Mundo’ chega ao fim neste domingo, na Usina Cultural Energisa Além de música, evento tem palestra, oficinas com franceses e mostra de vídeo ANDRÉ CANANÉA Í CONTINUAÇÃO DA CAPA José Rufino acha que ainda não é reconhecido internacionalmente Mesmo com exposições na Europa, artista acha que falta muito para chegar lá ASTIER BASÍLIO N ascido José Augusto Costa de Almeida, mesmo nome do seu avô, José Rufino começou a carreira escrevendo poemas. “Na minha família havia muitos escritores, José Américo, Horácio Almeida, eu sempre convivi com artistas, imaginei que esse fosse o meu lugar”. Quando foi morar no Recife, na década de 1980, Rufino começou a escrever poemas. Perguntado o que foi feito desses escritos, Rufino brinca dizendo que “não valia para nada”. “Dos poemas escritos, eu evolui para poesia visual e daí para as artes plásticas”, explica. Rufino lembra que uma grande influência, naquela época, foi o artista Jomard Muniz de Brito. “Cheguei a fazer exposição de poemas postais com Paulo Bruscky”, lembra. Mesmo com mais de 170 exposições, alguns das quais no exterior, em países, como Alemanha, Espanha, França, Portugal, Argentina, Itália, México, Rufino não considera que tenha uma carreira consolidada no exterior. “Já saiu aí que eu sou um artista conhecido internacionalmente. Não é verdade ainda. Para ser conhecido internacionalmente, o artista tem que ter uma inserção em museus, galerias, coleções privadas”, conta. Rufino não esconde sua expectativa. Acredita que seu trabalho terá uma grande visibilidade com a exposição no Museu Andy Warhol, na cidade de Pittsburgh, Pennsylvania, nos Estados Unidos. “Alguns artistas chegaram a me perguntar: por que logo você expondo com o Warhol? Eu não sei responder por que eu”, recorda, entre sorrisos, o artista. Na medida em que conversava com Jessica Gogan, a curadora do Museu Warhol, o trabalho de Rufino ia sendo redimensionado. “Lá em Pittsburgh há um grande centro de referência no tratamento do mal de Alzheimer. Logo, a Jessica me colocou para trabalhar com os médicos lá, pois ela notou que o meu trabalho tinha a ver com memória e estabeleceu esse link”. Inquieto e sempre sequioso por informações, Rufino investigou como Andy Warhol teve contato com as manchas de Rorschach. “Descobrimos quem foi a pessoa que apresentou a técnica ao Warhol e ele ainda está vivo. Já entramos em contato com ele e isso está sendo muito valioso”. Além da edição das gravuras, no museu Andy Warhol, Rufino fará uma palestra, Experiences of transmutation of time and memory. Andy Warhol chegou a profetizar que no futuro todo mundo teria direito aos seus 15 minutos de fama. José Rufino terá os seus. Mais esse seu momento de fama, com certeza, tem a vantagem de não ser tão passageiro. E, o melhor de tudo, será desfrutado de maneira privilegiada, ao lado das obras do autor dessa frase. cone do movimento mangue beat, de Pernambuco, a banda Mundo Livre s/a encerra neste domingo, em João Pessoa, a etapa de shows do Festival Mundo, evento que agita a Usina Cultural Energisa, desde ontem, em João Pessoa. A paraibana Malaquias em Perigo abre a maratona, às 16h. Na conterrânea Nublado vem na sequência, seguida pela pernambucana AMB. De Goiás, vem a tão falada Black Drawing Chalks, que toca antes de Chi- coCorrea & Electronic Band. A paulista Guizado é a penúltima atração da noite, antes do Mundo Livre. Além de som bacana, rola por lá, a partir das 14h, um debate sobre ‘Autogestão e Circulação no Circuito Independente’, com Paulo André (Abril Pro Rock) e Fabrício Ofuji (Móveis Coloniais de Acaju) na sala multimídia da Usina. Dando sequência ao ciclo de palestras, amanhã, um representante do MinC vai falar sobre projetos culturais, a partir das 14h na sala 4 do Espaço Cultural José Lins do Rego. Os franceses, além de se apresentarem, vão ministrar oficinas na segunda e terça-feira. Amanhã, às 9h, é a de Dj’ing, com o DJ Nelson. Às 14h, é a vez de Beatboxing, com Eklips. Na terça, às 9h, é a de Light Painting, com Marko 93. As oficinas também acontecem na sala multimídia. Além de tudo isso, o festival sustenta duas mostras: a Tintin de cinema, que entre um show e outro exibe curtas sob o tema ‘O mundo é dos pérfidos e dos zumbis atormentados’, e a Exposição Coletiva Mundo, que vai até o dia 24, também na U s i n a Cultural Energisa. LUCIANA OURIQUE/DIVULGAÇÃO NOS EUA O trabalho com memória de Rufino o levou a atuar com médicos de Pittsburgh, referência no tratamento do mal de Alzheimer CONFIRA PROGRAMAÇÃO Blue Sheep (PB) Malaquias em Perigo (PB) Nublado (PB) AMP (PE) Black Drawing Chalks (GO) Chico Correa & Eletronic Band (PB) Guizado (SP) Mundo Livre s/a (PE) SERVIÇO Quando: hoje, a partir das 16h. Onde: Tenda Música da Usina Cultural Energisa, João Pessoa. Quanto: R$ 10 (inteira) e R$ 6 +1 kg de alimento (meia social) MANGUE BEAT Fred Zero 4 (à frente) e a turma do Mundo Livre s/a encerram a etapa de shows do Festival Mundo, neste domingo, na Usina Cultural Energisa A CULTURA NA HISTÓRIA 4 de outubro - A União Soviética lança ao espaço o Sputnik I, primeiro satélite artificial do mundo, em 1957. O fato foi motivo para o melhor filme da Atlântida, O Homem do Sputnik (foto), em que Oscarito é um caipira que é assediado por potências internacionais por ter encontrado o satélite caído do céu. 5 de outubro - Estreia o seriado Monty Python’s Flying Circus, na Inglaterra, em 1969. O grupo Monty Python era formado pelos britânicos Graham Chapman, John Cleese, Eric Idle, Terry Jones, Michael Palin e o americano Terry Gilliam. Fizeram quatro temporadas e quatro filmes. 6 de outubro - Estreia, em 1927, em Nova Iorque, o filme O Cantor de Jazz. Foi o primeiro filme falado da história, com som sincronizado por discos de acetato, uma aposta da Warner Bros. para superar uma crise financeira. O público foi conquistado e a história do cinema mudada para sempre. 7 de outubro - O filme Toda Nudez Será Castigada, dirigido por Arnaldo Jabor e baseado em obra de Nélson Rodrigues, é censurado logo após sua estreia no Rio de Janeiro, em 1972. O filme ganhou o Urso de Prata no Festival de Berlim e melhor filme em Gramado. 8 de outubro - Morre, em 1999, a comediante fluminense Zezé Macedo. Sua carreira começou no rádio, nos anos 1940 - primeiro como secretária, depois recitando poemas. Passou para as comédias da Atlântida e depois fez sucesso na TV, principalmente como a Dona Bela da Escolinha do Professor Raimundo. 9 de outubro - O musical O Fantasma da Ópera, de Andrew Lloyd Webber, estreia no West End londrino, em 1986. O espetáculo, baseado no romance de Gaston Leroux, chegou à Broadway em 1988, e se tornou o musical com maior tempo de exibição. Virou filme em 2004. 10 de outubro - Nasce, em 1813, o compositor italiano Giuseppe Verdi. Um dos principais compositores de óperas do período romântico, ele criou algumas das mais famosas obras dessa arte, como Il Trovatore (1853), La Traviata (1853) e Aída (1857). Também fez versões para Shakespeare em Macbeth (1847), Otello (1887) e Falstaff (1893). com Ronaldo Cunha Lima O PÁSSARO Abriu as asas e voou sozinho, maquinando que o céu atingiria. Sentindo que o horizonte lhe mentia, resolveu retornar para seu ninho. Era azul, todo azul o seu caminho no retorno da longa travessia. Por um momento, o vento, a ventania, fez mais alto voar o passarinho. Acima, mais acima, ouviu condores, e ouvindo na terra os caçadores, em novelos de nuvens se embaraça. Seu sonho de voar se extinguira. O azul do horizonte era mentira a terra, verdejante, uma ameaça.