HIDROLOGIA BÁSICA DE ÁGUA SUBTERRÂNEA United States Geological Survey Water Supply Paper 2220 Preparado em cooperação com o North Carolina Department of Natural Resources and Communitty Development Tradução Mario Wrege Paul Potter Apoio Instituto de pesquisas Hidráulicas – Universidade Federal d Rio Grande do Sul – IPH / UFRGS Cooperação Técnica Brasil – Alemanha Projeto FEFAM / GTZ Conselho de Recursos Hídricos – CRD / DRH / SOPSH Associação Brasileira de Águas Subterrâneas Núcleo Sul - ABAS Definição de Termos (Número entre parênteses é a pagina na qual o termo é primeiramente mencionado) Aqüífero: (6): Uma camada de rocha portadora de água que poderá ceder água em quantidade usável a um poço ou nascente. Embasamento (2): Um termo geral para rocha consolidada (sólida) subjacente a solos ou outro material superficial inconsolidado. Franja Capilar (4): A zona acima da superfície freática na qual a água é aí mantida por tensão superficial. A água na franja capilar está sob pressão menor que a atmosférica. Cone de Depressão (30): A depressão das cargas ao redor de um poço em bombeamento, causada pela retirada da água. Camada Confinante (6): Uma camada de rocha tendo condutividade hidráulica muito baixa tal que dificulta o movimento da água no aqüífero. Datum (10): Uma superfície arbitrária (ou plano) usada na medição de níveis de água subterrânea. O datum mais comumente usado é o National Geoldetic Vertical Datum de 1929, que se aproxima do nível do mar. Dispersão (19): O grau em que uma substância líquida introduzida no sistema de água subterrânea espalha-se a medida que se move através do sistema. Rebaixamento (34): A redução em carga no ponto, causada pela retirada de água de um aqüífero. Linha Equipotencial (21): A linha em um mapa ou em um corte vertical ao longo da qual as cargas totais são as mesmas. Linha de Fluxo (21): O trajeto idealizado seguido por partículas de água. Rede de Fluxo (21): O padrão reticulado formado pela rede de linhas de fluxo e de equipotencial. Água Subterrânea (4): Água na zona saturada que está sob pressão igual ou maior que a atmosférica. Carga veja Carga Total Condutividade Hidráulica (10): A capacidade de uma rocha transmitir água. É expressa como volume de água que será movido na unidade de tempo sob gradiente hidráulico unitário através de uma área unitária locada perpendicularmente à direção do fluxo, a uma certa viscosidade cinemática. Gradiente Hidráulico (10): Mudança na carga por unidade de distancia, medida na direção da variação mais íngreme. Porosidade (7): Os vazios ou as aberturas numa rocha. Porosidade pode ser expressa quantitativamente como a razoa do volume de aberturas numa rocha para o volume total da rocha. Superfície Potenciométrica (6): Uma superfície que representa a carga total em um aqüífero; ou seja, ela representa a altura acima do datum a qual o nível da água se eleva num poço bem vedado que penetra o aqüífero. Rocha (2): Qualquer material naturalmente formado, consolidada ou não (mas não solo), consistindo de dois ou mais minerais. Zona Saturada (4): A zona subsuperficial na qual todas as aberturas estão cheias de água. Solo (4): A camada de material na superfície da terra que suporta crescimento de plantas. Capacidade Específica (58): A vazão de um poço por unidade de rebaixamento. Retenção Específica (8): A razoa entre o volume de água que drenará sob influência da gravidade e o volume de rocha saturada. Coeficiente de Armazenamento (28): O volume de água liberado do armazenamento de um prisma unitário de aqüífero quando a carga é rebaixada por unidade de altura. Estratificação (18): A estrutura acamadada de rochas sedimentares. Carga Total (10): A altura acima do datum de uma coluna de água. Num sistema de água subterrânea é composta das cargas de posição e depressão. Transmissividade (26): A taxa na qual a água com a viscosidade cinemática predominante é transmitida através de uma largura unitária de um aqüífero sob um gradiente hidráulico unitário. Igual a condutividade hidráulica multiplicada pela espessura do aqüífero. Zona Insaturada (4): A zona subsuperficial, usualmente começando na superfície do solo, que contém água e ar. Superfície Freática (4): O nível na zona saturada na qual a pressão é igual a atmosférica. HIDROLOGIA BÁSICA DE ÁGUA SUBTERRÂNEA Por Ralph C. Heath Preparado em cooperação com o North Carolina Department of Natural Resources and Communitty Development United States Geological Survey Water Supply Paper 2220 U.S DEPARTMENT OF THE INTERIOR BRUCE BABBITT, SECRETARY U.S. GEOLOGICAL SURVEY GORDON P. EATON, DIRECTOR Qualquer uso de nome de comércio, produto ou firmas nesta publicação é para propósitos descritivos somente e não implica aprovação pelo Governo do U.S. UNITED STATES GOVERNMENT PRINTING OFFICE: 1983 ______________________________________________________________________ Para venda pelo U.S. Geological Survey, Information Services Box 25286, Federal Center, Denver CO 80225 Library of Congress Cataloging in Publication Data Heath, Ralph C. Hidrologia Básica de Água Subterrânea (Geological Survey water-supply paper; 2220) Bibliography : p. 81 1. Hydrogeology. I. North Carolina. Dept. of Natural Resources and Community Development. II. Title. III. Series. GB1003.2.H 1982 551.49 82-600384 For sale by the U.S. Government Printing Office Superintendent of Documents, Mail Stop: SSOP, Washington, D.C. 20402-9328 Conteúdos HIDROLOGIA BÁSICA DE ÁGUA SUBTERRÂNEA..................................................... ROCHAS E ÁGUA............................................................................................................... ÁGUA SUBSUPERFICIAL................................................................................................. CICLO HIDROLÓGICO...................................................................................................... AQÜÍFEROS E CAMADAS CONFINANTES................................................................... POROSIDADE...................................................................................................................... RENDIMENTO ESPECÍFICO E RETENÇÃO MÍNIMA................................................... CARGAS E GRADIENTES................................................................................................. CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA.................................................................................... FUNÇÕES DOS SISTEMAS DE ÁGUA SUBTERRÂNEA.............................................. CAPILARIDADE E FLUXO INSATURADO..................................................................... ESTRATIFICAÇÃO E FLUXO INSATURADO................................................................ FLUXO SATURADO E DISPERSÃO................................................................................. MOVIMENTO DA ÁGUA SUBTERRÂNEA E TOPOGRAFIA....................................... REDES DE FLUXO DE ÁGUA SUBTERRÂNEA............................................................. MOVIMENTO DA ÁGUA SUBTERRÂNEA E ESTRATIFICAÇÃO.............................. VELOCIDADE DA ÁGUA SUBTERRÂNEA.................................................................... TRANSMISSIVIDADE........................................................................................................ COEFICIENTE DE ARMAZENAMENTO......................................................................... CONE DE DEPRESSÃO...................................................................................................... FONTE DE ÁGUA DOS POÇOS........................................................................................ TESTES DE AQÜÍFERO..................................................................................................... ANÁLISE DE DADOS DE TESTE DE AQÜÍFERO.......................................................... ANÁLISE TEMPO-REBAIXAMENTO.............................................................................. ANÁLISE DISTÂNCIA-REBAIXAMENTO...................................................................... TESTES EM POÇO ÚNICO................................................................................................ FRONTEIRAS DO AQÜÍFERO.......................................................................................... TESTES AFETADOS POR FRONTEIRAS LATERAIS.................................................... TESTES AFETADOS POR CAMADAS CONFINANTES GOTEJANTES...................... MÉTODOS DE CONSTRUÇÃO DE POÇOS..................................................................... GRÁFICOS DE PERFILAGEM........................................................................................... PROJETO DE POÇO PARA ÁGUA.................................................................................... TESTES DE ACEITE DE POÇO E EFICIÊNCIA DE POÇO............................................ CAPACIDADE ESPECIFICA E TRANSMISSIVIDADE.................................................. PROJETO DE CAMPO-DE-POÇOS................................................................................... QUALIDADE DA ÁGUA SUBTERRÂNEA...................................................................... POLUIÇÃO DA ÁGUA SUBTERRÂNEA......................................................................... INTRUSÃO SALINA........................................................................................................... TEMPERATURA DA ÁGUA SUBTERRÂNEA................................................................ MEDIÇÕES DE NÍVEIS DE ÁGUA E VAZÕES DE BOMBEAMENTO........................ PROTEÇÃO DE POÇOS DE ABASTECIMENTO............................................................ PROBLEMAS EM POÇOS DE ABASTECIMENTO – QUEDA DE VAZÃO.................. PROBLEMAS EM POÇOS DE ABASTECIMENTO – MUDANÇAS NA QUALIDADE DA ÁGUA.................................................................................................... ARQUIVOS E REGISTROS DE POÇOS............................................................................ 1 2 4 5 6 7 8 10 12 14 16 18 19 20 21 24 25 26 28 30 32 34 36 38 40 42 46 48 50 52 54 56 58 60 62 64 66 68 70 72 74 76 78 80 REFERÊNCIAS.................................................................................................................... NÚMEROS, EQUAÇÕES E CONVERSÕES..................................................................... 81 83 PREFÁCIO DA TRADUÇÃO O Water Suplly Paper 2220 é um texto com qualidades excepcionais. È bastante claro, simples e informativo; suas ilustrações são excelentes e intimamente relacionadas com o texto; seus quarenta e cinco tópicos cobrem os fundamentos para o entendimento mínimo de água subterrânea. Dificilmente outro texto igualar-se-à em acessibilidade e cobertura. Há usos principais para o texto. Um, é para o estudo individualizado para profissionais que querem tanto aprender como rever tópicos específicos. Outro é para estudantes das áreas técnicas que querem conhecer água subterrânea. Neste caso, o WSP 2220 pode ser o texto básico do curso ou pode ser o texto suplementar, para determinados tópicos. Certamente é um texto de consulta permanente. A tradução do excelente texto do Dr. Heath sobre água subterrânea surgiu da necessidade de deter-se, aqui – no Rio Grande do Sul, em especial, e no Brasil, em geral – um instrumento para que o meio técnico não especializado em água subterrânea pudesse ter os conceitos básicos sobre a água subterrânea e o meio poroso que a contém. Isto de um modo claro e conciso, mas inteligível e coerente, sendo, ainda, suficientemente abrangente para que se pudesse ter uma visão funcional do sistema subterrâneo. A tradução foi realizada tentando manter o mais possível espírito do texto original, tanto em linguagem como em forma. Ou seja, o leitor estará lendo em português, como nos originais em inglês. Assim, manteve-se o desenvolvimento em linguagem simples, com o português corrente sem muita tecnicidade. O presente texto vem em boa hora, quando se começa a implantação dos sistemas de gerenciamento de recursos hídricos e há que inserir os recursos hídricos subterrâneos dentro do contexto global. Assim, o texto pode ser tanto um auxiliar no sentido do entendimento de como os recursos hídricos subterrâneos enquadram-se no contexto geral quanto um elemento auxiliar de consulta para verificar se as afirmações e conclusões emitidas ou propostas estão dentro do rigor técnico. È, pois, tanto um texto de esclarecimento como de consulta. Há que se agradecer às pessoas que facilitaram esta empreitada. A primeira delas – e literalmente assim, foi a Dra. Maria Lúcia Coelho da FEPAM que desde que a proposta foi apresentada deu logo seu apoio e viabilizou que os trabalhos fossem iniciados. Na verdade, tudo iniciou com uma audiência da ABAS/NS com a Dra. Verena Nygaard e a Dra. Salete Cobalchini, da FEPAM, onde se decidiu que era preciso ter-se algo que facilitasse o entendimento dos conceitos e mecanismos dos meios aqüíferos, à GTZ que viabilizou financeiramente. Também, há que agradecer ao Dr. Rogério Dewes, do DRH/RS, que, ao tomar conhecimento da iniciativa, logo entendeu a importância e viabilizou apoio. À direção do IPH, inicialmente na pessoa do Dr. Lawson Beltrane e, após, do Dr. Raul Dorfman também logo entenderam a importância do texto e viabilizaram o apoio. Ao pessoal da Gráfica Maredi que competentemente viabilizaram a transformação do texto na atual brochura. A Associação Brasileira de Águas Subterrâneas, através de seu Núcleo Sul, sente-se honrada em ter participado desta iniciativa e espera haver contribuído para o bom uso dos recursos hídricos, necessários e escassos, e sua conseqüente preservação, necessária e vital. Mário Wrege Instituto de Pesquisas Hidráulicas / UFGRS Campus do Vale 91.501 - 970 Porto Alegre RS Brasil Paul Potter Instituto de Geociências / UFGRS Campus do Vale 91.506 – 960 Porto Alegre RS Brasil PREFÁCIO Água subterrânea é um dos mais valiosos recursos naturais da Nação. Ela é a fonte de cerca de 40 por cento da água usada para qualquer propósito excluída a hidroeletricidade e a refrigeração de geradores elétricos. Surpreendentemente, para um recurso que é tão largamente usado e tão importante para a saúde e para a economia do país, a ocorrência da água subterrânea não é apenas pobremente compreendida, mas também, de fato, sujeita a muitas concepções errôneas e largamente difundidas. É comum a crença que água subterrânea ocorre em rios subsuperficiais, assemelhando as correntes de superfície, e cuja presença pode ser detectada por certos indivíduos. Esta concepção e outras têm dificultado o desenvolvimento e a conservação da água subterrânea e têm afetado adversamente a proteção de sua qualidade. Para que a Nação receba o máximo benefício de seus recursos de água subterrânea é essencial que cada um, desde o proprietário rural aos administradores de abastecimentos de águas industriais ou municipais até dirigentes de agências de gestão de água, federais ou estaduais, tornem-se mais conhecedores sobre a ocorrência, desenvolvimento e proteção da água subterrânea. Este relatório foi preparado para ajudar na satisfação das necessidades destes grupos, tanto quanto as necessidades de hidrólogos, perfuradores de poços e outros engajados no estudo e no desenvolvimento de suprimentos de água subterrânea. Consiste de 45 seções sobre os elementos básicos da hidrologia de água subterrânea, arranjados em ordem, desde os mais básicos aspectos do assunto através da discussão de métodos usados para determinar a produção de aqüíferos até a discussão de problemas comuns encontrados na operação de suprimentos de água subterrânea. Cada seção consiste de um breve texto e um ou mais desenhos ou mapas que ilustram os pontos principais cobertos no texto. Por ser o texto, de fato, uma discussão expendida das ilustrações, muitas delas não tem legenda. Entretanto, quando mais de um desenho é incluído numa seção, a cada desenho é designado um número dado em parênteses, e tais números estão inseridos no texto em locais onde o leitor deve referirse ao desenho. De acordo com a política do U.S. Geological Survey de encorajar o uso de unidades métricas, tais unidades são usadas na maioria das seções. Nas seções que tratam com a análise de dados de teste de aqüífero (bombeamento), as equações são dadas em ambas as unidades: consistentes ou não... Definições de termos de água subterrânea são dadas onde os termos são primeiro introduzidos. Devido ao fato de que alguns termos serão novos a muitos leitores, definições breves são também dadas na parte interna da capa para referência conveniente por aqueles que desejam rever a definição esporadicamente à medida que lêem o texto. Finalmente, para aqueles que necessitam rever, algumas operações matemáticas simples que são usadas na hidrologia de água subterrânea, uma seção sobre números, equações e conversões é incluída ao final do texto. Ralph C. Heath Hidrologia Básica de Água Subterrânea A ciência da hidrologia seria relativamente simples se a água não penetrasse a superfície da terra. Harold E. Thomas Hidrologia Básica de Água subterrânea é uma subdivisão da ciência da hidrologia a qual trata da ocorrência do movimento e da qualidade da água sob superfície da terra. É de escopo interdisciplinar no que envolve a aplicação das ciências físicas, biológicas e matemáticas. É também uma ciência cuja aplicação exitosa é de importância critica para o bem estar da humanidade. Devido a hidrologia da água subterrânea tratar com a ocorrência e o movimento da água da água em um quase infinitamente complexo ambiente é, em seu mais avançado estado, uma das mais complexas ciências. Por outro lado, muitos de seus princípios e métodos básicos podem ser entendidos rapidamente por não-hidrólogos e usados por eles na solução de problemas de água subterrânea. O propósito deste relatório é o de apresentar estes aspectos básicos da hidrologia da água subterrânea na forma que incentivará maior entendimento de uso. O ambiente da água subterrânea é escondido da vista, exceto em cavernas e em minas, e a impressão que se obtém mesmo através destas é, largamente, confusa. De nossas observações de superfície formamos uma impressão de uma terra “sólida”. Esta impressão não é muito alterada quando se entra uma caverna calcária e se vê água fluindo em um canal que a natureza cortou no que parece ser uma rocha sólida. De fato, de nossas observações, tanto em superfícies com em cavernas somos levados a concluir que a água subterrânea ocorre somente em rios subterrâneos e “veios”. Não vemos a miríade de aberturas que existe entre grãos de areia e de silte, entre partículas de argila ou, mesmo, ao longo das farturas de granito. Conseqüentemente, não sensoriamos a presença de aberturas que, no volume total, em muito excedem o volume de todas as cavernas. R. L. Nace do U.S. Geological Survey estimou que o volume de aberturas em superfícies (que estão ocupadas principalmente por água, gás e petróleo) esta na ordem de 521.000 Km3 sob os estados unidos somente. Se visualizarmos tais aberturas como formando uma caverna contínua sob total superfície dos Estados Unidos, sua altura seria de cerca de 57 m. As aberturas, certamente, não são igualmente distribuídas, resultando que nossa caverna imaginária variaria em altura desde de 3 m sob o Platô do Piemonte ao longo da costa este a cerca de 2.500 m sob o delta do Mississipi. O ponto importante a ser obtido desta discussão é o de que o volume total de abertura sob a superfície dos estados unidos e outras terras continentais do mundo é muito grande. A maioria das aberturas subsuperficiais contém água e a importância desta água à humanidade pode ser rapidamente demonstrada pela comparação de seu volume com os volumes de água na hidrosfera 1. Estimativas de volumes de água na hidrosfera têm sido feitas pelo hidrólogo russo M.I.L’vovich e estão em um livro recentemente traduzido ao inglês. A maioria da água, incluída a dos oceanos e as mais profundas na crosta, contém concentrações relativamente altas de minerais dissolvidos e não está rapidamente usável para necessidades humanas essenciais. Concentraremos, pois, nossa discussão apenas na água doce. A tabela que segue contém estimativas de L’vovich para água doce na hidrosfera. Sem surpresas nota-se que o maior volume de água doce ocorre como gelo nos glaciais. Por outro lado, muita gente impressionada pela Terra “sólida” fica surpresa ao saber que cerca de 14 por cento de toda a água doce é subterrânea e que, se considerarmos apenas água, 94 por cento é água subterrânea. Hidrologia de água subterrânea, como notado antes, trata não só com a ocorrência da água de subsuperfície mas também com seu movimento. Contrário as nossas impressões de rápido movimento observado em fluxo de correntes em cavernas, o movimento da maioria da água subterrânea é muito lento. A verdade desta observação torna-se rapidamente aparente da tabela, que mostra, na última coluna, a taxa de troca de água ou tempo requerido para substituir a água agora contida, nas partes listadas da hidrosfera. É especialmente importante notar que a taxa de troca de 280 anos para água doce subterrânea é cerca de 1/9.000 a taxa de troca da água em rios. Aberturas superficiais grandes para fornecer água em quantidade usável em poços e nascentes ocorrem largamente sob a superfície terrestre e pois fazem a água subterrânea um dos mais disponíveis recursos naturais. Quando este fato e o fato de que a água subterrânea também representa o maior reservatório de água doce rapidamente disponível ao homem são considerados juntos, torna-se óbvio que o valor da água subterrânea, em termos tanto econômicos como de bem-estar, é incalculável. Consequentemente, seu seguro desenvolvimento, sua diligente conservação e sua consistente proteção da poluição são importantes preocupações de cada um. Estas preocupações podem ser traduzidas em ação efetiva só pelo incremento de nosso conhecimento dos aspectos básicos da hidrologia da água subterrânea. 1 A hidrosfera é o termo usado para referir as águas da Terra e, em seu mais largo uso, inclui toda a água: vapor e gelo independentemente se ocorrem sob, na ou sobre a superfície da Terra. ÁGUA DOCE DA HIDROSFERA E SUA TAXA DE TROCA Partes da hidrosfera Volume de água Parte total de Taxa de troca de doce água doce água [km ] [%] [ano] Geleiras 24.000.000 84,945 8.000 Água subterrânea 4.000.000 14,158 280 Lagos e reservatórios 155.000 0,549 7 Solo 83.000 0,294 1 Atmosfera 14.000 0,049 0,027 Rios 1.200 0,004 0,031 Total 28.253.200 100,000 3 Rochas e Água A maioria das rochas próximas da superfície da Terra é composta de sólidos e vazios, como mostra a figura 1. A parte sólida é, certamente, muito mais óbvia que os vazios mas, sem os vazios, não haveria suprimento de água a poços e fontes. Rochas contenedoras de água consistem tanto de depósitos inconsolidados (semelhantes a solos) como rochas sólidas. A superfície da Terra na maioria dos locais é formada por solo e por depósitos não-consolidados que variam de espessura desde poucos centímetros, próximos a afloramentos de rochas sólidas, a mais de 12.000 m sob o delta do rio Mississipi. Os depósitos inconsolidados estão sobrejacentes a rochas sólidas. A maioria dos depósitos inconsolidados consiste de material derivado de desintegração de rocha sólidas. O material consiste, em diferentes tipos de depósitos inconsolidados, de partículas de rochas ou minerais variando de tamanho desde frações do milímetro (tamanho argila) a muitos metros (matacões). Depósitos inconsolidados importantes para a hidrologia da água subterrânea, incluem, em ordem crescente de tamanho de grão: argila, silte, areias e cascalho. Um importante grupo de depósitos inconsolidados também inclui fragmentos de conchas de organismos marinhos. Rochas consolidadas consistem de partículas minerais de diferentes tamanhos e formas que foram soldadas por calor e pressão ou por reações químicas em uma massa sólida. Tais rochas são comumente referidas nos relatórios de água subterrânea como embasamento. Incluem: calcário, dolomito, folhelho, sitito, arenito e conglomerado. Rochas ígneas incluem: granito e basalto. Há diferentes tipos de vazios em rochas e por vezes é útil sabê-los. Se os vazios foram formados ao mesmo tempo que a rocha, eles são referidos como aberturas primárias (2). Os poros em areia e cascalho e em outros depósitos inconsolidados são aberturas primárias. Os tubos de lava e outras aberturas em basalto são aberturas primarias. Se os vazios foram formados após a formação da rocha, eles são referidos como aberturas secundárias (2). As fraturas no granito e em rochas sedimentares consolidadas são aberturas secundárias. Vazios em calcário, que são formados a medida que a água subterrânea lentamente dissolve a rocha, são um tipo especialmente importante de abertura secundária. É útil introduzir o tópico de rochas e água contrastando depósitos inconsolidados com rochas sólidas. É importante notar, entretanto, que muitas rochas sedimentares que servem como fontes de água subterrânea estão entre tais extremos ficando no grupo de rochas semiconsolidadas. Estas são rochas em que as aberturas incluem tanto fraturas como interstícios – em outras palavras, tanto aberturas primárias como secundárias. Muitos calcários e arenitos que são importantes fontes de água subterrânea são semiconsolidados. Água Subsuperficial Toda a água sob a superfície da terra é referida com água do subsolo (ou água subsuperficial). O termo equivalente para água sobre a superfície da terra é água de superfície. Água subsuperficial ocorre em duas zonas diferentes. Uma, ocorrendo imediatamente sob a superfície terrestre na maioria das áreas, contém ambos água e ar e é referida como zona insaturada. A zona insaturada é quase que invariavelmente sotoposta por uma zona na qual todas as aberturas interconectadas estão cheias de água. Esta zona é referida como zona saturada. Água na zona saturada é a única água subsuperficial que está disponível para suprir poços e fontes e é a única água a qual o nome água subterrânea aplica-se corretamente. Recarga da zona saturada ocorre por percolação da água de superfície através da zona insaturada. A zona insaturada é, pois, de grande importância para a hidrologia da água subterrânea. Esta zona pode ser dividida praticamente em três partes: a zona do solo, a zona intermediaria e a parte superior da franja capilar. A zona do solo estende-se da superfície do terreno a uma máxima profundidade de um metro ou dois e é a zona que suporta crescimento de plantas. Ela é atravessada por raízes vivas, por vazios deixados por raízes, por raízes decompostas de anterior vegetação e por escavações de animais e de vermes. A porosidade e permeabilidade desta zona tende a ser maior do que aquela do material sotoposto. A zona do solo é sotoposta pela zona intermediária, a qual difere em espessura de local a local dependendo da espessura da zona do solo e a profundidade à franja capilar. A parte mais inferior da zona insaturada é ocupada pela franja capilar, a subzona entre as zonas insaturada e saturada. A franja capilar resulta da atração entre águas e rochas. Como resultado esta atração, água adere como um filme sobre a superfície das partículas rochosas e ascende nos poros de pequeno diâmetro contra a ação da força gravitacional. Água na franja capilar e na parte de cima desta, na zona insaturada, está sob pressão hidráulica negativa – ou seja, esta sob pressão menor que a atmosférica (barométrica). A superfície freática é o nível na zona saturada no qual a pressão hidráulica é igual a pressão atmosférica e esta representada pelo nível da água em poços sem uso. Abaixo da superfície freática, a pressão hidráulica aumenta com o aumento da profundidade. Ciclo Hidrológico O termo ciclo hidrológico refere-se ao constante movimento da água sobre, na e sob a superfície da Terra. O conceito de ciclo hidrológico é central ao entendimento da ocorrência da água e ao desenvolvimento e administração de suprimentos em água. Embora o ciclo hidrológico tenha começo e fim indefinidos, é conveniente discutir suas feições principais começando com a evaporação a partir dos vegetais, das superfícies líquidas expostas, incluída a superfície terrestre, e do oceano. Tal umidade forma nuvens, que retornam a água à superfície da terra ou oceanos em forma de precipitação. Precipitação ocorre sob varias formas, incluídas chuva, neve e granizo, mas só chuva será considerada nesta discussão. A primeira chuva molha a vegetação e outras superfícies e então começa a infiltrar na terra. Velocidades de infiltração variam largamente, dependendo do uso da terra, do caráter e do conteúdo de umidade do solo e da intensidade e duração da precipitação, de possivelmente 25 mm/h em florestas maduras sobre solos arenosos a poucos milímetros por hora em solos argilosos e siltosos até zero em áreas pavimentadas. Quando e se a velocidade de precipitação excede a velocidade de infiltração ocorre escorrimento superficial. A primeira infiltração repõe a umidade do solo e após o excesso percola lentamente através da zona intermediária à zona de saturação. A água na zona de saturação move-se descendentemente e lateralmente a locais de descarga de água subterrânea, tais como fontes nas encostas ou como surgência sob rios e lagos e oceano. A água ao atingir as correntes, tanto por escorrimento superficial como descarga de água subterrânea, move-se ao mar, onde é de novo evaporada, perpetuando o ciclo. Movimento é claro, o elemento chave no conceito do ciclo hidrológico. Algumas velocidades “típicas” de movimento estão mostradas na tabela que segue, junto com a distribuição do suprimento de água na Terra. VELOCIDADE DE MOVIMENTO E DISTRIBUIÇÃO DA ÁGUA [Adaptado de L’vovich 1979, tabela 1] Local Velocidade Distribuição Km / d % Atmosfera 100 0,001 Superficial 10 0,019 Subterrânea Gelo Oceanos -6 4,12 10 -3 1,65 - 93,96 10 Aqüífero e Camadas Confinantes Do ponto de vista da ocorrência de água subterrânea, todas as rochas que ocorrem em superfícies podem ser classificadas como aqüíferos ou como camadas confinantes. Um aqüífero é uma unidade de rocha que suprira água a um poço ou fonte em quantidades úteis (Usualmente em geologia “rocha” inclui os sedimentos nãoconsolidados). Uma camada confinante é uma unidade de rocha que tenha condutividade hidráulica muito baixa que restrinja o movimento da água subterrânea tanto para como de aqüíferos adjacentes. Água subterrânea ocorre em aqüíferos sob duas diferentes condições. Onde a água só parcialmente preenche o aqüífero, a superfície superior da zona saturada é livre para subir ou descer. A água em tais aqüíferos é dita não-confinada e os aqüíferos são referidos como não-confinados. Aqüíferos não-confinados são também largamente referidos como aqüíferos freáticos. Onde a água completamente preenche o aqüífero que está sobreposto por uma camada confinante, a água no aqüífero é dita estar confinada. Tais aqüíferos são referidos como aqüíferos confinados ou artesianos. Poços abertos em aqüíferos não-confinados são referidos como poços freáticos. O nível da água nestes poços indica a posição da superfície freática no aqüífero que os cerca. Poços furados em aqüíferos confinados são referidos como poços artesianos. O nível da água nos poços artesianos nivela-se a uma altura acima do topo do aqüífero, mas não necessariamente acima da superfície topográfica. Se o nível da água em poço artesiano estabelece-se acima da superfície topográfica, o poço é um poço artesiano jorrante. O nível da água em poços hermeticamente revestidos abertos em aqüífero confinado equilibra-se com a superfície potenciométrica do aqüífero. Porosidade A relação entre as aberturas (vazios) e o volume total de um solo ou rocha é referida como sua porosidade. Porosidade é expressa tanto como fração decimal ou como porcentagem. Assim, onde n é porosidade como uma fração decimal, Vt é o volume total de amostra de solo ou rocha, Vs é o volume de sólidos na amostra e Vv é o volume de abertura ( vazios). Se multiplicarmos a porosidade determinada com a equação por 100, o resultado é a porosidade expressa em porcentagem. Solos estão entre os mais porosos dentre os materiais naturais, porque partículas de solo tendem a formar grumos soltos e devido a presença de vazios deixados por raízes e por animais escavadores. Porosidade em depósitos não consolidados depende da variação dos tamanhos de grão (classificação) e da forma das partículas rochas, mas não de seus tamanhos. Materiais a grão fino tendem a ser melhor classificados e, pois, tendem a ter mais porosidade. VALORES SELECIONADOS DE POROSIDADE [Valores em por cento por volume] Material Aberturas primárias Aberturas secundárias - - Soltas 48 - Compactadas 26 - Solo 55 - Argila 50 - Areia 25 - Cascalho 20 - Carbonato 10 10 Arenito (semiconsol.) 10 1 - 0,1 10 1 Esferas iguais Granito Basalto jovem Rendimento Específico e Retenção Específica Porosidade é importante em hidrologia de água subterrânea porque indica-nos a máxima quantidade de água, que uma rocha pode conter quando está saturada. Entretanto, é igualmente importante saber que só uma parte desta água está disponível para suprir um poço ou nascente. Hidrólogos dividem a água sob armazenamento em subsuperfície em a parte que irá drenar sob influência da gravidade (chamada rendimento específico) (1) e a parte que é retida como um filme sobre as superfícies de rochas e em muito pequenas aberturas (chamada retenção específica) (2). As forças físicas que controlam a retenção específica são as mesmas forças envolvidas na espessura e no conteúdo de umidade da franja capilar. Rendimento Específico expressa quanta água está disponível para uso humano e retenção específica expressa quanta água está retida na rocha após ser drenada pela gravidade. Assim, onde n é porosidade, Sy é rendimento específico, Vd é o volume de água que drena do volume total Vt, Vr é o volume de água retido no volume total Vt e Vt é o volume total de uma amostra de solo ou de rocha. VALORES SELECIONADOS DE POROSIDADE, RENDIMENTO ESPECÍFICO E RETENÇÃO ESPECÍFICA [Valores em percentagem por volume] Material Porosidade Rendimento Retenção específica específico Solo 55 40 15 Argila 50 2 48 Areia 25 22 3 Cascalho 20 19 1 Carbonato 20 18 2 Arenito (semiconsol.) 11 6 5 Granito 0,1 0,09 0,01 Basalto 11 8 3 Cargas e Gradientes A profundidade da superfície freática é um importante fator no uso da superfície do solo e no aproveitamento dos suprimentos de água dos aqüíferos livres (1). Onde a superfície freática está a pequena profundidade a terra pode tornar-se “encharcada” durante a estação chuvosa e imprópria para uso residencial e muitos outros. Onde a superfície freática está a grande profundidade, o custo de construção de poços e de bombeamento de água para usos domésticos pode ser proibitivamente alto. A direção da inclinação da superfície freática é também importante porque indica a direção do movimento da água subterrânea (1). A posição e a inclinação da superfície freática (ou da superfície potenciométrica de um aqüífero confinado) são determinadas medindo-se a posição do nível da água em poços em um ponto fixo (ponto de medição) (1). (Veja: Medição de “Níveis de Água e Taxas de Bombeamento”). Para usar estas medições para determinar a inclinação da superfície freática, a posição da superfície freática em cada poço deve ser determinada relativamente a um plano datum que seja comum a todos os poços. O datum mais comumente usado é o National Geodetic Vertical Datum de 1929 (também comumente referido como nível do mar) (1). Se a profundidade da água em um poço não-jorrante é subtraída da altitude do ponto de medição, o resultado é a carga total no poço. Carga total, como definida em fluidomecânica, é composta de carga de posição, carga de pressão e carga de velocidade. Devido a água subterrânea mover-se relativamente devagar, a carga de velocidade pode ser ignorada. Entretanto, a carga total em um poço de observação envolve só dois componentes: carga de posição e carga de pressão (1). Água subterrânea move-se no sentido do decréscimo da carga total, que pode ou não coincidir com o decréscimo da carga de pressão. A equação para a carga total (ht) é hr = z + hp onde z é a carga de posição e é a distância do datum ao ponto onde a carga de pressão hp é medida. Todos outros fatores sendo constante, a velocidade com que a água subterrânea movimenta-se depende do gradiente hidráulico. O gradiente hidráulico é a variação em carga por unidade de distância em uma dada direção. Se a direção não é especificada, entende-se como aquela na qual a máxima taxa de redução em carga ocorre. Se o movimento da água subterrânea é assumido ser no plano do esquema 1 – em outras palavras, se ela move-se do poço 1 ao 2 – o gradiente hidráulico pode ser calculado a partir da informação dada no desenho. O gradiente hidráulico é hl/L, onde hl a perda de carga entre os poços 1 e 2 e L é a distancia horizontal entre eles, ou: Quando o gradiente hidráulico é expresso em unidades consistentes, como no exemplo acima em que o numerador e o denominador estão em metros, quaisquer outras unidades consistentes de comprimento podem ser substituídas, sem mudarem o valor do gradiente. Então, um gradiente de 5 pés/780 pés é o mesmo que um gradiente de 5 m/780m. Também é relativamente comum expressar gradientes hidráulicos em unidades consistentes tais como metros por quilômetros ou pés por milha. O sentido do movimento da água subterrânea e o gradiente hidráulico, ambos, podem ser determinados se os seguintes dados estão disponíveis para três poços locados em um arranjo triangular qualquer, tal como mostrado no esquema 2: 1. A posição geográfica relativa dos poços; 2. A distância entre os poços; 3. A carga total de cada posto. Os passos para a solução estão resumidos a seguir e ilustrados no esquema 3: a. Identificar o poço que tem o nível de água intermediário (que é nem o mais alto nem o menor valor da carga hidráulica). b. Calcular a posição, entre o poço tendo maior carga e o poço tendo a menor carga; na qual a carga é a mesma que no poço intermediário. c. Desenhar uma linha reta entre o poço intermediário e o ponto identificado no passo b como sendo entre o poço tendo a maior carga e o tendo a menor carga. Esta linha representa um segmento da linha de nível de água em que a carga total é a mesma que no poço intermediário. d. Desenhar uma linha perpendicular à curva de nível da água determinada acima e passando ou pelo poço com maior carga ou pelo c com menor carga. Esta linha é paralela á direção do movimento da água subterrânea. e. Dividir a diferença entre a carga do poço e aquela da curva de nível da água pela distância entre o poço e a curva de nível. A resposta é o gradiente hidráulico. Condutividade Hidráulica Aqüíferos transmitem água das áreas de recarga para as áreas de descarga e funcionam como condutos porosos (ou dutos cheios de areia ou outro material transportador de água). Os fatores que controlam o movimento da subsuperfície foram primeiro expressos em forma da equação por Henry Darcy, um engenheiro francês, em 1856. A lei de Darcy é onde Q é a quantidade de água por unidade de tempo; K é a condutividade hidráulica e depende do tamanho e arranjo das aberturas transmissoras de água (poros) e das características dinâmicas do fluido (água) tais como viscosidade, cinemática, densidade e a intensidade do campo gravitacional; A é a área perpendicular à direção de fluxo; e dh/dl é o gradiente hidráulico 2. 2 onde o gradiente hidráulico é discutido como uma entidade independente como em “Cargas e Gradiente”, é mostrado simbolicamente como h/l. e é referido como perda de carga por distância unitária. Onde o gradiente hidráulico aparece como um dos fatores na equação, como na equação 1 é mostrado simbolicamente como dh/dl para ser consistente com a literatura sobre água subterrânea. O gradiente indica que a unidade de distância é reduzida a um valor tão pequeno quanto se possa imaginar, em acordo com os conceitos do cálculo diferencial. Devido a quantidade de água (Q) ser diretamente proporcional ao gradiente hidráulico (dh/dl), dizemos que o fluxo de água subterrânea é laminar – ou seja, partículas de água tendem a seguir linhas de fluxo definidas e não, misturar-se com partículas em linhas de fluxo adjacentes (1). (Veja “Água Subterrânea e Redes de Fluxo”). Se rearranjarmos a equação 1, resolvendo-a para K, obtemos: Assim, as unidades de condutividade hidráulica são aquelas de velocidade (ou distância dividida por tempo). É importante notar a partir da equação 2, entretanto, que os fatores envolvidos na definição da condutividade hidráulica incluem o volume de água (Q) que se moverá na unidade de tempo (comumente, um dia) sob a unidade de gradiente hidráulico (tal como um metro por metro) através de uma unidade de área (tal como um metro quadrado). Estes fatores são ilustrados no esquema 1. expressando a condutividade hidráulica em termos de uma unidade de gradiente, ao invés de um gradiente real em algum lugar no aqüífero, permite uma rápida comparação de valores de condutividade hidráulica para diferentes rochas. A condutividade hidráulica das rochas varia por 12 ordens de magnitude (2). Há muitos poucos parâmetros físicos cujos valores variam tão largamente. A condutividade hidráulica não só difere em diferentes tipos e rochas, mas podem também ser diferente de um local a outro na mesma rocha. Se a condutividade hidráulica é essencialmente a mesma em uma área, o aqüífero na área é dito homogêneo. Se, por outro lado, a condutividade hidráulica difere em diferentes partes da área, o aqüífero é dito ser heterogêneo. Condutividade hidráulica pode também ser diferente para diferentes direções em qualquer parte no aqüífero. Se a condutividade hidráulica é essencialmente a mesma em todas as direções, o aqüífero é dito isotrópico. Se for diferente para diferentes direções, o aqüífero é dito ser anisotrópico. Embora seja conveniente em muitas análises matemáticas do fluxo de água subterrânea assumir que aqüíferos são tanto homogêneos como isotrópicos, tais aqüíferos são raros, se existirem. A condição mais comumente encontrada, em muitas rochas, especialmente em depósitos inconsolidados e em rochas sedimentares horizontalizadas, para condutividade hidráulica é ser maior na condição horizontal que na vertical. Funções dos Sistemas de Águas Subterrâneas Os aqüíferos e as camadas confinantes que ocorrem em uma área qualquer compreendem o sistema de água subterrânea da área (1). Hidraulicamente, este sistema serve duas funções: armazena água ao limite de sua porosidade e transmite água das áreas de recarga para as de descarga. Assim, um sistema de água subterrânea serve tanto como reservatório como conduto. Com exceção das cavernas calcárias, fluxos de lava e cascalhos grosseiros, os sistemas de água são mais efetivos como reservatórios do que como condutos. Água entra nos sistemas de água subterrânea nas áreas de recarga e move-se através deles, em função dos gradientes hidráulicos e condutividades hidráulicas, para áreas de descarga (1). A identificação das áreas de recarga está tornando-se cada vez mais importante devido à expansão continua de áreas de superfície para fins de depósitos de refugos. Na parte úmida do país, a recarga ocorre em todas as áreas de interflúvios – ou seja, em todas as áreas exceto ao longo de rios e suas adjacentes planícies aluviais (1). As correntes e as planícies aluviais são, sob a maioria das condições, ares de descarga. Nas áreas mais secas (metade oeste) do interior dos Estados Unidos; as condições de recarga são mais complexas. A maioria da recarga ocorre nas cadeias montanhosas, nos leques aluviais que bordejam as cadeias montanhosas e ao longo de canis de rios maiores onde eles estão cobrindo espessos depósitos de material permeável aluvial. As velocidades de recarga são geralmente expressas em termos de volume (tal como metros cúbicos ou galões) por unidade de área (tal como quilometro quadrado, acre). Quando estas unidades são reduzidas à sua forma mais simples, o resultado é recarga, expressa com altura de água sobre a superfície da terra por unidade de tempo. Recarga varia de ano a não, dependendo da quantidade de precipitação, sua distribuição sazonal, temperatura do ar, uso da terra e outros fatores. Em relação ao uso da terra, as velocidades de recarga em florestas são muito maiores do que aquelas em cidades. As velocidades de recarga anuais variam em diferentes partes do país, de essencialmente zero nas áreas desérticas até ao redor de 6000 mm/ano (1600 m3 km2 d1 ) em áreas rurais em Long Island e em outras áreas rurais do Leste que locais de ocorrência de solos muito permeáveis. A velocidade de movimento da água subterrânea das áreas de recarga para as de descarga depende das condutividades hidráulicas dos aqüíferos e camadas confinantes, se a água move-se descendentemente a outros aqüíferos e dos gradientes hidráulicos, (veja “Velocidade da água Subterrânea”). Um modo conveniente de mostrar a velocidade é em termos do tempo requerido para a água subterrânea mover-se das diversas partes da área de recarga à área de descarga mais próxima. O tempo varia de poucos dias na zona adjacente a área de descarga a milhares de anos (milênios) para água subterrânea que se move das partes centrais de algumas áreas de recarga através das partes mais profundas do sistema de água subterrânea (1). A descarga natural dos sistemas de água subterrânea influi não só no fluxo de fontes, na percolação da água a canais fluviais ou terras alagadas, mas também na evaporação da parte superior da franja capilar, onde ela ocorre até a profundidade em torno de um metro. Grandes quantidades de água são também retiradas das franjas capilares e da zona de saturação pelas plantas durante a estação de crescimento. Assim, áreas de descarga incluem não só canais das correntes perenes, mas também a adjacente planície aluvial e outras áreas baixas. Uma das mais significantes diferenças entre áreas de recarga e descarga é que a extensão em área das regiões de descarga é invariavelmente muito menor que as de recarga. Esta diferença de tamanho mostra, como se poderia esperar, que áreas de descarga são mais “eficientes” do que as de recarga. Recarga envolve movimento de água na zona não-saturada na direção vertical; em outras palavras, movimento na direção na qual a condutividade hidráulica é geralmente menor. Descarga, por outro lado, envolve movimento saturado, muito do qual na direção horizontal – isto é, na direção da condutividade hidráulica maior. Outro importante aspecto da recarga e descarga envolve sincronização. Recarga ocorre durante e imediatamente após períodos de precipitação e pois intermitentes (2). Descarga, por outro lado, é um processo contínuo enquanto as cargas hidráulicas da água subterrânea estão acima do nível no qual a descarga ocorre. Entretanto, entre períodos de recarga, os níveis da água subterrânea decrescem e a velocidade da descarga também decresce. A maioria da recarga dos sistemas de água subterrânea ocorre durante o fim do outono, inverno e começo da primavera, quando as plantas estão dormentes e as velocidades de evaporação são pequenas. Estes aspectos da recarga e descarga são visíveis em gráficos que mostrem a flutuação do nível de água em poços de observação, tal como o mostrado no esquema 2. A falta ocasional de correlação especialmente no verão, entre precipitação e a subida do nível da água é devida parcialmente à distância de 20 km entre a estação meteorológica e o poço. Capilaridade e Fluxo Insaturado A maioria da recarga dos sistemas de água subterrânea ocorre durante a percolação da água através da zona insaturada. O movimento da água na zona insaturada é controlado tanto pela força gravitacional como pela capilar. Capilaridade resulta de duas forças: a atração mútua (coesão) entre as moléculas de água e a atração molecular (adesão) entre água e diferentes materiais sólidos. Como conseqüência destas forças, água subirá em tubos de vidro de pequeno diâmetro até uma altura hc acima do nível da água no recipiente maior. A maioria dos poros nos matérias granulares é de tamanho capilar e, como resultado, água é puxada para cima formando uma franja capilar acima da superfície freática do mesmo modo que a água seria puxada par cima em uma coluna de areia cuja base está imersa em água (2). ALTURA APROXIMADA DE SUBIDA CAPILAR (HC) EM MATERIAIS GRANULARES Material Subida (mm) Areia: Grossa 125 Média 250 Fina 400 Silte 1000 Fluxo estacionário de água na zona insaturada pode ser determinado a partir de uma lei de Darcy modificada. Estacionário neste contexto refere-se a uma condição na qual o conteúdo de umidade permanece constante, como seria, por exemplo, sob uma lagoa de rejeito cujo fundo está separado da superfície freática por uma zona insaturada. Fluxo insaturado estacionário (Q) é proporcional à condutividade hidráulica efetiva (Ke), a área perpendicular ao fluxo (A) e aos gradientes oriundos tanto das forças gravitacionais como das capilares. Assim, onde Q é a quantidade de água, Ke é a condutividade hidráulica sob o grau de saturação existente na zona insaturada, hc – z/z é o gradiente devido às forças capilares (tensão superficial) e dh/l é o gradiente devido à gravidade. O sinal mais ou menos relaciona-se ao sentido do movimento – mais para descendente e menos para ascendente. Para o movimento na direção vertical, acima ou abaixo, o gradiente devido à gravidade é 1/1, ou 1. Para movimento lateral (horizontal) na zona insaturada, o termo para gradiente gravitacional pode ser eliminado. O gradiente capilar ao mesmo tempo depende do comprimento da coluna de água (z) suportada por capilaridade em relação a máxima possível altura da subida capilar (hc) (2). Por exemplo, se a base da coluna de areia é subitamente submergida em água, o gradiente capilar tem seu máximo e a velocidade de subida da água é mais rápida. A mediada que a frente de umidade avança coluna acima, o gradiente capilar decresce e a velocidade de subida diminui (2). O gradiente capilar pode ser determinado por medições, tensiômetro, das pressões hidráulicas. Para determinar o gradiente é necessário medir a pressão negativa (hp) em dois níveis na zona insaturada, como no esquema 3. A equação para a carga total (ht) é ht = z + h p (2) onde z é a elevação do tensiômetro. Substituindo valores nesta equação pelos do tensiômetro nº 1 obtemos ht = 32 + (-1) = 31 m A carga total no tensiômetro nº 2 é de 26 m. A distancia vertical entre os tensiômetros é de 32 m menos 28 m, ou 4 m. Devido a que o gradiente combinada, gravitacional e hidráulico, é igual as perdas de cargas divididas pela distancia entre os tensiômetros, o gradiente é: Este gradiente inclui tanto o gradiente gravitacional (dh/dl) como o gradiente capilar ([hc – z] / z). Devido a carga no tensiômetro nº 1 exceder a do tensiômetro nº 2, sabemso que o fluxo é verticalmente descendente e que o gradiente garvitacional é 1/1, ou 1. Entretanto o gradiente capilar é 0,25 m/m (= 1,25 – 1,00). A condutividade hidráulica efetiva (Ke) é a condutividade hidráulica do material que não está completamente saturado. È menor que a condutividade hidráulica (saturada) (Ks) para o mesmo material. O esquema 4 mostra a relação entre o grau de saturação e a razão entre as condutividades hidráulicas saturada e insaturada para areia grossa. A condutividade hidráulica (Ks) da areia grossa é em torno de 60 m/d. Estratificação e Fluxo Insaturado A maioria dos sedimentos é depositada em camadas que têm entre si diferentes tamanhos de grão, seleção ou composições minerais. Onde camadas adjacentes diferem em uma destas características ou mais, o depósito é dito ser estratificado e sua estrutura acamada é referida como estratificação. As camadas de um depósito estratificado comumente diferem uma da outra tanto em tamanho de grão como em seleção e, consequentemente, diferem uma da outra em condutividade hidráulica. Estas diferenças em condutividade hidráulica afetam significativamente tanto a percolação de água através da zona insaturada quanto o movimento da água subterrânea. Na maioria das áreas a zona insaturada é composta de camadas horizontal ou quase. O movimento da água, por outro lado, é predominantemente na direção vertical. Em muitos problemas de água subterrânea, especialmente naqueles relacionados a deposição de poluentes em superfície, o efeito da estratificação do movimento de fluidos através da zona insaturada é de grande importância. A maneira na qual a água se move através da zona insaturada tem sido estudada usando-se modelos contendo bolas de vidros. Um modelo (1) com bolas de um só tamanho representando um depósito não-estratificado e outro (2), consistindo de cinco camadas, três das quais contêm grãos mais finos e mais impermeáveis do que as outras duas. As dimensões dos modelos são de 1,5 m x 1,2 m x 76 mm. No modelo não estratificado a água foi introduzida no topo, movendo-se na vertical descendentemente através de uma zona de constante largura ao fundo do modelo (1). No modelo estratificado, camadas A, C e E consistem de bolas tamanho silte (diâmetros de 0,036 mm) tendo uma altura capilar (hc) em torno de 1.000 mm e uma condutividade hidráulica (K) de 0,8 m/d. Camadas B e D consistem de bolas tamanho areia médio (diâmetro de 0,47 mm) tendo uma altura capilar cerca de 250 mm e uma condutividade hidráulica de 82 m/d. Devido a forte força capilar e a baixa condutividade hidráulica na camada A, a água espalha-se lateralmente a quase a mesma velocidade da vertical e não entra na camada B antes de 9 horas após o começo do experimento. Então a saturação capilar na camada A atinge um nível em que a tensão capilar insatisfeita (restante) na camada A é a mesma que na camada B. Em outras palavras, z na camada A neste tempo será de 1.000 mm – 250 mm, ou 750 mm (Para uma definição de z, veja “Capilaridade e fluxo Insaturado”). Devido a condutividade hidráulica na camada B ser 100 vezes aquela da camada A, a água move-se através da camada B por zonas verticais estreitas. Podemos adivinhar que as bolas de vidro nestas zonas foram depositadas algo mais soltas que em outras partes das camadas. Fluxo Saturado e Dispersão Na zona saturada todas as aberturas inter-conectadas estão cheias de água e a água move-se através destas aberturas na direção controlada pelo gradiente hidráulico. O movimento na zona saturada pode ser tanto laminar como turbulento. No fluxo laminar, as partículas de água movem-se de modo ordenado ao longo das linhas de fluxo. No fluxo turbulento as partículas de água movem-se de modo desordenado, altamente irregular, o que resulta numa completa mistura das partículas. Sob gradientes hidráulicos naturais, fluxo turbulento ocorre só em grandes aberturas tais como aquelas em cascalho, corridas de lava e cavernas de calcário. Fluxos são laminares na maioria dos depósitos granulares e em rochas fraturadas. No fluxo laminar em meio granular, as diferentes linhas de fluxo convergem em estreitos gargalos entre as partículas e divergem nos maiores interstícios (1). Assim, há alguma interdigitação das linhas de fluxo que resulta em dispersão transversal – ou seja, dispersão a ângulos retos em relação a direção do fluxo da água subterrânea. Também, diferenças na velocidade resultam da fricção entre a água e as partículas de rocha. A menor velocidade do movimento ocorre adjacente às partículas e a mais rápida velocidade ocorre no centro dos poros. A dispersão resultante é longitudinal – ou seja, na direção do fluxo. Danel (1953) descobriu que um corante injetado em um ponto em um meio granular homogêneo e isotrópico dispersa lateralmente na forma de um cone de cerca de 6º de abertura (2). Ele também descobriu que a concentração do corante no plano a uma certa distância do ponto de injeção é uma curva tipo sino similar a curva de probabilidade normal. Devido à dispersão, longitudinal e transversal, a concentração de pico decresce na direção do fluxo. O efeito da dispersão longitudinal pode também ser observado a partir da mudança de concentração da substância (C) à jusante do ponto no qual a substancia está sendo injetada constantemente a uma concentração Co. A concentração lentamente sobe a principio na medida em que as “mais rápidas” linhas de fluxo chegam e após sobe rapidamente até a concentração atingir cerca de 0,7 Co, neste ponto a velocidade de aumento da concentração começa a decrescer (3). Dispersão é importante no estudo da poluição de água subterrânea. Entretanto, é difícil medir no campo pois a velocidade e o sentido do movimento dos rejeitos são também afetados pela estratificação, troca iônica, filtração e outras condições e processos. Estratificação e diferenças espaciais na litologia e outras características dos aqüíferos e camadas confinantes em verdade resultam em muito maior dispersão longitudinal e lateral do que a medida por Danel para um meio isotrópico e homogêneo. Movimento da Água Subterrânea e Topografia É desejável, quando possível, determinar a posição da superfície freática e o sentido do fluxo da água subterrânea. Para tal, é necessário determinar a altitude, ou a altura acima do datum, do nível da água nos poços. Entretanto, em muitas áreas, conclusões gerais, mas muito valiosas sobre o sentido do movimento da água subterrânea podem ser derivadas de observações da superfície topográfica. Gravidade é a força dominante no movimento da água subterrânea. Sob condições naturais, a água subterrânea move-se “ladeira abaixo” até que, no curso do fluxo, atinja a superfície topográfica como uma fonte ou através de descarga ao longo das margens ou fundos de um canal fluvial ou um estuário. Assim, a água subterrânea na parte mais baixa da zona saturada move-se das áreas dos divisores de bacia para os rios ou a costa. Se ignorarmos as irregularidades topográficas menores, descobriremos que a inclinaçao da topografia é também para os rios e a costa. A profundidade da superfície freática é maior ao longo do divisor entre os rios do que sob a planície aluvial. Efetivamente, a superfície freática é usualmente uma réplica atenuada da superfície topográfica. Em áreas onde a água subsuperfície é usada para usos domésticos e outras necessidades que requeiram água de boa qualidade, fossas sépticas, aterros sanitários, lagoas de decantação e outros locais de depósito de rejeitos não devem ser locados a montante dos poços de suprimento. A superfície potenciométrica dos aqüíferos confinados, como a superfície freática, também mergulha das áreas de recarga para as de descarga. Aqüíferos confinados rasos, que são relativamente comuns na Planície Costeira Atlântica, compartilham tanto áreas de descarga como recarga com os aqüíferos não-confinados superficiais. Este compartilhamento pode não ser o caso dos aqüíferos confinados mais profundos. As principais áreas de recarga para estes estão provavelmente nas áreas de afloramento próximas a borda da Planície Costeira e suas áreas de descarga são provavelmente próximas as cabeceiras dos estuários junto aos rios maiores. Então, o movimento da água através destes aqüíferos é em geral na direção de oeste para leste, onde não houve modificação por bombeamentos. No oeste do interior dos Estados Unidos e especialmente na região das bacias aluviais as condições são mais variáveis do que aquelas descritas acima. Nesta área, rios fluindo das cadeias montanhosas às planícies aluviais perdem água aos depósitos aluviais; assim, água subterrânea na parte superior da zona saturada flui vale abaixo e afastando-se dos rios. Água subterrânea esta normalmente escondida; como conseqüência, muitas pessoas têm dificuldade em visualizar sua ocorrência e movimento. Esta dificuldade afeta adversamente a habilidade de entender e de lidar efetivamente com os problemas de água subterrânea. Isto pode ser resolvido através do uso de redes de fluxo, que são um dos mais efetivos meios até agora imaginados para ilustrar as condições nos sistemas de água subterrânea. Redes de Fluxo de Água Subterrânea Redes de fluxo consistem de dois conjuntos de linhas. Um conjunto, referido como linhas equipotenciais, conectam pontos de igual carga e representam a altura da superfície freática, ou a superfície potenciométrica de um aqüífero confinado, acima de um datum. O segundo conjunto, referido como linhas de fluxo, mostram os trajetos idealizados seguidos pelas partículas de água, como elas se movem através do aqüífero. Devido a água subterrânea mover-se no sentido do gradiente hidráulico mais inclinado, linhas de fluxo em aqüíferos isotrópicos são perpendiculares as linhas equipotenciais – ou seja, linhas de fluxo cortam as linhas equipotenciais em ângulos retos. Há um infinito numero de linhas equipotenciais e linhas de fluxo em um aqüífero. Entretanto, para propósitos de analise de rede de fluxo, só umas poucas deste conjunto necessitam ser desenhadas. Linhas equipotenciais são desenhadas de modo que a queda de carga seja a mesma entre pares de linhas adjacentes. Linhas de fluxo são desenhadas de modo que o fluxo seja igualmente dividido entre pares adjacentes de linhas e assim, junto com linhas equipotenciais, elas formam uma série de “quadrados”. Redes de fluxo não só mostram o sentido do movimento, mas também, se são desenhadas com cuidado, podem ser usadas para estimar a quantidade de água em trânsito através de um aqüífero. Segundo a lei de Darcy, o fluxo através de um “quadrado” é e o fluxo total através de qualquer conjunto ou grupo de “quadrados” é onde K é a condutividade hidráulica, b é a espessura do aqüífero no ponto médio entre as linhas equipotenciais, w é a distância entre linhas de fluxo, dh é a diferença em carga entre linhas equipotenciais, dl é a distância entre linhas equipotenciais e n é o número de quadrados através dos quais o fluxo ocorre. Desenhos 1 e 2 mostram uma rede de fluxo tanto em planta como em corte para uma área contendo um aqüífero não-confinado constituído de areia. A areia esta acima de uma camada confinante horizontal, cujo topo está até 3 m acima do datum. O fato que algumas linhas de fluxo originam-se na área na qual as cargas excedem 13 m indica a presença de recarga ao aqüífero nesta área. As posições relativas da superfície topográfica e da superfície freática no esquema 2 sugere que a recarga ocorre através da área, exceto ao longo dos vales dos rios. Esta sugestão é confirmada pelo fato que linhas de fluxo também originam-se em áreas onde cargas são menos que 13 m. Como mostram os esquemas 1 e 2, linhas de fluxo originam-se nas áreas de recarga e terminam nas áreas de descarga. Curvas fechadas (linhas equipotenciais) indicavam áreas de recarga centrais mas não indicam normalmente os limites das áreas. Em corte no esquema 2, as cargas decrescem à montante na área de descarga. Conseqüentemente, quanto mais fundo um poço é furado na área de recarga, mais baixo será o nível da água no poço em relação a superfície topográfica. O reverso é verdadeiro nas áreas de descarga. Assim, em área de descarga, se um poço é furado suficientemente profundo em um aqüífero não-confinado, o poço pode fluir acima da superfície topográfica. Conseqüentemente, um poço jorrante não necessariamente indica condições artesanais. Desenhos 3 e 4 mostram linhas de fluxo na vizinhança de uma corrente que recebe água nas suas cabeceiras e perde água ao fluir a jusante. Nas porções em que ganha água, as linhas equipotenciais formam um V apontando para montante; na região de perda, elas formam um V apontando para jusante. Movimento da Água Subterrânea e Estratificação Aproximadamente todos os sistemas de água subterrânea incluem ambos: aqüífero e camadas confinantes. Assim, o movimento de água subterrânea através destes sistemas envolve fluxo não só através dos aqüíferos mas também através das camadas confinantes (1). As condutividades hidráulicas dos aqüíferos são dezenas a milhares de vezes aquelas das camadas confinantes. Assim, aqüíferos oferecem a menor resistência ao fluxo, o resulta sendo que, para uma dada velocidade de fluxo, a perda de carga por unidade de distância ao longo de uma linha de fluxo é dezenas a milhares de vezes menor em aqüíferos do que em confinantes. Conseqüentemente, fluxo lateral nas confinantes é usualmente negligível e linhas de fluxo tendem a concentrar-se nos aqüíferos e ser paralelas aos limites dos aqüíferos (2). Diferenças nas condutividades hidráulicas dos aqüíferos e confinantes causam a refração ou quebra das linhas de fluxo nos limites. Como as linhas de fluxo movem-se de aqüíferos às confinantes, elas são refratadas em direção perpendicular ao limite. Em outras palavras, elas são refratadas na direção que produz o menor trajeto de fluxo na camada confinante. À medida que as linhas de fluxo emergem da camada confinante, elas são refratadas de volta aproximando-se da direção paralela ao limite (1). Os ângulos de refração (e o espaçamento entre as linhas de fluxo em aqüíferos e camadas confinantes adjacentes) são proporcionais as diferenças em condutividade hidráulica (K) (3) tal que Em vista de corte, a superfície freática é uma linha de fluxo. Ela representa uma superfície de limite para o sistema de água subterrânea; assim, no desenvolvimento de muitas equações de fluxo de água subterrânea é assumido ser ela coincidente com uma linha de fluxo. Entretanto, durante períodos quando a recarga está chegando ao topo da franja capilar, a superfície freática é também o ponto de origem das linhas de fluxo (1). O movimento da água através dos sistemas de água subterrânea é controlado pela condutividade hidráulica horizontal e vertical e pela espessura dos aqüíferos e confinantes e os gradientes hidráulicos. A diferença máxima em carga existe entre as partes centrais das áreas de recarga e áreas de descarga. Devido à relativamente grande perda de carga que ocorre, à medida que a água move-se através das camadas confinantes, a circulação de água subterrânea mais vigorosa ocorre normalmente através dos aqüíferos mais rasos. O movimento torna-se mais e mais letárgico à medida que a profundidade aumenta. As mais importantes exceções à situação geral descrita no parágrafo precedente são aqueles sistemas nos quais um ou mais dos aqüíferos mais profundos têm transmissividades significativamente maiores do que aquelas dos aqüíferos superficiais e outros. Assim, no leste da Carolina do Norte, o Carbonato Castle Hayne, que ocorre em profundidade variando de cerca de 10 m a cerca de 75 m sob a superfície topográfica, é o aqüífero dominante devido a sua transmissividade muito grande, embora seja sobreposto na maioria da área por um ou mais permeáveis aqüíferos. Velocidade da Água Subterrânea A velocidade de movimento da água subterrânea é importante em muitos problemas, particularmente naqueles relacionados à poluição. Por exemplo, se uma substância danosa é introduzida em um aqüífero à montante de um poço de suprimento, é urgente estimar quando tal substancia tingira o poço. A velocidade de movimento da água subterrânea é grandemente superestimada por muita gente, incluindo aqueles que pensam em termos de água subterrânea movendo-se através de “veios” e rios subterrâneos a velocidade comumente observada em correntes superficiais. Seria apropriado comparar a velocidade de movimento da água subterrânea no movimento da água no meio de um lago muito grande sendo drenado por um pequeno rio. A equação da velocidade da água subterrânea pode ser derivada da combinação da lei de Darcy e a equação da velocidade da hidráulica. onde Q é a razão do fluxo ou volume por unidade de tempo, K é a condutividade hidráulica, A é a área perpendicular à direção d fluxo, através da qual ocorre, dh/dl é o gradiente hidráulico e v é a velocidade de Darcy, que é a velocidade média de toda área por onde passa o fluxo. Combinado estas equações, obtém-se Devido esta equação conter termos só para condutividade hidráulica e gradiente ela não está completa como expressão da velocidade da água subterrânea. O termo faltante é a porosidade (n) pois, como sabemos, a água move-se através de aberturas numa rocha. Adicionando porosidade, obtemos 1. Aqüífero composto de areia grossa 2. Camada confinante composta de argila As velocidades calculadas com a equação 1 são, no mínimo, valores médios. Onde há poluição da água subterrânea as maiores velocidades de movimento podem ser muitas vezes maior que a velocidade média. Também, as velocidades de movimento em cavernas de calcário, tubos de lava e grandes fraturas em rocha podem aproximar aquelas observadas em correntes superficiais. Ainda mais, o movimento de aqüíferos não-confinados não está limitado à zona abaixo da superfície freática ou à zona saturada. Água na franja capilar está sujeita ao mesmo gradiente hidráulico que existe na superfície freática; água na franja capilar move-se, assim, no mesmo sentido que a água subterrânea. Como o esquema mostra, a velocidade do movimento lateral na franja capilar decresce no sentido vertical ascendente e torna-se zero o topo da franja. Esta consideração é importante onde aqüíferos não-confinados estão poluídos com gasolina e outras substâncias menos densas que a água. Transmissividade A capacidade de um aqüífero em transmitir água com a viscosidade cinemática predominante é referida como transmissividade. A transmissividade (T) de um aqüífero é igual à condutividade hidráulica do aqüífero multiplicada pela espessura saturada do aqüífero. Assim, onde T é transmissividade, K é a condutividade hidráulica e b é a espessura do aqüífero. Como no caso da condutividade hidráulica, a transmissividade é também definida em termos de um gradiente hidráulico unitário. Se a equação 1 é combinada com a lei de Darcy (veja “Condutividade Hidráulica”), o resultado é uma equação que pode ser usada para calcular a quantidade de água (q) movendo-se através de uma unidade de largura (w) de um aqüífero. A lei de Darcy é Expressando a área (A) como bw, obtemos Após, expressando a transmissividade (T) como Kb, obtemos Modificando a equação 2 para determinar a quantidade de água (Q) movendo-se através de uma grande largura (W) de um aqüífero é ou, se é reconhecido T, aplica-se a uma unidade de largura (w) de um aqüífero, a equação pode ser posta mais simplesmente como Se a equação 3 for aplicada ao esquema 1, a quantidade de água fluindo no lado direito da figura pode ser calculada usando-se valores aí mostrados, como segue: A equação 3 é também usada para calcular a transmissividade onde a quantidade de água (Q) descarregando de uma certa largura de aqüífero pode ser determinada como, por exemplo, com as medidas de vazão em rios. Rearranjando os termos obtemos As unidades de transmissividade, como a equação precedente demonstra, são O esquema 2 ilustra a situação hidrológica que permite calcular a transmissividade através do suo da vazão do rio. O cálculo pode ser feito só durante a estação seca (fluxo de base), quando toda a água do rio é derivada da descarga da água subterrânea. Para o propósito deste exemplo, os seguintes valores são assumidos: Média diária do fluxo na estação A: ................................................................. 2,485 m3/s Média diária do fluxo na estação B: ................................................................. 3,355 m3/s Aumento do fluxo devido descarga de água subterrânea: ................................ 0,130 m3/s Descarga diária total ao rio: ........................................................................... 11.232 m3/d Descarga da metade do aqüífero (um lado do rio): .......................................... 5.616 m3/d Distância (x) entre estações A e B: ....................................................................... 5.000 m Espessura média de aqüífero (b): .............................................................................. 50 m Inclinaçao média da superfície freática (dh/dl) determinada a partir de medidas nos poços de observação: ..................................................................................... 1 m/2.000 m Pela equação 4, A condutividade hidráulica é determinada a partir da equação 1 como segue: Como a transmissividade depende tanto de K como de b, seu valor difere para diferentes aqüíferos e de ponto a ponto no mesmo aqüífero. Valores estimados de transmissividade para os principais aqüíferos em diferentes partes do país variam de 1 m2/d para algumas rochas ígneas e sedimentares fraturadas, até 100.000 m2/d para carbonatos e corridas de lava. Finalmente, transmissividade substitui o termo “coeficiente de transmissividade” porque, por convenção um aqüífero é transmissivo e a água nele é transmissível. Coeficiente de Armazenamento As habilidades (capacidades) dos materiais recebedores de água em armazenar e transmitir água são suas mais importantes propriedades hidráulicas. Dependendo do uso pretendido da informação, estas propriedades são dadas tanto em termos de um cubo unitário do material ou em termos de um prisma unitário do aqüífero. Propriedade Cubo unitário Prisma unitário Capacidade transmissiva Condutividade hidráulica (K) Transmissividade (T) Armazenagem disponível Produção especifica (Sy) Coeficiente de armazenamento (S) O coeficiente de armazenamento (S) é definido como o volume de água que um aqüífero libera ou toma em armazenamento por unidade de área superficial do aqüífero por unidade de variação em carga. O coeficiente de armazenamento é adimensional, como a seguinte equação mostra, na qual as unidades do numerador e do denominador cancelam-se: O valor do coeficiente de armazenamento depende se o aqüífero é confinado ou não (1). Se o aqüífero é confinado, a água liberada do armazenamento quando a carga declina vem da expansão da água e da compressão do aqüífero. Em relação a um aqüífero confinado, a expansão de um dado volume de água em resposta ao declínio da pressão é muito pequeno. Num aqüífero confinado com porosidade de 0,2 e com água a temperatura de cerca de 15 ºC, apenas a expansão da água libera cerca de 3 x 10 –7 m3 de água por metro cúbico de aqüífero por metro de declínio de carga. Para determinar o coeficiente de armazenamento de um aqüífero em função da expansão da água, é necessário multiplicar a espessura do aqüífero por 3 x 10 –7. Assim, se apenas a expansão da água é considerada, o coeficiente de armazenamento de um aqüífero de 100 m de espessura seria 3 x 10 –5 . O coeficiente de armazenamento da maioria dos aqüíferos confinados varia entre 10 -5 a 10-3 (0,000.01 a 0,001). A diferença entre estes valores e o valor devido à expansão da água é atribuída à compressão do aqüífero. O esquema 2 ajudará no entendimento deste fenômeno. Mostra uma visão microscópica do contato entre um aqüífero e a camada confinante sobreposta. A carga total sobre o topo do aqüífero é suportada parcialmente pelo esqueleto sólido do aqüífero e parte pela pressão hidráulica exercida pela água no aqüífero. Quando a pressão da água diminui, mais carga tem que ser suportada pelo esqueleto sólido. Como resultado, as partículas de rocha são deformadas e o espaço poroso é reduzido. A água exprimida dos poros quando seus volumes são reduzidos representa a parte do coeficiente de armazenamento devido a compressão do aqüífero. Se o aqüífero é não-confinado, a origem predominante da água é a drenagem gravitacional dos sedimentos através do que o declínio da superfície freática ocorre. Em um aqüífero não-confinado o volume de água derivada da expansão da água e compressão do aqüífero é negligível. Assim, em um tal aqüífero, o coeficiente de armazenamento é virtualmente igual a produção especifica e varia de cerca de 0,1 a até cerca de 0,3. Devido a diferença em origem do armazenamento, o coeficiente de armazenamento do aqüífero não-confinado é de 100 a 10.000 vezes o coeficiente de armazenamento de aqüíferos confinados (1). Entretanto, se os níveis de água na área são reduzidos ao ponto em que um aqüífero muda de condição confinada a não-confinada, o coeficiente de armazenamento do aqüífero imediatamente aumenta desde aquele valor do aqüífero confinado para o do aqüífero não-confinado. Rebaixamentos de longo prazo de água em muitos aqüíferos confinados resultaram em drenagem da água tanto das camadas de argila dentro do aqüífero como das camadas confinantes adjacentes. Esta drenagem aumenta a carga no esqueleto sólido e resulta na compressão do aqüífero e subsidência da superfície topográfica. Subsidência da superfície topográfica causada por drenagem das camadas argilosas ocorreu no Arizona, Califórnia, Texas e outras áreas. As fontes potenciais de água em um sistema de água subterrânea a duas unidades consiste de uma camada confinante e um aqüífero confinado, como mostrado no esquema 3. O esquema é baseado na presunção que a água é removida em dois estágios separados – o primeiro enquanto a superfície potenciométrica é rebaixada ao topo do aqüífero e o segundo, pela dessaturação do aqüífero. As diferenças em coeficientes de armazenamento de aqüíferos não-confinados e confinados são de grande importância na determinação da resposta dos aqüíferos a tensões tais como rebaixamentos através de poços (veja “Projeto de Campos de Poços”). Cone de Depressão Tanto poços com nascentes servem como fontes de suprimento de água subterrânea. Entretanto, a maioria das nascentes que tenham vazões suficientemente grandes para satisfazer necessidades municipais, industriais ou grandes demandas agrícolas e comerciais somente ocorrem em áreas de ocorrência de calcários cavernosos e corridas de lava. Entretanto, a maioria das demandas em água subterrânea são satisfeitas se retiradas a partir de poços. A resposta de aqüíferos às retiradas dos poços é um tópico importante em hidrologia das águas subterrâneas. Quando extrações começam, o nível da água começa a descer a medida que a água é removida do armazenamento através do poço. A carga no poço cai abaixo do nível daquele aqüífero. Como resultado, a água começa a moverse do aqüífero ao poço. Com a continuidade do bombeamento, o nível da água no poço continua a cair e a velocidade do fluxo ao poço do aqüífero continua a aumentar até que a vazão de entrada iguala a descarga. O movimento da água do aqüífero ao poço resulta na formação de um cone de depressão (1) (2). Como a água deve convergir ao poço de todas as direções e como a área através da qual o fluxo ocorre decresce na direção do poço, o gradiente hidráulico deve tornar-se mais intenso na direção do poço. Muitas diferenças importantes existem entre os cones de depressão em aqüíferos não-confinados e confinados. Rebaixamentos em aqüíferos não-confinados resulta na drenagem da água das rochas através do que a superfície freática decresce enquanto o cone de depressão se forma (1). Como o coeficiente de armazenamento de um aqüífero não-confinado iguala a produção especifica do material aqüífero, o cone de depressão expande-se muito lentamente. Por outro lado, a dessaturação do aqüífero resulta em um decréscimo na transmissividade, o que causa, por sua vez, um aumento no rebaixamento tanto no poço como no aqüífero. Retiradas em um aqüífero confinado causam uma diminuição na pressão artesiana, mas não (normalmente) causam dessaturação do aqüífero (2). A retirada de água de um aqüífero confinado é derivada da expansão da água e compressão do esqueleto da rocha do aqüífero (veja “Coeficiente de Armazenamento”). O coeficiente de armazenamento muito pequeno de aqüíferos confinados resulta numa muito rápida expansão do cone de depressão. Consequentemente a interferência mútua dos cones em expansão em torno de poços adjacentes ocorre mais rapidamente em aqüíferos confinados do que em não-confinados. Cones de depressão causados por grandes retiradas de aqüíferos confinados extensos podem afetar áreas muito grandes. O esquema 3 mostra cones de depressão superpostos que existiam em 1981 em um aqüífero confinado extenso composto de areias inconsolidadas, argila e silte intercamadados de idade Cretácea na parte central da Atlatic Coastal Plain. Os cones de depressão são causados por retiradas de cerca de 277.000 m3/d de campos de poços em Virginia e North Carolina (veja “Fonte de Água dos Poços”). Fonte de Água dos Poços Tanto em desenvolvimento econômico como o efetivo manejo de qualquer sistema de água subterrânea requerem um entendimento da resposta do sistema de retirada de poços. A primeira descrição concisa dos princípios hidrológicos envolvidos nesta resposta foi apresentada por C.V. Theis em um artigo publicado em 1940. Theis assinalou que a resposta de um aqüífero a retiradas dos poços depende: 1) Da velocidade de expansão do cone de depressão causada pelas retiradas, que depende da transmissividade e do coeficiente de armazenamento do aqüífero. 2) Da distância a áreas em que a taxa de descarga do aqüífero pode ser reduzida. 3) Da distância a áreas de recarga em que a taxa de recarga pode ser aumentada. Em um período suficientemente longo sob condições naturais – ou seja, antes do começo das retiradas – a descarga de cada sistema de água subterrânea iguala a recarga (1). Em outras palavras, descarga natural (D) = recarga natural (R) No leste dos Estados Unidos e em regiões mais úmidas do oeste, a quantidade e distribuição da precipitação são tais que o período de tempo através do qual a descarga e recarga balançam-se pode ser menos que um ano ou, ao máximo, uns poucos anos. Nas regiões mais secas do país – ou seja, em áreas que geralmente recebem menos que cerca de 500 mm de precipitação anualmente – o período através do qual a descarga e recarga balançam-se pode ser de vários anos ou mesmo séculos. Em períodos mais curtos, diferenças entre descarga e recarga envolve mudança em armazenamento de água subterrânea. Em outras palavras, quando descarga excede recarga o armazenamento de água subterrânea (S) é reduzido por uma quantia∆S igual a diferença entre descarga e recarga. Assim, D = R + ∆S Inversamente, quando recarga excede descarga o armazenamento de água subterrânea é aumentado. Assim, D = R - ∆S Quando a retirada através de um poço começa, a água é removida do armazenamento na vizinhança enquanto o cone de depressão desenvolve-se (2). Assim, a retirada (Q) é balanceada pela redução do armazenamento de água subterrânea. Em outras palavras, Q = ∆S A medida que o cone de depressão expande-se centrifugamente a partir do poço bombeado, pode atingir uma área onde a água está descarregando de um aqüífero. O gradiente hidráulico será reduzido em direção a área de descarga e a velocidade de descarga natural decrescerá (3). Até quando o decréscimo de descarga natural compensa o bombeamento, a taxa com que a água esta sendo removida do armazenamento também irá decrescer. Se e quando a redução da descarga natural iguala a taxa retirada (Q), um novo balanço será estabelecido no aqüífero. Este balanço em forma simbólica é (D - ∆D) + Q = R Inversamente, se o cone de depressão expande-se na área de recarga ao invés de na descarga, o gradiente hidráulico entre a área de recarga e o poço em bombeamento será aumentado. Se, sob condições naturais mais água está disponível na área de recarga do que o aqüífero pode aceitar (a condição que Theis referiu-se como recarga rejeitada), o aumento no gradiente afastando-se da área de recarga permitirá ocorrer mais recarga e a velocidade de crescimento do cone de depressão irá aumentar. Se e quando o aumento em recarga (∆R) iguala a taxa de retirada (Q) um novo balanço será estabelecido no aqüífero e a expansão do cone de depressão cessará. O novo balanço é simbolicamente D + Q = R + ∆R No leste dos Estados Unidos rios alimentados por aqüíferos são comuns e áreas em que a descarga ocorre são relativamente sem importância. Nesta região, o crescimento de cones de depressão primeiro causa comumente uma redução da descarga natural. Se os poços de bombeamento estão próximos a um rio ou se as retiradas são continuadas por longos períodos, a descarga de água subterrânea ao rio pode ser interrompida inteiramente na vizinhança dos poços e água pode ser induzida a mover-se do rio para o aqüífero (4). Em outras palavras, a tendência nesta região é para retiradas modificarem as áreas de descarga em áreas de recarga. Esta consideração é importante onde os rios contêm águas poluídas ou onde o fluxo está comprometido ou é necessário a outros propósitos. Para sumariar, a retirada de água subterrânea através de poço reduz água do armazenamento no aqüífero fonte durante o crescimento do cone de depressão. Quando e se o cone de depressão cessa de expandir-se, a taxa de retirada está sendo balanceada por uma redução na taxa de descarga natural e (ou) por um aumento na taxa de recarga natural. Sob tal condição, Q = ∆D + ∆R Teste de Aqüífero A determinação da produção de sistemas de água subterrânea e a avaliação do movimento e do destino de poluente em água subterrânea requerem, dentre outras informações, o conhecimento de: 1) Posição e espessura dos aqüíferos confinantes. 2) Transmissividade de coeficiente de armazenamento de aqüíferos. 3) Características hidráulicas das confinantes. 4) Posição e natureza dos limites do aqüífero. 5) Locais e quantidade das retiradas do aqüífero. 6) Locais, tipo e quantidade de poluente e praticas poluidoras. A aquisição de conhecimento sobre estes fatores requer investigações tanto geológicas como hidrológicas. Um dos mais importantes estudos hidrológicos envolve a análise da mudança no tempo, nos níveis de água (ou cargas totais) em um aqüífero causados pelas retiradas através dos poços. Este tipo de estudo é referido como um teste de aqüífero e, na maioria dos casos, inclui bombear um poço a vazão constante por um período variando de algumas horas a alguns dias e medir a mudança de nível de água em poços de observação locados a diferentes distâncias do poço de bombeamento (1). Testes de aqüífero satisfatórios requerem, entre outras coisas: 1) Determinação da tendência do nível da água pré-bombeamento (ou seja, a tendência regional). 2) Manutenção cuidadosa da vazão de bombeamento constante. 3) Acuradas medições de nível de água feitas em tempos precisamente conhecidos durante os períodos de rebaixamento e recuperação. Rebaixamento é a diferença entre o nível de água a qualquer tempo durante o teste e a posição na qual o nível de água estaria se as retiradas não houvessem começado. À medida que o bombeamento continua e o cone de depressão expande-se a velocidade de rebaixamento decresce (2). A recuperação do nível da água sob condições ideais é a imagem do rebaixamento. A variação no nível da água durante o período de recuperação é o mesmo que se as retiradas houvessem continuado na mesma vazão no poço bombeado mas, no momento do desligamento da bomba, um poço de recarga começasse a recarregar água no mesmo ponto e com a mesma vazão. Assim, a recuperação do nível da água é a diferença entre o nível real medido e o projetado por bombeamento (2). Em adição ao teste a vazão constante mencionado acima, métodos analíticos têm sido desenvolvidos para muitos outros tipos de testes de aqüífero. Estes métodos incluem testes em que a vazão de retirada é variada e testes que envolvem vazamento de água através das camadas confinantes aos aqüíferos confinados. Os métodos analíticos disponíveis também permitem análise de testes conduzidos tanto em poços verticais como horizontais ou drenos. O mais comumente usado método de análise de dados de teste de aqüífero – o para um poço vertical bombeado a vazão constante em um aqüífero não afetado por vazamento vertical e limites laterais – será coberto na discussão da “Análise de Dados dos Testes de Aqüífero”. O método de analise requer o uso de uma curva-padrão baseada em valores de W(u) e 1/u listados na tabela que segue. Preparação e uso da curva-padrão são cobertos na seguinte discussão. VALORES SELECIONADOS DE W(u) PARA VALORES DE 1/u 1/u 10 7,69 5,88 5,00 4,00 3,33 2,86 2,5 2,22 2,00 1,67 1,43 1,25 1,11 10-1 0,219 0,135 0,075 0,049 0,025 0,013 0,007 0,004 0,002 0,001 0,000 0,000 0,000 0,000 1 1,82 1,59 1,36 1,22 1,04 0,91 0,79 0,70 0,63 0,56 0,45 0,37 0,31 0,26 10 4,04 3,78 3,51 3,35 3,14 2,96 2,81 2,68 2,57 2,47 2,30 2,15 2,03 1,92 2 6,33 6,07 5,80 5,64 5,42 5,23 5,08 4,95 4,83 4,73 4,54 4,39 4,26 4,14 103 10 8,63 8,37 8,10 7,94 7,72 7,53 7,38 7,25 7,13 7,02 6,84 6,69 6,55 6,44 10 4 10,94 10,67 10,41 10,24 10,02 9,84 9,68 9,55 9,43 9,33 9,14 8,99 8,86 8,74 10 5 13,24 12,98 12,71 12,55 12,32 12,14 11,99 11,85 11,73 11,63 11,45 11,29 11,16 11,04 106 15,54 15,28 15,01 14,85 14,62 14,44 14,29 14,15 14,04 13,93 13,75 13,60 13,46 13,34 107 17,84 17,58 17,31 17,15 16,93 16,74 16,59 16,46 16,34 16,23 16,05 15,90 15,76 15,65 10 8 20,15 19,88 19,62 19,45 19,23 19,05 18,89 18,76 18,64 18,54 18,35 18,20 18,07 17,95 10 9 22,45 22,19 21,92 21,76 21,53 21,35 21,20 21,06 20,94 20,84 20,66 20,50 20,37 20,25 10 10 24,75 24,49 24,22 24,06 23,83 23,65 23,50 23,36 23,25 23,14 22,96 22,81 22,67 22,55 1011 27,05 26,79 26,52 26,36 26,14 25,96 25,80 25,67 25,55 25,44 25,26 25,11 24,97 24,86 1012 29,36 20,09 28,83 28,66 28,44 28,26 28,10 27,97 27,85 27,75 27,56 27,41 27,28 27,16 10 13 31,66 31,40 31,13 30,97 30,74 30,56 30,41 30,27 30,15 30,05 29,87 29,71 29,58 29,46 10 14 33,96 33,70 33,43 33,27 33,05 32,86 32,71 32,58 32,46 32,35 32,17 32,02 31,88 31,76 -1 -2 Exemplos: Quando 1/u = 10 x 10 , W(u) = 0,219; quando 1/u = 3,33 x 10 , W(u) = 5,23 Análise de dados de Teste de Aqüífero Em 1935, C.V.Theis, do New México Water Resources District do U.S. Geological Survey, desenvolveu a primeira equação para incluir o tempo de bombeamneto como um fator que poderia ser utilizado para analisar o efeito das retiradas de um poço. Assim, a Equação de Theis permitiu, pela primeira vez, a determinação das características hidráulicas de um aqüífero antes do desenvolvimento das condições de fluxo estacionário resultantes do bombeamento. A importância desta capacidade pode ser concretizada pelo fato que, sob a maioria das condições, uma nova condição de estacionariedade não pode se desenvolver ou, se puder, muitos meses ou anos poderão ser necessários. Theis assumiu no desenvolvimento da equação que: 1) A transmissividade do aqüífero captado pelo poço em bombeamento é constante durante o teste até o limite do cone de depressão. 2) A água retirada do aqüífero é derivada inteiramente do armazenamento e é descarregada instantaneamente com o declínio em carga. 3) O poço bombeado penetra toda a espessura do aqüífero e seu diâmetro é pequeno em comparação com a vazão de bombeamento, de modo que o armazenamento no poço é negligível. Estas hipóteses são muito aproximadamente satisfeitas por aqüíferos confinados em locais remotos em relação as suas fronteiras. Entretanto, se certas precauções são observadas, a equação pode também ser usada para analisar testes em aqüíferos nãoconfinados. As formas da equação de Theis usadas para determinar a transmissividade e coeficiente de armazenamento são onde T é a transmissividade, S é o coeficiente de armazenamento, Q é a vazão de bombeamento, s é o rebaixamento, t é tempo, r é a distância do poço bombeado ao poço de observação, W(u) é a função de poço de u, que é igual A forma da equação de Theis é tal que não pode ser resolvida diretamente. Para sobrepassar tal problema Theis gerou um conveniente método gráfico de solução que envolve o uso de uma curva padrão (1). Para aplicar este método uma graficação dos dados de rebaixamento verso tempo (ou rebaixamento verso t/r2) é comparada com a curva padrão de W(u) verso 1/u (2). Em algum ponto conveniente da porção sobreposta das folhas contendo os dados graficados e a curva padrão, valores de s, t (ou t/r2), W(u) e 1/u são anotados (2). Estes valores são então substituídos nas equações 1 e 2, que são resolvidas para T e S respectivamente. Uma curva padrão de Theis de W(u) verso 1/u pode ser preparada a partir dos valores dados na tabela contida na seção precedente, “Testes de Aqüífero”. Os pontos dos dados são graficados em papel logarítmico – ou seja, papel gráfico tendo divisões logarítmicas em ambas as direções x e y. As unidades dimensionais de transmissividade (T) são L2t-1, onde L é o comprimento e t é o tempo em dias. Então, se Q na equação é em metros cúbicos por dia e s é em metros, T será em metros quadrados por dia. Similarmente, se, na equação 2, T é em metros quadrados por dia, t é em dias e r é em metros, S será adimensional. A análise de teste de aqüífero usando a equação de Theis envolve graficação tanto da curva padrão como a dos dados em papel logarítmico. Se o aqüífero e as condições do teste satisfazem as hipóteses de Theis, a curva tipo tem a mesma forma que o cone de depressão ao longo de qualquer linha radial a partir do poço em bombeamento e o gráfico de rebaixamento em qualquer ponto do cone de depressão. O uso da equação de Theis para aqüíferos não-confinados envolve duas considerações. Primeiro, se o aqüífero é a grão fino, a água é liberada lentamente através de um período de horas ou dias e não instantaneamente com o declínio em carga. Entretanto, o valor de S determinado para um teste período de curto pode ser muito pequeno. Segundo, se a vazão de bombeamento é grande e o poço de observação está próximo do poço em bombeamento, a dessaturação do aqüífero pode ser significante e a hipótese de que a transmissividade do aqüífero é constante não é satisfeita. O efeito da dessaturação do aqüífero pode ser eliminado com a seguinte equação: onde s é o rebaixamento observado no aqüífero não-confinado, b é a espessura do aqüífero e s’ é o rebaixamento que teria ocorrido se o aqüífero fosse confinado (ou seja, se não tivesse havido dessaturação). Para determinar a transmissividade e o coeficiente de armazenamento de um aqüífero não-confinado, a graficação dos dados consistindo de s’ verso t (ou t/r2) é sobreposta com a curva padrão de W(u) verso 1/u. Tanto s como b na equação 3 devem ter as mesmas unidades. Como notado acima, Theis assumiu no desenvolvimento desta equação, que o poço em bombeamento penetra a total espessura do aqüífero. Entretanto, devido não ser sempre possível, ou necessariamente desejável, de projetar um poço que penetre totalmente o aqüífero, a maioria dos poços em bombeamento são abertos em apenas parte do aqüífero dos quais bombeiam. Tal penetração parcial cria um fluxo vertical na vizinhança do poço em bombeamento que pode afetar rebaixamentos nos poços de observação locados relativamente próximos ao poço em bombeamento. Rebaixamentos em poços de observação que são abertos na mesma zona do poço em bombeamento serão maiores do que os rebaixamentos nos poços a mesma distância do poço em bombeamento mas abertos em outra s zonas. O possível efeito da penetração parcial sobre rebaixamentos deve ser considerado nas análises dos dados dos testes de aqüífero. Se a fronteira do aqüífero e outras condições permitem, o problema pode ser evitado ao locar-se poços de observação além da zona na qual o fluxo vertical ocorre. Análise Tempo-Rebaixamento A equação de Theis é apenas um dos muitos métodos que têm sido desenvolvidos para análise de dados de testes de aqüífero (veja “Análise de Dados de Teste de Aqüífero”). Outro método, algo mais conveniente para usar, foi desenvolvido por C. E. Jacob a partir da equação de Theis. A maior conveniência do método de Jacob parcialmente deriva de seu uso de gráfico semilogarítmico em vez de logarítmico, como no método de Theis, e do fato que, sob condições ideais, os dados graficam-se segundo uma linha reta, ao invés de uma curva. Entretanto, é essencial notar que, enquanto a equação de Theis aplica-se sempre (se as hipóteses são satisfeitas), o método de Jacob aplica-se somente sob certas condições adicionais. Estas condições devem ser também satisfeitas em ordem de obterse respostas confiáveis. Para entender as limitações do método de Jacob, devemos considerar que mudanças ocorrem no cone de depressão durante o teste de aqüífero. As mudanças a considerar envolvem tanto a forma do cone como a velocidade de rebaixamento. Como o cone de depressão migra centrifugamente a partir do poço em bombeamento, sua forma (e, pois, o gradiente hidráulico em diferentes partes do cone) muda. Podemos referi-nos a esta condição como forma não-estacionária. No começo dos rebaixamentos, o cone todo tem forma não-estacionária (1). Após o desenvolvimento do teste por algum tempo, o cone de depressão começa relativamente a assumir uma forma permanente, primeiro ao redor do poço em bombeamento e após gradualmente a maiores distâncias (2). Se rebaixamentos continuam por tempos grandes o suficiente tais que aumentos na recarga e (ou) reduções na descarga balançam a vazão de retirada, o rebaixamento cessa e o cone de depressão é dito estar em estado estacionário (3). O método de Jacob é aplicável somente na zona em que condições de forma estacionária prevalecem ou o cone inteiro somente após as condições de fluxo estacionário estejam desenvolvidas. Para propósitos práticos, esta condição é atingida quando u = (r2S) / (4tT) é igual ou menor que cerca de 0,05. Substituindo este valor na equação para u e resolvendo para t, podemos determinar o tempo em que se desenvolvem as condições de forma estacionária no poço de observação mais distante. Assim, onde tc é o tempo em que as condições de forma estacionária desenvolvem-se, r é a distancia a partir do poço em bombeamento, S é o coeficiente de armazenamento estimado e T é a transmissividade, em unidades coerentes. Após o desenvolvimento das condições de forma estacionária, os rebaixamentos no poço de observação começam a cair segundo uma linha no gráfico semilogarítmico, como o esquema 4 mostra. Antes deste tempo os rebaixamentos locam-se abaixo da extensão da linha reta no gráfico. Quando o gráfico tempo-distância é preparado, rebaixamentos são graficados no eixo vertical (aritmético) e tempos no eixo horizontal (logarítmico). A inclinação da linha reta é proporcional à vazão de bombeamento e à transmissividade. Jacob derivou as seguintes equações para determinação da transmissividade e coeficiente de armazenamento a partir dos gráficos tempo-distância: onde Q é a vazão de bombeamento, ∆s é o rebaixamento através de um ciclo logarítmico, t0 é o tempo em que o ponto onde a linha reta intersecta a linha de rebaixamento zero e r é a distância do poço em bombeamento ao poço de observação. Equações 2 e 3 em unidades consistente. Então, se Q está em metros cúbicos por dia e s em metros, T é em metros quadrados por dia. S é adimensional, assim, na equação 3, se T está me metros quadrados por dia, então r deve estar em metros e t0 deve estar em dias. Análise Distância-Rebaixamento È desejável em teste de aqüífero ter ao menos três poços de observação locados a diferentes distâncias a partir do poço em bombeamento (1). Rebaixamentos medidos ao mesmo tempo nestes poços podem ser analisados com a equação de Theis e a curvapadrão para determinar a transmissividade do aqüífero e o coeficiente de armazenamento. Após o teste desenvolvido por tempo suficientemente grande, rebaixamentos nos poços podem também ser analisados pelo método de Jacob, tanto através do uso do gráfico tempo-distância, usando dados de poços individuais ou através do uso do gráfico rebaixamento-distância com medições “simultâneas” em todos os poços. Para determinar quanto tempo suficiente elapsou, veja “Análise Tempo-Rebaixamento”. No método distância-rebaixamento de Jacob, rebaixamentos são graficados no eixo vertical (aritmético) verso distância no eixo horizontal (logarítmico) (2). Se o aqüífero e as condições do teste satisfazem as hipóteses de Theis e a limitação do método de Jacob, os rebaixamentos medidos ao mesmo tempo em diferentes poços devem graficar-se segundo uma linha reta (2). A inclinação da linha reta é proporcional à vazão de bombeamento e à transmissividade. Jacob derivou as seguintes equações para determinação da transmissividade e coeficiente de armazenamento a partir de gráficos distânciarebaixamento: onde Q è a vazão de bombeamento, ∆s é o rebaixamento através de um ciclo logarítmico, t é o tempo em que os rebaixamentos foram medidos e r0 é a distância do poço em bombeamento ao ponto em que a linha reta intersecta a linha de rebaixamento zero. A distância r0 não indica o limite externo do cone de depressão. Devido existir condições não estacionárias na parte externa do cone, antes do desenvolvimento das condições estacionárias, o método de Jacob não se aplica a esta parte. Se a equação de Theis fosse usada para calcular rebaixamentos na porção externa do cone, eles locar-seiam abaixo da linha reta. Em outras palavras, o limite mensurável do cone de depressão está alem da distância r0. Se a linha reta do gráfico distância-rebaixamento é estendida até a distância do raio do poço, o rebaixamento indicado neste ponto é o rebaixamento no aqüífero, externo ao poço. Se o rebaixamento dentro do poço é maior que o rebaixamento fora, a diferença é atribuída a perdas de poço (veja “Teste em Poço Único”). Como notado na seção sobre “Condutividade Hidráulica”, as condutividades hidráulicas e, consequentemente, as transmissividadse dos aqüíferos podem ser diferentes em diferentes direções. Estas diferenças podem causar rebaixamentos diferentes se medidos ao mesmo tempo nos poços de observação locados às mesmas distâncias mas em diferentes direções a partir de um poço. Onde tal condição existe, o método distância-rebaixamento pode produzir resultados satisfatórios só onde três ou mais poços de observação estão locados na mesma direção mas em diferentes distâncias de um poço em bombeamento. Testes em Poço Único Os mais úteis testes de aqüíferos soa aqueles que incluem medições de nível de água em poços de observação. Tais testes são comumente referidos como testes a poços múltiplos. É também possível obter dados úteis a partir de poços em produção mesmo quando poços de observação não estão disponíveis. Tais testes são referidos como testes a poço único e consistem em bombear um poço a uma única e constante vazão, ou a duas ou mais diferentes mas constantes vazões (veja “ Testes de Aceite de Poço e de Eficiência de Poço”) ou, se o poço não é equipado com uma bomba, por “instantaneamente” introduzir um volume conhecido de água no poço. Esta discussão será limitada a testes envolvendo uma só constante de vazão. Para analisar os dados é necessário entender a natureza do rebaixamento num poço em bombeamento. O rebaixamento total (st), na maioria dos poços em bombeamento, se não em todos, consiste em duas componentes (1). Uma é o rebaixamento (sa) no aqüífero e a outra é o rebaixamento (sw) que ocorre na água que se move do aqüífero ao poço e poço acima à tomada de bomba. Então, o rebaixamento na maioria dos poços em bombeamento é maior que o rebaixamento no aqüífero na parede do poço. O rebaixamento total (st) no poço em bombeamento pode ser expresso na forma das seguintes equações: St = S a + S w St = BQ + CQ2 (1) onde Sa é o rebaixamento no aqüífero no raio efetivo do poço em bombeamento, Sw é perda de poço, Q é a vazão de bombeamento, B é um fator relacionado às características hidráulicas do aqüífero e a duração do período de bombeamento e C é um fator relacionado às características do poço. O fator C na equação 1 é normalmente considerado como constante, assim, num teste a vazão constante, CQ2 é também constante. Como resultado, a perda de poço (Sw) aumenta o rebaixamento total no poço em bombeamento mas não afeta a velocidade de mudança do rebaixamento com o tempo. È, pois, possível analisar rebaixamento no poço em bombeamento com o método rebaixamento-distância de Jacob usando papel semilog (veja “Análise Rebaixamento-Tempo”). Rebaixamentos são graficados em escala aritmética verso tempo na escala logarítmica (2) e transmissividade é determinada a partir da inclinaçao da linha reta através do uso de seguinte equação: Onde perda em poço está presente no poço em bombeamento, o coeficiente de armazenamento não pode ser determinado estendendo a linha reta à linha de rebaixamento nulo. Mesmo onde perda em poço não está presente, a determinação do coeficiente de armazenamento a partir dos rebaixamentos em um poço em bombeamento da mesma forma estará sujeita a grande erro pois o raio efetivo do poço pode diferir significativamente do raio “nominal”. Na equação 1, o rebaixamento no poço bombeado é proporcional a vazão de bombeamento. O fator B no termo de perda de aqüífero (BQ) aumenta com o tempo de bombeamento, a medida que a água está sendo retirada do armazenamento do aqüífero. O fator C no termo de perda de aqüífero (CQ2) é constante se as características do poço permanecem imutáveis, mas devido ser ao quadrado da vazão de bombeamento no termo das perdas de poço, o rebaixamento devido as perdas de poço aumentam rapidamente a medida que a vazão de bombeamento aumenta. A relação entre vazão de bombeamento e rebaixamento em poço em bombeamento, se o poço foi bombeado pelo mesmo período de tempo para cada vazão, é mostrada no esquema 3. O efeito da perda de poço sobre o rebaixamento no poço em bombeamento é importante tanto na análise dos dados de poços em bombeamento quanto no projeto de poços de suprimento. O poço em bombeamento causou um rebaixamento no nível da água subterrânea na área em torno. O rebaixamento no nível da água forma uma depressão cônica na superfície freática ou potenciométrica, que é referido como cone de depressão (veja “Cone de Depressão”). Similarmente, um poço através do qual a água é injetada em um aqüífero (ou seja, um poço de injeção ou recarga) causa uma subida no nível da água subterrânea na forma de uma elevação cônica. O rebaixamento (s) em um aqüífero causado em qualquer ponte é diretamente proporcional à vazão de bombeamento (Q) e ao período de tempo (t) que o bombeamento ocorre e é inversamente proporcional à transmissividade (T), ao coeficiente de armazenamento (S) e ao quadrado da distância (r2) entre o poço em bombeamento e o ponto. Em outras palavras, Onde poços de bombeamento estão espaçados relativamente próximos, bombear um causará rebaixamento nos outros. Rebaixamentos são adicionados, assim se o rebaixamento total em um poço em bombeamento é igual ao seu próprio rebaixamento mais os rebaixamentos causados ali pelos outros poços em bombeamento (1) (2). Os rebaixamentos em poços, causados por rebaixamentos de outros poços em bombeamento, são referidos como interferência. Como mostra o esquema 2, um divisor forma-se na superfície potenciométrica (ou superfície freática, no caso de um aqüífero não-confinado) entre os poços em bombeamento. Em um ponto qualquer em um aqüífero afetado por um poço em bombeamento e um poço de recarga, a mudança de nível da água é igual a diferença entre o rebaixamento e a subida da água. Se as vazões de recarga e descarga são as mesmas e se os poços estão operando no mesmo esquema, o rebaixamento e a subida cancelam-se no ponto médio entre os poços e o nível da água neste ponto permanecerá imutável, sendo o mesmo que o nível estático (3) (veja “Fronteiras do Aqüífero”). Vemos na equação funcional acima que, na ausência de interferência de poço, rebaixamento no aqüífero no raio efetivo de um poço em bombeamento é diretamente proporcional a vazão de bombeamento. Também, a vazão máxima de bombeamento é diretamente proporcional ao rebaixamento disponível. Para aqüíferos confinados o rebaixamento disponível é normalmente considerado ser a distância entre o nível da água pré-bombeamento e o topo do aqüífero. Para aqüíferos não-confinados o rebaixamento é normalmente considerado ser cerca de 60% da espessura saturada do aqüífero. Onde a vazão de bombeamento de um poço é tal que só parte do rebaixamento disponível é utilizado, o único efeito da interferência de poço é abaixar o nível de bombeamento e, pois, aumentar os custos de bombeamento. No projeto de um campo de poços, o aumento de custo de bombeamento deve ser avaliado junto com o custo das redes de distribuição de água e de eletricidade que devem ser instaladas e com o custo do espaçamento entre os poços, feito para reduzir tal interferência (veja “Projeto de Campo de Poços”). Devido a interferência de poços reduzir o rebaixamento disponível, ela também reduz a máxima produção de um poço. Interferência de poços é, pois, um importante assunto no projeto de campos de poços onde seja desejado para cada poço ser bombeado a maior vazão possível. Podemos ver da equação 1 que, para um grupo de poços bombeados a mesma vazão e no mesmo esquema, a interferência de poço causada por um poço qualquer em outro poço no grupo é inversamente proporcional ao quadrado da distância entre dois poços (r2). Assim, interferência de poço excessiva é evitada pelo aumento de espaçamento entre poços e pela locação de poços segundo uma linha antes que em um circulo ou rede. Fronteiras do Aqüífero Uma das hipóteses inerentes à equação de Theis (e em muitas outras equações de fluxo de água subterrânea) é a de que o aqüífero em que ela esta sendo aplicada é de extensão infinita. Obviamente, não existe tal aqüífero na Terra. Entretanto, muitos aqüíferos são relativamente extensos e, devido ao fato que o bombeamento não afetará significativamente a recarga e a descarga por muitos anos, a maioria da água bombeada é do armazenamento de água subterrânea; como conseqüência, os níveis de água devem declinar por muitos anos. Um excelente exemplo de tal aqüífero é o que sotopõe os High Plains do Texas ao South Dakota. Uma fronteira impermeável é uma fronteira que linhas de fluxo não a atravessam. Tais fronteiras existem onde aqüíferos terminam “contra” material impermeável. Exemplos incluem o contato entre um aqüífero composto de areias e uma camada adjacente lateral composta de argila. Todos aqüíferos são limitados tanto na direção vertical como na horizontal. Por exemplo, limites verticais podem incluir o nível da água, o plano de contato entre cada aqüífero e cada camada confinante e o plano que marca o limite inferior da zona de interconexão dos poros – em outras palavras, a base do sistema de água subterrânea. Hidraulicamente fronteiras de aqüíferos são de dois tipos: fronteiras de recarga e fronteiras impermeáveis. Uma fronteira de recarga é uma fronteira ao longo da qual linhas de fluxo originam-se. Em outras palavras, tal fronteira servirá, sob certas circunstâncias, como fonte de recarga ao aqüífero. Exemplos de fronteiras de recarga incluem zonas de contato entre um aqüífero e uma corrente perene que completamente penetra o aqüífero ou o oceano. A posição e natureza das fronteiras aqüíferas são de importância crítica em muitos problemas de água subterrânea, incluindo o movimento e o destino de poluente e a resposta de aqüíferos de rebaixamentos. Dependendo da direção do gradiente hidráulico, um rio, por exemplo, pode ser ou a fonte ou o exutório do poluente. Limites laterais dentro do cone de depressão têm um profundo efeito na resposta de um aqüífero a rebaixamentos. Para analisar, ou predizer, o efeito de uma fronteira lateral é necessário “fazer” o aqüífero parecer infinito em extensão. Tal feito é conseguido através do uso de poços imaginários e a teoria das imagens. Os esquemas 1 e 2 mostram, tanto em plano como em perfil, como poços imagem soa usados para compensar, hidraulicamente, para os efeitos de fronteiras impermeáveis ou recarregantes (veja “Interferência de Poço”). A feição principal de uma fronteira de recarga é a de que rebaixamentos no aqüífero não produzam rebaixamentos através da fronteira. Uma corrente perene em contato íntimo com o aqüífero representa uma fronteira de recarga, pois bombeando-se o aqüífero irá induzir recarga de corrente. O efeito hidráulico de uma fronteira de recarga pode ser duplicado assumindo-se que o poço imagem de recarga está presente no lado da fronteira oposta ao poço real em descarga. A água é injetada no poço imagem na mesma vazão e no mesmo tempo que a água é retirada do poço real em bombeamento. Na vista em planta no esquema 1, linhas de fluxo originam-se na fronteira e linhas equipotenciais são paralelas à fronteira no ponto mais próximo ao poço (real) em bombeamento. A feição principal de uma fronteira impermeável é a de que nenhuma água a atravessa. Tal fronteira, por vezes chamada “fronteira sem fluxo”, assemelha-se a um divisor em aqüífero freático ou a superfície potenciométrica de um aqüífero confinado. O efeito de uma fronteira impermeável pode ser duplicado assumindo-se que um poço imagem em descarga está presente no lado da fronteira oposto ao poço real em descarga. O poço imagem retira água na mesma vazão e ao mesmo tempo que o poço real. Linhas de fluxo tendem a ser paralelas a uma barreira impermeável e linhas equipotenciais intersectam elas a ângulos retos. A teoria do poço imagem é uma ferramenta essencial no projeto de campos de poços cerca de fronteiras aqüíferas. Assim, com base na minimização do rebaixamento dos níveis de água, as seguintes condições aplicam-se: 1) Poços em bombeamento devem ser locados paralelos e o mais próximo possível de fronteiras de recarga. 2) Poços em bombeamento devem ser locados perpendiculares e tão longe quanto possível de fronteiras impermeáveis. Os esquemas 1 e 2 ilustram o efeito de barreira simples e mostram como seu efeito hidráulico é compensado pelo uso de simples poços de imagem. É assumido nestes esquemas que outras fronteiras estão tão remotas que elas têm efeito negligível nas áreas descritas. Em muitos locais, entretanto, poços em bombeamento são afetados por duas ou mais fronteiras. Um exemplo é um aqüífero aluvial composto de areia e cascalho, limitado em um lado por uma corrente perene (uma fronteira de recarga) e no outro por um embasamento impermeável (uma fronteira impermeável). Contrário a primeira impressão, estas condições de fronteiras não podem ser satisfeitas com um só poço imagem de recarga e um poço imagem de descarga. Poços imagem adicionais são requeridos, como mostra o esquema 3, para compensar para o efeito dos poços imagem adicionados ao arranjo afetem a fronteira oposta, é necessário continuar adicionando poços imagem até que sua distância das fronteiras sejam tão grandes que seus efeitos tornem-se negligíveis. Testes Afetados por Fronteiras Laterais Quando um teste de aqüífero é conduzido próximo de uma fronteira lateral de um aqüífero, os dados de rebaixamento afastam-se da curva padrão de Theis e de uma linha reta inicial produzida pelo método de Jacob. O efeito hidráulico das fronteiras laterais é assumido, por conveniência analítica, ser devido a presença de outros poços (veja “Fronteiras do Aqüífero”). Assim, uma fronteira de recarga tem o mesmo efeito sobre os rebaixamentos que um poço imagem de recarga locado através da fronteira e a mesma distância da fronteira que o poço real. O poço imagem é assumido operar no mesmo esquema e na mesma vazão que o poço real. Similarmente, uma fronteira impermeável tem o mesmo efeito sobre os rebaixamentos que uma imagem em descarga. Para analisar os dados de teste de aqüífero afetado tanto por uma fronteira de recarga ou uma fronteira impermeável, os dados de rebaixamento iniciais nos poços de observação próximos ao poço em bombeamento devem não ser afetados pela fronteira. Estes dados, então, mostram só o efeito do poço real e podem ser usados para determinar a transmissividade (T) e o coeficiente de armazenamento (S) do aqüífero (veja “Análise de Dados de Testes de Aqüífero”). No método de Theis, a curva padrão é sobreposta pelos dados iniciais e um “ponto de sobreposição” é selecionado para uso no cálculo dos valores de T e S. A curva padrão é traçada até a região onde os rebaixamentos afastam-se da curva padrão, como nas graficações (1) e (3). O traço da curva padrão mostra onde os rebaixamentos deveriam ser graficados se não houvesse os efeitos da fronteira. As diferenças em rebaixamento entre os dados graficados e o traço da curva padrão mostram o efeito de uma fronteira em um aqüífero. A direção na qual os rebaixamentos afastam-se da curva padrão – ou seja, na direção de tanto maiores rebaixamentos como menores rebaixamentos – mostram o tipo de fronteira. Rebaixamentos maiores que aqueles definidos pelo traço da curva padrão indicam a presença de uma fronteira impermeável pois, como notado acima, o efeito de tais fronteiras podem ser duplicados com um poço imagem em bombeamento (1). Inversamente, uma fronteira de recarga causa rebaixamentos menores do que aqueles definidos pelo traço da curva padrão. No método de Jacob rebaixamentos começam graficar segundo uma linha reta após o teste ter começado por algum tempo (2) (4). O tempo no qual a graficação em linha reta começa depende dos valores de T e S do aqüífero e do quadrado da distância entre o poço de observação e o poço em bombeamento (veja “Análise TempoRebaixamento”.). Valores de T e S são determinados a partir do primeiro segmento de linha reta definidos pelos rebaixamentos após o começo de teste de aqüífero. A inclinação desta linha reta depende da transmissividade (T) e da vazão de bombeamento (Q). Se uma fronteira está presente, os rebaixamentos irão afastar-se do primeiro segmento de linha reta e começar a cair ao longo de outra linha reta (2) (4). De acordo com a teoria do poço-imagem o efeito da fronteira de recarga pode ser duplicado assumindo-se que a água é injetada no aqüífero através de um poço imagem de recarga a mesma vazão que a água está sendo retirada do poço real. Segue, pois, que, quando o efeito total da fronteira de recarga é sentido em um poço de observação, não haverá redução de rebaixamento e o nível da água no poço estabilizará. Neste ponto, tanto em Theis com em Jacob, os rebaixamentos graficam-se segundo uma linha reta tendo um rebaixamento constante (3) (4). Inversamente, uma fronteira impermeável causa aumento da velocidade de rebaixamento. No método de Jacob, como resultado, os rebaixamentos graficam-se segundo uma nova linha reta tendo inclinaçao dupla se comparada àquela obtida antes que os efeitos da fronteira fossem sentidos. Uma palavra de alerta deve ser injetada aqui em relação ao uso do método de Jacob quando se suspeita que um teste de aqüífero possa ser afetado por fronteiras. Em muito casos, a fronteira começa a afetar os rebaixamentos antes do método ser aplicável, como resultado os valores de T e S determinados de tais dados são errôneos e o efeito da fronteira não é identificado. Quando se suspeita que um teste de aqüífero possa ser afetado por condições de fronteira, os dados devem, ao menos inicialmente, ser analisados com o método de Theis. A posição e a natureza de muitas fronteiras são óbvias. Por exemplo, a fronteira mais comum de recarga são os riso e lagos; possivelmente, a fronteira mais comum impermeável são as paredes de embasamento dos vales aluviais. A distância hidráulica destas fronteiras, entretanto, pode não ser óbvia. Um rio ou lago pode penetrar só uma pequena distância em um aqüífero e seus fundos podem conter material a grão fino que dificulta o movimento da água no aqüífero. Hidraulicamente, as fronteiras formadas por estes corpos de água de superfície aparecerão como distantes do poço em bombeamento do que a paria próxima. Semelhante, se uma pequena quantidade de água move-se através da parede do embasamento, de um vale, a distância hidráulica à fronteira impermeável será maior que a parede do vale. Afortunadamente, as distâncias hidráulicas a fronteiras podem ser determinadas da análise de dados de testes de aqüífero. De acordo com a equação de Theis, se tratarmos com rebaixamentos iguais causados pelo poço real e o poço imagem (em outras palavras, se sr = si) então: onde rr é a distância do poço de observação ao poço real, ri é a distância do poço de observação ao poço imagem, tr é o tempo em que um rebaixamento sr é causado pelo poço real no poço de observação e tié o tempo em que um rebaixamento si é causado pelo poço imagem no poço de observação. Resolvendo a equação 1 para a distância ao poço imagem a partir do poço de observação, obtemos O poço imagem está locado no mesmo ponto em um círculo tendo raio ri centrado no poço de observação (5). Devido ao poço imagem estar a mesma distância da fronteira que o poço rela, sabemos que a fronteira está a meio caminho entre o poço imagem e o poço em bombeamento (5). Se a fronteira é um rio ou parede de vale ou feição, cuja posição física é óbvia, sua “posição hidráulica” pode ser determinada usando os dados de um único poço de observação. Se, por outro lado, a fronteira é uma parede de um vale coberto ou outra feição não óbvia a partir da superfície topográfica, distâncias ao poço imagem destes três poços de observação podem ser necessários para identificar a posição da fronteira. Testes Afetados por camadas Confinantes Gotejantes No desenvolvimento da equação de Theis para análise de dados de tese de aqüífero foi assumido que toda água retirada do poço em bombeamento foi derivada instantaneamente do armazenamento do aqüífero (veja “Análise de Dados de Testes de Aqüífero”). Assim, no caso de aqüífero confinado, ao menos durante o período do teste, o movimento da água ao aqüífero através de suas camadas confinantes superiores e inferiores é negligível. Esta hipótese é satisfeita por muitos aqüíferos confinados. Muitos outros aqüíferos, entretanto são limitados por camadas confinantes gotejantes que transmitem água ao aqüífero em resposta às retiradas e causam rebaixamentos que diferem daqueles que seriam previstos pela equação de Theis. A análise de testes de aqüífero conduzida nestes aqüíferos requer o uso de métodos que foram desenvolvidos para aqüíferos semiconfinados (também referidos na literatura de água subterrânea como “aqüíferos gotejantes”). Os esquemas 1 a 3 ilustram três diferentes condições comumente encontradas no campo. O esquema 1 mostra um aqüífero confinado limitado por camadas confinantes impermeáveis espessas. A água inicialmente bombeada de um tal aqüífero é a do armazenamento e os dados de teste de aqüífero podem ser analisados usando a equação de Theis. O esquema 2 mostra um aqüífero com uma camada sobreposta confinante gotejante e espessa que, durante um teste de aqüífero, produz água significativamente de seu armazenamento. O aqüífero neste caso pode propriamente ser referido como semiconfinado e a liberação de água do armazenamento na camada confinante afeta a análise dos dados do teste de aqüífero. O esquema 3 mostra um aqüífero sobreposto por uma camada confinante fina que não libera água significativamente do armazenamento mas é suficientemente permeável para transmitir água do aqüífero não-confinado superior ao aqüífero semiconfinado. Métodos têm sido imaginados, principalmente por Madhi Hantush e C. E. Jacob para uso na análise de condições de gotejamento ilustradas nos esquemas 2 e 3. O uso destes métodos envolve sobreposição de dados graficados com as curvas padrão, como no método de Theis. A diferença maior é a de que, enquanto o método de Theis envolve o uso de um só tipo de curva, os métodos aplicáveis aos aqüíferos semiconfinados envolvem “famílias” de curvas padrão, cada curva refletindo diferentes combinações de características hidráulicas do aqüífero e camadas confinantes. Graficação de s verso t em papel logarítmico para testes de aqüífero afetados por liberação de água do armazenamento de camadas confinadas são sobrepostas à família de curvas padrão ilustradas no esquema 4. Por conveniência, estas curvas soa referidas como curvas de Hantush. Quatro pontos de coincidência de coordenadas são selecionados e substituídos nas seguintes equações para determinar os valores de T e S: Graficações de s verso t em papel logarítmico para testes de aqüífero afetados por gotejamento de água através de camadas confinantes são sobrepostos a família de curvas padrão mostradas no esquema 5. Estas curvas são baseadas nas equações desenvolvidas por Hantush e Jacob e, por conveniência, serão referidas como curvas de Hantush-Jacob. As quatro coordenadas do ponto de sobreposição são substituídas nas equações seguintes para determinar T e S: No planejamento e condução de testes de aqüífero, hidrólogos devem ter consideração cuidadosa às características hidráulicas do aqüífero e ao tipo de condições de fronteira (tanto em recarga como impermeável) que podem existir na vizinhança do local de teste. Após o término do teste, o próximo problema é o de selecionar o método de análise que mais aproximadamente representa as condições geológicas e hidrológicas na área afetada pelo teste. Quando estas condições não são bem conhecidas, a prática comum é a de preparar uma graficação de s verso t num papel logarítmico e sobrepô-la a uma curva padrão de Theis. Se os dados seguem a curva padrão, os valores de T e S determinados pelo uso da equação de Theis devem ser confiáveis. Afastamentos significativos dos dados e curva padrão geralmente refletem a presença de fronteiras laterais ou camadas confinantes gotejantes. Tanto a geologia da área como a forma dos dados graficados podem prover indicações para qual destas condições seja a realidade. È importante notar, entretanto, que algumas graficações para testes afetados por fronteiras impermeáveis são semelhantes em forma às curvas de Hantush. Métodos de Construção de Poços Sete diferentes métodos de construção de poço comumente praticados estão na tabela. Os primeiros quatro métodos estão limitados a pequenas profundidades e são mais comumente empregados na construção de poços domésticos. Dos três últimos métodos um é usualmente empregado na construção de poços municipais e industriais em rochas consolidadas. Os objetivos da construção de poços são escavar um furo, usualmente de pequeno diâmetro em comparação com a profundidade, em um aqüífero e prover meios para que a água entre no furo enquanto o material rochoso é excluído. O meio de execução do furo é diferente para diferentes métodos. ADAPTABILIDADE DE DIFERENTES MÉTODOS DE CONSTRUÇÃO DE POÇOS ÀS CONDIÇÕES GEOLÓGICAS [Modificado a partir da U.S. Environmental Protection Agency 1974, tabela 3] Características Escavado Tradeado Ponteira Jateado Perfurado Percussão (cabo) Rotativo Hidráulico Ar Profundidade prática máxima (m) 15 30 15 30 300 300 250 1–6 5 – 75 3–6 5 – 30 10 – 46 10 – 61 10 – 25 Silte X X X X X X Areia X X X X X X Cascalho X X X X X X X X X X X Arenito X X X Carbonato X X X Folhelho X X X X X X Variação em diâmetro (cm) Material não consolidado Concha e carbonato X Material consolidado Cascalho cimentado X Rochas ígneas e metamórficas Poços escavados construídos com pá e picareta eram relativamente comuns em áreas rurais do centro e leste dos Estados Unidos antes de 1940. Tais poços são razoavelmente efetivos em materiais a grão fino, tais como til glacial, e interacamadamento de areia e argila em camadas pouco espessas. As grandes lagoas de irrigação que se estendem abaixo da superfície freática, feitas com escavadeiras, são versões modernas do poço escavado. Poços tradeados são construídos com trados tanto manuais como mecânicos e são os equivalentes modernos dos poços “furados a mão”. Poços tradeados são relativamente efetivos em materiais de baixa condutividade hidráulica e em áreas de camadas superficiais finas de areias argilosas e siltosas. Poços ponteira são construídos introduzindo-se uma tubulação equipada com um filtro e uma ponteira. Devido ao diâmetro pequeno relativamente, estes poços são recomendados só para aqüíferos superficiais relativamente permeáveis. Eles são largamente usados como fontes de suprimentos domésticos e em fazendas nas áreas de areias permeáveis, nas planícies costeiras (Pacific e Atlantic). Poços jateados são construídos pela escavação de um furo com um jato de água a alta pressão. Em argilas densas, camadas de conchas e camadas parcialmente cimentadas pode ser necessário adicionar um cinzel à coluna de jateamento e alternativamente subir e descer os canos para cortar um furo. O método de perfuração a percussão consiste em alternadamente subir e baixar um martelo pesado e cinzelado. A rocha no fim do tubo é assim esmigalhada e, junto com a água, forma uma pasta que é removida com uma caçamba. Em material inconsolidado o revestimento é introduzido uns poucos decímetros a cada vez no avanço da perfuração. Após, a perfuração à profundidade máxima a ser atingida pelo poço, um filtro é “telescopado” por dentro do revestimento e mantido no local enquanto o revestimento é puxado para cima para expor o filtro (1). O topo do filtro é selado junto ao revestimento por um anel expansivo. Em poços em rocha consolidada, a prática normal é a de acomodar o revestimento firmemente no topo da rocha e perfurar até a profundidade requerida para obter a produção necessária (2). O método rotativo hidráulico escava um furo pela rotação de um eixo de perfuração ao qual uma ou mais brocas estão conectadas. Água contendo argila é feita circular abaixo no eixo de perfuração no método “rotativo normal” e acima no espaço anular, tanto para resfriar a broca como para remover os pedaços de rocha triturada. No método “rotativo reverso” o fluido de perfuração é feito circular abaixo pelo espaço anular e acima pelo eixo de perfuração. Argila no fluido de perfuração adere à parede do furo e, junto com a pressão exercida no furo pelo fluido de perfuração, previne a erosão da formação geológica. Assim, no método hidráulico rotativo não é necessário instalar um revestimento permanente durante o processo de perfuração. Quando o furo atinge a profundidade desejada, uma tubulação contendo seções de filtro nos intervalos desejados é baixada no poço. O método rotativo hidráulico é o mais comumente empregado na perfuração de poço para grandes produções em áreas de espessas seqüências de depósitos inconsolidados, tais como os do Atlantic e Gulf Coastal Pains. Onde aqüíferos consistem de finas camadas alternadas de areia e argila, a prática comum é a de instalar um envelope de cascalho em torno dos filtros. Tais poços são referidos como encascalhados (3). O método rotativo a ar é semelhante ao rotativo hidráulico exceto que o fluido de perfuração é ar em vez de lama. O método rotativo a ar é recomendado só para perfurara em rochas consolidadas. A maioria das perfuradoras a ar estão também equipadas com bombas de lama, que permitem serem usadas no modo rotativo hidráulico para perfuração através de rochas inconsolidadas saturadas. Este método é largamente usado na construção de poços em embasamento fraturado. Quando a fase de construção foi completada é necessário começar a fase referida como desenvolvimento do poço. O objetivo desta fase é o de remover argila, silte e areia fina da área adjacente ao filtro ou a parte não revestida de modo que o poço produza água livre de sedimento. O método mais simples de desenvolvimento é o de bombear água do poço a vazões gradualmente maiores, a final sendo maior que a planejada em operação. Entretanto, este método não é normalmente satisfatório em poços com filtro e encascalhados perfurados pelo método hidráulico rotativo. Para estes poços é necessário o uso de um bloco de sucção ou outro meio para alternadamente forçar a água para dentro e para fora da formação. Um dos mais efetivos métodos é bombear água sob alta pressão através dos orifícios por dentro do filtro. As partículas mais grossas trazidas ao poço durante o desenvolvimento tendem a depositar-se no fundo do poço e devem ser removidas com uma caçamba ou bomba. Substâncias químicas que dispersam argila e outras partículas finas são também usadas como ajuda no desenvolvimento do poço. Gráficos de Perfilagem Uma parte importante da construção de poço é a determinação do caráter e da espessura das diferentes camadas de material penetrado pelo poço e a qualidade da água nas zonas permeáveis. Esta informação é essencial para a instalação do revestimento e para a locação apropriada dos filtros. Informação sobre os materiais penetrados é registrada na forma de “perfis”. Os perfis mais comumente preparados para poço de abastecimento são os perfis do sondador e os perfis geofísicos (elétricos). Cópias de perfis devem ser cuidadosamente preservadas pelo proprietário do poço como parte do arquivo sobre cada poço. Perfis de sondador consistem em descrições escritas do material penetrado pelos poços. Estas descrições estão baseadas tanto nas amostras dos detritos de rocha trazidos à superfície durante as operações de perfuração como nas mudanças na velocidade de penetração da broca e na vibração da torre. O perfurador de poço pode também coletar amostras de detritos de rocha para estudo por geólogos tanto da firma como de órgãos do Estado. Descrições destas amostras feitas com o uso do microscópio e outros meios são comumente referidas como perfil geológico para diferenciar daquele sondador. Se o poço terá filtro, o perfurador reterá amostras do material das principais zonas portadoras de água para uso na seleção das aberturas das malhas dos filtros. Perfis geofísicos provêm informação indireta sobre o caráter das camadas rochosas. O tipo mais comum de perfil geofísico, o tipo normalmente referido como perfil elétrico, consiste de um registro dos potenciais elétricos espontâneos gerados no furo e da resistividade elétrica aparente das unidades de rocha. Muitos tipos de aparelho estão disponíveis, mas quase todos fornecem gráficos contínuos de potencial espontâneo e resistividade quando o sensor é baixado e após alçado no furo. Perfis elétricos podem ser feitos só nas porções não revestidas dos furos. A parte do furo a ser perfilada deve também conter fluido de perfuração ou água. O perfil potencial espontâneo (que é usualmente referido como SP) é um registro das diferenças em voltagem de um eletrodo na superfície e um eletrodo no furo. Variações na voltagem ocorrem como resultado de efeitos eletroquímicos e eletricidade espontânea. O gráfico SP é relativamente sem reação em poços rasos que penetram só a zona de água doce. O limite direito de um perfil SP geralmente indica camadas impermeáveis tais como argila, folheto e embasamento. O limite esquerdo geralmente indica areia, calcário cavernoso e outras camadas permeáveis. O perfil de resistividade é um registro da resistência ao fluxo de uma corrente elétrica alternada, oferecido pelas camadas de rocha e seus fluidos e o fluido do furo. Muitos arranjos diferentes de eletrodos são usados para medir a resistividade de diferentes volumes de material, mas o arranjo mais comum usado pela indústria de poços é referido como eletrodo de ponto único. A resistividade do material contenedor depende primariamente do conteúdo de sal da água e da porosidade do material. Camadas de argila normalmente têm baixa resistividade devido a sua grande porosidade e a água que contêm tende a ser altamente mineralizada. Em contraste, camadas de areia saturadas com água doce tendem a ter alta resistividade. Camadas de areia contendo água salgada, por outro lado, tendem a ter uma baixa resistividade lembrando aquela das camadas de argila. Tais camadas tendem a ter um potencial espontâneo fortemente negativo que, visto junto com a resistividade, ajuda na identificação das camadas. Muitos outros tipos de perfis geofísicos estão disponíveis, incluindo os perfis de raio gama que registram a velocidade de emissão de raios gama por diferentes camadas de rochas. De fato, perfilagem geofísica é um tópico complexo, que tem sido desenvolvido largamente pela indústria do óleo, em um campo técnico avançado. A perfilagem tem sido usada cada vez mais pela indústria de poços de água, especialmente na construção de poços de grande produção pelo método rotativo hidráulico. É também importante, tanto durante a construção do poço como na perfilagem geofísica sucessiva, coletar, para análises químicas, amostras de água das zonas permeáveis que podem suprir água ao poço completado. As análises químicas feitas nestas amostras podem incluir a concentração de quaisquer constituintes que são conhecidos como sendo problema em outros poços de abastecimento no mesmo aqüífero. Estes constituintes devem incluir ferro, magnésio, cloreto, sulfato, nitrato, sólidos dissolvidos totais e outros (veja “Qualidade de Água Subterrânea”). Projeto de Poço para Água Projeto de poço para água é o primeiro passo na construção de poços de grande produção, tais como aqueles requeridos pelas municipalidades e indústrias. Antes do projeto inicial ser iniciado é necessário conhecer a produção esperada do poço, a profundidade aos aqüíferos sotopostos na área, a composição e as características hidráulicas de tais aqüíferos e a qualidade de água nos aqüíferos. Se a informação sobre um aqüífero não está disponível ainda dos outros poços na área, será necessário construir um poço de teste antes de completar o projeto. O projeto completo deve especificar o diâmetro, a profundidade total do poço e a posição do filtro ou seções abertas do poço, o método de construção, os materiais a serem usados na construção e, se o encascalhamento é requerido, sua espessura e composição (1). O diâmetro do poço é determinado primariamente por dois fatores – a produção desejada e a profundidade ao aqüífero fonte. O diâmetro tem um efeito relativamente insignificante na produção (2). Por exemplo, se duplicar o diâmetro de 15 para 30 centímetros resulta só em 10 por cento de aumento de vazão. O efeito primário do diâmetro do poço na produção está relacionado ao tamanho da bomba que pode ser instalada, que, por sua vez, determina a vazão de bombeamento. Dados sobre a vazão de bombeamento, tamanho da bomba e diâmetro do poço são dados na tabela 1. Em alguns projetos a parte superior do poço é feita maior do que o resto do poço para poder acomodar a bomba. Tabela 1. Dados sobre vazão, tamanho da bomba e diâmetro do poço [DI: diâmetro interno; DE: diâmetro externo] Vazão prevista Tamanho nominal das hélices da bomba Ótimo diâmetro do poço 3 m /min (pol.) (pol.) < 0,38 4 6 DI 0,28 – 0,66 5 8 DI 0,57 – 1,52 6 10 DI 1,33 – 2,46 8 12 DI 2,27 – 3,41 10 14 DI 3,22 – 4,93 12 16 DI 4,55 – 6,82 14 20 DI 6,06 – 11,37 16 24 DI A abertura, o diâmetro e o comprimento do filtro e a vazão de bombeamento determinam a velocidade a qual a água passa através do filtro (ou seja, a assim chamada “velocidade de entrada”). A velocidade de entrada não deve normalmente exceder a cerca de 1,8 m/min. Se a vazão prevista em m3/min é dividida por 1,8 m/min, o resultado é a área aberta mínima do filtro, necessária, em metros quadrados1. Devido as aberturas do filtro estarem parcialmente bloqueadas pelo aqüífero ou pelo material do encascalhamento, alguns perfuradores aumentam a área em 50 a 100 por cento para assegurar que as velocidades de entrada não sejam excessivas. A quantidade de área aberta por unidade de comprimento de filtro depende do diâmetro, da abertura e do tipo de filtro. A tabela 2 mostra, por exemplo, a área aberta de filtros manufaturados pela Edward E, Johnson Co 2. Se a área aberta necessária em metros quadrados é dividida pela metragem linear, o resultado é o comprimento do filtro, em metros, requerido para prover a vazão sem exceder a velocidade de entrada recomendada. 1 Devido às dimensões dos filtros manufaturados nos Estados Unidos serem ainda expresso em polegadas, estas unidades serão usadas nesta discussão. Unidades do SI serão adicionadas só onde seja útil. 2 O uso do nome da companhia é para propósito de identificação somente e não implica em apoio pelo U.S.Geological Survey. A profundidade ao aqüífero também afeta o diâmetro do poço no sentido de poços previstos a atingir aqüíferos a mais de poucas dezenas de metros sob a superfície topográfica, devendo ser largos o suficiente para aceitar maiores equipamentos de perfuração requeridos para atingir estas profundidades. A profundidade total de um poço depende da profundidade abaixo da superfície topográfica até a mais inferior zona produtora de água a ser captada. Tabela 2. Áreas abertas dos filtros da Johnson. Dn Área aberta por metro linear do filtro para a malha nº. n [cm2] pol. 10 20 40 60 80 100 150 4 518 915 1434 1827 2073 1952 2316 6 518 974 1614 2103 2470 2805 2956 8 669 1250 2103 2743 3199 3629 3901 10 853 1555 2651 2927 3504 3963 4875 12 794 1526 2651 3445 4177 4724 5761 14 915 1706 2927 3842 4662 5305 6430 16 1037 1952 3383 4419 5335 6033 7375 n denota a largura da abertura do filtro em milésimos de polegadas (1/1.000). Por exemplo, abertura nº. 10 indica uma abertura de 0,01 por outro lado, D = diâmetro A posição do filtro depende da espessura e da composição do aqüífero em explotação e se o poço está sendo projetado para obter o máximo de vazão possível. Como os rebaixamentos em um aqüífero não-confinado resultam em dessaturação do aqüífero, os poços nestes aqüíferos são normalmente providos de filtro só na parte mais profunda do poço para obter-se o máximo de rebaixamento possível. Em aqüíferos confinados os filtros são posicionados tanto na parte mais permeável do aqüífero ou, onde são insignificantes as diferenças verticais da condutividade hidráulica, no meio do aqüífero. O comprimento do filtro especificado no projeto de poço depende da espessura do aqüífero, da vazão desejada e se o aqüífero é confinado ou não e de considerações econômicas. Quando se tenta obter a vazão máxima disponível, os filtros são normalmente instalados nos 30 a 40 por cento da porção inferior de aqüíferos nãoconfinados e no meio dos confinados, cobrindo 70 a 80 por cento. Testes de Aceite de Poço e Eficiência do Poço Muitos contratos para a construção de poços requerem uma produção “garantida” e alguns estipulam que o poço atinja certo nível de “eficiência”. A maioria dos contratos também especifica a duração do “teste de rebaixamento” que deva ser conduzido para demonstrar que a produção requerida é satisfeita. Por exemplo, muitos Estados requerem que testes de poços para abastecimento público sejam de ao menos 24 horas. Testes da maioria dos poços industriais e de irrigação provavelmente não excedem de cerca de 8 horas. Testes de aceite de poços, se propriamente conduzidos, não só podem confirmar a vazão do poço e o tamanho da bomba de produção que é necessário mas pode também prover informação de grande valor na operação e na manutenção do poço. Tais testes devem, entretanto, ser conduzidos com o mesmo cuidado que testes de aqüífero, feitos para determinar as características hidráulicas dos aqüíferos. Um teste propriamente conduzido incluirá: 1) Determinação da interferência dos poços próximos, baseada em medições exatas de nível de água feitas antes do teste de rebaixamento. 2) Uma taxa de bombeamento que é tanto mantida constante durante o teste todo (1) ou aumentada em degraus de igual duração (2). A vazão de bombeamento durante cada degrau deve ser mantida constante e a duração de cada degrau deve ser ao menos 2 horas. Destes requerimentos, o da vazão (ou vazões) constante e cuidadosamente regulada é o mais importante. Quando o teste de aceite a vazão constante foi terminado, os dados de rebaixamento podem ser analisados para determinar a transmissividade do aqüífero (veja “Testes em Poço Único”.). Muitos testes de aceitação feitos com instalações temporárias de bombeamento, usualmente movidas a motores a gasolina ou diesel. Em vez de manter uma vazão constante durante o teste, o motor é frequentemente parado para adicionar combustível ou para verificar o nível do óleo ou por numerosas outras razões. A vazão pode também ser aumentada ou diminuída de uma forma regular e não-planejada ou, mais comumente, reduzida gradualmente durante o teste em um esforço para manter o nível de bombeamento acima da tomada da bomba. Em tais testes, a “vazão” do poço é normalmente reportada como sendo a final. A determinação da vazão de longo prazo de um poço a partir de dados coletados durante um pequeno teste de aceite de período curto é um problema pratico e importante em hidrologia das águas subterrâneas. Dois dos mais importantes fatores que devem ser considerados são a extensão na qual a produção decrescerá se o poço é bombeado constantemente por períodos mais longos que o teste e o efeito, sobre a produção, de mudanças no nível da água estático (regional) em relação ao existente ao tempo do teste. Quando estão disponíveis só dados do poço de produção e quando a vazão de bombeamento não foi mantida constante durante o teste de aceite, a estimativa de produção de longo termo deve ser usualmente baseada na análise dos dados de capacidade específica. Capacidade específica é a produção por unidade de rebaixamento e é determinada pela divisão da vazão de bombeamento a qualquer tempo durante o teste pelo rebaixamento no mesmo tempo. Assim, Antes do desenvolvimento das condições de fluxo permanente a água então bombeada do aqüífero é derivada do armazenamento. O tempo requerido para as condições de fluxo permanente desenvolverem-se depende largamente da distância e das características das áreas de recarga e descarga do aqüífero. O tempo requerido para atingir o fluxo permanente é independente da vazão de bombeamento. Em alguns aqüíferos a condição de fluxo permanente será atingida em muitos dias, enquanto que em outros, seis meses a um ano podem ser requeridos; em algumas áreas áridas, a condição de fluxo permanente poderá nunca ser atingida. Dependendo da duração do teste de aceite e do período para atingir a condição de permanência, poderá ser apropriado, na estimativa da produção de longo termo de um poço, usar uma capacidade especifica menor do que a recomendada durante o teste. O esquema 3 mostra o declínio na capacidade específica com o tempo quando um poço é bombeado continuamente a vazão constante e toda a água é derivada do armazenamento em um aqüífero homogêneo e isotrópico. Por conveniência na preparação do esquema, um valor de 100 por cento foi designado como capacidade específica 1 hora após a bomba ser acionada. A velocidade na qual a capacidade específica decresce depende do declínio do nível da água devido a depleção do armazenamento e das características hidráulicas do aqüífero. Diferenças na velocidade para diferentes aqüíferos são indicadas pela largura da banda no esquema. Quando rebaixamentos são derivados inteiramente do armazenamento, a capacidade especifica decrescerá de 40 por cento durante o primeiro ano. Na previsão da produção de longo termo de um poço é também necessário considerar as mudanças no nível estático resultante de variações na recarga, sazonais e de longo termo, e abaixamentos devidos a outras abstrações do aqüífero. A produção de longo termo é igual a capacidade específica, determinada a partir do teste de aceite e reduzida se necessário para compensar o declínio de longo prazo discutido no parágrafo anterior, multiplicada pelo rebaixamento disponível. O rebaixamento disponível ao tempo de teste aceite é igual a diferença entre o nível estático neste tempo e o mais baixo nível obtido que pode se obtido por bombeamento no poço. O nível mais baixo de bombeamento em um poço com filtro é normalmente considerado como sendo um metro ou dois acima do topo do filtro. Em um poço sem filtro (poço aberto) pode ser tanto a mais alta como a mais baixa abertura de entrada de água que penetra no poço. A escolha da mais alta ou mais baixa abertura depende da composição química da água e se a água que cascateia das aberturas sobre nível de bombeamento resulta na precipitação de minerais na parede do poço e na tomada da bomba. Se tal precipitação é esperada o nível máximo de bombeamento não deve ser inferior a mais lata abertura. A produção de um poço não é aumentada pelo bombeamento abaixo da mais inferior entrada de água e a produção máxima pode, de fato, ser atingida em um nível mais acima. Para predizer a produção máxima contínua de longo termo é necessário estimar quanto o nível estático da água e, pois o rebaixamento disponível pode atingir a partir da posição que ocupava durante o teste de aceite. Registros de flutuações de nível de água no longo termo em poços de observação na área são úteis neste esforço. Eficiência de poço é uma importante consideração tanto no projeto de poço como na construção e no desenvolvimento. O objetivo, é claro, é evitar custos excessivos de energia pelo projeto e construção de poços que produzirão a água requerida com o mínimo de rebaixamento. Eficiência de poço pode ser definida como a razão entre o rebaixamento (as) no aqüífero na parede do poço e o rebaixamento (st) dentro do poço (veja “Teste em Poço Único). Assim a equação expressa a eficiência como percentagem. Rebaixamentos em poços em bombeamentos são medidos durante os testes de aceite. A determinação do rebaixamento no aqüífero é um problema muito mais difícil. Isto pode ser calculado se as características hidráulicas do aqüífero, incluído o efeito das condições nos limites, são conhecidas. A diferença entre st e sa é atribuída a perdas de carga a medida de que a água move-se do aqüífero até a boca do poço. Estas perdas de poço podem ser reduzidas pela redução da velocidade de entrada da água, o que pode ser feito com a instalação da quantidade máxima de filtro e com o bombeamento na vazão mínima aceitável. Testes têm sido propostos para determinar as perdas em poços e os resultados podem ser usados para determinar a eficiência do poço. Entretanto, estes testes são difíceis de conduzir e não são largamente usados. Devido a dificuldades na determinação de sa, a eficiência de poço é geralmente especificada em termos de um “ótimo” de capacidade especifica, baseado em outros poços produtores na vizinhança. Sob condições melhores possíveis, uma eficiência de cerca de 80 por cento é o máximo que é normalmente atingível na maioria dos poços com filtro. Sob condições menos ideais, uma eficiência de 60 por cento é provavelmente mais realístico. Capacidade Específica e Transmissividade A capacidade específica de um poço depende tanto das características hidráulicas do aqüífero como da construção e outras feições do poço. Valores de capacidade específica, obtidos em poços para os quais os dados dos testes de aqüífero não estão disponíveis, são largamente utilizados por hidrólogos para estimar a transmissibilidade. Tais estimativas são usadas para avaliar as diferenças regionais na transmissividade e preparar mapas de transmissividade para uso em modelos de sistemas de água subterrânea. Os fatores que afetam a capacidade específica incluem: 1) A transmissividade da zona supridora de água ao poço que, dependendo do comprimento do filtro ou do furo não revestido, pode ser consideravelmente menor do que a transmissividade do aqüífero. 2) O coeficiente de armazenamento do aqüífero. 3) A duração do período de bombeamento. 4) O raio efetivo do poço, que pode ser significativamente maior que o raio “nominal”. 5) A vazão de bombeamento. A equação de Theis pode ser usada para avaliar o efeito dos quatro primeiros fatores na capacidade específica. O último fator, vazão de bombeamento, afeta as perdas no poço e pode ser determinado só a partir de um teste em degraus ou um teste de aqüífero no qual rebaixamentos são medidos tanto no oco em bombeamento como em poços de observação. A equação de Theis, modificada para a determinação da transmissividade a partir da capacidade específica, é onde T é a transmissividade, Q/s é a capacidade específica, Q é a vazão de bombeamento e W(u) é a função de u, onde onde r é o raio efetivo do poço, S é o coeficiente de armazenamento e t é a duração do período de bombeamento que precede a determinação da capacidade específica. Por conveniência, no uso da equação 1, é desejável expressar W(u)/4π como constante. Para fazer isto é primeiro necessário determinar os valores de u e, usando a tabela de valores de u (ou 1/u) e W(u), determinar os correspondentes valores para W(u). Valores de u são determinados substituindo na equação 2 os valores de T, S, r e t que são representativos das condições na área. Para ilustrar, assuam, em uma área sob investigação e para a qual grande quantidade de valores de capacidade específica está disponível, que: 1. O principal aqüífero é confinado e testes de aqüífero indicam que o coeficiente de armazenamento é cerca de 2 x 10-4 e a transmissividade cerca de 3.960 m2/dia. 2. A maioria dos poços supridores são de 8 pol. (20 cm) de diâmetro. 3. A maioria dos valores da capacidade específica são baseados em testes de aceite de 12 horas. A tabela de valores de W(u) para valores de 1/u está apresentada na seção intitulada “Testes de Aqüífero”. Entretanto, o valor de u determinado acima deve ser convertido para 1/u, que é 9,91 x 108, e este valor é usado para determinar o valor de W(u). Valores de W(u) são dados para valores de 1/u de 7,69 x 108 e 10 x 108 mas não para 9,91 x 108. Entretanto, o valor de 10 é próximo o suficiente de 9,91 para o propósito de estimar a transmissividade a partir da capacidade específica. Da tabela determinamos que, para um valor de 1/u de 10 x108, o valor de W(u) é de 20,15. Substituindo este valor na equação 1, achamos a constante W(u)/ 4π como sendo 1,60. Muitos leitores acharão útil agora substituir diferentes valores de T, S, r e t na equação 2 para determinar como os diferentes valores afetam a constante na equação 1. Ao usar a equação 1, modificada como necessário para satisfazer as condições em uma área , é importante reconhecer suas limitações. Entre os mais importantes fatores que afetam seu uso estão a exatidão com que a espessura da zona supridora de água ao poço pode ser estimada, a magnitude das perdas no poço em comparação ao rebaixamento no aqüífero e a diferença entre o raio “normal” do poço e seu raio efetivo. Em relação a estes fatores a prática comum é a de assumir que o valor da transmissividade estimada a partir da capacidade específica aplica-se só à zona com filtro ou ao furo não revestido. Para aplicar este valor ao aqüífero inteiro, a transmissividade é dividida pelo comprimento do filtro ou da parte não-revestida (para determinar condutividade hidráulica por unidade de comprimento) e o resultado é multiplicado pela espessura total do aqüífero. O valor da transmissividade determinado por este método é muito maior se a zona supridora de água ao poço é mais espessa do que o comprimento do filtro ou da parte não-revestida. Similarmente, se o raio efetivo do poço é maior que o raio “nominal” (assumindo que o raio “nominal” é usado na equação 2), a transmissividade baseada na capacidade especifica será de novo muito grande. Por outro lado, se uma parte significante do rebaixamento no poço em bombeamento é devida a perdas no poço, a transmissividade baseada na capacidade específica será menor que a real. Se o efeito de todos estes três fatores cancelam-se dependerá das características tanto do aqüífero como do poço. Se um número suficiente de testes de aqüífero foram realizados, poderá ser factível utilizar os resultados para introduzir uma constante na equação 1 para tomar conta destes fatores. Projeto de Campo-de-Poços O desenvolvimento de suprimentos de água moderados a grande maioria dos aqüíferos requer mais do que um poço; em outras palavras, requer o que é comumente referido como um campo-de-poços. Conseqüentemente, o projeto de campo-de-poços é um importante problema no aproveitamento de água subterrânea. O objetivo do projeto de campo-de-poço é o de obter a requerida quantidade de água pelo menor custo, incluindo o custo inicial de construção dos poços e das tubulações, o custo da operação e da manutenção e o custo da reposição do poço. O produto final de um projeto é o plano mostrando o arranjo e o espaçamento dos poços e as especificações contendo detalhes sobre a construção e a completação, incluindo informação sobre o diâmetro dos poços, das profundidades e da posição de filtros ou partes não-revestidas, do tipo de revestimento e de filtros e do tipo, tamanho e local das bombas. Os elementos-chave do projeto de campo-de-poços são a quantidade total de água a ser obtida do campo, a vazão a que cada poço pode ser bombeado (o que determina o número de poços que será requerido) e o espaçamento entre os poços. A vazão de bombeamento para cada poço pode ser estimada com as equações de Jacob ou de Theis (veja “Análise Distância-Rebaixamento”). Isto depende da transmissividade e do coeficiente de armazenamento do aqüífero, da distância e da natureza dos limites laterais, das características hidráulicas das camadas confinantes, do rebaixamento disponível e do período de bombeamento. Para o propósito desta discussão, não consideraremos o efeito dos limites ou camadas confinantes (para a uma discussão sobre o rebaixamento disponível veja “Interferência de Poço” e “Testes de Aceite de Poço e Eficiência de Poço”). O período de bombeamento é normalmente tomado como 1 ano. Para determinar a vazão de bombeamento as equações de Jacob são resolvidas como segue: onde r0 é a distância do poço de bombeamento, em metros, ao local de rebaixamento zero em um gráfico semilogarítmico no qual o rebaixamento está em escala aritmética e a distância em escala logarítmica , T é a transmissividade do aqüífero, em metros quadrados por dia, t são 365 dias (1 ano), S é o coeficiente de armazenamento do aqüífero (adimensional), ∆s é o rebaixamento, em metros, através de um ciclo logarítmico segundo uma linha conectando o ponto r0 e um ponto do raio proposto do poço em bombeamento em que o rebaixamento iguala aproximadamente a metade do rebaixamento disponível 1 e Qe é a primeira estimativa da vazão de bombeamento em metros cúbicos por dia. A vazão de bombeamento estimada Qe é distribuída pela quantidade de água total necessária obtida a partir do campo-de-poços a fim de determinar o número de poços que serão necessários. O próximo passo é determinar o espaçamento entre os poços ótimos. Esta determinação envolve considerações tanto hidrológicas como econômicas. As considerações hidrológicas incluem os seguintes: 1) A distância mínima entre os poços em bombeamento deve ser ao menos duas vezes a espessura do aqüífero se os poços estão abertos até menos da metade da espessura do aqüífero. 2) Poços próximos a limites com recarga devem ser locados ao longo de uma linha paralela ao limite e tão próximos ao limite quanto possíveis. 3) Poços próximos a limites impermeáveis devem ser lacrados ao longo de uma linha perpendicular ao limite e tão distantes quanto possível do limite. 1 Neste ponto, usamos metade do rebaixamento disponível a fim de obter uma primeira estimativa de perda no poço e interferência de poço. Se determinarmos que, para uma vazão de Qe, o rebaixamento no aqüífero é menor que o rebaixamento disponível e o rebaixamento no poço está acima do topo do filtro, podemos assumir um maior valor de s e recalcular Qe. É importante também notar que, na determinação inicial do rebaixamento disponível, a flutuação sazonal do nível de água estático deve ser considerada. As considerações econômicas primárias envolvidas em espaçamento de poços incluem o custo dos poços e das bombas, o custo da energia e o custo de interconexão de linhas de distribuição, canos e fios. Quão mais próximo os poços estão espaçados tão menor a vazão a vazão de cada poço devido a interferência entre os poços. A menor vazão de poços espaçados próximos significa que mais poços e bombas são requeridos e o custo da energia será maior. O custo de poços adicionais e os custos maiores de bombeamento devem ser avaliados em relação ao custo do menor sistema de distribuição, de canos e de fios. O esquema 1 mostra um gráfico distância-rebaixamento para um poço em bombeamento ao fim de um período continuo de bombeamento de um ano para um aqüífero tendo uma transmissividade (T) de 465 m2/d, um coeficiente de armazenamento (S) de 5 x 10-4 e um rebaixamento disponível de 18 m. O raio assumido do poço em bombeamento (rw) é de 0,20 m (8 pol). Quando a metade do rebaixamento disponível é usada, junto com os outros valores como mostrado, a equação 2 resulta numa vazão de bombeamento estimada (Qe) de 1.914 m3/d (0,022 m3/s). Para ilustrar o uso do esquema 1 na análise do problema de espaçamento de poços assumidos que a vazão de 5.700 m3/d (0,066 m3/s) é desejada. Esta vazão pode ser obtida a partir de três poços produzindo 0,022 m3/s cada um. Assuma que os poços estão locados em linha reta e são numerados 1, 2 e 3. O poço 2 estando no meio obviamente terá maior interferência e, pois, maior rebaixamento. Quão mais próximo pode ele estar de 1 e de 3 sem que seu rebaixamento exceda o rebaixamento disponível de 18 m. Quando o poço 2 é bombeado a vazão de 0,022 m3/s, o rebaixamento no aqüífero no poço será metade do possível, ou 9 m. Os restantes 9 m de rebaixamento disponível devem ser apropriados tanto à perda-de-poço no poço 2 como a interferência proveniente dos poços 1 e 3. De acordo com o esquema 1, se o poço 2 fosse 100 por cento eficiente, sua capacidade específica seria [(0,022 m3/s) / (9 m)] = 0,0024 m2/s Assumimos, entretanto, que o poço 2 será apenas 80 por cento eficiente. Se tal, sua capacidade específica será 0,0024 m2/s x 0,80 = 0,0019 m2/s e a vazão de 0,022 m3/s produzirá um rebaixamento no poço de cerca de 11 m (0,022/0,0019). Subtraindo 11 de 18 m dá uma diferença de 7 m, a qual pode ser assinalada à interferência dos poços 1 e 3. Desprezando-se a fração, a interferência de cada poço é cerca de 3 m. O esquema 2 mostra que um poço bombeando 0,022 m3/s do aqüífero produzirá um rebaixamento de 3 m a uma distância de cerca de 385 m. Assim, o espaçamento entre os poços 1 e 2 e entre 2 e 3 deveria ser de 385 m para que não seja excedido o rebaixamento disponível no poço 2. Com este espaçamento os poços 1 e 3 estariam distantes entre si de 770 m. O esquema 2 mostra que o rebaixamento a 770 m seria cerca de 2,75 m. Consequentemente os rebaixamentos em ambos poços, 1 e 3, seriam de 16,75 m, ou cerca de 0,25 m menor que no poço 2. Qualidade de Água Subterrânea Água consiste em dois átomos de Hidrogênio e um de Oxigênio, os quais dão a fórmula química H2O. Água frequentemente é referida como solvente universal porque tem a capacidade de dissolver ao menos pequenas quantidades de quase todas as substâncias com que entra em contato. Da água doméstica usada pelo homem, a água subterrânea usualmente contém as maiores quantidades de sólidos dissolvidos. A composição e a concentração de substancias dissolvidas em água subterrânea não poluída depende da composição química da precipitação, das reações biológicas e químicas ocorrentes na superfície da terra e na zona do solo e da composição mineral dos aqüíferos e camadas confinantes através das quais a água se move. As concentrações de substâncias dissolvidas na água são comumente relatadas em unidades de peso por volume. No Sistema Internacional (SI), as unidades mais comumente usadas são miligramas por litro. Uma miligrama equivale a 1/1.000 (0,001) do grama e um litro equivale a 1/1.000 do metro cúbico, assim, 1 mg/l equivale a 1 g/m3. Concentrações de substâncias na água foram relatadas por muitos anos em unidades de peso por peso. Devido a concentração da maioria das substâncias dissolvidas em água ser relativamente pequena, a unidade de peso por peso comumente usada era parte por milhão (ppm). A qualidade da água subterrânea depende tanto das substâncias dissolvidas na água como de certas propriedades e características que estas substâncias dão a água. A tabela 1 contém informação sobre substâncias inorgânicas dissolvidas que normalmente ocorrem em maiores concentrações e são as que tendem a afetar o uso da água. A tabela 2 lista outras características da água que são comumente relatadas nas análises de água e podem afetar o uso da água. Constituintes dissolvidos para os quais os limites de concentração têm sido estabelecidos para água potável são discutidos em “Poluição da Água Subterrânea”. Tabela 1. CONSTITUINTES ORGÂNICOS NATURAIS COMUMENTE ENCONTRADOS NA ÁGUA QUE PROVAVELMENTE MAIS AFETAM SEU USO Concentrações de Substância Fontes naturais maiores Efeito do uso na água significância (mg/l) Bicarbonato (HCO3) Produtos da solução de rochas carbonáticas, Controlam a capacidade da água neutralizar e Carbonato (CO3) principalmente calcário (CaCO3) e dolomito ácidos fortes. Bicarbonatos de cálcio e magnésio (CaMgCO3) por água contendo dióxido de decompõem-se em caldeiras e aquecedores para carbono. formar depósitos e liberam gás carbônico corrosivo. Em combinação com cálcio 150 - 200 e magnésio causam dureza carbônica Cálcio (Ca) e Solos e rochas contendo calcário, dolomita Principal causa de dureza e de depósitos em Magnésio (Mg) e gipsita (CaSO4). Pequenas porções de caldeiras e aquecedores. 25 - 50 rochas ígneas e metamórficas. Cloreto (Cl) Em terras continentais, primariamente a Em grandes quantidades, aumenta a partir da água do mar aprisionada em corrosividade da água e, em combinação com sedimentos ao tempo da deposição: em sódio, dá a água um gosto salgado. 250 áreas costeiras, da água do mar em contato com água doce em aqüíferos produtivos. Floreto (F) Tanto rochas sedimentares como ígneas. Até certas concentrações reduz a cárie; a maiores, 0,7 – 1,23 Sem ocorrência largamente distribuída. causa manchas no esmalte dos dentes. Ferro (Fe) e Ferro é presente na maioria dos solos e Mancha as roupas na lavagem e não são Fe > 0,3; Mg > Manganês (Mn) rochas; manganês é menos largamente recomendados em processamento alimentar, em 0,05 distribuído. tingimento, fabricação de gelo, de cerveja e outros processos industriais. Sódio (Na) Como o cloreto. Em algumas rochas Veja cloreto. Em grandes concentrações pode sedimentares uma s poucas miligramas por afetar litro podem ocorrer em água doce como hipertensão resultado da troca de cálcio dissolvido e concentrações de cálcio e de magnésio também magnésio por sódio nos materiais aqüíferos. presentes na água, o sódio pode ser nocivo a pessoas e com dificuldades outros. cardíacas, Dependendo 69 (irrigação) 20,170 (saúde)3 das certos cultivares. Sulfato (SO4) Gipsita, pirita (FeS) e outras rochas Em certas concentrações, dá à água um gosto 300 – 400 (gosto) contendo compostos de enxofre (S). amargo e, a maiores concentrações, tem efeito 6000 – 1000 laxativo. Em combinação com cálcio forma um (laxativo) deposito duro de carbonato em caldeiras. 1 Um intervalo de concentração que pretende indicar o nível geral no qual o efeito sobre o uso da água pode tornar-se significante. 2 Intervalo ótimo determinado pelo U.S. Public Health Service dependendo da ingestão de água. 3 Concentrações mais baixas aplicam-se a água potável para pessoas em dieta estrita: maiores concentrações é para aqueles em dieta moderada. Tabela 2. CARACTERÍSTICAS DA ÁGUA QUE AFETAM A QUALIDADE Características Dureza Causa Principal Significado Observações Cálcio e magnésio dissolvidos Cálcio e magnésio combinam-se com sabão (mg/l de CaCO): na água para formar um precipitado insolúvel e 0 – 60: Mole. assim dificultam a formação de espuma. 61 – 120: Moderadamente dura Dureza também afeta a adequabilidade da 121 – 180: Dura água para uso nas indústrias têxtil e de > 181 Muito dura papel e outras e em caldeiras. USGS classificação de dureza. pH (atividade do íon Dissociação das moléculas de O pH da água é a medida de sua Valor de pH: hidrogênio) água e de ácidos e base característica reativa. Baixos valores de pH, menor que 7, a água é ácida; dissolvidos em água. particularmente abaixo de 4 indicam uma Valor 7 é neutra; água corrosiva que tenderá a dissolver Mais que 7 é básica. metais e outras substâncias que entrarem em contato. Altos valores de pH, particularmente acima de 8,5 indicam uma água alcalina, que, sob aquecimento, tenderá a formar depósitos. O pH afeta significativamente o tratamento e o uso da água. Condutância elétrica Substâncias que forma os íons A maioria das substâncias dissolvida em Valores de condutância indicam específica quando dissolvidos em água. água dissocia-se em íons que podem a condutividade elétrica, em conduzir corrente elétrica. micromhos, de 1 cm3 de água a Conseqüentemente a condutância elétrica temperatura de 25º C. especifica é um valioso indicador da quantidade de material dissolvido em água. Quanto maior a condutância, mais mineralizada é a água. Sólidos dissolvidos totais Substâncias minerais Sólidos dissolvidos totais é a medida da USGS: classificação da água dissolvidas na água. quantidade total de minerais dissolvidos em baseada nos sólidos dissolvidos água e é, um parâmetro muito útil na totais (mg/l): avaliação da qualidade. Água contendo Menos que 1.000: Doce menos que 500 mg/l é preferida para uso 1.000 a 3.000: Salina leve doméstico e para muitos processos 3.000 a 10.000: Salina moderada industriais. 10.000 a 35.000: Muito salina Mais que 35.000: Salmoura Poluição da Água Subterrânea A poluição da água subterrânea está recebendo aumento de atenção das agências reguladoras tanto Federais como Estaduais e dos usuários. Como resultado, a poluição tem sido encontrada mais espalhada que se supunha há apenas uns anos atrás. Esta atenção tem também resultado em largo reconhecimento os fatos que poluem a água subterrânea podem gerar uma séria ameaças à saúde que seguidamente não está aparente àqueles que serão afetados e que a purificação dos sistemas de água subterrânea poluídos pode requerer séculos ou o gasto de altas somas de dinheiro. Estes fatos por si só tornam imperativo que a poluição de água subterrânea por substâncias danosas seja evitada ao máximo de nossas capacidades. Poluição de água subterrânea, como usada nesta discussão, refere-se a qualquer deterioração na qualidade da água resultante de atividades humanas. Esta definição inclui a intrusão de água do mar em água doce dos aqüíferos, resultante de rebaixamento artificial dos níveis de água subterrânea. Este tópico, entretanto, está coberto numa discussão separada (veja “Intrusão Salina”). A maioria da poluição de água subterrânea resulta da disposição de resíduos na superfície da terra, em escavações rasas, incluindo fossas sépticas, ou através de poços profundos e minas; o uso de fertilizantes e outros químicos agrícolas; vazamentos em esgotos, tanques de armazenamento e dutos e em confinamentos de animais. A magnitude de qualquer problema de poluição depende do tamanho da área afetada e da quantidade de poluente envolvida, da solubilidade, toxicidade e densidade do poluente, da composição mineral e das características hidráulicas de solos e rochas através dos quais o poluente se move e do efeito potencial sobre o uso da água subterrânea. Áreas afetadas em tamanhos desde pontuais, tais como fossas sépticas, até grandes áreas urbanas possuindo vazamento na rede de esgotamento e numerosos locais de depósitos de lixo municipal ou industrial. Quase todas as substâncias são solúveis em água e muitos rejeitos líquidos são altamente tóxicos mesmo em mínimas concentrações. Por exemplo, a tabela 1 lista as concentrações máximas de sustâncias inorgânicas permitidas para suprimento de água potável. Limites têm sido também estabelecidos pela Agência de proteção Ambiental para substâncias radioativas e orgânicas. A densidade de uma substância líquida – isto é, o peso por unidade de volume de substancia em relação ao da água – afeta seu movimento subterrânea. Densidades variam desde a dos derivados do petróleo que são menos densos que a água a das salmouras e outras substâncias que são mais densas que a água. Substâncias menos densas que a água tendem a acumular-se no topo da zona saturada: se, como petróleo, elas são imiscíveis, elas tenderão a espalharem-se em todas as direções como uma fina partícula. Substâncias mais densas que a água tendem a moverem-se para baixo através da zona saturada até a primeira camada confinante extensa. A composição mineral e as características físicas dos solos e rochas através das quais os poluentes movem-se podem afetar os poluentes em diferentes modos. Se o poluente entra no solo em um “ponto”, ele será dispersado longitudinal e lateralmente em materiais granulares de tal modo que sua concentração será reduzida na direção do movimento (veja “Fluxo saturado e Dispersão”). Substâncias orgânicas e outros materiais biodegradáveis tendem a ser quebrados tanto por oxidação como por ação bacteriológica na zona não-saturada. Certos materiais terrosos, especialmente argilas e matéria orgânica, podem também absorver metais-traço e certos poluentes orgânicos complexos e reduzir sua concentração a medida que se movem através do ambiente subterrâneo. As características hidráulicas de solos e rochas determinam no caminho tomado e a velocidade do movimento dos poluentes. Substâncias dissolvidas na água movem-se com a água a não ser se são retidas ou retardadas por adsorção. Assim, o movimento de poluentes tende a ser através das zonas mais permeáveis; quão mais distante do ponto de origem à área de descarga, mais penetram no sistema de água subterrânea e maior área será no final afetada. Os fatores relacionados ao movimento de poluentes discutidos nos parágrafos precedentes devem ser cuidadosamente considerados na seleção de locais de deposição de rejeitos, confinamento de animais e locais para outras operações que podem causar poluição de água subterrânea. Com estes fatores em mente é óbvio que a poluição significativa da água subterrânea pode ser evitada se locais de disposição de rejeitos são selecionados de tal modo que: 1) Espessuras significativas de material não-saturado contendo argila e (ou) matéria orgânica estão presentes. 2) Áreas tão próximas quanto possíveis a locais de descarga de água subterrânea. 3) Escorrimento superficial é excluído e infiltração é mantida ao mínimo possível. Tabela 1. CONCENTRAÇÕES MÁXIMAS DE CONSTITUINTES INORGÂNICOS PERMITIDOS EM ÁGUA POTÁVEL [Dados de U.S. Environmental Protection Agency (1971)] Constituintes Concentração (mg/l) Arsênico 0,05 Bário 1,0 Cádmio 0,010 Chumbo 0,05 Cromo 0,05 Mercúrio 0,002 Nitrato (como N) 10,0 Prata 0,05 Selênio 0,01 Intrusão Salina Em áreas costeiras a água subterrânea derivada da precipitação sobre a terra entra em contato com o mar e nele descarga ou em estuários contendo água salobra. A relação entre água doce e a água salgada, ou salobra, é controlada primariamente por diferenças em suas densidades. A densidade de uma substância expressa a quantidade de massa contida no volume unitário; assim, a densidade da água é afetada pela quantidade de minerais, tais como sal, (NaCl), que a água contém em solução. Em unidades métricas, a densidade da água doce é de cerca de 1 g/m3 e a densidade da água do mar é de cerca de 1,025 g/m3. Assim, a água doce sendo menos densa que a salgada tende a flutuar sobre esta. Em ilhas, tais como os Bancos Externos da Carolina do Norte, a precipitação forma uma lente de água doce que “flutua” sobre a água salgada sotoposta (1). Quão mais alta a superfície freática em relação ao nível do mar, mais espessa a lente de água doce. Esta relação entre a altura da superfície freática e a espessura da lente de água doce foi descoberta, independentemente, pelo holandês Badon Ghyben e o alemão B. Herzberg e é referida como a relação de Ghyben-Herzberg. Esta relação expressa como equação é: onde hs é a profundidade da água doce sob o nível do mar, ρf é a densidade da água doce, ρs é a densidade da água salgada e hf é altura da superfície freática acima do nível do mar. Com base na equação 1 e as diferenças entre as densidades das águas doce e salgada, a zona de água doce deve estender-se até uma profundidade abaixo do nível do mar (hs) igual a 40 vezes a altura da superfície freática acima do nível do mar (hf). A relação de Ghyben-Herzberg aplica-se estritamente, entretanto, só para aqüíferos homogêneos e isótropos nos quais a água doce está estática e em contato com um corpo de água salina sem marés. Marés fazem a água salina alternativamente invadir e receber a zona de água doce, o resultado é uma zona de difusão através da qual a salinidade muda de doce a marinha (1). Uma parte da água do mar que invade a zona de água doce, é mantida na zona de água doce e é descarregada de volta ao mar pela água doce a medida que esta se move ao mar. Devido ao fato que ambas, água doce e água salgada estão em movimento (não estáticas), a espessura da zona de água doce num aqüífero homogêneo e isótropo é maior que a prevista pela equação de Ghyben-Herzberg. Por outro lado, em um aqüífero estratificado (e quase todos os aqüíferos são), a espessura das lentes de água doce é menor do que a prevista devido a perda de carga ocorrida quando a água doce se move através das camadas menos permeáveis. Quando níveis de água doce são diluídos por retiradas através de poços, o contato das águas doce-salgada migra em direção ao ponto de retirada até que um novo balanço seja estabelecido (2). O movimento de água salgada a zonas previamente ocupadas por água doce é referido como intrusão salina. Intrusão marinha é um problema sério em algumas áreas costeiras. A intrusão vertical sob poços em bombeamento é o problema mais iminente que a intrusão lateral em muitas áreas. Uma razão é que a intrusão lateral deve deslocar um volume de água doce muito maior que aquele deslocado pela vertical. Outra razão é que aproximadamente dois-terços dos Estados Unidos está sotoposto por aqüíferos que produzem água contendo mais que 1.000 mg/l de sólidos dissolvidos totais (3) (veja a tabela 2 em “Qualidade de Água Subterrânea”). Na maioria dos lugares, estes aqüíferos estão sobrepostos por outros aqüíferos que contêm água doce e que servem de fontes de abastecimento de água. Entretanto, onde os poços de abastecimento foram perfurados muito profundamente ou estão bombeando a altas vazões, a intrusão vertical de água mineralizada (salobra) pode ocorrer. No projeto de poços de abastecimento em áreas contendo adjacentes a águas salgadas, deve ser dada consideração à possibilidade de intrusão salina. Esta consideração pode envolver a seleção de aqüíferos rasos ou de pequenas vazões de bombeamento para evitar intrusão vertical ou causar o deslocamento de poços para áreas mais adentradas no continente para evitar a intrusão. Temperatura da água Subterrânea A temperatura da água subterrânea é uma de suas mais úteis características. A água subterrânea tem sido usada por muitos anos em Long Island, N.Y; e outros lugares, como meio trocador de calor para sistemas de ar-condicionado. Como resultado de recentes aumentos nos custos de energia, a água subterrânea está também tornado-se mais importante como fonte de calor para “bombas de calor”. A temperatura da água subterrânea responde a variações sazonais ao calor recebido pela superfície da Terra do Sol e por fluxo de calor proveniente do interior da Terra. O movimento sazonal de calor entrando e saindo das camadas mais superficiais da crosta da Terra causa uma flutuação sazonal nas temperaturas da água subterrânea até uma profundidade de 10 a 25 m (1). A flutuação é maior próximo da superfície, chegando a 5 ºC até 10 ºC até profundidades de muitos metros. Na zona afetada por flutuações sazonais, a temperatura média anual da água subterrânea é de 1ºC a 2ºC maior que a média do ar (1). Consequentemente, um mapa mostrando a temperatura média anual da água subterrânea mais superficial pode ser preparado com base na temperatura média anual do ar (esquema 2, baseado em um mapa mostrando a temperatura média anual do ar, preparado pelo National Weather Service). O movimento do calor do interior da Terra faz as temperaturas da água subterrânea aumentar com a profundidade (1). Este aumento é referido como gradiente geotérmico e varia de cerca de 1,8 ºC por 100 m em áreas onde ocorrem espessas camadas de rochas sedimentares até 3,6 ºC por 100 m em área de atividade vulcânica recente. O efeito do gradiente geotérmico não é logo aparente na zona afetada pelas flutuações sazonais de temperatura. O movimento da água subterrânea causa uma distorção nas isotermas (linhas mostrando igual temperatura). Este efeito é mais notável onde rebaixamentos de água subterrânea induzem o movimento de água de uma corrente ao aqüífero. A distorção na temperatura da água subterrânea é mais pronunciada na zona mais permeável do aqüífero. Medições de Níveis de Água e Vazões de Bombeamento Cada poço de abastecimento independe se é usado para fins domésticos, de irrigação industrial ou público, deve ser provido com meios para medir a posição do nível da água no poço. Poços de abastecimento público ou poços industriais devem também serem providos com meios para a medição de vazão. O uso de medições de nível e de vazão é discutido em “Problemas de Poços de abastecimento – Queda de Vazão”. O primeiro passo ao medir-se a posição do nível da água é identificar (e descrever) um ponto fixo – ou seja, um ponto de medição – ao qual todas as medições serão referidas. Este ponto é usualmente o topo do revestimento, a tampa do poço ou o porto de acesso. Os três métodos mais comuns usados na medição da profundidade da água em poços são a fita molhada, a fita elétrica e a coluna de ar. O método da fita molhada é provavelmente o mais comum e o mais preciso dos três (1). Este método usa uma fita de aço graduada comum peso na ponta. As graduações no final da fita (cerca de um metro) são cobertas com giz e a fita é baixada no poço até que sua parte inferior fique submersa e uma marca de medição coincida com o ponto de medição superior. A fita então é rapidamente retirada e anotados os valores do ponto de medição e do quanto submerso. O quanto foi submergido é óbvio, pois há mudança de tom entre o giz submerso e o não. A profundidade ao nível da água abaixo do ponto de medição é determinada pela subtração do comprimento de fita molhada do total baixado no poço. O método da fita elétrica envolve um ohmímetro conectado através de um par de fios isolados aos terminais em um eletrodo e contendo no circuito uma fonte tal como uma pilha (2). Quando o eletrodo contacta com a água, uma corrente flui através do circuito e é indicada pela deflexão da agulha do ohmímetro. Os fios isolados são marcados ao metro. A unha do dedo polegar é posta no fio isolado no ponto de medição quando o ohmímetro indica que o circuito foi fechado. Uma fita métrica é usada para medir a distância do ponto indicado pela posição da unha à mais próxima marcação de metro a maior. Esta distância é subtraída do valor da marca para determinar a profundidade da água. Uma diferença entre os métodos da fita molhada e o elétrico é a de que, no primeiro, a subtração envolve o comprimento da fita molhada, enquanto que no elétrico a subtração envolve a distância entre o ponto de medição e a maior marca de metro mais próxima. O método da coluna de ar é geralmente usado só em poços nos quais há bomba instalada. Este método envolve a instalação de um tubo de pequeno diâmetro (o tubo de ar) a partir do topo do poço a um ponto cerca de 3 m abaixo da mais baixa possível posição do nível de água durante bombeamentos por extensos períodos (3). O nível da água neste tubo é o mesmo que no poço. Para determinar profundidade do nível da água, uma bomba de ar e um medidor de pressão são colocados no topo da coluna de ar. Ar é bombeado ao tubo para forçar a água para fora deste até a parte mais inferior. A medida que o nível de água no tubo de ar é deprimido, a pressão indicada pelo medidor aumenta. Quando toda água foi forçada para fora do tubo de ar, o medidor de pressão estabiliza e indica o comprimento da coluna de água originalmente no tubo. Se a leitura do medidor de pressão é subtraída do comprimento do tubo abaixo do ponto de medição, que foi cuidadosamente determinado quando o tubo de ar foi instalado, o restante é a profundidade do nível da água a partir do ponto de medição. A discussão precedente cobriu a medição dos níveis de água em poços nãojorrantes – ou seja, em poços em que o nível de água está abaixo do ponto de medição. Em muitas áreas costeiras e vales com aqüíferos confinados, os níveis de água em poços ficarão acima da superfície topográfica. Estas áreas são referidas como áreas de fluxo artesiano e a mediação dos níveis de água nos poços, onde o revestimento não estendese acima do nível estático, pode ser problemático. Se o poço está equipado com uma válvula e uma rosca a altura do nível da água pode ser determinado enroscando a conexão apropriada e um medidor de pressão ou tubo de plástico transparente. A medição do nível de água em poços jorrantes não equipados com uma válvula ou rosca requer o uso de algum mecanismo de controle de fluxo. A posição do nível de água estática acima do ponto de medição é determinada tanto com um medidor de pressão ou com um tubo plástico (4). A medição de vazões de poços de abastecimento requer a instalação de um medidor de fluxo na tubulação de descarga. Podem ser usados dois tipos de medidores de vazão, dependendo da vazão bombeada. Até uma vazão cerca de 1 m3/min, um “elemento ativo” pode ser usado. Estes medidores usam tanto uma hélice ou um disco que é rotacionado pela água em movimento. Para maiores vazões, medidores que usam uma constrição do tubo de descarga são comumente usados. Estes incluem medidores Venturi, diafragmas e orifícios. Medidores de vazão têm mostradores que mostram tanto o total de água que passou pelo medidor como a vazão que está passando. Com o primeiro (o totalizador), a vazão de descarga é determinada usando um cronômetro e medindo o tempo que leva para passar um certo volume de água. Proteção de Poços de Abastecimento A maioria, se não todos, os Estados 1 têm leis relacionadas à locação e construção de poços de abastecimento. Estas leis e as regras e regulamentações desenvolvidas para sua administração e aplicação concernem, entre outras coisas, com a proteção de poços de abastecimento contra a poluição. Poluição do ambiente resulta de atividades humanas e, consequentemente, exceto onde poços profundos ou minas são usados para deposição de rejeitos, ela afeta primariamente a superfície da terra, a zona do solo e a parte superior da zona saturada (da água subterrânea). Assim, a proteção de poços de abastecimento inclui evitar áreas que estão presentemente poluídas e o selamento de poços de modo a prevenir a poluição futura. Afortunadamente a maioria da poluição da água subterrânea atualmente afeta só áreas relativamente pequenas que podem ser prontamente evitadas na seleção de locais para poços. Entre as áreas nas quais ao menos há expectativa de poluição na água subterrânea rasa são: 1 Dos Estados Unidos da América (N. do T.). 1. Distritos industriais que incluem indústrias químicas, metalúrgicas, refino de petróleo e outras que envolvem outros fluidos que água de resfriamento. 2. Áreas residenciais em que rejeitos domésticos são dispensados através de fossas sépticas. 3. Áreas de confinamento animal e outras em que grande número de animais são mantidos juntos. 4. Áreas de deposição de rejeitos sólidos e líquidos, incluindo aterros sanitários, “lagoas de evaporação” e áreas usadas para a deposição de efluente e rejeitos sólidos de plantas de tratamento de esgoto. 5. Depósitos de substâncias químicas, principalmente as solúveis em água. Na seleção de uma locação para poço, as áreas que devem ser evitadas incluem não só aquelas listadas acima, mas também as zonas em torno delas que podem ser poluídas pelo movimento de rejeitos em resposta tanto ao gradiente hidráulico natural como ao artificial, desenvolvido pelo poço de abastecimento. Regras e regulamentos objetivando prevenir futura poluição incluem a provisão de zonas de “exclusão” em torno de poços de abastecimento, diretrizes para o revestimento e o selamento do espaço anular e o selamento da parte superior dos poços. Muitas regulações estaduais requerem que os poços de abastecimento sejam locados ao menos 30 m distantes de fontes ou fontes potenciais de poluição. No caso de poços de abastecimento público, o proprietário deve tanto possuir ou controlar a terra em torno de 30 m do poço. Em alguns Estados, um poço de abastecimento público pode estar localizado tão próximo quanto 15 m de um esgoto se as juntas da canalização atingem padrões da canalização da água. Algumas regulações estaduais requerem que o revestimento de todos os poços de abastecimento terminem acima da superfície da terra e que tal superfície no local tenham inclinação centrífuga ao poço. Muitos estados também requerem que poços de abastecimento público tenham plataforma de concreto contínua de ao menos 10 cm de espessura e estendendo-se ao menos 1 m horizontalmente ao redor do poço, em contato com seu revestimento. O topo do revestimento deve projetar-se não menos que 15 cm acima da plataforma de concreto. O topo do revestimento deve também projetar-se ao menos 2,5 cm acima do pedestal da bomba. O topo do revestimento deve ser selado exceto por um tubo que tem uma abertura telada e também com seladura centrifuga. As regulamentações citadas antes provêm, no máximo, proteção mínima para poços de abastecimento. Há numerosas situações em que tanto o tamanho da zona de exclusão como a profundidade do revestimento são inadequados. Em relação ao raio da zona de exclusão, não há limites arbitrários, exceto os limites físicos do aqüífero, além dos quais a água subterrânea não pode se mover. Em relação ao revestimento mínimo requerido não há limites verticais, exceto a base impermeável do sistema de água subterrânea, além da qual a água poluída não pode se mover. Por outro lado, há situações geológicas e hidrológicas nas quais estas regulações podem vir a ser excessivamente restritivas. Um exemplo é a poluição em um aqüífero não-confinado a jusante de um poço de abastecimento retirando água de um aqüífero confinado profundo sobreposto por uma camada confinante impermeável. Devido a estes fatores é essencial que aqueles envolvidos na regulamentação da locação e da construção de poços de abastecimento sejam adequadamente treinados nos campos da hidrologia e da geologia da água subterrânea, de modo que possam proteger a saúde pública com base no conhecimento científico e no julgamento técnico ao invés do que a cega aplicação de regulações arbitrárias. Problemas em Poços de Abastecimento – Queda de Vazão A vazão de qualquer poço de abastecimento depende de três elementos: o aqüífero, o poço e a bomba. A queda de vazão é devida a uma mudança em um destes elementos e a correção do problema depende da identificação do elemento que está envolvido. Esta identificação em muitos casos pode só ser feita se estão disponíveis dados sobre a profundidade do nível da água no poço e a vazão de bombeamento. Inabilidade de identificar razões para uma queda de vazão frequentemente resulta em interromper o uso da água subterrânea e o desenvolvimento de suprimentos de água mais caros, superficiais. A profundidade de nível da água em um poço equipado com uma bomba pode ser determinada usando uma fita metálica, uma fita elétrica ou uma coluna de ar e um medidor de pressão. A vazão de bombeamento de um poço de abastecimento pode ser determinada por qualquer dos diferentes tipos de medidores (1) (veja “Medidores de Níveis de Água e Vazões”). A vazão de um poço depende do rebaixamento e da capacidade específica. A capacidade específica é a vazão por unidade de rebaixamento e, em quase todos poços em bombeamento, ela varia com a vazão de bombeamento. Assim, uma discussão do declínio em vazão tem significado só em termos de vazão máxima. A vazão máxima de um poço é controlada pelo rebaixamento disponível e a capacidade específica quando o rebaixamento no poço iguala o rebaixamento disponível. (veja “Testes de Aceitação de poços e Eficiência de Poço”). O rebaixamento disponível é determinado no momento da construção do poço de abastecimento e consiste da diferença entre o nível da água estático (sem bombeamento) e o nível de bombeamento prático mais baixo. O nível de bombeamento prático mais baixo depende do tipo de poço. Em poços com filtro está no topo do mais alto filtro. Em poços sem revestimento abertos em rochas fraturadas é a posição da mais inferior entrada de água ou mais inferior nível em que a tomada da bomba pode ser locada. A capacidade específica e a “vazão” de um poço de abastecimento são determinadas no momento da construção do poço. Se o nível de bombeamento durante o teste de aceite do poço está relativamente próximo (uns poucos metros) ao nível prático mais baixo, a capacidade específica determinada durante o teste pode ser usada para precisamente estimar a vazão máxima. Entretanto, é importante notar que quedas aparentes de vazão após os poços serem postos em produção refletem, em muitos casos, uma superestimativa das vazões ao tempo da construção. Quedas reais de vazão de poços após a entrada em operação resultam da deterioração de bombas, declínios no nível estático da água ou da capacidade específica, ou de combinações dos três. A vazão de um campo de poços é a soma das vazões dos poços individuais. Operação exitosa, pois, requer medições periódicas tanto da capacidade específica como do rebaixamento disponível para cada poço. Mudanças nestes valores são usadas para predizer a vazão do campo a diferentes tempos no futuro e, quando elas são usadas em conjunto com predições de necessidades, para planejar a reabilitação de poços existentes ou construção de novos poços. Medições da capacidade específica e do rebaixamento disponível, não são nem difíceis nem demoradas. A determinação de ambos requer só três medições listadas abaixo: 1. Nível de água (NA) estático (sem bombeamento) medido semanalmente próximo ao fim do período de não-bombeamento mais longo que, na maioria dos sistemas com grande uso industrial, é próximo do fim do fim-de-semana. 2. Nível de água máximo em bombeamento, medido semanalmente próximo ao fim do período maior de uso contínuo que, na maioria dos sistemas, é próximo do fim da semana de trabalho. 3. Vazão de bombeamento, medida ao mesmo tempo em que o nível de água máximo em bombeamento. Estes três itens são analisados como segue para determinar a vazão máxima de um poço. Capacidade específica Rebaixamento disponível (m) = (nível de água estático, em m) – (nível de água prático mais baixo, em m) Vazão máxima = (capacidade específica) x (rebaixamento disponível) Determinações da capacidade específica e do rebaixamento disponível devem ser cuidadosamente preservados como parte do arquivo permanente de cada poço (veja “Arquivos de Registros de Poços”). Elas devem ser analisadas ao menos uma vez no quadrimestre para determinar se mudanças estão ocorrendo. Estas análises podem ser feitas mais convenientemente se os valores são graficados no tempo (2). Mudanças no rebaixamento disponível e (ou) na capacidade específica e causas possíveis e as ações corretivas estão listadas na tabela a seguir. ANÁLISE DO DECLÍNIO DE VAZÃO DO POÇO Critérios identificadores Causas Ação corretiva Declínio no rebaixamento O aqüífero em função de um declínio Aumento no espaçamento de novos disponível, sem mudança na no nível da água subterrânea resultante poços de abastecimento. Instituir capacidade específica. da depleção do armazenamento causada medidas para recarga oficial. pelo declínio na recarga ou pela retirada excessiva. Sem mudança no rebaixamento O poço em função do aumento das Redensenvolver o poço através do disponível, declínio na perdas de poço resultantes de bloqueio uso de pistoneamento ou outro capacidade específica. do filtro por partículas de rocha ou por meio. Uso de ácido para dissolver deposição de carbonato ou compostos incustações. de ferro; ou redução em comprimento do furo não-revestido pelo movimento de sedimento ao poço. Sem mudança no rebaixamento A bomba, em função do desgaste Recondicionar ou repor o motor, disponível, sem mudança na dos propelentes e outras partes capacidade específica. móveis ou perda de potência do motor. ou içar a bomba e repor as partes gastas ou estragadas. Problemas em Poços de Abastecimento – Mudanças na Qualidade da Água Os problemas mais freqüentes encontrados na operação dos poços de abastecimento relacionam-se tanto com quedas de vazão como com deterioração da qualidade da água. Quedas de vazão foram discutidas em “Problemas de Poços de Abastecimento – Queda de Vazão”. A deterioração da qualidade da água pode resultar tanto de mudanças na qualidade da água no aqüífero como mudanças no poço. Estas mudanças podem afetar a qualidade biológica, a qualidade química ou a qualidade física. Deterioração nas qualidades biológica e química geralmente resulta de condições no aqüífero, enquanto que mudança na qualidade física resulta de mudanças no poço. Tanto a qualidade biológica como a química da água de um poço de abastecimento novo devem ser analisadas antes de poços serem liberados ao uso, para determinar se a água atinge padrões de água potável e, caso não, que tratamento é requerido. Regulações para água potável da U.S. Environmental Agency também requerem que análises de qualidade biológica sejam feitas mensalmente e que análises de qualidade inorgânica sejam feitas ao menos a cada 3 anos para todos os sistemas comunitários supridos inteiramente por água subterrânea. É uma boa prática determinar periodicamente as qualidades química e biológica da água de todos os poços, especialmente daqueles que suprem necessidades domésticas, a fim de determinar se há mudanças na qualidade. A deterioração da qualidade biológica refere-se ao aparecimento na água de bactérias e (ou) vírus associados a restos humanos ou animais. Tal deterioração é referida geralmente como poluição e indica, em quase todos os casos, a conexão entre zona superficial ou próxima dela uma seção aberta do poço. A conexão mais freqüentemente existe no espaço anular entre o revestimento e o aqüífero. Para evitar a poluição de poços, muitas regulações construtivas requerem que o espaço anular seja completamente preenchido com cimento desde a superfície topográfica até uma profundidade de ao menos 6 m. Deterioração na qualidade química refere-se à chegada ao poço de abastecimento de água contendo substâncias químicas dissolvidas em concentração indesejadamente alta. Retiradas de água de um poço causam a água convergir ao poço de diferentes direções. Se esta convergência envolve água contendo grande concentração de qualquer substância, tal concentração, após algum período de tempo, começa a aumentar. Os aumentos mais comumente observados de concentração envolvem NaCl (cloreto de sódio ou sal comum) e NO3 (nitrato), mas, se o poço está próximo a um aterro sanitário ou outro local de rejeito, o aumento pode envolver qualquer substância comumente usada pelo homem. Nitrato é um importante constituinte de fertilizantes e está presente em concentrações relativamente altas nos excrementos humanos e animais. Assim, concentrações de nitrato em excesso de uns poucos miligramas por litro quase que invariavelmente indicam que a água está chegando ao poço através de um aqüífero raso que está poluído por tanques sépticos ou por excesso de nitrato usado nas operações agrícolas. Cloreto de sódio é o principal constituinte da água do mar e está também presente em concentrações significantes nos excrementos humanos e animais e alguns rejeitos industrializados. Um aumento no conteúdo de cloreto na água do poço indica mais comumente um movimento ascendente de água de uma zona subjacente com água salgada. Outros aumentos são devidos à poluição por fontes na ou próximas à superfície da terra, tais como operações de degelo em ruas e estradas no norte dos Estados Unidos. Embora aumentos em concentração de cloreto e de nitrato sejam as mudanças as mudanças mais comuns na qualidade química da água subterrânea, mudanças podem envolver quase qualquer substância solúvel em água. Assim, é importante estar atento a liberações acidentais ou intencionais de potenciais poluentes dentro da área de influência de todos os poços de abastecimento. Substâncias que são de preocupação particular nesse sentido, incluem herbicidas, pesticidas e outros compostos orgânicos complexos, produtos de petróleo e aquelas sustâncias que contêm concentrações traço de metais. No planejamento de um programa de amostragem, para estas substâncias ou quaisquer outras, é importante considerar o lento movimento no qual a maioria das águas subterrâneas movem-se. Deterioração da qualidade física envolve mudanças na aparência, gosto e temperatura. Mais comumente, uma mudança na aparência ou cor envolve tanto o aparecimento gradual ou abrupto de partículas de rocha na água. Estas partículas podem variar em tamanho desde argila, que dá à água uma aparência túrbida ou “azulada”, até areia. O tamanho das partículas é indicado pela velocidade com que as partículas assentam. Se as partículas assentam muito lentamente, ou nem assentam, elas são de tamanho argila. Se elas assentam imediatamente, são do tamanho areia. O aparecimento gradual de partículas indica que o material mais fino não foi adequadamente removido da zona adjacente ao poço durante o desenvolvimento do poço (veja “Métodos de Construção de Poços”). Durante o uso do poço estas partículas lentamente migram ao poço. O aparecimento abrupto de partículas – ou seja, quando a concentração de partículas é grande (é óbvio) desde o início – geralmente indica o colapso do filtro ou uma ruptura do revestimento. Mudanças na qualidade da água produzida por um poço, prováveis causas da mudança e sugestões de ações corretivas estão listadas na tabela seguinte. ANÁLISE DE MUDANÇAS NA QUALIDADE DA ÁGUA Alteração da Causa Ação corretiva qualidade Biológica Movimento de água poluída de Vedar o espaço anular com cimento ou camadas da superfície ou próximas outro material impermeável e fazer um dela através do espaço anular. montículo ao redor do poço para defletir o escorrimento superficial. Química Movimento de água poluída ao poço Selar o espaço anular. Se o selo não de superfície da terra ou de aqüíferos elimina a poluição, estender o rasos. revestimento a nível mais profundo (telescopando ou cimentando o revestimento do diâmetro menor dentro do revestimento original). Física Movimento ascendente de água de Reduzir a vazão do bombeamento e (ou) zonas de água salgada. selar a parte inferior do poço. Migração de partículas de rocha ao Remover a bomba e redesenvolver o poço através do filtro ou das fraturas poço. penetradas pelo poço não-revestido. Colapso do filtro ou ruptura do Remover o filtro, se possível, e instalar revestimento um novo; instalar um revestimento de menor diâmetro dentro do original. Arquivos de Registros de Poços A coleção e a preservação de registros sobre a construção, operação, manutenção e o abandone de poços de abastecimento são essenciais mas são atividades grandemente negligenciadas. Esta responsabilidade é basicamente do proprietário ou do operador do poço. A conseqüência desta negligência é a impossibilidade de identificar e corrigir economicamente os problemas de queda de vazão ou deterioração da qualidade da água e o projeto de novos poços não pode incorporar experiência passada. Um arquivo deve ser estabelecido para cada poço de abastecimento quando os planos para sua construção são iniciados. Desde o plano inicial ao abandono final do poço os seguintes registros devem ser gerados e cuidadosamente preservados no arquivo: 1. Projeto inicial, incluindo o desenho ou especificações escritas sobre diâmetro, profundidade total proposta, posição dos filtros ou não-revestimento, método de construção e materiais a serem usados na construção (veja “Projeto de Poço de Água”). 2. Registro construcional, incluindo o método de construção e os perfis geológico e geofísico dos materiais atravessados durante a construção, o diâmetro do revestimento e filtros, o tamanho da abertura e a composição metálica dos filtros, as profundidades dos revestimentos e filtros, a profundidade total do poço e o peso do revestimento (veja “Métodos de Construção de Poços” e “Perfis de Poço”). Registro e perfis devem também ser retidos para todos os poços-teste, incluídos aqueles que não foram sucesso devido a pequena vazão. 3. Teste de aceite de poço, incluindo uma cópia das medições de nível da água feita antes, durante e depois do teste de rebaixamento (bombeamento), um registro das vazões, cópias de quaisquer gráficos dos dados e uma cópia do relatório do hidrólogo sobre a interpretação dos resultados do teste (veja “Testes de Aceite de Poço e Eficiência de Poço”). 4. Dados da instalação da bomba, incluindo o tipo de bomba, a potência do motor, a profundidade da tomada da bomba, uma cópia dos dados do fabricante sobre a operação e a eficiência da bomba e dados sobre o comprimento do tubo de ar ou uma descrição das instalações para medição de nível de água, incluindo a descrição do local de medição (veja “Medições de Nível de Água e Vazões de Bombeamento”). 5. Registro de operação, incluindo dados sobre o tipo de medidor usado para vazão, leituras semanais do medidor de vazão, medições semanais dos níveis de água estática e em bombeamento e análises periódicas da qualidade da água (veja “Problemas de Poços de Abastecimento – Queda de Vazão”). 6. Registro de manutenção de poço, incluindo as datas e as atividades realizadas para aumentar a vazão ou a qualidade da água e dados mostrando os resultados atingidos (veja “Problemas de Poços de Abastecimento – Mudanças na Qualidade da Água”). 7. Registro de abandono de poço, incluindo os dados que o uso do poço foi interrompido e a descrição dos métodos e materiais usados para selar ou tamponar o poço. O tipo de formulário usado para os registros descritos antes não é de importância critica. É mais importante que os registros sejam coletados, independentemente do tipo de formulário que é usado. É importante, entretanto, que os dados e o tempo da observação sejam anotados a cada medição de vazão de bombeamento e profundidade da água e em cada amostra de água coletada para análise de qualidade. Referências Um grande número de publicações sobre hidrologia de água subterrânea foi consultado na preparação deste relatório. Uma citação é mostrada no texto só onde a publicação foi usada como fonte específica de dados tabulares. A seguinte lista de referências principais consultadas está incluída para identificar fontes de informação específica e para beneficio daqueles que desejam obter mais informação. Referências Gerais Bouwer, Herman, 1978, Groundwater hydrology: New York, McGraw-Hill, 480 p. Fetter, C. W., Jr ., 1980, Applied hydrogeology : Columbus, Charles E. Merrill, 488 p. Freeze, R. C., and Trainer, F.W., 1981, Introduction to ground-water hydrology: Worthington, Ohio, Water-Well Journal Publishing Co., 285 p. Todd, D. K., 1980, Groundwater hydrology, 2d ed . : New York, John Wiley, 535 p. Walton, W. C., 1970, Groundwater resource evaluation: New York, McGraw-Hill, 664p. Referências das Seções Umas poucas publicações foram consultadas na preparação de duas ou mais seções. Para poupar espaço, a citação completa da publicação é mostrada só na primeira vez que é mencionada. Hidrologia de Água Subterrânea L'vovich, M. L, 1979, World water resources and their future (English translation, edited by R. L. Nace): Washington, D.C., American Geophysical Union, 415 p. Água do Subsolo Meinzer, O. E., 1923, The occurrence of ground water in the United States, with a discussion of principles: U.S . Geological Survey Water-Supply Paper 489, 321 p. Ciclo Hidrológico L'vovich (1979) Porosidade Meinzer (1923) Produção específica e retenção específica Meinzer (1923) Condutividade hidráulica Lohman, S. W., and others, 1972, Definitions of selected groundwater terms-Revisions and conceptual refinements: U .S. 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Expressando Números Pequenos Os expoentes no denominador assumem sinal negativo quando eles são movidos ao numerador. Simplificando Equações Símbolos em equações têm valores numéricos e, na maioria dos casos, unidades de medida, tais como metros, nas quais os valores são expressos. Por exemplo, a lei de Darcy, uma das equações usadas em hidrologia básica de água subterrânea é: Em unidades métricas, a condutividade hidráulica (K) é em metros por dia, a área é em metros quadrados e o gradiente hidráulico (dh/dl) é em metro por metro. Substituindo estas unidades na lei de Darcy, obtém-se: As características dos expoentes são as mesmas, tanto que são usados como números ou como unidades de medida. Expoentes em unidades de medida são entendidos como aplicados ao valor que a unidade de medida tem no problema especifico. Conversão de Unidades A maioria das conversões envolve o princípio fundamental que o numerador e o denominador de uma fração podem ser multiplicados pelo mesmo número (na essência multiplicando a fração por 1) sem mudar o valor da fração. Por exemplo, se tanto numerador como denominador da fração ¼ são multiplicados por 2, o valor da fração não muda. Assim, Similarmente, para converter galões por minuto para obter unidades de medida, tais como pés cúbicos por dia, devemos primeiro identificar as frações que contêm tanto unidades de tempo (minutos e dias) e unidades de volume (galões e pés cúbicos) e que, quando são usadas como multiplicadores, não mudem o valor numérico. Em relação ao tempo, há 1.440 minutos em um dia. Assim, se um número qualquer é multiplicado por 1.440 min/d o resultado será em unidades diferentes, mas o valor numérico permanecerá. Em relação ao volume há 7,48 galões em um pé cúbico. Assim, para converter galões por minuto a pé cúbico por dia, multiplicamos por estes frações “unitárias”, cancelamos as unidades de medida que aparecem tanto no numerador como no denominador e juntamos as unidades que restam. Em outras palavras, para converter galões por minuto a pés cúbicos por dia, temos: e, cancelando galões e minutos nos numeradores e denominadores, obtemos: que diz-nos que 1 gal/min igual a 192,5 pés3/d. O procedimento seguinte converte unidades inglesas métricas. Por exemplo, para converter pé quadrado por dia a metro quadrado por dia, procedemos como segue: Relações de Unidades de Condutividade Hidráulica, Transmissividade, Intensidade de Recarga e Vazões Condutividade Hidráulica (K) Metros por dia (m / d) 1 8,64 x 102 3,05 x 10-1 4,1 x 10-2 Centímetros por segundo (cm / s) 1,16 x 10-3 1 3,53 x 10-4 4,73 x 10-5 Pés por dia (pé / d) 3,28 2,83 x 103 1 1,34 x 10-1 Galões por dia por pé quadrado (gal / d/ pé2) 2,45 x 10-1 2,12 x 104 7,48 1 Transmissividade (T) Metros quadrados por dia Pés quadrados por dia Galões por dia por pé (m2 / d) (pé2 / d) (gal / d / pé) 1 10,76 80,5 0,029.9 1 7,48 0,012.4 0,134 1 Intensidade de Recarga Altura unitária Volume 3 (m / d) (pé3 d / mi2) (gal / d / mi2) (em milímetros) 2,7 251 1.874 (em polegadas) 70 6.365 74.748 Por ano Vazões (m3 / s) (m3 / min) (pé3 / s) (pé3 / min) (gal / min) 1 60 35,3 2.120 15.800 0,016.7 1 0,588 35.3 264 0,028.3 1,70 1 60 449 0,000.472 0,028.3 0,016.7 1 7,48 0,000.063 0,003.79 0,002.3 0,134 1 Unidades e Conversões Métricas para inglesas Comprimento 1 milímetro (mm) = 0,001 m = 0,03937 pol 1 centímetro (cm) = 0,01 m = 0,328 pé Metro (m) = 39,37 pol = 3,28 pés = 1,09 jd 1 quilômetro (km) = 1.000 m = 0,62 mi Área 1 cm2 = 0,155 pol2 1 m2 = 10,758 pés2 = 1,296 jd2 1 litro (l) = 1.000 cm3 = 0,264 U.S. gal Volume 1 cm3 = 0,006.1 pol3 1 m3 = 1.000 l = 264 U.S. gal = 35,314 pé3 1 litro (l) = 1.000 cm3 = 0,264 U.S. gal Massa 1 micrograma (mg) = 0,000001 g 1 miligrama (mg) = 0,001 g 1 grama = 0,003.527 on = 0,002205 lb 1 quilograma (kg) = 1.000 g = 2,205 lb Inglesas para métricas Comprimento 1 polegada (pol) = 25,4 mm = 2,54 cm = 0,0254 m 1 pé (pé) = 12 pol = 30,48 cm = 0,3048 m 1 jarda (jd) = 3 pés = 0,9144 m = 0,0009144 km 1 milha (mi) = 5.280 pés = 1.609 m = 1,609 km Área 1 pol2 = 6,4516 cm 2 1 pé2 = 929 cm2 = 0,0929 m2 1 mi2 = 2,59 km2 Volume 1 pol3 = 0,00058 pé3 = 16,39 cm3 1 pé3 = 1.728 pol3 = 0,02832 m3 1 galão (gal) = 231 pol3 = 0,13368 pé3 = 0,00379 Massa 1 onça (on) = 0,0625 lb = 28,35g 1 libra (lb) = 16 on = 0,4536 kg