Muito além de escritora infantil, a faceta jornalística de Ana Maria Machado Clarissa Josgrilberg Pereira1 Tancy Costa Mavignier2 Resumo “Bisa Bia, Bisa Bel” e “História Meio ao Contrário” são dois dos mais de cem títulos de histórias infantis que Ana Maria Machado tem publicado. Contudo, o que muitos não sabem é que a famosa autora de livros infantis é também jornalista com carreira feita em grandes veículos e já ofereceu grandes contribuições para a área, inclusive internacionalmente. Por isso, o presente trabalho busca resgatar o perfil jornalístico de Ana Maria Machado, relatar sua história de vida e apontar a trajetória percorrida no campo jornalístico. Na formação da escritora de livro infantil, há a história de uma estudante, jornalista, professora, exilada, feminista, entre outras facetas. Conhecer a personagem aqui apresentada é também conhecer a história do jornalismo e ajudar a construí-la. Palavras-chave: Ana Maria Machado. Biografia. Jornalista. Introdução Mulher multifacetada, pintora, professora, proprietária de editora, dubladora, escritora premiada e imortal da Academia Brasileira de Letras. Ana Maria Machado trabalhou em diversas áreas, mas pouco se conhece sobre a atuação que teve como jornalista. Dessa forma, o presente artigo busca desvendar um pouco mais sobre o lado jornalístico da escritora de livro infantil que tem mais de cem livros publicados e 20 milhões de exemplares vendidos. Neste trabalho mostramos que Ana Maria Machado atuou, por um período considerável, no jornalismo brasileiro e internacional, e relatamos sua história de vida com destaque a sua contribuição enquanto jornalista. Entretanto, não encontramos muitos estudos que tratam sobre a experiência jornalística da autora. A título de exemplo, buscamos materiais nos cinco últimos anais do Congresso Nacional de Comunicação, utilizando a palavra-chave “Ana Maria Machado”, e não localizamos nenhum trabalho que fizesse referência à jornalista e autora de livro infantil. Desta forma, este trabalho ao mesmo tempo em que se faz relevante por essa falta 1 Doutoranda em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Paulo e docente na UnigranNet. E-mail: [email protected] 2 Doutoranda em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Paulo. E-mail: [email protected] de material sobre a jornalista, torna-se de difícil realização devido à própria ausência de material, essencialmente por estar pautado metodologicamente em uma pesquisa bibliográfica qualitativa. Com isso, optamos por trazer à tona a revelação da atuação enquanto jornalista, traçar um perfil biográfico da autora e apresentar a carreira de Ana Maria Machado a fim de que futuramente possa-se aprofundar as facetas aqui levantadas. Contudo, cremos que com o trabalho realizado permite-se um passo à frente para se conhecer e construir a história do jornalismo. Além de levantar, a interferência que os tempos da ditadura militar tiveram na atuação da autora, apontada como um dos estímulos para que trocasse o jornalismo pela literatura infantil. 1. Biografia Mesmo não sendo objetivo deste artigo discutir o que é e qual a função de uma biografia, acreditamos ser pertinente contextualizá-la, mesmo que brevemente, uma vez que ela é, na verdade, a estrutura deste trabalho. O relato biográfico, na maioria das vezes, tenta ordenar os acontecimentos de uma vida de forma diacrônica, na ilusão de que eles formem uma narrativa autônoma e estável, ou seja, uma estória com começo, meio e fim, formando um conjunto equilibrado e seguro. É o que Pierre Bourdieu chama de ilusão biográfica (...) (PENA, online). Felipe Pena trata das dificuldades de escrever uma biografia, pois quem a escreve de, certa forma, acaba editando a vida como se estivesse contando uma história, como se houvesse uma melhor forma para escrevê-la. Também deve-se pensar que o biografado cada vez que conta sua história a reedita. Por isso, devemos considerar esse aspecto ao escrever ou ler um relato biográfico. Posto isso, deixamos claro que não pretendemos aqui rotular a vida de Ana Maria Machado, apenas trazer à tona questões que a relacione com o campo jornalístico e que fomente reflexões. Nesta perspectiva, Alzira Salama (1994, p. 34) aponta que “estudo das histórias/biografias das organizações pode fornecer ao pesquisador ricos insights teóricos [...]”. Ainda para ela, “o elemento específico dessa abordagem é que os pesquisadores que utilizam as biografias optam por enfocar os contextos e descrever de modo minucioso os fenômenos” (SALAMA, 1994, p.34). Assim sendo, quando se relata a vida de um indivíduo e o contextualiza todo o processo social no qual está inserido passa a ser relatado também. No caso de Ana Maria Machado, é possível compreender o momento que o jornalismo vivia quando atuou na profissão, bem como o período de censura instaurado durante a ditadura militar e até o impacto que esta fase teve na transição de jornalista para autora de livros infantis. 2. Monteiro Lobato e Manguinhos, primeiras experiências de Ana Maria Carioca, nascida no bairro de Santa Tereza, em 24 de dezembro de 1941, Ana Maria Machado cresceu no Rio de Janeiro. Porém, era nas férias de verão que mais tinha contato com as tradições e a arte de contar histórias, ingredientes importantes para mais tarde escrever. A família se reunia na casa dos avós, na praia de Manguinhos (Espírito Santo). Machado (Online), conta que na casa de taipa não havia eletricidade, o que estimulava as reuniões de família para conversar, contar e escutar histórias. Ana Maria relata que a tradição oral foi muito importante e enriquecedora ao imaginário para criar histórias. O contato com a literatura começou na infância, influenciada pela mãe professora. Os personagens de Monteiro Lobato eram os companheiros de aventuras. Nesse período é que ela leu um livro que marcaria sua vida: “Reinações de narizinho”. E de tanto ler, logo se interessou em escrever. Era uma boa aluna e vivia ganhando prêmios – em geral livros, da família. Uma das minhas redações foi tão elogiada e premiada que a mostrei em casa. Meu tio Nelson, que estava lá, levou o texto para o meu tio Guilherme, folclorista – e essa acabou sendo a minha estréia literária. Devidamente assinado e aumentado, por encomenda da revista Folclore, saiu publicado meu Arrastão, sobre as redes de pesca artesanal em Manguinhos. O meu orgulho supremo foi que a revista não falava que o texto tinha sido feito por uma menina de doze anos. (MACHADO, online). A pequena se tornou uma jovem e começou a estudar pintura no Museu de Arte Moderna. Na época do vestibular, ficou em dúvida se estudava Química ou Arquitetura e acabou escolhendo Geografia. Estava cansada de estudar rochas e com vontade de compreender mais profundamente a sociedade brasileira, com isso, e somado a vontade de ser pintora, mudou para o curso de Letras. Para Coelho, (1988, p.21). “Nascida no Rio de Janeiro (1942) Ana Maria Machado é hoje um dos nomes de mais evidência na área da Literatura Infantil brasileira. Iniciou seus estudos universitários na área de geografia, mudando depois para Letras Neolatinas”. Começou a lecionar português, latim e francês, além de fazer mestrado. Conforme Ribeiro (2014, p.19), “Ana Maria Machado formou-se em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, sendo posteriormente, na mesma instituição de ensino, professora do curso de Letras”. Sua trajetória na Universidade Federal do Rio é interrompida por causa do casamento, que fez com que se mudasse para São Paulo. Ao se casar, Ana Maria Machado torna-se cunhada de Ruth Rocha que viraria uma grande amiga, parceira e coincidentemente, ou não, se tornariam as principais autoras de literatura infantil do país. Nesse período ela começa a escrever artigos para revista Realidade e a Enciclopédia Bloch, iniciando, assim, sua carreira jornalística no país. Depois, foi chamada para escrever em uma nova revista da Abril para crianças, a Recreio. 3. O exílio e carreira internacional de jornalista Assim como outros intelectuais, Ana Maria Machado também não passou imune pelo período da ditadura militar. Apesar, de não ser envolvida diretamente com política, não teria como ser indiferente ao que acontecia, principalmente por ser filha de Mário de Sousa Martins, que foi senador, e irmã de Franklin Martins, militante político, ambos também jornalistas. Ela chegou a ajudar os militantes de esquerda a se esconderem. Como conta Farias (2007, p.121) “com a ditadura, ela passou a fazer parte da resistência. Ficou presa e teve muitos amigos também detidos. Deixou o Brasil e seguiu para o exílio”. Eram tempos difíceis e com endurecimento do regime e a promulgação do Ato Institucional n°5 ficava difícil viver em um país sem democracia e liberdade. Resolveu deixar o país e mudar para Paris, em janeiro de 1970. Nesse período, teve intensa atividade acadêmica. Virei aluna da Ecole Pratique des Hautes Etudes, onde reinava soberano o famoso semiólogo Roland Barthes. Em suas aulas, ele chegava a encher um anfiteatro com 800 estudantes, mas também orientava em separado a um pequeno grupo de 20 estudantes. Depois de uma entrevista, ele me chamou para pertencer a esse grupo. Sob a sua orientação, escrevi a tese de doutorado que acabou virando livro - "O Recado do Nome", que trata da obra de Guimarães Rosa. Nesse período, em abril de 1971, nasceu Pedro, meu segundo filho (MACHADO, Online). Também atuou em diferentes trabalhos, foi jornalista da revista Elle, deu aulas de português na Universidade de Sorbonne, foi bibliotecária e dublou documentários. Depois conseguiu um trabalho na BBC de Londres, onde ficou por um ano e meio. Sobre esse período Farias (2007, p.121) relata em sua tese que ao sair do país Ana Levou consigo histórias infantis que estava escrevendo a convite da revista Recreio. Na França, trabalhou como jornalista na revista Elle e para a BBC de Londres. Tornou- se professora na Sorbonne e, durante esse período (1970 – 1974), participou de um selecionado grupo de estudantes no qual o mestre era Roland Barthes. Terminou sua tese de doutorado em Linguística e Semiologia sob a orientação desse mestre. Sua tese resultou no livro Recado do nome, que trata da obra de Guimarães Rosa. Esse período ditatorial que a estimulou sair do país teve, certamente, impacto na escrita e na visão da autora, é o que constata Pereira e Antunes: “A liberdade é uma das preocupações centrais da escritora, que repetidamente cria histórias em torno do autoritarismo” (apud RIBEIRO, 2014, p.19). O fato é que os dados acima descritos consistem nas poucas informações que se tem sobre a atuação e a publicação jornalística de Ana Maria Machado, o que demonstra uma falha brasileira na preservação de sua memória. Além dos enxertos já citado, um dos poucos materiais que encontramos que vai ao encontro da construção da memória é o livro “Vozes de Londres: memórias brasileiras da BBC”, escrito por Laurindo Lalo Leal Filho, que resgata, principalmente, por meio de documentos e relatos, os jornalistas brasileiros e as contribuições dadas à BBC, neste cenário, inclui-se Ana Maria Machado e sua atuação jornalística. Além do impacto que a ditadura teve na temática da escrita da autora, podemos dizer que ela também influenciou a autora a trocar o gênero jornalístico pelo ficcional. “Ocorreu, porém, algo inesperado: sociólogos, jornalistas, atores e intelectuais migraram para a literatura infantil, gênero despretensioso, pouco visado pelos generais. Através dela, de maneira simbólica, foi possível questionar a realidade do Brasil”, aponta Andrea Vargas e Elaine Santos (2002, p.1). Ainda segundo as autoras “destacada representante desse momento foi a escritora Ana Maria Machado, que engendrou formas de driblar a censura e liberar sua narrativa”. Nelly Coelho (1988, p.22) ao redigir um verbete sobre a autora também relata que o envolvimento com a escrita literária para as crianças surgiu no período ditatorial. Segundo ela, Ana Maria Machado “começou a escrever para crianças em 1969, na Revista Recreio (Ed. Abril), tendo sido vários deles, publicados na Argentina, Espanha e Itália, nas revistas Recreo e Carrosselo. Atraída para diferentes setores da produção/criação, dedicou-se à crítica teatral e produção cultural para a infância [...]”. A própria Ana Maria Machado relata a alternativa que viu na literatura infantil para burlar o período ditatorial “(...) por incrível que pareça, os militares não deram a menor importância aos livros para criança. (...) E acabou ocorrendo algo inesperado: foi justamente a partir do AI-5 que houve o chamado boom da literatura infantil brasileira (...)” (apud VARGAS; SANTOS, 2003, p.3). Mesmo já envolvida com a Literatura Infantil, Ana Maria Machado ainda se manteve no jornalismo por mais uns anos em seu retorno ao Brasil. 4. De volta às terras brasileiras No final de 1972, Ana Maria Machado retornou ao país e foi trabalhar no Jornal do Brasil. Lá passou por diversos cargos, de repórter a chefe na rádio do JB. Eu fui repórter muito pouco tempo. Fui redatora mais tempo e muito de imediato eu passei para chefe, fui ser editora, fui promovida. Então, eu tinha um dia a dia de repórter. Primeiro (cobria) tudo geral, fiz plantão de polícia, enfim. E depois fiquei setorista de educação e cultura (MACHADO, online). Esse período ela conta que foi importante pelo contato que teve com texto de rádio, muito próximo da oralidade que mais tarde a ajudaria a escrever histórias infantis com facilidade. Logo, ela começou a publicar livros infantis pela editora Abril, “Histórias de recreio”. “O primeiro prêmio viria logo a seguir. Em 1978, participei de um concurso, sob pseudônimo, e acabei ganhando o prêmio João de Barro, com "História Meio ao Contrário", que depois também ganhou o Jabuti” (MACHADO, online). Márcia Lima também retrata sobre esse período da autora em sua dissertação. Segundo ela (2013, p.5), Retornando ao Brasil em 1972, começou a trabalhar no Jornal do Brasil e na Rádio JB. Deixou a carreira de jornalista em 1980 para dedicar-se à arte literária. Conquistou o prêmio João de Barro com o livro História ao contrário, de 1977, que assinou com um pseudônimo. Ao perceber o reconhecimento dos livros publicados e a falta de livrarias especializadas no segmento infantil, Ana Maria decide criar a Livraria Malasartes junto com uma sócia. O jornalismo já dividia a atenção da autora com a literatura infantil, até que nos anos de 1980 a Rádio JB, onde trabalhava, começou a passar por uma crise econômica e ela, como chefe, deveria demitir um terço da redação, decidiu, então, sair do jornalismo. 5. Entre literatura e realidade Na volta ao Brasil, Ana Maria escreve o romance “Tropical Sol da Liberdade”, publicado em 1988. O livro conta a história de Maria Helena, uma jornalista que resolve depois do exílio, por causa da Ditadura Militar, retornar ao país e reencontrar a família. Na obra, em uma casa de praia mãe e filha se lembram de fatos do passado. Inclusive, se recordam dos momentos de repressão. Parece que a autora havia saído do jornalismo, mas o jornalismo não havia saído dela. Pode-se perceber que essa ficção tem pontos de contato com a história de vida de Ana Maria Machado e é autobiográfica. Em Tropical sol da Liberdade, romance iniciado em 1982 e publicado em 1988, seis anos até conseguir colocar o ponto final, num momento de abertura, lenta e gradual, mas ainda repleto de lembranças torturantes, Machado conta como foi o período dos anos de chumbo da Ditadura. A obra carrega, em cada capítulo, a documentação da história sob o olhar de uma mulher comum, que participou das passeatas, das manifestações da época, que esperou, em casa, pelos familiares que estavam na linha de frente dos protestos contra o regime (VARGAS, SANTOS, 2003, p.6 ). Embora seja um romance e uma obra ficcional, “Tropical sol da Liberdade” retrata, na verdade, e em detalhes, o período ditatorial, um importante momento histórico do país que deve ser constantemente lembrado e estudado, pois ainda é cercado de fatos obscuros. Considerações Após esse breve relato da trajetória de Ana Maria Machado algumas considerações são cabíveis de serem feitas. A primeira delas é o alerta para a necessidade de construção e preservação da memória, essencialmente, a fim de construir e consolidar o campo jornalístico. Não pode ser discutível o fato da inexistência de materiais e referências sobre uma jornalista com trajetória pela resistência à censura e com importante carreira nacional e internacional, uma vez que passou pelos principais veículos de comunicação da época como Jornal do Brasil e BBC. Ainda nesta questão de preservação da memória, cabe ressaltar que ainda não encontramos material jornalístico produzido e publicado pela autora. Isso demonstra ainda uma carência, mesmo com os avanços tecnológicos temos vários exemplos de veículos jornalísticos que não possuem registro e arquivo de sua produção. Tal falha agrava-se ainda mais quando se trata de veículos televisivos e, principalmente, radiofônicos. Outra consideração a ser feita é sobre o inter-relacionamento entre as facetas de Ana Maria Machado, paradoxalmente, buscando maior liberdade de expressão, trocou o jornalismo pela literatura infantil. Por outro lado, ricamente, foi com elementos que teoricamente são comuns de serem encontrados no jornalismo como o engajamento político, a luta pela bem comum e o combate ao preconceito, por exemplo, que ela enriqueceu a literatura infantil. Referências COELHO, Nelly Novaes. Dicionário Crítico da Literatura Infantil – Juvenil Brasileira. São Paulo: Quirón, 1988. FARIAS, Leila Wanderléia Bonetti. A audácia dessa mulher: Ana Maria Machado e a subversão do cânone na reescrita de Capitu. Dissertação de mestrado. 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