RESILIÊNCIA - SOBREVIVENDO AOS DESAFIOS DA VIDA "O problema não é o problema. O problema é sua atitude com relação ao problema." (Kelly Young) Desde que a humanidade existe, o ser humano enfrenta desafios constantes. A luta pela sobrevivência física foi sendo ampliada e hoje entendemos o quanto é necessário sobrevivermos também emocionalmente. O stress hoje é reconhecido em quase todos os setores da vida. VEJAMOS ALGUNS MOMENTOS ESTRESSORES: 1. No trabalho a constante necessidade de aperfeiçoamento profissional, a insegurança com relação ao futuro e muitas vezes a competição que caminha a passos largos, se fazem presentes. Hoje a formação técnica não é mais o único aspecto a ser avaliado. A capacidade de liderança, bem como a forma pela qual o profissional administra suas emoções em momentos de tensão fazem o diferencial. 2. Na vida familiar, conciliar o desenvolvimento profissional sem perder o foco na formação da família, nem sempre se apresenta como uma tarefa fácil. Ser profissional e cuidar da família somam-se para algumas pessoas aos desafios e cuidados com o próprio casamento. 3. Ao longo do ciclo de vida familiar, alguns desafios são considerados previsíveis, como a formação do casal. Mesmo desejado por ambos, o casamento carrega consigo aprendizagens a serem feitas, que implicam em adaptação do casal, negociações e a constituição do "nós sem perder o eu". 4. O nascimento e a adolescência dos filhos impõem ao casal um dos maiores desafios que é o exercício do papel de pais. Tarefa delicada esta, que mobiliza os pais a encontrarem uma forma de ser "uma edição melhorada de seus próprios pais". Como ajudar seus filhos a vivenciar a infância e adolescência mais confiantes, acreditando em si próprios e com capacidade de relacionamento social, passa a ser a meta para muitos casais. 5. O ninho vazio, época esta na qual os filhos deixam a família nuclear em busca de crescimento estudantil, profissional ou na constituição de uma nova família. Objetivos ou "sonhos" dos filhos foram com certeza adquiridos também na formação do seu primeiro grande modelo - a família de origem. É nesta estrutura familiar funcional ou disfuncional, que o seu olhar para o mundo e como o jovem se vê, terá suas raízes. Nesta etapa, o casal retorna para a sua unidade inicial, pois os filhos foram lançados para a vida. 6. E o ciclo vital familiar encaminha-se para o seu final. A velhice, com suas limitações crescentes, impõe ao idoso, muitas vezes, o retorno à dependência quase infantil, onde avós e netos pequenos se equiparam, igualados pelas etapas naturais da vida. 7. E finalmente as perdas das pessoas queridas. Também na categoria das perdas, as dores ocasionadas pelos "sonhos" pessoais e sonhos familiares não realizados. Sim, estes momentos criam stress e alguns são considerados previsíveis, independentemente da condição sóciocultural da família. Mas existem outros importantes também, chamados de imprevisíveis como: o divórcio, a doença, o nascimento de uma criança com necessidades especiais, a perda do trabalho, a infidelidade, um acidente, o uso de drogas, falência, e muitos outros facilmente detectados na vida de tantos de nós. Esperados ou inesperados, estes momentos contêm uma estrutura comum inquestionável: "a situação é nova" e a necessidade é de adaptação! COMO NOS MANTERMOS VIVOS APESAR DOS MOMENTOS DIFÍCEIS E ÁRDUOS? É da natureza humana planejar, criar expectativas, sonhar com as situações da própria vida e almejar ser feliz! Mas nem sempre a vida se apresenta como esperamos, e muitos sintomas físicos e emocionais sinalizam que estamos com dificuldades para "digerir" as adaptações que precisamos fazer em nossas vidas. Estes momentos denominados de CRISE, que podem implicar em momentos de perigos, se não soubermos administrá-las, são também de oportunidades, agregando ao nosso universo grandes aprendizagens. "Os fatos em si não são bons e nem ruins, mas sim o significado que atribuímos a eles" (Sheakespeare), reproduz o que nos faz sofrer, fazendo uma alusão à concepção de mundo nosso código de valores aprendido na família de origem, que contribui ou prejudica a nossa forma de lidar com as dificuldades da vida. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE RECURSOS PARA ENFRENTAR OS MOMENTOS DIFÍCEIS E ÁRDUOS, FORTALECENDO-SE PARA AS NOVAS ETAPAS: A solidão reduz o "olhar mais amplo da situação de dor". Amplie a rede social, diversifique. Conviva com pessoas de outros universos, aprenda com o "olhar diferente". Envolva-se com alguma atividade que promova relaxamento, que o ajude a desfocar o seu "pensamento preocupado". Praticar leitura, música, arte (pintura, artesanato, escultura...) expande seu conhecimento e fará com que a situação possa ser vista mais globalmente. Procure aproximar-se mais da natureza; isto pode contribuir para uma serenidade maior, absolutamente importante em momentos de crise. Permita-se chorar, para recuperar forças. O bambu-chinês é uma planta que frente às grandes tempestades, entrega-se temporariamente ao chão, para em seguida retornar ao seu estado natural, forte e vivaz. Flexibilidade é uma meta a conquistar. Desenvolva a capacidade de pedir ajuda, divida o "peso da dor"; isto alivia e fortalece o seu caminhar. Sua força está em reconhecer que há momentos em que precisamos parar e nos perguntar: "Que aprendizagens para minha vida posso adquirir com esta situação que aparentemente só tem dor?" A vida passa a ter um sentido especial, quando temos objetivos que são muito pessoais, como por ex: filhos, uma ideologia de vida, espiritualidade e outros. Escolha os seus; eles configuram forças extras que abraçamos e nos fortalecem. A superação de momentos difíceis implica em um tempo pessoal e uma fiel determinação consigo, em trabalhar firmemente para conquistar soluções. Estas, muitas vezes, são conquistadas gradativamente, com sucessivas adaptações e crescimento pessoal. O bambuchinês, só depois de muito tempo plantado, apresenta crescimento. Porém quando inicia, é constante e visível. Resiliência: a arte de superar desafios, individualmente, na família e na comunidade. São os desafios proporcionados pela vida que nos ajudam a crescer, a estar preparados para outros que possam vir. A atitude que tivermos perante a vida implicará nos resultados que iremos obter! Psicóloga Rosicler Santos Bahr