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Detalhado
Entrevista
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Edição 127 -
Construção virtual
Dezembro/2011
Para ganhar em cronograma, precisão e custos, construtora investiu em
tecnologia BIM. Principal desafio foi modernizar a cultura empresarial,
envolvendo arquitetos e projetistas terceirizados
Por Gisele Cichinelli
Adolfo Blasco Ribeiro é
formado em Análise de
Sistemas pela Universidade
Mackenzie e já atuou como
arquiteto de soluções na TSystems do Brasil e como
engenheiro de aplicações na
Bentley do Brasil.
Atualmente, é gerente de TI
da Matec Engenharia e
Construções, onde
coordenou o projeto de
extensão do uso da
tecnologia BIM nas áreas de
+ notícias
Adolfo Blasco Ribeiro
planejamento e orçamento.
26/01/2012
Custo da construção cresce 0,67% em janeiro
O que motivou a implantação do BIM na Matec?
Tivemos nosso primeiro contato com a tecnologia em 2008 quando o presidente da
empresa, Luiz Augusto Milano, esteve nos Estados Unidos. Na época, a principal
motivação para a implantação da tecnologia era a necessidade de compatibilizar
projetos. Com o BIM, é possível fazer modelos tridimensionais das diversas disciplinas
e verificar e eliminar as interferências entre elas. Com esse objetivo inicial, a
implantação do BIM foi finalizada em 2009. No ano seguinte, fui contratado para
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contratações, segundo o Caged
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24/01/2012
Dilma Rousseff veta 13 obras de infraestrutura no
Plano Plurianual
estender o seu uso para as áreas de planejamento e orçamento.
E quanto à orçamentação?
O objetivo principal era compatibilizar os projetos, mas, como consequência, a partir
Cyrela contrata Engenheiro Civil Residente
do momento que se começou a modelar, foi possível retirar dados de levantamentos
para empreendimento na Móoca, com
dos quantitativos dos modelos na fase de projeto para verificação de orçamentos. Nas
experiência anterior em obras de outras
propostas, fazemos a modelagem em 3D para levantamento de quantidades de
construtoras, São Paulo - SP.
fundação, estrutura e arquitetura, mas não levantamos quantitativos dos sistemas.
Essa tarefa é feita por terceiros por meio de estimativas, muitas vezes por falta de
projetos.
Recrutadora seleciona Engenheiro Civil para
atuar com gerenciamento de obras. Necessário
disponibilidade para viagens. Passos - MG.
Como o BIM impactou, em termos de tempo, os processos de orçamentação?
Recrutadora seleciona Engenheiro Civil para
obras industriais, com disponibilidade para
Podemos citar o exemplo do projeto de uma agência bancária, cujo levantamento de
viagens, Ribeirão Preto - SP.
quantitativos da fundação do CPD, que em processo convencional levaria entre um dia
e meio a dois dias, foi feito em apenas quatro horas com o BIM. A redução em tempo
foi de 70%. Vale ressaltar que esses bons índices se replicam na arquitetura, estrutura
Empresa contrata Engenheiro Civil de cálculo
com experiência em CAD/TQS, São Paulo - SP.
http://revista.construcaomercado.com.br/guia/habitacao-financiamento-imobiliario/12... 26/01/2012
Guia da Construção | Construção virtual - Para ganhar em cronograma, precisão e cust... Page 2 of 5
e demais projetos.
Empresa contrata Engenheiro Civil com
conhecimento em projetos estruturais em
E com relação ao custo global da obra, dá para observar impactos?
É difícil levantar esse dado, pois não conseguimos mensurar os erros que são evitados
devido à simulação. Ou seja, como nada será deixado de lado, então não haverá
impacto no custo final. Quando é feito o modelo para orçamento, é preciso refletir o
projeto conforme as exigências da licitação. Quando se vence a licitação, é possível
concreto armado, São Paulo - SP.
Tesis contrata Engenheiro Civil para área de
qualidade, São Paulo - SP.
Empresa contrata Engenheiro Civil
orçamentista, São Paulo - SP.
executar simulações de trocas de componentes como pré-moldados por estrutura de
aço, por exemplo. Com essa simulação, é possível checar os benefícios no cronograma
e no custo.
E quais as vantagens do BIM ao levantar quantitativos?
Há duas vantagens básicas: com o BIM é possível fazer quantitativos precisos - uma
vez que o modelo reflete exatamente o projeto - e também eliminar erros. Com a
tecnologia, é possível verificar se o orçamento está bem dimensionado. Nessa etapa, é
comum que itens e componentes importantes, como por exemplo o piso de
determinada área, sejam esquecidos. No BIM, essas falhas são facilmente notadas,
pois ele possibilita a checagem visual do modelo construído. Já no orçamento
Guia da Construção :: Guia Responde :: ed 127 - 2012
Guia responde
tradicional, tudo que existe é a planilha e o projeto 2D, desconectados entre si,
dificultando o trabalho de checagem.
Guia da Construção :: Variação de Preços :: ed 127 - 2012
Qual foi o montante investido pela Matec em todo o processo de implantação
Guia da Construção :: Cotação aberta :: ed 127 - 2012
Variação de preços
Cotação aberta
do BIM?
Guia da Construção :: Produtos & Técnicas :: ed 127 - 2012
Produtos &Técnicas
Ao todo, foram investidos R$ 600 mil. Mas vale ressaltar que começamos a estudar o
BIM em um grupo de três pessoas, que ficaram durante o período de implantação - de
três a seis meses - totalmente fora de produção. Então, além da compra dos
softwares e licenciamentos, temos de contar também os custos das horas de
Comprar...
treinamento, estudo e consultoria das pessoas envolvidas.
Houve necessidade de investir em hardware?
livros
softwares
+ vendidos
Patrimônio de Afetação na
Incorporação Imobiliária
Tivemos de fazer investimentos por conta da necessidade de maior capacidade de
processamento e de inclusão de placas de vídeo, o que exigiu máquinas mais
De: R$62,00
Por: R$55,00
robustas. Como optamos pelo modelo federado - no qual o edifício principal é
modelado, mas há vários pequenos arquivos separados, contendo a arquitetura,
elétrica etc. de cada pavimento - foi possível deixar os arquivos muito mais leves,
auxiliando assim quem modela os projetos e exigindo menos do próprio hardware.
Perícia Ambiental
Como foi a dinâmica de implantação da ferramenta dentro da empresa?
R$79,00
Acabei treinando o pessoal e dando consultoria durante essa etapa. Na consultoria,
apenas indicávamos o que teria de ser feito para implementar a tecnologia. Na
prática, um dia de consultoria gerava de três a quatros dias de trabalho a ser
executado até o próximo encontro. Vale ressaltar que a consultoria foi dada tomando
Análise Estrutural para
Engenharia Civil e Arquitetura Estruturas isostáticas - 2ª ed
como base um projeto piloto e, ao longo da execução desse projeto, criamos aos
poucos a inteligência do BIM dentro da empresa, com todas as classificações, como
R$56,00
por exemplo, itens de fundação como estacas, sapatas, baldrames, blocos etc.
Quais foram os principais desafios enfrentados durante o processo?
No caso da Matec, a implantação aconteceu de forma muito mais fácil do que se
esperava porque as pessoas envolvidas já tinham mais intimidade com tecnologia.
Algumas já utilizavam 3D e outros softwares de modelagem 3D. Envolvemos pessoas
mais jovens no processo. A liberdade de trabalhar em cima de um projeto piloto,
tomando como base uma edificação já construída, também facilitou a implantação.
Não tivemos a obrigação de entregar nada para a produção. O pequeno grupo de BIM
criado pôde trabalhar sem grandes cobranças de resultados. Esse projeto, inclusive,
apresentou algumas incompatibilidades e interferências de disciplinas durante a
execução. Usamos o mesmo projeto executivo para fazer o modelo, detectando os
mesmos problemas levantados em campo.
ABNT Abramat BIG CAU Concreto Concurso CONFEA
construcao Copa do Mundo de 2014
Infraero
CREA Dersa FGV
Licitação Norma de Desempenho PLANEJAMENTO
REVESTIMENTO São Paulo
Secovi-SP
TCU
Os projetos complementares são terceirizados ou feitos dentro da Matec?
Recebemos o projeto de arquitetura do cliente final e, a partir dele, contratamos os
http://revista.construcaomercado.com.br/guia/habitacao-financiamento-imobiliario/12... 26/01/2012
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demais projetos complementares como os de estrutura, elétrica e hidráulica. Na época
em que começamos a implantar o BIM, não havia escritórios atuando em 3D. Na
verdade, ainda hoje não há muitos que operam com a tecnologia. Como alternativa,
optamos, então, por receber os projetos em 2D e modelá-los dentro da Matec.
Verificamos as compatibilidades entre as disciplinas e produzimos um relatório de
incompatibilidades. Em um primeiro momento, enviávamos esse documento para os
Preços Pesquisados
Fornecedores
Guia de
Como Especificar
projetistas a fim de solucionar os problemas. Mas, a partir do momento que
desenvolvemos nosso próprio know-how, passamos a enviar esses relatórios já com
Buscar Produto...
Buscar Fornecedor...
as sugestões de solução, a partir do nosso modelo. O projetista, então, só aprova a
solução e nos reenvia o projeto com uma nova revisão, já contemplando nossas
sugestões.
E não houve perda de produtividade nessa etapa, por conta da necessidade
de modelar os projetos em 2D?
Na verdade, acabamos criando um novo processo, que inclui horas para modelagem e
para verificação de incompatibilidades dos projetos complementares. Mas, no caso de
estruturas, por exemplo, alguns projetistas usam softwares da TQS, que geram saída
em 3D em formato IFC (Industry Foundation Class). Quanto aos sistemas, os projetos
são mais complexos para modelar e poucos projetistas utilizam softwares em 3D.
Também é muito mais fácil modelar uma estrutura do que um projeto de elétrica. Por
isso, também optamos por modelar o que é estritamente necessário. Isso porque,
para efeito de compatibilização, detalhes como caixas de força não interferem na
modelagem.
E como foi a adaptação dos projetistas ao novo processo?
Não tivemos problemas com os projetistas parceiros, que aderiram rapidamente aos
processos. Os relatórios são feitos em arquivo PDF com conteúdo em 3D do modelo e
focam as ocorrências, que são discutidas por telefone, eliminando a necessidade de
reuniões pessoais. A troca de informações é mais rápida.
A Matec está usando o software da Bentley. Há problemas para compatibilizar
com outros projetos feitos, por exemplo, com o Revit?
Não existe nenhum problema, pois o IFC (padrão internacional) é um formato neutro
para a troca de informações em plataformas de diferentes fabricantes. Hoje, 10% dos
projetos de arquitetura que recebemos foram feitos em Revit. Mas o projeto nos
chega, pelo cliente, em 2D. O arquiteto não costuma enviar o modelo em 3D. Existe
temor no mercado de que o envio do projeto em 3D exponha a biblioteca, com todas
as definições das famílias, criada em cada escritório. Esse também foi um dos motivos
por que escolhemos o software da Bentley, pois essa plataforma separa a geometria
da inteligência, evitando que os dados fiquem expostos.
Como foi o processo de criação da biblioteca BIM?
Utilizamos parte das informações do próprio sistema, pois todos os softwares trazem
elementos como janelas, portas, metais sanitários etc. O que faltava modelamos ou
importamos de outros formatos para incorporar à nossa própria biblioteca. Todas as
classificações e famílias foram criadas por nossa equipe.
Passados três anos desde que foi implementado, que análise faz das
dificuldades enfrentadas no processo?
A maior complicação em uma implementação como essa sempre são as pessoas.
Quem modela, entende mais facilmente as mudanças, mas quem atua na gestão, por
exemplo, nem sempre tem essa percepção. O gestor está focado no cronograma da
obra e acha que no processo convencional é mais rápido. Todos devem estar
convencidos do que tem de ser feito e o processo de implantação tem de ser
mandatório.
Hoje, a cultura do BIM está bem absorvida na Matec?
Sim, mas ainda há casos isolados nos quais atrasos impedem que alguns projetos
sejam modelados. Tivemos um caso, por exemplo, onde o projeto de ar-condicionado
de um térreo não pôde ser compatibilizado por falta de tempo. E foi justamente esse
pavimento que apresentou problemas.
http://revista.construcaomercado.com.br/guia/habitacao-financiamento-imobiliario/12... 26/01/2012
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Além do BIM, a Matec também aposta em outras tecnologias de ponta, como
o laser scanning. Como foi a experiência com o uso desse equipamento?
Usamos o laser scanning no projeto de ampliação do Shopping Grand Plaza, em Santo
André, que se daria entre outros três edifícios (um hipermercado, uma agência
bancária e o próprio shopping). Além disso, o plano de ataque da obra começava na
parte oposta do shopping e, como usaríamos pré-moldado, precisávamos ter certeza
de que a locação da obra seria precisa, evitando, dessa forma, qualquer tipo de
problema durante a montagem das vigas.
Como funciona o equipamento?
Nesse caso em particular, escaneamos todas as fachadas dos prédios a fim de
levantar a localização exata de cada elemento. Cruzamos essas informações com os
dados topográficos, o que permitiu a correta locação das estacas e, com isso,
viabilizar a obra. O laser cumpre a função de fazer um modelo 3D, refletindo
exatamente o que está construído e obtendo-se um "as built" por meio do
levantamento de medições exatas.
Optaram por alugar ou comprar o equipamento?
Optamos por alugar por R$ 15 mil. A decisão se mostrou vantajosa, pois o
levantamento pelo procedimento tradicional nos tomaria dois dias. Além disso, essa
etapa teria de ser feita, obrigatoriamente, durante o dia, com o shopping funcionando
e com trânsito de carros e pessoas envolvido no processo. O laser scanning permite
que o trabalho seja feito sem luz alguma e em questões de horas. No caso citado,
realizamos essa tarefa em uma madrugada de sábado para domingo. Outra vantagem
do equipamento é a precisão. No processo convencional, prevemos os pontos
necessários para o levantamento do que está construído; já o laser scanning escaneia
exatamente tudo.
Vale a pena adquirir o equipamento?
O equipamento custa em torno de US$ 100 mil, e o investimento só vale a pena se
houver uso recorrente. Tentamos usá-lo em outra obra de retrofit, mas o cronograma
era menos apertado e, como só havia a estrutura, não havia necessidade do
equipamento.
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